STB 8
STB 8
STB 8
2024.1
QUANTO ESTAMOS PAGANDO DE TRIBUTOS?
https://impostometro.com.br/
REFORMA TRIBUTÁRIA?
→Princípios Gerais
→Impostos da União
→ O Sistema Constitucional Tributário – SCT (ou Sistema Tributário Nacional – STN), nada mais é do que
a reunião de normas e princípios pertinentes ao Direito Tributário, com contornos superiores plasmados
na Constituição Federal, que orientam a produção de mandamentos infraconstitucionais que dele também
fazem parte.
→ O SCT realiza funções do todo, dispondo sobre os princípios e normas gerais do Direito Tributário,
competência dos entes tributantes e repartição de receitas e, acima de tudo, sobre os limites do poder de
tributar, assegurando as garantias imprescindíveis à liberdade das pessoas.
→ É um sistema composto essencialmente por tributos e normas que giram em volta do poder de tributar,
para garantir que o Estado não o use descomunalmente.
→ Pode ser tido como um domínio de normas jurídicas que formam um sistema, entendendo-se este
como a “reunião ordenada de várias partes que formam um todo, de tal sorte que elas se sustentam
mutuamente e as últimas explicam-se pelas primeiras” (CARRAZA, 2013, p. 35).
SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO
→ A elasticidade é o oposto da rigidez. Enquanto aquela é peculiar à maioria dos sistemas constitucionais
tributários, esta é típica do nosso. A Carta Magna foi particularizada e abundante, não deixando
margem jurídica para grandes desenvolvimentos e integração pela legislação ordinária e, menos ainda,
pelos costumes, pela construção ou outras formas.
→ A matéria tributária é exaustivamente tratada pela nossa Constituição, sendo o nosso sistema tributário
todo moldado pelo próprio constituinte, que não abriu à lei a menor possibilidade de criar coisa alguma.
FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
→ São os focos ejetores de regras jurídicas, ou seja, os órgãos habilitados pelo sistema para produzirem
normas, numa organização escalonada. Têm a força de produzirem outras normas. São fatos que
fazem nascer as regras jurídicas.
A) Fontes formais: fórmulas que a ordem jurídica estipula para introduzir regras no sistema. É a regra
jurídica da qual outra norma extrai seu fundamento de validade, satisfazendo um dos critérios de
pertinência ao sistema.
B) Fontes materiais: se ocupam dos fatos da realidade social que, descritos hipoteticamente nos
supostos normativos, têm o condão de produzir novas proposições prescritivas para integrar o direito
posto. São os fatos jurídicos.
DOUTRINA = NÃO é fonte do direito positivo. Ajuda a compreender o direito, mas não o modifica. É o
domínio das lições, ensinamentos e descrições explicativas do direito posto, elaboradas pelos mestres e
pelos juristas especializados.
FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
A.1) FONTES FORMAIS PRIMÁRIAS = São os veículos aptos a promover o ingresso de regras
inaugurais no universo jurídico brasileiro. São a lei e os estatutos normativos que têm vigor de lei. Lei na
acepção ampla.
→ *Lei constitucional = O texto constitucional é o portador dos grandes princípios que servem como
diretrizes supremas a orientar o exercício das competências impositivas, consagrando postulados que
imprimem certeza e segurança às pretensões tributárias do Estado e, em contrapartida, preservam e
garantem os direitos individuais dos cidadãos.
→ *Lei complementar = tem supremacia hierárquica formal, art. 69/CF (quorum qualificado). Leis
complementares da Constituição são leis integrativas de normas constitucionais de eficácia limitada ou
contida, sujeitos à aprovação pela maioria absoluta dos membros das duas Casas do Congresso
Nacional.
→ *Lei ordinária = as leis ordinárias de cada unidade federativa, bem como a dos Municípios, possuem o
mesmo status jurídico, discerníveis apenas pelo âmbito da competência exercida. É o instrumento por
excelência da imposição tributária.
FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
*Lei delegada = é exceção à regra de que a atividade que consiste em editar diplomas legais pertence,
com exclusividade, ao Poder Legislativo. Art. 68/CF - São elaboradas pelo Presidente da República que
deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. Matéria de lei complementar não pode ser delegada.
Não se pode delegar competência para criar tributos.
Assim, as leis delegadas podem instituir e regular tributos, desde que obedeçam às limitações previstas
no texto da CF/88. Para tanto, necessário resolução do Congresso Nacional autorizando a edição do ato,
que deverá sempre indicar o conteúdo do ato a ser elaborado e os termos do exercício, não podendo ser
livremente elaborado pelo Chefe do Poder Executivo.
*Decreto legislativo = está no nível da Lei Ordinária - é o estatuto expressivo das competências
exclusivas do CN, não tem sanção e é promulgado pelo Presidente do Congresso que o manda publicar.
Introduz no sistema jurídico brasileiro o conteúdo dos tratados e convenções internacionais e se presta às
assembleias legislativas estaduais para absorver o teor dos convênios celebrados entre as unidades
federadas, transformando-os em regras jurídicas válidas.
*Resoluções = Não são leis em sentido estrito. CN ou Senado, são aprovadas por maioria simples e
promulgadas pela mesa do Senado ou do CN. Ex.: fixação de alíquotas do ICMS e imposto sobre
doações pelo Senado.
FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
*Decreto regulamentar = competência privativa dos Chefes do Executivo, possibilitam a fiel execução
das leis. Não têm autonomia. Só são expedidos se a lei não for auto-executável. De acordo com Hely
Lopes Meirelles, são atos administrativos da competência exclusiva dos Chefes do Executivo, destinados
a prover situações gerais e individuais, abstratamente previstas de modo expresso, explícito ou implícito
pela legislação. CF - art. 84, IV
FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
*Instruções Ministeriais = 85,II CF - competem aos Ministros de Estado para o fim de promover a
execução das leis, decretos e regulamentos, que digam respeito às atividades de sua pasta.
*Portarias = regras gerais ou individuais que o superior edita para serem observadas por seus
subalternos.
*Ordens de Serviço = autorizações ou estipulações concretas, mas para serviço específico a ser
desempenhado por um ou mais agentes especialmente credenciados para tal.
*Outros atos normativos estabelecidos pelas autoridades administrativas. Ex.: pareceres normativos da
SRF.
Conceito de Tributo
• prestação pecuniária
• compulsória
• instituída em lei
→ Não obstante o artigo 5º do CTN adotar uma teoria tricotômica, depreende-se pelo
sistema constitucional tributário erigido a partir de 1988, haver outras espécies de
exações que possuem natureza jurídica tributária.
→ A doutrina não é unânime quanto ao número classificatório ideal, ora adota a teoria
quinquipartite (contribuições especiais e empréstimos compulsórios).
Parafiscalidade = são aqueles que possuem como função arrecadar para entidades
que atuam paralelamente ao Estado. Esses tributos (contribuições especiais) podem
estar presentes em atividades prestadas por instituições privadas como SESC e
SENAI.
→ DE ACORDO COM A REPERCUSSÃO
Diretos = são aqueles que incidem diretamente sobre a pessoa (física ou jurídica). Esse
imposto segue o princípio da proporcionalidade: quanto maior a renda, maior será o
valor do imposto. Um bom exemplo é o IR (Imposto de Renda).
O imposto direto não pode ser transferido a outra pessoa e está vinculado diretamente
ao CPF ou CNPJ do contribuinte. O IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) e o IPVA
(Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), o ITR (Imposto Territorial
Rural) são também exemplos desse tipo de tributo.
Indiretos = aquele aplicado sobre o serviço ou produto. Ele é indireto pelo fato de não
considerar a renda de uma pessoa, mas sim quanto ela consome. O ISS (Imposto sobre
Serviços) , o ICMS, o IPI, a Cofins, etc.
