Didática Web 2
Didática Web 2
Didática Web 2
FLORIANÓPOLIS
CEAD/UDESC/UAB
Didática
Caderno Pedagógico
1ª Edição
Florianópolis
2011
Projeto instrucional
Ana Claudia Taú
Carmen Maria Pandini Cipriani
Roberta de Fátima Martins
Diagramação
Albert T. Fischer Günther
Elisa Conceição da Silva Rosa
Pablo Eduardo Ramírez Chacón
Sabrina Bleicher
Revisão de texto
Roberta de Fátima Martins
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-64210-33-2
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Programando os estudos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Receba-o como mais um recurso para a sua aprendizagem, realize seus estudos
de modo orientado e sistemático, dedicando um tempo diário à leitura. Anote
e problematize o conteúdo com sua prática e com as demais disciplinas que irá
cursar. Faça leituras complementares, conforme sugestões e realize as atividades
propostas.
Bons estudos!
Equipe CEAD\UDESC\UAB
Melhor é estudar o Caderno para conhecer tudo isso... Esperamos que você
reconheça a escola: como uma instituição com a finalidade de atender às
necessidades de seus alunos, historicamente situados; que esteja articulada às
exigências da sociedade contemporânea; e como um espaço de apropriações e
Um abraço
10
Ementa
A reconstrução da Didática em uma perspectiva histórico-crítica de educação.
O processo de ensino e suas relações. A Didática e a formação do educador.
Objetivos e conteúdos de ensino. Avaliação do processo ensino-aprendizagem.
A especificidade da educação e de sua administração. A transformação histórico-
social da Didática. O professor e sua identidade profissional. O processo de
ensino. A avaliação do processo de aprendizagem.
Geral
Específicos
Carga horária
54 horas/aula.
12
Conteúdo da disciplina
Capítulos de Estudo: 4
13
Seções de estudo
Seção 1 – Gênese da Didática
Seção 2 – Percurso histórico da Didática no Brasil
Por fim, você estudará a Didática contemporânea, na qual verá com maior
ênfase a Didática Crítica. Você poderá compreender que a Didática Crítica
trata-se de uma proposta didática transformadora que busca (re)significar
as práticas educativas, na qual o professor não atua pelo aluno, mas com
o aluno.
Objetivos de aprendizagem
CAPÍTULO 1
Você já pensou sobre o que quer dizer didática? Do que trata esse campo
do saber?
Para Sócrates (século V a.C.), o saber não é algo que o mestre transmite
ao discípulo. A pessoa alcança o saber ou o conhecimento sozinha, a
partir de um processo de descoberta.
19
Você pode constatar que, nesse período, a situação didática foi vivida e
pensada antes de ser objeto de sistematização e de se constituir como
referencial do discurso ordenado de uma das disciplinas do campo
pedagógico. Por isso, Castro (1991) denomina de didática difusa o período
que segue da Antiguidade Clássica ao século XVII, no qual se ensinava
intuitivamente ou seguia-se a prática vigente.
CAPÍTULO 1
De onde surgiu o termo didática?
A Didática tem derivação do termo em latim medieval “didáctica”; este, por sua
vez, deriva do grego “didaktikê”, feminino do adjetivo “didáktikos”, da raiz “didak”,
de “didaskein” que corresponde ao ensinar. (CUNHA, 1982 apud GASPARIN, s/d,
p. 87). Curiosamente Heckler e seus colaboradores (1994, apud GASPARIN, s/d, p.
87) acrescentam que o semantema da palavra não seria “dida”, mas uma forma
hipotética “dão”, cujo sentido é também ensinar. Segundo eles a forma “didas” ou
“dida” parece repetitiva. O lexema original seria, portanto, dá. Há uma margem de
interpretação, onde o fato de o prefixo grego “di” significar duas vezes, indica a
parte repetitiva da palavra “didática”; enquanto “da” constituiria o elemento que
encerra o sentido fundamental da palavra
Mesmo sem a precisão dessa imersão à raiz da palavra, Gasparin (s/d) afirma que
essa leitura do lexema gramatical da palavra didática faz sentindo na medida em
que ensino na ordem prática é sempre uma repetição.
21
CAPÍTULO 1
Apesar de Comênio ter sido o primeiro educador a tentar desenvolver
reflexões e métodos que auxiliassem no processo de ensino e aprendizagem,
sua Didática Magna foi alvo de críticas por defender um método de ensino
com base na transmissão do saber.
23
CAPÍTULO 1
»» o ensino deveria seguir a ordem psicológica, ou seja,
respeitar o desenvolvimento infantil;
»» enquanto método de instrução intuitivo, deveria ter por
base a observação ou a percepção sensorial, começando
pelos elementos mais simples.
Os elementos inovadores do método Pestalozzi é também chamado de
lição das coisas. Neste método, o que se priorizava era: o emprego do
cálculo mental, o uso de técnicas silábicas e fonéticas da linguagem; o
estudo das ciências feito em contato direto com o ambiente natural e a
combinação de atividades intelectuais com os trabalhos manuais.
25
CAPÍTULO 1
As ideias pedagógicas de Comênio, Rousseau, Pestalozzi e Herbert, além
de outros pensadores que não foram aqui citados, como, por exemplo,
Jonh Dewey, formaram as bases do pensamento pedagógico europeu e
influenciaram as concepções pedagógicas denominadas de Pedagogia
Tradicional e de Pedagogia Renovada. (LIBÂNEO, 2001). Sendo que na
história da constituição da Didática no Brasil, estas pedagogias são também
conhecidas por Didática Tradicional e Didática Escolanovista. (VEIGA, 1994).
Observe que a Didática do século XIX oscilou assim entre esses dois
modos de interpretar a relação didática: ênfase no sujeito - que seria
induzido, talvez “seduzido” a aprender pelo caminho com curiosidade
e motivação - ou ênfase no método, como caminho que conduz do
não saber ao saber, caminho formal descoberto pela razão humana.
27
tido que persistir em manter seu conteúdo, diante das tentativas de outras
áreas incorporarem para si os conteúdos que são objetos da Didática, como
é o caso da Metodologia.
