Avaliação de Português - 3° Série
Avaliação de Português - 3° Série
Avaliação de Português - 3° Série
2023
LÍNGUA PORTUGUESA
3º série do Ensino Médio
Caro(a)aluno(a)
Você está participando da Avaliação Diagnóstica de Língua Portuguesa para
apoiar a qualificação do trabalho pedagógico em sua escola. Sua participação é
muito importante.
Este caderno é composto por 24 itens de múltipla escolha com 5 alternativas
cada.
A avaliação terá duração de 1hora e 10 minutos. Reserve os últimos 10 minutos
para transcrever suas respostas. Cuidado e muita atenção com a ordem das
questões para fazer a marcação. Responda com calma, procurando não deixar
nenhuma questão em branco.
Boa avaliação
Questão 01 D1
Questão 02 D2
Economia
Dona Maria pede que o esperto Joaquinzinho leve uma carta ao correio.
— Joaquinzinho, bote essa carta no correio. Tome aqui o dinheiro pra comprar o selo.
Daí a pouco, Joaquinzinho volta chupando um picolé.
— Ó Joaquinzinho, onde você arranjou dinheiro pra comprar esse picolé?
— É que o pessoal do correio tava distraído aí eu botei a carta na caixa. Nem precisei
comprar o selo. Aí, com o dinheiro que eu economizei, comprei o picolé.
Questão 03 D3
O melhor amigo
A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um
passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse para vê-lo, deu
uma corridinha em direção de seu quarto.
— Meu filho?
— gritou ela.
— O que é
— respondeu, com ar mais natural que lhe foi possível.
— Que é que você está carregando aí? Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a
cabeça? Sentindo-se perdido, tentou ainda ganhar tempo:
— Eu? Nada…
— Está sim. Você entrou carregando uma coisa. Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar —
o jeito era procurar comovê-la. Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que
estava carregando:
— Olha aí, mamãe: é um filhote…
Seus olhos súplices aguardavam a decisão.
— Um filhote? Onde é que você arranjou isso?
— Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe? Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de
isso. Insistiu ainda:
— Deve estar com fome, olha só a carinha que ele faz.
— Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!
— Ah! Mamãe…
— já compondo uma cara de choro.
— Tem dez minutos para botar esse bicho na rua. Tanta coisa para cuidar, Deus me livre de ainda
inventar uma amolação dessas. O menino tentou enxugar uma lágrima; não havia lágrima. Voltou
para o quarto, emburrado: a gente também não tem nenhum direito nesta casa – pensava. Um dia
ainda faço um estrago louco. Meu único amigo, enxotado dessa maneira! — Que diabo também,
nesta casa tudo é proibido!
— gritou, lá do quarto.
— Dez minutos – repetiu ela, com firmeza.
— Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.
— Você não é todo mundo.
— Também, de hoje em diante, eu não estudo, não vou mais ao colégio, não faço nada.
— Veremos
— limitou-se a mãe, de novo distraída com a sua costura.
— A senhora é ruim mesmo, não tem coração.
— Sua alma, sua palma. [...] Ao fim de dez minutos, a voz da mãe, inexorável:
— Vamos, chega! Leva esse cachorro embora.
— Ah, mamãe, deixa!
— choramingou ainda:
— Meu melhor amigo, não tenho mais ninguém nesta vida.
— E eu? Que bobagem é essa, você não tem sua mãe?
— Mãe e cachorro não é a mesma coisa.
— Deixa de conversa: obedece sua mãe. Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe chegou
a se preocupar. [...] Meia hora depois, o menino voltava da rua, radiante:
— Pronto, mamãe! E lhe exibia uma nota de vinte e uma de dez: havia vendido o seu melhor amigo
por trinta dinheiros.
— Eu devia ter pedido cinquenta, tenho certeza de que ele dava — murmurou, pensativo.
SABINO, Fernando. In: Fernando Sabino, obra reunida. V. 3. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996
No trecho “– A senhora é ruim mesmo, não tem coração. ” (l. 30), a palavra destacada tem o sentido de
A) compaixão.
B) compreensão.
C) flexibilidade.
D) paciência.
E) solução.
Questão 04 D4
Questão 05 D5
Tempo de colher
Há momentos na história
Em que todas as vitórias
Parecem fugir da gente
Mas vence quem não desanima
E busca em sua autoestima
A força pra ser persistente.
Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo
que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo
me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos.
Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente – minha irmã, meu
irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.
Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da
popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada
em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito
contra a ideia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e
caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de
nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se
poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta.
Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem
falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe, a
gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou:
– “Cê vai, ocê fique, você nunca volte! ” Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim,
me acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito.
O rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: – “Pai, o senhor me leva junto,
nessa sua canoa? ” Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando
para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e
desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo – a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida
longa.
ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. 15. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 79. Fragmento.
Questão 07 D7
Afinal, o que as mulheres querem? No campo das aspirações femininas mais fundamentais,
essa é uma pergunta facílima de responder. Por razões sociais, culturais e biológicas, a
maioria absoluta das mulheres aspira a encontrar um companheiro, casar-se, construir família
e, por intermédio dos filhos, ver cumprido o imperativo tão profundamente entranhado em
seu corpo e em sua psique ao longo de centenas de milhares de anos de história evolutiva.
A diferença a que se assiste hoje é que não existe mais um calendário fixo para que isso
aconteça. A formidável mudança que eclodiu e se consolidou ao longo do último século, com
o processo de emancipação feminina, o acesso à educação e a conquista do controle
reprodutivo, permitiu a um número crescente de mulheres adiar a “ programação”
maternofamiliar. As mulheres que dispõem de autonomia econômica e vida independente não
são mais consideradas balzaquianas aos 30 anos — apenas 30 anos! —, encalhadas aos 35 e
aos 40, reduzidas irremediavelmente à condição de solteironas, quando não agregadas de
baixíssimo status social, melancolicamente mexendo tachos de comida para os sobrinhos nas
grandes cozinhas das famílias multinucleares do passado.
Imaginem só chamar de titia uma profissional em pleno florescimento, com um ou mais
títulos universitários – e um corpinho bem-cuidado que enfrenta com honras o jeans de
cintura baixa ou o biquíni nos intervalos dos compromissos de trabalho. Além de fora de
moda, o termo pode ser até ofensivo. O contraponto a esses avanços é que, quanto mais as
mulheres prorrogam o casamento, mais se candidatam a uma vida inteira sem alcançá-lo
Bel Moherdani. Revista Veja. 29 Novembro 2006
Questão 09 D9
O pai da mãe dos meus netos resolveu fazer uma surpresa para eles. Queria dar-lhes um presente
de de aniversário. Presente de aniversário todas as crianças sempre ganham, ora bolas. Entretanto,
presente de de aniversário só os netos dos avós espertos.
Mas, que presente ele poderia dar, se os filhos de sua filha tinham de tudo? Pensou em dar um
par de meias, com um furo no dedão, mas descobriu que meias com furo no dedão eles tinham
quase meia dúzia. Só de pé esquerdo! Pensou em dar uma bola de futebol furada e rasgada pelo
cachorro da casa, mas no quintal dormiam umas três ou quatro dessas bolas, plantadas dentro de
um vaso de barro. [...]
“Já sei”, disse ele, “vou dar um carrinho de corda sem a roda dianteira”. Bobagem! Eles já
tinham uns dois carrinhos faltando pelo menos uma das rodas. “Um jogo de lego faltando uma
porção de pecinhas é um bom presente” pensou o esperto velhinho. Mas desistiu da ideia, porque
sua filha lhe disse que eles só gostavam de brincar com as peças que não conseguiam formar
nenhuma figura completa. Cavalo sem orelha, castelo sem telhado, trenzinho sem fumaça, navio
sem ondas de mar, gavião sem céu pra voar. [...]
Foi ao shopping e procurou na loja de brinquedos alguma coisa que faltava no quarto dos
meninos. “A senhora tem antipatia para vender?” perguntou o avô de meus netos à gentil senhorita
que o atendeu. Ela fez uma cara de quem não estava entendendo nada e ele precisou explicar. “Eu
preciso dar a meus netos alguma coisa que eles ainda não têm”. Ela fez uma cara alegre e disse
que ali não se vendia antipatia. Aliás, todos os vendedores tinham simpatia para dar e vender.
“Então eu prefiro que eles me deem, assim eu economizo uns tostões”, disse o sovina. [...]
Disponível em: <http://www.velhosamigos.com.br/AutoresCelebres/MarioQuintana/marioquintana5.html
Questão 10 D10
Questão 11 D11
O mestre da faxina
Subitamente, minha faxineira desapareceu. Deixou chinelos, um avental [...]. Três semanas
depois, resolvi:
─ Eu mesmo vou limpar o apartamento!
Peguei um saco de lixo grande, botei dois coadores de café usados, a casca de uma mexerica e
algumas torradas secas. No processo, um pedaço de torrada caiu no chão. Esmigalhei-o com o
pé, sem querer. Observei horrorizado os pedacinhos se espalharem pelo piso.
