(1966) Vernei e A Cultura Do Seu Tempo PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 806

ACTA UNIVERSITATIS CONI M BR GENS

I I

VERNEI
E A CULTURA DO SEU TEMPO

POR

ANTÓNIO ALBERTO DE ANDRADE

POR ORDEM DA UNIVERSIDADE


1966

atorial
I

VERNEI
E A CULTURA DO SEU TEMPO

iiilliilll
7SH3-Y78-851DQQpyrjghted material
ACTA UNI VERSITATIS CONI M B R G E NS
1 I S

VERNEl
E A CULTURA DO SEU TEMPO

POR

ANTÓNIO ALBERTO DE ANDRADE

POR ORDEM DA UNIVERSIDADE


1965

Copyr
I

Composto e Imprtêto luu oflctna» éã


IMPRENSA DE COIMBRA. L.da
<te 3. Saloador, 1-3 — Coimbra
Largo

Copyrighted material
I
INTRODUÇÃO

Tentámos escrever a biografia do Arcediago de Évora, Luis António Vemei,


conhecido polemista e pedagogo do século XVJII. por ainda se não terem feito
esforços nu sentido de traçar o panorama total da sua vida, combativa e infeliz,

partindo dos múltiplos documentos que jazem dispersos em Bibliotecas e Arqui-


vos de Portugal e ItíUia (1). FussadosnuUsdeduzentosaiosi^oiuKbmHto,
a própria obra que noa lego» reclama Já mais alguma atenção do historiador da
nossa cultura, para os passos dolorosos que deu, durante os 19 anos de pere-
i^rinação por este mundo, tt mator parta deles empenhados na instituição de
ideias reformadoras.

Aías escrever a biogrqfia de Vernei não é apenas ponderar o seu mereci-


manto eamo divulgador de novo método de âstndo, eoitt Mkritar de o emdteeer
ou propá^u de o amasquMuir, deseidaçando a parspeettva do âmago dos
escritos mab vu^arizados. Bá-de^ forfosamenie de eneanr essa faceta
da sua vida, porventura a maior de quantas a caracterizam. Não se deve,
porém, esquecer a sua personalidade integral, relevando as virtudes e nõo calando
os defeitos, por mais mesquinhos que pareçam.
As úrucas fontes redigidas que se corúiecem, são Barbosa Machado e Pedro
Josi de Figueredo. Áqutís adttou o teredro vobune da Bibiiotect l^wifaiiii

em 1752, tendo escrito a Hogrqfia de Vernei, nudto provàvdmanta com ele^


meitíos recebidos do próprio biogndado, com quem se corresporuku, pelo menos
uma vez. Não abrange, porém, senão pouco mais de metade de sua vida.
Figueiredo baseia-se, segundo declara, em informações de Dionísio António
Vernei. Mas, como já advertiu o Dr. Salgado Júnior, «.trai a cada passo a
insegurança de quem o faz ebieo anos t^ás o eeiUÊnáriú do nasdmenío do
biografada». O pior —
aeresceitaremos nós —
i que teima em transformar
o herói em madno pro^gio com tonalidades de super-homem ibmúnador da

(1) mo apoalw iiot imit qoe um cmo d» lantnrMua que le veriâca no que tuta
vez se escreve o seu respeito. Os autores da História Pedagógica (ver Historia P, 272)
afinnam que Vetnei viajou «pela Europa e domidliou-M em Roma, whidando eotáo a
fflolocia, a flIOMfla e a pedttaHa » topatiMi
. éHa o «na kn» m
Bd. 3C7.

Copyrighted material
— VIII —
Abrfo. Servem de Babosa Maduub no principio, apontando em seguida
a bMioffrqfia, parafedtar com osfatíoa posteriores a 1168, que por vezes estão
em eoHiradtçõo, por exemplo, com o que o próprio 'cmd nos deixou na Rela-
\

ção da perseguição que Francisco de Almada e Mendonça, Ministro Pleni-


potenciário em Roma, fez a Luís António Verney, Secretário dc Legação,
desde Maio de 1768 até todo Junho de 1771 e danos que lhe causou.
Com a descoberta deste documento, revelado em 1921 pelo Dr. Carlos
de Fossos, e a earta de Vemd que se itaia dtr^kb ao P, Foios, dtndgttda por
Isoeêntío da Siha, no Conimlnioaifle de DezenAro de 1868, a personaUdade
do Arcediago de Évora eomeçou a desertar a admiração que se tributa aos
vencidos batalhadores dc uma causa boa. As cartas enviadas em 1166 a uma
Excelência representativa de Lisboa, que o Dr. Manuel Murias descobriu
no Arquivo Histórico Ultramarino e os Professores Hernâni Cidade e Cabral
de Maneada t^rofoUaram anãos de mais ninguém, revelaram a faceta Mdha
da sua pealçõo peranie os pnMemas poUtkos e econánUeos da Nação e ser-
viram para melhorar sesu^ímeate a sua biogrqfia mental.
OAnã de Mancada acentuou, porém, a falta de quaisquer investigações em
Roma. nos Arquivos da Universidade e do Vaticano, «bem como em outros
lugares de Itália e de Portugal, onde aliás era licito esperar encontrar alguns
vestígios da sua passagem por este mundo». E Salgado Júnior, perante a
exiguidade de documentos eonheddos, opinava que a biografia de Vemtí tem
de assenlar mutlo mais man modo de Merpretar o seittído da sua existência
do que na de ej^oslção da acção desempenhada ou sofrida neste palco da vida.
Mas, por que não remexer os papéis empoeirados dos Arquivos'! Há
bastos anos que nos lançámos a esse labor, e a colheita tem sido compen.sadora.
Entretanto, outras boas-vontades se coordenaram no tnestno propósito, sobre-
tudo em Roma. O Dr. Pina Martins e Mons. António Antunes Borges revol'
veram os Arquivos Romanos e tàn-nos dado conta do seu trabalho, com as pro-
duções que citamos no lugar próprio. O estudo do pensamento vemeiano
mereceu já as diligências do Doutor Hernâni Cidade, Dr.^ Mariana Amélia
Machado Santos, Professor Cuhral de Mancada, Dr. Salgado Júnior e Dr. Silva
Dias, entre os melhores que escreveram no nosso Pais.
O resultado da pesquisa a que procedemos nos Arquivos e Bibliotecas de
Portugal, Espanha e ItMi poderá compreender-se bem, ao voltar a títtma
págbm d^ob de o ler percorrido, ainda que râpidamale.
deste vtdume,
No entanto, não queremos deixar de pàr em relevo alguns casos que nos parecem
de maior curiosidade.
No Arquivo da Torre do Tombo e na Biblioteca Nacional de Lisboa
recolhemos documentos que permitiram delinear o capitulo sobre a Família,
a que pertencem os Chevalier e os Ludovici. No Arquivo Histórico Ultraina-
rina enctmtrdmos o processo do seu alistamento como soldado nas campaiduis

Copyrighted material
— IX —
que partiram para a ímUa em 1129. Em Évora, uguimb a irnfíct^ào deixada

pelo P. SOva Tarouca, no Inventário das Cartas e dos Códices manuscritos


do Arquivo do Cabido da Sé dc Évora, pudemos eoimdtar a documentação
respeitante à dignidade de Arcediago de É\ora, que completa a de Roma.
Ai também, a certidão de nascimento de Luis, a que se pode Juntar a de Diogo,
copiada no Arquivo da Torre do Tombo.
Sobre a sua idda de estudante, os biógrafos contentam-se com gmna-
Udades: foi ahmo do P, Ptdxõo, do mitorkmo Estdtío de Abntída, do Jesuíta
José Ferrtíra, tendo frequentado dltbnamente, na Universidade de Évora,
Teologia, que concluiu em Roma. Faltava encher o esquema, acompanhando
o biografado desde os primeiros passos da infância até aos estudos teológicos
e Jurídicos em Itália. À Biblioteca da Universidade de Coimbra fomos colher
os elementos do curso filosófico e teológico de Vernei em Évora. Em Ruma,
apesar da falta de dtteunentaçBo do período que nos Utteiressa, foi-nos possM
aproximar a data dasuaUurea em Teologia, por meio da Btda que lhe amcedeu
o benesse eèorense, e colocá-lo no ambiente de estudo ai em tigm:
Na Biblioteca Nacional de Lisboa guarda-se o processo que se formou
para lhe serem concedidas os Ordens Sacras, que defendemos ter recebido

em Roma. Nessa Biblioteca, e na da Ajuda, no Arquivo da Torre do Tombo


enodo Vaticano conserva-se a correspondência diplomática da Corte de Lisboa
e de Roma, que permite traçar tígiimas páginas de rdevanta biqMrtânda.
A pers^uiçÕo que lhe movat Francisco de Almada e, de uma maneira geral,
a sua tíogrtfia não andarão mais sòmente à volta da Relação mencionada e
da pretensa carta ao P. Foios. Dar-lhe-ão nova luz os próprios papéis apreen-
didos no momento da expulsão dos Estudos Pontijicios, bem como o relatório
secreto enviado a Pombal sobre as casas suspeitas frequentadas pelo Secretário
e a eorrespondhida trocada entre Vernei e Nicolau Pagliarini.
A reiddtttafõo, com as conse^ientes nomeações de sódo da Academia das
Oindas e Dentado da Mesa da Consciência e Ordais, baseia-se e^om, não
só na afirmação dos primeiros biógrafos, mas na documentação que se con-
seguiu reunir. Os meios de subsistência em Itália, tão vários e diminutos nuns
períodos, como satisfatórios noutro de curta duração, surgem afinal de documen-
tos rui aparência insignificantes, que o seu discípulo, o advogado Vicente
Slmalni entregou no institiao de Santo Antônio dos Portugueses em Roma.
O ^stolárto pvbUeado pelo Professor Cabral de Mancada foi aumentado
com peças fundamentais, merecendo justificado relevo a carta que considera-
mos prolongamento do Verdadeiro Método de Estudar, enquanto continua
a crítica da vida literária portuguesa, e as epistolas endereçadas a Pombal,
por revelarem a atitude do iluminista, prostrado de joelhos perante o Ministro
poderoso e as ditígèndas Junto dos meios oficiais, para estreita colaboração
na rrforma do ensino.

Copyrighted material
— X —
o sector da biMognfia receftm Igutímeiite m^iortas sauífeb. O Ver^
dadeiro Ktttodo de Estudar foi bi^nsso, com
e eclesiástica, na cidade de Né^les e a edição fue corre com a indicação de
Valença é nova tiragem, para suprir a primeira, apreendida peia Inquisição
portuguesa. Além dessa e da dc 1141, saída ajinal de um prelo de Lisboa,
grande parte das edições clandestinas da polémica Jicam agora esclarecidas com
OS proeeaos do Stmto Qfieto daTone do Tsmd»,
EneotMdmos àitbnamente as duas edições de Ortogmfia Latina, tn^res'
sas em 1147. Tanbém foi poaúnd aetreseeatar novas eipédes bOdií^^^eas
ao elenco das obras de Vemei, como é o caso das apreciações do próprio
autor aos seus livros Apparatus ad Phílosophiam et Thcologiam, De Re
Lógica, De Rc Metaphysica e Dc Re Physica, que nos apresentam, com
Jidelidade, as ideias mestras do seu pensamento Jilosójico; e sobretudo a tra-

dução em HaUaHo
da Ustória da Teologia que constHui o primtíro Uwro do
Apparatus. Esta mna aprt^riação do trabalho alheio, rfeetuada por um
estrangebro, j^ofoeou a resposta do Arcediago, num foBitío tão hránieo e
cáustico como raro, se não completamente perdido.
Não menor foi o seu ressentimento quando soube que um Professor de
Filosofia das Escolas Pias discordou publicamente da sua opinião sobre as
relações da alma e do corpo. A polémica, que nos traz nova espécie bibliográ-
fica,não Urre sepdmmto, nem na verdade merecia maior perda de tempo.
AtrUndmos a Vemei a autoria da Rdaçio da Ptn^iiíçio, Lettera ad iin
Letterato, os Estratti do Giomali di Letterati di Roma, as inscrições publicadas
na Última Resposta, o Suplemento ao Dicionário Portátil de Teologia. Defen-
demos que os correspondentes da Carta ao P. Foios e das epístolas a Francisco
de Almada, não foram esse personagens, mas sim o P. José de Azevedo e o
Ministro Aires de Sá.
Eeeusado será acrescentar que também nos servimos da documentação
encontrada pelos investigadores mencionados, tendo, porém, compulsado até
mesmo os documentos que tqtenas lhes merecem breve referência. Deste modo,
pudemos delinear a biografia do iluminista, se não de forma exaustiva, pelo
menos muito acrescentada, com dados de grande interesse, que permitem lobri-
gar ou, pelo menos, acentuar alguns traços da sua complexa personalidade.
Compulsando todoe os tíenmOos esboçados, Vemei tipare^nos possuído do
ciarãofascinante da nova dênda, afazer várias tentativas, por caminhos diversos,
para introduzir no reino as suas ideias. Como reooiAedniento ao apoio moral
ou material que terá recebido de D. João V (porventura através do P. Carbtme
e Ludovici, mesmo na hora da partida para Roma) publicou nesta cidade,
a expensas suas, a oração De recuperata sanitate Joannis V. Escrevera-a
no ano de 1144, já depois de conseguido o primeiro benesse —
o Arcediagado
de Évora —
e a vitória decisiva no litígio que sustentou coma Congregação de

Copyrighted material
— XI —
Satito Antóitío.A fortuna, porém, não o httfi^ e os aros típoffráficos fmm
taUos que o autor não reeotAweu a sua obra e r^fetíou^í,..
Para levar a cabo a missão de iluminar o Pais, a mun^cênda rigia tor^
nava-sc necessária, não só pelo aspecto mccenático de que empresas desta
ordem não prescindem, como ainda pelo motivo dc intentar a reforma do ensino

oficiai. Vernei conhecia bem as coordenadas do problema. Por isso também


estava consciente de que não lhe bastava o favor do Rei. A opinião pública
alinhava certamente com os detentores do ensino, apesar das dissenções mais
ou menos familiares que, por vezes, se esboçavam entre as Ordens Religiosas
eom funções docentes.
Com o intuito de conquistar o público culto, estampou em 1146 o Verdadeiro
Método dc Estudar para ser útil à República e à Igreja, sob o anonimato
de Barbadinho da Congregação de Itália. Supondo um correspondente em
Ltítoa — um nR. Doutor da Universidade de Coimbra», escreveu um
longo mantfesto em forma de cartas, que nas primeiras edições apareceram
em dois volumes. Julgava absolutamente necessário o anonimato, por causa
dos Padres Jesuítas, o qual manteve a todo o custo, negando a pé firme que a
obra Ifie pertencesse e confidenciando a um amigo de Lisboa, em 1 de Janeiro
de 1153, que ainda não tinha lido essa obra. Sabia, porém, que a possuía
um Jesuíta que não era da sua parcialidade, O mesmo propósito de se ocultar
dos olhos dos inadanos, cottfessa ele que o levou a imprimir a Gramática Latina
sem indicação de autor e com o de ser tradução do francês...
disfarce
A mensagem deu grande brado, como veremos a seu tempo, e não deixou
de produzir alguns dos frutos almejados, não obstante a apreensão da primeira
remessa dos volumes enviados de Itália. Aías faltava a intervenção positiva
do Paço, tanto nuiis que os inaciafws, ao menos no Colégio das Artes e na Uni-
versidade de Évora, eram obrigados a cingirem-se à letra dos Estatutos. De
vontade ou sem eh, maiea operariam uma reforma, enquanto não viesse de
cima a imprescindível autorização. Sem ditfaree, apareceu em 1741 com um
opúsculo didáctico — De Ortografia Latina, que dedicou ao irmão Diogo,
seu infatigável procurador em todos os momentos.Supomos não ter sido
muito notado nem era obra para isso. como que
Representa, no entanto,
um balão de ensaio para auscultar a opinião pública em geral, nomeada-
mente no próprio seio da Congregação do Oratório, a que o P. Diogo Vernei
pertencia.
A Oratio Dc Conjungenda Leciissinia Philosophia cum Theologia, ^ro-
ferida em 1145 na Academia Teológica da Sapienzo (Roma 77^7) servia para
mostrar o prestigio que ele e as suas ideias gozavam na Cidade dos Papas.
Outro fim o moveu a publicar, no ano seguinte, a Epistola-manifesto que
endereçou a um nobre, o Marquês de Valença: o de levedar a massa nos meios,
da Corte. De forma sintética mas igualmente enérgica, repetia agora as

Copyrighted material
— xn —
bUaa^troHS 4o seu plano reformador exarado no ^Verdadeiro Método de
Estudar», Desta vez, porén, de cara descoberta, enfiraOaado os admsMos,
sem rebuço. É fue t^fira eonsegida ficar no puro ean^ da teorização,
Unútando-se a expor, sem recurso a ataques pessoais ou ofensas colectivas.
Fervilhava então a polémica suscitada pelo «Verdadeiro Método de Estudar yi;
as réplicas e tréplicas sucediam-se de lado a lado, pejadas de insultos, erudição
e argúcia.
Não sabemos o êxito que alcançou com essa iniciativa, mas quer-nos pare-
cer que foi de pouca monta, ao menos de resultados ime^atos. Nem promessa
de auxilio financeiro para a edição das obras planeadas, nem novos benesses
para poder viver mais desafogadamente. Entretanto, o Monarca morre e Vernei
procura tecer-lhe o elogio na Igreja Nacional de Santo António, da Congregação
dos Portugueses em Koma. Mas a pendência já referida deixara ressenti-

mentos profundos e a Inaanbêndaftd dada ao Jesuita Pedro da Serra, Vrniei,


porém, que entretanto te redigindo a sua Oração, não desistiu de patentear
ptíNteamaUe o reeoekednsenta pda pro^ção reeeldda e edUou à sua cuata a
In Fmme Joannis... C^tio. Estabelecia assim o elo entre os dois reinados,
que se prolonga pelas cartas-dedicatórias dos volumes do ApparatllS (1151),
De Re Lógica (1151) c Dc Re Metaphysica (1153).
Entretanto, niovimentava-se a reforma pombaUna das escolas menores e
Vernei lamenta que a sua Gramática não tenha chegado a Portugal um pouco
mais cedo, ao mesmo tenqto que se etforça no sentido de a ver adoptada nas
escolas oficiais. Mas debalde. Vi sair a Física do jesuíta Inácio Monttíro
e chora porque Pombal não acode aos seus gritos de súplica de auxilio, e,
três anos depois de a ter concluído, resolve-se a pedir «tim conto de réis» empres-

tado, à razão de quatro por cento ao ano, para publicar, também à sua custa,
os três volumes de De Re Physica (1169).
O De Re Physica era um presente que Vernei fazia, primeiro ao Rei,
e d^Mds ao Primeiro Ministro, por eidos mãos o oferecia ao Monarca, Al
estavam, bem daros, princípios do governo inteligente e ilustrado que intentasse
verdadeiramente a felicidade dos povos. Daí se conciuia, naturalmente, a
utilidade dos filósofos modernos. Mas Vernei escalpelizava, sem ambages,
os Políticos que, desprezando os bons estudos, consideravam inúteis esses Filó-
sofos e julgavam mal empregado o exíguo dinheiro que com eles se gastava.
Pombal deve ter sentídoo toque, epesar de Vemel se haver ttnidtado a enmtíar
os princ^ios em geral,e conservou os livros no seu Gtd>inete.
Enquanto andava nas diiigências de angariar os meios necessários à bnpres-
são do livro, Vernei ensaiou outro expediente para cumprir a missão que sentia

pesar-lhe nos ombros — dever de todos os iluministas — de esclarecer os deten-


tores do poder supremo. Recorre à carta particular, conjidencial. anónima
para todos excepto para o seu confidente. Andavam no ar questões de magno

Copyrighted material
— XUl —
infensge para a Nação € urgia ntoM4as, fuanto antes. A ãnqtOsifõo, os
JesuUas, o OirtaUsmo, a eoneessõo de benzidos a erbtõos-nows faziam
periclitar os direitos da Coroa e enfraqfUKier o poder real. Por outro lado,
as ideias económicas que desabrochavam nalguns países da Europa, prestando
particular atenção à agricultura, no sentido de tecnizar os métodos, acabavam
de encontrar o homem capaz — o Abade Genovesi, que por acaso lhe não era
IndffereMU. Já uma m eoiftnaara Ideiitídade de peruamento com relação
ã L^loa, e agmra aieoií^ava^ de now com o criador da Oídebv de Eetmon^
da Uitívereldade de Né^les. Escreve então tígrnm cartas e dois pormeno-
rizados relatórios a Aires de Sá, que fora pouco antes nosso Ministro Plenipo-
tenciárioem Nápoles e exercia então as funções de Embaixador em Madrid.
Tratavc-se do homem que protegera Pagliarini, exercera grande actividade
diplomática em Nápoles na questão dos jesuítas, que prosseguia em Espanha.
vMo a siAstitidr D. Lub da Cimha na Secretaria de Estado dos Estrangeiros,
Ajuntas das sugestões de Vemei foran efectivamente tacadas, e i de crer
que Aires de Sá tivesse comunicado o teor dos relatórios a PmiUud e até revê"
lado o nome do autor. Mas se o não fez, oi ficava agora a carta a D. José.
publicada no De Re Physica, a patentear, aos olhos do público, a sua segunda
reforma (a político-social) , a que atribuía tanta ou maior importância que à
do ensino.
Como reooffipcfisa d^u beh eontrtímto, o Marquês não o mandou rir
para o seu lado, mas, como coidieda a Mstória da polémica, aproveitou-^ os
méritos na causa da extinção dos Jesuítas. Parecia que a nova aurora Ifte
trazia dias venturosos, porém, após três anos de intenso labor, ele aí vai dester-
rado para S. Miniato, sozinho, com a bagagem debaixo do braço. Assim
cairam, inglórias, as esperanças vivas de iluminar a Nação, que toda a vida lhe
alimentaram o Ideal da Juventude.
Ainda kárde fazer rwvas tentativas no remado de D, Maria I, para que a
Gramática Latbn seJa adoptada nas Escolas, e recomendar aos herdeiros que
lutem com o mesmo objectivo. Mas era tarde. As honras que se lhe concedem,
apenas tendem a minorar a sua desilusão, proporcionando-lhe alguns meios de
subsistência e alistando o seu nome entre os doutos do Reino. Ele próprio,
mais de uma vez se confessou vencido, atribuindo o inêxito a certa apartieiúar
de^vsai^ sua, fue o perseguia, O
certo, porén, é que a personalidade de
Vemtí era por a quem quer qae fosse, e Oie
denuris idneada para se anseídar
o acesso ao Ministério do Despotismo Ilustrado, que perdurou dimmte
facilitar
a fase mais intensa da sua vida. Assim mesmo, deixou uma obra e o esfmrço
da sua vontade persistente de lutador intemerato, ainda hoje surpreende.
Como ressalta da leitura deste volume, pareceu-nos indispensável enguO'
drar o personagem na fyoca em que viveu, rebuscando nova documentação
nas BOtUotecas e Arqidvos, Mas ao Jbzê-lo, Jugbnos pny^osltadamente da

Copyrighted material
— XIV —
sintese, para apresentar os factos que detém estar na base desse método de
trabaOm. É que ainda não julgamos si0eientemente estudadas as fontes que
um (Ua hõa-de permitir elaborar a história da aUtura portuguesa, dando relevo
a fMfm o merece e desprezando conscientemente os valores de somenos impot'
rância. Nem sempre se atende aos aspectos de ordinário taxados de inúteis,

e cai-se na injustiça de comparar reformadores do pensamento de projecção


universal com o estado de cultura das nossas escolas, esquecendo de as comparar
antes com o adiantamento ou atraso do ensino nas escolas qficials dos outiros
países.No caso concreto que mais nos interessa, verse-la que a Universidade
dt Fama, que Vernei frequentou, mantinha touh^ntiUê o mesmo programa
das nossas Universidades. Dividia também o seu ensino nas três clássicas
faculdades de Teologia. Direito e Medicina e só viu abrir as porias à modernidade,
com a reforma de Bento XIV, em 1148. Os demais centros de ensino come-
çaram a aeeUar as novas correntes, mais ou menos a partir desta data.
Por outro lado, paro não tomar demasiado extenso o volume, por vezes
apenas damos o apontamento de certos factos, sem os desatvolver, como seria
justo. Enfim, casos há que resolvemos não explanar, por o assunto já ter sido
tratado em trabalhos para que remetemos o leitor.
Coordenámos assim um livro demonstrativo (não polémico) e por isso,

derrama-se em demonstrações documentadas com os próprios textos dos autores


visados. Desce-se, por vezes, a pormenores escusados na grande síntese do
pensamento português, (pela qual tdnda se espera), com a intenção de se for-
necerem tíementos concretos para essa sintese. A exposição fica, deste modo.
tvn pouco den.sa. demasiado pesada para o leitor apressado que apenas deseja
colher as linhas gerais das questões. Mas javorável a outro género de estu-
diosos que exigem a prova do que se afirma e não dispõem de tempo para per-
correr os milhares de páginas que se encontram dispersos por tantas bibliotecas
e arquivos, por Inámeras espécies nem sempre bem caracterizadas ou localizadas.
As siglas que usamos para dtar as obras amsidtadas, são obtidas com a
primeira letra sá ou com as seguintes de cada titulo, e abrangem obras
impressas e manuscritas. Recorremos a este artificio, que pode desagradar
a alguns leitores, unicamente para alijeirar. sem prejuízo do rigor histórico,
a leitura do texto, para quem se não importa com a documentação utilizada.
Queremos desde já reconhecer, antes das críticas, os defeitos que são patentes,
mas nos não foi possível evitar, pelas circunstâncias em que o livro teve de ser
redigido. Se os aristarcos se fixarem de prrfer&ida nesses senões, contentar-
-nos-emos com a consolação de ainda haver quem lobriga a utilidade do nosso
^orço.
Resta-nos icstemunliar o mais sincero reconhecimento público a Iodas as
pessoas que, de qualquer fornm, contribuíram para que a obra fosse levada até
ao fim. Porém, seja-nos licito relevar minha mt^r, sempre soUdta no que

Copyrighted material
XV —
re^eUa sobretudo à doaamntação da Torre do TonU», e não mendonar outros
nmnes, com receio de onOtír aígum Uivobmíârkmieute, a nio ser os nomes
de guem possibilitou o estudo e a sua impressão: o Instituto de Alta Cultura,
nas pessoas dos Senhores Professores Gustavo Cordeiro Ramos, Cabral de
Mancada, e António de Medeiros Gouveia e a Direcção dos Acta Universitatis
Conimbrigensis — Magnifico Reitor, Professores Lopes de Almeida, Costa
Pbtvão e Dr. CAar Fegado.

Copyrighted material
CAPITULO I

A FAMÍLIA

TYhfimttlas Vemel, dmu de Utíboa e mm


do Porto.
Droguitta» e...NobnsI Sacerdotes e reli-
gkaos. Vm Juti da Babmça da Caea da
índia. Familiares do Sm$o Ofíeh,
Os Ludovici e os Chevaliers na JamiUa.
A família Vernei exiinguiu-se em Panugal,
m> téetáo XIX?

Toda a Roa Nova do Almada oonhecia bem a loja de droguista de


um fnmoSs que pcrmanentemeiite anittía ao balcSo, ombro a ombro com
os cmpc^dos. Numerosa prole —
seis meninas e quatro rapazes endliilll —
esse lar profundamente cristão e outorgava à família as simpatias que as
crianças irradiavam pela vizinhança. Facto aliás banal, que nâo costuma
passar às laudas da história, senão quando surge um carácter que se impõe,
ou um que se avantaja à mediocridade do dia-a>dia. Acontece
espirito
entfto que essa subida vertiginosa para a i^tória, atrai consigo todos os mem-
bros da família, umas vnea dando^bes realce mais ou menos merecido,
mas em gnal, leferindo-os apenas nas primeiras linbas do biografiido
célebre.
Com a família de Luís António Vemci verifica-sc a segunda alternativa.
E contudo, afígura-se-nos de interesse revolver os Arquivos, no intuito de
oooheoer a sua árvore genealógica. Esta tarefa apareoeu-nos grandemente
aimplHirada pela severa diUgíncia que, a respeito da condiçlo social dos
progenitores, em séculoa passados moviam certas instituições, antes de
atribuir mercês ou cargos, com exigência mais rigorosa que a simples iden-
tificação dos nossos dias, para preenchimento de lugares públicos. Se nem
todos os escaninhos hcam inteiramente a claro, é certo que um grande passo
se dá a este propósito.

Copyrighted material
—2—
No final do no nosso país três famílias de apelido
século encontram-ae
Venei, com Venid e Verney (1). Um Lnb
as variantes de Venes, Vernfi»
de nefodo»» casado com Josefa Maria, que no dia 3 de
Dezembro de 1691 faz testamento na cidade de Lisboa, «ao pdourínho
velho na entrada da rua Dom Julianes, nas casas de morada», freguesia de
Santa Maria Madalena, deixava cinco filhos como «herdeiros forçados»,
citando «o livro de rezão» de sua cu&a, para conhecimento de ^cui devedores
e cndofes* Faleoeu a 6 desse mês
Gaspar Verney, casado com Brizida dos Santos, que a 9 de Maiço
de 1694 baptizou na igrefa da Freguesia da Vitória, da cidade do Porto,
o fílho Dionísio, e a 17 de Julho do ano seguinte levou à pia baptismal a
filha de nome Maria Ângela Teresa. Dionísio morou na rua da Bainharia
e negociava em drogas para boticas. Em Agosto de 749 andava empenhado 1

em construir «huma sumptuoza Capella em a sua propriedade que tem no


Gsn^o de San Laxara», com recolhimento paia nmlhefcs. Faleceu soiteâKs
com todos os sacramentos, a 27 de Agosto de 17S5, legando os bens à irml,
que vendeu tudo a 28 de Março de 776. Maria Angela casou com Domingos
1

da Silva Castro, e foi mãe de José c Dionísio. Agueda será sua irmã.
Casou com Manuel Monteiro Bravo (ambos falecidos em 1748), e foi mãe
de Bernardo Luis e de Maria (3).
A a de Luis António, cujo pai, Dionísio Verney,
terceira família é
taaMm liomem de nefãdo e igualmente vendedor de drogas paia boticas,
pode muito bem ser irmlo de Luís e de Oaqpar, e ter vindo com eles para
Portugal. De Dionísio sabemos que um dia deixou Slo dimMnte das
Praças, Arcebispado de Lyon, no «Reino da França», com mmo ao nosso
Pais. Nascera pouco antes de 27 de Outubro de 1650, em que foi bapti-

zado (4), e já tinha falecido em Agosto de 1734(5). Casou em Portugal


com Maria da Conoeiçio Amant, natural de Santa Rnfflmia, da Vila de
Penela, fixando residtnda em Lisboa, na Rua Nova do Almada, onde abriu

ConbeccflMe outras pessoas com o mesmo apelido, nas que se toma dificil
(1)
idadonar oom o somo biografado. AMim, vm Joio Vemqr, bmlo da GuniiMiilib ds
Jesus, que recebeu o grau de Bacharel a S de Abril de 1573 na Universidade de Évwa.
(En, 183). Ainda no século xvni havia um mercador dc livros francês, de apelido Verney,
também escrito Vemé, que forneceu livros para a Academia das Qêncías (Histo, 209).
No fim do cspilido «eootdnomM alpiiM BoiíM ds
tempos. Para completo estudo da genealogia desta família, consulte-sc I^etters, qnBOOOMÇa
com Ralph de Verney (1216, 1223) e termina com Edmond Verney (1636, 1639).
CS> T.
Fa.
T.— Re^Mofonl doo Tertannilos, L. ^ pg. S3.
(3)

(4) B. N. L. ~ AfwMipSM dt smurê. dmaia FattiaicaL M. 121. P. 13.


(5) l±,IinL

Copyrighted material
— 3 -

«logea de drogas para Boticas, em que assistia com os seus caixeiros» (1).

Era de Heitor Vemey e Maria Rund, ou Ana Maria Raind. como


filho
se 16 noutro documento, ambos naturais de Slo Clemente das Fmças.
Maria da Coooeiçio nascera de Diogo de Amaut, natural de Auch,
baptizado a 27 de Outubro do 1650 (2), filho dc Ana Borbazi (ou Bor-
bari?) e de Simão e neto de Pedro, que
foi cônsul. Sua mãe, Ana Ferreira,
era natural da Marmeleira de Mortágua (Covilhã), Bispado de Coimbra, e
filha de António Ferreira, lavradOT, natural da Marmdeira, e de Maria
Rodrigues, natural do lugar do Vale da \íàc, fireguesia de Espinho (3).
De Diogo de Amaut diz-se num dos documentos citados que «a sua mayor
assistência foi na dita vila de Penela e em Coimbra».
Diogo de Amaut teve mais dois filhos, que seguiram a vida eclesiástica,
um nos frades capuchos e outro como clérigo secular. Deste sabe-se o
nome: António Araaut, ordenado de Ordens Menores c Sacras, no ano
de 1687. Faleceu «prior ou cura tm Slo Luis de Marsdha».
A condiçlo social de alguns destes personagens aparece um pouco
oonqnrometida pela necessidade de evitar impedimentos que obstassem à
concessão de mercês. Na informação dc limpeza dc sangue de António
Vemei, por exemplo, refere-se que este afirma categoricamente que os avós
paternos «gosavão nobreza» na sua «pátria», enquanto na consulta para
habilitação de Henrique Vemei para ingressar na Ordem de Cristo se nega
essa distinção, pelomenos à avó paterna. «O pay do justificante teve logea
de drogas para Boticas, em que asistia com os seus caixeiros, o avo materno
teve também logea de maçador e das mesmas drogas, a may e avós paternos
e matemos mulheres de segunda condissão».
Este fosso cavado entre as duas classes antagónicas nem sempre cons-
tituía obstáculo para planificação, quando qualquer circunstância atendível

assim o aconselhava. Foi o caso que os descendentes das duas casas de


droguistas e meicadores, na geração de filhos e netos, ascenderam ao Sacer-
dócio, professaram na Ordem de Cristo, ocuparam lugares no Santo CHIdo
e até alcançaram o nobre foro de Fidalgo.
A respeito de António, filho de Dionísio Vernei e Maria da Conceição
de Amaut, influiu decisivamente a condição de homem rico, para ser nomeado
Familiar do Santo Oficio. Lê-se, com efeito, no Regimento dos Familiares
do Santo Ofldo: «Serio pessoas de bom proceder e de confiança e capacidade
conhecida: terfto fazenda de que posslo viver abastadamente, e as quali-
dades que, conforme ao Regimento do Santo Offido se requerem em seus

(1) Id. Ihd. c A. C. E. — Inquirições gerais, V, 6.

(2) T. T. — HabiUtaçõea do Santo Ofício. M. 73. N. 1461.


O) T. T. — Lc; e B. N. L— Lc

Copyrighted material
—4—
OfSciaes». O processo revda todas essas qualidades exigidas. A par da
notida do natcjmwrto — em Lisboa, a 13 de Novembro de 1697—, do
estado de solteiro e da indicaiçio lacónica de que «sabe ler, escrever, latim
a nota que salienta é a da sua abastança: «Vive limpa e
e várias línguas»,
abastadamente na companhia de seus pays cujos negócios trata, e da logea
de Droguista e por esta causa se não sabe o cabedal que poderá ter de seu,
porem todos dizem ser caza rica, porque só as cazas em que morão lhes
custarão para sima de trinta mil cruzados».
Noutro passo insiate-Be: «Vive abastadamente dos lucroe da sua logea
de mercador em companhia de leo pay ^oe he rico e tem a propriedade de
cazas em ffoe vive na Rua Nova do Almada desta cidade q[De valem mais
de 12.000 cruzados» (1).
Apurada a limpeza de sangue e provada a qualidade de cristão velho,
nada pôde impedir a sua admissão no Santo Oficio, na qualidade de Fami-
liar, aot 17 de Inibo de 1731 Os demais filhoi de Dionísio e Maria
da Conoóção —
Henrique, Diogo e Luis —
nlo mais se esqueceram do dia
venturoso em que essa mercê foi concedida ao irmio mais velho. Quando
tiverem as suas pretençOes, para que se exijam imprescindíveis inquéritos,
o caso de António nunca será olvidado, como padr3o da benignidade r^ía,
sempre pronta à indulgência nas oportunidades convenientes.
Henrique foi o primeiro a seguir o exemplo do irmão. Também
naaceia em Lisboa, a 20 de Julho de 1704w Morava com os pais e nlo tinha
outra oGiqMçlo quando, em Abril de 174S pietendea a disdnçgo de Fami-
liar do Santo Ofldo. «Vive limpa e abastadamente do sen negocio, em que
tem adquirido grosso cabedal, sabe ler e escrever, tem quarenta anos de
idade, he soltcyro e nunca foy casado, nem consta ter filho algum ileggi-
timo, nem que elle ou algum dos seus ascendentes fossem presos nem peni-
tenciados pelo Santo Offido». Ou, como também se deixou escrito:
iteÊpéàde ser encanegado de negocioa de importanda e s^redo, vive lim»
pamente com bom tratamentt^ tem ocnpaçio de homem de negocio oom
logea de droguista, he avultado em cabedaes, sabe ler e escrever».
Com estas boas informações, a que se juntou certificado da qualidade
de Familiar do irmiio António, a concessão não se fez esperar. No dia 25 de
Junho desse mesmo ano, Henrique Vemei estava habilitado, fazendo o jura-
mento a 10 de Setembro (3).

(1) T. T. —
Habilitações do Santo Oficio. M. 75.
(2) «Regiilado > foDua 74 do livro das Criaçòea dos Mbástro$ efamtílarea do Santo
Qfficio desta Itiq^UfÊ» ét IMoã. cm 20 ds hOt» d» 1731». A. C. InquiricfiM E—
ferais, v. 6.

(3) T. T. — Habilitações do S. Oficio. M. 2, N. 29.

Copyrighted material
—5—
Trts anos mab tarde» já «^lessoa muito conhecida)» no meio influente
de Lisboa, Ifeniique Vemei comprou por dto contos e oitocentos mil reis,
«alem da despesa de encarte», o «ofBdo de juis da Balança da Gasa da índia
e Cappitam da Ordtnança da Coite» (1). Por esses motivos e porque
exercia o seu cargo «com boa satisfação», alcançou a mercê do hábito de
Cristo, para que sc habilitou a 28 dc Maio (2). Casou com Ana Maria
Teresa Joana, na freguesia dc São Juiiào, onde ambos tinham sido bapti-
zadoe (3). Terá fisleddo a 5 de Maiço de 1773, dia em que foi aberto o
testamento (4).
Destas honrarias do pai, a um dos sele filhos (S), Díonisio
foi fácil

António, também morador na «Rua que vai do Cais


natural dc Lisboa,
dos Soldados para Santa Apolónia, da parte do mar» (6), passar para o seio
da fidalguia do Reino. João António Pinto da Silva, fidalgo de recente
data, por serviços prestados à Coroa, não teve relutância em casá-lo com
sua filiia a 16 de Julho de 1789, passando-Ihe Sua Majestade alvará
Vioianfe,
da mercê de «fidalgo da minha Gasa», com mil e seiscentos réis «de mora-
dia por mez e de Fidalgo cavalleiro e hum alqueire de cevada» pOT dia (7).
Em documento de 3 de Dezembro de 1812 alude-se a uma recompensa que
Dionísio António mereceu cm atcnçSo aos serviços dc seu tio (8). A Gazeta
de Lisboa, de 31 de Julho de 1802 refere-lhe onome num aluguer de uma
casa nobre, ao Grilo, atxibaindD4iie o caigo de Juiz da Balança da Gasa
da índia. Sobre as suas idaçOes pouco amistosas com a mulher, pode
ver^e documentaçio de 12 de Janeiro de 1813 (9).
De D. Henriqueta Júlia Preciosa Vemei, também filha de Henrique
Vernei, sabemos que foi Moça de Coro do Mosteiro da Encarnação de Lis-
boa, tendo renunciado às tenças que lhe foram distribuídas cm 1719, a favor
de outra moça de Coro, cerca do ano de 1820(10). De Ana Maria, igual-
mente filha de Henrique e de Ana Maria Teresa Joana consta o dia do

(1) T. T. — Registo geral dc testamentos, L. 304, 51 v.

(2) T. T. — Hab. da Ordem de Cristo. M. 4. N. 3i.


(3) T. T.— lUgistosParoquiab, I¥ef. deS. Jdiio, I* 1 dosBairti^^
(4) T. T.— Regi Geral dos Tcst. L. 304, 51 v.
Mariana Rita, Dionísio António, Ana Afaria, Emerenciana Josefa, Maria
(5)
Eugênia Cláudia, JoAo CarlM e Henriqueta Túlia (T. T. Reg. Geral dos Test. —
L. 304, SI V.
(6) O. 1807.
(7) T. T. — Mordomia-Mor, 4, 131 e
1. 1. 23, 143 e Habilitações da Ordem de CríitOk
letra D. M. 7. n.* 4.
(8) T. T. — Min. do Rebo, M. 229.
(9) T. T. — Min. de Rdno^ M. 228.
(10) T. T.-> Min. do Reino, M. 233.

Copyrighted material
—6—
aasdmeiito — 31 de Jandro de 17SS e o do Baptismo —8 de Fevereiro
•egiiiiite(l).

O tereeiro filho de Dkmirio Vemeí, recebeu o nome de Diofo na pia


baptismal de S. Julião. Diogo e seu irmão mais novo, Luís António, mani-
festaram oficialmente «que elles descjão muito servir a Deus Nosso Senhor

no Estado de Sacerdotes». Esta amizade volta a unir-lhes os nomes quando


Luis dedica ad fraírem Didacum, o primeiro trabalho didáctico que impri-
mhi — a Ortografia Latina.
DiofO pertenoea à Congi^açio do Oratório de Nom
Senhora da
Aiannçlo de Lisboa, vindo a fideoer, poedvelmente no dia 20 de Novembro
de 1792, em que foi aberto o testamento que deixou (2). Sob a presidência
do professor Júlio Francisco, defendeu Conclusiones Theolo^icas de CharU
tale, qua Deus clilexit nos. ad textum Joan. 3.16, no ano dc 1724. Este
P. Júlio Francisco, que mais tarde foi Bispo de Viseu, leccionou Filosofia
no de 1718-21, de que esitlem teses impressas. Cchdo m partir
triénio
de 1723 as cooservam, slo de Tecdogia, parece Udto infair que
teses qine se
Diogo frequentou aquele triénio filosófico e se encontrava no terceiro de
Teologia (1723-24), quando defendeu as Conclusiones citadas. De Outubro
de 1726, quando deve ter terminado Teologia, até Novembro de 1734, decorre
o inquérito para as Ordens Sacras como Oratoriano. A primeira referência
de sacerdote, que conhecemos, é do ano de 1745(3).
Professor de FikNoAa no seu Instituto, Diogo Veniei deu guarida às
filosofias modernas no curso que ditou de 17^ a 1745, na peugada do
P. João Baptista, sem no entanto nada renovar na Lógica e Metafísica. A este
triénio j>ertence, nâo só o Cursus Philosophicus in ires partes distributas (4),

como as Conclusiones Logicales c as Conclusiones in Fhysicam GenertUem


que mereceram as honras da impressiio (5).

A o
vasta cultura teológica que grangeou, mereceu>lhe na Congregação
lugar de Lente de Frioia de Teologia Especuhtttva,de que se conservam umas
Condutíones Tluologleai, defimdidas pelo oratxxiano Manuel Ferreira (6).
A consideração desse saber, levou D. João V a fazer-lhe mevoê^ a 25 de Junho
de 1753, do cargo de Examinador das Igrejas c Bcneficios, com obrigação
de assistir aos exames que. para provimentos de igrejas, se fizessem no
Tribunal da Mesa de Consciência e Ordens (7). Possuía uma tença de

(1) T. T.~Re8.FutoqaisÍi.n«f.deS. Jnliio. L. I dos Bv^. 20l


CO T. T. —
Rcg. Geral dos Tcst. 1.333. 186. Sobre a aoS moclB^ VBt VÍ, i ITC
(3) B. M. i loq. de Gcn. Cám. Pat. M. 121, P. IS.
(4) CunosFhO.
(5) Co e Coo.
(6) Cone.
(7) T. T. — Ordem de Cristo. L. 262, 439 v.

Copyrighted material
—7—
50.000 no Almoxarifado da Fruta, com antiguidade de 20 de Maio de 1712,
por padflo de 1 de Daembro de 1752, a qual, a leu pedido passou paia o
sobrinho Joio Carios Cardoao Vcmeí(l). O tetnto «pie publicamoe é
fotografia de vm boslo que se guarda no Museu Nacional dc Arte Antiga,
de Lisboa, e certamente proveio da Casa das Necessidades. É natural
que tenha sido feito pouco depois da morte, enquanto a sua memória não
foi esquecida.

Das filhas do casal Veniei-Ainaut, pouco mais sabemos que os nomes de


Ana Maria, bqitízada na fir^nesia de Sio luliio, que a 28 de Julho de 1720
casou com o Arquitecto Joio Frederico Ludovici, na ermida de N.* S.* da
Conceição, da sua Quinta da Alfarrobeira (Benfica). Assistiu ao casa-
mento o Manuel de Aguiar Paixão, o primeiro Professor de Luis António^
P.

em comissão do vigário, Baltasar Ferreira de Aguiar (2).


Juliana Xavier c Teresa Gaetana, religiosas em Santa Clara de San-
taiém, recebiam vime mil réis por ano de Henrique, para seu sustoito.
Maria Rosa e FhmoisGa Rita, aaibas rdigiosas em S. Dfaiis de Odivelas,
focam contempladas no testamento do mesmo irmão, com trinta mil réis
por ano (3). Luisa Teresa casou com Pedro José Chevalier (4), de cujo
matrimónio nasceu Dionísio Chevalier e o Padre oratoriano João Cheva-
lier (5), que encontraremos mais adiante, quando nos ocuparmos, por ex., da
perseguição que Pombal moveu à Congregação do Oratório.
Oremos que a famOta se extinguiu em Portugal, no século passado.
Em França e na ItáUa, porém, têm-se publicado obras de autores com esse
apelido, como Contribution à Vétude de la spondylose rhizomélique. Paris, 1908,
por René Vemcy. // Budda dei maggiolini, Génova, 1941, de Lidia Vemqr.
NozUm di tiro (...)• Torino, 1942, por Aldo Vemey.

(1) Deferido « 7 de Pcaembro. (J. T.— Decretos do Ministério do Rdno,


P.» SI, N. 1).

(2) T. T. — Registos Paroquiais. Freguesia do Soeono. L. 7 dos OHunentoi, 191.


(3) T. T. - Rcg. Geral dos Tcst. L. 304, 51 v.

(4) Pedro iosò Chevalier «era francês c homem de negocio de fazendas de França».
Vivfa m Rm do Ootebo (T. T.— lUbOttacOe» do S. Offdo, te«ra D. M. 7. N. < Bia
filho de Jo8o Biptiltl Chevalier e de Maria Madalena Punsot. Este apelido pode ter
deturpação de BoiHOt, a oua faoaília pertenceu o nosao Fr. João de S. Tomás (lofto
PointoC). O pai deite nutra dominicano, um dot nsIoiM da Eioolásdn,
chamava-sc Pedro Poinsot e foi secretário do Arquiduque Alberto ds Anttria, \QOD>Rei
de Portugal desde 1583 (Conh, 15 c Freil).
(5) T. T. —
HabiUt. do S. Oficio. leUa D. M. 7. N. 4.

Copyrighted material
Arvore genealógica da família vernei-arnaut

I)

Heitor Vemei (a)


e
Vcraei JoMÍa Maria
1) Dionísio
2) Gaspar 2) Maria 1) Joaé
Vemei (a) Ângela
e Tenaa e
Brígida doa Domingos da 2)
Santos Silva Castro,
Ana 3) Agueda 1)
Leonor (tf) Luís
Maria e 2) Maria
Manuel
MuInClIu
Runel Bravo
3) Dionísio 1) Ana Maria Ludovici
Varaei •
Ido Fkede- José Joaqinni
rico Ludovici Ludovici
Simão 2) Juliana Xa-
de Diogo
Pedro
Arnaut de 1) Maria da 3) Teresa
de
|e Ana Amaut Conceição Gaetana
Amaut
Bor- AnmH Maria Rosa
1

J ^ \
c
4)
5) Francisca
Rita (6) 1) MarianaRita
António 6) António 2) Dionísio An- Dionísio
Rhtsíis Ana 7) Hooriqu» tônio
e Fer- e c que mor-
Maria raira Ana Maria Violante £u- reu sem
Rodri- Ti fMdade
Vartas
2) P. António 3) Ana Maria
daConoeiçio 4) Emegenciana
de Amaut 5) Maria Eugênia
3) Frade Ca- 6) João Carlos
puchinho 7) Henriqueta Júlia

8) Padre DíofO
9) Luís António
1(9 Lufa» Teran 1)
e 2) P. João Chevalier
Pedro José 3) António Chevalier
Chevalier 4) Teresa Joaquina

(o) niiaçio prawiwL


(b) Colocamot aa raparigas nntcs dos rapazes, visto o pai contar 47, S4 • O anoa
de idade, quando nasceram António. Henrique c Luís, podendo, no entanto,
rem-se uns e outros, enquanto não aparecerem documentos esclarecedores.

Copyrighted material
capítulo II

os PRIMEIROS 16 ANOS DE LUÍS ANTÓNIO (1713-29)

Ettudot em Lisboa.
HêU» de Ordens Sacras.
JfigrtkÊt pata u hâlo

Lufo António Vemei nasceu em Lisboa, no dia 23 de Julho de 1713 (IX


e «reccbeo a graça bautismal» na igreja de S. Julião, a 6 de AgOCtO dMW
mesmo ano. Apadrinhou o acto o P. Francisco Teles (2).
Com poucos anos de idade foi entregue aos cuidados de um pedagogo
eclesiástico, o P. Manuel de Aguiar Paixfto, confessor da Igreja Patriarcal,

que era «ciqjdUSo de toa casa» (3). «Nio contava ainda mais de seis anos
de idade, já lia e escrevia peffèttamenle, sem outras liçOes mais do que as
que ouvia ensinar e explicar a aeus IrndkM mais vdlios», atesta o biógrafo
Figueiredo, no empenho de nos apresentar um menino invulgar (4).
Deixemos, porém, o exagero da noticia e recolhamos a informação de que
o mesmo Mestre o iniciou na lição de Gramática Latina e nas linguas caste-
iwm«i*^ firanoeia e ^•n*"*

Neste ambiente religioso em que Luís viveu os primeiros anos (discípulo


de um sacerdote, afilhado de outro dérigo, entr^me ao estudo da língua
oficiai da Igr^) nio foi difkil brotar a vocaçio saoeidotal no espirito de

(1) Bi, III.

(2) Ver Apênd. Doc.


(3) Ret, 62.
(íÕ Conhecfree imi» de um criança prod^lo nesta época, por «c. José Oones da
Cruz (1683), Juiz de fora dc Sesimbra, aos 19 anos de idade Contava nove anoS
.

quando aprendeu a Itagua latina na classe do P. Joào da Costa, Professor de Humanidades.


Ouviu FnowAa no cuiw que o P. Iòi6 Saraiva, S. J. ditou no CoUgio de S. An^
com 13 anos incompletos para a Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito
Canónico (Bi. II). Bento José de Sousa Farinha começou o estudo do latim oom sele
anos. na Universidade de Évora (Be, 1 e 2), como tantos outros.
— 10 —
Luis e dc seu irmão Diogo, eiidereçando>se a eaae fim os estudos subsequentes
a que ambos se dedicaram.
RBieiam as notictas deste perfodo. Pedro Joeé de Rgneifedo introduplo
no Colégio de S. Antão, a seguir à docência do P. Paixlo, limitando-se a registar
empoladamente o grande talento do aluno e a insinuar intenções de absorção
por parte dos jesuítas. Não interessa pôr em dúvida, nem nos parecem
censuráveis as diligências dos mestres, nu sentido de atraírem para o estado
religioso quem mostrava tão bons propósitos de seguir a vida eclesiástica.
no tenqK» cm que «a Rdtor o P. Ffandsoo
EatrettuitOb neste Colígio,
SalgndroOX «como os estudantes de Coimbia, com chapeo ou
vestiufse
vestidos pretos» de casaca ou à romana, de cabeDeira ou sem ella, muito à
sua vontade, mas sempre de preto». £ra um «estorninho», como o povo
de Lisboa lhes chamava (2).

Que estudou Luis António com os inacianos de S. Antão e em que anos


fipequentou o Colégio? Se i^penas ãpnúám FOoaofla oom os Oratorianoe
e os Mestres Universitários de Évora (segundo se veriO, deve tnr feito oe
preparatórios em S. Antlo.
Este Colégio, que em 1747 mantinha uma população escolar de mais
de mil alunos (3), distinguia-se já na segunda década do século, pelo ensino
das Humanidades e pela chamada Aula da Esfera. Os estudos nas Escolas
baixas, conforme as denomina Vernci {Síudiurum injenurum, na termino-
logia do «Ratio Studimnm» da Companhia de Jesus) omistavam de cinco
anoa de Oiamática Latina» dois de Latinidade e dois de Retdiiea (4).

(1) Reitor dcade Maio d» 1719 (B. N. L. — N. 7M do F. O.)^


(2) T, 450.
(3) n», 170.
(4) o Ratio StUilionim prescrevia tríh classes dc Gramática c duas dc Hiunanidades.
Mas os Jesuítas oâo seguiam esta norma em todos os Colmos, fazendo dqiender o número
de daMes, da aflulada doa ahnoa e daa poaribUidadea flnameina da eaaa (jPo, 171).
Na Gazeta de 31 de Jtmho de 1721 • na de 14 dc Maio de 722 alude-se aos nove professorea
de Retórica, Humanidades e Gramática do Colégio de S. Antão, enquanto o Calalogus
Frov. LmsU. 1726, confinonando os mesmos números, assinala IS professores, assim distri-
biMoa: 5 da GnnAiea, 2 de HanMddadea, 2 de RelMea, 2 de FDoa^
Uai, I de Teologia Moral e 2 de Especulativa (Apiid Histor, TV-I, 464). Baltasar Teles,
cecreveiMitJ anos antes, regista efectivamente nove classes de Gramática, Humanidades

• RetMca, anu cano de FDoaofla, 2 CMMfw de Teoiogh Eqweuiativa e nma de Moral,


bem como a aula de Esfera (Cr, II, 24).
Vemei, porém, refen-ae a 3 e 4 escolas de Latinidade, ao memo tonpo que afinna
durar seis e aete anos o estado da Gramática e dois o da Retórica (V, voL 1, 174,137).
A principio calawin praviílaa idma danes de latim com mays hunaa cadona da ttiadioiia
moral, outra de Philosophia c a terccyra dc Mathcmatica». Mais tarde foram acrescen-
tadas duas cadeiras de Teologia Especulativa — de Prima e de Véspera — que funciona-

Copyrighted material
—u—
Em faoe destes números e tendo em conta a caooiaridade fiitiira de
Vernei, o curso deste cm S. Antlo talvez se possa enquadrar no seguinte
período lectivo:

1720- 21: Gramática (3.* classe)


1721- 22: » (4.» classe)

1722-23: » (5.» classe)

1723-24: Lttínidade
1724-25: »
1725-26: Retórica
1726-27: » (e Esfera T)

Desta forma temos de supor que Luís António, aproveitando o ensino


recebido do P. Paixão, se matriculou possivelmente nu ò:-" classe de Gra-
mática do ano indicado ou na segunda do ano anterior. Na última hipótese»
entrou no curso do P. JToeé Leite, que se sabe ser Mestre da segunda dasse
no ano de 1719-20(1).
Costumavam os Jesuítas organizar literárias nos Páteos de
festas

S. Antão, a que concorria a nobreza do povo em grande número.


e gente

No ano que terá precedido a entrada dc Vernei, a 4 de Maio, houve festa


ruidosa em louvor dos assinalados varões portugueses e das insignes matronas
luMt que, segundo le dine, cmedaim notàvdinenie aoi romanot. Poemas,
dedamaçQcs, omos de mâslGa e a ptessnca da Academia Portuguesa do
Conde à». Ericeira. As peças latinas eram da autoria do Professor de Retó-
rica, P. Paulo Amaro (2), que na polémica vemeiana há-de dar o parecer

solne algumas obras e na contenda da Gramática Latina c Filosofia Experi-


mental com os Oratorianos. aparecerá na primeira linha de combate.
A 6 de Julho houve nova festa de manhã e de tarde, «em applauso e
louvor das duas ddades de Lisboa», dirigida pdo entio Prt^essor da 4.» classe,
P.JoséLsite. Os alunos dissecam poemas eofaçOes panegíricas em latfan (3).
Em de 1720^ o mesmo professor fundava no Colégio uma Academia
Janeiro
de Retórica, «i|ne se lhe há-de continuar todos os mezes deste anno» oon- —
forme se anunciava na Gazeta de Lisboa. A primeira sessão rcalizou-se
no dia 9, sob a presidência e direcção do Mestre da segunda classe, o referido
P. José Leite. Os académicos —
os alunos do Colégio haviam ornado —
vam de manbi. £m 1706 mantinham-se 14 FlofiBHOies c um Prefeito dos Estudos, que
sullitiis os Meslict, oas Mtas por impedinieatos jurtiflesdot (Hiitória M, 400).
(1) O, 11-1-720 e 25-VII-720.
(9 o, de 11-V-719. Sobce a Academia, ver Ve, 234.
(S!) O. 13-Vn.719.

Copyrighted material
— 12 —
as paredes com elegantespoemas da sua autoria (1). A 18 de Julho, o
P. Leite fez iqneseiitar pdos sms discipulos uma peça diamátioa em homra
do novo Kqw de Angola, D. Fr. Mamid de Santa f^tarhia^ a que dea o
título de Angoía trbat^hatrix. Nflo faltaram os costiunados coros de vosaet
e instnimentos e a assistência foi numerosa (2).

Os outros Mestres também se esforçaram por valorizar os seus alunos.


O P. Amónio de Brito, Mestre de 4.* classe, apresentou um certame oratório
e poético, «dirigido com curiosos problemas a louvar a NaçSo Portuguesa».
Joeó Joaquim de Vasoonodos, neto do Conde de Casido Mdhiw, serviu
de árbitro para decidir a contenda travada entre os seus condiscípulos.
A fcfta agradou de tal forma que até houv^ entre os ouvintes, quem fizesse
epigramas apropriados e, ao que parece, de improviso (3).

No mês de Maio de 1722 deram ensejo a nova festa, «as illustres memó-
rias das gloriosas acçocns do Marquez das Minas», contribuindo todos
os nove Professores do Curso. Enim «exodlente nmsica» e «numeroso
concurso de pessoas doutas e de distinção», representou-se, em 28 de Julho
seguinte, «hum da autoria do Mestre da 2.* desse de
acto humanístico»,
Retórica, P. José de OUveiía, que versou o tema das «exodlendas da Naçio
Portugueza» (4).

Escassas como são do Colégio, apon-


as notfcias que temos a respeito
támos do ambiente e dos Professores
estas poucas, para se fazer luna ideia

que al leodonaram. Completaremos o quadro, na medida do possivd,


com outros pormenores relativos às próprias aulas, como são os livros usados
e a orientação seguida. Nomes de Professores, apenas acrescentaremos
um, que por esse tempo foi famoso —
o de Hiunanidades, P.« Jerónimo
de Castilho, um dos cinquenta primeiros Académicos da Academia Real
de História Portuguesa, cm atenção ao seu «profundo conhecimento da
língua latina (5). Um outro Professor, o P. Paulo Amaro, talvez se possa

(1) O, lM-720.
(2) G, 25-VI 1-720.
(3) G. l-VIII-720.
(4) G, 6-VIII.722.
(9 Ui> 1S3. O
P. GMtUlio enrimm HnaMuridfidH por dnoo ancM «n LUboa,
Retórica c Filosofia em Coimbra e Escritura em Évora. RdaoSD em 6 de Maio de 1730
(Elo, N. XI, 1). Dele escreveu Veroei: O P. Jerónimo OMtilhOb que nwrreo em S. Roque
no amo de 1730 e tinha flrtndsdo TDologb em ItáUa, aeado bcozmIo peruto o seo Ocnd
de ter em um aermam de S. Quitéria feito \mia tremenda latira contra um Superior da
Companhia (...) para se defender traduzio o sennam em Latim, Fnuwez e Italiano, e
juntamente com o original os mandou a Roma» (Res, Q. Severino de S. Modesto contesta
que o P. CutOho soubesse ftanoês e que tivesse spnadkb outra Teolocia difocote da
ensinada entre nós, «o que tudo se pode ver das postilas qns flOe tRNM • liada conserva
pessoa qw sem repugnância as mostrará» (Conv, 9-10>.

Copyrighted material
— 13 —
cmitar entre os Mestres de Vernei em Lisboa, visto que aparece como Profes-
•or de Retórica em 1719 e volta a mrgir no memo magistério em 1727 (1).

A leapeito dos oompêndiot usadoe, é mais fádl pnmimdaniKMioe


orai alguma certeza. Assim, na avia de Onmática utilizava-se a famosa
Arte do P. Manuel Álvares (2), com postilas muito vulgarizadas (3), a que
Vernei se refere, designando-as por «quantidade de cartapacios e artes» (4).

«As declinações dos nomes e verbos estudam pela Gramática Latina; a esta
se segue um cartapácio português de Rudimentos; depois, outro para Géneros
e Pntériios muito bem oomprido; a estes um de Sbttaxe, bem grande; depois,
mn livro a que cbamam Qmro (de Bartidraiett Rodrigues Chono) e outro
que chamam Prontuário (Fromptuarh da ^wuu», do P. António Franco),
pelo qual se aprendem os escólios de nomes e vetbos». Nesta aula devia
ter cabimento o estudo das Regras gerais, breves e compreensivas da melhor
ortografia com que se podem evitar erros no escrever da lingua latina e por-
tuguesa, pelo livro que, com este título, publicou o P. Bento Pereira, em 1666
e foi reproduzido em 1733.
É possfvd que já durante o curso^ Vernei se indignasse omitra as regras
cm verso e, sobretudo, orai o facto de estar escrita em latim a gramátÍGa
que se destinava a ensinar essa língua. Mais tarde, porém, ao tomar con-
tacto com outros compC-ndios, a revolta avoluma-se c resolve-se a apresentar
em público, o ideal que lhe satisfaz o espirito, conforme veremos no
capibilo VII.
A latinidade era o conqilemento do estudo das nagras do latim.
«A Gramática é a porta pda qual te entra na latinidade», escreveu Vemd.
Liam-se autores escolhidos, que se procurava imitar, na degânda, próprio»
dade e correcção. Quando os alunos começavam a traduzir, os profes-
sores explicavam de manhã as filipinas de Cicero, Suetónio e outros; de
tarde, a Eneida de Virgílio, os Tristes de Ovídio e Odes de Horácio (5).

(1) O. 31.Vn.727.
(2) In.

(3) V. vol. I, 136 c 139.


(4) Ittd., 13S. — «Cartapácios» era a designação corrente dos aponumcntos que
••rvinn para o «todo. O Coiégta de S. Antio^ cm 1732 imprimia IjOQO Cntapscios
de Sintaxe. «Dco-se ao impressor em dinheiro 306.000, pagando-lhe por cada folha ds
kytura, que aam 20 a 1 JOO. Gastaiam-se 19 bailas de papel, e 18 resmas». Nesse mesmo
ano «illiMMu»i> tuMm 4X00 CÊMfàck» de Oénerot e Pratiritn. Em Julho ds 1739
acabanun-w de imprimir SJOO dos mesmos Cartapácios e S.OOO dos de Sintaxe. Como
a proeura era muita, o livreiro Domingos Gonçalves, em 1738 imprimiu, «sem licença do
CoOegio», o Cartapácio de géneros, mas os Padres processaram-no. (Ms. s/. título:
Oontaa do Colégio de S. Antio T. T. — —
Arquivo das Congregações, n.» €82, p^ 23^ e 80|.
(5) Em 1723 editou José António da Silva obras de Virgílio, «Mm commento»,
fieudo então a imprimir as mesmas obras comentadas por Minelio, como também os
— 14 —
JEsteve muito em voga o Fasciculus ex selectioribus auctorum viridiis ad commo'
Hanm admiastkanan usum bidiatriê cmiebmaiys, dividido em duas partes
— oratória e história — com treduM de Cloero. Q. C6nto, SalAstio, Tito
Lfvio e Suetóok), que era certamente o livro de texto (1).
Na Retórica aprendiaFfle a forma de deleitar, por meio do discurso
cuidado, nem sempre isento de afectação. Os livros adoptados eram do
P. Cipriano Soares, De Arte Rethorica lihri tres ex Aristotele, Cicerone et
QubtíiHano praecipue deprompti, ou, Candidus Rethoricae seu Aphothonli
Pngynumta, do P. fra]io8s para latim, em 1736» pelo
Pomqr, traduzido do
P. Mamid de Azevedo, «punido enstmiva os fudtmentos de Gramática em
Lisboa (2), ou ainda o Ariadne Rhetorum manuducens a d F Joquentiam Adoles-
centes, do jesuíta Luis Juglaris, editado na tqpografia da Univmidade de
Évora, cm 1714.
Contra o mau gosto de certos oradofcs quc aimsavam das figuras de
estilística, se insurgiriam os Professores nas aulas e apareceram, fora, alguns
do «Verdadeíio Mótodo de Estudar», como por exemplo,
criticoe, antes

o £xame aiiko de huma Syha Poetíea feita à morte de Sererdesima Senhora


Atfanta de Portugal, a Senhora D. Francisca, de que nos ocuparemos adiante.
Estudava-se também a Poética, latina e portuguesa. O P. Manuel de
Azevedo, que foi Professor dc Humanidades cm 1738 c em Évora promovia
certames poéticos, de que veio a sair a Arte Poética que publicou mais
tarde, dá neste seu livro, bastantes exenqdos oonqnrowtivos. Em 1733
editou este mesmo Professor, SanazarU Carmina, selecdcmados e com notas
egqilicalívas, para uso das esccdas (3).

TThtes de Ovídio (G, 28-11-732). Em I7J5 publicou o P. Matias Viegas da Silva cm


Coimbra um Comento sol>re os ríneo livrot de TMties de P. Ovídio Nasão. Em 1737 anus-
dswa^e a inpraiio do 3.* tomo do «Cbanianlo da 8ala^
• teu tratado de Amidtis», da autoria do meuno P. Viam (0. 29>11«737).
(1) Fas.
(2) A. II. 320 c 231.
(3) FlgimdBiel0wadHt»jMwta,qaBVeriin«6teiAooidiBcidoemlU^
rado como humanista, sc razões Inconfcssadas os nilo mantiMnai à distância. Além
do que se tem escrito a seu reqwito, podemos acrescentar a ingiilntí cronologia: Novi-
dMlo: 172S.30: eMuduite de HuMaidadn: 1730>32; «tudute de FIkMolla: 1732-36.
Em 1735, rcpresentou-sc em S. Antão o «Diálofl» SOlKe 8. Joté», de sua autoria (A. I, 219).
Professor de latim cm S. AntAo: 1736-38. ProfiB8K>r de Humanidades no mesmo Colé-
gio: 1738-39. Professor de Retórica em Évora: 173942. Neste último ano partiu para
Roma, onde duegpn no mês de Maio. Cursou Teologia em 1742-46w Em 1747 censBoa
a publicação das obras dc Bento XIV, precedendo o 1." volume dc um De Ortho-
tratado
gniplUa. Em 1749 era Director da Escola doa Ritos Sagrados, tendo também exercido
o iwigl itft lo na Uul¥eiiididB Onforiena, como Frofenor de Monl. Ni T« T» -~ Min.
'

Justiça, Maço 1 conscrva-se uma carta dc Bento XIV de 27-Vin-749 para o P. Domingos
Peceira, Pnpósito da Coogtefiçio do Ontdrio, cm que i leoi^^
— 15 —
Nio sabemos se Vernei enquanto permaneoen em S. AntSo, terá estudado
alguma disciplina mais, além das apontadas. Gr^o, assegura de que só
no Col^o das Artes de Coimiwa se ensinava (1) e nada mais podemos
aciesoentar a este respeito.
Reconhece que «os doutos jesuítas obrigam os seus filósofos a irem
três dias na semana ouvir alguma explicação de F.uclides» (2). A aula
destinava-se sobretudo aos alunos dc fora, que se preparavam conscien-
dosamente paca as lides náuticas das carreiras de AÃica, Brasil e Oriente
Ott para trabalhos esforçados das construçfies de fortalezas na Metrópole
e terras longinquas da nossa aoçio dvilizadora.
Das pretençOes que manifestou quando decidiu embarcar até à índia,
conforme veremos adiante, talvez se possa inferir que frequentou a aula
de Esfera do Colégio de S. Antão. Por isso nos ocuparemos dela a seguir,
se bem que em rápido bosquqo, assinalando nomes de Professores e as
disciplinas lecdonadas.
Nesse tempo continuavabem vivo o êxito das lições do P. Luís Gon-
zaga, que ensinara Humanidades na Universidade de Évora e leccionava
Matemática no Colégio lisboeta, quando D. Pedro II o chamou para Profes-
sor da mesma disciplina, do futuro D. Jo2o V e dos Infantes seus irmSos (3).
O P. Inácio Vieira ditara Astronomia em 1709, Matemática em 1712, Dióp-
trica, Catóptrica e Pirotécnica nos anos de 1717 e 1719. O P. Diogo Soares
leu cm 1^1 o seu JVovo Atlas Lusitano ou Theatro Untverstd do Mundo
todo (4), em que vxg^ vma visio de conjunto dos confaedmentos de entio,
•obfc as partes geográficas da Europa, Afinca, Ásia e América, enquanto
nesse mesmo ano, o P. Manud de Campos explicava Euclides (5). Em 1724

4e dar uma pensão ao P. Azevedo, para organizar o Corpo LiUhlgico e solicitado o cumprif
mento. Por pressão dc Pombal foi desterrado dc Roma, cerca dc 1761. Faleceu cm
Piacenza com 83 anos dc idade (Histor, IV, I, 276; Po, 206; Ars Poética do próprio
Aaevnlo).
(1) V. vol. cit., 250.
P. Maniiel de Azevedo informa, a seu respeito, que defendeu Teses de Fisica
e IBitãria Natural e exame de Elementos de Euclides (A. t. 2, 33<Q.
fer
(3) Com efeito, D. João V
Exerceu estas funções «algims anos» entre 1700 e 172S.
nasceu a 22 de Outubro de 1689 e o P. Luís Gonzaga, em Setembro de 1700 ainda ditava
a «Esfera Astronómica» no «Collegio de S. Antão», conforme manuscrito de que talvez
speoss reste O titulo (Fo, 297). Em 1724»pediaoGeraldaCòiiipaahÍAqiieoP. Gooags
voltasse à GhS Profena dc S. Roque, agradecendo já a concessão dessa graça, cm 1 dc 1

AfOSto de 1725 (Documentos em Histor, IV-I, 530 e 327). Foi então nomeado Reitor
de Santo Antio, lugu* em que ainda se cooservav» em 1727. Fsleoeu a 14 de Muço
de 1747 (Fo. 297 c G, 31-7-727).
(4) Ver Novo. —
Sobre o Autor. v«r Ve, 274; Pr, 517; Mi, 123).
(5) G. 24-7-721.

Copyrighted material
— 16 —
ocupava a cadeica de Matemática, o P. Domingos Pinheiro que, juntamente
com o Coronel Manuel da Maia, assistiu ao edipse da lua, observado no
dia de Novembro por Carbone e Capaiai, no Observatório do CoKpoO).
1

D. João V, devido
Este Observatório fora fundado cerca de 1723 por
aos cuidados dos P. João Carbone e Domingos Capassi, dois jesuitas ita-
lianos que haviam vindo prestar serviço em Portugal. Já um dia nos
referimos às observações e aos instrumentos do Observatório (2). Neste
momento^ limitamiMios a acmoeiílir o testeniunho do CosmógrBlÍ>mor
do Rdoo, Lois Fhmdioo Pimemd, na Conferência da Acadonia Real de
BBstAria Portngneaa, de 7 de Março de 1726:
«O P. JoSo Baptista Carbone, insigne e perítissinio Mathematico que
presentemente assiste no Collegio de S. Antão, me diz que por diversas
observações feitas com excellentes c exactos instrumentos, tem achado
não ser a latitude de Lisboa mayor de 38 grãos e 43 minutos, a saber, cinco
minutos menos da que lhe aasigna o Roteiro (da Nav^a^), e cinoo minutos
mayor da que adiou meu avO (o Coimdgrafo-Mor Luis Serrlo Pimmtel).
Por reconliecer a «pená& do Author» e «pela exactidão dos instrumentos
com que se fizerão», Luís Frandsco preferia a latitude determinada pelo
ilustrado jesuíta italiano (3).

Nesta resenha de Matemáticos deve-se realçar o nome de Manuel de


Campos, que imprxmiu em Lisboa, no ano de 1735, para a Aula do Colégio,
OS Elementos de Geimetría Plana e Sáfída que Castro Sarmento tanto apreciou
como propedêutica para a introdnçlo do newtonismo em Portugal e a
«Gazeta de Lisboa» anunciou a 2 de Feveretio do ano segubte. Em 1737
editou a Trigonometria Plana e Esférica, com o cânon trigonométrico linear
e logarítmico, terminada em 36, deixando-nos também uma Sinopse trigono-
métrica plana e esférica, de que hoje apenas alcançamos o titulo. Que saiba-
mos, não havia escolas fora da docência dos Jesuitas que, nesta data, ensi-
naasem aoneiliante diio^lína. Esta Aula de SLAntlo, devido à importância
que tomou, em 1736 «annda de sitio para maior conmodidade dos ouvintes
e da nobreza da Corte», graças à ivotecção do Monarca (4).
Outros dados e outros valores se podiam apontar. Estes, porém, são
já em número suficiente para compreendermos a atmosfera intelectual onde
Vernei passou alguns anos da sua juventude. O eco da continuidade deste
saber, vamos topá-lo naqudes nomes ilustres, de Jesuitas posteriores que
também levdafam conhecimeatos da oitecia e filosofia moderna, e que

0) O. »>ii.m
(2) Ve, 28IMtl
(3) Obs.
(4) It. Ptohnio.

Copyrighted material
ALOYM VS ^VNTON lU S VJbW E)L\S
AHCHIDIAC IbOKEN^IS

Gravura publicada nalgumas das suas obras, como De Re Lógica c Apparatus


ad

Philosophiam. Contava, portanto, 38 anos de idade.

^
aterlal
P. Diogo Vernci. segundo um busto que se guarda
no Museu Nacional de Arte Antiga
— 17 —
podem ter sido companlidros, pcofetsons oa tímfHm oonhecidM de Vemei.
Tomaremos contacto com alguns deles, mais adiante, no lugar próprio.
Todo este ambiente de estudos profanos não conseguiu dissipar-lhe
do espirito, a inclinação para a carreira eclesiástica que a vida familiar, de
certo fomentara.
Dizem Diogo Vemey da Congregação do Oratório desta Cidade de
Li^oa Ooddental c seu Irmlo Lois Vern^, natiuaes e monulons na fr»>
gnesía de S. Jidiflo, filhoe legltimoa de Dioniiio Veni«y(...) e de Maria da
Conceição Darnaut (...), que elles de8(jSo muho servir a Dtm Nomo Senhor,
no estado de Sacerdotes» (1).

Das três datas que este documento ostenta, a mais antiga c dc 9 de Outu-
bro de 1726, uns três meses depois de completar 13 anos de idade, sendo
aluno de Retórica em S. Antfto. O processo era moroso, pois implicava
a prova da limpeza de sangue dos requerentes e, por conseguinte, dos Pais.
Começou o inquérito na freguesia de S. Julião. O Pároco devia informar-se
«com todo o segredo c brevidade possível, per si cx officio», «em sua Paro-
quia ou fora delia (sendo necessário), com as pessoas mais antigas fidedignas,
desinteressadas, e Christãs velhas, que houver, acerca da naturalidade. Um-
peza e impiireza do sangue e geração».
SctstúaarHC na fii^nesia de Stenta EuflBníía, da Vila de Penda e de
Vale da l^de» BiafMdo de Coimbra, donde eram naturais a nde e bisavó
materna. Bara provarem a pureza de sangue por parte do pai, teriam de
recorrer a França. A
questão, por isto, arrastou-se até 1734, permitindo
a Vernei continuar os estudos, ir de longada até à índia, e prosseguir a
carreira eclesiástica na Universidade dc Évora.
Sem noticias certas da entrada e salda de S. Antão, parece não liaver
dúvida que, depois de deixar o Collio, se matriculou no cuno de Filosoia
que o P. Estácio de Almeida leu nas aulas do Oratório, durante o triénio
de 1727-30, no Convento da Rua Nova do Almada, onde actualmente estão
instalados os Armazéns do Chiado (2). Os Oratorianos distribuiam a Filo-
sofia por três anos. Conhecendo as datas de alguns triénios e conjugando
o único dado fornecido pelos biógrafos, de que o P. Estácio foi seu Profes-
sor de Filosofia, tnn de se admitir a data assinalada. Antes, portoi, de
verificar o que terá estudado com os Neris, ocorre perguntar por que razão
deixou os Jesuítas de S. Antão? É possível que quisesse reditir, de modo
radical, ao convite que os inadanos lhe tenham feito para ingressar na Ordem.

(I) B. N. L. — Inquirições de Gen.— Câmara Patr., M. 121, P. 15.

Q) S^undo os Estatutos da Congregação (Estatuto appendix, cap. 9) eram admi-


tidos a frequentar as tuas aulas, «os de fora que tiverem bons procedimentos e frequen-

Copyrighied material
— 18 —
Mas, por que não terá mudado de escola, por simpatia para com a Congre-
gação Religiosaem que professara o irmio Diogo e um primo, filho de Joio
Frederico Lndovid (1), tanto mais que a Casa do Espírito Santo ficava na
mesma Rua, muito perto de sua morada? (2).
Por esse tempo, em nenhuma parte a Filosofia se avantajava, sob qual-
quer aspecto. O curso adoptado em S. Antão, ou era o de Soares Lusitano
ou António Cordeiro ou postilas do próprio Professor, que não andariam
longe das doutrinas renovadas daqueles autores. Todos escoUsticos, mas
com marcadas tendências de arejamento, quer pdo olvido de questões maça-
doras nos tratados lógicos, quer pela entrada mais ou menos franca do
espirito novo do século, por vezes em qnestOes fundamentais.
O P. António Cordeiro, impresso no ano de 1714, é bem o iniciador
da revolta mais comprometedora nas escolas, contra teorias tradicionais
rejeitadas pelos modernos. Sabe-se o papel que na Filosofia escolástica desem-
penha a noçflo de substftnda, em qtie tít se deixou innuendar por Descartes.
A novidade andava no ar, precisamente entre os jesuítas. Mais
ou menos nesse tempo em que mudou de Colégio, o Professor de S. Antão,
António Vieira ensinava mesmo que a luz é «um perene eflúvio corpóreo
do próprio sol ou do fogo».
Os programas do ensino nos Oratorianos nesta época não são conhe-
cidos. Admitindo, porém, que não decaíram no período que vai até 1735,
podemos assentar que apoias inchiiam o estudo da Gramática Latina,
Filosofia e Teologia. Por conseguinte, nem Retórica ou Oratória, nem
leitura de Qásticos latinos ou gregos e, muito menos, Matemática. É o
que se averigua do curriculum de Teodoro de Almdda, revelado por om
biógrafo anónimo seu contemporâneo (3).
Para definir a orientação da Filosofia que Vemei estudou nos Orato-
rianos, podemos servir-nos do mesmo critério, de observar uma data poste-
rior, de que tonos mdhor conhedmento. Pois em 1748, um aluno de
Teodoro de Almeida defendeu, no Hospício de Espirito Santo, a Lógica
aristotâica, que também João Baptista ensina no curso impresso. Nada
mais se consegue encontrar que simplificação de alguma» questões. A esse

(1) Estas boas relações manter-se-ÍO pelo tempo fora, entrando para esta Religião
ura novo membro da família —
o sobrinho Joio Chevalier. O irmão deste, Dionísio
ChsMlkr, CkpMo dos Aiodiiares ou Onkaanças, estudou com os Ontoríanoe, Gramá-
tica, Filosofia e Teologia (T. T. - Hab. do S. Ofício, letra D. 7, N. 4), tendo naturalmente
desistido da vida religiosa. Vemei, que em Roma foi postulador da causa de Bartolomeu
do Quental, há-ds dedicar otaa sua ao ftepistto dsa Qum de Lisboa. correqxHider^M
com vários e deixar escritos SBOS à Gssa daS WSCWildadM.
(2) Ma. I. 180 e 229.
(3) Vi.

Copyrighted material
— 19 —
respeito, porém, por que nlo rep^ oom Fr. Anénio ák FSedade, que «tudo
para BÓe he já vdho e o confiessaiiM» ocmi o P. Aniai^
De fiicto era prática corrente entre ca ewolásticoa de entio.
Quanto à Física, nada de novo se regista neste período, uma vez que
foi João Baptista o primeiro a introduzir outra oricntaç3o —a Gassendista,
também adoptada em Espanha pelo Neri T. Vicente Tosca. O seu curso
decorreu entre 1736-39. Regista-se, pelo contrário, o combate ao Aiomismo,
por paitB do Professor do innKo Diogo, o já aludido P. Júlio Flrancisoo
qii^ ao admitir a tese aiistotâica da matéria e forma, repudiava o aUmUsmo
e combatia Descartes (2). Podc-se, no entanto, apreciar o curso de Lógica
que lhe ministraram, através da postila do P. Estácio de Almeida. Feliz-
mente, conserva-se a primeira parte das lições:

Cursus Philosoplúcus triplici libro absorvendus quorum Logicam u/ws, alter


Physicam, Mett^ysicam. Dictatus a S. P. Stachio de Almeida (...)
tertius dabU

et amscriptus àb Antonio Canto ab OHfeirai...) 1727(3). Antánio Carlos


de OUvetia, que saibamos, apenas prestou este serviço à bistócia da cnltiinu
Escrevendo aa anda a postila ditada pelo Professor, contribuiu para hoje
se conhecer uma parte do curso frequentado por Joflo Baptista e por Luís
António Vernei (4). As ideias do Professor e as dos alunos nessa ocasião,
ficam circunscritas, no essencial, aos dois tratados aristotélicos De inter-

pretatkme (folhas 3€-2(X2) e De Utdveraal&us (folhas 203-361).


Do que se ccmserva no Arquivo Nadonal da Torre do Tombo,
retrato
de que apresentamos reprodução, consta que Estácio de Almeida entrou
na Congregação a 29 de Setembro de 1714(5). «Foi varão abalisado em
letras e virtudes grande latino (6), filósofo c teólogo, e ao mesmo tempo
:

de humildade tão profunda que era um contínuo desprezador de si mesmo.


Teve os cargos de Qualificador do Santo Oficio, de Académico do número
da Academia Real(7) e de Gronista do Rdno, na Ungoa latina. Fakceo
em 18 de Novembro de 1773, tendo de idade 79 anos nlo completos, por
haver nascido em IS de Maiço de 1695».

0) Ref. 33.
(2) Rtfu, lS-17 e Cond.
(3) Cur.
(4) Juntamos o» dois como discípulos, fundado no« aegaintes daciot: Baptiita entrou
para os Neris, a 8 dc Novembro de 1724. Estudado um ano dc latim, iograHOV no triénio
filosófico de 1725-27, aquele que precedeu o frequentado por Vcrnci.
(5) Ver também Memória das pessoas que entrarão (...) no Oratório. No Ap. Doe.
(19 Vemsl lowKNH», como «ntendidp na natlria: «CertamEnte o P. EMscio de
Aliiiafafa, <pia tm\ matAria de Poesia Latina cuido que sabe... (V, vol. IT, III).

(7) KHo diferente da que desenhou a legenda, escreveu: Administrador. Da sua


actiridade na Academia. VerOmgtoC

Copyrighted material
— 20—
Cursava Luís António o segundo ano de Filosofia, encontiando-se
a poucos meses do fim, quando constou que, na monçSo de Maiço, «em que
as Naos da índia oostumSo hir para aqudDe Estado», a Nau N. S. do Iivi»>
mento regressava a Goa com socorro de SOO praças, para manter cm respeito
as nossas fronteiras. O Estado da índia cncontrava-se cingido dc inimigos
c tão poderosos que nào perderiam ocasião de ocupá-lo, vendo as poucas
forças de que dispunha, em virtude de o Vicc-Rei, João de Saldanha da
Gama, ter mandado para Mombaça, «quanto havia no porto de
restaurar
Goa, assim embarcações como de gente que a pcezidiavam» (1).
Em ftoe disso, urgia enviar, «nio só mayw nnmero de gente do que
costuma Iiir, mas que sela de difeiente quallidade», conforme sugeria o
Conselho Ultramarino ao Monarca, cm 9 dc Dezembro de 1728 (2). Editais
afixados em diversos pontos das principais localidades anunciavam a reso-
lução real, prometendo o posto de Capitão de viagem a quem o reclamasse,
e aceitando igualmente propostas para vohntários, soldadoe e capitiei daa
icis Companhiu de Infindaria qve fmmavam o socorro militar.

Corria a primeira qvtnzena de Março de 1729, quando Luis Vemei


interrompeu patríòticamente os estudos, para servir o Rei e alcançar glória.
Os seus quinze anos permitiram-lhe delinear com nitidez o sonho glorioso
cm que a intrepidez do sangue jovem era capaz de praticar façanhas iguais
às dos heróis que encliiam as laudas da história pátria. Iria até ao Oriente,
ver terras maravilhosas, de larga tradiçfto nacional, contactar com gentes
desconhecidas, que todo o português sabe de cór. Convinha, por£m,
seguir pnoumido dos meios mais convenientes para esse fim, e fia o que
pôde para os conseguir, de entre os que na ocasião se lhe ofereceram.
No prazo de cinco dias deviam os interessados apresentar os seus
papéis na Secretaria do Conselho Ultramarino. O Monarca, nestas opor-
tunidades costumava fazer «a todos» oferta do foro de cavaleiro fidalgo
de tua casa, 4« ooiB de, 750 réis de moradia cada mlB»; 800 réis aoB sargentos,
«dás tostões» aos alferes, e ÍJ200 réis aos capitães, concedendo mais o hábito
de Cristo aos alferes e capitães.
«Além destas mercês, quando vierem e se recolherem para o Reino,
Vossa Magcstadc os despachará tão bem conforme a distinção com que
servirem naquelle Estado» — reza o parecer do Conselho Ultramarino (3).

Lofs Vemei começou por se alistar como s(ddado voluntário. O Pro>


vedor e ofidais da Cata da fndia e Minas tiveram mais de vma oportunidade
de testificar que «a foL IS do Lhno da Armada que no pfesenle te apceita

(1) Noticias em O. 28*IV-729.


(2) A. H. U. — Consult. Mixtas do Cons. Ult. 1722-30, L. 22, 292v.
(3) A. H. U. — Doe avulsos, índia, M. do ano 1729.

Copyrlghted material
I

P. Estácio dc Almeida. Quadro a óleo guc sc conserva

no Arquivo Nacional da Torre do Tombo


• I

7 :V

Autógrafo do pedido do hábito de Cristo


—21 —

pua o Estado da índia, no titulo dot toMadot com fiança», constava ter
assentado psaçà «Luis Vomey, filho de Dionfado Vcnisy • de Meiia da Coih
oeipçao Damant de idade de dczaseb ânuos (1), e nutmal de Lisboa oooi-
dental».
Sem perda dc tempo, requereu também o posto de capitão de uma
Companhia: «Diz Luiz Verney... que elle tem assentado praça de soldado...
6 porque he pessoa de conhecida nobreza e distinção,como tudo consta dos
documentos juntos e deseja ir com alguma honra com que Vossa Magestade
nio fidta aos da soa qualidade e paia lhes avivar as obrifscoens oom que
nascerão... pede a Vossa Ma^stadc lhe faça mero8 de o nomear por Capitani
de huma das Companhias da leva».
Consequentemente tinha dc pedir a mercê do hábito de Cristo, inerente
à dignidade militar que solicitava. As certidões da Casa da índia que acom-
panharam estas pedidos, tfim ambas a mesma data: 17 de Março.
O Monarca remeteu a vontade expressa de Luis Vemei ao Consdho
Ultramarino para este dar o parecer. Antes, porém, o jovem soldado apre-
sentava^e ao Doutor António Freire de Andrade Encerrabodes, do Desem*
bargo do Paço, Juiz da índia e Mina c das Justificações Ultramarinas, a
requerer que lhe lavrasse um «Instrumento de justificação» em como nào
devia nem tinha mácula algiuna pessoal nem oriunda de seus Pais e Avós,
«por serem pessoas que se tratavam com luiimento e que senqne viverão
muito à ley da nobresa».
O inquiridor interrogou as seis testemunhas apresentadas por Vemei,
a 21 dc Março. Provado que «no seo sangue» nSo havia «maculla alguma
nem rassa de moreno c mullato», por serem «christâos velhos», O Juiz da
índia e Mina proferiu a sentença desejada (2).

No im>cesso desta viagem apenas se encontra a diUgBnoia de Venei


para justificação da sua limpeza de sangue, talvez porque os demais eram
conhecidos como filhos de naturais do Reino. Mas devido posdvefanente
i sua pouca idade, o pedido morreu no Conselho Ultramarino, porque o
nome de Vernei, como pretendente ao posto de capitão de uma Companhia,
não aparece entre os doze propostos, sobre que se pronunciou o Conselho
Ultramarino.
De certo quando soube que tinha sido preterido, requereu o posto de
alferes^ a 7 de AbriL Mas nem tanto lhe concederam^. «O Conselho
nomeia por Saifeoto do número da Companhia de Inliuttaiia paga de que

Dezaneis anos inoompletoft, pois nascera, oomo vimos, aos 23 de Jnllio ds 1713.
(1)
A. H. U.
(2) —
Doe. Avulsos, índia. M. cit.
Mais tarde, Vemei há-de ««sinalar as qualidades que devem ter os ConseUwiros
(3)
Uknnsrinos (Ver Gvta de Diitfto em V).

Copytighied material
—22 —

he Cappitam Caetano Coma de Sáa» filho do ViMOodB de Atwca, huma


das que vão na presente monção como socorro de gente para o Estado da
índia, a Luis Vemey» (1). Estava-se a 12 de Ainil de 1729.
Desta fonna nlo poderia ser satisfeito o pedido do hábito de Cristo
que, ignoramos porquê, o Monarca lhe mandou lançar. Lê-se, com efeito,

numa certidão de 2 de Setembro de 1729, que Luís Vernei há-de juntar vinte
anos mais tarde à renovada súplica do hábito de Cristo: «Em consideração
do que, e embarcandose com efTdto na ocaziSo prezente paca o mesmo
Estado (da índia), há por bem fazer-lhe mercê de vinte mil rris de tensa cffeo-
tivanos almoxarifados de Reyno... dos quaes logrará doze, a titulo de habito
da Ordem de Christo, que lhe tem mandado lançar» (2).
O motivo por que Vernei não conseguiu tudo o que pediu, se não toi
a sua pouca idade, talvez sc encontre na mais reconhecida nobreza e prática

do mar dos seus rivais. Com efeito, os capitães escolhidos, uns eram fidalgos,
outros já tinlumi prestado serviço no Estado da fndia.
A salda de nefocvo apareceu assim anunciada na Gazeta de Utíboa: «Terça-
4átk (dia 19 de Abril), pela manhã partio deste porto para a índia Oriental
a nao de Guerra N. S. do Livramento, de que vay por Capitão Joseph de
Mello de Ataide (3), que tem servido muitos annos naquelle Estado. Par-
tiram também em sua companhia três naos do Commercio para a Bahia de
todos os Santos, tres para o Maranhão e huma para Angola, comboyado
tudo pda nao de guerra N. S. da Atalaya» (4).
Depois da partida apenas temos noticia de uma correspondência do
Comandante da Nao Livramento, que a 16 de Junho escrevia da Baia, por
se ter quebrado o mastro, que era velho e incapaz (5). Vernei pisou, pois,
terras do Brasil e não sabemos se passou mais além (6). Por seis anos
partiu, em Setembro, uma nova leva de mais de 250 soldados, sendo natural
qu^ por igual espaçode tempo, hi^a sumido a de AbciL Mas Vernei, ae
entrou na fndia, nio ficou por lá todo esse tempo, ou por doença, oo porque,
em breve, pOde verificar que a sua vocação nio o levava pràfMiamente paia

(1) A.II.U.~God.l31doGoni.Ult.eL.d0OfieiOBO.18.Fd.3Sl Aw>1727-2».


(2) —
T T. ~ Hab. Ord. Cristo, M. 18, N. 143. Qaudo Uw for ootafpdo o MUto
de Cristo, ser-lhe-á paga esta tença, desde 1729.
(3) Nomeado a 7 ds AMLVer doe. no A. H. U.— Doei. avriMsladiB. M.2?
Cano 1729).
(4) G. 21-4-729.
(5) A. H. U. —Doe. avul. Índia, M. 27. ano 1729.
CO Se nio Hilda aHn da Baia, poda ter wgwsisde, por cmmpkN na nau Madre
de Deits que, vinda de Macau e fazendo escala pela Bata, entrou no Tejo a 18 de Agosto
de 1729. A 30 de Outubro chegou a nau de Guerra Santa Teresa, ivooedentc da índia.
A dsta desta oottfomíBM melhor eom a de nairieiíla «m Évoia.

Copyrighied material
—23 —

o campo das armas. Terá mesmo permanecido muito pouco tempo, visto
qve nos meados de Novnnbco já qpareoe matriculado na Ihiivenidade
de Évonu
Fosse qual foise o motivo da deiistência, o certo é que a vocação ede-
siástica voltou a suplantar qualquer outro ideal. Com 16 anos estava em
muito boa idade de estudar sem delongas, fez as necessárias diligências
c,

por ainda ingressar no curso que começara em Outubro desse ano de 1729.
O primeiro ano de FEoiofia e porventura alguns meiet do segundo, cumpridos
nos Oratorianos, diq)ensi4o4am do primeiro ano do curw da Univerridade,
mediante exame em que desse provas do seu saber. E» sem mais hesitações,
irronqieu pelos novos borinmles que o negadavam.

Copyrlghted material
Entrada principal do Colégio do Espírito Santo
Fachada principal da Universidade de Évora,
que dá para os «Gerais»

laterial

I
CAPÍTULO 111

NA UNIVERSIDADE ALENTEJANA
(1729-736)

O edifício e as aulas.

Abmoi flbttMsf.

Rofto por que Vtrtiet pnferiu a WmtUUk


Nái CoUghã da Maárt dt Detu ê dt Pirifi-
eaçâo.
Curso de Filosofia e de Teologia.
Os professores Diogo Pacheco e José Ferreira.
Orfetttaçõo da Fttoaefia « Teoiogia. Graa
académicos.
O mCutsus Theologicus» do P. José de Araiio,
pi^Htln iKfpiígiiBdof do mVtfdiídfhú AÊilodf
de Etíadar». JUferindíu do P. Anáío
aos estudos de Vemei em Évora e alusSu
de Vernei ao ensino da Universidade.
Mto eonelubi o emto por dtfieUaekiÊ oxomeT m
A verdade doe pnotettoe de ve mnifõo pdo$
fendias.
O d^loma de Mestre em Artes e o eert^ado
da frequência dos dois anos em Teologia.
Em 1766 pn^õe a restauração da Uidversidade.

Na capital do Alentejo florescia então a Universidade que o Cardeal-


-Rei entregara aos cuidados da Companhia de Jesus. A parte do edifício
reservada ao ensino, a Universidade propriamente dita (1) constava das
aulas qne rodeavam o «Pateo ou geraU e da nobre sala do« Actos. Entravapie
«por fora em huma portft de xospeito devada e de inagrstade, com dim
de mais de vinte pafanoi snas bazcs timbano ou cornija digna e a figura
;

do Espihto Santo no meio». «O Pateo da Universidade — escreve um

(1) Mem.
—26 —

antor contemporâneo ainda inédito que vamos seguindo (1) — he digno


e obfB que salta bem àaemiwe agiadávd e que não enfiula». iíTtm
vista,

este gerai buma grande fonte no meio com a estátua de Minerva em sima,
tudo de gosto excellente, mas dos nossos tempos: forma duas bacias, buma
maior que outra, de {icdra intcirissa: o tanque em que cai a agua de oitavado
e com hum risco digno e de muito bom gosto, tudo de mármore».
«He quazi quadrado o Pateo, e à primeira vista não se lhe percebe o defeito.
Tem de comprimento 175 palmos, com dose colunas de mármore ou pedra
biaiica de Estremoz, pot banda de oomprimento. Tem de brgD 195 pal-
mos com dez colunas e hum lado e dez por outro da mesma grandeza e
magestade».
«Entra-se para os Geracs (ou seja, para as aulas) por sete degraus
proporcionados, e na face da fachada, com três colunas mais piquenas e
na entrada duas». «Não hc grande architectura este frontispicio ou
ftdiada da SaUa grande, posto nlo ba deagndavd» na opiniio do FlmdB —
Franciscano que nos apraz transcrever. «Compoem-no as armas do Senhor
Cardeal Rey, com o tympano de Jesus em sima; duas estatuas mais que ordi-
nárias sentadas huma com o cetro e o sol na mão esquerda c a outra na
;

direita: gosto do século passado, mas muito bem trabalhado (...) No pedestal
ou almofada no meio debaixo das armas está a inscrição seguinte: Hcnricus
Lusilaniae Rex/S. R. E. CardinalÍ!>yPutriae Pater/ Religioni et Bonis Artibus».
«Craipoem o Geral quatorze aulas todas aziítejadas e de pinturas finas
e modernas. Em todas ha cadeiras de anfdim e escadas de pedra para se
subir a ellas, com sua baze alta, tudo da digna pedra de Estremoz. Quazi
todas tem colunas pelo mdo, para s^iirança do madeiramento que he de
estuque em todas».
Nào é fácil atribuir actualmente a todas as salas de aulas, as funçOes
para que serviam noutros tempos. Utilizando, porém, em parte a inter-
pretaçio de Moas. Dr. Joaé FUipe Meodeiros (2), a ktra dos Estatutos e
as informações de dois alunos, o P. António Franco (3) e o Dr. Bento José
de Sousa Farinha (4), aventamos a seguinte distribuição
a) Aulas de ler e escrever. Os Estatutos estabeleciam «duas classes
deste género (5) c Farinha informa que funcionavam duas aulas, no plano
inferior (por bauo da actual Secretaria), com porta privativa para a cerca.

(1) Contíguo ficava o Q>légio do Espírito Santo, residência dos Profcssons e abaos
jeniitas. Sobre a inatiniitto da Univenidade, ver Histor, I, 578 e II, 303.
(2) Hu.
^ hn.
(4) Mcmor R. 303.
(5) Estas e as restantes aulas, em Esta, 17C

Copyrighted material
— 27 —
um tinto distante da entrada da Universidade (1). Servem actualmente
de Arquivo do Lioen. Ftú Vkenle Salgado ahide a um nOinctono da
Eioolla de Ler: hum liviito em do»: em 1738»:
b) Gramática. Rectórica e Humanidades, Segundo os Estatutos,
havia quatro aulas de Gramática, duas de Rectórica e duas de Humanidades.
Franco refere-se a oito classes de Latim c Rhetorica (2) e Farinha, a oito
aulas de Gramática latina, incluindo a Retórica. Os azulejos c a necessi-
dade de reservar salas adequadas para as restantes disdplinas, força-nos
a atribuir-Ihes speou aete lalas: as quatro primeiras (uma delas actualmente
sala dos Professores)» em que os motivos dos azukjos se repetem em caçadas,
pesca, cenas pastoris e a quarta, meses do ano por signos do zodíaco, deviam
servir para o ensino da Gramática Latina. A sala 5, marcada agora com
o número 4, era certamente a de Retórica, pois os sete painéis de azulejos
figuram os estilos das Belas-Artes (entre as qums a Retórica), Simbologia,
História e Enidlçio. A 6.* (actualmente S.*), bem oomo a 10.* (actual-

mente 9,*% OQOS azul^os represmtam cenas da vida de Virgilio e da Eneida,


apesar de separadas, parecem ter sido as aulas de Humanidades. Falta
pois, uma sala para a Retórica, que talvez pudesse fíuici«mar no regime de
dois cursos a hora diferentes.
c) Matemática. É a mais fácil de identificar : a 7.» (6.»). Os azulejos
figuram objectos e aparelhos, como esfera, óculos, relógios, esquadros,
Gonqwssos, fios de pramo^ mapas, projecçOes de instrumentos bâioos em
cenas guerreiras*
d) Filosofia. Os Estatutos preceituavam quatro cursos e Franoo
diz que havia quatro classes (3): 1." ano: Lógica, que se devia ensinar na
aula 11 (10 actual), em que os azulejos representam Platào c Aristóteles;
2.^ ano: Física, Ceus, etc (Sala 12-11), azulejos com as experiências de Magd-
burgo, espelhos ustdrios de Aiquhnedes e a palavra Physica; 3.^ ano: Meta-
fiiiea, ele. (Sala 13-12), aznlgos rqwtsentando Deus, causa do movimento
• de tudo que se move, etc.; 4.® ano: Geraçio e Comççlo, Ahna (Sala 14,
actual Secretaria e Vice-Reitoria) com aznl^os sobre os quatro dcmentos
e as quatro partes do mundo.
e) Teologia. NAo há dúvida de que havia na Universidade «quatro

0) BaBloloiéde8oiMlWiiliB,qwfoialim4aUai««iridiid^dncida
hnina escola de ler, outra dc escrever separadas, c governada cada hiima por seu Irmão

Ufo da Con^tanhia, em que ordinariamente andavam athe 200 rapazes: estas escolas
estavam da Porta dos Estudos IM» fom: e os mocos hiara a dbs oom aoH cqK^
tidos de varias cores ssm icgnlaaMOto» ÇiâmmRt 300).
(2) Im. 880.
(3) Im, 881.

Copyrighted material
—28 —

cadeyras de Theologia)», oonfonne depõe Franco e os Estatutos pitoeituavam.


Uma destts, em de Escritora, iegimdo o mesmo antor, (fue também indka
«duas cadeias de Moral» (IX a que os Estatntos ignalmeiite se reiiBrem.
Como Farinha esdaieoe que oe dois Professores de Moral liam um de manhã
e outro de tarde, e porque apenas restam duas salas, supomos que uma delas,

a maior, se destinava à Teologia Especulativa e a outra, aos Casos de Moral


São as salas 8.* (7.*) e 9.* (8.»), cujos azulejos representam motivos bíblicos
— a primeira, do Antigo Testamento, como Elias e Moisés; a segiuida,
figuras
José do Eg^ptOf o protótipo da vida casta. «Da parte do nascente informa —
Salgado^ está hum pwnel doirado» de 8 palmos de alto, huma senhora sentada
com hum gmde lesplaiidor e huma cruz no meio: tem suas cortinas de
tafetá encarnado» e a respectiva cadeira.
Todas as salas, bem como a Sala dos Actos, estavam adornadas cora
quadros de S. Tomás, Santo Agostinho, S. Gregório Magno, Santo Ambrósio,

S. Boaventura, Gregório XIII e Gregório XV, Cardeal Rei, D. Sebastião,


Cardeal Casimiro^ S. J., Suarez, MoUna, Barradas, etc, alguns dos quais
ainda se couacivam em bom estado. Fm Vicente Salgado encontrou os
seguintes quadros na <^Aula de Theologia», que classincu de «a mais digna»
como tendo duas jancllas para o patco da portaria do carro»:
e identifica
14 quadros em meio corpo, de S. Boa\entura, S. Tomás, Cardcal-Rci, Papas
Gregório Xlil e XV, D. Joào 111, D. Sebastião, P. Barradas e Suarez (2).
Sobfe a Sala dos Actos, Fr. Vicente Salgado escreve que «he tãobem
proporcionada». «Ife estreita alguma ooiza: tem de oom^imento noventa
e seis palmos; e de largo trinta e dois. Sobeje aoe Doutoraes por quatro
degraos de pedra com sua coxia de balaustres de mármore. Está toda
apainellada e pintada pelo tetto». «Tem nove painéis por banda, estando
em frente o Senhor Cardeal Rey à direita, e o Papa Paulo III à esquerda

da Cadeira, que he muito mais digna de embutidos e relevos levantados.

Nesta cadeira ha hum postigo falço paim o Buadeto que tem fanma caz»
em que se esconde. Os painéis fanns são de Santos e outros de Doutores
Jesuítas. Tem esta sala quatro tribunas para os hóqiedes dignos: a luz
que tem destas tribunas he segunda; e só a das três portas e três janellas sobre
o Coro que tem a dita salla fazem a claridade da Caza» (...)(3).
Sobre a decoração desta sala escreveu o Eng.° Santos Simões: «A Sala
dos Actos da antiga Universidade ostenta ainda uma decoração cerâmica
poUcróniioa nwiito vmwn, oompletada nodemamente. Os exemplates

(1) Im, 881.


(Z) Mèm.
(3) Bartolomeu Gromicho não çqnllBail «Sta dMCriçio, qpM hlItllMt ter IMlSIllIl]

oa restauração da Sala. Ver S, 43.

Copyrighted material
—29 —

antígM omttitnidot por omamentaçlo cmAua de gueneim e animiB


erSo dos priadpios do século xvm» (1).
Além das lalas das aulas, havia também as salas dos exames privados.
O mesmo autor setecentista descreve-as assim:
«Sobre o átrio do Geral ou Pateo ha huma varanda ao meio dia, para
onde se entra pela portaria e também pelo interior do Collegio correspon-
dente. Esta varanda tem trez colunas e outros tantos arcos, que ellas sus-
tratam; dá «ntnda às sallas grandes que serviam de exames privados (...)•

Sio quatro cazas dignas que conservam os seus ornatos (...). Na parte
correspondente faz duas varandas: huma que dá entrada o vão a pé da
Sacristia e outra pelo interior de huma cella (...); de huma parte tem seis
colunas dizem os intelligentes c sábios de Évora que foram do grande c antigo
Palacio dos Reys de Portugal, cuja fabrica ainda se reconhece dentro da
cerca do Convento de São Francisco» (2).

A grandeza do edifício ajudava certamente a fomentar a fama que diifri^


tava,de centro moddar de ensino, tendo atiaido vários membros das
mdhores famílias do Reino. Em 171 S, D. Joio V entregara o irmão D. José
aos cuidados dos Professores da Universidade, apesar dos oferecimentos
de outros Institutos.«A frequência, o estudo e o doutoramento do Infante
D. José naquelas escolas eborenses (que por motivos de doença se prolon-
garam» com interrupções, até 1733X deiam grande nmne à Universidade»
anmentanuihlbe o crédito e mnltii^karam^ os estudantes» (3).
A Oaxeia de LUboa de 14 de Agosto de 1721 indicava os seguintes poreio-
nistas do Real Colégio da Purificação: D. Vasco e D. Diogo da Câmara,
filhosdo Conde da Ribeira Grande; José Francisco Xavier Teles, filho do
Conde de Unhão; D. Tomás de Almeida, filho do Conde de Avintes;
D. Manuel Caetano de Almeida, seu primo, filho de D. Lourenço de Almeida,
Governador das hffinas; José Mannd de Saldanha e Francisco Xavier de
Saldanha, filhos de Aires de Saldanha de Albuquerque, Governador do
Rio de Janeiro.
O bom nome que recomendava a Universidade e o facto de o Cardeal
D. Henrique a ter instituído para Eclesiásticos, afiguram-se-nos razões suficien-
tes para a preferência que Vemei lhe deu, em detrimento da de Coimbra. Se é
que a distância e a facilidade de alojamento não tiveram nisso, igualmente

0) As» VI, «2.


Mem.
09 Andava Lub António ae prlmdf o «no de FUosofla nos Oratorisnos, qondo
D. Joaé te bacharelou em Teologia, em 1728. com todas as honras próprias da sua alta
linhagem. Em Dezembro desse ano ordenou-ie de Sacerdote, voltando peia a Univeru»
dade, afim de prossqpuir os estudos ecleeiAsHcos» Sobce o bfiuite, w H.

Copyrighted material
— 30 —
gnmde influência. O Col^o da Madre ds Deus (actual Hospital Militar),
rsosM-lo-la dunuvle o curso filosófico, da mesma forma que o de N. S. da
Purifieaçio (Seminário Arquidiocesano), o alojaria enquanto firequentane
Teologia (1).
O curso cm que devia entrar, começara o ano transacto, com uma oentraa
de alunos e toda a gente sabia que a regra geral era, pelo menos de sete a
oito dezenas.
O Catalogus Tvtius Pw^ttíaã ItuttmdtiÊ aad 1726 r^ista vinte e dois
Professores: 4 de Oiamática, 2 de Humanidades, 2 de RetMca, 4 de FÍlo>
sofia, 3 de Teologia Escolástica e 1 de Sagrada Escritura, 2 Substitutos de
Teologia, 2 de Teologia Moral e 2 de Elementos. Para os estudantes jesuí-
tas, havia mais dois Mestres, um de grego e outro de Matemática (2). Pfelo

menos, anos mais tarde, era facultada esta aula a todos os alunos.

Refcrindo-se ao curso tilosóiico, que agora nos interessa, Vernei traçou,

DO VerdaitÊn Mítíodo de Etíuáar, o panoiama destes estudos: «Nò piimeiro


ano, se passa com dob tratados que duimam Universais e Sinais, cada um
dos quais terá, quando pouco, os seus vinte cadernos de duas folhas; e já
vi Mestre que ditou quarenta cadernos, somente de Universais. No segundo
ano, acabam-se os Sinais; e parte do ano fala-se muito em matéria prima
e causas, ao que chamam Física. No terceiro ano, estudam-se Intelecçòcs,

Noticias, Tópicos e algumas questões de Metafísica, digo, do Ente em comum.


E com estas quatro, No quarto
e as diMS do primeiro, se fez o Badwrd.
C]qiiic»4e um tratado a que diamam Geraçlo e Corruçao; e, havendo tempo,
outro a que chamam de Aítíma in conumai, DqxMS fazem conclusOes nas
ditas matérias, ou semelhantes (...). Segue-se o Licenciado, que é um exame
sobre as seis matérias do Bacharel, com mais outras (...). E temos o homem
graduado Filósofo» (3).

Assim era, de facto, como teremos ocasião de observar, pelas dtaçOes


que feiemos dos próprios Estatutoi. A orientaçlo aristotâioo-tomista vhiha

(1) Barbosa Machado indica o primeiro: «foy Porcionista do CoUegio da Madre


de Deos» (Bí, III 56). Também não restam dúvidas de que foi porcionista do da Puri-
fleaçlo COÍ. o tieclio do Uvio das MMfeidss ds ITI9 a 1735, cllado
O irmão Henrique, na conta de DczendXOdB 1757 a Fevereiro de 1766 (Rol n. 8, Dezem-
bro 1757— Fevereiro 1766.— A. S. A. RO SWlbou a seguinte despesa: «Pda pençio paga em
Bvoia, de 8 annos a 2SOOQ>200.000.
OFisco tomara conta dos bens e da escrita dos Tascisnos e vBodo o dibilo, tsstaa,
oatundinente, de o mandar aatisfiaer.
(?) Hístor. IV-I.
(3) V, voL III. 4-6. Quando mais adiante lembra que Uw (ttiio que ao 4.o ano
se estuda a Fisica PtttíGular nas Univenidadea, ntiiixB, evidememente, a sua peãpcie
taminología.

Copyríghted material
—31 —

«OTinalada nas ConstítuiçOn da Companhia de Jciiu. Os EitalitiM da


Universidade imponliam eiqncssaiiiente aos Ftofessoies, a obrigação de
tegaastm os Doiittnes de maior autoridade e de «fazerem muito caso de
Aristóteles», mas permitíam-lhes a introdução de «cqpimGes novas», depois
de examinadas pdo Reitor, «em c(mferâiGÍa com as Faculdades de Teologia
c Artes» (1).

Neste ambiente penetrou o pupilo de Filosofia dos Oratorianos e nele


O vamos enquadrar.
Para se traçar o currtcuhan de estudos de Vcmci em Évora, somos
forçado a pôr de parte os bidgrafos, por não referiran mais que genera-
lidades. Substituem-nos com vantagem, os documentos dos Arquivos,
contemporâneos dos factos (2), e algumas páginas de escritos vemeianos,
que parecem denunciar o seu próprio caso.
Pedro José de Figueiredo informa que Luis António seguiu para Évora
aos do» anos, isto é, em no mis de Outubro, oom destmo
172S, de certo
à Universidade. Não indica^.
se pode, porím, aceitar essa cat^órica
Já vimos que o corso de Estácio de Almeida decorre no período de 1727-30.
Recebendo sem contestação o nome do Mestre oratoriano, indicado por
Barbosa Machado, Vernei podia ter permanecido entre os Neris, ou até
partir para a índia (1729), ou só durante o primeiro ano do curso de Estácio
de Almeida. Na primeira hipótese, teria ingressado na Universidade no
s^!Uido ano do curso de 1728-32 Diogo Pndieco). Na outra hipótese
ter-se-ia matriculado logo no primeiro ano deste curso, durante o qual Un
para a índia, vdtando a entrar no mesmo curso.
A primeira suposiçSo tem visos de se poder comprovar com a documen-
tação oficial. Consultando os livros de matricula e de provas, verifica-se
a ausência do nome de Vernei no registo das matrículas de 1724-30. Siurge,

porém, no livro de 172S^35 e oom a nota marginal de 2.* airjo: «Luis Antonio
Vemey, natural de Lisboa, filho de Dionizio Vemey». Quatro páginas
antes, lê-se 17 de Novemteo de 1729, a marcar o inido da lista das matri-
culas que vão até à data seguinte: 14 de Janeiro de 1730. O livro das provas.

(1) Esta. 182.


(2) Em Coimbra, no Arquivo da Universidade, conservam-se algtins livros de
registo da Universidade henriquina, respeitantes ao período em que Vernei frequentou
esie MtuliciiMiiiwiilo de «Miao. lotaniMuiMios: l-Lhm du MÉMadv ds 1724-30;
2— Livro das Matríailas de 1729-35; 3 -Livro das Provas de Filosofia de 1726-39.
4— Livro das Provas de Filosofia dc 1729-3S; 5 —Livro dos Assentos dos Grãos dos Mestres
em Artes, de 1721-SS; 6— Livro das Fravu de Teologia de 1729-53.
O Livro das Aprovaçoens e Oraos dos Bacharéis e Licenciados (só existe o de 1749-58)
dispensa^e perfeitamente, em virtude de ae ter feito mençio deitei gnui no aiieoto das
Provas.

Copyrighted material
— 32 —
por seu turno, no capitulo Provas do !.<>, 2.°, 'ifi e 4.* curso th P. M. Diogo
Fadnuo que tem principio em OtaiAn de 4 aimos no
1728 e hande findar as
mno de 732« «qrficita: «Luis Antonio Veme, natural de Lisboa, filho de
Dionizio Veme provou no primeiro, 2 e 3 curso; e depois dos exames provou
sinco mezes; e no 4.° curso do P. Joseph Ferreira 5 e des dias; e mostrou
certidão de 20 dias de doente que Ihic faltavào».
Parece evidente que provou (mas não frequentou, porque nâo figura
nas matriculas) o primeiro ano do curso do P. Diogo Pacheco. Contudo,
a segunda hipâlese tem a seu favor o documento atrás citado, das pensOet
pagas trinta anos mais tarde, referentes a um período de oito anos. Teria,
pota, entrado em Outubro de 1728 e saldo em Junho de 36. Para o efeito
do pagamento nSo importa o tempo da sua ausência, se sempre esteve pfi^
senteno início dc cada ano e queria manter a mesma pensão.
Como quer que seja, sempre teve de dar provas de saber a matéria do
primeiro ano. Segundo os Estatutos, os estudantes que desejavam ingressar
na de latim ou no primeiro curso de Artes, com alguns estudos, eram
classe
obrigadoa a sojeitaram-se a um eaoune de lathn, «oonforme a ordem doe
estudos da Companhia e ^nrovados pelo Preíèito e^ por escrito seu, mandados
à classe que lhe parecer merecerem» (1).

Se o candidato já se iniciara no estudo da Filosofia, tinha dc ser examinado


ordem dos estatutos da Compa-
pelo Canoelário, «guardandose sempre a
nhia)^.aCooforme ao que no exame se achar que sabe, o CanoeOaiio o
mandará ao curso que merecei». Vend começou pelo segundo exame,
se acaso foi dispensado do primeiro, por ter fiequentado as dasses de latim
de Santo AntSo. Para entrar no segundo ano de Filosofia, teve pois de ser
examinado, como ficou referido por suas próprias palavras, em «Introdução»,
«Predicáveis de Porfírio e a Lógica de Aristóteles», até o livro dos Priores
inclusive.

Aoerca do Professor, pouco apurámos. Diogo Pacheco nasceu em 1690


em Angra do Heroísmo. Estudou Filosofia no Colégio das Artes (1720-24).
O seu magistério de Filosofia decorreu de 1728-32; o de Teologia terminon
em 1745. De 1747 em diante foi Canoelário da Universidade. Como
tal, aprovou em 1754 as Conclusiones Philosophicas do P. Sebastião de Abreu.
Canoelário era um Doutor, já Mestre jubilado que, por autoridade pontifícia,
outorgava os graus das Faculdades de Teologia e Filosofia. Faleceu a
5 de Junho de 17S7(^

(1) Esta. 179.


(2) MS. 4305 do F. O. dft B. N. L., Pág. 119. TanMm temos coriwciniBUo ds
outras teses, em que o seu amne figura. Ver Conclus.

Copyríghted material
I

—33 —

O oompSiidio adoptado nas aolaa de Lógica, além das postOas, a que


o próprio Vemei alude, era natnfalmmte Pkana IHaleetiea, stve Logleae
Universae bmlã ^ÊekkalOt
ki tns partts ^stríbuta, do P. Bento de Macedo,
que fora Professor de Filosofia na Universidade, de 1713 a 1717.
Saíra o volumezinho em oitavo, da Tipografia da própria Academia
Eborense, no ano dc 1720(1). É curioso notar que foi no reitorado de
Bento de Macedo (28 de Agosto de 1732 a 28 de Abril de 1735), que Luís
António prestou as provas de licenciatura e recebeu o grau de Mestre em
Artes C2). Tslvez pOT isso o seu nome não apareça censurado no Verdadeiro
Método de Estudar, ao lado de Gregório Barreto e de Inácio de Carvalho.
No Ad lectorcni, Bento de Macedo esclarece os seus propósitos: «Julguei
dar-me por recompensado, divulgando o Farol dialéctico, atim de fornecer

luz aos estudiosos, para o progresso das ciências». Prevendo a acusação


de que reduziu demais a matéria lógica, Macedo elucida que «é breve e
exígua, mas tem muita hiz e doutrina, incluindo muito em poucas palavras.
«O que owontra espalhado pelas páginas muito difusas dos autores e
se
porventura se encobre envolto em trevas, o Farol patenteia ri^udamente
com nova luz» (3).
Não nos interessa conhecer o que hoje pensa destes propósitos o leitor

moderno, mas sim o que julgava o estudante dc Filosofia de então, mesmo


que fosse um Luis Vemei como Pedro José de jPIgueiredo o pinta, com toda
a precocidade de inteligência e agudeza de crítica. Alguns leitores de hoje
v&o conferir o conteúdo do volumezinho e raciocinam: Inutilidades, argúcias,
cousas incompreensiveis. Luis António compararia então o Pharus com
os outros cursos, por exemplo, com o do seu Professor oratoriano. c concluía
por força que o jesuita soubera compendiar as questões mais importantes,
embora seja crivei que já o irritassem certas questões.
O Vemei que há-de um dia censurar as «lógicas» dos jesuítas portu-
gueses, esse tem em mente um outro termo de comparação os escritos —
de Locke, a Art de Peaser ou outra desse mesmo tipo. Vê-lo-emos no lugar
próprio. Não deixaremos, porém, de reproduzir alguns trechos que parecem
conter censuras atribuíveis ao período dos seus estudos em Évora.

(1) No entanto, havia outros, que alguns Professores podiam preferir. Em 1733
eKrevis.ie no GoKgjo de S.to AntSo, que «ao acaiiiam u
Bsrretss —
Lógica ds Rrandioo
Bsneto — que o mesmo autor tinlia mandado imprimir. Em ftoe disKi, «m raolveo
que este Collegio de Santo Antão mandasse fazer segimda impressam, para
o que alcançou
privilegio por 20 aimos (...) Com effeito mandamos imprimir 1.500 que leverâo 50 folhas
e le pavou cada bniiia (...) a 2.700 que importou 135.000 e levou quazi S bailai de papel»
Ms. s/ título: Contas do O^légio de S. Antão p. 23 (T. T. Arq. das CoagragaçOes, n.* 682).
(2) Ver a lisu dos Reitores em Un, 143.

C9 Fh.

Copyrighted material
— 34—
«Na verdade, também eu fui um dia sofista e por muito tempo lotei
com louvor» debaixo da bandeira doa Pferqntéticos. De engenho fiícíl e
com o exeicicio quotidiano, c(Muegiii aiwiniilar matéria que os outros só
com muito tempo e incrível trabalho, adquiriram. Por isso, frequentemente
me coloquei diante do ad\ersário com o desejo juvenil de garrulan>.
No mesmo tom de louvor próprio, sob a capa de humildade, acrescenta
que saiu invulncrado dos combates, todos Itie louvavam os êxitos c anuncia-
vam prémios e ilória, mas ele nlo se deixava desvanecer com isso, porque
afinal sabia bem que essas provas públicas de engenho nSo passavam de
exibição de regras.
Tudo inútil... (1).

Ao tratar dos Sinais em Lógica, parece referir-sc a jesuítas de Évora:


«Nem me faz força que o P. *** me dissesse um
eram o dia que os Sinais
Apex Fhilosophiae (e o seu P. Colegial *** me
mui sisudamente dissesse,

que os Sinais tinham seu uso na Teologia, pois que na Tkindade se falava
em prtoH tígno, etc Q).
Acabada a Lógica, s^iuiaahse, ainda no segundo ano, os livros dos
«Physicos, do ceo e o mais que se puder ler de Philosophia natural e moral»,
com excepção dos tratados da Geração e da Alma» (3). Para esta parte
do curso o compêndio mais recente que os jesuítas haviam editado, da autoria
de António Cordeiro, tomara o titulo de Cursus PhUosophicus Commbricen'
ato. Vemei omitoK) quando refere os textos usados. E contudo, o curso
alguma cousa trouxe de novo. Baste sublinhar que Cordeiro, jd mwiBiftnado
atráscomo simpatizante de Descartes, deve ser o primeiro autor português
que tratou desenvolvidamente do atomismo modemo, dtstinguindo-0 do
antigo e aceitando-lhe algumas soluções (4).

O terceiro curso decorreu no ano lectivo de 1730-31, conforme também


SB oolhe do mesmo livro de matifeula. O Mestre explicou Metaflsioa «e o
que da Philosophk Natural e Moral se nio leo no segundo anno».
Parece natural que se tivesse iitiliwido ainda o Otmt* de Cordeiro ou
o de Soares Lusitano, embora sem deixar de ditar postilas, como nos outros
casos. O tratado da Geração e Corrupção pode ter sido dado pelas
Lucubralioncs Philosophiae ad Libras Aristotelis de ortii et iníeritu, editadas
na imprensa da Universidade de Évora, no ano de 1723, da autoria do
P. Francisco Ribeho, fUeddo oito anos antes. As censuras que Vemei
lhe faz, slo por demais iqjustas, em nosso entender, sobretudo por se odocar

(!) RcL, m.
(2) Vol., in, 45.
(3) Esta. 181 e 182.
(4) Ver Dou, 293 c Ve, 193.

Copyrighted material
— as-
no ponto de vista do Hnminiimo, introduzindo a Física Experimental no
seio da Filosofia. Se inteiessava admitir os problemas da Física Experi-
mental, nio o devia ser num curso filosófico. Neste, continuam a interessar
as teses metafísicas dos compostos físicos.
Chegava-se assim ao período das provas de bacharelato e Vernei,
conformando-se com a letra dos Estatutos, teve de escrever as concliisOcs,
aprescnlá-las uo Mestre e ufixá-lus, depois de usbinudus pelo Cancelário,
nas portas dos cursos que haviam de estar presentes.«Véspera de S. Sebas*
tilo» (19 de «o Mestre dava as pedras» e «repetia por sortes» os
Janeiro),
lugares a seus discipulos. At6 ao fim do mês, as UçOes ficavam reduzidas
a uma hora, reservando o restante tempo para preparar O exame dos alunos
«e no derradeiro dia de Janeiro os despedirá» (1).

«Neste dia em que se tirarem as s jrtes para as ditas pedras de Bacharéis,


asístirá sempre no Geral, em que se devem tirar, presente o cancellarío (...)

pera que nfto aia desordem ou indeoencia alguma». O juri do exame era
constituído por três examinadores, um dos quais, de fora da Companhia
e presidido pelo Mestre do segundo curso. O Reitor, na véspera de N. S. da
Purificação (1 de Fevereiro) escolhia os examinadores em reiini3o com os
seus conselheiros. Prefeito e Mestres, «actu regentes», de Teologia, Casos
e Artes. Os problemas levantados no exame pelos examinadores, eram
marcados pelo próprio «R^ente do Curso». Como Vernei nio estudou
na Universidade durante os dois anos e quatro meses (ou s^am, vinte e dois
meses), que pelos Estatutos se requeriam para o exame de Baduurel, teve
de solicitar ao Reitor a necessária dispensa (2).
No dia 4 de Fevereiro à tarde, começavam os exames (3), na Sala dos
Actos. O primeiro examinando «tomava» a pedra, «em a derradeira hora
das lições». Presentes todos os estudantes da Universidade, mesmo os
«das três dasses siqieriores de latim», e com assistência do Rdtor, Cance-
lário, «Agraduados que ao Reitor parecer» e oficiais dos estudos, o Exami-
nador eqdicava o motivo da reunilo, exortava os examinandos a apresen-
taiem-se «em habito honesto», responderem com humildade e reverência,
lembrando a necessidade de se encontrarem «aparelhados como cumpre
pera authoridade de tal Acto».
Finda a exortação, o primdro examinando dava uns passos em frente
para iq»esentar a cédula dos seus estudos e começava a perorar em louvor
da dialéctica e da Filosofia. No fim sentava-se lui pedra e respondia às

(1) EMa, 187.


(2) Esta, 190.
(3) Sousa Farinha informa que os exames duravam toilo o Fevereiro e quase todo
o hUaço e às veacs entravam por AbriL

Copyrighted material
— 36—
perguntas da praxe, sobre o nome, naturalidade e estudos que fizera. Acap
bavain os actos desse dia com «hum pcobkma dos livros dos Physicos)»,
proposto e provado pdo futuro Bachard, «oom authoridade de Aristótdes
e algumas lesoins».
O exame começava pròpriamente no dia seguinte, quando o examinador
o interrogava sobre Porfírio. O examinando resumia o capítulo proposto
e levantava uma ou mais questOes «sobre o coniheudo nelle». Arguia o
cacamiiiador,«com imm so argomento, algumas fq>licas». Repetiapsc o
mesmo esquema com o segundo e o terceiro examinador, que perguntava
feqiectivamentB sobre algum capitulo dos Predicamentos e o livro De Imcr^
pretatione.
Intervinham de novo os três examinadores, interrogando o primeiro
sobre os Priores de Aristóteles, o segundo sobre os Posteriores e o terceiro
sobre os Tópicos. Para remate, o primeiro examinador concluía o exame
de lógica, ocupando-te dos Elencos. A parte principal da prova estava
terminada e cumpria passar do segundo estádio, em que cada examinador
expunha um argumento contra o problema dos Físicos. Era-lhe, porém,
vedado «argumentar com tanto rigor como na Lógica», visto constituir a
matéria principal da Licenciatura. Terminado o exame, seguia-se a tomada
do grau, que habilitava o estudante a «ouvir» Teologia ou Medicina.
Na véspera do dia em que se conferia o grau de Bacharel, o Reitor
infocmavarse dos examinadores acerca da «suffidenda e custumes de cada
hum», e segundo as infcxrmaçOes recdridas, louvavapos, rqMreendiaFOS ou
chegava mesmo a dar-lhes a penitência «que seu exame mnecer».
Geralmente num domingo ou dia de festa, juntavam-se os Doutores e
Mestres em Artes «na sala das escolas», vindo em procissão da igreja da Uni-
versidade com os trombetas ou charamelas, tangendo à frente. Seguia-se o
Meirinho da Universidade, os que se iam graduar, em duas filas, de cabeça
descoberta. Os dois Bedéis, de Artes e de Teolo^ oom suas maças, alKiam
o torço da prodsslo, em que sobressaiam os examinadores e o Regente do
Curso, com suas insígnias. Ao acto podia assistir toda a gente que quisesse,
convocada de véspera pelos trombetas ou charamelas, que tinham obrigação
de tocar à porta das escolas c do examinador de fora da Companhia.
Presidia o Reitor da Universidade. Estando todos sentados, menos
os estudantes, o escrivio proclamava o nome dos bachaieiaiidos, que no
fim se deviam pór de jodhos, enquanto um deles lia, sobre o missal, o jurap
mento do Pspa Pio IV. Acabada a fórmula do juramento, acrescentava
as palavras Ego idem spondeo, etc. que cada um tinha de ir repetir no mesmo
lugar. Dirigiam-se em seguida para diante da cadeira do Regente e, de pé,
o que tivera a primeira pedra impetrava o grau de bacharel, «com huma
elegante oração, na qual tratará dos louvores da faculdade, agradecendo

Copyrighted material
— 37 —
a nossa senhora aver-lhes dado forças pera chegarem a receber o dito grão».
Ao Mestniilo w podia referir em tom de louvor, permitindo^ ^)aias bievf^
simo BffBàtdnaaiío: «E no fim admoestará os condisdpulos que tomam este
grao pera gloria e honrra de nosso senhor, e não pera outros fins humanos»
«Respondia o Regente com outro discurso, em louvor da sciencia das
Artes, Philosophia e dignidade do grao» e elogiando a virtude, diligência
e «letras» dos discípulos. Assim sc chagava ao momento em que o Regente
conferia o grao de bacharel aos leiu estudantes que, de joelhos, ouviam a
fórmula costumada: £^ N. in praedara artíum faadtate magistar, authorttate
Apostólica creo, constituo et declaro vos Badudauros in eadem faadtate, et
concedo vobis omnes eas facuUaies, funciiones et immwUíates, quae Us qui
ad hunc gradum promoventur comedi , solenl.

Lançava-lhes a bênção e as charamelas tocavam, enquanto o Bedel


das Artes repartia as propinas pelos conservadores, graduados e ofidaii
da Univenidade. O acto era simples, como deqsido de pompa tinha sido
o estame.
Luis Vemei tomou parte nestas cerimónias em 1731, ostentando, pois,
o título de Bacharel cm Artes, na idade de 17 anos, sendo Mestre o P. Diogo
Pacheco (1). No Livro das Provas de Filosofia de 1726-39 regista-se que
Vernei provou cinco meses, «depois dos exames» do Bacharelato, que com-
pletaram o ano escolar de 1730*31 . É interessante notar que, ao juri do
Mame de Badiafel, presidiu o P. José Peneira, entlo Mestre do segundo
curso.
Neste período, após o exame, terminavam as disputas semanais que,
desde o primeiro ano (2). se realizavam na Universidade às terças-feiras,

quintas e sábados de tarde. As da competiam a cada curso e


terça-feira

duravam duas horas e meia. Na primeira hora devia o Mestre «ler, ditar
e repartir as UçOes passadas», deixando para a disputa sòmente a restante
hora e meia. As da quintapfeira e sábado à tarde eram públicas, «aiuntanf>
dose os cursos», menos o quarto (3).
Os três primeiros quartos de hora ficavam reservados para o Mestre
«ler c ditar», destinando-se à disputa o tempo restante. As dos sábados
tinham a particularidade de pertencerem aos discípulos que argumentavam
entre si, «endercsandose seus mestres», enquanto as das quintaa*feiras eram
arguidas pdos «agraduados ou sejão Doutores ou Mestres em Artes».
Consistiam estas diqmtas na defesa de «oondusoes», em diálo^ com

(1) Uv. 1736-39. 33 e40v.


(2) Os alunos do primeiro ano eram obrigados a asisstir desde NovemblOOa AuKiro,
conforme se tratava de disputas públicas de discipulos ou dos Mestres.
(3) Esta, 1S3.

Copyrighied líiaterial
— 38 —
os Mestres ou outros discípulos. «Cada ves snstentario três discípulos,
hum li^gíca, outro Pbilosopliia natural, outio Metaphisica e moral, metendo
pbllosophia natural quando ao Mestre parecei». Os alunos do terceiro ano
— já badiaieis — nas três primeiras semanas de julho defendiam, arguindo
na última semana. Deste modo, Luis António Vernei entrou nestes certa-
mes, no segundo ano, desde Novembro de 1729 e no terceiro curso, até
iins de Julho de 1731, com interrupção no período do exame de Bacharel.
Para amenizar o esgotante trabalho e dispor o espírito para as provas
de exame com algumas horas de recreio, realizavam-se, durante o terceiro
ano, três festas académicas, com entremeies e danças, em honra do Mestre
e do Examinador de fora. Safa «hum estudante ao theatro com huma viola,
e de loba arregaçada a bailar só a filhota ou a fofa, ou a cantar «IgiimM
cigadilhas, que quatro ou cinco biiilavam».
O autor deste pequeno trecho mostra-se muito escandalizado com seme-
Ihuites festas, que naturalmente, algumaa vezes, descambariam em emsessos,
tasgando-se os bacalhcus ao Meiricho ou qudnrando-ae-lhe a vara, ou
chegando mesmo a dar alguma bofetada aoi veideais(l). A verdade,
porém, à parte qualquer excesso que se possa registar, é que a disciplina
era rigorosa na Uni\ersidude. como conx irha a um centro de estudos (2).
No quarto c último ano do curso lilosóiico csludavam-sc os livros da
geração e da alma, segundo a orientação das obras já mencionadas. Vernei
deve ter fiequentado as aulas do P. Diogo Pacheco (1731-32), mas» por
motivos que ignocamos, transitou para o cano s^iiiinte. N8o foi, decerto,
por fidta de idade, visto então já contar dezoito anos feitos, oonfonne pifiBoei>
tuavam os Fstatutos. o livro de matrículas de 1729-35 inscreveu o seu
nome. com a nota de quarto curso, no capitulo da «matricula que principia
em Outubro de 1731 athc o ultimo dc Setembro de settecentos trinta e dois
annos» (pág. 46v), repetido na página 86v: «Em 29 de Outubro de 1732».
«Luis Antonio Vernê, natural de Lisboa, filho de DionizioVeniè». Àmaigem:
«4.0 curso».
O livro das Provas de Filosofia, no capítulo das provas do 1.°, 2.o, 3.o
e 4." curso do «P. Joseph Ferreira que tem principio em Outubro de 729 e
ha de acabar em 733», revela que Vernei «provou seis mczcs de frequência
e fez licenceado». Ou, como se diz nas Provas do P. Diogo Pacheco, no
quarto curso do P. Joaé Ferreira |vovou «smoo (meses) e dez dias», «e moa>
trou certidSo de vinte dias de doente, que lhe faltavio», o que poftz os sns
meses exigidos para tomar o grau de lioenctado.

(1) Memoiil, 301.


(2) O Dr. Fernando Castclo-Branco ocupou-se do aasuoto, US COBUtOicaciO 10
I Congresso Nacional de Filosoâa, Ver N, S68-S85.

Copyrlghted material
— 39 —
Perdendo o ano do curso em que ingressara ao dar entrada na Univer-
sidade» juntou-ie, pois, no ano sqMote, aos do cuno imediato
liocDdaiidos
ao seu. Dos cem condisdpiilos que teve, alguns passaram com de para
o ciu-so do P. José Ferreira, como foi o caso do António Luis Correia, do
Bartolomeu Gomes Carlos, do Fiancisco Xavier dos Santoa, do P. Gregório
dos Reis Correia, entre outros.
O nome dú P. José Ferreira já aparecia cm Pedro José de Figueiredo.
Barbeia Madtado deixoupoot a ma biografia, a propósito de um lermlo
editado no ano de 1728 e de cbna latinas que conq>6s em verM> e iwosa,
quando era Professor de Humanidades em Santo Antio. Nasceu em Angra
do Heroísmo, a 30 de Março de 1693, estudou Humanidades no Colégio
das Artes, entrou no Noviciado a 17 de Maio dc 1708, tcndo-se graduado
em Filosofia na Lfniversidade de Évora (1715). Leccionou Humanidades
cm Santo Antão durante cinco anos (1715-20). A Évora foi estudar Teo-
logia (1720-24), seguindo para Coimbra (1735) como Professor desta dls-
ci|riina. Em 1741 partiu como missionário para o Oriente, mas faJeoeu
antes do Cabo da Boa Esperança (1).
Com 36 anos de idade leccionou em Évora o primeiro ano do curso de
Filosofia (1729-33), a que se refere o passo citado do livro das Provas de
Filosofia. Deste magistério conscrvam-se as postilas do segundo ano, cm
que, como vimos, se concluíam os Sinais e se estudava a Física: PhUosophiae
ArIstotêHã propugHoeubm tertbim, que compreende seis diqmtas: 1— De
essentía signi; 2 — —
De signo formaU; 3 De signo instrumentali; 4 De —
signo naturali; S —
Decausis in comuni; 6 —
De effk icnte Divino et creato;
7 — De causa materíali et formali ; 8 — De causa linali et exemplari (2).

Deste curso não devia divergir muito o que fora di ado pelo P. Diogo
Pacheco um ano antes e Vemei escutou. Desta forma, encontrava-se
preparado para, sem acresomtar novo esforço, completar a formação filo-

sófica, ouvindo por seis meses, apenas duas horas de tarde, um Mestre
diferente*
As provas do quarto ano começavam pela defesa das conclusões «que
se chamão repostas maiores», em oposição às menores que tiveram lugar
meses depois. Para maior solenidade, o Reitor podia assistir com o Cance-
lário, escrivão, mestre de cerimónias, bedéis, etc. Em cada uma das várias
mesas «bem ornadas», sentavam-se cmco afamos. O Regente, que presidia
na fialta do Reitor, fazia breve oração na primeira mesa, rdevando a mercê

divina de ditarem ao cabo do curso e exortando-os a prosseguirem até

(1) Bi, II, 8S0.

(2) PhL

Copyrighted material
—40 —

ao fim. As conclusões prolongavam-se por todas as quiiitas*feiras do mês


de Maiço, de manhi e i tarde, ptopoodo o Mestre vm proUema a cada
discípulo.
Exercício de conqwlênda, parece que se endereçava a patentear, sobre-
tudo, a destreza de argumentar dos bacharéis, pois qxic o»; Fstatutos da
Universidade mandavam sustentar o problema, «tratando-o brevemente
pro uiroquc parle».
Intervinha o uma difimidadft contra a conchisio.
Regente, levantando
Um doa disdpulos, «o qne responde na lógica», hz por todos uma oração
em louvor da Filo8<^ e do bom êxito do curso, passando imediatamente
a provar a conclusão do problema e as demais conclusões, até o Presidente
dizer que basta. O aluno toma de novo a palavra, para responder ao
argumento proposto pelo Presidente contra uma das conclusões, esperando
a réplica do Mestre, de que procurava dcsenvencilhar-se.
Os bacharéis das outras quatro mesas, sem fazerem a oraçlo, squiam
o mesmo esquema de trabalho, para se poder nitrar na fase mais movimentada
em que argumentavam os estranhos ao curso, «os Doutores e Mestres»,
a quem os alunos deviam convidar, oferecendo-lhes prèviamente as con-
clusões. Era facultada licença de intervir nas disputas a estranhos à Com-
panhia de Jesus, pagando-se-lhes quatro vinténs a cada um.
As da primeira mesa duravun duu horas, reduzindo-se o tempo
disputas
das restantes para hora e meia. Um
bachu«l da primeira mesa susten-
tava nove condusOes de Lógica; um segundo, outras tantas dos Hiicoa
de Aristóteles; o terceiro também nove, de Filosofia Natural; o quarto,
apenas sete da mesma matéria do antecedente e duas de «Ethicas», enquanto
ao quinto cabiam cinco ou seis de Metafísica c as restantes de Moral.
«Pera alivio da moléstia deste Acto» permitia-se música por pouco
tempo, em virtude de «se gastar ndle nniito tempo». Depois das «respostas
maiores» efectuavam-se as disputas denominadas «respostas menores»,
já por durarem menos tempo, já pda inferior natureza dos arguentes.
O Mestre presidia agora à pugna das mesas entre si. «Axgomentarfto oi
que estiverão na primeira mesa, contra os que cstiverão na segunda e os da
terceira contra os da quarta e argumentarão os da segunda contra os da
primeira e os da quarta contra os da terceira».
Cada um defendia tr6s conchisOes, de que devia tirar a questio que
lhe serviria para disputa, antes de responder aos argumentos que lhe pro-
pusessem. Como convir ha dar provas de dominio de toda
a FUosofia
estudada, ninguém podia restas «respostas» tratar do mesmo assunto que
versara nas maiores. O
tempo marcado para estes certames correspondia
aos períodos das aulus da Universidade, quer dizer, duas horas e meia de
manhã e outras tantas à tarde.

Copyrighted material
—41 —

Desta sorte se preparavam intensamente os Bacharéis para o exame


e grau da Lioencittuia. fiitictanto chegou o dia 4 de Abril de 1733, em
que se tomou a primeim pedra. O jnri oonttavu de «m PtesideiitB (podendo
ser, o Cancelário) e mais quatro examinadores dois da Companhia —
(o Mestre do terceiro curso e um estudante de Teologia. Mostre em Artes)
e dois de fora — todos eleitos pelo Reitor, em assembleia com as principais
dignidades universitárias.
A matéria do exame abrangia toda a FHoeofia ou, como se preceituava
com pormeiior fixo: «...salvo que alem do problema Physioo, se proporá
outro Methaphisico, e depois de examinado pela ordem que se examinou
na lógica o problema physico (no exame de Bacharel), o examinarão nos
livros de Coelo, de Generatione, Metauros, de Anima e nos livros chamados

Parva Naturalia. e depois lhe argumentarão contra o problema Methaphysico,


e no cabo lhe perguntarão huma questão moral das Ethicas de Aristóteles,
dos primeiros três livros e porto sobre eHa hum so argumento, com as rq>Iicas
que lhe parecer e o mesmo se fará nos Metauros e Parvos naturaes». Acerca
da Lógica apenas se concedia licença para fazer poucas perguntas, por
constituir matéria do Bacharelato (I).
Antes de sc conceder o grau dc Licenciado cm Artes, o Reitor rcunia-se
com o Cancelário e examinadores, «pêra conferir da sufficiencia, costumes
de cada hum dos examinandos)» e para decidirem, como no Bacfaardato,
sobre os casos possíveis —
aprovaglo ou rqprovaçio, com louvor, repreen-
sto ou penitência.
O grau de Licenciado era conferido com maior pompa, pelo Cance-
lário, principiando com missa na igreja do Fspírito Santo, donde saía a
procissão para a sala. Nesta ocasião, os Mestres em Artes e os Doutores
envergavam os respectivos capelos, trazendo as borlas nos barretes. Após
O que seguia na cauda, iam, «pera afifutar a jente, o oonrdtor e o
Reitor,
porteiro da Universidade com sua cana na mio».
Fazia-se o mesmo juramento do Bacharelato, o mesmo pedido do novo
grau, idênticos agradecimentos. Terminados os juramentos canónicos,
depois de o Vigário Geral testemunhar a sua Religião e Fé Católica, Vemei
«creatus fuit licenciatus per sapieniissimum Doctorem Joannem Garção,

(1) Sousa Farinha também nos deixou o seu testemunho: «O acto era desta forma:
Fida rnsnU prapunha o defendente a cida enunimdor cinco pontos ou mais em cada
matéria, para elle escolher hum para o seu arg\inienfo. o qual era de quatro .-ithe seis minutos:
as matérias do acto de manhã eram princípios dos corpos, cauzas, elementos, meteoros,
ftraçoei * e»nip(õo. Rematava «ale acto cotn hum problema ffrioo, em que todos oe
caarnhisdores punham um ou dois silogismos. Dc (;irdc fazia-ie O nwsmo em matentas
dhnenas, ipic eram Animastica, Ceos, meteoros, aima separada do carpo, panoã núÊwratt,
e signls íb outro probhoia miitiiflricio» O^femorR, 309).

Copyrighied material
—42 —

ex Societate lesu», a sete de Junho de 1733. Era entfto Reitor da Academia,


o P. Alexandre Duarte (1).
E, como «o mesmo he ser hum Lioendado em Artes «pie ter licença
pera se fazer mestre ndhM», por isso, quinze dias depois, a derradeira
cerimónia outorgava aos novéis licenciados, o grau dc Mestre cm Artes,
cada um no seu dia (2). Este grau correspondia ao dc Doutor cm Filosofia
dos nossos dias. Uns e outros usavam capelo c borla, aqueles em seda azul,
estas de cor branca. É curioso advertir que num mís Vemei a
recdseu
bofla azul e no raSs seguinte (a 26-Vn-733) a branca, o Infante D. José,
flituro Aroebiqx) de Braga (3). A cerimdnia da tomada de grau em das
mais imponentes.
Vindos da igreja do Espírito Santo em procissão, reuniam-se os assis-
tentes e dignidades n;i sala própria. Mas desta vez. o Magistrando acom-
panhava o préstito à dueiia do Reitor, vestindo capelo de seda azul. À sua
direita seguia o Padrinho, «tque será huma pessoa nobre ou constituída em
dignidade», escolhido pdo graduado. Um pagem, «vestido com
levava as insígnias do Magistrando num prato grande de prata — o barrete
com a borla azul, o anel e o «livro da Philosophia de Aristóteles». Os bedéis
com seus maços, escrivão, meirinho e os charamelas e trombetas renovavam
o quadro já nosso conhecido.
Na o Magistrando sentava-se «em baxo em himia cadeira», com
sala,

uma mesa em frente e o padrinho ao lado, também assentado a uma mesa.


Levado pdo bedel, o Magistrando prestava, pela terceira vez na sua vida,
o juramento de Pio IV. Dqmis de sentado, ouvia o Cancelário disputar
«pro utroque parte» uma breve questão moral, respondendo-lhe «também
brevemente» em forma de conclusão ou conclusões, «as quais fundará em
Aristóteles».
Restava o pedido do Grau. De pé, «per huma elegante e breve oração»,
Vemei esse preceito, tendo o prazer de ouvir o placet da boca
satisfez Lufs

do CanceMrio, por «palavras breves e graves» (4).

(1) Conserva-se o diploma passado pela Academia Eborenie, quando Vemei le


letirav pm Romt, datado de 10 de Maio de 1736. Ver Apàidice Doe. Quando vinooa
as suas relações com a CongnpçSo de S. António em Roma, encoatiaienos o popUo
em face do antigo Reitor.
(2) Erte.
(3) Hktari. VIII. 298.
(4) DqMit de proferir a fórmula já usada no Bacharelato, acieiceotava: In hujm
ratem tam praedane dignitatis signiun. his quuquc extemts omamentii oondecoraiidia
et, m
quae in praca tiam adhiberi solent. Imprimis Pikum caeniko diademate omatum
capiti tuo impono. Dcindc trado tibi Philosophúie Librum clausum. et apertiun, ut illam

publico profitcri, et interpretari possis. Tandem infere digito tuo annulum, scientiae

Copyrighted material
^ IN
3 DEI NOMINE. AMEN.g
RFCTOR,ET BORENSIS ít l
, -- -^/

«íSrqiwrun.mttrclthMl.rr^
tKsco4,quc. [t
1 níitanus, ptr.j
• predimi Liccn- H-
» .• .
" » _^..<:_c,.;_„».» in Kji Ai'aiirmil ackrpru"» dt.cum iu»

^ inum Docturctn
*fÍ cfllirium

hujus A«-
r acSSwFocrunt .utcm prr(cntcM»..»nS.put.fl.m.doâor«A M.p,í\n
"""Zll'^ 'rcf»at»auc
" tllcp
tlTc pollit. has litcr»-> prxdido l JcrtMiatodcdimus
' ' ' "
" lublcnpoy- C
5 n^íío^ss;^^^ >4.
. .

2 C^^»r'^/%/-A:

Filosofia na Universidade de Évora, que se encontra


Diploma de Licenciatura cm
entre os seus papeis, no Arquivo do Instituto Português de Santo António, em Roma.
—43—
Barbosa Machado assegura que Vernei mereceu essa distinção «depois
de defender Condiisoens publins de toda a Filosofia». Fórmula bem
•findes de aiiitetizflr as donondas oerimdnias que acabamos de desoever»
baseado nos Estatutos da Universidade. Só por descuido(?) se não inchliu
o nome de Luís António no Livro dos assentos dos çrooT </os Mestres em
Artes de 172! a 1758. O lapso tem conexào com outro erro do Livro de
Matriculas de 1729 a 1735, em que aparece a indicação contraditória:
«3.* curso e Mestre de Artes».
Deste periodo da vida de Vemei narrou um contendor da polémka
um episódio que vale a pena referir. O «Barbadinho» escrevera numa das
cartas do Verdeiro Método de Estudar que ouvira um Sermão em Évora,
estacionando casualmente nessa cidade (1). O P. José de Araújo começa
Madre de Deusl
por estranhar a casualidade, advertindo: «Ora jure-o pela
£ o que menic obom do Fradinho!» (2).
Conforme já ficou dito» Vemd foi pensionista do Cdégio da Madre
de Deus, em Évwa, onde se passou o caso que nana. E, dqpois de trans-
crever as palavras em que o «Barbadinho» imagnu um enc(mtro com um
jesuíta, ao sair do sermào e de fazer uma observaçio que neste momento

não importa, Araújo comenta:


«Agora contarei eu também a nuniia história. Dos Sermões de que neste
lugar fab o Critla>, é atttXMr um dos grandes Mestres Pregadores da Companhia,
que com um inumerávd concurso e grande airiauso, foi ouvido na Universi»
dade de Coimbra, e com igual estimação, e justamente meiedda, na de Évora.
Por exactas informaçOes que tirei, soube que nesse ano não aparecera
Barbadinho algum em Évora, mas sim um pupilo da Ordem (alusão à sua
qualidade de aluno, nessa ocasião), e de poucos anos (contava efectivamente
19 ou 20 anos), o qual, na mesma Universidade se examinou de Filosofia,
em quatro caspas da que chamam da moda, c tfto mal engrdadas,
eaftrinhado
como mostrou nas ocasiões em que falava nestas matérias, e sempre de
modo que causava riso. Como podia naqueles anos saber que cousa era
sermão bom ou mau? E como ha\eria jesuita, salvo se fosse louco, que
desse semelhante censura de um Pregador da primeira fama da sua Religião,
e a declarasse a um rapaz de quem se não fazia caso?» (3).

A ciência necessária para censtu^r sermões de oradores conspicuos,


procurou Vemei adquirir depois de terminar a Filosofia. O curso teolóf^

Vhodohs signuin. Postremo accedat etiam osculuni pacis (Forma pura dar o grao i»
MmrttmÁrtt». B. P. E. God. CX/1-17).
(1) V., vol. II, 48.

(2) Conv.. 161.


(3) Conv.. 162.

Copyrigtiied tnaterial
— 44—
constava de quatro cadeiras (de nove meses cada), três de Teologia
Escolástica c uma de Escritura, com quatro aulas diárias: de prima, de
taça, de noa e de véspera. Além disso, dois lentes de casos de ooosciâiH
da consumiam as matérias morais em trBs anos, com duas lições diárias de
hora e meia.
«Dc modo que em tempo de quatro annos quarto fov possível, se acabem
de ler todas as matérias de Thcologia Scholusiica Speculativas e moraes^,
como diz a letra dos Estatutos. Só do segundo ano em diante havia
conclusGes, «as quais serio sòmente três lições, das que ouvirem todas as
quintas-feíras pda manhl, acabada a liçio de prima».
Eram onze os actos de Teologia na Universidade de Évora: quatro
antes c sete depois da formatura de Bacharel : Tentativa, primeiro princípio
(grau de bacharel formado), principio da Biblia, Magna ordniária. Henri-
quiana, quodlibetos, exame privado (grau <ic Licenciado), Vésperas, Douto-
ranmito (grau de Doutor). Mas como a primeira, a Tentativa, se fazia
depois dos quatro cursos de Teologia (1) Luis António não ch^ou a sujeitar-se
a nenhum acto, nem reodwtt nenhum grau teológico na Universidade de
Évora, apesar do que em contrário afirma Pedro José de Figueiredo.
Do capítulo Provas da Sagrada Thelogia do anno de 7.'<? para 734, do
Livro das Provas de T/icoloí^ia dc 1729-753, consta que <aLuis Antonio Vemê,
natural de Lisboa, provou no seu primeiro anno quatro mezes e nove dias»
0>ág. 22v). «No anno de 735 para 736 provou seis mezes e quinze dias,
e por oertidoens de doente apresentou ao R."*> P. Reitor, quinze mezes e
seis dias». Por outro lado, no livro da Matricula de 1729 a 1735 também
se lê (Pag. I29v): Luis Antonio Vernê, filho de Dionizio Vemê, no Capitulo
Collegiaes e Porcionistas de Purificação. I. Outubro dc 1734. E à margem:
3.° de Thcologia. Mas o 3.° foi corrigido por cima de um 2.°, que era o
que estava bem, a condizer com o Uvro das Provas. Ou melhor: Vemei
matriculoiMe três vezes: em Outubro de 1733, 1734 e 1735. hfos como
esteve ausente 15 meses e seis dia8(2X apenas frequentou o primeiro e o segmido
ano de Teologia. Barbosa Machado confirma que Luís António andou
dois anos no curso teológico.
Nas cadeiras dc Teologia Escolástica «lia-sc» c «explicava-sc» o texto
«das partes de S. Tomás, com glosa pera sua declaração necessária». Na de
Escritura, o Lente explicava num ano o Vdho Testamento e o Novo no outro.

(1) Esta, 236; — «No quinto ano começam os actos» V, voL IV, 228. Neste higar
Vemei dá a distribuiçfio da Teologia, um pouco diferente.
(2) Parece que deviam aer 16 meses e 6 dias, asdin distribuMos pelos nove meiet
de c;\da ano. 1733-34 4 meses c 9 dias dc aulas; 4 meses c 21 dias doente. I734>35:
:

9 meses doente. 1733-36: 6 meses e 15 dias dc aulas c 2 meses e 13 dias doente.

Copyrighted material
—45 —

o Cmus Thtoh^ tomua primus tn dêem éBapuUh


Entretanto apareceu
tkmes ^vlsus, totídem ^feadatívae Theohgku Tnetatua brefi nuthodo
eon^kctau ad eommotBoran studenthan utUitatem (1). O titulo
ejqfloHatoi
denuncia um programa, cm que é de salientar o propósito de facilitar o trabalho
dos estudantes, por meio de compêndio. O autor era jesuíta —o P. José
de Araújo — c rccotncndava-se com os títulos dc Professor de Teologia no
Colégio de S. Aniào e Nas dez
Examinador das Três Ordens Militares (2).

diqNitas deite primeiro volume, o Professor tratava sucintaniente da Fé


Teológica, Eqjerança, Caridade, dênda de Deus, Oraça actual. Predestinação
e reprovação. Mistério da Santíssima Trindade, Inoamação ucmdum se,
inefável composto de Jesus Cristo, e da adoraçSo.
Quando surgiu o segundo volume, já Vcrnci havia saido de Portugal
e só em Roma o lerá lido. Mas este primeiro, compulsou-o certamente
em Évora, durante o curso. Se a identificação de Salgado Júnior estiver
«neta, a José de Araújo se refere Vemei, neste passo que importa transcrevo*:
«fstimaFee aqui nniito o P. * * * e o louvam como um dos maiores
TMHogos e mais tem havido nas Espanhas. Contudo, este homem
subtis qtie

é um sofista, indigno de que ninguém o leia: confuso, obscuro e sem fundai>


mento algum. As suas obras estão proibidas pela Igreja, especialmente
esta Teologia. E cu sei dc certo que tem setenta c duas proposições acusadas
em Roma, as qiuiis, por cansa de outros negócios, nio se detnminaram» (3).
Como as proposições acusadas nio chiaram a ser determinadas, a
proibição da Teologia de Araújo parece ter ficado na região das indeter-
minações. Ao menos, no Index Librorum Prohibitonan não figura o nome
do autor, nem o de qualquer teólogo português do seu tempo. O exemplar
que pertenceu à Biblioteca magna do Colégio Romano da Companhia de
Jesus não contém qualquer espécie de correcção ou advertência.
Não sendo do fndioe Romano e, parece que nem da própria Ordem (4X
que eqpéde de condenação se pode entender? Conferindo a insinuação de
Vemei com um passo da Carta Exortatóría que se refere a uma impugnação
dirigida por Fr. Caetano Benitez de Lugo, em Roma. ao Curso do P. José
de Araújo, conciui-se que foi este dominicano espanhol o censor do jesuíta

(1) Cunu.
(2) V. voL IV. 264-S.
(3) Entrou iwra a Companhia de Jesus cm 1696. vindo a falecer a 23 de Janeiro
de 17S9, com o Colégio dc Santo Antáo cercado pelos tropas, dc&dc Oczcnibru de 17S8
qOBtor, IV, I, 315, nota 3).
(4) A este respeito, nSo podemos adiantar mais, por termos sido informado que o
Arquivo da Curia Romana da Companhia de Jesus, no que respeita ao século xvui, se

Copyrighied material
— 46 —
português. Mas» neste caso, a censura não tem carácter oficial, apesar de
te tntar de um membro da Inquisiçio Romana. Fr. Gaetano pttUicaia
tm 1730 a chn Coneuma Del /mKvto a ^cax WKeaaesrio cchaatm ewn
Ubro arbitrío humano, voltando à velha quest&o de Luis de Molina, em que
os Dominicanos eram arguidos de jansenismo e os jesuitas de plagianismo.
José dc Araújo, no Cursids Thcoloí^icus rcbatc-lhe certas afirmações
e o espanhol, então em Roma com us funções de Consultor da Sagrada
Congregação dos Ritos e Qualificador «Sandae Romanae Supnmk et
Univemlis Inquilitionís», responde-Die enè^icamente, estranhando que
Ara^o suponha ter de emedido os limites da honestidade e quase tocado
as raias da heresia. Censura-lhe a defesa de lugares de Pdágio e refuta
asserções sobre Jansénio. Pede ao P. Araújo que deponha toda a prevenção
e pondere atentamente o seu argumento. Anima-se na discussão e inter-

pela-o: «Agora pergunto eu ao P. Araújo». Noutra oportunidade deixa


aos outros julgar se a afirmaçflo de Araújo, de que também o Pontífice admitiu
e aimyvott como Católico a omifissao de PeUgio, se pode dizer sem ofimsa
da Santa SL Não interessa transcrever aqui as afirmações censuradas,
nem apurámos o seu número exacto. Mas são de facto muitas (1).
A atribuição do Prof. Salgado Júnior deve estar certa, porque os dois
contendores conhccem-se e aludem mutuamente às obras dc que eram autores.
Vemei, na Resposta às Reflexões: «Não digais mal dos livros em doze,
porque vale mais um destes Uvrinhos que os vossos dois de folha, como
julgaram os que os leram» (2).
O P. José de Antyo, referíndo-se ao Apparatus ad mioaophUan et
Theologiam {}'). «Agora ao que acrescenta qtie são melhores que aqueles
dois tomos que alude. Respondo I, que nào padeceram na revisão dos
Tribunais aquela fatalidade que experimentou no juizo a deliberação dos
Censores Romanos, certa História de Filosofia, chegando a suspeitar-se
da fé de seu Author, a quem o medo fez entrar na consideração do ponto,
e na diligâncta de emendar os erros, fozendo no original, que de novo trasladou,
as ooffoçoens convenientes para conseguir na segunda revista a aprovação
que na primeira se lhe negou». E respondendo directamente ao ataque:
«Estes dois tomos de que o Critico quis fazer memoria c com a boa intenção
que se lhe agradece, tiveram a estimação que se manifesta do breve consumo
de toda a impressão que constava de dois mil jogos».
A grande aceitação do livro nada prova para Vemei, porque no fundo.

(1) C/. Concu, I, 197 e SB.; m, 178 e H.


(2) Rcs. 91.
(3) Assim parece, apesar de esta obra ter sido editada em 1731.

Copyrighted material
I

—47-
nSo destruía a ma posição básica: Teologia que aceita a FÍlos<^ Arialo>
tdka, nio se pode oonsiderar boa Teologia. Aristóteles e Escolástica
enm nomes que nio soavam bem aos ouvidos de um iluminista. AigiH
mente muito embora o P. Araújo com razOes convincentes, que Vernei não
'

se afastará da posição inicial, reincidindo sempre nesse ponto de partida.


'
Enquanto estudou Teologia em Évora, é natural que nào concebesse
I
O seu estudo da mesma forma por que a propôs cm 1746. Mas sem dúvida
que já nSo tolerava as aigúdas das di^utas. A isso se deve rrferir aqude
trecho da GofiiwjapAb PanUHar, do mesmo P. Arai^o: «Mas o bom Mestre
deve ter sido bom disdpulol Veia lá se o foi nos seus exames, porque talvez
se visse obrigado neles a conceder o que tinha negado e a negar o que tinha
concedido» (1 ).

Por seu turno, Vernei alude à Universidade de Évora, além das rcfe-

r£ndas transcritas atrás, quando critica os estudos nestes termos: «...fire>

quentam quatro anos as escolas de Tedogia, nas quais há, pdo menos,
quatro Ldt<»es. Um deles, a que chamam de Prima, dita uma matéria
de Moral, v. g. RestitniçSo, Contratos, Pecados, etc., o segundo de manhã
dita uma coisa a que chamam tscritura, e a este Leitor nenhum estu-
dante assiste, porque dizem que só serve para os Pregadores; os dois de
tarde cada um dita seu tratado de Especulativa. Falo do estilo de alguma
Universidade)» (2).
Este espirito de critica implacável tínha-o Vernei já, p(Mque nasce com
a pessoa, faz parte do carácter e nlo predsa de erudição para se manifestar.
Pode-se supor igualmente ocorrida em Évora aquela cena que relata no
Verdadeiro Método de Estudar: «Falava eu em certa ocasião com um Mestre
peripatctico e, caindo o discurso sobre uma destas matérias (sobre crítica
e autoridade), me produziu ele tun texto de Filósofo (Aristóteles) em uma
questão bem controversa. Respondi eu que não me importava o que dizia
o Filósofo, mas o que de na dita conversação me provava. Aqui, admirado,
o homem clama logo:
—V. P. (simula estar a falar com ele, «fiarbadinho»), não pode negar
o texto: deve explicá-lo.
Ao que cu pontualmente respondi:
— Quem lhe disse a V. P. que eu não posso negar... (3).
Neste tom devia folar nos últimos tempos, se não nas aulas, aos Profes-
sores, pdo menos fora delas, aos Padres das suas relações. Aqude Doutor
de capuz, «com o qual tinha vdhas inemizades, aliás nascidas sem nenhuma

(1) Com, 399.

(2) V, voL IV, 228.


(3) V,¥oL 111,77.

Copyrighied material
—48—
espécie de culpa de minha parte» — comunica ele a Muratori — que incitou
«oa outros» a não receberem «jamais» «alguma ooisa em seu própno detri»
mento» (1), pertence, evidentemente^ à Universidade de Évora e t«rá sido,
quiçá, o seu último Professor em POftngal...
A alusão do P. Araújo aos seus exames, nZo quererá significar que Luls
António se saiu ma! nas últimas provas que prestou?
Na caria de 1 de Janeiro de 1753 relembra outro episódio com visos
de pertencer ao tenqpo de Évora : «^m de lá, e O coofbsso para minha oonflizão,
com muita asneira na cabesa, com as quais me criaram. E nSo obstante
alguns omms, que tinham corrido o nnmdo, me dizscem, que ca fora se
sabia miuito, e bem, e melhor que lá não me podia áespir de todos os prejuizos
;

com que me tinhao criado os meus mestres, que me diziam em bom tom,
que os Estrangeiros sabiam pouco, e só os I^orluguezes abismavam. Isto

mc discram os Jczuitas milhores». Aproximc-sc esta confissão das palavras


atrás transcritas, do P. Joaé de Araújo, que o dá como enfarinhado em quatro
caspas da Filosofia da moda.
Observámos a irregularidade dos corsos filosófico e teológico, inter-
rompidos nuns anos, incompletos noutros. Se as Taltas por doença se consi-
derarem normais na vida de qualquer estudante, o mesmo n3o acontece
cora respeito às interrupções do género das de Vernei. Ao partir para Roma,
voltou a quebrar o curso dos estudos. A sua revolta contra os Mestres
eborenses estende a cominaçlo a todaa Ordem e aos seus métodos de ensino.
Em de confiisOes oomo as transcritas, que nos seria fácil mnltqilicar,
fiioe

parece-nos que a veneração tributada aos inadanos na carta de António


Balle, «por agradecimento e por justiça^\ deve ser t3o verdadeira como as
afirmações categóricas que faz para negar a paternidade do Vcrdaiieiro Método
de Estudar, cm que a carta saiu. Ainda assim, vale a pena recordar as suas
próprias explicações, para maior objectividade do juizo que queiramos
formular:
«Por agradecimento, porque esse pouco que sei, eles mo ensinaram,
e, ainda que nas escolas não qngadesse todo, aprendi-o conversando com
elles particularmente, e lendo os seus autores». O exagero é patente, pois
o Verdadeiro Método, índice, posto que abreviado, do seu saber, não assenta,
de forma alguma, nos escritos dos jesuítas (2).

