A4 - Física Contemporânea (Clima)
A4 - Física Contemporânea (Clima)
A4 - Física Contemporânea (Clima)
Sumário
MÓDULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1 - BIOSFERA E OS SUBSISTEMAS TERRESTRES................................................................................. 1
1.2 - RADIAÇÃO SOLAR ...................................................................................................................... 3
1.3 - INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA ............................................................................... 8
1.4 - ATMOSFERA TERRESTRE .......................................................................................................... 12
1.5 - EFEITO ESTUFA: LEIS E MODELOS BÁSICOS PARA O BALANÇO DE ENERGIA RADIANTE NA
ATMOSFERA ............................................................................................................................................ 16
A B C
[2] https://pt.slideshare.net/ivasantos/estrutura-interna-da-terra-3061760
1
Figura 1.2 - Modelos geoquímico (esquerda) e físico (direita) da estrutura da Terra[3].
A Hidrosfera é constituída por água em suas formas sólida, líquida e gasosa. A maior
parcela da Hidrosfera é composta de água salgada dos oceanos (70,8%) sendo o restante
água doce (29,2%), presente em rios, lagos, aquíferos bem como na atmosfera. A Figura
1.3 abaixo ilustra transporte de água na hidrosfera sendo conhecido por ciclo das águas.
vf , (1.1)
onde v é dado em (m/s), em (m) e f em (Hz).
3
Definições importantes acompanhadas de suas relações e dependências
dU
dt (1.2)
I d d U
2
(1.3)
d dtd
Irradiância (E): num certo ponto de uma superfície é quociente entre o fluxo de
radiação pela área do elemento de superfície, cuja unidade é W.m-2
E d d U
2
(1.4)
dA dtdA
Radiância (L): quociente entre a intensidade de radiação de um certo elemento
de superfície, em uma determinada direção, e a área da projeção ortogonal deste
elemento em um plano perpendicular a essa direção. Sua unidade é W.m-2.sr-1
L dI
d 3U (1.5)
cos dA cos dtd dA
L f dL dL d L f L L
2
(1.8)
df d df f c
onde c = 2,998x108 m/s.
4
Em algumas das definições acima é necessário o emprego do ângulo sólido: razão
entre a área delimitada sobre a superfície de uma esfera e o quadrado da distância ao
centro da esfera
S
S
A2 S cos(2 )
A
r r
r
dS cos( )
d dA2
r r2
Consideremos o Sol como um corpo negro. Sua superfície externa encontra-se a uma
temperatura TS 5800 K o que permite calcular a energia por unidade de tempo emitida
pelo Sol: Área M = 4 rs2TS4 . A onda eletromagnética propaga-se pelo espaço e
encontra a superfície atmosférica terrestre após percorrer uma distância (média) rd =
15x1010 m.
5
O Albedo Planetário P é definido como a razão entre a energia refletida pela
superfície e a energia incidente, i.e.
Irradiação refletida
P valores medidos sugerem para a Terra P = 0,3.
Irradiaçãoincidente
Exercício 1.2: Considere a Terra como um corpo negro (=1) emitindo à uma temperatura
média Te. Use a Lei de Stefan-Boltzmann Eq (1.10) e o balanço de energia para estimar
a temperatura Te de emissão da Terra. Assuma no balanço de energia que a fração
transmitida por uma superfície circular é absorvida pela Terra.
> 0,74
0,74m infravermelho
< 0,36
0,36m ultravioleta
6
O espectro de radiação de corpo negro pode ser obtido com a Lei de Planck
2
P( ,T ) 2hc5 1 , unidade: W.m-2.sr-1. m-1 (1.11)
exp(hc
kBT ) 1
8
10
Irradiância espectral (W m-2 m-1)
T=6000K
6 T=300K
10
4
10
2
10
0
10
-2
10 -1 0 1 2
10 10 (m) 10 10
Figura 1.6 – Lei de Planck para espectro de radiação
de corpo negro.
