Cartilha Briófitas 2013

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

Cultivo de briófitas em ambiente escolar: Uma


proposta didática do ensino da botânica para
ensino médio

Anna Kelly Nogueira Campos da Silva


Maria Astrid Rocha Liberato
Marta Regina Silva Pereira
Nesta edição:

Apresentação............................................... 3

O que são as briófitas?................................. 4

Para que servem as briófitas?...................... 4

Do que vamos precisar?............................... 5

Calymperes palisotii: como identificar?.......... 6

Como conseguir as populações de musgo?.. 7

Preparando o cultivo: fase 1......................... 8

Preparando o cultivo: fase 2........................ 9

O que deve ser visto com esta atividade?..... 9


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O cultivo de briófitas em ambiente escolar


Apresentação

O ensino de briófitas nas escolas também é viável, porém o ensino do conteúdo de botâ-
nica na escola é considerado pelos professores como um dos mais complexos de serem
trabalhados em sala de aula, sobretudo para as séries de ensino médio, devido ao fato de
muitos professores não tratar do tema com muita propriedade, ou não utilizar recursos
didáticos atrativos e diferenciados.
Baseado nesse pensamento, os conteúdos referentes às briófitas passam “batidos”, pois
os professores dão prioridade ao estudo dos “vegetais superiores” por possuírem um con-
teúdo muito extenso.
De acordo com Krasilchik (2004), as diferentes modalidades didáticas podem ser agrupa-
das e classificadas de acordo com os objetivos que o educador se propões a seguir, podendo ser: aulas ex-
positivas, discussões, demonstrações, aulas práticas, excursões, instrução individualizada, projetos e simula-
ções.
O ensino de briófitas, e da botânica em geral, cabe a em muitos dos itens dessa classificação, sobre-
tudo: excursões, aulas práticas e projetos didáticos, pois estes atuam estimulando o senso investigativo e a
acuidade de criar hipóteses para os fatos que são observados pelos estudantes.
Com essa visão, autores como Araújo e Abib (2003), Ventura e Nascimento (1992) e Carvalho et al.
(1998) apoiam a ideia de que as atividades diferenciadas que trabalhem com experimentação e investigação
tendem a corroborar para o aprimoramento dos processos de ensino e aprendizagem, pois tais processos
dão meios para que o estudante crie o seu leque de conhecimentos que poderão ser refletidos e reconstruin-
do a media do decorrer das atividades.
Além disso, a oportunidade da interação com o material de estudo permite aos alunos a consolida-
ção e aprofundamento do conhecimento e desenvolvimento de conceitos científicos e o exercício da preser-
vação dos elementos que formam o meio ambiente.
Sabendo-se que a construção do conhecimento da diversidade vegetal com a utilização de amostras
botânicas é uma ferramenta de grande valia em atividades práticas ministradas por professores de Ensino
Fundamental e Médio, o objetivo deste trabalho foi desenvolver um método de cultivo de briófitas utilizando
materiais de baixo custo, como recurso didático para o ensino de Botânica no Ensino Médio.
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O que são as briófitas?

A s briófitas podem ser As briófitas são formadas por


descritas superficial- gametófito e esporófito
mente como seres vegetais (Figura 1). O gametófito é
Figura 1.- Esquema geral da
de pequeno porte sem se- permanente, livre e produz estrutura de um musgo:
mentes, desprovidas de siste- órgão sexuais (anterídeos e a) esporófito; b) gametófito;
ma vascular (xilema e floe- arquegônios) além disso sus- c)opérculo; d)caliptra; e)
capsula; f) seda; g) filídios
ma) e ciclo de vida bem tenta o esporófito. O esporó- dispostos no cauloide; h)
marcado por alternância de fito é dependente do gametó- rizoides.
gerações. fito e não dura muito tempo,
ele é responsável pela produ-
Por apresentarem tais carac-
ção de esporos que ao cair na
terísticas estão inseridas nes-
terra formarão um novo ga-
se filo as hepáticas, os antó-
metófito.
ceros e os musgos.

Para que elas servem?

E ssas plantinhas são


seres tão pequenos,
não devem servir para
nientes das turfeiras de
musgos do gênero Sphag-
num que contribuem fun-
postos químicos que
possui atividade anti-
microbiana, antican-
nadas. Engana-se quem damentalmente para o ciclo cerígena, antioxidan-
acredita nessa afirmação, de carbono e liberação de te, alergênica, rela-
Antocero
ao contrário do que se nitrogênio para a atmosfe- xante muscular, anti-
imagina essas plantas são ra. inflamatória entre
extremamente importan- outras.
As briófitas são excelentes
tes para o meio ambiente
absorvedoras de água o que Há o uso de briófitas
e para nós também. To-
contribui para uma boa também no paisagis-
dos sabemos que o nú-
Hepáticas saúde do solo evitando o mo em formas de
mero um em emissão de
processo erosivo. Elas con- arte e na confecção
oxigênio para a atmosfera
tribuem também para a de biojóias.
são as algas, mas e o se-
adubação fornecendo mate-
gundo lugar então é o da
riais necessários para a ger-
floresta amazônica não é?
minação de outras espécies
Outro pensamento erra-
Musgos de vegetais.
do, a segunda maior fon-
te de oxigênio são prove- Elas produzem ainda com-
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Do que vamos precisar?

