Artigo - Projdetrad - 232 1 1205 1 10 20181104
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ARTIGOS
Resumo
O artigo que aqui se apresenta tem como principal objetivo explicitar a importância da gestão de
projetos de tradução e de localização na sociedade da informação e do conhecimento atual,
nomeadamente no que diz respeito às principais formas de os controlar em termos da qualidade, dos
custos e dos prazos. Este texto está dividido em duas partes principais. Na primeira parte será
apresentado um enquadramento teórico sobre os aspetos mais importantes na história da tradução. O
objetivo da segunda parte do artigo é justificar a necessidade de um gestor de projetos de tradução
nesta sociedade do século XXI e exemplificar algumas das suas principais funções. Em seguida
explicaremos os mecanismos essenciais para controlar um projeto de tradução: gestão de prazos
(Gráficos de GANTT e redes de PERT); gestão de custos (orçamentos) e indicadores de qualidade
(diretrizes ou caraterísticas para assegurar uma boa tradução).
Palavras-chave: Projetos de tradução, controlo de qualidade, controlo de custos, controlo de prazos
Abstract
The main objective of this article is to explain the importance of the management of translation and
localization projects in the current information and knowledge society, in particular with regard to the
main ways of controlling them in terms of quality, costs and deadlines. This text is divided into two
main parts. In the first part, a theoretical framework on the most important aspects in the history of
translation will be presented. The purpose of the second part of the article is to justify the need for a
translation project manager in this 21st century society and to exemplify some of its main functions.
Next, we will explain the essential mechanisms to control a translation project: management of
deadlines (GANTT charts and PERT networks); cost management (budgets) and quality indicators
(guidelines or characteristics to ensure a good translation).
Keywords: Translation projects, quality control, cost control, deadlines control
INTRODUÇÃO
Este artigo é fruto de um trabalho realizado no âmbito da disciplina de Localização de
Software e Páginas Web, do Mestrado de Tradução da Escola Superior de Educação do
Instituto Politécnico de Bragança. Fruto da revisão bibliográfica e webgráfica pretende-se
entender o que é um gestor de projetos e, mais concretamente, qual é a sua função num
projeto de tradução. O artigo está dividido em quatro tópicos principais que são: o que é um
projeto, como se processa a gestão de tempo de um projeto, como se gerem os custos de um
projeto e como se garante a qualidade de um projeto de tradução.
METODOLOGIA
A análise de textos e artigos dos autores nas áreas da gestão de projetos, da tradução e da
localização corresponde à abordagem metodológica utilizada. Procedemos à análise dos
pontos de vista apresentados por diversos autores da área e apresentamos a nossa opinião
fundamentada com os mesmos e ilustrada pela experiência em sala de aula.
O QUE É UM PROJETO?
Podemos afirmar que um projeto é um esboço de um trabalho que vai ser ainda realizado.
Nesta perspetiva corresponde a um plano. Um projeto de tradução é um esboço de uma
tradução e de todo o trabalho envolvente para a realização da tradução propriamente dita
(Montes, 2017). Assumimos, no âmbito deste artigo, que um projeto se inicia com o processo
de estudo preliminar e geração de ideias, seguindo-se a etapa de planeamento do projeto,
respetiva execução e controlo e, finalmente, a etapa de encerramento do mesmo.
Quer seja numa empresa, quer seja individualmente é preciso criar um projeto de uma
tradução para controlar as diversas partes que englobam a mesma. Num projeto de tradução é
necessário haver controlo de qualidade, do tempo e dos custos envolvidos.
Antes de avançar para um projeto de tradução é necessário que o gestor de projetos, se for o
caso de uma empresa, ou o próprio tradutor, se for um freelancer, avalie se o projeto pode ser
exequível ou não, ou seja, para que um projeto se possa realizar é preciso avaliar se dispomos
do tempo (datas de entrega do produto final) e os recursos financeiros e físicos disponíveis
para garantir o nível de qualidade pretendido.
