Soares, Emilly v. C. Borges Et Al. Anatomia (Caps. 1 e 2)

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Introdução

à Anatomia
Orientada
para a Clínica
SUMÁRIO
1. Definição de Anatomia.................................................................................................. 3

2. Posição Anatômica....................................................................................................... 4

3. Planos Anatômicos....................................................................................................... 5

4. Termos de Movimento.................................................................................................. 6

5. Variações anatômicas.................................................................................................. 6

6. Conclusão...................................................................................................................... 8

Referências......................................................................................................................... 9
Autor: Allison Diêgo da Silva Bezerra

1. DEFINIÇÃO DE ANATOMIA

A anatomia é a ciência que estuda a estrutura e a forma dos organismos que


compõem o corpo, incluindo seus sistemas, órgãos, tecidos, células e até mesmo
suas partes subcelulares. Apesar de cada ser humano ser único, e possuir ca-
racterísticas que os diferenciam dos demais, existem elementos que, na maioria
dos casos, são comuns e semelhantes para todas as pessoas, como o coração,
o pulmão e etc. Dessa forma, a anatomia é fundamental para a compreensão da
fisiologia, que é o estudo de como essas partes funcionam e interagem. A ana-
tomia é dividida em duas subdisciplinas principais: a anatomia macroscópica e
a anatomia microscópica.
A anatomia macroscópica, também conhecida como anatomia grossa, é o
estudo das estruturas que podem ser vistas a olho nu. Isso inclui o estudo dos
sistemas do corpo, como o sistema esquelético, o sistema muscular, o sistema
cardiovascular, entre outros.
A anatomia microscópica, também conhecida como histologia, é o estudo das
células e tecidos em um nível microscópico. Isso inclui o estudo da estrutura das
diferentes células, a organização das células em tecidos e a organização dos
tecidos em órgãos.

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2. POSIÇÃO ANATÔMICA

A posição anatômica é uma convenção adotada na anatomia para estabelecer o que


é "normal" na estrutura do corpo humano. Ela é usada como a posição de referência na
descrição das relações entre as partes do corpo. Na posição anatômica, o corpo é ereto,
com os membros superiores posicionados ao lado do corpo com as palmas voltadas
para a frente, membros inferiores juntos, com os pés posicionados de maneira paralela
e os dedos dos pés direcionados anteriormente. A cabeça e o olhar são direcionados
para frente, e os dedos dos pés apontam para a frente também.

Figura 1. Posição anatômica


Fonte: Smart Servier Medical Art¹

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3. PLANOS ANATÔMICOS

Os planos anatômicos são usados para descrever a localização e a orientação das


diferentes partes do corpo, possuindo importante utilização na interpretação de exames
de imagem. Existem três planos principais:

• Plano mediano (sagital mediano): Este plano divide o corpo em duas partes, es-
querda e direita. O plano sagital mediano ou médio divide o corpo em duas partes
iguais, esquerda e direita.
• Planos sagitais: São planos verticais que atravessam o corpo, paralelos ao plano
mediano, dividindo as estruturas em duas partes, direita e esquerda não neces-
sariamente do mesmo tamanho.
• Plano frontal (ou coronal): Este plano divide o corpo em duas partes, anterior
(frente) e posterior (atrás).
• Plano transversal (ou axial): Este plano divide o corpo em duas partes, superior
(cima) e inferior (baixo). Planos que atravessam o corpo em ângulos retos aos
planos mediano e frontal.

Figura 2. Planos Anatômicos


Fonte: VectorMine/Shutterstock.com²

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4. TERMOS DE MOVIMENTO

Os termos de movimento são usados para descrever como as diferentes partes


do corpo se movem. Para que os termos de movimento sejam utilizados da maneira
correta, é fundamental estabelecer o ponto de referência. Alguns dos termos mais
comuns incluem:

• Flexão: Este é o movimento que diminui o ângulo entre duas partes do corpo,
aproximando a estrutura do ponto de referência, como dobrar o cotovelo.
• Extensão: Este é o movimento que aumenta o ângulo entre duas partes do corpo,
afastando a estrutura do ponto de referência, como endireitar o cotovelo.
• Abdução: Este é o movimento de uma parte do corpo para longe do plano médio
do corpo, como mover o braço para longe do corpo.
• Adução: Este é o movimento de uma parte do corpo em direção ao plano médio
do corpo, como mover o braço para perto do corpo.
• Rotação: Este é o movimento de uma parte do corpo em torno de seu eixo, como
girar a cabeça de um lado para o outro.

