As Vanguardas Europeias: Contexto Histórico
As Vanguardas Europeias: Contexto Histórico
As Vanguardas Europeias: Contexto Histórico
As Vanguardas Europeias
As vanguardas europeias foram diversos movimentos artísticos que ocorreram no começo do século XX em diferentes
países do continente europeu. Integram esse grupo as vanguardas: expressionismo, fauvismo, cubismo, futurismo,
dadaísmo e surrealismo, responsáveis por marcar um momento cultural e influenciar a arte que viria a seguir, inclusive
no Brasil. Os artistas destes movimentos, romperam com todas as tradições anteriores, libertar a arte e a cultura das
amarras e parâmetros estabelecidos até então. Diversas experimentações com materiais e técnicas diversos, foram
realizados, consolidando o caminho para o surgimento da chamada arte moderna – Modernismo.
No Brasil, as vanguardas europeias influenciam fortemente as artes e a cultura a partir dos anos 20.
Contexto Histórico
O início do século XX foi marcado por grandes mudanças na Europa. O contexto histórico foi marcado por inovações
industriais, tecnológicas e científicas, assim como movimentos autoritários, tais como fascismo na Itália e o nazismo
na Alemanha, além da Revolução Russa e da Primeira Guerra Mundial.
A Segunda Revolução Industrial havia popularizado grandes invenções, como a luz elétrica e o carro movido a gasolina,
além da produção em larga escala de bens de consumo, acelerando o ritmo da vida como um todo.
É nesse contexto de contradições e contrastes que os artistas estavam imersos. As ciências avançavam: Einstein
publicava sua teoria da relatividade, em 1905, e Sigmund Freud propunha uma análise dos processos mentais, que
resultou no surgimento de uma nova ciência – Psicanálise. A fotografia (invenção do século XIX) e o cinema também
despontava como novo formato artístico. Assim, naturalmente a arte produzida por eles é impactada por todas as
angústias e questões do período. Foi através de recursos estéticos inovadores que eles conseguiram transmitir novas
ideias e exprimir parte da perplexidade que se apresentava na sociedade vigente.
Características gerais
As vanguardas propuseram a fragmentação das formas, a arbitrariedade de cores, o exagero e o absurdo como
formas de espelhar um novo mundo que estava nascendo;
Traziam um tipo de rebeldia, buscando o rompimento com a arte tradicional e propondo um olhar totalmente novo
acerca da arte e do próprio ser humano;
Ruptura com a arte tradicional;
Estreitamento entre as diversas formas de arte – escritores, escultores, pintores, músicos, arquitetos e poetas
conviveram e produziram em conjunto nos movimentos de vanguarda, que têm, cada um, suas peculiaridades.
Cada um dos movimentos da arte de vanguarda tinha suas próprias características.
Fauvismo
Surgiu na França no início do século XX (1901 - 1907).
Fauvismo é o nome do movimento que teve como representantes André Derain (1880-1954), Maurice de Vlaminck
(1876-1958), Othon Friesz (1879-1949) e Henri Matisse (1869-1954), o mais célebre do grupo.
Do francês fauvisme, oriundo de les fauves, "as feras", como foram chamados os pintores. O nome foi dado pelo
crítico de arte Louis Vauxcelles, que em 1905, visitou o "Salão de Outono", em Paris, e se chocou com as obras
desses artistas, apelidando-os pejorativamente de "selvagens".
Surgiu na França, no início do século XX. O cubismo é, talvez, a vanguarda artística mais importante desse
período. Foi originado a partir da obra de Paul Cézzane (1838-1906), que começou a explorar as formas cilíndricas,
esféricas e cônicas.
O movimento teve como expoentes Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963).
Futurismo
Surgiu no início do século XX (1909), na Itália. O Futurismo foi um movimento que exaltou uma ideologia calcada na
violência, tecnologia, industrialização e dinamicidade. Elaborado pelo escritor Filippo Tommaso Marinetti (1876-
1944), o manifesto futurista de 1909 era direcionado, primeiramente à literatura. Posteriormente, houve a
integração também das artes visuais, com Umberto Boccioni (1882-1916), Carlos Carrà (1881-1966), Luigei Russolo
(1885-1974) e Giacomo Balla (1871-1958).
Esses artistas buscavam retratar a rapidez do mundo moderno, apoiando-se em ideias fascistas e cultuando a
violência. Alguns integrantes da vertente, inclusive, uniram-se posteriormente ao partido fascista italiano.
