Inexigibilidade Locação Imóvel
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Inexigibilidade Locação Imóvel
PROCESSO: PR2024.01/CLHO-00034
REQUERENTE: SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
ASSUNTO: CONTROLE PRÉVIO DE LEGALIDADE DE CONTRATAÇÃO DIRETA, NOS TERMOS DO
ART. 53, CAPUT, C/C §§ 1º E 4° DA NOVA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
(LEI N° 14.133/2021).
1 – RELATÓRIO
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• Justificativa Inexigibilidade nº 02/2024 (Págs. 73/75);
• Minuta de contrato (Págs. 76/82).
2 – DA MANIFESTAÇÃO JURÍDICA
2.1. – DA ATUAÇÃO DA CONSULTORIA JURÍDICA JUNTO À ADMINISTRAÇÃO
Enunciado BPC nº 7
A manifestação consultiva que adentrar questão jurídica com
potencial de significativo reflexo em aspecto técnico deve conter
justificativa da necessidade de fazê-lo, evitando-se
posicionamentos conclusivos sobre temas não jurídicos, tais como
os técnicos, administrativos ou de conveniência ou oportunidade,
podendo-se, porém, sobre estes emitir opinião ou formular
recomendações, desde que enfatizando o caráter discricionário
de seu acatamento.
Por fim, com relação à atuação desta Assessoria Jurídica, é importante informar que,
embora as observações e recomendações expostas não possuam caráter vinculativo,
constituem importante instrumento em prol da segurança da autoridade assessorada, a quem
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incumbe, dentro da margem de discricionariedade que lhe é conferida pela lei, avaliar e acatar,
ou não, tais ponderações, ressaltando-se, todavia, que o seguimento do processo sem a
observância destes apontamentos será de responsabilidade exclusiva da Administração.
Compulsando nos autos vê-se que há anotação, na Minuta de contrato, pela aplicação da
Lei nº 14.133/2021.
O Município de Coelho Neto/MA já possui alguns regulamentos quanto à nova lei: Decreto
085.2024 que dispõe sobre normas de licitação e contratos administrativos para a
Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional do Município de Coelho Neto/MA, já
considerando os ditames da Lei nº 14.133/2021.
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inovada em âmbito nacional, por meio na promulgação da Lei nº 14.133/2021, mais conhecida
como Nova Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos – NLLCA.
Entende-se que a licitação deve ser a regra em todas as contratações efetivadas pelo
Poder Público, haja vista que se trata de um procedimento que se pauta pelo princípio da
isonomia e que exige o envolvimento do maior número possível de interessados, visando
propiciar à Administração Pública o melhor negócio quando tendente à contratação de obras,
serviços, compras, alienações, permissões e locações. No entanto, existem aquisições e
contratações que possuem características específicas, tornando impossíveis e/ou inviáveis a
utilização dos trâmites usuais.
Tendo em vista, portanto, a realidade fática e que nem sempre a licitação será
considerada viável, por ausência de competição, ou conveniente para o atendimento do
interesse público, a Constituição admitiu que a legislação definisse casos de contratação
direta, desde que devidamente motivada decisão neste sentido e verificada alguma das
hipóteses legais de afastamento do procedimento.
Cumpre ressaltar que, em que pese a norma permitir algumas contratações diretas sem a
necessidade do processo de licitação, isso não significa que a Administração pode atuar de
modo arbitrário. Pelo contrário, deve adotar o procedimento administrativo mais adequado,
destinado à realização da melhor contratação possível, devendo sempre justificar a escolha do
contratado, com vistas à satisfação do interesse público.
Segunda precisa distinção de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, no que tange à licitação
dispensável e à licitação inexigível:
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a adotar o posicionamento de alguns doutrinadores que entendiam que nesses casos haveria a
inviabilidade de se estabelecer critérios objetivos para uma comparação isonômica entre os
potenciais imóveis.
