A4 - Física Contemporânea (Clima)

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Universidade Federal do Para

Instituto de Ciências Exatas e Naturais


Faculdade de Física
MNPEF

Curso: Física Contemporânea (Clima) – 68h


Professor: Klaus Cozzolino

Ementa: Radiação solar – interação com a atmosfera e a biosfera. Balanço da energia


radiante. Vento. Fluxos de energia. Fluxos de massa (CO2 e vapor d´água).
Evapotranspiração Umidade do ar. Precipitação. Mudanças no uso e ocupação do solo e
suas implicações no clima.

Objetivos gerais e específicos: Introduzir os rudimentos de física contemporânea focada


no clima e nas alterações climáticas. Introduzir as bases para o desenvolvimento de um
espírito crítico em relação ao efeito estufa e os mecanismos de aquecimento global.
Ao final do curso os estudantes poderão descrever a atmosfera terrestre, os efeitos
de radiação, evapotranspiração, ciclo das águas, dos fluxos energéticos e mássicos.
Poderão descrever cientificamente como funcionam alguns dos principais instrumentos
climáticos de medidas.

Sumário
MÓDULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1 - BIOSFERA E OS SUBSISTEMAS TERRESTRES................................................................................. 1
1.2 - RADIAÇÃO SOLAR ...................................................................................................................... 3
1.3 - INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA ............................................................................... 8
1.4 - ATMOSFERA TERRESTRE .......................................................................................................... 12
1.5 - EFEITO ESTUFA: LEIS E MODELOS BÁSICOS PARA O BALANÇO DE ENERGIA RADIANTE NA
ATMOSFERA ............................................................................................................................................ 16

MÓDULO 2 – FLUXOS MÁSSICO E ENERGÉTICO ....................................................................... 17


2.1 - CLIMA ...................................................................................................................................... 23
2.2 - CICLO HIDROLÓGICO: PRECIPITAÇÃO, ESCOAMENTO E EVAPORAÇÃO ...................................... 28
2.3 - EVAPOTRANSPIRAÇÃO ............................................................................................................. 32
2.4 - VENTOS .................................................................................................................................... 35
2.5 - PRINCIPAIS INSTRUMENTOS CLIMÁTICOS DE MEDIDA ............................................................... 45
2.6 - AEROSSÓIS NA ATMOSFERA (VAPOR D'ÁGUA E CO2) ................................................................ 54
2.7 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR NO PLANETA ................................................................................. 58
2.8 - MODELOS PARA O BALANÇO DE ENERGIA NA BIOSFERA ........................................................... 62
MÓDULO 3 – ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NO PLANETA ......................................................... 65
3.1 - USOS DO SOLO EM REGIÕES RURAIS .................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.2 - USOS DO SOLO EM REGIÕES METROPOLITANAS ................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.3 - INFLUÊNCIAS NO CLIMA ...................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
REFERÊNCIAS ......................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
Módulo 1 – Introdução
Para compreendermos o clima terrestre necessitamos inicialmente conhecer os
subsistemas da Terra e como eles interagem uns com os outros. O homem ao longo dos
séculos atua de modo perigoso em todos os subsistemas terrestres ocasionando
desequilíbrios atmosféricos, escassez de recursos naturais tanto minerais como vegetais
e animais, dentre outros problemas.

1.1 - Biosfera e os subsistemas terrestres


Entendemos por Biosfera o conjunto de todos os seres vivos que habitam a Terra, ou
seja, aqueles que se encontram sobre as placas continentais, nos solos, nos oceanos, lagos,
rios e na atmosfera.
Alem da biosfera existem outros subsistemas terrestres que influenciam a vida na
Terra: a Geosfera, a Hidrosfera e a Atmosfera. Estudos mais recentes incluem como
quinto sistema terrestre a Criosfera, antes considerado um dos constituintes do
subsistema hidrosfera.
A Geosfera possui atualmente dois modelos que representam sua estrutura interna:
um químico e outro físico. O modelo químico/geoquímico divide a geosfera em três
partes, a saber: crosta, manto (superior e inferior) e núcleo (superior e inferior). O modelo
físico/dinâmico de camadas da geosfera é composto pela litosfera, astenosfera, mesosfera
e endosfera.
O modelo químico divide a Terra em seções esféricas com base na composição
mineralógica das mesmas. Já o modelo físico baseia-se nas propriedades como densidade
das camadas, velocidades das ondas P (primárias) e das ondas S (secundárias), gradiente
geotérmico, levantamentos gravimétricos e magnetométricos. As Figuras 1.1 e 1.2 a
seguir ilustram os modelos da geosfera atualmente aceitos.

A B C

Figura 1.1 – Modelos da estrutura da Terra[2]: geoquímico (A), físico (B), e


velocidades das ondas sísmicas (C).

[2] https://pt.slideshare.net/ivasantos/estrutura-interna-da-terra-3061760

1
Figura 1.2 - Modelos geoquímico (esquerda) e físico (direita) da estrutura da Terra[3].

A Hidrosfera é constituída por água em suas formas sólida, líquida e gasosa. A maior
parcela da Hidrosfera é composta de água salgada dos oceanos (70,8%) sendo o restante
água doce (29,2%), presente em rios, lagos, aquíferos bem como na atmosfera. A Figura
1.3 abaixo ilustra transporte de água na hidrosfera sendo conhecido por ciclo das águas.

Figura 1.3 – Ciclo das Águas[4].