5. VARIAÇÕES ANATÔMICAS

Muitas das estruturas que compõem o corpo humano são comuns para todos os
indivíduos. No entanto, em alguns casos, podem estar presentes alterações nessas
estruturas que são comuns para a maioria das pessoas. Esse conceito é conhecido
como variações anatômicas.
Essas variações podem ocorrer em diversos níveis, desde o nível celular até a estru-
tura de órgãos e sistemas completos do corpo. As variações anatômicas podem sofrer
influência tanto de fatores genéticos quanto de fatores ambientais, sendo, portanto,
influenciadas pela idade, sexo e biotipo do indivíduo. Os biotipos são divididos em três
grupos principais:

• Brevilíneo/Endomorfo: Indivíduo baixo e com maior massa muscular, com o tronco


prevalecendo sobre os membros.
• Longilíneo/Ectomorfo: Indivíduo alto e com menor massa muscular, com os
membros prevalecendo sobre o tronco.
• Normolíneo/Mesomorfo: Indivíduo “atlético”, com proporções intermediárias entre
os dois subtipos anteriores.

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Figura 3. Variações anatômicas
Fonte: Sudowoodo/Shutterstock.com³

Algumas das variações anatômicas mais comumente encontradas são as diferenças


no tamanho ou forma de órgãos, a presença de músculos adicionais ou ausentes, a
posição de estruturas anatômicas, a vascularização e inervação variáveis, entre outras.
É importante ressaltar que a maioria das variações anatômicas não representa uma
preocupação médica e não requer tratamento, a menos que estejam causando algum
problema de saúde específico.
Quando as variações anatômicas causam algum tipo de repercussão clínica, passam
a ser chamadas de anomalias, como o lábio leporino e dedos supranumerários. As va-
riações anatômicas incompatíveis com a vida são denominadas de monstruosidades,
exemplo dessa alteração é a anencefalia.
Essas variações são importantes para cirurgiões, médicos e outros profissionais de
saúde, pois podem afetar o planejamento de procedimentos médicos e diagnósticos,
portanto, devem ser levadas em consideração durante a anamnese, exame físico e
planejamento terapêutico.

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6. CONCLUSÃO

A anatomia é uma ciência fundamental na medicina que estuda a estrutura dos orga-
nismos. A compreensão da posição anatômica, dos planos anatômicos e dos termos
de movimento é essencial para a prática médica. A anatomia fornece a base para a
compreensão da fisiologia e da patologia, e é crucial para o diagnóstico e o tratamento
das doenças.

MAPA MENTAL. ANATOMIA

Posicao Anatomica Subdivisoes Planos Anatomicos

Macroscopica Sagital

Microscopica Coronal

Transversal

Termos de Movimento

Flexão Extensão Abducão

Aducão Rotacão

Fonte: Elaborado pelo autor.

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REFERÊNCIAS
1. Smart Servier Medical Art. Anatomy and The Human Body. Disponível em: https://
smart.servier.com/smart_image/musculature-front/. Acesso em: 22 jul 2023.
2. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: https://www.
shutterstock.com/pt/image-vector/anatomical-planes-sections-human-medical-bo-
dy-2131391803. Acesso em: 22 jul 2023.
3. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: https://www.
shutterstock.com/pt/image-vector/men-body-types-diagram-three-somatotypes-251445520.
Acesso em: 22 jul 2023.
4. Moore KL, Dalley AF, Agur AMR. Clinically Oriented Anatomy. 8th ed. Philadelphia:
Wolters Kluwer; 2018.
5. Standring S. Gray's Anatomy: The Anatomical Basis of Clinical Practice. 41st ed.
Edinburgh: Elsevier; 2016.
6. Drake RL, Vogl AW, Mitchell AWM. Gray's Anatomy for Students. 4th ed. Philadelphia:
Elsevier; 2020.
7. Gartner LP, Hiatt JL. Color Textbook of Histology. 3rd ed. Philadelphia: Saunders/
Elsevier; 2007.
8. Hall JE. Guyton and Hall Textbook of Medical Physiology. 14th ed. Philadelphia:
Elsevier; 2021.

