Caderno Civil

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cnjDIREITO CIVIL

AULA 1

BL1.

DIREITOS DA PERSONALIDADE

1. Momento aquisitivo dos direitos da personalidade:

Essa matéria passa pela tutela jurídica do nascituro: artigo 2º do CC, a personalidade
começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo desde a concepção os direitos do
nascituro. Os direitos patrimoniais condicionados ao nascimento com vida e os direitos da
personalidade adquiridos quando da concepção. O artigo 542 – doação ao nascituro. Artigo
1798 – herança do nascituro condicionado ao nascimento com vida. Se o nascituro tem
direitos da personalidade da concepção por isso já pode reclamar esses direitos da
personalidade e tem capacidade processual desde a concepção. Se ele falecer antes do
nascimento, os pais têm direito de receber indenização por morte de parente causado por
danos por já ter os direitos de personalidade. Já podemos dizer que o natimorto tem direito
de personalidade. En. 1 da Jornada de Direito Civil: A proteção do código defere ao
nascituro alcança o natimorto referente aos direitos da personalidade, por isso o natimorto
tem direito ao nome, sepultura etc. O embrião laboratorial tem direito a personalidade? Lei
11105/05, art. 5º – não tem direitos da personalidade STF ADIN 3510/DF. Em
contrapartida, o embrião de lab. pode ter direito a herança 1798 do CC. Também tem
direito aos alimentos gravídicos Lei 11804/08 e traz aparente conflito: diz que são
reconhecidos à gestante (1º) já o 6º diz que fixados os gravídicos sobrevindo nascimento
com vida sem impugnação convertem-se automaticamente em pensão alimentícia.

2. Momento extintivo:

A MORTE.
No brasil o critério é o da morte encefálica (lei dos transplantes). È o critério mais aceito
no mundo e usado no Brasil. Mesmo depois da morte é possível a produção de efeitos
jurídicos. Vale também na seara penal. O artigo 212 prevê o vilipêndio ao cadáver. O 623
do CPP legitimidade dos familiares do morto para revisão criminal. No CPC O ARTIGO 313
fala na suspensão aut. Do processo quando há a morte da parte do representante ou
assistente ou seu advogado. A morte extingue a personalidade porém, mesmo depois da
morte é possível gerar efeitos.

Ex. artigo 943 do CC:

Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.

A obrigação de prestar está no benefício de inventário cc 1792, os herdeiros respondem


pelas dívidas nos limites da herança. Agora o espólio também pode exigir reparação. Art.
12 cc p. único. Fala dos lesados indireitos que postulam em nome próprio e não por
representação.

* Quando se trata de direito de imagem, o artigo 20 p. ú. Retira a legitimidade dos


colaterais. Enunciado 5 da JDC.

3. Características do direito da personalidade.

Artigo 11 do CC

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Enunciado 4 da Jornada: podem sofrer limitação dos direitos de personalidade, desde que
não seja permanente e genérica. A autonomia privada dá direito para dispor de seus
direitos de personalidade. Além dessas existem outras características. ADIN 4815/DF
podem biografias não autorizadas. Relativização do direito de personalidade. Direito ao
esquecimento. Podem ser relativizados de acordo com a técnica de ponderação de
interesses.

* Além do artigo 11 outras características são: absolutos (oponíveis erga omnes),


extrapatrimoniais, impenhoráveis, inatos e imprescritíveis.
Artigo 12: pode exigir que cesse a ameaça (prevenção) e reclamar perdas e danos
(compensatória), sem prejuízo de outras sanções.

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo
o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

- no Brasil existe possibilidade de dano moral difuso ou coletivo: LAP 7374/85 e CDC ART.
6º, VI. Só nesses casos o MP pode entrar ou nos casos específicos, como no caso do artigo
68 do cpp.

11. Direito ao Nome civil.

O nome é direito da personalidade. O artigo 57 da LRP reconhece que é direito de


personalidade ao permitir que o titular o escolha. É o único caso de mudança imotivada do
nome. Prazo DECADENCIAL de um ano. Pode escolher de nome desde que não prejudique
os apelidos de família. Os pais fazem quando o filho nasce indicação provisória de nome. O
oficial pode recusar o registro se entender que ele viola a personalidade do registrado, se
perceber que o nome é vexatório, expõe o titular ao registro. O nome tem dois elementos
componentes:

Artigo 16 do CC: prenome + sobrenome (patronímico)

Agnome: Partícula diferenciadora para pessoas com o mesmo nome e de mesma família (jr.
neto, sobrinho).

PSEUDÔNIMO: No BRASIL o pseudônimo não é elemento do nome (nome utilizado para


atividades lícitas), merece a mesma proteção dada ao nome (art. 19 do CC)

HIPOCORÍSTICO: serve para designar pessoal e profissionalmente (Xuxa, Pelé) o


hipocorístico pode ser adicionado ou mesmo substituir o nome!

O pseudônimo é somente para atividades PROFISSIONAIS.

A tutela jurídica do nome é autônoma e independente da violação de outros direitos.. O


Brasil adota o Princípio da Imutabilidade Relativa do Nome = o nome pode ser modificado
nos casos previstos em lei ou por decisão judicial reconhecendo justa causa.
12. Direito de Imagem:

é tridimensional: retrato (fisionômico) + atributo (imateriais) + voz (timbre sonoro)

Merece proteção se houver ofensa da honra ou exploração comercial. Só nesses casos.


Havendo exploração comercial o dano é presumido. Sum. Por conta desse equívoco havia
confusão entre proteção da honra e proteção da imagem. Para o artigo 20 a imagem
merece proteção somente se houver ofensa a honra ou exploração comercial. É possível
usar imagem sem autorização nos seguintes casos:

- administração da justiça e manutenção de ordem pública.

- cessão expressa ou tácita (se estiver em local público há cessão tácita desde que usada
de forma genérica, e não haja desvio de finalidade).

- pessoas públicas (celebridades).

Quando se tratar de uso indevido de imagem de pessoa morta os colaterais não estão
legitimados, são os chamados lesados indiretos. A imagem também pode ser usada como
direito autoral, chamada de DIREITO DE ARENA, como jogadores de futebol.

- óbitos ao INSS – art. 68 da Lei 8.212/91

- óbitos à Justiça Eleitoral (código eleitoral, artigo 71 § 3°)

- óbitos de imigrantes à polícia federal DEC. 9199/17

- opção de nacionalidade à polícia federal (artigo 216 dec 9199/2017)

- óbitos de cidadãos masculinos entre 17 a 45 anos de idade ao Ministério da Defesa.

- À FUNAI os nascimentos de indígenas (resolução conjunta nº 3)

- Óbitos a SSP – art 80 da Lei 6015/73

- Central de Registro civil (CRC). Provimento nº 46 CNJ

- SIRC – Decreto 8.270/2014. Lei 11977

13. direito a vida privada.

Inforrmações que pertencem ao titular que só ele decide com quem compartilhar. É um
direito autônomo e indepente, mas o titular pode dele livremente dispor. Nada impede que
o titular dele disponha. É relativamente indisponível.
- Teoria dos círculos concêntricos:

vida privada} segredo/sigilo/privacidade} intimidade

A proteção da vida privada não abrange os e-mails corporativos (segundo o TST).

Cc 1301 e 1303 – abertura de janela terraço ou varanda para proteção da vida privada.

AULA 2

TEORIA DO FATO JURÍDICO

TRIDIMENSIONALIDADE DO FATO JURÍDICO:

1. Plano da Existência – plano do ser (ontológico), plano estrutural, detectamos


pressupostos sine qua non: agente, objeto, forma e vontade exteriorizada (quatro
pressupostos existenciais) se tiver estes pressupostos ele é existente, pode não ser valido
ou eficaz, mas será existente:

- agente

- objeto

- forma

- vontade exteriorizada

2. Plano da Validade – plano da norma jurídica. Deve se obedecer aos requisitos exigidos

pela norma para a validade. Plano essencial, os requisitos da validade são aqueles
do artigo 104 do CC + vontade livre e desembaraçada:

- Agente Capaz

- Objeto lícito, possível, determinado ou determinável

- forma prescrita ou não defesa em lei.

+ vontade livre e desembaraçada


Artigo 190 CPC – NEGÓCIOS PROCESSUAIS ATÍPICOS

3. Plano da Eficácia. Controle de Efeitos. As partes interessadas podem controlar através

de fatores chamados fatores acidentais, Plano acidental, controlável através de


fatores acidentais porque mesmo sem eles o negócio produz efeitos. São fatores de
controle eficacial:

- condição = futuro e incerto

resolutiva: põe fim aos efeitos (extingue os efeitos)

suspensiva: libera os efeitos (solta os efeitos) – não há aquisição e não há exercício


enquanto pendente a condição suspensiva.

- termo = futuro e inevitável.

Final – extingue

inicial – libera os efeitos (pendente já há aquisição de direitos só não há exercícios)

- encargo (modo) - contraprestação imposta ao beneficiário de um negócio gratuito. O


encargo não afeta a aquisição ou o exercício de direitos. Se não cumpre o encargo, cabe a
execução do encargo. Pode ser requerida pelo beneficiário do encargo, o disponente, seus
sucessores ou o MP se for em prol da coletividade. SE O ENCARGO FOR EXPRESSO EM
FORMA DE CONDIÇÃO ELE SEGUIRÁ AS REGRAS DA CONDIÇÃO SUSPENSIVA!!!

4. A INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO:

Absolutas – nulidades:

Relativas – anulabilidades:

Nulidade Anulabilidade

Por força de lei Por decisão judicial

Não produz qualquer efeito jurídico Produz efeitos jurídicos até que sobrevenha
a decisão judicial anulatória

Interesse público Interesse Privado

Pode o juiz conhecer de ofício e MP suscitar Não pode ser conhecida de ofício pelo Juíz
ou provocada pelo Ministério Público

Não admite convalidação Admite convolidação pelos interessados

Ação meramente declaratória Ação (des)constitutiva – ação anulatória

Imprescritível Prazos decadenciais para a propositura da


ação anulatória

Hipóteses de Cabimento CC 166-167 Hipóteses de cabimento CC 171

ATENÇÃO

TODO O NEGÓCIO SIMULADO É NULO, MAS O DISSIMULADO PODE SE VÁLIDO FOR NA


FORMA E NA SUBSTÂNCIA

PRAZO: DECADENCIAL PARA PROPOSITURA DA AÇÃO ANULATÓRIA

Art. 171, I e II: O prazo é de quatro anos artigo 178 do CC, computado da pratica do
negócio com 2 exceções:

- incapacidade relativa: começa a correr da data que se adquira a capacidade

- coação: da data que termina a coaçã Exceção: casamento artigo 1560 CC começa a fluir
da data da celebração do casamento.

Quando a lei criar anulabilidade e não der prazo o prazo é de 02 anos: artigo 179 do CC.

6. APROVEITAMENTO DA VONTADE

Possibilidade de aproveitar a vontade dada em negócio jurídico considerado inválido (nulo


ou anulável). A conservação da vontade se apresenta em três institutos do código.

1º Ratificação – artigo 172, exclusiva dos negócios anuláveis e se trata da confirmação da


vontade, com preservação de direitos de terceiros de boa-fé.

2º Redução parcial da invalidade – artigo 184 (nulos ou anuláveis).

3º Conversão substancial (somente os nulos) artigo 170 do CC. Se a finalidade estiver


pretendida em outro negócio se eles tivessem pretendido a finalidade. En 13 das jornadas…

Conversão exige duplo requisito: um subjetivo e outro objetivo. Subj: vontade válida
manifestada em negócio nulo por vício de forma ou de objeto. Obj.: tem de haver a
existência do suporte fático no negócia a converter.
7. Regras da Interpretação da vontade

1º Regra Principal – sempre – regra de ouro- boa fé objetiva: artigo 113 do CC. A boa fé no
CC é expressão utilizada em duplo sentido: pode ser objetiva ou subjetiva. Subjetiva é a de
conhecimento, psicológica, já a objetiva é a de comportamento, principiológica.

ex. casamento putativo artigo 1561

2º Acessórias (harmonizantes OU Combinantes) podem ser:

- formais ou solenes: artigo 108 do CC.

- reserva mental: artigo 110 do CC. reserva mental é o pensamento secreto de não cumprir
o que se declara. Reserva mental desconhecida mantém o negócio, conhecida leva a
anulação.

- silêncio: artigo 111 do CC. Pode ser interpretado como declaração de vontade se os usos
autorizarem e não for necessária a interpretação expressa (silêncio eloquente). Ex. Doação.

- vontade: artigo 112. Mais vale a intenção que o sentido literal da expressão de vontade

- restritiva da vontade: artigo 114 interpretam-se restritivamente os negócios benéficos e a


renúncia.

- Substancial: controle de arbitrariedades da interpretação e elaboração de norma legal.

ª Noções gerais

b. Erro: Noções gerais. Causa determinante. Caracteres: substancial e real. Ausência de escusabilidade
(princípio da confiança). Enunciado 12, Jornada Direito Civil. O falso motivo (CC 140). O erro de
cálculo. O erro de direito e a exceção à LINDB. Art. 143, CC: “O erro de cálculo apenas autoriza a
retificação da declaração de vontade.” Art. 140, CC: “O falso motivo só vicia a declaração de vontade
quando expresso como razão determinante”. Art. 139, CC: “O erro é substancial quando: III - sendo de
direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.”

c. Dolo: Noções gerais. Causa determinante. Caracteres: substancial e real. O dolo acidental. O dolus
bonus. O dolo negativo (reticência). O dolo recíproco (CC 150). O dolo de terceiro (CC 148). Art. 148,
CC: “Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele
tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro
responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.” Art. 149, CC: “O dolo do
representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância
do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá
solidariamente com ele por perdas e danos”. Art. 150, CC: “Se ambas as partes procederem com dolo,
nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.”

d. Coação:

Pode ser física (vis absoluta) ou psíquica (vis compulsiva).

Física: quando força física externo compele a manifestação de vontade. Não há declaração
de vontade, só aparente manifestação de vontade. Nesse caso há inexistência.

Psíquica: Esta gera anulabilidade. É uma ameaça de um mal atual ou eminente, sério,
grave, dirigido a pessoa do contratante, aos seu patrimonio ou alguém de sua família.
Família aqui no sentido afetivo e não biológico. Art. 152 do CC para averiguar a coação
não se aplica as regras do homo médio, deve se levar em conta as condições
personalíssimas. Não gera coação a ameaça de exercício regular de direito e temor
reverencial – artigo 153 do CC.

e. Lesão: Artigo 157 do CC. Assume prestação excessivamente onerosa por preemente
necessidade ou inexperiencia. Então há soma de elemento objetivo a outro subjetivo.

Objetivo: onerosidade excessiva. Desajuste entre prestação e contraprestação, é presente


no momento da celebração do contrato, não podendo ser ulterior.

Subjetivo: preemente necessidade ou inexperiência.

Não se anula o contrato se o beneficiário oferecer suplemento ou concordar com reduçao


de seu proveito, não se invalida o negócio. Art. 157, par. 2°.

NO CDC dispensa o elemento subjetivo e é caso de nulidade. O STJ entende que o juiz
pdoe revisar o contrato adequando-o

f. Estado de Perigo. Artigo 156. Dois requisitos, um objetivo e outro subjetivo>

Objetivo: onerosidade excessiva, deve se caracterizar no momento do contrato.

Subjetivo: dolo de aproveitamento. É preciso que a parte se beneficia saiba ou deva saber
que a parte que assume a prestação assim o faz para preservar a si ou sua família de grave
dano.

g. Fraude contra credores: Art. 157 quando uma pessoa celebra negócio jurídico com outro
com a intenção de reduzir ou esvaziar seu patrimônio para prejudicar os seus credores.
Dois elementos:

Objetivo: esvaziamento do patrimônio.

Subjetivo: Conluio fraudatório ou consilium fraudis


Art. 158: nesses casos presume-se a fraude.

Fraude contra credores SÓ EXISTE CONTRA CREDORES QUIROGRAFÁRIOS.

Sum. 195 STJ (a fraude não se reconhece em embargos de terceiros, deve ser
reconhecida em ação pauliana).

Depois da citação de ação de conhecimento ou execução e celebra o negócio há fraude a


execução que gera ineficácia do negócio em relação ao credor. SUM STJ 375: O
reconhecimento da fraude depende do registro da penhora o bem alienado, se não tiver
registro da penhora, tem de provar a má-fé de terceiro.

AULA 3

RESPONSABILIDADE CIVIL:

1. Ato ilícito e a responsabilidade civil no CC 02;

No CC/16 HAVIA correlação entre ato ilícito e responsabilidade civil, porque para o cc16
todo ato ilícito gerava responsabilidade civil e toda a responsabilidade civil emanava de um
ato ilícito. Esta responsabilidade era equivocada. Os conceitos são autônomos e
independentes. O ato ilícito tem um conceito de antijuridicidade a responsabilidade civil é a
obrigação de indenizar.

No CC/02 O ato ilícito está em 186/188 e responsabilidade em outro lugar.

Ato ilícito:

Artigo 186 do CC. Aquele que culposamente (dolo ou culpa) violar o direito e causar dano a
outrem, ainda que somente moral comete ato ilícito. Soma então quatro elementos:
conduta, culpa lato sensu, violação da norma e causa dano (provado ou presumido).

O ato ilícito é violação culposa (ls) da norma.

3. Desconstituição da correlação

Os efeitos decorrentes da ilicitude civil podem ser de várias naturezas:


- indenizante: reparação através de indenização

- caducificante: gera a perda ou supressão de direito (ex. Perda de poder familiar)

- invalidante: ex. Contrato de transporte de entorpecente – art. 166 invalida o contrato.

- etc. (podem ser outros criados ou por virem a ser criados em normas futuras). Os efeitos
do ato ilícito são infinitos.

O artigo 188 revela excludentes da ilicitude civil. Legítima defesa, exercício regular de
direito e estado de necessidade são atos lícitos (para o STJ a legitima defesa putativa não
exclui a ilicitude civil.

Contudo, pelo artigo 929 do CC, há o dever de indenizar em hipótese de estado de


necessidade. Caso parecido no 930 do CC, na legítima defesa não há o dever de indenizar,
e nos casos de indenização, pode regressar o causador do dano.

2. NOVO CONCEITO DE ATO ILÍCITO – ABUSO DO DIREITO:

Artigo 187 do CC.

Ato ilícito objetivo, não necessita de culpa, é um conceito objetivo. Quando o abuso gerar
responsabilidade civil, gera responsabilidade OBJETIVA, “jornada 37”. O abuso é o excesso,
seria lícito se não fosse exercido de forma irregular.

3. TENDÊNCIAS NA RESPONSABILIDADE CIVIL:

A tendência atual é a busca da reparação e prevenção dos danos, a culpa vai para segundo
plano.

1º – Aumento dos casos de responsabilidade objetiva

2º Reconhecimento de novos danos indenizáveis

3º Mitigação do nexo causal.

3.1 Aumento das hipóteses de responsabilidade objetiva:

Haverá responsabilidade objetiva quando a lei determinar. Artigo 927, p. único. A


responsabilidade objetiva pode se basear no risco integral e não integral e o legislador não
distingue os dois tipos de risco.

O Risco não integral é:


- criado

- proveito

- atividade exercida

Responsabilidade será objetiva nos casos previstos em lei com ou sem risco integral

COM RISCO INTEGRAL SEM RISCO INTEGRAL

DANO AMBIENTAL DANO AO CONSUMIDOR

DANO NUCLEAR DANO PELA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

PERDA OU DETERIORAÇÃO DE COISA PELO RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR


POSSUIDOR DE MÁ-FÉ

RESPONSABILIDADE DO COMODATÁRIO EM RISCOS DO DESENVOLVIMENTO


MORA

* Artigo 931, CC

Dica: A diferença entre integral e não integral é que o caso fortuito e a força
maior NÃO É EXCLUDENTE DO RISCO INTEGRAL, mas exclui o risco não integral
desde que seja fortuito externo.

Sum. 297, responsabilidade dos bancos é risco integral.

- responsabilidade do transportador – risco integral

A responsabilidade também pode ser objetiva por determinação judicial. O JUIZ


PODE, de ofício ou por provocação, determinar que a responsabilidade seja de ofício, antes
deve intimar as partes (artigo 10 CPC) se a atividade for habitual e de risco.
Responsabilidade Objetiva por decisão judicial.

A RESPONSABILIDADE também pode ser OBJETIVA em caso de SEGURO


OBRIGATÓRIO (DPVAT). Esse seguro paga a indenização independentemente de culpa e
é proporcional ao grau de invalidez. Se o segurador obrigatório não pagar voluntariamente
cabe ação com prazo prescricional de 03 anos (diferente do seguro privado que tem prazo
de 01 ano), conforme S. 405 do STJ. Pode ser ajuizada no domicilio do autor da ação, do
réu ou no local do acidente. Ajuizada em desfavor do DPVAT e os juros retroagem a data
da citação e não do acidente, e a correção retroage desde o evento danoso. O valor pago
pelo segurador obrigatório é abatido em eventual indenização paga pelo causador do dano
STJ 246 SUMULA.
DANO MORAL X DANO MATERIAL

Dano moral – violação da personalidade. Se divide

* honra

* imagem

* intimidade

*(etc)...

