Apostila de Escatologia Atual

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Pr.

Carlos Azevedo
Apresentação
Quando lemos o texto de Romanos 15.4: “Porquanto, tudo que dantes foi escrito,
para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes
das Escrituras, tenhamos esperança”; sabemos que temos diante de nós uma
ancestralidade teológica, baseada na revelação paulatina que o Senhor nos concedeu.
Por esse motivo devemos estar atentos ao conteúdo que recebemos, como está escrito:
“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim
testificam” (Jo 5.39).
Dentro desse conhecimento concedido por Deus, temos as profecias bíblicas e
nossa tarefa é atentar para o que foi escrito, examinar com cuidado, com desvelo, pois:
"a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia
perfeito." (Provérbios 4:18), estabelecendo que nesse exame seremos conduzidos pelo
Espírito Santo (Jo 14.16).
Assim, a Escatologia Bíblica vai nos levar a reflexões profundas sobre os últimos
dias, quando pararmos para estudar o que foi escrito pelos profetas e desenvolvido
pelos apóstolos (Ef 2.20), com seus detalhes, suas observações, pois como escreveu
João: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e
guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Ap 1.3).
Nesse trabalho teológico, irei falar sobre a Escatologia Bíblica em um cenário que
explique algumas questões envolvidas nesse tema: Estado Intermediário,
Arrebatamento, Grande Tribulação, Anticristo, 144 mil, etc. Formando assim um
pensamento que esteja focado em entender a mensagem de Deus.

“Sabendo primeiramente isto: Que nenhuma profecia


da Escritura é de particular interpretação. Porque a
profecia nunca foi produzida por vontade de homem
algum, mas os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo”. (2 Pe 1.20,21).

Pr. Carlos Azevedo

Carlos Azevedo é pastor-auxiliar na Assembleia de Deus em Icoarací.

• Bacharel em Teologia Pentecostal/Faculdade Gamaliel.


• Bacharel em Teologia Interconfessional/Uninter.
• Mestre em Teologia e Práticas Pastorais/Uninter.
• Licenciado em Pedagogia/UNIP.
• Graduado em Apologética/Faculdade Walter Martin.
• Graduado em Missiologia/Faculdade Ibetel.
• Professor de Teologia nos seminários INCITH e IBADEM.
• Palestrante em várias áreas teológicas.
• E-mail: [email protected]
• (91) 98555-6186

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ÍNDICE
Introdução………………………………………………………………………………..…..04

1. A Hermenêutica e a Escatologia..…………............................................................04

2. O Princípio das Dores.............................................................................................06

3.O Estado Intermediário dos Mortos……........................................………………...06

4 As Oito Alianças Entre Deus E Os Homens.…….…………………………................08

5. As Sete Dispensações……….………………………………………...…....................09

6. O Arrebatamento da Igreja…………………….................................................…….09

7. O Tribunal de Cristo……………………………...…....................................................12

8. As Bodas do Cordeiro……………….………………….....................................…......13

9. A Grande Tribulação…..............................................................................................14

10. Os 24 anciãos, os Seres Viventes e os 144 mil……………………...............…………16

11. O Anticristo....................................................................................................................17

12. A Marca da Besta...........................................................................................................20

13. O Milênio........................................................................................................................21

14. O Juízo Final..................................................................................................................22

Conclusão...........................................................................................................................22

Bibliografia…………………………………………………..…………..………………...…..….23

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ESCATOLOGIA BÍBLICA
INTRODUÇÃO

A Escatologia Bíblica é o ponto culminante da Teologia Sistemática. Não é apenas o


clímax, o desfecho e a consumação do estudo teológico, mas a apresentação da
Escatologia é também a suprema demonstração de habilidade teológica. Aqui, mais que
em qualquer outro campo, exceto talvez na doutrina da pessoa de Cristo, estão
expostas as importantes ferramentas da exegese, da síntese, da hermenêutica e do
sistema teológico.
Conhecer as “Doutrinas das Últimas Coisas” é um desafio para a Igreja hodierna, tão
envolvida em fórmulas de crescimento e com extrema dificuldade para criar uma
identidade compatível com a realidade da volta do Senhor. Esse tema é recorrente em
o Novo testamento, pois é referido mais de trezentas vezes – numa média de um
versículo a cada vinte e seis. Que Deus tenha misericórdia de nós e possamos ter uma
idéia clara daquilo que Ele quer nos transmitir.
• O QUE É ESCATOLOGIA?
Doutrina a respeito das últimas coisas (segunda vinda de Cristo, arrebatamento,
ressurreição, juízo final, céu e inferno, destino eterno). A palavra Escatologia deriva das
palavras Eschatos (último) e Logia (estudo).
• A IMPORTÂNCIA DA ESCATOLOGIA
Os discípulos de Jesus, como muitos cristãos hoje, externavam sua curiosidade
indagando a respeito de fatos escatológicos e o cronograma do fim da era presente.
“Dizeno-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e da
consumação do século” (Mt 24.3).
1. A HERMENÊUTICA E A ESCATOLOGIA
Sendo a hermenêutica a responsável pelo estudo das regras de interpretação bíblica
não seria possível deixa-la de fora de um trabalho como este, já que a escatologia
trabalha em meio a muitas profecias e passagens de difícil compreensão, por isso
precisaremos conhecer os dois principais métodos de interpretação para que tomemos
um caminho coerente nas Escrituras, e acima de tudo não a deturpemos para provar
teorias infundadas.
O alegorismo e o literalismo são hoje, os métodos mais utilizados sendo que o
primeiro vem ganhando mais espaço entre os teólogos, espaço este antes dominado,
quase em totalidade, pelo método literal.
1.1. O ALEGORISMO
O alegorismo tem suas raízes no platonismo e no alegorismo judaico, dois de seus
defensores são Orígenes (185-254) escritor, teólogo e professor e Clemente de
Alexandria que faziam parte da escola de Alexandria. Orígenes defendia que a
interpretação era dividida em três aspectos o literal, ao nível do corpo, o moral, ao nível
da alma, e o alegórico, ao nível do espírito. Clemente por outro lado defendia cinco
pontos a serem usados para interpretação de um texto: o histórico, o doutrinário, o
profético, o filosófico e o místico. Agostinho de Hipona reformulou os sentidos do
alegorismo e os transformou em quatro: o sentido literal, o que o texto realmente quer
dizer; o sentido moral, uma visão do texto que retratasse um ensinamento sobre
conduta; sentido alegórico, como crer e em quem crer e de que maneira; o sentido
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anagógico, o que o texto promete ou representa para o futuro. Assim vemos que
Agostinho ao ler um texto tinha consciência de seu sentido literal, mas empregava outros
mecanismos para que o texto dissesse mais que o que estava escrito.
Para definirmos o alegorismo podemos dizer que este método é aquele que em lugar
de reconhecer o texto como naturalmente se apresenta, perverte-o dando um sentido
secundário anulando a intenção primária do escritor, um exemplo deste tipo de
interpretação está em Apocalipse 20 quando João fala a respeito de um período de mil
anos em que a teocracia seria instituída e o próprio Jesus reinaria sobre a terra, os
alegoristas ou espiritualizadores de textos dizem que este período está sendo cumprido
agora pela igreja, e os mil anos não são literais, mas sim espirituais.
Grandes perigos rondam a alegorização já que esta não interpreta as Escrituras, mas
dá um novo sentido a ela baseados na imaginação do intérprete, sendo que, como diz
a regra fundamental da hermenêutica, a Bíblia deve explicar-se por si mesma.
Por muitos motivos a interpretação das Escrituras por alegorização deve ser rejeitada,
no entanto é importante que fique claro que em um sermão usa-se de alegorias para
trazer um ensino à igreja dentro de um texto que às vezes foge do seu sentido literal,
porém isso é permitido, pois se trata apenas da aplicação de conceitos contidos no texto
em uso, o que não se permite é estabelecer doutrinas baseadas em textos alegorizados
como o exemplo acima citado que perverte um ensino bíblico com uma interpretação
mística de um texto que não poder ser compreendido de outra maneira senão
literalmente. É importante ressaltar que o método alegórico se trata de um sistema
usado para interpretar a bíblia e nada tem a ver com alegorias existentes nas Escrituras.
1.2. O LITERALISMO
Também conhecido como método histórico-gramatical o literalismo difere do
alegorismo por interpretar as palavras e frases de uma maneira natural como elas se
apresentam; o Dr J.D. Pentecost define o método literal da seguinte maneira: “O método
literal de interpretação é o que dá a cada palavra o mesmo sentido básico e exato que
teria no uso costumeiro, normal, cotidiano empregada de modo escrito oral ou
conceitual”.
Com certeza este é o único método que satisfaz as exigências bíblicas no sentido de
trazer uma interpretação equilibrada e dentro de um contexto correto, ou seja, ele não
modifica a ideia inicial que o autor procurou transmitir, mas a explica de maneira
coerente. A Bíblia foi elaborada por Deus para que o homem conhecesse seus
propósitos e mandamentos e, portanto não permitiria que este mesmo homem
interpretasse seus ensinos literais dando a eles um novo sentido, portanto Deus espera
que suas palavras sejam entendidas da maneira como ele as disse, é certo que temos
linguagens figuradas, simbólicas e alegorias nos textos bíblicos, no entanto o fato deles
existirem não obriga ao interprete usar outros métodos, pois por trás das parábolas,
tipos, figuras e símbolos estão verdades literais, sabemos também que, não podem ser
interpretados ao pé da letra, mas deve-se sempre buscar dentro do contexto, em
passagens paralelas, tipos paralelos que tenham a explicação contida na bíblia, a
compreensão correta do texto.
Um exemplo de alegoria se vê em João 15:5 quando Jesus diz que Ele é uma videira
e seus discípulos os ramos, ou em João 6:51-58 onde diz: “Eu sou o pão vivo que
desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente”. É obvio que Jesus não é
uma videira ou um pão, nem também ele gostaria que literalmente sua carne fosse