→ DE ACORDO COM O ÍNDICE DE MEDIÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA
6. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com declaração de inconstitucionalidade dos arts. 34,
XXIII, e 37, §2º, da Lei 8.906/1994.
(RE 647885, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2020, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-123 DIVULG 18-05-2020 PUBLIC 19-05-2020)
Contribuições corporativas
Anuidade devida à OAB é tributo?
O artigo 6º, inciso I da Lei 12.514/11 garante para profissionais de nível superior o valor da
anuidade até R$ 500,00. No entanto, esse valor não é fixo, devendo ser reajustado de acordo
com a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pela Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou pelo índice oficial que venha a substituí-
lo. Pelo INPC atual, o valor da anuidade corrigido segundo cálculo feito pelo site do Banco
Central do Brasil é de R$ 923,69.
A Suprema Corte no julgamento da ADI 3026, já reconheceu que a OAB possui duas funções:
corporativa e institucional. O processo agora está concluso para julgamento do relator, ministro
Alexandre de Moraes.
https://www.focus.jor.br/anuidade-da-oab-deve-ser-limitada-a-r-50000-defende-procurador-geral-da-
republica/#:~:text=O%20artigo%206%C2%BA%2C%20inciso%20I,at%C3%A9%20R%24%20500%2C00.
→ Imposto
→É uma modalidade de tributo que tem por hipótese de incidência um fato qualquer,
não consistente numa atuação estatal. É o imposto, um tributo não vinculado a uma
atuação estatal (art. 16, CTN).
→Sempre tem por hipótese de incidência ou um comportamento do contribuinte, ou
uma situação jurídica na qual ele se encontra.
→O imposto nunca nasce de uma atuação estatal, referida ao obrigado, mas, sempre,
de um fato qualquer, que não envolva contraprestação estatal. A prestação
patrimonial do contribuinte do imposto é unilateral e não bilateral, porque não faz
nascer, para a entidade tributante, qualquer dever específico de efetuar uma
contraprestação.
→Sua definição está contida no artigo 16 do CTN: Imposto é o tributo cuja obrigação
tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte.
→ Conforme a diretriz traçada pelo artigo 167, inciso IV, da Lei Maior, os impostos não
podem ter suas receitas vinculadas a despesas, órgãos ou fundos, salvo as exceções
previstas expressamente na própria Constituição Federal, que não podem ser
ampliadas pelo legislador ordinário, a saber:
São tributos vinculados a uma atuação estatal. Apresentam na hipótese da norma, a descrição de um
fato revelador de uma atividade estatal, direta e especificamente dirigida ao contribuinte.
Há duas espécies de taxas no direito positivo brasileiro: a) cobradas pela prestação de serviços
públicos específicos e divisíveis, b) cobradas em razão do exercício do poder de polícia.
a) Art. 77 do CTN. Os serviços poderão ser efetiva ou potencialmente prestados ao contribuinte, ou
postos à sua disposição, e não podem ter hipótese de incidência e base imponível igual à dos
impostos. Esta também é a expressão do artigo 145, § 2º, da CF.
b) Art. 78 do CTN. Poder de polícia é a atividade da Administração Pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene,
à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do
processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem
abuso ou desvio de poder.
ATENÇÃO!
→O Estado deve remunerar-se pelos serviços públicos que presta ou pelos atos de polícia que realiza
por meio de taxas. Nunca por meio de preços públicos, também chamados de tarifas ou preços.
→Enquanto os preços (tarifas) são regidos pelo direito privado, as taxas obedecem ao regime jurídico
público.
→A taxa de serviço deve ter por base de cálculo o custo, ainda que aproximado, do serviço público
prestado ou posto à disposição do contribuinte.
Exemplos de tarifas: a tarifa postal, de transportes, telefônica, de gás, de fornecimento de água, esgoto e
outras.
Exemplo de taxas: alvarás, emissão de documentos, etc.
→Contribuição de melhoria
Ora revestem-se como impostos, ora como taxas. Mas são entidades tributárias. Contribuições sociais,
contribuições previdenciárias, contribuições classistas ou corporativas, contribuições de intervenção no
domínio econômico (art. 149 CTN).
→Empréstimos compulsórios
A matéria vem tratada no artigo 148 e é de competência exclusiva da União Federal, devendo ser
exercida mediante lei complementar. Tem índole tributária, vez que satisfaz as cláusulas que compõem a
redação do artigo 3º do CTN, de nada importando o plus representado pela necessidade de restituição,
ínsita ao conceito de empréstimo, pois o nome e o destino nada importam para definir a natureza (art. 4º
CTN). É um tributo restituível. São verdadeiros tributos, sujeitos ao regime jurídico tributário.
A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que
fundamentou sua instituição.
Competência Tributária
→A competência tributária é uma das parcelas entre as prerrogativas legiferantes de que são portadoras
as pessoas políticas, consubstanciada na faculdade de legislar para a produção de normas jurídicas
sobre tributos.
→A capacidade tributária ativa, por sua vez, consiste na atividade de arrecadar e fiscalizar tributos. Tem
como principais características o fato de ser delegável a outras pessoas jurídicas de Direito Público
(autarquias profissionais), transferível para outra entidade política e precária, pois sua delegação pode
ser revogada a qualquer tempo, conforme preceitua o artigo 7º do Código Tributário Nacional.
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar
tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida
por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
Competência Tributária
→Competência tributária: Cada uma das pessoas políticas em nosso País não possui poder tributário
(manifestação do jus imperium do Estado), mas, sim, competência tributária (manifestação da
autonomia da pessoa política e, assim, sujeita ao ordenamento jurídico-constitucional).
→A competência tributária caracteriza-se pela privatividade, indelegabilidade, incaducabilidade,
inalterabilidade, irrenunciabilidade e facultatividade do exercício.
→Privativa, na medida em que a Constituição denota a competência tributária de cada pessoa política;
→Incaducável, posto que o seu não-exercício, mesmo que protraído no tempo, não tem o condão de
impedir que a pessoa política, a qualquer momento, crie os tributos que lhe foram constitucionalmente
deferidos (exceção: IPMF advindo da EC 3/93 tinha prazo para ser exercitável);
→Inalterável pela própria pessoa política que a detém;
→Irrenunciável, ou seja, não pode ser abdicada no todo ou em parte;
→Facultativa quanto ao seu exercício, lembrando-se que a não-utilização por uma pessoa política não
autoriza as demais a abarcá-la; e,
→Indelegável, o titular de uma competência, seja qual for, inclusive a tributária, não a pode transferir,
quer no todo, quer em parte, ainda que por meio de lei.
→ COMPETÊNCIA PRIVATIVA
Ela ocorre nos casos em que um ente federativo é o único com possibilidade de instituir determinado
tributo, não compartilhando essa faculdade com outros entes.
A competência privativa decorre da Constituição Federal, a qual elenca os tributos exclusivos que cada
ente pode instituir.
→ COMPETÊNCIA COMUM
No caso da competência tributária comum, existe o compartilhamento da aptidão de instituir tributos entre
dois ou mais entes federativos.
Ela se refere às taxas e contribuições de melhorias, que podem ser instituídas por todos os entes.
Nesta hipótese, se um Município e um Estado instituírem uma mesma taxa, por exemplo, deve-se buscar
respeitar o vínculo entre o serviço prestado ou a atividade exercida por cada ente, dentro de sua esfera de
atuação administrativa.
