Resenha Critica
Resenha Critica
Resenha Critica
"O homem original é uma espécie de animal tranquilo, movido por poucas
necessidades, indiviso, sem coerção e, consequentemente, feliz, ligado
apenas ao presente. Mas permanece" estúpido e limitado ". Ora, segundo
sua natureza, ele também é perfectível, portanto chamado a se desenvolver.
Aqui intervém a sociedade: apenas ela permite que se adquira a palavra, a
memória, as ideias, os sentimentos, a consciência moral, em suma, as luzes.
Infelizmente, essa educação dos homens foi feita ao acaso, sem princípios,
sem reflexão, sem respeito pela ordem natural. O resultado é um estado em
que as necessidades do homem se multiplicam em que ele não as pode
satisfazer sem o outro: torna-se cada vez mais fraco, cada vez mais dividido
e preocupado, cada vez menos livre. vive num estado de" agregação ", onde
cada um pensa em primeiro lugar em si mesmo, luta a fim de se fazer
reconhecer e dominar. Para sobreviver é preciso fazer-se aceitar, submeter-
se ou impor-se, portanto preocupar-se com a opinião dos outros. Esta é a
pior escravidão: precisamos dissimular o que somos parecer o que não
somos. O homem natural se destrói sem se realizar, um eu fictício vai
formando-se aos poucos e substitui nosso verdadeiro eu. Todos ficam
divididos e infelizes, e acabam se acomodando com seus grilhões".
Capítulo 4 – Da escravidão
Neste capítulo, o assunto tratado é a escravidão. Se a força de um homem
sobre outro não é legítima, sobra somente o poder legítimo. A escravidão
seria legítima, pois foi com razão que o escravo se tornou um escravo? Não.
A escravidão não pode ser legítima, pelo menos não para uma população
inteira. Se uma pessoa pode se tornar escravo por vontade própria, por que
populações não o podem também? Porque uma pessoa se torna escrava em
troca de subsistência. Já uma população, quando se torna escrava, perdendo
sua liberdade, também perde seus bens que passas para o imperador.
Nenhuma população aceitaria isso o que torna a escravidão de uma
população ilegítima.
Capítulo 7 – Do soberano.
Quando se elege um soberano, que pode tanto ser um indivíduo como um
corpo político, estabelece-se uma relação entre os povos e o soberano. Cada
um deve ajudar ao outro.
Já a população pode ter conflitos. Cada indivíduo pode ter seu próprio
interesse, pois o soberano não pode apagar o interesse do indivíduo.
Todo homem tem direito ao que lhe é necessário, mas o ato positivo, que o
torna proprietário de qualquer bem, o exclui de tudo o mais. Não deve se
preocupar com nada além de sua parte.
Para legitimar o direito de primeiro ocupante é necessário que o terreno
estivesse vazio, que dele só se ocupe o necessário. O autor critica ao dizer
que atribuir o direito de primeiro ocupante ao trabalho e à necessidade é
passar dos limites. Indaga se não seria possível estipular limites para o
direito?
Introdução
Rousseau é influenciado desde que era embaixador em Veneza, por Grotius
e Pufendorf, dentre outros, conforme já vimos. Grotius falava, sobre o
contrato social, que ele legitima o poder e funda a sociedade civil. Pufendorf
falava de dois tipos de pactos: o de associação, no qual a sociedade se
mantém depois de cair um governo e o de submissão, no qual o povo e
governado por um soberano. Outra influência de Rousseau é Althibius.
Rousseau escreveu nas Confissões que a publicação de Emílio foi
complicada, e a do Contrato foi bem mais fácil. Emílio era uma obra muito
querida por Rousseau era a obra que concluía as suas ideias sobre educação.
Nova Heloísa havia feito muito sucesso. Rousseau era um autor consagrado.