CAPÍTULO 1
g) a relação professor-aluno;
i) os saberes da docência;
Objetivo de aprendizagem
29
Didática Tradicional
»» as modalidades curriculares;
»» o processo de admissão,
»» acompanhamento do progresso e a promoção dos alunos;
»» métodos de ensino e de aprendizagem;
»» condutas e posturas respeitosas dos professores e alunos;
»» os textos indicados para estudo;
»» a variedade dos exercícios e atividades escolares;
»» a frequência e a seriedade dos exercícios religiosos;
»» a hierarquia organizacional; e
»» as subordinações.
CAPÍTULO 1
Figura 1.5 - Jesuítas catequizando os Índios
31
CAPÍTULO 1
Passado mais de um século, é aprovada a Reforma Educativa proposta por
Benjamin Constant. Dessa proposta surge a vertente leiga da Pedagogia
Tradicional que suprime o ensino religioso das escolas públicas, passando o
Estado a assumir a laicidade. A partir deste marco, distingui-se, no interior
dessa pedagogia, duas vertentes que compuseram a base da Didática
A laicidade é a separação
Tradicional: a religiosa e a leiga. da sociedade civil e das
religiões. Nesta separação
Anteriormente, quando a sociedade era de economia agrária-exportadora, o Estado não exerce
qualquer poder religioso
a educação não era considerada um valor social importante, servia apenas e as igrejas qualquer
de instrumento de dominação. poder político. No caso da
Educação, significa dizer
que a Escola não assume
Com a virada do século e por reflexo da própria Reforma, a educação passa nenhuma postura religiosa
a ser mais valorizada, mas mantendo o sentido de dominação. Nessa época, no processo de ensino-
a escola buscava disseminar uma visão burguesa de sociedade, a fim de -aprendizagem.
fortalecer a constituição da burguesia como classe dominante. Ideias
liberais que partiram das camadas senhoriais rurais e perduram até hoje.
33
CAPÍTULO 1
Você sabe o que foi o Manifesto dos Pioneiros?
Por outro lado, Pereira (2003) destaca que as influências dos pensadores
da Escola Nova, mesmo admitindo divergências, estes passam a assumir Na Europa, como nos
um princípio norteador singular, de valorização do indivíduo como ser Estados Unidos, pode-se
livre, ativo e social. Nesse processo, o centro da atividade escolar não é encontrar influências esco-
lanovistas diferentes: sob
o professor nem os conteúdos disciplinares, a centralidade passa a ser o o olhar da Psicopedagogia
aluno. está Claparede, Ferriere e
Bovet; a Psicologia de Cal
Rogers; a Medicina Peda-
gógica com Montessori e
Decroly; e a Sociopedago-
gia de Freinet, Cousinet e
Dewey.
35
CAPÍTULO 1
»» A atividade envolve o aprender a aprender e o aprender
fazendo, tendo o professor que colocar o aluno em situações
de exigências intelectuais, de criação, de expressão verbal,
escrita, plástica e outras, a partir de um ambiente alegre,
estimulante e dotado de materiais didáticos. Nessa didática,
os métodos e as técnicas mais valorizadas são: centros de
interesse, estudo dirigido, unidades didáticas, métodos de
projetos, jogos autoeducativos, aula passeio, texto livre,
imprensa na escola, correspondência interescolar etc. O
ensino é concebido como um processo de pesquisa, partindo
do pressuposto de que os assuntos de que trata o ensino
devem partir de situações problemas. (VEIGA, 1994). Os
passos do processo de pesquisa incluem a determinação do
problema, levantamento de dados, formulação de hipótese,
envolvimento de alunos e professores em experimentações,
configuração ou rejeição de hipóteses formuladas.
»» Para atender o princípio de liberdade o professor precisava
colocar o aluno em condições adequadas para que, partindo
das suas necessidades e estimulando os seus interesses,
pudesse buscar por si mesmo conhecimentos e experiências.
Nesse princípio, partia-se do pressuposto de que o aluno
aprenderia melhor com liberdade, ou seja, fazendo por si
próprio. Não se trata apenas de aprender fazendo, no sentido
de trabalho manual, ações de manipulação de objetos.
Para isso, é importante proporcionar ao aluno situações
que mobilizem sua aprendizagem. Sendo o professor o
facilitador desse processo.
Apesar de ter ignorado no interior da escola o contexto político-social, a
didática da escola nova se reveste de importância social e pedagógica,
na medida em que pôs em causa a didática tradicional e proporcionou
avanços teóricos.
Didática Tecnicista
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CAPÍTULO 1
»» Em relação à disposição das salas, os alunos poderiam ser
agrupados em séries ou classes, mas cada um prosseguiria
em seu próprio nível.
»» Esse processo tinha como objetivo substituir o professor, em
algumas situações de aprendizagem, por meio da máquina
de ensinar, alterando o papel do professor, considerando
que as máquinas lhe poupariam tempo e trabalho, e por
consequência, mudariam as práticas tradicionais.
39
Fábrica Escola
Diretor Diretor
Supervisor Supervisor
CAPÍTULO 1
Pautado nos pressupostos de racionalidade técnica, a didática tecnicista
advogava a divisão e a fragmentação do trabalho escolar com a justificativa
da produtividade, tendo com isso, acentuado as distâncias entre quem
planejava e quem executava. Sendo o planejamento feito por especialistas
e técnicos de educação. O professor e o aluno são meros executores de
atividades prontas. Com isso, a presença da racionalidade técnica sobre o
ser e o fazer da escola passa a ser acentuada.
Nessa tendência, Libâneo (1985) destaca que a escola deveria ser produtiva,
racional e organizada e que formasse indivíduos capazes de se engajar
rápida e eficientemente no mercado de trabalho. Para que a escola fosse
realmente produtiva, era preciso racionalizar o trabalho pedagógico, torná-
lo mais “científico”, que implicava em torná-lo observável e quantificável.
41
A Didática Crítico-Reprodutivista
Como você pode notar, na escola dessa época havia uma força reprodutora
do saber que estava muito arraigada aos interesses políticos dominantes.
CAPÍTULO 1
Quando é, então, que a escola passa a ser reprodutora do saber?
43
Enquanto nas didáticas não críticas a educação era vista como forma de
equalização social e de superação da marginalidade, para a teoria crítico-
reprodutivista a educação entendia as teorias educacionais vigente como
instrumento de discriminação social, fator este que acabava por acentuar
a marginalização. (SAVIANI, 1999).
