Capitulo 7

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Capitulo 7

Capítulo 7 Os compromissos do pastor P aulo estava despedindo-se dos presbíteros de


Éfeso. Nesse encontro em Mileto houve beijos, abraços e lágrimas. Em apenas três anos
foram cultivados relacionamentos profundos entre Paulo e aqueles líderes. Paulo chama
esses líderes de presbíteros (At 20.17) e bispos (At 20.28) e emprega o verbo
"pastorear” para descrever seu trabalho (At 20.28), Assim, na mente de Paulo,
presbítero, bispo e pastor são termos correlatos. Não há hierarquia na igreja de Deus,
Tantos os líderes quanto os liderados são servos de Cristo. No livro de Atos 20.17-38,
Paulo aborda sete compromissos do pastor. Vamos aqui considerá-los. O COM PRO M
ISSO DO PASTOR C O M D E U S (A t 20.19) O primeiro compromisso do pastor não
é com a obra de Deus, mas com o Deus da obra. Relacionamento com Deus precede 119
De pastor a pastor trabalho para Deus. O primeiro chamado do pastor é para andar com
Deus e, como resultado dessa caminhada, ele deve fazer a obra de Deus. Em Atos 20.19,
Paulo testemunha sobre como serviu a Deus com humildade e lágrimas por causa das
ciladas dos judeus. Três fatos devem ser aqui destacados. Primeiro, o pastor está a
serviço de Deus, e não dos homens. Ele serve a Deus, ministrando aos homens. Quem
serve a Deus não busca projeção pessoal. Quem serve a Deus não anda atrás de aplausos
e condecorações. Quem serve a Deus não depende de elogios nem se desanima com as
críticas. Quem serve a Deus não teme ameaças nem se intimida diante de perseguições.
Quem teme a Deus não teme os homens, nem o mundo, nem mesmo o diabo. O pastor
não pode vender sua consciência, mercadejar seu ministério nem compactuar com
esquemas mundanos ou eclesiásticos para auferir vantagens imediatas. Judas vendeu a
Jesus por dinheiro. Demas ficou cego pelos holofotes do mundo e abandou as fileiras
daqueles que andavam em santidade. Muitos obreiros, de igual forma, são atraídos pela
sedução do poder, do dinheiro e do prazer e perdem a honra, a família e o ministério.
Precisamos ter claro em nosso coração a quem estamos servindo. Não servimos a
interesses de pessoas ou de grupos. Não servimos àqueles que alimentam a síndrome de
Diótrefes e pensam tolamente ser os donos da igreja. O pastor deve estar a serviço de
Deus, Segundo, o pastor deve servir a Deus com profundo senso de humildade. Muitos
batem no peito, arrogantemente, dizendo que 120 Os compromissos do pastor são
servos de Deus. Outros, besuntados de orgulho, fazem propaganda de seu próprio
trabalho. Outros servem a Deus, mas gostam dos holofotes. Há aqueles que fazem do
serviço a Deus um palco onde se apresentam como os atores ilustres sob as luzes da
ribalta. Um servo não busca glória para si mesmo. Fazer a obra de Deus sem humildade
é construir um monumento para si mesmo. É levantar outra modalidade da Torre de
Babel. Terceiro, o pastor não deve esperar facilidades pelo fato de estar servindo a Deus.
