Apostila de Escatologia Atual
Apostila de Escatologia Atual
Apostila de Escatologia Atual
Carlos Azevedo
Apresentação
Quando lemos o texto de Romanos 15.4: “Porquanto, tudo que dantes foi escrito,
para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes
das Escrituras, tenhamos esperança”; sabemos que temos diante de nós uma
ancestralidade teológica, baseada na revelação paulatina que o Senhor nos concedeu.
Por esse motivo devemos estar atentos ao conteúdo que recebemos, como está escrito:
“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim
testificam” (Jo 5.39).
Dentro desse conhecimento concedido por Deus, temos as profecias bíblicas e
nossa tarefa é atentar para o que foi escrito, examinar com cuidado, com desvelo, pois:
"a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia
perfeito." (Provérbios 4:18), estabelecendo que nesse exame seremos conduzidos pelo
Espírito Santo (Jo 14.16).
Assim, a Escatologia Bíblica vai nos levar a reflexões profundas sobre os últimos
dias, quando pararmos para estudar o que foi escrito pelos profetas e desenvolvido
pelos apóstolos (Ef 2.20), com seus detalhes, suas observações, pois como escreveu
João: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e
guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Ap 1.3).
Nesse trabalho teológico, irei falar sobre a Escatologia Bíblica em um cenário que
explique algumas questões envolvidas nesse tema: Estado Intermediário,
Arrebatamento, Grande Tribulação, Anticristo, 144 mil, etc. Formando assim um
pensamento que esteja focado em entender a mensagem de Deus.
1. A Hermenêutica e a Escatologia..…………............................................................04
5. As Sete Dispensações……….………………………………………...…....................09
6. O Arrebatamento da Igreja…………………….................................................…….09
7. O Tribunal de Cristo……………………………...…....................................................12
8. As Bodas do Cordeiro……………….………………….....................................…......13
9. A Grande Tribulação…..............................................................................................14
11. O Anticristo....................................................................................................................17
13. O Milênio........................................................................................................................21
Conclusão...........................................................................................................................22
Bibliografia…………………………………………………..…………..………………...…..….23
OBS.: Aliança: Acordo que Deus, por causa do seu amor (Dt 7.8-9), fez com o seu
povo. Essa aliança (pacto, contrato, concerto) consiste no seguinte: o SENHOR,
cumprindo sua promessa aos patriarcas (Gn 17.1-8; 28.13-15), era o Deus de Israel, e
Israel era o povo de Deus, o SENHOR (Êx 6.7; 19.4-6). Deus abençoava o povo, e este,
por sua vez, lhe obedecia (Dt 7.7-11). Em cumprimento à palavra profética (Jr 31.31-
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34), Deus fez uma nova aliança (testamento), que foi confirmada ou selada por meio da
morte de Cristo (Mc 14.24; Hb 8.6-13; 9.15-22). O povo de Deus é perdoado dos seus
pecados (Rm 11.26-27), recebe bênçãos eternas (Hb 9.15) e vive uma vida de
dedicação a ele (Hb 10.19-25) e ao seu serviço (2Co 3.6). No hebraico é b ̂eriyth, com
o sentido de aliança (referindo-se à amizade); aliança (referindo-se ao casamento);
entre Deus e o homem aliança (referindo-se à amizade); aliança (ordenação divina com
sinais ou promessas). Na língua grega é diatheke, “um pacto, “um acordo”.
1) A Aliança do Eden, que condicionou a vida do homem no estado da inocência. Gn
1.28.
2) A Aliança com Adão, que condicionou a vida do homem decaído, oferecendo a
promessa dum Redentor, Gn 3.14-21.
3) A Aliança com Noé, que estabeleceu o princípio do governo humano e assegurou a
continuação da vida sobre o planeta, Gn 9.1-17.
4) A Aliança com Abraão, que daria início à nação israelita e concedeu-lhe a terra
da Palestina. Gn 12.1-9
5) A Aliança com Moisés, que condena todos os homens "porque todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus." Rm 3.23; Êx 19.1-25.
6) A Aliança Palestínica, que assegura a restauração e a conversão final de Israel. Lc
26; Dt 28.1 a 30.3.
7) A Aliança com Davi, que promete o trono de Israel à posteridade de Davi, promessa
que se cumprirá em Cristo, o "Filho de Davi". II Sm 7.16; I Cr 17.7; SI 89.27; Lc 1.32,33.
8) A Nova Aliança, que assegura a transformação espiritual de Israel e de todos que
crêem em Cristo, tornando-os aceitáveis a Deus.
5. AS SETE DISPENSAÇÕES
Dispensação vem do grego οἶκος (oikos), que significa casa νόμος (nomos) que quer
dizer lei, governo ou administração. Uma dispensação é o governo duma casa. Segundo
Scofield, “uma dispensação é um período de tempo durante o qual o homem é provado
quanto à obediência a alguma revelação específica da parte de Deus”.
Dispensação Responsabilidade Fracasso Julgamento
Inocência Obedecer a Deus Desobediência Maldição e morte
Consciência Sacrifícios de Sangue Impiedade Dilúvio Devastador
Governo Humano Espalhar e Multiplicar Não se espalharam Confusão das línguas
Promessa Viver em Canaã Viver no Egito Cativeiro no Egito
Lei Observar a Lei Quebrou a Lei Dispersão mundial
Graça Fé em Jesus Incredulidade Grande Tribulação
Reino Milenial Obedecer a Jesus Rebelião Final Tormento Eterno
6. O ARREBATAMENTO DA IGREJA
O Que é o Arrebatamento?
6.1. Sentido etimológico
A palavra arrebatar significa “tirar com violência; levar repentinamente; levar pelos
ares; raptar.” (Dicionário Priberam). O termo “arrebatamento” deriva da palavra raptus
em latim, que significa “arrebatado rapidamente e com força”. O termo latino raptus
equivale a harpazo em grego, traduzido por “arrebatado” em I Ts 4.17.
“Arrebatados” (gr. Harpagêsometha) refere-se àquilo que é frequentemente chamado
“o arrebatamento”. “A encontrar com o Senhor” (gr. Eis apantêsin tou kuriou) pode ser
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traduzido “para um encontro com o Senhor”. “Encontro” era freqüentemente usado como
termo técnico para os cidadãos marcarem um encontro com reis ou generais a alguma
distância fora da cidade a fim de os escoltarem de volta a esta.
A presente era, em relação à verdadeira igreja, termina com a translação da igreja
à presença do Senhor. A doutrina da translação da igreja é uma das considerações mais
importantes da escatologia do Novo Testamento (Jo 14.1-3; 2Ts 2.1; l Ts 4.13-18; 1 Co
1.8; 15.51,52; Fp 3.20,21; 2 Co 5.1-9).
Existem correntes de pensamentos teológicos sobre a ocasião do arrebatamento
em relação ao período tribulacional, são as escolas: pós-tribulacionista,
mesotribulacionista e pré-tribulacionista.
• Pré-Tribulacionismo. O pré-tribulacionismo sustenta que Cristo arrebatará
secretamente sua Igreja antes da tribulação. Ela, portanto, não participará das "dores
finais do parto", das aflições dos últimos dias. Retirada a Igreja pelo arrebatamento
secreto, iniciar-se-á o cumprimento da septuagésima semana profetizada por Daniel,
dividida em duas partes de três anos e meio cada uma.
• Pós-Tribulacionismo. Os pós-tribulacionistas acreditam numa tribulação malignas
para destruir o reino do Cordeiro. Findas as tribulações, Cristo retornará com seus anjos,
revestido de realeza, para o estabelecimento do reino messiânico
• Mesotribulacionismo. O mesotribulacionismo é a corrente tribulacionista que ensina
a vinda de Cristo no meio da septuagésima semana de anos, isto é, no início da "grande
tribulação", que começará, segundo os pré-milenistas tribulacionistas, três anos e meio
depois do arrebatamento da Igreja.
Existem algumas palavras usadas no Novo Testamento em relação ao segundo
advento de Cristo: parousia, apokalupsis e epiphaneia. Embora essas palavras sejam
muitas vezes consideradas técnicas, com designações específicas, Walvoord escreve:
“É a opinião do escritor que todos esses três termos são usados em sentido geral e não
técnico, e referem-se tanto ao arrebatamento quanto ao retorno glorioso de Cristo à
terra”.
OBS.: Parousia, literalmente quer dizer “presença”, “chegada”, “visita”. É a palavra mais
frequentemente usada nas Escrituras para descrever o retorno de Cristo, pois ocorre 24
vezes. Seu sentido é abrangente porque não define apenas a volta de Cristo até ou
sobre as nuvens, mas em outras vezes se refere à Sua volta pessoal à Terra (1 Co
15.23; 1 Ts 2.19; 1 Ts 4.15). Apokalupsis, “ato de tornar descoberto”, “exposto”, “uma
revelação de verdade”, “instrução”, “concernente a coisas antes desconhecidas”, “usado
em eventos nos quais coisas, estados ou pessoas até agora não presentes na mente
das pessoas se tornam parte da sua realidade”, “manifestações”, “aparecimento”.
Epiphaneia, literalmente significa “manifestação, “vir a luz”, “resplandecer” ou “brilhar”.
É um termo que especifica à vinda de Cristo à Terra de modo mais direto, porque diz
respeito à Sua manifestação pessoal ao mundo.
O arrebatamento é um mistério só plenamente compreendido quando ocorrer (1 Co
15.51). Ele será o evento inicial de uma série, abrangendo a igreja, Israel e as nações
em geral. Somente os fiéis mortos e vivos, ouvirão os toques divinos de chamada vindos
do céu, e serão arrebatados pelo poder de Deus ao encontro do Senhor nos ares:
“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a
trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os
que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar
o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16,17).
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OBSERVAÇÕES:
1. Do grego musterion; “segredo desconhecido até que seja manifestado por Deus
através de algum meio” (Dn 2.18-19,27-30,47, RA; Mt 13.11). “O plano de Deus revelado
no evangelho para a salvação de toda a humanidade” (Ef 3.3-9). “Conhecimento secreto
que só Deus pode tornar conhecido” (2Ts 2.7; Ap 1.20).
2. Do grego keleuma, “ordem”, “comando”, “espec. um grito de estímulo”, seja aquele
pelo qual os animais são incitados e mandados pelo homem, como cavalos pelo
cocheiros, cães pelos caçadores, etc.”, “ou aquele pelo qual um sinal é dado a homens,
e.g. a remadores pelo capitão de um navio, a soldados pelo comandante (com uma
convocação em voz alta, um chamado de clarim”.
3. Do grego harpazo, “pegar”, “levar pela força”, “arrebatar”, “agarrar”, “reivindicar para
si mesmo ansiosamente”, “arrebatar”.
“Se os desaparecimentos foram um ato de Deus, seria aquilo o fim de tudo? Os
cristãos, os crentes verdadeiros, foram levados, e os restantes foram deixados para
afligir-se, lamentar e reconhecer seu erro? Talvez sim. Talvez fosse esse o preço. Mas,
então, o que acontece quando morremos? Pensou. Se o céu é uma realidade, se o
Arrebatamento foi um fato, o que isto queria dizer quanto ao inferno e ao Juízo? É este
o nosso destino? Viveremos este inferno de tristeza e arrependimento e, depois, iremos
também literalmente para o inferno?”(Deixados para Trás I, pág. 53)
