Unicesumar - Centro Universitário de Maringá: Centro de Ciências Biológicas E Da Saúde Curso de Graduação em Odontologia

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UNICESUMAR - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

USO DE LASERTERAPIA DE BAIXA POTÊNCIA PARA TRATAMENTO DE


LESÕES BUCAIS: REVISÃO DE LITERATURA

MARIA EDUARDA TAMIOZZO

MARINGÁ – PR
2020
MARIA EDUARDA TAMIOZZO

USO DE LASERTERAPIA DE BAIXA POTÊNCIA PARA TRATAMENTO DE


LESÕES BUCAIS: REVISÃO DE LITERATURA

Artigo apresentado ao Curso de Graduação em


Odontologia da UniCesumar – Centro
Universitário de Maringá como requisito
parcial para a obtenção do título de
Bacharel(a) em Odontologia, sob a orientação
do Prof. Dr. Fábio Vieira Miranda.

MARINGÁ – PR
2020
FOLHA DE APROVAÇÃO
Maria Eduarda Tamiozzo

USO DE LASERTERAPIA DE BAIXA POTÊNCIA PARA TRATAMENTO DE


LESÕES BUCAIS: REVISÃO DE LITERATURA

Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Odontologia da UniCesumar – Centro


Universitário de Maringá como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel(a) em
Odontologia, sob a orientação do Prof. Dr. Fábio Vieira Miranda.

Aprovado em: ____ de _______ de _____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________
Prof. Dr. Fábio Vieira de Miranda - Unicesumar

__________________________________________
Prof. Dra. Elen Tolentino - UEM

__________________________________________
Prof. Me. Doutoranda Gabriela Moura Chicrala – FOB USP
4

USO DE LASERTERAPIA DE BAIXA POTÊNCIA PARA TRATAMENTO DE


LESÕES BUCAIS: REVISÃO DE LITERATURA

Maria Eduarda Tamiozzo

RESUMO

A laserterapia de baixa potência pode ser utilizada em várias áreas da odontologia e


para diversas finalidades. Funciona como uma luz que atravessa a mucosa,
atingindo os processos metabólicos das células-alvo. Partes da sua energia são
transmitidas, refletidas, difundidas e absorvidas pelos tecidos, e ela, a energia do
laser, não produz aquecimento, mas sim efeitos fotoquímicos, fotofísicos e/ou
fotobiológicos. Com isso, o laser induz a circulação local e a proliferação celular.
Alguns pacientes com lesões bucais não apresentam uma boa qualidade de vida,
tanto para comer, falar, quanto na parte estética, por isso o laser é uma alternativa
de tratamento. Foi realizada uma revisão de literatura, através de pesquisas por
busca de base de dados de artigos científicos e publicações de interesse, sobre
laser de baixa potência na odontologia e seu funcionamento, protocolos para
tratamento de lesões bucais com a laserterapia e os efeitos nos pacientes. Como
ressaltados nas pesquisas, os artigos mostram que as terapias com laser
apresentam efeitos analgésicos e anti-inflamatórios, também promove a proliferação
celular e estimula a cicatrização. Em casos de queilite angular e úlceras traumáticas
acelerou a cicatrização e teve redução dos sintomas, no caso da síndrome da
ardência bucal também teve melhoras nos sintomas. Conclui-se que a laserterapia é
eficiente para o tratamento de lesões bucais, ou pelo menos na diminuição dos
sintomas e da lesão, sendo um tratamento seguro e não apresenta efeitos
colaterais.

Palavras-chave: Laser. Laser de baixa intensidade. Tratamento. Lesões bucais.