─ Não tem importância, depois vou lavar o chão.
Joguei o lixo. Voltei. Abri a geladeira. Duas cenouras mumificadas me observavam. Retornei
ao lixo. Foram dez idas e vindas. Sempre esquecia alguma coisinha! Finalmente, encarei a
cerâmica da cozinha. Originalmente, é branca. A alvura ocultava-se sob manchas marrons,
vermelhas e cinzentas. Passei a vassoura – expliquei, sorridente.
─ Estou às voltas com a vassoura – expliquei, sorridente.
─ Vai voar? – Perguntou meu interlocutor.
Desliguei e voltei à cozinha. Tinha espalhado as migalhas de torrada por todo o trajeto. Achei
melhor me concentrar e pensar na sala mais tarde. Cautelosamente, espalhei o líquido limpador
multiuso no chão. Puxei a sujeira com o rodinho. As manchas desapareciam magicamente!
─ Venci as faxineiras – comemorei.
Só então descobri estar do lado oposto à porta. Ao voltar sobre a área limpa e molhada, na
ponta dos pés, minhas botas espalharam marcas pretas, bem redondinhas. Dava a impressão de
que uma cabra havia passado por lá. Suspirei. Tirei os sapatos, as meias e arregacei as calças.
Joguei limpador de novo. Puxei o rodinho, dessa vez ao contrário. Trouxe uma horrível borra
cinza até a porta da sala. Quando ia atingir meu tapete persa, corri até a pia, peguei um pano e
ajoelhei-me para eliminar a borra. O pano estava imundo, emporcalhei tudo mais ainda. Pior:
meus joelhos também se sujaram e minhas próprias calças passaram a criar manchas. Não tive
dúvida: tirei a roupa toda. [...]
Retornei à pia, tentei lavar o pano. A pia entupiu. Corri ao banheiro, acrescentando mais marcas
no chão. Molhei e torci o trapo. Mais limpador. Notei que as casquinhas da torrada, apesar de
todo meu empenho, pareciam ter colado na cerâmica. Agachei-me e, com a ponta das unhas, fui
tirando uma por uma. Até quase enlouquecer. Quis chorar. Pus a mão nos cabelos, e o líquido
de limpeza começou a escorrer pelo rosto. Espirrei. Joguei água por tudo, espalhei sapólio e
passei o rodinho. Meus pés arderam. Ao puxar os detritos, eles voaram no tapete persa. Deitei-
me sobre o tapete para caçar os pontinhos de sujeira. Nesse instante, o rodinho escorregou e
caiu em direção ao ralo. Na batida, uma poça d’água explodiu. Com fúria, agarrei o pano e
passei em cada milímetro do piso. Desmaiei no tapete, exausto. Olhei a cozinha.
Surpresa! O piso estava limpo! Suspirei, quis tomar café. Duas gotas negras caíram da xícara.
Desesperado, quase lambi o chão. Limpei com meu próprio lenço. Respirei profundamente,
senti minha franja grudada nos cílios. Uma mancha de sapólio se instalara na minha barriga!
Corri para ducha. Adormeci pensando como seria fascinante limpar a sala, no dia seguinte.
De manhã bem cedo, a faxineira reapareceu, com uma história complicadíssima. Quase beijei
seus pés. Sempre desdenhei os trabalhos domésticos. Quando ouvia alguém falar em dona de
casa, torcia o nariz. Já me arrependi. Francamente! Que vida!
Questão 12 D12
Texto II
Amor Maior
(Jota Quest)
Questão 13 D13
Texto I
Os direitos dos animais
O mundo animal vive uma verdadeira revolução. Não, não é uma cena de ficção [...] tratase,
sim, de uma rebelião lenta e gradual, mas que a cada dia ganha mais adeptos humanos no mundo.
Esse crescente exército luta para que os animais não sejam mais assassinados, torturados ou pri-
vados de sua liberdade só para alimentar ou divertir o homem. Sua principal arma: a lei. Bata-
lham para que a mesma legislação que defende os direitos humanos seja aplicada aos animais, in-
cluindo os seus parágrafos e artigos prevendo punições legais para quem desrespeitar os direitos
fundamentais dos bichos.
