02 ENAUTA Nocoes de Geologia e Geofisica Atualizado 2019
02 ENAUTA Nocoes de Geologia e Geofisica Atualizado 2019
02 ENAUTA Nocoes de Geologia e Geofisica Atualizado 2019
Noções
de Geologia
e Geofísica
Sumário
03 Geologia do Petróleo
06 Óleo
11 Gás Natural
Para que ocorram acumulações de petróleo e/ou gás em uma bacia sedimentar são
necessários alguns requisitos geológicos ocorrendo simultaneamente. O estudo destes
requisitos, de maneira integrada e a simulação das melhores condições para a sua existência
concomitante, objetivando a diminuição do risco exploratório envolvido na perfuração de
poços, foram unificados no conceito de sistema petrolífero.
Sistema Petrolífero
Rochas geradoras:
são constituídas rochas de granulometria fina como folhelhos, margas e/ou calcilutitos,
depositados em ambientes sedimentares de baixa energia, que incorporam materiais
plantônicos e vegetais terrestres na forma de matéria orgânica diluída. Quando submetidas à
adequadas temperaturas e pressões, geram hidrocarbonetos. O tipo de hidrocarboneto gerado
depende do tipo de matéria orgânica preservada na rocha geradora e da temperatura a qual
esta rocha foi submetida.
De um modo geral, a matéria orgânica derivada de vegetais superiores tende a gerar gás,
enquanto a matéria orgânica plantônica marinha ou lacustre gera óleo. Em relação à
temperatura, a rocha geradora começa a transformação do querogênio em óleo em torno de
600oC, formando um óleo viscoso. Conforme a temperatura aumenta, o óleo gerado vai ficando
mais fluido e a quantidade de gás aumenta. Em torno de 1200oC, predomina gás e o óleo gerado
pode ser considerado condensado. Acima deste valor, apenas gás é gerado.
Depois de gerado, o petróleo ocupa um volume maior do que o querogênio original da rocha
geradora. A mesma se torna supersaturada em hidrocarbonetos e o aumento de pressão faz
com que a rocha-fonte se frature intensamente, possibilitando a expulsão dos fluidos para
zonas de pressão mais baixa. A percolação dos fluidos através de diferentes rotas até chegar
num espaço poroso e selado, adequado para armazená-los, consiste na migração.
Trapa:
Rochas-reservatório:
Além destes, existem os reservatórios não convencionais, representados pelas rochas ígneas
e metamórficas e caracterizados por baixas permeabilidades. Nesses reservatórios, os espaços
porosos podem ser gerados por dissolução e fraturamento facilitando o fluxo de
hidrocarbonetos.
Depois dos hidrocarbonetos migrarem para uma trapa, é necessária a presença de uma
camada impermeável que impeça o escape de fluidos. Geralmente, as rochas selantes,
desempenham essa função, aprisionando e impedindo o escape dos fluidos, formando uma
acumulação petrolífera. Essas rochas são representadas por folhelhos, siltitos e calcilutitos ou
quaisquer outras rochas de baixa permeabilidade, como evaporitos e rochas ígneas intrusivas.
Mudanças faciológicas ou diagenéticas dentro das rochas-reservatório também podem atuar
como barreiras impermeáveis, além de falhamentos.
Sincronismo:
Em relação ao sistema petrolífero, o sincronismo faz com que rochas geradoras, reservatórios,
rochas selantes, trapa e migração ocorram concomitantemente em uma escala de tempo
adequada para a formação de uma acumulação de petróleo. Deste modo, quando inicia a
geração de hidrocarbonetos numa bacia sedimentar, o óleo expulso da rocha geradora deve
encontrar rotas de migração já previamente formadas. A trapa já deve estar pronta para
receber os fluidos migrantes, os reservatórios já devem estar depositados e pouco soterrados
para não perderem as características permo-porosas originais e as rochas selantes presentes
para impermeabilizarem a trapa.
Rochas Ígneas: também chamadas de magmáticas, são aquelas formadas pelo resfriamento
e solidificação do magma e podem ser subdivididas em “intrusivas” e “extrusivas” dependendo
de como e onde o magma resfria.
O que é
Origem
Tipos de Petróleo
Exemplo de
óleo pesado
Cabe destacar que o petróleo Brent e WTI são óleos crus que ainda não passaram por processos
de refino. O primeiro recebe este nome porque é produzido na região do Mar do Norte,
proveniente dos sistemas de exploração petrolífera de Brent e Niniam. O petróleo light é o
nome que se usa para o óleo leve , semimpurezas ,que já passou pelo sistema de refino. É o
mais valioso, pois produz mais gasolina.