Quem serve a Deus com humildade e integridade desperta animosidade e muita
hostilidade no arraial do inimigo. Paulo servia a Deus com lágrimas. A vida ministerial
não lhe foi amena. Em vez de ganhar aplausos do mundo, recebeu ameaças, açoites e
prisões. Paulo manteve sua consciência pura diante de Deus e dos homens, mas os
judeus tramaram ciladas contra ele. Ele viveu em um campo minado. Enfrentou
inimigos reais, porém às vezes ocultos. Nem sempre Deus nos poupa dos problemas. Às
vezes, ele nos treina nos desertos mais tórridos e nos vales mais profundos e escuros. O
CO M PRO M ISSO DO PASTOR C O N SIG O M ESM O ( A t 20.18,28a) O apóstolo
Paulo, nos versículos 18 e 28a, mostra a necessidade de o pastor ter um sério
compromisso consigo mesmo. Destacaremos alguns pontos. Primeiro, o pastor precisa
cuidar de si mesmo antes de cuidar do rebanho de Deus. A vida do pastor é a vida do seu
pastorado. Há muitos obreiros cansados da obra e na obra, porque procuraram 121 De
pastor a pastor cuidar dos outros sem cuidar de si mesmos. Antes de pastorear os outros,
precisamos pastorear a nós mesmos. Antes de exortar os outros, precisamos exortar a
nós mesmos. Antes de confrontar os pecados dos outros, precisamos confrontar os
nossos próprios pecados. O pastor não pode ser um homem inconsistente. Sua vida é a
base de sustentação do seu ministério. O sermão da vida é o mais eloqüente sermão
pregado pelo pastor. O sermão mais difícil de ser pregado é aquele que pregamos para
nós mesmos. Segundo, o pastor precisa cuiãar de $i mesmo para não praticar o que
condena. O ministério não é uma apólice de seguro contra o fracasso espiritual. Há um
grande perigo de o pastor acostumarse com o sagrado e perder de vista a necessidade de
temer e tremer diante da palavra. Os filhos de Eli carregavam a Arca da Aliança com
uma vida impura. A Arca não os livrou da tragédia. Há muitos pastores vivendo na
prática de pecados e ainda mantendo a aparência. Há muitos pastores que saem dos
esgotos da impureza, pois navegam no lamaçal de sites pornográficos para, depois, subir
ao púlpito e exortar o povo à santidade. Essa atitude torna os pecados do pastor mais
graves, mais hipócritas e mais danosos que os pecados das demais pessoas. Terceiro, o
fwstor precisa cuiãar de si mesmo para não cair em descrédito. Há pastores que
perderam o ministério porque foram seduzidos pelos encantos do poder, embriagados
pela sedução do dinheiro, e acabaram caindo nas teias da tentação sexual, Há pastores
que causaram mais males com seus fracassos do que benefícios com seu trabalho. Se
um pastor perder a credibilidade, perde também o seu ministério. A integridade do
pastor é o 122 Os compromissos do pastor fundamento sobre o qual ele constrói seu
ministério. Sem vida íntegra não existe pastorado. Hoje, assistimos com tristeza a
muitos pastores gananciosos que mercadejam a palavra e vendem sua consciência no
mercado do lucro. Há obreiros que são rigorosos com os crentes, mas vivem de forma
frouxa em sua vida pessoal. Há pastores que apascentam a si mesmos, e não o rebanho.
Amam a sua própria glória, em vez de buscar a honra do Salvador. O C O M PRO M
ISSO DO PASTOR C O M A p a l a v r a d e D e u s (A t 20.20-27) Nos versículos 20 a
27, Paulo trata do compromisso do pastor com a palavra de Deus. Destacaremos alguns
aspectos importantes. Primeiro, o pastor precisa anunciar todo o conselho de Deus (v.
27). O pastor precisa pregar só a Bíblia e toda a Bíblia. Ele não pode apToximar-se das
Escrituras com seletividade. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino e
correção. A única maneira de o pastor cumprir esse desiderato é pregar a palavra
expositivamente. O pastor não prega suas próprias idéias, mas expõe a palavra. O pastor
não faz a mensagem, apenas a transmite. A mensagem emana das Escrituras. Deus não
tem nenhum compromisso com a palavra do pregador, apenas com sua palavra.
Segundo, o pastor precisa pregar para a salvação. O pastor prega arrependimento e fé (v.
21). Ele leva seus ouvintes a uma 12? De pastor a pastor decisão. Ele é evangelista.
Prega para a salvação. Há muitos pastores que dizem não ter o dom de evangelista.
Acostumam' se com um ministério burocrático, passando o tempo todo em um
escritório, atrás de uma mesa, navegando muitas vezes nas águas turvas da Internet. Há
pastores que perderam a paixão evangelística e não sabem mais o que é sentir as dores
de parto. Precisamos de pastores que preguem sobre.arrependimento e fé, de pastores
que anunciem, com a alma em fogo e com lágrimas nos olhos, a mensagem da salvação
que leva o pecador à conversão, Paulo disse para seu filho Timóteo cumprir cabalmente
o seu ministério de evangelista.275 Há uma frase muito conhecida no meio evangélico
que diz: “Pastor não gera ovelha, ovelha é que gera ovelha”. Essa frase é apenas
parcialmente verdadeira. É verdade que ovelha gera ovelha, mas pastor também gera
ovelha. Ou seja, pastor também é um ganhador de almas; ele também é um evangelista.
