100% acharam este documento útil (1 voto)
105 visualizações33 páginas

Terapia de Aceitação e Compromisso

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 33

Terapia de Aceitação e

Compromisso
Prof. Cristina Pilla Della Méa
Psicologia Cognitivo- Comportamental Contemporânea
E-mail: [email protected]
Terapia de Aceitação e Compromisso
(ACT)
• A ACT (da expressão original em inglês Acceptance and Commitment Therapy) foi
desenvolvida a partir da releitura contextualizadas do processo psicoterapêutico.
• História pessoal de Steven Hayes- transtorno de pânico.
• Sofrimento psicológico não é consequência da atividade cognitiva ou das emoções
em si, mas da maneira com que a pessoa se relaciona e responde a própria atividade
cognitiva e demais eventos internos.
• Mesmo experimentando pensamentos distorcidos e emoções que geram intenso
sofrimento, é possível agir de modo a criar uma vida significativa.
Essência da ACT
Aspecto central ACT

• ACEITAÇÃO – daquilo que está fora do nosso


controle (externo e interno) sem utilizar qualquer
tipo de esquiva.
• COMPROMISSO – ações que possibilitem uma
vida mais significativa, independente da presença
de eventos internos ou externos indesejáveis.
ACT
• Embasamento comportamental e não cognitivista
• Se baseia numa teoria comportamental – Teoria do Quadro
Relacional
• A ACT: sensibiliza para a função que a linguagem desempenha no
desenvolvimento e na manutenção do sofrimento humano.
• Sofrimento: uso excessivo de linguagem- a mente leva ao
sofrimento!
Objetivo da ACT:
• Aumentar a flexibilidade psicológica: habilidade de entrar em
contato com o presente momento e as reações psicológicas que
isso produz, como um ser humano completo e consciente, e
dependendo da situação, persistir com um comportamento ou
modifica-lo com o intuito final de uma vida guiada por valores.
Teoria das Molduras Relacionais
(Relational Frame Theory – RFT)
• Teoria sobre linguagem e cognição humana
• Nossa mente: descreve, categoriza, relaciona, avalia, fala de algo, lê, pensa
• Baseada nos princípios de aprendizagem
• Condicionamento Operante
• Vivemos em um mundo de relações
Minha experiência não é o que minha mente quer- “Eu tenho que ser”.

Hayes, Barnes-Holmes e Roche (2001)


• Por exemplo, se dissermos a uma criança que Bruno é amigo de
Jéssica, essa criança derivará uma nova relação, não treinada ou
estabelecida de forma indireta, que Jéssica é amiga de Bruno. Do
mesmo modo, se dissermos a alguém que bolo é gostoso, e tudo que
é gostoso é pouco saudável, essa pessoa poderá derivar uma terceira
relação, também indireta, dizendo, então, que bolo (e qualquer outro
alimento gostoso) não é saudável. Um último exemplo: se Jéssica se
tornou um estímulo aversivo para Bruno, Amanda, que é muito
amiga de Jéssica, também pode se tornar um estímulo aversivo para
ele, mesmo que nenhuma situação aversiva tenha envolvido Amanda
e Bruno.
Linguagem

Bom Ruim
• Comunicar • Somos a única espécie que tem consciência da própria morte
• Criamos um futuro idealizado
• Prever e planejar • Avaliamos nossas experiências
• Resolver problemas - Formamos crenças negativas de nós e dos outros

• Desenvolver regras para regular - Construímos crenças de ódio e preconceito

comportamentos • Desenvolvemos regras para ações que podem nos trazer danos
• Uso excessivo da linguagem dificulta a possibilidade de mantermos
• Aprender contato com o momento presente
• Reagimos a linguagem interna da mesma forma que reagimos aos eventos reais que
ela representa
• Como consequência- tendência de intensificação da dor experimentada frente a
eventos indesejados (indivíduo acaba entrando em contato
apenas com a representação linguística destes)

• Lançar mão de uma abordagem de resolução de problemas na tentativa de aliviar a


dor sentida .

