Adam Fairclough Martin Luther King Era U
Adam Fairclough Martin Luther King Era U
Adam Fairclough Martin Luther King Era U
Martin Luther King Jr., raramente é uma figura colocada no panteão de heróis
socialistas. Para muito dos seus contemporâneos ele parecia ser o típico produto da
“burguesia negra”: um pastor de classe média de uma família de classe media que busca
objetivos de classe media. Embora um eloquente e corajoso cruzador pela justiça racial,
sua visão final – como expressada no seu famoso discurso “Eu tenho um Sonho” - parecia
ser a integração do Negro na estrutura existente da sociedade; o capitalismo não era um
problema. Quando ele falava sobre a necessidade de limpeza, divindade e economia, ele
parecia com Booker T. Washington, aquela epitome de valores burgueses que, na virada
do século, tinha exortado negros para levantarem se por meio de suas próprias pernas. A
própria admiração de King por Washington, visto por muitos negros como um arquétipo do
“Tio Sam”, era conhecida por muitos e abertamente falada. Na metade dos anos 60,
quando sua fama e seu sucesso estavam no máximo, King era visto por muito de seus
contemporâneos como uma figura essencialmente conservadora. Ele estava sempre
“passível para se comprometer em meio aos dois lados”, escreveu um comentador, “com
a burguesia branca, dona da base politica e econômica”. Lawrence Reddick, amigo de
King e biógrafo do mesmo, tinha antecipado esses vereditos anos antes. “Nem por
experiência, nem por meio de leituras King era um politico radical”, ele escreveu em 1959.
“Não há um osso marxista no seu corpo”. Verdade, King adotou uma postura radical
apenas durante os dois últimos anos de vida, mas ele nunca pareceu andar muito longe
do espectro politico principal. Para os estudantes radicais da “Nova Esquerda”, como
também para os irritados defensores do “Poder Negro”, King permaneceu uma figura sem
vitalidade, desinteressante, um expoente ineficaz de uma parte fora de moda do
liberalismo. [1]
Parece ser escassamente credível, que naquela época, King era, como disse e
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manteve o FBI, um marxista declarado. Será que as escutas do FBI realmente gravaram o
líder do movimento civil dizendo, “Eu sou um marxista” e que ele iria professar isso
publicamente para o conhecimento de que isso iria destruir sua posição? Na visão do
notório conservadorismo do FBI, que classificava qualquer mínima critica social com
subversiva, essa alegação pode ser descartada como uma fantasia paranoica, ou talvez
um produto do racismo que permeava o FBI comandado pelo seu chefe, J. Edgar Hoover.
A própria aversão de Hoover por King, e sua malevolente campanha para destruir ele,
foram amplamente documentadas em investigações congressuais e em um livro recente
de David J. Garrow. [2]
Ainda sim, a percepção do FBI de King com uma ameaça radical contra as
instituições americanas não era tão forçada quanto parecia, já que King, de fato,
expressou sua admiração por Marx e argumentou que os Estados Unidos deveriam se
mover mais para o socialismo. O exterior plácido de King, sua maneira empolada, sua
sobriedade clerical tendia a disfarçar seu profundo radicalismo politico. Em adição a isso,
ele expressou suas opiniões politicas muito mais profundamente em conversas privadas,
do que em publico. Somente recentemente, quando a Senhora Corette King admitiu o
acesso de pesquisadores aos registros da Conferência de Liderança Cristã do Sul (a
organização que seu marido presidia) se teve uma real perspectiva sobre o radicalismo de
King, com isso, essa questão ficou aparente. Já em 1966, ele teria se tornado um
apaixonado inimigo do capitalismo ocidental e um defensor, de nas suas próprias palavras,
um “socialismo democrático”. [3]
A atração intelectual de King pelo socialismo pré-datava sua carreira como um líder
dos direitos civis. Em 1949, como um estudante no Seminário Teológico Crozer, ele leu O
Capital, O Manifesto Comunista, e algumas obras interpretativas do pensamento de Marx
e Lenin. Embora ele tenha rejeitado a concepção materialista da realidade, King
claramente enamorou muito do que ele tinha lido. O Manifesto Comunista, ele escreveria
depois, “foi escrito por homens inflamados pela paixão de justiça social.” Marx tinha
