Comparando Hobbes Locke e Russeau - Passei Direto
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Hobbes é conhecido por ser um autor da nobreza e do absolutismo. Seu conjunto de teorias
tem como objetivo não só justificar, mas também legitimar as atitudes do rei. Para isso, ele
afirma que o contrato criou a soberania em si, e não o rei. O soberano não assina o acordo, logo
não deve nada a ninguém. Independente de quem assuma o cargo supremo, tal pessoa deve
priorizar a manutenção da ordem, podendo tomar qualquer conduta para concretizá-la,
mesmo que seja tirano e corrupto. Uma vez que um homem é condenado à morte pelo
soberano, o contrato é desfeito; o indivíduo volta a ter o direito e a liberdade de rebelar e lutar
por sua vida.
Jean Jacques Rousseau, filósofo do séc. XVIII é considerado o primeiro revolucionário a definir
o povo como melhor forma de governo. Acreditando que o homem nasce livre, mas por toda
parte encontra-se aprisionado por conta da sua vaidade e pensamento racionalista, deparou-se
com a seguinte questão: como conservar a liberdade do homem e ao mesmo tempo garantir a
segurança e uma vida boa em sociedade? A resposta seria a criação do contrato social, a partir
do qual cada um deve doar-se com todos os seus direitos à comunidade e o governo deve
submeter-se ao povo.
Rousseau refere-se ao pacto social como um ato de vigilância para impedir a corrupção e a
degeneração, sendo a vontade geral tem mais importante que a individual. Além disso,
defende a ideia de que este acordo não só pode como deve ser refeito constantemente. O
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pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 30/03/2020 13:51:00
soberano, ao ocupar o seu cargo, precisa apenas satisfazer a vontade coletiva, abrindo mão da
própria.
DESIGUALDADE
Até o século XVII, prevalecia a noção de que a desigualdade entre os seres humanos era
natural, aceitável e até desejável. A partir de então, passam a vigorar teorias baseadas no
jusnaturalismo e no contratualismo, que demandavam uma ordem natural de igualdade entre
os homens. Nessa época não se pensava no tema como algo ruim, pelo contrário, a natural
desigualdade entre os homens garantia a harmonia da sociedade, na medida em que todos
aceitassem sua própria condição social.
Para Hobbes, a desigualdade não era natural, mas constituída a partir da formação do Estado.
Os homens, no estado de natureza, ficariam igualmente vulneráveis à violência e com seus
apetites igualmente insaciáveis. Uma vez reconhecidos como iguais, eles se submetem a um
poder soberano que lhes assegure a conservação da vida. A sociabilidade humana, para
Hobbes, era uma imposição do Estado, fora do qual prosperava uma condição de guerra de
todos contra todos – estado de guerra. Assim, a igualdade natural dos homens era vista pelo
pensador como algo ruim, já que resultava no estado de guerra, e o seu oposto, sendo formado
pelo Estado, era considerado desejável, visto que regulava os apetites animalescos dos homens
e restabelecia a paz.
Rousseau reafirma a tese contratualista de Hobbes e Locke, mas discorda de ambos quanto à
índole do homem no estado de natureza. Enquanto, para ele, a igualdade vincula-se a um
estágio primitivo de felicidade, a ser recuperada com o contrato social, para Hobbes ela liga-se
a uma condição miserável e belicosa, e a desigualdade do pacto social é benéfica.
LIBERDADE
O contexto social e político em que viviam os autores determinam sua forma de defender ou
não a noção de liberdade.
Para Hobbes, que tinha como objetivo defender o absolutismo, seria uma ideia retórica, pois o
homem, livremente, teria cedido sua liberdade e poder ao soberano. Essa situação seria
suportável e justificável, uma vez que garantiria aos homens sua sobrevivência. Para ele, a
liberdade deve ser pensada de acordo com o poder que a pessoa possui, o que desqualifica a
noção de liberdade como princípio humano. Apenas quando condenado à morte o homem
pode ser considerado livre, uma vez que retorna ao seu estado de natureza.