Escrito por Allison Diêgo da Silva Bezerra em parceria com inteligência artificial via chat GPT 4.0.

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Introdução à
Neuroanatomia
SUMÁRIO
1. Alguns aspectos filogênicos do sistema nervoso.................................................3

2. Planos anatômicos..............................................................................................5

3. Divisões do sistema nervoso...............................................................................5


Divisão anatômica......................................................................................................... 5
Divisão embriológica................................................................................................... 12
Divisão fisiológica....................................................................................................... 14
Divisão com base na segmentação ou metameria................................................... 19

Referências.........................................................................................................................21
1. ALGUNS ASPECTOS FILOGÊNICOS
DO SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso é um dos principais agentes responsáveis pelas extraordinárias
capacidades humanas, além dos processos de perceber, agir, aprender e lembrar. Tais
atividades só foram possíveis por meio da atividade de bilhões de células compo-
nentes do tecido neuronal (neurônios e neuroglias), conferindo a nós a consciência, o
pensamento e o comportamento.
Dessa forma, a neuroanatomia entra como o estudo de tal sistema, num parâmetro
macroscópico, observando suas generalidades e particularidades. Além disso, é impor-
tante sabermos que esse sistema está intimamente relacionado ao processo evolutivo
dos seres vivos, de tal forma, que a sua adaptação foi possível a partir do desenvolvimen-
tos de três propriedades básicas:

• Irritabilidade: é a propriedade de uma célula de ser sensível ao meio ambiente,


dando origem a um impulso.
• Condutibilidade: consiste na condução desse impulso pelo meio interno.
• Contratilidade: é a resposta do ser vivo ao estímulo inicial.

É importante lembrarmos que essa propriedade está presente em todos os seres


vivos. Até os seres menos complexos, como as amebas, ao serem tocadas com mi-
cromanipulador, se afastam do ponto em que ocorreu o toque Para que isso ocorra,
elas tiveram que sentir o estímulo, conduzir a informação no seu corpo unicelular,
projetando seus pseudópodes e reagir. Entenderam?

Figura 1: Ameba emitindo pseudópodes.


Fonte: Rattiya Thongdumhyu/Shutterstock.com

Introdução à Neuroanatomia 3
Com o aparecimento de seres mais complexos, como os animais, suas células,
que obedecem a essas propriedades, se especializaram – as células da contratilida-
de se tornaram as musculares primitivas, passando a ocupar posições mais internas
nesses organismos, perdendo, assim, contato com o meio externo. No entanto, na
superfície externa desses animais, surgiram células bem diferenciadas, sendo elas
responsáveis pela captação de estímulos (irritabilidade), os redirecionando-os para
as células musculares (condutibilidade).
Essas novas células, especializadas tanto na irritabilidade como na condutibilida-
de, consistem nos primeiros neurônios. Esse tipo celular, sendo a unidade fundamen-
tal, com função básica de receber, processar e transmitir informação, é responsável
pela captação da informação, conduzi-la ao SNC (sistema nervoso central) e retrans-
miti-la para os órgãos alvos no corpo. Ademais, a depender de sua função, ela pode
ser considerada:

• Aferente: são aferentes ou sensitivos os neurônios, fibras ou nervos que trazem


impulsos a uma determinada área do sistema nervoso.
• Eferentes: são eferentes ou motores os que levam impulsos dessa área.

FLUXOGRAMA DAS PROPRIEDADES BÁSICAS DOS SERES VIVOS

Propriedades
básicas dos
seres vivos

Irritabilidade Condutibilidade Contratilidade

Primeiros neurônios Células musculares primitivas

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2. PLANOS ANATÔMICOS
Focando um parâmetro microscópico, a visualização da divisão anatômica do sis-
tema nervoso é muito facilitada com o entendimento da tridimensionalidade de suas
estruturas em nosso organismo. Para isso, vamos voltar aos conceitos de plano ana-
tômico, não sendo restrito ao estudo da neuroanatomia, mas muito utilizado na inter-
pretação da neuroimagem. Temos em número de 3 planos anatômicos principais:

Figura 2: Imagens de uma TC de crânio e representações de planos anatômicos


em cortes axial, coronal e sagital.
Fonte: samunella/Shutterstock.com

3. DIVISÕES DO SISTEMA NERVOSO


O sistema nervoso pode ser organizado a partir de diferentes critérios: um ana-
tômico, um filogenético e outro funcional, bem como segundo a segmentação ou
metameria.