Terceiro, o pastor precisa ensinar com fidelidade a palavra (At 20.20). Paulo não apenas
evangelizava, ele também ensinava. Não apenas gerava filhos espirituais, mas também
os nutria com o alimento. O pastor é um discipulador. Ele deve mentorear as ovelhas de
Cristo. O pastor é um mestre. A ele, cabe o privilégio de ensinar as verdades benditas do
evangelho ao povo de Deus. O pastor deve afadigar-se na palavra.276 Ele precisa cavar
as insondáveis riquezas do evangelho de Cristo. O pastor é um estudioso e um erudito.
A palavra do conhecimento deve estar em seus lábios para instruir o povo. Ele precisa
ser um homem de alma sedenta para aprender e ter um coração ardente para ensinar.
Quem cessa 124 O s compromissos do pastor de aprender, cessa de ensinar, Quem se
alimenta de migalhas não pode oferecer pão nutritivo para o povo. Muitos pastores
oferecem ao povo uma sopa rala, em vez de alimento sólido, pois alimentam o povo da
plenitude do seu coração e do vazio da sua cabeça. Outros ensinam doutrinas de
homens, tradições humanas, em vez de ensinar a poderosa e eficaz palavra de Deus.
Quarto, o pastor precisa ensinar íanto as muitidões como os pequenos grupos (At
20.20). Paulo ensinava de casa em casa e também publicamente. Há pastores que são
loucos pelo frenesi da multidão, mas não se entusiasmam em falar para pequenos
grupos. Há pregadores que só pregam para grandes auditórios. Sentem-se importantes
demais para pregar em uma pequena congregação ou em uma reunião de grupo familiar.
Esses indivíduos pensam que são mais importantes do que o apóstolo Paulo. O apóstolo
pregava de casa em casa. Jesus pregou seus mais esplêndidos sermões para uma única
pessoa. Quem não se dispõe a pregar para um pequeno grupo não está credenciado a
pregar para um grande auditório. Nossa motivação não deve estar nas pessoas, mas em
Deus. O COM PRO M ISSO DO PASTOR C O M O M INISTÉRIO (A l 20.24) O
apóstolo sintetiza o seu ministério em três verdades sublimes. Ele diz aos presbíteros de
Efeso: “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que
complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o
evangelho da graça de Deus”.277 Destaquemos essas três verdades. 125 De pastor a
pastor Primeiro, vocação (At 20.24). Paulo diz que recebeu o ministério do Senhor
Jesus. Ele não se lançou no ministério por conta própria. Foi chamado, vocacionado e
separado para esse «abalho. Não se tornou um pastor porque buscava vantagens
pessoais. Não entrou para as lidas do ministério buscando segurança, emprego ou lucro
financeiro. Não entrou no ministério com motivações erradas.. O mesmo Senhor que
apareceu para ele em glória no caminho de Damasco também o chamou, o separou, o
capacitou e o revestiu de poder para exercer o ministério. É o senso de vocação que dá
ao pastor forças nas horas difíceis. É a certeza do chamado divino que lhe dá direção em
tempos tenebrosos, É a convicção de que é o Espírito Santo quem nos constitui bispos
sobre o rebanho e que nos dá paz para continuar no trabalho, mesmo diante de
circunstâncias adversas. Segundo, abnegação (At 20.24). Paulo diz que não considerava
a vida preciosa para ele mesmo desde que cumprisse o seu ministério. O coração de
Paulo não estava nas vantagens auferidas do ministério. Não estava no ministério
cobiçando prata ou ouro. Não estava em uma corrida desenfreada em busca de prestígio
ou fama. Seu propósito não era ser aplaudido ou ganhar prestígio entre os homens. Na
verdade ele estava pronto a trabalhar com suas próprias mãos para ser pastor. Estava
pronto a sofrer toda sorte de perseguição e privação para pastorear. Estava disposto a ser
preso, a sofrer ataques externos e temores internos para pastorear a igreja de Deus.
