Aula 28 - Dor Torácica (Sala de Parada Academy)
Aula 28 - Dor Torácica (Sala de Parada Academy)
Aula 28 - Dor Torácica (Sala de Parada Academy)
TRANSCRIÇÕES SEMANAIS
2020
DOR TORÁCICA
AULA #28
DOR
TORÁCICA
Oi, pessoal, aqui é o Dr. Caio. Hoje vamos sair um pouco do tema ventilação mecânica e
vamos começar a falar sobre outros temas, muita gente mandou mensagem no Instagram e no
Telegram solicitando isto, por isso resolvi dar uma pausa em ventilação mecânica e falar um
pouco sobre outros temas – até porque o curso de ventilação mecânica aqui do Sala de Parada
Academy já é um curso relativamente completo, mas que não encerrou ainda, vamos
adicionando outras aulas à medida que vocês forem sugerindo. Um dos temas sugeridos, o
campeão de pedidos, foi o infarto agudo do miocárdio com supra e sem supra, que serão as
próximas aulas, provavelmente. Não é possível começarmos esses temas sem fazer uma aula
sobre dor torácica, então vamos fazer essa aula sobre dor torácica primeiro e então dar
seguimento em aulas seguintes sobre os temas sugeridos por vocês.
Caso clínico:
Paciente deu entrada com dor torácica... – até aqui uma queixa relativamente comum, mas
o que esse paciente tem?
Você pode pensar, ora, somente a dor torácica é pouca informação para saber o que esse
paciente tem. É, propositalmente por isso que coloquei assim, para que eu possa falar a vocês
as possibilidades que devemos imaginar. Há uma informação que vocês devem gravar para essa
aula, é um dos princípios da medicina de emergência: o médico que trabalha na emergência
tem que ser pessimista, deve pensar sempre no pior possível. Quando o paciente entra na
emergência, o seu raciocínio deve ser descartar as causas potencialmente graves primeiro.
O paciente deu entrada, o que pode ser potencialmente grave que a manifestação se
traduza nos sintomas que o paciente está me informando? Se eu investiguei isso e vi que não é
nada grave, tudo bem, fico mais tranquilo.
É muito importante que saibamos isso, principalmente em dor torácica, esse paciente
tem que nos provar não ter uma doença grave, um infarto, por exemplo. É muito comum –
um erro super comum nas emergências – ver médicos liberando pacientes com dor torácica da
emergência porque ele achou que não era nada demais, isso não deve acontecer. O paciente
que dá entrada na emergência tem que ser investigado para causas potencialmente graves.
- Paciente deu entrada com dor torácica, quais são as possibilidades?
O que esse paciente pode ter? São várias as possibilidades, muita coisa pode causar dor
torácica.
Dentro de uma análise de pacientes que deram entrada na emergência com dor torácica,
quase metade corresponde a dor torácica não especificada; é o paciente que foi investigado
e não se achou nada que justificasse os sintomas.
Condições que colocam a vida do meu paciente em risco no curto prazo, que podem levar
a morte em poucas horas ou dias.
• Embolia Pulmonar
• Pneumotórax
• Rotura de esôfago
Essas são as doenças que você deve ter na cabeça ao atender um paciente que deu
entrada com dor torácica. Ao dar entrada com dor torácica o paciente deve,
obrigatoriamente, ser investigado para essas 6 condições. Depois de descartar – vamos ver
que não é tão complicado assim – você pode ficar mais ‘tranquilo’ para deixar esse paciente em
unidade de menor cuidado.
Possibilidades
O que tem de diferente no exame físico desses pacientes com quadros potencialmente
graves? Quanto a intensidade, características, fatores desencadeantes, exame físico e exames
complementares?
Essa é uma visão que vai lhe dar uma boa noção do que cada condição dessa vai exibir
para você dentro da história do nosso paciente.
Vamos precisar de mais informações sobre o nosso paciente agora, já vimos que o
paciente deu entrada com dor torácica, vamos ver agora mais informações:
Caso clínico:
Homem de 60 anos, tabagista, relata que estava fazendo uma caminhada e, subitamente,
começou a apresentar dor torácica moderada.