A Didática Crítica
Entre a segunda metade da década de 70 e início dos anos 80, como forma
de superação da influência liberal ou das teorias ditas não críticas e sob
influência da Didática crítico-reprodutivista, surge a proposta dialética de
perceber a relação entre a educação escolar e a sociedade.
CAPÍTULO 1
Na proposta da Didática Crítica, compete a escola difundir conteúdos
ligados às realidades sociais. Como a educação é mediatizada pela
realidade, o agir no interior da escola deve contribuir para transformar a
própria sociedade. Assim, professores e alunos se mobilizam para atingir
um nível de consciência dessa realidade, visando à transformação social.
O professor, por sua vez, é valorizado por seu papel de autoridade, que faz a
mediação do saberes no processo de ensinar e de aprender. A presença do
professor, portanto, é fundamental, porque nessa Didática ela vem tornar
possível uma ruptura entre a experiência pouco elaborada e dispersa dos
alunos em direção ao saberes universais permanentemente reavaliados
face às realidades sociais.
45
CAPÍTULO 1
Agora, acompanhe as duas tendências da pedagogia progressista que
sustentam e orientam as práticas da Didática Crítica.
Pedagogia Libertadora
47
CAPÍTULO 1
Observe que na didática libertadora em vez de falar de “educador
do educando” e de “educando do educador”, usar-se-ão os termos
“educador-educando” e “educando-educador”.
Paulo Freire vem mostrar, com seu método de alfabetização, que essa
prática pedagógica é muito mais que uma técnica para ensinar a ler; trata-
se de uma educação comprometida com a vida, é uma alfabetização
política e filosófica, porque lê a realidade de opressão com olhos críticos e
porque aprende a ler a gramática das relações sociais.
Pedagogia Histórico-Crítica
49
CAPÍTULO 1
Por isso no enfoque histórico-crítico não cabe o conteúdo como um produto
fragmentado, neutro, pronto, que vem de fora, paralelo à vida das pessoas
envolvidas no processo, que buscam na própria realidade, no contexto
onde estão inseridas, o verdadeiro conteúdo da educação. Assim, cada
parte, cada fragmento do conhecimento só adquire seu sentido pleno na
medida em que se insere no todo maior de forma adequada. Trabalhando-
se neste conteúdo, e sistematizando-o, pode-se torná-lo suficiente para
ser usado em qualquer situação de vida. Dessa forma, o conteúdo não se
constitui um fim em si mesmo, mas um meio para atingir um fim, que é a
transformação social.
51
CAPÍTULO 1
O que se pode perceber, dessa concepção metodológica dialética, é que
ela adota o seguinte paradigma para construção do saber:
53
Síntese do capítulo
CAPÍTULO 1
»» Foram as ideias pedagógicas de Comênio, Rousseau, Pestalozzi
e Herbert, somadas as ideias de outros pensadores, como Jonh
Dewey, que formaram as bases do pensamento pedagógico
europeu e vieram a influenciar a Didática Tradicional e Escolanovista
no Brasil.
55
Você pode utilizar as linhas abaixo para produzir a síntese do seu processo
de estudo:
Atividades de aprendizagem
CAPÍTULO 1
2. Nessa retrospectiva histórica, procurou-se destacar os aspectos sócio-
econômicos, políticos e educacionais que serviram de base para
identificar as propostas pedagógicas presentes na educação, bem
como os enfoques do papel da Didática. Desse modo, indique qual a
característica fundamental que marca a distinção entre as Didáticas
consideradas liberais e a Didática Crítica.
57
Aprenda mais...
Algumas obras interessantes que contemplam os estudos desse capítulo são:
Seções de estudo
Seção 1 – Teorias do conhecimento e a educação
Seção 2 – As correntes que influenciam a
Didática e as práticas pedagógicas
CAPÍTULO 2
b) os procedimentos de avaliação para recontextualização
contínua da Didática, de maneira a redimensionar as práticas de
acordo com os contextos gerados pela prática; c) as diversas
circunstâncias em que se encontra o sujeito da educação com
suas respectivas finalidades.
63
Objetivos de aprendizagem
CAPÍTULO 2
diversas influências – orgânicas, naturais, culturais, socioculturais, políticas
etc..
Exemplo
É sempre bom lembrar que um conhecimento é provisório,
inacabado e está em constante transição. Ele depende de muitas
variáveis e circunstâncias.
Os estudos que você realizou até aqui, nas disciplinas de Filosofia e Sociologia
certamente, serão muito úteis também nesta disciplina, principalmente em
relação ao fornecimento de subsídios para a compreensão do fenômeno
educativo e sua Didática, pois fundamentam não só as teorias das ciências,
como também as relações socioculturais do ser humano no mundo – que
é objeto das referidas áreas e disciplinas dos currículos formativos.
65
Vamos lá?
Heráclito
CAPÍTULO 2
escritas por Platão, seu discípulo. Sócrates ressaltava que opiniões não são
verdades, pois não se fundamentam em argumentos científicos nem no
poder da memória.
67
De modo geral, Aristóteles fazia uma lista das hipóteses já enunciadas sobre
determinado assunto e demonstrava sua inconsistência para, em seguida,
buscar respostas que preservassem o melhor das hipóteses analisadas.
Aristóteles
CAPÍTULO 2
divindade. Predominavam as preocupações com a ética, uma vez que os
filósofos já não se ocupavam diretamente com a Política, a Física, a Teologia
e a Religião.
69
Período Medieval
Tomás de Aquino
CAPÍTULO 2
Período Moderno: Renascimento Cultural e Científico
»» Filosofia do Renascimento;
71
CAPÍTULO 2
A partir dessas hipóteses, Kant contesta o inatismo e o empirismo.
O primeiro, porque é uma teoria que defende que o sujeito já nasce
pronto e o segundo porque centra-se na realidade exterior (os objetos do Para Kant, a relação
conhecimento). Para esta teoria, nada está no pensamento que não tenha entre o inato e o
empírico consiste em
estado primeiramente nos sentidos. que a estrutura da
razão é inata, e os
Kant, por sua vez, também foi contestado. Por quem? Pelo filósofo Georg conteúdos que a razão
conhece dependem da
Wilhelm Friedrich Hegel, ou simplesmente Hegel, como é conhecido! Ele experiência, ou seja,
também teceu críticas ao inatismo e ao empirismo; então você pode estar são fornecidos pela
se perguntado, por que, então as críticas, ou quais críticas? É por isso que experiência e, portanto,
se diversificam no tempo
para Hegel, a razão é histórica e as três interpretações das teorias (inatismo, e no espaço.
empirismo e o apriorisno kantiano) desprezaram a existência dela.
