3.1 Periodo Militar

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DITADURA CIVIL MILITAR NO BRASIL E MOVIMENTOS SOCIAIS: Tecnocracia

estatal e resistência

Anderson Nayan Soares de Freitas1

RESUMO: A proposta deste artigo é debater sobre o contexto


da ditadura civil militar no Brasil. Apresentar as características
de um Estado tipicamente autocrático e os níveis de exploração
e desumanização aos quais são submetidos os trabalhadores
nesse contexto. Aponta-se também a resistência a esse regime
no país via movimentos sociais e atividades culturais. Destaca-
se o protagonismo do movimento estudantil como catalisador do
processo de resistência ao regime autocrático.

Palavras-chave: Estado; ditadura; movimentos sociais.

ABSTRACT: The purpose of this article is to discuss the context


of the military civil dictatorship in Brazil. To present the
characteristics of a typically autocratic state and the levels of
exploitation and dehumanization to which workers are subjected
in this context. One also points out the resistance to this regime
in the country through social movements and cultural activities. It
highlights the protagonism of the student movement as a catalyst
for the process of resistance to the autocratic regime.

Keywords: State; dictatorship; social movements.

1 INTRODUÇÃO

A “autocracia burguesa”2 parasitou o Estado brasileiro criando mecanismos de


censura e obstrução da participação popular à base da coerção e do consenso. Havia
organizações sociais, dentre elas o movimento estudantil e sindical, que faziam frente de
oposição ao regime autocrático burguês ao longo da década de 1970. Tais organizações

1Assistente Social. Mestrando em Serviço Social. Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professor substituto
do curso de Serviço Social do IFCE campus Iguatu. Email: [email protected]
2 Apesar do folclore histórico burguês comumente apresentar o golpe de 1964 como de origem somente militarista,

discordamos dessa concepção apoiados em Netto (2014): “o golpe não foi puramente um golpe militar [...] foi um
golpe civil-militar e o regime dele derivado, com a instrumentalização das Forças Armadas pelo grande capital e
pelo latifúndio, configurou a solução que, para a crise do capitalismo no Brasil à época, interessava aos maiores
empresários e banqueiros, aos latifundiários e as empresas estrangeiras” (p. 74).
foram impulsionadas pelo início da derrocada da ditadura diante da queda de um dos seus
principais pilares, o milagre econômico brasileiro (FERNANDES, 2005).
O golpe de abril de 19643 foi orquestrado num contexto onde se visualizava um forte
interesse político das forças armadas, diante do caos instaurado, a participação do povo na
condução do modelo de desenvolvimento do país era meramente artesanal, “Brasil, ame-o ou
deixe-o” (PRADO JR., 2000).
Era nítida a intencionalidade que a burguesia nacional tinha através de práticas
autoritárias de perpetuar a dominação imperialista por meio da industrialização pesada e do
acúmulo máximo de capital. É importante destacarmos o imperialismo, à dominação externa,
realçando principalmente os Estados Unidos4 (FERNANDES, 2005).

2 A ÁUREA AUTOCRÁTICA

O golpe civil militar de 1964 reordena a estrutura estatal brasileira e


consequentemente todo o conjunto de relações sociais. A “autocracia burguesa” sedimenta
um contraditório movimento na sociedade. Se por um lado a instauração de um regime
ditatorial pressupõe o resgate do que a de mais tradicional, arcaico, num modelo de
sociabilidade, a partir da “onda modernizante”, cria bases para o desenvolvimento de
questionamentos internos. Essas transformações estavam umbilicalmente conectadas a
alterações no suporte do Estado.
Ianni (1981) afirma que a ditadura militar atuou que em todas as esferas da vida
social. Proporcionou a instauração de um clima fascista, seja principalmente diante daqueles
indivíduos que proporcionavam algum tipo de resistência ao regime, seja na perspectiva da
burocracia estatal.
[...] As exigências da sua economia política, que estabeleciam a superexploração e a
repressão do proletariado e do campesinato (além da repressão sobre todas as
classes assalariadas), acabaram por submeter, objetiva e subjetivamente, os
governantes e os funcionários do aparelho estatal às conveniências da acumulação.
Foi assim que cresceu o poder estatal, em todas as áreas da vida social. E a
tecnocracia civil e militar diversificou-se bastante (IANNI, 1981, p.22).

