Era Uma Vez Meu K-Idol - Kat Cho
Era Uma Vez Meu K-Idol - Kat Cho
Era Uma Vez Meu K-Idol - Kat Cho
Translated from original Once Upon a K-Prom. Copyright © 2022 by Disney Enterprises,
Inc. ISBN 9781368066983. Originally published in the United States and Canada by
Disney • Hyperion, an imprint of Buena Vista Books, lnc. as ONCE UPON A KPROM. This
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reserved. PORTUGUESE language edition published by Starlin Alta Editora e Consultoria
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Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Quarenta
Quarenta e um
Quarenta e dois
Quarenta e três
Quarenta e quatro
Quarenta e cinco
Quarenta e seis
Quarenta e sete
Quarenta e oito
Quarenta e nove
Epílogo
Agradecimentos
Um
Não poderia ser verdade. Robbie Choi não poderia estar parado
na minha porta, muito menos me convidando para o baile.
Era coincidência demais. Eu estava pensando em Robbie e no
baile hoje, e agora ele estava na minha porta. Talvez minha halmoni
materna estivesse certa, e fôssemos mais do que apenas videntes.
Talvez fôssemos bruxas.
O mais provável era que eu estivesse alucinando por causa de
todo o estresse com o centro comunitário. Mas, mesmo quando
fechei os olhos com tanta força que pude ver aquelas estrelinhas
brilhantes atrás de minhas pálpebras e os abri novamente, Robbie
ainda estava parado na minha frente.
— Lani? — disse ele, e o som daquele apelido, que apenas Robbie
conhecia, trouxe-me de volta à realidade.
— Robbie? — O nome dele saiu quase como um grito estridente.
— Não vai me responder? — questionou com um sorriso que
iluminou seu rosto já lindo demais.
Mas, quando mesmo assim não respondi, ele vacilou um pouco, a
incerteza tomando conta de sua expressão. Ai, não, por que eu não
conseguia dizer nada?
— Ou… posso pelo menos entrar? — perguntou.
Instintivamente, comecei a abrir mais a porta, mas, quando ele se
mexeu, notei alguém atrás dele. Um homem com roupas escuras. Eu
teria pensado que era um guarda-costas, mas ele estava segurando
uma câmera.
Por que filmariam isso? De repente, eu só conseguia pensar no
meu cabelo bagunçado e quase levantei as mãos para arrumá-lo, mas
achei que seria óbvio demais. Então, eu as mantive imóveis ao meu
lado, segurando a barra da minha camisa.
Isso era algum tipo de pegadinha com câmeras escondidas?
Como aqueles reality shows que causam vergonha alheia que Ethan
assistia? Mas, se fosse, as câmeras não deveriam estar, bem,
escondidas?
— O que tá acontecendo aqui? — falei por fim, puxando a porta
para bloquear o saguão. Eu não queria minha foto embaraçosa da
terceira série na câmera.
— Ah. — Robbie deu outro sorriso de milhares de watts para
mim.
Ele passou a mão no cabelo, o que, de alguma forma, fez com que
parecesse elegantemente bagunçado. Era perfeito demais. Não era
nada parecido com o Robbie de quem eu me lembrava, que tinha
manchas de sujeira nas calças e um péssimo corte de cabelo feito no
banheiro pela mãe.
Percebi que eu não conseguia reconhecer nada naquele Robbie
parado na minha frente. Nem suas roupas, nem seu cabelo, nem seu
sorriso perfeitamente torto (tipo, tão perfeito que só poderia ter sido
ensaiado).
— Não se preocupa com a câmera — disse Robbie. — É só uma
coisa nossa. A WDB TV, para nossos fãs. Achei que seria divertido
para eles conhecer o antigo bairro onde eu morava.
— Mas por que ela precisa estar aqui? — perguntei, mudando de
posição desconfortavelmente. No geral, eu odiava ser filmada. Mas
saber que isso poderia estar em um canal tão famoso estava me
deixando ainda mais nervosa.
— Tá tudo bem. Você vai se acostumar.
Vou me acostumar? Quanto tempo ele esperava ficar aqui? O
antigo Robbie nunca teria me pedido para fazer algo que me
deixasse desconfortável. Ele sabia que eu odiava tirar fotos, quem
dirá fazer parte de algum programa de internet a que provavelmente
milhares de pessoas assistiriam.
— Certo, mas por que você tá aqui? — perguntei, sem conseguir
evitar que meus olhos se voltassem para a câmera a cada cinco
segundos. — A gente não se fala há, tipo, quatro anos.
Robbie riu, uma risada suave e gentil. Nada parecida com aquela
risada escandalosa de que eu me lembrava. Sinceramente, ele
parecia um asno rindo daquele jeito. E eu adorava. Não sabia o que
fazer com essa versão calma e gentil que saiu dele agora.
— Sei que ando muito ocupado ultimamente. Não parei nem um
minuto fazendo todas as turnês e tentando encontrar o máximo
possível de fãs. — Ele abaixou a cabeça ligeiramente, como se
estivesse envergonhado de quantos fãs incríveis tinha. Mas sorriu no
ângulo perfeito para ser capturado pela câmera. Tudo parecia tão
ensaiado. Lutei contra a vontade de revirar os olhos. — E eu já disse,
estou te convidando para o baile — continuou Robbie. — Você se
lembra da nossa promessa? Sempre cumpro minhas promessas. —
Ele me deu mais um daqueles sorrisos deslumbrantes e acrescentou
uma piscadela.
Não cumpre, não, tive vontade de dizer. E a promessa de sermos
melhores amigos para sempre? De você manter contato e sempre responder
às minhas mensagens? E essa promessa?
— Vamos lá, Elena. Você lembra, não é? —perguntou, e havia
algo na suavidade da sua voz que me irritou profundamente. Como
se fosse um cara charmoso em um filme cafona dando em cima de
uma garota. Ou como se fosse uma celebridade acostumada a ter
garotas se jogando a seus pés.
— Lembro — falei lentamente.
— Ótimo! — Empurrou a rosa para a minha mão. — A gente se
encontra na sua escola para comprar os ingressos?
— O quê? Não, não vou comprar ingresso nenhum.
— Como assim? — Robbie franziu a testa, e até isso parecia
perfeito.
— Você não precisa me levar ao baile — tentei explicar —, essa
promessa foi feita há anos, você não precisa cumprir.
Agora foi a vez dele de piscar confuso. Bufou um pouco, como se
quisesse rir, mas tivesse pensado melhor. Ele se inclinou e
sussurrou, tão baixo que a câmera provavelmente não conseguiria
captar sua pergunta.
— É porque você está nervosa de ir com alguém como eu?
Uau, Robbie realmente pensou que eu estava impressionada com
ele.
— Para ser sincera, eu meio que não acompanho sua música —
falei, franzindo meus lábios do jeito que eu costumava ver Allie
fazer quando alguém a irritava. — Mas ouvi dizer que você está indo
bem, então parabéns, eu acho.