Você deve estar e perguntando: mas, o que tudo isso tem a ver com a
Didática? Mais adiante, você verá com maior clareza este assunto. Porém
podemos adiantar que todas essas teorias possuem uma relação direta
com a Didática porque é seu objeto de estudo: o que é o ensino e a
aprendizagem, e quem faz parte deste processo? O aluno, suas experiências,
suas formas de vida, sua maneira de ver, perceber e aprender o mundo...
e isso não é Filosofia, também? Não é percurso? Conhecimento? Você já
de estar percebendo que já ouviu falar dessas teorias na educação, não é
mesmo? Ainda tem mais... Vamos seguir?
73
No século XIX, também, viveu o filósofo Karl Marx e suas ideias deram a
origem a teoria marxista. Antes de falar da sua teoria, responda: - Sabem por
quem Marx foi influenciado? Por Hegel! É isso mesmo! aquele pensador
que defendeu a ideia que a razão é histórica... Marx criou o materialismo
dialético.
CAPÍTULO 2
transformado em objeto, recebe, dócil e passivamente, os conteúdos
que outro lhe dá ou impõe. O conhecimento, pelo contrário, exige
uma presença curiosa do sujeito em face do mundo e requer sua
ação transformadora sobre a realidade. Ele demanda uma busca
constante. Implica em invenção e reinvenção. (FREIRE, 1983, p. 16).
75
Exemplo
Encontramos ai, novamente a Didática, percebeu? Pois, se “o
conhecimento incide na ação, como atributo do sujeito e não
como algo que se dê à sua revelia”, como afirma Moreira (2001,
p. 72), estamos diante da necessidade de compreender as teorias
da educação e da aprendizagem, para que, a partir das condições
e circunstâncias em que se encontram e agem os sujeitos, a partir
da dinâmica das ações sociais, dos saberes e motivações dos
sujeitos, possamos melhor estabelecer as estratégias didáticas
para o desenvolvimento do processo educativo.
CAPÍTULO 2
Seção 2 – As correntes que influenciam a Didática e as
práticas pedagógicas
Objetivo de aprendizagem
A partir do século XIX e início do século XX, ainda com a permanência das
teorias empiristas, aprioristas, inatistas, e positivistas, as quais afirmam que
só se pode ter como verdadeiro aquilo que apreendemos pelos nossos
sentidos e que pode ser mensurado, surge o construtivismo, o neo-
construtivismo, o sociointeracionismo ou a abordagem histórico-cultural
(que tem como representante Vigtoski, como você viu muito brevemente),
suas derivações e métodos. Essas novas concepções teóricas nascem,
portanto, como contraponto às teorias até então vigentes buscando
dar explicações de como o aluno aprende e sob quais circunstâncias e
contextos, ele o faz
77
CAPÍTULO 2
Nesta perspectiva, o professor possui um papel fundamental – o de mediador,
mobilizando situações problematizadoras para que o seu aluno se aproprie
do objeto, produzindo novos saberes e conhecimentos. É importante dizer
que esta dinâmica, entretanto, necessita de intencionalidade, que é dada
pelo planejamento.
O planejamento deve considerar
Para problematizar essa questão, apresentamos uma situação para que os fatores internos e externos à
seja analisada no contexto do ensino e da aprendizagem, fazendo alusão escola, os conceitos científicos
às possibilidades das teorias de aprendizagem e pedagógicas. e valores culturais advindos
da sistematização das ciências
e da intencionalidade prática
pedagógica.
- Ah, eu acho que não... alguns nunca vão aprender, sempre foi
assim, você não vê o Fabinho? É igual ao pai, nunca aprendeu a
ler e o Fabinho é filho dele, você acha que com o Fabinho será
diferente?
79
É importante que você perceba que o modo como cada professor concebe
o sujeito, o objeto e seus processos, vai influenciar ou determinar seu
fazer pedagógico, independente do espaço educativo. Assim, cada teoria
vai desenhar uma forma de compreensão e, consequentemente, uma
atuação do professor no processo educativo – em relação ao ensino, à
aprendizagem e, ainda em relação à construção das atitudes e valores ao
longo da vida.
CAPÍTULO 2
De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo é um processo de
mudanças sucessivas - qualitativas e quantitativas das estruturas do
pensamento. O sujeito constrói e reconstrói continuamente as estruturas
que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio. Não necessariamente
seguem a idade biológica e sim o estado de maturação. Os Estágios
considerados por Piaget para avaliar a aprendizagem e o desenvolvimento
são os seguintes: sensório motor; pré-operatório, operatório concreto e
operatório formal.
Por outro lado, se um professor possuir uma visão ou sua concepção for
behaviorista, por exemplo, ele acredita que os fatores internos não são
centrais no processo de desenvolvimento, a aprendizagem vai depender
muito do ambiente. É uma tendência comportamentalista, e se o ambiente
não possui estrutura, os professores podem dizer não há condições para
desenvolver uma boa aula.
Importante também dizer que, como docente, você não está imune às
formas como vê o mundo, ao modo como percebe a criança no mundo
e as finalidades do ensino e da educação. Os princípios da “boa didática”
são os que consideram que o aprendizado é feito de um conjunto de
elementos e fatores, cabe ao professor assumir uma forma própria para
verificar o lugar deste aluno, suas expectativas e suas necessidades – ou
seja, sua real condição no mundo, como lembrava Paulo Freire, um ser de
histórias, dilemas, medos, inseguranças, corajoso, audacioso, enfim, um
ser múltiplo... Será impossível desenvolver uma boa prática pedagógica se
não houver a preocupação com a capacidade de resolver problemas, se o
81
Objetivo de aprendizagem
CAPÍTULO 2
Um conjunto de princípios sobre os quais repousa um sistema ordenado
de elementos científicos, que possuem a finalidade de explicar os fatos,
as circunstâncias e as bases que evidenciaram os fenômenos com as suas
particularidades e generalizações.
