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A INTERFERÊNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS LÚDICAS NA

EDUCAÇÃO INFANTIL
OLIVEIRA, Hérica Tereza Bonfim¹ Faculdade de Educação Paulistana -FAEP-São Paulo- SP
Eixo: Lúdico e Educação.

Resumo
Brinquedos, brincadeiras e jogos fazem parte do mundo da criança, pois estão presentes desde
os primórdios da humanidade. O presente trabalho trata da importância do lúdico no
desenvolvimento infantil assim como, da necessidade de intencionalidade do brincar na
educação infantil e da relevância do papel do professor nesse processo. As atividades lúdicas
são indispensáveis às crianças, pois contribuem para o desenvolvimento sadio e para a
apreensão dos conhecimentos uma vez que possibilitam o desenvolvimento da percepção, da
imaginação, dos sentimentos e da fantasia. Por meio de atividades lúdicas, a criança
comunica-se consigo e com o mundo, constroem conhecimentos, desenvolvendo-se
integralmente.

Palavras – chaves: Desenvolvimento infantil, Intencionalidade do brincar na educação


infantil.

Abstract
Toys, fun and games are part of a child's world, as are present since the dawn of humanity.
This paper deals with the importance of the play in child development as well as the need for
intentionality of play in early childhood education and the relevance of the teacher's role. The
recreational activities are essential to children, as they contribute to the healthy development
and the seizure of knowledge since, they enable the development of perception, imagination,
feelings and fantasy. Through play activities, the child communicates with you and the world,
build knowledge, developing fully.

Keywords: Child development, Intentionality of playing in early childhood education.


1 INTRODUÇÃO
Em todas as fases de sua vida, o ser humano está sempre descobrindo e aprendendo coisas
novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sobre o meio em que vive.
As crianças não precisam de estímulos para o ato de brincar, esse desejo já faz parte delas, os
educadores devem utilizar essa afinidade prazerosa que a criança tem pelo brincar, para
introduzir aprendizados nas brincadeiras.
A esse ato de busca, de troca, de interação, de apropriação é que damos o nome de
educação. Esta não existe por si só; é uma ação conjunta entre as pessoas que cooperam,
comunicam-se e comungam do mesmo saber.
A infância é a idade das brincadeiras. Acreditamos que por meio delas a criança satisfaz, em
grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado
de inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordenam,
desorganiza, destrói e reconstrói o mundo.
Por meio das brincadeiras pedagógicas, as crianças ativam a imaginação, criando e
vivenciando diferentes situações de onde tiram aprendizados e valores que serão levados ao
longo de suas vidas. O educador deve organizar e analisar as brincadeiras tendo em vista a
inserção de formas de aprendizagens que favoreçam o desenvolvimento infantil e que o
possibilite analisar a criança em seu desenvolvimento pedagógico e afetivo.
É muito importante aprender com alegria, com vontade. Comenta Sneyders (1996, p.36)
que “Educar é ir em direção à alegria.” As técnicas lúdicas fazem com que a criança aprenda
com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante ressaltar que a educação lúdica está
distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial.
[...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma
transacional em direção a algum conhecimento, que se rede fine na elaboração constante do
pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. [...]
(ALMEIDA, 1995, p.11). Portanto, é de primordial importância a utilização das brincadeiras
e dos jogos no processo pedagógico, pois os conteúdos podem ser ensinados por intermédio
de atividades predominantemente lúdicas.
Referenciamo-nos em renomados autores, como Vygotsky (1984), Negrine (1994), Santos
(1999), Sneyders (1996), Huizinga (1990), Marcelino (1990) e outros que abordam a
importância do lúdico no desenvolvimento infantil e na educação.
Esta pesquisa bibliográfica tem a pretensão de contribuir para a formação de profissionais que
consideram “o ser criança” e “o brincar” como a fase mais importante da infância e do
desenvolvimento humano.
O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais real. Por meio
das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar a
realidade. Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a
melhoria do ensino, quer na qualificação ou formação crítica do educando, quer para redefinir
valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade.
Para que a educação lúdica caminhe efetivamente na educação é preciso refletir sobre a
sua importância no processo de ensinar e aprender. Cientes da importância do lúdico na
formação integral da criança, encaminhamos os estudos abordando a seguinte questão: Qual a
importância das atividades lúdicas na educação infantil?