Mais adiante, oontintta: «Sempre cooservd oora des intrínseca amizade


e disto conservara uma mnnória sraqHterna». NSo i justo duvidar, do

(1) Apud E. in, 294.


(2) Vcrnci procura provar na Última Jtngwnca, quB M soss sflmiaçOes coococdam
com as dc muitos inacianos, que cita.

Copyrlghted material
—49 —

ininiD 1«V6, do prímoiro itatú, mat <m aMntedmentos seguintes,


mamlMO ék
desde a poléiiiicft do Método de Estudar até ao encargo que lhe
Verdadeiro
foi cometido Secretário da nossa L^açSo em Roma,
oom a nomeação de
bem como as suas dedaraçOes formais, nomeadamente nas cartas dirigidas
a Pombal, não vêm desmoronar este bom propósito de eterno reconheci-
mento? Quando for encarregado de colaborar com Francisco de Almada
na extinção da Companhia de Jesus, arrepender-sc-á dc icr escrito as pala-
vras que em 1746 divalgou aaonimamente pela imprensa: «Por justiça,
porque sendo todas as RdigíOes veneráveis, esta o é mais que todas, segando
a minlia opinião. Parece que mandou Deus à Igreja estes Religiosos, Cinica-
mente para utilidade dos próximos, pois cies ensinam a doutrina e piedade
com grande amor e trabalho, sacrificam-se pelos fiéis em todas as ocasiões,
e sâo perpétuos defensores da Igreja Católica, como confessam os mesmos
herejes» (1).

Para se compreender a verdade das palavras de Vemei, convém nlo


esquecer que de nlo queria passar por autor da obra, enquanto assinava
as cartas pertículares, em que os depreciava com todas as forças do seu
eo^Bobo*
Interrompendo os estudos com a comprovada aniniadversão aos
Mestres, Luis Vernci partiu para Roma, certamente sem programa traçado
quanto ao tempo da demora. Safa a viajar, direcção à Cidade dos Papas,
onde se grangeavam benesses, e os estudos, sobretudo de Teologia, natural-
mente se encontrariam mais desenvolvidos. Concluiria o curso teológico,
ordenar-se-ia Sacerdote, e talvez voltasse ao Reino, logo que pudesse auferir
honra eclesiástica remimerada com tença razoável.
Esta se nos afigura a conclusão mais natural das circunstâncias conhe-
ddas deste período em que tomou a decisão (2). Entretanto, muniu-se
doa documentos que pflde, comprovativos dos estudos efectuados em Por^
tugal. Tem a date de 10 de Kfaio de 1736 o diidoma de lioendatura em
Filosofia, passado pelo Secretário da Universidade, P. João Moreira
Baptista (3). Como este. terá levado outros que igualmente lhe importavam,
por exemplo, a declaração dos anos cumpridos do curso teológico.
Parece-nos oportuno fechar este capitulo dos estudos de Vemei em
Évora com a evocação do seu desejo de que a Universidade eboreose nlo
fosse extinta, como os seus Mestres, porque além da ctrcnnstfinda politica

(1) V. voLl, 21^.


(2) Esta conclusão antecipada «aoootia a Mcesrtria docnmoitaçlo de que brota,
no próximo capitulo V (pig. 88).
(3) Ver Apeod. Doe.

Copyrighted material
— 50 —
4o momento, prevalecia o valor da cultura do povo. Em 1768, quando
le Rsolveii a dar instruções sobre o bom governo da Nacio, liá^le
estabelecer:
1 — Introduzir as mesmas cátedras de todas as faculdades nas duas
Universidades de Coimbra e Évora, fazendo lun só corpo de Estatutos
para ambas.
2 — Assegurar salário aos Professores.
3— Erigir em Cd^gios Maiores de Opotiçfto» no Collio
fivora dois
dos Jissuitas (o do Esirfrito Santo), deixando a Biblioteca comvm à Universip
dade e reservando o Noviciado para habitação do Reitor.
4 — Na Universidade, ensinar as Ciências : Filosofia, Matemática,
Medicina, Leis Civis e Canónicas, Teologia e História Eclesiástica; no andar
de baixo do Colégio da Purificação, que é contíguo e para evitar tumultos
e confusão —
as línguas, retórica e poética. No mesmo Colégio da Puri*
flcaçfto deviam habitar os Professores que nio fossem Colegiais dos já

mendonadoe Col^(l).

(1) ÀpuJ E, iir, 397. Polida Uttenria, plaoo ós lefomia qao terá acompanhado
a carta de 14 de Maio de 1766.

Copyrighted material
CAPfTULO IV

UM POETA SAIU PARA ROMA...


(1736)

O fiJedmefUo da Èi/mia D. Emdtea « «t ^onfor.


Os sonetos de Vèmel.
Saída para Roma.
Panorama da cultura, dentro efitntdttsBieolas, até 1736:
A atitude geral perante a nota eUneia nateente.
Descartes, nomeadamente entre os Jesuítas.
Conhecimento de Descartes, Locke e Newton.
Mitem, dlndfador das correntes mttdermu até
Descartes.
Informação cultural da Ga/cta dc Lisboa.
Relações da Academia de História com a de Peters-
biÊrgo, graçat à tBUgMa de JUMw Sandles.
Intercãmhífl com Academias frtaeetas: o Camk da
Ericeira e o P. Carbone.
Academias tdemãs, tngteãoM e Uaíbmas: Acta
Eruditonim Lipsiae, Sodetbde Real de Laih
áres. Arcádia de Roma.
Aeadmtias portuguesas: literárias, filosóficas (Conde
da Ericeira) e cientificas (A Academia Militar
e A:e\cdo Fortes, a Academia de Baden e
Bóreas de Araújo, a Academia das quatro
eUnelaM, Mwmmf y Roca e Bmebeo Xarier
Leitão').

A atitude do Monarca perante o desenrolar deste


Htovtnunto eHeat^eo.
Vm reformador que Vernei podia ter Udo antex
de sair: Martinho de Pina e Proença.
Alexandre de Gusmão, autor que Vernei insinuava
do Verdadeiro Método de Estudar.
A revolução cultural de Feijó em Espanita.
Obras firancesas e italianas — livros didácticos
deuae ttngittts.

Missões cartográficas em Portugal e Brasil.


Difusão do livro geográfico e histórico.
Bibliotecas.

Copyrighied líiaterial
— 52 —
Domingo, de Julho de 1736, mtfe ai duu e as tris horas da tarde,
IS
enhitou a Na^
pOTtusuesa um triste acontecúnnito o falecimento —
imprevisto de D. Fhmdsca, hrmã dd-Rei D. Joio V, que contava pouco
mais de 37 anos de idade. Atacada de fdeuftsia «intema desconhecida
dos médicos», apMas teve tempo de receber o Viáticoíl). Pouco antes
havia sido madrinha de uma filha de D. Ana de Moscono. juntamente com
seu irmão, D. Manuel, que a extremava. Por ventura passado peio desgosto,
e nio podendo segurar os seus 33 aaoe na qiuase recht^ da «sua 1^ de
Bdbs», o Infante vdtUm a sair s^unda vez do Pais, sem conhecimento do
R^o Irmão, em meados de Setembro (2).
Suas Majestades e Altezas Reais fecharam-se por oito dias. Os áulicos
mais íntimos e todos os que viviam à mesma sombra, expressaram a mais
viva dor pela morte da Infanta, em versos pungentes ao gosto da época,
sem que nenhum conseguisse sobrepor-sc por outro titulo que o da dignidade
do sen lugsr no serviço r^o.
O Marquês de Valença tedtott um Panegírico no Paço, em 9 de Agosto (3)
e nos Conventos disseiam-ae aaçOes fúnebres muito sentidas. Não faltou
quem, pacientemente, se desse ao trabalho de coligir as poesias, chegando
também nisso a haver emulação. Entre outras, registem-se as seguintes
colecções (4):
— tyicedios na morte da Sereníssima Senhora D. Francisca Iitfanta
de Fortugfd. Escritos pdo Conde da EiioeiíB, D. Francisco Xavier de
Meneses. Lisboa, Off. António Udoro da Fonseca, 1737.
— Suspiros saudosos e métricos de alguns engenhos portuguezes na
deplorável morte da Sereníssima Senhora D, Francisca ktfonta de Fortlè-
gol (...). Lisboa, Miguel Rodrigues, 1736.
— Acentos saudosos das Musas Portuguezas na morte sentida (...). Lis-
boa, Antánio Isidoro da Fonseca, 1736 e colecção). (1.* 2.*
— Sentímentos métricos, ou CoUecçam de vozes na nuigea pda varias
morte da (...). For João Ferreira de Arad^o. Lisboa, Miguel Rodrigues, 1736,
(!.», Z» 3.* e 4.» colecção).
— Epicédios que na morte da (...) dedica ao majestoso túmulo da mesma
Senhora, Caetano José da Silva Soutoraaior. Lisboa, Miguel Rodrigues, 1736.
— Admirações sentidas (...), por Francisco de Pina e Melo. Lisboa,
Miguel Rodrigues, 1737.

(1) Carta do NúDcio em Lisboa. 17-6-736. (A.S. V. — Nuiiz.P€Hrt.,ii.o91;pág.22<j)


ÇL) VejaiiMe, B «te TCspdto. a» nanvçOes do Ndndoem LiilMia,iM
« 2S de Set. e 2 de Out. 1736 (A. S. V.— NUOK. Ftort, n.* 91, p«B. 2S7, 29Q, 2H 300 e 30^
(3) Oração R.
(4j Sobre o assunto, ver V, vol. II, 28S487 nota.

Copyrighted material
— 53 —
— Trenos lamentosos (...) por João Egas BoUiSes e Sousa. Lisboa,
Pedro Ferreira, 1736.
— Lutuosos ais; Lutuoso canto poético (...). Lisboa, 1736.
Vonei também vibrou com a chorada morte da Infanta e, sem dúvida,
pOde ler, on manuscrito, as cópias dos sonetos, romances, endechas, déd-
elegias, t^ntáfios, epigramas e glosas que corriam de mio em
maa, éclogas,
mio. Apitodera poética em Santo Antão c sentiu-se capaz de ombrear
com um Pina e Melo, um Luís Borges de Carvalho, um António Isidoro
da Nóbrega, um Miguel Mauricio Ramalho (I). Talvez tenha sido esta
a primeira oportunidade dc sc encontrar com estes autores que, dez anos
mais tarde, hfto-de andar metidos na polémica do Verdadãiro Método
de Estudar. E con^pôs dois sonetos, de que nSo terá ditado cópia
às mios dos oonqriladoces, mas que ele talvez se aventurasse a enviar
para o Paço, por intermédio do P. Diogo Vemei ou do primo
Ludovici. Como quer que Tosse, os seus VCrsos sEo hojc conhecidos e
é certo que não se avantajam aos demais.

A morte o golpe, à tomoiiira a tfâria


Coooeguio nesta mesma tirania
Quis a morte entender que a conseguia
Mas ve viva a belleza na memoria.

Foc aio ter tanto i vista esta vitoria


Esconde a causíi nesta pedra fria

Mas que importa, que o calle a parca fria


Se Hw went «tte tumulo de historia.

Quem nilo souber a laurea conseguida


(Se be que pode igoorala o pensamento)
Uh liá narte maimore eiciilpMa

Que como o que aqui jás tudo he protaoto,


O bron/c falia a pcdni ha de ter vida.
Línguas a cunipa, voz o monumento

L. A. VSaivCQ

(1) Os sonetos dc Borges de Carvalho apaicoenm em Senti. (1 e 2 colecção).


Sus. (onde também sc publicaram quatro décimas) e Acen. —
Os do Dr. Nóbrega saíram
no 2.° vol. de Epic —
Os de Miguel Ramalho, em Senti, colecção 1, pág. 19. Pina e
Melo editou-os em livro à parte.
(2) Pubikado «m I, 536.

Copyrigtiied itiaterial
— 54 —
Nlo 6 ndlior o segundo loneto:

Que acçio foi, Qoto (1) indigna, puai dura»


Sepultar das fonnosas a Princesa.
Oildaittff (ocazionando etU tristesa)

Ncfur adonçoam à fonoofunu

Sem effeiío empregaste a fouce impura


Debalde le empenha tua ferea;
Que não perde os decoroa a bdeMI,
Se foy altar da própria tepultunt.

Ta enaate o discurso te o pnúccto


Era negar-Ihe o culto e a vaidade;
Matata foi buscar mcyo mdiscreto,

Que o sepultar florida huma beldade


Hb, ooocervando ao sacrificio objecto,
ftigir novo ahar à tandade.
L. A. VtatNnr^

Ele próprio há-dc, mais tarde, fazer a critica às suas produções poéticas
deste período, comunicando a um amigo, em 1 de Janeiro de 1753:
«Quando ea t« disse, que aqudettonetotfommfeilosàiaaisdo^iaiMb
anoc, tinha reqxmdido o que basta: porque eu confeso, que quando sai
deae rdno, aindaque tinha mnitaa outras notidas que nlo a»«Ghavam no
comum dos nosos coetâneos, não sabia porem, que coiza era bom goito
das Belas Letras: c 16 anos de estudo podem, e devem mudar muito a um
omem: o qual por iso mesmo n2o deve ser arguido dos pecados da meninise,
nem dur saiisfasum deles». Apesar disso, deu suiisíaçào deles, e nesta mesma
epIstoU referiu-ae partkuhumente ao aaguble:

De balde a4ves: sem razam rogda


Tntentas, a que fala de sentida.
Bem agora queixozo da ferida
Rda Moíbb, • a meana pedn fld».

Tam douta proporsam soube animala,


Que a voz lho-deo, pois Ihe-infiindio a vida.

FUando nnda» nfTtfiiBMtiitft cafau

(1) Uma das três Parcas que fia a vida dos homens.
(2) B. E., CXXV/1-28. n.» 22 (o 2.» soneto), n.» 314 (o !.•),

Copyrighted material
— 55 —
Se MoizH oen estatua to^fidan,
A vista iliiza, a arte mentiroza.
Na voz, que proferiae, publicara.

Se é flftatna. á de aer sileadoxa


Que a voz com qualquer ome a cquivocàra
O silencio a-distinguc, a faz fainuza(l).

A drfoa deste soneto, inspirado na famosa estátua de Moisés» de Migud


Angdo Buoiuvota, mostra que Vemei em 1753 oontínuava a viver dominado
pda ideia da verdade ema que não admite artifícios, e da verossimiUiança
que dispensa fantasias impossíveis.Para isso intenta demonstrar «que a
diversa razam nam ó escura». Termina categórico, aliás como sempre:
«Com que restituamos a onra ao tal soneto: e dei.\emo-lo ficar no estado
dos medíocres, pois eu não o dou por coiza do outro mundo (2). Eu dei
aqudes sonetos copiados de outra mio a tmia pesoa, que para Ia foi,
dizendo-lhe que erio de outro, enão desgostou. Pfeso-te, porém, q[ue quei-
mes o otígaaH dos trez, que te mam^ que nlo quero se vqa a minha letra».
Há, pois, mais sonetos, da mesma época ou do tempo em que escreveu
a carta. Temos conhecimento de mais dois, com data certa e posterior:
«Soneto portuguez em aplauzo da saúde do Sereníssimo Rey de Portugal
D. Joio V», no enunciado de Barbosa Mbdiado. Na cdeoçflo em que
apareceu à luz pública, IS-se:
«Ddl*Abate Luigi Antonio Vemey, Aicidiacono ddla Metropolitana
d*Evora, detto Verenio Orígiano, Soneto na lingua Portugueza».

livraste, o grande Arete, o« te« Fwtoies


De um susto justamente concebido.
5>c tn vi\cn(io aviam florccido:
Faltando, quais seriam seus temores!

Distribuindo entre eles mil &VOCIBI


Dos Árcades azilo tu às sido.
Com que se Portugal sustos tem tido;

Vive, o Pastor: prosegue fclixmente:


As Muzas onra, que recompensado
Sovás €0111 fcude luiua etctuaiucnte.

(1) Ver no Apênd. Doe. a carta inédita que pUbUcamoe na totegn, onde vtm
o Nneto.
(2) No cap. VII, ao tratar das cartas do Veri, Mit, de Estudar, voltaremos a abordar
Mnai ideiat cMétieu e a na ínsDiracio poética.

Copyrlghted material
— 56 —
Qonn nMnoeu, é com foMo elogiado.
B qvB triunfo iguala dignamc t^tc
Ao ier de um Mundo douto celebrado? (1).

O segundo soneto é o da cara feia, que Vernei divulga duas vem no


Verdadeiro Método de Estudar, como modelo:

Éi feia; mas de aorte que, hocranea,


À toe vilta é bela a Tcaldade.
Hu ttna fortuna tal, que a «MimmidadB
Tb coamiBB oa tribulM de fonnaia.

Cara tão feia, coisa tão pasmosa.


Todos observam, e move a raridade.

Ser laim é que te adula vaidoea.

Ama-ae o belo, e cega o mesmo afecto.


O Faio, poia nlo liga o pwwwnento,
Dtiia mhidaiiwttte ver o olijecto.

beo íhc qne ee observe esse portento.


QnmtD eetáe oteipda a eme acpecto»
Se no em» te di aMwdmeBtelO
Salgado Júnior deixou a claro a estnitura do goneto: O conceito doe
dois últimos versos da primeira quadra prova-sc na segunda, confimuhee
nos tercetos e dá matéria ao conceito do fecho (3). E identifica, na quali-
dade, O soneto à morte de D. Francisca com o do Dr. António Barbosa
Baodar, que o «Baibedinho» crítica (4). Vale a pena chamar a atenção
paia a pobra2at dag rimag, algnmag ddag repetidag e, nalgum cago, nhidap
mente foiçada?
Ná xeferída carta de 1 de Janeiro de 1753, Luis António defende-se
uma vez mais dos ataques dirigidos contra o soneto da cara feia, esclarecendo
o autêntico pensamento do vate. A sua conclusão é terminante, e dispensa

(1) Ad.~ Fotocópia cm Ibn.


(2) V, vol. n, 145 c 274. —
Sobre a autoria, escreveu Pina e Melo, Balança. 94: m
«Dqpois de desterrar a Poesia da nossa NaçSo, nos repete o traslado de bum Soneto, (pie

(3) VoneidBixacipiidta a obrigação doeoiwloemflend,flMisoiiaaeiioepèbnenia


fonna, como se poderá ver no Cap. VIL
(4) V, vol. II, 274i 275.

Copyrighted material
— 57 —
oomentários: «Suposta esta parafraze (1), que me parece, que explica bem
a mente do nio acho que condenar neste soneto: antes me parece
Poeta,
que é uma bem disoonida». E noutro passo: «Onde que
iperbole muito
coiza condenão neste soneto esses asneirons, não entendo eiL Considerado
tu com olhos dezapaixonados, e verás que reziste à mais rígida censura
Poética». Cremos que hoje ninguém perfilhará este juizo dc Vemei,
esteta frio, tão excasso de sensibilidade quanto fértil de raciocínio geo-
métrico*
Ficam reunidas as composições poéticas de que temos conhecimento.
Cremos que nSo publicou poesias latinas, se acaso algum dia sentiu a inspiraçSo
do Lácio. O Carmen Genethliacunt que editou em Roma, no último mês
do ano de 1752, com a dedicatória do autor ao Príncipe Luís de Borgonha,
não é de sua lavra, como afirma, com outros erros, Pedro José de Figuei-
redo (2), mas sim do franciscano Luca de Véneto. Lera o poema e gostou
tanto que decidiu divulgá-lo, oferecendo-o ao Cardeal Pedro Ouerin, como
prova de admiraçio • feoonhectmento*
Assim poetou Vemei... Deixando o Reino a 6 de Agosto, com destino
a Roma (3), aí tomou contacto com a pesada mole de pubhcaçõcs que não
reservaram duas páginas para as suas composições poéticas (4). Este facto
não ficou sem censura. Mas deixemo-lo de parte, ao menos por agora,
visto nos interessar, mais que o estado da poesia entre nós, já tratado por
critioos liteiáriosde reconhecido m
erecimento, asainalar o nono contacto
com a cnltnia ffloiâfico<ieiitffica de então.
ConwoeiíH» por tenibiar qiue cca dominante o axioma de que nem toda
a ciência, a cultura ou a erudição se deviam transplantar para as tenras inte-
ligências de estudantes. Muito menos as questões ainda não suficientemente
comprovadas. De forma que, só aos poucos, depois de decorrido tempo,
OS princípios derivados da nova diocia cons^wism guarida nos ecmj^íxh'
dioB ou postHas» em tnbstitiiiçlo dos antigos, de sabor aiistotâioo.
É cmihecido, a este rcq)eito, o fracasso de Descartes, que não conssgnía
impor nas Escolas as regras do Discurso do Método, nem sequer, as suas
explicações físicas e teoremas matemáticos, sem causar alarido, nomeadamente
no seio da Companhia de Jesus. Pensava no entanto que com os inacianos
conseguiria triunfar: «Et pour ce que je sçay la correspondance et Tunion
qjui est entie oeux de oet Qrdre, la témoignage dtn seiíl est suffisant pour

(1) Fode ler«e integnilmwite no Apted. Doe.


(2) Ret.
(3) Bi, III, 56.

(4) A Gazeta de Lidma começou a dar notida delas, a 16 de Agosto.

Copyrighted material
— 58 —
me faire espérer que je les auray tous de mon coté» (1). Ao P. Diet afir-
mava noutra oca^io: «M*estaiit meslé d*écriie une philoaopliie, je sçay
que votre Compagnie seule peut phts que tout le reste du monde pour la
faire valoir ou méprisep) (2).

Mas a sua Metafísica ameaçava o Dopma da Eucaristia, com reflexos


directos na doutrina teológica da graça e perniciosas consequências na filo-

sofia de Espinosa. Os jesuítas franceses nàu demoraram a sair a terreiro,

dividindo-se em três direcções — da matemática, da física e da teologia.


Os da Ordem, sobretudo pelas
seus escritos difundiamrse por todas as casas
de cultura que mais contactavam com França. As de Portugal
latina,
incluem-se nesse número. Era o Voyage au monde de Descartes (Paris,
Bcrbard, 1691): eram as Mémoires de Trévoux (1701 e ss.): foi o P. João
Pascásio Cicrnians (Cosmander), vindo para Portugal cm 1641, depois de
ter discutido cora Descartes; a tíistoriae Philosophiae Synopsis, de Joào
Baptista Capacci, irmflo do Jcsuita Domiogos Capucci, dedicada a D. João V
em 1728(3). P<mdo em idevo, logo de inicio, a Logfea sive Methodua,
Capacci consagra extenso capitulo à FÍloiO(fia de Descartes e seus seguidoces (4).
As Mémoires de Trévoux promoveram encarniçada campanha contra
a física de Descartes (5), e a Congregação Geral de 1706. onde necessàriamente
estiveram Padres Portugueses, discutiu o sistema cartesiano, concluindo
que, «por uma parte, havia princípios opostos não somente à sá Filosofia,
mas também aos dogmas da Fé, e capaas de induzir a erro dogmático oa
menos acautelados» (6). Congr^açOes anteriores de 1682 e 1696 —
haviam tomado medidas de segurança contra as «opiniões novas»(7).
Contudo, o P. Geral Tirso Gonzalez, em 1692, dando rigorosas ordens para
se intensificar o estudo da matemática — «nflo sejam Professores da Faculdade
Filosófica os que desconhecerem a Matemática» (8) —recomendava o conhe-
cimento da Álgebra: «A Álgebra em números tratou-a, entre os antigos,
Diofanto. Dos númeroe para a qpiimtidade c<mttnua a passaram, quase
em nossos dias, homens de engenho, entre os quais se nomeia, em primeiro
higar, André Vieta Atíma de tudo é louvado pela clama
(aliás Francisco).

efadlidade do método, Renato Deacartee, nome na Filosofia malquisto, mae

(1) Car. 11.

(2) Vic, 50 c H, II, 454-5.


0) De.
(4) Historiae.
(5) Memoi, 4.

(6) Histor. IIM. 171.


(7) MemoL
(8) Citcm-sc, entre oalroe, que praeuchan eita ooodicio, os P.*> Dlofo Soares
e Manuel dc Campos.

Copyrighted material
— 59 —
tUtamente preconizado pela Geometria, nadtaa vezet impressa em Amsterdão,
com utOMmos eomentários de Sehootai e de outros. Mostrei a fonte onde
poderá ir bdter homem de Udento, se o tiver a ft-ovincia Pcntuguesa, rafiden-
temente instruído na Geometria vulger, pois sem ela n3o é possivel entnr
pela Álgebra» (1). A Província portuguesa teve efectivamente, depois
destas ordens, professores capares de compreenderem a matemática de
Descartes. Já atrás recordámos alguns nomes (2).
A ctoda Congregaçflo Oecal de 1706 lecooliecia méritos a Descartes.
Ao mesmo tempo que mandava inqnignar-llie os erros do sistema fflosófico,
firisava a necessidade de se receberem as descobertas que efectuou e aceitar

as experiências e razões com que demonstrou algumas verdades (3). A Con-


gregação 16, celebrada em 1730 e 1731. declarou, no decreto 36, «que aquela
amena erudição com que, principalmente na Fisica particular, partindo
de princípios matemáticos e das experiências dos eruditos, se explicam e
esclarecem os mais altos fenómenos da Natureza, se não opOem, mas antes
concordam optimamente com a FiloBofia Aristotélica». Este decreto foi
confirmado na Coiigresaç9o 17, reunida em 1751 (4).
A estes preceitos obedeceu, entre outros, o espanhol Luís Lossada,
no Cursits Fhilosophicus Regalis CoUegii Salmanticensis S. J., que devia andar
nas mãos dos alunos dos Jesuitas. Sendo assim, Vernei podia ter lido a
Praelimtnaris ad Physicam Dissertatio, com os nomes e noçOes da dontdmi
de Galileu, Gassoidi, Francisco Bacon, Hobbes, Renato Descartes, Kfomid
Nfoignan, Joio Saguens e Tomás Vicente Tosca (5). Aos Jesuitas portugueses
idU> passaram, portanto, despercebidos o nome e os méritos de Descartes.
Se nSo aceitaram a Filosofia, também a nSo impugnaram até à saída de
Vernei, com excepção da referência dc Soares Lusitano. Em contrapartida,
como já ficou referido, António Cordeiro passava por cartesiano na questão
flmdamental da substfinda e dos acidentes. Nlo se pode conceber o que
hcgo apodaríamos de politica de silêncio nas soas aulas, já porque havia
recomendação para se utilizar a sua Geometria na aula de Matemática,
já porque a História de Capacd, onde o sistema cartesiano estava largamente
exposto, se vendia em Lisboa e existia nas Bibliotecas das casas de ensino
dos inacianos (6).

(1) Ordfítaç8*s da P. Ttrao GoHzaíts (B. N. L. — F. O. 2135 e Hiitor, m,


1. 201).

(2) Ver outros em Histor, IV-I, 403 e ss.

(3) AmidVo,536.
(4) Apud Fo, S36.
(5) Cunus.
(6) Prielto;

Copyrighted material
— 60 —
O mesmo importa aiirmar de Locke e Leíbnitz, a que as Mémoires de
Trévoux, dos jesuítas franceses, fizeram largas refugidas, desde 1701,
criticando as tuas obras principais. Fdo mesmo jonial tiveiam omheàh
mento da hita gigantesca qne travou a fUca newtoniana com a cartesiana,
bem como do movimento dos princípios do século a favor da teoria ooper-
nicana (I).

O ambiente cultural português fora das Escolas dos jesuítas também


não deixava a desejar. O caso de Rafael Bluteau, apontado geralmente,
com poucos como precursor de um estado de ooisas que teria culmi-
mais,
nado com Vemei ou com Pombal, não é, de forma alguma, eqKMrádico nem
tio particular que se não reflectiase na ctiltttra pOTtuguesa de então. Ele
actuou no seio do seu Instituto Religioso, como nas reuniões de intelectuais
da época, e sobretudo nos meios ledores. por intermédio do precioso Voca-
bulário Poríuíiucs e Latino. Nào c exagero considerá-lo enciclopédia de
conhecimentos cieniiticos, a par de dicionário da língua portuguesa. A data
da sua publicação (1712-28) restringe, naturalmente o ftmbito do raio das
dfinctas alnangidas, à época da física de Descartes. Em França foi Newton
oonliecido apenasem 1738 e em Itália em 1737 como em Portugal, segundo
veremos no capítulo V. Apesar de tudo, Bluteau põe os portugueses em
contacto com nomes de sábios e de Academias europeias, enviando já
em 1681, o Journal tles Sçavants para D. Luis de Meneses (2).

à Sociedade Real dos Físicos de Inglaterra; à Academia dei


Refere-se
Cimento, de Flcxença; à Academia aleml dos Curiosos da Natureza, que
«tem já dado à luz vinte e um volumes de quarto (...), com obeervaçOes
médicas, físicas, matemáticas, boCflnicas (...), químicas, com experiências
novas e novos inventos c remédios no reino mineral, animal c vegetal à Aca- ;

demia Francesa; à Academia Real das Ciências, «composta de físicos e


matemáticos, que no Observatório de Paris trabalham em fazer novas expe-
riências e descobrir novos segredos nas matemáticas e na física».
O árpo de informaçio nuús vulgarizado foi, porfan, a Qauta de Lbèoa,
que José Firâre Monlerrcáo Mascarenhas dirigia desde 171S. Pequenas
notícias, sobretudo de cardcter pdftioob da Riâssia até Portugal, apandam
todas as semanas, a lembrar aos portugueses mais adormecidos a vocação
de caminhantes de desvairadas terras, onde as ciências floresciam e as letras
prosperavam (3).

(1) Memoi. 43-59.

(2) Sobre Bluteau, Ver L, 24 e ss. — Bluteau fora aluno de D. Guarini Guarini,
que dedicou a sua FUea ao Muqnte de Sandez Ranciioo de MbIo: Hq^Mí Ratítiébm,
BKperientiis, MathematkIttMÊ figurti MlaM (...) Ruiliis, IffS.
(3) G. 6-VU-17S2.

Copyrighted material
— 61 —
No número de 3 de Janeiro de 1726, por exemplo, referinrte à flmdaçlo
de um «Observatório Mathematico» em Peterstnugo» ammciaado a chegada
do finncêa Mona. de Lille, Frofisssor Real e Mestre de Matemática, associado
Aa Academias das Ofindas de Paris, Inglaterru e Prússia. Esperava-«e que
o acompanhasse o irmão. Mons. dc Lille de la Croyere, tambân astrónomo
da Academia Real das Ciências dc Paris.

Deste modo se ficou sabendo já, da existência de agremiações cienti-


ficas na Rússia, França, Inglaterra e Prússia. Com o tempo snrgirio notfoias
mais pormenorizadas de algumas destas Na Gazeta de 14 de
instituições.
Março desse mesmo ano noticia-se a fundação da Academia das Ciências
de Pcteisburgo que no dia 7 dc Janeiro tivera a primeira assembleia pública.
«Os nomes dos Lentes ou Mestres delia s3o estes: Herman, Bernouille, de
Lille e Goldbach para as Matemáticas; Martini e Mayer para Filosofia;

Bulfinger para a Física Geral; Honinger, du Vemoy, Brayer e Bernouille para


Medicina» Também indicava nomes para Mecânica, Ifistócia, Antigui-
dades, Humanidades e Direito dvil, que f<mnavam outras tantas aeoQfles
da Academia, biteressou-lhes o grande problema do século anterior, ainda
não suficientemente resolvido, das longitudes. Falava-se da Biblioteca
«já muy considerável e cada dia vay em mayor augmento». Duas semanas
depois insistia o correspondente de Petersburgo com noticias da mesma feição:
EsperavBpse de Mons. Lewtmann, saxóoio, Mtestre de Filosofia Natural que
fkda «^grandes descobrimentos no Paiz». O alemlo Martini, Mestre de
Filosofia, começaria brevemente a dar liçGes sobre as tábuas de logaritmos.
A 10 de Outubro, uma vez mais se davam informações da actividade
da Academia das Artes e Ciências de Petersburgo. fazendo referência a uma
sessílo a que havia assistido a Imperatriz. Mons. Bayer, um dos Lentes da
Academia, proferiu uma oração na lingua alemã. «Seguio-se a esta outra
em latim feita pof outro Lente chamado Mons. Hertman, sobre o principio
e inogressos da Geometria; e logo propôs hum Problema sobre a perfeiçio
dos telescópios nesta forma: Se há ra/õens para se esperar segundo OS prin-
cipios de Descartes, que se chegue a f;izcr hum telescópio tal, que por meyo
delle se possào descobrir as creaturas que vivem no globo da Lua». Con»
cluiu-se —
já nesse tempo! —
que era possível desvendar os segredos da lua.
No principio de da Acade-
173S, a Gazeta acentuava o estado florescente
mia de Petersburgo, contando entre os títulos de g^dtia, o de haver estabo>
kddo correspondftada regular com homens sábios da China, «e particular-
mente com os Padres da Companhia de Jesus», assistentes em Pequim e
Nanquim. Estas revelações provém de 1727, podendo-se ler os nomes de
jesuitas portugueses nos Anais da referida Academia russa (1).

(1) Fo. 3a

Copyrighted material
— 62 —
Neste mesmo número o público ledor de que os jesiiitas
se informava
(portngoeaes e franoesesX liaviam oonnmicado à Academia de Petetslmigo
«as niat novas observações geográficas sobra a Cbina, Japam e Tsrtaria
e os Doutores Chins os progressos que têm feito na Astronomia e nas mais
sciencias». '<De todas estas co^isas foy conditor Mons. dc Longe. Commis-
sario da f jnperatriz cm Pckini, que veyo a esta cidade (Pctersburgo )sobre
outras pertencentes ao comercio». A Imperatriz ordenou a entrega das
observações dos Jéiiiitas e doa livros chineses, a Moas. do Lide^ «Ajsote
do Geografia» e a Moos. Bayer, «Lente de História» (1).
O intercâmbio cultural tomou igualmente o rumo de Lisboa, e a 21 de
Jimho de 1736 a Gazeta anunciava a recepção da permuta de 45 tomos
encadernados da nossa Academia Real dc História Portuguesa, pelos nove
volumes que recebera da Academia de F\*ler.sburgo. Já um dia nos ocupámos
destas relações cientificas, a propósito dos Estrados Académicos dos Livros
que a Academia de PetarOwg mandou à de UAoa, da autoria de D. Fran^
dsoo Xavier de Moieses, piid>licado6 em 1738, mas lidos a 22 de Outubro
de 1736. na presença de D. João V(^
Foi o Dr. Ribeiro Sanches que tomou possível o contacto das duas
Instituições, ha\ia muito tempo desejado pela Academia russa, conforme

esclarece o Director, João Alberto Korff. Os nove volumes continham


estudos de matemática, filosofia e antiguidades. Apesar de não ser este
directanwnle o objectivo da nossa Academia, manifestoií-sc o aineço da
oferta, publicando o epitome que divulgava entre nós as obras doa cientistas
russos, e protestando, cm r ^ sta, que também lhes interessava a física
e a matemática, em virtude de o historiador ter de descrever cuidadosamente.
Da França chegaram ecos dc várias Academias, quer da capital, quer
dc alguns dos principais centros cultiu'ais da Província. No ano de 1726
a Gaxeta de Ltíboa fez ref«€ncias à Academia Real das Ciências de Paris,
de que importa fixar a notfda doa prémios instituidos para galardoar as
pessoas «que melhor discocresem (...) sobre o Sixiema geral do Mundo e
Astronomia fisica (...) e a explicação da causa geral do pezo».
Já antes, porém, havia em Portugal quem conhecesse a Academia das
Ciências de Paris. O 4." Conde da Ericeira, além da correspondência que
tivera com Bluteau, mantinha relações com António Jussieu, membro dessa
corporação, «Professor de Botânica no Real Jardim Botânico, médico insigne
e poitfssimo em Anatomia», que em 1717 esteve em Lisboa (3). O P. Gw-
bone enviara as suas observações astronómicas, que vieram publicadas nas

(1) Ver taaibém 1b • Biitor, IV—


(2) Ve. 221.
(3) Ve, 213.

Copyrighted material
— 63 —
Mimoires de 1724 e é natural que a noticia andasse de mio em ndk^ n»
roda dos da Corte.
intelectuais
A Gmeui de 4 de Jandro de 1731 idatava a aberton das conferências
da Academia Real das Ciências, de Paris» com especial menção dos termóme-
tros, c a 28 de Maio de 33 aludia a uma memória dc Mons. du Fay sobre a elec-

tricidade dos corpos, rizera-se a distribuição de prémios que disiinguirara


os melhores trabalhos apresentados à Acudcima. O correspondente de Paris,
na mesma crónica anunciava um
prémio estabelecido pela Academia Real
das Inscrições e Belas Letras, para o melhor trabalho de história ou literatura
que lhes fosse apresentado no próidmo ano, sobre o estado das ciências na
extensão da Monarquia francesa, durante o Reinado de Carlos M;igno.
A Academia dos Jogos florais de Toulouse também criara um prémio
que entregaria em 1734 ao trabalho que melhor desenvolvesse o tema:
É necessário respeitar o juizo do público mas não depender dele.

A Academia Real das Bdas->Letras, CiSndas e Artes de Bordéus oferecia


um prémio aos «sdentes» que dessem, «com mais probabilidade, a explicação
da formatura do som c das suas diversas modificações». A noticta fm divul-
gada na Gazeta de 1 de Fevereiro de 1731, mas nflo sabemos se apareceu
«sciente» que comparecesse ao certame.
Das Academias de além-Reno também houve noticias entre nós, mesmo
dentro do período a que nos reportamos, apesar de a Gazeta só se referir
a uma ddas em 1738. A Academia cientifica dos Eruditos, por exemido,
ainda antes dessa data, nio só eta oonhedda em Portugal, mas tinha cá,
como já referimos, o seu representante para toda a Península Ibérica
— o jesuíta P. Domingos Capassi. Desde 1726 o seu jornal Acta Eruditorum,
Lipsiae inseriu observações asironómicas efectuadas era Lisboa e recensões
dos livros mais importantes da nossa bibliogratia (1 ).

A Sociedade Real de Londres, edit<»a das PhOoscj^ika! Tnametímu,


cedo fo conhecida de intelectuais nossos, por vezes os próprios represen-
tantes diplomáticos de Portugal na Inglaterra (2). Deixemos o século xvii,

de que apenas dc passagem queremos referir o nome do avô dc Martinho


de Mendonça dc Pina e Proença — o matemático Leonis de Pina e Proença,
que pertenceu a essa douta agremiação, segundo Barbosa Machado. E mesmo
dentre os sócios portugueses do século xvui, pomos de parte os diplomatas,
para aludirmos apenas aos que mereceram a distinção por val<» dentffico.
Isaac de Sequeira Sanmda foi eleito sódo em 27 de Junho de 1723;
Joio Baptista Carbone, em 6 de Novembro de 1729; Jacob de Castro Sar-
mento, em 22 de Janeiro de 1730.

(1) Vc, 215.


(2) Por. 5-7.

Copyrlghted material
— 64 —
Da Itália alcançou maior fiuna entre nós a Academia dot Aicades,
a que pertencia D. Joio V, que lhe doou o bosque Perrasio, lugar de reunilo
dos poéticos Pastores. O Monarca pertencia, pois, como Mecenas, tendo
sido honrado com os nomes de Arete Melleo e Pastor Albano (1). Fizeram
igiialmente parte desta assembleia, nomes ilustres, como os de Francisco
Leitão Ferreira (Pastor Tagideo) em 1719(2), o 4." Conde da Ericeira
(Ormauro Paliseio) em 1722 (3), o Marquês de Abrantes (Longino Artemisa),
Filipe Joséda Qama, Joio Fnes de Maoedo de Sousa Tavares(4X Joaquim
Fo^az, Eiemita Augustiatano, que pertenceu à Acadnoia de Iffistdria e à de
GUneias de Lisboa (5), e, por morte do Conde da Ericeira, o Senhor de Abadim
(Negrelos), Tadeu Luís António Lopes dc Carvalho (Tagamelo Coriteio).
Em 1747 efectuou-se uma reunião poética em honra de Fr. Manuel Pinto,
então aclamado árcade (6). Vemei também chegou a pertencer a este

grémio com o nome de Verénio Origiano, mas pouco mais sabemos


literário,

das suas rdaçOes com a Arcádia romana. Perderam-se os livros do meio


do século ei^miasse encontra o r^isto do sen nome, em livro do período 1743-
1824(7).

(1) Sobre a niunificiència rigia, Qwtano de Sousa apenas relEre que o Monarca
«oonqffou hum sitio em que te ftbrieou a Aieadia» ^Bitori, I3S). Em 1726 a Aieidia
reconhecida consagrou a D. João V a 626 olimpíada (Ver Oi). O rcito oontinnou a ser
lembrado cm várias sessões, a última das quais de que temos conhecimento, a Aíltmanza
tenuta in CapidogUo dagli Arcadi ad onore delia Hunliíá di Nosíre Signore Clemente Xt V (...)
» dl Sm Maulà Feidlubiia dvaq^e I Re di FortogMo. Roma, 1771. Amjr Benaidy
esclarece que o Rei dispcndeu, para esse efeito, 4.000 escudos (Ins, 72). Em 1744 inau-
gurou-se no local luna lápide, por ocasião da Aduaama que se promoveu como voto das
melhona do Monarca (Ver Ad.). Ainda te pode otieervar, à coifada do bosque, atnvéi
do enorme porião que IK» ¥Bda a entrada. Dentro, por cima da porta do pequeno templo
do Bosque Parrasio, conserva-se outra inscrição de agradecimento (Is. 64). A Arcádia,
como SC verá mais adiante, não deixou passar cm silêncio o falecimento do Monarca,
tertemoahando^he ao» «bb naiB, o teu tentido rBOoidHcimento (Lo). reipeUo dot A
nomes arcádicos dc D. João V, leia-se o seguinte: «Arete Melleo. dalle Campagne presso
il ftume Mella, riccvuto alia morte delia S. M. di Clemente, papa XI. Acclamato con
nome di Areie Mdko la Sacra Real Mtieilà dl d. Oiovaud V. Re di Pertogdio» (Seg:)
«...la nostra Arcádia, ia quale acclamato avcndolo suo Pastore, c assegnataglí la Campagna
Mellea, per la morte dc Clemente XI, detto Albano» (Lo). — «Arete Melleo Árcade Aoda-
mato. La Sacra Real Maesti di Doa Giovanni V» (Ad.).

CD Arq, n, 332.
(3) Arq. m, 26.
(4) Prim.
Elogio Fta.

(6) Ver Cor.


(7) Arquivo da Arcádia. Roma: Aichivio 4 Cat. IV, Arch. S.« cat. V e Aich. ó."
caL VL

Copyrighted material
BacaSBOt rastos ficaiam de uma outra Academia que o mesmo Monarca
ftmdon em Roma e que tendo pastedo por várias fases, acabou por se
instalar, graçasa Pina lAmiqtie, no Palácio Címarra, em Pantqienia, para
receber bolseiros da Casa Pia de Usboa que se dedicavam às artes plástícas.
Amy A. Bemardy dá a entender que o seu fim seria diferente das demais:
«D. João V tinha, a seu tempo, protegido particularmente estudantes portu-
gueses em Roma, com a instituição de uma Academia ou residência».
Ainda hoje se conserva o InasBo real no Paládo da sede dessa Academia
que D. Alexandre de Sonsa Holsteín tesá restaurado (1). Procurimos o
palácio, que se encontra no ftngulo das ruas Gmarra, Panispema e Nfilano
e está ocupado por serviços públicos. Mas o brasBo já nfto eadste, ao menos
na fachada exterior.

Em mesma forma, nuns


Portugal tudo se passava mais ou menos na
casos em com projecçflo cm tempo
perfeita simetria cronológica e noutros
posterior, mas sempre por influxo da aurora que raiava no horizonte. Faltou
só, e reconhecemos que não é pouco, o gbúo que se soubesse sobrepor, o
cientista que conseguisse passar as fronteiras, com a fama das descobertas.
A 30 de Agosto de 1731 escrevia a Gazeta de Lisboa qtic «as Academias

florescem mais que nunca no Reino». E Fr. Manuel do Cenáculo informa


que até os estudantes se reuniam em casa uns dos outros, tomando a cátedra
os mais velhos, que imitavam os actos solenes literários das Academias da
gwte grada (2).
Nenhuma dessas espontineas Academias juvenis passou à história
literária, mas cm compensação ficaram muitas, em que pontificaram Fidalgos,

Desembargadores, f-rades, Médicos e Curiosos, de Lisboa e da Província,


de Colégios c de casas particulares. As literárias sáo as mais numerosas:
a de Retórica no Colégio de S. Antão, fundada pelo P. José Leite, mestre
da 2.« classe, em 1720; a dos Anónimos (1721); a dos Laureados Santarém
(1721); a dos Problemáticos de Setúbal (1721); a dos Aplicados do Bairro
das Olarias em Lisboa (1723), sob a preridêneía do 4xautor das Ctezetas»,
Mcmterroio Mascarenhas; a Vimaranense, de Guimarães (1724), em casa
do seu protector e secretário Tadeu Luís Lopes de Carvalho Fonseca e
Camões, Senhor de Abadim: a d(.>s Aquilinos de Aveiro (1728); a dos Unidos,
de Vila da Torre de Moncorvo (anterior a 1731); a Bracarense, na Praça
do Quinteiro, da cidade de Braga (1731); uma Academia Latina e Portuguesa»
de que em 1734 era presidente Filipe José da Gama; a dos Rawvados, que
em 1734 tinha como director Monlerroio Mascarenhas; a dos Escolhidos
em Lisboa, que em 1742 celebrou um certame poético no Colégio das Artes;

(1) Ins.. Portu. II. 121 e PL 219-24S. Sobre o edifldo, ver Pi. 356 e 3S7.
(2) U. 152.
— 66 —
a dos Unidos, a dos Aventureiros Scalabitanos, a dos Tirões bracarenses...
Mais do que a lista cotaustiva, intentámos apresentar um quadro prolixo
que vincasse o tom ambiente (1). Este panofama eia o reflexo do qne
ocorria no Estrangeiro, como nos informa Bluteau: «...os Académicos de
Bolonha se fazem chamar Ociosos e os de Roma, Humoristas e Fantasiosos;
os de Ancona Caliginosos: os de Milão, Escondidos; os de Génova, Ador'
mecidos; os de Cesenu, Ofuscados; os de Brescia, Ocultos; os de
Fabriano, Desavtndia; os de Perusia, Insensatos» (2). Em 1744, o já nosso
conhecido Tadeu Luís, membro da Arcádia de Roma e ftmdador da
Vimaranense, foi eleito para uma vafa que se deu na Academia, tambàn
italiana, dos Infecundos.
A vida daquelas Academias variou à mercê de múltiplas circunstâncias,
atingindo por vezes nào poucas décadas. Ao lado deste academismo
literário, muis recreativo e habilidoso do que estético c útil, vicejaram outras
iniciativas mais sérias, de carácter dentffico e, nalguns casos, em vista ao
progresso da ciência.

A que em 1946 apelidámos de Academia Filosófica, é o nosso primeiro


alfobre académico de renovação cultural nos moldes modernos da primeira
metade do século xviii. Instituída em 1717 em casa do 4." Conde da Eri-
ceira, em frente de S. José da Animciuda (3), continuava as sassões, mesmo
depois de fundada a Academia Real de História Portuguesa. O P. D. Rafad
ammciavs a ikaeta de Ltíboa de 22 de Kfaio de 1721,
Bhtteau, coaíctme
«fi» neDa bnma
nmyto erudita sobre a Ortografia; e o Conde de Vil-
ligSo
hmnayor começou a tratar com grande erudiçSo a Oymnastica ou exercícios
varonis, próprios de Cavalheyro».
Desde a primeira hora se preiKuparam i>s académicos com assuntos
literários c de formação da personalidade do homem do seu século, estudando,
por exemplo, além das excdCndas e documentos do sábio cristio, as male*
máticas, pertencentes a cavalheiros. Faltam-nos os próprios textos e mais
não podemos avançar. Mss bem saliente o espirito novo que domi-
fique
nava a Academia, aliás patente no rumo cultural dos seus sócios em trabalhos
extra-académicos, de que falamos noutros lugares. À lista conhecida destes

(1) Sobf»«sAaul«iiat,verIIÍstMa.I, ]54eas.:HÍs..hdÍ0M,891. Pòdeme


também Grande Encklofiédia FortUfMM e BnaOeinu
(2) Prós, 328.
^) Silvestre Ribeiro (IBit6rÍ8. 1, !S9) cKlsnoe que a Academi» se congregava oo
Falácio construido em 1SS3, por FemSo Alvares de Andrade, «no local onde hoje está
assente o theatro da Rua dos Coodes». E deaoeve o Falácio, que ««t»"I»« de uma vasta
Biblioteca.

Copyrighted material
— 67 —
estudiosos (1), podemos acrescentar os nomes do P. Dr. Francisco Xavier
Leitão, que proferiu «discursos sobre a existência do pelicano». Fr. Simão
António de Santa Catarina, frade Jerónimo, autor das Orações Académicas,
em 1724, onde refere ainda, oomo académicos, o Dr. Agostinho
publicadas
Gomes Guimarles, Deputado do Saato Oficio; Dr. Bartolomeu Lourenço
de Gusmào. Fidalgo Capelão da Casa de Sua Majestade; P. D. Manuel
do Tojal e Silva, Clcrigo Regular (2).

Desconhecemos os Estatutos, que uni contemporâneo informa compreen-


derem vinte e dois «preceitos». «Em cada hum dos seus Congressos, havia
aemi>re himia lição de Filosofia Moral, outra de Filologia, assumptos para
dissertaçoens matbematicas, phisicas, moraes; e criticas, e para versos,
questoens sobre a lingua Portngueza, e hum extracto das notídas Hilárias da
Europa». Este enunciado, feito por pessoa que até sabe o dia da primeira
reunião — 26 de Maio de 1717 — parece ser decalcado nos próprios Esta-
tutos postos cm prática. As sessões efectua\ ani-se às quartas-feiras de
tarde, com assistência do Cardeal, Núncio, Embaixadores, «e pessoas mais
illustrese doutas da Corte» (3).
A Academia Militar de Lisboa tem sido esquecida nas Histikias da
cultura portuguesa. E contudo, já na primeira metade do século, era um
seminário de ciência positiva, graças à acção de eximios professores nacionais
c estrangeiros. A 25 de Março de 1729, por exemplo, peregrinavam os
alunos até ao mar, na companhia de Senhor de Pomeraie, «que lê na mesma
Academia a arte das maquinas bélicas e náuticas», alim de repetirem a
«notável aq>eriencia do que tinha explicado o ano passado, a sabo*, que
hum corpo côncavo de qualquer metal ou matéria dura, sendo bem fechada
por toda a quebra a
parte, certa altura ddMÚxo da água, cousa que atégora
nam tratou nenhum autor antigo nem moderno» (4).
Um outro Professor, Manuel de Azevedo l ortcs. merece referencia
mais desenvolvida. Por muito tempo viveu em França e na Itália, contac-
tando com a literatura filosófica e cientifica desses Países. Por isso, nos
seus escritos peipassa um sopro renovador, que muito contribuhi para o
«mhectmento efectivo da mentalidade europeia, quer na Academia Militar
quer na Academia do 4." Conde da Ericeira (5). Em 1728 publicou as posti-
las das suas liçOes na Academia Militar, nos dois grossos volumes que inti-

(1) Histórk. I, ISS.

(2) O.
(3) Ano, n, 126.
(4)G., 14-IV-m
(9 Man.

Copyrighted material
— 68 —
tulou o Engenheiro Português i...)OhTSí moderna e de grande utilidade pan
08 Engenheiros e mais Oficiais nilitaies. O
de Acta ErudUonm critico

de lipiia acentuou que o autor soube escolher as partes mais úteb da Nfste-
mática — Geometria e Arquitectura Militar — tratando-as com luddsK.
Sobre a Trigonometria rectilínea que acrescentou em apSndio^ O mesmo
critico afirmou que ó clura e concisa.
Tambcm na Academia de História Portuguesa se lhe reconheciam os
mdritos. Por isso, de levantar a carta geral do Reino,
foi eocarretiido
juntamente com o Msauel de Cantos.
P.
Identificaiido o mérito próprio com a sabedoria dos discípulos, saiu
em 1733 com um volume de 271 páginas, a zurzir o atrevimento de António
do Couto de Castelo Branco: Evidencia Apologética e Critica sobre o primeyro
e scí;un<l<> tomo tias Memórias Militares, pelos praticantes da Academia

Militar desta Corte (...)• Leam todos para evitarem os erros que tem
introduzido a ignarfincia (...>. Mais adiante vdtaremoe a encoiitrá>lo
com outra obra de nítido saber cartesiano.
A «Aula Académica» do «filósofo inglez» Luis Baden tem qualquer
coisa que se assemelha às Academias científicas da cpoca, visto que, tanto
clu como as outras, constituem ensino fora das escolas, naturalmente desti-

nado a adultos de qualquer categoria e graus académicos. Prometia dar,


em trinta sessões, um curso de Filosofia Experimental, com uma aula por
semana, às s^mndaa-ftiraa para os Fidalgos da Corte, a qual seda repetida
às quartafr-feÍFBs para estrangeiros, e de novo às seadas-feiras para toda a
gente. Sete meies e meio eram pmdsoB para concluir toda a matéria, qne
um folhcto-prospecto(l) dividia em mecânica, hidrostática, pneumática,
óptica e metalúrgica.
A orientação licou bem delinida desde a primeira hora, pelo marcado
experimentalismo dos títulos e dos instmnMitos, pelos mentores que Baden
se propôs seguir— Boyle e Newton — e pdo desprezo das questOes metap
físicas e de tudo que transcendesse a matéria. Se veio directamente da
Inglaterra, com o propósito de dar as ligOet, é certo que nSo trouxe todos

(1) TIm SUfgido dúvidas e desencontradas interpretações, a respeito do autor do


folheto dc propaeanda que o Prof. Joaquim de Carvalho publicou na íntegra em Boletim
da Biblioteca da Univ. de Coimbra, XX. Coimbra, 1951, pág. 173 e ss. O P. Pereira
Gomaa, «m Com., 147, k de parecer que os fiiOietoi, Gom tftido eemelhaiite. atriboidos a
Baden e a Víontcrroio, s3o uma só obra, dsanlociado Último. Sobre o autor, não podemos
deixar de advertir que Monterroio, director da Gateta. referindo-se a Badea, escreveu:
«Cknno se pode ver na jwi noticia impcein» (O.. 18-X-725). Ofcctodeo&llwtoaedia*
tríbuir gratuitamente a qoem coniirasse as Gazetas, denuncia relações entre os dois fUpritfWu
oio necessàríamente de autoria, mas tipográficas ou de editor. Concofdamos, poie^ que
ae trata de propaganda redigida e paga pelo interessado.

Copyrighted material
os instrumentos de que precisava, inclinando-nos por isso, para a hipótese
de se tratar de mais um de tantos ingleses que estadonavam em Portugal,
por motivot de interesse putÍGiilar.
Na fábrica de vidros de Coina, de que era superintendente José Bóreas
de Araújo, de que nos ocuparemos noutro capítulo mais adiante, mandou
o inglês fabricar um tubo dc quarenta pés, «composto de peças que se encai-
xassem», alim de poder repelir a experiência de Torricelli. Outros apetrechos
e inttrumentoe mandoiMS vir de h^aterra e, por nflo temn chegado a
tempo, devido a ten^estade no mar, a aula nSo começou no dia marcado
no folheto e na Oazeta de 18 de Outubro de 1725, mas sim a 17 de Maio do
ano seguinte. Por razões que desconhecemos, a aula que teve inicio numa
sexta-feira, continuou «nas sestas feiras do anno pelas quatro horas da tarde,
até se acabar todo o curso das expericnciiis !ialur;ics». Com(> foi anunciada
«qMtra todas as pessoas» (1 ), quer-nos parecer que nào chegaram u realizar-se

os cursos da Nobreza e o dos estrangeiros. Sabemos de um Frade que


frequentou as aulas de Baden — oP.Dr. Fr. Pedro José Esteves
Eternos (2).
notícia de que a Academia não durou muito tempo, nio só por meio do
Cardeal Saraiva, que no século XDC escreveu que tiveram «pouca conse-
quência» (3), mas por um contemporâneo, Bóreas de Araújo, que deixou
esta frase cáustica : «Fez as experiências como em tabla dc ligeireza de maos».
Baden animciou as lições gratuitas. Bóreas, porém, informa qiie o
in^6s «determinou casa para ditar filosofia experimental por jneços
taixados» (4). Talvez que no choque da otmtradiçlo destas notícias resida
o fracasso das lições. «Foram deqxrezadas, desapareceu o estrangeiro»
-—elucida ainda Bóreas de Araújo.
Com efeito, tornava-se necessário que «toda a pessoa que se quizer
applicar a este estudo» falasse primeiro com Luis Baden, «c se lhe dará bilhete
para ser admitida, o que se há-de observar em todas as postilBS do corso» (5).
O Ulhete nio aigue neoessàriamente o pagamento das lições, mas faz suspeitar
que de Como quer que fosse, o que mais importa
fiuto assim acontecesse.
fixar, é o contributo (apesar de pequeno em resultados imediatos), que pode
ter trazido Baden à cultura portuguesa, chamando a atenção para um género

de estudos que nào estavam \ ulgarizados entre nós. Por outro lado convém
não esquecer que as lições de Baden, por poucas que lenham sidu, marcam
o inido do contacto dos estudiosos portugueses com as ideias de Roberto

(1) G, 9-V-726.
(2) Le. 178.
(3) Ob.. X, 293.
(4) Dis, II, 304.
(5) G, 5-V-726.
— 70—
Boyle e Isaac Newton, que a partir de então acompanhaiam as correntes
cartesiuia e atomista. Mendonça de Pina e Proença, Jacob de Outro
Sarmoito, os disdinilos de Moniavá y Roca, Manud de Azevedo Fortes
e mesmo outros Académicos da Academia Portuguesa, e todos os mais,
vieram anos depois, com o mesmo espírito anti-metafísico. a mesma confiança
na experiência cientifica, no geometrismo da matemática e na firmeza do
bisturi.

O catalão Monravá y Roca teve certa influência no rumo da Filosofia


portuguesa, que ainda nlo foi acentuado. Ensinava Anatomia no Hoq^tal
Real de Lisboa, havia quatro anos, quando em 1725 puUioou um Brtm
curso de nueva CirurgUi, continuando em anos seguintes a definir bem a sua
posiçílo. com obras como Antigitedad y Ribera opugnados (1729). Em 1732,
porem, viu-se compelido à aposentação, cm beneficio do italiano Bernardo
Santucci(l). Começou cnt^o a lulu que, á parte dcsliscs c injustiças, só
aorviu pan a daase médica portuguesa.
áetpetttt
Monravá y Roca instituíra vana. Academia das Quatro Sdéncias Medi- —
cina, Fisíca, Cirurgia e Anatomia — no Hospital Real de Todos-os-Santos,
de que publicou teses em 1732(2). Ofereceu o votiune — Académicas
Oraçõens phisico-anatomico-medico-cirurgicas, em que praticaram os mais
eruditos da nova Academia das quatro Sciencias para a conxerçum do errado
lastimoso povo apolino — «ao máximo e excelso medico P. Dr. Francisco
Xavier Leitam», «Presbítero, Doctor en Medicina, Médico-actuarío de la
Real Camera de las Lusitanas Msgestades; e de la dd Ihistrisstmo y Reve-
rendissimo Seiior Patriarcha». Monravá festejava o «dngeniosissimo talento
que la Magestad Divina franqueo a Vm. se hallan, con admiracion commun,
recopiladas Ias antiguas y modernas Ooctrinas que con tanto desvelo dieron
a luz Pliilosoplios y Médicos».
Nunca a dedicatória foi mais necessária, e Santucci bem a compreendeu.
A 17 de Julho desse ano de 1732 anunciava na Gazeta de Ud>oa que fizera
a sua prefação a sele desse mês, a nove a primeira lição demonstrativa e
a onze a segunda com grande concurso de Professores das Artes e de «bum
grande numero de curiozos». Mas o volume de Monravá era esmagador.
Embora cm mau português, as lições haviam sido dadas no nosso idioma,
segundo a divisào da Academia. Medicina: Contemplativa ut plus homo
vivat; fídsiea: sdre per causas; Cirurgia: partire partem ut totum remaneat;
Anatomia: divisio ut oognoscatur.
Cada ahmo tomara um tema e desenvolverapo i luz da sabedoria do

(1) Decreto de IS de Fevereiro de 1732, publicado em Es, 119.


(2) Que a Academia cn difisnote das «ulas cm que tinha a Cátedn, prova^ce por
um trecho do Br, I, 10.

Copyrighted material
Monravá Rocca, segundo gravura publicada
Dr. y
numa das suas obras.

laterial
Lição dc Anatomia na Academia
das Quatro Ciências, do Dr. (Víonravá
Mestre. Este começava sempre a Física «pela instrucçâo de ensinar o modo
de argumentar na forma sHogistica»» e por isso começava o volume com
breves regras de Lógica qne seriam como que a postíla do curso. DefKÚs,
os ahmos dissertavam sobre as quatro dSndas académicas. Na Física,
a primeira oraçilo, de Manuel de Sena, provou «que nào ha elementos no
Mundo», arguindo «contra todos», «contra os Pehpatéticos», «contra os
Chimicos» e «contra os Cartesianos».
Manuel dos Santos Ferreira ocupou-se dos princípios do ente natural,
reftitando a definição anstotâica e defendendo que os prindipios consti-
tutivos e essenciais dos corpos naturais sSo matéria, forma e movimmto.
Deíine-se bem a matéria por substância extensível —
diz o aluno, eivado
de influência cartesiana. Rejeita a matéria prima e a forma substancial.
Para ele, forma é aquilo que determina a matéria a certa espécie de ente
físico. Ou «Razam ou quididade ou cxtcnçam da muicna cm
melhor:
suas partes». «Donde se infere que a forma phisica dos entes naturais,
melhor que de outra nnneira, se eaqplica pela natureza do mesmo corpo;
e assim devemos instituir à forma, na mole, figura, sitio, movimento e quie>

taçam das partículas do mesmo corpo; das quaes cousas manifestamente


se deduz em varias propriedades dos corpos».
E conclui triunfal: «Esta be a verdadeyra forma total ou totalidade
da entidade da cousa». Aclarando ainda mais o seu pensamento, acres-
centa por fim: «De tudo isto que liemos dedando que a forma substancial
outra cousa nio he que huma rehçam, hum concepto, huma hàMtude das
partes ou huma modificaçam delias». Eram as doutrinas vigentes entre
os Gassendistas e Cartesianos que, como se vê, não entraram muito tarde
em Portugal.
Manuel da Rocha e Oliveira faluu das qualidades ou acidentes cm comum,
definindo addoite «himui certa disposição ou contestura das partículas da
substftnda, que constituem as partes sensíveis, pela qual o corpo se pode
duunar quak». O Mestre ensinara que nlo passava de «huma certa dis-
posição da substância, qne dimana da sua mesma natureza».
As consequências eram as mesmas: Os acidentes não se distinguem
da substância; nào são outra coisa que vários modos da substância ou modi-
ficações dela; os acidentes eucarísticos nào são de fé nem o ensino, tanto
dos FUéscrfbs como dos Teólogos, pertence à essâMta ou circunstfinda alguma
do Santfasimo Sacramento, podoido-se conceber sem de a Eucaristia;
as qualidades sensíveis nSo sio acidentes dos corpos, mas sim do entendi-
mento, «a quem verdadeyramente pertencem»; as quatro qualidades pti>
meiras não são primeiras».
Paulo Teixeira desenvolveu este último tema das quatro qualidades
(cálida, fria, húmida e seca). Sem rebuço afirmou categòrícamente que
— 72—
«tomadas nuas desde a sua natividade carecem de toda realidade». «Nto
pono aturar aos Médicos — dxc com autoridade — que dividem ao calor
(e outras qualidades) em acto e em potência, porque o calor em potência
he como hum fogo frío e hum que não tem comer».
jantar
Em Biologia, Damião da Ceita demonstrou que o animal se deve definir
«cousa organizada natural, de liquidos e sólidos». Fala de «maquinas ou
animaes», sem se pronunciar absolutamente cartesiano. No entanto, sustenta
q\ie as bestas não têm alma, porque a que os adversários imaginam, é supér-

flua? A próiffia estrutura das bestas, «só em tal e tal modo modificada,
he t> principio de essas funçoens».
As restantes orações (6.* a 10.*) versam sobre medicina e cirurgia.

Manuel Álvares da Silva Branco tratou das guerras dos Médicos; Manuel
Fernandes, da enfermidade; Miguel Gonçalves, das três quimeras dos Médicos;
Manuel Gonçalves, dos cinco desenganos, e Amónio Rodrigues dos Santos,
da Cirurgia.
Estes temas já haviam sido tomados p<Hr Fqjó e de fecto Mouravá não
esconde a sua afeição pelo autor do Thcatro Critia> Universal, numa outra
publicação desse mesmo ano de 32: A un nUsmo tiempo Feijoo defendido
y Ribera convencido, en abatimiento dc la Medicina de Hipócrates y Galeno,
para desengano de los no-poco entendidos, Espanoles y Portugueses, sobre
Escucla Medica, un de los 25.
A obra ora dedicada ao Secnt^o de Estado, Diogo de Mendonca Corte-
-Real(l), queo Anatomista catalão confessa ter sido o seu i»otector dianle
do Rei português, ao chegar à Corte, grangeando assim o título de Cat^
drático de Anatomia do Real Hospital de Todos-os-Santos. Ao mesmo
favor devia o ser jubilado e. ao mesmo tempo, supcr-estantc das obras
manuais de Anatomia, com as mesmas honras, «emolumentos» e prerroga-
tivas. Não nos interessando acompanhar o autor no terreiro da luta, aludi-
remos apenas ao caso de um enorme cancro na boca de um pobre doente,
cuja operação uma juntado CunngiOes —
Leote, Delviso, Santucci e Monnvá,
que discordou —
julgou poder vir a ser causa da morte do paciente. Opcrou-o
Monravá e o êxito foi absoluto, porque o seu «bistoririo anatómico» sabia
O que fazia. Podem-se apreciar outros casos no tomo do Breve Curso

(1) Secretário de Estado de 1707-36, Talecido com 78 anos de idade, a 9 do Maio


deste último ano. Em 1731 escrevia a Jacob dc Castro Sarmento, pedindo-lhe a remesia
dos melhores livros de história natural para instrução do filho, que pretendia escrever a
História Natural
tário de Estado, já
do Brasil. O filho tinha o nome do M
e, oomo ele, toiMm foi 8eao>
nomeado por D. José, em 1730^ aleinçaiido por fim o trágico dMtino
dos que caiam em desgraça de Pombal.

Copyrighted material
— 73 —
de nueva Cirurgia {l). As ideias do Mestre haviam sido divulgadas neste
vcdume, no ano de 1725, d^is db expostas «en dicha Academia con nuevas
doctrinas, derivadas de mievos princípios physicos». Além do que se
depreende das exposições dos discípulos, convém sublinhar o rumo ilumi-
nista que Monravá seguia, com nítida indinaçao para o mecanicismo apli*
cado à Medicina.
«Son inutiles las fuerças —
ensina o Professor —
donde faltan las Luzes,
y non sobran donde son necessários los adertos». E mais adiante
las Luzes,

sustenta que «curar solo, por preoqptos de Híppocrates y Avicena, es curar


no por lo que a la Razon se ddie, sino por lo que a Ia dega anthoridad gentí-
lica mide y pesa la ignoranda». Em tom de convicto iluminado, prodap
mava com energia, como se estivesse na cátedra: «Dcshagan los médicos
a los cuerpos. Reconoscan sus vasos, obsencn la distribución de partes,
contemplen y preponderen sus mixtos, noten las arcanas vias (...))>.
Francisco Xavier Leitão acentua que Monravá se serve dos qnindpios
sobre que hoje discone a Medicina e Cirurgia moderna, que atéqui saUflo
poucos».
Na Oradon Medico-tmatomlea que al Excelentíssimo Senor Conde de
Atouguia dedicou no Acto público ou Conclusões que em 1725 defendeu
Manuel Henriques Coutinho, na igreja do Hospital (2). Monravá reafirmou
os princípios da sua Filosofia médica, sobre que assentava a sua Cirurgia:
Todas as cousas se compfiem de matéria, forma e movimento. Com este
«modo de filosc^ur», «no necessito de la fixion de k» quatro dementos de
los Feripateticos; ni de otros que fingen los Chymicos y Cartesianos, ni de
las quatro qualidades de los galenistas, ni de los quatro temperamentos
de los vulgares médicos». Averiguava a matéria «hasta los átomos e inscn-
sibles particulas de las cosas naturales», para depois entrar na Anatomia,
Cirurgia e Medicina.
A par destes médicos estrangeiros, floresceram alguns portugueses,
membros de Academias literárias ou Sociedades dentfficas, que Impcnta

memorar. O douto Francisco Xavier LeitSo, considerado por Migud


Pcdagachc como um dos primeiros que trouxeram a Filosofia moderna a
Portugal (3), viajou largamente pela Europa e, mais do que isso, estudou

(1) Gosta Surtos, referindo-fe a várias opeiaçOet anatâmlcat, escravos icApessr


de tantos defcitcs, (ionionstrava ccintiuto Mtmravá uma orientação nova na investigaçio
com a qual procurava levantar o nível do ensino da Cirurgia» (Es, 101).
scientiiica

(2) A El-Rey N. S. D. Joio V, as Ptiysicas, Medicas, Aiurtomicu, Cinirglas Gon-


dusoens o Dr. António Monravá y Roca que as patrocina c Manuel Ifenriiiws Oouti-
nho (...) as defende. 2 fasdculos: o 1—
Dos proemiaes; 2 Da Anatomia, —
(3) Cart. 181-182.

Copyrighted material
— 74 —
Medicina em Universidades dos países por onde andou, depois de sair da
Companhia de Jesus. Em 1707 acompanhou o Marquês de Alegrete i
Corte de Áustria. «No giro que fez por Londres, Holanda e Alemanha se
ínstruio com
a comunicação dos mayorcs sábios da sua profissão, que admi-
rados respeitavão a profundidade do talento c subtileza do juizo com que
falava e discorria em varias matérias scicntiticas» ( 1
). Monravá y Roca
festeja-lhe a sabedoria, obtida «gracias a la practica que desde los rudimentos,

aprendiste de las Estrangeras Universidades, en Itália, en Alemania, en Francia,


por quienes te coniumasles en mestras modernas doctrinas» (2).
A pedido de clfnico de Sabóia ledighi uma dissertaçio sobre a origem
das febres purpúreas e das que foram desconhecidas dos médicos antigos.
Em Paris fez uma visita aos jardins das Pli ntas Medicinais cultivadas pelos
Botânicos. Em 1721 seguiu para Roma, na companhia do Cardeal da
Cunha, onde, no Barbosa Machado, contraiu amizade com os
dizer de
médicos romanos e com
da Corte de Turim.
os
O que temos lido bastava para avaliar o Índice da cultura moderna
do quase ignorado Xavier Leitlo. Os dogios mútuos deste e de Monravá,
mais que da ciicunstlacia em que foram escritos, são filhos naturais da mesma
orientação mecanicista que ambos seguiam. Só, porém, a análise de suas
obras, por exemplo, as Observações e Consultas Médicas t o De Morhis
et Medicina Principum que intentava escrever, nos poderiam fornecer o
gráfico de sua sabedoria estritamente filosófica. Mas, quem conhece o
paradeiro dos manuscrítot? Barbosa Machado não se esqueceu de obviar,
em parte, a esse desaire, informando: «Ainda que sempre venerou o enge-
nhoso artificio da dialéctica de Aristóteles, foi acérrimo sequaz da filosofia
de Renato Descartes, em cujo sistema descobriu sólidos princípios para a
medicina que professava». Xavier Leitão finou-se a 13 de Dezembro de 1739.
Este olhar franco para as ciências de observação fora sempre fomen-
tado pdo próprio Mimarca, que já em 1714 aproveítoa o cientista firancês

Merveilleux, que aportara a Lisboa, vmdo de lalsâiri», tendo-o encarr^ado


de escrever a história natural do Reino. O naturalista percorreu longamente
diversas províncias e voltou a Lisboa a 19 de Junho de 1724. Onde pararão
as «diversas memorias sobre a historia natural de Portugal» que entSo entregou
ao Monarca? (3) E fomentava, porque ele próprio se deixara imbuir do novo
espirito, conforme refere um contemporâneo: «Conservava aquele Príncipe
no seu Palacio hum riquíssimo Muzeu composto de ricas e maravílhozas

(1) Bi.n.
(2) Br. 33.
(3) Ver Su, 18 e Q, V, g. CCXUU.

Copyrighted material
— 75 —
produções dos tiês Reinos da Natureza, possuhido entre todas as belezas,
hiim diamante de graadflsa e valo^iplé catio nunca visto (.^^
laria, alem de innumeravris variedades de amirales, tinha o mais rico almi^
rante que se conheda (...)». Tudo, porém, foi devorado pdo tervnnoto
de 1755 (1).

Antes de 1730 também o Monarca mandara consultar Castro Sarmento,


sobre o mcxlo de reformar a medicina, como tunta vez se tem escrito. Foi
astini que em Portugal mtrou parte do Novum Organon de Ftamciioo Bacon,
traduzido em vernáculo C2)* Por esse tempo procurou «estabdeoerse com
a protecção do Senhor Infante D. Antonio huma Academia das Sdencias
e Artes»(3). Nada mais se sabe a este respeito, mas a intenção serve ao
menos como contribuição para se delinear a ^poca como regularmente batida
pelos ventos da renovação cientifica.
Parte destas actividades não podiam, porém, ser do conhecimento do
jovem estudante da Universidade de Évora, não obstante passar grandes
temporadas em Lisboa. Contudo, na própria Universidade, se porventura
era facultada aos licenciandos, ou se não, cm qualquer Biblioteca ou Livreiro,
podia ele, no último ano do curso filosófico, ler as páginas da Historioln^ia
Médica, consagradas aos Filósofos modernos. Descartes, Gassendi, Leibnitz
e, de uma maneira geral, aos mecanicistas (4).

A de Martinho de Mendonça de Pina e Proença, publicada na


carta
mesma obra(S), abriaplhe oertamente novos horizontes à sua avidez de
conhecer o que se escrevia no estrangeiro. Mais do que isso, talvez o
incitasse à maiavilhosa aventura de calcorrear os mesmos sítios por onde
Proença andou, na esperança de também ele, que tanto anseava desde a
infância, contactar com pessoas doutas, poder avistar-se com Wolf e S*Gra-
vesande (6). No livrinho do mesmo autor — Apontamentos para a educação
de um menino — era^he fXcQ em fins éo
1734, o que Pina e Proença
ler,

disse de Locke: «sendo de profisdU) médico, esoeveo doutamente sobre

(1) Di, 9.

(2) Nào conseguimos lobrigar as folhas que Sarmento terá enviado. Ver sobre
o assiinto, Comp. 35'); História. I, 187; Ja, 15 c 16-17, em que Augusto Esaguy publica
o rosto das Propoziçoeiís para imprimir as Obras Fhilozophieas de Francisco Bacon, sem
nada acrescentar de novo, pois ae limita a dtar um tndio de autor que ae filia no Cam.
pêndio Histórico: H, IH, 6; Eoa, 32 nota, em que Joaquim de Ouvalho reproduzo «Am-
liminar»; P, 169.
(3) Dia, 79.
(4) Historio.
(5) Divulgamo-la em Filos, i.

(6) Port. 402 e Fiks, I.

Copyrighted material
— 76 —
a educação dos meninos» (1). O nome do Filósofo inglês aparece quatro
vexes dtado, mas a sua orientação informa páginas tefpàáu dos ApoU'
tamattíts.
Não custa a de Proença tenha uma grande quota
crer que este livrinho
Aqui estava um autor viajado que lhe
parte de culpa na saída de Vernci.
desvendava o mundo de novidades que ele anelava conhecer. Sem peias
nu lingua nem temores no coração, Pina e Proença íizcra aiirmaçõcs graves

contra o ensino vigente, aoonsdliando os nobres a nio mandarem os filhos

às escolas ofidats Çt).

líTodoÊ reoonheoem as dificuldades do nwúiodo comum de ensinar a


Ungua latina; he a menos considerável ^prender os Rudimentos da Onni-
matica em idioma que totalmente se ignora, e cujos termos, que parecem
absurdos, enigmáticos, sào difíicultosos de imprimir e conservar na memoria».
«Quanto à Rhciunca, como vugarmente se aprende, nos parece menos neces-
sária que a Gramática, c quase inúteis as suas r^rss» Combatam-ae ca
tropos, imitando Demóstenes, «todo simfdes e convincente» (3).
Ele conhece «o verdadeiro modo de ensinai», «o melhor modo de ensinai»
e acha que «muito que o Mestre, alem da lingua latina, soubesse
util seria

o grego e as principais da Europa, Geografia, Cronologia e Historia, Ciências


Matemáticas, Direito Publico, Filosofia, e ensinasse estas disciplinas «nos
muitos aunos que se gastão em aprender Latim» (4).

Outro ineceito de Proença é que se deve «aprender a nossa Gramática,


folar bem a nossa lingua». Para o estudo da história e da Geografia enge
mapas, globos cclestres e terrestres, esfera armilar e algum mapa celeste,
apontando bibliografia a propósito (S).
A Filosofia que quer que se ensine, está longe de ser a comum das
Escolas. O critério da utilidade, tão vincado nos intelectuais da época,
leva-o a garantir que a observação da natiueza dispensa a Metafísica Escolás-
tica,taxando igualmente de abuso a definiçio de «ideas oa noçflcs simples
ou inoonqdexas, tempo, lugar, movimento, côr, sabor, dureza e outras cousas
semilhantea, que se fazem manifestas a todos pelos sentidos». «A melhor
Lógica para dirigir e aperfeiçoar a imaginaçSo e entendimento c o melhor
órgão e instnin.cnto de que este usa para descubrir a verdade» — «he a
Arithmetica...» (6j.

(1) Ap. 3.

(2) Ap. 137.


(3) Ap, 282.
(4) Ap, 270.
(5) Ap, 302-5.
(6) Ap, 238, 311.

Copyrlghted material
Referíndo-se à Geometria, sublinha que elu indaga e consegue «por
meyo do methodo gpometrico, flia usando de termo nenhum ou noção
que dafamente se nSo pacd» e nlo suppondo verdadeira proposição alguma,
se nflo aqueUas que pela simples peroepçflo dos termos, sio evidentes ou
com antecedente demonstração ficão indubitáveis».
Este nítido espírito geométrico, esta fé imperturbável no critério da
ideia clara e distinta, leva-o a preceituar os estudos da Trigonomclria c da
Álgebra, passando dai à mecânica, óptica e astronomia. Depois— «se não
parecer supérfluo, Kvre de inconvenientes», poderia seguir-se «o estudo da
Lógica». «Se o fim desta consiste em discorrer e julgar com acerto, melhor
se coasçguiiá com o methodo mafhematieo que com as Summulas dialéc-
ticas, cujo fim parece que he huma pertinácia na disputa, que não busca

a verdade para a conhecer e gozar delia; mas só a sofistica gloria de perpetuar


argumentos c respostas com distinções frívolas e termos capciosos, que
inventou a soberba para ocultar a própria ignorância». Inútil para a maior
parte do género humano que a desconhece, como para resolver «com acerto
nos gabinetes dos soberanos e nas tendas doa Generaes as mayores diffi*

cuidadas» (1).

Não aconselha a Lógica de Wolf, por difusa. Tem pouca estima pela
Física, sem se saber determinar, no meio do tumultuoso mar de opiniões
desencontradas e de explicações pouco seguras. «Confesso que. exceptuando
a parte histórica, não vejo na Física cousa que mereça o estudo de duas
horas, nem me atreva a aconsdhar com preferencia» (2).
livro cuja lição
Vemei de bom grado, todas estas afirmaçfies de Mendonça
assinava,
de Pina e Proença e, ao Id-hw, fez certamente propósito de se lançar na dura
empresa de oferecer à NaçSo, um método universal que fosse útil, nos moldes
do ensino preconizado por quem havia transposto as fronteiras, e visitado
as terras onde se anichavam os sábios. Não sabemos, porém, se as leu e,
por isso, não é lícito contar como real, uma hipótese sem possível con-
firmação.
Um outro nome que Pbdagadie aponta aos sócios do Jornal Estrangeiro,
como dos primeiros modernizantes, é o famigerado Alexandre de Gusmão,
Secretário particular dc D. João V, depois dc haver residido cm Paris, nos
anos de 1715-19, como Secretário do Embaixador Conde da Ribeira Grande,
e em Roma, de 1721 a 28, na qualidade de Agente, durante a Enviatura de
Pedro da Mota e Silva (3). Tal como Xavier Leitão, também Alexandre

(1) A|K316-m
(2) Ap, 333.
O) Ar, 104.
—78 —

de Gusmão não deixou obra capaz de nos confirmar o elogio que se despega
da noitfda de Pedagache, uma vez qiie a autoria do Vvdadebro Método
de Estudar, que Vemei inaiima pertenoer-Ihe, oomo veremos adiaiite, nio se
pode, de forma alguma, mntentar. Recorremos igualmente ao seu contem-
porâneo, o Abade de Sever, que revelará os elementos indispensáveis.
Trata-sc de um J idalgo, Cavaleiro professo da Ordem de Cristo, que
«mereceu as estimações dos mais eruditos da Europa, não somente pela
judiciosa industria com que concluía os negócios mais difíceis, mas pela
sdenda das línguas mais polidas da Eurtq», vasta noticia, assim da historia
sagrada e profana como das discqilinas matemáticas e «qpaiendas fisícas,
em que era sumamente versado».
Por outro lado, rebentara, muito perto de nós. na vizinha Espanha,
uma autêntica revolução nos meios intelectiuiis. provocada por um Frade
Beneditino, com uma série de volumes, rotulados com o ambicioso título

de Teatro Critico Utmeraal. Em mais de uma


Vemei há-de
oportunidade,
manifestar desagrado pda obra de Bento Feuó. Kfos isso não impeát que
já então não pudesse aprovar a atitude critica do censor irreverente de vdhas
instituições e o seu e^frito aberto às inovaçOes das ciências e do progresso.
Neste sentido. Feijó como Pina e Proença, era perfeitamente seu irmão
de feitio e de génio semelhante.
O nosso contacto com o erudito beneditino galego manifestou-se, pela
imprensa, ao passo que as suas obras iam surgindo. O primeiro volume
do TeMro critico é de 1726 e o sq;undo, de 1728. No ano intermédio,
Martinho de Mendonça de Pina e Proença, publicoii em Madrid, com o
pseudónimo de Ernesto Frayer, o Discurso philologico-crifico sobre el Coro-
lário de! Discurso XI dei Theatro Critico Universal. O franciscano Pedro
Jose Esteves, em 1730, dava-o a conhecer nas aulas da sua Ordem, e é natural
que o seu nome não fosse ignorado nos cursos filosóficos dos outros Insti-

tutos Religiosos. No ano de 1732, o médico alentejano Anselmo Caetano


Munhoz de Abreu Gusmão e Castdo Branco editou o primdro volume
SQIuido do segundo no ano seguinte, da Ennea ou Apptteaçõo do entendi-
mento sobre a pedra philosophal, provada e defendida com os mesmos argu-
mentos com que os RR. PP. Athanasio Kircker no seu Mundo Subterrâneo
e Fr. Bento Hieronymo Feyjó no seu Theatro Critico, concedendo a possibi-
lidade, negão e impugnão a existência deste raro e grande mysterio da Arte
Magna, O titulo é um programa e ao nosso intento não interessa falar
mais desta obra.
Vnmei deve ter folheado Feijó antes de sair do Reino, pois ele pró[nio
revela, no Verdadeiro Método de Estudar, isto é. cerca de 1744 ou 45, que

o lera havia mais de doze anos, ou seja, pelos anos de 1732 ou 33. Terá
ele igtialmente devorado com interesse o Tratado de la eleccion y matado

Copyrighted material
I

— 79 —
de los estúdios, escrito en lengua francesa, por Monsieur Cláudio Fleuri, tra-

duzido em castdhano por Don Mpauel de Vill^as y Piii%tdi e editado em


Madrid, no ano de 1717?
A par de obras espanholas circulavam também livros fíranceses e italianos»
nos originais ou em traduções para português. Havia muito que estas
línguas SC ensinavam em Portugal. F'ora em 1671 que l). António Álvares
da Cunha patenteara «a todos na Portugucza», a Escola das Verdades
dttrta aos Prínc^es na língua itatíana. Era Yemei pequenino, leccionava
um Mestre parisiense, de nome MOeneuve, a sua língua em plena Lisboa,
admitindo na aula, adultos como crianças. Viera de Plsris, pròpriamente
«para introduzir a incógnita e utílissima arte de ftmdír e gravar as matrizes
c punçõens», para com esses tipos se imprimir a história escrita pelos Aca-
démicos (1). Mas por cá se deixou ficar longos anos. leccionando o seu
idioma em Alem do idioma parisiense, talava o
Lisboa e na Província.
latim, o alemio, o italiano, o castdhano e o português. A 31 de Agosto
de 1715 anundava-se a sua diegada «às pessoas curiosas da língua Francesa»,
convidando-as a experimentar «hum método muito facíl para ensinar em
pouco tempo a toda a sorte de pessoas». Em Fevereiro do ano seguinte
estabelecia-se que por duas patacas por mes, daria um curso de quatro meses
na «escola publica - que ia abrir «em sua Caza na rua dos Condes». Leccio-
nou também em «aula publica», na casa Ue Caetano de Mello, na rua da
Ametada e em casa de João Pedro Soares, na Cotovia, das 6 da tarde às 8,
à razio de «m^
moeda de ouro por mez cada pessoa».
Na rua de JoSo Brás, ao Poço Novo, leccionava outro parisiense, de
apelido L'Étang. Um terceiro, que se propunha ensinar senhoras e toda

a gente que não soubesse latim, vivia na rua das Flores c estava decidido

a explicar em quinze dias, as oito partes da oração e sua concordância (2).

Em 1710 publicara D. Luis Caetano de Lima a primeira edição da sua


GramnuUia» fíranceza cu Arte para qpprender o Frmcez, por meyo da Hi^ua
portvgueza, r^idada pelas notas eri^^exõens da Aaidenda de Firança. Foireim-
ivessaem na Oficina da Congregação do Oratório e de novo em 1756(2).
1733,
A permanência do autor em Paris. Inglaterra e Holanda, em que foi falando
quase só o francês, deu-lhe o domínio da língua, c pcriniliu-lhe verificar que
com ela se facilitava «o estudo das Ciências e Artes liberaes». Lera Racine,
Boyleau, Fontandle, La Bruyere. Compulsara o Dktíoiuuúre de PAcademie
Flrançaiae, na ediçio de 1718 e sentia*se à vontade para criticar a Arte das
Lb^im fianceza e portt^ueza, aparecida em 1700, aa oficina de Miguel

(1) Priin. e Prova.

(2) Ver Joií. 1769, p:íg- 126, onde se diz que cstava i veoda «m Paris, no
Livreiro Cavclier, Rua dc S. Jacqucs, au Lys d'Or.

Copyrighted material
— 80 —
Dedandes e o Essai de la Gnmmutírt Portugaise et Françoise enfen
eeux qul Saduails la Ftaiçtíae, vnifenl af^rtnáte la Portugfáset inqMressa
em 1705.
No ano s^vinte de 1734 editou uma Grammatico italiana e Arte para
apprender o italiano por meyo da lingua portu^ueza. Entre a bibliografia
que cita, referiremos apenas o Vocabulário dci^li Acadeniici delia Crusca,
a Chiave delia toscana pronuiisia de Bernardino Anibroggi, a Pratiica e compen-
Hoaa ittmaloiie dMi Ibigua itaHma, por Benedetto Dogacd (Venigia, 1720),
a Otrtogirafia moderna iudkma per uso dd Seminário di Fadova (1721) e a
Prosódia iuúUma, por Pladdo Spadafora (Veneza, 1717).
Em 1738 o Marquês de Valença registava a prática vulgarizada entre
os «mínimos fidalgos», de aprenderem a língua francesa antes da latina (1).

Não fora em vão que Martinho de Pina e Proença lembrara que «a lingua
francesa c ião comum hoje nas Cortes da Europa que deve ter a precedência
entie aa vulgana; e nio deve faltar o seu conhecimento a um menino bem
edncado» (2).
A aprendizagem das linguas vivas em Portugal e a sua prática nas viagens
ao Estrangeiro permitiram um intercâmbio cultural que importa sublinhar.
Os prelos registaram o resultado desse movimento, cm obras originais e
traduções. Os trabalhos históricos foram objecto da maior curiosidade
e de estudo aturado. O espirito crítico desta época, se bem que acentua-
damente iociiodasta, aUmentava ao mesmo tempo o propósito Bio de oonstniir.
FtocedeiMe à pesquisa de documentos pdos Arquivos de todo o Eais, de
igrejas c entidades ofida» e particulares. Escolheram-se e sujeitanun-se
ao fio da critica, se nfio com o rigor e discric&o dos nossos dias, pelo menos
com cuidado e vontade de acertar.
Com Academia Real da História Portuguesa (fundada
esse espírito, a
por Deoeto de 8 de Dezembro de 1720), no ano imediato divulgou uma
lista de autores que se nio deviam seguir em história, por fabulosos. O aca-
démico Eng. Mtanuel de Azevedo Fortes escteveu um livrinho em oitavo,
a que deu o titulo de Modo de fazer as Cartas geogrqfituts € tirar as plan-
tai (1722). Em missão oficial de cartografia partiram para o Brasil
em 1729, os PP. jesuitas Diogo Soares e Domingos Capassi. a qual se prolon-
gou durante dezoito anos. «Foi a primeira expedição geográfica e carto-
gráfica, enviada a qualquer das Américas por uma Nação europeia, com

fins stsiemáticos de Estado, como estudo preparatório para ddimitar a


soberania politica entre os domínios de napOes confinantes» (3).

(1) Vo.9.
(2) Ap, 266-267.
(3) Mi, 123-150.

Copyrighted material
— 81 -
que fôssemos os primeiros a mandar missões den-
Isto nfto significa
tíficas da Europa. Mas tratando-se de um levantamento topográfico
fora
o eocanndo o caso sd) o ponto de vista cientffico, o merecimento do feito
avalia-se pela exactidão das observações, reconhecida por Jaime Corteslo,
e pelo confronto com trabalhos congéneres (1). Rcfcrindo-se aos espanhóis,
anota este escritor: «Mas os seus autores continuam a servir-sc dc obser-

vações de astrónomos franceses, todas mais ou menos antiquadas e de escassa


xdaçlo com a América do Sul, exceptuando as de Condamine, para provaiem
as grandes usurpações dos portugueses» (2).
Não vamos xeoensear as obras impressas. Algumas, porém, serão
objecto de breve apontamento. A já mencionada Gazeta de Lisboa contri-
buiu poderosamente para o conhecimento da geografia e da história contem-
porânea, como aliás se podia observar só pelo pomposo que ostentava
titulo

de Historia Annual Chronoiogica e politica do Mundo e especialmente da


Europa (...).

Em 1734 publicou^ em Lisboa, traduzido do espanhol, um fdheto


intitulado Systana politico da Europa, Dialogo entre hmn Fhmeez e hm
Aleman, sobre as disposiçoens e interesses dos príncipes na presente guerra,
por Mons. Maigne.
D. Luís Caetano de Lima editou em 1734 uma Geografia Histórica de
todos os Estados Soberanos da Europa. Em longa introdução, disserta
sobre o da Geometria e da Esfera, que julga
oonoetto de Geografia e termos
indiqMosáveis para se entender a mat^ia que se pfopfle ensinar. E assim,
trata do eixo e dos poios do mundo, dos círculos da esfera, do equador,
do horizonte, zodíaco, meridiano, coluros, trópicos, círculos polares, do
zénite e do nadir, do apogeu e pcrigcu, dos equinócios e solstícios, dos dois
movimentos principais do céu, dos crepúsculos, da paralaxe, da refracção,
dos planetas, dos cometas, das estrelas, das medidas do tempo, dos ventos, etc.
Os princq»ais sistemas do mundo nio podiam ser esquecidos, em nota
sucinta, como oonvinlia ao carácter dementar da obra: de Ptolomeu, de
Copérnico, de Tico Brahe, de Descartes. No tomo 2, já aparecido em 1736,
Caetano de Lima ocupa-se de Portugal (3). Parece-nos que os dois volumes
têm o mérito de serem o primeiro compendio impresso, com feição didác-
tica, a tratar destes assuntos, facilitando o seu estudo a toda a gente.

(1) Vale a pena ler o enuadado dos m^MS, iriantas e nolfdas qoe ficnram deata
misaao cientifica, em Dio, S97.
(2) Ver em Kfl, notfeiw
das cartas traçadit.
P) Por ser menos conhecida, mencionurcmos, sobre o «ttoato, a Descrípçam
Reyno de Portugal, de Antáoio de OUvein Rvin,
corografica do impran em USboa.
no ano de 1729.
6

Copyrighted material
— 82 —
muito antes do manifesto vemetaao frisar a necessidade de um compên-
dio desses.
QittM no fim de 36 nin ainda o primeiro vdume do Tkeatro Aerolco,
úbeetdarío histórico e Cathalogo das mulheres illustres em Sciencias e Artes
Uheraea, assinado por Damião de Fróis Pcrim. Gaspar da Costa Ferrão
redigiu a ffisíoria Clironolo^ica dos Papas, Emperadores c Rcys, emendada

e accresceniada e continuada alé o anno de 1736. posta à venda em Lisboa


no ano segmnte. GonstitDem mais doas inidalivas que denunciam o fotto
pdo facto histórico, quer como exemplo de virtudes, quer simplesmente como
tema de cultura geral.
Além das histórias clássicas de Fernão Lopes, Rui de Pina, Diogo do
Couto, Damião de Góis, a Crónica dos Seis Reis e outras reimpressões,
estamparam-sc obras como a História de Portuf^al Restaurado, do Conde
da Ericeira (1720) e a História Genealógica da Casa Real, de D. António
Caetano de Sonsa (1735-49), para nflo fiúar senSo dos nomes mais rqnr»*
sentativos.
As Ordens Religiosas coligiam a
dos seus actos e os agioiógios
história
dos membros mais ilustres pela santidade c letras, por exemplo, o Fios Sane-
torum Au^ustiniano, de Fr. Manuel de Figueiredo; a Imagem da Virtude.
do jesuita António Franco; a Vida do F. Vaz. da Congregação do Oratório
de Goa A Chronica dos Carmelitas Descalços, de Fr. Joào do Sacramento;
as Memorias Históricas dos Ihatrissimos Arcebispos, Bispos e Escritores
Pwtuguezes da Ordem de N.S.do Carmo, de Fr. Manud de Sá, da Academia
Real da História Portuguesa.
O século XVIII marca, na verdade, um estádio novo na história do livro.

Ainda em bibliotecas antigas se nota a preponderância do livro desse


hoje,
período. Os Conventos e os Fidalgos ostentavam prateleiras seguidas,
de obras de todos os tempos. Recorde-se, entre outras, a do Convento
de S. Donúni^ e ainda a do Conde da BriodíTa, com 18.000 volumes.
O Monaica dava o menqilo, formando «huma das maiores bibliotliecas
da Europa», com «grande coUeoçlo de livros sdectosi» (I), no seu magnífico
Paço (2).

A Universidade de Coimbra, reforçada com livros depois da construção


do novo edifício, possuia certamente os melhores autores, de que ainda se

(1) Ma. I. 220.


(2) Um estrangeiro deicreve-o assim, em 1741: «Edifício quadrado terminado em
cúpula, com quatro toms oa pavilhões, duas platafonnaa ornadas de balaustres, duas
fiUerías em cruz de cem passos de comprinwnto». No andar eitá a Biblioteca real,
3.*
enriquecida com grande número de bons livros, fuaidados cm ntas de nogneini
(An, VI, 242-3).

Copyrighted material
— 83 —
conhecem os nomes de alguns, recebidos antes de 1736, por exemplo, Heinecio,
fLofkT, Bayle, GanqNmda, Boeriiaave, Musicliembroeck, Régnaut (1). E que
adniin, le desde 1704, Pedro Vander MeefsciiB, «bibliófilo de AmesterdSo»
mn dos fornecedores da Biblioteca da Universidade de Coimbra — vendia
em Lisboa a Historia Eccksiastica dc Natal Alexandre, as Opera Philosophica
de Clerc, o Lexicon riiilosophuiDu de Chauvin. os escriti)s anatómicos de
Malpigbi, as obras de Du-Hamcl, dc Pulícndorf, de Willis c de tantos outros
sutores modernos? (2).

O gosto bibliográfico cresceu tanto que, faleckloe os possuidores das


grandes bibliotecas ou de bibliotecas especializadas, os livros eram vendidos,
por ventura em leilão. Em 1719 anuncíava-se a venda de uma livraria de
medicina e politica, na casa do Dr. Manud Soam Brandflo.

(1) Memo, 161 e 164; Tes. 472-73; P. 274-77.


(2) Vc, 364.

Copyrighted material
CAPÍTULO V

OS DOIS FINS DA LONOADA

Por que saiu do Reino o Foeta, alimo de


Teologia"!
Balanço da hapai^em intelectual que levam,
livros já escritos e plono de re/orma.
Como fri eneoHtrar os ettados em Itálta.
Estudos e graití <lc Teohtbl « JuHvmiMtt
Cesário em Roma.
Só Ctét^o ou ttmAém Soctiúoiof
O primeiro benesse: ArteSatodo de Évora.
Colaboração com o Representante D^lomá-
tico português: as inscrições dos feitos
M AuBa. Ml morte de D, Iodo V.
Governador e Deputado da Coatrogafãe Nado»
nal em Roma.
Relaçõet com oa grandes do Roma.
Falta de obras pedagágkat, no BmnUaHÊO.
Estado garal de saúde.

TenHse procurado saber o motivo que levou Vernei a sair da Pátria,

na idade de 23 anos o curso de Teo-


(fizera-os 14 dias antes), interronq>endo

logia e dirigiiido-8e pua mn centro de cuttura põfeitamaite wtodoxo.


Em geral aceitai a venlo de incumbência r^gia, de averignar a forma de
feformar os estudos, e propor um novo método de ensino. Nilo nos é fácil
eiconder a questão e, por isso, nao fugiremos à dificuldade de penetrar,
quanto nos for possível, nas intenções de quem as não manifestou com
clareza, digamo-lo já, de-certo por nâo poder ostentar doctmiento formal
de minio especifica.

Fone razlo o devia impdir a trocar o bom^ ameníssimo de tantos


Mestres em Aries, seus conhecidos que, com um pouco mais de esfoiço,
entravam pelos arcanos da Teologia, desde a Tentativa até ao Doutorar
mento, e se assentavam descansadamente na brilhante carreira do magis-
tério universitário. As únicas conhecidas até agora, são as que se colhem
em frase ambígua de carta escrita ao Oratoriano José de Azevedo, que serviu

Copyrighted material
— 86 —
às mil maravilhas para confirmar a retórica do panegirista Fedro Joié de
Figueiredo»
A firase: «Eu sim, tive ao princípio particular ordem da Corte, de ifaimi^
nar a nossa Nação em tudo o que pudesse» (1). A retórica: «Como seu
prodigioso talento o arrebatava a mois elevada cmpreza. ndo satisfeito do
falso, e infructuoso mctlnHÍo porque enlào se ensinavam estas e outras scien-

cias em Purtu|$al, nem pudendo já esconder em seu ânimo o desgosto das


longas disputas, e «mulas opiniOes, que em Ifngua barbara se ventilavam
continuamente nas Escolas, sem provdto, nem adiantamento algum, concebeu
poisamento de sair do Remo, afim de mais se instruir, e com mdhor gosto
nos perfeitos conhecimentos que constituem o verdadeiro sábio, e que grande
parte da Huropa havia já adoptado cm suas Universidades. Sahiu a viajar no
mez de Agosto de 1736, e cncaniinhando-sc à Itália, fez assento na cidade de
Roma, onde logo deu taes provas de elevação de talento, que a admiração
publica coroou sem demora a gloria, que o seu nome já levava de Portugal» (2).
Nlo há dúvida de que o trecho da carta endereçada ao Oratoriano
se refere a D. loão V. Num desses três tomos que D. José mandou pagar,
depois de impressos (3), —o Apparatus ad PhilosophUmt et Theologiam —
dissera ele expressamente, dirigindo-se ao Monarca reinante: «Atque hos
ego libros, quos Parente tuo favcnte conscripseram...». D. José sancionou
a anunciada determinação de seu Pai, permitindo-lhe a dedicatória das obras
e, consequentemente, reembdsando-o da despesa feita com as ediçOes e
dando-lhe até privilégio perpétuo pare todos os livros que compusesse e
imprimisse fora (4).
Nenhum eco de documento oficial conseguimos encontrar, nem na
Chancelaria régia, nem na correspondência diplomática, que confirme a
incumbência joanina, a que Luis António alude. Aliás o adjectivo parti-
cular pode tomar-se nos dois sentidos de especial ou simplesmente no de
incumbência particular, nfto-ofidal. Admithnos, pois, que amigos seus
tenham fUado de Vemei ao Monarca e que este fizesse qualquer promessa
verbal de lhe prestar auxilio não determinado, nem com relação à quantia
de dinheiro nem ao tempo. É natural que aguardasse as iniciativas concretas,
para melhor julgar e resolver efectivamente a espécie de protecção a prestar.
Que outra explicação se pode tirar da frase mais exacta, dirigida ao Monarca
— Parente tuo fovente? E qpie incumbência se há-de atribuir a um estudante
do segundo ano de Teologia, que os Professores nio deviam recomendar?

(1) Ih E. 424.
(2) Ret.
(3) C.irt.T .1 Aires dc Sá. 28-V-766. In E, III, 378.
(4) Cartai a Pombal. 21-VU-768. Ver Apênd. doe.

Copyrighted material
— 87 —
Confinnam a nossa interpretação, dois elucidativos trechos de cartas
de Portugal, na ocasião da partida. Uma, do Núndo, Mom. Cáetano
escritas
Orsini de Cavalieri, Aicebi^ da Tnao (1732-39X para o Secretário de
Estado do Papa Ctement» Xn, o Cardeal Firrao, que anos antes (1720-30),
havia sido Núncio cm Lisboa. Luís António Vcrnci «si porta à entesta
Corte con intCD/ionc di avanzarsi ncllo stato Eccicsiastico (...) (1 ). A segunda,
do jcsuila P. Carbone, Secretário particular dc D. João V, cm termos tào
expressivos como a do Núncio, para convenço' o nosso Ministro em Roma,
o ComendadOT Pereini de Sampaio, a interessar-se pdo seu recomendado.
Segundo ele, Vemei pretendia «recolherse para este Reyno provido de algum
Beneficio»
(2). Nestas circunstâncias nunca o inaciano podia gizar afir-
mações que prejudicassem o ptotcgido. Nilo é fácil antolhar nesta frase,
a intenção de o benetlciar com uma mcnlira.
Por conseguinte, ó certo que Luís António, antes de mais, foi a Roma
estudar Teologia e, porventura. Direito Canónico e, ao mesmo tempo,
coos^uir um benefido edestástico, como tantos outros que por lá andavam
com idênticas esperanças. Voltaria? NIo pensaria nisso? Talvez ainda
não tivesse ideias claras a este respeito, la dc novo à aventura, guiado
por luminosa ambição. Não foi isso que também o levou à índia? Resol-
vido o caso da vocação, decididamente eclesiástica, só um podia ser o norte
do seu destino — Roma. £ ei-Io que parte.
Mas podia voltar. A intenção de se ir instrtmr, casa-se perfeitamente
com a de partir em busca de beneficio edeaiástico. Os bens da Igreja cons-
tituíam uma espécie de «Fundação» moderna ou bolsa oficial, que facultam
os meios materiais p>ara quem se consagra aos estudos, sem posses próprias.
Nilo lhe dci.xaria de sorrir a esperança de um dia voltar ao Reino e deslum-
brar o Magnânimo, que liberalmente protegia homens de ciência e artistas,
e em grangcara fama de generoso Mecenas.
Itália

Um dos beneficiados era o próprio cunhado Ludovicj, ami^ de Gar*


boné, mandado da Itália, juntamente com Capassi, pdo Sobmmo porto>
vir
guês. em Roma, no ano de 1728, um livro sobre as
Bianchini imprimira
descobertas que fez com o telescópio nas manclus do planeta Vénus, e supondo
serem terras, baptizou-as com os nomes dos maiores heróis lusos (3). Nesse
mesmo ano, o Dr. João Baptista Capacci dedicara-lhe a Hisioriae Pliiloso-
pMaê Synopsis, que editara em Nápoles, divulgando nela o retrato do Mecenas.
Se o últímo doe dds experimentou a protecção do jesuita Domingos Capassi,
seu irmão, Bianchini talvez deva a este e a Carbone, a benevolência do Rei

(1) OHta do Núncio, 24-VI 1-736. Ver texto completo DO Afèoá. doc.
(2) Carta dc Carbone, 8-1X-739. (B. A. 51-111.67).

(3) Hislor. Vlil, 176.

Copyrighted material
— 88 —
português. Também Luis António Muratorí, devotado amigo de Vernei
ano« mais taide (desde 1745), no ano de 1734 tentou alcançar a mesma protec-
ção, por intermédio de D. PaoUo Moggi, com a obra ÀnHquitates hMie
Me£i evL O conteúdo da carta que Muratorí endereçou para Lisboa a
esse seu compatriota, parece supor que alguém lhe lembrou o nome do mece-
nas luso. sugerindo-lhe a dedicatória de obra sua. O italiano mostra-se
I)esaroso por nào poder oferecer Rerum ítalicarum Scripiores, de que já
haviam saído 25 tomos (1). A dedicatória não chegou a efectivar-se, não
sabemos por quê.
Ao sair por determinação pessoal em dtreoçio a Roma, nio repugna
que Vemei levasse também o pr<qiósito de se embrenhar pdos novos caminhos
das ciências e das letras, de que por cá tivera notícia. Um seu antagonista,
como já vimos, depõe que o jovem teólogo saiu da Pátria «enfarinhado em
quatro caspas da (Filosofia) que chamam da moda». Ele então declara que
possuia «muitas outras noticias que se não achavam no comimi dos nossos
coetâneos». E noutro higar: «Por Deus, meucaroMiiratori,tanibémea já foi
sofistade certo modo e, orientado pdos meus Mestres com as Moleiras e as
inumas dos Escolásticos, bastante tempo tive de me contorcer no meio
destas cavilosidadcs. Contudo, por graça do Alto, consegui por fim falar
com pessoas que, depois de eu caminhar até aí através de atalhos e escolhos,
me chamaram ao verdadeiro caminho. A esses sou e serei sempre grato,
por meteram amigàvehnente notado os erros e humamadmaniente ensimido
a produzir coisas nwlbores» (2).
De facto, por intermédio das Escolas oa por outra qualquer fonna
das que já vimos, podia ter conhecido determinadamente os nomes e as
ideias —
no todo ou em parte —
de Descartes e Gazendo, de Wolf e de
Leibnitz. de Locke e de Newton, bem como os nomes e alguma actividade
das Academias cientificas da Europa. Para ler as obras nas linguas francesa
ou que nlo chegou a aprender) tinha ao seu dispor
italiana, (e até inglesa,
gramáticas publicadas em Portugal, se porvmtura precisasse estudar mais
do que aprendeu em casa dos Pais.
É, porém, difícil determinar se as obras que diz ter levado escritas de
Portugal, obedeciam inteiramente aos novos cânones. Em Outubro de 1750
confessava a D. José que «ha 17 e mais anos» (por conseguinte, aos 33 anos
de idade, no ano da licenciatura de Filosofia e primeiro de Teologia), tinha
sido sdidtado por alguns condiscípulos a escrevw o que proclamava ser
preciso para o estudo da Filosofia e Teologia. Sabiam como de penetrara
nessas disciplinas, «kndo os livros de homens doutos», e resohmMe a escre-

(1) Mu.
(2) Caru de Vemei a Muratorí, 7-VI-745. In E, 203.

Copyrighted material
— 89 —
ver, mais para seu uso, do que para satisfazer a vontade aos que faziam
o pedido. Pois quem havia de acreditar que de era mais Intdigeiíte que
os outros? E quem iria convencer os outros, nascidos na mesma terra,
instniidofi nas mesmas disciplinas, que ele encontrara a verdade nos
livros que lera? E sobretudo, quem se atreveria a antepor o parecer de
\im condiscípulo aos dos doutos Mestres que gozavam de tanta auto-
ridade? (Ij.

Também na Carta ao Msiqnês de Valença afirma que «muitos» dos


trabalhos que pensara editar, haviam sido escritos «desde tenra idade»,
e refere^e outra vez à Filosofia e Teologia que esoevera para iitilí/açUo

privada. A orientação seguida nessa redacçflo aparece expressa nos tre-


chos da mesma carta, que antecedem o período: «Pouco depois, como
viesse para a Itália,..». Não ia. evidentemente, dar a Filosofia e Teo-
logia «litigiosa que há alguns scculos dominou as escolas, mas outra
mais solida e utfl, e oom método mais fíeH». Dedicavapse a aaibas as
disciplinas e «da leitura dos autores mais recentes» decidiu aprovetiar
alguma cousa».
Mas qual a extensão dessa alguma cousa e quais os autores aprovei-
tados? Vemei nSo o explica. A seguir narra a luta que teve de empreender
e a movimentação da caminhada que foi forçado a percorrer. Dc todos os
lados lhe fustigavam os ouvidos «os clamores dos que p>ensavam que esta
Filosofia dos modernos, de forma alguma podia ccmpaginar-se com a Teo-
logia e sobretudo oom a Fé Católica,
visto ser inútil para a drfesa da Rdi^
gião, a Filost^ que não derivasse da fonte per^tética. «Já então havia
suspeita de que se não dizia isto com verdade, mas que provinha de pareceres
preconcebidos de alguns». Tendo-se, porém, familiarizado com uns autores
modernos, quer Filósofos quer Teólogos, e considerasse diligentemente o
seu itinerário filosófico e, por aqueles que andaram por nações estrangeiras
conhecesse que a mesma doutrina se ensina naqwdes lugares piiblicamente
e o(mi louvor, foi fádl persuadir-me serem vios 08 rumores que se espalhavam
acerca dos estudos modernos».
Tratava-se, porém, de simples persuasão ou inclinação, que ainda deixava
certos escrúpulos de consciência. «Mas por que é que - - perguntava eu,
a Igreja Romana, oráculo da Sabedoria e da \crdade, suporta impunemente
que tão perversa doutrina sga defendida frequentemente por varOes cató-
licos? Como é que os nossos censores se atrevem a condenar tantos homens,
nlo só iMcdosos como doutos, que na França e Itália e em todo o Orbe,
ctdtivam os estudos modernos? Como 6 que só nós vemos mais que o resto
da Europa?».

(1) App., Ded. a D. José;

Copyrlghted material
— 90 —
Convencido com estes fulgores críticos, foi então qiie se decídiíi:
«...aderi ao parecer dos dos referidos autores o que me
estrangeiros» e tíxei

pareceu melhar para uso próprio dos nossos». Revela ainda que «admi-
ravam-se uns de que existisse em nós repentinamente tio grande ardor de
filosofar c tant;; nhiuidânci;< dc erudição. Mas dcsprczoii todas as censuras
e firmou «o pr». pósilo dc di\ iilgar. para comodidade pública, a Filosofia
e a Teologia que escrevera pura utilização privada», movido de dois propósi-
tos: a a caridade da Pátria. Seguiu-se o êxodo para
utilidade das escolas e
a Itália e af prosseguiu, trato dos homens eruditos», «no mesmo
«com o
caminho, com maior diligftKia, tendo em mente as otjeoçOes que outrora
me tinham sido feitas em Lisboa e noutros higares». Nesta ocasião estava
definido o propósito iluminista. Quis experimentar se podia libertar os
meus concidadãos daquele medo c abrir cisminho aos jovens para chegarem,

segura e fúcilmente a umu e outra disciplina».


Aceitando que no seu testemimho não há transposição de ideias de
períodos diferentes, apura-se q^ a sua filosofia e te(riogia já não era a tradi-
cional. Apesar de tudo, não vamos supor que os volumes editados slo
os primitivos, levados de Portugal. Na carta dc 7 de Abril de 745 a Murap
tori. conta que escrevera o cnhnk iro Método ilc Estudar (nSo o diz por este
I

nome.) c depois lucubrara uma Fihisotia em língua latina, andando ocupado


em concluir uma l eologia, dc que já tiuiia terminados dois volumes e «quase
pronto o terceiro» (I). Foi então que certamente redighi a Apparatus (2).
Uma vez em Roma (3) Luis Vemei começou, sem demora, a teibira
de mais livros e periódicos sobre as ci6ncias que lhe prendiam a atenção.
Ii^piielaate descgo de tudo conhecer, directamente por si, levou-o logo a
aproximar-se doa jornais literários e dentificos qtie chovam das capitais
da Europa.
A Iiália esperava ainda pelo seu ressurgimento cultural. Lá como cá,
como na própria França, ensaiavam-ae os primeiros passos da nova corrente
sensista-onpiíista, nio havendo grandes novidades a r^istar. De sorte
que «la storia delle filosofia italiana nel secolo xviu è tn gcan pail^ dunqoe
la storia deirinflusso dí Bacone, dí Cartesio, dei Malebrandbe, dd Leibnitz,
dei Locke, dei Condillac (4). Vejamos ràpidamcnte os mais representativos
para o caso de Vernei.

(1) Apud E. III, 205.


(2) ApuJ H. III. 204, 205.

(3) Sobre a residência de Vemei em Roma apenas encontrámos esta referência,


nfda da «u pena: «...Oeneroii Salomoai, dw «llon aUtav» vicino a me a S. Euitaochio
iCarta a Pagliarini, de 29-XM9 DO Apend. Doc).
(4) St, I, 192,

Copyrighted material
— 91 —
Havia-se sentido, naturalmente, a pu&sagem de Descartes e Gazendo,
que Joio Baptista de Bcnedictis, por exemfdo, deixou assinalada tm 1723,
na PMhst^kta PeripateHca tcmis qiuttuar comprdunsa, iminessa em Veneza,
e Paulo Doria, no ano seguinte, também em Veneza, havia de invugaar
com ardor, no Discorsi Critici Filoso/ici. Jacopo Facciolati, que regera
na Universidade dc Nápoles a cadeira de Lógica, editou em 1728 um pequeno
compêndio «ad usum pnvutae scholae(l).» Este foi um dos autores com
que Vemei se cartnou desde 1746. Julgamos que o seu despretendoso
livrinho deve ser tido em conta, quando de novo se investigarem as fontes
do De Re £ofjM(2). No entanto, os Rudtnmta nio indicam qualquer
autor moderno e movem-se dentro do esquema da lógica tradicional. Mas
sente-sc bem aragem da nova filosofia, sobretudo até Descartes, não só
a

em face da grande clareza c da forma da cxposiçiio em perguntas c respostas,


e por chamar com frequência à colacvíio o pensamento dc Cicero, Séneca
e S. Agostinho, sem psJavras de desprezo por Aristóteles que também cita,

como sobretudo pe a problemática que informa o volumezinho. Resume-se


todo em três pontos: Faaddade de conhecer, dntU da verdade a conhecer

e acção da faculdade cognoscitiva. E divide-se em quatro partes: percepção


(ideias), enunciação (juizo). raciocínio e método. As ideias s3o claras e dis-
tintas, factícias e adventícias, mas não inatas. Já introduz a questão do
critério da verdade, em lugar de relevo. Descartes está presente sobretudo
na nota sobre substância (3).
Também foi hdo na Itália o famigerado Bernardo F(mtandle (um dos
auttnes devorados por Martinho de Proença), entusiasta defensor da Filoso>
fia cartesiana, que ao mesmo tempo contribuiu poderosamente para a
difusão da filosofia das «luzes da razão». Segundo Fontanelle, só as
ciências experimentais alcançavam a verdade, porque só cla<> explicavam
as coisas racionalmente. Falsa a Religião, falsa a Poesia, que não atingiam
esse destderatum. A poesia reduziam a um passatempo de sociedade que
Goosislía essencialmente na habilidade com que o poeta cons^poia ultrap
passar as dificuldades provenientes da aplicaçio da técnica da versificação.
Ele próprio poetava. Radne fustigou, oom atroz epigrama, a aridez da
sua poesia.
Locke, combalido na Alemanha, ao mesmo tempo que Descartes, por
Ldbnitz, nos Novos Ensaios sobre o Entendtmento Humano, havia já encon-
trado dois opositores na Itália, quando Vemei chegou: Paulo Doria e Ltiis

(1) Ver Log.


(2) Iniciou ciM flitudo, a Dr.» Mariana A. Madiado Sratoa. em Ver.
(3) Log. 33.

Copyrighted material
— 92 —
António Mnratori, Bibliotecário do Duque de Módena. França mandara«lhe
a tradnçflo dos Essay, empreendida por Pedro Coeta, e editada em Amester-
dio, no ano de 1723. Pttulo Dória, matemátíoo e filósofo platómco, publicoa
em Veneza, no fim de 1732. a Difc.sa deJIa Metafisica degH Àntichi Filosofi
contra il Si_^nor Giovanni Locke, seguida de segunda parte, no ano imediato.
Pretende demonstrar como sc deduz uma verdadeira lógica, partindo de
Euclides, que conduza, na Metafísica, ao conhecimento da verdade, precisa-
mente como Euclides conduz ao conhecimento da verdade na Geometria.
Muxatwi, qiie vai sor correapondente ^atolar de Vemci nos últimos
anos de vida, já em 1726 havia lido Lodce e ficara ateirado com as caoBe>
qu8ncias morais a que levava o determinismo lockeano (1). Em 1732^,
na sua Filosofia Morale insiste na censura do conceito de liberdade, que o
«pernicioso» Locke «reduz a movimento e repouso do corpo» (2). Em 42 reve-
lava ao Cardeal Tamburini que nào quis ler o Tratado da Sociedade CivU,
porque Lodce defimdia muito diferentes das suas (3). Nova cen-
sura lhe faz em 1745, em DeBe Forze delPintemUmento umano, chamando-lhe
«filósofo de língua <te dois gumes» (4). Vecchi pensa, no entanto, que
irreconciliável opositor de Lodoe no aqieeto moral, se deixou inflneaciar,

OU de algum modo coincidiu com ele. no que respeita à teoria das ideias (5).
Ao lado de Doria c Muratori (6), opuscram-se a Locke, Francesco
Maria Zanetti e o P. Tomás Vicenzo Moniglia (7).

Nflo faltaram, porém, os seguidores, mais consdentemente que Mnra-


tori. Mas um pouco mais tarde, quando o próinrio Vemei entra na ribalta
a espalhar as suas novas luzes. Então será ele, o Genovesi e o P. Francesco
Soave, somasco, que em 1775 traduz Locke: Saggio sulPintendimento umano.
Nesta data já não é Locke puro, mas o sensismo de Condillac que predomina.
Newton encontrou um entusiasta discípulo em Francisco Algaroti,
que em 1737, ainda antes de Voltaire imprimir os Èlénienís de la Philosophie

de Newton (1738) (8), mas no mesmo ano em que Cástro Sarmento o dava
a conhecer em língua portuguesa, publicava em Nápdes tt Newíonianismo

(1) Di-lu em escritos manuscritos. Cf. Cri, 213, 127.

(9 PU, lOM (capb 9); 157-8 (capi. 149> 178-9 (cap^ 2(9.
(3) Epi. 4254.
(4) Filosofo di doppia língua (Cri, 220).
(5) Cri, 221, 222.
(6) No capitulo O Reformador Iluminista falaremos dc novo de Muratori, quando
assinalarmos as obras que julgamos terem infhMOCiado Vemei, alo s6 a propósito do
Direito, mas até quanto ao plano em gcraL
C7) », I, 195.

(8) Em Itálin publicou-se .n tr.iduçAo: Elemenii dtUa FOoi^ dil NtUtOH Ei^oMÍ
dal SigHor di Voltaire, em Veneza, no ano de 1741.

Copyrighted material
—93 —
I

per íe Danu OTforo Dialoghi sopra la bice e i colori, que dedicou a Fontanelle.
Como este fora o pfimdro «né a chamar a advagem FOocofia
vottri nunidí»
dos 0i1»netes solitírios e das Bibliotecas dos doutos, para a introduzir nos
«cireulos e toucadores das Damas», e conseguira tomar belo o cartesianismo,
ele procurava domar, por assim dizer, o newtonianismo e tomar agradável

a sua mesma austeridade Seguindo-lhe ainda as pegadas, também


( I ).

escrevia na língua nacional, deixando de vez o latim (2), e instruia a Marquesa


dos Entrttiata sur la píuratití de» Mondea de FontaneUe, na teoria «desse
liomem que devia estar i cabeça do gteero humano» se a força do engenho
e do saber, dfinidissit a req^eito da siçerioridade entre os homans (3).
Tomás Campailla, que difundiu o cartesianismo na Sidlia, também
deixou alguns escritos sobre Newton, que o fariam predecessor de Alga-
rotti, se tivessem sido publicados antes da sua morte, ocorrida em
1740(4).
Em 1747 passapse um episódio curioso que importa relevar. Muratori
grandemente estiq»efacto perante os fenómenos eléctricos, escreve no prin>
dpio desse ano a Vemei e chamarlhe a atenção para o facto que o impres-
sionara. Mas afinal, o jovem estudioso já tinha conhecimento dos novos
fenómenos e mcnciona-lhe as experiências dc Du-Fay (precisamente, o cien-
tista de que ein 4 de Janeiro de 1731 — estava ele ainda em l\)rtugal —
Gazeta de Lisboa referia uma comunicação apresentada à Academia das
Ciências, cotio vimos no capitulo anterior.
Além desse caso sabia que em Leipzig se publicara um livro sobre o
assunto. De resto, «o alemfto que veio até nós, mostrou-no-Ias também
brilhantemente. Os Romanos puscram-se a imitá-lo, e assim, já temos
agora experiências desta natureza». Rcfcrc-sc. naturalmente, à curiosi-
dade que se verificou no Colégio Romano, a que diz respeito u Congetture
Fisiche Uitorno alie cagioni d'e Fenomeni osservati in Roma nella Macchina
Ekttricã (...) da GUtndMtísta Faure, deUa Compagnia dl Gesò. In Roma, 1747.
A infonnaçSo de Vemei nflo ficava, porém, só por ai. 4(E há ainda
um livro editado em Veneza» sobre «a forga dectrica» (S). Começavam,
efectivamente a divulgar-se obras sobre O tema, sendo então bastante conhe-
cido Nollet, l'<!sai sur Vclectriviíc cies corps. Paris, 1746 e, mais tarde, o celebre
Benjamim hranklin, com as suas Expériences et observations sur rélectrieiíé.

Paris, 17S2.

(1) Ne, III, VL


(2) Ne, XI.
(3) Ne, VII.
(4) St. 193.

(5) Carta de 27-IV-747.

Copyrighted material
— 94 —
Nas escolas, porém, o movimento demorou mais a consoUdar-se.
Em 1750 é o próprio Veraeí que publica os nomes dos aderentes à via edéo*
tica, na Itália: os Beneditinos de Cássino, os OUvetaaos» os Celestinos, os
Camaldulenses, os Jerónimos da Lombardia, os Teatinos, os Barnabitas,
os Somascos, os Clérigos das Escolas Pias e os de S. Vicente de Paula, a Pro-
paganda Fidci, os Dominicanos, os Franciscanos, os Agostinianos, ctc.

Tomás ie Seur e Francisco Jacquier, dos


Releva os nomes dos seus amigos
Mínimos deS. Firandscode tola; JoBo Baptista Beocaiia, das Escolas Pias;
Tomás Maria Mamachi, dominicano; Filipe de Gaibcneano, fiandscano;
António Fkancisoo Vezzosi, teatino(l). Anotaremos iqienaa qae Giovani
Beccaria imprimiu Propositkmes physicae, em RxHna, 1746 e Meámdetm
atque Philosophiant dois anos mais tarde (2).

Vernei podia acrescentar os nomes de Bento Stay, Urbano Toselti c


Liberato Fassoni, das Escolas Pias, em Roma c o de António Gcnovesi,
em Nápdes. O pnaitíio filosofou em verso, denunciando forte niflutecia
de Descartes. Vernei dedicourlhe a ciitica que fez a Tosettt. Este 6 consi-
derado o introdutor dos estudos de Física Experimental na sua Congre-
gação (3). O P. Fassoni publicou Fhy^au pnpt^tknm em Urbíno, no
ano de 1747 e Physica selectae propositioncs em Roma. nos anos de 1750,
1752 c 1754(4). Já. porém, nas T/wses Physico-Maíhcmaticae , defendidas
no Colégio Nazareno de Roma, em 1737, sob a presidência do Professor
P. CoUahy, se conhecem Newton, Càssmo, Bumet Ao Genuntse menoíoiia
que em 1750, quando o De Re Lo^tea estava em provas.
Vernei, dir-se-ia
No fim do primeiro livro desta obra, isto é, da História da Lógica, declara
que ambos seguem a mesma via, a respeito dos modernos estudos de Filo-
sofia. Realmente assim era, porque um e outro haviam partido da mesma
encruzilhada do empirismo lockeano.
Também Genovesi fora o iniciador dos novos rumos em Nápoles,
mas, da mesma forma, anos mais tarde. Com menos de trinta anos,
António Genovesi, professor de Mstafblca na Universidade de Nápdes
desde 1741 (S), depois de traduzir em 1742 a obra de Locke The
reasombhness of Cristianity as delivered in lhe scripture (6), publicou
a primeira parte da sua Metafísica em Nápoles, no ano de 1743: Ele-

(1) App. 175-7.

(2) Bib, 63.


(3) Ind. 440. Ver alsunut oteu, como Ff^aeMmet ex njnka, Roma, 1744
e em anos seguintes, em Sto.
(4) Bil>,80e«S.
(5) Elog. 21.
(6) Memorie, 286.

Copyrighted material
— 95 —
menta Meti^hisicae Maíhematicum Almoroit adomata. Ai abandonava
as cantrovénias escdásticas, declarava a tuperioiidade do método ecléctico
(nem perqiatético, nem cartesiano, nem newtoniano, nem sequaz da auto-
ridade a substituir a razão...), e estabelecia já o principio dc que o conhe-
dmento não c possível, senão por meio dos sentidos, da reflcxilo c da indução.
Acusanim-no de racionalista e de louvar ateus, cépticos e Jansenistas ( 1 ).

Dcfendcu-se com o Appendix alia prima parte delia Meiajisiea, era Jaiteiro
de 1744 e pubHcou a segunda e taraeirA parte, nos anos de 1747 e 1751.
Entretanto, pcném, no fim de 1745, publicara os dementa Artis Logico-
'Criíiea, reeditados logo em 1749. Com aqnda obn intentava corrigir
o inatismo e a demasiada condcaoendênda pdo siloginno da Art de pemer
de Port R ovale. «Teve a aprovação geral em Itália, refere Genovesi, c
grangcou-nic a amizade de muitos literatos, entre os quais, Muratori (2).
Ainda em 1745 editou os elementos físicos dc Musschenbroeck «para ensino
dos meus alanos», ajuntando-lhe uma Disputatio PhisicthHistoriai de rerwn
corporeanm orl^ne et eonstítutíone (3). Nesse mesmo ano recebeu a nomea-
ção, graças a Galiani, de Professor ordinário da Cadeira de Ética, na Uni-
versidade napolitana, que Vico perdera (4).
A oposição não se reflectiu apenas entre as autoridades. Publicaram-se
contestações, de que nos apraz citar, a titulo de e.xenipliticaçuo, apenas as
Dissertazioni filosofiche di Pascuale Magli in cui si oppongon piú difficoUà
a parecchi principalissimi pensieri in MeU^isiai d*e Fttosofi LeUmitzUmi e
tpeziabnaiíe dei Signar D. Antonio Genovesi (|n Napoli, 1759).
Vemei lembra ainda o nome do P. Tomás Correia, nascido em Itália,
mas oriundo de Portug;il. que em 1747 disputou em público sobre Lógica,
Física, Ontologia, Pncumatologia, segundo a orientação moderna, sobretudo
dos newtonianos tendo publicado teses (5).

Na Universidade de Roma as coisas passavam-se da mesma forma.


Em 1746 Bento XIV diamaia o fraaoSs P. Jacquier, para ensinar a Física
modenia(6). Mas data de 1748 a veidadeira reforma da Filosofia na Sapienasa

(1) Ant, 71 e 104. e Elog. 30.


(2) Memorie, 244.
(3) Memorie, 282.
(4) Ant, 112.
(5) App. 175, note 1. Seri o RMimo que «ntnm na Gompuihia de Jènis a
25 dc Outiibro de I72I com 15 anos dc idade, tendo sido expulso dc Porlugid com
os demais inacianos, que ensinou Filosofia c Direito Canónico no Colégio Romano c
pnMioou as teses qae te oomervam na BiUiotoca dos Jeniites de Bnmlas: iVg«fea»
Pari prima JL f.
Particularis Jhmat Corr^^ SJ. AudUor* Angdo Gmottt Amo
Damini 1756?
(6) Stor, 222.

Copyrighted material
— 96 —
e criação de gabinetes de Ciências (1). O Pontífice impôs então a obrigação
de 08 Professores darem aulas diárias em Leis, Medidiia e Artes. Suprimia
a Cátedra das Decretais Q).
Este brevíssimo escorço mostra que Vemd presenciou a entrada das
novas correntes no ensino, nilo tendo, pois, encontrado logo o progresso
instalado nas escolas. Efectivamente, na carta de 24 de Dezembro de 1746
a Muratori, relata os progressos que observou em Nápoles, das ciências
matemáticas, niosofia vagenerada, mdlior medicina • Teologia, e eaGdama:
«Oxalá que aqui em Roma os bons estudos se espaOiassem do mesmo modo
e se nflo achiusem ainda diamsaritos a limites tão estreitos (3).
Quando chegou, estava-se no princípio do ano lectivo (1736-7), e 6
natural que se matriculasse imediatamente, sem perda de tempo, no Arqui-
ginásio Romano, tamhcm denominado Universidade da Sapiência, «dalPiscri-
zione posta sulla facciata dcl palazzo: initium Sapicntiae timor Domim(4).
Parece ter começado por se inscrever em Direito. No entanto, o honor
que sentiu no meio de tio grande mole de textos, «nflo deixou de ser unui
das causas por que, nflo muito mais tarde, abandonei a Juriqmdência e me
voltei para a Te<Mo;;i:i - (5).

«Na verdade, desde os primeiros tempos em que me dediquei a estes


estudos, logo me assombrou a selva imensa dos livros das leis. que mal pode-
riam caber na biblioteca deum Ptolomeu, e dos quais nunca poderia fazer
juizo, nem pda minlia idade nem pela minha enidiçflo. Chegava a pensar
nflo ser possivd que um homan só, mesmo vivendo o número de aiuM de
um Nestor, pudesse jamab saborear aquilo tudo. ?ot isso, senti entSo o
horror daquelas coisas» (6).

Noutro passo, mais adiante, completa a sua reacção em face do estudo


da Jurisprudência: «Pois se os mesmos códigos destas mesmas leis são já
tão extensos que mal podem ser lidos com proveito, sendo para mais obs-
curos e cheios de tantas coisas inúteis, que acontecerá entflo se lhes acres-
centarmos ainda a turba^nnilta dos Jurisoonsultos, para corrigirmos as suas
inépcias com novas iaépàMt» A sua tragédia era o reflexo do estado de
espirito dequem já se sente mal na esfera escolar. Todo o ensino, afinal,
enfermava da mesma falta de método e não saía do tradicional nuninar do
velho sistema pedagógico.

(1) App. 177; Stor. 223. Ver tunMm Gm.


(2) Stor, 215.

(3) E, III, 267.

(4) Pa, 244. Fica situado no Corso Rinasciinento e aloja boje o Archivio dei
Slito e a Eioola de Paleografia.
(5) Carta a Muntori, 6-n-745. 4pml E, ID. 242.
(6) Id., ibd.

Copyrighted material
— w—
No ano de 1742 apareceu um livro revolucionário, escrito por Muratori
— DtfettídeUa (Hurí^rudeme, que provocou apaixonadas dtacossliet e
«nfto tardou em ae tornar clássico para todas as críticas e projectos de refonna
da vida do Vemet panoe nio ter dado por ele, logo na ocaaiio
direito» (1).
(acreditemos no seu testemunho, tantas vezes dissimulado). Em carta de
6 de Fevereiro de 745 refere que, achando-se «há tempo» cm certa biblioteca,
1

encontrara essa obra que o seduziu, dc tal forma que a leu «não só uma
mas muitas vezes». Reconhece que Muratori rcsliiuiu «a sua dignidade,

essa pobre Jurisprudência, tio macnliida o vilipendiada».


«Neste pequeno volume — continua Vemò — compreendes tantas e
tio úteis coisas que, de só por si, me parece ultrapassar, no peso das opiniOes
e na utilidade dos assuntos, todas as bibliotecas dos Jurisconsultos». Pro-
testa, porém, que sempre pensara o mesmo que Muratori. O contacto
com o famigerado iluminista italiano partia de data anterior: «Há já longos
anos que te conheço, te estimo e admiro (...), através dos teus livros».
«Desde que me foi dado ler alguns dos teus trabalhos e onde apreciar outros,
senti-me preso a ti por uma tfto íntima afeiç&o, como nunca outra tive por
ninguém, a ponto de ardentemente descgar em meu coração ter-te como
amigo» (2).

No entanto, talvez que o conhecimento que assinala, dos escritos de


Muratori, nesta data, não fosse táo extenso como pode parecer. Noutra
carta confessa ele — dois meses mais tarde — «que ardo no desejo de conhecer
as tuas obras, a primdn coisa que tenho a pedir-te 6 que me ensines e me
indiques quantas tens escrito, pois tenho ouvido dizer que escreveste muitas
sem o teu nome, mas com pseudónimos, eq>ecialmente cartas, cujo assunto
ignoro e desejava conhecer» (3).

Com estas disposições de espírito, nSo se podia manter no estudo do


Direito conforme o programa oíicial. Contudo, necessitava de um grau
e a Roma viera também para isso. Infelizmente não é possível determinar
com precisão as datas em que frequentou a Universidade romana, por fal-
tarem os livros de registo, do período que interessa. Mas se se matriculou
em Direito no ano lectivo de 1736-37 e passou, interrompendo este curso,
para o dc Teologia, terá completado em Junho dc 1741 o curso que iniciara
em Évora. Os biógrafos (Figueiredo, na peugada dc Barbosa Machado)
relatam que, «consumando com grande aplauzo do seu nome a carreira
de tão sublime Faculdade (de Teologia) recebeo as Doutoraes».

(1) Id. ibd.

(2) Id., ibd.

(3) Carta a Muratori, 7-VI-74S, apud. £, III, 233.

Copyrighted material
—98 —

A Bula de concessSo do Arcediagado de ÉvofB (14 do Julho de 741)


apresenta-o como Doutor em Filosofia e Mestie em Teol<^(l),
e Bento XIV, a quem Vemei dedicou as Conclusões de Teologia
Especulitiva e Dogmática (:^, subitt à Cátedra de S. Pedro a 17 de
Agosto de 1740.
Figueiredo, na peugada de Barbosa Machado, relata que, «consumando
com grande uplauzo do seu nome a carreira de tào sublime Faculdade
(de Teologia) lecebeo as insígnia» Doutorais».
Por este tempo na Reitor da Sapienza» o P. Ludovico Valenti; Cate-
drático de Teologia, o dominicano Vicenzo Maria Ferratti e o P. Mola,
da Ordem dos Menores Con\entuais; Catedrático de Dogmática, o P. Fre-
derico dei Giudice Celestino. A História Eclesiástica passou de 1737 ate 1740
pelas mãos de Mons. Hotlari, jubilado em Maio de 38, do P. Barin, Agostinho,

e finalmente foi unida à de Dogmática, do P. Celestino (3). Leitor de Sagrada


Escritura era o P. Girtdomo Agostinho Zázzarí, Agostinho, jubilado em 1746.
Vemei estudou ainda gie^ e hebraico e, porventura strfaco que, com mais
ou menos regularidade, se ministravam na Universidade.
As colecções de Teses do Arquivo universitário estSo desfalcadas dos
actos destes anos e nas bibliotecas de Roma, também não conseguimos
encontrar as do nosso estudante.
Igualmente a orientação do curso teológico na Sapienza não se diver-
sificava do de Coimbra e Évora, a não ser talvez no estudo mais firequente
das Unguas orientais e da História Eclesiástica. O próprio Vemei assinalou,
se nâo nos enganamos, o rumo da Teologia que estudou em Roma: «On
ousa V. P. o que a mim me succedco uma vez, quando eu nam lia mais que

Escolástica. Por acazo cnci>ntreimc cm Itália com um Ebreo moso de vinte


e dois anos, chamado Abraam de Capua» (4).
Mais tarde tomou contacto com Teólogos modernos* Nesta mesma
ocasiio recomenda de ao P. José de Araújo, seu contendor na polémica
do Verdadeiro Método de Estudar: «Va V. P. a Roma e fale com o P. Berti,

(1) Benedictus dilecto Filio Aloysio Antonio Vemey Archidiacono de Sexta nun-
Ciq>ato Nfajoris Fjclcsiae Elborensis Philosophiac Doctori ac in Theologia Nfagistro
Salutem (A. S. V. —
Reg. Lat., 2081, 131v.) Numa noticia enviada de Lisboa para o
JommutAn SçtmmM, também se ttpffeeento Vemei como «Docteor ea Théologie» (Jou, —
1753, pág. 188. íVcr Ap. Doe.) Não sc trata, pois, de uma '<flattcric du graveur» o
barrete de quatro pontas do retrato do De Re Lírica, como sugere o Dr. Jean Girodon
(VemeyD, 7 nota IS).

(2) Bi.

(3) A. S. I. Uaivenità, 91 e 88.


(4) Res. 119.

Copyrighted material
— 99 —
que está actualmente compondo nestas matérias» (1). E noutro passo:
«O famozo P. Berti, Agottmiano, um doa maiores Teólogos romanos (...)>
expoz a doutriiut de S> Agosttnho lugÊnuBotai^ (2).
Quando em 1747 profere na Academia Teológica da prápria Sapieiw»
uma Oruçao contra a Escolástica, alinha abertamente com os mais avan-
çados que nflo haviam íic;k!(i satisfeitos com a reforma da «nuova L'niversità»,
e provoca de certo o ticsagrudo dos seus Mestres Romanos, enquanto o
Arcebispo B6rgla o aplaude (3). Mas nesta ocasíflo já devia ter pres-
tado as últimas provas de Teologia, e porventura as de Juriqmidlncia
Cesárea.
Depois de alcançado o grau em Teologia, terá insistido nas cadeiras
de Direito, pois Barbosa Machado escreve, julgamos que por comunicação
do próprio Vernei, feita porventura à roda de 1750, que também se doutorou
em «Jurisprudência Cesárea», ent cujos arcanos penetrou com tanta subti-
leza como o fizera na Teologia. Herdico terá sido o esforço empregado,
atenta a repugnância que de próprio confessou a Muratori.
Moos. Antunes Borges percorreu os arquivos dos registos de 1736 e
760 em que consta c!a láurea <<in utroque jure» de dois portugueses (4)
— Domingos Nunes f crreira c António de Almeida Pestana (5).

Ter-se-á matriculado no ano de 1740-41? Por este tempo lecionavam


Leis, o Dr. MicheF Angelo Petrocchio, que em 1739 substituiu Dario Guie-
daidi, que transitou para a última Cátedra Numeiária; Gaspar Cagnetti
(Direito Civil^ que em 1746 pediu a juhilaçfto, tendo-lhe sido concedida
a 23 de Outubro a dispensa de ler Instituições Criminais no ano seguinte.
Esta cadeira foi entSo preenchida pelo C. Marco de la Torre. Em 1746
ainda nSo devia estar doutorado em Direito. Ao menos c de estranhar que
não tenha concorrido à vaga posta nesse ano a concurso, a que não faltou o
alent^ano de EstremÔs, advogado J<^ Mendes, laureado em ambos os Direi-
tos, por Cdmbra, a 3 de Junho de 1731 (6). Nas coleccOes de Teses que

(1) Rcs, 118.


(2) Rcs, 130.
(3) Ver a correspondência no Epistolárío.
(4) CanccHicri aronta iim terceiro —
o P. Dr. Afonso Furtado dc Mendonça, que
tonum a láurea doutoral na Supicnza nos primeiros dias de Janeiro de 1743, com assistência
wiiecHitims convidada pelo Comeodador Sampaio, «ca quem distribuiu a daasica proAislo
de wfteieo» (Plarl, 2. Ver tainbéa Focto, I, 234),
(5) Vera, a
(6) É autor da obia í^gtíartenes Juria. Pken em tegundo lugn-, juntamente com
mais dois. Os concorrentes aprovados eram dezoito. Morava «ncllc Case nuovc di
S. Lorcn7o in Lucina passato il Palazzo deU'Accademia di Portogallo (A. S. I. — Univer-
sità. 91, pág. 59 c 65).

Copyrlghted material
— 100—
peiGorramol» ftllavim m ano» nupoOámê ou nlo ae oncontra o mu
nomeO).
Tendo em mente o eitado edesiástioo, eram estas as disdidinas que
mais lhe podiam interessar. Aos treze anos, como vimos, solicitara Ordens
menores e nada também o demovia desse ideal da vida eclesiástica, ideal

<Ilie, ao mesmo tempo, era meio eficaz, para obter o fim desejado.
A começou por receber em Roma, a Prima
dois de Janeiro de 1739
na capela particular de D. Filipe Spada, Bispo de Pisandro^ Vioe-
Tonsiifa,
-Oovemador de Roma, tendo sido crismado no mesmo dia^
Mais de uma vez lhe foi necessário siq>erar tremendas dificuldades,
por lhe faltarem, nomeadamente as ordens de Presbítero. Assim, em 1746,
quando desejou uma Capelania deixada por família de Lisboa, com bastante
dificuldade conseguiu a faculdade de a mandar cumprir por um sacerdote,
enquanto ele próprio o não pudesse fazer. Impunha-se, no entanto, a con-
diçSo de se ordenar dentro de dois anos. No ano seguinte ainda teve q[ue
renovar o pedido, «h^gando como causa impeditiva da ofdenaçlo, o fiicto

de andar metido em estudos para defesa da Religilo, a sua pouca saúde e


«outros motivos gravíssimos e urgentíssimos» (3).

Como desta vez o deferimento acrescentava a cláusula de a missa de


sufrágio ser celebrada na capela indicada pela bencleitora, Vemei, em 174S,
ao mesmo tempo que renovava a autorização para que a missa fosse dita
por outro sacerdote, impetrou do Papa a necessária auttnizacSo para que
pudesse ser celebrada em qualquer lugar em que se encontrasse.
Entretanto Vemei pediu para Lisboa o principal documento para se
ordenar, que traduziria o resultado do processo iniciado em 1726. Com
data de 6 de Abril de 1748 e assinado pelo Arcebispo de Lacedemónia,
D. José Antas de Barbosa, Vigário Geral do Patriarcado, foi-lhe passado
atestado de limpeza de sangue (4). Mons. Antunes Borges, depois de inve^
tigar 06 processos do Arquivo do Vícariato, de Roma, «onde sSo re^stados
meticulosamente todas as ordenaçOes», oonvenceu-ee de que Vemei nunca
se ordenou de sacerdote. «Deste exame apenas se confirma que Vemey
recebeu a Prima-Tonsura» (5). A Prima-Tonsura constitui o indivíduo
no estado clerical, e não se considera como Ordem Sacra, mas apenas a

(1) Eknoo ddle Teii, owcn Coodniioiíi stampate... deOa SKpkuau.. di IMritto
Canónico... dal 1518 a! 180! (A. S. I. -Univcr., 209. — Rubricella, o lia EInoo doUe
Tese stampate... e sostemite diè l'uno e Taltro Diritto... daU*anoo 1618 al 17S0
(2) Ver Apood. Doe.
(3) Ibd.

(4) Ibd.

(5) Vem, II.

Copyrighted material
— 101 —
entrada,a cor.dição para serem administradas as Ordens que levam ao Pres*
biterado. A ene estado se refere o ugtútítt tneho do nquerinento para
Cavaleiroda Ordem de Gristo, sem data, mas que foi informado em 10 de
Setembro de 1749: «Diz Luiz Vemey, Clérigo do hábito de S. Fsdro e Arce-
diago da Sé de Évora». Se já fosse sacerdote, usaria a mesma expressão.
Não chega, porém, para uma conclusilo dcfinitiNa. Mas. existe um outro
requerimento, que mereceu informação e despacho, respectivamente a 7
e 23 de Agosto do mesmo ano, em que Vemei escreveu já explkitaniente:
«E porqw o suplicante te ad» hcje <ndenado e Aioedtago na Sé ^
Como os pedidoa deviam ter instruídos com a documentaçflo comprovativa,
somos forçado a concluir que data do primeiro semestre de 1749, a ordenação
sacerdotal de Luís Vemei (2). Efectivamente, nas Contas dos Irmãos Hen-
rique e Diogo que se conhecem, nunca se faz menção de missas na folha
da despesa, mas sim na do «Hadaver»: «Por 238 Missas da capela do anno
de 1760 — 35.700».
Das Ordens Menores, que se recebem antes do Presbiterado, também
cadste mn testemunho inteiramente digno de fé. O Aioebíqw de Évora,
quando em 20 de Fevereiro de 1742 ordenou que se procedesse à jus-
tificação para se lhe conferir o Arcediagado, denomina-o Clérigo em

minoribus.
Queremos crer que estes testemunlM» destroem qualquer suspeita
derivada da ausência de docameutacio <^cial nos Arquivos de boje, on
de expressões pouco explícitas, como é o caso da carta de Almada, que parece
dá-lo como secular em 1757, à qual nos referiremos a propósito do Hábito
de Cristo. O mesmo acontece com o tratamento que os Oratorianos lhe
dão, na correspondência sobre a bcatilicaçào do P. Bartolomeu do Quental.
Começão por tratá-lo por M. R. Sr., terminando as cartas com a fórmula
De V. M.** e V. S.* e acabam por lhe concederem o sinvies tratamento
de Hl. Sr., fechando com o menno De V. S.*. No sobrescrito escrevem
por vezes: Ao M. R. Sr. Luiz Antonio Vemey; outras, porém, apenas Ao
Hl. c R. Sr. o Sr. Luiz, etc.

Era. pois, somente Clérigo com Ordens Menores, quando conseguiu


a primeira grande dignidade O Abade de Sever garante, na
eclesiástica.

Biblioteca Lusitana, que «a integridade da vida, unida à vastidão da


literatura lhe adqiuifão ser em a digni-
jnovido por nomeaçSo pontifícia
dade de Arcediago da Sexta Cadeira na Cathedral de Évora». E quem se
lembrará de pdr em dúvida tBo verosshnil notfda, ncompOM, tio justa
do mérito?

(1) T. T. — HabiL Ordem de Oisto, M. 18. n.« 143.

Copyrighted material
— 102 —
A porém, passou-se assim:
história,

Na primôra i^ortunidade, em vez de se diiipr ao cunhado, Vemei


escreveu a Joio Pedro Ludoviô, filho do primeiro matrimánio de Joio Fr^
doico e particular amigo de Carb(>re (\). Precisava wyentemente de um
Benefício, para poder viver decentemente. A recomendaç3o solicitada

correu \elo7 até àsmàos do Ministro de Portugal cm Rí<nia, Comendador


Manuel Pereira de Sampaio, envolta em expressões do niaxs vivo empenho.
O próprio mterasado le encarregou de levar a carta, que fora red^ida a
8 de Setembro de 1739 (2).
Carbone também conhecia perfeitamente o meio romano, e n2o deixou
de o expressar a Sampaio, para lhe espicaçar a solicitude pelo seu pedido.
«Supostas, porém, as varias industrias de que iizão os pretendentes nacio-
naes, que ahi se achão, nào seria fácil ao dito Seiíhor I.uis Antonio Verney
conseguilo tam sedo sem que V. Mercê lhe dê a mào, e u favoreça na pri-
meira oocaziao que se ofTerecer de vacatura».
Todo o seu empenho {novinha da oonaideraç&o que Ludovidlhe mereda:
«E como me assiste hum particularíssimo empenho de servir a quem me
O0CiqK>u nesta recomendação, que he o Sr. João Pedro Ludovici, primo
do mesmo pretendente, nào posso deixar de pedir a V. Mercê com o mayor
encarecimento e cfiicacia o queira tomar debaixo da sua protecção, para
conseguir, quanto antes, o fim que pretende».
O jesuíta tomara tanto a peito a recomendação de Ludovici que asse-
gurava a Pereira de Sampaio estinnr «oste favOT mais que se fora couza
pertencente a minha própria pessoa». Por Isso, rematava com os mais
persuasivos argumentos, de molde a sossegarem a sua preocxipaç3o : «Como
não posso duvidar da sua boa amizade, fico na certeza de que nào será sem
effcito esta minha recomendação. Peço a V. Mercê muitas occazioes do
seu serviço, no qual me empregarei sempre com maior gosto».
A tranacriçlo qnaae hitagral da carta de Carbone Inqmnharse neste
momoito, porque foi dela que saiu o maior benesse grangeado em Roma
por Vemei, tendo de servir mais tarde a Sampaio, como arma de defesa,
quando sc procurar decidir da sorte do muito requisitado Arcediagado de
Évora. Vemei nunca dirá que deve essa honra a um inaciano. £, contudo,

(1) Qmw é fidn de ver, nio se pode considenv iMrinio, oonf^^


no pnsso cit.ido adiante. Era «criado pertlcuIardeSua Magcst;.de». que viria a ter «maiores
fortunas» do que as de herança de fiuailia», ntpat gostar d'elk Sua Magestadc». Vivia
abastadamente e conaegidni o tprm de bachaiel fimnado na Unhwnidade de Coimbra,
além das distinções dc Familiar do Santo Ofício e Cavaleiro de Ordem de Cristo (T.T.—Ibbi»
Utaçõcs do S. Ofício, M. 69, n.» 1288. Publicado em Apont, 13).
(2) Ver Ap. Doe.

Copyrighted material
D. Fr. José Maria da Fonseca c Évora
Ministro de Portugal cm Roma.
laterial
— 103 —
Carbone nesta tpUxUÀtí fida em Só mais taide^ em tom
seu próprio nome.
diplomático, de que costumava usar em semdhantes ocasiOes, o jesuíta
renovará o pedido em nome do Monarca (1). O prot^ido, no Fatto for-
mativo que publicamos no Apêndice, há-de valer-se do argumento de que
foi provido no benefício, «per ordinc esprcsso é raccommandazione delia

sua Corte», para não pagar a pensão bancária de que fala adiante.

Entretanto, vagara em Évora, por murtc ac beneficiado Francisco


Malheiro Leite, o Aroediagado da Sexta Caddra e ninguém ficou sossegado,
à espera de igual vaga no mais pingue Aicediagado do Bago, da mesma Sá.
As influências cruzaram-se em todos os sentidos, na luta titfinica de sempre.
A 26 de Julho indicava para Roma o P. Carbone, o nome de um preten-
dente: «Vagou em Évora o Arcediagado da Sexta, por óbito de Francisco
Malheiro Leyte. Prctende-o o Procurador da Coroa, para seu filho, cujas
attestações tem V. Mercê effícazmente, ainda que o mesmo Senhor, por
justas cauzas,nio he servido que se interponha o seu Real nome para se
alcançar». Deve^
rrferir ao Desembargador Joio Alvares da Costa,
que foi nomeado Procurador da Coroa a 18 de Março de 1738 (2).
Pereira de Sampaio sentiu-se deveras perplexo, pelo compromisso que
tomara a respeito de Vernei. Demais a mais. segundo revelara pouco antes
a Carbone, em carta confidencial, era devedor de atenções ao próprio filho
do Prociu'ador da Coroa (3). De forma que o jesuíta imagina que esse
facto, aliado às circunstâncias que concorrem no pretendoite, «segam de
sobra para lhe ser concedida a senicnra, com os trezentos mil rds de côngrua
que lhe compete». Mas Vemei n3o podia esperar e, alám disso, havia mais
quem se interessasse por semelhante Benefício.
Entre os portugueses que estacionavam cm Roma. ct)nta\a-se Francisco

de Almada e Mendonça (4j, Marco António


parente do Secretario de Lstado
de Azevedo Coutinho e do sucessor deste como Enviado à Grft>Bretanha,
Sebastião José de Carvalho e Mdo. Logo que soube da vaga, escreveu
para Lisboa e lá mesmo em Roma solicitou ao Bispo eleito do Porto, D. Josá
Maria da Fonseca e Évora, que desde 1730 fora nosso Ministro Plenipoten«
ciário na Cidade dos Papas, que o recomendasse ao Cardeal Corsini, Protec-
tor de Portugal. O P. Carbone, em carta de 20 de Dezembro faz a protocolar

(1) Ver Apend. Doe.


Q) T. T. — Chanc. D. João V. L. 93. 199. — Sobre a sua morte e OVtm pormeno*
VM deaconhecidos das Enciclopédias, ver Gazeta de Lisboa I7-1V-749.
(3) De furíodo poitorfor, conheoeinoi ouiiMiioiMlBncM de Suipuo pua o Pr>>
curador da Coroa (B. A).
(4) Encontramo-lo em Santo António dos PortugucMS, a unnar uma acto de Janeiro
de 741 (A. S. R. A. — Liv. dos Assent.)

Copyrighted material
— 104 —
recomendação, aliás já tarde. Segundo o P. Fonseca, o P^»a havia-lhe
prometido o Axcediagado para um seu sobrinho. Mm como consqmixa
pai» o mesmo, a graça de Camarista de honor em daquda
Palácio, desistira
mero6, em favor de Ahnada. Manuel Perdra de Sampaio lembrava-se das
recomendações de Carbone, c síobretudo, como ele próprio sublinha, da

de 12 de Janeiro de 1740 e, por isso. a 18 de Agosto pediu o beneficio para


Vernei, que no dia 2 de Setembro foi contemplado com essa distinção (1).

Por equivoco, o Cardeal Aldrovandi, Datario da Cúria, Imaginou que


as vagas de Arcediagos eram duas, pensando contemplar o protegido da
Corte de Portugal e o do «R."<* Évora». Por isso, quando este toube da
nomeação de Luis Vemei para o Arcediagado da Sexta Cadeira, diligenciou
quanto pôde para que essa graça fosse anulada.
com Fonseca e Évora, p)cdindo-lhe «que se
Vernei aprcssou-se a falar
abstivesse de fuzer-lhe humu guerra com tanto prejuízo, mas creio que foi
tomar dores aos mesmos banhos que buscava como remédio» adverte —
finamente Sampaio.
Esta intervoição de Fonseca parecia ao nosso Ministro «fauma ostili-
dadc t3o alheia da razão» que o foi procurar, advertindo-lhe que o seu interesse
pelo «Abade Vemei» n2o provinha de amizade, pois nenhum trato familiar
tinhacom ele, mas por lhe ter sido muito recomendado da Corte. O mesmo
empenho que pusera na obtenção da graça, empregaria agora para a defender.
Évora nio acreditou logo naa boat intHiQOes de Sampak> e o Gupdeal C^
lembrava que Almada era sobrinho do Secretário de Estado. O Kfinistro
rematou o caso, mostrando c6pia das cartas de Carbone, e advertindo ao
Cardeal que «só tinha acção para desafiar o Datario pella HUta da promeça»
e sugerindo ao R.'"" que ao Papa sòmente podia estranhar-Ihe a falta de
palavra. Nem a um nem a outro era lícito impugnar uma graça legitima-
mente concedida (2).

Vemei rigubilou, naturalmente com a vítAria alcançada sobre tio Ona-


tree opositores, e servir-se-à dda para fugir ao pagamento da Bancaria:
ed è anche ben noto dia aiiendo stato ditto Arcediaconato promesso a]l*Em.
Corsini, per un suo raccommandato, il quale Em. fece tutti i suoi sforâ
acciò gli la parola; nondimeno deito Em. essendo stato accertato
manlencssero
dal Em. Gomes (Ministro P. Francisco Gomes), essere impegno dcUa Corte,
in ossequio delia medesima cedette, e fú dato al Signore Vemey (3).

(1) Ver Ap. Doe


m Ckrta do SuoiNdo a Osibooe lMX-740 (B. A. pi» Mv. e Cteta de
3.IX-40. 83v.
(3) A. S. A. R.

Copyrighted material
— 105 —
A 1 de Outubro desse ano de 1740, D. Fr. José Maria da Fonseca reti-
roiip«ede Roma, com destino à soa Diocese» diegando a Lisboa a 29 de
Dezembro, para ser sagrado Bispo do Porto, a S de Março do ano seguinte,
pelo Cardeal Patriarca, D. Tomás de Almeida (1).
Por fim, todos ficaram resignados. Almada chegou a ser nomeado
Arcediago de Vila Nova de Cerveira c Monsenhor Camareiro de Honra
de Bento XIV (2), não sabemos em que data, mas a primeira dignidade,

no reinado de D. Josá, visto que foi entlo que o Visconde


natnrafanente
de Vila Nova de Cerveira, titular seeular desse Arcediagado, entrou nas
masmorras do Estado, por Decreto de 20 de Junho de 1760(3).
Vemei cuidou dos seus interesses, em conformidade com a burocracia
estabelecida para estas circunstâncias, não conseguindo, no entanto, a poise
do titulo, senão quase dezoito meses depois. Pediu para Évora vários
documentos, como uma cópia autentica das obrigações do Arcediagado
de Sexta, que constavam de 4diiim livro impresso das cátaçOens e Estatutos
da Santa Sé Metropolitana desta Cidade de Évora», que a 4 de Fevereiro
de 1741 lhe passou o Notário Apostólico. Requereu também «huma cer-
tidão dos Estatutos do R.*'^ Cabbido, passada pelo R.**** Secretario do mesmo,
pella qual conste todo o pertencente ao Arcediagado de Sexta, de cujo bene-
ficio tem graça». A certidão foi passada pelo Cabido a 17 de Junho desse
ano e confirmada pelo Secretário, o Cónego Doutor António Álvares de
Sousa (4).
A IS de Jtdho apareceu a Bula e, depois disso, em Évora fiiieram*ee
diligências de apuramento de limpeza de sangue, cm conformidade com
«OS Indultos Apostólicos desta Sé». A 20 de Fevereiro de 1742, o Arcebispo

(1) Em honra da sagraçao, «no dia seguinte deu hum grandioso jantar a toda a
Comunidade dos Religiosos de S. Francisco, onde as&iste» (G, 16-111-41), não faltando
poeta inspirado —
António da Silva Figueiredo, da Academia dos Unos que entoou —
peia imprensa um canto lieróico de oitenta c nove oita\as, intitulado: Prantos de Roma
na chorada ausência. Alegrias de Portugal na feliz chegada e sempre festiva sagração do
III. e Exceli Senhor D. Fr. Josi M. da Fons. e Évora (...) Lisboa, s/d. —
A dedicatória
e M licenças sio de 1741. Rona bem podia dionr « sua «ullnria, oomo o teetcm mlmni
i

as muitas lápides que ainda se conservam, por exemplo a que está à entrada da Biblioteca
Nacional de Roma. (Ver is. — Sobre a fundaç&o da «Biblioteca Eborense» do Convento
deAnGoeU, oonsuHar Documentos do A.SAJL, e Pida, 97).
(2) Portu, T, 276.

(3) O
Visconde Tomás da Silva Teles foi nosio Embaixador em Espanlia: 1737-
•Fbv. 753 (Ar, 97). Sobre a príaio, ver Mar, 372 e na T. T. —
Mbi. Neg. Est., M. 5, o
pedido paraiairdoIUjnoO*XI'60)eoautodoeicaiiwdocadiw(12>I^i^ — Verainda
Sue, 22.
(4) Ap. Doe.

Copyrlghted material
— 106-
eborense, D. Fr. Miguel de Távma, da Ordem dos Eremitas de S. Agostinho,
nomeia o c6ncgo que^ com um ccnyuiz da escolha do Cabido, havia de proceder
a essa inquhricão. Focam escf^das dnco testemunhas, «qpessoas antiguas
fidedignas e cristãns velhas naturaes da cidade de Lixboa. pessoas que bem
conhecessem aor. pays do hiibclilaiido Luis Antonio Vcrne». O inquérito
versou sobre «de que vive, com que ocupiíçào». «o habelitando Luis Antonio
Verney, Clérigo iminoribus»; se é nulurai du freguesia de S. Julião; origem
dos pais, meios de sustMtação, pureza de costumes.
Entre as testemunhas figura um antigo condiscípulo da Universidade
eborense, Manuel Rodrigues Caetano de Sousa. FeduMlo o termo a 23 de
Fevereiro, o Arcebispo passou o certificado de pttritate sangubús e o Cabido
juntou-se no dia seguinte, a horas de prima, cm reunião extraordinária.
Por seu prtKurador. o Cónego José da Silva Cintrào. «o Arcediago de Sexta

Luiz Antonio Verney usibicnic nu Curia de Roma» apresentou «o mandato


apostólico de capienda possessicme» da dignidade avoediaGal. Cumprindo
as formalidades do costume, o procurador, em nome de Vemei, jurou guar-
dar 08 Estatutos, usos e costumes da Sié de Évora e terminou com a |wotes-

tação de Fé. Imediatamente empossado no cargo <q>eIIos senhores


foi

conigos Ignacio de Saa Sylva c Albuquerque e Manoel Estevcns da Costa» (1).


Depois dc todas as fadigas da c*irreria para o Beneficio agora defini-
tivamente recebido, novos trabalhos o esperavam ainda, em que seriam
postas i prova a siu sagacidade e a que sempre usava no tratar
persistência
mento de qualquer negódo. Clemente XII, a 8 de Março de 1737 concedera
aos Reis de Portugal o Padroado da Igreja de Lisboa Ocidental, com a facul-
dade de apresentar todas as dignidades, e licença para poder dar qualquer
canonicato, beneficio ou conicnda ao Visconde de Vila Nova de Cerveira,
em recompensa da Capelania-mor de S. Sebastião e cadeira chamada de
Mafra, a ela anexa, que a Bula suprimiu e lhe pertencia como herdeiro da
Casa de SoalhSes (2).
Por este acordo ficaram estabdeddas «qiensOes bancárias nas Pairo-
quiaes do R^o, com o motivo de se compensar à Dataria qualquer prejuízo
que lhe rezuhasse» do facto de as rendas de alguns Benefícios do Reino,
nomeadamente de Évora, se terem integrado no Cabido Patriarcal (3).
Os beneficiados, e Vernei neste caso, deviam pagar seiscentos mil réis. Mas

(1) B. A. Sl-III-68. pág. 127v.


(2) Prov., V, 337 e Relac, II, 178.
(3) Chamava-se Bancuia, por te fiuer a operação financeiFa, por Intenoédlo de
um Banqueiro. Sobre o assunto, ver Oficio de D. Heorique de Meneses 24-VI-79
(T. T. — Lcg. luilia. Caixa 3).

Copyrighted material
— 107 —
não se conformando com a disposição, que pela primeira vez se aplicava,
protestou em Roma
e queixoii^e pafa Lisboa, evocando os exemi^los dos
Arcediagados d« Cerveira e de Fonte Arcada.
Carbone achou ra7oá\ eI a posição de Vemei e defendetK) com o máximo
empenho. A 19 de Outubro de 41 escreveu a Sampalo, mandando solicitar
à Curia a soluçflo do conflito, a favor dc Vcrnei. Nem na Bula do Padroi^do
da antiga Sé Oriental (1 ), nem na da anexação dos arcediagados à Patriarcal
se fez expressa meoição da parle que podia comp^ aos ftitiirot Arcediagos,
«a quem se deixavão trezentos mil reis de cmigrua (2)». «Com tudo, bem
se ]>ode entender q[ue a mente de Sua Magestade fosse compensar inteira»
mente tudo o que tocava aos taes Benefícios, e por consequência, que se
não houvesse de papar bancaria dos trezentos mil reis». A razão dc «esta
intclligencia» lobriga\a-a Carbone no facto de «a Bancaria nas Parroquiaes
absorve(r) sem duvida todos estes prejuizos».
«Isto siqmsto —
Goatínuava o inadaiio —
seria conveniente que V. Meroê
persuadisseamigàvdmente ao Datário, que absolvesse de semelhante pensão
não só ao sobredito Vemey, mas também aos que forem ao diante jnrovidos
nos taes Arcediagados; para o qual ajuste ainda fíca lugar, sem embargo
do depósito já feito dos seiscentos mil reis, pois se depositarão com protesto».
Os dois casos citados por Vernei serviram a Carbone para reforço da
sua interpretação; «Ajuda muito o exemplo das duas expedições antecedentes
do Aicediagado da Ouaida e do de Villa Nova de Cerveira, que não pagarão
nada; ainda que foi com o motivo de os haver concedido o Papa passado
com esta mesma condição: com tudo, como não pagarão, tanto basta para
se não dizer que está dc posse das taes pensões a Dataria».
Finalmente alvitrava que, se Pereira dc Sampaio não conseguisse con-
vencer o Cardeal Aldrovandi, ao menos devia tentar reduzir para metade
a pensão. E não admitia dilacçOes: «Se não se conclua nesta occazião,
nunca maes se poderá conduii» (3).
O Ministro ficou indignado com a deteaa, de Carbone e fez todo o pos-
sível por resolver o litígio com a explicação do direito vigente a tal respeito.