Neste contexto, é importante que você perceba que a teoria servirá para
dar explicações acerca de um fato ou um fenômeno, mas devemos lembrar
que para tal explicação devem ser consideradas as variáveis implicadas
neste fenômeno, como por exemplo: o espaço, o tempo, as condições
sociais e culturais, ideologias e assim por diante. Isso não é mais novidade,
porque você viu como, ao longo do desenvolvimento do pensamento da
Humanidade, as pessoas construíam suas teorias com base, muitas vezes, em
suas crenças, nas suas ideologias, embora tivesses seus métodos válidos...
também não podemos esquecer que os paradigmas nos orientam nas
definições e modelos educacionais.
Na educação, o
paradigma pode ser
Para o processo educativo, as teorias são as bases para a compreensão conceituado como um
do fenômeno educativo e servem para balizar as práticas docentes, as “Sistema de premissas
teóricas que representa,
estratégias didáticas, a avaliação e o fazer pedagógico, como um todo. explica e orienta a
A partir delas os professores compreendem melhor como os alunos se forma como se aborda
apropriam dos conceitos e toda a dinâmica envolvida na arte de ensinar e de o currículo e que se
concretiza nas práticas
aprender - objeto de estudo da Didática. Elas nos proporcionam elementos pedagógicas e nas
para explicar a relação entre o conhecimento e as formas de resolução de interações professor-
problemas, bem como as relações entre as teorias do conhecimento e aluno objeto de estudo/
conhecimento”. (BEHAR,
teorias e tendências pedagógicas, que são a base do desenvolvimento do 2009).
planejamento didático e do aprender, por conseguinte.
83
CAPÍTULO 2
b) A Didática e a Prática Pedagógica de acordo com o
empirismo:
85
3. Apriorismo: Gestalt
CAPÍTULO 2
os comportamentos reflexos originados por estímulos. Isto é chamado
de teoria do condicionamento humano. Watson realizou estudos sobre a
influência do meio no comportamento animal e humano, a partir de um
programa de estímulo e resposta. Todo estímulo eficaz provoca sempre
uma resposta imediata, de alguma espécie.
87
CAPÍTULO 2
6. Sociointeracionismo ou teoria histórico-cultural (Vigotsky): o papel da
mediação
89
CAPÍTULO 2
Face ao volume do conhecimento que se multiplica rapidamente, a
diversidade de culturas, situações, expectativas, como pode a escola
ser transmissora ou socializadora do conhecimento historicamente
produzido, sem ser uma instituição ultrapassada parada no tempo, e sim
favorecedora de situações de aprendizagens significativas?
Objetivo de aprendizagem
91
CAPÍTULO 2
considerando os fatores internos e externos, científicos e culturais da
relação educativa, presente na dinâmica do currículo e seus processos.
»» a motivação da aprendizagem;
»» a explicitação de objetivos;
»» a avaliação do processo.
93
CAPÍTULO 2
no pensamento, na capacidade e no interesse do aluno e não
nas disciplinas. Modelo de ensino: investigativo, provocador,
mobilizador.
95
Situação problematizadora
CAPÍTULO 2
Reflita sobre esta questão!
Como você classifica esta atividade orientadora de ensino? Que tipo de ensino você acha que a
professora realizou? Será que o objetivo da professora foi atingido? Por quê?
97
Exemplo
Nesta perspectiva, a relação educativa passa a ser horizontal,
pois a troca de experiências não é vertical, sendo que o diálogo
passa a ser central na relação de ensino e aprendizagem
CAPÍTULO 2
Não seria possível à educação problematizadora, que rompe com os
esquemas verticais característicos da educação bancária, realizar-se como
prática da liberdade, sem superar a contradição entre o educador e os
educandos.
99
CAPÍTULO 2
de atividade possui um conteúdo perfeitamente definido de necessidades,
motivos, tarefas e ações.
101
Síntese do capítulo
CAPÍTULO 2
»» A teoria do conhecimento, analisando que passou por um logo
processo de desenvolvimento e foi muito útil à Humanidade,
também compreendeu que este não se limita às descrições, às
hipóteses, aos conceitos, às teorias, aos princípios e procedimentos
que são úteis ou verdadeiros, por isto existem muitas formas de
explicá-lo.
Você pode utilizar as linhas abaixo para produzir a síntese do seu processo
de estudo:
103
Atividades de aprendizagem
CAPÍTULO 2
1. Diante do que foi dito e com base no conteúdo do Caderno Pedagógico,
que práticas poderiam “romper com concepções excessivamente
‘clássicas’ do conhecimento, abrindo à instituição à contemporaneidade
(cultural, artística, científica, tecnológica) e favorecendo a reflexão
crítica sobre o processo educativo? [...]” de que espécie de coragem
o pesquisador fala? A quem compete essa coragem? Que “boas
intenções” seriam essas? E como se poderiam construir as competências
necessárias?
105
Aprenda mais...
Para aprofundar seus conhecimentos indicamos as seguintes leituras:
Seções de estudo
Seção 1 – O fazer docente e as múltiplas faces da
relação didática
CAPÍTULO 3
teorias, tempo, espaço, cujo processo de apropriação se dá por parte
do aluno com a mediação do professor. As elaborações são subjetivas e
dependem da cultura e das experiências e não unicamente das respostas
do professor e dos conteúdos. Há de se colocar em cena, nesta relação
educativa, a simbiose do entrelaçamento entre conteúdo e forma, teoria e
Os conteúdos não
prática sob um ponto de vista dialógico. Este diálogo instiga o pensar do são o resultado puro
aluno e sua capacidade de reflexão. das ciências, são uma
combinação de vários
elementos: cultura,
Em uma escola cujo ensino é focado na solução de problemas, o aluno, experiências, ideologias
necessariamente, se defronta com situações reais e está sendo orientado etc. e interagem com
à busca de alternativas e soluções, consequentemente, ele aprende e com as diversas formas de
dispersão social, sendo
o significado. Nesse modelo de escola, os movimentos que o professor que o ensino vai significá-
instaura nas relações com os alunos devem ser de parceria; o professor los, devendo considerar
deve mobilizar-se no sentido de construir estratégias para a construção de também o paradigma
vigente e o lugar do aluno
uma escola que atenda as perspectivas do aluno como ser no mundo. – como sujeito no mundo.