5

USE OF LOW POWER LASER THERAPY FOR TREATMENT OF ORAL LESIONS:


LITERATURE REVIEW

ABSTRACT

Low power laser therapy can be used in various areas of dentistry and for various
purposes. It works as a light that crosses the mucosa, reaching the metabolic
processes of the target cells. Parts of its energy are transmitted, reflected, diffused
and absorbed by tissues. The laser energy does not produce heat, but rather
photochemical, photophysical and/or photobiological effects, thus, inducing local
circulation and cellular proliferation. As some patients with oral lesions do not
demonstrate a good quality of life, be it in eating, speech, or in the aesthetic aspect,
laser is an treatment alternative. A literature review was carried out, through research
by searching a database of scientific articles and publications of interest, regarding
low power laser and its operation in dentistry, protocols for treatment of oral lesions
with laser therapy, and the effects on patients. As highlighted in the research, the
articles show that laser therapies present analgesic and anti-inflammatory effects,
also promoting cell proliferation and stimulating cicatrization. In cases of angular
cheilitis and traumatic ulcers accelerated cicatrization resulted, as did a reduction in
symptoms. In the case of burning mouth syndrome improvements in symptoms were
also displayed. It is concluded that laser therapy is efficient for the treatment of oral
lesions, or at a minimum in the reduction of symptoms and lesions, being a safe
treatment without demonstrating side effects.

Keywords: Laser. Low intensity laser. Treatment. Oral lesions.


6

ABREVIATURAS:

ATP: Adenosina trifosfato.

NM: Nanômetro.

He-Ne: Hélio-neon.

Ga-As-Al: Arsenato de gálio-alumínio, ou diodo.

UNIDADE DE MEDIDA:

A: Área irradiada.

DE: Densidade de energia.

E: Energia.

P: Potência.

T: Tempo de aplicação.

Cm²: Centímetros quadrados.

J: Joule.

J/cm²: Joule por centímetros quadrados.

W: Watt.

mW: Miliwatts

W/cm²: Watts por centímetros quadrados.


7

ÍNDICE DE IMAGENS

FIGURA 1: Esquema representando a penetração no tecido do laser visível e do laser


infravermelho............................................................................................................................13

FIGURA 2: Característica do laser: coerente e monocromática..............................................13

FIGURA 3: Representação da luz incidente do laser, que pode ter parte dela absorvida pelos
cromóforos (tecido), parte refletida e parte dela transmitida....................................................13

FIGURA 4, 5 e 6: Fotos de arquivo pessoal. Paciente em tratamento com laser em lesões de


mucosite....................................................................................................................................17

FIGURA 7: Foto de arquivo pessoal. Paciente em tratamento com laser em síndrome da


ardência bucal............................................................................................................................18

FIGURA 8 e 9: Fotos de arquivo pessoal. Paciente em tratamento com laser em lesão de


queilite angular..........................................................................................................................19

ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1: Representação de fórmulas usadas para calcular a energia do aparelho


laser...........................................................................................................................................15
8

Sumário

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................9
2 OBJETIVOS.........................................................................................................................10
3 LASER..................................................................................................................................10
3.1 HISTÓRIA DO LASER.........................................................................................................10

3.2 PROCESSO DE REPARO TECIDUAL..................................................................................11

3.3 TIPOS DE LASER E SUAS POTÊNCIAS.....................................................................................12

3.4 COMO CALCULAR A DOSE........................................................................................................14

3.5 CONTRAINDICAÇÕES.................................................................................................................16

4 UTILIZAÇÃO DO LASER NAS PRINCIPAIS LESÕES BUCAIS............................................16

4.1 MUCOSITE......................................................................................................................................16

4.2 ARDÊNCIA BUCAL.......................................................................................................................17

4.3 QUEILITE ANGULAR...................................................................................................................18

5 RESULTADOS.....................................................................................................................19
6 DISCUSSÃO.........................................................................................................................19
7 CONCLUSÃO......................................................................................................................20
8 REFERÊNCIAS...................................................................................................................20
9