→ COMPETÊNCIA RESIDUAL
A competência residual diz respeito à possibilidade de a União instituir impostos não previstos na
Constituição Federal, desde que o faça mediante lei complementar. É o que prevê o art. 154, inciso I, da
CF:
I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
Assim, a competência é denominada como residual nos casos em que são criados impostos para
situações não previstas no momento da redação da Constituição Federal.
→ COMPETÊNCIA ESPECIAL
A competência tributária especial, por sua vez, diz respeito a situações especiais já previstas pela
Constituição Federal, quais sejam, as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios. Ela está
prevista nos artigos 148 e 149 da CF:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência;
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação
nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no
art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
Como se pode inferir da leitura desses artigos, tratam-se de situações específicas que poderão servir de
fato gerador para a instituição de tributos, como os casos de calamidade pública, para empréstimos
compulsórios, por exemplo.
→ COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA
Por fim, a competência extraordinária é aquela conferida à União, facultando-lhe a aptidão de instituir o
Imposto Extraordinário de Guerra (IEG).
Nessa hipótese, diante do seu teor extraordinário, a União poderá utilizar dessa competência para instituir
o IEG por meio de medida provisória, sendo que o mesmo é de caráter geral e não restituível.
→ COMPETÊNCIA CUMULATIVA
A competência tributária cumulativa se origina do art. 147 da Constituição Federal e se refere à aptidão
da União, de criar tributos em Territórios Federais, e à aptidão do Distrito Federal, de instituir os impostos
atribuídos à competência dos Estados e Municípios.
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for
dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos
municipais.
Cabe destacar que, embora uma leitura fria do artigo acima mencionado induz à ideia de que o Distrito
Federal somente possa instituir impostos municipais, tal ideia é refutada, uma vez que o DF não pode ser
subdividido em municípios.
Assim, esse ente assume uma natureza peculiar, podendo estipular tributos de abrangência estadual e
municipal, conforme já abordado anteriormente neste artigo.
Admita que, em 2016, foi criado um Território Federal no Brasil, dividido em municípios. Joaquim reside
nesse Território e recebeu da União, no presente ano, uma guia para o pagamento do Imposto sobre a
Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) do seu imóvel. Na semana seguinte, recebeu também
uma guia do município em que mora. Levando em conta a situação descrita, assinale a afirmativa correta.
C) Tanto o Estado, onde se localiza o Território, quanto o Município seriam competentes para exigir o
IPTU.
D) Tanto a União quanto o Município em que Joaquim reside seriam competentes para exigir o IPTU.
ESTADOS E DISTRITO FEDERAL (art. 155 – CF)
• Impostos
Transmissão causa mortis e doações (ITCD)
Operações relativas à circulação de mercadorias e prestação de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS)
Propriedade de veículos automotores (IPVA)
• Impostos
Propriedade territorial urbana (IPTU)
Transmissão inter-vivos (ITBI)
Serviços de qualquer natureza, exceto os previstos no art. 155 – CF (ISSQN)
• Impostos
Importação de produtos estrangeiros (II)
Exportação (IE)
Renda e proventos de qualquer natureza (IR)
Produtos industrializados (IPI)
Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos e valores mobiliários (IOF)
Propriedade territorial rural (ITR)
Grandes fortunas
Outros impostos não previstos na CF
• Contribuições Sociais
Folha de salários e demais rendimentos do trabalho
Receita e faturamento (PIS/COFINS)
Lucro (CSLL)
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
→O art. 150 da CF impõe limites ao poder do Estado em matéria tributária por meio do
estabelecimento de princípios.
• Legalidade
• Isonomia
• Irretroatividade
• Anterioridade
• É vedado exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Para o direito tributário
o imperativo da legalidade ganha feição mais severa pela expressa dicção do artigo
150, I da CF.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
• O aumento de tributo pode se dar não apenas pelo aumento da alíquota, mas
também pela ampliação da sua base de cálculo.
* Para o direito tributário o imperativo da legalidade ganha feição mais severa pela
expressa dicção do artigo 150, I da CF.
O Estado Alfa, no ano de 2022, pretende conceder uma isenção temporária de ICMS
com duração de 1 ano em favor de setor econômico, que foi fortemente afetado pelo
isolamento social decorrente da pandemia da Covid19. Por isso, o Secretário de
Fazenda do Estado Alfa levou a questão ao Conselho Nacional de Política Fazendária
(CONFAZ), para que fosse deliberada pelos demais Estados e Distrito Federal a
autorização para tal concessão de isenção. O CONFAZ, em deliberação unânime,
autorizou mediante convênio tal concessão. Em razão disto, o Governador do Estado
Alfa publicou Decreto concedendo tal isenção com efeitos imediatos. Diante desse
cenário, responda aos itens a seguir.
B) Tal concessão de isenção de ICMS, após autorização pelo CONFAZ, por meio de
Decreto do Governador, viola o princípio da legalidade tributária?
B) Sim, viola. Embora presente a autorização para concessão desta isenção mediante
convênio do CONFAZ, as isenções somente podem ser concedidas efetivamente por
meio de lei específica do ente instituidor do tributo, cf. Art. 150, § 6º, da CRFB/88 ou
Art. 176, caput, do CTN ou Art. 97, inciso VI, do CTN.
• Tributos diretos = incidem sobre a propriedade (conforme o valor da propriedade) e a renda (conforme
a faixa de renda).
Ex.: IPTU, IPVA, IRPF, IRPJ, etc.
• Tributos indiretos = incidem sobre a produção e a venda de bens ou serviços, compondo o seu preço
de venda, conforme o princípio da essencialidade (obrigatório no IPI e facultativo no ICMS).
Ex: alimentos sofrem pouca tributação; enquanto cigarros, perfumes e cosméticos são tributados com
alíquotas mais altas.
Irretroatividade
* As leis não podem retroagir, alcançando o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada.
• É vedado cobrar tributos cujos fatos geradores tenham ocorrido antes do início da
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou
aumentado;
* Previsto no artigo 150, III, “a” da CF, protege o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada, impossibilitando as entidades tributantes atinjam fatos passados, já
consumados no tempo, debaixo de plexos normativos segundo os quais os
administrados orientaram a direção de seus negócios. Pelo princípio, a lei tributária não
pode atingir fatos anteriores à sua vigência.
Anterioridade
• É vedado cobrar tributo no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou. Pela anterioridade (art. 150, III, “b”) o diploma legislativo deve ter eficácia somente no exercício
financeiro subsequente ao de sua publicação, ou seja, quando se pretenda efetuar a exigência/cobrança da
exação criada ou aumentada.
• Para ser cobrado num determinado exercício financeiro, a lei deverá ser promulgada até o final do exercício
anterior.
• Exceções:
Imposto de Importação, exportação, produtos industrializados e sobre operações financeiras.
Contribuições sociais (90 dias)
Art. 150. (...)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou,
observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
• Por que existem duas formas de anterioridade?
A) Tal concessão de uma isenção de ICMS, após autorização pelo CONFAZ, com
efeitos imediatos, viola o princípio da anterioridade tributária?
A) Não viola. A concessão de isenção, como modalidade de exclusão do crédito
tributário em que não há cobrança do tributo, não se submetem ao princípio da
anterioridade tributária, exigível apenas para quando se deseja cobrar tributos,
instituindo-os ou majorando-os, cf. Art. 150, inciso III, alíneas b e c, da CRFB/88.
Reserva de Lei Complementar
• A renúncia fiscal somente pode ocorrer por lei dentro das competências do ente
federativo (federal, estadual ou municipal).
• A LRF determina que, para cada renúncia de receita, deve haver outra fonte ou
recurso que compense a perda de arrecadação
Princípio da proibição de tributo com efeito de confisco:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover
o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
Princípio da não-discriminação tributária, em razão da
procedência ou do destino dos bens:
Significa que pessoas tributantes estão impedidas de graduar seus tributos, levando
em conta a região de origem dos bens ou o local para onde de destinem. Previsto no
artigo 152 da CF.