— O quê? — Robbie franziu a testa e finalmente se esqueceu de
parecer bonito enquanto fazia isso.
— E para sua informação, eu não vou ao baile. De jeito nenhum.
Com ninguém.
Ele ergueu uma única sobrancelha em surpresa. Eu odiava
quando as pessoas faziam isso, principalmente porque eu não
conseguia.
— Mas não é o seu último ano? Por que você não iria ao baile?
Seu tom crítico foi a gota d’água. Levantei meu queixo e arrumei
minha postura:
— Porque eu não quero. Então, tenha uma ótima estadia nos
Estados Unidos.
E fechei a porta depressa. Eu precisava me afastar do olhar
desapontado nos olhos de Robbie e da luz vermelha brilhante da
câmera atrás dele.
Cinco
A noite do meu primeiro beijo também foi uma das cinco noites
mais tristes da minha vida. Eu tinha 10 anos, e eram as férias de
verão. Estava ajudando Sarah a lavar a louça depois do jantar. Ela
esfregava e enxaguava, e eu secava. Minha mãe nunca usava a
máquina de lavar louça, a menos que fosse depois de um jantar
especial ou no Natal.
Robbie ligou quando eu estava terminando. Ele me perguntou se
poderia encontrá-lo no balanço, e Sarah disse que terminaria o
trabalho para mim. Corri lá para fora; estava quente e úmido, e
parecia que ia chover.
Havia uma estranha eletricidade no ar, que me deixou tonta
enquanto corria até Robbie.
Ele já estava me esperando lá, empurrando-se com os pés para
que o banco balançasse suavemente.
— E aí? — perguntei, sentando-me ao lado dele e empurrando-o
com mais força. Ele agarrou a corrente para não cair, e eu ri de sua
surpresa.
— Tenho uma coisa para te contar — disse. Por algum motivo,
não estava olhando para mim. E senti um estranho aperto no
estômago, como quando minha mãe e meu pai sentaram conosco
para nos dizer que o Haraboji estava doente.
— Seus pais tão bem? — perguntei.
— Sim, eles tão bem.
— Então o que foi? — Se todos estavam bem, poderíamos
resolver as coisas.
— A gente vai para Seul — disse ele.
Empurrei o chão novamente, perguntando-me até que altura
poderíamos ir.
— Tudo bem, vejo você quando voltar.
Ele arrastou os pés no chão para parar o balanço e finalmente
olhou para mim, seus olhos estavam cheios de lágrimas.
— Esse é o problema. A gente não vai voltar.
De início, eu não consegui processar. Simplesmente não fazia
sentido.
— Mas e a escola? — perguntei, mesmo quando comecei a me dar
conta. Robbie não estava passeando nas férias de verão. Ele estava se
mudando. Para Seul. Para o outro lado do mundo. Meu melhor
amigo estava indo embora, assim como Esther e Allie foram embora.
— Tem certeza? — falei, minha voz falhando ao fazer a pergunta.
— Sim, Appa disse que só veio aqui para ajudar Samchon com seu
negócio, e, agora que tá tudo resolvido, ele recebeu uma oferta de
emprego em Seul. É boa demais para deixar passar.
— Bem, e por que você e sua mãe têm que ir também? —
Lembrei-me da história de como o Haraboji tinha vindo para os
Estados Unidos por alguns anos sem a Halmoni, meu pai e suas
irmãs, e só depois todos vieram.
— Vai todo mundo. E não sei quando vou te ver de novo. — Ele
fungou e passou o nariz na manga da camisa.
— Mas por quê? — sussurrei.
Ele balançou a cabeça e fez um som triste e sufocado, e percebi
que nenhuma das minhas perguntas estava ajudando. Estendi a mão
e puxei-o para perto. Seus braços me envolveram, apertando-me
com tanta força que era quase difícil respirar. Mas eu não queria que
ele me soltasse.
— A gente vai se falar por mensagem o tempo todo — falei em
seu ombro. — E fazer ligações. E FaceTime.
— Claro — respondeu.
— Vamos conversar tanto que vai ser como se você nunca tivesse
ido embora.
— Sim — disse ele, desfazendo o abraço para se afastar. Eu quase
protestei, mas meus braços estavam começando a doer de tanto
apertá-lo.
— Vou sentir tanto a sua falta, Lani — sussurrou ele.
— Também vou sentir sua falta, Robbie. Você é meu melhor
amigo. — Minha garganta estava muito apertada, como se não
quisesse que eu falasse essas palavras.
Então Robbie se inclinou para a frente e pressionou seus lábios
nos meus. Foi rápido. Um selinho, na verdade. E tinha o gosto
salgado de nossas lágrimas. Mas foi um beijo de verdade.
Meu primeiro beijo.
Quatorze
Tinha que haver outro motivo para eles estarem olhando para
mim. Talvez eu só estivesse com alguma coisa no dente? Por favor,
que seja apenas comida no meu dente.
— Aaaah — disse Jun, depois falou em um coreano tão rápido
que eu não consegui acompanhar.
— Não — respondeu Robbie. — Não podemos pedir para ela
fazer isso sem qualquer preparação.
Senti o sangue sumir do meu rosto quando comecei a entender.
Não, era uma ideia horrível. Eu precisava pôr um fim naquilo.
— Ela só precisa passar por você andando e depois te deixar girá-
la. Qualquer um pode fazer isso — argumentou Minseok.
— Ótimo, então faz você — consegui dizer, finalmente. — Eu sou
uma péssima dançarina.
— Nem é dançar, sério — explicou Minseok, pegando minha
mão. Ele sorriu para mim de um jeito tão charmoso e deslumbrante
que comecei a sorrir de volta antes de lembrar que deveria estar
sendo firme. Isso era ridículo; eu não podia dançar com Robbie. —
Além do mais! — adicionou animadamente. — Isso pode ajudar
depois daquele vídeo desastroso do promposal.
Senti minha espinha enrijecer; por que as pessoas continuavam
falando desse vídeo?
— Bobagem — falei. — Como isso ajudaria?
— Você precisa pensar na imagem pública — respondeu
Minseok, levantando o dedo no ar em um exagero quase cômico de
alguém que tem um argumento a provar. — Os fãs não sabem o que
pensar da garota misteriosa que rejeitou Robbie de maneira tão
espetacular. De verdade, foi muito divertido para mim. Já te amo só
por isso — continuou, segurando minhas mãos. — Mas os fãs não
sabem do que eu sei. É por isso que eles estão tão confusos. Se
colocarmos Elena no vídeo para mostrar que não há ressentimentos e
explicarmos na WDB TV que ela é uma velha amiga de infância de
Robbie, então tenho certeza de que eles gostarão dela.
Parecia ridículo, mas, quanto mais eu pensava sobre isso, mais
fazia sentido de uma forma estranha. Os fãs já pareciam menos
bravos comigo nas fotos do centro comunitário. Talvez, se me
associassem a coisas positivas, poderiam me perdoar por não ter
aceitado o promposal.