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comida, no entanto o que os textos expressam é o fato da comunhão, a ligação que o
homem precisa ter com Cristo.
Mesmo sendo uma alegoria o texto traz uma verdade literal e absoluta que não aceita
outra interpretação senão a que o texto sugere. Vejamos um exemplo de um texto que
tem uma linguagem figurada que não pode ser levada ao pé da letra, mas que traz uma
verdade literal. Lucas 19:40: “Mas ele lhes respondeu: Asseguro-vos que, se eles se
calarem, as próprias pedras clamarão”. Nos é claro que as pedras não falariam, porém
usa esta expressão para advertir aos que se incomodavam com o clamor do povo.
2. O PRINCÍPIO DAS DORES
Devemos estar conscientes de que Jesus predisse alguns acontecimentos que não
sinalizarão o fim. Assim deparamos com os falsos messias que conseguem enganar a
muitos (Mt 24.5), as guerras e rumores de guerra. Por isso Jesus adverte que “ainda
não é o fim” (Mt 26.4); “o fim não será logo” (Lc 21.9). Marcando apenas “o princípio das
dores”, Jesus falou de nações lutando contra nações, de reinos levantando-se contra
reinos, de fomes e terremotos em vários lugares. Juntamente com distúrbios
internacionais e físicos no mundo. Jesus acrescenta que a perseguição caracterizará a
época do “Princípio das Dores” (Mt 24.8-13).
Como nos diz Billy Grahan: “Há tempestades à vista, e elas emitem advertências em
cada nuvem negra que tolda o horizonte. Os Estados Unidos sofrem uma recessão, e
ao redor do mundo inteiro milhões e milhões são atingidos por desespero e sofrimento
jamais vistos antes. Verdadeiramente, vivemos numa época de problemas. Mas, que
significa tudo isso? Estamos de fato em perigo?... milhões morrem por efeito de
epidemias, guerra, fome, subnutrição, drogas, crime e violência. Vivemos numa época
de grandes conflitos e transformações culturais. As revoluções políticas e sociais de
nossa época perturbam a imaginação”.
Vejamos os conceitos, desdobramentos e doutrinas referentes à Escatologia
Bíblica:
3. O ESTADO INTERMEDIÁRIO DOS MORTOS
Onde estão os mortos? Esta questão preocupa praticamente todas as religiões que
já surgiram no mundo desde os mais remotos tempos do aparecimento do homem sobre
a terra.
Os gregos antigos diziam que os mortos iam para as “Ilhas dos Bem-Aventurados”,
onde ficavam aguardando o julgamento por três representantes do mundo subterrâneo.
Se o morto tivesse sido bom durante sua vida, e os juízes estabelecessem sua retidão,
ele podia entrar nos “Campos Elíseos”, um tipo de paraíso.
3.1. Interpretações sobre a vida após a Morte
3.1.1. O sono da alma ou da morte
Alguns teólogos, sobretudo os que pertencem a Igreja Adventista, defendem o que
chamamos de psicopaniquia ou sono da alma. O fato de Jesus ter afirmado que Lázaro
e a filha de Jairo dormiam (Mt 9:24; Jo 11:11) e também porque Paulo se referiu a morte
como dormir são as bases desse pensamento. O cristão não cessa de existir quando
morre, pois, Deus não é “Deus dos mortos, mas dos vivos” (Mt 22:32). Outras
evidências: Lc 23:42,43; Mt 27:52; Lc 16:25; Ap 5:9; 6:10,11; 7:9,10). Este "sono da
alma" é um estado de silêncio, inatividade e inteira inconsciência". Baseiam esta crença
principalmente em Eclesiastes 9.5, que diz: "Os mortos não sabem coisa nenhuma". O

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contexto demonstra que o autor deste versículo está falando sobre a relação dos mortos
com a vida terrena e não sobre o estado da alma depois da morte.
3.1.2. A reencarnação.
Por causa da visão cíclica da História, que acredita ser impossível falar de um começo
ou de um fim, muitas religiões orientais ensinam a reencarnação. Os que argumentam
a favor dessa posição sustentam que as ações realizadas pela pessoa geram uma
forma, o carma, que exige transmigração e determina o destino da pessoa na existência
seguinte. Assim, a cada reencarnação, acredita-se que uma pessoa gradualmente se
purifique e se salve a si mesma. Na Índia, acredita-se que esse processo possa levar
até 600 mil reencarnações.
Contudo, a Palavra de Deus afirma que não podemos salvar a nós mesmos pelas
boas obras e também que não teremos outra vida para cuidar dos erros e pecados desta
vida ( 2 Co 6:2; Ef 2:8,9; Hb 9:27,28; 2 Co 5:10).
3.1.3. O purgatório.
Segundo o Pastor e Pesquisador Natanael Rinaldi o dogma do Purgatório, ensinado
pela Igreja Católica (IC), é a “galinha dos ovos de ouro”. Ensinam os católicos que
existem quatro lugares no outro mundo: Céu, Inferno, Purgatório e Limbo (Patrum e
Infantum, o limbo infantum foi abolido por Bento XVI).
A doutrina do purgatório foi aprovada em 1439, no Concilio de Florença, confirmada
definitivamente no Concilio de Trento (1549-1563). Essa doutrina ensina que os cristãos
parcialmente santificados, que são a maioria, passam por um processo de purificação
para depois entrar no céu. Essa crença veio do paganismo (Budismo) e é muito antiga,
e não há espaço para ela na Bíblia.
O Catecismo da Igreja Católica, no seu artigo XII, ponto 1030, denomina o Purgatório
da seguinte forma: “A purificação final ou Purgatório: Os que morrem na graça e na
amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação
eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade
necessária para entrar na alegria do céu”.
3.2. Onde os mortos estão?
Antes da ressurreição de Cristo. Quatro diferentes palavras são usadas nas
Escrituras em referência ao lugar dos mortos até o tempo da ressurreição. Em nenhum
caso elas descrevem o estado eterno, mas sim o lugar temporário no qual os mortos
aguardam a ressurreição.
A primeira é Sheol, usada 65 vezes no Antigo Testamento e traduzida por "inferno"
31 vezes (cf. Dt 32.22; Sl 9.17; 18.5; Is 14.9), por "sepultura" 31 (cf. ISm 2.6; Jó 7.9;
14.13) e "abismo" três vezes (cf. Nm 16.30,33; Jó 17.16). Essa era a palavra do Antigo
Testamento usada em referência à morada dos mortos. Era apresentada não só como
um estado de existência, mas como um lugar de existência consciente (Dt 18.11; ISm
28.11-15; Is 14.9). Deus era soberano sobre esse lugar (Dt 32.22; Jó 26.6). Ele era visto
como temporário, e os justos antecipavam a ressurreição saindo dele para o reino
milenar (Jó 14.13,14; 19.25,27; Sl 16.9-11; 17.15; 49.15; 73.24). Nesse lugar iam após
a morte justos e injustos, com uma divisão para os justos e outra para os injustos. A
primeira era chamada "paraíso" e "seio de Abraão". Ambas designações eram
talmúdicas, mas foram adotadas por Cristo em Lucas 16.22; 23.43. Os mortos abenço-
ados estavam com Abraão, eram conscientes e estavam "confortados" (Lc 16.25). O
ladrão que acreditou estaria, naquele dia, com Cristo no "paraíso". Os incrédulos
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estavam separados dos salvos por um "grande abismo" fixo (Lc 16.26). O representante
dos incrédulos que agora estão no Hades é o homem rico de Lucas 16.19-31. Ele estava
vivo, consciente, exercendo todas as suas funções.
A segunda palavra para descrever o lugar dos mortos é Hades. No Novo Testamento
essa palavra praticamente eqüivale a Sheol, traduzida por "inferno" em todos os casos,
exceto um (1 Co 15.55, em que é traduzida por "morte").
A terceira palavra é Tartaros, e é usada apenas em 2 Pe 2.4 em relação ao julgamento
dos anjos caídos. Ela parece referir-se especificamente à morada eterna dos anjos
caídos.
A quarta palavra empregada para a morada dos mortos é Geena, usada doze vezes
no Novo Testamento (Mt 5.22,29,30; 10.28; 18.9; 23.15,33; Mc 9.43,45,47; Lc 12.5; Tg
3.6). Em cada caso, ela é usada como termo geográfico e tem em vista o estado final
dos incrédulos.
Depois da ressurreição de Cristo
Quanto aos mortos incrédulos, nenhuma mudança de lugar ou condição é revelada
nas Escrituras. No julgamento do
Grande Trono Branco, o Hades os
entregará, eles serão julgados e
passarão para o Lago de Fogo
(Ap 20.13,14). Mas houve uma
mudança que afetou o paraíso.
Paulo foi "arrebatado ao paraíso"
(2 Co 12.1-4). O paraíso, então,
agora está na presença imediata
de Deus. Acredita-se que Efésios
4.8-10 indique o tempo da mudança. "Quando ele subiu às alturas, levou cativo o
cativeiro." Acrescenta-se imediatamente que antes Ele havia "descido até às regiões
inferiores da terra", i.e., a parte do Hades chamada paraíso. Durante a atual era da
igreja, os salvos que morrem estão "ausentes do corpo e presentes com o Senhor". Os
mortos incrédulos no Hades e os mortos salvos "com o Senhor" esperam a ressurreição
(Jó 19.25; I Co 15.52). (C. I. SCOFIELD, Reference Bible, p. 1098-9).
4. AS OITO ALIANÇAS ENTRE DEUS E OS HOMENS
Se alguém consultar uma concordância, verá que a palavra aliança (hb. berith) ocorre
com frequência no Antigo e no Novo Testamentos. É usada nos relacionamentos entre
Deus e o homem, entre os homens e entre as nações. É usada para coisas temporais
e coisas eternas. Existem referências a alianças menores e temporais nas Escrituras.
São feitas alianças entre outros indivíduos (Gn 21.32; 1 Sm 18.3), entre um indivíduo e
um grupo de indivíduos (Gn 26.28; 1 Sm 11.1,2) ou entre nações (Êx 23.32; 34.12,15;
Os 12.1). Existiram alianças no meio social (Pv 2.17; Ml 2.14). Certas leis naturais eram
vistas como alianças (Jr 33.20,25). Com exceção destas, que foram estabelecidas por
Deus, todos os usos anteriores regulam relacionamentos feitos por homens.