levantado “questões básicas”, e “na medida em que ele apontou para as fraquezas do
capitalismo tradicional, contribuiu para o crescimento de uma autoconsciência definida
nas massas, e desafiou a consciência social das igrejas cristãs, respondi com um
definitivo "sim". Mais tarde, como estudante de doutorado na Universidade de Boston,
King leu e admirava os escritos de Reinhold Neibuhr, que combinava a ética cristã com
uma análise marxista da história e da sociedade, e cujo trabalho seminal, Homem Moral e
Sociedade Imoral, teve um impacto profundo e contínuo sobre ele. O ponto de vista
radical de King enquanto estudante não agradou seu pai conservador: como 'Papai' King
mais tarde escreveu: '‘politicamente, ele… eu senti muito fortemente que ele parecia estar
se afastando das bases do capitalismo e a democracia ocidental. Houve algumas
discussões afiadas. Eu posso até ter levantado minha voz algumas vezes.” [4]
Em dezembro de 1955, King foi colocado em uma posição de liderança que ele não
estava atrás nem queria. Eleito para servir como presidente da Associação de Melhoria de
Montgomery, um grupo formado para boicotar os ônibus segregados em Montgomery,
Alabama, King logo se tornou internacionalmente reconhecido como um simbolo do
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emergente movimento pelos direitos civis. Quando os clérigos negros que estavam
espelhados ao longo do Sul dos EUA se encontraram para formar uma nova organização
pelos direitos civis, a Conferência de Liderança Cristã do Sul (SCLC, sigla em inglês para
Southern Christian Leadership Conference), escolheu automaticamente o King para agir
como presidente. Interessantemente, eles decidiram incluir a palavra “Cristã” no seu nome
em parte para se desviarem da alegação de serem uma organização “Vermelha”
(Comunista).
No entanto, os três nova-iorquinos - dois negros e um branco - que organizaram a
SCLC ao lado de King estavam todos firmemente à esquerda. Bayard Rustin, Ella Baker e
Stanley Levison eram muito mais velhos que King; seu envolvimento político remonta aos
anos 1930. Rustin se juntou à Liga da Juventude Comunista antes da guerra, mas, como
tantos outros, rompeu com o partido por sua subserviência a Moscou. Posteriormente
trabalhou para várias organizações pacifistas e ajudou a organizar a primeira marcha de
Londres-a-Aldermaston contra armas nucleares. Ele também tentou, sem muito sucesso,
popularizar a desobediência civil de Gandhi como meio de combater a discriminação
racial. Ele permaneceu um socialista, no entanto, e tinha o objetivo de a longo prazo
mover os negros para um movimento trabalhista radicalizado. Ella Baker não tinha o
interesse de Rustin pelo pacifismo, mas, por outro lado, andava também no mesmo meio
político. “Eu tinha sido amiga de pessoas que estavam no Partido Comunista e de todas
as outras forças da esquerda”, ela recordaria. A lealdade política de Levison era mais
ambígua. Ostensivamente um democrata liberal, ele atuara em grupos como o Comitê de
Empresários para a reeleição de Roosevelt (1944) e no Congresso Judaico Americano.
Mas ele também estava próximo de membros de liderança do Partido Comunista e pode,
no início dos anos 1950, oferecer-lhes assessoria e assistência financeira. Baker
simplesmente lembrava que ele também "saíra da esquerda de Nova York". Todos os três
reconheceram que a desobediência civil em massa, especialmente no contexto do sul dos
Estados Unidos, era uma tática que tinha um potencial de longo alcance. Animados pelo
boicote aos ônibus de Montgomery - um protesto inteiramente espontâneo - eles
ofereceram ajuda e conselhos inexperientes a King, e construíram a SCLC como um
veículo para a ação das massas em todo o sul. Curiosamente, Baker logo se desentendeu
com King porque, em parte, ela o considerava insuficientemente radical. Rustin e Levison,
por outro lado, trabalharam com ele até sua morte em 1968, atuando como conselheiros
não oficiais e organizadores de bastidores. [5]
Por causa da associação de King com esses dois, o FBI retratava King, de 1963
até a sua morte, ou como um consciente "companheiro de viagem" ou, na melhor das
hipóteses, um ingênuo. Levison, o FBI afirmava, tinha uma influência particularmente
subversiva: um homem que manipulava King para os interesses do Partido Comunista.