Instituições Políticas era a obra que Rousseau mais se entusiasmava, e
queria trabalhar nela a vida inteira. Foi dessa obra reduzida, que nasceu o
Contrato social. Rousseau atirou as provas originais do seu grande livro no
fogo, depois de redigir o Contrato. Ele achava que as Instituições iam
precisar ser muito bem trabalhadas ainda. O livro pretende mostrar qual é o
fundamento da ordem social. Ela não vem do direito natural, nem da força,
mas de uma convenção, o pacto social. O homem perdeu a liberdade
original. Rousseau procura explicar o que torna essa mudança legítima. A
ordem social é um direito sagrado que não existe na natureza e funda-se em
convenções. A mais antiga das sociedades é a família, diz Rousseau. O pai
tem cuidado com os filhos e por isso sente amor. No Estado, o governante
não ama o povo, mas tem prazer em governar. Alguns filósofos falaram que
a desigualdade é natural, alguns nascem para governar, outros para serem
governados.
Resumo da obra
Ceder à força não é um dever. A desigualdade surge com a força, que é
transformada em direito. Somos obrigados a obedecer às potências
legítimas. É da relação das coisas e não das relações pessoais que nasce o
estado de guerra. A guerra é uma relação entre os estados e não uma relação
entre os homens. Rousseau analisa o direito de conquista, que vem da lei do
mais forte. Rousseau vê num rei e seu povo, o senhor seu escravo, pois o
interesse de um só homem será sempre o interesse privado. O homem para
se conservarem, se agregam e formam um conjunto de forças com único
objetivo. No contrato social, os bens são protegidos e a pessoa, unindo-se às
outras obedecem a si mesmo, conservando a liberdade. O pacto social pode
ser definido quando “cada um de nós coloca sua pessoa e sua potência sob a
direção suprema da vontade geral”. As pessoas públicas formam a
República, é chamado o Estado, quando passivas, e soberanos quando
ativas. O soberano não pode violar o contrato, alienar qualquer porção de si
mesmo. O corpo político não pode se submeter a outro soberano. Isso seria
se auto aniquilar. Com uma sociedade, quando se ofende um, ofende todo o
corpo. O soberano não pode ter uma opinião contrária a todos, mas o
indivíduo pode. Na passagem do estado de natureza para o estado civil, o
homem muda, O instinto é substituído pela justiça. Qualquer quebra ao
compromisso do contrato, implica a uma volta ao estado de natureza. O
homem passa a ser moral e racional. A mudança acarreta vantagens e
desvantagens. Ganha a liberdade civil e a propriedade. Perde a liberdade
natural. O direito a um terreno se fortalece. Rousseau questiona o direito a
uma área do primeiro ocupante. As leis são úteis àqueles que possuem, e
prejudicam os que nada têm. O Estado existe para o bem comum, e a
vontade geral deve dirigi-lo para esse fim. Vontade geral é um ato de
soberania, atende ao povo, por isso é lei. Esse é o princípio que devia ser
obedecido, mas nem sempre é assim. O soberano é feito um ser fantástico. A
soberania é indivisível e inalienável. Os compromissos do corpo social são
mútuos. Trabalhando para os outros, trabalha-se para si mesmo. O
indivíduo tem suas vontades particulares, mas também existe a vontade
geral. Cada homem é legislador e sujeito, obedecendo a leis que lhe são
favoráveis. O tratado social tem por finalidade conservar os contratantes.
Rousseau defende a pena de morte para quem violar o contrato. Mas só
pode matar com que não pode continuar sem perigo. A justiça vem de Deus,
mas por não sabermos recebê-la são necessárias as leis da razão que devem
servir a todos. Quando o povo estatui algo para todo o povo, forma-se uma
relação. A matéria e a vontade que fazem o estatuto são gerais, e a isso
Rousseau chama lei. A república é todo estado regido por leis, Mesmo a
monarquia pode ser uma república. O povo submetido às leis deve ser o
autor delas. Mas o povo não sabe criar leis, é preciso é um legislador.
Rousseau admite que seja uma tarefa difícil encontrar um bom legislador.
Um legislador deve fazer as leis de acordo com o povo.