Dano Material – violação do patrimônio. Se divide:

* dano emergente

*lucro cessante

Sum. 37 STJ podem ser cumulados dano material e dano moral. Também dano moral com
dano moral e dano material com dano material. A cada bem jurídico violado corresponde
uma indenização (possível cumulação de dano moral com dano estético), sum. 403 STJ.

Ao lado dessas históricas categorias estão surgindo novos danos indenizáveis

3.2 Reconhecimento de novos danos indenizáveis:

a) Perda de uma chance. Perda de oportunidade que merece indenização.

b) Indenização por homicídio e lesão corporal. O CC além das normais citadas acima
aponta que tem direito a família da vítima a outras indenizações por prejuízos provados.

3.3 Flexibilização do nexo de causalidade.

Artigo 403 CC: só é indenizável conduta direta e imediata do agente, portanto o nexo é
restritivo, não podendo ser ampliado em outras hipóteses (causalidade adequada). O STJ
vem flexibilizando o nexo causal direto e imediato do ARTIGO 403 DO CC:

- Dano por ricochete (dano reflexo) – se causa o dano a uma pessoa que reverbera e
repercute em interesses de outra pessoa. Ex. CC 12, P ÚNICO: lesados indiretos. Os
familiares do falecido sofrem dano em ricochete e litigam em nome próprio.

- Dano Indireto: dirigido a um bem jurídico pertencente a uma pessoa e termina por atingir
danos a bens jurídicos de outra pessoa. Ex. Pecuarista adquire touro adoentado e a doença
que acomete o animal passa para outros animais do rebanho.

- Perda de uma chance: perda de oportunidade real concreta


- Causalidade Alternativa: quando um dano é produzido por um grupo de pessoas sem que
se saiba qual delas o causou. Então responsabilizam-se todos os prováveis causadores.
Mitiga o nexo de causalidade.

4. Responsabilidade Contratual e extracontratual (ver no código os artigos) fala que a


responsabilidade do menor é subsidiaria em relação aos responsáveis e sofre limitação
quanto a possibilidade de sua manutenção e outras coisas.

5. Responsabilidade Civil Pelo fato da coisa.

Regra geral: Responsabilidade subjetiva,o proprietário da coisa responde pelos danos desde
que provada sua culpa.

Exceções: Responsabilidade Objetiva, responde em 03 casos.

1. Fato do animal – artigo 936 do CC. o DONO OU DETENTOR do animal ressarcirá se não
provar culpa da vítima ou caso fortuito ou força maior Animal em via pública (se pedagiado
a concessionária também responde)

2. Ruína de prédio – artigo 937 do CC. O dono responde da construção responde por defeito
na estrutura física do prédio, responsabilidade sem risco integral.

3. Coisa caída, objeto lançado ou effusio et dejectis – artigo 938 do CC: Aquele que habita
um prédio ou parte dele responde pelas coisas que caírem. RESPONSABILIDADE OBJETIVA
COM RISCO INTEGRAL. Se cair de um condomínio a responsabilidade é do morador da
unidade, se não for identificada a unidade responderá o condomínio.

6. Responsabilidade Civil Pelo Fato de Terceiro (pelo fato de outrem)

Artigo 932 do CC.

Só há nos casos previstos em lei, porque a regra geral é que cada um responda pelos seus
comportamentos. São cinco hipóteses TAXATIVAS:

I- pais pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e companhia: em se tratando
de filho emancipado, depende do tipo de emancipação. Para o STJ a emancipação voluntária
(outorgada) ou judicial, os pais continuam respondendo com os filhos em responsabilidade
solidária. Em caso de emancipação legal, os pais estão exonerados. Autoridade e companhia
aqui é no sentido jurídico e não fático, ou seja, quando os pais transferem sua autoridade a
terceiro.

II – tutor e curador pelos pupilos e curatelados

III – Empregador ou comitente pelos danos causados pelos serviçais, empregados ou


prepostos: mesmo que seja gratuita, nem caracterização de emprego, o tomador responde
porque o prestador é seu longa manus, no exercício do trabalho ou em razão dele.

IV. os donos de hoteis, hospedarias, casas ou estabelecimentos, mesmo que esteja


albergando para fins de educação

V. os que participam dos produtos do crime mesmo que gratuitamente (receptadores)

Art. 934: tem direito de regresso, exceto se o causador for seu dependente.

ARTIGO 933 A RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DO TERCEIRO É OBJETIVA.


Não é a responsabilidade do terceiro, mas pelo fato do terceiro. É preciso provar a culpa do
terceiro, mas não precisa comprovar a culpa do garante.

A responsabilidade do menor é subsidiária e não é alcançada pela responsabilidade


solidária.

7. Efeitos civis da sentença penal.

Artigo 935 do CC

As instâncias são autônomas e independentes, mas a decisão penal pode influir na decisão
civil. A decisão civil jamais influirá na responsabilidade penal. A sentença civil não produz
efeitos penais.

Para que a sentença penal produza efeitos civis precisa atender dois requisitos:

1. Anterioridade: tem de ser proferida antes, podendo o processo civil ser suspenso para
esperar a sentença penal. Art. 313

2. Análise do mérito penal. Tem de analisar o mérito penal, qual seja, autoria e
materialidade. Se for absolutória dependerá do fundamento se for por inexistência do fato e
negativa de autoria gerará efeitos. Já a sentença penal condenatória vai gerar efeitos civis.

A correção monetária devida desde a data do devido cumprimento – STJ 43, em hipotese de
dano moral desde o arbitramento.

Já os juros:
Aquiliana – desde o evento lesivo: SUM. 54 STJ

Contratual – desde a citação artigo 405 do CC.

8. Responsabilidade Civil por cobrança indevida de dívida –

artigo 941 – não se aplica as penas se houver desistência ANTES DA CONTESTAÇÃO, salvo
comprovado prejuízo.

Já paga no todo ou em parte – repete em dobro

Ainda não vencida. - aguardar o vencimento, pagar as custas em dobro, perder os juros
eventualmente estipulados.

9. Transmissão do direito a reparação – artigo 943

10. Medida da indenização:

Artigo 944 – a indenização se mede pela extensão do dano, mas pode reduzir
equitativamente a indenizaçao se houver excessiva desproporção entre a culpa e a extensão
do dano. Essa redução não se confunde com culpa concorrente e culpa exclusiva. Na culpa
exclusiva a exoneração do agente na concorrente há redução proporcional, de acordo com o
grau de culpa. Nesse caso a redução é equitativa.

- duty to mitigate the loss: Dever do credor de litigar os próprios prejuízos.

AULA 4

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS:

1. Contratos e direito intertemporal.


Artigo 2035 do CC. São relações de trato sucessivo e é importante porque pode estar
submetido a diferentes normas. Um contrato anterior a 2002 mas que mantém seus efeitos
após. O 2035 estabelece a regra de intertemporalidade. Existência e validade se
submetem à norma no TEMPO DA CELEBRAÇÃO. A eficácia se submete a norma em
vigor atualmente.

Ex. o CC de 2002 limitou a multa condominial em 2% antes era 20%. Como a multa é efeito,
ou seja eficácia, a multa deve ser de no máximo 2%.

O novo CC permite a mudança do regime de bens. É aplicável aos casamentos já existentes?


Sim. Em razão do artigo 2035.

O artigo 970 disciplina contrato de sociedade empresarial e estabelece que ele é nulo se os
sócios são casados entre si pelo regime da comunhão universal ou separação obrigatória.
As sociedades que existiam antes de 2002 não se aplica porque se é nulidade se trata de
validade.

Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste
Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos
após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas
partes determinada forma de execução.

2. elementos de validade:

Elementos de validade genéricos do artigo 104 do CC.

- Capacidade do Agente: A lei exige capacidade e não necessariamente personalidade, entes


despersonalizados podem eventualmente celebrar um contrato. de mitigada chamada de
segredo de justiça, tem-se acesso a todos os atos, mas é limitado a alguns sujeitos
processuais. Os contratos, podem ser bilaterais, difusos e coletivos. Legitimação: é um plus
na capacidade, ex. Necessidade de outorga do cônjuge: CC 1.647

- Formalidade: a regra é a ausência de forma, consensuais, contudo, podem ter forma


determinada pela lei ou pela vontade das partes. Quando a forma for determinada ela passa
a integrar a validade do ato, assim, é nulo e não pode ser convalidado. Art. 172

- Vontade livre e desembaraçada. Artigo 111 silêncio eloquente, somente quando os usos e
circunstancias autorizarem desde que não seja necessária manifestação expressa.
3. Contrato preliminar (pré-contrato e promessa de contrato)

Negócio jurídico entre as partes assumem no futuro celebrar outro contrato, ou seja,
obrigação de fazer. São dois contratos independentes e autonônomos, o contrato preliminar
não é acessório, o que se reforça no artigo 406 do CÓDIGO Civil, sendo que não está
obrigado o preliminar a forma do contrato. O artigo 466 estabelece que descumprido o
contrato preliminar pode ser requerida tutela específica ou perdas e danos. Como não
precisa ter a mesma forma, no caso de p. cv imóveis, mesmo que o contrato não esteja
registrado, gera adjudicação compulsória. STJ 239

4. Princípios fundamentais do direito contratual:

- Boa-fé objetiva art 422. A bf objetiva é fundante dos contratos. Se trata de comportamento
e não conhecimento como a subjetiva (treu und glauben). A bj obj não é instrumento para
corrigir hipossuficiência ou proteção de contratante mais fraco. Todos tem de se tratar com
confiança e eticidade. Daí surge o dever de “mitigar as próprias perdas reconhecido pelo
STJ. Deveres anexos ou deveres laterais, precisam ser cumpridos porque tem nascimento
por conta da BFO QUE É FONTE DE OBRIGAÇÕES. Caso não tomem essas atitudes os
contratantes inadimplem os contratos. A BFO é interpretativa (cc113), integrativa –
DEVERES ANEXOS (cc422) e limitadora/restritiva/ de controle (cc475)

- Função Social do Contrato – art. 421, enxergar o contrato para além do contrato. Tríplice
função: 1. Não pode prejudicar terceiros (3º lesado/ofendido); 2. Não pode prejudicar a
coletividade; 3. Terceiros não podem prejudicar contratos alheios (3º lesante/ofensor). 3ºs
podem pedir revisão ou revisão de um contrato mesmo não sendo partes, desde que sejam
terceiros lesados.

- Equilíbrio econômico e financeiro – arts. 317 e 478. Historicamente o contrato estava


adstrito ao pacta sund servanda, até que em 1918 na França o pacta foi relativizado
abraçando a teoria da imprevisão que resgatou a cláusula “rec sic stantibus”. Para aplicar a
teoria da imprevisão, devem preencher quatro requisitos:

- contrato de trato sucessivo

- alia extraordinária e imprevisível

- onerosidade excessiva
- inexistência de culpa

Artigo 478 do CC:

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à

data da citação. (SE PODE PEDIR A RESOLUÇÃO, PODE REVISÃO).

No Brasil só poderá ser usado se o prejuízo de um gerar extrema vantagem para a outra,
requisito este que não está na teoria clássica francesa da teoria da imprevisão.

Se a relação for de CONSUMO, NÃO SE APLICA IMPREVISão, SE APLICA A TEORIA DA


BASE OBJETIVA DO CONTRATO (4º e 6º do CDC). Neste caso, dispensa-se a alia
extraordinária, basta a presença da onerosidade excessiva pura. A onerosidade excessiva
pode se dar no momento da celebração ou posterior.

Se no momento da celebração atinge a validade: nulidade (CDC) OU anulabiidade (CC


156/157). Se posterior atinge a eficácia

5. DA FORMAÇÃO DO CONTRATO:

5.1 A formação de um contrato pode ser antecedida de negociações preliminares ou


tratativas. As vezes as tratativas são por escrito e chamadas de minutas. As partes estão
analisando a feitura do contrato. Neste ponto não há responsabilidade contratual, mas
responsabilidade pré-contratual. Na fase das tratativas temos possibilidade de
responsabilidade extracontratual por violação da boa-fé objetiva. Quebra de confiança ou
affidamento.

5.2 Proposta/oferta/policitação. A vinculação do proponente (CC 427)

A declaração da vontade de contratar, deve ser séria, idônea e é vinculante do proponente e


dos seus sucessores. Os sucessores respondem porque é vinculante e se prende aos seus
termos, mesmo feita ao público (artigo 427 do CC). A proposta descumprida surge para o
interessado perdas e danos ou vinculação específica.

5.3. A aceitação ou oblação.


Declaração da parte a quem se dirigiu a proposta que aceita os seus termos. Toda a
aceitação deve ser séria, idônea e INTEGRAL. Se não for integral, tem característica de
contraproposta. O contrato se forma na aceitação. Entre presentes, diz-se quando as
pessoas estão em mesmas condições temporais e não espaciais (artigo 428) REPUTA-SE
ENTRE PRESENTES O CONTRATO FECHADO POR TELEFONE, É UM CONTRATO ENTRE
PRESENTES. No contrato entre presentes, a aceitação forma o contrato. Nos contratos
entre ausentes (pessoas em diferentes condições temporais a proposta vai em um momento
e a aceitação vem em outro). Nos contratos entre ausentes o momento é o da expedição da
aceitação, SEM QUE SE TENHA NECESSIDADE DE CHEGAR A ACEITAÇÃO AO
PROPONENTE – teoria da agnição por expedição (artigo 434 do CC).

5.4 Lugar do Contrato:

Arrtigo 435, LUGAR DO CONTRATO É ONDE FOI PROPOSTO para contratos internos
brasileiros.

Se o contrato é INTERNACIONAL, artigo 9°, § 2º da LINDB, onde residir o proponente.

O lugar do contrato não impede que seja escolhido outro foro de eleição (lugar para dirimir
conflitos). Foro de eleição de contrato de adesão em contrato prejudicial ao aderente é nulo.
O juiz deve declarar a nulidade remeter ao juízo do aderente.

6. Intervenção de terceiros nos contratos.

As formas de intervenção de terceiro são as seguintes:

- promessa de fato de terceiros

- estipulação em favor de terceiros

- contrato com pessoa a declarar.

6.1 A promessa de fato de terceiro: Se não houver cumprimento a responsabilidade recai


sobre quem prometeu. Só responde o prometido se expressamente anuir a promessa ou se
quem prometeu era seu representante. Não haverá responsabilidade do promitente se a
promessa dependia de seu cônjuge e ele não aquiesceu.

6.2 Estipulação em favor de terceiros.


Negócio jurídico celebrado por duas partes prevendo um benefício em favor de terceiro. Os
efeitos benéficos atingirão o terceiro que não é parte. É chamado estipulado. Por não ser
parte, não precisa ser solvente nem capaz. As partes podem exigir o cumprimento do
contrato, artigo 436, mesmo estipulante. Segundo o STJ o terceiro também pode exigir o
cumprimento da obrigação. Este terceiro pode exigir nas mesmas condições e normas.
Artigo 436, p. único. NO silencio do contrato, o terceiro beneficiado pode executar, também
o estipulante não pode exonerar a parte contrária de cumprir suas obrigações porque
prejudicaria o terceiro. O terceiro pode ser substituído a qualquer tempo independente da
anuência do obrigado.

6.3 Contrato com Pessoa a declarar.

Trata-se de negócio jurídico um ou ambos os contratantes faz inserir clausula prevendo que
ele próprio poderá, dentro de um determinado prazo, pessoa que vai figurar na sua posição
contratual.

Artigo 469.

O prazo é o do contrato, se não houver outro será de 05 dias. O terceiro se torna então parte
e exerce direitos desde a data da celebração. Se vai se tornar parte, precisa ser capaz,
solvente e precisa aceitar a condição que se está a oferecer. Precisa aceitar da mesma forma
que foi celebrado o contrato. ASSUME RETROATIVAMENTE À DATA DA CELEBRAÇÃO

Artigo 468, par. Único.

Se o terceiro for incapaz insolvente ou não aceitar, o contrato é válido e eficaz entre as
partes originais

Arts. 470 e 471.

7. Vícios REDIBITÓRIOS

Defeitos ocultos que podem tornar a coisa imprópria para o uso ou diminiur-lhe o valor
econômico. É uma garantia imposta pela lei nos negócios onerosos. Para caracterização dos
vícios redibitórios, quatro requisitos são necessários:

- contrato oneroso (exceção: doação remuneratória e doação propter nupcias)

- defeito oculto (invisível no momento da tradição)

- deve alterar a substância ou diminuir o valor econômico.


- inexistência de cláusula excludente

Ex. Touro reprodutor estéril.

Se requerer indenização o prazo é de 03 anos se civil e 05 anos de consumo. Poderá o


comprador requer uma das AÇÕES EDILÍCIAS:

- redibitória – rejeita a coisa

- estimatória (quanti minoris) – abatimento no preço

- ex empto – complementação da área se a área entregada era menor (margem de tolerância


de 5%, artigo 500 § 1°, nesse caso não cabe ação edilícia, mas cabe perdas e danos.

- no CDC também cabe ação do produto ou do serviço (exclusivo CDC).

PRAZOS DECADENCIAIS: art. 445:

a) de fácil constatação: 30 dias se móvel, um ano se imóvel contado da tradição

b) de difícil constatação: 180 dias se móvel, um ano imóvel contado da descoberta.

c) de animais, lei própria, se não tem, usos e costumes do lugar, se não do “b”.

8. EVICÇÃO

Perda da coisa onerosamente adquirida.

- Perda total ou parcial da propriedade

- Por força de decisão judicial ou administrativa

- Inexistência de cláusula excludente: artigos 448 e 449 dizem que cabe a cláusula
excludente se o comprador for expressamente notificado e assumir os riscos

- inexistência de culpa do evicto

Não haverá evicção se houver aquisição de coisa onerosa.

A evicção importa restituição do valor, indenização pelas benfeitorias, juros e correção


monetária, honorários advocatícios e custas. Todas essas independe da culpa do alienante,
mesmo de boa-fé. Se sabia que a coisa não lhe pertencia (má-fé) responde também por
perdas e danos.
AULA 5

POSSE E POSSESSÓRIAS

1. Conceito de Posse:

O Código Civil adota a teoria objetiva da posse de IHERING, contudo faz concessões à teoria
subjetiva, por exemplo na usucapião.

Há duas, objetiva (Ihering) e subjetiva (Savigny)

Artigo 1.196 CC

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à

propriedade.

Os poderes inerentes à propriedade estão no artigo 1.228 do CC

USO GOZO LIVRE DISPOSIÇÃO REIVINDICAÇÃO

1 poder = posse

4 poderes + TÍTULO = propriedade

4 poderes – TÍTULO = domínio

Posse, propriedade e domínio são conceitos independentes e autônomos, situação jurídica


distinta que gozam de proteção do direito.

Posse é exercício de fato por isso é possível adquirir a posse por ato próprio ou de terceiro.
PJ, entes despersonalizados, podem ter posse. STJ: o conceito de posse não é
necessariamente ter o contato físico, mas o poder físico sobre a coisa.

MERA DETENÇÃO: são os casos que o sistema jurídico priva o detentor dos efeitos da
posse, por isso não tem direito a usucapião, retensão mesmo que esteja de boa-fé. No CC
são três hipóteses:

- fâmulo da posse cc 1198 , gestor da posse tem a coisa consigo em cumprimento de ordem
(caseiro, capataz, adestrador, vallet etc.). No cpc anterior se a ação fosse ajuizada
indevidamente contra o mero detentor seria o caso de nomeação a autoria. O novo CPC
eliminou a nomeação à autoria, trata apenas como preliminar de ilegitimidade passiva (arts
338 e 339 do CPC).

- Atos de violência ou clandestinidade antes do convalecimento (artigo 1208 do CC,


SEGUNDA PARTE): Convalescimento ou interversão vai ocorrer depois do prazo de ano e
dia ou a qualquer tempo quando cessada a causa que originou

- Posse precária: artigo 1208 do CC, PRIMEIRA PARTE): atos de permissão e tolerância,
como é o caso do empréstimo, há mera detenção nesses casos.

Nos três casos apontados o que nós temos chamamos de posse mas tem natureza de
detenção

obs. A posse PRECÁRIA NÃO CONVALESCE vai ser detenção para sempre. O que pode
acontecer é se converter em posse violenta e clandestina e então convalescer após prazo de
ano e dia.

2. Objeto da posse.

Somente os bens corpóreos, materiais, os imateriais não. Disso decorrem dois efeitos: os
bens incorpóreos não admitem interdito possessório, porque não são suscetíveis de posse.
ex. Direito intelectual sum. 228 STJ. STJ 193 – direito de uso de linha telefônica pode ser
adquirido por usucapião (exceção à regra)

Obs 1. Substituição processual é legitimação extraordinária.