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Já Locke, ideólogo do liberalismo, sustenta a liberdade como direito natural, uma vez que seu
objetivo era defender a burguesia, que precisava de uma justificativa para crescer
economicamente sem os obstáculos definidos pela monarquia. Para ele, diferente de Hobbes, a
liberdade é um direito natural e, portanto, inalienável. Seria uma propriedade que o homem
possui como direito natural – além da vida e de seus bens. No estado de natureza, o homem é
proprietário natural de sua pessoa, portanto, prevalecem os princípios de igualdade e
liberdade. Além disso, a liberdade é um dos fundamentos do Estado Civil. Nele, ela é necessária
para estabelecer a sociedade e a forma de governo que irão reger.
A rigor, Locke defende unicamente a burguesia. Por exemplo, o autor sobrepõe à liberdade a
noção de propriedade à vida, o que legitima a escravidão. Fica claro que, antes de pensar quais
são os princípios e direitos do homem, o autor pretende proteger a classe burguesa e suas
necessidades e objetivos de crescimento financeiro.
Além disso, uma vez que a liberdade natural já não existe, seria preciso encontrar uma forma
de legitimar a liberdade civil através do pacto social. Nessas condições, Rousseau não torna a
liberdade um direito exclusivo de determinada classe, como faz Locke, nem determina que os
homens abdiquem de serem livres em nome de um soberano. Pelo contrário, existem
condições para a existência da liberdade civil: a igualdade entre os homens, que, abrindo mão
de seus direitos individuais, permitiriam a liberdade coletiva. E fidelidade à vontade geral, que
visa o bem de todos.
PROPRIEDADE PRIVADA
Quando se trata da defesa do direito à propriedade privada, dos pensadores discutidos até
então, apenas Locke era a favor.
Hobbes afirmava que esta não seria um direito natural do homem, sendo apenas o Soberano
(Leviatã) o único responsável por tudo que existe, móvel ou imóvel; podendo ainda legislar
sobre a vida e a morte (“Fazer morrer, deixar viver”). Foi considerado um autor maldito pela
burguesia – força econômica hegemônica – que defendia que, se isso fosse colocado em prática,
haveria uma grande desestabilidade na região pré-industrial.
Em contra partida, o liberal Locke defendia que a propriedade privada, além de direito natural,
era inviolável. Através do trabalho, seu fundamento originário, poderia até se tornar ilimitada
a partir de capital. Seria também um bem protegido pelo Estado que, incentivando a dedicação
ao trabalho, garantia o empirismo e ainda legitimava a desigualdade. Para Locke, a
propriedade privada seria o valor máximo de uma sociedade.
Já Rousseau era categórico: dizia que o “bem” em questão era a transformação da usurpação
em direito, que seria ainda o princípio da desigualdade material entre a população, permitindo
que, através de uma primeira delimitação de posse, uns possuam mais bens que outros.
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Visto que a burguesia tomava um lugar cada vez mais importante na sociedade europeia
vigente, o pensamento lockeano acabou servindo de base para a ascensão do capitalismo
industrial, além de fundamentar a ética protestante vigente.
VISÃO DE ESTADO
Hobbes defende um Estado absolutista em que todo indivíduo tem direito a vida privada.
Assim como Locke, esse filósofo defende que o povo não deve servir ao Estado e sim o
contrário. Quando o Estado coloca em risco ou vai contra a vida de alguém, este tem o direito
de rebelar-se, defender-se.
Locke defende um Estado liberal que deve garantir uma lei natural, a qual pode ser dividida
em: vida, defesa da própria vida e propriedade. O Estado pode ser dividido entre os poderes
legislativo (tem o dever de formular leis) e executivo (executa as leis criadas pelo primeiro).
Cada indivíduo detém deveres, sendo um deles não abdicar de seus direitos. Assim como
Hobbes, Locke defende a resistência da parte dos indivíduos caso o Estado interfira em seus
direitos.
Rousseau defende o Estado Convencional onde o povo é maior que o rei. O direito legal não é
proveniente de um direito divino, mas de um direito decorrente da soberania popular, da
vontade geral (a vontade da maioria dos indivíduos).
Este filósofo sustenta o direito de revolução para promover o bem comum. Caso o governo não
seja justo e não corresponda aos anseios do povo, este tem o direito de substituí-lo, refazendo
o contrato.
Fazendo um paralelo simplificado entre esses autores temos: Hobbes defendendo a proteção à
vida, Locke a proteção da propriedade e Rousseau assegurando a liberdade.