Dadaísmo
Surgiu em Zurique, Suíça – em 1916 (início do século XX). Com a ocorrência da Primeira Guerra Mundial (1914-
1918), exilaram-se em Zurique, na Suíça, alguns intelectuais e artistas que se opunham aos horrores do conflito,
repudiando a participação de seus países na guerra. É nesse contexto, que fundam um movimento com o intuito de
exibir a perplexidade e o absurdo de seu tempo.
A corrente foi intitulada Dadá, termo escolhido ao acaso, quando o poeta Tristan Tzara (1896-1963) abriu um
dicionário e pousou o dedo sobre a palavra, que em francês significa "cavalinho". Dadá em alemão designa fala de
bebês. O Dadaísmo pretendia criar uma arte baseada em um pensamento livre e espontâneo, que via no acaso uma
ferramenta para o processo criativo.
Surrealismo
Surgiu em Paris, França em 1920. O surrealismo foi um movimento artístico e literário e parece nas artes como um
desdobramento da corrente dadaísta, no sentido em que busca também a oposição ao materialismo e racionalismo
da época. Essa vertente desponta em 1924 com um manifesto elaborado por André Breton (1896-1966).
Características Proposições artísticas Os principais artistas e obras
▪ Pensamento livre; ▪ Pautado no subconsciente, ▪ Salvador Dali - A persistência da
▪ Expressividade espontânea; ▪ Juntar o inconsciente memória (1931);
▪ Influência das teorias da (subconsciente) com o ▪ Max Ernst - A Roda da Luz
psicanálise; consciente(realidade) (1925);
▪ Criação de cenas irreais; trazendo uma arte
▪ Valorização do inconsciente, do “surrealista” influenciado
absurdo e da irracionalidade. pelas teorias psicanalíticas do
▪ Valorização da fantasia, da loucura, psicólogo Sigmund Freud
uma arte impulsiva, fantástica e (1856-1939).
onírica (natureza dos sonhos). ▪ Enfatiza o papel do
inconsciente na atividade
criativa.
A Semana de Arte Moderna de 1922
O início do século XX no Brasil se caracterizou pelos desenvolvimentos industrial e econômico e pela chegada de
imigrantes. Esse cenário ocasionou mudanças nas relações de trabalho, na sociedade e, consequentemente, nas artes
e na cultura. Na Europa, o processo de modernização caminhava com rapidez e os primeiros movimentos de vanguarda
surgiram a partir dos movimentos artísticos da segunda metade do século XIX.
A Arte brasileira na primeira década do século XX mantinha-se alinhada com os preceitos acadêmicos e tradicionais.
No entanto, alguns artistas brasileiros entraram em contato com as proposições modernistas das vanguardas
europeias que propunham o rompimento com o academicismo, a liberdade de expressão e a criação de uma arte
vinculada com a modernidade. Os escritores Oswald de Andrade (1890-1954) e Mário de Andrade (1893-1945) estão
entre os primeiros artistas que investigaram os movimentos de vanguarda e passaram a desejar que a Arte brasileira
se transformasse.
Em 1917, a artista brasileira Anita Malfatti (1896-1964) realizou uma exposição com forte influência dos movimentos
de vanguarda, em especial do Expressionismo alemão. As pinturas de Malfatti romperam com a representação fiel da
realidade, pois apresentam deformações das imagens e cores fortes e expressivas. A mostra chocou a maior parte do
público e criou polêmica no meio artístico. A ousadia expressiva da artista rendeu críticas severas contra esses
trabalhos, que repercutiram na cidade e na área cultural. Um dos críticos mais cruéis foi o escritor Monteiro Lobato
(1882-1948 ), cuja publicação rechaçava o trabalho da artista plástica, provocando a união de vários artistas em apoio
a Anita. A reunião dos artistas em defesa do trabalho de Anita Malfatti levou-os a se unirem em prol de transformações
na Arte brasileira; esse movimento culminaria na Semana de Arte Moderna.
O desejo de criar uma arte brasileira que se relacione com a cultura, as paisagens e o povo, tomou conta dos artistas
modernistas. Esse anseio pela brasilidade construiu uma relação com as vanguardas europeias, a ruptura com o
academicismo e a construção de uma proposta artística que dialogasse com a modernidade.