OBS.: Aliança: Acordo que Deus, por causa do seu amor (Dt 7.8-9), fez com o seu
povo. Essa aliança (pacto, contrato, concerto) consiste no seguinte: o SENHOR,
cumprindo sua promessa aos patriarcas (Gn 17.1-8; 28.13-15), era o Deus de Israel, e
Israel era o povo de Deus, o SENHOR (Êx 6.7; 19.4-6). Deus abençoava o povo, e este,
por sua vez, lhe obedecia (Dt 7.7-11). Em cumprimento à palavra profética (Jr 31.31-
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34), Deus fez uma nova aliança (testamento), que foi confirmada ou selada por meio da
morte de Cristo (Mc 14.24; Hb 8.6-13; 9.15-22). O povo de Deus é perdoado dos seus
pecados (Rm 11.26-27), recebe bênçãos eternas (Hb 9.15) e vive uma vida de
dedicação a ele (Hb 10.19-25) e ao seu serviço (2Co 3.6). No hebraico é b ̂eriyth, com
o sentido de aliança (referindo-se à amizade); aliança (referindo-se ao casamento);
entre Deus e o homem aliança (referindo-se à amizade); aliança (ordenação divina com
sinais ou promessas). Na língua grega é diatheke, “um pacto, “um acordo”.
1) A Aliança do Eden, que condicionou a vida do homem no estado da inocência. Gn
1.28.
2) A Aliança com Adão, que condicionou a vida do homem decaído, oferecendo a
promessa dum Redentor, Gn 3.14-21.
3) A Aliança com Noé, que estabeleceu o princípio do governo humano e assegurou a
continuação da vida sobre o planeta, Gn 9.1-17.
4) A Aliança com Abraão, que daria início à nação israelita e concedeu-lhe a terra
da Palestina. Gn 12.1-9
5) A Aliança com Moisés, que condena todos os homens "porque todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus." Rm 3.23; Êx 19.1-25.
6) A Aliança Palestínica, que assegura a restauração e a conversão final de Israel. Lc
26; Dt 28.1 a 30.3.
7) A Aliança com Davi, que promete o trono de Israel à posteridade de Davi, promessa
que se cumprirá em Cristo, o "Filho de Davi". II Sm 7.16; I Cr 17.7; SI 89.27; Lc 1.32,33.
8) A Nova Aliança, que assegura a transformação espiritual de Israel e de todos que
crêem em Cristo, tornando-os aceitáveis a Deus.
5. AS SETE DISPENSAÇÕES 
Dispensação vem do grego οἶκος (oikos), que significa casa νόμος (nomos) que quer
dizer lei, governo ou administração. Uma dispensação é o governo duma casa. Segundo
Scofield, “uma dispensação é um período de tempo durante o qual o homem é provado
quanto à obediência a alguma revelação específica da parte de Deus”.
Dispensação Responsabilidade Fracasso Julgamento
Inocência Obedecer a Deus Desobediência Maldição e morte
Consciência Sacrifícios de Sangue Impiedade Dilúvio Devastador
Governo Humano Espalhar e Multiplicar Não se espalharam Confusão das línguas
Promessa Viver em Canaã Viver no Egito Cativeiro no Egito
Lei Observar a Lei Quebrou a Lei Dispersão mundial
Graça Fé em Jesus Incredulidade Grande Tribulação
Reino Milenial Obedecer a Jesus Rebelião Final Tormento Eterno