111
CAPÍTULO 3
Trata-se de definir, com base na teoria pedagógica, a orientação da
formação humana, as diretrizes de organização das situações educativas
e os meios de ensino a serem adotados naquela situação ou contexto.
Depois disso, estruturar as formas pelas quais se inter-relacionam as
políticas educacionais, a organização e a gestão das escolas e as práticas
didático-pedagógicas na sala de aula.
111
CAPÍTULO 3
Um professor, portanto, deve conhecer seus alunos, respeitar a forma de
ser e sentir do seu aluno, se souber valorizar o que ele sabe e entender
que, muitas vezes, o fazer “bagunça” ou “dormir na sala” se dá porque não
se sente motivado e as aulas não são interessantes, ou porque existem
causas externas que precisam ser observadas, como a fome, a violência
doméstica, a falta de afeto etc..
111
CAPÍTULO 3
Vygotsky, Dewey; pelo Século XX de Skiner, de Anísio Teixeira, Carl Rogers,
Gardner, Libâneo, Perrenoud e Paulo Freire muito já se estudou, se refletiu,
e se vivenciou na educação brasileira... Muito se aprendeu sobre o Homem,
sobre a sociedade e sobre as relações entre o ensinar e o aprender... Alguns
expoentes e filósofos continuam vivos e atuais nas práticas pedagógicas,
nas infinitas instituições escolares espalhadas pelo mundo e por nosso País.
111
CAPÍTULO 3
Seção 2 – A função da escola e o papel do professor: o
saber e o saber ensinar (pressupostos da
Didática)
Objetivos de aprendizagem
»» Analisar a função da escola no desenvolvimento integral e
inclusão do aluno na sociedade.
111
CAPÍTULO 3
composta por um resultado das interações e de múltiplas forças, ações e
influências. Assim, torna-se mais fácil refletir sobre que relações podem ser
feitas com o que acontece na escola cotidianamente e com o que se vê
na sociedade. É a escola que sistematiza, por meio de um planejamento
intencional, os saberes dispersos e/ou produzidos na sociedade e pela
ciências, respectivamente.
111
CAPÍTULO 3
Com base nestas premissas, é possível pensar na realidade que envolve o
trabalho docente e indagar:
111
CAPÍTULO 3
É interessante que você reconheça que uma visão de ensino corresponde
a uma visão de aprendizagem. As teorias e concepções refletem uma visão
de mundo, e não se trata de dizer “isto está certo e aquilo está errado”, é
importante que se diga que a instituição e seus professores, ao fazerem
suas escolhas, determinam a forma como realizam suas atividades e, por
consequência, geram modelos de ensino e seus métodos. Muitas são as
maneiras de usar os recursos, desenvolver os conteúdos e fazer educação.
Os métodos de ensino
constituem apenas uma
Cada professor tem a sua maneira de executar sua função com base nas três categoria da Didática, que exige
dimensões que o constitui: os saberes da formação, os saberes da profissão e condição próprias em relação
aos métodos epistemológicos
as experiências ou os saberes do cotidiano, mas ele não pode mais ser aquele e científicos, correspondentes
que chega na sala de aula, colocar sua pasta sobre a mesa, abre o livro e ao processo de conhecimento
expõe o conteúdo, para que seja reproduzido pelo aluno em uma dada e relativos às ciências e suas
pesquisas, respectivamente.
prova. Tampouco pode ser aquele professor que chega na sala de aula
abre o notebook e despeja slides na parede fria e branca, sob a pretensa
autorização dada pelas inovações tecnológicas. Nada muda, neste caso,
apenas o suporte e a forma. Os conteúdos do ensino, em qualquer nível,
precisam ser entendidos, nessa perspectiva, com significado dinâmico,
em uma dimensão de construção social, levando-se em conta a sua
concepção histórico-cultural.
Aos poucos, você irá percebendo
que, ao construir referências e
Os elementos do processo educativo e da didática devem estar sempre em fundamentos sobre o seu fazer
convergência. Observe o esquema abaixo: pedagógico, é possível visualizar
a importância dos saberes e
das competências que cada
um tem no desenvolvimento
dos projetos educativos e nas
respostas que necessitamos ter
da prática na escola.
111
CAPÍTULO 3
Para exercitar um pouco a inclusão integral e democrática do aluno no
processo educativo, que tal realizar uma experiência, perguntando algumas
coisas aos alunos? Quantas vezes nos preocupamos em perguntar para os
alunos “coisas da escola”? Será que não seria uma saída para diagnosticar o
que está acontecendo, compreendê-lo um pouco mais e melhor e mudar
práticas? Vamos tentar?
Continua...
111
Quandopossobrincar,meubrinquedofavoritoé__________________________e
também gosto de brincar de ___________________________________.
Se você é professor, faça este teste para ver o que as crianças dizem!
Se não for, preste atenção nos itens e, se quiser, faça a entrevista, você
pode usá-los no seu trabalho de curso ou prática de estágio. Assim, terá
a oportunidade de identificar o que pensam os alunos sobre algumas
questões essenciais da escola e das relações.
CAPÍTULO 3
Coletar esses dados também permite uma caracterização da realidade
e aquilo que eles esperam da educação escolar. Possibilita conhecer o
universo de representações à luz de fundamentos teórico-metodológicos
do planejamento do ensino e pode orientá-lo a partir de seus objetivos e
desenvolvimento, assim como a avaliação das aulas e atividades.
Para Paulo Freire, somente o diálogo, que implica um pensar crítico, é capaz,
também, de gerá-lo. Sem ele, não há comunicação e sem comunicação
não há verdadeira educação. A que, operando a superação da contradição
educador-educandos, se instaura como situação gnosiológica, em que os
sujeitos incidem seu ato cognoscente sobre o objeto cognoscível que os
mediatiza. (FREIRE, 2002, p. 83).
Podemos dizer ainda que os alunos não são “moldados”, não podem ser
controlados nem vigiados com o intuito de produzirem mais; haverá uma
participação ativa por parte deles e sucesso na aprendizagem se esta for
constituída sob alicerces de base solidária, democrática e cidadã; quando
o professor for um agente que os faça refletir e os torne parte integrante do
processo, como sujeitos partícipes de sua própria trajetória. É importante
o clima de colaboração entre colegas, atitudes de solidariedade e
responsabilidade, este é um aspecto construtivo para a aprendizagem. É
preciso ter claro que existem saberes diferentes, que devem ser respeitados,
e é preciso saber trabalhar com essas diferenças.