Estava pronto a dar sua própria vida para cumprir cabalmente seu ministério. 126 Os
compromissos do pastor Terceiro, paixão (At 20.24). A grande paixão de Paulo era
testemunhar o evangelho da graça de Deus. A pregação enchia de entusiasmo o peito do
velho apóstolo. Ele sabia que o evangeího é o poder de Deus para a salvação de todo o
que crê. Ele sabia que a justiça de Deus se revela no evangelho. Ele sabia que a
mensagem do evangelho de Cristo é a única porta aberta por Deus para a salvação do
pecador, Paulo se considerava um arauto, um embaixador, um evangelista, um pregador,
um ministro da reconciliação. Sua mente estava totalmente voltada para a pregação. Seu
tempo era todo dedicado à pregação. Mesmo quando estava preso, entendia que a
palavra não estava algemada. O COM PROM ISSO D O PASTOR C O M A IGREJA (A
t 20.28-32) Nos versículos 28 a 32, Paulo fala sobre o compromisso do pastor com á
igreja. Queremos destacar alguns pontos. Primeiro, o pastor deve cuidar de todo o
rebanho, e não apenas das ovelhas mais dóceis (At 20.28). Há ovelhas dóceis e indóceis,
Há ovelhas que obedecem ao comando do pastor e ovelhas que se rebelam e fogem de
debaixo do cajado do pastor. Há ovelhas que escoiceiam o pastor e aquelas que são o
deleite do pastor. Há um grande perigo de o pastor cuidar apenas das ovelhas amáveis e
deixar de lado as outras. A ordem divina é que o pastor deve cuidar de todo o rebanho, e
não apenas de parte dele. Segundo, o pastor não é o dono, mas servo do rebanho (At
20.28). A igreja é de Deus, e não do pastor. Jesus é o único dono da igreja. O Senhor
nunca nos deu uma procuração para nos De pastor a pastor apossarmos da sua igreja. Na
igreja de Deus não existem chefes, caudilhos e donos. Na igreja, todos nós somos
nivelados no mesmo patamar, somos servos. Aqueles que se arvoram em donos da igreja
e tratam-na como uma empresa particular, buscando abastecer-se das ovelhas, em ve2
de servi-las e pastoreá-las, estão em franca oposição ao propósito divino. Terceiro, o
pastor não pode impor-se arbitrariamente como líder do rebanho (At 20.28). O pastor
precisa ter plena consciência de que foi o Espírito Santo quem o constituiu bispo para
pastorear a igreja. Qualquer atitude de manobra humana ou política de bastidor para
continuar à frente de uma igreja é uma conspiração contra o plano de Deus. O pastorado
não deve ser imposto. O pastor não pode agir com truculência. Ele não é um ditador,
mas um pai. Não é um explorador do rebanho, mas servo do rebanho. Há muitos
pastores que constrangem as ovelhas e se impõem sobre elas com rigor despótico.278
Há outros que orquestram vergonhosamente para permanecer no pastorado da igreja,
fazendo acordos e conchavos pecaminosos. O pastor não deve aceitar o pastorado de
uma igreja nem sair dela por conveniência, vantagens financeiras ou pressões. Ele
precisa saber que, antes de ser pastor do rebanho, é servo de Cristo. Quarto, o pastor
precisa compreender o valor da igreja aos olhos de Deus (At 20.28). A igreja é a noiva
do Cordeiro, a menina dos olhos de Deus. Ele a comprou com o sangue de Jesus. Tocar
na igreja de Deus é ferir a noiva do Cordeiro. Deus tem zelo pelo seu povo. Perseguir a
igreja é perseguir ao próprio Senhor da igreja, Quem fere o corpo atinge também a
cabeça. Os pastores 128 Os compromissos do pastor que tratam com rigor desmesurado
as ovelhas de Cristo e dispersam o rebanho ou deixa de protegê-lo dos lobos vorazes
estão desprezando a escrava resgatada, a amada do coração de Deus, a noiva do seu
Filho bendito! Quinto, o pastor precisa proteger o rebanho dos ataques externos {At
20.29). Paulo diz que existem lobos do lado de fora buscando uma oportunidade para
entrar no meio do rebanho para devorar as ovelhas. O pastor deve ser o guardião e o
protetor do rebanho. Como Davi, ele precisa declarar guerra aos ursos e leões,
protegendo o rebanho de seus dentes assassinos. Há muitos falsos mestres com suas
perniciosas heresias tentando entrar na igreja. O pastor precisa estar atento! Sexto, o
pastor precisa proteger o rebanho dos ataques internos (At 20.30). O perigo não vem
apenas de fora, mas também de dentro. Há aqueles que se levantam no meio da igreja
