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DEPOIS DO TERREMOTO
SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA
DOS BAIRROS OCIDENTAIS DE LISBOA
\' tu ;
ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA
Q. DE MHTOS SEQUEIRH
DA ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS PORTUGUESES
Depois do Terremoto
SUBSÍDIOSPARA A HISTÓRIA
DOS BAIRROS OCIDENTAIS DE LISBOA
VOLUME IV
COIMBRA
Imprensa da Universidade
1933
Hò
V. V
PREFÁCIO
rio-arqueológicos.
VI
florir um pouco o árido terreno trilhado, muitas
cidas.
VII
ficaçÕes^ um lançar de olhos sobre o vale de Alcân-
balho.
VIII
CAPITULO I
cio:
Vai á praça no dia 21 de setembro de i835, pela
((
—É do Norte.
—O Queirós, retorqui-lhe eu, mas não vê a faixa
habitual do Rato.
— Já lhe disse que era do Norte.
— Mas . .
— Você porá os fiias que quiser, mas êlc é que é do
Norte.
E era.
Se fosse vivo, que alegria teria êle agora, vendo jus-
tificadas e documentadas a maioria das suas hipóteses,
dos seus projectos, e dos seus pressentimentos de artista
Queirós nem sequer visionou toda a importância da
obra que escreveu. Se cie soubesse o que eú hoje sei
O
Tratado da Magestade, Grandeza e Abastança
de João Brandão, marca no ano seguinte, na cidade,
60 fornos de louça assitn de barro como de vidrado
rendendo em cada ano 10.000 cruzados. Noutro pronto
menciona 70 tendas e casas em que fa^em louça de
barro e mais 10 casas de louça vidrada, ocupando na
sua laboração ao todo 210 pessoas, número que se
dade (3).
Para a lista dos oleiros lisboetas que tinham ofi-
( 1
) Róis dos Confessados de Santos e de Santa Catarina —
Róis do século xvii —
de iG56 a 1700.
(a) Elementos para a Historia do Municipio de Lisboa., tomo i,
pág. 3.
VOL. IV 2
— 1» —
havia aí pouso permanente de vendedores de faiança
e barro, porque um assento de óbito dos livros de
Santa Catarina, referido a uma D. Maria de Brito, re-
gistado em 8 de Novembro de iSgõ, menciona como
testamenteiro, João de Andrade, morador no Rossio
antre os loiícciros.
Mais tarde, outro terreiro de venda foi o largo do
Carmo, onde se fêz durante muitos anos feira de va-
silhas de barro para os crentes irem buscar à capela
dos Terceiros a «água de Santo Alberto», que ali era
benzida todos os dias 7 de Agosto (i).
E ainda esta
por João Baptista Lavanha, pág. 3o. Queirós supôs que o arco
se ornamentasse de peças cerâmicas. Nenhum documento auto-
riza a conjectura.
-- 2J —
Em um outro quadro via-se uma nau da índia des-
carregando caixas de porcelana chinesa, outros navios
carregando a nossa louça e outros ainda saindo, já car-
regados, a barra do Tejo.
Sob o quadro lia-se:
ET NOSTR^ PERERRANT
e também
Cuentan de naturaleza
Y arte infinitos primores
En los vasos de Lisboa
Que oy llevam por todo ei Orbe (2).
Et la porcelaine fine
De cette contrée divine.
Sumário : Em
que se conjectura quem seria o oleiro que veio de
Talavera. — Uma
nota sobre Francisco de Matos. A in- —
fluência oriental na nossa faiança seiscentista, através da
Olanda. — O empório das porcelanas orientais e as cinquenta
fábricas de Delft. —
Gontraria-se a influência veneziana alvi-
trada por um investigador. —
Peças datadas. Os tipos da—
faiança portuguesa «Desenho miúdo», «Tecido Oriental» ou
:
l
Acaso se poderá identificar com este pintor de
azulejos, um Francisco de Matos que, em 20 de De-
zembro de 1575, casa na freguesia de Santa Catarina,
com Ana Esteves (i)?
gumas vezes.
Legendas indicativas de propriedade, religiosas ou
simplesmente sentimentais, decoram nos a miúde, em
acartouches», tarjas e escudos : —
D. Cat.^ de Andrade,
Charitas, e Amor, por exemplo. Nuns pratos a le-
genda lê-se na aba, noutros no centro anversal.
A indicação da propriedade igualmente aparece no
reverso das peças: —
Marques, Leite, Albuquerque, Lo-
bato, Ribeiro, Teixeira, Vieira, Ataíde, Pigara, D.
Catarina dè Andrade, — como se vê nas colecções
Ameal e dr. Luís de Oliveira. Este investigador con-
sidera estas legendas como assinatura de ceramistas,
o que nos levava a consentir a hipótese de uma se-
nhora fabricante ou pintora de faianças, tal como So-
ror Jacinta da Madre de Deus, cujo nome religioso
aparece, também, no reverso de outro prato da pri-
meira destas colecções.
Tais legendas significavam apenas a propriedade,
que, noutros casos, se assinalava na frente da peça, por
este processo ou por meio de brazões, do que há nu-
merosos exemplares em peças de vários tipos.
O Luís de Oliveira vai mais longe ainda:
sr. dr.
(
I ) Guide des Amateurs de Porcelaiues, por Augusto Demmin
pág. 843.
- 37 -
de uma cruz. Deste tipo, por amiúdamento das pontas
da estrela, deriva-se ainda outro tipo. a que chamei,
com Alberto Sousa, Malmequer na classificação da co-
lecção Ameal, e tanto num como noutro intervêm fre-
quentemente esses outros motivos ornamentais de ca-
ráter oriental a que Queirós chamou Aranhôes e o
sr. dr. Luís de Oliveira Símbolos chineses.
gendas.
Entre os animais predominam o leão, o veado, o
mocho, o coelho, e variadas aves. Véem-se ainda
Cupidos, dragões, caçadores, etc.
Nas de Puente dei Arzobispo predomina a com-
binação do azul, amarelo e côr de vinho, esta muita
nho (i).
Em pratos deste tipo aparecem, da mesma forma,
legendas de propriedade e brazões. Num prato Tecido
Oriental^ da variante que se apelidou Malmequer, apa-
rece a data de 1649. O prato decora-se com o escudo
brazonado dos Silvas ou Castelobrancos.
clusões.
l
Serão também de Talavera ?
Do fim do se'culo xvi são os azulejos do tipo jóias
ou diamantes^ da entrada, sob o coro, da igreja de São
Roque, de Lisboa, e os da sacristia da Casa Pia de
(i) S. PEDRO I
PIN 1
TOR SOV| |
EV.
(2)Nas Francesinhas, mosteiro hoje demolido, havia muitos
azulejos deste tipo assinados por Garcia Ramires e datados de
1691. Garcia Ramires devia de ser espanhol, embora trabalhando
em Lisboa.
VoL, IV 5
— 6G -
uma execução apurada, os nossos azulejadores fabrica-
ram os lindos quadros de intenção patronal, evocativa
e religiosa, chamados habitualmente Registos, alguns
dos quais —
como as Adorações do Sanlissiino poli-
cromos, que se admiram em Évora e em Lisboa são —
de um ornamental muito de notar. Outros são
efeito
comemorativos, como o do Terremoto, no Monte de
São Gens, mas a maioria são de invocação religiosa,
representando a Virgem, santos e santas.
(i) Códice manuscrito que foi vendido sob o n.° 2:583 no leilão
dentro.
Eram luxos supérfluos e gastos imiteis.
Sebastião José via o caso de mais alto. A produ-
ção artística é que o interessava, e, com a sua influên-
cia e a sua sugestão, emquanto pôde, fêz a propaganda
do Rato, obrigou a comprar faianças na nova oficina,
ao rei, à corte, às companhias comerciais, aos poten-
tados da finança. Fidalgo que quisesse agradar ao Ca-
beleira era ir encomendar um serviço brazonado ao
Rato burguês dinheiroso ou prelado nacionalista a
;
tada.
Outras duas peças, brazonadas, do Rato, encontrei
em Vizeu uma no Museu Grão de Vasco e outra na co-
;
— Bandejas oitavadas
— 90 —
Tabolciros
Pratos, com mosteiro ao meio, redondos, quadra-
dos, triangulares, compridos, oitavados, covos,
de guardanapo, de roda, de cores ou pintados
de cores, de meia cozinha, de cozinha com asa,
recortados, grandes e pequenos, pratinhos
Porta-ôlhas, pintados,com figuras e simples;
Palanganas (alguidares) de lavar as mãos;
Terrinas, de relevados, à francesa, à inglesa, com
figura do cordeiro, de três lotes, furadas para
junca ;.
Sopeira redonda ;
Cafeteiras
•Açucareiros, pegados ao prato;
Bules finos, para doentes, pintados de côr;
•
Canecas grandes e pequenas ;
Saleiros ;
Talher de galhetas ;
Potes e quartas ;
— Perfumadores
— Baldes garrafas, em
p-ara forma de cesto
— Canoas (?)
— Vasos para jardim ;
l
E extensa a lista, extensa e surpreendente de no-
vidades, não é verdade ?