111
Saiba Mais...
A resolução do CNE de 8 de maio de 2001 traça as diretrizes curriculares nacionais para a formação
de professores da Educação Básica, em nível superior. Algumas características que devem nortear
as atividades docentes são:
»» orientar e mediar o ensino para a aprendizagem dos alunos;
»» comprometer-se com o sucesso da aprendizagem dos alunos;
»» assumir e saber lidar com a diversidade existente entre os alunos;
»» incentivar atividades de enriquecimento cultural;
»» desenvolver práticas investigativas;
»» elaborar e executar projetos para desenvolver conteúdos curriculares;
»» utilizar novas tecnologias, estratégias e materiais de apoio;
»» desenvolver hábitos de colaboração e trabalho em equipe.
CAPÍTULO 3
Perceba que essas diretrizes nos orientam na direção de um modelo do
professor profissional reflexivo, ou seja, existe uma PRÁTICA, que deve se
articular à TEORIA, mas é fundamental voltar à PRÁTICA para repensá-la
e avaliá-la constantemente. Esta deve
ser a dinâmica. O professor deve ser um
profissional capaz de desenvolver essa
capacidade de reflexão, pois a prática
pedagógica não é neutra, ela transforma
ou mantém a realidade como está.
Deve estar em permanente estado de
aperfeiçoamento e atualização.
111
CAPÍTULO 3
A reflexão/ação se dá pela práxis, portanto, é uma forma de agir, e um lócus
de identidade, sob os quais há um sentido e um modo de ser docente, logo,
é um tornar-se a cada momento. Como diz Paulo Freire, só podemos ser
sendo, é no movimento dialético que estruturamos nosso plano de ação
no mundo, e, neste caso, no fazer educativo e escolar.
Como você teve oportunidade de ver, o docente não age sozinho, ele
interage com os alunos e com outras pessoas em um meio constituído por
relações sociais, hierarquias e normas, sendo assim, a atividade docente
exige uma capacidade de se comportar como sujeito, ator que interage
com outras pessoas e com as várias dimensões do currículo.
111
Síntese do capítulo
CAPÍTULO 3
»» O professor precisaria, no mínimo, de uma cultura geral mais
ampliada, capacidade de aprender a aprender, competência para
saber agir na sala de aula, habilidades comunicativas, domínio da
linguagem informacional, saber usar os meios de comunicação e
articular as aulas com as mídias e multimídias.
111
Você pode utilizar as linhas abaixo para produzir a síntese do seu processo
de estudo.
CAPÍTULO 3
Atividades de aprendizagem
111
Que espécie de atividade mental você acha que esse aluno constrói
com tal modelo de tarefa? Com essa prática, o educador proporciona
ao aluno a oportunidade de elaborar suas sínteses e aprofundar
o conceito que tem de si, do outro, do mundo, mediatizado pela
realidade? Onde está o diálogo crítico entre professor e aluno? Há uma
problematização da realidade? Existirá o diálogo e a consideração da
experiência do aluno?
O que você acha? Insira suas impressões e use argumentos para aprovar
ou reprovar esta postura didática.
CAPÍTULO 3
Aprenda mais...
111
Continua...
CAPÍTULO 3
Continua...
111
Seções de estudo
Seção 1 – A Didática na formação de educadores
Seção 2 – O papel mediador da Didática na construção da
identidade do professor
Nesse sentido, é importante que você tenha uma visão ampla do contexto
em que se desenvolve a atuação docente. É importante, também, que o
processo de pensar e refletir faça parte deste contexto, na possibilidade de
se compreender a prática pedagógica presente nas instituições escolares.
CAPÍTULO 4
Seção 1 – A Didática na formação de educadores
Objetivo de aprendizagem
147
Desta forma, a pesquisa fica restrita somente àqueles que têm o privilégio de
“pensar”, enquanto os outros apenas executam. Reivindica-se a disseminação
da prática da pesquisa em todos os segmentos da escolaridade. Portanto, o
pedagogo comprometido com a educação e preocupado em tornar o fazer
pedagógico cada vez mais próximo das demandas da escola deve adotar
como prática a investigação científica como atitude pedagógica.
CAPÍTULO 4
Interessam aqui contribuições de Freire (1996), discutir alguns saberes que
considera fundamentais à prática educativo-crítica, e que, por isso, devem
ser indispensáveis na formação docente. Para ele, a prática educativo-crítica
envolve propiciar condições nas relações entre educadores e educandos,
como experiência de assumir-se como ser social e histórico.
149
Para o autor, o professor deve perceber que, nesse caso, sem a curiosidade,
não se aprende nem se ensina, porque o constante exercício estimula a
imaginação, a intuição, a dúvida, a comparação, entre outras coisas.
CAPÍTULO 4
Dialogar é partilhar saberes e experiências, tanto na definição do que
será pesquisado quanto na busca de soluções, é fundamental.
151
CAPÍTULO 4
uma prática educativa que condiz com a realidade existente. Ou seja, o
essencial é “partir daquilo que o aluno possui, potencializá-lo e conotá-lo
positivamente é sinal de respeito por sua contribuição, o que, sem dúvida,
favorece sua autoestima”. (COLL, 2004, p. 53).
É a partir da interatividade em
sala de aula que o professor
mobiliza os diferentes saberes,
avalia, propõe, redimensiona os
elementos que estão presentes
direta e indiretamente na
sua prática. O envolvimento
interativo é fundamental para
que os aspectos relevantes do
que vem sendo objeto de estudo
sejam socializados, uma vez que
a tarefa educacional não é uma
ação isolada, mas socialmente Figura 4.2 - Respeito aos saberes e à autonomia do educando
comprometida.
153
CAPÍTULO 4
Os desafios anteriores remetem a outro, inovar a prática pedagógica
seguida do componente mais sensível nesse processo: a “qualidade” do
ser professor, indissociável da ideia de uma constante recuperação da sua
competência para inovar e para intervir, ao mesmo tempo em que procura
por (re)fazer sua condição profissional.
155
Objetivo de aprendizagem
CAPÍTULO 4
Além disso, este mesmo autor, alerta que:
157
Experiência
CAPÍTULO 4
a não valorização social e financeira dos professores, a dificuldade em
ministrar aulas para turmas superlotadas; sabem um pouco sobre as
representações que a sociedade tem dos professores por meio dos meios
de comunicação.