Robbie balançou a cabeça.
— Minseok-hyung, se ela não quiser, podemos simplesmente
pedir a alguma das empresárias-noonas.
— Elas não têm a idade certa — insistiu Minseok.
Uma parte de mim queria reclamar de etarismo, qualquer coisa
que o fizesse abandonar essa ideia maluca. Mas ele continuou
insistindo.
— Seria ótimo. Você não acha, Jongdae?
Esperei que JD me apoiasse. Não havia como concordar com isso.
Mas ele apenas balançou a cabeça e disse:
— Pode ser que funcione.
— Ótimo! — soltou Minseok, batendo palmas enquanto os outros
meninos começavam a falar também.
Robbie se aproximou e murmurou para mim:
— Você não precisa fazer isso. Podemos pedir a alguma das
cabeleireiras.
— Não, Minseok tem mesmo um bom ponto sobre os fãs online
— falei.
Robbie estremeceu.
— Eu estava esperando que você não tivesse lido nada daquilo.
— Sou uma pessoa naturalmente curiosa, Robbie. Você realmente
não se lembra disso? — perguntei com um sorriso fraco.
Ele sorriu de volta.
— Bem, só para constar, acho que ele tem razão. Se eles virem
que você e eu somos amigos desde sempre, aposto que vão te
adorar.
Hanbin se virou para nós.
— Elena, venha cá. Robbie, você vai precisar se esforçar mais
para fazê-la entrar na linha.
Quase estremeci com as palavras dele, era como se já estivesse
esperando que eu fosse fazer besteira.
— Vai ser bem simples — disse ele. — Vou ficar ao seu lado e,
quando eu der a deixa, apenas comece a andar. Cada batida é um
passo, certo?
Assenti, tentando decorar tudo.
— Robbie vai aparecer do seu lado esquerdo. — Hanbin
gesticulou para ele, que fez como o indicado. — E você só precisa
deixar que ele te gire.
Robbie me puxou pela mão, mas eu não estava preparada e o
ultrapassei com o impulso. Soltei um grito enquanto perdia o
equilíbrio. Girei, balançando os braços e tentando me estabilizar
para não fazer uma grande besteira. Mas eu podia sentir a gravidade
me puxando e, em um último esforço desesperado, passei meus
braços em volta do pescoço de Robbie e o puxei para baixo comigo.
Senti o ar deixar meus pulmões enquanto eu batia no chão com um
baque, e ele caía em cima de mim.
— Acho que não era bem isso que Hanbin queria — disse Robbie
no meu ouvido, sua respiração ofegante.
Eu resmunguei e o empurrei:
— Isso não é hora para suas piadinhas idiotas.
Robbie riu e se apoiou nos cotovelos, aliviando um pouco da
pressão no meu peito.
— Você tá bem? — perguntou. Seus braços eram como um abrigo
ao meu redor, bloqueando o resto da sala. Eu não conseguia ver
nada além de seu rosto pairando sobre o meu.
— Tô — sussurrei, ainda incapaz de encher totalmente os
pulmões de ar. Assim de perto, Robbie ainda era bonito, mas eu
conseguia ver que ele tinha a mesma sobremordida sutil de quando
éramos crianças. E seu nariz ainda era um pouco grande demais
para o rosto, arredondado na ponta de um jeito que conferia um ar
infantil às suas feições.
— Você ainda tem o mesmo nariz. — Eu me peguei dizendo.
Ele sorriu, e isso fez suas bochechas subirem, seus olhos se
apertando em meias-luas.
— Ficou preocupada que eu tivesse feito uma cirurgia plástica
agora que sou um idol?
— O quê? Não! — Fui rápida em assegurá-lo.
Ele riu, e senti sua risada ressoar entre nós.
— Não se preocupa. Fiz mesmo. Eu não te culparia por se
perguntar.
Então, seu sorriso desapareceu aos poucos, uma expressão
estranhamente séria tomando seu lugar. Senti algo puxar meu cabelo
e percebi que seus dedos estavam entrelaçados nas mechas.
— Lani — disse em uma voz tão grave que senti vibrações em seu
peito. Ele se abaixou um pouco, aproximando-se de mim. O que
estava fazendo? O que estava pensando?
— Oi? — Meus olhos desceram para seus lábios. Estavam tão
perto que eu conseguia ver seu arco do cupido perfeito. Meu coração
estava batendo tão forte que tive certeza que ele podia senti-lo.
— Acho que a gente devia se levantar agora — sussurrou.
— Hein? — Franzi a testa.
— Os outros estão começando a encarar a gente. — Seus olhos se
moveram para o lado.
Quando olhei, todos na sala estavam de olho em nós. Senti um
aperto no estômago, e um arrepio de vergonha tomou conta de mim.
— Aimeudeus — falei, empurrando Robbie para longe. Ele riu
enquanto se levantava, rápido e ágil, e me ofereceu a mão, mas
ignorei. De pé, eu não conseguia nem olhar nos olhos dele.
— Nunca vi alguém dar um grito tão agudo antes — brincou
Robbie com uma risada. Fechei a cara, irritada por ele achar tudo
isso tão engraçado enquanto eu estava absolutamente mortificada.
— Espertalhão — murmurei.
— Uau, Elena Soo xinga agora! — Robbie colocou a mão sobre o
coração em uma demonstração cômica de espanto.
Eu ri, não pude evitar. E Robbie sorriu, como se isso fosse tudo o
que ele queria ouvir. E, de repente, lembrei que essa era uma de suas
habilidades quando éramos mais jovens. Fazer você se sentir como
se fosse o centro de sua atenção.
— Vocês dois estão prontos para tentar de novo? — perguntou
Hanbin.
— De novo? — respondi, surpresa por ainda não terem desistido
dessa ideia horrível. Minha falta de coordenação era dolorosamente
óbvia.
— Hyung, você pode me dar um segundo para ensaiar a sós com
a Elena? — perguntou Robbie.
Hanbin olhou para o relógio.
— Claro, mas só cinco minutos. Precisamos gravar esse vídeo
logo.
— Acho que não consigo — falei para Robbie enquanto Hanbin
se afastava. — Vou fazer besteira, e todos os seus fãs vão me odiar
ainda mais.
— Você tá sendo muito dura consigo mesma — disse Robbie.
Então pensei tê-lo ouvido murmurar como sempre. Mas não tinha
certeza.
Ele me pegou pelos ombros e falou:
— Pense nisso como se fosse um dos nossos ensaios de dança
quando tínhamos 9 anos.
— Você quer dizer aquela vez em que te fiz encenar a
apresentação do telhado de High School Musical 2 comigo e quase te
matei na parte em que você me levantava? — perguntei.
Robbie riu.
— Certo, então vamos pular a parte de eu te levantar desta vez.
Eu simplesmente não conseguia ver nenhum resultado além da
minha total humilhação. Mas esse sentimento conflitava com minha
necessidade de cumprir promessas.
