Nutrição

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 17

INSTITUTO POLITECNICO DE CIENCIAS E GESTÃO

TRABALHO DE FARMACOLÓGICA

Dietas e Doenças Cardiovasculares

Discente:

Alima Chamussudine Jerafe

Amina nafsse

Noemina Mac un be

Shakira gildo

Nacala, junho de 2024


i
INSTITUTO POLITECNICO DE CIENCIAS E GESTÃO

TRABALHO DE FARMACOLÓGICA

Dietas e Doenças Cardiovasculares

Trabalho de caráter avaliativo da


cadeira de Nutrição pertencente ao
1o ano do curso de enfermagem
geral.

Docente:

Atija

Nacala, junho de 2024


ii
Lista de abreviaturas e siglas

DCNT Doenças crônicas não-transmissíveis

DCV Doenças cardiovasculares

AVC Acidente vascular cerebral

DCA Doença coronariana aguda

OMS Organização Mundial da Saúde

HAS Hipertensão arterial

iii
Índice
Lista de abreviaturas e siglas ......................................................................................................... iii

Introdução ....................................................................................................................................... 4

As doenças cardiovasculares........................................................................................................... 5

Consumo alimentar e doenças cardiovasculares ............................................................................. 7

Efeito do sal, álcool e nutrientes na doença cardiovascular Sal ..................................................... 9

Álcool ............................................................................................................................................ 10

Lípidos .......................................................................................................................................... 11

Ácidos Gordos Saturados .............................................................................................................. 11

Ácidos gordos trans ...................................................................................................................... 12

Colesterol ...................................................................................................................................... 12

Ácidos gordos monoinsaturados (MUFA) .................................................................................... 12

Fibra .............................................................................................................................................. 13

Divisão dos alimentos ................................................................................................................... 14

Alimentos in natura ou minimamente processados ...................................................................... 14

Óleos, gorduras, sal e açúcar......................................................................................................... 14

Alimentos processados.................................................................................................................. 14

Alimentos ultra processados ......................................................................................................... 14

Conclusão...................................................................................................................................... 15

Referência bibliográfica ................................................................................................................ 16

iv
Introdução
A doença cardiovascular apresenta uma etiologia multifatorial, estando relacionada com diversos
fatores de risco, que podem ser classificados como não modificáveis, particularmente o sexo, a
idade, a raça e a genética, e em modificáveis, nomeadamente o tabagismo, a diabetes mellitus, a
hipertensão arterial, o sedentarismo, o stresse, as dislipidemias, a obesidade e a alimentação
inadequada, que parecem ser de maior impacto. A sua etiologia parece assim dever-se
essencialmente a um estilo de vida inadequado, pelo que uma alimen-tação saudável, isto é
variada, equilibrada e completa, é fundamental para a prevenção primária e secundária das
doenças cardiovasculares. A relação entre uma alimentação inadequada / desequilibrada e o
aumento do risco cardiovascular criou a necessidade de desenvolvimento de recomendações
alimentares específicas a nível internacional.
No presente trabalho realizou-se uma revisão bibliográfica da literatura mais relevante sobre a
alimentação, mais concretamente sobre a ingestão nutricional e o efeito cumulativo dos vários
nutrientes através do estudo dos padrões alimentares, e os seus benefícios e particularidades na
prevenção cardiovascular.

4
As doenças cardiovasculares
As DCV permanecem a principal causa de mortalidade no mundo. Trata-se de um conjunto de
doenças que afeta os vasos sanguíneos ou o coração e pode se manifestar de forma crônica, como
a doença coronariana e a hipertensão, ou de forma aguda - infarto e AVC. As doenças
isquêmicas do coração e AVC são as principais causas de óbitos no mundo. A doença
coronariana representa 80% das mortes por DCV. É uma doença dos vasos sanguíneos que
irrigam o músculo cardíaco).

A hipertensão arterial (HAS) é caracterizada pela elevação da PA, ou seja, PA sistólica maior ou
igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em pelo menos 2 ocasiões
diferentes, na ausência de mediação hipertensiva. É uma condição multifatorial que engloba
fatores genéticos/epigenéticos, ambientais e sociais.