As principais características dos projetos residem no facto de:
i) serem únicos, pois nunca são iguais, apesar de as suas características poderem ser
repetitivas;
ii) serem temporários, possuindo um início e um fim definidos;
iii) serem planeados, executados e controlados;
iv) serem desenvolvidos em etapas de forma incremental e progressiva;
v) serem realizados com recursos que são limitados;
vi) entregarem produtos, serviços ou resultados exclusivos;
vii) implicarem elevado risco, dado o facto de os projetos não serem exatamente repetidos,
o que aumenta o grau de incerteza e de risco comparativamente a atividades de rotina
repetitivas;
viii) serem complexos, uma vez que são constituídos por uma amálgama de recursos e tarefas
interdependentes num contexto organizacional de duplo reporte, e, finalmente, terem
potencial de conflito, em virtude da elevada complexidade e da elevada componente de
incerteza e risco aumentarem o potencial de conflito (Roldão, 2007, p. 2).
situadas numa escala cronológica), de um diagrama de rede PERT (Program Evaluation and
Review Technique) que corresponde a um diagrama em forma de rede, onde as atividades se
encontram dispostas em termos de nós (nodes) interligados entre si com relações de
precedência. Esta técnica foi desenvolvida e aplicada com sucesso pelo Gabinete de Projetos
Especiais da Marinha Americana no planeamento da construção dos mísseis Polaris) e, com
base nesta última, utilizar o método CPM (Critical Path Method, uma técnica desenvolvida pelos
americanos Morgan Walker e James Kelley que permite identificar o caminho de duração mais
longo através da rede do projeto).
O gráfico de GANTT permite controlar o tempo que se pode utilizar em cada tarefa, sendo a
representação das tarefas feita através de barras situadas numa escala cronológica (gráfico de
barras constituído, à esquerda, pelas tarefas do projeto, datas e durações e, à direita, por um
conjunto de barras horizontais com comprimento correspondente à duração representada no
topo. É uma técnica de planeamento simples e visual, apesar de oferecer alguma dificuldade na
compreensão da relação entre tarefas.
A – Análise de dados do cliente: 1 dia
B – Definição da equipa de tradução: 2 dias
C – Distribuição de tarefas: 3 dias
D – Distribuição da Informação: 1 dia
E – Formação Adicional: 2 dias
F – Pré-tradução: 1 dia
G – Tradução: 3 dias
H – Controle de qualidade: 4 dias
I – DTP: 6 dias
J – Teste: 1,5 dias
K – Post-Mortem com cliente: 1 dia
Atividade/dias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
K
Figura 1 – Exemplo de gráfico de Gantt
No caso da rede de PERT, esta permite controlar o tempo gasto em cada tarefa e escolher o
caminho que melhor otimiza o projeto. As atividades do Gráfico de GANTT são
decompostas em sequência lógica representando uma rede. As noções de tempo e custo estão
ligadas à realização de cada atividade (permitindo perceber as tarefas mais críticas).
O diagrama de PERT permite definir o caminho crítico e o prazo mínimo do projeto, ou seja,
as atividades rígidas (aquelas cujas datas de início e conclusão têm menor flexibilidade)
chamam-se críticas e o caminho formado por elas é denominado Caminho Crítico. Este
corresponde ao caminho de duração mais longo através da rede do projeto (PERT), desde a
atividade inicial até à atividade final. A figura 3 representa a aplicação do CPM (Critical Path
Method) ou Método do Caminho Crítico.
Existem diversas aplicações informáticas que nos podem ajudar a planear e controlar um
projeto (de tradução), tais como: Gantt Project, Microsoft Project, ou mesmo Microsoft Visio.
CONCLUSÃO
Num projeto de tradução e localização, o gestor de projetos assume um papel relevante, que
não pode ser descurado para que sejam cumpridos os requisitos, os prazos, os custos e o nível
de qualidade previamente negociados com o cliente.
Para tal, um gestor deve criar um calendário e um orçamento, de maneira a que todas as
tarefas dentro de um projeto de tradução sejam realizadas dentro das métricas de qualidade,
dos prazos e dos orçamentos negociados com o cliente.
No caso de se tratar de um trabalhador por conta própria (freelancer), apesar da dimensão do
trabalho ser menor, é desejável e necessário que ele seja o próprio gestor, tradutor, revisor e
editor do projeto de tradução. Por conseguinte, também ele deverá ter em atenção a gestão
dos prazos e dos custos, evitando derrapagens temporais ou orçamentais. Só assim
demonstrará estar preparado para enfrentar o mercado de trabalho da sociedade da
informação e da comunicação intercultural em que vivemos.
Referências
Montes, E. (2017). Introdução ao Gerenciamento de Projetos - Escritório de Projetos. O que é Gerenciamento
de Projetos? Acedido em 16/12/2017 URL: https://escritoriodeprojetos.com.br/o-que-e-
gerenciamento-de-projetos
PMI (2013). A guide to the project management body of knowledge (PMBOK ® guide). Project Management Institute.
Ribeiro, L. (2017). Impactos da IoT na gestão de projetos de tecnologias e sistemas de informação. Dissertação de Mestrado
Integrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação. Universidade do Minho.
Roldão, V. (2005). Gestão de projectos: abordagem instrumental ao planeamento, organização e controlo. Lisboa: Monitor.