— Tudo bem — cedi.
Robbie assentiu.
— Apenas tenta se divertir. E não estende a mão. Não é para você
ficar esperando que eu te pegue. Precisa ser algo natural.
Contei a batida, concentrando-me em manter meus passos
suaves, meus braços normais. Era difícil, como quando você se
concentra demais para fazer algo que deveria fluir naturalmente.
— Relaxa — disse Robbie, cutucando-me nas costelas. Bem no
meu ponto mais sensível de cócegas.
— Ei! — comecei a dizer, mas, antes que eu pudesse dar um tapa
em sua mão, ele agarrou a minha e me puxou para um giro.
Seus braços me envolveram, segurando-me no lugar. Seu rosto
estava a apenas alguns centímetros do meu, então pude ver seu
sorriso se espalhar lentamente, aquela covinha se tornando mais
perceptível em sua bochecha. E, por um segundo interminável, tudo
o que eu pude fazer foi olhar para Robbie enquanto meu pulso
ecoava como um trovão em minha cabeça.
— Viu? Não é tão difícil quando você para de pensar nisso.
Depois de ensaiarmos mais três vezes, Hanbin declarou que
estávamos prontos. Minseok apareceu com uma pequena câmera na
mão.
— Conheçam a Elena, nossa salvadora! Elena, diga “oi” para as
Constellations.
— Hum, oi — gaguejei, encolhendo-me.
— Hyung! — disse Robbie. — Pare com isso. Elena é tímida.
— Então por que você fez aquele promposal extravagante? —
perguntou Minseok, apontando a câmera para Robbie.
Eu esperava que ele fosse franzir a testa ou ficar irritado, mas, em
vez disso, Robbie suspirou e disse:
— Só queria fazer algo especial para minha amizade mais antiga
do mundo.
Minseok acenou com a cabeça em aprovação, então virou a
câmera para si mesmo.
— Acho que não posso culpar Robbie por isso. É chocante que
alguém tenha ficado ao lado dele por tanto tempo. Elena, você devia
ganhar um prêmio ou algo do tipo. — Ele girou a câmera de volta
para mim, e eu soltei uma risada estranha.
Jun apareceu, empurrando o rosto tão perto da lente que
provavelmente só o seu nariz foi filmado. Usei a distração para
escapar enquanto Jun dançava uma versão boba e desajeitada de sua
coreografia, e Jaehyung cantava a letra em falsete.
Eu ri das travessuras. Todos pareciam estar se divertindo de
verdade, e, mesmo quando Robbie revirou os olhos para os
membros de seu grupo, estava sorrindo. Um de seus grandes
sorrisos bobos. Ele se virou um pouco, e seus olhos encontraram os
meus, trazendo-me para o momento. E sorri de volta. Robbie fez um
sinal de positivo para mim quando JD o chamou para assumirem
seus lugares.
Era como noite e dia quando as personalidades brincalhonas
desapareciam para dar lugar às expressões sérias que os meninos
assumiam quando tomavam suas posições.
A música iniciou, e eles começaram a se mover. Os sorrisos bobos
se foram. Agora, eram artistas poderosos e carismáticos que
preenchiam todo o espaço com suas presenças. Quando dançavam,
ninguém mais na sala importava, todos os olhos estavam neles.
Eu estava ocupada contando a batida mentalmente, tentando não
a perder depois de tê-la encontrado. Então, quase não percebi que
minha parte estava chegando, até que Hanbin se inclinou e
perguntou:
— Pronta?
Assenti e dei um passo à frente.
Eu estava dolorosamente consciente da câmera apontada para
mim, mas também sabia que não deveria olhar para ela. Então,
mantive meus olhos fixos à frente. Robbie se aproximou e sorriu.
Sorri fraco de volta. Ele estava murmurando as palavras do rap, e
era tão rápido que eu não conseguia entender a maior parte. Mas
Robbie torceu o nariz para mim como se estivesse dizendo “Vamos
lá, divirta-se.”
Meu sorriso se alargou. Não pude evitar. Quando a câmera
estava nele, sua expressão era feroz, como o Robbie nos MVs. Mas,
sempre que se virava para mim, ele me dava seus sorrisos e
expressões exageradas mais bobos, como se estivesse transformando
isso em nosso próprio joguinho. Eu não pude deixar de rir. Ele
estava, de alguma forma, tirando minha cabeça da performance,
fazendo com que eu me sentisse mais confortável de um jeito que só
Robbie poderia fazer. Parecia que estávamos em completa sincronia
outra vez. Então, ele me pegou pela mão e me girou em seus braços.
E agora tudo o que eu tinha que fazer era sorrir e ir embora.
Mas Robbie continuou segurando minha mão e a levou aos
lábios. Uma faísca subiu pelo meu braço, acertando meu coração
como um raio. Atordoada, saí da cena, mal percebendo o sinal de
aprovação de Hanbin.
O resto da música passou como um borrão. Eu ainda podia sentir
o toque dos lábios de Robbie na minha mão, como se eles tivessem
deixado uma marca. Por que ele fez isso? Pressionei minha outra
palma nela, como se eu pudesse selar a sensação na minha pele.
Calma aí, o que eu estava fazendo? Eu não era uma fã
desesperada. Este era Robbie. Minha amizade mais antiga. Aquele
que, uma vez, eu tinha visto engolir uma pedrinha porque estava se
perguntando se eram comestíveis. Meu coração não deveria estar
acelerado só porque ele beijou minha mão como parte da atuação do
vídeo. Entretanto, Robbie não tinha feito isso com a dançarina. Foi só
comigo.
A música terminou, e todos ficaram imóveis para a pose final,
ofegantes com o esforço. E, de repente, eles passaram de misteriosos
e taciturnos a garotos despreocupados novamente. Observei Robbie
abraçar Jongdae, ainda obviamente cheio de adrenalina. A equipe
explodiu em aplausos, todos rindo e falando ao mesmo tempo. Eu
podia sentir a energia movendo-se pelo ar. Se esse era o sentimento
que ficava depois de um bom ensaio de dança, qual devia ser a
intensidade deles depois de uma apresentação? É por isso que as
pessoas se tornam artistas? Para perseguir essa adrenalina
constantemente?
Os olhos de Robbie encontraram os meus, e, apesar de tudo, senti
meu pulso disparando como cavalos a galope. Ele sempre teve
aquela pequena cavidade na bochecha, mas antes era mais do tipo
adorável; agora, era charmoso. Era isso que sete anos faziam com
alguém? Pegavam as características mais fofas e as afiavam para
torná-las perigosas? Porque aquela covinha era uma baita de uma
arma.
— Você foi incrível! — disse e, antes que eu soubesse suas
intenções, Robbie me pegou em um abraço e me girou. Precisei me
segurar em seus ombros para não cair. Senti seus músculos se
contraírem sob minhas mãos enquanto ele nos girava. Fiquei tonta,
meu cabelo me chicoteando o rosto. E, mesmo quando paramos, tive
que continuar me segurando nele, porque meus joelhos, de repente,
ficaram tão firmes quanto gelatina.