Obs2. O Substituído pode ingressar como assistente litisconsorcial do substituto processual.

Obs3. Substituição processual não é sucessão processual. A sucessão processual é a


substituição de autor ou réu por um terceiro!

A representação processual é a capacidade de estar em juízo chamada de legitimatio ad


processum. É diferente da substituição que é a legitimatio ad causam.

Dica: A representação é pressuposto processual, a legitmidade é condição da ação.

Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento
jurídico.

Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente
litisconsorcial.
O composseiro pode usucapir de outro? Em regra geral não. Porque cada um exerce seus
poderes sobre o todo, assim, entre eles não cabe, somente um terceiro. O STJ abre uma
exceção Resp 10.978/RJ, PODE HAVER se um deles exercer posse com exclusividade,
alijando os demais. O CPC PREVE no artigo 73 exige a outorga do cônjuge, nas ações reais
imobiliárias, nas ações possessórias não se exige participação do cônjuge, SOMENTE SERÁ
EXIGIDO QUANDO HOUVER COMPOSSE. O 73 § 3º diz que se aplica na união estável a
regra de participação do cônjuge.

4. A função social da posse (fundamento constitucional artigo 5º XXII e XXIII)

Teoria sociológica da posse.

Substitutividade da função social da propriedade. Tanto um quanto o outro aludem a função


social da propriedade, mas nenhum deles se refere a função social da posse. O miguel reale
diz que o código não adotou de forma explícita a teoria da função social da posse, mas sim
adotou implicitamente. É a percepção da posse sobre o prisma da função social. Se dá sobre
três paradigmas.

- eticidade

- operabilidade/concretude

- socialidade – FUNÇÃO SOCIAL

Significa que se o proprietário não cumprir a função social e alguém o fizer no seu lugar,
fará jus a proteção. É um substitutivo da função social da propriedade.

O artigo 462 do CC diz que o pré contrato precisa preencher todos os requisitos do contrato
exceto a forma. Sum. 84 o promitente comprador pode entrar com embargos de terceiro,
mesmo que não registrado o contrato para defender a posse.

O artigo 1228 § 4º também é caso de função social da posse (desapropriação judicial


indireta ou desapropriação privada. O proprietário pode perder a coisa se o imóvel consistir
de extensa área, na posse ininterrupta e de boa fé no prazo de cinco anos..

é diferente de usucapião especial urbano coletivo:

Desapropriação judicial indireta cc 1.228 § Usucapião especial urbano coletivo (Est. Cid
4º e 5º 10-12

Extensa área imóvel urb. ou rural Urbano, desde que CADA UM dos imóveis
não seja superior a 250 metros

Considerável n° de pessoas População de baixa renda* em composse

Posse de boa fé Posse de boa ou má-fé

Obras e serviços relevantes considerado pelo Finalidade de moradia


juiz

Pagamento de indenização Sem contraprestação

Alegação em ação autônoma ou matéria de Alegação em ação autônoma ou matéria de


defesa defesa

PRAZO 05 ANOS PRAZO 05 ANOS

* Lei 13465/17 – alterou.

5. Classificação da Posse

5.1 Posse direta e indireta

Art. 1.197 do CC. É o chamado desdobrmaneto da posse por força de um contrato. Se dá


quando o titular da posse entrega-a a terceiro o contato físico da coisa por conta de um
contrato mas não perde a qualidade de possuidor ex. Locação, comodato, usufruto. O
indireto pode ceder seus direitos a terceiros, sendo que exerce sua posse autonomamente.
Nenhum dos dois pode usucapir o bem. Só há desdobramento através de contrato.

5.2 Posse justa e injusta.

O cc indica as hipóteses de posse injusta, assim sendo, todas as demais são justas. São casos
de posse injusta:

- violenta: (admite convalescimento) depois de ano e dia ou a qualquer tempo depois da


cessão da causa que a gerou

- clandestina: (admite convalescimento) depois de ano e dia ou a qualquer tempo depois da


cessão da causa que a gerou

- precária: não admite convalescimento, mas admite interversão: jornada 237: pode ser
convertida em posse violenta ou clandestina e aí pode convalescer.
Enquanto não convalesce tem natureza de detenção.

POSSE DE MÁ FÉ É DIFERENTE DE POSSE INJUSTA. Posse injusta é critério


objetivo nos casos do CC.

5.3 Posse de Boa fé e Posse de Má fé

CRITÉRIO SUBJETIVO.

Posse de Boa fé: o possuidor DESCONHECE O vício que a macula.

Posse de má-fé: o possuidor CONHECE o vício que a macula.

A distinção é importante para os efeitos da posse. Os critérios são distintos mas ambos
geram os efeitos.

5.4 Posse nova/velha

Critério cronológico do ano e dia. Só a posse velha admite o convalescimento.

5.5 Posse natural ou Posse civil (contratual, jurídica, constituto possessório ou cláusula
constituti).

Posse civil é a adquirida mediante um contrato, ordinariamente a posse é adquirida por


critério natural, pois é ato natural, contudo o cc permite nos artigos 1203 e 1205 a aquisição
da posse por força de um contrato. É o caso do proprietário que vende o bem, mas continua
vivendo como locatário, ou o usufruto. O critério mais importante é o processual pois o
adquirente da posse passa a ter direito a defender a posse judicialmente. Ex. Comprador de
imóvel em leilão tem direito a possessória contra quem se encontrar no imóvel adquirido,
em razão do constituto possessório.

6 Efeitos da posse:

6.1 Proteção penal da posse. É a autodefesa, autodefesa, chamada de desforço possessório.


Por se tratar de exceção como todos os desforços, deve ser interpretado restritivamente.
Artigo 1.210 § 1º do CC. Se ulltrapassar o limite do que for necessário responde civilmente.
A responsabilidade é por abuso do direito, portanto é objetiva (jornada 37) A
RESPONSABILIDADE POR ABUSO DE DIREITO É OBJETIVA.

Interditos Possessórios:

- reintegração - esbulho
- manutenção – turbação

- interdito proibitório - ameaça (temor)

Ações Possessória:

de força velha – sem liminare

de força nova- cabe a liminar desde que comprove que tinha a posse, comprove que foi
turbado ou esbulhado e que data de menos de ano e dia

Em possessória não se discute propriedade ou outros direitos reais. A ação será julgada em
favor do melhor possuidor, é irrelevante quem é o proprietário.

A sum. 487 STF perdeu o fundamento. Permitia a posse a quem tinha o domínio evidente.

CPC – HÁ A FUNGIBILIDADE ENTRE AS POSSESSÓRIAS:

A lei permite ainda a cumulabilidade entre possessória e indenização e/ou inibitória Artigo
555 NCPC.

TEM NATUREZA DÚPLICE. O réu pode na contestação pedir contra o autor: artigo 556
NCPC. “A mera improcedência do pedido do autor não é suficiente para proteção do réu.

- Havendo conflito coletivo fundiário será feita a citação das pessoas que estiverem no local,
o oficial irá uma única vez e citará quem lá estiver. Artigo 545 do CPC.

6.3. Percepção dos frutos

p. de boa-fé tem direito a todos os frutos, exceto os pendentes na data da restituição. Mas
pode ter indenização com as despesas com a produção e custeio. Os frutos naturais e
industriais quando forem separados e os civis dia a dia.

P de má-fé não tem direito aos frutos e se colheu tem de restituir ou indenizar.

6.4 Benfeitorias:

Possuidor de boa-fé: indenização e retenção pelas úteis e necessárias. Pelas voluptuárias


têm direito a levantamento, se não for possível retirar, simplesmente perde

Possuidor de má-fé: não faz jus a qualquer direito, salvo indenização sem retenção pelas
necessárias para evitar enriquecimento sem causa.
- A retenção pode ser imposta pelo possuidor contra o proprietário, com três exceções:

- locação de imóveis urbanos: benfeitorias só serão indenizadas com autorização do locador.

- comodato: não há sentido em prever indenização pelas benfeitorias úteis

- desapropriação: dec. lei 3365/41. As benfeitorias devem ser computadas no preço no valor
da indenização.

AULA 6
PROPRIEDADE

O mais amplo e ilimitado de todos os direitos.

Artigo 1228 do CC. A propriedade é a junção dos direitos de uso, gozo, livre disposição e
reivindicação somada ao título (sendo este nos móveis a tradição e o registro para os
imóveis) confere ao títular a propriedade do bem. Se ele tem os quatro poderes mas não
tem o título, ele tem o DOMÍNIO, exercido sobre a coisa. A propriedade é exercida perante a
coletividade, o domínio não, este é exercido somente perante a coisa.

Quem só tem um dos poderes sobre a coisa, tem POSSE.

4 PODERES + TÍTULO = PROPRIEDADE – ação reivindicatória

4 PODERES – TÍTULO = DOMÍNIO – ação publiciana

1 PODER (USO/GOZO) = POSSE. - ação possessória

Entre esses conceitos há independência jurídica, não há entre eles hierarquia, são situações
extintas, produzindo diferentes efeitos.

A possibilidade de desmembramento de coisa alheia gera direitos reais sobre a coisa alheia
(ex. Usufruto).

O direito real sobre coisa alheia pode se dar por três diferentes motivos:

* Gozo/Fruição: enfiteuse, superfície, servidão predial, usufruto, uso e habitação. Permite


que o usuário amealhe as utilidades da coisa. O proprietário fica com o título mas concede
parcela de seu domínio a terceiros.
* de Garantia: hipoteca, penhor, anticrese e alienação fiduciária. Serve para assegurar o
cumprimento de uma obrigação.

* de aquisição da coisa: Promessa de Compra e venda.

DIREITO REAL DE LAJE: alguns autores enxergam que o autor é uma variação do dto real
de superfície, constituindo direito real de coisa alheia. CONTUDO, A MAIORIA DA
DOUTRINA APONTA o direito de laje como direito real AUTÔNOMO.

ARTS 1510-A a 1510 -E

A laje pe construção vertical superior ou inferior que tenha autonomia de acessos e


autorização do poder público. O acesso da laje tem de ser independente do imóvel base
(imóvel sotoposto). A laje terá matrícula independente e autonoma em relação à matrícula
da propriedade, portanto a laje não é direito real na coisa alheia. O lajeário pagará impostos
autonomamente em relação ao proprietário (cada um recolhe o seu). Se houver despesas em
comum, aplicam-se as regras do condomínio edilicio, cada um contribuindo na proporção de
sua fração ideal. Um não pode embaraçar o direito do outro. Se um quiser alienar
onerosamente sua unidade, precisa dar direito de preferência ao outro (direito de
preferência recíproco), mediante notificação escrita e prazo mínimo de 30 dias. Se não
respeitar essa regra, cabe ação de adjudicação compulsória, em prazo de 180 dias,
depositando o valor tanto por tanto. Há litisconsórcio passivo necessário estabelecido entre
o titular alienante e o terceiro adquirente.

Também é possível a sobrelaje (laje sucessiva ou laje em segundo grau) para tanto há
necessidade do consentimento de todos. Se um se recusar não é possível realizar. Havendo
laje sucessiva o direito de preferência é do lajeário imediatamente superior passando
sucessivamente.

O direito real de laje permite ao lajeário criar todos os direitos reais sobre coisa alheia sobre
ela, porque é direito autônomo sobre coisa própria, merecendo matrícula própria. O direito
de laje é autônomo.

EXTENSÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE

Art. 1.229 CC
a TITULARIDADE do solo não abrange às jazidas, minas, RECURSOS MINERAIS… Art. 1230
do CC e 176 par 4º CF, estas riquezas pertencem a União, mas poderá explorar recursos
minerais para emprego imediato na construção civil, sem transformação industrial.

CONSTITUIÇÃO DA LAJE

- negócio jurídico

- ato unilateral

- usucapião

DESCOBERTA

Encontrar coisa móvel alheia perdida. Aquele que encontra algo que pertencia a terceiro faz
uma descoberta. No direito civil não se aplica o achado não é roubado. Artigo 1233 do CC.
Restitui e se não souber de quem é devolve à autoridade competente. A descoberta gera a
obrigação de restituir. Entregue à autoridade forma-se procedimento para encontrar o
titular. Serão publicados editais se não encontrado o titular, vende em hasta pública. O
artigo 1234 diz que o descubridor terá direito a recompensa, além de ressarcimento das
despesas (recompensa + perdas e danos). O direito a recompensa se chama achadego e não
será inferior a 5% sobre o valor da coisa. Renuncia de crédito é renúncia de crédito e pode
caracterizar fraude pauliana.

O REGISTRO COMO MODO DE AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE MÓVEL:

Negócio jurídico complexo, são necessários dois atos: escritura pública e o registro no
cartório de imóveis. Artigo 1245 do CC. a promessa de compra e venda só será tratada como
direito real se tiver registro. Aí a promessa é tratada como direito real de aquisição, se não
tiver registro é mero contrato preliminar. O registro gera presunção relativa, podendo
sofrer, inclusive evicção O único registro com presunção absoluta é o Registro Torrens, só
serve para imóvel rural com autorização judicial ouvido o MP e lançados editais.

FUNÇÃO SOCIAL REGISTRAL

Toda a vez que um terceiro de boa fé confia no registro, merece ser protegido. Justifica na
sumula 375 do STJ – o reconhecimento da fraude a execução se vendido depois de citado,
mas para isso é necessário que haja registro a penhora. Só há fraude se houve registro ou
se ficar provada a sua má-fé.

RETIFICAÇÃO DE REGISTRO

A possibilidade de retificação está nos artigos 212 e 213 da LRP

Retificação em cartório Retificação em vara de Retificação em vara cível


registros públicos

Procedimento administrativo Procedimento especial de Procedimento comum


não judicial jurisdição voluntária (não ordinário (Resp 323.924/SC)
contencioso)

Quando não houver interesse Quando há interesse de Quando há interesse de


de terceiro terceiros, não há ampliação terceiros e, também, há
da área do imóvel ampliação da área do imóvel.

4. O USUCAPIÃO.

A. Noções gerais: aquisição originária e natureza declaratória da ação de usucapião.

A coisa é adquirida sem vícios e gravemes pois é aquisição originária.

B. O registro do usucapião é meramente declaratório e o pedido é imprescritível, por isso


não tem prazo e o usucapiente não precisa provar que está na posse, somente que teve pelo
prazo legal. No usucapião há aquisição originária da propriedade e de outros direitos reais
suscetíveis de posse (ex. Laje e direitos de gozo na coisa alheia – servidão de passagem,
superfície etc). Súmula 193 do STJ. Se aplicam para o usucapião todas as regras referentes
a prescrição, pois se trata de prescrição aquisitiva, inclusive as causas de suspensão, não
correndo contra absolutamente incapaz

C. Requisitos (dois)

Obrigatórios – só com todos eles:


* posse qualificada = mansa, pacífica, ininterrupta e com animus domini. Não basta
propositura de ação é preciso procedência para que se reconheça que a posse deixou de ser
mansa e pacífica.

* lapso temporal – prazo previsto para adquirir. Se inter vivos (acessio possessionis) soma de
posses por ato inter vivos, se causa mortis (sucessio possessionis). A acessio possessionis
não se admite para as formas de usucapião excepcional.

* idoniedade da coisa usucapida (capacidade da coisa ser objeto de usucapião)

Facultativos: geram redução, diminuição do prazo de contagem do usucapião.

- justo título: instrumento que seria idoneo para a transferencia da propriedade se não fosse
um vicio que pesa sobre ele. Ex. Promessa de compra e venda não registrada.

- boa-fé. A res furtiva pode ser usucapida porque não é requisito obrigatório do usucapião a
boa-fé. A boa-fé é facultativo, por isso a sua presença diminui a contagem do prazo.

F. ESPÉCIES DE USUCAPIÃO:

1. extraordinário (cc 1.238)

2. ordinário (cc 1242)

3. especial urbano(CF 183):

Usucapião extraordinário (cc 1238) Requisitos obrigatórios apenas (15 anos).


Pode reduzir de 15 para dez se o usucapiente
estiver morando ou tornado a terra produtiva
(cumprindo função social)

Usucapião ordinário (cc 1242) Requisitos obrigatórios e facultativos (10


anos). Pode ter redução. 1242 p.ú se o
usucapiente estiver morando ou tiver
tornado a terra produtiva (cumprindo função
social). É preciso também que o justo título
tenha sido constituído por instrumento
público
Usucapião tabular (convalescença registral) Requisitos do usucapião ordinário em ação
de invalidade (nulidade ou anulação) de
registros públicos. Artigo 214 p. 5º LRP. É a
possibilidade de alegação de usucapião
ORDINÁRIO numa ação que se discute a
validade ou a falsidade de um registro
público. Prazo de 10 anos, podendo diminuir
pra cinco nos motivos do 1242

Usucapião especial urbano individual (CF Prazo de cinco anos; imóvel urbano não
183 e cc 1240 superior a 250 metros quadrados,
inexistência de propriedade de outro imóvel
(rural ou urbano), fixação de moradia, uma
única possibilidade.

Usucapião especial urbano coletivo Estatuto Prazo de 5 anos, imóvel urbano não superior
da cidade 10-12) a 250 metros quadrados
INDIVIDUALMENTE (composse),
inexistência de outra propriedade (rural ou
urbana), função de moradia; população de
baixa renda, uma única possibilidade. Foi
modificado pela Lei 13.465/17 (direito de
laje) cada uma das unidades não pode passar
de 250 metros. Grupo de pessoas de baixa
renda que se estabeleceu em composse
(favelas)

Usucapião conjugal ou familiar (cc Prazo de 2 anos de abandono de lar, no


casamento ou uniao estável ou homoafetiva,
imóvel urbano integrante da meação do casal
e não superior a 250 metros quadrados,
inexistência outra propriedade (rural ou
urbana) fixaçao de moradia, uma única
possibilidade. Menor prazo do Brasil,
inclusive inferior ao prazo de bens móveis. É
um usucapião da meação do outro cônjuge
ou companheiro.

Usucapião especial rural (CF 191) Prazo de 5 anos, imóvel rural não superior a
50 hectares; inexistência de outra
propriedade (rural ou urbana); fixação de
moradia ou produtividade da terra; mais de
uma possibililidade. De forma a estimular a
produção da terra, admite-se mais de uma
vez.

Usucapião como matéria de defesa Todos os diferentes tipos. A questão


registral. Súmula 237 do STF. Se o juiz
acolhe a defesa de usucapião, a sentença
improcedente de outra ação reconhecido o
usucapião não pode ser levado a registro,
necessita de ação autônoma. SALVO no
especial rural ou urbano GERA REGISTRO,
SERVINDO A SENTENÇA COM TÍTULO.

H. PROCEDIMENTO DO USUCAPIÃO

1. JUDICIAL – procedimento comum ordinário

2. CARTÓRIO – artigo 215-A

- advogados

- ata notarial

- documentos comprobatórios

Em ambos, é necessário uma fase de citações das 3 fazendas públicas, a pessoa em cujo
nome o imóvel está registrado, os confinantes, atual possuidor se houver. Além dessas
cientificações, precisam ser os demais interessados que forma a coletividade por edital. STF
391. Somente intervém o MP se houver conflito coletivo ou interesse de incapaz, portanto, o
MP só participa do procedimento judicial. No cartório, presume-se a concordância pelo
silêncio. Interesse da união ou seus entes não afasta o foro da situação do imóvel (STJ 11)
5. TUTELA JURÍDICA DA PROPRIEDADE

ação reivindicatória, de competência do foro do local do imóvel. Exige o registro para


comprovar propriedade. Não tem direito a liminar, mas tutela provisória genérica (art. 297
do CPC).

Ação reivindicatória e discriminatória.

A ação discriminatória é ação reivindicatória em favor do poder público. É em duas fases:


busca o reconhecimento da propriedade e estremar da área privada. A primeira fase é
sumaríssima e contenciosa. Depois dessa vem a segunda fase demarcatória, para divisar a
terra pública das que lhe são contíguas. De competência da vara da fazenda pública.
Reconhecida a propriedade de bem público já não cabe mais usucapião, mesmo antes da
segunda fase.

AULA 7

DIREITO MATRIMONIAL

CASAMENTO.

1. Noções Gerais

Comunhão plena de vida fundada baseada em comunhão recíproca e isonomia entre os


cônjuges (art. 1.511 CC). Esta comunhão plena de vida pode ser de pessoas de mesmo sexo..
A partir da decisão ADIN 4277 o STF entendeu que cabia união estável entre pessoas do
mesmo sexo. O STJ ampliou para o casamento Resp 1.183… Depois o CNJ emitiu normativa
permitindo casamento e união estável entre pessoas do mesmo sexo em cartório.

A plena igualdade não permite a interferência de terceiros (públicos ou privados). É


chamado de função social da família (artigo 1.513 do CC). STJ reconheceu que os deveres
conjugais do 1566 são impostos aos cônjuges e não a terceiros, não pode haver
responsabilidade civil do amante.