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer
diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua
procedência ou destino.
Princípio da Pecúnia Non Olet
→O fato gerador, que deve ser examinado de maneira direta e concreta, sem levar em consideração
fatores extrínsecos ao fato econômico descrito na norma jurídica tributária, em perfeito respeito à
isonomia tributária.
→Se o contribuinte pratica atividade ilícita, mas com cunho econômico descrito na norma jurídica
tributária, terá realizado o fato gerador e estará sujeito aos efeitos da incidência tributária, devendo,
por conseguinte, recolher tributos, pois os aspectos extrínsecos ao fato imponível não possuem
relevância jurídica.
Imunidade Tributária
Está prevista no artigo 150, VI, a, da CF e é uma decorrência pronta e imediata do postulado da
isonomia dos entes constitucionais, sustentado pela estrutura federativa do Estado brasileiro e pela
autonomia dos Municípios.
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes.
A IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO:
Estão imunes os templos de qualquer culto. Trata-se de reafirmação do princípio da liberdade de crença
e prática religiosa, que a Constituição prestigia no art. 5º, VI a VIII. Nenhum óbice há de ser criado para
impedir ou dificultar esse direito de todo cidadão. Deve prevalecer uma exegese bem larga, atentando-
se, apenas, para os fins específicos de sua utilização.
As pessoas tributantes são incompetentes para atingir com seus impostos, o patrimônio, a renda e os
serviços dos partidos políticos e das instituições de educação e de assistência social, observados os
requisitos da Lei (art. 150, VI, c).
Súmula Vinculante 52
Qualquer livro ou periódico, e bem assim o papel utilizado para sua impressão, sem restrições ou
reservas, estarão à margem dos anseios tributários do Estado, no que concerne aos impostos. De nada
vale arguir que a frequência da edição seja pequena, que o livro tenha características especiais, ou,
ainda, que o papel não seja o mais indicado para a impressão. Provado o destino que se lhe dê, haverá
a imunidade. Para essa hipótese, sendo uma disposição de eficácia plena e aplicabilidade imediata,
nada tem a lei que complementar.
É de imunidade a previsão do art. 153, § 4º, ao proclamar que o imposto territorial rural não incide sobre
pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que
não possua outro imóvel.
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não
possua outro imóvel;
Preceito imunizante também é aquele gravado no art. 153, § 3º, III, da CF: não incidirá sobre produtos
industrializados destinados ao exterior. Trata-se do imposto sobre produtos industrializados, de
competência exclusiva da União, uma vez que sobre o ICMS é o preceito do art. 155, X, a, que dispõe:
não incidirá sobre operações que destinem ao exterior produtos industrializados, excluídos os semi-
elaborados definidos em lei complementar.
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado
nas operações e prestações anteriores;
OUTRAS HIPÓTESES DE IMUNIDADE.
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado
nas operações e prestações anteriores;
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em
realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação,
cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente
for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;
VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA NO TEMPO
→ A própria lei pode trazer em seu bojo a data de início de sua vigência. Logo, a lei entra em vigor 45
dias depois de publicada, quando não trouxer a data de vigência de forma expressa em seu texto.
→ Há um período em que a lei existe, tem validade, mas não está, ainda, dotada de eficácia: trata-se
da vacatio legis.
A VIGÊNCIA E O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA
→ Toda lei que criar ou majorar tributos terá sua eficácia submetida ao princípio da anterioridade,
salvo as exceções constitucionalmente previstas (art. 150, § 1.º, da CF). Isso significa dizer que os
gravames somente poderão ser cobrados a partir do 1.º dia do ano seguinte ao da publicação da lei
(art. 150, III, b, da CF), além de respeitar o princípio da anterioridade nonagesimal (art. 150, III, c, da
CF): diferimento ou adiamento da eficácia do tributo.
→ Vigência não deve ser confundida com eficácia. Esta só ocorre no ano subsecutivo ao ano
daquela, quanto aos tributos em geral.
O art. 103 do CTN trata da data de vigência das chamadas “normas complementares”. Salvo
disposições em contrário, entram em vigor:
a) os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas, tais como portarias, ordens de
serviço, instruções normativas e circulares, na data da respectiva publicação;
b) as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua
eficácia normativa, 30 dias após a data de sua publicação;
c) os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na data
neles prevista.
No caso de ausência da previsão anteriormente citada na alínea “c”, o início de vigência do convênio
deve ocorrer no prazo de 45 dias após sua publicação oficial (LINDB).
VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA NO ESPAÇO
→ A legislação tributária vale, em princípio, nos limites do território da pessoa jurídica que edita a
norma.
→ A norma pode, excepcionalmente, atingir contribuintes para além do campo territorial adstrito à
União, ao Município, ao Distrito Federal ou ao Estado, como previsto no art. 102 do CTN.
Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora
dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que
participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.
APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
→ “Vigente” é a norma que está pronta para incidir e, em tese, “aplicável” é a lei que, por ser vigente à
época do fato, já incidiu.
→ Uma lei só deve ser aplicada aos fatos posteriores ao início de sua vigência, atendendo-se ao
princípio da irretroatividade tributária (art. 150, III, a, da CF).
→ Essa regra não é de todo absoluta, pois há leis que se aplicam a fatos pretéritos. Leis de efeito
retroativo (lei que oferta multa mais benéfica, quando deixe de defini-lo como infração, por
exemplo), conforme os incs. I e II do art. 106 do CTN.
A APLICAÇÃO DA NOVA LEI TRIBUTÁRIA AOS FATOS PENDENTES
→ De acordo com o art. 105 do CTN, a legislação nova aplica-se aos fatos geradores pendentes
→ Fatos geradores pendentes são aqueles cuja consumação implica uma sequência de atos,
sequência essa que já teve início, mas ainda não se completou quando a lei entrou em vigor: uma
primeira parte foi praticada sob a égide da lei velha, e uma segunda parte se aperfeiçoará sob o
manto da lei nova.
Ex.: IPVA, cujo fato gerador se perfaz anualmente: durante o ano de sua ocorrência, o fato gerador
desse imposto é pendente.
A RETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA
→ O art. 106 do CTN dispõe que subsistem duas exceções à regra geral de irretroatividade da
aplicação da legislação tributária:
→ A lei interpretativa, em regra, interpreta outra lei, vigente antes da ocorrência do fato gerador. O alvo
da lei interpretativa é a norma obscura, dúbia, que demanda uma análise explicitativa, a fim de que o
seu sentido se torne claro.
→ A lei interpretativa não pode inovar, mas apenas interpretar uma norma já existente.
INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
→ A diferença entre “lei” e “legislação”, nos termos do art. 96 do CTN: “A expressão ‘legislação
tributária’ compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas
complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes”.
→ A palavra “lei” é empregada em sentido restrito, a palavra “legislação” tem o significado abrangente.
Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária
utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I - a analogia;
IV - a equidade.
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.
(A) É válida a exigência deste imposto, uma vez que as bicicletas elétricas se enquadram no conceito de
veículo automotor por analogia.
(B) Está dentro da competência estadual a tributação sobre a propriedade de bicicletas elétricas.
(C) Tal tributação por analogia envolvendo bicicletas elétricas é vedada no ordenamento jurídico
nacional.
(D) A exigência deste imposto sobre bicicletas elétricas dependeria da edição de um decreto, cuja
competência é privativa do Governador.
→ A interpretação de uma lei pode ser obtida de várias maneiras:
a) a fonte;
b) os meios adequados para sua exegese;
c) os resultados da exegese.
