Cap. 05 - Rochas - Ambientes Ígneo, Sedimentar e Metamórfico

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CAPÍTULO 05 –

R - AMBIENTES ÍGNEO,
OCHAS
SEDIMENTAR E METAMÓRFICO
Pedro Crist
Vagner André Morais Pinto

As rochas presentes no planeta Terra encontram-se, na sua origem,


vinculadas a três tipos fundamentais de ambiente geológico. A partir de
um conjunto de características, processos e fatores específicos - entre eles
temperatura e pressão - são definidos os ambientes em que os minerais e rochas
se formaram: ambiente ígneo (ou magmático), ambiente sedimentar e ambiente
metamórfico.
Na exposição do projeto Geodiversidade na Educação esses diferentes
ambientes geológicos são representados por amostras diversificadas e atrativas,
que contemplam a rica geodiversidade do planeta, assim como por rochas da
região, que enfatizam o Paraná, os Campos Gerais e o município de Ponta Grossa.

Ambiente Ígneo

O ambiente ígneo é caracterizado, geralmente, por temperaturas elevadas,


compreendendo um intervalo entre os 400ºC e os 1500ºC, onde também ocorrem
variações na pressão e na composição físico-química dos materiais ali presentes.
As denominadas rochas ígneas (o nome é uma derivação do latim ignis,
que significa fogo) são aquelas oriundas do processo de resfriamento do magma -
um composto líquido/viscoso formado por rochas fundidas no interior do planeta
- durante a trajetória rumo à superfície. O resfriamento do material magmático
pode ocorrer internamente, isto é, ainda em profundidade ou externamente, já
em superfície, onde este material incandescente passa a ser conhecido como lava.

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Kimberlito é uma rocha magmática proveniente do manto

terrestre e que muitas vezes é portadora de diamantes.

Amostra de Presidente Olegário, Coromandel – MG.

Coleção: D. Svizzero. Imagem: Liccardo.

Seixo rolado de andesito, encontrado em zona

costeira do Pacífico, La Serena – Chile.

Coleção: Liccardo. Imagem: Raony.

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Basalto vesicular coletado do vulcão Etna, na Itália.

Coleção: Luiz Chieregati. Imagem: Liccardo.

A obsidiana é uma rocha com a composição de um riolito, mas com textura vítrea.

Esta amostra é da Formação Fossa delle Rocche Rosse, resultado de uma erupção

do século VIII na ilha de Lipari, Itália. Destaca-se a estrutura de fluxo, definida

pela maior concentração de esferulitos e litófises, que são as feições arredondadas

geradas pelo escape de gases durante o rápido resfriamento da lava.

Coleção: G. Burigo Guimarães. Imagem: Liccardo.

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As rochas magmáticas de formação interna são designadas intrusivas ou
plutônicas. Por se consolidarem em profundidade, passam por um processo de
esfriamento lento que permite o arranjo químico e a cristalização dos minerais,
resultando em uma textura visivelmente granular. Desse modo, é possível
verificar, nas rochas ígneas plutônicas, pequenos cristais presentes na rocha, que
são os minerais como quartzo, feldspato (o mais abundante mineral da crosta),
mica, anfibólio ou piroxênio. Uma rocha muito comum, com estas características
e com esta composição, é o granito.
As rochas ígneas resultantes do resfriamento da lava são denominadas
extrusivas ou vulcânicas, este último nome associado aos locais mais comuns de
gênese deste tipo de rochas, os conhecidos vulcões. Na superfície terrestre, a
lava sofre um resfriamento rápido, o que dificulta a formação de cristais evidentes,
sendo, em geral, imperceptíveis sem o auxílio de instrumentos ópticos, como no
caso de alguns basaltos e riolitos.
Quanto à coloração, essas rochas podem ser classificadas de maneira
simples em dois tipos, as claras (leucocráticas ou félsicas) e as escuras
(melanocráticas ou máficas). O que vai determinar a coloração das rochas
ígneas é a porcentagem de minerais escuros que a rocha contém. As escuras
apresentam, em geral, mais de 60% de minerais como anfibólios e piroxênios
em sua composição (como gabro, diabásio ou basalto), enquanto que nas claras
sua presença é inferior a 30%, com predominância de feldspato e quartzo (como
no granito ou no riolito).
Existe uma grande diversidade de materiais gerados por processos ígneos
mais específicos, como: cinzas vulcânicas e ignimbritos, lavas que surgem em
fundos oceânicos, geiseritos, etc.