Divisão anatômica
O sistema nervoso é dividido anatomicamente num componente central e num
periférico.
O sistema nervoso central (SNC) consiste nas estruturas nervosas localiza-
das dentro do esqueleto axial, sendo elas: a cavidade craniana e o canal vertebral.
Respectivamente a esses espaços, temos as seguintes estruturas que compõem o
SNC: o encéfalo e a medula espinhal. Juntos, eles formam o neuroeixo.

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A estrutura mais cranial, o encéfalo, corresponde à verdadeira maquinaria no fun-
cionamento do nosso corpo, sendo a porção mais central dentro do crânio. Ela ainda
é subdividida em:

• Cérebro: formado pela união do telencéfalo com o diencéfalo.


• Cerebelo.
• Tronco encefálico

Figura 3: Superfície medial do cérebro.


Fonte: Vasilisa Tsoy/Shutterstock.com

Se liga! O nosso cérebro é organizado em giros, que são partes do


córtex de substância cinzenta, delimitados pelas depressões que percorrem o
córtex cerebral, os sulcos, permitindo o aumento de sua superfície sem aumen-
to considerável do seu volume. Profundamente a esse córtex, temos as estrutu-
ras subcorticais, formadas tanto por substância branca (na qual encontramos
as fibras das vias ascendentes e descendentes) quanto por substância cinzen-
ta, sendo ela reunida nos núcleos da base (são eles: caudado, putâmen, globo
pálido etc).

Introdução à Neuroanatomia 6
Neste material, vamos apenas introduzir e definir cada um desses componentes
do SNC, para, quando formos estudar cada qual em seus respectivos materiais, tere-
mos uma noção básica de sua definição, anatomia e função. Beleza?
Então, começando pelo cérebro, sabemos que ele é composto pelo telencéfalo
e pelo diencéfalo. A primeira estrutura consiste em dois hemisférios corticais e na
lâmina terminal. Cada hemisfério possui 3 polos (frontal, temporal e occipital), 3
margens (superior, medial e inferior), 5 lobos (frontal, parietal, temporal, occipital e
insular – sendo o último “escondido” pelo parênquima cortical) e 3 faces (dorsolate-
ral, medial e inferior). E são nessas faces que encontramos os sulcos e os giros, que
serão melhor estudados em próximos resumos.

Figura 4: Vista lateral de um hemisfério cerebral esquerdo com


seus polos e lobos em cores diferentes.
Fonte: Andrii_M/Shutterstock.com

Já o outro componente do cérebro, o diencéfalo, diferente do telencéfalo, é uma


estrutura ímpar localizada na porção cerebral mais inferior, sendo compreendida por:
tálamo – um grande centro de retransmissão de fibras entre o nosso córtex e estru-
turas subcorticais; hipotálamo – grande regulador da homeostase; subtálamo – que
atua no circuito motor de forma subsidiária; e epitálamo – relacionado com a sincro-
nização do ritmo circadiano.

Introdução à Neuroanatomia 7
O cerebelo, por sua vez, segue uma topografia anatômica semelhante ao cérebro:
possui dois hemisférios, unidos agora por um vérmis, localizado na linha media-
na; seu córtex cerebelar é percorrido por sulcos, delimitando folhas (e não giros!).
Diferente das demais estruturas já citadas, que estão localizadas no compartimento
supratentorial da base do crânio, o cerebelo se encontra no compartimento infraten-
torial. Ele é dividido em lobo flóculo-nodular, lobo anterior e lobo posterior. Na semio-
logia neurológica, testamos a funcionalidade do cerebelo principalmente durante os
exames de coordenação e equilíbrio.
Já como estrutura mais caudal do encéfalo, temos o tronco encefálico, também
sendo a porção mais primitiva dentre as outras. O tronco está intimamente relacio-
nado com o funcionamento da homeostase do corpo, sendo de extrema importância
para a manutenção da vida. Podemos evidenciar isso, por exemplo, por meio dos
exames feitos para diagnosticar morte encefálica, que testam se o tronco está fun-
cionante ou não. Profundamente a ele, temos diversos núcleos de pares cranianos,
além da formação reticular. Num ponto de vista anatômico, o tronco encefálico é di-
vidido em, no sentido craniocaudal: mesencéfalo, ponte e bulbo.
É bom lembrarmos que internamente ao encéfalo, temos estruturas chamadas de
ventrículos encefálicos, por onde circula o liquor, diminuindo o efeito do peso do en-
céfalo além de fornecer proteção mecânica a seus componentes.