→ No que se refere à fonte da lei, a interpretação pode ser autêntica, jurisprudencial ou doutrinária.
→ Quanto aos meios adequados a interpretação poderá se pautar em vários métodos: aspectos de
cunho gramatical, histórico ou teleológico.
→ No que tange aos resultados da exegese, a interpretação pode ser: declarativa, extensiva ou
ampliativa, restritiva ou literal.
UTILIZAÇÃO DE PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PRIVADO
→ Redação encontrada no art. 109 do CTN, dá a entender que a lei tributária pode se utilizar de
conceitos oriundos de outras áreas do Direito Privado, sem os explicar, para fins de definição,
elucidação de conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas.
Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do
conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos
respectivos efeitos tributários.
→ Os atos jurídicos praticados pelo contribuinte, referentes a institutos do Direito Privado (por
exemplo, a doação de bens, o que é, aliás, alvo do ITCMD), serão conceituados pelo próprio Direito
Privado, mas os efeitos tributários ligados ao instituto serão oriundos tão somente da lei tributária.
→ O art. 110 do CTN dispõe sobre o atendimento pelo intérprete da hierarquia das leis, não sendo da
competência do legislador ordinário a alteração de um conceito oriundo da Constituição. Portanto,
se a Constituição Federal menciona “mercadoria”, ao delinear a competência dos Estados e Distrito
Federal para criar e exigir o ICMS, o conceito de mercadoria não poderá ser alterado com o fito de
burlar a regra constitucional da competência tributária.
INTERPRETAÇÃO LITERAL
→ A interpretação literal leva à aplicação do método “restritivo” de exegese. Tal método hermenêutico
é contrário à interpretação ampliativa, não se permitindo a incidência da lei “além” da fórmula ou
hipótese expressas em seu bojo.
INTERPRETAÇÃO BENIGNA
“A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais
favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
I – à capitulação legal do fato;
II – à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos;
III – à autoria, imputabilidade ou punibilidade;
IV – à natureza da penalidade aplicável ou à sua graduação”.
→ IN DUBIO PRO REO – na seara do Direito Tributário. É a “retroatividade benigna”, que faz menção
à “dúvida”, jamais à “ignorância ou desconhecimento” da lei, fato ou autor. Diante da menor dúvida
acerca das hipóteses citadas, não se deve aplicar a punição, mas a interpretação mais favorável.
INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
A integração da Legislação Tributária é para quando em um caso concreto não existe regra jurídica
prevista, obrigando os aplicadores do direito a preencher o campo com a lacuna
“Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará
sucessivamente, na ordem indicada:
I – a analogia;
II – os princípios gerais do direito tributário;
III – os princípios gerais de direito público;
IV – a equidade”.
→ Verifica-se que há uma ordem de preferência a ser seguida no uso dos meios ou instrumentos de
integração.
→ Frise-se que o emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei,
enquanto o emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido:
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.
§ 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido.
Analogia
→ É forma de integração legal por comparação entre casos similares ou análogos, ou seja, aplica-se o
método analógico pela semelhança de situações. A analogia objetiva acobertar as lacunas legais, na
tentativa de regular, de maneira semelhante, os fatos semelhantes.
→ Em Direito Tributário, não se aplica a analogia em relação aos elementos constitutivos da obrigação
tributária, componentes taxativos da lei, sob pena de ferir o princípio da legalidade tributária.
→ Caso seja infrutífera a utilização do recurso analógico, o intérprete deve utilizar, de maneira imediata
e sucessiva, conforme o inc. II do art. 108 do CTN, os princípios gerais de Direito Tributário.
→ A Constituição prevê expressamente diversos princípios, estudados no Capítulo I deste livro (arts. 150
e 151 da CF).
Princípios gerais de Direito Público
→ São exemplos de princípios gerais do Direito Público o princípio da ampla defesa e do contraditório, o
princípio da moralidade administrativa, o princípio da presunção de inocência, entre outros.
Equidade
→ A equidade é a mitigação do rigor da lei. Por ela se faz um abrandamento legal no intuito de realizar a
sua adequação ao caso concreto. A equidade permite que se humanize a aplicação da norma e se
utilize o critério de “justiça ao caso concreto”, pautando-se o aplicador da lei pelo “senso geral de
justiça”.
→ O emprego da equidade não pode, de forma nenhuma, implicar dispensa do tributo. Como o gravame
é instituído por lei, e não por recurso analógico, a sua dispensa, da mesma maneira, deve estar ligada à
lei, em abono ao princípio da estrita legalidade.
Decretado estado de calamidade pública financeira, o Presidente da República edita
Medida Provisória (MP), instituindo, temporariamente, imposto extraordinário, incidente
sobre os serviços de qualquer natureza, a ser suprimido, gradativamente, no prazo
máximo de 5 (cinco) anos. Em seu último parágrafo, a MP prevê que entra em vigor e
passa a gerar efeitos a partir da sua publicação, o que se dá em 20/12/2019.
Assinale a opção que apresenta o vício da referida Medida Provisória, tal como editada.
A) O Empréstimo Compulsório não pode ser instituído para atender às despesas extraordinárias
decorrentes de calamidade pública.
B) O Empréstimo Compulsório deve ser instituído por meio de Lei Complementar, sendo vedado pela
CRFB/88 que Medida Provisória trate desse assunto.
C) Nenhum tributo pode ser instituído por meio de Medida Provisória.
D) A União pode instituir Empréstimo Compulsório para atender às despesas decorrentes de calamidade
pública, sendo possível, diante da situação de relevância e urgência, a edição de Medida Provisória com
esse propósito.
A RELAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA
→ Denomina-se hipótese de incidência o momento abstrato escolhido pelo legislador em que um fato da
vida real dará ensejo ao fenômeno jurídico tributário. Exemplos: circular mercadorias; transmitir bens;
prestar serviços etc.
FATO GERADOR
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
→ O objeto poderá se materializar na chamada obrigação principal, se for pecuniária, indicadora de uma
“obrigação de dar”. Ela está prevista no § 1.º do art. 113 do CTN. É a prestação que representa o ato de
pagar (tributo ou multa).
→ O objeto poderá se materializar na intitulada obrigação acessória, se for instrumental (não pecuniária),
indicadora de “obrigação de fazer ou de não fazer”. Ela está prevista no § 2.º do art. 113 do CTN.
→ A obrigação acessória é a prestação positiva ou negativa, que se desdobra em atos de fazer ou de não
fazer, sem caráter de patrimonialidade e dotados do viés de instrumentalidade. Exemplos: a
obrigatoriedade de emitir notas fiscais, entregar declarações etc.
Causa
→ A causa é o vínculo jurídico que motiva a ligação jurídico-obrigacional entre os sujeitos ativo e passivo.
A causa pode residir na lei tributária (art. 114 do CTN) ou na legislação tributária (art. 115 do CTN).
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à
sua ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação
aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
Conceito de Obrigação (aspectos civis e tributários)
→O conceito de obrigação, de acordo com o Direito Civil (direito privado), é o de uma relação jurídica
entre duas partes – credor (titular de um direito de exigir um comportamento) e devedor (tem o dever
jurídico de dar, fazer ou não fazer) – na qual ambas se obrigam a uma prestação (objeto da obrigação),
assim, o credor tem o poder de exigir o objeto da obrigação, e o devedor tem o dever de prestá-lo.
→No direito público, as relações jurídicas obrigacionais também se verificam presentes de forma
corriqueira, como ocorre no direito privado.
