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DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS DE SAÚDE

LICENCIATURA EM ENFERMAGEM GERAL

Valéria Jamba Somankwenje

Criação de um centro de aconselhamento e orientação sexual e


reprodutiva em adolescentes no Município da Ecunha

CAÁLA, 2024
Valéria Jamba Somankwenje

Criação de um centro de aconselhamento e orientação sexual e reprodutiva em


adolescentes no Município da Ecunha

Projecto de fim do curso a apresentar ao Instituto Superior


Politécnico da Caála, como requisito de obtenção do Grau
de Licenciado em Enfermagem Geral.

Orientadora: Lic. Edith Chipindo Lucamba. Med.

CAÁLA, 2024
FOLHA DE APROVAÇÃO
DIDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTAS DE ILUSTRAÇOES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................................................11

1. 1 - Justificativa da escolha do tema............................................................................................11

1. 2 - Descrição da situação problemática......................................................................................12

1. 3 – Objectivos...............................................................................................................................14

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................................15

2. 1 – Adolescência...........................................................................................................................15

2. 2 – Contextualização socio-histórica do conceito adolescência................................................16

2. 3 – Abordagem hodierna sobre a adolescência..........................................................................19

2. 4 - Caracterização da adolescência.............................................................................................20

2. 5 - Perspectivas sobre a adolescência nas concepções de transição e crise..............................22

3 - METODOLOGIA..........................................................................................................................26

3. 1 - Tipo de pesquisa.....................................................................................................................26

3. 2 - Métodos de abordagem da pesquisa.....................................................................................27

4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS..............................................................28

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES............................................................................................29

CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES.............................................................................................30

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................31
11

1 – INTRODUÇÃO

Este projecto foi produzido como Trabalho de Fim do Curso, requisito parcial para a
obtenção do Grau de Licenciado em Enfermagem Geral, a apresentar ao Instituto Superior
Politécnico da Caála. O presente trabalho de pesquisa científica foi elaborado com vista a estudar o
“fenómeno” adolescência, nos seus mais diversos aspectos, com o intuito de elaborar um projecto
de caracter social voltado ao aconselhamento e orientação sexual e reprodutiva em adolescentes,
concretamente no Município da Ecunha.

A presente pesquisa foi guiada pelo método de Revisão integrativa da literatura e pelo
método Descritivo. Portanto, para a efectivação deste trabalho tivemos vários recursos
bibliográficos versados à nossa especialidade como livros, revistas científicas, trabalhos de fim do
curso (Monografias, Teses e Dissertações) e Sites de especialidades. No que diz respeito a Revisão
Integrativa da Literatura de carácter Descritivo, usou-se os seguintes descritores: Adolescência,
Educação, Sexualidade.

1. 1 - Justificativa da escolha do tema

Nas qualidades de académica, futura profissional da saúde e cidadã atenta aos fenómenos
sociais, escolhi do tema se fundamenta pela seguinte razão:
Sendo a adolescência caracterizada por importantes mudanças biopsicossociais, com
especificidades emocionais e comportamentais que repercutem na saúde sexual e reprodutiva de ambos
os sexos, e sendo, pois, uma fase que necessita de informações e de cuidados conducentes à saúde,
então, a nossa preocupação especial com a temática sobre a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes,
deve-se pelo facto de no período da adolescência poder ocorrer o inicio da actividade sexual de
muitos sem qualquer orientação, portanto, esta ação pode representar riscos e vulnerabilidades na
vida desses sujeitos, como por exemplo, de modo mais prevalente as infecções por doenças
sexualmente transmissíveis e gravidez não planeada. Por isso, é nosso desejo que as reflexões
contidas neste projecto venham engajar a todos, e da nossa parte, queremos contribuir com a
12

construção de um projecto social que estará virado ao aconselhamento e orientação em sexualidade


e reprodução para mitigar este problema que afecta uma boa parte da nossa sociedade.
1. 2 - Descrição da situação problemática

Considerado, por muitos, como o período mais turbulento da vida, a adolescência, em


contrapartida, não é reconhecida ou não recebe grande destaque em todas as culturas e sociedades,
principalmente as menos desenvolvidas como as nossas. E, em consequência deste descaso, muitos têm
sido os problemas que acometem os adolescentes (a prostituição, o consumo de drogas, a delinquência,
a gravidez precoce, a contração de doenças sexualmente transmissíveis etc.) que por extensão acabam
afectando a sociedade de forma geral.