6. O ARREBATAMENTO DA IGREJA 
O Que é o Arrebatamento?
6.1. Sentido etimológico
A palavra arrebatar significa “tirar com violência; levar repentinamente; levar pelos
ares; raptar.” (Dicionário Priberam). O termo “arrebatamento” deriva da palavra raptus
em latim, que significa “arrebatado rapidamente e com força”. O termo latino raptus
equivale a harpazo em grego, traduzido por “arrebatado” em I Ts 4.17.
“Arrebatados” (gr. Harpagêsometha) refere-se àquilo que é frequentemente chamado
“o arrebatamento”. “A encontrar com o Senhor” (gr. Eis apantêsin tou kuriou) pode ser
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traduzido “para um encontro com o Senhor”. “Encontro” era freqüentemente usado como
termo técnico para os cidadãos marcarem um encontro com reis ou generais a alguma
distância fora da cidade a fim de os escoltarem de volta a esta.
A presente era, em relação à verdadeira igreja, termina com a translação da igreja
à presença do Senhor. A doutrina da translação da igreja é uma das considerações mais
importantes da escatologia do Novo Testamento (Jo 14.1-3; 2Ts 2.1; l Ts 4.13-18; 1 Co
1.8; 15.51,52; Fp 3.20,21; 2 Co 5.1-9).
Existem correntes de pensamentos teológicos sobre a ocasião do arrebatamento
em relação ao período tribulacional, são as escolas: pós-tribulacionista,
mesotribulacionista e pré-tribulacionista.
• Pré-Tribulacionismo. O pré-tribulacionismo sustenta que Cristo arrebatará
secretamente sua Igreja antes da tribulação. Ela, portanto, não participará das "dores
finais do parto", das aflições dos últimos dias. Retirada a Igreja pelo arrebatamento
secreto, iniciar-se-á o cumprimento da septuagésima semana profetizada por Daniel,
dividida em duas partes de três anos e meio cada uma.
• Pós-Tribulacionismo. Os pós-tribulacionistas acreditam numa tribulação malignas
para destruir o reino do Cordeiro. Findas as tribulações, Cristo retornará com seus anjos,
revestido de realeza, para o estabelecimento do reino messiânico
• Mesotribulacionismo. O mesotribulacionismo é a corrente tribulacionista que ensina
a vinda de Cristo no meio da septuagésima semana de anos, isto é, no início da "grande
tribulação", que começará, segundo os pré-milenistas tribulacionistas, três anos e meio
depois do arrebatamento da Igreja.
Existem algumas palavras usadas no Novo Testamento em relação ao segundo
advento de Cristo: parousia, apokalupsis e epiphaneia. Embora essas palavras sejam
muitas vezes consideradas técnicas, com designações específicas, Walvoord escreve:
“É a opinião do escritor que todos esses três termos são usados em sentido geral e não
técnico, e referem-se tanto ao arrebatamento quanto ao retorno glorioso de Cristo à
terra”.
OBS.: Parousia, literalmente quer dizer “presença”, “chegada”, “visita”. É a palavra mais
frequentemente usada nas Escrituras para descrever o retorno de Cristo, pois ocorre 24
vezes. Seu sentido é abrangente porque não define apenas a volta de Cristo até ou
sobre as nuvens, mas em outras vezes se refere à Sua volta pessoal à Terra (1 Co
15.23; 1 Ts 2.19; 1 Ts 4.15). Apokalupsis, “ato de tornar descoberto”, “exposto”, “uma
revelação de verdade”, “instrução”, “concernente a coisas antes desconhecidas”, “usado
em eventos nos quais coisas, estados ou pessoas até agora não presentes na mente
das pessoas se tornam parte da sua realidade”, “manifestações”, “aparecimento”.
Epiphaneia, literalmente significa “manifestação, “vir a luz”, “resplandecer” ou “brilhar”.
É um termo que especifica à vinda de Cristo à Terra de modo mais direto, porque diz
respeito à Sua manifestação pessoal ao mundo.
O arrebatamento é um mistério só plenamente compreendido quando ocorrer (1 Co
15.51). Ele será o evento inicial de uma série, abrangendo a igreja, Israel e as nações
em geral. Somente os fiéis mortos e vivos, ouvirão os toques divinos de chamada vindos
do céu, e serão arrebatados pelo poder de Deus ao encontro do Senhor nos ares:
“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a
trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os
que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar
o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16,17).
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OBSERVAÇÕES:
1. Do grego musterion; “segredo desconhecido até que seja manifestado por Deus
através de algum meio” (Dn 2.18-19,27-30,47, RA; Mt 13.11). “O plano de Deus revelado
no evangelho para a salvação de toda a humanidade” (Ef 3.3-9). “Conhecimento secreto
que só Deus pode tornar conhecido” (2Ts 2.7; Ap 1.20).
2. Do grego keleuma, “ordem”, “comando”, “espec. um grito de estímulo”, seja aquele
pelo qual os animais são incitados e mandados pelo homem, como cavalos pelo
cocheiros, cães pelos caçadores, etc.”, “ou aquele pelo qual um sinal é dado a homens,
e.g. a remadores pelo capitão de um navio, a soldados pelo comandante (com uma
convocação em voz alta, um chamado de clarim”.
3. Do grego harpazo, “pegar”, “levar pela força”, “arrebatar”, “agarrar”, “reivindicar para
si mesmo ansiosamente”, “arrebatar”.
“Se os desaparecimentos foram um ato de Deus, seria aquilo o fim de tudo? Os
cristãos, os crentes verdadeiros, foram levados, e os restantes foram deixados para
afligir-se, lamentar e reconhecer seu erro? Talvez sim. Talvez fosse esse o preço. Mas,
então, o que acontece quando morremos? Pensou. Se o céu é uma realidade, se o
Arrebatamento foi um fato, o que isto queria dizer quanto ao inferno e ao Juízo? É este
o nosso destino? Viveremos este inferno de tristeza e arrependimento e, depois, iremos
também literalmente para o inferno?”(Deixados para Trás I, pág. 53)
ARREBATAMENTO VINDA EM GLÓRIA
• Retirada dos cristãos • Manifestação do Filho de Deus
• Jesus vem até às nuvens • Jesus volta à terra
• Instauração da GT • Estabelecimento do Milênio
• É iminente • É precedida por sinais
• Mensagem de conforto • Mensagem de julgamento
• Plano para Igreja • Plano para Israel e o mundo
• É um mistério • É prevista em ambos os testamentos
• Criação intacta • Criação mudada
• Os gentios não são afetados • Os gentios são julgados
• Apenas para os cristãos • Todas as pessoas
6.2. A doutrina da iminência.
Muitos sinais foram dados à nação de Israel, os quais precederiam a segunda vinda,
a fim de que a nação vivesse em expectativa quando sua volta se aproximasse. Apesar
de Israel não saber o dia nem a hora em que o Senhor voltaria, saberia que sua
redenção se aproximava pelo cumprimento desses sinais. Tais sinais nunca foram
dados à igreja. A igreja tem a ordem de viver à luz da vinda iminente do Senhor para
transladá-la à Sua presença (Jo 14.2,3; At 1.11; 1 Co 15.51,52; Fp 3.20; Cl 3.4; l Ts
1.10; l Tm 6.14; Tg 5.8; l Pe 3.3,4). Passagens como 1 Tessalonicenses 5.6, Tito 2.13
e Apocalipse 3.3 alertam o crente a aguardar o próprio Senhor, não aguardar sinais que
antecederiam seu retorno. É verdade que os acontecimentos da septuagésima semana
lançarão um prenúncio antes do arrebatamento, mas a atenção do crente deve ser
sempre dirigida para Cristo, nunca aos presságios.
Essa doutrina de iminência, ou "da volta a qualquer momento", não é uma doutrina
nova surgida com Darby, como muitas vezes se afirma, embora ele a tenha esclarecido,
sistematizado e popularizado. A crença na iminência marcou o pré-milenarismo dos
primeiros pais da igreja bem como dos escritores do Novo Testamento.
Pr. Carlos Azevedo Página 11
A doutrina da iminência impede a participação da igreja em qualquer parte da
septuagésima semana. A multidão de sinais dados a Israel para movê-lo à expectativa
também seriam para a igreja, e a igreja não poderia estar esperando Cristo até que
esses sinais fossem cumpridos. O fato é que nenhum sinal é dado à igreja; em vez
disso, ela tem a ordem de aguardar a Cristo, o que impossibilita sua participação na
septuagésima semana.
7. O TRIBUNAL DE CRISTO
7.1. O significado do tribunal.
Existem duas palavras traduzidas por "tribunal" no Novo Testamento.
A primeira palavra é kritërion, usada em Tg 2.6 e em 1 Co 6.2,4. Essa palavra
significa "instrumento ou meio de pôr à prova ou julgar qualquer coisa; lei pela qual
alguém julga" ou "local onde o julgamento é feito; tribunal de juiz; banca de juizes".
A segunda palavra é bêma, usada em 2 Co 5.10. Nos jogos gregos de Atenas, a
velha arena tinha uma plataforma elevada na qual se assentava o presidente ou juiz da
arena. De lá ele recompensava todos os competidores; e lá ele recompensava todos os
vencedores. Era chamado "bema" ou "assento de recompensa". Nunca foi usado em
referência a um assento judicial. (L. S. HARRISON, Judgement seat of Christ ).
OBSERVAÇÕES:
1. Kritërion: “Critério ou regra pela qual alguém julga”, “lugar onde acontece o
julgamento tribunal de um juiz assento dos juízes”. (Joseph Henry THAYER, Greek-
English lexicon of the New Testament, p. 362).
2. Bêma: “um degrau”, “um passo”, “o espaço que um pé cobre”, “um lugar elevado no
qual se sobe por meio de degraus”, “plataforma”, “tribuna”, “assento oficial de um juíz”,
“o lugar de julgamento de Cristo”. Herodes construiu uma estrutura semelhante a um
trono na Cesaréia, do qual ele via os jogos e fazia discursos para o povo.
O sentido, pois, seria que os crentes, trabalhando por Cristo, podem realizar algumas
coisas boas, e outras más (lit. "sem valor"). A espécie de cada uma será revelada
quando "nos manifestarmos perante o tribunal de Cristo".
7.2. O Juiz no bêma de Cristo.
O texto de 2 Coríntios 5.10 deixa claro que esse exame é conduzido diante da
presença do Filho de Deus. João 5.22 declara que todo o julgamento foi confiado às
mãos do Filho. O fato de esse mesmo acontecimento ser citado em Romanos 14.10
como "o tribunal de Deus" mostraria que Deus confiou o julgamento às mãos do Filho
também. Parte da exaltação de Cristo é o direito de manifestar autoridade divina no
julgamento.
7.3. Os participantes do bêma de Cristo.
Pouca dúvida deve haver de que o bêma de Cristo está relacionado apenas aos
crentes. O pronome pessoal na primeira pessoa ocorre com tão grande frequência em
2 Coríntios 5.1-19 que não pode ser desprezado. Apenas o crente poderia ter "uma casa
não feitas por mãos, eterna, nos céus". Apenas um crente poderia experimentar
"mortalidade [...] absorvido pela vida". Apenas um crente poderia experimentar o
trabalho de Deus, "que nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito".
Apenas um crente poderia ter a confiança de que, "enquanto no corpo, estamos
ausentes do Senhor". Apenas um crente poderia andar "por fé, e não pelo que vemos".
7.4. A base da avaliação no bêma de Cristo.
Pr. Carlos Azevedo Página 12
Devemos observar cuidadosamente que a questão aqui não é verificar se o julgado
é ou não o crente. A questão da salvação não está sendo considerada. A salvação
ofertada ao crente em Cristo livrou-o perfeitamente de todo o julgamento (Rm 8.1; Jo
5.24; l Jo 4.17). Trazer o crente para o julgamento do pecado quer de pecados anteriores
ao novo nascimento, quer de pecados desde o novo nascimento, quer de pecados não
confessados, é negar a eficácia da morte de Cristo e anular a promessa de Deus de
que "também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades,
para sempre" (Hb 10.17). Pridham escreve: “Um santo nunca mais será julgado pelas
suas iniquidades naturais ou herdadas, pois já está legalmente morto com Cristo, e não
é mais conhecido ou tratado com base em sua responsabilidade natural. Ele estava sob
condenação de uma herança natural de ira e nada de bom tinha sido descoberto na sua
carne; mas sua culpa foi eliminada pelo sangue de seu Redentor, e ele é perdoado livre
e justamente por causa de Seu Salvador. Ele é justificado pela fé, e é apresentado
perante Deus no nome e pelos méritos do Justo; e, de sua nova e sempre bendita
condição de aceito, o Espírito Santo é o selo vivo e a testemunha. Por sua própria conta,
então, não poderá entrar em juízo... (Arthur PRIDHAM, Notas e reflexões de 2 Coríntios,
p. 141)
7.5. O resultado do exame no bêma de Cristo.
1 Coríntios 3.14,15 declara que esse exame terá duplo resultado: um galardão
recebido e outro perdido. O que determina se alguém recebe ou perde um galardão é a
prova pelo fogo, pois Paulo escreve: "Manifesta se tornará a obra de cada um [a mesma
palavra usada em 2Coríntios 5.10]; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo
revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará" (1 Co 3.13).
Nessa declaração é evidente, em primeiro lugar, que são as obras do crente que estão
sendo examinadas. Além disso, vemos que o exame não é um julgamento baseado em
observação externa; pelo contrário, é um teste que apura o caráter e a motivação
interna. Todo o propósito de uma prova pelo fogo é identificar o que é destrutível e o
que é indestrutível.
O apóstolo afirma que existem duas classes de materiais com que os "cooperadores
de Deus" podem construir o edifício cujo alicerce já foi estabelecido. Ouro, prata, pedras
preciosas são materiais indestrutíveis. Essas são as obras de Deus, das quais o homem
simplesmente se apropria e usa. Por outro lado, madeira, feno e palha são materiais
destrutíveis. São as obras do homem, que ele produziu com seus próprios esforços. O
apóstolo revela que o exame no bêma de Cristo visa a detectar o que foi feito por Deus
mediante as pessoas e o que foi feito pela própria força do homem; o que foi feito para
a glória de Deus e o que foi feito para a glória da carne. Isso não pode ser concluído
pela observação externa, e, portanto, a obra deve ser posta a severa prova, para que
seu caráter verdadeiro seja demonstrado.
8. AS BODAS DO CORDEIRO
Findo o julgamento pelo Tribunal de Cristo, a Igreja fiel será chamada a ter acesso à
festa das Bodas do Cordeiro (Lc 22.30; Ap 19.7). Em muitos trechos do Novo
Testamento a relação entre Cristo e a igreja é revelada pelo uso de figuras do noivo e
da noiva (Jo 3.29; Rm 7.4; 2 Co 11.2; Ef 5.25-33; Ap 19.7,8; 21.1-22.7.) Na translação
da igreja, Cristo aparece como o noivo que leva a noiva consigo, para que o rela-
cionamento que foi prometido seja consumado e os dois se tornem um. É revelada nas
Escrituras como algo que ocorre entre a translação da igreja e a segunda vinda de
Cristo.