1 INTRODUÇÃO

A utilização de lasers vem sendo cada vez maior nos consultórios odontológicos, é
um bom investimento para o dentista, uma vez que o laser (light amplification by stimulated
emission of radiation – amplificação da luz por emissão estimulada de radiação) tem
contribuído para as diversas áreas da odontologia, como a pediatria, a ortodontia, a
endodontia, a periodontia, nas cirurgias, na estomatologia, entre outras. Vem mostrando
resultados satisfatórios e faz parte da odontologia moderna. É bastante utilizada, a
laserterapia de baixa potência, para tratamento em casos de aftas, herpes labial, trismo,
queilite angular, hipersensibilidade dentinária, parestesias e pós-operatórios (1° Congresso
Online de Laser na Odontologia, 2020).

A laserterapia consiste na entrega de energia luminosa nos tecidos e os efeitos da


mesma acontecem quando essa energia luminosa é absorvida. Não possui efeito colateral,
pois a energia não é absorvida e não é ionizante, mas algumas vezes pode não ter resultados
tão satisfatório como o desejado. Isso depende de cada paciente, cada um tem
individualidades relacionadas com o fototipo, relacionadas com a cor da pele de cada um e
com os cromóforos internos. Dessa forma poderão responder de maneiras diferentes com a
absorção da luz, ou se absorvem ou impedem a passagem de luz. Por isso, um bom
laserterapeuta tem que saber administrar a dose ideal no tecido alvo (1° Congresso Online
de Laser na Odontologia, 2020).

A fototerapia é mais do que um tratamento, é nutrição energética celular. Não


apresenta muitos estudos de onde o laser atua nas células, mas o que é mais aceito hoje é
que o fotorreceptor principal do laser de baixa potência são as mitocôndrias. Dessa maneira
o laser atinge a célula, onde as mitocôndrias vão produzir mais energia celular (ATP) e
aumenta a proliferação de vários tipos de células, induzindo então, os efeitos anti-
inflamatórios (1° Congresso Online de Laser na Odontologia, 2020).

O laser de baixa potência atua na angiogênese, que é a formação de novos vasos


sanguíneos, aumentando o fluxo sanguíneo e diminuindo o edema; na síntese de colágeno
da célula, tendo maior resistência, melhor qualidade e aceleração de reparo; na regeneração
10

muscular, reparando as fibras musculares, ativando as células e as vias de sinalização; na


ativação de vias importantes no processo inflamatório e na aceleração no processo de
reparo; na regeneração nervosa, estimulando o brotamento neuronal; atua na produção de
cartilagem, melhorando a condição e qualidade articular; e atua na formação e reparação do
tecido ósseo (LINS, Ruthinéia Diógenes Alves Uchôa et al. 2010).

2 OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre o tratamento
de laser de baixa potência em lesões bucais.

3 LASER

3.1 HISTÓRIA DO LASER

Antes dos grandes avanços e da facilidade de uso hoje em dia, há uma história da
evolução dos lasers. O primeiro laser foi desenvolvido pelo físico americano Theodore
Harold Maiman, após isso, em maio de 1960, foi criado o primeiro laser com potencial de
corte e ainda naquela época não sabiam a evolução e abrangência que esse instrumento
poderia ter como nos dias de hoje. Foram feitos testes em animais, em 1967, para obter
mais informações se havia possibilidade de desenvolver câncer através das aplicações feitas
nas feridas, mas os resultados foram opostos, ao invés de gerar neoplasias malignas, foi
observada melhor e mais rápida cicatrização, tendo regeneração mais rápida do que o grupo
não tratado com lasers (NAKASHIMA e MENEGUZZO, 2020). Atualmente, a terapia com laser
de baixa potência é utilizada por diversos profissionais da saúde para melhores resultados,
com efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e de regeneração tecidual (Minnie Freudenthal,
2016).
11