Anos depois da morte de King, Levison, que era branco, atribuiu essa mentira para o
movimento racista que o FBI travava contra o intelecto deste homem negro. “Nenhuma
pessoa com o mínimo de senso… poderia concluir que um homem com a força de
intelecto e a independência feroz que Martin King tinha poderia ser dominado por outra
pessoa… E se houvesse alguma indicação de dominação nessa relação, a maior
probabilidade seria a de que ele (King) me dominaria”. Levison arrecadou fundos para a
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SCLC, ajudou King com seus discursos e seus escritos, e proferiu alguns conselhos
senso-comum que continuaram, nas palavras de David Garrow, “totalmente inócuos”.
Rustin ajudava King de modo similar, e longe de ser um radical perigoso, ele começou a
se mover vagarosamente para a direita, eventualmente, se ligando a corrente de Johson-
Humprey do parido Democrata. [6]
Com sua visão mais pautada pela religião, King tendia a rejeitar uma ideologia
política. Interessado primeiramente e principalmente no combate ao racismo, ele aceitava
a assistência de quem fosse, de qualquer lugar. Quanto à sua equipe, tudo o que ele
pedia, era que eles aceitassem a não-violência - como uma tática, se não uma filosofia - e
estivessem totalmente comprometidos com o movimento pelos direitos civis. Em raras
ocasiões, no entanto, ele sucumbiu à pressão política, e ele se distanciou de Rustin e
Levison por um tempo por causa de seus supostos passados políticos "manchados". No
caso de Levison, a pressão veio da própria Casa Branca. Mais tarde, King se censurou
pela covardia moral e restabeleceu um relacionamento próximo com ambos. "Não há
nada a esconder", disse ele a Levison. "E se alguém quiser fazer alguma coisa, deixe-os
tentar." Em 1965, King concluiu que o "anti-comunismo" fornecia um manto útil para a
oposição ao progresso social. Ao fazer acusações contínuas sobre "infiltração comunista"
do movimento dos direitos civis, ele acusou, J. Edgar Hoover auxiliou e incitou os "racistas
do sul e o elemento de extrema-direita". O radicalismo entre os negros cresceu da
“impaciência da lentidão em que se estabelecia a justiça.” O medo da América do
comunismo, ele concluiu, era “mórbido”, “irracional” e “obsessivo.” [7]
Até 1965, o radicalismo de King era mais intelectual que emocional. Ele tinha se
aproximado da luta pela justiça racial por um caminho não-ideológico, esperando superar
o preconceito e a discriminação por meio de um apelo ao idealismo e aos princípios
cristãos. Talvez porque seus pais o tivessem protegido dos piores efeitos da opressão
racial, ele via o racismo como um anacronismo sulista que, no curso de uma década ou
duas, desapareceria e morreria. Depois disso, acreditava ele, os negros teriam que
"trabalhar desesperadamente para melhorar suas próprias condições e seus próprios
padrões” ... O negro terá que se envolver em uma espécie de Operação Boot-strap (se
levantar sozinho). Em 1966, no entanto, ele rejeitou categoricamente a ideia de reforma
gradual dentro da estrutura socioeconômica existente: uma redistribuição massiva de
riqueza, não de auto-ajuda, era a necessidade mais urgente. [8]
Dois fatores aceleraram esse processo de radicalização: a percepção tardia de
King, que entendeu que o racismo era endêmico na sociedade americana; e seu horror ao
papel militar dos EUA no Vietnã. Quando ele tomou SCLC North, para Chicago, ele teve
que abandonar sua suposição de que o racismo fora do Sul era um fenômeno residual
secundário. Quando os negros exigiram o fim da discriminação na questão da moradia, da
educação e dos empregos, o apoio branco ao movimento pelos direitos civis desapareceu.