→A obrigação tributária é uma obrigação de direito público, visto que um dos polos da relação é ocupado
pelo Estado (ou por entidade a que a lei atribua à condição de sujeito ativo), no exercício da soberania
e, em decorrência disso, o crédito tributário é indisponível para a Administração Pública.
→A obrigação tributária é composta por quatro elementos:
(i) a pessoa jurídica de direito público competente para instituir tributos (sujeito ativo/credor);
(ii) a pessoa física ou jurídica obrigada por lei ao cumprimento da prestação tributária, denominada
contribuinte ou responsável (sujeito passivo/devedor);
(iii) o cumprimento de uma prestação positiva ou negativa determinada por lei (objeto/prestação) e;
(iv) a lei, em razão do princípio da legalidade tributária, pelo que a vontade jurídica dos indivíduos é
inapta para criá-la (causa/fonte).
Conceito de Obrigação (aspectos civis e tributários)
→Pode-se afirmar que a obrigação tributária traduz um poder jurídico por meio do qual o Estado (sujeito
ativo) pode exigir de um particular (sujeito passivo) uma prestação positiva ou negativa (objeto da
obrigação), nas condições definidas pela lei tributária (causa da obrigação).
→Nos termos do caput do art. 113, do CTN, a obrigação tributária pode ser principal ou acessória. O
Código Tributário Nacional distingue as duas espécies de obrigação tributária da seguinte forma: a
obrigação de conteúdo pecuniário como a principal, sendo a obrigação acessória, portanto, aquela
destituída de tal conteúdo (positiva/negativa = fazer ou deixar de fazer = deveres burocráticos)
→ A obrigação principal e a obrigação acessória derivam da legislação tributária. Contudo o princípio da
legalidade lhes condiciona a previsão normativa de diferente hierarquia constitucional. Enquanto a
obrigação principal exige que seu pressuposto de fato esteja descrito na lei, formal e material, a
obrigação tributária acessória, a teor do que prevê o artigo 115 do CTN, nasce de situação prevista na
legislação, podendo estar prevista também nas normas complementares infralegais a que se refere o
artigo 100 do CTN.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável,
impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos
decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua
eficácia normativa;
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
→A ocorrência do fato gerador do tributo faz surgir a obrigação principal que, é importante frisar, trata-se
da relação jurídica de maior relevo no Direito Tributário, pois importa no pagamento do tributo. É
situação definida em lei, ou seja, é matéria compreendida na reserva legal.
→ De se notar que o § 3º do mesmo art. 113 do CTN preceitua que “a obrigação acessória, pelo simples
fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária”.
→ Em verdade, a obrigação acessória não está relacionada diretamente, nem com o pagamento do
tributo, nem com o pagamento da penalidade pecuniária, mas sim com as obrigações de fazer (v.g.
emitir nota fiscal; escriturar um livro ou inscrever-se no cadastro de contribuintes), não fazer (v.g. não
inutilizar os documentos e livros fiscais antes do prazo legal ou não receber mercadoria sem a
documentação legalmente exigida) e tolerar (v.g. submeter-se à fiscalização tributária).
→É princípio básico do Direito Civil aquele segundo o qual a obrigação acessória segue a sorte da
principal. Porém, esse brocardo não se aplica inteiramente ao Direito Tributário, visto que a obrigação
acessória pode existir independentemente da obrigação principal.
→ Um ponto de relevância do assunto ora versado é perquirir, nas hipóteses em que o dever
instrumental não vier a ser cumprido, se a multa imposta terá natureza tributária. Outra não pode ser a
resposta, senão em sentido negativo, porquanto a multa se cuida de sanção, que não é tributo, como
nos esclarece o art. 3 o , do CTN. Desta forma, a obrigação instrumental não se confunde com o dever
de pagar tributo.
Hipótese de Incidência/Fato Gerador e Seus Aspectos
→Amílcar de Araújo Falcão (doutrina minoritária) conceitua fato gerador como o fato, conjunto de fatos,
ou estado de fatos a que o legislador vincula o nascimento da obrigação tributária de pagar o tributo
determinado, ou seja, o fato gerador da obrigação tributária é uma circunstância na vida do
contribuinte eleita pela lei, apta a gerar uma obrigação tributária.
→Sob a égide do pensamento de Luiz Emygdio Rosa Jr., fato gerador da obrigação principal “é a
situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Assim, a lei refere-se de
forma genérica e abstrata a uma situação como hipótese de incidência do tributo, correspondendo à
obrigação tributária abstrata”.
→ Para Ricardo Lobo Torres, “fato gerador é a circunstância da vida – representada por um fato, ato ou
situação jurídica – que, definida em lei, dá nascimento à obrigação tributária”.
A) Aspecto Material
É o “núcleo” ou “materialidade” do fato gerador, que é a própria situação fática, descrita pelo legislador,
apta a gerar a obrigação tributária. Normalmente, vem expresso por um verbo e um complemento (v.g.
“auferir renda”, “adquirir imóvel”).
O núcleo do fato gerador são as situações que a lei elege como aptas a gerar a incidência do tributo. A
compra e venda de imóvel é uma situação apta a gerar o pagamento do Imposto sobre Transmissão
intervivos (ITBI). Da mesma forma, a propriedade de um imóvel localizado em área urbana de
determinado município é situação apta a gerar o pagamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e
Territorial Urbana (IPTU).
B) Aspecto Subjetivo
Tal aspecto está representado pelos sujeitos ativo e passivo. O primeiro é o credor da obrigação
tributária, enquanto o segundo é o devedor. O sujeito passivo, por sua vez, se subdivide em contribuinte
e responsável tributário.
C) Aspecto Espacial
Trata-se do lugar onde ocorre o fato gerador, de acordo com o âmbito espacial da lei. Tal aspecto se
mostra relevante para a determinação de qual o ente da federação será o competente para proceder a
tributação. A correta delimitação do aspecto espacial do fato gerador pode dirimir eventuais conflitos, por
exemplo, entre municípios que se julguem competentes para cobrar o ISS (Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza) incidente sobre a prestação de determinado serviço de informática.
D) Aspecto Temporal
Diz respeito ao momento em que ocorre o fato gerador. Trata-se de aspecto importante para a
identificação sobre qual será a lei que vai reger determinado fato, ou seja, é importante para solucionar
os eventuais conflitos de leis no tempo, principalmente com relação ao princípio da anterioridade
tributária. Quanto ao aspecto temporal, existem 3 (três) tipos de fatos geradores: (a) fato gerador
instantâneo; (b) fato gerador periódico ou complexivo, e (c) fato gerador continuado.
(a) Fato gerador instantâneo: um único fato ocorre em certo momento do tempo e nele se esgota
totalmente (v.g. a importação de certo bem – no II, a transmissão de um imóvel – no ITBI). Para cada fato
gerador que se realiza, surge uma obrigação de pagar tributo.
(b) Fato gerador periódico ou complexivo: abrange diversos fatos isolados que ocorrem em determinado
espaço de tempo. Estes fatos, somados, aperfeiçoam o fato gerador do tributo. O fato gerador será a
soma de todos os fatos que ocorreram em um determinado período de tempo.
O IR (Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza) é um exemplo de fato gerador
periódico, pois inclui a soma de vários fatos que ocorreram em um determinado período durante o qual o
contribuinte auferiu renda, aptos a gerar o pagamento do imposto. Mas deve-se atentar para a
circunstância de que o desconto em folha do imposto sobre a renda na fonte não é pagamento de
imposto, e sim antecipação do pagamento do tributo. O fato gerador vai se aperfeiçoar no decorrer do
ano, quando se faz a declaração de ajuste anual. Nesse momento, verificar-se-á tudo o que foi pago
antecipadamente e, então, será constatado se há tributo a pagar, a restituir ou se foram zeradas as
contas com o governo.
