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AF Diabetes

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O que é diabetes mellitus (DM)?

Consiste em um distúrbio metabólico


caracterizado por hiperglicemia persistente,
resultante da deficiência na produção de
insulina pelo pâncreas ou na sua ação, ou
em ambos os mecanismos.

Excesso de glicose na
Hiperglicemia corrente sanguínea.

Hormônio responsável pelo


Insulina transporte da glicose.

(WHO, 2023; ADA, 2024; SBD, 2023)


Imunomediado: Deficiência de insulina por destruição autoimune
das células β. Representa 5 a 10% dos casos.
Diabetes tipo 1 Idiopático: Autoanticorpos não são detectáveis na circulação.
Diabetes fortemente herdada.

Resistência à insulina e/ou deficiência na produção de insulina.


Diabetes tipo 2 Representa 90 a 95% dos casos.

Diabetes Hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação,


gestacional na ausência de critérios de DM prévio.

Defeitos genéticos nas células β ou na ação da insulina, neonatal,


Outros doenças do pâncreas exócrino, endocrinopatias, drogas ou
produtos químicos, infecções ou outras síndromes genéticas.
(ADA, 2024; SBD, 2023)
Quais são os sintomas Como é diagnosticada a
da hiperglicemia? diabetes?

• Poliúria (micção excessiva); • Glicemia plasmática em jejum;


• Polidipsia (excesso de sede), • Teste de tolerância oral à glicose
• Polifagia (fome excessiva); (TOTG);
• Perda de peso; • Hemoglobina Glicada (HbA1c);
• Visão turva. • Em algumas situações, é
recomendado rastreamento em
pacientes assintomáticos.

(ADA, 2024; SBD, 2023)


(SBD, 2024)
Diabetes no mundo

Adultos
• 537 milhões de adultos tem
diabetes (20 a 79 anos).
• 3 em cada 4 diabéticos vivem
em países de baixa e média
renda.
• Quase 50% dos diabeticos não
sabem que possuem a
doença.

(IDF 2021)
(IDF 2021)
Crianças e adolescentes

Diabetes tipo 1 é a mais frequente em crianças e adolescentes,


podendo ocorrer também a tipo 2 e a monogénica.

(IDF 2021)
(IDF 2021)
• O Brasil apresenta as maiores prevalências
de diabetes tipo II (DM2), com 3,3 mil casos
a cada 100 mil adolescentes.

• A incidência de DM2 é baixa entre crianças


pré-púberes, mas aumenta gradualmente na
puberdade, possivelmente devido a
alterações hormonais e à resistência à
insulina associada à puberdade.

• Maior incidência nas meninas.

• Em comparação com o diabetes tipo 1


(DM1), os jovens com DM2 têm maior
probabilidade de ter ou desenvolver outros
fatores de risco cardiometabólicos, como
pressão alta, triglicerídeos elevados e
obesidade central.

(IDF 2021)
Quais as consequências
da diabetes para a
saúde pública?
Aspectos econômicos e de mortalidade

Estima-se 783 milhões 16.300 mortes por Responsável por 4,2


de diabéticos até 2045 diabetes antes dos 25 milhões de mortes em
(+46%). anos em 2019 (73,7% adultos de 20 a 79 anos.
pelo DM1).

Estima-se que contribua Despesas totais de $760 Promove o aumento nas


para 11,3% das mortes bilhões em 2019. chances de
a nível mundial. Estima-se que os gastos complicações crônicas
em 2045 sejam de $845
bilhões.
(IDF 2021; Cousin et al., 2022; SAEEDI et al., 2020; Willians et
al., 2020; SDB, 2023)
Estilo de vida e DM2

A DM2 apresenta predisposições genétcas, todavia, é potencilamente


evitável na presença de estilo de vida saudável

Bons hábitos alimentares Não fumar

Níveis adequados de atividade Controle do percentual de gordura


física corporal

Apesar de ser uma doença multifatorial, maiores incidências são observadas em


casos de obesidade infantil, obesidade materna e diabetes, mudanças nos níveis de
atividade física e dieta, além de outros fatores ainda desconhecidos.
(IDF 2021)
Aptidão aeróbia e sistema cardiovascular

• Pessoas com DM1 com controle glicêmico deficiente apresentam menor VO2pico, baixa sensibilidade
a insulina, baixa reatividade vascular ao exercício e disfunção mitocondrial do músculo esquelético.

