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ARLINDA DE SOUZA MARIA MORAIS

INCENTIVOS FISCAIS:
COMO POTENCIAIS INSTRUMENTOS PARA ALAVANCAR A
ECONOMIA E AMENIZAR OS IMPACTOS CAUSADOS PELA
CRISE DO COVID-19

Paragominas
2020
ARLINDA DE SOUZA MARIA MORAIS

INCENTIVOS FISCAIS:
COMO POTENCIAIS INSTRUMENTOS PARA ALAVANCAR A
ECONOMIA E AMENIZAR OS IMPACTOS CAUSADOS PELA
CRISE DO COVID-19

Projeto apresentado ao Curso de Bacharel em


Direito da Instituição de Ensino Superior
Faculdade Pitágoras Unidade de Paragominas.

Orientador: João Paulo

Paragominas
2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4

1.1 O PROBLEMA ................................................................................................... 6

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 7

2.1 OBJETIVO GERAL OU PRIMÁRIO ................................................................... 7


2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS OU SECUNDÁRIOS ............................................ 7

3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 8

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 9

4.1 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA VIGENTE ............................................................. 9


4.2 TRIBUTOS E SUAS ESPÉCIES ...................................................................... 10
4.3 INCENTIVOS FISCAIS .................................................................................... 11
4.3.1 Incentivo à Inovação Tecnológica: Lei do Bem (Lei Nº 11.196/2005) ........ 13
4.3.2 Incentivos fiscais em tempos de crise: pandemia do COVID-19 ............... 14

5 METODOLOGIA..................................................................................................... 16

6 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO .......................................................... 18

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 19
4

1 INTRODUÇÃO

A crise sanitária, econômica e social que se estabeleceu em nível global


gerada pela disseminação do novo coronavírus, que em 31 de janeiro de 2020 a
Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência internacional por conta
do COVID-19, desencadeou uma série de debates sobre como mitigar os efeitos
econômicos e sociais, haja visto ter causado transtornos não só a saúde, bem como
sinalizando uma recessão econômica, impactando negativamente na cadeia
produtiva, no mercado financeiro, na redução de emprego e renda, no
desenvolvimento econômico como um todo.
Diante da real necessidade de mudanças no cenário socioeconômico, torna-
se relevante intervenção do Estado no domínio econômico, alterando as estratégias
para enfrentar a crise e promover a retomada na economia. Segundo Fundo
Monetário Internacional (FMI), a política fiscal precisa urgentemente apoiar as
empresas e os indivíduos afetados durante a e após a pandemia, com incentivos
fiscais adicionais para evitar danos econômicos a longo prazo. Daí afere-se a figura
do tributo como a principal fonte de receita para subsidiar as atividades do Estado.
Os tributos, além de terem a função arrecadatória de receitas para a manutenção
governamental, apresentam funções, indutiva, redistributiva e regulatória, podendo,
assim, oportunizar desde a redução de desigualdades sociais até a regulação da
economia.
Assim, a política de incentivos fiscais, insere-se por meio da função extrafiscal
do tributo, induzindo no comportamento do cidadão e do empresariado, de forma a
isentar os tributos, bem como da utilização adequada da pesquisa e
desenvolvimento em inovação que pode provocar redução de custos, abrir novos
mercados e aumentar a produtividade das indústrias.
No intuito de acelerar o desenvolvimento econômico e tecnológico no país,
tem-se o projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), para as
empresas, por meio da interação com as universidades, institutos de pesquisa, e
governo, inovam o processo de produção de novos produtos, agregando novas
funcionalidades ou características, cujos requisitos estão esculpidos na Lei nº
11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida como “Lei do Bem”, a partir da
adoção desta Lei o governo oferece isenção fiscal baseado no total de gastos
5

realizados e variações no custo de uso do capital nos processos de desenvolvimento


e inovação.
Tendo em vista, a necessidade do Estado em promover a retomada do
desenvolvimento econômico em meio à crise, é que se torna relevante abordar o
estudo a respeito do tema Incentivos Fiscais: como potenciais instrumentos para
alavancar a economia e amenizar os impactos causados pela crise do covid-19. A
partir daí se apresenta a seguinte indagação: Como os incentivos fiscais, podem
contribuir positivamente para a retomada das empresas, de forma a alavancar a
economia frente à crise disseminada pelo novo coronavírus - COVID-19?
Com base na questão acima, delinearam-se os seguintes objetivos da
pesquisa: objetivo geral é demonstrar como os incentivos fiscais, podem contribuir
positivamente para a retomada das empresas, de forma a alavancar a economia
frente à crise disseminada pelo novo coronavírus - COVID-19, enfatizando à adoção
da “Lei do Bem”. E para concretização do objetivo geral tem-se como objetivos
específicos: mensurar os conceitos dos tributos e suas espécies, incentivo fiscal,
contribuições e inovação tecnológica; entender a importância dos incentivos fiscais
nas organizações como potencial instrumento para alavancar a economia durante e
após a crise econômica causada pelo COVID-19 e ressaltar de que forma os
incentivos fiscais da Lei do bem pode contribuir e impactar no desenvolvimento
econômico e tecnológico das empresas.
A metodologia da pesquisa proposta será apresentada a classificação quanto
a abordagem se dá de forma qualitativa, quanto aos objetivos – descritiva e quanto
aos procedimentos - revisão bibliográfica. Portanto, o estudo justifica-se pela
relevância que o tema traz para toda sociedade, visto que além do interesse da
pesquisadora pelo tema, trará contribuições para acadêmicos dá área do direito,
contábil entre outras; em se tratando de um instrumento de política fiscal pouco
debatido e adotado pelas empresas, irá contribuir para o conhecimento dos
empresários e na área social justifica-se pelo fato de que a motivação e a inovação
são fatores essenciais nas organizações que buscam desenvolvimento econômico e
social, gerando assim benefícios para os colaboradores, clientes e para sociedade.
6

1.1 O PROBLEMA

Este trabalho oferece evidências que visam confirmar a existência de uma


relação positiva entre intervenções extrínsecas e conformidade tributária diante de
mudanças no mercado ocasionadas pela disseminação do coronavírus COVID-19.
Especificamente, o trabalho apresenta evidências do poder que as intervenções do
Estado exercem para amenizar os efeitos negativos na economia e na sociedade
gerados pela atual crise, para alavancar o desenvolvimento econômico - como
recompensas monetárias, renúncia tributária, isenção e incentivos fiscais para os
contribuintes. Os impactos econômicos na demanda, na produção e no mercado
financeiro são visíveis apesar dos poucos meses da disseminação do Covid-19 em
âmbito mundial e há expectativas que o impacto seja de longo prazo, provocando
uma profunda recessão.
Diante deste cenário, os governos apostam na utilização da política fiscal, que
raramente as empresas nem tem ciência da existência dos incentivos fiscais, e com
isso deixam de usufruir destas vantagens que a diferenciariam no mercado,
utilizando-se dos incentivos fiscais que visam contribuir para o desenvolvimento das
empresas e do país, investindo em projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e
Inovação (PD&I).
Ante do exposto, surge o seguinte problema da pesquisa: como os incentivos
fiscais, podem contribuir positivamente para a retomada das empresas, de forma a
alavancar a economia frente à crise disseminada pelo novo coronavírus - COVID-
19?
7

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL OU PRIMÁRIO

Este trabalho tem como objetivo geral demonstrar como os incentivos fiscais,
podem contribuir positivamente para a retomada das empresas, de forma a
alavancar a economia frente à crise disseminada pelo coronavírus - COVID-19,
enfatizando à adoção da Lei do Bem.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS OU SECUNDÁRIOS

• Mensurar os conceitos os tributos e suas espécies, incentivo fiscal,


contribuições e inovação;
• Discutir a importância dos incentivos fiscais como potencial instrumento para
alavancar a economia durante e após a crise econômica causada pelo
COVID-19;
• Ressaltar de que forma incentivos fiscais da Lei do bem pode contribuir e
impactar no desenvolvimento econômico e tecnológico das empresas.
8

3 JUSTIFICATIVA

A origem epidemiológica da crise fez com que ocorresse uma ruptura geral na
sociedade, na economia e no desenvolvimento das empresas, e para o combate aos
efeitos econômicos e sociais da crise, exigirá a intervenção do Estado, através das
políticas fiscais, de forma ousadas, já que não se trata apenas de uma medida
anticíclica de recuperação dos níveis de investimento, desenvolvimento e
crescimento, mas de uma verdadeira estatização dos fluxos de renda - salário e
receita das empresas. Uma das estratégias mais importantes utilizadas pelo governo
federal para promover o desenvolvimento tecnológico no país é a utilização de
incentivos fiscais, como instrumento que busca direcionar os esforços das empresas
privadas a investirem no seu crescimento, havendo consequentemente
desenvolvimento nos níveis de tecnologia e competitividade da economia, além de
manter a arrecadação de impostos aos cofres públicos.
Uma vez que este tema pode representar muito para as organizações, tendo
em vista que poucas empresas exploram os incentivos fiscais por falta de
orientações. Tais orientações devem ser oriundas de profissionais treinados e
capacitados, para orientar as empresas de como proceder para utilizar os incentivos
fiscais concedidos pela lei do bem.
Dito isto, a pesquisa bibliográfica, justifica-se pela importância dos incentivos
fiscais, por meio das recompensas, pela arrecadação de contribuintes honestos.
Nesse caso, há intervenção do estado, estimulando, assim, a adoção dos incentivos
fiscais, que consistem em renúncia de receitas públicas para os contribuintes,
objetivando alavancar a economia. Bem como pela necessidade de discutir os
efeitos dos incentivos fiscais para alavancar economia durante e após a crise
socioeconômica causada pelo COVID-19.
Além do propósito acima descrito tema é de extrema importância para
estimular reflexões e debates frente ao atual panorama econômico. E possui
abrangente contribuição teórica para agregar no conhecimento de acadêmicos, de
empresários, de profissionais e para a sociedade, baseando-se em torno de normas
tributárias, artigos científicos e referências bibliográficas na área tributária.
9

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No referencial teórico apresentam-se conceitos para a compreensão do tema:


Incentivos fiscais: como potenciais instrumentos para alavancar a economia e
amenizar os impactos causados pela crise do covid-19. A presente seção inicia-se
pela Legislação Tributária vigente, pelos conceitos de incentivo fiscal, inovação e
tributos. Na sequência, será descrito, sobre os incentivos fiscais do Governo em
tempos de crises para a inovação com intuito de alavancar a economia.

4.1 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA VIGENTE

Primeiro, o conceito dado na Legislação Tributária, deve ser do Código


Tributário Nacional à legislação tributária, de acordo com a Lei nº 5.172/66:

Art. 96. A expressão ‘legislação tributária’ compreende as leis, os tratados e


as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares
que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes.

O Sistema Tributário Nacional (STN) é regido pela Constituição Federal (CF)


de 1988, assim como pelo Código Tributário Nacional (CTN), instituído por meio da
Lei 5.172/66. O Sistema Tributário Nacional “o conjunto de normas constitucionais
de natureza tributária, inserido no sistema jurídico global, formado por um conjunto
unitário e ordenado de normas subordinadas aos princípios fundamentais,
reciprocamente harmônicos, que organiza os elementos constitutivos do Estado, que
outra coisa não é senão a própria Constituição” (HARADA, 2018, p. 368).
Isto posto, o sistema tributário num país é essencial para a regulamentação
da administração e arrecadação tributária, através das normas constitucionais
tributárias, são fundamentais para efetivação e captação de recursos aos cofres
públicos e partes dessas verbas serão destinadas aos diversos setores econômicos
e sociais.
A Constituição Federal, determina a repartição de competência tributária entre
os entes federativos e define que caberá a Lei Complementar reger as matérias que
integram o Sistema Tributário Nacional.
Deste modo, em seu artigo 146, a Constituição Federal assim menciona a
competência da Lei Complementar:
10

Art. 146. Cabe à lei complementar:


I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos
impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas
sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas
e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou
simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições
previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art.
239.

As leis acima mencionadas estipulam a definição das principais ferramentas


de captação de recursos utilizados pelo governo. Para diversos autores
especializados neste assunto, consideram-se que a principal receita captada pelo
Governo é extraída do tributo.

4.2 TRIBUTOS E SUAS ESPÉCIES

Primeiramente, convém demonstrar o conceito de tributo previsto no art. 3º


Código Tributário Nacional que define Tributo como: “toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada” (BRASIL, 1966). E de acordo com o Código Tribunal Nacional
(CTN), as espécies tributárias são determinadas pela hipótese de incidência ou pelo
fato gerador da obrigação.
Segundo Fabretti (2012) define tributo como pagamento compulsório feito em
moeda ou quando permitido por lei em valores que possam ser expressos em
moeda para extinguir uma obrigação tributária.
O CTN, no art. 5ª instituiu 3 (três) espécie de tributos, o Imposto, a Taxa e as
Contribuições de Melhoria, e na Constituição Federal de 1988 nos art. 148 e 159,
foram incluídos mais 2 (dois) tipos de tributos, Empréstimos Compulsórios e
Contribuições Sociais. Conforme o STJ e entendimento doutrinário, existem 5 (cinco)
espécies de tributos no sistema tributário brasileiro, denomina-se
como quimpartite ou pentapartite.
11

E assim os tributos possuem diversas funções, não se vinculando somente na


função de arrecadar recursos para os cofres públicos. Como menciona Machado
(2015) “(...) o tributo é largamente utilizado com o objetivo de interferir na economia
privada, estimulando atividades, setores econômicos ou regiões, desestimulando o
consumo de certos bens e produzindo, finalmente, os efeitos mais diversos na
economia”.
Quanto seu objetivo, Machado (2015) afirma que o tributo é:
Fiscal: no caso de ser objeto principal a arrecadação de dinheiro aos cofres
públicos. Por exemplo: IPTU, quando se paga este tributo não quer dizer
que este recurso será aplicado na pavimentação da rua onde está situado o
imóvel.
Extrafiscal: quando o objeto principal é interferir no domínio econômico,
buscando diversos efeitos distinto da simples arrecadação.
Parafiscal: quando o objetivo for a arrecadação de recursos para o custeio
de atividades que, em princípio, não integram funções próprias de Estado,
mas este as desenvolve através de entidades específicas.

Portanto, o instrumento de incentivo fiscal, possui caráter extrafiscal,


influencia diretamente na economia, fomentando determinada atividade econômica a
fim de reverter situações que ocorrem na sociedade, como nos casos de crises
econômicas com o intuito de alavancar o desenvolvimento econômico e provocar
mudanças positivas no cenário social.

4.3 INCENTIVOS FISCAIS

Incentivos fiscais são usados pelo governo para estimular atividades por
períodos específicos, constitui a maneira como uma empresa ou pessoa física
escolhe um destino para alocar parte dos impostos pagos ao projeto de
desenvolvimento econômico e traga benefícios para a sociedade como um todo.
A Constituição Federal, não estabelece uma definição legal de “incentivos
fiscais”. Ao longo do texto constitucional são estabelecidas regras onde os termos
são apontados de maneira esparsa:

Art. 151. É vedado à União:


I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que
implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal
ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos
fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico entre as diferentes regiões do País; (grifo meu).
12

Os incentivos fiscais podem ser entendidos como uma forma de reduzir ou


excluir, a carga tributária, instituído através de lei e ou norma específica. A respeito
disso Fabretti (ODCE, 2012, p. 275) diz que:

Os impostos são instituídos para serem arrecadados. Entretanto para atingir


outros fins de interesse do Estado, este pode abrir mão de parte da
arrecadação deles, afim de incentivar determinadas atividades (exemplos:
cultura, programas especiais, alimentação do trabalhador, desenvolvimento
tecnológico industrial ou agrícola, etc.) ou desenvolvimento de determinadas
regiões. As empresas que optarem pela utilização dos incentivos fiscais,
devem estar atenta às normas legislativa para poderem usufruir dos
benefícios fiscais da forma correta.

Com o intuito de atingir o seu objetivo de arrecadar e fazer a distribuição das


parcelas dos recursos, o poder público disponibiliza parte dos recursos arrecadados
para incentivar as empresas a implementar em ações sociais, culturais, educação,
tecnologia, saúde meio ambiente e esportes em prol das empresas e da sociedade
que promovem o desenvolvimento econômico.
Machado (2015, p. 171), define incentivos fiscais da seguinte maneira:

Na expressão incentivo fiscal, a palavra incentivo tem o mesmo significado


que tem na linguagem comum, significa estímulo. E a palavra fiscal nessa
expressão está a indicar o instrumento com o qual é concedido o incentivo
ou estímulo. Incentivo fiscal é o estímulo concedido através de um
instrumento cuja utilização caracteriza o que denominamos fisco, vale dizer,
o tributo. O incentivo, ou estímulo, caracteriza-se pelo tratamento
favorecido, diferenciado para melhor, em razão do atendimento da condição
colocada para sua obtenção. E pode ser designado por palavras com
sentido idêntico, tais como benefícios ou alívios.

Posto isso, através dos incentivos fiscais os tributos podem reduzir ou até
mesmo eliminar a carga tributária conforme estabelecido em Lei. Se por um lado o
governo propicia incentivo fiscal às empresas, de maneira que o contribuinte recolha
menos impostos e o governo arrecada menos tributos, por outro lado, ele está
incentivando ao crescimento econômico, crendo que a renúncia fiscal venha
contribuir para geração de emprego, renda ou até mesmo reestabelecer a economia.
Tem-se como um dos dispositivos legais de apoio ao crescimento da inovação a Lei
da Inovação Tecnológica - Lei 10.973/2004, e a Lei 11.196/2005, denominada de Lei
do Bem.
13

4.3.1 Incentivo à Inovação Tecnológica: Lei do Bem (Lei Nº 11.196/2005)

As atribuições do governo brasileiro é estabelecer políticas que visam apoiar


e incentivar a inovação, a Constituição Federal de 1988, menciona que “o estado
promoverá e incentivará o desenvolvimento cientifico, a pesquisa, a capacitação
cientifica e tecnológica e a inovação” (BRASIL, 1988).
Segundo Crepaldi (2019, p. 182) “Os incentivos fiscais são exemplos típicos
de elisão induzida por lei, uma vez que o próprio texto legal dá aos seus
destinatários determinados benefícios. É o caso, por exemplo, dos Incentivos à
Inovação Tecnológica, Lei n. 11.196/2005”.
Dito isto as empresas podem adotar medidas menos onerosas ao conduzir
seus negócios, o que repercute inclusive na modernização de sua produção ou na
melhoria da prestação de seus serviços. Segundo Zahran (2014), diz que a elisão
fiscal, tem como objetivo contribuir para que as empresas a paguem menos tributo
de forma legal e ainda impulsionar a economia.
Em se tratando da lei nº 11.196/05, conceituada como a “Lei do Bem”, foi
criada visando conceder incentivos fiscais a pessoas jurídicas que fizerem
investimentos em pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica. Desta
forma, os incentivos fiscais da Lei do Bem podem ser vistos como instrumentos de
política tecnológica, com o objetivo de fortalecer e impulsionar as empresas
nacionais na execução de atividades de inovação no país, com ênfase nas
atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

De acordo com o § 1°, art. 17 da Lei do Bem (2005):


Considera-se inovação tecnológica a concepção de novo produto ou
processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades
ou características ao produto ou processo que implique melhorias
incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando
maior competitividade no mercado.

Segundo Prata (MCTIC, 2019, p. 6):

A Lei do bem é considerada o principal instrumento de estímulo às


atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação tecnológica nas
empresas brasileiras, contribuindo para o desenvolvimento da capacidade
técnico produtiva e o aumento do valor agregado da produção de bens e
serviços.
14

Por meio desse instrumento de incentivo à inovação tecnológica, a


administração pública permite que as empresas e ou industrias, invistam em suas
operações, com propósito estimular o crescimento, a geração de emprego e o e
consequentemente o desenvolvimento do país, ou seja movimentando a economia.
O Art. 19 da lei n° 11.196 (BRASIL, 2004) dispõe alguns requisitos:

Art. 19. Sem prejuízo do disposto no art. 17 desta Lei, a partir do ano-
calendário de 2006, a pessoa jurídica poderá excluir do lucro líquido, na
determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor
correspondente a até 60% (sessenta por cento) da soma dos dispêndios
realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e
desenvolvimento de inovação tecnológica, classificáveis como despesa pela
legislação do IRPJ, na forma do inciso I do caput do art. 17 desta Lei.
Os incentivos fiscais da Lei do Bem compõem-se com base na dedução do
imposto a pagar Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ); Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), sobre o valor do montante investido pela
empresa na execução de suas atividades de inovação (P&D), em determinado
período (ano-base vigente).

4.3.2 Incentivos fiscais em tempos de crise: pandemia do COVID-19

As crises econômicas e financeiras podem ocorrer com frequência, como no


momento atual, em que o mundo vive de recessão na economia, pelo enfrentamento
da pandemia causado pelo COVID-19, repercutindo em perdas de empregos, baixa
nos investimentos e queda nos processos de produção, é esperada a retração do
faturamento das empresas e consequente o cenário de prejuízo fiscal das mesmas,
frente a atual conjuntura.
Segundo Assunção (2011, p. 102) quer seja pela instituição de tributos ou
pela adoção de incentivos fiscais, “possibilita-se ao Estado intervir sobre o domínio
econômico de forma indireta, induzindo a adoção de determinados
comportamentos”.
Desse modo, diante do cenário atual, o governo pode intervir na economia,
nos processos de produção, induzindo as empresas a adotarem medidas, que visam
equilibrar a economia. Essas intervenções são realizadas por meio de políticas
fiscais. Giambiagi (2011, p.42) afirma que a política fiscal pode-se realizar por meio
de três funções principais: função alocativa, função distributiva e função de
15

estabilização (o objetivo é influenciar a política econômica para atingir certo nível de


emprego, estabilidade dos preços e taxa de crescimento econômico).
Para Machado (2015, p. 96) “o tributo é extrafiscal quando seu objetivo
principal é a interferência no domínio econômico, para buscar um efeito diverso da
simples arrecadação de recursos financeiros”. “Note que a extrafiscalidade orienta-
se para fins outros que não a captação de recursos para o Erário, visando corrigir
externalidades” (SABBAG, 2016, p. 81). Assim, a extrafiscalidade, possui um
importante papel na intervenção estatal do Estado na ordem econômica com o poder
de incentivar ou desincentivar determinas atividades ou setores econômicos.
Segundo Torres (2008, p.79), incentivos fiscais consiste em “servir como
medida para impulsionar ações ou corretivos de distorções do sistema econômico,
visando a atingir certos benefícios, cujo alcance poderia ser tanto ou mais
dispendioso, em vista de planejamentos públicos previamente motivados”.
Na perspectiva da retomada na economia, de impulsionar o desenvolvimento
das empresas e consequentemente do país, a prática da utilização dos incentivos
fiscais dentro das organizações, ganha novos rumos e saídas para-se reinventar
diante das crises econômicas.
De acordo com Sáenz e Capote (2002, p.69) enfatizam que a inovação
tecnológica se constitui no “processo pelo qual novos produtos, equipamentos,
processos de produção e distribuição de bens e serviços, e métodos gerenciais se
introduzem em nível macro na economia”. Nesse sentido, cada organização precisa
identificar qual o tipo de inovação melhor se encaixa, buscando novas perspectivas
de desenvolvimento, investindo em projetos que possam viabilizar a inovação
tecnológica.
Segundo Pedro Wongtschowski (2011), presidente do Grupo Ultra:

Uma forma de tentar compensar esse conjunto de fatores negativos é lutar


para melhorar a posição competitiva. E isso passa necessariamente por
inovação. [...] inovação é um componente indispensável para a
sobrevivência da empresa no longo prazo, e é por isso que a defendo e
pratico.

O planejamento tributário e a utilização adequada dos benefícios fiscais


dispensados pela Lei do Bem, pode ser uma alternativa para redução dos custos
16

tributários, bem como uma maneira para manutenção das atividades essenciais de
inovação, visto que pode alavancar a competitividade nas empresas.

5 METODOLOGIA

A metodologia da pesquisa proposta será apresentada de acordo com sua


classificação quanto a abordagem do problema, quanto aos objetivos e aos
procedimentos. Segundo Marconi e Lakatos (2017), metodologia é um conjunto de
atividades que são sistemáticas e racionais que, permite alcançar o objetivo do
estudo.
Quanto a abordagem a pesquisa será desenvolvida de forma qualitativa,
evidenciando os principais conceitos e definições sobre o tema, em que se pretende
analisar a problemática de forma aprofundada, os efeitos alcançados, pelos
instrumentos de incentivos fiscais, com intuito de alavancar a economia, frente a
crise econômica como no momento atual em que o mundo vive a pandemia do
COVID-19, com ênfase na Lei do Bem, justifica-se, por ser uma forma adequada
para entender a natureza de um fenômeno social.
Segundo Richardson (1999, p. 90), diz que a pesquisa qualitativa “pode ser
caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados
produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos”.
Como mencionado por Goldenberg (2004, p. 14).

Na pesquisa qualitativa a preocupação do pesquisador não é com a


representatividade numérica do grupo pesquisado, mas com o
aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização,
de uma instituição, de uma trajetória etc.