A Atmosfera, camada gasosa que envolve o planeta Terra, constitui-se prioritariamente


de Nitrogênio (78,08%). Oxigênio (20,95%), Argônio (0,93%), gás carbônico (0,039%)
e de outros gases em menores concentrações (ar seco). A Atmosfera será tratada em
maiores detalhes em seção posterior.
[3] https://player.slideplayer.com.br/118/18178499/# (slide 40)
[4] http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrosfera
2
1.2 - Radiação Solar
Entendemos por radiação uma forma de energia que não necessita de um meio para
se propagar. Segundo a Física Moderna a energia radiativa apresenta dualidade de
comportamento: corpuscular (fóton) e onda (eletro-magnética). Considerando a natureza
ondulatória da radiação a velocidade de propagação (v) relaciona-se com o comprimento
de onda () e a frequência (f) na forma

vf , (1.1)
onde v é dado em (m/s),  em (m) e f em (Hz).

Figura 1.4 – Espectro de freqüências e a região do visível.


Algumas características do Sol estão abaixo listadas

 Raio Médio 6,96x108 m


 Volume 1,41x1027 m3
 Massa 1989x1030 kg
 Densidade Média 1404 kg/m3

A energia solar é gerada no interior do Sol em reações de fusão nuclear de 4


Hidrogênios para formar um núcleo de Hélio. Uma parcela desta energia propaga-se para
a superfície do Sol cuja temperatura é cerca de 5800K.
41H  4He + energia + 2 neutrinos

Quando estudamos a radiação, a propagação de energia eletromagnética é comum o


emprego de certas definições:

 Emitância (M): fluxo de energia emitido por


unidade de área (W/m2)

 Irradiância (E): fluxo de energia incidente por


unidade de área (W/m2): é a integral da radiância
em um hemisfério ang. Sólido

 Radiância (L): fluxo de energia por unidade de



área normal à direção de propagação (W/m2/sr),
onde sr - esferorradianos 

3
Definições importantes acompanhadas de suas relações e dependências

 Energia radiante (U): quantidade de energia na forma de radiação (emitida,


transferida, absorvida, incidente, etc.), cuja unidade no S.I. é J (Joule);

 Fluxo de radiação ou fluxo radiativo (): potência emitida, transferida ou


recebida na forma de radiação, com unidade J.s-1 ou W (Watt)

  dU
dt (1.2)

 Intensidade radiante (I): de uma fonte (pontual): quociente entre a potência


emitida pela fonte para uma dada direção do espaço e o ângulo sólido ()
infinitesimal de um cone representando tal direção. Sua unidade é W.sr-1

I  d  d U
2
(1.3)
d  dtd 
 Irradiância (E): num certo ponto de uma superfície é quociente entre o fluxo de
radiação pela área do elemento de superfície, cuja unidade é W.m-2

E  d  d U
2
(1.4)
dA dtdA
 Radiância (L): quociente entre a intensidade de radiação de um certo elemento
de superfície, em uma determinada direção, e a área da projeção ortogonal deste
elemento em um plano perpendicular a essa direção. Sua unidade é W.m-2.sr-1

L  dI 
d 3U (1.5)
cos dA cos  dtd dA

As densidade espectrais representam as taxas de variação das grandezas em termos de


outras, por exemplo

Radiância Espectral (L): W.m-2.sr-1.m-1  L  dL


d (1.6)

Irradiância Espectral (E): W.m-2.m-1  E  dE


d (1.7)

Observação: as densidades espectrais podem ser reescritas em termos da freqüência (Ef)


ou do número de onda (Ek):

L f  dL  dL d  L f   L   L
2
 (1.8)
df d  df f c
onde c = 2,998x108 m/s.

Observação: obtemos a Radiância em um intervalo espectral [1 , 2] integrando a


densidade espectral pertinente
2 f2
(1.9)
L   L d    L f df
1 f1

4
Em algumas das definições acima é necessário o emprego do ângulo sólido: razão
entre a área delimitada sobre a superfície de uma esfera e o quadrado da distância ao
centro da esfera
S

S 

  A2  S cos(2  )
A

r r

r
dS cos( )
d   dA2

r r2

A Emitância (M) de um corpo pode ser calculada


usando a Lei de Stefan-Boltzmann  M  T 4 (1.10)
onde
 = 5,67x10-8 W.m-2.K-4 é a cte de Stefan-Boltzmann
T é a temperatura em Kelvin
 é a emissividade (ver tabela abaixo): =1 para o corpo negro

Tabela 1.1 - valores de emissividade .

Água 0,92 – 0,96 Folhas de algodão 0,95 – 0,97


Areia molhada 0,95 Folhas de cana 0,97 – 0,98
Areia seca 0,89 – 0,90 Folhas de feijão 0,93 – 0,94
Gelo 0,82 – 0,995 Folhas de fumo 0,97 – 0,98
Solo úmido 0,95 – 0,98 Folhas de milho 0,94 – 0,95

Consideremos o Sol como um corpo negro. Sua superfície externa encontra-se a uma
temperatura TS  5800 K o que permite calcular a energia por unidade de tempo emitida
pelo Sol: Área  M = 4 rs2TS4 . A onda eletromagnética propaga-se pelo espaço e
encontra a superfície atmosférica terrestre após percorrer uma distância (média) rd =
15x1010 m.

Equacionamos a igualdade das energias


em rS e em rd fornecendo a Irradiância rS

4 rd2 E  4 rs2TS4 Corpo


Negro
rs2
E 2
TS4  1368  2 W / m2
rd rd
valor este denominado de constante Solar S0
o qual é medido por equipamentos em
satélites artificiais.