Em
1769 vendeu-se 2.i853!!)5oo réis de loiça, e, em
Março de 1771, em que os tempos já não eram os
mesmos, a loiça avariada e defeituosa que se vendeu,
produziu 29953^960 réis, a favor do mestre por conta de
quem foi vendida.
tério.
Pelos bric-à-bracs aparecem, de quando em quando,
exemplares belos de faiança ratinha. No Cristiano, da
rua de São Bento, estiveram à venda, não há muito,
uma série de meios-corpos para Jardim, e
(plintos)
em 1927 vi lá, comprado no do Conde dos Oli-
leilão
vais, um busto, marcado por Brunetto (meia figura),
N.° VI de uma série, representando Sérvio Galba (nome
que se via em letras relevadas na frente da base; com
a cabeça coroada de folhagens.
José Queirós cita na sua Cerâmica outras peças
excepcionais, como o prato da colecção Asseca, o prato
relevado da colecção Arroio, as «terrinas» da colecção
da Academia das Sciências, uma das quais pode estar
incluída nos «Inventários» na designação de Terrinas
com figura do cordeiro. Todas estas peças são de sin-
gular mérito. Queirós, fazendo considerações sobre
os barros diversos utilizados no Rato, nota nesta ter-
rina enoutra semelhante, adquirida então pelo sr. Pinho
da Cunha, uma pasta mais avermelhada.
O é que o barro era da cerca
que eu posso afirmar
do Colégio dos Nobres (Faculdade de Sciências) e que
a areia vinha de Coina. Chumbo de capote, estanho
e sal, constituíam a pasta e o vidrado de toda a faiança
DÉBITO
Materiais, moveis, manufacturas e uten-
sílios em I de Janeiro de i8i3 5.680^879
Despesas com os operários, lenhas, bar-
ros, etc 4.001Í55089
Chumbo e estanho em barra 472^^920
Ordenado do Administrador 320CÍ)0oo
Renda do edifício que se carrega 2oo;jí)000
Lucro 323íf)927
Total 10.998^^815
Total 10.998^^81
feiteiro.
(
I ) Livro 929 de Representações e Consultas — Parecer do
Administrador Alexandre António Vandelli.
— 121 —
a biografia do pintor. Já Botelho de Almeida o quisera
despedir, só se conseguindo manter por empenhos, e
o Milagres nunca o nomeara mestre a-pesar-dajs suas
diligências. No' fabrico do azulejo cometia abusos com
prejuízo da Fábrica. Chama-lhe «hum Pccus iiifiduin
bdlicosum petiilans decorticaus ! ! ! O sal comprava-o
a 100 réis o alqueire no Tendeiro ele, Administra-
;
de 27 de Janeiro de 1819 —
no Livro 929 de Representações e Con-
sultas.
Junho de 1818.
(2) Idem —
Informação já citada e Representação de n de
Maio de 182 {Livro g3o, pág. 41).
1
A do Sobral, continuava.
crise, a-pesar-dos esforços
Os acusavam muita loiça defeituosa. Os
inventários
operários desleixavam-se e abusavam, utilizando as ca-
valgaduras da Fábrica em serviços particulares (3). O
Inspector teve de prover ás numerosas faltas ; castigou
l
Como se dera o milagre de tal ramo de indústria
se ter elevado a um grande auge, e quem era o artí-
fice que conseguira tornar perfeita a última fornada ?
Este operário era o Salvador Luís, moço e avalia-
( i
) Livro 927 de Decretos e Avisos — Aviso de 9 de Fevereiro
de 1825, pág. II v.° e 17 v.*>
[38 ^
l
Lembra-se o leitor daquele engenho de moer o
vidro inventado pelo Sobral que nunca se conseguiu pôr
a andar ?
poso —
Experiências infelizes —
A Fábrica do Rato em ruína
— Citam-se as suas instalações —
O novo Administrador Tei-
xeira Girão — Quem era este sujeito — As suas opiniões so-
bre a Fábrica — Uma aula de Química e outra de Desenho —
PropÕe-se um professor e um compêndio— A sua receita quanto
a um novo«^biscoito» — O estado precário da oficina — Obras e
despesas — Citam-se alguns artífices e empregados — O Mes-
tre de pintura Joaquim José Guimarães —
Sucede na Admi-
nistração Francisco António Chaves —Reduções de despesas
e de pessoal — Economias e mais economias —
Vai a Fá-
brica à praça em acaba o estabelecimento
i835 e Ci- —
tam-se algumas fábricas de loiça em Lisboa As desco- —
bertas de Bartolomeu da Costa, de Drouet e de Brocard —
José Manso Pereira faz experiências com a «Tabatinga» —
As peças atribuídas a Bartolomeu da Gosta O serviço de —
chá da Exposição de Cerâmica do Porto em 1882 A bai- —
xela da inauguração da estátua equestre —
Outra baixela de
porcelana, alegórica —
A loiça do «Ratinho» Acaba o ca- —
pítulo com uma transcrição da Cerâmica Portuguesa de
José Queirós.
(1) Livro g42 3." de Ordens, pág. 75 v.° e Livro 922 de De-
cretos e Avisos pág. 5 v." e 6,
— 148 —
e que afinal veio a ser readmitido por ordem de 20 de
Agosto de i833(i). As despesas feitas, antes, em
obras indispensáveis, subiram a 2.667ítioo réis, sem
faiar nos tais Sooíí&ooo réis recebidos pelo Raposo no
Terreiro Público, a que se referira o Teixeira Girão (2).
O deficit desde i de Fevereiro de 1834 a 3i de
Outubro, foi de 596^5826 réis do mesmo ano.
çada do Monte.
Uma Gaveta de i836 reclama a «Companhia Fabril
de Louça», nas Janelas Verdes. Foi a que depois se
chamou «Fábrica Constância».
No Rol dos Confessados de S.Mamede, em i836,
cita-se uma Casa de Loiça, na rua Nova da Piedade.
O Diário do Governo, n.° 692, do primeiro semestre
de 1839, anuncia uma fábrica de loiça nas Trinas.
(1) Não sei quem fosse este sujeito. Algumas indagações que
fiz nesse sentido, resultaram infrutíferas.
(2) Hoje já tem outro nome. É Rua de Artilharia N.° i. Se
ao menos todos os novos nomes fossem postos com critério como
este, seria menor a confusão que se tem estabelecido. O regimento
que a denominou é que já não é o n.° i, é o n.° 3.
— i63 —
para o sul, vindo sair no mesmo ponto onde agora sai,
( 1
Livro 6 dos Avisos do Ministério do Reino, existente no
Arquivo da Torre do Tombo, fl. 98.
(2) Idem, idem, fl. 97 v.°.
— 1^9 —
dos habitantes de Lisboa viviam então na paróquia de
Santa Isabel.
Em ai^iso de 12 de Junho de 1758, foi ordenado aos
inspectores do Bairro-Alto, que não permitissem a cons-
trução de mais barracas nos terrenos, Já então, desti-
nados para o novo bairro e fora do alinhamento das
que já existiam (i).
1758(2).
Dois avisos, expedidos pelo Ministério do Reino,
respectivamente para o Marquês Estribeiro-mor e para
l
Não sabe o leitor que Bruxas eram essas ? Pois
eu também não posso informá-lo. Com o mesmo nome
sei de mais duas serventias, uma a S. Vicente (a actual
travessa de S. Vicente) e outra à rua Formosa, perto
da Casa dos Padres da Divina Providência.
E esta que deve ser a travessa das Bruxas, mencio-
nada num documento inserto no Dicionário dos Arqui-
tectos e Engenheiros^ de Sousa Viterbo, como assento
de um quartel em 1809(2). Nesta, às Amoreiras, não
havia ainda, nessa data, o actual aquartelamento cuja
construção se fez muito mais tarde.
A travessa da Lebre também me deu que pensar,
mas afinal matei-a ;não a lebre mas a adivinha.
Em 1810, algumas das propriedades abarracadas
que aí havia, pertenciam a um tal Domingos Luís
Lebre. Chamava-se então a travessa das Laranjei-
ras (3).
Deu, portanto, o Lebre o seu nome à travessa. A
Câmara feminizou-a depois hoje é da Lebre.
;
A indijstria do Lacre,
tambe'm cá introduzida por
foi
La Croix. Em que
1781 erigia-se perto de Lisboa, ao
parece, outra oficina para este fabrico, tendo sido o
privilegiado o Capitão José Gomes da Cruz, que o re-
querera à Junta em Fevereiro desse ano(i).
Nos primeiros anos do século xix, Matias da Cunha
Ferreira tinha, no Rato, outra fábrica cujos produtos
se vendiam na loja do Batalha, ao Chiado, a 1^600 e
a 1ÍÍ&200 réis o arrátel (2).
(3) Livro A
de Representações e Consultas Representação —
da La Croix à Direcção de 10 de Setembro de 1773, pág. 80 a 8r.
(4) Sousa Viterbo, menciona, num artigo publicado no Diá-
rio de Noticias, que num dos Avisos do Ministério do Reino (co-
lecção da Torre do Tombo) aparece uma queixa feita por La
Croix contra um tal Francisco Patrício,
l82
( 1
Livro Q28'2.° de Representações e Consultas, pág. 5, 5 v.°,
e 92.
pág. 47.