Conceito: Ventrículos encefálicos são cavidades localizadas in-


ternamente ao encéfalo, revestidas de epitélio epididimário, por onde percorrer
o liquor cefalorraquidiano (LCR). São em número de quatro cavidades, duas pa-
res (ventrículos laterais) e duas ímpares (terceiro e quarto ventrículo), que são
ligadas uma as outras por diversos canais, formando o sistema ventricular.

Na prática! Sabemos que a análise clínica do liquor em ambiente


hospitalar nos ajuda a identificarmos possíveis patologias que possam afetar o
funcionamento homeostático de nosso SNC, como, por exemplo, a meningite.
Dessa forma, para ser analisada sua composição e/ou cultura, o LCR deve ser
recolhido OU por punção occipital (referencial anatômico: abaixo do crânio, re-
colhendo o liquor da cisterna magna) OU por punção lombar (referencial anatô-
mico: entre L3-L4 ou L4-L5).

Introdução à Neuroanatomia 8
Figura 5: Representações dos exames de coleta de LCR por punção lombar.
Fonte: Aldona Griskeviciene/Shutterstock.com

Como último componente do SNC, temos o mais caudal e primitivo, que é a me-
dula espinhal. Ela consiste numa massa cilindroide de tecido nervoso situado dentro
do canal vertebral da coluna, limitada superiormente pelo bulbo, ao nível do forame
magno, e inferiormente até a vértebra L2.

Na prática! O conhecimento da topografia medular na coluna é


importante para a investigação clínica de patologias que podem afetar tanto
essa estrutura do SNC como suas raízes, principalmente em pacientes com cer-
vicalgia ou lombalgia. Para isso, utilizam-se exames de ressonância magnética,
que permitem analisar a medula e as partes moles das articulações da coluna.

Já o sistema nervoso periférico (SNP) é formado pelas estruturas localizadas


fora desse esqueleto. Essas estruturas são os nervos, os gânglios e as terminações
motoras e sensitivas.
Nervos consistem em cordões esbranquiçados que atuam unindo o SNC aos ór-
gãos periféricos.
A depender da porção do SNC que estamos estudando, esse nervo pode ser divi-
dido em: nervos cranianos, caso estejam ligados ao encéfalo; e nervos espinhais, se
estiverem ligados à medula espinhal;
No entanto, em relação à sua funcionalidade, são divididos em: nervos motores,
sensitivos ou mistos (quando sua composição possui fibras tanto sensitivas como
nervosas).

Introdução à Neuroanatomia 9
Já os gânglios, correspondem ao aglomerado de corpos neuronais localizados fo-
ra do SNC. Da mesma forma que os nervos, os gânglios também são caracterizados
como sensitivos ou motores (participam do sistema nervoso autônomo).
Por fim, as terminações nervosas, localizadas na extremidade das fibras consti-
tuintes dos nervos, também segue a mesma divisão: uma motora, formada pela placa
motora; e uma sensitiva, composta pelos exteroceptores (recebem estímulos do meio
externo), visceroceptores (recebem estímulos dos órgãos internos) e propriocepto-
res (informam o SNC sobre a posição do corpo ou sobre a força necessária para a
coordenação).

Figura 6: Estruturas nervosas periféricas por transparência no corpo humano.