2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Através deste estudo, entende-se como é importante a realização de brincadeiras na
educação infantil, onde o mediador deve trabalhar brincadeiras relacionadas às dificuldades
apresentadas pela criança, havendo sempre um objetivo para cada atividade e não
simplesmente brincar por brincar. Brincado, a criança desenvolve a possibilidade de assimilar
e recriar as experiências vividas pelos adultos, organizando teorias sobre o funcionamento da
sociedade, pois quanto mais a criança tiver oportunidades de saltar, correr, girar, dançar,
cantar, andar, elas desenvolvem esses movimentos espontaneamente.
Não há dúvida que as crianças pequenas adoram se movimentar. Elas vivem e
demonstram seus estados afetivos com o corpo inteiro: se estão alegres, pulam, correm e
brincam ruidosamente. Se estão tímidas ou tristes, encolhem-se e sua expressão corporal é
reveladora do que sentem.
Henri Wallon nos lembra que a criança pequena utiliza seus gestos e movimentos para
apoiar seu pensamento, como se este se projetasse em suas posturas.
O movimento é uma linguagem, que comunica estados, sensações, ideias: o corpo fala.
Assim, é importante que na Educação Infantil o profissional da educação possa organizar
situações e atividades em que as crianças possam conhecer e valorizar as possibilidades
expressivas do próprio corpo.
Os jogos e as brincadeiras são importantes tanto para a criança tanto para o adulto, o
problema é que o adulto muitas vezes, não quer entrar neste universo infantil. Simplesmente
deixam de lado e esquecem como eram as brincadeiras e o jogos vivenciados na infância. É
necessário deixarmos de lado nosso medo de ser julgado, medo de errar e se entrar ao mundo
dos jogos e brincadeiras, as crianças irão agradecer nossa atitude, deixar os jogos e
brincadeiras fazerem parte de nossa vida, nos trará satisfação. Por vezes perdemos o sentido
de brincar e de jogar por achar que é coisa de criança e muitas vezes isto reflete na
aprendizagem da criança, Muitas vezes simples fato de a criança querer brincar e de alguma
forma manusear os objetos, foge aos olhos do adulto que acham que o comportamento infantil
através dos jogos e brincadeiras são travessuras, os repreendendo.
Na família a criança necessita vivenciar o sentido religioso, aprender a se cuidar, se instigada
através das leituras/histórias, passeios e linguagens. Algumas crianças já vêm de suas casas
com ensinamentos limitados aos jogos e brincadeiras de alguma forma orientada pelos seus
pais.
Através do brincar, as crianças têm a oportunidade de expressar suas diversas vivências
corporais, contribuindo de forma lúdica para um bom desenvolvimento global, fortalecendo
sua vida futura.

O principal objetivo do trabalho com o movimento e a expressão corporal é


proporcionar à criança o conhecimento do próprio corpo, experimentando as possibilidades
que ele oferece (força, flexibilidade, equilíbrio, destreza e outras); assim, a criança construirá
uma autoimagem positiva e confiante.

Facilita também o auxílio e a estimulação do desenvolvimento de sua motricidade e


socialização, capacitando-a para resolver conflitos que surgem durante as brincadeiras,
quando ela for capaz de solucioná-los sozinha.
Para formar seres criativos, críticos e aptos para tomar decisões, são indispensáveis a inserção
de contos, lendas, músicas brinquedos e brincadeiras na escola, pois contribuem muito para a
criação da situação imaginária.

Portanto, o imaginário só se desenvolve quando se dispõe de experiências que se


organizam com as brincadeiras, as crianças constituirão variedades de dados e imagens
culturais vivenciadas nas situações interativas. Sendo assim, brincando, a criança movimenta-
se, buscando parceria e exploração de vários objetos, comunicando com seu par, se
expressando por várias múltiplas linguagens, renovando-se, descobrindo-se e sentindo-se
segura ao tomar decisões.
A brincadeira povoa o universo infantil desde os tempos mais remotos da História.
Através dela a criança apropria-se da sua imagem, seu espaço, seu meio sociocultural,
realizando Inter e intra-relações. Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil, o
Brincar é um precioso momento de construção pessoal e social, "Soubéssemos nós adultos
preservar o brilho e o frescor da brincadeira infantil, teríamos uma humanidade plena de amor
e fraternidade. Resta-nos, então, aprender com as crianças." (Monique Deheinzelin).
Portanto, não resta dúvida de que a brincadeira contribui para o processo de socialização das
crianças, proporcionando-lhes oportunidades de realizar atividades coletivas livremente, além
de ter efeitos positivos para o processo de aprendizagem e estimular o desenvolvimento de
habilidades básicas e aquisição de novos conhecimentos.

3 A ESCOLA E O PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL


A escola é um ponto de apoio para que as crianças extravasem o brincar, por isso deveria
aproveitar essa energia psíquica da criança, dando oportunidades e ajudando-as aevoluir, já
que para cada idade existe atividades significativas vinculadas as suas curiosidades e a
investigação do meio que o cerca, favorecendo a construção de sua estrutura cognitiva.
Sendo assim, a escola tem que ser um ambiente agradável, onde as crianças possam se
identificar e dessa forma tornando dispostas para realizar as atividades solicitadas pelo
professor.