A ditadura atuou de maneira ferrenha na indústria cultural, na questão da terra, na


política educacional, nas relações de produção e nas forças produtivas. O ordenamento do

3 Apesar do folclore histórico burguês comumente apresentar o golpe de 1964 como de origem somente militarista,
discordamos dessa concepção apoiados em Netto (2014): “o golpe não foi puramente um golpe militar [...] foi um
golpe civil-militar e o regime dele derivado, com a instrumentalização das Forças Armadas pelo grande capital e
pelo latifúndio, configurou a solução que, para a crise do capitalismo no Brasil à época, interessava aos maiores
empresários e banqueiros, aos latifundiários e as empresas estrangeiras” (p. 74).
4 Não há mais como negar que os americanos tiveram conhecimento prévio, interesse e participação no golpe. [...]

Os Estados Unidos, principal potência militar, não admitiam sequer a hipótese de novo Vietnã ou de uma Cuba
gigantesca na América do Sul (COUTO apud BENEVIDES, 2006, p. 53).
Estado passa a se voltar de maneira intensa as demandas do capital externo. De forma
concomitante ao processo de superexploração da classe trabalhadora, a máquina estatal se
tornava um instrumento de violência extrema organizada. As mesmas estratégias espúrias
utilizadas no toma lá dá cá econômico, se apresentaram nas relações de dominação política.
De tal forma, é inegável afirmar que o Estado brasileiro diante do contexto da ditadura militar
se configurava eminentemente como fascista (IDEM, 1981).
Cabe versar aqui o impacto que o regime autocrático burguês exerceu sobre as
políticas sociais. Segundo Behring e Boschetti (2011) o redimensionamento do Estado
promoveu uma demanda maior de profissionais, como os de Serviço Social para atuarem
junto à classe trabalhadora. Elas apontam que há um considerável aumento nos espaços
sócio-ocupacionais diante do regime ditatorial.
Na ditadura militar pós-64 o país viveu um processo de modernização conservadora,
talvez o último suspiro nessa modalidade marcante do desenvolvimento nacional:
industrialização e urbanização aceleradas, e modernização do Estado brasileiro,
inclusive com a expansão de políticas sociais centralizadas nacionalmente
(BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.15).

O regime civil militar, ao contrário, do que era explicitado para o conjunto da massa
de trabalhadores, possuía funcionalidade econômica na perspectiva de perpetuar a
dependência e contribuir cada vez mais para o desenvolvimento do capital internacional,
alargando mais ainda o abismo das desigualdades sociais. A política econômica desenvolvida
nesse contexto demonstrava claramente a prioridade voltada para o desenvolvimento do
imperialismo norte-americano. Consequentemente o Estado brasileiro passou a ser
memorado como “antinacional” e “antidemocrático” (NETTO, 2011).
Vale ponderar aqui que, apesar de todo esse tautócrono de constrições, a ditadura
civil militar5 não se configurava como um regime homogêneo, apesar de todas as dificuldades,
havia debates no sentido de disputar os rumos do país. Apontaremos mais adiante nesse
trabalho que grande parte desses debates ocorriam no ambiente acadêmico justamente pelo
fato de que apesar da opressão do regime, a universidade se configurava como um espaço
minimamente democrático.
O discurso estadunidense que acabou sendo incorporado no Brasil é o do combate
à “ameaça vermelha”, o comunismo. O regime autocrático burguês utilizou- se de todas as
alternativas possíveis para impor legitimação junto ao conjunto da sociedade. Imprimiram um

5 Podemos dividir didaticamente a ditatura militar em três fases: a) De 1964 a 1968, com a definição das bases do
Estado de Segurança Nacional, a formulação de novos mecanismos de controle e a reforma constitucional; a
institucionalização do novo Estado e a sua crise em 1967-1968, quando o governo militar institui o Ato Institucional
n.5 (AI-5); b) de 1969 a 1974, o mais rígido da ditadura militar; c) de 1974 a 1985, da distensão à retirada dos
militares da cena política, como atores de frente (SILVA, 2011, p. 48).
ambiente de terror para aqueles que desafiassem a ordem utilizando-se do que
convencionaram chamar de doutrina de segurança nacional6.
[...] Era-lhe igualmente necessário aniquilar todas as forças político-organizativas que,
na contestação radical do seu projeto, poderiam introduzir elementos de
problematização de longo curso na sua intenção institucionalizante. Não restam
dúvidas de que a ação estatal, neste plano da intervenção direta, obteve êxito [...]
(NETTO, 2011, p.42 – os grifos são meus).