Pr. Carlos Azevedo Página 13


8.1. A hora das bodas.
É revelada nas Escrituras como algo que ocorre entre a translação da igreja e a
segunda vinda de Cristo. Antes do arrebatamento a igreja ainda aguarda essa união.
Conforme Apocalipse 19.7, as bodas já terão ocorrido na segunda vinda, pois a
declaração é: "são chegadas as bodas do Cordeiro". O tempo aoristo, êlthen, traduzido
por "chegadas", significa ato concluído, mostrando que as bodas já foram consumadas.
Esse casamento parece seguir os acontecimentos do bêma de Cristo, visto que, quando
surge, a igreja aparece adornada com "os atos de justiça dos santos" (Ap 19.8), que só
podem referir-se às coisas que foram aceitas no tribunal de Cristo. Desse modo, as
bodas devem ocorrer entre o tribunal de Cristo e a segunda vinda.
8.2. O local das bodas.
Só pode ser o céu. Visto que se segue ao tribunal de Cristo, demonstrado como
acontecimento celestial, e visto que, quando o Senhor retornar, a igreja virá nos ares
(Ap 19.14), as bodas devem ocorrer no céu. Nenhum outro local seria adequado a um
povo celestial (Fp 3.20).
8.3. Os participantes das bodas.
As bodas do Cordeiro constituem um acontecimento que, evidentemente, inclui
Cristo e a igreja. Será mostrado mais adiante, com base em Daniel 12.1-3 e Isaías
26.19-21, que a ressurreição de Israel e dos santos do Antigo Testamento não ocorrerá
até a segunda vinda de Cristo. Apocalipse 20.4-6 esclarece que os santos da tribulação
também não ressuscitarão até aquele dia. Embora fosse impossível eliminar esses
grupos da posição de observadores, eles não ocupam a posição de participantes do
acontecimento em si. A esse respeito parece necessário distinguir as bodas do Cordeiro
da ceia de casamento. As bodas do Cordeiro referem-se particularmente à igreja e
ocorrem no céu.
A ceia de casamento inclui Israel e ocorre na terra. Em Mateus 22.1-14, em Lucas
14.16-24 e em Mateus 25.1-13, trechos em que Israel aguarda o retorno do noivo e da
noiva, a festa ou a ceia de casamento é localizada na terra e tem referência especial a
Israel. A ceia de casamento torna-se então uma parábola de todo o período do milênio
para o qual Israel será convidado durante o período tribulacional, convite que muitos
rejeitarão, sendo por isso lançados fora, e muitos aceitarão e serão recebidos. Por causa
da rejeição, o convite será estendido aos gentios, de sorte que muitos deles serão
incluídos. Israel, na segunda vinda, estará esperando que o Noivo venha para a
cerimônia de casamento e o convide para aquela ceia, na qual o Noivo apresentará Sua
noiva para os amigos (Mt 25.1-13).
Referindo-se à declaração de Apocalipse 19.9, "Bem-aventurados aqueles que são
chamados à ceia das bodas do Cordeiro", duas interpretações são possíveis. Chafer
diz: "É preciso distinguir entre as bodas, que ocorrem no céu e são celebradas antes do
retorno de Cristo, e a ceia das bodas (Mt 25.10; Lc 12.37), que ocorre na terra depois
de seu retorno". (Lewis Sperry CHAFER, Systematic theology, IV, p. 396) Essa visão
prevê duas celebrações, uma no céu, antes da segunda vinda e a outra após a segunda
vinda, na terra.
9. A GRANDE TRIBULAÇÃO
A Grande Tribulação é o período de maior angústia da história humana, em que os
ímpios serão obrigados a reconhecer quão terrível é cair nas mãos do Deus vivo (Hb
10.31). Começará logo após o Arrebatamento da Igreja e terá a duração de sete anos,
Pr. Carlos Azevedo Página 14
conforme o entendimento de que se trata da Septuagésima Semana de Daniel (Dn
9.24).
OBS.: Na língua hebraica a palavra tribulação é tsarah, que denota “angústia”,
“dificuldades”, “aflição”, “problema”. No grego é thilipsis, com sentido de “opressão”,
“aflição”, “angústia”, “dilemas”, “colocar uma carga sobre o espírito das pessoas”. Na
língua grega é thlipsis, com o sentido de “opressão”, “aflição”, “angústia”.
A Grande tribulação recebe também as seguintes denominações:
• Termos no AT • Ref. • Termos no NT • Ref.
Dia da ruína de Israel Dt 4.30 A Grande Tribulação Mt 24.21
A Ira Dt 32.35 A Tribulação Mt 24.29
O Dilúvio do açoite Is 28.15,18 A Ira Futura 1 Ts 1.10
A estranha obra de •Deus Is 28.21 • O Dia do Senhor • 1 Ts 5.2
Dia da Vingança • Is 34.8 • A Ira • 1Ts 5.9
O tempo da angústia • Jr 30.7 • A Hora da Tentação • Ap 3.10

A 70ª semana de Daniel Dn 9.24-27 • A Ira do Cordeiro • Ap 6.16,17
Dia de trevas • Jl 2.1,2 • A Hora do juízo • Ap 14.7
Dia de indignação • Sf 1.15 • A ira de Deus • Ap 15.1,7
A Grande Tribulação visa à aplicação dos juízos divinos sobre a terra e a
reconciliação de Israel com o seu verdadeiro Messias. Ela também possui como
objetivos:
1. Levar os homens ao arrependimento de seus pecados (Ap 16.11)
2. Destruir o império do Anticristo (Ap 16.10)
3. Desestabilizar o atual sistema mundial (Dn 2.34,35)
4. Implantar o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo (Dn 2.44)
No estudo sobre as setenta semanas de Daniel, podemos verificar que a última
semana que equivalem a sete anos ainda não se cumpriu, e este período que ainda não
se cumpriu é exatamente a grande tribulação, que da mesma forma irá durar sete anos,
divididas em duas partes de três anos e meio.
9.1. A primeira parte da grande tribulação: três anos e meio
 Israel terá pleno domínio de Jerusalém (Dn 9.24)
 Israel fará acordo com o anticristo por sete anos (Dn 9.27; Jo 5.43; Is 28.15-18)
 Israel irá reconstruir o templo derrubado por Roma em 70 d.C (2 Ts 2.4).
9.2. A segunda parte da grande tribulação: três anos e meio
• Israel é invadido pelo anticristo (Ap 12.6)
• O Anticristo no templo em Jerusalém (2 Ts 2.3-4; Jo 5.43; Is 28.15-18)
• As duas bestas - O anticristo e o falso profeta - (Ap 13)
• As sete pragas – (Ap 15 e 16)
• A Batalha do Armagedom (Zc 14.12-13 Ap 19.19)
• O espírito do demônio controlando os reis da terra (Ap 16.13 e 14)
• Os reis do oriente marcham rumo a Israel (Ap 16.12 e 16)
• Uma chuva de meteoros de até 34 quilos cada (Ap 16.21; Mt 24.29)
• As sete trombetas do juízo de Deus (Ap 8.2-12 - 9.1- 13 -11.15)
• A volta de Cristo com seus santos para livrar Israel (Ap 19.11-26, 1.7; Mt 24.30-31)