A brutalidade policial de rotina empurrou a frustração dos negros para o ponto de ebulição,
mas o governo, federal e local, respondeu à erupção de tumultos com repressão, em vez
de reforma da raiz e do ramo. No final de 1966, o otimismo de King havia sido destruído.
Apenas "uma minoria de brancos", ele escreveu, "genuinamente quer igualdade
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autêntica". Para as audiências negras e para sua equipe, ele disse de maneira mais
franca: "a grande maioria dos americanos brancos é racista". [9]
Mais e mais, King viu o racismo como um instrumento para o privilegio de uma
classe, um meio para dividir a classe trabalhadora ao dar aos brancos uma vantagem
econômica marginal e encorajar suas pretensões psicológicas de superioridade. Ambos
trabalhadores negros e brancos eram então mais facilmente explorados e tinham sua
mão-de-obra barateadas. Com seu grande aliado James Bevel, King viu os guetos negros
como “colônias internas”, um mercado segregado onde bens e serviços eram
deliberadamente restringidos em ordem para o aumento do lucro dos capitalistas que
proviam eles. Em um retiro da SCLC em novembro de 1966, ele avisou que exigir o fim do
gueto significava “entrar em terreno perigoso porque você está mexendo com gente então.
Você está mexendo com Wall Street. Você está mexendo com os capitães da indústria '.
Ele disse a seu pessoal para não ter medo da palavra "socialismo", pois "algo está errado
com o capitalismo" e "o Movimento deve se dirigir à reestruturação de toda a sociedade
americana". A Suécia, ele apontou, tinha "lutado com o problema da distribuição mais
equitativa da riqueza"; tinha cuidados de saúde gratuitos, sem favelas, pobreza ou
desemprego. O racismo institucional só poderia ser eliminado através de uma
redistribuição radical do poder econômico; 'grupos privilegiados terão que desistir de
alguns dos seus bilhões'. Os Estados Unidos, também argumentou, "deve avançar em
direção ao socialismo democrático". [10]
A guerra no Vietnã reforçou o desencanto de King com o capitalismo americano.
Sua oposição à guerra tem sido frequentemente interpretada como uma preocupação
puramente moral, uma expressão de seu compromisso dogmático com a não-violência.
Não é assim: ele não assumiu uma posição politicamente agnóstica, mas condenou
categoricamente os Estados Unidos como o agressor. De tempos em tempos ele insistiu
que Ho Chi Minh estava liderando uma revolta nacionalista popular contra uma ditadura
corrupta, e que os Estados Unidos estavam do lado errado. Novamente, King expressou
suas opiniões de forma mais aberta e franca para suas audiências negras, para amigos e
para seus próprios auxiliadores. Durante um retiro da SCLC em maio de 1967, ele deixou
sua equipe sem dúvidas sobre sua admiração por Ho Chi Minh - nem seu desprezo pelos
governantes do Vietnã do Sul. Desdenhou com força a noção de que o sul estava sendo
"invadido" pelo norte: "o Vietcongue surgiu no sul como um movimento para resistir à
opressão de Diem". Além disso, argumentava ele, a divisão do Vietnã fora imposta de fora:
"Como alguém pode se invadir? Quando a América apoiou o sul, foi "como se os
franceses e os britânicos tivessem vindo aqui durante a guerra de Civil para lutar com a
Confederação". Falando a uma conferência de ministros negros patrocinada pelo SCLC
no início de 1968, ele citou a recente ofensiva do Tet como prova conclusiva de que “a
grande maioria das pessoas no Vietnã é simpática com os vietcongues. Isso é um fato.”