Exercício 1.1: estime a temperatura da superfície solar TS aplicando a equação da


Irradiância E e sua igualdade com o valor medido (constante solar S0). Dados:
 = 5,67x10-8 W.m-2.K-4, rS = 6,96x108m, rd = 15x1010m.

5
O Albedo Planetário P é definido como a razão entre a energia refletida pela
superfície e a energia incidente, i.e.

Irradiação refletida
P  valores medidos sugerem para a Terra P = 0,3.
Irradiaçãoincidente

O valor (1 - P) representa a parcela transmitida e/ou absorvida pela superfície.

Exercício 1.2: Considere a Terra como um corpo negro (=1) emitindo à uma temperatura
média Te. Use a Lei de Stefan-Boltzmann Eq (1.10) e o balanço de energia para estimar
a temperatura Te de emissão da Terra. Assuma no balanço de energia que a fração
transmitida por uma superfície circular é absorvida pela Terra.

(1 P )S0 rT 2   Te4 4 rT2

O espectro da Radiação Solar estende-se aproximadamente de 0,2m a 4m. Na


figura abaixo podemos ver os valores medidos de Irradiância Espectral acima da
atmosfera e ao nível do mar.

 > 0,74
0,74m  infravermelho
 < 0,36
0,36m  ultravioleta

Figura 1.5 – Espectro de Irradiação Solar.

6
O espectro de radiação de corpo negro pode ser obtido com a Lei de Planck

2
P( ,T )  2hc5 1 , unidade: W.m-2.sr-1. m-1 (1.11)
 exp(hc
 kBT ) 1

onde h = 6,626x10-34J.s (cte. de Planck), kB =1,381x10-23J/K (cte. Boltzmann),  (m) é


o comprimento de onda e T (em K) a temperatura absoluta do corpo negro. A figura
abaixo ilustra os espectros de radiação para temperaturas próximas à superfície solar e ao
nível do mar na Terra.

8
10
Irradiância espectral (W m-2 m-1)

T=6000K
6 T=300K
10

4
10

2
10

0
10

-2
10 -1 0 1 2
10 10  (m) 10 10
Figura 1.6 – Lei de Planck para espectro de radiação
de corpo negro.

Quando a energia eletromagnética alcança


um corpo (objeto) ela pode ser refletida, E E,r
absorvida e transmitida. Os coeficientes
espectrais de absorbância a(), refletância
r() e transmitância t() fornecem valores
percentuais e são calculados a saber
E,a
E ,a E ,t
a ( )  t ( ) 
E E
E ,r E,t
r ( )  a ( )  r ( )  t ( )  1
E

sendo a última equação a condição de conservação da energia.

7
1.3 - Interação da radiação com a matéria
A radiação pode interagir com a matéria de diferentes formas. A interação fóton-
núcleo é denominada direta enquanto fóton-campo eletrostático nuclear é indireta. De
forma genérica a radiação pode ser espalhada, absorvida e transmitida ao interagir com a
matéria.

Efeito Compton: é o espalhamento de um fóton por um elétron fracamente ligado


(ou livre). O fóton é espalhado com energia inferior e segundo uma direção  em relação
à direção original como ilustrado na Figura (1.7).

Usando as conservações do
momento linear e da energia
encontramos

  0  mhc 1 cos 


e   (1.12)

Obs.: o efeito ocorre para raios X e


radiação gama cujas freqüências
estão acima da radiação UV. Figura 1.7 – Espalhamento Compton.
Efeito Fotoelétrico: a energia do fóton incidente hf é totalmente absorvida pelo
elétron o qual é ejetado do átomo.

Para o elétron ser ejetado é


necessário fornecer uma energia n = 
chamada de Energia de ligação EL.
Usando balanço de energia teremos EL
Ee

Ee  hf  EL (1.12)

Energia do Energia de
elétron ejetado Ligação
Figura 1.8 – Efeito Fotoelétrico.

Produção de Pares:

esta é a interação do fóton com o


núcleo atômico cujo resultado é o
desaparecimento do fóton e o
surgimento de um par pósitron-elétron.
As energias são superiores a 5MeV.

Figura 1.9 - Produção de Pares.

8
A Figura (1.10) ilustra as regiões de predominância das interações da radiação com a
matéria e sua relação com o número atômico do átomo.

Efeito Produção de
Fotoelétrico Pares
Z do Absorvedor dominante dominante

Efeito
Compton
dominante

hf (MeV)

Figura 1.10 – relação entre o número atômico


do absorvedor e a energia da radiação.
Espalhamento Rayleigh: a radiação eletromagnética é espalhada por partículas
(moléculas, poluição, cristais de gelo) com dimensões inferiores ao comprimento de onda
(< /10). A intensidade do efeito é proporcional a 1/4. Explica a cor azulada do céu:
https://www.youtube.com/watch?v=EtqXWYSjCsQ Não há ionização do átomo e este
volta ao seu estado original após interagir com a radiação.

Espalhamento Mie: quando o tamanho das partículas é comparável ou maior que o


comprimento de onda da radiação o espalhamento é denominado de MIE. Este é o
mecanismo para explicar a coloração esbranquiçada das nuvens.

Rayleigh 2r/<<1 Mie /Geométrico


Mie 2r/1
2r/>>1

Espectro contínuo

Espectro de emissão

Espectro de absorção

Figura 1.11 – Espalhamentos Rayleigh e Mie acima e tipos de espectros abaixo.