(c) Fato gerador continuado: ocorre quando a situação do contribuinte se mantém no tempo, mas a
apuração do imposto é mensurada em cortes temporais. Assim, pelo fato de ser determinado e
quantificado em certo momento do tempo, assemelha-se ao fato gerador instantâneo, porém aproxima-
se do fato gerador periódico ao incidir por períodos de tempo. (v.g. IPTU)
E) Aspecto Quantitativo
Fixa o valor da obrigação tributária – o quantum debeatur. Existem dois elementos na fixação da
obrigação tributária: a base de cálculo e a alíquota. Base de cálculo: é a expressão legal e econômica do
fato gerador. É a grandeza sobre a qual incide a alíquota.
Algumas bases de cálculo se confundem com o próprio fato gerador do tributo, como é o caso do
Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, em que o fato gerador é a renda e, também,
a sua base de cálculo. Então, há uma correspondência entre a base de cálculo e o fato gerador, sendo
que essa correspondência não é obrigatória.
Deve-se acrescentar que os tributos fixos não têm base de cálculo, porque a sua quantificação está
previamente definida na lei, ou seja, aquelas hipóteses em que o valor do tributo é fixado pela própria
previsão normativa, não havendo nem base de cálculo, nem alíquotas individualizadas, sendo exemplo
claro o ISS incidente sobre os serviços prestados por profissionais liberais.
A base imponível, por seu turno, mede e confere determinado fato praticado pelo sujeito passivo. Assim,
numa dada operação, o legislador pode eleger como base imponível a medida da operação (litros,
metros, etc.) ou o seu valor (“x” Reais). Podendo ser a base imponível de duas espécies distintas: (a)
mensurada em dinheiro ou (b) técnica.
(a) Base imponível em dinheiro: é a base de cálculo comum (hodierna) e está sempre relacionada à
alíquota ad valorem (expressa em percentual). Assim, para que se possa, por exemplo, calcular o valor
do IPTU, deve-se determinar o valor venal do imóvel (base de cálculo expressa em dinheiro) e multiplicá-
lo por uma alíquota de “x” % (por cento).
(b) Base imponível técnica: é uma unidade de medida qualquer que não seja dinheiro. A unidade de
medida existe porque em certos tributos é mais fácil e seguro para o ente tributante o controle da
quantidade do que o controle do valor de determinada operação. A tributação com base no controle da
atividade é muito comum na área petrolífera.
Sobre a unidade de medida incide uma alíquota específica, que normalmente é um valor fixo em
dinheiro. Suponha-se, portanto, que o II (Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros) sobre o
aço seja de R$ 100,00 (cem reais) por tonelada. A tonelada será a base de cálculo técnica e os R$
100,00 (cem reais) serão a alíquota específica. Portanto, a alíquota específica é sempre referente a uma
base de cálculo técnica.
Alíquota: é a fração ou quota estabelecida na lei a que o Estado faz jus sobre o fato jurídico tributário
(base de cálculo). Via de regra, a determinação do montante do tributo devido depende da aplicação da
alíquota sobre a base de cálculo.
(a) A alíquota ad valorem se expressa sobre a forma de percentual e incide sobre base de valor (v.g.
preço de arrematação, de venda, de serviço, etc.).
(b) A alíquota específica, por sua vez, é utilizada quando o legislador define a base de cálculo por outro
critério diferente da pecúnia. Ou seja, é um quantum fixo ou variável (expressão monetária) incidente
sobre determinada unidade de medida (base imponível), não monetária, previamente fixada pela lei
tributária (v.g. litro para o caso dos combustíveis e das bebidas; metro para a hipótese da fabricação de
tecidos; peso, etc.).
ASPECTOS DA HI CARACTERIZAÇÃO
Pelo esquema podemos perceber que o ANTECEDENTE (HIPÓTESE) da RMIT é composto pelos critérios material, espacial e
temporal; e o CONSEQUENTE, pelos critérios pessoal e quantitativo.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO
→ O crédito tributário (art. 139 do CTN) torna-se exigível a partir do lançamento tributário, que é o ato
administrativo pelo qual se dá exigibilidade à obrigação tributária, quantificando-a (quantum debeatur)
e qualificando-a (an debeatur). Neste momento, a relação jurídico-tributária passa a ser vista pelo
contribuinte como obrigação tributária e pelo Fisco como crédito tributário.
O LANÇAMENTO
→ Conceituado no art. 142 do CTN, é o ato por meio do qual se declara a obrigação tributária
proveniente do fato gerador, operando-se efeitos ex tunc, em total consonância com o princípio da
irretroatividade tributária. É o fato gerador que opera efeitos ex nunc.
→ O lançamento “constitui o crédito tributário”, o que lhe reveste da feição constitutiva do crédito.
Portanto, podemos considerar lançamento como um instrumento de natureza jurídica mista –
constitutivo (do lançamento) e declaratório (da obrigação tributária).
→ O lançamento é ato administrativo vinculado, não autoexecutório e privativo do Fisco, podendo haver,
em seu processamento, uma participação maior ou menor do contribuinte no ato de lançar. De acordo
com o CTN, são previstas as seguintes espécies de lançamento, em virtude da intensidade dessa
participação do contribuinte:
→ É aquele lançamento realizado pela autoridade fiscal que, dispondo de dados suficientes em seus
registros para efetuar a cobrança da exação, constitui o crédito tributário dispensando o auxílio do
contribuinte. É também conhecido como lançamento de ofício ou ex officio.
Exemplos: IPTU (lançamento de ofício, por excelência), IPVA, taxas e contribuição de melhoria.
LANÇAMENTO MISTO OU “POR DECLARAÇÃO”
→ Nessa espécie, o Fisco constitui o crédito tributário a partir de informações fornecidas pelo
contribuinte por meio de declaração, sem as quais o lançamento ficaria prejudicado.
Exemplos: ICMS, IR, IPI, PIS, COFINS, CSLL, entre tantos outros tributos, representando o maior
volume de arrecadação.
Responsabilidade Tributária
→ A matéria referente à responsabilidade tributária está prevista nos arts. 128 a 135, do CTN. De acordo
com o art. 128 do referido diploma:
[...] a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa,
vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou
atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
→ A figura do responsável é espécie do gênero sujeito passivo da obrigação tributária, sendo aquele
que, sem revestir a condição de contribuinte, possui obrigação decorrente de disposição expressa de lei
(art. 121, parágrafo único, II, CTN). Ao contrário do contribuinte, que realiza concretamente o fato
gerador da obrigação principal (sujeito passivo direto), o responsável é aquele que de alguma forma está
relacionado à situação que constitui o fato gerador (sujeito passivo indireto).
→De acordo com Luciano Amaro “esse personagem (que não é o contribuinte, nem, obviamente, ocupa o
lugar do credor) é um terceiro, que não participa do binômio Fisco-contribuinte”. Ou seja, é elegível como
sujeito passivo à vista de um liame indireto com o fato gerador.
→ A caracterização da responsabilidade tributária referente ao sujeito passivo indireto (art. 128 do CTN). Este
poderá ser:
a) Responsabilidade por substituição: o responsável ou substituto ocupa o lugar do contribuinte já a partir
do fato gerador, despontando como sujeito passivo desde o implemento da obrigação tributária;
b) Responsabilidade por transferência: o responsável ocupa o lugar do contribuinte após a ocorrência do fato
gerador, ou seja, há um fato que se dá posteriormente ao surgimento da obrigação e acarreta a transferência
da sujeição passiva para um terceiro.
→ Na responsabilidade por substituição, a lei prevê que, desde a ocorrência do fato gerador, a obrigação
tributária deve ser cumprida pelo responsável.