É inconteste que diante do ciclo autocrático burguês o Estado brasileiro utilizou-


se da violência para amedrontar organizações sociais antagônicas ao regime, onde a tortura
se configurava como principal instrumento de repressão policial. Mesmo diante de toda essa
ofensiva, debates políticos entre organizações sociais, dentre elas, alas progressistas da
igreja, movimentos culturalistas, movimento estudantil e de caráter político-partidário
construíam as bases de enfrentamento do regime que mais tarde vão desembocar no
movimento pela redemocratização brasileira.

2.1. A Resistência

Os movimentos ligados à igreja católica foram os que mais encorparam os fronts de


batalha em oposição ao regime. As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs)7, a Juventude
Estudantil Católica (JEC), a Juventude Operária Católica (JOC), a Juventude Universitária
Católica (JUC) e a Juventude Católica de Esquerda que se organizava na Ação Popular (AP),
todos esses movimentos eram ligados a uma ala da Igreja católica denominada de Teologia
da Libertação.
Também merecem destaque os movimentos de origem sindical que sofreram
inúmeros retrocessos a partir do redimensionamento do Estado no âmbito do ciclo autocrático
burguês. Intensificação do ritmo de trabalho; aumento no número de acidentes no trabalho;
arrocho salarial; realização de horas extras obrigatórias e atrasos no pagamento se
configuravam como principais regressos no que tange aos direitos trabalhistas. Diante do
ambiente terrorista criado pelo regime militar, medidas mais energéticas como greves, por
exemplo, só tiveram força para se sustentar nos fins da década de 1970.
Outras formas de resistência à ditadura civil militar se deram no campo das artes seja
no campo da música, na literatura, no teatro, no cinema. Chico Buarque, Gilberto Gil, Geraldo
Vandré na música; Ignácio Loyola Brandão e Ana Maria Machado na literatura. O cinema

6 “Em todo o ciclo autocrático burguês, o referencial político-ideológico da doutrina de segurança nacional foi
parâmetro ideal recorrente” (NETTO, 2011, p.43).
7 As CEBs são caracterizadas por grupos de base compostas por pessoas do povo que se reúnem para além de

uma questão de fé. Discutem questões e problemas relacionados ao seu dia-a-dia, questões essencialmente de
interesse coletivo. São compostas por, “em geral, moradores de periferias e de zona rural, que se encontram para
refletir, à luz da fé, e sobretudo da Bíblia, sobre os problemas que os afligem: falta de terra e moradia, trabalho e
educação, saúde e transporte” (BETTO, 2008, p. 282).
merece destaque por conta de que grande parte dos cineastas que atuavam no Brasil se
diziam de esquerda. Portanto, diversas produções foram censuradas e outras não chegaram
nem a ser finalizadas8.
No período ditatorial, o movimento estudantil foi o movimento que mais conseguiu
conglomerar forças na luta pela redemocratização do país, caracterizando-se como um dos
principais instrumentos de combate ao ciclo autocrático burguês. As organizações estudantis
que mais se destacaram, tinham em seu programa político princípios, dentre eles: liberdade
política, oposição ao regime antidemocrático e incentivo à participação popular. Para além de
pautas mais gerais, o movimento estudantil tinha como bandeiras de luta avanços na política
de educação, criticava a reforma universitária executada pelo regime e as tentativas de
privatização da educação por ingerência dos Estados Unidos e propunha a expansão de
vagas para o ensino superior (DURIGUETTO; MONTAÑO, 2011).
Durante o ciclo autocrático burguês a política de educação se dividiu em dois
momentos: de 1964 a 1968, quando da intervenção militar na perspectiva de eliminar os
espaços democráticos que ali se gestavam; e de 1968 a 1969, quando o regime propõe um
modelo de educação com a face girada para alcance do crescimento econômico (NETTO,
2011). Vale destacar que, segundo Soares (2015), essa segunda fase foi impulsionada pela
influência de órgãos norte-americanos na educação brasileira como a United States Agency
for International Development (USAID)9.
O interesse do capital pela educação dos trabalhadores se explicaria pela mudança
do paradigma produtivo que exigiria a substituição de uma formação pautada na
qualificação específica por outra fundada na qualificação geral. Essa mudança de
paradigma educacional visaria, antes de tudo, à formação de competências mais
apropriadas ao moderno modelo técnico-organizacional, visando à empregabilidade
do trabalhador (SALES, s/p).