Quanto aos objetivos caracteriza-se como pesquisa descritiva e qualitativa,


uma vez que pretende descrever os conceitos de incentivo fiscal, taxa, contribuições,
tributo e inovação, bem como discutir a importância dos instrumentos de incentivos
fiscais com o intuito de alavancar a economia durante e após as situações que
freiam o crescimento econômico como a atual crise deflagrada pela pandemia do
COVID-19, fato que afeta a economia mundialmente.
Segundo Selltiz et al. (1965), esse tipo de pesquisa busca descrever um
fenômeno ou situação em detalhe, especialmente o que está ocorrendo, permitindo
17

abranger, com exatidão, as características de um indivíduo, uma situação, ou um


grupo, bem como desvendar a relação entre os eventos.
Desta forma, os recursos metodológicos aplicados para a elaboração da
pesquisa foi a revisão bibliográfica, foram com base em autores, o que permite a
pesquisa uma fundamentação teórica segura e extensiva, como Harada (2018),
MACHADO (2015), Fabretti (2012), Sabbag (2016), dentre outros autores que
discutem os incentivos fiscais como instrumento de apoio à inovação e
desenvolvimento econômico, as dificuldades e possibilidades vivenciadas pelas
empresas e pelo Estado. Baseado no resultado da pesquisa pode se citar que a
preocupação com a planejamento de tributos, deve ser imprescindível nas
empresas, tanto em conhecer a melhor forma de carga tributária, os benefícios
tributários concedidos pelos governos, bem como sua aplicação frente as
necessidades apresentadas pela sociedade.
A pesquisa se deu por meio de bases de dados pesquisando no CAPES,
SCIELO e Google Acadêmico, utilizando os descritores: “incentivos fiscais”, “lei do
bem”, “políticas fiscais de incentivo ao covid-19”, “incentivos fiscais e crise
econômica”.
Para a pesquisa foram considerados os artigos, publicados entre os anos de
2016 e 2019. Bem como foram utilizados livros, sites, leis, convênios, emendas
constitucionais, entre outros.
Como abordado por Marconi e Lakatos (2017, p. 123):

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a


bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde
publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses, artigos científicos impressos ou eletrônicos, material
cartográfico e até meios de comunicação oral: programas de rádio,
gravações, audiovisuais, filmes e programas de televisão.
Através destas ferramentas, este estudo busca a melhor forma de construir
um embasamento, e fundamentar teoricamente o tema definido, para com isso
contribuir com a comunidade acadêmica, e a sociedade em geral com informações
relevantes e que contribuam com a construção do conhecimento e para a
compreensão da aplicação das políticas públicas de incentivos fiscais, frente às
crises econômicas, causadas por fenômenos que travam o desenvolvimento
econômico como no caso da disseminação do novo coronavírus - COVID-19.
18

6 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

Quadro 1 – Cronograma de execução das atividades do Projeto e do Trabalho de


Conclusão de Curso.

2020 2020
ATIVIDADES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Escolha do tema. Definição do problema de X X X
pesquisa
X X X
Definição dos objetivos, justificativa.

Definição da metodologia. X X X
Pesquisa bibliográfica e elaboração da X X
fundamentação teórica.
Entrega da primeira versão do projeto. X
Entrega da versão final do projeto. X X
Revisão das referências para elaboração do TCC. X X
Elaboração do Capítulo 1. X X
Revisão e reestruturação do Capítulo 1 e X X
elaboração do Capítulo 2.
Revisão e reestruturação dos Capítulos 1 e 2. X X
Elaboração do Capítulo 3.
Elaboração das considerações finais. Revisão da
Introdução. X X
Reestruturação e revisão de todo o texto. X
Verificação das referências utilizadas.
Elaboração de todos os elementos pré e pós- X
textuais.
Entrega da monografia. X
Defesa da monografia. X
19

REFERÊNCIAS

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coronavírus. Disponível em: https://brasil.abgi-group.com/radar-inovacao/noticias/como-a-
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ARLINDA DE SOUZA MARIA MORAIS

INCENTIVOS FISCAIS:
COMO POTENCIAIS INSTRUMENTOS PARA ALAVANCAR A
ECONOMIA E AMENIZAR OS IMPACTOS CAUSADOS PELA
CRISE DO COVID-19

Paragominas
2020
ARLINDA DE SOUZA MARIA MORAIS

INCENTIVOS FISCAIS:
COMO POTENCIAIS INSTRUMENTOS PARA ALAVANCAR A
ECONOMIA E AMENIZAR OS IMPACTOS CAUSADOS PELA
CRISE DO COVID-19

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras Unidade de
Paragominas, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Bacharel
em Direito.

Orientadora: Nayara Sthefany Gonzaga Silva

Paragominas
2020
ARLINDA DE SOUZA MARIA MORAIS

INCENTIVOS FISCAIS:

COMO POTENCIAIS INSTRUMENTOS PARA ALAVANCAR A


ECONOMIA E AMENIZAR OS IMPACTOS CAUSADOS PELA
CRISE DO COVID-19

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras Unidade de
Paragominas, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduada de Bacharel em
Direito.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Dr. Diego Sampaio Sousa

Paragominas, __ de ______________ de 2020.


Dedico este trabalho aos meus pais por
me proporcionarem uma excelente
educação e me ensinarem a lutar pelos
meus sonhos e objetivos, e em especial
meu esposo Cicero e aos meus filhos
Gabriel Patrick e João Victor, pelo apoio,
motivação e compreensão pelos
momentos em que estive ausente para
alcançar mais esta conquista em minha
vida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por estar presente em todos os momentos


da minha vida, concedendo-me saúde, orientação e força nos momentos difíceis.
Aos meus familiares, em especial aos meus pais, ao meu esposo Cicero e aos meus
filhos Gabriel Patrick e João Victor, que em todos os momentos me incentivaram e
apoiaram.
Ao meu orientador Dr. Diego Sampaio Sousa, pelo conhecimento repassado
durante a elaboração deste trabalho, seu auxílio e suporte foram fundamentais.
A todos os professores do Curso de Direito, em especial ao Dr. Diogo e Dra.
Fernanda pelo conhecimento compartilhado.
Aos meus amigos Adsandro Martins Ferreira e Aline Santos pelos momentos
de estudos compartilhados e as minhas Amigas Andreza Martinello e Sabryna
Rezende, por acreditar em mim e sempre me motivar. Enfim, a todos que direta ou
indiretamente colaboraram por mais esta conquista.
Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus
planos serão bem-sucedidos.
Provérbios 16:3
MORAIS, Arlinda de Souza Maria. Incentivos fiscais: Como potenciais instrumentos
para alavancar a economia e amenizar os impactos causados pela crise do Covid-
19. 2020. 85p. Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – Faculdade Pitágoras,
Paragominas, 2020.

RESUMO
A presente pesquisa busca apresentar uma abordagem ao tema dos incentivos
fiscais, como potenciais instrumentos para alavancar a economia e amenizar os
impactos causados pela crise do Covid-19. Diante do cenário atual tem-se a política
de incentivo fiscal criada pelo Governo para estimular a economia, por meio da
função extrafiscal do tributo que significa o alcance de fins distintos dos meramente
arrecadatórios, mediante o exercício das competências tributárias outorgadas pela
Constituição Federal de 1988. Logo o Incentivo Fiscal é a redução ou eliminação,
direta ou indireta do respectivo ônus tributário, oriundo de uma lei ou norma
específica. Nesse sentido, identificam-se em âmbito nacional, incentivos fiscais para
empresas que despendam recursos para investimento em inovação tecnológica,
conforme disposto na Lei 11.196 de 21 de novembro de 2005, mais especificamente
compreendidas no Capítulo III, conhecida como a “Lei do Bem”. Dito isto o presente
trabalho tem por objetivo geral a realização de um estudo para demonstrar como os
incentivos fiscais, podem contribuir para a retomada das empresas, de forma a
alavancar a economia frente à crise disseminada pelo Covid-19, com a adoção da
“Lei do Bem”. Para tanto, realizou-se estudo de revisão bibliográfica, sendo a esta
pesquisa de caráter qualitativo e descritivo, voltado para obtenção de informações.
Para atender a tal escopo, o estudo partirá de uma análise acerca do papel do
Estado frente à atividade econômica a fim de definir as premissas que sustentam o
Estado Regulador, dando-se enfoque aos contornos estabelecidos na atual ordem
constitucional brasileira para a intervenção estatal na economia. Colocado isto, a
pesquisa se voltará à investigação acerca da utilização dos tributos como meios de
intervenção no domínio econômico por indução, valendo-se o Estado dos incentivos
fiscais para conduzir o mercado e a sociedade a adotarem comportamentos
desejados. Os dados obtidos apontam que os incentivos fiscais previstos em lei,
como isenção de impostos, dedução de valores para efeito do cálculo do imposto de
renda, entre outros benefícios, bem como a influência que a prática de inovação da
Lei do Bem de certa tem contribuído para redução dos impactos do coronavírus, por
ser instrumento para manutenção das áreas de inovação e dos empregos dos
profissionais atuantes e extremamente relevantes para retomada da competitividade
das empresas.

Palavras-chave: Incentivos Fiscais. Inovação. Tecnológica. Extrafiscalidade.


MORAIS, Arlinda de Souza Maria. Tax incentives: as potential tools to boost the
economy and mitigate the impacts caused by the Covid-19 crisis. 2020. 85p.
Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – Faculdade Pitágoras, Paragominas,
2020.

ABSTRACT

This research seeks to present an approach to the topic of fiscal incentives, as


potential instruments to leverage the economy and mitigate the impacts caused by
the Covid-19 crisis. In view of the current scenario, there is the fiscal incentive policy
created by the Government to stimulate the economy, through the extra-tax function
of the tax, which means the achievement of purposes other than merely collection,
through the exercise of tax powers granted by the 1988 Federal Constitution.
Therefore, Tax Incentive is the direct or indirect reduction or elimination of the
respective tax burden, arising from a specific law or rule. In this sense, tax incentives
are identified at the national level for companies that spend resources for investment
in technological innovation, as provided in Law 11,196 of November 21, 2005, more
specifically understood in Chapter III, known as the "Good Law". That said, the
general objective of the present work is to carry out a study to demonstrate how tax
incentives can contribute to the recovery of companies, in order to leverage the
economy in the face of the crisis spread by Covid-19, with the adoption of the "Good
Law". For this purpose, a bibliographic review study was carried out, being this
research of qualitative and descriptive character, focused on obtaining information. In
order to meet this scope, the study will start from an analysis of the role of the State
in relation to economic activity in order to define the premises that sustain the
Regulatory State, focusing on the outlines established in the current Brazilian
constitutional order for state intervention in the economy. With this in mind, the
research will focus on the use of taxes as means of intervention in the economic
domain by induction, with the State using fiscal incentives to lead the market and
society to adopt desired behaviors. The data obtained indicate that the tax incentives
provided for by law, such as tax exemption, deduction of amounts for the purpose of
calculating income tax, among other benefits, as well as the influence that the
practice of innovation of the Good Law of certain has contributed to reducing the
impacts of the coronavirus, for being an instrument for maintaining the areas of
innovation and jobs of the professionals acting and extremely relevant to the
resumption of the competitiveness of companies.

Keywords: Tax Incentives. Innovation. Technological. Extraphysicality.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Espécies Tributárias (Teoria Pentapartida) ............................................. 18


Figura 2 - Exigências Legais para Utilização dos Benefícios da Lei do Bem. .......... 31
Figura 3 - Mecanismos de Apoio à Inovação............................................................ 32
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Espécies e Distribuição dos Impostos ..................................................... 18


Tabela 2 - Classificação dos Tributos ....................................................................... 19
Tabela 3 - Função de Alocação, Redistribuição, Estabilização e Desenvolvimento . 37
Tabela 4 - Leis Federais de Incentivo Fiscal ............................................................. 56
Tabela 5 - Principais Medidas de Combate aos Efeitos Econômicos da COVID-19,
anunciadas até 13/04/2020 ...................................................................... 62
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Ações em pesquisa e inovação adotadas pelos países para fazer frente
à crise do Covid-19 ................................................................................ 69
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANPEI Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas


Inovadoras
CF Constituição Federal
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Liquido
CTN Código Tributário Nacional
ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
IE Imposto de Exportação
II Imposto de Importação
IN Instrução Normativa
IOF Imposto sobre Operações Financeiras
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
IPTU Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
IPVA Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
IR Imposto de Renda
IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica
ISS Imposto sobre Serviços
ITBI Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis
ITCMD Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer
Bens ou Direitos
ITR Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural
MCTIC Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OMS Organização Mundial da Saúde
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PD&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
RFB Receita Federal do Brasil
STN Sistema Tributário Nacional
PITCE Política de Inovação, Tecnologia e Comércio Exterior
PDP Política de Desenvolvimento Produtivo
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13
2. PRESSUPOSTOS PARA O ESTUDO DOS INCENTIVOS FISCAIS ................... 15
2.1 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA VIGENTE ............................................................... 15
2.2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO......................................................................... 16
2.3 TRIBUTOS .......................................................................................................... 17
2.3.1 Espécies dos Tributos e Classificação ......................................................................... 17
2.3.2 Extrafiscalidade ........................................................................................................................ 20
2.4 POLÍTICA FISCAL .............................................................................................. 22
2.4.1 Intervenção do Estado no Domínio Econômico ....................................................... 22
2.4.2 Normas tributárias indutoras.............................................................................................. 23
2.5 DOS INCENTIVOS FISCAIS ............................................................................... 24
2.5.1 Inovação 24
2.5.2 Incentivos Fiscais .................................................................................................................... 26
2.5.3 Incentivo à Inovação Tecnológica: Lei do Bem (Lei Nº 11.196/2005) ........... 30
2.5.4 Incentivos fiscais em tempos de crise: pandemia do Covid-19 ........................ 33
3. TRIBUTAÇÃO EXTRAFISCAL COMO INSTRUMENTO DE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL ................................................. 36
3.1 O PAPEL DO ESTADO NO FOMENTO DO DESENVOLVIMENTO .................... 36
3.2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO......................................................................... 40
3.3 FORMAS DE TRIBUTAÇÃO ............................................................................... 43
3.3.1 Simples Nacional..................................................................................................................... 43
3.3.2 Lucro presumido ...................................................................................................................... 44
3.3.3 Lucro real 45
3.4 EXTRAFISCALIDADE, INCENTIVOS E BENEFÍCIOS – COMO INSTRUMENTO
AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ........................................................... 47
3.5 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL E SUA RELAÇÃO COM OS INCENTIVOS
FISCAIS .............................................................................................................. 51
3.6 INCENTIVOS FISCAIS VIGENTES .................................................................... 52
3.6.1 Principais Incentivos Fiscais Brasileiros ...................................................................... 55
3.7 AS PRINCIPAIS MEDIDAS DE INCENTIVOS TOMADAS PELO GOVERNO:
PARA O ENFRENTAMENTO DA CRISE DO COVID-19 ..................................... 58
3.7.1 As medidas de combate à COVID: comparação internacional ......................... 64
4. LEI DO BEM: LIMITES E POTENCIALIDADES FRENTE A CRISE DO COVID-19
66
4.1 INOVAÇÃO FRENTE A CRISE NA ECONOMIA CAUSADA PELO COVID-19 ... 66
4.2 A LEI Nº 11.196/2005 “LEI DO BEM”: LIMITES E POTENCIALIDADES FRENTE À
CRISE CAUSADA PELO COVID-19 ................................................................... 70
4.2.1 Lei nº 11.196/2005 – “Lei do Bem” ................................................................................. 70
4.2.2 Limitações da Lei do bem ................................................................................................... 71
4.2.3 Como os incentivos fiscais na “Lei do Bem”, podem contribuir para a
retomada das empresas, com intuito de alavancar a economia frente à
crise causada pelo do Novo Coronavírus - Covid-19? ........................................ 72
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 76
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 77
13

1. INTRODUÇÃO

A crise sanitária, econômica e social que se estabeleceu em nível global


gerada pela disseminação do Novo Coronavírus, que em 31 de janeiro de 2020 a
Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência internacional por conta
do Covid-19, desencadeou uma série de debates como sinalizando uma recessão
econômica. Tendo em vista, a necessidade do Estado em promover a retomada do
desenvolvimento econômico em meio à crise, é que se torna relevante abordar o
estudo a respeito do tema Incentivos Fiscais: como potenciais instrumentos para
alavancar a economia e amenizar os impactos causados pela crise do Covid-19.
Além do propósito acima descrito o tema justifica-se pela importância para
estimular reflexões e debates frente ao atual panorama econômico, possui
abrangente contribuição teórica para agregar no conhecimento de acadêmicos, de
empresários, de profissionais e para toda a sociedade. No intuito de acelerar o
desenvolvimento econômico e tecnológico no país, o tema é relevante para os
conhecimentos dos empresários, agregarem novas funcionalidades ao meio de
produção, através da isenção fiscal disponibilizada pelo Governo.
O desacerelamento na economia é visível, pelo impacto que a disseminação
do Covid-19 causou, provocando uma profunda recessão. Diante deste cenário, os
governos apostam na utilização da política fiscal, o que raramente as empresas tem
ciência da existência dos incentivos fiscais. Ante do exposto, surge o seguinte
problema da pesquisa: como os incentivos fiscais na “Lei do Bem”, podem contribuir
para a retomada das empresas, com intuito de alavancar a economia frente à crise
causada pelo do Novo Coronavírus - Covid-19?
Baseado no problema, o objetivo geral é demonstrar como os incentivos
fiscais, podem contribuir para a retomada das empresas, de forma a alavancar a
economia frente à crise disseminada pelo Novo Coronavírus - Covid-19, com a
adoção da “Lei do Bem”. Tem-se como objetivos específicos: a apresentação dos
conceitos relacionados ao tema dos incentivos fiscais; entender a importância do
planejamento tributário para a adoção dos incentivos fiscais nas organizações e os
principais mecanismos de incentivos fiscais; ressaltar de que forma os incentivos
fiscais da Lei do bem pode contribuir e impactar no desenvolvimento econômico,
para alavancar a economia frente a crise pandêmica causada pelo Novo
14

Coronavírus (Covid-19).
Os recursos metodológicos aplicados para a elaboração da pesquisa foi a
revisão de literatura, baseado em autores, permitindo uma fundamentação teórica
segura e extensiva à pesquisa, como Harada (2018), MACHADO (2015), Fabretti
(2012), Sabbag (2016), dentre outros autores que discutem os incentivos fiscais
como instrumento de apoio à inovação e desenvolvimento econômico, as
dificuldades e possibilidades vivenciadas pelas empresas e pelo Estado. Quanto a
abordagem deu-se de forma a evidenciar os principais conceitos e definições sobre
o tema e quanto aos objetivos caracteriza-se como pesquisa descritiva e qualitativa.
No Capítulo 1 - procura-se construir o referencial teórico, ou seja, os
pressupostos para o estudo dos incentivos fiscais; no Capítulo 2 - Análise Jurídica
do Planejamento Tributário para adoção dos incentivos fiscais nas organizações e os
principais mecanismos de incentivos fiscais; e por fim, no Capitulo 3 – Faz-se um
estudo Jurídico da “Lei do bem”, os Limites e Potencialidades frente a Crise do
Covid-19 e apresentarei as considerações finais e as referências.
15

2. PRESSUPOSTOS PARA O ESTUDO DOS INCENTIVOS FISCAIS

No capítulo I apresentam-se os conceitos para a compreensão do tema:


Incentivos fiscais: como potenciais instrumentos para alavancar a economia e
amenizar os impactos causados pela crise do Covid-19. Inicia-se pela legislação
tributária vigente, planejamento tributário, tributos, política fiscal, incentivos fiscais,
inovação, incentivo a inovação tecnológica - Lei nº 11.196/2005 “Lei do Bem” e
incentivos fiscais em tempos de crise: pandemia do Covid-19.

2.1 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA VIGENTE

Primeiro, o conceito dado na Legislação Tributária, deve ser do Código


Tributário Nacional à legislação tributária, de acordo com a Lei nº 5.172/66:

Art. 96. A expressão ‘legislação tributária’ compreende as leis, os tratados e


as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares
que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes.

O Sistema Tributário Nacional (STN) é regido pela Constituição Federal de


1988 (CF), assim como pelo Código Tributário Nacional (CTN), instituído por meio da
Lei 5.172/1966. O Sistema Tributário Nacional é “o conjunto de normas
constitucionais de natureza tributária, inserido no sistema jurídico global, formado
por um conjunto unitário e ordenado de normas subordinadas aos princípios
fundamentais, reciprocamente harmônicos, que organiza os elementos constitutivos
do Estado, que outra coisa não é senão a própria Constituição” (HARADA, 2018, p.
368).
Isto posto, o sistema tributário num país é essencial para a regulamentação
da administração e arrecadação tributária, através das normas constitucionais
tributárias, são fundamentais para efetivação e captação de recursos aos cofres
públicos e partes dessas verbas serão destinadas aos diversos setores econômicos
e sociais.
A Constituição Federal, determina a repartição de competência tributária entre
os entes federativos e define que caberá a Lei Complementar reger as matérias que
integram o Sistema Tributário Nacional.
Deste modo, em seu artigo 146, a Constituição Federal assim menciona a
competência da Lei Complementar:
16

Art. 146. Cabe à lei complementar:


I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária,
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação
aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas
sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes
especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das
contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que
se refere o art. 239.

As leis acima citadas estipulam a definição das principais ferramentas de


captação de recursos utilizados pelo governo. Para diversos autores especializados,
consideram-se que a principal receita captada pelo Governo é extraída do tributo.

2.2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

O planejamento tributário pode ser entendido como um conjunto de ações


realizadas por contribuintes, pessoas físicas ou jurídicas, que podem ser de natureza
econômica, contábil, jurídica ou simplesmente operacional, tendo por objetivo a
redução total ou parcial da carga tributária de maneira lícita, para que os
empresários possam aproveitar essa redução e contribuir com as funções sociais,
reduzir os custos, de forma a fazer novos investimentos e garantir a
sustentabilidade.
Torres (2003, p. 175) entende por planejamento tributário “a técnica de
organização preventiva de negócios jurídicos, visando a uma lícita economia de
tributos”, enquanto procedimento, a atividade de interpretação das normas tributárias
e de direito privado e, como ato, a orientação obtida a partir de plano elaborado de
otimização de custos de natureza fiscal.
Para Marins (2002, p. 32), planejamento fiscal ou tributário lato sensu como:

[...] a análise do conjunto de atividades atuais ou dos projetos de atividades


econômico-financeiras do contribuinte (pessoa física ou jurídica), em relação
ao seu conjunto de obrigações fiscais com o escopo de organizar suas
finanças, seus bens, negócios, rendas e demais atividades com
repercussões tributárias, de modo que venha a sofrer o menor ônus fiscal
possível.
17

O contribuinte pessoa jurídica tem maiores condições, alternativas e interesse


em realizar o planejamento tributário do que o contribuinte individual, seja por meio
de seus próprios mecanismos de negócios, como desvio de atividades ou
operações, reorganização contábil e reorganização societária ou por meio de
instrumentos da fazenda pública de elisão induzida, como o uso de opções de
regimes tributários mais favoráveis, o uso de vantagens fiscais gerais ou setoriais
como incentivos, imunidades, isenções, zonas francas, são medidas que possibilitam
economia fiscal.

2.3 TRIBUTOS

Primeiramente, convém demonstrar o conceito de tributo previsto no art. 3º


Código Tributário Nacional (Lei Nº 5.172/1966), que define Tributo como: “toda
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966). E de acordo com o
Código Tributário Nacional (CTN), as espécies tributárias são determinadas pela
hipótese de incidência ou pelo fato gerador da obrigação.
Segundo Fabretti (2012) define tributo como pagamento compulsório feito em
moeda ou quando permitido por lei em valores que possam ser expressos em
moeda para extinguir uma obrigação tributária.
Lapatza (2006, p. 323), define tributo como “[...] uma obrigação de dar uma
soma em dinheiro, estabelecida por lei, conforme o princípio da capacidade
[contributiva] em favor de um ente público para sustentar seus gastos”.
Os tributos, como regra, constituem fonte de arrecadação para os entes
políticos. Quando instituídos para fazerem frente às necessidades orçamentárias da
Administração direta, são considerados tributos fiscais.

2.3.1 Espécies dos Tributos e Classificação

O CTN, no art. 5ª instituiu 3 (três) espécie de tributos, o Imposto, a Taxa e as


Contribuições de Melhoria, e a Constituição Federal de 1988, em seus arts. 148 e
159, foram incluídos mais 2 (dois) tipos de tributos, Empréstimos Compulsórios e
Contribuições Sociais. Conforme o STJ e entendimento doutrinário, existem 5 (cinco)
espécies de tributos no sistema tributário brasileiro, denomina-se
18

como quimpartite ou pentapartite.

Figura 1 – Espécies Tributárias (Teoria Pentapartida)

Fonte: Com base no livro – Sabbag, Eduardo. Manual de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 461. Elaborado pela autora.

O Sistema Tributário Nacional, possui 12 impostos, distribuídos


privativamente entre os entes da federação (União, Estados, Distrito Federal e os
Municípios). Vejamos a distribuição da tabela abaixo:

Tabela 1 - Espécies e Distribuição dos Impostos


Impostos Imposto de Importação (II);
Federais Imposto de Exportação (IE);
Imposto de Renda (IR);
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR); e
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Impostos Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer
Estaduais Bens ou Direitos (ITCMD);
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); e
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Impostos Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI);
Municipais Imposto sobre Serviços (ISS); e
Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).
Fonte: Com base no livro – Abraham, Marcus. Curso de direito tributário brasileiro. Rio de Janeiro:
Forense, 2018, p. 320. Elaborado pela autora.