2. Natureza – atualmente é contratual


Até 1977 o casamento era indissolúvel porque o casamento era visto como instituição. A lei
6515/77 instituiu a possibilidade do divórcio após 05 anos de separação e só uma vez.
Nasceu a natureza híbrida, de contrato com instituição. Com a lei 11.441/07 foi permitido o
divórcio em cartório. A EC 66/10 eliminou os prazos de separação para casamento. Então
hoje o casamento tem natureza CONTRATUAL pois é mero negócio jurídico que pode ser
extinto pelas partes de acordo com a vontade dos contratantes.

3. Prova do casamento

Relevância da prova do casamento.

A prova direta e a prova indireta (supletória) do casamento. O procedimento especial de


jurisdição voluntária (ação de justificação de casamento). A posse do estado de casado.

A prova do casamento pode ser:

- Direta – certidão do registro no cartório.

- Indireta (supletória) – prova feita através de ação de competência da vara de família


chamada justificação de casamento. Procedimento de jurisdição voluntária que pode ser
julgado por equidade CPC 723, p. único. Todos os meios de prova menos as provas repelidas
pelo sistema, como as ilícitas. O juiz proferirá uma sentença, são permitidos todos os meios
de prova e a prova pode dizer respeito *A POSSE DO ESTADO DE CASADO.

* é a teoria da aparência demonstrando esses três elementos

- nome (não necessariamente porque pode não ser alterado)

- tratamento – se tratavam como e eram reconhecidas como tal.

- fama

Art 1547: in dubio pro casamento. Tem efeitos retroativos e as pessoas são consideradas
casadas desde a data que o juiz reconhecer como início do casamento. Esta ação não é
aplicável para união estável, para isso precisa de uma ação declaratória de união estável.

O casamento de brasileiros realizado no estrangeiro perante autoridade consular, o


casamento de um brasileiro com um estrangeiro no exterior se dá perante a autoridade do
país onde se encontra. Nesses casos deve registrar em 180 dias do retorno de qualquer
deles no cartório do domicílio ou na falta dele, no 1º ofício da capital em que passa a residir
(artigo 1.544 CC).
Resp 280197: o Registro no cartório quando do retorno ao país, esse registro não é condição
de existência, validade ou eficácia. O registro feito no Brasil apenas viabiliza a prova.
Atenção Dec. 24113/34 restringe o casamento do cônsul de carreira. São regras restritivas
do casamento do cônsul com visto de preservar a soberania do Brasil (LER).

4. ESPONSAIS OU PROMESSA DE CASAMENTO OU PROMESSA ESPONSALÍCIA

É o noivado. É a promessa recíproca de casar. Somente se caracterizam os esponsais quando


a obrigação de casar vier acompanhada de deveres jurídicos (p. ex. adquirir bens, entrar
com proclamas, etc). Se existem só compromisso moral ou ético não há esponsais. Os
esponsais não são instituto do direito de família, os noivos não estão vinculados de forma
conjugal (artigo 1566 deveres do casamento, 1724 deveres da união estável, noivos não
tem), não gera parentesco e não há os deveres, os esponsais podem gerar efeitos no caso da
responsabilidade civil. Pode no rompimento indevido gerar responsabilização por danos
materiais. O dano moral pode ocorrer também em casos mais extremos (abandono no altar).
Não se aplica a teoria da perda de uma chance, porque não se perde oportunidade de ganho
futuro.

5. MODALIDADES DE CASAMENTO.

O casamento civil.

No Brasil o casamento somente civil e civis são seus efeitos, CF art. 226, §§ 1º e 2º e artigo
1.512, CC. O casamento realizado exclusivamente na religião não modifica o estado civil das
pessoas, porque o direito não o reconhece como casamento. A CELEBRAÇÃO (cerimônia)
do casamento pode ser civil ou religiosa, aí qualquer religião pode ser. A CF consagra a
liberdade de crença. A celebração civil é sempre gratuita, agora a habilitação, o registro e a
primeira certidão serão gratuitas para as pessoas cuja pobreza seja comprovada. A
declaração é suficiente para comprovar a pobreza, de acordo com os arts. 98 e 99 do CPC.

Para que a cerimônia religiosa tenha efeitos civis, deve ser antecedida de um processo de
habilitação, devendo ser registrada pelos noivos no prazo de 90 dias (art. 1516 §1º). No
entanto, no Brasil, muitas pessoas colocam mais importância na cerimônia religiosa do que
no civil, sabendo disso, o legislador permite que o casamento celebrado só no religioso
possa gerar efeitos civis se houver registro posterior no cartório (art. 1516, § 2°), para
tanto, o juiz verificará a inexistência de impedimentos no período do casamento, se houver
impedimento o casamento será nulo. A eficácia nesse caso é retroativa se provada a
inexistência de impedimento matrimonial.

6. A VALIDADE DO CASAMENTO.

As hipóteses de nulidade (CC 1.548) e anulabilidade (CC 1.550). O CC em relaçao ao


casamento utiliza a mesma técnica que para o negócio jurídico: o legislador aponta os casos
de invalidade e afora esses casos parte da premissa que são válidos.

Distinção entre casamento nulo e anulável


CASAMENTO NULO CASAMENTO ANULÁVEL

Fundamenta-se em razões de ordem pública Fundamenta-se em razões de ordem privada.

Pode ser declarada de ofício, a requerimento Somente poderá ser invocada por aquele a
do MP, ou de qualquer interessado. * quem aproveite, não podendo ser
reconhecida de ofício

Não é suscetível de confirmação É suscetível de confirmação ou redução

Não convalesce pelo passar do tempo Submete-se a prazos decadenciais

Não produz efeitos Produz efeitos enquanto não anulado

Reconhecido através de ação meramente Reconhecido através de ação desconstitutiva,


declaratória sujeita a prazo decadencial

Admite conversão substancial.** Admite sanação pelas próprias partes.

- casamento nulo não gera efeitos (não emancipa)

* o casamento nulo pode ser reconhecido e declarado inclusive pelo Oficial Registrador.

** Teoricamente, pode admitir.

HIPÓTESES DE NULIDADE DE HIPÓTESES DE ANULABILIDADE DE


CASAMENTO (CC 1.548) CASAMENTO (CC 1.550)

Impedimentos matrimoniais (CC 1.521) que Defeito de Idade (falta de idade núbil)
são: exceção do CC 1.551 (16 anos c/autorização,

- ascendentes c/descendentes (mesmo por 18 livre. Menos de 16 não pode salvo


afinidade autorização judicial) ATENÇÃO se resultou
em gravidez NÃO PODE SER ANULADO
- colaterais até o 3º grau (salvo DL 3200/41
(1521)
- Já casados.
Falta de consentimento dos responsáveis. O
- condenado p/crime contra a vida do juiz pode suprir o consentimento, decorrente
falecido(a) c/ a viúva(o) da recusa dos pais (um ou dois), nesse caso,
o juiz nomeará curador especial, CPC 72

Erro essencial ou coação (vício de


consentimento) exceção art. 1.551. é a
ameaça de um mal dirigido ao declarante. O
erro é a falsa percepção, são só as hipóteses
do artigo 1557 rol taxativo (ver tabela
seguinte:

Incapacidade Relativa, artigo 4º CC.

Revogação do mandato (Exceto se


sobrevenha coabitação entre os cônjuges, a
invalidade equivale a revogação)

Incompetência da autoridade celebrante. Se


o casamento é celebrado por juiz de outra
vara, a autoridade é incompetente e o
casamento é anulável. Agora, se celebrado
por quem não é autoridade o casamento é
INEXISTENTE.

Hipóteses caracterizadoras do erro sobre a pessoa do cônjuge, tornando o casamento


anulável (CC 1557).

Erro sobre a identidade do cônjuge. Não caracteriza erro questões de índole


personalíssima, Orientação sexual, religiosa.

Ignorância de crime anterior ao casamento, tornando a vida em comum insuportável

Ignorância de defeito físico irremediável ou moléstia grave e transmissível anteriores ao


casamento. Moléstia grave e transmissível é fácil, agora com o defeito físico, com o E.
Pessoa com Def., não pode ser causador de deficiência (CC 1550, § 2°). Também tem de ser
irreversível (incapacidade coendi reversível com viagra não é irremediável)

(...)

HIPÓTESE DE ANULAÇÃO DO CASAMENTO PRAZO DECADENCIAL

Defeito de idade (inciso I) 180 DIAS

Falta de Consentimento dos pais (inciso II) 180 DIAS

Erro essencial (inciso III) 3 ANOS

Coação (inciso III) 4 ANOS – a partir da celebração do


casamento e não da data que cessar.

Incapacidade relativa por causa psíquica (inciso IV) 180 DIAS

Revogação de Mandato (inciso V) 180 DIAS

Incompetência da autoridade celebrante (inciso VI) 2 ANOS

CASAMENTO PUTATIVO:

Tanto o casamento nulo quanto o anulável podem ser putativos - artigo 1561

Aplicação da teoria da aparência respeitando a boa-fé. Se um ou ambos conj, está de boa-fé,


se nulo ou anulado gera efeitos para os de boa-fé. O casamento putativo é inválido porém
eficaz.

A eficácia é emprestada pelo juiz em razão da boa-fé subjetiva de um ou dos dois cônjuges.

Excepcionando o artigo 3º da LINDB, aqui pode ser invocado o erro de direito, diz que sabia
da proibição, do fato, mas não sabia que era proibido.

A putatividade pode ser conhecida de ofício pelo Juízo, desde que antes intime as partes
(CPC, artigo 10, princípio da não-surpresa). Reconhecida a putatividade os efeitos serão
mantidos em relação aos filhos e em relação aos cônjuges os efeitos serão mantidos para
quem estava de boa-fé, se ambos estavam de má-fé somente os filhos aproveitam os efeitos.

7. EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO


7.1. Efeitos Pessoais:

- estabelecimento de comunhão de vida

- fixação do domicílio conjugal art. 1.569 CC. Se tiverem domicílios distintos por força de lei,
ambos são considerados.

- contribuição proporcional para a manutenção do lar (assistência recíproca) – art. 1568.


Independente do Regime de Bens. A contribuição é proporcional aos ganhos de cada um,
independente de cada um.

- exercício conjunto da sociedade conjugal – artigo 1567, se houver divergência entre os


cônjuges o juiz decide. Se um deles for interditado, ausente ou preso por mais 180 a direção
da sociedade passa imediatamente para o outro cônjuge independente de decisão judicial.

- direito de acrescer do sobrenome do outro independente da declaração de vontade do


outro conjuge, podendo mantê-lo mesmo em caso de divórcio.

- imposição de deveres recíprocos – artigo 1.566 CC.

7.2. Efeitos sociais do casamento

- constituição de uma entidade familiar: é uma das formas de família.

- emancipação do cônjuge incapaz (sem retorno do status quo ante, no caso de dissolução do
casamento). Não retorna ao estado anterior em caso de divórcio, somente se o casamento
for NULO. Se for putativo, mantem-se a emancipação.

- presunção de paternidade dos filhos nascidos na constância do casamento (presunção


pater is est – CC 1597 – presunção relativa

- mudança do estado civil

- estabelecimento do parentesco por afinidade entre cada cônjuge e os parentes do outro,


também se aplica a união estável.

A presunção de paternidade é exclusiva das pessoas casadas, 1597, MAS o STJ manda
aplicar também na União estável (RESP. 23/PR.)
AULA 8

DIREITO MATRIMONIAL

UNIÃO ESTÁVEL E REGIME DE BENS.

1. União Estável.

1.1 Perspectiva histórica.

Antes da U. E. as pessoas constituiam núcleos não-casamentários, que foram chamados


nesse início de CONCUBINATO.

O concubinato designava qualquer relação amorosa fora do casamento. Cingiu-se me dois


tipos:

- Puro: pessoas desimpedidas para o casamento mas assim não o faziam

- Impuros: pessoas impedidas de casar que vivam em núcleo familiar

Antes da CF eram tratados como sociedades de fato. Com o artigo 226 da CF alterou-se a
estrutura e a qualificação do concubinato, passou-se a ter nova referência. O concubinato
puro passou a ser chamado de união estável e o impuro segue sendo chamado de
concubinato. A u.e. se tornou entidade familiar, enquanto o concubinato continua sendo
tratado como sociedade de fato (artigo 1727 do CC), assim sendo não produz efeitos típicos
da relação familiar (parentesco, presunção de paternidade etc), já a UE gera todos os efeitos
da relação familiar. Uma boa parte da doutrina brasileira (berenice), reconhece natureza
familiar ao concubinato de boa-fé (união estável putativa). É quando uma pessoa convive
com outra sem saber do impedimento da outra; esse entendimento não é aceito pelo STJ e
pelo STF. Mesmo presente boa-fé o STF nega efeito familiar ao concubinato.

1.2. Conceito de união estável e concubinato


Conceito de união estável – artigo 1723 CC

Elementos objetivos Diversidade de sexos, continuidade,


durabilidade, publicidade, inexistência de
impedimento

Elemento subjetivo Animus familiae (affectio maritallis ou


convivência more uxória)

Obs.

1. Em relação a diversidade de sexos, elemento do artigo 1723 do CC, sofreu interpretação


conforme à Constituição. O STF na ADIN 4277 realizou controle no artigo e interpretação
conforme a constituição sem redução de texto, dizendo que intepretando conforme a
constituição a união estável se dá entre pessoas humanas independente do sexo. O STJ,
nessa esteira reconheceu a possibilidade de casamento homoafetivo. O CNJ já regulamentou
a materia permitindo que se dê diretamente em cartório.

2. Em relação ao impedimento de cônjuge casado, mas separado judicialmente ou de fato,


independente do prazo, pode ser reconhecida a união estável.

3. As causas suspensivas não se aplicam à união estável, porque só cria o regime da


separação obrigatória de bens.

S. 380 STF- no concubinato há a partilha do patrimônio adquirido com esforço comum desde
que provado esse esforço.

Esta ação é de competência da vara cível.

O legislador criou uma série de situações para que o concubinato fosse extremamente
desvantajoso, é a chamada Teoria do Desestímulo. São eles

- Artigo 550, CC: proíbe a doação para concubina sob pena de nulidade. Durante o
casamento, somente o cônjuge prejudicado pode pedir a anulação, depois da morte do
cônjuge preterido, pode ser requerida pelos herdeiros. Prazo: 02 anos após o fim do
casamento (divórcio ou morte). (anulabilidade)

- Artigo 793, CC: proibido beneficiar concubino como beneficiário de seguro de vida sob
pena de nulidade.
- Artigo 1.801, CC: benefício por herança ou legado da concubina sob pena de nulidade.

Também não há benefícios previdenciários para a concubina.

1.4 Efeitos pessoais da união estável:

Artigo 1724 do CC.

-Lealdade e respeito

-Assistência recíproca

-Guarda e sustento dos filhos

Existem dois efeitos que são do casamento mas não da união estável: fidelidade e
coabitação.

A antiga s. 382 do STF, não exigia coabitação para caracterizar o concubinato. A fidelidade
está inserida no gênero lealdade e respeito. Lealdade e respeito é conceito muito mais
amplo, porque um casal pode ter uma relação aberta e isso não deixa de caracterizar a
união estável. Além destes efeitos pessoais, a união estável produz

Outros efeitos pessoais:

Acréscimo de sobrenome do companheiro LRP 56-58

Possibilidade de exercer a curatela e a Cpc 990


inventariança

Estabelecimento de parentesco por afinidade Cc 1595

Direito a subrogação locatícia Lei 8245/91

Impedimento de testemunhar CC 228

Enquadramento como herdeiro necessário Cc 1.845

o art. 1845 NÃO coloca entre os herdeiros necessários o companheiro. Contudo, o STF NO
RE 878.694 mandou aplicar as regras para casamento a UE e declarou a
inconstitucionalidade do artigo 1790, devendo ser aplicado o art. 1829.

Efeitos EXCLUSIVOS DO CASAMENTO: emancipação, alteração de estado civil, presunção


de paternidade dos filhos nascidos na constância ( este último a jurisprudência diz que
alcança).
1.5. Efeitos patrimoniais da união estável

Artigo 1725: aplicam-se as regras da união estável, salvo a existência de contrato escrito.
Este contrato pode ser público ou privado. As partes, podem inclusive, deliberar sobre
outras matérias no contrato, patrimoniais ou não, outras declarações de vontade. Até que
corra a separação de fato, aplicam-se as regras da comunhão parcial.

Outros efeitos patrimoniais decorrente da união estável:

Direito sucessório do companheiro Cc 1.790 (inconstitucional) substituído pelo


sobrevivente 1825 *

Direito à percepção dos alimentos CC 1694

Direito real de habitação (diferente do Lei 9278/96, art. 7°


direito de habitação do cônjuge)

Direito a benefícios previdenciários Lei 8231/91

Impenhorabilidade do bem de família (legal e Lei 8009/90 CC 1713


convencional)

Direito de estabelecer sociedade empresarial CC 977 (a questão do regime de bens de


comunhão universal e da separação
obrigatória

sucessão: meação nos bens comuns e herança nos particulares.

1.6 Conversão da união estável em casamento

Art. 1726. Pedido dirigido ao juiz, e após registrado em cartório. O STJ vem entendo que
somente é necessário pedido judicial quando há pedido de retroação de efeitos eficaciais.
Sem retroatividade, pode converter diretamente no cartório, apresentando os docs. do art.
1525 do CC.

Artigo 1641: O REGIME DA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS É EXCLUSIVO DO


CASAMENTO.

2. REGIME DE BENS:

2.1. Noções gerais.


Toda a relação afetiva produz efeitos econômicos, os efeitos econômicos do casamento são
chamados de Regime de Bens. As regras se dão até que o casamento seja dissolvido por
divórcio ou pela morte ou até que o casal esteja separado por mais de cinco anos (artigo
1.642). O regime se manterá durante cinco anos de separação de fato. CONTUDO para o STJ
Resp 555771/SP, a simples separação de fato cessa o regime de bens.

A vênia conjugal chamada de outorga uxória (esposa) ou outorga marital (marido), artigo
1647 do CC a exige para 3 diferentes atos, portanto, não se aplica na UNIÃO ESTÁVEL.

- Aval

- Fiança

- Alienação/oneração de bens imóveis.

É necessária vênia conjugal para vender bens que não fazem parte da meação? Sim. Porque
os frutos de bem particular são comuns.

Também a exigência de vênia conjugal em casos processuais conforme o artigo 73 do CPC

- Ação Real Imobiliária

-Ações Possessórias

O §3º manda aplicar também na união estável.

Se um cônjuge se nega a dar o aval, pode ser suprida a outorga sempre que houver abuso
do direito, através de processo de jurisdição voluntária, artigo 1648 do CC.

E se um dos cônjuges praticar o ato sem autorização do outro? Havendo a prática do ato, o
efeito é anulabilidade – artigo 1.649 CC, tem dois anos para alienar contados de dois anos
depois do fim do casamento.

S. 332 do STJ: A FIANÇA PRESTADA SEM AUTORIZAÇÃO DE UM DOS CÔNJUGES


IMPLICA INEFICÁCIA TOTAL DA GARANTIA. (em relação ao cônjuge prejudicado, somente
a meação de quem praticou o ato responde.) A garantia portanto e válida em relação ao
patrimoniais de quem prestou, para respeitar a boa-fé do credor e do cônjuge prejudicado.

No regime de bens da separação absoluta, a lei dispensa a outorga, já no regime da


participação final dos aquestos o pacto poderá dispensar a outorga.

PRINCÍPIOS NORTEADORES DO REGIME DE BENS


1. Liberdade de escolha do regime de bens.

Este princípio é uma clara incidência da própria autonomia privada. Os noivos são livres
para escolher o regime de bens que melhor lhes aprover. O regime escolhido entra em vigor
na data do casamento. Como toda a liberdade, esta também não é absoluta. Quais os limites
decorrentes da escolha do regime de bens? Essa limitação é a imposição do regime da
separação obrigatória.

Como consta no artigo 1641 do CC:

- Violação das causas suspensivas: elencadas no artigo 1.523 do CC:

Art. 1.523. Não devem casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos
herdeiros;

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou
da dissolução da sociedade conjugal; (TURBATIO SANGUINIS)

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou
curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas

- pessoa com mais de 70 anos de idade

- quem precisar de autorização judicial para casamento.

* menores de 16 anos – artigo 1520 CC

* menores entre 16 e 18 anos cujos pais não consentem e casam com suprimento judicial –
artigo 1519 CC

* casamento nuncupativo – artigo 1540 CC IN EXTREMIS VITAE

Os efeitos do regime da separação obrigatória são mitigados pela súmula 377 do STF:

“No regime da separação legal de bens comunicam-se os adquiridos na constância do


casamento”

Ou seja, os aquestos entram na comunhão. Essa regra vale para o regime da separação
obrigatória, mas não se aplica ao regime da separação convencional (total). Porque senão a
súmula violaria a autonomia privada das partes que convencionaram por casar-se dessa
forma. Na prática a separação obrigatória se torna comunhão parcial de bens..