A melhor doutrina ensina que deve haver uma comunicação entre a necessidade da
Administração e as características do imóvel escolhido para ser locado, devendo ser
valoradas, para tanto, as características do bem designado, sua localização e as peculiaridades
relacionadas ao interesse público envolvido. Elucidando tal apontamento, segue o magistério
do professor Marçal Justen Filho, veja-se:
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Nesse entendimento, é importante asseverar que ante a existência de dois (ou mais)
imóveis com características que atendem aos anseios da Administração, a realização de
procedimento licitatório se torna imperiosa. Ainda que não haja fungibilidade entre os imóveis
entre si, integrarão um leque de opções para atender ao interesse da Administração Pública.
Ou seja, qualquer dos imóveis satisfará a exigência que justifica a aquisição pela Administração.
Nessas situações, a possibilidade de celebração de contrato de locação de imóvel com
fundamento na inexigibilidade de licitação se mostra ofuscada, abrindo passagem para a
realização de licitação, vez que estará presente o elemento fundamental da competição.
Inclusive, caso seja viável a competição, ou seja, no caso de dois ou mais imóveis poderem
atender às necessidades da Administração, a regra geral trazida pelo art. 51 da Nova Lei de
Licitações e Contratos Administrativos é o dever de licitar, in verbis:
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tempo e no espaço, a viabilizarem a competição. Mas se a
operação tiver por alvo imóvel que atenda a necessidades
específicas cumuladas de instalação e localização dos serviços, a
área de competição pode estreitar-se de modo a ensejar a
dispensa... Nestas circunstâncias, e somente nelas, a
Administração comprará ou locará diretamente, inclusive para
que não se frustre a finalidade a acudir” (Jessé Torres Pereira
Júnior, Comentários à Lei das Licitações e Contratações da
Administração Pública, 5ª Edição, p. 277).
12. No caso em tela, essa hipótese não se verificou. Tanto é assim
que o ICMBio publicou em Diário Oficial aviso de que estava
procurando um imóvel, recebeu dez propostas, e a partir delas
escolheu qual delas melhor lhe atenderia. Ou seja, não havia um
determinado imóvel previamente identificado, que por suas
características de instalações e localização fosse o único a atender
as necessidades da administração. Havia, potencialmente,
diversos imóveis que poderiam atender o instituto. Assim, deveria
ter sido realizado um certame licitatório para realizar a locação.
(Acórdão 444/2008, Plenário, Relator Ministro Ubiratan Aguiar)
(grifos nossos).
Desta feita, para a contratação direta sem licitação para locação de imóveis, é imperiosa
a observância dos requisitos legais sob pena de poder configurar hipótese de crime previsto no
art. 337-E do Código Penal Brasileiro.
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II - certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e
disponíveis que atendam ao objeto;
III - justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a ser
comprado ou locado pela Administração e que evidenciem
vantagem para ela.
a) Avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos custos de adaptações, quando
imprescindíveis às necessidades de utilização e do prazo de amortização dos investimentos.
O primeiro deles diz respeito à necessidade de que seja apresentada uma avaliação prévia
do bem, do seu estado de conservação, dos custos de adaptações (quando imprescindíveis às
necessidades de utilização) e do prazo de amortização dos investimentos. O Tribunal de Contas
da União, cujo entendimento serve de diretriz para todos os demais tribunais de contas do país,
vem se posicionando sobre a necessidade de avaliações prévias que evidenciem que o preço do
aluguel é compatível com os valores praticados no mercado. Vejamos:
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Deve ser certificado por agente técnico competente a inexistência de imóveis públicos
vagos e disponíveis que atendam ao objeto de interesse. Cada ente federado possui órgão que
administra seus imóveis próprios e este deve ser consultado quando da intenção de locação de
algum imóvel particular.
Todavia, a simples existência de imóvel público vago não pode obstar a possibilidade de
locação de imóvel particular pela Administração Pública. Como exemplo, temos imóveis que,
apesar de pertencerem ao Município, podem estar em más condições, com falta de habite-se,
escadas de incêndio e outros fatores que podem afetar a segurança de servidores e munícipes.