3.2 PROCESSO DE REPARO TECIDUAL

O processo de reparo é uma reação dinâmica do tecido onde ocorrem fenômenos


como a inflamação, a proliferação tecidual e a síntese da matriz extracelular (fibras
colágenas, elásticas e reticulares). A inflamação indica que há uma agressão local e que o
tecido necessita de intervenção para conter esse agente agressor. A proliferação tecidual é
um processo onde há proliferação celular, ocorrendo a restauração do tecido após uma
lesão. E a síntese de matriz extracelular, onde uma das suas funções é fornecer vias de
reparação celular e modular o crescimento celular. Dessa forma, o tecido morto ou
danificado, passa a ter uma solução, onde envolve a remoção do exsudato dessas células e
fazendo a fagocitose (LINS, Ruthinéia Diógenes Alves Uchôa et al. 2010, 850).

O laser, por sua vez, faz com que o processo de inflamação ocorra de forma mais
acelerada, tendo os efeitos terapêuticos de analgésico, anti-inflamatório, antiedematoso,
bioestimulação e trofismo tecidual. Para que a aplicação do laser seja mais eficaz e para
obter bons resultados, é necessário que a ferida esteja limpa, seca, sem umidades ou sangue
e sem necrose, caso contrário a luz pode ser parcial ou totalmente refletida. A luz laser deve
ser bem absorvida para que tenha os efeitos desejados, sejam eles diretos ou indiretos. Nos
efeitos diretos estão inclusos os bioquímicos, bioelétricos e bioenergéticos, e nos efeitos
indiretos possui a microcirculação e o trofismo celular. O efeito bioquímico está relacionado
com a inibição dos processos inflamatórios; o bioelétrico está relacionado com o ajuste do
potencial de ação das células despolarizadas; o bioenergético com a transmissão de pontos
de energia para outras células, e todos agindo de forma conjugadas. A microcirculação e o
trofismo celular fazem com que ocorra melhor circulação dos tecidos (LINS, Ruthinéia
Diógenes Alves Uchôa et al. 2010).

O tecido perdido, ou destruído, pode ser substituído por novas células e essa
reparação pode ocorrer de duas formas diferentes, regeneração e a cicatrização. A
regeneração é quando há substituição das células lesadas pelos mesmos tipos de células,
dessa forma o tecido substituído é igual ao original. Na cicatrização é quando há substituição
das células lesadas por outros tipos de células, deixando o tecido substituído diferente do
original, com algumas marcas (cicatrizes). O metabolismo é aumentado através da radiação
12

do laser e com isso os fibroblastos (célula do tecido conjuntivo) são ativados, ocorrendo a
proliferação e a maturação dos mesmos, isso diminui a inflamação e aumenta o tecido de
granulação, melhorando a cicatrização (LINS, Ruthinéia Diógenes Alves Uchôa et al. 2010).

A luz laser interage com as células e permite que certas funções sejam estimuladas,
tudo isso com uma adequada dose, ativando os linfócitos, os mastócitos, o aumento da
produção de ATP mitocondrial e a proliferação de várias células, com isso os efeitos anti-
inflamatórios são ativados. Os estudos mostram que para bons resultados nos tecidos é
dependente de qual laser está sendo aplicado, da quantidade de tempo exposto à radiação,
do comprimento de onda e da potência em si. Dessa forma, quando utilizado de maneira
correta, ocorre o aumento da circulação local, síntese de colágeno e proliferação celular
(LINS, Ruthinéia Diógenes Alves Uchôa et al. 2010).

3.3 TIPOS DE LASER E SUAS POTÊNCIAS

Os lasers de baixa potência possuem efeitos fotobiomodulatórios (cura, restaura e


estimula processos fisiológicos), não executa remoção tecidual, age nas moléculas e são
divididos em duas classificações, os visíveis (vermelhos) e os infravermelhos. Os visíveis
atingem em média de 600 a 780nm, penetrando menos e alcançando a epiderme e a derme,
tendo o efeito de reparação de tecido mole e cicatrização. Já os infravermelhos atingem em
média de 790 a 1500nm (LINS, Ruthinéia Diógenes Alves Uchôa et al. 2010), penetrando
mais e alcançando até o tecido subcutâneo e o músculo, trabalhando em quadro de dor,
edema, reparação óssea e nervosa.