O professor tem que estar atento, observando as crianças no seu modo de agir, havendo
exploração do espaço, objetos, jogos. Sabendo que as brincadeiras são uma riqueza
extraordinária, uma vez que nos ajuda a compreender a totalidade corporal em que vive e
entender a manifestação profunda de sua personalidade.

Segundo Severino (1991) “os profissionais das Escolas infantis precisam manter um
comportamento ético para com as crianças, não permitido que estas sejam expostas ao
ridículo ou que passem por situações constrangedoras.” A escola é um ambiente onde a
criança deve ser bem recebida e jamais deve ser constrangida, deve ser tratada com muito
carinho, pois desta maneira ela sente-se segura e passa a confiar cada vez mais nos adultos,
pois através das brincadeiras a criança vai desenvolvendo intercâmbios por imitação e por
diferentes aproximações, possui iniciativa própria na hora de brincar com os demais, valoriza
as propostas lúdicas solicitadas pelo professor, e, consequentemente, aprende a relacionar-se
mais com seus colegas.

Através da brincadeira a criança tem a possibilidade de manifestar a expressão de seu


“eu” profundo, o qual deve ser aceito e compreendido. Assim, o professor deve sempre passar
para as crianças que elas são capazes, onde elas podem:

 Viver situações de comunicação com as demais crianças, com o adulto, com os


objetos, com a voz e atividade simbólicas;
 Manifestar suas emoções e suas fantasias, expressando seu mundo interior, o que ajuda
a desenvolver sua personalidade;
 Alcançar o mundo cognitivo;
 Tomar consciência da realidade exterior e de sua própria realidade;
 Prosseguir construindo seu continente psíquico e sua identidade.

É interessante destacar também que a participação do professor é muito importante para que
as brincadeiras tornem mais interessantes e possam ter um bom desenvolvimento no
aprendizado das crianças, pois o professor de educação infantil tem que fazer papel de artista,
palhaço, pai e mãe, tem que fazer de tudo um pouco, o seu mundo tem que estar voltado para
o mundo das crianças, ou seja, viver como criança.

Segundo Kami,
“Educar não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, aquele caminho
que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência de si
mesmo, dos outros e da sociedade. É aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros. É
oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele
que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas
que cada um irá encontrar. Educar é preparar para vida”. (KAMI, 1991, 125).
Entende-se que o caminho correto não é somente aquele que o mediador acredita ser
certo, deve-se ajudar e aceitar as outras pessoas dando oportunidades para que haja escolha de
caminhos iguais a seus valores, sabendo que preparar para a vida é necessário que tenham
educação de qualidade, e para que isso aconteça o educador tem que se doar desenvolvendo o
seu papel com carinho, amor, empenho e dedicação.

Portanto, escola deve inserir brincadeiras com atividades permanentes, nas quais as
crianças deverão estar em contato com os temas relacionados ao mundo social e natural em
que vive. O professor deverá trabalhar também brincadeiras de outras épocas, solicitando
pesquisas com os familiares e pessoas da comunidade, ou em revistas, jornais e livros, pois se
torna mais interessante conhecer as brincadeiras com suas devidas regras de outros tempos,
observando quais as mudanças ocorridas em relação às regras atuais, conhecendo os materiais
usados na confecção dos brinquedos, jogos etc.

Na atualidade, a escola é considerada o local oficial para o desenvolvimento cognitivo,


socioafetivo e psicomotor dos indivíduos, nela desenvolvem-se várias atividades com intuito
de favorecer o desenvolvimento de diferentes habilidades. Ela pode ser considerada a política
pública mais universalizada do país. No Brasil, o ensino escolar está dividido em Educação
Infantil, Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio e Ensino Superior, além das Escolas
Técnicas com Ensino Profissionalizante e os EJAs (Educação de Jovens e Adultos).
Os princípios pedagógicos tendem a se adaptarem ao projeto escolar e sua realidade,
onde a escola como organização, tem como objetivo enfatizar o aprendizado dos alunos.
As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e
pensam no mundo com seu jeito próprio.
Dentro do processo de construção de conhecimento, as crianças se utilizam de
diferentes linguagens e exerce a capacidade de ideias e hipóteses originais no que buscam
desvendar. Nessa perspectiva, as crianças constroem o conhecimento a partir das interações
que estabelecem com outros indivíduos e com o meio em que vivem, discursos e situações
corriqueiras de seu cotidiano.
A educação é, por si só, um passaporte para a tomada de poder, e o educador deve
buscar todos os respaldos possíveis que valorizem o educando, transmitindo não apenas o que
é possível, mas também o impossível. "É a partir do educador que temos que vamos caminhar
para o educador que queremos ter. E a passagem do que se propõe como ideal, ou seja, aquilo
que anda não temos, para o que é necessário e desejado, se faz somente pelo possível" (RIOS,
p. 72). É preciso que seja feito tudo o que for possível fazer e é preciso que se tente o
impossível, que muitas vezes é impossível apenas porque nunca se tentou. Afinal se todos
forem sempre até onde podem ir, as coisas continuaram como estão.
Um bom educador, munido de experiências e que esteja comprometido com o trabalho,
empenhado nas verdadeiras mudanças preocupando-se em construir o conhecimento de forma
consciente, produz o efeito desejado (alunos autônomos, críticos, pensantes).