Para Netto (2011) a política de educação no regime ditatorial é um dos grandes


instrumentos de fortalecimento da economia. O investimento na esfera privada é nítido. Já o
repasse de recursos para a educação pública fica cada vez mais escasso. A partir de então a
educação no Brasil passa a se tornar um produto e, dos mais lucrativos. Com ela, um conjunto
de outros direitos gradualmente vão se transformando em mercadoria.
Além de todas as constrições no âmbito da política de educação no ano do golpe em
1964, a até então entidade máxima dos estudantes no Brasil, a União Nacional dos

8 Se destacaram nessa época pela linguagem cômica e desleixada sobre a situação política e cultural do país os
filmes O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, Matou a Família e foi ao Cinema, de Júlio Bressane e
A Margem, de Ozualdo Candeias. (http://memoriasdaditadura.org.br/cinema/ , acesso em 27/04/2019).
9 Consideramos que todo o processo de ajuda proporcionado ao segmento educativo pela USAID buscava

racionalizá-lo com o projeto político-econômico que se implantava no Brasil a partir de 1964, já mais explicitamente
comprometido com o capitalismo internacional em sua forma periférica. (ARAPIRACA,1979, p. 09).
Estudantes (UNE)10 é fechada por meio de um decreto presidencial e diante disso o
movimento estudantil se torna um dos principais inimigos do regime. A UNE já viera com um
histórico de lutas desde sua fundação em 1937. Nos anos que antecederam o golpe, a UNE
se viu fortalecida quando da parceria realizada com o Centro de Cultura Popular (CPC), que
realizava trabalho de base na perspectiva da formação política com a periferia e em conjunto
com associação de moradores sindicatos e outros.
Segundo Mendes Jr. (1982), uma das primeiras ofensivas do regime contra a
organização estudantil da época veio diretamente do gabinete do Ministro da Educação,
Flávio Suplicy de Lacerda. O autor afirma que a Lei Suplicy (Lei 4.464), interferiu diretamente
no poder autônomo das organizações estudantis. Os estudantes eram forçados a votarem
nos Diretórios Acadêmicos (DAs) apontados pelas direções das universidades. Diante de tal
ofensiva, a UNE se organizou nacionalmente e realizou o Congresso Nacional da UNE
(CONUNE) em 1965, articulando um boicote nas eleições dos DAs, a manifestação ficou
conhecida como o Dia Nacional de Repúdio à Política do Ministro da Educação. Depois desse
posicionamento a repressão ao movimento estudantil só aumentou e, no CONUNE de 1967,
a entidade lança uma carta política realizando severas críticas a repressão policial e
propunham a união das minorias enquanto classe para o enfrentamento ao regime. De fato,
a intensa repressão por parte das forças armadas fez com que as atitudes das organizações
estudantis a época se tornassem cada vez mais radicais. O movimento estudantil já não se
limitava mais a bandeiras de luta na perspectiva da política de educação. A oposição agora
vai de encontro ao regime e a todas as desigualdades desencadeadas pelo mesmo.
A represália ao movimento estudantil perdurou de tal forma que não se viu outra
forma de resistência a não ser a própria aproximação com a guerrilha. Os grupos armados
passaram a formar uma aliança com o movimento estudantil. Aqueles estudantes que ainda
não eram “fichados” pelo regime, conseguiam informações privilegiadas que contribuíam com
as estratégias de luta. É no ardor dessa relação que a ditadura chega aos seus “anos de
chumbo” com a implantação do Ato Institucional nº 5 (AI-5) donde o próprio Congresso
Nacional foi fechado e a represália às organizações que faziam oposição ao regime
aumentou. Fernandes (2005) afirma que o AI-5 cerceava todo o tipo de liberdade política
conquistada, alguns espaços eram proibidos de serem frequentados até o habeas corpus para
acusados e presos políticos foi negado.

10 No dia 11 de agosto de 1937, na Casa do Estudante do Brasil, no Rio de Janeiro, o então Conselho Nacional de
Estudantes conseguiu consolidar o grande projeto, almejado anteriormente algumas vezes, de criar a entidade
máxima do estudantes. Reunidos durante o encontro, os jovens batizaram a entidade como União Nacional dos
Estudantes. Desde então, a UNE passou a se organizar em congressos anuais e a buscar articulação com outras
forças progressistas da sociedade. O primeiro presidente oficial da entidade foi o gaúcho Valdir Borges, eleito em
1939 (http://www.une.org.br/memoria/ - acesso em 27/04/2019).
A instauração do AI-5 solapou a participação do movimento estudantil no processo
de luta e oposição ao regime. O XXX CONUNE foi realizado em 1968 de forma clandestina
por conta da vigência do AI-5. Zappa e Sotto (2008) apontam que foi a partir da invasão dos
policiais no sítio Murundu, em Ibiúna (SP) e a prisão de quase mil estudantes, dentre eles Frei
Tito de Alencar11, barrou o processo de mobilização de cunho mais radical que vinha se
delineando desde 1966. A lei 477 decretada pelo governo autocrático em 1969 tratara de
adensar ainda mais a repressão.
A Lei n. 447 que tratou de estabelecer as infrações disciplinares cometidas por
docentes, discentes e funcionários das instituições de ensino país, concebendo
greves e mobilizações estudantis como atos infracionais (MONTAÑO; DURIGUETTO,
2011, p. 288).

