Boletim-ICMS BONIFICAÇÃO BRINDES

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Boletim Icms nº 21 - Novembro/2011 - 1ª Quinzena

Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das
alterações legais.

ICMS/GO

BONIFICAÇÕES, DOAÇÕES E DESCONTOS


Tributação Quanto ao ICMS

ROTEIRO:

1. INTRODUÇÃO
2. BONIFICAÇÕES
2.1. Conceito
2.2. Tributação
2.3. Emissão do documento fiscal
2.4. Tributação no Simples Nacional
2.5. Substituição tributária
2.6. Possibilidade de crédito para o destinatário
3. DESCONTOS
4. DOAÇÕES
4.1. Conceito
4.2. Tratamento Tributário

1. INTRODUÇÃO

Na presente matéria, veremos o tratamento tributário e as obrigações acessórias a serem observadas nas operações
de bonificações e doações de mercadorias, relativamente ao ICMS.

Veremos ainda o tratamento dado pela legislação goiana no que tange à concessão de descontos, nas operações de
venda.

2. BONIFICAÇÕES

2.1. Conceito

A bonificação implica em conceder mercadorias a clientes, em virtude de acordo contratual ou comercial, em que o
fornecedor envia determinada quantidade de mercadorias a seus clientes, sem cobrar por elas, conforme ajustado entre
as partes da relação comercial.

Normalmente, o fornecedor vende uma determinada quantidade de mercadoria, e, a título de bonificação, entrega
determinada quantidade a mais, ao invés de conceder um desconto.

Por exemplo: certo fornecedor vende dez unidades de uma mercadoria qualquer, e, a título de bonificação, entrega ao
adquirente, gratuitamente, duas unidades mais, a título de bonificação.

2.2. Tributação

Na remessa de mercadorias a título de bonificação, ocorre o fato gerador do imposto, pois a operação se enquadra no

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disposto no artigo 6º, inciso I, do RCTE/GO - saída de mercadoria do estabelecimento, a qualquer título.

Desta forma, estaremos diante de uma hipótese de ocorrência do fato gerador do ICMS, quando for ofertada
mercadoria a título de bonificação.

A base de cálculo do ICMS será definida com base no artigo 10 do RCTE/GO.

“Art. 10. Na falta do valor da operação ou da prestação, ressalvado o disposto no artigo seguinte, a base de cálculo do
imposto é (Lei nº 11.651/91, arts. 16 e 18):

I - o preço corrente da mercadoria, ou de sua similar, no mercado atacadista do local da operação ou, na sua falta, no
mercado atacadista regional, caso o remetente seja produtor agropecuário, extrator ou gerador, inclusive de energia;

II - o preço FOB estabelecimento industrial, à vista, caso o remetente seja industrial;

III - o preço FOB estabelecimento comercial, à vista, na venda a outro comerciante ou industrial, caso o remetente seja
comerciante;

IV - o preço corrente do serviço, no local da prestação.

§ 1º Para aplicação dos incisos II e III do caput deste artigo, adota-se sucessivamente:

I - o preço efetivamente cobrado pelo estabelecimento remetente na operação mais recente;

II - caso o remetente não tenha efetuado venda de mercadoria, o preço corrente da mercadoria ou de sua similar no
mercado atacadista do local da operação ou, na falta deste, no mercado atacadista regional.

§ 2º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, caso não haja mercadoria similar, a base de cálculo é o custo de
produção da mercadoria.

§ 3º Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, caso o estabelecimento remetente não efetue venda a outro
comerciante ou industrial ou, em qualquer caso, se não houver mercadoria similar, a base de cálculo do imposto é
equivalente a 75% (setenta e cinco por cento) do preço corrente de venda a varejo.

§ 4º Preço com aplicação da cláusula:

I - FOB é aquele em que o custo do frete e do seguro é de responsabilidade do comprador ou destinatário;

II - CIF é aquele em que o custo do frete e do seguro é de responsabilidade do vendedor ou remetente.

§ 5º Custo de produção da mercadoria é a soma do custo da matéria-prima, material secundário e de


acondicionamento, energia e mão-de-obra direta.”

Poderá ainda, a critério das autoridades fiscais, ocorrer a definição da base de cálculo do ICMS com base no disposto
no artigo 17 do RCTE/GO.

“Art. 17. A base de cálculo do imposto deve ser arbitrada pela autoridade fiscal, podendo o sujeito passivo contraditá-la
no correspondente processo administrativo tributário, sempre que, alternativa ou cumulativamente (Lei nº 11.651/91, art.
25):

I - o valor ou preço da mercadoria, bem, serviço ou direito:

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a) seja omisso;

b) declarado pelo sujeito passivo seja notoriamente inferior ao praticado no mercado considerado;

II - não mereçam fé a declaração, esclarecimento prestado ou o documento expedido pelo sujeito passivo ou terceiro
legalmente obrigado.