Nesse sentido, o fato de existirem outros imóveis públicos com metragem semelhante ao que
se pretende locar, porém em mau estado de conservação, má localização ou desatendendo à
legislação de segurança, não pode obstar que a Administração opte por celebrar um contrato
de locação, no qual seja atendido o interesse público. Jacoby Fernandes defende que uma boa
prática tem sido que esses imóveis públicos disponíveis sejam avaliados, não somente no que
tange ao valor do seu metro quadrado, mas também do atendimento das condições do imóvel
frente às necessidades da Administração Pública, bem como se estes estão em plenas condições
de funcionamento e segurança. Rejeitar imóveis em más condições é um dever do gestor, que
deve prezar pela segurança e salubridade no desempenho das atividades administrativas.
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indicando as condições técnicas e os motivos que conduziram à sua escolha como imóvel a
ser locado.
Tal apontamento tem guarida na teoria dos motivos determinantes, que preconiza que
os atos administrativos, quando motivados, ficam vinculados aos motivos expostos, para todos
os efeitos jurídicos. Até mesmo sua validade dependerá da efetiva existência dos motivos
apresentados. Recomenda-se, por isso, especial cautela quanto aos seus termos, que devem
ser claros, precisos e corresponder à real demanda dos órgãos administrativos, sendo
inadmissíveis especificações que não agreguem valor ao resultado da contratação, ou
superiores às necessidades do órgão/entidade, ou, ainda, que estejam defasadas tecnológica
e/ou metodologicamente.
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I - documento de formalização de demanda e, se for o caso, estudo
técnico preliminar, análise de riscos, termo de referência, projeto
básico ou projeto executivo;
II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma
estabelecida no art. 23 desta Lei;
III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que
demonstrem o atendimento dos requisitos exigidos;
IV - demonstração da compatibilidade da previsão de recursos
orçamentários com o compromisso a ser assumido;
V - comprovação de que o contratado preenche os requisitos de
habilitação e qualificação mínima necessária;
VI - razão da escolha do contratado;
VII - justificativa de preço;
VIII - autorização da autoridade competente. Parágrafo único. O
ato que autoriza a contratação direta ou o extrato decorrente do
contrato deverá ser divulgado e mantido à disposição do público
em sítio eletrônico oficial.
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Administração. Não se atribui uma relevância mais destacada ao
interesse titularizado por uma das partes.
A mera participação da Administração Pública como parte em um
contrato acarreta alteração do regime jurídico aplicável. O regime
de direito público passa a incidir, mesmo no silêncio do
instrumento escrito. O conflito entre regras de direito privado e
de direito público resolve-se em favor destas últimas. Aplicam-se
os princípios de direito privado na medida em que compatíveis
com o regime de direito público. Isso pode, inclusive, provocar a
desnaturação do contrato de direito privado. Assim se passa com
alguns contratos, tais como o depósito ou o comodato, em que se
assegure a uma das partes faculdades de exigir a restituição do
bem sob pena de determinadas sanções.
Não se pode cogitar da incidência de tais regras contra a
Administração Pública. Mas a participação de entidade
administrativa em uma relação contratual caracteristicamente
privada não significa a incidência integral do regime de direito
público. As competências mais características, indicadas no art. 58
não podem ser aplicadas (grifo não constante do original)
Considerando, pois, que a locação de imóveis em que o Poder Público figura como
locatário é regida pela Lei do Inquilinato (Lei n. 8.245/1991), aplica-se a regra disposta no seu
artigo 3º de que “O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de
vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos”.
No decorrer dos anos, em caso de variação significativa dos preços que prejudique a
Administração, necessário o envio dos autos à Comissão responsável pela avaliação imobiliária,
de forma a certificar qual o valor é considerado como adequado, em razão do mercado local.