Os tributos podem ser classificados em vinculados (aqueles que têm o fato


19

gerador ligado a alguma atividade estatal específica que beneficia diretamente o


contribuinte) e não vinculados (têm por fato gerador uma situação
independentemente de qualquer atividade específica do Estado relativa ao
contribuinte). As contribuições e as taxas (vinculadas), (os empréstimos
compulsórios teriam vinculação apenas na origem) e os impostos (não vinculados),
pois nestes não haveria contraprestação específica do Estado. Os tributos também
se classificam conforme tabela abaixo demostrada:

Tabela 2 - Classificação dos Tributos


Quanto a a) fiscal: carrear recursos para os cofres do Estado;
Natureza b) extrafiscal: como instrumento de intervenção;
Quanto à a) ordinário: quando integra de forma permanente o sistema
constância tributário, repetindo-se a cada exercício fiscal;
b) extraordinário: quando constitui fonte eventual, esporádica e
transitória de recursos;
Quanto a a) direto: recai diretamente sobre o contribuinte que suporta
incidência sozinho a carga tributária, isto porque incide em função de
elementos de natureza durável e contínua, como a propriedade
e a renda; b) indireto: é passível de ser transferido para
terceiros (contribuinte de fato) pelo contribuinte designado pela
lei (contribuinte de direito), e incide em função de atos, como o
consumo.
Quanto ao a) pessoal: é o que incide sobre condições particulares e
objeto pessoais do contribuinte (IR, por exemplo);
b) real: independe das condições pessoais do contribuinte,
recaindo sobre “coisas”, tais como bens, mercadorias, produtos,
serviços (por exemplo: IPTU, ITR, IPI, ICMS, IOF).
Quanto ao ente a) federal: II, IE, IR, ITR, IPI, IOF; b) estadual: IPVA, ICMS, ITD;
tributante c) municipal IPTU, ITBI, ISS.
Quanto a base a) comercio exterior: II, IE; b) patrimônio: IPTU, ITR, IPVA; c)
econômica renda: IRPF, IRPJ; d) produção: IPI; e) circulação: ICMS, ISS.
Fonte: Com base no livro – Abraham, Marcus. Curso de direito tributário brasileiro. Rio de Janeiro:
Forense, 2018, p. 59. Elaborado pela autora.

E assim os tributos possuem diversas funções, não se vinculando somente na


20

função de arrecadar recursos para os cofres públicos. Como menciona Machado


(2015) “(...) o tributo é largamente utilizado com o objetivo de interferir na economia
privada, estimulando atividades, setores econômicos ou regiões, desestimulando o
consumo de certos bens e produzindo, finalmente, os efeitos mais diversos na
economia”. Portanto pode-se dizer que o tributo é de extrema importância para a
manutenção dos cofres públicos e para garantir o desenvolvimento econômico e
social.

2.3.2 Extrafiscalidade

A doutrina apresenta o instituto da extrafiscalidade tributária, considerando


que a forma prioritária da tributação não será no interesse exclusivamente
arrecadatório, mas sim no de intervir no domínio econômico, com o intuito de criar ou
modificar cenários econômicos e sociais, onde as finalidades “fiscais e extrafiscais,
convivem em todos os tributos e a distinção relevante se dará pela preponderância
de um fim sobre o outro”. (MARTUSCELLI, 2001, p. 60).
Os arts. 150, §6º, 151, I e 155, §2º, XII, “g” da Constituição Federal de 1988,
onde a mesma faz alusão a subsídios, isenções, reduções de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia, remissão, incentivos fiscais e benefícios
fiscais.
A extrafiscalidade ocorre quando um tributo é utilizado para fins diferentes da
função de arrecadar. A principal função do tributo é aumentar a receita para cobrir as
despesas do estado. Ao usar o tributo para fins não fiscais como, o estado pretende
atingir um propósito diferente do de custear de suas atividades.
Segundo as lições de Paulo de Barros Carvalho:

A experiência jurídica nos mostra, porém, que vezes sem conta a


compostura da legislação de um tributo vem pontilhada de inequívocas
providências no sentido de prestigiar certas situações, tidas como social,
política ou economicamente valiosas, às quais o legislador dispensa
tratamento mais confortável ou menos gravoso. A essa forma de manejar
elementos jurídicos usados na configuração dos tributos, perseguindo
objetivos alheios aos meramente arrecadatórios, dá-se o nome de
extrafiscalidade. (CARVALHO, p. 287, 2009).

Embora desempenhe um grande papel indutor de comportamentos sociais, a


tributação extrafiscal deve obedecer aos dispositivos constitucionais para evitar
abusos, agravando a expropriação e distorcendo os objetivos almejados por sua
instituição.
21

A lei conferir ao tributo o caráter regulatório estamos diante da


extrafiscalidade, como afirma Paulsen (2019, p.245):

Com o aumento da tributação ou com a concessão de incentivos fiscais, por


vezes, têm-se em vista fins de caráter econômico ou social, como o
incentivo às microempresas, o incremento dos investimentos em alta
tecnologia, a adoção de métodos de produção ambientalmente adequados,
a produção de bens de maior eficiência energética ou a restrição do
consumo de álcool e tabaco. Quando a motivação de inibição ou de indução
de comportamentos predomina sobre a arrecadatória, dizemos que se trata
de tributos extrafiscais.

No mesmo sentido é a definição adotada por Flávio de Azambuja Berti onde:

O uso extrafiscal do tributo significa o alcance de fins distintos dos


meramente arrecadatórios, mediante o exercício das competências
tributárias (poder de criar e alterar tributos) outorgadas pela Constituição
Federal às pessoas políticas, União, Estados-membros, Distrito Federal e
Municípios. Nesse sentido, será possível através do exercício das
competências (poderes limitados, prerrogativas) tributárias outorgadas às
pessoas jurídicas de direito público mencionadas, atingir objetivos
relevantes de natureza social, econômica e até mesmo política (BERTI,
2009. p. 41).

Portanto, é sabido que o efeito extrafiscal adicional das regras tributárias é o


uso de instrumentos financeiros para estimular determinados resultados econômicos
e sociais, como conter a inflação, prevenir o desemprego, restaurar a prosperidade,
proteger a indústria nacional e promover o desenvolvimento, corrigir as
desigualdades na distribuição da renda nacional, entre outros objetivos igualmente
importantes.
Quanto seu objetivo, Machado (2015) afirma que o tributo é:

Fiscal: no caso de ser objeto principal a arrecadação de dinheiro aos cofres


públicos. Por exemplo: IPTU, quando se paga este tributo não quer dizer
que este recurso será aplicado na pavimentação da rua onde está situado o
imóvel.
Extrafiscal: quando o objeto principal é interferir no domínio econômico,
buscando diversos efeitos distinto da simples arrecadação.
Parafiscal: quando o objetivo for a arrecadação de recursos para o custeio
de atividades que, em princípio, não integram funções próprias de Estado,
mas este as desenvolve através de entidades específicas.

Sendo assim, o instrumento de incentivo fiscal, possui caráter extrafiscal, por


influenciar diretamente na economia, fomentar determinada atividade econômica a
fim de reverter situações que ocorrem na sociedade, como nos casos de crises
econômicas com o intuito de alavancar o desenvolvimento econômico e provocar
mudanças positivas no cenário social, o propósito geralmente da extrafiscalidade é o
de retificar situações sociais ou econômicas anômalas.
22

2.4 POLÍTICA FISCAL

A política fiscal pode ser entendida como conjunto de medidas adotadas pelo
governo, através das modificações em suas despesas e receitas, para atingir um
estado de estabilidade na economia nacional.
Por meio das políticas fiscais que o Estado se utiliza das normas indutoras
para alcançar seus objetivos, “com a concessão de incentivos fiscais setoriais ou
regionais, utilizando a menor ou maior incidência de carga tributária como
mecanismo redutor de custos e estimulador de atividades econômicas”
(CAVALCANTI, 1997, p. 73-74).
“O tributo sempre terá, em maior ou menor grau, um caráter extrafiscal, uma
vez que possui a capacidade de influenciar o comportamento dos contribuintes, na
medida em que a carga fiscal desestimula práticas que levam à tributação”
(SCHOUERI, 2007, p. 253).
Dada a complexidade que é conferida à extrafiscalidade, Luís Eduardo
Schoueri classifica-a como gênero, do qual as normas tributárias com função
indutora seriam espécie, o que poderia ser designada por extrafiscalidade em
sentido estrito. Desta forma as normas tributárias são designadas cuja função, além
da fiscal, é impulsionar o comportamento econômico por parte do Estado.
Dito isto, sempre que o governo se utiliza da a função não fiscal do tributo, ou
seja, sempre que o imposto tem uma função principal que não a de simplesmente
arrecadar fundos para manter a máquina estatal, estamos falando da política fiscal
adotada pelo governo, com o objetivo de desenvolver determinados setores da
economia.

2.4.1 Intervenção do Estado no Domínio Econômico

A intervenção do estado no domínio econômico é o fenômeno em relação ao


exercício de uma ação sistemática sobre a economia, “estabelecendo-se estreita
correlação entre o subsistema político e o econômico, na medida em que se exige
da economia uma otimização de resultados e do Estado a realização da ordem
jurídica como ordem do bem-estar social” (FERRAZ, 1989, p. 76-77).
Quando o Estado atua diretamente na economia, ele assume o papel de
agente regulador econômico, tornando-se o produtor ou fornecedor de bens e
23

serviços, ou, indiretamente, através das normas com o objetivo de regular as


atividades econômicas, não participando como agente econômico, mas como
regulador por indução.
A atuação do Estado sobre o domínio econômico deve-se valer dos princípios
básicos e dos objetivos estipulados na Constituição Federal de 1988 os quais se
inserem a redução das desigualdades regionais e sociais (art. 170, inciso VII), a
busca do pleno emprego (art. 170, inciso VIII) e a garantia do desenvolvimento
nacional (art. 3º, II).
As normas tributárias indutoras estão inseridas na categoria de intervenção
por indução, mas, antes de mais nada, são normas tributárias. “Interessa o estímulo
e/ou desestímulo, pois constitui o objeto das normas indutoras, desde que estejam
relacionadas à figura do tributo” (ELALI, 2007, p. 104).
Disto isto, os tributos, como regra, constituem fonte de arrecadação para os
entes políticos. Quando instituídos para fazerem frente às necessidades
orçamentárias da Administração direta, são considerados tributos fiscais e quando
são objetos das normas indutoras tem a função de induzir para minimizar as
desigualdades econômicas.

2.4.2 Normas tributárias indutoras

As normas tributárias indutoras, deve-se ter como a finalidade de regulação


da ordem econômica segundo o modelo proposto na Constituição Federal. Essas
normas podem trazer benefícios ou mesmo agravá-los, e sempre objetivando
alcançar um comportamento mais ideal dentro das políticas adotadas.
Para Luís Eduardo Schoueri a expressão “normas tributárias indutoras” é
extremamente útil pois:

[...] tem o firme propósito de não deixar escapar a evidência de, conquanto
se tratando de instrumentos a serviço do Estado na intervenção por
indução, não perderem tais normas a característica de serem elas, ao
mesmo tempo, relativas a tributos e, portanto, sujeitas a princípios e regras
próprias do campo tributário (SCHOUERI, op. cit., p. 33).

Neste sentido, pode-se dizer que as normas tributárias indutoras têm


significado pragmático, sendo constantemente utilizada pelo Estado, quando se
destina a incentivar ou desestimular determinadas atividades econômicas, sendo
crucial para redução das desigualdades regionais e sociais e deve obedecer aos
24

princípios constitucionais.
É por meio da intervenção por indução que o Estado pode se valer da política
fiscal para alcançar os objetivos específicos “com a concessão de incentivos fiscais
setoriais ou regionais, utilizando a maior ou menor incidência de carga tributária
como mecanismo redutor de custos e estimulador de atividades econômicas”.
(CAVALCANTI, 1997, p. 73-74).
Por tudo, especificamente os incentivos fiscais caracterizam-se como
ferramentas hábeis para indução econômica, nas modalidades de benefícios que
passam a ser concedidos, visando incentivar comportamentos especiais como na
atual crise pandêmica e econômica.

2.5 DOS INCENTIVOS FISCAIS

2.5.1 Inovação

O tema inovação entrou em discussão sobre o crescimento econômico, em


1911, após a publicação da Obra de Schumpeter, pois ele acreditava que a inovação
era a principal razão pico do crescimento econômico na evolução humana e
Mansfield (1971) confirmou essa teoria e acredita que a mudança tecnológica é um
dos fatores mais importantes, que promove o crescimento econômico mundial.

O conceito de inovação passa a ser incorporado às prioridades da política


de ciência e tecnologia e à estratégia das empresas, sendo elemento básico
para o desenvolvimento da economia ao gerar novos empregos e aumentar
a competitividade no mercado. Este desenvolvimento decorre da geração de
novos produtos, processos e serviços, ou melhoria significativa destes,
envolvendo a geração de novos conhecimentos e realização de esforços de
pesquisa e desenvolvimento. (GARCIA, 2002).

A Teoria Schumpeteriana tem como foco as inovações empresariais e seu


papel como o principal indutor do crescimento econômico. Para Schumpeter
inovação seria a introdução comercial de um novo produto ou “uma nova
combinação de algo já existente” criados a partir de uma invenção que por sua vez
pertence ao campo da ciência e tecnologia.
De acordo com esta teoria existem cinco tipos de inovação: “introdução de um
novo bem; introdução de um novo método; abertura de um novo mercado; conquista
de uma nova fonte de matéria prima; e o aparecimento de uma nova estrutura de
organização” (GARCIA, 2002, p.812-817).
A Constituição da Federal de 1988, incluiu em seu texto a ciência e a
25

tecnologia como uma das diretrizes fundamentais do Brasil. Os arts. 218 e 219 desta
constituição trouxeram as linhas gerais a serem seguidas pelo governo, com o intuito
de promover incentivo ao desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação
tecnológicas, conforme a seguir:

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento


científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas.
§ 1º - A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do
Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências.
§ 2º - A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para
a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema
produtivo nacional e regional.
§ 3º - O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas
de ciência, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que delas se ocupem
meios e condições especiais de trabalho.
§ 4º - A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em
pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e
aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de
remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário,
participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu
trabalho.
§ 5º - É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela
de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à
pesquisa científica e tecnológica.
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será
incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e
socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do
País, nos termos de lei federal.

Seguindo os objetivos constitucionais ora mencionados, em 2004 foi


promulgada a Lei de Inovação (Lei nº 10.973) que por sua vez, refletiu a
necessidade do Brasil de possuir dispositivos legais que contribuíssem para o
desenvolvimento científico, tecnológico e ao incentivo à inovação. A Lei de Inovação
possui um amplo conjunto de medidas com o objetivo e ampliar na transferência do
conhecimento gerado no ambiente acadêmico para a sua apropriação pelo setor
produtivo, estimulando a cultura de inovação e contribuindo para o desenvolvimento
industrial do país. Os arts. 19 e 28 da Lei de Inovação preveem que:

Art. 19. A União, as ICT e as agências de fomento promoverão e


incentivarão o desenvolvimento de produtos e processos inovadores em
empresas nacionais e nas entidades nacionais de direito privado sem fins
lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, mediante a concessão de
recursos financeiros, humanos, materiais ou de infra-estrutura, a serem
ajustados em convênios ou contratos específicos, destinados a apoiar
atividades de pesquisa e desenvolvimento, para atender às prioridades da
política industrial e tecnológica nacional.
Art. 28. A União fomentará a inovação na empresa mediante a concessão
de incentivos fiscais com vistas na consecução dos objetivos estabelecidos
nesta Lei. Parágrafo único.
26

Conforme Schumpeter (1997, p. 76), novas combinações que darão origem


as mudanças e consequentemente ao desenvolvimento econômico são:

Introdução de um novo bem; Introdução de um novo método de produção;


Abertura de um novo mercado; Conquista de uma nova fonte de oferta de
matéria-prima ou de bens semimanufaturados; Estabelecimento de uma
nova organização de qualquer indústria, como a criação de uma posição de
monopólio.

Em termos de atividades de inovação, o Manual de Oslo destaca:

Atividades de inovação tecnológica de produto e processo (TPP) são todos


aqueles passos científicos, tecnológicos, organizacionais, financeiros e
comerciais, inclusive investimento em novo conhecimento, que de fato
levam, ou pretendem levar, à implantação de produtos ou processos
tecnologicamente aprimorados (OCDE, 2004, p. 65).

Nas empresas, a inovação passa a ser um elemento estratégico e essencial


no momento de crises econômicas, pois possibilita uma vantagem competitiva e o
desenvolvimento econômico. Para Trott (2012, p. 4):

As empresas devem ser capazes de se adaptar e progredir se desejam


sobreviver. Elas funcionam com o conhecimento de que seus concorrentes,
inevitavelmente, vão chegar ao mercado com um produto que altera a base
da concorrência. A habilidade para mudar e adaptar-se é essencial à
sobrevivência.

Ao longo dos anos, a inovação continuou a ser a força propulsora do


crescimento. As constantes mudanças que ocorrem no mercado global exigem cada
vez mais uma melhor convergência e integração entre entidades econômicas
diretamente relacionadas ao processo de inovação. A missão das empresas,
instituições de pesquisa, governo e organizações não governamentais é promover
conjuntamente o crescimento econômico de uma região e disseminar seus
resultados para outras áreas econômicas (ANPEI, 2006).
Dessa forma, ao proporcionar melhorias de âmbito macro, com reflexos no
nível de renda, a inovação passa a oferecer ao país uma possibilidade de geração
de riqueza, com ênfase no valor agregado de bens e serviços que por ela são
criados. O desenvolvimento econômico e social passa a ser uma consequência de
políticas públicas alinhadas com as oportunidades presentes, mas também se
relaciona à redução dos riscos e obstáculos que ora se apresentam às empresas.

2.5.2 Incentivos Fiscais

Quando a atividade fiscal do Estado é reduzida setorialmente no intuito de


27

estimular ou desestimular certas atividades, grupos, prestigiar determinadas


situações ou valores juridicamente protegidos socialmente, cultural e
economicamente valiosos, temos o que a doutrina chama de função “extrafiscal” ou
“extrafiscalidade”, sendo que é neste campo que se constrói e desenvolve-se a
teoria dos incentivos fiscais.
Segue essa mesma linha de pensamento Hugo de Brito Machado por
incentivo fiscal:

pode-se dizer que por incentivo fiscal usualmente se designa o tratamento


diferenciado e favorecido, no âmbito tributário, concedido a determinado
contribuinte ou grupo de contribuintes, destinado a estimular ou favorecer
que certo comportamento seja adotado, ou determinada atividade seja
exercida. (MACHADO, 2015, p.201).

A Constituição Federal de 1988, delineia e permite o uso de incentivos fiscais,


dentro das diretrizes restritivas das limitações constitucionais ao poder de tributar,
identificando as normas programáticas destinadas ao estímulo de atividades
econômicas, promoção desportiva, cultura, ciência, tecnologia e inovação, no caput
do art. 174, e em seu §1º. E aprova a atividade intervencionista do Estado em prol
de interesses públicos e coletivos, nos termos do caput do art. 23, em concomitância
com o inciso X e o art. 151, inciso I, in verbis:

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o


Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo
para o setor privado.
§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do
desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará
os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios:[...] X - combater as causas da pobreza e os fatores de
marginalização, promovendo a integração social dos setores
desfavorecidos;
Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo
o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a
Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida
a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;

A maioria das renúncias tributárias é inconstitucional quer por ferir os


princípios da universalidade e da generalidade da tributação, quer por contrariar o
preceito programático do art. 151 da CF, que confere aos incentivos fiscais um
caráter regulatório para promover o equilíbrio e o desenvolvimento socioeconômico
entre as diferentes regiões do país.
Os incentivos de modo geral, devem ser concedidos no escopo de gerar
28

eficiência econômica, buscando o desenvolvimento econômico. Estes são os


objetivos constitucionais, bem por isso, não podem gerar ainda maiores
desigualdades e não pode ser um desiderato qualquer do governo, deve sim
adequar-se aos princípios da ordem econômica e social.
Pela relevância que a inovação assume, os incentivos fiscais se apresentam
como uma alternativa de política pública para estimular a iniciativa privada no
incremento da atividade inovativa. Essa, por sua vez, é inerentemente arriscada,
mas uma ferramenta importante para a obtenção de vantagem competitiva para a
firma (ponto de vista microeconômico) e para os países (em um aspecto
macroeconômico).
Segundo Doria (1971), os Incentivos, sejam eles fiscais ou não, de certa
forma, são instrumentos utilizados como forma para indução de comportamentos,
com estímulos tributários para vitalização da econômica dirigida por meio dos
incentivos fiscais.
Incentivos fiscais são usados pelo governo para estimular atividades por
períodos específicos, constitui a maneira como uma empresa ou pessoa física
escolhe um destino para alocar parte dos impostos pagos ao projeto de
desenvolvimento econômico e traga benefícios para a sociedade como um todo.
A Constituição Federal, não estabelece uma definição legal de “incentivos
fiscais”. Ao longo do texto constitucional são estabelecidas regras onde os termos
são apontados de maneira esparsa:

Art. 151. É vedado à União:


I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que
implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal
ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos
fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico entre as diferentes regiões do País; (grifo meu).

Para poder utilizar os incentivos fiscais federais deduzidos do imposto de


renda, a empresa deve ser tributada sobre o lucro real. Caso a empresa arrecade
impostos sobre lucros presumidos ou arbitrados, ou opte pelo Simples Nacional, não
poderá usufruir desse benefício fiscal. Nas leis de incentivo estaduais e municipais, o
tipo de sistema tributário não é contabilizado, pois não afeta a apuração de impostos
como ICMS (estadual), IPTU ou ISS (municípios).
Objetivando estimular investimentos privados em P&D, que são capazes de
gerar melhorias incrementais e ganhos de qualidade ou produtividade, resultando
29

maior competitividade no mercado, é que surge a figura do incentivo fiscal (Brasil,


2020).
Os incentivos fiscais podem ser entendidos como uma forma de reduzir ou
excluir, a carga tributária, instituído através de lei e ou norma específica. A respeito
disso Fabretti (ODCE, 2012, p. 275) diz que:

Os impostos são instituídos para serem arrecadados. Entretanto para atingir


outros fins de interesse do Estado, este pode abrir mão de parte da
arrecadação deles, afim de incentivar determinadas atividades (exemplos:
cultura, programas especiais, alimentação do trabalhador, desenvolvimento
tecnológico industrial ou agrícola, etc.) ou desenvolvimento de determinadas
regiões. As empresas que optarem pela utilização dos incentivos fiscais,
devem estar atentas às normas legislativas para poderem usufruir dos
benefícios fiscais da forma correta.

Com o intuito de atingir o seu objetivo de arrecadar e fazer a distribuição das


parcelas dos recursos, o poder público disponibiliza parte dos recursos arrecadados
para incentivar as empresas a implementar em ações sociais, culturais, educação,
tecnologia, saúde meio ambiente e esportes em prol das empresas e da sociedade
que promovem o desenvolvimento econômico.
Tratando do instituto dos Incentivos, na década de 70, Antônio Roberto
Sampaio Dória esclarecia sobre suas peculiaridades:

Do ângulo positivo, revelou o incentivo fiscal extraordinária flexibilidade em


se acomodar aos mais diversificados escopos. Constituiu-se, ademais, em
excelente fórmula de compromisso para integrar, no projeto comum de
desenvolvimento e correção de desequilíbrios do País, o dinamismo do
processo econômico privado e a necessária coordenação pública, definindo
prioridades e distendendo, com renúncia da receita, a mola que o
impulsiona. Negativamente, o incentivo é método de atuação empírica, a
reclamar constantes adequações de rumo, e criador de artificiais atmosferas
econômicas que, supressas, talvez comprometam a continuidade dos
empreendimentos favorecidos. Converteu-se ele ainda, no Brasil, na
panacéia (que realisticamente não é) de todos os males econômicos ou
sociais. (DORIA, 1971, p. 9).

Machado (2015, p. 171), define incentivos fiscais da seguinte maneira:

Na expressão incentivo fiscal, a palavra incentivo tem o mesmo significado


que tem na linguagem comum, significa estímulo. E a palavra fiscal nessa
expressão está a indicar o instrumento com o qual é concedido o incentivo
ou estímulo. Incentivo fiscal é o estímulo concedido através de um
instrumento cuja utilização caracteriza o que denominamos fisco, vale dizer,
o tributo. O incentivo, ou estímulo, caracteriza-se pelo tratamento
favorecido, diferenciado para melhor, em razão do atendimento da condição
colocada para sua obtenção. E pode ser designado por palavras com
sentido idêntico, tais como benefícios ou alívios.

Posto isso, através dos incentivos fiscais os tributos podem reduzir ou até
30

mesmo eliminar a carga tributária conforme estabelecido em Lei. Se por um lado o


governo propicia incentivo fiscal às empresas, de maneira que o contribuinte recolha
menos impostos e o governo arrecada menos tributos, por outro lado, ele está
incentivando ao crescimento econômico, crendo que a renúncia fiscal venha
contribuir para geração de emprego, renda ou até mesmo reestabelecer a economia.

2.5.3 Incentivo à Inovação Tecnológica: Lei do Bem (Lei Nº 11.196/2005)

As atribuições do governo brasileiro é estabelecer políticas que visam apoiar


e incentivar a inovação, a Constituição Federal de 1988, menciona que “o estado
promoverá e incentivará o desenvolvimento cientifico, a pesquisa, a capacitação
cientifica e tecnológica e a inovação” (BRASIL, 1988).
Com base no disposto no artigo 28 da Lei de Inovação (Lei nº 10.973), foi
publicada em 2005 a Lei do Bem (Lei nº. 11.196) que se mostrou fundamental na
história do apoio à inovação no setor produtivo ao consolidar incentivos fiscais que
estimulem os investimentos privados em PD&I.
A título de complementaridade, ao aludir à Lei do Bem, a IN nº 1.187/2011,
em seu art. 2º, §1º, apresenta o conceito de inovação tecnológica:

considera-se inovação tecnológica a concepção de novo produto ou


processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades
ou características ao produto ou processo que implique melhorias
incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando
maior competitividade no mercado (RFB, 2011).

