Antagonista (Literatura) - Wikipédia, A Enciclopédia Livre

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Antagonista

(literatura)

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Saiba mais

Um antagonista (do grego: ἀνταγωνιστής


- antagonistes, "oponente, competidor,
rival")[1][2] é um personagem, grupo de
personagens, ou uma instituição, que
representa a oposição contra a qual o
protagonista tem de lutar. Em outras
palavras, é uma pessoa, ou um grupo de
pessoas que se opõem ao personagem
principal, ou aos personagens
principais.[1] A etimologia é derivada de
anti- ("contra") e agonizesthai ("lutar por
um prêmio").[3]

Uma antagonista ameaça a


protagonista com uma espada.

O antagonista é um personagem ou força


contra a qual outro personagem luta; na
prosa é o principal adversário do
protagonista e a força da narrativa que
dificulta suas ações. O papel do
antagonista é geralmente frustrar as
intenções do protagonista de agir.
Creonte é o antagonista de Antígona na
peça Antígona de Sófocles; Tirésias é o
antagonista de Édipo em Édipo Rei,
também de Sófocles.[4] Além do campo
teatral original, esse termo pode ser
aplicado a outras artes de contar
histórias, como literatura, quadrinhos ou
cinema.

O antagonista não precisa ser


necessariamente um personagem,
podendo ser o próprio ambiente onde se
encontra o protagonista, um traço de
personalidade ou sentimento do próprio
herói contra o qual ele luta, como o
ciúme em Otelo, o Mouro de Veneza, ou
até mesmo uma ideia ou conceito que é
a principal fonte dos conflitos da história
(como um preconceito ou a inveja).[5][6]
História
Na tragédia grega das duas primeiras
gerações (Ésquilo e Sófocles) havia no
palco no máximo dois atores que
representavam todos os papéis,
comentados por um coro. Isso sugere
que as ações foram baseadas em uma
emocionante constelação dramatúrgica
de personagem principal e antagonista;
por exemplo, Édipo e Creonte em Édipo
Rei.[4]

No teatro medieval tardio, o Diabo ou o


Anticristo freqüentemente aparecia como
o antagonista dos santos ou de Jesus
Cristo.[7] A Morte como oponente dos
vivos também apareceu na dança da
morte. Desde o Renascimento, tais
figuras alegóricas foram humanizadas
em vilões, como no Vício inglês.

Definição

O lobo mau é o principal antagonista


em vários contos de fadas.

No antigo teatro grego, o antagonista é


um personagem, um grupo de
personagens, ou uma instituição, que
representa a oposição do protagonista.
Por exemplo, em algumas histórias
clássicas, um herói de alguma forma luta
contra um vilão, e os dois personagens
podem ser considerados um
protagonista e um antagonista. O
antagonista também pode representar
uma ameaça ou um obstáculo para o
personagem principal. Sendo um antigo
tropo da narrativa, os dois personagens
são os mais essenciais de uma
história;[8] criando a tensão pelo
protagonista e antagonista competindo
entre si por objetivos conflitantes para
conduzir uma história adiante, evoluindo
e desenvolvendo a definição e as
características de ambos os tipos de
personagens.[8]
Na narratologia o termo antagonista é
geralmente usado para indicar o
personagem que, em uma história, se
opõe ao protagonista. Nos gêneros
literários que utilizam a figura do herói
(bom) em sentido amplo ou restrito (por
exemplo, contos de fadas e romances de
cavalaria), o antagonista representa o
anti-herói ou vilão. Em contos de fadas, o
lobo mau ou a bruxa malvada são os
principais antagonistas. No entanto, as
associações protagonista-bom e
antagonista-vilão evidentemente não são
universais e muitas obras são contadas
do ponto de vista de um personagem
"mau". Desta forma, o antagonista não é
sinônimo de vilão, pois no caso do
protagonista ser um anti-herói, os
antagonistas podem ser os verdadeiros
heróis.[9] Um exemplo é Mr. Brooks (Kevin
Costner), no filme de mesmo nome, em
que Brooks é um serial-killer e a
antagonista é Tracy Atwood (Demi
Moore), a detetive responsável pelo
caso.[10]