A Educação Básica, que compreende a Educação Infantil e Ensino Fundamental e


Médio (educandos de 4 a 17 anos), segundo a legislação vigente (LDB – Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional- Lei nº 9.394/96), tornou-se obrigatória, o que acarreta
problemas de ordem jurídica aos pais que não matricularem seus filhos nas unidades de
ensino oficiais. Cabem aos Municípios, prioritariamente, oferecer vagas na Educação Infantil
e Ensino Fundamental I, ao Estado cabe a manutenção da escolaridade no Ensino
Fundamental II e Ensino Médio. Nota-se, porém que o Ensino Fundamental I e II ainda está
sendo administrado sob responsabilidade conjunta das redes municipais e estaduais, nesse
panorama as escolas particulares são também alternativas para ampliar as possibilidades de
inserção das crianças, adolescentes e jovens no ambiente escolar.
O recém-publicado documento Orientações Curriculares Expectativas de Aprendizagens
e Orientações Didáticas para a Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação de São
Paulo observa que a avaliação que mais deve interessar ao educador não é aquela que
compara diferentes crianças, mas a que compara uma criança com ela mesma, dentro de certo
período de tempo. Assim, o educador (profissional da educação que está em contato direto
com as crianças) tem na observação o melhor instrumento para avaliar a aprendizagem dos
pequenos: eles participaram da atividade? Em qual momento se envolveram mais? O que foi
mais desafiador para cada criança? E para o grupo? Essas e outras perguntas ajudam inclusive
o educador a planejar as próximas atividades, mantendo ou modificando suas propostas
dentro do campo de experiências do Movimento para as crianças.
Segundo a LDB 9394/96, o currículo proposto para o Ensino Fundamental I e II e
Ensino Médio deve contemplar obrigatoriamente a disciplina de Arte. Por ser uma área de
conhecimento importante, tanto quanto as demais do currículo escolar da educação básica,
faz-se necessário que a arte seja trabalhada, de maneira qualitativa, com diversidade de
métodos, técnicas, materiais, temas e atividades.

“Aprender arte envolve a ação em distintos eixos de aprendizagem:


fazer, apreciar e refletir sobre a produção social e histórica da arte,
contextualizando os objetos artísticos e seus conteúdos.”
(IAVELBERG, 2003, p. 9).

Segundo os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais, 2000), as aulas de Arte devem


contemplar atividades de quatro linguagens: dança, artes visuais, teatro e música.

As diferentes manifestações culturais (das mais clássicas às mais


vanguardistas) merecem ser analisadas como resultado de um
conjunto de valores e uma maneira de os seres humanos interagirem
com o mundo em que vivem (ou viveram). (PCNs, 2000).

4 A CRIANÇA, A EDUCAÇÃO E O LÚDICO.


A concepção de criança é uma noção historicamente construída e constantemente vem
mudando ao longo dos tempos, não se apresentando de forma homogênea nem mesmo no
interior de uma mesma sociedade e época.
Assim é possível que, por exemplo, em uma mesma cidade, existam diferentes maneiras de se
considerar as crianças, dependendo da classe social a qual pertencem, do grupo étnico do qual
fazem parte.

Boa parte das crianças brasileiras enfrenta um cotidiano bastante adverso que as conduz desde
muito cedo a precárias condições de vida, ao trabalho infantil, ao abuso e exploração por parte
de adultos. Outras crianças são protegidas de todas as maneiras, recebendo de suas famílias e
da sociedade em geral cuidados necessários ao seu desenvolvimento. A Proposta Curricular
de Santa Catarina (1998, p.21) define que:
A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma
organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em
um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo social em que se
desenvolve, mas também o marca.

Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no


mundo deve ser o grande desafio da educação infantil. Embora os conhecimentos derivados
da psicologia, antropologia e sociologia possam ser de grande valia para desvelar o universo
infantil apontando algumas características comuns de ser, elas permanecem únicas em suas
individualidades e diferenças. Alerta Rosamilha (1979, p.77):

A criança é, antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a
natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento
físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da
criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos.