9
As moléculas podem ser excitadas, ter seus movimentos amplificados a depender da
radiação incidente. Na Figura (1.12) abaixo podemos ver algumas ilustrações básicas de
moléculas e seus movimentos.

v= vxî+vyj+vzk
TRANSLAÇÂO: 3 graus de liberdade

VIBRAÇÃO:
3N-5 (moléculas lineares)
3N-6 (não lineares)

H2O
ROTAÇÂO:
2 (moléculas lineares)
CO2
3 (não lineares)

Figura 1.12 – Possíveis movimentos para moléculas de N átomos.


Na tabela abaixo temos o total de graus de liberdade dos três movimentos ilustrados
e na Figura 1.13 nos intervalos de comprimento de onda em que a radiação
eletromagnética interage com a matéria.

Tabela 1.2 - Graus de Liberdade.


Moléculas  Mono Linear N-Linear
Translação 3 3 3
Vibração 0 3N-5 3N-6
Rotação 0 2 3
Total G.L. 3 3N 3N

, Raio X UV visível Infravermelho ondas de rádio

Compr. onda,
eletrônica rotacional
m
vibracional
Rotacional
Figura 1.13 – intervalos do espectro eletromagnético em que predominam as
interações da radiação com a matéria.

UV  0,03 – 0,38 m Laranja  0,58 – 0,62 m


Violeta  0,38 – 0,45 m Vermelho  0,62 – 0,70 m
Azul  0,45 – 0,49 m I.Vermelho próx.  0,7 – 3,0 m
Verde  0,49 – 0,55 m I.Vermelho médio.  3,0 – 6,0 m
Amarelo  0,55 – 0,58 m I.Vermelho longo  6,0 – 1000 m

10
As moléculas possuem uma energia total dada pela soma das energias eletrônica (Uele),
vibracional (Uvib), translacional (Utra) e rotacional (Urot), i.e.

U tot  U ele  U vib  U tra  U rot ,

Exercício 1.3: com os dados apresentado ao final da página anterior codifique os


intervalos abaixo em freqüência. Encontre as respectivas energias usando E = hf em Joule.
Use a relação 1 eV = 1,60210-19 J e complete a última coluna.

Região  (m) f (Hz) E (J) E (eV)


UV 0,03 – 0,38 1.010 – 7. 91014
16

Visível 0,38 – 0,7 7. 91014 – 4.31014


I.V. 0,7 - 1000 4.31014 –

Exercício 1.4: A Figura (1.14) abaixo ilustra a Transmitância na região do Infra-


vermelho. Estime o valor aproximado das freqüências e respectivas energias em eV dos
pontos em que a absorção de energia pela molécula de CO2 é de 100%. (por exemplo: em
=2,8m).

Figura 1.14 - Transmitância na região do Infravermelho.

Fotodissociação: as moléculas recebem energia e são divididas em moléculas


menores e/ou átomos isolados: O2 + hf  2O que ocorre entre 50 e 110 km para
radiações com  entre 0,1 e 0,2 m. Outro exemplo é: O3 + hf  O2 + O que ocorre
entre 30 e 60 km e radiações com  entre 0,2 e 0,3 m.
Fotoionização: uma molécula neutra tem seu elétron de valência (+externo) removido
pela incidência da radiação eletromagnética. A energia do fóton necessária para ionização
é denominada de Energia ou Potencial de Ionização. Exemplos: O2 (12,08eV); H2O
(12,60eV); O3 (12,80eV); CO2 (13,79eV); N2 (15,58eV); He (24,58eV).

11
Exercício 1.5: use os valores máximo e mínimo das energias de Ionização fornecidas no
item fotoionização para obter o intervalo de comprimentos de onda pertinente. Com base
nos seus resultados indique a região do espectro eletromagnético.

1.4 - Atmosfera terrestre


1.4.1 – Composição da Atmosfera
A atmosfera Terrestre é composta de gases, vapor d’água, cristais, poeira, pólen,
esporos. Os gases predominantes na atmosfera seca estão listados na Tabela 1.3 abaixo
onde observa-se a predominância de Nitrogênio, Oxigênio e Argônio: os 3 primeiros
gases da lista compõem 99,96% da atmosfera (ar seco).
O vapor d’ água, presente nas camadas mais baixas, pode estar diluído na atmosfera
em concentrações variando de 0% a 4% (valor médio 0,4%). O vapor d’água, o CO2, o
CH4, o N2O bem como o Ozônio são considerados os responsáveis pelo efeito estufa a
ser estudado posteriormente.

Tabela 1.3 – Composição do ar seco na atmosfera Terrestre

molar

Exercício 1.6: use os dados dos quatro primeiros gases na tabela acima e a equação
N
m   FM i  mi para estimar a massa molar média do ar seco, onde FMi é a fração molar
i 1
e mi a massa molar do i-ésimo constituinte.

1.4.2 – Camadas da atmosfera e distribuição de temperatura


As camadas da atmosfera terrestre são designadas em termos das propriedades
térmicas, físicas e químicas de seus constituintes. Porém é a temperatura um dos fatores
preponderantes na definição das camadas da atmosfera Terrestre.
Troposfera é a camada mais baixa com cerca de 6 km nos polos e 18-20 km no
equador. É a camada mais densa; sua temperatura diminui com a altitude de
aproximadamente a 6,5°C/km (equador).
Tropopausa encontra-se entre a Troposfera e a Estratosfera: altitude média de 10 km
sua temperatura é praticamente constante em torno de -45 a -50°C (variações inferiores a
-2°C/km).