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10. OS 24 ANCIÃOS, OS SERES VIVENTES E OS 144 MIL
10.1. Ao redor do trono - os anciãos e seres viventes (4.3-7).
10.2. Os Anciãos
O arco-íris circundava o trono em plano vertical, enquanto aqui os seres viventes o
circundam em um plano horizontal. Pode-se dizer que constituem a corte do rei. Quem
são os 24 anciãos assentados em tronos? É pouco provável que sejam anjos, pois os
anjos não são contados (Hb 12:22), nem coroados, nem tampouco entronizados. Além
disso, em Apocalipse 7:11, os anciãos se distinguem dos anjos (ver também Ap 5:8-11).
Suas coroas são "as coroas de vitória" (o termo grego é stephanos; ver Ap 2:10); e não
há indicação alguma de que os anjos recebam recompensas. É mais provável que esses
anciãos simbolizem o povo de Deus entronizado e recompensado no céu. O templo do
Antigo Testamento tinha 24 turnos de sacerdotes (1 Cr 24:3-5, 18; ver também Lc 1:5-
9). O povo de Deus é "reino [e] sacerdotes para o seu Deus" (Ap 1:6), governando e
servindo a Cristo. Devemos observar especialmente o louvor (Ap 5:9, 10). Quando
Daniel (Dn 7:9) viu os tronos "postos", estes se encontravam vazios, mas quando João
os viu, estavam ocupados. Uma vez que havia doze tribos em Israel e doze apóstolos,
talvez o número 24 simbolize a inteireza do povo de Deus. As vestes brancas e as
palmas simbolizam a vitória (ver Ap 7:9). Esses são os "vencedores" que alcançaram a
vitória pela fé em Cristo (1 Jo 5:4, 5).
OBS.: Coroa; símbolo de realeza ou (em geral) de posição exaltada; grinalda ou
guirlanda que era dada como prêmio aos vencedores nos jogos públicos; metáfora da
bem-aventurança eterna que será concedida como prêmio ao genuínos servos de Deus
e de Cristo: a coroa (de flores) que é a recompensa da retidão.
10.3. Os Seres Viventes
Também ao redor do trono, João viu quatro "seres viventes", mais próximos de Deus
do que os anjos e os anciãos. São semelhantes aos querubins da visão do profeta
Ezequiel (Ez 1:4-14; 10:20-22), mas seu louvor (Ap 4:8) traz à memória os serafins de
Isaías 6. A sua descrição deduz-se dos querubins da visão de Ezequiel (Ez 1), porém
consideravelmente modificada. As diferenças principais são que cada um dos querubins
em Ezequiel tem quatro rostos, aqui eles só têm um. Aqueles possuem rodas cujas
cambas eram “cheias de olhos ao redor”, aqui os próprios seres viventes possuem os
olhos.
Essas criaturas representam a sabedoria de Deus ("cheios de olhos") e proclamam a
sua santidade. São lembranças celestiais de que Deus tem uma aliança com sua criação
e que governa de seu trono sobre essa criação. A presença do arco-íris semelhante à
esmeralda ressalta essa imagem, pois, quando Deus fez a aliança com a criação, deu
o arco-íris como sinal. Quaisquer que sejam os julgamentos terríveis a sobrevir à Terra
de Deus, ele sempre será fiel no cumprimento de sua Palavra. Ainda que os homens o
amaldiçoem durante os julgamentos (Ap 16:9,11, 21), a natureza o louvará e
engrandecerá por sua santidade.
10.4. Os Cento e Quarenta e Quatro mil
O número 144 mil é significativo, pois indica perfeição e plenitude (144 = 12 x 12).
Alguns veem aqui a plenitude de todo o povo de Deus: as doze tribos de Israel (os
santos do Antigo Testamento) e os doze apóstolos (os santos do Novo Testamento).
Pode se tratar de uma boa aplicação dessa passagem, mas não é sua interpretação
básica, pois o texto diz que os 144 mil são todos judeus, e até suas tribos são citadas.
Pr. Carlos Azevedo Página 16
Isso não significa que a interpretação literal dessa passagem não apresente alguns
problemas. Por que Levi é incluído, se não tem herança com as outras tribos (Nm
18:2024; Js 13:14)? Por que José é citado, mas seu filho Efraim - normalmente
associado a seu irmão, Manassés - é deixado de fora? Por fim, por que a tribo de Dã é
omitida aqui, mas aparece na lista de Ezequiel da divisão da Terra (Ez 48:1)?
Existem muitas sugestões, mas ninguém sabe as respostas. Devemos deixar as
"coisas ocultas" por conta de Deus e não permitir que a ignorância a respeito disso seja
um empecilho para a obediência ao que sabemos (Dt 29:29).
11. O ANTICRISTO
Quem será e quando surgirá?
O que João chama de anticristo, Jesus denomina de "falso profeta" e "falso cristo"
(Mt 24.5; 24.11; 24.23,24), Paulo designa de "homem da iniquidade" (II Ts 2.3-12), e
João em Patmos descreve como "besta" (Ap 11.7; 13.1-18).
Todas as figurações do anticristo apontam para as mesmas conclusões:
a) Poderes em pessoas e organizações que já atuam agora e atuarão nos tempos do
fim.
b) Tais poderes podem ser, e efetivamente são, duplos: Místico-religioso e político-
secular. O místico-religioso apresenta-se de duas maneiras, distintas na forma e
semelhantes na essência:
• Religiosidade idólatra e pagã com pretensões filosóficas, universalistas e
taumatúrgicas.
• Cristianismo herético, consistindo em intensa e extensa vulgarizações de textos
escriturísticos e utilização do nome de Cristo com finalidades miraculosas, persuasão
das massas, projeção de líderes, ampliação de domínios e aumento de bens materiais.
Muitos se apresentam como verdadeiros deuses, detentores do poder de Cristo,
manipuladores de bênçãos espirituais, veículos dos poderes celestes, profetas
verdadeiros, ministros da graça. O poder do Anticristo no âmbito político-secular pode
encarnar-se em pessoas revestidas de autoridade ou em sistemas materialistas de
governo anticristão como já aconteceu com Roma e muitos de seus crudelíssimos
imperadores, com a Alemanha de Hitler, com a União Soviética e seus vários ditadores,
especialmente Stalin. Então, a palavra "anticristo" pode significar "contra Cristo" ou "em
lugar de Cristo".
A manifestação do Anticristo com todo o poder, e sinais, e prodígios dar-se-á durante
a Grande Tribulação. A fase mais aguda deste período será ocasiona da pelo
rompimento de sua aliança com o povo hebreu. No cenário religioso se dará uma
apostasia devastadora. Esta palavra nas Escrituras tem vários significados, mas, em
suma, todas elas apontam para uma só direção: o desvio da fé. Paulo nos informa que
um período de apostasia antecederá a Grande Tribulação e a vinda do Anticristo (2 Ts
2.3). O desvio da fé, como apontado nas escrituras, refere-se a alguém que estava na
luz e optou em ir para as trevas. Esta será a “operação do erro” (2 Ts 3.11). João Batista
recebeu de Deus uma missão de vir adiante do Senhor (Mt 3.3). De semelhante modo,
o Anticristo também receberá do dragão vermelho a ordem para implantar no mundo
uma apostasia sem precedente, a qual “preparará o caminho” tanto para ele, o
Anticristo, como para o seu consorte, o Falso Profeta. Isso culminará na parte final, com
a adoração do próprio dragão vermelho (Ap 13.4).