Já temos muitas informações relevantes agora. Sabemos que é um homem, por isso tem
maior risco para síndromes coronarianas e maior risco para dissecção. É tabagista, pressupõe
risco para algumas condições, quando falamos de síndromes coronarianas é um importante
fator de risco, assim como é importante fator de risco para TEP. Estava fazendo uma
caminhada, ou seja, desencadeado pelo exercício, e apareceu, subitamente, uma dor torácica
moderada. Dor que, se fizéssemos uma escala de 0 a 10, ele classificaria em 6 ou 7.
É importante, com essas informações, que comecemos a pensar nos diagnósticos. Quero,
antes, chamar atenção para uma coisa muito importante, dentre as 6 possibilidades que
falamos, a síndrome coronariana deve encabeçar, temos que analisar se aquele paciente
tem ou não um infarto.
Mesmo que seja uma dor que você não classificou como possivelmente anginosa, esse
paciente precisa ser investigado. Quero novamente lembrar que o paciente que entrou com dor
torácica deve ser bem investigado – não conto as vezes em que recebi pacientes infartados e a
família contou que o paciente foi liberado anteriormente na emergência. Gravem bem os sinais
de risco para insuficiência coronariana.
A disseção de aorta apresenta dor do tipo lancinante, uma dor muito intensa – não
é um bom sinal para diferenciar, pacientes podem fazer dissecção de aorta com dores não tão
intensas, mas vamos ver uma ferramenta para não cair nessa armadilha.
A pericardite se apresenta com uma dor moderada à intensa, já é uma dor um pouco
mais forte, o paciente apresenta um desconforto.
A intensidade da dor já consegue nos guiar de alguma forma no nosso caso, conseguimos
afastar dissecção e rotura esofágica, relativamente – visto que nosso paciente apresenta uma
dor moderada. O nosso paciente acaba sendo direcionado para uma SC, mas ainda pode ser um
pneumotórax ou uma pericardite. Vamos então, investigar isso melhor. Para isso vamos
precisar de mais dados na história dele.
Caso clínico:
Agora temos uma característica bem importante, é uma dor de aspecto constritivo –
onde, geralmente, vemos o famoso sinal de Levine – e com irradiação para o membro superior
direito, o que aumenta a chance de SC. Ele tem dois sinais que nos levam para a síndrome
coronariana, que são: ser desencadeado por esforço e irradiação para o membro superior
direito.
A síndrome coronariana se apresenta com uma dor leve a moderada, geralmente tem
essa característica em aperto ou queimação, aquela dor mal definida, que pode ser
desencadeada pelo esforço ou não. Pode acontecer de o paciente estar em repouso e ter aquele
desconforto, até mesmo ser acordado com a dor.
A dissecção aórtica é uma dor muito forte, muito intensa – nem sempre assim, vamos
ver como tomar mais cuidado com isso. Geralmente o paciente relata uma dor lancinante, como
se o tórax estivesse sendo rasgado, uma dor que pode inclusive irradiar para dorso. Os
desencadeantes podem ser: nada ou o esforço, da mesma forma que a síndrome coronariana.
Geralmente são pacientes hipertensos mal controlados de longa data.
O tromboembolismo pulmonar apresenta uma dor leve a moderada, é uma dor muito
subjetiva, muito difícil de caracterizar pelo que o paciente relata. Pode ser uma dor em todo o
tórax, podendo ser, inclusive, do tipo pleurítica, ventilatório-dependente. O que chama
atenção nessa dor é a presença de dispneia, esse paciente geralmente está cansado. O
fator desencadeante mais comum é a TVP, mas não caía na armadilha de achar que o paciente
só vai apresentar TEP se tiver uma TVP prévia. Na verdade, somente 30% dos pacientes com
TEP tem o diagnóstico de TVP. Então, sempre devemos pensar em TEP e aplicar os escores.
A pericardite apresenta uma dor moderada à intensa, é uma dor em aperto, constritiva,
tem uma característica interessante que é a melhora ao decúbito ventral. Não
necessariamente o paciente precisar ficar deitado, mas o simples fato de ele inclinar o corpo
para frente já tende a melhorar a intensidade da dor. Geralmente o paciente tem como fator
desencadeante uma infecção viral recente, é uma coisa que precisamos buscar no paciente com
pericardite ou com suspeita de pericardite.