7
1.3 - Interação da radiação com a matéria
A radiação pode interagir com a matéria de diferentes formas. A interação fóton-
núcleo é denominada direta enquanto fóton-campo eletrostático nuclear é indireta. De
forma genérica a radiação pode ser espalhada, absorvida e transmitida ao interagir com a
matéria.
Usando as conservações do
momento linear e da energia
encontramos
Ee hf EL (1.12)
Energia do Energia de
elétron ejetado Ligação
Figura 1.8 – Efeito Fotoelétrico.
Produção de Pares:
8
A Figura (1.10) ilustra as regiões de predominância das interações da radiação com a
matéria e sua relação com o número atômico do átomo.
Efeito Produção de
Fotoelétrico Pares
Z do Absorvedor dominante dominante
Efeito
Compton
dominante
hf (MeV)
Espectro contínuo
Espectro de emissão
Espectro de absorção
9
As moléculas podem ser excitadas, ter seus movimentos amplificados a depender da
radiação incidente. Na Figura (1.12) abaixo podemos ver algumas ilustrações básicas de
moléculas e seus movimentos.
v= vxî+vyj+vzk
TRANSLAÇÂO: 3 graus de liberdade
VIBRAÇÃO:
3N-5 (moléculas lineares)
3N-6 (não lineares)
H2O
ROTAÇÂO:
2 (moléculas lineares)
CO2
3 (não lineares)
Compr. onda,
eletrônica rotacional
m
vibracional
Rotacional
Figura 1.13 – intervalos do espectro eletromagnético em que predominam as
interações da radiação com a matéria.
10
As moléculas possuem uma energia total dada pela soma das energias eletrônica (Uele),
vibracional (Uvib), translacional (Utra) e rotacional (Urot), i.e.
11
Exercício 1.5: use os valores máximo e mínimo das energias de Ionização fornecidas no
item fotoionização para obter o intervalo de comprimentos de onda pertinente. Com base
nos seus resultados indique a região do espectro eletromagnético.
molar
Exercício 1.6: use os dados dos quatro primeiros gases na tabela acima e a equação
N
m FM i mi para estimar a massa molar média do ar seco, onde FMi é a fração molar
i 1
e mi a massa molar do i-ésimo constituinte.
12
Estratosfera é a camada acima da Troposfera e abaixo da Mesosfera. A Estratosfera
retém 19% do ar atmosférico e sua temperatura aumenta com a altitude, de -60/-50°C
para -10°C a 0°C; o limite desta camada encontra-se cerca de 50 km acima da superfície
da Terra. O aquecimento é explicado pela absorção de raios UV pelas moléculas de O 2
geração de ozônio.
Estratopausa (50-55 km) é uma camada intermediária entre a estratosfera e a
mesosfera onde a temperatura do ar permanece em torno de -10°C.
Mesosfera possui limite superior entre 80 a 85 km e sua temperatura diminui com a
altitude até cerca de -95°C, pois quase não existe absorção de energia pelos gases nela
contidos.
Mesopausa (85 a 90 km) caracteriza-se pela camada atmosférica de menor
temperatura.
A Termosfera possui limite superior de aproximadamente 680km. Sua temperatura
média aumenta assumindo valores de cerca de 1000°C. Nesta camada as radiações com
valores inferiores a 0,1m ionizam o O2 e o N2.
Termopausa é a camada intermediária entre a Termosfera e a Exosfera.
A Exosfera é a camada mais rarefeita sedo constituída principalmente de íons e algum
Hidrogênio. Devido sua rarefação a temperatura da camada é estimada através de medidas
de pressão e massa específica.