A deficiência de insulina, a hiperlipidemia e outras anormalidades metabólicas aumentam os níveis de


espécies reativas de oxigênio, o que provavelmente contribui para a disfunção mitocondrial muscular.
Apresentando reduções em certa de 25% da densidade mitocondrial do músculo esquelético e reduções
na função respiratória mitocondrial.

Capacidade aeróbica reduzida e sua adaptabilidade atenuada ao treinamento físico de resistência.

Defeitos precoces no fornecimento microvascular de sangue ao músculo esquelético e redução da


capacidade IV do complexo na cadeia respiratória mitocondrial dentro do músculo esquelético também
podem afetar negativamente a aptidão aeróbica e o desempenho de resistência.

(Riddell; Peters, 2022)


Diminuição acelerada dos níveis de força muscular

• Preservação da massa e força muscular são essenciais, visando mitigar as comorbidades relacionadas a
diabetes.
• Associada a elevados níveis séricos de creatina quinase, um marcador de dano celular.
• Expressão reduzida e capacidade proliferativa de células satélite musculares.
• Densidade mitocondrial pode estar reduzida.
• O aumento da renovação proteica muscular, a degradação proteica exagerada e uma perda líquida de
massa muscular esquelética são características da deficiente insulinização na DM1.
(Riddell; Peters, 2022)
Complicações crônicas
Retinopatia diabética Risco cardiovascular: Úlcera no pé
• RD (34,6%), edema macular (6,8%) e RD Dislipidemias • Elevados níveis de
com risco de perda de visão (20%). • Duas a quatro vezes mais incidência
morbi-mortalidade e custos
• ↑ risco de complicações micro e macro de doença cardiovascular e acidente
financeiros para tratamento.
vasculares e doença renal vascular isquêmico.
• Incidência ao longo da vida de 19 a
• ↑ risco de insuficiência cardíaca,
34%.
Doença renal crônica doença arterial periférica e
• Recorrência de 40% em um ano e
complicações microvasculares.
• Pode acometer 30 a 50% dos pacientes 65% em três anos apos cicatrização.
• Expectativa de vida de 4 a 8 anos
com diabetes.
• Principal causa de diálise.
menor. Doença hepática gordurosa
Neuropatia periférica metabólica
Hipertensão diabética • Diabetes aumenta as chances de
• Afeta aproximadamente 60% dos • Disfunção dos nervos, de forma desenvolvimento, progressão da
diabéticos tipo II. difusa ou focal doença e piores resultados
• Aumento de 7 vezes o risco de morte. • Prevalência de 49%, 12% em hepáticos.
• Relacionada ao tempo que o individuo pré-diabeticos e 90% em diabéticos • Estima-se afetar 70% dos diabéticos
apresenta diabetes e a presença de candidatos a transplante renal. tipo II.
doença renal. • Colabora para o desenvolvimento de
Insuficiência Cardíaca e Infecção no pé fibrose.
• Complicações mais frequentes que • Mais frequente em pessoas com
síndrome isquêmica aguda exigem hospitalização. obesidade.
• Osteomielite pode complicar em 20%
• Taxa de mortalidade de 75% em 5 anos. as úlceras.
• Complicações cardiovasculares mais • Evento precipitando à amputações
graves. de MMII.
Atividade física e saúde
na diabetes mellitus
Antes da prática – análise do risco cardiovascular

• A avaliação do risco cardiovascular é


essencial para segurança e prevenção de
eventos adversos.