— i85 —
diação industrial. Algumas dessas novas fábricas ins-
talaram-se no bairro dos Fabricantes, outras, fora dele
e outras ainda fora de Lisboa. Estudá-las hemos se-
gundo esta ordem.
RatoHy seguro crítico da sua época, espírito lúcido
e recto cujas Recordações constituem um dos manuais
do investigador da época Pombalina, pÕe-nos ao facto,
em poucas palavras, do nosso atrazo industrial.
Os chapéus bragueses, os panos de Guimarães, as
ferragens grosseiras do Minho e as saragoças, consti-
tuíam a nossa produção. Tudo o mais vinha de fora (i).
Com a criação da Junta do Comércio e a fundação
do bairro dos Fabricantes deu-se o primeiro impulso a
esse ramo de actividade em que o próprio Ratton tam-
bém, e corajosamente, cooperou.
Tesouras ;
Raspadeiras ;
Garfos
Instrumentos cirúrgicos.
As facas facturavam-se com os respectivos cabos
que eram de pau, chamado Sebastião da Arruda, de
lixa verde, de madre pérola, de ébano, de pau santo,
de prata, de prata com fios de madre pérola, de oiro
com As facas de mesa, algumas
entrecanas e botão.
tinham argola ou lavrada, de prata ou de latão.
lisa
Dutuil.
Em 1765 como aprendizes mencionam-se Estácio
Ribeiro que, como vimos, saiu para montar uma fá-
brica, António José de Oliveira, Joaquim José, Domin-
gos da Costa, António José' de Albuquerque, Joaquim
José Ferreira, Diogo Pinheiro e Raimundo António dos
Santos que veio a ser o mestre da Ferragem de Cirur-
gia. Em 1766 aparece mencionado o mestre e sua mu-
lher Isabel PVancisca, os aprendizes já citados e mais
José da Silva. Em 1767, os mesmos e mais os oficiais
António João Baptista Charlier, Honoré Lambert e
Hubert Joseph, além de José Lourenço, João Peixoto
(que foi mestre em 1781), Francisco Caetano, António
Roiz Iria e Tomé do Nascimento. Em 1770 além de
Dutoit, da mulher e de Charlier, só se mencionam i5
aprendizes. Em 1771, já falecido Dutoit, cita-se a viúva,
o Charlier, Estácio Ribeiro, Domingos da Costa, e 5
operários e 8 aprendizes sem designação especial ; e,
em 72, só 9 aprendizes, o Estácio e o Charlier (2).
VoL. IV i3
- 194
( 1
Róis dos confessados da Freguesia de Santa Isabel, anos
citados no texto.
(2) Livro B de Decretos, etc. — Ordem de 26 de Janeiro de
1774, pág. i55 a iGi e 192 a 193.
(3) Livro <j23 de Registos de Avisos da Junta, pág. i3.
- 198 -
onde um dos do Mestre conseguiu montar uma
filhos
Novembro de 1920.
Em Santarém também houve fabrico de relójios.
O da torre da igreja matriz de Alcanena lê-se,
relójio
gravado no mostrador amarelo: Ant.° Jo^é Fer.^ ^ fo^
em Santarém na era de ijg2{4).
vez (i).
e do ministro (i).
em 18 de Agosto de 1784;
— De Caetano Francisco Veloso, em 27 de Julho de
1785;
— De Pedro Schiappa Pietra, em 26 de Abril de 1786; e
— De José Francisco Cabrita, em 12 de Maio de 1786.
Outras fábricas congéneres se erigiram também
'
Fêz-se o contrato com Bartolomeu Orsini, aprovado
pela Rtsolução Régia de 3o de Agosto de 17G6, ficando
( 1
)
Livro 404 de Entrada e Saída de Manifestos da Real Fá-
brica dos Botões.
(2) Idem.
(3) Livro B idem, pág. 339, 344, 346, 35o —
Concessão de 25
de Setembro de 1780. A falta de botões no mercado era grande.
(4) Livro g2y-3.'' de Registo de Consultas, pág. 44 v.° e 45.
— 2l6 —
1780; António Multipliciano da Silva, em 3o de
Janeiro de 1781 Manuel dos Santos Carvalho,
;
(8) Idem.
(9) Livro B de Decretos e Avisos, pág. 394 — i78t.
Fundidores de artilharia 5o -
Baínheiros e cutileiros i3o 5i
Espadeiros i3o -
Bate-fôlhas 20 14
Caldeireiros 40 43
Couraceiros 20 -
Ferreiros - 129
Freeiros 60 24
Fundidores 12 -
Lanceiros - 8
Picheleiros 120 42
Serralheiros 220 93
de 2.873í?'3oi réis.
j
Isso é que era importante ! As reformas do Sebastião
José (como então se dizia achincalhando-lhe a nobreza)
cheiravam a progresso e ao democratismo das ideias
modernas, Fora com elas
j
pág. 25 a 26.
(-l) Livro A de Decretos e Avisos, pág. 159 v." e 160.
(5) Livro ^21-3." de Decretos e Avisos, pág. i5 v.° e 20.
(ô) Idem, pág. 32 v.°
(7) Livro g2i-3.° de Decretos e Avisos, pág. 61.
— 23o —
Era bradar contra o vento. A verdadeira Aula fora
e era ainda a reedificação de Lisboa. Nesse trabalho
portentoso é que se criaram bons engenhos e hábeis
operários.
drade ;
Bellons, no Porto
— Fábrica de Festões Toalhas Adamascadas, no
e
Porto, em 1787 ;
O virgem de Monserrate
Livra-nos deste rebate
Pelo teu precioso manto.
INTACTA PLACET.
— 241 —
Na capela-mor, do lado da Sacristia: Uma estrela
fulgurante de raios e entre elas o sol. Na fita:
NOLI ME TANGERE.
SOLIS OPVS.
INIMICITIAS PONAM.
UMBRA PRQCVL.
(i) Santo António de Noto era uma das imagens levadas nos
roubado.
— 245 —
i
Que teria uma coisa com outra
lia pagã.
— j
Emeus senhores, é
entrar, entrar ! j
Já está cá
a senhora Marquesa de Viana (i) !
Viana».
l
Ter-se-ia fixado o «reclamo» como agora se diz ?
O que trata os mortos e os vivos, com uma
ilustre professor
bondade de enternecer desculpando sempre as faltas, as fraquesas
e os ridículos, conta também, dentro do mesmo assunto, que a
elegante, adulada e riquíssima Marquesa vivia então em Pedrou-
ços com duas filhas solteiras, uma das quais costumava dizer que
— -256 —
De feira em feira, de barraca em barraca, foram
parar, há anos, ao Dafundo. Carlos Dallot constituíra
numerosa família, e ela foi depois a sua companhia
teatral. Actrizes e actores eram quási todos do seu
sangue. ;
As
representavam os grandes papéis
filhas
dramáticos, os netos e netas formavam a troupe in-
fantil !
no tempo do pai, fora uma vez tanta gente jantar â quinta em dia
de festa que tiveram de matar um boi, e, como não chegasse
ainda, de matar mais meio.
(i) Resolvido em sessão da Câmara de 27 de Maio de 1868.
— 257
a tirar-lho.
P. N. A. V. PELAS ALMAS.
RVA
NOVA DO PAINEL
DE JESVS M.'* JOSÉ
Em
1869 tinha o palácio um ilustríssimo inquilino,
nada menos do que o marechal duque de Saldanha, o
prestigioso militar e político, cuja estátua campeia agora
na praça do seu nome.
Foram cheios de vida, de cor e de animação para
a velha moradia suburbana, os dias em que aí residiu
-~ -286 -
o marechal. Aquelas paredes vetustas puderam então
ver todos os bélicos episódios da sua vida, e ouviram
alternadamente o tilintar guerreiro das espadas no 19
de Maio e no 5 de Dezembro de 1869, e o ranger per-
fumado das sedas das elegantes da época nos aristocrá-
ticos bailes e saraus de 6 de Janeiro, 3 e 24 de Feve-
reiro de 1870.
A pouco menos de
bisbilhotice retrospectiva, é ino-
cente. Espreitemos pois pela janela do passado.
£ < .1"
-; O -O
- 289-
versos. A divisão junta na praça do Comércio ainda
chegou a marchar para Beiem, a despeito da resposta
concihadora de el-rei, ao telegrama enviado pelo mi-
nistro da guerra Lobo de Aviia. Voltou para traz a
meio do caminho por nova ordem de el-rei sabedor
do facto. Regressou da Ajuda o duque de Loulé de-
clarando ao ministe'rio que el-rei o exonerara e encar-
regara o duque de Saldanha de formar gabinete» (i).
l
Que casas seriam umas, cuja venda se anuncia em
i836 e 1839, com dois andares, ermida, quintal ajardi-
nado, cocheiras e cavalariças (2) ?
O
conde de Rhode, Enviado Extraordinário e Mi-
nistro Plenipotenciário de Sua Majestade o Rei da Priis-
sia, morava, em 1796, neste arruamento.
A Gaieia de Lisboa de 12, 29 e 3i de Março
desse ano, anunciava a venda de vários objectos e a
última o leilão de todos os seus móveis e mais recheio
de casa, por motivo da sua retirada desta corte.