[11]
King não via o envolvimento dos EUA no Vietnam como uma aberração isolada,
mas sim como uma parte de um amplo “padrão de supressão” que abraçava a África e a
América Latina, em adição ao Sudeste Asiático. A América deu apoio aos regimes
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Como sempre, King foi então falar sobre jesus como sua inspiração primária:
Agora é quando eu saio do irmão Marx e me movo para o Reino (da
Irmandade) … Eu estou simplesmente dizendo que Deus nunca intendia para
que alguns de seus filhos vivessem em uma vida de extrema abundância e
riqueza enquanto outros viviam e uma pobreza decadente e mortífera.
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Que King teria dito “Eu sou marxista”, sem essas qualificações e em termos tão incisivos,
é, na opinião desses escritor, dificilmente real ao extremo. Sua hostilidade ao
materialismo excessivo, e sua preocupação pelos pobres e pelos oprimidos, deviam mais
de sua inspiração ao Gospel Social do que a ideologia marxista. [13]
Independentemente das influências que ajudaram a moldar sua análise política,
King não escondeu sua oposição radical ao capitalismo americano. "Por anos", disse ele
a um repórter, "trabalhei com a ideia de reformar as instituições existentes da sociedade,
uma pequena mudança aqui, uma pequena mudança ali. Agora me sinto bem diferente.
Acho que você precisa reconstruir toda a sociedade. Ele não defendeu abertamente o
"socialismo", mas falou em vez de uma "síntese" entre capitalismo e comunismo; uma
"democracia socialmente consciente que reconcilia as verdades do individualismo e do
coletivismo". Como ele admitiu em particular, no entanto, tais definições eram realmente
eufemismos para o socialismo democrático. Em público, o melhor que ele poderia esperar
era encorajar questionamentos e dúvidas. 'Por que há 40 milhões de pessoas pobres na
América?' Ele perguntou na convenção do SCLC em agosto de 1967:
Quando você começa a fazer essa pergunta, você está levantando questões
sobre o sistema econômico, sobre uma distribuição mais ampla da riqueza.
Quando você faz essa pergunta, você começa a questionar a economia
capitalista. E eu estou simplesmente economizando isso mais e mais, nós
temos que começar a fazer perguntas sobre toda a sociedade. Somos
chamados a ajudar os mendigos desanimados no mercado da vida. Mas um
dia devemos ver que um edifício que produz mendigos precisa ser
reestruturado… Você vê, meus amigos, quando você lida com isso, você
começa a fazer a pergunta: 'Quem é dono do óleo?' Você começa a fazer a
pergunta: "Quem é dono do minério de ferro?." [14]
King claramente achou a lacuna entre seu próprio radicalismo crescente e a falta
de sofisticação política de seus seguidores frustrante. Ele esperava que os clérigos
negros pudessem, por meio de educação e treinamento, ser orientados para seus
próprios valores radicais, capacitando-os a ocupar a vanguarda em uma luta por justiça
econômica, assim como estiveram na linha de frente do movimento dos direitos civis no
sul. "Precisamos desenvolver sua psique", disse ele em uma reunião de planejamento do
Programa de Treinamento em Liderança de Ministros da SCLC. “Algo está errado com o
capitalismo, como agora está nos Estados Unidos. Nós não estamos interessados em ser
integrados nessa estrutura com esse valor… uma redistribuição radical de poder precisa
ser feita.” Como Louis Lomax escreveu, essa visão da clerezia, era talvez, “o sonho mais
impalpável que ele já teve”. [15]
No final de 1967, King acreditava ter encontrado uma alternativa mais viável; uma
aliança inter-racial dos pobres. Seu último grande projeto, a "Campanha dos Pobres", foi
uma tentativa de traduzir esse conceito em realidade política. A América, argumentou ele,
já tinha "socialismo para os ricos"; Se o governo pudesse distribuir subsídios maciços a
agricultores afluentes, corporações gigantescas e indivíduos ricos, então poderia garantir
empregos e uma renda decente para todos. Ele não definiu seu objetivo como
"socialismo"; em vez disso, ele chamou de "poder do povo pobre". King propôs conduzir
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Referências
[1] August Meier, 'On The Role of Martin Luther King', in Melvin Drimmer (ed.) Black
History: A Reappraisal, Garden City, NY, 1968, p. 444; L. D. Reddick, Crusader Without
Violence, NY 1959, p. 233. On King's admiration for Washington, and his praise of thrift
and self-help, see Martin Luther King, Jr., Stride Toward Freedom, London, 1959, p. 213;
Robert Penn Warren, Who Speaks for the Negro? NY, 1966, pp. 209-10; 'An Interview
With Martin Luther King', Playboy, January 1965, p. 76. Reddick also wrote, however, that
Mam did have an appeal for King - 'his dialectic, his critique of monopoly capitalism, and
his regard for social and economic justice' (Reddick, p. 22).