A rotura esofagiana é talvez a que tem características na história clínicas mais bem
definidas. Vai ser uma dor muito intensa, sempre, o esôfago do paciente está lacerado, então é
uma dor intensa. Uma dor lancinante com história de vômitos associados, não é sempre
que isso acontece, mas geralmente tem o vômito associado. Ao analisar os fatores
desencadeantes, percebemos que via de regra esses pacientes tem história de etilismo com
vômito exacerbado e doenças pépticas. Pode acontecer a chamada ruptura esofagiana
espontânea? Onde não tem nenhum desses achados? Pode, mas é difícil, via de regra é o
paciente que vomitou e lacerou.
Vamos então seguir com o nosso caso, já preenchemos mais algumas lacunas que gostaríamos
de saber.
Caso clínico
Diz que há uma leve melhora com o repouso – ou seja, um fator atenuante.
Antes de entrarmos no exame físico desse paciente, precisamos saber o que esperamos
encontrar no exame físico do paciente com essas condições potencialmente graves:
No tromboembolismo pulmonar temos, também, um exame físico pobre, mas deve ser
direcionada a atenção para sinais de TVP. Apesar de que, somente 30% dos pacientes com
TEP vão ter TVP diagnosticado, a presença desses sinais aumenta muito a chance de TEP.
O Rosen fala isso claramente, o único sinal do exame físico onde há um aumento de chance de
TEP é a presença de sinais de TVP.
O pneumotórax é um dos casos onde o exame físico vai ser mais rico. É caracterizado
por uma dor de tipo pleurítica, ventilatório-dependente, com redução do murmúrio
vesicular.
Caso clínico:
Diz que há uma leve melhora com o repouso – ou seja, um fator atenuante.
Sem alterações, veja que fala ainda mais a favor da síndrome coronariana. Não tem sinais
de TVP, sem assimetria de pulso ou de pressão, ausculta pulmonar e cardíaca normais. Tudo
isso vai fazendo com que nos aproximemos mais do nosso diagnóstico. Mas, vamos ter cuidado
e investigar com calma antes de firmar que o paciente tem uma síndrome coronariana.
Abordando...
Vamos então abordar nosso paciente. Ele tem 60 anos, tabagista, que estava fazendo uma
caminhada e começou uma dor torácica súbita, de intensidade moderada e foi até a emergência.
• Radiografia de tórax
Dissecção de aorta
Vamos imaginar que esse paciente tivesse uma suspeita de síndrome aórtica e você, por
ventura, pensasse nesse diagnóstico. O paciente que entra com uma dor torácica sempre
ficamos no pensamento ‘’ Está infartando, se estiver infartando eu vou trombolizar, mas se eu
trombolizar e for uma síndrome aórtica, eu o mato’. Como ficamos mais tranquilos quanto a
isso? Como posso direcionar se é uma síndrome aórtica ou não?
Para isso foi criado um escore, o ADD-RS, em 2010, pouquíssima gente conhece, mas
ajuda demais e é muito simples.
Esse escore é muito simples, o que você vai analisar são condições de alto risco, dor de
alto risco e condições do exame físico de alto risco. Cada um desses achados que estão
representados no gráfico vale 1 ponto. Se o paciente não tiver nenhum desses sinais, ou
somente 1, o d-dímero é suficiente: se o d-dímero vier normal, posso afastar com total
segurança a possibilidade de o paciente ter uma síndrome aórtica.
Se ele tiver pelo menos 2 pontos, por exemplo, hipotensão e dor intensa, ele precisa fazer
a angiotomografia para poder investigar a fundo, porque esse paciente já apresenta um risco
aumentado.
Utilizem bem esse critério, ele é muito interessante. No caso do nosso paciente ele
apresenta apenas 1 critério: a dor abrupta. É necessário pedir um d-dímero para ele, só isso
basta.
Tromboembolismo pulmonar
Um dos exames que nos ajuda a diferenciar é o eletrocardiograma. Como vemos o eletro
desses pacientes? Quais sinais o paciente apresenta que sugerem um tromboembolismo
pulmonar?
- Taquicardia sinusal: vai ser o achado mais comum, se apresentando em até 40%
desses pacientes.
- Sobrecarga do VD
- Padrão S1Q3T3: famoso padrão de TEP, que apesar de ser muito conhecido, somente
10% dos pacientes com TEP terão esse achado (Onda S em D1, onda Q em D3, inversão de onda
T em D3).