A fim de minimizar o impacto da adversidade na tomada de decisão dos


empreendedores para a inovação, foram criadas as políticas públicas, ferramentas
para promover os incentivos fiscais, com foco na inovação que insere a “Lei do
Bem”, e é regulamentada pelo Decreto nº 5.798, de 6 de junho de 2006 e tem a
Instrução Normativa (IN) nº 29 nº 1.187 de 8 de agosto de 2011, e a Receita Federal
do Brasil (RFB) impôs medidas disciplinares (Brasil, 2011).
De acordo com o art. 17, inciso I, da Lei nº. 11.196/ 2005 (Lei do Bem), as
empresas que investirem em pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação
tecnológica (PD&I) poderão deduzir os dispêndios com PD&I classificáveis como
despesas operacionais, para efeito de apuração do IRPJ e da CSLL.
Nos termos do § 1°, art. 17 da Lei do Bem (2005):

Considera-se inovação tecnológica a concepção de novo produto ou


processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades
31

ou características ao produto ou processo que implique melhorias


incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando
maior competitividade no mercado.

Figura 2 - Exigências Legais para Utilização dos Benefícios da Lei do Bem.

Fonte: ABGI, 2018.

O principal dos estímulos à PD&I no Brasil é o incentivo definido no Capítulo


terceiro da Lei do Bem (Lei 11.196/05). Este benefício permite que qualquer
companhia que invista em atividades de PD&I, independente do setor de atuação,
tenha um retorno fiscal de 20 a 34%, aproximadamente, sobre os valores gastos
nestas atividades, o recurso só pode ser utilizado por empresas que tiverem um
resultado fiscal positivo, o objetivo implícito desta Lei é apoiar às companhias a
criarem uma estrutura de PD&I crescente e sustentável.
Segundo Crepaldi (2019, p. 182) “Os incentivos fiscais são exemplos típicos
de elisão induzida por lei, uma vez que o próprio texto legal dá aos seus
destinatários determinados benefícios. É o caso, por exemplo, dos Incentivos à
Inovação Tecnológica, Lei n. 11.196/2005”.
Dito isto as empresas podem adotar medidas menos onerosas ao conduzir
seus negócios, o que repercute inclusive na modernização de sua produção ou na
melhoria da prestação de seus serviços. Segundo Zahran (2014), diz que a elisão
fiscal, tem como objetivo contribuir para que as empresas a paguem menos tributo
de forma legal e ainda impulsionar a economia.
32

Em se tratando da lei nº 11.196/05 - “Lei do Bem”, que visa conceder


incentivos fiscais às pessoas jurídicas que investirem em pesquisa e
desenvolvimento de inovação tecnológica, é que os incentivos fiscais são vistos
como instrumentos de política tecnológica, objetivando fortalecer e impulsionar as
empresas na execução nas atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
(PD&I).
Os mecanismos de apoio à inovação para o setor produtivo, podem ser
divididos em dois tipos: apoio indireto (Incentivos Fiscais) e apoio direto (Incentivos
Financeiros), como visto na figura a seguir:

Figura 3 - Mecanismos de Apoio à Inovação.

Fonte: Inventta, 2013.

Ou seja, o apoio indireto está ligado à aplicação dos incentivos fiscais, com
intuito de redução da carga tributária sobre as atividades de PD&I e o apoio direto
está associado a captação de recursos financeiros para financiar as atividades PD&I.
Segundo Prata (MCTIC, 2019, p. 6):

A Lei do bem é considerada o principal instrumento de estímulo às


atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação tecnológica nas
empresas brasileiras, contribuindo para o desenvolvimento da capacidade
técnico produtiva e o aumento do valor agregado da produção de bens e
serviços.

Por meio desse instrumento de incentivo à inovação tecnológica, a


administração pública permite que as empresas e ou industrias, invistam em suas
33

operações, com propósito estimular o crescimento, a geração de emprego e o e


consequentemente o desenvolvimento do país.
O Art. 19 da lei n° 11.196 (BRASIL, 2004) dispõe alguns requisitos:

Art. 19. Sem prejuízo do disposto no art. 17 desta Lei, a partir do ano-
calendário de 2006, a pessoa jurídica poderá excluir do lucro líquido, na
determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor
correspondente a até 60% (sessenta por cento) da soma dos dispêndios
realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e
desenvolvimento de inovação tecnológica, classificáveis como despesa pela
legislação do IRPJ, na forma do inciso I do caput do art. 17 desta Lei.

Os incentivos fiscais da Lei do Bem compõem-se com base na dedução do


imposto a pagar Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ); Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), sobre o valor do montante investido pela
empresa na execução de suas atividades de inovação (P&D), em determinado
período (ano-base vigente).

2.5.4 Incentivos fiscais em tempos de crise: pandemia do Covid-19

Obviamente, a pandemia provocada pelo surto do novo coronavírus, terá


várias consequências no comportamento de todos os países do mundo. Para além
do principal e mais importante impacto na saúde pública, teremos também um
enorme impacto na sociedade e na economia. Com o setor empresarial controlando
os custos, pelo o desastre pandêmico que o mundo vive, torna-se mais que
necessário investimento em inovação para que as empresas consigam sobreviver.
Segundo Assunção (2011, p. 102) quer seja pela instituição de tributos ou
pela adoção de incentivos fiscais, “possibilita-se ao Estado intervir sobre o domínio
econômico de forma indireta, induzindo a adoção de determinados
comportamentos”.
Portanto, quando a “Constituição Federal” menciona o termo desenvolvimento
nacional, usa sua arte para tratar a função de incentivo do Estado como sujeito
normativo o art. 174, §1º, não se refere apenas ao crescimento econômico, mas se
refere à combinação de fatores sociais que podem promover a melhoria qualitativa
do bem-estar social. O escopo dessas melhorias está, sem dúvida, vinculado a
diretrizes de planejamento nacional confiáveis de médio e longo prazo. O
desenvolvimento decorre de um processo contínuo e estruturado que se concentra
não apenas no crescimento econômico, mas também na redução da pobreza, da
34

marginalização e da desigualdade social e regional.


Desse modo, diante do cenário atual, o governo pode intervir na economia,
nos processos de produção, induzindo as empresas a adotarem medidas, que visam
equilibrar a economia. Essas intervenções são realizadas por meio de políticas
fiscais. Giambiagi (2011, p.42) afirma que a política fiscal pode-se realizar por meio
de três funções principais: função alocativa, função distributiva e função de
estabilização (o objetivo é influenciar a política econômica para atingir certo nível de
emprego, estabilidade dos preços e taxa de crescimento econômico).
Para Machado (2015, p. 96) “o tributo é extrafiscal quando seu objetivo
principal é a interferência no domínio econômico, para buscar um efeito diverso da
simples arrecadação de recursos financeiros”. “Note que a extrafiscalidade orienta-
se para fins outros que não a captação de recursos para o Erário, visando corrigir
externalidades” (SABBAG, 2016, p. 81). Assim, a extrafiscalidade, possui um
importante papel na intervenção estatal do Estado na ordem econômica com o poder
de incentivar ou desincentivar determinas atividades ou setores econômicos.
Segundo Torres (2008, p.79), incentivos fiscais consistem em “servir como
medida para impulsionar ações ou corretivos de distorções do sistema econômico,
visando a atingir certos benefícios, cujo alcance poderia ser tanto ou mais
dispendioso, em vista de planejamentos públicos previamente motivados”.
Na perspectiva da retomada na economia, de impulsionar o desenvolvimento
das empresas e consequentemente do país, a prática da utilização dos incentivos
fiscais dentro das organizações, ganha novos rumos e saídas para-se reinventar
diante das crises econômicas.
De acordo com Sáenz e Capote (2002, p.69) enfatizam que a inovação
tecnológica se constitui no “processo pelo qual novos produtos, equipamentos,
processos de produção e distribuição de bens e serviços, e métodos gerenciais se
introduzem em nível macro na economia”. Portanto, cada organização precisa
identificar qual o tipo de inovação melhor se encaixa, buscando novas perspectivas
de desenvolvimento, investindo em projetos que possam viabilizar a inovação
tecnológica.
Segundo Pedro Wongtschowski (2011), presidente do Grupo Ultra:

Uma forma de tentar compensar esse conjunto de fatores negativos é lutar


para melhorar a posição competitiva. E isso passa necessariamente por
inovação. [...] inovação é um componente indispensável para a
35

sobrevivência da empresa no longo prazo, e é por isso que a defendo e


prático.

Nesse sentido, o Brasil enfrenta diversos desafios, destacando-se a


importância de garantir a estabilidade dos investimentos corporativos em inovação, e
promover um ambiente de interação entre os diferentes setores da econômico. O
Governo objetivando ter uma saída em meio ao ambiente econômico complexo
desencadeado pela Covid-19, o mesmo conta com a inovação como o pilar do
desenvolvimento econômico do país, através da Lei do Bem que atua como
incentivadora dessa abordagem, aplicado o planejamento tributário e a utilização
adequada dos benefícios fiscais, se torna uma alternativa para redução dos custos
tributários, visto que pode impactar no desenvolvimento econômico das empresas.
36

3. TRIBUTAÇÃO EXTRAFISCAL COMO INSTRUMENTO DE


DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL

Neste capítulo analisa-se a importância do Planejamento Tributário para


adoção dos incentivos fiscais nas organizações, os principais incentivos fiscais
vigentes e os mecanismos de incentivos fiscais disponibilizados pelo Governo frente
a crise do COVID-19.

3.1 O PAPEL DO ESTADO NO FOMENTO DO DESENVOLVIMENTO

A Constituição da República institui como objetivo básico da existência do


próprio Estado brasileiro que este busque a erradicação da pobreza e a diminuição
das desigualdades regionais. O Estado é responsável pela condução da atividade
política na solução dos conflitos sociais, especialmente nas relações
socioeconômicas, com base no Estado Democrático de Direito, bem como pelos
objetivos da República Federativa do Brasil elencados no art. 3º da Constituição
Federal:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do


Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Nessa linha sobre o princípio do desenvolvimento econômico, a Constituição


Federal traça como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil
constituir uma sociedade livre, justa e solidária, bem como erradicar a pobreza e
promover o bem-estar social. Interpretamos o enunciado constitucional com o
seguinte juízo: é dever do Estado encontrar mecanismos de corrigir as
desigualdades socioeconômicas.
Isso se manifesta quando determinado setor de atividade precisa ser
regulado, oportunidade em que o Estado exercerá papel próprio de agente
econômico ou, em outras circunstâncias, quando agirá influenciando na economia. O
Estado permanece atento às questões político econômicas para afastar possíveis
excessos dos chamados agentes econômicos.
Nesse contexto, o art. 174 da CF dispõe que o Estado, como agente
37

normativo e regulador da atividade econômica, deverá exercer, na forma da lei, as


funções de (i) fiscalização; (ii) incentivo; e (iii) planejamento da atividade econômica,
em consonância com o art. 37, menciona que a administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, moralidade, da impessoalidade,
publicidade e eficiência. O princípio da legalidade atua como barreira intransponível
o Estado para intervir na atividade econômica.
Quando o mercado se torna ineficiente, há uma lacuna entre os desejos
individuais e coletivos da sociedade. O trabalho do governo torna-se então
essencial, segundo Ghosh (2001), operando em termos de alocação, distribuição,
estabilização e regulação, ver tabela abaixo:

Tabela 3 - Função de Alocação, Redistribuição, Estabilização e Desenvolvimento


Função de O governo controla a alocação de recursos entre os interesses de
Alocação indivíduos e de grupos. É necessário decidir quanto e quando
deve ser alocado um recurso, onde e como aloca-los de forma a
maximizar o bem-estar social.
Redistribuição Acredita-se que os mecanismos de mercado tendem para uma
de renda alocação injusta de recursos e para ampliação das desigualdades
de renda e riqueza.
Função de Em uma economia de mercado não é possível obter um equilíbrio
estabilização automático. A política governamental deverá empenhar-se em
evitar inflações e recessões.
Função de Papel de importância assumido pelo governo que funciona como
regulamentação um regulador/controlador da economia.
Função de Função governamental agir na promoção do desenvolvimento
desenvolvimento econômico provendo a infraestrutura e organização necessária
para facilitar o crescimento e o desenvolvimento. A intervenção
governamental poderia, assim, reduzir essas desigualdades por
meio de políticas de distribuição que poderiam diminuir as
desigualdades socioeconômicas.
Fonte: Ghosh (2001). Elaborada pela Autora (2020).

O governo deve ser capaz de reconhecer o fracasso, apoiar e implementar as


38

políticas públicas necessárias. A intervenção pública deve ser justificada. Os


analistas de políticas públicas argumentam que a falha do mercado é necessária,
mas não suficiente para justificar as intervenções de aplicação da lei.
Dito isto, trata-se de um verdadeiro princípio constitucional que deve ser
apreciado e interpretado de acordo com a ordem e o sistema tributário
constitucional, uma vez que neste diapasão o estado, deve ser adequado como
agente econômico, indiscutível para fins fiscais e extrafiscais, ou seja, as
características não tributárias das categorias tributárias e suas consequências na
ordem econômica.
Este princípio indispensável, com base nas disposições da Carta
Constitucional e descrito detalhadamente no capítulo sobre a ordem econômica, é
um corolário teleológico dos capítulos anteriores que disciplinam a Ordem Tributária
e Financeira, sabendo-se, claro, das Constituições que sem atividade econômica
não há tributo, nem mesmo o Estado.
João Bosco Leopoldino da Fonseca alude que:

O art. 170 traça a estrutura geral do ordenamento jurídico econômico.


Estetem como fundamento a valorização do trabalho humano e a livre
iniciativa. Aceitos tais fundamentos, a Constituição estabelece a finalidade
de toda a atuação através de políticas econômicas, qual seja a de
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.
(FONSECA, 2001, p. 87.)

Enriquece e complementa as palavras acima, os dizeres de Lina Maria Vieira


ao relacionar a tributação com os princípios, fundamentos e objetivos na
Constituição Federal de 1988:

À luz dessa nova visão, os tributos devem possibilitar o alcance dos


princípios, fundamentos e objetivos da República Federativa do Brasil.
Como consequência, devem ser utilizados para assegurar o exercício dos
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. (VIEIRA, 2010, P.145)

Nesse sentido, entende-se que os impostos fazem parte da ideia


constitucional de solidariedade social e devem ser um poderoso mecanismo para o
Estado redistribuir renda e prover o bem-estar social. Essa solidariedade deve ser
vista sob dois pontos de vista: o contribuinte, que precisa saber a importância da
obrigatoriedade de colocar alguns de seus recursos privados à disposição do Estado
em benefício de toda a comunidade; e do Poder público na aplicação adequada e
justa da cobrança de impostos sobre as despesas públicas.
39

Nery JR. (2009, p. 639), comentando a Constituição Federal, sobre o


indigitado enunciado desenvolvimento econômico e social assim se manifesta:

A ordem econômica está vinculada ao desenvolvimento econômico em


concomitância do social. Para atingir tal desiderato, a atividade econômica
por parte do Estado precisa ser planejada de maneira integrada. A atuação
econômica estatal deverá ser integrada a um planejamento ambiental que
racionalize o aproveitamento energético, aquático e que esteja
comprometido com a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento
sustentável. A atuação econômica também precisa estar integrada à
pesquisa científica e tecnológica, em que toda a orientação está voltada
para a promoção do bem-estar dos cidadãos.

Isso posto, há nítida finalidade desenvolvimentista nos incentivos concedidos


pelos entes, que também se valem do instrumento para desenvolver seus territórios
fomentar a atividade econômica. O desenvolvimento econômico traz consigo
possibilidades de melhorias nas condições da sociedade, sobretudo porque haverá
oferta de emprego nas empresas beneficiadas que devem utilizar o dinheiro que não
foi usado para o pagamento dos tributos, que serão empregados nas atividades
desenvolvidas e consequentemente o desenvolvimento econômico.
Destarte, se bem aplicado, os tributos de natureza extrafiscal podem ser uma
importante ferramenta governamental para o fim da realização do bem comum,
proporcionando programas sociais visando ao objetivo constitucional da redução das
desigualdades sociais e, consequentemente, respeitando o fundamento da
dignidade da pessoa humana.
A eficiência tributária segue os caminhos traçados na Constituição de 1988,
atribuindo ao Estado a obrigação de implementar uma política fiscal voltada para a
promoção do crescimento econômico sustentável, comprometida com o
desenvolvimento, adotando uma nova postura de extrafiscalidade .
Nesse nível, traz-se a importância finalidade extrafiscal do tributo. A função
tributária do imposto não é descurada, pelo contrário, é imprescindível para a
manutenção da sociedade. A questão é que a extrafiscalidade tributária junto com o
imposto é de grande importância para que o imposto cumpra sua função social, ou
seja, prover os recursos necessários ao desenvolvimento social do país.
Realiza-se essa brevíssima exposição preliminar para estudar as formas
pelas quais o Estado atua ou intervém na atividade econômica e entender-se mais
em especifico como se dá a intervenção na economia, utilizando-se do campo
40

tributário como instrumento. Observa-se que o Estado faz uso do mecanismo da


extrafiscalidade para induzir positiva ou negativamente as condutas dos
contribuintes, à chamada intervenção por indução. Os incentivos fiscais podem ser
inseridos nesse contexto, como veremos em seguida.

3.2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

O planejamento tributário é o estabelecimento de estratégias para a


realização de atos e negócios ou mesmo de toda uma atividade profissional ou
empresarial com vista ao menor pagamento de tributos. O planejamento tributário,
surge no confronto do contribuinte em organizar seus negócios, visando baixar valor
do o tributo e entre meio a necessidade do Estado em arrecadar o mesmo.
Antes de adentrar-se na análise do planejamento tributário em si, importante
ressaltar o conceito de tributo e das funções da tributação. Portanto só há
planejamento tributário pelo fato de haver a obrigatoriedade de pagarmos tributos.
Por se tratar de um Estado Democrático de Direito, este poder tributário encontra
fundamento, e limites, na lei, ou seja, na Constituição Federal.
No entanto, a Constituição Federal não define ou institui impostos. A
constituição consiste em selecionar determinados fatos ou atos e contratos jurídicos
que expressem riqueza e delega a competência de tributar esses fatos a entes
federados (união, estado, município e distrito federal) ou a entidades não
governamentais. Assim, cada entidade, dentro das atribuições conferidas pela
Constituição, deve estabelecer tributos adequados.
O tributo é especificado no art. 3 CTN como prestação compulsória a pagar
ao estado. Assim, cumprido o fato descrito na sua regra de incidência (fato gerador),
o contribuinte ou o responsável ficará obrigado a recolher ao erário. Portanto, o
planejamento tributário está neste contexto. Se, por um lado, houver a obrigação de
pagar o tributo quando ocorrer o fato gerador; por outro lado, o contribuinte pode
entender que tem o direito de dirigir o seu negócio de forma que não haja
configuração do fato descrito na norma tributária ou que esse fato ocorra em valores
menores.
Em primeiro lugar, devem ser distinguidos o planejamento tributário, a evasão
fiscal, a elusão fiscal e a sonegação fiscal. Neste sentido, Antônio Roberto Sampaio
Dória define evasão lato sensu como “toda e qualquer ação ou omissão tendente a
41

elidir, reduzir ou retardar o cumprimento da obrigação tributária”. (DORIA, p. 448,


1977).
Geralmente, a evasão em sentido estrito há similaridade do que se chama de
sonegação fiscal. Para Hugo de Brito Machado (2015, p. 34), a evasão é como a
conduta lícita e elisão à conduta ilícita, “elidir é eliminar, ou suprimir, e somente se
pode eliminar, ou suprimir, o que existe. Assim, quem elimina ou suprime um tributo,
está agindo ilicitamente, na medida em que está eliminando, ou suprimindo a
relação tributária já instaurada”.
Em particular, a elisão fiscal (atualmente considerada um sinônimo de
planejamento tributário) refere-se a uma série de ações praticadas pelos
contribuintes com o objetivo de reduzir as obrigações fiscais, reduzindo incidentes
tributáveis ou reduzindo obrigações tributáveis. Em outras palavras, os contribuintes
buscam prevenir eventos tributáveis ou reduzir a base tributável por meio de elisão
fiscal para evitar a geração de obrigações fiscais ou reduzir o imposto devido de a
ser pago a título de certo tributo.
Para Greco elisão é a:

conduta lícita do contribuinte antes da ocorrência do fato gerador, que ele


pratique sem que esteja revestida de nenhuma prática simulatória, com a
qual ele obtenha uma menor carga tributária legalmente possível. O
planejamento e elisão são conceitos que se reportam à mesma realidade,
diferindo apenas quanto ao referencial adotado e à tônica que atribuem a
determinados elementos. (GRECO, 2011, p.81).

De acordo com Fabretti (2006), a elisão fiscal é de grande relevância para a


estrutura de custos de uma organização, pois auxilia no cumprimento das
obrigações e minimiza os custos tributários sem refletir diretamente na arrecadação
dos tributos. Pois decorrente da lei permitindo ou até mesmo induzindo a economia
de tributos, por meio de incentivos fiscais.
Por outro lado, a elisão fiscal através das lacunas, tem por objetivo a
utilização de elementos que não são proibidos por lei para evitar o fato gerador de
determinado tributo por meio da própria legislação, para assim, reduzir a carga
tributária.
E em relação ao planejamento tributário, Greco o conceitua como o “conjunto
de condutas que o contribuinte pode realizar visando buscar a menor carga tributária
legalmente possível” (Greco, 2011, p. 117). Segundo Machado (2015, p. 360)
conceitua o instituto como “a economia lícita de tributos obtida através da
42

organização das atividades do contribuinte, de sorte que sobre elas recai o menor
ônus possível”.
O planejamento tributário tem por base os fundamento constitucionais como
na livre iniciativa (art. 1°, IV e 170 caput da CF/88), na livre concorrência (art. 170, IV
CF/88) e nas liberdades previstas ao longo do art. 5° da CF/88, que expressam a
liberdade de organização individual, em especial a liberdade contratual, bem como
no princípio da legalidade e na proteção do direito de propriedade.
Uma visão mais moderna sustenta que, além da legitimidade e da prioridade
da conduta, o fisco também deve se opor à destinação do planejamento tributário. A
oposição das autoridades fiscais significa que as ações realizadas e seus efeitos
devem ser apoiados e eficazes na administração pública. Sobre o assunto, Greco
afirma que “em suma, o núcleo central do tema é a eficácia fiscal dos atos ou
negócios jurídicos realizados, vale dizer “não basta ser lícito, é preciso ser eficaz
perante o Fisco”. (GRECO, 2011, p. 114).
Greco (2011, p. 114) afirma que:

O planejamento tributário tem por primeiro elemento definidor, o fato de ser


formado por atos lícitos, a primeira exigência para reconhecer a existência
de planejamento tributário. O segundo requisito é que o planejamento
tributário seja composto por condutas que não estão reguladas pelo
ordenamento, seja de forma positiva (permitindo, obrigando ou
incentivando) ou negativa (proibindo). Em outras palavras, sobre os efeitos
das condutas realizadas não há uma previsão expressa no ordenamento
autorizando-as, obrigando-as ou proibindo-as. É por esse motivo que
geralmente se diz que o planejamento tributário se utiliza das “lacunas da
lei”.

Nesse caso, com o objetivo de proibir o planejamento tributário ilegal, a Lei


Complementar nº 104, de 2001, acrescentou um parágrafo ao art. O art. 116 do
Código Tributário Nacional, também é conhecido como a regra geral antielisiva. O
art. 116 do CTN estipula o seguinte:

Art. 116. [...] Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá


desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de
dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos
elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os
procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.

Ao implementar a elisão fiscal, as empresas precisam adotar um regime


tributário baseado em requisitos e resultados esperados. Nesse sentido, os regimes
tributários mais utilizados no Brasil são: lucro real, lucro presumido e simples
nacional. As empresas devem considerar suas particularidades, métodos de
43

negócios e tipos de atividades para definir a forma de tributação mais econômica.


Afinal, a aplicação correta do regime tributário pode trazer benefícios para a gestão
empresarial.

3.3 FORMAS DE TRIBUTAÇÃO

No planejamento tributário da empresa deve-se primeiro escolher o regime de


imposto de renda, que determinará a apuração e o recolhimento de outros tributos,
como CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), PIS e COFINS.
Toda empresa constituída no Brasil, conforme a Lei pode ser enquadrada
pela legislação tributária em âmbito da União, em relação a cinco situações distintas:
Lucro Arbitrado, Lucro Presumido, Lucro Real, Simples Nacional e Imune/Isenta,
conforme abaixo:

3.3.1 Simples Nacional

O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e


fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte,
previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.
De acordo com a “Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006”, o
Simples Nacional é um sistema compartilhado de arrecadação, cobrança e
fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.
Abrange a participação de todos os entes federados (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios). É administrado por um Comitê Gestor composto por oito
integrantes: quatro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos
Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios.
Abrange a participação de todos os entes federativos (União, Estadual,
Distrito Federal e Município). É administrado por um comitê gestor composto por oito
membros: quatro da Receita Federal do Brasil (RFB), dois do Estadual e Federal e
Município. Para aderir ao Simples Nacional, deve atender aos seguintes requisitos:
ser Microempresa ou de Empresa de Pequeno Porte, atender as condições previstas
em Lei e optar pelo do Simples Nacional.
Conforme a alteração da lei em 2018, podem optar pelo Simples Nacional, de
acordo com o art. 3º da Lei Complementar nº 123 de 2006 (BRASIL 2006):

Art. 3º- Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se


44

microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a


sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o
empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas
Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso,
desde que:
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário,
receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil
reais); e
II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano
calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil
reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 quatro milhões e oitocentos mil
reais). (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de 2016) Produção
de efeito.