— Acho que eu tava fazendo umas caras estranhas — falei.
— Não, você tava ótima. Como se estivesse tentando não se
encantar. Foi muito sexy.
Sexy? Meu cérebro estava derretendo? Ou Robbie acabou de me
chamar de sexy?
— Elena! — disse Minseok quando Robbie finalmente me soltou.
— Você foi incrível!
Minseok levantou uma mão, e demorei um segundo para
perceber que ele queria um high five. Quando encostei minha mão na
sua, seus dedos se fecharam em volta dela, e ele a levou aos lábios
com uma piscadinha.
— Ei! Hyung! — Robbie me puxou para longe.
— Que foi? Eu queria agradecer a Elena por ter ajudado. Estava
só imitando você. — Minseok piscou para ele desta vez. Mas Robbie
não deve ter gostado, porque começou a falar em coreano, sua voz
baixa e apressada.
— Não seja mal-educado com a convidada — disse Jongdae,
passando por nós. Ele acenou com a cabeça para mim. — Você fez
um bom trabalho. Agradecemos sua participação.
— Sem problemas — falei, incapaz de sustentar seu olhar intenso.
Jongdae tinha o tipo de beleza que fazia você se sentir corada
quando olhava para ele por muito tempo. E, de tão perto e
pessoalmente, era um pouco demais.
— Vamos — chamou Robbie, tocando meu cotovelo e desviando
minha atenção de Jongdae. — Vou te acompanhar até a saída.
— Ah, sim. Claro. — Na verdade, eu estava grata por ir embora,
já estava começando a me sentir sobrecarregada com esse grupo de
garotos bonitos ao meu redor.
— Obrigado, Elena! — gritou Jun do canto mais distante.
— Komowayo! — disse Jaehyung.
Assenti e segui Robbie para o corredor.
Quando comecei a me dirigir para a porta lateral, ele pegou meu
ombro, virando-me para o outro lado.
— Vamos pelos fundos. Um dos nossos empresários já foi buscar
o carro para te deixar em casa.
— Ah, você não precisa fazer isso.
— Não tem problema. Nossa programação do dia já está quase
no fim, então dá tempo — disse tão casualmente que parecia normal
ele pedir para o levarem de carro para os lugares. E eu acho que,
para Robbie, era mesmo.
Limpei a garganta desajeitadamente.
— Não, quer dizer, tô com meu carro. Tá bem ali na frente.
— Ah. — Robbie acenou para um membro da equipe. — Você
pode pegar o carro da Elena e trazê-lo para a saída de trás? — Ele se
aproximou de mim. — Isso vai evitar que você tenha que lidar com
os fãs lá na frente.
Balancei a cabeça de leve; isso significava que ele pretendia me
acompanhar até o meu carro? Entreguei minhas chaves ao
empresário, que se virou depressa e correu em direção à entrada da
frente. Eu nem tive a chance de lhe dizer qual era o meu carro ou
que a porta do lado do motorista meio que emperrava, sendo preciso
sacudi-la para abrir. Mas era tarde demais, e ele já estava virando no
corredor.
— Sinto muito por Jongdae-hyung — disse Robbie quando
começamos a caminhar em direção aos fundos. — Ele pode ser
bastante arrebatador para pessoas novas.
— Vocês todos são.
— É mesmo? Você me acha arrebatador? — Os lábios de Robbie
se contraíram como se estivesse tentando não sorrir.
— Quer dizer, é só que você mudou muito. — Tentei explicar. —
Ficou muito mais alto. E agora tem esses braços. E sua covinha é
distrativa.
Eu realmente disse isso? Fiquei pensando se era possível
simplesmente afundar no chão e ser enterrada aqui mesmo.
— Covinha? — perguntou Robbie, sorrindo para mostrá-la.
— Sim, e você continua sorrindo para mim de uma forma que
parece proposital. Se é que faz sentido. — Só que nada disso fazia
sentido, nem mesmo para mim. Eu sabia que estava só balbuciando
palavras a esmo e já estava ficando frustrada. — E então você ainda
fez aquela… coisa no final. E fiquei desconcertada. Não é justo. Eu
sempre disse que não gosto de surpresas, mas você sempre me
surpreendia mesmo assim. E, se isso foi apenas mais uma das suas
piadas, não tem graça, Robbie Choi!
Parei quando Robbie bufou. E percebi que ele estava tentando
não rir.
— Não ri de mim quando eu estiver gritando com você — falei,
dando um soco no braço dele.
Robbie estremeceu, mas eu consegui ver que era exagero dele
quando seus ombros balançaram com sua risada.
— Robbie — adverti.
— Tá bem, tá bem. — Ele ergueu uma mão para evitar outro
soco. — Sinto muito por rir. É só que você me faz sorrir. Não consigo
evitar quando tô perto de você.
Calma aí, o que isso queria dizer? Ele estava flertando?
Abaixei meu punho quando a confusão substituiu minha raiva:
— Então você não tá rindo de mim?
— Não, eu juro que não. — Mas ele ainda estava direcionando
aquele sorriso estranho para mim. Tive vontade de me contorcer.
— Certo, tudo bem — falei, percebendo que não estava com
raiva, mas, sim, com vergonha. Eu me sentia tão desacostumada com
esse novo mundo de Robbie e não conseguia descobrir como
acompanhá-lo. Isso estava causando um caos na minha mania de
querer antecipar o resultado das coisas.
Estremeci com o barulhão do meu carro sem silenciador que se
aproximava.
— Ai, meu Deus. Seu carro é o “Monstro Marrom”? — Seus olhos
se arregalaram.
Eu não ouvia esse nome há anos. Era como Allie chamava o carro
quando era dela. Mesmo naquela época, ele não estava em sua
melhor forma. Ri:
— Tinha esquecido que a gente chamava o carro assim.
— Não acredito que ainda tá funcionando — disse ele, passando
a mão pelo capô. O carro soltou uma pequena tosse enquanto
parava, como se ele se lembrasse de Robbie.
— Bom, quase não funciona — admiti. — Mas tenho fé que vai
durar até o final do ensino médio.
— Talvez seja melhor eu pedir a um dos meus empresários-
hyungs para te levar em casa. — Robbie olhou para o carro com
cautela. — Não tenho certeza se seria responsável te mandar para
casa nesta coisa.
— Ei! Ele tá te ouvindo — falei, dando um tapinha no carro como
se fosse meu melhor amigo.
— Tudo bem. — Robbie riu.
Mas, quando fui abrir a porta, ele colocou uma mão no meu
ombro.
— Espera.
Congelei. Ele ia me pedir para ficar? Robbie disse que tinha o
resto do dia de folga; talvez quisesse que continuássemos fazendo
algo juntos.
— Você disse que veio aqui para me perguntar uma coisa.