Eventos agudos ocorrem quando há uma barreira do fluxo sanguíneo para o coração ou cérebro e
o motivo mais comum para que isso ocorra é o acúmulo de depósitos de gordura nas paredes
internas dos vasos sanguíneos. Os principais sintomas do infarto são dor ou desconforto no peito,
nos braços, ombro esquerdo, cotovelo, mandíbulas ou costas, podendo ocorrer dificuldade para
respirar ou falta de ar, sensação de enjoo, tontura, desmaio. Os sintomas clássicos do AVC são:
fraqueza súbita de membros e face, normalmente de um lado do corpo; dificuldade para falar;
andar e enxergar. O AVC também pode ocorrer em função de hemorragias nos vasos ou de
coágulos sanguíneos.
Os fatores de risco clássicos para as DCV são: HAS; dislipidemia; obesidade; sedentarismo;
tabagismo; diabetes e histórico familiar. Ademais, vários outros fatores comportamentais/de
estilo de vida, como alimentação inadequada, consumo de álcool, estresse, fatores
sociodemográficos e econômicos, culturais e étnicos também influenciam no risco do
desenvolvimento das DCV.

As medidas de prevenção que têm sido recomendadas para DCV têm foco na modificação de
comportamentos de estilo de vida, como manter a alimentação saudável (aumento do consumo
de frutas e vegetais e redução da ingestão de sal dietético), consumo moderado de álcool, não
fumar, realizar atividade física regular e manter o peso ideal.
Os fatores socioeconômicos (renda, escolaridade e local de residência) e demográficos (sexo,
5
idade e raça ou cor) são fortes preditores de causalidade, morbidade e mortalidade cardiovascular
entre as populações.
As desigualdades em saúde originam-se dos determinantes sociais, tais como local de residência,
renda, escolaridade e ocupação dos indivíduos e grupos. Com relação à renda, quanto mais
elevada, maior acesso aos serviços de saúde de prevenção, diagnóstico precoce e/ou terapêutica,
o que pressupõe melhora na saúde. Quanto maior a escolaridade, maior é a probabilidade de os
indivíduos adotarem comportamentos saudáveis. Nos últimos anos, constatou que pessoas com
mais escolaridade são mais saudáveis, uma vez que apresentam menores índices de doenças
como diabetes, cardiopatia e HAS e isso está relacionado, provavelmente, a comportamentos de
vida mais saudáveis, como: não fumar; realizar atividades físicas; ter alimentação saudável e
realizar exames preventivos. Quanto à localidade de residência, quanto menor acesso aos
serviços de saúde piores serão os resultados em saúde, como ocorre em locais com baixa
infraestrutura.
Com relação à variável sexo, estudos têm encontrado prevalência maior das DCV nos homens,
pelo fato destes apresentarem fatores de risco mais elevados que as mulheres (HAS, tabagismo,
alimentação inadequada), além disso, a procura pelos serviços de saúde e práticas preventivas
tende a ser maior entre as mulheres.

Quanto à variável idade, pesquisas têm evidenciado maior prevalência das DCV em indivíduos
com idade mais avançada. Isto pode ser explicado pelas alterações inerentes do envelhecimento,
maior tempo de exposição a fatores de risco comportamentais para doenças crônicas (tabagismo,
alimentação não saudável, sedentarismo e poluição), além do fato dos idosos utilizarem mais os
serviços de saúde.
Os estudos têm demonstrado maior prevalência das DCV em indivíduos de raça ou cor branca,
quando comparada à preta e parda. No entanto, quando o parâmetro avaliado é mortalidade por
DCV, os estudos apontam maior mortalidade entre os indivíduos de raça ou cor preta e parda.
Isso pode ser explicado pela maior ocorrência de fatores de risco nessa população. Por outro lado,
a maior prevalência de indivíduos brancos apresentando DCV pode ser explicada pelo maior
acesso aos serviços de saúde, possibilitando diagnóstico e terapêutica mais adequados.

6
Consumo alimentar e doenças cardiovasculares
Após meados do século passado, os estudos envolvendo os alimentos passaram a ter foco maior
nas doenças crônicas, especialmente as doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e câncer,
devido ao aumento da prevalência e morbimortalidade dessas doenças. É consenso na área da
saúde a importância de uma adequada alimentação e nutrição, em termos quantitativos e
qualitativos, na prevenção das DCV, especialmente a aterosclerose.