O reconhecimento de adolescentes como sujeitos sociais e de direitos, com garantias


próprias, independentemente das suas origens, raça, crenças, fé religiosa e opção politica, estabelece
obrigações diferenciadas para a sociedade, a família e ao próprio Estado. Por conseguinte, na
condição de pessoas em situação peculiar de desenvolvimento, requerem da sociedade e do Estado
uma nova cultura de proteção, onde o direito à saúde torna-se num direito protetivo que exclui
qualquer outra norma que se mostre prejudicial ao bem juridicamente tutelado, que é a saúde da
pessoa humana.

Para Carvalho citado por Clara C. de Carvalho (2013, p. 06) «a adolescência é caracterizada
por mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais, constituindo-se em importante momento
para a adoção de novas práticas, comportamentos e ganho de autonomia». Então, nesta fase o
adolescente fica exposto a diversos agentes prejudiciais a sua integridade, e para piorar, ignoram as
orientaçóes dos adultos, tal como escreve Carvalho:

Na adolescencia, o sujeito torna-se mais vulnerável a comportamentos que podem


fragilizar sua saúde, como alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo,
consumo de álcool e de drogas e sexo sem proteção. Essa necessidade de
autonomia leva o adolescente a rejeitar a proteção dos adultos e a enfrentar
situações e condutas de risco, que podem levar a acidentes graves, contaminação
por doenças sexualmente transmissíveis (DST), gravidez não planejada e/ou não
desejada e até mesmo a morte. (2013, p. 06).
13

A vontade de sentir-se especial pode levar o adolescente a acreditar que é invulnerável e que
não sofrerá as consequências dos riscos que corre. No entanto, as experiências que eles vivenciam
variam de acordo com a sociedade que estão inseridos e de que forma esta vai reagir com este
adolescente.

Os adolescentes, nesta fase de transição, passam por dificuldades relativas ao seu


crescimento físico e amadurecimento psicológico, sexualidade, relacionamento familiar, crise
econômica, violência, uso e/ou abuso de drogas, inserção no mercado de trabalho e outras (MINAS
GERAIS, 2007, apud CLARA C. DE CARVALHO, 2013, p. 06).

Ao longo dos últimos anos, por meio da observaçao minunciosa a certos fenomenos sociais,
tem-se constatado certas condutas, praticadas por adolescentes, consideradas desviantes sob o ponto
de vista da psicologia comportamental, que remetem-nos à uma profunda e séria reflexão sobre o
modo como os adultos têm guiado os mais novos para a vida, já que, tal como afirma KANT, «O
homem é apenas o que é pela educação», de contrário, quase não seria homem, pois que, ele nasce
com potencialidades que não se desenvolveriam sem educação (De Oliveira, 1997, p.13).

Portanto, no sentido de buscar abordagens que visam olhar nas possibilidades de


intervenção, sobretudo, ao nível da orientação sexual e reprodutiva em adolescentes, o presente
estudo pretende fortalecer as reflexões, as ideias e as capacidades dos profissionais de saúde e da
sociedade em geral sobre a atenção básica para uma abordagem positiva dos assuntos relacionados à
saúde sexual e à saúde reprodutiva, fornecendo subsídios para esclarecer as dúvidas no que
concerne ao aconselhamento e atendimento à população adolescente.
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1. 3 – Objectivos

1. 3. 1 - Geral

 Criar um centro de aconselhamento e orientação sexual e reprodutiva em


adolescentes no Município da Ecunha

1. 3. 2 - Específicos

 Analisar o nível de conhecimento sobre saúde sexual e reprodutiva das famílias;


 Identificar as consequências mais frequentes do início da prática sexual em
adolescentes;
 Elaborar a proposta do centro de aconselhamento
15

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, vamos enquadrar o presente trabalho de forma coordenada para uma melhor
apreciação das diferentes tentativas de definir o conceito de adolescência. Neste molde, vai-se
estudar o conceito de adolescência em suas diferentes dimensões, seus elementos facilitadores e
dificultadores no processo de desenvolvimento biopsicossocial.

2. 1 – Adolescência

A adolescência é uma fase especial do desenvolvimento humano, é o período situado entre a


infância e a vida adulta, porém não é reconhecida ou não recebe grande destaque em todas as culturas e
sociedades. Cada sociedade tem sua forma diferenciada de compreender esta etapa da vida.