12
Estratosfera é a camada acima da Troposfera e abaixo da Mesosfera. A Estratosfera
retém 19% do ar atmosférico e sua temperatura aumenta com a altitude, de -60/-50°C
para -10°C a 0°C; o limite desta camada encontra-se cerca de 50 km acima da superfície
da Terra. O aquecimento é explicado pela absorção de raios UV pelas moléculas de O 2
 geração de ozônio.
Estratopausa (50-55 km) é uma camada intermediária entre a estratosfera e a
mesosfera onde a temperatura do ar permanece em torno de -10°C.
Mesosfera possui limite superior entre 80 a 85 km e sua temperatura diminui com a
altitude até cerca de -95°C, pois quase não existe absorção de energia pelos gases nela
contidos.
Mesopausa (85 a 90 km) caracteriza-se pela camada atmosférica de menor
temperatura.
A Termosfera possui limite superior de aproximadamente 680km. Sua temperatura
média aumenta assumindo valores de cerca de 1000°C. Nesta camada as radiações com
valores inferiores a 0,1m ionizam o O2 e o N2.
Termopausa é a camada intermediária entre a Termosfera e a Exosfera.
A Exosfera é a camada mais rarefeita sedo constituída principalmente de íons e algum
Hidrogênio. Devido sua rarefação a temperatura da camada é estimada através de medidas
de pressão e massa específica.

As camadas Ionosfera e Ozonosfera são peculiares devido as suas particularidades:

Ionosfera caracterizada pela grande concentração de íons e elétrons. É responsável


pelas comunicações de rádio por absorver e principalmente refletir ondas
eletromagnéticas. Situa-se entre 60 km e 1000 km.
Ozonosfera situada dentro da estratosfera possui sua maior concentra-ção de ozônio
aproximadamente entre 25 e 30 km da superfície da Terra. È uma camada importante pois
a dispersão da luz se inicia nela. È responsável por absorver aproximadamente 98% da
radiação solar compreendida entre 150 nm e 315 nm (ultravioleta UVB e UVC).

Termopausa

Mesopausa

Estratopausa
Máx. Ozônio

Figura 1. 15 – Estrutura de camadas da atmosfera da Terra.


13
Figura 1.16 – Distribuição da temperatura média nas camadas
atmosféricas.

1.4.3 – Distribuição de pressão e massa específica da atmosfera


As camadas atmosféricas são menos densas em altitudes mais elevadas: rarefação.
Próximo da superfície terrestre a massa específica do ar é cerca de 0=1,2 kg/m3.
Considerando o ar (seco) como um gás perfeito em equilíbrio termodinâmico temos
R
p gT , (1.14)
ma
onde  é a massa específica, Rg=8.3143 J.K−1mol−1 é a cte dos gases perfeitos, T a
temperatura em Kelvin e ma (g.mol-1) a massa molar média da mistura gasosa.
Uma porção da atmosfera em equilíbrio hidrostático pode ser representada por um
cilindro de volume dV = A.dz contendo uma massa dM = .dV. Equacionando a
resultante das forças teremos

FResult   A( p  dp)  A p  dM  g  0
 Adp  (   dV ) g  0  Adp  (  Adz ) g  0 (p+dp)A
A Z
dp    g dz
dz

dp
  g, (1.15)
dz pA

e que representa a taxa de variação da pressão com a altitude. Substituindo  da Eq (1.14)


em (1.15) temos
dp gp
 , (1.16) com R = Rg/ma  287,05 J.kg−1.K−1.
dz RT

14
Observação: os movimentos horizontais das massas de ar possuem velocidade média de
10m/s enquanto os movimentos verticais 1cm/s. Desconsideramos grandes nuvens bem
como ciclones, tornados entre outros fenômenos.
Desconsiderando as variações de g e T com z, atmosfera isotérmica e integrando vem
p( z )  p0 exp( 0,116 z ) , (1.17)
e que expressa um decaimento exponencial da pressão com a altitude z (km). O valor da
pressão ao nível do mar é considerado p0 = 1 atm = 1,013x105 Pa. Substituindo a Eq (1.17)
na Eq (1.15) e derivando temos

 ( z )  0 exp( 0,116 z ) , com 0 = 1,2 kg/m3 . (1.18)

Figura 1.17 – Distribuição da


pressão com a altitude:

1mb = 100 Pa
1mi = 1,609 km.

Sendo a atmosfera úmida e por sofrer processos termodinâmicos as equações (1.17) e


(1.18) representam com melhor aproximação os dados experimentais (medidas) quando
a exponencial é reescrita usando uma nova constante de ajuste a saber
exp  0,116 z   exp  0,147 z 
𝑝(𝑧) = 𝑝0 exp(−0,147 𝑧)
Dependência (exp(-0.147 z) da pressão
140
Dados Medidos
Equação (1.4) corrigida
120

termosfera 1.17
100
Altitude (Km)

80

mesosfera
60

40

estratosfera
20

troposfera
0
-8 -6 -4 -2 0
10 10 10 10 10
pressão (atm)
Figura 1.18 – comparação das pressões medidas e
estimadas com a Eq (1.17) corrigida.