Fonte: Systemoff/Shutterstock.com

Introdução à Neuroanatomia 10
DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO

Telencéfalo
Cérebro
Diencéfalo

Sistema Encéfalo Cerebelo


nervoso Mesencéfalo
central
(SNC) Medula espinhal Tronco
Ponte
encefálico

Bulbo
Cranianos
Nervos
Sistema Espinhais
nervoso
Gânglios
periférico
(SNP)
Terminações
nervosas

Introdução à Neuroanatomia 11
Divisão embriológica

Hora da revisão! O sistema nervoso se desenvolve a partir do


folheto embrionário mais externo, o ectoderma, que, ao ser induzido pela no-
tocorda, se espessando, forma a placa neural. Essa estrutura começa a sofrer
invaginações sucessivas, formando a goteira neural. Por fim, ao se fechar, essa
goteira se torna o tubo neural, estrutura responsável pela origem do SNC.

Conceito: Notocorda consiste numa estrutura celular presente


durante o desenvolvimento embriológico dos animais cordados, atuando como
eixo de sustentação craniocaudal na região posterior do embrião. Além de indu-
zir a formação do tubo neural, ela é substituída pela coluna vertebral, nos verte-
brados, ou se persiste como sustentação em outros animais não vertebrados
desse grupo.

Desde o início de sua formação, o tubo neural não possui calibre uniforme. Sendo
assim, sua dilatação possui certas irregularidades, formando distintas estruturas do
nosso SNC. A parte cranial, que formará o arquencéfalo ou encéfalo primitivo, se di-
lata à medida que ocorre seu desenvolvimento, diferente da porção mais caudal, que
dá origem à medula primitiva.
Vale ressaltar que não existe apenas um par de dilatações bilaterais no arquencé-
falo e sim três vesículas encefálicas primitivas. De cranial para caudal, temos:

Figura 7: Embrião durante a neurulação


Fonte: Fonte: Betty Ray/Shutterstock.com

Introdução à Neuroanatomia 12
• Prosencéfalo: com o desenvolvimento do embrião, é formado deste duas vesí-
culas, o telencéfalo e o diencéfalo.
• Durante o desenvolvimento do prosencéfalo, as vesículas telencefálicas
laterais crescem muito mais que as diencefálicas, ao ponto que, ao com-
pletar a formação do SNC do embrião, os hemisférios cerebrais oriundos
do telencéfalo escondem quase completamente a parte mediana dele
mesmo, além do diencéfalo.
• Mesencéfalo: durante o desenvolvimento embrionário, ele não se modifica.
• Rombencéfalo: dará origem ao metencéfalo (formando a ponte e o cerebelo) e
ao mielencéfalo (formando o bulbo).

Figura 8: Desenvolvimento do cérebro.


Fonte: Veronika By/Shutterstock.com

Se liga! Diante o exposto, fica evidente a extrema importância do


período fetal para a formação e desenvolvimento do sistema nervoso central,
ao ponto que fatores externos como substâncias teratogênicas, alguns medi-
camentos, álcool, irradiação, drogas e infecções congênitas podem interferir
ativamente nas etapas desse processo. Caso ocorram no primeiro trimestre
da gestação, essas interferências podem afetar o processo de proliferação
neuronal, resultando numa diminuição do número de células nervosas e/ou em
microcefalia. Já se ocorrem no segundo ou no terceiro, a interferência será na
fase de organização neuronal, redução na quantidade de sinapses e ocasionar
quadros de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo do feto.
Mas não devemos nos restringir a essas substâncias nocivas: durante a desnu-
trição materna ou nos primeiros anos de vida da criança, diante a interferências
externas ao feto ou lactente, respectivamente, o processo de mielinização do
sistema nervoso será prejudicado, podendo resultar em atrasos na aquisição de
habilidades e no desenvolvimento neuropsicomotor normal da criança. Atrasos
que podem, muitas vezes, ser irreversíveis.

Introdução à Neuroanatomia 13
Divisão fisiológica
O sistema nervoso, a partir de um viés fisiológico, pode ser dividido em sistema
nervoso somático e sistema nervoso visceral. Enquanto o primeiro está relacionado
com a forma que o organismo interage com o meio ambiente externo a ele, o segun-
do está relacionado com o controle das vísceras par a homeostasia corpórea. Além
dessas diferenças, tanto a divisão somática, como a divisão visceral possuem um
componente aferente e um outro eferente.
No caso do somático, seu componente aferente é responsável por conduzir ao
SNC os impulsos originados nos receptores periféricos, informando-os acerca do
mecanismo externo que causou essa irritação. Já o eferente atua levando as in-
formações processadas nos centros nervosos até os nossos músculos estriados
esqueléticos, realizando os movimentos voluntários. Temos como exemplo de uma
ação cooperativa entre esses dois componentes o arco reflexo.