FIGURA 1:
13

Fonte: Nupen (2005-2020)

Para uma terapia efetiva é necessária a entrada de energia apropriada, com uma
adequada intensidade mais o tempo adequado de aplicação e com a luz mais próxima
possível do tecido para melhor penetração dela. A luz laser possui características que são:
luz não divergente; monocromática (vibrações de mesma frequência); é coerente e
apresenta colimação, que consiste no fato de os raios permanecerem unidos e paralelos
durante seu trajeto (CUNHA, Sandra R. B., pg. 7 a 10). A luz incidente pode ter parte dela
absorvida pelos cromóforos (tecido), parte refletida e parte dela transmitida (CUNHA,
Sandra R. B., pg. 11).

FIGURA 2: FIGURA 3:

FONTE: Minnie Freudenthal (2016) FONTE: Mundo educação (2020)

Os lasers de baixa potência possuem menos variedades comparadas aos de alta


potência e são representados por apenas dois tipos: de Diodo, ou de arsenato de gálio-
alumínio (Ga-As-Al), e Hélio-neon (He-Ne). Os lasers de Diodo são mais comuns, possuem
14

baixo custo, possibilidade de emitir luz vermelha e infravermelha, transmitindo com mais
frequência a luz infravermelha, sendo em média de 780 a 830nm, e podem ser portáteis ou
de mesa. Os lasers de He-Ne, possuem o comprimento de onda de aproximadamente
633nm, ou seja, transmitem luz vermelha, atingindo apenas estruturas mais superficiais,
apresentam boa resposta em relação ao reparo tecidual e são bastante utilizados para
cicatrização de lesões; é eficaz na diminuição da atividade inflamatória e no aumento da
síntese de colágeno (LINS, Ruthinéia Diógenes Alves Uchôa et al. 2010).

3.4 COMO CALCULAR DOSE

As características de cada paciente podem influenciar nos resultados dos


tratamentos, como por exemplo, a idade da pessoa quanto mais velha, mais lento o
metabolismo, tornando mais difícil alcançar o efeito desejado do tratamento. A cor de pele e
a massa corporal também influenciam no efeito do tratamento, pois pessoas com pele mais
escuras podem absorver mais a luz (GARCIA, Valdir Gouveia e THEODORO, Letícia Helena, p.
91, 2020). Por isso devemos saber a dose necessária para cada paciente de forma adequada.

Para um tratamento adequado é necessário ter uma base de conhecimentos sobre


dosimetria, como quanto tempo expor o laser sobre lesão, a frequência, a potência e o
comprimento de onda do seu aparelho. Por isso, algumas propriedades são importantes
para incluir na hora de planejar o tratamento, como a potência, à qual está ligada ao número
de fótons que está sendo emitido pelo laser, com a medida de comprimento - o Watts (W); a
energia, que está ligada à energia do fóton; a densidade de potência ou intensidade, que
mede a quantidade de potência por unidade de área que a fonte está atingindo, medida por
W/cm²; a densidade de energia, cuja energia é entregue ao tecido por área, medida por
J/cm²; a frequência, que mede os pulsos por segundos, medida em Hz; o tempo, em
segundos; e a área, em cm² (FUKUDA TY, MALFATTI CA, 2008).

A quantidade de pontos que devem ser aplicados nas lesões pode ser influenciada
por alguns fatores que encontramos, como o tamanho da lesão, a potência utilizada, a área
do spot do laser, a modalidade dosimétrica escolhida e o aumento da dose. É necessário
15

estar atento à marca e ao tipo de aparelho que é adquirido, pois muitas vezes podem
apresentar resultados diferentes, por exemplo, dois aparelhos que indicam ter um Joule
pode ser que se apresentem de maneira diferente, podendo ser pela área do feixe do
aparelho.