Ah, sim. Isso mesmo. Eu não podia acreditar que tinha esquecido
completamente a minha missão.
— Na verdade, é sobre o centro comunitário — falei, tentando
esconder minha decepção.
— Aconteceu alguma coisa depois que fui embora ontem? —
perguntou Robbie, a preocupação tomando conta de seu rosto.
— Ah, não. Tá tudo bem. Eu só estava pensando… — Fiz uma
pausa, tentando descobrir como formular a pergunta. — Quero usar
meu próximo desejo.
— Seu desejo? — As sobrancelhas dele se arquearam.
— Sim, então, lembra que precisamos arrecadar fundos para
manter o centro aberto? Bem, eu queria… — Fiz uma pausa,
tentando avaliar a reação dele, mas, para a minha frustração, seu
rosto estava inexpressivo. — Eu poderia usar meu desejo para te
pedir ajuda?
— Claro — disse, e meu estômago agitado se acalmou. — O que
eu posso fazer?
— Bem, minha amiga Josie e eu estávamos pensando que talvez
vocês pudessem fazer um show surpresa beneficente? — Estava
falando muito rápido agora, não querendo perder meu ímpeto ou o
interesse dele. — Isso poderia fazer as pessoas conhecerem o centro
comunitário, e você disse que não foi lá ontem por causa das
relações públicas, mas os fãs pareceram realmente adorar a ideia de
que você estava se voluntariando. Então mal não poderia fazer,
certo? E significaria muito para as crianças. E para mim?
Terminei a última frase como uma pergunta, sem ter certeza se
Robbie ligava para a importância disso para mim, mas tinha
esperança…
Ele sorriu, e parte da minha ansiedade foi substituída pela
semente da esperança.
— Parece ótimo! Acho que os meninos também iam gostar. Eu só
teria que falar com o Hanbin-hyung. — Então seu sorriso
desapareceu.
Ah, não. Será que o empresário dele odiaria a ideia? Ele odiava
coisas de última hora? Seria algum tipo de quebra de contrato fazer
algo assim?
— O que foi? Você acha que seu empresário não gostaria da
ideia?
— Não é isso. Eles adoram esse tipo de coisa. Mostra que “ainda
estamos conectados às nossas raízes”. — Robbie fez aspas no ar. —
Mas vão querer filmar algo assim para a WDB TV. E postar sobre
isso nas redes sociais. Eu sei que você odeia ser filmada, e acabou de
nos fazer um grande favor com o vídeo do ensaio de dança. Não
quero te forçar a fazer mais nada.
Own, isso foi meio fofo. Ver Robbie se preocupando com meu
conforto. Sorri para tranquilizá-lo e disse:
— Isso é muito legal da sua parte. Mas é para o centro. Acho que
quanto mais cobertura tiver, melhor. Até eu posso aguentar isso pela
causa.
— Ótimo, então seu desejo está concedido! Vou te enviar uma
mensagem com mais detalhes. Deixa eu pegar seu número. — Ele
estendeu a mão, e lhe entreguei meu celular.
— Achei que vocês não deveriam ter celulares — falei.
— Sim, todos compramos telefones por contra própria no ano
passado. Tecnicamente, é um segredo, mas todos da nossa equipe
sabem. — Ele me entregou o celular de volta. — Me manda uma
mensagem quando chegar em casa.
— Não tenho 12 anos, e não é tão longe.
— Sim, mas eu ainda quero saber se você tá bem, especialmente
porque tá dirigindo essa coisa.
— Tudo bem, papai. Te mando uma mensagem.
Robbie sorriu, e seu sorriso era quente e doce, e tive uma vontade
estranha de abraçá-lo. Não, percebi enquanto olhava para seus
lábios; eu não queria apenas abraçá-lo.
De repente, senti que precisava sair dali antes que eu fizesse ou
dissesse alguma coisa que me envergonhasse ainda mais. Cambaleei
para dentro do carro e fechei a porta entre nós com firmeza. O motor
acelerou enquanto eu dirigia para longe, esperando que as janelas
escuras escondessem meu rubor.
Maldição, pensei. Eu estava começando a ter um crush em Robbie
Choi?
Vinte e um
Achou que eu estava bonita? Não, eu não podia deixar que ele
me distraísse. Então as borboletas voltaram a dançar por alguns
instantes enquanto ele digitava: Posso pedir para eles apagarem, se você
quiser…
Agora, de repente, eu me senti como a vilã. Estava sendo exigente
demais pedindo para ele apagar a postagem? Lembrei-me de seus
comentários naquele dia sobre eu ser muito controladora. Tentei me
convencer de que poderia deixar isso para lá. Mesmo que alguns
comentários sarcásticos dissessem que eu não merecia Robbie. Na
verdade, a maioria deles era legal. Alguns até diziam que éramos
um modelo de amizade. Um deles falava que Robbie parecia tão
relaxado depois de passar um tempo com sua melhor amiga de
infância.
Ele realmente parecia mais relaxado? Bem, acho que parecia estar
à vontade enquanto dedilhava o violão. Não, eu não seria
influenciada. Deveria aceitar sua oferta de apagar a foto, mas… tanta
gente já tinha visto. Será que as pessoas não tirariam conclusões
precipitadas, caso ele apagasse?
Isso era tão complicado. Se eu me sentia assim sendo apenas
amiga de Robbie, não fazia ideia de como era para ele no dia a dia.
Devia ficar se perguntando se poderia postar uma foto ou não.
Como os fãs a receberiam. Como a julgariam ou o julgariam por ela.
Decidi não dificultar mais as coisas para ele.
E a campainha tocou.
Uma adrenalina percorreu meu corpo e, esquecendo minha
exaustão anterior, desci as escadas correndo. Por um momento
fugaz, pensei que ter um namorado deveria ser assim. Ficar tão
animada para vê-lo que você não consegue chegar à porta rápido o
suficiente.
Eu a abri e só fiquei parada lá, deixando a eletricidade do
momento soltar faíscas entre nós dois. Desde seu comportamento
estranho no depósito, era como se houvesse um elástico esticado
entre nós, e eu sentia que o primeiro a se mover iria arrebentá-lo.
— Você tá bem? — perguntou Robbie, um sorriso hesitante
iluminando seu rosto.
— Ah, sim. Tô bem — falei, saindo do meu devaneio. — Calma
aí. Como assim você tá aqui? Achei que estivesse com a agenda cheia
de ensaios até o KFest!
— Dei uma escapada. — Ele sorriu e ergueu uma bolsa de
viagem.
— O que é isso? — Estava indo viajar?
— É surpresa.
— Ah, bem. É uma… bolsa bonita — falei, embora fosse bastante
normal. E usada.
Robbie riu.
— A bolsa não é a surpresa. — Ele entrou e tirou os sapatos. —
Abre.
Olhei para o corredor em direção à cozinha, perguntando-me se
minha mãe colocaria a cabeça para fora.