Outros tipos de petróleo são: os óleos extraídos de areias impregnadas de alcatrão, o petróleo
naftênico, que contém grande quantidade de hidrocarbonetos naftênicos, o petróleo parafí-
nico, com grande concentração de hidrocarbonetos parafínicos, e o petróleo aromático, com
grande concentração de hidrocarbonetos aromáticos.
Do poço, o petróleo é transportado para uma refinaria ou para outro local, como um
porto, onde será embarcado. Para isso, usam-se tubulações com diâmetros que variam entre
5 cm e 1,22 m, chamadas oleodutos. Para transporte a longa distância, através do mar, a melhor
opção são os navios petroleiros, navios-tanques de grandes dimensões.
O Refino
O petróleo bruto, tal como sai do poço, não tem aplicação direta. Para utilizá-lo, é
preciso fracioná-lo em seus diversos componentes, processo que é chamado de refino ou
destilação fracionada. O processo começa pela eliminação dos sais minerais do petróleo bruto.
Depois, o óleo é aquecido a 320°C em fornos de fogo direto e passa para as unidades de
fracionamento, onde podem ocorrer até três etapas diferentes ao fim das quais são obtidos
produtos tais como: carburantes, solventes, gasolinas especiais, combustíveis e produtos
diversos. O gás natural, em contrapartida, após um beneficiamento muito simples, já
está pronto para uso como combustível.
Usos
Gás de cozinha
Petroquímicos básicos: eteno, propeno,
benzeno e tolueno
Benzina, gasolina
Diesel
Etileno/eteno: PET e PVC
Óleo combustível
Resinas plásticas: brinquedos, adesivos,
caixas d’água, lonas, frascos de soro,
Óleo e graxas lubrificantes
tampas e recipientes, calçados, pneus,
tintas, plástico, filme, outros
Petróleo pesado ou óleo combustível
Nas últimas quatro décadas ocorreram três mudanças bruscas e duradouras no preço do pe-
tróleo, conhecidas como “choques do preço do petróleo”. O primeiro foi causado pelo Embargo
do Petróleo Árabe de 1973, com a formação da Organização dos Países Produtores de Petróleo
(OPEP). Já o segundo, que praticamente triplicou os preços, foi causado principalmente pela
Guerra Irã-Iraque em 1980. Por fim, o terceiro choque do petróleo ocorreu entre 1985 e 1986,
quando a Arábia Saudita adotou um sistema de margens fixas para as refinarias, causando uma
queda acentuada nos preços.
Outras oscilações significativas nos preços do petróleo ocorreram em 1990, com a invasão do
Kuwait pelo Iraque; em 1998, em decorrência à concomitante crise financeira na Ásia e à reto-
mada das exportações do Iraque; e em 1999, devido a cortes de produção pela OPEP. Em segui-
da houve um período longo de alta de preços, com um pico em 2008, em virtude da queda da
capacidade ociosa da OPEP. Após a crise financeira daquele ano, houve redução da demanda
e baixa dos preços do petróleo, fazendo com que a OPEP reduzisse a produção para estabilizar
tais preços. Em 2013, os preços do petróleo se estabilizaram no intervalo de US$100 e US$112
por barril, valores que perduraram até setembro de 2014, quando se instalou uma grande vo-
latilidade nos preços do petróleo cru, com o Brent atingindo patamares inferiores a US$ 50 por
barril, em janeiro de 2015.
Os principais fatores que contribuíram para o cenário atual são: (i) desenvolvimento e
aumento expressivo da produção do gás de xisto nos Estados Unidos, o que desde 1995
vem reduzindo sua importação de petróleo, tornando-o exportador do líquido; (ii) menor
demanda global, dado ao baixo crescimento dos países desenvolvidos e emergentes, inclusive
a China; (iii) decisão inédita da OPEP de não reduzir a produção, liderada pela Arábia
Saudita com a estratégia de recuperar participação de mercado e “testar” o teto dos custos
de produção que inviabilizariam e/ou diminuiriam as explorações e produções do xisto, sands
oil e operações off-shore em águas profundas; (iv) fortalecimento do dólar frente a outras
moedas no mercado internacional.
Além de insumo básico da indústria gasoquímica, o uso do gás natural aumentou nos setores
industrial, de transporte e de geração de energia elétrica. O investimento na produção de gás
para a geração de energia termoelétrica tem despertado o interesse de analistas e empreen-
dedores, dado o esgotamento dos melhores potenciais hidráulicos do país e a necessidade de
expansão do parque gerador de energia elétrica.
Nitrogênio
O processo de produção do gás natural tem quatro etapas distintas, são elas: (i)
exploração e produção do gás natural, (ii) processamento; (iii) transporte e estocagem e (iv)
distribuição.