Para calcular a dose há diversas formas: descobrir a potência do aparelho e


transformá-la em W; descobrir a área do feixe e transformar em cm²; calcular a densidade
da potência, dividindo a potência pela área (W/cm²); calcular a densidade de energia,
multiplicando a densidade de potência pelo tempo (J/cm²), ou dividindo a energia pela área
do feixe; e multiplicar a potência (W) pelo tempo (segundos). Normalmente, os lasers de
baixa potência têm a potência medida em miliwatts (mW) (GARCIA, Valdir Gouveia e
THEODORO, Letícia Helena, p. 88, 2020), e é muito importante que o cirurgião-dentista,
antes de usar o laser nas feridas, tenha o cuidado de aferir a potência do aparelho para que
seja usado com segurança.

Na dosimetria temos algumas fórmulas que são necessárias para a aplicação do


laser, como: calcular a energia, que faz efeito na pele atingida, calculada em J e calcular a
densidade de energia ou fluência, que corresponde à quantidade de energia depositada em
uma determinada área, calculada em J/cm². Alguns aparelhos lasers trazem apenas a
unidade em J ou em J/cm², e para converter esse número são necessários outros cálculos
representados na tabela a seguir:

TABELA 1:
Quantidade de energia
depositada em determinada área:

Cálculo da energia:

Cálculo para converter densidade


de energia em energia:

FONTE: Valdir Gouveia Garcia (2020), adaptação da autora.


16

3.5 CONTRAINDICAÇÕES

Os lasers de baixa potência são considerados de baixo risco, porém é necessário ter
alguns cuidados, principalmente em áreas que ainda não apresentam estudos suficientes
para trabalhar com segurança. As contraindicações incluem mulheres grávidas, pois, como já
dito, não possui estudos suficientes para indicar ou contra indicar os lasers de baixa potência
às gestantes; outra contraindicação é a aplicação em lesões ou tecidos com a suspeita de
neoplasias malignas, pois estimula o crescimento celular. Estudos mostram que a utilização
do laser na glândula tireóidea pode causar alteração da atividade metabólica, por isso deve
ser evitada a aplicação do laser nessas áreas (NAKASHIMA e MENEGUZZO, 2020).

O laser também age no fluxo sanguíneo do paciente. Há estudos que apontam que
deve ser evitada a aplicação do laser em paciente com problemas de coagulação, pois age de
forma indefinida e para não causar problemas maiores é necessário evitar (MEIXEDO, Vera
Gomes, 2019). Também são necessários alguns cuidados na utilização do aparelho laser,
existem riscos de danos permanentes à retina, então é necessário que o cirurgião dentista e
o paciente utilizem óculos de proteção (NAKASHIMA e MENEGUZZO, 2020).

4 UTILIZAÇÃO DO LASER NAS PRINCIPAIS LESÕES BUCAIS

4.1 MUCOSITE

A mucosite ataca pacientes que fazem tratamentos oncológicos, afetando a mucosa


bucal, bochechas, língua, lábios e em alguns casos a faringe, laringe e esôfago, causando dor
ao paciente e comprometendo a qualidade de vida do mesmo. Nos estudos de tratamento
com laser de baixa potência essas lesões vêm trazendo bons resultados, tanto funcionais
quanto clínicos. São feitas aplicações semanais com o laser de baixa potência He-Ne, com
17

uma duração de sete semanas antes das sessões de radioterapia. Dessa forma, o laser de
baixa potência age como tratamento e como prevenção das lesões de mucosite. Mesmo
associada ao tratamento de radioterapia, os resultados são benéficos: elimina a dor do
paciente, acelera o processo de cicatrização, melhora a ingestão do mesmo e,
consequentemente, a qualidade de vida. Deve ser utilizada uma potência de 632,8 nm, 60
mW e 2 J/cm² (KELNER e CASTRO, 2006).