Exemplos de rochas ígneas comuns:


granito, basalto e riolito.
Imagem: Raony.

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Ambiente Sedimentar

Por ambiente sedimentar entende-se aquele caracterizado por


temperaturas baixas e moderadas, geralmente compreendidas entre 0 e
230°C, caracteristicamente próximo à superfície. Os materiais que originam
os sedimentos podem ter variadas composições químicas, já que, em geral, são
fragmentos arrancados de rochas ígneas, metamórficas ou mesmo sedimentares
pré-existentes. As condições de transporte, soterramento e compactação
destes fragmentos determinam características específicas para formar as rochas
resultantes da sua consolidação.

Argilito com gretas de contração preservadas,

proveniente de Guamiranga – PR.

Coleção: Laboratório de Geologia.

Imagem: Raony.

Rochas sedimentares constituem, então, o grupo de rochas formado


a partir da deposição de fragmentos ou detritos, pela precipitação de certos
elementos químicos e também pelo acúmulo de material oriundo de organismos
(por exemplo, restos de animais e plantas). Assim, considerando-se a origem,
as rochas sedimentares podem ser classificadas em: clásticas (ou detríticas),
como no caso dos arenitos formados pela consolidação de areia ou de argilitos e
folhelhos formados a partir de argila; químicas quando originárias da precipitação
de substâncias, a exemplo do calcário, formado pela precipitação de calcita
(CaCO3), ou do sílex formado a partir de sílica (SiO2) precipitada; e em biogênicas

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(ou orgânicas), oriundas da sedimentação de muita matéria orgânica junto aos
fragmentos, a exemplo do carvão mineral.
As rochas sedimentares clásticas compõem a maioria das rochas
sedimentares. O processo de fragmentação de rochas pré-existentes em
partículas se deve a diversos fatores e condicionantes ligados aos processos
de intemperismo/erosão como a ação do vento, da chuva, do gelo e variações
de temperatura. As partículas e fragmentos desmembrados das rochas são
transportados e se depositam em outras áreas, normalmente depressões
(bacias). Os fragmentos depositados passam pelo processo de consolidação da
rocha (litificação), incluindo cimentação e compactação. As rochas sedimentares
podem se formar de fragmentos grossos, como os conglomerados, ou de
fragmentos mais finos, como os arenitos, siltitos, argilitos e folhelhos.

Objeto entalhado em halita bandada do Salar do Atacama, Chile. Os depósitos de sal são

formados em ambiente sedimentar desértico e são conhecidos como evaporitos.

Coleção e Imagem: Liccardo.

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É nas rochas sedimentares que são encontrados os fósseis que permitem
a compreensão de como eram alguns aspectos de nosso planeta há milhões
de anos, como as condições climáticas, a flora, ou quais eram as criaturas
que compunham a fauna da Terra em determinado período. Dentre as rochas
sedimentares em exposição, destacam-se as rochas presentes na região de Ponta
Grossa, como arenitos da Formação Furnas e do Grupo Itararé (Vila Velha), os
folhelhos fossilíferos da Formação Ponta Grossa, além de outros exemplares de
diferentes regiões.

Exemplos de rochas sedimentares comuns: arenito,

carvão mineral e folhelho com fóssil.

Imagens: Raony.

Ambiente Metamórfico

O ambiente metamórfico corresponde a contextos em que rochas pré-


existentes sofrem uma transformação (metamorfismo) textural, estrutural e/ou
composicional, resultando em novos produtos.
As rochas metamórficas se formam a partir da modificação ocasionada
pelo aumento de temperatura e pressão sobre rochas ígneas, sedimentares
ou mesmo outras rochas metamórficas. Neste processo, ocorrem mudanças
mineralógicas e estruturais resultantes da adaptação às novas condições físico-
químicas. O tipo de rocha formado no processo de metamorfismo vai depender

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dos níveis de temperatura e/ou pressão a qual está submetida e eventualmente à
presença maior ou menor de fluidos (H2O e CO2).