As especificidades de cada uma dessas etapas fazem com que cada uma possa ser
tratada como um negócio distinto. Em muitos países existe inclusive uma separação legal
obrigatória entre esses elos da cadeia, de forma a permitir uma regulação específica
para cada um dos setores.
Exploração e Produção
Processamento
Iniciada a produção do gás natural, esse deve passar por unidades de processamento de gás
natural (UPGN). Essas estações de tratamento são responsáveis pela separação do metano
dos demais hidrocarbonetos pesados (secagem do gás natural), pelo processo de
dessulfurização, pela remoção da água e pela retirada de demais contaminantes. Em termos
técnicos, as frações de hidrocarbonetos pesados são retiradas até um limite que não
comprometa o poder calorífico mínimo para o gás natural.
Transporte
Após o tratamento, o gás natural é levado aos centros consumidores por dutos ou na forma
de gás natural liquefeito (GNL) ou comprimido (GNC). A escolha da tecnologia depende de
aspectos técnicos e econômicos.
Usa-se o termo “transporte” para referir-se à rede de dutos que leva o gás das plantas
de produção até a malha de “distribuição” que, por sua vez, o leva até o cliente final:
residencial, industrial, térmico ou comercial. Estas redes diferenciam-se pelo diâmetro
dos dutos e pela pressão do fluxo de gás. Enquanto na rede de transporte o gás natural é
comprimido a uma pressão de 80 bar em média (alta), na rede de distribuição esta nunca é
superior a 20 bar.
Em 2013, o Brasil possuía uma rede de gasodutos com 9.190 km de extensão que
percorre a costa brasileira de Porto Alegre à Fortaleza. Além disso, há um gasoduto ligando as
áreas produtoras da Bolívia a São Paulo e outro ligando Urucu-Coari-Manaus, no meio da
Amazônia. No Ceará, na Bahia e no Rio de Janeiro, o gás é trazido dos campos produtores no
mar por navios e alimentado nas malhas de transporte e distribuição. Da Bacia de Santos, o
gás é transportado via dutos até São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A distribuição do gás é feita por 27 distribuidoras, cada qual atendendo um ou dois estados da
federação. Delas, seis são independentes e duas são controladas da Petrobras. As 19 restantes
são coligadas pela Petrobras.
O gás natural atende usos dos segmentos residencial, comercial, industrial e automotivo. Pode
ser utilizado como combustível para fornecimento de calor e força motriz; como matéria-prima
nas indústrias siderúrgica, química, petroquímica e de fertilizantes; e como substituto do óleo
diesel, da gasolina e do álcool em veículos. Estes atributos permitem sua utilização de forma
quase irrestrita, atendendo às determinações ambientais e de segurança. Por isso, sua partici-
pação na matriz energética mundial vem aumentando.
• GNL-liquefeito
• GNC-comprimido
Nos últimos anos, principalmente nos EUA, houve uma grande aceleração da produção de gás
de fontes não convencionais, que são gases naturais provenientes de formações rochosas de
baixa permeabilidade e/ou porosidade. Tais como:
“TIGHT GAS”
Gás natural contido em reservas semelhantes às convencionais, mas com arenitos ou calcários
de baixa permeabilidade, que dificultam muito a migração do gás (ou dos líquidos). A libera-
ção do gás requer, muitas vezes, a fratura hidráulica.
“SHALE GAS”
Gás natural retido em camadas de xisto (folhelho), de baixa porosidade e permeabilidade, que
é igualmente liberado for fratura hidráulica. A liberação do gás é dependente das característi-
cas geológicas das camadas do xisto e das interfaces entre essas camadas.
Vale comentar que a fronteira entre o gás convencional e o não convencional não é definida
univocamente e tende a variar no tempo com a evolução da tecnologia e a diminuição
dos custos. Por exemplo, hoje, nos EUA, o tight gas, que já representa 40% da produção total
de gás, é incluído junto com o gás convencional nas estatísticas oficiais.
Embora o Brasil tenha uma das maiores reservas de gás não convencional do mundo e a ANP
esteja fazendo sísmica para definir áreas de licitação, os demais aspectos econômicos relacio-
nados à produção do gás e óleo de xisto no Brasil diferem de forma material daqueles exis-
tentes nos EUA. Além da aquisição e/ou desenvolvimento da tecnologia, inexiste uma malha
de gasodutos interligando as regiões nas quais estão as reservas aos centros consumidores e
existem questões regulatórias e ambientais para serem equacionadas. Estas teriam que
ser construídas diminuindo o retorno do empreendimento, a não ser que a demanda pelo
insumo cresça na velocidade que justifique o investimento.