Tenho notícia de alguns notáveis moradores deste
arruamento, mas nada sei acerca das casas de que fo-
ram inquilinos.
Aqui os ponho devidamente relacionados :
LOVADO SEIA
o santíssimo
SACRAMENTO
i632
tras de regalo.
Entre a azinhaga da Torrinha e a rua de Entremu-
ros espalmavam-se as quintas do Geraldes e do Fora-
dor, as terras dos Congregados do Oratório e lá, ao
topo, limitada pela velha estrada da circunvalação, a
quinta dos Jesuítas de Campolide. Dela diz o infor-
mador do diligente Padre Luís Cardoso que vindo pela
estrada que liga o largo de S. Sebastião da Pedreira,
com Campolide: aha n''esta parte hunia boa quinta que
;
O que fará depois ! . . .
nista, também
ali proprietário, ofereceu à Câmara, grande porção
senão água. —
Aquilo
j
um mar subterrâneo
e' !
dade (3).
Tanta era a afluência de negros e moiros, moços
e criados que as bulhas eram constantes.
Entendeu a Câmara, e bem, publicar uma postura
da Fonte do Frol.
(1) Em
Évora havia um «poço de cata-quc-fívás, e um sítio
assim chamado, em pleno século xiv. Creio que tal nome se de-
rivaria de alcunha, construída à maneira de outros apodos ebo-
renses como o de Bem-na-busca aplicado a um moiro. Não sei
porquê, pressinto, atrás desta designação local, um filho do Islam.
(2) Estatística de Lisboa de i552, pág. 44 v.» a 35 v.", impresso
agora cem o título de Tratado da Majestade, Grandeza e Abas-
tança da Cidade de Lisboa.
— 327 —
ram quando em 1004 se mandou alargar a rua dos For-
nos do Moy^ra'{{\). Esta rua rompia-se ao princípio,
do lado norte, do referido troço da actual rua de S. Ju-
lião e, obliquando e cortando em diagonal a rua do Cru-
cifixo, ia sair à do Almada ali por altura do «Ferin»,
E do chafariz de El-Rei
lág. 448 —
Carta Régia de 24 de Março de i5i6.
— 336 —
Nicolau de FVias (de uma família de engenheiros e
arquitectos notáveis) foi um dos que verificou a fonte
da Água Livre, por ordem do Senado, interessadíssimo
sempre em tão grande melhoramento. Achou um anel
de água <ido tamanho de um circulo cujo diâmetro era
a duodécima parte de um palmo de cinco em rarai>,
medida esta aprovada, nesse tempo, como certa e infa-
Uvel no dizer do próprio Nicolau de Frias. Tal certi-
dão iraz a data de i588 (23 de Junho) e serviu como
documento em um pleito entre os frades de S. Fran-
cisco e os de Santo Eloi, do Porto (i). Nada, porém,
se fez de positivo.
*
Vou transcrevê-las :
91.^ — ... edo cunhal das casas que tem a cruz, junto
a S. João dos Bemcasados, indo-se continuando
até o muro dos Padres da Companhia, donde
se divide em trez caminhos, um para o Moi-
nho de Vento, outro para a Anunciada, outro
para São Bento e Alcântara, tem de compri-
mento 2:770 palmos e em todo elle hade ir o
aqueduto somente no vale em baixo, etc.
Orçamentos diversos
existia.
— 34*5 —
Eanes e casas de Gonçalo Vaz Coutinho, Junto a S. Pe-
dro de Alcântara.
Quási ao fim do caminho projectado, passado o
cunhal de Gil Eanes, isto é, na rua de D, Pedro V,
vê-se o barracão vasto dos fornos de louça, também já
reproduzido nesta obra.
Abençoado chafariz!
CAPITULO XV
Ponto final.
*
pág. 8 e segs.
— 363 —
Da proposta constavam ainda as seguintes cláusu-
las
Lavrador!
Em 1699, escasseava lá a água, e a que corria era
turva e suja. Fizeram-se pesquizas achou-se barro e
;
entulho a esmo e —
surpresa consoladora mais duas ! —
nascentes perdidas que logo se canalizaram. Não sei
pág. 181-184.
(2) Di-lo, num comentário cómico, o Folheto de ambas as
Lisboas, redigido por Fernando Tavares Mascarenhas de Távora.
(3)Citados Elementos, tomo xi, pág. 279.
(4)Idem, tomo xiv, pág. io8.
(3) Idem, tomo ix, pág. 348 —
Carta do Secretário de Estado
Bartolomeu de Sousa Mexia, à Câmara, em 19 de Julho de 1719.
— 367 —
sabe se não se lembrariam igualmente de convidar
para a tal diligência, a mulher de um negociante de
Baiona, que então residia em Lisboa, criatura cujos
olhos de lince não só viam a água a trinta e quarenta
braças de profundidade como divisavam claramente a
formação do «chilo» nos intestinos e a circulação do
sangue. Esta faculdade de extrema visão anulava-se
por ocasião das luas. D. João V, que diz a obra de
onde isto extraiu, se serviu algumas vezes dos seus
olhos, fêz-lhe mercê do tratamento de «Dona» e con-
cedeu o hábito de Cristo à pessoa com quem casasse (i).
por ano 3õ.38i^6oo réis. Opina também acerca das taxas a impor
no vinho, azeite ou ferro, pondo fora da tributação o pão e a
carne por estarem já muito carregados.
(2) Dizia ele « Tanto custa a pagar muito o rico como pouco
:
o pobre».
(3) Os Procuradores dos Mesteres (que eram quatro), convi-
-371-
os seguintes impostos:
Adiante.
E mais adiante :
pág. 76-77.
— 38^ —
de todo a concorrência que se resumia à garotada bair-
rista, muito embora já em 1808 um tal José da Cunha
Lemos tivesse requerido, sem resultado, para cultivar
o terreno da muralha (i).
(
1
)
Livro g20 de Decretos e Avisos da Direcção da Real Fá-
brica da Seda, pág. 45 e Livro g2i-3.° de Decretos e Avisos —
Aviso de 14 de Fevereiro de 1821 portaria de ib de Agosto de
;
(
1
)
Sinopse dos Principais A ctos Administrativos, 1 85 1 , pág. 1
e 19.
« Com
brevidade se fechará o arco grande da Ri-
bejra de Alcântara do Aqueduto das Agoas Livres e
passaria a ágoa a correr junto de Pavolide (sic) donde
a cidade se proverá já de mais pertoy>.
pág. 187-188.
- 396 -
de réis, quantia esta que veio a liquidar-se, após o aviso
de 4 de Dezembro de 1775. Dos primitivos sócios a
maioria morrera. Uma escritura, feita em 1764, con-
solidara a situação dos herdeiros dos falecidos, estipu-
lando-se nela que, por morte de qualquer dos novos
sócios, as mulheres e filhos ficassem na Sociedade de-
vidamente interessados. Esta estipulação preconizada
pelo sócio Francisco Gomes da Silva, intriguista e ma-
licioso na opinião da «Junta», deu origem, alguns anos
decorridos, ao facto extravagante de se acharem dentro
do grupo societário, cle'rigos, religiosos e mulheres
que nada percebiam dos assuntos ali tratados. Quando
se fêz nova escritura repetiu-se a estipulação e a situa-
ção, que a Junta chamava monstruosa, continuou, a-pe-
sar-dos protestos dos sócios a valer contra os ociosos
e parasitas que os exploravam.
A sociedade organizada pela escritura de 18 de Se-
tembro de 1772, compusera-se de treze mestres pedrei-
ros: —
António Baptista Garro, Manuel Caetano Freire,
Manuel José da Silva, Bernardino da Costa Calheiros,
João de Abreu, Manuel Francisco, Francisco Alves
Lobo, Tomé Alvares, Manuel da Silva, José Gomes,
Pedro Gomes da Silva e Joaquim José dos Reis.
Todo o material de trabalho da Sociedade anterior
fora tomado por esta, por avaliação.
Em 1783 a Junta propôs a abolição da Sociedade
existente, fazendo-se nova conta, indemnizando os par-
ticulares que haviam feito contratos com ela, e re-
servando-se o direito de resolver quaisquer dúvidas
que aparecessem com base no que dispunha o decreto
de 14 de Dezembro de 1772(1). Nestes termos a abo-
(
I ) Livre g26 de Representações e Consultas^ da Colecção da
Junta de Administração das Fábricas do Reino, no Arquivo Na-
cional — Representação de 1 1 de Agosto de 1783, pág. 81-81 v.°
lição da Sociedade fêz-se pela Real Resolução de 1 3 de
Agosto de 1783, e feitas as contas viu-se ter havido
um saldo a seu favor de 80.692^^)893 réis, em vez das
irregularidades e dos descaminhos que o sócio Manuel
da Silva denunciara em 1780.
Este Manuel da Silva tinha sido Pagador das Obras
e queria entrar de novo na Sociedade com este cargo
então exercido pelo Joaquim José' dos Reis. A sua
queixa a Junta deu a pior informação, dizendo que as
acusações eram infundadas, que não havia alcances e
que tudo se devia atribuir ao seu feitio. Era um 07'-
giilhosoperturbador da tranquilidade social. A pró-
pria acusação aos padres, não tinha fundamento (i).