As imagens apresentadas abaixo, mostram uma paciente que possui a lesão de


mucosite e que faz o tratamento com o laser. Na primeira imagem, figura 4 (A), há o início
do tratamento, na figura 5 (B) o retrato de como estava com 15 dias desde o início do
tratamento, e na última imagem (C), apresenta o resultado final do tratamento. Nesse
paciente foram feitos 20 segundos de exposição por ponto ao redor da área afetada.

FIGURA 4: FIGURA 5: FIGURA 6:

FONTE: Arquivo pessoal.

4.2 ARDÊNCIA BUCAL

É uma condição na qual ocorre queimação ou formigamento em qualquer região da


cavidade bucal. É difícil de ser diagnosticada e não apresenta uma etiologia certa, pode ser
multifatorial, dependendo de cada paciente. Uma das maneiras de tratamento para essa
condição é a utilização dos lasers de baixa potência, quando ocorre a melhora dos sintomas
(ALFAYA, Thays Almeida, 2010).
18

A imagem a seguir apresenta o tratamento com laser de baixa potência em um


paciente com a síndrome da ardência bucal, no qual foram feitas dez sessões do laser
infravermelho, aplicando semanalmente, por 60 segundos por ponto, envolvendo todo o
caminho do nervo envolvido e sendo feitas as aplicações tanto intra como extrabucal.

FIGURA 7:

FONTE: Arquivo pessoal.

4.3 QUEILITE ANGULAR

É um processo inflamatório, multifatorial, onde pode ocorrer de maneira unilateral


ou bilateral. Apresenta-se de forma seca e nos cantos da boca em forma de fissura e podem
causar sensação de ardência e recidiva. Pode estar associado à saliva, ou até mesmo
problemas hormonais e nutricionais, ou imunológicas. Tem mais prevalência em pacientes
idosos, por isso quando diagnosticado em um paciente mais jovem devemos levar em
consideração a questão imunológica (ALMEIDA, Vanessa Galvão, 2007).

No tratamento para a queilite angular é necessário eliminar as questões


desencadeantes e sempre avisar o paciente quanto à importância da higiene bucal. As
imagens a seguir mostram um exemplo de paciente que possui a lesão e está tratando com o
laser de baixa-potência. O paciente é jovem, por isso foi necessário pedir alguns exames
para complementar o diagnóstico. Os exames pedidos foram: hemograma completo; VDRL;
FTA-abs; anti-HIV-1; e anti-HIV-2, e todos eles deram negativos. No tratamento desse
19

paciente foram feitas 4 sessões de laser vermelho, duas vezes por semana, 30 segundos
cada ponto, atingindo a área da lesão.

FIGURA 8: imagem inicial FIGURA 9: 7 dias com as aplicações de lasers

FONTE: Arquivo pessoal.

5 RESULTADOS

Com base nos estudos feitos os resultados mostram-se positivos para as lesões
apresentadas. No tratamento da queilite angular foram feitas quatro sessões, aplicando um
tempo de 30 segundos cada ponto e o laser foi aplicado ao redor das áreas afetadas,
mostrando seus resultados positivos. Na síndrome da ardência bucal, foram feitas dez
sessões aplicando o laser, também ao redor das áreas afetadas, com um tempo de exposição
por ponto de 60 segundos, mostrando efeitos positivos ao paciente. E o tratamento feito na
lesão de mucosite também se mostrou positiva, com um tempo de exposição de 20
segundos por ponto, aplicando diretamente na ferida.