«Luiz Antonio Vernei nào fcs deposito, não fes protesto, nem era davel
que fizesse estas partes por serem impossi\cis. A dataria nào he juizo ordi-
nário que admite protestações,nem ha tribunal em que melitem depósitos
asegurando firmissimamente que nenhum destes actos se praticarão iamais

(1) A divido de Lisboa em dois Bispados foi «siabdecida por Bola de 7-XI-716
(Historial, III-I, 822) e suprimida por Bula de 13-XII<40 (PTDv. V-I, 337).
(2) Histori. VIII, 130 e Prov. V-I, 337.

(3) B. A. 49-Vill^, pág. 74.

Copyrighted material
— 108 —
na dataria desde que ella se instituhio». E explica a prática em uso No mesmo
:

tempo em que se expedem as Bulias se reparte o custo ddUas a quem pertmoe


nos diferentes pagamentos que se fazem, e pello que toca ás cedolas banca^
rias que sfto as pençOes de seis anos, se dio sempre livres, pois que de outra
sorte, nem os Banqueiros as asignarião. nem o Papa poderia dispor delias:

só no cazo que o Beneficio he letegioso, no caso em que haja duvida na vacân-


cia, e no caso em que sc suspeite dc que seja gravado de pensão a favor de
Br.i* se recebe cédula Bancaria eventilia(?) para tempo determinado, no

fim do qual corre a cédula livremente como as mais, qpumdo se nlo preaenta
documento sobre a pençio imposta ou sobre nlo existir a vacanda ou final-
mente sobre durar a demanda no tal Beneficio».
Vernei, como vimos, alegara cm seu ra\'or os casos dos Arcediagado de
Cerveira e de Fonte Arcada. Mas esses exemplos constituíam excepções,
como numa própria cláusula se acentuava. Também o Arcediago de Évora
pretendia que se tirassem ou diminirissem «as cédulas de 600.000 em cada
Benefkio dos desmembrados». A primeira pretenclo dassificou-a Saaipaio
de «(novidade»; a esta apoda-a de «aibftrío».
A
este respeito lembra o lufinistro «que a importância cm que se devia
compençar a dataria, pello prejuízo da desmembração nos tays benefícios,
he de Ires mil duzentos e vinte hum escudo, por cuja razilo ajustou o Bispo
do Porto (Fonseca e Évora), que a Bancaria dc cada hum dos tacs Bcneficios
fosse de mH e duzentos escudos, que eu diq»ois reduzi a 500» (1).
Em carta particular dá lars» à sua indignação, pdas propostas de
Vemd, mostrando a opiniio que dele formava: «Explico-me discretamente
no despacho sobre as parvoisses e lígeirezas de Monsieur Vemei, de cuja
cabeça podem pedir informações aos Padres Philípinos, principalmente
Manuel de Almeida (2): nâo vi intento mais redicolo que o de querer repetir
o dinheiro dc huma expedição de mas tudo
Bulias, passados tantos tempos,

se verá neste pasmado de ver a confiança de recurso,


mundo, e eu fico
fundado pois em Atreveu-«e mesmo a oensunur a
assertivos tio fidsos».
Corte de Lisboa, que acreditava no Arcediago: «...nio he próprio de
huma Corte tio saia como a nossa, o dar atençflo para semdhantes
recursos».
E termina, entre jactâncias e sentenças: «Deus sabe quanto tenho feito
na Dataria pelo bom serviço do Reino sobre cédulas bancarias, mas por
isso mesmo nio tem gosto algum toda a Portuguesada que em Roma trata

(1) Onta a Gutoiíe, ao-l^ (B. A.— 49-Vn-32. pág: I6v.


(2) Professor dc Filosofia na própria GoopepçiOk de 1712-15. GoahoocOMB
postilas deste magistério (Ver Ine, 344).

Copyrighted material
— 109 —
de n^ocios da mesma Dataria, por qite quanto maior he a despeza, tanto
maior he a ganaada» (1).
Cubone nio ae satisfez intetnunente com a ocpUcaçao de Sampaio,
e a 27 de Fevereiro (de 742) letocquiu em igual tom de pessoa qiue bem domina
o assunto. Apesar disso, parece condescender com alguma» r^lexÕes do
Ministro, paru terminar por impor o seu juizo» (2).

A qucstào acabou quando Pereira de Sampaio satisfez à ordem de «resti-

tuirem a cedola bancaria de 500 cruzados a Luiz Antonio Vemei, em cuja


mfio foi entregue». O seu orgulho ferido fechou a correspondência sobre
este assunto, com a repetição das suas razões. Nunca tinha tido «nota
de exemido no qual se praticasse este acto dispois qut as Bulias são expe-
didas e queem virtude delias sc tcni tomado a posse do Beneficio» (3).

Também na sede do Arcediagado teve dc sustentar pesada tormenta.


O Cabido não íicou satislcilo com a nomeação dc Vernci, entre outras razões,
em virtude de o novo Aioediago m<nar longe de fivora. Mês s6 manifestou
o sen descontentamento quando se convenceu de que a ausênda da Pátria
era demorada. Como poderia, por exemplo, cunq»rir a obrigação de «lembrar
em Cabido^ todos os negócios que ouver acerca de demandas», conforme
preceituavam os Estatutos?
Faltam pormenores desta parte da questão, mas sabemos que Vemei
enviou um memorial para Lisboa: <^Cá sc me deo o memorial incluzo a
favor de Vemey e estimarei que em V. Mercê podendo, o fovoreça na sua
pretenção» (4). Em 20 de Ateil de 43, uma nova exposição de defesa
dos seus direitos contra as prctençOes do Cabido, que se pode ver no
Apêndice documental. Analisando os pesos do Arcediagado, concltiia
que era legítima a residência fora de Évora, desde que deixasse um
substituto. Ao Cónego Cintrào, que o substituiu nas obrigações locais
do Beneficio, foi pagando, todos os anos, 25.000 réis e 50.000 ao
Cónego Teles, a partir de 1779.
A 8 de Fevereiro deste ano de 43, ainda Carbone insistia em P. S.:
«Vay entre as mais huma carta para o Arcediago Vemey, o qual novamente
recomendo a V. Mercê para que o favoreça nas suas pretençi^cs» (5).
Sampaio, diplomaticamente mostrava boa vontade em atender «ao Abb. Ver-
ney» (6). Mas Carbone, receando de-certo a antipatia do Ministro, até

(1) B. A. — 49-Vn.32, vég. 19.


(2) Ver Ap. Doe
(3) Guta a Gubone, 10-0.42 (fi. A 49-Vn-32, pág. S6).

(4) B. A. — 51-in-^.
(5) B. A. — 51-ni.«. pág. 98.

(6) B. A.— Sl-ni-^, pág. lUv.

Copyrighted material
— 110 —
em coisas de menos importância lhe fazia recomendações especiais: «Se o
Afcedíago Vemei enti^iar a V. Mercê alguma encomendinha para João
Fedro Ludovki seu parente, nio deixe V. Mercê de aoeitala e remetda com
ocaztão oportuna» (1).

Os primeiros seis anos de ausência da Pátria haviam provado que não


vivia sÒ7Ír;ho no mundo, e para grangear o favor da Corte c a estima de
muitos nào eru necessário aparecer com publicações iluminadas. Proposi-
tadamente procurou, no entretanto, o convívio com meios em que prevalecia
a influênda do Rd português, da Corte Romana e dos intdectuats italianos.
Por isso, o vemos Árcade de Roma, vamo-lo encontrar à firente do Hoqrfcio
de S.António dos Portugueses e privando com ahas personalidades do meio
eclesiástico e do iluminismo italiano.

Das pesso:is dc maior tom que o honraram com a sua estima neste período
anterior à publicavào do Verdadeiro Método de Estudar, relevamos o Arce-
bispo Bórgea, o Cardeal Tambiirini, e o bibliotecário de Duque de Módena,
Luis António Muratmi. Em conversas por escrito oo com a pemnita das
próprias obras, fundamentavam a amixMle que liga espíritos irmanados
por idênticas preociq^açOes tntdeetuais. Não será o caso de António
Genucnse, a cujas conversas se refere no primeiro livro do De Re Loi^ica,
com o qual pode ter falado em 1745. quand») em Nápoles tratava da impres-
são do Verdadeiro Método de Estudar? Ao Arcebispo Alexandre Bórgia
propunha edibv, aos dois primeiros
enviou a aHâca,, hoje desconhecida, que sc

volumes da BtNhteett Lusttana de Barbosa Machado, ci^o conteúdo não


devia divergir muito da que endereçou anos mais tarde a um amigo de Por-
tugal (2). Ao mesmo Prelado remeteu as inscriçOes a que nos referiremos
adiante, tendo recebido, por sua vez, um volume de sermões e «algumas
poucas coisas que também lucubrou «contra o Cardeal Quirini, a respeito
dos dias santificados. A admiração que vota pelo seu correspondente res-

salta bem das palavras que consagra a estes últimos escritos: «Podes crer:
ainda não vi nada melhor. Rebate tão abundantemente, e oom nervo,
os seus argumentos, que nada hi siqxríor» (3).

O Cardeal Tamburini fez-sc portador de um livro que Muratori lhe


ofereceu (4). A este enviou Vernei as suas obras, inclusivamente o Verda-
deiro Método de Estudar (5), e conseguiu, de Portugal, o livro que Bernardo

(1) B. A. — 5I-III-68, pág. 127v.

C2) Carta dc 1-1-53. Ver Ap. Doe.


<3) Apmi E,m,m.
Apud E. III. 282.
(S) Ajmd E, III, 268, 269.

Copyrighted material
— Ili-
de Morais escreveu contra o Iluminista italiano, sendo ele o primeiro a dar-lhe
a noticia (I).
Apesar da ant^iatia que alimentava por Sainpaio, nflo deixou de cooperar
com ele, quando se tratava de exaltar os feitos portugueses em terras do
Ultrarrmr. como foi o caso ocorrido em 1748. As nossas armas haviam
conseguido brilhante vitória na índia, nos anos de 1746 e 48. Cciebrou-se
então um luzido iriduo nu igreja de S. António e o nosso Ministro ofereceu
ao Papa, aos Cardeais e a outras altas individualidades, a rdaçlo desses
feitos militares (2).
Vemeí compôs uma inscrição, refundiu outra, e distribuiiMU pdos
amigos. Ele pfópfio explica: «A primeira foi composta em contraposição
de outra posta no arco triunfal em Goa, que se imprimiu. A segunda foi
tcit;i a rogo de ccrla personagem, para uma coi/a que não teve efeito». Atri-

bui-as a «um Conimbricense», mas a Muraiori mandou um exemplar com


estas palavras: «Envio-te, para te distrair com as minlias ba^itdas, duas
inscrições com que perpetuámos as nossas aoçOes g^otions na tndia.
A primeira delas redigida na Asia, que nós refundimos, ou antes, editamos
de novo, há-de saber por completo ao gosto dos índios. A segunda foi
feita por terem sido decretadas preces públicas na cidade por trfis dias.

Sirvam-te estas coisas dum sucedâneo da história» (3).

Também as ofereceu ao Arcebispo Alexandre Bórgea, que lhe criticou


a propriedade de alguns vocábulos. Enquanto Vemei, na Ultima resposta,
encontra nelas «certos laivos de século de Augusto» (o mesmo devia ter dito
ao Aroebiqio)* Bórgea afiança-lhe que os títulos não só nada sabem à era
desse imperador, mas ate estilo muito longe dele. Vernci escrevera: Petro
Michaeli Marchioni Cusiclnovcnsi Proicgi. Bórgea emenda: «<Vê lá, meu
doutíssimo Vemei, se se adapta àquela era o Marchioni Castcinovensi. Sobre
Marchioni não disputo, visto que, apesar de barbarismo, é no entanto neces-
sária para comqNmder aos nossos costumes. Mardiioni Neocastri ou
Castrino^ vão desdiz menos daquela idade?^(4). Vemei não concordou
inteiramente, mas também nlo conservou a primeira redacção. Colocando-se
no meio termo, emendou para Castellinovi.
Sobre as suas relações com o Hospício de Santo .António dos Portugueses
em Roma, será lícito ulirmar que pertenceu ao grémio luso, desde a primeira
hora que entrou na cidade. Era então Reitor o P. Gregório de Figueiredo

(1) Apud E, 111, 284, 288. 290 e 301.


(2) POTtu. I, 755.
(3) Publicamo-las no Api. doe, pcMque Miido uma iirodiiGão de Vemei, ainda olo
ae tinha reparado nÍMO.
(4) Ap. doe.

Copyrighted material
— 112 —
e Sacristão o P. Inácio de Sá, que em S de Novembro de 1738 já assinava
como Vke-Rettor e em 1 de Janeiro de 39 desempenhava as ftmçOes de Reitor
do Hospício. Essa pequena Igreja com as moradias que a rodeiam e ftzem
parte do património da mesma, era conriderada um recanto de Portugal,
que recolhia a maior parte dos portugueses residentes em Roma. Lá se
iam alojar «i Nazionali dispensanti. Prcti, Frati, chc vcngono per negozi,
i i

e sempre visono 16 o 18 cappellani Portoghesi» informa Vemei em carta —


a Aires de Sá, de 25 de Dezembro de 65 (1). Dai que exercesse uma espécie
de jurisdiçio sobie todos, e se aceitasse, de oma maneira geral, o sea arbítrio
nas questões que surgissem. Por esse motivo, Vemei lhe chama «Sinédrio
nacionab>.
Na falta de Livro das Actas das Congregações (2), procurámos o nome
do Arcediago noutros volumes, e encontrámo-lo a assinar, com outros,
a folha das despesas mensais dc 1 de Janeiro dc 1739. Manteve-sc no governo
até ao fim do ano, não voltando a topar-se a sua assinatura nos anos mais
prddmos. Em Janeiro de 41 aparece Fcandaco de Almada a rubricar as
folhas coÊOú govemador, permimeoendo no cargo até Nfaio de 42. Aqui
começa a grande tragédia que vai impregnar toda a vida de Vemd, e de
que já vimos o primeiro acto. Almada cruzara-se-lhe no caminho na pre-
tenção do Arcediagado eborense e náo levara a melhor. Pois a 14 de Maio
741, Vemei era expulso do número de Deputados «per cause urgentissime»,
ache aecondo i principii dcOa ragion eomune, e quelie delle Gostituzioai
di essa Chiesa bea meritavano un tal castigo».
O Arcediago finghi desconhecer a dedslo e dois dias depois continuava
no exercício do seu múnus, aliás exorbitando dos seus poderes, a exigir que
o Secretário assinasse sete memoriais de concessão de dotes a donzelas pobres.
Em face da natural recusa. Vernei exalta-se e resolve ditar para o notário o seu
protesto,bem como a declaração de nulidade para todas as decisões tomadas
na última reuniSo e nas fttturas, em que ele nflo estivesse presente e nflo
desse o seu consentimento. No tribunal exporia os motivos do veto a
se jnlgm com diicitOb
Os deputados, no íntimo devem-lhe ter dado razfto, porque, se a expulsão
fosse legítima, governariam o Hospício sem receio da ameaça. Mas não.
Acharam conveniente recorrer ao Cardeal Protector. Corsini levou o
caso ao Papa, rogando-lhc que hou\esse por bem «ordenar que tal protesto,

acto tio insf^to e irrqiular de que pode oaseer prejuízo sensivei à libeidade
e prerrogativas da sobredita Gongregaçio e Igrcga (...), scjia tirado e afiutado

(1) Àpud E, Iir, 345.

(2) Ao livro BB-3 que termina era 733, segue-se o BB-4, que vai de 1-I-44 a 28-XII-7I

Copyrighted material
Frontaria da Igreja Nacional de Santo António

dos Portugueses, cm Roma


laterial
— lia-
dos autos (do notário), para que no futuro não possa nunca dele aparecer
qualquer vestígio».
O Pontifico atendeu em parte à petiçlo, determinandoque nlo fosse
afixado o protesto no que respeitava à proibição do exenkio das flmçOes
normais da Congregação. No mais devia-se proceder segundo os preceitos
do Direito. Palavras concisas de uma carta de Carbone permitem acres-
centar que o substituto do notário do Cardeal Vigário fez qualquer notí-
tlcaçào, por ordem do Papa e a pedido de Sampaio (1).

Vernei pero^MU qne não conseguia os seus intentos em Roma e apdou


para Lisboa. A 27 de Junho,
Carbone informa o Ministro do recuno do
Arcediago, eiprobandoJhe a forma como se tinba oonqNiftado neste assunto,
ao mesmo tempo que comunica: «mas ainda se não manda resposta alguma».
Só a 5 de Agosto, o Secretário de Estado, Marco António de Azevedo Coutinho
1

participou aos Governadores e Deputados «que, sendo Sua Magestade


informado da demonstração que usou essa Congregação com Luis Antonio
Vemey pelos procedimentos que praticou (...), M
o mcamo Senhor servido
ordenax^me qne avise V. Mero6 que tornem a lecebcr o dito Luis Antonio
Vemey, no lugar de Dqmtado dessa Congregação».
Encontrámos na correspondência de Vernei um passo que, se não inculca
O pretexto da contenda, relaciona-se certamente com ela. Na carta de
25 de Dezembro de 6S, a Aires de Sá, lembra que cm 1741 se encontrara
com o jesuíta Alexandre Duarte, «cli'era sostituto nel Nfinisterio al P. Gomes,
e cfae moil prima di goderio», e rebentou disraissão a reqpeito da sala da
Embaixada. «Era talmente caiica di casse d*oro, die dovettero punteUaria
dl sotto, aodò non cascasse» — recomendava o inacíano. «Forse sarebbe
in altro luogo, mentre nel piano di sotto abitava il Marchese di Abrantes,

che pure non aveva paura che gli cascasse adosso» — observou Vernei. Só
por isso, «il sócio irato mi accusò al Sinédrio Nazionale, si parlò molto delia
mia temerità, e d ha v(rfuto dei bdlo e dd buono per iioii fimni un
Stato»C2).
O Mas, faça parte ou não do
qiisádio está certamente exagerado.
que tratamos, a verdade é que Vernei saiu vencedor. A vitória, porém,
litígio

não lhe resolveu toda a desagradável questão, porque o mal-estar que a


presença dos colegas lhe causava, parece que o obrigou a viver ausente da
direcção. Não terá, por isso, tomado parte nas festas da família portuguesa,
como a sagração, em 15 de Dezembro de 744, da Capda de S. João Baptista,
pelo Papa Bento XIV, armada para esse fim na Igrga de Santo António;

(1) Carta de 27-VI-41 (B. A.— 4»*VIIM0k p«f. 27).


(2) Âpud £, 111, 331.

Copyrighted material
— 114 —
o Te-Deum que na mesma Igreja se celebrou em memária do nasdmento
da filha da Princesa do Braul, ou o sumptuoso trlduo de onçOes para impe-
trar de Deus a taide de D. Joio V(l).
Mu se assim foi, n&o deixou, no entantt^ de marcar a sua presença,
te nlo na Igreja Nacional, em Roma, ao menos na Corte de Lisboa, para
onde enviou a De recuperata sanitate Joannis V (...) Oratio{2).
Só cinco anos depois, a 22 de Dezembro de 1746, as actas das reuniões
registam a ma pBBieuça. Itíbmtêú da novo no Govnmo da Congregação.
Mas a pBitir desse momento andon absorvido oom outros nsudcios de neiof
monta: a polémica do VerdÊÊdgiro Método de Estudar e, desde 52, a cansa
de beatificacio do P. Bartolomeu do Quental. Fora do ano de 51, em cujas
actas aparece oom frequência, por exercer então as funções de Governador
e testamenteiro de Manuel Pereira de Sampaio, o seu nome apaga-se quase
por completo, da memória do Arquivo do Hospício, onde um iiei discípulo,
P. Vicente Dimaso Staurini há-de um dia, talvez por ocsoilo da eoctinçlo
das Ordens Religiosas em Piurtugal, nr depositar os papéis que possuía de
seu mestre e grande amigo.
Entretanto falecia o Monarca português (31-VII-750) e por toda a parte
as cerimónias fúnebres atingiram grande esplendor. Em Roma, no dia 23 de
Setembro, o Santo Padre fez uma alocução ao Sacro Colégio (3). Quando
se realizaram exéquias na Capela paulina, disse a oração fúnebre no Palácio
do Qnirinal, o Marquês Valenti, sofarinhodo Secratfiio de Estado, na pre-
sença do Papa, de vinte e cmoo GsideaM, Supenores de Ovdeos RcHjtosaSi
Embaixadores, Ministros, etc. Também na sua capela privada o Sumo
Pontífice mandou celebrar exéquias no mês de Dezembro e foi rezar à igrqa
Nacional de Santo António, no dia das Quarenta horas.
A Arcádia de Roma associou-se ao luto português, consagrando a
primeira assembleia geral à sua memória, com a participação dos Ondeais
Cuafib, Ddcí, Ovadafui, Tunbnnd, Conini e Orsini, e o Arcebispo de
Apamea, Mons. EslBvIo Aseaiani(4).
Os portugueses não faltaram ao sagrado dever de comemorar tão augusto
INissamanto» Um jesuíta, o P. Pedro da Serra (5) e o govenador da Igrqa

(1) Portu, I. 239. 249. 229-231.


(2) 8e é qoB a nandoo, poique itfh> Ileoa «atiifèilo eom a lii«ic^^ VerBUdlog;
Vameiana no fim deste volume.
(3) Já por ocasião das melhofM do Monarca, Bento XIV tambta profÍBrin outim
alocuçSo condstorial. a 21-IV-749.
(4) Portu, I. 263-265. Ver Lo.
(3) Sobre u P. Serra, qp» veio a falooar, «apoho da Mtria, em Gaatalguidolfi»,
a 17-11-770, ver Com, 161.

Copyrighted material
— 115 —
D. SelMstíflo Maria Comia ndtafam oraçOes fúnebres na Igreja
Nadooal(l).
Vemei qiuisoMe de intiigHt que lhe movenm, qpeiar de ter rido cenwi-
dado por D. José. Reconhece que ninguãn, dentro da Igreja de Santo
António, ostentava tantos motivos de gnUidSo para com o Rei defunto, e
declarava: «A isso acresce o teu autorizadfssimo parecer que quis fosse eu
o Orador. Mesmo assim
Ignoro o motivo por que isso não aconteceu».
redigiu 7/1 /unereJbannii Vi...) OnithadCanbiahK,<fmbapdiaÊAtmIí^^
Flua justificar a pnUicsçlo eoi tait cirCT nitfffurifl lyuiita q[iie Ibe pueora
ffj,

dar à hiz o que f<m escrito IN» ordem r^la (too joMu) e por dever d^
(grati anlmi caussa).
Aqui devem ter terminado as suas relações com os portugueses da Con-
gregação Nacional. Desde 1752 nâo voltou mais à Igreja, passando a fazer
vida à parte e contactando apenas com a Corte de Lisboa e um ou outro
oompalriota <p» U» ficou afeiçoado.
Eaqaanto enteia estas actividades — as que bem se enquadram no
primeiro decénio passado em Roma — Luis Vemeí ardia abrasado em cumprir
o plano pedagógico de iluminar a Nação, que em Itália ia ganhando forma,
à medida que se via acarinhado pela protecção da Corte. Em face da vasta
bibliografia que encontrava nas Bibliotecas e nos livreiros, verificou que
<(ninguém aparece, quanto pude conseguir que, não digo seja eminente em
ambas as disdpHma, mas que domine bem a Filosofia ou a Teologia, no
que reqpeita a todas as suas partes». Que se passava entlo? «Muitos,
Ott diqputanun com agudo laciodnio iqwoas uma parte, ou escreveram mais
para os mais idosos do que para os jovens». Não se podia, pois, reduzir
a reforma, enviando esses livros para a Pátria. E demonstra:
«Para começar pela Filosofia, quem não louva, na lógica e metafísica,
a diligência e o engenho de Gazendo, do autor da Arte de Pensar, de Male*
bnmche, Lodce, Gbre, Orosat, Poiret, Rndíger, Tomás» Trnhimausan, Wd^
Baumeister, Mori, Furicer, Cudworúi, Gtarl^ S'OrBvesand, Corsitti e Sdria
e dos outros que progrediam oom a leitura destes? Quem há tão pouco
familiarizado com a Física que não saiba quantas e quão excelsas cousas
excogitaram Newton, Leibnitz, Hansch, Keill, S'Gravesand, Musschenbrock,
Rohault, Sturmio, Desauguliersio, Leewenock, Boyle e os que beberam
nestas fontes, Mutàn, Crivei, Odio e outros...». «Na Ética quantos estudos
eniditissimos há, de Hobbes, Gambedand, Giódo, Pufimdoff, Baibeiíae,

(1) Ver BiUiografia vemeiaiia: Ih fume... A do P. Serra, que trazia «a relação


do appaiato funebce» efectuado a 28-V-Sl, foi «aviada pua liiboa, aoaiBpuiliada de carta
de que le guaida o boato no K&Ji.K.

Copyrighted material
— 116 —
Buddeii, Muratori, Heindcio, Wolf, Corsini e de outros que escreveram
largamente sobre este assunto?».
Confessava que os connderava «pouco aptos, os que se podem adaptar
às inteligências dos jovens, i»incípatmente dos portugueses», por várias
razões, entre elas a de empregarem rigor matemático, não podendo,
por isso, agradar ou servir senão iniciados na Geometria; a de não disputarem
todos os assuntos necessários e nem sempre utilizarem «o verdadeiro método
de ensinar» ; e de serem, muitos deles, heterodoxos, «que podem levar as
inteligêndas dos rapazes à luina».
Entre os autores ortodoxos, cita Patavio, Thomassin, Tonxneli, Vitassio,
Boucatus, Akxander, Maignan, c os que destes paniram, Du-Hamel, Hermí-
nicr, Perrimczzio, Venerio e outros, «homens na verdade ilustres, de singtilar

doutrina e para sempre merecedores da Igreja». «Mas quem se convencerá


de que só com estes génios pode chegar ao íim proposto, não só de forma
segura mas sem trabalho?» «Quem è que, manuseando as obras ddet, encontra
o que se reputa absohitamente necessário para ilustrar convenientemente
a Teologia?» Apesar das virtudes que se lhe possam notar —a enidiçAo,
pureza de linguagem, etc. — «isto afirmo: muitas cousas c não sei se as
melhores, faltam nos seus livros, para encontrarmos o Teólogo que inten-
tamos». Por exemplo, «não cstào imbuídos do principio mais sólido em
Filosofia»; «nusiuram muiias cousas à maneira dos Escolásticos»; perdem-se
com questões inúteis; sSo palavrosos, «mais solidtos com a erudiçio do
que com a regra de julgar».
Advirtarse a preferência que menciona: «Os que melhor trataram deste
assunto, como Petavío e Tomasio...»; «se me pormitísse opçfto, anteporia
a todos. Petavio e Maignan» (1).

Apresenta depois os tópicos da sua Teologia que veremos no capítulo


seguinte. A sua reforma, contudo, não se confinava apenas às dvias disci-

I^inas referidas, nem tão pouco às que ia estudando desde que chegara a
Roma, a Teologia e a Jurisprudência, como vamos ver, apieciaiido as linhas
gerais dessa reforma pedagógica nas duas feições destrutiva e construtiva,
dentro dos princípios enunciados de simplificação e modernidade.
Antes, porém, deixaremos assinalado que o intenso trabalho a que teve
de lançar ombros, foi prejudicado pelas contínuas doenças que o atormen-
taram. Sobretudo a partir de 1744, nota-se
insistente o registo da falta
de saúde (2). No úhimo semestre de 45, nem pdde escrever à fiunilia nem
redigir nada durante cinco meses. Em fins de 47 sofria dores de cabeça

(1) Carta ao Marquês de Valença. Ver Ap. Doe no fim deite voL.
(2) Cana a Muratori, 16-XU-747 {Apud £, III, 278).

Copyrighted material
— 117-
e de estômago, chegando a ficar quinze dias retido em casa. No fim desse
no ponderava a finca saúde de «há trSt anos a esta paite»» apesar de lhe
nio proporcionar enfermidades agudas» «para empregar a expressfto dos
médicos» contudo eram da molde a proibirem^he «os trabalhos literários».
;

«De modo que até aquelas coisas que entretanto sou obrigado a fazer, tenho
de as fazer de uma vez e ràpidamenle» (1).

A Maio de 1748 comunicava a Muratori que havia quatro meses


21 de
se eocoiitisva doente. Fim do ano de 48 e piimeifoe diat de 49 passou por
novo período de tonnentos» com Yertigens e sangrias. Ouéis dores, doces
de estômago e itericia no verão, obrigaram-no a repouso em Tiuculum,
com total cessação do trabalho (2).

E assim deve ter vivido até à hora da morte. Na advertência aos jovens
portugueses do De Re Physica (1769) escusa-se de a nào ter publicado há mais
tempo, e revela uma fraqueza geral do sistema nervoso que o acompanliava
perpètuamente.
Nio aptesentamoe o gráfico completo das doenças de VemeL Aiíbs o
para se compreendeiem at condições de espirito
qjue se regista, é suficiente
em que se via forçado a trabalhar. Era precisa uma compleição forte, um
carácter tenaz de lutador insofrido, para se levar por diante a ingente tarefa
que voluntàriamente colocara em cima dos ombros.

(1) Apud E, III, 278.

CQ iMirf a III.2S9, 279, 281, 289 «901.

Copyrighted material
CAPÍTULO VI

A ÉPOCA EM PORTUGAL
(1736-746)

Futilidade do século.
O «vMto «ndbo maàífeatado «nu

d* UKfuas:
—•êffiÊaâo de perióâko» 9 txpamaiio 4o
Um: natídcude Academias ekntifieas!
livreiros estrangeiros: Um» de kbiá'
ria; Voltaire etc;

« seus eomspondeníes em Portugal:


D. Lub da Qaiha e Cardeal da
Cmàa (a reforma de D. Vea Mo
de Ribeiro Sanches); Sarmento e
Ericeira ÇNewioiúsmo); Mecanicismo
em Medicina:
—a teiakb opouo: Abmt, Mammà, Cor'
reia. ctc:
— mecanicismo em Física: Pelt, Fortes,
Mtma. VUa. Gamdbí
— livros e
científicos antl-aristotélkos:
Castra Padrão. Bóreas, Feijó. etc.

QmttÕes rtUgiosas: StgUismo, Milenismo,


MaterkdUmo, &
Ofklo, D. tab da
Cunha e outros contra os Frades.
Questões literárias: Valença, Valadares, Vieira^

'Ericeira. CÒndkh Lasttano.


O ensino: Jesuítas em CobiAra. Lisboa e
Évora (fiiivesire Aranha, Antóido
Vieira, ete,),
OratoríonoM (Jisil» B^ptísta, ele.)

O decurso de tempo cm que decorrem os factos extremos deste capitulo


— partida de Vemei para Roma e publicação do Verdadeiro Método de

Copyrighted material
— 120 —
Estudar — basta, só por si, para caracterizar quase perfeitamente a atitude
do século xvm português, visto as manifestações cultunis de qualquer projeo*
çio, se encontiaim iqwtidas por todo ele, até á década postrema. FaltapUie
talvez só» o aspecto da atenção ao caso político e ao fenómeno social, que
se verifica nas últimas quatro décadas.
Vivia-se o momento do caso fantástico, ocorrido algures, do bom sucesso
ou da catástrofe das armas cristãs, da sátira contra tudo e contra todos,
da polémica follietinista a propósito de discordâncias religiosas, literárias
ou dentifieas. Pndiftravam academias de vários matizes, tm que se ensaioa
a critica Umáiia e fknesoeii o espirito cientifico, de paredes meias com o
preciosismo e o mau gosto da futilidade dos bffaioos de palavras ou ponqpos^
dade dos títulos exagerados e ainda crendice em certa ciência ultrapassada.
Se quiséssemos documentar estes diferentes aspectos do século, tanto
OS que o tornaram um lapso de tempo fútil, como todos os que o honram na
qualidade de impnisionador dos mmoa mais oonideiitca da dlncia operip
mental e de uma filosofia oorreqiQndente, de nítido sabcf anti-metafEsico,

poderfamos aduzir múltiplos exemplos que enfastiariam o leitor. No entanto^


uns casos típicos são indispensáveis e não fugiremos à esquemática enunciaçflo
de alguns, postos de novo neste decénio ou meros continuadores da linha
de renovaçilo ou superficialidade já acentuadas no capitulo anterior.
Folhas volantes passaram de mão em mão, indiscutivelmente ridículas,
a respeito das qualidades das mulheres, sobre a melhor forma de passar
o tempo. Entre outras, a fdha que dava pelo apdativo de Nova recnação
de bons ãUoi, agradáveis e judiciosos. Impresso em Madrid no ano de 1741
correu um papel intitulado Feição à moderna ou lograçâo disfarçada, químicas
a surrelfa e ideas de tratantes, novamente inventadas para passar la vida escho-

lastica na Universidade de Coimbra à cavalheira, com applauzo, boa vida e

dinheiro sem assistência nas mezadas. Instrucçam breve e proveiiozos dieta-


mes, que deu hwn Tratante de Lisboa a seu filho, querettdo-onumdarpara Coim-
bra ao anuo de Novato, Com a radicaçgo de editada em Veneza, apareoen
em 1746 a Dt/fitdção de Seda,..
De tal forma a prática se generalizou que em 1763 o Autor de um desses
folhetos dedicava o seu «aos Senhores papclistas». Efectivamente alcan-
çaram popularidade os «papclistas» do Terreiro do Paço, onde era fácil
encontrar a literatura de cordel que constituía as delicias de muita gente.
Ali se compravam livros de recreio, se delirava com touradas, se assistia
a tormoilos da justiça noa autos de Fé. Perto do fim do século ainda as
imprensas acolhiam escritos dessa natureza. Matusio Matoso Matos da
Mota e Anastácio Aniceto Negreiros deram à luz a Palestra que teve D. Farofia
da adoração com a sua visinha D. Enganiçada das enchaquecas, no dia depois
de ter vi/uio da Romaria de S. Macário, escutada à surrei/a por hum espreitador

Copyrighted material
doa vUai oAaav, atm que veja atramnoaeu o^o (Uiboft, 1787); e a Resposta
aoeõodo eifo tm DUUí^ de hum eawáiú, o uudío e hum sogeíto ditado
de Madrid, 1.» parte (Lisboa, 1789).
Nunca é de mait acentuar que, para esta faceta do século muito oontri-
buiram as Academias que proliferavam na Capital e na Província, já referidas
atrás. Contudo, uma força antagónica —a avidez dc saber cm extensão —
avassalou igualmente os espíritos de muita gente que se não satisfazia com
flitflklaidea. Frociif«v»>se já, nSo tó a omliçlo fifidl que se pode considerar
a irmã gémea do saber siqpeifida], mas também o oonbedmento sério de
ciências Ateis. Esta difeiente fiue do século manifesta-se isolada em indi-
víduos, e na agremiação que conhecemos com a designação dc Academias.
Fomentaram poderosamente este renovado espírito, tanto as viagens
mais ou menos demoradas ao estrangeiro, como o conhecimento vulgarizado
de línguas, sobretudo o espanhol, o francês, o italiano c o inglês, mesmo
entre os que nSo ultrapassavam as firontdras; a diftisSo de periódicos, como
a expansio do livro pcntuguês e estrangeiro. Itifertinho de Moidonca de
Pina e Proença fez parte da comitiva do Infante D. Manuel, irmão de
D. Jo3o V, andando por Holanda e Paris, entre 1715 e 1722. Noutro lugar
expusemos as suas ideias. O Arcediago da Sé de Évora, D. Luís da Cunha,
Ministro Plenipotenciário no Congresso de Utrecht, em Haia e Paris até
& sua morte, ocorrida em apodado de «muito francês» em pleno
1749, foi
Consdho de Estado; Francisco Xavier Leitlo, Alexandre de Ousmio^ Jacob
de Castro Sarmento, o Cavaleiro de OliveirB, Bento de Moura Portugal,
Francisco de Pina e Mdo^ Lub Caetano de Lima, etc, etc., de que já falámos
ou de que ainda nos ocuparemos mais adiante. A aprendizagem das línguas
estrangeiras mais conhecidas, ao menos na medida em que Pina e Melo
confessava saber a francesa (o que basta para inteligência das curtas c dos
tMasHMe efixlivamente uma obrigação do homem culto e havia
livros) (1),
quem o mostrasse por meio de traduções, como a de Godofredo ou Jenmdem
Libertada (...) reduzida da ttngua toseaut à Portugueza, por Pedro de Aievedo
Tojal (Lisboa, 1738).
As publicações periódicas não sSo abundantes. Mas as que continuam
a aparecer ou as que surgem de novo, dão um panorama razoável do movi-
mento politico e intelectual da Europa. Sobre todas merece relevo especial,
a já referida Gazeta de Ltíboa que, por exemplo, a 23 de Jandro de 1738
dava couta da abertura das actividades da Academia Real das Ciêndaa de
Pisiis e da Academia Real das Inscrições e Letras Hiunanas. Esta i»-opunha
um prémio a distribuir depois da Páscoa para trabalhos que determinassem
o mês e o dia do ano romano, em que os Cônsules costumavam entrar no

(1) Carta de Pina e Melo, a António Ribeiro Sanches, de 22-V-7S8. Apud Poe, 1 13.
— 122 —
cargo. A 21 de Novembro de 1743 dava-se piil)licidade ao prémio anual
concedido a tsabalhoe de Fbica, constituído pelo Duque de la Foica, de
uma medalha de ouro, no valor de trezentas librat («Ott 100 cruzados novos»).
Os deste ano foram atribuídos a duas dissertações sobre a causada eleva-
ção dos vapores e exaltações no ar, da autoria dc Mons. Hamberger. Lente
de Física e Medicina, na de Jena, no Landsgravado de
Universidade
Turingia, e de Mons. Gottliel-Kratzentein, candidato em Medicina na Univer-
sidade de HaHe, na Alta Saxónia. O futuro prémio incidiria em trabalho
sobre a origem e a formaçlo das pedras figufiidas.
Asessio de 14 de Dezembro deste mesmo ano veio relatada desta forma
na Gazeta de 8 dc Janeiro seguinte: «Leram-se quatro exoellentes discursos.
O primeiro foy de Mons. Cassini. sobre a variação ou movimento irregular
das estrellas fixas, assim em longitude como em latitude; o segundo de
Mons. de Riaumur, feito para servir de prefácio ao seu quarto livro da His-
toria dos huectoi; o tooeifo de Mons. Lemeri sobre a natureza, ongem e
formaçam dos mmistros; e o quarto de Mons. du Fay sobre as cores primi-
tivas» que reduz só a três em lugar de sete, que ordinariamente se coatavanu»

A respeito da Academia das Belas Letras anunciava-se a sua reabertura


e aludia-se aos prémios da Páscoa de 1740. Na sessão de 13 de Novem-
bro de 1742, da Academia Real das Ciências de Paris, Mons. de Mairan,
«seu Secretario perpetuo» leu dois elogios: um do Doutor Halley, Astrónomo
de Sua Majestade BriUolai «e hum dos mayores génios deste uMmo lecalo,
morto no mez de Janeiro passado»; o outro, de M<ms. Boldna, primeiro
Bibliotecário del-Rei Cristianíssimo. Houve em seguida mais tf6s discarsos.
O primeiro serviria de prefácio ao livro que Mons. Monnier, «o filho»,
pretendia imprimir com o titulo de Teórica dos Cometas. O autor apresenta
um sumário de tudo o que se havia dito a respeito dos cometas, ocupando-se
depois de muitas estrelas que observou no Norte, «as quaes pela sua uniam
formam fanma constelaçam nova, a que deo o nome de Rahiha do Norte;
e diz que poderia servir para observar os Cometas quando estiverem na
mais alta elevaçam paia o Septentriam».
Mons. Jussieu, que em 1717 estivera em Lisboa, como vimos, no segundo
discurso, em que procurava provar que «certas substancias que muitos
Botanistas tomavam por plantas, como o coral, etc.» não eram outra cousa
senão a grande quantidade de panos pequenos todos pegados, nos quais
se alojam insectos de escassas dimwiiCei chamados pólipos, «de tr£s linhas
de ff*mp*'i?'*fnt*> na sua mayov extenslmi»» Bsle «imiiiefo inftitt*** de bura*
quinhos faz huma espécie de talhada, o que dam lugar ao erro em que os
Botanistas cahimm» (1).

(1) o, Dezembro de 1742.

Copyrighted material
— 123 —
Tambim entre nós te teve noticia da instituição da Academia da língua
alemi, na eidade de LeipKÍe(l).
Não era, porém, sòmenta atnvét de noticiai que oi Portugueses contao*
tavam com as Academias estrangeiras. Pondo de parte os representantes
diplomáticos, pertenceram à Sociedade Real de Londres, dentro deste
período, mais dois nomes de certo relevo: D. Francisco Xavier de Meneses,
desde 2 de Novembro de 1738 c Bento de Moura Portugal, desde 5 de Feve-
r^o de 1741.
Além da Gaxeta de UsbaOt oomptomelera^se a sair todos os meses» o
Mercúrio Histórico e Político do mez de MoÊú de 17^ em traduçlo portu-
guesa (2). As Memorias Históricas para o presente século nas quoet se vêem
as cousas mais importantes que se passaram em iodas as Cortes no mez de
Janeiro de 1744, impressas em Amesterdão na língua francesa, foram tra-
duzidas para português nesse mesmo ano. O Ano Histórico, Diorio Portu-
guês, Notida obreiriadtt das pessoas grwkbs e causas notíMs de Portugal,
de Flr. Frandsoo de Santa Msria, Cónego Secular de S. Joio Evangelista,
filiai peffeitameole na corrente dominante da época, de espalhar conhe-
cimentos, de proporcionar leitura dos factos mais salientes segundo o gosto
do tempo. Também Norberto de Aucourt e Padilha em viagem de Paris
a Lisboa, deixou escrito o que observou, nas Memorias Históricas, Geográficas
e Politicas (1746).
Enquadra-se na mesma orientaçflo o infólio Academia Singular e Uni-
versal Wssoriea, mond e poUtka (...) censtítutha de Awn vanan peifdio,
desde o instante primeiro que se gera no ventre nmUmo» até o instante
último (...)(3). «Trata de todas as acçoens, operaçoens e modos da vida
humana, sciencias e artes, etc.» — anunciava a Gazeta de 14 de Novembro
de 1737. Fr. Teobaldo de Jesus Maria, Religioso Paulista e matemático,
em 1745 editou, pela segunda vez em Lisboa, o Mundo eòtre^dado, no qual,
como em Undtado nu^pa se dá notída da portentosa fàbriea do Universo:
i&rtÃdo em três tratados: o primeiro irabma a Biphera Cdesle; o segundo
trata do numero dos Ceus, Estreitas fixas e errantes, eclypses e cometas e
doenças: o terceiro mostra a região elementar, os quatro elementos e partes
do Mundo, e no fim o Pronoslico.
Bento Morganti publicou, já no fim de 1737, a Nummismalogia ou Breve
recopilaçam de algumasmedaBuu dos Emperadores Romanos, com notidai
kbtarleas dates bnperadores. Mais valiosa é, oertanmite, a IM^teea
Lusitana de Bnrbosa Machado^ pda primeira vez passava a letra de

(I) o. io*vn.73S.
Q) Moeu.
Q) AculB.

Copyrighted material
— 124—
impfensa, o catálogo das vidat e das obras dos eicrítofes portu-
gueaes (1741-739).
A difíMio do livxo impda o apaiedmento de virk» estabdedmentcM
apropriados. Vinham livreiros da Espanha e os de outros países obtinham
representantes que vendiam sobretudo obras de história. Entre outros temos
notícia de um Manuel Buytrago que chegou, de Madrid nos princípios
de 1741 com a História da última guerra da Itália em três tomos de quarto
c o Estado Geral da Império Romano, que «he huma tntroduçam à historia
doi Cam, traduzida do Franoex an hespanhol». Na «loge de Pedro Fatxre
e Bectnad, mercadoies de lívroa na ma direita do Loreto no princípio da
ma do Norte», encontravam-se à venda «toda a casta de Ifvroe Fira&ceses,
Latinos, de Direito, Moral dc todas as faculdades», etc.

Os livreiros espanhóis chegavam de vez em quando «com huma grande


porçam dc livros de todas as faculdades». O que se anunciava a 12 de
Marco de 1743, tnzia eq;MMiabMiite liwoi de Difeilo Qmónioo e Ovil,
Teologia e Filosofia. A 6 de Jmiho «a um outro, vindo de Madrid com oims
como o Academko <nt Defensa das Sckntka Fbica e Medica, eontra
a Critica do P. Feijó. Desta forma, chegaram ao conhecimento do nosso
público, as diferentes peças da polémica de Feijó, como já referimos. Outro
livreiro espanhol fazia o seu comércio no pátio de S. Martinho, junto ao
Limoeiro; um outro morava «à ilharga da Igreja de S. Nicolau, por cima
do Rev. P. Theaoureiro da dita Igreja».
Na Rua Nova, defronte da «Icja de Café» de «madama Spenoo», em
casa de outro eqMmhol, vendia-se um livro «em oitavo do uzo do GUobo e do
Mapa, com as figuras para a sua inteligência e táboas para conhecer noa
Mapas os Paízes, as Províncias e as principaes Cidades do Mundo, traduzidas
do Francez em Hespaiihol por D. Luiz de Losada».
Enfim, Pedro de Hondt, livreiro na Haya, «tendo oonqmulo o privilegio
e os exemidares da grancte e magnifica obra intitulada Thesaurus antiquitatwn
et historiarum Itatíae. NeapoHs. San&dae, Corsicae et MeHtae», da autoria
dos Professores Jo. Greg. Graevius, Jaq. Perizonhis, Per. Burmannis e Sig.
Haverampio —
tratou dc colocar os 45 volumes no mercado português,
oferecendo baixa de preço durante certo período de tempo. Em casa de
Lourenço Morgante estavam todas as obras do Cardeal Cozza, «geral que
foi de toda a Ordem Seráfica», de que apenas mencionamos a Historia Fole-
mica de Qraecorum Sddsmaíe e CmumaUarU Historico-Dogmatid bi tbrum
S, August, de haeresHms.
No ano de 1743 vendia-se em Lisboa a Clave histórica com que se abre
a porta à Historia Eclesiástica e Politica, descobrindo os systemas chrono-
logicos, inscripções e medalhas dos Emperadores, Reys dc líespanhci, Itália

e França, composta na língua castelhana pelo P. Henrique Flores, da Ordem

Copyrighted material
— 125 —
dc Santo Agoitínho. No ano tegnime animebnn,-«e o tomo XIV dos Atiaes
EcíeskaUcos dc Baronio.
Também se vendia em Lisboa o lYatado de la naturakza, orfgai y cauta
de los Cometas, com a historia chronologica de todos» deade o amo de 480,
antes da vinda de Christo até o presente de 1737 e com o methodo de obsor^
yallos astronomicamentc , da autoria do P. M. Jose Cassani, S. J.

A França, mais du que nenhum outro pais, coniribuiu com obras his-
tóricas, traduzidas para portuguCs. Em 1734 apareoeu o primeiro vobmie
dos Eianentos da Ifístória do P. Vallenumt, tradnzidoe do firaaoís pdo
Coronel do Regimento da Armada Real, Pedro de Sonsa Castdo-Branoo.
Com esta obra julgou o tradutor oferecer à «mocidade portuguesa» o «melhor
método que até agora inventou a arte, para o estudo da história». Neste
tomo expunha-se cronologia e geografia; no segundo, impresso em 1741,
heráldica e história universal antiga; no terceiro, editado em 1745, prosse-
gaia^ae a história antiga. O quarto e o quinto, que só viomm à Inz» res-
pectivamente em 1749 e 51, tratavam da História da Igreja e História
moderna.
A História Cronológica dos Papas e os dois suplementos vendiam-se
igualmente em Lisboa. Voltaire foi traduzido para português, aparecendo
no ano de 1739 dois volumes das XH, Rey da Suécia.
Histórias de Carlos
O tradutor Firandsoo Sbvier dc Andrade, porque para a sua «Reve-
Freire
renda, athe o polytico da Corte Rmnana he quasi sagrado», omitia as passap
gens que lhe pareceram menos reqicitosas para a Cúria, aliás convencido
de que «esta omissão nSo corta o fio da Historia, por não ser parte
essencial delia». Nao eliminou, porém, o nome de Copérnico, «fundador
do celebre sistema do mundo», c o facto de a história se ocupar de um príncipe
luterano está absolvido peia simples razào de que se não louva, antes condena
o erro que ele e outrosda mesma história abraçaram, mas tflo sòmente
«as vhrtttdes morais em
que floresoerSo».
Na censura do Paço, o Conde da Ericeira, D. Luís de Meneses, tece o
mais rasgado elogio a «.\rovct Voltayre», denominando-o «celebre author
em prosa e verso, e não menos celebre pela sua elegância que pelos trabalhos
que lhe adquirio a sua Musa pela propensão que tem à Satyra». Sobre
a obra pronunciava-se coro igual louvor, taxando-a de «hum dos livros mais
bem escritos que há naqueUa língua, bastando para prova da universal esti-
mação que delle se fiaz no mundo, contar as ediçOens que dentro de pouco
tempo se tem npetàáo, qne já sSo sete, desde o ano de 1728, em que sahio
a prímeyra. athe o de 1737». Nlo conta a espanhola, mpot não ser digna
nem de fazer numero».
Mais tarde, porém, levantaram-sc maiores embargos por parte do
S.*^ Oficio, como veremos em seu lugar próprio.

Copyrighted material
— 126 —
Em 1739 aparecia um vohtmeziíiho em oitavo de 256 páginas que, com
texto e mapas, pietMidia cnsiiiar geografia ao« Poctoguesei. Intitãkvapie:
Deser^çam da Tma ou methodo breve da Geogn^da, éMUdo em Uções,
por preguntas e respostas. Era scu autor lAs. o Abade Du Fresnoy
Lenglet
e fora «traduzido do Idioma Francez no Portuguez por Joam Bautista Bonavie
e acrescentado com algumas addições sobre a Geographia de Portugal,
e seus domínios e com hum Discurso Proemiai de cada huma das quatro
parles do mimdo». Dedicado ao Illust. e Exceli. Senhor D. Luiz de Meneses,
lisboa Ooeideiital, na oíBcina de Antonio Isidoro da Fonseca. Ano 1739.
Em 1743, Manuel Fereira da Costa a Historia
vertia para portugofis
Romana pwr perguntas e respostas, detde a JundaçBo de Roma ati o pneaite,
que atribuí ao Abade de Bcllegardc.
Luís Paulino da Silva e Azevedo. Secretário da Mesa do Desembargo
do Paço, que do Colégio de Santo Antão, traduziu do francês
fora aluno
6 editou em 1745 a BbÊortaSaffiadado VeB» e Novo TestameiUo com ej^HeO'
çõens e doutrinas dos Santos Padres.
Feio pouco que iica exposto, percebe-se nitidamente a expansão do

na primeira metade do século. As bibliotecas particulares


livro entre nós,
cresciam a olhos vistos. Já nos referimos a algumas no período anterior
à saída de Vcmei, como a do Conde da Ericeira. Poderemos agora acres-

centar a do Abade de Sever, num montante de 4.301 obras em 5.764 tomos,


que veio a oonttituir o núdeo primitivo da Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro.
O comércio do livro penetrou no seio das próprias bibliotecas.
Na Gazeta de Lisboa de 30 de Janeiro de 1742 saiu o anúncio de duas — uma
de Direito, outra de História. Na de 10 de Dezembro de 1743 estava em
praça «a livraria que foi do Em.™" Senhor Cardeal Pereira, composta de
muitos mil volumes de diversas faculdades e juntamente alguns exquisitos
e raros)^.

Este movimento livresco, assim mal expresso, apoas pelas obras que
encontrámos ou de que nos fioou algum eco, nfio traduz certamente, o que
de melhor se publicava na Europa. NSo concluiremos, apesar disso, que
Portugal se afastava das novas ideias e apenas aceitava uma parte da cultura
europeia, porque existem outros índices reveladores dessas ideias, que comple-
tarão satisfatòriamente o quadro.
Aproximemo-nos, por exemplo, dos portugueses residentes fora do
Fala,ou mesmo de alguns odocados no imago da vida lisboeta. cones- A
pondência do Cardeal da Cunha com D. Lub da Coaha revela a pnocopaçlo
de D. João V, e as medidas acertadas que se tomaram para reformar o ensino
universitário, determinadamente o da Medicina, no sentido de ultrapassar
a esfera galénica e peripatética. implicava, por conseguinte, um golpe

Copyrighted material
— 127 —
profínido, na RIosoIír tudkional, à margem dos detentoces do «mino.
E, na veidade, a feforma praoessoo-ie lem a intervençio dos jesuítas e dos
pi^irios Professores vnivenitdrios. Nto di^tt, ponéti, a vingar em plmo,
porque Coimbra não secundou, de bom grado, a orientação dos Governantes
e estes duvidaram do êxito da empresa, sem a boa vontade desse auxilio.
Do pouco que se conhece deste movimento, parece licito concluir que a
Medicina teria singrado pclus rumos do mecanicismo que irradiava da
Unhfvrsidade de Leide, através da palavra autorizada, oral e escrita, de
Boerhaave. O Dr. Ribeiro Sanches chegou a enviar, neste sentido, um
plano de reforma, em 1730(1).
Mais definida, porém, se nos afigura a intervcnçflo do Doutor Jacob
de Castro Sarmento que. depois dc Sanches, foi o nosso melhor representante
do chamado mecanicismo em Medicina. Deixemos as diligências que fez
para fomentar relações entre a Academia Real de História Portuguesa e
a Red Sociedade de Ladres, bem como as tmtativas de reformar a Medicina,
começando peh tradoçio do Namm Orgamm de Frandsoo Bacon já referida
atrás, e de criar um Horto Botânico na Univeisidade de Coimiwa, de que
fora aluno (2). Existem dados positivos bem mais eficientes, que impOTta
relevar. O ano dc 1737 marca o apogeu do apostolado por Newton e sua
aplicação à Medicina. A Cronologia Newtoniana epitomizada, que em
Abril desse ano dedicou a D. Jos^ Principe do Brasfl, inteligente discípulo
de Kfennel FImentd e Manuel da Maia, era como que o prólogo da TtáHca
verdadeira das Marés, que nlo deixava de vir precedida de longa Uografia
laudatória do «incomparável Newton». Também em Hngua portuguesa
e igualmente na cidade de Londres, imprimiu-sc a Matéria Medica Physico-

•Hislorica- Mecânica, Reyno Mineral, que nesse ano era anunciada na Gazeta
de Lisboa, indicando-se o local da venda.
Estes trfis livros representam a primeira toitativa séria de inqdantar
o estado positivo, em snbetituiçio das teorias abstractas, que ndessioapfeseii»
tadas como inúteis. A Matéria Médica imprimira-se dois anos antes e
fora dedicada ao Enviado Extraordinário e Plenipotenciário, Marco António
de Azevedo Coutinho, na esperança de encontrar Mecenas capaz de perfilhar
a ideia renovadora.
Sarmento teve ainda o cuidado de fiusnr aprovar a obra pelos médicos
mais oonqrfcuos de Lúboa e Coimbra e envíouNa ao P. Firandsoo Xavier
Leitio e aos Lentes da Universidade, seus antigos condisdpulos, Joio Pessoa
da Fonseca, Manuel Dias Ortigão e Amaro Rodrigues da Costa. Deste
modo não lhe foi dificil obter o privil^o de D. João V, que reoonho-

(1) Sobre o assunto, ver P, 276. Em Rib, 245 lè-se 1731.


(2) Ve. 217.

Copyrighted material
— 128 —
da o direito de autor-editor, pelo espaço de dez anos, como era hábito
ds ^oca.
O piettcio 4diistorico» veio endereçado «aos Rrofenofes de Mediciiia
do Reyno e DominioB de Portugal». Tratava-se de um resumo de hiltúria
da Medicina, da autoria do Dr. Francisco Chiffon. mandando ver. para mais
pormenorizada noticia, a Mistória de le Cierc e a continuaçào da mesma,
«pelo nosso doutíssimo Friend».
Todo o leoelogio leeeia not «Alediooe Mecfaanicoí» que, no «prezente
e fisliz haviam mostiado a ftlsidade doa demais sistemas.
secolo», esta
a praente Secta experimental de PhHosophos, os quaes, na parte especula-
tiva, em lugar de conjecturas, fundam a sua sabedoria toda, em experiências,

nem admitem cousa alguma que nSo possam trazer a demonstraçâm e eviden-
cia, ajustados de experimentos philosophicos, chymicos c anatómicos; e aos
Princípios geracs que não padecem a menor duvida, chamão Princípios
Medmnicos ou Leys da ^tetiiien (...). Inmnecaveis sEo os Antoies inglezes,
que tem escrito por este verdadeiro e solido
fiancezea, italianos e alemies
medrado; mas em espedal, o fomoso olandes Boheiaave (...) fonnou o mdhor
e mais conciso Systema de Medicina Mechanica que jamais se tem visto».
Por isso, segue Boheraave, scrvindo-se porém, da «Filosofia Natural, experi-
mental ou newtoniana, de que tem lançado mão as mais das Sociedades e

Universidades da Europa», em substituição do sistema aristotélico, todo


flmdado mi imaginação.
Era o espirito de reacção contra a Filosofia cartesiana, que afinal soprava
entre nós, ao mesmo tempo que nas principais cidades da Europa. Os homens
de ciência haviam rejeitado a Metafísica e a Física de Descartes, embora
viessem a conservar o seu método. A génese dos fenómenos por meio de
turbilhões e matéria subtil não passava de puro romance. As verdades
da geometria e da física não dependiam da existência de Deus e da clareza
de uma ideia nunca se podia coodutr a sua realidade autêntica.
Os novos cientistas admitiam o racionalismo quantitativo de Descartes,
mas completavam-no com mn racionalismo experimental (1). Newton foi
o campeão do novo rumo. combatendo acèrrimamente as «hipóteses» de
Descartes. O Dicionário de Chauvin, aparecido em 1692 c reeditado em 1713
— que era a expressão mais sistemática da física cartesiana — cedeu lugar
às obras do médico e químico Boerhaave, dos astrónomos e físicos S*Gra.-
vesande» Musachettbfoeck, Toniodli, Kqf^iens, Bo^ Leibaitz e do divul-
gador experimentalista P. Nollet, qve desde 1734 kocionava em Fáris un
corso de física exclusivamente experimental. Pnbliooii as suas Liçom de
^tyilfue expMmaOak, em 1748.

(1) Uisioi, 8.

Copyrighted material
Dr. Jacob dc Castro Sarmcnio.
médico judeu newiviniano
Dr. José Rodrigues de Abreu, médico sthaliano
— 129 —
Os Éiements de la philosophie de Newton só apareceram em França,
no ano de 1738, eacoiitniido ainda k Acidemia das CSIiicias de
ao Carterianitmo (1)*
Integrado ctHivictainente neste movimoito, Sarmento nio peiínilitt que
oe seus nacionais se mantivessem alheios, por ignorância, à nova onda das
ciências. Entre outras obras publicou o Tratado das opcraçõens da cirurgia
com as figuras c descripçam dos instrumentos de que nellas sc faz uso, traduzido
da 4.* edição de Ms. S. Sharp (Londres, 1746). £m nenhuma parte da Europa
se sabia esta dênda como em Inglateria. Até por Paris andava a cjnngia
muito pobie...
É nesta obra que Sarmento leoomenda que se faça a tradução «do famoso
Heister que anda impresso em latim». A 15 de Agosto de 1747 e a 22 de
Outubro de 1748 anunciava-se na Gazeta de Lisboa a vers3o espanhola das
Instituiciones Chirurgicas ó Çhirurgia Completa Universal, de Heister, por
D. Andres Garcia Vasques, que se vendia em casa de um espanhol, «mercador
de livros junto à igreja de S. Niodau».
Por via de Espanha nos tinlia vindo anterionnaite o cooiíecimento
do *fftfm^ fisioo-mccânico, em obras como aquele livro impresso em Sevilha
— Uso y abuso de el agua dulce potable, de D. José Ortiz Barroso, Medico

da família Real de Espanha, que na segunda parte sc ocupava expressamente


da economia animal, segundo o verdadeiro systema physico-mecanico (2).
A Gazeta de 30 de Junho de 1740 publicava a noticia de outro livro
da mesma orientaçlo, uma JDbuwtatio physieo-mêehaníethmgMoa de unt et
abusu saigidnit ndsskmis, de D. Mignd Rodrigues, mquanto a de 8 de Junho
de 1751 divulgava o prémio estabefeddo pda Real Sociedade Mídica de
N.* S." da Esperança, de Madrid, para quem apresentasse o mellior trabalho
sobre assunto dado, «conforme as Leys do mechanismo».
Estas c outras obras, em que é justo relevar as do Dr. Castro Sarmento,
dadas a conhecer por meio da Gazeta à medida que iam saindo, criaram,
antes do apaiedmento da carta de medictna do Verdadeiro Milodo de
Estudea-, um
ambiente &vorável às doutrinas modernas que fiudam partir
da mineralogia e botânica, em moldes científicos, o estudo da Medictna
que nâo podia dispensar a análise do corpo humano in loco, por meio da
anatomia rigorosa. Mas o mecanicismo em Medicina, como explica o
Dr. José Rodrigues de Abreu, o maior opositor deste sistema em Portugal,
divide tudo em «entendimento racional e matéria bruta, coosideiando só

(1) Histoi, 10 e 11. —


É realmente deste ano a edição da obra de Voltaire, tendo
ainda hnidi» ama outra imp Milo (Lomdns, 1741), amiM do «ao d» 174S, que Rolnid
ri

Mousnier e Ernest Labroone íadicnii no fanir dtado desta nota (wr ftemenlii)»
(9 O, 4-m-737.

Copyrighted material
— 130 —
esta «mecanicamente)», deduzindo do movimento mecânico todo «o conhe-
dmento com os sentidos». Em todo o caio, pendia mais para a observação
dos cofpot, ocQpando-se de futeferínck do seu comportamento.
Rodrigues de Abreu, eborense ilustre que frequentou a Universidade
de sua terra natal e a de Coimbra, sentiu-se perante duas posições extremas,
que já em 1733. em Hanóvia, eram caracterizadas assim: «theorica fere ad
duo principia esl redacta quorum unum e Stahlianorum, alterum e Mechani-

etman schoíis origmem habet» (1). Puol ékt, taáo se reduzia a queUio de
método, ji porque na Medidna se tinham intrometido muitas questites
supérfluas, já porque o Mecanicismo nio e]q>licava bem a oisanizaçlo do
corpo, sobretudo nas suas relaçOee com o princípio vivificador dos seus
movimentos e da sua vitalidade.
Entre as questões supérfluas, colocamos nós o problema dos primeiros
princípios, em virtude da sua perplexidade perante as desencontradas opiniões,
desde os mais remotos pensadores até Descartes e seus coatemporÃneos.
Ele apresoita um resumido quadro dessas variadas opiniões. Mu duvida
de todas e parece descrer da sua utilidade para a boR práticB a que o médieo
se liá«de votar.
O problema filosófico que desenvolve com mais calor c persuasão, é o
das relações da alma e do corpo, que historia sem silenciar Leibnitz. Escre-
vendo do seu curso já em plena polémica vemeiana, dá um remoque
csia parte

ao Barbadinho, que utilinva o tnmo máquina —


tal cn a influência do
mecanicismo —
referindcHM à alma esinrituaL
Ele está farto do mecanicismo, que considera a epidemia da ^MCa,
predominante na Holanda c mais Províncias Setentrionais. «O certo é
haver-se introduzido em forma e por modo esta ideia, que faltou pouco
para que todas as ciências e negociações do comércio humano sc fizessem

por mecanismo». E não se julgue que Abreu o condena, em nome de


especulações ou horror às experitectas em Medicina. Felo contrário^ de
entende que «na predsio desta notabilísstma arte, nSo se recomendam especula-
ções delicadas: fiuBemrse-llie sim precisas, experiências seguras». Também
não ignora a literatura médica e filosófica do tempo, mas só no sistema de
Stahl consegue encontrar a explicação óbvia do mecanismo do vivente homem.
Essa explicação toma-se absolutamente necessária para definir saúde e,

por consequência, doença, afim de se poder aplicar os remédios conve-


nientes.
Agente vital, espirito interno, alma, aiqueo, virtude plástica, entdéquit
ou outra coisa que explique — terá de ser principio eqnritual inoisinico,

(I) Historio — A obra vendia-sc cm caia do snitor, na Rua das Pane iías, por detfis
do Jogo da Pela (G, 2-VU-735 e 9-X1-7S2).

Copyrighted material
primeiro movente e administrador, nio tó de todas as acçOes morais e rado-
nais, mas tambàn doa animais e Vestais. «Há 32 anos que estudamos
pràticamente e o havemos feito com diligência sempre em toda a parte em
que estivemos; conservámos correspondèndas literárias com piroíbssores
doutos de várias Cortes estranhas; lemos livros com cuidado».
Stahl considera no homem a alma. como principio activo espiritual

e inteligente, «de que, como de causa segunda, se deduzem com o íim deter-
minado paia a inda, todas c quaisquer operações do corpo slo e enfermo
que de contimio vivifica». 4^pOe-se que no estado de satide é o tal
princípio intdigente o que adminittia o movimento tdnico das partes sóli-
das e o progressivo das líquidas, conservando por este modo o corpo na
sua integridade», não obstante a sua natural inclinação para a corrupção,
por ser matéria.

Na «evacuação do inútil e retenção do útil se julga consistir a saúde


e a vida, que se conserva moitas vezes, tempos largos sem moléstia, até se
peider esta cfdem». A
medicina tem por ot^jecto conseguir este equiUbiio
mtre a cwrupçio e a recomposição. Da alma xacional dq)ende esta hai^
monia e, por conseguinte, a vida. Dispensam-se as almas sensitiva e vege-
tativa, «porque, se o acto racional é mais excelente que todas as outras
mais acções do corpo, por que razão o mesmo princípio que exerce as acções
mais nobres, não há-de poder acabar de fazer as mais humildes?
Entre a alma e o corpo existe uma unilo física, confMme admite StahL
A acçio da alma no corpo vê-ae pelas próprias aoçOes deste, quer slo quer
enfermo, que têm a alma por universal princípio motor. Nas acçOes, quer
dizer, «na própria organização das partes, artificiosa e mecanicamente cons-
truídas». É ela ainda que produz e exercita e encaminha por uma intenção
e estimação moral, todos e quaisquer movimentos, tanto voluntários como
vitais e naturais.
Em reacção contra o mecanicismo cartesiano concede aos bnitoa um
prindpio semelhante, ae bem que diverso no grau: «...algum prind|Mo inte-
Ufente que os encaminha a escolher o bom e ftigir do mau».
Nestas linhas gerais se con^Mndia o «sistema» filosófico de Stahl, que
tem o mérito de representar a reacção contra o experimentalismo degenerador
que se excedia na explicação mecanicista da «máquina humana».
Entre os seguidores de Abreu pode contar-se o autor da Cirurgia MeSoth
-Pharmaeeutíea, dediaida daSuARana, anunciada na Gazeta de
doutrina
IMoa de 19 de Maio de 1740^ composta por um jovem drurgilo lisbonense,
de nome José Feriei» ^isboa, 1740). É prefaciada pelo Dr. Rodrigues
de Abreu, que píJc o problema das relações da Cirurgia com a Medicina,
em termos categóricos, na peugada de Stahl em Chirurgia et Medicinae nexu:
«nlo poderá satisfazer-se de todo qualquer caso cirúrgico sem tium inteiro
— 132 —
conhedmaito, nflo aó da estnituiB do corpo humano, mas também dos
remédios convraientes ao seu fim» (I).
Advogando a sua causa, que nfto coindde com nenhuma destas atitudes,
mas participa de ambas, avulta ainda o já referido Monravá y Roca, que
neste período se manifesta com escritos dignos de menção. Além da aula
dc anatomia, cuja regência findou em 1732, o vcrrinoso médico catalão
mantinha um curso noctiirno, a que ele próprio chamava Academia. É de
1743 o Maitfesio dos Ocultos que lhe diz respeito, mas esta data nAo repre-
senta a do ii^o dos cnnos. Diflcilmaitew poderá cfapgar a uma condodk»
certa a este respeito, enquanto se não diqnner de outros elonentos além
dos fornecidos por Monravá. No entanto, a ofginica deste cano conheoe-ie
perfeitamente por este Manifesto (2) e é o que mais interessa.
Os alunos rcuniam-sc às scgundas-fciras, quartas c sextas, das 18 horas

fts duas du madrugada do dia seguinte, em compartimentos separados uns


dos otttfOB pof cortiiias azuis» afim de melhor conciliar a atenção, enquanto
estudavam e davam a liçio tedrica. Quando, pMém, se passava i liçlo
prática, as cortinas enun conidas e ficavam todos numa só sala. Embora
severamente rígido, comprcende-se a medida pedagógica e admira-se a vontade
dos discípulos, que deviam ser todos adultos e ocupados de dia com obrigações
profissionais. Os cursos duravam três anos, que afirmava bastarem para
os discípulos íicarcm a saber tanto como o Mestre. Nâo entraremos noutros
pormenores de ordem pedagógica, porque nos impcvta chamar a atenção
para dois pontos agm
mais impOTtantes: o da atitude da oposiglo i Usivefsi-
dade de Coimbra e o de combate sistemático à autoridade, sobretudo antiga.
Foi pena que tivesse procedido de modo indiscutivelmente quixotesco, mas
ainda assim merece especial consideração por se enquadrar no ambiente
de renovação cultural anterior a Vemei.
Toma posição contra a Universidade, por exemplo, quando diz, no
do mar «não assiste Médico algum
Manifesto, que nas naus, frotas e armadas
Coimbmise» e que estes «appdlio para a minha aula, com propósito firme
de se esquecer de tudo aquillo que dos Antigos e Modernos aprendeiio e
estão com propósito dc estudar novamente pelas minhas doutrinas dos meus
livros». Por se julgar mais competente que os nrofessoces coimbOes chegou
a estar proibido de ensinar em Lisboa.

(1) A «ooealo dos «istenas deiMe em toda a parte: animbmo de Sbdd (lM>-734),
eclcctísmo de Boerhave (1661-738), mfigtnfcitmo de HofTmann, vitalismo de Barthez (1734-
-808). Cf. Histoi, 139 — Sobre Abreu, ver Se, 283. Al, a portada da obra principal
e o retrato do ilustre médico eborense. Nio deixaremos de anotar que Abreu no último
voino» da AbMrto (17S9 wfcose a Venwl a vnpbúto da náqoiBa esflritual da nowi
alma (tomo 11, parte ITT, p. I6I4).
(2) Tiau-ee de um folheto muito raro reproduzido em £s, 102-110.

Copyrighted material
— 133 —
Mais razoável era certamente a atitude de joeirar as opiniões alheias,
se o nSo tivesse feito oom tanta pnmçjto. Intentava estabdecer «Amna
nova Medicina, isto he: lefonnar a Antiga» e «declarar os erros dos Antores
que escreveram de Medicina e CfattUgia desde Hyppocrates até o último
Escritor, inclusivé». Confessa que, «esquecido das Autoridades, estou
melhor com a Razão e a Experiência». E remata irònicamcntc, aludindo à
preferência que os seus inimigos faziam da opinião dos Mestres consumados:
«Como se os seus Autores houvessem dado fim à Medicina e nem hum
froaoo delia hovesie paia descabtir!» (1). A observaçlo directa dos
corpoii determinadamente do corpo htnnano e as «iperiências fkicas que
se propunha realizar, conduziriam de certo a mais efectivos resultados, se a
isso nSo SC opusessem factores vários, entre os quais ocupa lugar de relevo
o mesmo defeito que tanto prejudicou o bom êxito da parte sii da reforma
vemeiana —o orgulho desmedido que irritou as outras partes.
Em pleno exercício do seu múnus de Professor de Anatomia no Hospital
de Todoa-oe-Santos f<» snbstituido pdo Dr. Bernardo Santuocâ, Mestre
em Artes e Doutor em Medicina pela Universidade de Bdanha, por decreto
de 4 de Fevereiro de 1732(2). Nesta ocasião redigiu-se uma espécie de
regulamento ou estatuto que o novo anatómico italiano devia observar.
O estudo em cadáveres ai preconizado parecia razoável explicação da ana-
tomia universal, seguida dois meses depois, de anatomia particular. Nesta
«como se movem as partes, como se chamfio todos os músculos,
observar-se-ia
aonde prindpilo e acabio, para que se saiba o modo que deve observar-se
em cortar alguma parte dos corpos viventes, fugindo dos erros que se oomet-
tem, não sabendo como se achao dispostos os músculos».
«Nos mczcs de Abril c Mayo demonstrará a circulação do sangue e os

lugares das veyas e das artérias (...). Nos mezes de Junho e Julho demons-
trará todos os nervos, ligamentos e ossos, dedaiando os seus nomes, e o
modo por que fioem sustentar o corpo».
O «Lente» tinha obarigaçlo de dràcar copiar as postilas de que se servia,
se não quisesse escolher um autor principal, Santucci adoptou solução
intermédia, publicando em 1739 uma Anatomia do corpo humano, recopilada
com doutrinas medicas, chimicas, filosóficas, mathematicas, com Índices e
estampas, representantes todas as partes do corpo humano. Como o Monarca,
«de seu motn próprio e por Real Decrete» «constitui inhabeis para o uso
da sua adenda», oe Cirurgiões que nfio tenham obtido «aj^novaçlo ana-
tómica», Santncd puUiooii o compêndio das aulas em portuguSs, visto nem
todos perceberem o latim. Chamaplhe «recopilaçao mais breve e data que

(1) Mani. 109.


(2) Es. 120.

Copyrighted material
— 134 —
me foy possível, seguindo o dktame de muitos Doutores» (1). Costa Santos
assoma, pofém, que Santnoci copiou senilinciite e resumiu o anatdmioo
belga Verii^eii, que editara a sua obra em 1734^
As autópsias ou «anathomia nos corpos mortos» ficaram regaladas nas
referidas normas, mas foram suspensas no mesmo ano cm que saiu a obra
de Santucci, pensa Costa Santos que por «interfercncia jesuítica» (3). Pensa,
mas não prova nem apresenta qualquer fundamento razoável. Ora, quando
se não sabe, é melhor não afirmar como certo.
Embora se nio situe ao lado de nenhum dos rivais Monravá-Santucd,
é lugar de referir o nome do Dr. Joio Marques Correia, médico em
Mestre em Artes pela Universidade de Coimbra, onde foi examinador de
Bacharéis e Licenciados (4). Em Évora defendeu «as mais dificultosas

questões que se altercão nas diferentes doutrinas da escola peripalética»,


o que não impediu que editasse em Lisboa, no ano de 1735, um Tratado
physiologieo mtdico-physko e anatómico da circulação do smgue, já pronto
em Novemino de 33 (S).

Nele censura «os que, alucinados, cuidam que toda a cilikcia médica
se acha em o arquivo de Hipócrates e Galeno». E pormenoriza quanto
Galeno desconheceu, sugerindo os nomes dos descobridores e as datas das
descobertas. Salientando a inter-compenetração da filosofia e da ciência
afirma que «os filósofos modernos (são) verdadeiramente físicos e doutamente
cxperimentadoe com as obsttvaçOes anat^nicas». E noutro passo: «Desta
opiniio sio quase todos os anatómicos modernos e a seguem os mais das-
sicos médicos da erudição moderna e filosofia experimental».
Para ele, Etmulero é «o príncipe dos autores deste tempo». A experiência
cartesiana sobre o movimento do coração c circulação do sangue é «evidente

e infalível». «Insigne,» a de Pedro Dinis, o «mais famoso anatómico dos


nossos tempos». A do «grande anatómico Harveo» é «tão famosa como
inaigoe». Descartes é sapientfaaimo; Hogdaado subtilissimo (6).
O sopro novo que arejava as dêndas médica e cirúrgica, fez sentir os
seus efeitos na fbica própria mente dita, sob o mesmo influxo do apdo às
ciências da natureza que ficou conhecido por mecanicismo. Começamos
este parágrafo, também por um estrangeiro.

0) Anit.
(2) Es. 130.
(3) Es. 128.
(4) Propu. 220-221 e rosto de TVa.
(5) Tta, 2, 34. 52, 73, 75, 49.
(6) João Marques Correia faleceu cm 1745, mas Alexandre da Cunha reeditooJIw
o livro em 1761, reduziodo-o a diálogo, com alguns acresoentameatos. Ver Tra.

Copyrighted material
— 135 —
Mtit co MciMic oto que Biden
i foi, neste período o «Engenheiro mate-
mático» Pdtp «monulor mi Calçada de S. Joio Nepunooeno, que em 28 de
Abril de 1744 prometia na Gazeia de Utíboa, ooatimiar as liçOes púUioaa
dc Matemática, em casa do escrívfto da Fazenda Real, Jorge Luís Teixeira
de Carvalho, todas as segundas, quartas e sextas-feiras de tarde. Tinha
dado o programa dc Aritmética, começando a seguir «hum grande tratado
de Álgebra que explicará na língua Francesa e na Latina». Admitia todas
as pessoas de consideniçam» que quisessem airficar^e a este estudo, «no
qual se deve eacraver huma hoia e explicar a mesma liçam». A 10 de
Novembro anunciava um «cuno intdro de Gismografia», dividido em três
partes:
«Na primeira tratará dos diferentes systemas do Mundo, da explicação
dos círculos da esfera e de tudo o que há de mais curioso na Astronomia.
Na segunda tratará da Geografia, assim em geral como em particular.
Ná terceira explicaxá o uso das esferas, assim de Ptdomeu como de Copérnico,
e o dos flobos assim celeste como o terrestre e das Cartas geográficas, segundo
as observações doa mdhores astrónomos e geografoa do nosso tempo».
Realizavam-se nos mesmos dias pelas três e meia, na mesma casa do Escrivão
do Conselho da Fazenda Real. Mais tarde, depois de D. José instituir,

em 1751 a classe de Comércio, «Monsícur Pelt, francês de Nação», há-de


merecer a melhor estima dos alunos (1).

Embora se trate de um anúncio comercial, pode-se inferir o êxito das


liçOes, pela continuidade das mennas, e assim conclnir que o Engenheiro
Pelt foi mais um divulgador das ciências matemáticas e astronómicas em
Portugal, por meio do ensino oral.

A lista dos portugueses é, neste sector, bem mais numerosa, mesmo


pondo dc parte «matemáticos» como os Cosmógrafos da família Pimentel,
O Aiquitecto Manuel da Kiaia e outros. Lemfanunos qwnas o nome, já
referido, do Engenheiro Mmuel de Azevedo Fortes, com a sua LflifiM
Geométrica e AmiHtica (Lisboa, 1744), que se vendia em casa do autor,
«à Boa-Vista», e em Coimbra, na loja de Luiz Seco Ferreira, ao preço de
1600 réis em papel, e a 1920 réis encadernada; o Dr. Sebastião Estácio de
Vilhena, Bento de Moura Portugal e Manuel Ângelo Vila.
De Azevedo Fortes, de que nos ocupamos noutras oportunidades, baste
frisar, a propósito de mais este volume, que nele denuncia dará influência,
entre outros, de Descartes, Arnaud e Makbrancfae, na primeira parte da
Lógica Racional e de Bernardo Lamy, nas duas restantes da Lógica Oeomé-

(1) HiHariaR, SS6.

Copyrighted material
— 136 —
conhecendo bem os Filósofos modernos, determinada-
trica e Analítica (1),
mente ct de que sobrenaem Locke e Newtmi
in^tetes,
Bento de Moura Portugal estudou em Londres, a expensas de D. Joio V,
a Filosofia newtoniana (3), tendo>se notabilizado com inventos e opiniões
científicas dc merecimento. «Fez este illustre portuguez algumas addiçõcs
c correcções às bombas de fogo, que merecerão a approvaçSo da academia
real das sciencias de Paris» (4). Trata-sc dc uma das suas mais vivas preo-
cupações —a
do aperfeiçoamento da máquina de elew água por meio
do fogo, que se diamou de Savery e deu origem à locomotiva. Também
fez a comnnicaçio da soa descoberta à Real Sociedade de Londres (5).
Antes, porém, efectuou a experiência diante da Corte.
A Rainha, os Príncipes e o Senhor Infante D. Pedro foram um dia para
«huma das cazas Reaes de Campo do sitio de Belém, a qual chamam praya».
Era costume, de vez em quando, deslocar-se a família real às casas dc campo,
afim de se rearearem, fugindo ài pnaet da Corte. Neste dia, porém, traziam
a intmçlo de assistir a expoidncias de FUca. «AU! vinm as opençoeos
de duas maquina», as quaes por meyo do pezo do ar e da foiça do vapor»
levantavam água, dando o Mo ocasiam a que o pezo do ar pudesse tomar
a reduzir em agua os vapores, em que o calor a tinha transformado».
Assim descreve o cronista a sessão da novidade que El-Rei, o Príncipe
e o Infante D. António já haviam tido ocasião de observar. Estas máquinas,
explica ainda o mesmo redactor da «sam as que os Inglezes diamam
noticia,
sinqdes, as quaes, em terras abundantes de lenha, sam de graadiasiina utilidade.
Deve^e a sua primeira origem ao Marquez de Worcester e o invento da
sua pratica ao Capitam Severi, ambos da Naçam ingleza, e o moverem-se
por si mesmas com mais algumas circunstancias atendíveis, ao Doutor Bento
de Moura Portugal».
Este foi o organizador do espectáculo («fez armar as máquinas», e esteve
presente). Neste tempo exercia as ftmçOes de superintendente das Fábricas
reais de Fnndiçio da Artdharia da Comarca de Tomar(6)b Seu oonlem-
poilneo, o P. Teodoro de Almeida expOe e adopte a optetto de Bento de
Moura, acerca das marés (7).

(I) Reiwto DeKWtM: Dbem» â» MMb,


M&dkafBtt e Frine^ploê 4» FOimfig.
Arnaud: L'Arr de Penser. Malcbrandw: Mêdterche de lã viritg. DePMJilo Lsogr: Lcf
élémetOs de Céomelrie ou de ia mesm éê FileHdite.

(2> Logi. 13 e 51.


(3) Teo. Dedicatória.
(4) V^jauhM as Memórias desta aosdeoBia do aano de 1740, pás. m.-.MflmQ>
ria, X, 297.
(5) For, 6 e 33; Bent
(6) G, 6-II-742.
(7) Canas, UI, 208.

Copyrlghted material
— 137 —
Simples «professor opetário», Mamiel Angdo Vila puUicanm em 1745
um mwnifrsto de vinte e trCs páginas, enderaçado à «onayor parte das pessoas
que habitio nesta populosa cidade de ÍÀAotí e seot conttnnos, que curiosa-
mente se divertem com as observaçoens Phizicas, Mathcmatícas, eto.
Ainda então a Casa dos Qratorianos não abrira a aula de filosofia experi-
mental.
Prontiâcava-se Vila a fabricar com perfeição, «os instrumentos e arte-
fiwtos phisicoae mathematicoa», de que predsassenL A
lista que divulga,

pOe-nos de sobreaviso sobre a espéde desses instrumentos, que nio se desti-


navam apenas a rondo dos curiosos, mas ao aperfeiçoamento da ciência
se alguém intentasse esse fim. Pondo de parte os artefactos recreativos,
podem-se catalogar os restantes, nas duas seguintes rubricas:
1 — Úteis, sob o aspecto industrial, como réguas, máquinas, determina-
damente bombas, espingardas e seringas. 2 — Necessários, para a ciência,
como bombas pneumáticas, balanças hidrostáticas, prismas, espelhos, teles-
cópios (gngorianoa e newtooianoa), microscópios Cptt* diversos fins, entre
eks, «para ver a circulação do sangue»)*
Angelo Vila sabia perfeitamente o uso que se pode fazer da bomba
pneumática, que fabricava, demonstrando com ela as propriedades carac-

terísticas dos gazes —a expansibilidade, a compressibilidade, a elasticidade


e o peso específico. Fazia as experiências que ainda hoje se ensinam e nem
sempre se repetem, no curso dos Liceus. Entre outras, provava a trans-
missibilidade do som doa corpos sonoros, no vácuo, e demonstrava a queda
dos corpos no vácuo, com igual vdocídade, em consequência da lel de Newton
da atracção proporcional às massas. Com o prisma patenteava o fenómeno
da dispersão da luz branca em muitas espécies do luzes diversamente coradas.
Conhecia os diversos sistemas planetários, propondo-se construir instrumentos
paca eles. A terminar, avisa que se encarrega «de toda a sorte de instru-
mentos phyiíoos e mathemáticos» (1).
É escusado encarecer a impratânda de semdhante oficina de instru-
mentos desta natureia, que só se percebe em meio intdectual, dado aestudos
que os utilizem.
A este ciclo pertencem ainda obras como Segredos das Artes Liberaes
e mecânicas, recopiladas e traduzidas de varias Autores selectos que tratam
da FUeOt Pintura, ArguUetíiaa, Óptica, CSdmka, ammciada na Gaztía de
Ltíboa de 17 de Novembro de 1744^ bem como o fiuiagw Mobre Bectrteldad

(I) Lit.~l. taeiím Oenw dá notícia deste folheto na Brotéria, wL SO^ JsiMilO
de 1950, de que apenat viu «n swmpiar na BibBotece da AM*» O de que nos senioios,
pertence à

Copyrighted material
— 138 —
d$ loÊ cuerpos, aertto no títíoma Francez pelo Abade Nolet e traduzido em
Caitelkaio por Dombigo» Joté Vatqm y Maraks, que se vendia em Liiboa,
pdo nenot deide 1748.
Este periodo nflo se caracteriza, porém, apenas pela difusão das ideias
de Newton e seus satélites. A corrente atomista formava ainda o caudal
de oposiçilo à Filosofia tradicional. Dir-se-ia que dois rios convergentes

afluiam ao mesmo oceano. Veja-se um exemplo significativo de livro espanhol


que se vendia «no canto da rua do Outeiro, ás Portas de Santa Catarina»
— OcoÊO de kÊMfomm artskf^íeae, que pr^ntBâ Uiutrar ã la ha de la razat,
d Doctor D. Juan hbstíak de Lesaca, Obra poatlniiBa dd Doctor D. Diego
Matheo Zapata, en que se defiende la Moderna Fhyú» y Medidna.
(Tomo 1. Madrid, 1745).
É uma peça de disputa travada em Espanha entre Filosofia aristotélica

e moderna. Condena o aristotelismo estreme dos espanhóis, citando com


louvor, mais de uma Maignan
vez, Fabri, Cabeo, Casati e Cordeiro. O P.
é o nMotíf» de la PhiloMpiíia Platónica Cbristiaaizada». Defende a FUo-
sofia Moderna do vexame de anti-católka, desculpa S. Tomás por nlo ter
lido PtaHo^ em cuja defesa aponta um trecho dos «eidndos Conimbri-
censes». Para defender Maignan, aproveita-se de uma proposição «dei
Docto. recto y seguro dictamen dcl no bastantemcnte celebrado Astro
resplandeciente dei Orden de Predicadores, el gran Maestro Fr. Juan de
Santo Thoma».
Atua posiçio, que paieoe de compromisso mtre a FlloM^ modenui
e a Eaeoldstica, defino^e bem quando aplica o atomismo à medicina, ser-
vindo-se muito da anatomia ou quando exige que se faça «la averíguación
de la Naturaleza por médio de la Philosophia sensata y experimentos Phisioos,
Médicos, Chimicos, Anaihomicos y Mechanicos».
O caso de Fr. Bento Feijó tomou-se muito mais significativo neste
periodo e tio vasto que, por vezes, noa temos de limitar ao apontamento
do e nome do autor da obra. Fsia mdbor oompreensto da polànica
titulo
que suscitou entre nós, dividiremos toda a questão, em introdocio, mitolopi,
medicina, psicologia e física. Na introdução cabem os casos gerais, como
o do Conde da Ericeira, a tradução portuguesa, o índice da obra de Feijó
elaborado por um português e a dedicatória do tomo quarto das Cartas
Eruditas a uma Princesa de Portugal, Rainha de Espanha.
D. Fkuieisco Avier de Meneses, 4.^ Conde de Bcioeiía, foi um dos
eruditos mais notáveis do século xvm, que manteve idaçOes com cientistas
de fora de PortugaL Foi p<Hr seu intermédio que D. João V consultou
Castro Sarmento sobre a reforma dos estudos de Medicina na Universidade
de Coimbra. Devem datar de então as relações amistosas dos dois homens
de ciência, que mantiveram relações epistolares, sobre as águas das Caldas

Copyrighted material
— 139 —
da Rainha (1). Na
dedicatária do Tratado das operações ás Surgia (Lon-
dres, 174^, ao Conde de Erioein, 1.^ Maiqnês de Louriçal, Fnadaoo
Ó.»

Xavier Rafael de Meneaes: «As muitas honzas que devi a conespondencia


de que me fez digno o sempre memorável e Ilhistrissimo Senhor Conde da
Ericeira, Avô de V. Ex.*» —
confessa Sarmento —
levaram este a pôr a obra
debaixo da sua protecção. O Conde aceitara, cm carta de 6 de Setembro
de 1743, escrevendo-ihe de novo pouco antes da morte, a 13 de Dezembro
detse mesmo ano» «com kumas «prassoeni tam eheyas da mayor cstimaçam
e amiiaide com que me honrou» —
revela Castro Sannento. Talvez a essa
amizade deva Ericeira a honra da sua nomeado de sódo da Real Sociedade
de Londres, em fins de 1738(2).
Esta nomcaç5o determinou novo rumo nas suas lucubrações filo-
sófico-cientificas, segundo cie próprio revela em carta a D. Luís da Cunha:

«...como novo sociu da Accadcmia de Londres abjurei o Carthezianismo


pelo Newtonianismo» (3). Nesta mesma epistola, em que encomenda
o «Antímadilavd dei Rey da Prússia», confesaa-ae muito lido em
«Mr. V<dtaÍR».
O esi^to renovado dos títulos das obras que deixou prontas para editar,
manifesta uma mentalidade arejada, como o Methodo dos Estudos, 22 Tratados
Scieníificos, uma Dissertação sobre as marés e sobre a Teórica de Newton,

uma Dissertação sobre os Systemas do Mundo, um volume de UtÚidaáes


da Matiimattea t ObmvaçÕes MtMematíeas e fíg/^au, e unta Qmeordimda
da Logka ant^ com a moderna. Em qualquer oportunidade denunciava
a orientação das suas ideias, como na introduçio panegírica na Conferência
pública da Academia Real de História Portuguesa, em 7 de Novembro de 1728:
«Se a verdadeira Filosofia nflo demonstrasse que as cores er&o huma medi*
ficação da luz...»

Pois D. Francisco Xavier de Meneses também teve que dizer a respeito


dos oito volumes do Taatro OrMeo de Fe^jó e do Siqdemento edhado em
Madrid no ano de 1740. Pena é que nlo oonlieçanioa mais que o titulo
das Reflexiones Apohgetíeas sobre el Theatro Critico, ébeuntÊodo sobre cada
mo de los Tratados, que comphendcn los nt4eve tomos y los suplementos de
Ia misma Obra dei Reverendíssimo P. Fr. Benedito Feijó, à qiiien se dirigen. (4)
Linhas adiante, o próprio Feijó explicará o teor da obra e a causa de não
ter iido afulrailti

(1) Ja. 30.


(2) Por, 6.
(3) Carta de D. Francisco Xavier de >iÍBiwses a D. UM da Cunfas, IS-VIII-Til.
T. T. — Ms. da Livraria, 1944.
(4) Elogi, 93.

Copyrlghted material
— 140 —
Na Gauta de Lisboa, de 25 de JuUio de 1737 anunciava-se o Theatro
Antí-Crttko Vnhenatichre ks Obnu dd mty Jt P. M. Feifóo, deelP, Sar-
ndmta y de D, Scdvadar Mdi», em tris tomos de quarto (Madrid, 1735).
Era seu autor, D. Inácio de Armesto y Ostorío. A 26 de Setembro invocavapse
o nome dc Feijó em questSo de monstros: Curiosa Dissertação ou discurso
Fysico-Moral sobre o monstro de duas cabeças, quatro braços e duas pernas
que na cidade de Mediíiasidonia deu à luz Joamia Gonsendo, consultado o
F, M. A*. BeiUo JèrMmo Feijó, Monge Beneditino (1).
F<M depois de omidiiida a puUicaçlo do Teatro Oitíco que a polémica
mais se generaliioii em Portugal. A
Gazeta de lãAoa anuncia-o desde
1741, em que «hum hespanhol, morador às portas de Santa Catharina por
baixo das ca/as de hum Bordador, chegou ao presente, de Castella com
vários livros, cnire eles o nono tomo de Feijó». A 25 de Maio do ano seguinte,
vendiam-se, também cm casa de um «hespanliob>, os Duelos médicos en
defensa de la faaddad meêka, contra o Theatro Critico do F. Feijó. A 6 de
Junho de 43 anundava-ie o Antigo académico ou Drfensa das Sciencias Ftaka
€ Medica, eoatra a Critíoa do F. Fe^, A 25 do mts seguinte, a FHasertatam
Critica sobre o juizo universal, por Manher, com a sua defensa, Trata-se
de Salvador José Mafier, autor do Anti-Teatro Critico, a que Feijó respondeu
com a ílustración Apologética (...) donde se notan más de cuatro cientos des-
cuidos al autor dei Antiteatro (Madrid, 1729).
A seguir começa o perfodo do Teatro do Mundo vlsivdt^^oet^co, malft»>
maddeo ete. Ou (em que)
as AigwigiMm multoa êbeuraoa do ãtpkih
Coloqidos
tlãslmo Fir, composto por Fr. Benardino de Santa
Bento Jeronymo Feijó,

Rosa. (Coimbra 1743). Vem depois o da Medicina, com o duelo entre o


«medico lisbonense» Dr. António Isidoro da Nóbrega (2), que, também
há de entrar na polémica vcmciana, e o P. Francisco Xavier da Silveira Bela-
guarda (1745). Neste mesmo ano animciava-se o X° tomo das Cartas de
Feyó e a 22 de Novembro de 46^ a tiaduçio portuguesa do Tea^ Critíeo
UidversaL Apareceu entlo Vemei com o Verdadeiro Método de Estudar
em que Feijó é censurado.
A 2 de Junho de 50 a Gazeta divulgou o titulo da Justa repulsa de
iníquas acusaciones (Madrid, 1749), em que Fr. Bento Feijó se defendia do
P. Fr. Francisco Soto-Marne, bem como o do 3.° volume das Cartas Eruditas,
que se vendiam em Coimbra, Porto e Braga. A 27 de Julho de 1751 ofere-

ci) Sobre idêntico tema escreveu em França, no ano dc 1738, Mons. Lcmeri, disser-
tando na Academia Real das Ciências, a reqwito da natureza, origem e formação dos

(2) Ver UB OKtiflado ssb, sntápafo. dstsdo de lite. T-IV-TU (T. T.— Min.
Justiça, M. 34)l

Copyrighted material
I

" 141 —
I

ciam-se asobiw dot doii oontcndom, tanto ot dois vohimes dat Htfkadmm
Apologéticas e os Memortahs do primeiío, como a reqKMta do Mgimdo.
A 22 de Janoro de llSláa^yt^oattlbàéotn^gertídaseoÊannuásmta^
que se contem no theatro crítico universal do Ilustríssimo c Revcrcndissimo
P. M. D. Fr. Bento Jeronymo Feijó, tam conhecido e estimado na Republica
das letras, composto por Diogo de Faro de Vasconcelos, Cavaleiro da Ordem
de Cristo, Cronista-mor na vila de Torres Vedras.
E
a propaganda contiiiuoli, pelos anos fon, com antbcios das obras
de Feqó e de seus impngnadofes. Datre as obias gnais, merece tapedtH
referfinda a publicação, na tipografia do Col^o das Artes, do Thea^
Critico Universal, devido a diligência de Jacinto Onofre e Anta, anagrama
de Frey António Caetano, Frade Carmelita. Compendiava os quatro primei-
rcos tomos, vindo a aparecer o segundo, no ano de 1748, já noutra tipografia
— de António da Silva (1). Desta forma divulgavam-se por todo o público
ledor, criticas radicais como as do terceiro dbciuao, de que apontamos apenas
este período: «fToda a
das Escolas, para dar razlo de qualquer efeito
física

natural, está reduzida puramente a dizer que há tuna qualidade que o produz.
Esta é toda a filosofia peripatética e n9o há outra.»
Feijó alcançara de facto grande aceitação entre os portugueses, de modo
que, ele próprio pôde escrever: «aunque a todas las Naciones han debido
bastante aceptacion mis escritos, à ninguna tanta como à Portuguesa».
E acresooita, de comprovação: «O^estimonio de esto es d grande
a titulo
consumo que se hizo y hace de mis libros en PoitugaL TestinKmio de esto
es haverse dedicado un ilustre y docto Prócer Português (El Ex.™" Sefior
Conde de Ericeira) à la prolixa obra de ilustrar con nuevas pniebas, todas
mis particulares opiniones, la que tenia muy adelantada para hacerla publica,
quando, con grande dolor mio, comun à toda la Republica Literária, le

sobrevino la muerte. Testimooio de esto es haver otro Nobre de la misma


Nackm (Don Diego de Faro y Vascoocdos, Caballero professo en la Orden
de Cbristo), tomado la trabi^osataréa de formar índice general de mis Obras,
que impresso yà corre por Espana en tomo aeparado». Cita finalmente
o caso de Fr. Bernardino de Santa Rosa, que provocou tal reacção da parte
dos portugueses que não publicou o segundo tomo.
Estas razões, que Fr. Bento Feijó aduz na dedicatória do volume
das CsFlov BmàlaMt dedicado «a la Rqma mieitra Sefioia Dona Maria
Barbara de Purtnial», «Rqma de Espalfa pero también Princesa de Portogal»
podem servir efeetrvameote paia dooamealar a aprovação. Já vimos, porém,
que não feltou quem lhe contestasse pontos vários da sua doutrina. Em

ri) É de Salgado Júnior a suposição dc haver erro tipográfico com reapdto à daU^
que seria 1748 e não 68, como se no rosto. (Cf. V, vol. III, 160, nota).

Copyrighted material
— 142 —
qualquer dos casos, a presença de Feijó foi benéfica, para atear ainda mais
o mo6ndio que já lavrava entre os iatdectuais portugueses» se é que nio ettá
na niz desse moviíiiento*
Passando agora aos assuntos mais controvertidos entre nós, e deixando
de parte a linguística, que não teve em volume à parte outro opositor, além
de Martinho de Mendonça, já referido, comecemos pela mitologia ou, mais
determinadamente, pela questão da existência ou não existência da ave fénix.
FrBncisco de Pina e Melo deixou incompleto o Canócuh btteieetual para
tínmHBT a p»^peertfa do Teatro do Mundo vishol do P. M. Fr. Bavarêtno
de Santa Rosa, oonfonne kmos em Barbosa Madiado, que nio teiá acabado
antes da relativamente extensa bíMiognfia que depois saiu. Anónima e
sem data, apareceu uma Dissertaçam contra a existência da Fénix c, portanto,
a favor de Feijó. Nâo terá, porém, sido o primeiro espécime da polémica
que nos parece que foi o Discurso critico em que se declara por fabulosa a
Fènlx, no Teatro do Mundo Fbfiv/ do P. Dr, Fr. Bertumfíno de Santa Rosa,
da Ordem dos Pregadora, que Jacinto José Soares de Torres publicon em
Coimbra, em prindpio de 1744, com o pseudónimo de Firancisco José
Tones (1).
Ao mesmo tempo surgiu o Desterro de huma figura que appareceu no
Theatro do Mundo Visivel do M. R. P. M. Bernardo de Santa Roza (...) Lente
de Véspera no Collegio de S. Thomas desta Cidade de Coimbra, offerecido
aos curiosos, por hum Académico desta Univeisidade (Coimbra, 1744).
Acudiu por Fr. Bernardino, Luis Caetano dos Serafins, com um Discurso
apologético pela mrdadtíra existência da Fénix, no Teatro do Mundo Visivel,
não demorando, porém, a sair a público um novo defensor do beneditino
espanhol —Vitoriano Carlos Semedo Feijó c Madureira, que escreveu
Reflexões Criticas sobre o livro intitulado Theatro do Mundo Visivel, defen-

dendo alguiis sistemas do doutíssimo Feijó.


Aarim feduuam, as produções portuguesas de 1744. No ano seguinte
apareceu o P.Fhmdseo Xavier da Silveira Bellagnatda, «Presbyten» FOoiofo
e Teólogo», com um vdume em duu parles: Bogio Apologético do Crltko
Hespanhol e huma nova Dissertação contra a existência da Fénix. Ao mesmo
tempo pôs-se à venda um folheto intitulado Fénix Simbólico e Discurso
Critico contra o abuso da sua reproduçam, e um mês depois, o Discurso Apolo-
gético e Critico que em defeza da ave Fénix, da sua existência, creação e meta-
nwrfooeesereida contra O propugnaeuhdn Astúrias, o R, P, Pir. Bento Jeroniymo
PeU^ a seu ansado aodo, Pirmeiseo JoÊspk de Torres, a em porte eoutra o
Jt P, Doutor Fr, Bemmhno de Santa Rosa em seu Theatro do Mundo FbM

(1) Sub. 32.

Copyrighted material
— 143 —
e defensor Luiz Caetano dos l^n^ns, É autor deste papel, Mateus da Costa
Banoi, qne o dedioott a seu fiUio António de Sousa Cotitiiiho.
Nio vale a pena folhear nenhum destes opúsculos, que usam nz0es
muito longe das que empr^aiiamos hoje. Este último, por exemplo, defende
a sua tese. sustentando que se deve acreditar mais nos autores contem-
porâneos ou próximos dos sucessos. Isto lhe bastava para rejeitar o teste-

munho dos «viageiros que nutridos com o leite de França, podem enganarse
no txpameaiÈú com que nos aturdem ou enganar>nos a nós pdo inconve-
niente de famigeradas auias».
A da Mediana travou-se iqa pugna em Espanha (1). Entre
respeito
nós, além da defesa de Monravá y Roca —
Feijó defendido, 1736 de que —
já fidámos. importa referir o nome do Dr. António Isidoro da Nóbrega,
«médico lisbonense». Escreveu ele em 1745 uma Contradicion evidente dei
Reverendo Padre Maestro Fr. Benito Jeronymo Feijoó en ia matéria de la
Meêtína e logo P. Francboo Xavier da Silveira Bdbguarda
se içiessou o
em lhes contrapor a Verdad de Fe^ó segunda vez vbuBcada, o sohicion evlden-
tissima de ía perten£da contratScíon evidente atribuUkt a Fe^Ó en la Medicina.
O Dr. Nóbrega não se calou e no ano seguinte, publicou a Anticrisis Apolo-
gética à verdade de Feijó, segunda vez vindicada ou solução dieta evidentis-
sima que hum Anónimo escreveo contra a Contradição evidente de Feijoó sobre
a Metheina.
Também esta literatura vale ainda e apenas pela atitude que representa
no horizonte da cultnia portuguesa. O conteúdo, como diria Maraflon,
de pouco serve ou mesmo nada para o progresso das ciências. Sob outro
prisma se deve encarar, por exemplo. Castro Padrão. Juiz de Fora em Silves,

que na esteira de Feijó escreveu a Propugnación de la Racionalidad de los


Brutos. Padrão frequentou em Estremôs o curso de Filosofia do P. João
Baptista. Estudou também Teologia, quiçá por ter ingressado nos Neris
com o propósito de ser Rdjgioso. Espirito audaz, ji nesse tempo oanpós,
para seu uso, «algumas res(rfuciooes mias que segm en PhilosophiE yTheologiB,
quando estudiante».
Em 1743. data da Carta - prefácio do
- P. JoSo Baptista na obra referida
que publicou em 1753 — não só tinha pronta para a impressão este escrito,
que datou de Évora, 25 de Setembro de 1743, mas ainda um outro sobre o
mesmo assunto: JlodbeMb de hs Brutos, já então aprovado pelos Quali-
do Santo Oflcio, Padres D. António Lufs ^^bres e D. Tomis
ficadores
Gsetano do Bem, Clérigos Teatinos, bem como pelo jesuita João Pedro.
Como, pofém, a dedica a Diogo de Mendonca Corte-Real, falecido a 9 da

(1) Ver Historia Id e Id.

Copyrighted material
— 144-.
Maio de 1736(1) não será temerário supor que os manuscritos estivessem
ledigidos antes dessa data.
Feyó impugnara ot animait-máqwmtt de Descartes. Entre ndt, não
muito mais tarde, fd esta doutrina aceite e ensinada nos Oratorianos, pelo
P. Baptista. E agora era um discípulo seu que saía a terreiro com a Pro-
pugnacion de la Racionalulad de los brutos. Caria apologética en respuesta
à la Carta critica, que un doe to anonymo escribio al Aí. R. P. M. Fr. Benito
Gmmbno Feyjoo, impugnanéh el Dlaemo mno M
tomo iontro de su Theatro
Critíeo, áonáe érfmãló la Hntenela, ^
àh$ Brutos atrtbm éBsamo,
Utilizara a língua castelhana, já porque o opodtiMr de Feijó escrevera
nesse idioma, jd porque defende a um espanhol» quanto poasivd «cmi sus
mísmas doctrinas, transcribiendo muchas passagens». De outra sorte
ficaria «una mezcla tediosa». Pedindo ao leitor que se dispa de preconceitos
e não julgue sem ler, fez simultáneamente profissão de moderno, verberando
com seveiidade os que condenam, só por ouvir dizer aos Mestres.
«Esto vemos verificado en aquel indiscreto y mal ftmdado desprecio,
con que muchos tratan las opiniones que apeUidan nuevaa (siendolo talvez
tolamente para su poca instniccion) solo, porque quando Escolásticos oyéron
à sus Maestros tratarias de heréticas, ò erróneas, y toda su vida oyese-les
reprobarlas, quando poco como pcligrosas: claman indignados contra ellas,

llevados de un zelo indiscreto, y fundado solo en la fé de sus Maestros: impro-


peran i Im que las siguen, acuaaiidoloa de que no lezelan el daSo de oooie-
quendas opuestas à la fá, y de que haciendoae à la libeidad de diacmmen
questiones Physicas, soltarán la fienda para nzcmar coo la misnia o mayor
libertad en las Theologicas».
Estamos, pois, em pleno ambiente de polémicas, e se resposta directa
não obteve, foi por ter surgido no rescaldo do debate verneiano, onde já
se havia dito tudo o que importava a este respeito.
Maior inleraaae tem certamente a obra de Josá Bóieat de Araújo, que
aqui nos Intneasa nlo só pof «dificultai» a maior parte da Filosofia paripa*
tética, mas também pela leitura que patenteia de Feijó. Herdara do pai,

Pedro de Araújo, o ofício de escrivão da Casa de Ceuta (2), exerceu também


o de Almoxarife —
tal como o pai (3) —
da Pólvora da Junta do Comércio
Geial (4) e dos Fomos de Vale de Zebre, ao mesmo tempo que superintendia
nas obras para a fábrica de vidros em Coina (5). Por isso, Fr. Marcos de

(1) G, 1736.
(2) T. T. — Chanc D. ACmuo VI, Uv. 34, foL 202 e L. 36, foL 2â2v.: Gute de
íMt-m.
C9> T.T.^Ciue. D. AfooM» VI, L, 38, foL 119.
(4) O, 27-IX-710.
(3) O, 8-Vm-722.

Copyrlghted material
— 145 —
Santo António, na oennua do Santo Oficio esoevt no entanto, que teve
«toda a vida ocinMda not do» tríbunaet». Se bem que ot dois
vohimea doe seut Discursos da Ignanmda em que em consequência se d0ieulta
a mayor parte da Filosofia peripatetica tenham qMiecido em 1740, a obm
devia estar acabada em 1738, visto a primeira lioaça ser de Janeiro do ano
seguinte (1).

Bóreas de Araújo também leu Fb^, mas não aparecerá em público,


pròpríameiitB pua o OQmlMter, le bem que as tí¥eise proposto apresentar
as razoes que o erudito espanhol calou. Da sua Idtura, pois, tná nascido
a ideia da obra. Assim começa o prólogo ao leitor, em que sedecbia o
motivo destes Discursos: «O eniditissimo P. Frey Benedito Feijóo no seu
Theatro Critico Universal julga por abuso, que pertende desenganar, o enten-
derse que há elemento cie fogo na esfera superior, deixando na consideração
dos leitores os argumentos que o contradizem». Mais adiante insiste:

«N^ado o demento do fogo na esfera superior pdo P. Boiedito Feijoó,


quizna eu dechiado por tão sublime entendimento, o que era o fogo
ler
material». E porque o não fez, atreveu-se Bóreas de Aiat^o a aplicar,
tratando do primeiro ponto no primeiro volume e do segundo, no
segundo tomo.
Dá-secomo autodidacta, revelando que escreveu, («falto de toda a noticia
Filosófica,como quem se tem empenhado desde a idade de desanove annos
«n multiplicadas e ao mesmo tempo oontmuadas occupaçOens publicas
do serviço Real, sem outro estudo) me vali nas poucas horas livres dos dias
de hum anno, do Qdlegio Conimbricense» (...).
Ele quer convenccr-se de que nSo usou livros nos seus discursos, mas
um censor, para seu louvor alirma que ele «mostra huma tão vasta erudição
dos autores que escreverão sobre aqucllas matérias». «Nas experiências
se ftmdio estes discursos, sem ter autor a quem sigfto e dte nestas matérias».
A sua «Escola he a eiqieriencia, onde meõuir e mais sabe o que enlende a
lingua da natureza». A sua atitude ciftica, por oonseDio de Séneca, é a de
dúvida, exigindo experiência e cvidincia.Mas evidência que parte da coor-
denação mental que elabora em seu espírito, com o resultado da verificaçSo
obtida por sua própria experiência ou mesmo, por vezes, experimentação.
Veja-se, por exemplo, o processo lógico dc dedução e inferência que atribui
a Aristides, na coostituiçlo da sua doutrina dos elementos e respectivas
qualidades (2).
Asiim conduiu o seu discurso: «De que tudo se pode verificar que

(1) Vodb^e «m Puii. no Livreiro Gávdlv, da Rot de S. JMqpm, an Lys dX)r,


oonforme se anuncia em Jou, 1785, p. 739.
(2) Dis, I. 83 e ss.

XO

Copyrighted material
— 146—
Aristóteles repartio pelos elementos as quatros qualidades por graça e
não
por mefedinento, oomo donativo próprio e da natureza; poit a meiína
nflo
natureza fíqterUnenti^nei^ o mostra, no duvidoso exame das qualidades
da terra».
Referindo-se à doutrina perípatética da transmutação de uns elementos
noutros, insiste na posição inicial: «Para estas transmutações passarem
da imaginação à evidencia, só podiam ter exame nos argumentos e diminui-
çõens da terra e da agua, como etementot visto» e palpáveis».
Prossegue no mesmo discurso quando assenta que nlo se dio trans-
mutações no ar («e p(v isso escusado o fogo»), viito nio se aduv AmoN^
traçOú de que a água se faz terra ou esta, 4gua. O apelo à experiência do
bom senso, privado de qualquer recurso ao avanço das ciências, Icva-o a
contrapôr-sc à teoria geocêntrica, citando apenas o nome de um defensor
moderno, coUiido algures: «Entenderão Heraclito Pontico, Niceas Sira-

cusano, Aristarco e outros referidos pelos Conimbrkenses, e o afirma também


Cariesio, que estio em quietaçlo os corpos celestes e que só o {lobo da terra
gyrB»(l). Aponta, a reqieilo do nAneM dos Ceus, um tal Casimiro (ildWrwr
CartesU inventa, tom. 4, part 2, q. 2, art. 1), que pode ser a obra moderna
consultada para o período seguinte aos Conimbricenses.
Em nome das «experiências» opugnará as «escolas estrangeiras» que
atribuíam a subida da água nas seringas e nas bombas, ao peso do ar que
comprimido pelo peso do ar superior, impele a água contigua ao bico da
seringa ou da boca da bomba, a ocupar o vazio deixado pda subida do êmbdo.
Ele analisa o tubo de quarenta pés e a máquina pneumática, revelados
por Feijó e conclui o contrário, isto é, «que não pode haver lugar vazio de
corpo». As experiências do mercúrio do barómetro, da bexiga introduzida
num recipiente em que se faça o vácuo e outras, nunca provam o intento
das Filosolias estrangeiras, porque a verdade é que — diz Bóreas de Araújo —
«o natural estado do ar he a compressio e nio a sua ntayor rare&cçio».
Deste modo dificulta a maior parte da Filosofia aristotãica. E nio
há ddvida que o seu livro fez pensar os professores das Escolas.
É através da exposição de Feijó que conhece Dechales, Galileu, Riccioli,
Boyle. Com Feijó concordará, quando rebate a afirmação de Gassendi,
que no acto de se ver um objecto, há unia olho ocioso. Mas discordará,
por exemplo, quando o beneditino espanhol sustenta «que o sol se vê sobre
o hofizoote, antes de nascer e depds de se pdr. Baseia a sua argumentaçio
nas leis da refieaoçio e leneoçlo da luz.
O pouco que ai fica já basta para podermos classificar a obia de Bóreas
de Ara^o, de meditação critica sobre os fenómenos da natureza que faziam

(1) Dit, U. 189.

Copyrighted material
— 147 —
parte da Filosofia peripatética, com base sobretudo em Aristóteles. Com
«razoens naturacp» propOs-ae twct as proposições filosóficas, objectando o
que se lhe ofenda a propósito. Estamos, pois» em pwcaça de um critidsmo
equilibrado, que se baseia longliiquameTitc em Descartes, através de Feijó,
de fácil observação mas sem recurso a dados laboratoriais ou de observa-
tório astronómico, que tao necessários eram para os dois temas centrais
do seu traballio (os elementos na terra e os elementos na atmosfera).
A sua atitude de critica à doutrina ncáàdB. de Aristóteles é, porventura,
a parte mais impressionante, por atacar axiomas ensinados nas caccHas,
— —
O último tema dos terremotos foi versado em data posterior.
Como só nos interessa a bibliografia que mais directamente se refere a Feijó,
indicá-Ia-cmos aqui, se bem que de passagem. Em Grand Puerto de Santa
Maria, no ano de 1756 publicou-sc um j\uevo systema sobre la causa physica
de los Terramotos, explicado por los phenomenos eléctricos (...)• Su autor
Don Frey Benito Geronymo Feijoo Dedicado a la muy erudita, regia
(...)

y esclarecida Academia Portopolitana, por Don Juan Luis Roche, Académico


de Erudicion de la misma Real Academia Portuense, Sodo Honorário de
la Regia Sodedad de Ciência de Sevilla.
Nesse mesmo ano imprimiu-se em Lisboa, El Terremoto y su uso, dictamen
dei /?ev."»o P. M. Fr. Benedito Feijão (...) Explorado por el Lie. Juan de
Zuniga e no seguinte (1757), a Extensão do dic torne ou parecer do Reveren-
M. Fr. Bento Feijóo (...) acerca Aa causas doa Terremotos, explorado
(Rssimo P.
peh João de Zwdga; em carta esaripta a hum amigo, por PeUdano da
Lie.
Cunha França. Advogado nesta Corte. Trata-se de mais um discípulo do
P. João Baptista «da Illustre Congregação do Oratório desta Cidade, sugeito
em quem todos os elogios são diminutos para o seu grande merecimento»,
que vinte anos atrás, isto é, por 1736, frequentara o seu curso filosófico em
Lisboa. Feijó não explicou tudo acerca dos terremotos. E ele discorre
sobre a matéria, discordando amiúde de Tosca, e do Dr. António Ribeiro
Sanches, que em 1756 dera à luz o teu lYatado da Conservação da saúde
dos Povos, com um Apêndice sobre os terremotos.
Neste mundo de questões (1). avultam ainda as polémicas religiosas
e as literárias que não podemos deixar de referir, posto que incompletamente
Entre as primeiras tocaremos apenas no sigilismo, o milenismo e o mate-
rialismo. A primeira — a da Jacobeia ou Sigilismo — envolvmi a Inquisição
portuguesa oam os Bi^ot, arrancando, pofém, de um movimento mfstioo
em prol de maior perfeição espiritual. O Professor Cabral de Moncada

(1) Feliciano da Cunha França, no livro citado, flxprime-se quase da mesma forma:
«Tudo no mundo são disputas, ainda dc cousas que tcni pOOCa iti^^^yi^*!* paia se vir HO
conhecimento do que são e do que procedem».

Copyrlghted material
— 14«-
o carácter. Chegà. mesmo a entrever na contenda
já lhe definiu oertenamente
o despontar de um certo racionaliamo flumitriatico, que viria a d^genctar
no jhmriwwmo portngnSs, da feiçSo do italiano e auftrfaoo: nm iluminismo
católico de «NaçSo Fidelisstma».
O movimento nascera c alimcntara-se em Conventos da Regra de Santo
Agostinho (1), como principais adversários,
tendo, porém, os dominicanos
dentro da Inquisição. Os Jesuitas tcr-se-ão dividido em duas facções, a
avaliar por tr6s nomes —
o do P. Joio BajMtista Ovlmnia na Corte de Lisboa,
o do P. Manuel de Azevedo na Oútia romana ^
e o do P. José de An^o,
iiutot CaNa de hum airioso áa VitímMiée de Évoni es^^
da VniverMde de Odndmt, manifestamente a fovor da Inquisição, com a
sua resposta em que «se mosttSo as consequências terríveis que nascem
de alguns confessores nao guardarem o sigillo da Confissão Sacramental».
A polémica da primeira fase (antes de Pombal, isto é, do ano de 1 745-47),
estende-se por cerca de umas quarenta dissertações e escritos anónimos.
Eis os títulos de alguns: Bakmça da verdade e biveetha ipt^ogitka: Carta
tpohgitiea: Carta censória; Carta eonndttm: Carta drfefieba: Carta dltt-

amiva: Carta reíatorta; Criaot crítico: Discurso apologético: Entretenimento


politico, histórico e proreptico; Escola toniisiica; Reflexões sobre a Pastoral;
Reposta a umas cotas; Reposta do Religioso das Ilhas à Carta relatório; Sigi-
listas confundidos, etc., etc.

Vemei também escreveu sobre da, em cartas particulares a Luis António


Murattni, odocando-se, a medo, do lado dos Bispo6(3). Muntori entrara
na polémica com o opúsculo De Lusitanae Ecclesiae Retígkme in Adndida'
irando sacramento poenitentiae, publicado em Módena, no ano de 1747.
E é Vernei quem lhe dá a conhecer, aliás sem pormenores, a violenta réplica
portuguesa de M. dc Ataidc Cortc-Real que se ocultou no pseudónimo Ramiro
Leite Gatadc Luneira de Recidabe Muratori simulado, arguido com as suas
:

mesmat doutrinas e convencido nas allegaçoens, em que se firma, principalmente


nas três BuBas do Santissbno Fadn BÕedleto XIV, Siçiema, Ubi prirnnm,
Ad eiadicBDdum (...). Sevilha, 1747.
A par da identificaçlo dos «Muratores» com os «Pedreiros livres».

(1) Ver Que.


(2) No processo pombalino do Sigilismo figuram onze cartas deste ilustrado jesuíta
de qae (bnm pnMIaidot tiedios «m 1769, pare provir a ma aoçio em Rooaa, a ftwor do
episcopado português. —
Cole, 373 e 183 e ss. Já em 1746-47 se haviam publicado llls
volumes, dedicados ao Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Tomás dc Almeida: Colec.
(3) Os foram o de Coimbra, D. Miguel da Anunciação; o do Porto,
principais
D. José Macia da Fonseca e Évon; o ds Évon, D. Itfflgnd de lUvoia e o do AdnvB,
D. Inácio de Santa Teresa, dB4IU» Vcrnci era Procurador em Roma, como tedillloallO
tallttr. Sobre os quatro Preladoe, ver Que, 1962, 406; 249 e 386; 285; 404.

Copyrighted material
— 149 —
regista- SC a defesa do autor com elogio grandíloquo: «Mas saiba V. M. qtw
Muxatori, no tempo presente, e no Tlieatro Scientifioo, representa nos seus
papeis huma das mayores figuras, na Republica das letras occupa entre os
doutos hum lugar multo distincto. Ouço que he Bibliotliecarío do Duque
de Módcna, mas sey que a sua grande cabeça he huma animada livraria,
e se dá a conhecer pelos títulos na variedade dos seus escritos, que já se dilatao

a muitos corpos». Contudo, a admiração não era plena e confessa que


lhe ignora os recantosda alma.
Anuncia já a napotOi devida ao escrito de Muratori que apareceu em
1748 com o titulo de ComMeatimãs dogmatiau universo orbi teme guo recta
saeramenti poenitentiae administrationes refulgentes (in vários distribuías
rádios quibus noxia praxis detegendi cúmplices destruiíur atque variae pn^otí"
tiones tum Marini íum Muralori, tum aliorum dissipantur {\).

O autor, Dionisio Bernardes de Morais, era sobrinho do P. Manuel


Bernardes, Doutor em Cânones, tendo subido mais tarde à dignidade de
prelado da Igreia Patriarcal de Lisboa. Antes, porim, tomara parte na que»*
tio do sigitismo^ leAitando, por exemplo, a Pastoral do Bispo do Algarve (2).
Também foi por intermédio de Vemei que Muratori teve conhecimento desta
obra que o «Barbadinho» condena antes de a ler, baseado na apreciação de
«um parente meu, pessoa doutíssima», naturalmente o irmão Diogo (3).
A segunda polémica religiosa, se assim lhe podemos chamar, passou-se
em Espanha, com a participação de txês jesuttas portugueses, a respeito
doe mil anoe de paz para a Igr^ antes do Juizo Universal, que tSm susd>
tado as mais desencontradas interpretações. Don Salvador Joseph Mafier
publicou em Madrid a Defensa de la Dissertacion critico4ustórica sobre
el Juicio Universal contra la impiignacion de itn docto anónimo, que contém
a participação portuguesa na contenda. Os Padres André de Barros (em
24 de Novembro de 1741), José da Costa (em 3 de Dezembro do mesmo ano)
e Paulo Amaro, «Catedrático de Prima de Theolo^ no Colégio de Santo
Antio de Lisboa» (sem data) dirigónun cartas ao intermediário P. Manuel
de Campos, sobre o assunto do livro de Mafier.
No nosso País corria alta a contenda desde o P. António Vieira (4).

Também o Arcebispo-Bispo do Algarve, entre outros, no século xviii, se

pronimciou a esse respeito, mas em Roma negaram-lhe licença de publi-

(1) Cora.
(2) Dic, II, 179.

(3) E, 284 e S8.

(4) Obra VI, 116-117. 126, 145-147. Neste tUUmo lugar, Viein distingue os Mile*
aÉiios 'f^ff^'"'^*^ e os admitidos como ortodoxos, entre os quais se coloca. SoIm o
assunto, ver os eruditos Prefácios de Hdoam GÉdade, do voL citado e do VIII, bem cono
de Defe. Ver ainda Prop, 242.

Copyrighted material
— 150 —
cacflo. Bra Vernei o procurador do Prelado na Cidade dos Papas e por
isto deu-lhe conta da dedião da Cúria, em termos que bem se podem consi-
derar teus (1).

A teioeixa polémica é de data posterior, na obra qne suscitou maior


celeuma, sendo porém, anterior o entrechocar das ideias ventiladas. O mate-
rialismo alastrava por toda a parte e imiscuia-se, por vezes, nas cousas
sagradas, com a aparência de ciência ou erudição inofensiva. A francoma-
çonuk ettavft monlada nos principais paiset da Europa. Ateísmo, Maome-
timo, Hebndtmo e Lntefanismo passavam por formas de uma mesma atitude
anti^t^ica, que importava combater. Alnqutsiçiopoctngnesamantinliapee
alerta, desde kmga data. Em edital que se foi repetindo até pfindpios
do século XIX, avísava-se o público da obrigação de denunciar os suspeitos:
«se sabem ou ouvirão que algumas pessoas fação ou por qualquer modo
concorrão para se fazer ajuntamentos, aggregações, ou conventiculos inti-

tulados De Uberi MunUúrt ou Francs-Massons. vulgo Padreiros livres ou


com outro qualquer titulo, otrnforme a variedade dos idi<»nas».
Em edital datado de Junho de 1739, Nuno da Cunha, Fkesbitero Caldeai
da Santa Igreja de Roma, Inquisidor Geral nestes Reinos, anunciava ter
recebido um Decreto do Papa Clemente XII que punha no Indice dos livros
Proibidos, entre outros os seguintes:
— Phiiosophiae Leibnitianae et WolfJUume usus in Theohglttt aucíore
L 7. C. Wtrtmò. FtoneogurÚ d lÀpOait, 1713.
— ^vaéem t cperis, 2, Otf. 1735.
— Aeíu Enâtomu. Lipsiae, 1727, 1728, 1729.
— Johannis Buddae Opera omnla.
Francisci
— Newtonianismo per Dam, owero Diak^ sopra
// le e eolwL la btee i

Napoli, 1737(2).
— Rudolphi Cudworthi Systema tomus
Iníellectuale hujus Vniversi, etc. 1

et IL Jenae, 1733.
— Hugonis QrotU Belgarwn Pkoaácis Manes áb Mguis obstreeíatUm&uã
vbuSeatí. Ddphis Batavarum, 1727.
'^Le systeme des Anciens et des modernes ... sur Vétat des ames separies
des corps en quatorze lettres. Amsterdam, 1734.
Cremos, porém, que a Inquisição portuguesa, até esta data preocupa va-se
mais com outros problemas, principalmente com o dos cristãos-novos.
O ambienlB geral entre nós e na viiinha Eqianha, era realmente case, chiando
W
aproduiir obras da autoria de pessoas nlo-eci iéstica s. É o eaao do médico
António Isidoro da Nóbr^ qne julgou oportuno intervir com um IXseuno

(1) Vem, VI.


(?.) Noutro taisnr lefiBrimo-nos com algum pormenor a esta obra de AlsarottL

Copyrighted material
J •»»////•/..

ir On(,'/u/àu' : Hf i H .11/ . !yl

.1
«/vi/iT/r /xi'*' ./«/ Cnt": JB/r/u/i/uv.

D. Luis da Cunha, diplomata em várias

Cortes da Europa
Fachada norte, primitiva, e oeste, cm pane transformada,
do Colégio das Artes em Coimbra
— 151 —
Catholico, no qual hum Chrisião Velho, zeloso da nossa Santa Fé, fala com
os Judeos, editado em Lisboa, no ano de 1738.
Este ambiente de zelo leligioio toraou-se, no entanto, impermeável a
mnitM espfrhoa, sobretudo a quantos estacionavam no Estrangeiro ou
passavam aJérn-frontenas. Mesmo professando a Rdjgiio Católica, alimen-
tavam o preconceito da inutilidade doa Frades, pelo menos de tio giande
número. D. Luís da Cunha, por exemplo, considerava urgente proceder
a uma «primeira sangria» —
a da «muita gente dc ambos os sexos» que
entrava nos conventos, «porque comem e não propagam» (1).
Outmi eomntea idãoldgleas agitaramo meio intdei^ttal português
— de carácter liteiário e UnguMoo^ a que nlo queremos deixar de aludir,
mesmo sumàriamente. O Marquês de Vaknça, D. Frandsoo de Portugal
e Castro, um dot inielectttais do século xvm que tem andado um pouco
esquecido (2), escreveu um dia um Discurso apologético em defensa do Theatro
Hespanhol (Lisboa, 1739), em que propriamente defende Calderon, dos ataques
dos críticos (3). Estes haviam procedido à revisão crítica, por vezes exagerada,
que não poupava as figuras cmisagmdas. O P. Rapin censurava de escuro

onosaoCamOes IS^e na censura de P.D.José Barbosa. Mas o P. António
dos Reis, da Congregação do Oratório, já falecido, «tinha meditado huma
invectiva tão bem fundada contra a soberba do P. Rapin que o nÍo liavia
poder defender delia toda a idolatria dos seus sequazes».
Excedia-se, porém, o Marquês na sua antipatia pela França, não só
quando criticava o teatro, como nas ocasiões em que a apreciava por outro
qualquer prisma. Assim, na hutrucçam que o Marquez de Valença (...) dá
a seu fio» prtmogaútú D. Jae^k Migutí Joam de Portugal, Omde de VMoeo
(Lisboa, 1745), pontifica sem rodeios que «não deixeis as Filosofias antigas
de Platão e Aristóteles, que acreditarão os Santos Padres, pelas Filosofias
de Descartes e Gazendo, que seguem e não acreditao alguns engenhosos,
porque para igualar ou vencer a hum Doutor Angélico era necessário con-
trapor-lhe hum Doutor Seráfico».
Depois de sconsethar a nio perder tenipo com bagatelas, esdarece:
«Trocai o estudo doa livros firancezes pela liçSo dos auctores latinos, porque
«w^gFiem lie tio jguorante da pintura que queira antes as copias que os origí-
naes para adornar o seu Museo>\ Levado pelo sentimento pátrio de Fidalgo,
fazia por fim mais esta advertência: «que sigais os costumes pátrios, que
vos não aparteis das pizadas de vossos avós».

(l) Te, 67.


Õ) No Capítulo DC (pág. 203) ocupar-nw wnos da criliGa do marquês à poesia
Ikancesa.

O) V«r Elogio Ra.

Copyrighted material
— 152 —
Da escola do opositor do Marquês de Valença era José Xavier Valadares
e Sousa, que puUioou anânimo, à responsabilidade do impressor, o Real
Cd^gio das Artes de Coiínbni, um Extme ertóeo de kuma 9]iha potíienfdia
à morte da Sereníssima Senhora Infanta de Portugal a Saihora D» fírmh
cisca (...). Coimbra, 1939. A Gazeta de Lisboa anunciou-o no princípio
do segundo semestre desse ano. Duas vezes aparece o anagrama da Compa-
nhia de Jesus, como que a assinalar a concordância já expressa pela inclusão
da critica nas ol»as sÉUas dos seus prelos. Hcniaid Cidade já o apreckm (1)
e aqui limitamo-noe a ymcar as preferêiicias do autor pek cultora fianoesa.
Se entre os modelos que cita nio deixa de aparecer Gdngora, o certo é que
detesta as «frívolas agudezas» e censura «o estilo pervertido da makxr parle
dos poetas espanhóis e de alguns modernos portugueses».
A retórica e a oratória também foram objecto de revisão. Sobre a
primeira, talvez valha a pena citar o Delicioso Jardim da Retórica, que não
conseguimos encontrar nas BíUiotecas de Lisboa. A respeito da ttgaadtí
é Índice bastante o apreço em que foi tido o autor do Samõo da Sexagatíma,
o grande P. António Vieira. O Conde da Ericeira promovera-lhc exéquias
pomposas, a 17 de Dezembro de 1697, que foram o início da glorificação
póstuma e natural sequência dos louros que alcançara nos púlpitos de Por-
tugal, Brasil e Itália (2). A Gazeta de Lisboa de 2 de Março de 1719 anunciava

a preparação de um volume de cartas e outros escritos, pedindo que se diri-


psse ao Conde da Ericeira, quem possuísse manuscritos e desejasse «ler parle
em obra tio digna». Os dois primeiros volumes de cartas apareceram on 1735,
impressos pelo Conde da Ericeira, na «Officina da Congregação do Oratório».
A 2 de Outubro de 38, D. Francisco Xavier de Meneses insistia no pedido de
cartas e papéis, para o terceiro tomo que estava preparando e que só veio
a imprimir-se em 1746, na Régia Oficina Silviana.
Também o orador recebeu as consagrações que o Conde da Ericeim
lhe tributou às suas qualidades de epistológnfo. Em 1734 o P. Custódio
Jesam Barata Qoão Baptista de Castro, o autor do Mapade Portttgal)^ editou
cm Lisboa o Espelho da Eloquencut portugueuí, ihatrado pelas exemplares
buêt do verdadeiro Sol da Ehquaida, o venerofel padre Antonio Vieira, da
Companhia de Jesu.
O P. André de Barros, conhecido autor da Vida do Apostólico Padre
ÁJHUmáo VUyra da CmfoOda de Jesus, chamado por aníonomaria o grande:
Adornado no mundo por Príncipe dos Oradores Enotgeíicos, Pregador inconh
paravel(...). (Lisboa, 1746) —
editara dez anos antes as Vaus aaudoãe»
da tíoquenda, do e^Mto, do xeh e embieiae eidtedorta do P» Antmdo Vidra

(1) L. II. 64.

(2) Oração F.

Copyrighted material
— 153 —
(Lisboa, 1736), seguidas em 1748, pela Voz Sagrada, politica, rheíoriea e
métrica ou Stypiefmnto às Vmcts ááuíoms (...) Em 1745 dfvidgm OlliUieniie
Joflé de Qurvalho Bandein, a Rh^orka Sapada ou Arte de Pregar novamaitê
descoberta entre outros fragmentos literários do ffmde P, Antonio Vieira (...),

cuja autenticidade não está provada.


O mesmo íim visou a publicação de Vieyra abbreviado , cm cem discursos
moraes e políticos, 2 volumes. (Lisboa, 1733 e 1746) e a Collecçam dos
principaes sermoens que prègou o P. AntánÊo Vieira, por Di<miiio Tdudn
de Afiliar (Usboe, 1754).
O movimento de exalta^ pela figura do orador teve ainda outras
tnaatfestações, eomo a da Apologia afawr do P. Antonio Vieyra (...) pwque
se desvanece e convence o Tratado que com o nome de Crisis escreveo contra
ella a Rev.''^ D. Joanna Ignez da Cruz. Religioza de S. Jerónimo, da Provinda
do México. £screveu-a a Madre Soror Margarida Inácia, Religiosa de
Santa Afostínho, no Convento de Santa Maria de Lisboa oriental (1727).
Precisamente dez anos depois, a 15 de Maio de 1737, realizavam no
Colégio das Artes de Coimbra, o que hoje poderíamos chamar festa de home-
nagem, levando à cena «um drama trágico, intitulado Triumphus Sapientiae,
no qual se coroou a incomparável sabedoria do sempre grande e nunca assaz
louvado Padre António Vieira, da mesma Companhia, pelos triunfos que
gloriosamente conseguiu do Mundo da heresia, da idolatria, da inveja e da
ignofância; ofaca do Fadie loam de Moura, Mestre de letras humanas na
mesma Universidade» (1).
Mais vibraram as paixões a propósito da Arte de Furtar, publicada
cerca de 1743, com a data fingida de 1652. Cândido Lusitano, o Neri
P. Francisco José Freire saiu cm defesa de Vieira, com a Caria Apologética
em que se mostra ruim ser autor do livro Arte de furtar o P. Antonio Vieira
da Companhia de Jesus e se apontam vários erros dos factos que nella se acham
escritos (Lisboa, Nlo faltoo, pofém, tpum o ocmtraditasse e apareceu
em 1746 a DIssertaçam tpohgtíiea e Mo^stica que motíra ser o auduw
do livro Arte de Fíartar,t^no desveh do engenho ihistre do P, Antonio Vieira.
Mas Cândido Lusitano nSo se deu por vencido e apareceu com o seu Vieira
defendido, Dialogo Apologético em que se mostra que não he verdadeiro
Author do livro intitulado Arte de Furtar o P. Antonio Vieira (...)• Respon-
dendom às mOes de hama nova Dissertação em que impugnando os ftmda-
mentos da Carta ^imlogetica se pretende mostrar que a dita Arte he obra
do mesmo Padre. (Lisboa, 1746) (2).
Outras obiaa se ptibltraram do insigne prosador, como em 1718 a HieUiria

(1) o, 6-VI-7 7.

(2) Sobre a autoria da Arte de Furtar, ver Histor, lU-I-93 e Historia L, 136,

Copyrighted material
— 154 —
do Futuroe, depoit da orftict de Vernei em 1747, o Discurso Cathotíco Senten-

doao contra a murmuraçam, exposto em fiuma Carta que em resposta de outra,


eaereveoa htm seu amigo o fnmde e apostoheo P, Antoftío Vieyra e em 1754
a CoUecçam dos prtne^aes sermoens que pregou o F. Antonio Vieira,
Não faltaram as questões históricas, que se podem ilustrar, em breve
apontamento, com a polémica de António Caetano de Sousa com os Redac-
tores das Ménwires de Trévoux. A crítica que estes fizeram à sua História
Catealágica, respondeno Teatino no Mercúrio de França (Junho de 1746),
oonchiindo com a tr^dica que abre a parte 11 do tomo II da sua História,
apoxecido já em 1748.
O ensino decoiria certamente em atmosfera mais igual, com poucas
trovoadas, porque era proibido toldar o horizonte... O tao criticado Edital
do Reitor do Colégio das Artes (1), que serve de fecho a este período anterior
à edição do Verdadeiro Método de Estudar (datado de 7 de Maio de 1746),
define bem «lia iitiiaçlo do ensino, que só poderia leraltefadoomnaiitoijiaçlo
téf^M, É possível que o Monarca se pfonunciasse de outra forma, como
aconteceu anos mais tarde, se o caso lhe fosse apresentado superiormente.
Mas também nlo é temerário crer que qualquer proposta do Reitor no sentido
demod ifícar o rumo dos estudos» obtivesse a mesma n^ativa já anteriormente
acentuada.
Como quer que fosse, o certo é que o desvio do ensino aristotélico estava
a coíicjpetizar-se, e o Rtítor exighi simplesmente o eumprimeato caiaeto da
Lei, determinando que «mos exames ou llgOes, oondusOes publicas ou paiti-
culaxes se nflo insine defenção ou opiniOes novas pouco recebidas ou inúteis
para o estudo das Sciencias mayores como sâo as de Renato Descartes,
Gazendo, Neptono (= Newton) e outros, e nomeadamente qualquer Sciencia
que defenda os actos (= átomos) de Epicuro ou negue as realidades dos
accidentes Eucharisticos ou outras quaisquer concluzões oppostas ao sistema
de Aristóteles, o qual nestas escolas se deve seguir, como r^etidas veaes
se xeoomenda nos estatutos deste CoH^io)».
Através deste trecho apenas se apalpa a já veflta questio do atomismo^
que tinha reflexos na Eucaristia. E dizemos velha questão, porque atrás
encontrámos um António Cordeiro, dos fins do século xvii c vamos ver a
atitude de certos professores, como Pedro da Serra e Silvestre Aranha, que
nesse mesmo mesma infiltração do atomismo.
Colégio haviam combatido essa
Fedro Senta (1734-38) (2) dilan a physica» no ano de 1738. Ao tratar dos
principais sistemas que pretradem explicar a coiurtituiçSo dos corpos, rebate
ftntiosaaieale o de Descartes, Oassendo, Msignan, Sagnens e Tosca.

(1) Publicado na íntegra em Ens, 170>172.


(2) Conaavam^ ute vois. Ver Ag.

Copyrighted material
— 155 —
Pouco depois, em 1740, o P. Silvestre Aranha publicava a Metafísica do
Cuno dado no qwidriénio de 1723-27, aeceaoentado da oontrovénia que
diz se agitava nene tempo entre Pnipatéticos e Alomistas, r^istando mesmo
a deserção algures, certamente nos Oratorianos, das fileiras aristotélicas
para as atomistas ( 1). Embora alheado das aulas de Filosofia, impugnava
com ardor o atoniismo de Tosca e os pontos fundamentais do sistema carte-
siano, por exemplo, as provas da existência de Deus e as noções de extensão,
substftncáa e addente (2).
Embalado na polãnka que tanto o seduzia, publicou um livro todo de
combate em que aparecia alvejado o nome de Tosca, não havendo dúvidas
de que o ataque se dirigia aos Filipinos de Lisboa. Foi em 1747 que saiu
à luz em Coimbra com o Disputationum Physkarum adversus Atomisticum
Systema quoJ defendendo suscepit R. P. Thomas Vicentius Tosca, mas as
licenças são de 46. Coloca-se estritamente no ponto de vista metafísico,
visto que a doutrina combatida pretendia substituir uma teoria também
metafísica —
o hilemorfismo —
e até porque o atomismo, neste tempo, se
nlo revestia da nnqMgem actuaL Com a argúcia que lhe era peculiar, p6e
a nv as contradições de que enferma a filosofia dos átomos e entretem-se
a tirar as conclusões possíveis, dentro da rigorosa lógica dos conceitos.
Hoje chamaríamos a esta atitude, naturalmente, «actividade inquiridora
e crítica» (3).
Na Universidade de Évora a orientação era a mesma. A proUemática
moderna reduzia-se à imposta pdo atomismo, que nlo raro se identifica
mal com o cartesianismo. No curso de 173{M3, o P. João de Andrade
também impugnou «a sentença dos atomistas chefiados por Descartes» (4).
No curso iniciado cm 1742 por Francisco Gomes, introduziu o P. António
de Freitas, no último ano, em 1746, o estudo da história da Filosofia, se

bem que só da época antiga, e uns lampejos de critica filosófica, endereçada


à «L^ica de Descartes» e paradoxos cartesianos, ao ontologismo de Male-
bnmche, ao Tifit^rn** e apuramento dos critérios de verdade.
O que mait interessa vincar é, evidenteaenta^ o conhecimento do Descartes
fulcral: A suma da sua Lógica, isto c. «o seu novo modo de saber», reduz-se

a três princípios: Dúvida universal; penso-existo; evidência única, a da ideia


ciara e distinta. Como sabe que «a Fé não faz verdadeiramente Filósofos»,
admite como critério da verdade a Sagrada Escritura e o consenso dos Santos
Padres, de certo para as verdades religiosas; o consenso dos peritos, sobretudo

(1) Diq>, Ad Lectoran.


(2) Dísp. 56 e ss.; 142 • ss.

(3) Par, 29.


(4) CunusP.

Copyrighted material
— 156-
para a cousa sobre que se inquire (maxime in ea re de qua quaerítur); os
numiaitot da lazio natural intrfnseca, principalmente para ot atrantot
SkMoM e flnafaiMate o tettemunho dos sentidos (1).
Na Física nio faltou, é claro, a costumada expunção das feses da Filosofia
«nieeanica», para se ficar ainda na posição aristotélica. Mais importante
é, porém, o apreço que dá à «Animástica», desenvolvendo os temas próprios,
como órgãos e funções, descrição física da nutriçáo, coração e circulação
do sangue, fome e sede, geração dos seres vivos, alma sensitiva, «admirável
&brica dos olhos», vista, daiidade e escnridic^ diafimeidadft e opacidade,
cons Qutaido, que nlo segue), écglo do ouvido, ete. Fica, porém,
(até
muito againdo a Aiistótdes, considanndo como qualidades o som, o dwiro,
o gosto, etc.
Quando foi para Évora, António de Freitas tinha acabado no Colégio
de Santo Antão o triénio de 1742-45, de que restam Conclusões Físicas e
Metafísicas (^). A orientaçlo no Colégio UdKWla alo difen da que maid-
festou oa capital do AJamjjo. En aliás a linha de pensamento já fixada
no cuno do P. Antdoio Vieira, que leccionara em Lisboa, no triénio de 1739-42.
As datas deste curso põcm-nos de sobreaviso a respeito da modernidade
que o informa. A lógica, tal como cm toda a parte, continuava estrutural-
mente a mesma. António Vieira ataca fortemente quem pretende estudá-la
por «Renato (Descartes), Gassendi, Mariotte, Isaac (Newton), Duhamel,
Purdhot». De igual modo se mosMi inimigo sevoo do atomisoao, oom
o pretexto de que talFilow^ prejiidica quem estuda Teologia. ExpOe com
bastante extensão o sistema cartesiano, mas, para depois o impugnar. Nlo
aceitando, pois, as teses ftmdamentaís, conhece, porém, muitos autores
modernos (3).
Domingos Maurício, que manuseou o códice do seu curso, afirma que
«sob o aspecto cientiiico, os Paradoxa Hydrostatica, os Experumnta PhysicO'
'Mtekmka e The Scepticae Ckynkt de Boyk eram-lhe fiunOiarBS, como as
obns de Mariotte, Desdudes, Riccioli, Mussdhembfoedi, Bordli, Riolano,
Muj^rigN» Newton e Hubert, prc^sasor de Sorbona». As «qmilncias da
piessão atmosférica na máquina pneumática, no barómetro e nos hemis-
férios de Magdburgo, o termómetro de Torricelli, o microscópio de Malpighi,
são aproveitados por ele na discussão dos correspondentes problemas de
Física. No estudo da psicologia e da biologia geral, não dispensa o recurso
da Anatomia e da fisicdogia humanas, que esqiOe longamente, através das
lymt» variadas infomnaçOes flamengas, dinamaiquesas, hgyftwf e it^%"*%
í

0) Fis.

(2) T.T. — Impwioe da Uv., a.* Sm p.


(3) Far, 34.

Copyrighted material
sem descunu- os elementos ílustratívos da zoologia e da botflnica. Ot in^teses
Cudworth e Tomás WiUis, os diiiamarqueaes'G«q[iar e Tomás Bartolin,
o flamengo Veriieyai, Le Giand, Zsmi e tantos outros ooomm, a cada
passo» (I).

Além desse curso manuscrito, conhecemos umas Conclusões impressas,


defendidas em 1742(2). que confirmam, como nilo podia deixar de ser, o
esquema dus suas ideias já delineadas: o mesmo aferro às ideias lógicas e
aos prindiiios metillsioos de Aristótcto; oainbale a Descartes e ntilÍTUçao
de experiências modernas no campo dentffioo. Exfrfioou, por exemi^o^
o motivo por que se extingue uma luz fendida num reservatório de vidro
e se não inflama o enxofre no reciptente boy^mo a qne se taba tirado o ar,
ainda que se empregue o foco de um espelho ustório.
Merece especial referência o facto de excluir a «ciência da alma» da
tradicional metafísica, para a incluir... na Fisica, como foi de praxe no
século xvm. Tsnibém é de o conlieGimento que patenteia da
assinalar
grande circalaçlo do sangue. Admite o sistema de Tydio-Anhe e rejeita
o de Copérnico.
Embora breve, queremos fazer referência ao ensino da Matemática,
q;ue foi, pelo menos, constante, não só no Colégio de Santo AntSo, como
também em Coimbra e Évora. Leiam-se apenas os títulos de algumas teses
defendidas em público:
—Mtmámf Matkmatkmt, Firancisco Oilo. Évora, 1732
— Candutlones Matímnatíeaa, Fhmdsoo Rilieiro. Évora, 1736
— Symboía Mathematica, Bernardino Correia. Évora, 1738
—Imperium mcydt^edko-mathematíeian, Bernardino Correia. Évora,
1740
— Theses Malhemaiicas. José Godinho. Évora, 1741
— Conclusiones Mathematicas, José Godinho. Évora, 1742
— CmdMiMf MaAmatktu, Joflo de Borja, Évoia, 1743

Entre os OrslOfianos, o ensino poucas oscilações apresentava no mar


morto da pedagogia nacional. O já citado biógrafo de Teodoro de Almeida,
querendo enaltecer a arte oratória do Mestre, revela que «o P. Theodoro
muitas vezes ingenuamente confessava e muitas vezes lhe ouvimos dizer,
nunca tivera conliecimento algum das regras de eloquência, mais do qiie
aromas rrflexOes que len no tratado doe estudos de Mr. RolHn». Teodoro

(l> P»r. 34.


(2) Omdml. — A um sen homónomo do aéc xvn pertence a Controvtrsia pro
Ente Lógico que se consen-a na T. T. —
CsKAdO dOi londtsa, M. 9S, n.* 1, «efUBliO
not infonna o P. Joáo Pereira Gomes.

Copyrighted material
— 158 —
de Almeida entrou na Congregação a 15 de Abril de 1735 e, depois do ano
do noviciado, inídoii oe eatndoe.
E contudo, pouco apnndera nas escolas. O mesmo
também antes»
biógrafo assevera que «até à idade de 13 anos não passou do estudo ordinário
da Gramática c hum ligeiro conhecimento da lingua latina (...) c nada de
poetas nem antigos nem modernos». Pois mesmo assim, entrando na Congre-
gação, não teve ocasião «de entender senão nas postiias do P. João Baptista,
depdi com Gfavnande, Mwliembroek» (1).
Ette eia «ealmente o quadro dos estudos nos Oiatoiianos, na Càsa
do Espirito Santo (actualmente intenda no edifitío dos Annazéns do Oii^
para os de fora e para os de dentro (2). Apenas o necessário para a vida
eclesiástica. Os estudos, «segundo o estilo da Congrcgaçam. duravSc sete
annos, sendo três de Filosofia e quatro cm Theologia», precisa o mesmo autor
contemporâneo (3), supondo-se, naturalmente, o anterior estudo da gramática
latina, que era hábito estudar ou aperfeiçoar durante o noviciado. «Não se

costumava na Congregaçam, em aquelle tempo, dar-se nas aulas instrução de


Mathematica»(4). É aliás o que também se lê nos &tattUos da Congre-
gaçSa éha Clérigos do Oratório dê N,* S.* da Assumpção; «Irão estudar
Filosofia e Theologia especulativa ou morai, conforme o talento e necessi-
dade de cada hum» (5).

A orientação da Filosofia, uo periodo que nos ocupa, modificou-se


com o P. Ido B^itista. A16^ca,nocunoqueesteFraft^
apenas em parte,
ior noa ddxov (Uoenças, de 1743), permanece ainda aristotélica, oomo já
se acentuou. Jidga que a femiina lógica de Aristóteles nfto consiste em
pôr brevemente a Lógica menor e alargar-se no tratado dos Univeraais.
Do que principalmente se deve tratar, por ser o mais próprio da Lógica,
é dos modos e «instrumentos» de saber, de discorrer c, de uma maneira
especial, de certos modos de arguir e certas formas de demonstrar.
No entanto, consagra 124 longas páginas aoa Itahrersais e oonsideni indis-
pensável,ao menos um sumário estudo dos Predicamentos, dos Termos,
doe Simíb, Noom e PropoiicOes. A «oeIebarimR dhrisio da Lógica» que

(I) Vi. § 36.


00 BKlsreça<4e de fMtwgfim que a populaç3o do Oratório de Lisboa era diminuta,
«ano se otaerva na Mmôrta dut PMioas (Ver Ap. Doe.). Nos primeiros 60 anos dseto
tãc walinne a entrada de 79 sacerdotes, 49 irraiasssUldaoUs • 35 Wfos: ao todo 163 Ooo-
tWHmklS. O que dá um média de menos de três por aao, OU pooeo flMÍS que doiS POT WBO,
se eaduinilOt os que não frequentavam as aulas.
m mil. Vi.
(4) § 14.

Estatuto.

Copyrighted material
— 159 —
conhece dos filósofos modernos, é de Analítica» Tópica, Sofistica e Pseudó*
grafa. Muito longe, pois, da Arte de Peruar on de Lodc...
Até Teodoro de Abndda, qne a leodonará já áepm» de 1746, ainda
há^ seguir o mesmo rumo. Só a Ffsica sofrerá, no principio deste poíodo,
algum desvio, de certo por directa influência dos livros do Oratoriano espanhol
Vicente Tosca. João Baptista foi de facto o primeiro a modificá-la, mas
ensinou apenas «huma Filosofia afilhada dc Gascndo», como refere o aluno
do P. Teodoro que lhe escreveu a Vida (1), e ainda assim, 4(deixando-a pouco
firme». Em todo o caso, nlo se deve dimmoir essa poiiçfo, a que o mesmo
autor, noutro lugar, se refere nestes termos: «o primeiro portugnez que
nmpeio as trevas das antigas preocupações, entestando com numeiozo
esquadrio de adversários, que de/esperadamente combatiSo para conservar
entronizada a sua Peripatetica; o primeiro que publicamente ensinou no
centro da Corte a Filosofia de Gassendo, que segundo a escolha, ordem e
disposição a que a reduzio mais se podia chamar e era Filosofia do P. João
Bautista que de Oassendo; o primeiro que em Portugal tentou experiências
para examinar a doutrina do femoio Newton. Como o pcópffio Qratofiano
Teodoro de Almeida reconhece, o P. Tosca (2X no Compêndio de Hlosofia
«segue principalmente a Gazcndo» (3).
No segundo volume do Curso, Baptista começa por assinalar a necessi-
dade da Matemática (sem abusos!) para o estudo da Fisica. Por isso, antes
de cada questão que disso necessite, dará breve explicação geométrica.
Ficou no princi|»o o ]riano que intentava realizar. Só inqjirimiu o primeiro
tomo^ que se reduz àFbica Geral. Nio sabemos por que motivo nioptiblioott
OB cinco restantes que anunciou neste primeiro. Pela nova orientação que
o seu discípulo Teodoro de Almeida estava imprimindo à Física, aí por 1750?
Aqui defende que a forma material, «fisicamente» não é mais que a apta
harmonia dc partículas insensíveis da matéria, e a contextura e imião intima
das memas. Melifliicamente, isto é, em forma puramente conoepCual,
nflo se afiuta da Esoda... Vioenie Tosca escrevna, no mesmo sntido que
«a matéria prima dos corpos, fisicamente considerada, consiste na união
dos átomos», e que Aristóteles apenas assinalou oe iwincfpios do corpo
natural, sob o aspecto metafísico (4).
Por conseguinte, as formas substanciais materiais não são entidades
da matéria. Os acidentes gozam da proprie-
absolutas, realmente distintas
dade de inseparáveis, porque indistiatoe da matéria. Des^Mueoe esta.

(1) Vi.

<» Vi. « II.


(3) Recr, pág. LVH. § 38 e f 3^
(4) Compe, 33-Sl.

Copyrighted material
— 160 —
e consigo leva, naturalmente, os acidentes. Parece heresia? Mm alo.
O P. Baptitta explica-se, porque a teoria tem imirficaçOes Gom o Saefameato
cucaTfgtico. A luz cooiirte num movimento eqiedal de certa matéria snbtí-
Iteima; a cor no* raios luminosos, vàríamente modificados; o saber e o
ciíetro, em pequenas partículas, etc, etc. Estas manifestações denominam-sc
figura extrínseca ou matemática que. afinal, se reduz às três dimensões — com-
primento, largura e altura. Mas há, evidentemente, outra âgura, a intrínseca
ou fbica, resultante de certa e determinada uniio mútua das partes
int^rantes. Assim, a figura física do homem está em que cada parte se

encontre unida a imia determinada e não a outm; por «templo, que a cabeça
estqa imediatamente ligada ao pescoço e o pescoço ao p.-ito, etc, etc. Pode
o corpo perder as actuais dimensões. Se conserva aquela disposição, mantém
a mesma figura física que dantes. Mas como a figura extrínseca consiste
em certas e determinadas dimensões do corpo, em ordem ao lugar, e consi-

dendas sob o aspecto matemático ainda que Deus destruísse Pedro (quererá
dixer: a figura física, tal qual de a entende), no seu lugar ficaria a figura
aemível que os sentidos percebem. Na Eucaristia isto é o que pomanece
do pão e do vinho, graças a suoessivoe mibigres, isto é o que fidta ao Ckvpo
de Cristo (1).
Em suma, conserva-se a mesma quantidade matemática do pào e vinho
— a das três dimensões, desaparecendo a quantidade física que não se dis-
tingue Esta, que de algum modo tem de ficar
do corpo quanto. «mio —
é dbvio, por exemido, pdo peso —
s6 se mantém virtualmente, isto é noe
seus efeitos, que agoia têm Deus como causa eficiente directa. Qêk dizer:
A quantidade física que permanece, na realidade não passa de aparência.
Para confirmar a sua posição, pretende provar que, para os Padres da
do pão e do vinho, na Eucaristia, não eram mais que apa-
Igreja, acidentes

rênciasou semelhanças desses alimentos.


Teorias nmito geoenliaidas aa época, imhutdas de CHrtetiaiiismo(2),
como leconheceria pouco depds, o Carmelita Fir. Manuel biiáo Coutinho,
ao impugnáploa declaradamente (3).
Acerca da gravidade, P. Baptista não se contenta com nenhuma explicação
dos modernos. Por isso, de bom grado se volta para Aristóteles e São
Tomás. Não podemos acompanhá-lo em todas as suas opiniões. Acentue-sc,
no entanto, que na sua escolha não procedeu de modo diferente dos Professores
de Filoeofia que lecdonaiam antes dde, nas escolas portuguesas. Qnon

(1) hio, n, 12S e i2fi.

(2) Joa, 125'12».


(3) Sy.

Copyrighted material
— 161 —
tiver disso dúvidas» confronte-o, por exemplo, com Baltasar Teles, Soaitt
Lusitano ou Antânio Cordeiro, que o preoedenun cem anos(l).
Poeto que em mnitas oircnostinctM oombata a doutrina cartesiana,
patenteia maior afeição a Descartes do que a Newton. Exige mesmo aos
discípulos dc Newton e Leibnitz que se lembrem de que os seus Mestres,
no que avançaram, foi com Descartes por guia. Refuta largamente, v. g. o
sistema newtoniano da reflexão e refracçâo. Por vezes ensina como um
cartesiano pode nbater o sábio in^is. Nlo raro diz com Arktótdes contra
Newton e até Descartes.
Na biUiografia referida neste segundo volume, relevamos: Acta ErudU
torum, Lipsiae, 1686; Nouvelles de la République des Lettres, de Holanda, 1607;
S'Gravesande {Introductio ad Philosophiam Newtonianam c Physicae Elem.;

Wolf {Cosmologia); Mariotte {Tractatus de motu corponim gallice coiiscripto);


Musschembroek {Fhysica); Mersenne {Balística); Maignan {Philosophia
Naturalis); J. Gristávio Stntmio {ÇoUegium Ej^rímaiUde) e Tosca (Gum»).
Nlo enoontrimoe dtaçOes directas de Newtxm, nnn mesmo de Descartes.
A iniciativa do P. Baptista nfio foi, porém, secundada por todos os Qra-
torianos. A oposição chegou a tomar foros dc cidade, não devendo ser
menor que a facção contrária. Gabriel Talbot, homem dc reconhecida
fama no campo das letras; Júlio Francisco, mais tarde Bispo de Viseu; José
dos Santos, José Ferreira e Vicente Pereira (2), mantiveram-se na paliçada
adversa, impugnando o Atomismo. O ex-oiatoriano do Porto, Tomás
Manuel FamflUmB, Rangel Gameiro de Figueiroa alinhava cora esses Neris»
saindo à liça em 1748, com um escrito já pronto em Outubro de 1745 (3).
Tratava-sc de uma teoria que, por esse facto, podia ser contraditada.
As duas facções abundavam em argumentos metafísicos e não houve quem
defendesse ou atacasse com critério altamente científico.
Entre o P. Baptista e o P. Teodoro de Almeida, figuram em Lisboa
quatro prcfessorea, dois doa quais sio, de alguma forma, conhecidos; Diogo
Vemd e Ctemente Aksundrino. Diogo Vond ka tun Cunus PkOosppUeusi
de 1742 a 45(4). Restam-nos também umas Conclusiones Logicates (Lis-
boa, 1743) e umas Conclusiones in Physicam Generalem de AffectionUms
et Motihus Corporis Naturalis (Lisboa, 1744).
A atitude geral do P. Diogo caracteriza-se pela assimilação que faz
da Filosofia moderna e da antiga, na linha predsa de Baptista. Em lógica

(1) Joa, 131.


(2) LecdoDOtt Filosofia no Porto, o trifioio de 1738-41, imprimiBdo as suss ligOfls
«m 1752 com data de 17S1 e o titulo do THenAm FkOeÊa^itamL
(3) Rcfu.
(4) Cunus Phil.

II

Copyrighted material
— 162 —
e metafísica, nada de novo. Se umas vezes, contra Ariitóteks, le coloca
ao lado doa Atomittas, nootxafl» v. g., ao aiafaialar a canaa do movimeiito
eUitíco, nem aceita a cqmdio peripatética, nem a de Deacartei^ Sagnam,
Maignan ou Newton. Opina que será, talvez, simpleamente um fluido o ar —
dementar — entre os átomos (1). Ensina já que não existem acidentes
entitativamente distintos da substância (2), e resolve as dificuldades levanta-
das pelos peripatéiicos, determinadamente as sugeridas pelos acidentes
eucaristicoa. o cheiro do pão, uma vez destruida
Paseoe-lhe que pode ficar
a porque o odor consiste nos eflúvioa ou corpúsculos «talados
substftncia,
do corpo odorífero e difundidos no ar ambiente. Este e os demais efbitoa,
quer do sabor, quer da quantidade, quer do som» pode-os Deus provocar (3).
Sobre a causa da gravidade, nem alinha com peripatéiicos nem com
Gilberto, nem com Cartesianos ou Ncwtonianos (4). Propõe uma solução
que classifica de «mais provável». Na Física particular sustenta com Des-
cartes, Newton, Bemouilli, Cassino e outros, serem os cometas astros erran-
tes (5). A
ihutrar a Fisiea e a Zoologia traz, no fim, desenhos i mio.
O P, Qemente Alexandrino, irmlo de João Baptista, professor do triénio
1745-48 segue os passos dos antecessores, ensinando o atomismo e nlo progre-
dtndo na Lógica (6).

O tomo desta disciplina que se conserva manuscrito (7), não manifesta


progresso sobre os anteriores compêndios. £, nas Conclusiones e Universa
Lógica, a que o mesmo Padre presidiu no fim do ano de 1745-46, triDuMe
claramente o caminho tradicional: fítUonpho duee... As Concbakmes
Phislohgieas de Compósito naturali subsíantialiíer considerato revelam a
orientação que já sabemos se seguia na Fiaica: servindo-se da terminologia
escolástica e tentando arrumar-se a Aristóteles, defende firancamente o Ato*
mismo, afastando-se de Descartes.
Em suma: a Filosofia nos Oratorianos, durante este período, apenas
Gassendo, na peugada de Tosca, ia bem que já cooheoene Newton,
aisimjlcii
por maio de Joio Baptista.
O ensino filosófico nos outros Institutos Religiosos alo tem signíftraçllo

(1) Con.
00 Cu* 1S2 e n.
(3) Cn. IM.
(4) Cu, II. 682 e ss.

(5) Cu. m. 213 e w.


(6) Logic; Conclndo; ConchMwwi.
(7) Grtal.l2SeSS. CooMTOne um códice aa «Mtoleca de Éwwat mm/Mm
Vfritai per praecipuas Philosophiae parles Rattonalem, scilicet Naturalem alque MondtM
conquisita et Scolia luct adiuvente, per Pctium Joseph Esteves (cf. Ine, o." 159).

Copyrighted material
— 163 —
especial, neste período. Os Fiancucanos contam, neste espaço de tempo,
éah profenoves de Rloiofia q:a6 se podem oomideiar precuisons da f«nova^
çlo que ae há^ cqpenur oom a lobida de Rr. Maniid Cenáculo Vilas-Boas
ao poder da Ordem. Fr. Pedro José Esteves, que professou no Convento
de Lisboa a 9 de Fevereiro de 1722, Doutor em Teologia pela Universidade
de Coimbra, em 1733 foi, a julgarmos pela informação do mesmo Cenáculo,
«dos primeiros ou talvez o primeiro do Reino, neste século», que se manifestou
anti-peripatético declarado, At bases do seu sistema, escrito no ano de 1728
e piddicado aas anlas, tiêt aaos depois, fcsoiiie-as desta fo^^
«Diz haver muitas razfles para fugir de Aristóteles, cuja autoridade dominante
foi objecto das lágrimas de S. Justino Mártir. Que sendo aquele Filósofo,
origem de todos os erros e patriarca dos heresiarcas, era motivo para ser
abominado. Que não havendo necessidade da sua doutrina, se achava
disposto a negá-la desembaraçadamente (...) Que venerava singularmente
a antoridade de Esooto^ mas qne esta levetAada devia ooníer-ae em justos
limitea, poiqoe Esooto foi homem (...). Qne aos professocea de dCncia,
ci^o oâfácter é deicolirir a verdade, nlo era deoemte cativarem sena eotendi*
mentos aos de outros doutores».
Na Física já «discorreu com bastante conhecimento dos modernos.
Sobre o éter (...), separou-se dos Peripatéticos. Admitiu vácuo disseminado,
provado com experiências da máquina pneumática». A Luis Baden e Tosca
se devem estes aivaiiçoi da ciliicía nos FhniciseanoB. Cenáculo aaesceula
awda o nome de Boj^ sem qualqner ponnenor a este respeito. Rr. Vicente
explicita qne Fr. Pedro praticou «algumas experiCnciM e novidades físicas» (1)
Foi no ano de 1730 que Fr. Pedro deu o passo decisivo, «sacudindo
o jugo de Escoto e de Aristóteles denodadamente. Houve rumor violento
contra esta resolução literária e eu mesmo — depõe ainda Cenáculo —
ouvi ao douto Mestre Fr. José de Santa Maria que, se ele fosse Provincial,
mandaria queimar as postiias do Doutor Esteves» (2).
Tudo isto eram episódios particulares que nio tinham fionção de lei:
serviam sòmente para desbravar o caminho, até à plena consecução do intento
almejado. Desde logo, porém, se caiu em excessos. Conta-o pitoresca-
mente, o mesmo informador: «A liçào do engraçado e judicioso P. Feijó,
proposta pelo Dr. Fr. Pedro Jose Esteves, abriu o teatro (3), e depois o
P. Honorato de Santa hfaria, inculcado pelo Dr. Fr. Isidoro do Ãpirito
Santo, os quais antoces^ sendo tostados, iiritaiam o paladar, e já ae nlo

(1)
(Z)
GMa,
Le.
m
160 • 17B.
O) Ibá.