15
1.5 - Efeito estufa: leis e modelos básicos para o balanço de
energia radiante na atmosfera

Usando o balanço de energia na seção 1.2 verificamos que a temperatura média da


superfície terrestre deveria ser algo em torno de 255K ou -18°C, valor este muito abaixo
dos 15ºC.
A explicação para a Terra não ser tão fria reside no que denominamos de Efeito
Estufa: fenômeno natural de aquecimento da atmosfera que absorve parte da radiação
solar transmitida, bem como a radiação emitida (IV), pela superfície terrestre.
A Figura 1.19 ilustra regiões de absorção da radiação pelas moléculas de água,
Oxigênio, Ozônio e Dióxido de Carbono. As regiões coloridas indicam a janela de ondas
curtas (RC) e a janela de ondas longas (RL) em que a absorção da energia eletromagnética
é baixa.
A janela solar permite que quase toda a energia disponível na região do visível chegue
a superfície da Terra – neste caso consideramos uma atmosfera sem nuvens, poeira e
outros aerossóis que espalhem ou reflitam a energia para o espaço. A janela espectral das
radiações longas permite que uma parcela da radiação no IV seja lançada diretamente ao
espaço – novamente consideramos uma atmosfera limpa de aerossóis que possam
absorver a energia neste intervalo de comprimento de onda.

Absorção na Atmosfera
Janela Solar - RC Janela IV - RL
Absorção %

Compr. onda (m)

Figura 1.19 – Regiões de absorção do H2O, CO2, O2 e O3 indicando


as janelas Solar e IV distante. (Adaptado de Turco, 2002).

1.5.1 – Modelo de uma camada


Caso A) Neste modelo iremos assumir:
1) a radiação solar transmitida pela atmosfera é completamente absorvida pela
superfície terrestre (atmosfera transparente a radiação curta)
2) a Terra emite como um corpo negro a uma temperatura TE
3) a atmosfera absorve toda a energia longa e re-emite para o espaço e para a Terra
a uma temperatura TA (atmosfera opaca)

A Figura 1.20 abaixo ilustra as suposições deste modelo de uma camada.

16
𝜋𝑟 2
𝐸 = 𝑆0 = 𝑆0 /4
αPE 4𝜋𝑟 2

(1-αP)

Figura 1.20 – Modelo de uma camada para o efeito estufa.


Equacionando os balanços de energia na superfície da Terra e na camada da atmosfera
temos
 TE4  2 TA4
 TA = 255 K e TE = 303 K (1.18)
(1   P ) S0 / 4   TA4   TE4
Neste modelo a atmosfera absorve e reemite na região do I.V. provocando o aumento da
temperatura da superfície terrestre. Por ser extremamente simplificado o valor de TE é
superestimado, aproximadamente 30°C.
Caso B) Um segundo modelo de uma camada pode facilmente ser obtido considerando
que uma parcela da energia eletromagnética longa seja despejada no espaço enquanto
outra é absorvida pela camada atmosférica. A Figura 1.21 abaixo mostra um esquema
deste balanço de energia melhorado.
(1   P ) S0 / 4   A TA4   TE4  Terra
(1.19)
 A TE4  2 A TA4  atmosfera

Refletida: S0/4
Espaço

(1   A ) TE4

Atmosfera  A TE4  A TA4

Emitida:  TE
4
Absorvida: (1-)S0/4 Terra

Figura 1.21 – Modelo de uma camada p/ o efeito estufa considerando que


uma parcela da energia emitida pela Terra seja entregue ao espaço.

17
Admitindo uma emissividade de 0,8 para a atmosfera obtemos uma temperatura mais
razoável para a superfície da Terra: valor em torno de 16,6°C. Manipulando as equações
para este modelo obtemos uma expressão da dependência de TE em termos de A a saber
1/4
 (1   P ) S0 
TE    . (1.20)
 2 (2   A ) 
A Figura 1.22 a seguir ilustra esta dependência para valores de A variando de 0
(transparente ao IV) até 1 (opaca ao IV).

40
 = 0,30
P
30  = 0,25
P

20
TE °C

10

-10

-20
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

Figura 1.22 – dependência da temperatura TE com a emissividade
da atmosfera em modelo de uma camada Eq. (1.20).
Exercício 1.7: refaça as contas usando valores no formato científico a,bcd10e e completa
a tabela com os resultados das temperaturas obtidas para os modelos de 1-camada: casos
A) e B).
Temp °C
Caso A Caso B
TE
TA

1.5.2 – Modelo de duas camadas

Caso C) Podemos ser levados a acreditar que ao adicionarmos mais camadas atmosféricas
consigamos obter resultados melhores. Assim vamos supor que existam duas camadas
atmosféricas com temperaturas estáveis T1 e T2 acima da superfície terrestre (Fig. 1.23).
Este modelo é uma extensão do primeiro modelo de uma camada discutido na seção
precedente: camadas transparentes as ondas curtas e opacas as ondas longas (IV). Para
simplificar assumiremos P = .
O balanço de energia radiante na superfície da Terra bem como nas duas camadas
atmosféricas leva as seguintes igualdades

(1   ) S0 / 4   T14   TE4
. (1.21)
 TE4   T24  2 T14 e  T14  2 T24

18
Refletida: S0/4
Espaço

Camada 2  T24

Camada 1
 TE4  T14

Emitida:  TE
4
Absorvida: (1-)S0/4 Terra

Figura 1.23 – Modelo de duas camadas para o balanço de energia


considerando a atmosfera opaca ao IV e transparente as ondas curtas.
Substituindo a terceira equação na segunda e o resultado na primeira equação vêm

 3(1   ) S0 
1/4

TE     335,5K  62,5C
 4
1/4 1/4
, (1.22)
2 1
T1    TE  30, 2C e T2    T1  18,1C
 3 2
o que mostra uma enorme inconsistência com os valores médios observados para TE.