Com relação ao consumo do grupo das frutas e vegetais e as DCV, o licopeno é um composto
bioativo do tipo carotenoide que está presente no tomate. A principal função benéfica deste
composto que se relaciona com a prevenção das DCNT, como as DCV e vários tipos de cânceres,
é a função antioxidante, devido ao elevado número de ligações duplas conjugadas que aumentam
a capacidade de eliminar espécies reativas de oxigênio.
O alho é outro alimento presente no grupo dos vegetais que possui efeitos benéficos à saúde,
cujo principal composto bioativo é a alicina. Estudos têm demonstrado eficácia do alho na
prevenção da aterosclerose, devido às suas propriedades antiaterogênicas, reduzindo o nível de
colesterol total e LDL-colesterol.
Outro grupo de alimentos rico em antioxidantes, como os polifenóis, são as berries, que inclui
frutas como morango, framboesa, mirtilos e amoras que tem se associado com a prevenção das
DCV, devido à melhora do perfil lipídico e inflamação, DM 2 e HAS.

O feijão é um alimento minimamente processado e, portanto, relaciona-se com menor ocorrência


das DCNT e DCV, de acordo com a literatura. Revisão sistemática e metanálise de 26 ensaios
clínicos randomizados constatou que o consumo de uma porção diária de leguminosas dietéticas
(feijão, grão-de-bico, lentilhas e ervilhas) reduziu significativamente o LDL-colesterol durante
uma média de 6 semanas de seguimento, reduzindo, portanto, o risco cardiovascular em adultos
predominantemente de meia idade, normolipidêmicos ou hiperlipêmicos com risco moderado de
DAC.
O consumo de peixes deve ser incentivado pelos profissionais da saúde para a promoção da
saúde e prevenção de doenças, inclusive as DCV. Isto se deve à presença do ômega 3, que se
relacionou com aumento de HDL-colesterol e diminuição nos fatores de inflamação. Revisão
sistemática e metanálise de 25 estudos de coorte prospectivos evidenciou que o consumo de

7
pescado esteve inversamente associado ao risco de mortalidade por DCV. Neste estudo foi
sugerido que o aumento na ingestão de 20g de peixe ao dia reduziu o risco de mortalidade por
DCV em 4%. Revisão sistemática de estudos observacionais demonstrou que o consumo de
peixe não frito se associou com risco reduzido de DCV, por outro lado, o consumo de peixe frito
associou-se a risco maior de eventos cardiovasculares.

Os estudos têm demonstrado que o consumo de 2 a 3 porções de peixes na semana relacionaram-


se com a redução na incidência de mortalidade por todas as causas de DCV. Essa relação foi
atribuída, em especial, quando o consumo de peixes é substituído pelo consumo de carnes e
alimentos de origem animal, ricos em gorduras saturadas (como a carne vermelha, carne
processada e laticínios). Os benefícios encontrados no consumo de pescados não se aplicam ao
peixe frito. A American Heart Association recomenda o consumo alimentar mínimo de 2 porções
de peixes na semana.
O consumo mundial de açúcar teve um crescimento exponencial após os anos 1900 com a
automação do processo de extração do açúcar, o qual se tornou barato e abundante. No entanto, o
consumo excessivo representa um dos marcadores de risco para DCV, pelo aumento do risco de
desenvolvimento de DM 2 (com a elevação da glicemia e a redução da sensibilidade à insulina),
obesidade e HAS. Um dos mecanismos envolvidos entre o consumo elevado de açúcares
adicionados e aumento do risco de obesidade e DM 2 é o aumento da ingestão de energia e
aumento da gordura corporal.
De acordo com a literatura, revisão sistemática e metanálise de estudos de coorte prospectivos
que avaliou a relação do consumo de bebidas açucaradas com o ganho de peso, observou
aumento de 0,85 kg (0,50 – 1,20 kg) em adultos. Outra revisão sistemática e metanálise de
coortes relatou aumento de 20% no risco de DM 2 com o consumo de 330mL/dia de
refrigerantes adoçados com açúcar e essa relação foi mais forte e consistente quando comparada
com refrigerantes com adição de adoçantes.
Os carboidratos líquidos, presentes nas bebidas com adição de açúcares, dão sensação de menor
plenitude, ocasionando fome mesmo após o seu consumo, havendo o aumento do consumo de
alimentos e calorias e aumento do peso corporal.