Fundou-se ainda uma terceira e última sociedade
por escritura de 16 de Janeiro de 1784, feita nas «notas«
do Tabelião Eusébio José Pereira de Carvalho e Aguiar.
Eram quatro os sócios (Joaquim José dos Reis, Tomé
Alvares, Luiz António da Silva Coelho e Bernardino
António da Silva) e durou até 1799, ano em que aca-
baram, de vez, todos os principais trabalhos do Aque-
duto (2).
Em 1786 os mestres empreiteiros, invocando a ca-
restia dos materiais e da mão de obra, requereram
para que o preço da braça de parede, paga a 4íí!4oo réis,
(
1
)
Livro 926 de Representações e Consultas —
Consulta de
i5 de Setembro de 1786, pág. 22-23 e Livro g2'j, idem Consulta—
de 9 de Dezembro de 1786 e 16 de Abril de 1788, pág. 32-33 v.° e
63 v.°-64.3
(2) Livro gi8-C de Decretos e Avisos — Aviso de i de Setem-
bro de 1783.
— ^99 —
Estas e outras expropriações importaram em cerca
de noventa e dois contos de réis.
cido (3).
provido.
Sousa Viterbo no seu valiosíssimo Diccionario de
Engenheiros e Arquitectos poucos dados biográficos
nos dá deste arquitecto.
E, por hoje, basta.
E, do lado do Rato
(i) O
plano feito pela Administração da Real Fábrica das
Sedas Obras das Águas Livres, foi aprovado por portaria de 2
e
de Outubro de i833, estando as obras orçadas em i.o38^ooo réis.
As portarias de 24 de Dezembro de iS33, 28 de Agosto e
e de 2 de Setembro de 1834 é que determinaram a conclusão da
obra {Livro 920, pág. 64-64 v.° e Livro 922, pág. 8).
— 409 —
Cessidades. Hoje alimenta o chafariz das Janelas Verdes,
o das Necessidades, o lavadouro do chafariz das Terras,
o antigo Palácio Real e suas cavalariças, o quartel da
Cova da Moura, a Legação Inglesa e mais três casas
particulares.
A galena do Loreto dá água actualmente para o
chafariz da rua Formosa, para a Academia das Ciên-
cias e para doze particulares. A entrada da rua de
D. Pedro V há uma casa quadrada, chamada a Pia do
Penalva^ de onde parte uma galeria em degraus até o
antigo chafariz e clarabóia da Cotovia, e outra que,
em sentido oposto, leva água ao chafariz da rua For-
mosa. A partir de São Pedro de Alcântara até à Cal-
çada da Glória é o aqueduto muito alto e muito largo,
mas depois No largo da Trin-
estreita sensivelmente.
dade havia uma pia de onde partiam ramais para os
chafarizes do Carmo e da rua António Maria Cardoso.
Essa pia está hoje inutilizada, sendo o abastecimento
feito pelo encanamento geral.
A
galeria da Esperança, cuja obra mais impor-
tante é o Arco de São Bento, junto às Cortes, abastece
unicamente o chafariz daquele nome e o da rua do Arco,
afora uma casa particular.
Isto quanto às obras antigas, executadas durante- a
construção do Aqueduto Joanino, chamemos-lhe assim..
Quanto às obras modernas da Companhia, falaremos
depois (i).
(
i
) Memorias sobre Chafarizes, por Veloso de Andrade, pág.3.
(2) Idem, pág. 6 e 86.
(3) Idem, pág. 328-329.
— 411 -
O sítio escolhido foi Junto ao muro da quinta da con-
dessa da Anadia na estrada que vai da Cruz das Almas
para o Arco do Carvalhão (i).
— Como
i
se hão-de fazer sequestros aos benefi-
ciados pelos descaminhos se se ignoram os quantita-
tivos dos benefícios ?
(i) O anel corresponde a oito penas que por seu turno corres-
pondem a 3.3o8 litros.
(
i
) Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa — Sinopses e
extractos das sessões da Camará, anos de i835-i852.
— 43?
j
Oh eruditismo dos cicerones
E difícil responder.
O que há de absolutamente certo é que a água não
chega e ainda por cima é má.
Quanto ao mais é tudo duvidoso.
CAPITULO XIX
pág. 144-157.
(2) Na pedra fundamental da ermida encontravam-se escritas
as palavras Jesus, Maria que mais de uma vez têm apa-
e Avante,
recido gravadas em Vide sobre este assunto o
diversos locais.
que diz o autor da Lisboa Antiga, pág. 28-29 do terceiro volume
do Bairro Alto.
(3) Demonstração Histórica, por Frei Apolinário da Concei-
ção, pág. 175 e segs. —
Edição de 1750.
— 445 —
Fêz-se a ermida em i58i, antes que tivesse casa
«Nossa Senhora da Penha» e para lá foi a imagem
acompanhada pela de São João Baptista que servira
de penhor em casa de Afonso de Torres e estivera
com aquela na ermida da Vitória. Ora aqui começa
a embrulhada.
^ Seria a imagem de São João, uma das nove fabri-
cadas por António Simões? Se assim é não cumprira
êle integralmente a promessa feita nos campos de Al-
cácer.
l
imagem da devoção do
Seria ela alguma antiga
doirador Parece-me mais provável esta hipótese. Que
?
era dele não deve haver dúvida, pois se assim não fora
a não utilizara como penhor. Fosse como fosse, o certo
é que o nome de São João prevaleceu ao da Senhora
da Boa Sentença e a ermida, construída para ela ficou-se
chamando de São João —
de São João dos Bemcasados
— a não ser que tal nome já existisse no local do tem-
plozinho de António Simões.
l
Mas dos Bemcasados, 'porquê ? Eis, outro pro-
blema.
forma também :
De
1742 a 1745 residiram neste solar arrabaldino
o Conde de Unhão, D. José Xavier, a Marquesa D. Ma-
ria José Francisca Xavier Baltasar da Gama, seus filhos
D. Bárbara, D. Vasco, D. José, e D. Eugenia, D. Bar-
bara de Figueiredo, nove familiares, dezassete criados,
oito escravos e o padre capelão Manuel Esteves Teles.
(
1
)
Livro da Superintendência da Decima de Santa Isabel,
do ano de 1766.
Passemos adiante.
El-Rei, talvez como brinde de noivado, concedeu
a D. Joana Perpétua as honras de duquesa, por carta
régia da mesma data do casamento, indo a agraciada
recebê-las ao paço em 26 do mesmo mês. Mais tarde
teve também o tratamento de sobrinha (2).
j
Que fonte copiosíssima de notícias não estará ali
represada
(2) Idem —
Anos de i82i-i83o.
(3) Róis dos Confessados da Freguesia de Santa Isabel —
anos referidos.
voL. IV 3o
— 466 —
outro anúncio da Crónica Constitucional {nJ^ 20) áç 17
de Agosto do ano anterior. Já a Gaveta de 8 de Feve-
reiro de i8i5 anunciava também o arrendamento do
palácio.
Um dos inquilinos do antigo solar arrabaldino de
Lisboa é o sr. Conde de Mafra, o douto professor
D. Tomaz de Meio Breyner, meu ilustre e erudito
amigo (i).
ciosos serões !
E mais adiante
dental do Palácio.
Deixando a moradia, por tantos títulos notável e
recordando o infantinho D. Carlos, D. Joana de Bra-
gança e esta linhagem ilustre dos Anadias, digo como
Bulhão Pato, olhando a fachada agora pintada de ama-
relo :
j
O que aquilo foi
pág. 6).
^ 489 -
beira de Alcântara, a antiga estrada do Sargento-mor,
chamada depois, do arco do Carvalhão.
O sargento-mor era o nosso conhecido Domingos
do Amaral Valente, e a estrada tomava de-certo esse
nome por ir ter direita, sob a encosta dos Prazeres, à
sua quinta, na ribeira, que ficava aquém de \'ila Pouca.
Tudo isso se percebe muito bem na planta de José
Monteiro de Carvalho.
Com nome sonoro — «Arco do Carvalhão»
este —
meiia-se medo às crianças. Era uma espécie de «pa-
pão» no meado do século xviii. Di-lo o Coronel Fran-
cisco Coelho de Figueiredo (i).
O Carvalhão que deu nome ao arco do aqueduto e
à estrada (hoje rua) que sob êle passa, é Sebastião José
de Carvalho e Melo, grosso proprietário deste local.
Eram dele não só as terras que ficavam encravadas
entre a estrada de Campolide e a continuação da rua
das Amoreiras até à circunvalação, como também as
que da rua do Arco descaíam para o vale de Alcân-
tara e as que dele ficavam para àquem.
Ignoro se ainda, como antigamente, as casas da
estrada e da rua das Amoreiras pagam foro à casa
Pombal. No cunhal da que, para ambas, faz frente, à
esquina, defronte da casa dos Laguares, está encravada,
uma pedra em que Foreiras a Sebastião José de
se lê :
l
Seria esta a Cruz ?
l
Como iria parar o portal (talvez destruído em 1756)
para o outro lado da rua, no topo da quinta do Guarda-
-mór ?
pág. 39.
Róis dos Confessados da Freguesia de S. Mamede.
(2)
Arquivo da Misericórdia, por Vítor Ribeiro, pág. 12.