O antagonista (entendido como o


elemento que se opõe à ação e ao
sucesso do protagonista) não é
necessariamente um personagem em
sentido estrito; pode corresponder a um
grupo, um sistema social, uma força da
natureza e assim por diante. No livro
1984 de George Orwell, o sistema social
é o antagonista, e em O Velho e o Mar de
Ernest Hemingway, a natureza é a
antagonista. De fato, o antagonista pode
ser indefinível; por exemplo, em obras de
Franz Kafka como O Processo, em que a
própria ausência de um antagonista
claramente delineado contribui para criar
um sentimento de angústia e impotência
que é referido com o adjetivo
"kafkiano".[11]

A relação entre antagonista e


protagonista também pode ser ambígua.
Um exemplo famoso nesse sentido é
Moby Dick de Herman Melville, em que o
antagonista pode ser a baleia caçada
pelo Capitão Ahab ou o próprio capitão,
que, com seu fanatismo torna-se o
antagonista do personagem Ismael,
representado pela voz narrativa do
romance.[12]

Características
Tradicionalmente, o antagonista
personifica o oposto do protagonista de
várias maneiras, por exemplo no nível
ético: se o protagonista é um herói com
atributos éticos positivos, seu
antagonista geralmente é um vilão
imoral. No entanto, essa classificação
não é obrigatória: protagonistas que são
eles próprios maus ou anti-heróis podem
ter um antagonista em personagens
moralmente superiores. Os heróis podem
encontrar heróis "falsos" que também
parecem seguir objetivos moralmente
valiosos, mas na verdade estão
causando dano.

O protagonista e antagonista muitas


vezes podem ser claramente
distinguidos um do outro por
características dualísticas externas,
como gênero, idade, status e etnia. Por
outro lado, eles podem ser
caracterizados pelo fato de que os dois
dificilmente diferem, por exemplo, no
arquétipo do "irmão gêmeo do mal". Até
mesmo a própria biografia e o passado
do protagonista podem impedi-lo em seu
progresso e assim assumem uma
função antagônica.

Na mitologia, os antagonistas assumem


principalmente o papel de guardiões e
examinadores, muitas vezes são apenas
personificações de limiares que o
protagonista mitológico deve cruzar: eles
não o prejudicam diretamente, mas
devem ser atravessados ​para que o herói
continue em seu caminho.[13] A Esfinge
de Tebas opõe o herói ao enigma
anunciado com as palavras "Decifra-me
ou te devoro": Que criatura pela manhã
tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à
tarde tem três? O antagonista não
precisa necessariamente agir para
atrapalhar o protagonista. Por exemplo,
se o antagonista é a paisagem selvagem
e indomável (como em muitos romances
de aventura), o próprio fato de sua
existência é suficiente para ser
considerada um obstáculo.

Se o antagonista agir, seu repertório


típico de ação inclui:

Julgamento do protagonista
Enganar o protagonista
Perseguição do protagonista
Prejudicar a família ou amigos do
protagonista
Desafiar o protagonista em um duelo
direto
Ser derrotado pelo protagonista
Ser punido de outra forma

Ver também
Vilão
Protagonista
Herói
Anti-herói
Chefão
Coadjuvante
Narração
Personagem