(SBD, 2023)
Cuidados com a glicemia

(SBD, 2023)
Recomendações gerais da
Sociedade Brasileira de
Diabetes para atividade física na
DM1 e DM2
Recomendações Nível
Recomendado - Para indivíduos com condições de risco aumentado para desenvolvimento de DM2 (pré-DM)e
também para prevenção do DM2, é recomendado o mínimo de 150 min de atividade física aeróbia de IB
moderada intensidade e o mínimo de 7% de redução ponderal, seguido de manutenção do peso perdido
A solicitação de exames para rastreamento universal de DCV em pessoas com DM2 que pretendam iniciar a
prática de exercícios físicos NÃO É RECOMENDADA de forma rotineira, exceto se houver sintomas típicos ou III C
atípicos de DCV ou em pessoas de alto ou muito-alto risco cardiovascular.
Recomendado - Praticar exercícios combinados, resistidos e aeróbicos: pelo menos um ciclo de 10 a 15
repetições de cinco ou mais exercícios, duas a três sessões por semana, em dias não consecutivos e, no
IB
mínimo, 150 minutos semanais de caminhada moderada ou de alta intensidade, sem permanecer mais do
que dois dias consecutivos sem atividade.
Recomendado - Pessoas com DM2 ou pré-DM devem reduzir o tempo gasto em atividades sedentárias
IB
diárias, para reduzir o risco cardiovascular.
Recomendado - Pessoas com DM2, especialmente as idosas, pratiquem treinos de equilíbrio e flexibilidade
IB
com o objetivo de redução de quedas.
Recomendado - Pessoas com diabetes recebam orientação de exercício físico por escrito, para melhora da
IB
adesão e do entendimento.
Recomendado - Os praticantes de exercício físico com diabetes, e os profissionais de saúde, sejam
IC
conscientizados sobre os riscos associados do uso indiscriminado de esteroides anabolizantes e similares.
Recomendações Nível
Recomendado - Incentivar a AF e o exercício físico em pessoas com DM1, como parte do seu tratamento. IC
Recomendado – Os médios avaliaram o risco cardiovascular antes da prescrição de AF ou exercício físico. IC
Recomendado - Pessoas com DM1 de alto ou muito alto risco, que desejem iniciar exercício físico, sejam
rastreadas inicialmente ao menos com eletrocardiograma de repouso. Exames adicionais podem ser IB
solicitados, dependendo da análise individual ou de cada caso.
Recomendado - realizar, no mínimo, 150 min/sem de exercício aeróbico de moderada ou vigorosa
IB
intensidade, não permanecendo mais do que dois dias consecutivos sem exercício físico.
Recomendado - Prática de treinamento aeróbico, resistido ou combinado em uma mesma sessão, para
IIa C
melhora da função endotelial, do condicionamento físico e do controle glicêmico.
Recomendado - Exercícios de equilíbrio e flexibilidade (idem tabela anterior) IC
Recomendado - Monitoramento da glicose antes, durante e após o exercício físico, para minimizar a variação
IB
da glicemia e o risco de hipoglicemia.
Pode ser considerado - Monitorização contínua da glicose intersticial, monitoramento flash de glicose com
IIb C
base em glicose oxidase, colocado transcutaneamente durante o exercício físico.
Pode ser considerado - utilização de tabela de setas nos monitores flash, para manejo da glicemia. IIb C
Pode ser considerado - Reduzir o bolus prandial da refeição que antecede exercício físico, reduzir por um
IIb C
tempo a taxa de infusão basal ou ainda desconectá-la temporariamente.
Possíveis benefícios Possíveis riscos
Cardiovascular (função cardíaca, pressão
Hipoglicemia
arterial, perfil lipídico e função endotelial)
Capacidade funcional (aptidão aeróbica,
capacidade de resistência, força muscular, Hiperglicemia
equilíbrio e flexibilidade)
Melhor funcionamento psicossocial e qualidade
Dor e/ou lesão musculoesquelética
de vida relacionada à saúde
Função cognitiva melhorada Angina, infarto agudo do miocárdio
Redução da mortalidade por todas as causas e Danos aos pés, especialmente se já houver
relacionada a doenças neuropatia e/ou úlceras nos pés
Piora da retinopatia diabética grave já existente
Melhor duração e qualidade do sono
(especialmente se levantar e/ou fazer esforço)
Melhor sensibilidade à insulina

Melhor controle glicêmico

(Riddell; Peters, 2022)


• Mesmo sem a perda de peso, o exercício
regular aumenta a sensibilidade à insulina.

• Elevado potencial do exercício físico em


diminuir os fardos para a saúde das
complicações proporcionadas pelo DM.
(Clemente-Suárez et al., 2023)

• Aumento da captação de glicogênio


muscular.
• Melhorias na sinalização de insulina
muscular e sensibilidade a insulina.
• Liberação de sinalização (miocinas) na
melhoria da saúde cardiovascular,
metabólica, imunitária e neurológica.
• As respostas neuroendócrinas e
metabólicas ao exercício dependem em
grande parte do modo, intensidade e
duração do exercício.
(Clemente-Suárez et al., 2023) (Riddell; Peters, 2022)
Tendências gerais da glicemia em resposta a diferentes formas de exercício
(DM1)

(Riddell; Peters, 2022)