A questão é polêmica: enquanto uns acham que essa legislação jamais será estendida aos ani-
mais, pois eles são irracionais e nunca poderão ser comparados ao homem; outros afirmam o con-
trário, argumentando que são seres vivos, dotados de inteligência e sensibilidade e, como tal, não
podem continuar sendo submetidos às atrocidades humanas., Discussões à parte, o fato é que hoje
nem mesmo a ciência e a filosofia conseguem dar munição para ajudar o primeiro grupo a vencer
essa guerra, ao contrário de alguns anos atrás
Disponível em: https://portais.ufma.br/PortalUnidade/ufmasustentavel
Texto II
O Ibama e a Policia Federal estão trabalhando juntos no combate ao tráfico de animais e à biopi-
rataria. A estimativa tanto do Ibama quanto de ambientalistas com relação à preservação da fauna
silvestre brasileira é a de que mais de 38 milhões de espécimes sejam levadas do pais a cada ano
através de portos e aeroportos. O tráfico é um dos fatores que aumentam o risco de extinção de
diversas espécies. Ao intensificar a fiscalização, a Polícia Federal anunciou a criação de delegaci-
as especializadas em crimes contra o ambiente e patrimônio histórico nos 27 estados brasileiros.
As novas delegacias contarão com agentes especializados em bloquear furto da biodiversidade do
país.
Disponível em: https://www.ecycle.com.br/1267-microplastico.html
Questão 14 D14
Os namorados
Um pião e uma bola estavam numa gaveta em meio a um monte de brinquedos. Um dia o pião
disse para a bola:
— Devíamos namorar, afinal, ficamos lado a lado na mesma gaveta. Mas a bola, que era feita de
marroquim, achava que era uma jovem dama muito refinada e nem se dignou a responder à
proposta do pião. No dia seguinte, o menino, a quem todos esses brinquedos pertenciam, pintou o
pião de vermelho e branco e pregou uma tachinha de bronze no meio dele. Ficava maravilhoso ao
rodar.
— Olhe para mim agora!
— o pião disse para a bola.
— O que você acha, não daríamos um belo casal? Você sabe pular e eu sei dançar! Como iríamos
ser felizes juntos!
— Isso é o que você acha
— a bola retrucou
— Você por acaso sabia que minha mãe e meu pai eram um par de chinelos marroquim, e que eu
tenho cortiça dentro de mim?
— Mas eu sou de mogno
— gabou-se o pião.
— E ninguém menos que o próprio prefeito quem me fez, num torno que tem no porão.
— E foi um grande prazer para ele.
— Como vou saber se o que está dizendo é verdade?
— perguntou a bola.
— Que nunca mais me soltem se eu estiver mentindo!
— o pião respondeu.
— Você sabe falar muito bem de si
— admitiu a bola.
— Mas terei de recusar o convite porque estou quase noiva de uma andorinha. Toda vez que pulo
no ar, ele põe sua cabeça para fora do ninho e pergunta “você vai, você vai? ”. Embora eu ainda
não tenha dito que sim, já pensei nisso; e é praticamente o mesmo que estar noiva. Mas prometo
que nunca o esquecerei.
ANDERSEN, Hans Christian. Os mais belos contos de Andersen. São Paulo: Moderna, 2008, p. 74
No trecho “Embora eu ainda não tenha dito que sim, ...” (ℓ. 19), o pronome em destaque refere-se
A) ao pião.
B) à bola.
C) ao menino.
D) ao prefeito.
E) à andorinha.
Questão 15 D14
O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois,
senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia
é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas
que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, seme-
lhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como
se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desses vinte anos de idade
poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que
me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos.
Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na moci-
dade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consul-
tar os dicionários, e tal frequência é cansativa.
Dom Casmurro, de Machado de Assis.
O termo destacado (contração da preposição ‘em’ com o pronome reto ‘ela’ formou ‘NELA’) que retoma
A) pintura.
B) mim.
C) mocidade.
D) certidão.
E) autópsias.
Questão 16 D17
No trecho “[...] sempre tendo a medicina como assunto principal, mas sem nunca esquecer que seu alicerce
são as relações humanas. ”, o advérbio grifado pode ser substituído sem alteração de sentido da frase por
A) transitoriamente.
B) provisoriamente.
C) incessantemente.
D) esporadicamente.
E) Insistentemente.
Questão 17 D17
A mentira
João chegou em casa cansado e disse para sua mulher, Maria, que queria tomar um banho, jantar e ir
direto para a cama. Maria lembrou a João que naquela noite eles tinham ficado de jantar na casa de
Pedro e Luíza. João deu um tapa na testa [...] e declarou que, de maneira nenhuma, não iria jantar na
casa de ninguém. Maria disse que o jantar estava marcado há uma semana e seria uma falta de
consideração com Pedro e Luíza, que afinal eram seus amigos, deixar de ir. João reafirmou que não
ia. Encarregou Maria de telefonar
para Luíza e dar uma desculpa qualquer. Que marcassem o jantar para a noite seguinte.