6 DISCUSSÃO

Os lasers possuem efeitos de anti-inflamatório, analgesia e cicatrizantes, os quais


vêm trazendo uma maior utilização deles na odontologia (MEIXEDO, Vera Gomes, 2019).
Alguns recursos devem ser feitos para a utilização dos aparelhos lasers, como a proteção do
20

paciente e do cirurgião dentista (NAKASHIMA e MENEGUZZO, 2020), e devem ser utilizados


cálculos para obter a quantidade de energia e de potência ideal para cada paciente (GARCIA,
Valdir Gouveia e THEODORO, Letícia Helena, 2020). E, de acordo com as análises feitas na
literatura, a laserterapia traz resultados positivos e efeitos benéficos para o tecido bucal
(LINS, Ruthinéia Diógenes Alves Uchôa et al. 2010).

7 CONCLUSÃO

A revisão de literatura demonstrou que o tratamento com laser de baixa potência


se torna eficaz nas lesões bucais e traz benefícios para o paciente. Os resultados mostram
que é um tratamento seguro, não apresenta efeitos colaterais e pode ser utilizado em
diversas situações na cavidade bucal. Nas lesões exemplificadas, como a mucosite, ardência
bucal e a queilite angular, obteve-se resultados satisfatórios, reforçando a eficiência do
laser.

8 REFERÊNCIAS

ALFAYA, Thays Almeida et al. Laser de baixa potência no tratamento da síndrome da


ardência bucal: relato de caso clínico. Disponível em:
<https://www.redalyc.org/pdf/850/85018679010.pdf>. Acesso em: 19 de agosto de 2020.

ALMEIDA, Vanessa Galvão Vasconcelos de; MELO, Gabriela Maria de Sobral; LIMA,
Georgina Agnelo de. Queilite angular: sinais, sintomas e tratamento. 2007. Disponível em:
<https://unasus.ufpel.edu.br/moodle/ccufpel/bib/13>. Acesso em: 25 de setembro de 2020.

AZEVEDO, LUCIANE H. Avaliação dos efeitos do laser em baixa intensidade na região


da glândula tireoide de camundongos. 2002. Disponível em:
<http://pelicano.ipen.br/PosG30/TextoCompleto/Luciane%20Hiramatsu%20Azevedo_M.pdf
>. Acesso em: 31 de agosto de 2020.
21

CUNHA, Sandra R. B.; Princípios da laserterapia na odontologia. Disponível em:


<http://www.fo.usp.br/pos/wp-content/uploads/2019/05/Princi%CC%81pios-de-Laser.pdf>.
Acesso em: 20 de outubro de 2020.

FUKUDA TY, MALFATTI CA. Análise da dose do laser de baixa potência em


equipamentos nacionais. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rbfis/v12n1/13.pdf>.
Acesso em: 20 de outubro de 2020.

GARCIA, Valdir Gouveia e THEODORO, Letícia Helena. Lasers na Odontologia: uma


visão clínica baseada em evidências científicas. 1º edição. Santos Publicações Ltda, 2020.

KELNER, Natalie; CASTRO, Jurema Freire Lisboa de. Laser de baixa intensidade no
tratamento da mucosite oral induzida pela radioterapia: relato de casos
clínicos. Disponível em:
<https://rbc.inca.gov.br/site/arquivos/n_53/v01/pdf/relato_caso1.pdf>. Acesso em: 19 de
agosto de 2020.

LEAL, Clarissa Tôrres; BEZERRA, Andrezza de Lemos; LEMOS, Andréa. A efetividade do


laser de HeNe 632, 8 nm no reestabelecimento da integridade dos tecidos cutâneos em
animais experimentais: revisão sistemática. Fisioterapia e Pesquisa. Disponível em:
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-29502012000300016>.
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LINS, Ruthinéia Diógenes Alves Uchôa et al. Efeitos bioestimulantes do laser de baixa
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<https://www.scielo.br/pdf/abd/v85n6/v85n6a11.pdf>. Acesso em: 19 de outubro de 2020.

LIZARELLI, Rosane F. Z. Protocolos clínicos odontológicos – uso de laser de baixa


intensidade, 4º edição. Disponível em:
<https://www.passeidireto.com/arquivo/36738596/laserterapia-livro>. Acesso em: 15 de
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