Filito com dobras do tipo Chevron (procedência desconhecida).

Coleção: Laboratório de Geologia.

Imagem: Raony.

De maneira geral, a intensidade do metamorfismo pode ser traduzida


em baixo, médio ou alto grau. Rochas formadas em baixo grau metamórfico
atingiram temperaturas normalmente entre 200° e 380°C, como a ardósia ou
o filito. No Primeiro Planalto Paranaense são típicos os metacalcários (calcários
que sofreram baixo metamorfismo), chamados erroneamente de calcários. Entre
380° e 550ºC formam-se as rochas de médio grau metamórfico, como mármores
e xistos. Acima desta temperatura até a faixa de fusão, que pode variar de 600° a
800ºC, estão as rochas metamórficas de alto grau, como o gnaisse e o migmatito.

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Formação ferrífera bandada (no inglês “banded iron formation”,

por isso o nome “BIF”), exemplo de rocha metamórfica com níveis

de hematita, que é a principal fonte de ferro no Quadrilátero

Ferrífero do Brasil, intercalados com níveis de quartzo.

Proveniência Nova Lima – MG. Coleção: Laboratório de Geologia.

Imagem: Liccardo.

Fósseis de estromatólitos (estruturas formadas por

microrganismos em ambiente marinho) preservados


em mármore proveniente de Ouro Preto, MG.

Coleção: Laboratório de Geologia. Imagem: Liccardo

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As rochas metamórficas possuem diversos usos na sociedade, a exemplo
do quartzito usado em revestimento de pisos ou ardósia utilizada como telha ou
na fabricação de mesas de sinuca. Rochas muito coesas como o gnaisse podem
ser usadas como pedra brita ou revestimento de paredes. Mármores são a
expressão mais cara e nobre destas rochas, utilizados na arte e na arquitetura
desde os antigos romanos.

Exemplos de rochas metamórficas comuns (começando à

esquerda e em sentido horário): xisto, gnaisse e mármore

Imagens: Raony.

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Ciclo das Rochas

A relação entre os produtos formados em cada ambiente e sua localização


na crosta terrestre ao longo do tempo geológico sugere a existência de um ciclo
natural. Cada rocha pode, certamente, sofrer transformações se submetidas a
condições ambientais ou físico-químicas diferentes.
A ocorrência de variações cíclicas faz da Terra um planeta dinâmico e
geologicamente ativo, onde os diferentes materiais sofrerão mutações de
duração e intensidade variada. A estas possibilidades de transformação de
um tipo de rocha em outro, no decorrer do Tempo Geológico em processos
contínuos de reciclagem, denomina-se Ciclo das Rochas.
Rochas ígneas, por exemplo, são formadas a partir do esfriamento de
magma. Essas rochas quando expostas em superfície, estão suscetíveis à ação
modificadora do intemperismo químico ou físico e da erosão (água, vento, gelo,
reações químicas, etc.) que as transformam em sedimentos que podem ser
transportados ou então em solos (pedogênese). A partir da deposição, acontece
a compactação e litificação dos sedimentos (diagênese), formando materiais
coesos chamados de rochas sedimentares.
Se rochas ígneas ou sedimentares forem expostas a um aumento de
pressão e/ou temperatura, necessariamente acontece uma transformação em
que minerais e estruturas se adaptam a novas condições e o produto resultante
será uma rocha metamórfica.
Se o processo de aumento de pressão e temperatura, chamado
metamorfismo, atingir os limites de estabilidade dos minerais, em patamares mais
elevados ocorre a fusão, parcial ou total, deste material rochoso, resultando em
magma e possibilitando novamente a formação de uma rocha ígnea, completando
o Ciclo das Rochas. Estes processos (resfriamento, intemperismo, diagênese,
metamorfismo, fusão) acontecem todo o tempo no planeta e seus produtos
(rochas, sedimentos, solos, magma) também não são perenes, e em algum
momento do Tempo Geológico passarão por essas transformações.

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O Ciclo das Rochas mostra o dinamismo dos processos geológicos

que ocorrem na crosta terrestre. São processos que agem

continuamente, transformando as rochas e sedimentos em outros

produtos, em intervalos de tempo que normalmente não

podem ser percebidos pelo ser humano.

Imagem: Liccardo.

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