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O Anticristo não surgirá no cenário mundial enquanto a Igreja estiver na terra, pois
cremos que Ela, mediante o poder e a presença do Espírito Santo, restringe esse
aparecimento (2 Ts 2.6,7).
OBS.: O Anticristo será o líder da grande rebelião escatológica contra Deus. O filho da
perdição é um hebraísmo, significando "aquele que está determinado para a
destruição". A mesma frase é usada em relação a Judas Iscariotes em Jo 17.12 onde
pode ser traduzido "o rapaz perdido". O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se
chama Deus, ou se adora; literalmente, "objeto de adoração" (gr. Sebasma, “qualquer
coisa que é honrada por motivo religioso”, “objeto de adoração de templos”, “altares”,
“estátuas”, “imagens idolátricas”). "Como podemos interpretar Apocalipse 13? A besta
será um homem, um animal ou um símbolo?"
Esta forma de revelação de Deus, biblicamente falando, feras ou aves de rapina, são
símbolos do verdadeiro caráter do império mundial gentílico, guerreiro e agressor,
estabelecido pela força: Dn 7.7. Daniel tinha visto o reino da Babilônia, o Medo-Persa,
e o Greco-Macedônio, sob a figura de um leão, um urso e um leopardo: Dn 7.3-6; mas
João o vê semelhante ao leopardo, com os pés de urso e boca de leão, isto tipificando
o reino da besta à semelhança daqueles reinos nos seus diferentes aspec¬tos de
governo. Finalmente, este capítulo prenuncia o Anticristo, na época da Grande
Tribulação que precede à segunda vinda de Cristo (a revelação): Mt 24.15-31. Assim,
acreditamos que a besta seja um homem.
10.1. A Pessoa e o Ministério da Besta, o Cabeça do Império
As Escrituras falam muito sobre o indivíduo que aparecerá no fim dos tempos como
cabeça dos poderes gentílicos na federação de dez reinos. Sua pessoa e seu trabalho
são apresentados em Ezequiel 28.1- 10; Daniel 7.7,8,20-26; 8.23-25; 9.26,27; 11.36-45;
2Tessalonicenses 2.3- 10; Apocalipse 13.1-10; 17.8-14. Uma síntese de verdades
nessas passagens revelará os seguintes fatos relativos às suas atividades:
1) Ele entrará em cena nos "últimos dias" da história de Israel (Dn 8.23).
2) Ele não aparecerá até o dia do Senhor ter começado (2 Ts 2.2).
3) Sua manifestação está sendo impedida pelo Detentor (2 Ts 2.6,7).
4) Esse aparecimento será precedido por um afastamento (2 Ts 2.3), que pode ser
interpretado como um afastamento da fé ou um afastamento dos santos para a presença
do Senhor (2 Ts 2.1).
5) Podemos dizer que ele é um gentio. Já que ele surge do mar (Ap 13.1) e já que o mar
retrata as nações gentias (Ap 17.15), ele deve ter origem gentílica.
6) Ele surge do Império Romano, já que é um governador do povo que destruiu
Jerusalém (Dn 9.26).
7) Ele é o cabeça da forma final de governo gentílico mundial, pois é como um leopardo,
um urso e um leão (Ap 13.1). (Cf. Dn 7.7,8,20,24; Ap 17.9-11.) Como tal, ele é um líder
político. As sete cabeças e os dez chifres (Ap 13.1; 17.12) estão confederados sob a
sua autoridade.
8) Sua influência é mundial, pois governa sobre todas as nações (Ap 13.8). Essa
influência surge por meio da aliança que ele faz com as outras nações (Dn 8.24; Ap
17.12).

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9) Ele eliminou três reis antes de chegar ao poder (Dn 7.8,24). Um dos reinos sobre os
quais ele tem autoridade foi reavivado, porque uma das cabeças, que representa um
reino ou rei (Ap 17.10), foi curada (Ap 13.3).
10) Seu surgimento se dá por meio de seu plano de paz (Dn 8.25).
11) Ele será marcado pessoalmente por sua inteligência e persuasão (Dn 7.8,20; 8.23)
e também por sua sutileza e astúcia (Ez 28.6), e logo sua posição sobre as nações será
estabelecida pelo consentimento delas (Ap 17.13).
12) Ele governa sobre as nações confederadas com autoridade absoluta (Dn 11.36), e
é visto fazendo sua própria vontade. Essa autoridade é manifestada por meio da
mudança de leis e costumes (Dn 7.25).
13) Seu interesse principal está na força e no poder (Dn 11.38).
14) Como cabeça do império federado, ele faz uma aliança de sete anos com Israel (Dn
9.27), que é quebrada após três anos e meio (Dn 9.27).
15) Ele introduz uma adoração idólatra (Dn 9.27), na qual se coloca como deus (Dn
11.36,37; 2Ts 2.4; Ap 13.5).
16) Ele é descrito como um blasfemador por causa da usurpação da deidade (Ez 28.2;
Dn 7.25; Ap 13.1,5,6).
17) Ele é energizado por Satanás (Ez 28.9-12; Ap 13.4), recebe dele sua autoridade e
é controlado pelo orgulho do diabo (Ez 28.2; Dn 8.25).
18) Ele é o cabeça do sistema imoral de Satanás (2 Ts 2.3) e sua declaração de poder
e divindade é provada por sinais feitos pelo poder satânico (2 Ts 2.9-19).
19) Ele é recebido como Deus e como governante por causa da cegueira do povo (2 Ts
2.11).
20) Esse governante torna-se o grande adversário de Israel (Dn 7.21,25; 8.24; Ap 13.7).
21) Haverá uma aliança contra ele (Ez 28.7; Dn 11.40,42), a qual desafiará sua
autoridade.
22) No conflito resultante, ele ganhará controle sobre a Palestina e sobre o território
adjacente (Dn 11.42) e fará sua sede em Jerusalém (Dn 11.45).
23) Quando chegar ao poder, esse governante será elevado por meio da prostituta, o
sistema religioso corrupto que, em seguida, tentará dominá-lo (Ap 17.3).
24) Esse sistema é destruído pelo governante para que possa governar sem
impedimentos (Ap 17.16,17).
25) Ele se torna o adversário especial do Príncipe dos Príncipes (Dn 8.25), de Seu plano
(2 Ts 2.4; Ap 17.14) e de Seu povo (Dn 7.21,25; 8.24; Ap 13.7).
26) Embora ele se mantenha no poder por sete anos (Dn 9.27), sua atividade satânica
está limitada à última metade do período da tribulação (Dn 7.25; 9.27; 11.36; Ap 13.5).
27) Esse governo será eliminado por um juízo direto de Deus (Ez 28.6; Dn 7.22,26; 8.25;
9.27; 11.45; Ap 19.19,20). Esse juízo acontecerá quando ele estiver ocupado em uma
campanha militar na Palestina (Ez 28.8,9; Ap 19.19), e ele será lançado no lago de fogo
(Ap 19.20; Ez 28.10).
28) Esse juízo acontecerá na segunda vinda de Cristo (2 Ts 2.8; Dn 7.22) e constituirá
uma manifestação da Sua autoridade messiânica (Ap 11.15).
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29) O reino sobre o qual ele governou passará para a autoridade do Messias e se
tornará o reino dos santos (Dn 7.27).
Muitos nomes e títulos são dados a esse indivíduo nas Escrituras. Artur W. Pink dá
uma lista de nomes que se aplicam a ele (Arthur W. PINK, The Antichrist, p. 59-75): o
sanguinário e fraudulento (Sl 5.6), o perverso (Sl 10.2-4), o homem da terra (Sl 10.18),
o homem poderoso (Sl 52.1), o inimigo (Sl 55.3), o adversário (Sl 74.8-10), o líder de
muitas nações (Sl 111.6), o homem violento (Sl 140.1), o assírio (Is 10.5-12), o rei da
Babilônia (Is 14.4), a estrela da manhã (Is 14.12), o destruidor (Is 16.4,5; Jr 6.26), a
estaca (Is 22.25), o hino triunfal dos tiranos (Is 25.5), o profano e perverso príncipe de
Israel (Ez 21.25-27), o pequeno chifre (Dn 7.8), o príncipe que há de vir (Dn 9.26), o
homem vil (Dn 11.21), o rei que fará segundo a sua vontade (Dn 11.36), o pastor inútil
(Zc 11.16,17), o homem da iniquidade (2 Ts 2.3), o filho da perdição (2 Ts 2.3), o iníquo
(2 Ts 2.8), o anticristo (l Jo 2.22), a besta (Ap 11.7; 13.1). A esses podem ser
acrescentados: aquele que vem em seu próprio nome (Jo 5.43), o rei de feroz catadura
(Dn 8.23), o abominável da desolação (Mt 24.15), o assolador (Dn 9.27). Assim, é
possível ver quão extensa a revelação desse indivíduo é. Não é de admirar, já que essa
é a obra-prima de Satanás na sua tentativa de imitar o plano de Deus.
12. A MARCA DA BESTA
O falso profeta não se contentará em controlar o povo por meio de dissimulação
religiosa e também instituirá medidas econômicas radicais. Todos (com exceção dos
cristãos; Ap 20:4) receberão um sinal especial, e a única forma de obtê-lo será se
sujeitando e adorando à "besta". Por certo, se trata de uma forte alusão ao culto a César
no império romano, mas o mesmo procedimento tem sido adotado por líderes políticos
ao longo da história.
Essa marca especial é o nome ou número da "besta" - o místico 666. Na
Antiguidade, as letras do alfabeto eram usadas como números tanto no grego quanto
no hebraico e, há anos, estudiosos da Bíblia têm procurado desvendar o mistério desse
nome e número. Com algum esforço, é possível encaixar praticamente qualquer nome!
Uma vez que o homem foi criado no sexto dia, 6 é o número do homem. A criação
foi feita para o homem e, portanto, também é marcada pelo número 6: o dia tem 24
horas (4 x 6), o ano tem 12 meses (2 x 6); 7 é o número da perfeição e plenitude, mas
6 é o "número humano", um pouco aquém da perfeição.
A associação de valores numéricos a números e letras é parte de uma antiga prática
chamada “gematria”. No hebraico, as letras do alfabeto são também utilizadas como
números. O alfabeto hebraico possui 22 letras. Na gematria, as nove primeiras letras
correspondem à sequência que vai de 1 a 9, as nove letras seguintes correspondem à
sequência de 10 a 90, e as últimas quatro letras vão de 100 a 400. Todo nome hebraico
possui um significado numérico (Osbourne, pp. 518-519). O nome do Anticristo, quando
for revelado no futuro, equivalerá numericamente a 666.
Em suma, apesar de não identificar completamente o Anticristo, a Bíblia traz alguns
detalhes bastante precisos sobre a marca da Besta, que será:
1. a marca do Anticristo, e será identificada com a pessoa dele;
2. literalmente o número “666”, e não uma representação simbólica;
3. indelével, semelhante à tatuagem, e visível a olho nu;
4- colocada na pessoa, como que contrastando com o indivíduo;
5. facilmente reconhecível e inconfundível;
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6. recebida voluntariamente e não implantada de forma furtiva ou através de ardis;
7. usada após o arrebatamento e não antes deste;
8. usada durante a segunda metade da Tribulação;
9. obrigatória para a realização de transações comerciais;
10. recebida por todos os ímpios do mundo, mas recusada por todos os cristãos do
mundo;
11. um sinal de adoração e fidelidade ao Anticristo;
12. promovida pelo Falso Profeta;
13. uma marca que leva à condenação eterna.
13. O MILÊNIO
Embora muito tenha sido escrito sobre o milênio, o que é claramente revelado na
Bíblia é o nosso único guia quanto à natureza e ao caráter desse período. O texto de
Apocalipse 20:3 e 4 , descreve um período de mil anos, onde satanás estará preso, e
os mortos que foram mártires de Cristo ressuscitaram e reinaram com Cristo durante
todo este período.
Quem estará na Terra durante o milênio?
Estarão na Terra durante o Milênio, o povo de Israel e os gentios que houverem
sobrevivido à Grande Tribulação e ao juízo das nações (Mt 25.31-41).
Objetivos do Milênio
1. Exaltar a Cristo (Fp 2.5-11; Ap 19.16)
2. Manifestar o Reino de Deus em sua plenitude (Mt 6.10)
3. Mostrar que esse mundo pode ser administrado com justiça e equidade (Sl 9.8; 35.27;
89.14; Is 9.7).
4. Deixar bem claro que os reinos deste mundo pertencem a Cristo (Sl 24.1; Ap 11.15)
13.1. Posições escatológicas acerca do Milênio
• A posição pós-milenarista. A posição pós-milenarista, popular entre os teólogos
aliancistas do período pós-Reforma, defende, segundo Walvoord: “que, através da
pregação do evangelho, todo o mundo será cristianizado e submetido ao evangelho
antes do retorno de Cristo. O nome deriva do fato de que nessa teoria Cristo retorna
depois do milênio (logo, pós-milênio).
Os partidários dessa visão defendem um segundo advento literal e acreditam num
milênio literal, geralmente seguindo o ensino do Antigo Testamento quanto à natureza
desse reino. Sua controvérsia é a respeito de questões como quem instituirá o milênio,
a relação de Cristo com o milênio e a hora da vinda de Cristo em relação a esse milênio.
• A posição amilenarista. A opinião amilenarista defende que não haverá um milênio
literal na terra após o segundo advento. Todas as profecias a respeito do reino estão
sendo cumpridas espiritualmente pela igreja no período entre os dois adventos. Com
respeito a essa opinião foi declarado: “Seu caráter mais geral é a negação do reinado
literal de Cristo na terra. Imagina-se que Satanás tenha sido preso na primeira vinda de
Cristo. A presente era, entre o primeiro e segundo advento, é o cumprimento do milênio.
Seus seguidores diferem entre o cumprimento do milênio na terra (Agostinho) ou o
cumprimento pelos santos no céu (Warfield). Pode-se resumir isso na idéia de que não
haverá mais milênio do que há agora, e que o estado eterno se segue imediatamente à