Conhecimento
159
CAPÍTULO 4
entender o conhecimento como um processo de descoberta, de produção,
de troca e cooperação. Coll, afirma que,
161
CAPÍTULO 4
vivem e sobrevivem; “são crianças e adolescentes roubados de alimentação,
moradia e saúde, mas sobretudo roubados de sua humanidade, proibidos
de ser, não apenas proibidos de ter, ler ou contar”. (ARROYO, 2008, p. 43).
Docência
163
O que se tenta, ao longo desses anos, é justamente pensar que toda prática
é envolvida por uma teoria. Mas não nos damos conta de quais conceitos
embasam nosso fazer. É a reflexão sobre o que eu faço que me faz agir de
uma forma específica. Até para apagar o quadro branco há uma teoria. O
problema é que o indivíduo não é estimulado a entender a teoria que há
por trás de cada prática.
Afinal, todos nós lidamos com a prática que, por sua vez, tem fundamentação
teórica. Só se pode construir conhecimento a partir do que se pensa, do
que se sabe, a partir das dúvidas que se têm. Por isso, é essencial que, após
a prática, se pare para refletir sobre ela.
CAPÍTULO 4
A Didática para assumir um papel significativo na formação da identidade
do professor deverá criar condições para que o sujeito se prepare filosófica,
científica, técnica e efetivamente para o tipo de ação que vai exercer. Uma
Didática que se traduza a partir de uma prática educativa crítica, forjadora
de um projeto histórico, assumido pelo educador, conjuntamente com
o educando e os outros membros dos diversos setores da sociedade.
(LUCKESI, 2010).
A Didática, como afirma Luckesi (2010, p. 30), “[...] deverá ser um elo
fundamental entre opções filosófico-políticas da educação, os conteúdos
profissionalizantes e o exercício diuturno da educação”, ou seja, formação
teórica, com a prática contextualizada e amor pela profissão.
Síntese do capítulo
165
Você pode utilizar as linhas abaixo para produzir a síntese do seu processo
de estudo:
CAPÍTULO 4
Atividades de aprendizagem
167
Aprenda mais...
Um abraço,
170
Graduada em Pedagogia com habilitação em Séries Iniciais e Educação Especial, pela Universidade
Federal de Santa Catarina (2002) e mestre em Educação, pela Universidade Federal de Santa
Catarina (2005). Atuou como professora da disciplina de Didática Geral para as licenciaturas
no Departamento de Metodologia e Ensino - MEN/CED/UFSC (2005-2007). E também, como
Coordenadora de Tutoria e Professora Tutora em Educação a Distância, do Curso de Especialização
em Gestão Escolar (2007-2008) na modalidade a distância, pela UFSC. Tem experiência na área de
Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, didática, educação a distância,
formação de educadores. Atualmente é professora da Universidade do Estado de Santa Catarina,
do Centro de Educação a Distância - CEAD.
Capítulo 1
O ensino, como objeto da Didática, teve validade para época em que não
havia qualquer tipo de sistematização sobre o tema. Hoje, pensar que o
ensino se constitui em objeto da Didática é caracterizá-lo como um conceito
do passado, dominado, até certo ponto pela figura do professor como
elemento central do processo pedagógico, a Didática contemporânea inclui
a dimensão da aprendizagem. Pois, só há ensino de houver simultaneamente
aprendizagem. Assim, ensinar e aprender são duas faces de uma mesma
moeda. Isto que dizer que a Didática não pode tratar apenas do ensino.
Capítulo 2
1. Diante do que foi dito, que práticas poderiam “romper com concepções
excessivamente ‘clássicas’ do conhecimento, abrindo à instituição à
contemporaneidade (cultural, artística, científica, tecnológica) e favorecendo
a reflexão crítica sobre o processo educativo? (...) de que espécie de coragem
o pesquisador fala? A quem compete essa coragem? Que “boas intenções”
seriam essas? E como se poderiam construir as competências necessárias?
Esta questão deve ser respondida com base no estudo realizado até aqui e
nas experiências que você possui, nas interlocuções que você estabeleceu
com os colegas e com as diversas fontes de estudo. Elas também podem
estar focadas sobre uma realidade de professor/a, caso já esteja em exercício.
Use sua criatividade e criticidade. Considere que a coragem se alicerça não só
nas teorias, mas na articulação com as práticas. As competências passam pela
capacidade de se abrir às demandas que surgem no dia a dia, pela inovação
e na capacidade de se renovar a cada dia, revendo também as práticas na
escola.
174
Que espécie de atividade mental você acha que esse aluno constrói com
tal modelo de tarefa? Com essa prática, o educador proporciona ao aluno
a oportunidade de elaborar suas sínteses e aprofundar o conceito que tem
de si, do outro, do mundo, mediatizado pela realidade? Onde está o diálogo
crítico entre professor e aluno? Há uma problematização da realidade?
Existirá o diálogo e a consideração da experiência do aluno?
O que você acha? Insira suas impressões e use argumentos para aprovar ou
reprovar esta postura didática.
Aqui você pode se posicionar com base nos estudos que você realizou neste
capítulo. É preciso instigar o aluno a pensar, criar situações contextualizadoras
que fazem sentido para o aluno. Esta atividade proposta pelo professor
não faz sentido para o aluno. É preciso problematizar. Para Paulo Freire,
problematização é a ação de refletir continuamente sobre o que se disse,
buscando o porquê das coisas, o para quê delas. Problematizar, portanto,
é propor a situação como problema. A problematização, portanto, nasce
da consciência que os homens, que sabem pouco o seu próprio respeito,
adquirem de si mesmos. Esse pouco saber faz com que os homens se
transformem e se ponham a si mesmos como problemas. (FREIRE, 2002, p.
68).
175
Você deve ter desenvolvido em sua resposta que a Didática pode transformar o
processo didático-pedagógico do professor em ação reflexiva e questionada.
A prática pedagógica está imbuída num processo de formação de todos os
sujeitos envolvidos no processo de pesquisa como tendência investigativa.
A Didática propõe um papel articulador entre a teoria e a prática, bem
como busca esclarecer a realidade escolar, compreendê-la, e assim, poderá
organizar o processo de ensino-aprendizagem.
176
180
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184
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