Copyríghted material
— 164 —
tratava mais de que a critica fosse comedida, nem degenerasse em sentimentos
que ela, em sua sinceridade, recusa. Acerca da Filosofia pareda-me ver
õforcos de sol contra nevodros de grande peso. Daqui nasceram mil nsis>
tências contra a Filosofia moderna».
Adoptavam -se Mayr, Falk e Ferrari de Modécia e liam-se Purchot e
Tosca. Já SC não ensinava, pois, a Filosofia de Fscoto, mas sim, «o sincre-
tismo de seita antiga e nova». Até «no que pertencia às partes quantitativas
e externas»» se eoncedea dibeidade filofliftfica». Pua esse iiâlo cootiilnihi
activamente um outro Mestre de Filosofia, «o ilustre professor Fr. Joaquim
José, corja disciplina áevo esta voz»
a —
comunica Cenáculo.
Joaquim de S. José (1707-75^ seguiu as aulas de Filosofia, de Teologia
Fr.
c Moral no Convento de S. Domingos de Lisboa. «Em outros dias e no
tempo das Férias cursava a Aula de Mathematica e de Anatomia com o
celebre Monravá e se instruia na Musica». Com 16 anos passou à Universi-
dade de Coimbra, e dotttocou-se em 1735. Professou no Convento de lisboa
em Junho de 1724 e repetiu a Rlosofia (1).
Também ele, «desde o ano de 40, deu entrada a mil e mil faiscas».
«Com a liçio do P. Frassen, animou singularmente a reforma. Ao mesmo
tempo mostrava necessário o estudo da História da Filosofia, pelas poucas
espécies que Frassen escreve na Dissertação Proemial, ao que serviram de
fundamento os artigos históricos que se acham na Filosofia do P. Sanning
e, partienlannente, a liçlo dos livros de Santo Agostinlio, da Cidade de
Deus (...). Se a Histária da Filosofla há tomado corpo nesle tempo^ aquela
foi a sua infimcia» (2). Por estes autores foi ensinando a história filosófica,

até que o acaso de achar na livraria um Diógenes Laéido «teve ocasiio de


mais veo>.
Parece, no entanto, que a lição da história lhe propinou certa dose
de cepticismo. «Desenganado, assentou que sobre os princípios físicos e
Gonstituiçio das cousas, nio havia que porfiar em penetrá-las. Conheceu
os sistemas, impugnando alguns e, por fim, deixando a cada um em suas
probabilidades». Adivinha-se mesmo a desconfiança pela Metafísica, nestas
palavras compactas: «De todas as teimas delicadas c abstractas, tirou o
fruto de que sobre elas só avultava o merecimento da coerência no jogo
intencional, quando se tratava de definir o interior das causas físicas naturais».

E, mesmo destas, era impossível obter conhecimento intimo e firme: «Ele


me confirmou na doutrina de si^or com os Newtonianos, por dado fora
de questio, o que a icspeito do conhechnento intimo e dednvo é cansa

(1) Compcn, 204.

(2) NfemoiiM, 184.

Copyrighted material
— 165 —
desesperada, isto é, no eaianiB e pesquisa da essSnda fUca doa primeiíoa
princípios» (1).
Apesar de tudo isso, «não consentia que, na ordem de aguezas meta-
fUcas, outra alguma escola fosse mais bem ocdenada que a perípatética».
No primeiro curso que leccionou, era «inteiíamente» aristotélico e no
ícgundo triénio «escreveu em compendio quanto fazia não necessária nem
decisiva a Metafísica dos Filósofos corpusculares». «Levava nisto — comenta
Cenáculo — da injuria as imaginações peripateticas» (2).
salvar
Emsuma,paieoequepodemosfixarqueFr. Joaquim de S. José depois —
de Fr, Pedro Joeé Esteves —
na primeira metade do século xvm, pideo-
cionava Filosofia aristotélica moderna. A estes Professores seguiram-se
outros na mesma linha. Cenáculo depõe a este respeito: «O sábio Padre
Fr. Isidoro», que tanto se escandalizava com a renovação de Fr. Joaquim,
quando subiu a governar a Província (3), «alargou as faculdades ao Dr. Fr. Joa-
quim de Guadalupe, para filoso&r livremente, no curso que leu, mui brilhan-
temente, no Collio de Coimbra». E como a Fr. bidmo sucedeu no governo
da Frovinda em 1749 (4) o mesmo Fr. Joaquim de & José, é ttdto supor
que esta orientação se manteve inalterada.
Aqui terminamos a seriação de livros e das ideias que podíamos ainda
prolongar, porque nos encontramos muito longe de esgotar o assunto.
Porém, esta longa caminhada através da bibliografia e demais manifestações
da vida inteiectnal portuguesa, na diqila forma de combate e simples dootri-
aaçlo, servem à saciedade para mdhor se eonqneender a polémica suscitada
pelo Verdadeiro Método dê Ethidar, que em muitos casos e, de maneira geral,
no tom alviçareiro de que se revestiu, não passa de prolongamento ou comple-
mento de uma actividade normal que havia muito tempo se vinha processando
nos meios culturais. Em seu lugar próprio se verá que, durante a polémica
e depois dela, essas manifestações surgem de novo, com o mesmo viço, com
idêntico entusiasmo e Igual acuidade.

(1) Le. 160.


(2) Ns Biblioteca da Univ. de Coimbra cooservam-se postilas do cuiso: Ms. 2331,
2396 e 24fiS.

(3) A nomeação feita em Roma aos 18 de Maio de 1743, foi lida no Ooonwnto de
lisboa, a 23 de Agosto deM» «OO (Compen, 204).
(4) Compen. 10.

Copyrighted material
CAPÍTULO VII

O REFORMADOR ILUMINADO

u pntnttfo utHUffttto oo pnmm


njamm
{fl pedagitM' o Verdadeiro Método.

Data da sua composição (1736-744).


Extensão da reforma.
EkoUu tivtiadaã com a erfito d* VtauL
Disciplinas e Professores do Calépio dã$
Artes € Universidade de Coimbra.
Vim eópla th immuerttú vdo a J^ortug^f
Apreensão dos volumes pela Inquisição.
O ammimato e a identificação do embuçado,
Am duas intrigas {Alexandre de Gtamto a
Muratorí).
A primeira edição: Nápoles, 1746» COm todotúi
licenças necessárias.
Vemtí eauma a medida da InqidsiçOo 9
promove segunda edição: Valença, 1746.
Esgotada essa segunda edição, aparece a edição
dandestbta de UAoet: Vâmfm, 1747.
Edições clandestinas, mmitadfmwnt*. dtfiiOi»'
tos da polémica.
Fonitt do Verdadeiro Método de Estudar.
INtaefrte» da r^mm pana o «nad» de
Línguas, Poética, Rectórica, História,

Filosofia, Teologia, Medicina e Direito.


Os opositores: Jestdtas, frades, padre» saesdares,
médicos. Ausência doã Pn/auanB da
Universidade coimbrã.
Conaretização da reforma, nos livros diddeticot
9 propatanda faHa pda pfijprta amor.

A mtis ettrutnnda das duas grandes refonnas que Vcmei pnetendeu


implantar na Pátria — a pedagógica — teve a sua primeira expressão
pública no manifrttft a que deu o título de Verdadtíiro Mitado de

Copyrighted material
— 168 —
Estudar (1). Por ele iniciaremos, conseguintemente, a nossa caminhada em
biiica do« tiaçM cMendaif dessa lefonna. Antes de mais, porém, páreo»-
-nos indiqwnsive], assistir ao movimeiito de opínilo que snscitott nos diveiv

SOS centros intelectuais do País, marcar também a data da sua gestação e a


atitude do embuçado, aliim descoberto, perante a baireíni de protestos dos
ofendidos e escandalizados.
Talvez se não erre muito, se se fixarem entre o último trimestre de 1736
e os pfimeiras tf8s inoes de 1745, ou melhor ainda, e o ano de 1744, 08 limites
do trabalhoso período de bboiaçio intelectual foia da Pátria, em que a
novidade da doutrina actuava fortanente no sen espirito, de mio dada com
o imperativo férreo do sea cuécCer ínoonlbcmista. O ano extremo a quo,
é o da entrada cm Itália, que se confirma com a confissão que ele próprio,
desiludido de tudo, fará em 1786: «Nisto vieram a parar as fadigas literárias
de 50 anos que estou cá» O ano ad quem colhe-se do facto de, em 15 de
(2).

Demnbro de anmidar a Muratori que ia mandar imprimir os seus


1745, já
livros, «nio em
Portufs! mas noutra parte» (3). Na epistola de 7 de Abril
tnnsmitini-Ihe que, tomando a peito ^udar a mocidade da sua Pátria, «cescrevi
em vernáculo algmnas cousas sobre as letras humanas, afim de destruir nos
espíritos muitos preconceitos dos nossos, instruindo^» sobre o que devem

saber e o que devem ignorar» (4).


Afigura-se-nos impossível pôr em dúvida que este trecho se refere ao
VerãadOro Mfiodo d» Ertudar, cuja redacção devia ter acabado ponoo antes.
O ano de 1744» que preferimos, maica ainda o fim de um estado de saúde
satisfirtório, que foi seguido de pndongada doença, conforme se assinalou

noutro lugar. É também a data extrema das publicações periódicas citadas


na Carta 10(5): 1701 até 1744; 1714 até 1744; 1722 até 1744; 1725 até 1744.
A obra foi redigida cm dezasseis cartas, que abrangiam todas as ciências
ministradas nas escolas. O programa era, pois, bastante vasto. Como
ele mesmo refere, chegou a compor obras em todas as faculdades, excepto
medicina, paia aoonqpanhar, com a ooocretizBçio do compftidio, aquilo
que exiNmha em 1eoria(Q: um «tiatadinho» de Ortogiafia, um manual

(1) Em Veneza havia-sc publicado em 1726 um Método per htudiarc la storta, e


em 1739 um Método p«r istudiare ia geogrqfia. O Cardeal di Feron é autor de um Método
do btuMuto to ThoJbyif» QU0 nlo oooMaidiiios wcoulng.
(2) CarU ao P. José de Azevedo, 8-1 1-786. Àpud E, m, 425.
(3) Carta a Muratori, lS-XII-45. Apud E, III. 264.
(4) Carta ao mesmo. 7-IV-4S. Ibd., 204 e 233.
(5) V, voL ni. 224-226u
(6) Omaao P. José de A ww
di^ i .,425. M —
Ver taiBhàncsrtaa Mwatori, 7'IV«I3;
Jbd., 255.

Copyrighted material
— 169 —
de história e uma carta cronológica em português; gramática latina, grega
6 hebmka; uma Poética e uma Rectófka, vni cuno de FúoÊoêà e outro
de Teologia. Os propóeitoe de lefonnador, em nutéiia de Filosofia eTedogia
revelou-os de novo cm público no ano de 1746, quando pronunciou na Aca-
demia Teológica da Sapienza, a De conjungenda lectissima Phifosophia cum
Teologia Oratio, e em 1748, na Carta que dirigiu ao Marquês de Valença,
solicitando implicitamente a sua protecção (1). A Oração tem para nós
faitwBsse, a paotir da dita em qne foi puUkada e ofeieoida a um portu-
guês, o Prqiósito da Orna das Necessidades, visto oonter o coavile caqimsso
à aceitação das novas correntes filosóficas e tedógícas. A ]^)Ístola também
o seu secretário a classifica de <«manifeitf^ per la Teologia». E quando em 1751
publicou o primeiro tomo do curso —
Apparatus ad PhUosophiam et Theolo-
^iam, começava pela história da Teologia, «pelo desejo de prevenir a moci-
dade portuguesa contra as inépcias de alguns que, com muitas mentiras e
gnve terror pânico, a querem impedir de apteãder uma aélida Teologia e
de se desviar doe métodos e das teias de aranha doe Escolásticos». «Deddi-nie
neste livro a quebrar e a liquidar totahnente a audácia e a impudidcia desaes
tais» (2).
Vemei tinha cm alvo o ensino ministrado cm todas as escolas, oficiais
ou não c, concomitantemente atacava a cultura em geral. Em quase todos
os Conventos havia aulas de ensino médio, mas os Colégios dirigidos por
Rdigioaoa que mais se distinguiam e maior número de leigos preparavam
para a Universidade eram, aem dúvida, o Colégio de Santo Antio, de Lis-
boa; o das Artes em Coimbra; e o do Espírito Santo, dos Oratocianos de
Lisboa. Só o Colégio das Artes tinha o privilégio antigo de passar certi-
ficado dos estudos filosóficos que se exigiam para ingressar nos cursos
superiores de Coimbra, embora o do Espírito Santo, por excepcional conces-
sSo de D. João V, desde as primeiras décadas do século, gozasse igiialmente
da mesma fiKuIdade. Para a Universidade de Évora esses estudos prepara*

(1) Tratando-sc de um escritor que não morria de amores pela cultura francesa,
admira-nos que o tivesse escolhido para patrocinador dos seus planos reformadores. Mas
tehw • <inJk'<çl o t^is dmiilM^ piisMins po mus uSo oonlwcia a poiiçlo do Maninls
perante o teatro c toda a cxiltura franoaiS, • flUS aludimos noutro lugar c segundo, porque
oertamente kia o Voto que o Marquez de Vidaça recitou na Academia {de Historia) pelo
fiÊÊd moÊtrrn te defem l uM àt mdaoã EitmigiHni , 1738. Vemei k» as Kfemárias da Aca-
demia, ^wear de ai mesmo o MarquCs dar sinais do pouco afecto que lhe merecia a cultura
fiaaoen (Km, no entanto a combater), recomenda a admissão dos Estranaciros, nestes
tomos: «Mas ainda nlo vi qne (...) os noaicw Académicos agregassem à soa lodedade
algum estranaetio dos nwiilca <pé ha na Burapa e no nano Reyiio e diHiiinfcis coni nenis
e fama de sábios».
(2) Caru a Mutatori. 7-IV-4S. Apud £, III, 254.

Copyrighted material
— 170 —
tórios efectuavam-se nas próprias classes, como vimos, podendo aceitar-se
• pnpasaçito de fon, mediante prévio name. Também o ensino wiiversi-
tário matingido fortemente pelo Baibadinho— o de Coimtwa, nas Facul-
dades de Medicina, Joriqpmdência, Teologia e Cânones, e o de Évora, na
de Teologia. Àquele, dizem respeito as cartas 1 e seguintes até à 11 inclusivè;

a este, as cinco restantes (I ). Apesar disso, a obra, no frontispício vem


endereçada «ao R. P. Doutor na Universidade de Coimbra», e no texto
peicebe"ee que fida eom nm Pkofèsaor do Colégio das Artes. Dirigia-se,
pois, àcorporaçlo mais itsp<m8ávcl e à Ordem Rdigiosa que maior influência
exeicin no ensino.
Nesse ano
Janeiro de 1746 a 6 de
dirigia o Colégio das Artes
Março de 1749),
^o P. Joeé Veloso (de 12 de
que entregou os destinos do mesmo
ao P. João de Amorim (dc 6 de Março a fins de 1752) (3). Neste lapso de
tempo em que decorre a polémica, regeram as cadeiras de Filoso&a, os
PP. Bernardino Goitcía (1743-47X Pedro Ctetuio (1744-48), José Lobo (174S-
-49), Joaipiim Rebelo (174^S0X Mniuel Marques (1747-Sl), Isidoro Monteiro
(174»'S2), Joeé de Rgueiíedo (1749-53), Inácio da Silva (1750-54), Bartolo-
meu Pereira (1751-55) e Domingos da Cunha (1752-56) (4). Como se verá,
apenas um destes nomes, o de Manuel Marques anda envolvido na polé- —
mica. Também o Colégio de S. Antào entrou na contenda, embora, mais
activamente nas questões directas com os oratorianos.
Sobte o quadro dos estudos, Informa o contemporâneo D. Lnfs Gaetano
de lima, que bavia quatro anos de Filosofia, uma cadeim de bebraioo^
outra de grego e «varias de lingna latina» (5). Fiidte a Matemática, a qne
o próprio Vemei alude.
A respeito da Universidade propriamente dita, o mesmo autor escreve
ainda: «As cadeiras que há nesta Universidade e as Faculdades que nella
se ensinão são as que seguem: Sete cadeiras de Theologia entre grandes e
pequenas; sete de GlnoDes; dez de Leys ou de Diíeito Civil; sete de Medi-
cina, em
que entrlo as duas de Anatrânia e de Qruigia; bnma de Matbe-
matica e ouln de Música». £ etcmado confirmar com os Estatutos.
Um outro escritor do mesmo tempo individualiza os tttulos das disciplinaa

(1) A. 16, pròpriamente resume as quinze anterioies: «..JSpotiiei «m Ixeve O que


de pawagem dine em várias cartas (V., voL V, 47).
(2) Sobre o edifício do Colégio, ver Bk, 209.— De vn documento do séc. xvn
1,
oolieen»4e estes dados carioioa: «..Jiá no Pateo das Eicolas Menora sincoeata janelas
graades, trinta e duas portas, quinse cadeyras, qubhentos bancos, pouco maes ou menos;
há pavimento» das Classes, Sala, Capella, Casa do Prefeito...» (^m/ Histor, iv-i, S49 e S52.
(9 R. 37.
(4) Pro, 26.
(5) Oe,9Z

Copyrighted material
— 171 —
e ot nomes dos FrofeMOiet em alguns amos anteriores à safda de Vernei.
Tranicrevemo-los qwnas para se fiueer uma ideia da dittribuíçio das cadeiras
por Rdigiosot e Seculares.
Prima: Fr. JoSo do Vale, Monge de S. Jerónimo. Véspera: Fr. Teodósio
da Cunha, Ermita de S. Agostinho. Escritura: Fr. Leonardo de Sá, da Ordem
de Cristo. Escoto: Fr. José dos Anjos, da Congregação de S. João Evange-
lista. Durando: Fr. José do Nascimento, Monge de S. Jerónimo. Cate-
âriB» de BMcriiim: Fr. José CSsetano, Monge de S. Jerónimo (1). Csn/r»-
yénku: Fr. Ificolau Valésio, Eremita de S. Agostínlio.
Cânones Prima: Oeialdo Pereira Coutinho. Vi^pem: Manuel Coutinho
:

da Silva. Decreto: Manuel Brás Anjo. Sexto: Manuel Nobre Pereira.


Clementinas: Silvestre da Silva Peixoto. Catedrilha: Luís Teixeira Pinto.
Leis: Prima: Manuel da Gama Lobo. Véspera: Diogo Cardoso de
Almdda. Digesto Velho: Manuel de Matos. Três Livros: Joflo da Costa
LeitSo. CSiMIso; Fernando José de Castro. Mifftufa: Inácio da Costa Quintda.
Medicina: Frbiia: Manoel Francisco. Vé/pem: Msnuel da Cruz. TWy»;
Inácio do Vale. Anatomia: Manuel dos Reis de Sousa. Crisibus: João Pes-
soa da Fonseca. Método: Luís Freire de Magalhães. Cirurgia: Bento Gomes
dos Santos. Matemática: Fr. Inácio de Ataíde, Monge de S. Bento (2).

A confiança sem limites que depositava no irmão Diogo e a estima e


bom conceito que formava de alguns padresdo Oratório, tê-lo-à levado
a remeter para Lisboa uma cópia da obra, que naturalmente fm aprovada.
É o que parece podeMe concluir das segufaites exprestOes» colhidas na Carta
de um Filólogo de Espanha: «O que nele (Elogjsta» Ott O P. s^ Mund
Monteiro, do Oratório) é menos desculpável do que nos outros, porque
tendo copiado pola sua mam do critico...». «Sobre o di^e^
todas as cartas
o Elogista que o tem fama entre os ignorantes, não tem razãm:
critico so

porque S. R., que é tam douto em Filologia, Filozofia, Matemática, Teologia,


Jurisprudenda, como tem mostrado com as suas obrsa, teve a bondade de
o aprovai»(3).
Viessem ou nlo em manuscrito, é certo que nSo faltaram impressos.
Com licença eclesiástica e régia. Os exemplares que aparecem nas nossas
Bibliotecas, dados como impressos por António Balle, Valença, no ano de
1746, não inserem essas autorizações. Algum facto extraordinário se terá
passado, como efectivamente se passou, além do rebuço do pseudónimo de
«Baifaadinho» da Congr^açlo de Itália».

(1) Autor das 91kio>Jllf|ipr(r ttmdacrtaH (...) per coneeptua {ia vocaia) pratdkabtíu
2 vols. Coimbra, 1730-31.
(2) Al. 319 e ss.; 186.

(3) Guta. 25 e 30.

Copyrighted material
— 172 —
Com feodo dos jetuitat romanos, Venwi dirigiu-se a Nápoles, em Gt^o
Reino os inadanos sofriam perseguição da autoridade e da edesi^btica.
Genmoo e Yioenio Muzio, «publid Mrani di Stampa» mi «Feddissima
Gttà» de Nápoles» solidtaiam ao Monarca a necessária revisão da obra
que desejavam imprimir em dois volumes. O Arcebispo Capelào-Mor
despachou em 25 de Fevereiro de 1746 para D. Nicolau de Martinho, Profes-
sor Primário na Universidade que, pouco mais de um mês depois, dava o
seu parecer. Nada encontrara que se opusesse ao «nosso Rei» ou aos
diidtot leais. Verificou, porém, com muito agrado^ o predaro estudo
do autor e a sua exfmia intdigffnda, quer no combate aoa preconodtos que
dominam os Professares postugueaet em quase todas as disciplinas, quer
no excelente método que propõe para ensinar cada ciência. É por essa razEo
que julga digna dc publicação, obra elaborada com tanta diligência, e muito
Útil não só aos portugueses como a todas as Nações.
Por leserito de Sua Majestade, de 27 de Abril, a Câmua Real de Santa
dam ficou autorizada a ooooeder a solicitada licença que, de fiicto, ooncedeu
e ficou registada in RegiOro RtgaÊlã IiaMetíonis, a foOuu 12. Cumprida
a primeira formalidade faltava ainda o benepládto da autoridade eclesiástica.

O manuscrito seguiu entfio para o Paço Episcopal, com igual pedido dos

Irmãos Muzio. A 15 de Março de 1746, o Bispo remetia o original ao


P. Nicolau Carcani, da Ordem das Escolas Pias, Professor de Filosofia,
Matemática e lingna Grega no CcMpo Real, para revisBo e censura. Um
mis depcHS, o P. Carcani testemunhava que lera a obra com «nlo menor
diligSnda do que pnoei», nlo tendo encontrado nada de oAosivo à Pé
Católica ou aos bons costumes. Pelo contrário — acrescentava — tivera
ensejo de admirar a exímia e singular doutrina do religiosíssimo Autor,
quase em cada uma das proposições da culta c erudita obra, que declarava
ser excelente para patentear o caminho, compcndiário sim, mas certo e seguro,

aos Portugueses, nas Artes e Cifadas, para uma sdlida erudiçSo em todos
os ramos de saber. For isso, conclui que a sua pnUicaçio era ntiUssima
e, sobretudo, útil à juventude portuguesa.
A 11 de Maio foi concedida a licença eclesiástica e as formalidades
ficaram cumpridas. O livro entrou em duas tipografias, um volume em cada
e Vernei regressou satisfeito a Roma. Refere-sc porventura a esta viagem
a Nápoles, a noticia que dá a Luis António Muratori, em 24 de Dezembro
de 1746,deqtte4(nmvi8Biile]M86do»oobrigDnasairdeRomaeapeiooim
várias Provindas, durante alguns meses, revelando expressamente que esteve
algum tenqm naquela ddade(l). A urginda que pte na impressio da
obra, Icva-noe a crer que, antes do fim do ano, porventura no inicio do ano

(1) Apud £, III, 226.

Copyrighted material
— 173 —
escolar, o Verdadeiro Método de Estudar chegou a Lisboa, pronto a cumprir
a minão que lhe foca confiada.
Mas tinham tido estampados fora e nlo puderam eiqnivar^e à lei em
vigor. Um vidtadòr da Inquisição inspeccionou o barco que os trouxe
e apreendeu-os para serem vistos. Pina c Melo refere que «se lhe embaraçou
a leitura» (1). Um outro autor relata os factos como sabia: «Vindo, como
he costume ao Santo Offício de Lisboa para sc approvarem, disserão os
Revedores, que se não devia dar licença para que corressem, por cuja razão
flcaiio no Santo Offlno»(^
Assim foi, efectivamente. Em duas sentenças dos Inquisidoret de Lisboa,
proferidas em 1753, a propósito da edição clandestina, diz-se expressamente
que bem se sabia «que o Santo Oficio havia mandado recolher a primeyra
impressão c denegado a licença para elles correrem», «sendo publico e notório
nesta Corte que o Santo Ofíicio mandara recolher a primeira impressão
que veyo de fora do Reyno, e denegado a licença para elles correrem, pelos
justos motivos que ponderarflo os Qualificadores nas suas censuras» (3).
Fernando Leme Pico de Uroa, o antcn' da Carta a D, AnAro^ át CIbneiror
e Axala sobre a Balansa Intelectual de Francisco de Pina € Mdoift^ compara
o desembarque de «os Métodos na Baia de Lisboa», a «uma esquadra de
Demónios, pois se avaluaram os volumes por outros tantos espectadores
que vinham inficionar a nosa Lusitânia». Embora se não soubesse o que
posanai os Inquisidom «pelo segredo que tam justammte observa o Tri-
bunal», tnmspírcra que «trabalharam mais de doze Qualificadores em sondar
rem a sua doutiina» —
informa o mesmo autor. «Enquanto durou o exame,
foiam failssimas as pesoas que os viram», elucida, por fim.
Vemei refere-se à apreensão do seu UvTO» quando atribui aos Frades
a culpa de não se ter posto à venda (5).
Interessava sobremodo apurar o que se passou no Santo Oficio, mas
por mais diligências que fiaéssemos, ainda nlo lográmos encontxw oa pare-
ceres dos Qualificadores. Apenas conhecemos um eco, que nlo nos oferece
nmtlat suantfatt de autenticidade. Segundo o autor de ÀjiMIm do que
se contem no 1.® tomo (...), um revisor terá dito que «quiz o autor (Vemei)
fazer sua esta obra. porém, não o pode conseguir, porque tudo he tirado
das cartas do Marquez de Argenson, nas quais satiriza os Authores da sua
Nação Franceza, em alguns defeitos que lhe nota; mas como o ânimo do

Ba. Pnpuacio.
(1)
Ana.
(2)

(9 Ver Ap. Doe.


(4) Ver Bibliog. vemeiana, na 2.'» parte.

(5) Carta a Muratori, 8-m-49 {Apud E. 111, 293.)

Copyrighted material
— 174 —
autor deste livro excede na maledicência a todos, seguio ao dito Marquez,
ou o exoedeo em criticar oa homei» maya doutos que tem havido, mas emn
estOotam indigno, como se verá, no que le condue que o que diz bom nio
he seu, e o que elle fez, para nada presta».
Os Revisores não devem ter andado muito longe desta conclusão e,
por isso, o proibiram dc circular. Vcmci, naturalmente não concordou
com a resolução do Santo Oficio e marcou a sua posição. O P. Araújo
corrigiu-o: «Nh> me fica sem rqpan» dizer o critico que a obrigação dos
Qualificadores do Santo Oficio he serem defensores dos livros; mas he igno-
rância, porque alo os censores que devem informar o Tribunal, se os livros
são dignos de se imprimirem e também daunciar os que appareoem impressos
e trazem cousas dignas de censura, como este Methodo, que por isso ficou
recluso nos cárceres da Inquisição» (1).

Não se conformando com o facto de os Inquisidores pretenderem


aniqnilarde uma penada todo o vasto e meditado plano de iluminar a Pátria,
o Arcediago resolveu reeoner à fraude. Reimprimitt o livro onde quis,
tinmdo4he as lioeiíças da autotidade eclesiástica e régia de N^ioles, e apds-Ihe
o nome de novo editor: António Balle, em Valença. Não havia merecido
a aprovação do Arcebispo dc Nápoles, depois dc o censor eclesiástico, o
P. Nicolau Maria Carcani, das Escolas Pias. Professor de Filosofia, Mate-

mática e Grego declarar que a obra nada continha de ofensivo para a Fé


Gatdliea e bons oottumes e, pelo contrário, que seria útil aoa Portugueses?
Ht carta de Antônio BaOe aos Pisdres da Companhia dc Jesus eaqplicavapse
tudo singelamente e protestavam-se os mais vivos sentimentos de admiraçllo
pela Ordem: «Certo Reltgíozo da Universidade de Coimbra, omem mui
douto, como mostra nas suas cartas, pedio a um Religiozo Italiano, seu
amigo, que vivia em Lisboa, que lhe desc algumas instrusoens, em todo o
género de estudos. O que o dito Barbadinho executa...»
Desta vez o livro correu. Cremos a esta edigão a informaçio
refierir^e

de que o livro se recolhen «a sagndo»(2) e estoutra que o cuidado da


Inquisição «e a sua vigilância oMgpu o Methodo a lefligiar-ae em casa de
certo oiado de hum grande Príncipe» (3). Há mesmo um outro «cronista»
que até esclarece o preço por que se vendia: «Ao dispois se venderam publica-
mente sem que se renovasse a proibisam». O autor «vendeo estes livros
a 9.600 réis e a trés cruzados novos, quando lhe nam deu tanta estimasam
o ooncentimeflto da se venderem» (4). Cremos ter sido Impressa tainbém

(1) Ref. 28.


CD Ooov, 3Wl
(3) Do, €0.
W CtolaF.

Copyrighted material
— 175 —
em Nápoles esta SQgimda ediçlo, visto haver identidade de papel e aspecto
a inicial de Nd^Ies e a <pie corre com a
tipográfico entre de Vakoca. mn^
conforme se verá na segunda parte, onde também fixaremos o tenqx> da
impressão entre os anos de 1747 e 1748.
A edição depressa se exgotou, até porque, conforme vimos, constava
que fora apreendida, c nâo havia conhecimento de que tinham entrado duas
tiragens Lisboa. Um Frade Loio, o P. Manuel de Santa Marta Teixeira
em
aproveitoiia opoftonidade e estampon-o claadestiDamcote na oficina tipográ-
fica do Convento de Santo Eloi, nlo obstante ser Qualificador do Santo
Ofício. Deviam pertencer a esta ediçlo os exemplares que no Adro de
S. Domingos vendia o livreiro Bento Soares, em 1755 e, entre outros, «hum

mosso chamado Manuel», «que anda vendendo livros pela rua em companhia
de huma mulher velha». Quando descobriram a fraude, o Dr. Teixeira
confessou que fora levado a isso por questão de lucro, mas não repugna
considerá-lo como aderente às novas kleiM do manifesto vemeiano. Que
se eqwrava que dedarasse um Qualificador, apanhado em flagrante? Con-
tudo, pode ser que falasse verdade, já por se tratar de um polemista, já
porque o mestre de Composição, Manuel Soares Vivas declara que, junta-
mente com o Verdadeiro Método de Estudar sc reimprimiram também folhetos
dos opositores, como o Retrato de Morte-Cor, da mesma forma que a resposta
a este, quer diaer, o Fanem 4o Doutor Fíhmuso. É esta a 3.* edição, que
localizámos à volta de 17S1, pelas razfies exaradas na BiUiogiafia desta
história. Ai tambím expomos os motivos que nos levaram a identificar essa
edi^ lisboeta com a que traz a desifnaçlo de Valença 1747, que passará
desse modo a deixar de ser a 2."...

Cerca de 800 exemplares imprimiu o Cónego Loio, e já em 1753, quando


o seu mestre de Composição foi preso, a 7 de Março, estava de novo a reim-
primi-lo, agora no Convento de S. Bento de Xabregas, paia onde levara a
oficina tipográfica.
Tnmfaiado o julgamento, os oficiais e o proprietário da Tipografia
receberam as penas prescritas para semelhantes delitos. O Qualificador
do Santo Ofício, depois de «asperamente repreendido», ouviu a sentença
em excomunhão maior, de que foi «absoluto na forma costumada»,
de incurso
bem como outras penas que se podem conhecer através do Apêndice
documental, que publicamos adiante.
Vmiei conhecia bem o rigor das penas da toqiiisiçáo e tinha oonscifincia
de haver incorrido em irregularidade grave. Por isso a temeu, receou os
jesuítas, escondeu o nome c negou sempre a paternidade do Verdadeiro
Método de Estudar (l). O anonimato foi ponto muito controvertido e

(1) Apud E, III. 69, 70, 72, 261-3. 268. 274-75 e 295.

Copyrighted material
— 176 —
provocou afirmações e atítiides do Anediago, que imprenimam profon-
damentc.
Em carta de8 de Março de 1749 comunica a Miiratorí: «Em segundo
lugar, diz-sc passar cu também por autor de um certo livro, redigido em
português intitulado Método de estudar as diversas ciências apropriado à
inteligência dos Portugueses, no quul são criticados os erros dos nossos nas
diferentes ciências e, ao mesmo tempo, se mostra de que maneira tais erros

podem ler emendados, com base nos métodos que hoje na Europa floitsorai
paia louvor da ciência. Este livro, escrito por um certo Capudiinho anónimo
italianc^ omno se diz no título, atribuem-no uns a um Capudunho de verdade,
outros a um certo Gusmão (1) que está em Lisboa, outros a um certo Teixeira
que esta na Bélgica (2), e ainda outros a vários outros (. .). E como não
SC podia imputá-lo a nenhum autor, vá de descarregar sobre mim. Eu,
porém, sei muito bem onde se quer chegar com estas cousas» (3).
Também slo de ver at intençOes de Veniei, ludibriando o amigo.
fiioeis

O Indflvio nlo consistiu, porém, sòmente no facto de se n^ai como autor,


sem Muratori o ter provocado, de um livro que aliás lhe estava a carácter,
aparecendo até com a ortografia que usava nos demais escritos. Para dar
visos de sinceridade e transformar o caso em tragédia de que ele era a vitima,
o Arcediago de Évora rebaixou-se ao ponto de inventar uma calúnia autên-
tica e de pedir ao amigo que Uie escrevesse uma carta de defesa mais ou menos
neste teor. Simulou que lhe tinham atribuído a autoria de um livro que
saiu com o nome expifcjto de auU» —
o de Luis Anténio Muiatoa, pelo
facto de haver inlervido na questão religiosa do momento, em Portugal.

A esta juntou segunda atribuição a do Verdadeiro Método de Estudar,
tio falsa como a primeira. Assim foi fácil convencer o amigo.
Perplexo com a intriga dos inimigos, exclama: «Carissimo Luis, se
és tão meu amigo na actual situação, como de facto és, e eu quase creio,
igudapne neste negócio». Ele pede, nlo é tanto por si, como peb flunfUa
que tem no Reino: «Se eu nlo tivesse, de htítot peitntes de sangue
can Portugal, porque sou magnânimo, desprezaria tato cousas. Kiu nestas
condições, a piedade não consente (...)».

Descobrindo o véu do seu intento, surgere a medo: «É a ti que te pertence


pensar no que poderás fazer nesta emergência. Em todo o caso, a mim

(1) Alexandre de Gusmão. —


Sobre o seu inconformismo intelectual e iluminismo
do tipo do de Vemei, ver o final do cap. IX. —
Martinho da Fònwca introdu-k>, ion razão,
na polémica vmejana (ver Sub, 9).
(2) Referenda a Antteio Teijteini de Gambm, que apanoe oomo autor do mamo
do V (ver Ess.).
(3) Caru de Vemei a Muratori, g-m-49 ^Apud E, lU, 293).

Copyrighted material
— 177 —
nenhum caminho me parece mais aconselhado para repelir estas cousas,

do que ctcvevent-me to uma carta em que, com a tua grave opinião, que
todos (Sai em grande conta, me paasea um qualquer itMlado, relativo ao
meu engenho e doutrina (coma que
costume pedir entre os homens
sei ser
acmoentes que o referido trabalho De Lusi-
ftaves, por justos motivos), c
nSo meu; não te admirando tu de que me
túniae Ecclesiae relighne é teu e
atribuam também, contra minha vontade, e apesar dos meus protestos,
a lucubração de um anónimo Capuchinho, desde que, com simia inadver-
tênda, me alribaiiam tamibém a de ran certo caccitor oonheddo».
A sua imulvertênda ou ingenuidade de Vemd casa-se perfeitamente
com o iluminismo obsecado da sua mensagem cultural. Pensava de que eita
subtil urdidura daria óptimos resultados: «Depois, se isso não te parecer

tolice, mandar-me-ias a carta, munida de qualquer sinal, para eu com ela


esmagar o impudor dos caluniadores e poder mostrar quão malévola e acin-
tosamente os adversários fazem estas cousas» (1).

NIo noa
consta que se tivesse servido do depoimento de Mvratori para
fugir àsmalhas da Inquisição, vindo afinal apenas a servir peia levdar tmia
foceta do seu carácter intriguista e pouco sincero (2).
Sem demora, o Barbadinho foi identificado, assim que a obra entrou a
garganta do Tejo, segundo o tcstcnninho dc Pina e Melo: «Apenas na nossa
Lusitânia desembarcarão estes volumes, a maior parte dos Portuguezes
clamou com as vozes e com os dedos, e mianimemente disserto: Mentoris
haee mama etí» (3). Deite modo oomeçoa o burbacinlio e a afliçio do Arce-
diago.
Os contendores nflo disfarçaram essa atribuição, tendo-se escrito até
um folheto de propósito — o Retrato de Morte-Cor, sem ainda se lhe revelar
o nome (4). Severino de S. Modesto fornece a achega da idade c parece
aludir aos exames de Luis António em Évora, conforme já ficou anotado (5).
B quando o cano teológico do P. Antyo eta otjecto de ataque e defbw,
em fienle «m do outro (Q.
oa doit polemiitaa viam^ee
Teremos, pofém, de esperar por um espanhol, o franciscano Soto y
Mame, para vermos proclamado, sem rodeios, o nome autêntico do Barba-
dinho da Congregação de Itália. Foi em 1751, no Memorial que se presento

a la Magatad Catholica que, aparentemente sem intuitos de alviçareiro.

(1) GarU a Muratori, 8-ni-49 Çlplid E, 294-5).


(2) Ver o depoimento de Muratori em E, III. 296-7: CarU de 18-111-49.
(3) Carta de Pina e Melo a Vemei, 24^Vn-S4. In E. UI. 314.
(4) Retr,2«.
(5) Coov, 372 e 399.
(6) Jo.

Copyrighted material
— 178 —
atribui a Vernei a autoria do Verdadeiro Método de Estudar: «No há muchos
aaoi, SeSor, que el PwtnguSt Luii Antonio Vemey publico en dos tomot
d Mtíhodo át eatudUar, po» dcwngano, instniocion, i vtflidad de la Nadon
Portuguesa. Pero, como infama la erudicdon, juicio, i critica dc las Uni-
versidades, Escuclas, i Literatos de aqiiel Rcntio, prohibio su Rcgio Magis-
trado el curso de aquella obra; i concediò su Real pcrmisso, para la imprcssion
de la Apologia, que en defensa dei honor literário de la Nacion, hizo ia

impugnadon de aquel Methodo» (1). Filipe José da Gama, que conhecia


Vond penoalmente, apceaaou-fle, ainda nesse mesmo ano, na censura à
Cona J^ohgitica de um aaà^ a outro, a o
identificar Baibadinlio com o
antor da qifstola impressa ao MiBiqiils de Valença, e divnigov o passo de
Mame.
Pois neste mesmo ano ainda, escrevendo Vernei a um amigo de Lisboa,
a 30 de Junho, assegura, perentório, de molde a convencer o maior céptico:
«Laigamente me fidas nas disputas literárias, que se ouvem nese Reino,
de que en já tinha alguma núáÔA. Somente não te poso peidoar caÍTes
também no erro comum, em que estio algumas pesoas, de dizerem, que en
sou o autor deses papds. O que é falso, nem teve outro principio senão
publicalo asim aqui o meo maior inimigo, que foi o Sampaio; e querer tiralos
de Alexandre dc GuzmSo, cm quem estavam mui bem colocados. As minhas
obras todas sam em latim, como terás visto no manifesto, que dirigi ao Marquez
de Valensa morto» (2).
No ano s^uinte, de 52, o autor do Retrato, quando publica a BmilHaçae
Apologética do Retrato de Morte-Cor, rcvda daramente a identidade do
Barbadinho, aludindo ao De Re Lógica e ao retrato ai publicado, de Luís
António (3). Apesar de tudo, o Arcediago persiste na negativa, como cm
ponto de honra. Outros tinham proposto reformas. Nenhum, porém,
havia falado tão duro e, por isso, Mas
a ninguém aconteceu mal nenhum.
de temia... Em carta de 1 de Jaadro de 17S3, volta a firmar posiçio:
«Como eu nSo li o Verdadeiro Mitodo, nio poso saber que folhas dtas (...):
nem aqui me consta que o aja: e 80 me dtaem que O tem um Jesufta, que
não é da minha parcialidade».
Pina e Melo, que fora alvo dc sc\era critica do jesuita Francisco Duarte,

por uma questão de zelo e sede de justiça, escreveu a Vernei, em 8 de Junho


de 1753, uma carta de que apenas se conhece a existência, pela resposta que
mereoen ao Arcediago. Que não, que não era o autor do livro e nem sequer

(1) Memori, 23.


(2) Carta a um amigo de Lisbca, 30>VI>S1 (ver Ap. Do&X
(3) Uu, II. 13. 14.55-37 e 74.

Copyrighted material
— 179 —
o toa e nem tábia por que motivo lho atribuíam a ele. O Barbadinho oen-
surava os venog de Pina e Melo, mai de nmica toa nada da ma autoria.
Andavam, poii, a conspirar ooutra mu cidadSo padfioo que le pfeocnpsva
com estudos mais sérios. Queriam manifestamente prejudicá-lo dando
ouvidos à urdidura de Manuel Pereira de Sampaio e do Beneficiado braca-
rense, parente de Pina, de nome António de Macedo. Eis a tragédia,
o enredo e o desfecho (1):

Fira e Melo peideu a paciênck e itiolveo deemaicará-lo pftUicafflenle.


Faia isso, deu i estampa a resposta, em carta aberta ao Sr. L. A. V., estra<

nliando-Ihe os termos da repulsa: «Neila sou accusado de que lhe impute


a composição do Novo Methodo; e depois de V. M. chamar a esta obra hum
feto espositicio se admira de que eu lha atribuisse com huns fundamentos
tàos vaons, como o da semelhança da Orlhographia, o do caracter do estylo,
e o da informação que nSo seria necessário tanto para se provar a filiação
de bum engeitado»
Neste tempo já ninguém sèriamrate duvidava da paternidade da obra.
O jesuítaespanhol, P. Isla, no primeiro volume da Historia dei famoso predi-
cador Fray Gerúndio cscalpeliza-o duramente: '<Este es el Barbadino, à quien
se le quita el sagrado disfraz, de que indignamente se vestiò; sc Ic arrancan
las barbas postizas (...) y se le hacc salir al publico con su cara lampina
mrtnral». E descreve-o da forma que se vê no retrato divulgado nalgumas
das suas obnu, chamando-lhe AroeiUago de Évora (3). O defensor eq»ahol
etmdutordo Ktmiidieiro Afáfedb dl? e de Maymò
y Ribes, neste mesmo ano de 1758 apressou-se a eateriorlaar os seus senti-
mentos de escandalizado, porque, conforme pensava, constituía sério agravo
aos críticos, revelar-se-ihes o nome, principalmente se são vivos e gozam
de boa reputação (4).

Vemel lesohem daddar os redactores do Jowmã des


Entietaato,
Sçamua, de forma bem mais oomptoa e critica do que o fizera em 1755
Miguel Tibério Pedagsche, acerca do estado das letras e ciências em Por-
tugal (S).Fez o resumo dos dois volumes do Método, em latim e em francês,
e enviou-o com o pseudónimo de António Teixeira de Gamboa. No duplo
rosto aparecia a indicação de o volume ser editado em Lisboa e se encontrai
à venda em Paris. A data é de 1762, mas no interior lê-se 13 de Janeiro

(1) Carta de Vemei, de 3-TX-S3. Publicada «m I • B. m, 303.— Ver também a


carta a Muratori de 31-IIM9 (£, III, 299).
(O Gvta de Fina, 26-Vn-54. Ia E, 312.
(3) Historia F, Mlofo f 21 O 22 e pg:. 240.
(4) Def, 9.

HotoriaFi. S22 e 18.

Copyrighted material
— 180 —
de 1761. No Áverlissement conta-se brevemente a história do acolhimento
do fMadbfrv Método, elucidando-se a propósito:
«...le Cápucin Bazbadino fut principalemeat rot^ject det ndUeriet d*un

Ecrivam Eqwgnol, dont le Joumal Etraqger, d'Avril 1760, a fidt ooimattfe


une Satyre assez piquante; on reconniit tons cc travertissement la plume
hardie et savante d'un Archidlacre d'Evora, du célèbre M. Louis-Antoine
Vemey, Auteur d'une Logiquc et d'unc Métaphysiquc cxccllentes, ainsi
que d'un Apparatus ad Philosophiam et Theologiam». Linhas adiante,
aludindo ao autor do remmo latino, AntAnio Teixeiía Gamboa, esdaieoe-ae:
Miom probablnnont supposé, sous leqnel le cadie encore M. Vemey».
Terá o Arcediago sido allieio a estas declarações, comprcnuetedoras,
Ott poderá marcar-se uma segunda fase (após a expulsão dos jesuítas) desta
história faceta do anonimato? Ele é certo que em 1768 ainda publica a
segunda edição da Gramática Latina sem indicação de auior, que só aparece
explicito na terceira, em 1775. Mas também é verdade que a 28 de Maio
de 1766, ele próprio revela ao Conde de Oeka» potencer-Ihe a autoria dessa
OiaoDiltica.
O quarto volume da Biblioteca Lusitana (I7S9) também já apresenta
o Arcediago como autor do Verdadeiro Método, e o P. João Baptista de
Castro, na segunda edição do Mapa de Portugal (1763) desfez o anonimato
que trazia na primeira edição (1749). Em Espanha, no fim do século, o
P. Fr. José de São Pedro de Alcântara Castro (l) apelida-o sempre de Abate
Vença, Vem^ e Arxediano (2).
Neste caloonear de oinniOes desencontradas em que mais impiessiooa
a atitude de Vemeí, não terá ficado algum leitor com qualquer dúvida acerca
da autoria do Métodol Não há motivo para isso, tanto mais que, alfim,
ele próprio confessou ser o pai do feto expositício, no testamento que redigiu

ou ditou seis anos antes da morte. Deixando expressa a sua vontade de


que as oolecçOes que possuia da polémica, fossem remetidas ao sobrinho
Dionísio Vemei, escreveu a 20 de Janeiro de 1786: «..Jrá também o outro
caixote com algumas copias do cdebre Método, e dos papeis pro e emOn
que entam se puUicaram, que ficaiám (ficarão) na mam de Dionizio Antonio,
para conservar memoria do que se passou. Isto é a uníca coisa que ficou
da dita matéria» (3).
Também nisto o Arcediago eborense exagerou. Mas passemos a observar
o o(miefido da sua mensagem, para noa intoimmos, se bem que em termos

(1) Na Quarta Pvtc Lisboa, 1749.


(2) Apo.
(3) Ver Ap. doc.

Copyrighted material
— 181 —
concisos, das linhas mestras da reforma proposta que escandalizara a Inqui-
tiçio,o a verificar se é exacto o juiw que alguém airilnim
no que respeita à sua filiaçSo na oibm iatbica do Marquês de Aigenson.
Desde o Verdadeiro Método até Í UMma Recosta, o pfúpfio Vemei
denunciou, naturalmente em termos genéricos, o segredo do seu saber, de
que tanto se vangloriava. «Eu nào faço leis, nem me importa isso; digo
o meu parecer sobre isto que vejo, regulado pelo que tenho lido e visto em
outras partes». Noutro passo esdareoe que ao Baibadinho «ninguém duvida
uma vasta notída de livros; e no fim dedara que se valeu em muitas cousas
do que dizem os ontros».
Algumas leituras se podem determinar, que muita influência tiveram
no seu espírito, sem no entanto nos parecer fácil assinalar a cronologia ou
o grau de influência desses livros.
O problema foi debatido durante a polémica, obtendo a seguinte resposta
de Vemei: «Aqui adia mais duas propozisoens galantes e ambas fidsas.
Pjtimeira, que muito do que diz o Critico foi ftito em Rança. B eu
— acrescenta —
pela noticia que tenho dos autores, vejo que o Critico se
sérvio muito mais dos Inglezes c Olandezes e também Tedcscos: o que elle
mesmo confessa e que não leo as citações somente, mas sim os melhores
autores in fonte, como será fácil mostrar» (1).
Nio vamos supor, com esta confissão, que o problema das origens dos
escritosde Vemei é tio snnqdes de resolver como de dedanu E nlo
porque nio cita o« livr(»-base de que se serviu. Entretanto, contactaremos
com os autores que já foi possível determinar, à medida que o aocmipanharmaa,
através das disciplinas que tratou. Aqui, porém, indicam-se apenas os eSGI^
tores que o podem ter influenciado, no sentido da aventura da reforma
em geral.
Como acentuámos noutro lugar, o Beneditino espanhd Bento Feijó,
mais que nenhum outro intelectual, tivera coragem de zurzir erros vdhoa
em Psiwinha, criticar indementemente métodos de estudo antiquados.
É claro que as duas obras não são idênticas. Mas, como já advertiu o
Dr. Salgado Júnior, «um confronto entre opiniões de Verney e de Feijoo
nào concordando nas orientações gerais, revelaria ptwtos de contacto não
desprezíveis de todo» (2). Idêntico é o espirito acerado que incidiu em velhas
insUtuipCes e costumes arreigados, porque entre o carácter dos dois polo*
mistas havia certamente muitos pontos de contacto.
Em França, mais de um escritor se lançou na mesma cruzada, com maior

(1) Res, 90
Q) V. voi. m, 1S9, Doia.

Copyrighted material
— 182 —
ou menor tniculàicia. O Marqufis de Ailgenton, já apontado, censura
cnianieiite o« autores de sua naçlo, alvcgandOp sem remoiso, os Jesuítas e
os M<m8BS(l). Rd]m(2)»Rqrâ(3)» Lamysaoottlrastantosantcmfiraiioe-
ses que poderão ter dado a Vemei o tom de reforma das letras, uma vez que
deles se serviu na composição das primeiras sete cartas, conforme mostia

o anotador da última edição do Verdadeiro Método de Estudar.


Italianos, Luís António Muratori que deve ter impressionado muito o
nosso jovem reformador, nSo só com Dei ã^ftsM ddla giurispmdenza (1742X
mas ainda antes, oom o livro JXffkubmi sopra U Buen Gasto neOe
Selam e ndPÀrtI, editado suoessívamente em Veneza, 1708í Ck>16nia» 1721 j

Veneza, 1726, 1736, 1744. O tomo 1 (pág. 283) do Giomale de Letterati


d*Italia fizera-lhe boa acolhida e a proposta reforma das letras e das ciências
foi levedando a massa. Dcfacto, Muratori poniiíica\a com autoridade:
Antes de mais, convém considerar quão grande é u utilidade que nos pode
advir do estabelecimento do bom gosto nas Escolas de todos os Rdiglosos
dados ao estudo (4). GMrxgamos alguns abusos das escolas públicas, em
que se permite aos alunos passar de uma a outra disciplina, saudando-a e
não aprendendo-a, porque se não emprega o melhor método das Artes liberais.
A mais célebre Universidade de Itália decaiu bastante do posto de glória
que ocupava. Procurando a razão dcsla metamorfose, sugerimos a forma
de a fazer reflorir, se é possível. —
Enfim, o autor convida os engenhos itap
líanosa ooopeiarem no bW
gosto das letras, oitendendo por isso, o conbecff
e o poder julgar o que for defeituoso ou imperfeito ou medíocre nas cifticias
e nas artes, afim de descobrir o mdhor e o perfeito e squi-Ios a todo o
custo (5).

Denuncia os vícios particulares dos literatos, os autores de acrósticos


e anagramas, os sofístas, os fanáticos, os alquimistas, os cabalísticos, com
especial menção de Raimundo Lulo (6). Quer que a Retórica da Escola
9^ útSÍ e nio nociva, aponta as pfenogativas do bom estOo e da sábia

(1) ut.
(2) A larga utilização deste autor que lhe assinala o Dr. Salgado Júnior explica-te
péla afinidade de ideias: Adocs o Retórieo <|iie adoiMa ot pncailos aatítos e ton ddas
o« modelos; considera o latim e um pouco dc grego, como fundamentos da educação; tem
estima por Locke; deixou-sc eivar de janseniano. Aureolado de glória pedagógica com
o 7>MMitoâiMfefa726-172fl), 4 vola.fl»Í saudado com wilMiiaimo peloa qdb wiMjfaMm
•S letras clássicas c a tradição do bom gosto (Pcn, I, 259-261).
(3) Severino de S. Modesto luUiaha a larga influência deaae Oralociano fhmcêa
(Conv.. 4 e 550).
(4) Ri. I. 73.

(5) Ri. I. 119, 125,

(6) Ri. I, 249 e st.

Copyrighted material
Luís António Muratori, iluminista italiano
— 183 —
doquSncia, ensiiia a eacnver a História (IX fta refkxSo sobre a Geografia,
a Astronomia, a Retdrica, a Oratória Sagrada, a Poesia, a Música, a Omni-
tica e sobie o «tudo das Lfngaas (2) SaUinha a faha que Uaem ao Filósofo
as Matemáticas e a Arte Crftica(3) e recomenda que, ao acerca -sc de Sócrates, i

Platào, Aristóteles e Epicuro, ninguém os considere como homens deten-


tores da verdade, mas que, como homens, podem ter errado. Muitos
abusos, erros e superfluidades se conservam na Cátedra de Filosofia, em
Itália. Púnhamos a maior esperança na Filosofia que chamamos experi-
mentaL Os estudos que queremos ver principalmente cultivados pelos nossos
Filósofos sao a atenta observação dos efeitos, os «Rperimentoa novoi^ as
novas máquinas. Entre a maçadora e obstinada soAitaria dos velhos
Peripatéticos e a talvez imoderada e suspeita audácia ou novidade dos
Modernos podem ;;s inteligC-iicias agudas encontrar mil caminhos de rejuve-
devemos
nescer a Física e a Verdade, pois só por ela e não pela autoridade,
sempre combater. Atrás da Filoso&, a Medicina, isto é, a filha atrás da
oiae.(4) A
Medicim^ a Anatomia, a Cirurgia Botânica, a História dos Ani-
mais, dos Minerais e «outras disciplinas subordinadas da Física», voltam
a ser consideradas no capitulo XII do 2.<* volume. Também reflecte sobre
a História Sagrada e Profana (5) e naturalmente sobre a Teologia, verberando
as inúteis questões dos Escolásticos, a barbárie dos seus termos e as suas
estranhas opiniões (6).

Ai fica e porventura o alento para a iniciativa de Vemei.


o esquema
Apesar de esquema, demos-lhe maior desenvolvimento que aos anteriores
autores, por ainda se não ter reparado na identidade do espirito que anima
esta obra de Muratori e a do Arcediago de Évora.
Mesmo em Portugal, encontrara ele mais de um autor que criticava às
claras o estado da cultura, cumo é o caso de Pina e Proença e de Bluteau (7),
O do Cónego Inácio Garcês Ferreira (8), o de José Xavier Valadares e
Soa8a^,etc. A focça destes exemislos, a nova cfdem cultural que irradiava
em todos os fentidos e o seu pendor acentuadamente critico e insatisfeito
impeliram-no de modo irresistível para a reforma que delineou nas deiaaseis
cartas que formam o Veráidaro Método de Estudar.

(1) Ri, II. 108. 155. 61.

0 Ri. 11. cap. XIV.


(3) Ri, 292ett.
(4) Ri. I, 179, 44-46.

(5) Ri, II. cap. XIII.


(Si W. I. 52.

(7) Vc, 290.


(8) V. vol. II, 30$.
(9) L,n, 64.

Copyrighted material
184-

Vernei, como Faodolati e Bánpa, antes de mais era um gramático, um


fllótofo, um hniniiiiithi muito versado nas literaturas cTiltsicas, sobretudo
na latiiia, e um oomncto letòrioo. A primeira carta revelai) assim mesmo,
oom idaçao ao Idioma p<Hluguts. Tomando por base de suas consideraçfles
as Prosas Portuguesas de Bluteau, disse o que sc lhe oferecia a esse respeito.
Não nos deixou outro escrito sobre o assunto, sebem que parece ter escrito
«um tratadinho», conforme refere nesta primeira carta. Mas o que ai dei-
xou, é suficiente para o colocar entre os ortógrafos da lingua portuguesa. (1).
Salgado Júnior, na leedl^ do Veréàltírú Método de Ettudar fonieoe
«jnnenlos bastantes paia se fonnar um jnizo de Venwl gnunátioo. limi-
tando-noB a aitntío no ponto de vista pedagógico, lemos de acentuar que
é mais um erudito a juntar a esses tantos outros que, nas Academias lite-
ráriasda época, tomavam o tema do idioma português para objecto de suas
opiniões pessoais. Nada de notável há que assinalar, a nào ser o pendor
paia introduzir na língua portuguesa, vocábulos e ortografia italiana, oom
M necessárias adanlaoOes. Se desejou simidificaoOes hoie adoutadas. se
trimifoa em pontos assás razoáveis, o certo é qm a sua ortografia foi alvo
de severas objecções muito justificadas, porque bastas vezes escolheu formas
insustentáveis. Veja-se a este respeito, as notas do referido reeditor.
De passagem faremos apenas breve referência ao tom categórico da critica

de autores que não leu: «o Barreto, o Leão o Vera, têm algumas cousas
boas, entre outras muito más».Neste ponto o estar longe da Pátria nlo
ajudou a mdbor. Nio nos custa mesmo a crer que a primeira
rrflectir

carta do Vvdadeín Método de Eitudar seja escrito velho, qoe já levava mais
ou menos pronto, quando em 1736 saiu de Portugal, oom a revolta mal
contida no coração.
Nesta carta são alvo de feroz critica, autores vivos ou falecidos havia
pouco tempo, mas deixando descendência ou anuidades zelosas da sua memó-
ria,como o Conda da Ericeira (f. 1743),oteatinoD.RafadBliilHni(f. 1734),
o Dr. Joio Curvo Semedo (f. 1719) e D. Jerdnimo Contador Argota (f. 1749).
Sio deselegantes os termos em que se refere ao primeiro: «Contudo, diz
que na Academia do Ericeira », e: «O Conde da Ericeira. D. Francisco
.

Xavier de Meneses, também seguia esta doutrina, pois cm algumas das suas
aprovações de livros que tenho vi&to, tudo são virgulas, de sorte que ninguém
o pode lar segnidamante, porque cama a respiração. E, se isto pode ser
kmvávd, ea o deixo julgar aoa desi^aixonados inldigenles».
Um deiq»iionado intdigBDte fd o l>r. Salgado Jiánior qiie, a pfiopdaito,

(1) Francisco Nunes Cardoso escreveu em 1788. referíndo-se à ortotnfia de Vci^


nei: uFes hum Systema que durou pouco tempo» (ArteN, 15).

Copyrlghted material
— 185 —
rrfleete: «Pdo que leqieita à pontuação do Conde (...) parece que há exagero.
Nio notamos que a tua pontuaçio difira muito da pmtnaçio usada por
qualquer «aHo ooitOT do teiiqK>»(l>. Foi isto que initott at turbas.
Ninyiéin diria que o ensino da gramática portuguesa era inútil (ddxemos
de parte os exagerados), porque afinal, na Universidade dc Évora ensinava-se a
ler c escrever português. Como já vimos, o nosso idioma esiudava-se noutros
lugares. A
Academia Portuguesa (1717) do Conde da Ericeira mantinha,
em cada sesslosemaiud, uma Ução que intitolKva de Filologia. NaAcadenda
dos Dnstrados, como na dos Anónimos» sabemos positivamente que se debap
tiam qnesUtes de Ungna pátria. Na própria Academia Raal de História
Portuguesa, o P. D. Luis Gaetano de lima deu parecer em 1721, sobre o
uso dc termos novos para explicar alguns ofícios de dignidades modernas.
A bibliografia que de passagem se aponta, mostra bem que o tema do
idioma pátrio não era virgem entre os portugueses (2). Além das Gramáticas
mais antigas do P. FemBo de (Niveiía, Joio de Banos» Duarte Nunes de
Leio, as Onofftfiaa e Didontfrio seguintes:

— Vocabulário Portuguez e Latino (1712-721). Suplemento (1727),


por D. Rafael Bluteau, a que se devem acrescentar muitas pajçinM
das Prosas Portuguezas (1728) do mesmo autor.
— Regras de Lingua Portugueza (1721. 2.^ ed.: 1725), por D. Jerónimo
Contador Argote (3).
— Regras gerou, breves e compreensivas da melhor Ortognfia com que
se podem evitar erros no escrever da lingua latina e portuguesa. 2.* edi»

çio: Coimbra 1733 (1.» ed.: Lisboa 1666) (4) por Bento Pereira.
— Orthographia ou arte de escrever e pronunciar com acerto a lingua
portugueza (1734) pelo P. João de Morais Madureira Feijó.
Orthographia de Lingua Portugueza (1736) pof D. Luis Caetano de
Lima.
— ifaSfOff de Ort^nfia de Ungoogem Foi^tuguexa (1738) de Amaro

de Roboredo (Do mesmo antor: Méukh gramitíkai pan todas os


línguas. 1619).
— Regras Je Ortografia (1740) de Ajidré dc Avelar.
— Regras de escrever certo e exemplar de contas, em que se ensina com

(1) V, vol. I. 127 noia.


(2) Sobre o pouco coPliBclinento que Vcnel nMoIftsta, ver V, voL I. 109 nota
(3) Ver V, voL I, 43.
(4) Sobre o facto dc Vernei atribuir erròncamente a Bento FonilB O OCiginsl de
ama gramática da língua portuguesa em latim, ver Verney.

Copyrighted material
— 186 —
toda a clareza o methodo da boa Orthografia. e juntamente a praxe
das quatro apieki da conta (1741) por Antóoio da Silva ÂWans.
— À^htAeto de toda a ayUba portuguexa ou eearta para ot ndainoa a^m-

derem a soktnar (1745).

Algumas destas obras, que n3o serão todas as que se publicaram neste
período, foram desconhecidas dc Vcrnci ou mal interpretadas. O mesmo
movimento de inteieaie lingufstioo te aota a leqwtto do latim mu mae
rdaçOes com o português, mas em jvoporçOes muito maiores.
Na segunda carta o Barbadinho ocuperie da gramática latina como
pedafofo, indicando minuciosamente o seu plano de ensino. Na tooeira
O0liq>leta-o com o estudo da lalinidade ou leitura dos próprios autores
clássicos, como método para bem se escrever a língua do Lúcio. Para uma
parle do plano traçado nestas duas cartas, Vemei publicou De Ortographia
Latína (1747) e ama outra obra qpie se esforçou por ver adoptada nu Escolas
do Reino — a Gramática Latina tratada por um método novo, elaro e fáeU
(Barcelona, 1758) que, por medo dos jesuítas» segundo confessa, fingiu tradu*
zida de francês em italiano e de italiano em português (1).

Na carta em que preconiza o novo método de gramática latina, está


patente a influência de Francisco Sanchez, o Brocense e de Scioppio, como
na carta da latinidade, se vê manifesta, predominantemente, a orientação
traçada por RoUin, em De Ai imnière <f«nse^pier et éTituSer ks M^ee-
'Lettres Í2U
Ninguém sustentará que Vemei, neste assunto, em que aliás era compe-
tente, se mostre superior ao que existia nas Escolas portuguesas (3). Propunha
mais um esquema ou um método, como ele próprio dizia ao Conde de Oeiras,
bom como os demais. O método dos jesuítas, dc ensinar latim, podia
necessitar de alguma reforma, em pontos de pormenor, mas no fundo era
pedagògicamente recomendável.
Convém, no entanto, nflo esquecer duas coisas: primeira, que havia
oiitvoemétodos em Portugal; segunda, que já antes de Verad se propusera

(1) Carta dc Vernci a Pombal, dc 28-V-766 (ver Ap. Doe.). Não sabemos que
necessidade havia do disfarce, se deixou clara a sua maneira particular dc grafar as pala-
vras: iso, Nsiáin, iiloria, furtuth», atiwot.
(2) Sobre influências de autores estrangeiros «m Yenwi, Hnnlmfnff) SSgoimoS ds
perto Salgado Júnior, na reediçio do V.M.E.
(3) pubUcou a nia Onunitica, ji te havia imprimido o
Inclusivameate, «piando
Novo Methodo para aprend» a Gramatka LeHeã, do P. Máraiel Monteiro (Lisboa, 1746^
e o Novo Methodo de Gramática Latina, paia IMO dSS EhoIss dSS NooSBSidsdaii dO
P. Pereira de Figueiredo (Lisboa, 17S2).

Copyrighted material
— 187 —
o ensino do latim, por gramática em português (Martinho de Proença),
e le tinha encetado a luta pró e contra a Oianiilica do P. Manuel Alvares.
Entre os diverso» métodos pdcaticadot em aulas de professores particulares,
leinbfBiemos o daquele Manuel de Abrantes, que em 1717 ensinava segundo
«o iCU método», no Beco do Picão, antes de chegar à porta de S. Jorge (1);
OU O de Domingos de Sousa Bolorento, Mestre de Gramática que leve escola
'
pública mais de vinte anos na cidade de firaga e sc propunlia seguir em Lis-

boa «om metliodo fiwililllO OU tiit ai^^


paia dentio
nkiade, assim em proza como em metro» (2). Há ainda que registar obras
impressas, como as já referidas Regrai de Ibigua pwiuguexa, e^eSio 4a Ungua
latina, do P. Contador Argote, que se anunciavam como aptas a tomar os
meninos «capazes para em brevíssimo tempo apienderem qualquer Uiigua
estranha e principalmente a Latina».
Quase no principio, em 170S, e sem necessidade de combater a gramática
tiadidonal, publfesva em Lisboa, Bartolomeu Rodrigues Ch«»ro, umas
Curiosas Advertências da boa Grammatica no con^endio e exposiçam do
P. Manoel Alvares em Ungua portuguesa. Trata-se de um livro de 223 páginas
que, na intenção do autor, ia precisamente de encontro à necessidade de
simplificar e abreviar o estudo do hitim.
O Cavaleiro fidalgo Manuel Coelho de Sousa editou em 1721 uma
Explicação das partes th oração, com todas as suas circunstâncias, etymologias,
e budBgendas, cortfeme o lao dos Auihwes e cantões do» me&ores (rrom-
matletn, Itaz as deflmitftes em latim, oom a reqiectiva trsduçlo e o restante
taatto em português. Em 1729 publicou esta mesma obra em Resumo para
os principiantes da explicação das oyto partes da Oração c um outro volume
intitulado Exame da Syntaxe e reflexoens sobre as stias regras. Neste exame
declara abertamente que por vezes não segue Manuel Álvares, António
VeUez, José Soares e Aotdnio Franco, «os quatro corypheos da Grammatica»
em PortugaL Explica em português, pondo primeiro a regra latina, geral-
mente tirada de um doa quatro mestres.
O P. Bartolomeu Soares da Fonseca, Mestre de Letras Humanas na
Corte de Lisboa Ocidental, deu à luz uma Lucerna Grammatica!, no ano
de 1728. Nela explica, na Ungua pátria, as regras da gramática latina.
O mesmo autor, três anos mais tarde divulgava pela imprensa o método
usado de empregarem dccuriOes, alunos «coadjutores dos Mestres», nos
exeidtíos de classe púUica: i)sciiríaiii

a^^tínarcsnomeseaaiii^iigarosVerítos. O Mestre de památica José Gae-

(1) G, ia-VI-717.
(2) O, 12-XI-733.

Copyrighted material
— 188 —
tano,em 1731 publicou o Modo facU para ensinar a construir e verter em bom
nmunee e lingua portugueza quaaquar períodos eserUos na Littb^ OP.JoSo
de Morais Madureira Feijó» Mestre do Duque de LaliBes editou, em 1735
(3.* edição em Coimbra, 1739), uma Arte explicada em português, cujo
terceiro volume se intitula: Aprendiz da Syntaxe Perfeita que contém todos
os Escólios dos Nomes e Verbos (...) com hum novo Methodo para exercido
da Língua Latina.
Em 1736 o «Mestre de Letras humanas» Antómo Fâix Mendes deu
à estampa a Gramática Latiui do Badiaid Domingos de Aiaifigo, impressa
em 1627, a qual viria a ser uma das duas piefaidas na reforma pombalina.
Dela se dizia então que era própria para se aprender em menos de um ano,
«toda a Grammatica e grande parte da Língua Latina». Paulo Gomes da
Silva Barbosa, Capitão de Infantaria reeditava em 1745 a sua Gramática
Latina em português, a que deu a designação de Desafios para os Meninos
da Escola,
A questSo do ensino do latim foi igualmente tratada pda Confr^açlo
do Oratório^sem interinfluCndas mútuas, ao mmos de initío, oomo se iqire-
ciará no cap. IX. Para as aulas de Latinidade já vimos que havia oteas
de Cícero, Ovídio, Virgílio e Horácio, editadas em Portugal.
Não c, pois, muito pobre a nossa bibliografia da especialidade. Quanto
aos autores de que Vemei sç serviu e que aliás não cita nos lugares próprios,
tOTnarse dífidl saber se eram ou nSo conhecidos entre nós. Estamos, porém,
convencido de que talvez nio seja arriscado aventar que estas cartas podiam
ter sido escritas em Lisboa, Évora ou Coimbra...
Como auxiliares desta disciplina introduz a geografia, a história e
aquilo a que chama antiguidades gregas e romanas. Não nos atrevemos
a afirmar que nas aulas dos jesuítas se não comentassem os autores lidos,
com o esclarecimento dos lugares geográficos e nomes próprios que apare-
ciam no estudo dos textos clássicos Reconheceremos, no entanto, que
estas disciplinas pertenciam ao âmbito da erudi^to. Era fina das aulas
que ordinàriamente se liam obras sobrs esses temas, algiin^ das quais ficam
referidas atrás. Mas os Professores também as tinham ao seu alcance.
A Muratori comunica ele que pensava numa história antiga «princi-
cipalmente para uso dos portugueses» (1), sem dúvida aquela mesma a que
fez referência no Verdadeiro Método de Estudar. Aconselhava que os alunos
estudassem por qualquer dos compêndios que indicava, «enquanto nlo
apaieoe alguma histâda portngnesa piopofcioiíada aos nqMzes qw
nas aulas». Como de costume, anunciava que havia um seu conhecido que

(1) Caru a Muratori. 7-IV-745. 4l»id E, lU. 2S5.

Copyrighted material
— 189 —
Mtava redigiiido um compêndio desses (1). Da mesma forma começara a
compor uma Carta cronológica em português» que ocupaçOes várias haviam
intenonqudo e nunca ch^ou a aGabar(2).
Decidido ou n3o pelo plano de Vernei, O ocatoiiano Francisco José
Freire publicou em 1748 um .\fethodo breve e fácil para estudar a Historia
Portugueza, formada em humas Tahoas Chronologicas. c Históricas dos
Reys, Rainhas, e Príncipes de Portugal. O autor esclarece que teve em vista
«compor hum Methodo para a Mocidade P<ntugueza aprender a Historia de
PortoiBl». Nio em tudo o que Yanei pfeoonizava, mas aenqne servia
de pe<iueno ocotributo.
Na quarta carta o Barbadinho fala da necessidade das línguas eruditas,
sobretudo grego e hebraico. No Colégio das Artes havia cadeira de grego,
que o Arcediago supõe de nenhuma eliciência. Ele, porem, imagina que

esta língua é muito útil para os Teólogos, «se não a todos, ao menos aos
que se inteniam na Tedo^ e a enÚBam». TunMm solnc o assunto ledjghi
um comptedio, que diegou a acabar, mas nXo conseguiu imprimir. Alude
a uma «Qramálica gr^ e liehraica», que um amigo compôs, «cada uma
em duas folhas de papel grande, com unut clareza inimitável para um
principiante». Fazia diligências por editá-la, «para utilidade dos portugueses»,
em virtude de a considerar, «sem dúvida, a mais fácil que tenho visto nesta
matéria» (3). Por não haver logrado convencer o Marquês de Pombal,
sequer a adqitsr^ a Gfamática Latina, nem obter a promessa de aceitar
a he1ffaÍGa(4Xficaiam ambas no eq)óUo que ddxou por sua morte. Foram
enviadas para Lisboa, ao P. José de Azevedo, da Casa das Necessidades:
«...due Grammatiche manuscrittc dcl fu Signorc Cavaliere sudetto, uma
Greca niancante di alcuni quintenii che non si son potuti trovare, e Taltra
Ebraica in duc manicre, cioè in un quintemo grande, e in tre tavole». Encon-
tram-se, pois, em Portugal, os originais destas duas obras de Vemei, mas
nio se sabe onde.
Como base de suas considerações nesta quarta epistola das línguas
orientais serviu-se principalmente da já referida obra de Rollin c do livro
de Lamy — Entretiens sur les Sciences. Neste ponto, a reforma de Vernei
era digna de louvor. Mas convinhamos em que o raio de acção nào atingia
grandes distâncias, por se tratar de disciplinas dc erudição, que no nosso
meio iwlriectwal sempre aproveitaram a poucos.

(1) V, voi. I, a».


(2) V. vol. I. 206.
(3) V. vol. I, 260.

(4) Guias de Vemei a Pombal. 2â-V-766 e 21-V1I-768.

Copyrighted material
— 190 —
Como que em apêndice, o Barbadinho, no fim da quarta carta sublinha
a utilidade de o estudante aprender francês e italiano, «para poder lei as
maravinhosas obras que nestas línguas se tem composto em todas as ciên-
cias». Aqui está um bom conselho que transpunha, do campo da emdiçio
paca o da pedagogia oficial, o que entSo cm Portugal se praticava. De forma
que a novidade reduzia-sc à introdução de línguas vivas nos programas
oficiais. Indiscutivelmente trata-sc de uma boa medida pedagógica, que
também não foi atendida na reforma pombalina.
O seu pensamento sobre Retórka e Poesia encontiar-se expresso nas
cartas 5, 6e 7, devendo-se acrescentar o que explanou na que denominámos
17.* carta do Verdadtíro Método de Estudar, sem deixar esquecidas as respostas
aoa contendores. Considerava a Retórica a última disciplina dos «estudos
das escolas baixas» (I). No campo da Retórica. Vcrnei sentia-se completa-
mente à vontade, tal como no do latim, podendo-se admitir como a sua
especialidade.
«Na verdade nlo há a Retórica». Nio foi sem
coisa mais útil que
razSo premeditada que abriu o vohime da Lógica com duas sentenças do
fetórioo Cicero, que constituia as mas delidas. Faia Wcrnà, Retórica e
Lógica são dois aspectos do mesmo processo de oomnnicaçlo com o
próximo (2).
Quem diz que a Retórica só serve para pcrsuudir na cadeira ou no púlpito,
conhece pouco o que é Retórica, afirma no Verdadeiro Método de Estudar.
cie

Retórica é arte de persuadir e, por consequência, a única coisa que le acha


e aecve no comérdo humano. A Lógica, porém, é um conjunto de Ttgnã
i^rtas e necessárias paia explorar a verdade cm todas as ciências e expô-UM
aos outros (3). Da mesma forma que a Lógica está presente em todas as
Artes e Ciências, a Retórica até à Filosofia faz falta. «A mesma Filosofia

(1) V, vol. U, 1.

(9 A aproaim Mo (|ue hx na 2.» carta


formal, pois apenas acentua a inutilidade doS métodos iisndos
da Retórica (V, ¥oL n,
em
S9), é awrament»
Portugal, na Retórica
e na Lógica. Mais adiante, porém, (142), a inteqpeuetraçào é real, pois exiae para persuadir
pute fknAuncotiI da RetArica— wem priuMito hi|pv boa Lógica <ine d8 ot vBfdadeiras
ditames para julgar bem». Em segundo lugar reclama «um juízo claro», que só a lu^gica
lhe pode proporcionar. É a Lógica que ensina o caminho da verdade (ReM, 26) e é a
verdade a única que persuade, quando se lhe dá atenção (V, vol. II, 143). Porém, identi«
ficando o Lâgloo com o Hlóaofo, dirá pouoo adianta: «E niito 6 que m distingne o Orador
do PilÔBofo. Ambos têm por mas o Filósofo não costuma mover a
objecto a verdade;
voatade; contenta-se de e:q>ôr as razOes; porém, se acaso n&o acha um leitor sem prejuízos
epnocoiMçSei, nio eondid nada. MRSoOndormo«easpalx0es,egKitaacarioddade..j»
(147). — Facciolatí tratou do asmato nos IfwlHiiMiifti

(3) V, voL II, 6.

Copyrighted material
— 191 —
servem útilmente da Na sua opinião, 4to diíeiifio de um homem
elegância».
despido de todo o aio pode menos que ter um caos. Poderá ter
artificio

boas razões, exoogttar provas mui fortes, mas, se as nio sabe dispor com
ordem, quem podefá entendê-lo? quem se persuadirá ddas?» (1).
Verdadeira «perspectiva da razão», ela permite ver c entender o que
sem ela não c fácil entender. Ela dá alma a todos os discursos e novo peso
a todas as razões. Depois destes preceitos de definição, o Barbadiniio
demon-M oom a amDiíe de nnnOes e panegíricos que kvou de cá oo
alguân Uie foi mandnndo para Roma. Combate a afectaçSo» a improprie-
dade dos termos, alvejando por vezes sem toda a razSo, pregadores como
António Viein, a quem censura artifidos de rotdrica, perfeitamente acei-
táveis.
Condena os dois teóricos mais em voga no seu tempo de estudante:
as obras já referidas (cap. 2) do P. Pomey, e de Juglar e, de uma maneira
geral,a Nont Arte de conceitos (1718-21X de Francisco Leitão Ferreira e o
ISstema Retárieo, au$as da EXoqàÈnida (1719), de Lourenço Botelho Soto-
-Maior. Ek s^inirá Cicero para exemplificar, e o oratoriano Bernardo
Lamy para teorizar (La Rhétorique ou VArt de parler). As obras de Cícero
Orator ad M. Brutum e De Oratorus Fartitiottibus, considera-as Vemei «a quinta
essência de toda a Retórica».
O compêndio que um seu amigo «mui particular» redigiu segundo a
ma orientação, não chegou a ser inqwesso, mas as Unhai mestra» eawmliam-ee
na carta sexta. Ele próprio acentua que, se deixa correr a pena, em lugar
de rcfleatôes comporá um tratado de Ret^ica. Lendo o que escreveu,
achou mesmo ser suficiente para introduzir um moço no estudo da verdadeira
Eloquência. È a sua exposição que recomenda para suprir a falta de uma
boa Retórica em português (2).
Na verdade, os preceitos que inculca, decalcados em Lamy (3), conforme
patenteia Salgado Jtoior, constituem um oomptedio de regras utilizáveis
«n Retórica. Mais daro, mais conciso, mais eqnÕibradoe apropriado para os
estudantes que as obras antigas ou mesmo os autores eivados de conceitismo ?
Não nos custa a crer que sim. Mas a crítica impertinente e desordenada
ao estado da Retórica em Portugal, se bem que justa quando aplicada aos
defeitos do Seiscentismo (4), nào se pode tomar como juizo dc valor, recto

0) V. voL n. «.
(2) Anos depois, Cândido Lusitano e António Pereira de Figueiredo publicarão
tambèni volumes dc Máximas sobre a Arte Oratória, 9 Elementos da invenção e haiçõOt
ntórica ou principias de Eloquência. (Lisboa, 1759).
(3) «O que eu escrevi nio é meu, mas o que ensinaram os faomeos msil imipiBS
nesta faculdade, de cuja lição cu o tirei». (V, vol. II, 200).
(4) Sobre a crítica ao gongorismo, ver Historia Cr, 62-69 e L, 89.

Copyrighted material
— 192 —
e coDsdeiicioso» a respeito da totalidade da proca da Oratória portugueia
dMtepeifodo. Vetnd apdpott os defeitos, mas nio lolnigov
De fonna que, adverthi a parte negativa de qp» le devia fugir, sem eaooiítrar
a prosa tersa, a construção bem deduzida e oorreeta paia modelo a seguir.
Sobre a poesia, o Barbadinho iguala-se aos que satirizou. Para ele,

poesia não passa de eloquência mais ornada, e a norma dc apreciação será


sempre a boa razão. Uma boa Arte Poética seria um livro «que ensinasse
um homem a inventar e julgar bem, e formar um poema como deve ser».
Quem desprezasse as regras prefixadas e se deixasse guiar pela imaginaçlo,
estava longe de produzir coisa digna de se vnr.
Se esta maneira lógica de encarar a poesia tem laivos do neo«dassícismo
de Boileau (1636-711), não é menos certo que se filia no conceito de arte
defendido pelos Escolásticos (1). O conceito de belo identifica-se com o
de bom ou adequação da coisa à razão. Exige, pois,
e conforme à verdade
ordem, naturalidade, de fantasia ou imaginação, e adaptação
isto é, ausência
à Natnren, assumindo o carácter de cáíncia ligorosa, e afastando^ de arte
com cores, oom pUstica, figuras, impressOes estóicas, reo^idas pelos sentidos.
A única sensação que admite, em Retórica como em Poesia, é a do senso
intimo que vê o agrado da razão. Deste modo se atinge o bom gosto (tão
diferente do gosto do belo), que foi divulgado na sua época, entre outros,
por Muratorí, na obra cilada e ainda pelo jesuíta Domingos Bouhours, em
Qmmsatlotu tPEugénlt «t Arioste sur k Bel Esprit e em Mmière de blat
^0iwr(1687).
Apoesia neste tempo, em grande parte ooostituia fkgneiro divei limento
dos engenhos argutos que rebuscavam haUiidadea eom jogos de letras,
vocábulos e ideias. Os extremos tocavam-se na prática. Confrontem-se
as habilidades dc um acróstico ou de um anagrama, com os sonetos intelec-
tualizados dc Vcmci, transcritos atrás. Por onde paira a poesia, a beleza
inefihd doe poemas antàitiooi? Todos a viam nos seus venot: os gongórioos,
os oonoeitistas o coltefaaismo de GAngoca,
e Vemei, que censura nlo só
como o Ofadano (2X apesar de exigir conceilos
conccitismo de Quevedo e
elevados, muito especialmente no soneto. «Consiste a obrigação do soneto
em propor na primeira quadra o assunto; na segunda, expIicá-lo OOm algum
conceito de que se tire o argumento para os tercetos» (3).

(1) Ver Art, sobretudo os cap. IV, V c VII.


(2) Sobre estes dois movimeatoe, ver Historia lá, 11, 325.

O) A
erftiea is iddss «MMow de Venwi «rtá Mia com aotoridade
Cidade cm Concci e L, II, 99, bem como por flslpdo Jdoior OboIu ds V, voL
^
II, 199 e ss.).
V«gaFt6 também VeraegrB e Bbc, 39.

Copyrighted material
193 —
óptima seria, como sempre, a Arte Poética que um amigo de um seu
amigo MCRvoB, que dizemos».
«peik> atilo
Também em FOotofia esodheu um padrSo que oonsídnoa como o
único bom e digno de espíritos superiores —
a que detpfcisva a Eloolástica
e assentava na utilidade imediata. Com dois traços vermelhos riscou toda
a Filosofia que estudara, sob o pretexto de aristotélica. Platão e Aristóteles
mereceram-lhe pouca ou nenhuma estima, tratando-os com escasso espirito
crftioo. Aaada ainda o
de Ariftdtelet ter eido deCnrpado peloe
fiwto
primeiroa comentadofes e por todot ot que ae lhe leguiiam. Eiooláe- A
tica e, com ela, a Filosofia árabe, nada tinham de aproveitá¥BÍ, por se

limitarem à ruminação e deturpação do Perípato. Os maiores pensadores


da Filosofia Escolástica ficaram enfaixados em quadros medíocres (1).

A modernidade que se ia introduzindo no método entre nós com a simpli-


ficaçãoda Lógica em benefício da Física ou nesta com relação a tudo o que
ao mundo celeste e subhmar e por vem à bidogia e qualidades
se referia
fbicaadoecoipoe —
de nada lhe servia pera o oonter na oondenado total
do que se afastasse dos paradigmas escolhidos.
Nas cartas 8, 9, 10 e 11 ocupa-sc Vemci na análise do estado da Filosofia
nas escolas portuguesas. Continuamos, pois, (em terminologia moderna)
ainda no campo do ensino secundário. Fixado, em termos gerais, o que
nEo é boa Filosofia, vamos ver em que consiste o seo ideário.
A Filosofia vemeiiim deqiia^e da anUnidade de Aiistd^^
tica, sabin a um miradouro eminente e observou o mundo em redor, notando

que havia altos e baixos. Viu montes que lhe embaraçavam a vista, deseof-
tinou plantas secas que não serviam para nada, miríades de seres e acç5es
indiferentes, de mistura com coisas de positivo interesse, e escolheu o que
SC lhe afigurou de imediata utilidade. A primeira lição foi, pois, a do juízo
que, pefBBte a perplexidade da
dos seres e le^ectivo comporta-
infinitwde
mento, se resolve pelo melhor. Acomeçar por d^er os
Filosofla há-de
meios mais aptos «pua julgar e disoMrer bon» e, mediante isto, akançar
a verdade (2). Inapta para conhecer as coisas como são (3).
Não serve para esse efeito a Lógica escolástica que, além de ser inútil,
chega mesmo a prejudicar. «Os Proemiais são a coisa mais inútil do mundo».
«Aqueles Universais e Sinais são coisas indignas de se lerem)». «Para nenhuma
parte das cifindas serve aquilo» — os Sinais. «O que digo dos Universaâ,
deve-se afrficar aos Predicamentos)», «Aos Predicamentos e Sinais segne-se

(1) Luís.
(2) ReL. S, 336.

(3) V. voL I, 23.

X3

Copyrighted material
o enfadonho tratado de Enuntíationc ou ProfXMiçSo». Enfim, o silogismo
«não dá ideias, que são os princípios dos nossos conhecimentos, nem dá
a boa ordem das ideias. Quer-se um instrumento idóneo, que prime pela
simplicidade, sinceridade e clareza, que se poderá ir buscar a um autor
ou autores que melhor se compaginem com a razão. As principais leis
da lógica deviam mr inttiladm pelas amas, ainda no baço e nio pdos precep-
tores na escola (1). O mtimis da Lógica díraru exactamente na pnrificaçio
Ott ooneoção da mente, em ordem à consecuçio de um perfeito juizo e raciocí-
nio, em todas as circunstâncias de lugar e tempo, quer dizer, em vista à obtenção

da verdade (2).
Toda a Metafísica útil &c reduz a definir, com clareza, alguns nomes
de que se servem os Filósofos e a atender e perceber bem alguns axiomas
Ott i»oposiQOes datas qne potencem aos ditos» (3), afim de podermos evitar
oontrovãrsias fidsas e inâteis(4). Nto passa, afinal, de apendfculo da
lógica (5).
Uma vez estabelecido o princípio propedêutico que nos habilita a usar
de um instrumento válido, desce-se ao campo raso da vida c pcnclra-se nos
do Estado, nos Hospitais
laboratórios, nas oficinas, nas escolas, nas repartições
onde labofam os Médicos e nos escritórios dos advogados, nos lugares de
ooméicio, campos, caminhos por qw diculam os carros, em toda a parte onde
borbulhe vida oii estacionem serea estáticos, porque I^Ioeofia é conhecer
ou conhecer a verdadeira causa das coisas (...),
as coisas pelas suas cansas
por exemplo, saber qual seja a verdadeira causa que faz subir a água na
seringa, é filosofia. «No principio do sobredito Prefácio (da Física), escrito
ao gosto do bom século, estabelece o autor uma tese que parecerá a alguém
a saber, que as artes e as disciplinas, sobie que se flmdamenta
inverossimil,
a Middade de uma Riq>iiUica, dependem, em grande parte^ da Fbica e
pOT meio dela se encontram ligadas. Ele, porém, prova-o fàdhnmte, visto
qm, sendo duas as fontes de que deriva a felicidade pública, quer dizer,

a conser\'ação e a tranquilidade do Estado, cm ambas estas partes c admirável


a influência da Física moderna. Com efeito, compreendendo a primeira
parte a agricultura, as artes e o comércio, nada mais é em si m^ma que
uma Física particular; e a segunda, c<mtendo a dCncia do homem monl,
que picssiqiOe a dlncia do homem físico, é da mesma focma nm outro ramo
da verdadei» Fisica» (6).

(1) ReL. Aos Jóveoa,


(2) RcL, 5, 336.
(3) V, vol. I, 19.

(4) ReM 33-34


(5) ReM, 49.
(O Lette.

Copyrighted material
— 195 —
Preferimos que fone o próprio autor a resumir o seu pensamento, para
evitar dúvidas no ânimo do leitor. Mas sotne esta ponto da pública
felicidade dos povos, enoontrar-se-à maior desenvolvimento noutro
capitulo.
Concluindo: A Física é que nos deve absorver a principal actividade,
pois nela se condensa a maior soma de conhecimentos que podemos possuir
neste mundo. É ela «que trata da natureza das cousas, cuja pretende
alcançar pormeiodat soas propriedadea»(l). As ooiíat «lio de doaa espécies:
coipo e espfrit(N» (2). Deus, Anjos, Alma, sio pina Física. razio A
impOe-se com clareza. Como nio há dúvida que, pelas propriedades alcan-
çam os filósofos tanto a ideia que têm da natureza do espirito como do corpo,
não fica lugar para dúvidas de que o conhecimento dos esphitos seja verda-
deira Física (3).

A Fisica racional trata das coisas próximas e claras das coisas. Das
remotas nio pode o FOÓêoío nbtK nada (4). «As que dizem respeito ao
espirito incriado ou Deus» tem o seu higar na Teologia» (5). «Poucas sio
por que se regem os movimentos das partes da terra,
as leis conhecidas
do céu (6). Em suma, nem a dc Aristóteles
e inteiramente desconhecidas as
ou a dos Árabes, nem mesmo as hipóteses dc alguns modernos se podem
chamar Físicas. A verdadeira Física «deduz as propriedades dos corpos
e dos espíritos, de experiências certas e constantes, por meio de argumentos
coasentftneos à natureza» (7).
A Ética vemeiana caminha na mesma diiecçio da utilidade do dia^a-dia.
«Sòmente no presente século é que se começou a discorra: bem nisto» (8).
«Deve tratar-se historicamente», sem arengas c especulações». Das suas
fontessaem os sólidos princípios do Direito Natural e das Gentes e das
mesmas, a forma por que, cada qual, tanto pública como privadamente,
há-de moderar as suas aoçOes e observar todos os deveres (9). «Os que
escraveiam bem nesta matâria, sio Grócio e o Barlo de Puffoidorfi», e este
mdlioir que o primeiro» (10). Nio O» agrada o positivismo humano de

(1) V. vdl n, 4w
(2) Ep.
(3) V. vol. U, 3 e 4.
(4) RflP, I, 106.
(5) Ep.
(6) V, voL U, 4 e 5.

(7) ReL, 308.


(8) V, vol. n, 62.
(9) Conj, XVT.
(10) V, vol. II, 83 e 61.

Copyrighted material
— 196 —
Hobbes, que «6 um vefdadeiro epicureu» (1), nem se satisfaz exclusivamente
oom o poritiviímo dhdno de Pnfifendorf ^ Ainda em Moral, é o edeo>
Junta oi dois tiUmaas e wnte^e forle
tínno que Ibe oonquiita a irantade.
para atacar a Escolástica.
Em todas estas opiniões, Vemei reflectia os livros mais em voga e as
correntes da última hora. O século xviii reavivou a teoria do nominalismo,
com Hobbes, Locke, Hume, Condillac, Wundt e outros (3). O Arcediago
entrou jubOoso na corrente. Foi, pois, nontínalista, ao tialar das ideiai
singulages» partirailarBS e universais (4) e, portanto, também hdceaHo. Locke

estruturon-lhe efedivamente a Fitosoifla, oomo Nèwtím lhe forneceu a nutéiía


renovada da Física moderna (S). Na opinião de Laverde, foi tradiciona-
lista (6). Professa o ocasionalismo de Malebranche no «De Rc Physica» (7).

É cartesiano, quando admite que nos corpos não conhecemos claramente


senão extensão, impenetrabilidade, figura e mobilidade, e que «o corpo
do animal é uma máquina hidráulica maiiavilhosa» (8). Quando atribui
«slfum tteero de discurso» aos brutos (^X podonos indui-lo tstat os dis-
G^pulos de MoHkdgHe, Cm^aneía e Gúzaub, Carte^ano, hckkmo, wt^fiaiio,
ao sustentar que «o corpo não discorre nem sente, mas é a alma que, segundo
os movimentos do corpo, sente.» Embora no Apparatus, com os «virí docti»
condene a harmonia pré-estabelecida de Leibnitz, no Verdadeiro Método
de Estudar parece admiti-la como explicação «mais vcrossimil» das relações
da alma t do corpo (10).
Apenx de podar estes autores no próprio <»ignMl, não
ter Udo todos
se dswB ecidnir a de se haver sedentado igualmente nas obras
possibilidade
que andavam mais à mão, quando redigiu os compêndios que publicou,
de cada uma destas disciplinas. Assim, cremos que os Logicae disciplinae
rudimento (1728) de Facciolati lhe deram o esquema da Lógica; os Elemen-
torum Artis Criticae (1745), de António Genovesi lhe proporcionaram uma

(1) V, voL IV, 2.


(2) Insti. 242.

(3) Lógica, 226.


(<0 Ver., onde te mnthrmn as iirflntadas de LodcA, Genoveal t Àrt A Fm$er,
entre outras. Cf. também Ecl, 61-69.
(S) Cf. Ecl, 77-78 e V, voL III, os rodapés de Salgado Júnior.
(O cr. EDCidop6dÍa Eqim, Vol. C7, p. tsm, Umfdfr>Kiiis oomidMa Vemd
«l^ul des plus zélés propagateurs de la philoaophie —**—***» B IniklamStmo M
Bipafía en ei slglo XVIII (apud RCR. 32S>.
(7) Historia Fil, 198.
(9> V, voL n. 39 e 34.
(9) V. vol. II. 6. Cf. também RflS, 21.

(10) App, 295 e V, voL U, 54.

Copyrighted material
— 197 —
mdlios' estruturação e, porventura, alguma orieutaçio das ideiat que infor-
mam o De Re Zjogka (17S1) t De Re Mtít^hydca (175^ Com um e outro
se viráa cartear por algum tempo, porque eram «filósofos» que marcavam
m> meio docente de Pádua e Nápoles. Já nos referimos à Lógica de Flioeiolati
(Cap. V). Convém passar os olhos pelos compêndios do segundo.
Genovesi começou a ler Metafísica na Universidade dc Nápoles no ano
de 1741, tendo na frente as obras de Locke e Wólfio e assentando no princípio
de que a MiBtafliiea nio deve ter a ci8ii6ia das vis abftnoc^ AMatomBi
e a RazSo inqnmham-fle-Ihe como as grandes mestras da FQoeofia que se
deve eodoecer toda exdusivameiite à utilidade do homem (I).
E como a razão tem de ser o guia de todas as operações da vida, importa
corrigir-lhe os erros e os preconceitos que a avassalam. Este há-de ser
o primeiro trabalho de tuna Lógica bem urdida como fez Bacon. A sua
vhi a luz em 1745. Depois de considerar a natureza do
da publicidade
espiritohumano, as suas propriedades e operações, na primeira parte da sua
Lógica enumera as causas da ignorância, dos nossos falsos juízos e das
fabas ideias iaqjiressas no nosso eqifrito, e aponta os remédios. Na segunda
parte encara o modo de inquirir as primeiras notícias das coisas. Considera
a Natureza e várias espécies de ideias, e sua origem, e os seus diversos objectos.

Na terceira investiga se essas ideias são verdadeiras c em que consiste pròpria-


mcole a arte de bem ladodmff: critérios de vwdade e divcnos graus e gtoer<^
dos nossos conhecimentos. E porque é pelos sentidos e pela autoridade
que prindpahneote adquirimos as ideias, passa a ftlar do modo como se deve
raciocinar, com o testemunho dos sentidos e uso da autoridade humana.
E porque são os livros que mais nos transmitem as ideias, expõe as regras
de bem os entender e ler e previne o leitor contra a multidão de livros que
acarretam os erros, de século para século. Não falta um óptimo tratado
de arte critica. Nas dnas ifiltimas parles ocupaFse da arte de raciocinar
e ordenar os nossos pensamentos. Devido à fraqueza da mente humana,
temos muitas vezes de nos servirmos do argumento da analogia. Pot isso,
sujeíta-o à critica, concluindo que só em Matemática dá certeza. Nas outras
ciências, quando muito, probabilidade (2).
Vemei, acusado na polémica, de plagiário, incluiu na sua lógica a nota
da ooincidipcia de mas repdindo a ideia de ter forrageado cm seara
ideias,
alheia. Efectivamente nlo há decalque, nio há identidade perfeita no
esquema da exposiçlo. Pode mesmo vincara pontos de discordância
em que caminham em direcções opostas, hbs 6 bem pamte a coincidência

(1) Hog. 27, 29.


(2) Elog. 37-39.

Copyrighted material
— 198 —
das ideias fímdamentais e não se torna necessário apontar os lugares de ambos.
O txevíssimo resumo que aí fica, decalcado em Autor que escreveu estando
Vemei ainda vivo, é mais qiie snfideute para facilitar ao leitor a ainoadmaçao
mental dos dois iluministas que li8o<^ aparecer jimtos, uma vez mais, no
ideário político-social, como veremos adiante.
Nas cartas 12.* e 13." Vcrnci tratou da Medicina e da Jurisprudência,
que considerava consequências da Filosofia: a segunda, continuação da

Moral; aquela, da Fisica (1). B como a Medicina tem três quartos de Filo-
sofia, isto é, de Gtocias naturais, a Medicina portuguesa estava toda errada,

porque se ftmdamentava na Fisica de Aristóteles. O seu grande autor,


que segue de perto, conforme demcmitTou Salgado Júnior, é Boerhaave (2),
Anos antes, D. João V. ao mesmo tempo que mandava vir livros de Medicina
moderna, por intermédio do Dr. António Ribeiro Sanches, procurara trazê-lo
a Portugal, no intuito de reformar a Medicina (3). Esta orientação foi a
que inevaleoeii na itf<mDM pombalina da lAiivcnidade de CaiDil»a(4).
A
sua iluminada curiosidade levou-o a ler este e outros autores moder-
nos, julgando, por isso, «que talvez tenha estudado mais Medicina e assistido a
mais anatomias, e conversado nuiis dias com os que eram insignes nestas maté-
rias,do que muitos que as professam neste Reino». Adiantando ainda mais
a acusação, ousa afirmar que por cá se não sabia de que cor era a Medicina.
«Nessa Universidade — prossegue Vemei, dirigindo-se ao suposto Professor
coinibcio — sabe^e ainda menos, na Gotte, à força de oonvenar
visto que,
com alguns estrangeiros, têm algumas pessoas aquistado noticias menos
más, que certamente não se ach3o nas províncias» (5).
Também nestes pontos o Arcediago nSo primava pela exacta informação,
se bem que fosse verdade, não estarem implantadas na Universidade, as
ideias que ele defendia, seguindo Boerhaave. O que mais importa, porém,
frisar neste lugar, é que a sua reforma não se encontrava isenta de erros
graves, legundo atesta o historiador da Medicina Portuguesa, Maximiano
de Lemos: «Se mirava a fazer desappareoer os principaes vidos introduzidos
na instrucção e a dar maior desenvolvimento a estudos então quasi compifr»
tamente descorados, é certo que defeitos importantes e do máximo alcance
se encontravam n^ella». Em primeiro lugar, distinção entre Médicos e Cirur-

(1) V, voLIV, 2.

(2) V. vol. rV, 5 e 68.


(3) Te, 474 e P, 275 e 276.
(4) Ver E$tat, 1.» p. liv. Hl e pág. 32.
(5) V, vol. IV, S. — fin C8TU a Muratoci. MSIW, refewse a um doutor de Goii»
bn seu inimigo, acusando-os a todos de impedir que «a nsçlo jSMIsIl imlhrn slglw OOiía
cm seu próprio detrimento». Apud £, III, 29Í,

Copyrighted material
António Gcnucnsc, iluminista italiano, autor dc compêndios
de Filosofia adoptados oficialmente pela Reforma pombalina.
Dr. António Nunes Ribeiro Sanches,

medico judeu, discípulo de Boerhaavc


giOes. Segundo, a pequena duração do cuno médico, oonqMrada oom ò
tirocSnio exigido aos cirurgiões (1).

Na carta 13.^ ocupa-se de direito civil, preludiando a reacção dos


Doutores coimbrflos: <(quc scrift dc mini to mhs mm Coimbraoces houvioem
dizerque um Religioio Capudiinho punha a boca nas Lds7 que alaridosi
Queiimdat! Quedevertimentos? pBxeoe-me que os estou houvmdo:—À Uni-
venidade de Coimbra dar leis em Leis? A uma academia tão célebrei,
qua non in toío clarior orbe micat, vir dar os dias santos? Uma Academia,
na qual, se faltassem no mundo os Digestos, ele, se achariam na cabeça de
qualquer fâmulo; e em que se pode ensinar aos romanos a compor Bulas,
Bieves» e Rescritoe; finalmente, em que as metrnas paredes produaem textos
oom mais fecundidade e bievidade que a hera? Veidaddiamenle, etio
Padre endoideceu, e não merece atençlo» (ÍE).
Divergiriam muito daquele parecer os Doutores dc Coimbra, uma vez que
nenhum se dignou desafrontar a Universidade? Ele diz que o estudante
de Direito começava por um ano de Lógica, que podia ser estudada em
Convento de Lisboa. «Com
isto vai para a Universidade e lhe dio as

fiostitttiçOes de Justiniano, que de estuda pelo MInzio ou outro semelhante.

Acabado este primeiro ano de tnstUuta» (...) dlo-lhe uma ou duas poitílas
das gabadinhas sobre algum tratado particular de Leis, e nelas se empregam
até fazerem Conclusões em uma matéria, o que sucede no quinto ano, se
acaso não teve algum ano de Teologia, etc. No s^^uinte faz o seu Bacharel,
com um ponto que lhe saiu por sorte (...)».

O Arcediago de Évora acusa os Professores de péssimos pedagogos,


que nlo tomam a sério os exames e continua: «Faz Licenciado no saguinle
ano, que é outro acto semeDiante, metade «n Fortngoês; e tomando o grau,
fica capaz de tegiár a Cúria ou Universidade». Em qualquer destas hipóteses,
tudo é corrupção e inutilidade. O Doutor limita a sua preparação a decorar,
o Forense ou Advogado ou Juiz, que passou no exame, porque nos exames
nào huviu reprovações, nào arrecadou bagagem, nos sete ou oito anos, que
lhe sirva para o emprego da iua inofiisio.
A critica 6 dfflnwtiado severa, e nlo basta a sua Bcnsaçao para acredi-
tarmos na coimp^ permanente de uma classe inteira de Professores.
Aqui, porém, como a respeito da Medicina e da Filosofia e demais disci-
plinas, falava o Iluminado, que só aprovava o que ele sentia como impecável.
Também no Direito, apesar de proclamar identidade de pensamento com

(1) nsMrialiiB, D. 247,


CD V, voL IV, 111 e ss.
m
— 200 —
Luis António Muratoii (1), Vemei n&o foi original, seguindo de perto eate
autor, ci^ nome oculte (2). O
FnrfbMor Cabeai de Moncada diefa menno
a eaawver qne «nette ponto (necetaidade de fefonnaa qna enuncáa) qoaie
poderia dizer-se que o Verdadeiro Método de Estudar outra coisa não é senBo,
nSo direi um plágio, mas um decalque ou uma duplicação dos argumentos,
doutrinas e dialéctica de Muratori nos seus Diffeti (de 1742). H o mesmo
poderia dizer com relação também à doutrina que, dez anos mais tarde,
em 1767, o mesmo Vecney havia de apresentar ao Marquez da Fonibal noa
leua rútíááot ncreloa, enviado* de
A Teolofia menceurlhe a carte
Roma (...> ^
do pfcssiqKMto da
14»*. Partindo
inutilidadeda TMogía Eqweulativa, concluía que só a Positiva tinha inte-
resse, para refbter judeus como para convencer descrentes. A Teologia
era uma ciência e, como tal, assentava cm factos concretos, sem necessidade
das congeminações dos Teólogos Escolásticos. Definiu-a no Apparatus
omno a disciplina daa ooíbbb dfvinaa e daa que dinm ittpúío à aiqinema
felicidade do hmueniL A história era chamada como demento essencul
para a resolução de todaa as questões (4). Os Protestantes e os Jansenistas
haviam espevitado os centros teológicos ortodoxos, servindo-se predomi-
nantemente de Santo Agostinho. Jansenismo e absolutismo impuseram-sc
com facilidade nas consciências dos Teólogos que saiam em sua defesa,
convictos da verdade (S).

Vemei entrou goetosamente neste movimmto, nlo faltando quem ainda


hoje repite aacusai de jansnuiite que os contempwâneos da poiémioa
lhe haviam fnto (6). «O iluminismo de Vemey — afirma o P. Domingos
Mauricio — está longe de ser o iluminismo de um Leibnitz ou de um Vico.
É um iluminismo redondamente jansenista, não tanto na austeridade moral
que muitos jansenistas afectavam, mas na sua mentalidade anti-monástica,
anti-romana e anti-txidentina». Para compreender que o seu jansenismo,
nio é apenas antljesuftioo, mas também teolópco, «baste ver a maneira

(1) «...nio necessitava nomeá-lo, tendo ambot bebido na mesma fonte» — diz
flie na CflMwi Mêipoata. «Assim Deus me ane, como é cvto «n ter sempm p—Jó o
mesmo que tu», confessa a Muratori (Cárta de 6-II-745. 4pml B, m, IML
Ver CoDce e £; Veme; V. voL IV, 149 e ss.
(2)
Sotm as mas idatas a nspeito 4e DIrailo GMI e Fclasiirtieo, ver taanblm a
primeira carta que escreveu a Muratori, in E, III, 240-245.
(4) A
Academia Iitlto|íca, ftudada em Coimbra no ano de 174S, mantinha uma
Caddia de Ritos Sagrados e outn de História Eclesiástica, oom Leitor e SUtetitiito em
cada imia (ver Const.).
(5) HistorlaT. 247e2S6:2fit,ae«273,244«2S3.
(6) Uum. 227.

Copyrighted material
— 201 —
eomo ek encara a Bula (Mgenitus, o Breve Animarum sahiti, a prática do
RsBÊgKÊtiiuf. tíb^ elcj^
Acieaoememoa ttàê que ae nlo pode deixar de aoentnar o carácter
ai^diatbiaiio de algumas das suas proposiçOca teoidgicai. Esse facU^ o
método positivo e a critica histórica faziam-no voltar mais para a Patrística
do que para os comentadores da Escola e... alinhar, por vezes, com téologos
menos seguros.
Aa ideiaa m
tupi otm já no KenfadUw Mitoéh ét BÉttd»
e oooaeqpeiile polémica. Apesar de a ma defeia ae poder oouidenur hábfl
e por veaca apoiada em oonceitnados autores, o ataque dos adversários,
nomeadamente dos jesuítas, moslia maior flmdamento e ainda hoje é posafvd
subscrevê-lo nas linhas gerais.
O primeiro opositor censurou doze proposições que atribui à falta de
instrução teológica do Barbadinho, mas apenas nos referiremos a três
que oonsubstaaciámoa assim: 1) Autoridade (proposiçSo 9.*) e infidibi-
lidade da Igrqja (propoaicio 2) Jnrisdiçio da Igi^ (proposicio 10k>).
Vemei escreveu no Verdadeiro Método de Estudar que a autoridade da
Igreja universal, dos Concílios gerais, da Igreja Romana e dos Santos Padres
nasce da Tradição, porque todos estes são os fiéis depositários da Tradição
Divina (1), e que tanto a Escritura, a Tradição orai, a Igreja Universal,
oa Concílios Gerais, a Igreja Romana e os Padres antigos são infUíveis (2).

O P. José de AcaAio (Aisãiio da Fíedade) reponde qoe a autoridade da


IgR^a naaoe de Griato e foi dada a S. Fedro toaiú Gabega da Igr^ e a aena
auceasoies» eadarecendo que, para a Tradição ser legitima e autêntica, deve
primeiro ser aprovada e declarada pela Igreja. Desaprova a distinção de
Igreja Universal, Igreja Romana e Concílios Gerais, insinuando que esta
divisão (foy tirada dos que em França appelarão ad futurum Concilium
oonlra a ^'^^'^^ da Bulla Uiúgenitus) (3).
O Rarhadinlio pretende eae^par-se» atribuindo à Tradiçio admciife o
papel de esclarecer, de provar. Neste sentido afirma que essa verdade
4(sai da Tradisam». A Tradição é a intérinete da Escritura e é quem nos
assegura que a Escritura «de que uza a Igreja» é divina. Mas Tradição
divina, ou apostólico-divina e não «a pura tradisam apostólica ou Eclezias-
tica)» (4). Os fiéis depositários da Tradição divina são a Igreja Universal,
oa ConoUioi Oenis, a Igreja Rmnana e oa Santoa Padrea (5). Todoa alo

(1) V, vol. rV, 282.


C9 V.wLIV, 212.
(3) R«i;i6>17.
(4) R«s» 137.
C9 VȴoLIV,ltt.

Copyrighted material
— 202 —
infalíveis, os últimos quando se observa o consenso de todos ou da maior
parte, em matéria dogmática (1). Como te compreende, porém, qiiie sendo
estes os depositários da Ihidiçlo divina, isto é da pfdavra di^^
derive a sua própria autoridade?
O P. José de Araújo (agora Severino dc S. Modesto) repõe a questão
em termos simples c actuais: A nossa Fé toda sc funda na palavra divina.
Esta palavra divina cousta-nos ou pela Escritura ou pela Tradição apostó-
lica, isto édoB q^dstoloftcoatemporfineos que aprenderam de Cristo algumas
verdades nlo expressas daramente nas Escrituras. A préptia autoridade
dos Santos Padres só é válida na medida em que se ^Nua na Escntura ou
na tradição apostólica, e a dos Concílios, enq[uanto estio em comunhão
com o Papa (2). Avança mais, afirmando que o Papa sem o Concílio tam-
bém é infalível nas controvérsias da fé e dos costumes e condena largamente
os apelantes.
Fica bem dará a oposição das duas posiçOes e hem definido o pendor
de Vemeí para o Galicanismo e Jansenismo.
Sobre a jurisdição dos Pontífices, que se dilatou (nestes tempos), isto
é, depois do século vi, não só sobre os Eclesiásticos mas também sobre os
seculares em algumas coisas (3), chega-se a ter a impressão de que se trata

de simples jogo de palavras. Aliás Araújo distinguiu logo a questão:


jurisdição de direito e jurisdição de facto. A primeira foi recebida de Cristo
e nSo softeu aumentos, enquanto a segunda só se pOde exetdtar, à medida
que a fé se estendia pdo orbe (4). A
reqMSta do Avoediago nio satisftz,
porque coloca o assunto apenas no segundo sentido: «a matéria nlo é de
dogma, é de facto istorico» (5). Mas Araújo riposta, porque não se com-
preende como a jurisdição da Igreja se tenha estendido a mais Eclesiásticos

e até a mais alguns seculares em algumas coisas (6). Esta extensão parece,
de fiicto, respeitar à jurisdição de direito e condiz com a doutrina galicanista.
Msis nftido, pMém, i^areccrta o sen pensamento, nos volumes da tio
sonhada Teologia que queimou. Em carta a Muratoci, confidenciava Vemei
em 7 de Abril de 1745: «Presentemente, enquanto outras preoa^açOct me
deixam livre, estou igualmente escrevendo uma Teologia para uso da mesma
mocidade, de que já tenho prontos dois volumes, não tardando em o estar

(1) Res. 141.


(2) Conv. 510 e st.

(3) V. vol. V, 14.


(4) Res. 17.

isi Res, 140.

(I) Conv, 528.

Copyrighted material
— 203 —
também o terceiro (1). Quanto a esta, porém, procuro dominar-me para
a nio pubUear aeoio peiftita, gntvbifana e, o que pan mim mais vale, com
autxnidade)». Começava pda hiitária da Teologia, que veio a publicar em
volume, juntamente com a da Filosofia Appantíta — — porque, como escre-
vera no Verdadeiro Método de Estudar, «a primeira coisa que deve fazer
o estudante que entra na Teologia, c estudar em breve a história da Igreja:
primeiro, a do Antigo I estamento; mas especialmente depois de Cristo
com A hiftériacívil»(2).
Gomo já vimos, a histãria que a «prevenir a
redigiu, destínava^se
mocidade portugueza contra as inépcias de alguns que, com muitas mentiras
e grave terror pfinico, a querem impedir de aprender uma sólida Teologia
e de se desviar dos métodos e das teias de aranha dos Escolásticos» (3).
Na carta que escreveu ao Marqucii de Valença, em 11 de Abril de 1748,
revela que a obra planeada ocuparia doze volumes, e expõe o seu programa
neste capitulo. 4A prindpal i<ifiwfM««i^ qm a&sta os principiantes da
Te(dogía e impede que mal entmdam o que sega Teologia, reduMe ao fiMto
de a separarem da histdria» quer Sagrada quer Eclesiástica. Isso levou-me
a pensar num sistema em que cada dogma fosse conduzido a partir da própria
história da nossa religião: com o qual a explicássemos aos nossos e a defen-
dêssemos dos inimigos.
E como as três inimeiras categorias, neste e no último século enoon-
traiam patronos qne, oom gnmde apanrto de disciplinas e esquisita e lecdndita
erudição se wííffrçwnim e pnsentemente se esforcem por impdr aos povos
os mesmos delbios, com grande prejuízo da nossa rdigílo, dUigendaiemos
destruir a sua audácia e imprudência».
Permanecendo inalterável na posição iluminista, não consegue esconder
o pouco afecto que consagra a S. Tomás de Aquino, como se documenta,
por exemplo, oom vários passos do Verdadeiro Método de Ettudar: «DiBei
a um Tomista que a Suma de S. Tomás nlo serve nestas eras. Acabou^
tudo! Faz-se logo um processo criminal de religiio» (4).
Na falta do compêndio teológico, é de interesse conhecer o esquosm
que ficou na carta dirigida ao Marquês de Valença:
Começando desde o princípio, convenceremos primeiro, contra os
I)

ateus,que Deus existe, expondo diligentemente os argumentos que se tiram


da MetafUca, regeitando alguns. Aduziremos também os mais sdlidos
qne se tomam da Física; poremos a daro e desUiiiiemos as fidádas dos

(1) Che>Diuatercompwtot «ei»tomoeeinoitavo(Ctotaao P. Aaewde. JiiB,III,427).


(2) V, vol. IV, 271.
(3) Carta a Muratori. 7-rv-745. in E, III, 25JA
(4) V, voL IV, 287, 235, 247, 259.

Copyrighted material
204—

ateus. Depois, demonstraremos, contra os poiitrtttas, que há vm a6 Deus,


diqMitaiido acerca das cansas e desenvolvimento da idolatria.

Isto ooostitni o primeifo volmne ou tomo.


n) A seguir provaremos que Deus é perfeitíssimo, isto é, simples,
livre, imutável, bom, santo, infinito, imenso, eterno, inefável, incompreensível,
omnipotente. Defendê-lo-emos, contra os adversários, com firmissimas
razões.
III) Que Deus, apesar de iilo aeoestítar de ningiWim, criou, wcm qual-
quer ocaoclo, o inundo, o aiQo, o homem. Ai diiemoe, dm dbca doa
aeb dias oontra os defensores da eternidade do mundo ;2.<*, doa aqjoee da sua
inocência e pecado ; 3.°, do primàro homem, tanto no estado de inocente oomo
de pecador e das consequências que daí provêm.
IV) Como, porém. Deus não só ideou o homem, mas também o des-

tinou à visão beatiiica, tanto num como noutro estado, dissertaremos a esse
leqieito em quarto lugar. E aqui, aoeica da eterna Wicidade dos justos:
da resolução elenia do piémio ou do castigo. Finalmente, disontiremos
do governo do mundo, contra os deistas.
V) Deus, porém, não só destinou prémio ao homem, mas na verdade
ajuda-o a conseguir a felicidade eterna. Esta será a parte principal deste
livro. E em primeiro lugar, da graça de da pie-
I>eus, e seus distribuidores ; 2.°,

dade e santidade do homem; 3.<>, das acções com que se nterece a visão de
Dena; V> àu acQOes que sio dignas de mârilo ou demérito; Sfi, da regia a
que se avaliam as aoçOea humanas —
a consciência; 6wS da regra exienia

du mesmas leis de Deus, de Cristo, da Igreja, do Magistério univeml;
7.^ das virtudes infundidas por Deus; 8.°, das fontes das virtudes morais;
9.*, dos vícios opostos que pudermos dizer breve c claramente.
VI) Mas também Deus — com
o que ajudará ao homem por dois —
modos lhe manifestou que queria ser por ele adorado e receber culto: pela
lei natural e pela palavra divina. Será, pois, a primeira disputa acerca da
lei natural e das gentes, do licito uso dos magistérios, dos impostos, da
guerra, do estado conjugal. Depois, doa preceitos dados a Adão, a Noé,
a Abraão e como que de mão em mão guardados até Moisés.
VII) A seguir, mostraremos que Deus deu a Moisés com o que pre- —
parou e ensaiou com tanto trabalho os espíritos para o advento do Mes*
sias —os mandamentos naturais e sagrados que anunciam os fhturos;
que mostrou aot Profetas o advento de Gristo e a Imagem da Ignga. Por
isso, neste higar dissertaremos acerca da autoridade divina do velho Testa-
mento.
Em 1747 dissertou acerca da união da boa Filosofia com a Teologia,
perante selecta assistência, na Academia Teológica da Universidade Romana.
Era o insistente tema da sua predilecção, que elegera por convicção. Defende

Copyrighted material
— 205 —
a Teologia que desjntza a Filosofia aristotélico-escolástica, poi« só ela serve
paia oonfirmar ot decretos da Fé e, ao mesmo tnaiK», sabe reqKmder aos
ImeBcs^ com os mffTniTf myrnient^ deies» Esta Teologia é aquela que
estuda línguas orientais, história e textos bfblioos, utiBwmdo uma boa Lô^ca,
e uma sólida Física (1).
Quanto a influências sofridas, torna-se um pouco difícil defini-las.

O P. Isla propõe uma obra: «os seis livros que cm 1700 publicou João Owen:
De Natura, Ortu et StiuUo werae Jheohgiae»{2). Francisco Javier de Santa
Cna y Espejo indica Doptn e Simon como os impindon» da Teologia ver-
Por outxo lado, Vemeí recomenda Pedro Luís Danes, Luis Abdly,
neiana (3).
Gaspar Juenia (Juvenino), LuSs Habert(4X e o P. Berti, angustiniano, entre
outros (5).
Na 15.* carta disserta sobre Direito Canónico, esclarecendo igualmente
que, se tem pontos de contacto com o Direito Civil, também se deve consi-
derar «uma ooftseqninda da Teologia». Na lefinida carta ao Kisrquls
de Valença anunciava que era sua intençlo juntar e explicar «a excelente
e útil parte de um e outro Direito» com a Teologia. Continuando a diri-
gir-se ficticiamente a um Professor coimbrão, sentencia perentòriamente:
«V. P. bem sabe que o método de ensinar Direito Canónico nessa Universi-
dade é pouco diferente (ainda que pior um pouco) do Civil. O primeiro
ano passa-se com as Instituições de Justiniano, se é que as abrem. Depois,
devem frequentar algum tempo as Leis Civis. Daqui passam para as esedas
de Cinones, e estudam uma ou duas postflas triviais dt Ckrieo Venaton,
ou de Voto, etc. e, no quinto ano, fazem conclusfies nelas. Depois» Badmel
e Formatura, pelo mesmo método dos actos em Leis; e pode formar^e em

Direito Canónico ou Civil, segundo lhe parece».


Repisando a inutilidade de semelhantes estudos para a vida prática
do advogado, Vemei admirarse «que nio haja um único homem que fefHeta
nistoe reconheça quanto tenqpo perdeu, indo à Universidade por este estilo».
E dta autores modenios que noa costa a crer que nio fossem conhecidos
pelos Professores Universitários. Mas por que nSo deviam dar entrada
em Portugal, obras como a Bihliotheca Júris Canonici, de Justello e Moello;
as Pandecta Canonum, de Beveregi; o Codex Canonum Ecclesiae Frimitivae,
do mesmo, e tantos outros de idêntico género?
Fedíamos aqui a perspectiva da mensagem vcmeiana, defendida por

(1) Coiú, IX.


(2) I&tMaP, 189.
(3) El Nuevo Luciano dê QhIêo, Qntto, 1943. Giado flm Be, 227, nota.
(4) V, vol. IV. 112.
(3) Res.. 106 e 130.

Copyrighted material
— 206 —
meio dos manífestot do Vaéadetro Método Je Eitudar, carta ao Marqnte
de Valoiça e Onçio profoida na Academia univeisitária de Roma,
e exemprâcada ou ooncntizada em parte, por meio doa oompêndkM
De Ortographia Latina e Gramática Latina. Gramática Grega e Hebraica.
Apparatus ad Philosophiam et Theologiam, De Re Lógica, De Re Meta-
physica. Podemos já concluir que, entre medidas acertadas, como o
estudo do Direito Civil, da História da Igreja e da Geografia antiga e a
exig6iida de uma crítica seveca ao que
ao que ae escteve e ao qine ae
se lê,
se diz, Vernd defende ao menos em toda a exteosBo
princípios inadmissiveis,
em que ot apresenta. Lembramos, por exemplo, o de que «nSo há diferença
alguma substancial» entre o Canonista e o Teólogo Moral (1).
A análise das fontes ncga-lhc o direito de originalidade de ideias ou
de planos, reduzindo afinal o pedagogo teórico a erudito de vasta e inteligente
leitura. E é neste aspecto que o Arcediago merece os maiores elogios.
Leu nniito, Pcf isso, foi violmto^
procurou asalmilar os melhores autores.
lemo e iujusto. pofém, sio defeitos que ressaltam à ifftmeira leitura
Isto,

de suas obras e fàcílmente se podiam tomar em oonsideraçlo, ao ajuizar


dos seus méritos. Mas, sobretudo foi um iluminado, que escolheu o caminho
que se lhe afigurou óptimo e mio tolerava que se seguisse outro. É este
o seu grande defeito, o que mais escandalizou, juntamente com a irreverência
de tratamento usado para com as figuras mais respeitáveis do seu tempo
e da histâria literária portuguesa.
Estes seníSes tiveram, porém, o oondio de semear, em mais laiga escala,
as ideias iluministas que borbulhavam na Enrofia. Pombal como veremos»
secundou oficialmente este movimento, mas dispensando-lhe os serviços
no momento de maior interesse —
o da reforma da Universidade. A falta
de apoio do governo de D. José, levou-o a escrever aquelas desoladoras
palavras da carta ao P. José de Azevedo: «Emfim Deos nlo quiz que eu
iluminase a nosa nasám e eu me conformo oom a sua vontade», irmis daque-
loutras enviadas ao irmfto Diogo, na hora de fazer o testamento, juntamente
com alguns exemplares dos livros da polémica: «bto é a única coiM que
ficou da dita matéria» (2).

Sobre os contraditorcs dos seus planos, — alguns censuraram-no mas


também perlilarum a seu lado, louvando-o incondicionalmente em cer-
tos pontos,— apenas fiuemos breves leflexfies, porque a leítun dos nomes
com os reqwctives pertences, elucidam suficientemente o leitor. 1410 marcap
remos a posiçlo de cada um, por desnecessário. De uma maneira geral.

(1) V, vol. V. 27.


(2) Ver no Apêndice Doe. W cattaa das últimas disposições.

Copyrighted material
— 207 —
pode dizer«8e que todos se escandalizaram com o tom irreverente da critica,
nenhum aderiu por completo às suas ideias, mas alguns discordaram tanto
do «Baitedinlio» como doa impugnadoies jesuítas. A reqieito da insubsis-
tência da cfftiea destes» por inferior nfvel dc cultura, como por vezes se
pretende, apenas diremos que a maior parte da bibliografia que Vemei
citava, era conhecida em Portugal. Simplesmente, a posição cm que cada
uma das duas partes mais cm foco se colocava, e que os diversificava,
toRKKHW iMtiiiiiliiMBlie^ intooÊUitíM», Jesuftas como os Padres José de
Aiaiijo, Raadsoo Duarte, Manud Marques e João Mofitanha, em Portn«
gal; Joio Fniidsoo de Isla, Antdnio Codorniu, Gatakyud e Tomás Saxsno

em Espanha não se podem taxar de retrógrados, ignorantes ov mal
intencionados, só porque contrariaram Vemei ou seja fácil colher, nos seus
esoitos, conceitos menos progressivos. A sua critica enferma dc pontos
fracos — todos os sabem ver — mas a medula da posição que defendem, a
e a teologia escolásticas, ainda hcge sSo perfeitamente aceitáveis, e
filosofia

elesnlo devem constituir, para o critico isento^ os úokot paradigmas da


cuitnm de uma Instituição de Ho nobres pergaminhos.
O P. José de Araújo, de que temos falado mais dc uma vez, surgiu primeiro
com as Reflexões Apologéticas (1748), a que Vemei ripostou com a Resposta
às Reflexões Apologéticas (1748), todo ufano, por lhe parecer fácil esmagar
a ignorância de Fr. Arsénio da Piedade —
o pseudónimo em que se escondeu
oinadano. A tr^dicanlo se fez eqwrar,masjá mim nfvd superior, a ostentar
emdiçio e mais razoável poder de argumentaçSo. Denominava-se Conver-
sação Familiar (1750) e vinha assinada pdo P. Severino de S. Modesto.
O Arcediago notou a diferença e atribuiu-a, na contradita, nSo a um. mas a
vários jesuítas: «Quando vi a grandeza deste papel e me explicaram que
certas pessoas doutas, que nomearam por seus nomes, e a quem eu linda-
mente conheço, escolhidas com grande reflexAo, e confusas per modum unius
Cpecdoai>nie a eaq^cessio, que é da esoda) conqnmham um P. Modesto (...>.
Intitulou o seu opúscnlo de l3ltima ReqwstaO).
Paralelamente desenvolveu-se a disputa com o P. Francisco Duarte
que alvejou o Verdadeiro Método de Estudar com o Retrato de Mor te- Cor (1749)
e a Iluminação do Retrato de Morte-Cor (1751), a que o Arcediago respondeu
com as Advertências ao Impressor (1751).
Fulminando exduaivamente o De Re Lógica apareceu ainda Purfvr
Logfeae Veraeíaiiae (1752), do jesofita Mimiid MRrques, a que Veniâ alude,
de passagem, na dedicatória aos jovens portugueses do De Re Mett^^
Sica (17S3) sem, no entanto, lhe menciaaiar o nome pCV-XIX). Aooitua

(1) U1.40.

Copyrighted material
— 208 —
que os tempos que correm não se compadecem com respostas a semelhante
etpéde «k oporiterci, trimoMinefite ariitotéBcot, mas na verdade, dcfemowt
da Filosofia metafísica.
Poderíamos esquematizar assim as leqMstas de Vemei aos jcsuitu e
opúsculos que estas provocaram:

Verdad. Método de Estudar -* Reflexões (1748) Resposta (1748)


(1746) -^Conversaçflo Familiar (1750)-» Última
Resposta (1752).
Renato de Mòitecor (1749)-^FlnBcer
(1750) Huminaçao. l* parte (1751)
-••Advertências (1751).
De Re Lógica (1751) -» Furfur (1752)-*- De Re Metaphysíca (1753).

Os também saíram à liça, impugnando Vemei, em questfles


Qratoriaiios
litcfiriasque Ibes eram muito queridas. O P. Mamid Monteiío, que vi»
alvejados pelo Barbadinho os seus EhgU» do» Meis de Portugal (l\ drfen-
deu-se na nova edição de 1749. Apareceu entio a Carta de um Filólogo
de Espanha (1 749), a que ripostou o P. Francisco José Freire, que pela primeixa
vez usou o pseudónimo de Cândido Lusitano, com a Iluminação... (sobceos)
Elogios lapidares (...) e sobre o Bom Gosto na Eloquência (1750).
O António Ptieiía de Figueiredo também o contradiz com uma
P.
Carta a ie^>eito dos Equívocos (1751). Aos dois ilustrados Ontorianos
respondeo Arcediago na t^/r2maile^p0ffta(ieqieelívamente §1 e $2 da Mparte)
(1752), com a mesma ironia que empregava quando olhava superiormente
por cima do adversário que considerava despido de mais recursos. Os jesuítas
também não gostaram da resposta de Freire e intervieram com remoques
na 2.* parteda iluminação Apologética (1752).
Os Branriscanos finam rqicesentados no prélio pelo ftituio Aioebiq[K>
de Évoca, I^. Nfanuel do Genicnlo, que julgou sen dever sncwmdar o P. Fran-
cisco Duarte, na defesa de Raimtmdo Lulo. Mais tarde apareceu em Espanha
o P. Fr. José de S. Pedro de Alcântara Castro. Dos Beneditinos apenas
consta o nome de Fr. José de S. Miguel. Dos Cónegos Seculares de S. João
Evangelista, Francisco Bernardo de Lima. Fora das Religiões surgiram
vários contraditores, fixando-se geralmente em questões particulares. É o
caso do médico António Mdoco da NdfaiegB, cavaleiro professo da Oídem

<1) ÉmfNiBMa l.«edlplo,ap«i«idaan 172SeaninciiidausGtaMd^£Í*^


8-VIII-726. Tttocéario dwcoahece «ita fm prrwllir
i
Sobra o pmm> de Vemeit ver
V, voL IO, 2M.

Copyrighted material
— 209 —
de Gristo, fiuniliar do S. Ofkío e médico na Corte; de Miguel Maurício
de GurvaUiD, Dr. José da Costa Leitio, P. Màmiel António Castdo-Branco,
Luis Borges de Carvalho, FQtpe José da Oama, José Caetano^ Flcancisco
de Pina e Melo, António José Guedes Pereira Valentão, P. João Baptista
de Castro, Cavaleiro de Oliveira (1) e dc D. André Piquer em Espanha.
Todos estes autores concordavam na necessidade da reforma das tetras e
das ciências, mas nenhum se declarou partidário das ideias vemeianas em
absoluto.
Destinada muito embon, a priocfpio, ao âmbito nacional, Vecnei poisava
que a sua obra servia para qualquer parte da terra,porque estava convencido
da sua prioridade de bom compendista. Interessava-lhe, por isso, provocar
os bons olhares dos eruditos da Europa. Com esse fim, começou por contac-
tar com Le Journal des Sçavans. enviando em 1752 uma carta, de que ainda
não vimos referência (2). António Teixeira Gamboa, que os jornalistas sábios,
dez anos mais tarde ravdam ser pseudónimo de Vemei (3X dirigB-se nessa
data «à Messieufs les Anteurs dn Journal des Sçavans», por meio de um
manifesto que resume as linhas essenciais do Verdadeiro Método de Estudar,
sem deixar de vincar a «ignorance invétérée» e o «pédantisme immémorial»,
que atropelaram o bem intencionado esforço de «fiurc naitre dans sa Patrie
les lumières et les talents qui enrichissent des climats plus heureiu».
Cremos tratar-se da primeira da sua mensagem,
tentativa de divulgação
no na forma em que há-de ^Mueoer anos
Estrangeiro, que terá sido enviada
depois, no Essedsurks moyens de rétabUr ks Sciences et Us Lettres en Porti^,
aãressé à M, M, ht Auieun du Journal des Sçavans (4). A carta a que nos
referimos será, porventura, um eactracto feito pek» próprios jornalistas
parisienses, como eles próprios aliás revelam
«La Lcttrc dont nous donnons Textrait» (...) nous est adressée de Lisbonne
par un Portugais» (5).
Mandou tanibém os tomos do Curso FOosâfeo aos princ^Mis jornais

(1) o Cávakiro de Oliveira, qiie conheceu Vemei através da Synopsis editada em


Psru, no ano de 1762, expôs nestes termos o qvw pensava do iluminista português: uSaa
jugement est sain, sss voes sont bonnes ses oonnaiwanoes MOt étendues et belles, et son
érudition est immensc». A nação portuguesa bem pode pcrdoar-Ihc o zelo demasiado
ardente e i^Hoveitar o real valor desta obra>». Também cie sabia do estado da cultura por-
tagona e oambanva iooondieionalmente ai acoMçOet do Baibsdfaiho (Artígo do JourasI
Encyclopédique. í." Juin 1762. Apud Prot, 277 e 361-6).
C2) Em 1758, um outro portupiês, José Joaquim Soares de Barros e Vasconcelos
SB lii-de dirigir ao mesmo Jornal, aofan a«anto muito dhmio (Ver Bibfiogr., o.* 489)
(3) Ess, 156.

(4) Ver Bibliog. Verneiana.


(S> Publicamo-la na íntegra no Ap. Doe.

«4

Copyrighted material
— 210—
literários de línguas românicas, com exclusão, é claro, das Mémoires de
THfoia: O Aj^aratus, o De Re Lo^ea t o De Re Metag^j^ea ao JcwmU
des Sçavans de Ftaiiça(l), Olomab de Letteratí itoma(2) A
As Acta
EnMorum I.ipsiae (3). Conjuntamente redigiu a noUda que podia ser
aproveitada, facilitando trabalho aos redactores. Tirou separatas das
recensões publicadas no «Giornalc deXettcrati» : Estraíti dclle due opere
iníiíolaíe Aloysii Antonii Vernei De Re Lógica et Apparalus ad FhUosophiam
et Theologiam (Roma, 17S3) e Estratto dÊ^Opva òitítútata Aloystt AnUmU
Vernei Eqidtís Torquati AnMaand Ebaraisb De Re MeU^/galea
(Roma, 1753) (4).
Nesta ocasião ainda os Pagliarini eram pessoas amigas e não tiveram
dúvidas em tirar separatas de recensões publicadas no seu jornal, de livros
quase todos impressos nas suas oficinas... Mas quando estalou a calúnia
a que aludimos noutro lugar, Vemci viu-sc obrigado a estampar em folheto,

a recensão áo De Re Physka, que nio quis imprimir nos Pa^wrini. Den^lhe


o tftulo de Lettem seritta ad m
Lettwtto Toscano e íB-la sair em Uvomo (7),
no ano de 1770(5).
Dentro do mesmo plano, oferecera antes a Censura à Biblioteca Lusitana
ao Arcebispo Bórgia (6), cremos que a Facciolati (7) e a Muratori, se acaso
se trata da mesma obra que um amigo lhe publicou sem seu conhecimento (8).

A observação de Vernei de que ignorava a impressão do opúsculo, era de


molde a ft de Bórgia, que o oemuroa pda forma
evitar resposta idtetica
como o benemérito Abade de Sewr. Também em 1746 enviou a
critica
Faodolati a OrU^qfia Latina^ que «paneis ante dicbus (...) \ulgavimus»
e, no entanto, aparece com a data de Xll Kal. Dec. 1747 (em «Typographus

lectori»). Também a ofereceu em 1747, depois da aprovação do gramático


Facciolati, ao Arcebispo Bórgia. De Conjungcnda Philosophia cum Theologia
é remetida em 1746 ao Arcebispo, não obstante trazer na portada a indicação
de 1747 (9), e depois a Mmatorí (10). Em Miaio de 1748 oferece as inscriçOes

(1) Jou, 1752. p. 402. 439.


(2j Gio, 1753. p. 90. 172 e 337.
(3) Act, 1754» p. 549, 555 e 1759, 11.

(4) Ver Ap. Doe.


(5) Publicamo-la integralmente no Ap. Doe.
(O Guta do Afoebiqio. de «•D&4&
(7) Carta de Vernei, íS-Xn^AS.
(8) Carta de Vernei, de 24-Xn-46.
(9) Caru de Bórgia, de 1-1-47. Julgamot que o focto M
explica com a mesma ati-
tude, já conhecida, do nduneter ot seus eacritoi afoia em provM, a aiiravaçio dos doDk«,
no intuito de porventura utilizar alguma obsenfifilo quB jolpaie pwrtinãute.
(10) Carla dc Vemci, de 29-1V-47.

Copyrlghted material
— 211 —
latínas a Muratorí(l) e a Bórgia(2). Em troca, recebia, naturalmente,
algumas obras destes eruditos, como aliás consta da mesma correspondlnga.
Esta permuta de obras «tie «otoies, nada tem de estranho, o que já nio
acontece com as reoemOes elogiosas aos seus próprios escritos. Mas ele
defende-se, de algiim modo, quandci observa a Pombal: «Parecerá a outrém
impróprio que eu fizesc uma Apologia a este mco escrito (Gramática Latina):

mas V. £x.* que, com uma superioridade de talento inemitável olha para
as coiasas no soo verdadeiro ponto de vista, e ai estima como mmoem, conhe-
cerá muito bem que isto em mim nflo é ostentasam, mas é informasam e
é finlar-lhe com aquela sinceridade que eu costumo» (3).
Atribuimos-lhe a autoria dos Estratti e da Lettera, não só por fazerem
parte das obras do autor, enviadas para Lisboa, depois da sua morte, como
sobretudo pelo facto de a estrutura das suas recensões ser sempre a mesma:
exposição do conteúdo, em resumo íiel das ideias fundamentais e das próprias
cartas-prefádo ou dedicatória, seguido ou entrelaçado com os elogios mais
rasgados, em poucas palavras: «chiaramente appaiiaoe (...); e ae dà un ghidizio
aocurato (...); quale sentenza vieike dal nostro autore dimostrata con sode
ragioni (...); Osserva il nostro autore con somma perspicácia (...) L'autore
mostra in quest 'opera possedcre a fendo la matéria, cd avcrc i datti necessari

per potere insegnarla (...) Questo argomento vien dall^autore trattato con
un*ordine nuovo ed interessante (...). Quanto vasta sia questa matéria,

h) vede 08d*uiio: ma oon qiuanta bcevità venga trattada dal nostro Antorsi
senza mancaxe al necessário, S(do si può comprender, l^gendolo».

Com esta propaganda bem lançada, Vemei conseguiu mais do que cabia
na sua expectativa. Segundo ele próprio refere, o De Re Lógica foi adoptado
em muitíssimas Casas Religiosas. Cita o Colégio Real, o Efébeo Régio e
«outras escolas» em Nápoles; os Teatinos no Seminário Pontifício e noutros
lugares, até forade Itália. Para mais convencer, sublinha o facto de 08
censores romanos que Kptcfvmm os seus livros, toem frisado a piedade e
firmeza das afirmações dele, autor, e revda já que a Sagrada CongregaçSo
do índice pôs a obra do seu censor português, entre os livros proscritos (4).
Fr. Fortunato de S. Boaventura informa que Santo Afonso Maria de liguori
aconselhou o uso da lógica verneiana nos Seminários episcopais (5).

Não admira, pois, que no caminho da glória tivesse topado o opositor

(1) Carta de Veroei. de 21-V-48.


(2) Carta deste, de 23-V-48.
(3) Carta a Pombal, de Siena, 21-Vn-68.
(4) Re M, XVin.
(5) Po. 205.

Copyrlghted material
— 212 —
italiano que não concordou inteiramente com as suas ideias. Partiu ele
de um Instituto Religioso em que o Arcediago contava alguns amigos, porque
tanibém caminbavam mi vanguarda do progresso. O P. Urbano Tosetti»
aérigo da Congr^BçSo das Escolas Pias, Professor do Colégio Nazareno»
sentiu-se alvejado por uma referência que Vemei fez a alguns modernos
no De Re Meíaphysica, no capítulo que trata do simples e do composto, do
todo e da parte: Aliqui Recentiores clarissimi (na 2.^ ediçáo, já depois desta
pequena polémica, emendou para gravissimi), apesar de afirmaram ler impoa-
sfvel formar um corpo extenso, de inexlnsos, julgam poder subsistir râmil-

tâneamente a extenstto e a sinq)licidade. E por isso, defendeu que os primeiros


dementoa dos corpos slo substâncias simples e extensas. Se se lhes per*
guntar a ra/So, respondem n3o entender como seja possível estarem infinitas
partes numa e pequeníssima parte da matéria. Consequentemente, riem-se
dos cartesianos e newtonianos e outros que sustentam a divisão in injinitum (1).

A polémica i volta dos indivisíveis de Leibnitz, que Vemei nlo


gira, pois,

admite por nio os poder oonod)er dentro do conceito cartesiano e newtoniano


da matéria. Estende-a naturalmente à natureza e situação da afana no coipo,
que também constituíram matéria de discussão.
Nas teses a que presidiu em 1754 De societate mentis et corporis
Disputatio, Tosetto apresentou a sua defesa em termos que muito desgos-
taram o nosso iluminista. A com um folheto
resposta não se fez esperar,
raro, de 50 páginas, que atribuiu a Isidonts Bachettus, Romanos Philosophus
ac Medicus (2). SupOe que Isidoro é um amigo seu, frequentador da sua
BiUioteca, que não tem à mão o De Re Metaphysica, mas se lhe dirige a ele,
Vemei, a perguntar se quer refutar Tosetto... Admira-se da atitude deste,
porque o Arcediago não o cita, é amigo de vários membros das Escolas
Pias e sabe que nessas escolas se servem dos seus livros didácticos. Vemei
teria respondido que não estava disposto a perder tempo com ninharias e
que, se Tosetto cometeu a falta sem intenolo, tomavapte isso à conta de
amizade. De outra forma, iosMo é práprio do meu ftnimo vingar iqjúiias
com iiy^iiias». Bachettus adiou prudentteimas as palavras do amigo,
maa não foi capaz de imitar a sua brandura, porque tinha razões para sair

a defendê-lo. E assim prossegue, no mesmo tom de artificio e ironia que


tanto estimava.
Cremos que a polémica se reduz aos três escritos apontados: o De Be
MeUp^^ska (1753X ^ Societate Mentis humanae (17S4) e à resposta de

(1) Re He 183, nota.


Cinco exemplares faziam parte do espólio de Vemei. enviado VÊO, FoftHgd
(2)
depois da sua morte. Veodia-se em Lisboa, em 1757 (G, 17-X1-757).

Copyrighted material
— 213 —
Vemei: Isidorí Badtetti Romani Phihsophi ac Metbei m hemn quendam
Dt^ulatíe^deSodtíaUMaitísttCerpmrlgi...)AKim^^ 1755(1).
Nlo foi este o únioo opositor que encontrou na cidade dos Papas.
O i»óprío Bachetti regista que a Metafísica vemeiana topou adversários
não só entre os antiquados, mas também no seio da família modemizante.
O Apparatus trouxe-lhe, porém, muito maior desgosto. O P. D. Próspero
de Áquila, da Congregação do Monte da Virgem, Professor em Nápoles,
entre iráiiu ofaias que vulgarizoa tm ittUaiio, deurw to trabalho de trap
duzir do firancês, o Dictiowtaire de Théohgie e apôs-lhe um Discorso
Preliminare in ad si daOa Creazione dei Mondo
tesse la storta delia Teologia
fino à nostri tempL Simplesmente, este Discorso não saiu da pena «dei
Padre Abate D. Prospero delPAquila», conforme se lê no rosto do Dizionario
Portatile delia Teologia, mas é a tradução, ao pé da letra, da história da
Teologia de Vemei que constiiui parle do Apparatus ad Fhilosophiam et
Thãoto^Um. O de al6 as notas midítas ^laieoeram
plágio chegou ao ponto
traduzidas como le fossem do
Quando se verteu na nossa Ungua o
italiano.
referido Dicionário (2X houve o cuidado de suprimir a história, apesar de
a tbidução se ter efectuado directamente da edição de D. Próspero.
Corria o ano de 1761, quando o 1.° volume do Dizionario apareceu
em Nápoles, mas Vemei não soube logo do sucedido, uma vez que apenas
em 1763» presso António Zatta, in Veneza, surgiu o folheto de 16 páginas
que tnoia o titulo de Suppltmemo alT. I ád JXzknario theologlat fòrtattle»
tnubtto dd Rponeae ndTIta&mo dal P, D. Prospero deWAq[ittía, etc
^bp(ries, 1761, presso Ben Gessarí.
O autor do opúsculo (isto é, Vemei, como então se disse) narra o que
aconteceu c, com a aparência de defender o P. Áquila, denuncia-o «não só
como solene plagiário, mas ignorante. E fingindo atribuir ao copista
(o P. Áquila não teria feito mais que copiar...), releva tais errosna tradução
que só um oopista pouoo inteilgeate oometnia. Finahnente examina
alguns acrescentamentos que aditou notexto, e salienta outros graves
defeitos. Em suma, nunca vi mais dura e inteligente sátira do que esta» (3X
Por mais diligências que fizéssemos, não conseguimos encontrar em Itália

nem nas nossas Bibliotecas o precioso opúsculo, que também foi remetido
para Lisboa (4).

(1) Sobre Toseto, ver Ind, Sto.


(2) Onn i wnoi
l iin m sofaiatw ediç6es itdiaiMs: Nlpoks, 1761, 1776, I84S.
Veneza. 1768, 1775. 1776^ im FectiisBBsn: Lisboo, 1795 «1803.
(3) Me, 98- 99.
(4) Ver Ap. Doe.

Copyrighted material.
—214—
£ é tudo quanto sabemos do êxito e infortúnios da obra de Vemei pof
terras de Itália. Mas estamos cooveoddo de que fica muito por invettigar
a este xeapeito.
A influência em Espanha e países de Hngua espanhola já é mais
conhecida. Também no País vizinho o Verdadeiro Método de Estudar
começou por ser livro de contrabando, como informa o P. Isla(l) e. por
isso, não andava muito divulgado, antes da versão do advogado D. Maymó
y Ribes, Doctof cu Sagnda Theologia, y Leys, que o puUiocm em quatro
Ydvmes, em Madrid, no ano de 1760 (2X Antes, porém, safa em soa defesa,
contra o P. Isla, com a Defensa dei BarbadiHo en obsequio de la verdad
(Madrid, 1758). De 17S8 a 1760 divulgou o oratoriano Vicente Calatayud
as Cartas eruditas, dirigidas a D. André Piquer, com o pedido de O ^^*iliyr
a rebater «algunas de las proposiciones» do Barbadinho (3).
Não se pode concluir do apelo, que já sc la sentindo a influência dc
Vemd em Eqwnha? Na carta de 3 de Dezembro de 1738 reftita pontos
filosóficos do «Barbadifio», a propósito de certas mehuões que se defen- O
deram na Universidade de Val6ncía, onde reinava a Filosofia anti-peripa-
tética ou ecléctica. Este terá sido um dos primeiros focos da sua influência
em terras espanholas. Por isso, sem desanimarem, Calataynd, na carta de
10 de Janeiro de 1760 volta a enfrentar Vemei, agora como teólogo.
André Piquer, autor de uma Lógica em que responde ao apelo de Cala-
tayud (Madrid, 1771), nfio se deve enumerar entre os possíveis influenciados.
O panddismo que se possa surpfeender entre a sua obra e a de Vemei, talvez
nio denunciem mais que identidade de fins e de inspimcio, a deqwito da
opinião em contrário de Robert Ricard (4). Em 1745 publicou Piquer
um Compendio dc Física moderna, seguido dois anos depois, da Lógica
e, em 1775, da Filosoila Moral. De 1754-66 divulgou a Praxis médica:
em 17S7, o Discurso sobn la aplicación de la filosofia a ha anaiioa dg religion,
para la finentud eaptOola, e em 17Ó2, as bistítutíams MetBeae,
A influência em Espanha, apesar de tudo, parece que foi grande. «Après
Texpulsion des jésuites, les oeuvres de Tarchidiacre portugais se popularísèrent
dans les écoles de Castille» (5). E perdurou, a avaliar pelo numus-
crito 1215 da Biblioteca Central de la Duputacion dc Barcelona, que contém
a «Explicacion de la Lógica de Vemey segun uso de la cátedra (de los Estúdios

(1) HUtóriaF.
<2) VenL
(3) Cartas E, Fcver. 1759, p. 16.

(4) Prob, 349. Ver também HiitoriaH. V. 279.


(5) Regn, 111, 328.

Copyrighted material
— 215 —
Reaks de S. I&idro), regentada por el Sfi' D. Manuel Travcso aâo de 92
y 93» (1).
Quanto aos países de língua eqMahola, Robert Ri^aid assinala 4d*én<»me
influence dtt Verdaddio Método». Sabe-se, com efeito, que na l^Uoteca
de Hidalgo, um dos principais obreiros da independência mexicana, existia
o Verdadeiro Método de Estudar na traduçilo dc Mayniò. Parece mesmo
haver influência do iluminista português, na obra que escreveu em 1784:
IHurtadán sotn el méaAro miukb para esimBar teologia ueoUitlea,
Também na Biblioteca de D. Nicolas Vldda dei Pino se encontrou em 1802,
o método do Arcediago eborense (2).
O oratoriano mexicano Bento Dias de Gamarra, que viajou por Espanha
e Itália (1767-70), em 1774 publicou na cidade do México os Elemento Recen-
tioris Philosophiae que acusam forte leitura da lógica vernciana. £ mais
natural que tivesse topado em Espanha a edição de Valença do que encon-
trado Vendem Roma ou em Pisa, como sugere Maria dei Carmen Rovira (3)*
Como quer que seja, porém, o certo é que se serviu áo De Re Lógica de
forma que, a ser notado pelo autor, teria provocado resposta semelhante
à que mereceu D. Próspero. A citada autora confrontou os dois escritos
e surpreendeu nos Elementos dc Gamarra, frases completas e até citações

que pertencem a Vemei. «O capítulo I dos Elemento Logices de Gamarra


Nstoma e constituição da Lógica. Está inspirado oonqtktamente
tnta da
em Vecn^. «O capitulo n (...) em que trata do intelecto humano e das
operações da nente^ está lilenlraente tomado óo De JRe Lógica de Vnney,
lib.II, cap. I». «A nota de Gamarra sobre Hobbes como exemplo dos
que identificam piercepção e ideia e em geral sobre a distinção que fazem
vários autores, como Lockc, Arnaldo, Malcbranchc, ctc, pertence ao texto
de Verney». «A declaração, um tanto céptica, atribuída desde sempre a
Gamarra, pertence Uterafanenteà obra de Veney». «AscitaçOesquenodeo(»rrer
da exposiçio» Gamam ofeiece de HaUer e Boerbaave sobie a psícofinologia
veferaite à peioepção sensível, estão literalmente tomadas de Verney». (4)
Em certa ocasião, Maria dei Carmen já escreve: «Os capítulos seguin-
tes IV e V (é neste em que pela primeira vez cila Verney) e o VI (neste também
O dta) estSo tomados integralmente do texto lógico do Barbadinho. Não os
um e outro». Também
transcrevemos porque seria copiá-los completamente
nlo prosaegiiiiemos no contacto com
este esoitor, que nio só utilizou o
De Re Loglea, com» tmhém o De Re MeupiQfslea (5), Ao nosso propósito

O) Manu. 244.
Prob, 3S0l
(3) Ec. 184.
(4) Ec. 183-186.
(5) Ec, 220.

Copyríghted material
—216 —

bastam as asserções formuladas e a conclusão de que mais um autor se


apropriou do Itbor vemeiaiio, nio de uma foima que se possa classificar

de influência, mas por pUgio franco e deacando, tranaoc^^


acolá, resumindo noutros casos e raramente acrescentando cousa que valha.
Contudo, assinalemos ainda que, sendo os Elemento Logices. «uma das
obras de ensino da Filosofia mais importantes do século xviii mexicano e
que mais claramente assinalam o esforço de assimilar e dar a conhecer à
juventude as ideias da Filosofia Moderna», a honra tem de dividir-seem
VeneL
grande quinlifto p<»
Também no Equadw te reflectin o pensamento do Anediago de Évoia,
através de um jovem que nasceu em 1747 e^ trinta e dois anos mais tarde
escrevia £/ Nuevo Luciano de Quito. Chama-se Francisco Javier de Santa
Cruz y Espejo. «O pensador ecuatoriano —
sublinha a referida autora —
assimilou do português, a necessidade e urgência de uma reforma cultural,
advertiu com clareza que os males de Portugal c Espanha dcnimciados pelo
Baibadinho existiam realmente nos danais países de lingua eqMmhoIa.
Espejo encontrou o guia no Vênbdelro Método, que inspirou a sua olifa,
em que segue, em geral, as ideias e o plano do Barbadinho» (1). Nio se
trata, pois, de cópia servil como em Gamarra, mas de influência no estado
de espírito e meios de acção: critica acerada e exposição das ideias ilumi-
nistas, sobre literdtura, filosofia e teologia, seguindo as suas doutrinas e

aconselhando a leitura das suas obras (2). Cremos que se terá utilizado
da ediçSo de lUbas, aquek que mais mtfnrslmente cociea os ceotios de influir
da da cultura espanhola.
Em Cuba encontra a mesma autora um escritor, José Agustin Caballero,
que em 1797 pode ter lido Vernei ou seguido as suas ideias atnvés de
Gamarra, mas que nio desperta o interesse dos anteriores (3).

Embora incompleto, este escorço das influências de Vernei serve já


para patentear a expanslo das ideias do nosso Iluminista, fora de Portugal,
como tanto desçjava.

(I) Ec, 196.


m Ecaol.
€9 Bc;218.

Copyrighted material
CAPITULO VIII

IDEAL £ MAMONA

VtOmu nemmiaçBei dg D. Mb V
O hábito da Ordem de Cristo (1750).
O novo reinado: o/erwimento do Apparatus,
De Re LofliGa « De Re Metapfaysica.
D» José manda-lhe pagar a despesa destas
édifões em 1754 e concede-lhe o bm^do
de Santa Maria de Beja.
À ekegada dt PHmelKO dê Almada, MM
outros benesses, mas encontra oposiçõoi
a Lisboa, mas nada consegue.
recorre
StUctta a fioaébal tUMro paia hnprladt o
De Re Fliysica. Em vez de diiAeiro,
recebe o da Legação,
lugar de Secretário
para coiabomr na extbifõo doe Jendtas.
MêU tarde, D. Maria I hd-de recompeaaá-h
com o cargo de DepuUKh da Meia da
Consciência e Ordens.
Jhn99$al0$ de arlgeiíi paiítíetdarí eeÊpfbtíme a
perda de dMeiro, per eadmde... Mapa doe
trweatee fixat.

Pereira de Siiiii|wio ficou yenàáo na peodênda que traçámos no


capítulo V, mas nem sempre manifestará o azedume que dela lhe ficou.
Quando o Arcediago de Évora aparece com o pedido de um breve requerido
pelo Secretário de D. João V, Alexandre de Gusmão, o Ministro de Portugal
em Roma fica fora de si, move toda a influência que o aea alto cargo lhe
oonfisre e oomegiie obter, no dk leguiiite, «nio o áespadko do Papa, como
de pròpno frisa em carta dirigida a Gusmio, mas sim o Breve já expedido».
As diH^incia» de Vernd haviam sido infiratWansa e Feniia de Sampaio agarrou
pdos cabelos a oportunidade de o esmagar, escrevendo a Alexandre de
Gusmão: «£u rogo a V. meu bom amigo e Snr., que quando se llie
— 218 —
<^ereça couza que dependa desta Corte, me mande hum simples avizo sem
valene de diiferentes canaes, porqueo satisfarei com aqoelle animo, vontade
e prontidflo, que V. S.* merece e que eu dezejo praticar no seu serviço» (1).
Vemei, porém, precisava de novas honras e fez o que pôde para as obter.
Não nos é lícito levar a mal que zelasse pelos seus interesses. A luta pelo
pingue beneficio é de todos os tempos, e naquela época estava vulgarizada
a prática dos benesses lucrativos, sem encargos de trabalho diário. Demais,
é difídl e, por vezes impossível, não associar o dinheiío ao ideal, para que
este consiga ser alguém...
Em 1744, como já vimos, dedicou um soneto ao Monarca, na misce-
lânea congratulatóría das melhoras aparentes, após o primeiro assalto da
última doença. Prosseguindo na exteriorização do interesse pela saíide
do Rei, compôs também uma oração latina que intitulou De recuperata
saniíale Joannis V Lusitanorum Régis (1745).
Em recompensa destas atenções, o Monarca mandou outorgar-lhe
um beneficio, na primeira oportunidade. O P. Carbone, em carta de 26 de
Julho de 1746 encomendara-o uma vez mais: «Já uma outra ocaziSo mandou
Sua Magestade recomendar a V. S. que favorecesse ao Abbade Vemei, em
ocazião da vacância de algum Beneficio; e com efeito V, S. o favorcceo alcan-
çando-lhe o Arcediagado que possue. O mesmo Senhor me manda agora
recomendar que havendo ocazião de algum outro Benefício compativel a
qoe elle se oponha, ou algum outro de maior lote que eHe deseje em lugar
do dito Arcediagado, V. S. o favoreça novamente paia o dito eftbito» (2).
Em resposta. Pereira de Sampaio promete, em carta de 17 de Agosto:
«Na primeira ocariao de vacância que possa servir de vantagem ao Ahbade
Vemei será considerado segundo as novas ordens, que V. R.'^ me comunica
a seu favor» (3).

Na Rdoffõo da perseguição, Vemei há-de contar que «em 1746 veio por
duas vens em diversos correios duplicada ordem de D. Joio V ao Sampaio
para que se desse ao Vemey um beneficio maior do que o que já tinha.
E mmca leve efeito a ditaordem por culpa do Ministro —
esclarece o
próprio interessado — podendo tê-lo na dita ocastSo e várias vezes depois,
em que vagaram benefícios pingues de Portugal» (4).

Mas nâo recebeu novo benesse eclesiásUco, foi-lhc concedida a


se

efectívRçSo de uma graça —


a do hábito da Ordem de Cristo que nfto —

O) Cárta de Snopaio a A. de Ooamlo. 8-n-744 (B. A


49-VII-34, pg. 3^.).
(2) Carta de Carbone a Sampaio, 26-Vn-46 (B. A. 49-Vin-4, pg. 258v.).
(3) Carta de Sampaio a Carbone, 17-Vin-46 ÇkA. 49^VD-3S, pg. 148v.).
(4) Apud V. vol. II, pg. XXU.

Copyrighted material
— 219 —
havia tido efeito na ocasião da partida para a índia, em 1729. Pelos fins
de 1748 decidiíi-fe a pedir: «Dia Luis Vem^, que V. liiagestade Uie foz
menoS do hábito da Oídem de Cristo». Faca o poder xeoeber, aciesoentava
no leqveriniMito, necessitava que ee lhe fizessem «aa suas diligencias na
forma dos Diffinitorios». Mas como o pai, os avós paternos e o avô materno
eram franceses, e talvez nas terras de suas naturalidades nio houvesse cava-
leiros, impetra ao Rei que se possam fazer as provanças dos avós na cidade

de Lisboa, de onde ele é natural, e sfto oonhecidos os pais e avô. Acnsdam


ainda as ckconstíbKiw de ji se achar ordenado, wa Arcediago na Sé de
ÉviMa, residir na Oorte de Roma, ter a imprimir obras para utilidade puUiea
e ser km^o de um Pr(ifesso da mesma Ordem de Cristo» (1).
A 13 de Janeiro de 1749 era o requerimento despachado para a Mesa
da Consciência e Ordens emitir o seu parecer, que foi dado favoravelmente
a 5 de Fevereiro. Provado que Vernei tinha partido para a Índia, D. João V
mandou passar-lhe cartas de padrio dos vinte mil reis de tença, divididos
pdas duas RqMrtiçOes: doze pela Repartição das Ordens e oito pda do
Reino. Uns e outros deviam ser assentados «em hum dos Afanoxarifiulos
do Reino cm que couberem, sem prejuizo de terceiro, e não houver prohi-
bição». O vencimento viria desde 6 de Abril de 1729 «tbe o dia em que
se lhe mandou fazer assento».
Fizeram-se as provanças do estilo, e por elas «constou ter as partes

pessoaes, e Umpesa neoesiaxia. Porem que o Fiy teve logea de drogas em


que asktia oom seus caixeiros, o avô materno teve logea das mesmas drogas
e he mercador». A mie, avós paternos e a avó materna eram pessoas de
segunda condição. «Por estes impedimentos se julgou não estar capas
de entrar na ordem», comonicava a £1-Rei a Mesa em 7 de Agosto desse
ano de 49.
«Está bem» — é o lacónico despacho que mereceu a informação exigida
pelos Ddfaiitórios. Em face disso. Versei teve de fiuer novo requerimento,
pedmdo dispensa dos impedimento^ por serem dos que Sua Magestade
costuma dispensar e de focto ji dÉpanara ao irmão, que era secular.
Os clérigos tinham de ser sujeitos a um exame de Moral. Estando ele na
Corte de Roma, supor-se-ia lá «serem mayores os impedimentos». Demais,
a graça do hábito fora-lhe feita «por serviços próprios», como provava
com a portaria junta», de 9 de Abril de 1729. Os serviços são, pois, a ida
para a Índia.
A 3 de Setembro mandai para informar na Mesa da ConsdfinGÍa e
Ordens» que no dia 10 deu parecer ftvorávd, por o sopUcaate ser «qpessoa

(1) Ver Ap. Doe.

Copyrighted material
— 220 —
eccleziastica», constituida em Dignidade, despachado por serviço próprio e
maii nzoe» que nfisn». A 17 4e Ontubro fecliava-se o prooeno com o
cUbsíoo «Como pueoe».
Se as razões invocadas para a oonoessão do hábito de Gtísto w mttiiigBm
à ida para a índia, não foi certamente só esse facto que dispôs o ânimo régio
a seu favor. Mais de uma pessoa terá intercedido, mas só por conjectura
le poderá inferir os seus nomes. Sabemos, por exemplo, que pouco antes
de renovar a petição do hábito de Cristo, escrevera ao Marquês dc Valença,
a quem D. Joio V fiasera a meicd de tratameato de sobrinho (1), uma carta
de dez páginas, em que» como já se viu, revelava, «ter composto toda a Filo-
e Dogmática em dez volumes para mstniçlo
sofia e Theologia Especulativa
da mocidade Portugueza». Era a explicitação da breve nota do requeri-
mento «atendendo a se achar o suplicante na Corte de Roma, CSCTCVendo
:

para utilidade pública as obras que se estão impremindo».


A suspeita du intervenção do Marquês de Valença confirma-se, de algum
modo, oom a verificaçio do teu nome no próprio Alvará asifaMdo pda
Rainha a 28 de Novembro desse ano. Toda a fente conhecia a fiuna de
que o Marquês «era magnifico por costume, liberal por natureza, hon-
rador dos sábios, prudentíssimo com os ignorantes, sociável com ot cstran-
geiros», conforme se lê num elogio fúnebre (2).

Nas obras que estava escrevendo para utilidade pública, não incluia, de
certo o Verdadeiro Método de Estudar, cuja autoria ele negava. Mas publi-
cam já com o sen nome, em 1747, De orthogrc^lda latína» que dedioott ao
irmão Oiutoriano e De cot0mgaida kctisflma PhUoMophla eum Theohgia
Oratio, também consagrada a mn neri, o P. Domingos Pereira, Plrq[»ÓBÍto
do Oratório dc Lisboa e confessor do Monarca. Os filipinos foram, certa-
mente, um outro apoio a que Vemei se encostou. Com aquela mesma data.
Sua Majestade mandava ordem para Roma, recomendando que depois de
lançarem o hábito ao novo cavaleiro noviço, se remetessem ao Convento
de Tomar as hidicaçfles do dia, mSs o ano, afim de esses dados ficarem regis-
tados no lopectivo livro. A qualquer Givaleiro Rroftaio da Ontem de
Qcisto, morador na Corte de Roma passava licença para o armar Cavaleiro,
na presença de dois padrinhos, também cavaleiros da Ordem de Cristo.
E porque «frey Luis Verncy cavalleiro novisso da dita ordem me enviou a
diser— informa o Monarca —
desejava e tinha devosão de viver em toda
a sua vida, e permanecer na ordem e nella queria fioer pfofiisfto», El-Rei
autorizava a pcofissio, ordenando «a qualquer pessoa friesiesHcai consti-

(1) Histori. X. 463.


(2) CoUeça, 38.

Copyrighted material
— 221 —
tuida em dignidade moradOTa na corte de Roma», que o admitisse ella em m
qualquer igreja ou mofteiro deta nwnna Corte».
Duas cerimânias te tinham de cnnQifir, aoido maior o oertmonial da
primeira: a de armar Cavaleiro e a profissfto na Ofdem. Naquela, o
Padrinho e os dois Cavaleiros assistentes estavam vestidos com os mantos
brancos. Qualquer Comendador ou Cavaleiro que igualmente se encon-
trasse presente, devia vestir-se do mesmo modo e assentar-se «em forma
de capitulo por fuai aiidiiiiidiMlctt». O Freire que beniia as annat, envergava
igualmenteo manto bnmoo. As armas uma «q>ada servida num — pfato,

um mntriao e umas esporas ficavam sobre «imm bofete».
Para se iniciar a cerimánia, um dos Cavaleiros trazia o prato com a
espada desembainhada e o Freire, de estola, começava a bênção recitando
as orações prescritas c lançando água benta sobre a espada. Em seguida,
o Padrinho tomava a espada, metiu-a na bainha e cingia-u uo novo Cava-
leiro. FasMVBrse & bênçlo das armas. Entretanto, o Padrinho
entfto
tomava o murrilo e punhapo na cabeça do afilhado. Os dois Cavaleiros
assistentes calçavam^ as eq»ocas e o Fadrinho, tirudo-llie a eqiada da
bainha, perguntava:
— Queres Cavaleiro
ser ?
— Prometes guardar a Ordem da Cavalaria?
À dupla resposta afirmativa, correspondia o Padrinho com uma pancada
da eqMula no murrilo, ao mesmo tempo que e3q»imia o voto: «Deus vos
foça bom Gavakiro».
Dita uma antifooa pdo Freire, o Padrinho metia a espada na bainha e
aquele pegava na mão do novel Cavaleiro, proferindo as últimas orações.
Por fim, o Padrinho principal descia o murri3o da cabeça do Cavaleiro,
os outros dois Cavaleiros tiravam as esporas c ele próprio, a espada da cinta.
Seguiam-se os abraços de amiprimentos, abertos com o exemplo do Padrinho.
Depois das armas, ia receber o hábito.