— Certo, mas vamos subir primeiro.
Quando entramos no meu quarto, só me lembrei do estado dele
quando já era tarde demais. Comecei a dar meia-volta para bloquear
a visão de Robbie. Mas ele entrou e soltou um assobio baixo.
— Lani, não queria te dizer isso, mas… acho que você foi
roubada.
— Não tira sarro de mim. Tô tendo um surto de guarda-roupa.
— Bom, é para isso que serve o seu presente.
— Sério? — perguntei confusa. — É um organizador de roupa ou
algo do tipo?
Robbie riu enquanto abria o zíper da bolsa. Ele tirou de dentro
um vestido vermelho de lantejoulas. Era de um ombro só com uma
bainha assimétrica. Eu não entendia nada de moda, mas sabia que
esse vestido era lindo.
Ai, meu Deus. Eu estava vivendo um momento no estilo de Uma
Linda Mulher? Robbie era meu Richard Gere?
— Como você soube? — perguntei, aproximando-me e tirando as
roupas de dentro da bolsa, uma mais linda que a outra.
— São da Sooyeon. De seu guarda-roupa de turnê. Ela não
precisa de nenhuma dessas roupas para o KFest. Então me disse que
você poderia escolher uma para vestir no sábado.
Não era um momento no estilo de Uma Linda Mulher. Era um
momento no estilo de Cinderela. E Sooyeon era minha fada
madrinha.
— Quer provar alguma? — perguntou Robbie.
— Não — falei, pegando com cuidado a preciosa bolsa e
colocando-a delicadamente na cadeira da minha escrivaninha. —
Quero fazer uma surpresa para você.
Robbie riu.
— Mas você não me enviou uma selfie com seu vestido do baile?
— É só o baile. — Dei de ombros.
— Você é estranha, Elena Soo.
— É por isso que você me adora — falei com uma piscadela de
brincadeira. Eu estava me sentindo inebriada pelo presente.
— Claro — disse Robbie, aproximando-se da minha cômoda e
pegando um velho porta-joias.
— O que você tá fazendo? — perguntei, estranhamente
autoconsciente de como ele estava inspecionando o espaço.
— Faz sete anos que não venho aqui. Não mudou muito.
— Mudou, sim.
Ele me lançou um olhar cético.
— Eu tenho novos… — Olhei em volta. — Lençóis.
Robbie riu enquanto puxava um caderno da prateleira.
— É da minha fase de poesia — falei, arrancando-o de sua mão.
Não queria que ele visse meus poemas ruins quando era um
compositor tão talentoso.
Robbie pegou um caderno de desenhos amassado.
— Minha fase artística. — Também o puxei de sua mão.
Ele riu e pegou mais três cadernos, erguendo-os.
— Escrita criativa. Jornalismo. Bullet Journal. — Agarrei cada um
deles enquanto listava meus hobbies abandonados, segurando agora
uma pilha de meus fracassos.
— Que legal — disse ele enquanto eu colocava os cadernos de
volta na prateleira.
— Que sou um fracasso em tudo que tento? — zombei.
— Que você continua tentando — disse ele. — Na nossa idade, a
gente ainda não precisa saber quem é, Lani.
— Você sabe — apontei.
Robbie me dirigiu um olhar estranho, sua cabeça inclinada:
— Por que isso é tão importante para você?
— Hein? — falei, sem entender o que estava realmente
perguntando.
— Que diferença faz você saber, agora, pelo que é apaixonada?
— É que… — Fiz uma pausa. — Eu sou como um livro vazio.
Ninguém tem interesse em ler uma página em branco.
Robbie franziu a testa e colocou as mãos nos meus ombros.
— Elena, a gente pode descobrir carreiras, hobbies e sonhos a
qualquer momento. O que te torna interessante não é uma única
coisa só. Você é composta de tantas coisas bonitas. Sabe disso, não é?
Tive que piscar com força porque, de repente, meus olhos
estavam ardendo. Era a primeira vez que alguém dizia que eu era
boa o suficiente do jeito que eu era desde… bem, desde Robbie,
quando criança.
— Ahn, vai falar isso para os orientadores da minha escola.
Ele riu e deixou suas mãos caírem dos meus braços, pegando
coisas aleatórias da minha cômoda bagunçada. Robbie pegou uma
edição bem gasta de Para Todos os Garotos que Já Amei, expondo uma
cópia novinha em folha do último álbum do WDB. Tentei agarrá-lo,
mas ele foi muito rápido.
— Ora, ora, ora. Você é uma Constellation secreta, Elena?
— Não — falei, arrancando o álbum de sua mão. — Só estou
apoiando meu amigo. Cada venda conta, sabe.
— Tem razão. Eu não devia te provocar. Agradecemos o apoio —
disse ele com uma reverência.
Ri enquanto colocava o álbum entre Simon e Starr na minha
estante lotada.
— Sabe — refleti. — Eu meio que curtia o WDB quando a
empresa lançou seus teasers de pré-debut.
— O quê? Não curtia, não — disse Robbie, olhando-me com
desconfiança.
— Curtia, sim — insisti, sorrindo para seu olhar cético. — Eu
sabia tudo da biografia do JD e do Minseok.
Robbie franziu a testa.
— O que foi? — perguntei, gostando de sua óbvia irritação.
— Por que eles?
— Bem, o Minseok é hilário. Qualquer um podia ver isso, mesmo
naquela época. E JD… — Eu apenas suspirei. E contive uma risada
quando a carranca de Robbie se intensificou tanto que ficou
parecendo a de Jackson quando fazia birra.
— Você…? — Ele não continuou a frase.
— O quê? — Cutuquei Robbie, contendo um sorriso. Era quase
fácil demais provocá-lo agora que eu sabia onde atingi-lo.
— Você já teve um crush nele?
— Talvez — admiti. — É que ele era tão legal.
— Você ainda gosta dele? — Era difícil manter uma cara séria ao
ver sua expressão grave.
— Claro que não. — Eu finalmente ri. — Ah, qual é, não faz birra.
Eu te disse que tinha um crush em você na terceira série. É tudo
igual.
— Não, não é. As coisas nunca são iguais entre você e eu. —
Robbie estava me olhando de um jeito engraçado. Isso fez minhas
entranhas se contorcerem e meu coração apertar.
— Claro que são — falei baixinho, tentando ignorar minha
pulsação acelerada. — Por que não seriam?
— Você realmente não sabe? — perguntou. — Que eu teria feito
qualquer coisa por você?
— Sério? Roubaria um carro por mim? — Tentei
desesperadamente escapar dessa situação com uma brincadeira,
porque nunca tinham me olhado do jeito que Robbie estava me
olhando. Eu não conseguia pensar. Se ele ao menos piscasse ou desse
um passo para trás, talvez eu fosse capaz de recuperar meu fôlego.
— Tô falando sério — disse ele. — Você foi meu primeiro amor,
Lani.