(3) Es-
critura de arrendamento de 5 de Novembro de 1807.
— 49^ —
A cruz que deu nome ao local era, evidentemente,
a do Portal que sobrepujava o brasão dos Rebêlos.
«... um moinho
e muitas azenhas de trez rodas cada uma
em que se fazem as muitas farinhas para as padeiras cozerem pão
porque o mais trato tem que muita parte das mulheres desta fre-
guezia he amassarem pão para irem vender fora desta freguesia».
— 5o4 —
Pombal e de D. Maria I, tão notável pela sua desgraça
como pela sua Fortuna. Em i8o5 já a quinta estava
absorvida pelo famoso Seabra e englobada no seu do-
mínio(i).
Chegado o ano de 184 1, sem até aí nada haver digno
de menção, aparece no Diário anunciada a venda da
propriedade constante de terras de semeadura, olival,
horta, pomar, dois poços, etc, mencionando-se a sua
serventia pela azinhaga da Torrinha (2). Ignoro se se
alugou ou não. Em iSyS estava ainda disponível e o
Governo expropriou parte dela (a que ficava para além
da travessa) a-fim-de ali construir uma Cadeia Geral e
Penitenciária, tendo também utilizado, por compra,
terrenos do Colégio de Campolide.
Tal foi o estravagante destino da linda quinta de
recreio dos noviços da Companhia. No local onde me-
ditaram o pintor Domingos da Cunha e os irmãos Lou-
renço Lombardo, António de Azevedo e tantos outros,
na residência alegre e hospitaleira do Viso-Rei Fernão
Teles de Meneses, ergue-se, hoje, essa terrível Peni-
tenciária. A clausura facultativa sucedeu a clausura
obrigatória, j Fatal destino das coisas !
tinhos de Coimbra.
— 5io —
pelos religiosos do convento da Estrela e que pegava
com a quinta do Noviciado; em 1786 compra a quinta
da Rabequinha e, ao começar o século xix, ei-lo já de
posse da propriedade dos jesuítas, e da'quinta e casas de
Carlos Joaquim (antiga quinta do Poceiró) que tinham
sido dos herdeiros do Principal Azevedo, como já ficou
apontado(i).
José de Seabra tinha todas estas propriedades por
sua conta e habitava no palácio Aveiro. Apenas no
segundo semestre de 1779 vejo alugar-se a velha mo-
radia ducal ao Marquês de Niza que, por sinal, pagava
de renda 25oíí)00o réis (2). Em i8o5 José de Seabra
habitava-a e com êle quadro criados, quatro parelhas
e quatro cavalos de sela. Em 182 1, estava ausente em
França, e em 1882 devoluto, pois o visconde residia
então ná sua casa de Entremuros. Em i833, diz o Li-
vro da Decitiia, ocupavam-no «as tropas» (3).
José de Seabra casara com uma senhora fidalga,
D. Ana Tavares da Horta
Felícia Coutinho de Sousa
Amado e Cerveira, e desse casamento nascera o pri-
meiro Visconde da Baía, Manuel Maria da Piedade.
Do casamento deste com D. Ana Isabel de Salda-
nha Oliveira e Daun, quarta filha dos Condes de Rio
Maior, veio ao mundo o segundo visconde João Maria
da Piedade. José de Seabra falecera em i3 de Março
de i8i3 com oitenta e um anos de idade (4).
Meado o século xix, o vasto domínio dos Seabras
desmembrou-se, vindo entretanto a maior parte dele
parar às mãos do falecido capitalista José Maria Eu-
(i) O
povo costumava, nas ruas, sempre que via El-Rei ou o
Infante, prorromper em gritos pedindo a paz. Di-lo o autor mis-
terioso das Monstruosidades do Tempo e da Fortuna.
(2) Monstruosidades do Tempo e da Fortuna, pág. 5i, 66 e 71.
— 5l2 —
Luta ao Calhariz), viu-se coagido a construir, na quinta,
uma barraca para habitar. Dias depois, como se a
ruína não bastasse, pegou fogo no solar arrabaldino dos
Duques.
Um dos quartos que escapara ao incêndio passou
depois a ser ocupado por uns criados do Embaixador
e certo dia, a-pesar-de, aparentemente, não mostrar pe-
rigo, desmoronou-se, e os servos foram salvos a custo
com o desabamento. O Conde de
ficando mal feridos
Aranda, nada contente com isto tudo e custando-lhe a
respirar o ambiente de pavor que ainda envolvia Lis-
boa, mal se desampenhou da sua principal missão, que
era dar os pêsames a El-Rei e oferecer os auxílios do
seu soberano, partiu para Castela. Veio substituí-lo,
outro grande de Espanha, o Conde de Macedo e Ta-
boada que se instalou numa barraca nesta mesma quinta,
enquanto outra, de maiores acomodações, se ia cons-
truindo(i).
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— Si3 —
da Silva, prior de São Sebastião da Pedreira e infor-
mulheres.
Aqui há anos, certo jornalista foi visitar o Asilo e
pensou que seria interessante ouvir os velhos acerca
das vicissitudes passadas daquela instituição. Encetou
por isso conversa com uma das asiladas e a certa altura
inquiriu :
^E a respeito de liberdade?
—
Há liberdade de mais, meu senhor
j
Olhe que !
\
l
Quem não conheceu em Lisboa o Padre Radma-
ker ?
i
Ninguém é profeta na sua terra ! . .
E seguiu, sorridente.
O Padre Radmaker era efectivamente lisboeta. Seu
pai, Conselheiro José Basílio Radmaker, Ministro
o
Plenipotenciário junto do Governo Sardo em 1828, re-
sidira por muito tempo em Lisboa. Radmaker, depois
de estudar até os dezoito anos em Turim,
no Colégio
dos Nobres, foi para o noviciado da Companhia em
Chieri e, em 1848, veio com seu pai para Portugal.
Aqui estudou teologia e tomou ordens de presbítero
em i85i.
— 522
l
Foi um pouco fastidioso, não é verdade ? Mas é
história e convém arquivar.
e por fim o sr. arcebispo, numa bela oração, rematada pela sua
benção.
«E todo o acto decorreu num ambiente de solicitude e cari-
nho, para timbre do Bairro da Liberdade, o completo desmentido
àqueles que o julgam um sítio esconso e torvo da capital, e não
lugar onde vive uma gente simples, trabalhadora e agradável, que
dá gosto vê-la».
— 540 —
do Braamcamp (i) e, para baixo ainda, seguindo pela
Ribeira, a quinta do Inferno que
foi de Luiz Anastácio
desta quinta, de que já se tem falado por várias vezes nesta obra.
Distinguiu-se nos salvamentos um soldado dos Voluntários Reais
de Milícias, chamado Miguel José, a quem a Direcção da Fábrica
das Sedas, à qual a propriedade pertencia, premiou (LiVro ^."-92/
de Decretos e Avisos da Direcção, pág. 49 v.", 55 v.°, 56, 56 v.'
e 57).
]
Mal empregada heroicidade ! A batalha estava
perdida, irremediavelmente perdida. Eram
dez horas
quando os liberais deram a última carga
de baioneta.
Dirigira-a o próprio marechal. Da eminência fronteira
ao reduto do Seabra, onde perecera o bravo D. Tomaz
Mascarenhas, foram acossados os últimos soldados de
D. Miguel.
;
Tinha acabado o combate !
* *
;
Fala-se, de há muito, em
Alfama Al- arrasar !
;
36
NOTAS FINAIS
Nota 1
(Pág. 5o a 54)
Fábrica da Loiça
Nota 2
(Pág. 54 a 68)
—
Na rua da Rosa, n." 2o3, num prédio do século xvii que se-
gundo^me parece era o da família Nabo, há uma guarnição de
azulejos na escada, com substituições e emendas nalguns pontos.
São todos a azul. No primeiro patamar acima de três ou quatro
degraus, estão dois painéis que não eram de-certo dali (embora
do mesmo pincel) e que deviam ser de qualquer sala. Num, vê-se
uma caçada ao porco bravo e, noutro, uma dama de Fontange
com um guarda-sol, de cabo torneado, na mão. A parte de cima
dos painéis é de sanefas e borlas recortadas. Em baixo, numa fita,
EL MKDio DIA em cima, restos de um zodíaco de duplo arco, onde
;
I.VAN OORT
AMST : FECIT
(Pág. 68 a 70)
Escultores barristas
Nota 4
(Pág, 99 a 100)
Nota 5
Nota 6
(Pág. i5o)
Nota 7
Faianças do Rato
— No
convento de Santa Clara de Évora, havia uma terrina
com o diâmetro de o",3i, de faiança imitando «china«, marcada
com as letras D. V. R, i Seria do fabrico de Domingos Vandelli ?
Esteve exposta em Londres na Exposição de Arte Ornamental
Espanhola-Portuguesa, realizada, em 1881, no Museu Kensington.
Nota 8
(Pág. 197 a 199)
•Relógios portugueses
Nota 9
(Fág. 25i)
O Terremoto de 1 755
(Pág. 23)
A Cotovia
(Pág. 52 a 61)
Basílica Patriarcal
(Pág. 81 e 82)
Erário Novo
(Pág. 1 14 a 1 15)
A Patriarcal Queimada
(Pág. 124 a i35)
Alto do Longo
ques que dividem o Salão dos Poetas foram ali postos quando era
inquilino da casa o Dr. Máximo Brou. Não há justificação que o
salve do apodo de vândalo que lhe compete.