“O ato que institui o governo não é um contrato, mas uma lei. Os que estão
no poder executivo não senhores, mas funcionários do povo.” “Não há lei no
Estado que não possa ser revogada, nem mesmo o pacto social.” Mas as leis
só devem ser revogadas se isso estiver de acordo com a vontade geral. A
vontade geral é indestrutível. O Estado é responsável pela força da vontade
geral. Está-se decadente, o povo perde a liberdade. Se um filho de escravo
nasce escravo, diz Rousseau, não nem ao menos humano. Rousseau
comenta Roma, sua fundação desde a fábula de Romo e Rêmulo, até quando
se torna uma cidade. Ele aperfeiçoa seu historicismo, já presentes em obras
anteriores. Fala de como se institui uma ditadura. Na migração de religiões
a guerra política torna-se também religiosa. O Deus de um povo não tem
direito sobre outros povos. Rousseau analisa as religiões. Algumas levam à
sanguinolência. Outras como o cristianismo não tem relação com a política.
Rousseau fala do Evangelho que reconhece a todos como irmãos, e não do
mau uso que fizeram dele. O cristianismo é totalmente espiritual e a pátria
do cristão não é desse mundo. Ele não se preocupa com o Estado, se vai
bem, se vai mal, “teme sentir orgulho com a glória de seu país”, diz
Rousseau. Se o Estado vai mal, ele presta culto a Deus. Para Rousseau as
tropas cristãs não são excelentes. A existência da divindade é um dogma
positivo. A intolerância é um dogma negativo. A menos que a Igreja seja o
Estado, não se deve dizer que fora da Igreja não há salvação. Na
homenagem ao aniversário do 250º ano da do nascimento de Rousseau,
Levi Strauss, que é um grande admirador de Rousseau, lembra que o gênio
de Rousseau atuou na literatura, poesia, história, moral, política, pedagogia,
música e botânica. Diz que Rousseau fundou a etnologia e foi um agente de
transformação. Pois um etnógrafo tem de pesquisar lugares que lhe são
estranhos, até hostis e ver surgir em si preconceitos e sentimentos
estranhos. Mas pode compreender melhor essa experiência através de
Rousseau. E Rousseau antecipa a fórmula de que o Eu é outro. No homem
uma faculdade com atributos contraditória tornada consciente, pode fazer o
homem mudar, passar por uma transformação, como de afetiva para
racional, natural para cultural. “A identificação que consiste na apreensão
sensível, precede a consciência das oposições.” A música traz a percepção da
dualidade cartesiana, como matéria e espírito, alma e corpo. O eu natural
não sou eu, mas o mais fraco eu dos outros. O homem é oprimido pelas
contradições da sociedade e afastado da natureza. Mas pode “buscar a
sociedade da natureza para meditar sobre a natureza da sociedade.”
Rousseau foi contra o egoísmo humano que o separa da natureza,
considerando-se superior, diz Levi Strauss. A superpopulação torna o
convívio difícil, é necessário o respeito recíproco. Contrato Social é divido
em quatro pequenos livros. No primeiro livro, Rousseau fala sem
preliminares qual é o fundamento legítimo da sociedade política. O segundo
livro fala das condições e dos limites do poder soberano. Dai vai para as
considerações sobre a forma e o aparato governamental. O último livro
apresenta um estudo, um histórico de vários sufrágios, assembleias e outro
órgão governamentais. No primeiro livro , segundo muitos, é a voz do jovem
e apaixonado Rousseau que fala. O leitor deve se precaver contra algumas
armadilhas interpretativas que se encontram por sob expressões como
regras de administração, homens como são. Rousseau investiga porque a
sociedade se instituiu. Foram necessários para garantir o direito de certas
coisas, como a propriedade, que veio com o trabalho e cultivo da terra. Uma
frase que resume bem esse espírito é: “o homem nasce livre, mas se
encontra a ferros por toda a parte.” Em alguns trechos Rousseau fala da
primeira sociedade a família, onde prevalecia a autoridade paterna. No
entanto, depois decrescidos os filhos apenas a convenção e o respeito