Caso D) Melhores estimativas das temperaturas podem ser obtidas considerando a


emissividade das camadas atmosféricas () na região do IV, ou seja, parcialmente
translúcidas as radiações longas. Segundo o esquema da Figura 1.24 equacionamos
(1   ) S0 / 4  (1   ) T24   T14   TE4
 TE4   2 T24  2 T14 (1.23)
(1   ) TE4   2 T14  2 T24

O sistema de equações (1.23) pode ser facilmente resolvido ao ser reescrito na forma
matricial como abaixo

 1  (1   )  TE4  (1   ) S0 / 4 


 1 2   T 4    0 . (1.24)
  1   
1    2  T24   0 

Obs.: nos ambientes Octave, Matlab ou FreeMat resolvemos o sist eqs lineares por
Eliminação Gaussiana usando
> A = [ A11 A12 A13 ; A21 A22 A23 ; A31 A32 A33] ; b = [ b1 ; b2 ; b3] ;
> x = A\b

19
Refletida: S0/4
 T24  (1   ) T14  (1   )2  TE4

 T24  2 T14 (1   ) TE4


Cmd 2

 2 T24  T14  TE4


Cmd 1
Emitida

Absorvida: (1-)S0/4 + (1   ) T24   T14 =  TE4 Terra

Figura 1.24 – Modelo de duas camadas com atmosferas


parcialmente opacas a radiação IV.

Exercício 1.8: use os valores  = 0,30,  = 0,80 e σ = 5,6710-8 Wm-2K-4 para obter o
vetor solução (temperaturas) do sistema de equações lineares (Eq. 1.24). Preencha a tabela
com os resultados obtidos e os apresentados no modelo de 2 camadas (Caso C).
Temp °C
Caso C Caso D
TE
T1
T2

Exercício 1.9: Compare os resultados dos modelos de atmosferas opacas à radiação IV


da seção anterior com os obtidos no exercício acima (Casos A e C). A que conclusões
podemos chegar após a comparação dos resultados?

Exercício 1.10: Segundo o modelo Caso B (atmosfera semi-opaca à radiação IV) a


temperatura estimada para a superfície da Terra em 16,6°C foi bem satisfatória. Porém
ao adicionarmos uma segunda camada atmosférica (Caso D) a temperatura TE foi
superestimada. Que alteração deve ser realizada nos dados de entrada do Caso D para que
a temperatura TE se aproxime do valor 15°C.

Exercício 11: Suponha um modelo de duas camadas atmosféricas como no Caso D mas
considere que a camada mais externa absorva uma parcela da radiação curta ( visível),
i.e., (1   )kS0 / 4 (este será o Caso E). A radiação que chega a superfície da Terra
será (1 - )(1 – k)S0/4. a) Equacione os balanços energéticos e escreva o sistema de
equações lineares na forma matricial. b) Use os dados do Caso D e assuma o coeficiente
de absorção de ondas curtas da camada externa igual a 0,1. Crie uma tabela com os
resultados dos Casos D e E; teça seus comentários a respeito dos resultados.

20
Os modelos apresentados acima, embora básicos, introduzem as ideias iniciais na
tentativa de avaliar o balanço de energia radiante no sistema Terra/Atmosfera. A Figura
1.25 a seguir representa um modelo mais geral por levar em consideração os fluxos
mássicos provenientes de movimentos turbulentos na baixa atmosfera (calor sensível)
bem como a parcela referente à evapotranspiração (calor latente).

Figura 1.25 – Ilustração do balanço de energia global entre


março de 2000 e maio de 2004 ilustrando as parcelas de radiação
curta incidente (esquerda), refletida, absorvida e transmitida pela
atmosfera e radiação longa emitida (direita), absorvida e transmitida
pela Terra/atmosfera. (Trenberth et al., 2009).

Identificamos no modelo acima as seguintes quantidades na região das radiações curtas:


 S0/4 – radiação solar disponível no topo da atmosfera (disco área  RT2 ): 341Wm-2
 S0/4 – radiação refletida pelas nuvens e pela superfície da Terra: 102Wm-2
  = 0,3
 (1- )kS0/4 – parcela da radiação curta absorvida pela atmosfera: 78Wm-2
 k = 0,33
 (1- )(1- k)S0/4 – energia solar que é absorvida pela superfície da Terra: 161Wm-2
 k = 0,33
Na região das radiações longas
  TE4 – radiação emitida pela superfície da Terra: 396Wm-2  TE = 289K  16°C
  TE4 – radiação proveniente da Terra e absorvida pela atmosfera (IV): X?
 (1   ) TE4 – radiação longa transmitida para o espaço e proveniente da Terra:
40Wm-2, janela IV-RL    0,9
  TA4 – radiação emitida pela atmosfera para o espaço: 199Wm-2  TA = 250K
  TA4 + (1   ) TE4 – radiação longa total emitida ao espaço: 239Wm-2

21
O valor da radiação proveniente da Terra e absorvida pela atmosfera pode ser
estimado por  TE4 = 0,9∙5,6710-8 (289)4  356 Wm-2.
O balanço (saldo/déficit) de radiação médio no topo da atmosfera (TOA) é dado por
RTOA = 341 – 102 – 239  RTOA = 0 Wm-2
Na superfície da Terra a diferença entre a radiação incidente direta ou espalhada
menos a radiação emitida no infravermelho fornece
RE = 161 + 333 – 396  RE = 98 Wm-2
o que indica um saldo energético. Considerando o calor sensível (LS) proveniente dos
movimentos verticais turbulentos da atmosfera bem como o calor latente (LH) advindo do
processo de evapotranspiração obtemos o novo saldo energético radiativo e não radiativo
RE = 161 + 333 – 396 – 17 – 80  RE = 1 Wm-2.
Finalmente o balanço energético médio na atmosfera é equacionado considerando que a
mesma absorve 78 Wm-2 de radiação curta, 356 Wm-2 na região de radiação longa e emite
para a Terra e espaço 333 e 199 Wm-2, respectivamente fornecendo
RA = 78 + 356 – 333 – 199  RE = - 98 Wm-2.
Da mesma forma o déficit energético na atmosfera é compensado com os 97 Wm -2.
provenientes dos calores sensíveis e latente.
Observe-se que o modelo apresentado na Figura 1.25 não leva em consideração a
transferência de calor por condução nos continentes nem as correntes marítimas.