De acordo com a Lei Complementar nº 123 de 2006 (Brasil, 2006), o Simples


Nacional é um sistema compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização
tributária aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte. Ele unifica 8
tipos de impostos em um certificado de recebimento (DAS). De acordo com art. os
artigos 12 e 13 da lei são:

Art. 12. Fica instituído o Regime Especial Unificado de Arrecadação de


Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte - Simples Nacional.
Art. 13. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante
documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições:
I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ;
II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto no
inciso XII do § 1o deste artigo;
III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;
IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS,
observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo;
V - Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no inciso XII do §
1o deste artigo;
VI - Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social, a
cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de
julho de 1991, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno
porte que se dedique às atividades de prestação de serviços referidas no §
5º-C do art. 18 desta Lei Complementar;
VII - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e
Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal
e de Comunicação - ICMS;
VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.

Ou seja, quem opta por esse regime reduz a carga tributária, mas é estão
sujeitos a cobrança do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Portanto, o valor
pago pelas empresas optantes do Simples Nacional varia de acordo com a
classificação da empresa, com foco na receita total acumulada no ano-calendário.

3.3.2 Lucro presumido

O Lucro presumido pressupõe-se que o uma forma simplificada de apuração


45

da base de cálculo do imposto de renda e contribuição social, aplicável apenas aos


contribuintes que não são obrigados a apurar o valor do imposto com base no lucro
real. Assim, a RFB presume que percentual do faturamento da empresa representa
o lucro para realizar o cálculo do imposto devido. A o pagamento é realizado por
meio do DARF utilizando código específico da primeira quota do imposto devido
referente ao primeiro trimestre, janeiro a março, de apuração do ano-calendário
liquidando o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL).
Conforme Rezende, Pereira e Alencar (2010, p. 121):

O lucro presumido corresponde ao lucro calculado pela aplicação ao valor


do faturamento, de um percentual de margem de lucro determinado na
legislação, ou seja, o lucro não apurado pelo encontro entre receitas e
despesas do período, mas sim presumido. Corresponde a um processo de
apuração simplificada da base de cálculo do imposto.

Conforme art. 13 da Lei n°9.718/98, com redação dada pelo art. 7º da Lei n°
12.814 de 16 de maio de 2013, a pessoa jurídica poderá optar pelo regime do lucro
presumido quando o seu faturamento anual for igual ou menor que R$78.000.000,00
(setenta e oito milhões reais), ou em caso de início de atividade, utiliza-se
R$6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de
meses que a empresa está ativa (BRASIL, 2013).
De acordo com o art. 600 do Decreto nº 9.580 de 2018, as empresas optantes
pelo lucro presumido devem manter a escrituração contábil de acordo com a
legislação e o Livro de Registro de Inventário deve constatar registros de estoque
existentes no fim do exercício fiscal (BRASIL, 2018).

3.3.3 Lucro real

O Lucro Real é o regime tributário em que os tributos como Imposto de Renda


Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) são
calculados sobre o lucro efetivamente obtido no período de apuração. O lucro real é
um regime de tributação mais complexo dentre os outros; essa forma de tributação
está ao alcance de qualquer empresa e dependendo da atividade e do porte já estão
obrigadas a fazerem parte dessa modalidade.
Para Ribeiro e Pinto (2014), o lucro real é o lucro líquido do período, que é
apurado pelo acréscimo, exclusão e compensação exigidos pela lei do imposto
46

sobre o rendimento. Nesse caso, Pêgas (2017) apontou que essa opção é mais
benéfica para empresas com certo equilíbrio de desempenho, pois é baseada no
lucro contábil.
O imposto de renda trimestral, será calculado por meio das
seguintes alíquotas: Alíquota de 15% sobre a totalidade da base de cálculo, ou
seja, 15% do lucro real e uma alíquota adicional de 10% sobre a parcela da base de
cálculo que exceder o limite de R$ 60.000,00, correspondendo ao limite trimestral e
no caso de início de atividade, o limite trimestral será proporcional a quantidade de
meses, ou seja, R$ 20.000,00 para cada mês. Já para o cálculo da CSLL de 9%
sobre a base de cálculo. (OLIVEIRA, 2013).
Para o regime do Lucro Real, os tributos PIS e COFINS são calculados de
forma não cumulativa, ou seja, podendo aproveitar os créditos relativos as entradas
e descontar dos débitos relativos as saídas, conforme abrangido nas Lei nº 10.637
de 2002 e Lei nº 10.833 de 2003, determinando também as alíquotas aplicáveis de
1,65% para PIS e 7,6% para COFINS, respectivamente sobre a receita, apurados de
forma mensal.
Para Greco (2011, p. 484) “Lucro Real é resultado contábil líquido do período
base (lucro ou prejuízo) ajustado por adições, exclusões e compensações
autorizadas ou admitidas pela legislação tributária”.
Assim, conforme a Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998 (BRASIL, 1998)
estão obrigadas à apuração do Lucro Real as pessoas jurídicas conforme art. 14:

Art. 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas:


I - cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$
78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou proporcional ao número
de meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses; (Redação dada
pela Lei nº 12.814, de 2013) (Vigência)
II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos,
bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades
corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e
valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de
crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de
previdência privada aberta;
III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do
exterior;
IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios
fiscais relativos à isenção ou redução do imposto;
V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento
mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2° da Lei n° 9.430, de
1996;
VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de
serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção
47

e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos


creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de
serviços (factoring).
VII - que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários,
financeiros e do agronegócio.(Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010)

É válido ressaltar que diferente do regime do Simples


Nacional, os regimes de tributação do Lucro Real e Lucro Presumido, são obrigadas
ao envio de algumas obrigações assessórias, tanto no âmbito Federal como
estadual. Sendo elas, DIME, SPED Fiscal, EFD Contribuições, EFD ICMS e IPI,
ECD, ECF, DCTF, entre outras.

3.4 EXTRAFISCALIDADE, INCENTIVOS E BENEFÍCIOS – COMO


INSTRUMENTO AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O planejamento tributário não deve ser confundido com a extrafiscalidade,


incentivos e benefícios fiscais. Nessas circunstâncias, o sistema jurídico espera
obter certos resultados, veiculando regras a fim de incentivar ou induzir o
comportamento dos contribuintes.
A Constituição estabelece uma das metas do Estado brasileiro a promoção do
desenvolvimento nacional e da justiça social. Portanto, no Brasil, a tributação é uma
ferramenta poderosa adotada pelo Estado para a economia, sendo muito importante
para o alcance dos objetivos de desenvolvimento e justiça social. Na promoção do
desenvolvimento econômico do país, as funções extrafiscais da tributação são
cruciais.
Na Constituição do Brasil de 1988, elencam duas normas constitucionais
extrafiscais: normas voltadas para a realização do desenvolvimento nacional e
normas voltadas para a realização da justiça social. Portanto, a extrafiscalidade
tornou-se um mecanismo importante para o país agir em prol do desenvolvimento
econômico e da eliminação da desigualdade social.
A Constituição brasileira de 1988 dispõe no artigo 1º, verbis:

Art. 1º- A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
48

Mais adiante, no art. 3º, dispõe, verbis:

“Art. 3º- Constituem objetivos fundamentais da República Federativa


do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Assim, mediante o exame dos dispositivos constantes do Título I – Dos


Princípios Fundamentais da Carta Política do Brasil, percebe-se que o Estado
brasileiro se encontra comprometido com as ideias da justiça social e tem como um
dos seus objetivos garantir o desenvolvimento nacional, o qual restou consagrada “a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária”, bem assim o “desenvolvimento
nacional”.
Dito isso, é possível constatar que ao desenvolvimento econômico foi dada a
mesma importância que aos demais valores ali consignados, levando a uma
interpretação harmônica entre eles. Noutros termos, o desenvolvimento econômico
nacional, para se revelar legítimo, deve encontrar respaldo no desenvolvimento
humano.
No entanto, assim como a tributação fiscal, a tributação extrafiscal tem se
mostrado valioso instrumento apto a alcançar os preceitos constitucionais,
notadamente a promover os direitos fundamentais e corrigir as falhas de mercado.
“A tributação extrafiscal tem sido compreendida como um instrumento de reforma
social ou de desenvolvimento econômico; redistribuindo renda ou intervindo na
economia. ” (CALIENDO, 2016, p. 194).
O extrafiscalidade é um tema muito importante no direito tributário atual, é
objeto de intenso debate teórico e jurisprudencial sobre o impacto da intervenção
estatal no desenvolvimento econômico e social do país. Nesse caso, o tributo não é
visto apenas como um meio de financiamento de políticas públicas, mas também
como um meio eficaz de intervenção pública na economia, alterando o curso dos
acontecimentos e interferindo nas decisões dos contribuintes. “É este o cerne da
noção de extrafiscalidade: o aproveitamento dos efeitos produzidos pela incidência
tributária para a realização de outras competências constitucionais.” (CORREIA
NETO, 2016, p. 92-93).
Na atuação do estado social que está diretamente relacionado com as
49

finanças do estado e a extrafiscalidade, vários instrumentos começaram a serem


usados, como subsídios sociais para apoiar e fortalecer quanto as formas de
enfrentar os problemas mais graves da sociedade (como fome, abandono de idosos,
e recente tráfico de drogas e Violência urbana. O financiamento para essas ações
vem de transferências diretas de fundos e dotações orçamentárias do estado.
(BERTI, 2009).
No entanto, conforme acima exposto, a utilização da tributação a fim de obter
efeitos outros dissociados da mera arrecadação estão ligados ao surgimento do
Estado Social. Ademais, a utilização da finalidade extrafiscal dos tributos tem se
mostrado crescente, e de variadas formas, notadamente através das isenções, tema
intrinsecamente relacionado ao presente estudo. Alfredo Becker assenta que “os
tributos extrafiscais estão continuamente crescendo em variedade e importância
econômica”. (BECKER, 1998, p. 597).
As políticas fiscais destinadas a estimular o desenvolvimento nacional
impõem impostos mais baixos sobre bens de capital e impostos mais altos sobre
propriedades ociosas e importações para promover a produção industrial. Nesse
caso, todos esses tributos têm funções extrafiscais, ou seja, a finalidade desse
tributo é viabilizar a industrialização, não apenas aumentar a receita do país.
A extrafiscalidade e os incentivos podem ter diversos objetivos como
promoção da equidade de renda ou de regiões, correção de desvios, compensação
de gastos ou ações realizadas que constituem como funções típicas de Estado,
incentivo a determinado setor da economia. Estas figuras são consideradas
desonerações fiscais que compõe o que se chama de “gastos tributários”. A
expressão “gastos tributários”, por conseguinte, expressaria a utilização da
tributação para atender a objetivos sociais e econômicos.
De acordo com Gouvêa (2006) a extrafiscalidade é o princípio ontológico da
tributação e a epistemologia do Direito Tributário. Prova legalmente as atividades
tributárias do país e os incita a realizar atividades tributárias para realizar a finalidade
do estado e o valor constitucional. Isso é definido de acordo com a ordem pública
estipulada pela Constituição, onde revela o princípio da garantia básica do
contribuinte.

Há extrafiscalidade quando o legislador, em nome do interesse coletivo,


aumenta ou diminui as alíquotas e/ou base de cálculo dos tributos, com o
objetivo principal de induzir os contribuintes a fazer ou a deixar de fazer
50

alguma coisa. Por aí se vê a extrafiscalidade nem sempre causa perda de


numerário; antes, pode aumentá-lo, como, por exemplo, quando se
exacerba a tributação sobre o consumo de cigarros. (CARRAZA, 2015, p.
115)

A forma mais comum de atuação extrafiscal é via benefícios fiscais, forma de


redução da carga tributária, dirigida a estimular ou desestimular práticas
comportamentais que o Estado entende serem mais apropriadas para a sociedade.
Sobre benefícios fiscais, a Constituição Federal de 1988 dispõe no parágrafo
6º, do art.150:

Qualquer subsídio ou isenção, redução da base de cálculo, concessão de


crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou
contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal,
estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima
enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do
disposto no art.155, par.2, XII, g.(CF, BRASIL, 1988).

Por isso, é possível afirmar que o benefício fiscal corresponde a um


instrumento de política extrafiscal, consistente na redução ou eliminação do ônus
tributário, vinculado a ações econômicas e sociais dirigidas à consecução do bem
comum. (ARRUDA, 2007).
Os incentivos fiscais se manifestam de diversas formas no plano jurídico, que
vai desde as imunidades previstas nas normas constitucionais até investimentos
privilegiados, passando ainda pelas isenções, reduções de alíquotas, suspensão da
exigibilidade de determinados tributos, regimes especiais, entre outros, cujo o fim é
promover entre os particulares/contribuintes práticas de determinadas atividades que
o Estado elege como prioritárias para o desenvolvimento social econômico.
A Constituição Federal em seu art. 170, prevê algumas situações em que o
Estado deva intervir na economia, aplicando os mecanismos extrafiscais para atingir
certas finalidades. Vale ressaltar, no entanto, que a extrafiscalidade, e sua
manifestação através de incentivos fiscais, apenas encontra legitimidade quando em
conformidade com as normas do ordenamento jurídico brasileiro, não sendo
permitida a sua expressão ficar ao arbítrio da administração.
Segundo Almeida (2000, p. 27), o instituto para ser enquadrado como
incentivo fiscal é preciso que seja “indutor de comportamento”, ou seja, estimule os
agentes a agir de determinada maneira, a fim de alcançar objetivo econômico ou
social previamente estabelecido.
Temos, portanto, que o ordenamento jurídico rege pela admissibilidade da
51

extrafiscalidade desde que elaborada com cautela. Para tanto deve ser
acompanhada de justificativas sociais, econômicas e, principalmente, com respaldo
normativo, a fim de que sejam compensadas as renúncias de receitas a serem feitas
pela Administração Pública.
Portanto a conduta do poder público é toda prevista em lei e com o advento
da Lei de Responsabilidade Fiscal veio por consagrar tal instrumento fiscal
prescrevendo as condições formais e materiais adequados para a política da
extrafiscalidade no que diz respeito aos incentivos fiscais.

3.5 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL E SUA RELAÇÃO COM OS


INCENTIVOS FISCAIS

A Lei Complementar nº 101 de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) tem seu


objetivo explicitado em seu 1º artigo e reside em normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, visando o melhor gerenciamento
dos gastos públicos.
Segundo Harada (2015, p. 128):

Os incentivos fiscais estão sujeitos ao Princípio da Responsabilidade na


Gestão Fiscal conforme o artigo 11 da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal)
discrimina entre incentivo setorial que estimula certa atividade produtiva
independentemente do local que se situe do incentivo regional que objetiva
o desenvolvimento de determinada região englobando Estados e Municípios
de características semelhantes em termos sociais e econômicos.

No que se refere ao âmbito do Direito Tributário, entrou em vigor a “Lei de


Responsabilidade Fiscal”, e o legislador passou a cumprir certas restrições às
isenções fiscais, ou seja, devem cumprir as políticas de promoção e concessão de
incentivos fiscais, devem estar conforme a Lei.
A limitação legislativa imposta aos incentivos fiscais está disposta no art. 14 e
seguintes da Lei de Responsabilidade Fiscal:

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza


tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva
iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de
diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes
condições: (Vide Medida Provisória nº 2.159, de 2001); (Vide Lei nº 10.276,
de 2001); (Vide ADI 6357)
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na
estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de
diretrizes orçamentárias;
52

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período


mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da
elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação
de tributo ou contribuição.
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido,
concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou
modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de
tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a
tratamento diferenciado.
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que
trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o
benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas
no mencionado inciso.
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica:
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V
do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º;
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos
respectivos custos de cobrança.

Para Flavio da Cruz:

[...] a Lei de Responsabilidade Fiscal representa um avanço significativo na


moralização da ação do gestor público e, por consequente, um passo
importante no sentido de disciplinar a aplicação dos recursos públicos e
responsabilizar as áreas envolvidas com a gestão financeira dos entes
públicos, a partir de um acompanhamento sistemático de desempenho.

Pois bem, em mesma medida que a lei enrijeceu a concessão de incentivos


fiscais, também trouxe aos contribuintes mais segurança jurídica quanto a
diversificação das modalidades beneficiárias, além da intervenção direta na
economia. Por exemplo, a promoção, a partir de incentivos/benefícios fiscais, de
ações sustentáveis na esfera ambientalmente.

3.6 INCENTIVOS FISCAIS VIGENTES

Em linhas gerais o Estado tem o dever constitucional de atuar na construção


de uma sociedade com menores desigualdades sociais. Não é mero favor do Estado
agir em prol do bem comum, mas sim uma obrigação, pois, “na visão dos
administrados, é um direito fundamental seu de ver o Poder Público atuando
ativamente na busca de soluções políticas para a redução das más condições de
vida em que vivem os brasileiros.” (SILVA, 2013, p.101).
Os incentivos fiscais implicam características de interesse nacional, pois o
Estado, conforme estipulado neste artigo, tem desempenhado o papel de sujeito
regulador das atividades econômicas. O art. 174 da CF e a elenca os instrumentos
jurídicos que são impostos aos contribuintes para a adoção de tais incentivos, como
a instalação de parques industriais no território para dinamizar a economia local para
53

o preenchimento das vagas de emprego, assim renunciando as receitas tributárias.


Para Antônio Carvalho (2011 p.140) “a extrafiscalidade nos parece uma
extensão da fiscalidade, portanto a primeira é par inseparável da segunda, quando
se analisa o aspecto extrafiscal da norma.”
Conforme a legislação vigente, os mecanismos de incentivos fiscais atingem,
nas três esferas de governo, alguns tributos. Entre eles, podemos citar:
a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), o Imposto de Renda Pessoa
Jurídica (IRPJ), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) - recolhidos pela União;
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – recolhidos pelo
Estado; O Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto Sobre Serviços
(ISS) – recolhidos pelo município.
Nas palavras de Celso de Barros Correia Neto (2016):

O estudo dos incentivos fiscais passa a ganhar maior relevo a partir do


reposicionamento estatal na economia, ou seja, quando o Poder Público,
além de garantidor da ordem pública e regulador da ordem econômica,
assume posição mais ostensiva no que tange à intervenção na/sobre a
ordem econômica. Além de demarcar o lícito e o ilícito através da sanção, o
Estado passa a fomentar condutas tidas por valiosas pelo ordenamento,
bem assim desencorajar comportamentos indesejados. (CORREIA NETO,
2016, p. 129).

O incentivo fiscal como ferramenta extrafiscal, de maneira especial, promove


a característica de retirar a carga tributária do contribuinte em troca de algum outro
valor eleito pelo ente político.
O Supremo Tribunal Federal adotou conceito extraído da doutrina de
FRANCISCO CALDERARO, enunciou que “incentivos ou estímulos fiscais são todas
as normas jurídicas ditadas com finalidades extrafiscais de promoção do
desenvolvimento econômico e social que excluem total ou parcialmente o crédito
tributário”. (Recurso Extraordinário 577.348-5/RS).
Falando sobre instituto dos incentivos CARRAZZA (2017, p. 1054) enfatiza
que “os incentivos fiscais materializam, pois, ou recompensas à prática de uma ação
desejada pelo Estado, ou facilitações à ação dos contribuintes, tornando-a menos
onerosa”. E assim desenvolve o autor:

Os incentivos fiscais, legitimados no art. 151, I, in fine, da CF, estão no


campo da extrafiscalidade, que é o emprego dos meios tributários para
fins não fiscais, mas ordinatórios (isto é, para condicionar
comportamentos de virtuais contribuintes, induzindo-os, conforme o
54

interesse público, a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa). Por meio


dos incentivos fiscais a pessoa política tributante estimula os
contribuintes a fazer algo que a ordem jurídica considera conveniente,
interessante ou oportuno (v.g., instalar indústrias em região carente do
País). Este objetivo é alcançado por meio da diminuição ou, até, da
supressão da carga tributária. Os incentivos fiscais manifestam-se sob a
forma de imunidades tributárias, de isenções tributárias, de remissões
tributárias, de parcelamentos de débitos tributários etc. Exceção feita aos
casos de imunidade (previstos na própria Constituição), os incentivos
fiscais que se traduzem em mitigações ou supressões da carga tributária
só são válidos se forem criados pela pessoa política competente para
tributar (CARRAZZA, 2009, p. 496).

Portanto, uma forma de olhar para as leis e normas tributárias que interferem
nas atividades econômicas é tratá-las como métodos indutivos, pois, nessa
perspectiva, o Estado tenta induzir certas atividades ou setores econômicos por
meio de incentivos fiscais com o objetivo de reduzi-los ou eliminá-los.
Com efeito, o tributo funciona na ordem econômica rigorosamente como
elemento de sustentação do Estado para fazer frente a suas necessidades
primárias. Por outro lado, a intervenção estatal não visa apenas o abastecimento dos
cofres públicos, ou seja, não somente na forma de arrecadação, pois se busca uma
readequação do sistema econômico por força normativa. Portanto, as normas
tributárias de eficácia indutoras inserem-se nesse contexto para influenciar a
atividade econômica segundo a vontade dos agentes econômicos.
Como nos casos de tratamento diferenciado e favorecido outorgado às
microempresas e empresas de pequeno porte pela Lei Complementar nº 123, nos
termos do art. 146, III, da Constituição Federal, simplificando suas obrigações
instrumentais bem exemplifica uma hipótese de incentivos fiscais que não acarretam
a redução direta da carga tributária. Ressalte-se que além da simplificação das
obrigações, no estatuto em referência, há previsão de incentivos que reduzem a
carga fiscal a que estariam submetidas.
Tal medida tem por objetivo fortalecer o segmento das pessoas jurídicas
referidas, tendo em vista a sua importância para o desenvolvimento econômico do
país, acarretando a geração de emprego e renda. Assim, “surte o efeito extrafiscal
de preservar as micro e pequenas iniciativas, tendo em vista os valores
constitucionais da livre iniciativa, do pleno emprego e do desenvolvimento
econômico”. (GOUVÊA, 2005, p. 184)
Nessa perspectiva, a concessão de incentivos fiscais disponibilizados pelo
Governo se materializa através de diversos institutos, dentre os quais se podem
55

citar: isenções, remissões, anistias, créditos presumidos, redução de alíquota,


redução de base de cálculo, dentre outros. Não se pretende, no presente trabalho,
exaurir todas as formas de manifestação dos incentivos fiscais, haja vista a sua
multiplicidade.
Por, todo exposto sobre os incentivos através da extrafiscalidade do tributo,
observa-se a relevância da extrafiscalidade tributária, e a importância da adoção do
instituto de incentivos fiscais, como contribuição para o desenvolvimento econômico,
que inclusive possui tratamento específico conferido pela Constituição Federal de
1988. As normas tributárias de indução extrafiscal, se bem planejada e executada,
podem contribuir para o bem comum de toda sociedade, e assim, os incentivos
fiscais se tornam-se potenciais instrumentos para alavancar a economia e amenizar
os impactos causados pela crise do Covid-19.