declarando coisas perniciosas e arrastando após si as ovelhas. Há lobos vestidos com
peles de ovelhas dentro da igreja. Há falsos mestres enrustidos que buscam uma ocasião
para se manifestar e provocar um estrago no arraial de Deus. O pastor precisa ser zeloso
no ensino, não dando guarida nem oportunidade aos oportunistas que se infiltram no
meio da igreja para disseminar suas heresias. O C O M PRO M ISSO DO PASTOR C O
M O DIN HEIRO ( A t 20.33-35) Nos versículos 33 a 35 o apóstolo Paulo fala do
compromisso do pastor com o dinheiro. Nessa matéria há dois extremos perigosos. O
primeiro deles é o pastor trabalhar motivado pelo 129 De pastor a pastor salário. Há
muitos pastores que aceitam o convite de uma nova igreja motivados puramente por um
salário maior. A motivação para sair dessa para aquela igreja não é o amor a Deus e às
ovelhas, mas o apego ao dinheiro. O segundo extremo perigoso é a igreja não pagar um
salário digno ao pastor. Há igrejas que pecam contra o pastor não lhe dando um sustento
digno. O trabalhador é digno do seu salário. Quem está no ministério deve viver do
ministério. Muitas pessoas argumentam que Paulo trabalhava e pastoreava e que esse
deveria ser o modelo para as igrejas contemporâneas. Mas o texto que estamos
considerando não trata especificamente da questão do salário pastoral. Aqui, Paulo está
apenas dando o seu testemunho. Em ICoríntios 9, Paulo fala sobre a questão do salário
pastoral. Lá ele é enfático ao mencionar que o pastor deve receber um salário digno. Se
o pastor não deve ganancioso, por outro lado a igreja não deve ser avarenta. A questão
do dinheiro é uma área delicada e também um campo escorregadio, em que muitos
obreiros têm caído. O dinheiro é uma bênção, mas o amor ao dinheiro é a raiz de todos
os males.279 O dinheiro é um bom servo, mas um péssimo patrão. O problema não é
possuir o dinheiro, mas ser possuído por ele. O problema não é ter o dinheiro, mas o
dinheiro nos ter. O problema não é guardar o dinheiro no bolso, mas armazená-lo no
coração. É impossível servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Se colocarmos
nosso coração no dinheiro, acabaremos tirando nosso coração de Deus. O dinheiro é um
deus, ele é Mamom. O dinheiro é o ídolo mais adorado em nossa geração. Por ele, 1.30
Os compromissos do pastor muitas pessoas vivem, morrem e matam. Por causa dele,
muitos se casam, divorciam-se ou deixam de se casar. Por amor a ele, muitos
corrompem, e outros são corrompidos. Há aqueles que, à semelhança do jovem rico,
preferem a riqueza à salvação da sua alma. Muitos obreiros, discípulos de Judas
Iscariotes, vendem sua consciência, seu ministério e seu Senhor por míseras trinta
moedas de prata. Paulo tem algumas lições importantes a nos ensinar: Primeiro, o
fwstor é algitêm que faz a obra não motivado pelo dinheiro (At 20.33). Paulo não foi a
Efeso para cobiçar prata ou ouro das pessoas; foi levar a elas as riquezas espirituais. O
dinheiro jamais foi o vetor do ministério de Paulo. Ele diz que não cobiçou dinheiro
nem vestes. Sua alegria no ministério não era receber benefícios da igreja, mas dar sua
vida pela igreja. Segundo, o pastor é alguém que se dedica à obra mesmo quando lhe
falta o dinheiro (At 20.34) - Paulo trabalhou com suas próprias mãos para continuar o
ministério. Ele não abandonou o ministério para trabalhar na fabricação de tendas nem
jamais se empolgou com a fabricação de tentas a ponto de diminuir seu entusiasmo com
o ministério. Quando as igrejas pagavam o que lhe era devido, Paulo se concentrava
integralmente no ministério, mas, se as igrejas sonegavam seu salário, ele continuava
exercendo o ministério, ainda que precisasse trabalhar para isso. Terceiro, o pastor é
alguém que entende que mais feliz é aquele que dá dinheiro do que quem recebe
dinheiro (At 20.35). Paulo cita uma expressão de Jesus: “Mais bem-aventurado é dar do
que receber”. A visão do pastor não deve ser a de um homem egoísta e m De pastor a
pastor avarento. O pastor precisa ser um homem de coração generoso, mãos dadivosas e
bolso aberto. Se o pastor não tiver o hábito de ajudar as pessoas, não ensinará seu
rebanho a ser generoso. Se o pastor não contribuir com seu dízimo, seu povo será infiel.