Eu tentei sorrir, mas o sorriso parecia vacilante no meu rosto.
— Qual é, “primeiro amor” é coisa de filmes e doramas.
— Por quê? — Robbie inclinou a cabeça. — Você foi minha
primeira crush. Meu primeiro beijo. A primeira pessoa para quem
tive vontade de dizer “eu te amo” fora da minha família.
— Quando você teve vontade de dizer isso? — Por que eu estava
soando tão sem fôlego? Robbie conseguia perceber isso na minha
voz?
— Naquela noite em que eu te contei que a gente ia se mudar —
respondeu ele sem hesitar. — Eu tinha planejado tudo: ia tocar nossa
música e confessar que te amava.
— Isso é ridículo. — Forcei uma risada, mas tudo que saiu foi um
som de nervosismo. Eu me disse que Robbie estava falando do
passado. Isso não significava que ele ainda sentia o mesmo. Mas
estava me olhando tão atentamente que estava confundindo o meu
cérebro. — Por que você se esforçaria tanto?
— Porque você vale a pena. — Tentei procurar por um sorriso,
por uma piada. Mas ele parecia muito sério.
— Mas você não está aqui para ficar — apontei. — Vai voltar
para Seul em breve e estará do outro lado do mundo outra vez. —
Por que eu estava questionando tudo o que Robbie estava dizendo?
Por que eu sentia que tinha que rejeitá-lo antes que ele pudesse me
rejeitar?
— Você tem razão — admitiu, e deixei meus ombros caírem por
ele ter concordado tão facilmente.
Então Robbie deu um passo em minha direção.
— Meu appa costumava dizer que, para começar a mudar as
coisas, você só precisa dar um único passo.
Prendi a respiração, esperando o que ele diria a seguir.
— Então, você acha que pode tentar? Apenas um passo.
Eu não conseguia recuperar o fôlego para dizer alguma coisa,
mas dei um passo à frente. E Robbie sorriu, segurando meu rosto
com as mãos, a sensação quente de suas palmas contra minhas
bochechas.
— Você não fala como nenhum garoto do ensino médio que eu
conheço — falei quando finalmente encontrei minha voz. — Faz
sentido você escrever músicas.
Robbie riu, um som baixo, mais parecido com um zumbido.
— É por causa de todos os doramas que eu vejo — disse. E
abaixou um pouco a cabeça, seus olhos fixos nos meus. Robbie
arqueou as sobrancelhas, e eu percebi que ele estava me fazendo
uma pergunta. Você topa?
Em resposta, fiquei na ponta dos pés e diminuí o espaço entre
nós. Foi a segunda vez que beijei Robbie Choi. E foi infinitamente
melhor que a primeira.
A escola teria sido uma tortura se não fosse por Josie. De alguma
forma, vê-la com tanta raiva me ajudou a ficar mais calma.
— Vou furar os pneus dele — disse Josie enquanto me ajudava a
pendurar mais pisca-piscas no centro comunitário.
— Ele não tem carro — comentei, grunhindo enquanto esticava
meu braço para colar um gancho na parede.
— Então vou colocar fogo na bagagem dele — falou.
— Só toma cuidado para não ser acusada de incêndio criminoso.
Ouvi dizer que a lei é muito rigorosa no estado de Illinois —
respondi, descendo.
Havia definitivamente algo de estranho em estar no comitê de
um baile ao qual eu não tinha intenção de comparecer.
Cada estrela dourada que pendurava me lembrava das
brincadeiras que tinha feito com Robbie enquanto as pintávamos.
Cada guirlanda de prata que colocava me lembrava de Robbie
segurando minha mão e me dizendo que precisava ir ao baile
comigo. Sim, precisava mesmo. Só não pelos motivos que eu tinha
presumido.
Já havia postagens em sites de fãs. Além de matérias sobre o
relacionamento de Jongdae com Sooyeon, havia postagens
especulativas sobre boatos de uma briga entre Robbie e seu amor de
infância. Elas questionavam se iríamos ao baile de formatura.
Durante a aula de química na segunda-feira, Karla me perguntou se
os boatos eram verdade, e eu apenas a ignorei, o que era meu jeito
de confirmar sem dizer algo claramente. Ela pareceu meio triste e
disse que sentia muito.
Eu não queria que ninguém sentisse pena de mim. Não queria
que ninguém pensasse nada sobre mim. Eu só queria afundar na
obscuridade outra vez e não ter conexões com o WDB ou Robbie
Choi nunca mais.
O único resultado bom nisso tudo era que eu não me importava
mais se ninguém nunca mais soubesse o meu nome. Já tive atenção e
infâmia suficientes para uma vida inteira.
— E aí, pessoal. — Max se aproximou carregando outra caixa de
pisca-piscas, então recuou ao ver a expressão no rosto de Josie. —
Seja lá o que tiver acontecido, eu sinto muito.
— Me diz uma coisa, Max. Por que todos os homens são idiotas
completos e absolutos?
Max ficou surpreso.
— Você tá brava porque pedi à minha mãe para levar a gente ao
baile?
Josie fez um gesto de cortar a garganta, mas era tarde demais.
Pausei meu movimento de pegar mais um cordão de pisca-piscas.
— Calma aí, vocês vão ao baile? Juntos? — Olhei de um para o
outro.
Josie suspirou e deu de ombros.
— Não precisamos falar sobre isso na sua frente. A gente tá aqui
para compor o novíssimo Clube Anti-Robbie. Será a nova missão do
Clube da Conscientização. Conscientizar as pessoas do quanto Robbie
Choi é idiota.
— Você não precisa guardar segredo só porque acha que vai ferir
meus sentimentos — falei. — Tô realmente cansada dessa coisa de
segredos.
Josie assentiu:
— Sim, eu entendo.
— Então — falei, forçando um sorriso. — Como isso aconteceu?
— Bom, eu cansei de esperar que Max tomasse uma atitude e
fizesse alguma coisa sobre seu crush em mim. Então o convidei para
o baile na sexta passada.
Tive que rir. Era uma atitude típica de Josie.
— Fico feliz por vocês — falei, separando um cordão de pisca-
pisca dos outros. — Depois me contem como foi o baile.
— Não precisamos mais ir — disse Josie. — Podemos todos ficar
na minha casa e ver filmes de terror, como era o plano original.
Vi o rosto de Max assumir uma expressão decepcionada, mas ele
assentiu com Josie em solidariedade.
— Não, eu quero que vocês vão e se divirtam. — Peguei a mão
dela. — Você trabalhou duro nisso. Merece se divertir.
— Tudo bem, mas, no domingo, vamos ter um dia totalmente de
garotas. Com máscaras faciais coreanas e tudo o mais.
— Combinado.
Quarenta e seis
Não deveria estar surpreso que você abriu esta porta trancada
Pensei em fechar meu coração com tanta força
Mas te ver é como relembrar como rir
Você sempre foi aquela que soube como alcançar meu coração
Mas esqueci que as ações contam mais que as intenções