O artigo 1641 somente se aplica no casamento, o artigo 1723 § 2º se estabelece que as


causas suspensivas não se aplicam na união estável. Contudo, a jurisprudência do STJ
entende diferente.
2. Variedade

De acordo com o princípio da variedade as partes podem escolher um dos regimes previstos
na lei, mas também outros regimes. As partes podem estipular o que lhes prover. Podendo
estabelecer regimes mistos ou até mesmo regras inexistentes. Podem escolher outros
modelos. Contudo, o p. u. do 1640 que no silêncio das partes aplicam-se as regras da
comunhão parcial como regime supletivo de vontade. Para que se eleja um regime é
necessário um contrato chamado Pacto Antenupcial, que deve ser feito por escritura
pública. A eficácia do pacto antenupcial para os menores que os pais consentem a eficácia
fica submetida a aprovação dos pais. O pacto antenupcial pode conter outra declaração de
vontade, inclusive de natureza existencial, doações recíprocas, reconhecimento de filho etc.
Nao podem constar as vedações de lei, (contrato de herança de pessoa viva).

3. Mutabilidade motivada:

O cc de 16 não permitia a alteração do regime de bens no curso do casamento. O CC atual


com vista do princípio da mutabilidade motivada permite a mudança do regime de bens na
forma do artigo 1639, § 2º:

§ 2 o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de


ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros

Requisitos:

- Pedido expresso de ambas as partes, dirigido ao juiz de família, em procedimento de


jurisdição voluntária.

- Indicação do motivo de mudança. STJ diz que o juiz não pode ser exigente e criterioso
nesse motivo, mas tem de haver motivação por requistos legais.

- Inexistência de prejuízos a terceiros.

Também deve acrescer os requisitos do artigo 734 do CPC. Só pode decidir após 30 dias dos
editais.

As pessoas que estão sob o regime da separação obrigatória de bens também podem alterar
o regime de bens. Essas pessoas podem requerer a mudança do regime de bens quando
cessada a causa. Só não será possível a mudança para o maior de 70 anos. Pessoas com
casamento celebrado sob a regra anterior podem também alterar o regime, conforme
entendimento do STJ.

AULA 9
FILIAÇÃO RECONHECIMENTO DE FILHOS E INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE

1. Filiação em visão constitucional:

Historicamente, a filiação traz uma visão biológica. O conceito era biológico e casamentário,
entre o gerado e seus geradores e entre estes por relação de casamento. A lei 883/49
proibia o reconhecimento de filhos fora do casamento. Napoleão teria dito que a sociedade
não tem interesse no reconhecimento de filhos bastardos. Hoje em dia, obviamente não é
mais assim. Mesmo a biotecnologia, altera o conceito, fertilização medicamente assistida,
por exemplo, quando há inseminação heteróloga, os pais biológicamente não são pais da
criança.

Na fertilização in vitro o médico concebe em laboratório, na inseminação, manipula somente


o sêmen com concepção no útero (in vivo). A biotecnologia revoluciona e altera o conceito
de filiação. A CF no artigo 227, § 6º igualou a condição de filhos independente da origem
(adotados são iguais aos biológicos), mais do que isso a adoção pode se dar por par
homoafetivo. A filiação não pode mais ser vista como consequência do casamento e por viés
somente biológica, em um conceito atual:

“Filiação é o vínculo de parentesco no primeiro grau, na linha reta, determinado pela


paternidade e/ou maternidade.” É o vínculo entre pessoas e aqueles que o geraram ou que o
acolheram, com base no afeto e na solidariedade.

O vínculo na linha reta que se caracteriza pela maternidade e paternidade juntas ou


separadamente, marcada pelo AFETO, SOLIDARIEDADE E IGUALDADE. Já não há mais
adjetivo para o filho (adulterino, legítimo, ilegítimo etc). Todo o filho merece a mesma
proteção

2. Critério determinante da maternidade: “mater is semper certus”

Enunciado 129 da jornada: a maternidade é presumida pela gestação e se houver


casamento, o marido presumivelmente é o pai e a simples confissão de adultério da mãe não
exclui a presunção de paternidade.

Outra questão que mitiga a presunção da maternidade é a barriga de aluguel, regulada na


Res. 2121 do CFM e exige: capacidade das pessoas envolvidas; gratuidade (contudo, há a
questão dos alimentos gravídicos Lei 11804/08 a gratuidade não afasta a possibilidade dos
alimentos gravídicos); tem de ser pessoas da mesma família, se não o forem é necessária
autorização do CFM correspondente; deve ter finalidade terapêutica (serve para quem não
pode gestar e não para quem não quer gestar). O artigo 54 LRP, diz que o filho já registrado
pela mãe afetiva, afastando a presunção da hospedeira.

Podem existir conflitos na questão do registro, neste caso se resolve através de dúvida.

3. Critérios determinantes da paternidade.

Conta com 3 diferentes critérios determinativos e o juiz em caso de litígio, determinará qual
dos 3 prevalece sem hierarquia entre eles, contudo hoje o STJ aceita também outro solução
da multiparentalidade* :

1º Presunção legal – art. 1597 (pater is est)

2º Biológico – art. 1593 (DNA)

3º Socioafetivo – art. 1593 fine (convivência).

* STF Re 898060/SC com repercussão geral. Nesse caso o STF reconheceu a pluralidade de
critérios, ou seja, a pessoa pode ter mais de um critério determinativo da paternidade
(teoria da pluripaternidade)

3.1 Critério Presuntivo: artigo 1. 597 cc

Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:


I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;

II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte,
separação judicial, nulidade e anulação do casamento;

III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;

IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de


concepção artificial homóloga;

V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do
marido.

O texto se refere ao casamento, portanto a luz do CC não se aplica à união estável, contudo
O STJ determina que a presunção se aplique também aos casos de união estável. Se a
pergunta estiver formulada com base no Código Civil é uma, se estiver baseada na
jurisprudência, é outra.

Ainda, esta presunção também se aplica em caso de fertilização medicamente assistida.

Presunção na fertilização Início 180 dias depois do Presunção sempre relativa


sexual. casamento; término 300 dias

Art. 1.597 I e II depois da dissolução do


casamento

Presunção na fertilização Aplicação na fertilização Presunção de regra, relativa,


medicamente assistida homóloga mesmo que exceto na fertilização

Art. 1.597 III, IV e V falecido o marido ou mesmo heteróloga (havendo prévia


que se trate de embrião autorização do marido).
excedentário e na heteróloga,
havendo prévia anuência do
esposo.

- Excedentário é o que sobrou de uma primeira fertilização: DEPOIS de 03 anos implanta ou


descarta. Nesse período de 03 anos esse embrião que sobrou pode ser implantado na
mulher (enuniciado 258 da jornada). Enunciados 105 e 257 da jornada estabelecem que
técnicas de reprodução assistida devem ser interpretadas restritivamente.
3.2 Critério Biológico (DNA)

A recusa em fazer o exame traz presunção relativa legal (lei 8560/92 – com redação da lei
12004/09). Como se trata de presunção o STJ confere INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. Se se
trata de negativa de filho contra pai ou ação contra a sucessão não se aplica – Súmula 301
STJ.

Quem tem direito a gratuidade da justiça, tem direito a gratuidade abrangendo o exame de
DNA, basta declarar, não precisa comprovar.

Nos estados que não custeiam o exame, o julgamento será com base na prova testemunhal.
Se chegar em grau recursal sem exame é possível converter o julgamento em diligência no
sentido de fazer com que o exame ocorra posteriormente.

3.3 Critério Socioafetivo

Posse do estado de filho. É a convivência de pai e filho estabelecido na prática da


convivência como pai e filho. É uma filiação construída e não dada (pai é quem cria), ex. O
filho de criação, adoção à brasileira. Tem a produção de todos os efeitos da paternidade,
excepcionada a pluripaternalidade, a paternidade afetiva AFASTA a paternidade biológica
(herança, alimentos, parentesco). Não há coincidência entre genitor e pai, serão pessoas
diversas na socioafetiva – parte final do artigo 1593 do CC, NÃO HÁ IMPEDIMENTO PARA
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE SÓCIOAFETIVA. É permitida direto no cartório na
forma da consolidação 68 do CNJ.

É direito do filho socioafetivo saber sua origem biológica, ancestral? Sim. Ação de
investigação de origem genética (ancestralidade), mais ainda a luz do artigo 48 do ECA. A
DECISÃO não gera efeito patrimonial ou sucessório, serve para descobrir quem é o genitor.
Nesse caso, por necessidade terapeutica vai atrás do genitor sem gerar efeitos patrimoniais
ou familiares, por assim ser, o MP NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA ENTRAR COM ESSA
AÇÃO.

AÇÃO INVESTIGATÓRIA DE PATERNIDADE AÇÃO INVESTIGATÓRIA DE ORIGEM


GENÉTICA (origem ancestral)
Fundamento: direito de família Fundamento: direito de personalidade

Vara de Família, com legitimidade do MP quando Vara de família – ilegitimidade do MP, mesmo que
se trata de incapaz se trate de incapaz

Imprescritível Imprescritível

Pretensão de alcançar o estabelecimento de um Pretensão de obter afirmação da origem genética,


vínculo paterno-filial, com todos os seus efeitos sem qualquer efeito sucessório ou familiar

- PARTO ANÔNIMO: ECA artigo 19-A. A mãe entrega o filho na vara da infância sem se
identificar. Ela não será mãe, mas será genitora, combinando o artigo 13 ao 19-a do eca nos
remete ao conhecimento que ela tem o direito ao parto anônimo mas o filho no futuro tem
direito à investigação genética.

- PATERNIDADE ALIMENTAR: um genitor pode ser acionado para pagar alimentos a seu
filho biológico se os ascendentes e parentes afetivos não tiverem condições de arcar com
alimentos. No entanto, essa tese não gera obrigação para fins sucessórios, somente fins
alimentares.

4. Reconhecimento voluntário de filhos.

Ato unilateral (ato jurídico em sentido estrito: irrevogável e irretratável, porém anulável.
Natureza de CONFISSÃO.

Os pais podem em conjunto ou separadamente reconhecer a paternidade/maternidade em


cartório. É ato jurídico em sentido estrito obedece ao artigo 185 do CC (irrevogável e
irretratável nas mesmas hipóteses do negócio jurídico). O relativamente incapaz pode fazê-
lo independente de assistência, o absolutamente incapaz somente com autorização judicial.

O artigo 1609 do CC diz das várias formas de reconhecer.

Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito:

I - no registro do nascimento;

II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;

III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;

IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato
que o contém.

Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar
descendentes.
Há pluraridade de formas de reconhecer a paternidade e a maternidade. Esse artigo
terminou revogando as formas de reconhecimento da lei 8560/92. Essa lei originalmente
impossibilitava o reconhecimento de filhos na ata do casamento, porque esse filho já seria
reconhecido como ilegítimo. O Novo CC não repetiu a proibição entendendo o professor ser
caso de revogação tácita. É possível o reconhecimento de nascituro até o reconhecimento
funerário, póstumo. Para impedir que a pessoa se valha da própria torpeza, o reconhecente
deve abrir mão da herança.

O artigo 1614 CC aponta que o reconhecimento de filho é ato BILATERAL, se maior precisa
do consentimento do reconhecido, se menor, ele pode impugnar esse reconhecimento
emprazo decadencial de quatro anos. Não é ação negatória:

Ação negatória de paternidade/maternidade Ação de impugnação de reconhecimento de


(eca 27) filho (cc 1614)

Exige indicação de motivo Dispensa indicação de motivo (não anuência


ao reconhecimento espontâneo)

Vara de família, com legitimidade do MP Vara de família – ilegitimidade do MP, mesmo


quando se tratar de incapaz que se trate de incapaz

Imprescritível Prazo decadencial de 4 anos, contados da


aquisição plena da capacidade

Pretensão de atacar relação paterno-filial Pretensão de atacar o registro de nascimento

- Impugnação de reconhecimento de filho: DNA é irrelevante, só diz que se fosse capaz não
teria consentido na forma do artigo 1614, discute apenas o registro

- Ação negatória: pretende desconstituir a relação de filiação.

5. AVERIGUAÇÃO OFICIOSA – ARTIGO 2º DA LEI 8560/92

Art. 2° Em registro de nascimento de menor apenas com a maternidade estabelecida, o oficial remeterá ao juiz
certidão integral do registro e o nome e prenome, profissão, identidade e residência do suposto pai, a fim de ser
averiguada oficiosamente a procedência da alegação.

§ 1° O juiz, sempre que possível, ouvirá a mãe sobre a paternidade alegada e mandará, em qualquer caso,
notificar o suposto pai, independente de seu estado civil, para que se manifeste sobre a paternidade que lhe é
atribuída.
§ 2° O juiz, quando entender necessário, determinará que a diligência seja realizada em segredo de justiça.

§ 3° No caso do suposto pai confirmar expressamente a paternidade, será lavrado termo de reconhecimento e
remetida certidão ao oficial do registro, para a devida averbação.

§ 4° Se o suposto pai não atender no prazo de trinta dias, a notificação judicial, ou negar a alegada paternidade, o
juiz remeterá os autos ao representante do Ministério Público para que intente, havendo elementos suficientes, a
ação de investigação de paternidade.

§ 5° A iniciativa conferida ao Ministério não impede a quem tenha legítimo interesse de intentar investigação,
visando a obter o pretendido reconhecimento da paternidade.

§ 5o Nas hipóteses previstas no § 4 o deste artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de investigação de

paternidade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a

paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção. (Redação dada pela Lei nº 12,010, de
2009) Vigência

§ 6o A iniciativa conferida ao Ministério Público não impede a quem tenha legítimo interesse de
intentar investigação, visando a obter o pretendido reconhecimento da
paternidade. (Incluído pela Lei nº 12,010, de 2009) Vigência

Art. 2o-A. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos,

serão hábeis para provar a verdade dos fatos. (Incluído pela Lei nº 12.004, de 2009).

Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a presunção da
paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório.

Tem natureza administrativa, não judicial, iniciado pelo oficial do cartório, ele é obrigado a
tirar segunda via do registro, colhe da mãe os dados do pretenso pai e remete para o juízo.
Se a mãe se negar manda para o Juízo sem os dados que designará curador especial. Nesse
caso o juiz marca audiência para ouvir o suposto pai. Se o suposto pai não comparece ou se
recusa a reconhecer, o Juízo manda para o mp que ajuizará ou não investigação de
paternidade. Se o mp não ajuizar precisa arquivar motivadamente e encaminha ao Conselho
Superior do MP (Princípio da obrigatoriedade mitigada). Mesmo sem o procedimento acima
o MP está legitimado.

6. Reconhecimento judicial ou reconhecimento forçado

Ação de investigação de parentalidade. Procedimento especial do novo CPC – 693 a 699. Na


verdade todo mundo chama de investigação de paternidade, mas técnicamente é
investigação de paternalidade, porque a investigação de paternidade é apenas um espécie
do gênero, pois podem investigar pai, mãe, irmãos, avós etc.

É possível a investigação avoenga, mas só é possível depois da morte do pai, segundo o STJ.
Resp 876434/RS.

Admite-se a cumulação com outros pedidos (alimentos, indenização por dano moral, petição
de herança etc.) . O STJ diz que não precisa cumular com anulação de registro que é efeito
natural da ação. O juiz arbitrará alimentos mesmo não pedidos pelo autor, quando julgar
procedentes o pedido.

Art. 7° Sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a paternidade, nela se


fixarão os alimentos provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite.

Sum. 149 STF:

É IMPRESCRITÍVEL A ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de


herança. O prazo só começa a correr com a partilha, exceto quando estiver cumulada com
investigação de paternidade post mortem, nesse caso começa a correr com o trânsito em
julgado da investigação de paternidade.

Se a investigação estiver cumulada com alimentos será o domicílio do AUTOR. Em caso


contrário será o domicílio do réu. O juiz não pode conhecer de ofício incompetência
absoluta, mas o MP como custus pode arguir.

Fase da mediação obrigatória: 694 a 696 do CPC. A ausência injustificada de uma das partes
gera multa revertida para o estado. Nessas audiência será tentado um acordo, um ajuste, se
houverem várias sessões mas tiverem pedidos de urgência, nesse caso pode o juiz decidir
antes . Afastam-se os efeitos da revelia nesse caso e o réu será intimado para contestar,
responder e este réu pode ser rével sem efeitos. Depois vem a fase de produção de prova, na
qual geralmente vem o exame de DNA, após vem a sentença, sendo fixados alimentos
mesmo que não requeridos pelas partes, se delas necessitem. Os alimentos retroagem até a
data da citação Sum. STJ 277.

Nas ações filiatórias a coisa julgada será relativizada (secundum eventum probationis) só
transita em julgado a prova produzida. É coisa julgada material com a cláusula secundum
eventum probationis, sendo possível repropor a ação com outro meio de prova.
AULA 10
DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO

1. Histórico da dissolução do casamento

A indissolubilidade: em um primeiro momento, o casamento era indissolúvel, até a emenda


constitucional 9/77 que criou a lei do divórcio, em caráter EXCEPCIONAL. Só poderia se dar
após 05 anos de desquite e só poderia se divorciar uma vez.

Depois com a CF/88, art. 226 § 6º da CF, criou-se o divórcio com o prazo de separação, por
fim vem a ec 66/10 que trata o divórcio como direito potestativo, sem causa e sem prazo. O
casamento pode ser dissolvido pelo divórcio independente de causa ou prazo.

Há dúvida se a emenda 66 colocou fim à separação. Prevaleceu o entendimento que a


emenda não colocou fim à separação. Eliminou os prazos e a causa do divórcio, mas não
retirou do sistema a separação.

2. Formas dissolutivas do casamento

No Brasil adota-se o sistema dual ou binário de formas de casamento.

Causas

- Terminativas: colocam fim à sociedade conjugal, regime de bens e deveres conjugais, mas
o vínculo não necessariamente se extingue. Artigo 1571 apresenta as causas terminativas,
aqui o casamento termina, mas não necessariamente acaba. Dessas somente a morte e o
divórcio dissolvem o vínculo conjugal. A morte e o divórcio (I e IV)

Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:


I - pela morte de um dos cônjuges; + declaração de ausência (§ 1º)
II - pela nulidade ou anulação do casamento;
III - pela separação judicial;
IV - pelo divórcio.

§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio,


aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.
§ 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter
o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação
judicial.

Dissolutivas: as dissolutivas são a morte e o divórcio. A nulidade ou anulação o casamento


não é dissolvido é DESCONSTITUÍDO, por que o casamento anterior não foi dissolvido.

Assim sendo, a morte e o divórcio são terminativas e desconstitutivas, a anulação e nulidade


são terminativas e desconstitutivas e a separação é a ÚNICA causa terminativa PURA,
porque nesse caso o vínculo se mantém.

O parágrafo 1º do 1571 diz que a declaração de ausente diz que dissolve o casamento, aqui
se aplicam as regras da morte à ausência.

O procedimento de declaração de ausência é um procedimento trifásico, contudo o


legislador não aponta em quais dessas fases se tem por dissolvido o matrimônio:

1. Declaração de ausência

2. Sucessão provisória

3. Sucessão definitiva – pela leitura do artigo 6º do CC, deixa a entender que é neste
momento que se considera a dissolução do casamento.

Nos casos de declaração de morte sem ausência, quando declarada pelo Juízo se dá a
dissolução do casamento.

Em todos os casos, o retorno do ausente o casamento continua dissolvido.

A separação se mantém pelo artigo 693 do CPC, sendo a única causa meramente
terminativa e o divórcio e a morte são causas dissolutivas. Com a morte e o divórcio a
pessoa pode se casar de novo, o separado não. Enquanto separada, se sobrevier a morte, o
outro segue para o estado civil de viúvo.

A súmula 197 do STJ determina que é possível se divorciar ou se separar sem partilhar os
bens. Se casar novamente sem partilha fica no regime da separação obrigatória de bens (se
existirem filhos do falecido).

3. SEPARAÇÃO DE FATO E EFEITOS LEGAIS E JURISPRUDENCIAIS

O CC não lista a separação de fato como causa de término ou causa dissolutiva do


casamento, entretanto, há entendimento jurisprudencial e doutrinário da importância da
separação de fato. Com a separação de fato, cessa a base afetiva do casamento, justificando
certas providências. Não é causa terminativa não é causa dissolutiva, mas gera certos
efeitos, de acordo com a jurisprudência. São eles:

1º Possibilidade de constituir união estável. A pessoa casada não pode viver em união
estável, mas separada de fato pode estar em união estável, independentemente do prazo.