§ 1º Presume-se decorrente de operação ou prestação tributada não registrada, o valor, apurado em procedimento
fiscal, correspondente:

I - ao saldo credor na conta caixa ou nas disponibilidades;

II - ao saldo credor fictício ou em montante superior ao comprovado, em sua escrita contábil;

III - ao suprimento de caixa ou de disponibilidades sem a devida comprovação de sua origem, inclusive fornecido à
empresa por administrador, sócio, titular da firma individual, acionista controlador da companhia, ou por terceiro, se a
efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem satisfatoriamente comprovados;

IV - ao déficit financeiro existente no confronto do saldo das disponibilidades no início do período, acrescido do ingresso
de numerário, e deduzido do desembolso e do saldo final das disponibilidades, considerando-se, ainda, as despesas
indispensáveis à manutenção do estabelecimento, mesmo que não escrituradas, tais como:

a) salário e retirada;

b) aluguel, água, luz, telefone e outra taxa, preço ou tarifa;

c) tributo;

d) outras despesas gerais;

V - à diferença verificada mediante o controle quantitativo das entradas e saídas de mercadoria tributada num
determinado período, levando em consideração os estoques inicial e final;

VI - ao montante constante de qualquer meio de controle de venda de mercadoria ou prestação de serviço, sem a
respectiva emissão de documento fiscal, ou o montante da diferença quando emitido com valor inferior ao real;

VII - ao saldo das disponibilidades existentes ou das constantes do balanço da empresa que exceder ao saldo
reconstituído pelo fisco, na mesma data;

VIII - à diferença a menor entre o valor agregado auferido pelo contribuinte e o obtido mediante a aplicação do Índice
de Lucro Bruto - ILB - previsto, pela legislação tributária, para a respectiva atividade econômica, ambos aplicados ao
custo de aquisição ou produção de mercadoria tributada, desde que efetivamente comprovada irregularidade na sua
escrituração fiscal ou contábil;

IX - à diferença a maior entre o valor:

a) agregado auferido pelo contribuinte e o obtido mediante a aplicação do Índice de Lucro Bruto - ILB - previsto, pela
legislação tributária, para a respectiva atividade econômica, ambos aplicados ao custo de aquisição ou de produção de
mercadoria isenta, não tributada ou sujeita à substituição tributária, desde que efetivamente comprovada irregularidade
na sua escrituração fiscal ou contábil;

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b) informado pela administradora de "shopping center", de centro comercial, de cartão de crédito ou de débito em
conta-corrente ou por estabelecimento similar e o informado pelo contribuinte;

X - ao preço corrente da mercadoria ou de sua similar, ou da prestação, em situação fiscal irregular, no local de
domicílio do contribuinte fiscalizado ou no da verificação fiscal, podendo se utilizar da pauta de valores elaborada pela
Secretaria da Fazenda;

XI - ao montante que mais se aproximar aos estabelecidos com base nos incisos anteriores, na impossibilidade de
aplicação de qualquer deles, na ocorrência de circunstância não prevista neste parágrafo.

§ 2º Considera-se omisso o valor ou preço da mercadoria, bem ou serviço que estiver em situação fiscal irregular.

§ 3º Na hipótese de o contribuinte comercializar também mercadorias isentas ou não tributadas no período fiscalizado, a
base de cálculo deve ser obtida por meio da multiplicação do valor apurado em procedimento fiscal pela fração obtida
da divisão do valor das entradas tributadas, exceto aquelas sujeitas à substituição tributária pelas operações
posteriores, pelo valor correspondente ao total das entradas de mercadorias destinadas à comercialização ou
industrialização.

§ 4º O saldo das disponibilidades financeiras mencionado no inciso IV do § 1º deste artigo é aquele obtido no
procedimento fiscal correspondente, devendo ser considerado igual a zero na hipótese de ser negativo.

§ 5º As demais normas, quanto aos procedimentos relativos ao arbitramento, devem ser fixadas na legislação
tributária.”

2.3. Emissão do documento fiscal

Tendo em vista a incidência normal do ICMS na operação, não há necessidade de indicação de nenhum dispositivo legal
em específico no documento fiscal.

São utilizados seguintes CFOPs na operação de bonificação:

NATUREZA DA
CÓDIGO DESCRIÇÃO DO CFOP
OPERAÇÃO

Remessa em bonificação, doação ou brinde - Classificam-se neste código as


5.910 Bonificação
remessas de mercadorias a título de bonificação, doação ou brinde.

Remessa em bonificação, doação ou brinde - Classificam-se neste código as


6.910 Bonificação
remessas de mercadorias a título de bonificação, doação ou brinde.

Outra saída de mercadoria ou prestação de serviço não especificado -


7.949 Classificam-se neste código as outras saídas de mercadorias ou prestações de Bonificação
serviços que não tenham sido especificados nos códigos anteriores.