(Pág. 38 1 e 382)
Imprensa Nacional
(Pág. 445)
Travessa de S. Marçal
RETOQUES E ADITAMENTOS
AO VOLUME SEGUNDO
Praça de S. Bento
(Pág. 68 a 72)
Rua de S- Bento
(Pág. 114)
Joaquina Tomásia que vivia com sua irmã Joana Teresa le suas
filhas Maria do Carmo e Herculana do Carmo.
Palácio Alagôa
S. Mamede-o-Velho
O Prior
S. Teotónio —
Grão Prior de Santa Cruz, confessor, confi-
dente e amigo dilecto de Afonso Henriques, abençoando as tro-
pas portuguesas e o seu chefe antes do combate.
Santa Mafalda —
Filha de Sancho I, ajustada esposa do Rei
de Castela, Henrique I, que por morte inesperada deste recolheu
ao reino e professou no convento de Arouca, onde se celebrizou
pelas suas virtudes, assim como noutros que também fundou.
Santa Sancha —
Filha do mesmo Rei, fundou o convento de
Gelas e foi a protectora dos franciscanos, cuja ordem acabava de
se formar. Gedeu-lhes o seu Paço, em Alenquer, de onde saíram
os cinco primeiros missionários de Marrocos, e que lá acabaram
mártires.
Santo António de Lisboa — O taumaturgo português e um dos
maiores santos da cristandade, no momento de embarcar para a
- 595 -
evangelização marroquino, e como que a ensinar-nos o caminho
do nosso Império de Além-Mar.
Nuno Alvares — Em Aljubarrota afastando-se dos seus com-
panheiros, recolhe-se em oração a Nossa Senhora e implora-lhe
a vitória para os portugueses.
Santa Joana — A nobre filha de Afonso V, aos iS anos re-
gente do reino, na ausência do pai e do irmão, empenhados na
conquista de Arzila e Tânger, com tanta prudência e justiça pro-
cedia que era a admiração dos grandes da corte. Nas suas ora-
ções pedia com grande fervor o auxílio divino para o bom êxito
das armas portuguesas, e teve a visão da vitória. No regresso, e
tendo já recusado três coroas, qual. delas a mais nobre, alcançou
não sem custo, do pai e do irmão, que a idolatravam, autorização
para professar no convento de Aveiro.
S. João de Deus. — Em Granada, onde exerceu o apostolado,
por tal forma se celebrizou pela sua caridade para com os po-
bres que um hospital por êle fundado se tornou em poucos anos,
pelo seu zelo, o primeiro da Europa, e foi origem dessa famosa
Congregação dos Irmãos Hospitaleiros a quem a indigência tanto
deve. Os painéis honram o pincel do sr. Conceição e Silva. A
forma como êle se desempenhou deste trabalho ressalta à vista
de quem os contempla. Quer na sua composição, quer na sua
execução, foi perfeito. Na primeira há o estudo consciencioso
dos quadros em todos os seus pormenores, a-fim-de correspon-
derem à verdade histórica, e na segunda nota-se o conhecimento
completo da técnica dos nossos passados artistas, com uma maior
correcção no desenho das figuras, sem lhes tirar a leveza dos
antigos.
A capela de Nossa Senhora de Fátima estará patente desde
as 8 horas.
Travessa de S. Mamede
Vale do Pereiro
(Pág. 25o a 25 1)
(Pág, 267)
(Pág. 271)
(Pág. 282)
Rua do Salitre
(Pg. 309)
Sousa —
o Quelhas de alcunha.
Camilo Castelo Branco, também aqui morou. Di-lo Tinop
num artigo publicado no Brasil-Portugal.
(Pág. 328)
Praça do Salitre
Prazo da Cotovia
Travessa do Rosário
(Pág. 482)
Praça da Alegria
(Pág. 484 a 496)
—
Em 1840, mandaram-se demolir algumas barracas sórdidas
que havia na praça. Estas barracas eram do professor Caldas Au-
lete.
RETOQUES E ADITAMENTOS
AO VOLUME TERCEIRO
Fábrica da Seda
Jogo da Pela
O José do Rato
(Pág. 358)
A
Irmandade de Nossa Senhora da Conceição, Patrocínio e
S. José, foi instalar-seem Santa Isabel. A imagem da Senhora
dos Remédios, encontra-se igualmente neste templo, adquirida em
leilão pelo sr. Luiz Miguel Purtado Júnior, irmão da referida ir-
mandade (Informação do falecido Dr. Santos Farinha).
Largo do Rato
—
As preciosas Memórias do Marquês de Fronteira e de Alorna
enquadram aqui, no largo do Rato, algumas cenas citadinas do pri-
meiro terço do século passado. Os movimentos militares dessa
época, tão agitada, animaram por vezes o Rato onde, no palácio
do Conde da Cunha, o General Sepúlveda teve o seu quartel ge-
neral.
Vésperas da Vilafrancada, vemos aqui passar as forças do
coronel Lobo Pessanha, sair a companhia de cavalaria do Colégio
dos Nobres, depois a revolta dos soldados do coronel, a fuga deste.
e todos os mil episódios desse período de política indecisa e de
facciosismo feroz. Em Julho de i833, no dia 29, passa aqui o
dador, de volta de S. Vicente onde fora pregar no túmulo do
pai aquele célebre papel onde se lia : —
Hum filho te assassinou
outro te vingará. Encontrando neste largo, de carruagem, a con-
dessa da Ribeira, deu-se uma cena de corte. Apeou-se o rei,
apeou-se a dama e rasgaram-se cumprimentos palacianos. Esse
dia foi para D. Pedro IV um dia de visitas, recepções e cumpri-
mentos. Correu os quartéis (Vale do Pereiro, Trindade, S. Do-
mingos e Castelo), visitou o Quartel-General, o Comendador José
Ferreira Pinto Basto, a mulher do Tenente-General Jorge de
VOL. IV 39
— 6iô —
Palácio do Marquês de Viana
Doces
boetas :
Pág.
resenha das ilustrações,
índice e erratas
RESENHA DAS ILUSTRAÇÕES
DESTE VOLUME
Pág.
•
Um aspecto da galeria do Aqueduto das Aguas Livres,
segundo Luiz Gonzaga Pereira 432-a
CAPITULO I
Pág.
Sumário: Chegamos defronte da Fábrica do Rato e diz-se
onde era a oficina —
Toponímia da rua e seus mo-
radores —A propósito de faianças cita-se a Cerâmica
Portuguesa e evoca-se a figura de José Queiroz A —
importância do seu trabalho e a sua rara intuição ar-
tística— —
A moda das faianças Uma opinião de Acúr-
cio das Neves —O autor pára e tenta traçar o quadro
retrospectivo da Cerâmica Nacional —
E chamado a
depor o Foral de Lisboa de i5co —
Prova-se que se
não fabricava faiança no país, nessa data —
As «málle-
gas» de Talavera, Sevilha e Valença —
Inventários
reais— O Regimento dos Oleiros de 1572 O que di-—
zem João Brandão e Cristóvão Roiz de Oliveira, no
Tratado da Abastança e no Sumário —
Os Fornos do
Moinho de Vento e as providências da Câmara contra
a extracção de barro do Castelo, da calçada do Com-
bro e da Cotovia —
Os oleiros de Santa Catarina, Je-
sus, São Bento e Janelas Verdes —
Faz-se uma lista
— Mencionam-se os locais onde se vendia a louça no
século XVI —
Documentos pintados de faianças quinhen-
tistas— O falso «canudo» de 1589 e a falsa «Escola
—
Cerâmica dos Freires de Palmela». Um parecer que
se não justifica quanto às peças brazonadas Quando—
começou em Lisboa a fabricar-se faiança —
O oleiro
que veio de Talavera —
Uma confusão esclarecida —
O que se chamava «porcelana» no século xvi O —
arco dos oleiros na recepção de Filipe II em 1619 e
um romance de Rodrigues Lobo O comércio da—
loiça oriental e um presente do Cardial-Rei ao Papa .
— 624 —
CAPITULO II
CAPITULO III
CAPÍTULO IV
CAPITULO V
CAPITULO VI
Pág.
