Apostila para AV3

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Brasil: a colônia do açúcar

A sociedade colonial brasileira foi constituída em um modelo patriarcal, onde o


homem não era somente o chefe de família, mas também o dono de tudo.

A princípio toda fonte de subsistência da sociedade estava ligada à agricultura e


ao latifúndio. A primeira cultura a render lucros foi a cana-de-açúcar, depois o tabaco,
seguido do algodão e a pecuária. A maior parte da mão de obra era africana e o
objetivo era comercializar com a Europa. Entre os séculos XVI e XVII o Brasil se tornou
o maior produtor e exportador de açúcar.

A sociedade foi se estabelecendo em povoados onde o convívio social se


resumia à lavoura e atividades da Igreja. No início a casa do senhor de engenho era
construída de palha ou sapê, o piso era de terra, havia poucas portas, janelas e
mobílias. Eles costumavam dormir em redes, os utensílios de cozinha eram de
cerâmica e havia poucos talheres.

A casa grande ficava muito próxima das senzalas e por medida de segurança
contra os ataques indígenas e revoltas de escravos, com o tempo, ficaram maiores e
mais seguras para o senhor de engenho.
O senhor de engenho demonstrava sua riqueza através da quantidade de
escravos que tinha ou pelas suas vestes. Só depois da vinda da família real para o Brasil
em 1808, passou a prevalecer a posse de objetos. A casa grande foi construída perto
do engenho, serviu como escola, enfermaria e igreja, onde eram guardadas as joias e
os ouros.
A população era formada por brancos (senhores de engenho), índios
catequizados, negros africanos escravizados e mestiços.
Os conflitos sociais
As revoltas coloniais foram movimentos de resistência contra a opressão e
exploração das autoridades coloniais em várias regiões do Brasil. Esses levantes se
dividiam principalmente em dois tipos: as revoltas nativistas, lideradas pelos próprios
habitantes nativos, e as revoltas separatistas, que buscavam autonomia política e
econômica em relação à metrópole. Suas causas eram variadas, envolvendo questões
como exploração econômica, altos impostos, restrições comerciais, conflitos étnicos e
sociais, abusos de poder e o desejo de autonomia e liberdade dos colonos.
Existiram dois tipos de revoltas coloniais: as nativistas e as emancipacionistas (ou
separatistas). Embora tivessem objetivos diferentes, ambas refletem o desejo de
mudança e autonomia por parte das populações colonizadas. As principais
características desses tipos de revolta são:

 Revoltas nativistas: as revoltas nativistas foram aquelas lideradas habitantes


nativos das localidades. Elas tinham como objetivo principal defender os interesses
locais contra a exploração colonial. Geralmente, essas revoltas eram motivadas por
questões locais, como as econômicas, altos impostos, abusos dos colonizadores,
monopolização do comércio, entre outras.

 Revoltas emancipacionistas (separatistas): as revoltas emancipacionistas tinham


como objetivo principal conquistar a independência política das regiões em revolta
em relação à Metrópole portuguesa. Essas revoltas foram lideradas por grupos que
almejavam a autonomia ou mesmo a completa separação de suas regiões do
domínio português.

Causas das revoltas coloniais

As principais causas das revoltas coloniais incluem:

 Exploração econômica: a exploração desenfreada dos recursos naturais, como o


ouro, o açúcar e o diamante, muitas vezes envolvia altos impostos, monopólios
comerciais e práticas abusivas por parte das autoridades coloniais e dos senhores
de engenho.

 Altos impostos e tributos: os colonos frequentemente se viam sobrecarregados


por impostos pesados, cobrados pela Coroa Portuguesa para financiar suas guerras
e a administração colonial.

 Restrições comerciais: o monopólio comercial imposto pela Metrópole portuguesa


limitava as oportunidades de comércio dos colonos, que eram obrigados a vender
seus produtos apenas para Portugal e comprar mercadorias a preços inflacionados.

 Conflitos étnicos e sociais: a sociedade colonial era marcada por profundas


divisões étnicas e sociais, com tensões entre colonos portugueses, indígenas,
africanos escravizados e mestiços. Essas tensões muitas vezes levavam a conflitos e
revoltas.

