Resenha Origem Da Psicologia Científica

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A Evolução da Ciência Psicológica.

1. GRÉCIA ANTIGA:

Os filósofos gregos antigos iniciaram a sistematização da Psicologia, derivando o termo


do grego "psyché" (alma) e "logos" (razão), que significa "estudo da alma". A alma era vista
como a parte imaterial do ser humano, abrangendo pensamentos, emoções, desejos, sensações e
percepções.
Os pré-socráticos debatiam se o mundo é formado pela percepção humana ou se já existe
independentemente dela. Sócrates, por sua vez, destacou a razão como a característica humana
essencial, permitindo controlar os instintos irracionais. Esse conceito influenciou as teorias
posteriores da consciência na Psicologia.
Platão, discípulo de Sócrates, localizou a razão na cabeça humana, considerando-a o lar
da alma. Para ele, a medula servia como a ligação entre alma e corpo, que ele via como entidades
separadas. Por outro lado, Aristóteles, discípulo de Platão, argumentou que alma e corpo são
inseparáveis. Ele definiu a psyché como o princípio vital presente em todos os seres vivos, desde
plantas até humanos. Dessa forma, os vegetais possuíram alma vegetativa, responsável pela
alimentação e reprodução. Já os animais teriam, além dessa alma, a alma sensitiva para
percepção e movimento. Enquanto isso, os humanos apresentariam as duas almas citadas e a
alma racional, responsável pelos pensamentos.

2. IMPÉRIO ROMANO E NA IDADE MÉDIA:

Na Idade Média, a Psicologia estava intimamente ligada ao contexto religioso, uma vez
que a Igreja Católica exercia domínio sobre o conhecimento. Dois importantes pensadores desse
período foram Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274), cujas
contribuições refletem essa relação entre fé e compreensão do psiquismo.
Santo Agostinho, seguindo a mesma linha de Platão, separou alma e corpo, mas
acreditava que a alma era divina, ligando o homem a Deus e conferindo-lhe imortalidade. Isso
despertou o interesse da Igreja na compreensão da alma como sede do pensamento. São Tomás
de Aquino, inspirado por Aristóteles, discute a distinção entre essência e existência, onde o
homem busca a perfeição através de sua existência. No entanto, ele adiciona uma perspectiva
religiosa, argumentando que apenas Deus pode unir completamente essência e existência. Assim,
a busca pela perfeição humana é, em última análise, uma busca por Deus. Além disso, ele
justifica os dogmas da Igreja utilizando argumentos racionais, mantendo-a como a única
autoridade no estudo da mente humana.

3. RENASCIMENTO:

A concepção dualista da relação mente-corpo, ilustrada na escultura "Davi" de


Michelangelo, abriu caminho para o estudo post-mortem do corpo humano, uma prática antes
vedada devido à sacralidade atribuída ao corpo pela Igreja, que o considerava a habitação da
alma. Esse novo enfoque possibilitou avanços significativos na Anatomia e Fisiologia,
desempenhando um papel crucial no progresso subsequente da Psicologia.
4. ORIGEM DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA

A psicologia científica teve seu início em paralelo ao desenvolvimento do capitalismo no século


XIX. Nesse contexto, a necessidade de entender e gerir o comportamento humano em uma
sociedade industrializada impulsionou o surgimento dessa disciplina. O capitalismo não apenas
proporcionou o cenário para o surgimento da psicologia científica, mas também influenciou suas
direções, frequentemente priorizando questões relacionadas à eficiência, produtividade e
adaptação social em detrimento de preocupações mais humanistas ou críticas.
A psicologia científica tem suas raízes profundamente conectadas à fisiologia,
neuroanatomia e neurofisiologia. No final do século XIX, o avanço nessas áreas da ciência
desempenhou um papel crucial no surgimento da psicologia como uma disciplina autônoma.
A fisiologia, dedicada ao estudo dos processos físicos e químicos nos organismos vivos,
ofereceu uma base fundamental para entender os processos biológicos subjacentes ao
comportamento humano. Avanços nessa disciplina possibilitaram a identificação de estruturas
cerebrais e sistemas neuroquímicos envolvidos em funções mentais e emocionais.
Já a neuroanatomia, que investiga a anatomia do sistema nervoso, foi essencial para
localizar as estruturas cerebrais responsáveis por diferentes funções mentais e comportamentais.
Ela identificou, por exemplo, que a atividade motora não tende estar necessariamente ligada à
consciência: fenômeno do reflexo.
A Lei de Fechner-Weber, importante na psicologia científica, descreve a relação entre a
intensidade do estímulo e a percepção subjetiva, fornecendo uma base matemática para entender
como os seres humanos percebem e respondem aos estímulos sensoriais. Essa lei é fundamental
para o desenvolvimento de testes psicológicos e estudos sobre percepção sensorial.