3.6.1 Principais Incentivos Fiscais Brasileiros

Nas últimas duas décadas, o Brasil estabeleceu mecanismos de incentivos


fiscais, que pode ser utilizado por pessoas jurídicas para destinar impostos para que
a sociedade execute projetos. Com o passar dos anos, novas leis federais, estaduais
e municipais continuaram a surgir e agora permitem a distribuição do imposto devido
nessas três esferas do governo.
Para poderem fazer uso do instrumento dos os incentivos fiscais federais, no
qual as deduções são realizadas através do Imposto de Renda, as empresas
precisam ser tributadas baseado no lucro real. Em sendo optante lucro presumido ou
arbitrado, ou pelo Simples Nacional, não poderá utilizar-se desse benefício tributário.
Em se tratando de leis de incentivo estaduais e municipais não exige o tipo de
regime de tributação, pois a apuração de tributos como ICMS (estadual), e IPTU ou
ISS (municipal), não influi.
Os incentivos regionais são projetados para encorajar a instalação de grandes
Empresas em regiões em desenvolvimento. No Brasil, esse tipo de medida se aplica
principalmente à Amazônia e ao Nordeste.
O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) é o incentivo à inovação
tecnológica e à depreciação acelerada tornou-se um deles principais incentivos
financeiros adotados pelo setor econômico.
Por sua vez, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) determinou
56

que Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), é uma medida de incentivo fiscal que
visa conceder benefício de previdência complementar aberta, da qual o benefício
contratual foi previamente estabelecido.
E o Ministério da Saúde defende redução de impostos para atuar na área de
oncologia e portadores de deficiência por meio do Programa Nacional de
Atendimento Oncológico Apoiado (Pronon) e do Programa Nacional de Atendimento
Assistido por Incapacidade (Pronas / PCD).
Importa destacar que os incentivos por lei são formas de as empresas
obterem uma elisão fiscal, a partir das reduções fiscais ou das isenções. A Lei
Rubem Braga, a Lei Federal de Incentivo ao Esporte e o Estatuto do Idoso são
alguns exemplos de leis que promovem incentivos fiscais.
Pode-se verificar no Portal da Secretaria Especial da Cultua que o governo
brasileiro formulou uma política de renúncia fiscal para incentivar projetos culturais e
sociais, destinando parte do imposto que seriam para o governo e são destinados à
projetos corporativos.
Criada pela Lei n° 8.313, a Lei de Incentivo à Cultura busca auxiliar no
desenvolvimento de diversos projetos culturais. A partir dela, as empresas recebem
uma redução fiscal no imposto de renda devido a fim de patrocinar atividades
culturais. Esse mecanismo de incentivo à cultura faz parte do Programa Nacional de
Apoio à Cultura (Pronac).
Por fim, as subvenções são consideradas concessões de recursos,
geralmente realizadas através do governo a instituições públicas ou privadas, com o
objetivo de auxiliar empresas subsidiadas. A subvenções podem ser obtidos por
meio de recursos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação, que possui
caráter auxiliar ou destinados a projetos culturais, sociais e ambientais (IDR
CONSULTORIA, 2019).
Vejamos abaixo a tabela das principais Leis Federais de incentivo:

Tabela 4 – Leis Federais de Incentivo Fiscal


Legislação e Finalidade
Lei do Audiovisual: Lei 8.685 de 1.993
Instituída para incentivar a produção e distribuição de todo e qualquer material de
produção audiovisual, como filmes e documentários. Desta forma, é exclusivamente
voltada a filmes brasileiros independentes e as empresas privadas podem auxiliar
57

na produção destas obras comprando ou não partes dos direitos de


comercialização;
Fundo Nacional do Idoso - Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003
Instituída com o intuito de promover iniciativas e projetos que possam garantir os
direitos dos idosos e a sua integração efetiva na sociedade. Permite à pessoa
jurídica deduzir imposto de renda devido e doações feitas para o Fundo Nacional do
Idoso, que financia ações voltadas a esse público nos níveis nacional, estadual ou
municipal.
Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), nº 8.313, de 23/12/1991
Instituída com uma forma de estimular o apoio da iniciativa privada ao setor
cultural, por meio de Renúncia Fiscal. O incentivo é um mecanismo em que a União
faculta às pessoas físicas ou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas do
Imposto sobre a Renda, a título de doações ou patrocínios, no apoio direto a
projetos culturais ou em contribuições ao Fundo Nacional da Cultura (FNC).
Lei de Incentivo ao Esporte, Lei Federal nº 11.438 de 29 de dezembro de 2006.
Por meio da Lei de Incentivo ao Esporte as empresas podem investir até 1% do
imposto de renda devido em projetos esportivos ou paradesportivos.
PRONON-Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica e PRONAS/PCB
Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência –
Lei Federal nº 12.715, de 17 de setembro de 2012.
Criado para possibilitar às empresas investirem em organizações que atuam na
prevenção e no combate ao câncer (Pronon) e no estímulo e na reabilitação de
pessoas com deficiência (Pronas/PCD). A pessoa jurídica pode destinar até 1% do
imposto de renda devido em cada um dos mecanismos.
Incentivo ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria
de Equipamentos para TV Digital (PATVD) - Decreto nº 6.234, de 11 de outubro
de 2007.
As indústrias de equipamentos para a TV Digital e de componentes eletrônicos
semicondutores que estiverem enquadradas nas regras da Lei 11.484 terão isenção
de imposto de renda e redução a zero das alíquotas do PIS/Pasep, Cofins, IPI e
Cide.
A Lei de Informática - Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991, atualizado pela
Lei Nº 13.969, de 26 de dezembro de 2019.
58

É um instrumento de política industrial, criado no início da década de 1990 para


estimular a competitividade e a capacitação técnica de empresas brasileiras
produtoras de bens de informática, automação e telecomunicações.
Lei de Inovação - Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004. (Incentivos ligados
à inovação e pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo).
Tem o objetivo de incentivar a conexão entre universidade, centros de pesquisa e
as empresas. Para isso, são estabelecidos mecanismos que incentivam a
cooperação para a produção científica, tecnológica e de inovação. Inspirado no
modelo da Lei da Inovação francesa, lei baseia-se em três bases: Construir um
ambiente de parceria entre empresas e ICTs (Instituições Científicas e
Tecnológicas). Estimular a inovação por parte das ICTs e estimular a inovação por
parte das empresas privadas.
Lei dispõe sobre benefícios fiscais para as atividades de P&D no setor
produtivo de tecnologia da informação e comunicação – TIC - Lei nº 13.674, de
11 de junho de 2018.
Os benefícios somente incidirão em bens e serviços de tecnologias da informação e
comunicação e apresentados como projeto ao Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MTIC).
A regulamentação da Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005, Capítulo III), que decorre
do Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006.
Criada com o objetivo é induzir investimentos empresariais em pesquisa e
desenvolvimento (P&D) para estimular e potencializar a inovação e,
consequentemente, o aumento da maturidade tecnológica nas empresas brasileiras
mediante a concessão de incentivos fiscais federais. Os benefícios previstos na lei
visam motivar empresas de todos os segmentos a empreender atividades de
pesquisa e desenvolvimento voltados para a inovação tecnológica, por meio da
concessão de incentivos fiscais abrangentes.
Fonte: Com base na Cartilha de Incentivos Fiscais (2015). Elaborada pela autora (2020).

3.7 AS PRINCIPAIS MEDIDAS DE INCENTIVOS TOMADAS PELO GOVERNO:


PARA O ENFRENTAMENTO DA CRISE DO COVID-19

Em tempos de crise, a responsabilidade do Governo sobre a economia, tem


um peso ainda maior. Liderança e o mais importante para a formulação de políticas
59

públicas que é uma exigência inevitável para pessoas que controlam diferentes
destinos sociais. A crise exige ousadia e criatividade para apontar soluções para
problemas desconhecidos. O exercício do poder de tributação não pode escapa do
cenário atual da crise do Covid-19.
Ao lado do desafio primordial de equipar os serviços de saúde com os
instrumentos necessários para salvar vidas, a primeira tarefa de quem governa,
surge igualmente a adoção de medidas que atentam para os desafios econômicos
do momento, minimizando os danos. Diante de uma pandemia, há medidas de
vigilância sanitária e também de políticas econômicas. A destruição de empregos, a
falência de empresas em grande escala e a deterioração das condições financeiras
da economia podem fazer com que o choque temporário da COVID-19 tenha um
impacto permanente na economia. A política econômica enfrenta dois desafios: a)
transferir recursos para salvar vidas; b) reduzir o impacto da crise do coronavírus e
evitar que choques de curto prazo tenham efeitos permanentes na economia.
Para Francisco de Queiroz Bezerra Cavalcanti (1997, p. 73-74), no campo da
intervenção indutiva, o Estado pode usar a política fiscal para atingir objetivos
específicos, como na crise causada pelo Covid-19, “com a concessão de incentivos
fiscais setoriais ou regionais, utilizando a maior ou menor incidência de carga
tributária como mecanismo redutor de custos e estimulador de atividades
econômicas”.
Esses objetivos são apoiados pela Constituição. Afinal, as razões para a
intervenção do Estado ressoam com os valores constitucionais. Vale ressaltar que a
Constituição de 1988 dispõe sobre seus aspectos no art. 170. De acordo com as
exigências da justiça social, a ordem econômica se baseia na ênfase no trabalho
humano, na livre iniciativa para garantir a dignidade de todas as pessoas.
A intervenção do Estado sobre o domínio econômico, deve ser pautados nos
princípios e objetivos fixados no texto constitucional, dentre os quais a redução das
desigualdades regionais e sociais (art. 170, inciso VII), a busca do pleno emprego
(art. 170, inciso VIII) e a garantia do desenvolvimento nacional (art. 3º, II).
A pandemia Covid-19 teve um grande impacto na produção e no consumo em
vários setores. Se esses efeitos temporários da Covid-19 não forem eliminados ou
mitigados, eles podem ter um impacto permanente na economia brasileira. A
pandemia ameaça destruir empresas e empregos. Diante das necessárias medidas
60

de isolamento social, a desvalorização patrimonial é inevitável, o que tende a


enfraquecer a situação financeira e econômica, inibindo ainda mais a atividade
econômica.
Diante da crise, como a política tributária pode ajudar no enfrentamento das
dificuldades do momento? A constatação da ausência de um regime tributário de
calamidade pública na ordem jurídica brasileira que atenda às exigências de uma
crise sanitária em que vivemos, onde o principal objetivo não é fiscal, arrecadatório,
mas extrafiscal, isto é, a preservação dos empregos e da atividade econômica.
As normas tributárias desde as suas origens históricas são pensadas e
construídas com a finalidade de arrecadar os recursos públicos necessários para a
satisfação das despesas públicas. A Constituição Federal caminha na mesma lógica
já que, quando cogita de fatos imprevisíveis, como guerra externa ou calamidade
pública, o faz na direção da abertura de competências excepcionais para a União
Federal instituir impostos extraordinários art. 154, II ou, mediante lei complementar,
empréstimos compulsórios no art. 148, I.
Geraldo Ataliba (1966, p. 151), define a extrafiscalidade como o “emprego
deliberado do instrumento tributário para finalidades não financeiras, mas
regulatórias de comportamentos sociais, em matéria econômica, social e política”.
Na mesma linha o pensamento Raimundo Bezerra Falcão (1981, p.196) “a
extrafiscalidade é atividade financeira que o Estado exercita sem o fim precípuo de
obter recursos para o seu erário, para o fisco, mas sim com vistas a ordenar ou
reordenar a economia e as relações sociais”.
Assim torna-se necessário medidas governamentais, para combater os efeitos
adversos causados pela COVID-19 sobre a economia, de modo a minimizar os
riscos de falência em massa de empresas, destruição de empregos e redução de
riqueza agregada, que levariam à deterioração das condições econômicas e
financeiras do País.
Para combater tais consequências sobre a economia brasileira, o Governo
Federal implementou diversas medidas de proteção em cinco frentes: i) social; ii) à
saúde; iii) aos empregos; iv) às firmas; e v) aos entes subnacionais.
Na área tributária as medidas adotadas pelo Governo Federal, foram mínimas
em relação a tamanha proporção da crise econômica que se instala, onde
estabeleceu diferimento do prazo de pagamento de contribuições sociais e imposto
61

do Simples, bem como o adiamento do prazo para o cumprimento de obrigações


assessórias para empresas e pessoas físicas.
Percebe-se, outrossim, que a lista de incentivos, compreende um conjunto de
programas demasiadamente diversificado, em razão dos valores constitucionais
consagrados. O que é possível valer-se de normas tributárias por indução com o
intuito de promover o desenvolvimento nacional, da proteção das micro e pequenas
empresas, nas áreas de saúde, educação, desporto, habitação, etc. Portanto, “os
fins admissíveis para os benefícios fiscais parecem ser amplos e indetermináveis a
priori”. (CORREIA NETO, 2016, p. 177).
Visto que os incentivos fiscais se sujeitam rigorosamente
aos ditames da Constituição, “devem ser concedidos a partir de análises
técnicas da economia, que deve fornecer ao direito instrumentos úteis de
busca das soluções para os problemas sociais” (ELALI, 2007. p. 117).
No intuito de contornar o problema, após discussões no âmbito do
Ministério da Fazenda, ocorreu a publicação da Medida Provisória nº 944, de 2020,
qual se converteu na Lei nº 14.043, de 19 de agosto de 2020 que Institui o Programa
Emergencial de Suporte a Empregos; altera as Leis nos 9.430, de 27 de dezembro
de 1996, e 13.999, de 18 de maio de 2020; e dá outras providências. A Lei 14.043,
de 19/08.2020, institui o Programa Emergencial de Suporte a Empregos para
enfrentamento do estado de calamidade pública e da emergência de saúde
decorrente do COVID-19, altera as Leis n.9.430, de 27/12/1966 e 13.999, de
18/05/2020 e dá outras providências e entra em vigor na data de sua publicação, ou
seja, em 20/08/2020.
A lei estabelece um plano emergencial de apoio ao emprego que visa a
realização de negócios de crédito com empresários, sociedades comerciais e
cooperativas, exceto sociedades de crédito, organizações da sociedade civil e
empregadores rurais, para pagamento de salários dos empregados.
O financiamento é destinado com receita bruta anual superior a R$ 360 mil e
igual ou inferior ou inferior a R$ 50 milhões de reais, considerando o exercício de
2019 e as linhas de crédito abrangerão até 100% da folha de pagamento do
contratante, por 4 meses, até 2 vezes o salário-mínimo por empregado e serão
destinadas exclusivamente ao processamento das folhas de pagamento.
E abaixo estão elencadas as Principais Medidas Anunciadas até 13/04/2020,
62

listadas por completo no anexo 1, e podem ser classificadas segundo sua função:
investimentos emergenciais na saúde; proteção econômica à população mais
vulnerável; garantia de sobrevivência das empresas e de manutenção do emprego;
e apoio aos entes subnacionais.

Tabela 5 - Principais Medidas de Combate aos Efeitos Econômicos da COVID-19,


anunciadas até 13/04/2020
Medidas de proteção social
As medidas de proteção social buscam compensar temporariamente esse colapso
de renda e dar amparo a esses trabalhadores e seus dependentes. Além do auxílio
financeiro de R$ 600 aos empregados e autônomos informais e aos
desempregados – benefício que foi estendido aos microempreendedores individuais
de baixa renda - há outras medidas de proteção.
Medidas de Proteção ao Emprego
Foi criado o programa de financiamento da folha de pagamento. Os empréstimos
contam com garantia do Tesouro de 85% do valor. Os demais 15% são risco das
instituições financeiras. Manutenção do emprego, foram regulamentadas as
possibilidades de teletrabalho, trabalho remoto e trabalho à distância. A extinção do
Fundo PIS-PASEP e incorporação de seu patrimônio ao Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS), a partir de 31 de maio deste ano. Com esta
transferência, será possível permitir um saque de até R$ 1.045 por trabalhador das
contas do FGTS. Esse ganho de renda é uma forma de aliviar a perda temporária
de remuneração. Em seminário online “Economia, trabalho e proteção social 80
Brasil e o mundo diante da crise econômica e da Covid-19 | PET Economia UFPR
em tempos de crise” (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho -
CESIT, 2020), Ricardo Carneiro afirmou que a direção tomada para auxílio a
trabalhadores formais é correta, no entanto é insuficiente.
Medidas de Auxílio às Empresas
A postergação (diferimento) do pagamento de impostos, além de programas de
manutenção do emprego, atuam neste sentido. O governo Federal suspendeu por 3
meses o recolhimento da parte referente à parcela da União no Simples Nacional e
do FGTS pelas empresas em geral.
Foram também criadas linhas de financiamento para pagamento da folha salarial
63

com recursos do Tesouro Nacional e linhas de crédito especiais a serem ofertadas


por bancos públicos.
E a isenção temporária do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro
ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) sobre as operações de crédito por
um período de 3 meses. Isso cria mais um incentivo ao fornecimento de crédito às
empresas e famílias e à renegociação de empréstimos em condições mais
adequadas a este momento de crise.
A MP 936 permite ao empregador suspender o contrato dos empregados (por até
60 dias) ou reduzir a jornada de trabalho em 25%, 50% ou 75% (por até 90 dias). A
depender de qual destas opções a empresa escolher e do montante do seu
faturamento, o pagamento dos salários fica por conta delas e/ou do governo. A MP
permite acordo entre empregador e empregado (sem intermediação de sindicatos)
para os que recebem até três salários mínimos e os com mais de dois tetos
previdenciários.
Medidas de Combate Direto à Pandemia
A saúde da população e a mitigação dos efeitos nocivos da Covid-19 são prioridade
absoluta neste momento. Por isso, recursos estão sendo transferidos para a compra
de materiais e a ampliação da rede de atendimento à população. Entre outras
medidas, o governo reduziu a zero as alíquotas de importação e o IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados) de alguns produtos de uso médico-hospitalar.
A disponibilidade orçamentária do Ministério da Saúde, Ministério da Defesa e
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação foi reforçada, para ampliar as ações
adicionais de combate ao vírus, repatriação de cidadãos brasileiros em outros
países e a pesquisa científica de vacinas e outros meios de ataque ao vírus.
Medidas de Assistência aos Entes Subnacionais
Suporte aos entes subnacionais, que estão na linha de frente no combate à
pandemia e no atendimento à população. A crise deverá reduzir substancialmente a
receita de estados e municípios, muitos do quais já se encontravam em situação
fiscal difícil mesmo antes da pandemia. Um pacote de medidas vem sendo
implementado com vistas a: (i) transferir recursos para a área de saúde dos entes
subnacionais, para financiar as ações emergenciais de combate à COVID-19; (ii)
compensar perdas do FPE e FPM, por meio de transferências de recursos e
64

oferecimento de novas linhas de crédito.


Fonte: Ministério da Economia - Notas Informativas - Medidas de Combate aos Efeitos Econômicos
da COVID-19. Elaborado pela autora (2020).

A crise do coronavírus é um dos maiores desafios para a sociedade na


história moderna e é um choque econômico sem precedentes na história econômica
do Brasil. Em um instante, a economia enfrenta choques negativos de oferta,
demanda, liquidez, mercado externo, de trabalho e dívida pública. Diante disso, a
previsão de crescimento do PIB de 2020 pela SPE é de -4,7%, a maior queda do
PIB em um único ano da história do país.
Finalmente, essas medidas não são anabolizantes que visam turbinar a
demanda, mas um escudo temporário de proteção contra os terríveis efeitos do
coronavírus sobre a saúde dos brasileiros e a economia do País.

3.7.1 As medidas de combate à COVID: comparação internacional

As medidas do Governo Federal para amenizar os efeitos da COVID-19 na


saúde e na economia do país, são amplamente amparadas na literatura
internacional e no exemplo adotado pelas principais economias do mundo. A crise é
transitória, sendo assim todas as medidas de impacto fiscal são igualmente
transitórias e se encerram no máximo até o final do ano. Por sua transitoriedade e
focalização tais medidas de combate a crise são condizentes com o caminho de
reformas e consolidação fiscal que o governo vem perseguindo desde 2019.
Comparações internacionais a partir de levantamento do FMI – com dados de
até 3 de abril – permitem afirmar que o empenho do Brasil em combater o
coronavírus é bem superior ao dos demais países emergentes, e mesmo da média
dos desenvolvidos. A proporção do PIB, supera, e muito, as medidas tomadas pelo
grupo de países comparáveis. O volume das medidas tomadas pelo Brasil é mais do
que dobro das da Rússia e da Turquia. Já com relação a China, Índia e Argentina, o
impacto potencial das medidas em relação ao PIB é três vezes maior. Contrapondo
nossas medidas com as do México e Colômbia, seu volume é, pelo menos, cinco
vezes superior.

Gráfico 1 – Medidas fiscais em comparação internacional


65

Fonte: FMI – Fundo Monetário Internacional (2020)

Este gráfico reafirma o comprometimento do governo brasileiro em proteger a


sua população, sobretudo os mais vulneráveis, em manter o emprego, em prover
assistência financeira às empresas nacionais e em repassar recursos a Estados e
municípios.
66

4. LEI DO BEM: LIMITES E POTENCIALIDADES FRENTE A CRISE DO COVID-19

Feitas as considerações no capítulo anterior sobre intervenção estatal na


economia, através dos incentivos fiscais e as medidas tomadas pelo Governo a fim
amenizar a crise motivada pelo coronavírus, parte-se, portanto, da análise da
eficácia da atitude interventiva do poder público na economia, sob a ótica da Análise
da Lei do Bem como potencial instrumento para alavancar o desenvolvimento
econômico frente a crise causada pelo COVID-19.

4.1 INOVAÇÃO FRENTE A CRISE NA ECONOMIA CAUSADA PELO COVID-19

A crise econômica provocada pela disseminação do novo coronavírus teve


início no setor produtivo e impactou os mercados financeiro e de crédito. Isso é o
oposto da situação em 2008. Diante disso, a saída da crise só ocorrerá se o estado
de saúde estiver sob controle.
Como destacado pelo prof. John Cochrane de Stanford (2020), “Desligar a
economia não é como desligar uma lâmpada. É mais como desligar um reator
nuclear. Você precisa fazer isso devagar e com cuidado - ou ele pode derreter”.
O momento atual tende a colocar o Estado como agente protagonista no
direcionamento de medidas destinadas a assegurar a minimização de riscos e
incertezas decorrentes dos impactos econômicos e consequentemente sociais
decorrentes da pandemia do coronavírus. Exceto por questões de saúde e
biológicas, todas essas mudanças são inovadoras. Portanto, alguns fatores externos
melhorarão as capacidades de inovação, tais como: políticas governamentais,
investimentos e incentivos, associações e federações de empresas, universidades e
institutos de pesquisa abertos para estabelecer parcerias e financiamento e
promoção da inovação.
Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) constituem um trinômio que promove
muito a competitividade de um país. Embora sejam conceitos diferentes, geralmente
são complementares. Cada empresa é responsável por determinar suas
necessidades e saber a melhor forma de utilizar uma ou outra ou todas.

A ciência é um “olhar para o futuro” de forma a avançar o


conhecimento. A tecnologia, enquanto aplicação de conhecimentos, é tida
como um bem de valor transferível e comercializável. Já inovação, é o
sucesso comercial de um produto, serviço ou processo. (LONGO, 1996).
67

Conforme estabelece o Manual de Oslo, inovação é:

[...] a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou


significativamente melhorado, ou um novo processo, ou um novo método de
marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na
organização do local de trabalho ou nas relações externas. (OCDE; FINEP,
2005)

Portanto, a inovação é um assunto mais complexo, sério e urgente, como o


mapeamento genético do novo coronavírus, para que cientistas de todo o mundo
possam desenvolver vacinas e medicamentos contra essa doença. É usado em
inteligência artificial (IA) para identificar e localizar pacientes infectados, priorizar
pacientes na unidade de terapia intensiva na tomada de decisões médicas e em
robôs automatizados usados para desinfetar áreas ou entregar medicamentos.
De qualquer forma, veremos alguns exemplos de mudanças a cada dia.
Nesse movimento, nossas políticas públicas são alteradas para se adequar às
necessidades do novo momento. Os governos de vários países concentram sua
atenção em ações que permitam às empresas sobreviver e melhorar sua
competitividade e formular políticas públicas que conduzam e estimulem o
desenvolvimento inovador.
A sua implementação é dosada e analisada no seu contexto global, no
sentido de irem ao encontro das necessidades do mercado e permitirem melhorar a
produtividade e eficácia comercial. Importa referir que “A organização tem de ser
gerida de modo a encarar o novo como uma oportunidade, e não como uma
ameaça.” (Drucker, 1997, p. 173).
Hoje, o desenvolvimento tecnológico é fundamental para superar a crise,
desenvolver os negócios e até mesmo o país como um todo, e saber usar as normas
jurídicas com sabedoria é a chave para crescer ou fechar negócios. O Etnólogo
Marcel Mauss comenta que:

Embora o impacto econômico tenha sido o que primeiro conferiu visibilidade


ao novo lugar da inovação, seu alcance e suas ressonâncias vão muito
além. Uma vez que a cultura inovativa mobiliza fortemente o conhecimento
– todas as formas de conhecimento –, ganharam novo valor a pesquisa
científica e tecnológica, a educação em todos os níveis, o conhecimento
tácito, a criatividade e todo o capital cultural de uma sociedade. A inovação
mobiliza todos os recursos existentes no país – humanos e materiais – e
permeia a vida nas dimensões mais variadas. É um “fato social total”.

Com o desenvolvimento da economia do conhecimento e a crescente


importância da inovação, as organizações precisam adotar claramente o modelo de
68

inovação. Esses modelos se originaram da estrutura teórica de Joseph Alois


Schumpeter (1883-1950). “o qual relacionou diretamente o desenvolvimento de
produtos e processos produtivos de uma empresa com seu desempenho econômico,
constituindo pela primeira vez a inovação como fator crítico para transformações na
esfera econômica de longo prazo”. (SCHUMPETER, 1982).
Nas palavras Miguel Jorge (ex-ministro de estado do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior) que:

No mundo todo, e também no Brasil, o debate sobre crescimento econômico


está fortemente relacionado à busca sistemática da inovação. As economias
que aspiram se manter competitivas, e os países que procuram uma
inserção internacional ampla e soberana, buscam tornar suas economias
cada vez mais inovadoras.

Para Sergio Rezende (Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia):

A inovação ganha espaço nas agendas do poder público e da iniciativa


privada, sinalizando as mudanças ocorridas no Brasil nos anos recentes. O
Brasil passa por um processo de dinamização econômica, de
amadurecimento do seu sistema de Ciência e Tecnologia e de alterações
institucionais, que propiciam um ambiente mais favorável à inovação nas
empresas.

No mesmo sentido para Reginaldo Arcuri (Presidente da Agência Brasileira de


Desenvolvimento Industrial) a inovação é tema explícito e central da PDP, que tem
por mote “inovar e investir para sustentar o crescimento” e possui meta relacionada
aos investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento.
No momento em que o mundo é sacudido por uma profunda crise financeira,
ganha destaque a inovação para combater e superar a perda de dinamismo dos
mercados, a pandemia do coronavírus trouxe cenários incertos desafiadores como a
desaceleração no cenário macroeconômico, o que acarretou em uma
consequentemente redução do faturamento das empresas. E como as empresas
poderá sobreviver a esses entraves?
É importante entender que como todo o nosso ecossistema está interligado,
nas circunstâncias que vivemos, a empresa vai sofrer e, portanto, o povo e o próprio
país. Como sempre, os momentos de crise são extremamente preocupantes, mas,
ao mesmo tempo, são janelas de grandes oportunidades. É neste ponto que a
inovação desempenha um papel fundamental: entender as reais necessidades dos
consumidores, e buscar soluções que atendam a essa nova demanda, no processo
de crise e no pós-crise as mudanças ocorrerão sempre.
69

Por essa razão, neste momento, no qual infelizmente o mundo vive de


recessão na economia, que é importante que as pessoas e infraestruturas atuais
que agreguem maior valor ao serviço ou produto das companhias, sejam mantidas e,
até mesmo, potencializada no processo de inovação. Portanto a inovação está
presente nos produtos e os processos inovadores (Sarkar, 2010). Ou seja, a
inovação caracteriza-se como um fator relevante para o desenvolvimento e evolução
das organizações e o seu papel será ainda mais determinante para resultados a
longo prazo.
A partir da perspectiva de novos investimentos em P&D para fazer frente à
crise, o Governo até o início de maio foram anunciados dois editais para apoiar
pesquisas na área. O primeiro deles foi lançado em 21 de março, pelo Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) em parceria com a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP (FAPESP), no valor de R$ 20
milhões, sendo R$ 10 milhões de recursos federais. O edital foi orientado para as
empresas interessadas no desenvolvimento de tecnologias para o combate ao
coronavírus, abrangendo desde testes diagnósticos, ventiladores pulmonares até
equipamentos de proteção individual.
Um segundo edital, no valor de R$ 50 milhões, foi lançado pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), no dia 4 de abril, em
parceria com o Ministério da Saúde, que aportou R$ 20 milhões. O edital está
direcionado a pesquisadores interessados em desenvolver pesquisas sobre
tratamentos, vacinas, diagnóstico, patogênese, prevenção e controle entre outros.