 Abusos de poder: as autoridades coloniais frequentemente abusavam de seu


poder, usando métodos coercitivos para impor as leis e os interesses da Coroa
Portuguesa, o que gerava descontentamento entre os colonos.

 Desejo de autonomia e liberdade: muitos colonos aspiravam à autonomia política


e econômica, buscando maior participação nas decisões que afetavam suas vidas e
a liberdade para determinar seu próprio destino.

As principais revoltas nativistas no Brasil foram:

 Revolta de Beckman (1684): ocorreu no Maranhão e foi liderada pelos irmãos


Manuel e Tomás Beckman, que protestavam contra o domínio dos senhores de
engenho portugueses e o monopólio comercial da Companhia de Comércio do
Maranhão.
 Revolta de Filipe dos Santos (1720): na região de Minas Gerais, essa revolta foi um
dos primeiros movimentos de resistência contra a exploração do ouro pela Coroa
Portuguesa. Filipe dos Santos liderou uma insurreição popular contra os altos
impostos e as políticas abusivas.

 Revolta dos Mascates (1710-1711): ocorreu em Pernambuco e envolveu um


conflito entre os comerciantes locais (mascates) e os senhores de engenho, que
representavam o poder econômico estabelecido. Os mascates queriam mais
autonomia política e econômica em relação à Metrópole portuguesa.

 Revolta dos Emboabas (1707-1709): também em Minas Gerais, foi um conflito


entre bandeirantes paulistas e migrantes portugueses (emboabas) que chegaram à
região em busca de ouro. A disputa foi pela posse das minas e pela exploração do
ouro.

 Revolta dos Malês (1835): embora tenha ocorrido após o período colonial, essa
revolta foi uma das mais significativas em Salvador, Bahia. Foi liderada por
escravos muçulmanos (malês) e tinha como objetivo conquistar a liberdade e criar
uma sociedade islâmica.

As principais revoltas emancipacionistas ou separatistas da história colonial do Brasil


foram:

 Inconfidência Mineira (1789): a Inconfidência Mineira foi um movimento


conspiratório ocorrido na então capitania de Minas Gerais, motivado
principalmente pelo descontentamento dos mineradores locais com os altos
impostos, monopólios comerciais e outras políticas opressivas impostas pela Coroa
Portuguesa. Os conspiradores planejavam proclamar a independência da região e
estabelecer uma república. No entanto, o movimento foi descoberto pelas
autoridades coloniais, resultando em prisões, julgamentos e execuções de líderes
importantes, como Tiradentes.

 Conjuração Baiana (1798): também conhecida como Revolta dos Alfaiates, a


Conjuração Baiana ocorreu na então capitania da Bahia e foi influenciada pelas
ideias iluministas e pela Revolução Francesa. Os revoltosos, compreendendo
principalmente membros da classe média e baixa, protestavam contra a opressão
colonial, os altos impostos e a discriminação racial. Eles buscavam a instauração de
uma república democrática e igualitária. No entanto, o movimento foi
violentamente reprimido pelas autoridades coloniais portuguesas, resultando em
prisões, torturas e execuções de seus líderes.

 Revolução Pernambucana (1817): a Revolução Pernambucana foi um movimento


rebelde que ocorreu na então capitania de Pernambuco. Foi motivado por uma
série de fatores, incluindo o descontentamento com as políticas econômicas e
fiscais da Coroa Portuguesa, a influência das ideias liberais e o desejo de
autonomia política. Os revoltosos proclamaram a República de Pernambuco e
tentaram estabelecer um governo mais democrático e igualitário. No entanto,
assim como os outros movimentos emancipacionistas, foi reprimido pelas
autoridades coloniais portuguesas, resultando em punições severas para seus
líderes.

O processo de independência do Brasil

A independência do Brasil aconteceu no dia 7 de setembro de 1822, e, por meio


desse acontecimento, o país conquistou a sua emancipação de Portugal. Nesse dia
aconteceu o grito da independência, realizado às margens do Rio Ipiranga, em São
Paulo, e dado por Pedro de Alcântara (futuro D. Pedro I). A independência
brasileira foi acompanhada por pequenos conflitos armados, localizados
principalmente no Nordeste.