→ A obrigação tributária já nasce com seu polo passivo ocupado por um substituto legal tributário. O
motivo de tamanha complexidade está em razões de ordem prática para otimizar a cobrança e a
fiscalização dos tributos, ou seja, é mais fácil cobrar do substituto. O fenômeno da substituição tributária
se dará no plano da norma, quando esta estabelece que o fato gerador ocorrerá em face do responsável.
→ Na substituição tributária não há, sequer, a figura da solidariedade. O substituto tributário, nessa
condição, tem uma dívida própria, ao invés de uma dívida alheia. Atua como se fosse o contribuinte. Ele
só não é contribuinte porque não realiza o fato gerador.
O art. 128, do CTN estabelece os três requisitos necessários para a substituição tributária:
1º – deve decorrer da lei, ou seja, deve haver previsão legal expressa de quem é o substituto e o
substituído;
2º – deve existir um liame jurídico ou econômico entre o substituto e o substituído;
3º – deve ser garantido o imediato direito de regresso do substituto em face do substituído. Daí a
necessidade da existência de uma relação jurídica ou econômica entre ambos.
Substituição tributária para trás
Produtor Indústria
Rural Produtos
primários
Emite Nota Recolhe o
Fiscal tributo na
entrada
Gera crédito
→ Existem duas correntes doutrinárias a respeito. Para a primeira corrente, defendida por Ricardo Lobo
Torres, a retenção na fonte é uma das formas de substituição tributária, por consistir na retenção, por
uma terceira pessoa vinculada ao fato gerador, do imposto devido pelo contribuinte.
Desta forma, o empregador seria o substituto e o empregado o substituído. De acordo com essa
corrente, quando o empregador retém o imposto e o recolhe ao Erário, o fato gerador “auferir renda” já
teria ocorrido. Assim, se teria uma substituição tributária para trás.
→ Contudo, a segunda corrente, defendida, dentre outros, por Sacha Calmon Navarro Coêlho, entende
que a retenção na fonte é mero dever instrumental imposto a terceiro, o qual tem a sua disposição
dinheiro pertencente ao contribuinte, em razão de relação extra-tributária.
De acordo com essa segunda corrente, os agentes retentores não são sujeitos passivos da relação
tributária, ou seja, não são contribuintes nem responsáveis, mas apenas agentes arrecadadores. Por
isso, não podem figurar no polo passivo da relação tributária.
Substituição tributária para frente
→ A base legal da substituição tributária para frente está no art. 150, §7º, da
CF. Trata-se de modalidade que foi positivada na Constituição Federal pela Emenda
Constitucional nº. 3/93.
Indústria Varejo
Consumidor
(Substituto) (Substituído)
→ A base legal da transferência por sucessão inter vivos está prevista nos arts. 130 e 131, I, do CTN. De
acordo com o art. 130, os créditos tributários relativos a impostos que tenham como fatos geradores a
propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, assim como os relativos a taxas pela prestação
de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos
respectivos adquirentes, a não ser que conste do título a prova de sua quitação, o que demonstra a
extinção da obrigação.
→ Exemplo: se Caio tem um imóvel com débito de IPTU referente aos anos de 2017 a 2020, e o vende
para Tício, o débito tributário vai passar para o último, que se sub-roga naquele débito, salvo se no título
constar a prova de quitação.
→ O parágrafo único do mesmo artigo 130, do CTN determina que a sub-rogação ocorra sobre o
respectivo preço, na hipótese de arrematação em hasta pública.
B) TRANSFERÊNCIA POR SUCESSÃO CAUSA MORTIS
→É fácil depreender que o dispositivo trata da sucessão causa mortis, pois estabelece que a
responsabilidade está limitada aos “tributos devidos pelo de cujus”, e às forças do quinhão ou meação
do cônjuge supérstite.
→ De acordo com o art. 132, caput, do CTN, quando a pessoa jurídica de direito privado resultar de fusão,
transformação em outra ou incorporação de outra, será responsável pelos tributos devidos até a data do ato, pelas
pessoas jurídicas de direito privado, fusionadas, transformadas ou incorporadas.
→ ATENÇÃO!!!! O parágrafo único do mesmo dispositivo determina que o caput do artigo se aplica aos casos de
extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por
qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma firma ou outra razão social, ou sob firma individual.
→O objetivo é evitar que a evasão fiscal ocorra por meio da mudança da roupagem societária da empresa.
→ A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de
comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e der continuidade à respectiva
exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responderá pelos
tributos relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato, na forma do que
preceitua o art. 133, CTN:
O art. 134 do CTN dispõe que, nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação
principal pelo contribuinte, responderão solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas
omissões de que forem responsáveis:
→A responsabilidade prevista no art. 134, do CTN é subsidiária e não solidária. Ou seja, o fato gerador
nasce em face do contribuinte, e, após sua ocorrência, a lei estabelece que outra pessoa passe a ser
responsável pelo tributo.
→ O parágrafo único do art. 134, por sua vez, determina que o dispositivo só será aplicável aos tributos
e às penalidades de caráter moratório. O que se visa é atribuir e determinar a responsabilidade pelo
pagamento da multa moratória, que decorre do não pagamento do tributo no prazo avençado. Assim, o
dispositivo não é aplicável às multas isoladas, que são aquelas relacionadas ao descumprimento de
obrigações de fazer, o que é totalmente diferente da obrigação de pagar tributo (obrigação de dar).
→ A multa isolada é visualizada, por exemplo, nas situações em que o contribuinte, apesar de não ter a
obrigação de pagar determinado tributo, tem o dever de apresentar determinada documentação. O
atraso na entrega de uma declaração de Imposto de Renda, por exemplo, ocasiona a incidência da
referida multa. Definitivamente, não é essa a hipótese de que trata o parágrafo único do art. 134, do
CTN.
Responsabilidade pessoal (art. 135, CTN)
→O art. 135, do CTN estabelece quem (infrator) está sujeito à responsabilidade pessoal e exclusiva,
vejamos:
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
I – as pessoas referidas no art. 134, do CTN (os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; os
tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; os administradores de
bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; o
síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; os tabeliães,
escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou
perante eles, em razão do seu ofício; os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.);
II – os mandatários, prepostos e empregados;
III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
→ A responsabilidade do agente será pessoal quando ocorrer infração à lei, ao contrato social ou
estatutos, ou quando o agente agir com excesso de poder ou infração legal.
→ No que se refere à tese da atribuição de responsabilidade pessoal e exclusiva dos indicados no art.
135, do CTN, tendo por consequência direta a exoneração da responsabilidade da pessoa jurídica, a
doutrina e a jurisprudência, em sua maioria, têm admitido que tal hipótese cuida, a rigor, de
responsabilidade solidária ou mesmo subsidiária.
→De fato, o STJ se manifesta nesse sentido, sendo possível compilar julgados que reconhecem não se
cuidar, o art. 135, III, do CTN, de responsabilização unicamente pessoal dos diretores, gerentes ou
representantes de pessoas jurídicas de direito privado:
Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária
independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos
do ato.
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o
caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela
autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.
Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer
procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.
DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO
→ É o lugar onde o sujeito passivo é chamado a cumprir seus deveres de ordem tributária.
Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da
legislação aplicável, considera-se como tal:
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o
centro habitual de sua atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em
relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade
tributante.
§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-
se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da
ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.
§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a
arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.
→O contribuinte elege o local de sua preferência. Caso o contribuinte não o eleja, os incs. I, II e III do
referido artigo deverão ser aplicados, na busca da solução. Atentar aos § § 1º e 2º.
CAUSAS DE SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO
I - moratória;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes.