Adolfo HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS

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FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DISCIPLINA: HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS

TEMA : A Participação Política e Engajamento Cívico em Moçambique

Nome do aluno : Adolfo Armando Matsinhe

Xaí –Xai, Novembro de 2023


Índice
1. Introdução.....................................................................................................................................3
2. Participação Política e Engajamento Cívico em Moçambique.......................................................4
2.1 História política de Moçambique, incluindo o período colonial, a independência e os
desenvolvimentos políticos pós-independência.................................................................................4
2.2 Participação política....................................................................................................................5
2.3 A participação política em Moçambique.................................................................................6
3CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................7
REFERÊNCIAS................................................................................................................................7

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1. Introdução
A participação dos cidadãos na vida púbica constitui um dos elementos mais importantes
para a consolidação da democracia e, portanto, é com base nessa ideia que a Participação
Política e Engajamento Cívico em Moçambique se afigura como um mecanismo que
permite a participação directa dos cidadãos na vida pública. Ademais, este permite aos
cidadãos com capital político e social marginal de participar na definição das prioridades
que lhes concernem assim como na definição dos aspectos centrais da governação.

Na década de 1980, registou-se um considerável movimento de Reformas da Gestão


Pública ao nível mundial que foi explicado por quatro aspectos: políticos (relacionado com
o debate sobre o papel do Estado e da administração, da necessidade de democratizar os
regimes autoritários, de abrir a administração pública dando mais espaço aos usuários,
entre outros aspectos conexos), sociais (que tem a ver com às exigências de melhoria das
condições vida, do acesso a serviços públicos de qualidade assim como a pressão aos
governos para reduzir as altas taxas de desemprego, mormente, nos países do Sul global),
económicos (a estagnação económica, crises cíclicas, ineficiência da intervenção do Estado
na economia, crise do Estado-providência) e institucionais (necessidade de reformas
institucionais cujo fito era de melhorar o quadro para os investimentos, para maior
participação pública dos cidadãos na provisão dos serviços públicos assim como na
formulação das políticas públicas).

Após a sua independência em 1975, Moçambique adoptou no III Congresso da Frelimo em


1977 o sistema político e económico centralmente planificado, caracterizado pelo modelo
socialista da Administração Pública marcada pela burocracia sob bases autoritárias, isto é,
os serviços públicos sujeitavam-se a procedimentos altamente burocráticos em resultado do
excessivo apego as normas, forte intervencionismo económico e social, o mecanismo de
funcionamento da máquina estatal impedia a existência do empreendedorismo na
administração pública (Brito, 2019) .

É neste contexto de Participação Política que surge o presente estudo a fim de analisar as
Participação Política e Engajamento Cívico em Moçambique. Em termos metodológicos, a
análise recorreu a pesquisa documental e bibliográfica que permitiu captar dados da
literatura, documentos oficiais e manuais metodológicos que orientam o processo de
Participação Política.

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2. Participação Política e Engajamento Cívico em Moçambique

2.1 História política de Moçambique, incluindo o período colonial, a independência e


os desenvolvimentos políticos pós-independência.

Foi após a conferência de Berlim (1884-85) e consequente partilha de África pelas


potências europeias, que Portugal começou a desenhar uma política militarista mais
agressiva,1 com o intuito de estabelecer o seu poder colonial em todo o território
moçambicano2. Uma nova página na história colonial de Moçambique se abria. Até então a
presença portuguesa em Moçambique limitava-se, como afirmou Lorenzo Macagno
(2001), “ a um pequeno número de assentamentos costeiros. Das regiões do interior, o vale
do Zambeze era a única parte do país que conservava a aparência de um domínio europeu” 3

Com a introdução das reformas económicas nos finais dos anos 1980 e a abertura do
espaço político e o fim da guerra civil no início dos anos 1990, teve início o processo de
descentralização (Forquilha, 2020) e da governação participativa. Os discursos acerca da
governação participativa (GP) tornaram-se a marca principal da política e da administração
pública. Eles emergiram sucedendo basicamente três cenários que decorreram de forma
interligada, e que marcaram o contexto político e económico nacional nos anos
antecedentes. Segundo Brito, (2019) primeiro, surgiram como complemento das
transformações políticas e económicas intensas que foram introduzidas pela Constituição
da República de Moçambique (CRM) de 1990. A Constituição produziu uma reforma do
Estado que modificou o sistema político de poder popular socialista e o regime de governo
de partido único dirigido pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que
haviam sido instaurados em 1975 a quando do alcance da independência nacional do
regime colonial português. A CRM de 1990 introduziu um novo sistema político,
fundamentado nos princípios da democracia multipartidária e alterou o modelo de
planeamento centralizado da economia estabelecendo um sistema de livre concorrência.
Introduziu ainda várias regras institucionais para acomodar o envolvimento dos cidadãos
em assuntos políticos ou governativos do Estado e reformas de descentralização para os
1
Por exemplo, a conquista militar portuguesa do Estado de Gaza, no sul de Moçambique (1895-7).
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Por exemplo, a conquista militar portuguesa do Estado de Gaza, no sul de Moçambique (1895-7). 36
Durante a Conferência de Berlin, as grandes potências europeias rejeitaram a reivindicação histórica de
Lisboa em relação a Moçambique decretaram que pacificação e controlo efectivo eram pré-requisitos para
um reconhecimento como potencia colonial. Vide, ISAACMAN, Allen. Mozambique – from colonialism to
revolution, 1900 – 1982, Boulder:Westview Press, 1983.
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MACAGNO, Lorenzo. O discurso colonial e a fabricação dos usos e costumes. FRY, Peter (Org.).
Moçambique Ensaios. Rio de Janeiro: UFRJ, 2001.p.63.

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governos provinciais e distritais de maiores poderes decisórios e competências próprias
para a implementação das políticas públicas. Segundo, emergiram com a estabilização
política e social promovida pela assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) 4 de 1992, que
pôs fim ao conflito armado mais conhecido como a guerra dos 16anos, entre o Governo de
Moçambique dirigido pela FRELIMO e a RENAMO (CIP, 2020).

Portanto, a governação participativa entendida como um mecanismo que estabelece


instâncias de intervenção que vinculam a acção governamental com os cidadãos por meio
de relacionamentos nos espaços deliberativos que servem para envolver os cidadãos e
fortalecer a sua capacidade de intervenção, avaliação e monitoria das políticas públicas que
são directamente ligadas às suas necessidades (Avritzer, 2009) é vista como uma parceria
efectiva entre o Estado, as organizações da sociedade civil e o sector privado onde todos
são co-produtores e co-responsáveis pela “fabricação” de politicas públicas que visam
responder aos problemas colocados pelos cidadãos (Le Galès e Lascousmes, 2012).

2.2 Participação política

O conceito de Participação é empregue para explicar as múltiplas formas de envolvimento


dos cidadãos nas actividades governativas, sem se ter em conta o seu nível de envoltura,
Brett citado por Langa (2012).

Na mesma linha Nguenha (2009), conceito de participação é utilizado para designar


variadas formas de envolvimento dos cidadãos nos processos de governação,
independentemente do grau de profundidade com que os cidadãos são envolvidos em tais
processos e os níveis em que os cidadãos são envolvidos nos processos de governação
variam desde a partilha de informações que os governos detêm, consulta, monitoria e
avaliação até à partilha do poder decisório.

Agora passamos a analisar a dimensão “engajamento cívico”, que diz respeito às ações
políticas dos cidadãos voltadas para ajudar os outros (Ekman; Amnå, 2012) ou para
promover mudanças de interesse público na comunidade onde vivem. Configura-se como
ação individual ou coletiva voltada para ajudar os outros ou para a melhoria das condições
locais. Assim, o “engajamento cívico” busca solucionar problemas locais e melhorar
condições da sociedade ou de certos grupos da comunidade (Ekman; Amnå, 2012).

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Assinado à 4 de Outubro de 1992 entre o Governo de Moçambique representado pelo Joaquim Chissano e
pela RENAMO através Afonso Dhlakama em 4 de Outubro de 1992 em Roma.

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O conhecimento e domínio do meio onde vivem tem permitido debates profundos em torno
das prioridades, objetivos, mecanismos e beneficiários dos recursos atribuídos pelo Estado.
O sucesso deste programa passa, indubitavelmente, pela maior integração destes órgãos,
incluindo a nível da sua capacitação, de modo a conferir maior fiabilidade.

2.3 A participação política em Moçambique


Os estudos sobre o político em Moçambique são basicamente marcados por três tendências
de análise. Estas estão intimamente relacionadas com a trajectória histórica que o país
seguiu. Referimo-nos aos períodos histórico-político colonial, pós-colonial e do que grande
parte da literatura sobre o político em África denominou de transição para a democracia.
No entanto, nestes períodos podem-se distinguir mais unidades históricopolítico de análise.
Essa possibilidade não altera a pertinência operacional da periodização que propusemos.

A primeira procura analisar a forma como as relações políticas se estabelecem no período


colonial. Há duas temáticas que marcam os estudos sobre o político neste período
histórico. A problematização da relação das autoridades coloniais com os indígenas. Estes
procuram descrever as relações sociais e políticas entre as autoridades coloniais
portuguesas e os africanos nativos — os colonizados. Há uma preocupação em perceber o
processo de estabelecimento de regras que regulam a relação das autoridades coloniais com
os indígenas. Por outro lado, procuram entender as condições da emergência do(s)
movimento(s) nacionalista(s).

A literatura que aborda a participação dos moçambicanos na política no período colonial,


destaca que esta era feita por meio de associações. Todavia, diverge na forma como analisa
a acção das associações no jogo político. Nesse debate opõem-se duas concepções. A
primeira postula que as associações e sindicatos que surgiram nesse período em nenhum
momento tiveram como objectivo confrontar o regime colonial. A segunda postula que as
organizações sociais e políticas que emergiram no período colonial tinham como finalidade
afrontar o regime. Para os apologistas desta corrente, estas organizações sociais e políticas
foram importantes para a emergência do nacionalismo moçambicano.A segunda
abordagem reflecte sobre o período pós-colonial. Duas tendências caracterizam os estudos
que analisam este período histórico-político. Pode-se dizer que “os estudos moçambicanos
problematizam este período histórico tendo como foco o que denomina de indústria dos
erros da FRELIMO” (Macamo, 2002). Trata-se de estudos que analisam o político em
Moçambique a partir da discussão do desfecho do projecto revolucionário da FRELIMO.
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Nesse debate contrapõem-se duas formas de olhar para o projecto revolucionário da
FRELIMO. A primeira é pouco simpática ao projecto revolucionário da Frelimo. Esta
centra a sua abordagem na crítica às opções políticas, económicas e sociais tomadas pela
Frelimo no período pós-independência.

3CONSIDERAÇÕES FINAIS

O debate que se levanta neste estudo, em torno da Participação Política e Engajamento


Cívico em Moçambique teve como objetivo primordial, analisar a preponderância do
participação Política vista como mecanismo insuflador no processo do Engajamento Cívico
em Moçambique. Existe uma tendência crescente no uso de mecanismo de participação
dos Engajamento Cívico, que é uma das marcas fundamentais de todos os processos de
reformas encetadas desde os finais dos anos 1980, essencialmente na governação
municipal com vista a elevar os seus níveis de transparência e credibilidade.

A literatura sobre a participação política, no caso de Moçambique, é dominada pelos


estudos sobre o comportamento eleitoral — dominam os estudos sobre antropologia e
sociologia eleitoral. Uma parte destes estudos procuram compreender e explicar as
determinantes do voto.

REFERÊNCIAS

Brito, L. (2019). A Frelimo e o Marxicismo e a Construção do Estado Nacional 1963-


1983. Maputo: IESE.

Chichava, S. (2008). Orçamento Participativo: um instrumento da Democracia


participativa. Maputo-IESE: IEDEIAS

Forquilha, S.C (2007). “Remendo novo em Pano Velho”: o impacto das reformas de
descentralização no processo de governação local em Moçambique. Conferência Inagural
do IESE sobre “Desafios para a investigação social e económica em Moçambique”. s/l.

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