Vindes confessado, comimgado, como devem fazer os que novamente
houverem de entrar na Ordem, para que recebam o hábito dela em estado
de graça?
As duas perguntas seguintes respeitavam a votos anteriores, que deixavam
de obrigar, a partir deste momento. Era-lhe então dado conhecimento
dos «trís votos sabstanciaes», a que ficava obrigado: ObeiUncia, pobreaa
e castidade. Peio primeiro renunciava à própria vontade, entregando-se
ao Mestre da Ordem, que era El-Rei. O voto de pobreza fora modificado,
desde que os Freires deixaram de viver em comtmidade. Mas tinham de
pagar, durante dois anos, para as obras do Convento, três quartos dos rendi-
mentos anuais das Comendas, Tenças ou Benefícios que tivessem da Ordem.
O voto de castidade também havia sofrido modificação, permitindo-se o

Copyrighted material
— 222 —
casamento aos que não fossem eclesiásticos, apesar de serem verdadeiros
ReligioMM. Outras obrigações de prátkaa rdigkMat impendiam sobre o
Gwileixo que na obrigado a fiuer piofisBlo lofo qac recdm o
secular,
ilábito, «sob pena que nSo o fazendo e tendo Commenda ou tença, ficareis

privado dclla ipso jure». Feito Cavaleiro da Ordem c Milícia de N. S. Jesus


Cristo, ficava «obrigado a mais perfeyção de virtude», por ter subido «a mayor
grão e dignidade».
por isso a deveis fius» daqui por diaiile na vida eoostomes. Seatéqul
éreismuyto zeloso das cousas da nossa Santa Fé Catholica, daqui por diante
o deveis de ser muyto mais (e sendo necessário por defensSo deUa pôr a
vida, vós haveis de ser dos primeyros que o façais, porque para este effeyto
foy esta Ordem principalmente instituída. E se atéqui éreis inclinado ao
amparo dos órfãos e das viuvas, a fazer esmolas e a comprir as obras de
misericórdia, daqui por diante o deveis ser muyto mais, para que a todos
sejais exemplo de virtude e santidade e conheçffo das obras, serdes dos verda-
deyros Cavalleyros de Christo» (1).
Foi o Comendador Pereira de Sampaio quem o armou Cavaleiro, na
capela do seu Palácio, no dia 24 dc Janeiro de 1750. Apadrinharam a
cerimónia Mons. Francisco de /Vlmada e Mendonça, Camareiro de honra
de Sua Santidade, e o Cavaleiro Diego Patti, da Religião de Malta.
As armas foram benzidas por D. Andrea Marignetti, acolitado por D. Gio-
vacdiiiio Sllvre8tri(2). O pintor fixoiho pouco depois, apoodo^be a legenda
de Rega Onfínis Ou Equea
Torquaíus, antes do titulo de ArehIdUic. Eboraitís.
Financeiramente, pouoo nelboroa de situaçSo. Aos 300.000 réis anuais
do Arcediagado, ajuntava agora 20.000 réis. inscritos na folha das sisas
do Almoxarifado da Vila de Abrantes, que eram pagos pelo Tesoureiro
Geral das Tenças do Reino, aos seus procuradores, um dos quais, o P. Diogo
VemeL Abatidas as despesas, chegou, porém, no princípio, a receber s6
13.000 rãs.
No ano de 17S1, já cansado de pdendear, knçaia €• dois primeirot
volumes do prometido curso de Filosofia —
Apparatus ad Philosophlam et
Theologiam e De Re Lógica e oferecera-os a D. Jose, Pio, Feliz c Fidelíssimo
Rei dos Portugueses. Além da intenção de beneficiar os «jovens portugueses»
por meio de decreto real que lhe adoptasse os livros nas Escolas, Vemei
com a dedicatdria visava a sqgerir o mecenato de qne necessitava para editar
as restantes oteas, algumas das quais havia tanto tempo tinha escritas.

(1) Cópia da DiífMfões e ctranoHku áa Ordem de Chritto, para eaitfarm» a dia-


âtrmmmh CoHlkyro. —
Id. pma m ncMb
Cànlleyro noviço ia nmmm Orám à pro'
fluõa. FoImu impressas q/m enun onrisdM soe novéis OsvaMios. As de Vecnd
goardam-se no A. S. A. R.
(2) Diari, n.° S076. 31-I-17SO. No Ap. doe. toda a documentação a SSte respeito.

Copyrighted material
— 223 —
Houve tempo de aparecer o terceiro tomo, o De Re Mettgthysica, impresso
em Romft no ano de 1753» antes qiiie D. José atendesse o desejo do Ai^^
de Évora. Se a dedicatória da lUSfljcaaiKmtava o nian estado do ensino desia
disciplina, em apelo confiante de que o Monarca seria o seu salvador, as
p;il;ivras dc introduç3o da Metafísica lembravam ao Rei que ele podia ser
cm Portugal o que era para a Inglaterra um Carlos II, para a França um
Luis XIV, para a Alemanha um Leopoldo, para a Prússia um Frederico,
para a Rússia Pedro e Catarina. D. Joaé numdou-lhe pagar «segreta»
mente» a despesa desses trSs tomos, em
atençSo à memória de seu augusto
Pai, mas Vemd nio quis notSbct tudo, sensibilizado como estava com a
primeira recomendaçto que o jovem Princ^ determinaia ao Conde de
Oeiras (1).

Continuava a actuar a mão poderosa dc João Pedro Ludovici.


O P. Carbone falecera a 5 de Abril de 50 e Ludovici terá falado directamente
ao Monarca. A
10 de Novembro de 17S3 escrevia Joio Pedro, do Paço
de Bdóm a Sebastião Jòeé, que «Sua Msgestade he servido que V. Ex. avize
pdo postiDiio que está de partida paia Rmna, ao Enviado que rezide naqneDa
Corte, que será de seu real lurado que ao Arcediago Luiz Antonio Vcmey,
que assiste na mesma Curia, se conceda em pençoes impostas em Benefícios
que vão a cila a expedir até a quantia de hum Conto de reis, de rendimento
cada anno» (2).

A ordem seguia lectivamente para o Com. António Freiíe de Andrade


Enoenabodes, qne em Outnbto de SO substituiia o fidecido Sampaio. Levava
a data de 15 desse mês e havia sido redigi quase pdas mesnaas palavras
da carta de Ludovici (3). Este episódio patenteia o valimento que o artista
italiano ainda conservava na Corte de Lisboa. Também era muito estimado
entre os Oratorianos, pois concorria para as despesas da Canonização do
P. Bartolomeu do Quental «com tanta piedade» (4), até à hora da morte,
ocorrida em Maio ou Junho de 1760(^.
Na RehçÕo da pa-seguiçõo o Arcediago alude ao facto, situando a dedsSo
do Monarca muito antes da oomunicaçfto pombalina: «Em 1752, pouco
depois que o Vemey mandou «Merecer o primeiro tomo impresso das suas
obras filosóficas, que o dito Senhor lhe mandou pagar, mandou também
uma ordem ao seu Ministro em Roma, para que fizesse pôr e dar ao Vemey

(1) Carta a Aires de Sá, 2S-V-66. Àpud E. 379.


CO Autógrafo na T.T. — Minist. Justiça, M. 46.
(3) Ver Ap. Doe.
(4) Carta do P. Bernardo Lopes a Veoid, C>y-76D (AJSJLR.).
(5) Caru do mesmo, de 17-VI-60.

Copyrighted material
—224—
até um conto dc reis dc pensões anuais nos beneficies que vagassem de
Portugal» (1).

Fdotomdeqiiwixado Aioediagopaieoeqiie este &vor lhe nlo foi omioe-


dido. Mas não Heambidonoutantos, que alguns efectivamente naochegufaai
<

a bom termo. A recomendação de Carvalho frutificou, dentro dc qiiatro


meses, no beneficio simples da igreja dc Santa Maria de Beja, alcançado
a 28 de Março de 1754(2). Como sempre, porém, surgiu séria dificuldade
— desta vez por parte da Dataria — que o queria obrigar a satisfazer a pensão
bancária, nlo só deste benesse, como também do de Aicediago. A luta que
então travou, foi das mais duras que teve de enfientar, mas uma vez mais
acabou por vencer (3), passando a auferir, deste ben^Icio, o quantitativo
oscilante de 75.200 réis a 222.625 ao ano.
Tempo volvido, que não nos foi possível determinar, Vemci terá tido

ainda outra pretenção a qualquer novo beneficio, que lhe não satisfizeram.
O Arcediago eborense não se confessou vencido e, mal soube da chegada
do Ministro Francisoo de Almada —
pwtanto, al nos piimetroa diaa de
janho de 56 (4), dirigm-ae à soa pfesmça, eqierançado no bom ênto deata
diligência. Desejava que Almada expusesse ao Papa as ordens qiie Sua
Majestade enviara ao Comendador Enccrrabodes, transferido em meados
dc 56 para Haia. O Ministro começou por sc inteirar dos trâmites que
haviam seguido anteriormente as suas pretenções e, «conhecendo a sua
insubsistência —
oomomioa ele inráprio ao primo Secretário de Estado, fis
todo o possível paia o persuadir».
ímagmava Almada que Vnntt, «sendo hum Petnu tt ameiis, como
die se vanagloicta» (5) devia ter conhedmeato da situação do seu caso e
não insistir mais. Não sucedeu, porém, assim. Sem perdas de tempo,
escreveu imediatamente para Lisboa, conseguindo, uma vez mais, que o
Monarca o tomasse a recomendar. O oficio de D. Luís da Cunha, de 23 de
Junho, dirigido a Afanada, foi mandado a Yend que, em ¥bk de o ir entregar
pessoalmente, o remeteu com um bilhete seu, em que pedia descu^ de nSo
oompaieoer (6).

(1) Apud, V. voL U, XXV.


CZ) ndti o voL dw BoIm deste pecfodo, no AS.V.— BBOooInFie, poiéai, r^tis>
lada no índice. Cf. BfloedlGU P. XIV t. IV. benet Ann. XIL Xm, XIV, 59v.
(3) Ver Ap. Doe.
(4) Portu. 268.
(5) A«spnarto complehi oontiina: «Aff tu onmlbHa, o qne qoar Haat—mifella
que sahe de tudo e não sabe de nada. Vcrnci, porém, atribuia-lhe, de eflftO, lltWMW O litní^
. .

ficado do primeiro monbro da expressão, mais vulgarizado.


(O Venwi fefiBMoAe na Rdaçõo da ptnêgtdçOo. Apud, V, voL n, pg. XXVIL

Copyrighted material
— 225 —
A ofdem ora igual ât atítudtam, inabtíndo na coaMMrito 4b pensões
té vm conto de rik, Almada refere se lhe nestee tennos: Seoctário O
de Estado «me ordena ser do Real agrado que nos Beneffidos que desse
Reyno vierem a prover a esta Curia se ponha a favor de dicto Vemey the
a quantia de hum conto de reis de pençõens annuaes». E em carta ao
próprio D. Luís da Cunha manifestava pouco interesse, lembrando-lhe que
antes desta recomendação de Vemci, tinha outras que, «não sendo revogadas,
davam pcaftiÍD^« Além de que, o Papa não pennitina
lacKwiiil II MMilff lha

que <M BeoefIciM ykããBm agiavados com peoiOes» (1).


Tudo, pois, foi inútil. Demais, Almada já havia caqplicado a Vemei
a impossibilidade de receber os benefícios eclesiásticos então vagos.
O Ministro, na carta para o primo, argumentava desta maneira: «Em
primeiro lugar he contra a comum praxe da Dataria, e da Concordata, que
se fez na ereçfto dessa Patriarchal, em cuja occasiio se argumentarão as
Bancairia» à maior parle doa Benafidot a aoím oomo Soa Santidade nio
mete pençSo a fortiori nio quererá admittir Inuna nova Pençio a qual sempre
se faz incompativd oom a dita Bancaria, que não se costuma dispensar que
a Cardeais, Bispos e a outras Pessoas beneméritas da Santa Sede àS quacs
he preciso establecer huma honesta côngrua».
A possam aduzir exemplos de pessoas seculares
seguir admite que se
que eiiiiaifn fftçfttjdff mas adverte a neoesaidade de
semeDutAtes honras,
conhecer as circunstâncias de meredmento que para isso concorreram.
Neste caso de penca secular cdoca de a Verad, e nega>lhe condiçOes
especiais para mais essa exoepçfio, visto que «se pstza mais de ser finmoes
que Nacional».
Em resposta a Vemei, comunicou-lhe este seu parecer, por meio de um
bilhete e a questão assim morreu para sempre. Anos o Arcediago
depois,
leferindo-se ao caso, cm correspondência para Pombal, comenta benòvola-
mentei «Ainda que sem culpa de ningu^ mas por uma certa minha parti-
cular desgrasa, nunca teve efeito» (2). Noutra oportumdadei porém, imbuído
da táctica pombalina, pretende atribuir o malogro a maquinações dos
filhos de S. Inácio, que prosseguiam na luta contra o Verdadeiro Método

de Estudar. Em carta da última velhice escreve magoado: «Tive largas


pcomeiaas de prémios e de renda, e ajudas de custo, e viMum noomandaioeas
repetidas aos Ministros para me darem um oonto de reis sobre os Benefidos
do Reino que cá se ptovesem. Nfas tudo isto fioou na esfera dos podvds,
e nunca se verificou por culpa dos Ministros e outras pesoas, as quaes sempre

(1) Cartas de Almada a Carvalho e D. Luis da Cunha, 18-VIII-57. — Ver Ap. doe
(2) Csita a Mbal. ds FiM, 2»-V-<6. (VerA|>.]»cX

15

Copyrighted material
—226—
«mbarasaram para adular o« Jesuítas, que sempre me perseguiram com
odio iiiiorta]»(l>.

Bm wtude de nio cooKiiiir ai lendai dos beneficiof edeifáitieo» qtm


Dw haviam prometido, Vemei foi limando os manuscritos, «por alguns
De Re Metaphysica) e 1766, em que
anos», talvez de 1753 (data da edição do
escreveu ao Marquês de Pombal a pedir auxilio para a impressão do De Re
Physica (2). que eu nam tenho dinheiro nam só
«(A verdade é, Ex. Senhor,
para mas nem para mandar abrir as chapas nece-
como deve ser,

«arias. Nam me baalando o que tenho para acudir a todai as neeewdadea


das minhas diqwodiozas moléstias abituais, que me tem enq>enhado e arrui-
nado» (3). Era verdade. Ou já havia gasto o dinheiro que tinha depositado
no Monte da Piedade e no Banco do Espírito Santo, quando em 1760 saiu
de Roma, ou conservaria algum para as necessidades da vida, o certo é que
se viu obrigado, em Outubro de 69, a pedir um conto de réis emprestados
em Lisboa (4), para Mtisfawir a deqiesa da inqnessio do quarto volume do
Cano» à razio de 4»/o ao ano. Em Outubro de 72» ao pagv 120.000 de
juros» entregou 400.000 por conta e lá foi pagando, como pOde, pelos anos
fora, os 24.000 anuais do juro. Em 1780, a dívida ainda se mantinha inal-

terada e, certamente, foi a família que a liquidou. Em vez de dinheiro,


Sebastião José dar-lhe-á o lugar de Secretário da Legação de Portugal em
Roma, como veremos mais adiante. O serviço não era, de certo, absor-
vente e a remuneração daria também paia essa deqpesa...
No fim da vida há>de lequerer para o sobrinho, a recompensa de todos
os seus labores em prol da Pátria. Mas D. Maria I ainda o compensou em
vida, dando-lhc o lugar de Deputado da Mesa da Consciência c Ordens,
de que auferia, desde Setembro de 1 790, a quantia de 480.000 anuais, bastante
inferior ao ordenado de Secretário: 1.200.000 réis anuais.

Como os proventos de origem oficial nio eram avultados.


temoa vtsio,
Por isso de lançar mio de vários eqwdientes, paia aumentar
Vemei teve
o seu quantitativo, luiu nunca conseguiu nenhum que lhe proporcionasse
grandes receitas. Foi, por exemplo. Postulador da causa da beatificação
do Venerável Bartolomeu do Quental, o fundador da Coogr^açlo do
Oratório de Lisboa, desde 1737.
Quental falecera a 20 de Dezembro de 1698, com 72 anos de idade, conser-
vaadoHM o ooipo inoonupto, confocme veiifleou, pela segunda vez, uma

(1) Apud E. UI, 424.


(2) Ovta ao Manpite de Fombd, 28-V-4S. Ver Ap. Doe
(3) Carta a Ftombal, 28-V-66.
(4) Na RelaçSo da pemfuifiio fUa em dois contos (ver V, voL H, pAg. XLI. nas
as contas s6 rcfereui mt).

Copyrighted material
— 227 —
Janta «k Médioot, no fim do mfis de Abril de 727 (1). Concluído o processo
diooeiaiio, fioou nomeado poftolador em Roma, o P. Autteio de Atafde,
fíáptoo, «dié qoe^ dqwis da nia morte, ooonida em 1737(2^ Vemei tomou
esse encargo. Traduzíram-se para latím os SermÕet e at Meditações de
Quental, que em português também tiveram edições na primeira metade
do século xvin; imprimiu-se-lhe a Vida em 1741, da autoria do P. José Cata-
lano, traduzida por Francisco José Freire, antes de entrar na Congregação;
deu-ee oídem ao Minitlro de Portugal em Roma, da Forneça
F^. Joié Maiia
e Évora, para se interanr pda causa. Mais tarde, por determínacto real,
comunicada por Azevedo Coutinho, a 26 de Novembro de 42, a Universidade
de Évora solicitou do Santo Padre a beatificação do que havia sido seu aluno
e colegial do Collio da Purificação e podia servir de modelo à juventude
estudiosa (3).

Quando anos depois se dirigiram a Roma os oratorianos Henrique


Gonda e Misirael de Almdda, tomaiam, naturalmente^ a diíeocio da cauta.
Vemtt nio fioou latisfiútOp mat igoofamoe o qpie entlo le passou. Conhe-
cemos, sim, a opinião que o lâUimo doa dois neris formava dde, que não é
muito favorável. Decorridos anos, um dos filipinos regressou à Pátria,
tendo falecido o outro, c Vcmei, em 1752 retomou a causa (4), a que se
dedicou com ardor até à hora da morte.
Os proventos qwdaqidreoolliBu,8oniarO<db em 1.10(MX)0r£is. De facto
oa oiatorianoa eram prontlssimot a satisfioer as despesas que Vcmei lhes
indicava, porque tinham El-Rei D. Joio V e Joio Fedro Ludovid, como
atrás se disse, que lhes não faltavam com dinheiro. Mas só de vez em quando
lhe mandavam uma lembrança, que eles próprios reconheciam não ser propor-
cionada ao trabalho. Quem lê a correspondência dos neris para o postulador,
persuade-se que não haveria qualquer contrato que os obrigasse a estipêndio
certo,mas Vemei aas^ium que a principio lhe tinham prometido «marca e
montes se a cansa caminhasse bem» (S). Lá caminhar, caminhou, confcone
se aprecia na correspondência que resta no Arquivo de Santo Antdmio de
Roma. E Vemei informa que fez diminuir as despesas. Mas os contra-
tenqxM sucediam-se, e o certo é que a causa ainda hoje se não concluiu.

(1) O, l-V-727.
(2) Era fílho do Conde de Castanheta e eatma na Cengra|sçio a IS-VID-tiTZ
(3) Doe. em Histor. lV-1. pg. S42.
(íO Ovta do P. Beraudo Lopes, IS-lIMl • V«r E^rirtoMcio.
(5) Memorie concementi la Posttdazione delia causa dei V. P. Bartotomeo do Quental
emdlata in Roma dal Cavalkr JLuigi AntoHio Verney, dettata da lui medetímo {^íJ&JLSl e
«a Veney D, pg. 12-21).

Copyrighted material
— 228 —
Em 1771 Francisco de Almada dirige-se a Pombal, a comunicar-Uie:
«Retive e conservo em meu huma caixa de ewc^jtmas pertencentes à
poder
Beatificação do Yen. Bartholoinea do Quental, de Veney era pottulador,
paia a entregar a quem lhe suceder neste emprego, se assim parecer a El-Rey,
Nosso Senhor» (1). O Arcediago deixara duas cartas, para sererri entregues
depois da sua morte, uma ao P. José de Azevedo, procurador da causa cm
Lisboa e outra ao Superior dos Filipinos, em que recomendava, com calor
e persuasão, o nome do P. Vioente Stanrini, oomo a pessoa mais indicada
para continuar com assunto tfto importante. Cnara-ae em sua casa desde
peqjueno e por isso foniFllie fiidl instrui-lo à sua fbiçio.
«Este sugeito está em minha casa á nniitos anos, juntamente com seu
Pae e Mãe, e me minhas desgrasas com toda a fidelidade e
assistiram nas
amor». «Eu os tenho em casa avcrá vinte e seis anos e me g<nernaram sempre
a casa» —
diz ele na carta de 20 de Janeiro de 1786. Uma vez muis e des-
mentindo a sua persuaslo de fatalidade que lhe pesava implacável sobie a
cabeça, foi finta a sua vontade, suoedendo-lhe lectivamente neste caigo
o piQMlo Staurini.
Certamente, ao mano Diogo deveu este pequeno subsídio. Do Hen-
rique recebera outro — um pouco melhor —a capelania que deixou ins-
tituída D. Joana Josefa da Silveira. Antes de morrer vinculara as casas
onde morava e outras propriedades, para que perpètuamente se dissesse
uma missa todos os dias, por sua alma, arbitrando que se pagassem setenta
mil léis anuais^ em doôs quartéis, pelo Natal e S. Joio. «As missas da outra
Cappella se dtiSo na Gqipdla de N. S. da Boa M<fft^ sita na igreja de
S. Roque, o que sempre se deve observar, tirando o caso que o Sr. Luis
Vemey, irmão dos meus testamenteiros, queira tomar a obrigação destas
missas, porque entam as dirá em qualquer parte onde viver, ou se achar, e
por isso os meus testamenteiros a esta primeira (... ?) o preMio a qual-
quer outro Cappeltto».
Henrique Vemei atestou, na qualidade de «testamenteiro de D. Joana
Josepha da Silveira», «debaixo do jurammto dos Santos Evangelhos», «que a
ditta testadora me disse vocalmente, que querendo meu irrnSo Luis Antonio
Vemey dizer as missas dc huma das Capcllas que deixou instituídas (...) de
esmola de settecentos mil reis annual», lhe desse «a esmola dc cem mil reis» (2).

Como em 1746 ainda nlo estava ordenado, pediu a um Sacerdote que


dissesse as missas por ele. A 12 de Agosto de 47, a Sagrada Gongregaçlo
do Condlio autorizon, mas oom a oondiçio de se ordenar dentro de dois anos.

(1) Carta de Almada a Pombal, 26-VII1-71 (T. T. — Leg. RmiMi).


(2) Attcstaç&o passada cm Lisboa, a 6-VII1-746 (A.S.A.R.).

Copyrighted material
Uma vez mais teve neceatidade de suplicar, sem prazo de tempo, a 12 de
Novembfo de 48, aliando os trabalhos e a falta de satíde. Presentemente,
enoontrava-4e aplkado a estudos gravíssimos «in difesa delia nostra Reli-
gione». A Santa Sc amiiu de novo.
Tendo-se ordenado no ano seguinte, como vimos, já então podia guardar
inteiros os cem mil réis da esmola desta c as esmolas das outras que também
dissesse. Numa das contas de Henrique ainda conservada, apenas se
regista a qnaali* de 35.700 «p(ff 238 miint da Capela», de cada ano de 1760
e 61; 35.400 de 1762 e 63; 26.700 de 64 e de 65. Por cada misn xeoebia,
pois, ISO r6t8. O
quantitativo de cada ano não corresponde aos 100.000 líb
estabelecidos. Mas também, por que varia? Os ISO réis são a esmola
total, ou poderá daqui tirar-se argumento sobre a não-ordenação sacerdotal
e, por conseguinte, contra a veracidade da afirmação dc Vernei?
Também sem grandes lucros, foi procurador em Roma do ArcebiqKH
-Biqx» do Algarve, de 17^ a 51. 0e certo nSo deve o lávor a Saufiaio,
fpie a propósito se lhe refine nestes termos: «O Axoediago Vonei be lunnem
de muita capacidade e de pratica nesta Guria, por cujo motivo he louvável

a destinação que V. Ex. fez dclle para seu agente, vindo-Ihe principalmente
recomendado da Pessoa que me insinua, cujas insinuações em todo o sentido
sedevem estimar como preceitos» (1).
D. Inácio de S. Teresa informa o Ministro que havia esodUdo Vemd
como agente de seus ni^ódos em Rmna, encarr^ando em carta de 26 de
Outubro um outro flqeito^ Fkanctioo de Sousa, da Impresalo doa aeus liwoa.
Sampaio encheu-se de zelo, e apesar de não ter recebido a procuração do
Arcebispo até 1 desse mês (2), foi ter com Francisco de Sousa, aconselhando-o
a não se «ingerir» «nesta matéria». Justificava a sua atitude, com a adver-
tência de que cie, Sousa, era dc índole pacífica e com natural repugnância
para disputai e cínmes de jurisdições, enquanto «o Abbade Vemei tem tal
esperteza e capacidade que pode dar conta desta incumbência uniformemente
ao que V. Ex. insinua no seu pepel instrutivo».
O Arcebispo devia ordenar que o Arcediago tomasse conta desse trabalho
e mandar que D. Maria Gama lhe entregasse os originais, porque na procura-
dirigira, nào aludia a este encargo determinadamente.
ção e cartas que lhe
Entretanto,Sampaio entregou-lhe as instruções de D. Inácio para impressão
de iuaa obna.
Não sabemos se chcfou a receber algum dinheiro pelo trabalho que
aindateve. O FreiadofUeoenem Maio de 51 e até esta data, o procurador

(1) B.A. 49-Vm-36, pg. 491.


(2) Carta de Sampaio ao Arcebispo, l-X-749 (B.A. 4^ySL36, pg. 500.)
— 230 —
anterior nio havia recebido os 300.000 riis anuais da agência. Contudo,
a 18 de Agosto de 51 qmsentoii as contas «desde o ano de 1749 até o lenpo
que chefou a Roma a noticia da soa morte» (1).
Os livros davam igualmente algum lucfo, se bem que não o suficiente
para viver. As dificuldades da navegação, em que não faltou um naufrágio,
obrigaram o P. Diogo a fazer promessas a S. António, e a inscrever na conta
a respectiva despesa, juntamente com os fretes e portes em Génova e em
Lisboa» encadeniações, alfandega eMesa CSensóiia... Bm Roma veodiaa-ae
na casa de Emilio Pdidori e em Lisboa no livreiro Frandsoo Tavares
Nogueira (Q, que além dos S<»/e» recebia 4q;ifoiHmas por Festas»— «mtmos
de chocolate».
As contas de que cxtractamos as verbas da página seguinte, datam
de 1764, mas dc certo os livros começaram a vender-se à medida que iam
aparecendo. Foi, por exemplo, o que aconteceu a uma obra menor, Jsidori
Bathetti (...), editada em 1755, c anunciada na Gauta áe LUboa de 17 de
Novembro de 57.
Com os seus, vendiam-se igualmente livros de uso pessoal, de que se
desfazia, por necessidade. Conhecemos duas listas dcsses livxoi» uma de
Julho de 71 e outra de 1 de Dezembro (3).

Embora sem o extracto de conta das finanças


pretenções a apresentar
do Arcediago eborense, acrescentaremos ainda o pormenor dos contratempos
que advêm na vida de quem grangeia amigos e com des aceita obrigsçOes.
Um dia lembra-se de ficar por fiador de metade do empréstimo de
100.000 réis feito por banqueiro romano a D. Nicolau Álvares Pueira, cremos
que filho da Marquesa de Arronches, e dc emprestar, ele próprio, 50.000 réis
a um outro amigo —
Manuel Fernandes Castro Trigueiros. D. Nicolau
faleceu — «o homem morto e a May do mesmo sem meyos» escrevia —
Trigueiros, de Lisboa, a 22 de Outubro de 49, no intuito de ecnvenoer Vemei
a pagar metade da divida e dos encaigos «de protestas». As oootas i^nesen^
tadas por Manuel Fernandes, deduzidos os SO.OOO réis que Luís António
lhe emprestara, revelavam um saldo a seu favor, de 31.420^ que o pracnrador
de Veinei naturalmente ainda lhe teve de pagar.

(O Gnrta de Smipaio ao memo, 1-II-SO (fid, S99v). SiAn o AmUq w • obns


que escreves, ver Bi. IT, S0S4. A
ic^cko da iii«marih> dM obnn, vw &NJi^.O., 1S27^
Ver taniMm A9. Doe.
(2) A O. en «pi**Mi«jM<i»ifcMii» T —
—Mt^tat— ^tiii—i»^
morador defronte da Portaria do Convento do Sr. lems da BosmoctOb se vend* as Obns
Philosophicas do Rev. Arcediago Laia Ant. VemcgnK
(3) Ver Ap. Doe.

Copyrighted material
— 231 —
Eate pequeno episódiomanifiartii uma peida de 81.420 réis, por ami-

zade(l). Mat ddièmos at peidas, e nlo toquemoe iiat despesas.


Também nSo é Uai proceder à soma das quantias jndiradws, da oonta
da receita. Para melhor se fiear oom uma ideia dos pcoveatos de que viveu
o Arcediago de Évoia, preferimos nsg^aòiax o seguinte mapa!

1 — Tença do Hábito de Cristo 20.000


MB.— Desde 1729, embora deva tô-la recebido ^>eoas
na 1790i Ns ooola do naao Htoriow bá leftftecia
a quatro anos juntos, até S9, pSiMndo dapoiib a
figurar ano por aoo.

2 — Arcediagado de Évora 300X100


NB. — Desde 1742.

3 — Capelania de D. Joana Joseja da Silveira De 26.700 a 43.000

JML —PeidB 1746» em que se ftaua a iagorlâacia de lOOuOOO


4^ Khhír élt UtfOÊt

MBL— FonKdnMote desde 174C

DB JAN. 64 DE FEV. 69 DE AO. 73


A nv. 69 A AO. 73 A Jimuo 81 (2)

a 800 rs., Apparatus 44 8 37(a7aQa^


a íOH n.. De Re Lógica 262 608 92
a 400 n.. Ar JIr Mtt. 19» 56
a 2.600 rs., De Re Pkys. 13S 49
a 3.200 n., » » » 2
a 600 11., Oram. Lat. 323 197 772
a 140 n., Ort. Latim 76 143 75
Bachettis 5
Orações /úneb. 8
0 OOtVOB ^Opl^pols flBflOdOV^

alo i4Tn*|flriMliff
415^90 963.960 «7M25

£m Abril de 72 estavam á veada, em Roma, na Gata de Emílio Mldori, 29 Lógicas;


95 27 j^pamM e 42 Ortografias Çi^
iãèUifiMleat:

S—PnaearwpÊQ da AteM^BI^ d» Algart*


M8L~Dflsde 1740 até 1751.

(1) Contas e cartas de Trígunros, no A.S.A.R.


(2) Contas do P. Diogo Vemei, n.» 16, 17 e 18, das datas inriicatlas CA.SAJL).
(3) Folha assinada por Polidori (A.SA.R.).

Copyrighted material
—232—
6— CteM A V. Bmtotomtm fiMnMf UCOyOOO (total)
l^ammfleh dê Sarna MtrtmdtBtiB D« 742» «té 222jeS
8 — SteMárta dê LÊgagÊb IJOOuOOO
J«B.~De Mdo ineliiihii» de «S • Muço ind. d0 71.

9—>J)i9iiMl9 Aamwlirig div ThhaMf dif iãut ét fifíifffflfiilli tf

Ordnu 480u00O
MB.— Dode Setembro <k 1790.

Copyrighted material
CAPÍTULO IX

INFLUÊNCIAS E CONSEQUÊNCIAS NO MEIO CULTURAL


PORTUGUÊS» ATÉ À EXPULSÃO DOS JESUÍTAS
(1747-1759)

Sob o signo dos Inacianos:


Filosofia em Évora, IJsiMta, Coimbra
e BmiA
A curiosidade científica de Pedagache.
Ettcerrameiuo das escolas inacianos. As

Noutros huOtmu RiBi^otOK:


Oratortam», AgeÊtMa», PtmÊdacuiOÊ,
Aeademku e questões Bterártae:
A poUndca do Mmqah de Valença sobn
poesia franeeta. BuIho 4r fíwteia
e Inglês.
At Aeademku db Dr. NÓbnga « Oamt$
de Uma. A Portopotitana. A Arcá-
dia Udxmense. A Academia lÀtír-
gica Conimbricense.
Questões religiosas:
Fleury traduzUh POT tlit fn/èuom
oficiais.

O proteetantísmode Bmio de Mm»


(1743-48) * Alexandre de GmmOa
(174S-50).
leMonttta ae aactCHfeBumo:
A PoUiica iãonde Civil. Aula da Nóbnm

Emboca se documente à saciedade o oomaeto da cultura portufoeia,


antes do aparedmento do Verdadeiro Método de Estuátr, com o movimento
intelectual europeu, nâo há dúvida de que, a partir dessa data, se verifica
uma inquietação ainda maior, com reflexos escritos que dominam toda a
segunda metade do século. O ensino e o ambiente extra-escolar senti-
— 234 —
ram-M levolvidM de alto a baixo, sobietudo depois da promiilgaçio dos
Ettatutos NovissiiiK»da Univenídade de Ckjinibfa.
Nota-se, porém, que se nfto pode atribuir o novo ambiente a uma só
causa, nem que ela seja a aoQio dinâmica e revolucionária de Lufs Antdnio
Vemei. Mas é justo reconhecer qoc boa parte do que não for lícito inscrever
na rubrica influências, cai debaixo da epígrafe de consequências, mais ou menos
directas da sua intervenção enérgica
e persistente. É que, até o movimento
rmovador que ae notava já nas «•«wA» maii ihntiadaa, tofimi algum influxo
da nova onda brava, acelerando incsisâvdinente o passo em que vinha
pcogiedindo.
Assim se explica qoe oa próprios jesiiitafl,primeiro no campo das
ciências físicas e depois, mesmo na lógica, reformassem os compêndios de
estudo, deixando a grande distância o Mestre, o Filósofo. Em Évora cm
Lisboa, Coimbra e Braga os seus cursos tomaram aspectos francamente
moderados e as diq^mtas públicas revestíram^e de vida nova, qne oomnsta
com as acusações que, desde Pombal, se assacam ainda hoje i sua actividade
pedagógica. Deixamos de parte a consideração da evoluçfto dos ftctos sem a
intervençSo de Vemei on Pombal, p<Mr não ser fácil prevê-la, com s^iurança
e probidade.
A contenda continuava acesa, mas já algumas ideias se assentavam
entre os jesuítas. Não havia dúvida de que o movimento abafado pelo
edital de 7 de Msio de 1746 n>o podia fenecer e havia que diligfmfiiar nova
tentativa. Oa Estatutos do Collio daa Artes já se nio oompagniavam
com a evohiçSo das dêndas. Esta persuasão, que de há mnito seria de
vários inacianos, agora avassalava o espírito dos Superiores, e é o próprio
Provincial da Companhia de Jesus que manifesta essa disposição. No ano
de 1750 dirigiu a D. José um «requerimento... a respeito do methodo
de ensinar Philosophia no CoUegío das Artes» (1), propondo que passasse
para o primeiro ano^ o estudo dos Prtont e dos Poêteriona que, pelos BUap
tntos, pertencia ao segundo. Al^va o Provincial que «a matéria dos Fizioos
de Aristóteles» se tinha 4M0PBSceiitado com as experiftadas modernas, noUwd-
mente, mtiito mais do que antes erão» (2). É claro que na medida em que se
acrescentava com as experiências modernas, menos se reconheceria a Física
de Aristóteles que os Estatutos impunham. Mas, salva a letra da lei, a modi-
ficação foi aprovada. Com esta resolução, o estudo da Física aumentou
de tempo, com detrimento da lógica.

(1) Coinimicaclodanioliiçioical,a20-I-7S1 cr. T.— liMda^^


L. 78 In Do, I, 15.

(2) Proviafio da mesma data. In H, lU, 299 e Do. I, 16.

Copyrighted material
— 23S —
Que experiências modonas queraiiam os jesuitas admitir em 1750?
Por ventura as dos filósofos e deirtistai proiUdos em 1746 — Descartes e
Newton? Pnconaiiios rApklamente algnns doa cunos mais ajgnificathwa
que SC leram nos quatro centros de estudo ^Kmtadoa.
Em Évora, a renovação da Filosofia operou-se logo no primeiro oirso
que se leu, o de 1750-54. Bento José de Sousa Farinha apwnta o P. Sebas-
tião de Abreu como o primeiro professor que defendeu em público a Filo-
aoHafOMnnada — dizèleqiieenoostadoa^ftfadaePiiiiAocío» (l). Aseitamos
a infonnaçSo como i primara parte, visto as teses do
verdadeiía, quanto
Mestpe imediatamente anterior, o P.Qwtano de Almeida, nio noa permitirem
antever, através do seu esquematismo em que se conservam, quaisquer sinais
de franca modernidade. Mas se aos alunos de Sebastião de Abreu cabe
a glória de haverem sido os primeiros que em Évora defenderam Filosofia
renovada, os últimos foram os do P. João Leitão, em 30 de Abnl de 1758.
Serito estes 08 cursos principais que nos v>o servil para docummtar o panorama
das aulas na Univenidade alentejana, na última década da sua existência.
Sebastião de Abreu nasceu em Serpa, a 28 de Outubro de 1713 e faleceu
na Urbânia a 30 de Novembro de 792. Entrou no Noviciado em Évora,
a 16 de Março de 1728, professando solenemente a 2 de Fevereiro de 1748.
Durante dois anos estudou Matemática, à margem do programa filosófico.

Leccionon essa disciplina por dois anos e Filosofia durante quatro. Também
Joio LdMo oca atent^jano^natual de Fencira, ondeoasoenalOdeNavaii*
bro da 1715. Dqwrtado {gnahnsnte para Itália, veio a fideoer era Iftbino.
Qualquer destes dois professores oomeça por apresentar breves noções
de História da Filosofia até Ne^^^on, que Leitão classifica de «vir summis
laudibus dignus». Entre os autores ingleses é omitido o nome de Locke,
que aliás aparece citado noutros lugares.
Dividem a FDoaofia «m Racional, Naloial a MonL A
prinsíia parte
contém a Ldgica e a Metafirica. A
Lógica trMa das tiês opençOea da inente
Odeias, jnizo e discurso), terminando oom parágrafos sobre o Método e o
critério da verdade. Investiga-se a <mgem das ideias, apreciando a clareza
e distinção das mesmas; descobrem-se as fontes e apontam-se os antídotos
dos erros; estabelecem-se, com Wolf {Comment. de Methodo Mathema-
tico)t as leis gerais do método. Sem abandonar o traçado das teses lógicas
fundamentais aristotfiicas, sooonem-se de autoras modernos, que seguem,
oomo o autor da jMe de Fensar, Descartes, Oasifmdo {De OUerto Verttatft
e Lógica Latina), A
Bfixia • Purchot. Descartes é citado como autor da
dúvida Mctádica t, por Abran, defendido da nota de hetcrodoiGo («nda pdo

(1) MemoiR, 304.

Copyrighted material
— 236 —
contrário, temos excelente <qiini2o da fé da Descartes e sustentamos que,
•ó por gnade malfcta, se pode atribunvlhe a nódoa de ateísmo».
A leqieito da Metafísica, csdiece Abreu qat o uso fixou, debaixo dessa
designação, além da Ontologia, a Etiologia (tratado das causas), a Pliocdogia
e a Teologia Natural, apesar de a Metafísica tratar dos princípios gerais
que servem às demais ciências. A propósito do cogito ergo sum, Abreu
adverte que não se trata de primeiro princípio, visto supor um outro axioma:
operari sequitur esse, G)ntudo, reoonbeoe que se pode admitir como primeira
vcxdade que ressalta ao homem que busca a verdade na ordem naturaL
Diriamoe, por outras palavras: pnmeixo na ordem psicológica, ma* nSo
na ordem ontológica.
O P. 21anchi serviu aos dois Professores como orientador nesta parte
da Filosofia. Mas também Wolf (Psychologia Rationalis) foi por ambos
consultado a respeito da alma e do corpo, para apurarem a opinião de Leibnitz.
LeiUo nftn ainda bibliognfia de Descartes e Malebranehe {Principia)

{Draetatta de bupàrenda nritate), A Psydiolo^ Rationalis de Wolf, de que


se aovin, foi a «nnper Veronae edita». Em suma, 6>noe licito oondoir que
nestas povcOes da Filosofia, um e outro patenteia contacto com as correntes
modernas, mas não de forma a rcgistar-se deserção absoluta das fileiras
tradicionais. Contudo, o avanço é considerável e permite-nos adivinhar
o progresso que os jcsuitas viriam a admitir neste sector da Filosofia Racional.
A modcnidade entrou em cheio na segunda parte do eurso^ a mais
loQga, que se dividia em FUca geral e particular. Na Física geial estudav»4e
o oljeclo da Física, que se definia como a parte da Filosofia que ae ceapã
do corpo natural enquanto natural os princípios intrínsecos do corpo natural,
;

isto é, a constituição da matéria; as primeiras qualidades e modificações


dos corpos (dureza, elasticidade, gravidade, movimento, inércia, fluidos,
luz, cores, som, cheiro, lugar, tempo). As principais questões da Física
elementar alo ventilada» em termos actuais.
Ahren reconhece com Locke (Tatíamen de Buman, ^U^eet„ L II, c 23S)
que a esstecia doe corpos e do espirito é inacessível ao intdecto himiano.
Não obstante, acha razoável a explicação dos Peripatéticos a respeito da
natureza dos corpos. Para ele, também os átomos de Epicuro são divisíveis,
apesar de matematicamente indivisíveis, como notou Pctrus Gassendus
{Physiohgia Epic.). Conhece as mónadas de Leibnitz; a propósito do espaço
cita Getter, adadeem JVflic^); setve se, enfim, entre outros,
Newton (Sdtoftwi
. do newtoniano Clarke {Cammere. ^sioUe^ de le Mooaier e A. Brixia.
Roberto Boyle é «nobili anglo» e Evangelista Torriodl^ «oelebernmo vir<»».

Quando se coloca contra Descartes e os peripatéticos a respeito do vácuo,


alinha com Newton pela sua existência, citando os Principia Philos. Matem.,
lib. II, sect. 7. — Cor&ini {Fhysic. Generalis), S'Gravesande {Physic. Bem,

Copyrighted nfiatsrial
— 237 —
MtttíienCU Miudieiibroeck (jEfem. Phys.\ Sdwrffer (Auf. P/kjv.)> ^mdi
(PA^^jfo. foi.) slo outros tantos autores de que panoe tnem ambos os Profes-
sores conhecimento directo.
Enquanto Abreu cita Nollct (Phys. experim., tomo III) c Bocrhaave
(Elem. Chem.), Leitão refere Bcrnouilli (Dissci f. dc mercúrio hicente in vácuo),

a Óptica de Newton, a Dióptica e os Meteoros de Descartes, Clark {Not. in

Fh:^rie, Bohndtí) e I>a-IlBmel (Physica). £


de notar qne as dtaçOes on
s^unda mio v8m referidas como deve ser: Àpud A, Bríxkt: in nyslea Zandú,
Mergulhado neste ambiente moderno, LeitSo sustenta que a cor nio
é acidente absoluto, no sentido escolástioo, mas depende imicamente da
grandeza, figura e lugar das partículas que compôem o corpo. Ao mesmo
tempo reconhece que é celebérriraa a hipótese de Newton, acerca das cores
intermédias (entre o preto e o branco). Estabelece, com Zanchi, que essas
cores consistem na vibração dos raios de luz, com a qual, por reflexio ou
refiraoçSo, se reflecte i vista.
Abreu ocupa-se dos fenómenos déctricos, admitindo com Bammacaio
(Tentamen de vi eléctrica, cap. II) que o sol e o fogo vulgar são corpos essen-
cialmente eléctricos. Julgamos que sem o auxilio de qualquer máquina
ou instrumento, prometia esclarecer mais largamente o público que tivesse

curiosidade de observar fenómenos como a agitação eléctrica ou experiência


de. Leyd^ o vento déctcioo e outros. No entanto, ambos descrevem ins-
tramentos de várias espécies: aJavancas, phmo indinado^ balanças, rodas
dentadas, prensas, torquezes, vasos comimicantes, etc. Em gnvmaa imensas
nas teses dos dois professores, que também se encontram no curso manuscrito
de João Leitão, aparecem estes instrumentos desenhados, bem como exemplos
de óptica, eclipses, astros, exemplos de zoologia, etc.

Em oondusSo desta porçSo renovada do ensino eborense, podemos


snWinhar a evohiçSo notávd para as ideias das ciências modernas, com
e^iedal relevo do nome de Newton e de alguns newtonianos, como S*Orar
vesande, A. Bríxia, Schcrffer, dos quais não raro se aproximam.
A Física particular ocupa-se do mundo: sistemas, desde o ptolomaico
até ao copemicano; minerais, magnete, oceanos, marés, divisão geográfica
da tena, longitude e latitude, origem das fontes, ar, meteoros. Descartes
é várias vezes invocado, atmvés dos Prbie^ e Meteimts. Abieu dta ainda
Roberto Boyle (Ejqmbn, nov. ds aen) e Leitlo servhMe de Oaik (o. e.\
Muaschenbroek {Elementa Physicae), Tosca, Du-Hamd, Fabri, Le-Monnier,
além de A. Bríxia c Zanch. Os dois professores utilizaram também o Lexicon
Philosophicum de Chauvin, mas já Galileu é conhecido através de A. Bríxia.
Hugen e Newton aparecem agora cm Abreu, como «duo ilii acterni
nommis geometrsc». Ldtão admite que a terra, pelo menos ^loaã aeiman,
está no centro do Uaiverso e alinha oom Newton, reforçsdo pelas expetifltac^

Copyrighted material
.238 —

de Clarke, a respeito da causa do movimento dos astros. Abreu, por seu


toriKH depois de referir várias eaqilicaçOes das maiés, assinala a «idtiiiia

et per id tenporis cdeberrima sementia esC CL Mewtoni». Apiesenta uma


figura e conclui que «haec hypotiiesis fdicius tatflúcat aestus marinl vicissi-

tudines». Rindo-se do horror ao vácuo dos peripatéticos, não só estabe-


lece que o ar é p>esado, mas elucida que o Cl. Galileu {Apud Daniel Lipftorf
— Specimen Philosophiae cartesianae, P. Ill, cap. 2), determina esse peso.
Servindo-se das experiências lidas em Bayle, prontificanBe a esclarecer os que,
tendo honrado a Universidade com a sua presença, manifestassem esse desejo.
Rmdmenfe» na tfgiTndfi paife da Ffsica particular, Abreu e Leítio
trataram da vida (segundo o primeiro), do vivente corpóreo (conforme o
segundo). Apoiados nos citados autores, Zanchi, A. Brixia, Muschenbroek
c ainda Regnauld, De Benedictis. Feijó e Tacquet. estudam as plantas e os
animais. No capitulo das plantas, um e outro scrviram-se também de Malpi-
ghio {ÁMtomkt PtanUmanj. Lotlo vtili» ainda Boerbaave (filstorta Ploh
tanan, Lngdvni Batavorum tiadita), Wolf {Pli^^ed^ Msbbrsndhe {De tiqiA-
renda veritaieX a propdeito da mente, e do «odd». medico Bonon. Fkaaots.
Bajie». Isto basta para se verificar que estamos em presença de redacçOes
radicalmente diferentes das que, nas primeiías décadas do século, se ditavam
nas escolas, a este respeito.
Quando Vemei se queixa do atraso da impressão da sua Física, que
peauiliu a antecipação da do P. Inácio Monteiro, mostra daiamente ignorsT
que no Reino se haviam infirimido as CondusOes de Sebastilo de Abiea

CJoio Lfâtio meros indiofs doa cursos dadoa na Universidade onde de
estudara anos antes.
A Ética manteve os princípios fundamentais, como era de esperar.
É do que
nesta disciplina que os Jesuítas permaneceram a grande distância
Pombal irá impor anos mais tarde. As obras que os dois Professores citam,
nio passam das de Purchot (Diahg, super adentítu), Le Monnier (Phiiosophia
MertiMs) e Lamy {IHahg, nupet sekntUu).
Manud Pinheiro e Leonardo de Mm. nlo diesaiam a completar o curso
ao primeiro pouco tempo faltou do quarto ano e o segundo ia em meio do
terceiro. Pelos manuscritos que nos legaram, pode-se apreciar a orientação
que seguiram, aliás absolutamente vasada nos moldes já definidos nos cursos
de Abreu e Leitio (1). A mesma divisão da Filosofia em Racional, Natural

(1) Eocontrámos íiltiinainente Loas para as festas do 3.* curso em louvor dos Mtd-
M R.R. P.P. M. M. Manoel PiíAeiro, Leonardo de Mira e Sebastião da Veiga, em espa^
nhol; em appkeuo da Vmenável HãMoe e MoMoria de U.JLP.Mji Jeãe Ujftaa: em fer-
vor daí ellevadas sabedorias dos Rev.os p, p, MUtrU ExmetteiareB Mcmod ríÉlhftu e
Thomé de Almeida (B. A. C — Ms. 1S8 v.).

Copyrighted material
— 239 —
e Moral, com subdivisão da primeira nas tr£s operações da mente, com ft

quarta StpuÈtí tchn o Mfthodo. A FikMofia Natural, finodonada em


FUea geral (fbka propriamente dita, ilustrada por «tampas com figuras
geométricas, de trigonometria, mecânica, hidráulica, hidroatática, óptica)
e Física particular, seccionada em duas parte»; que tratam lespectivãmente
do céu e dos astros; e dos vivos (plantas e animais).
Os compêndios de Lógica, tal como os antecedentes, ainda mantêm
questões da dialéctica tradicional, como termos e sinais, próprio, acidente,
universais, silogismos e figuras, cat^orias, etc Mas ventilam igualmente
temática moderna, como a das ideias distintas e confusas, consultando as
opiniOea de Descai tcs, Malebrancbe e Locke, ao lado de PlatSo e dos Peri-
patéticos, a propósito da percepção.
É de notar no curso de Manuel Pinheiro, a presença de questões absoluta-
mente cientificas e de interesse permanente, como a da circulação do sangue,
da respiração e da reprodução de e plantas, da convénio doa alimeih>
toa no quilo e do quilo em sangue, do árglo e do modo de se dar a sensação,
de cada sentido externo em partícubr, doa aentidoe internos, da memória.
A Metafísica, no curso de Pinheiro, toma a designação de Philosophia
meníalis e, da mesma forma que os seus antecessores, dividc-a em Ontologia,
Pneumatologia, Psicologia e Teologia Natural. Em conformidade com
o não têm lugar nesta parte da Filosofia. A admi-
titulo geral, as experiências

ração pelo avanço da Filosofia nartringla-ee ao campo rigorosamente das


Ciências, Mianuel PSnheifo reoonhece-o à entrada do cuno^ quando, dq>on
de ae referir a Galileu e a Bacon de Verulâmio, assinala o brilho e o incremento
que a Filosofía também recebeu de Pedro Gassendo, Renato Descartes,
Newton e dos newtonianos, fazendo-a superar a antiga.
Como nota curiosa reparo que as gravuras do curso de Pinheiro, no exem-
piar mamaocito que ae ooneeiva, aio impieiíaa e de uatatim do português
Oarioa Peixoto: Cari. Peixt aailp Fort. —
o mesmo que assina gravuras dos
EkmatíoidtMataiiátíeaátloàidú Mcmteiro, de que nos ocuparemos adiante.
Parece poder-se concluir que o ensino da Física era feito i base de gravuras
e não de máquinas ou instnmwntoe ou, pelo menos, nio só de instnimentoa
e máquinas.
G^mparemos agora os dados ligeiramente referidos, com a noticia da
bibUoteca da Univenidade que o autor da Brevt notícia dos Estudos atriU
citada. Bento Joaé de Sousa Farinha, noa deixou. Segundo este Professor,
os cursos de Filosofia não passavam de Arriaga, Oviedo, Compton, Fonseca,
Macedo, Conimbricenses, Purchocio, Bríxia, Regnault, Teodoro de Almeida,
Tosca, Corsini e Lemmonier. No primeiro ano os alunos utilizavam Bar-
reto, Soares, Teles, Aranha e Macedo. No segundo ano aponta António
Mayr e a postila do P. finndaco dos Santos. Nb terceiro ano usariam a

Copyrighted material
—240—
MetafUca e o De InteUeetu de Sihestn Aranha, os terceiro e quarto tomos
de Antdiiio Mayr» Soares LanUaio, De Benedktis e Tdee.
Em face doe dois testemunhos, acndHainos de preferência IM
ciaique é aquele que nfio procurou provar facciosamente nenhuma tese.
Conhecem-se, felizmente, algumas páginas do catálogo de uma biblioteca da
Universidade. Elaborado, porém, uns sete anos depois da expulsão dos
não pode fornecer a garantia de que foram recenseados os livros todos.
jesuítas,

Pior ainda é a dicunstiiiBia de fidtar o catálogo das liviarias dos cnbknloe


dos Fn^Bisofes de cada disciplina. O tenamoto nXo atini^u o edlfldo má-
venitário, mas os livros nio se conservaiam fediados e intactos na bela livrar
ria (1), «porque dando Sua Magestade à Meza Censória os livros», «e vindo
ordem ao Juiz de Fora de Évora, D. José Maldonado, para os remeter para
Lisboa, no ano de 1755 —
informa Sousa Farinha, elle me rogou o quisesse
ajudar à arrumação destes livros». Refere-se, porém, exclusivamente aos
«livros dos Lentes que tinham ficado fèchados em seus cubículos». Mesmo
assim, a noticia que dd, nlo é ooiiq[deta c^ nnito pior, o que pf^^
a respeito da «Livraria da Commmi idade» (2). Contudo, na «Livrsria Grande

(1) A sala da Biblioteca fkava no primeiro andar, e tinha as i:>aredes revestidas de


estantes e pinturas a cores no teto e sobre a porta de entrada, bem como um friso dourado
a Ioda a vota. fi a do Ueeu. Farte do Mo (a cMiiMRla ao eiiliai)
actual BtUioleca
cncontra-sc hoje daniflcada, mas ainda se vê, ao centro, uma figura de mulher, sentada
em alto trono de seis degraus, com o cetro na mão direita e a esfera armUar na esquerda
e dob Mn aos topos. Dassi^ sai « patevni BteyHcpmtla e dos topos do qfmdn os
dísticos: SS.* Bau m
Slph irtafc D. HIsr. Jh tmrim o
i DMm
fMMti Àrt* mtã/kmn
Aowid. 2.0.

No lado direito de quem entra na sala cncontra-se, também no teto, um medalhto

A/.' S5.» Doctrix Apostohrum. Alap. in Cant. Na parte esquerda de quem olha (neste
mesmo lado direito da saia) v6-se uma donzela que mostra um violino a um jovem e cadeias
a um vsDio; em cima, os dbdeoe: M. SS^ Omdamiar Bmgdiau X.* ttU Rartrt.
Mttgistra Religionis ac Fidei; em baixo: Verba fidem ReOiglo parítuu. ligat (?); à direita, uma
criança lançando uma eqiócie de besta ou arco, em cima de uma ponte; por dma, a legenda:
M. 55.* Itinerarium Matheriã X.* Pons ad ptnttmndos poios; em baixo: Hoc iter, ut coelum
pmum. A pintura por cima da porta ispwssula dois homens sentados, cada um voltado
para uma multidão, em atitude de mostrar, porventura a lei. Em cima, os dísticos:
Af.* 55.' Epitome Júris Canoiúci X.^ UUid Andr. Cret. Somnia divinorum oracuhrum.
Bn balsDS <Avw dàbuÊit Xdrmmb.
(2) Memor R, 304-5. Sobre a Livraria ver ainda Consi. Em Coimbra venderam-se
Uotvenidade de Évora (da Biblioteca ou da Tq;x>grafia7), que importap
livros pertencentes à
nue, oom «algum quaitd veneido das fendas qoe vio cómodo, em 729.049 n. (Goim-
bra, 13-Xli - T.T. » —
MSn. Just. M. 2a No cód. CXXTX/M6 da aP.E. guardam-se
dois mapas de obras dos Santos Padres e Escritores Eclesiásticos da liviaiia do Rsal
Colégio de Espírito Santo, cremos que do tempo dos Fraociacanos.

Copyrighted material
do Collegio da Companhia desta cidade de Evonu», ainda havia, além de Joflo
Baptista Dn-Hunel, Joio Baptista de Benedictis, Fortuiato à Brixía, Tomás
Vicente Tosca» Bento Frijó, os filósofos Renato Descartes, Pedro Gassendi,
Jofio Locke, Cristiano Wolf, Desidério Erasmo, PlatSo... (1).

No Colégio de Santo Antio, de Lisboa, continuava certamente o rumo


marcado no período anterior, sendo de assinalar ainda o interesse das questões
malemáticas que, dc algum modo, se relacionavam com a Filosofia. Salien-
tou^ entre todos, o P. EusAmo da Veiga, com a publicação, em 17S8, de
mn Planetário Lusitano^ «ejqplicado com proUemas e exemplos práticos, pare
indhorioldligencia do uso das Efemérides, que pare os annos futuros s^
cão no Planetário calculado e com as regras nacessarias pare se poder usar
dellc nSo só em Lisboa mas cm qualquer meridiano».
O ilustrado Professor que, depois de leccionar Matemática, se consagrava
ao ensino da Filosofia no mesmo «Real Collegio dos Estudos Geraes de Santo
Antio», satisfazia assim uma necessidade «da (fontica e Astronomia em Por-
tugal e suas Craquistas» (2). A iniciativa foi festejada, pofque em deveras
interessante e de grande préstimo. «Muitos estudiosos» poderiam, desta
forma, pOir^e cm contacto com «os problemas infalíveis du Astronomia»,
adiantar-se «no estudo das sciencias Mathematicas que neste século são tão
appetecidas e se mostrão tão plausíveis ao orbe litterario». Pretendia, além
diaso, contribuir pare desfiuer a ideia dos émulos do bom nome portuguis,
de que se tinha entndo em decadência neste d^ftnlo
da caCpcia.
Já em I75S, o da Vdga havia prqMOado os cálculos do ano
P. Euaibio
seguinte, no intuito Mas o terremoto tudo levou, ao atingir
de os publicar.
tão profundamente o Colégio e «a Especula que havia pouco tempo se tinha
formado para as observações». Na elaboração dos seus cálculos servi u-se
das tábuas de M. Cassini, «por me parecerem as mais correctas», mas tam-
bém Recebiam no Colégio, por exemplo, as Efemérides
conhecia outras.
que em «por ordem da Academia das Sdendas, se publicam cada
Paris,
anno, s^Nuradamente, oom o título de Conhecimento dog Tempos» (3).
Entre os temas relacionados com a Filosofia, e que por vezes eram tra-
tados nos próprios cursos filosóficos, contam-se «a breve noticia dos circulos

(1) Inventário dos livros que se acharam em a livraria grande do Collegio da Com-
paáUa dflrta Odiífe ds Évon. — Mi. da T.T., NGn. hm., M. 22.
(2) Depois da expulsão dos jesuítas foram enct>ntra(Jas várias obras cm folhas,
por exemplo, 6 maços do FUuuiario Lusiiano, outros tantos da Filosofia de Soares, 8 maços
m
da l\»ologi> de AnriWo, 4 insoos da POosofla ds Aianha, 4 maços de Geo etrlM, de certo
do P. Manuel de Campos. —
Relação doe liwos qne m
adnifo em p^id mi Cnllugio de
S. Antão (T.T. —
Min. JusL, M. 295).
(3) Ver também EdL

i6
— 242—
da Esfera, movimentos do Sol e do seu lugar na Edl^rtica, declinação, nasd-
mento e ocaso do Sol; hia e toas fases, msrés legnladas pelo movimeiito da
Lua, cdipses e emenOet do primefao satãile de Júpiter, ete.
O seu curso de I^losofia não é conhecido. Mas nio será difícil adivinhar
o que poderia ensinar um ftofessor de Matemática nas aulas de Filosofia
nestes anos dc 1758...
O catálogo dâ Biblioteca do CSolégio também foi feito, depois da expulsão
dos inadanos. o Msstie «Livr^fxo» Maand
Encarregou-se da oa orgBaiiar
CsrvaUio, ^|udado pdo P. SOvesire da Gosta Negreiros. Gastaram 130 dias
a escrevê-lo e mais 30, o P. Negreiros, a coiHá-lo(l). Os livros coooatravaiihse
em «omnta oonfusSo», com «todas as faculdades sem ordem nem arrumaçam»,
porque «pelo terremoto se abatco a caza em que se achavão os mesmos livros
que se recolherão confuzíimentc por algumas ccllas c se pozerão outros em
hum corredop). O catálogo dos Padres sumiu-se na voragem, e nada nos
oonveaoe qne nSo tivesse desaparecido taaibém alguma quantidade de vdo-
mes. A proposta de pagamento do trabalho fixava vinte moedas de dro
para o Livreiro e 15 para o «P. amanuense».
Do Colégio das Artes de Coimbra faremos menção dc dois Professores
de Matemática e um de Filosofia, um daqueles de 1747 e este dc 1758, como
que a balizarem também os limites deste capítulo. Entre estas datas coloca-se
a obra do P. Inácio Monteiro, o Professor mais bem informado do movimento
cientifioo e, porventura, filoadAoo, dentre os jesuítas desta ^wca.
Sem intençfto de documentar a cultura dos inadanos, o Marquês mandou
elaborar os catálogos das suas livrarias, alguns dos quais já ficaram referidos,
com base em informações incompletas. O de Coimbra, porém, datado de
1766, conserva-sc na íntegra (2) c revela, a par de Mayr, Bríxia, Dc Bcncdictis,
Lossada, Purchot, Ferrari, Du-Hamel, Lalemandet — nomes muito conhed-
dos que não slo dispiciendos —
autores grandes oorao «Newton opera qua-
tro tomos de quarto», Wcrif, Cassíni, Descartes PhilMopbia, Mussehõnbrock 1
tomo de 4», «Bordlios de motu animalium», «Ars dirigendae mentis 4 tomos
de outavo», o P. Regnault fizica 3 tomeis em oitavo», Zanch Philosophia
Experimental 3 tomos de 4.°, Corsini Filozophia, a óptica das cores do P. Cas-
tel 1 tomo outavo, Abrixia tom. 5 de 4.", «Izquierdo Pharus Scientiarum 1 tomo
de folha, «Mundo de Descartes 1 tomo de 4.<', Maygnan comentários 1 tomo
de fidlu^ «Amil, Hntoria das Sciendas da Academia Real 1 tomo de Sta^
teyo, Kstoria da Filosofia 3 tomoa de 4.*, Sdenda Sinenab 1 tomo de 1 foUia

(1) A peticioem que rechiuam o gapmwiro do ttabaOio tam um dwpMcho de


22>VIII-7C6 • a proposta de pagamento, 24X46 (T.T. —
Min. Juatiça, M. 293).
(2) Foi ordenado pelo Dr. Manuel Francisco da Silva c Veiga, Mestre de Retórica
(T. T. — Registo das Ordens. Min. Reino, VoL 417, fL 76v. e ã2v. e Min. iusL M. 22).

Copyrighted material
—243—

em pergaminho, Duhant, dificuldades filozoficas 1 tomo de outavo, Luis Anto-


nio Berne, open dons tooiM de 4.<^— deeerto, Vernei mal grafiulo.
Na Hoçflo de Matemática e Medidna, além de várias obias de Geografia,
Geometria e Cosmografia, possuíam a «Óptica de Aguinon, Versoni,Theatrum
instrumentorum et machinarum, com declaraçoens dc Broaldo estampado»,

Geometria dc Renato Descartes por Francisco Schooten 6 tomos de 4.*>, uma


História das plantas, Hipócrates, etc.
fi ÍBleici MalefiiMrqiíeiiociqptododaa Hiim^^
dotem latim e em grego, Justo Lfpiio, Boécio, Xeoofonte, Ftetio, Dnndste-
nes, Ovídio, Eiopo, Heródoto, Homero, Séneca, Pindaro, Sdfoeles, numerosos
dicionários gregos, hebraicos, árabes, franceses, italianos, espanhóis. Não
falta Erasmo, Vaseu, Valia, Arias Barbosa, Ariosto, o grande Dicionário dc
Moreri, Bayle quatro tomos cm 4.° c até o Verdadeiro método de estudar «de
autor occulto que &c diz ser o Padre Verné que está em Roma», a Balança
da polémica vecneiana e da Gramática Latina dos
intdectual e outros folhetoa
Oratofianot. Purjur Logfeae Vemekmae era um dos «livros prohebidos que
que estavam fixados de baixo de chave em lugar separado da mesma Livrap
ria».
Não basta, porém, ter livros. A medida da cultura assimilada aprecia-se
melhor nas obras redigidas. As Conclusiones Mathematicas, presididas em
1747 pelo Professor de Matemática, António Monteiro e editadas na Tipo-
grafia do Colégio das Artes, permitem calcular o nfvel que as ctíncias atin-
giram em Coimbra.
Como primórdios de Geometria, estabelecia a impossibilidade de
todas as partes do contínuo, distintas e divididas em acto. Em astronomia
rejeita o sistema copcrnicano, somente por contrariar a Sagrada Escritura.
Declara-o, porém, admissível como hipótese, acrescentando mesmo que
a antoridade da Sagrada Bnitan, nlo se pode demoustrativa-
«raccluida
mente ccmcluir que a tem se}a imóvel». Sustenta que ao meioKlia se
podem ver as citida», à vista desannada; que oa cometas niosio mensageiros
de desgraças; que enquanto a esfera gira com celeridade tmiforme^ cada nma
das suas partes move-se com velocidade não uniforme (1).

Muito mais importante, porém, é o caso do P. Inácio Monteiro, que no


desterro de Itália publicou um curso de Filosofia que incomodou Vernei.
Antes da expubio editou um Coffvwmfio dos Elementos de Mathanatica neeea-
saríos para o estudo das SeienciasnaturaeSte héUas btnu, «composto para uso
dot eatndanlet PMtngiiezei, e para servir de introduçSo no estudo das Mathe-
maticas aos curiosos destas sdencias». Como se lia no rosto do 1.® volume.

(1) CoodustoDe.

Copyrighted material
— 244 —
o autor era ainda «Estudante Theologo» e «Miestre de Mathematica no CoU
l^io de Coimbfa». Este ydnnie traz adatade 1754e oi^vadoade 1756.
Camo nas licenças observa Pr. Joaquim de S. Ana, os liesnllas oonttnnavsm
a ser os únicos que inaqfinhaiifi aulas públicas desta disciplina «no nosso
Portugal", e sentiram necessidade de reformar os compêndios correntes do
P. Manuel de Campos ou mesmo a obra do Engenheiro Manuel de Azevedo
Fortes.
É certo que o autor aimsenlava apenas «os como primeiros principies
msis necessários da Nbthematica». Mas era o bastante para evitar a fiidiga
de «revolver os Eadides e os Dedules»» a quem acompanhava «a sua maior
i^ipiicaçio na Fbbica experimental» (1). Aqui está um compêndio que Ver-
sei nunca se propôs redigir.
Inácio Monteiro, ao escrever estes Elementos, visava a «classe de
gente, que he muito numeroza e merece ser atendida com respeito», que
desga ser FQosofo «sem estudar Mathematica e desta só pertende saber os
princípios necessários para a Physica». Há ainda outra espécie de ddadios
a quem podem aproveitar —
«outra ordem de curiosos não menos numerosa
(...) e merecedora de igual ou maior respeito». São os que «ilIustrSo a republica

civil e acreditão litteraria, gente de distincto nascimento, ou de espada c

toga, nos quaes parece mal a ignorância nestas matérias, mas buma leve
litteratura os «£ como esta gente serve na administração, e governo
illustra».

das cousas do estado, passão a vida em curiosas assemUeas e craversaçOes


de homens doutos» e em exercícios semdhantes e próprios do seu caracter,
necessitam de grande instrução de bellas letn», historia natural e dvil, noti-
cias gcographicas e chronologicas c outras artes que com estas formão o
corpo das leiras humanas, se nao quiserem em huma erudita conversa, ou
gtiardar hum religioso silencio ou dizer muitos desatinos».
Cânsdo da imperiosa nacessidade de se entrar definitivamente no novo
caminho, escreveu os dois vdhmies que se destinavam «aos estudiosos da boa
Filosofia, letras humanas e mais sdencisa natiu-ais» (2). Como no primein»
volume tratara da Estática, Mecânica, Hidráulica, etc, devemos considerar
a obra como de noções fundamentais de Matemática e de Física (mais desta
do que daquela), o que igualmente provam as gravuras que acompanham o
texto, em folhas separadas.
um pedagogo que meraoe excepcional reffarSnda, por
Tmtarse, pois, de
constituirexBiq^o acabado da mudança dos tempos. sua mentalidade é A
estruturalmente cientifica, de base iluminista, em oposiçio a eqwculaçfies

(1) Compend, Censura.


(2) Compend, II, Prólogo.

Copyrighted material
— 245 —
firfvolas on a aubnidades impertinente», memo que estas se denominem Inqni-
«içio portuguesa ou romana. Na controvirsia antigos-modernos, oolocfr4e
doddídamaite ao lado dos últimos, tmpng^aaáo frases cortas de critica
severa. Reúne o seu sabo* em dois pequenos Uvros de bolso, escritos em por-
tuguês, porque as grandes obras são preciosas para dormirem nas estantes
das Bibliotecas. Sem insistirmos em nomes dc cicniistus jesuítas, como
Ricciolo, Deschales, etc., advertimos já que InácioMonteiro manuseou os
principais autorasde todas as ooafissOes.
Logo no pr^Qgo ao Leitor fixa, nos devidos termos» a sua posiçlo:
«Ninginém ignora que nenhum homem no mundo pode hoje apraider Pliilo-
sophia sem inteligência de Mathematica. A Physica verdadeira e que nestes
tempos se cultiva, não são os entes da razão, as possibilidades e chimcras
dos antigos, ociosas subtilezas do entendimento humano. Estudamos hoje
a natureza pela observação e pelo calculo; os entes de razão não se medem
por Geometria; porem esta sdenda he o frmdamento dos oonliecânHitos
pliyiioos que fuem o ooipo da Pliilosoi^ moderna».
Inádo Monteiro, já Padre mas ainda estudante de Teologia, estava, pois,
perfeitamente integrado na nova vaga filosófica.Logo a seguir, exemplifica:
«Hum cartesiano e gascndista que não sabe Geometria, ignora com esta a sua

mesma doutrina. Pertender estudar physica experimentai sem Mathematica,


he querer ensinar Tlwologia, ignorado o Cathedsmo. A doutrina do Cavai-
kiro Newton tem mais calculo do que oondusoens». E referindo^ ao caso
poftugvfis, lamenta: «Quantos Mestres vemos neste reino, dotados de admiia-
ytít entendimentos que, por falta de Geometria, à qual inculpavelmente em
outros annos se não applicarão, não fazem em Philosophia aqueles feliaBS
progressos que dc tão raros engenhos se cspcrav3o».
Compreendendo por Matemática toda a ganu de ciências físico-naturais,
na medida em que utHizam o cálculo, estabelece que «qualquer medico que
ler o methodo do fiunoso Hennamio Boerhaave, chamado vulgarmente o
Hypooates modenio, se convencerá de tudo o que digo». E a rematar: «Nem
en gastarei tempo a persuadir verdades que já hoje ninguém nega; porque
confessando todos que não ha Physica sem Mathematica e que a Medicina
he uma Physica delicada e practica, bem se vê a consequência que destas ver-
dades se segue». Aponta algumas: «Quem julga que sabe Letras Humanas
ou bdlas letras, sem nunca estudar Oeognphia, Quonologia e outras varias
mnf^n-t^f MathemalicaSk ^hnih aqiiellas duas dependem, lea o Mcúiodus dSb^
cmdi et doceruU do excellente jendta Juveacío, voto decisivo na malária, e
nelle achará hnm triste desengano, cqiaz de oonfimdir huma grande prasun-
ção».
No decorrer dos tratados, volta com insistência a denunciar a mentali-
dade clMitfica que o dosnÍBim Chega a estabdecer princípios dedrivoe,

Copyrighted material
— 246 —
oomo este: «NSo nos embaraçamot em mathematica oom as divenas opt-
nifles de phikMopliM. Entie os nodeniM qoe cuhívSo a Yerdadenm lAyíica,
Carteaiano», Attomistas, Newtooianos, mana de hnai ootpo slo todas as
partes de que consta o mesmo cospo. P<n6n, muitos peripatétiooa ciddlo
que não são bons catholicos se distinguirem na massa de um corpo, Sintail-
cia e qualidade — idea que pela maior parte se encontra somente noa Hès-
panhois» (1).

A onlro propó&ito, é igualmente categórico: «Das prodigiosas propila


dades do ar e dos phenomenos que nelle vemos, estio cheios os livros de Phy-
sicamodonos; porqne a liçio dos antigos nesta parte só serve paia csnddo
da paciência com o dispêndio inútil de tempo perdido» (2).
Quando demonstra que qualquer espaço dentro da atmosfera em que não
há outros corpos, está cheio de ar, adverte: «Com isto não quero negar que
haja em todos os corpos insensiveis vacuolos sem maiena alguma, como per-
tendem moítos Plúlosophos de giande nom^ discqmlos do fiunosBo Pedro
Gassendo (...) .Estes pequenos vacnolos dqwndem da figura c textura das
partes mínimas dos corpos, entre os quaesnio penetra o ar, por cauza da gran-
deza (...) das suas partes» (3).

A interpenetração da fisica-matemática, se não aparecesse aos olhos do


leitor desprevenido, era revelada pelo próprio autor, quando trata da Dióp-
tiica. «Donde se segue ser este hum dos tratados em que se estuda Física
juntamoito oom a Mathomatica: pois a observaçlo e o calculo sio o flmdo
donde tira todas as suas oonsequendas» (4). Conheoedosr profundo dos pro-
gressos científicos modemoi^ alo peide ocasiio de assinalar que na matéria
da Dióptrica «não devemos nada aos antigos» (5). E a respeito da Dióp-
trica de Descartes, nào se esquece de frisar que «explica excellentcmente muitas
cousas iisicas; não hc porem tratado completo, pois lhe falta a geometria com
todos os descobrimentos fisicos, que desde o seu tempo tem havido» (6).

A leflenbilidade da te «do he pequeno axioniento p^


matéria». <cE na verdade os Modernos oom este e outros graves fundamentos
tem desoiganado a todo o mundo de que a luz não he do numero daquellas
qualidades occultas que são hoje testemunhas authenticas da imperfeição da
fisica antiga» (7). A Mathematica que ignora esta Sciencia (Trigonometria)

(1)
(2)
Oompend. I.
Compend, I, 328.
m
(3) Compend. I, 333.
i4) Gompend, n, 90.
(5) Compend, 11, 91,
(6) Compend, II, 91.
(7) Compend, II, 57.

Copyrighted material
— 247 —
he Máthematica por alcunha (...) e a lea tenqio moitiaremos que delia tam-
bém àepenào boa parte da Philoaopliia natural» (1). De igual forma, a JbttU
ticaéMilitoaeccMáriawqpialqinerPliiloaopto «Nem en entoido oomo
pode fallar com acerto em matérias physicas, quem nlo estiver bem veisado no
oonhedmento deste tratado (da Hidrostática) (3).
Afim de facilitar o estudo ao leitor, traça o conspecto histórico antes de
cada ciência e para lhe proporcionar os meios, em ordem a maior desenvolvi-
mento de eada milíria, aponta a principal bibliognifia inait aoenfvd. com o
juízo crítico que forma doa autorea. Entre a vasta biblioginfiaqiie cita, lobrea-
sai «Christiano Wolfio loa 5 volumes varias ediçOes». G>nsídenmM «obra
admirável e digna deste grande sábio Alemão ; estilo quem
breve e claro para
estiver bem versado nos termos da Álgebra. Nestes cursos mathematicos
se acham assim os modernos como os antigos descobrimentos; e de tudo resulta
ser esta a primeira obra que eu aconselharia a hum Mathematico de proiis-

tfto» (4). É que «Gristiaao Wolfio(...) este admiravd alemlo, todo eseraveu
oom o caracter homem grande» (5). «O grande akmlo Christiano Wolfio
de
foi o primeiro que nos explicou o Elemento do ar oom tom geométrico» (6).
Os discípulos do «Cavalheiro Newton», utilizando as suas teorias das
forças centrífuga e centrípeta têm-sc acreditado «tanto neste século, fazendo
ostentação do seu admirável systema nas revoluçoens dos corpos celestes,
em que o philosopho Inglez oom todos os da sua nação faz forte da sua dou-
trina» (7).Conhece Newton através da sua obra e dos escritos dos seus melho-
res diSG^nloa: «S*GrKvesaade (EkmaUa mioaopldae Newtatíanae, edigio de
Genebra), Mussembroeck e Castel (Castel: Vraie Système de Physique géiá'
rale de Mr. Isaac Newton) e duvida «que haja muitos em Portugal que enten-
dào este systema (das forças) nas obras de Newton, que o comum, ainda dos
mathematicos, admira por fé» (8).

As Leçotts de physique de Nollet aparecem citadas a par das obras de


Mariotte, «fiunoseo Académico da Acadranía Real e a quem a republica litto-
raria he devedoia de eurhartes obaervaçoens e descobrimentoB», bem como
de Experimenta ^ytleihmeeeanka do Ilhistrissimo Boyle c Leetíomi O^kae
de Isaac Banow.

(1) Compend, I, 177-8.

(2) Compwid, 1, 197.

(3) Compend, I, 283.

(4) Compend, I, la
(5) Compend, I, 179.
(6) Compend, I, 327.

(7) Compend, I, 218.

(8) Compend, I, 219.

Copyrighted material
— 248 —
O «(leitor que souber Geometria, lea as obras posthumas do famoso Hol-
landez Christiaiio Hnigeiís, em que adiaiio kurna exodlmle Dioptrica».
Mariotte, é o «ftonoKo «cadfrmico da Academia Real, a qpum a Republica
fiteiaiia he devedora de excellentes observaçoena e descobrimentos» (1).
E noutra oportunidade: «Mr. Mariotte e B<^ile, nomes celebres na Republica
das letras» (2). A propósllo da resistência que a água corrente dos rios encon-
tra nos leitos, «Pode o curioso ver a bem escrita obra de Mr. Buffon,
anota:
Hittoire NatunUg, 6 volumet em 8.° (3).
A leqieíto da pcessio do ar aobiie a água, expOe mn cordário e estabeleoe
este escólio: «Esta veidade que éimraconsequmda dos princípios que temos
provado, está demonstrada pelas e3q)eriências de T< rricelio, Otho Guerike,
Boile, Galileo, Paschal. Perrier c outra infinidade de grandes Physicos destes
tempos (4). Galileo de Galilcis. que he o primeiro a quem devemos a teoria
do movimento no descenso dos corpos graves, observou as leis deste movi-
mento...» (S>. Descartes, «aqueOe raro engenho do século passado, foi o
primeiro que nos deu nesta matéria admiráveis luzes, como se pode ver na soa
Dioptrica Fisica, em que explica admiravelmente as leys da refracçao» (7).
Quando trata da pressão da camada do ar atmosférico, lembra com
naturalidade: «Todos sabem as experiências de Pascal e Perrier nos montes
de Auvergne em França (...)» (6). A sua perfeita mentalidade científica nào
tinha dificuldade em entender («entcnde-se bem...») «como o mercúrio no
tubo de Teirioelio, metido no lecipiente da maquina pneumática, le soitaita
na mesma altura (...)» (7).
Além da obra Eléments de la Géometrie des infinis, vol. em 4.o, em 1727,
1

do «discretíssimo Fontenelle, Secretario da Academia Real», cita ainda Plura-


Uté des mondes, do mesmo autor. E que admira, se ate louva «a excelente
obra do celebre Marquez do Hospital, VAnalyse des mfiniment petils, em 1696
em 4.<>, 1 voi». A
demonitnff que a leu, como todas as que lecomenda, acrsa»
oenta: «Esta obra he somente para os estudiosos de Geometria mpenae, e
nSo serve aoa principiantes» (8).
Na secçflo da astnmomia, faz afitmaçOea assombrosas: Revda, antes

(1) Compend, I, 315.


(2) Compend, I. m.
(9 Compend, I, 325.
(4) Compend, I, 34!.
(5) Compend. I, 242, 227.
Compend, n, 91.
(7) Compend. I, 343.
(8) Compend, I, 338.
C9) Compend. 11. 303.

Copyrighted material
— 249 —
de mais, que os astrónomos se têm dividido em dois partidos, oonaooiíte admi-
tem qiie a tenra gira ou está panda. «Maaamayarpartesededanafavordo
primeiro, de Gopeniioo». Entre eles, âta «o SunosoKepIer», «os dok admi-
ráveis Cassínis» e «o gnmde Newton com outros muitos». Manda ver
«o curioso (...) da Cosmografia e Astronomia o 2.° tomo do Fssay sur Vhis-
tobrt des belles leiíres» de Mr. luvenal dc Carlcneas (1). E também «o insigne
astrónomo David Gregório: Elemenía Asíronomiae Phisycae et Geomeíricae
1 voL em fdio, (visto que) nesta otea excdente se explido os ctanentos de
Astronomia» oonfocme o sistema de Copérnico; regras e hypotiieses dl^
ticas de lolo Kepler, as quais mdfaor com os fenómenos celestes»»
se ajustio
Ao cacpor o sistema de Copérnico, traça o panorama das questOes em termos
essenciais: «Satisfaz com mais simplicidade de que todos os mais, aos fenó-
menos e observaçoens astronómicas (2). As causas das proibições da Inqui-
sição Romana c da Suprema Inquisição dc Portugal «são alguns textos da
sagrada escritura que, entendidos literalmeiite, como os entendem os Sanfeos
Padres, slo muito exprasaos contra o movimento <ia tena» (3).
Mas
«duas couzas não tem duvida neste ponto: 1. que cm a Igreja defi-
nindo que algum dos textos acima ditos se deve entender literalmente, ficará
certíssimo o descanço da terra, e todos os argumentos dos Copcmicanos
ficarão declarados puros parallogismos. 2. que athe agora nem declarou a
Igrejaou propoz como de Fé a intelligencia literal dos textos referidos, nem o
desõuiso da teRa»(4).
O xcmoqw ao Santo Ofkio pBicoe evidente^ mas antes de o dar, fm
ciando que em lUnna já le começava a ver oom outros ollios o sisteam do movi^
mento da terra.

A convicção firme da utilidade das ciências experimentais, espalhada a


flux pelas laudas do compêndio, leva-o por vezes, a usar frases de autêntico
ilumimsta: «He indecente a qualquer bomem de bem ignorar Geographia;
e quem nlo conhece a grsnditsima importância desta Sdeada, me parece
estrangeiro na rq>ublica das letras». Explicita, em casos ooncnlos: «Ife esta
o fundamento e alma de toda a historia e de muitos outros estudos. A igno-
rância desta faculdade he causa de que, muitas vezes, homens de carac-
ter e graduação não entendão os negócios políticos de que se trata nos gabi-
netes e nas conversas; nas quaes fallão frequentemente da Corte de Hispanha
oomo de buna cidade de Holaadeaes; dos bárbaros de Lapponia, oomo dos

O) Compflod, n, 128.
O) Compend, II, 217.
(3) Compend. II, 217.
(4) Compead, II. 218.

Copyrighted material
— 250 —
habitadores de Canadá; e homem houve já, que em huma conversa seria-
mente queria persuadir ter entrado huma Armada ingleza na Silesia que
he o mesmo que dizer que a frota da Bahia anoonura no alto da serra da
Estrella» (1).
No que reqpeita à história, «hum medico ou hum Filosofo deve saber
p>ela ordem dos tempos os principios, progressos e aumentos da ciência que
professa; as variaçoens e decadencias que experimentou, os authores famosos
que a escreverfio (...)• De outra sorte, ouviremos muitas ve29es dizer aoe
peduff»! q^ ignorlo catas noticiat que Hypocntes foi hum gmnde Hol-
fauMlez; e q^ Boerhave viveu no tenqpo de Amimtaa; Descaflea terá ^
como Epicuro e Aristóteles hum bom Catholico Romano» (2). Esta de Alis*
tótelcs andava na boca dos Iluministas e serviu-Ihe de exenqilo^ a par doa
nomes dos corifeus da Filosofia e Medicina modernas.
Enfim, nâo deixaremos de assinalar o recurso constante a provas mate-
mátioaa e a eaq^eriências fUcaa» a leqpeito do peso do ar, da elasticidade, da
diGuIaçBo do sangue, etc, etc Waturalmente utiliia os cálculos de Msriotte
sobre a piessio do ar junto da tena(J); a experifinda da comprrsiBo do ar,
de Halles.
Define luz como corpo e relembra: «O antigo Pcripatetico, partidário
jurado das qualidades ocultas, nos segura debaixo da sua palavra, que a luz
he hum acidente ou sem nos dar outra idea ou explicação sensivel
qualidade,
da na natureza Pm
ele, a teoria cartesiana— «engenhoza hypo-
physica».
these», «explica mwianifai e intdligivdniente nmitoa eBíBitos da luz; pofcm, as
observaçoens de Mr. Romer e Bradicy sobre o seu movimento e outras grandes
difí'iculdade$ tem confundido os mais apaixonados cartesianos» (4). No escó-
lio estabelece que «^todas as proposiçocns que se seguem, são verdades cer-
tas, independentes de qualquer hypothese ou systema Filosófico», mas insiste

em que «he certo que todas ellas se explicio e entendem melhor, suppondo que
a hiz ^^i*nt ^
hvn certo movimento rapidissímo de huma temdssima maté-

que do luminozo vem com vdocisBimo


ria oq na mesma matéria deUcadisBima,
movimento bater noa noisoa olhos para ndka cansar a sensação do olgecto
donde ella vem» (5).

Explica a formação de imagens na retina, como nos lembramos ter estu-

dado no curso de Física liceal (6). Chama plausível sistema à hipótese new-

(1) Compend, II. 225.


(2) Compend, II, 261.
(3) Compend, I, 335.
(4) Compend, II, 5.

Í5) Compend, II, 15.

(6) Compend, II, 29 e as.

Copyrighted material
— 251 —
tonianas das revoluções periódicas dos planetas (1) e demonstnMU A pro-
pósito da inéreia, assinala q(qe os iMwtoiíiaiK» a aoeitani C9 e ensina também
qve ^stmoÊ, das Ids fundaiiMiiilaesda Ffayrica catabciecida pdos newtomanos»
lie que nas cauztt naHnies a itsisteada he igual <m tem a mesma foiça que a

potencia» (3).

O vasto conhecimento que patenteia da bibliografia científica da época


e o pendor que manifesta para abraçar as teorias modernas, independente-
meme de posições finnadaa, memo por menibrat da lua Ordem, tevan» até
a diaer algumas pelavns sobn doit ontorianoa oensumdos de plagiato, que
decerto não necessitavam da sua daftaa. iMOta o P. Toaca de iiaver tras-
ladado o P. Deschaks, «pois que n&o he o mesmo compendiar que transladar».
Sobre a Recreação Filosófica do P. Teodoro de Almeida, que havia sofrido
vários embates, como o da Palinódia manifesta e do Mercúrio Filosófico, afirma
que «só tenho a lição que basta para conhecer que o seu Author fez benefi-
cio à s«i mçlo oom este esccilo; e ainda que conheço que muitos o cnticlo
de tnductor {dagiaiio; contudo eu, que tenho lido moitas yems os liwoa
franceses donde se diz ser plagiário, imparcialmente julgo que a cfitica tem
menos sinceridade e verdade do que devia ter; que o livro c que o sett Author
tem merecimento» (4).

Com este Professor, sc outros não houvesse, o ensino entre os inacianos


mudaria certamente de rumo, e com a mesma inclmaçSo que Vemei preten-
dia imptimir-llieb te bem que com muito maicv equiUbiio.
Um terceiro nome das esooks ooimbris, este de Fihsofia, oonqdeta o
quadro da pedagogia dos jesuítas nesta fase do século XVIII. José da Fon-
seca, «Professor publico na Academia Coimbricense das Artes», presidiu aos

actos finais do curso de 1754-58, o último que quase sc concluiu em Coimbra.


Ventilou>se Universam philosophiam peripateticam, ad recentiorem methodum
camdmiaum et mathemaiels dibe^lMr biíerpiÊHetam.(S) Em que método,
porém, se emoldurou a Filosofia Paipatética e em que medida interfisriu a
Matemática?
As Teses abrem com um aviso prévio que nos adverte da posição do Mestre
coimbrão: «Costumam vários Professores chamar ecléctica a sua Filosofia,
rejeitando o termo sistemática. Justificam-se, afirmando que a verdade,
único objecto do Filósofo livre, anda espalhada por todos os sistemas e
jamais dmcanaa absolutamente em qualquer delas». «Conooido —
informa o

(1) Coiqpead, I, 217.


(O ComiWBd, I, 219.

(3) Compend, I, 337.


(4) Compend. I, 328.

Copyrighted material
— 252 —
P. Fonseca — mas também nenhum Filósofo dos séculos passados jurou xdí*
fioMuneiite no Vtripato, de fonna que oonáâatMc ilicito, de vez em quando,
deixar de seguir oe passos de ArístdCeles».
Nisto se resume a oduna vertebfal da atitude deste e de todos os jesuítas
portugueses em vésperas da expoliaç3o das aulas: permeabilidade às novas
correntes, mas sem ódio ao Peripato que, se nuns pontos estava antiquado,
noutros mantinha perene actualidade. Pode-se avançar por entre o método
doa Mòdemoa, sem «fender os antigos —
pensa o P. Fonseca. Cortámos o
que na antiga Filosofia sabia a subtilidades e aceitámos dos modernos quaae
tudo o que ostenta de utilidade e bdeza. Por isso, inseriu no rosto das Tem
o titulo de Filosofia Perípatética.
Para insistir nesta orientação — prossegue o mesmo Professor — nem
omitimos a Matemática, de que a Filosofia Moderna, umas vezes tirou lucro
com vantagem, outras agregou a si de boa vontade como aliada. Que cala-
midade seria, se os Professores da nossa Companhia desprezassem a Matemá-
tica que, em toda a Europa, quer pública quer privadamente, sempre cultiva-
ram com dignidade e multo estudo, ot filhos da Companhia. Também os de
fora, no seu século, se distinguiram nesta disciplina. Introduzimos na Física
Geral muitas questões acerca do movimento, as quais, homens de grande
talento, como Dcschales, Gravcsandc, Leibnitz, Newton, Wolf, Galileu e
Toirioelli trataram com eficiência, na Estática, Centrobárica, Baiistica, Mecft-

nica e Hidrostática, i imilaçilo do que fizeram os modernos do nosso tempo,


A Brixia, Pmcliot, Du-Hamd, Coisini, Fnrari, Zaadii, Klidl, Lemomoder,
Renault e outros.
Temos, pois, que o P. José da Fonseca distinguia entre cientistas e filósofos,
seguindo o exemplo destes, que introduziam nos seus cursos o que dc novo
e de bom aqueles haviam des>coberto. Fá-lo-ia, porém, através destes com-
pendistas, ou teria mesmo curiosidade de ler os textos no originalT À per-
gunta satisfaz, em boa parte, o catálogo dos livros do cubículo do Professor
de Filosofia e da Biblioteca geral do Colégio.
Na primeira parte da Física Particular — continua o Professor coimbrão —
acrescentámos muito dc Astronomia c Geografia e quase tudo da Esfera,
muito de Anatomia, Óptica, Dióptrica e Catóptrica. Quer dizer : toda a adver-
tência prévia foi dirigida no sentido de se justiíicai , cm face da parte cientifica,
fi depois, no deooner das questites, que se apalpa o sentido moderno que insup
flon a todo o curso.
A
Filosofia, divide-se «apropriadamente» em Racional, Natural e Moral,
colocando a lógica no primeiro lugar das partes da Filosofia Racional, como
órgão e instrumento que é de todas as disciplinas. Preenche a primeira Cori'
clusão com a indignação da natureza, necessidade e objecto da Lógica.
Seguindo já a temática renovada entre os escolásticos mais recentes, atribui

Copyrighted material
— 253 —
às operaçOes da mente» que divide em apreensão, juízo e disciirso, a função
de objecto da Ldgica. Nflo é cartesíaiio, loddano ou wolfiano: é moderno
na probtemátiGa eacdártica. For ino, ao tratar do juizo^ introduz a nova
questão do cxitério da vodade e a s^;uir nfto te esquece de se demorar em duas
questões, ao versar o método.
À Lógica segue-se a Metafísica, que reduz pràticamente à Ontologia, tam-
bém de gosto moderno leibnitziano e à Pneumatologia {De Deo, De Angelis
et anima rationaJi, M de Olha potentils et tíbertate). A propósito reAita oomo
ftltaa proposiçSo de Descartes que identifica a extenslo oom a ess6iicia dos
corpos. Reconbeoem a existânda da alma ladonal, «qwla fé e pdo sentimento
íntimo, rejeitando o actual pensamento como siia essência, conforme excogí-
tou Descartes. O intelecto e a vontade sSo apresentadas como as faculdades
da alma mais conhecidas, mais evidentes. Apreciando as soluções de Des-
cartes, Malebranche e Leibnitz, traiu da uniào e relações da alma e do
capo.
A Fisica, se bem que parta do principio de que é falsa a teoria que si^Oe
poder reduzir-se a matâria prima, no sentido fisioo, a partículas pequenís-
simas e insensíveis, com quantidade e extensão, ocupa-se largamente do movi-
mento, sob os aspectos de velocidade, quantidade, comunicação, colisão,
queda por plano inclinado, gravidade, equilíbrio, etc, etc. Estuda o movi-
mento dos pêndulos, movimento circular, movimento dos sólidos pelas máqui-
nas» a imenio dos sólidos nos fluidos» calor» fijc^ humidade, elasticidade,
diafimeidade» luz, cores» magnete e elasticidade.
A
sagunda parte da Fisica Natmal é um tratado de Geografia que penetra
no mundo c em toda a esfera, com pormenorização do horizonte, meridia-
nos, latitude e longitudes, zonas, climas e habitantes do globo, astros, plane-
tas, estrelas, cometas. Por fim, ocupa-se de cada elemento em particular.
A terceira e última parte reúne lições de botânica e zoologia: anatomia
das plantas, geraçlo dos animais» estrutura do corpo humano, circulação do
saogue, reapiniçlo, mitiiclo, os dnoo sentidos...
A introdução da moral num Curso de Filosofia tem visos de novidade,
pelo menos na divisão de ética geral e particular. Mas não nos alonguemos
mais, visto o que ficou dito, ser de sobejo para marcar a posição dominante
nas aulas inacianas de Coimbra, antes do encerramento.
O novo hofizonte na cidade do Mondego, estendeiMe tanbim sem
demora a Braga, ao Cd^o de S. Psnlo. Restam-nos teses de 17S2, a
753-54, (1): Naturae et Ârtis MirabWa sive Philosophia Per^aSetica curiosa
(1752X do P. Fiandsoo António» cujo conhecimento devemos ao P. João

(1) Ver. Na e Philo.

Copyrighted material
—254—
Ferdia Gomes, e a do P. Inácio Soares, de que publicámos longos excer-
tot em FOòMioã FúrtHguaet do Siaih XVm^il),
Fhmdwo Antteio eia natnnl de IJsIkm»
de 1713. Entrou na Companhia de Jesus a 1 3 de Junho de 1 728. Leccionou
Humanidades durante cinco anos, foi substituto no Colégio dc S. Ant3o, no
ano de 1749 e Professor dc Filosofia cm Braga, naturalmente no triénio 1749-
-752. O seu ensino nesta cidade deu brado e com razão. Na polémica ver-
neiana falou-se do seu nome. Fina e Melo, por exemplo, elucida que «todas
as pessoas que o oooheoem (...) peto leu o^gnilio^ oodiçio e virtude
delas seatnvwá a dizei (...) «loe nlo ic^ um dM iigeifios mais disti^^
tem adornado no homo tempo a sua erudiUaiima Rdigíio. Efectivamenle
assim era. como se obaerva «través das teses çf» nos patentdsm a modemip
dade das suas ideias.

Na primeira linha começa logo por estabelecer que os que quiserem estu-
dar Filosofia, antes de mais de tftai w
alwitamwntr» a histdria. Como oom-
pêadto recomenda Beyiling, na palavra FUoscifia on Purcbot no prafácto das
tutíttÊíioim PUhiopkiae, «A Kfsiàt passai à iitlHssIma inquirição da ver-
dade, que se tem de ver sobretudo nos modernos. Para esse ISm, devem-se
preferir o Autor da Arte de Pensar, o P. Malebranche c principalmente J.G.S*
Gravcsandc, na introdução à Filosofia. Porém, a respeito de toda a Dia-
léctica, hão-de se folhear constantemente, dos antigos os P.P. Fonseca e Conim-
brioenses; dos modernos» Wolf o Cbmbefg».
«Em primoro lugar ttm de se emendar os erros que provtei dos sentidos
eatlenos ou da fantasia, dos estados de espírito ou das inclinações da vontade,
e até da pura intelecção». E fixa o principio utilitário, tão de agrado do século,
que detesta argiícias e brincos de inteligência: «Era toda a Filosofia deve
procurar-se com toda a diligencia o que é útil buscar golosamente subtilezas
feitas, as agudezas sofísticas ou antes, maravalhas do intelecto ocioso».
Frosssguindo na esquematizaçSo do programa, resume: «Começar
pda Lógica, passar à Metafísica e depois, vir à Geometria e i Física, pera
finalmente le aprender o modo de ordoiar a vida na Ética». Divide a Lógica
em quatro partes: Percepção ou ideia, juizo, raciocínio, método, e zurze
impiedosamente os «labyrinthos» que fazem perder tanto tempo, mais bem
empregado se se consagra às subtilezas da Aritmética e da Geometria.
É daro que nós na sinceridade de Francisco António, quando
nfto acreditamos
aaaevera qns esta forma de a Lâglea parece nio se afastar quaae nada
tratar
da que Alisidtdes piopte. <)uemnlo viu já nesta breve descricio, o esque-
leto das Ideias defendidas por Vemei no De Re Lógica, uns anos mais tarde?

(1) Filos. IIL

Copyrighted material
— 255 —
N8o sacrificou, porém, a todos os entusiasmos de momento. E assim é
que, despTCTando ot sflogigmos fabos ou gofigmas, afirma que «tirar da» escolas
as fornias dos SiUogismos vetdadetros de Aristóteles he desterrar do mundo
as sciencias)». Nfto nos esqueçamos de que tambdm Vemei dedica algumas
páginas aos silogismos que, tendo em conta a sepançio que Francisco Ânt6>
nio faz, se podem considerar um óptimo instrumento de raciocínio.
Inclui a Metafísica Natural, em lugar cimeiro, seguindo-se a Fisiologia,
de ftmna a desoer-se, «oom verdadeiro método de doutrina», das ideias gerais
das causas para as individuais e fonnas mfcHniois cu físicas das mesmas oou^

sas. Recomenda que nos nlo ocupemos de tal forma das noçOes abstractas
de acto e potência que ne^gendemos a composição física e sólida das cousas.
Em conformidade com esse princípio, a Filosofia Natural deve formar-se cora
as razões e os inventos, tantos dos antigos como dos modernos. Em pri-

meiro lugar, um compêndio de História Natural e depois, o estudo da Natureza,


propriedades e fins da Fisiologia, dividindo esta em geral e particular.
É de notar que Frandsoo António acentua que grande parte da Fisiolo-
logia permanece oculta ou ignorada, sem um poucochinho que seja de matemá-
tica pura. «Mal distinguimos a Matemática mista da pura Fisiologia». Reco-
menda o Compêndio dos Elementos de Matemática de Wolf, adaptado a
estudantes, a quem se não abalançar a matemáticas mais altas. Aos que dese-
jarem ^ofundar o estudo da Fisiologia, aconselha as investigações das
Academias da Europa. Por aqui se adivinha o que teria sido dito na Quaes-
tíoprine^: «A Filosofia Peripotéticaoonoofda bem oom os inventos recentes
das Academias da Europa?»
A importância destes estudos assinala-a Francisco António na II Diversão
curiosa em termos absolutos, como qualquer iluminista do século: «Da
história de toda a Física tiraremos os fundamentos mais sólidos para demons-
trarmos queo estudo da Filosofia Natural não só he necessário aos Filósofos,
senio também aos Politicos» aos Médicos» aoe Juristas e aos Theologos».
Alude às máqiiinas jnieumática e déctricas^ ao termómetro, ao tubo de
Tonicdli a ao barómetro. Possuiria estas e outras máquinas, estes e outros
instrumentos, ou servír-se-ia, para sua insiruçio, de Regnauit (que aliás cita)
e de outras obras semelhantes?
Seja como for, convém ainda sublinhar de passagem que «agora, dentro
dos novos horizontes, se fala do centro da gravidade, peso de colunas de ar
que pesam sobre nós, de movimento do pêndulo, como se explica por que é
que as tones de Pisa e Bolonha, estando todas indinadas para huma parte
para onde ameaçâo ruina, estão muito longe delia», ao mesmo tempo que se
promete «huma regra certa para definir se ha perigo de queda em qualquer
corpo grave inclinado»; como se definem noções de Estática e Mecânica e
se dfto explicações de máquinas que ainda hoje figuram em qualquer compên-

Copyrighted material
— 256 —
dio <te F&ica (balaiiças» alavancas, etc.); se patenteiam noções de Hidrostática
e alé ^ Cosmognfia e Astrcmomia. Sobre os sistemas cósmicos sustenta
que «o sistema do mundo de Copérnico pode defender-se como hipótese, na
qual se expliquem muito naturalmente todos os fen^noios, que vemos no
nosso», lembrando que «acabaria muito brevemente o mnmdo, se fosse fabril
cado como fingiu Renato Descartes».
A terminar a parte cientifica do curso, Francisco António ocupa-se
das plantas «e dos tooieniaa da Botânica», doa animais com cap^^
pan o hoinem e req)ectivot sentidos, fechando com adiamentos de Anatoniia»
e de Miedictna. Psra o modemo Frofesaor, esta dincia depende principal-
mente da Anatomia, «que devem saber todos os médicos».
Finalmente, sobre a moral de Francisco António apenas queremos acen-
tuar a sua fidelidade a S. Tomás, a preferência que dá a Muraton sobre Heinécio,
depois de notar que «i^beirac e Loke não são seguros, Hobbes segue a sem-
-xazlo que se atríbue falsamente a E|»cnro, Spinosa he Ateo e MCidiavdo
o mais ÚBipio de todos», enquanto recomenda cautda ao ler «Grodo, Pullim-
dorf e Bacon VeruUamio».
Inácio Soares seguiu sensivelmente a mesma orientação, se bem que
nos pareça mais apegado à lógica tradicional. Nasceu a 26 de Abril de 1712
em São Lourenço do Prado (Melgaço), tendo entrado na Companhia de Jesus
a 21 de Março de 1729. Foi Professor de Filosofia e Matemática no mesmo
Real c Pontificio Coi^ de S. Mio, entVD 1739 e 1754. As teses que nos

A sua afeição à lógica tradicional, manifestada, por exemplo, na série


de conclusões que lhe dedica, c contrabalançada pelo apêndice do Método
e sobretudo pelas regras críticas que anuncia. Aparecera já o De Re Lógica
de Vemei e sairá ao seu encontro, o espírito arguto de Manuel Marques,
com o livro Fúrfwr Logieae Vemeianaey que o Professor bracarense classifica
de «tratado todo dt ouro».
A FUosc^ Natural i^ncHdmarse mais da de Frandsoo António, uma
vez que, depois das noçOes Metafísicas dos prtndpios constitutivos dos seres,

desce ao ente real e sensível que é objecto das ciências naturais, física e astronó-
mica. Tanto as questões como as noções pouco divergem nos dois Profes-
sores. Apenas as de Inácio Soares apre&entam-se recheadas de nomes de
autoies, entre os quais, Newton, Oasaendo, «Hugenio e Marioto».
Como extenslo deste movimento lenovado, figura a traduçlo da Fbica
do jesufta firanoSs Noel Regnault, da autoria de Jofto Carlos da Silva, e publi-
cada em Lisboa, na oficina do impressor do Santo Oficio, Miguel Mraescal
da Costa, em 1753. Era mais uma tentativa de difundir por todas as camadas
intelectuais, o sincretismo da Filosofia e ciência ecléctica. «Dá-sc o motivo
da tradução desta obra, em que se propõe a Portugal o verdadeiro methodo

Copyrighted material
de estabelecer o estudo necessário da Fysioa». Depois de narrar maravilhas,
pergunta: «E qpeiii, à vista diito^ nlo tefá por necettario dar às escolas
e aos R^nos este ertudo de Fyska EaqwrimeiitalT».
A orientaçSo seguida por Regnault é fundamentalmente matemática,
porque o autor, como sublinha João Carlos da Silva, «foi vcncrador dc Cartesio
c Du-Hamel». O tradutor avançou mais, porque depois de s;ibidos os rudi-
mentos dos livros de Regnault, «se deve passar às instituições do famoso

Baile Ott àade Purdiotio, ou à FSkeofia Antiga e Moderna de Dn-Hamd


e sobretudo aos dementes de Wolfio, noa quais se oonoorda a Mathematica
com a Pysica, oom a brevidade, distinção e methodo que mais se podem
desgax».
Tem cuidado de advertir que não excluiu «os principios mathematicos
da Filosofia Natural de Newton ou o Compendio de Filosofia do mesmo
Author, composto por Gravessande, nem as obras do P. Tosca». O que não
pode admitir são tr88 livrinhos que se imprimiram em Portugal, cujos títulos
não refere mas f&dhnente se identificam: Phihst^thia Àrití<aettea resttíuta
do P. João Baptista (Lisboa 1 748) ; os Discursos da ignorância em que se duvida
do fogo elementar (Lisboa, 1740) de Bóreas de Araujo, e a RKreação FUosó'
fica (Lisboa, 1751), do P. Teodoro de Almeida.
O primeiro c muito «systematico», quer dizer, muito agarrado a sistema
Ott opiniõesde Escola, além de fazer dizer a Aristóteles, o que ele nunca pensou
o 8^!undo intentando csqjdicar a natureza do fogo, vem ter conseguido ddpla
a oonlieoer; e o terceiro, esquecendo-se de dar sequer «buma leve noticia
histórica desta sdencia» e pretendendo iq)enas colher os aplausos dos moder-
nos, com desprezo dos antigos.
A autêntica ciência devia estudar-se nas «collecçòes ou obras das Aca-
demias mais célebres da Europa». Consequentemente, sugere a fundação de
uma em Portugal, «se Deoa mover a vontade do nosso soberano». Junta-
mente oom a Academia, propunba taoibém um «Obsnvatorio das scâencias
em que faz a primeira figura a da Filosofia Natural». Teve a lúcida ideia de
dedicar a obra ao «111. e Exceli. Sr. Sebastião José de Carvalho e Melo», mas,
ou porque o autor era jesuíta ou por qualquer outro motivo desconhecido,
não consta que o seu êxito fosse grande. Contudo, não se tem posto em relevo
esta proposta, parecendo que antes e depois de Vemei ou Ribeiro Sanches,
não houve mais ninguém que se lembrasse de jx^omover o progresso dasdãn-
das entre nós.
Ainda sob o signo dos jesuítas —
o que não significa perfeita identidade,
mas exclue o desprezo, que no capitulo já se vai topar, a t<ido o movimento —
indicaremos o autor da Carta aos sócios do Journal L.síraiigciro de Paris,
em que Miguel Tibério Pedagache se propôs dar «noticia breve dos literatos

mais fiunosoa», eudstentea em Lisboa. Não se trata de Grónica muHo petfota


17
— 258 —
do panorama intelectual lisbonense, mas pomitia contactar oom alguns
nomes que se distingirfam abs letras, nas GiêndaSk na filoaofia, teologia, his-
tória, sagrada escritura, oratória sacra e artes (1).
Vale a pena transcrever a apreciação que faz de um jesuíta com quem
trabalhou cm Lisboa: «Seria ingratidão, se me esquecesse do M. R. P. Eusébio
da Veiga, da estimável companhia. Professor de Matemáticas no Colégio de
Santo Antio: todos quantos t6m o foito de o conversar como amigoi^ e de
o ouvir como discípulos, pnUicam a sua vasta capacidade e elogiam a sua
pKofunda sabedoria».
Seria ingratidão, porquê?
Dois anos mais tarde, deu a resposta que desejávamos saber, ao publicar
as observações do eclipse parcial da Lua. obscr\adt) no Colégio de Santo
Antão, a 30 de Julho de 1757. «Ainda que cie pudera poupar-me ao trabalho
de nuuMiar in^rimir esta minha observaçio, na certeza de que o M. R. P. Eusé-
bio da Veiga, da Companhia de Jesus e dignitMimo Professor de Mathema-
ticas no Real Colkgio de Santo Antão, de quem tive a honra de ser adjunto,

dará brevemente a sua ao prelo (...)» (2). Não sabemos que significará neste

caso, o vocábulo adjunto, se mero auxiliar desta oportunidade ou ajudante


permanente, pelo menos já desde 1755. Como quer que seja, convém determi-
nar O ideário deste personagem, sobre que quase nada se tem escrito, mesmo
q[ue nlo sirva para determinar a orieiítaçfto scfuida no CoI^k> de Santo
Antflo.
Embora declare só pretender comunicar ao público a escolha que faz das
opiniões que refere, como pensa servir dessa forma a Pátria, teve o cuidado
de enunciar o princípio norteador da sua posição intelectual. «Faço menção
neste papel, de alguns authorcs hereges, porque os erros na Religião não
desacreditio ca acertos em outras matérias e hum discípulo de Mafoma,
qw o Gathdfoo
Gonfbcio, Luthero e Calvino, pode aer mais erudito do
mais sincero». Anuncia que adopta o sistema de Copérnico, porque «mais
geralmente recebido», posto que o aceite apenas COmo hipótese, Siyeitaildo^e
nisso e «em tudo, às decisões da Igreja Catholica».
Entrando no assunto do livrinho, relata a opinião dos «Filósofos» desde
a antiguidade, acerca dos cometas: «Jacques Bemouilli, Descartes, Newton,
Le Monier, Euler, Maupertuis, Saverien, la Wn, o Didonario da
Cassini,
Enôdopedia, aa Memorias da Real Academia das Sdendlas» as TRUsacçOes
Filoeoficas».
Apesar de tudo, o signo dos jesuítas chegara ao ocaso, embora nlo

(1) Cart.
CD Coqieb U

Copyrighted material
— 259 —
faltassem os simpatizantes. Até na Cúiia Romana a sua influência diminuía
a olhos vistos. Pode lá oonoeber^e um século antes, que fosse metido no
bidex Ubrwum FfMIUonm mna inofensiva obra de pdémica que pielendia
reduzir uma outra a farelos?! Pois Furfur Logicae Verneianae, isto é. Errores,
ahsurditates, ineptias Aloysii Antonii Vernei in opera intidli De Re Lógica ad
usum Lusitanorum adolescendtim, editado em 1752, recebeu essa tremenda
sanção, por decreto de 20 de Fevereiro de 1753...
No fim do Pontificado de Bento XIV, o próprio P. Munel de Azevedo^
que lhe editaia as obras» era expulso de lUnna, por imposícflo da Corte por-
tuguesa...
Nos outros Institutos Religiosos, a Filosofia, embora de fimdo aristotélico,
sofria benéfica renovação, em contacto com as inovaç5es que corriam per-
sistentesno terreiro da Filosofia Natural. Há várias relações da modernidade
dos InsUiutos Religiosos. Vernei, em 1751 refere, no Apparaius, os Oratorianos
a os Cónegos Regrantes de Santa Cruz, entre os modemizantes Portugueses.
Teodoro de Almeida em I7S3 coloca o P. Joio Baptista à cabeça, Mgaado
dos Cónegos regrantes de Santo Agostinho, Cléiigos Regulares, Padres doa
Colégios dos Ingleses de Lisboa, «c muitas outras Religioens» (1). Outros
Oratorianos, como João Barbosii cm 1754 (2) e Rodrigo de Matos cm 1756 (3).
inscrevem os Orúzios, os Beneditinos e os Teatinos, ao lado dos Oratorianos,
na vanguarda do movimento. António Soares, 1758 (4) junta aos Néris,
os Cóa^os Regrantes» alguns Beneditinos, vários Reliposos da Santíssima
Trindade nmitot doa Carmelitas e quase todos os Jesuftas, postos oom o
rótulo de aristotélicos.
Sousa Farinha expõe nestes termos: «Todavia os P.P. Neris em Lisboa
e os Viccntes cm Coimbra forào os primcir<is que quizerão ommcndar o modo
de filozofar neste Reyno, como sc vê nos livros dos P.P. Joào Baptista e seu
discípulo Theodoro de Almeida, Congregado, e do P. D. António da Anun-
duào Gnizeiro(S). Em 1762 ainda o autor da Acadania dos HumOdes
mantinha a tradição, repetindo os nomes doa Padres da Congng^^to do
Oratório, Oérigot RepdarBS, oa Cónegoa R/^rantes, os Ingleziea no sen Cdto-
gio» (6).

Pelo que vimos atrás, nenhuma destas informações prima pela exactidão.

(1) RecT, n. Lv, n.


(2) Uni. 1&
(3) Omna Ph, 22.
Í4) Op, 22.

(5) Mcmor, 14v.


(jS) Ac, 138.

Copyrlghted material
— 260 —
quando se leferem aos Jesuítas oa omitem o seu nome. Também a respeito
doa cvtioa lostitutoa Religiosos há algmna ooisa a acresoeiítar.
AntM de mais, voamos os chamados «iniciadons» os oongr^sdos —
do Oratório. Alguns religiosos davam entrada ài novidades, com repug-
nância dos mais pertinazes e dos prudentes, que exigiam provas convincentes
para sc resolverem a substituir as ideias antigas, estratificadas através de anos
sucessivos.
Ode 17S1 é qac deve marcar maior aceitacto das novas ideias entre os
«Oratciianos. D.JoioVhaviar]hesc(moedidotmiaeq>iendidacasa— oHos-
picio juito à limida de N.* S.* das Necessidades com a cerca e moinho
de vento e uzo da mesma Irmida». Recebendo esta magnifica dádiva, os
Filipinos obrigavam-se «a terem e conservarem no dito Hospício perpetua-
mente quatro classes de ensino: a primeira de Doutrina Cristàa, ler, escrever
e contar; a segunda de Gramática e Rhetorica; a terceira de Tiicologia Moral
e a quarta de Philozophia com o mesmo privilegio que hoje tem a Congregação
do Oraitorio de Lisboa» (1>. Refere^e, cotamente, à faculdade de o esiame
de Filosofia dar ingresso «nas escollas mayores», sem mais formalidades
que a certidão passada pelo P. Prefeito, quer dizer, de entrarem na Univer-
sidade sem necessid ade de se siyeitarem a novo exame no Colégio das
Artes (2).

O decreto, datado de 8 de Fevereiro de 1745, concedia também «licença


para que, pelo tempo adiante, posslo ensinar Theología eqieculativE e outra
qualquer sdencia ou facuMade, esoolhcavdo para tudo o referido, Mestres
que com a maior exacção possão satisfazer a estes empuegos».
Só, porém, a 7 de Mai<i de 1750 os Oratorianos tomaram posse da nova
Casa, sendo seu primeiro superior, o P. Domingos Pereira, «a quem o defunto
Monarca honrou muito com o seu favop> (3). A partir desta data, modi-
fiooiMO O quadro dos estudos nas «ffisocdts da Gasa da Congregação do Orsr
tório. Na «Real Casa de N.*S.* das Necessidades», junto do Paço dos filhos
de D. Jblo V (actual Ministério dos Negócios Estrangeiros), algnma oojsa
a mais que no perfodo passado. Agora já se ensinavam «os rudi-
floresceu
mentos da Esfera Celeste e Terrestre». Para livro de texto, imprimiu-se em
Lisboa, nesse ano, um pequeno folheto de 36 páginas, intitulado Diálogo
da Es/era Celeste e Terrestre, dividido cm dois capítulos, que o Journal des

(1) DoaçSo da Casa das Necessidades com obrigac&o de eosinar (T.T. Livro VI —
dos AmoIoi do Senado Oriental; MnotedeD. Jòlo V, L.« 3C, a 291, 292; 0,23-0-1745).
(2) Provisão de 3 -X-7 6 (T.T.
1 1 —
Meta da Consciência e Qvte», U9 6M. Ksgillo
de Prov., 1696 a 719, a lS2v. Publicado em H, IH, 274).
(D O, 6-V-751.

Copyrighted material
— 261 —
Sçavanís atribuiu ao P. Estácio de Almeida (1), mas que na verdade é da
autoria do P. Joio Chevalier.
No tocavam em «zonas terreatree, latitude, geografia»
primeiro capitulo
(naçOes da Europa, divisOes e capitaic, da Aiia, África e América); «oceanos
c mares, arquipélagos, ilhas, istmos». No segundo tratava-se da «figura do
Céu, círculos da esfera, signos celestes, graus dos círculos, eclipses do Sol e
da Lua, fases da Lua, planetas». Sem explicita declaração, descreve-se o
sistema de Tycho-Brhae (2). Fum o estudo da histdria, o P. Joio CSwvalier,
tido como sabedor da inatâna (3X publiooo pequenos tomos, a qne den os
tftnlos de IMhgos éa Wãtória Grega e HistMa Romana, Conctiios Gerair
da Igreja, do Estado presente dos Prttcipes da Europa (4). A história conse-
guira efectivamente entusiasmar os espíritos cultos e várias iniciativas se
registam neste período. Relevaremos apenas a do P. Luís Cardoso, conhe-
cido autor do começou por elaborar, para uso
Diccionário Geográfico, que
próprio, um Indioe da do P. António Csrvalho da
Corografia Portuguesa
GoMa (1.* ed. 3 vob. Lisboa, 1706-12), que achava desordenado, e acabou
por lançar ombros a uma obre gigantesca, de que o Terremoto só poupou
o., dois volumes impressos. A segunda tentativa de reunir elementos, efec-
tuada em 1758, não passou dessa recolha, que se conserva na Torre do
Tombo (5).
Para o estudo do latim, o P. Manuel Monteiro publicou O Novo methodo
para aprender a gramática Latina (1745). Destínavarse às «Escolas da Con-
gregaçSo do Oratório de Nossa Senhora das Necessidades» e ia endereçado
«a El Rey Nosso Senhor D. Joio V». A 2.* parte apareceu cinco anos maia
tarde. Pouco depois, surgiu o Novo methodo de Grammatico Latina, para
uso das Escolas da Congregação do Oratório na Real Casa da Nossa Senhora
das Necessidades, impresso em 1752 (2.° voL 1753), da autoria do P. Antó-
nio Pereira de Figueiredo, que escreveu um «extenso e erudito prologo»,
em que manifestava inúmeros erros (7) do jesuíta P. Manuel Álvares. É deste
periodo a tatâút parte dos folhetos que reunimos. O Mercúrio Gtamh
tical responde ao Prólogo; na 2.* parte do novo método, Figueiredo retruca
ao Mercúrio: contrapõe-se-lhe o Anti-prólogo Critico e o Néri lança a
público a Defensa do Novo Método... contra o Anti-Prúlogo. Compôs tam-
bém Exercícios da Língua Latina e Portugtieza, acerca de diversas causas.

(1) Jou, 17S2, pá«. 440.


(Z) Did.
(3) Vi, s 3».

(4) Dialog.
(5) Diocio.

Copyrighted material
— 262 —
para uso das Escolas da Congregação do Oratório na Casa de N. S. das
Necessidades, ofdaados pda mesma Congrqaclo (I7S1), em latim e
português. Desde a 2.* ed. (1765) estes Exereíeku toam introduzidos por
decreto de S. Majestade, em todas as escolas oficiais. Organizou ainda
uma Collecção de Palavras FamilktttS assim Portuguesas como Latinas parú
o uso das Escolas do Oratório, illustrada com notas (1755), que também foi
utilizada nos demais centros de ensino, por Dccrcto-real, a partir da 3.^ ed.

(1759). Omaior ooosnmodaaobns pedagógicas de Figueiredo estava, porém,


reservado ao Novo Mttítodo da Qrammatíca Latína reAa0o a eomptnão
(175^ adoptado em todas as escolas da metróp(^ e Ultramar, nomead»*
mente Brasil, desde a 2.» ed. (1759).
Neste último ano saiu da oficina de Níanuel Rodrigues uma Ortografia
da Língua Latina, composta por António Alvares. A Gazeta Literária deu a
noticia, frisando, no entanto, na peugada do próprio Autor «Sobre o assumpto :

da pfesente obra, que a ignorânda dos tempos e a oomqpçSo da Ifngna latina


tinha pervertido, trabalharam grandes cifticos, oomo Erasmo, Scioppio,
Aldo Manucio, Dilhenre, Dansquio, Cellario, etc. E, entre outros, o nosso
Luis Antonio Vemei, a quem devemos muitas obras úteis e elegantes, dirigidas

todas para beneficio da Sociedade portuguesa». (1) O P. António Álvares


observara que todos esses livros, ou nào eram de fácil consulta ou nào satis-

faziam inteiramente e estavam escritos em latim. Talvez por isso, «huma


grande parte dos Portuguezes quazi desconhecia o verdadeiro e mais acertado
modo de escrever e prommdar a lingna latina». Estas consideniçSes deter-
minaram-no a conqxxr a sua Ortografia, que logo no rosto trazia a bandeira
do desafio Veritas odium parit (2).
: Como aliás é natural, nSo agradou a
toda a gente. Foi assim que autor anónimo apareceu com Breves observa-
ções sobre a Ortografia da Língua luitína, que se diz terem sido impressas
em Paris, na oficina de António Boudet, «impressor de Sua Magestade Chris-
tianiasima», no ano de 1761 (3). O autor da Oazeta Literária tambãn disoor»
dou do P. Àlvaves, o que provocou troca de oontapcBdâKÍa que saiu no
periódico (4).
No que respeita à Filosofia, passaremos em revista os cinco professores
que leccionaram no período de tempo deste capitulo, começando, no entanto,
por frisar que entào deve ter soado a hora de maior aceitação do ideário
do confrade eqmhol Tom<s Vicente Tosca. O P. Luis loié regeu o cntao

(1) Ga, Maio 62.


(2) Orta
Ga, Maio SL Ahfans praoelai reipead», nas nada mais «neonlfinos a
«Ite respeito.
(4) Ga, Maio fiZ p. 3-9 e Junho 62, p. 151-159.

Copyrlghted material
—263 —
de 1748-51, tendo como substituto a Teodoro de Almeida. Foi este o prí-
meiro Néri a ter oportunidade de pAr em exeençlo o conaelho de Vemei
em De Cot^mgmda Lectíssima PhÚoscflúa eum Tha^ogia Oratío, na dedicar
tória ao Prepósito P. Domingos Pereira (1). Como Mestre da cadeira, o
o Teodoro ensinou no triénio dc 1751-54. Até 1759 leccionaram ainda
P.

João Barbosa, Rodrigo de Matos e António Soares, que é preciso não confundir
com o Professor de Coimbra, António Soares Barbosa. O Oratoriano entrou
na Congregação em Lisboa, a 26 de Julho de 1741. De todos há referên-
cias mais ou menos directas, que nos permitem avaliar a qualidade do seu
magistério.
Na do P. Theodoro de Almeida (2) mencioiía-se o primeiro destes
Vtíbi
Professores e conta-sc um facto que dá luz a seu respeito. Foi entregue aos
cuidados do solicito substituto, o filho do Marquês de Távora, Francisco
de As&is, de nome, José Maria, que afinai ainda «defendeo na aula do Espirito
Santo limnas coodufocns (...) de toda a Lógica com toda a fiihrica da forma

que naquelle tempo se estudava».


silogistica
Nesse mesmo ano de 1751 saiu o poâmeiro volume da Reenaçõo FUos^ca
qatf na primeira intenção do autor, apenas devia comportar cinco dos treze
que depois teve (3). Ate ao tomo 6.°, aparecido em 1762, restringia-se à
Filosofia Natural, deslinando-se explicitamente às «pessoas curiosas que
que não frequantarão as aulas». O tom pouco firme das respostas mal escla-

recidas de Sllvk), o «Itotre em Artes, formado m OMmbm egraadedefensOT


da Filozofia Perípatetica», provocaram dura polémica, de que já fizemos
alguma menção e Mmtfesta ou Retratação pública de
sobressai a PatinóSa
muitos erros, carocas c falsidades que a um pobre médico chamado Sílvio,
bom homem, mau filósofo e pior Peripatético se encaixaram na última tarde
da Recreação Filosófica. A última tarde era a 9.» (2.» volume). Por isso,

a segunda edição do primeiro volume (1753) vem acrescentada «em muitos


lugares com varias experiências e algumas refkxoeos, principalmente aooca
dos Acidentes Encaristicos e alma dos brutos».
Só a partir do sétimo (o último impresio 1768 — —
antes da fuga para o
estrangeiro, já terminado, com o 5." e 6.°, no remanso da cidade do Porto) (4),
a Recreação Filosófica passa a Dialogo sobre a Filosofia Racional, começando
pela lógica e seguindo, depois do regresso do autor à Pátria, pela Metafí-

sica, Teologia Natural e Ética. Respeitante ao enrino, oonservain-se em


Évora as postOas dos últimos dois anos: Cursus JPhUasopUaa univeraam

(1) Sobre o motivD da dBdicatórja, ter DtaconoL.


(2) Vi.

t3) Bi. III, 714.

(4) Vi. §40.

Copyrighted material
— 264 —
phUosophiam continens (...) Tomus secundus IMversae PhUosophlae pan

tfmeau Falu pois, ovoliiiiiedaLdgica»iilose]Mlo»pOTtt8o,po8sfvdooii^^


as suas ideias nesta matéria, senão pelo sétimo tomo da Recreação Filosófica,
só publicado cm 1768. Na Filosofia Racional — Lógica, Metafísica c Ética —
seguiu os trilhos já anteriormente iniciados, de ataque declarado à Fscolástica,
sob a égide dos coriícuii dominantes, laiitas vezes referidos. Ele ainda foi
que na mocidade escreveu «muitoe e muitoe cademoa de papel
«doft iafidizet»
sobre ca Univenais», e gritou muito nas aulas (2), pois, iqiesar de disdpulo
de JoSo Baptista, ainda em 1748, como vimos, ensiiMm Lógica aristotélica.
Más agora, na Recreação filosófica, patenteia conhecimentos mais
modernos. Antes de explanar «huma ídea da Lógica», ocupa-se da sua utili-

dade, anunciando-a já como «scicncia de cultivar o entendimento». Em


contraposição, salienta a «Arte de accautclur erros c enganos» (3), ensinando
a usar bem do nosso entendimento. Mais curioso, porém, que atribua ao
nosso entendimento «quatro dififerentes actos que sflo ideas, juSzos, discurso
e methodo» (4). Combate o bem como o cepticismo universal.
inatismo,
Sem se explicar suficientemente, insinua que as ideias dependem dos sentidos.
Afinal. Ioda a Lógica de Teodoro de Almeida se reduz a um pouco de Psicolo-
gia (ao estudar o problema psicológico do homem), um pouco de crítica e
quase nada de dialéctica.
No curso dado na aula, como na Recreação, divide a MSetaflsica em Onto-
logia e Pneumalologia. Na primein, trata do ser em oomnm, propriedades
do ser, doa deapwdicameaitose das causas, mas de forma bem diversa da que
«no meu tempo se ensinava nas aulas e pelos livros de que tínhamos noticia»
— como refere Teodósio (5). Para Teodoro de Almeida, o primeiro princípio
é este: eu penso. «Esta verdade é a mais notória que uma alma pode tep>.
«Da cogitação da alma, porém,não se pode inferir que exista o aeu corpo».
Contra Wolfio pamce^ que o principio de contradiçflo nlo é o primeiro de
todos os princípios. «Eu confesso que ele é um dos maiores fHóaofos destes
séculos; mas neste principio dc contradição (...) duas vezes esoorr^ou». Dis-
tingue essência metafísica ou ideal, da essência física ou real. para sustentar
que é facílimo conhecer aquela e muit<i difícil alcançar a última. «Nós em
qualquer coisa nada vemos senào os acidentes c os efeitos».
Na segunda parte da Metafísica, ocnpoiMe de Teologia Natural, da

(1) B.P.E. Cód. CXVlIiyi-12 e 13.


(2) Recr, vm 124.
(3) Rccr, Vil, 10.
(4) Recr, Vil. 15 o 12.
(3) Recr, VIU, 5.

Copyrighted material
— 265 —
4d>sicologia ou da mente hiunana»» focando os problemas da origem das
ideias da liberdade, das idagOes da alma e corpo, ele.
Teodoro de Almeida ditlingiiia-se lobietiido no estudo que consagrou às
Ciências. Tendo estudado pelas «Postillas do P. João Baptista»» não deixou
de ter também «Gra\esand. Mushembrock» (I). A parte científica do curso
e as Physicaruin Instiiutiomun —
os volumes latinos sào as mesmas «Insti-
tuições dos seres naturais que outrora ditei c não poucos alunos escreverão
A mio» (2) — correspondem,
de alguma forma, aos primeiros tomos da
Recreação Filosófica que, por soa vez, traduziam o Cadto das expexiêndas
que fazia na Corle^ oom pasmo de todos, Familia Real e Nobns(3).
No segundo volume do curso ensinou Álgebra, os prindpios geométricos
e princípios metafísicos da física, prosseguindo, no terceiro, a dar lições sobre
os princípios sensíveis das cousas ou dos elementos, para terminar com ura
apêndice sobre o magnete(4). A Recreação filosófica, as Cartas fisico-
-Matemátieat t o Alír btApmiaOã oonstituan os cursos aoessfvds que
Teodoro de Almeida colocava sobretudo nas mios da classe nobre. Os
punhos de renda aparecem oom frequência ddmxados nas imagens que a
ilustram, quando não se mostra o Fidalgo de corpo inteiro, a contemplar
as maravilhas da nova ciência. Depois de estudada a liçSo, pelo texto e
pelas gravuras, dirigiam-sc às Necessidades, para contactarem com as pró-
prias máquinas. Um contemporâneo moderno informa: «Aonde concorrem
a Fidalguia, Ndbraza e todas as pessoas curiosas e bem instruídas todas as
semanas muitas veies a aprender e iecveai>se no ôioomparável divertimento,
e admirável ensino, que se colhe dos repetidos experimentos» (5).
D. João V doara ao Oratório «um magnífico gabinete da Fizica experi-
mental, o qual aumentou muito com precio/ais maquinas seu filho EI-Rei
D. Joze o I» (6). O autor da Vida de Teodoro de Almeida salienta que «já
nesse tempo se achava o Hospício das Necessidades provido de vários instru-
mentos, parte pela benemerência do Augusto Monarca que havia ftmdado
aquella Càza, parte do seu incomparável Filho e parte à custa da mesma
Congregação. O gabinete em que estes instrumentos se guardavão, era o
thcatro delicioso onde o P. Theodoro entretinha o Senhor Rey D. Joze I c

a sua Corte com os inocentes e admiráveis espectáculos da Natureza c o


mesmo Senhor Rey D. Joze com a sua assistência e attenta observação,

(1) Vi. §36.

(2) Phy. Ad Lusitanos adoksoeotes.


(3) Recr, I, LVm.
(4) M. Gonçalves da Costa apresenta o esquema om lab, n.* 25^.385»
(3) Ac, III. 138. Ver tambtel M». UI. 2S1.
(t) Rccr, I, p. LVm.

Copyrighted material
— 266 —
frequentemente honrava as experiências fizicas que o P. Thcodoro alli

fazia e até com as suas Reais mfios muitas vezes manejava as maqui-
nas» tentando curiosamente a experiência dos fenómenos qve ouvia eiqili-

car»(l).
Na frase de Jo3o Baptista de Castro, o Labofa^rio constava de «uma
bem trabalhada colccç3o de máquinas c instrumentos, para todas as expe-
riências do seu curso físico» (2). Algumas dessas máquinas serão porventura,
as de que Teodoro de Almeida publica gravuras na Recreação Filosófica.

Foi no tempo de Teodoio de Ahneida qiue o Labontátio teve certamente


nudor deaenv«dvimento, a ponto de provocar uma sátira engenhosa do Jesuíta
Paulo Amaxo, que se ocultou no pseudónimo de Filiarco Ferepono (3). No
congresso de Filosofia entram todas as correntes filosóficas de que se qwaiam
as características fundamentais, e sSo excluídos Filósofos de todas as côres,
entre eles Vemei, João Baptista e Teodoro dc Almeida. Mas não há dúvida
de que a sátira alveja de frente a Filosofia experimental das Necessidades
que maneja instrumentos e máquinas. Antoriza-a, porém, a censurar os
perípatétioos que se entretém com questOes inúteis, «vis e ridiculas» sobre a
abstracção do universal, distinção dos graus metafísicos, possíveis, etc. e
pede-lhc que se mantenha no sector experimental sem proibir o acesso às
suas aulas e a discussão das respectivas razões. Escreveu o contempo-
râneo Barbosa Machado, que Teodoro de Almeida ditou «Filosofia conforme
os sistemas de Renato Descartes (4) e Isaac Newton» (5). A verdade, porém,
é que, embont esses autores tenham sido grandes mestres seus, o ilustre Orato-
riano segniu o rumo edéctico. Ele o anuncia no volume da Recieaçio
FikMâfica e cumpriu: «N8o me hei-de cingir a alguma escola, nem hd-de
seguir cegamente a autor algum determinado». Melhor conhecedor do Mestre,
foi o discípulo que lhe escreveu a Vida inédita que se conser\'a na Torre do

Tombo, o qual afirma categoricamente: «... a todos os que não nascerão há


poucos dias, he constante que antes do P. Theodoro nao havia senão huma
FOoiofla afilhada de Gaaendo, queo P. Joio Baptista Htastraia, dehtando-a
pouco finBe(.»)i»(6).
A ele cabe a «gloria dc ser o primeiro que em Portugal criou a Filosofia
moderna mais pura» (7). De facto assim fcá. Outros autores e outros rumos

(1) Vi,«2l.
(2) Ma, III. 251.
(3) Mer. — Ver a seu respeito, o artigo Merc.

(4) Sobre o seu cartesianismo, ver Ru, 270.


(S> Kfior, m, 713.
(«) VI, §19.
(7) Vil»

Copyrighted material
— 267 —
mais recentes surgem wituralmente em continuaçfio do arranque ímpiimido
por Baptista. Defende Teses muho em voga, de sabor cartesiaiio» mm
oomo os animMa-máquimM» outm newtonianas, oomo ao assmalar a causa
das marés. Por vezes, porém, nem alinha com Descartes nem Newton, por
exemplo, a respeito da luz. Afastott^fle de Newton, oonttniisdo, v. ^ uma
explicação sua das cores (I).

Mais experimental que metafisico, Teodoro de Almeida confunde, por


exemplo, fonna substancial oom figun— erro alitfi fimdamBalal em todo

oatomismo. DizeteiFuifampio^miitaiMeafiuialMOomágiiaeamaç^
«Nesta diUgBiicia só se dá àqpielas partículas a diversidade de ae unirem e
meterem umas por entie aa outiaa». Lofo^ toda a diferença qjot txktt entre
o p8o já cozido e o trigo cm gr3o e a água. está apenas no diverso modo como
se encontram dispostas as partes do trigo e da água (...) «Logo, a forma dos
compostos não está mais que no diverso modo de combinar e tecer as partes
da matéfian*
A teofia dos acidentes, aidicada à Bncaristia ^ mak oa menos, a mesma
que já se ensinava em muitas esoolas do Reino, de qve se imprimiam TVaer
com licença da Inquisição. Em suma, Deus <dmita todos os efeitos que nos
nossos sentidos fazia o pão» (2). Por fim recomenda: «lede os excellentes
livros do Padre João o Saguens no seu Tratado Accidentia
Baptista, lede

profligata, ledeo Naxera, lede o Fortunato de Brixia da edição de 1745, e


ainda melbor a de 1749, kde os livros do Barbadinho ou do novo ethodo, M
e os excellentes papeis que sahirBo em sua defensa» (3).
Duende calorosamente que os bruto» sSo «maquinas feitas por Deus». As
almas desses animais «consistem nos espíritos animais que, discorrendo pelos
membros do bruto, os animam e governam. Espíritos animais são uma
parte do sangue mais subtil, mais pura e mais espirituosa que se elabora no
cérebro». Para prova, não falecem sequer, textos da Sagrada Escritura (...)
As sensações ficiiin, pois, reduzidas a reaultados mecftnioos e quimíooa, e
por isso, slo impeifeílas, quer diner que nio participam das peifeíçOes espi-
rituais (4).
A respeito da luz, nem «newtoniano nem cartesiano». No Cursus expõe
os sistemas peripaléiico, cartesiano, newtoniano (5), rebatendo-os a todos.
Também refuta Newton a propósito das cores (6). O calor não consiste

(1) Cursus Phi, TI, 338.


(2) Recr, II, 293.
(3) Recr, II, 351.
(4) Phy, Iir, 92 e 93.
(5) Cursus Phi, II, 304 c ss,

(0 Cursus Phi, II, 338 e ss.

Copyrighted material
— 268-
na vibração, mas em partículas de fogo. Ao assinalar a causa das marés
alinha com Newton contra Descartes.
O livro 6 do Curam fíiUosa^iiaa ocupa-ae do homem, doa ircadonaia
e das iihuitas, ocmsiderando o corpo humano e seus óisSos; a alma dos animais
c suas operações, nomeadamente as sensações e a memória, a anatomia das
plantas c todos os seres privados do vida. Em apêndice a toda a física fala

do magnete e da electricidade. A respeito da substância branca do céretoo,


origem doa nervos, julga crivei que da «^ja o diglo do anntido hitemo e
eapecâalhalutaçlodaaliiia». Esta, éf<na de dúvida, que está unida ao ompo.
«I^oomo, (..Oiiftofleiedigoquemsguémiabe». A
alma recebe as noisas
«MOiaçOes, governa os nossos movimentos, mas como o s3o, digo francamente
que n3o sei». De todas as explicações que sc têm dado, ê a de Descartes
(intervenção da vontade e acção de Deus), a que mais lhe sorri. Eis como,

noutro lugar, formula a explicação desse complicado problema, quase todo


apoiado no flimides sensismo.
«As operaçOes dos nossos sentidos sio movimentos dos dfgSos do corpo,
cantadas pdot olgectos externos; e estes movimentos dos ÓKsios, doa senti-
dos se comunicam ao cérebro e, depois, à alma, de sorte que ele tem a sua
percepção ou sensação espiritual, à qual corresponde a sensação material
ou movimento dos órgãos do corpo. A alma está por si, certa sòmente
do que ele tem em si mesmo, isto é, da sua sensação espiritual; agora da
sentaçSo material no corpo e do objecto externo que a costuma causar, nSo
tem certesa metafbica».
Em funa: o seu curso de Física é um tecido de teorias físicas, documen-
tadas com experiências, e entretecido com considerações filosóficas. Na
enunciação que traz no Prefácio disscra-o ele próprio claramente: A Física
encerra sete livros: o primeiro acerca dos princípios geométricos da Fisica;
o segundo, dos princípios matafhiooa da Ffsica; o teroeiro» doa prindpios
mednioaa da Fisica; o quarto, do corpo natural e comum e suas printítpaia
qualidades; o quinto, doa corpos cm ábsofaito, isto é, dos dementoa; o seocto,
doa corpos viventes; o sétimo, finalmente, dos corpos não viventes. Em
conformidade com este rumo, começa o livro 1 com a explicação de sinais e
operações algébricas (1).

«Com um sólido conhecimento da sciencia da sua época, sobretudo da


matemática e da fisioa, o P. Teodosv» mosin-se, quanto Idatdria da Terra,
partinilannente aidQoado às ideias, enOo recentes, de Bnffon. Nlo atribui
oa fósseis ao dilúvio, nem os extradoa terrestres a acçOes fgnias, maa uns e
omvoa, a dqpósitoa sedimentares em regiOes cobertas, outroni, por áfoas

(1) Cursus Phi. 11.

Copyrighted material
— 269 —
do mar. Explica os terramotos pela fermentaçSo subterrânea de minerais,
sobielndo maabc, e cita a oâelxe experiênda de Lemeri» (1).
No que coaceme i Ética, Teodino de Almeida nlo alinha, como V«nei,
com os que a consideram independente da Teologia Moral, baseada em
princípios éticos, deduzidos de boa razão. O Oratoriano faz depender cssen-
cialmenle a Éiica, da moral teológica. A boii razilo podo ajudar a comprcen-
ção e até a realização dos princípios mas sem que estes se deduzam
éticos,

daquda. Como consequência destes pontos de partida, para Verod a Ética


ajuda o Teólogo a oonfinnar as suas condusOes, por meio da razfio e da auto>
ridade dos Filósofos, enquanto que para Almdda, a ética nio pode ir em
auxilio da fonte de que dimana.
Se nSo é possível apreciar r.o primeiro ano do curso de Teodoro de Almeida
a renovação da Lógica (o De Re Lógica editou-se precisamente nesse ano de
1751 e já não teria chegado a tempo de ser utilizado), nas lições do Professor
que lhe sucedeu, P. João Barbosa (1754-57), tanto a modernidade da Lógica

como a infhitoda de Vemei «u^Mentissimo viro» sflo manifestas (2). —
Não jiuará com cego impulso, nem na palavra de Aristóteles, nem na
de Descartes, GasscncVi ou Newton. Firmando propósito dc se escravizar

apenas à evidência reflectida, no 1í\to primeiro trata da primeira cogitação


da mente, isto é, das ideias c seus sinais; no livro dois, da segunda, quer dizer,
do juízo; no da terceira cogitação da mente ou Discurso e no
livro terceiro,
quarto, da impxcscindivel exfrfanaçao do método. Não se pode ainda assim
afirmar que a influSnda da Lógica veroeiana seja jriena.
Rodrigo de Matos manifesta o surto do seu pensamento no Cursus
Phihsophicus (3), que denuncia influencia de Lockc c Vernei, scr^^ndo-sc
igualmente deste na história da Filosofia. No seu seio, a Filosofia congrega
absolutamente todas as ciências c discipUnas naturais, dividindo-se geralmente
em Radonal, Natoxal e TranaaatnnL Bnlimde-^e por Racional a Lógica,
que tnta doaactoidanzlo,dirigi]idoH»iobten^daveidade;porNitiiral
a Física, enquanto conqneende em si todas as disciplinas matemáticas; por
transnatural, a Metafísica que, como senqxe, se divide cm Ontologia e
Pneumatologia (Deus e a alma humana).
Não haverá grande novidade nestes dizeres de Matos, mas verificam-sc
expressões e conceitos que não coincidem perfeitamente com a doutrina dos
acua otmftadeSi
António Soares, que entrou na Congc^açSo em 26-7-741, deu ao curso

(1) Ooa»9
(2) Uni
(3) Cursus Ph.

Copyrighted material
— 270 —
o Ifliilo de Opuscttlum Philosophicum, recolhido pdo estudante oratoriano
Joio de Andiade, no ano de 1758. Abadutamrate int^gcado nos ditamet
veneianoa» na peugada doa que o prfmVmin, oomeça o cano pda hiatdria
da Filosofia. Prodama que o curso de "Vloente Toaca é um compêndio de
Filosofia gassendiana e que os Filipinos portugueses o seguem. A primeira
parte ou Lógica dividc-se também em ideia, juizo, discurso e método (1).
Na Física ensina a constituição do corpo natural, estabelecendo os prin-
dpioa SHtaflÉiooi do m (matíria prima e fotma tubatandal) e a natureza
fínca da matéria prima e da fonna substandaL Naa eqieri0ncia« obaenoMO
que a matéria 6 formada de partknlas subtiliisimas. A f<ffma reduz-se à
harmonia e combinaçSo das partes da matéria. A matéria e a forma escolás-
ticas merecem, naturalmente, a sua refutação. Nesta, como noutras questões
predomina a pura física, demonstrada com gravuras e experiências. Cita-sc
e repele-se Newton, na esteira de Teodoro de Almeida, porque acima de
tudo e de todos se arvora a verdade iqifeciada por cada um.
A confirmar a posicEo que os Néris tomaram no campo das contendas
filosóficas» denunciada aliás pcnr eles próptioa» ai eatá o Convendium FMkh
sophiami, praedpuas phUosophUxe partes complectens, nempe Rationalem^
Naturalem et Transmturalem, sive Logicam, Physicam et Metaphysicam.
Auctore Thoma Vicentio Tosca, Valentino (. ..). O primeiro tomo (Lógica e
Metafísica intencional), publicou-se em Lisboa, no ano de 1754; os tomos
aegundo e terceiro (Rsica geral) apareoenm on 1752; o Umo quarto (Ele-
menloa e mistos mineraia e vegetaiaX no aao a^iuintede 1753 e finalmente o
tomo quinto (doa animabX também em 1754, como o primeiro. Aiieaar
disso, como temos visto, os Professores nSo deixavam de postilar, para
exporem por palavras suas, e, aqui ou além, emitirem mesmo a sua opinião
muito própria ou recebida pelos mentores portugueses mais em evidência.
Concluindo, podemos sublinhar que, tal como no período anterior,
afora apenaa auge un nome digno de rdevo, o de Teodino de Afanelda que^
com Joio Baptista, encheu as aulas de Filosofia dos Oratorianos. Os demais
slo por eles ou contra eles e po\ico ou nada adiantam.
No da literatura florescia o P. Francisco José Freire, mais conhe-
sector
cido hoje pelo pseudónimo de Cândido Lusitano, que parecia apostado em reali-
zar as sugestões de Vemei. Em 1748 (2) publicou uma Arte Poética ou regras
da verdadeira poesia em geral e em todas as suas espécies principaiSt tratadas

(1) Op.
(2) O Ficof. Costa Piuplo diz «o» cm 1747. Terá tewido doas edigOes? ~V«r
Plag. 203.

Copyrighted material
Retrato do P. Teodoro de Almeida, Oratoriano,

Professor de Filosofia e Física.

laterial
Ondido Lusitano, Oratoriano c humanista
— 271 —
a História portuguesa ... (1). Um e outro, conforme expreamneiiiD se apre-
goa no prólogo e na Dedíòtdna, foram redigidos panas eioolas: «Eitisiiilado
do zelo e do amor da Patria ... oompuzotEilrlePoeijciaparaiiaodaModdade
Portugueza aptmda a História de Portugal».
Sente-se o desvanecimento de se ter adiantado a Vernei e compreende-se
que pouco deverá ao «Barbadinho», apesar do que a este respeito, afirma

Inocêncio da Silva. Desde longa data se dedicava à poesia, quando leu no


4iíVeráadetQ Mêdioth és Ertudar, tícjk a queixa justificada de que «aos
Portuguezes, para serem bons poetas, lhes &ltava huma arte a que venladeiraF
mente se pudesse chamar Poética». «Então continuei na minha esqxreza
com algum fervor, e estudo, mais espicaçado pelo receio de aer ultrapassado
do que estimulado pelos bons concelhos». Reparou nisso o censor do Ordi-
nário e da Academia da História, Inácio de Carvalho e Sousa e não receou
declará-lo o P. Freire, quando apostrafou os críticos: «Dize o que quizeres,
que por mais que faças, mmca me podearás ttiar a i^òria de ser o primeiro que
sayo a puUioo com semelhantes assunçtos, cuja justiça me hSo de fazer os
verdaddros sábios e amantes da Pátria». Vernei quis dizer alguma cousa
e, uma yu mais, foi radical: «Dos preceitos é evidente, que artes P<uticas,
e Retóricas la nam as-á. O que fez o Candido Luzitano é uma copia mal
entrouxada de alguns livros estrangeiros. Na verdade é o menos mao; mas
está milito longe de ser autor, e de tratar bem a matéria, que esoreve». (2)
Os dds cHtioos dísscaitiam em pontoa fimdainentais, ocmo o oonoeilo de
Poesia. Faia Cândido Lusitano, «a intençio e fim da Poesia foy desde aque-
les primeiros leiiq>os e ainda actualmente he, de cantar os louvores da virtude
e dos virtuosos ou o vitiqierio dos vícios e dos viciosos (. .) e por consequência,
.

saibamos que a poesia não é outra cousa mais que huma filha de Filosofia
Moral, ou para melhor dizer, he a Poesia e a Filosofia huma mesma cousa,
ainda que «pressada oom dous nomes» (3). Salgado Júnior
differentes
suUinhott «estas palavras de Freire, terminais do capftnlo IV do Livro I
(do fim da Poesia), em qne há atusio directa a Vemey: PodÍMe dbsr a
Poesia... mui mal fundada é a Opirúão {pomo infinitas outras) do Autor anó-
nimo de lums livros modernos escritos em Português intitulados Verdadeiro
Methodo de estudar, etc., onde na caria poética afirma que o fim da Poesia
é só o deleite» (4).

(1) Conforme demonstrou o Prof. Álvaro da Costa Pimpão e A. Salgado Júnior,


a gnade de CiiididoLnrilaaoéd»LiSbA.lifiKatoit (Mrte.eV,voLI^^
ianneiicia
(2) Filos. II, VL
(3) Arte, 9.
(4) V, voL U, 245.

Copyrighted material
— 272 —
Em 1745(1) publicara Francisco José Freire uma obra O Secretário
PúrtuguiSt que o Rrof. Salgado Júnior julga oonesponder fts necessidades
apontadas por Vemei no Verdade MAado dg JErtudar, Mn na carta a
que demos publicidade em 1958 na rcvisla Filosofia^ refere^e-lhe com despri-
mor: «E este que tem defeitos esenciais, nao faz pouco no que faz (referência
a Freire e à Arte Poética), mas não se-pode chamar Retórico, ou Poético. E bem
se-ve no livro que publicou de cartas, traduzidas das mais ridiculas Italianas,

oomo ele pensa, e como sabe que ooizaéescfever cartas» (2). Já vimos que o
P. Freire, em 1751 opQe« a Vemei com a Bustiraçlh Critíea.
NSo nos parece, pois» exacto considerar Freire como disdpulo do Bai^
badinho: A confissão deste a esse respeito, na Última Rapasta assemelhai
à sátira que noutras oportunidades usou com finura.
Do que deixamos dito, parece concluir-sc que Vernei não era univer-
salmente festejado entre os Oratorianos. Bem o sabia ele e, por isso,
tatoa a catequização em cartas particulares, com o intuito de oa atrair ao
wea candnbo. Assim, em 21 de Julho de 1754 o P. Beniaido Lopes, pouco
depoisnomeado Superior da Congregação, anunciava ter recebido a carta de
Vemei do mês passado, em que folgou apreciar a sua erudição. Pronun-
ciando-sc em termos genéricos, afirmava: «(...) o que posso dizer por ora he
que concordo com o seo delicado juízo cm quase tudo. Digo cm quase tudo,
porque a respeito dos Poetas há que desculpar alguma cousa pello que toca
ao P. Reys» (3)- Sobre o mesmo assunto de discrq[iância> comunica a 24 de
Agosto de 1757 que são bons, os que seguem aos já puUicadoe. questão A
girava à volta do Corpus Poetarum LustíauNvm, Para esta colecção estava
Luís Vemei encarregado de encontrar versos de Aquiles Estaço (4). Adivi-
nha-sc pelas respostas a natureza dos assuntos versados por Vernei, nas
cartas enviadas aus Oratorianos, que mandou queimar: Autos de Fé,
Barbosa Machado, Poesia, Latinidade, etc.

As ofertas das suas obras chovam mesmo aos Oratorianos da Índia.

(1) No CSrtilDiP do leilio 225 de Arnaldo Heonques de Oliveira (p. 39) refiBre-ie
o ano dB Liiboa. Ofidna Doiiiii«M Gongalvet XIV + 256 páfik— Sná outia
ediçlo?
(2) Filos. II, 14.
cr. M eatractos in w—ames no QiisloláriD.
i VeiiMe, p.e., «te, a mpéka de
uma nova G^Iecção de textos que o P. Bernardo Lopes queria organizar: «(Agradeço muito
as advcrtôncias que V. M.** mea dha CoUecçflo das Orações; mas eu ainda que
faz sobre
nunca passcy a payses estranhos, nSo deichava de estar nelles; e se acaso pusesse mios
à otea, havia de ser com outro leooolwGànBiilo e leflaiio que alo houve noa PoelSB»
(Cárta. de 7-XI-58).
(4) Ver Epistolário.

Copyrighted material
Sob» a hiUioleeB dot OratorianoB pouoo referimos, por agora (1).

«Um taóvd de mmerofos e adecU» livn»», nwn montante de 30.000


rioo
volumes, entregou D. Jo8o V aos Néris quando lhes doou o Hospício das
Necessidades (2). A oferta constava, naturalmente, de obras das disciplimtt
professadas no ensino. Com o andar do tempo, os Padres enriquecerara-na
muito, com volumes mais modernos, conforme se verifica no Catálogo, de
data posterior, que ainda se conserva (3).

Noutros acesso de Vcniei em noHo menor,


Listitutos Religiosos, o
parecendo às vezes que nem lhe deram guarida. Assim, os Cón^os Regran-
tes dc Santo Agostinho, da esoohl de Santa Cruz de Coimbra —
os mais enal-
tecidos pelos próprios Oratorianos — com D. Carlos e D. António da Anun-
ciação, faziam gala do seu anli-aristotelismo, em prol do Patriarca, Santo
Agostinho, e proclamavam o entusiasmo de uma Aí. P. Augustini Philosophia
como veremos adiante. A principio, as suas lições têm
Eclectka Cristiana,
pouco interesse. Por exeanplo, as oondusOes a qiue» em 1747, presiditt o
R.P.M. e Doutor D. Gados da AramdaçBo, no «Real Mosteiro de Santa
Cruz», e De PhOosophiae HistarlOt UMversaHina ae ^gntt. Depois de finsp
lizar a história em Plotino, aproveita o ensejo para se ocupar de itniv^M-
iibus c de Continua tradicional, aparecendo, naturalmente, de vez
signis.

em quando, o Patriarca Santo Agostinho.


Noutras Times do ano seguinte, dedaca na dedicatória que elegeu o
propósito de não jurar em nenhum filósofo, para nlo ferir os outros, igual-
mente ilustres, anunciando a prefcrbicia pelo edectisnio. «Ao Santissnno
Padre e Senhor Nosso, Bento XIV» são oferecidas as Supremae Veritatis
regxdae ex Physica Universo secimdum Vetentm ac Recentiorum placita,
que compreendem os sistemas dos Atomistas e de Anaxágoras, dos Peri-
patéticos e de Empédocles, dos Newtonianos, Cartesianos, Químicos e
LeHmizíanos. âtes sio repostos em parágrafos
àparte, nlo se chegando,
snitas vezes, a apurar, com
que ideias o Autor adopta como suas.
certeza,
Paieoe-nos, porém, evidente, a simpatia pdk> atomismo, em oposição à dou-
trina tradicional. Assim, o fogo seria constituído por corpúsculos homo-
génios e subtilíssimos. O ar constaria dc partículas ramosas. Deveria pre-
terir-se aquela hipótese que afírma ser a água um elemento formado de
partículas oUongas, cilíndricas, leves e flexíveis. A luz consistiria nunui
certa matãk siihtiMsshiia, chamada etérea, dotada de movimento vibra-

(1) Peoaamos escrever um pequeno trabalho sobre as vicissitudes desta Biblioteca,


desde a ftndaçlo até à inoovpofaclo na Biblioteca Real da Ainda, cm qp» fidnemm
tamMm do seu recheio c proventos para aquisiclo de iMnfW ttvfOi.

CO M. Ul, 251 e Historia U. Próhgo.


0) BM.
i8
— 274 —
corpo luminoso. A cor, porém,
tório, vivido e rapidissinio, expelida pelo
leria em heterogeneidade dos nioe» oomo querem o insigne Newton e seus
disdpulos.
Quando contrapõe Descartes e Newton, pfdbK eHe, qjUâse sempfe.
Mas do sistema cartesiano que se desenvolve mais a oposição
é na explicação
explicita entre o sistema moderno e o peripatetismo. Lcibnitz, em geral,

não lhe sorri. Bastas vezes aproveita definições do Filósofo, isto é, de Aris-
táftdes*
Desse mesmo ano de 1748 slo as GondusOes a que presidia D. António,
que nesta oportuiidade ainda se nSo dedara ecléctico. Preferia que o dis-
cípulo defendesse «problematice» as Teses de «toda a física posta entxe o
Atomismo e o Peripato». Fica-se, pois, num curioso paralelo entre o aristo-

tdismo e a doutrina dos átomos. Enunciand<^ ;is proposições, coloca diante


de cada um, o cómodo e inofensivo, Elige utrwn...
Dois anos mais tarde, a Filosofia que se defende no Real Mosteiro de
Santa Cruz, sob a presidência do mesmo D. António, já nlo «é perqMtética,
nem estóica ou platónica, mas cristã, sustentada com farta autoridade dos
Santos Padres. Racionai, Natural e Moral Estática, Hidrostática^ Óptica,
Dióptrica, Catôptrica, «Machinaria», Geográfica e Astronómica. A expressão
completa desta orientação, é o Curso de que só imprimiu, que saibamos,
dois volumes: M. S. Augustúd PhÚosophia Eckctica Christiana, Rationalis,
Natyratts, Maratís. Opera et shuBo Donati Ant<mtt áb AmmtiatUme Canotád
Jbf. (...) ad HSion Ganpnicanim éÍÊuáan Congr^atíoÊda. Coimlna, volume 1,
1757; vol. 2, 1758.
Tanto nas Teses como no curso, é sempre encostado a Santo Agostinho
que vai tratando brevemente de Nomine, de Verbo, de Oralionc et Proposi-
tione. Simplifica as regras do silogismo. Ao ocupar-se das falácias, aponta
algumas que Aristóteles perpetrou, v. g., na interpretação das ideias do seu
Mestre. O Esta^nta é afaida apontado oomo o Psi das heresias que se anun-
ciam. Cita a cada passo Malebranche, Brucker e, amiúde. Santo Agostinho.
A Pneumatologia pode definir-se um autêntico tratado augustiniano da
alma, nem sempre \isto sob o aspecto filosófico, incluindo mesmo um apftD-
dice sobre os Anjos que termina com as provas da existência de Deus.
Para a Fisica apenas possuímos as Teses, em que se patenteia a utilização
de dds tomos da (Mgem antíga da Fblca ModertiOt escritos em fiancês pelo
P. Regnault, «ex praedarissima Socíetate Jesu». Em resumo^ D. António
da Ammciatfo pensa que Aristóteles deve ser substituído por Descartes.
Nem sempre, porém, na escola de D. António se dá guarida ao Filósofo francês.
Na questão da matéria e forma, esta nSo passa de simples estrutura seminal.
Afasta-se, pois, de Aristóteles para se aproximar uma vez mais de Santo Agos-
tinho. Ao explicar a força elástica, põe-se ao lado de Descartes e Newton

Copyrighted material
— 275 —
e ^xretenta cntín hipátesc que faz ma. Repugna-lhe a ooooepçlo de luz e
calor do «darinimo Newton».
De outros Professores se podiam referir trabalhos aemelbantes. Assim,
de 1749 conhecemos tunas Conchishnes ex Vfúversa Philosopkia secundum
Veterum et Recentionim placita Eclecticatn sectam romplectentes, a que presidiu
D. António da Madre dc Deus. Pelo titulo {X)dcria supor-sc que a orieiítaçiío
se mantém. Compulsando-as, nota-se, todavia, maior afeição à âlo&otia tra-
dickmal do que em D. Carlos e D. António da Anundaçflo. Na Lógica, por
exemi^o, as qnestOes e definiçOes escolásticas aio tidas emapivço. A Física
retrocede :éciênda«ooiiteiii|i]alrh et speciiktiva» Distinge causas ordinárias
e extraordinárias dos ventos. Estas são os Anjos aquelas, o sol, a lua e outros
;

astros, os fogos subterrâneos e a liquefacção das neves.


Contra Descartes expõe a causa fmal e atribui alma às plantas e aos
iiradonais. Apesar de classificar de «celeberrimo» o sistema newtoniano
das ooies, o defendeme aduMe oom de o modiftair nalgumaa parti-
direito
cnlaridadfai, A ftchar as Toes lembra de novo que odjgíu o seu sistema
filosófico das diversas seitas de Filosofia.
De 1757 vimos umas Teses inteiramente
científicas, a que presidiu D. José

da N. S. da Porta, no «Colégio Augustiniano da Sapiência». S2o dedicadas


ao Pai amabilissimo Santo Agostinho e abrangem Philosophiam Universam
Mimifue Bafístkamt Qwttalkam, HyéN^aaeam^ Hydrat^am (...) Ásinh
nomieam (...), Optíeam (...) pkaraque tfKot Mathematkam atque GeomeMam
magna ex parte complectentia. Nestas 143 páginas revelasse perfeito domínio
da Filosofia e das ciências modernas. Enfim, não se pode negar que a Escola
de Santa Cruz de Coimbra conheceu a ciência do tempo. As soluções que
apresenta, embora nem sempre sejam as verdadeiras, revestem, em geral,
certo verniz moderno (1).

Os Franciacanos avançam mn pouco nestes doze anos, realçando-se as


fl^oraa de Frei Mamiel do Cboáculo, da Ovdem 3.* e de Fcd Antdirâ
Maiia dos Aiyos Melgaço, da Província de Portugal. Cenáculo regeu dois
cmsos consecutivos: 1746 a 1749 e 1749 a 1752, no Colégio de São Pedro de
Coimbra. São de 1747 as Conclusiones Phihsophicas de utriusque proemiali'
bus Philosophiae, scilicet et communi et Logicae nec non de Entibits rationis
tt Univeraalibus in commmit ad mentem Scoti (...) a que presidiu Cenáculo.
Igualmente na sua presença se defenderam as Conduakmes Lttgf&hMett^y-
sicaa de Átae-praeSeantmtta et praeiSeamaitíSt hocta veneraMKff Mtríanl,
SubtUbque Doetúris inamcussa dogmata, no ano de 1748.

(1) Muito mais se podia dizer a seu respeito. Consultem-se, para estes c outros
Religiosos, por C3U, os volumes de Tueit da T.T.— Impcessot da Livnuia, 3622-46,
sMe preta.

Copyrighted material
— 276 —
A nmile de Esooto era a norma que imperava nos estudos, nem outra
cousa se podia eqmrar» pelo menos na lógica, que por toda a parte, nesta data,
qnaae se limilava à leduçlo de qiiestOes inúteia.
O
scsimdo curso já traz algumas novidades. Guarda-se uma parte da
pOttflana Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa: Scoti Peripaictici
Quadnipíicem Plúlosophiae partem videlicet Logicam, Methaphisicain. Phi-
sicam et Ethicam{l)i Conclusiones Philosophicas critico-rationales de Historia
Logleae, eAw PttmMUim, EMê Rathids IMtmal&ia, Ai commMKdaámm-
Um SeoH (...X impirwBS em Cdmbra, ao ano de 1751 e Condualmm
V,
nyMtgleas tuxta Vmtr, Doet, tt Su^, Doetrinam, Coimbra, 1752.
O Cursus compreendia quatro partes: Lógica, até ao fim do primeiro
trimestre do segundo ano; Metafísica, que completava o segundo ano; Física
e Ética no terceiro e último. Cenáculo partira para Roma em 1750
e de volta trouxe, se não o espirito completamente voltado pura a nova
fikw^ pelo ineaiM muita cnrkMidade^ de
magiatério. Trame taaibém «uma nutqnína eléctrica, prismas e outras cunO"
sidades (2). A primenra novidade do Curso reside na exposição da história
Filosófica, que faz, encostado a Brucker (3). A Lógica, que foi dada antes da
viagem a Roma, mantém-se tradicional, dentro da problemática escolástica,

vista por Escoto e na peugada de Frassen. no pórtico do Curso


Aliás,
anunciava-se o norte que guiaria as lições: «Proponho-me ensinar a doutrina
qne deDommam Aristotélica ou Peripatétíca, em ooiif<»midade com a subtil
intopietaçflo de Duna Esooto». Portanto, seguirá a Esoda nas tese* fímda-
mentals, pcnnilindo>se, porém, escolher outra posiçSo em questões dúbias.
Opina que a Lógica peripatética, dada segundo o critério escotista, é a
mais útil e necessária. «A apreciaçiío da Lógica cartesiana é a negação pura

e simples de todos os principais postulados do conhecimento que se lêem


no i)lM«rwdkJliAodben8a Meditações» Nlo cthpgou a esooUiBrnniito,
mas aempie denuneU o conhecimento que já disfiruta de alguns dos nomea
grandes da FikMC^ e da Ciência da época: Descartes, Gassendo, Newton,
Clark. A questio mais vulgarizada dos primeiros princípios das cousas,
é resolvida dentro do critério da posição escolástica, que a considera problema
metafísico. Por isso se assiste, uma vez mais, ao ataque do atomismo e do
cartesianismo e à rejeição pura e simples da noção de espaço newtoniano,
terminando-se pela daEaaa do sistema peripatétieo. Isso, porém, nio o diqMnia

de fiuCT a «aa profitsao do noa priadpioa da déacia caparimental; «NIo

(1) Ml. 212.214V. da BJLQ


(2) El, fl. 191.

(3) Hist, 24-26.

(4) Hist, p. 27 da Introdução.