Figura 9: Arco reflexo.


Fonte: EreborMountain/Shutterstock.com

Introdução à Neuroanatomia 14
DIVISÃO EMBRIOLÓGICA DO SISTEMA NERVOSO

Divisão embriológica Divisão anatômica

Telencéfalo
Cérebro
Prosencéfalo Diencéfalo

Arquencéfalo Mesencéfalo Mesencéfalo

Cerebelo e
Rombencéfalo Metencéfalo ponte

Mielencéfalo Bulbo

Introdução à Neuroanatomia 15
Em relação ao visceral, tanto o aferente como o eferente atuam na integração
das diversas vísceras visando a manutenção da constância do nosso meio interno.
Sendo assim, o componente aferente é responsável por conduzir os impulsos nervo-
sos originados em nossos visceroceptores até o nosso SNC. Já o eferente, atua le-
vando tais impulsos até nossas vísceras, enviando a resposta processada em nosso
centro nervoso até glândulas, músculos lisos ou músculo estriado cardíaco.

Figura 10: O reflexo de alongamento.


Fonte: joshya/Shutterstock.com

Esse componente visceral motor é denominado de sistema nervoso autônomo


(SNA), que pode ser dividido em simpático, relacionado com os processos fisiológi-
cos durante momentos de “luta ou fuga”, e em parassimpático, responsável por es-
timular ações que permitem ao organismo. Num viés anatômico, podemos ressaltar
ainda algumas diferenças principais entre o sistema nervoso simpático do parassim-
pático, como podemos ver no quadro a seguir.

Introdução à Neuroanatomia 16
Diferenças anatômicas e farmacológicas entre
os sistemas simático e parassinpático
Componentes do sna Simpático Parassimpático

Toracolombar Craniossacral
Origem
(T1 à l2) (Tronco encefálico e S2 à S4)

Localização Próximo Próxima à


do gânglio ao SNC víscera

Fibras
Curta Longa
pré-ganglionares

Fibras
Longa Curta
pós-ganglionares

Neurotransmissores
Acetilcolina Acetilcolina
(sinapse com gânglio)

Neurotransmissores
Noradrenalina* Acetilcolina
(sinapse com víscera)

*Acetilcolina também está no simpático como neurotransmissor visceral nas


glândulas sudoríparas e vasculatura dos músculos estriados.

Como já foi dito, o sistema nervoso simpático responde a situações de estresse,


estimulando ações como: taquicardia e taquipneia, hipertensão, sudorese, hiperglice-
mia, diminuição da motilidade e digestão. Anatomicamente, ele é formado pelo tron-
co simpático, pelos nervos esplâncnicos e pelos gânglios pré-vertebrais.

• O tronco simpático corresponde à cadeia de gânglios paravertebrais unidos


por ramos interganglionares que se estende da base do crânio ao cóccix bi-
lateralmente. Por esse tronco, passam fibras simpáticas pré-ganglionares e
pós-ganglionares.
• Os nervos esplâncnicos são cordões esbranquiçados formados pelas fi-
bras pré-ganglionares que passam pelo tronco SEM realizar sinapse a nível
paravertebral.
• Por fim, os gânglios pré-vertebrais são o conjunto de corpos neuronais loca-
lizados anteriormente a coluna vertebral, onde as fibras pré-ganglionares dos
nervos esplâncnicos realizam sinapse.

Já o sistema nervoso parassimpático permite ao corpo responder a situações de


calma, realizando as ações opostas ao simpático: bradicardia e bradipneia, anidríase,
hipoglicemia, aumento da motilidade e digestão. Anatomicamente, ele é formado
pelos núcleos de alguns pares cranianos, além dos nervos esplâncnicos pélvicos.
Dentre esses núcleos, nós temos:

Introdução à Neuroanatomia 17
• Núcleo de Edinger-Westphal – nervo oculomotor (III), que inerva os músculos
intrínsecos da pupila.
• Núcleo salivatório superior – nervo facial (VII), que inerva as glândulas sub-
mandibulares e sublinguais.
• Núcleo lacrimal – nervo facial (VII), que inerva a glândula lacrimal.
• Núcleo salivatório inferior – nervo glossofaríngeo (IX), que inerva as glândulas
parótidas.
• Núcleo motor dorsal do vago – nervo vago (X), responsável pelas funções pa-
rassimpática do trato digestório e cardiorrespiratório.
• Núcleo ambíguo – nervo vago (X), que inerva a laringe e a faringe.