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segunda vinda de Cristo. Essa teoria assemelha-se ao pós-milenarismo quando afirma
que Cristo virá depois do que eles consideram ser o milênio”.
Sua controvérsia é quanto à questão de um milênio literal para Israel ou quanto ao
fato de promessas sobre o milênio estarem ou não sendo cumpridas agora na igreja,
seja na terra, seja no céu.
• A posição pré-milenarista. A posição pré-milenarista defende que Cristo retornará
ao mundo, literal e corporalmente, antes de começar a era milenar; e, por Sua presença,
será instituído um reino sobre o qual Ele reinará. Nesse reino todas as alianças de Israel
serão literalmente cumpridas. O reino continuará por mil anos e, depois disso, o Filho
dará o reino ao Pai e se fundirá com Seu reino eterno. A questão principal sobre essa
posição é se as Escrituras estão sendo cumpridas de forma literal ou simbólica.
Na verdade essa é a parte essencial de toda a questão. Allis, zeloso amilenarista,
admite: "... As profecias do Antigo Testamento, se interpretadas literalmente, não podem
ser consideradas cumpridas ou possíveis de ser cumpridas na presente era". (Oswald
T. ALLIS, Prophecy and the church, p. 238).
14. O JUÍZO FINAL
Logo após acabar o período de mil anos, com a revolta de satanás e aqueles que
não aceitaram o reinado de Cristo, terá inicio o juízo do grande trono branco, o juízo
final, para julgar todas as pessoas que não participaram do primeiro arrebatamento.
O mar, a terra, o inferno, a morte darão os seus mortos, ou seja, todos os mortos
sairão do sepulcro, ou do lugar onde morreram, para ajustar contas com o Deus todo
Poderoso, neste momento, não haverá misericórdia, piedade, amor, etc., pois se fará
justiça, e todo aquele que não possuir o seu nome no livro da vida, será lançado no
lago de fogo, Ap 20.15, onde já estará a besta e o falso profeta (Satanás e seus anjos).
15.1. O destino dos perdidos.
O destino dos perdidos é um lugar no lago do fogo (Ap 19.20; 20.10,14,15; 21.8).
Esse lago de fogo é descrito como fogo eterno (Mt 25.41; 18.8) e como fogo que não
se apaga (Mc 9.43,44,46,48). Como o céu é um lugar e não um mero estado mental, da
mesma forma os réprobos vão para um lugar. Essa verdade é indicada pelas palavras
hades (Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15; 16.23;Ap 1.18; 20.13,14) e gehenna (Mt 5.22,29,30;
10.28; Tg 3.6) — lugar de "tormento" (Lc 16.28). O fato de essa ser uma condição de
miséria indescritível é indicado pelos termos figurados usados para relatar seus
sofrimentos —"fogo eterno" (Mt 25.41); "onde não lhes morre o verme, nem o fogo se
apaga" (Mc 9.44); "lago que arde com fogo e enxofre" (Ap 21.8); "o poço do abismo" (Ap
9.2); "fora, nas trevas", um lugar de "choro e ranger de dentes" (Mt 8.12); "fogo
inextinguível" (Lc 3.17); "fornalha acesa" (Mt 13.42); "negridão das trevas" (Jd 13) e "a
fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum,
nem de dia nem de noite" (Ap 14.11).
CONCLUSÃO
O estudo dos últimos dias, traz uma consciência que é necessário termos uma visão
mais ampla sobre a história humana, por se tratar de um aspecto de difícil percepção,
pois se baseia em construções teológicas que vem do passado, e precisam de
interpretações que levem em conta o contexto geral das Escrituras.
Desta forma, a escatologia nos situa no tempo e no espaço e nos apresenta o plano
de Deus para a humanidade, e o desfecho das profecias reveladas pelo Senhor.
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• BIBLIOGRAFIA
• PENTECOST, J. Dwight, Th.D - Manual de Escatologia - Editora Vida
• Bíblia Digital ABSVD
• Bíblia Anotada – Editora Mundo Cristão
• Bíblia Aplicação Pessoal – CPAD
• Bíblia Discovery – Grego, Hebraico e Inglês
• PEDRO, Severino - Apocalipse Versículo por Versículo – CPAD
• PEDRO, Severino - Armagedom, a batalha final – CPAD
• Escatologia Bíblica - Livro da EETAD – Curso Médio em Teologia
• FROESE, Arno - A Era do Deus Digital – Actual Edições
• SOARES, Esequias - Manual de Apologética Cristã – CPAD –
• A Bíblia Responde – Edições CPAD -
• SHEDD, Russel - A Escatologia do Novo Testamento – Edições Vida Nova
• O Novo Comentário da Bíblia – Vida Nova
• GRAHAM, Billy - A Segunda Vinda de Cristo
• GRAHAM, Billy - Tempestade à vista
• GOWER, Ralph – Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos - CPAD
• STRONG, James - Nova Concordância Exaustiva de Strong
• HOEKEMA, Anthony – A Bíblia e o Futuro – Casa Editora Presbiteriana.
• LAHAYE, Tim e JENKINS, Jerry B. - Série “Deixados para Trás” – United Press –
Livros 1 e 2
• GRUDEN, Wayne - Manual de Teologia Sistemática – Editora Vida.
• WIERSBE, Warren W – Comentário Bíblico Expositivo do NT – Apocalipse
• LAHAYE,Tim; HINDSON, Led. Enciclopedia Popular de Profecia Bíblica. Rio de
Janeiro: CPAD, 2010.
• Lições Bíblicas – 4.0 Trimestre de 2004 – “O fim vem”.
• Lições Bíblicas – 3.0 Trimestre de 1998 – “Escatologia, o estudo das últimas coisas”.
• Campeões da Fé – 2.0 Trimestre de 1998.
• Escatologia – Livro bacharelado – Faculdade Gamaliel
• Apostila de Escatologia
• https://catecismo.net
• Sites da internet

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