[2] 'Testimony of Charles D. Brennan', in U.S. Congress, House, Select Commission on
Assassinations, Martin Luther King, Jr.: Hearings, 95th Cong., 2d sess., vol. VI, p. 346;
David J. Garrow, The FBI and Martin Luther King, Jr., New York, 1981. For briefer
summaries of the FBI's anti-King campaign, see Mark Lane and Dick Gregory, Code Name
'Zorro:' The Murder of Martin Luther King, Jr., Englewood Cliffs, NJ, 1977, pp. 60-111; U.S.
Congress, Senate, Select Committee to Study Governmental Operations With Respect to
Intelligence Activities, Final Report: Book III, 94th Cong., 2d sess., 1976; Report of the
House Select Committee on Assassinations: Findings and Recommendations, 95th Cong.,
2d sess., March 29, 1979, pp. 432-39.
[3] The SCLC records, which extend to more than 140 linear feet, were opened to
researchers in the summer of 1981, in Atlanta, Georgia.
[4] King, Stride Toward Freedom, pp. 86-93; 'How Should a Christian View Communism?'
in King, Strength To Love, New York, 1963, pp. 114-23; Martin Luther King, Sr., with
Clayton Riley, Daddy King: An Autobiography, New York, 1980, pp. 141-42; Garrow, p.
213. King's widow recalled Martin saying, when still a student, that while 'I could never be
a Communist', he could not be a 'thoroughgoing capitalist' either; 'I think a society based
on making all the money you can and ignoring other people's needs is wrong': see Coretta
Scott King, My Life with Martin Luther King, Jr., New York 1969, p. 71. In a 1959 speech,
King cited Marx (along with Jesus, Einstein and Freud) as outstanding examples of men
who creatively used their intellectual and moral freedom; see 'Address at Meeting of
Mississippi Christian Leadership Conference', 23 September 1959, hand-written
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manuscript, King Papers, Boston University, file drawer XI, folder8 (collection hereafter
cited as BU). In writing Stride Toward Freedom, King resisted suggestions from his editors
at Harper and Row that he tone down his criticisms of American capitalism; see Stephen B.
Oates, Let The Trumpet Sound: The Life of Martin Luther King, Jr., London, 1982, p. 131.
[5] Ella J. Baker (John H. Britton interview, 19 June, 1968). Civil Rights Documentation
Project, Mooiiand-Springarn Research Center, Howard University, pp. l6-23 (collection
hereafter cited as HU); Stanley D. Levison (James Mosby interview, 14 February 1970),
HU, pp. 16-17; Don Oberdorfer, 'King adviser says FBI "used" him', Washington Post, 15
December 1975; Milton Viorst, Fire In The Streets: America in the 1960s, New York, 1979,
pp. 119-23, 200-11; Thomas R. Brooks 'A Strategist Without a Movement', in August Meier
and Elliott Rudwick (eds.), Black Protest In the Sixties, Chicago 1970, pp. 339-41.
[6] Victor Navasky, Kennedy Justice, New York, 1971, pp. 141-49; Garrow, pp. 44-77 and
passim; Roger Wilkins, ' "King" Disappoints NBC and Some Civil Rights Leaders'. New
York Times, 19 February 1978, III, p. 19. FBI memos concerning Levison's alleged
influence over King were legion; for a sample of the more important ones (although
Levison's name is deleted), see House Select Committee on Assassinations, King:
Hearings, vol. VI, pp. 131, 143-44, 187, 263-64. Only days before King's death, the FBI
prepared a request to reinstall wiretaps in the SCLC offices, citing Levison as the reason.
