Fichamento Geral Erving Goffman

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“o cotidiano pode ser lido como um conjunto de acontecimentos sagrados” (WINKIN,

Ives. Os momentos e os seus homens – Erving Goffman. Lisboa: Antropos, 1999, p.


77).

“Frames (molduras) são formas de interpretar e compreender, construídas a partir do


momento em que os indivíduos se vêem em uma situação e se perguntam “o que está
acontecendo aqui?” (GOFFMAN, Erving. Frame analysis: an essay on the
organization of experience. 2th ed. Boston: Northeastern University Press, 1986.
Primeira edição em 1974, p. 09.). É essa busca da resposta que faz com que as pessoas
emoldurem sua experiência. As molduras carregam uma duplicidade: são tanto
reconhecidas nas situações social e materialmente configuradas em espaço e tempo,
como são também aplicadas pelos indivíduos com diferentes subjetividades. Por isso há
diferentes graus de literalidade ou de abertura a diferentes interpretações. No contínuo
ajuste do que experimentamos à maneira como interpretamos, procuramos respostas e
somos também envolvidos pelo que está em jogo.”

“A moldura do teatro é construída a partir de uma performance (no sentido específico


de Goffman): um arranjo que converte um ou mais indivíduos em performers e outros
indivíduos em espectadores; cria-se uma linha divisória separando o palco da platéia, e
aquilo que acontece no palco “é algo que pode ser visto por todos os lados e em toda a
sua extensão, sem ofensa”, o que é “contrário à obrigação de mostrar visualmente
respeito, que caracteriza a moldura da interação face a face comum”. Nesta moldura
reivindica-se a presença de um público, em maior ou menor grau. Numa palestra, numa
piada, ou mesmo num espetáculo de palco, temos performances com um máximo grau
de reivindicação, performances que não existem sem público.”

“Esse conceito [inspirado no interacionismo de Goffman intitulado por “molduras


interpretativas da ação coletiva”] contribui para esse campo de estudos ao salientar que
a interpretação humana é um elemento fundamental para a análise do confronto político,
tomando o ator como um construtor ativo de significados (e não como mero “portador”
de ideologias), bem como ressaltando a dimensão simbólica da disputa presente nos
confrontos políticos (Benford e Snow, 2000; Noakes e Johnston, 2005; Silva et al., no
prelo; Snow e Byrd, 2007).”
“Um exemplo do primeiro desses tipos de definição pode ser encontrado no trabalho de
Hank Johnston. Segundo o autor, Erving Goffman define molduras como:

[...] construtos mentais que organizam a percepção e a interpretação. A partir de uma


perspectiva cognitivista, molduras são usualmente descritas como esquemas de
resolução de problemas armazenados na memória para a tarefa interpretativa de navegar
na vida cotidiana e dar sentido às situações que se apresentam (Johnston, 2005, p.238-
239, tradução minha).

Dessa forma, o autor defende que “a ‘verdadeira localização’ de uma moldura está na
memória do ator social” (Johnston, 2005, p.240, tradução minha). Partindo de tal
definição, são desenvolvidos métodos que buscam “reconstruir” tais estruturas
cognitivas mentais internas a partir da análise de materiais de texto, imagem ou som,
que seriam suas formas empíricas de manifestação.”

“O livro The Presentation of the Self in Everyday Life [de Erving Gofmman] ficou
conhecido por inaugurar uma analogia entre a interação humana e o teatro (psicodrama),
no sentido de olhar a vida social como uma representação que os indivíduos fazem a
todo momento de si mesmos cuja função é atrair os demais e interagir com eles.”

“Os principais pontos nos textos de psicodrama de Goffman são a interação cotidiana
entre atores, a utilização de símbolos na comunicação entre eles, a interpretação como
parte da ação, o self construídos pelos outros através da comunicação e as relações
sociais como processo, no sentido de continuidade.”

“As pessoas orientam essas ações por meio de situações, basicamente respondendo à
seguinte pergunta: “o que está acontecendo aqui e agora?”. “Isso acontece porque o
tempo todo a gente busca dar um sentido ao contexto em que estamos vivendo”, diz
Medeiros.

Para Goffman, o que sustenta os indivíduos são as chamadas fachadas, isto é, o esforço
que eles fazem para manter-se à altura da dignidade que projetam sobre eles mesmos. É
por meio da “fachada” que as pessoas mantêm de si que estabelece o tratamento que
elas esperam receber dos outros.”

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