Inflexibilidade Psicológica
Modelo
Hexaflex
Processos associados à psicopatologia

Processo relacionado à inflexibilidade Processo terapêutico


psicológica

Evitação Experiencial Aceitação


Fusão Cognitiva Desfusão
Apego ao Self conceitualizado Self como contexto
Domínio do passado e futuro conceitualizados Contato com o momento presente

Inação, impulsividade ou persistência evitativa Ação comprometida

Falta de clareza dos valores Definindo direções valorizadas


Evitação Experiencial
• Esforços para alterar ou evitar as experiências internas indesejadas.
• Os esforços de evitação da experiência interna geralmente aumentam a
frequência e intensidade das sensações, ocasionando um sofrimento mais
generalizado.
“ A maioria dos problemas clínicos tem a função de evitar as experiências
indesejadas” (Hayes et al., 1999).
Psicopatologia só ocorre quando a pessoa deixa de buscar uma vida
significativa para evitar experiências internas indesejadas.
Evitação e Sofrimento

• Quanto mais tentamos suprimir pensamentos e


sentimentos, mais presentes eles se tornam.
• As tentativas de evitar experiência internas indesejadas
(EVITAÇÃO EXPERENCIAL) parecem funcionar a
curto-prazo, elas geralmente acarretam em uma existência
mais restrita.
Fusão Cognitiva
• Usar a definição de quem sou eu ou de quem os outros são, vai se fundir a
forma de pensar.
• Interpreta a emoção como um indicativo de realidade.

SINTO MEDO. Quanto mais evitação eu tenho, mais


vou me fundir cognitivamente com o
pensamento. Cliente se define pela
cognição.
SOU MEDROSO.
Apego ao self conceitualizado
• Conteúdo verbal que utilizamos para descrever e definir
nós mesmos.
“Sou o engenheiro João”.
• Self conteúdo- rótulos com os quais nos identificamos.
“Sou uma fracassada”- desenvolvemos comportamentos que
venham a confirmar esses rótulos que atribuímos a nós
mesmos.
Domínio do passado e futuro conceitualizados

• Ruminação (passado) e preocupação (futuro)-


ocorre pelo fato de não experienciar o presente
momento.
• Existe um único momento em que é possível criar
uma vida significativa: agora.
Falta de clareza dos valores

• “Vida significativa e funcional”- só pode podem ser


definidos com tal a partir daquilo que é importante para
a pessoa, ou seja, seus valores.
• Não confundir valores com objetivos e metas.
• Não é fácil, comportamentos de uma vida dotada de
sentido produzem efeitos indesejáveis a curto prazo.
Inação, impulsividade ou persistência evitativa

• Agir de modo a avançar na direção escolhida.


• Valores bem definidos- agirmos de maneira consistente com esses
valores.
• Inação, impulsividade ou persistência evitativa são consequências de
um repertório comportamental limitado e inflexível.
• Evitar aquilo que não quer impossibilita o ser humano agir em busca
daquilo que quer.
Processos centrais na ACT
Processo Definição
Aceitação Ajudar o sujeito a reduzir as tentativas de mudar a frequência ou forma de
pensamentos e emoções indesejáveis ou que trazem algum tipo de sofrimento,
conhecendo-os e aceitando-os.
Desfusão cognitiva Modificar as funções indesejáveis dos eventos pessoais, alterando, basicamente, a
forma com que o indivíduo interage e se relaciona com os pensamentos através da
criação de contextos nos quais as funções nocivas são diminuídas.
Self-como-contexto Visa que o sujeito perceba que o self como transcendental, não um objeto mutável.
Cria um senso de segurança, já que apesar de todas as mudanças
emocionais/comportamentais/ou de pensamentos, o self permanece íntegro.
Ação comprometida Identificar dificuldades no sujeito em alcançar suas metas já estabelecidas, dando
ferramentas e modificando padrões de funcionamento disfuncionais.
Definindo direções Estabelecer valores- domínios (familiar, profissional, espiritual): sem que o sujeito
valorizadas apresente algum tipo de esquiva.