Exercício 1.12: Use o Octave (Matlab/FreeMat) com os dados de 2005 disponibilizados


pelo professor para gerar um gráfico da Irradiância Espectral (W∙m-2∙nm-1 ) em função do
comprimento de onda (nm) e computar a constante solar S0 via integração numérica dos
dados (Regra dos Trapézios).
Obs.: após instalar um dos aplicativos proceda da seguinte forma
1) abra o aplicativo
2) direcione o aplicativo para a pasta que contém o arquivo de dados: nome.txt
3) abra um arquivo novo usando a barra no topo e a esquerda
4) copie o script abaixo e cole no editor do aplicativo
5) após a colagem troque os apóstrofes presentes nos comandos xlabel, ylabel e
title e valor =
6) salve o script com o nome Graf_IE_CSolar.m
7) Execute o script usando o símbolo de play () na barra do editor
8) Na barra superior da figura em edit copie a figura e cole no MSword

% Grafico Irradiancia Espectral e Constante Solar


% dados obtidos em
% http://lasp.colorado.edu/lisird/sorce/sorce_ssi/index.html(04/2016)
clear
load IE_10_01_2005.txt % carrega dados (nome do arquivo de dados)
arq = IE_10_01_2005 ; % arquivo de dados sem extensao
lambda= arq(:,1) ; % comprimento de onda (nm)
IE = arq(:,2) ; % Irradiancia espectral medida (W.m^-2.nm^-1)
S0 = trapz(lambda,IE); % Cte Solar Regra dos Trapezios (W/m^2)

plot(lambda, IE , 'linewidth',2) % grafico Irrad. Espectral


xlabel('comprimento de onda (nm)'); ylabel('W/ m^2\cdot nm')
title('Irrad. Espectral') ; grid ;
set(gca, "fontsize", 16, 'linewidth',2);
valor = ['S_0 = ', num2str(S0), 'W/m^2'];
text(900,1.1,valor)

22
Exercício 1.13: Usando o script do exercício anterior altere as duas linhas que contém
2005 para 2015 (em load e arq=). Rode (execute ) o script. Na barra superior da figura
em edit copie a figura e cole no MSword, ao lado da figura do exercício 12. Em seguida
analise os dados e os resultados obtidos para as constantes solares em 2005 e 2015.

Exercício 1.14: Outro procedimento para trabalhar os dados medidos é importar o


arquivo de dados no ambiente Excel. É necessário configurar o ponto como separador
decimal e, a vírgula, como indicativo de milhar. Assumindo que a importação tenha sido
realizada com sucesso e os dados estejam nas colunas A e B proceda como segue:

1) Salve a planilha com um nome adequado


2) na célula C1 defina =A2-A1, na célula C2 defina = A3-A2.
3) Selecione as duas células C1 e C2. No ponto a direita e abaixo posicione o mouse,
aperte e segure o botão da esquerda descendo o mouse até o final dos dados. Neste
caso apenas a coluna C aparecerá hachurada/selecionada.
4) Apague o último valor obtido na coluna C. Esta coluna contém os incrementos
nos comprimentos de onda  (largura dos retângulos).
5) Na coluna D obtenha o produto dos valores de B com C, ou seja, célula D1 deve
conter =B1*C1; célula D2 = B2*C2 , ... até o final dos dados. Esta coluna contém
as áreas dos retângulos de largura .
6) Para obtermos a estimativa da área abaixo da curva: defina na Célula F2 o
resultado da soma dos valores contidos na coluna D ou seja, F2 deve conter
= SOMA(D1:Dx), onde x é a linha com o último valor da coluna D
7) O resultado presente na célula F2 é o valor da Cte Solar S0 obtida pela Regra dos
Retângulos.
8) Com o mouse selecione as colunas A e B. Na barra de ferramentas use o assistente
gráfico para gerar um gráfico da Irradiância Espectral em função do Comprimento
de Onda.
9) Compare o resultado obtido desta Cte Solar (valor na célula F2) com o proveniente
do exercício 12 caso tenha importado os dados de 2005, ou do exercício 13, caso
o arquivo importado seja o de 2015.

Exercício 1.15: Considere a Figura abaixo. Assuma que a radiação proveniente do Sol
seja de 341W/m2 (a mesma do modelo apresentado na Figura 1.25). Codifique os valores

23
percentuais em unidades de Irradiância, W/m2. Compare os resultados obtidos pelos
modelos preenchendo a tabela abaixo.

Descrição/ Parcela Rad. Curta Rad. Longa


Fig. 1.25 Exerc 15 Fig. 1.25 Exerc 15
Irradiãncia Solar
Absorv atmosfera
Absorv Nuvens
Absorv Superfície
Reflet. Atmosfera
Reflet. Nuvens
Emitido p Superfície
Emitido p Nuvens
Emitido p Atmosfera
C. Latente/Evapotransp

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