Processo de independência do Brasil

O processo de independência do Brasil avançou e concretizou-se durante a


regência de D. Pedro. As Cortes portuguesas, instituição política surgida com a
Revolução do Porto, tomaram algumas medidas que foram bastantes impopulares no
Brasil: o retorno de algumas instituições originadas no Período Joanino em Portugal, o
envio de mais tropas para o Brasil e o retorno do príncipe regente para o país europeu.

As negociações realizadas entre as autoridades brasileiras e portuguesas ficaram


marcadas pela intransigência dos portugueses e contribuíram para aumentar a
resistência dos brasileiros em relação a Portugal. Esse distanciamento entre brasileiros
e portugueses deu margem para o discurso de independência do Brasil, e é importante
frisar que o desejo inicial dos brasileiros não era a separação.

Quando os portugueses exigiram o retorno de D. Pedro, os brasileiros reagiram e


criaram o Clube da Resistência, que entregou um documento a D. Pedro, com milhares
de assinaturas, exigindo a sua permanência no Brasil. Por causa dessa reação dos
colonos é que D. Pedro declarou a sua permanência no país, em 9 de janeiro de 1822,
no que é conhecido como Dia do Fico.

O dia 9 de janeiro de 1822 foi a data em que D. Pedro 1º decidiu permanecer no


Brasil com a seguinte frase durante uma audiência do Senado: "Se é para o bem de
todos e felicidade geral da nação, estou pronto! Digam ao povo que fico", contrariando
as exigências portuguesas. A partir desta data, uma sucessão de fatos desencadeou os
acontecimentos que culminaram no Dia da Independência.

Os acontecimentos dos meses seguintes e a continuidade da posição intransigente


e desrespeitosa (na visão dos colonos) são os fatores que levaram o Brasil à ruptura
com Portugal. Nesse processo, D. Pedro foi muito influenciado por duas pessoas: D.
Maria Leopoldina, sua esposa, e José Bonifácio de Andrada e Silva, seu conselheiro.

Em maio, ficou decretado o Cumpra-se, que determinava que as leis decretadas


em Portugal só valeriam no Brasil com a aprovação pessoal de D. Pedro; e, em junho,
foi convocada eleição para que fosse formada no Brasil uma Assembleia Nacional
Constituinte. Ou seja, os colonos demonstravam o interesse de elaborar de uma
Constituição.

A relação entre brasileiros e portugueses seguia deteriorando-se, e, no dia 28


de agosto de 1822, notícias chegaram de Portugal. Essas, na verdade, eram ordens, e
as Cortes portuguesas exigiam o retorno imediato de D. Pedro para a metrópole.
Nessas ordens também estava incluída a revogação de uma série de medidas em
vigência no Brasil e classificadas pelos portugueses como “privilégios”.

As ordens foram lidas por D. Maria Leopoldina, que convocou uma sessão
extraordinária em 2 de setembro e 1822 e nela assinou uma declaração de
independência. Então organizou uma mensagem e enviou-a com caráter de urgência
para D. Pedro, que estava em São Paulo.

Nessa ocasião, D. Pedro estava próximo ao Rio Ipiranga e, de acordo com a


história oficial, deu o grito da independência após ficar a par das notícias enviadas por
sua esposa. Esse acontecimento, porém, não possui evidências que permitam que os
historiadores o comprovem. Depois da declaração de independência, D. Pedro
foi aclamado imperador em 12 de outubro e coroado no dia 1º de dezembro.

Consequências da independência do Brasil


Em 1825, após mediação da Inglaterra, Portugal acabou reconhecendo a
Independência do Brasil através do Tratado de Paz e Aliança. Luciene explicou como foi
esse acordo e as condições. "De acordo com as disposições dessa negociação
diplomática, o Brasil cedia aos desejos de D. João 6º de assumir o título honorário de
imperador do Brasil. Embora essa exigência, na verdade, manifestasse o interesse que
o monarca tinha em reunificar os dois países como uma só coroa", disse.

Além disso, o Brasil teve de indenizar em dois milhões de libras esterlinas Portugal,
o que também teve ajuda da Inglaterra, segundo a historiadora. "O Brasil estava com o
tesouro zerado, era uma nação recém-formada, para conseguir pagar isso foi
necessário contrair um empréstimo com os bancos da Inglaterra", falou. "Após o
reconhecimento português, várias outras nações da Europa e da América tiveram o
mesmo gesto político de reconhecer a Independência do Brasil", disse.

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