Maria telefonou para Luíza e disse que João chegara em casa muito abatido, até com um pouco de
febre, e que ela achava melhor não tirá-lo de casa aquela noite. Luíza disse que era uma pena, que
tinha preparado uma Blanquette de Veau que era uma beleza, mas que tudo bem. Importante é a
saúde e é bom não facilitar. Marcaram o jantar para a noite seguinte, se João estivesse melhor. João
tomou banho, jantou e foi se deitar. Maria ficou na sala vendo televisão. Ali pelas nove bateram na
porta. Do quarto, João, que ainda não dormira, deu um gemido. Maria, que já estava de camisola,
entrou no quarto para pegar seu robe de chambre. João sugeriu que ela não abrisse a porta. Naquela
hora só podia ser um chato. Ele teria que sair da cama. Que deixasse bater. Maria concordou.
Não abriu a porta.
Meia hora depois, tocou o telefone, acordando João. Maria atendeu. Era Luíza querendo saber o que
tinha acontecido.
Por quê? – perguntou Maria.
Nós estivemos aí há pouco, batemos, batemos, e ninguém atendeu.
Vocês estiveram aqui?
Para saber como estava o João. O Pedro disse que andou sentindo a mesma coisa há alguns dias e
queria dar umas dicas. O que houve?
Nem te conto – contou Maria, pensando rapidamente. – O João deu uma piorada. Tentei chamar um
médico e não consegui. Tivemos que ir a um hospital.
O quê? Então é grave. [...].
No trecho “Que marcassem o jantar para a noite seguinte.” (ℓ. 7), a expressão em destaque dá ideia de
A) causa.
B) lugar.
C) modo.
D) tempo.
Questão 18 D19
Soneto
Questão 19 D20
No trecho “– Paz... Paz... Paz...” (ℓ. 10), as reticências foram usadas para
A) demonstrar monotonia.
B) destacar o uso de uma expressão.
C) indicar o prolongamento do som do eco.
D) marcar a continuidade de uma ação.
E) sugerir surpresa.
Questão 20 D21
Tecendo a Manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
No poema, as expressões “teia, tela, toldo, decido e balão” retomam figurativamente o termo “manhã”, já
que o autor faz uso do recurso estilístico
A) metáfora.
B) comparação.
C) prosopopeia.
D) metonímia.
E) pleonasmo.
Questão 21 D21
Leia o texto abaixo.
Caso de recenseamento
A repetição da expressão “é preciso preencher o questionário, ” (ℓ. 17-18) evidencia que o agente é
A) grosseiro.
B) impulsivo.
C) responsável.
D) impaciente.
E) insistente.
Questão 22 D22
Questão 23 D23
Vim em 1960 e fui dar aula no Colégio Seleciano de Recife. Logo na primeira semana, fui
chamado pela direção: um pai se queixara de que eu ofendera sua filha. É que eu dissera
“Cale-se, rapariga”, sem saber que, no Nordeste, rapariga significa prostituta.
Revista Diálogo Médico
Questão 24 D23
A prestação do carro está vencendo, a crise roeu suas economias, o computador travou de vez e o mala do
chefe insiste em pegar no seu pé. O resultado disso é clássico: estresse. Ninguém gosta de ter fumaça
saindo pelas orelhas – mas, acredite, essa pressão faz muito bem para você. Pelo menos é o que diz Bruce
McEwen, o estresse é fundamental para a nossa sobrevivência. Quando sentimos o mundo cair sobre a
cabeça, o cérebro nos prepara para reagir ao desastre. Ficamos prontos para tomar decisões com mais
rapidez, guardar informações que podem ser decisivas e encarar desafios e perigos. Ou seja, pessoas
estressadas potencializam sua capacidade de superar um problema, na visão do professor (funciona quase
como o espinafre para o Popeye). Mas há um porém, se nos estressarmos demais, os efeitos benéficos
acabam revertidos. Nosso cérebro falha, e funções como a memória acabam prejudicadas. É por isso que
precisamos aprender a apreciar o estresse com moderação. O segredo estaria em levar uma vida saudável e
buscar atividades que deem prazer, como diz McEwen – autor do livro O Fim do Estresse como Nós o
Conhecemos – na entrevista que concedeu à SUPER
WESTPHAL, Cristina. Super Interescante, abril, 2009. "Adaptado: Reforma Ortográfica. Fragmento.