8
Estudo ecológico realizado na Europa comparou o consumo alimentar e as DCV e o principal
achado foi que o alto índice e carga glicêmica dos carboidratos seriam um dos principais
desencadeadores das DCV. A explicação seria a resposta inflamatória resultante da hiperglicemia
pós-prandial.

Sendo assim, o papel da alimentação adequada na prevenção das DCV é indiscutível. Em


conjunto com os demais fatores modificáveis relacionados ao estilo de vida, tornam-se
fundamentais os benefícios para a saúde cardiovascular de uma adequada alimentação.

Efeito do sal, álcool e nutrientes na doença cardiovascular Sal


A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para uma redução no consumo de sal, afirmando
que este não deve exceder os 5g/dia4. No entanto, o que se verifica nas sociedades ocidentais é
que este valor excede largamente as recomendações.
Segundo o estudo Portuguese Hypertension and Salt Study (PHYSA) que pretendeu avaliar a
ingestão de sal na popula-ção portuguesa verificou que este excede o recomendado (11,7g/dia).

O excesso de sal está associado ao risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e é o


principal fator de risco para o aumento da pressão arterial, o que poderá desencadear outras
complicações cardiovasculares como o acidente vascular cerebral e a hipertrofia do ventrículo
esquerdo.

Uma ingestão excessiva de sódio ao longo do tempo pode ter como consequência a hipertensão
arterial. Concluíram que reduzir o sal de 10g/dia para 5g/dia tem impacto na redução da pressão
arterial, o que por sua vez irá influenciar a diminuição no risco de desenvolver doença
cardiovascular. Os mesmos autores relataram que nos países desenvolvidos 80% do sal provém
de alimentos processados, sendo que nestes países se exige à indústria alimentar reduzir a
quantidade de sal adicionada aos alimentos. Face ao descrito importa salientar que a quantidade
de sal presente nos alimentos pode ser intrínseca e/ou adicionada na confeção dos mesmos. Para
uma redução do consumo de sal intrínseco aos alimentos, é importante uma minuciosa leitura aos
rótulos dos produtos alimentares e a opção pela compra daqueles com menores teores de sal. Dos
alimentos com maiores teores de sal por 100g de parte edível, destacam-se: as batatas fritas, os
produtos de charcutaria, as refeições pré-preparadas e a comida rápida.

9
Para uma redução da quantidade de sal adicionada na confeção dos alimentos, algumas
estratégias podem ser seguidas: substituir o sal por ervas aromáticas e especiarias (como por
exemplo, a salsa, o louro e os orégãos), temperar os alimentos.

Estima-se um consumo médio de bebidas alcoólicas de 146g/dia, sendo este superior nos homens
(187g/dia) comparativamente às mulheres (27g/dia) e particularmente alto nos idosos (298g/dia),
sendo o vinho a bebida mais consumida. Atualmente ainda permanece a ideia de que o vinho
tinto exerce um efeito protetor a nível cardiovascular, o que provém do conceito do «Paradoxo
Francês» que surgiu na década de 90 devido aos franceses e a outras populações do Sul da
Europa apresentarem uma baixa taxa de mortalidade por doença cardiovascular, apesar de terem
altos consumos de gordura saturada e de álcool.

Álcool
O efeito benéfico do consumo moderado de álcool pode ser explicado devido ao aumento do
colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade), diminuição dos níveis de fibrinogénio e da
agregação plaquetária e melhoria dos níveis de insulin 12, 14.
Nos países mediterrânicos a bebida de eleição às refeições é o vinho tinto (bebido com
moderação). Um estudo realizado com homens de idades compreendidas entre os 40 e 59 anos
pretendeu avaliar se o tipo de bebidas alcoólicas influenciaria o risco de desenvolvimento de
doença cardiovascular e concluiu que os bebedores de vinho apresentavam um risco menor de
desenvolver doença cardiovascular do que aqueles que consomem outros tipos de bebidas
alcoólicas. O vinho, e em particular o vinho tinto, parece possuir propriedades benéficas para a
prevenção cardiovascular. O vinho possui o resveratrol, que é uma substância que se encontra
presente em maiores quantidades no vinho tinto do que no vinho branco. O resveratrol é um
polifenol que age como inibidor da agregação plaquetária e da coagulação, diminui os níveis de
lípidos do soro sanguíneo, aumenta o colesterol HDL, auxilia na remoção do colesterol LDL
(lipoproteína de baixa densidade) do sangue, tem propriedades antioxidantes, anti-proliferativas e
anti-inflamatórias capazes de combater o stresse oxidativo, inibe a formação de radicais livres e
assim possui um efeito protetor a nível cardiovascular. Apesar do vinho, particularmente o vinho
tinto, ser reconhecido como uma bebida com efeitos cardioprotetores19, outros trabalhos