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Esses contratos, por serem considerados contínuos, poderão ser prorrogados
sucessivamente, respeitada a vigência máxima decenal, desde que haja previsão no contrato e
que a autoridade competente ateste que as condições e os preços permanecem vantajosos para
a Administração.
Apesar de o contrato de locação não ter prazo determinado e poder, ao menos em tese,
ser celebrado e prorrogado por prazo superior a 10 anos, recomendamos que, em virtude da
atenção e do zelo com a coisa pública, a duração adequada para esse tipo de contrato deverá
ser analisada caso a caso, sempre de acordo com a legislação e em conformidade com os
princípios que regem a Administração Pública. Ressaltamos, por fim, a impossibilidade de
realização do contrato de locação de forma verbal ou até mesmo com prorrogações
automáticas, de modo que a cada prorrogação deverá ser firmado termo aditivo ao contrato.
No que tange aos reajustes contratuais, estes não poderão ter periodicidade inferior a um
ano (Lei n. 10.192/2001). Prevê o art. 25, §7º, da Lei 14.133/2021 que, independentemente do
prazo de duração do contrato, será obrigatória a previsão de índice de reajustamento de preço,
com data-base vinculada à data do orçamento estimado e com a possibilidade de ser
estabelecido mais de um índice específico ou setorial, em conformidade com o mercado dos
respectivos insumos.
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Outrossim, há de se ressaltar que a divulgação no Portal Nacional de Contratações
Públicas (PNCP) é condição indispensável para a eficácia do contrato e seus aditamentos e
deverá ocorrer no prazo de 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta (art. 94 da Lei
14.133/2021).
4 – DA MINUTA DO CONTRATO
Com relação ao Contrato de Locação em que o Poder Público seja locatário a previsão
contida no art. 95 da Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos é a seguinte:
Considerando-se, pois, que o contrato de locação com o Poder Público não consubstancia
uma das exceções à obrigatoriedade do contrato, entendemos necessário e salutar a celebração
de contrato formal entre as partes, dispondo acerca de seus direitos e deveres.
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II- a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante
vencedor ou ao ato que tiver autorizado a contratação direta e à
respectiva proposta;
III- a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto
aos casos omissos;
IV- o regime de execução ou a forma de fornecimento;
V- o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base
e a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios de
atualização monetária entre a data do adimplemento das
obrigações e a do efetivo pagamento;
VI- os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, e
o prazo para liquidação e para pagamento;
VII- os prazos de início das etapas de execução, conclusão,
entrega, observação e recebimento definitivo, quando for o caso;
VIII- o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da
classificação funcional programática e da categoria econômica; IX-
a matriz de risco, quando for o caso;
X- o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços,
quando for o caso;
XI- o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do
equilíbrio econômico-financeiro, quando for o caso;
XII- as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução,
quando exigidas, inclusive as que forem oferecidas pelo
contratado no caso de antecipação de valores a título de
pagamento;
XIII- o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos
mínimos estabelecidos nesta Lei e as normas técnicas aplicáveis, e
as condições de manutenção e assistência técnica, quando for o
caso;
XIV- os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades
cabíveis e os valores das multas e suas bases de cálculo;
XV- as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para
conversão, quando for o caso;
XVI- a obrigação do contratado de manter, durante toda a
execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por
ele assumidas, todas as condições exigidas para a habilitação na
licitação, ou para a qualificação, na contratação direta;
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XVII- a obrigação de o contratado cumprir as exigências de reserva
de cargos prevista em lei, bem como em outras normas
específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da
Previdência Social e para aprendiz;
XVIII- o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos
definidos em regulamento; XIX- os casos de extinção.
Salienta-se que consta como diretriz da Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos
a instituição, com auxílio dos órgãos de assessoramento jurídico e de controle interno, de
modelos de minutas de editais, de termos de referência, de contratos padronizados e de outros
documentos, admitida a adoção das minutas do Poder Executivo federal por todos os entes
federativos (art. 19, IV).
5 – DA CONCLUSÃO
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