Se o pastor nunca der uma oferta, suas ovelhas não aprenderão a ofertar. O pastor é o
exemplo do rebanho. O COM PROM ISSO DO PASTOR C O M A AFETIVJDADE (A
t 20.36-38) Nos versículos 36 a 38, vemos o relato da despedida de Paulo dos
presbíteros de Éfeso na praia de Mileto. Eles se abraçaram, beijaram-se e choraram em
um lugar público. Paulo havia passado três anos em Éfeso, e esse tempo foi suficiente
para eles formarem fortes elos de amizade. Agora, eles demonstram a intensidade desse
afeto nessa despedida. Destacamos alguns pontos importantes aqui. Primeiro, nos somos
seres afetivos (At 20.37). O amor precisa ser verbalizado e demonstrado. Nossas
emoções precisam refletir nosso amor. Os presbíteros de Éfeso abraçaram e beijaram a
Paulo em uma praia, um lugar público. Eles não negaram, não camuflaram nem
esconderam suas emoções. A mídia empapuçada de violência está minando as nossas
emoções. Estamos ficando secos como um deserto. Não conseguimos mais chorar nem
expressar nossas emoções. Uma senhora da igreja, depois do culto, disse-me entre
lágrimas: “Pastor, eu valorizo muito o seu abraço na porta da igreja, porque é o único
abraço que eu recebo na semana”. Há momentos em que a maior necessidade de uma
132 Os compromissos do pastor pessoa na igreja não é de ouvir o coral, mas de receber
o abraço de um irmão. Segundo, nós precisamos demonstrar nosso afeto pelas pessoas
que amamos (At 20.37). Há muitos pastores que não conseguem expressar seus
sentimentos nem verbalizar seu amor pelas ovelhas. São como Davi, que só conseguiu
expressar seu amor por seu filho Absalão no dia que ele morreu. Há pastores que são
como aqueles que só mandam flores para uma pessoa no seu funeral. Precisamos
aprender a declarar o nosso amor pelas pessoas. Precisamos aprender a valorizar as
pessoas enquanto elas estão conosco. Precisamos demonstrar nosso apreço por elas
enquanto elas podem ouvir nossa voz. Eu estava pregando em um congresso de
liderança e perguntei aos pastores qual tinha sido a última vez que eles haviam beijado
seus presbíteros. Um pastor levantou a mão no fundo do auditório e disse: "Beijar eu
não beijei nenhuma vez, mas, vontade de morder, eu já tive algumas vezes”. Terceiro,
nós precisamos entender a força terapêutica da afetividade (At 20.36-38). O amor é o
elo de perfeição que une as pessoas. O amor é cinturão que mantém unidas as demais
peças da virtude cristã. Uma pessoa não permanece em uma igreja na qual ela não tem
amigos. A comunhão e a evangelização são temas profundamente conectados. Onde há
união entre os irmãos, é ali que Deus ordena sua bênção e a vida para sempre.280 Certa
feita, uma irmã da igreja me telefonou, informando-me que pretendia transferir-se para
uma igreja mais próxima de sua casa, Eu carinhosamente lhe disse: “O problema é que
você é 135 De pastor a pastor tão importante para a nossa igreja que não podemos abrir
mão de você”, A mulher começou a chorar ao telefone e disse: “Pastor, na verdade, eu
não queria ir para outra igreja. Era isso o que eu precisava ouvir. Muito obrigada”, e
desligou o telefone. As pessoas são carentes afetivamente, e os pastores precisam
compreender que o amor verbalizado e demonstrado tem um grande poder terapêutico.
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