10
sugerem que o álcool, independentemente do tipo de bebida alcoólica, parece exercer igualmente
um efeito protetor a nível cardiovascular.

Lípidos
As dietas prescritas pela Organização Mundial da Saúde incluem uma redução da ingestão de
alimentos ricos em ácidos gordos saturados e colesterol para a prevenção da doença
cardiovascular21. Segundo as recomendações da AHA, o consumo de lípidos totais deve ser
entre 25% e 35% do valor energético total diário, sendo que o consumo de áci dos gordos
saturados deverá ser inferior a 7%, o de ácidos gordos inferior a 1% e o de colesterol total
inferior a 200 mg por dia (para indivíduos com história de doença cardiovascular) 22 e
300mg/dia para os restantes 13,23. A manutenção de níveis normais de ingestão de gordura tem
benefícios na redução do risco de doença cardiovascular.

Ácidos Gordos Saturados


Na alimentação, os ácidos gordos satu rados mais consumidos apresentam uma cadeia
hidrocarbonada, com 12 a 18 átomos de carbono e designam-se nomeadamente por: ácido láurico
(C12:0), ácido mirístico (C14:0), ácido palmítico (C16:0) e ácido esteárico (C18:0). Estes podem
derivar de origem animal, como por exemplo das carnes gordas e dos lacticínios gordos e de
origem vegetal, como dos óleos de coco e de palma.

Os ácidos gordos saturados são o principal responsável pela elevação dos níveis de colesterol
total e pelo aumento dos níveis de colesterol LDL, o que acarreta o elevado risco de desenvolver
o processo de aterosclerose e, por sua vez, parece aumentar o risco de desenvolver doença
cardiovascular. A redução do consumo de gordura saturada tem também um efeito bené fico em
indivíduos hipertensos28. Assim, segundo as recomendações internacionais, nomeadamente as
da AHA27, a presença de alimentos ricos em ácidos gordos satura dos deve de ser limitada.
Apesar disso, uma meta-análise de estudos de coorte pros petivos concluiu que não existe
evidência científica a suportar uma associação entre a ingestão de ácidos gordos saturados e a
doença cardiovascular.

11
Ácidos gordos trans
Os ácidos gordos trans podem ser derivados da fermentação bacteriana de animais ruminantes e
encontram-se presentes nas carnes e em menores quantidades nos produtos lácteos. Estes podem
também ser produzidos por via da hidrogenação dos ácidos gordos polinsaturados (por exemplo,
óleos vegetais líquidos), com o objetivo de conferir uma consistência sólida e podem ser
incluídos na alimentação através de uma série de alimentos processados, embora atualmente,
tenha havido um esforço da indústria alimentar em restringir os ácidos gordos trans na produção
alimentar. O consumo de ácidos gordos trans aumenta o risco de doença cardiovascular, devido
ao aumento dos níveis de colesterol sanguíneo total, o que por sua vez influencia o processo de
aterosclerose.

Colesterol
O colesterol alimentar está presente somente nos produtos de origem animal, como as carnes,
principalmente as carnes gordas (vermelhas), produtos lácteos gordos, gema de ovo, vísceras,
moluscos e crustáceos. Numerosos estudos realizados há alguns anos demonstraram a associação
entre o consumo de colesterol na alimentação e um maior risco de desenvolvimento de
aterosclerose. Contudo, estudos recentes indicam que não há evidência científica suficiente para
comprovar o efeito do colesterol alimentar na doença cardiovascular. O colesterol alimentar
possui um menor efeito na colesterolemia, quando comparado com a ingestão de ácidos gordos
saturados. Atualmente sabe-se que a resposta ao colesterol sanguíneo varia de indivíduo para
indivíduo. Alguns genótipos influenciam a absorção a nível intestinal de colesterol, esta absorção
é regulada pelo genótipo apoE.