A capacidade de brincar possibilita às crianças um espaço para resolução dos problemas


que as rodeiam. A literatura especializada no crescimento e no desenvolvimento infantil
considera que o ato de brincar é mais que a simples satisfação de desejos. O brincar é o fazer
em si, um fazer que requer tempo e espaço próprios; um fazer que se constitui de experiências
culturais, que são universais, e próprio da saúde porque facilita o crescimento, conduz aos
relacionamentos grupais, podendo se r uma forma de comunicação consigo mesmo e com os
outros.
No entanto, em meio ao mundo capitalista em que vivemos, o lúdico e a importância do
ato de brincar está desaparecendo do universo infantil. As crianças estão brincando cada vez
menos, estão amadurecendo mais cedo, além de cada vez mais presenciarem a redução dos
espaços físicos seguros e apropriados para as brincadeiras.
É importante que crianças se conheçam e interajam entre si e com o meio que as cercam, a
interação é uma forte aliada do educador, para promover a aprendizagem.
São por meio de brincadeiras, conversas informais do dia a dia, no conto de histórias e nas
festinhas escolares que as crianças se interagem e se conhecem. O educador é fundamental
para essa interação, deve ter linguagem própria para com as crianças e proporcionar um
ambiente acolhedor.

É na observação e interação com o ambiente que a cerca que a criança é estimulada


a pensar e a buscar soluções próprias para os acontecimentos com os quais se depara no
decorrer de sua vida.

Entretanto, o mais grave de tudo, é que os pais estão esquecendo a importância do


brincar. Muitos acham que um bom presente é um tênis de grife ou uma roupa porque é “mais
útil”. Brinquedo virou supérfluo. No desespero por fazer economia, os pais estão cortando o
brinquedo do orçamento familiar. Grande engano, com consequências muito sérias se o erro
não for reparado a tempo, pois as roupas e acessórios em geral não vão desenvolver o
raciocínio nem a afetividade. Pelo contrário, vão transformar a criança em um miniadulto que,
desde já, precisa estar “sempre ligado”. Mas e o resto? E a criatividade, a emoção, o
desenvolvimento lógico e casual, a alegria de brincar? Tudo isso pode ser economizado?

É preciso respeitar o tempo de a criança ser criança, sua maneira absolutamente original
de ser e estar no mundo, de vivê-lo, de descobri-lo, de conhecê-lo, tudo simultaneamente. É
preciso quebrar alguns paradigmas que foram sendo criados. Brinquedo não é só um presente,
um agrado que se faz à criança: é investimento em crianças sadias do ponto de vista
psicossocial. Ele é a estrada que a criança percorre para chegar ao coração das coisas, para
desvelar os segredos que lhe esconde um olhar surpreso ou acolhedor, para desfazer temores,
explorando o desconhecido.

5 O PAPEL DA LUDICIDADE NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Vygotsky (1984) atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do


pensamento infantil. É brincando, jogando, que a criança revela seu estado cognitivo, visual,
auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo
de eventos, pessoas, coisas e símbolos.

A criança, por meio da brincadeira, reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo


seu próprio pensamento. A linguagem, segundo Vygotsky (1984), tem importante papel no
desenvolvimento cognitivo da criança à medida que sistematiza suas experiências e ainda
colabora na organização dos processos em andamento. De acordo com Vygotsky (1984, p.97),
A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra
coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade
de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial,
determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a
colaboração de um companheiro mais capaz.

Tanto para Vygotsky (1984) como para Piaget (1975), o desenvolvimento não é linear,
mas evolutivo e, nesse trajeto, a imaginação se desenvolve. Uma vez que a criança brinca e
desenvolve a capacidade para determinado tipo de conhecimento, ela dificilmente perde esta
capacidade. É com a formação de conceitos que se dá a verdadeira aprendizagem e é no
brincar que está um dos maiores espaços para a formação de conceitos.

Negrine (1994, p.19) sustenta que as contribuições das atividades lúdicas no


desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento
global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a
afetividade, a motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a que
constitui a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da
criança.
Na fase da educação infantil, as crianças aprendem “brincando”. Desta forma, tornar o
aprendizado lúdico e de maneira organizada é trabalhoso. Algumas crianças demoram um
pouco mais que as outras para assimilarem e acomodarem um novo conhecimento, no entanto
após a compreensão elas até passam o novo conhecimento para os pais, como por exemplo, se
recusarem a utilizar objetos ou alimentos que caíram no chão.

6 O LÚDICO COMO PROCESSO EDUCATIVO


Como Marcellino (1990) defende a reintrodução das atividades lúdicas na escola. Entende-se
que esse direito ao respeito não significa a aceitação de que a criança habite um mundo
autônomo do adulto, tampouco que deva ser deixada entregue aos seus iguais, recusando-se,
assim, a interferência do adulto no processo de educação.

Os estudos da psicanálise demonstram, entre outros caracteres não muito nobres, o


autoritarismo que impera entre as crianças. Mas a intervenção do adulto não precisa ser
necessariamente desrespeitada. É preciso que, ao intervir, o adulto respeite os direitos da
criança. A proposta do autor nos remete a pensar numa ação educativa que considere as
relações entre a escola, o lazer e o processo educativo como um dos caminhos a serem
trilhados em busca de um futuro diferente.