Qual o eletro comum de um paciente com TEP? Taquicardia sinusal, é o que você
vai ver na maioria das vezes.
Pensei que pode ser TEP, como eu faço? Temos uma aula especifica para TEP, você pode
a assistir depois, mas, suspeitou? Aplica um escore de probabilidade, os mais famosos são o
Wells e o Genebra, são equivalentes em eficácia – eu particularmente prefiro o Genebra, acho
ele mais direto.
Se o paciente tiver baixa probabilidade você pode fazer o d-dímero direto, mas existe
um outro escore, chamado PERC, que pode ser aplicado no paciente. Se o paciente responder
não para todas essas perguntas, ele não tem TEP, nem precisa realizar o d-dímero para
descartar tromboembolismo.
Veja que o d-dímero é muito interessante no paciente com dor torácica porque caso ele
esteja normal é possível afastar tranquilamente síndromes aórticas e tromboembolismo
pulmonar.
*Existia uma coisa antigamente chamada de triplo descarte: basicamente seria o paciente que
entrou com uma dor torácica inespecífica, tem um eletrocardiograma normal e eu estou na
dúvida, pode ser TEP, dissecção ou síndrome coronariana. Então se fazia o protocolo triplo
descarte, que é basicamente: fazer no mesmo momento, angiotomografia de coronária,
angiotomografia de tórax e uma fase arterial para ver dissecção de aorta. Hoje sabemos que isso
não tem benefício, não vale a pena não aplicar os escores e colocar o paciente na tomo para
investigar tudo, aumenta muito a radiação nesse paciente sem benefício justificado. Existem
exceções em que vamos precisar fazer, mas não há justificativa para fazer de rotina*
Pneumotórax
É uma patologia que acontece muito e é muito fácil de diagnosticar. É possível ver, na
radiografia, um pulmão colabado com área de hipodensidade. Mas é importante lembrar que a
ultrassonografia tem maior sensibilidade do que a radiografia. Uma dica dos livros de
radiografia mais antigos, quando ainda não tínhamos a USG point of care disponível, é pedir
para o técnico fazer 2 radiografias, uma com o paciente totalmente inspirado e outra com
o paciente totalmente expirado. Ao comparar as 2 imagens, fica mais fácil diagnosticar um
pneumotórax – é útil, principalmente, para quem trabalha em hospitais de pequeno porte.
Pericardite
Ruptura Esofágica
Cerca de 15% delas ocorrem de maneira espontânea (casos onde não houve um fator
expressivo que causasse essa ruptura, como a ingestão de soda cáustica) – ocorrer de maneira
espontânea é muito raro, eu sinceramente nunca vi um caso – e a mortalidade é alta (16 até
51%). É mais comum em pacientes etilistas e com síndromes pépticas, pacientes que já tem
uma fragilidade e como são etilistas tendem a vomitar.
O paciente, geralmente, apresenta uma dor retroesternal muito forte, tem história de
vômitos, pode ter enfisema subcutâneo – ao palpar o tórax do paciente você consegue observar
aquele aspecto de ‘bolha’ –, disfagia, taquicardia, febre e taquipneia.
Voltando ao nosso paciente...
Caso clínico
Diz que há uma leve melhora com o repouso – ou seja, um fator atenuante.
Vimos que o paciente tem uma história muito sugestiva de síndrome coronariana. Se
pensarmos em todas as possibilidades, vamos pedir exames para ele: radiografia de tórax;
eletrocardiograma; laboratório com d-dímero, troponina.
ECG normal
Vemos que o paciente tinha uma ADD-RS com 1 ponto, que correspondia à dor de início
súbito, mas o d-dímero veio normal, então não é síndrome aórtica, muito menos TEP. A nossa
troponina está aguardando resultado, e aí?
Uma pergunta que devemos nos fazer é: - É síndrome coronariana? Posso mandar para casa?