Ácidos gordos monoinsaturados (MUFA)


Os ácidos gordos monoinsaturados (MUFA) mais habitualmente consumidos através da
alimentação são aqueles que possuem 18 átomos de carbono: o ácido oleico e o ácido elaídico.
Na alimentação encontram-se presentes nos óleos de colza, amendoim, abacate, amêndoas e no
azeite25. Os resultados das diferentes meta-análises abordadas concluem que os MUFA possuem
efeitos protetores a nível cardiovascular, nomeadamente na pressão arterial sistólica e diastólica,
melhoramento dos níveis de triglicerídeos, aumento no colesterol HDL após intervenções de
curto prazo mas com grandes quantidades de MUFA.
12
Fibra
Existem dois tipos de fibras alimentares: as fibras solúveis (pectinas, mucilagens, gomas e
algumas hemiceluloses) e as fibras insolúveis (lignina, celulose e algumas hemiceluloses). A
fibra solúvel encontra-se presente no farelo de aveia, sementes, leguminosas (feijão, lentilhas),
produtos hortícolas de folha verde e fruta. A fibra insolúvel não é digerível e por isso diminui o
risco de obstipação; encontra-se presente nos grãos inteiros, no farelo de trigo, nas amo ras,
peras e no pão integral. As fibras insolúveis exercem um menor efeito na doença cardiovascular
quando comparadas com as fibras solúveis. Uma meta-análise de ensaios clínicos concluiu que a
ingestão diária de três ou mais gramas de fibra solúvel (β-glucano de aveia) associou-se a uma
diminuição modesta no colesterol total (0,30mmol/L ou 12mg/dL) e no colesterol LDL
(0,25mmol/L ou 10mg/ dL)57. O mesmo estudo não mostrou diferenças significativas
relativamente aos triglicerídeos e ao colesterol HDL concluindo ainda que, ingerir 3 gramas de
fibra (por exemplo, 28 gramas de aveia) pode diminuir o colesterol total sanguíneo e o colesterol
LDL. Estudos de coorte sumariados numa outra meta- -análise sugeriram que a ingestão de fibra
está inversamente associada ao risco de doença cardiovascular e que uma alimentação rica em
produtos hortícolas está associada a um menor risco de desenvolver doença cardiovascular. A
ingestão diária de 25 gramas de fibra reduz significativamente o colesterol plasmático, a
hipertensão arterial, a relação cintura-anca e reduz o índice de massa corporal. Verificou-se que
25 gramas por dia é o mínimo para se atingir proteção ao nível cardiovascular e um aumento
para 30 a 35 gramas por dia proporciona um efeito cardiovascular protetor aumentado.
Antioxidantes A inflamação causada pelo stresse oxidativo é a causa de muitas doenças crónicas.
O stresse oxidativo origina, principalmente nas mitocôndrias, espécies reativas de oxigénio. O
stresse oxidativo induzido pelas espécies reativas de oxigénio nas células cardíacas está
relacionado com lesões nas células cardíacas o que pode estar na origem da doença
cardiovascular como a aterosclerose, a hipertensão arterial, a trombose, insuficiência cardíaca, a
hipertrofia cardíaca e as cardiomiopatias60. As espécies reativas de oxigénio provocam a
oxidação do colesterol LDL, o qual se deposita e con tribui para o processo de aterosclerose61.
Atualmente, estudos epidemiológicos observacionais

13
Divisão dos alimentos
Os alimentos são divididos de acordo com o grau de processamento, sendo que a base da nossa
alimentação deve ser composta por alimentos in natura ou minimamente processados.

Alimentos in natura ou minimamente processados


São aqueles adquiridos sem sofrer qualquer alteração após deixar a natureza, ou que sofreram
alterações mínimas. Exemplos: frutas; verduras; legumes; leite; iogurte natural; feijões; cereais;
raízes; tubérculos; ovos; carnes resfriadas ou congeladas; farinhas; macarrão; castanhas; frutas
secas; sucos integrais; chá; café; e água potável.