Termopausa
Mesopausa
Estratopausa
Máx. Ozônio
FResult A( p dp) A p dM g 0
Adp ( dV ) g 0 Adp ( Adz ) g 0 (p+dp)A
A Z
dp g dz
dz
dp
g, (1.15)
dz pA
14
Observação: os movimentos horizontais das massas de ar possuem velocidade média de
10m/s enquanto os movimentos verticais 1cm/s. Desconsideramos grandes nuvens bem
como ciclones, tornados entre outros fenômenos.
Desconsiderando as variações de g e T com z, atmosfera isotérmica e integrando vem
p( z ) p0 exp( 0,116 z ) , (1.17)
e que expressa um decaimento exponencial da pressão com a altitude z (km). O valor da
pressão ao nível do mar é considerado p0 = 1 atm = 1,013x105 Pa. Substituindo a Eq (1.17)
na Eq (1.15) e derivando temos
1mb = 100 Pa
1mi = 1,609 km.
termosfera 1.17
100
Altitude (Km)
80
mesosfera
60
40
estratosfera
20
troposfera
0
-8 -6 -4 -2 0
10 10 10 10 10
pressão (atm)
Figura 1.18 – comparação das pressões medidas e
estimadas com a Eq (1.17) corrigida.
15
1.5 - Efeito estufa: leis e modelos básicos para o balanço de
energia radiante na atmosfera
Absorção na Atmosfera
Janela Solar - RC Janela IV - RL
Absorção %
16
𝜋𝑟 2
𝐸 = 𝑆0 = 𝑆0 /4
αPE 4𝜋𝑟 2
(1-αP)
Refletida: S0/4
Espaço
(1 A ) TE4
Emitida: TE
4
Absorvida: (1-)S0/4 Terra
17
Admitindo uma emissividade de 0,8 para a atmosfera obtemos uma temperatura mais
razoável para a superfície da Terra: valor em torno de 16,6°C. Manipulando as equações
para este modelo obtemos uma expressão da dependência de TE em termos de A a saber
1/4
(1 P ) S0
TE . (1.20)
2 (2 A )
A Figura 1.22 a seguir ilustra esta dependência para valores de A variando de 0
(transparente ao IV) até 1 (opaca ao IV).
40
= 0,30
P
30 = 0,25
P
20
TE °C
10
-10
-20
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Figura 1.22 – dependência da temperatura TE com a emissividade
da atmosfera em modelo de uma camada Eq. (1.20).
Exercício 1.7: refaça as contas usando valores no formato científico a,bcd10e e completa
a tabela com os resultados das temperaturas obtidas para os modelos de 1-camada: casos
A) e B).
Temp °C
Caso A Caso B
TE
TA
Caso C) Podemos ser levados a acreditar que ao adicionarmos mais camadas atmosféricas
consigamos obter resultados melhores. Assim vamos supor que existam duas camadas
atmosféricas com temperaturas estáveis T1 e T2 acima da superfície terrestre (Fig. 1.23).
Este modelo é uma extensão do primeiro modelo de uma camada discutido na seção
precedente: camadas transparentes as ondas curtas e opacas as ondas longas (IV). Para
simplificar assumiremos P = .
O balanço de energia radiante na superfície da Terra bem como nas duas camadas
atmosféricas leva as seguintes igualdades
(1 ) S0 / 4 T14 TE4
. (1.21)
TE4 T24 2 T14 e T14 2 T24
18
Refletida: S0/4
Espaço
Camada 2 T24
Camada 1
TE4 T14
Emitida: TE
4
Absorvida: (1-)S0/4 Terra
3(1 ) S0
1/4
TE 335,5K 62,5C
4
1/4 1/4
, (1.22)
2 1
T1 TE 30, 2C e T2 T1 18,1C
3 2
o que mostra uma enorme inconsistência com os valores médios observados para TE.