Sumário: A infeliz administração de Vandelli — Luta entre
a Teoria e a Prática — Mestre e Administrador incom-
patibilizados — Acusações, queixas e intrigas — A «gafe»
dos três hemisférios — A Procuradoria Fiscal e a Di-
recção resolvem o problema, ficando tudo na mesma
—O negócio do azulejo; diz-se qual era e como era —
Vários tipos de azulejo feitos na Fábrica — Vinda dos
barros de Leiria e venda de loiça para essa região —
O projecto de Mateus Pereira Pacheco — Um adian-
tamento ao Mestre Paula e Oliveira Vandelli acu- —
sa-o de novo —
Devassas e inquéritos sem resultado —
Dois projectos dos negociantes de loiça Inácio Pereira
Guimarães e Vicente José —
O combustível empregado
na Fábrica — Ensaios com os barros de Cascais feitos
por Salvador Luís e Silva Franco —
Vêm para a fábrica
barros de Molelos —
O dr. Tomé Roiz Sobral e a sua
acção na oficina castigos, abusos do pessoal, preços
:
e leilões —
Os Armazéns da Fábrica na rua do Arsenal
e na Rua Bela da Rainha —
Perda de fornadas É a —
Fábrica avisada de que vai vender-se Susta-se a or- —
dem —
Os ensaios felizes de Salvador Luís Renasce —
a questão Vandelli-Paula e Oliveira Sai Vandelli da —
Administração —
Reclamação sua Mais dois preten- —
dentes à Fábrica do Rato —
Superintendência do bri-
gadeiro Francisco Amónio Raposo, de 1823 a 1829 —
Quesitos postos à Direcção da Fábrica das Sedas —
Dividem-se os pareceres —
Outro engenho de moer
vidro —
Encomenda para a quinta real do Rio de Ja-
neiro, e o busto de D. João VI feito por Salvador
Luís —
Intervêm os mestres da Aula de Desenho —
Abatimentos nas vendas e leilões A administração —
do brigadeiro Raposo —
Outro pretendente à oficina
do Rato 117
CAPITULO VII
CAPÍTULO VIII
reiras —
Apontam-se as quintas em que se recortava
aquele terreno e os caminhos que as serviam A classe —
dos Fabricantes de Sedas —
É projectado um bairro
para ela —
Escolhe-se na vizinhança da Casa da Água-
— O primitivo plano do engenheiro Carlos Mardel —
Sua vastidão —
Retraimento da iniciativa particular
— O "Real Colégio das Manufacturas» sonhado por
Pombal —
É ordenado o começo da obra Afora- —
mento dos terrenos —
As barracas provisórias de 1755
— Planta-se a Praça, de amoreiras —
A amoreira do
Marquês —
O abarracamento dos Carmelitas Calçados
— Transfere-se para o Carmo a Imagem de Nossa
Senhora em 1758 —
Origem de alguns nomes das ruas
bairristas —
As travessas da Légua da Póvoa, da Lebre,
das Bruxas, de S. Francisco Xavier, do Alto de S. Fran-
— 629 —
Pág.
cisco, etc. —A Fábrica dos Pentes — Diz-se o que lá
se fabricava e citam-se os seus mestres — A «tarta-
ruga do Alentejo»— A Fábrica de Caixas de Cartão e
Vernizes— Dois incêndios — Trespassa-se a Fábrica dos
Pentes e arremata o fabrico o contrato do marfim,
e
o Erário Régio — Reivindicações operárias — Faz-se
uma dos
lista — Citam-se os pintores que
artífices tra-
balharam na Fábrica das Caixas, e enumeram-se os seus
artefactos — As iniciativas de La Croix —O atrazo da
indústria nacional no século xviii —
A Fábrica de Cute-
laria —Mencionam-se os Mestres e alguns artífices —
Faz-se uma lista dos artefactos que lá se produziram
— A Oficina de Ferragem de Cirurgia Um mestre —
de fazer lancetas —
Mencionam-se várias outras fábri-
cas semelhantes —
A Fábrica de Relójios O génio —
irrascível de Berthet —
Lista dos oficiais da oficina —
O progresso no tempo de Durand Os relojoeiros que—
lhe sucederam —
Um relójio feito para o coleccionador
Marquês de Marialva —
Mencionam-se alguns relójios
e alguns relojoeiros —
Oficinas em Lisboa, Santarém,
Maia e Barcelos, e na índia, Brasil e Moçambique O —
carrilhão de Alcobaça i6i
CAPITULO IX
CAPÍTULO X
CAPITULO XI
CAPITULO XII
Pág.
Sumário Elogio da água
: —
O que das águas de Lisboa dis-
seram Duarte Nunes do Lião, Luís Mendes e Marinho
de Azevedo —
Propriedades milagrosas e medicinais da
água do chafariz de El-Rei —
As vozes e os rostos das
mulheres de Lisboa —
As supostas Termas e o Aque-
duto romano — Noticiam-se as sucessivas descobertas
do Reservatório da rua da Prata —
O que há de ver-
dade sobre a matéria —
As Conservas da Água já
aproveitadas pelos engenheiros pombalinos A Baixa —
no tempo da dominação romana —
As galerias do Ros-
sio e do Arco do Marquês de Alegrete —
O nome pri-
mitivo do chafariz de El-Rei —
Aumenta a população e
falta a água —
Os cercos de ii85 e i373 —
A sede dos
sitiados —
D. João II e os chafarizes —
O poço do Ros-
sio em tempo de D. Manuel —
Os projectos para a con-
dução da água do chafariz de Andaluz —
Brigas junto
às fontes públicas —A postura das Bicas em i55i —
Como se abastecia de água a Lisboa quinhentista —
Relação de todos os poços e chafarizes em i552, se-
gundo o Tratado da Magestade, Grandesfa e Abastança
da Cidade de Lisboa, escrito por João Brandão For- —
necem-se ao leitor indicações topográficas de todos
esses mananciais de água 3o3
CAPÍTULO XIV
Sumário : Um projecto quinhentista de condução de água
—O poeta narrador de 1626 — Os chafarizes dos Ca-
valos e de El-Rei e a Bica do Çapato —
Os vendedores
ambulantes no século xvi —
Moiros, negros e galegos
— O projecto imaginoso de Francisco de Olanda —
Analisa-se o desenho da Fonte dos Elefantes A sede —
em Lisboa em i5i6 —
Procissões rogativas Diligên- —
cias para a condução da Água Livre no reinado de
D. Sebastião —
Lançamento de imposições sobre a
carne e o vinho —
A condução da água de Andaluz para
o Rossio — Os preços da água em 161 1 — Propõe-se o
Senado trazer a Lisboa a Água Livre — As ideias do
primeiro Filipe a este respeito — Exames e vistorias —
— 633 —
Pág.
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVII
Amoreiras —
As antigas e modernas inscrições do Arco
—
Grande das Amoreiras Conclui-se a Casa da Água —
Enumeram-se as várias galerias abastecedoras dos cha-
farizes — Notas sobre as fontes do Bairro —A pedin-
chice dos «sobejos» —A «Junta» tentando defender a
água dos apetites particulares —
O povo pede que se
distribua a água por novas fontes —
Medições, visto-
rias e estudos —
Começa a acentuar-se a falta de água
— Providências municipais — Uma «partida» do Val-
verde para acudir à seca do chafariz do Loreto — Vá-
rias leis, editais, posturas e providências diversas sobre
aguadeiros, chafarizes, preço da água, etc. — A Câmara
Municipal herda o legado da Junta das Águas Livres
— Os últimos retoques no Aqueduto — A estiagem de
— 635 —
Pág.
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
—
Sumário São João dos Bemcasados Refere-se a história da
:
CAPÍTULO XX
CAPÍTULO XXI
Malheiro —
Hospeda-se lá o Infante D. Carlos Quem —
eram estes Malheiros —Dá-se notícia do palacete— O
que resta dele —
A estrada de Campolide As proprie- —
dades antigas e o moderno bairro —
O Asilo de São
Patrício —
A casa e quinta da Torre de Estêvão Pinto
de Morais Sarmento —
Algumas notícias sobre a sua
família —
Como foi parar às mãos do poeta João de
Lemos —
Compra-a o Padre Radmaker para instalação
do Colégio de Campolide —
Notícias biográficas deste
clérigo— Uma anedota do Marquês de Penalva Como —
se fundou o Colégio de Campolide —
Obras, aumentos
e desenvolvimento da instituição —
Expulsão dos pa-
dres — —
O destino do edifício O moderno bairro de
Campolide 5oi
— 638 —
CAPÍTULO *XXII
Páb.
Sumário: Uma vista de olhos sobre o Vale de Alcântara —
A ermida da Senhora Sant'Ana da quinta de Sebastião
José de Carvalho —
A devoção e o engenho do ermitão
cego José Soares de Oliveira —
Um manto oferecido
por D. João VI —
O Asilo de Espie Miranda O no- —
víssimo bairro de Campolide e as suas barracas — Inau-
guração de uma nova capela e de uma escola —
Per-
corre-se o Vale de Alcântara desde o «Casal do Grilo»
à Pimenteira —
As «quintas do Inferno» e «do Sargento-
-Mór» do «Cabrinha»
e —
Uma paragem a propósito
dos «Cabrinhas» e de D.Francisco Manuel de Melo —
Divaga-se sobre as fortificações de Lisboa — Os planos
de Francisco de Olandn —
Projectos do Marquês de
Castelo Rodrigo em 1625 e do de Montalvão em 1646 —
D. João IV ordena à Câmara o início das obras —
Schomberg encurta a linha defensiva da capital Con- —
tinuam as obras —
Providências em 1701 —
Os enge-
nheiros pombalinos pensam de novo na fortificação —
Os redutos da Atalaia e de Campolide —Evoca-se o
ataque das tropas realistas a Lisboa, em i833 —
A luta
no bosque de Palhavã —
Episódios do cerco —
Os ge-
nerais do exército liberal —
E levantado o cerco e Sal-
danha cumpre a sua promessa —
O fim da luta fratri-
cida —Considerações gerais sobre o desenvolvimento
da cidade —
Acaba a obra 533