2º Cessão do Regime de bens: Para o STJ, a separação de fato faz cessar o regime de bens,
para obstar a ocorrência do enriquecimento sem causa, a propósito do tema, não se
comunicam os bens que sobrevierem, mas os bens que já existiam, se houver subrogação, o
outro cônjuge se subroga nos valores existentes antes da separação de fato. O artigo 1642,
V, diz que qualquer dos cônjuges pode reivindicar os bens comuns: Art. 1.642. Qualquer que
seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:
I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as limitações
estabelecida no inciso I do art. 1.647;

II - administrar os bens próprios;

III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento
judicial;

IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração
do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;

V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado
que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos;

3º Perda do direito sucessório: O artigo 1830 do CC aponta:

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam
separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara
impossível sem culpa do sobrevivente.

Tem de estar separado a mais de dois anos, contudo, o STJ entende que cessa o direito a
herança independente de prazo, assim, dá a entender que a jurisprudência também
caminhará nesse sentido.

4º Sub-rogação locatícia.: se um dos cônjuges vier a cessar a convivência com outro, aquele
que ficou se sub-roga no contrato. Artigo 12 da l. de locações

5º Prazo para usucapião conjugal. Se um abandona, o outro pode usucapir a meação do


abandonante. A separação de fato é o termo inicial para a contagem do prazo.

O STJ compara à separação de corpos. Há possibilidade de mandado de distanciamento, Lei


Maria da Penha e artigo 12 do CC, apresenta a possibilidade fora da violência doméstica.

4 Separação judicial litigiosa:


é aquela que se baseia em uma controvérsia, conflito de interesses. No brasil só há
possibilidade de separação litigiosa nos casos previstos em lei. Só haverá então nos casos do
artigo 1572 do CC:

- Separação sanção: - 1572 caput existe na hipótese de IMPUTAÇÃO DE CULPA, um cônjuge


culpa o outro pela dissolução da relação. Neste caso específico teremos a culpa como fator
de dissolução do casamento. O artigo 1573 enuncia os casos de culpa. Curiosamente, o rol é
EXEMPLIFICATIVO e não taxativo, ou seja, o juiz pode reconhecer outras causas da culpa
da relação. Ademais, os efeitos do reconhecimento da culpa são: responsabilização civil do
culpado e mutação da natureza dos alimentos (1704, p. único).

- Separação Falência: 1572 § 1º; baseia-se na falência afetiva, a cessão da convivência,


ruptura da conjugalidade por pelo menos um ano.

- Separação Remédio: (§ 2º) doença mental grave de cura improvável ou impossível


manifestada a pelo menos dois anos depois do casamento.

Decretada a separação, o casamento pode ser retomado por simples pedido das partes ao
Juiz. Só quem pode se separar quem se casou civilmente.

Efeitos:

a) Possibilidade de caracterizar a união estável. Os impedimentos do artigo 1521 incidem


sobre a união estável, com exceção das separadas. (artigo 1521, § 1º CC).

B) STJ REsp. 555.771/SP, a simples separação de fato faz cessar regime de bens, para obstar
o enriquecimento sem causa, ao que pese a regra do artigo 1.642 do CC.

C) Cessa o direito de herança.

5. Separação consensual, pode ser em juízo ou em cartório.

A separação pode ser litigiosa ou consensual. A consensual pode ser judicial ou


administrativa (em cartório).

A litigiosa se submete a procedimento especial das ações de família (693 a 699 do CPC) com
audiência de mediação obrigatória. A pessoa só pode se separar consensualmente pois esta
exige o prazo de, pelo menos, um ano. Se for judicial, terá procedimento de jurisdição
voluntária. Este procedimento está no 731 a 733. Já a separação consensual administrativa
em cartório terá procedimento administrativo. A separação consensual em juízo ou em
cartório precisa de consenso das partes quanto a guarda e visita dos filhos menores,
alimentos para os filhos menores, alimentos entre si e eventualmente a partilha dos bens.
Sum, 197 do STJ diz que pode dissolver o casamento ou terminar a relação, mantendo os
bens em condomínio. * o nome é direito da personalidade, e assim sendo, quem alterou é
que pode deliberar se vai ou não mantê-lo. O juiz pode recusar o acordo das partes, se
homologado, STF 305 se homologado é irretratável. Em cartório o tabelião só pode se
recusar a lavrar a escritura se não estiverem presentes todos os requisitos previstos em lei.
Curiosamente, se tratando de jurisdição voluntária, o juiz pode julgar por equidade, artigo
723 do CPC.

6. O divórcio e seu requisito constitucional..

Efeitos jurídicos decorrentes a EC 66/10


Eliminação dos prazos para divórcio (superação da distinção do divórcio direto e indireto)
Impossibilidade discussão sobre causa do divórcio (afastamento da discussão sobre culpa)
Abolição do instituto da separação do sistema jurídico brasileiro (ruptura do sistema
dualista)?
A posição predominante na jurisprudência e o novo CPC

7. Espécies de divórcio.

O divórcio pode ter duas feições, litigioso ou consensual.

O divórcio litigioso sempre será judicial. O consensual pode ser em cartório ou em juízo. Se
o divórcio é litigioso procedimento especial (CPC 693 a 699). Se consensual judicial
procedimento de jurisdição voluntária (CPC 731-733), no cartório procedimento
administrativo.

7.1 Divórcio litigioso.

Não se discute mais prazo ou causa do divórcio, neste caso se pode controverter são
somente os efeitos do divórcio:

- Partilha dos bens

- Guarda dos filhos

- Visitação dos filhos


- Alimentos

No divórcio não precisa provar nada a não ser os efeitos. O pedido de divórcio é em si
potestativo. O MP intervirá se houver interesse de incapaz. Havendo indícios de abuso ou
alienação parental o juiz será assistido por equipe multidisciplinar: artigo 699 do CPC. Se
não houver acordo na audiência de mediação, o procedimento é ordinário.

7.2 Divórcio consensual em juízo.

É procedimento de jurisdição voluntária que o juiz pode decidir por equidade. Havendo
interesse de incapaz, haverá participação do mp. Para isso o 731 exige alguns elementos. Art.

731. A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os requisitos legais, poderá ser
requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constarão:

I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns;

II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges;

III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e

IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos.

Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois de homologado o

divórcio, na forma estabelecida nos arts. 647 a 658 .

7.1 Divórcio amigável ou administrativo.

É facultativo, não obrigatório o que gera a possibilidade de escolha da via, de acordo com seu
interesse. Se submete a uma condição no artigo 733 CPC. Se não houver interesse de incapaz
ou de nascituro. Já há possibilidade de divórcio extrajudicial com filhos se os interesses dos
filhos já foram decididos em ação judicial própria. (PESQUISAR). Não precisa de intervenção
do MP OU HOMOLOGAÇÃO, a escritura é título executivo extrajudicial. O artigo 1707 do CC
diz que não podem ser renunciados alimentos, mas o STJ entende que os alimentos não
admitem renúncia pelos incapazes. É justificável a presença de advogado na escritura para
proteção das partes. As partes podem se fazer presentes por procurador, com poderes
especiais, em escritura pública. O tabelionato é de livre escolha das partes. As regras postas
servem também para dissolução de união estável em cartório.

Escrituras públicas emanadas de outortos países, precisam passar pelo exequatur do STJ,
contudo, dispensa-se quando se trata de decisão meramente homologatória de divórcio. A
homologação do divórcio depende das regrras do artigo 731 do cpc.
8. Características das ações de separação e de divórcio.

i) ação personalíssima e possibilidade de representação processual (curador, ascendente ou


irmão) e descabimento da intervenção de terceiros;

Se um dos cônjuges é incapaz, aí será defendido por curador, ascendente ou irmão, artigo
1582 CC. não viola a natureza personalíssima.

ii) Possibilidade de dispensa de prévia partilha;

Artigo 15814 do CC, SUM. 197 STJ (cabe à separação), mesmo no extrajudicial não é
necessário partilhar. Não realizada a partilha, se recasar, casará no regime da separação
obrigatória (causa suspensiva)

iii) A questão da revelia:

O único efeito que ocorre é a desnecessidade de intimação do revel para os atos processuais
subsequentes.

iv) obrigatoriedade de intervenção do MP quando houver interesse de incapaz.

Somente atuara quando houver interesse de incapaz, se o MP só atua assim, concluímos que
não haverá intervenção do MP na escritura em cartório.

v) competência judicial para processar a ação de separação e divórcio: artigo 53 do CPC; é


competente foro do domicilio do guardião do incapaz; se não houver, o último domicílio do
casal, se não esse, domicílio do réu, regra geral de competência. São regras de competência
relativa, portanto, não pode ser conhecida de ofício pelo Juízo.

vi) Guarda compartilhada

de acordo com 1583 e 1584, A REGRA É A GUARDA COMPARTILHADA. Só não é quando


não for interesse do casal ou não for do melhor interesse do incapaz. O STJ entende que
não cabe guarda compartilhada se o casal reside em locais diversos.

Vii) possibilidade de desconsideração inversa da pessoa jurídica quando um deles atuou com
abuso da personalidade. Deve ser provado o abuso na forma do artigo 50 do CC.

viii) divisão dos frutos da coisa comum:

Tem direito os conjuges direito a partir da partilha, no caso de um deles ficar no imóvel
comum do casal.
O STJ também entende possível de FGTS. Quanto a partilha de cotas sociais, cabe a divisão
apenas do dinheiro, não podendo haver partilha das cotas, em respeito à afectio societatis,
dos demais sócios.

AULA 11

SUCESSÃO:

PARTE 1

PARTE GERAL:

1. Droit de saisine (artigo 1784 CC) é a regra da transmissão automática. A morte, equivle a
expressão “abertura da sucessão” gerando transmissão automática de saisine: todas as
relações patrimoniais titularizadas pelo falecido são transmitidas automaticamente a seus
herdeiros, formando assim a herança. A herança é bem imóvel, indivisível e universal (artigo
80 do CC) OU SEJA, é uma UNIVERSALIDADE DE DIREITO. Compõe débitos e créditos,
ativos e passivos. Quem representa a herança é o espólio, ente despersonalizado que
representa a herança em juízo e fora dele. O espólio é a representação da herança. E quem
representa o espólio é o inventariante. Antes da nomeação do inventariante, quem
representa é o administrador provisório. A herança é o conjunto de bens patrimoniais,
assim, se houver ação de cunho pessoal não patrimonial, a legitimidade para as ações de
natureza personalíssima é os herdeiros e não o espólio. Eventualmente o CPC permite que o
inventariante seja dativo ou judicial. Se houver alto grau de beligerância, o juízo nomeia
inventariante dativo ou judicial.

Quando se tratar de inventariante dativo ou judicial, além da intimação do inventariante,


serão citados todos os herdeiros.

A herança é um conjunto de relações patrimoniais, portanto O ESPÓLIO SÓ É


REPRESENTADO E TEM LEGITIMIDADE PASSIVA NOS CASOS PATRIMONIAIS, nos casos
de direitos personalíssimos (reconhecimento de filho póstumo etc), os legitimados são os
HERDEIROS.
Efeitos jurídicos decorrentes de saisine CC 1.784
EFEITO PRINCIPAL: EFEITOS ANEXOS (acessórios):
Transmissão automática das relações Fixação da norma jurídica acessória- serve para
patrimoniais ativas e passivas (menos para fixar a regra que vai disciplinar a sucessão: é aquela
os legatários, que recebem com a partilha e que está em vigor na abertura da sucessão. Se for
a fazenda pública que só recebe mediante fazer inventário de pessoa falecida em 2001,
procedimento de herança jacente e vacante*) MESMO SENDO FEITO HOJE, é disciplinado
pelo código de 1916. SUM. 112 STF – Alíquota do
itcd é aquela em vigor na data da abertura da
sucessão.
Averiguação da capacidade sucessória**
Fixação do lugar da sucessão

* Procedimento especial:

Primeira sentença: declara a jacência, ou seja a inexistência de herdeiros

Segunda sentença: sentença de vacância – são transmitidos à fazenda pública e se tornam


bens públicos e a partir dai não podem mais ser usucapidos.

Somente com a partilha dissolve-se o condomínio que se dá por força legal.

** Capacidade sucessória é diferente de capacidade testamentária

C. sucessória – capacidade para suceder, ser herdeiro ou legatário. Se dá no momento da


sucessão (morte).

C. testamentária – capacidade para lavrar testamento. Se dá no momento da elaboração do


testamento, sendo irrelevantes modificações ulteriores.

2. A capacidade sucessória (art. 1799 do CC)

a CAPACIDADE sucessória nada tem a ver com a capacidade jurídica. C. Sucessória é a


aptidão para ser herdeiro ou legatário. Art. 1798 – PESSOAS concebidas ou nascidas.
Dentre as concebidas estão os embriões laboratóriais? En. 267 da jornada : Sim os embriões
estão entre os aptos a receber. O artigo 5 da Lei 11105/05 – o embrião fica guardado pelo
prazo de 03 anos, implantado, passa a ter o prazo de 10 anos para peticionar herança.
Nesse caso o prazo começa a correr a partir dos 18 anos porque prescrição não corre contra
incapaz.

CAPACIDADE SUCESSÓRIA – art. 1798-9 CC


As pessoas nascidas ou concebidas – tanto legítima quanto testamentária
A prole eventual – somente sucessão testamentária (prole eventual de pessoas vivas
indicadas pelo testador 1799,I) tem prazo de 2 anos 1800 p. 4° (são dois anos para
conceber e não para nascer) este filho eventual pode ser tanto biológico como adotivo, a
não ser que o testamento diga que o filho é eventual
As pessoas jurídicas – somente testamentária
As pessoas jurídicas a serem constituídas com a herança transmitida (fundações) -
somente testamentária.

*INCAPACIDADE SUCESSÓRIA (CC 1801-2) – causa de nulidade, o testamento é nulo


quanto as pessoas incapazes de suceder
A pessoa que escreveu a rogo testamento – testamento de cego ou surdo mudo.
As testemunhas testamentárias
Tabelião (ou quem fizer as suas vezes) que lavrou o testamento
Ao concubino da pessoa casada – se uma pessoa malgrado ainda casada, estiver separada
de fato, poderá estar em união estável, portanto essa incapacidade não se aplica se houver
separação de fato independentemente de prazo. Artigo 1723, § 1º.

*Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a
forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa.

Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não
legitimado a suceder.

Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador.

Lugar da sucessão.

O lugar do último domicílio do falecido. Se tinha mais de um, qualquer deles por prevenção.
Se não tinha, o lugar onde estão os imóveis, se mais de um, qualquer deles por prevenção,
se não tiver imóveis, lugar onde estiverem os móveis.
Fixa a competência para processar e julgar o inventário. O artigo 48 do CPC determina que
o foro competente do inventário é o último domicílio do falecido. Mantém a harmonia com o
artigo 1845. inventariante dativo ou judicial.

A regra é de incompetência relativa, portanto, não pode ser conhecida de ofício, já o MP


MESMO COMO CUSTUS, pode suscitá-las.

Há também a regra de competência absoluta da justiça brasileira, para bens imóveis


situados no Brasil. Artigo 23 do CPC. E só o juiz brasileiro pode julgar o inventário dos bens
situados no Brasil.
O artigo 5º XXX da CF e 10 DA LINDB consagram a regra da lei sucessória mais favorável
para herdeiros brasileiros.

A transmissão da relação alimentícia tem regra própria, por força do artigo 1700 CC:

Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de

modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Segundo o STJ, transmite-se a obrigação VENCIDA E NÃO PAGA e não a vincenda,


porque a obrigação se extingue com a morte.

Com base no CC a resposta é lacônica, transmite-se, agora, de acordo com o STJ,


transmite-se a vencida e não paga.

3. A INDIGNIDADE E A DESERDAÇÃO:

São sanções civis, punições ao herdeiro que se portou mal em relação ao autor da herança.
Tem natureza punitiva e dependem de decisão judicial, e a interpretação deve ser taxativa
( princípio da reserva legal) só pode ser punido nos casos previstos em lei. Por terem
natureza punitiva, aplica-se o princípio da intranscendência da pena, ou seja, o indigno ou
deserdado será tratado como pré-morto, herdando seus sucessores por representação ou
estirpe (indignidade, deserdação, pré-morte.)

Como ficam os negócios com terceiros de boa-fé antes da deserdação? Artigo 1817:

Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de
administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros
subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos.

O negócio fica preservado, mas o indigno/deserdado deverá ressarcir o espólio. Como ficam
os negócios com terceiros de boa-fé antes da deserdação?

A purgação da indignidade se dá com perdão por escrito que é irrevogável. Pode ser por
instrumento púbico ou particular e é irrevogável e irretratável. Há discussão se precisa
confirmação judicial. Conclui-se que o direito brasileiro NÃO EXIGE a confirmação judicial,
como bem afirma o artigo 1818 do CC.
TABELA INDIGNIDADE X DESERDAÇÃO:

INDIGNIDADE DESERDAÇÃO
Qualquer sucessor (herdeiro ou legatário) Herdeiros necessários (CC 1.845)**
Motivo correspondente a um ato praticado Motivo correspondente a um ato praticado
antes ou depois da abertura da sucessão necessariamente antes da abertura da
sucessão
Provocação por qualquer interessado e do Provocação EXCLUSIVA do autor da herança
MP SOMENTE NA HIPÓTESE DE
HOMICÍDIO
Ação de Indignidade (procedimento comum Ato praticado em um testamento pelo
ordinário) Prazo decadencial de quatro anos próprio titular do patrimônio
Procedência da ação Homologação do testamento
Hipóteses CC 1.814 Hipóteses CC 1.814+1961/1963

CAUSAS DE INDIGNIDADE X DESERDAÇÃO

INDIGNIDADE DESERDAÇÃO
Homicídio doloso, tentado ou consumado Homicídio doloso, tentado ou consumado
contra o autor da herança, seu contra o autor da herança, seu
cônjuge/companheiro, ascendente ou cônjuge/companheiro, ascendente ou
descendente descendente
Crime contra a honra e/ou denunciação Crime contra a honra contra o autor da
caluniosa contra o autor da herança seu herança seu cônjuge/companheiro,
cônjuge/companheiro ascendente ou descendente
Ato que impeça a manifestação de vontade Ato que impeça a manifestação de vontade
do autor da herança produzir efeitos do autor da herança produzir efeitos
Ofensas físicas Essas quatro
Injúrias graves hipóteses somente se
Relações Ilícitas aplicam aos herdeiros
Abandono Material não sendo aplicáveis
aos cônjuges e
companheiros por
força do artigo

* Nos tipos penais, é necessária a prévia condenação criminal? Por conta da regra
da autonomia das instâncias do artigo 935 do Código Civil, podendo a prova ser
produzida no juízo cível. PARA O CASO ESPECÍFICO DE CRIME CONTRA A HONRA
É NECESSÁRIO O JULGAMENTO PENAL PQ O CÓDIGO DIZ QUE É CRIME CONTRA
A HONRA E SÓ O JUIZ CRIMINAL PODE RECONHECER CRIME.
O rol aqui é taxativo, contudo, o STJ admite interpretação dos tipos para que se admita
outra hipótese que tem a mesma finalidade. O STJ também entende que não serve para
cassação de pensão previdenciária.

** O STF no Re 87894/mg determinou que se inclua aqui o companheiro. Assim


descendentes, ascendentes e cônjuge são herdeiros necessários por força de Lei e o
companheiro o é em razão da decisão vinculante do STF.

4. CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS E SUA DISCIPLINA LEGAL.

O titular pode ceder seus direitos hereditários, sendo patrimonial pode circular em riquezas.
Pode ceder no todo ou em parte, a título gratuito ou oneroso. Se a cessão de herança for a
título gratuito, se aproxima da doação, se oneroso, se aproxima da compra e venda. Para a
cessão de direitos hereditários, o código dá alguns requisitos.

REQUISITOS PARA CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS


Requisito temporal Lapso temporal compreendido entre a
abertura da sucessão e a partilha.
Requisito formal – artigo 1793 – escritura Escritura pública ou termo judicial
pública. Mesmo que não ultrapasse 30
salários mínimos.
Requisito Subjetivo CAPACIDADE do cedente e outorga do
cônjuge, se casado – incapaz só pode fazer
com autorização judicial.
Requisito Objetivo Incidência sobre frações ideais (cotas-partes)
– A herança é indivisível e universal,
portanto, o herdeiro somente pode ceder
frações ideias, não há de bem específico,
SALVO a cessão de direitos hereditários de
bens específicos se TODOS os interessados
consentirem e se houver autorização judicial.

A cessão de direitos hereditários pode ser até da integralidade. Se o herdeiro ceder


todos sobrevindo algum bem, presumem-se não compreendidos na cessão. Não se pode
presumir que o herdeiro cedeu direito que ele não sabia que tinha. Os dtos patrimoniais
ulteriores à prática da cessão presumem-se não abrangidos.