Temos um paciente tabagista, homem, 60 anos, que teve uma dor de início súbito com
irradiação para o membro superior direito, é um paciente de alto risco. Mas o
eletrocardiograma veio normal, podemos mandar esse paciente para casa? Não podemos,
pessoal. Eu vejo isso acontecer demasiadamente, muito cuidado, um eletrocardiograma
normal não significa que o paciente não tem síndrome coronariana – inclusive com supra,
que pode aparecer depois. Você tem que seriar esse eletrocardiograma até chegar as enzimas e
você ter condições de dizer que aquele paciente não tem uma síndrome coronariana, enquanto
isso não acontecer, você não pode mandar esse paciente para casa.
- Repetir a cada três horas após a primeira hora ou em caso de mudança dos sintomas: O
paciente referiu uma piora da dor? Faz outro eletro. O paciente começou a apresentar sudorese
e está vomitando? Faz outro eletro.
Conduta...
O que foi feito, então, com o nosso paciente? O médico assistente resolveu tratar como
síndrome coronariana sem supra de ST – lembre-se que não temos a troponina ainda –, ele
descartou as outras condições e está tratando como SCSSST.
O paciente não se queixava de dor, então não foi ofertado nitrato ou morfina – cuidado
com o nitrato em pacientes com suspeita de infarto de parede inferior, é uma droga que não
altera mortalidade, então se o paciente tiver com uma dor leve é preferível não administrar.
Cuidado com pacientes que fizeram uso de medicação para disfunção erétil também é preciso
ter um cuidado especial na administração do nitrato. Eu vou falar mais especificamente na aula
de infarto, mas a morfina tende a não ser usada, o consenso europeu já disse que a morfina não
deve ser usada de rotina. Obviamente não está totalmente contraindicada, o paciente que está
com dor forte e você não tem outras opções, pode ser uma escolha. Uma opção que a diretriz
brasileira, em concordância com a europeia, coloca é o uso de meperidina. A morfina não altera
mortalidade e reduz a motricidade intestinal, o que pode acabar diminuindo a absorção do AAS
e do clopidogrel, medicações que alteram mortalidade.
A pressão do paciente estava 140x90 mmHg, então não foi feito nada para controle de
pressão.
Exames...
Vimos antes que os exames eram normais, a nossa troponina veio normal também, e
agora? Esse paciente continua com o diagnóstico de SCASST ou podemos mandar ele para casa?
Não, troponina normal não descarta a possibilidade, tem que fazer curva!!
Eu, propositalmente, não disse a vocês há quanto tempo o paciente chegou no hospital
com essa dor torácica, sendo que isso é muito importante! O paciente que chega com 30min de
dor, 20 min de dor, é muito provável, mesmo você tendo a troponina ultrassensível, que essa
troponina venha normal, tem que fazer curva!
Você tem troponina hipersensível e o paciente chegou com 3h de dor? Aí sim, tudo bem,
é uma outra situação. Vamos aprender a curva da troponina. Mas, via de regra, tem que fazer
curva, principalmente naqueles pacientes que deram entrada com pouco tempo. E como a
troponina hipersensível é rara em hospitais de pequeno porte, tem que fazer curva.
Uma ferramenta que nos ajuda muito a abordar esses pacientes com síndrome
coronariana sem supra são os escores de gravidade, ou de possibilidade. Temos o TIMI, o
GRACE e o HEART.
O HEART foi criado especificamente para pacientes em sala de emergência, mas dou a
dica de você aplicar 2 ou 3 escores. É muito fácil, tem vários aplicativos para isso, gratuitos
inclusive. Você pode calcular rapidamente o TIMI, o GRACE e o HEART, traga sua conduta para
aquele escore em que o resultado for mais grave. Se você viu que o TIMI ou o GRACE deu
médio risco e o HEART deu alto risco, trate como alto risco. Sempre vá para o resultado pior,
isso evita que você deixe passar pacientes com síndrome coronariana – que é uma doença
traiçoeira.
Ao aplicar o escore de HEART no nosso paciente, vemos que ele é um paciente que faz 4
pontos, entrando no escore como médio risco, com 20,3% de chance de morrer nas próximas 6
semanas, então tenho que admitir esse paciente para observação e tomar condutas baseadas
nisso.
Vamos detalhar mais esse assunto na próxima aula, onde vamos falar sobre
síndromes coronarianas sem supra de ST e na semana seguinte vamos falar se
síndromes coronarianas com supra de ST. Espero que vocês tenham gostado,
deixem seus comentários e estou à disposição em todos os canais disponíveis. Até
a próxima aula!!