Quadro 1 – Ações em pesquisa e inovação adotadas pelos países para fazer frente
à crise do Covid-19
70

Fonte: IPEA (2020)

O quadro acima mostra, de modo sintético, o que se pode dizer sobre a forma
como os países têm-se utilizado do conhecimento científico e a pesquisa para
enfrentar a crise atual. Nele estão as principais ações em pesquisa e inovação
adotadas para fazer frente à crise incluindo o Brasil.

4.2 A LEI Nº 11.196/2005 “LEI DO BEM”: LIMITES E POTENCIALIDADES


FRENTE À CRISE CAUSADA PELO COVID-19

4.2.1 Lei nº 11.196/2005 – “Lei do Bem”

A Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, mais conhecida como a Lei do


Bem, é uma importante ação que o Brasil realizou para que se possa avançar nas
pesquisas e no desenvolvimento da inovação tecnológica. O objetivo principal da Lei
do Bem é conceder incentivos fiscais para as empresas que buscam inovar, investir
em pesquisas e no desenvolvimento de novos produtos de base tecnológica para
empresas em regime no Lucro Real. Elencados no capítulo III da Lei do Bem, o qual
trata dos Incentivos a Inovação Tecnológica, conforme disposto nos artigos 17 a 26.
E, em termos jurídicos, o artigo 174 da Constituição Federal de 1988 dispõe
que: “Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento,
sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”.
Os artigos 218 e 219 da Constituição Federal, também expressam a
71

autorização, estipulando que o Estado brasileiro tem a obrigação de estimular a


pesquisa tecnológica para solucionar os problemas do Brasil e desenvolver um
sistema produtivo nacional, in verbis:

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a


pesquisa e a capacitação tecnológicas.
[...]
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução
dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo
nacional e regional.
[...]
§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa,
criação de tecnologia adequada ao País
[...]
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado
de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-
estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei
federal.
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o fortalecimento da
inovação nas empresas, bem como nos demais entes, públicos ou privados,
a constituição e a manutenção de parques e polos tecnológicos e de demais
ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores
independentes e a criação, absorção, difusão e transferência de tecnologia.

Portanto, nem todas as pesquisas tecnológicas receberão tratamento


diferenciado, mas será transcrita a que for mais relevante para o propósito
identificado no § 2º acima. Isso significa que o apoio visa apenas encontrar soluções
para os problemas do Brasil e, ao mesmo tempo, tem impacto relevante no
desenvolvimento do sistema produtivo nacional. (BARBOSA, 2011, p. 17).
Assim, a concessão de incentivos fiscais, a Lei do Bem tem papel de
destaque no fortalecimento do desenvolvimento da pesquisa e inovação tecnológica
no Brasil. Para melhorar a parceria estratégica e a cooperação entre universidades,
instituições de investigação e empresas, a melhoria do quadro jurídico para a
inovação tem um papel fundamental.

4.2.2 Limitações da Lei do bem

Mesmo com todos benefícios fiscais que a potencializam a Lei do Bem, ela
possui limitações. O Decreto n° 5.798/06, regulamentador da Lei do Bem, em seu
art. 2º I, in verbis:

Art. 2o Para efeitos deste Decreto, considera-se:


I - inovação tecnológica: a concepção de novo produto ou processo de
fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou
características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais
e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior
competitividade no mercado.
72

Acima estão elencados as principais limitações para adoção da Lei do Bem.


E, também os pré-requisitos para sua utilização, que são eles: Empresas em regime
no Lucro Real, Empresas com Lucro Fiscal, Empresas com regularidade fiscal
(emissão da CND ou CPD-EN), Empresas que invistam em atividades de Pesquisa e
Desenvolvimento.
De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações - MCTI, em
2017 a região Norte tinha apenas 36 empresas que se candidataram para Lei do
Bem. Pois a falta de conhecimento sobre as leis de incentivo é um entrave para o
aumento do número de empresas que utilizam a Lei do Bem. Outra barreira crítica é
a questão do lucro tributável, uma vez que não é raro empresas que tenham um
investimento alto em PD&I não apresentarem resultado fiscal positivo. Atualmente,
somente as empresas que aferem lucro fiscal podem ter acesso ao benefício,
justamente por este tratar-se de uma diminuição do resultado tributável da empresa,
onde quando não há lucratividade fiscal, não há como diminuir o resultado tributável,
não sendo possível beneficiar-se em anos futuros.
As limitações estão ligadas diretamente pela falta de compreensão das
regras, pelo real efeito dos incentivos, da burocracia e das dificuldades dos meios
internos de incentivos fiscais, o sentimento de insegurança da empresa restringe o
uso, pois exige a atuação de uma equipe multidisciplinar para o detalhamento, para
explicar os resultados esperados do real objetivo do projeto, as limitações do projeto,
as dificuldades técnicas que o conhecimento adquirido supera, os métodos utilizados
e as empresas e áreas de atividade que conduzem ao desenvolvimento das
atividades de PD&I no âmbito da empresa e das atividades são as questões básicas
da preparação do projeto. Como os documentos técnicos necessários para
concessão dos benefícios e aproveitar ao máximo os incentivos fiscais.

4.2.3 Como os incentivos fiscais na “Lei do Bem”, podem contribuir para a


retomada das empresas, com intuito de alavancar a economia frente à crise
causada pelo do Novo Coronavírus - Covid-19?

Desde o lançamento da Política de Inovação, Tecnologia e Comércio Exterior


(PITCE), em 2004, e da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), em 2008, da
Lei de Inovação e da Lei do Bem, o Brasil segue no intuito de construir uma
verdadeira cultura da inovação, pois empresas ainda inovam pouco se comparadas
73

aos países avançados.


A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), contribuindo com
esse esforço de mudança nas organizações, fez parceria com o Observatório de
Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de
São Paulo, e elaborou um estudo sobre as estratégias de inovação adotadas no
Brasil e em outros sete países como: Canadá, Estados Unidos, Finlândia, França,
Inglaterra, Irlanda e Japão. O estudo comparativo promovido pela ABDI oferece
elementos importantes sobre as políticas públicas que asseguram o aumento da
competitividade da economia brasileira, por onde passam os caminhos do
desenvolvimento em uma economia globalizada.
O pré-requisito para o desenvolvimento é a capacidade de manter uma
presença internacional participativa e de ao conhecimento e a capacidade de agir e
influenciar as principais questões de interesse global. Em todos os sete países, a
inovação (especialmente a inovação corporativa) é entendida como o elemento
central das políticas públicas destinadas a promover o crescimento econômico e
acelerar o crescimento.
Os benefícios previstos na Lei do Bem, visam motivar empresas de todos os
segmentos a empreender atividades de pesquisa e desenvolvimento voltados para a
inovação tecnológica, por meio da concessão de incentivos fiscais. Os incentivos
distribuem por empresa e por projeto, a exemplo de: depreciação integral de
máquinas e equipamentos utilizados para pesquisa e desenvolvimento; exclusão
adicional de percentual dos dispêndios com atividades de P&D, do Lucro Real e da
base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); entre outros
benefícios.
Por todo exposto em relação ao tema “inovação”, pode-se dizer que a “Lei do
Bem” é um instrumento importante para a retomada da economia frente a crise
causada pela pandemia do COVID-19, onde afetou drasticamente, a produção de
bens e consumo, a geração de emprego e renda e a economia como um todo.
Além de fornecer incentivos fiscais para empresas que investem em inovação,
também são utilizados para conceituar as atividades, formas e participantes do
ecossistema empreendedor. Haja visto, os efeitos danosos de retração na economia,
dentre os instrumentos possíveis, a concessão de incentivos fiscais da Lei do Bem,
se destaca pela, celeridade e eficiência com que o Poder Executivo maneja, visando
74

à retomada do crescimento econômico.


A atual crise provocada pela pandemia de COVID-19 desencadeou a
necessidade de que agentes econômicos desenvolvam estratégias de cooperação,
que podem vir a gerar benefícios relevantes para a mitigação dos efeitos da crise.
Sobre o escopo e objetivo da colaboração, é possível que os agentes criem
ações conjuntas para assegurar a manutenção ou retomada da fabricação,
fornecimento ou distribuição de bens e serviços no qual a produção ou distribuição
tenha sido afetada pela pandemia. As empresas também poderão desenvolver
meios de colaboração para manter as cadeias produtivas e de suprimento de
matérias-primas, bem como cadeias de distribuição ao consumidor final, que estão
sendo severamente afetadas pela crise, tudo através da inserção de novos produtos
ao mercado.
É possível também que as empresas atuem em colaboração para o
desenvolvimento de novos produtos, especialmente aqueles relativos ao tratamento
de pacientes acometidos pelo vírus, ou para a mitigação de situações de
anormalidade por ele causadas. Nesse sentido, acordos cooperativos de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) ou joint ventures tornam-se ferramentas de alta importância
e relevância, ao serem implementadas no intuito de buscar respostas inovadoras
frente à crise.
Dentre os benefícios que a Lei do Bem traz para contribuir com as empresas,
destacam-se: a redução do custo de P&D; incentivo no desenvolvimento e melhoria
dos produtos, serviços e processos; dedução no pagamento IRPJ E CSLL das
empresas; apoio no aumento da produtividade, maior interação entre as áreas da
empresa; melhoria da competitividade no mercado a partir do desenvolvimento e
melhoria na produção de novos produtos, serviços e processos.
Portanto, com base em métodos científicos e eficazes e objetivos
mensuráveis, a melhoria gradual de produtos, serviços, processos ou sistemas que
apresentem riscos técnicos e resultados incertos podem ser adequados e utilizar os
incentivos fiscais da Lei 11.196 / 2005, e Atualização da Lei nº 13.243/2016, pois
reduzem as incertezas
Como exemplo temos, a inovação que está presente nas plataformas
de streaming na praticidade de pedir comida sem sair de casa, nas
videoconferências que têm permitido a várias empresas manterem suas atividades.
75

A comercialização através de canais digitais (e-commerce) cresceu mais de 80%


neste ano de 2020, acelerando um hábito que já vinha se difundindo gradativamente
no Brasil. Pois, é um dos mecanismos legais brasileiros mais importantes nesse
sentido é a Lei do Bem.
O Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ultra, Pedro
Wongtschowski (2020) na abertura do Diálogos da Mobilização Empresarial pela
Inovação (MEI), destacou que:

A pandemia do coronavírus reforçou a importância da inovação e da


definição de políticas de longo prazo para o país. As soluções inovadoras
são decisivas para o Brasil e o mundo enfrentarem os efeitos da covid-19
sobre a saúde da população, minimizarem os prejuízos sociais e
econômicos e, em uma segunda etapa, acelerarem a retomada da atividade
e do crescimento da economia.

Assim, a Lei do Bem apresenta-se como um facilitador para essa


aproximação além de reforçar e potencializar a inovação em sendo grande pilar para
o desenvolvimento econômico das empresas e consequentemente do país.
O ano de 2020 é um ano atípico para todos os setores, mas os projetos de
melhoria da Lei do Bem ainda estão em desenvolvimento, pois promover a inovação
empresarial é mais importante do que nunca. De acordo com a coordenação do
grupo de trabalho MCTIC no evento realizado no início de junho, estão sendo
adotadas duas abordagens distintas: uma abordagem emergencial, que visa
adequar a legislação às necessidades da crise provocada pela pandemia COVID-19,
e a segunda de longo prazo que visa solucionar alguns dos problemas discutidos
nos últimos anos para promover o desenvolvimento de inovação do país.
Portanto, nessa situação incerta, considerando a importância da inovação
para melhor escapar da crise, surgem os incentivos como alternativas para reduzir
os impactos do coronavírus, levando em consideração à importância da inovação
para uma melhor saída da crise, e que a utilização dos mecanismos para o
desenvolvimento através da utilização da Lei do Bem é o incentivo mais transversal
de todos para incentivar à inovação, e por isso, está sendo tratado e priorizado o
aperfeiçoamento desta Lei.
76

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante ressaltar que, enquanto trabalho de revisão bibliográfica, este


estudo limitou-se a elucidar conceitos e enfatizar os incentivos previstos no texto
Constitucional, onde buscou-se apresentar os conceitos para a compreensão do
tema incentivos fiscais, onde discorreu-se sobre a legislação tributária vigente, o
planejamento tributário, o tributo, a política fiscal, os incentivos fiscais, a inovação, e
o incentivo a inovação tecnológica - Lei nº 11.196/2005 “Lei do Bem”.
No capítulo segundo analisou-se a importância do planejamento tributário
para adoção dos incentivos fiscais nas organizações, os principais incentivos fiscais
vigentes e os mecanismos de incentivos fiscais disponibilizados pelo Governo frente
a crise do COVID-19. Para tanto observou-se as formas de intervenção do Estado
no domínio econômico, através das normas indutoras, com foco na utilização do
tributo como indutor da atividade econômica, foram investigadas as funções da
tributação, enfatizando-se a função extrafiscal, hipótese em que, diferentemente da
fiscalidade em que se busca, primordialmente, arrecadar, a extrafiscalidade é meio
para consecução de objetivos econômicos e sociais.
A partir do proposto por este estudo, foi possível identificar que são vários os
incentivos fiscais destinados às empresas e que o Governo Federal adotou diversas
medidas de incentivos para o enfrentamento da crise pandêmica causada pelo
Covid-19. Pode-se afirmar que a lei do bem vem criando entre as empresas uma
nova consciência, onde estas buscam investir em pesquisa e desenvolvimento de
inovações tecnológicas, com isso estão se tornando inovadoras, criadoras de novas
tecnologias, assim se tornando diferenciadas no mercado, e conseguindo se tornar
mais competitivas em cenário como da crise causada pelo Covid-19.
Ressalta-se que os benefícios na redução da carga tributária obtido pelas
empresas que optarem pelo uso do incentivo da inovação tecnológica, não pode ser
generalizado, cada empresa deve ser analisada individualmente e constatou-se que
há baixa adesão aos benefícios da Lei do Bem. Dessa forma, este assunto pode ser
aprofundado por outros pesquisadores devido sua importância, o que suscita novas
pesquisas para encontrar possíveis explicações, visto que é possível ter uma ideia
geral a respeito da importância do uso dos incentivos fiscais para as organizações e
como eles impactam no desenvolvimento das empresas.
77

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ANEXO A

Medidas de Combate aos Efeitos Econômicos da COVID-19


Medidas de Combate aos Efeitos Econômicos da COVID-19
sexta-feira, 17 de abril de 2020

RESUMO (Essa nota consolida dados até o dia 13/04/2020)

● A pandemia de COVID-19 provoca impactos econômicos severos de curto prazo, com o colapso parcial ou
total da produção em vários setores;

● A possível destruição de empregos, falência em massa de empresas e piora nas condições financeiras da
economia podem fazer com que o choque temporário da COVID-19 tenha consequências permanentes
sobre a economia. Dois são os desafios de política econômica: a) transferir recursos para salvar vidas; e b)
reduzir os efeitos recessivos da crise do coronavírus, impedindo que um choque transitório tenha efeitos
permanentes na economia;

● Para combater tais consequências sobre a economia brasileira, o Governo Federal implementou diversas
medidas de proteção em cinco frentes: i) social; ii) à saúde; iii) aos empregos; iv) às firmas; e v) aos entes
subnacionais.

● Além das medidas que foram desenhadas sem impacto fiscal, como a liberação dos saques emergenciais
do FGTS, há um amplo conjunto de medidas de elevado impacto fiscal;

● Ao se considerar apenas as medidas de impacto fiscal anunciadas até o momento, já há previsão de


expansão fiscal superior a R$ 297 bilhões (4,1% do PIB), valor bem superior à média dos demais países
emergentes (1,35%), e mesmo dos países desenvolvidos (3,1%);

● As medidas já representam mais que o dobro da soma total de gastos discricionários previstos para o ano
de 2020;

● As medidas configuram-se como o maior pacote de proteção à economia e ao emprego diante de uma
crise na história da economia brasileira, cujo valor total incluindo medidas fiscais e parafiscais, potencial
de crédito e regulatórias correspondendo a um potencial de R$ 3,5 trilhões;

● As medidas adotadas são temporárias e emergenciais, a vigorar durante o período da crise, de forma a
não comprometer a trajetória futura dos gastos públicos. Importante ressaltar que todas as medidas de
impacto fiscal se encerram em 2020;

● Diante do aumento temporário dos gastos e da perda de arrecadação esperada nesse período, a
aprovação futura das REFORMAS ECONÔMICAS (PECs estruturais) será ainda mais necessária para garantir
a retomada sustentável da economia.

1. Introdução
Esta nota tem como objetivo discutir as medidas de política econômica que buscam minimizar os efeitos
danosos dos choques econômicos causados pelo SARS-CoV-2, o novo coronavírus – daqui em diante
chamado apenas de coronavírus - responsável pela doença denominada COVID-19. Discutem-se os canais
de impacto e as consequências prováveis dos choques causados pelo coronavírus e as medidas anunciadas
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

pelo governo federal para combater os efeitos da pandemia de COVID-19. Além de listar todas as medidas
anunciadas e os custos fiscais esperados, apresenta-se sua lógica econômica e seus objetivos.

A rápida disseminação do coronavírus pelo mundo constitui um enorme desafio aos sistemas nacionais de
saúde, de forma que, sob cenários realistas, esses sistemas revelam-se incapazes de fornecer tratamento
adequado aos pacientes necessitados. Consequentemente, diversos governos optaram por adotar medidas
de distanciamento social e restrição de circulação e aglomeração de pessoas, visando a reduzir a velocidade
de propagação do coronavírus. Tais medidas têm impacto direto na atividade econômica por meio de
diversos canais. Além disso, mais do que uma parada passageira da atividade, tais medidas têm potencial
de destruição substancial da capacidade permanente de produção da sociedade, podendo gerar uma crise
econômica com consequências de médio e longo-prazos.

Em um primeiro momento, as medidas de distanciamento social e quarentena que impedem a produção e


a circulação das pessoas por decreto têm o efeito imediato de colapsar parcial ou completamente a
produção e as vendas de diversos setores durante o período de emergência, tanto como resultado de uma
disrupção de oferta como por uma queda forçada de demanda. De forma abrupta, as decisões de produção
e consumo foram fortemente restritas, causando distúrbios em todas as cadeias da economia, embora
esses impactos sejam maiores ou menores a depender do setor econômico. Esse ambiente disfuncional não
é sustentável por muito tempo.

A perda direta de produção causada pela crise de saúde reflete-se em uma queda substancial no consumo
de bens e serviços. Infelizmente, esse choque pode ter efeitos indiretos maiores, por meio da falência de
empresas e destruição de empregos. Durante os períodos de isolamento social, as empresas continuam
tendo custos fixos como salários, aluguéis, pagamento de juros e impostos. Quanto mais longo o
isolamento social, maior o risco de falência das empresas. Quando superada a epidemia – ou seus efeitos
mais severos - diversas empresas terão deixado de existir. O resultado não é apenas a perda temporária de
empregos, mas a destruição definitiva de postos de trabalho. A taxa de desemprego tende a aumentar de
forma persistente, mesmo após o fim da emergência de saúde.

O crédito para as firmas desempenha papel essencial nesse momento, ao permitir que mantenham seus
pagamentos em dia, diminuindo a desarticulação das cadeias produtivas e a eliminação de postos de
trabalho. Contudo, os elevados riscos de falência e inadimplência já restringem a oferta de crédito. Mesmo
as firmas que sobreviverem sairão do período de isolamento social com endividamento maior, o que
aumenta o risco de falência futura e reduz a capacidade de obtenção de crédito. A desvalorização dos
ativos e aumento do endividamento reduz o patrimônio líquido, reduzindo as garantias que terão para
oferecer em novas operações de crédito. As condições financeiras da economia serão muito enfraquecidas
pela crise do coronavírus.

A redução da capacidade de tomar crédito causada por qualquer crise tende a estender sua duração,
transformando um choque temporário em permanente 1. Isso ocorreu na crise financeira mundial de 2008 -
e pode se repetir agora - embora ainda haja incerteza acerca de sua magnitude. Igualmente, a destruição
de postos de trabalho tende a transformar choques temporários em permanentes. Muitos trabalhadores
desistem de buscar emprego, reduzindo-se assim a própria população economicamente ativa 2.

1
Kiyotaki, Nobuhiro, and John Moore. "Credit cycles." Journal of Political Economy 105.2 (1997): 211-248.
2
Yagan, Danny. "Employment hysteresis from the great recession." Journal of Political Economy 127.5 (2019): 2505-
2558.
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

O lado mais cruel da crise do coronavírus é justamente a destruição de empregos. O efeito mais imediato
recai sobre a maioria dos trabalhadores informais, que têm sua iniciativa travada e veem o sustento diário
de sua família ameaçado. A destruição de empregos promove impactos severos sobre o bem estar da
população em geral, podendo levar à quebra de vínculos sociais, destruição de famílias, alcoolismo, uso de
drogas e suicídios, conforme destaca o ganhador do prêmio Nobel em economia Angus Deaton, no que ele
chama de “morte por desespero”.

Conforme destacado por Deaton em entrevista recente, o coronavírus pode levar a um número substancial
de mortes por desespero em decorrência da crise econômica. E essas se somarão às mortes causadas
diretamente pela própria doença: “For COVID, the best case is it’s a one-time event, like the great flu
pandemic [of 1918 that was] gone by 1920. So that would be the best case. The worst case is [that COVID-
19 is] gone eventually but leaves behind devastation to the economy. And that will add to the distress of the
people we’re writing about, so the deaths of despair will go on.” (The Philadelphia Inquirer, 19 de março de
2020).

Assim, torna-se necessário combater os efeitos adversos causados pela COVID-19 sobre a economia, de
modo a minimizar os riscos de falência em massa de empresas, destruição de empregos e redução de
riqueza agregada, que levariam à deterioração das condições econômicas e financeiras do País.

Para combater essa ameaça, o Governo Federal vem tomando uma série de medidas de elevado impacto,
direcionadas a aliviar os efeitos imediatos da crise e reduzir ao mínimo os permanentes.

Em consonância com o restante do mundo, a política fiscal no Brasil está sendo amplamente utilizada no
combate aos efeitos da pandemia. O aumento do gasto público no curto prazo é absolutamente necessário.
Sob essa compreensão, o Congresso Nacional decretou Estado de Calamidade Pública em 20 de março, o
que dispensa o governo do cumprimento da meta de resultado primário neste ano e permite uma política
fiscal mais ativa no combate à pandemia. Entretanto, a política econômica reconhece e reafirma a
necessidade de manutenção do Teto de Gastos e de outras regras fiscais fundamentais para uma dinâmica
fiscal favorável após a tormenta. As medidas adotadas, embora de elevada magnitude, são temporárias, de
modo a não afetar a trajetória futura dos gastos obrigatórios e não colocar em risco a solvência fiscal no
longo prazo.

O objetivo primário das medidas de curto prazo é, primeiro, limitar as perdas de vidas humanas e, em
segundo plano, evitar os impactos negativos sobre a economia, principalmente em relação ao emprego e à
sobrevivência das empresas. Essas medidas, certamente são um desvio temporário do processo de
consolidação fiscal em curso no País antes da pandemia, mas são indispensáveis para preservar vidas e para
garantir o bem estar da população. Passado este momento crítico, a consolidação fiscal será retomada
como condição indispensável para garantir a melhoria duradoura do padrão de vida dos brasileiros, para a
qual também são condições essenciais a elevação da produtividade e a correção da má alocação de
recursos (misallocation).

2. Medidas de curto prazo – limitação dos efeitos da COVID-19

As principais medidas, listadas na Tabela 1 no anexo, podem ser classificadas segundo sua função:
investimentos emergenciais na saúde; proteção econômica à população mais vulnerável; garantia de
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

sobrevivência das empresas e de manutenção do emprego; e apoio aos entes subnacionais. Várias das
medidas contribuem para o alcance de mais de um desses objetivos. A tabela também apresenta os
impactos fiscais ou parafiscais das medidas. Nesta seção, são apresentadas a justificativa e os impactos
esperados dessas ações.

a. Medidas de proteção social


O mercado de trabalho brasileiro é caracterizado por seu alto grau de informalidade. Os informais
representam 40% da força de trabalho ocupada. De acordo com a PNAD Contínua de fevereiro de 2020, os
empregados sem carteira assinada são 16,1 milhões, dos quais 4,5 milhões domésticos. Os empregadores
sem CNPJ e trabalhadores por conta própria sem CNPJ superam 25 milhões pessoas; e os trabalhadores que
auxiliam a própria família são mais de 2 milhões. Para além dos informais, os trabalhadores que estavam
desempregados - mais de 12 milhões de brasileiros – passaram a ter dificuldade ainda maior de encontrar
emprego. Somando-se a essas dificuldades, os trabalhos de complementação de renda ficaram mais
escassos.

As necessárias medidas de isolamento social reduzem a renda desse enorme contingente de trabalhadores
e autônomos, dificultando o pagamento de suas contas e despesas diárias e, até, impedindo a aquisição de
bens essenciais, como alimentação e remédios.

As medidas de proteção social buscam compensar temporariamente esse colapso de renda e dar amparo a
esses trabalhadores e seus dependentes. Além do auxílio financeiro de R$ 600 aos empregados e
autônomos informais e aos desempregados – benefício que foi estendido aos microempreendedores
individuais de baixa renda - há outras medidas de proteção.