Para Muuss (1976, p. 12), o termo adolescência provém do verbo latino «adolescere»,
significando “fazer-se homem/mulher” ou “crescer na maturidade”. E, segundo a Organização
Mundial da Saúde «a adolescência é o período que marca a transição entre a infância e a fase adulta,
isto é, o período que vai dos 10 aos 19 anos de idade, sendo, no entanto, dos 10 aos 14 anos
considerado de pré-adolescência e dos 15 aos 19 anos, adolescência propriamente dita» (OMS,
2013, p. 01).

Segundo Rosa (2002, p. 19), a adolescência é um conceito utilizado usualmente para definir
aqueles que se demarcam da condição de criança inocente ou do adulto caracterizado pelo ideal de
maturidade e equilíbrio. Já para Dias (2000, p. 31), a adolescência será um momento em que
ocorrem transformações na relação do sujeito com o seu corpo e com os laços amorosos e sociais. E
para Sampaio:

A adolescência é hoje considerada uma etapa do desenvolvimento humano que


pressupõe a passagem de uma situação de dependência infantil para a inserção
social e a formação de um sistema de valores que definem a idade adulta. Durante
algum tempo confundida com o conjunto de transformações físicas e psicológicas
que caracterizam a puberdade, a adolescência ocupa grande atenção entre os pais,
educadores e investigadores das ciências sociais e humanas. (1995, p. 241).
16

Numa visão mais ampla sobre o conceito de adolescência, Eisenstein (2005) diz:

Adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado


pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e
pelos esforços do indivíduo em alcançar os objetivos relacionados às expectativas
culturais da sociedade em que vive. A adolescência se inicia com as mudanças
corporais da puberdade e termina quando o indivíduo consolida seu crescimento e
sua personalidade, obtendo progressivamente sua independência econômica, além
da integração em seu grupo social (EISENSTEIN, 2005, p.06).

Como ficou patente, o conceito de adolescência não tem reunido consensos, sofrendo
influência de diferentes concepções psicológicas que procuram analisar o comportamento humano.
Assim, certos autores privilegiam a ideia de crise, enquanto outros encaram a adolescência como
um período de transição.

2. 2 – Contextualização socio-histórica do conceito adolescência

Nos mais diversos campos do conhecimento, «a adolescência vem constituindo um objecto


de interesse desde que as grandes transformações sociais, económicas e culturais (ocorridas,
sobretudo, a partir da Segunda Guerra Mundial) alteraram e redesenharam o perfil da civilização
moderna ocidental». (REIS & ZIONI, 1993, p. 59).

Nos dias de hoje, considera-se que a adolescência é um fenómeno relativamente recente; no


entanto, o seu estudo tem raízes muito profundas em Platão e Aristóteles que consideravam o
adolescente como alguém instável e impressionável, recomendando a sua protecção face à
exposição a acontecimentos corruptos. Aqui, importa relevar que, varios estudos demonstram que
mesmo no contexto da Europa Medieval não existia nenhum conceito que distinguisse crianças de
adultos.

Já, a historiadora francesa Perrot citada por Medeiros (2000, p. 24) refere que «a noção
actual de adolescência remonta a meados do século XVIII, surgindo em naturalistas como Buffon
que analisou a sexualidade e classificou a puberdade como um fenómeno da espécie humana».
17

Ainda segundo Medeiros (2000, p. 25), «com Rousseau começa a se divulgar a acepção
teórica da crise da adolescência que, na segunda metade do século XIX, seria incrementada pelo
desenvolvimento da Psiquiatria no estudo da psicopatologia dos adolescentes».
Para o caso do Estados Unidos de América, os avanços tecnológicos e da mecanização,
assim como a legislação contra o trabalho infantil, são apontados como factores que estimularam os
estudos e o consequente reconhecimento desta fase da vida, tal como se pode ler:

Nos EUA, o período da adolescência só terá sido reconhecido depois de 1880, com
os avanços da tecnologia e da mecanização, com a legislação contra o trabalho
infantil, com a educação obrigatória e a criação de organizações católicas, como a
YMCA (Young Man of Catholic América). Em 1891, foi publicado o primeiro
artigo científico sobre a adolescência por Burnham (The Study of Adolescence).
Mais tarde, em 1904, surge o livro Adolescence: Its Psychology, and its relations to
Physiology, Anthropology, Sociology, Sex, Crime, Religion and Education.
(SPRINTHALL & COLLINS, 1994, p. 54).