Copyrighted material
— 277 —
admitimos, na sua generalidade, o ditame de alguns que proscrevem, como
inútds, Cê meàodBàoê e hipdlCMt metaftakat sobra a invettigaçSo das odiaa
do mundo. Mas nem por isso leprovamoa as tentativas egtperímentais com
o fim de perscrutar a coisa fisica; ao contrário, nÍo nos envergonha afirmar
que nesta fogosa idade, a ciência da natureza obteve, com tais experiências,
grandes aumentos». (1) Assim começou a deserção do campo escolástico,
que progredirá vertiginosamente, a partir dos Planos de Estudo de 1768.
Na Frovfncia de Portugal verifloou-w igual movimento ou ainda mais
acelerado, em caaot individnats, que se nio conhecem com pormenor.
Fr. António de Santa Maria dos Aiyos Melgaço, Doutor em Teologia pela
Universidade de Coimbra, Lente de Prima da mesma Faculdade nos Reais
Estudos de Mafra e Custódio da sua Província em 749 (2) queixa-se da reno-
1

vação que invade os claustros (rcferia-sc certamente ao Atomismo), ao ver


rejeitado o primeiro tomo da sua obra, que publicara a instâncias de D. João V.
Em 1759 edita o sqiundo — dose anos depois do primeiro — e promete lazer
sairos restantes slne tÊOarndsrione ti Ses. Aíé bojei É qut o P. Mdgaço
nio SC bandeou para o lado dos fanáticos que rencgsram todo o passado
como papéis inúteis que se rasgam e deitam fora.
Os seus dois in-folios, nem são «recheados dum perepatctismo impos-
sível, todo pautado em silogismos nauseabundos», como pretende Ricardo
Jorge (3), que os folheou em poucos minutos, nem obedecem ao critério exa-

rado na ftitiim lefonna de CSeaácuk». Fogs do método «rigido esodéstioo»,


como do «rigido-ecJéctioo». RrapOe-se enveredar por caminho mtennédio»
liberto desses peroonceitos.
Considera perigoso para a Fé, andar a saltitar de sistema para sistema.
Além «toma o ânimo versátil e inconstante». Julga que
disso, esse processo

se há-de escollier um sem que se prefira pisar a verdade a


sistema filosófico,
dcKviar-sc do Mestre. Forém, acerca de pontos particulares, siga-se o que
a eoqperitada e a larik» mostrarem ser mais consentâneo com a verdade.
Esse sistema que o ffldsofo cristflo deve eleger, há^k ser o peripatético,
de preferência ao estéico, phtdnioo» epicureu, newttmiano, cartesiano on
gassendista.
Tenta, pois, harmonizar as diversas correntes. Preferirá a razão à
autoridade de Escoto, sem contudo desprezar o Mestre. Seguirá em parte
a EsooUstica, degendo, no entanto^ a doutrina peripatética, sem deprimir a
ecléctica on merihiwi, É neste eciectnmo tempendo, que nio desdenha

(1) Rr, ao • 21 nota. testo diacade e tiadmido.


Requerimento paia senAr no lUbunsl da bupiiiicio.
(2) (T.T.— Snto Odeio,
HábiUl. de Gaure.
(3) Eosa, 69.

Copyrighted material
— 278 —
dos Antigos nem aceita o novo por aer novo, que reside a verdade (1). Reco-
nhece qne ot modeniot avançaram no nélodo (2). Parece ter lido Descartes
e o autor da ArU de Penaar,
Abre o segundo volume com um Apparatus breHs ad Universam Philoso-
phianu ao gosto da época, em que trata do nome e da divisSo da Filosofia
e explana breve história filosófica. No fim desta, recomenda Brucker, Rapin,
Regnault e outros (mas nào cita Vernei...) aos que pretendessem maior desen-
volvimento. Das lógicas modernas mm ktudantur as de Ramée, Gmiano,
Bacon, Descartes. Gassendo foi muito breve. Locke, Wolf, Ckrc, e outros
sAo muito elogiados, mas a mais razoável é a de António Amaldi ou de quem
a escreveu — La Logique ou Vart de penser (3). Neste ponto estava int^rado
na corrente mais sensata da época.
Refuta o inatismo, frisa que as chamadas ideias adventícias sào o
mesmo que os Escolásticos denominam espécies sensíveis; as factíveis

coincidemcom as espéda inteligíveis (4) e, por isso, não está para


mudar de vocábulos.
Contra o autor da Arte de Pensar sustenta que existem, a parte reU natu-
rezas comuns e metaflsicamente universais. Rebate Gassendo e as idciias
claras e distintas como critério universal de verdade. Diz que nos devemos
rir de Descartes c nao refutá-lo, quando sustenta que desejar, odiar, afir-

mar, negar, duvidar, são diversos modos de querer. Assinala os vícios que
prejudicam o recto juizo — lugar comum nas lógicas do século XiVIII
e aconselha meios de os debelar. Enfim, nfto se esquece de tt^^j—» a
debatida questão da autoridade (5).
Respira-se, pois, francamente, no curso de Fr. António Melgaço, o ar
renovado da nova era da Lógica, embora falte a adesão ao novo rumo das
questões tratadas. Nào aparece o rasto de Vemci, do De Re Lógica publi-
cado oito anos antes e já admitido em mmios claui>tros.
Neste periodo surgiu um livro notável de erudição, que senão pode esque-
cer:o Elucidário das palavras^ termos e frases que em Portugal antigamente se
usarão e que hoje regularmente se ignorõlf, da autoria de Fr. Joaquim de Santa
Rosa de Viterbo, dos Menores Observantes Reformados da Real Província
da Conceição. O tomo imprimiu-sc em Lisboa, no ano de 1748 e o
primeiro
segundo em 1749. Ainda hoje presta inapreciável serviço, apesar das investi-

(1) Sco. I, 20-21.

(2) Sco, I. 323.


(3) Sco, n, 27.
(4) Sco. II. 63 e 68.
{5) Sco. 100, 111, 148, ISl. 157.

Copyrighted material
gaçOes que últimamente se têm feito (1) DoiEceinhafldeS.Paiik>,ieferireiiK»
de passagon o nome de Fr. Joaquim de Santana qu^ dedicando a D. Joaé I
uma Fík>8ofía nlo estóica ou irfatóoica nem catrtemna ou newtoniana ou ato-
mistica, mas pefip«l6tica, racional, natual e moral (no Goleio de Évora,
1753), promete retpooder a quem lhe pagnntar o que sente da nova lógica
verneiana (2).

Este o panorama de maior relevo dentre os detentores do ensino. Fora


das Eioolai» eram as academias que piomov&un o avanço das ciências ou das
letns, nem senyiie com sooemo, por fidta de amparo eficaz. Tambân nesta
dúzia de anos se registaram iniciativas dignas de mençlo^ sendo de toda a
justiça relevar as de António Isidoro da Nóbrega e Manuel Gomes de Lima.
Aquele apareceu já mencionado, a propósito das polémicas verneiana e de
Bento Feijó. Falta, porém, situá-lo ainda na Sociedade Médico-Lusitana,
de que era Secretário em 1750. A Sociedade fora instituída com beneplácito
régio, devido às diligfadas e dedicaçio do Dr. Alexandre de Sousa Tones
Souto Maior. Ckmsideravam-na «a primeira que apareoeo na iKNsa Corte»,
mas certamente desapareceu com a morte do Amdador, ocorrida no ano
seguinte. A oração inaugural esteve a cargo do mesmo Dr. Alexandre SoutO
Maior, que sc houve «com admirável eloquência c propriedade» (3).
A figura intelectual de Gomes de Lima é, decerto, superior à de Nóbrega.
Desde os princípios de 1748 que se esforçou por criar uma agremiação cientifica»
que denominou Real Academia Cirúrgica Frototypo-Lusitanica Portonse,
afim de adiantar as dtedas e desterrar o empiíkmo, no pior sentido (4).
Fimdou sucessivamente três academias, a segunda das quais nos interessa
agora, pelo vasto âmbito dc acção fixado nos estatutos. primeira pouco A
durou, devido a dissidências dos sócios.
£m 1749 conseguiu instituir a Academia Médico-Portopolitana, de par-
ceria oom o Dr. Jblo de Gsivallio Salazar, sob o alto patrocínio de D. Joio
de Bragiuiça, Axcdnspo e Senhor de Braga e Primaz das Eapanhas, filho baa*
tardo de D. Fedro II e innio do Monarca Reinante. AoostavaFa^ deste
modo, à protecção real, para mais certo ficar do bom êxito da nova empresa.
Os estatutos, «arregrados às leis das melhores sociedades da Europa»,
redigiu Gomes de Lima, depois de falar com o Dr. Manuel Freire da Paz e
conferircom o Rev. João Saraiva, tendo em conta as sugestões da memória
que O Doutor JoSo Mendes Saochettí Barbosa, conhecedor de Newton eixxdoe,

(1) Está cm publicação a terceira edição (a segunda deve-ae a inoctocio da Silva):


ediglo crfMea de Mário Fina. liv. CMHaciow Porto^ 1962 e n.
(2) nulosophiam.
(3) Ora e Elogio.
(4) IMar, 11.
— 280 —
escreveu «sotee essa matéria», «com cientificas razões e exemplos». Fofam
aodtos na coofaoteda de 14 de Alnil de 1749, a qual havia sido precedida
da consaha doe académicos ookctofei eleitos. Receberam a sançio oficial,
por Decreto de 20 de Maio de 1749 e imprimiram-sc nesse memo ano.
Proferiu a «oração académica» inaugural, sobre os futuros progressos da
Academia Portopolitana, o colector chorensc, já nosso conhecido. Dr. João
Mendes Sacchctti (1). Traça o panorama da cultura em Purlugal, cm frases
gemfeicas, para realçar oa piéstimoe da nawente agremiação. Pondera
«a pobreza e o abetimmto com que vivem os Professores da Faculdade
Médica»; <(a meama Uiimndade sem Colégios destioadot àMedidnae C!^
das Naturais, quando todas as da Europa os têm fomosos e florescentes» e
que subiinlia a Medicina corre c se avalia como gíria, a Filosofia como
romance, a Matemática como nigromancia» (2). Enlrc outras sugestões,
propõe que a Academia estabeleça correspondência com alguns impressores
ou oontratadores de linoe, em Nfodiid, Faiis, Leio de França,
Veneza, Amesterdão e Londres, e faça vir a cada um dos Académiooa, os
livros que lhe pedir, por oonta e risco dos mesmos académicos.
Insiniia igualmente que as anotações, observações e experimentos que
que cada um realizar, «sejamfeitos, quando possível», conforme os preceitos,

cautelas e condições que pretendia publicar, com o título de Lógica experi-


mental ou Arte de boa experiência. Em nota, recomenda, para já, os livros
de Bayle, De b^éb experimatíonoH sueeaim; de WolfT, De Legttm ej^e-
ríeut, fmdan^ efe.
Cita as soas Reflexões Académicas, transcreve as Regras de Descartes,
falando largamente do Método (3). As matérias, depois de analisadas, devem
ser descritas pelo método sintético. Deseja «que todos os académicos
façam profissão da Filosofia newtoniana, precedendo, para is&o, se puder ser,
O estudo da Geometria, Aritmética, Álgebra, Trigonometria, Secções cónicas,
ele. IMUzando as regras que precamzaoom a máxima confiança, assumia de
que se restituirá, venturosamente, o método por meio da ilustre Academia
das dêndas, com a qual Portugal abriu nesse ano os olhos, de um golpe e deu
um dos melhores passos no seu acordo, e a vastíssima Espanha receberia míiis
luz pelos seus, já que os tinha abertos, havia mais de dezassete anos. Assim
também se restituiria a liberdade de entendimento, sacrificada voluntariamente
por tantos séculos k esoravidfio da autoridade, contra o mesmo direito natural.»
«Ainda no pfátímo passado de 1748 donnia Pcfrtngal», metgiilhado no
maior edqwe das luxes da razSo^ com a mterposiçio da eqwasa sombca que

(1) Diar.
(2) Diar, 66 e ^.
(3) Diar. 16.

Copyrighted material
—281 —

levantou o mundo aristotélico e galénico», «eHndoitobieiinãtiitas, expulsos


de toda a ]Mite..j». A Academia |ic<o|iuniUM«e desterriUloe paia a África,
p«n a Ásia, paia a América...
Com estas diqilosíçOcs de inconformismo e horizontes abertos aos novos
ventos, pcrccbc-sc perfeitamente que fosse chanudo a colab<nar nos Estatutos
da Universidade de Coimbra, como veremos.
O Dl. Gomes Ue Lima, na qualidade de Secretário, apresentou-sc a dar
peite do estabdecimeiito da nova agremiação denllfica, a todas as academias
da Borapa, «e a todos ou à maior parte dos sábios pnrfèssoits de Portugsl,
Castela e outros Reinos» (1).
Embora «fundada para o cultivo da Medicina Experimental», «as obser-
vações, discursos ou tratados» que se exigiam dos sócios, deviam constar de
algo das muitas que havia na faculdade médica, v. g. anatómica, botânica,
cirúrgica, quimica, matemática, física, etc, etc.. (2). No estatuto I frisa-se
o mesmo, de um modo todo século XVni: bitent»4e o aumento «das fiwulda-
des médica e suas ministras» seguindo as máximas da natureza, os experimentos
e o método experimental radooal, abandonando as ideias físicas
Iffátioos
que encontrarem se opuserem a) a caq»eri6ncia e os fenómenos do macro-

oosmo e microcosmo».
Na carta cm que suplicavam ao Arcebispo de Braga aceitasse a protecção
da academia (12 de Março de 1749), intitulavam-na «Portopditaaa dos Lní-
tadofes da Naturea»(3). No Zcdlaeo Lutíumo» primeim pubUcaçlo da
Academia, esclarece-se que esta foi fundada à imitação da Academia Natvrae
Curiosortan da Alemanha. Na página 19 dos Estatutos insiste-se em que
não se dê lugar algum, senão a sujeitos que sejam eruditíssimos e prontos no
cumprimento da sua obrigação. E, se entre estes hou\er alguns, instruídos
no sistema newtoniano, com na Geometria, Ariimciica, Álgebra,
inteligência
Irigmnetria, etc., sejam preferidos aos mais,em toda a ocasilo».
Vm. pfesidente fioou nomeado, na primeira sessio de 14 de Abril, o
Dr. Manuel Freire da Paz, graduado em Medicina pela Universidade de
opositor às suas Cadeiras, médico do Partido dc Sua Magestade, da Relação
do Porto, primeiro medico do Real Hospital do Roque Amador, do Senado
da Câmara, Familiar do Santo Oficio, etc.
Guardam-se os nomes dos associados Portugueses e espanhóis. Deentre
os académicos da Nação vizinha, xelevamos o Dr. D. André Piquer, Catedrá>
tioo de Anatomia de Valfada, e autor de uma Lógica moderna. É de notar

(1) Diar, 16.


(2) Estatutos, n.o 21, In Diar.
(3) Agí,C19

Copyrighted material
— 282 —
o número de sacerdotes «enidhos)» que se inscrevamn na inimeira hora:
«O M.ILPJtf . JoSo Saraiva Vaknte, Teólogo, opositor e pnoepUx das Unguas
fT^B, h^naica, fiaooesa e italiana»; «o M.R. F^. Joio de Jesus Mana, monge
de S. Bento «o M.R. Manuel dc Oliveira Ferreira, cronista geral da Ordem
;

Terceira de S. Francisco c Reitor dc Oliveira de Azemeis«; «o Dr. Francisco


Xavier Lameira Franco de Almeida, Proíes&or dos direitos cesaho e pontificio
e de Filosofia Natural».
Dois anoa nio «am p—adoa, já ao ientia neoesaidide de raffamaa.
«Pelo tempo Um se foram experimentando algumas faltai» — diz^e nos
Estatutos renovados. D. José subira ao trono no ano anterior e com ele
Pombal entrara no governo. Os novos Estatutos tnaem a data de Jaaeiío
de 1751, mas não chegaram a imprimir-se (1).

O estatuto primeiro determina a finalidade da instituição: «O principal


cuidado da Academia Mcdico-Portopolitana, depois do serviço e hom^a de
Deusi acará cnhivar e adiantar a vcrdaideiía sabedoria natural, introduzindo4i»
defendendo-a e propagando-a em todas as suas obras, desterrando a intrusa,
^mrente e falsa, por meio de continuadas experiências, legítimos métodos
c verdadeiros juízos; distinguindo o verdadeiro do falso, descrevendo as cousas
como cm si são: e abandonando as hirpérboles. afectações e sofismas de preo-
cupados entendimentos que, sem o necessário exame das cousas, quiseram
estabelecer teoranas cotos e irrefragáveis».
Era todo o espirito da nova revolução, batendo em chdo nas velhas
de ensino. O estatuto 12 vincava ainda mais aa suas feiçOes moder-
instituições
nistas: «Como o sistema gtaal da, Academia seja rigorosamente um sistema
natural, procurando-se enriquecer a Historia Natural de descobrimentos,
experimentos, observações de todo o género, sem nenhum académico formar
sistema particular ou tirar delas conclusões», deixa-se «para os vindouros
ata perigosa empreaa d» enten^mento, imitando^e, oom eile intento, as
outras academias». Os académicos devem oontentar-se com feduzir, «icpianto
sc|ja possível, o especulativo à príticB», e mostrar, «nos experimentos, o

mesmo que lhes sugerir a razão».


O selo da agremiação constava de «o planeta Apolo, figura do sereníssimo
Protector, discorrendo pelos signos do zodíaco e por baixo a figura da Medi-
cina, colocada sobre a letra = Experiência — e sairá da sua boca a letra =
aá AstM » dando-se a otoider que, por via e mek>
de observação e expe-
riincía, se há-de observar, desde as concavidades da terra até aos astros,
todo o que for notável e útn às Ciências Naturais e Medicina. Em roda do
sdo, se lerlo estas letras —
SigUlum ngiae Academiae MettícQ-ParícpolUanae,

a) Ma. 882.

Copyrighted material
— 283 —
Por todos estes factos se vê que, agora ainda mais explicitamente, se
intentava o cultivo das ciências em geral, mas ciências exclusivamente
experimentaís, com repúdio confessado das especulações. Com a refonna
pietei]dia>4e alé o «estabdedmento de uma

e um Horto Botânico, factnia de Mtfqiitiiaa Fbicaa e Matemáticas, Instrumen-


tos Anatómicos e Cirúrgicos, para os vário» ejtpeiiuieutos que le deviam fiaer,
e finalmente organizar uma Biblioteca».
A inovação era um verdadeiro principio da Universidade moderna, que
Pombal pôt em execuçSo.
Gomo os ertatutoe velhos, prescreviam estes que dois acadénuoos
da Europa culta, e comunicaaiem o seu conteúdo
lessem os jornais científicos
á assembleia. Prometia-se uma «medalha de justa grandeza», «a todo aquele que
ideasse alguma matéria úii! ou descobrisse algum novo Método de discorrer,
ou aperfeiçoar as artes e as ciências naturais». Entre os novos
tratar, curar

membros que entraram nesta ocasião, contam-se os Doutores Ribeiro Sanches,


«médico da imperatriz da Rússia e assistente na Corte de Bsris», e Jacob de
Cástro Sarmento, «Membro do Collio Real dos Médicos de Londres e Sócio
da Real Sociedade (...X assistente na mesma Corte de Londres». Também
merece especial relevo o facto de pertencerem à Academia, dois jesuítas. Pro-

fessores de Filosofia — «o M.R.P. António Vieira, Lente na Universidade de


Évora», conforme o assinalavam e Doutor, Cancelário e Prefeito do espirito,

como consta de nma Inta de 1759 (1), que leccionou irai curso de Filosofia
Moderna, de de Outidxro de 1739 a 30 de JuUk) de 1742, no CoUgio de Saalo
1

Antio, segundo já vimosC^O; e o P. Joio BoQa, Mestre em Aztes e IMisiMr


de Filosofia na Univeisidade de Évora, no curso de 1748-52, atrás referido.
A Academia finou-se, pràticamcnte, com a morte do Príncipe protector,
mas os frutos foram recolhidos mais tarde. Na Universidade de Coimbra
instituiu o Marquês uma Congregação Geral que devia confederar as três prof is-

sOes em qat fioovi dividida a Filosofia: a dos naturalistas, a dos médicos e a


dos matemáticos. Deste modo eqMiava o Reformador urgh- a estabilidade
e o adiantamento dos ditos estudos (3).
Foi pena que se tivesse deixado fenecer tfio auspiciosa Academia, ante-
cessora modesta da Actual Acíidcmia das Ciências. Apesar dc tudo. Gomes
de Lima conservou por muito tempo aceso o fogo sagrado da sua ideia de
bem fazer. Ainda em 1764 publicava, no Diário de Medicina^ trabalhos
ciwntiftnos de membro» da Portopolitana» Ai siq>lica aos «senhores acadó-

(1) 4MraS0r,IV-],34<.iiola2.
(2) Sobre cate «Munlo, v« Sbtotia C, 27.
(D firtat,?.

Copyrighted material
— 284 —
micos da Academia, continuem a, lemeter-lhe os seus discursos e observa-
çOes», que prametia ir inKrindo nease Diário» e fealmente iiiieriu(l).
FoQOOs foram CS traballiM editados 1» ^(ÊDBem vi^ a já —
ttStàdíL Oração inaugural do Dr. Jo3o Mendcs Sachetti Barbosa, o órgão
da aíremiação Zodíaco Lusitano, Deifico, anatómico, botânico, cirúrgico,

químico, dendrológico, ictiólogo, liiológico, médico, meteorológico, ópticOt

ornitológico, farmacêutico e zoológico e a oração recitada publicamente na


Real Academia Médioo-Portopolitana, por seu Secretário, Mimnd Gomes de
Lima, aparecida oom o titulo Ruflexões criticas sobre <a escritores cirí^pcos
de fúrtugtí. Em Espanlia também saíram obras de académioos doa cffcnlos
espanhóis, que não importam neste momento (2).
É de salientar a linha de continuidade do nosso contacto com as Academias
científicas estrangeiras, nomeadamente com a Sociedade Real de Londres.
Aos nomes já indicados no devido lugar, acresccntam-se os de João Mendes
Sadietti Baibosa,em 10 de Maio de 1750; do Oratoriaao Joio Chevafier,
em 23 de Maio de 1754; de D. JoSo Garioa de Bragaiiça, s^iundo Duque
de Laftes» em 17 de Março de 175S.

Na mesma linha de inovação posto que seja difícil determinar
os focos da influência — fundou-se também em Lisboa, no ano de 1756,
uma Academia Literária que procura estabelecer o bom gosto, de harmonia
com os modelos greco-latinos da Idade Áurea. Ao mesmo ponto que ataca-
vam os eiGoeisos veibalbticos do gongorismo, pteooniaEvam mmt poesia de
iMbra simplicidade e imiea de fiase, em oposiglo à de Ftandsoo de Fi^
Melo, o corvo do Moitdegtf, oomo lhe chamava Correia Garção. Era a Arcá-
dia Lusitana ou Ulissiponense, dc António Dinis da Cruz e Silva e de Pedro
Correia Garção, ciya actividade, o Prof. Hernâni Cidade considera «efémera
e nula» (3).

A Arcádia integra-se na orientação dos Néris. Na Oração que Correia


Oaiçio pfommda em
3 de Setemlno de 1757, em mmie da Arcádia, numa
sala do Real Hospicio das Necessidades, em pfeseoça do Monarca, dei]»
bem vincadas as relações entre as duas instituições de cultura (4).
Como para Vemei, também para Garção, o clacissismo é, sobretudo,
processo de técnica, em que a elegância transborda naturalmente da simplici-
dade, da pureza da língua e do valor normal dos vocábulos. O intelectua-
lismo domina a estética dos Árcades, pois «o fogo», «na ideia muoe».

(1) Diar. 42.


(2) Aca, 619^
(3) L. II. 213.
(4) Obr, 569.

Copyrlghted material
— 285 —
Fina e Melo (1) taxa o cndo dot Áinadei de «ama firanoeiada (que)...
ein])icendea oonstítuir um novo métodoi». NSo que ek desconheça ou des-
preze a caUaia finmoesa, nem qat esteja pròpríamente oontra os Árcades,
no que respeita ao culto dos gregos e dos latinos. No entanto, é de opiníSo
que «à vista de tantos poetas dc espírito que produziu o Pireu e o Lácio,
não valem nada os Dcspréaux, os Rousseaus, os Racincs, os Corncillcs, ctc».
Acrescentava mesmo que, de poeta francês nào tinha visto «cousa alguma»
que o oontentasBe. Gniz e SQva, oenanmi-lhe as Éclogas e o prefácio que as
pfeoed^ porqw julga inqncicindfvd conigír o real oom o ideal e moldar a
natureza pelas normas da razSo.
No polo oposto se colocou o Marquês de Valença, quando redigiu a severa
Critica à famosa tragédia do Cid, composta por Pedro Cornelli e reparos
a eUa (Lisboa, 1747), que mereceu a um anónimo acre censura, de que apenas
conhecemos um exemplar manuscrito: Notas à critica que o ar. Marquês
de VeSÊHça fes à Tngidki éo Oã. Con^oaías por Montear ComeUte, NIo
tankm a Resposta do Marques de VakiMi D, Firmei de Piortugal e Castro
aos reparos de hum Anonymo à Critica que fez o mesmo Marques àfamoM
tragedia do Cid (Lisboa. 1748). 23 págs. (2).

O anónimo sustentava «que o Theatro Hespanhol he hoje o mais dcffei-

tuozo e que o Francês (não desprezando o Inglcz, nem o Italiano) se pode


oonqMrar oom os de Alhenas, e da antiga Roma». Tomando por modelo
os autores e os teárioos da Grécia e de Roma, o crítico exclama, cheio de oon-
vioç8o: «Com efTeito, se os ConieiUes, os Radnes, os Lafontainei, os Bdl-
leaux, os Moliers, os Rousseaux, os Quínaults, os Voltaires n&o são Poetas,
ou eu não entendo francês ou a Poezia não he o que dizem os Aristóteles,
Horacios, Longino, Quintiliano, Donato e outros desta ordem, a quem con-
sulto».
O hbiqute nesBia i Fkaoça a ^dria de ter poetas (3) e, definindo poeii^
diasera que 4dbe fainma fio^k)» (...); «Ite fofo e nlo neve, lio fi<^
alo folhas e nio van», slo ramos e nio raízes» são voos e não pegadas, slo
furores e nSo sentenças, são êxtases c não movimentos». A isto risposta o
o crítico que, com esta definição de poesia, o Marquês de Valença manifesta
«gosto gótico».

(1) Sobra a potiçio de Pina e Melo em face da Arcádia, bem como a de outros
Árcades que nos têm aparecido —
Francisco José Freire, Miguel Tibério Pedagache
Brandão Ivo e Joi6 GMtano dc Mesquita, ver Historia Cr. 204-227, 69-82, 87, 88, 91 e 99.
—Ver ainda Aioa e Aicid
(2) Sobre a critica do Maninli de VikoÇB, wr Historia Cr, 50 e 58.
(3) Decerto conhecia as R^kxkms im kt FeU» tm quo Racine critica os íjaiaiku,
(voL 3» 1747. p«8- 18)-

Copyrighted material
Esta breve polémica denuncia leitura das otnas literárias da Fkança, em
meioa de Nobreza e de ouUas danes, o que nio admin, por se ooolwoor a
qne se estava opoando entre nós, do idioma finuoês. Havia sen^iie
difiidk)

um benemérito que tomava sobte si esse encargo, na esperança de ver recom-


pensado o seu esforço. Assim em 1756. o Doutor Mr. de la Rue publicou
na oficina patriarca! de Francisco Luís Ameno um i\'ovo Methodo de Gram-
matica, para aprender com perfeiçam,sem uso de Mestre, a lingua
e ainda
FrmoèUL e ãt a%nm laoâo a Piyrtugueza e o P. José Marques, em 1758,
inqifimia a 1» ed. do Ifi tomo do seu Nauveau JHtíkmmtírt des Laigues
Erançaise êt Porti^tíae (Usbomie, Chez Jeen Joseph Bertnnd).
Desta fofma, a genle medianamente culta, podia ler acesso directo à
literatina firancesa e tomar o partido que julgasse mais sensato. O estudo
do inglês pôde dispc^r igualmente de mais uma Gramática Anglo- Lusilanica
et iMSitano-Angiica ou Gramática nova Ingleza e Portugueza e Portugueza e
Ingleza, da autoria de Jaoob de Csstro Sarmento (seoood editíoo. Londoo,
printed for W. Meadws, 1751).
Finalmente, merece a atenção do historiador da Cultura, a Academia
Litúrgica de Ritos e História Eclesiástica, fundada no Mosteiro de Santa
Cruz de Coimbra, no ano de 748, pois representa um esforço sério de con-
1

tactar com a história da Igreja, à luz da crítica moderna. Mais do que grémio
de intelectuais, ligados pelo comum desejo de se ocuparem de uma mesma espe-
cialidade esta Academia parece que se apronmava da esoda em que o Pro-
fessor se esforça por que o aluno aprenda. É o que se depxeende do facto de
manter imia cadeira de Ritos Sagrados e outra de Ifistária Edeatástica, com
Ldtor e Substituto para ambas (1). As aulas começaram apenas cm 1756 (2).
Os primeiros Lentes dessas disciplinas foram respectivamente os Cónegos
Regulares D. Bernardo da Anunciação e D. Tomás da Encarnação, um e
outro Doutores em Teologia pela Universidade de Coimbra (3). Entre os
sócios predommavam os Cónqjos Regulares, formados em Teologia. Além
destes, relevamos os Qratorianos Estácio de Abneida, Joio Baptista, Joio
Col e Teodoro de Almeida; o Teatino D. Tomás Caetano do Bem, o Bispo
de Coimbra, D. Miguel da Anunciação, os irmãos Diogo e Inácio Barbosa
Machado, Aires de Sá e Melo, o Marquês de Aloma, os Condes de S. Lou-
renço e de Vilar Maior e o Visconde de Asscca.
Afiareoem nomes de religiosoa das priiicq[MÍ8 Qfdens^
Jesuítas» o que 6 de estranhar, uma vez que o P. Nfannd de Azevedo nlo
foi alheio i vida da Academia. Director que era da Escola dos Ritos

(1) VerConst.
(2) Historia I. 195 o 2S9.
(3) Catálogo So.

Copyrighted material
— 287 —
Sagrados de Roma» recebera a mcumbSncia de D. lolo V, de ofguiiar o
Corpo Começou por publicar uma Sym^uis Theaaurí LUurgfea
litúlskx).
Antíqidora Mommieuia eai^ketentís ad Saena Bitus pertbimtta, viria mtS^
tis ac rerum Liturgicanan (...), Roma, 1747 —
folha avulsa em que expôs o
plano de uma colecção de monumentos antigos dc Liturgia, em 12 volu-
mes (1). Expressamente «ad usum Academiae Lilurgicae Conimbricensis»,
editou depois, por exemplo, as obras dc Bento XIV De Servorum Dei Bea-
t^aaktm (...)> Roma, 1747 e I>e Synoâo Dêooiesano^ no ano leguinte.
De mu Académico, o P. Estádo de Almeida, in^nmiu a Hpografia da
Academia Litúrgica, em 1762, mna DissertatiOy que ventilava o tema Utnm
sMquando deceat Liturgiam a Divino Officio discordare (2).
Com estes meios de contacto com o exterior culto, a vida religiosa nestes

e no período seguinte sofreu talvez maiores embates que nas décadas passadas,
apesar de os problemas serem, afinal, os mesmos. O Jansenismo fora reno-
vado pelo Oratcriano firancês Fasquiar Queand, na obra que publicou RefU-
3dom mondes swr le Nomtau Testammí. demente XI condenou-o, em Setem-
bro de 1713, por meio da Bula Un^aiitus e os excessos cspalharam-se a tal
ponto que o Papa diligenciou obter a adcs3o das Universidades. Entre nós,
tanto a de Évora como a de Coimbra, manifestaram a sua adesão a Roma
— esta, em 1717 e aquela três anos depois (3).

Apesar da demora desta declaração pública, os Jesuítas portugueses,


aliás oomo os de outros Paises, foram considerados firatoies da atitude pon-
tifícia, que oontimiava na linha de pensamento dos Papas anterio/es, que se

haviam prontmciado sobre Baio, Lutero e Jansénio.


Graças à acção do Santo Ofício, nSo era fácil penetrarem as ideias jan-
senistas nos meios teológicos. Contudo, nào se deve crer que essa vigilância
tenha conseguido evitar por completo a entrada das ideias e até dos livros
que professam semelhante doutrina. Nlo noa interessa historiar o que se
passou, mas nio queremos deixar de nnesentar um caso que sai agora doa
próprios Arquivos da Inquisíçio.
Os «hispanhoes mercadores» Roberto e Manuel Rodriguez de Oliva
«mandaram conduzii» para Lisboa, entre outros livros, «dous jogos de hum

(1) Sy.
(2) Diaaecta.
(3) Publicaram-se então opúsculos que noticiaram o facto. Ver Sen e Ju. Sobre
a atitude da Universidade Coimbrã, ver H, III, 132 e Memo, 161-16S. Cruz Pontes Uatott
do UBURto m coHiiinfcisçle ao eoostMSo reunido cm Évota, por ociiilo do 4»* OfHitwiáriD
da fundação da Universidade eborense. No Itinerarium — Colectânea de Estudos. Braga,
N.° 26 Outubro-Dezembro de 19S9, anuncía-te estudo visto sobn o tami, do qual apeais
se publica a introdução.

Copyrighted material
— 288 —
índice Expurgatorío em dous volumes de folio impreço em Madrid», no ano
de 1743. Fofam esses livros apfeendidos em 1748 pelo qual ificador domini-
cano Ft, Mlcdau da AssunçSo Becqner» que pcestou particalAr atençio às
obras aí mencionadas como jansenistas. Os autores do índice, os jesuítas
José Cassani e José Carrasco, «introduzirão... quantos livros ministrou a
sua desafeiçào, sem considerarem que ultrajávao todas as Gcrarquias do
Estado Ecclesiastico». Todo o seu propósito se resume em tirar o labéu de
jansenista aos Cardeais Noris e Noalhes; ao Bispo Geneto e aos dominicaaoe
Joio Nicolau e Frandsoo Seni (I).
Nio queremos jnsjmMW que o censor fosse auténtioo jansenista. Mas a
sua solicitude não denunciará alguma afeição à causa? Lembremos que o
ódio anti-jesuítico virá mais tarde, por exemplo, na diligência feita em pr<d
da doutrina de Santo Anselmo, para substituição da <'ciência média».
«Persuadio-se a Congregaçam do Oratório dc Lisboa, que a Sciencia
Media eia uma e^iedoza ficção, e por isso, se lesolveiam alguns dos seus
esclarecidos alumnos com o douto P. Joam Bautista a dar-lhe uma excluziva
e a mudar de sistema. Antes de se estabelecer este^ ao mesmo tenqx), alguns
Monges Beneditinos, abandonando inteiramente o sistema da escola media,
adoptaram e estabeleceram com Santo Anselmo, Cardeal dc Aguirre,
Tomassini c outros, sistema próprio (...)». Depois de cerrado combate
à ciência média, informa: «Presentemente seguem ainda a sciencia media
OS D.D. Cistercienses e sendo estes Benedictínos trancos», convinha que as
tr6s Coogr^BçOes, s^nisaem «escola propria e de auctor seu, qual é Santo
Anselmo» (2).

A acção do Santo Oficio estendia-se às próprias lojas dos livreiros, como


aconteceu, por exemplo, em 1759, segundo relato do dominicano, Fr. Nicolau

da Assunção, de 26 de Abril : «Visitando por ordem de V.S. a Livraria de


Lourenço António Bonnardel, Mercador de livros italianos, achei a Minerva
de Frandsoo Sandio, impressa em Amesterdam no amio de 1752, oom as
noCaa de Jacob Perizonio, auctw hefege». O deputado leu o livro e logo na
primeira página do Prefácio encontrou um naco de prosa contra o Concilio
de Trento c anotou: «E como esta doutrina se funda no erro de Calvino
in (...), nega a infalibilidade das diffiniçocns dos Pontífices Romanos e dos
Ck>ncilios (...) me parece se deve mandar riscar como herético» (3).
Essa vigilância, nem sempre, porém, se maoi^stava no auaiento próprio.
ApoiítaFse o caso de José Gaetano de Mesquita e Quadros, Badmid fonnado

(1) T.T. — Inquisições. Listas de Livros e Pareceres lolm pabUcsçOes.


(2) T.T. — Doe. s/d. Maço 36 do Min. da Jiut.
(3) T.T. — Santo Oficio, Est. 140, prat 2.

Copyrighted material
— 289 —
«m Cânones na Universidade de Coimbra, que em 1753 publioott em Coimbra
o Catecismo btorleo qut contem a bUtriã Sagrada e Doutrina Cristão, do
Mor de Aisenleinl, dánlio Fkaiy, «em atteniio à utilidade puUica».
Em edital impresso de 8 de Outubro de 17S6, a Tnqyiiicto demndava-a como
obra n3o autorizada, que trazia «certas orações que se achSo prohibidas no
índice Romano e se devem riscar» (1). Fleury já antes cru conhecido entre
nós. Pina e Melo, por exemplo, escreve na Balança intelectual (Lisboa, 1752,

pg. 195): 4d>esde que ea fi a BBstorta EdestaMea — de Fleury— senqne


desejey influir etta verdade ao» Portagueses».
Foi de facto dos autores mais lidos. A lufiesa Censória referia em 26
de Novemlvo de 1772 que, «havendo entrado nestes Reinos muitos jogos dos
Discursos do Abbade de Fleury e tendo-se feito delles varias traduções, se
tem diffundido tanto a referida obra que serve de frequente lição a grande
parte da mocidade estudiosa». De tal forma constituía já autoridade,
«que algumas pessoas, sem a devida ciicunqieoçio, se têm querido persuadir
a que oeseotimentos do sobredito Abbade de Fleury sio todos de boa verdade
laooutestáveb». For isso, houve neorssidade de declarar que a consideração
que merece é «aquella que os sábios costumam dar aos sentimentos de htmi
homem douto que pode muitas vezes errar como homem» (2).
Na verdade, haviam-se imprimido em Lisboa, no ano de 1771, as Obriga-
çoens das Amas e dos Criados^ tradução de José Caetano de Mesquita, «Profes*
sor de Rtaetoiica e Lógicado GoDegio Real de Nobres»; e em 1774^ também
em Lisboa, na oficina do impressor do Cardeal Patriarca, Manuel Rodrigues,
há-de-se estampar, apesar do Edital da Mesa, o anteriormente reprovado
Cathecismo Histórico ou Compendio da Historia Sagrada e Doutrina Christâ,
que agora aparece como traduzida por António Barnabé de Elescano Barredo
e Aragão, «Bacharel formado na Universidade de Coimbra». Ainda cm Lisboa,
em 1778 Os Costumes dos bramias, onde se ti o modeh de huma potítica
simples e sincera para o Qofemo dos Estados e reformação dos costumes, tradu-
zidos por João Rosado de Villalobos e Vasconcelos, Professor lUgio de
Retórica e Poética em Évora e, em 1782, também em Lisboa, Os costumes
dos Christãos desde os primeiros séculos da Igreja até ao presente, na versão
do mesmo Vasconcelos. O tradutor, já em «annos mais verdes, tinha lido
estes tratados», porque «o livro he tão conhecido no nosso
(este último)

Baiz, qne alem de nmitwedigOcsqQe se tem oonsQoiido neste Rein^


primio em RanosK na cidade do Porto» (3).

(1) T.T. — Santo Ofic. Est. 141, Prat. 2.

(2) Pode ver-se na T.T. —Santo ODdo iUL ou em C, 82.


(3) Cos, XV, XVI.

«9

Copyrighted material
—290 —

Na dedicatória de Os aatumes dos ImulUas a Fr. José Ihfoyne, o tradutor


elucida que a ideia da venSo se deve ao Ilustrado frandscano, que já tinha
exprioldo o mesmo desejo a outras pessoas. Também se puUican em Por-
tuguiêsos Discursos sobre a Historia Eclesiástica. Vilalobos informa que os
Discursos e o Catecismo foram «traduzidos por dois colegas meus (...) que
no ensino publico se tem feito tão estimáveis pelas suas oomposiçOes que
correm impressas» (1).

Fina e Melo é um dos intelectuais setecentistas que se preocupava com a


ortodoxia, tendo editado o seu controvertido Triunfo da Religião — Poema
^lioo, p<rfémioo, tm Coimbra no ano de 1756. Fr. Bernardino de Santo
Rosa, na licença do Santo Ofício diz que o autor «desfaz os erros dos
systhemas dos Atheistas, Polithcistas, Deistas, Libertinos, Rcligionarios e
Cyrcnaicos, do Mahometismo, Uebraismo, Lutheranismo, Caivinismo e dos
Inchoerentes».
De facto, os ares não andavam muito serenos e lá por fora corriam boatos
oonqpfometedofes, oomo este vindo de Roma, poriiad^ploinática: <...)]»
puUica por toda esto Corte que a Raynlia Nossa Senhora se adia pieza por
haver descuberto e revelad<) a Sua Magestade Gstholica, o tratado de matri-
monio c erecção da Igreja Anglicana nesse It^no, que ElRey Nosso Senhor
tinha estabelecido com os Ingleses» (2).

Entre os ititelcctuais iniicionados pelas doutrinas heterodoxas, avultam


neste pedodo o Engenhdro Bento de hfòuni Portugal e Alexandre de OttsmSo.
Aquele, que tinha três irmls Religiosas» morava «em humas casas que estio
defronte de hum Oratório no meyo de huma travessa que vai ter do Chiado
às Casas do Visconde de Barbacena». Estudara no Colégio dos Jesuítas
de Gouveia. Era católico e comungou, por exemplo, numa doença que o
levou ao Sardoal. Andara, porem, pov Inglaterra c Holanda (3), e trouxe
o hábito de discutir questões de Religião. Era «Philosopho formado pela
Universidade de GofaÉbra», tendo^ matriculado no primeiro ano de Leis,
a 20 de Outubro de 1720, efofmado em 11 de Maio de 1731 (4). Daf,ogaeto
de levantar dificuldades sobre a Sagrada Esoitun, «por modo de jocosidade»
e para «mostrar a delgadcza do sco juizo e experimentar os albeyos». Duvi-
dava dos milagres, das canonizações da igreja; negava a existência do Inferno
e dos demónios, «pois nunca pessoa alguma os vio» ; atribuia aos livros de
Moisés simples valor de obra humana, negando a inspiração divina, o dilúvio

(1) Cost.
(2) T. T. — Min. da Justiça, M. 12, macete 2.
D. Jtalo V, «att» ODins ccwniwO w
de wanágo, oomelsa-lhB a de pwconer ai
aaçOes estrangeiras e ptttkiduiiisnls a da *^nripif os da WMwyfc» Ver Ben.
(4) Ben.

Copyrighted material
— 291 —
universal, etc.; e contava «historias cm ludíbrio e desprezo da Religião
Catholica e do Sumo Pontifioe e Gaideaii», e GoiílideraYa ignalmemte boas
todas as Religilles.

O processo do Santo Oficio deoaneo, pdo menos desde Junho de 1743


até à súplica de perdão, que se conserva em autógrafo de Bento de Moura,
datada dc Lisboa, 5 de Fevereiro de 1748. Não conhecemos a sentença (1),
mas a circun&tância de ser estimado no Paço, pode ter contribuído para se
Hw mtfioiar a pena. Am» da prisão. Sua Majestade dava-llie «cairuagem
para andar nesta Cortie» a o In&nia D. António dedicavarlhe grande afeicSo»
gostando mesmo de o ouvir fidar desses assuntos, pda nohe dentro (2). No
remado de D. José voltou a aer inso, desta vez por oonta da Junta da Incon-
fidência, conforme veremos.
Neste processo da Inquisição revela-sc que «o mesmo delato conserva
grande amizade com Alexandre dc Gusmão, osem contradição de pessoa
qual,
alguma, uniformemente se reputa por origem principal dos escândalos q[ue
ao presente peiturbSo este Reino oom gosto dos hereges» (3). N8o sabemos
a que escândalos se referiam os Inquisidores, mas é certo que em cartas e
outros escritos particulares, hoje conhecidos, se apalpa bem o espírito irreve-

rente pelas instituições eclesiásticas, que invadiu o secretário dc D. João V.


Dirigindo-se a António Freire de Andrade EncerralKKles. desabafa em 16 de
Fevereiro de 1750:«Não se esqueça V. S.* dos amigos, que deixou lutando
oom as ondas do mar da superstição c da ignorância e agradeça aos seus ini>
mjgos o mimo de que actualmente gosa» (4).
Há tentaçBcs de interpretar a frase no sentido possfvd dos abusos que
por vezes se verificam na prática da Religião. Outras asserções, porém, se
a censura da Inquisição não bastasse, se podem colher dos seus inéditos,
por exemplo, da Dissertação que a pedido de um amigo compoz o Autor com
auma haMMadf t Uúmto, refariwwwile à rtíaxaçõo das Ordens Religiosas.
Eis algnna tredioa oonqnovativos:
«Quanto sefiaodioaaapeniicíosaoonducta dos reinos 06 mais poderosos?
Que lastimoso espectáculo seria este para os primeiros Apóstolos da Igreja se
vissem trocada a Milícia dc Jesus Christo em cidadãos guerreiros, perturbado-
res da Republica e factores das maiores maldades ?(...) Tornando, pois, ao

(1) O pracwiD qn snoaniiiniai, tennina oom requerimento paia se ointan mais


testemunhas (T.T.— Ssnto Ofício, Proc. apartados, n.° 6.193). Foi, poróm, soittS HâO
que em meados de 17CD volta a aer preso, «por falar com demasiada Uberdade do seu governo

(do Gonde de Oeins) crad e miriiiiirio^, como vucumi mis adiswtw
(2) T.T. —
Min. da Just., M., 78, 2.» macete. —
Ver também Marq, 104.
(3) T.T. —
Min. da Juit M. 78, 2.« macete. Publicado em Epis^ O, 47.
(4) CoU. 69.

Copyrighted material
— 292 —
principal ponto do meu argumento, digo que as riquezas e elevaçSo em que
se vêem hoje a maior parte dos Religiosos» os obriga a avultadas deqieSBs;
èUes por ostentarem a sua grandesa e servirem de emulação aos vizinlios,
cuid3(i que com este culto honrão mais a Deus. Se a Efecritnra Santa lhes
fora lembrada todos os dias, elics conheccriào que os antigos altares, em que
offcreciao as victimas, crHo uns montes de pedra innoccntes Os corações (...)

sinceros, os ardentes actos são sem dúvida os dogmas mais importantes da


Religião; pelo contrario a pompa, adorações exteriores, e os soberbos edificios
nSo coadusem mais que paia a perdição. Eu não quero dizer que os templos
magnificoe nlo sSo bem devidos ao culto e celebração dos Divinos Offidoe;
o que quero diser he que depois de hum Moiye formar de si uma Ideia humilde»
deve corresponder ao seu espírito uma igual morada, tanto paia a Oiagio
como para o repouso (...) Os Monjcs, tendo abandonado o trabalho pessoal,
acreditarão que o estudo era a occupaçào mais digna do seu caracter (iralando
OS leigos de ignorantes). Os Moqjes mudaxio de tal sorte o tsptdÊo da Rdi-
giio que se nlo v8 neUa mais do que uma Republica de Nobses» (1).
E mais adiante:
«Todos sabem que S. Bernardo he hum dos que affirma que a relaxação
dos Conventos se tem originado das isenções (...) Destas isenções e liber-
dades tem nascido a ignorância de TheoK)gia Moral introduzida ha 400 annos;
os Canoiiistas que tem escrito nestes últimos sccidos são pela maior parte
Rdigiosos mendicantes, que se adiaiio quasi sós na administração da Peni-
tncia; estes Gsnonistas nio conhecem a antiga di8cô>line> porque apenas se
lembrão do pouoo» que encontrarão nos Decretos de Graciano, ignorão os
antigos Cânones penitenciaes c diversos grãos de penitencia (...) As tradi-
ções universalmente recebidas pertencentes ao dogma da Fé. as lições de
piedade e o Sacramento devem ter toda a força por serem escritos inviolá-
veis dos primeiros séculos. Este req)eito e credulidade não nos merecem
todos os factos, porque a ignorância e a malida abusa da crença dos povos»
sendo um dos pretextos mais fortes dos Píotestanles, com que catuniSo a
Igreja Catholica: dlcs tem persuadido aos tens que nós temos deixado a
Jesu Christo para adorar os Santos e que a nossa Religião está redusida a
cerimonias exteriores, ao culto das imagens, peregrinações e confrarias; e
que temos suprido a Escritura, para substituir em seu lugar as lendas fabu-
losas» (2).
Apesar da refciência despr imorosa que hz aos Protestantes, 6 evidente
a da sua doutrina, nas ideias que expende. Os defeitos da insti-
assimilação

(1) rVrrrrrrrfffr ijiir n jrriffrfiT rTurri rtrri^pr mm tmm


nmifWT a iwiíinir ifcnlWIliiifc Infailn.
iwbiivamente à relaxação du Onbu MtHg/omt, i» CoU, 213 0 tt.

(2) CoU. 241.

Copyrighted material
— 293 —
tuiçao momistkB, ykbcm por imi católico, nrbm apndados, com verdade»
de forma bem diversa. Unha, pois, fundamento a acusai do Santo Ofkio
e assim se compreende a grande amintdft que imia Bento de Momae Al exandre
de OimBlo(l).
No mesmo nimo caminharam outros intelectuais portugueses. Mas
estes bastam, para sc rcgi&tar o surto do protestantismo entre nós, no período
que agora nos interessa.

Apiedadas de coirida algumas manifestaçfies do novo espirito filosófioo


e dentffioo e até de tendências heterodoxas no seio de certos p<Hliigiieses»
veremos, a fechar este cairftulo, duas tentativas de enciclopedismo^ no sentido
de divulgação de noções gerais de todos os conhecimentos humanos. Com
esta restrição, assentamos já que as iniciativas que vamos referir, nSo têm
parentesco possível com a Enciclopédia Francesa.
Damião António de Lemos Faria e Castro, Cavaleiro professo da Ordem
de Cristo, entre outras obras (2), deixou-nos uma em sete volumes, daiominada
Fí^itíea Monl e CM/, Atda da Nobreza LusUaiia auunizada com toda o género
da erudição secada e profana. Os seis primeiros tomos sairam entre 1749
e 54. O sétimo, porém, apareceu cm 1761.
Como escreve Diogo Barbosa Machado, a 12 de Fevereiro de 1750, na
censura do Paço do 4.° volume, o autor reduziu «para a Aula da Nobreza
Lusitana», «a breve meúiodo» a vasta eocyclopedia de todas as sciencías)».
Seu irmBo, Inácio Barbosa Machado, na censura do Ordinário ao segundo
tomo^fiâsaqu^«ndlB introduz aos Leitores no magnifico
sabedoria com o tratado único das Scfendas c Artes Liberaes». «Entra nos
amenos campos da Filosofia c sc mostra ser conhecedor das subtilezas de
Aristóteles e dos Systcmas dc Cartcsio, Neupton, Cassendo e outros famosos
indagadores dos arcanos da naiurcza».
Limíta-se, pmém, a noçOes genéricas, nem senqne conformes à moderna
ciência nem ao bom juizo critico. Faht da Álgebra, Geometria, Itígonometria
e Aritmética, da Astronomia e Astrologia, da Topografia, Cosmografia,
Geografia e da Cronologia, da Física e Química, da Óptica e Captótríca,
da Perspectiva, da Planimctria e da Pneumática, da Medicina e da Anatomia,
da Economia, da Filosofia, da Teologia, da Poesia e da Pintura, de Línguas,
Retórica e sobretudo da História.
Rdine-se a sábios, letrados, a Academias» a Frincqies» a Condes, Duques
e Marqueses e Biq>os, aos Adais-Moies, aos Alferes-Mores e Afanotaoeift»
-Moces» aoa Conselhos do Estado da Fasnoda, da Onena, da Rainha, Ultrap

0) Sobre Alexandre de Gusmão, ver HiitoriaGr, SS e P, 122.


(2) Di. II, 121.

Copyrighted material
—294—
marino, à Casa da Suplicação, ao Desembargo do Paço e à Mesa da Com*
cíSnciae Qfdeni» às Juntas do Tabaco e dos IVês Estados, a Secfetíiios de
Estado, aos Mestres das Ordens Militares, Priores de Colegiadas, Vioe-Reis
da fndia, etc.
No tomo V ocupa-se de história geral da Antiguidade Oriental, da teoria
das sociedades políticas c simbologia dos Estados e dignidades de maior
relevo. Divide a Filosoiia em Lógica, Metafi&ica, Pneumatologiu e Física,
definindo esta como «sciencia da natureza qne trata dos principios, cansas e
effeítos natniaes, do movimento, quietação, lugar, vácuo, tempo, «spoekê de
movimento, medidas de tempo, meteoros, fenómenos do ceo e da lena, ou
em poucas pala\Tas: He a Sciencia especulativa do Ente movei». Por fim,
constituindo ainda partes da Filosofia, acrescenta a Matemática e a Moral.
Termina com uma rápida visão da História da Filosofia até aos Nominais
e Realistas, com alusào ao nome de Pedro Gasscndo, «aos quaes sc tem seguido
outros muitos Filósofos, que com o thesouso de subtilissimas opiniOes, vSo
enriquecendo a Republica Literária» (I).

Uma outra tentativa esquecida é a do periódico O Occulto instnddo que


para ttcito divertimento e honesta recret^Õo se há-de publicar dividido em differen-
tes partes. No primeiro fascículo, impresso cm Lisboa, na oficina dc Domingos
Rodrigues, dc que apenas conhecemos os primeiros dez números, que se esten-
dem pelos anos de 1756 e 1757 (o número 10 não traz data), frisou a utilidade
do seu he querer, redurindo a breve e lemitado votum^ as
iolaito: «poôs
mais celebies historias e factos que sqja mais fadl a todos alcançallos».
lYata-se de uma pequena enciclopédia de conhecimentos úteis: histária,
geografia e ciências. A respeito destas, promete no folheto em que traça o
programa: «Também falarey em matérias scientificas; tratando algumas
questões Físicas ou Muthematicas, seguircy o que nos propõem c cnsinão os
homens e livros mais peritos; ainda nestes em particular nfto seguirei tudo,
quer dizer, que nem por uma cousa ser seguida de um grande Fisioo ou Mathe-
matico, a heHtes^mr (...>. IntegrBr<«e-á na comnte dominante: «ecdectioo
na parcialidade, explicarey causas, efíeitos e utilidades de Medianica, Estática,
Hydrostatica, sciencias que tratão dos pezos das cousas». «.\qui porey os
inventos mais celebres dc transportar os corpos de um lugar a outro com mais
facilidade». «Tratarey de Hydraulica e Aerometria (...). Na Astronomia
exporey a causa dos trovoens, rayos, chuvas, ventos, eclipses, cometas e outros
fenómenos. Na Geografia mostrar^ a fi^un ^este sM» que habitamos».
«ffividendarey na Óptica, Dioptrica e Gatoptrica, os prodigiosos effeitos
da luz e da sombra. Falarey em outras partes da Mathematica, se souber

(1) Pol, U, 21.

Copyrighted material
295 —
que nisto agrado ao publico. Na Fisica nuMtmey que cousa seja vivente,
que oousa seja cor, em que oooaiftB a lu; a diafineidade, o som; explicarey
as leys do movimento; dedarany o que hé cakxr, fino, secura, humidade,
pezo, corpo, ele, sem que me afaste da experiência e da razão».
O plano era modelar, abrangendo realmente os conhecimentos necessários
a qualquer homem cxilto. A orientação que o Redactor se propunha seguir
já fica esboçada pela termo de eclectísmo que confessa seduzi-lo. Para evitar
possíveis equívocos explicita, porém, osnomes dos mentores escolhidos, em
fiança «mÃgama de «atísos e modernos» alguns jesoftas, dando a uns ddes,
oa epítetos «lue em 17<S0, o Santo Oficio mandava siqnimir da iuinieçõo
Kbre a Lógica do oratoríano Nfanud Álvaxes (1): «Seguirey ao famoso Newton,
ao grande Cartesiano, ao incomparável Wolfio, ao douto Malebranche, ao
infatigável Nunes, ao celebre Copérnico, ao illustre Lcibnitz, ao insigne
Gravessand, aos estimadíssimos Descartes, Sacrobosco, Boilc, Caramuel,
Trapesio, Tacquet, Ricdolo, De la Hyre, Hugenio, Cassino, Tydio Brabe,
Galileo, Fhmcisoo Noel, Demócrito, De Lomiile, Gassendo, Tosca, Bhu»-
chino, Le Orsnd, Mayr, Gufl, Lemery, Renault, Ozanan, Eukro» Rabuel,
e outros muitos Filósofos e Mathematicos, antigos e modernos, porque nem
aborreço a antiguidade nem desprezo aos modernos».
Entre os autores de que se serve para a história, cita Diderot e d'Alem-
bert, ao lado dc Natal Alexandre c Mariana, Osório e Barros. «As Memorias
de Trevoux sio também estimáveis pela grande erudiçfk) com que estio
escritas. Também me vakm do Theatro Gritioo e Cartas eruditas de Feqó,
nio esquecendo a estimadissfana Recmaçio Filosófica».

(1) «...menos os absolutos epítetos que se dio em vuiu puta deOft M» hereges
Lokc, Leclere, Wolf e Newton, chamando-os dansunos, wpirwliiiiiiim, portentoi da
ciência, etcj».

Copyrighted material
CAPÍTULO X

NAS SENDAS DA POLÍTICA E DA REFORMA SOCIAL


£ DAS INSTITUIÇÕES

O aspecto seteemUita do nmnmmM» teeU


e civico.

O ejxn^lo de Itália, determinadamente de


Geaovesi.
A intervenção de VernHi mtes dt imdã, t/H
cartas a D. José.
Jí aUmOÇao CM rOUmgml iSipiÊUaa OOÊ JrlUttU
e galardão de Canalha (Conde de OMrovX
Corte de relações com a Santa Si t aàUa
4oK Portvgitem de Roma.
Eh nova campanha verneiana do ensino
pem a reforma das instituições e da ei t ru-
im» sodal: o volume do De Rc Physica.
O plano 9ÍÊio atmifát ât 4.* epbu^ a D, Jeti,
publicada nma obm o áu mfta$ a Mraa
de Sá.
Ai cartas a Foaéd: Rteamendafto dm tmu
obras didácticas e peiOdo de auxilio mont-
paru imprúnir o De Re Physica.
tário
Vemei desespera de esperar e edita-o à sua
casta, ptUndo em IJslnra dbáulro tmint3
todo. Carvalho retém os exemptartt
destinados ao Rei, mas aproveiUhO,

JêMOtUU.
o GOkoHiMmo t a EaeOa di DtaU» NÊUni
ptmitt a í/f^fo o o Buêêo,

O século XVIII não é só um período de reforma pedagógica imposta


pelos novos horizontes abertos da metodologia e progresso das ciências.
NIo M impirMionaiMlo nnnto oom o afecto aitblioo e moral da vida» anaa-
— 298 —
tott ainda a sua atenção para o renovamento social e cfvico da sociedade»
revolvendo conceitos e criando novas laudas de saber, como a ciência teanA'
ndca (1). Em vtz de insiftir na moxalidade ou imoralidade do Clero e das
Ordens Religiosas, o tom geral vincava o excessivo número de membros
e a sua inutilidade para o Estado, com relação ao trabalho que desenvolviam
e à produção das terras c d(is bens em geral que possuíam. Não sc pro-
pui\ham reformas dc costumes do povo sob o aspecto moral, mas sim com
respeito ao de vida e rustiddade de meioe técnicos.
tradiciooal baixo nível
Era o d^nn da escada que se havia descido, equacionando ot
infèrior
problemas das relaçOes da Igreja e do Estado, valor e limites do poder sob^
rano c reajustamento da propriedade. No flmago das relaçOes da Igreja e
do Estado domina o caso do Tribunal da Inquisição e a conseciuente liber-
dade dc pensamento cm matéria dc religião. A própr ia perseguição pomba-
lina aos jesuítas punha tmi foco a república que proclamava ter sido por eles
ftmdada na América (2) e a conspiração contra a weganaça, do Rd. O eirisó-
dio do probalinno tocava na moralidade, mais sob o aspecto teórico, e resup
miu-se mais ou menos no tomar partido por uma das duas cofieotes em
litigio dentro da Igreja. E a Revolução francesa, acume deste movimento
que apenas se lobriga esboçado nas décadas anteriores do século, dcsen-
rola-se nesse sentido dc reivindicações sociais e transmutação da ordem
politica (3). Também sc não descortinam neste século fulgores de génio
artistioo (4), e na poesia predomina, por muito tenqw, a teoria da imítaçMo do

clássico, em substituição da flitilidade de oonoeitoft e do brinco de palavras


e de forma (5). As novas ideias de pcoqieridade e justiça social espalhanuiMe
com rapidez por toda a Europa e se não entraram profundamente no povo,
ao menos deixaram nas camadas médias, a esperança dc melhores dias e
levaram os dirigentes a tomar algumas medidas nesse sentido.
Os Filósofos nio deveriam governar Estados, como na Academia de
História tentou provar o Kfarq|u6s de Va]ença(6). mas tinham a obrigMo de
aconselhar os Reis e os Mmistros, conforme sustenta o Arcediago de Évora.
£ eis que, sob a forma de sentenças, apontamentos diqiersos, tdatórios

(1) Int. 113. Hbtoi. lltfw

(2) Rclaçào abreviada da república que os religiosos jesuítas das Províncias dc


Portugal e Espanha estabdeceram nos domínios ultramarinos das duas monarquias e da
guerra que odes tfm movido e «Btentado oontn ot taênittm espnhftls e portugucMt.
(3) Histoi, 34S.

(4) Os altos e baixos das .\rtes Plásticas cm Portugal piidcm vcr-sc cm BcL
A bíUiografia citada na pág. 65 sobre a Academia Portuguesa dc Roma, acrescentc-se
Bd. 22, 94^, 13S-151 e 1S2.
(5) L, II, 211.

(Q Oração Q.

Copyrighted material
— 299 —
ingnfidentes, <w ihministas eiiviain o leu laber aot govenios centrais, na
esperança de aexem ouvidM e poderem obaenar vm dia, a nova ordem m»*
talada e progresiiva.
Referindo apenas os casos que mais nos interessam, reparemos, em
primeiro lugar na Istoria Chile dei Regno de Napoli (1723), do calvinista
Pietro foi lida como a bíblia do Anti-Curialisnio
Gianone (1676-748), que
c no do mesmo autor, que foca o Reino Terrestre
racionalista // Triregno,
(História da CriaçSo c do homem jol tem), o JRdno Celeste (TeoU^) e o
Reino (História da Igreja).
Depois considere-se António Genovese (1712-796), que nâo só instaurou
a disciplina filosófica no Reino de Nápoles, mas também criou a ciência
económica pública na Itália (1). A sua doutrina a respeito das relações
da Igreja c do Estado apanha-se em frases soltas. Visando o alvo da eco-
nomia pública, incide cáustico sobre os monges, os jesuítas, os grandes bens
nas mios dos ectedástico». Quer a Igreja livre e autónoma mas dentro
do Santuário. A ligrga e o Estado coeadstem em dois clrcnlos concêDtrioos.
A superioridade da Igreja ficava restrita à substlncia doutrinal e adminis^
tração dos sacramentos. Já o ensino, mesmo o Eclesiástico, pertencia à
esfera do Estado. Censura a Filosofia Escolástica e ser^'e-se da crítica da
Bíblia c da História Eclesiástica para atacar os ateus, os cépticos e os deistas (2).
Nlo admira, pois, que, quando pretendeu publicar o curso de Teologia que
havia prelecmmado durante um dec£nio, a oensun tivesse encontrado dez
(^oposições suqtéitBS e lhe negasse a licença de impressão (3).

Tudo girava ao redor da ideia central do Príncipe, senhor da Nação.


Se o fim próximo da economia era, naturalmente, a população, a sua riquc?»
e felicidade civil, o fim último visava atingir a grandeza, a glória e a felicidade

do Soberano, uma vez que o Estado só será poderoso com a população justa-
^
mente proporcionada* sàbiamente f&HMt i abestadamenle nutrida (<Q.
Os componentes da sociedade dividem-se em dois grandes bandos: os qat
pfestam serviço e produzem (soldados e defensores do Estado; os qtie se
consagram a profissões liberais c Belas Artes, serviços pessoais do homem
e religião; e os que só consomem e n&o dão rendimento, como os pobres
e os vagabtmdos (S).
Esta problemática esboçou-a ele já emeacritoaantefioffesa 1766. Nomeado
a 4 de Novembro de 1754 paia a caddza de Comãrdo, tiês anos dq[K)ls inicia

(1) Ant. S e 169; Gen, 10.


CZ) Gen. 10.12 e 21-27. Aat, 5, 13 e 212.
(3) Saiu pòstumuMDto «m Veneas, 1771. Aat, 118.
(4) Ant. 220.
(5) Aot. 226. 7.

Copyrighted material
— 300 —
a série de publicações deste período com a Sioria dei Commercio delia Gran
MretUigna sertía da JoiA Cay, Mmttmtt de BrisU^, traduzida por Ketro
Oenovesi. O
dos três tomos abre em un razkmamento sul Commercio
1.®

in tadvenale e álamo cmnotazioni riguardanti Veccmmda dei nostro Regno,


da sua autoria. Em 64 edita o Trattado di Agricultura scritto da Cósimo
Pisíojcse, com um seu arrazoado cm que pretende mostrar as principais razões

donde nasce a rudeza o aviltamento de Agricultura napolitana; em 65 divulga


e
um a economia doa grioa, com diacuxao preliminar seu
ensaio francês sobre
e por fim, impresso nesse mesmo ano, publica em 66 &a Leziord^Commerdo
Cãria dl EemumUa CMk, que rrflectem já o eniino universitário de mais
de dez anos (1).
Ao nosso propósito, interessa naturalmente a publicação mais antiga.
A correspondência em que Vei nci se ocupa do mesmo tema é do período 65-66
e as Lezioni di Commercio só cm manuscrito podiam por ele.
ter sido lidas

No Baglemmmtío md Omamnío que antecede a Storía de J<dm Cary, Geno-


vesi ensina : O primeiro flm da economia politica visa ao aumento da popittlaçio
e, por isso, devem-se perscrutar os meios de conseguir o seu aumento. Agnip

pa-os em dez categorias terreno : fértil, clima saudável, a agricultura, a manufac-


tura, o comércio, pesca e navegação; fomento de casamentos com prémios,
privilégios, honras; severa observância das leis; sabedoria e doçura do governo
boa e sábia educação, sobretudo pelo que respeita à moral (2). O segundo
civil ;

fim intenta a riqueza e o poderio da NbçÍo, através da asncultura, da masur


fiutura, pesca e navegaçlo, com os demais meios de transporte. O exemplo
do comércio inglês é apontado como padrio que pode ser utilizado, com as
necessárias adaptações ao meio napolitano. Guardemos este pequeno
esquema da campanha de Genovesi, enquanto perpassa pelos nossos olhos
a intervenção do arcediago eborense e o estado das coisas que imperava
em Portugal.
Terminada a cam|>anha da reforma do ensino, Vemei intentou estabelecer
oe princfiúoe de uma profunda icmodelaçlo das instituições civis e da pró-
pria estrutura social (3). O processo tinha, porém, de ser diferente e seguir
por vias distantes da opini3o pública. Dirigiu-se, pois, aos próprios respon-
sáveis pelo bem do povo: ao Rei e aos Ministros. Entendia que o Monarca
devia ser avisado pelos Conselheiros e Confessores, dos males ou simples
dcftcifaciM do governo, porque «ot liomena doutos» cocontraaMe entre dois

(1) Ant. 180.


(2) stori. xvra xxni.
(?) A este respeito «õiIb já um «Wífcnto estudo, da «utom do ftoL Cabnd Moo*
cada. Ver E, 47 e 55.

Copyrighted material
— 301 —
extremos perigosos: a Fortaleza (a Prisão) c a Inquisição. Mas não se atre-

viam a falar, e o reauhado estava bem à viita: as dêadas nlo floresciam e


a politica e o ooméraio e tudo o mais, nlo fiiziam progresso (1). Por isso,
«os homens doutos» tinham de avançar, eq»ondo-Be muito embota aos dois
perigos apontados.
Ainda D. João V era vivo, mas com poucas esperanças de sobreviver por
muito tempo, já o Arcediago endereçava a sua primeira epístola ao futuro
soberano, elogiando a fundação da Academia de História, a reforma da Uni-
versidade de Coimbra, as bolsas concedidas a médicos e outros para se des-
locarem a ínf^Ubem, França e Itália, com o intuito de voltarem e
e melhorar o ensino tmiversitário. Eaoomkva também o facto de haver
concedido leitores à Universidade de Évora, para cómodo c Utilidade dos que
moram niiquelas províncias tào distantes da Universidade conimbricense.
Salientava ainda o interesse do Rei em assistir às sessões da Academia de
Histária e à distribuiçlo de prémioa soe Colégios doa jeiuftas, em que acari-
nhava os meOiores alunos. Por fim snblinhott a protecçlo com que distinguia
os doutos, naturalmente porqiue et fpiie ocuhs eruditos semper hoÊHátÇ^
O falecimento do Monarca proporcionou-lhe ensejo para se prostrar
outra vez aos pés do novo soberano. Da epístola que lhe endereçou, brotam
expressões do grande encómio, Esperava-se que não só igualasse as virtudes
do Pai, mas que as excedesse. O jovem Monarca era dotado da maior honra
que há no mundo... (3).
Nesse mesmo ano escreveu mais duas epistolas ao Soberano. Numa,
a do Apparatus (26 de Setembro de 1750), aprescntava-o como propugcador
do método já preconizado no Verdadeiro Método de Estudar e na Qirta diri-
gida ao Marques de Valença. Na segunda, a de De Re Lógica (13 de Novem-
bro de 1750), seguia a mesma linha de ideias, declarando-se pelos modernos
GootiB OS antigos. a razlo desta atitude ent bem patente a todos e
Aliás,
o Rd — ele tinha a certea —
peicefahi perfidtamente toòu estas cousas...
Deste modo cunqnia, com a publicaçio dos compêndios apropriados, uma
parte do programa que se tinha inqxwto. O Rei certamente percebia bem
todas estas coisas, mas na carta —
dedicatória do De Rc Mctaphisica (1-4-753),
Vcmei intenta provar que o estudo da Metafísica é digno dc quem se consagra
ao governo de um Estado, pois só ela proporciona a arte da prudência, tanto
civil como politica. Mas para quê expender razOes, se D. José é disso «exemplo»
fiisante? Apesar de tudo, senqnc vai escalpdizando o erro doa pseudo-

(1) Carta a Aires de Sá, IT-^CS, ín B, 327-8.


(2) Rcc, xi-xxn
(3) Fu Cut^^ledicatária a D. José, pg. IV.

Copyrighted material
—302—
-pdftíoM que ooBliimaiii medir os homens, não pelo vdor mas pela boa sorte
e acentua que os bons poiftioos, pelo contiirio, classificam-nos de ineptosl
lYido isto era dito de passagem. Taiq>o viria, cm que pudesse explanar
o seu pensamento e contribuir uma vez mais, para o bem público.
Entretanto, deram-se no Reino factos importantes, de carácter político,
que denunciam à saciedade o ninio da orientação do Governo. Sebastião
José de Carvalho e Melo, Secretário de Estado dos Negócios do Reino, fora
honrado com o titulo de CSonde de Odras, a 6 de Junho de 1759. Na ver-
dade merecia condigna leoonqpensa, solnvssaindo, dentre a sua actividade
de homem de Estado, o feito que a 3 de Setembro se traduziu pela expulsão
dos inacianos, do território nacional (1). Nesse mesmo mês, no dia 24, a
Santa Sé concedia o chapéu cardinalício a Mons. Filipe Acciaiuoli. Núncio
em Portugal, mas D. José expulsava-o do Reino a 15 de Junho seguinte.
No espaço de um ano, após a concessão do titulo, o representante do Papa
e a Oséem, coaàáemáa. soa maior defensora, tranqxmham as fronteiras de
Portugal, porque uma nova era começara, sob o signo da pcepotênoa.
foram expedidas para os diversos pontos da Metró-
Listruções rigorosas
pole e do Ultramar em
que os inacianos mantinham casas de estudo ou de
simples magistérios sagrados (2). A tropa cercou os edifícios e os Desem-
bargadores das Relações executaram as ordens de prisão e sequestro. Um
dos agentes pombalinos anunciava que o Cardeal Saldanha possuia «anipU»>
simos poderes» da Santa «como Reformador e Visitador Geral da Reli-
gílo da Companhia de Jesus» e concedia faculdade de saírem dessa Religílo
«os que quizerem, que não sio Professos de quarto voto». Em Coimbra
«fez ler e publicar pello Re>ion>, na «caza chamada da matanática», o Edital
de S. Eminência, de 8 de Agosto dc 1759.
Do sequestro do Colégio de Évora foi encarregado o desembargador
Agostinho de Novais e do cerco, o Conde de Lumiares, Coronel de um Regi-
mento de DragOes. Ao anoitecer de 8 de Fevereiro de 759 foram bloqueados
o« Colégios do Espirito Santo e da PurificacSo (3). A 26 de Setembro ainda

(1) Desde P de Outubro de 1757 que de Lisboa segu'am instruções para Frandaco
de Almada, sobre «dezordcns» dos .Icsultas (T.T. — Minist. dos Negócios Estrangeiros.
Maço Quem pretender
S). conhecer a principal documentação sobre o assunto consultará
maii oòmodnMDts a Od.
(2) Ver Relação das ordens que se expedirão para a recluzão dos Religiosos Jesuítas
e sequesUo gerai de todos os bens (T.T. — Min. Just. Maço 20 e Ordem Regia de seques-
tro... toventaiio... e alagar m cmu, de 19-I-7S9. T.T. IfíabL Just. Futa 17).
(3) Memor R. 299 — Farinha indica o ano de 1758, por lapso manifesto. No mesmo
dia. às 7 da noite, foram tambfaa cwcado» os Colégioi de Foitalegte, Vila Vipota e Ehu
(Min. Just PasU 17).

Copyrighted material
— 303 —
«e mcontravam reclusos no Col^o 74 «Regulares moços, isto he Mestres
das Ghnes, Estudantes, Theologos, Cursistas de Philosofia e Recoktos,
dm q[uaes iahinm em 20 do dito mis (Outubro) seis e vieram a ficar 68.
Ficaiam mais no dito Collegio naquellc dia 29 leigos. Ficaram mais 15
Noviços, dos qiiaes sahio hum em 13 de Outubro e vieram a ficar somente
14» (1). Na madrugada de 23 de Dezembro dc 1759 sairam da cidade os
Religiosos escoltados, tendo chegado a Montemor à noite. Pelas cinco horas
da madrugada do dia seguinte pasnísm a F^Oes e daf a Aldeia Gal^ até
às tris horas da taide.
O CoMgío de Bragança foi entregue aos bons ofícios do Desembargador
da Relaçfio e C^sa do Porto Raimundo Coelho de Melo (2).
Acerca dos Jesuítas da capital, correu em Roma que os Padres haviam
sido conduzidos do Colégio dc S. Antão c dc S. Roque «para sc embarcarem,
por meio de um infinito Povo, não menos contristado que elles, acompanhados
at6 o mar com mil louvores e bengoeiís. TeanoM» liuma soUevaçlo e foi
preciso rednplicOT os destacamentos, tanto de Cavalaria que de Infantaria,
todo» com armas oa odk), municiados de pólvora e baila». Os padres iam
em procissão, sem capas, mas com chapéu na cabeça, crucifixo pendente
do peito, cantando In exitu Israel de Egipto. O Povo protestava c prometia
defender os Padres até ao derramamento de sunguc. Constava mais cm Roma
que o Ministro Carvalho e Melo intentava «introduzir a Religiio Protes^
tante»(3).
O comandante do navio que tranqwrtou os jesoftas paia a luUia deixou
escrita a cr^iioi da viagem. Na manhã de 17 de Setembro, a nau S. Nicolau
partiu do Tejo com os 133 jesuítas do Sul e alguns de Lisboa. «L'imbarco
si foce cosi. Vcnnero tutti questi Padri in carroz/a ben circondati di cavalle-
ria, e di guardic a picdi com bajonctta in cannu ucccmpagnati iino al bordo».
Acomponliott a nan, um vaso de guerra português de 70 canhOes, até ao
estreitode Gibraltar. Finalmente, «0 di 24 d*Ottobre a ore 18 giungcmmo
a Civitaveochia, e per due giomi i Padri mangiarono e donnirono in nave».
Quando chegou o P. António de Carvalbo, desembarcaram todos e foram
alojados em diversos conventos e casas particulares. «Questo viaggio da
Lisbomia a Civitavecchia si fece in 37 giomi. Vcnnero poi da Roma diversi
carretti accomodati a guisa de barracca con un grancestone, e questi imberchí
omidnsseio via 120 Padri e li portarono alia RnfiBneUa». 13 ficaram mais

(1) Relação dos Padres que sahirão do Collegio da Companhia de Évoia, por
virtude da firiuiiçlo e Boença do Bknni. e Rev. Sr. Ondeai fttrisiclia RcffannadM da tobbiis
fWrT'"*'" iT.T. — Min. Just. Maço 20).
(2) Sequestro de Bragança (T.T. — Min. Just. Pasta 17).
(3; Carta de Afanada a Pombal, de Roma, 15-IX-759 iT.T. — Min. Juat., 11).

Copyrighted material
— 304 —
cinco dias, seguindo depois o destino dos anteriores. O autor do folheto
idata ainda o bom tratamento, os cómodot da viagem e a inqwrtâada que
oobfoii (1).

Entretanto, elaboraram-se listas dos jesuítas chegados do Ultramar (2)


e dos <Jesuítas que devem ficar recluzos neste Reino. Da Caza profeça de
S. Roque Francisco de Froes Reitor, Ignacio de Carvalho, Primeiro Mestre
de Philosofia c Mathemalica» e mais sete sacerdotes; «Do Coilegio de Évora:
Manoel da Syha Reitor» e mais 9 padres. «Mestres de Theologia: Antonio
Vieira, Doutor, Csncellario e Feifeito dos Exercícios ^nrituais», Antonio
da Costa, Dr. e Lente de Mma e Censor; Joseph Leonardo Dr. e Lente de
Véspera; Thomas Saraiva Dr. e Lente da Terceira Cadeira; Bernardino Cor-
reia, Dr. e Lente de Escritura; Bernardo Ferraz. Dr. c 1." Substituto e Con-
siiltor; João de Borja, Dr. c Segundo SubstiluiiK Sebastião dc Abreu, Lente
de Prima dc Theologia Moral» e mais ciiico que nào vale a pena enumerar.
Total: 90.
Alguns destes foram distribuídos pelos Conventos das «íTrés Religioens
que se adiflo de soqielta»: os Arrábidos, Dominicanos e CsmíBlitas.
livres
Atendeu-se para isso a três factos: uns, por se encontrarem enfermos, «outros
porque não he verosímil que tenhão culpa pessoal; e outros por alguma
attenção aos seus Parentes». Neste número se contavam, entre outros,
Francisco de Portugal e Nuno da Cunha.
De Coimbra, o P. Pedro da Serra, Reitor e mais dcx, e os Mestres de
Teologia Francisco Gilo, Decano; Joio Pereira, Lente de Prima; Diogo
José, Lente de Véspera; João de Faro, Lente da terceira Cadeira; Caetano
Monis, Lente dc Escritura: Isidoro Monteiro, L" Substituto e Consultor;
Caetano de Almeida, 2." Substituto e Consultor; Inácio da Silva, 1.° Lente
de Teologia Moral e Prefeito da Igreja; Manuel de Seixas, 2.° Lente de Teo-
logia Moral; Francisco da Veiga, «Perfeito dos Estudos da Filosofia» e mais
três sacerdotes.
No Porto, entre outros, Manuel dos Santos, Lente áo FQosofla e oon-
sultor. Dc Braga, João de Pina, Reitor, e o P. Paulo Ferreira, Lente de Artes
e de Theologia especulativa em Braga, Prefeito dcs Estudos no Colégio de
Santo Antão, que depois do terramoto ficara servindo dc ministro no mesmo

Colégio bracarense «donde foi mandado por Sua Magc&tade para Bra-
gança» (3).

(1) Let, 4,&


(2) Liita dos Regulam quB vienm de tanambuoo (...) 26-VI-760 (T.T. - Mjn.
Jnt, Maço 20); Kdsçio doa P.P. da CnmpOTfria qoe vÍo da BsUs de todos os Surtos
13-VI-760
(3) T.T. — Min. da Justiça. Caixa 20.

Copyrighted material
— 305 —
Outros jesuítas foram enviados presos para AzettSo, para a Praça de
Almeúla e S. Juliio da Bana, peia S. Joio de Dens (umbuoo, outro eutie-
vado das duas pernas, «dqx>Í8 que aqui está» em Azeitio). Uns safram
da Companhia de Jesus, oom demissórías passadas pelo Cardeal Reformador
Saldanha outros morrerrm de morte natural. Em 1768 ainda havia Jesuítas
;

em S. Juli3o da Barra (1) c Azeitão (2).

A perseguição a todos os que haviam tido relações com os Jestthas alastrou


nesta ocastio. Entre outros, Manuel Ntotíns, antigo porteiro do Fáteo
da Universidade de Évora, nesse ano de 68 foi açoitado «pelas mas publicas
e acostumadas e degradado por toda a vida para o Prezidio de Caconda do
Reyno de Angolla», por ter ido «escondidamente a Hespanha e cidade de
Badajoz procurar noticias dos Jesuitas prosaitos» e lhes ter esoito para
Itália (3).

Uma da
circular enviada aos Bispos autorizava a posse de edifícios
Companhia. O de Elvas, por exemplo, instalou o Semmário Episcopal
no Col^o inadano, «com Mestres de Gramática, Rethórica, Moral, Canto
fcrmo c língua grega, etc. scgxindo se informava de Roma, a 7 de Fevereiro
de 1 760 (4). O Collio de Santarém foi destinado ao Seminário do Clero
do Patriarcado.
Sobre o caso dc Mons. Acciaiuoli pouco diremos, por andar mais divul»
gado. O Núncio reagira à desconsideração de não ser convidado para o casa-
mento da princesa do Brasfl, D. Francisca, e isso bastou para
reoer. O episódio das tuminárias foi realmente o pretexto, porque a rotura
oom a Santa S6 estava determinada desde a hora em que Roma não satisfez
com presteza os desejos da Corte portuguesa, na questão dos Jesuítas.
A propósito, aprccie-sc este trecho do edital afixado por Francisco de
Ahnada: «... a rotura que se acha publicada desde o dia 2 do corrente Julho,
até ver seO Santíssimo Padre, lembrando^e de hum Monarca assassinado
na sua mesma Corte por maqiiinagoens provadas e julgadas, de fauma Con-
gregação de Homens pelo seu Instituto dedicados a Deus, de hum Monarca
finalmente sobre aquelle execrando dezacato aggravantissimamente offendido
há muito mais de hum anno na mesma Corte Cabeça da Igreja Catholica
com insultos e calumnias, que poviam (sic) no ultimo empenho a qualquer
Homem parlicolar se mova na sua dita Santidade a dar a Sua Magestade

(1) Relação dos Prezos Jesuítas que se axam neita Foftaka de S. Juliio da Bana
«m 10 de Janho dD 1768. (T.T. —
Min. Jat FMa 17).
(2) hbif* dos Jènitas que se achão ndnaw nesia Cwtodia... ÍZ-l-TtS
(3) T.T. —
Min. da Just M. 25.
(4) Carta de Roma, ds 7-n-7«0. (T.T. —
Min. Just. 17).

Copyrighted material
- 306 -
Fideltunma as bem merecidas e necessárias satísfiiçoens que o mesmo Monarca
da indefectivel justiça de Sua Santidade» (1).
taxn religiowtmente eaptta,
^)d6 o corte de lebçOes dipkmáticaa e antes de sair de Roma, o Min^^
afixou editais, em que D. José ordenava aos súbditos portugueses, o aftst»-
mento dos Estados Pontifícios, o mais tardar, até Setembro desse ano de
1760(2). Almada marcara este mês devido aos «excessivos calores da pre-
sente e imminente Estação cannicolap> (3). Os nacionais que aqui estão
— Infonnavapse em 16 de Setembro de 1756 — ou slo Eclesiásticos oa secular
res. Os primeiros estão esperando alguma provista (sic) para tomarem para
o Reyno e nada lhes emporta do Ministério os segundos se dividem em duas
;

classes — huma, nacionais portugueses mas fugidos de lá para cá, outros


Nacionaes n3o Portugueses, porque nascidos cá (4). Já de viagem em Génova,
a 6 de Outubro de 1760. Almada escrevia ao Conde de Oeiras que «lodos os
Nacionaes, excepto alguns, quecomo lá não têm que perder, pouco ou nada
lhes importa, ter sahido de Roma, e os Deputados se dispOem a sahir por
todooooiientem6s(5)». Os deputados oonstitufam a GonffrcgBçioNadoaial
de Santo António em Roma e opuseram certa resistência, tendo dirigido uma
oposição inútil ao Marquês de Pombal (6) Vemei fixou residência em Pisa.
Em contacto com a nova revolução social que passava por toda a parte,
julgava-sc suficientemente instruído paru intervir mais directamente na admi-
nistração do Reino. O bem público apoderara-se do seu espirito como
oboessSo: «Ma questi pensieri dei ben publico mi divertooi aUe volle, ed
scaoeiano altre idee malincooiche; e poi mi rappMsentano ali immaginazione
una cozi bella pfoqKctiva di felicitá, che se non si esfgiiisce nd sistema pre-
sente, e presto, non si fará mai» (7).

Aliás, as duas actuações irmanavam-sc e o elo de ligação será ainda lun


livro de Filosofia —o De Re Fhysica. Mas agora já vinca claramente a
obrigação que o filósofo tem, de instruir o governante e estabelecer as bases

(1> Do Edital de 4 dc Julho dc 1760, afixado no interior do RmI Hospício de S. Antó*

nio— Sobre a lotuia convém ler as Cartas de Fraocisco de Almada a D. Luis da Cunha,
de Roma, de 4 e I4-VIM7A> (T.T. —
Min. Just Pasta 12, Macete 1760).
(2) Tinha a data de 2>VIMIk Ver cópia na T.T —
Min Jiat. Fluta 8. Tuabém
no A.S.V., Nunz. Portogaiio, n.<> 180, pAg. 239 e «.—Soto» O fflesoio aasooto pode
Icr-se Historia I, IV, parte II,254 e n.
(3> Ordem de 6>7-17«0 (JM).
(4) Carta de Almada a Paulo de OuvallO— T.T.— tiflD. Jm, FM» 12.
(5) T.T. — Min. Just. Pasta. 12.
ViBrpetiçloei«8poslaadBFiaaiM,D.LiibdaGni^
da Just, Pasta 8 c no A.S.A.R. A exposição dosOepiMadosftMmla^aaBlIX.— C40da
Pombalina, fL 103-106, sem qualquer despacho.
(7) Carta a Aires de Sá, in £, 377.

Copyrighted material
de um bom governo. Ao mesmo tempo envia a Pombal, por intermédio do
Ministro Aires de Sá (1), a refoima das instítiiiçOes civis, descendo a ponne-
nores a rebito da modifiHiçilo da esUimua sodal que desenvolve teòfka-
mente na Carta-dedicatdria a D. José do De jRe fíiydea (13 de Janeiro de 1 765).
Assim se completavam os dois sectores da sova refonna de que se ftzia pala-
dino intemerato.
Vemei conhecera Aires de Sá cm Sá cm Nápoles e recordava-se perfeita-
mente de que o ministro Uie dissera um dia que, quando lhe ooorreoem ideias
de utilidade pública^nflo deixasse de lhas oomimicsrCQ. Ao Rei (e à Na«ao,
visto tratar-«e de carta pública), afirmava ele que as artes e as disciplinas
que contém a salvaçSo e a felicidade do Estado se ligam entre si, por meio de
laços admiráveis. É o que a Fisica, mais do que qualquer outra disdplina,
cabalmente demonstra.
Ora sucede que a felicidade de qualquer povo se apoia em dois princí-
pios basilares: a conservação (entenda-se pelo progresso) dos CidadSos e a
tranquilidade do Estado (3). Uma e outra visam à «dbliddade dvil» e sSo
inqnpescindiveis «para a maior utilidade da Sociedade civil», de tal forma que
nSo pode haver «felicidade dos povos constante c duradoura», sem a sua
presença. A primeira, porém, compreende a Agricultura, as Artes liberais
e o Comércio, enquanto a segunda exige do Governante o domínio pleno
da Fisica, que lhe dará o conhecimento pleno, quer das doenças do corpo
quer das enfènnidades da ahna. S6 assim poderia produzir leis estáveis,
aprc^niadas ao seu povo e criar tanto o direito pfiUico como o privado.
Aotmcatenação entre si, ressalta evidente do seguinte quadro: Para
distinguirmos perfeitamente o verdadeiro do falso, o bem do mal, temos de
empregar a recta razão, esse hime dado por Deus ao homem, para raciocinar
a partir das ideias e princípios evidentes. £ que é isso, senão a inteligência
ihutrada e exercitada os princfpios da antCntica Lógica! Que outra
com
cousa sio as oomfwraçSes das cousas entre si, os vários graus de semelhança,
de perfdçio, de bondade, de utilidade, senão axiomas que a Afetqfbiea mais
aguda nos administra? Esses vários aglomerados de cidades e dos povos,
condtizidos segundo a natureza, com os costumes, o estado e as outras cousas
que formam as sociedades humanas, podem haurir-se porventura de outro
lugar diferente das fontes da mais recôndita Física!
A lei natural do homem é mais do que a disciplina dos Deveres que se

(1) Sobre a ideotiãcação deste personagem que preferimos a Francisco de Ainnda,


preconizado pdo Frof. Moncnla, ver Introdoçio do E^ittolárh VemOmo,
(2) Carta de 17-7-65, Apud E. III, 329.

(3) No resumo do De Re Fhyska que publicou com o titulo de Lettera scríita ad


401 Letterato Toscano, Vemei pte em relevo estes meamos princípios.
— 308—
disputam na Ética? O próprio Direito Civil, com que se gowniam as cidades
e os povos, enquanto se trata dos bens de raiz, dos edifícios, danos, delitos,

pode exercer-se rectamente sem as luzes que a disciplina da Natureza dá aos


Magistrados? Percorram-se, ainda que com uma vista de olhos c a correr,
06 intérpretes das Leis, e pnidentemente e sem esforço se entenderá quão
frequentemente o assunto deve ser entregue aos Doutores físicos para se
alcançar o fundamento firmíssimo de julgar as cousas. TUdu isto se demons-
tra abundantemente no livro 2," desta obra — adverte ele próprio.
De passagem censura ainda «certos Professores de Direito Público»
que apresentam esta ciência (do direito), como cousa abstrusa, tributária
de outros sistemas e, por assim dizer, fechada conq)letamente de enigmas.
Ele está convencido de que nada mais fácil de perceber, nada mais
claro de entender, para uma inteligência ilustrada. Apresenta as noções
de Lei Natural, certa e eterna, revelada por Deus a cada homem com o bene-
fkio da recta razio e que por isso só se conhece por meio da Filosofia.
NIo é doutor de leis o que tem na cabeça as leis civis e apenas sabe apUcá-
-las a certo caso expresso na lei. É sim verdadeiro Doutor e intérprete
de Leis, aquele que conhece bem as fontes de que toda a lei deriva; que sabe
imediatamente as várias limitações e aplicações indicadas pela própria Lei,
isto é, a mente e o espírito da lei. para usar as s\ias próprias palavras. Nunca
criará leis líteis e estáveis se nào ai> íizcr derivar da fonte puríssima c ines-

gotável do do Honesto; se nflo conferir diligentemente entre si os


Justo e
jfoctos e as drcunstânctas para melhor conceber a sua diferraite proporção

para as inclinações da vontade, os costimies, os temperamentos, o estado dos


povos, a vária disciplina dos tempos.
Felizmente estamos longe dos tempos cm que os jurisconsultos imagi^
navam que com um livro das Pandectas se podia, não só governar a NaçSo,
como também levar a bom termo todos os negócios dos Povos. Aos livros
do Direito Romano iam buscar as fontes e os princípios e a mesma aplicação
de toda a Ciência Moral Qvil. As fontes do Direito Pábiioo e o próprio
Direito Público não se c< ntêm no coipo do Direito Romano, nem se podem
rectamente deduzir dele. E sem as genuínas fontes não é possível consti-
tuir e governar bem as Repúblicas nem conhecer e estabelecer as leis das
coisas públicas.
Considerando tudo isto muitas vezes consigo próprio e reflectindo nas
sapientissimas leb que com
frequência D. José pnmmlgBW para utilidade
dos portugueses, regozijava-se com o facto de observar um bom Rei, um
prudente legislador e um óptimo político, que só visava ao bem-estar e pros-
peridade dos povos. Na verdade, este é o fim autêntico, esta é a genuína
administração do poder ptiblico que Deus concedeu aos homens Príncipes,
não para sua utilidade privada mas para a utilidade dos súbditos.

Copyrighted material
— 309 —
«NSo pareoe8 só um Rei vigUantissimo mas imi Pai amantíssimo».
Admiravam, porém, nlo de qne o Soberuio pArtisse cxchisivamente da
Filosofia, mas que ocultasse admiiivefanente easa arte, para parecer como
que um acontecimento costumeiro e de imitaç&o. Mas isso nascia afinal
do conhecimento intimo das coisas» do «ett excelso ânimo filosófico, da uti-
lização prática da Filosofia.
Seguindo, pois, a ordem das disciplinas indicadas como formando o
programa dt uma boa adminiitração, vejamos que sabe Vemei a respeito
de Afrieultora.
Com a convicção de sempre, estabelece que os Filósofos têm como
ponto indubitável, que se nlo pode exercer i)erfeitamente a cultura do campo,
sem o ensino da Física, visto que ela não passa dc tmia Física específica.
É o que demonstra e p>ersuade suficientemente a fecundidade das terras,
das árvores e das plantas, como o próprio método de semear cem menor
dispêndio de sementes c muito maior proveito; as doenças das tementes,
das árvores e doa animais, e inúmeras coisas deste género que a arte física
ou costuma exercitar ott inqiedir e curar, e de que estio ctidos oa livros dos
filósofos modernos.
As mesmas artes mecânicas, que se aperfeiçoam com a mão do homem,
necessitam, em qualquer Estado, dc um profundo conhecimento da Agricul-
tura. É ela que lhes fornecerá a matéria própria para cada imia, com madeiras,
lis, peles, linho, algodio, seda e coisas semelhantes. Extgem nniitas noçOes
físicas e qpihnicas, pam que a matéria se tome mais qita para os fins próprios^
algumas matérias novas se unam com várias razões e novas cores se encon-
trem para tingir o tecido de lã, a seda, o algodão c outras matérias que se
usam nas oficinas. Estas cousas supõem vasta erudição da ciência Mecânica,
que permite inventar as diversas máquinas de que precisam os operários
paia emcerem o seu mister. Com essa maquinaria se desenvolverá a indfia-
tria, em ordem à mellioria da produçio, afim de se conseguir o intercâmbio
de produtos mais fiteis com as nações estrangeiras. Numa palavra, para se
perceber quanto aproveita às oficinas de vários ramos e até à utilidade de
cada nação, o conhecimento profundo da ciência física, basta ler, mesmo de

corrida, as notáveis e utilíssimas questões ou controvérsias que todos os


anos, os mais ilustres da Academia das Ciências, quer Régia, quer particular,
propfiem, oferecendo prémios aoe cultores da dCncia natural, para aumento
e aperfinçoamento daa Artes liberais (...)»
Todos já reconhecem que o comércio é como que a consequência da
Agricultura e das Artes Mecânicas. Na verdade, sem fontes que forneçam
juntamente as mercadorias e que aplanem o caminho para o seu transporte,
por mar c por terra, não pode haver circulação dc mercadorias nem qualquer
espécie de permuta. O próprio Comércio postula luna mínima noção, tanto

Copyríghted material
— 310 —
de História Natural como de Fisico-mecfinica, e para esse fim sio reconhed-
damente úttí» oa Didosiárioa Histárioos ou os Dick»árjos de Hútária
Natural e de Oméido, editadoa por homens oom laiga e]q>eriência de Filó-
sofos e negodantes. Por esse motivooostumam ser tidos em muita consi-
deração cm certas nações muito cultas, pelos homens sábios que produzem
grandes Magistrados ou redigem leis.

E não do comércio de uma ou outra riqueza privada, em que


falo agora
a fomma, mak do que o sulitil conhecfaiwiito das coisas» costuma dommarp
mas shn do comórdo át imia naçlo bem estruturada; e penisl>.i ilcmeiite
insiste qob esse comércio, de forma nenhuma pode ser útil a toda a Naçio
e a toda a gente, se nlo partir do conhecimento mais profundo da grande e
abundante mercadoria, quer dizer, sem que se conheça profundamente o
modo de adquirir a matéria prima de qualquer negócio crm utilidade da
Nação; a forma de fabricar com menor despesa; a maneira dc mais fàcil-
mente a trocar com outras mercadorias mais necessárias à mesma NaçSo;
e fimdmente por que meios se pode eiqpalhiir mais cómoda, oportuna e fàdl-
mente, por todo o Reino e tnmqwrtar para alem fronteiras.
Este conhecimento, tão necessário aos Mestres políticos, trouxe isto
de bom, que tomou claras e bem conhecidas duas coisas que antes se des-
conheciam: Uma, quanto redondamente enganavam os que, depois de
se

estabelecidas estas noções tão salutares a qualquer Nação bem constituída,


retinliam as qpiestOes inúteis da F&ica antiga; ou oitr^vsm o governo do
Estado, a homens que se mantinham apegados a semelhantes estudos. A outra,
quanto vergonhosamente erravam aqueles Políticos que, por desprezarem os
outros estudos, proclamavam absolutamente inúteis os verdadeiros Filósofos
c mal distribuída e em excesso, a exígua recompensa que estes doutos hauriam
do Erário.
No que respeita à tranquilidade, Vennd tem igualmente ideias bem assen-
tes. O governo de qualquer povo exige conhedmento pleno dos costumes
da mesma sociedade ou, como dizem os Folfticos, conhedmoitos do Homem
Moral. Mas isto não se consegue, na verdade, sem o conhecimento das
coisas físicas ou do Homem Físico, como eles também se exprimem. Com
efeito, o conhecimento do temperamento, das prcpcnsc^^cs, dcs caracteres ou
das circunstâncias c dc tal forma imprescindível para curar as doenças do
corpo, como para eUmmar as enfermidades do eqiírito. Nem todas as
leis dvis se acomodam a cada Naçio; nem todos os Povos devem ser goveiv

nados e conduzidos do mesmo modo. É tio diferente a constituiçio do


céu, do solo, dos frutos, dos animais; os costumes tão diametralmente con-
trários e inveterados e profundamente gravados no espírito, que tornam os
homens de tal forma diferentes entre si, na própria matéria de costumes que
nos doutos se vêem absolutamente géneros diversos. E daí que a diversi-

Copyrighted material
— ali-
dade de modos de pensar e de agir peça remédios eficazes, sem dúvida, mas
diferentes e absolutamente tpnpriêá» a cada NacSo, confonne as suas
drernistância» e a» pt&pm» época»,
óptimo exemplo nos ofeieoe ft ReptiUica dos Israelitas (<), a quem DeUB,
por intermédio de Moisés outorgou, com admirável decisão, não as leis civis
dos Egípcios, nem as dos Caldeus, nem as dos Fenícios, nem as de outros
povos mas leis politicas particulares e absolutantcnte acomodadas
linúirofes,

âs GtfcnnitftQeiaf do povo imdftioo^ aos oostumes, propensOcs e atè à dureia


de espirito e atraso intebctnal daquela genle. E na vecdade a razlo natural
que 6 ingteita ao homm, está infloionada de piecoooehos da vida sodal
por forma tio de admirar que diflcifanente se pode polir e aguçar. Aaseme-
Iha-se à espada de ponta afiada que depois de estar encerrada alguns anos
na bainha se enche de ferrugem e se quebra o gume, de forma que se toma
absolutamente incapaz para cortar o que quer que seja; e só com esforçado
e aturado exeidcio volta a ficar boa.
Isto escrevia ela no inicio de 65, mas nXo via meio de inq>rímir os volumes,
& finente dos quais aparecia a carta. E dqpois» havia muito mais que diaer,
a respeito de certas instituições...
Foi então que resolveu dirigir-se a Aires de Sá (correspondência de
14 de Junho de 176S a 28 de Outubro de 1766. Sá era primo do Primeiro
Ministro e ocupava lugar de relevo na Dijdomacia portuguesa. A princ^o
Cflinsnl em N^les, oci^ava entio o caigo de Embaixador em Madrid.

apesar de reoooheoer que era o homem fadado para fazer ressurgir a Htria
da miséria em que se encontrava. Lembra-se, porem, do milagre que operou
Pedro I na Rússia, o qual tudo deve à sorte de ter encontrado um bom amigo
estrangeiro. Era este que Uie ia sugerindo as coisas úteis c, graças a esta
«sábia direcção», conseguiu ftxer o que íbz. Com isso deu nma excelente
liçflo aos outros Monarcas. Para o caso português» ali estava ele, e
começou:
A Inquisição seria sempre um obstáculo terrível ao avanço do bom
gosto das Ciências e ao progresso e introdução de muitas coisas necessárias
e úteis. Não
o disse, mas podia elucidar a asserção cem o caso do seu
Verdadeiro Método de Estudar. O remédio, porém, não era acabar com ela,
porque a Nação des^va<«, ^lesar de não restarem dúvidas de ser inútil
e prgudidaL Convmha, pois, «dap-lhe tal providfincia que o sobredito
Tribimal, ao menos não pudesse fazer mal aos povos». Propunha novo regula-
r^nbunento qoe fosse à inovação de Roma (pan sahar as aparàidas).

O Lcmbfe-ae a obn de Hemy, citada na pdg. 289.

Copyrighted material
— 312 —
Era fundamental introduzir dois senadores seculares que exercessem funçOes
de inspectores» e só jurassem segredo a fiivor do Rd.
^esar do nmio que esta pequena exposiçio já deixa entrever, xilo se
esqueceu de recomendar que o Regulamento vão devia ser elaborado por
Frades, mas por homem com cabeça. Sempre guiado pelo mais piiro desejo
de bem servir, aborda uma outra instituição que aparentemente não tem
importância: a da Ordem de Cristo, fundada cm Roma, que usava a mesma
Gras quD a Fortnguesa. Mu
fB-lo, porque nessa oensufa envolvia a Gária

Romana, de que &]a abertammte em mais de uma oportunidade. Roma


apanha gostosamente todas as ocasiOes de dilatar a sua jorisdicSo, sem se
inq>ortar mais com a origem (I).
Estes dois negócios considera-os Vcmei fáceis de resolver. O ponto
estava na escolha dos «hcmcns mais capazes» e tudo se concluiria bem e
depressa. Ele pensa (de-certo se fosse ele o escolhido) que imi par de meses
bastaria paia a redacção e mais um para a impressSo do novo Regulamento.
Demais tinba fidado com os da Inquisiçlo de Rmna, que nlo faziam bom
conceito dos de Lisboa.
Uma terceira Instituição andava igualmente a necessitar de profunda
reforma: a dos Benefícios. NSo se podia admitir que se concedessem bene-
fícios simples a tantos judeus que não honram o País (2). Acontecia até
que os Nacionais idos a Roma, ao verem-se preteridos, espalhavam na cidade
que a CongngBçSo de Santo Antdoio era governada por Cristflos Novos
que açambarcavam os benefícios, e a cidade imaginava nenhum porto»
guês fosse cristão velho. Devia de haver mais cuidado na escolha dos NtecioB
e dos Cardeais Protectores; os Céoegos deviam ser obrigados a usar cniz
ou medalha dc ouro e os das Colegiadas, armas do seu Capítulo num oval
de ouro; os Doutores da Universidade, uma fita de seda negra à vulia do
capelo e anel da sua fiiculdade.
En pntíso reduzir os Mosteiros de Monjas; separar a educanda, das
Monjas, para que as nSo seduzissem e dai resultasse faltar ao Reino a pofndap
çSo necessária. Alguns dos Mosteiros que ficassem vazios, deviam acolher
os órfãos abandonados ou as pessoas que desejassem rctirar-se ou viver com
pouco. Com esta medida diminuia-se a saída de dinheiro para Roma.
Outros destinar-se-iam às órfãs mantidas pela Misericórdia, que teria obri-

(1) Vcjam-sc. por exemplo, as Cartas 3 e SaAÍKtde S.á. dc 23-T e 14-V-1766.


(2) Encontrámos tuna «exposição dirigida confeta os Cristãos novos que residem
em Roma e w «poderun dm melhores Beneflcioi amiplei com prejtii» doi crittlOt velhos,
dttada de Roma, 30-I-7S4, e assinada pelo «Rcytor e CapeOaens de S. António», qtie bem
pode ter sido redigida por Vcmci. A letra é muito parecida 0 a octogiafia, tUDbén MH
parle coincide com a sua (T.T. — Min. da Justiça, M. 33).

Copyrighted material
313-

gação de as inatniir bem nas Artes domésticas, para se poderem casar com
ntílidade ou servir an casas partknUires.
Bia inqnesomdfvdl abolir atwohif mente os CSonventos de Monjas que
se estavam a introduzir no Brasil, «com graves prq^iizos do Reino»; proibir
que os Conventos pudessem herdar ou fazer novas aquisições: nSo autorizar
despesas pomposas nas entradas cm Religião c Profissões; proibir que os
Frades obtivessem de Roma faculdade de confessores perpétuos das Monjas,
afim de evitar nmitos sacril^os. Havia Fkades a mais e, nanitoa que nada
fioiam e incooiocbvam as fiunflias oom pedidos de alimento, deviam
gados «ao serviço péidioo». Tomavapse necessário que os Bispos Amdassem
Seminários para instruçlo dos jiárocos e os obrigassem a exercícios literários
e a um maior conhecimento das ciências. Em cada Catedral devia haver
dois Cónegos Doutorais e dois Magistrais. Impunbu-sc também que os
Padres não recebessem mais que três tostões por Missa. Nào mais se devia
consentir qne os mortos continuassem a ser sepultados nas igrejas, mas em
cemitérios fora das Cidades, como bem oqplica «o Sandws, no tmtado da
Saúde dos Povos».
Em conformidade com a Bula de Inocêncio XII, urgia acabar com os
Autos dc Fé. Deste modo se extinguiria a vexação corrente de que Portugal
se compunha de hebreus chegavam as Confrarias que havia e
ocultos. Já
a riqueza de algumas era bem empregada nas obras referidas, sobretudo em
casar raparigas pobres.
De envolta com a intençio de melhorar as instituições religiosas, ressalta
destas medidas a preooqpaçlo de provar ao aumento da população do Reiíio.
Por isso, insiste tanto nos dotes para casamentos de raparigas pobres, na
proibição dc aumento dc profissões de freiras e cm privilégios a conceder aos
pais com mais de seis filhos e prémios aos que casassem suas filhas. É que
a população dava braços à agricultura e às artes mecânicas e, por conseguinte,
contritmia eficazmente para a riqueza da Nação, a todas as crasidra^^
se tinham de sujeitar. «Senza la popolazione, non v*é Regno rico». Só
assim se podia atingir a felicidade dos povos (1). Havia, porém, um outro
meio, que ajudaria eficazmente os povos a melhorarem de vida : a poupança,
amealhada nos Montes de Piedade, que faziam empréstimos ao povo (2).

Passando para a própria instituição governamental, Vernei propunha,


antes de mais, a criação de um novo Cottsdho da O>roa, conq)osto de dnmaos
lifinistTos, mdhor, de omco Cooselheirot, indnindo o Pre^dente» qne teria

(1) António Sérgio apelida-o de «autentico apóstolo dvioo» (Lui, 35).

(2) Sobre esta InidMicio, ver Or. No fim do volume vaKa bibliovafla toibn es
Muoti (li Pietà.

Copyrighted material
— 314 —
direito de veto. Em IJsboa devia iaitHiiir^imtesowop^S^^
dinheiro e outras coisas tomadas em Jufao e qualquer dinheiro de quem
quiaesie. bqportava rever as Concordatas com Roma, e publicar um Buláiio
Régio; redigir novo código de leis nacionais, adaptado ao tempo; reformar
todos os tribunais; obrigar os graduados na Universidade a frequentarem
os estudos dos Advogados cxperimcntadiis. Conselheiros ou Corregedores, por
quatro anos, para depois então poderem concorrer a Advogados ou Juizes»
prescrever leis para abreviar os litigies, tanto edcsiástíoos como cms; refor-

mar os hoqutais, seguindo o que aconselha «o Sandies» no livro citado; obri-


gar os Médicos a ezercitaienMe nos Hospitais; mandar vir dentistas de Puis,
para ensinarem os portugueses.
Em Iodas as povoações, pequenas e grandes, deviam ter, não só Médico
e Cirurgião, mas um Mestre que ensine de graça aos meninos a ler, escrever
e aritmética vulgar. Era preciso criar novas vilas nos lugares de maior
concurso; tomar as estradas capaases para toda a espétít de viaturas, erigindo
boas hospedarias com leitos levantados do chio e preçb pieflxo. Unham
de acabar as terras incultas, promovendo a agricultura e dando pcAnios,
como se faz na Inglaterra. Era urgente fomentar as Artes mecânicas e o
Comércio. Opina até que se deve enaltecer o comércio, convidando os
Nobres a praticá-lo em grosso, e promulgando leis a esse respeito. «Sem
a Agricultiira, as Artes e o G>mércio, a República é um cadáver, e sem
vassalos ricos nenhum Soberano 6 rico. Por fim recomenda o cuidado que
se deve pÔr em «nitroduzir pouco a pouco nos homens o espirito de sociedade
e extinguir o espírito de dissenção e de fúria e os preconceitos antigos.
Ele que foi um dos defensores da educação da mulher, entende que se há-de
proibir que elas herdem como os homens, exigindo, porém, que os herdeiros lhes
assinalem dote correspondente à herança paterna e queria que se publicasse uma
lei a proibir que os tomassem o cognome da mie. Adiava ridículo que
filhos

um pai tivesse quatro Ott dnco filhos, cada um com cognome díveno e diferente
do seu, e nfio encontrou melhor medida que suprimir o mal pela raiz...
Ao expor estes principies, Vemei tinha consciência de que o seu trabalho
seria em vão. Protesta que não é movido pela vaidade c convida o Ministro
a aprcsuTitar as reformas ermo suas, sem indicar o nome do autor: «ho ragioni
giustiUcaiissime», ao mesmo tempo que invoca o tema negro, insistentemente
predilectodo estado de ânimo raiado pelo ostracismo a que se sentia votado:
«Mi direte forse, di'io mi affatico in vano, e die avrei dovuto ormai illuminamii
circa la mia antica e costante infeliciti nel proporre le cose utile e necessaiie.
É verissimo ed io lo confesse»» (1). Aires de Sá concordava, de uma maneira

(1) o mesmo tema das CSutss a Fomi»l: «mu por uma ceda miiiha paitioiífaur

deagrasa nuaca teve efeito».

Copyrighted material
— 315—
geral, com a «"""ft*^ e fafma de a eneaiar, do Mn corittpondentc Adiwr-
gtacia,por oceniplo, no caso da Inquirição, asMotava sdmente na «aidicaglo»
dosprinc^oa. MáseaseenopontoqueiiiajsniteiesBainaVeiiid. Anôn,
na quettSo dos JdmftM opinava que os Governos estavam a dar-lhes mnito
tempo para pensarem e obrarem. F, a respeito do seu plano de iluminar a
Naçào e os Ministros, envidou então todos os esforços para publicar, sem
mais demoras, a obra De Re Fhysica, que trazia o programa da sua activi-
dade no campo da estrutura sodaL Para esse fim, escreve, ao mesmo tenqx),
a Aires de Sá e a Pombal: 28 de Mbúo de 176<í, como já ficou referido ao
de leve, no cap. vm» a respeito dos proventos. Aquele, pede que se faça
portador da carta para o Primeiro Ministro. A este, elogia a discreção,
o saber e todas as virtudes próprias de um homem de Estado evoca os favo-
;

res que lhe deve e suplica um outro que já referimos: dinheiro para a impres-
são da obra que até Nações estrangeiras reclamam. «A Providência, que
poz os Primeiros Ministros em grao tam superior aos mais omens, comuni-
cott-lbe parte do seu privilegio, que é nam necesitar de ningnem, paia poder
fiuer bon a todos, e contentar-se de uma sinceia venefasanu».
A «grandeza de V. E.», «o seo eminente cargo», «o sco animo filozofico»
sSo recordados a propósito, quando se vai expor um negócio que «para um
tam grande Ministro como minima coiza que pode conceder a sua
V. E. é a
equidade e generozídade» (1). O Arcediago nSo escondia a sua intenção.
Demais, aun» das cartas a Aires de Sá dissera ele que era para rir a persuasão
de certos falsos poiftioos que sustentam dever-se servir a Pátria e o Soberano,
por mera honra. «Ntmca vi um Rei ou um Primeiro Ministro ou um Secre-
tário de Estado (. . .) contentarem-se com a honra» (2).

A falar verdade, desejava ajuda material, não só para imprimir o De Re


Fhysica, mas para reimprimir os outros voliunes do Curso e a Gramática
Latina. Por isso, na mesma
carta recenda os fevores que esses livros já
haviam reoebâdo e quanto estava grato ao Mmistro. Càrvalho e Melo
reoomendara-o para Roma, admitiu na Reforma dos estudos uma sua «ténue
Disertasam», que cie Vcmei nunca imaginou «que tivese a fortuna de chegar
à sua noticia» (De Orthographia Latina). Também mandou ou insinuou
que na Universidade de Coimbra se utilizasse a lógica vemeiana. «E somente
esta fama publica da pretensão de V. £., me onra, e obriga infinitamente».
Favor maior lhe devia, por ter permitido «pie a sua Gramática entrasse
no Reino e se publicasse, apesar do inqwdimento da Alfibdega. Vemei
parece que nesse ano de 1758 adivinhava, não a expulsão dos Jesuítas, mas
a rrfonm do ensino médio, que foi inqMMta por alvará de 28 de Junho de 1759.

(1) Carta de 28-V-766. Ver Apend. Dac


(2) E, 326.

Copyrighted material
— 316 —
Em todas as vilas do reino se estabelecia o ensino da língua latina, e em
Lisboa deviam-<e mais escolas do mesmo idioma em cada
alnrir uma ou
bairro. Fkava proibida a Gramática do jesuíta Manuel Alvares, e em seu
lugar indicavam-se as do oratoriano Aníátáo Fereiía de Figueiredo e a de
FéUx Mendes (1).

Vemei, com o disfarce do lnidu(;ri(i do francês, compusera também um


compêndio de Gramática Latma, que estava pronto no outono de 1758.
Fuia parte do seu plano de iluminar a Nação, mas por culpa de quem se
encarrcsoa da «qpediçao — «longe da minba presença», informa Vemd
nlo ch^u a Portugal senão depois de publicada a reforma.
Agora tinha pronta a Hsica, que «os inteligentes na matéria» diziam
ser muito própria para abrir os olhes à mocidade. Mas não dispunha de
dinheiro, nem sequer para mandar abrir as gravuras. Por isso lhe rogava
que SC interessasse por ele, jimto do Rei.
O Nfinistro, como já vimos, não Uie deu as i^judas solicitadas e certamente
não gostou dos conselhos que oferecia a D. José, visto qpie, segundo há^de
informar mais tarde o próprio Vemei, nem sequer entregou a El-Rei e ao
Príncipe, os volumesque o Arcediago lhes remeteu, impressos à sua custa.
Acharam-se «entre os seus papéis que deixou, atados e embrulhados com
os seus letreiros, na mesma forma que se lhe tinham entregado». Porquê?
De certo por fazer coro com Nicolau Pagliarini, o impressor que em Roma
caíra no desagrado de demente XIII, reooDundo-se a Portugal, com a
jnoteoção do Primeiro Mimstro (2)' Foi o caso que Vemei já tinba mlr^ue

(1) Na Gazeta de Usboa de 24-1-737 anunciara-se esta obra: «Onunmatica latina


do Badiard Dombifloa de Aradjo, para uso dos seus Díscip«dot D. Duarte e D. Francisco
de Castelo-Branco, netos do rrifneiro Conde do Sabugal, impressa no ano de 1627, refor-
mada, acrescentada, e reduzida a methodo mais fácil e com clareza, para aprender em menoi
de hum amio, por Antonio Fdix Mmdes, meatre de Letraa hranaiiaa (...). Ttm nova
edição em cm outros anos (cf. Dic).
1749, rcprodu7Índo-sc
(2) Sobre o achado do Pagliarini —
Salgado Júnior diz que parece dever-se a Almada
(V, voL XL)
II, p. —
Sobie o motivo da desgraça, a proteoçio da Gorte Pbrtuguesa, cone»
alo do Foro da Rdalpo e Secretário da Legaçfto de Nápoles, vinda para Portugal, protecçlo
dc Tanucci e apreço que por este manifestava Portugal, sobre o cai go de Director da Imprensa
Régia, e pedido lugar de Director da Biblioteca Real, ver T.T. — Min. da Justiça, M. 299
eFBstaS. Ver tanibém NI 34: carta de Si a Fombal, de Nipoka, 9^n-«2. Dealaepirtoia
SC extrai o seguinte trecho:«Meu Primo c meu Sr. (...) Logo que recebi pello expresso
Manuel Marques a carta de V. Ex. em data de 11 de Janeiro, fiii nessa mesma noute do dia
OB quana-teiiH, s oo oonwue, foiíainicar ao Msniiw Tumci a Doucia e as iwiiajiiannanBa
com que ElRcy Nosso Senhor, por via de V. Ex., me ordenava drrTinssn o despacho de
Nicoiao Pagliarini». Aires de Si ooola a sesuir as diUglQciat (pie cnvucodeu fMia PagUa*
ruu sair dc Roma ás ocultas.

Copyrighted material
— 317 —
o manuscrito da Fbica ao impressor Salomão, mantendo-o lá, apesar dos
pfotestot de BagUarinL No o^iftdo próprio se veiáq^ foi mais iimmotrô
de novos dissabores.
Na mesma missiva Icmbrava-lhe ainda que poderia fornecer imediata»
mente o texto de uma Gramática Hebraica, «feita por uma ideia nova, e
brevisima no seu género» (1). A oportunidade era magnifica, porque se
lembrava «que na Reforma dos Estudos ficou rezervado o dar providencia
nesta matéria».
É diffcíl adivínliBr o jnfzo que neste momento o Conde de Odias ftzia
de Vemei, porque, se nSo lhe nenhum dos pedidos, propofdonou-Uie
satisfez
melhoria de vida, como já vimos, por meio do emprego, paia que o nomeou.
No Verdadeiro Método de Estudar aprescntara-se ele como crítico severo
dos Secretários de todo o género (2). Sabia, pois, como devia proceder.
Mas no caso presente, outro factor importante havia que considerar: quali-
dades especiais paia levar a bom teimo o processo dos inacianos.
O ódio do Arcediago aos jesuítas revelaia-se em várias oportunidades
mas talvez nSo tanto claramente como numa carta que dirigiu ao Primeiro
Ministro, em agradecimento da Dedução Cronológica que lhe fora enviada.
Em suma, comunica-lhe que leu o volume e, apesar do pouco tempo de que
pôde dispor, apreciou «a natural distribuisam e ordem das matérias, a fir-

meza e escolha dos documentos, o íimdado das reflexõens, o nervozo e ele-

sente do estikH».
Porân, o que mais o atraiu «foi a mesma matéria do livro, que é uma
consequência do belo sistema que V. Ex.* desde 759 formou e executou». 1

Toda a carta é uma lôa seguida às qualidades do Ministro, por ter sabido
agir com íiimcz^i c rapidez, na questão da Compiíiihia de Jesus. «V. Ex.
ensinou às outras Cortes da Europa a verdadeira Lógica com que sc deve
argumentar oonchideutemeule com os Sócios, que sam poucas palavras e
obras efikauees».

Usando uma Ubodade que nSo deve ter agradado ao Mhiistco, comunica-
-Ihe que «por venerasam» costuma classificar esta sua lógica, de «nova Lógica
Girvalha» (3). Contudo, as expressões convictas de que esta lógica tinha
levado outras nações a tomar resoluções idênticas c, sobretudo, a convicção
confessada de que «este formidável coloso jezuitico, batido de toda a parte
ocmitam grosa artilhería, ameasa ja mina» oicheram de certo de júbilo —
o Goiaçio do MaiqnSs, que teiá visto nele o homem ideal a aproveitar.

(1) o manuscdio Coi «miado para Fortnpl, d«poit da mom (ver Apnd. Doe^
(2) V. I. 38.

(3) A primeira i a Le^ea CoidnMeaue do jesuíta Inádò de Garvalho...

Copyrighted material
— 318 —
Vernei mostrava-se partidário da ideia da destruição total da Ordem tnarãMa
e eia radical, lem titobeiM: «Pois é certo que em quanto ouver um so Sócio
na Curia, que se valha das prevensoens dos que governam, se deve temer
sempre, que resuscite em da Itália. Mas todos os prudentes
varias partes
confiam em V. Ex., que como deo o cacemplo, dará a conduzam: e se ornará
mais com csa gloria».
Aires de Sá terá sido o primeiro a indicar Vemei como pessoa de con-
fiança e taliida doa omdot de Roma. Mia perMamente servir de auxiliar,
na nova fase da campanha, depois do reatamento das relaçOes diplo-
máticas. Demais, em Roma poucos portugueses haviam ficado cem que
se pudesse contar, uma vez que, em grande parte, preferiram a desnato-
ralização a obedecer i ordem real que os obrigava a ausentarem-se da
Corte Papal (1).

Tivesse ou não mostrado as epístolas de Vemei ao primo, Aires de Sá


nSo podia esquecer as ideias fímdamentais do Aioediaso. A da reivindi-
caçio dos direitos reais contm abusos de Roma, entronca no mesmo ideário
politico de Setecentos. Eentio a questlo dos Jesuítas, mais do que nenhuma
outra, casava-se perdidamente com os planos em curso. Apenas a insis-
tência do bem público podia inquietar Pombal, porque arrastava consigo
a condenação do absolutismo despótico. Em todo o caso, o principal sal-
vava-se e Vemei saberia conter-se de futuro.
Muito provàvefanente em principio de 1768, de Lisboa mandou*«e con-
firmar o seu paradeiro. Referei^llie um Cq^uh da Letíra tpie «qw de
Roma em data de 24 de Abril, em ttngaa Italiana (2), «II Sígnore Abbate
Vemey Portoghcsc, sogctto molto capace, e di stima» (...), «di prezcnte dimora
nella citta di Piza in Toscana». Mas tinha em Roma «el suo Agente di
CBSSiito Golidori, col quulc si potrà trattare se occorrcrá qual chc cosa».
«Neale instante que acabo de escrever me chega de Roma huma carta, com
a resposta que induio, sobre o Sr. Abbade Vemey» —
diz-se no verso do papel,
sem qualquw indieaçflo de nome do intennediário. Parece, no oitanto,
que por gosto ou semeie, foi o pcúprio Almada que acabou por pedir o Arce-
diago para seu secretário (3).

<1) VcraeÍ->Ouia a Ains de Si. 2S-X1I-785. A B, 356.


(2) T.T. — Min. dos Neg. Estrang. — Instruções sobre os jesuítas, para Francisco
de Almada de Mendonça, acompanhadas de documentos. De 1757 a 1159 e 1767
a rm.
(3) «Pela carta do Marques de Pombal eicrila em 18 de Abril de 1768 se vê a boa
ideya que formavão do talento daquellc sujeito, c que Francisco de Almada foi qpMm O
pedio para seo conferente». (Carta de D. Henrique de Meneses, 17-VI-779).

Copyrighted material
— 319 —
A 21 de Maio de 1768, Almada apareceu em Pisa, para entregar a
Vemei a potente de Secretário da LegBçlo(l), «oom uma carta honrosa
do Ctmde d*OeiiM»(2), de 18 de Abril(3). «B attendendo aos mereci-
mentos, préstimo e zelo do meu Real serviço, que conconem na pessoa
de Luiz Antonio Vcrney: E confiando delle, que em tudo O de quC O
encarregar, mc servirá muito à minha satisfação Hcy por bem nomeallo
secretario de Legação, para servir com o sobredito meu Plenipoten-
daiio».
Tnz a data de 13 de AInril de 1768.
A ocasião era solene e a mistio foia de vulgar. Como acentua Carlos
de Passos, Pombal «entregava aos dois a especial incumbência de dirigirem
o melindroso negocio dos jesuitas» (4). Segundo informa Vcrnei, o Ministro
ter-lhe-á então declarado que estava dispc sto a cingir-sc aos seus conselhos.
Custa a crer na verdade desta notícia, quer em virtude dos feitios dos dois
homens que já se conheciam, quer pelo que veio a acontecer. Enquanto
Vemei se diz Adjunto do Wmttco e, em ccofoimidade oom esse titulo, trata
com o outros Ministros, assuntos <^ciats sem conhecimento do seu Superior,
Almada acusa-o desse abuso, precisamente junto de quem distribuiu as
jurisdições de cada um. Pedro José de Figueiredo acrescenta a este respeito:
«Acreditam e autorizam muito esta nomeação os oíicios e instruções parti-
culares do Primeiro Ministro de Estado Conde de Oeiras nos quais, como
consta de algumas memórias onginais que vimos e se enoontnmi entre os papeis
do mesmo Vemey (5), lhe reconmdava que fosse tio unido com ele o Pkni-
potenciario que aconselhando^ em tudo, obrassem ambos com o mesmo
espírito, de sorte que representando o Plenipotenciário cm Publico como
tal por decoro do seu carácter, nada deliberasse sem o seu voto c aprovação

secreta e que nas conferencias com os Ministros Borbónicos ou com o Secre-


tário do Papa ou ainda c<»n os de França ou de Espanlia, primeiro concor-
dassem oitre si secretissimamente» (Q.
Além dos cem mil réis mensais, dados pela Corte de Lisboa, Almada
prometeu conceder-lhe o mesmo que os Embaixadores proporcionavam a
seus Secretários e os Cardeais aos oondavistas, isto é, coche, criados para a

(1) m
Tuaibêm inédita, como ce dodimentoa dwte capttulo que pwWica os no ApSa»
dioe Documental.
(2) Lu, 219.
(3) ReiiBrtkida na cana de D. Hemriqoe de Menem a Aira de Sá, 17>VL>779.
(4) Lu. 219.
(5) Não M niadci pnecitamente à Rdafão da pemgulçaot
(6) Ret.

Copyrighted material
— 320 —
mesa e casa, segundo informa Vemei. Na residência de Roma (1) disporia
de espaço bastante paia si e seus familiaies. Almada seguiu paia Siena e
Vemei não tardou a leuiiir-se-Uie, aos 28 desse nuBs de Maio. Acorreqxm»
dência ofícial começa a ser escrita pelo novo Secretário a 10 de Junho (ao menos
é desta data a primeira carta que hoje se conhece). Em Setembro encontra-
vam-sc cm Veneza (2) onde permaneceram até o mes de Abril. A 11 de
Maio já escrevia de Roma, com a sua letra regular e ortografia característica,

OS ofícios lacónicos, extremamente breves, porque o Secretário odiava retóri-

cas balofos e o Ministro ocultava-llie certos negócios de mais gmvidade.


Em Siena ainda as suas relaçOes eram oficialmente amistosas, oos-
cordando Almada com a proposta de Vemei, de pedir auxilio ao Conde
de Oeiras para a edição das suas obras. O Secretário dirigiu-se ao Primeiro
Ministro Almada rccomcndou-o ao primo, advogando a mesma causa (3).
e

Nessa carta de 21 de Julho contava ele que o Padre Diogo Vemei falara a
Pombal sobre o auxilio necessário para pagar a segunda ediçflo da Qraná'
tka Laiina que acabava de sair em Sevíllia, e o Primeiro Ministro se mostrara
interessado em conhecer a excelência da óbnu Era o momento próprio
de lhe enaltecer as virtudes, e o Arcediago não regateia elogios:
«V. Ex." que com uma superioridade de talento incmitável olha para
as coizas no seo verdadeiro ponto de vista, e as estima como merecem, conhe-
cerá muito bem que isto em mim náo ó ostcnlasum, mas c informusam».
Pede que a sua Gramática seja admitida a ombrear comas outras duas adopta^
das na Reforma, terminando por reconhecer que «ninguém melhor que V. Ex.*
pode deddir este ponto: porque as suas dedzoens devem ser oráculos para
todos e muito especialmente para mim, que as sei avaliar e venerar».
Vemei reconhecia que o Marquês o honrava e favorecia «tam parti-

culurmcnie». Sentia-se grato e mostrava-sc admirador da capacidade inte-

lectual do Ministro. Lera-lhe as obras que, segundo o «(Barbadinho»,


«servem de admirasam ao mundo inteligente». Aa ele suipreendiam-no
erudiçio,o juízo, a providência politica e o xelo do bem póbiioo em grau
heróico que Pranbal patenteava nos seus escritos. O «gosto» e a «conso>
lasam» que experimentava para fiuser com eks «algumas conquistas, elumi-

(i) Mons. José de Castro aponta os palácios habitados pelos Chefes das Missões
jooto do Vadouio, mu
ifleneia fotee o que Almada ocopoa neite periòdo
(CL Fbrtu, n. 365).
C2) Conhecemos cartas assinadas por Francisco de Almada Mendonça, de Veneza, 24
e 2S de Fevereiro e 8 de Outubro de 1768 (B.N.L. —
640 de Pombalina, fl. 219 e 230)
11, IS e 18 de Março, 1 e 8 de Abril de 1769. De Reim, nwVrfmfTff umas de 21 e 28 de
Junho desse ano (T.T. —
Min. da Justiça. M. 296, Pasta 7 e 14).
(3) RelaçSo da perseguição. 4pík/ V, voL 11, p. XXXVIIL

Copyrighted material
— 321 —
nando algumas pessoas, a que só fahava intruisam em certas matérias que
mo agiadeoenun muito» (1).
D. José chegara a ooiioeder4lie «pnvil^o perpétuo» mpaxà todos os
livros que compuzese e inqprimise fora». Mas o implacável terremoto nem
isso poupou, porque distniiu o livro dos Registos. Podia vcr-sc, no entanto,
no «li\TO da distribuisam, qiic sc faz dos Papeis ou Chancclaria>\ posto que
sem declaraçam das obras privilegiadas. Pedia que reavivasse esta memória,
se assim o julgasse oouveniente. «^enhodadoa V. Biu^coiitademimoomo
omem de estudos : e dez^jaxk coritqKmder à ideia de V. Ex.* em todo o género»
— acrescentava VemeL
Almada gostou certamente da epistola dos termos lisongeiros que denun-
ciavam a admiração do seu Secretário pelo primo Carvalho e Melo. E Pom-
bal decerto também. Vernei estava nas boas graças. A Lei da Boa Razio
de 1769, reproduz, como veremos muis adiante, sob a forma de linguagem
legislativa, muitos dos argumentos e críticas de Verad na sua oposição encar-
niçada contm a juriqjradênda teórica e prática até entio dominante.
Influência também se nota nas leis de 25 de Jnnlio de 1766 e 9 de Novembro
de 1769, que restringia (a primeira destas), extraordinariamente o direito de
testar (2). Salgado Júnior acrescenta: «...as suas ideias comunicadas à
Eccellenza em pondo agora cm execução,
1765-66 que o Senhor Marques vai
em legislação sucessiva: já em 1768, em melhores dias ele o vira criar a Mesa
Oensófia; agon soa infÚiies do desterro, era em 1772a Refoima da Univeni-
dade, em 1773 a aboliçio da distinoio entre Cristios novos e vellios, em 1774
o novo npmetíto da inqpiisicBo» (3).
Por esta mesma ocasião um outro português residente em Roma intentou
prestar os seus bons serviços à causa da iluminação dos Governantes: Joa-
qtum Xavier Almeida, de 33 anos, formado em Cânones pela Universidade
de Coimbra (em Junho de 17S8). A
19 de Junho de 1769 esoeve de Roma,
onde tinha ido estudar, pronto para «executar, em alguma parte, aquele sis-
tema de publica utilidade e decoro que V. Ex.* tem felizmente promovido
com venerasam de quem pensa uniforme às suas publicas ideias» (4).
É lun novo protótipo do homem desvanecido que se julga senhor de
meio mundo. Falara com Francisco de Almada e com o «Secretario Cava-
lheiro Vemey» e sentia-se inexcedivel no que respeita a aptidões: «Vivo livre

(1) Carta de Vernei a Pombal, 21-VII-768. Ver Apêndioe Docom.


(z> V, n. p. xuv.
(3) E. m. 134.
(4) Cárta de Roma, 19-VI-769. unnada por Joaquim Xavier Henriques de AlmddR
Cr.T. — Min. JusL P. 14).

91

Copyrighted material
— 322 —
hum Filosofo de Corte», «Hum Filosofo de grandes
de todos os prejuízos e sou
esperançai». «Em do pfimeno ponto nam admito ideia nem pro-
virttKte
poaisam que com o próprio juízo nam conhesa». «O segundo requisito
me fonisoe as qualidades necesarias para vestir qualquer conveniente caiater
nas conversasões e no manejo dos negosios». Formara-se em Cânones na
Universidade de Coimbra, cm Junho dc 1758 c dava-sc como vítima de
D. Miguel de Anunciação. Desfaz-se em elogios à própria capacidade
intetoetnal, tocando na virtude de «saber dissimular» (I).

Cremos que nio foi aproveitada esta boa vontade, talvez porque já
liKvia mnita gente com óptimaa idesaa... Vamos cooonliir atgnmaa, imediap
tamente, a propósito da infiltração das ideiatgalicanistas, regalistase da Escola
do Direito Natural. Mas antes, nSo deixaremos dc anotar que outros iliuni-
nados havia que amarfanhavam o seu fiabcr c só a um ou outro amigo trans-
mitiam a sua dor. É o caso entre outros, dc Francisco dc Pina e Melo,
qne também reconhecia o atraso no ensino, no desenvolvimento da Agrir
cultura, dos «segredos do comércio», e ponderava «os danmos que sobre-
vínhão à Republica, de tanta nuihid&o de Frades» (2). Devido i intervençSo
de «Mons. o Abb." Magalhaens» e de A. N. Ribeiro Sanches, enviou uma
crónica para o Journal Etrani^er, sobre o estado das letras cm Portugal, em
1757, sublinhando o muito que Descartes contribuiu para banirmos os antigos
preconceitos. «Descartes scui nous a servi d'lníroductions dans le Lycéc» (3).

O gaticanitmo de Luis XIV e do Clero firands reflectiiMe Ignahnente


em Portugal, culminando no regalismo de D. Joio V e D. Joaé (4). bitoi-
tando reduzir a jurisdição do Papa a simples primado de unidade, permitiu
o estabelecimento do poder absoluto do Estado na pessoa do Rei. M. TAbbé
Bcrgicr, Cónego da Igreja de Paris e Confessor de Monsieur Erére du Roí.
define a posição da Igreja galicana, no seu Dictiomaire de Théologie, impresso
(o volume que nos interessa) em 1789 (S). O que se designa por liberdade,
da Igreja galicana — diz ek — nSo é uma independência absoluta com rela-
çio à Santa Sé, quer quanto à Fé, quer quanto i dodfriUna. Pelo contrírio
nSo há Igreja que tenha sido mais zelosa em conservar a unidade da Fé e
de Doutrina com a Sé Apostólica. Mas defendendo a autoridade e a juris-
dição do Simio Pontífice, nào admite que ela seja despótica ou absoluta e

exige que se regule e limite pelos antigos cânones. £m resumo, não se atribuia

(1) Ver todo o documento, ao Ap. Doe


CZ) Sanches. In Poe. 113.
(3) Jour 1757 (Oct.), 206.
(4) Ver Oal. 184 • 40.
(5) Dio.

Copyrighted material
— 323 —
ao Soberano Pontífice nem a infabílidade pessoal em qualquer poder, mesmo
indiíecto» sobre o poder temporal doe ReU.
O Qero de França, fez profisaio destes cftnones na oâebre aseembieia
de 1682, tendo Bossuet elaborado a defesa doe Decretoe desw assembleia.
A maior parte dos Teólogos alemães, húngaros, polacos, c espanhóis c por-
tugueses — esclarece M. Bcrgicr — pensam mais ou menos como os franceses.
Não podemos desmentir ou confirmar cm absoluto a informação do douto
Autor do IHetíomein de Thiologie, mas alguma ootna ae apma hqje dos
documentos que nos ficaram.
A penetração destas doutrinas na Corte de D. José deu-se, como era
natural, através da via diplomática ou, mais determinadamente, de todos os
ventos que corriam de França. Em carta de 28 de Agosto de 1766 para o
Conde de Oeiras, o nosso representante em Paris, D. Vicente de Sousa Cou-
tinho tem a certeza de que, dentro em breve, o galicanismo seria oficializado:
«He sem dúvida que quando di^ar este prazo (da ooociliaçSo portuguesa
com Roma), Sua Magestsde Fidelíssima coroará as suas heróicas acçOes,
introduzindo nos seos Reynos as liberdades da Igreja gaHicana, que tanto se
oonformão com o espirito da Religião rcvellada» (1).

Menos de dois anos mais tarde, o mesmo diplomata comunicava ao


Conde de Oeiras e doutrinava zelosamente: «Nesta Corte correo a voz que
em Portugal se hião remediar os abusos da Bulla in Coem Domim, introduzin-
do-se nesse Reyno as liberdadea da Igreja Gallicana : Esta obra, digna do espí-
rito de hnm tão grande Rey, ht vtiliisima à Rdigilo e ao Estado. Sem esta
reforma, a vida dos Príncipes ficaria sempre exposta ao systema dos Cssuistas
e dos fanáticos e não se dando jamais a Deos o que iie de Deos, nem a Cesar
o que he de Cesar» (2).

Pouco depois, revelava a trama urdida no Gabinete francês, dando


oonta das intençOes perentórias do favorito: «Mr. de Choiseul me repettio
que em Portugal e Espanha se deveriio fa/er jurar aos Eodesiasticos as quatro
PcoposigOes do Cleio de FhuDça, sobre que se flnuSo as suas libeidades:
Qoe esta doutrina se deveria estabellecer nas Universidades, nos Tribunaes
e nos mais corpos do RejTio, constituindo a Ley da Igreja e do Estado. Que
em quanto assim senão praticar haverá hum conflito perpetuo entre as duas
Jerarchias, será tudo precário, dependendo deste ou daquelic Ministro, de
hnm ca de outro Príncipe: Que em Fhmça, medisnte o ditto estabelecimento.

(1) ondo de D. ytectií» de Soom Gootiafio ao Goode de Odras, de Complèane.


28-VIII-1766.
(2) 0000 (te CoutíDlu ao Ccaide de Oeini, Buis, lS-II-1768. (T.T.— Min. Joi*
tiça, P. 15).

Copyrlghted material
— 324 —
se temião pouco as impnidendas de hum Papa, havendo-Ihe prendido as
mãos, ainda que Uie beijavSo os pés; porque à medida que sahtse dos limites
em que o tinlilo posto, peideiilo de direito o que ganliara a favor da mode-
ração e da condescendência».
O plano maquiavélico rematava com a bajulação: «Este he para Portugal
o século dc ouro, c Axigusto deve fazer o que hc digno de Augusto». O Conde
de Oeiras sublinhou e anotou: «Discurso (quanto a mim) soUido: e que hoje
será tio praticável em Portugal, como diffidl em Castela» (1). O programa
nio se s^iuitt à risca, pocque o Galicanismo nlo se tomou doutrimi oficial.
hb» cmaizou noa eq»Íritos dos govenumtes e manifèstou-se inddèvelmeiite
em muitos actos públicos.
Da Holanda chegaram semelhantes incitamentos, com feição mais ali-
ciante para a generalidade dos responsáveis, que nem todos eram da têm|>cra
de Pombal ou Choi&cul. Domingos Luis du Costa, cm carta para o Conde
de Oeiras, datada de Ametlerdâo, em 15 de Agosto de 1768, refere as suas
relações com Mr. de Bellegarde, canonista incomparável que dirige uma
«Companhia de Filozofos graduados em todas as Faculdades». Viviam
do Século das Luzes, «em huma grande caza de campo que
estes filósofos
comprarão na Província de Utrccht, onde obscr\ao a religião Catholica reli-
giosa e severamente, submetendose em tudo à Santa Sé Apostólica, deffen-
dendo porem, como uppclantes uo primeiro concilio, a regalia c necessidade
de nomiar o capitulo da Igreja de Utrecht o seu Prelado quando o Papa lho
refkiza».
Enviava juntamente uma
obra de Bellegarde «Suppldmcot aux diil^
rents collections des oeuvres du Docteur Van Espen, professcur en droit
cânon en Tuniversité de Louvain». O Dr, Van Espcn era apresentado como
o maior cunonista da Europa e como impugnador das pretenções ultramon-
tanas (2). De facto, Van Espen andou envolvido em polémicas, devido i
sua afeiçSo ao janscnismo (3).
Entre nóa já era conhecido e a doutrina dos apelantes fora refiitada
copiosamente. No Verdadeiro Método de Estudar confessou Vemei que
«dos modernos sempre me agradou o Van-Espen : Jus Ecclesiasiicum iiniver-

suni (foi., 6 t.); sempre me agradou, digo, pela solididade do juizo c erudição
que traz». Refutando Vcrnei, o seguro teólogo José de Araújo põe a claro
o pensamento da Igreja a respeito dos apelantes (4).

(1) Ofido de D. Vicente de Sousa Coutinho ao Conde de Oeiras, Paris, 2^111-769.


(2) T. T. — NOnirtMo da Jwtíçk. P. 5.
Sobre Van B^NB em Portiifd, dsterminadameate sobie
(3) o snrto do
no Seminário dc Faro c nouttas Dioowss, VST loedi, VBB.
(4) Conv, 514-527.

Copyrighted material
— 325 —
Sobre Bellegarde anotamos ainda que lera e apreciara a Tmtattva Teoló-
glea de Antánio Pernia de Figiieiíedo, o teólogo poanbatino eqMlIioa o
gaUcanismo, através dessa fionosa obra, safda cm 1766, ede outras qve se
seguiram, como a Demoiuiniçikf TTteoIogiea cm 1769 e a resposta ao eqMmliol
P. Gabriel Galindo \un ano antes (I).

Sc no título da Tentativa esclarecia pretender mostrar que. «impedido


o recurso à Sé Apostólica se devolve aos Senhores Bispos a faculdade de
âkpataai nos impedimeiitos (...) reservados ao Papa», no corpo do livro
sustentava que esse poder dos Bispos lhes fora tirado através dos ten^KM e
Intimamente lhes pertencia (2).
Ás dúvidas que pudessem levantar-se a respeito do seu febronismo,
ficaram esclarecidas indubitàvclmente na citada resposta ao P. Galindo, em
que ataca a infalibilidade do Papa e na Demonstração Teológica, na qual,
scgiuidoMenendez Pelayo, «completo Pereira su sistema, casi tan radical
comoeldeFdironio». Ao direito dos casos reservados ao Pontffice Romano,
podiam os Bispos resistir como zeladores dos Cânones e dos seus próprios
direitos; c os Reis como protectores dos Cfinones e dos Kqx)S.
Pereira dc Figueiredo, em virtude do cargo que exercia na Real Mesa
Censória, foi dos intelectuais que mais 1í\tos proibidcs devorou, a coberto
da Inquisição. Com razão na Consulta do Supremo Conselho dc Castela
se assinala «quanto são familiares a Pereira os Escriptores mais reprovados» (3).
biteressando4ios apenas esboçar os vários movimentos das ideias, nlo
sqpontaremos mais que Fir. Joio Baptista de S. Caetano, que além de gaBca^
nista, terá sido também «jancelista hasta los hues, atmnmGhomásque Pereira»,
Gonfome denuncia Menendez Pelayo. A sua Icnga censura da Tentativa,
assinada no Colégio de Nossa Senhora da Hstrcia, a 17 de Julho dc 1766, tira

claramente todas as consequências da doutrina de Pereira de Figueiredo,


ddèndendo que, ainda fora do tenqpo de rotura, podem e devem os Bispos
exercer os seus direitos de diqiensa nos easos reservados ao Papa: «Nmguem
pode negar que a jurisdição episcopal que Jesus Christo instituio, hc absoluta
e illimitada a respeito de cada fauma das Dioceses..j». «£ ainda hoje em

(1) A propaganda do livro fizera-se, como convinha, também pelo estrangeiro.


Por ex. Suite des nouvelles Ecclesiastique, de 1 1-1-770, p. S-8, fez-lhc uma recensão favorável
(Gvta deSoaMCoatiiilMndeFiMji,^7at T.T.— Min. Jint FM. 19— VersreftatSp
ção dc Galindo na B.NJL. 640 FombsUna, fl. 193-204^ on a Bibltomtfla cm Ce. Sobr»
Figueiredo ver Sue, 28.
(2) Ver a prúpria obra, ftcfl de cnconlnu- cm UblidieGas púUícas e psrtfculawi,
oa História H, V, 132. bilmia ifOslniBate ler Consu. Aí le nftm qoe o líviD i>tiiwM^
traçõo Teológica foi «ji condc mmdo em Ron»» (P. 33).

(3) Consu, 44.

Copyrighted material
~ 326
todo o coipo do Direito Canónico ou concilio trídentino nflo achamos texto

algum que tire aos Búpoa o poder de diqpensar soa iiiq)edimentoa do Matri-
monio e maia Leya Ganonicaa: e non o Ftcpà os podia privar deste legitimo
poder sem consentimento dos mesmos Bispes...».
Antes de Pereira de Figueiredo, cm 1763, apareceu uma obra que fomentou
largamente a propagação de galicanismo na Alemanha e, de um modo geral,
em todos os Países da Europa: De Statu Ecclesiae Jeque legitima potestate
Romani FtmtyUis, do Bispo Audliar de Tcéveris, que ficou conlieeido
pelo pseudónimo de Justino Febránio. Seis anos dqKMS Miguel Tibério
Pedagache (1), apresentava i oensuia a tradnçlo dessa obra, com o titulo
Do Estado da Igreja e Poder legitimo do Pontífice Romano: acrescentando-lhe
uma introdução sobre os efeitos da superstição, hipocrisia, fanatismo e igno-
rância. Terminava com um compêndio da vida dos Papas.
Foi o Marquês de Pombal quem a mandou imprimir (2) e, por isso,

Fir. Mannd do Genáeulo, a 8 de Janelio de 1770 opina que «merece a


licença da impresslo, tanto pdo assumpto como por a txaduçio ser bem feita»»
considerando «sábio» o Bispo de "néveris. Entende, porém, que se deve
eliminar a introdução, por tratar de assunto intempestivo e, em grande parte
alheio do assunto principal, não obstante reconhecer que o tradutor escreve
«com pena forte». O compêndio da vida dos Papas é tratado «com inde-
cência e com expressões demaziadamente incivis».
Omáculo justifica a sua atitude, num princípio de sft hermenêutica que
enuncia assim: 4fle certamente ccntn a autoridade e pmdênda que deve
respeirar esta Meza, o facultar-se a impressio de escritos que, ainda contendo
verdades, perdem pelo modo a decência: e muito mais quando o compêndio
sobredito contém unicamente os defeitos que quando as necessidades e sin-
ceridade da história pcçâo que cllcs scjão referidos nas Pessoas Maiores,
devem com outras virtudes suas que dêm tom civil
hir enlaçados à história;
e o hnma tKpocàt de raiva)» (3).
contrário parece
R^istamoa Cenáculo e Fedagache como defisnsores do febronismo
— um por traduzir F^rónio e o outro por consentir na sua circulação e,
muito mais ainda por, em 1771, na Junta Reformadora da Universidade, se
ter batido denodadamente pela adopção de Febrónio cm vez de Gilbert (4).
O febronismo de Cenáculo ressalta, com igual intensidade, da Continua-
ção das Noticias Ecclesiasticas de cinco de Junho de 1771 para servir de Supple-

(1) Estad.
(2) EA, 62.
(3) T.T. — Mesa Censória, M. S91.
(4) Notícias secretíssimas da Junta rcrormadnni da Universidade. Jh DÍÉeIo ds
D. Fr. Manuel do Ceoácuk). — ConinAricense, 1869, n.» 2328 a 2331.

Copyrighted material
327 —
maUQ ã Obra âe Juitíno Ftífrónio, que apareoea anánima, com Ikença da
Real Mesa Oensófia (1). Em follns anteriores, de 12 e Iftde Agosto de 1769,
anundara a «olna sobie o Governo da Igreja e l^tímo poder do Papa»,
como «fcapaz de desacreditar totalmente na mesma Europa o Ultramon-
tanismo e dc renovar nella o bom gosto c os estudos sólidos do Direito Canó-
nico» e na dc 13 de Março deste ano de 1771 divulgara a notícia de que
«a Corte de Portugal, Dão se satisfazendo com dar muitos elogios a esta obra
de Febronio, e de fiodicar das ceosmas ccnn que alguns e^nritos tmlNileiíiloe
tinliio procurado desiiistralla, a fez tndttzir e iiiq>rlinir em Portognes^.
Será demais avançar que a determinação do Governo foi inspirada por
Cenáculo? Empenhado em fazer aceitar Febrónio, relata os êxitos dos seus
livros na Europa, os ataques e respectivas defesas de que foi alvo e adverte,

denunciando o seu franco galicanismo: «Não faltaremos aqui do applauso


com que ella foi recebida em França por todos os sábios que constantemente
seguem a doutrina da Igreja Galicana. Nem podia ser de outra sorte, con-
tendo a obia de Fdnrooio a sna mesma doutrina». Em oonfonnidade oom
esta linha de conduta, o Autor da Continuação das Noticias expõe o que pensa
da Cúria Romana, considerandos como um de tantos Eí.iados da Eupora:
«A Corte dc Roma aífirma que a Bulla Unigeniiiis hc hum Decreto
dogmático da Igreja Universal. A Nação Franccza, que sobre o facto da
aceitação desta Bulla deve estar mais bem instruida que outra qualquer Naçfto,
o n<^ positivamente. A quem creremos nós? (...) se nesta contestação a
a Corte de Roma, contra todo o Direito e Justiça e ccmtra a |»ática imme-
morial da Igreja, imagina tratar de heiCiBS e sdsmaticos aqndlea que discor-
rem de outro modo do que ella discorre, qual será o homem sensato que se
atreva a vituperar o Monarca Francez, de ter usado, nesta occasiào, do antigo
direito, e ter preferido as máximas canónicas mais sãs, aos sentimentos dos

romanos, para l eprimif os verdadeiros fimtores do Scisma, restabelecer a tran-


quilidade no seu Reyno e dar exemido aos outros Faizes, do verdadeiro
modo de conservar as regras puras da Fé e Disciplina da Igrqa, quando o
capricho ou a injustiça dos Romanos as amiinão?^ (2)
Também Pcdagachc, agora ao serviço dc Pombal, aproveita a oportu-
nidade para fazer transpirar o seu pouco respeito pelo Papa e talvez para

(1) CcHM.— BidalemnnMriloemfivDim(B.PA--CXXVin2i4. lOktaníboqim


da letra do Sr. Cenáculo» diz Rivara, que o inclui nas obras de Cenáculo (Catalo, 502).

Temos dúvidas em atribuir o livro a Cenáculo (Fr., 27S e 310), visto Fr. Vicente Saldado
o Dio indair nas mas obm (Gttálogo). Nlo te pode porém negar que Cenicolo ora o
ôqpiiUoaadar da Itíbm de Febrónio na sua Ordem, até porque, no manuscrito que íb
conserva em Évora, w
podem ver oi nfMdot ffetoques da soa ktra. (Cattlo).
(2) Cont, 12.

Copyrighted material
— 328 —
com a religífto. O tradutor substitui o Prólogo por outro de louvor à DeduçSo
Cronol^pca, «obra que deve servir de texto è Jurispmdtecia nadonal e de
baze aos Anmaes do ReiiM»>; à Tentativa Teológica e sen Apêndice e à Ded
Teológica. Apesar do que se avançava, sobretudo na última, ainda faltava
uma obra — esta dcFcbrónio, cm que «se estabelece o verdadeiro Governo
da Igreja; mostra-se que Jesus Cristo nào fundou um Fstado Monárquico;
que a Igreja deve reconhecer huma cabeça; mas que o poder desta cabeça tem
limites; que o Concilio uníveisal he o seu 'Tnbunal sapftmo; que o Epis-
copado tem direitos ínqnescriptiveis» (1).
Esta falta não se fez sentir por muito tempo. Apesar de ter sido pre-
terido por Gilbert, o certo é que a sua doutrina agradava a todos os regalistas,
nomeadamente a Pombal. Por isso o seu nome alinhava, com grande escân-
dalo dos deputados da Mesa Censória, Dr. João Pereira Ramos, Fr, Manuel
do Cenáculo c Fr. Inácio de S. Caetano, entre os de Voltaire e Rousseau,
na câdne pastoral do Bispo de Coimlm, D. Miguel da Anundação (2).
Pois vptux de tudo quanto temos visto. D* José em 2 de Maio de 1769
publicava um edital que proibia a retensão do livro Mémoire xur hs libertés
de rÉglise Gallicane, «que se diz impresso em Amestardâo na OfBcina de
Arkstéc e Mcrkus na anno de 1755». Nessa obra misturava-sc a verdade
com a mentira, sustentando-se: «1.° que o Primado de S. Pedro não he de
instituição e direito divino; 2.o
Que elle se não acha estabelecido claramente
na Escritura e na Tradiglo; 3.* Que o mesmo Primado não lie de Regimen,
de Authoridade e de Jurisdição; 4.^ Que o Papa rOo gora delia por si mesmo,
independentemente do Concilio Provincial, para reprehender o BíqK) que
for transgressor ou da Fé ou da Discij^lica» (3).
Nesta data ainda se mantinha a rotura dc Portugal com a Santa Sc,
pois Francisco de Almada, desde que a 7 de Julho de 1760 sairá de Roma,
w6 foi recd»do pelo Papa a 25 de Agosto de 1769.
O periódico de Lugano, de 19 de Julho de 1769 puUicava, em noticia
de Lisboa, o conteúdo do editaL Assim se preparava discretamente o rea-
tamento das relações diplomáticas, embora nunca se pensasse abdicar do
direito das liberdades da Igreja portuguesa. Contudo, de Roma enviava
Almada ao Conde de Oeiras, cm ot"icio escrito por Vcmci. a noticia de
ura livro que atingia o regalismo: Del Diriíio libero delia Chiesa di acquisiare
e possedere bad temporaU st mobitt, che stabtti Ubri JU,

(1) Estad.
Ver a Hila demt obras e a eeasDiB di Mm Genaãria cm H. m. 95^. Sobra
o assunto ver ainda T.T. — Minist. da Justiça, livro II, 804 e 826 e Sue. 225 c ss.

(3) EdttalimpraMemTX— Miiiiit.daJwtici^M.30. António FeniorefeiMfr-llis


em C, 65»

Copyrighted material
— 329 —
«A novidade que agora interessa mais a curio2ddade publica, é a
obra anónima, que poUicou o P. Mamadii, Dominicano em ttèt tomos
de oitavo, inqneaaa aqni por autoridade publica, mas sem data de Roma,
c que se vende publicamente, cujo titulo e divizam remeto a V. ExA
Nela se propõem o Autor confutar Campomanes, o Abade Genovese, o
Marquez Spirito, ccilo Veneziano e oulros Regalistas mais. O que agrada
infinitamente aos Papaiistas, que com estes livros ficam mais radicados
nas suas opiniOeDS, e mais difiniltftwis para tolnarem as opinioens dos
adveisarios» (1).

Vivendo neste ambiente, nio admira que desde a primeira hora em que
houve necessidade de eleger novo Papa, o Monarca Português revele sintomas
claros desta ideologia. Na «Instrução expedida (8-iv-769) pelo Conde de
Oeiras a Francisco de Almada de Mendonça para haver este dc passar a
Roma» deixava-se claro propósito de não permitir que a eleição recaísse em
Cardeal Jesuíta. «O Condave que o P^pa que nSo secuhip
está advertido
rizar esta Ordem (doe Jesuítas), indiqwodo de novo as mesmas Foteodas
(Portugal, França, Rqianha e Rdno de N^lesX arrisca nio ser rccGohecido
por EUas» (2).
Para evitar a eleição dc Pontífice suspeito, dcscnvolvc-se larga argumenta-
ção, cm que se assenta que o Papa não deve ser escolhido entre os Cardeais:
«A sobredita eleição feita pelo Collegio dos Cardeais,nem tem nem pode
oontlier em tflo a força de Eleiçlo dedziva e obrigatória da
inábeis termos
Igreja; mas sim a virtude de huma inoposta antliorizada que o Collegio
Cardinalício faz à mesma Igreja pela Pessoa do seu CoIIega por Ele votado ;(...)
que participando o mesmo Cardeal a notícia da sua eleição a todos os Prín-
cipes Calholicos, recebendo estes o mesmo Cardeal votado como P;!stor do
Rebanho de Christo e communicando esta sua recepção às Dioceses dos
seus req>ectivos Estados, vem esta aoeitaçlo da Igreja Universal a constituir
há aittitos annos o verdadeiro título com que os Summos Pontífices se assentam
na Cadeira de S. Pedro».
O trecho é elucidativo e dispensa comentários. O Papa foi eleito, a
contento dos Príncipes seculares e Portugal reatou as relações com a Santa
Sé (3). O Sumo Pontilice publicou enião uma C^irta Encíclica em que anun-
ciava aos fieis a sua eleição e concedia um jubileu plenissimo «para que com
orações, jejuns, esmolas e outrss obras de piedade, alcançarem de Deus

(1) T.T.— Nfinirt. da Jaitiça. P. 14.


(2) T.T. Minist. da Justiça. L. I, 75.

(3) Em ListxKi. na Oficina Regia piiblicaram<4e em 1770 OS doit folhetos


com numeração seguida, Compcndi c ReLiça.

Copyríghted material
— 330—
Todo PoderosOt as graças necessárias para o acertado e feliz governo de
toda a Igreja Catholica no seu Pontificado» (1).
D. Joié, que se encontrava em Salvaterra de Magos, longe do Conde de
Oeiras, leu os documentos pontifícios e fez as suas anotações, estranhando,
por exemplo, que o Sumo Pontífice se referisse a opiniões que todos os diflS
vemos Icvantar-sc contra a religião. «Perguntou Sua Magcstadc revela —
Martinho de Melo e Castro ao Conde de Oeiras, em carta de 6 de Fevereiro
de 1770 —
quaes slo estas opiniocns de que o Tapa, fida? Porque há bunm
que verdadeiramente slo prejudiciaes no sentir da Curia Romana». Fez
ainda outra obMraçlo e achou que, no mais em uma Cutâ BpcIcBai doin
trinai, sólida e digna do Vitárío de Cristo. Fr. Manuel do Hemlfflilft e
Fr. Inácio de Santa Teresa acharam a referida carta admirável.
A diplomacia francesa vencera. Mas também não foi só ela que con-
tribuiu para o êxito dessas ideias que já se haviam espalhado por toda a
Europa. O exemplo de Tsnniioei em N^ks
enfda ignahnente foite
in^Mcsslo, e o nosso representante diplomitioo nesse Reino mantinha a
Corte portuguesa informada, ainda doa pormenores de menor importân-
cia. As reformas haviam começado com Carlos III (Rei de Nápoles de
1734 a 59), que deixou em seu lugar o filho Fernando IV. Em 1768 debatia-se
ai a questão das Decretais, e o nosso Ministro, José de Sá de Pereira, comu-
nicava a D. Lids da Cunha, a 3 de Janeiro do ano seguinte, que a colecção
das DecKlais, oídenada e pioUicada por disposição do Pondfioe Or^6-
rio IX (1227-241) thiha sido geralmente leoefaida como parte de Direito
Comimi, mas constituía o estdo da Monarquia Universal, espiritual e tem-
poral da Corte de Roma, que se devia considerar como destrutiva dos Prin-
cipados, da Ordem divina dos Bispos, da liberdade e dos direitos das Nações.
Era o que provava um novo livro, da autoria dum religioso capuchinho.

Também António Genovesi havia já escrito contra as Decretais, opondo-se


à consttha redigida pelo lente de Prima de Direito Civil, D. Jòié Grillo e
propondo a eitfinçflo da Cadeka. As simpatias de Tannucci eram a favor da
posição de Genovesi. Em Parma lavrava igual movimento, de opotíçlo à
subsistência da referida Cátedra (2).

Com esta insistente caicquizaçào, vinda mesmo de outras Cortes Euro-


peias, os doulrinadores portugueses viam coroadas de êxito as suas diligências.

(1) Por um lado, D. JoAo de N. S. da Porta, Arcebispo Metropolitano de fivoia,


Eleilo bqinridor Geral, Regedor da Jàstiga e do Conadho de Estada
lado o Cardeal Patriuct, muna Pastoral, apresentaram à Nação a Carta Encíclica e a Carta
it^ que autorizou a ma pubMcaçto. CT.T. — Miniit. da Jastiga, L. 2, p. 1S4 e 162).
(2) Ap. Doe.

Copyrighted material
— 331 —
como o demonstra a legislação pombalina. Referiremos apoias os Estatutos
da Universidade de Coimbo, onde se compendiam as noimas daiamenle
realistas que se intentava incutir nas novas geiações (1). Embora se nio
estabeleça claramente a Igreja Portuguesa nos moldes da Galicana, fala-se
dela e das suas liberdades (2) c preceitua-sc a exposição, nas aulas, das teses
galicanas,mas de um galicanismo mitigado (3).
Com razào podia exclamar Pereira de Figueiredo em 24 de Abril de
1771, em carta escrita ao P. Antánio Ribeiro: «NBo se crê já em jDmI&i da
Cea, nem no Deq)otismo da Curia Romana. Já se nlo fius caso de Soares
nem dos Bellarminos. Só reina e só se attende à antiguidade, os Padres, os
Concílios, a Tradição dos primeiros séculos. Este é o plano de Estudos
que Sua Magestade publica paia a reforma delles na Universidade de Coimbra
e no Reyno todo» (4).

£ conta que uma das causas que levou Sua Majestade a desgostarae
da Congr^çao do Ontário, tendo ordenado a sua safda, foi a perseguiçlo
que Ibe moveram, «porque desaprovar e perseguir as doutrinas que o Mniis-
tério de Sua Magestade tanto aprova e promove, e que boje s8o as que tem
estimação na Europa c na mesma Roma, he o mesmo que opor-se às ju<;tas
e prudentes intenções de Sua Magestade». Foi de facto o que aconteceu
aos PP. João Baptista, João Chevalier e Teodoro de Almeida., que em 1760
foram desterrados da Corte para o Norte de Portugal. João Bapdsta, encar-
rcfsdo peio Inquisidor Geral, D. José, de censurar a obraregalistado biten-
dente Geral da Polfcia, "bésâo Ferreira Souto —
De Potestate deu aso,
com a demora, à conhecida cena da bofetada que apanhou do outro Menino
da Palhava, D. António.
Em 1768 nova borrasca ameaçou a Congregação do Oratório, bem mais
grave, como se verá noutro capitulo.
Esta em a versio mais autêntica do panorama da Corte, que só começou
a modificara no Reinado de D. Maria L O Principal Furtado ficou tio
entusiasmado com a retratação de Febrónio que resolveu publicá-la à sua
custa. O Núncio em Lisboa, Mons. Muti, Arcebispo di Petra, partilhou
do regozijo e pcdiu-lhe que tirasse mais duzentos ou trezentos exemplares
por sua conta (5). Ao folheto foi dado o seguinte título: Acta in Ccnsis-
íorio Secreto habito a Sanctissimo Domino nostro Pio Divina Prondentia

(1) Ver Estat, Livro 11 que contém OS cniaoB jotidiBos dss ftcMkhdas de Oúmxm
e de Leis: P. 99 e squintes, 204, ss.
(2) Ver Ibd., 211, 214âlS. 27 e 23&
(3) Ver /M.. 206, o.* 2S e M.; Pk 232, D. 10.
(4) Cartas L, 13.
(5) Carta áo Núncio de Lisboa, 2-01-1719. (AJS.V. — Nonz. PortugaUo, 122-A.)

Copyrighted material
— 332 —
Papa Sexto Feria VI, Decembrís MDCCLXXVIIl. Sokmni Dominkoe
NatMUtíls die suabn post mbaam pcnt^adem bt BaaBea VatkaM Pnpe
B.M, V. de Ceimmae, et S, Letmtã Magni Miaria (...) abãobao, Olinpone
Ex Typographia Regia MDCCLXXIX.
Dá-sc conta das condenações das obras de Justino Fcbrónio, de 27 de
Fevereiro dc 1764, 3 de I'everciro de 1766, 24 de Maio de 1771 e 29 de Março
de 1773, paru logo a seguir se proclamar a sua retratação, feita cm Tréveris
a 1 de Novemliro de 1778: «(...) Sustento que este Ptimedo (...) nSo é •àmente
de ordem, inqpeoçlo e diiecçlo, nae também de veidadeixa autoridade e
juriidiçlo (...)» (1). AaceitaçflodoPftpaédel9deDezemlHodomesmDa]io:
«... Comfíq gular diligência rejeita os seus erros e quiz escrever cem sua pró-
pria mão, o livro da retratação e corrobora-lo com lugares selectos dos Padres
e com razões». Os febronistas portugueses que ainda viviam nesta data
piideram verificar o arrependimento do seu patrono e reconhecer o mau
caminho que seguiam. NXo sabemos se o fizeram. Mas sabemos que as
snas ideias galicanistas perduraram ainda muito tempo entre nós, até ao século
passado, quando foi definida a infalibilidade do Papa. O ultra montanismo
é palavra corrente na boca dos nossos escritores do século XIX —
Antero,
Teófilo, Oliveira Martins entre outros — os quais pretenderam ser mentores
de ideias c insuflar entre nós, o ar revolucionário da Europa de então.
Em o Direito de inspiração teológica (2), levan-
franca reacção contra
taram-se no século XVn e XVm
alguns juristas que se costumam designar
como formando parte da Escola de Direito natural e das Gentes (3). Oftci,
Cabral de Moncada caracteriza-os desta forma: «Segundo tais doutrinas,
existe, com efeito, um direito absoluto, eterno e imutável, derivado das pró-
prias exigências racionais da naturez^T humana». «Definir e formular esse
direito, é o único objecto digno da verdadeira jurisprudência, irmã da Ectica
e da Filosofia». A
oonipfovar o esquema, cita o De Âm
et bdH ac pacis,
de Orodo, Amestardflo, o De Jure nattme et genthm, de Puffendorf e os
EíemeiUa fiais naturae et getttbm, de Heinécio.
Baseado nos mesmos Autores e como complemento, acrescenta que,
além desse direito imutável ou natural, existem «dois outros direitos igual-
mente dignos dc estudos e consideração: o direito nacional, formado histori-
camente na vida dos diferentes povos e o direito também fundado em grande
parte na raalo natural, para regular as relaçOes entre os povos e as Nações,
e que se chama agora o direito das gentes».
Veinei foi, sem dihnda, o primeiro agitador destas novas ideias entre néa,

(1) Act. 10.