 Populações de Mus-
go
Calymperes palisotii

 Caixas de madeira ou
plástico de fácil manu-
seio

 Terra preta ou terra


vegetal(substrato pri-
mário)

 Forma de ovos, pedaço


de espuma de colchão
(substrato secundário)

 Serragem ou palha de
milho seco ou palha de
coco

 Garrafas Pet (350ml)


 Borrifador de água
 Água
 Lupa de aumento
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Calymperes palisotii: como identificar?

A espécie apresenta caracterís-


ticas constantes. De maneira
geral pode ser encontrada em tufos
e tapetes em tronco de árvores vivas
e mortas, além de muros e calçadas.
Morfologicamente ela possui filí-
dios curto de cor verde a amarron-
zado, ápice largo e obtuso.

O utra característica mar-


cante e a presença de
tufos de gemas apicais. As ge-
mas são a maneira assexuada de
reprodução das briófitas. Ao
cair no solo formarão um pro-
tonema que dará origem a um
novo gametófito.
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Aspecto seco

Aspecto molhado

Como conseguir as populações de musgo?

A cidade de Manaus é um irregulares isso favo- sua escola e veja o


ótimo lugar para se encon- rece o desenvolvi- musgo que aparece
trar diversas espécie de musgo. A mento de algumas com mais frequên-
espécie que será utilizada neste espécies de musgo cia e que tenha mai-
trabalho não requer muito esfor- inclusive Calympe- or quantidade, dê
ço de procura, em qualquer local res palisotii. Se em preferência as briófi-
como tronco de árvores pode ser sua região ou bairro tas que formam ta-
encontrado. No centro da cidade for difícil encontrar petes sobre o subs-
em uma avenida chamada Getú- essa espécie especí- trato como o que
lio Vargas há um corredor enor- fica, olhe atenta- aparecem nas ima-
me de árvores com cascas muito mente ao redor de gens a seguir.
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Preparando o cultivo: Fase 1

A ntes de começar o cultivo,


escolha um local aproprian-
do para montar essa atividade, na
umidade danifique o fundo da
caixa. Se for feita em bandeja
de plástico não é necessário
Com o substrato já pronto é o
momento de colocar os pedaços
do musgo colhido. Agora deve-se
sua escola escolha uma área som- forrar o recipiente. Após isso, acomodar os pedaços em cima
breada, como embaixo de uma colocar no fundo do recipiente da terra pressionando levemente
árvore, e que não tenha presença uma camada espessa do tipo de sem afundar demais os espéci-
de presença de animais que pos- fibras de sua escolha que pode mes na terra. Após isso pegar
sam pisar ou danificar o lugar cul- ser serragem/palha de milho/ duas garrafas pet pequenas de
tivado. Com o local escolhido é palha de coco/palha de buriti/ 200ml ou 350ml colocar água
hora de iniciar a atividade. palha de açaí (1), esta camada em cerca de 2/3 do recipiente e
evita o excesso de umidade im- acomodar uma em cada lateral
Primeiramente é necessário prepa-
pedindo o apodrecimento da do ambiente em que os musgos
rar o substrato em que a planta vai
planta. Em cima desta camada foram plantados, conforme a
sem acomodada. Se a atividade for
de fibras, colocar a terra preta imagem (3), isso permitirá que a
feita em caixas de sapato é necessá-
ou terra vegetal o suficiente terra fique úmida sem a necessi-
rio forrar o fundo com um saco de
para ter 10 centímetros de altu- dade de regar periodicamente.
lixo de cor preta pra evitar que a
ra(2).

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Preparando o cultivo: Fase 2

A nteriormente o cultivo foi idealizado em caixas, agora deve-se utilizar os substratos secun-
dário a caixa de ovos e a espuma de colchão.

Para a caixa de ovos deve-se colocar um camada de serragem ou de fibras de sua preferência pos-
teriormente colocar uma camada de terra em cada orifício como na figura. Por cima colocar uma
um pedaço do musgo colido que caiba em cada orifício após isso borrifar água sobre as amostras.

Para a espuma do colchão deve-se apenas colocar os pedaços de musgo sobre o pedaço de espu-
ma úmida, de vez em quando borrifar jatos de água sobre o local para evitar o ressecamento.

O que deve ser visto com esta atividade?

C om esta atividade o professor juntamente com os estudantes devem visualizar a cada 15 dia
durante 3 meses o desenvolvimento da população e as características que os espécimes ad-
quirem como: coloração, gemas apicais e se possível o surgimento do esporófito. Também com o
auxílio de uma lupa de aumento visualizar as características gerais como o hábito que a forma de
crescimento do musgo, formato dos filídios, se houver o aparecimento de esporófito verificar as
características desta estrutura como: caliptra, cápsula e seta.

Referências citadas
ARAÚJO, M. S. T., ABIB, M. L. V. S., Atividades experimentais no Ensino de Física: diferentes enfoques, diferentes
finalidades, Revista Brasileira de Ensino de Física, vol.25, 2, 176-194, Junho de 2003.

CARVALHO, A. M. P.; VANNUCHI, A. I.; BARROS, M. A.; GONÇALVES, M. E. R.; REY, R. C.; Ciências no Ensi-
no Fundamental – O Conhecimento Físico, Editora Scipione, 1ª Edição, São Paulo, 1998.

KRASILCHIK, M. 2004. Prática de ensino de biologia. 4ª. Edição. São Paulo: EDUSP.

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