Por isso, vê-se como positiva a presença do jogo, do brinquedo, das atividades lúdicas
nas escolas, nos horários de aulas, como técnicas educativas e como processo pedagógico na
apresentação dos conteúdos. O jogo e a brincadeira são experiências vivenciais prazerosas.
Assim também a experiência da aprendizagem tende a se constituir em um processo
vivenciado prazerosamente. A escola, ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a
formar um bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a sociabilidade
vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados.

Enquanto a aprendizagem é vista como apropriação e internalização de signos e


instrumentos num contexto sociointeracionista, o brincar é a apropriação ativa da realidade
por meio da representação. Desta forma, brincar é análogo a aprender.

Distante dos avanços em todos os campos e das mudanças tão rápidas em todos os
setores, é preciso buscar novos caminhos para enfrentar os desafios do novo milênio e, neste
cenário que se antevê, será inevitável o resgate do prazer no trabalho, na educação, na vida,
visto pela ótica da competência, da criatividade e do comprometimento.

Assim, o trabalho a partir da ludicidade abre caminhos para envolver todos numa
proposta interacionista, oportunizando o resgate de cada potencial. A partir daí, cada um pode
desencadear estratégias lúdicas para dinamizar seu trabalho que, certamente, será mais
produtivo, prazeroso e significativo, conforme afirma Marcellino (1990, p.126): “É só do
prazer que surge a disciplina e a vontade de aprender”.
É por intermédio da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida,
assimilando a cultura do meio em que vive, a ela se integrando, adaptando-se às condições
que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar com seus semelhantes e conviver
como um ser social. Além de proporcionar prazer e diversão, o jogo, o brinquedo e a
brincadeira podem representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo da criança.
Assim, uma atitude lúdica efetivamente oferece aos alunos experiências concretas, necessárias
e indispensáveis às abstrações e operações cognitivas.

Pode-se dizer que as atividades lúdicas, os jogos, permitem liberdade de ação,


pulsão interior, naturalidade e, consequentemente, prazer que raramente são encontrados em
outras atividades escolares. Por isso necessitam ser estudados por educadores para poderem
utilizá-los pedagogicamente como uma alternativa a mais a serviço do desenvolvimento
integral da criança. O lúdico é essencial para uma escola que se proponha não somente ao
sucesso pedagógico, mas também à formação do cidadão, porque a consequência imediata
dessa ação educativa é a aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva, relacional e
pessoal.

7 A IMPORTÂNCIA DO ATO DE BRINCAR

As crianças não precisam de estímulos para o ato de brincar, esse desejo já faz
parte delas, os educadores devem utilizar essa afinidade prazerosa que a criança tem pelo
brincar, para introduzir aprendizados nas brincadeiras.

Por meio das brincadeiras pedagógicas, as crianças ativam a imaginação, criando


e vivenciando diferentes situações de onde tiram aprendizados e valores que serão levados ao
longo de suas vidas.

O educador deve organizar e analisar as brincadeiras tendo em vista a inserção de


formas de aprendizagens que favoreçam o desenvolvimento infantil e que o possibilite
analisar a criança em seu desenvolvimento pedagógico e afetivo.

As crianças recriam espontaneamente os seus conhecimentos e sua personalidade


durante as brincadeiras, por isso, para melhor uma análise detalhada de cada criança, o
educador deve aplicar dinâmicas como objetivos, jogos com regras, contos de histórias com
conversa informal sobre o tema, aliadas as atividades didáticas, pois desta forma, elas
brincam, se socializam e aprendem.

8 INTERAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

É importante que crianças se conheçam e interajam entre si e com o meio que


as cercam, a interação é uma forte aliada do educador, para promover a aprendizagem. É por
meio de brincadeiras, conversas informais do dia a dia, no conto de histórias e nas festinhas
escolares que as crianças se interagem e se conhecem. O educador é fundamental para essa
interação, deve ter linguagem própria para com as crianças e proporcionar um ambiente
acolhedor.

É na observação e interação com o ambiente que a cerca que a criança é


estimulada a pensar e a buscar soluções próprias para os acontecimentos com os quais se
depara no decorrer de sua vida.

A educação infantil passou a fazer parte integrante do nível de ensino da educação


básica, ao mesmo tempo em que rompe com a tradição apenas assistencialista presente na
área, requer um aprofundamento de quais seriam os modelos de qualidade para a educação de
crianças pequenas.

O atual contexto social possui prioridades e exigências diferentes de épocas


passadas e a escola passa ser um espaço em que as relações humanas são moldadas, e o
professor tem papel fundamental nesse processo que vai muito além de um mero transmissor
de conhecimentos. É também nessa fase que as crianças constroem os padrões de
aprendizagem formais que utilizarão durante toda a sua vida, aprender, portanto, passe a ser o
ponto crucial do processo.