Levison had been the pretext for installing taps on King's own phone, as well as SCLC's
offices in Atlanta and New York, in 1963. Unlike Rustin, Levison encouraged King to speak
out against the Vietnam war; the evidence that he worked for the Communist Party,
however, or succeeded in establishing an irresistible influence over King, is completely
absent. Yet in 1978 one of Hoover's top assistants still insisted that King, by virtue of his
friendship with Levison, was a Communist; see 'Testimony of Cartha D. De Loach',
Assassinations Committee, King Hearings, VII, p. 49.
[7] Navasky, pp. 141-46; M. S. Handler, 'Negro Rally Aide Rebuts Senator', New York
Times, 16 August 1963, p. 10; 'Dr. King Hits Communist Charges in Stanford Speech',
SCLC press release, 23 April 1964, SCLC collection, Martin Luther King, Jr. Centre for
Nonviolent Social Change, Atlanta (collection hereafter cited as SCLC); King, handwritten
notes, n.d. [late March/early April 1965] King papers, King Center; 'Joint statement of Rev.
Dr. Martin Luther King, Jr. . . . and John Lewis', 30 April 1965, SCLC, box 27, folder 55;
James Forman, The Making of Black Revolutionaries, New York, 1972, pp. 367-69; King,
Where Do We Go From Here: Chaos or Community! New York, 1968, p. 211 (hereafter
cited as Where!); 'Honoring Dr. Du Bois,' Freedomways, second quarter 1968, p. 109.
[8] King, 'No More Room in the Negro's Soul', Honolulu Advertiser, 20 February 1964;
Warren, pp. 209-10. Stanley Levison, on the other hand, believed that King's affluent
background accentuated his concern for the poor and underprivileged: 'Martin was always
aware that he was privileged . . . and this troubled him. He felt that he didn't deserve this.
One reason he was so determined to be of service was to justify the privileged position
he'd been born into'; see Jean Stein and George Plimpton, American Journey: The Times
of Robert Kennedy, New York, 1970, pp. 108-9.
[9] King, Where?, p. 13; 'Dr. King's speech, Frogmore, November 14, 1966', SCLC, 28, 26,
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pp. 5-6; speech to voter registration rally, Louisville, Kentucky, 2 August 1967, pp. 1-3;
'America's Chief Moral Dilemma', speech to Hungry Club, Atlanta, 5 October 1967, pp. 4-5,
King Papers.
[10] 'Dr. King's speech, Frogmore', pp. 14-20; King interview by John Herbers, New York
Times, 2 April 1967, pp. 1, 76. King first referred to 'internal colonialism' in 'The Chicago
Plan', 7 January 1966, SCLC press release. Earlier hints of a class analysis of racism
could be seen in King, Why We Can't Wait, New York, 1964, p. 138; and in the famous
speech King delivered after the Selma-to-Montgomery march in 1965; see 'Selma to
Montgomery speech', 25 March 1965, TLS, SCLC, 27, 54.
[11] King, 'Beyond Vietnam', speech to Clergy and Laymen Concerned About Vietnam,
Riverside Church, New York City, 4 April 1967, SCLC recording, Atlanta (reprinted in
Freedomways, Spring 1967); 'Conscience and the Vietnam War', The Trumpet of
Conscience, New York, 1968, pp. 21-34; 'Speech at staff retreat, Frogmore, SC, May 1967,
pp. 10-20; 'America's Chief Moral Dilemma', 5 October 1967, pp. 8-12, King Papers;
'Speech to Ministers Leadership Training ProgTam', 18 February 1968, TLS, p. 17, SCLC,
28, 51. See also King's comments about the lack of popular support for the government of
South Vietnam, and his scathing remarks about the performance of the South Vietnamese
army, in 'The Domestic Impact of the War in Vietnam', speech to National Labor
Leadership Assembly for Peace, Chicago, 11 November 1967, SCLC recording. Many of
King's speeches on Vietnam were drafted by Stanley Levison.