Para Amaral (1978, p. 31), «Burnham foi considerado o pai da psicologia da adolescência ao
elaborar uma teoria psicológica da recapitulação a partir do conceito de evolução biológica de
Darwin, designando a fase da adolescência por segundo nascimento». Esta teoria supunha que
durante o desenvolvimento, o organismo individual atravessava etapas correspondentes às
verificadas durante a história da humanidade. Ainda para Amaral, a teoria da recapitulação de
Burnham apontava para:

[...] a existência de quatro fases evolutivas, sendo uma delas o período entre os
12/13 anos e a idade adulta (22/25 anos) que seria um período de tormenta e
ímpeto, comparável à Adolescência época em que a humanidade vivia uma época
de turbulência e transição. Já o final da adolescência seria a recapitulação da fase
inicial da civilização moderna, correspondendo ao fim do processo evolutivo. Ou
seja, os adolescentes viveriam uma fase marcada pela turbulência, conflito,
sofrimento, paixão e rebeldia contra a autoridade adulta, bem como um período de
mudança física, social e intelectual. (AMARAL, 1978, p. 31).

De acordo com Hall nas vozes de Monteiro & Santos (1998, p. 66), «o adolescente opunha-
se à criança pela intensa vida interior de reflexão sobre os sentimentos vivenciados». Fica claro que
esta visão negligenciava os factores socioculturais que se vieram depois a considerar como fulcrais.
Hall considerava que «o desenvolvimento dependia sobretudo de factores fisiológicos
18

geneticamente determinados, havendo normas fixas, universais, imutáveis e independentes dos


factores socioculturais, que determinariam o desenvolvimento humano». (AMARAL,1978, P. 33).
Segundo Aires citado por Reis & Zioni (1993. P. 42), revela que «pesquisas históricas
revelam que antes da Idade Media a sociedade organizava-se por classes de idade, verificando-se
que, dessa época ate o seculo XVIII, a cultura ocidental viria a abolir as distinções etárias. Na Idade
Media, a socialização no interior das corporações introduzia a criança no mundo adulto,
dissolvendo paulatinamente as classes etárias. Desta feita, a própria noção de idade deixou de ser
um critério social significativo.

Com as mudanças socioeconómicas do século XVIII, a escola substituiu a corporação no seu


papel instrumentador e socializante:

Através da escola, a criança separou-se do adulto, o que permitiu que a noção de


idade e de infância assumisse uma dimensão social mais significativa. Nesse
período, o conceito de infância passou também a caracterizar-se pela sua longa
duração, uma vez que a extensão da infância implicou que, no seu final, a criança
entrasse logo no mundo adulto. (MAGRO, 2002, p. 65)

Magro reconhece o papel da escola, para este, a escolarização estabeleceu um processo de


separação entre seres adultos e seres em formação, referindo que, “a adolescência, portanto, é uma
categoria moderna e teve o seu reconhecimento principalmente quando a educação formal, que é
um dos principais projectos da modernidade, ficou sob o jugo e controle do Estado.”. Nesse sentido,
Magro afirma que foi constituída uma ordem hierárquica fundamentada nas relações entre as fases
da vida, onde “(…) a infância e a adolescência tornaram-se os representantes do presente, cabendo
ao passado (adultos produtivos e a ordem por eles estabelecida) o papel de subjugar os seus
elementos de transformação.” (Ivi.).

Neste contexto, devido à influência de duas instituições (escola e exército), viria a germinar
a noção de adolescência, criando uma forma de transição entre o "homem" e o "menino". Assim
sendo, primeiramente, «a adolescência foi concebida como uma categoria geracional, para depois
ser reconhecida do ponto de vista social, académico e até económico durante a era industrial».
(REIS & ZIONI, 1993, P. 69).
19

Dessas instituições - exército e escola - as mulheres estiveram, durante muito tempo,


excluídas, constituindo um sério handicap ao reconhecimento generalizado da adolescência. De
facto, a sua participação na guerra e no exército resumia-se à mera colaboração como auxiliar nos
corpos médicos. Excluídas do exército, as mulheres também o foram, por muito tempo, da escola e
mesmo quando tiveram acesso a essa instituição foram mantidas, na sua maioria, fora de um
verdadeiro processo de escolarização, constituindo um maciço bloco social que entrava logo para a
vida adulta. Por este motivo, Reis e Zioni (1993) referem-se ao "androcentrismo nocional", ou seja,
a consideração válida do conceito de adolescência apesar deste resultar apenas da extensão
universal das experiências limitadas ao género masculino.