A dinâmica de preços do gás natural difere bastante em cada mercado por causa dos seguintes
fatores: (i) elevados custos de transporte; (ii) grandes diferenças no grau de difusão do gás nas
matrizes energéticas de cada país ou região; (iii) assimetrias na dotação de recursos gasíferos
e (iv) grau de maturidade e de liberalização do mercado de gás nacional.
O preço final ao consumidor depende não só do preço da matéria-prima, mas, também, dos
custos de transporte e distribuição que podem representar mais do que 50% do preço final do
gás. Portanto, o preço varia muito de mercado para mercado.
Em algumas regiões ou locais há a prática de preços spot, no entanto, para que isto
ocorra algumas precondições são necessárias: (i) interconexão entre gasodutos que permita a
troca de gás entre diferentes sistemas; (ii) capacidade de estocagem; (iii) facilidade de
transporte a partir e para o “hub” (entroncamentos de interconexão entre gasodutos que
transportam gás de diferentes bacias e áreas com grande capacidade de estocagem); (iv)
possibilidade de oferta de serviços auxiliares, como balanceamento do sistema e de
despacho de gás; (v) transferência de titularidade de contratos de suprimento de gás e
capacidade de transporte e (vi) mercado de curto prazo “spot”.
Os EUA foram os pioneiros na liberalização da indústria do gás natural, processo que resultou
em um pujante mercado gasífero, com a adoção de novas formas de precificação. O
país possui um parque produtivo e uma infraesturura de transporte que viabilizaram o
surgimento mercados spot (físico) e de derivativos (financeiro) para o gás natural.
Com mais de 8.000 produtores de gás que concorrem entre si, em 2009, a América do
Norte possuía 33 “hubs” ativos, dos quais nove no Canadá e 24 nos Estados Unidos. O
Henry Hub, no estado americano de Louisiana, é o maior centro de comercialização de
gás do mundo, conectando 12 gasodutos e detentor de três reservatórios para estocagem.
Os preços do gás comercializados no “hub” são facilmente acessíveis (visibilidade e
transparência) e servem como ponto de referência para os contratos de futuros e
derivativos de gás negociados nas bolsas eletrônicas da NYMEX e da Inter Continental
Exchange (ICE).
O mercado na Europa
É por essa razão que, a partir de 2009, quando o preço do petróleo subiu de um
patamar de US$ 40 para US$ 100 por barril, o preço do gás no NBP acompanhou,
distanciando-se daqueles praticados no Henry Hub. No mercado Europeu, os preços do gás
são influenciados pela oferta de petróleo, enquanto nos EUA, que possuem produção própria,
a dinâmica de preços depende da oferta interna daquele país.
Ao contrário dos EUA e Europa, o preço do gás natural em outras regiões do mundo
não é definido por mercados spot, seja do mercado de gás, seja do mercado de petróleo.
Segundo a International Gas Union (IGU), metade do gás consumido no mundo não é
precificado com base em regras de mercados públicos.
Conforme tal publicação, em 2010, 15% do gás consumido em diversos mercados internos ao
redor do mundo, foi precificado abaixo do custo de produção e reposição das reservas. Isso
acontece principalmente na Rússia, Oriente Médio e em alguns países da África. Em
outros países (14% do gás consumido em 2010), o preço do gás natural é regulado e obedece a
critérios sociopolíticos. Portanto, o preço é definido por governos em bases irregulares e de
acordo com pressões sociais e políticas. A evidência de que nessas regiões do mundo o preço
do gás não é determinado por condições de oferta e demanda é a discrepância que existe entre
o preço do gás exportado, alinhado ao mercado internacional, daquele praticado no mercado
interno.
O mercado no Brasil
Adicionalmente, existem preços diferenciados para o setor elétrico, PPT (programa prioritário
termelétrico), para algumas térmicas e, atualmente, para o preço do gás GNL
internacional (indexados ao Henry Hub ou Brent).
O petróleo é um recurso natural muito importante, porém identificar o potencial de uma área
requer pesquisas e estudos, caros e complexos. O primeiro passo necessário para inferir o
potencial para a ocorrência de acumulações de petróleo ou gás em uma determinada região
ou para a valoração de uma descoberta é a organização de um banco de dados com
informações geológicas e geofísicas que serão interpretadas em uma avaliação exploratória,
quando explorando uma área nova, ou explotatória, antes de iniciar o desenvolvimento ou a
produção. É fundamental que o estudo contenha informações em quantidade e com
qualidade suficiente para uma avaliação precisa do potencial exploratório e explotatório da
área.
É necessário obter autorização da ANP bem como as respectivas licenças ambientais, Estaduais
(áreas terrestres) ou Federais (áreas marítimas) para adquirir dados geofísicos e perfurar
poços.