5. A PSICOLOGIA CIENTÍFICA

No final do século XIX, Wilhelm Wundt estabeleceu o primeiro laboratório de psicologia


experimental na Universidade de Leipzig, Alemanha, em 1879. Ele defendeu que a psicologia
deveria ser estudada de forma objetiva e sistemática, similar às ciências naturais. Além disso,
Wundt elabora a concepção do paralelismo psicofísico, que postula a independência entre os
processos mentais e físicos, sugerindo que ocorrem simultaneamente, porém sem influência
direta um sobre o outro. Ele cria também, o introspeccionismo, definido como um método de
pesquisa na psicologia experimental, onde os participantes descrevem suas próprias experiências
mentais, pensamentos e sensações internas. Este método enfatiza a autoconsciência e a
observação direta da mente para compreender os processos mentais.
A psicologia adquire seu status de ciência ao se separar da Filosofia e atrair uma nova
geração de estudiosos. Sob os novos critérios de produção de conhecimento, esses pesquisadores
passam a definir o objeto de estudo da psicologia, delimitando seu campo em relação a outras
disciplinas como a Filosofia e a Fisiologia. Além disso, eles desenvolvem métodos de pesquisa
específicos e formulam teorias que consolidam o conhecimento na área.
Apesar da Psicologia científica ter nascido na Alemanha, foi nos Estados Unidos que ela
encontrou solo propício para um rápido desenvolvimento. Isso se deu em decorrência do avanço
econômico que situou o país na vanguarda do sistema capitalista. Foi lá que surgiram as
primeiras abordagens ou escolas em Psicologia, que deram origem às diversas teorias existentes
hoje. Entre essas abordagens estão o Funcionalismo de William James (1842-1910), o
Estruturalismo de Edward Titchner (1867-1927) e o Associacionismo de Edward L. Thorndike
(1874-1949).

 Funcionalismo: O funcionalismo na psicologia se concentra na compreensão de como a


mente opera e se ajusta ao ambiente, em contraposição ao estudo apenas da estrutura
mental. Ele investiga como os processos mentais auxiliam os indivíduos na adaptação e
sobrevivência em seu meio ambiente.
 Estruturalismo: O estruturalismo na psicologia busca entender a estrutura da mente
humana ao decompor as experiências mentais em seus elementos mais básicos, como
sensações e percepções. Isso é feito através de métodos introspectivos, nos quais os
participantes relatam suas experiências internas em resposta a estímulos específicos.
 Associacionismo: O associacionismo é uma abordagem psicológica que propõe que as
ideias e experiências estão conectadas por meio de associações mentais. Essas
associações são formadas com base em experiências anteriores e influenciam o
comportamento e o pensamento humano.

6. PRINCIPAIS TEORIAS DA PSICOLOGIA NO SÉCULO 20

Contudo, essa Psicologia científica, foi substituída, no século 20, por novas teorias. As três mais
importantes tendências teóricas da Psicologia neste século são consideradas por inúmeros autores
como sendo o Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise.

 Behaviorismo: Tem o comportamento como objeto de estudo observável, mensurável e


que podia ser reproduzido em diferentes condições e em diferentes sujeitos. Estuda as
interações entre o indivíduo e o meio ambiente, ou seja, entre as ações do indivíduo (suas
respostas) e o ambiente (estímulos). O comportamento é estudado como produto do
processo de aprendizagem, das associações entre os Ss do meio e as Rs comportamentais.
 Gestalt: Acreditava que o comportamento deveria ser estudado nos seus aspectos mais
globais, levando em consideração as condições que alteram a percepção do estímulo.
Baseavam-se no isomorfismo, a qual a parte está sempre relacionada ao todo.
 Psicanálise: Procura buscar a origem do sintoma, do comportamento manifesto ou do
que é verbalizado, ou seja, integrar os conteúdos inconscientes na consciência. Utiliza um
método interpretativo que busca o significado oculto daquilo que é manifesto através de
ações ou das produções imaginárias.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS/OPINIÃO:

Acredito que o desenvolvimento da psicologia como disciplina é uma jornada fascinante


que mostra não apenas o avanço do conhecimento, mas também a curiosidade inata das pessoas
em interpretar a mente e seus mistérios. Ao longo dos séculos foram testemunhadas mudanças de
paradigmas da especulação filosófica sobre a razão para uma abordagem científica baseada em
evidências concretas.
É interessante ver como a psicologia se ramificou em vários campos, cada um estudando
diferentes aspectos da experiência humana. A psicologia oferece uma visão ampla da mente
humana, desde o estudo das origens biológicas do comportamento até a compreensão das
complexas relações sociais e culturais.
Além disso, o desenvolvimento tecnológico ampliou até agora horizontes de pesquisa
nunca vistos, o que permite uma análise mais detalhada e abrangente dos fenômenos mentais e
neuronais. Esta situação coloca-nos numa posição estimulante para explorar questões que antes
eram consideradas intocadas.
No entanto, é necessário destacar os obstáculos que a psicologia enfrenta, como questões
éticas complexas e considerar a diversidade cultural na análise dos resultados, por exemplo. Ter
consciência destes desafios orienta-nos a avançar de forma mais informada e abrangente.
No geral, vejo esse desenvolvimento da psicologia como uma história de persistência,
interesse e criatividade. À medida que continuamos a desvendar os mistérios da mente humana,
somos constantemente lembrados da amplitude e complexidade da experiência humana.

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