A adolescência surge fundamentada teórica e cientificamente pela «sociologia, medicina,


psicologia e pedagogia». Kett citado por Magro (2002, p. 69). Assim, os adolescentes ter-se-ão tornado,
desde o início do século XX, um grupo etário delimitado a uma fase em que o indivíduo possui menores
responsabilidades, sob a tutela dos pais e/ou Estado. Todavia, para Magro (2002):

[...] a invenção e descoberta da adolescência, com todos os aspectos sociais,


económicos e políticos inerentes, produzem significados, imagens e representações
ambíguas do adolescente. De facto, o adolescente tanto é colocado à margem do
poder político e abordado como um problema social ou uma ameaça a si próprio e
à sociedade (sendo vinculado à violência, drogas e sexualidade irresponsável),
como também é foco de fascinação e desejo dos adultos, símbolo de esperança e
futuro. (p. 70).

2. 3 – Abordagem hodierna sobre a adolescência

Actualmente, a adolescência é vista como uma etapa bem definida e crucial do processo de
crescimento e desenvolvimento da personalidade do sujeito, tendo como característica marcante a
transformação ligada aos aspectos físicos e psíquicos:

A adolescência pode ser definida como um período de mudanças psicossomáticas,


sendo considerado um momento conflituoso ou de crises, não podendo ser descrita
como uma fase de simples adaptação às transformações corporais, mas como um
importante período no ciclo existencial do adolescente, especialmente para alcançar
a sua maturidade biopsicossocial o qual se concluirá com a consolidação do seu
crescimento e da sua personalidade de modo a obter independência econômica,
inserção social e profissional na sociedade adulta. (NADER & COSME, 2010, p.
339).
20

Aqui, percebe-se que a adolescência é uma fase pontuada de mudanças, podendo ser
bastante conturbada em razão das descobertas, das ideias opostas às dos pais, formação da
identidade, fase na qual as conversas envolvem namoro, brincadeiras e tabus, «o mundo adulto é
muito desejado, ao mesmo tempo em que é temido pelo adolescente». ( NADER & COSME, 2010, p.
339).

Neste período de vida, o indivíduo sente prazer de manifestar seus gostos e preferências de
forma exagerada. É uma fase cheia de questionamentos e instabilidade, que se caracteriza por uma
intensa busca de si mesmo e da própria identidade, os padrões estabelecidos são questionados, bem
como criticadas todas as escolhas de vida feita pelos pais, buscando assim a liberdade e auto-
afirmação. E neste sentido, tal com referem Nader e Cosme (2010, p. 340) «o desenvolvimento da
sexualidade se reveste de fundamental importância para o crescimento do indivíduo (adolescente)
em direção à sua identidade adulta, determinando a sua auto-estima, relações afetivas e inserção
social».

Quando o assunto é adolescência, há necessidade de não encará-la apenas no plano etário,


pois que, ela é um fenómeno multifacetado, como defendem Silva e Silva:

Vivemos num tempo em que não podemos continuar a assumir a adolescência como uma mera
condição de idade, é preciso entendê-la como uma produção discursiva e heterogénea, por existirem
múltiplas formas de ser adolescente devido aos diversos meios sociais. (SILVA – SILVA, 2007, p. 14).

2. 4 - Caracterização da adolescência

É geralmente aceite que a adolescência é de preferência um processo e não um período, e


que se caracteriza por muitas mudanças pessoais que são frequentemente intensas, como sejam as
físicas, as sociais, as psicológicas e as cognitivas. No entanto, e apesar das várias modificações a
adolescência nem sempre é vivida e sentida como um período da vida particularmente difícil. Para
Roberts (1988, p. 22) a adolescência «[…] é um período de tempo que envolve perdas e ganhos, que
21

envolve a flutuação e o estabelecimento de novas maneiras de pertencer, e que envolve a aceitação


de uma imagem do corpo em mudança, como resultado do início da puberdade».
A adolescência é marcada, por um lado, por crises, pois o jovem que abandona as
características infantis, muitas vezes não assume as obrigações e responsabilidades da vida adulta, e
por outro lado, o que ocorre é que «o adolescente quer ser tratado como adulto, quando acredita que
os pais o estão tratando como criança, e crer que os pais o estão tratando como adulto quando
gostaria de ser tratado como criança» (PIAGET, 2002, p. 7).

Para além das duas características mencionadas anteriormente (crises e contradições), o


adolescente também desenvolve um espírito da certeza e da superestimação das suas ideias e
opiniões, à luz do pensamento de da Silva et al.:

A adolescência é a idade da certeza. Os adolescentes não desconfiam de suas ideias e opiniões.