O movimento estudantil foi tão importante na luta contra o regime que com o seu
enfraquecimento consequentemente a guerrilha também colapsou. Alguns estudiosos, dentre
eles, Napolitano (1998), apontam o sectarismo de alguns grupos de esquerda que não
conseguiram realizar um massivo trabalho de base e acabaram se isolando politicamente
como principal motivo para o insucesso.
É na segunda metade da década seguinte que o movimento estudantil consegue se
reorganizar quando diante do enfraquecimento do regime por conta dos impactos da crise
internacional do capital. Movimentos sociais de diversos segmentos ganham força e a luta
pela redemocratização do país se massifica novamente.

3 CONCLUSÃO

Podemos notar portanto, que o regime ditatorial instaurado no Brasil teve


influência direta do governo norte-americano, hoje não é tão diferente, a política econômica
desenvolvida no país, não só, mas principalmente após o golpe de 2016 é estritamente voltada
aos interesses norte-americanos. Essa subalternização política e econômica não se dá a partir
de uma questão meritocrática, muito menos natural, é forjada e muito bem arquitetada.
Destacamos a importância do papel da igreja e da academia, mais
especificamente do movimento estudantil em oposição as constrições da ditadura e é
importante olharmos para o passado para percebermos como nesse momento tão difícil que
o país atravessa, essas e demais organizações coletivas precisam estar atuantes, cobrando
e propondo. Num contexto tão adverso como atual, fica cada vez mais difícil mostrar força

11Frade católico brasileiro nascido em Fortaleza (CE) assumiu a direção da Juventude Estudantil Católica em 1963
e foi morar no Recife. Mudou-se para São Paulo para estudar Filosofia na Universidade de São Paulo (USP). Em
outubro de 1968, foi preso por participar do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna
(SP). Fichado pela polícia, tornou-se alvo de perseguição pela repressão militar. Disponível em
http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/frei-tito-de-alencar-lima/ -- acessado em 27/04/2019.
diante dessas organizações, no entanto, um modelo de sociedade para além do capital, nunca
deve estar fora da ordem do dia.

REFERÊNCIAS

ARAPIRACA, José Oliveira. A USAID e a Educação Brasileira: um estudo a partir de uma


abordagem crítica da Teoria do Capital Humano. Rio de Janeiro: FGV, 1979 (Dissertação de
Mestrado).

BENEVIDES, Sílvio César Oliveira. Na Contramão do Poder – juventude e movimento


estudantil. São Paulo: Annablume, 2006.

BETTO, Frei. 1968: nasce a teologia da libertação. In: ZAPPA, Regina; SOTO, Ernesto.
1968 – eles só queriam mudar o mundo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2008.

FERNANDES, Florestan. Revolução Burguesa no Brasil. São Paulo: Globo, 2005.

MENDES JR, Antonio. Movimento Estudantil no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1982.

MONTAÑO, Carlos; DURIGUETTO, Maria Lúcia. Estado, Classe e Movimento Social. 3ª


ed. São Paulo: Cortez, 2011.

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense,


2000.

NAPOLITANO, Marcos. O Regime Militar Brasileiro: 1964-1985. 4ª ed. São Paulo: Atual,
1998.

NETTO, José Paulo. Monopolista e Serviço Social. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
________. Pequena História da Ditadura Brasileira: (1964-1985). São Paulo: Cortez,
2014.
SALES, Francisco José Lima. Mudanças no mundo do trabalho e o novo discurso
pedagógico do capital. In Revista Labor. N.º 05 Vol. 01 2010.

SOARES, Raí Vieira. Organização Política Estudantil e Formação Profissional:


elementos para compreender o curso de Serviço Social no contexto do IFCE campus Iguatu.
Monografia. Iguatu: IFCE, 2015.
ZAPPA, Regina; SOTO, Ernesto. 1968 – eles só queriam mudar o mundo. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed, 2008.

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