Na prática! Lesões, que afetam o gânglio cervicotorácico (estre-


lado) ou os plexos autônomos situados ao longo das artérias da cabeça e pes-
coço, repercutem numa tríade clínica ipsilateral caracterizada por miose pupilar,
ptose palpebral e anidrose (supressão da transpiração). Essa tríade consiste
na síndrome de Horner. Esses achados decorrem de uma disfunção simpáti-
ca ipsilateral à lesão, tendo como patologias de bases principais o tumor de
Pancoast (carcinoma brônquico no ápice pulmonar que comprime o gânglio do
tronco simpático) e a dissecção aguda da artéria carótida interna.

DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO

Sistema Aferente
nervoso
somático Eferente

Simpático
Sistema Aferente
nervoso Parassimpático
visceral Eferente (SNA)

Introdução à Neuroanatomia 18
Divisão com base na segmentação ou
metameria

Hora da revisão! Galera, se lembram do conceito de “metame-


ria”? Então, metameria ou segmentação corporal consiste na organização do
corpo animal em segmentos semelhantes ao longo de seu comprimento.

A segmentação no sistema nervoso é feita a partir da correlação dentre as suas


estruturas e de suas conexões com os nervos. Portanto, o sistema nervoso segmen-
tar consiste nas porções do SNC que estão relacionadas diretamente com os nervos,
como tronco encefálico e medula, bem como todas as estruturas do sistema nervo-
so periférico. Já o sistema nervoso suprassegmentar, é composto pelas estruturas
superiores ao segmentar que não possui tal metameria, sendo formado pelo cérebro
e pelo cerebelo.
No entanto, sabemos que do cérebro são enviadas fibras que compõem os nervos
olfatórios e ópticos, respectivamente no telencéfalo e no diencéfalo. No entanto, por
eles não serem nervos típicos, eles estão excluídos dos critérios necessários para o
sistema segmentar.
Diante o que foi estudado, podemos observar que nas estruturas do suprasseg-
mentar podemos encontrar córtex de substância cinzenta externamente à subs-
tância branca, enquanto as do segmentar não possui córtex, tendo sua substância
cinzenta localizada interiormente à substância branca, formando núcleos. Essa orga-
nização de núcleos neuronais dentro de substância branca não é restrita ao segmen-
tar, já que, profundamente no cérebro, encontramos os famosos núcleos da base, já
citados anteriormente.
Por fim, em relação à sua evolução, o segmentar surgiu antes do suprassegmen-
tar e, de modo funcional, está subordinado a ele.

Introdução à Neuroanatomia 19
DIVISÃO COM BASE NA SEGMENTAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO

Tronco encefálico

Sistema Cérebro
Sistema
nervoso
nervoso Medula espinhal
suprasseg-
segmentar
mentar Cerebelo
SNP

MAPA MENTAL RESUMO

Organizada a partir de 4 critérios

Divisão Divisão Divisão Divisão


anatômica embriológica funcional metameria

Unidade
funcional do
sistema
nervoso

Primeiros
neurônios

Irritabilidade Condutibilidade

Propriedades
básicas

Células musculares
Contratilidade
primitivas

Introdução à Neuroanatomia 20
REFERÊNCIAS
MACHADO, A.B.M. Neuroanatomia Funcional, 3ª ed., 2014.
MENESES, M.S. Neuroanatomia Aplicada, 3ª ed., 2011.
GRAY, H. Gray’s Anatomy, 41st, 2016.
BAEHR, M. Duus’ Diagnóstico Topográfico em Neurologia, 5ª ed., 2015.
KANDEL, E. R. Princípios de neurociências, 5ª ed. 2014

Introdução à Neuroanatomia 21
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