Desta forma, a educação infantil passou por consideráveis mudanças perante o


que era reconhecido como "educação pré-escolar", a qual rompe com a tradição simplesmente
assistencialista presente na área, tendo por finalidade o desenvolvimento integral da criança,
valorizando a relação entre educar e cuidar, as etapas especificas da vida infantil, como
interação, socialização, brincadeiras e jogos de fundo educativo e complementando esta ação
com a participação da família e da comunidade.

Desta forma, podemos dizer que o maior desafio da Educação Infantil, é fazer
com que se obtenha o potencial de desenvolvimento da criança, buscando recursos para que se
apropriem de ferramentas que lhes permitam se comunicar e seguir aprendendo.
9 CONTEXTO E ESTRUTURA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com o art. 21 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei


n.º 9.394/96), a educação escolar compõe-se de: I. Educação básica, formada pela educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio; II. Educação superior.

A educação infantil é a primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e


pré-escolas, às quais se constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que
educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade, regulados e supervisionados por órgão
competente do sistema de ensino e submetidos a controle social.

No decorrer dos últimos 20 anos da política de Educação Infantil no Brasil,


constatamos uma melhora significativa da situação das crianças e uma abertura para
melhorias futuras. A Constituição Federal de 1988 transformou as crianças em cidadãs e
levou a Educação Infantil para o âmbito do Ministério da Educação, enfatizando a motivação
educacional e não apenas o bem-estar social.

A idade inicial de frequência escolar obrigatória no Brasil também vem


diminuindo ao longo do tempo, de sete anos em 1996 para seis em 2007, e finalmente – por
emenda constitucional – para quatro em 2009. Ainda que muitas crianças tenham acesso a
escola apenas em idade obrigatória, é comum ver que muitas delas entram nas creches em
tenra idade e permanecem na escola até o fim do seu ciclo escolar básico.

A escola também deve estar preparada para saber lidar com um novo tipo de aluno
que se conecta com o mundo num simples clicar. Um aluno que domina aparelhos
tecnológicos avançados e que, por meio deles, se vê cercado de informações, mas que ao
mesmo tempo é muitas vezes, obrigado a permanecer estático numa carteira escolar não
encontrando atrativo ou interesse no que lhe é "ensinado".

Frente a estas mudanças, ocorridas pela introdução de novas tecnologias, novas


atitudes e valores sociais e culturais, com formação da ética e respeito dentro da sociedade
capitalista, na qual estamos inseridos e globalizados. A sociedade exige uma escola para
novos tempos, a qual deve preparar cidadãos com perfil crítico e criativo.

Dentro da sociedade é preciso transmitir sua cultura. Valores culturais e as


instituições sociais têm como objetivo primordial a preservação da cultura. A educação como
processo de transmissão de cultura se faz presente em todas as instituições.

Buscar a qualidade social do ensino e quais os critérios a serem considerados


norteiam e encaminham os pensamentos de que a qualidade nas instituições educacionais
deve desenvolver seres humanos capazes de participarem ativamente na sociedade.

10 ANÁLISE CURRICULAR DA EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com as diretrizes nacionais para a educação infantil, currículo é o


conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os
conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e
tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de
idade.

Dentre estas práticas se destacam: a valorização da individualidade das crianças,


bem como do trabalho coletivo; o apoio à conquista de sua autonomia; a criação de condições
para a manifestação dos interesses da criança nas práticas educativas; o aprendizado sobre a
valorização de cada pessoa; o fortalecimento da autoestima e a criação dos vínculos afetivos
de todas as crianças; a promoção da formação participativa e crítica das crianças; o respeito à
dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação entre elas, dentre outras.
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos estudos realizados, percebemos que todas as atividades direcionada ao


brincar despertam entusiasmo no desenvolvimento do aprendizado da criança dessa forma,
durante o desenvolvimento dessa pesquisa procuramos nos remeter a reflexões sobre a
importância das atividades lúdicas na educação infantil, tendo sido possível desvelar que a
ludicidade é de extrema relevância para o desenvolvimento integral da criança, pois para ela
brincar é viver.

É relevante mencionar que o brincar nesses espaços educativos precisa estar num
constante quadro de inquietações e reflexões dos educadores que o compõem. É sempre bom
que se autoavaliem fazendo perguntas como: A que fins estão sendo propostas as
brincadeiras? A quem estão servindo? Como elas estão sendo apresentadas? O que queremos
é uma animação, um relaxamento ou uma relação de proximidade cultural e humana? Como
estamos agindo diante das crianças? Elas são ouvidas?

Também é importante ressaltar que só é possível reconhecer uma criança se nela o


educador reconhecer um pouco da criança que foi e que, de certa forma, ainda existe em si.