O sistema de equações (1.23) pode ser facilmente resolvido ao ser reescrito na forma
matricial como abaixo
Obs.: nos ambientes Octave, Matlab ou FreeMat resolvemos o sist eqs lineares por
Eliminação Gaussiana usando
> A = [ A11 A12 A13 ; A21 A22 A23 ; A31 A32 A33] ; b = [ b1 ; b2 ; b3] ;
> x = A\b
19
Refletida: S0/4
T24 (1 ) T14 (1 )2 TE4
Exercício 1.8: use os valores = 0,30, = 0,80 e σ = 5,6710-8 Wm-2K-4 para obter o
vetor solução (temperaturas) do sistema de equações lineares (Eq. 1.24). Preencha a tabela
com os resultados obtidos e os apresentados no modelo de 2 camadas (Caso C).
Temp °C
Caso C Caso D
TE
T1
T2
Exercício 11: Suponha um modelo de duas camadas atmosféricas como no Caso D mas
considere que a camada mais externa absorva uma parcela da radiação curta ( visível),
i.e., (1 )kS0 / 4 (este será o Caso E). A radiação que chega a superfície da Terra
será (1 - )(1 – k)S0/4. a) Equacione os balanços energéticos e escreva o sistema de
equações lineares na forma matricial. b) Use os dados do Caso D e assuma o coeficiente
de absorção de ondas curtas da camada externa igual a 0,1. Crie uma tabela com os
resultados dos Casos D e E; teça seus comentários a respeito dos resultados.
20
Os modelos apresentados acima, embora básicos, introduzem as ideias iniciais na
tentativa de avaliar o balanço de energia radiante no sistema Terra/Atmosfera. A Figura
1.25 a seguir representa um modelo mais geral por levar em consideração os fluxos
mássicos provenientes de movimentos turbulentos na baixa atmosfera (calor sensível)
bem como a parcela referente à evapotranspiração (calor latente).
21
O valor da radiação proveniente da Terra e absorvida pela atmosfera pode ser
estimado por TE4 = 0,9∙5,6710-8 (289)4 356 Wm-2.
O balanço (saldo/déficit) de radiação médio no topo da atmosfera (TOA) é dado por
RTOA = 341 – 102 – 239 RTOA = 0 Wm-2
Na superfície da Terra a diferença entre a radiação incidente direta ou espalhada
menos a radiação emitida no infravermelho fornece
RE = 161 + 333 – 396 RE = 98 Wm-2
o que indica um saldo energético. Considerando o calor sensível (LS) proveniente dos
movimentos verticais turbulentos da atmosfera bem como o calor latente (LH) advindo do
processo de evapotranspiração obtemos o novo saldo energético radiativo e não radiativo
RE = 161 + 333 – 396 – 17 – 80 RE = 1 Wm-2.
Finalmente o balanço energético médio na atmosfera é equacionado considerando que a
mesma absorve 78 Wm-2 de radiação curta, 356 Wm-2 na região de radiação longa e emite
para a Terra e espaço 333 e 199 Wm-2, respectivamente fornecendo
RA = 78 + 356 – 333 – 199 RE = - 98 Wm-2.
Da mesma forma o déficit energético na atmosfera é compensado com os 97 Wm -2.
provenientes dos calores sensíveis e latente.
Observe-se que o modelo apresentado na Figura 1.25 não leva em consideração a
transferência de calor por condução nos continentes nem as correntes marítimas.
22
Exercício 1.13: Usando o script do exercício anterior altere as duas linhas que contém
2005 para 2015 (em load e arq=). Rode (execute ) o script. Na barra superior da figura
em edit copie a figura e cole no MSword, ao lado da figura do exercício 12. Em seguida
analise os dados e os resultados obtidos para as constantes solares em 2005 e 2015.
Exercício 1.15: Considere a Figura abaixo. Assuma que a radiação proveniente do Sol
seja de 341W/m2 (a mesma do modelo apresentado na Figura 1.25). Codifique os valores
23
percentuais em unidades de Irradiância, W/m2. Compare os resultados obtidos pelos
modelos preenchendo a tabela abaixo.
24