Entre elas, destaca-se a ampliação do número de famílias beneficiadas no programa Bolsa Família, que
passou a incluir mais de 1 milhão de famílias que estavam inscritas, mas ainda não recebiam. O benefício
foi ampliado para R$ 600, por três meses, sendo que há possibilidade de acumulação desse benefício com
aquele voltado para os informais. As famílias monoparentais do Bolsa Família e do Cadastro Único
receberão três parcelas deste valor em dobro, equivalentes a pagamentos mensais de R$ 1.200.

Também para a proteção social foi antecipado o 13º salário para os aposentados e pensionistas do INSS e o
pagamento do abono salarial. Ainda no âmbito da previdência social, foi suspensa, por 120 dias, a exigência
de recadastramento anual de aposentados, pensionistas e anistiados políticos civis, bem como a de
realização de visitas técnicas para comprovação de vida. O governo entende que transferir recursos para as
famílias nesse momento é fundamental para garantir as necessidades básicas e fortalecer a imunidade dos
grupos mais vulneráveis.

b. Medidas de Proteção ao Emprego


Esse grupo de providências tomadas pelo governo visa a reduzir os custos de manutenção dos empregos
durante o período de queda de receita das empresas decorrentes das medidas de distanciamento social.
Sabe-se que a decisão de demitir ou admitir pelas empresas é complexa. Quando os custos de manter um
empregado superam os benefícios, a empresa tende a demitir. Entretanto, em razão dos custos
significativos de um processo de demissões (encargos rescisórios, perda de capital humano, redução da
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

capacidade produtiva etc.) as empresas tendem a postergar tais medidas se perceberem o choque como
temporário.

Neste período de isolamento social, a queda da receita das empresas está sendo tão pronunciada que
poderá forçar muitos empresários a demitir parte relevante de sua mão de obra, ainda que o choque seja
percebido como temporário. Para mitigar esse movimento de demissões, o governo atua para garantir
parte da renda dos trabalhadores empregados e reduzir o custo das empresas, de modo a impedir a
destruição de postos de trabalho. Ao amenizar os efeitos negativos no emprego, há benefícios de curto
prazo – a manutenção da renda dos trabalhadores - e de médio prazo – a preservação das estrutura de
pessoal das empresas – o que possibilitará retomada acelerada da atividade econômica quando passada a
crise. Com esse objetivo essencial de impedir a destruição de vagas, as medidas permitem às empresas a
redução de jornadas e de salários. Manter o emprego neste momento evitará o custo de prospecção e
treinamento no futuro, além de facilitar a normalização da produção durante a retomada.

Desse modo, foi criado o programa de financiamento da folha de pagamento. Os empréstimos contam com
garantia do Tesouro de 85% do valor. Os demais 15% são risco das instituições financeiras.

Com esse mesmo objetivo de manutenção do emprego, foram regulamentadas as possibilidades de


teletrabalho, trabalho remoto e trabalho à distância, além da permissão de antecipação das férias coletivas,
de feriados e de compensação de jornada de trabalho por meio de banco de horas. Essas medidas têm
efeitos positivos na economia e na saúde, pois fortalecem o distanciamento social do trabalhador e
permitem que continue produzindo.

Outra iniciativa importante é a extinção do Fundo PIS-PASEP e incorporação de seu patrimônio ao Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a partir de 31 de maio deste ano. Com esta transferência, será
possível permitir um saque de até R$ 1.045 por trabalhador das contas do FGTS. Esse ganho de renda é
uma forma de aliviar a perda temporária de remuneração.

Essa medida beneficia 60,8 milhões de trabalhadores, dos quais 30,7 milhões poderão sacar todos os seus
recursos no FGTS. Assim, a metade dos trabalhadores com menor saldo, e, logo, de menor renda, terá
acesso pleno a seus recursos, de forma que até 80% das contas serão zeradas. A medida atende de forma
integral à maioria dos trabalhadores, que são os mais vulneráveis e com menor estabilidade no emprego. O
volume previsto para saques é de até R$ 37,8 bilhões, na hipótese de que todos os saques sejam realizados.
Espera-se que esses recursos fortaleçam a demanda agregada, o que auxiliará na retomada das atividades
pelas empresas após o período de isolamento social.

O pacote de proteção ao emprego realizado é o maior já efetuado na história do país, buscando


salvaguardar os trabalhadores e a estrutura econômica, reduzindo ao máximo os efeitos de médio e
longo prazos do coronavírus sobre a economia.

c. Medidas de Auxílio às Empresas


Empresas não são somente o patrimônio tangível representado por imóveis e equipamentos. Elas são,
muito além disso, um conjunto de relações de aprendizagem, relacionamento, confiança e organização que
evoluem de forma incremental ao longo de anos e década. Em uma crise repentina como essa, a destruição
de empresas eficientes representa a perda desse incalculável capital não tangível.
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

É para evitar essas perdas que estão sendo adotadas políticas de suporte às empresas que têm como foco a
manutenção de seu capital humano, físico e organizacional durante o período mais agudo da pandemia.
Conforme discutido nos tópicos anteriores, a forte redução das receitas devida ao isolamento social,
mantidos os custos fixos, resultará em prejuízos e redução de caixa e de capital de giro. Em tempos
normais, as empresas conseguem expandir seu crédito por usar os seus ativos como garantia, a chamada
alavancagem. No entanto, em períodos de crise, há queda do valor desses ativos utilizados como garantias
(ou colaterais) pelas empresas, o que reduz sua alavancagem e aumenta o custo do crédito.

Os colaterais dados pelas empresas em operação de crédito são usualmente ativos físicos (imóveis,
veículos, máquinas e outros equipamentos) ou a receita futura de vendas. A exemplo do que ocorre com as
ações negociadas em bolsas de valores, os ativos físicos das empresas perdem valor nas crises. Com a
redução do valor de seus ativos, cai o valor que a empresa pode tomar emprestado. A segunda forma de
colateral, a cessão de valores de vendas futuras - faturas de cartão de crédito, duplicatas ou cheques –
também perde valor porque caem as vendas, em razão do isolamento social.

As medidas tomadas pelo Governo Federal visam a evitar o colapso do crédito provocado por essas duas
tendências. Procuram preservar a liquidez do sistema bancário e garantir a manutenção de crédito para as
empresas, inclusive reduzindo exigências de capital dos bancos para que possam renegociar empréstimos.
Ao limitar a deterioração financeira das empresas, os empregos são garantidos e se torna factível a
retomada da economia. O foco principal dessas medidas são as pequenas e médias empresas, as mais
afetadas pela pandemia e que têm menor poder de enfrentar a crise.

A postergação (diferimento) do pagamento de impostos, além de programas de manutenção do emprego,


atuam neste sentido. O governo Federal suspendeu por 3 meses o recolhimento da parte referente à
parcela da União no Simples Nacional e do FGTS pelas empresas em geral.

Foram também criadas linhas de financiamento para pagamento da folha salarial com recursos do Tesouro
Nacional e linhas de crédito especiais a serem ofertadas por bancos públicos.

Outra iniciativa importante é a isenção temporária do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e
Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) sobre as operações de crédito por um período de
3 meses. Isso cria mais um incentivo ao fornecimento de crédito às empresas e famílias e à renegociação de
empréstimos em condições mais adequadas a este momento de crise.

d. Medidas de Combate Direto à Pandemia


A saúde da população e a mitigação dos efeitos nocivos da Covid-19 são prioridade absoluta neste
momento. Por isso, recursos estão sendo transferidos para a compra de materiais e a ampliação da rede de
atendimento à população. Entre outras medidas, o governo reduziu a zero as alíquotas de importação e o
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de alguns produtos de uso médico-hospitalar. O Censo 2020
do IBGE também será adiado e os recursos serão direcionados ao combate à pandemia.

Ademais, a disponibilidade orçamentária do Ministério da Saúde, Ministério da Defesa e Ministério da


Ciência, Tecnologia e Inovação foi reforçada, para ampliar as ações adicionais de combate ao vírus,
repatriação de cidadãos brasileiros em outros países e a pesquisa científica de vacinas e outros meios de
ataque ao vírus.
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

e. Medidas de Assistência aos Entes Subnacionais


Por fim, o governo federal entende ser fundamental, neste momento, dar suporte aos entes subnacionais,
que estão na linha de frente no combate à pandemia e no atendimento à população. A crise deverá reduzir
substancialmente a receita de estados e municípios, muitos do quais já se encontravam em situação fiscal
difícil mesmo antes da pandemia. Um pacote de medidas vem sendo implementado com vistas a: (i)
transferir recursos para a área de saúde dos entes subnacionais, para financiar as ações emergenciais de
combate à COVID-19; (ii) compensar perdas do FPE e FPM, por meio de transferências de recursos e
oferecimento de novas linhas de crédito.

O governo federal já avançou em várias dessas medidas. Primeiro, sancionou medida de apoio financeiro
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (MP 938/2020) num valor total de até R$ 16 bilhões por
um período de 4 meses, para compensar as eventuais quedas no FPE (Fundo de Participação dos Estados) e
FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Segundo, abriu, por meio da MP 940/2020, crédito
extraordinário da ordem de R$ 9,4 bilhões para o enfrentamento da COVID-19, sendo R$ 500 milhões
destinados à Fiocruz, e os restantes R$ 8,9 bilhões ao Fundo Nacional da Saúde (FNS) – por meio do qual
serão feitos os repasses a Estados, Distrito Federal e municípios. Terceiro, apoiou o PLP 232/2019, que
autoriza a desvinculação dos saldos financeiros remanescentes de exercícios anteriores constantes dos
Fundos de Saúde dos entes subnacionais, no valor de R$ 11 bilhões, para as ações emergenciais de
combate à pandemia. Outras medidas estão em discussão e algumas já foram enviadas ao Congresso
Nacional. Em cooperação com o Congresso, pretende-se formular um pacote coerente de medidas, no
montante de mais de R$ 88 bilhões, que serão destinados a estados e municípios.

3. As medidas de combate à COVID: comparação internacional

As medidas do Governo Federal para amenizar os efeitos da COVID-19 na saúde e na economia do país são
significativas. Tais medidas são amplamente amparadas na literatura internacional e no exemplo adotado
pelas principais economias do mundo. Ressaltamos uma vez mais que essa crise é transitória, sendo assim
todas as medidas de impacto fiscal são igualmente transitórias e se encerram no máximo até o final do ano.
Por sua transitoriedade e focalização tais medidas de combate a crise são condizentes com o caminho de
reformas e consolidação fiscal que o governo vem perseguindo desde 2019.

Comparações internacionais a partir de levantamento do FMI – com dados de até 3 de abril 3 - permitem
afirmar que o empenho do Brasil em combater o coronavírus é bem superior ao dos demais países
emergentes, e mesmo da média dos desenvolvidos. A magnitude das medidas do Brasil, como proporção
do PIB, supera, e muito, as tomadas pelo grupo de países comparáveis. O volume das medidas tomadas
pelo Brasil é mais do que dobro das da Rússia e da Turquia. Já com relação a China, Índia e Argentina, o
impacto potencial das medidas em relação ao PIB é três vezes maior. Contrapondo nossas medidas com as
do México e Colômbia, seu volume é, pelo menos, cinco vezes superior.

3
https://www.imf.org/en/Topics/imf-and-covid19/Policy-Responses-to-COVID-19#B
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

Medidas Fiscais em Países em Desenvolvimento (em % PIB)

Historicamente, países desenvolvidos têm maior capacidade de financiamento e, consequentemente,


maior poder de resposta fiscal a crises. No entanto, o tamanho das medidas de combate à Covid-19
tomadas pelo Brasil, como proporção do PIB, é maior ao das tomadas pelos países desenvolvidos. O gráfico
abaixo mostra que a resposta do Brasil é superior à média dos países avançados, superando diversos países
europeus.

Medidas Fiscais em Países Avançados (em %PIB)


sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

Estes gráficos reafirmam o comprometimento do governo brasileiro em proteger a sua população,


sobretudo os mais vulneráveis, em manter o emprego, em prover assistência financeira às empresas
nacionais e em repassar recursos a Estados e municípios.

4. Medidas de médio prazo


A necessária elevação dos gastos públicos para o combate aos efeitos da pandemia em todas as suas
dimensões - fortalecimento do setor da saúde, proteção às famílias e ao emprego e limitação da
deterioração financeira das empresas – não compromete os objetivos de médio prazo e longo prazo do
governo: a consolidação fiscal e a correção da misallocation. Uma vez superada a crise temporária do
coronavírus, a pauta para o atingimento desses dois objetivos será retomada, com maior ímpeto. Em outras
palavras, tão logo a crise atual seja superada a agenda de reformas econômicas será retomada.

Os efeitos positivos das reformas e da consolidação fiscal promovidas em 2019 ficaram visíveis nas variáveis
monetárias. Houve redução estrutural da taxa de juros - as de curto e as de longo prazo - e queda da
inflação corrente e de suas expectativas, o que permitiu reduzir a meta de inflação. São resultados
perseguidos há um quarto de século, desde o Plano Real, e que agora se realizaram.

Os resultados dos indicadores econômicos do ano de 2019 podem ser resumidos pela retomada do PIB a
partir do 2º trimestre. No começo do ano passado, a economia manteve a tendência de baixo crescimento
vinda do 4º trimestre de 2018. Com a melhora dos indicadores antecedentes, incluindo as expectativas dos
agentes, a expansão da atividade nos três trimestres posteriores foi superior a 0,5% por trimestre (variação
na margem com ajuste sazonal). Em outras palavras o crescimento anualizado foi acima de 2,2%, algo que
não ocorria desde 2012.

Os indicadores das pesquisas mensais também apresentaram retrações nas variações na margem no final
do ano passado, especificamente para os meses de novembro e dezembro. Dessa forma, levantou-se
dúvida sobre a sustentabilidade da recuperação ocorrida nos três últimos trimestres de 2019. Não se tinha
certeza de que as reformas estruturais, já tendo provocado queda de juros, poderiam continuar gerando
efeitos econômicos significativos; a recuperação no final de 2019 poderia ter sido apenas uma acomodação
temporária. Os dados dissipam qualquer dúvida quanto à efetividade das reformas e da consolidação fiscal.
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

PIM (Produção Industrial) LSPA (Safra Agrícola MM12)


PMC (Vendas no Comércio Ampliado) PMS (Volume de Serviços)

IBC-Br e Produção Industrial Safra Agrícola (MM12), Vendas no Comércio e Volume de Serviços
Com Ajuste Sazonal (Média 2014=100) Com Ajuste Sazonal (Média 2014=100)

100 135

98
125
96

94
115
92

90 105

88
95
86

84
85
82

80 75

abr-19
abr-18

jul-19

set-19
abr-17

jul-18

set-18

ago-19

dez-19
jul-17

set-17

ago-18

dez-18
ago-17

dez-17

nov-19
nov-18

fev-20
nov-17

fev-19
fev-18

mar-19

mai-19
jun-19

out-19

jan-20
fev-17

mai-18
jun-18

out-18

jan-19
jan-17

mar-17

mai-17
jun-17

out-17

jan-18

mar-18

Fonte: BCB: Índice de Atividade Econômica do Banco Central - Brasil. IBGE: Pesquisa Industrial Mensal (PIM), Pesquisa Mensal
do Comércio (PMC), Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)

O gráfico acima mostra que a desaceleração nos dois últimos meses de 2019 foram seguidas pela
recuperação do crescimento em janeiro e fevereiro deste ano, indicando que parte relevante da piora da
indústria, comércio e serviços foi recuperada. Os principais fundamentos da economia se mantiveram
positivos em todo o período, com expectativas dos consumidores e empresários em patamar elevado, taxa
longa de juros em patamar historicamente baixo, expansão do crédito livre e melhora no mercado de
trabalho.

O cenário, entretanto, se altera após os primeiros casos de Covid-19 no Brasil e, principalmente, com o
isolamento social vigente na maioria das cidades brasileiras. Os efeitos negativos da pandemia, na saúde e
na economia, são incontestáveis.

A necessária ampliação de gastos e a inevitável perda de arrecadação provocadas pela crise do


coronavírus tornam ainda mais importante a aprovação das PECs estruturais em tramitação no
Congresso. Em conjunto com a manutenção do teto dos gastos, permitirão a consolidação fiscal e a
redução estrutural do gasto público como proporção do PIB. As medidas de combate à misallocation,
que continuarão a ser tomadas, complementarão as condições necessárias para a retomada do
desenvolvimento econômico.
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

5. Considerações Finais
A pandemia da Covid-19 provocou forte impacto na produção e no consumo em diversos setores. Se esses
efeitos temporários da Covid-19 não forem neutralizados ou mitigados, poderão ter efeito permanente na
economia brasileira. A pandemia ameaça destruir empresas e postos de trabalho. A desvalorização de
ativos, inevitável diante das necessárias medidas de isolamento social, tende a enfraquecer as condições
financeiras da economia, o que deprime ainda mais a atividade econômica.

Como destacado pelo prof. John Cochrane de Stanford, “Desligar a economia não é como desligar uma
lâmpada. É mais como desligar um reator nuclear. Você precisa fazer isso devagar e com cuidado - ou ele
pode derreter” 4. Em outras palavras, não se pode esperar que uma economia desligada de forma abrupta e
desorganizada possa voltar a funcionar como antes.

O governo tem tomado todas as providências possíveis para preservar a estrutura produtiva durante o
desligamento da economia, para que a retomada, logo adiante, seja ágil e robusta. Tudo tem sido feito para
evitar que o choque temporário debilite permanentemente a saúde da economia brasileira. Os esforços do
governo têm sido semelhantes ao pagamento de um seguro universal a todos os atingidos
involuntariamente por essa terrível circunstância, com o objetivo de salvar as pessoas, as famílias, as
empresas e a economia em geral.

As medidas têm um impacto fiscal de mais de 4,1% do PIB, valor muito superior à média verificada nos
demais países emergentes (1,4%) - e mesmo dos países desenvolvidos (3,1%). Elas representam mais que o
dobro de todas as despesas discricionárias previstas para todo o ano. São medidas temporárias, que se
encerrarão até o final desse ano, calibradas para não afetarem a trajetória futura dos gastos públicos.

Haverá queda inevitável do PIB e da arrecadação e, como consequência, elevação da dívida pública. A
dívida pública, por sua vez, tornar-se-á uma nova armadilha ao crescimento sustentável. Uma dívida alta
implica em um direcionamento elevado de parcela da poupança da economia para seu financiamento, o
que reduz o que é utilizado para investimento privado 5. Como consequência, a necessidade de reduzir
rapidamente a razão dívida/PIB será ainda mais essencial. Logo, passada a crise, as reformas que visam ao
aumento da produtividade e ao equilíbrio fiscal se tornarão ainda mais necessárias.

Finalmente, deve-se alertar que essas medidas não são anabolizantes que visam turbinar a demanda, mas
um escudo temporário de proteção contra os terríveis efeitos do coronavírus sobre a saúde dos brasileiros
e a economia do País.

Essas medidas, isoladamente, não são suficientes para a retomada sustentável da economia. Pelo
contrário, o custo fiscal de tais medidas e a inevitável destruição de riqueza provocada pelo isolamento
social vão requerer aceleração das medidas de consolidação fiscal e combate à misallocation. Isto é, após
vencida essa crise é fundamental o imediato retorno a agenda de reformas econômicas.

4
Cochrane, J (2020), “Coronavirus monetary policy,” in R Baldwin and BWeder di Mauro (eds), Economics in the Time
of COVID-19, VoxEU.org eBook. (tradução livre)
5
Teles, Vladimir K., and Caio Cesar Mussolini (2014) "Public debt and the limits of fiscal policy to increase economic
growth." European Economic Review 66: 1-15.
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

Tabela 1. Principais Medidas Anunciadas até 13/04/2020


Medida Objetivo da medida Impacto (R$ bilhões)

Manutenção Auxílio às Proteção Combate à Assistência aos Potencial Fiscal


do emprego famílias das COVID - entes econômico
empresas saúde subnacionais

Saque emergencial do FGTS de até R$ 1.045,00 por x x 37


cotista

Zerar a alíquota do IOF de crédito x x x 7 7

Crédito para pagamento da folha salarial de pequenas e x x 40 34


médias empresas

Adiamento das parcelas do financiamento imobiliário x

Alocação de recursos do FAT para crédito às micro e x x 5


pequenas empresas

Facilitação da renegociação das operações de crédito x x x

Crédito suplementar para o Programa de Aquisição de x x 0.5 0.5


Alimentos (PAA)

Renegociação das dívidas do Crédito Rural x x x 70

Mudança na sistemática de apuração dos sinistros no x x 2


PROAGRO

Modificação da taxa de direcionamento da LCA x x 5

Linha de liquidez com lastro em empréstimos bancários x x x 670

Empréstimo com lastro em debêntures x x 91

Redução temporária da necessidade de capital próprio x x x 637


dos bancos

Manter no capital o crédito tributário decorrente de x x x 520


hedge cambial

Ampliar garantias na captação de bancos pequenos e x x x 200


médios

Linha de swap de dólar com Banco Central dos EUA x x 312

Restrição à distribuição de resultados por instituições x x x


financeiras

Linhas de crédito especiais com recursos dos Fundos x x 0.44 0.44


Constitucionais

Caixa disponibilizou linhas de capital de giro para MPME, x x 149


setor imobiliário, construção
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

Suspensão dos pagamentos de financiamentos diretos e x x 30


indiretos do BNDES

Linhas do BNDES para MPMEs e inclusão de fintechs x x 5

Medidas para ressarcimentos de vôos e outros serviços x x

Postergação das assembleias gerais de empresas x

Redução proporcional da jornada e salário com x x x 51.2 51.2


compensação

Adiamento da contribuição previdênciária e da x x 78.3


PIS/Cofins

Redução em 50% das contribuições Sistema S x x 2.2

Normatização sobre o teletrabalho, férias e bancos de x x


horas

Antecipação do pagamento do 13º salário para x 47.2


beneficiários do INSS

Antecipação do pagamento do abono salarial x 6

Ampliação do número de beneficiários no Bolsa Família x 3 3

Auxílio emergencial de R$ 600 x 98.2 98.2

Pagamento da conta de luz da população de baixa renda x 0.9 0.9

Pausa no reajuste do preço de remédios x

Antecipação de um salário-mínimo para auxílio-doença x

Adiamento da entrega da declaração do IR de Pessoa x


Física

Redução da taxa de juros do empréstimo consignado e x


ampliação do prazo máximo de pagamento para
aposentados e pensionistas do INSS

Suspensão, por 120 dias, da exigência de x


recadastramento anual para comprovação de vida dos
beneficiários do INSS

Destinação do DPVAT para o SUS x 4.25

Abertura de crédito extraordinário de R$ 5 bilhões para x 7.85 7.85


o Ministério da Saúde, Educação, Cidadania, Justiça,
Mulher e Presidência
sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

Adiamento da realização do Censo do IBGE para 2021 e x 2.3


redirecionamento dos recursos para as ações de
combate ao Coronavírus.

Crédito para Fundação Oswaldo Cruz x 0.46 0.46

Estabelecimento de licença não automática para x


exportação de produtos necessários ao combate à
Covid-19

Redução a zero do imposto de Importação (II) de x 4.45 4.45


produtos para o combate ao novo coronavírus

INSS por canais remotos x

Mais serviços digitais e certidões eletrônicas com x x


agilidade

Abertura de um crédito extraordinário para o Ministério x 0.393 0.393


das Relações Exteriores, Defesa e Ciência e Tecnologia

Corte temporário do IPI para bens produzidos que sejam x 0.54 0.54
necessários ao combate da Covid-19

Suspensão de direitos antidumping de produtos médico- x 0.9 0.9


hospitalares

Simplificação do despacho aduaneiro de produtos de x


uso médico-hospitalar

Procedimento de compras públicas mais ágeis x

Criação da plataforma Todos por Todos e ampliação das x


formas de doações de cidadãos e empresas

Campanha startups Covid 19 x

Crédito da Caixa para Santas Casas x 5

Crédito do BNDES para aplicação na oferta de leitos de x 2


UTI, materiais e equipamentos

Suspensão dos pagamentos de financiamentos do x


BNDES para o setor privado de saúde

Diferimento do recolhimento do FGTS durante o estado x 30


de emergência.

Suspensão por 3 meses do prazo para empresas x 22.2


recolherem a parte referente à parcela da União no
Simples Nacional

Diferimento do PASEP e RGPS x x x 3.9


sexta-feira, 17 de abril de 2020 ̶ Nota Informativa

Suspensão de atos de cobrança e facilitação de x x x


renegociação de dívidas pela Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional

Prorrogação do prazo de validade das Certidões x x x 24


Negativas de Débitos (CND) e Certidões Positivas com
Efeitos de Negativas de Débitos relativos a Créditos
Tributários Federais e à Dívida Ativa da União (CPEND)

Aprimoramento das ações no combate ao coronavírus x


pelo INMETRO e suspensão do prazo para apresentação
de defesa

Articulação aduaneira contra o Covid-19 x

Seguro para queda de arrecadação - recomposição do x x 16 16


FPE e FPM

Repasse ao Fundo Nacional de Saúde x x 14 14

Suplementação SUAS - Assistência Social (em x 2 2


construção)

Securitização de dívida dos Estados x x 20 20

Programa Nacional de Alimentação nas Escolas (PNAE) x x 1.5 1.5

Repasse direto aos Estados x x 11.25 11.25

Suspensão das dívidas com União de estados e x x 22.6 22.6


municípios

Suspensão de dívidas com bancos federais x 14.8

Contratações com recursos de transferências da União x x


ganham mais prazo

Prorrogações de convênios que venciam durante o ano x x

Redução de compulsorio x x 118

Mudanca no indicador de liquidez de curto prazo x x 86

Maior possibilidade de bancos recomprarem suas letras x x 30


financeiras

TOTAL 3512.3 297.2

% do PIB 48.8% 4.1%

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