Assim, será possível ao educador redescobrir e reconstruir em si mesmo o gosto


pelo fazer lúdico, buscando em suas experiências, remotas ou não, brincadeiras de infância e
de adolescência que possam contribuir para uma aprendizagem lúdica, prazerosa e
significativa.
É competência da educação infantil proporcionar aos seus educandos um
ambiente rico em atividades lúdicas, já que a maioria das crianças de hoje passam grande
parte do seu tempo em instituições que atendem a crianças de 0 a 6 anos de idade, permitindo
assim permitindo que elas vivam, sonhem, criem e aprendam a serem crianças.

O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma


tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência, estimula sua
sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular, desenvolve habilidades motoras,
diminui a agressividade, exercita a imaginação e a criatividade, aprimora a inteligência
emocional, aumenta a integração, promovendo, assim, o desenvolvimento sadio, o
crescimento mental e a adaptação social.

O estudo permitiu compreender que o lúdico é significativo para a criança poder


conhecer, compreender e construir seus conhecimentos, tornar-se cidadã deste mundo, ser
capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência. Sua contribuição também
atenta para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo
resolver problemas e compreendendo um mundo que exige diferentes conhecimentos e
habilidades.

É buscando novas maneiras de ensinar por meio do lúdico que conseguiremos


uma educação de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro dos interesses e
necessidades da criança. Cabe ressaltar que uma atitude lúdica não é somente a somatória de
atividades; é, antes de tudo, uma maneira de ser, de estar, de pensar e de encarar a escola, bem
como de relacionar-se com os alunos. É preciso saber entrar no mundo da criança, no seu
sonho, no seu jogo e, a partir daí, jogar com ela. Quanto mais espaço lúdico proporcionarmos,
mais alegre, espontânea, criativa, autônoma e afetiva ela será.

Propomos, entretanto, aos educadores infantis, transformar o brincar em trabalho


pedagógico para que experimentem, como mediadores, o verdadeiro significado da
aprendizagem com desejo e prazer.

As atividades lúdicas estão gravemente ameaçadas em nossa sociedade pelos


interesses e ideologias de classes dominantes.
Portanto, cabe à escola e a nós, educadores, recuperarmos a ludicidade infantil de
nossos alunos, ajudando-os a encontrar um sentido para suas vidas. Ao brincar, não se
aprendem somente conteúdos escolares; aprende-se algo sobre a vida e a constante peleja que
nela travamos.

É preciso que o professor assuma o papel de artífice de um currículo que privilegie as


condições facilitadoras de aprendizagens que a ludicidade contém nos seus diversos domínios,
afetivo, social, perceptivo-motor e cognitivo, retirando-a da clandestinidade e da subversão,
explicitando-a corajosamente como meta da escola.

O ensino de qualidade, orientado para que todos os alunos aprendam o máximo possível,
demanda uma cultura escolar onde haja diálogo, confiança, respeito, ética, profissionalismo
(fazer bem-feito e melhor sempre), espírito e trabalho em equipe, proatividade, gosto pela
aprendizagem, autenticidade, amor pelo trabalho, empatia, dentre outros aspectos. Estes são,
por certo, componentes a partir do qual se realiza a liderança no ambiente escolar (LÜCK,
2008, p.31).

É preciso e até urgente que a escola vá se tornando um espaço acolhedor e multiplicador


de certos gostos democráticos como o de ouvir os outros, não, por favor, mas por dever, o de
respeitá-los, o da tolerância, o do acatamento às decisões tomadas pela maioria a que não
falte, contudo o direito de quem diverge de exprimir a sua contrariedade.

O gosto da pergunta, da crítica, do debate. O gosto do respeito à coisa pública, que entre
nós vem sendo tratada como coisa privada, mas como coisa privada que se despreza.

Conforme o entendimento de Freire, os gestores escolares preocupados com o clima da


organização escolar devem estar, acima de tudo, interessados em ajudar os indivíduos a
aceitarem-se mutuamente, porque sabem que, quando as pessoas se valorizam umas às outras,
crescem através da interação e oferecem um clima emocional melhor para o crescimento do
aluno.
BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo:
Loyola, 1995.
BARRETO, Siderley de Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação. Blumenau:
Odorizzi, 1998.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, 1998.
CHATEAU, Jean. O jogo e a criança. São Paulo: Summus, 1987.
FREIRE, P. Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho D’Água,
1997.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens . São Paulo: Perspectiva, 1990.
KISHIMOTO, André. Inteligência artificial em jogos eletrônicos. 2004, p. 11
Disponível:http://br.monografias.com/trabalhos3/ludico-educacao-infantil/ludico-educacao-
infantil2.shtml ( ACESSADO EM MAIO/2024)
LAROUSSE, K. Pequeno dicionário enciclopédico Koogan Larousse. Rio de Janeiro:
Larousse, 1982.
LÜCK, Heloísa. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. São Paulo: Cortez, 2002.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da animação. São Paulo: Papirus, 1990.
NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Propil, 1994.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
VYGOTSKY, L. S.A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

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