Referências
1. Aulete, Caldas; Geiger, Paulo (2011).
«Antagonista». Novíssimo Aulete:
dicionário contemporâneo da língua
portuguesa (https://www.google.co
m.br/books/edition/Nov%C3%ADssi
mo_Aulete/vDvBNAEACAAJ?hl=en&b
shm=ncc/1) . Col: Obras de
referência. Rio de Janeiro: Lexikon.
p. 114. ISBN 978-85-86368-75-2. “1.
Que atua em sentido oposto 2. Que
se opõe a algo ou alguém;
ADVERSÁRIO; OPOSITOR 6. Aquele
que se opõe ou atua contrariamente
a algo ou alguém; ADVERSÁRIO;
OPOSITOR [F: Do gr. antagonistés,
ou, pelo lat. tard. antagonista, ae, e
pelo fr. antagoniste.]”
2. «Antagonista» (https://www.infopedi
a.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/a
ntagonista) . Infopédia. Dicionários
Porto Editora. Consultado em 17 de
junho de 2023
3. «Antagonist» (http://www.etymonlin
e.com/index.php?search=antagonist
&searchmode=none) . Online
Etymology Dictionary (em inglês).
Online Etimology Dictionary.
Consultado em 17 de junho de 2023
4. DiYanni, Robert.
«Literature | Glossary of Drama
Terms» (https://highered.mheducatio
n.com/sites/0072405228/student_vi
ew0/drama_glossary.html) . Online
Learning Center (em inglês).
Consultado em 18 de junho de 2023
5. Bevington, David (28 de abril de
2023). «Othello | Summary &
Characters | Britannica» (https://ww
w.britannica.com/topic/Othello-by-Sh
akespeare) . Encyclopedia Britannica
(em inglês). Consultado em 18 de
junho de 2023
6. «Othello: The Moor of Venice» (http
s://www.shakespeare.org.uk/explore-
shakespeare/shakespedia/shakespe
ares-plays/othello-moor-venice/) .
Shakespeare Birthplace Trust (em
inglês). Consultado em 18 de junho
de 2023
7. Payen, Jean-Charles (1979). «Le
Diable au Moyen Âge: Pour en finir
avec le diable médiéval ou pourquoi
poètes et théologiens du moyen-âge
ont-ils scrupule à croire au démon ?»
(https://books.openedition.org/pup/2
675?lang=en) . OpenEdition Books.
Université de Caen (em francês):
401-425. Consultado em 24 de junho
de 2023
8. Brown, Dan (31 de agosto de 2022).
«Writing 101: Protagonist vs.
Antagonist Characters» (https://ww
w.masterclass.com/articles/writing-1
01-protagonist-vs-antagonist-charact
ers) . MasterClass (em inglês).
Consultado em 24 de junho de 2023
9. Reynolds, Robin (12 de abril de
2023). «14 Best Movies Where the
Hero Turned Out to Be the Villain» (ht
tps://movieweb.com/movie-heroes-a
ctually-villain/) . MovieWeb (em
inglês). Consultado em 18 de junho
de 2023
10. Evangelista, Chris (9 de novembro de
2021). «Remembering Mr. Brooks,
The Bonkers Thriller Where Kevin
Costner Is A Serial Killer With An
Imaginary Friend» (https://www.slash
film.com/656223/remembering-mr-b
rooks-the-bonkers-thriller-where-kevi
n-costner-is-a-serial-killer-with-an-ima
ginary-friend/) . /Film (em inglês).
Consultado em 18 de junho de 2023
11. Aulete, Caldas; Geiger, Paulo (2011).
«Kafkiano». Novíssimo Aulete:
dicionário contemporâneo da língua
portuguesa (https://www.google.co
m.br/books/edition/Nov%C3%ADssi
mo_Aulete/vDvBNAEACAAJ?hl=en&b
shm=ncc/1) . Col: Obras de
referência. Rio de Janeiro: Lexikon.
p. 832. ISBN 978-85-86368-75-2. “1.
Ref. a ou próprio de Frank Kafka
(1884-1924), escritor nascido em
Praga, então Tchecoslováquia, hoje
República Tcheca (narrativa kafkiana,
filme kafkiana) 2. Que, à maneira de
Kafka, expressa uma atmosfera de
pesadelo e uma angústia peculiar
que remete ao absurdo da existência
humana na civilização atual: detalhe
surrealista em um enredo kafkiano.
[Ant.: plausível, razoável.]”
12. Lohnes, Kate; Cregan-Reid, Vybarr.
«Moby Dick | Summary, Characters,
Author, Importance, & Facts |
Britannica» (https://www.britannica.c
om/topic/Moby-Dick-novel) .
Encyclopedia Britannica (em inglês).
Consultado em 18 de junho de 2023
13. Campbell, Joseph (2013) [1989]. O
Herói de Mil Faces (https://www.worl
dcat.org/oclc/60703613) . Tradução
de Adail Ubirajara Sobral 9ª ed. São
Paulo: Editora Cultrix/Pensamento.
ISBN 978-8531502941.
OCLC 60703613 (https://www.worldc
at.org/oclc/60703613)

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