mantém essa autoridade Tudo se origina de convenções, que visam
preservar a liberdade física e a igualdade inicial. Para combater a
desigualdade, é necessária a criação de um corpo político, No capítulo IX,
Rousseau analisa as relações entre propriedade privada e o poder do
soberano. No livro II, fala da soberania que é inalienável porque representa
a vontade geral, e indivisível. Rousseau afasta-se dos autores que o
inspiraram, como Montesquieu, porque não há partes constituintes do
Estado, apenas poderem que ajudam o corpo político a governar. A vontade
geral nunca erra, salvo em caso de perversão. Em outro capítulo apontam-se
os limites sadios do poder soberano, que são os limites das convenções
gerais. Cada homem é livre no que escapa a essas convenções, sendo
obrigado a obedecê-la para viver em sociedades. Mas essas convenções,
como já vimos devem representar a vontade geral, ou o que é útil para todos
e ajuda a conservar a vida e a produzir. O Estado vive e age pela lei. A lei é
necessária porque não entendemos a lei Divina, a lei superior, que apenas se
interessa pelos interesses do homem sem ter num. interesse. Seriam
precisos Deuses para dar leis aos homens, mas como isso não tem se
resolvido na prática, é necessário um legislador, No livro III Rousseau
demonstra mais exatidão sistemática. Estuda o governo. É favorável para
tirar o melhor desse livro, buscar ver além das fórmulas exatas com que
Rousseau demonstra o governo, e de que tanto se orgulhava. O governo não
passa de um intermediário entre o governo e os súditos. Mas mesmo assim
vemos o despotismo. Sempre o governo tenta tomar, por força, o lugar do
soberano. O soberano é a pessoa pública. Só as assembleias periódicas
podem garantir que não se usurpe o poder. No último livro, o autor fala que
a vontade geral é indestrutível. Aborda os problemas do sufrágio, onde
aborda em uma monografia a parte, os comícios romanos. Fala do tribuno o
e da ditadura, os remédios excepcionais quando o Estado está em crise. Esse
livro exige estudo e comentário à parte. Podemos notar em Rousseau
algumas incongruências entre vida e obra. Ele se aprimora na arte de bem
dizer ao mesmo tempo em que critica a civilização. Tem preocupação
sistemática nas obras políticas. Nos livros Considerações sobre o governo da
Polônia, projeto de constituição para a Córsega e Cartas da montanha,
Rousseau aborda aspectos práticos da vida política. Isso vai contra a visão
de que seria um mero especulador utópico. No primeiro discurso, Rousseau
lamenta a primazia conferida à civilização aos bem agradáveis, em oposição
aos bem úteis e denuncia a vaidade dos conhecimentos científicos e
artísticos, que servem de ornamento para o espírito, e não aprimoram a
postura de cidadão. Rousseau busca tem fundamentação lógica na sua
história, buscando os fundamentos do pacto político. Em Cartas da
montanha, Rousseau fala que a pior das soberanias e a aristocráticas. Na
Polônia da época de Rousseau, está pouco presente esse pinico de ser o povo
o que mais tem direito ao governo. O Estado está estagnado e desunido, mas
apesar disso conserva o vigor. A república deteriora em oligarquia. A obra
de Rousseau sobre a Polônia em alguns pontos é contrária à obra sobre o
pacto social. No contrato social temos a influência do individualismo de
Locke e dos historicismo de Montesquieu, Rousseau lamentava o fato de
Montesquieu, um espírito tão brilhante, se dedicar só a descrição histórica, e
não ter muita abstração imaginativa. Rousseau diz que as ciências e as artes
servem para tornar o homem sociável e para fazê-los amar a escravidão.
Mesmo com os esforços para estudar os homens, nos distanciamos de
conhecê-lo. Foi enorme sua influência, como pensador do Iluminismo, na
Revolução Francesa e no romantismo. Ainda hoje suas obras tem validade e
são discutidas.
Jean-Jacques Rousseau era um defensor ferrenho da liberdade do homem,
com fortes ideias para a formatação do Estado que se estendem até os dias
de hoje.