ARREBATAMENTO VINDA EM GLÓRIA
• Retirada dos cristãos • Manifestação do Filho de Deus
• Jesus vem até às nuvens • Jesus volta à terra
• Instauração da GT • Estabelecimento do Milênio
• É iminente • É precedida por sinais
• Mensagem de conforto • Mensagem de julgamento
• Plano para Igreja • Plano para Israel e o mundo
• É um mistério • É prevista em ambos os testamentos
• Criação intacta • Criação mudada
• Os gentios não são afetados • Os gentios são julgados
• Apenas para os cristãos • Todas as pessoas
6.2. A doutrina da iminência.
Muitos sinais foram dados à nação de Israel, os quais precederiam a segunda vinda,
a fim de que a nação vivesse em expectativa quando sua volta se aproximasse. Apesar
de Israel não saber o dia nem a hora em que o Senhor voltaria, saberia que sua
redenção se aproximava pelo cumprimento desses sinais. Tais sinais nunca foram
dados à igreja. A igreja tem a ordem de viver à luz da vinda iminente do Senhor para
transladá-la à Sua presença (Jo 14.2,3; At 1.11; 1 Co 15.51,52; Fp 3.20; Cl 3.4; l Ts
1.10; l Tm 6.14; Tg 5.8; l Pe 3.3,4). Passagens como 1 Tessalonicenses 5.6, Tito 2.13
e Apocalipse 3.3 alertam o crente a aguardar o próprio Senhor, não aguardar sinais que
antecederiam seu retorno. É verdade que os acontecimentos da septuagésima semana
lançarão um prenúncio antes do arrebatamento, mas a atenção do crente deve ser
sempre dirigida para Cristo, nunca aos presságios.
Essa doutrina de iminência, ou "da volta a qualquer momento", não é uma doutrina
nova surgida com Darby, como muitas vezes se afirma, embora ele a tenha esclarecido,
sistematizado e popularizado. A crença na iminência marcou o pré-milenarismo dos
primeiros pais da igreja bem como dos escritores do Novo Testamento.
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A doutrina da iminência impede a participação da igreja em qualquer parte da
septuagésima semana. A multidão de sinais dados a Israel para movê-lo à expectativa
também seriam para a igreja, e a igreja não poderia estar esperando Cristo até que
esses sinais fossem cumpridos. O fato é que nenhum sinal é dado à igreja; em vez
disso, ela tem a ordem de aguardar a Cristo, o que impossibilita sua participação na
septuagésima semana.
7. O TRIBUNAL DE CRISTO
7.1. O significado do tribunal.
Existem duas palavras traduzidas por "tribunal" no Novo Testamento.
A primeira palavra é kritërion, usada em Tg 2.6 e em 1 Co 6.2,4. Essa palavra
significa "instrumento ou meio de pôr à prova ou julgar qualquer coisa; lei pela qual
alguém julga" ou "local onde o julgamento é feito; tribunal de juiz; banca de juizes".
A segunda palavra é bêma, usada em 2 Co 5.10. Nos jogos gregos de Atenas, a
velha arena tinha uma plataforma elevada na qual se assentava o presidente ou juiz da
arena. De lá ele recompensava todos os competidores; e lá ele recompensava todos os
vencedores. Era chamado "bema" ou "assento de recompensa". Nunca foi usado em
referência a um assento judicial. (L. S. HARRISON, Judgement seat of Christ ).
OBSERVAÇÕES:
1. Kritërion: “Critério ou regra pela qual alguém julga”, “lugar onde acontece o
julgamento tribunal de um juiz assento dos juízes”. (Joseph Henry THAYER, Greek-
English lexicon of the New Testament, p. 362).
2. Bêma: “um degrau”, “um passo”, “o espaço que um pé cobre”, “um lugar elevado no
qual se sobe por meio de degraus”, “plataforma”, “tribuna”, “assento oficial de um juíz”,
“o lugar de julgamento de Cristo”. Herodes construiu uma estrutura semelhante a um
trono na Cesaréia, do qual ele via os jogos e fazia discursos para o povo.
O sentido, pois, seria que os crentes, trabalhando por Cristo, podem realizar algumas
coisas boas, e outras más (lit. "sem valor"). A espécie de cada uma será revelada
quando "nos manifestarmos perante o tribunal de Cristo".
7.2. O Juiz no bêma de Cristo.
O texto de 2 Coríntios 5.10 deixa claro que esse exame é conduzido diante da
presença do Filho de Deus. João 5.22 declara que todo o julgamento foi confiado às
mãos do Filho. O fato de esse mesmo acontecimento ser citado em Romanos 14.10
como "o tribunal de Deus" mostraria que Deus confiou o julgamento às mãos do Filho
também. Parte da exaltação de Cristo é o direito de manifestar autoridade divina no
julgamento.
7.3. Os participantes do bêma de Cristo.
Pouca dúvida deve haver de que o bêma de Cristo está relacionado apenas aos
crentes. O pronome pessoal na primeira pessoa ocorre com tão grande frequência em
2 Coríntios 5.1-19 que não pode ser desprezado. Apenas o crente poderia ter "uma casa
não feitas por mãos, eterna, nos céus". Apenas um crente poderia experimentar
"mortalidade [...] absorvido pela vida". Apenas um crente poderia experimentar o
trabalho de Deus, "que nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito".