2.4. Tributação no Simples Nacional

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As empresas optantes pelo Simples Nacional apuram os impostos de acordo com a receita auferida.

Como no caso das bonificações não há receita, não haverá, em consequência, pagamento do ICMS nestas operações.

Serão observadas as mesmas regras previstas para as empresas normais em relação à emissão do documento fiscal,
à exceção do destaque do ICMS, que não ocorrerá.

2.5. Substituição tributária

Aplica-se normalmente o regime da substituição tributária, no caso de operações de bonificações de mercadorias.

Assim, caso a operação seja realizada pelo contribuinte substituto, deverá destacar regularmente o ICMS próprio (salvo
se for optante pelo regime Simples Nacional) e o ICMS Substituição Tributária.

Caso a operação seja realizada pelo contribuinte substituído, basta que se indique que o ICMS já foi recolhido
anteriormente por substituição tributária.

Em ambos os casos, irão prevalecer as regras do regime da substituição tributária, previstas no Anexo VIII do
RCTE/GO.

Como não há um CFOP específico que indique a bonificação de mercadorias com substituição tributária, recomenda-se
que sejam utilizados os mesmos códigos utilizados nas bonificações com mercadorias sujeitas à tributação normal -
5.910 ou 6.910, conforme o caso.

2.6. Possibilidade de crédito para o destinatário

No que tange ao aproveitamento do crédito pela destinatário da operação, é perfeitamente possível, atendidos os
requisitos legais, constantes dos artigos 45 e seguintes do RCTE/GO.

Assim, caso se saiba que haverá operação subsequente com a mercadoria recebida em bonificação, e esta operação
subsequente seja normalmente tributada ou possua expressa manutenção do crédito, será possível o aproveitamento
do crédito relativamente às mercadorias recebidas em bonificação.

3. DESCONTOS

Preliminarmente, faz-se necessário de esclarecer a diferença entre desconto condicional e desconto incondicional.

O desconto condicional é aquele subordinado ao cumprimento de uma condição. No momento em que é efetivado o
negócio, as partes contratantes não sabem se tal condição será ou não cumprida, motivo pelo qual o desconto é
considerado subordinado a um evento futuro e incerto. Exemplo: para um pagamento antecipado, é concedido um
desconto de 10%. Os descontos financeiros normalmente enquadram-se neste contexto.

Já o desconto incondicional é oferecido independentemente de qualquer condição futura, sendo o acerto efetuado já
quando do fechamento do negócio. Esse desconto já será necessariamente considerado (diminuído) quando da
emissão do documento fiscal, mesmo porque não fará parte da base de cálculo do ICMS. Ex: na compra de uma
quantidade X de mercadorias, é ofertado um desconto de 10%. Os descontos comerciais normalmente são concedidos
de modo condicional.

O ponto crucial a ser observado na concessão do desconto, para que se determine se o valor do desconto pode ou não
ser deduzido da base de cálculo do ICMS, é a subordinação a evento futuro e incerto. Assim, se restar dúvida, basta

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que o vendedor se pergunte, ao fechar a operação, se já é conhecido o desconto (sendo considerado, neste caso,
incondicional), ou se ainda haverá necessidade de cumprimento de algum requisito, futuramente, para que o mesmo se
consagre (desconto condicional)

Finalmente, saliente-se mais uma vez que os descontos incondicionais serão deduzidos da base de cálculo, ocorrendo a
tributação sobre o valor líquido. Já os descontos condicionais não podem ser deduzidos, sendo aplicada a tributação
sobre o valor bruto.

A base legal para inclusão ou não dos descontos na base de cálculo do ICMS é o artigo 13, inciso II, do RCTE/GO:

“Art. 13. Integra a base de cálculo do imposto o valor correspondente (Lei nº 11.651/91, art. 20):

(...)

II - a seguro, juro e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como bonificação e desconto concedidos
sob condição;

(...)”

4. DOAÇÕES

4.1. Conceito

A doação consiste na destinação de mercadorias, para clientes ou não, sem cobrar por elas. Trata-se de cessão de
propriedade de mercadoria, a título gratuito.

Diferentemente da operação em bonificação, a doação não está vinculada a nenhuma operação comercial, podendo ser
destinada a qualquer pessoa, mesmo que não se trate de cliente, habitual ou não, do contribuinte que está efetuando a
referida doação.

4.2. Tratamento Tributário

A doação difere da bonificação em seu conceito.

Nos aspectos tributários, especialmente em relação ao ICMS, será somente esta a diferença. Assim, nas operações
em doação, poderão ser observadas as mesmas considerações efetuadas em relação às operações de bonificações,
conforme já citado no tópico 2 desta matéria.

ECONET EDITORA EMPRESARIAL LTDA


Autor: André Luiz Doniak de Mello

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Penal.

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