(2) Estu. I. 222.

(3) Estu, 1, 222.

Copyrlghted material
333 —
por mdo do Vtréaá^ Método de Estudar. O mesmo ilustre Professor de
Coimbia identifica os princípios expostos na carta 13A aflnnando que <(pode
dizer-se que eram predBamente as ideias da Escola do diraito naturaL Pode
mesmo ir-se mais longe e dizer-se que Vemey foi o introdutor em Portugal
do sistema completo dessas ideias» (1). E, o que mais é, «está aí o gérmen
de todas as reformas posteriores do século, nào só da reforma do ensino,
segundo mais geralmente se cré, como, antes disso, da própria reforma do
romaníamo em Portugal, da Id Bo»>Razio e da restante legislação pomba»
Una que nela se inspirou» (2).
Referindo-se eq)ecn]]nenle à lei da Boa-Razão, de 18 de Agosto <te
1769, assegura que «nela se acha, com efeito, sob a forma de artigos ou pará-
grafos, a mesma doutrina que, sob a forma de argumentos e acerbas críticas,

se achava já no Verdadeiro Método de Estudar». No que respeita ao Com-


pêndio Histórico, Cabral de Moncada afirma que nele dominam inteiramente
«B8 idetas da Esooh do dtidto natural» e «nele 6 com efeito, glorificado
Vemey, aôas palavras e criticas slo nndtas vezes rqmiduzidas no texto,
CSristiano, Tomásio, Wolfio, Pufendoif e Heinecio,
e são glorificados Grócio,
os alcm3cs c os holandeses continuadores de Cujacio».
Antes destas influências, porém, ou, de alguma forma, concomitante-
mente, a presença de Vemei deve notar-se na criação da Real Mesa Censória,
(de que adiante se fará mais extensa menção), sendo de notar a coincidên-
ciade pensamento, no caso particular que afom nos interessa. No
mento que lhe foi dado pelo Alvará de 18 de Maio de 1768, a diqMsição
13 exceptuava da proibição estabelecida antes, «os livros compostos por
aquelles protestantes tollerados por cfTcito da paz dc Munstcr e Osnaburg»:
Grotio, Pufcndorf, Barbeirac. Rcconhccia-sc que neles havia «logares
escriptos conforme os systemas das Seuas que infelizmente professaram»,
mas ítízB««e a seguir que «nio costumam, contudo, prohibir-se nos Estados
Gfttholicos Romanos bem governados e prudentes, por dous justos motivos:
Primeiro porque se nio devia privar a Rq»ública das Letras da vasta e útil
Instrução de tão eruditas obras, com a pequena causa dos poucos lugares
em que nellas se trata de pontos oppostos à religião orthodoxa; segundo,
porque semilhantcs livros só costumam servir para a applicaçào dos homens
doutos e superiores ao perigo que se pode considerar nos sobreditos livros» (3).

Pouco tenqpo depois, teve a Mesa Censória <^rtunidade de pôr esta


regra em prática, quando houve de se pronunciar sobre a obm de Pi^Efendorf

0) E. I, 95.

(2) E. I. 96 e III, 18-19. Ver também Veroe, 122.


(3) Pode coDSultar-se còmodamentc o Regimento, em C, 40 e ss.

Copyrighted material
334 —
7 tomos em 8.<> e mais dois por Mr. La Martíniere, «debaixo deste titulo
Mtnduetíon à rWãUOn de PAsk, de VAfrique et de rAmérlque poer aaHr
de euUe ã PbaroduetUm.,, Amesteidam, 1769. Deu o paiecer o P. Antáoio
Pereira de Figueiredo, em 2 de Agosto de 1769, colocando-se perfeitamente
dentro do espirito que norteava a Mesa. Para ele, os erros teológicos são
nada; os políticos ou dc história politica portuguesa é que importa condenar.
«O grande juizo c largas experiências de que foi dotado PuíTendorf, lhe fizerão
oomlieoer os estudos do Direito Público» destituidos do socorro da História,
todos vinham a parar em homa especulação inútil».
Entrando na análise da obra, verifica que se nSo pode admitir o que
Puffcndorf ensina a respeito de contar-se o matrimónio entre os sacramentos
inventados pelos Papas : dc a Primazia Pontifícia ser apenas de honra e não
de autoridade, por se dever a instituição humana; de não se poder provar
bem que S. Pedro tivesse sido Bispo de Roma.
«Mas nlo slo estas e outras semelhantes as passagens que devem excitar
a drconspecçlo e provocar a severidade desta Real Meza; como também
o não devem outras em que Puffendorf escreve que todos os dogmas da Fé
Catholica se contém nos Livros Sagrados; que a intelligenda destes livros
a podem arrogar a si nSo só os Pastores Ecclesiasticos, mas também as Pessoas
Seculares: que é falsa a Religião Romana e supersticioso o culto das imagens».
Isto pouco importa, cm comparação com a excelente obra: «Não devem,
digo, estase outras semelhantes proposiçoens de PufTendorf arrancar das
mãos dos de Sua Magestade huma obra que por outros princqMos
vassallos
he H^kaínw dc SC tCT e dc se inculcar».
A sua censura «toda se encaminha e dirige ao 1.° tomo desta Introdução,
em cujo capítulo 3.", que he do nosso Portugal, affirma o Author varias
cousas que nio somente cedem em grandíssima afronta de toda a Nação
Portugueza, mas também atacão abertamente alguns dos indubitáveis titulos
da soberania dos nossos Reys». Referia-se ao dote de D. Teresa, à doença
de D. Afonso VI e ao carácter do povo português e sua acção no Ultramar.
Pereira de Figueiredo proponha que se proibisse todo o primeiro volume ou,
ao menos, se eliminassem as passagens referentes aos casos assinalados. O Pro-
curador da Coroa achou bastante riscar-sc o que respeitava a D. Afonso VI e a
Mesa conformou-se com este parecer (I). Este mesmo espirito prevaleceu por
muito tempo nos juristas portugueses, se bem que mais inclinado para a lição de
Wolf, «através do seu diaclpalo o Barão de Maitmi. autor de obras oficialmente
adoptadas pani o CTsino do direito natural em Coimbra, dominou inteiramente
a cultura filoeófico-jurista portugoesa até meados do século XIX» (2).

(1) T.T - Mesa Geostek, M. 591.


O) Efitu, I, 226.

Copyrighted material
CAPITULO XI

LONGE DOS JESUÍTAS (1759-72)

O auino seoÊndárh efidei:


Am prúndras normas. Dbvtíor do ettsbio.
As primeiras nomeações de Professores:
Farinha, Mesquita, Soares Barbosa
e Alvares. Vernei oferece compêndios
ã Pombal. A Pbiea do fnàbã biâtít
Monteiro.
O ensino nas Ordens Religiosas:
Oê Oratorkmoã. Om Phatctseamoa da
Terceira Ordem e da Congregação de
Portugal. A Vniverxiilade do Real
Convénio de S. Domi/igos de Lisboa,
Os natíno».
Expansão das línguas vivas:

Fnmcés, Inglês e Italiano.

O problema religioso. Anglicanismo do


Cavaleiro de Oliveira « de João
Jacinto de Magalhães.

Expulsos os Jesuítas, tomava-se necessário reorganizar, dc qualquer


forma, o quadro dos Professores, e imprimir vigor à nova ordem dos estu-
dos. Ot ventos, porém, não oorremn bonançosos, ocxmo alUs se podia
pcever: não é de iniprovito que as gnuides lefonoBs se efectuaiii e, o <|ue se
pieteiidia, eia a remodelaçio xadkal do ambiente secular de uma orgânica
bastante complicada. O Marquês de Pombal intentava estender, de golpe
e com intensidade, ao solo português, o fervilhar tumultuoso que lá fora
se no descampado das ideias. Mas sem aceitar integralmente
verificava
o método de estudar vemeiano, não obstante rotular-se de verdadeiro.
Os dds fcfonuBdoits sabem, no entanto, da es^eritecia um do outro
e cfa^am mesmo a encontnu^se noa domfnioa da reforma pedagógica com

Copyrlghted material
— 336 —
que ambos sonhavam. Vernei faz tentativas de aproximação, mas Pombal
ranmente exterioriza a oonoordfinda com o pkno verndano que, a pouco
e pouco, vai perdendo ten«no. Nesteperiòdontm-flejánafafleda refonna,
quer dizer, no segundo aspecto da revolta, que não se limita a criticar ou a
ridicularizar o estado de cousas antigo, mas legisla e constrói, em obediência
às novas directrizes
Ainda não eram volvidos cinco meses, após o cncoiamento das escolas
doi ioaciaiios (7 de Feveieiío de 1759), apareceu o alvaiá de 28 de Junho,
que se propunba «repaiar os estudos das Ifnguas latina, grega e liebiaica e
da arte reihoiica, da nitta a que estavam reduzidos, é restitnir-llies aqoelle
antigo lustre que tez os Portuguezes tão conhecidos na República das Letras,
antes que os Rcliciozos Jesuitas se intromcicsscm cm ensiná-los». Ficavam
abolidas intciramcnlc as Classes c Escolas dos mesnuis Rcliçiosos. rcncn undo-se
«o Melhodo antigo» e seguindo-sc o que actualmente se pratica pelas Nugoens
polidas da Enropa». Ao mesmo tempo que se estabelecia o quadro dos Pro-
fessores de cada disciplina, criava-se o lugar de Director dos Estudos, rqiula-
mentando-se em termos gerab as suas funções (1).

A nomeação do Director dos Estudos, que


9 de Julho publicou-se a
recairá na pessoa de D. Tomás de Almeida (1706-86), sobrinho do Car-
deal Patriarca e filho do 3,° Conde de Avintes. (2) Era o Principal Pri-
mário da Santa Igreja de Lisboa, do Conselho de Sua Magestade (3).
Ao mesmo tempo (17S9) divuIgaranMe umas nJrutruçoau paru os Fro-
feasortí de Gnoimu Latina, Grega, Hébndca e de Xhetoriea C4), era que se
recomendava a Ortografia Latina «que compoz o nosso Luis António Vcmei,
breve c exacta» (5). A Gramática, porém, devia cstudar-se pelo «Mcthodo
abreviado fcilo para uso das Escolas da Congregação do Oratório ou da
Arte de Gramniutica Latina reformada por António Félix Mendes» (6).
Para seu uso, porém, os Professores podiam «ter e uzar da Gramática de
Vossio, Sdoppio, Port-Royal e de todas as mais de merecimento».
Nardaçlo dos livros inserta a s^;uir àOBitaR^iaemquesen<mieiao
Director Geral, cita-se «a lógica critica de Vemei ou a do Genovezi» (7),
como livros a adoptar. Estamos na primeira fase do duelo Vemei-Geno-
vesi, em que este vem a prevalecer.

(1) T.T. — Minist. do Reino, vol 417, p. 1. — Impresso em Colecç. e publicado


cm Do, n, 1 e n.

(2) Memorias His. 221, 222.

(3) T.T. — Minist. do Reino, voL 417. p. 21.


T.T.—Miiibt do Reino. 417.
vol. p. 7-20.— V«r Ookoç.
iS) T.T. — do Reino.
Minist. vol. 417. p. 10.

(6) T.T. — do Reino.


Minist. vol. 417, p. 8.

(7) T.T. — Minist. do Reino, 417,vol. p. 22.

Copyrighted material
— 337 —
Por meio de um edital, o Director dos Estudos convidava os candidato»
às novas cadeiras, a propoitm-se para os lugares postos a concurso. Como
era natural que aparecessem os disc^ndos dos inadanos, e além desses nlo
grande concorrência, ordenou-se ao Reitor da Universidade de
se esperasse
Coimbra, no primeiro dc Outubro de 59, que fosse nomeada uma Junta
para os examinar em filosofia (1).

£m Março de 1760 determina vu-se que os dois professores régios


15 de
de Oiamática Latina, cm caaoidoio na cidade de Évora, bem como os que
kcdomivam em Coimbra, passassem a ensinar nas casas que haviam perten-
cido à Companhia de Jesus, «por serem mais capazes» C2)* Em Coimbra,
porém, deve ter surgido então qualquer dificuldade, visto que, a 24 de Outubro
do ano seguinte, o Conde dc Oeiras estatuía que se abrisse aula de Retórica
na antigo Colégio das Artes (3).

Entretanto ofereciam-se benesses às Ordens Religiosas, no intuito de


se apfoveitaian os seus bons serviços pam a reconstrução gigantesca que
«e impunha. E
assim foi o caso que, a 11 de Ourabro de 60, Sua Majestade
concedia aos Reais Estudos de hfafia, o mesmo privil^o da Congregação
do Oratório, que permitia contar-sc, aos seus alunos, o ano de Lógica e Teo-
logia Especulativa, quando entrassem na Universidade (4).
O Director dos Estudos não tinha direito a qualquer Adjunto na Pro-
vfaida. Mas para Évora nomeou ele «hum Comissário que foi o Doutor
Francisco Xavier do Vale, o vais vdho Doutor da Universidade de Évora
e beneficiado na Sé da mesma ddade, ci^o caigo sérvio até o anno de 1769,
em que se despedio por nflo ter hoidenado e juntamente ter disgostos com
os Professores, de que nSo ficou muito airozo» (5). Os desgostos podem
aprecia r-se através de uma queixa que encontrámos e se publica no apêndice
documental.
Mas tudo em
nmito poooo e denunciava escassa diUgàida nas
isto
esferas superiores. O bem cosqpenetndo
Director dos Estudos, esse vivia
dos inconvenientes que promanavam de semelhante descuido. Na «conta
que Sua Magestade ordena se lhe dê dos progressos dos estudos no fim de
cada ano», ponderava a 7 de Setembro de 1761 os prejuízos nascidos da
«suspensão em que se está da abertura de aulas públicas de filosofia em todo

Cl) T.T. UbàÊL do Rdno. voL 417. p. 34v. e GMiloao, IMCL — IMAto Bngt
publica todo o documento em H, IIT, 347-8, bem como Do, II, 38-39.
(2) — Minist. do Reino, voL 417, 46v. e 47 e Catálogo.
T.T. p. Farinha trans-
eravM) on Mtanor, 49>S0i
(3)T.T. — Minist. do Reino, voL 417, p. 67.

(4)T.T. — Minist do Rdao, voL 417, p. 52 e Do, 7Z II,

Í5) Memor, 18.

Copyrighted material
— 338 —
o reino». E suplicava a £l>Rei fosse «servido mandar estabelecer aulas
de filosofia nesta Corte, na Universidade de Coimbra em Évora, Porto, Braga
e Santarénw.
«O método e sistema deve ser o experimental que se hoje observa em
toda a parte do mundo, mais bem instniido. e que já há muitos anos se pra-
tica, desterrado o pcripalótico, sdfíslico c cheio de especulações inúteis e
prejudiciais». Propunha os professores seculares, de preferência aos regula-
res, «pelas iBzOes que, repetidas vezes, com diversas consultas», tinha posto
na real presença. Em súmula, repetia-se, neste documento: «a sua filosofia

6 utilissfana e os seus professores muito pouco costumados a tratar com outra


gente que não sejam os religiosos», além de que faziam as nomeações sem
escrúpulos, «atendendo mais ao favoritismo do que ao mérito pessoal» H).
D. Tomás de Almeida estava realmente integrado no mais rigoroso
movimento iluminista e dir-se-ia que já lera os memoriais que Bento José
de Sousa Farinha havia de escrever uns anos mais tarde. Farinha, nesta
ocastio cursava Direito Canónico em Coimbra. Mal, porém, acabou o
curso em 1764, o Director dos Estudos oolocou-o na primeira cadeira de
Filosofia que abriu no Reino, em Évora (2).
O antigo aluno dos Jesuítas, agora Professor no edifício da Universidade
— diferente de Bento José, Oratoriano do Porto — abraçou com entusiasmo
a orientação de Vemei. Ele próprio relata: «No anno de 1764 com licença
de Sua Magestade abri eu Aula de Filozophia, no mesmo Fatio, e tendo
22 discípulos Ihe-endnei a Lógica de Vemei, a Methafizica de Genuence,
8 Geometria de Bndides e a Fizica de Musquembrok e S'Gravezand, con-
forme as hordens que tinha para o governo desta Aula». «Com isto gastei
trcs annos; no primeiro defenderão quatro estudantes suas conclusocns
impressas, de toda a lógica e outros quatro ou três de toda a Metaíizica».
«No segundo defendeo hum estudante outras conchizois de geometria ele-
mentar asim tiorica como pratica». «No terceiro anno de Filozophia, que
hera o de 1766 (...) defendi com o estudante faumas conduzoens impressas
de toda a Fizica geral ; com outro, outras dos cinco sentidot e dos seus objectos,
com outro, outras dos quatro elementos e de tudo o que se tem dcscuberto
em cada hum; o outro, outras dos melhioros que até agora se tem observ;ido;
com outro, outras dc gcograíia e astronomia, e com outro, outras de toda a
historia filozophica» (3).
Conservam-se as liçOes do primeiro curso: Lógica e Metafísica (1764-

(1) T.T. — Minist. do Reino, vol. 417, p. 61 v. e 62.


(2) So, publicada on Be, 42. Ver também Propo, 612.
(3) Memor, 20-21.

Copyrighted material
— 339 —
-65), Física Geral (1765), Física Particular (1766) e umas Theses Historiae
Fldiost^ídae, sem data (1). Por ino, a 3 de Julho de 1767 se podia atestar
que o Dr. Bento José de Sousa Farinha tinha lido Filosofia na Univenldade
de Évora, ditando Lógica, Metafísica, e História da Filosofia (2). Na lógica
e na história da Filosofia segue confessadamente a rota verneiana. Mas tam-
bém para a Metafísica recomenda o Arcediago de Évora, de preferência a
Cenovesi, considerando este mais uiil para os Professores (3). Na Fi&ica
Geral servíiMe dos «melliores físicos»: de Pourdiot, Jacquier, S*GravesMid^
Pedro vau Musschembfoek com notas do Genuense, Clerc, Boile, Lemcmnier,
Joio Biqstista e Teodoro de Almeida (4).
É esta a orientação do estudo da Filosofia em Évora nesta primeira
fase do magistério de Sousa Farinha, que se extingue em 1767, quando ele
vai a Lisboa tratar do seu despacho (5), que ainda há-de demorar três anos.

Estava-se a 17 de Janeiro de 1770, quando «foi Sua Magestade servido pro-


moverme em Professor de Filozofia nesta Cidade (d) e no primeiro de Março
do dito anno tomei a abrir Aula de Filozophia para 62 estudantes». 4^ve
a fiíliddade de os pOr promptos e correntes na ló^ca de Vemei de que fizerlo
exame público no mês de Julho desse mesmo anno. No anno seguinte
estudarão a Geometria, a Fizica, em cujas sciencias fizerào tão bem seus exa-
mes públicos e no terceiro estudarão a Methafízica e a Ética, e o Direito
Natural de Burlamaqui, em que se examinarão tão bem publicamente».
CODsennun-se as oraçOes qjue o conceituado Professor diada no infcio
e no termo de cada ano lectivo. Por meio delas, é pos^hrel reconstituir o
seguinte quadro, que continua a linha de orientação anterionnntte íixada:
No 1." ano (Março- Julho de 1770 ensinou Lógica verneiana a «mais de 60
estudantes» (7), a 62 como elucida noutro papel (8). No segundo ano
(1770-71) explica elementos de Geometria, Física Teórica e Prática. Usava
na aula os Ekmmta fígnieae eonsaipta (...) a Petro van Musschembroek,
opera et studio Antoni! Genuensis; mas ele auxiliava-se do própno Newton,
S*Gnivesande e Wolfio (9).

Vide B e The.

(2) Propo, 618 e Catálogo, 50.


(3) Trac e Tract.
(4) Fhjfs e FhysL
(5) «No anno dc 1767 fcxoussc cm Évora a Aula de Filozophia por ^wnHffff de ms
iv em Lisboa ao meu despacho» (Meroor, 21).
necessário assistir
Ver dociBneatacto a M(e mptUto, cm Cktolaflo, 3L
(7) Fal, 73.

(8) MemorB, 144^


CO OncioelliBb

Copyríghted material
— 340 —
Musschembroek era newtoniano apaixonado (1). Apesar disso nlo
deqnexa LeUniiz, nem tSo-pouco o «acntissiniiis GBrtesíiu», mas de modo
algum pode admitir que a natureza dos corpos se coloque na eztensSo.
Inqpr^nado do sensinno conente» defende que, como as leis da natureza
se conhecem só cem as observações dos sentidos, sabemos da existência
dos corpos por meio dos sentidos. O Gcniicnsc, neste ponto, anota que não
se pode mostrar essa existência com evidência matemática, mas sim simples-
mente com a evidência dos sentidos (2).
Nesta observaçlo, é fácil collier as doas linhas mestras da Filosofia
do italiano: ttnwfnro e matematíciinio. <{í.eihnig! e Locice sio os seus pre-
ndes» (3). No entranhado amor à matemática, afasta-se consideràvel-
mente de Vcmci (4). Estas poucas ideias ajudam-nos a fixar o rimio que
à Filosofia se imprimiu cm Évora. A História era leccionada pelo Àppa-
ratus de Vemei, com consulta directa de Locke, Malebranche, Genuense,
Stanlejo e ftuloer.
No tercdro ano (1771-7^ estudouFse Metafísica, Retórica, Filosofia
Mon! e Filosofia Civil ou Polilica. Fercorreu-se o Direito Natural e o Direito
Pátrio, seguindo, entre outros, Burlamaqui, Wolfio e Thumigio. E com isto
terminou «a primeira carreira dos nossos estudos» (5), isto é, o período em
que livremente imprimiu ao ensino a orientação que muito bem quis.
«(Neste anno sahirão os novos estatutos da Universidade de Coimbra
c tíveffio os meus disc^idos a foitona e glória de seiem os micos que se
apreaentarto na Universidade com todos os preparatórios que pedifio os esta^
tittos para se matricularem nas sciencias mayores».
Acreditamos, dadas as circunstâncias do ensino nos outros centres
escolares que vamos ver. «Com a publicação dos estatutos da Universidade
ficou limitado o meu ofício somente às faculdades de Lógica, Metafizica e
Ética, dando tres nmes cada huma destas faculdades, tomando todos os
amios descqmlos como ftsso adie o dia de lioje»(^ Assim tennina, pois,
o eido vemeiaao e, a bem dizer, o ensino mais intensivo da Filosofia em
Évora.
Ao terminar o ano de 1767, D. Tomás de Almeida recalcava novamente
a consideração dos «^avissimos prejuízos que há de não haver aulas de

(1) €..Jiivnta, <iiiíInis lOiíilrii Newtoum (Dlnd BriliniM dcens et coi anila lecola
parem tulenintO Philosophiam a uiplillcivlt avide andpai».— Ekn, 9.

(2) Ekm. 109. 104 e 107.


(3) Cier. 16a
(4> Ver. 15.
(5) Oraça. Ver trad» pnUicado em MemorB.
(Q Memor, 22v.

Copyrighted material
341 —
filosofia, ot quais cresoem com a dilacção» (1). Foi então que as primeiras
noçOes de FíkMofia reentiaxaoi em
no enimo oficial. Quanto às
Liiboa,
restantes disciplinas, além dos dois professores de OnuoAica latina cm
1759, de nm de grego que faleceu um ano depois, deixando a cadeira vaga
por sete anos, foi nomeado o Professor dc Retórica e Poética em 1765, logo
substituído por Nicolau Tolentino de Almeida no ano seguinte. Tolentino
«semo dois unnos com muiiu aceitação e proveito dos estudantes». «Fes
seus actos puUicos em Rectorica e Poética e sua oia^ ktina a fonr os
estados»(2). Fd snbstituido em 1768 por Misniid de CSsstro, que fez «seus
exames puUicoa sobre as oraçOes de Gcero e suas ocaçOes latinas de abrir
e fexar os estudos». Também este Professor se não manteve no Páteo das
Aulas da Universidade extinta, mais que três anos, tendo sido substituído
por José Feliciano Coelho que saiu após dois anos (3).
No extinto Noviciado da Companhia de Jesus, o Hospício de S. Fran-
cisco da Borja (4), vulgarmente conheddo por Noviciado ou Hospício da
Cotovia, instalarsm-se a princípio nns «seminaristas» que, a 12 de jPevereiío
de 1761, passaram por ordem do Conde de Oeiras, para a casa que no sitio
de Arroios habitavam os mesmos Regulares extintos. Deste modo conseguiu
Carvalho e Melo, depois de convenientes adaptações, casa decente para o
Colégio dos Nobres, criado por carta de lei de 7 de Março de 1761 (5). Apesar
de os Estatutos do Colégio se terem publicado nesse mesmo ano (6), o Pro-
fèssor de Retórica, encarregado de também lecdcoar Lógica o Cónego —
José Caetano de Mesquita e Quadros, só foi nomeado por Decreto de 19 de
Setembro de 176S (7).
A orientação seguida denuncia a influência de Vemei, mas o lugar que
a lógica ocupou no quadro dos estudos deve ter sido reduzido. É o que
se infere do facto de, em 30 de Outubro de 1766, apenas um ano depois, o
Reitor do Colégio sugerir que o Profiessor de RetMca desse breves noQOes
de L^sica no primeiro trimestre. A Mm aprovou a sqgestSo de Mesquita,
que certamente trilhou o caminho aberto.
Referente ao primeiro curso, existe um documento que deixa entrever
as línguas gereis do lumo que o Professor se propôs seguir: a Oração sobre

(1) T.T. — Minist. do Reino. voL 417. 82v. Ver também H, III. 3SS e 358.
(9 MBBiar.21.
(3) Mcmor 21v.
— Minist
Kdno
(4)
(5)
T.T.
Carta de éaaçÊa db
vol. 154,
<k>

2 e NatUa ãékn ã
M
Reino, 53.
Cettttl» doa Nébm»
• Rmiasta da
T.T. Minirt. do
Rui CoUtth in No^,VoA,9f,
(6) Estatu.
(7) T.T.— Mmiit do Reino, voL 1S4, 71v.

Copyrighted material
— 342 —
a restauração dos Estudos, proferida já em 30 de Setembro de 1759, no «Hos-
irfcío da Cotovia», penmte o Monaica. o Ministroe o Direetor dos Estudos (1).

Como o sea antor, José Gwtaiio de BIrsquita foi o principal oiganizador


dos Estatutos das Escolas Kkoofes e do Colégio dos Nobres (2) a orientação
aqui delineada serve peia atiasannos mis anos mn imno fixado, mais tarde,
na lei escrita.

— «Hei*dc unir a Filosofia com a Retórica», aíirmava Mesquita, leitor


deVemei. B que Filosofla? «A FSIosolla limpa de toda a fealdade de sub-
titezas vis, de uma especulaçio ociosa»; moa. FEosc^ ciga Lógica, «nisto
s6 consiste que aoesoeata aos seus preceitos dialécticos, quanto aos engenhos
de maiores homens t6m excogítado para fazer abraçar e amar o bem e a ver-
dade e o ensina a praticar prudentemente». «Não há nela aborrecidos
silogismos, não há cavilosos entimexnas: o que há é uma linguagem de homens
sérios, racionais hcmens».
Falará senqpre em português. Na tarefo de ensinar «bem claramente»
«a distinguir a verdade do que o nlo é, a virtude do vido, o que é verdadeiro
do que é provável», terá por guias, segundo ele próiMrio confessa, «Genovesi,
Vemei, Heinecio e modernos de igual gosto».
Enquanto expõe o caminho que vai trilhar, deixa cair de vez cm quando,
expressões que aclaram mais as ideias filosóficas que o norteavam: «Na
elocução explicarei o que a boa Lógica e a boa Moral diz sobre a natureza
das palavras, tudo com a maior darezs». «Quando houver de falar do
género danoostiatívo, s^iuindo Aristóteles, hei-de entrar nos campos férteis

da Filosofia Moderna; eiirficar^^vos^ a natuma do bom e do honesto;


o a que deveis consagrar os vossos louvores, o que merece a vossa
reputação» (3).

Este mesmo rumo se surpreende na leitura dos Estatutos do Colégio


Meai és Neàns da Corta a Qdada ds Ltíboa. O titulo sétimo impfie ao
ProfiMSor de Retórica a obrigsçio de dar aos dÍBdpnlos. «quando se tratar
da invenção, um compêndio histórico e critico das diferentes seitas dos Filó-
sofos e uma também conqiendiosa e sucinta noção da útil e verdadeira Lógica
explicando sòmente os princípios elementares dela e as regras claras, pre-
cisas e indispcnsàvelmente necessárias para quem deseja ter um perfeito
conhecimento da Eloquência e dos meios de argumentar sòlidumente e de
persuadir com comdndênda» (4).
O Dr. Ribeiro Sanches, o inspinulor ^óomno do Col^o nlo cadgim

(1) Omç.
(2) T.T. — Nfinirt. do UBino, voL 364» 79.
(3) Oraç. 28-33.
(4) Esutu, 15.

Copyrighted material
- 343 -
mais, quando sentenciava que «a Lógica e a Metafísica, hoje explicadas por
um bom mestre, é estudo de quatro meses, se se eiqdicarem os compêndios
que destas cMncias se têm escrito em muitas partes da Europa» (1). De
Fbica — estabeleciam os Estatutos — «só o que nela há de sólido e de pro-
veitoso» ; «só o que for demonstrável pela Geometria e pelo Cálculo ou quali-
ficado por experiências certas».
Para promover os bons costumes mandou £1-Rei traduzir «os três livros
das obrigações civis de Ckero». «Mas, como ainda ficava soido necessário
escolher outro livro para o estado inmcipal, que é o das ObrigsçOes Cristis,
buscoo-se escritor da Moral cristS, grande pela sua autoridade e pela sua sabe-
doria, cuja lição viesse suprir o que naqueles primeiros três livros indispensà-

velmente faltava» (2). Esse autor foi Santo Ambrósio e o livro é O das
obrigações cristãs, cujo rosto damos na Bibliografia consultada.
Tudo isto, porém, era muito pouco, em comparação com o que antes
havia e os que, por qualquer motivo, tinham interesse no progresso da Filo-
sofia, levantaram o seu clamor e expuseram sòbriamente o que pensavam.
Foi no ano de 1766 que um grupo de «Mestres em Artes da Universidade
de Coimbra», reconhecendo que «depois da exclusam dos Religiozcs da
Companhia de Jezus deste Reino, se tem aplicados os meios mais propor-
cionados paia se regularem os estudos que eles dirigiam, «com excepção
da Filosofia, pediam que se pusesse a concurso as cadetras desta disciplina.

Entendiam que «a Filosofii (em) cUocxà utilicima e indispensável para


todas as mais Pcofisoens sem exduir as mechanicas» e julg^vam-se com o
mesmo direito das demais Faculdades, de exercerem a «sua respectiva
profisam».
A providência dada de os alimos frequentarem as Aulas dos Regulares,
«enquanto estes estudos se-nam regulavam bem», já tinha patenteado
frutos péssimos. «Quazi todos os que se-matricu]am agora nelas ignoram
o que he boa Filosofia. Este pnguizo he irreparável, porem as-fttalidades
que se-segnem à Medicina, amda sam mais pemiciozas: nenhuns progressos
se poderam fazer nesta profisam com a falta de huma boa Fizica».
«Era justa a pretenção dos Mestres em Artes António José Cortez,
Diogo José Fernandes de Barbosa, José Teixeira Lima, Francisco José da
Costa, José Joaquim de Lemos, José Caetano de Oliveira, Joaquim de Freitas,
Joio Frandsoo, António de Almeida Lemos e Acúrcio Gemes da Silva, a
qual foi apresentada a despadio pda Mesa da Consciência e Ordens, a 29
de Outulwo de 1766(3). Nlo ddxa, porém, de maniftstar a animosidade

(1) Cartas S, 161


(2) Trc.
(3) TX — Me«adaCbDacilaGfaeOideni,ltl,40edolfflnÍitdoltsi^

Copyrighted material
— 344 —
contra o ensino dot fitades, que siab ttide m liá-de avolumar. Nenhum
de^ncho recaiu na petiçfto e o assunto ficou aguardando melhor oportunidade.
De CSoioibn, onde o FiloMAa metafísica tinha alcançado grande eq>lendor
nos tempos passados, impetrava João Mendes da Costa, a 22 de Dezembro
de 1766 que se não protelasse por mais tempo a nomeação de dois Professores
para a Universidade (1). Já antes, cm Abril de 65, ele indicara um nome
para «uma cadeira de Lógica e Metafísica» (2) : o P. António Soares Barbosa,
que veio a ler nomeado de Lógica a 10 de Feveieiro de 1763 (3).
i»ofeflior
Pknioo taapot poiém, se deve ter demorado, ao menos neste primeiro peifodo,
visto haver cafdo na de^raça de Pombal. Enoontctfmos na Torre do Tombo
a oonnmicação da sua prisão, efecttiada na segunda metade de Dezembro
de 1768: «... o sobredito hera o que expedia as cartas da excomunhão manus-
critas (questão da Jacobea; refere-se ao Bispo de Coimbra, D. Miguel da
Anunciação), por saber que na Mesa Censória se reprovavão» (4). Nos pri-
meiroe dias de Arneiro a^Mnte tomou conta da aula, o Dr. Francisco Jocé
da Costa, Mestre em Artes, «para ensmar Filozophias modernas, que tem
estudado de sorte que pode ficar bem suprido do sobredito» — imforma o
Desembargador Joaquim Geraldo Teixeira (5).
António Soares conseguiu sair da prisão e ser o novo Professor em 1772,
como veremos mais adiante.
As aulas no Colégio das Artes devem ter começado no mesmo dia em
que Soares participa ene acontechnento: 9 de Março de 1767(^ Mo se
conservam poetilas do corso, mas sabemos por Vemei que se ad<^va a
sua lógica e ittsbtia-se pela publicação do De Re P^aka. Também em
Coimbra, por conseguinte, o Arcediago de Évora assentou arraiais nesle
período, com manifesta preponderância sobre ds demais autores.
Para esboçar as ideias do Prolcssor dc Coimbra, dispomos do Discurso
KÒre o bom e o yerdadeiro gosto na Filosofia, impresso no ano de 1776, que
se pode considerar como que a introdução do corso. A dedicaçio a Pombal
deve-lhe ter grangeado a nomeação. Não havemos de ser sectários de Filó-
sofo algum em particular —
esclarece a breve trecho, sublinhando ser esse

(1) Catálogo, 151, 152.


(2) T.T. — Minist. do Reino, Vol. 417, p. 92v. e Catálogo, 96.

(3) T.T.— MiniM. doRdno, V(oL417. i».90eOrtáloeob4S.


(4) Offcio dc Joaquim Gerardo Teixeira, dc 12-XII-1768 (T.T. — Bfin. da lOlt,
Cx. 34. Ver também oficio do mesmo, de 19 de Dezembro.)
iSi T.T.— Minirt. da Aatiça. CUa 34. Sota» o Dr. Gosta, ]iioo8neb «nss
nÊtn Qus cm Doutor ent MwUfjna • foi fMbsMV da Filosofia ani Ssmarim, nooMdo
cm IO-XI-771.
(IS) Gitilop^ 137.

Copyrighted material
— 345 —
lun defeito que manifestam muitos dos que passam por modernos. As Lógi-
cas dos antigot «com zazSo se podniam dhamar (...) instnimentos para
falar mal e disconer pioi». «âNIo cansA piovdto algmii, o modo com qne
se costuma tfatap> a propoiiçio e o ailogisino. Bm vtat das sikgfs- ngM
ticns, devemos cootQDtarMioB «oom tmia ou outra das negras gerais que aigmis

modernos inventaram».
É muito útil tratar Os principios do Direito
a Morai depois da Lógica.
Ihbttnai são os ftodamentos da Moral.
Mais adiante pondeia a origem,
depmvaçlo e os males que a Metafbiea tem causado às mais ciências, aca^
bando por concluir que a boa Lógica faz escusar ainda o mesmo estudo da
verdadeira Ontologia. Na Física predomina a ignorância da Natureza,
segundo acentua sem rebuço. O aristotelismo que vigorou por tantos séculos
na Europa, afectava saber o que ignorava. Considerava Descartes como
vencedor e destruidor do Aristotelismo, merecendo, por isso, a nossa admira-
çlo e o nosso reqieito, apesar de nlo dever ser seguido. Com Newton atin-
gimos o restabeieGimento da >enladeini Fbica, emboca se tenba de censurar
nele certo abuso de cálculo (l).

A orientação é nitidamente vemeiana. Compreende-se que Soans


Barbosa haja compulsado outras obras alem das do Arcediago, mas dificil-

mente se concederá que as não tivesse lido e até servido delas, mais do que
de qualquer outro autor. Áliás, a de se refere o próprio Vemei, cm carta
inéditadirigi a Pombal, a 21 de Julho de 1768, quando suplica amilio
monetário para inqprímir a Ffnca. Entre os que, da Pátria lhe solicitavam
a ImpiBSilo desse volume, contavam-se «especialmente aqueUe leitor que
no ano pasado por ordem de Sua Magcstade foi ler a minha lógica no Col%k>
das Artes de Coimbra, o qual a dczejava logo pêra o Outubro» (2).

Para o Porto foi nomeado, a IH de Setembro de 1768, o então ex-Orato-


riano hfannel Áhnats(^ As aulas, qienas abriram a 2S de Novembro (4).
A itaiica postOa de qne dispomos reqwitante a esle magistério, filia-ae na
Instrução sobre a Lógica ou Diálogos sobre a Filosofia Racional, que o
P. Manuel Alvares, sendo ainda Oratoriano, publicou em 1760 no Porto
ou, mais pròximamcnte no voliune Elcmenla Philosophiae, tomus I Elementa
Logices, aparecido também no Porto, em 1765. Intitulam-se teses Ad exer-
citationem Philosophicant in Collegw D. Laurentii c foram editadas em Lisboa
no ano de 1772.
I)nta-se de um id disc^mlo de Venieí, acérrimo adversário da &ooUteti^

(O DiK. 5-59.

C2) PubUcamot faAopalpMBto «ta cuta no Aptad. doe.


(3) Ru, 270-2.
(4) Catáloso. 135.

Copyrighted material
— 346—
o ex-Oratoriano que putenteia mais leitura directa dos Filósofos modernos.
Pueoe-lhe Locke quem Isvoa a palma na Tdfonna da Lógica e, por
qjtie foi
isso, segiie-o fartamente, sem deixar de consultar Brixia, Corsino, Gcnuense

c Vemei. Na questão do método prefere o de Newton ao de Descartes


(Le., o analítico ao sintético), porque o sintético, conforme já notara Newton,

«principia por hipóteses».


Num outro livro que divulgou pela imprensa em 1762, a História da
Criação do mundo, conforme as ideias de Moisés e dos Filósofos, revela a
influlbciade Newton c de outros cientistas da éçoGà. É, pois, natural que
na Fbica do curso nlo se afastasse desta orientaçio, que pode ter começado
por beber nas obns do Arcediago de Évora.
A estas quatro nomeações se reduzem as iniciativas do Governo, no
que respeita ao ensino da Filosofia. Vernci andava agora bem informado
do que se passava em Portugal e em cumprimento do seu plano iluminista,
procurava, como temos visto, intervir pela maneira mais prática, apresentando
os compêndios necessários.
A reqieito da Gramática Latina, ele toca uma teda a que o Marquls
devia ser scnsivcl. Conta que a publicou como se fosse traduç8o(lX para
evitar «a ira dos Beneméritos, que sem duvida me crucificariam a segunda
vez». Apesar dc ludo, mesmo nSo obstante t)s excessivos encómios que lhe
dirige. Pombal nào se deixou íasciiiar pela magnânima oferta de artigos que
tanta falta lhe faziam nessemomento.
Cakula-se o desespero de Vemei, que di^ou ao auge, quando em Veneza
apareceram sete volumes de Física, e um curso de Filosofia assinado por
um jesuíta portugute e dirigido à juventude portuguesa. Embora acabado
em 1761 e aprovado pela Ordem em 1763, a Philosophia Libera seu Ecclec-
tica Ralicnalis, et Mechanica Sensuum, do P. Inácio Monteiro apareceu cm
1766, prometendo para breve o tomo de Lógica, que realmente foi editado

dois anos d^is. Os primeiíos volumes ooiitinliamElementoa de Geonirtria,


Fisica Geral, Astronomia Física, Aerametria Fbica natural e aitifidal.
Electricidade, Geogmfia e Fisica dos seres vivoi. Era, de facto, tremenda
réplica, atirada à cara do «Barbadinho». Mas, se o leitor bem repara, o
jesuíta retomava os temas deixados na Pátria, em linguagem igualmente
moderna, a que agora só acrescentava os últimos descobrimentos e dava
forma nova (2).
Ai estava o resultado das demoras provenientes da falta de meios pecuniáp
rios, de que eia exclusivamente culpado o Marquês. Sem o afirmar expret-

(1) Gra.
(Z) Sotve loácío Monteiro, veja-se ainda Ina.

Copyrighted material
— 347 —
sãmente, Vemd iqmaicNMe a etciever f«a liiboa, ao Miniitfo Aires de Sá
e Melo» na eq>eiança de que, denondandp a inferioridade da obfa de Mon-
teiro, poderia captar as boaa gtaças de Pombal para o uai De Rt Phj^ea,
Havia-lhe escrito directamente cinco meses antes, expondo as dfficuldades
que obstavam à sua edição, sem obter qualquer resposta. NSo temia que
a Física do jesuíta fizesse sombra à sua, porque divergiam muito no essencial.
O que o Icvuvu u insistir era uma ainda maior diicrcnça que o oprimia: Mon-
teiro editara lete volumes no mesmo ano, «ed io ancora nonso quando potrò
stampare i miei» (1).
Editou-os mais tarde, i sua custa, mas o Marquês de Pombal nem assim
os aceitou para livro de texto nas escolas portttgiuesas, apesar de nenhmnoutro
português SC haver abalançado a tarefa semelhante.
Entrara-sc realmente, num período de inércia no cam]>o do ensino,
porque outros assuntos reclamavam mais as atençOes do Ministro. No
seiode algumas Ordens Religiosa» notavapsc igial marasmo, nlo se adiantando
grande coisa ao esforço passado Entre os Orstorianos de Lisboa distÍQgne-se
o P. António Joaquim, autor de um curso (1763-66) que se guarda anónimo aa
Biblioteca Nacional (2) Segue confessadamente «o nosso Baptista», como
iniciador dos estudos modernos na Congregação e homem de valor que
soube equacionar os problemas filosóficos. Mesmo em Fisica, não é Teodoro
de Almeida que o norteia, mas S*GfKVBsamle, Wolf, Musdiembroek, Kell
e Baptista.
Como os seus confrades, António Joaquim professa o eclectismo e
declara-o na portada. Divide o curso em quatro partes: Lógica, «Metafi-
sica ou Ontologia». Física e Ética. Na Lógica trata das ideias, do juízo,

do discurso e método. Logo no Prefácio enumera Vemei e o P. Joào Bap-


tista «entre os mais célebres lógicos modernos», e promete não tratar dessas
questões inúlets de Proemiais, Termos, Nomes, Sinais e Umvtnais. Mas
também nlo ^fova o proceder daqudes que desterram completamente o
uso do silogwno. Explanará a arte silogistica, porque é cousa eogenhosa,
muito apta para desenvolver o entendimento dos jovens.
Como discípulo de Baptista, atém-se, em algiins pontos, ao método
tradicional: usa o sistema de objecçOcs, depois da exposição da tese e, fre-

quentemente, a terminologia escolástica.


Por a distincio real «um^
dividem em maior e menor(3) e a da razlo, em ratUmes ratktebuaae seu

(1) Ckrta de Vemei a Aires de Sá, 29-X-1766. Apud £. 111, 386-390. Sobre «IB
poeto, ¥ar VSmeyl, Í6ã5.
(2) Philoso. Sobre o curso w Rn, 279. Do memo PtofiMor, ona cniiaa a
umas Conclusões, em Ine, 30.

(3) FUIoio, Cap. IV. s 1. n.* 136-148.

Copyrighted material
— 348—
cum fimdamento inree rationis ratiocinantis (1); respondeo negando maiorem:
ad eonse^pmtítmem fmmakm requMtw,,.
Gomo adora a brevidade, tão áboidaiá a BBstória Rloiófica. Quan
necessitar, estude-a por Gofsini ou Vemei. Ocupa o livro I com noçOes de
ideia clara e distinta, compreensiva, adequada, absoluta, de substância c de
modo, concreta e abstraia, comum e universal, vaga c determinada, pres-

cindente e abstraentc, simples c composta; dos sinais dus ideias, isto é, das
vozes. Com Joio Baptista, o P. Antánio Joaquim afiima qut a proposição
fjgo sum fiUsa, é veidadeiraacnte iidia e nio aímnltlneameate yenladetn
e fidsa (2). E demom-se na sohigio de dificuldades.
Bastem estes exemplos para se ver que as Lógicas, chamadas modernas,
ensinadas nas escolas oratorianas, substituiram, por vezes, uns problemas
p>or outros, igualmente ociosos ou de somenos utilidade. A oposição ao
sensismo inglês manifesta-se com clareza. A ideia, como acção e operação
da nossa afana, também goza dc esiuritualidadc. Difere, pois, absohitomnite,
do «fantasma mateiial que se pinta no cirdiroP). Subetância, para o
P. Antánio Joaquim c, por exemplo, o bronze de que ae oompOe um globo
qualquer; como modo será a redondez^a do mesmo. Apesar disso, a ideia
clara de substância nâo envolve ncccssàriamcnte a ideia de qualquer modo
físico determinado (4). Na definição confunde, como se vS, substância e
matéria segunda. No esclarecimento parece já desligar-se do material.
Na Metafísica s^e, nas linlias gerais, o método de Vemei, sem con-
tudo o confessar expressamente. Nio a despreza, como alguns modernos,
maa também nlo se demora tanto com ela como com a Légka. Bnaitta
que os corpos constam de átomos indivisíveis mas extensos, porque, «a essên-

cia dos corpos não está na individualidade». Esforça-sc por mostrar que
Aristóteles e S.Tomás julgaram que a forma substancial material não difere
da matéria reafanente, mas só ratkim —
e nlo tem ser nem é gerada por
cousas naturais. Para o Oratoriano, foima substancial material nlo é enti-
dade realmente d^ft^ntu da matéria: wntín^ tio rtunaiHr na dispoaiçlo das
partes da matéria.
O
volume da Física é um bom compendio sistemático dos temas ver-
sados nessa ocasião no âmbito da Filosofia, com a exposição dos diversos
sistemas que tentaram explicar cada problema. Referem-se as várias sen-
tenças aoeica da cansa da gravidade e emite-se paieoer. Sentenças de Gaa-
sendo, de Descartes, de Duhamel, de Lenút:^ dos Perípatéticos e de alguns

0) FfdkMo, n.« 143.144.


(2) Philoso, Livro II. cap. IT, {Hl. B.* 331.
(3) Philoso. § II, n.o 10.14w

(4) Philoso, B." 94-97.

Copyrlghted material
— 349 —
modernos. NSo te decide por nenhuma, guiando diz, mas acabe por dedarar
que lhe sorri mais a dos newtonianos que afirmam ter ainda desconhecida.
Rejeita, poiém, as i^HoiOes de Newton sobre a luz, leffexio da luz, e sobre
as cores.
Ele não se alia a ninguém em particular, para poder escolher a Filusoíia
mais comum e divulgada em todo o orbe. Divide a Física em seis livros:
no primeiío estuda o movimento e soas pnqnkdadcs e kis; no soando, o*
princ^MOB senshms das oousas —
fogo, ar, água e terra; no terceiro, as quali-
dades mais comtmt dos eorpos; no quarto, os corpos dotados de vida; homens,
animais c plantas; no quinto, corpos sem vida: celestes c terrestres; no sextO
finalmente, os entes espiriluais. Deus, anjos e :ilma humana.
Na do último fira do homem c da verdadeira
£ljca ocupa-se largumeule
felicidade. Ê aqui que o nome de Aristáteles surge mais frequentemente.
Até chega a demonstrar que a defini^ aristotélica de felicidade concorda
com a doutrina católica. Investiga também problemas da vontade humana,
em que foca, por exemplo, a liberdade do homem, a noção e justiça das leis,

origem do Direito Civil, etc. No tíltimo livro, dos três cm que se divide,
expõe os meios de conseguir a felicidade. Aí se debate a questão da mora-
lidade dos actos himianos c princípios da moralidade. Ao tratar das vir-

tudes intdectuais sobre a dSncia, artes liberais c mecânicas, desco ao pormenor


de ftlar na arte gramatical e retMca, da oratória e poética; da teologia e
da filosofia, medicina, aritmética, música, geometria, astrcmomia, arquítecturB,
politica e jurisprudência.
Teodoro de Almeida prosseguia o apostolado da difusão da nova filo-

sofia, em quanto lho permitiam as vicissitudes da sua vida agitada. Sairam


neste período os restantes volumes â&. Recreação Filosófica, a partir do quinto
(1761-180Q) (1), as Cartas FMahMtíemátkas (...) para senbr de amqfkmenta
à Reenaçõo FUoãéífiea (1784 e 1799) (2), as Phyaieanm hutítutíonum (...)

ad usiim Scholarum (Lisboa, 1773-93 (3), que confirmam a posição já defi-


nida do maior divulgador das ciências físicas modernas entre nós. Ocorre
fazer memória da aula dc escrever, contar, fazer rendas e bordados, e
estudo do francês, italiano, latim, gramática portuguesa e geografia que se

(1) Soim o voL IX iffmaaàk da Rado e da RèBgBb) ver caita de Teodoco de


Almeida dc 2-VII-1793 (B.P.E., n.«> 55 CXXVII/2-I4) e a reimpressão dO tomo V (o cuilO
dt «impiessão e estampa» — 725000: papel — 130S000; taxado em MO i<is): 20-IV-798
fr.T. — Men Oeos., Est. 6, Prat 7).

(2) Ver pedido dc impressão e censura de João Guilherme Cá^Stcao MuDer, OBOaor
Régio, de Lisboa 21-11-798 (T.T. —
Mesa Cens. Est. 6. Prat. 7).
Ru, 269-270. Em Carta de 2-7-793 diz ele próprio que «ahi rccoiiú tudo o
(3) bom
qoB adwi al6 estes cUmioos nodenm» CBJ.B. a.* SS, CXXVD/M^

Copyrighted material
— 350 —
leccionavam às meninas no Mosteiro das Religiosas da Visitação por ele
fundado (1).
Fmalmeiite tembraiemos o caso do P. António das Nem Bsfdn, Piro-
jfèssor Régio de R. tórica c Poética cm Penafiel, que prefaciou o Feliz Jnde'
pendente do Mundo c da Fortuna (1786) e na última década do século publicou,
nas Memorias de Litieratura Portugueza, da Academia das Ciências, a que
pertenceu, um denso Ensaio Critico sobre qual seja o uso prudente das palavras
de que se servirão os nossos bons escritores do séado XV e XVI e deixarão e^ue-
os que d^eia se seguMo até ao presente (2).
O autor mostnMO muito conheoedor das obcas de Teodoro de Almeida e
mesmo identificado com ele em matéria de literatura. Fntrou mais tarde
na Congregação. Também patenteia conhecimento dc Vcrnci, citando-o
mais dc uma vez, no Fnsaio critico. Sobre o estado da eloquência c da poesia,

opina que se encontrava umda absolutamente parado, nuo tendo evolucionado


como acontecera à Filosofia. Gensura àsperamente os que oonflmdem
poesia com tmitaçUo completa dos modelos dássícos, ou s^iundo a rigidez
das regras das Artes Poéticas, propugnando pela imitação das leis da natureza.
Na epopeia, por exemplo, essas leis são acçSo única, para não cansar a ima-
ginação, ornada, porém, e variada com episódios; interessante, para que o
enleio da imaginação se comunique ao coração e o mova ; inteira, para que s;itis-

faça a expectação do leitor. A essência da poesia consiste, portanto, nas


«leis ftmdamentais dimanadas da natureza» aprovadas pela razio, em que
todos os povos convãn e em todo o tempo».
Nio há, no Prefácio do Feliz hidepemknte (3) alusões a Vemei. É no
citado ensaio Ensaio critico que, a propósito de elogios excessivos a Vieira
e outros, aparece citado «o Author do Verdadeiro Methodo de Estudar.
Cart. VI». Quando alude ao pedantismo na linguagem, refere «Vemei de
Re Lógica, Ub. VI, cap. 3». Ao tratar da Critica censura-o nestes termos:
«melhor fizera se dividisse a Critica cm Litteraria e Scientifica, e desse huma
breve ideia dos estudos e modo de adquirir e eaterdtar huma e outra» (4).
Tal como os Oratorianos portugueses. Neves Pereira admirava o Arce-
diago de Évora, de uma maneira geral,mas discordava em muitos pontos,
de fundamental importância. Neste momento, porém, não importava
muito o que os Néris pensavam, porque já pareciam demais. . . Conservava-se
em rasomho uma «Memória» ou Proposta para transformar em Colmos

(1) G£CtetadBTB0daied»AhiKida,<k2SiIV-1786CBJ>.&,iL*54»aocVIl/2-l^^
(2) BdmL
C3) Bd.
(4) Bdhí, V. 159. 188 e 225.

Copyrighted material
— 351 —
as Casas dos Oratorianos, dc inspiração francamente hostil a Fnsdcs. Segundo
esse autor, cujo nome se desconhece, por não estar assinada a minuta, não
só o hospicio das Necessidades, mas também as casas de VlMue Porto deviam
sofrer essa modiflcaçllo, exdnindo, porém, as de Freixo e ExtrenAs, por
as coiisideiar de fimdaçio duvidosa ou dandestíiia, quer diaer, sem autoriza-
ção r^ia. O firadamento era este:
«Lembro-mc que vinte Congregados occupando o vasto edifício das
Necessidades, sendo reduzidos à sua origem de puros clérigos; nenhum uzo
podiam ter melhor de que empregarense em Professores de hum grande Colé-
gio que está feito e dotado. Aliás para confessarem, sio escuzados; e para
habitarem hum tamanho edificio e comerem descansados o seu dote, sio mais
que sobejos, onerosos e lesivos ao publico» (1).
Entre os Franciscanos predominou nos primeiros sessenta anos deste
século, a figura dc Duns Escoto e dc Frassen. A pouco c pouco o termo
ecléctico foi-se encorpando, também nos Franciscanos, com novas achegas
da Filosofia Moderna, numa tentativa louvável de alcançar a fusão do antigo
e moderno. Ghcfa-se assim a uma nUoupUa Scotka Edeaica, ditada em
1768 no Convento de S. Firancisoo de Lisboa por Fr. António da Imaculada
Conceição Cascais. Apenas vimos o volume da Metafísica. A primeira
parte dcnomina-se Ontologia ; a segunda Pncumatologia c a terceira Teologia
Natural. Perfeitamente mtegrado no movimento moderno, rcbate-se a
tese de Berkeley que nega a existência dcs corpos, e a de Malebranche e, em
globo, os «ddealistas» e «materialistas», a req>eito da ínter-aoçio da alma
e do corpo (2). As Conehaiones ntío$ophkaa pro prima MeU^yskes
parte. Ontologia scUieet e as Pro secunda Meta^tysices parte, Pneumatko-
logia seilicet foram impressas cm Lisboa, no mesmo ano de 1768.
Com a subida de Cenáculo a Ministro Provincial (1768) mudou notà-
velmente a fisionomia espiritual das aulas na Ordem Terceira. Nesse ano
teve oportunidade de assistir ao Capitulo Geral de Valença (3), onde gran-
geou nome ilustre (4). Apioveítando o oportuno ensejo, requereu licença
para reformar os estudos da soa Província. Logo no ano tcgoáObt safa da
Tipografia Régia o Plano dos Estudos para a Congregação dos Religiosos
da Ordem Terceira de S. Fra/u isco do Reino de Portugal, tomado obrigatório
por patente de 13 de Jtmho de 1769 (5). O Rei, peio punho do Conde de

0) I>ae.taradMBiiniasBiniiim(r.T.--MiiiÍ8L da Jortica. M. 2M).


(2) Philosof, n.» 477 e ss.; 409 e .; 706 0 M.;
(3) Compen, 212.
<4) EktioF. 19.
(S) Estas e outras leis de GeoSculo foram, mais tarde, reunidas em volume, texto
portuguAs e latim cm Otapo. No que lopeita ao Pkmo de Etíudoa — Batio StiuàonÊm,

Copyrighted material
— 352—
Odns» também aprovava o Plano apremlaido pelo lAifíiiistro Fcovincial
da Terceira Ordem da Penitência».
Este Plano de Estudos coloca-se no meio das medidas pedagógicas pom-
balinas de 1759 (rcfoiTna dos Estudos Menores, a que se prdcm juntar os
Estatutos do Colégio dos Nobres — 1761) e 1772 (Estatutos da Universidade
de Goimbn). Repfeientam, porém, notável esforço no sentido de se adi-
antar i detemrimitfio do Mniiitro, no qne
ao ensino dentro doa
respeita
Glaiistros, a qual só veio com Era o primeiro
os Estatutos Universitários.
passo, públicamente oficial, para a libertação do «método irregular que no
Reino introduziram os Jesuitas»... Custaram trinta anos de «trabalhos
duros», como escreverá o próprio autor, um ano mais tarde (1). Ao Profes-
sor de Filosofia se ordena que no primeiro ano ensine História da Filosofia,
Lógica e Prind^os de Geometria; no s^iondo, Fbica, Ontologia e Rneo-
matologia. Sobfe Fbica adverte q[ue bastam «ot primeiros princ^Mot e as
noçOcs indispensáveis das questões principais, porque o capital das nossas
aplicações será de assuntos eclesiásticos».
Como livros de texto indica os seguintes, para substituição das «obras
de mau gosto, por que em outro tempo se estudava». Para a História, Lógica
e Ontologia, Luis António Vemei. Rsra os princípios de Geometria e Física,
o P. Bríxia. PUa Fneumatologla («daiá algumas liçOes de...»), o «Oenoese».
No terceiro ano fiimiliariiaivanwe oom a Ética e o Direito Natural «imn —
das aplicações que há-de promover com mais cuidado o Professor de Filo-
sofia». Livros de texto: Ofícios de Cicero c de Santo Ambrósio, para â
Ética; Burlamaqui para as lições de Direito (2).

Recomendava ao Mestre que do Con-


levasse os discípulos à Biblioteca
vento, «aos dias de sueto que lhe forem cómodos» e preceituava que, «em
cada semana, por espaço de duas horas», lesse algum livro magistral da mató*
ria que andar entre mXos. explicando^ e anq>Iiando-o. Para este fim, apre-
senta longa lista que nos abstemos de transcrever na fnt^ra (3). Basta assi-
nalar que a par de poucos autores modernos, dá lugar relevante aos Santos
Padres. Por exemplo, no § 3." — Physicn, cm que não aparece nenhum autor
moderno: S. Basilio (Hexameron), Santo Ambrósio, S. Gregório Nisseno
e Filo (Pe Hominis et Mundi Opificio), Santo Agosthiho (De Gcnesi

como se traduz n-i vers3o latina — preferimos utilizar a primsta tUflÊO, até poCHIiS OS
oolecçio, por vezes se omitiram ponneoores intetessantes.
0) MemóriM, 197: VMala anos, «té ao pw ieii e d»
t 1710 tíai oonido do tnhallM»
dnros...».
(2) Plano Estu, 27.

(3) Omitida na colecçáo das «Disposições do Superior Provincial...» por serem


«liWHifciiiiinHi asÉto dwpmihnridM» (DiiporicBo 2.S P. SODw

Copyrighted material
Encadernação do exemplar do De Re Physica oferecido a Pombal.

laterial
laterial
— 353 —
ad Iheiam). Algumas oomas da H&t6fm Nrtnral de Vúíào. É no $ 6.^:
livroB fvâprios desta Aula (FBosofia), qtit os autores modernos, religiosos
C profanos, dominam preponderantemente: Corsini, Purchot, Jacquier,
Genuense, Brixia, Clerc, Arte de Pensar, Tschimhaus e Langio (Medicina do
Entendimento), Du-Pin, Locke, Malebranche, Facciolati, Weis Vemei, Soria,
Wolf, SCOravesande, Musschembrok, Nollet, Phiche, Bnicker, Stanki, Vossio,
Desbndes» OqiassiO).
Juntamente oom os Qfídos de CSoeio e Santo Ambrósio recomenda
egora a «Ética» de Aristóteles e os «Caracteres» de Teofrasto e de
la Bruyère. «Servirá este exercício (de leitura), para que os discípulos se
encham de boas espécies e conheçam os autores que podem consultar, a
tempo oportuno».
No §4.<» exige cdofOsaniaiteqmt8n]iam«aiidadoeipeeial em oon^
os estudantes de forma qne stó ignorem o que se contestava à forga de sub-
tilizar, em outro teni|K>». Deixa a liberdade de etoollia, entre o método
dialogistico, de discurso e o dos silogismos, contanto que estes não ultrapassem
o número cinco (2). Proíbe todas as questões de possível. . . Porém — acres-
centa — atendendo a que algumas condiacm para o conhecimento essencial
dos objectos, dedara-se que só poderão ser tratadas aquelas poucas (...)

que pareeer ao oonseliio». Deslerre-se o ptobahilismo!...


Aoonadha que se fiiça dos autores esoolártioos antigos níttoã e útil pro-
visão», pois até o mesmo Leibnitz achou neles muitas cousas úteis. E cila
S. Boaventura. Alexandre de Hales e S. Tomás. Recomenda «muito a
modéstia e o amor a S. Agostinho», «pois as especulações demasiadas, do
seu tempo, não podem fazer esquecer aquelas virtiides do mesmo venerável
mestre (3).
Tais tão as linhas gerais da reforma de Cenáculo, no que toca ao curso
da Filosofia — nmito mais sensata, porque menos radical que a de Sebestiio
José de Carvalho e Melo. A grande reputação que adquiriu, mereceu-lhe
servir de norma a outros Institutos Religiosos, como os Crúzios. Bentos,
Carmelitas Descalços e da própria Província Franciscana de Portugal e da
dos Algarves.
Estes últimos, vulgarmente denominados os Pimentas, entraram «na
justa ocmtideraçSo de reformar os seus estados», dqmis de feitas «as refle-
xOes oportunas e conferidos os diferentes métodos que se observam na Europa
emdita». No mesmo ano de 1769 e na mesma Tipografia se jnq»rimia

(1) Plano Estu, 57.


(2) Plano Estu, 31.
O Fluo Ertn, 32.

Copyrighted material
— 354 —
o PUmo dos EsUuhs para os Religiosos Observantes de S. Francisco da Pro-
yinda dos Algartes — em tudo ao precedente, excepto no Prólogo.
igual
Resanma, por demais, ódio aos imunes e infliiteoia de Vernei e Fombal,
a ponto de recomendar, para o estudo da nossa língua, entre outros livros,
a Dedução Cronológica {]).
Pcrccbc-sc a rcacçilo provocada pelo novo Ratio Stiidioruni, no seio da
Congregação da Ordem Terceira, ao ler a Disposição 3.^ do Superior Provin-
cial(2). Évm Faieiae sobre a execução do Plano de Estudos» ÔBtaáàdc IA
Janeiro de 1770. Nela iffocura Cenáculo desfezer o ftmdamento das qpieixas,
qne os mais velhos decerto, propalavam em conversas particulares. Reforça
a sua posição, comunicando de novo que o Projecto «foi consultado com a
madureza que pedia semelhante assunto». «Ouvimos os pareceres dc homens
sábios de dentro c de fóra da Província — acrescenta o futuro Arcebispo
de Évora. Consultámos a experiência. Ele é efeito da lição reflectida,
dos bons exenq>los e do amor e zelo com que desejamos promover o adian-
tamento e reputação sólida da nossa Congrega^».
E por estar convencido de que «quem tiver alguma ideia das reformas
das letras, achar-sc-á com boa disposição para saber dissipar cm si as preo-
cupações (isto é, os preconceitos) e para gostar deste projecto, lendo mais
um estimulo para cooperar ao seu desempenho» — dar-se-á ao trabalho dc
redigir um
Sumário sobre a Refoima das Letras na Europa (3).
É ai que explica a sua athude para com a Escolástica, talvez em res-
posta a sérias censuras. «Escolástica é aquela a que muitos chamam Aris-
totelomania, não por haver sido entretida a paixão dos Escolásticos nos
bons escritos deste Filósofo, mas sim no exame do que ele deixou pcrpètua-
mente enigmático c que os árabes mais confundiram nas versões e cc^mentários.
Aristotelomania também sc pode entender dos que trataram com um imper-
tinente apuramento de expressóes silogfsticas, as matérias a que se aplicavam,
pronunciadas àridamente sem ornato, pretendendo fiizer-lhes original o
método de Aristóteles» (4). «O sistema escolástico moderado e que verse
sobre assuntos graves e unido às regras não só é útil, mas neces-
criticas,

sário. Ele é indispensável para que haja ordem no estudo das matérias,
como ensina Gobinet».
Reconhece o erro em que caíram os Filósofos modernos: «quizeram
também diq)ensar-«e doi influxoa inipreteiiveis da Religião (...); entrega-
ram-se(...)à liberdade de pensar». E porque tainbém ele pertence ao número

O) HnoBrtn, 26.
(2) Ver acerba crítica ao Plano em Diss.
(3) Disposição 4.' do Superior PovindaL
(4) Disposição 4.* do Supedor Broviíicial, 6.

Copyrighted material
— 355 —
desses «homens verdadeiramente sábios e zelosos, que distinguem entre a
ineUgilo decidida e o amor de filoacfim», 4isoiibe sempre oondenar os
esciitoi doe autoiei» que permitem ae lhes diga serem amigos da Uber-
dade a que chamam nzio, mas é i»ecí|)iciOk pois se e.>queoeram de
ter vindo Cristo ao mundo reformar e aperfeiçoar a Filosofia pagã (1).
Foi o que ele fez como deputado ordinário no Tribunal da Real Mesa
Censória para o exame e censura dos livros, e siunàriameate repete no lim
do parágrafo da FHoaofia.
Dos Filósofos modernos aproveita as descobertas no campo das ciên-
cias e as conquistas, talvez pouco fírmcs, nos domfiiios da Ldgica. No § V
do Apendix Primeiro sobre a Reforma das Letras na Europa traça ràpidamente
o panorama desse movimento. Faz larga apologia das academias cientí-
ficas, das bibliotecas, dos seminários de formação sempre no seu incon- —
Amdível estilo de reformador iluminista. A execução disto mesmo que agora
encomeava, constttoi, sem diMda, a parte mais apredávd das reformas de
Cenáculo.
Por fim nSo queremos deixar de assinalar a possível influência dc Vcmci,
pelo menos no título da obra Verdadeiro Methodo de Pregar de Fr. Manuel
da Epifania (1.° vol., Lisboa, 1759; 2.*^ vol., 1762). Dir-se-ia mesmo que o
Franciscano pretendia divulgar no seu meio e por forma ainda mais persua-
siva as ideias que o Barbadinho deixara diqwrsas na enmdopédia teórica
<í!ateíB.oVerdaddroMéodoáeEatuáar, Dinjgfaido-se i4<» lelfor, Fr. Iifomiel
expfle as suas intençOes: Neste tempo em que tanto se zela a perfeição dos
estudos da nossa Pátria, não he justo que o Ministério sagrado do púlpito fique
no antigo estado. Abre com uma OraçSo fúnebre na Morte do Senhor
Rey D. João V, recitada no Convento de S. Francisco da Cidade do Porto.
Usando estilo simples, pureza de linguagem, rejeita misturas da mitologia...
«Também os ditos dos Filósofos não devem entrar na Oração Sagrada».
Não admite dvisOes do discurso e iqnesenta peças oratórias que julga modelos
de primeiro água (2).
Os Carmelitas Descalços seguiram mi esteira dos Franciscanos, publicando
também um Método de Estudos (3).

Entre os Dominicanos sempre mais apegados a S. Tomás dc Aquino,

(1) Disposição quaita do Superior Provindal, páa. 27.


(2) «Methodo Francez» de pregar dos «Methodistas modernos»,
Suscitou polémica o
como se lé em Carta An, que é ataque à Fakstra de M.'
Figueiredo, Filho do Grande Agos-
tiaho. A etie rapeko ver ainda Guta Q e Dtalo e Oonve. Bm 1777 poUiGaiMe nova
ed. «m Lisboa, da Arte de Pregar «i Vêniaádro MHúd» 4r Fngar, tiadoddo do ftaads
por Miguel Joachioo de FretUM.
(3) Met

Copyrighted material
— 356 —
também soprou a aragem moderna, numa tentativa louvável de elevar o
nf¥eldos seus estados c paitee qoe sob a ^jde de Vemei. Ao ooi^aiito dos
estados de Teologia e Fiosoia no Convento de S. Domingos, davam a desi-
gnaçio de Universidade do Real Convento de S. Domingos de Lisboa. Por
Breve de PioV, dc 3-iii-1572, os Dominicanos podiam fundar Universidades
e conceder graus aos seus alunos e pela Corislituiçio de Clemente XII,
(l-ix-1733) estavam autorizados uté dar graus de Teologia a estudantes secula-
res (1).Respeitante a esta UnivBfsidade oonhecsmos om lim» áu BÊbiàu
que revela os nomes de Professores e alunos dentro, do período de 1756
a 1772(2). Deste manuscrito colbem-se os nomes de quatro «Lentes de
Artes» de 1761 a 1772: Dr. Fr. José da Rocha, Fr. Francisco de Mansilha,
Fr. Alexandre de S. José Lara e Fr. Vicente Ferrer. Do primeiro e último
há referências aos cursos dados, apurando-se que, enquanto o Dr. José Rocha,
em 22 de Junho de 1762 presidiu ao «circulo de Lógica Minori» c cm 26 de
Outnbio do mesmo aoo pitsidin ao «droulo de Lógica Majori», Fr. Vicenle
Fmera 15 de Junho de 1769 presidiu ao «drculodkJtelieffea».
Este titulo, longe da designação clássica ainda usada por Fr. J. Rocha,
identifica-se com o titulo da lógica vemeiana. O mesmo se diga do «circulo
de Re Methaphizica» e do «circulo de Re Fizica». Os círculos de Pneumatologia
e da Physica in particulari não andam longe da terminologia, aliás vulgarizada,
de Vemei. Este Fr. Vicente Ferrer ensinou ainda Matemática no mesmo ano
da FUca, sfgnindo-se a este o «dreolo de mota coiporom giavium tam soll*
dornm qoam fluidonun». A avaliar pelos tftulos de «pie dispomos, Fr. José
Rocha terá prelecdonado Lógica tradicional, mas «^ica» moderna.
Nesta Universidade Dominicana leccionava-se ainda Éthica sive Philo-

sophia Moralis (Fevereiro de 1769), Chorografia e Choronologia (Março


dc 1765) — Fr. Agostinho da Silva. Frequentavam as aulas desta Univer-
sidade, nio só Religiosos Dominiooi» como também seculares. Aisim se
dava comprimento no Gonvento de Lisboa às detenninaçOes do Càpftulo
Oeral de Bolonha, que permitia se introduzisse a história dos novos siste-
mas (...) e se adoptassem as observaçOes e opiniões dos Filósofos modernos
que de modo algum se opusessem à doutrina de S. Tomás (3). A esta orientação
que porventura terá começado nas datas das obras dos scgxiintes informa-
dores, se devem referir Vemei (4) e Teodoro de Almeida (5).
Tunbém no seio dos Teatinos se depara com obfa de tftolo ignul à de

(1) a, PS. 436-442; 463-473.


(2) UvioB.
(3) Orie, 255.
(4) V. voL 1. 288.
(9 itMr.I.&

Copyrighted material
— 357 —
Vemei. Seria interessante manusear os manuscritos filosóficos de D. Tomás
Gsetano do Bem, historiador da Congr^aQio dos Oérisos R^ulaiet de
S. Gaetano, e que ainda diqga a pertencer à Academia Real daa Cifticiaa de
Lisboa. Nasceu a I de Setembro de 1718 e fideceu aot 13 de Março de
1767 (1). Chegou até nós a indicação dos seguintes manuscritos: Institu-
ciones Philosophiae ; Pars I — De Rc Lógica; Pars 11 — De Re Physica;
Pars 111 — De Re Metaphysica. De Spiritualibus qualitatibus animac ratio-

náU HH Diaqidsitto Thedogioo-Pliilosopliica.


inhaepeiitil
Poderiamos ainda referir o nome de Carlos Joaé Mourato, que pfofcason
a 28 de Setembro de 1744. Em 770 imprimiu o bistnanaUum que
yêrítatis

reeditou em vernáculo, oito anos mais tarde. Trata-se de um compêndio


de Ética, fundada nas doutrinas e sentenças dos sábios modernos, dos filó-
sofos da antiguidade e também — quando a matéria o pede — nos textos da
Sagradas Letras» (2). No livro III investiga os erros que procedem das falsas
ideias e aponta os remédios oonveaiciites para os evitar. No fim do volume
oooqwndia um certo núniero de cfinooes, que interessa omiheoer, por revelai
o cartesianismo do autor.
Eis alguns: «A respeito do tacto interno, não imaginarás que as dores
e as sensações agradáveis ou suaves se sentem no corpo (...) a alma é que

sente a dor ou gosto». «A respeito do tacto externo, guiado pela recta razão,
nflo afinnarás que o calor e o frio estio nos corpos ; mas que, nestes há sòmente
umas certas diqKwiçOes, as quais os filósofos modernos chamam potências».
VTsmhéÉn, quando ouves, cheiras ou gostas, nflo julgarás que o som, cheiro
e sabor estSo nos obijectos (...) nem também afirmarás que os ouvidos per-
cebem os sons, o nariz os cheiros, que o paladar percebe o gosto; (...) a recta
razão que mostrará que sòmente a alma c que percebe os sons, os cheiros
(...), pois nos objectos se não acha outra cousa mais do que umas certas dis-

posições das tuas partlrwlas e determinados movimentos ddas, com as quais


se exdtam umas sensaçOes nos sentidos e por meio destas pero^ o enten-
dimento o cheiro, o som e o sabor dos otgectoc» (3).
Semelhantes exemplos de maior e menor adaptação aos costumes moder-
nos, podiam-se topar nas demais Ordens Religiosas. Mas como as voltare-
mos a encontrar depois da promulgação dos Estatutos da Universidade de
Coimbra, baste por agora o que fica sun:iàríamente relatado.
Ninit outro campo, o da lingubtica,é de assinalar o fitfto de neste peifodo
se terem pubikado mais álgumaa giamáticas e dickiiárioi, mw liD^^

(1) Cf. Dic.


(2) Instr, Dedicatóiia.

(3) lostr. 3«6.

Copyrighted material
358 —
que constituiam vefcolo indispeiisável da OttHuia europeia. Em 1761 edi^
tou-w em CoimlH», na buprensa da Unhrenidade, imia Artê de Gramatka
para iprancfer a Ungua Eranum por meio da Portugue2a, da autoria de Joaé
Arcângelo Jovene, «estudante matriculado em a Faculdade de Leis em a
Universidade de Coimbra, c Mestre das línguas Francesa e Italiana, na mesma
cidade. A censura do Paço vem assinada por Diogo Vornci. No prólogo,
o Autor alude a luna Ortografia francesa, que antes publicara c agora reedi-
tava no mesmo vohme: Orthografia Fnmceza reoo^Uada em regras (Are-
vladas e faeels para a pre^tçõo doa Prind^antea. Coimbra, Na QfiBcína
de Frandsoo de Oliveyra, impressor do Santo Officio, 1761. No Porto
imprimiu-se em 1767 O Mestre Francez ou novo Methodo para aprender a
Lingua Franceza por meio da Português, da autoria de Frandsco Qamopin
Durand. Teve 2.* edição em 1771.
Saiu também à luz o volume do já citado Dicionário do P. José Mar-
2."

ques, com o seguinte tftulo: Nofvo DleeUmdrio doe Uaguaa Portugueza e


Firaneeza (...)• Ptlo Padre Joseph Mendes, CapelUo R^nte da Musica
da Igreja de Nossa Senhora do Loreto. Primeira ediçlo. Tomo segundo.
Lisboa. Na Ofíicina Patriarc. de Francisco Luiz Ameno. 1764. No ano
de 1778 imprimiu-se a 4.* edição do Novo Diccioiiario Francez- Por tugtiez,

composto sobre os melhores Diccionarios, Ulustrados com os termos faculta-


tivos das Sciencias e Artes Liberaes e Mecânicas (...), por Miguel Tibério
Pedagache Brandio Ivo. Para a sua redac^ manuseou sobretudo o Dicío-
nário da Academia Ftanoesa, mas também o de
oonsultou, entre outros,
Trévoux e o de Bluteau.
P&ra o estudo do inglês apareceu em 1761. na oficina de Francisco Luís
Ameno, a Grammatico ingleza ordenada em Portuguez. na qual se explicam
clara e brevemente as regras fundamentais e as mais próprias para falar pura-
imnte ofMdb /ú^gua, da autoria de Carlos Bernardo da Sflva Teles de Meneses
O akntqano Ant6nio Vieira, que leccionava o latim, o áiabe, o persa, o Ita-
liano, o espanhol e o italiano (1) é autor de uma A New Portuguese Granmm
in fowr parts {...), cuja 2.» edição surgiu em Londres, no ano de 1777, (nova
edição, Londres, 1811). Inocêncio, que desconhece esta obra, refere uma
Grammatico Ingleza e Portugueza e uma Grammatico Portugueza e Ingleza,
impressas respectivamente em Londres, 1827 e Lisboa, 1812.
Antânlo Vieiía editou ainda um DMonáiio de inglês-português e portur
giii»4nglie, em 1773, de novo estaaqwdo em 1782. estas ediçOes, men- A
cionadas por Inocêncio, acrescente-se a new Edition (...) London, 1809.
O italiano ficou facilitado com o JHeekmaio ludimo e Portagyez, de

(1) Jou, 1769, pág. — Ver também Dic, 1, 293-294.

Copyrighted material
— 359 —
Joaquim José da Coita e Sá. fira «exUaliido dos melhoies lexic6grafos,
como de Antânio Vmerom, de Faociolati, de Fnmcioiiiii, do Dicioiiário da
Crusca e do da Uanersidade de Turim» e foi dedicado a Sebastilo José de
Carvalho e Melo (1).

Bartolomeu Álvaro dn Silva imprimiu em Coimbra, no ano de 1764,


a Colecção de palavras familiares portuguesas, francesas, latinas e britânicas
com unta breve instrucçúo para perceber e ainda falar o francês.
Este breve apontamento, que mais pretende marcar presença do que
registar toda a actividade desenvolvida neste sector, patenteia bem que nlo
arrefecera o interesse pdas línguas vivas, manifestado desde o prindpio
do século. O seu estudo oontínnava, porém, fom do âmbito da escola
oficial...

As questões religiosas apreciadas nos capítulos anteriores continuam


mais vivas na segunda metade do século, multiplicando-se, porém, nas rami-
ficações ideoldgicas voga por toda a Europa. A Nbçraaria, o Oalica-
em
nismo e Regalismo, o Jansmismo, o fiiddopedismo e Materialismo, a própria
Escola do Direito Natural conqtiravam activa e simultflneamente nos vtfrios
sectores da vidn pública dos povos, movimentando os ares, provocando
reacções c persistindo tenazmente na revolução e reforma do ambiente
consagrado.
A censura oficial mantinluMC ví^;ilante, proibindo a diculaçio de nniitas
obras. Nlo só vigiava a entrada dos barcos, mas também passava buscas
nas casas suspeitas, de livreiros ou particulares e apenas autorizava a leitura
de bem determinado número de obras, a intelectuais de sólida formaçfio
moral e mental. N3o bastava, porém, a licença de Roma, mesmo no caso
do P. Fr. Gonçalo de Oliveira, Monge de S. Jerónimo, munido de Breve
Pontificio para ler livros proibidos, a quem o Tribimal Régio, em 25 de Janeiro
de 1760, concedeu autorizaçio, limiteda a dnco anos, e oom ezduslo de
obras «dos Hereziaicas, os de Astrolo^ judiciária, os de Biateriallsmo,
o livro L^Esprit, as obras de Nicolao Machiavtlo, Carlos du Moulin, Thcmas
Hobbes, o Adónis de Marine e aquellcs que a 8ua própria oonsdéncia entender
que a podem offender e cauzar damno» (2).

Estas diligências iicavam, em parte, suprimidas pela dclacção espon-


tânea, que repetidos editais costumavam impor às consdiadas dos fiéis.

Toda a gente conhecia a obrifs^ de denunciar quem «tenha ou hi^ tido


por boa a seita de Lutero e Cdvhw ou de cxáso algum heresiaica dos antigos
e modernos, condenados pda Santa Sé»; quem soubesse ou tivesse ouvido

(1) DkL
m T.T.— SutoOOeii». ReqiMdnMittw, CMdOM e MgSM. Ert. Ifi3, Fnt 6.

Copyrighted material
— 360 —
que alguma pessoa, depois do edital do Conselho Geral de 7 de Junho de 1769,
wegat, defende ov tem por licitas as doutrinas de máiimas que «cciqmhende
o syBtona inthiilado Tlbaaer, majdmas, ExÊrddoãe (Htemmeku EipIriiiMeB da
Jaoobea». (Editd de 24-1-1771); q[uem soubesse ou tivesse oicvido que algumas
pessoas fação ou por qualquer modo concorrão para sc fazerem ajuntamentos,
aggregaçõcs ou convcntículos intilulados Dc Libcri Muratori ou Francs Mas-
sons, vulgo Pedreiros Livres ou com outro qualquer titulo, conforme a varie-
dade dos idiomas OBdital de 13-1-1793).
^[iToximando estes editais do de 10 de Novembro de 1738» referido
noutro capitulo, obtém-se a constante da linha de acçfto que se manteve no
tempo da censura do Santo Oficio e se continuou com a Mesa Censória e
ainda vingou depois desta (suprimida em 1787). Este novo Tribunal, que
tomou à sua conta a íiscaliz-açao dos livros, foi criado, como sc sabe, por
decreto de 5 de Abril de 1768, permitindo-se que um Inquisidor fizesse parte
da Mesa, oomo Deputado Ordinário
(1). O Regimento que lhe
foi dado,
estabeleoe rigorosa obrigsçlo de os seus dqmtados impecdonaran as Uviai-
riasde pessoas particulares e das Comunidades Religiosas, os Armazéns dos
Livreiros e as oficinas dos Impressores.
Regras pormenorizadas definiam o critério a seguir na censura dos livros.

Assim, a regra 14.* atingia as obras dc Voltaire, Diderot ou d'Holbach,


quando preceituava: «obras dos prevertidos Filozofos destes últimos tempos,
que continuamente estSo inundando e inficionando o Orbe Literário com
merhafisinas tendentes ao Fyironhismo ou inaedoUdades: a impiedade ou
à libertinagem.. >. Como vimos atrás (2), obras como as de GroCio, Pufibn-
dorf, etc, não se costumavam proibir nos Estados Católicos bem govemados
e prudentes . .

A justificação desse procedimento derivava de duas razões apreciáveis:


«Primeiro, porque se nlo deve privar a República das Letns dft vasta e útil
instniocão de tio eruditas obras, com a pequena cauza dos poucos higaies
em que ncUas se trata de pontos oppostos à Religiio Onhodoxa. Segundo,
porque semelhantes livros só costumam servir para a applicação dos Homens
doutos e superiores ao perigo que se pode considerar nos sobreditos 1í\tos».
Já vimos no capitulo anterior a aceitação cm face desta decisão, que a escola
de Direito Natural alcançou entre nós.
Estas razOes nSo serviriam igualmente para os livros condeaados? Mas
o Itíbunal, sendo formado por indivíduos religiosós, era sobretudo uma ins-
titni^ politica de flsraliniçlo dos interesses do Oovemo.

(1) Ver a consulta e a noB—tlo do primcíio dqyulado em Hktória Ge, 127.


(2) Pág. 333.

Copyrighted material
— 361 —
Dentre o» livros censurados neste período, avultam os de Newton, Fenelon,
Lodw, Veniei, Vottaiie e a^mis de feição protestante —
uns mdifenntes,
outros portadores do materialismo a que Fr. José Maigne proouon opor
um dique. Respeitante ao primeiro autor conhecemos a obra que tem por
título Príncipes Maíhematiqxies de la Philosophie naturale, cm dois tomos de
4.", impresso em Paris no ano de 1759 que, segundo Fr. Francisco de S. Bento
que a censurou, «he huma das admiráveis produções de Newton, traduzida
em Rances pek Maiquea de Chatellet, que nlo se Ugando seralmente às
pakviasilhistroaefeKniaisintdligívdaestegnndePliil^^ Omesmo
censor informa que «ella ajuntou hum Comentário dos princqMOS idativos
ao sistema do Mimdo e a solução dos mais belos problemas a este respeito:
obra em tudo digna da República das Letras e que £eue grande lionra a sua
illustre Authora» (1).

Sobre o segundo limitamo-nos a apontar a tradução do Capitão Manuel


de Sousa: O Tdemaea ée Mmukur ÍHaitíaeo de Si^ffiae de ta Motte Fendm
(Lisboa 1776). No piélogo, Manoel de Sousa alude a uma tiaduçlo anterior,
de 1770^ por José Manuel Ribeiro. A censura ao Ensaio do Entendimento
Humano de Locke é mais conhecida. «Mal instituído este organismo da
policia intelectual pombalina teve de pronunciar-se (Junho de 1768) sobre se

devia ou não facultar-se a venda pública do Ensaio de Locke, na língua ori-


ginal OU em qualquer tradução». Os censores «todos mostram um conhe-
cimento directo perflmctáiio e a inaptidllo filosáfica, sequer ao menos para
igtteadernproblciniticaqpistcmolégicai»^ O livro foi proibido em data de
16 de Junho de 1768, porque «viu-se alarmadamente no Enxào expressão
de uma Filosofia que pela exclusão do nao-scnsívcl da esfera própria do
conhecimento situava na irrealidade quimérica todos os problemas relativos ao
supra-sensivel, designadamente sobre Deus, a natureza e destino da alma e
ft tmn^ffTf mataflsicn acerca do ser enquanto sei> Esta ^wmw animad-
iff

verslo verifiooiMe mais tarde quando à Mesa CSensÃría foi pedida aiitoria-
çlo para imprimir um resumo do mesmo Ensaio phUosofico.
De Vemei, ao tempo Secretário da Legação em Roma, foi censurado
o Essais sur les moyens de rétablir les Sciences en Portugal, resimio do Ver-
dadeiro Método de Estudar, por António Pereira de Figueiredo e outros, em
8 de Abril de 1769. «Nada contém que deva embaraçar a sua publicação» (4).

(1) Censura de Fr. Francisco de S. Bento, de Afocto de 1768. (T.T. — Meaa Oens.
M. SS).
CO Ens, 57, 58.
(?) Eds. 69.

Copyrighted material
— 362 —
Neste período, Voltaire intentou infiltrar-se em Portugal, como nos outros
paises da Ettropa, enviando dhedameule algumas das suas obias ao próprio
Monaica.
Quando eclodiu o Terremoto, mais uma vez olhou interessado para
Portugal c escreveu sobre o Désastre de Lisborrne (1756). Noutras ocasiões,
pronunciou-sc sobre o último Auto de Fé dc Lisboa (1) c sobre Camões,
referindo-se várias vezes ao ncsiio País, emXI V, Candide
Siècle de Louis
e Com^tmiinetÇC^ Manual Martíniano 'idesafinintoii** o nosso Épico,
publicando a Canfwéukt nbn CanÕa (Lisboa» ITK^ O enviado na
Holanda, D. José da Sflva Pessanha mandou esses ou outros vofannes a
Sebastião José de Carvalho e Melo (3).
Em Edital anterior, de 24 de Setembro de 1770, a Mesa proibira obras
como o Duíioimaire Uistorique dc Pedro Baylc; Elemento Philosophica de
Cive, de Ttiumus Hobbcs; cbcriios vários dc Rousseau e Espinosa, como
Emile ou de VEdueatíon» du Ckmtraet Sodal ou Prine^ du JDroU PotíO-
que, jyatíatus Theologfeo-Polltieua, ete. e de Vohaiie como Lettree fídkh
ao^úques, Candide
ou rOptimisme, Dietktmabv fíiihÊ0^iique(4^
No seio da Mesa. porém, as coisas passavam-se de modo um pouco
diferente. Os deputados que deram parecer sobre as obras de Voltaire
dividiram>se em dois grupos: Pereira de Figueiredo e Fr. Luis de Monte
Carmelo sentenciaram que deviam proibir todas as suas obras, enquanto
se
Ft. Fhmdsoo de S. Bento exduia dessa i»!oÍbiçao algumas obm de histó^
de teatro. OjáexH>iBforiano, aoratuandoqiie»«emtodaae3itenslode]ivros
qpie tenho lido (e he notório que tenho lido muitas e diversas matérias)»,
acrescenta que pode c deve afirmar não ter achado outros mais ímpios mais
capciosos, mais nocivos que os de Mr. de Voltaire. «Elie he péssimo, ainda
quando parece bom: elle diffunde o veneno, ainda quando faz oraçoens a
Deos: ele inspiía insensivelmente hnm desprezo de tudo o que he Religiio e
piedade, ainda quando quer persuadir que só a piedade e a ReUgíIo o obriga
a manifestar os seos sentimentos: elle emfim he ímpio e blasfemo ate quando
se lamenta de o perseguirem por impio e blasfemo». Além disso, «todas as
suas Obras e especialmente a sua Carta ao P. de la Tour, estão cheias de
Elogios da Companhia denominada de Jesus e de desculpas dos seus pe&simos

(1) ÊpitreMCktMMerd'Ollf9mtirkétnkraeudtJblíkUtbamt,Qé^
(Bibliogr, 353).

(2) Bibliogr, 613 e 359.


(3) T.T. —
Mini^t. da Justiça. Pasta 7: Ofício do D. José ds Silws VBMtnllâ paa
SebasUio de Carvalho e Melo, da Haia, 24-VUI-17S2.
(4) Em H, m, 60 e C. 72-78.

Copyrighted material
— 363 —
casuistas». De fonna que, concluía que todas elas deviam ser proibidas,
«mais ainda que as de Luthero ou Gahono».
A fim de evitar posafveis equívocos, adverte que gastou mais de dois
meses a ler, ponderar e examinar cada um dos dezoito tomos em doze, de que
na edição de Amesterdfto, 1764, constava a CoUectkm Complite des Oemna
de Mr. de Voltaire.

Fr. Francisco de S. Bento, que náo terá consumido tanto tempo para
formar o seu juteo, é de opiniio que se nlo devem proibir as obras de Teatro,
por nlo terem «ooun mais digna de censura que as muitas obras deste género
que contimiamente se permitem». «EOas cortem em toda a Europa e se
reprcscnt3o nos Thcatros cem aplauzos e parcce-mc será para esta real Meza
hum grande desdouro, sc as prohibir com todas as mais obras». A sua
«Enriada» «o luiico poema épico que tem os Francezes» é uma obra prima esti-

mada por toda a Europa. Os versos contra a Inquisição espanhola, não


constittiem «bastante motivo pan pr<^iibir huma obra deste merecimento».
Dft mesna fimmi se devk deixar correr a liistdffia de Cárlos 12, Rd da
Suécia. Como vnnos atrás, até havia edição portuguesa. O seu parecer
ftmda-se numa questão prévia que ele levanta, de muito interesse como sohiçao
critica para muitos críticos: «julgo necessário que esta Real Meza decida
se devemos proliibir todas as obra compostas por homens libertinos, só

por este motivo, ainda que muitas da ditas obras tenhlo oouza digna de ceof
sma e se permítittto se fossem compostas por outros». E emite a sua pon-
derada opiniio: «Eu senqm julguei que hum censor devia só atender para
os escríptos que censurava, e não para a pessoa que os compoz: o fim da
prohibição dos livros he para que a má doutrina não inficione os espiritos
fracos e para con.ervar pura a sã doutrina: castigar a pessoa em nome do
Author pertence a outro Tribunal».
Termina com uma r^ra sensata de equilíbrio critico; «Bum censor,
se fosso possivd, devia ignorar o nome dos Authores, csgos obras examina,
e atender umcaaBute ao que se acha escripto pois deste modo mostnzia não ser
;

movido nas suas censuras pelas paixões do ódio ou do amor, mas só pelo
verdadeiro merecimento das obras». Não sabemos se a Mesa estabeleceu
regras de orientação a este respeito, nfias conhecemos a resolução tomada:
«Assentou^ se prohibissem os livros todos excepto os que hio<le ir no Catá-
logo que se há*de inqnímir. Meia 3 de lulho de 1770».
Assinam Fr. Frandioo de S. Bento, Fr. Luis do Monte Csnnelo e Fr. Fran^
ciscodeSá(l).

O) T.T.— Mm Obos, M. 591.

Copyrighted material
—364—
Bastante cedo ae leu também entre nda a obra de Frederieo Rei da Prút-
lia, ae bem que nfto abundem os teatemonlios escritoB, O Conde S. Tiago
poesuia as Oeuwtt de FhUosopIde de Sans-Souci, compostas por BkRd
da Prússia em verso, na língua francesa. Não faltou à obrigação de a apre-
sentar na Mesa Censória, mas com dificuldade a conseguiu rehaver. É de 26
de Janeiro de 1768 a informação do Santo Ofício que as mandou rever pelo
Qualificador Fr. Pedro de Sousa, dos Eremitas de Santo Agostinho. O cen-
sor «loimi anito algumas composições do 3.^ livro e reprova outras oomo
heréticas, por oonterem proposições e doutrinas opostas às verdades ortodoiosi».
Por esse motivo, o volume que apenas continha a «cArte da Guerra e outras
composições poéticas de El-Rey da Prússia», não pôde ser restituído senão
depois de se riscar e cortar «tudo que no dito livro» «houver digno de con-
denação» (1). Passados anos, já quase no fim do século (1791) Miguel Fede-
gache há-de traduzir e publicar a Arte da Guerra (2).
Actuava, porém, no seio da sociedade portuguesa, difundindo também
as ideias dos FOdsofos, a Franoo-MaQcniaria, que pregou Pifaiapes como
Francisco, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, o Príncipe de
San-Scvero e o Rei dc Nápoles; Duques, Condes, c Filósofos como Mon-
tesquieu, Helvécio, Benjamin Franklin e Voltaire. Já estava estabelecida
na Bélgica, França, Rússia, América e Florença, quando em 1735 entrou em
Roma e em Portugal. Foi condenada em 1738 por Clemente XII e em 1751
por Bento XIV (3), mas nio deixou de se diftndir e robustecer entre as cama^
das cultas.
A Inquisição e a Mesa Censória estavam, no entanto, efectivamente atentas
e não era fácil escapar à sua vigilância. Em 6 de Dezembro de 1761, Fr. Fran-
cisco de S. Bento, ao censurar a obra Memoires pour servir à Vhistoire de
Brandebourg, mandava riscar o passo em que o autor afirmava que Luis XIV
era inferior a Frederico Ouilheime, por mandar sair de Fkança os GaMnislas
que este último recebeu.
«Não só peca contra as Lcys da Politica, mas o que mais he, oontxa a
€^ por defender o tolcrantismo das RcligiOes opostas, como couza boa e
Itandada nas leis da humanidade e da politica». Também se deviam eliminar
06 artigos que tratavam da conversão dos povos ao Cristianismo e da
«chamada Reforma de Luthero e Calvino», «pelos muito erros que contém».
Além de outros pontoa que nio importa referir, dizia mal das Comunidades
Religiosas, afirmava «que Joio 22 estabakoeo em Brandebourg armazém

(1) T.T. — Santo Ofltío. Vária, Prat. 163, Est. 7.


(2) Apenas conheoGows a ssgvnda ediçlo: ArteO.
(3) Htttoí.80^1.

Copyrighted material
— 365 —
de indulgências» e tocava com irreverência nos princi|xus dogmas da Igreja»

teiuiiuando por oondiiir «q[ue a rafonna de Luthero e Calvino foi útil ao


Mundo e aobtetiido ao progresso do l^pfrito Humano». (1).
Com os cortes aconselhados julgava FIr. Fiandsoo de S. Bento, que fica-
vam eliminados os focos da heresia.
Em 20 de Setembro de 1768, o P. António Pereira de Figueiredo escrevia
da Congregação do Oratório de Lisboa as duas observações de censor à obra
BoHenÊos dat Beka Letna e Omeordânda dos FUosofos, que queria imprimir
Ftendaeo Barbosa Lima Soares, natural de Vila de Oaminha. «Nem o
Estado nem a Religifio pennitte que se lm|mma», começava o então ainda
oratoriano, à maneira de enunciado de tese. A propósito de afirmação de
que foi a Arte Crítica que levou os padres da primitiva Igreja a discernir os
verdadeiros Evangelhos, Figueiredo evoca a autoridade infalível da Igreja
pela assistência do Espirito Santo, e «o fio da Tradição Apostólica», para
se distinguirem os verdadeiros Evangelhos dos apócrifos. Fondo-se a inter-
pretar oNovo Testamento, o autor visado rdfere-se à saida de Cristo do sqpul-
ene hz afirmações que Pereira de Figueiredo condena com a fisae: «Quantos
períodos, tantas heresias». E explica: «O Autor quiz seguir que a essência
dos corpos consiste na impenetrabilidade actual. Como este systema parecia
ter contra si o que a Fé nos ensina da Resurreição do corpo de Christo, da
tua entrada no Oarfunlo As portas fechadas, do parto da Senhora ficando
a sua viisiadade: teve por mdhor negar o que a Fé nos ensina, do que
illesa

mndar do tytíaoà imposto».


E termina com uma exclamação que pretende condensar história: «Ani-
mosidade por certo inaudita entre nós!». Entra pois na análise de outras
interpretações bíblicas do «teólogo» de Caminha que são excusadas. Mas
nfio queremos deixar de transcrever a sua opinião sobre os acidentes eucarís»
tlcoa, por le tratar de nma qiuestio muito debatida entre nós. «Por último
advirto que no artigo da Accidentologia número 376 deduz o Autor dos seus
Principies, como consequência inn^vel, que os aocidentes Bucaristicos san
o Corpo de Christo, fazendo-nos as mesmas impressoens que nos faria o pan
e o vinho, se aindaalli estivessem. Propozição que cm todo o systema Filo-
sófico me parece falsa. Porque seja qualquer que for o constitutivo dos
aocidentes, he coisa assentada entre todos, que o aocidente se distingue do
sogeito Ott lealmente ou modalmente: que he o que basta para hum se nSo poder
affinnar de outro, nem o acddente do sogeito, nem o sogeito do aocidente!».
A sentença foi radical: «O meu voto he que esta Real Meza nlo só mande

(1) T»T. "~" Siiilu Olfctoi Fnpsis vtripsi Brt. 134^ Vnt. C

Copyrighted material
— 366 —
suppiimir este original mas tão bem que castigue com severidade exemplar,
a quem o adiou capaz de approvar tais desatinos» (1).

N2o se terá perdido nada com o desaparecimento da critica livxe do


curioso de Canrinlia, que sem sabia escrever correctamente o português
conforme Figueiredo acentua, com exemplos calamitosos. Mas serve o
episódio para marcar a tendência que também por cá se manifestou, de uti-
lizar o livre exame, já nào apenas em conversas como Bento de Moura Por-
tugal, nem tó por meio de obres estrangeiras importadas pdos livietros,
como no caso referido. E de certo nio terá sido o único que tentou diftmdir
pela im(»ensa as congeminaçOes resuttantes da aplicaçfto do consabido prin-
cipio protestante.
O anglicanismo do Cavaleiro de Oliveira está estudado pelo Prof. Gon-
çalves Rodrigues. Não deixaremos, porem, de acentuar o surto dos seus
conhecimentos obtidos no estrangeiro e o zelo de implantar a sua nova fé

em Pbrtugal. «Viajo há mais de 16 anos. Procurei àvidamente e iqnoveitei


com prazer todas as ocasiOes de observar e tratar com homens de diferentes
raças; adquiri alguns conhecimentos acerca do seu caracter e dos sistemas
que professavam em moral, filosofia c politica. Este conhecimento medíocre
e limitado embora, proporcionou-me ideias, factos, observações e anotações
novas que em parte alguma lera» (2).

Em 1 756 e em 1 767 publicava em Londres as duas obras do seu apostolado


o Discours Pathétique au sujet des cakatútis prisatíes arrivées en Portugal, c as
Bifkxões de Fdlx Cmrvina de Arcos siAn a Tentatíva Teohgka de AtitáiUo
Pereira (3). Nelas, o Cavaleiro de Oliveira imamhse com Vemei, no zelo
de implantar, não o bom gosto das letras ou o avanço das ciências, mas a
pureza da Religião Fala abertamente como protestante, no intuito
crista.

de estimular a fimção de uma igreja lusitana, criticando càtisticamcnte o que


ele denomina de superstiçSo. NSose refere, porém, aciciidioespo|nilaies,ma8
directamente à jvópiia dogmática da Igrqa. Assim, oonsiden o Papa orai
poderes iguais aos dos outros Bispos, condena o culto das imagens, convida
à controvérsia livre pela aplicação da razão aos problemas religiosos, vinga-se,
enfim, da Inquisição que proibiu a leitura de todas as suas obras e o queimou
em esfinge, apostrofando-a com as mais duras expressões (4).

Com este credo confessado aos quatro ventos, tomava-se impossível


o seu r^resso à Pátria, mesmo durante o Consulado pombalino, até porque
Sebastiflo José nio stnqiMtizou com Francisco Xavier, chiando mesmo a

0) AnléfnlbiiaT.T.— SuloOffcio. Hpttayêdoê. Brt. 153, Ftat 6.


(2) Amusamnt, voi I, p. S. Gbado «a Plot» 1S2.
(3) RefL
(4) Díaco, 44.

Copyrighted material
— 367 —
ditar-Ihe a sentença, quando em 1745 escrevia para Lisboa ao Secretário de
Estado: «...entendo que nio seria mau meter este homem numa prislo, se
para isso houver meio; porque na verdade, é uma iqjúria do hábito qjue traz
e da naçlo a que dia pertencer» (I).
Não sabemos o conceito cm que o Cavaleiro de Oliveira linha o Marquês
dc Pombal. Mas 6 natural que fosse semelhante iw de tantos outros intelec-
tuais, que espontâneamente se afastaram da Pátria ou sofreram per&eguição
até passarem as firaoteirBS. O egresso dos Gón^os Regrantes de Santo
Agostinho» Joflo Jadnto de MagaUiIes» pertence ao grapo dos primeiros,
conforme ele próprio revela numa nota manusoita que ap6s na biografia

de Ribeiro Sanches, de Carlos Francisco Andry, que se conserva na biblio-


teca Municipal do Porto. Saiu do País, «résolu à ne plus vivrc que sous
gouvemement oú la liberte personnelle soit à l'abrig du despotique minis-
teríeb» (2).

Uma vez em França, contactou com os cientistas mais eminentes» fixan-


do-se por fim em Inglaterra, nlo só para se aproximar dos homens de Letras
de sua feiçSo, mas também, como ele próprio sublinha, «peh grande analogia
que encontro entre o caracter desta naçio e o mc\i». Essa analogia foi ao
ponto de ter abraçado o protestantismo aí dominante (3).
Todo este ambiente denunciava duramente o crescimento do despotismo
ilustrado que, mesmo em matéria de religião, aproximava os submissos e
ftzía Foi assim que suighi, no ano de 1765(4^
a&star os inconformistas.
o fkmoso catecismo do Bispo de MontpeUier, Carlos Joaquim Colbert,
apostrofando os Jesuítas, na introdução ao leitor, como fautores da
condenação desta obra, cm 21 dc Janeiro dc 1721. As razões eram evidentes:
a defesa do poder civil, a dignidade dos Bispos, a questão da graça divina.
A forma como o Bispo de MontpeUier [ou o Oratoriano P. Pouget, que aí
se dá como autêntico autor da obra (9], tratava estes assuntos, levou os
inadanos a incluf-lo no rol dos livros jansmistas.
O tradutor, porém, considerava-o superior aos Catecismos de S. Gregório
Nlsseoo, S. Carlos Borromeu e Fr. Bartolomeu dos Mártires. «O Catecismo

(1) i4/>u(/ Cartas C XXV.


(2) Vida,S.
(3) Sobn a sua obn dBalUlea w Vida; Cone; For. 49 9 mi Estudo, 23(^5 e
Ed. 374.
(4) Insmicco.
(5) Amónio ffonica ds Fiiwiiedo. na ÁMÊjftt dt Pfvfiudt dt Pé do S» Fititt
Pio IV, Adição IV, apresenta-o apenas como fonte: "O insigne Teólogo Francisco Pouget.
da Coogregaçio do Oratório de Jesu Cristo, nas suas InstituUsoú Cathoiiau, doode se

Copyrighted material
— 368 —
de Montpellier be tonna Obta, consumada neste género, e o melhor livro que
lahio a luz púUka até o noMO tmpo, pam instniir ot Fiéis no coi^^
ma Religilo». (Ao leitor). Na si» oi>iiiiio,Mfvia mesmo içam nq)prir(»^^
de algum modo, a &Ita doa estudos Ecdcsiasticos, e dos meios para elks
necessários». Apaitcia itpor mandado do Senhor Arcebispo de Évora,
D. João, para uso dos Fieis do seu Arcebispado». Depressa, porém, o seu
uso, escudado com a licença da Real Mesa Censória e com a indicação
de que foia inipitsso mi Régia Qfieíiia Tipográfica, (ed. de 1770-1776), se
estendeu a todo o Pais e reproduziu, pelo menos, em mais duas ediçOes
(nova ed. em 1824), desprezando-se daramente a condemição romana, como
aliét acontecera já em França, Espanha e Itália. Assim mandava qvem tinha
podnes para isso...

Copyrighted material
CAPfTULO XII

PANORAMA D£P01S DA REFORMA DE 1772

Ensino seemiáà^ oficial: Rede das aulas de


latim, grtgo € filotafia. O Colégio doa
Artes.
BuÈ» afieki iaperlor: Intervenção de
Cndcuh na Teologia, de Sachetti na
Âãedicina. Influência de Vernei e Geno-
vttL Kbeko Sméke». OsBnaMoBUiá-
versitários no Reinado de D. Afaria I.

Ordens Religiosas antes e dqxfls de D. Maria 1:


A adt^taçâo dos Estahitoeda aldadÊIMm
aos seus estudos. Os FtwirfiBa—f M
Universidade de Évora. Lulas eitín Av*
fessores seculares e Religiosos.
Oa SemMrtot: Sama/éni, Braga a Énara.
Aeadenáas: A das Ciências de Lisboa, a
fbWInur do Rio, a dos Oiuequiosos.
Ceatarat da Real Mesa CnwMn: VMtalre,
Locke, eíc.

Os Filósofos mlwraU. O ^iiosofo Solitá-


rio» ele.

Com isto, estamos chegados à legislação geral de 6 de Novembro de


1772 que, só depois de um ano, recebeu cabal cumprimento. «Tiveram
enaddo estas aulas do principio do ano de 1774» — levdou um contempo-
rftiieo(l). Enoprimeifo tnMhode vidto da Real MesaC^^
da instniçio. Mo
«muriado ficamos cientes do conteúdo: «Lei por que
Vossa Magestade he aervido ocorrer aos ftmeetoa estragos das Escolas Menoces
fundando-as de novo e multiplicando-as nos seus reinos e todot seus domfnioe,
debaixo da inspecção da Real Mesa Censória (...)».

(1) ItaadriaB. S21.

•4

Copyrighted material
— 370 —
Agora» sim, ordenava-se «que os estudantes que frequentarem as
Escolas Menores coin os fins de irem estodsr as ctênciss de Univef*
sidade, tmham um ano de filosofia, no qual lhe ensinarão os professore» a
Lógica e a Étàca» (1). Eram relativamente poucos, bem sabemos, os alunos
que ficavam obrigados a semelhante estudo, visto as escolas se destinarem,
sobretudo, a difundir conhecimentos rudimentares de ler e escrever, e gra-

mática latina. Mas constitui, ainda assim, sobre o período anterior, passo
notável para a propagação dos estados filosóficos.
Pdo Mapa dos Professores e Mestres das Escolas Menores e das terras em
que se adiam estabelecidas as suas Aulas e Escolas neste Reino de Portugal
e seus DomMos, somos informados de que deviam abrir 28 aulas de Filoso-
fia (2). três nas Ilhas e quatro no Ultramar, assim distribuídas por comarcas:
Lisboa seis: Setúbal. Santarém. Tomar, Leiria, Aveiro. Viseu, Lamego,
Pinhol, Guarda, Castelo Branco, lorrc de Moncorvo, Vila Real, Bragança,
Mirandda, Braga, Portalegre, Elvas, Évora, Beja e Algarve um professor —
em cada; Porto e Penafiel, dois com sede na primeira cidade (3). De uma
maneira geral, estes professores não eram membros de corporações religiosas.
Ficaram sem aula de filosofia as comarcas de Alenquer. Torres Vedras,
Ourem, Coimbra. Feira, Barcelos, Guimariles, Viana, Valença, Crato, Aviz,
Vila Viçosa, Ourique e África — onde aliás não faltavam professores de ler,

escrever e contar e, em muitas, de retórica, de latim e até de grego. Um


ano depois, com a publicaçlo do Alvará que ampliou o número de professores
das Escolas Menores, outoigava-se também a Viana, um curso de filosofia (4).
Na cidade do Mondego, só na Universidade se estudava esta disciplina,
cm plano universitário, embora no edifício do Colégio das Artes (5). O Colé-
gio propriamente dito ficou reduzido às disciplinas de Humanidades. D. Jose.
num gesto que apenas ressuma ódio jesuítico em que se não vislumbra cente-
lha de visão pedagógica, promulgou novos Estatutos do Real Colégio das Artes
da Uidvertídade de CotntífrOt que se conservam manuscritos (5).

(1) Cokcc, III. Ver umbãn T.T. —


Miniat. do Reino, n.* 417, 19Sv.
(9 o Dr. Salgado Júnior, que eleva a 35 as aulas dc Filosofia, tnrorma que muitas
não dieganun a funcionar. (Estud, 20 nota) Santos Marreco abaixa o número de eioolsi
para 26, «nirtindo 6 na Corte» (Memãria B. 521 e 322).
(3) Colecc, III.

W Colecc. III.

(S) o edifício sofreu váriu^ adaptações. Ver D, 85 e ss.

(O Eitat. EMe ooniJlir Mti Inoomplatt», pois tcimiMi com as insiniçOss sobre o
ensino do Hebraico. Não traz dat.i, mas deve ser o Plano que o Reitor da Universidade
enviou a Pombal a 30-XI-773. aprovado pelo Marquês em 15-Xil'73. — Cf. oficio de
Pionibal. (D. 220.

Copyrighted material
— 371 —
A razão principal da sua fundação reside no facto de se considerarem
insuficientes em ordem à Universidade, os Estados Menores espalhados pdo
Coatineate. EaaBiiii,Siialifi^|ettadefm«ieradoicMrvar
um estabelecimento mais amplo», para as HuminididcB, como tambdm
estabelecera «o Curso Filosófico mais completo do que podia ensinar-se nos
outros Lugares do Reino». «Terá, pois, este Colégio, três distintos objecti-
vos: o primeiro será cuidur na educação» dos Porcionistas; «o segundo
será rego: as EkoIm Gerais dos Estudos Menores da Universidade conforme
os presentes Estatutos». *0 terceiro será formar o centro de nnui corpo-
ração externa que associada com ek, entenda no adiantamento e progresso da
Filologia e Literatura».
Ao quadro das suas disciplinas pertenciam: a) as línguas latina, grega,
hebraica (esta para os alunos que se destinavam à vida eclesiástica); b) Elo-
quência e Antiguidades, com os primeiros rudimentos da Cronologia e Geo-
grafia e ainda Gramática Racional, que devia ser dada por estes Professores.
Veio a Bt^nt modificação profunda na sua estrutura e a denominar-se
pomposamente Real Colégio de Nobres das Três Províncias, sob o príndpa-
lato do Lente de Matemática, o antigo jesuíta, Monteiro da Rocha. Enquanto
no primeiro Plano, .se admitiam «meninos de condição honesta que forem
destinados para os estudos», agora ordenava-se a sua abertura «a bene-
ffcio da mocidade nobre c dvil das TMs Províncias». As anhi abriram
em 1776(1).
Em Évora, como já vimos, o ensino deixou de sv livre, para se adaptar
também aos novos Estatutos da Universidade. Farinha continuava a profe-
rir Orações no início e no termo dos anos lectivos. Há notícias, por exemplo,
da Oração no principio do exame de toda a Filo/ofia Racional e Moral,
em 9 de Julho de 1774 (2), e conservam-se a Oração no fim do exame de toda
a Filosofia Racionai e Moral, havida na sala da Universidade de Évora em
9 de Julho de 1774, a Oração para o pcindpio do exame público de Filosofia
Racional e Moral em Évora a 28 de Julho de 1774 e a Oração no exame público
de Filosofia Racional e Moral datada de Évora. 28 dc Julho de 1774.(3).
Não vale a pena maior insistência a respeito dc um ensino que necessà-
riamente tinha dc ser uniforme e adaptado ao modelo prè-hxado. Quando
mais tarde vem para Lisboa, reformado da cadeira de Évora, prevalece igual-
mente a orientaçio Genneose-Heinécio, das normas oficiais. Como vere-
mos, é de o editor e tradutor das obras escolhidas desses autores.

(1) Ver D, 226 c 238 c H, III, 438.


(2) Citado no tos. 51-IV-lO, n.° 1 da BJi. Apud Be, 76.

(3) Be. 76-77.

Copyrighted material
— 372 —
Na Universidade de Coimbra, a reforma foi igualmente profunda, se
bem que ficasse bastante longe do programa de Vemei. Pombal foi nomeado
Pkoipoteiiciário e lugar-tenenle do Mooaica «na nova ftmdacio da Univeni-
dade de Coimbra», por carta régia de 28 de Agosto de 1772(1). Como
preparação dos ânimos, apareceu em 1772 o Compêndio Histórico do Estado
da Universidade de Coimbra no tenyw da invasão dos denominados Jesuítas
e dos estragos feitos nas ciências e nos professores e directores que a regiam,

pelas maquinações e publicações dos novos Estatutos por eles fabricados. Triste
sudário de um preconceito realista, que não homa o seu autor (2). nem quan-
tos com ele colaboraram. O Vetrdadeiro Método de Estudar vão Un esquecido,
ames é citado mais de uma vez. A propósito da necessidade de ligar a histó-
ria i jurísprudêocía, há mesmo páginas que nos dao a impiesslo da grande

e forte voz do semeador das ideias que vão frutificar (3).


A 25 de Setembro desse mesmo ano saiu o primeiro diploma de interesse,

que mandava suspender os Estatutos velhos e suster as matrículas e abertura


das aulas» al6 nova <»dem (4). Dotado de plenos poderes» o Marquês de Pom-
bal rodeon-se de homens de talento e» sem dar lugar a longas reflexOes» esta-
tuiu. A
Junta de Ptevidêndaliteftfria» criada por carta régia de 23 de Dexem-
bro de 1770 agregava esses colaboradores: O Cardeal da Cunha; o Reitor
da Universidade, D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho e seu
irmão, o Dl. João Pereira Ramos de Azevedo Coutinho; D. Fr. Manuel do
Cenáculo Vilas Boas, Bispo de Beja e Presidente de Real Mesa Censória;
Dr. José de Seabra da SÕva c outros (5>. Depds de redigir o Compindkt
Histõrko, a Junta arquitectou os novos Esta^itos, com anxOio de outros
intelectuais» entre des o Dr. Joáo Mendes Sachetti Barbosa. Bntietanto,
diga-se de passagem, que deviam ter tido presentes, entre outros, os escritos
de Vernei e, para a medicina os de Ribeiro Sanches.
É muito instrutivo a este respeito compulsar o Diário de Cenáculo (6)
«Quando a Junta resolve e se compõe, vae logo para a impressão, para estar
tudo pfompto e António Ftreira (de Figueiíedo) vae logo traduzbdo tudo
em latnn» e se vae imprimindo ao mesmo tempo». O Dr. Jcão Perôra Ramos
sobressai oomo figura principal. «Elie é o compositor e coordenador, pcus
há seis ou sete annos que El-Rei lhe determinou que fosse ajuntando e oom-

(1) Carta R. — Foram-ltae prorrogados os poUerc^ por caru regia dc 6-XÍ-772.


CO Atíbidnm > alada de Giinift«Mi madriea a Voaábtí. Vmei aaini peastna,
como se le na carta de 9-Xl>7iS7.
(3) L, II. 169.

(4) ÀpHd D. t.

(5) U. 70.

Extractos cm U, 73.02.

Copyrighted material
— 373 —
pondo o que fosie preciso para a Reforma da Universidade, e agora, só o que
hz é cooidenar pdo metfiodo que diq>Oe o Marquez». Nem sempre,
poiém, se subordinava ao pensamento deste, segundo revda o mesmo Cená-
culo: «Havendo eu sabido por Fr. Luiz de Monte Garmello que as folhas
depois de virem correctas pelo Marquez para se imprimirem, João Pereira
Ramos as faz ir a sua casa, onde faz o que mais lhe parece».
A ele em particular estava cometido o encargo de redigir a parte jurídica.
Frandsoo de Lemoa eacanegoo-ie de ooofdenar o que perteotít à Mate-
mática, Filoacfia, Teotogia e Medidna. l>Iio se julgou, no entanto, o Rdtor
capaz de dar conta do trabalho aózinho e pediu a colaboração de Saquetti
para a Medicina, do Dr. Ciera, prefeito do Colégio dos Nobres, de Cenáculo,
de José António da Gama. Do Dr. Guálter Wade receberam os dois irmãos
apontamentos, sugestões, livros. Seabra terá tomado parte activa na redac-
ção, antes de a Junta fixar o texto.
Gemiado inf<»ma que o papel de Pombal se limitava ao ddineamento
doa caixilhoaem que a reforma devia assentar. Tudo o mais pertence aos
colaboradores. «... O Maiquâs... vae de boa fé no que um deles propOe,
e os outros se fazem de novas e confirmam, e assim vão levando o Marquez
como querem e vão zombando e rindo com muita pena minha, devendo
aquelles senhores não se atreverem a convidar-me por mais que me tenham
julgado e porque são quatro e talvez se persuadam que eu não tenho
orgulho para as disputar, como nlo tenho, nSo predsam de mim». Vcfemos,
no entanto, por boca do que a intervenção do reformador era activa.
Reitor,
Parece poder-se inferir deste trecho, que também a interferBncia de Cená-
culo SC tera' reduzido a pouco. Julgamos, no entanto, que nos capítulos da Teo-
logia e porventura da Filosofia, a sua presença foi acatada, como p>essoa

que já dera provas, no Fíano de Estudos da sua Ordem, de estar actualizado


nessas matMas. Quanto i Filosofia, o anIi-eMolatlieiamo do Biapo de
en endcnte nesie e noutros escritos. No que reqwita i Teologia,
deizon Cenáculo uma finse no Diário que não permite dúvida da sua inter-
venção nesse capítulo: «Havendo-me procurado duas vezes o Reitor da Uni-
versidade para conferir o que pertence à Theologia e nSo me tendo achado,
pareceu-me razão ir eu a sua casa». Entre os pontos discutidos, deixou assi-

nalada a discordância a respeito do livro de texto: «IncUnando-se eUe a que


o ouso Theologico ae fizesse pdo BenedkIiDo Geriicrt, eu ftd de parecer
opposto». Ontru diacordindas ae como a duração do
podiam r^lstar,
curso, que Cenáculo elevava a seis anos e os Estatutos vieram a fixar em cinco.
Pombal também nestas secções emitiu opiníOes e o Bispo Rdbrmador siúei-
tava-se plenamente ao seu parecer.
Em carta a Pombal de 3 de Novembro de 1771, D. Francisco de Lemos
de Faria expimha: «A respeito do lugar da autoridade da Sé Apostólica ou

Copyrighted material
— 374 —
dos Pontffioes» tive a honra de reprezentar a V. £x.^ que havia guardado
silêiicio sobre eOe nas primdias fdhas que kvd á Junta, poique deasgava
antes de falar nesta ddicada mamia ser instruído pof V. El.\ tobtt o modo
com que devia nella portarme. E pedindo en esta necessária instrução a V. Ex.%
foi V. E\.» servido dizer-me que me regulasse por Melchior Cano, e me for-
talecesse com cslc escudo» (I).

Apesar-de tudo, sc aproximarmos com cuidado esta reforma da do Fran-


ciscano, as diferenças diminuirão sendvelmente: os Estatutos estabeleceram
o curso teológico, sendo a primeira, de História Pdfadástira,
oito cadeiras para
que Oeaácnlo cdoooa no primeiro ano ; tr8s de Teologia Dogmática Pcriémica,
que no Diário do Bispo de Beja são espalhados pelos três primeiros anos,
com as designações de Dc Deo Uno et Trino, e De Dco Incarnato; uma de
Teologia Moral, outra dc Liturgia c duas de Antigo e Novo l eslamento,
que Cenáculo atribuiu a outros tantos mestres. O De Sacrameniis deste é
induido no quarto ano, «atendendo a que a Theologia Sacramental tem
conexio com a Mystica e com a Mond».
Enquanto os Estatutos reservam, para as lições de Teologia Canónica,
«a Cadeira das Instituições Canónicas que novamente estabeleço para facili-
tar o estudo dos Cânones», o ilustre membro da Junta propôs que houvesse
uma lição no primeiro ano. do primeiro Mestre da Faculdade de Leis Teo-
lógicas. A maior divergência estava, pois, no sexto ano, em que Cenáculo
Vilas-Boas propunhao estudo dos Padres analíticos ad phdtum, que os
EstatMos omsideram noutros lugares, nomeadamoite a par da Escritura
Sagrada.
A distribuição das matérias pelos anos também não coincide, mas o
que mais importa c Trisar a identidade de matérias c a perfeita concofdân-

cia no rumo a imprimir a estes estudos.


Vemeí, como vimos, cabe dentro deste esquema ou, melhor ainda, parece
ter servido de leitura, próxima ou remota, visto nio haver diacrepfincias no
essencial: no espirito de omnbate à Escolástica e na prefcfência dada à Teologia
Positiva. Depois de mandar estudar a história da Teologia, ek indica as nudé-
rias que formam a Teologia: «deve começar pelo que pertence a Deus, tanto
Uno como Trino, no que sc compreende boa parte da Teologia. Daqui
deve passar às outras principais matérias que acima apontámos (reservando
a Moral para outro tempo), que são de Incarmtione, de Ecclesia. de Gro-
tto ChrísH, de Saerammtía. Quem chega a saber isto bem, é um bom Teó-
logo» GO*

(1) Ver Ap. Doe.


(2) V, voL IV, p. 29a

Copyrighted material
— 375 —
A nova orientação do ensino teológico, aliát firmado no enrino das
Leis e do Diníto ou, como se exprime um autor, «sob o ponto de vista rdi-
gioeo», acabou por meio da Reforma da Univenidade, de escancarar as por-
tas do pais à invasão das doutrinas jansenistas c galicanas, assim como aos
princípios do regalismo mais pronunciado (1 E o movimento alastrou.
).

Lemos de Faria deu grande incremento à Reforma, procurando influir no


ensino público na diocese de Coimbra, com as suas ideias febronianas.
A quota perle que a Faculdade de Mediana deva ao estremooense
I^. Sadietti Barbosa nio é fácil de determinar, pda circasseg de dementos.
Contudo, podem-se apreciar as ideias do médico, através dos poucos escritos
que deixou e das referências que os amigos lhe fizeram.
Sachctti foi, sem dúvida, dos portugueses de então, que mais alto lugar
ocupara no campo cientifico. O Dr. Jacob de Castro Sarmento era «o seu
bom amigo». O Dr. Ribeiro Sanches, «o meu amado e douto amigo».
Aqude, participa « ao público, em uma ao Dr. Joio Mendes
carta escrita
Sachetti Barixisa, sócio da Sociedade Real de Londres, etcj», o Aptedix
ao que se aclia escrito na matéria do Dr. Jacob de Castro Sarmento,
sobre a natureza, (...), efeitos e uso prático em forma de bebidas e banhos
[das águas das Caldas da Rainha (2). Este, ofereceu-lhc o «seu li\ ro sobre a

Cctuervaçúo da Saúde dos povos» (3), que lhe «chegou às màos, quando esta

obra iÇontídmtíÕa Médicas) entrava nas licençasi».

Foi «um dos compatriotas com quem Ribeiro Sancbes se correspondeu


por mais tempo», parece que até à dataon que leu os Estatutos da Univerri-
dade de Coimbra no seu Journal estas cáusticas palavras: «Estes
e exarou
arguentes e defendentes c parvoisses do Dr. Sachetti nestes exercícios
semanários e por sortes de urna» (4). Com Enimanuel Mendes da Costa,
secretário da Sociedade Real de Londres, manteve correspondência de carác-
ter dentlfioo, que o Dr. Gonçalves Rodrigues deu a conhecer há poucos anos (5).
Estes ccovivios intdectuaís permitiam^e o intercfimbio, de que temos
noCfda por estas poucas amostras: O
Dr. Ribeiro Sanches comunicou-lhe
um unguento mercurial canforado, que era segredo seu. De Londres foi
dado conhecimento de algumas curas de paralisias por meio da electricidade,
que ele tentou empregar em Portugal. Sócio da Real Sociedade de Londres
desde 10 de Maio de 1750, colaborou duas vezes nas fítílosophictd Transao
tUms, apresentando as observações do edipse da hia que fez em Elvas nos

(1) Refo. S«2.


(2) Ape.
(3) Tracta.
(4) Estudo, 167 e Am, 281 e ss.

(5) coiT. asMos.

Copyrighted material
— 376 —
dias 27 e 2S de Março de 1755 e a descrição do que aconteceu em Lisboa
no dia de Novembro detie memo ano. Anunciava que, por deigos do
1

Secfctáiio de Estado, Diogo de lifoidonça G)cte Real e de outioa nobics»


começon a eaoever uma «história natural, filosófica e meteorológica» do
terremoto, que não deve ter sido publicada (1). Refere-se-Ihe também nas
Considerações Médicas, apresentando-a como resultado dc longas investi-
gações sobre «terremotos, meteoros e fenómenos terráqueos, de calor, ventos,
temporal, fases da loa, direoçOes dos tenemotos, sua força, o tempo aparente)>,
em que se ocupara de Novembro de 1755 a Maio de 175ft. Estampárlaria
«se oa Filósofos entendessem que lhes poderiam ser de alguma utilidade». Este
deve ter sido o óbioe que impediu a sua pnblicacSo. Os Filósofos deinaranvee
ficar calados!

Os factos relatados já permitem fazer ideia das preocupações mtelectuais


de Sachetti.Mas ainda melhor ressaltarão do discurso já referido que pro-
nunciou na inauguração da Academia Ponopolitana e da lettnra de duas
obras que publicou —
as Constíkroçllea mé^eas aabn o mitodo de emUiee»,
curar e pruermr as ^tíkmku (...) Aplicadas paticularmente as que se seguem
aos grandes terremotos, como o do primeiro de Novembro de 1755 (...). Lis-
boa, 1758 e uma outra, até hoje desconhecida, que a Gazeta de Lisboa
a 5 dc Agosto de 1751 anunciava nos seguintes termos: «Em Elvas escre-
veu e imprimiu o Dr. João M. Médico do Hospital
Sachetti Barbosa,
Real daquela ddade, Académico da Real Sociedade de Londres e da Aca-
demia Real de Madrid» hum discurso muy degante para dar a algumas
pessoas da primeira Nobreza e erudigam deste Rcyno: o qual contém hum
projecto para introduzir na Naçam Pnrtu^ueza o estudo c methodo novo
das (nações) estrangeiras mais bem instruídas por zelo do bem da sua Pátria,
,

desejando aumentar nela a Sadeboria natural e a este fim o ofereceu aos


Ministros Régios, quando a Corte se achava em Vila Viçosas Os Inblió-
grafos desconheceoMio e as bibliotecas não o possuem, nem mesmo a de
Hvas.
Na primeira obra proclanuMC newtoniano, discípulo de Boerhaave
e dos gregos. «O seu intento» era restabelecer a doutrina destes e intro-
duzir a daquele (2). E pormenoriza o plano,
exalçando a «vantagem
e o artificio do sistema natural
do ilustre Boerhaave», sobre que dizia — —
«devemos fondar e introduzir a verdadeira Medicina, estebeledda pelo
método de filosofar do incomparável Newton, que consiste em acomodar
a rasto aos experimentos».

(1) Por, 41. — Ver também Estudo, 171.


(2) Consid, 7.

Copyrighted material
— 377 —
Perfeitamente integrado no ilumíiijamo mait aemato^ Sadietti aent-
oentava:«Com toda a paixio e afecto que en tenho pdos autofciiiKKlef^
lua doutrina, sem trabalhos e «ene deacobrimenUM, nlo pesco depor,
por um só momento, aquela veneração e itspeito que se deve aos antigos
ou antiquíssimos». Justifica a sua posição com a autoridade do «ilustre
chanceler Bacon, no prefácio do Novum Organom\ de «Boerhaave c outros».
Demais, até «& identidade do nosso clima com o da Grécia», persuade
a essa uniSo prática. Por isso, Sacfaetti nio drsdmhs de Aiistdldes;
antes, dta dde vários ditos. Contudo» nio se indtna ocamente na picseiicn
dos antigos. Assim, algures: «Se dissermos ao peripatéticos e puros
galenistas que o vinho não é, em si mesmo, mais quente, eks terlo a nossa
sentença por uma heresia médica».
O processo de redigir que usa nesta obra é o que propugnava para
o ensino de Medicina —
o mesmo empregado por Maquiavel, quer dizer,
«pondo e descrevendo histórias ewctamente, e logo aplicando a das o dis-
curso, as máírimas e as doutrinas. Isto é necessário, se queremos uma
arte perfeita, porque as artes práticas e que se reduzem todas ao ezeidcto
não podem ser bem exercitadas sem modelos».
Ele mesmo desenhou, por sua própria mào. com o microscópio à vista,

os «globos» que ilustram o volume. No âm do livro recomenda à «nossa


mocúlade que observe e inrite a natureza». «Mes advirta-se que essa obser*
vação e imitação requerem, além de um génio préprio, a necessária instru-
ção, não de sistemas quiméricos e abstractos, mas de prindpios stiidos de
Fisica e Mecânica, de Qidmica, de Anatomia».
A influência da Filosofia Moderna —
sensismo empírico é também —
por demais manifesta. Eis um trecho elucidativo: «A ideia c qualidades

ocultas dos peripatéticos não significava nem correspondia a coisa alguma.


A ideia das virúides químicas era ligada a observações e factos estupendos»...
«Queiennos saber — —
diz a razão dessas virtudes quindcas, é não cmihe-
cennos a limitada esfera do nosso entendimento. Não conheceremos jamais
nem teremos a ideia das causas primeiras que os newtonianos chamamos
simplicíssimas, enquanto o espirito estiver ligado à dependência dos órg2os.
A nossa fantasia só pode formar imagens de cousas compostas. Saberemos
nós, nesta vida,a cansa da gravitação dos corpos para o centro da gravidade 7
A da —
do movimento? NBo, porque estas cansas
direcção e comunicação
simplicíssimas, que dqwndem imediataniente do arbítrio do Criador, não
pode formar ideias ddas senão o puro eaptòto».
Desenvolve belas páginas de Psicologia Experimental, relacionada
com a Biologia, em que responde à questão —a tristeza, o medo, o terror,

que «são as enfermidades do ânimo», podem da «ferocidade e pro-


ser causa
pagação das cfidemias»? Ao mesmo tempo que defende o novo método

Copyrighted material
— 378 —
de curar as febres, reconhece o atraso nacional no «que respeita à Química,
A Anatomia e Botftnica». E cactofece : «Nenhum outro médico de Portugal
deaga, tanto como eu, ver introduzidat catas importantíssimas artes; nenhum
outro tem estudado, meditado e consultado tanto, sobre o meio mais eficaz
e fácil de serem introduzidas; talvez que a nenhum outro, me parece, terá
lembrado o facílimo meio para serem estabelecidas em Portugal, sem irem
estudantes para fora, suposto ser este o melhor meio; nem virem lentes de
fora, o que de nenhuma sorte convinha sem com os nossos lentes
se entender
da Universidade, os quais, se defendem Galeno e Avicena, nSoi por inabilidade
ou falta, de melhor instrução, mas sim por observância da Lei e respeito
reverenciai aos seus estatutos».
Acabava por pedir o estabelecimento de «academias e sociedade médicas,

de teatros anatómicos, jardins botânicos e laboratórios químicos». Apesar da


em presença de um manifesto, que con-
natureza deste livro, vê-se que estamos
viria aproximar da Carta de Medidna do Verdadeiro Método de Estudar,
se o seu autor não tivesse tido o cuidado de nos desiludir a esse respdto:
«Não demos ouvidos a uns tantos críticos do nosso século que, sem a sufi-
dente instrução desta vastíssima e intrincadíssima Faculdade (médica), só
com quatro paralogismos mal fundados nas falsas aparências que lhes ministra
a fantasia, dentro do seu gabinete, se intrometem a criticar de uma profissão
toda prática e pendente da observação (...). Tais sào o P.M. Feijó e uns
andnimoa antí-criticos ao Novo Método. Tenhamos Ubtima destes litígios
que talvez algum dia censuremos por boca de Muratori, e mais ainda a mcom-
pettoda destes litigantes».
Não há que sofismar acerca do titulo incompleto do livro de Vemei.
Mais claramente se lhe refere, quando anuncia seguir a ortografia moderada,
que só tem parte da rigida que pretendeu estabelecer o famoso autor do
Novo Método (1).
Importa, no entanto, não esquecer que a própria prática médica supOe
princípios aceites e estes coincidem tanto em Sachetti e Vemei, como entre os
dob e os Estatutos Coimbrões : Boerhaave, o mestre, tendo por base a Filoso-
fia newtoniana. Cenáculo exprimi u-se categórico a respeito das relações do
médico alentejano com os Estatutos: «... o que pertence à Medicina,
Mathematica e Physica, foi obra do medico Sachetti, conferida com Cicra,
Franzini, Daly, professor de grego que é bom raathematico, e Monteiro,
que foi Jesuíta».

Estoutras interveagOes de Sadietti, dificilmente se podem conferir


com o que se sabe a reeleito de Sachetti Barbosa. Lembremos apenas que

(1) Consid. 161 e XLV.

Copyrighted material
— 379 —
Fbiea era a Filotofia de Newton, e que esta se não compreende sem lálxkM
flmdamentot de matimática, Quando tratámos da Academia Fortopoli-
tana já 8e observou bem a insatisfliçao de Sacfaetti, qne o terá recomendado
ao« dhos de Pombal.
As restantes Faculdades em que ficou dividida a nova Universidade,
receberam as designações de Cânones, Leis, Matemática e Filosotia. Não
nos demoraremos com todas elas, tanto como a propósito das de Teologia e
Medicina (1). Deixaremos mesmo as Faculdades jurídicas e a de Mate-
mática, apenas com a nota de qpie também foram integradas no movimento
de renovaçio, sendo de salientar o novo observatório astronómico, com apa-
relhos construídos em Portugal (2). A chamada Faculdade de Filosofia
merece mais aturada atenção, já por incluir disciplinas nunca ensinadas entre
nós, já por se relacionar com o extinto Colégio das Artes.
O curso dc Filosoíla nos Estatutos da Universidade integra-se nas divi-
sOes da Filos<^ af estabeledda: Racional, Moral e NatmaL Para este ensino
destínav«m<se quatro professores» qne correspondiam a ootras tantas Cadeiras:
de Filosofia Racional e Moral; de História Natural (Botânica); de Física
Experimental; de Química teórica e prática. Predomina, pois, o estudo das
Ciências Naturais e Físico-Químicas, na proporção de uma para três. Can-
tonada toda no primeiro ano do curso, era um correr veloz pela magna silva

agora reduzida a meia dúzia de regras. O Professor tinha de dar os pro-


l^ómenos da FQoaaAa, a Lógica, a Ontologia, a Pnemnatolo^ a Teologia
Natura] e a MoiaL
Por Decreto de de Setembro de 772 foi nomeado Lente da Cadeira
1 1 1

(Lógica, Metafísica e Ética) o já citado P. António Soares Barbosa, mais


conhecido sem o último apelido, que recebeu o grau de Doutor e foi incorpo-
rado na Faculdade de Filosofia, cm 9 de Outubro, por portaria de 7 do mesmo
mês (3), conservando-se ai até à jubilaçâo, em 1790.
Os livros de tearto para a cadeira de Filos(^ prõpriamente dita vieram
mais tarde, quando os comptedios de Vemei, em 1772 s^niiam a sorte
do seu autor, desterrado de Roma. A Universidade avisou El-Rei de que as
Instituições de Lógica e Metafísica dc António Genovesi eram «as mais
próprias para se darem aos estudantes delia os primeiros elementos das refe-
ridas Aries», justifícando-se com «judiciozos motivos». Os dois volumes

(1) No centenário da riindaçào da Unívenlltadede OffntiT^ pldtttesnOMe as histó-


riH,nem sempre isentas e de valor desigual, de qustto RMuMadee: Eib; Memória H;
Memória»; MomórisHii.
(2) Ver Joaq.
(3) NoaMafiipemT.T. — Miont. do Reino. L.437.fL20v. Publicada em D.» IQ,
20 e 22.

Copyrighted material
— 380 —
remetidos de Coimbra foram enviados pelo Marquês de Pombal a 13 de Feve-
itiio de 1773, i Mesa Ceiuááàií), mas em 14 de Abril de 1774 notava-ie
a falta de oonvenieate pan a sua ediçSo Çl). E, cootiido, a 23 de Feve-
reiro de 73, já a Mesa Censória havia dado o seu parecer e EI-Rei mandara
«dar ao prelo e publicar a sobreditas Instruções com toda a possível brevidade»,
O Marquês dc Pombal julgou-sc competente para intervir pessoalmente
na questão e deu-se ao trabalho de ler os prolegómenos do livrinho. £m
ofitíío separado, da mesma que eanodou oertas palavras, paia
data, revda
que a obra saísse «mais conforme ao eqiirito dos novos Estatutos». Todot
saUam que estes impugnavam Aristótdes e, por isso, sempre «o nome de limn
Filosofo tão abominável se deve procurar que antes esqueça nas licçoens de
Coimbra do que se presente aos olhos dos Académicos como hum attendivel
Corifêo da Filosofia. Além de que nâo he tão certo como Genovese o diz,
que Aristóteles desse as mais completas regras desta arte. Nem isso se pode
dizer no lenqpo de hqie, no qual as regras mais seguras sio as que mids se
apartam do mesmo Aristóteles» (3). Por dUigíndas da Congregação Univer^
sítária de Rloscfia, o compêndio apareceu à luz do dia, ainda nesse ano

de 1773, impresso em Coimbra —


um magro volume de 142 páginas, de for-
mato de bolso (165 x 95 "'"), com o título Institutinnes Logicae in usum
tironum scriptae. Conservando o mesmo titulo, publicaram-sc com o nome de
Farinha as edições de 1786, 89, 96, 97, 814, 821, 827, 828, 835 e 847. Farinha
editou ainda em ITZ5 MlJçoens de Lógica feitas para uso dos prine^atíes por
AiUonh Gamense (...) traduzidas em Itaguagan, que foram reimpressas cm 1794,
816, 828, 40, 45. e 50.
As Instituições de Metafísica imprimiu-as o mesmo professor em 1786,
repetindo-se as edições em anos sucessivos (4). António Soares terá seguido
o que melhor lhe pareceu.
Vemei ficou, pois, postergado e substituído pelo Genuense. Porquê?
Mariana Amélia Santos estabelece as diferenças dos dois autores, atribuindo
ao italiano a preferência pdo cartesianismo^ a «apologja da razio, da evi-
dência racional e do edectismo, fortemente doeeado de racionalismo leíb>
níziano e wolfiano», enquanto filia Vemei no newtonismo, porque «parti-
dário do experimentalismo, da evidência sensível e do empirismo inglês». (5)

(1) Oficio do MuqnCt de Fonbal |Mn o AfoeUq» de lAoe^^


Gensória. M. 589).
D, 148.
(2)
(3) D, 75 e 7».
(4) Ver Be, 90-91. —
Além de Farinha houve !^4 ti
*fl T> dft OflMWMW Migud
Cardoso (1786) e Guilhenne Coelho Feaàn (1787).
(5) Ver, fiO.

Copyrighted material
— 381 —
E supõe que Vemey
tcfia «aegnidfl» Oenovesi para «pefiitar de fonna de- —
vada e que qoast ae poderia diaer tfanidais a opinilo do piofeaeor
oortfis,

italiano, poique pieleiíde rebater a Metafbica matarottica de Leiboiz e a


matematização da lógica tradicional (1). Anotaremos apenas que Vcmci
informa ter escrito antes de ler Genovesi, considerando-se, porém, identi-
ficado com ele. Falando-lhe algumas vezes, de tal forma coincidiam ambos
que mais pareciam um só espirito em dois corpos (2).

O que interessava era saber o motivo que terá deddido a preferência


da sua lógica. Terá sido a estima que foz da razão, tanto do agrado de Pom-
bal? Um outro motivo, pofim, se poderá acrescentar. Genovesi era
conhecido como conforme já vimos, e Vemei caíra em desgraça.
regalísta,

Apesar de tudo, não cremos que em todos os sectores da vida intelectual portu-
guesa Vemei e Genovesi fossem tomados como autores antagónicos. Muito
pelo contrário, as suas obras deviam ser consideradas como complementos
de um mesmo ideário que importava conservar. Só assim se explica que,
ainda no fim do século, Vemei predcnninasse no ensino do oratoriano de
Braga, José Dias. (3).

Para Moral, foram escolhidos os Elementos de Filosofia Racional e


Moral de Heinécio, «por effeito da deliberação dos Professores das Scien-
cias Filosóficas». O livro Mesa Censória e do
recebeu ao fim a aprovação da
Marquês, depois de adaptado ao da «Univerridade fundada sobre
espirito
o positivo conhecimento dos males que a Rlosofti cansou na antiga Univer-
sidbde» —
conforme esclafeoe o RdTonnador, em quatro de Fevereiro de
de 1775(4). Apenas se imprimiu a vegaadà parte (5), a que mais tarde
se juntou a História Filosófica (6). A prímeira edição de que temos conhe-
cimento (de Sousa Farinha), ú do ano de 1785.

Tanto Pombal como a Mesa repararam no «veneno de alguns prindpios


deduzidos do Lnúieranismo e do espirito sectário que apparece neDe». Embora
expurgada, o certo é que se adoptou uma obra de um Protestante, para uma
auk de MoraL A. Soares Barbosa publicou, depois de jubilado, um Tratado
Ekmaitar de Philosophia Moral (Imprensa da Universidade, 1792) que refleo»
porventura, o ensino do mestre na Universidade de Coimbra.
tirá,

Vemei também inclui Heinécio entre os autores apreciáveis, preferindo

(1) V«,«.
(2) Re L, fim do liwo L
(3) Ru. 282.
(4> InClC?.— Y4aJMloiMno«dsMMaOeaM(P. M9-179).
(9 A ediçSo que posraímos-— BdMo nova, Venaa, ITtiS— oompam uma hii>
tória da filoaofia, lógica e monL
Ekme.

Copyrighted material
— 382 —
a Moral que «certo amigo» tem composto, mas não chegou a imprimif-se.
Mesmo que fosse estasqpada» decerto nfo akançaria melhor favor jmito do
Nfinistro Lo^ea, o De Re MeU^sioa çnDeBe Pfgfàea.
que o Ite Jte
As da chamada Facilidade de Filosofia, geridas pdo
restantes cadeiras
italiano João António Dalabclia (Física Experimental e Ciências Fisico-
-matcmáiicas) c Domingos Vandelli (História Natural e Química) mereceram
maior atenção ao Marquês de Pombal, que fundou um Gubmctc de Física
e um Horto Botinioo para o ensino experimental (1).

A 11 de Outnbfo de 1772, concedia poderes ao Reitor, para ^noveitar


o «bastissimo edifício» do Colégio das Artes e instalar nele «Escola de Fysica
Experimental». O Professor Dalabella e o Mestre Joaquim José dos Reis
deviam estabelecer o Gabinete em que seriam colocados os instrumentos
e as máquinas que nessa ocasião já se encontravam fechados em caixões.

O local escolhido foi o dormitório, «demolindo-se as divisoens dos cubículos


que forem predzos para as sobreditas machinas e instrumentos se collo-
carem com decência e commodidade, rasgando-se mais as janellas ddles» (2).
No ofício dc 30 de Junho, o Marquês alude aos «Theatros de Phisica Experi-
mental e da História Natural» que deviam ficar instalados no Colégio das
Artes (3).

A primeira colecção de máquinas do Gabinete de Física, construídas


em Lisboa por Joaquim José dos Reis, (4) era deveras preciosa, segundo
ccMnonicava o Marquês de P^bal ao Reitor da Universidade, a 27 de Novem-
bfo de 1772. Sua Majestade fizera meicS à Universidade de mandar trans-
pottu «a eUa o Gabinete de Physica experimental em que há muitos annos
se trabalha na corte com o effeito de o constituir o mais completo que hoje
tem a Europa, porque sendo o melhor d'elle o de Pádua, nào tem mais que
400 machinas, passando o nosso de 500 e tantas» (5).

«m
(t) Em escrito de aiaqpie a TeodOTo
ll^X-780, que a Universidade dc Coimbra era
de Abndda,
«huma das
itftre o
primeiras do
Dr. ^ mãa Ike eaeapa.
Mundo, porque
viio cm hum
magnificos edifícios trabalhar grande Laboratório Chimico: em outro, hum
GopkMJasimo Muzeo emequecído com os preciosiaumos prezentea de Wandrek, e do
tenozo Wandeli. thio do que ao proaeate dá as liçfles da ffirtéria Natural; hum Gabinete
completo de Phyzica cxperiTTcntnl em que dá lições desta parte de Phylozofii o iiali mo
Dalabela; hum curso mathematico reduzido a Faculdade (...); e hum famozo observatório,
fornecido doa mib modernoe, wacloa e ticot furtrumentoa para obaennçOea aiCronomicai»»
(B.N.L. — Ms. 805 do F. G.. n.» 40, p. 248v.).

(2) Pombal a Francisco de Lemos, de 23-11.773. Apud D, 77-78.


Oficio de
(3) Conjugar o ofido de Pombal de 30>VT-73 (D, 8S-86) com a notícia do Museu,
dada em MemorHis, 207.
(4) Ver ofício do Marquês ao Biqx> Refonmdor de 24-II-776b Apmi D, 226.
<5) Memoria His, 201.

Copyrighted material
— 383 —
Por carta régia de 24 de Janeiro de 1791, a Ffloiofifl oedeu lugv àcadeira
de botfinica e agriciiltiira, que Félix de Avelar Brotero r^eu pnsficieiíte-

mente. (1)
Nesta abreviada história da cultura António Nunes Ribeiro
setecentista,
Sanches, o famoso médico de três membros di família real russa. (Ana Iva-
nowna, João III e f-lisabct Pcttrowna), figura interessado cm cortar cerce o
ensino iradicionai, uo lado dc Martinho de Mendonça, de Vernei e Sebastião
José de Carvalho e Mdo. Maia radical que o primeiro, aMctnelha-sc^ con-
tudo, a todos, e aproadiiuMe bem do Arcediago de Évora e do Ministro de
D. José.
Escreveu com desenvolvimento sobre o ensino médio e o superior, par-
tindo do principio da distinção irreconciliável entre cultura eclesiástica e
cultura civil. Como
ficou referido, em 730 apresentara a D. Luis da Cunha,
1

nesse tempo Embaixador na Haia, o novo método de ensinar medicina, de


que se deaoonbeoe o paradeiro C^X Sobie esta Faculdade possuímos a refMma
escrita em 3 de Julho de 1758 e apresentada, em redacçio definitiva, na obra
imiwessa em 1763: Mtíhado para apnmkr e estudar a Medicina, iUustrado
com os i^ontaniento.<! para estahelecer-se uma Universidade Real, na qual
deviam aprende r-sc as Sí inicias limnanas de que necessita o estado civil (3).

O ensino médio e demais Faculdades sáo tratados nas Cartas sobre a Educa-
ção da Mocidade, editadas em Colónia no ano de 1760. Interessa relacio-
nar o rrfonnador do ensino (que, diga^ee de passagem, fazia assentar essa
reforma na remodelação radical da sodedade civil), com Vernei e com P<nnr
bal, para melhor se compreenderem as influências mútuas que porventura
possam ter Tem-se posto em evidência a subordi-
havido nalguns deles.

nação do Marquês a Ribeiro Sanches, não só com respeito ao Colégio dos


Nobres, como à reforma da Faculdade de Medicina. Há, porém, um aspecto
mais impres8i<mante, que importa frisar de inido, se nSo no i^ano das influ&i-
cias, pdo menos no da oomunhlo de ideias.

Ribeiro Sanches insoeve no pórtico a sentença de que o Estado e a Igr^a


sflo duas sociedades —
uma nacional, outra estrangeira - em que a subor-
dinação se deve inverter, passando a última para um degrau inferior (4).

£m matéria de ensino, a Igreja restringiria a sua acção às disciplinas eclesiás-

(1) Memoria His, 44.


(2) Cap. VI. p. 95.

(3) Dic. 1, 213; Rib, 247; Metod.


(4) Gxpfama m wm iddu, por exemplo em Cartai e naturalmenta na obra que
tambóm se lhe atribuiu mas não pudemos consultar: Fundamentos da Sociedade christã
e política, obra novamente dada à Uu, e offerecida a lodos boiu e fieis poriuguezes, s./l., 1760.
~ 8siu com O iMsadâofnio ds FUbuMOto de Corte Reil.

Copyrighted material
— 384 —
ticat — Teologia e Direito Canónico — sujeita, porém, i inspecção do Estado.
Este possuía ode ftmdar Univenádades e devia criá>las sem demora,
direito
começando por extinguir a Mg^nica vigente. Univenidade do Estado, A
ensinaria ciências humanas e políticas, e havia de ficar instalada longe da
Universidade Eclesiástica.
Na escala do ensino civil, estava no inicio, a escola de ler e escrever,

que poderia ter continuação no ensino médio, no mecânico ou prático (para


oa afamoa menos dotadoa) e no superior. Sua Mi^jestade havia pabUcado
Ids sobre o ensino médio. Mas julgava oportuno vincar bem «qual deve ser
o fim destas Escolas», «como devem ser dirigidas para serem de utilidade ao
Estado; que qualidades devião ter os Mestres que avilo de ensinar nestas e
aquellas que avião de ter os discípulos».
Além da atitude dc pedagogo teórico, intcrcssa-nos marcar o seu propósito
de preencher uma lacuna ou assinalar uma posição diferente da estabelecida (1).
A emenda ao Alvará surge dará quando fixa as disciplinas intermédias ou
preparatórias para os estudantes se matricularem nas Escolas Maiores cu
Univenidade Real: História profana e sagrada, a fabulosa com a Natural,
a Geografia, Cronologia, Astronomia, Aritmética, Álgebra, Trigonome-
tria, Lógica, Metafísica e Física Experimental. Estas ciências — escla-
rece Ribeiro Sanches — «podiào ensinar-se nas três Escolas Reaes do
Latim e do Grego, estabelecidas pelo Alvará de Sua Magestade, em Coim-
bra, Lisboa e Évora» (2). Semelhante firanqiieza nSo podia ter agradado

ao Primeiro Ministro e, por isso, nio colaborou direcUmiente na reforma


da Universidade (3).
Básica para Ribeiro Sanches a proibição de os Religiosos ensinarem
as primeiras letras e qualquer ensino que fugisse da esfera eclesiástica. Se,

por um lado lhe seduzia o silêncio e o sequestro do mundo, para que o estudo
resultasse proveitoso, por outro queria que os rapazes entrassem em contacto
com a vida social, para a qual se pvqparavam. Por isso, exigia a um tempo
a vida em dausuia, os Cdégios, Seminários ou Pensões, condenando a educa-
ção familiar, e em outro revdaroe intransigente na determinação de que os
Professores, desde os da primeira classe até ao último ano da Universidade
fossem sempre casados, mesmo se enviuvassem.
São manifestos os exageros da pedagogia espartana de Ribeiro Sanches,

(1) Ver Cartas Ed, 1. 3 e 167.

(?) Ver Cartas Ed, 184, em que se oferece paia rectificar e completar, «se me for
onhoado». Segoiulo Mwrimkno ds Lemoe, t»a»á ádo pedido o volnmi do Methodo
pera prender e estudar a nmá Mm
Mtt O eorto é <fm foi
. SidiBtti qoam iulwwiu nesto
lector. (Rib, 247).
(3) Cartas £d. 167.

Copyrighted material
— 385 —
que tudo esperava do Estado e dos mestres, separando os rapazes e as rapa-
rigas, do meio fandliir, da jpflnftida da Igrga e do contacto com o povo,
Gigos vidos e «maos oostnmes» tanto o atemorizavam. A oensm» que hz
à Filosofia Escolástica e a todo o ensino da Igreja enferma do mal do século.
Justificando a inclusão da Lógica e Metafísica, explica o que entende
por essas disciplinas, que afinal reduz a simples preceitos de Método. Deste
modo, «a Lógica e Metaphysica hoje explicadas por um bom mestre he estudo
de quatro meses, se eiqriicaiem os compêndios que destas adendas se tem
escrito em muitas paites da Europa» É át notar a fUta de indica^
do nome de Vemei« tanto mais que, a-piop6sito da Física eqwimental,
nem chega a definí-la. porque «já temos na nossa Língoa a obra intitu-
lada Recreaçam Philosophica» (3). Aliás em nenhum escrito, que saibamos,
se lhe refere, apesar de nilo haver faltado oportunidade dc o fazer. Não
esqueceu, porém, os Appontamentos para a Educação de hum Menino Nobre,
«O mais exodiente» trsiado de edncaçgo doméstica, «que compoz aqudle
Varro Portusuo; Martinho de Mendonça de Pina e Proença» (4).
A leqwito da criação do Colégio dos Nobres ou Escola Militar (5),
importa registar a existência de uma Academia Militar, a que já aludimos,
que não era Colégio ou internato, mas tinha a função de uma Escola ou Exter-
nato, com disciplinas adequadas. É escusado sublinhar a vantagem do último
tipo de escolas sobre os primeiros, sempre que factores particulares não exi-

jam o internamento do educando.


A sua reforma da Universidade, sobretudo da Faculdade de Medidna,
foi julgada por Maximiano de Lemos: «Se em alguns pontos parece revo-
lucionaria, noutros é muito acanhada, em relaç3o à própria época em que foi

apresentada». O próprio sistema de Bocrhaave «já começava a ser batido


em brecha, até por alguns dos seus discípulos, como Hallcr» (6). De forma
que os encómios ressaltam apenas quando se confronta com o ensino em
vigor.
NBo nos atieviamos a dizer tanto. lOo deixaremos, poiém, de acen-
tuar que Ribeiro Sanches andava imbuido do eqifrito mais avançado da
época, que apenas vislumbrava ciências nos sectores onde campeava o Natu-
ralismo e só nos meios protestantes via florestar a Moral, a Filosofia e o
Direito. Colaborador da Enciclopédia Francesa, mais dc uma vez lhe iaz

(1) Rib, 249-251.


(2) Canas Ed. 164.

(3) Gutas Ed, leS.


(4) Cartas Ed. 16S e 109.
(5) Cartas Ed, 182.
(6) Rib, 253-254.

Copyrighted material
— 386 —
referSnda, suscitando a curiosidade de a consultar. As doutrinas que inculca
estão eivadas de febronismo e legaUsmo» e neste ponto, nio costa a crer
que tivesse influído na mentalidade de Pombal ou, pelo menos, confirmado
a sua maneira de pensar. O mesmo se pode sustentar a respeito do Jardim
Botânico e Teatro Anatómico.
Do pouco que deixamos exposto sobre a reforma da Universidade,
ressaltabem a orientação que o Marquês de Pombal Ibc imprimiu. Luis
António Vemei também teve, certamente, conhecimento dela em todos os
pormenores, mas nio lhe deu segundo cnmoê —
o sen bene^ádto, de —
forma absoluta. A sua intervenção activa manteve-se, pois, à margem da
reforma. Publicou compêndios de estudo, para sobstituir os antigos, em
obediência à sua própria reforma. Para maior eficácia dos seus pla-
nos, tentou idontiticar-se com a reforma pombalina, osforçando-se por que
os seus livros fossem adoptados. Falliou a tentativa c teve de se contentar
com o apreço dos particulares.Já morta a polÀnica e desihidido de obter
o fiivor do Ministro, o então Secretário da Legação de Portugal em Roma
enviava à Real Mesa Censória o já referido resumo do Verdadeiro Método
de Estudar que, dir-se-ia nova sátira, bem disfarçada, agora do regime implan-
tado por D. José.
Quando subiu ao trono a Rainha D. Maria I, procurou-sc completar
o que faltava nos Estatutos da Universidade, aliás, notado pelo Legislador:
Os Estatutos económicos, dvis, litúrgicos e morais. Mas «porque não 6.
justo que por uma falta que não pode tão promptamente remedear-se, como
deve ficar para os tempos ftrturos», a Rainha estabeleceu, como «providência
interina», que se apliquem os antigos Estatutos em tudo «aquillo que ou
pelos Novos Estatutos sc nào achar contrariamente ordenado, ou que por meio
de providencias d'El-Rcy meu Senhor e Pay e minhas, se não ache disposto
o que se deve seguir aos ditos respeitos» (1).
A parte dentffica, porim, ficou intacta, apesar de liaver nekt alguma
cousa para modificar, mesmo no sentido de mdhorar e actualizar. A remo-
delação dos Estudos nas Ordens Religiosas foi geral, por imposição de Sua
Majestade, depois de promulgados os Estatutos da Universidade de Coimbra
em 1772. «Sou servido abolir e desterrar, nào sòmcntc da Universidade,
mas de todas as escolas públicas e particulares seculares e regulares, de todos
OS meus reinos e domhiios a Filos<^ Escolástica» (2). Da mesma forma ficou
abdida a Teologhi(3). «Os que contravierem a esta disposição, tâém de

(1) Régia de S-Xt779 (Mf. 437, FL S3>T.T.). Bode ver-ae publicada em


H. III. 640.

(2) Estat. L. ni, 3.

(3) Estat, L. I, 26.

Copyrighted material
— 387 —
serem considerados como inimigos do bem público e de incorrerem no meu
real desagrado, serão paia sempre supensos de enaiiiar, nio
a Filo- t&iiieote
sofia mas outra qualquer arte ou á&aáas e inábeis para obterem emprego
ou ofkio dos que se costumam dar às pessoas de letras» (1).
Os Frades da Ordem Terceira de S. Francisco foram os primeiros «a
desempenhar as leis do nosso Fidelíssimo Soberano» —
lê-se no Plano de

Estudos dos Menores Observantes de S. Francisco (2). De facto, do ano


de 1774 só encontrámos estes e os dos Eremitas Calçados de Santo Agostinho
Da Família Seráfica impôminuii Planos» em 1776, os Menores Observantes
de Frandaoo, os Rdigiosos Menores Reformados da Provinda da Piedade,
S.
os da Soledade e os Menores da Província de Nossa Senhora da Conceição
do Rio de Janeiro. O da Ordem Terceira é o mais moderado. Prescreve
História da Filosofia, Lógica, Crítica, Hermenêutica. «Princípios de Geo-
metria, quanto baste a saber-se deduzir e demonstrar algumas proposições
por outras» — para o primeiro ano. No segundo. Física Geral e Particular,
CAmputo Edeaiástico. «Da FUca, basta que se aprendam, em nossos daus^
tros, as noçOes precisas para que não sejam hóspedes os Religiosos, do mundo
físico e delas usem com as questões teológicas e lugares da Sagrada Escritura.
No terceiro e último ano, Metafísica, Ética, Princípios de Direito Natural,
do das Gentes c do Público, «quanto baste a saberem os estudantes conhecer
as obrigações e ofícios dos homens» (3).

Confrontando estes Estatutos com oa da Univenidade, vemos que ape-


nas se aproveitoa, como não podia o estritamente essendaL
deixar de ser,
De-facto, como se diz no frontispido do «Método» dos Estudos da Ordem
de S. Francisco, na aplicação dos da Universidade ao Claustro, atendeu-se
à «proporção dosestudos, exercidos e economia daustral da mesma
Ordem».
Nos da Universidade prescrevem-se quatro anos, três dos quais sc gas-
tam no estado das Gãndas Naturais e Fisico-Qufniicas. Filosofia Radonal
e Moral tinha de se exgotar toda no primeiro ano, depois de vistos os «prole-
gómenos da Filosofia e dum resumo da História Filosófica». As aulas
de Direito, incluídas no terceiro ano dos Estatutos Franciscanos, ocupavam
na Universidade um lugar à parte, fora do curso filosófico. «Pelo que per-
tence ao tempo c regulamento das aulas, economia das aplicações, horas
de estudo e cousas semelhantes, se observará o que se acha disposto no
Plano de Estudos da Provbida, aprovado por Sua Magestad^ pdo sen Alvará

(1) BMat,L.I, 4.
(2) PI. vn.

(3) PI. 4.

Copyríghted material
— 388 —
de trSs de Junho de 1769, cujas dispoiiçOes são confonncs ao que se detennina
Estatutos da Universidade de Ck)imbra (1).
Com efeito, assim era, talvez em virtude da inteifa£ncia de Oendcnlo
nos Estatutos pombalinos. A publicação deste segWMlo Plano parece mais um
acto de submissão explícita à vontade régia do que necessidade real de modi-
ficar o rumo já seguido. O curso do Filosofia continuava a durar três anos;
de Física sempre noçòes elementares. Varia um pouco o programa das maté-
rias distribuidas pdos três anos. No primeiro aoesoentam-ae Critica e Her-
menSutíca; no segundo substituem-se as liçOes de Ontdogia e Pneumatolo-
gia por Cômputo
Edesiástioo. IntroduMe a Mietafisica no último ano e
cspecifica-se,além do Direito Natural, o das Gentes e o Público.
Como estes, o plano dos Menores Obser\'antes (2). o da Província da
Soledade (3). c o da Província da Piedade (4). O último tem uma particula-
ridade nova: acrescenta aritmética especulativa no primeiro ano e não reprova
o método silo^tico» «oom tanto que o arguente nXo use de termos báilMn»
e vúB» insignificantes das escolas, nem ponha mate do que tris até quatro
silogismos. Sendo preciso apurar man a verdade das proposições, o arguente
usará do método dialogístico, que é o mais próprio e o mais desembaraçado».
Adoptar-se-ão os livros que Sua Majestade aprovar para a Universidade,
proibindo-sc «todo o exercício de postilar e escrever na aula» (5). Para a
históriamandara Cenáculo imprimir uma Synopsis Historiae Philosophiae
seamám ordbian Bndterlamm ((Nidpone. Typis Cftetani Ferrriia Costa,
anno 1773) (6).
Outros Frades não todos — —
seguiram dòcilmente a ordem régia de
adaptarem os Estatutos Universitários aos estudos dos próprios Institutos
Religiosos, como os Beneditinos (7), os Eremitas de S. Paulo (8), os Carme-
litas Calçados (9), os Trinitários (10), os Monges de S. Jerónimo (11) e os
Bernardos (12).

(1) Me, in, II.


(2) PI.

(3) Ha.
(4) Flan.
(5) Plan. 14. 15.
(6) Cata, 285. — Trata-sc dc um pequeno volume de 51 págs., sem prefácio ou
qualquer apresentação, que seria, em esquema, os nomes e as datas dos Filósofos das
prliicijpais EnoIu.
(7) Plano.
(8) Plano £.
m E«t
(10) Plano Es.
(11) Plano Est.
(12) Re.

Copyrighted material
— 389 —
Nfto vale a pena descer ao pennenor do sentido de adaptação de cada
um, potqne no c—endal todos ae iiiodeniiz«iii(l). A submisdk) eni per-
feita, mas nlo perdurou por muito tempo. A refoima pombalina fora
imposta, por intenções politicas do que pedag^Jgicas
mais conforme —
já advertiu o Dr. Salgado Júnior. «Necessita de reformar a mentalidade,
é certo; mas pretende dirigi-la no sentido civil, dar-lhe um sentido politico
fazendo regressar ao Rei o que andava sob o domínio eclesiástico». £ bas-
tou que o MimUro fone nibttituido, para a reacção aparecer.
Menos de vm ano áspou que o novo Oovemo asoendeia ao poder
(D. Maria I subiu ao trono em 1777) já «a Mbbb. Geosória cieaçlo de Pombal,
cooqposta de apaniguados seus (2), propunha que os estudos menores se
confiassem ao santo zelo e ciência das corporações religiosas e assim se fez (3).

Sousa Fariniia regista o que se murmurava em certos sectores adversos aos


religiosos.