Respostas glicêmicas de acordo com as modalidades de exercício físico

Exercício de Endurance/Aeróbios – DM1


• Atividades leves e moderadas são associadas quedas nos níveis de glicose.
• Atividades muito prolongadas podem gerar hipoglicemia.
• Nível elevado de glicose pré-exercicio, tem uma certa "proteção" contra a hipoglicemia em
atividades prolongadas.
• Hiperglicemia pode ocorrer se não houver ingestão adequada de insulina, caso ocorra ingestão
excessiva de carboidratos.
• Atividades muito vigorosas apresentam menor queda da glicose (aumento da catecolaminas e
outros hormônios e metabólitos que elevam a produção hepática de glicose e limitam a
eliminação de glicose).
• Exercícios moderados a vigorosos (+45 min) aumentam a sensibilidade a insulina a noite e
atenuam a resposta contrarreguladora à hipoglicemia (risco de hipoglicemia noturna).

(Riddell; Peters, 2022)


Respostas glicêmicas de acordo com as modalidades de exercício físico

Exercício de Endurance/Aeróbios – DM2


• Melhora da ação e sensibilidade à insulina. Com maiores benefícios na sensibilidade periférica do
que na hepática.

• Melhora da função mitocondrial.

• Exercício vigoroso pode melhorar a glicemia, sem reduzir peso corporal, através da eliminação de
glicose estimulada pela insulina e supressão da produção hepática de glicose.

• Menores chances de eventos hiperglicêmicos.

(Kanaley et al., 2022)


Respostas glicêmicas de acordo com as modalidades de exercício físico

HIIT – DM1 e DM2


• Estabilização da glicose, redução da hemoglobina glicada, redução das necessidades diárias
totais de insulina e melhora do perfil de risco cardiometabólico.

• Maior sensibilidade à insulina e função das células β pancreáticas. Melhora do conteúdo de


proteína mitocondrial.

• Pode promover falsos sintomas de hipoglicemia (tremores, sudorese, palpitações cardíacas,


desorientação e tonturas), mesmo com níveis crescentes em direção a hiperglicemia. Tendo em
vista que pode gerar hiperglicemia pós-exercício transitória.

• Sintomas de hipoglicemia durante e após o HIIT requerem confirmação com monitorização da


glicose.

• Pode estar associado a hipoglicemia de inicio tardio (a noite), caso a sessão seja realizada ao final
do dia ou com correção de insulina para tratar hiperglicemia pós-exercício imediato.

(Kanaley et al., 2022; Riddell; Peters, 2022)


Respostas glicêmicas de acordo com as modalidades de exercício físico

Exercício resistido/força – DM1 e DM2


• Fornece proteção contra a fragilidade relacionada à idade devido aos seus benefícios na
densidade óssea, massa e força muscular.

• Melhora da sensibilidade à insulina e redução da HbA1c.

• Está associado a melhor estabilidade glicêmica quando comparado aos exercícios de Endurance
em pessoas com DM1.

• Baixo volume de repetições e alta carga podem provocar elevações marginais na glicemia (DM1).

(Kanaley et al., 2022; Riddell; Peters, 2022)


Exercício combinado/concorrente

Intervenções de exercícios combinados (aeróbios e de resistência) são mais


benéficos do que práticas de modalidades isoladas. Promove maior reduções
da HbA1c, glicemia e gordura corporal. Além de melhora da sensibilidade a
insulina, da massa e força muscular, aptidão cardiorrespiratória.

(Kanaley et al., 2022; Riddell; Peters, 2022)


HIIT vs Controle HIIT vs aeróbio contínuo
• Hemoglobina glicada -0,75% (0,97; −0,53)
• Sem diferenças significativas entre HITT e
aeróbio contínuo de intensidade moderada.
• Glicemia em jejum: -1,15 mmol/L (-1,44; -0,86)

• Aumento na sinalização da insulina e nos níveis de proteína transportadora de glicose.


• Melhora da aptidão cardiorrespiratória, resultando no aumento da taxa de captação de
glicose estimulada pela insulina.
Exercício aeróbio antes do resistido
1. 45 minutos de exercício aeróbio em intensidade moderada (corrida em esteira a 60% de seu VO 2pico
predeterminado).
2. 45 minutos de treinamento resistido (três séries de oito repetições máximas com 90s de descanso entre as séries).

Exercício resistido antes do aeróbio


O mesmo processo anteriormente descrito, mas realizando o exercício resistido antes e o aeróbio depois.

Monitoramento de 60 minutos pós exercício.


Linha tracejada: Inicio com aeróbio e posteriormente resistido.
Linha sólida: Inicio com resistido e posteriormente aeróbio.

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