Apenas um crente poderia ter a confiança de que, "enquanto no corpo, estamos
ausentes do Senhor". Apenas um crente poderia andar "por fé, e não pelo que vemos".
7.4. A base da avaliação no bêma de Cristo.
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Devemos observar cuidadosamente que a questão aqui não é verificar se o julgado
é ou não o crente. A questão da salvação não está sendo considerada. A salvação
ofertada ao crente em Cristo livrou-o perfeitamente de todo o julgamento (Rm 8.1; Jo
5.24; l Jo 4.17). Trazer o crente para o julgamento do pecado quer de pecados anteriores
ao novo nascimento, quer de pecados desde o novo nascimento, quer de pecados não
confessados, é negar a eficácia da morte de Cristo e anular a promessa de Deus de
que "também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades,
para sempre" (Hb 10.17). Pridham escreve: “Um santo nunca mais será julgado pelas
suas iniquidades naturais ou herdadas, pois já está legalmente morto com Cristo, e não
é mais conhecido ou tratado com base em sua responsabilidade natural. Ele estava sob
condenação de uma herança natural de ira e nada de bom tinha sido descoberto na sua
carne; mas sua culpa foi eliminada pelo sangue de seu Redentor, e ele é perdoado livre
e justamente por causa de Seu Salvador. Ele é justificado pela fé, e é apresentado
perante Deus no nome e pelos méritos do Justo; e, de sua nova e sempre bendita
condição de aceito, o Espírito Santo é o selo vivo e a testemunha. Por sua própria conta,
então, não poderá entrar em juízo... (Arthur PRIDHAM, Notas e reflexões de 2 Coríntios,
p. 141)
7.5. O resultado do exame no bêma de Cristo.
1 Coríntios 3.14,15 declara que esse exame terá duplo resultado: um galardão
recebido e outro perdido. O que determina se alguém recebe ou perde um galardão é a
prova pelo fogo, pois Paulo escreve: "Manifesta se tornará a obra de cada um [a mesma
palavra usada em 2Coríntios 5.10]; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo
revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará" (1 Co 3.13).
Nessa declaração é evidente, em primeiro lugar, que são as obras do crente que estão
sendo examinadas. Além disso, vemos que o exame não é um julgamento baseado em
observação externa; pelo contrário, é um teste que apura o caráter e a motivação
interna. Todo o propósito de uma prova pelo fogo é identificar o que é destrutível e o
que é indestrutível.
O apóstolo afirma que existem duas classes de materiais com que os "cooperadores
de Deus" podem construir o edifício cujo alicerce já foi estabelecido. Ouro, prata, pedras
preciosas são materiais indestrutíveis. Essas são as obras de Deus, das quais o homem
simplesmente se apropria e usa. Por outro lado, madeira, feno e palha são materiais
destrutíveis. São as obras do homem, que ele produziu com seus próprios esforços. O
apóstolo revela que o exame no bêma de Cristo visa a detectar o que foi feito por Deus
mediante as pessoas e o que foi feito pela própria força do homem; o que foi feito para
a glória de Deus e o que foi feito para a glória da carne. Isso não pode ser concluído
pela observação externa, e, portanto, a obra deve ser posta a severa prova, para que
seu caráter verdadeiro seja demonstrado.
8. AS BODAS DO CORDEIRO
Findo o julgamento pelo Tribunal de Cristo, a Igreja fiel será chamada a ter acesso à
festa das Bodas do Cordeiro (Lc 22.30; Ap 19.7). Em muitos trechos do Novo
Testamento a relação entre Cristo e a igreja é revelada pelo uso de figuras do noivo e
da noiva (Jo 3.29; Rm 7.4; 2 Co 11.2; Ef 5.25-33; Ap 19.7,8; 21.1-22.7.) Na translação
da igreja, Cristo aparece como o noivo que leva a noiva consigo, para que o rela-
cionamento que foi prometido seja consumado e os dois se tornem um. É revelada nas
Escrituras como algo que ocorre entre a translação da igreja e a segunda vinda de
Cristo.