Óleos, gorduras, sal e açúcar


São produtos extraídos de alimentos in natura a partir de técnicas de processamento. São
utilizados para temperar e cozinhar alimentos e para criar preparações culinárias. Exemplos
incluem óleos de soja, de milho ou de oliva; banha de porco; gordura de coco; açúcar refinado,
mascavo ou demerara; e sal de cozinha refinado ou grosso.

Alimentos processados
São produtos fabricados essencialmente com adição de sal ou açúcar (ou outra substância
culinária, como óleo ou vinagre) a um alimento in natura ou minimamente processado,
utilizando-se de técnicas de processamento simples. Exemplos de alimentos processados incluem
queijos; enlatados; extrato ou concentrado de tomate; frutas em calda ou cristalizadas; carne seca;
atum e sardinha enlatados e pães feitos de farinha de trigo, leveduras, água e sal.

Alimentos ultra processados


São formulações industriais feitas com muitos ingredientes, a maioria deles aditivos químicos, e
uma pequena proporção de alimentos in natura. Exemplos: biscoitos doces e salgados; sucos em
pó; refrigerantes; temperos prontos; embutidos; e salgadinhos.

14
Conclusão
Depois da realização do trabalho, contatou se que O consumo de alimentos ricos em gordura e
com alta densidade energética, a inatividade física, o fumo e consumo excessivo de álcool estão
entre os principais fatores de risco para desenvolvimento destas doenças. Ainda, a história
familiar de hipertensão arterial, o diabetes e as dislipidemias potencializam o risco para o
desenvolvimento de doença cardiovascular, especialmente quando encontradas em parentes de
primeiro grau e associadas a um estilo de vida inadequado.
Os comportamentos mais prevalentes em pacientes que apresentam doença cardiovascular são o
hábito de fumar, a inatividade física e consumo excessivo de gorduras de origem animal.
Comprovaram isso ao avaliar adultos e idosos, identificando frequência de consumo exagerado
de alimentos ricos em gordura, como lácteos integrais e gordura aparente das carnes, excedendo
as recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde, principalmente nos grupos mais
jovens e de maior nível econômico, implicando assim no aumento do risco para o
desenvolvimento de doenças crônicas.
Em contrapartida, o consumo de frutas e vegetais é considerado um fator importante na
prevenção e controle das doenças cardiovasculares, pois estes grupos de alimentos apresentam
baixa densidade energética, fibras solúveis e insolúveis e são boas fontes de micronutrientes.
Além disto, as frutas, quando consumidas na quantidade adequada (3 porções/dia), estão
relacionadas à proteção para a obesidade abdominal e hipertrigliceridemia. Entretanto, um
consumo inadequado destes grupos é comumente observado na população adulta.

15
Referência bibliográfica
Perk J, De Backer G, Gohlke H, et al. European Guidelines on cardiovascular disease prevention
in clinical practice (version 2012). The Fifth Joint Task Force of the European Society of
Cardiology and Other Societies on Cardiovascular Disease Prevention in Clinical Practice
(constituted by representatives of nine societies and by invited experts). Eur Heart J. 2012; 33:
1635-701.

Mozaffarian D, Hao T, Rimm EB, et al. Changes in diet and lifestyle and long-term weight gain
in women and men. N Engl J Med. 2011; 364: 2392- 404.

Eckel RH, Jakicic JM, Ard JD, et al. 2013 AHA/ ACC guideline on lifestyle management to
reduce cardiovascular risk: a report of the American College of Cardiology/American Heart
Associa tion Task Force on Practice Guidelines. Circulation. 2014; 129: S76-99.

World Health Organization. Guideline: Sodium intake for adults and children. Geneva: WHO;
2012.

Polonia J, Martins L, Pinto F, et al. Prevalence, awareness, treatment and control of


hyperten sion and salt intake in Portugal: changes over a decade. The PHYSA study. J
Hypertens. 2014; 32: 1211-21.

Lopes C, Torres D, Oliveira A, et al. Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física 2015-
2016. Relatório de resultados. Universidade do Porto; março 2017.

16

Você também pode gostar