Contato com o presente Levar o sujeito a visualizar acontecimentos pessoais de maneira direta, sem atribuição
momento de qualquer juízo de valor.
Seis Processos
(Hexaflex)
Através desses seis processos, os
clientes são guiados a se abrirem
a todas as experiências possíveis-
pensamentos e sentimentos de
todas as variedades, claros ou
escuros.
Técnicas
• Técnicas de desfusão cognitiva: parar o processo de pensamento e interpretá-lo de
fora.
• Olhando para os pensamentos e não a partir dos pensamentos;
• Notando pensamentos, ao invés de se tornar preso nos pensamentos;
• Vendo os pensamentos pelo que são, e não pelo que eles parecem ser;
• Objetivo é reduzir a influência de processos cognitivos desadaptativos sobre o
comportamento; facilitar o processo de se tornar presente psicologicamente e
engajado na experiência; e facilitar a consciência de processos de linguagem.
Técnica de rotulação de pensamentos

• Modificação de pensamento
“Tenho muitas coisas para fazer no meu trabalho”.
“Estou tendo muitas coisas para fazer no meu trabalho”.
“Sou triste”.
“Estou me sentindo triste”.
Mindfulness
• Exercícios de meditação.
• Consciência plena da experiência no presente momento auxilia o cliente a
perceber claramente o que está acontecendo;
• Desenvolver flexibilidade psicológica
• Aceitar para lidar com pensamentos e sentimentos indesejáveis.
• Práticas de mindfulness diárias.
• Pode ser usada no início ou durante as sessões de terapia.
Treino de perspectiva

• O paciente pode, por exemplo, se imaginar mais


velho ou como uma terceira pessoa e então
aconselhar a si mesmo no momento presente.
Valores
• Promover a identificação ou construção desses valores, buscando entender o que é mais
importante para o paciente.
• Técnica- “Participando do seu próprio funeral”
- Você poderia estar presente, testemunhando a cena, mas sem participar diretamente dela.
- Algum familiar ou amigo leria algumas palavras sobre você.
- Pense nas coisas que teme que digam sobre você.
- Escreva tudo o que você gostaria que fosse dito a seu respeito.
- Os seguintes domínios podem ser importantes na elaboração da tarefa.
Domínios para elaboração da técnica participando do seu próprio funeral

Casamento/casal/reações íntimas

Parentalidade

Relações familiares (outras que não casal ou parentalidade)

Amizades/relações sociais

Carreira/emprego

Educação/formaçao/crescimento pessoal

Recreação/lazer

Espiritualidade

Cidadania

Saúde e bem-estar físico


• Colocar um ranking de classificação de valores (1 a 10)
• Avaliação baseada no nível de importância dada ao real
padrão comportamental atualmente presente na sua vida.
• Solicitar que o avalie o grau de importância que ele
gostaria que cada um dos domínios tivesse em sua vida.
• Por fim, subtraia o escore do índice da primeira avaliação
com a segunda. O resultado será o índice de desvio de
vida do indivíduo.
Domínio Valores Importância Manifestação Desvio de vida
vida atual
Casamento/casal/reações íntimas

Parentalidade
Relações familiares (outras que não casal ou
parentalidade)

Amizades/relações sociais

Carreira/emprego
Educação/formaçao/crescimento pessoal

Recreação/lazer

Espiritualidade
Cidadania
Saúde e bem-estar físico
Valores
• Direções da vida consideradas importantes e de escolha;
• Oferecem motivação e inspiração para o seu cliente;
• Guias para o comportamento;
• Oferecem sentido a vida.
Termo de Compromisso

• Encorajar o paciente a buscar ações e


comportamentos congruentes com os valores
identificados ou construídos.
Referências:
Barbosa, L. M., & Murta, S. G. (2014). Terapia de Aceitação e Compromisso: história, fundamentos,
modelo e evidências. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 16(3), 34-49.
Costa, N. (2012). Terapia de aceitação e compromisso: É uma proposta de intervenção cognitivista?
Perspectivas em Análise do Comportamento,3(2), 117-126.
Lucena- Santos, P., Pinto-Gouveia, J., & Oliveira, M. da S. (2015). Terapias comportamentais de terceira
geração: guia para profissionais. Novo Hamburgo, RS: Sinopsys.
Melo, W. V. (Orgs.). (2014). Estratégias psicoterápicas e a terceira onda em terapia cognitiva. Novo Hamburgo,
RS: Sinopsys.
Monteiro, Érika Pizziolo, Ferreira, Gabriela Correia Lubambo, Silveira, Pollyanna Santos da, &
Ronzani, Telmo Mota. (2015). Terapia de aceitação e compromisso (ACT) e estigma: revisão
narrativa. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 11(1), 25-31.

Você também pode gostar