O direito de preferência: artigo 1794 do CC. Deve ser respeitado o direito de preferência do
coerdeiro. É válida exclusivamente para a CESSÃO ONEROSA. A gratuita, como é livre não
tem direito de preferência (chamado também de prelação ou preempção).
O legislador estabeleceu o direito de preferência, mas não disse como. Vamos utilizar por
analogia o artigo 27 da Lei 8245/91, ou seja, notificação escrita com prazo de 30 dias,
judicial ou extrajudicial, sendo que o STJ, aceita inclusive notificação por e-mail. Se vender a
terceiro sem notificar os demais coerdeiros, o ato de venda a terceiro sem respeito à
prelação legal, gera ineficácia do negócio em relação ao herdeiro prejudicado. Em razão da
ineficácia o negócio não precisa ser desconstituído. O herdeiro só precisa depositar o valor
no prazo decadencial de 180 dias em juízo, em chamada ação de preferência ou ação de
adjudicação compulsória e deposita tanto por tanto. O depósito é condição adjudicatória.
Nessa ação há litisconsórcio passivo necessário entre o coerdeiro alienante e o cessionário.
Para que o coerdeiro prejudicado ele não foi notificado, portanto, comprador, não está de
boa-fé. Se mais de um coerdeiro quiser exercer a preferência, o quinhão será cedido
proporcionalmente. NÃO SE APLICA AQUI O ARTIGO 504 DO CC – de quem tenha o maior
quinhão ou mais benfeitorias, nesse caso, será distribuído proporcionalmente.

Feita a notificação dos demais coerdeiros, o notificante pode desistir? Sim, porque ninguém
é compelido a alienar seus bens, mesmo que um dos preferentes notificados já tenha
manifestado vontade, mas terá de ressarcir perdas e danos.

O cessionário goza de legitimidade processual para requerer a abertura do inventário, que


eventualmente funcione como inventariante, pois passa a ocupar a posição do cedente. O
cessionário pode entrar também com petição de herança, lembrando que o prazo
prescricional é de 10 anos.

AULA 12
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

1. Noções Gerais.

Esta ideia de ter uma lei de introdução veio do Code de France de 1804, quem quebrou toda
a ideia de um direito com base no Estado, foi este criador de um sistema jurídico
diferenciado. Antes disso os sistemas estavam atrelados a outra realidade. Foi criada então
uma lei de introdução ao código a viabilizar a interpretação do código que chegou. No brasil
a LINDB – dec. lei 4657/42. Este decreto lei teve a finalidade de adaptar a realidade para
receber o CC.

O objeto da lei de introdução tem como objeto a própria norma, é uma lei sobre leis. É a
norma que disciplina como as leis devem ser elaboradas, aplicadas e interpretadas. Por isso
a lindb tem aplicação universal, inclusive no direito público, até no direito penal, as vezes
com algumas restrições.

A aula seguirá a estrutura da LINDB A SEGUIR:

- Vigência – art. 1º/2º

- Obrigatoriedade – art. 3º

- Integração – art. 4º

- Interpretação – art. 5º

- Aplicação da norma no tempo – art 6º

- Aplicação da norma no espaço – arts. 7/18

No que diz respeito a norma no espaço, enxergamos direito internacional privado, relações
privadas entre pessoas em países diferentes. Ocorre que a Lie 13655/18 INTRODUZIU 11
ARTIGOS dispondo sobre segurança jurídica e eficiência no direito público assim:

- segurança jurídica e criação de normas de direito público (arts. 20 a30) (Lei 13655/18),
criada indevidamente, pois não é a seara da norma. INCLUSIVE OS ARTIGOS 20 A 30 NÃO
SE APLICAM ÀS NORMAS DE DIREITO PRIVADO.

ESTES ARTIGOS SERÃO ESTUDADOS NO BLOCO FINAL.

2. Vigência da Norma

Uma lei existe desde sua promulgação, mas o fato dela existir não garante que ela já
produza efeitos em razão da Escada Ponteana: existência, validade e eficácia.

A lei complementar 95/98 determina no artigo 8º que toda a lei terá vacatio para que todas
as pessoas tenham conhecimento da lei. A cláusula de entrar em vigor na data da
publicação, só pode ser estabelecida em leis de pequena repercussão. Atos administrativos
de conteúdo normativo entram em vigor na data de sua publicação art. 5 dec 572/1890.

Qual o critério de contagem do prazo de vacatio legis? O p. 1º do artigo 8 da 95/98 afasta a


regra geral de contagem de prazo do artigo 132 do Código Civil, mas o resultado prático é o
mesmo, porém se cair na prova o critério é outro (inclui o primeiro, inclui o último e entra
em vigor no dia posterior). A vacatio deve ser sempre em dias e não em meses ou em anos.
Se o legislador não colocar o período de vacatio, a lei entra em vigor 45 dias depois de
publicada e nos estados estrangeiros em três meses. Só há se não tiver vacatio na lei.

Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada.

§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois
de oficialmente publicada.

Se a lei já existe elas só pode ser alterada por lei. Se houver outra publicação da mesma lei
para correção, o prazo de vacatio recomeça da nova publicação, agora a correção do texto
de lei já em vigor considera-se lei nova.

§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste
artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

O Brasil alterou a lei de introdução para gerar o vigor sincrônico, ou seja, entra em vigência
em todo Brasil ao mesmo tempo. recomeça da nova publicação. Chamado de Vigência
sincrônica das Normas.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE E REVOGAÇÃO: LEI COMPLEMENTAR 95/98 art. 9°.

Consagra que uma lei em vigor assim permanecerá até que outra venha revogá-la de forma
expressa ou tácita. Não há revogação pelos costumes, chamado “desuetudo”.

Artigo 2º da Lindb consagra o princípio da continuidade normativa.

A revogação pode ser expressa ou tácita, artigo 2º da LINDB

- expressa artigo 2º p. 1º. O artigo 9º da 95/98 diz que a revogação PREFERENCIALMENTE


deve ser expressa.

Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.

§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

- a tácita existe em duas hipóteses: incompatibilidade ou inteira regulamentação por norma


posterior.
Atenção: uma lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das existentes,
não revoga nem modifica a lei anterior. Ou seja, uma lei nova que estabeleça normas ao lado
daquelas que já existem, não as revoga.

A revogação faz com que a lei perca sua vigência e a nova passa a viger no lugar da velha.

A revogação pode ser total ou parcial

- TOTAL – ab-rogação

- PARCIAL – derrogação

Efeito repristinatório – artigo 2º p. 3º

§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.

Se a lei já A for revogada pela lei B e ao ser revogada por lei C, os efeitos da lei A NÃO
REPRISTINAM. No Brasil não se admite o instituto da repristinação. Em caráter excepcional
poderemos ter efeitos repristinatórios se houver disposição em contrário. A lei não pode
repristinar mas a lei nova pode gerar efeitos repristinatórios. Diferente da revogação é a
ADIN.

Se a lei B FOR JULGADA INCONSTITUCIONAL, a lei A REPRISTINA, porque a B é tratada


como se nunca tivesse existido. Contudo, o STF pode determinar modulação eficacial. O
STF pode declarar inconstitucionalidade ex nunc gerando efeitos só para o futuro
preservando os efeitos já realizados, nesse caso, os efeitos da lei B são preservados e não
haverá repristinação.

3. OBRIGATORIEDADE DAS NORMAS

ART. 3º LINDB

Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Há presunção relativa de conhecimento por todos da norma promulgada, é relativa porque em


alguns casos é possível alegar o erro de direito. Como regra, não cabe o erro de direito.

Em casos pontuais pode-se alegar o desconhecimento da lei, como no artigo 8º da Lei de


Contravenções Penais e o art. 65, II do CP, atenuante da pena pelo desconhecimento da lei.

Portanto no campo penal pode gerar atenuação de pena. No direito civil não é comum que se
autorize a alegação de erro de direito.
Os dois casos mais emblemáticos são:

1. o casamento putativo do artigo 1561, casamento nulo ou anulável celebrado de boa-fé


admite-se aqui tanto o erro de fato quanto o erro de direito

2. Vício de vontade – erro de direito artigo 139 III do CC. Este artigo expressamente dispõe que
o vício de vontade pode se caracterizar por erro de direito.

4. INTEGRAÇÃO DA NORMA

É integração normativa. A lógica da integração da norma se dá porque o juiz não pode se


abster de julgar alegando desconhecimento ou a lacuna da norma. É a chamada proibição de
non liquet. (narra mihhi factum, dabo tibi jus) . O juiz só pode alegar desconhecimento da lei
nos casos do artigo 376 do CPC, lei estadual, municipal, estrangeira (desde que não seja de
pais do mercosul, aí ele deve conhecer de acordo o Protocolo de Las Leñas), com ou
consuetudinária.

Em caso de lacuna usa o artigo 4º da LINDB

Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes
e os princípios gerais de direito.

Esse rol é taxativo e hierárquico, o Juiz somente deverá preencher a lacuna (colmatar) quando
a lei for omissa, nessa ordem preferencial hierarquica.

Analogia: é comparação entre uma situação não tratada na norma e outra já tratada na norma,
então na analogia o juiz comparará as situações. Pode ser legis ou juris.

Legis – comparação com outra norma tratada em norma específica.

Juris – compara com princípios.

Costumes podem ser contra legem, secundum legem e praeter legem

- Contra legem – costume contra a lei é ato ilícito;

- Secundum Legem – aplicação da norma; (ex. Prazo para reclamação de vícios redibitórios –
CC 445, § 2º ANIMAIS, lei especial. Enquanto a lei não for criada, o juiz utiliza os usos e
costumes do lugar)

- Preater Legem este é o método de colmatação da norma. A LEI foi omissa e na


impossibilidade de uso da analogia, o juiz usa os costumes daquele lugar.
A parte que alega os costumes deverá prová-los.

Princípios Gerais de direito:

“Não lesar a ninguém, dar a cada um o que é seu e viver honestamente”. Estes são os
princípios gerais de natureza informativa. No brasil os princiípios podem ser de duas
categorias: fundamentais e informativos (gerais)

- fundamentais: tem força normativa e decorrem da norma (norma-princípio), obriga e vincula


porque decorre de lei.

- informativos – chamados pelo Humberto Àvila de Postulados. Não é princípio com força
normativa porque não decorre de norma, é meramente informativo. Quando o artigo 4 da
LINDB diz que quando a lei for omissa (quando a norma-regra e a norma-princípio não existir
para o caso) somente aí o juiz julgará pela analogia, costumes e princípios gerais do direito. Os
princípios gerais não se confundem com os princípios fundamentais. Se houver principio
fundamental não há lacuna no caso. Os princípios gerais são regras de desempate.

Equidade:

Aristóteles consagrou na Ética a Nicômano a regra de equidade in medio virtus ( a virtude está
ao meio), é o que é equilibrado, o conceito tem alto grau de subjetividade, por isso o artigo
m140 parágrafo único só permite a equidade nos casos previstos em lei, por conta do seu alto
subjetivismo. Ex. Artigo 944, p. único do CC.

5. Interpretação da norma jurídica:

A finalidade social a que se dirige a norma jurídica. Artigo 5º da Lei de Introdução. O artigo 8º
do CPC mantém nítida harmonia com o artigo 5º , o juiz atenderá aos fins sociais e exigências
do bem comum. O próprio STJ pregava a interpretação de acordo com o fim social. Antes da
aplicação virá a interpretação. NÃO EXISTE APLICAÇÃO SEM INTERPRETAÇÃO, por isso é
falso o in claris cessat interpretatio porque toda a lei será interpretada, que gerará efeitos
ampliativos (direitos fundamentais), restritivas (direito penal, aval, fiança renúncia, sanções,
privilégios) e declarativa (as interpretações são preferencialmente declarativas para preservar
o princípio da legalidade.)

6. Aplicação da norma no tempo


Direito Intertemporal.

Se uma determinada situação jurídica, um contrato ou casamento aplica-se a norma nova ou


velha, partindo da premissa que a norma especial afasta a norma geral.

Critérios hermenêuticos

- especialidade – especial afasta geral (exceto em relação ao diálogo das fontes) se a norma
geral tiver regra mais favorável ao sujeito especial de direito aplica-se a norma mais favorável.

- hierarquia

- temporal – a nova afasta a velha

Quanto a lei no tempo se respeita a irretroatividade da norma na forma do artigo 6º da LINDB

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa

julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)


§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se
efetuou. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles
cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de
outrem. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

A LEI NOVA NÃO ALCANÇA FATOS PRETÉRITOS. Se a lei nova estipular uma cláusula
retroativa ela assim o faz desde que respeite o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada.

Ato jurídico perfeito – não produz mais efeitos, seus efeitos já se exauriram, se contrapõe ao
ato continuativo. Em se tratando de relação continuativa, estão regidas pelo artigo 2035 do CC
(existência e validade adstrita a lei do tempo e a eficácia é a lei atual em vigor).

Direito Adquirido – O conceito brasileiro é patrimonial. Direito adquirido é aquele que se


incorporou ao patrimônio do titular. O STF entende que não há direito adquirido em face do
poder constituinte, originário ou derivado.

Coisa Julgada – qualidade que reveste os efeitos que acobertam uma decisão contra a qual
não cabe mais recurso.
A ultratividade da norma é a possibilidade de aplicação de uma lei já revogada mesmo depois
de sua revogação. Súmula 112 do STF: “ alíquota do imposto causa mortis é aquela vigente na
data da abertura da sucessão.”

7. APLICAÇÃO DA NORMA NO ESPAÇO

A territorialidade mitigada.

A regra geral é a territorialidade: a lei brasileira é aplicada no território brasileiro. Contudo,


existem exceções previstas em lei. Por isso se fala em TERRITORIALIDADE MITIGADA ou
moderada.

Ex.

LEI BR. NO EXTERIOR: artigo 18 §§ 1º e 2º da LINDB: as autoridades consulares podem


celebrar separação e divórcio consensuais desde que não exista interesse de incapazes e as
partes estiverem assistidas por advogado.

LEI ESTRANG.. NO BR: art 7º da LINDB – estatuto pessoal. Aplicação da norma do domicílio
da pessoa no que disser respeito a personalidade, capacidade, nome e direito de família. O
limite de aplicação da lei externa é a soberania nacional, chamado também de filtro
constitucional ou legal.. Por isso o árabe casado não pode casar de novo no brasil mesmo que
seu país de domicílio permita.

Em relação aos imóveis a lei a ser utilizada do local onde estiver situado. Bens móveis que o
titular tiver consigo e penhor, aplica-se a lei do domicílio do titular também respeitada a
filtragem de constitucionalidade.

- Lugar dos contratos: endereço do proponente.

A regra é:

contrato interno: artigo 435 do CC – onde foi proposto.

Contratos internacionais: o lugar do contrato é a residência do proponente.

São leis “a par” por terem objetos distintos.

Lei sucessória mais favorável é a aplicada ao herdeiro brasileiro. Não só a lei estrangeira pode
ser aplicada no Brasil ou critérios específicos, também uma decisão ESTRANGEIRA pode ser
cumprida no Brasil mediante cumprimento de requisitos:

O artigo 15 da LINDB e 963 do CPC + PROVA DO TRÂNSITO EM JULGADO (STF)


Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão:
I - ser proferida por autoridade competente;

II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia;

III - ser eficaz no país em que foi proferida;

IV - não ofender a coisa julgada brasileira;

V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado;

VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.

Parágrafo único. Para a concessão do exequatur às cartas rogatórias, observar-se-ão os pressupostos


previstos no caput deste artigo e no art. 962, § 2º .
Art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva da autoridade
judiciária brasileira.

Parágrafo único. O dispositivo também se aplica à concessão do exequatur à carta rogatória.

Art. 965. O cumprimento de decisão estrangeira far-se-á perante o juízo federal competente, a requerimento
da parte, conforme as normas estabelecidas para o cumprimento de decisão nacional.

Parágrafo único. O pedido de execução deverá ser instruído com cópia autenticada da decisão
homologatória ou do exequatur , conforme o caso.

A execução ficará a cargo do juiz federal de primeira instância, serve também para decisão
arbitral e carta rogatória. Agora, se existe decisão brasileira não transitada em julgado pode ser
homologada a estrangeira, se há decisão brasileira transitada em julgado, a decisão não pode
ser homologada. Obs. A sentença estrangeira de divórcio consensual, não precisa de
exequatur, pode ir direto ao cartório.

A prova da existência da decisão estrangeira é de responsabilidade da parte.

As matérias do 23 do CPC NÃO PODEM SER HOMOLOGADAS por ser competência exclusiva
da justiça brasileira.

8. SEGURANÇA JURÍDICA E EFICIÊNCIA NA CRIAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO


PÚBLICO

8.1. Limitação material: não aplicação às relações privadas

8.2 Alcance: esferas administrativa, judicial e controladora

8.3 Decisão com base em valores jurídicos abstratos:

Artigo 20 da LINDB :

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos
sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
É POSSÍVEL decidir com base de valores abstratos se CONSIDERAR AS CONSEQUÊNCIAS
PRÁTICAS. Então é uma limitação e não uma proibição a decidir com base em valores
abstrato. O CPC já dizia isso, mas de um jeito ou de outro não se pode achar que se está
mitigando aplicação de princípios. O STF tem várias decisões com base em princípios.

8.4, Decisão de invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa artigo
21 LINDB

Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências jurídicas
e administrativas.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições
para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se
podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais
ou excessivos. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Invalidação é gênero do qual anulabilidade e nulidade são espécies. A decisão pode ter seus
efeitos modulados para atender ao pu.

8.5 Interpretação das normas sobre gestão pública

Art. 22 da LINDB

Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades reais

do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados

§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a
ação do agente. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que
dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do
agente. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma
natureza e relativas ao mesmo fato.

Tratando-se de norma de gestão não se aplica o artigo 5º da lindb. Na interpretação deve ser
buscada a isonomia entre a administração e o administrado, ou seja, não se pode interpretar
para prejudicar o administrado. Deve ser atento às dificuldades reais do gestor. Os obstáculos
e dificuldade não podem ser usados, contudo, como carta de alforria ao gestor.

8.6 Mudança de interpretação e modulação eficacial

Artigo 23.

Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre
norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime
de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo

proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.

8.7 Revisão e a orientação vigente na época do ato (art. 24)

Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais
da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas
situações plenamente constituídas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) (Regulamento)

Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos
de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática
administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.

O que temos aqui é a possibilidade de demora da decisão sobre a validade do ato. A análise
pode demorar e o contrato já esttá gerando efeitos quando sobrevém a decisão anulando o
mesmo celebrado antes da orientação. O artigo aponta a irretroatividade de nova norma e ao
fazer isso, determina ultratividade da norma ou interpretação vigente na data da celebração e
modificações ulteriores não atingem validade pretérita do ato. O único perigo é que ele não
pode ser interpretado no sentido de CONVALIDAR ATOS NULOS. Os atos que eram inválidos
permanecem inválidos e não podem ser convalidados

8.8. Compromisso para eliminar irregularidade ou incerteza

artigo 26.

Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público,
inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e,
quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral, celebrar
compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua

publicação oficial.
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo: (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses


gerais; (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)


III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhecidos por
orientação geral; (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis
em caso de descumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Só produzirá efeitos depois de publicado, necessariamente deve ser ouvido o órgão jurídico e
se for o caso realizados audiências públicas. Esse compromisso pode ser preventivo ou
litigioso, pondo fim ao litigio ou precavendo. Também é possível impor compensação, artigo 27

Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor compensação por

benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos.

É negócio jurídico processual do artigo 190 do CPC. Podem firmar um compromisso no sentido
reparar danos. O particular pode ser obrigado a compensar o poder público ou vice-versa.

8.10 Responsabilidade do agente público

art. 28

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro

grosseiro.

Esse artigo não afasta a responsabilidade objetiva do estado com regresso ao agente,
respondendo por dolo ou culpa. A responsabilidade dos agentes como um todo será subjetivo.
Esta regra não se aplica ao MP, juiz, defensor público e advogado público, para estes existe
responsabilidade própria.

8.11 Consulta pública e fundamentação social

art. 29
Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa, salvo os de mera
organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação de interessados,
preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.

Preocupação com a responsabilidade social, podendo fazer consulta pública.

8.12 Segurança jurídica artigo 30 lindb

Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas,

inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas. (Incluído pela Lei nº 13.655,
de 2018) (Regulamento)

Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em relação ao órgão ou
entidade a que se destinam, até ulterior revisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

AULA 13
DIREITO DAS SUCESSÕES (SUCESSÃO LEGÍTIMA)

1. A ordem de vocação hereditária.

A sucessão legitima é disciplinada pela ordem de vocação hereditária, o rol dos sucessíveis.
Está no artigo 1845 do CC.

HERDEIROS LEGÍTIMOS NO CC 2002


Descendentes + cônjuge ou companheiro sobrevivente
Ascendentes + cônjuge ou companheiro sobrevivente
Cônjuge sobrevivente sozinho
Colaterais até o quarto grau + companheiro sobrevivente *
Companheiro sobrevivente sozinho

1. A FAZENDA PÚBLICA deixou de ser herdeira e passou a ser titular de herança


jacente/vacante (FAZENDA PÚBLICA NÃO É HERDEIRA). Recebe através de procedimento
especial de jurisdição voluntária.
2. Para o cônjuge ser herdeiro, os descendentes e ascendentes diminuiram sua participação
hereditária em comparação com 1916.