Acreditam piamente naquilo que seus pensamentos lhes dizem. Daí, a conclusão lógica de que todos os que
têm ideias diferentes das suas só podem estar errados. Explica-se, assim, a sua dificuldade em lidar com
opiniões discordantes. ‘Sei muito bem o que estou fazendo’: essa é a resposta padrão que eles usam para se
destacar de uma advertência sobre um curso problemático de acção. (2011, p. 21).

Desenvolvimento da identidade

Outros autores reforçam esta ideia defendendo que o período da adolescência termina
quando o indivíduo obtém uma identidade própria e consegue viver intimamente com uma pessoa
do sexo oposto, passando a constituir a sua própria família, numa alusão clara à procriação.

Desenvolvimento cognitivo
22

Desenvolvimento moral

Desenvolvimento sócio-afectiva

2. 5 - Perspectivas sobre a adolescência nas concepções de transição e crise

2. 5. 1 – Adolescência como período de transição


23

2. 5. 2 – Adolescência como período de crise

2. 5. 3 - Adolescência como período de mudanças

2. 5. 4 - Adolescência como um período de transformações

A adolescência como época da vida marcada por profundas transformações fisiológicas,


psicológicas, pulsionais, afectivas, intelectuais e sociais, mais do que uma fase, é seguramente um
processo dinâmico de passagem entre a infância e a idade adulta, processo este que não é uma tarefa
fácil para o adolescente. É referido com frequência que
24

A adolescência se inicia com as transformações fisiológicas da puberdade, não deixando de ser


condicionada por factores de ordem social e cultural em interacção com o desenvolvimento biológico,
intelectual e emocional, o que permite ao indivíduo a sua integração no mundo adulto (COSTA, 1998, p. 71).

2. 6 - A saúde dos adolescentes


25

2. 6. 1 - Saúde física

2. 6. 2 - Saúde mental

2. 6. 3 - Saúde sexual e reprodutiva


26

3 - METODOLOGIA

Para Oliveira (2002, p. 33) método é um conjunto de regras ou critérios que actuam como referência

no processo de buscar explicação ou fazer previsões, sobre questões ou problemas específicos

3. 1 - Tipo de pesquisa

O presente trabalho foi executado sob orientação de dois métodos:

 Revisão integrativa da literatura, realizada nas bases de dados online viradas em


matérias da saúde e psicologia, essencialmente, realizado nos meses entre Maio de 2023 a Maio de
2024. A busca consistiu na selecção de todos artigos científicos possíveis publicados relacionadas
ao tema, privilegiando, obviamente, os mais recentes, por motivos de contextos.

 Descritiva, trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa e quantitativa, a


partir de dados obtidos por meio de um questionário/inquérito dirigido aos adolescentes residentes
no município da Ecunha.

As pesquisas descritivas têm por objectivo identificar a convergência entre variáveis e


focam-se não somente na descoberta, mas também na análise, descrevendo, classificando e
interpretando os fatos. Trata-se, portanto de uma análise aprofundada da realidade pesquisada
(Rudio, 1985).

A pesquisa qualitativa pode ser definida como a que se baseia, principalmente, em análises
qualitativas, caracterizando-se pelo não uso de instrumentos estatístico na análise dos dados
(Bardin, 2016). Proetti (2018) define como “o desenvolvimento de estudos que buscam respostas
que possibilitam entender, descrever e interpretar fatos”. E a quantitativa recorre a linguagem
27

matemática para descrever as causas de um fenómeno, relações entre variáveis, entre outras
aplicações, (Fonseca, 2002).

3. 2 - Métodos de abordagem da pesquisa

No presente trabalho de investigação utilizou-se a técnica impírica: questionário.

Segundo Fyrtn (2022), o questionário é um instrumento de colecta de informações utilizado


numa sondagem ou inquérito.
28

4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

3. 2 -
29

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
30

CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES
AAb JJul AAg SSet
Actividades Jan. Fev Mar r. Mai Jun . o. .
do ano . . o .
2024
Definição X
do Tema
Revisão X X X X X X X X X
Bibliográfic
a
Elaboração X
do Pré-
Projecto
Aprovação X
do Pré-
Projecto
Recolha de X
Dados
Análise e
Discussão X
de Dados
Entrega do X
Projecto
Impressão
do Livro
Final
Defesa X
31

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FYRTN. Construtor de questionários , 19 Dezembro 2022.


32

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