[12] King, Where?, pp. 202-19; 'Beyond Vietnam', Current, May 1967, p. 38; 'President's
Address to the Tenth Anniversary Convention of the Southern Christian Leadership
Conference', 16 August 1967, reprinted in Wayne L. Brockriede and Robert L. Scott (eds.),
The Rhetoric of Black Power, New York, 1971, p. 163; "The Casualties of the War in
Vietnam', speech at the Nation Institute, Los Angeles, 25 February 1967, King Papers, pp.
5-7; 'Dr. King Advocates Vietnam', New York rimes, 26 February 1967, pp. 1, 10. In
'Honoring Dr. Du Bois', delivered at Carnegie Hall, New York, on 23 February 1968, King
spoke of 'our brother of the Third World' being 'the victim of imperialist exploitation'; see
Freedomways, second quarter, 1968, pp. 110-11.
[13] King, Where?, p. 216; 'Dr. King's speech: Frogmore, November 14, 1966', pp. 20- 21,
29; 'What Is Man?' in Strength To Love, p. 109. The fullest discussion of King's thought
from a theological point of view is Kenneth L. Smith and Ira G. Zepp, Search for the
Beloved Community: The Thinking of Martin Luther King, Jr. Valley Forge, Pa., 1974.
David Garrow, on the other hand, believes that King, in certain narrow contexts, might
have stated 'I am a Marxist' in private conversation (Garrow, p. 213; and correspondence
with this writer, 2 February 1982).
[14] David Halberstara, 'The Second Coming of Martin Luther King', Harper's, August 1967,
pp. 47-48; King, Where? p. 217; 'President's Address', 16 August 1967, in Brockriede and
Scott, pp. 161-62. The 'synthesis' idea appeared in his earliest published writings, but it
was only in 1965 and after that he began equating this nebulous concept with democratic
socialism of the Swedish model.
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[15] Minutes of national advisory committee, SCLC training program, 24 November 1967,
p. 6, SCLC, 48, 11; Louis Lomax, 'When "Nonviolence" Meets "Black Power".' in C. Eric
Lincoln (ed.), Martin Luther King, Jr.: A Profile, New York, 1970, p. 172; 'King Aide Seeks
to Organize Negro Ministers in 15 Cities', Atlanta Constitution, 23 January 1968, p. 6. The
programme was financed by the Ford Foundation. The FBI 'briefed' the Vice President of
the Ford Motor Company 'as to the subversive backgrounds of King's principal advisers' in
an unsuccessful attempt to stop the grant; see G. C. Moore to W. C. Sullivan, 29
November 1967, in Assassinations Committee, King Hearings, VI, pp. 277-78.
[16] King, 'Speech to Mississippi Leaders on the Washington Campaign', 15 February
1968, p. 6; King Papers; 'A Proper Sense of Priorities', speech to Clergy and Laymen
Concerned About Vietnam, 6 February 1968, SCLC recording; 'Nonviolence and Social
Change', The Trumpet of Conscience, pp. 53-64; 'Showdown for Nonviolence', Look, 16
April 1968, pp. 23-35; 'Why We Must Go To Washington', talk to SCLC staff meeting,
Atlanta, 15 January 1968, pp. 11-17, King papers. For opposition to the Poor People's
Campaign from two of King's close friends and advisers, see Marian Logan to King, 8
March 1968, TLS memo, SCLC, 40, 3; and Bayard Rustin, 'Memo on the Spring Protest in
Washington, D.C, January 1968, in Bayard Rustin, Down The Line: The Collected Writings
of Bayard Rustin, (Chicago 1971), pp. 202-5. For opposition from some of King's top aides,
notably James Bevel and Jesse Jackson, see minutes of executive staff meeting, 27
December 1967, pp. 8-9, SCLC, 49, 13.