3. Cônjuge ou companheiro será herdeiro e meeiro.

* Obs. Esse rol deu tratamento diferenciado entre cônjuge e companheiro, conforme quadro
acima. O STF, em repercussão geral no RE 878694/MG, declarou a inconstitucionalidade do
artigo 1790 do CC e determinou que a sucessão do companheiro se dê igual a do cônjuge, de
acordo com o artigo 1829 do CC. Com essa ordem do Supremo, a ordem fica da seguinte
forma:

HERDEIROS LEGÍTIMOS NO CC 2002


Descendentes + cônjuge ou companheiro sobrevivente
Ascendentes + cônjuge ou companheiro sobrevivente
Cônjuge sobrevivente sozinho ou companheiro
Colaterais até o quarto grau

Herdeiros Necessário: é aquele que não pode ser eliminado da herança por vontade do autor, eles fazem
jus a legítima (metade do patrimônio líquido disponível no momento da abertura). Para fins de doação é
diferente.
O artigo 549 aponta que é nula a doação inoficiosa, ou seja, aquela que ultrapassa a legítima. Aí se
calcula neste momento.
Os herdeiros necssários são os descendentes, ascendentes e cônjuge (também o companheiro pela decisão
do STF). Os herdeiros facultativos da ordem de sucessão podem ser excluídos por testamento. Se o pai
faz testamento deixando toda a parte disponivel para terceiro, também pode para um dos herdeiros
necessários. Nesta hipótese o sucessor escolhe se quer ser herdeiro legítimo, legatário/testamentário OU
OS DOIS (artigo 1808 do CC).
A exceção da regra da pacta corvina é o artigo 2018 CC, partilha em vida.
É nula a doação de patrimônio que comprometa a própria subsistência do doador.

3. Sucessão dos Descendentes


Quanto a sucessão dos descendentes existem duas regras fundamentais:
1º Isonomia Sucessória – todos os descendentes são tratados por igual, não importando se é filiação
biológica, afetiva, adotiva etc. Todo o filho merece o mesmo direito hereditário CF art. 227, § 6º e CC
ART. 1593.
* STF Re 89806/sc: reconhece a multiparentalidade: uma pessoa pode ter dois pais e duas mães. Esta
multiparentalidade para o STF, vem acompanhada de todos os seus efeitos, por isso, O FILHO DA
MULTIPARENTALIDADE TERÁ TANTAS HERANÇAS QUANTOS SEJAM SEUS VÍNCULOS
FILIATÓRIOS
2º Prioridade ou da proximidade – havendo descendentes mais próximos não será chamado o mais
remoto. Se faleceu e deixou filhos, não serão convocados os netos.
* Ordinariamente esta sucessão será por cabeça, ou seja por pessoa em direito próprio. A cada herdeiro
corresponde uma fração e esta fração lhe é direito próprio, todavia, no Brasil há exceções à regra do
direito próprio:
- Sucessão por representação (ou por estirpe). Só haverá sucessão por representação nos casos previstos
em lei, na forma do artigo 1851 do CC. No Brasil só existe em 3 casos:
1. Indignidade
2. Deserdação
3. Pré-morte
Os representantes recebem no lugar do representado a parte que lhes cabia. Artigo 1854 e 1855 do CC. A
sucessão por estirpe ocorre somente em linha reta descendente artigo 1852. Na linha dos ascendentes
não há representação.
Na linha colateral, a ÚNICA HIPÓTESE de representação é a do artigo 1853 do CC (irmão pré-morto,
herdam sobrinhos).
Obs. O renunciante de direito próprio pode herdar por representação!

4. Sucessão dos ascendentes:


Se submete a 3 regras, as duas primeiras, são as regras da sucessão dos descendentes:
a. Isonomia Sucessória: os ascendentes são tratados por igual, não pode haver discriminação entre os pais.
(adoção, afetivo, multiparental etc.)

b. Prioridade ou preferência (proximidade). Havendo ascendentes mais próximos não serão chamados os
mais distantes. Os ascendentes SOMENTE SUCEDEM COM DIREITO PRÓPRIO (CABEÇA), a
sucessão por representação só ocorre na linha descendente. Ex. Se deixou o pai e mãe pré-morta, mas
deixou avós. Somente o pai herda, porque não há sucessão por estirpe na linha descendente.

c. Divisão por linhas (exclusivo para sucessão de ascendentes). Esta divisão por linhas é exclusiva da
sucessão para ascendentes. Significa que para levar em conta o cálculo do quinhão devem ser
consideradas as linhas ascendentes, dividindo a transmissão em linha paterna e linha materna. Ex deixou
herança de 120 e deixou pai e mãe: 60 para mãe e 60 para pai. Ex2 deixou somente o pai e avós maternos:
120 para pai. Ex3. Deixou um avô paterno e dois avôs maternos. Aplicando a DIVISÃO POR LINHAS,
serão 60 para o avô paterno e trinta para cada avô materno.
* A regra da divisão por linhas tem de ser ADAPTADA em caso de MULTIPARENTALIDADE:
(STF, RE 898.060/SC): Se deixar mais de um pai ou mãe, a divisão se dará por número de vínculos. Ex.
Se deixou 1 pai e duas mães, existem 3 linhas, portanto, divide por três. A multiparentalidade renova a
divisão por linhas da sucessão por ascendentes.

5. Sucessão do Cônjuge (CC 1.830 a 1832 e 1837) – aqui tudo que se aplica ao cônjuge, também se aplica
ao companheiro por força do RE 878.694/MG, com repercussão geral.
Regras da sucessão de casamento/união estável

Direitos Patrimoniais do cônjuge (ou companheiro) sobrevivente em razão da morte do consorte


Direito à meação – a depender do regime de bens (bens comuns) (A)
Direito à herança – em concorrência com os descendentes, a depender do regime de bens (bens
particulares). Nos demais casos, sobre todo o acervo patrimonial. (B)
Direito real de habitação – moradia do imóvel que servia de lar para casal, vitaliciamente, mesmo que
constitua nova família. (C)

(A) Direito à meação – a depender do regime de bens (bens comuns) (A)

- 1640 e 1725: no silêncio das partes o regime é da comunhão parcial que impõe a divisão dos bens
adquiridos a título oneroso ou eventual na constância da relação
- SEPARAÇÃO ABSOLUTA: não existe meação, todos os bens são particulares.
- COMUNHÃO UNIVERSAL: todos são comuns menos os do art 1668 do CC.
- PARITICIPAÇÃO FINAL DOS AQUESTOS: aplica-se a regra da comunhão parcial

(B) Direito à herança – em concorrência com os descendentes, a depender do regime de bens (bens
particulares). Nos demais casos, sobre todo o acervo patrimonial.

O direito a herança é autônomo e independente em relação à meação, reconhecido ao cônjuge a lateri,


neste raciocínio temos que pensar que esse direito a herança será exercido a partir de três diferentes
possibilidades.
Concorrência C/ descendentes C/ ascendentes sozinho
sucessória:
Cônjuge/ - depende do regime de bens. Em alguns regimes a lei exclui - independe do regime - Independe
Companheiro a concorrência (comunhão universal; comunhão parcial sem de bens. O cônjuge do regime de
bens particulares; separação obrigatória (CC 1.641)
CC art. 1829 - PORQUE: a herança recai somente sobre os bens
sempre concorre com os bens.
particulares - ONDE SE HERDA NÃO MEIA E ONDE SE descendentes e sobre Recebe todo o
MEIA NÃO HERDA. TODO O PATRIMÔNIO patrimônio.
- percentual: artigo 1832: o mesmo percentual reconhecido (particulares ou comuns)
em favor de cada descendente. (viúva + 2 filhos (um terço - percentual: METADE
pra cada), garantido pelo menos ¼ da herança se ele também
for ascendente dos descendentes com quem estiver
DA HERANÇA, salvo se
concorrendo. concorrer com o pai e a
Se tiver filho comum e não comum, o código silencia. A mãe JUNTOS, aí cai para
doutrina afirma que, de acordo com a regra que estabelece UM TERÇO.
vantagem, privilégio deve ser interpretada de forma
restritiva, O SUPÉRSTITE SÓ TERÁ DIREITO A ¼ SE
FOR ASCENDENTE DE TODOS OS DESCENDENTES.

- os bens recebidos com cláusula de inalienabilidade NÃO ENTRAM na meação, mas ENTRAM na
herança. STJ Resp 1.552.553/RJ.
- Art. 1830 CC. Se houver divórcio, estando divorciados, separados judicialmente, ou separados de fato
por mais de dois anos, neste último caso, SALVO se provar que a ruptura da conjugalidade se deu POR
CULPA do cônjuge falecido (chamada pela doutrina de culpa mortuária). Culpa mortuária ou funerária é
a prova do casamento sem culpa do viúvo e por culpa do outro.
- provar a culpa do morto fere a ampla defesa? Porque o morto não se defende e os herdeiros também não
conseguem por se tratar de caso personalíssimo..
STJ, Resp 555.771/SP: a simples separação de fato, independente de qualquer prazo, cessa o regime de
bens. Seguindo esse entendimento, deve cessar também a herança. Assim se a pergunta vem com base no
CC a resposta é uma (1830), se for de acordo com o STJ, a resposta é outra.

(C) Direito real de habitação – moradia do imóvel que servia de lar para casal, vitaliciamente, mesmo que
constitua nova família.
CC artigo 1.831.
Antes:
CC - cônjuge, com direito real de forma vitalícia e incondicionado.
Lei 9278/96 – companheiro: direito vitalício condicionado.
Com a decisão RE 878694/MG a sucessão do companheiro passa a se dar nas mesmas regras do
cônjuge, passando também a se dar na forma do artigo 1.831.
Se é vitalício, se extingue com a morte, portanto não pode se dar sucessivamente (para esposo de quem
tinha o direito real de habitação.
Independe do regime de bens e da participação na herança.
O STJ vem restringindo o exercício do direito real de habitação. Diz que é neccessário que se prove que
o imóvel pertencia ao falecido em meação ou não com sua viúva. Se o imóvel é do falecido em
condomínio com terceiros, não há direito de habitação.
* NÃO EXISTE MAIS O USUFRUTO VIDUAL, SÓ O DIREITO REAL DE HABITAÇÃO.

AULA 13
INVENTÁRIOS E PARTILHAS

1. Noções Preliminares:
No direito brasileiro, o momento de abertura da sucessão se dá no instante do óbito,
portanto não se confunde com abertura do inventário. A morte se dá através do critério
encefálico, o instante da morte, é a morte encefálica. A grande relevância é que, na forma
da saisine cc 1784, haverá transmissão automática de todas as relações patrimoniais do
falecido, uma universalidade chamada herança, universal, imóvel e indivisível.
Naquele exato instante sai o falecido e entram seus herdeiros. A vontade do falecido
permanece em caso de testamento, codicilos e para o próprio corpo (cc art. 14).
Vale a pena lembrar que mesmo depois da morte, se houver violação à sua personalidade o
seu cônjuge ou companheiro, descendentes, ascendentes e colaterais até o 4º grau
continuam lesados indiretos para defender a personalidade do falecido: CC art. 12, único.
A transmissão do patrimonio gera direito de requerer a indenização CC 943.

2. A regra da sucessão processual (novo CPC art. 110)

Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou pelos seus sucessores,

observado o disposto no art. 313, §§ 1º e 2º .


O artigo 313 gera a suspensão automática do processo. A suspensão independe de decisão
judicial, o feito estará suspenso automaticamente. Se o juiz não reconhecer a suspensão
automática, haverá nulidade se houver prejuízo para as partes (STJ). Além disso, com a
morte, haverá sucessão que se dará através de habilitação nos próprios autos. A habilitação
pode ser requerida pela própria parte ou de seus sucessores CPC 698. A habilitação se dá
nos próprios autos por mera petição. CPC 689. Recebida a petição o juiz determinará a
citação dos sucessores em 05 dias se já tiver advogado se dará na pessoa deste CPC 690.
Se não houver impugnação o juiz decidirá imediatamente. Se houver impugnação, o juiz
determinará que seja autuado o pedido em apartado, EM CASO DE NECESSIDADE DE
DILAÇÃO PROBATÓRIA art. 691 CPC.

3. A herança, o espólio e o inventário partilha


Com a morte haverá transmissão automática. Esta vai formar a herança que é o conjunto
de relações patrimoniais imóvel, indivisível e universal. Esta universalidade forma um
condomínio. A herança como bem jurídico é representada pelo espólio, ente
despersonalizado que surge para representar a herança. O espólio é representado pelo
inventariante. Se o inventariante for judicial ou dativo, ele não será citado sozinho. Junto
com ele devem ser citados todos os herdeiros.
O inventário é o procedimento administrativo ou judicial tendente a apurar a herança,
saber qual o patrimônio transmitido (débitos, créditos, passivo, excluir eventual meação)

4. O procedimento de inventário
Tem origem na expressão latina invenire que significa encontrar, localizar.
È um procedimento tendente a descrever o patrimônio transmitido, depois separar eventual
meação, pagar as dívidas, recolher o tributo e aí promover a divisão do patrimônio. No
Brasil temos uma exceção: NÃO PRECISA ABRIR INVENTÁRIO EM CASO DE
ALVARÁ JUDICIAL (procedimento de jurisdição voluntária) artigo 666 DO CPC:
vigorado pela lei 6858/80 regulamentada pelo decreto 85845/81 e estabelece que se o
falecido deixar a título de resíduos pecuniários (fgts, saldo trabalhista etc) até 500
OTN(mais ou menos 30 mil) e inexistência de outros bens a inventariar o juiz pode liberar
o valor através de alvará. Contudo, tem de ser dinheiro, se forem bens a partilhar de
qualquer valor é necessário o inventário.
No CPC o inventário tem procedimento especial de jurisdição CONTENCIOSA, bifásico
escalonado:
1ª fase – inventariança: descrição, meação e dívidas
2ª fase – divisão patrimonial.
Este procedimento comporta 3 exceções no próprio CPC:
1. Arrolamento comum. - critério objetivo
Será possível quando o valor transmitido for igual ou inferior a mil salários mínimos. Ou
seja, o valor se dá em razão do espólio, excluída a meação e as dívidas do falecido. Se
qualquer das partes ou o MP impugnar o valor, o juiz nomeará um avaliador que emitirá
laudo e o juiz decidirá em audiência. Há comprovação prévia do recolhimento fiscal.
Haverá intervenção do MP se houver incapaz. Havendo quitação da comprovação prévia, a
fazenda pública não pode impugnar. A fazenda deve se valer do executivo fiscal para fazer
a impugnação se discordar do valor.

2. Arrolamento sumário. Critério subjetivo


É possível arrolamento sumário quando todos os interessados forem maiores e capazes e
estiverem de acordo. Poderá neste caso o juiz homologar a partilha apresentada. Neste
caso não há participação do MP, por não haver incapazes. No novo CPC o MP não
intervém mais em procedimento de registro de testamento.
O que mais chama atenção é o recolhimento fiscal. Artigo 661 do CPC “Ressalvada a
hipótese prevista no parágrafo único do artigo 663 do CPC, NÃO SERÃO CONHECIDAS
QUESTÕES FISCAIS. Porque o imposto será recolhido de acordo com os valores
atribuídos pelo inventariante, mas as autoridades fazendárias não estão adstritas a
avaliação lançada pelos contribuintes. O arrolamento sumário tem natureza de jurisdição
voluntária. Os interessados apresentam tudo com a petição inicial. O arrolamento sumário
tem natureza de jurisdição voluntária. A existência de eventuais credores não impede o
arrolamento sumário, porque pode requerer a reserva de bens, ou entrar com ação
autônoma.

3. Inventário extrajudicial. Inventário administrativo.


A matéria atualmente está regulada pelo artigo 610 do NCPC, revogada no ponto a lei
11141.
Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial.

§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura
pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de
importância depositada em instituições financeiras.

§ 2 o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por
advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.

Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da
abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos,
de ofício ou a requerimento de parte.

Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os fatos relevantes estejam provados por
documento, só remetendo para as vias ordinárias as questões que dependerem de outras provas.

Art. 613. Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o espólio na posse do administrador
provisório.

Art. 614. O administrador provisório representa ativa e passivamente o espólio, é obrigado a trazer ao acervo
os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu, tem direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis
que fez e responde pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa.

Diferente da separação e divórcio aqui não faz referência ao nascituro, assim, aqui
MESMO QUE TENHA INTERESSE DE NASCITURO é possível o inventário em
cartório.
Se há testamento e ele já foi homologado, nada impede seja feito em cartório. Contudo, o
texto de lei impede, portanto se a pergunta for da lei, não pode.
A escritura pode ser impugnada em 04 anos por vício de vontade, artigo 178 CC. As
partes podem ser representadas por procurador com poderes especiais conferido por
escritura pública.
Para que seja lavrado o inventário, deverá comprovar o recolhimento fiscal. Dado
interessante é que não há critério de competência, valendo a livre escolha do tabelião,
contudo o recolhimento fiscal se dá de acordo com a competência para tributar.
INVENTARIANÇA
5. Competência:
Artigo 1785 do CC. Inspirado neste o artigo 48 do CPC, aponta como competente o último
domicílio do falecido. No Brasil as pessoas podem ter pluralidade de domicílios, artigo 70
e segs. do CC, neste caso resolve-se pela prevenção. Se não possuía domicílio, segue a
regra dos incisos do artigo 48 do CPC. Sum. 33 stj, o juiz não pode conhecer de ofício e
as partes podem prorrogá-la, mas o MP pode arguí-la.
Ainda, o artigo 23 do CPC aponta como competência exclusiva da justiça brasileira a
partilha de bens imóveis localizados no Brasil.
Art. 5 xxxi CF e artigo 10, §2º da LINDB. Lei sucessória mais favorável ao herdeiro
brasileiro, sempre se aplica a norma sucessória mais favorável se o herdeiro for Brasileiro.
Bens de brasileiro no estrangeiro depende da norma do local onde o bem se encontra.

6. Prazo de abertura
Artigo 611 do CPC, prazo de 02 meses para abertura e doze meses para concluir.
Não há qualquer efeito processual para perda deste prazo, mas pode haver efeito fiscal:
Súmula 542 do STF. A legitimidade para requerer a abertura é de quem estiver na posse e
administração dos bens, contudo o artigo 616 apresenta legitimidade concorrente.
As atribuições do inventariante estão no artigo 621 do CPC e as atribuições do artigo 619
são especiais e só podem acontecer com autorização judicial, se não tiver autorização
judicial o ato será nulo.

7. Inventariante desidioso:
Para o inventariante desidioso cabe a exclusão. A exclusão pode se dar por remoção (falta
= sancionatória) ou destituição (incompatibilidade = ordinatória). Ambas dependem do
devido processo legal. O Juíz deve respeitar o devido processo legal. Ele precisa ser
cientificado, terá prazo para se defeneder e o juiz nomeará outro inventariante e o
removido ou destituído deverá devolver os documentos e bens do espólio que com ele
estiverem sob pena de busca e apreensão.
8. Procedimento de Inventário:
1ª Fase – INVENTARIANÇA:
1. PETIÇÃO INICIAL – de uma das pessoas com legitimidade
2. Nomeia inventariante, que prestará compromisso em cinco dias
3. Primeiras declarações.
4. Citações artigo 626
5. Impugnações (natureza de contestação, artigo 627 CPC e outras de ordem
processual). Se for acolhida, manda retificar as primeiras declarações, agora se
versar sobre condição de herdeiro e necessitar questão de prova, o juiz envia a
questão para as vias ordinárias.
6. Avaliações – caso seja impugnada avaliação dada em primeiras declarações. Artigo
633 do NCPC, a avaliação somente será judicial por perito se houver interesse de
incapaz ou impugnações.
7. Últimas declarações: tem importância material, as últimas declarações são o
momento derradeiro para que quem está na posse de bens do espólio possam
colacioná-los. Se houver bens sonegados cabe ação de sonegados. A pena é a perda
dos direitos hereditários sobre o bem sonegado. O prazo prescricional é de 10 anos.
8. Cálculo e recolhimento do tributo. Na forma do artigo 638 do NCPC. STF SUM.
590. Mesmo em ausência incide o imposto.
9. O credor pode se habilitar no inventário ou utilizar as vias autonomas, se for crédito
fazendário não cabe habilitação, deve ser cobrado por execução fiscal
necessariamente. Eleita uma via não pode utilizar outra para não gerar dupla
cobrança.. Se as partes concordam ou ninguém impugnar separam-se os bens
requeridos. Não havendo concordância, vai para as vias ordinárias e juiz reserva o
quinhão.

2ª Fase – PARTILHA
Amigável :
Pode ser impugnada no prazo de um ano (ação anulatória) – artigo 657 CPC. O ARTIGO
2018 autoriza a partilha em vida.
Judicial:
Pode ser impugnada no prazo de 02 anos (ação rescisória) art. 658 CPC
- conflito
- incapaz

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