Estes queíxavam-se dos Professores R^os. «Corre como cousa certa


— informa de — que alguns deputados regulares da Mesa Censória fizeram
Gowútai a sua Magestade, com tenção de tirar os estudos aos professofes
e que esta consulta se fizera em (12 de Janeiro de 1778)» (4). Ponderavam-se
os benefícios que dessa resolução adviria ao Estado, «sendo por uma parte
muito maior o progresso (...) e por outra a incomparável dimmuição nos
ordenados dos professores seculares despedidos». «Deste modo foi decla-

rada a reforma dos Estudos Menores em 16 de Agosto de 1779» (S).

A luta, porém, oomeçara muito é natural. Segundo


antes, ccnno aliás
o mesmo informador Farinha, os graduados na Universidade de Évora eram,
dentre o Clero, os que mais se lhes opunham. Em Julho de 1776. chegaram
a Évora dois desses religiosos Franciscanos «e apresentaram perante o Corre-
gedor da Comarca, um decreto de Sua Magestade, pelo qual fazia mercê do
Colégio do Eq;iirito Santo, que fora dos Jesuítas, à soa Omgregação, com
todas suas pertenças, entradas e logradouros que a esse tempo pertenciam

(1) Quem tiver curiosidade de apredir as linhas gerais, veja a sitie de artigos que
intitaláinos A Orkntaçío âa Pttotofia ma ncoka dos Iiuttíitíot ReHglotOÊ, omum e depoU
de Vernei (Brotéria, Outubro de 1945 a Outubro de 1946).
(2) Instituída por decreto de 5-IV-768. inicialmente apenas para a censura de publi-
cações impressas ou manuscritas. Cl', o próprio texto em História Ce, 1 16-123 e C, 28 e 88.

Ver também antoitralMlios as fisunttprinclpsb,!^ Vero


Regulamento em C, pág. 40. A Mms tomou a dineçio dos «itndM du ewolas maiofete
menores por Alvará 4-VI-771.
(3) Mar, 340.
(4) MemorB e Memória E, 322.
(5) Memória E, S24. —
Fhxtnba cm viiioa cicritot ttíe»*» eom acrimónia a eata
Reforma.

Copyrighted material
— 350 —
ao dito Colégio». O Ordem da Penitência
Ministro Provincial da Terodra
com o Ku Definitório havia levado à
do Monaica «calguns justos
pttteoça.
motivos» que» juntamente com «a certa informação» que El-Rd teve «do
adiantamento dos estudos em que se acham muitos dos Religiosos da dita
Ordem», o determinaram a fazer «pura, perpétua c irrevogável doaçilo do
referido edifício que foi Colégio dos denominados Jesuitas de hvora, com os
terrenos e Cazas que se adiarem dos muros c cerca dele para dentro, à sobre-
dita Provinda da Ordem Terceira da Penitênda» (1).

«Em virtude deste decreto, os Padres tomaram posse desta casa e


ficaram os professores desobrigados do trabalho de dar suas liçOes nos
gerais do pátio dos estudos» (2). Tomaram conta do edifício a 29 dc Julho
de 1776, mantendo-se nele até à extinção das Ordens Religiosas em Maio
de 1834. Assumiu o cargo de Reitor (3), o Padre Fr. Vicente Salgado, ligura
de relevo dentro da ordem dos Franciscanos (4). Assim foi premiado o
esforço bem digno de D. Manuel do Cenáculo Vilas Boas, que
louvor, de
fizera do Convento da Ordem Teiceiía; de Lisboa» modelar alfobre de cd-
tuia moderna (5). Mas nXo teve grande sucesso» porque a falta de ren-
das ou ordenados nlo pennitiu aos Frandscanos manter mais que quatro
Padres, apesar das promessas que as óptimas perspectivas da primeira
hora» levaram a formular à cidade. Não conseguiram abrir mais que seis

(1) Decreto de doação transcrito em Mem. Que foi Cenáculo quem conseguiu
a doação, di*lo também Wr. ykeáto Stipdo no Gatalog, 272.
(Zi Memor, 26.
(3) Sobre a forma como os Padres se comportaram, testemunha Farinha com o
azedume próprio dc quem se sente ferido. Censura detcrminudunicnte como abuso, o
tftulo de ReHor «lue tooMU Fr. Vicente Salgado. (Memor, 20.
(4) «Sendo no anno dc 1776 mandado cu Fr. Vicente Salgado tomar potasdo Real
CoUegio do Espirito Santo da Cidade de Évora que tinha sido dos extínctos Jesuitas, oecupava
no ConvBoto de N. S. de Jeeos de Ueboa o lugar de Rregador Oeral e Secretário do Ooo-
aeUlO que era huma Junta Literária dc Mestres que promovia os estudos da Congregação
que depois approvava o M. R. Definitório» (Mem, 19v.). Na pág. 88v., COOCfCtiia o iníCio
do seu governo: «desde os fins de Julho dc 1776».
(5) Parece, pois, que no edifkio da Universidade os Ranctonos mantinham um
Colégio que continuava a acçio docente dos Professores IdIfOS. Mas o Dr. António
Cromicho, referindo-se ao Colégio da Purificação, anota: «Nesie edifício esteve a funcionar
o acadDário da Arqddiooese noe moldes ji releridoe alé i eiGlinçlo da lAi^^
E acrescenta: «Sabe-se que no tempo de Cenáculo o Seminário funcionou no Colégio do
Espírito Santo, sob a égide da Ordem Terceira de S. Francisco. No Colégio da Purifi-
cação instalaram-se entretanto os lazaristas de Rilhafoles» (Univ, 12). Túlio Espanca
tanrfièmaiiewra que Cenáculo instkufaalaolas de otdfaiandos da diocese ff lOocaooií-
trámos documento que abone os factos respeitantes à instalação do Seminário no Colégio
do Espírito Santo. Ver mais adiante outras achegas para a história deste Seminário.

Copyrighted material
— 391 —
Aulas (1), naturalmente primeiras letras (2), Gramática Latina, Grego. Retórica
e FiloM^ qtie cmn as disdpUnas preoeittiadas para o ensmo ofidal. c Teolo*
gia MofaL A esta lefere-ie Farinha na História Literária de Évoca(3). Con-
servam-se teses de Filosofia (1779-1789) e Teologia (1781-1782) defendidas
«in regali Collegio Spiritus Sancti», por Franciscanos e de Retórica e Poé-
tica sob a direcção do Professor régio João Vilalobos e Vasconcelos (1775-
-1780) (4).

A agitação, porém, íncorpoiMe oonádeiàvdiiiente desde 1778. D^ois


da queixa desse ano oontra os Frofessoies» ainda antes de se oonheoer qual-
quer lesoliiçio leal, já os Dominicanos de Lisboa se apresentavam como
opositores às cadeiras. E os Terceiros, quando se viram de posse dos Pátios
dos Estudos de Évora, propalavam, à boca cheia, que os professores tinham
chegado ao fim do seu reinado. Encanarani-se na sua precipitada esperança
e tomaram-se a iludir por ocasião da aludida queixa.
Nada delonga. As quarenta odas que, em
perderam, no entanto, com a
1778, haviam aprontado para os Mestres e disdpulos, serviram um ano mais
tarde. E a de Farinha que, inoonsolado, pretendia convencer
a todos que era «uma perda irreparável, arrancar das mãos dos professores
os estudos para os entregar aos religiosos» — cvaporou-sc inútil, por entre
as muralhas da pretendida Jerusalém portuguesa. «Nenhum golpe se des-
carregaria mais formidável sobre a nossa monarquia e nenhum veneno mais
fino se poderia preparar à inocente mocidade» dedara de angustiado —
nas vésperas da «derrocada», ao mesmo tempo que faz gala da sua actividade
profícua: iCTtm saido da aula de Filosofia de Évora, mais de duzentos
moços».
Finalmente, a 16 de Agosto de 1779, chegou o dia de juizo. Os profes-
sores foram aposentados e os Frades cantaram vitória. Nisto consistiu a
reforma. Bento Farinha recebeu a aposentaçflo da cadeira de Évora com
mais ordenado e uma cadeira de I^losofia na corte. Oenovesi continuava
no programa oficial e Vemei era consultado, sobretudo pelos Mestres.
D. Maria I ordenou ao Siq)erior de cada Convento propusesse «três religiosos
a quem assistam as boas qualidades que <;c requerem para o magistério»,

ficando, no entanto, sujeitos à Real Mesa Censória.

(1) Retaçlo.
(2) Conhecemos umas Tahoadn th uso da Escola Re^ia c/c Primeiras Lctias tio

Real Collegio do Espirito Santo da Cidade d'Évora. que he Professor o P. Fr. António de
S. Xota Vtterbo. Ediçlo 2.* Lx., 1916.
(3) Memor.
(4) Cnnclusiooes Re Coodusioacs Ps; Disaertat, De R, CoadustooM T. « Coodu-
siones Th; Para.

Copyrighted material
— 392 —
£m Lisboa beneficiaram com a nova ordem, o Convento de Nossa
Senhora de Jesus, da Ordem Terceira de S. Fnmdsoo; o de Nossa Senhora
da Graga, dos Eremitas de Santo Agostinho; o de S. Pedro de Akftntaia,
dos Arrábidos e o CSonvento de S. Domingos, da Ordem dos Pregadores (1).
Além destes professores regulares, continuavam a leccionar Filosofia, «enquanto
eu não mandar o contrário» — preceituava a Rainha — dois conceituados
professores leigos que se mantiveram no lugar por longos anos (2): Bento
José de Sonsa Fáiiúha e Agostinho Joaé da Gosta de Macedo. Um e outro
eDsina¥am na própria itsidênda; o primeiro junto à Fraca do Corpo Santo
nuns anos, e em S. Paulo a partir de 1789; Macedo, na Rua Nova de Et-Rd e
na Rua dos Fanqueiros, desde o mesmo ano de 1789 e, mais tarde, na Rua
dos Retroseiros. Pelo menos» a mnneaçao de Farinha remonta ao ano
de 1779(3).
Entretanto, os Oratorianos, passada a tormenta de 1768, em que quase
foram «ttintos por Pombal (4). voltuam a abrir as suas aulas, de que slo
pdo P. Joaquim Foios, no triénio 1777-1780,
expoentes as teses presididas
e Teodoro de Almeida (1780-1783) (5). Este. em 1793 e 1800 estampava
o 9.0 e 10.^ volume da Recreação Filosófica, em que. servindo-se da Baro-
nesa de Fontenelle e Algaroti, combate directamente Montesquieu. Helvécio
e a Enciclopédia (6).

Pelo Pais fora leccionavam, com licença real, os Freires da Ordem de


Cristo, os Paulistas, Trinos, Ctstetcienses, Beneditinos, Franciscanos (da
Ordem Terceira, da Província de Portugal, da dos Algarves, da Piedade,
da Soledade, da Arrábida, dos Capuchos —
Santo António e da Conceição, (7)
os Agostinhos Descalços, os Calçados, os Jerónimos e os Oratorianos (8).

Ao todo subiam a \inte os professores régios de Filosofia, espalhados agora


pelo Continente (9). Deste período encontram-se numerosas teses impressas,
ainda, por introduzir na história da cultura portuguesa, absolutamente
iiidiq>en8áveis para se focmuhur jntw perfeito sobre a orientação do ensino
nas escolas dos Rdigiosos.
Sem demora, como era de esperar, se mganizou a <q>osiçio, que acabou

(1) Hiilédiun.4w
(2) Lemos os seus nomes em Almanach de Lisboa para o aOBO d0 1782, pAg, 902, e
voltamos a eocomrá-los, por exemplo, no de 1793, pág. 473.
(3) Apon.
(4) Pom.
(5) Condusiones Lo, Na R, lu; Exa, Cer.
(O Recr. 110, 3S1.
(3) Ver um caso em Ed., 178.
(8) História, II, 7,

(9) Alm, 1791, p. 434; 1793, p. 474; 1794, p. 487; 1800, p. 482.

Copyrighted material
— 393 —
por vingar. Por decreto de 6 de Maio de 1782, já a Rainha facultava aos
Bachaidi fonnadoa em Teologia pudeMem cxeioer magistério pdUioo «nas
outras terras em que nflo bonver conventos e nas que os lumver, mas a
experiência mostrar que se fiizem necessários mais professores do que um,
serão estes lugares providos em Bacharéis na sobredita forma», isto é, sem
prévio exame (1 ).

A partir de 1789 agravou-se mais a situaçáo dos Religiosos. Bento


José de Sousa Farinha octeve o Manoiial das amas da eonupçam da Ftkh
zofia entre noz, contra a Mesa sobre o Exame e Censura dos livros (2) sem
que, com isso, tivesse sofrido qiialqiier contratempo. Pdo contrário, anos
mais tarde, reodria a honra de «empregado no serviço do Prindpe Noaso
Senhor» (3).

A terceira e quarta causasda corrupção da Filosoâa coloca-as ele no


facto de haverem sido substituídos os professores seculares por Frades, a
que se tem dado franca liberdade de ensmar o que cada um quer e pdo livro
e método que escolhe, à sua vontade, Desta forma lamenta Farinha —
jazem desprezados (é esta a sexta causaX os Estatutos e Lei que Sua M^e»*
tade foi servida ordenar para o governo das aulas! E escalpelizava — agora
com bastante razão — desiises de doutrina, exagerando, porém, com genera-
lidades de reclame: «Tenho na minha mão conclusões impressas, em que
uns destes professores defendem o fanatismo de Malebranche, outros a impie-
dade e materialismo de Lodce e dos cqibitos fortes; outros sentenças e pare-
ceres absurdos e ridfcukM, optniOes fiuitásticas e cousas de iiada
e interessam e perdem a faMcente mocidade».
Estas e outras acusações semelhantes (4) serviram pelo menos para obrigar
a Mesa a maior vigilância. E assim, a 31 de Maio de 1790, tiravam-se aos
religiosos de S. Francisco c de Santo António, da cidade de Faro, as cadeiras
de Latim e FQosofia, passando a ocupMas os proftssmres nlo ItegnlBres(S)'
A 13 de Fevereiro de 1793, a Mesa n^va a I^. Antdnio da Mfie de Deus
Carqucjo, a licença pedida para ensinar Filosofia Racional, onde bem lhe
parecesse- em virtude da «sua pouca aptidao»(6).

(1) História. II. 8 e D. 340-341.


(2) Publicados em Be. 32-35.
(3) Alm, 1800, p. 4S0.

(4) Cf. UbBítIL do Rdno. da T.T. — o.* 364, i». 43.


(5) A Maio de 1790 dizia: «Nào pode dar-sc outra providencia
consulta de 31 de
própria para remediar tantos males, que náo seja a de privar os Conventos dos Religiosos
de 8. Randm e doa RÉSgtaas de Santo AniAnio di GidadB de nm, das
e de Filosofia que (...) dsqoi em diante, por proftwo w
Mcutaiw». bt História, D, Ig • II.
In História, II. 10 e 11.
(«) T.T.— Mlniit. do Rdno, voL 364. p. 90.

Copyrighted material
— 3M —
Embora por motivo diferente —
motivo ou pretexto? (1) e por soli- —
citaçlo do Plrdado da Diocese, foi aboKda a cadeira de Filosofia do Cravento
doe Padres Anábidoe da Cidade de Leiria, aos 27 de Junho de 1791, com
aprovação régia, de 3 dc Outubro desse mesmo ano. Em seu lugar ficou
desde então. Policarpo Xavier de Faria Bastos, que devia repetir as mesmas
lições no Seminário episcopal (2).

Dentre os Profes&ores régios que mais se distinguiram, determinadamente


no latim, e a que nio fixemos qualquer referência, lembramos o nome de
Joaquim José da Costa e Sá, aluno do P. António Ptreira de Figueiredo que,
como o mestre, puUicoa várias obras pedagógicas de latim (cUssicoa, dicio-
nário e gramática) e também de francês e italiano (3). Nlo deixaremos
ainda de fazer breve referência ao nome do Dr. Domingues Nunes dc Oli-
veira, que publicou um Metlunh novissinio paru aprctuler a Grammatico
Latina, baseado na Gramática dc Vcrnci, que pretendia ser o manual óptimo
para os meninos de 7-8 anos. Emendava assim, o defeito do Barbadinho,
de juntar notas eruditas para os professores, no texto que devia ser simples,
por se destinar a principiantes (4).
Com a saída dos jesuítas, os Seminários diocesanos viram-se obrigados
a manter aulas próprias para os seus educandos. Desde o início conseguiu
maior nomeada o Seminário Real do Patriarcado. Já D. João V, «deze-
jando restabelecer a disciplina Eclcziastica c pcrtendendo, com a maior effí-

a instrução do Qero desta Diocese», alcançou de Bento XIV


catía, solicitar
a Bula de ouro da fVmdaçlo do Seminário, que traz a data de 21 de Julho
de 1741 (S). Mas só no reinado de D. Maria I se lhe deram possibilidades de se
instalar, destinando-se para esse efeito o Colégio dos InacianOS, «paia ndle
se fundarem as escollas e residirem os Mestres e Alunos» (6).

Realmente, a partir de 1780, o Seminário passou a funcionar em San-


o do Seminário de Braga (7).
tarém, regulando-se pelo estatuto antigo, que era
O Cardeal Patriarca em 1786 diegou a nomear Reitor e Yloa-Rcitor os —
<»atoríaaos José Maria e António Alves» mas por nBo poderem aceitar, a

(1) Felo djficuklade de virem, todos os dias. duas vexes a dar rapectiva Uçlo».
(2) T.T.— Mjntet.doItdno,TOL3M.p. 76.
(3) Ver Dk, IV, 97-102.
(4) Meth.
iSi Ver o lesto tnHhoklo oa T.T. — Miniit. da Jutiçi M. Bm latim, q^wf
Pirov, V-I, 371.

(6) Carta de doação, 20-I>780. Ibd.. Antes, o Seminário irideniino funcionava


an Santa Catarina e, áepoi» do terremoto, no CoUigb de S. Patricto. Os seminarirtas
fkequentavam as aulas do Orfégb át 8. AnHo Vitória I, 480 e A.A. «f cUados. Ver
também Memória R.)
(7) Memória R.

Copyrighted material
— 395 —
Rainha não confirmou a escolha e só em Junho do ano seguinte tomou conta
do cargo de l^ce-Reitor o Padre Secular Lourenço Alexandre de Albuquer-
que. Em Fevereiro de 1790 ocupou o lugar de Rdtor, o Cónego Joaó Caetano
de Mesquita e Quadros, antígo professor do Colégio dos Nobres, como já
vimos; o de Vice-Reitor e Prefeito dos Estudos, o Dr. Bento de Sousa Farinha,
de que também já nos ocupámos. Mas pouco depois, por dcsinteligcncias
entre ambos. Farinha viu-se obrigado a acumular, sem mais remuneração,
OS tr£s cargos de direcção (1). Desde 1790 exerceu tambtai as funções de
Professor (2).

Estes dois nomes são bastantes para se determinar a orientação dos estu-
dos no Seminário Patriarcal de Santarém, no final do século. O quadro
das disciplinas compunha-se de Teologia, Instituições Canónicas, História
l-clesiástica, Filosofia, Latim, Grego e Cantochào (3).
Retórica, Quanto
SC pode perceber do escalos elementos que conhecemos, a Filosofia era dada
em data anos: a Lógica e a Metafísica no primeiro, com caoune desta ÚttimA
em Abril; Lógica e Moral num s^undo, com exames de Lógica em Dezembro
e de Moral em Junho.
Farinha, logo no primeiro ano, de Fevereiro a 24 de Junho, ensinou
Lógica, Metafísica e «alguma couza dc Geometria». Guardam-se a Oraçam
na abertura da aula de Filozofia do Real Seminário do Patriarchado, em 18 de
exame púbUco dc Lógica, havido
Fevereiro de 1790 e as Orações na abertura do
no Seminário de Santarém (4), que podem ser de outro ano qualquer (S).
Do de Coimbra apenas diremos que» por decreto de 14 de Agosto de
de 1744 mandara o monarca que no Tribunal da Mesa da ConsdSncia e
Ordem se visse e consultasse a petição do Bispo Coimbrão, em que se refe-
ria que o Antistitc intentava erigir um Seminário que provesse às necessidades

da Diocese. A Mesa deu parecer favorável a 6 de Novembro de 1749(6).


Em 1758 era ai Reitor hficolau Giliberti, que no ano seguinte reclamava
da inquisição os qnin» jogos do Abregé de VHisloIre Eecksiastíque em dois
volumes, mais dois jogos da Histoire de la ReUgUm da Jvtfs em 15 volumes,
que mandara vir de França «para a Livraria do mesmo Seminário e instruo*

(I) Requerimento da dnmiiiio aot 70 anot cm T.T. — Mm. Jutt. M. 80. Ver
também Memória R.
(O Ainda af se eoooatrava an Abril de 1803, (Be, $) mas ínieRoaipeu o msgiitèrio.
alo sabemos quando.
(3) Memoria Ec.
(4) Oraçam e Oraço.
(Si Outias achegas para a Ustòfit do ensino nos outros Ssonblácios CU Sor, SS e
Como. Sobre o do Porto, ver Propôs, e o de Coimbra, ver Sem.
(6) T.T. — Min. do Reino, M, 406.

Copyrlghted material
— 396 —
çlo dos seus indivíduos», visto ter autorização pontifícia para ler livros proi-

bidos (1).
Deste «bem legidado Seminário que fundou e tem estabdeddo o
Ex.'"^ Bispo Conde (2X MÍiam os dois irmãos António e Jerónimo Soares
Barbosa, ambos professores pombalinos (3). A influC-ncia de Vcrnci no Profes-
sor de Filosofia António Soares já ficou atrás determinada, l ambém Manuel
de Castro, despedido da Companhia de Jesus em Maio de 1 757, exerceu o magis-
tériono Seminário de Coimbra, em 1763, ocupando a cadeira de Latinidade (4).
Em
Rtaga preponderava o Oenuense pof meio de Fr. Manuèl da Coo-
ceiçio Banros e Manud Ptnheiío e Azevedo (S). O Gonuense foi igualmente
o mentor em Évora, como se depreende da reacção de Cunha Rivara. O seu
ensino no Liceu talvez seja sintomático de todo o ensino filosófico ministrado
na cidade, nomeadamente no Seminário, oi no Colégio da Puriticação que, no
i

período de férias grandes de 1779, se instalaram os Padres da Congregação da


Misdo de S. Vicente de Paulo» com o fim de ásaib «Sacerdotes hábeis» prepa-
rarem para o sacerdócio, os jovou que pretendiam seguir a vida edesiástica (jS^
Fértil em inidativas de planos ousados, o século xvm produziu ainda,
mas já no Reinado de D. Maria I, a Academia Real da Marinha, criada em
15 de Agosto de 1779. O programa de estudos constava de «Aritmética,
Geometria. Trigonometria Plana e Esférica, Álgebra e suas aplicações à
Geometria, Estática e Dinâmica, Hydrostática, Hydraulica e Óptica e hum
Tratado completo de navegação». «Haverá tr6s aulas destinadas para as
liçOes. Junto à aula de navegação haverá uma casa destinada à anecadação
e uso dos instrumentos astronómicos e marítimos. Também haverá um
observatório». Os Professores gozavam «de todos os privil^os que têm
os lentes da Universidade de Coimbra».
A 3 de Agosto de 1781 criava-se ainda em Lisboa uma aula de dese-
nho, com professor de Arquitectura. Porém, o maior acontecimento cultural

( 1 ) T.T. - Inquisições. Lista do Livro e Pareceres sobre puhUcsçOcS. &t. 139, prat. 1
(2) DIsc., Censura do P. M. Fr. Joio Baptista de S. Gaetana Sobie a história
deste Seminário, ver Sem.
(3) Ver naoMivIo de Jeiónimo para Msm
— onde se diz que exerceu o
Itétto de
Reino vol. 417, 88v.-89v Magistério durante cinco anos. sendo
conhecido «em toda a Universidade por um Mestre sumamente hábil daquella Arte»
(FL 89).
Entregue «totalmente ao método que se preaereven», partiu em Outubro de 66
para Lisboa, afim de se opAr à Cadeira de Retórica de évoim (TX — Min. Just. Pasta 17).
(5) Mes. 208 e 210; Estudos, 147 e 149.
(6) Guta de doaçlo do edÉfido (3a-VI-779)» pcowislo do AfoeUqN» de Évora, de
i6-VIII-r79. e outros docmMotoe wme iaam
l ao tatmo utatttOp na T.T.— Atq. das
Congregações, n." 60.

Copyrighted material
— 397 —
do Reinado de D. Maria I, além da fundação da Biblioteca Nacional de Lis-
boa, foi a criaçlo da Academia da$ CSênciaa que, a piliicipio «oftea oe asares
de maus auspkkw, por defitífincia de membros siificientemente doutos.
Papeis volantes passavam de mflo tm mão, criticando àsperamente o seu esta-
belecimento, e deixando em sangue a oração recitada por Teodoro de Almeida,
no dia da abertura, a 4 dc Julho dc 1780(1).
Numa destas censuras se revela que o oratoriano «andava pellas ca^as
das fidalgas, oom hama peqnena máquina Eléctrica (...) e trabaíhando nda
as divertia com os seus tio prodigiosos como inexi^icáveis efifeitos! Entto
passava o P. Teodoro entre dias por bum Newton; hoje, poiém, lendo as
cartas de Franklin, reputflo por fraqueza pueril, o que entio vião obrar
a V. Rcv.'"»» (2) - acentua o crítico, dando conta da última posição da ciência.
A Academia nào se cifrava, porém, em Teodoro de Almeida, mas mesmo
este tem de se considerar benemérito divulgador das ciências, nào só com a
Recreação Filosófica, mas também com. as Cartas FbteihMatiiematieas,
editadas em 1784
volume: Elementos de Geometria; 2.o volume: Mec&-
nica) como complemento daquela obra.
A Academia fora instituída pelo Duque de Lafôes, D. José Carlos de
Bragança c Sousa Tavares Mascarenhas da Silva e Ligne. com a principal
inspiração do Abade Correia da Serra (3), que desde os seis anos vivera
na em 1777 regressara a Portugal, cheio da cultura e do espírito euro-
Itália e

peu. D. Maria I aprovou os Estatutos por Aviso de 24 de Dezembro de 1779


e o \^80onde de Vila Nova de Gerveira oatr^ou à Academia a sala dos anti-
gos aposentos da Junta dos TrSs Estados, no Paço Real das Necessidades,
para nela se efectuarem as reuniões. Os vinte e quatro Académicos do número
dividiam-se em três classes, que definem as preocupações da jovem agremia-
ção: Ciências Naturais: Domingos Vandelli, José Correia da Serra, P. João
Faustino, Bartolomeu da Costa, Fr. Vicente Ferrer da Rodia, O. ?., Visconde
de Baibaoena Luis António Furtado de Mendonça, Dr. António José Pteitira
e Dr. António Soares Barbosa (4); Orneias Exactas: P. Teodoro de

(1) B.N.L. — Ms. MS do F. O. e Ms. 458v. da A.C.L.


(2) Ibd., n.° 40, p. 247v. Híst, 97 mine a Oração de Teodoro de Almeida e as
cifticas que lhe foram fiaitas.

(3) É o que SC tem escrito, mus os Oratorianos rcvindicam para si essa glória:

«A lelaçào que tem a Academia Rcul das Sciencias de Lisboa quanto à sua origem, com
a Ooaarapkçuii do Oratório e oom o P. TÍieodon> em partícutar he muHo uilierlor à tadt-
tincia da mesma Academia. O projecto da sua instituição já 25 annos antes tinha sido
ventilado na Conaregaçam enue o P. Tbeodoro e o Duque de Alafoens e sendo conununicado
ao Sr. Rey D. Jore em pnrtiBuhr, foi detle approvado (Vi § 143).
(4) No Cathalogo das Memórias e Livros que neste unno de 1791 itallo apprezen-
tados à Academia Real das Sciencias (Ms. 780-A da B.A.C., p. 57), ^Mraoe nm trabalho
aeu sobre a causa da ferrugem das oliveiras.

Copyrighted material
— 398 —
Almeida (1 ) Marquês de Alorna, Ckinde de Azambuja, José Joaquim de Barros,
Dr. José Ntcwleiro da Rodia, Dr. Joio António Dato Bdto; CUnetas MonUse
Beka Lttras: Duqne de LalBcs, P. Joaquim de Foioi (2). Conde de Tarouca,
Pedro José da Fonseca (Lente de Retórica, Poética e História do Colégio dos
Nobres), o Principal Mascarenhas, D. Miguel de Portugal, Gonçalo Xavier de
Alcáçova e P. António Pereira de Figueiredo. Como sócios honorários, entre
outros, foram eleitos Aires de Sá e Melo, o Arcebispo de Tessalónica, o
Cardeal da Cunha, o Cardeal Patriarca, o Conde da Ponte, o Vúoonde de
Vito Nova da Cerveira (3).
Nem todos os nomes eram ilustres nas dêncías e nas letras, se bem que
tivesse havido a preocupaçSo de que todos o fossem na posição social. Ambos
os aspectos interessavam. A estes se viriam juntar, dentro cm breve, o de
Luis António Vernei, como veremos, o de Bento José de Sousa Farinha
e outros.
Alguns destes nomes pertenceram à Sociedade Real de Londres, como
já vimos. A 3 de Maiço de 1796 recd>eri igual honra o P. José Correia da
Serra. Neste período, outros portugueses haviam sido contemplados com a
mesma distinção : Jacob Rodrigues Pereira em 24 de Janeiro de 1760 e João
Jacinto de Magalhães cm 21 de Abril de 1774.

Além Atlântico sentia-se a uníssono com a Metrópole o mesmo fer-

vilhar da ideia associativa para o progresso das ciências. A 18 de Fevereiro


de 1772 pronundava o Doutor José Henriques Ferreira, a Onçio Académica
de Inauguraçlo da Academto Flwíense, Médica, Cirúripca, Bot&nica, Fanna-
ctotica que, na qualidade de «cPiesidente e EretOD>, redigira os Estatutos
que se conservam entre os manuscritos da Livraria da Torre do Tombo.
Pretendia-se agregar os Professores de Medicina, Cirurgia, Farmácia «e
outros mais» que tinham por obrigação comunicar à Academia, observações
avulsas», quer procedentes «de pura meditasam», quer «de praxe, obser-
vasam e analisisi».
«Logo que os Académicos oferecerem as matérias à Academto as mandará
examinar pdos deputados que lhe paiecer, os quaes, achando-lhe erros ou
incoerências, serão os Académicos seus escritores, obrigados a satisfazelos
e emendalos (...) não so emquanto a sustância, mas emquanto ao método e
estilo».

(1) No memo maimieite, p. 12, ndtanate ao ano de 1780 vCm apomados dois
estudos: Elementos de Geometria e Maíaoria aobn a Theorica da balança onUniria cm
ordem i sua perfeição e sensibilidade.
(2) No manuscrito citado, p. 12, respeitante ao ano de 1780, alude-se a um Discurso
sobre os poetas bucólicos portugueses do P. Poios.
(3) Cf. Acta da primeira sessão em Histo, 18. Um dos ms. ai divulgado* guaida^e
na Biblioteca da Academia (ms. 785- A. Cf. também Ter, 6-10).

Copyrighted material
— 399 —
«Os Académicos que se nomearem de outras terras como v. g. Bahia,
Minas, CMónia. Santa Catarina, etc, serio obritadoa a oomunicafem as
notidas e obaervasCeos notavas do Paiz, lemelendo plantas, pedras, animais,
cxcrcccnsias, ftingos, sementes e todas as coiza pertencentes aos três Reinos,
declarando os nomes, virtudes, citios. e descrevendo-as com todas as suas
impiedades, e podendo ser. remeterem algumas plantas em caxoens com terra».

Um Académico especialmente deputado para es&e lim, tinha o cuidado


de ooK^ «notfeias de todos os Autoces assim antigos como modernos, que
cscreverito destas matérias e este Académico será erudito nas lingoas latina,
castelhana, fhmceza, italiana e infl^eza». Diríamos hoje que esse Acadé-
mico estava incumbido de organizar uma bibliografia especializada de Autores
Antigos c Modernos.
Temos definido o âmbito de acção da Academia Huvienseque, para seus
estudos, intentava criar um liorto botânico «para nele se tratarem e recolhe-
rem todas as plantas notáveis». Nio sabemos a sorte que coube a esta agre-
miaçio cientifica, mas, se nio proliferou, foi pena, pmque parecia bem orien-
tada. Baseada na experiência e observaçio dos Académicos, norteava-se
ainda por outro notável princípio que bem mostra quSo longe se encontrava
da retórica balofa de outras tantas Academias suas congéneres. «Quando
a matéria fisico-mcdica dc que sc trata, for de sorte escondida pela natureza
e não puder ser penetrada das nossas observasoens, se nfto meta a adivinhar,
afirmando ou negando a seu arbítrio, mas se deixe e dedare como qiiestfio (...)».
Na Oraçio inaugural, o Dr. José Henriques Ferreira(l) acentua a passa-
gem do tempo de domínio da escravidlo dos Galénícos, tece elogios ao sempre
admirável Conípcmlio Histórico sobre o estado da Universidade de Coimbra
e declara-se encantado por serem extintos os lobos vorazes e os pastores

já descansarem à sombra do «eminente c frondozo Carvalho». Aos que qui-


zerem ver a autêntica medicina, recomenda uma viagem a Inglaterra, à França,
i Alemanha e «outras muitas nasoens». E tocando ao de leve a questio
candente entre nós, sustenta que o sistema «staliano e mecânico» difere «hum
do outro e ambos entre si, mas na prática se conformao aplicando os remé*
dios que a experiência tem mostrado úteis».
A «relação dos Académicos» não encerra nomes notáveis. Citaremos
apenas os directores dc cada secção. Na de Medicina, a que pertence o
Ftesidente, rdevamos o Dr. Francisoo Correia Leal; na de Qrúrgia, Mau-
ricio da Costa; na de Botflnica, António Ribeiro de Paiva; na de Farmácia,
Manuel Joaquim Henriques de Paiva (2). Era Secretário Luis Borgn Salgado.

(1) Ver este nome cm Dic, IV, p. 367.


(2) Ver este nome cm Dic, VI, p. 12.

Copyrighted material
--400 —
Embora não se integrem nos eidos Académicos, não queremos deixar
de apontar, pdo menos, duas obias de Medicina deste pofodo: H^poemus
Lusttano ou AfértmiM de H^amaes, tnáaàdM fielmente do latim para o
idioma português. Obra util e necessária a todo o género de pessoas que
desejem instruir-se na verdadeira genuina intelligencia das sentenças do
primeiro Mestre da Medicina. Por Francisco Daniel Nogueira, medico
ulissiponense. Parte 1.*, Lisboa 1762. — Instrucçani breve sobre a circula-
çam do ataque, enriquecida oom notas para utQidade dos principiantes, por
Fnmdsoo José Brandío, cinuglto aprovado da cidade do Porto. Porto, 1761.
Por fim, duas palavras sobre a Academia dos Obsequiosos, de Sacavém.
De tudo se tratava nas suas sessões, sem sequer se pôr entraves à discussão
de temas filosóficos. Assim aconteceu na sessSo de 15 de Janeiro de 1786,

em que Francisco José da Costa indagou «se à matéria repugna o pensar».


Baseando-se no princípio de que por natureza é inerte, sólida e divisível,

oondui que a matéria nio pode sor essencialmente cogitante, nem pode tor-
nar>se oogitante por dispodçBo das partes. O seu ponto de partida é pleno
de evidência: todos os Físicos o pOem na luz da mais exacta dareza. Por
isso se não demora a prová-lo.
Com este discurso intentava debelar a pretenção de Locke e Fabrido,
de tirarem «o nó da repugnância entre matéria e pensamento». (1)
Este era o principio básico do materialismo renovado, que provocou
a mais acérrima reacção por parte dos Rdigiosos, mentores da ortodoxia
ofidaL No Edital que a Mesa censória divulgou a S de Dezembro de 1775
denundam-se os que. acobertando-se com o «pomposo titulo de Espíritos For-
tes, se hão elevado como Mestres do género humano, pretendendo extinguir a

verdadeira crença (...), espalhando para isto livros cheios de máximas perni-
ciosas». Nesse Edital, D. José declara que «reflectindo Eu sobre os innume-
ráveis e gravíssimos damnos que têm causado ímpias e pemidosas doutrinas
rqprodu^ndo^e de dia em dia os mesmos eme destes FiloMrfbs libertinos
qne fiumn ouvir por meio de oomposiçOes abomináveis, introduzidas dandes*
tinamente», é servido mandar que o livro Le vrai sens du Systeme de la Nature,
in^ftsso em 1774, da autoria de Cláudio Adrião Helvécio (1715-771). «seja
lacerado e publicamente queimado com pregão, na praça do Pelourinho
e que todos os exemplares fossem entregues dentro do prazo de 30
dias».
Um dos Deputados da Mesa Censória, o P. Jíosé Mayne, da Ordem
Terceira, convenoen-sede qfít não bastava prdbir a drculãçlo dos livros
que se ^ifesentavam à censura da Mesa. A avalandie de obras dos novos

(1) Eos. 207^12.

Copyrighted material
— 401 —
Filósofos Naturalistas, Espirites Fortes, que renovavam o Materialismo
dos grpgos, atingin tais propoiçOes qjac aqude autor leooobeaa nio ter sido
«bastante hmna efficas vigflanda para impedir a introdnçSo do mortífero
contagio no Reino». Por isso, se determinou «a escrevoT huma pequena
Dissertação sobre a Immortatidadc da Alma Racional cm o nosso idioma» (1).

«Nestes últimos tempos se tem renovado, e refinado mais a doutrina


de Epicuro, e Lucrécio com os ímpios escritos dc Bento Espinoza, e do Após-
tata Irlandez Joio Tolaad seu discipulo; c<mi os monstnoaos Ftincipios
de Thomaz Hobbes; com os de Couwafd Medico de Londres» e do Iriandea
Henrique Dodwdl» (2). Acrescenta ainda como continuador dos erros de
Epicuro e Lucrécio, a António Collins e João Locke, este com a doutrina
da matéria pensante. Por fim averba na mesma onda causadora do Materia-
lismo «as frívolas questões, modernamente excitadas com o nome de Meta-
fysica». Termina sublinhando que «se o sabio (que deve ser imitador da
Natureza) qoizesse desprenderse destes artificiosos enredos, e applicarse,
com Roberto a uma Physicologia prCtica, eDoonHaria
Bosde, Pope^ e Pascal,
que o oondnzissein ao Paiz da Verdade» (3). £ que o douto
luzes claríssimas
Franciscano julgava que os argumentos dos Naturalistas «são huns poucos
de enthymemas Rhetoricos, os quaes apparecem na forma de miseráveis
sofismas, logo que lhes separarmos a plumagem da Eloquência». Em nota
cita,como exemplo, os Discursos de Mr. de Volter e de João Jacques Rou»»
8eau(4). Toda a obra se dirige à prova convioente da existfocia, essCnda,
origem, eqiiritnafidade e imortalidade da alma radooaL
Um outro censor da Mesa, D. Frei Manuel do Cenáculo, igualmente
filho de S. Francisco, deixou o seu parecer de condenação das obras de Vol-
taire, tanto da petulância atrevida do Patriarca de Femey em atacar a Reve-
lação Crista, como a de Rousseau, na Pastoral de 1 de Janeiro de 1778 (5).

Now anos mais tarde q>areceu um novo livro, tradução do francês (6) que
bem merece ser referido. Um Filósofo argumenta com um Cavalheiro
enota: «A eteroidade da nuiteria noa dembaraça de hum Espirito infinito
que se não comprehende; e a eternidade dos movimentos de uma creaçlo
que ainda se comprehende menos». Pois não é verdade que, se supusésse-
mos que Deus não existisse, os astros continuariam no seguimento da sua

0) DiM. Dedkitófji.— V^Me «n Hirtaria Ga, 179. a ceoium a uma otoa de


Helvécio, «Filosofo Ubortino», aainada por FT. Jmá MSyne e ootrot.
(2) Disse. UL
(3) Disse, IV.
Disse, DC.
(5) Cf. Fr, 315 e 322.
(6) Carta M.
a6

Copyrighted material
402 —
carreira, a terra produziria suas flores e seus frutos e os homens haviam de
pcoM^uir «a sua multíplicaçlo»? A resposta não ae fez esperar e tnagntfira.
Pmitíndo^ também apxesentar uma hipótese — a de um cficolo quadrado
descrito num todo muito mais pequeno que o menor de suas partes, o Cava-
lheiro ataca directamente: «N3o hc com eíTeito hum absurdo igualmente
extravagante, suppor o ser por essência collocado em o nada, ou O nada
revestido com as propriedades do ser» ?.
Nio vamos s^liiir todo O vangar de ideiaa de parte a parte: oomo se exp^
a existtecia de um Deus puro EsçSxito, centro de todas as perfticOes e cria-
dor das cousas, a sua providência, etc. Entrámos, porém, no campo de
outra corrente filosófica: «O Materialismo nega a existência de Deos; porém
o Deista nega-lhe as perfeiçoens». É realmente contra estas duas afirmaçOes
que o livrinho se levanta, visando muito especialmente Voltaire. Rousseau,
Espinosa e Pope. Reivindicando para as mulheres cristãs o mesmo direito

de penetrar na Metafísica que geralmente se concede às «anulheres que os novos


Philosoidios conduzem», a Autora (ou suposta Autora), indaga: «NSo vemos
nós todos os dias que a feminina mocidade occupada primeiro que tudo nas
modas e ornatos de colo e peito, fallão a lingoagem dos novos Philosophos?
Não as observamos com a cabeça cheia de princípios de Voltaire e de Rous-
seau, com hum tom rezoluto e declarado?
expolos Não prezenceamos
também os applauzos com que sdo ouvidas?».
NSo sabemos se o quadro tem aplicação em Portugal, mas é ini^vd
que a doutrina dos Endch^iedistas tiidia entrado nos meios cultos. Ptveira
de Kgueiredo revela expressamente, anos antes, que é «este Autor (V<dtaiie)
o que ordinariamente anda nas mãos da mocidade Portuguesa, e o que forma
o gosto c base dos seus primeiros estudos» (1). O mesmo afirmara o Bispo
de Coimbra. D. Miguel da Anunciação, na Pastoral que o levou à desgraça
do Marquês. Mas entio dedaru^w^ que «os livros libertinos que tomou
por pretexto a dita pastoral, todos se adiavam prohibidos pda Meai Cen-
sória(2).
Esta obra sem autor nem nome de tradutor, bem se pode tomar como
antídoto espalhado pela Real Mesa Censória, que a autorizou. Basta lem-
brar que o livro procura estabelecer a existência e perfeições de Deus,
com provas de razão, a natureza e hm
do homem (espirituaUdade e imortali-
dade da alma), e apontar oa descaminhos dos móaafoa soine a NatONKa de
Deus, com a exposíçSo miúda da doutrina dos Materialistas e dos Deistas
e capítulo à parte e longo, da doutrina de Eqiinosa e respectiva reflita^.

(1) T.T. - Mcs;i Ccnsóri». M. 591.


(2) Ver H, ill, 97.

Copyrlghted material
— 403 —
Trata-se de autor que conhece bem os Filósofos criticados. A todos
adapte uns epítetos que os caiaoterizampefíiBitameiite: Joio Jaoques Rouneaii,
famoso maioral dos Deistas, zdoso partidário da pcetoidida Rdigifto natural.
V<dtaíre —
o Pope francês —
oráculo dos Filósofos modernos, faz g^&ia
de ser discípulo destes Apóstolos do Materialismo. Pope. autor do poema
Ensaio sobre o Homem, traduzido em verso pelo Abbade de RcsncI, c hum
dos mais celebres Doutores do Materialismo. Apesar de não se dever a
Autor português, este livro serve perfeitamente para definir a doutrina espa-
lhada ocmo ortodoxa.
Novas tentetfvas de admiwitn de obras de ou sobre Voltaire, encontra-
ram a mesma oposição, devendo-se relevar, a propósito, o nome de Dr. Pas-
coal José de Melo Freire dos Reis, o autor da Historia Júris Civilis Lusiíani {\),
que a 20 de Março de 1788 assinava um parecer contra a divulgação do Tes-
em 6 de Novem-
lanwnl politique de Mons. de Voltaire (Genebra, 1771 e 72), e
farodo mesmo ano volte a reprovar o Commentario de Voltaire sobre o
livroDos deUuu e das paias, de Beccaria.
No Catahgo dos Um», defesos neste Reym desde o dia da criação da
Real Mesa Censória athe ao prezente(2) incluem-se a Henriada de Voltaire,
traduzida por Tomás de Aquino e publicada no Porto em 789 Cândido (1 759),
1 :

(Edital de 24 de Setembro de 1770); Condillac Traité des sensations.


Paris. 1776 (suprimido em 6 de Abril de 1780). Realmente, de Voltaire
puUiooa^ em Lisboa (1785). a Nom Tragedia Mttdada Serastris no Egipto
em 1792) e no Porto, em 1789 apareceu a JfenrAub, traduzida
(reeditada
por Tomás de Aquino Bdo e Freitas, além da História de Carlos XII, já
referida noutro lugar.
Apesar dc tudo não faltarão esforços de infiltração, mais ou menos
velados, um dos quais mereceu a aprovação da Mesa Censória, suscitando,
porém, forte polémica (conhecemos 16 folhetos) que corre com a designação
de FUáaqfo SdUárIoO}* A orateoda pode dividira em duas fases: Primeira,

em que os opositores atacam a doutrina do autor 8uperi(»idade da sdidão
e falência da medicina, que se iguala a conjecturas. Segunda, em que o
Filósofo Solitário é arguido de «impostor» e «ladrão». Nesta fase, ao mesmo
compasso, rcspigam-se as incorrecções de linguagem e põc-se a nu a incapa-
cidade do tradutor. È que a presente polénuca encerra mais o seguinte por-
menor, sumamente escandaloso: os tf8s foílbetos intitulados O Filósofo SoH-

(1) Sobre o autor, pode ver-se £, 1, 103 nota.


(2) Catalogo dos Ii«nsIMMOSflflMlt^o,deide O dk da Criação da Riealliitn
Censória athe ao proHte Fua unk no B cpedittie
a da Gua da Revidk) CT.T. — RmI
Mesa Cens.. 811).
(3) Filoso.

Copyrighted material
— 404 —
tário são descarado plágio de uma obra francesa, também anónima, que as
fnqnfaiçflfi de Roma, Paris, Goa e EqMmha atíraiam para o «Indioe dos
Livros Proibidos». Apesar disso, a seleoclo portuguesa oorrea sem embar-
gos por areias de Portugal com licença da Mesa Censória e passou a terras de
Espanha, onde foi vertida em Castelhano.
Conhece-se hoje o autor do original francês 1'hilosophic de la Nalure:
Deiislc dc Sales, «um dos mais fecundos escritores franceses do último século,
nascido em Liflo, no ano de 1743 e fUeddo no de 1816 (1). Ex-oiatOfiano,
amifo Intimo de Poct-Royal e ^itsso do jansenismo, gozava de involgaves
dotes de eq^to, amiúde ennUados, tanto com as «maneíias bruscas,
selvagens, negligentes» como pda singularidade de suas ideias e biblíomania.
Manteve relações afectuosas com os '«Filósofos», a avaliar pelas numerosas
cartas publicadas na 5/' edição da Fhilosophie de la Nature (Londres, 1789).
De entre todas, relevamos as dc Condillac, d'Alembert, Diderot, Helvécio,
Conde de Tressan, Voltaire. A a protecção real em
este livro deve Ddisle
coqjttnturas diflods. A obra em 6 volumes saiu anónima on Amesterdlo,
Cfaez Arkstée & Merkus, M.DCC.LXX, tendo aparecido os últtmos tifs
tomos no ano de 1774 (2).

Parece-nos que também sabemos quem se enroupou nas vestes garridas

do Filósofo Solitário. Como c natural, fizcram-sc esforços por desnudar


a figura embuçada. Nada de definitivo se apurou: ao menos, nenhuma
sduçlo concreta diegou até nós. Mas sempre ficaram sinais qu^ como
pagadas de fugitivo, nos podem levar à sua idcntificaçio.
Entre nós, a dedaraçgo mais categórica sustenta que os folhetos nio sio
parto de um só homem. Quer-sc-ia dizer que a ideia da publicação, como
a perfilhação das ideias não advinha de um único autor. Em a Prática que teve
o Pai do Filósofo com o Senhor seu compadre, apenas se aponta um
Solitário
defeito ao Antígo dos homens —
«ignorar o seu verdadeiro contendor: julgava
ocmiibater um homem fato, oraio nós, de carne e osso, e esffrimiarse contra ufl^
caverna, por oode ressoam, agora, em Portugal, as vozes que há muito se
denamaram na França». A alusBo aos Oratorianosédarae dispensa comen-
tários.

Hm Kspanha, porem, foi-se mais longe, chegando-se a estampar os


boatos que corriam na capital lusitana. Informa ou finge o tradutor que, depois
de entr^ar o primeiro tomo, um amigo português, residente em Lisboa,
o avisou de que naqjuela oxxt» se atribuía, geralmente, o FUáaçfo SdMrto
ao P. Teodoro de Almeida (3).

(1) Gran.
(2) Philosop.
(3) Filoso (ed. espaniiula, I, 33 nota).

Copyrighted material
Hoje, à distância de mais de século e meio, torna-sc diíicil acrescentar
novoi argameutM, dadas ai caiactefistícas da poblicação. Mio te trata
de obra original, em que o autor exponha as suas ideias para se poderem com-
parar com as que tenha exarado noutros escritos. E por isso. não recorremos
ao confronto de O Filósofo Solitário com a Recreação Filosófica, o Feliz
Independente, ou outro qualquer livro dc Teodoro de Almeida. Nem sequer
o estilo pode fornecer elementos de identiíicação, pois ainda as expressões
mais enérgicas, as frases irónicas reduzem-se a trasladação pura e simples
do original franois. Estamos, porém, certo de que o livro pertence a este
ou a outro Qratortano, por a Indde dele se compagimur peifeitameiite com a
Filosofia do Oratdrio. Que pertence k classe eclesiástica, parece indicá-lo,
por exemplo, a nota 23 da pág. 22 dos Rizos. Ele próprio so excluiu da famí-
lia dos médicos que tanto ataca (1). Tratar-se-á, pois, de mais uma obra
de Teodoro de Almeida?
A autoria dos restantes folhetos (2) está envolta por mais espessa camada
de névoa. Apenas sabemos qne foram médicos alguns dos oontraditores:
o Andg» dos homem{Z)t os Autores dos Parecer sobre os dois Fcpeis e FUÓ-
safo Solitário ^atffieadoiA), O s^^ndo era «médico e filósofo de profissão»
e ainda jovem; o último foi escritor. Em 1782 imprimiu «uma Apologia
a favor da Medicina e dos verdadeiros médicos, mostrando os paradoxos,
invectivas, injúrias, calúnias e ignorância dos bravos filhos de Esculápio
que procuravam sumir a nossa jurisdição na Universidade da arte de curar:
nela fizemos ver a impostora dos saoertodes asdepiadas e obrigámos a reconhe-
cer Hipócrates por legislador e chefe de toda a Medicina, restituído pdos
sábios Filósofos e legítimos Médicos de todas as idades». Auxiliados por
estes pormenores, tentámos descobrir o nome deste medico, tanto mais que
possuiamos as iniciais: F.X. da S.P. (5). Mas debalde. Todos se mostra-
ram anti-escolásiicos (6). Iam longe os Jesuítas e poucos se encontrariam
que nfto tivessem o novo filos(rfkr, tipo extra-ststema, que até aos inacianos
afectou.
No meio da contenda, alguém advertiu que se estava lutando com moinhos
de vento. Escondia-se dc facto cérebro português debaixo da designação

(1) Filosof 1, 30.—«Não frequento as aulas de Galeno, neni leio as obras de Boer-
huvB». EMas pskvns alo vêm no original fltanofls. Cf. Philoiop m, 235.
(2) Ver os seus nooiM «m Dic. 11, 903 ou em FDoio.
(3) Respo, 7.

(4) Fm, 3 e 13; FikMofò, 4


(5) raéioibtItetelL— ltocertiflc>çiodeqiieéo«utordal.*|iait»,vBri^f^^
da 2.* parte, p. 33.

(6) Cf. v.g. Filosofo. 14.


— 406 —
de Filósofo Solitário. O Antigo dos Homens, em segundo folheto proclamava,
que os opúsculos do Filósofo do enno nio passavam de atrevida tcaduçaow
O escândalo leboou mais vdoz que a luz e o SotUârío, impotente pan se
encobrir, esbravejava raivoso. Tentou defender-se, mas ainda se feriu mais
fundamente. Em vez de compendiar o pensamento alheio, que tanto lhe
sorria, extracta\a aqui c cortava além, no propósito de coligir o melhor, sem
assimilar o que colhia. £ por isso que a nódoa negra da fraude literária se

lhe nio pode apagar, mau grado a justifica^ insubsisteale do SeUtíMo.


Defendendo-se dos ataques que lhe eram dirigidos» vin-se obrigado a eqiâr,
à curiosidade pública, todo o seu segredo: <iK €^cxh FhUoM^f^ de la Nature
é a mdhor cousa que vi naquele género. Não se permite vulgarmente a sua
leitnra, porque a sua doutrina, em muitas partes é suspeitosa». Como ele

protestou ser úiil à sociedade, «quiz por esta causa purificar aquela obra»,
«eiuiquccendo-a com um copioso exame sobre a origem das Artes e das Ciên-
cias,e também com a nuds dará demonstração das verdades que nos ensina
a ReligíSo Revdada» (1). A nota dessa pígnia camiseta o pensamento do
&iUtário: «Tenho lido quantas leis há que obrigam a um bom tradutor,
e ainda não achei uma só que obrigasse a declarar que fazia uma tradução.
Todos o fazem porque querem nSo vitupero, mas também não louvo, e muito
:

menos, quando declaram o seu nome, porque me parece demasiado desejo


de se fazer conhecido». Pode ver-se no estudo citado (2) o pouco que o autor
português acrescenta de sua lavra ao texto firancSs.
A req>eito da orientação ideológica da PhiíMt^^ de la Natwe bosta
referir que se trata de uma otea cem pw cento naturalista, em que se ataca
a Religião Católica, mais do que as condenações inquisitoriais e melhor que
a vastidão dos seis volumes, nos serve a Profession de Foi Philosophique incluída
no tomo VI da 5.» edição. Desejava Dellsle falar de Deus em Filosofia,
da religião da Natureza. Mas duvidou, por muito tempo, porque, não
obstante a França ser lefoytr, em que todas as luzes filosóficas se reflectem,
o seu século ainda não estava maduro para escutar a verdade. Apesar disso,
sempre conseguhi coragem para ferir a geração pfcsent^ afim de proporcio-
nar o bem às gerações que iam nascer.
Crê que e.xiste um ser supremo, cuja providência sustenta a harmonia
do mundo. «Tenho o novo orgulho de mc crer imortal». «Um Deus que cuida
da felicidade dosdo anelo da imortalidade que liga o homem à virtude:
seus,
eis os dois principais artigos do mea simbolo, o resumo do meu evangellio,

de que a minha obia inteira, bem entendida, pode collsidera^« como o comen»

(1) Riz. 24.


(2) Filoso.

Copyrighted material
— 407 —
tárío». Desta forma, se julgava ilibado da mácula de indigioso. «É verdade
que ot meus prindpíoB tendem a d^xUtar a veneraçfio dos povos pdas reve-
laçOei, pdos mialérioa e por eaia mnltídio de maiaviUias que envolvem o
berço das religiões». «Que importa, afinal, à sociedade que eu ataque, nos
cultos, a obra dos padres, visto que respeito a obra da natureza?» Promete
ser mais rígido cm moral que os Ministros do altar. Conseguintemente,
repele a injúria de produzir obra dcsirutiva.Os seus intentos de aniquilação
nBo ultrapassam o alvo da do fanatismo, dos inquisidoics.
superstição,
Destrói para levantar; só mostra o mal, juitamente oom o remédio...
O tradutor pcxrtQgiifls media bem os inconvenientes da pubficaçSo de
semdhante obra em Portugal e tomou, de início, a resolução de apenas a
compendiar. E assim suprimiu os assuntos relacionados com o sexto manda-
mento, com a Sagrada Escritura, v. g. o artigo IV do capitulo VIII, em que
o autor mostra que Moisés e Salomão negavam a imortalidade da alma, e
o artifo V, onde se 16 que alguns Padres da Igreja defendiam o aniquilamento
desalmas. Refertodas ao Santo Ofício sofraram sistemáticamente eliminação,
por exemplo, aos de Goa e Coimbra (1). As invectivas contra o Vaticano
e bulas papais, p>ostas em descrédito, segundo ele, por Filósofos como Bayle,
Montesquieu e Beccaria (2) — foram convenientemente canceladas.
Desapareceu todo o volume 7." (da 5.» edição) era que se censura acre-
mente a Religião Católica nos seus dogmas, ministros e história. Ddisle
igiiak4i, sem rdnkço. As demais religiões, para suUinbar a instituição de imia
nSi^pMo naturalista, de pma ocmvoiçlo dos homens, criada por Filósofos (3).
O artigo dos milagres ficou suprimido, porque para Delisle» o milagre
só SC poderia dar por blasfémia ou por absurdo (4). O Paraiso, que se coloca

paru além dos limites dos mundos, é atirado para o império do nada. Os
Anjos são entes criados pelos Padres, «que têm sido sempre os geógrafos
do mundo que nio vêem». Uma das grandes Uasfêmias de Teologia con-
siste em afirmar qoe.os Aqios se revoltanun contra o Ordenador dos mumkis...
Todas estas proposições, evidentemente, estavam por sua natureza
impossibilitadas de pisar o solo português desse tempo. E ainda bem! Por
isso, o Oratoriano as cortou, prudentemente. Por isso, e porque, decerto,
as não afagava com o mesmo entusiasmo com que recolheu as ideias que lan-
çou nos três opúsculos. Contudo, algum embargo devia ter surgido, para o
autor se quedar em mdo da obra que projectava realizar. Talvez, por esse
motivo, a questlo ficasse abafiub até hcje.

(1) PUIoMp. VI, 386 e FOoMi; m. 78.


(2) Philosop. VII, 75 e ss.

(3) PhUosop. VII. 338 e SS.

(4) FhUosop. VI. 345.

Copyrighted material
— 40g —
A respeito da polémica que suscitou, apenas diremos que o Solitário

encomiava a tolidio, malquiataiido a sociedade vkioia, ítttii e bftbafa.


Exaltava a natnma c 4ffpfiniift a fifitrifl, cspeciabneote a iBfdkiwft qne* no
seu conoeho, nio saía das bandns da mera conjectura. Os módicos doe-
ram-se e gritaram. Como wcmpst, a polémica d^enerou em palavras ofen-
sivas de parte a parte.
A cinza que resta de toda esta fogueira, guarda-se perfeitamente na palma
da mSo. O Solit^o protesta que oio náldiite da medkiiia, mas sim do seu
abuso; que não detesta a sociedade, mas tio sòmente os vidos dos homens.
Se o lemos bem e estamos liberto das intnênries de partidarismo» conde-
namo-lo na parte que se refere à medidna e absolvcmo-lo no que diz respeito
à solidão. Desta, falava como um místico que abandona a sociedade, sem
condenar a razSo dc ser da vida social. Longe do mundo, n3o ouve as
murmurações dos más-linguas nem assiste às cenas de ódio e vilanias dos
corações de baixa mocaL Os quadros que os seus olhos contemplam são
todos doçura, beleza inefável
Por aqui ficamos. Não vale a pena prosseguir, porque ji estamos a
a data extrema da vida do nosso protagonista.
ultrapassar

Copyrighted material
CAPITULO XIII

DESTINOS IDÊNnCX)S

Os prtmeinu entfUtoM entre o Mbúsíro e o


Secretário.
Prisão, expoliação e expulsão de Vernei.
Expulsão dos Oratortmos.
liesgraça de outros intelecttêalt, eotHO BtHtO
de Moura Portugal.
Extinção da Companhia de Jesus.

proscritos.

A hora da rehabUitação para os perseguidos.

A ignofftncia do futuro pesa brutalmente aobce o destino do homem,


criando aempfe, oom o dewnrolar doa anos» sitnaçOes aflitivas no cenário do

mundo. Pode mesmo taxar-se de responsável única doa maiores vexames,


das injustiças mais flagrantes, dos cruéis ódios que devoram as boas relações
sociais. Mas o pior mal gerado por esta cegueira, que toca as raias do
cinismo e da ironia, é o que, melhor que ninguém, visionam os próprios
comparsas desse trágico drama.
Talfoi o que aconteceu ao Aroediafo èboienae.
Mal soou a ndida de que fora nomeado Secretário da Legacio^ na»*
ceu logo a intriga torpe pata o comprometer aos olhos de Pombal e tor-
nar tensas as relações com o seu Ministro. Partiu de Roma a urdidura,
de Almada e de Marco Pagliarini, irmào de Nicolau que, como já vimos,
fora escolhido hospitaleiramente pelo Primeiro Ministro. Pagliarini ficara
ofendido oom Vernei, pw entubar a impressão do Ae Oene-líe ^ysha a
roso Salomoni, e nlo a quando paieoe que já lha hai& prometido.
ele,

Recorreu ao irmão, queíxando-se de que Vernei não mais lhe fhlara desde
que fora nomeado Secretário, e Almada terá escrito ao primo a primeira
carta de desabonação. Vernei informa que «pintaram isto ao Conde como
um delito de Estado». Nicolau escreveu ao Secretário uma carta inso-
lente, em que. entre «outras palavras picantes contra Salomoni e contra

Copyrighted material
— 410—
a fiddidade de Verney»» o acusa de desprezar os impressores fieis à oiieataçio
fwiftica do Rdno e de tocotier-ae do impressor que maior qwmtidade de
tratMdhos imprimia paia os Jesuítas (1).
Encontrámos essa cnrtn (21-X-769) e o borrio da resposta
com as margens queimadas, mal sc podendo reconstituir o texto. Generoso
Salomoni, na acusação de Pagliarini, «ha stampatu, c stampa i libri piu ingiu-
riosi alie Corte (...) particulare a quc^ta di Li^ibona», enquanto ele, ainda antes
de ser coosidefado português, já gozava de partiedar protecção de Sua
tade Fiddbsima.
Vemei procurou des&zer a calAnia, porque várias das suas obras haviam
sido editadas por Salomoni. NSo se tratava de impressor dos Jesuítas,
mas sim de toda a gente que o procurava. Ainda no tempo em que publicara
o De Re Lógica e o Apparatus estava ocupado com as obras do Papa. Sim-
plesmente, não havia impressor em Roma que nàu trabalhasse para os Jesuítas,
até os Fai^iarini. (2) Podia folar assim, porque possuía um catálogo de todas
as obras por eles editadas durante a sua estadia em Itália. Desmentia a
assevcio de que Generoso tivesse imi»imido alpms Uvros contra os Reis,
e muito menos, contra o português e asseverava que ele era bom cristão e
sempre o tratara com muita consideração. «Respondi o que basta para
V. Ex.^ tapar a boca ao correspondente Romano que me quer atacar injus-
tamente» (3).

Também escreveu ao Conde de Oeiras a expor a sua defesa(4), que terá


ligado rdatíva importância ao fiuto. Nlo lhe pagou depds a imfvessio
do De Re Plg^staa, como já vimos, mas mantcvc-o no lugar, porque precisava
dele. O mesmo não aconteceu com Almada, que já à partida dc Siena, onde
se demorou três meses, para Veneza (tim dc Agosto ou principio de Setembro)
não consentiu que o Secretário o acompanhasse na posta. Houve altercação
entre os dois, que o Dr. Carlos de Passos, lendo a Relação da perseguição,
resume assim: «Vemey
eiqifimitt seu pasmo ptw tal desoouideraçio e

inconveniência, diaendo-lhe que isso era faltar ao costume dos ministros


e à sua palavra; portanto, tendo de vii^ar com decoro e comodidade, iria pda
posta, à sua custa» (5).

Apesar de tudo, o serviço de Vernei em Veneza foi eficaz, segundo relata

(1) Bundo e texto da Rdaglo da penepiMo, apud E. II, p. XL-XLL


(2) Por ewmpln, o P. Manuel de Azevedo editou al, entre outras, as obras de
£coto XIV. DtSmnmwmMBeatifiauioiu (...), 1747 e Dt Synodo Dioceasano, 1948. Ver —
UiiUMni sy.
(3) Ver Apénd. Doe. —
Vemei refere-se a este q)it6dÍ0 J^AvO» da FmtglOft».M
(4) V, vol. II, p. XLL a. V., w>L n. p. XLL
(5) Lu. 221.

Copyrighted material
— 411 —
Pedro José de Figueiredo: Aí <(achou Vemei os melhores meios de promover
cg intefccses da soa Corte, apcovotando a iBfhiêiicia de sem antigos amigos

de CQrreqwndtecia e grangeando outros poderosos, pdos quais


litecáiia

apresentou na Cúria excelentes memórias e sábias reflexOes, que os Ministros


Borbónicos muito aproveitaram, vendo que elas conciliavam o mais favorá-
vel partido cm tilo arriscada conjunção» ( 1 ).

Em Junho de 1779, o Ministro de Poriugal cm Roma


carta de 17 de
que sncedeu a Afanada, tendo também diante de si esta Rglaçào apresentada
^
por Vemei quando tentou a leabilitaclo, conta da s^ninte forma a ditada
a Roma que, s^nndo Figueiredo, se verificou a 10 de Maio desse ano de 1 769
«Chegarão a Roma, aprezentou Almada Vemey a todos os Ministros do Papa,
como Secretario Régio, declarandolhe que nos negócios, que
e Estrangeiros,
antão SC tratavão, hera o mesmo com hum, que com o outro. Assim
conferir
se praticou muito tempo, tratando com Vemey, porque se mostrava mais
estes

que o Ministro e porque a sua oompiien^ iiera mais daia. Alím disso,

todos salri&o que nlo bera o Ministro, quem escrevia, mas sempre a pessoa,
que segundo as siiwinstandas tinhâo junto a si».
Lendo ao mesmo tempo a correspondência de Almada para Pombal
c D. Luis da Cunha, D. Henrique dc Meneses informava também que «nenhum
athe antão, nem despois, estava autorizado se não Vemey. Por consequên-
cia, oom elle conferia Monsenhor Aspuru, Ministro de Espanha, e o Cardeal
de Bemis, lifinistio de França, sempre na sttpojdçto, que Vcmqr comunicava
tudo ao seo Principal, o que ddchava de fazer muitas veaes, por entender
que asim se observava milhor o s^redo. c também no fim por desprezo mal
intendido, com que olhava para o seo bemfeitor e para o Ministro do seu
Rey» (2).

Há na verdade, nas relações de Almada e Vernei, duas questões distintas


que entroncam no carácter altivo e superior de ambos. Uma, a das que^
tidncolas caseiras que passamos a contar, e outra, a que já ficou bem frizada,
da maneira de Vemei proceder como se fosse Adjunto do Ministro.
Almada teci começado por reduzir a importância do Secretário, fazendo-
-Ihe ver que a sua nomeação a ele a devia, e contou que o primo, ao incum-

bi-lo da nova missào diplomática lhe pedira que indicasse alguém capaz de
escrever cartas. «Isto signiiicava ser somente Verney seu secretário particular,
depender das suas ordens, pertencer a nm serviço de cat^pria infbrioc» —
comenta Cailos de Passos, na peugada das queixas do pí&páo Vemei.

(1) Rcl.
(2) Carta de D. Hcocivie de Meneies pan Aires de Sá, de 17-VI-779. Ver
Aptad. Doe.

Copyrighted material
— 412 —
Almada assegura ser portador de ordens secretas que o Conde lhe dera
verbalmente. Nlo admitiii,por iaio, intervenções de quem quer qne foew.
Vemei obflervava-lhe que era costume, em missOet desta natureza, trazer^
instruções escritas e assinadas pelo Governo. E de facto houve: Instrução
expedida pelo Conde de Oeiras a Francisco de Almada de Mendonça, por haver
este dc passar a Roma, de 8 de Abril de 1769(1). A (.lisciissào prosseguiu,
em tom azedo e choques sonorosos, como os das vugas impetuosas quando
embotem com as rodias das costas marítimas.
— Isso era lá com os outros Ministros, que não com ele, primo do Conde,
retorquia, soberbo» Francisco de Almada e Mendonça. Os parentes do Conde
podiam fazer o que lhes apetecesse, porque sempre seriam defendidos por ele!
Vernci teve dc se calar e sofrer a petulância do Ministro que, não sendo
muito ilustrado - ao que dizem — obrigava o Secretário a introduzir nos
ofícios, emendas discutíveis, se náo até condenáveis. Os largos aposentos
quelhe (^metera, afinal transformaram-se nas águas furtadas em que dormiam
os criados. San demora apresentou o seu Irritado protesto e o Ministro
acabou por lhe ceder metade do 4." andar, sem mais mobília que duas camas
velhas e quatro cadeiras. À exigência de outros móveis necessários, respon-
deu Almada que recorresse ao Conde de Oeiras (2).
Ouvida a defesa de uma das partes, convém conhecer a acusação que a
provocou, afim de melhor se julgarem as culpas e a inocSnda de um e outro.
Kn carta de 26 de Abril de 1770 (3) oonnimca Almada que depois de ter
suportado com paciência dissimulada, por quase dois anos, «muitas imper-
tinências de Luis António Vemc^» se viu compelido a perder a paciSncia
e mudar de sistema. Para documentar a sua atitude* narra por alto OS acon-
tecimentos ocorridos desde o regresso a Roma.
Não obstante a dificuldade em se conseguirem cavalos (4) começou
por comprar seis, pondo dois à disposição do SeodAio com a respectiva
carmagem. Vemei nlo desperdigov a opmtonidade e saía fiequentemente
para se refazer da fadiga inidectnal. Almada Insinua que se ia divertir,
de manhã e de tarde, girando por toda Roma, e até para fora, por vezes além
de uma légua. Os cavalos cansaram e Vemei pediu outros, mas Almada res-

(1) T.T. — Min. da Justiça, L. 2. — Alinada cncunuava-se em Itália. Cf. a este


TMpdIo, a carta do Kfiaistro, escrita por Vemei, ao Conde de Oeiras, de Vcoesa, ••X-TéS
(B.N.L. 640 da Pombalina. H. 230-231).— Sobt« a CgCtÍDçlo da CÒIII|iailhÍa de JiBSOB. w
História 1, IV-I, p. 280 e ».
CZ> Afid Lu. 220.
(3) É de 18 de Abril a última carta de Almada que encontrámos escrita por VsmsL
(4) «...veadendosse huma grande parte para Germânia donde os pagão a caro
preço, c dc Nápoles custa muito o extrahirios pelias grandes Prohibiçocns daqucUa Corte».

Copyrighted material
— 413 —
pondeu que precisava dos quatro restantes. O Seo^ário deixoa-se ficar
em casa diuante uns dia«, por julgar indecoroso da sua posMto^ andar a pé.
Como, porém, nfio podia continuar fechado em casa, lançou mão do expedioite
de pedir carruagem aos amigos e algumas vexes, alugar transporte por sua
conta. A fim dc poder continuar a aparecer nos jantares da Casa Bemis, (1)
o Conde Goasco de boa vontade o foi buscar.
Esta situação, porém, não se devia prolongar e Vernei, num dia, não
se ccmteve mais. A 22 de Abril desse ano meamivel de 1770, pediu satis-
fações a Afanada, do motivo que o levava a nSo lhe dar cairuagem. «Pala-
vras impróprias» e «modo descortez» terá o Secretário em^iegado diante
do Ministro Plenipotenciário de Portugal em Roma, de que este recordou
as seguintes expressões: «Que se eu nSo tinha cavalos, que os comprasse,
porque a elle lhe tocava carruagem». - «Que c!le nilo só he Secretario Régio
mas que me hera Adjunto, que por isso devia ser tratado com toda a distin-

Agora que conhecemos a carta de nomeação do Secretário, podemos


anotar que Vernei excedeu, no que ieq«ta às atribuições do lugar. Quanto
à dignidade, pelo menos uma cousa parece certa: Que não tinha direito
a carruagem e, por isso, não c licito censurar Almada se, depois do ocorrido,
se negou a conceder-lhe, de futuro, uma graça que de livre vontade lhe outor-
gava. Nesta questão se envolveram outros atritos afins, como o dos criados
de libn^ que o Ministro também lhe não proporcionou, chiando ao ponto,
conforme refere Vernei, de até lhe tirar os candeeiros e ddxar de pagar os
portes e o papel da correspondência. A comida sofreu igualmente restrições,
segundo a informação do Arcediago. Almada ter-lhc-á cortado o chocolate
de manhã e da noite, nem lhe facultava comida especial nas ocasiões de doença,
usando mesmo do vexame de lhe dar vinho inferior.

Nio podemos precisar a cmlem cronológtea destes factos, mas toma-se


plausfvd que tudo acontecesse depois da última troca dura de palavras,
em que Vernei também lhe lançou em rosto a pobreza do mobiliário de seus
aposentos e a mágua com que sempre à sua mesa.
se sentava
«Diseme finalmente que fugia de vir a minha mesa quanto podia, por
que hum dia se lhe fizera a descortezia dc o não esperar».
Seja ou não íulsu a acusação, como declara o Ministro, parece evidente
que o motivo de mais este melindre assentava no oi^dho do Secretário Régio.
Almada ter-se-á contido, sem se exaltar, respondendo com firmeza e calma

(1) Em carta a Choisaiil, o Gudeal comunicava a 6 de Setembro de 1769: «Je donne


des diners marquês trois fois la Mnaíne à trante penonoM et une grande convenation le
vendredy» (Histoir, I, 376).

Copyrighted material
— 414 —
que, se quisesse, teria sempreo mesmo lugar na soa mesa, por amirade e não
por obrigação de o nutentar. A casa pertenda-lhe a de, NjBnistro. Se lhe
dispensara alguns compartimentos, fizera-o «por fineza e nXo por ohrigaçlo».
Por isso, «que se contentasse de a recébet como lha deram». No que respeita
à carruagem, porque não era devida ao seu ofício, entendia poder desobrigar-se
da promessa, no momento agora chegado —
em que lhe causasse incómodo.
Apelando para o «amor de Nosso Senhor», Mendonça c Almada supli-
cava ao Primo que o separasse do Arcediago. «V. Ex.* já sabe que dte he
totalmente inntil ao serviço de Sua Magestade, pois he certo que de tudo o
que até agwa tenho obrado no meu ministério, cUe nio só não me tem ajudado
em cottza alguma, mas tudo absotutaniente ignora do que se faz, e he necessário
que o ignore »(1). Anteriormente, porém, não era assim. Conservam-se
cartas de Almada para Pombal e D. Vicente Coutinho sobre a extinção dos
Jesuítas, de letra de V eruei, por exemplo, a datada de Roma, a 30 de Agosto
de 1769 para D. Vicente de Sousa Coutinho, que trata da scirailariwiçiio dos
Inadanos. «Domingo, 13 do oormite, depois de ter conferido com os Mini»*
troa de Bourbon» aprezentei a minha credencial ao Papa». O Cardeal Aspuru
queria a extinção dos Jesuítas. O Cardeal de Bemis era favorável à secula-
rização dos inacianos. Mas com a oposição da Corte de
havia que contar
Sardenha e Da mesma forma, a carta datada de Roma,
dos Imperadores. (2).

20 de Setembro do mesmo ano, em que Almada contava que tivera audiência


do Papa «no dia 15 pela menhan» «e lhe apresentei a Instruçam para a Extíor
sam da Companhia» 0).
Com esta audiência se deve relacionar este trecho de prosa do bió-
grafo Figueiredo: Vemei auxiliava de «tal maneira os embaixadores das
diferentes nações que, conciliada a atençQo do Pontífice sobre o grande
artigo da extinção dos Jesuítas que requeriam os soberanos da Europa
para bem dos seus Estados, foi por ele ordenado em audiência particular,
dada ao Cardeal de Bemis, que se unissem em uma súplica as pretençOes
de todos os Monarcas, sobre aqude ponto, para de as ponderar e resolver
como convinha. Participada esta resposta a todos os Ministros unani-
memente assentaram que fosse Luís António Verney quem organizasse aquela
representação, por ser o mais capaz de escrever cm tão grave matéria. Assim
o fez e com tanta glória sua coroo satisfação daquele respeitável congresso» (4).

(1) T.T. —
Minist da Justiça, M. 15. —
D. Vicente de Sousa Coutinho em carta
ao Marquês de Pombal, datada de Paris, 26-V-771, apresenta o GantaU de Bemis como
secretário dos Jesuítas CT.T. —
Min. da Justiça, M. 14).
Carta de 26-IV-770. Ver Ap. Doe.
(3) T.T.— Min. da Justiga, M. 14
(4) Ret.

Copyrighted material
— 415 —
Neste negócio colaboraram ambos de boa ou má vontade. Mas essa
colabofa^, da fonna como foi feita, só serviíi para agravar as rdaçSes
mútuas. Tempo no condo cm que enviara a notícia da promoçlo
antes,
do Primo, Paulo de Cárvalho e Mendonça ao Cardínalatov já bavia co^osto os
motivos deste parecer (2). A 23 de Julho volta ao assunto que o oprimia,
dirigindo as suas amargas queixas ao «Primo Amigo c Senhor do Coração».
«Depois do encontro» de que dera parte na de 26 de Abril, haviam sucedido
vários casos que mereciam especial mençBo.
«Morando dentro da mesma casa, nunca apareoeu-me a dar-me as boas
vindas nas divnças ocazioens que tomei da campanha». Na última vez,
andando Vemeí a passear fora das portas da cidade, (3) mal viu a carruagem
do Ministro, voltou para trás e mudou de estrada. Mandava a correspon-
dência otkial para assinatura, por intermédio do criado e quando tinha que
lalar a Almada, só dci>cia quando c:>te prometia recebê-lo imediatamente,
apaieoendo «atlo de chiadas «e vesta de camará».
eom mais ftequtoda, mas quando comia à mesa
Passou a jantar fora
do nio aceitava nada de sua mão. «Hum dia (...) recuzou hum
Ministro,
copo dc vinho carcavellos que lhe dava a Duqueza de Pole, cunhada do
Núncio, porque ella o tinha recebido de mim». É possível admitir outra
qualquer razáo, mas se casos destes se repetiam, não custará a aceitar a inter-
pretação de Almada. As queixas suoediam-$e. Vemeí tinha conseguido
um rapazinho de 7 ou 8 anos» que de manhi até à noite nlo fada weaão comr,
incomodando o Nfinistro e as vkitas que eram recebidas em sala que ficava
por baixo. Vemd também se lhe refere na RdofÕo da perseguição, dando-o
como filho dc um casal que tinha cm casa —
o camaidfO e a governanta (4).
Na carta ao P. José Azevedo igualmente informava a seu respeito: «Eu sim,
tenho aqui um ajudante de estudo que seria bom, mas não está em termos
de o fazer. Este mancebo nasoeo em minha caza, de pais ornados mas que
por de^rasa de fiunilia fmam desafortunados. Ele tem muita oura, e muito
talento^e progresos nos estudos: ftla bem franses, e entende o português:
mas as suas circunstancias o obrigam a estudar ambos os direitos para poder
adiantar-se pelos empr^os desta Curia, e deste modo sustentar-se, e i^judar
a sua gente» (5).

Aproveitando a ausência de Almada cm Caprarola tentou Vernei uma

(2) Carta dc Almada a Pombal, de 26-IV-T70, publicada no Apênd. Doe.


(3) Podia andar relativamMilS pscto, a uma meia hora de caminho a pé, se consi-
denurmos, por exemplo, a circunferência i volta da igRúa Nadònl de S.^ Amâdo Bt6 As
Portas da Piazza dei Populo..
(4) Apud V. vol. 11, p. XLVII.
(5) Apud E, Ul. 427.

Copyrighted material
— 416—
vez mais falar com o Papa, empenhando nisso o Mestre do Sacro Paládo,
P. Rj^ini, «que aenqne fm e he devoto de Santo ígaatíx». O Pontffioe
Dio o leoebeo, «porque, na vento de Almada, desde o principio e ainda
antes do que eu o conheceu». A a^uir repete o estribilho da inutilidade
de Vernei ao serviço real. por ignorar os negócios de que o Ministro estava
encarregado, conforme se podia verificar na correspondência oficial. Vernei
porém, em vez de se calar, daria provas da sua incompetência, falando em
público desses assuntos. Falar por falar, não se lhe pode levar isso a mal.
O pior é le o Secretário propalava o que devia reservar, em itanglo do sen
oficio, conforme o acusa o Ministro, provando com o st^ninte caso.
Chegara a Roma a notícia do crud tormento do «Reo de Vila Viçosa»
c do tumulto provocado pela denúncia que este fizera de pessoas muito dis-
tintas, que haviam sido imediatamente presas. Pois o Arcediago atrcvcu-sc
a confirmar tudo sem titubeios, de tal forma que, sendo o caso discutido na
Casa Borghesi, o General Schevalo aduziu «a autoridade do Secretário de
Portugal il cavaOer Vernei».
O qpisódio nSo deve ter agradado nada a Pombal e era isso mesmo
que Mendonça e Almada pretendia. Com a intenção manifesta de dobrar
desta vez o ânimo do primo, o Ministro acentuava a continuação de relações
de Vernei com o Cardeal de Bcrnis e o «factotum» deste, o Abade de Aix
e com Mons. Aspuru. Chegou-se ao ponto de estes dois Ministros (res-
pectivamente de França e de Espanha), o receberem a de e não a Almada.
Pior do que tudo isso, devia ser a iqjúria pessoal, que Vernei, sem cuidado,
eqpalhava em conversas. idPes correr por Roma e tiobem fora delia huna
opinião muito injuríoza ao meu caratter, dizendo-se que eu hera huma
pessoa de pouco, e que por isso a Corte me tinha dado o Vemej, niío tanto por
Secretário como por Adjunto». Isso levava a todos, sobretudo aos Minis-
tros Borbónicos, a preferirem o Secretário ao Ministro.
Abnada julgava que as pessoas mais perspicazes se iam já ocmvencendo
de que «nlo pode ser meu Pedagogo» quem tinha sentimentos diversos doe que
norteavam o modo de obrar no seu Minisidrio, «graças a Deus com acerto».
Não contava nada disto a ninguém, excepto ao Papa e ao «amigo bem emfor-
mado», agindo com Vernei sem se dar por achado. Termina lembrando
dois remédios para os males que o afligiam: um, o que poria em prática
qualquer Ministro «mais fogozo». O outro, era o que ele esperava, con-
forme promessa do Primo, de 25 de Fevereiro. (1).

A difiuMçio do bom nome foi reforçada a 14 de Agosto com um


sen
caso concreto: «hontem à noite me vgo buscar de prepozito a Condeça

(1) Carta de Almada a Pombal, de 23-V1I-770 no Aptod. Doe.

Copyrighted material
— 417 —
Caiddle» (...) para me avisar que o Vemei me andava desacndhaiido por
toda a parte: catactecizaadoiiie por Homem de pouco, por avaro, sobeibo
e desprezador, eto. Por este motivo, nem da, nem «os Senhores Borghe-
zes» o admitiam mais em suas casas.
Era demais. O primo não podia ficar insensível, mas Almada, ainda
assim, explicita os seus desejos: «Eu já tenho pedido a V. Ex.» que dc a
este grande letrado, e refinado Francez o prémio que merece, e espero que o
ftsa com brevidade» (1).
a 17 de Setembro, Sebastião José recebera o titulo de Mai^
Entretanto,
quês de PombaL Nlo sabemos se Vemei o fdicitoa pmr isso, mas tomoa
conhecimento de uma carta de 3 de Outubro, em que anuncia a saída do Minis-
tro «para a sua villeggiatura de Caprarola» (2) e lhe dá «o parabém da resta-
blecida armonia entre as duas cortes, feita pela dircsam de V. Ex."». Como
por toda Roma entoam loas a D. José, ele Vernci une-se a essas vozes
«para rigaHkar a V. Ex.* o partíGnlar gosto com que ouço oe louvores de tio
grande Monarca e de tfio grande Monarca e de tam grande Nfinisterio».
Agradece «cada vez mais» a Pombal «o favor da sua especial protesam», (3)
precisamente a uns sete meses da ordem de expoliaçfio.
A Pombal não interessaram os louvores do súbdito, numa ocasião em
que devia formar dele a pior opinião. Havia sobretudo um facto que o
irritava sumamente — o das relações de Vemei com os Ministros borbónicos.
E por isso, também lhe nfo dera ter agradado a conespooákití». assidna
com alguns ministros de Portugal no Estrangeiro, O Arcediago manteve
relações epistolares com Aires de Sá e Mdo, Ministro Plenipotenciário em
Nápoles e Embaixador em Madrid
com José de Sá Pereira, Ministro
(4),

em com D. Vicente dc Sousa Coutinho,


Nápoles, depois de Aires de Sá; e
Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário em Paris. Era este
«O único dos meus Coilegas que me emfastia)» —
escreveu imi dia Almada
ao primo Qwalbo e Mdo. Usava sotaques, modos picantes na correspom-
dênda oficial, decerto pdo espirito malévido de Vemei, que lhe escrevia fre*
quentemente.
Sobre este caso baste lembrar que Luis António, na ausência do Ministro,
avisou D. Vicente de que Almada determinara não lhe escrever senão quando

(1) Guta de Ahoida a FaanlMl de 14-Vm-770 (B. N. L. P^.. 640. fL 327).


(2) A dc Outubro dc 71 Almada dizia a Pombal que rartia para Caprarola «a passar
I

«te mez e gozar daqueUe bom ar, qpa a eipeiifiada me tem mostrado ser o mais propicio
i minha saúde nerias vesíiduuicaa. (T.T.<— Maço S3, do Min. Neg. Est.).
(3) Publica^e integralmente no Apênd. Doe. a Carta de Vernci a Pombal, dc 3-X-770.
(4) Ver a correspondência trocada entre ambos e aa caitas de Abnada para Pombal
aobre este mesmo assunto no Apênd. Doe.

«7

Copyrighted material
—418 —

houvesse noticia grada sobre a extinção dos Jesuítas. Almada queixou-se


da falta de conespondencia do seu ool^ de Paris, e este defendeii-ie, reme-
tendo cópia da carta de VerneL O Mimstro ddirou. Ali estava a soa intora
E deu uma Ucflo de lógica a D. Vicente, que foi devolvida nos
jostificaçlo.
termos mais picantes, a ponto de terem posto fecho na contenda: «Há
muito tempo que esqueci u lógica das escolas, não me ficando mais que a da
razão, que he de todos os homens» (1).

Para complemento das suas acusações, Almada infonnou o primo, a 13 de


Setembro de 1770, de que Vemei se atrevera a criticar «o livro do P. Pteretra
sobre a autoridade dos Bispos», «dizendo que tinha muitos etroa, que em Por-
tugal não havia homens capazes de escrever nestas matérias». Trata-sc, eviden-
temente, da Tentativa Teológica do oratoriano António Pereira de Figueiredo,
o teólogo pombalino, aparecida cm Lisboa no ano de 1766. Quando chegou a
Roma a noticia das dispensas dadas «por esses Bispos» para casamentos,
o Arcediago sublinhou que «este era o meio de que todos os POrtugnezes
fossem bastardos».
Desde 19 de Setembro de 1770 que Vemei nSo escrevia a correspondênda
mas só a 8 de Maio de 1771 é que D. Lufs da Cunha comunicou a
oficial,

Almada a decisão real que correspondia aos seus mais veementes anelos.
El-Rei estava suficientemenie inteirado da soberba, petulância, incorrigível
espirito de orgulho e intriga c infidelidade com que Luís António Vernei
se fizera indignonão só do real serviço, «mas athe da dmominação de Portu-
guês». Resumindo o conteúdo da correspondSocta de Almada, o Secietáno
de Estado dos Estrangeiros insistia na «vaidade desmedida e fátua», que levava
o Arcediago a «fazer nessa corte a figura que por nenhum título lhe toca».
Pior do que isso, porém, ao menos sob o ponto de vista político, era a
acusação de tratar clandestinamente com os Ministros estrangeiros, sem conhe-
cimento do Plenipotenciário, «como se para isso tivesse algimia Instrução».
A suspeita estava lançada e a urdidura depressa tomou vulto. Â Corte de
Lisboa chegaram provas, que D. Luis da Cunha Manud taxa de oondu-
dentes, de que Vonei conspirava com o Ministro Plenipotenciário na Corte de
Paris, e embaraçava a acção de Almada, com intrigas junto dos Ministros
acreditados em Roma.
E sublinhava a ingratidão do Secretilrio: «O muito que Sua Magestade
procurou honrar, e honrou esse mau homem, agrava extraordinàríamente,
com o vido da mais barbara ingratt^Hk^ aqueUes seus abomináveis prooedi-

(1) AiwidsSá era «do» Fidalgos e l—is pBMOMdMtiiita»» que fonun cumprimeotar
o Marquês de Pomba! quando este se dirigiu a Coimbra na qualidade de Visitador e Lugsr-
-Tenente de S. Magestade na Fundação da Universidade (Apud Esc, I, 383).

Copyrighted material
mentos. E sendo neoesaario desmascarallo para que assim fique menos
nodvo, do que o tem sido enquanto encaberto, e putativo confidente desta
Corte; se ftz piecizo obviar a este mal».
bistruçõcs minuciosas c rieorosas determinavam o caminho a seguir,
na expulsão de Vcrnei da cidade papal. Na primeira audiência que tivesse
com o Ponlitice, cumpriria o preceito diplomático de comunicar a ordem
que recebera de Suu Majestade «para despedir imediatamente do seu ser-

viço o dito ingrato, e infiel Vemei». O Papa tinha sido prevenido mas, apesar
dissQ, devia«g"^*-" a Soa Santidade qne o Rei de Portugal folgaria mnito
que nBo admitisse na soa Corte «hum homem que se fes dezagradavd a sua
Magestade)». Lembrava D. Luis da Cunha que Almada acrescentasse «as
mais cauzas que lhe parecerem próprias para mandar sahir o mesmo Abbade
de Roma c de todas as terras do Estado Eclesiástico, como o Santo Padre
Benedicto XIV praticou a instáucia desta Corte, a respeito do jezuita Manoel
de Aaevedo, com motivos muito menos agravantes (1) dos que são os que
ficSo assima indicados».
Depois de combinado tudo com o Papa no maior icgredo, e deixando
ter

um ou o Ministro entraria no quarto do Secretário,


dois dias de permeio,
para lhe «ler o significante Papel, que acompanhará esta carta», a Notificação
que El- Rei Nosso Senhor ordena que Francisco de Almada, e Mendonça seu
Ministro Plenipotenciário na Corte de Roma, faça ao Secretario Luis Antonio
VfímeL PnbEcamo-la no Aptodice. Em resumo fUsa a benevolteda
real em nlo mandar instaurar processo de inoonfidSnda qne o podia
lhe
levar à pena de morte, apesar das razões de sobejo que já tinha para isso.
E ordena que se lhe tire a carta de Secretário, bem como «todas as outras
cartas e papeis das suas correspondências» e se faça sair imediatamente da
residência oficial.
As a marcar os passos a dar pelo Ministro,
instruções continuavam
ordenando sequestro «de todos os Papeis pertencentes a esta Corte, que
se adiarem no quarto do dito Vemei, com todas as cartas das suas correspon-
dências; fazendo de tudo Inventario que deve ser remetido i Prezença de Sua
Magestade; e mandando depois sahir dessa caza da sua rczidência» (2).
Quem está habituado a ler os trâmites das deportações pombalinas,
não estranhará o tom severo destas instruções, que não passam de simples
qnsddio de tuna politica despótica, bem pouco justa para com os valores

(1) O P. Msflnel d» Arnedo 6 acaiado por Pomlwi na CoUteçào áu Ltjn, publi»


cadacmlTOioliraocuodM JiuolMM,deieraaaMdMBiqKMemR^ DafprowBio
a sua desgraça.
(2) Carta de D. LuU da Cunha para hrancisco de Almada, 8-V-771. Ver Ap. Doe.
— 420 —
intelectuais da época. Logo que teve audiência com o Papa, tratou Frandaco
de Almada do caso de Venieí, coniblnando com o Pontifioe «o tempo e o
modo desta execiicBo»(l). Resolveu deixar passar os dias de anos do Monaica
(6 de JunhoX porque era costume receber fdidtaçGes de várias pessoas.
Vernei não apareceu nem jantou em casa (2).
Na noite seguinte-7 dc Junho de 1771
pelas 21 horas Almada

chamou Vernei ao quarlo ministerial, «onde o rodeava a criadagem do palá-


cio com 08 fiades e o Pmíra» (3), inimigos do Secietáiio. Vernei onvhi a
noCificaçSo, e os dois dirigiram-^ aos ^fwaentos dde,para se dar cumprimento
ao sequestro. «Mas ficou vendo que o Ministro guardava nio só os papeis
da Corte como os seus particulares de trabalhos Htteraríos (4)». Estes per-
deram-se, refere ainda Vernei, mas outras produções se salvaram, por se encon-
trarem nesse tempo cm màos de dois amigos. «Destas outras existem algu-
mas (que talvez bcjam as melhores) e que talvez por minha morte deixarei
a um amigo que assim mo pede» —confessa de em 1786 (5).
Almada fez transpcntar tudo para a sua secretaria particular e mandou-o
sair de casa, já na madrugada do dia 8 (6). A pouca distftnda das portas,
e antes de se escapar à jurisdição pontificia, Vernei foi preso «pelos ofTiciaes
deste Governo», entre aleazarra dos esbirros c levado «ao governo». Aí o
intimaram «por ordem pontifícia», a imediato desterro das terras da Igreja,
sem qualquer companhia de criados. Havia receio de que Vernei se refu-
giassenalguma casa pceviligiada, como era a dos Albani, que ficava rdatí-
vãmente perto.
Elucida D. Henrique de Meneses que Clemente XIV deu as ordens de
expulsão verbalmente a Monsenhor Macedónio que, pelo mesmo processo,
as transmitiu ao Governador de Roma. o Cardeal Cazal. «sem que nada
constaçe na Secretaria de Estado, nem ficasse memoria alguma contra Verney,
obrando Sua Santidade o que obrou, unicamente peilas instancias que lhe
fomio mandado Azer por Francisco de Afanada». Mont. Antunes
fdtas, e
B(»ges eaccmtrou, por6m, um documento no Arquivo do Estado Italiano,

(1) D. Hènrique de Meneses ooota que a comunicação das instruçfles ao 9*1^ foi
fdta pelo tcatino D. Manuel de Azevedo e que Toi Mons. Kfocedóttio qpem tlUtOU COm O

Pontífice, da expulsáo de Vernei (Carta de 17-V1-779).


(2) Guta de Abnda a D. Dinis da Oinin, 13-VI-87I.
(3) Dew leferir-se a José Pereira Santiago, de que fldsneiiK» pouoo adiante.
(4) Relaçlo da perseguição. Apud Lu.
(5) Carta de Vernei ao P. José de Azevedo. Apud E, III, 427.
(6) Segundo informa o próprio Abaada, eram duas da madrugada quando Vecnei
«sahiu desta Corte», tendo sido deixado nos confins dos Estados Pontiflckis aa parte da
Toscana.

Copyrighted material
datado de 4.* feira, 8 de Junho <fe 1771 e escrito por Giuseppi Pecchi, um dos
juizes do Comandante da CSdade de Roma: «Em conformidade com as
ordens reodiidaa do Comandante mea Senhor, que lhe foram comunicadas
por Sua Eminência o Governador de Roma, praidi pelas quatro horas e meia
desta noite o infra (escrito), no momento que saia do palácio do Sr. Embai-
xador d'Almada, c querendo subir para o seu coche, o transportei com outro
para a Direcção do Comandante, onde declarou chamar-se Luis António
Vemey, português».
O rdaU» meodona os otjjcctos que foram eaccnitrados em posse do
Arcediago, e lhe tinham permitido levar consi^: um rolo de papel com
cinco folhas, que continham o seu testamento e quatro codicilos (I), dois
relógios com mostrador e duas esferas de ouro, pequenos objectos de tarta-
ruga, pequenas rosas de ouro que serviam dc palitos, uma bolsa de pele com
duas chaves, outra de veludo com dinheiro, cartões de visita, caixas, etc
«Sucessivamente — continua Pecchi — Eu, notário por cqieGial oídem e
mandado do Exc Sr. Governador de Roma, s^iundo viva voz do Santíssmao
(Padre),impuz ao Senhor Luiz Antonio, filho de Dionísio Vemey o exílio
de todo o Estado Eclesiástico, com a indignaçUo de Sua Santidade. Pro- —
meteu observar de boa vontade» (2).
Enquanto o exilado, segunda vez compelido a sair dos Estados Ponti-
fícios, procurava abrigo em S. Miniato, não longe de Pisa (aqui em Pisa resi-
<fin dunnle o corte de idaçOcs com a Santa S^, Almada lia com avidez
o tapUBo do ilnmhiista, afim de poder informar onívaiientemente a Corte
Portuguesa. Aos 17 de Junho escrevia de Grotta Ferrata, para onde se reti-
rara, devido aos grandes calores de Roma, que era sua tençSo remeter a D. Luis
da Cunha «hum Inventário historiado dos papeis que se acharão a Luiz
Antonio Verney, mas sendo em maior número, do que eu cuidava os passos
dignos de observação c que muito provão as suas suspeitosas correspondên-
cias», só na semana seguinte poderia mandar a nota de suas cartas, juntap
mente ocmi «os seus originaes borradores» (3).
Finalmente, a 31 de Agosto, depois da instância de D. Luis da Cunha
a 12 dc Maio, remeteu pelo correio de Josc^ Gonçalves de Abreu «todos os
papeis que se acharão a Luis Antonio Verney pertencentes às suas corres-

(1) Todas a.s dcmorada.s diligências que empreendemos cm Roma p.iia encontrar
O testamento foram inúteis. £ assim, até boje inédito, apenas conhecemos o extracto
enviado para LM>oa depois da soa morte. Ver Ap. Doe.
00 Mons. Antunes Borges (Vem, Vm) pidilica erta tnduçlo do texto qoe tnni-
cravemos no Ap. Doe, nas línguas originais.
(3) Carta dc Almada a D. Luis da Cunha, 17-VI-71. Ver Ap. Doe.
— 422 —
pondencias, em quatro massos distintos», (1) acompanhados de um inventá-
rio e de om rdittório de espia a sddo do Ooverao. Temos conhecimento
deste escrito e do inventário, que publicamos em Apêndice, faltando-nos»
porém, os papeis originais de Vernei.
«Escrittos dc seu piinho>\ deixou seis cadernos com cópias de cartas
a diversos personagens, numerados de II a Vil. O borrào II refcre-sc ao ano
de 1762 e, devendo contar quarenta folhas, apenas apresentava vinte e duas.

«No que subsiste não há nada que condenap> informa Almada, decerto deses-
perado pdo expediente que Vernei usava, de inutilizar o que pudesse compro-
mel£-lo.
O borrSo TII pertence aos anos de 1762 e 1763. Nos Cadernos IV (1763-
-64), V (Outubro de 1764-1765) c VI encontrava- <;c correspondência para
Aires dc Sá, José de Sá, Conde dc Oeiras, P. Jáconic Pereira. I rcderico Gui-

lherme Jakson, D. José de Bragança, P. Frísio, um mercador de Liome,


um Dominicano, um talJ. C de Nápoles, eta No último, porém, o n.* VII,
descobriu Almada «os apcmtamentoe de huma correspondência moderna e
mais sotpdta com hum tal M.J.C. «Neste caderno se acha huma carta de
M. Jean Hyacinto dc Magalhães, que está em Londres; a dia uni a resposta
do mesmo, que he a única (talvez porque lhe chegou poucos dias antes da
sua desgraça), que o Vcrney nào queimou como fez a todas as mais que corres-
pondião às suas, que se achào cortadas».
Possuía ainda uma nova série de borrOes de data anterior (1744) nu»
que se prolongava até 1771. Compreoidia onze cadernos, numerados com
maiiisculas do alfabeto. Sobre estes, Almada não prestou qualquer infor-
mação, salvo a de também se acharem mutilados. A correspondênda rece-
bida que não havia sido inutilizada perfazia 21 maços, atados com fitas ver-
melhas. No primeiro juntou h tivrc latine diversi que, com o terceiro, devia

ser o maior. Dentre os nomes dos correspondentes de maior nomeada,


começamos por rdevar quatro cartas de Muratori. Hoje, porém, conhecem-se
oito. B porque temos de tratar deste assunto num dos capftuloa finais,

apenas aludiremos aqui aos três bilhetes encontrados de Mons. Aspum, consi-
derado da facção dos Jesuítas. Almada entoideu que «merecem reiesão»,
mas não disse mais nada a este respeito.
A prosa do espia tomou o titulo de Notícias que alcamou e deu o Bar-
gello de Roma das pessoas c casas suspeitas frequentadas por Lmíz Antonio
Vtmtf, Da sua leitura apura-ee que este conversava com o «Abade» D. José

(1) Ao meamo tampo enviou a Pombal idêntica rekçio do que contêm os nove
UMUaos de cartas com que sc expede o correyo Joseph Gonçalves dc Abno à Oofte ds Lis-
boa «m 26 de Setembro de 1771. (T.T. —
Min. Est. M. 33).

Copyrighted material
— 423 —
Duifto, «gíà frate Augustiniano et' ora Bibliotecário delia livraria di S. Spi-

ritiwO); oom o D. Mannd Nfendes, «Ptenitenziere Portnghese», (que


deve ter jenifta» povqiie na nodcia se ftz referfiacíA ao «otpizb di ^esuiti
penitcnzicri» (2), dove si aboccarano com D. Emmann ! Mendes); OOOI O
P. Sande, «Portoghese dei Collcgio Romano («coii il di lui compagno
gicsuita»); c outros não identificados ou simplesmente nomeados pelo
primeiro nome.
As casas supdtas enm a «casa de S. Spirito» do Abade Duio ; o «ospi-
zío di giesttiti Penitenzieri»» do Padre Mendes; a «VEa Bor8íie6c»(3); o cafiS

da Praça de S. Pedro; o Palácio dos Portugueses, «posto incontro Palazzo


Caponi nella Strada che dali Popolo conduce al Quartiere di Ripetta»; a casa
de D. José Mendes que havia cerca de 50 anos, vestia de secular em S. Cláudio
de Burgognioni, na estrada Burgonione. Não se diz explicitamente que
Vemei fosse visto em todos estes lugares, frequciuados pelos aludidos per-
sonagens, para conversas nocturnas. Mas refere-se que, no sábado, 6 de
Julho de 1771, o criado «dd* Abfaade Vemei» 4d*acQmpaconipagnâ»
(a Vemdl) ao hoqifdo do P. Mendes, onde se reuniu oom este e o Abade
Durão.
Parece que ficava provado ( ?) o boato que correu por Roma, da coni-
vência do Arcediago em maquinações jesuíticas, a troco de 30 contos de réis

Com o intuito de revelar os segredos da Corte portuguesa, o Secretário Régio


confertodas a sòs, com o Geral da Companhia de Jesus,
toria tido fiequentes
P. Riod. Vemei informa que ninguém acreditou na calúnia e que chegou
a haver «queixas», nomeadamente do Embaixador de Veneza (4). Estes

(1) Personagem diferente do P. DurSo a que se refere Pereira de Sampaio em carta


para Lisboa? "...Alguns Religiozos da CompanhÍT, principalmente o P. Duram, Thcologo
da Peaitenciaria sendo o único de quem Sua Santidade se tiou para oa ertudos e para as
iwoli<<teiderteBet6cio(deciritoaol«gacoiiUwénú>doSaiito (Gvta
de Sampaio a Carbone, dc Roma 17-VIII-746. B.A.. 49-VII-35).
(2) Oquzio di Peniteazien situato ia Buivo Vediio de rimpeta alia fontana delia
Usas die ti diluna S. GUacamo di Secnda OmSS».
O) Borghcse é apelido de bmilia italiana originária de Siena, muito dada às letns
c artes. O Cardeal Borghesc crn natural dc Roma, da Casa dos Príncipes dc Ressano.
O Palácio Borghcse é hoje um dos melhores Museus dc pmtura c escultura dc Roma.
Ver, por egoemplo, Oala.
(4) Aptid Lu. O P. Agostinho Thcincr, Oratoriano, faz-sc eco dcss;is vozes, cm
que acredita, aduzindo mesmo o testemunho do Cardeal Bernis, com a transcrição de uma
carta: «...Veraey. quia de Vmprít et qui içdt ae taire et partér à propõe» (...). n n*a dlneon-
vénlent que Tusage oú U est d*écrire au marquts Tknucci jusqu'aux moindres dítaib de oe
qu*on lui dit dans la conversation, ct dc prêter ime trop grande attention à tout oe qui lui
revient de droite et de gaúche» (Hístoir, I, 3S7 e II, 126-127).

Copyrighted material
—424—
fofam os que desaprovaram tão grande rigor, em contrapartida daqueles
que propalavam ter sido Vamei c(Mideiiado á morte aa Lbboa e» só por
comutação da pena, banido da Cidade dos Papas(l).
Houve quem tremesse perante o Ministro dc Portugal em Roma. reve-
lando, sem querer, a conivência com Vcrnei. Almada conta que o Cardeal de
Bcrnis, no aniversário dc El-Rei o mandou cumprimentar e, contra o costume,
convidara-o para jantar no Domingo seguinte. Como era «novidade de
mais de amio e meyo», aceitou, para títo se mostrar «picado». No jantar
encfmtnm o Embaixador de Malta e Moosenbor de Veny, «dois Francezes
grandes Protectores do Yttney», os quais, apesar de bons conversadores,
nSo proferiram «huma só palavra em todo o tempo da meza». No fim da
refeição, o Cardeal tomou-o de parte e pediu-lhe que o informasse «do sucesso
do Vcrncy». porque desejava dar parte à sua Corte. «Eu lhe respondi que
não era csia huma matcria digna de formar o objecto de huma carta de ofiicio,

e que para contar o focto como huma novidade do País, bastava que Sua
ffminenda escrevesse o que já se dizia por Roma».
"Em face da altivez da resposta, o Ministro fruicSs desfez-se em «mil
satisfaçoens por que o dito Vemey frequentava a sua caza». O Arcediago
entrava, como toda a gente, porque encontrava porta franca. Nunca o tratara
confidencialmente. «Que antes me lembrasse de me ter elle avizado logo
no principio que não mc tiasse no Verney, porque sabia que este frequentava
a Càsa Albani, e que aly falara algumas vezes com o Geral dos Jesut*
tas». Confessou Almada lembrar-se muito bem da primeira parte, «mas
que a segunda hera esta a primeira vez que a ouvia da boca de Sua Emi-
nência».
No dia seguinte o Cardeal procurou Almada, «couza que quazi desde
o principio do Meu Ministério não tinha feito». Foi para «repetir as justi-
ficaçoens e satisfaçoens, e protestar-se de não ter parte alguma com o Vemey».
Almada ouviu com altivez e só por delicadeza lhe nSo lançou a fraqueza ao
rosto. Pouco depois, Bemis adoeceu e o nosso Ministro f<» visiti>lo. Ai
teve «o bom encontro das duas boas peças Torriggiani João Francisco
c

Albani», que lhe fizeram «mil cumprimentos». D. Henrique de Meneses


há-de, anos mais tarde, aduzir o testemunho do Cardeal de Bcrnis e o de
D. Nicolau Azara, para provar que Vernei «nuncafoi amigo dos Jesuítas» (2).

O Ministro de Espanha, Mons. Aspuru, «que hera outro dos seus (de Ver-
neO Fauctofcs», se antes, por «devoçlo» do Arcediago, eiduia o Mhiistro
português «dos Congressos», depois da expulsão do Secretário «nunca mais

(1) Mar, 303.

(2) Carta áe D. Henrique de Meneses a Aires de Sá, dc 17-VI-1779.

Copyrighted material
— 425 —
me tratou — queixai Almada — nem uzou as conveniências costimtadas,
tanto puUicas oomo partioiílara» (1).
Emboia o testammho pona ser tomado à conta de «aspeito» estes factos
traduzem, na pior das hipátesee» o tenso estado de espirito que a dura puni-
ção do Secretário português, em má hora provocou. Vemei foi castigado
nào por tci espalhado ideias subversivas ou menos ajustadas à índole por-
tuguesa. uma urdidura feia, sob a capa de zelos políticos
Tcceu-se-llie
e chegou-se à deportação oomo indesigi^ da Nação, quando na verdade o
era, de um Mioistfo ãpam.
Vcmeí nfio exagerava quando escraven que «o Almada era meo antigo
inimigo por cauza de certos Benefícios». Acrescenta que «não sabia escre-
ver o seu nome», mas hoje conservam-se cartas inteiras do punho do Ministro,
que «era soberbo, invejozo c muito mao» (epítetos destes também Almada
Uie conferiu, a Vernei) «e; iiava-se no parentesco do Marquês, o qual defendia
sempie todos os despropósitos do Almada» Q).
Em Roma, a urdidura teve como principais artífices, uns frades da ami-
zade de Almada e um antigo funcionárioda L^açio, diamado José Pereira
Santiago, se a nossa identificação estiver certa. Já em 1 757 que este personagem
assinava, com o Ministro, as contas das despesas da Legação. Almada trata-o
por «criado», quando pede a remuneração dos bons serviços que tem pres ado.
«Com amor, fidelidade e zello me sérvio c me serve, não só no governo eco-
nómico da minha caza, mas tiobem nas couzas da secittaria». Desde o
princípio do seu Ministério se encarr^ti do pagamento das pensQcs, antes
entregues ao jetnita António Cabral. Ficou por guarda do Arquivo, durante
o corte de relações com a Santa Sé (3), e foi guindado ao cargo de Encarre-
gado de Negócios, nos períodos de 1782-83 e 1786-88, em que não houve
Ministro (4).

Não menor influência exerceu no ânimo de Almada, o teatino Manuel


de Azevedo qn^ aegondo informa paia liaboa o luGmstro D. Henrique de
Meses, baseado em parte na Relação da Perseguição, fez os esforços que pôde
para fomentar a desunUo entre Almada e Vernei. «Daqui prencepiou o P. Aze-
vedo a escrever em nome de Almada, tudo quanto se pode achar na Secretaria
de Estado, contra o Secretario de Legação; antão comcsarSo também a
inpedir que corresem as cartas de Verney, entregando-as o criado, que as
devia levar ao oorreio, ao P. Azevedo» e este kndo-as a Ahnada, envenenando

(1) Girta de Almada a FonAal de 26>Vni.771. Ap. Doe.


(2) Carta ao P. José dc Azevedo ÀpuJ E, III, 425.
(3) Carta de Almada de 20-IX-771. T.T. — —
Legaçio de Itália.
(4) Ar, 104 e 105.

Copyrighted material
— 426 —
quanto cUe (fiada». Acrescenta D. Henrique de Meneses, que dos poucos
papeis que achou na Legação, mandou tirar cópia de todos os artigos que
tratavam da desgraça de Vonei, «e tudo escrito na mão de D. Manod de Aze-
vedo Thealino» (1).A amizade de Almada por este Religioso era tão grande
que o propôs para o lugar dc postulador da causa de Fr. Bartolomeu dos
Mártires, em termos de rasgado elogio.
O Papa andava interessado na causa c o Geral dos Dominicanos
nomearam um Retigioso seu Postulador. Almada
confessa a certeza
de que, desta foima. acausa nHo vai por diante e propOe: Quando a V. Ex.*
parece qve ae continue a cowtgfár esta Beatificaglo, quizera eu propor a
V. Ex.* o Postulador em pessoa do P. D. Manud de Azevedo Coutinho
Teatino, no qual muitas vezes lhe tenho falado, respeito à sua desnatu-
ralização. Este padre poderia sertamenle continuar a dila cauza com boa
fortuna pclla prática que tem (...). Com este emprego mostraria eu a
minha gratidão ao dito Padre» (...). Se concordasse com de, o Primo o
avisasse em segredo, pois o Papa estava resolvido aalgnm
pedir, aam
pretexto», todos os p^ieis aos Domtnicos, «para evitar que estes subnegasem
alguns delles» (2).
Não temos conhecimento do seguimento desta questão, mas pouco nos
importa, porque o que fica dito jd chega para se saber como se pretendeu
pagar o auxílio dos artífices da desgraça do Secretário.
Em PoftugB], outros servidores do Trono seguiam o mesmo caminho,
ocupando lugar de relevo o caso do já referido Bispo de Coimbra. Aterrado
com a divulgação de livros ofensivos da Religião, publicara, em 8 de Novem>
bro de 1768 uma Pastora! que a Mesa Censória condenou a 23 de Dezembro
desse ano. Vinte dias antes, porem, foram assinados os of icios que levaram
seis, do Porto, com ordem de prenderem
os seis ministros dc Lisboa e outros
D. Miguel da Anunciação, o Vigário Geral, o Reitor do Seminário o P. Antó- ;

nio Soares, Professor Régio de Filosofia; o P. Manuel Caetano, Lente de


Moral do Seminário, Cón^oe Regrantes e Frades, implicados na questlo
dos Jacobeus. Em Lisboa, oito ministros, entre os quais. Diogo Inácio
de Pina Manique e o irmão, encarregaram-se dos Cónegos Regrantes e outros
Frades e do «R.do António Soares da Congregação do Oratório, auzente».
«Em cuja consequência foram abolidos e extintos os «Recolhimentos do
Kspo» e «reduzidos a simples sacerdotes os Jacobeus. não confeçando,
pregando,» etc. «e sn^ençoe do mesmo exercido todos os indivíduos das

(1) Carta de D. Hawiqne de MenMH a Aim de Sá. d» 17>VI>1779. No


Apênd. Doe.
(2) Carta dc Almada a Pombal dc 20-1X-771. T.T. — Min. Neg. Est. M. 53.

Copyrlghted material
— 427 —
Congregaçoeos de S. Felipe Neri (1) e de S. Vicente de FruIo; inhabeis oe
Bentog» Gradanoe e CrnzÚM pura qualquer acto ou fímcio literaria na Uni-
venidadei» (2).

A perseguição dos Oratorianos teve, juntamente, outras causas muito


importantes. Carvalho encarregara o desembargador Inácio Ferreira do
Souto de escrcNcr o livro Tractatus de Incircunscripía potestate re^is, em
prol do Regaiismo. Não foi diiicil encontrar nele proposições condenáveis
e entie oa onaores figoiwva o ontonano P. Jcão Baptista, que lhe fez
roa. Ao da censura, o autor f<» ter com o Neri, arreba-
ter conhecimento
tou-Ihe o manuscrito das mãos e entregou-o a PombaL Interveio o Inquisidor
Geral, D. José, um doe Meninos de Falhavfi. que se nlo coibiu de esbofetear
o Ministro. (3)
Seguiu-se o desterro do Infante e de seu irmão, bem como dos apani-
guados (4).

Com Baptista (S), seguiu sen irmio o P. Clemente Alexandrino^ Joio


Chevalier e Teodoro de Ahneida, quer dizer, precisamente os elemeirtos
da Congregacfo mais em contacto oom as novas ciências...
O P. Clemente Alexandrino ia apenas acompanhar o P. Baptista. Mas
logo que isso constou na Corte, passou-se imediatamente ordem para tam-
bém ser desterrado para Viseu (6). O P. Chevalier foi mandado para Freixo
de Espada-à-Cinta. Recebendo, porém, mais de um bilhete a avisá-lo de que
devia fligír, a Bspanha e dai seguir para higar mais s^nro.
resolveu passar
Fixou-se em Bruxelas, mas com a invasão dos firanoeses perdeu os escritos
científicos e chegou a viver da esmola do fidalgo portognCs D. Lourenço de

Lima, vindo a falecer cm Praga, no ano de 1801 (7).


O P. Teodoro começou por ser empurrado para o Porto, onde se dedi-

(1) o Cardeal Patriarca suspcndcu-os dc confessar e pregar no Patriarcado c proibiu-os


de teian as igrejas abertas depois da uma hora da tarde, com o protexto de conversas com
ot fléia sobre BHuntM idadõiMidoe oom a Futoial do Bispo de Coinilam. No PMto o
governador do Bispado seguia à letra o cxcnqilo do Gwdwl lilfrglWMg, em consequência
1769, recebido da Secretaria do Estado dos Ncsficioc do Reino.
do Aviío de 3 de Janeiro de
em Fa, II). Em Braga, o Arcebispo D. Gaspar suspendeiM «da fumem
(Ver Pastoral,
Eimdtíos Espirituais, nem actos lilaárin ds «nsmami a mocidadB». (B.NX. hb. —
682 do F.G., pag. 225v.
(2) T.T. — mss. da Liv., 1140. — É grande a quantidade de mss. que conhecemoe
sdbie o aannlo^ mu aqui basta eile.

(3) Cf. Sue. S7e História d. 24 e 221,e A. Maitfais— A»lá^ Ndv. 1964kP<g.419eSi.
(4) H, m. 363-5. e Diários. 60.
(5) B^ittata fUecen pouco dqiQis, em 1761. (Cf. Mi. 3.S44, número 44 da BJNX.
(6) Ms. da História da Fundaçio das Rdigiosas da Visitação da cidade da LMoa
em 1784, datado de 26-X1-93. Ot. em Aica, 20». (Ver uanbãn Sue., S9^.
(7) Vi. § 39.

Copyrighted material
— 428 —
cou a compor o S.*. 6.<* e 7.^ tomos da Recreação Filosófica (IJ, e a pregar

na cidade e fora dda. Qnaiido o Maiquâs teve oonhedineiito do êxito


oratório de Teodoro de Almeúia, f<» acometido de mn acesso de ffiria, obcIa-
mando qne o Neri havia perdido o juízo, pois estava fazendo no Porto, o
mesmo que ocasionara o desterro de Lisboa. A ordem de prisão já o nSo
apanhou em terra portuguesa, porque entretanto fora avisado c havia fugido
para Espanha (1768j (2). Julgou-se mais seguro em França e ai entrou a 23
de Femdro de 1769. Deixemos o serviço que por lá prestou à dincia
e i literatura (3)b até di^ar a hora da redenção. Autorizado a regressar à
Pfoia, reentrou em Lisboa a 3 de Maiço de 1778. Quando em Outubro
de 1792 passou, com outros companheiros, ao convento reconstruído do Espi-
rito Santo, ainda há-de voltar a preleccionar Filosofia até à morte, ocorrida
a 18 de Abril de 1804. Pouco antes dc Almeida chegar a Lisboa, saíra dos
cárceres da Junqueira u Bispo de Coimbra, seu grande amigo.
Há ainda um outro oiatimano perseguido por Pombal, que geralmente
anda esquecido e merece especial relevo, pelas ctrcunstfincias espedats que
envolveram o seu caso. O P. Valentim de Bulhões, professor de Filosofia na
Casa das Necessidades, iniciara o seu curso a 2 de Outubro de 1767. tendo como
substituto o P. Mestre Joaquim de Foios. No fim desse ano lectivo (1767-68)
eram denunciadas as lições de Lógica que dera, com o pretexto de ensinar
um «probabilismo muito mais diabólico do que o probabilismo absoluto
do jesuíta Molina e do que o probabilismo reflexo de outro jesuíta Tetillo».
Visava com essa doutrina, «oubmetter aos mesmos Congregados todos os
Vassalos de Sua Magestade com huma mayor do que
sujeição c escravidão
aquella em que antes gemeram ddwixo do jugo dos ditos facinorosos Jesuí-
tas».

A prosa é do punho do próprio Cònde de Oeiras que, depois de assinalar


o facto de os Superiores do Oratório não poderem coagir os súbditos, regista
como consequência disso, «vermos em poucos annos huma grande parte da
Moddade da CMte ooaidamente oonoavida pdas aparentes virtudes e simu-
ladas letras de hum João Baptista, de hum Clemente Alexancirino, de hum
Thcodoro de Almeida, de hum João Chevalier, de hum Manoel de Macedo»
e de outros. A critica situação ocorreu Sebastião José com um golpe de força.
Apreensão imediata do original da matricula dos ouvintes do P. Valentim
de BulhOeSi em ordem à consecução das postilas, prisão perpétua do «bere>
siarca» on cáioere inoomunicávd, impugnaçio da postOa por um Teólogo, etc.

O) Vi,|4a
(2) Vcja-ae a esie feqieito HútómFu.
(3) Vi

Copyrighted material
— 429 —
Pua haver todas as postílas. vários Deputados da Real Mesa Censória espa-
Ihanun-se pda Qdade, e actuaram à mesma hora, de forma a nSo serem
observados por ninguém.
De sublinhar é ainda a circunstância de o Conde de Oeiras considerar
igual ao dos Jesuítas «os Systcmas dos Congregados Neris», de todos e nào
de um ou outro. O seu /elo era justificado: «huma Nação que tem juntamente
estabelecida a reputação dc ser a mais zelosa cm tudo o que pertence à nossa
Santa Religião», não podia agir de outra forma. Esse fora o pueoer da
Mesa CensMa, antes (fe o processo
ao Santo Ofkio.
ser entregue
O Prepósíto do Oratório Lisbonense, P. João Faustino, correu ao Paço
a pedir desculpas e a protestar a sua fidelidade ao Governo, e voltou mais
tarde levando uma carta que lhe fora escrita pelo P. Clemente Alexandrino,
de Viseu, 14 de Janeiro desse ano de 1769, em que &e liam iguais sentimentos
de fidelidade aos governantes (1).

Por fim. um outro perseguido, apesar das suas relaçOes no Paço. para não
falar já no sen valor intdectuaL
Em 1760, aos 14 de Julho, foi intenogado no Forte da Junqueira o
Eag." Bento de Moura Portugal, onde se encontrava «prezo em s^redo»,
desta vez à ordem da Suprema Junta da Inconfidência. Falara do Ministério
com altas personagens, fidalgos e desembargadores, e até com os Senhores
da Palhavã. O assunto das conversas foi, naturalmente variado. Com os
Meninos da Palhavã ocupou-se, por exemplo, da mudança do curso do Mon-
d^o. Mas o Inquisidm- quis saber se com des e com o Grade de S. Lou-
rençoCO também falara dos jesuítas e das Companhias de Comércio (3). Af
faleceu, a 27 de Janeiro de 1776, depois de 16 duros anos de clausura. (4)
No seu desterro de Sào Miniato. tcr-sc-à por ventura encontrado Vernei
com algum Jesuita dos muitos que andavam dispersos pela Itália. Eusébio
da Veiga em Roma, Inácio Monteiro em Ferrara, António Vieira em Pesaro,
Sebastião de Abreu na Urbinia, António Fkanoo e Manuel Marques e tan-
tos outros, noutros tantos pontos de Itáiia(5).
Entretanto, pross^nia a luta pela extinção total da Companhia de Jesus.
Sebastião José nSo ficou ainda satisfeito com a sua obra, que apresentava
apenas os alicerces. Para obter o cxito dos seus propósitos —a e.xtinçào

total — desenvolveu extraordinária actividade diplomática, de molde a

(1) Processo na T.T — Min. da Justiça, M. 2Ml — Ver Pwn.


(2) Outra vitima pombalina. Ver Pris.

Vmeetto na T.T.— MQhi. da Jiatiça, M.


(3) 296— PtabUculo cm Ben. Sobre
Bento de Moura, ver também Inv. t Dic, I, 331.
(4) Pris. 56
(5) Ponu, il, 369 e ss.

Copyrighted material
— 430 —
criar o ambiente favorável, aliciando pessoas imprimindo livros de propa>
ganda, distrilniiiido dádivas. Eca Pagliarini, o Abade de Flatd« Mons.
Maoedófiio, o P. Bontempo. Foi a Relação ebmMa da R^&fíea quã os
religiosos jesuítas das provindas de Portiigid e Espanha estabeleceram nos
domínios ultramarinos das suas monarquias e a sentença da Inquisição contra
o P. Malagrida (1 ). Foi a Dedução Cronológica, o Compendio Histórico,

os Estatutos da Universidade de Coimbra, editais e outros que seria enfa-


donho enumerar (2). BmRmna,D.HènriqiiedaMeflcaesdistribiiiaaí>edME0
CromMglea ao Rd da Sardenha, ao Duque de Sabóia, ao Duque de ChaWais,
ao Conde de Bogíno, Ministro de Estado e Primeiro Secretário da Querra;
ao Primeiro Presidente de Senado de Turim, também \Cnistro de Estado;
ao Cavalheiro Reiberty. Primeiro Secretário dos Negócios Estrangeiros;
ao Cardeal de Laçando (?), Esmoler Mor; ao Cardeal Natla, Bispo de Alva;
aos Bispos de Novarra, d Asti, i^igncrol, cic. a vários Abades, à Biblioteca
da Univenidade de à dos Teatinos, Cannditas Descalços, DomuiH
IVirim,
canos, ele; aos embaixadores de Espanha, Flrança, Ministro de Viena, Nápo-
les, Modena. «Soma total —
43. Vieram destinados 7. Tenho dtstri- —
buido dos que Paglierine mandou para se venderem — 36, os quaes mandou
pagar ao correspondente, por conta da Fazenda Real» (3). «O Marquez de
Grimaldi pediu hum Portuguez e hum Italiano c hum para mandar a Flo-
rença ao Conde de Rozemberg». Também o Conde de Aranda recebeu
«hum cm Portuguez, outro o Duque de Alva, o Duque de Souto Maior,
outro D. Jaime Mazones, os Ministros de Estado, Senhores da Corte, Minis-
tros Estrangeiros em Eq[>anha.
De Paris, Sousa Coutinho dava notícias em 1768 e 69, sobre o andamento
da tradução, e impressão da mesma obra (4). Até para o nosso Ultramar
seguiu o precioso panfleto (5).

A prata lavrada em Paris, a porcelana da Saxónia, os diamantes, os


anais, «para principiar a fhzer a boca doce a alguns bons amiogs» e que enm

(1) Sent, Om c Ris.

(2) Pode documentar-se a táctica pombalina de catequizar para a sua causa as


igMioaBMSiidlpwsdeesdapsiiOUWgUta». VeMe, a eiie reipcito, ilémdamencioiíada.
toda a imensa documentaçiío que w
guarda na Torre do Tombo, quer no Min. Neg. Est.
quer no Min. Just. e ainda no Arquivo Secreto do Vaticano (Nunz. Portogaiio n.° 183,
Pk 232). Siiaillcativot o« tfSt ImpttMO» NfuJatcs: Sn, Sop • Letm. Ver abida BiUiogr,
o.* 504, SOS, SIO a 512, 518 e ss., 567. 578, S80.

O Ofldo de D. Hemique de MeoeMi, de Turim, 26>X]M7(7 pam o Conde de


Oeiras.
(4) CarUtt de Ruji, 3-X-«8. 6-U-«9 e ô-Ul^C». T.T. — Min. Just. P. 15.
(5) V(^a^ o nosso artigo iViByiaraiidb Am^^
1-1-956.

Copyrighted material
— 431 —
das maiores e indhaits pedras qoe tíliliam chiado no ano antoior do Ultra-
mar (O-dicnlavam entre as indradualidades de maior idevo^ porque slo
das que fazem a opinilo pública. Tem vários períodos esta politica pom>
balina, mas não nos demoraremos a percorrê-los (2).
Finalmente foi anunciada em Lisboa, a 9 dc Setembro de 1773 (3).
Almada, que desprezara o titulo de arcediago de Vila Nova da Cerveira, (4)
recebeu como recompensa da sua imensa contribuição, a de Visconde de Vila
Nova de Souto d*EI-Rei(5X ooowrvando-se na LegaçSo até 1779. Quando
Pombal cair (D. Maria I subiu ao trono a 24 de Fevereiro e foi adamada
a 13 de Maio de 1777), e ainda antes de ser declarado réu (Agosto de 1781),
Luis António Vernei, os Oratorianos e os Jesuítas serão reabilitados, enquanto
o Visconde de Vila Nova do Souto d'£l-Rci cede o lugar ao colega na Sar-
denba, D. Henrique de Meneses, que não lhe faz muito boas ausências. Aires
de Sá, porém, que exercera o cargo de Secretário de Estado dos Estrangeiros,

íl) His, vr. 227.


(2) Vale a pena consultar a documcnlaçào reunida nos volumes Colleçào dos Negó'
criMd^ J&Min.<leiaodePoinbdCr.T. — Afiitdaltistica, OUvio2oontént:
1 Divisão. Do que passou dssde O dia 16 de Abril d» 1768, em que Francisco de Almada
de Mendonça foi mandado passar a Veneza «com o objecto da causa comua com França
e Hespanha, athc o falecõnento do Papa Ckmente xni em 2 de Fevereiro de 1769 e no
Goodave adie a ddçio do S^P. Ctememe XIV no dia 19 de Mayo do mesmo anno.
2. » Divisão: Do que passou desde coroação do mesmo S. P. athc a abertura da comuni-
.1

cação com a Curia de Roma, e entrada do Núncio Arcebispo de Tyro nesta Corte inclusivé.
3. * DMfõ9:Do que panou desde « primeim Gaita Secrrtissiim que me didl^ o Santo

Padre em 28 de Agosto de 1 760 c que fez a primeira eidúbição e primeira promessa de aUxdir
a Sociedade Jesuítica, athc a extinção da mesma Sociedade. 4.* Divisão: Qtie comprefaeode
os outros diversos negócios que se trataram no tempo que durou a negociação sobre o ponto
piiDcipalda extinçio dos Jesuítas atfae à oondusao delia. E do mas que passou athe o
fidedmento do Santo Padre Clemente XIV.
— Na pasta 8: Catálogo dos Papeis compilados nesta segunda Divisào e Compi-
lação doa deqMduM apedidos para a Corte de Roma, desde o dia S de Outubro de 1769,
athe o dia 5 de Mayo de 1770. — Pode ver-se também documentação no A.S.V. Nuns. —
Portogallo e Historial, IV-I, 280 e ss.

(3) A Companhia de Jte», expulsa de Portugal a 3 de Setembro de 1739, de Fkança


em Novembro de 1764 e de Espanha a 2 de Abril dc 1767, no mesmo ano de Nápoles, foi
extinta pelo breve Domimis ac Redemptor noster. de 21 -VI 1-773. Ver Breve do Santíssimo
P. Clemente XIV pelo qual a Sociedade dc Jesus se extingue c supprunc cm todo o orbe.
UrtNM na Regia Offidna l^pognfiea. Anno 1773. Texto btioo e poctagale a dnaa
colunas a par, datado de 21 de JuBw de 1773, puUkado por Certa de Ld de Sua Mifostade.
9.IX-773.
(4) Era antigo o propósito de se iecnlarjzar:«...p«esisto na mesma vocaçlo de deixar
o Estado Ecclesiastico» — Carta de 23-XTI-756. (Min. Just. P. 12. 2." macete).

(5) T.T. — LegaçSo dc Roma. Caixa 2: Ofício autógrafo de Almada a D. Luis


da Cunha, dc 28-IV-774, agradecendo esta graça a El-Rei.

Copyrighted material
— 432 —
nos táhimos anos do Consulado Pombalino, continuou no poder, durante
o novo Reinado. Foi em 1777 que aportou a Lisboa um navio oomsds Jenii-
tas a bofdo, vindos de Génova (1). O Oovemohesttoii em consentir o desem-
barque, mas por fim deixoo-os andar Hvremoite pda ddade, como aves
inocentes que cruzam os ares sem causar estragos a ninguém. Passado
pouco tempo regressaram a Portugal outros inacianos, espalhando-se pela
Província (2). Das prisões de Lisboa saíram 55, porque 71 não haviam
resistido aos maus tratamentos dos cároens. 1^ 1780 apresentaram um
memorial de réplica às acusaçOes pombalinas (3), tendo-lhes sido «moedida
uma pensio de 100 mil cruzados anuais (4). Devia ter entrado em Lisboa,
por essa ocasião, o P. João Loureiro, vindo do Oriente, para onde partira
em 1735. Foi membro da Academia das Ciências e da Real Sociedade de
Londres (5), tendo publicado, entre outros, o valiosíssimo estudo sobre a
Flora Cochinchinense (Berolini, 1793).
Em 1788 diegott a Lisboa o P. Estevio Gábial, um outro prosaito de
17f9(9). Entre as actividades que exerceu na Itália, merece relevo a de Profes-
sor do Colégio Romano, mesmo depois da extinção da Companhia de Jesus.
Publicou vários trabalhos, de que relevamos os Elemento Geometriae planae ac
soltdae e Ricerche isíoriche. fisiche ecl idrostadche sopra la caduta dei Velino
netla Nera cnlla dichiarazione di un niinvn melado per dctvnninar la velocità

e la quaníità delle acque correm i ed altru nuovo método di ele vare le acque
nei stfmtt a gnmde aUezza, Este Hvro, editado em Roma, no ano de 1786, du-
mou sobre si as atençOes de D. Maria I, que o mandou r^ressar à Pátria.
Foi membro da Academia das Ciências dc Lisboa (7).
Também Vernei chegou a \er do dia salvador, porque o seu processo
fora realmente vergonhoso. D. Henrique de Meneses radodnava bem.

(1) Já cm 1760 haviam feito tentativas de reentrarem no Reino, sendo de novo depor-
tados (T.T. — Kfiniat last. P. 6^ 2.* msoMe. 17C0).
Q) Mari. 113.
(3) Mar, 383, 384.

(4) Na Torre do Tombo guarda-se a Relação dos recibos originais dos ex-jesuitas
poctnfiMMB ssceidolBi, a iptrn 8. M. HddWma foi servido mandar ssaMr oom oAngraa
ou pensão de 80 cacodos cada ano (T.T. —
Ufficlo de Roma. M. 1S4. Ver também
Portu, I, 373).

(5) Râonilo de Otrvalbo nlo o indni nos lóctos portugucaes. A noticia vem em
Po, 304.
(6) Não na lista do P. José de Cástro (Portu, pag. 369). Veja-se Fo, 303.
referido

(7) Alguns íkaram em Itália. Em 30-XI-802 os ex-jesuítas de Roma, de Viterbo,


Urbanta e outros da «tena dos Domínios de S. Ssotidsde» «nio dMtIo a cento e des»
(Oficio de D. Alexandre de Soioa Holstein, a oooonniGsr o pedido de suneato das peosOes.
T.T. — Min. Just. M. 83).

Copyrighted material
—433 —

quando escrevia de Roma, a 17 de Junho de 1779: Por «donde concluo


«lue Luis Antonio Vetney se condocio muito mal, &ltando ás obrigaçOes do
seo emprego nibaltemo, e por este motivo engrato ao seo primeiro bem-
ftitor, a que o conduzio a vaidade que tem do seo taUento; mas que seftap
mente n2o deo passo algum por donde merecese o vergonhoso tratamento,
e demonstrativa injuria com que foi castigado, sendo toda a sua culpa, para

com o seo Principal, e nenhuma contra o seu Rey e Senhor» (1).


Assim se irmanaram destinos, tão diversos no decorrer dos anos. Sobre
a humilhação das vitimas caíram os día|»otas com todo o seu peso...

(1) Carta de D. Henrique de Meneses a Aires de Sá, 17-VM779. Apênd. Doe.

Copyrighted material
CAPÍTULO XIV

ÚLTIMAS HONRAS

Reabilitação e volta a Roma.


Sócio da Academia de Ciências de UdtptU
RtHéiicbi do Afcedbifodo t dotiçBo de outros
bens aos sobrinhos.
Dentado da Mesa da ConseUiíeia e Ordens.

Dez anos viveu desterrado em Sv.o Miniato, entregue à desoloQão de


espírito que a prepotência do Ministro dc D. Jose lhe outorgou como recom-
pensa dc servir uma causa injusta. Na Basílica jazia um seu compatriota
— O Príncipe D. Jaime, Bispo de Arrás, Arcebispo eleito de Lisboa e Car-
deal Diácono, tercdro filho do Infante D. Pedro (o das Sete Partidas), faleddo
a IS de Abril de 1459. Mas de nio deixaria lá o seu corpo. Talvez em prin-
cípios de 1779 requereu a sua reabiUtaçao, apoiado numa longa RehçÕo,
já yidu vezes citada (1).

Em carta dc 17 dc Junho desse ano, escfevia D. Henrique dc Meneses,


nosso Ministro cm Roma, ao Secretário de Estado dos Estrangeiros, Aires
de Sá e Melo: «No despacho de V. £x.' de 10 de Maio próximo passado
me a petição de Luis Antonio Vemey, que nesta Corte hera
foi remetida
Secretario de L^a^, e que de fes passar a Real presença de Sua Mages-
tade». Pouco adiante referem ao memorial que apresentou juntamente
e já Salgado Júnior presimiiu ser a Relação da perseguição de que Carlos de
Passos deu notícia (2): «O que se scguio logo que se avistarSo, athc que se
ajuntarão em Roma (Ministro e Secretário), podia o mesmo Verney não refe-
rir na sua suplica, porque não importa ao caso, nem também as estorías
cazdras, que nada tem com o serviso de Sua Magestade».

(1) «Dispendi com várias copias e traslados que nuuutei tirar da Relação que veio
de Uilia pan iqnitir peloa MiniitnM, peUçoe M , memoriu, ele. ... 41680». (Conta do
P. Diogo, de Agosto de 1773 a Junho de 1781. — ASAJL).
(2) Lu, 217-224. e V. vol. II, p. XII, XIIL
— 436 —
A Rainha enviara a petição e o memorial a D. Henrique de Meneses,
paia informar acerca do que sncedera e das causas do desterro. O KGinstro
reuniu toda a documentação que encontrou no Arquivo da Legnçio» emitiu
o seu parecer e remeteu tudo para Lisboa. do Marquês de Pom-
«Pella carta
bal escrita em 18 de Abril de 1768, que leva o n." 1. se vê a boa ideya que
formavão do talento daquelle sugeito, e que Francisco de Almada foi quem o
pedio para seu conícrente».
Relatando o que se passou na chegada a Roma, D. Henrique de Mene-
ses serve-«eén RdaçBo da ptnt^uS0o, e cremos que nlo conheceu outro
documento até ao ponto em que toca nas ordens da expulsão, «de que remeto
coppia a V. Ex.* com o n.<^ 2». OcupMe da forma de execução das ordens de
Lisboa, acentuando que de nada ficou memória na Secretaria de Estado de
Roma. Na de Lisboa haveria, decerto, papéis vários contra Vernei, escritos pelo
Teatino. P.Manuel de Azevedo. Mesmo assim, mandara tirar cópia dos poucos
papeis que adiou no Arquivo da Legação.
Eu resumo, D. Henrique de Meneses acusa Vand de se conduzir muito
mal, «faltando às obfigsçOcs do seo emprego subalterno e, por este motivo,
ingrato ao seo bemfeitor». Mas iliba>o de conivência com os Jesuítas que lhe
foi atribuída por Almada e inculca o referido teatino, como ambicioso e
malévolo causador das intrigas que decidiram a ruína de Vcrnci(l).
Em face disto, era de opinião que «a sua honrra merese restituída, mas
dle de nenhuma forma empregado em
emprego subalterno, porque não
he capas de sobordinaçlo». «Nlo tem impedimento para vir a Riuna».
E assim, logo que a Rainha o dedarasse inocente, cumpriria as ordens que
lhe dessem. Acrescentava, porém, que nSo desejava o seu convívio: «Espe-
rando que me não mandem que o tenha em caza». (2). Como resposta,
Aires de Sá enviou-lhe uma carta grave, cheia de bom senso. Como Vernei
fora expulso deRoma por ordem do Papa, convinha obter a licença do regresso,
do mesmo Oovemo Romano. Devia ser tratado com a «civilidade que con-
vém a um nacional, contra quem a sua Corte se não mostra escandalisada
presentemente». Se bem que não fosse obrigado a ofereccF-lhe a casa nem
Sua Majestade tivesse ordenado a reintegração no mesmo lugar, devia-se-lhe
prestar «alguma maior atenção que a de simples Paizano». Em período
a que faltam já palavras, parece insinuar que este assunto devia ser tratado
com brevidade, a fim de se não demorar a entrada de Vernei em Roma, con-
forme a sua súplica (3). .

(1) Guta de D. Henrique de Mwmwhi pua Aine de Si, 17-yi-779.


(2) Segunda carta do mesmo ao mesmo, com igual data.
(3) Carta de Aires de Sá a D. Henrique de Meneses. 2(>-VU-1779.

Copyrighted material
— 437 —
A 24 de Agosto, o Ministro teve audiência do Sumo Pontífice e comuni-
cott-Ihe a vontade de D. Maxia I. «Sua Santidade ficou penetiadissimo
da atenção da Raynha Nossa Senbora, e me encanegou de lhe dar da sua
parte, OS mais sinceros agradedmentos, sigurandome, que ao mesmo tempo,
hordcnava ao sco Núncio os fizesse chegar à Real prezença de Sua Nfagcs-
tade». O Papa nada tinha contra Vcrnci, nem nada havia a esse respeito

no Governo Romano, « l udo quanto se tinlia obrado, hera cm alcnçáo às


instâncias do Ministro então de Portugal, e que a prova hera qoe não ló
Vem^, se quizesse podia vir a Roma, mas que vindo, elle o receberia com muito
gosto, lembrandose que quando hera simples Prelado, que não tinha dinheiro
para comprar livros, hia estudar na livraria dos Frades» (1). Ter-se-ão pois,
encontrado numa biblioteca de qualquer Convento, o agora Papa Pio VI
e o Arcediago Eborense.
O Cardeal Pallavicini travou então correspondência epistolar com Vemei,
significando-Ihe dinctamente as intençOcs do Suno Pootffioe e juizo que dde
fazia. O desterrado exultou com as boas disposíçfies do Papa e pensou
aprovdtá-las para a sua ccwiideta reabilitação. A 21 de Novembro desse
ano de 79 bons serviços do Cardeal-Secretário, no sentido de
solicitava os
obter a intervenção pontifícia junto da Rainha, por intermédio do Núncio
em Lisboa. Dipiomãticamente, Pallavicini salvaguardou a recusa de Pio VI,
em carta de 8 de Dezembro : «... Embora Nosso Senhor (o Papa) se interesse

muito e afectuosamente pelas suas vantagens, contudo não tem coragem de


dar o referido encargo ao wea Núncio em Lisboa, por causa daqndas deli-
cadas e ao mesmo tempo justas reservas que verifico terem sido iwevistas
por V. S.». (2).

Por seu turno, o Ministro de Portugal conservava-sc aparentemente


neutro, mostrando consideração por Vemei,mas não dando um passo para
o bom êxito da segunda pretenção do antigo Secretário de Legação. Tra-
zê-lo para Roma fora n^ócto fiUL Mas repô-lo nas mesmas fimçOes ou
em lugar de confiança e distincio, tomava^se tardk stq>erior às suas forças:
«Li o que Vossa Mercê me comunica e lhe respondeo o Cardeal Secretário
de Estado; elle não me falou em semelhante matéria, nem eu discorro se o
Papa fez bem ou mal, em não querer escrever sobre o negócio de Vossa Mercê;
sei sim que dezejo a Vossa Mercê toda a felicidade nas suas dependências,

e que quizera ooncorrer para esta negociação, o que faiía se tivesse as mesmas
faculdades que enoontrei para a primeira dependência, que como Vossa
Mercê vio, gastei pouco tempo na sua conclusão».

(1) Carta de D. Henrique de Meneses a Aires dc Sá, 26-VI1I-779.


(2) Carta de 8-Xl 1-779. do Cardeal Pallavicini a Vernci. Ap. Doe.

Copyrighted material
— 438 —
Lamenta, a propósito, que o amigo correspondente de Vemei em Lisboa,
que na Corte andava tratando da sua pietencio, nada cmu^nisse a esie
tesptíto: «Sinto que o Amigo de Lisboa adiante tio pouco as dependências
nSo he seriamente culpa sua, porque conheço a sua efícasia; sinto também
que esta razão concorra para que cu não veja a Vossa Mercê nesta Corte,
o que muito dezejo e poder nella servillo». (1).
mas custa-nos a crer que Aires
Diflcilmente, se ideniilicará o «amigo»,
de Sá nio tivesse mostrado algum por Vemei nesta conjuntura.
interesse
Não existem elementos concretos para deslindar, por agora, este ponto
da questão. O certo é que o Arcediago nio r^ressava a Roma e o lufinistro
de Portugal insistia com ele nesse sentido. Chegou mesmo a fHsar que,
estando reabilitado perante as Cortes de Portuiz;-.!, Pontifícia e estrangeiras,
se tornava urgente aparecer de pé diante de Francisco de Almada, visto o
público nada saber do que se passara nos Gabinetes. Ao menos devia per-
manecer oito dias em Roma...
Vemei nio se convenceu com as razOes de D. Henrique e insistín nos
motivos que lhe assistiam pam a com|deta repoaiçio das cousas nos lugares
antigos. Mas nem a influência do «amigo de Lisboa, nem o irmão Diogo,
nem a valiosa intercessão da Marquesa de Tancos, nomeada Camareira-Mór
da Rainha, foram bastantes para suplantar os obstáculos. Pensi>u recorrer
de novo à amizade do Pouiiiicc. O iMinistro, porem, procurou dissuadi-lo,
porque de ante^mlo estava certo do inixtto da Intervenção pedida: lãHio me
parece que o Papa esteja disposto a tomar este n^ócio como poderia, ainda
que, perguntando-me por Voesa Mercê, sempre lhe digo os motivos que o
deficultão vir a Roma». E na verdade não o fez imediatamente.
Mais do que razões económicas (realíssimas, sem dúvida, mas não as
únicas), deviam pesar na resolução de Vernei. a consciência da sua inocência,
fortalecida pela inabalável certeza do seu valor intelectual. A reparação
do de todos e sobretudo aos de Almada,
ultrage só seria completa, aos olhot
se o reintegrassem no antigo posto e o deixassem voltar a viver no meio social
de que havia sido expulso. É o que aliás transparece deste período de uma
carta de D. Henrique:... «para mostrar a Vossa Mercê vontade de servilo,
não tenho a menor deficuldadc de escrever ao Confessor de sua Magcstadc
e ao Sr. Ayres de Sá, mostrando a ambos a justiça de Vossa Mercê e o despa-
cho que tiverão sempre cm Portugal os Secretários de Legaçuo; veja Vossa
Mercê se lhe convêm e aviaaeme».
Gostaríamos de conhecer os termos em que o Ministro terá intervido
junto do confessor e do Secretário de Estado, porquanto nio nos restam dúvi-

(1) Cwta de D. Henrique de Meneses a Vemei, de Fevereiro de I780i

Copyrlghted material
— 439 —
das de que a sua vontade oontritmin eficazmente para que Vemei não voltasse
ao sen antigo Ingv. D. Henrique de Meneses falou também ao Cardeal
Hcrtzan, entretendo-se ambos em longa conversa, a dissertarem «no seo
distintíssimo merecimento e nos seos trabalhos». Ao fim c ao cabo, tudo
ficava na mesma, rcpctindo-sc as amabilidades inúteis: «mas posso sigurar

a Vossa Mercê que não tem limite o meo obséquio nem a vontade sincera
de o servil». Por fim, o Papa resolveu-se a intervir e escrever nesse sentido
ao Núndo em Lisboa.
Vemei insistia com cartas sobie cartas» até que» desDudido de obter a
situacto anelada, resolveu regressar a Roma. Em yíjúo de 1781 exultava
o Ministro com a decisão, em termos por demais dcsvanecedorcs «... não :

lhe devo encobrir o muito que csiimo esta sua re/oluçao, que á muito tempo

dezejava, não só para que todos conliecesem a innocencia perseguida, mas


para eu conhecer também pessoa de tanto merecimento». A 10 de Junho
sairia finalmente de S. Miiúato (IX QU^se dois anos depois de lhe ter sido
levantada a pena do exílio. Ainda foi a tempo de se cruzar com Franctoco de
Almada, ou, pdo menos, de este saber da sua reabilitação, pois o antigo
Ministro faleceu na Cidade Eterna, a 20 de Janeiro de 1783.
D. Henrique, já empossado do título de Marquês de Louriçal, por fale-

cimento do irmão, pouco se terá gozado da presença do Arcediago. Em


Novembro transitava para a Embaixada de Madrid, de donde se oorrespon-
pondeu com de.
A nova fase da vida em que acabara de entrar, mitigou-lhe certamente
a consciência amarga da obra frustrada, com honras tardias que não deixaram
de o desvanecer. Afinal, ainda havia quem o apreciasse de verdade.
A Academia Real das Ciências de Lisboa, recentemente fundada, nomeou-o
sócio correspondente na sessào de 22 de Maio de 1 780 (2), distinção de que
teve conhecimento por carta de 25 e de a 30 de Outubro agradeceu(3), ctm-

(1) E saju efectivamente. A 6 de Agosto desse 81, o P. Bernardo Lopss eoognip


tulava-se com Vemei, por já ter regressado a Roma. Ver Epistolário.
(9 O sen noms «iwwDce «itre o» lóciot concipoiídBntet, noa voluniBi do Àbmmadi
«ditado todoa oa anos pela Academia. — Ver também ms. 780 A, p. 6 da BA.C.
(3) Em A l^poea, voL II (1849), p.317-320, publka-se numa carta atribuída a Vemei,
que nio ddia de ter afiniriadra com o estilo e a penonalídade do Arcediago, mas nospanoe
nio lhe pertencer. Seguimoa aliás a opinUo de InooSodo da Silva, que julga ser da autoria
de Francisco de Sales, Professor Régio de Retórica e Poética em Lisboa: Carta crítica
que escreve F. ao Visconde de Barbacena como Secretário da Academia das Sciencias de
UtboamtVm. <>Mm<SGm««a a certa aio aoeta o convite pBnit6cio(qiiB te nos aflgnni
simulado), por não ter havido critério na admissão dos sócios. Por vezes lembra a carta
de Vemei ao P. Azevedo: «En sei até onde chqgáo os meus pequenos estudos e os meus £racos
tdentoa; nio praaumo de mim tanto (...) le V. Ex.* 4 mau amigo (oono ma dâ^ nflo me

Copyrighted material
— 4W—
forme se anuncia na assemblda particular de 6 de Dezembro (1). Dir-se-ia
qve esta atencSoda Academia foi a espora sangrenta que cqtevitou sonhos
adormecidos: «Louvo com ttNU a veemência da minha alma e dou a minha
aprovação ao vosso desígnio de aumentardes as dêndas e as letras (optimis
disciplinis) c de aguçardes os engenhos dos nossos. Tanto mais que. também
eu, levado pelo mesmo amor da Pátria, há já muitos anos, trabalhei cm mais
de um género de letras, tanto das exactas como das humanas, para servir
de proveito e utilidade à nossa juventude. Mas impedido pela inveja de nmi-
tos, pdo ódio de muitos, por actos de muitos, nBo pude chegar ao fim que me
impusera. Tomara aquela ocnpaçfto, na verdade nobre, mas cheia de tXÈr
balho 6 despesa, confiado na benevollncia de uns certos que prometendo-nos
muitas cousas e incitando-nos continuamente, não foram fieis e, pelo contrá-
rio, desertaram indignamente no combate. Estas foram as primeiras escara-
muças de guerra mais séria: nós, porém, confiantes na ardorosa juventude
e na bondade da causa, de forma alguma perdíamos a fé de fazer alguma
cousa.
Seguiram-se os tempos calamitosos e inimigos do valor, em que, mesmo
os homens doutos julgavam proceder bem como a sua consciência se, tendo
o propósito de ajudar a República, pudessem viver com segurança, calados
e nào fazendo nada, dentro das paredes da casa. Advieram-nos depois mui-
tas calamidades, conhecidas e ignoradas de vós, que nem agora mesmo se
encontram «Hnpletaawnte eiEtitttas e distmifam toda a esperança de realizar
qualquer cousa mais pela Pátria. Vimos, na verdade, nossa bagagem lite-
rária, não sd de qoe modo dissipada e esmagada, alguns dos nossos escritos
arrebatados, outros rasgados, para calarmos outros mais dolorosos.
Estes factos patenteiam bem que não pareceu a Deus que os homens
fossem ajudados pelas nossas lucubraçòcs» (2).

Apesar de tudo, sentia-se satisfeito com a distinção, lamentando que


viesse num período adiantado da vida em que o loiam as doenças, principal-
mente a fUta de vista, havia 3 anoa. AnhnavaKM a prosseguirem sem des-
morecimentos, porque o prémio seria certo. Talvez nSo s^a temciáiio
aventar a hipótese de Vernei dever esta alegria dos últimos anos ao oratoriano
P. José de Azevedo. Quando em 1786 a Academia resolveu distribuir a

correspondência com os sócios ausentes de Lisboa, pelos que viviam na capi-

metta em combates; cu lim me animiria a fazer ndb algum papel como Deus me ajudaeae,
mas que seria depois deste pobre homem com os senhores críticos? —
Publicada posterior-
mente em Histo, 109-121.
(1) Livro das Actas da Academia (Academia das Ciências).
Q) Cópia do texto latino em Histo, 1S3-1S4 e no Apénd. Doe.

Copyrighted material
— 441 —
tal, foi ele que ficou com o expediente respeitante a Vernei (1). A ele, pois,
deu conta da impossibilidade de oorreQKmder à eqiectativa da Academia,
aio enviando trabalhos por falta de saikl^ mas em carta acentuadamente
intima. A de confia a esperança fagueira de ainda vir a poder redigir trabalho.
Paiccc mesmo que identifica o P. Azevedo com a própria instituição: «Quando
essa Academia me nomeou seo membro, logo lhe respondi que as minhas
moléstias me impediam de trabalhar nesses estudos, mas que, se pudesse,
não fUtaria de eacnvor alguma ooiza. Aa BKdsitiaa CMSceram de enlam
para ca, prindpabnente no ano passado. Mas se Deus me pennittr, nfto dei-
xarei de fazer o que puden). Apesar de tudo, nio repugna que deva a distin-
ção de Académico ao Abade Correia da Sena, que ccmbeoeu em Itália (9,
e com o qual se correpondia (3).

A impossibihdadc enraizava na deprcssflo morai cm que vivia desde o


desterro imposto pelo Marquês. Nesta curta ao P. Azevedo desabafa toda a
amargura que o minava. Tivera ordem da 0>rte Portuguesa «de ilnminar
a nossa nasio em tudo o que pudesse», mas sem lhe proporcionar os meios
convenientes. Recebeu «largas promessas de Prémios e de renda e ^odas
de custo». Mandaram-se a Roma «recomendasoens repetidas», para se lhe
dar «um conto de reis sobre os Benefícios do Reino que cá se provesem».
Desenrolou o fio de todas as suas desgraças, acentuando que, além do desterro.
Pombal ordenara que lhe tirassem «algumas rendas de livros e de outras
que me ajudavam a vivei». Infonnando desta f<»ma o seu confiade na
Academia das Ci6ncias, Vend pretendia, num último esfoiço, explicar o
motivo da impossibilidade de escrever o que quer que fosse. A Rainha
«tam prudente, tam benemérita e servida por Ministros tam justos, iluminados
e grandiosos» —
o seu amigo Aires de Sá e o Visconde de Vila Nova da
Cerveira (filho) —salvara-lhe a honra, mas consentia que «os políticos
iluminados» se admirassem do estado de pobreza em que o deixava ficar
penando.
Nestas drcunstâncias, desesperado pdo abandimo de todos, perdeu

(1) A carta de Veraeí ao P. José de Aievedo, de 8 de Fevereiro, a que este ae refere


na carta de 2S-Vn-86, eca resposta à Academia, que insistiD no sentido de Veniei escrever
algum trabalho para as memórias. Foi este oratociano que vespondea em nome da Acade-
nua (caru de 25-VU-786. Ver Epistolário).
(2) Infcie-se do segtdnle trecho de uma carta do oratorkno P. José de Aaevedo
para Vernei. «Aceite V. S. hum grande recado do Abbade Correa, o qual manda dizer
a V. S. que ainda está no mesmo estado em que veio dessa Corte, e que aatadeoe a V. S. os
bons dezeios que tem do seu aumento». (Càrta do P. José de Azevedo a Vemei,
cm 25-VIII-88.— A.SA.R.).
(3) Em outra carta dc 19-11-88. o P. Azevedo diz que, pelo «Abbade Correa domes*
tico do Duque de Lafoens» teve o gosto de ouvir notícias de Vemei (A.S.A.R.).

Copyrighted material
— 442 —
as esperanças de poder imprimir as obras que tínha inéditas ou em começo
de imprassSo, como era a Teologia. Os seis tomosem oitavo já imimios
e os outros manuscxiKM, ficaram reduzidos a cinzas, em fogueira pr^wrada
por de próprio. Deixou staiente «outras mais pequenas» a que mais tarde,
se vieram juntar umas outras que andavam por mãos dc amigos. «Talvez
sejam as melhores», comentava o próprio autor. E é estas que temos maior
mágua dc náo conhecer, estas que Vcrnci, com um trágico «talvez», prometia
deixar, por sua morte, a um amigo que llias pedia. «FCsto vieram a paiar
as fadigas Uteritias de cinquenta anos que estou cá» — exdama oom prttfkmda
mdancolia o desiludido iluminista. «Arminei a saúde, destrui as poses,
e não conclui nada». É confrangedor o va^ deste cruel testemunho.
Contraiu dívidas que nesta data seis anos antes da morte
- ainda —
não pagara totalmente; arruinara a saúde e \ ira encorpar-se. de dia para dia,
«O desgosto e repugnância de escrever luais em tais matérias e com tal micnto».
Estava ag«ra convencido que «Deos nSo quiz» que «iluminase a nosa nasam»,
e conformava-se com a sua Divina vontade. Com outros fins poderia escre-
ver. Mas reclamava mais saúde e «bons ^udantes de estudo», que teriam
de ser bem pagos. «Mas eu nSo tenho poses para iso, e só cuido em viver
como melhor poso».
Estava traçado o quadro que Vernei lançava à consideração da douta
Academia c á ami/ade de um amigo. «Isto basta para que Y. Rcv.'^ forme
conceito da minha impossibilidade fisica e moral, pdo que diz respeito à
Academia». Ngo relatava tudo quanto sofiera. Mas sublinhava o bastante
para fazer rebentar lágrimas a quem. como ele, acreditava no ideal iluminista.
Àqueles que andassem fora dessa órbita, causaria, pelo menos, compaixão,
ao verem as dívidas que contraíra e a miséria c o desprezo em que vivia
nos últimos anos, sucumbido por ter desfeito, diante de si, o sonho mais

cor-de-rosa que aflorou nomundo.


O oratoriano condoen-se do amigo e procurou remediar o mal, apelando
para o coraçlo da Rainha, para a justiça dos iluminados e grandes Ministros,
fazendo-lhes compreender como era desagradávd que «todos os políticos
iluminados» da Europa sc^ubessem da situação angustiosa do desinteressado
e desafortunado iluminista português.
Desejando renunciar ao Arcediagado de Évora a favor do sobrinho
JoSo Carlos, clérigo in mtnorUm, por coadjutóría e futura siioessSo, passou
procuração a 14 de Novembro de 1781 aos sobrinhos Dionísio Chevalier (1)

(1) Natural de Lisboa, filho de Pedro José Chevalier e Luisa Teresa Veroei.
(T.T. — Habilitações da Ordem de Cristo. Letra D, Maiço 7, n.* 4). Foi Qraaleilo
da Ordem de Cristo (T.T. — Chancelaria da Ordem de Cristo, L. 307. fl. 16, 16v. e L. 277,
a 31). — Sobre o pai, ver T.T. —Registo Geral dos Testamentos. L. 233, fl. 15.

Copyrighted material
— 443 —
e Dionfsio António, a fim de poderem assinar a petição endereçada i Rainha.
Este doctuneiito consta atiavés de um outro, passado pdo sot^o ^[tostó-
lico, a 26 de Maio de 1783. O Arcediago solkâtava «ftculdade para impe-
trar as competentes Bulias da renuncia do beneficio». A 19 desse mesmo
mê^ 1 \'iscnndc de Vila Nova da Cerveira, futuro Secretário de Estado dos
Esti aniiciroh (1 ), comunicava para Roma que «a Rainha Nossa Senhora
há por bem conceder faculdade para que o suplicante possa impetrar as Btillas
de renuncia do Benefício de que se trata, nBo sendo de aprasentaçao do Real
Padroado». Desta forma nio se tomou diflcil a satisfaçWo do seu descgo.
Era o segundo testemunho c&áal da. estima e consideniçio de D. Maria I.
Em Évora, pmém, encontrou a esperada resistência de quem nunca viu com
bons olhos o provimento em pessoa estranha à Arquidiocese, residente em mui-
tas léguas de disiância. la-sc, pois. prolongar a mesma situação e o Cabido

reagiu foricmctue (2). Alegando que nem todas as razões invocadas por
Vemei na petição ao Papa eram verdadettas, o Vigário Geral da Anquidiooese
eborense negou-se a sentenciar. O Aioedtago fixava^ae nas oonaideraQSes
da idade e dos achados que o impossibilitavam de cumprir as obrígaçOcs
de Benefício. Mas o Vigário Geral lembrava que a principal razão dessa
impossibilidade residia no facto de nunca ter morado em Évora e servido
sempre por meio de Procurador. Era isto que devia ter comunicado ao
Papa...
Vemei <rfÍBndeu-se com a insinnaclio de deslealdade, e defendeu a pureza
de intenções com nova exposição. Nio pretendera enganar o Papa, que era
seu conhecido, havia muito tempo c nada obstava a que o Pontífice, «sendo
bem informado de tudo c querendo beneficiar um homem benemérito, que
ele bem conhecia, concedesse a coadjutória». Foi o que de facto veio a
acontecer. Nas suas notas diz-se que em Dezembro de 1783 se passou na
Dataria a coadjutória do Arcediagado a favor de João Carlos, tendo custado
tudo 650:05 escudos romanos, sem contar a agMa de 28 escudos que o
coa4iut<v nunca pagou. Tudo isto se fez apenas com o attestado do avítalo
de Évora, sede vacante, não obstante todos os «fracassos» do Abade Argenti
e do Subdatario.
Não foi esta a última graça que a Rainha lhe concedeu. Por decreto
de 11 de Setembro de 1790, conforme se lê na Gazeta de Lisboa (3) e consta

(!) Luís Teixeira de Sampaio aponta a data dc 1 dc Abril de 1786 (Ar, 114).
(2)Só quando João Carlos resignou «espontânea e livremente», o Aroediagado
voltoa a ser oonoedído a um sacerdote da Arquidiocese, o p resbítero b^ense ^^cente iDácio
da Rocha, Bacharel em Cânones (Ver Bulas de resignação de João Carlos e dc nomeaçfo
de Vicente Inácio —
Setembro de 1793 —
no A.S.y., Reg. Lat. 2.102, p. S71-S74).
(3> G. 22-1X-790.

Copyrighted material
— 444 —
da cópia da carta régia, registada na Chancelaria (1), D. Maria I nomeou-o
Deputado honoiário do Tribunal da Mesa da Consdênda e Qrdenip em
«stenaio ao que me tem servido e sérvio ao Senhor Rqr D. José meu Senhm
e Pqr», «em muitos negosios particulares da mayor importância e ao zào
com que procurou promover os seos estados nestes Reynos por mqro dos
seos escriptos».
Foi-lhe então concedida ubuma pen^o annual de quatrocentos e oitenta
mil reis pagos em quartéis pda lista desta Secntiria» (2). A esle beneficio
de 1790p a Lub Finto de Sousa, a agradeoer>lhe quanto por de tmha feito, ao
mesmo tempo que solicitava novas gnçM. A
9 de Feverdro do ano seguinte.
Pinto de Sousa dava conta das diligfincias empreendidas: «Com a mesma
boa vontade solicitei até agora huma resposta aos três pontos que V. M. me
propoz nas sobreditas carias, a saber, a Erecção das Armas, o pagamento
da pensÂo por bum modo mais proticuo e a introdução da sua Grammaiica
Latina nas Escdas do Rdmo: Em quanto ao primeiro: Sua Magsstide
houve por bem dar toda a ftculdade ao seu Ministro em Roma, paia resolw,
dedarando-lbe que a sua Real Intenção a V. M. toda a ivoteoçao e ftvor,
logo que fosse compatível com o uzo dessa Corte; e pelo que toca ao segundo,
a mesma Senhora annuio benignamente aos dezejos de V. M. c nessa confor-

midade se expedirão as Ordens a D. Alexandre de Souza (e Holslein, Ministro


Plenipotenciário de Portugal junto da Santa Sé). Rcsla-mc unicamente
segurar-lhe que emprego os meus bons ofBdos para cons^uir a Gonduslo
do terceiro ponto, e que prosegutrei constantemente ndles até que tenha a
satisfaçãode servillo e dar gosto» (3).
Assim se reabilitou completamente a fama do Secretário da Legação
de Roma. Era. porém, demasiado tarde. Mas serviu certamente de con-
soladora reconciliação na hora derradeira em que já nada esperava dos homens.
A saúde não voltou mais e a morte correu veloz, de forma a não lhe dar
tempo, nem sequer para ditar a um amanuense. Não escreveu nada para a
Academia, nem provftvebnenie para ninguém. Quando a 18 de Agosto
de 1791 fez o testamento» ji se encontrava cego. pois c«no de afirma, «não
pode mais ler nem escrever, nem menos distinguir bem as pessoas.» «Insul-
tado de hum mal repentino, esteve oito dias em coma, extinguindo-se,
aos 20 de Março de 1792, quase dez anos depois de Pombal, mas sem
as agruras que os ódios e a dura enfermidade provocou no seu perseguidor.
Fr. Constantinoda fmaculada, «Confessore de S. Isidoro» teve o cuidado de
testemunhar o iUtimo acto do Aioediago nesta vida: Io qui sottoeciitto fo

(1) Publicaino4a m intapa, em AplOd. Doe.


(2) Apénd. Doe.
(3) Apônd. Doe.

Copyrighted material
— 445 —
fede qualmente ho confessato U Sigaore Cavaliere D. Luigi Antonio Vernei.
Roma. <ie 13 de Mano 1792» (1).
Qins para a sepuitnra, tnvcÊío no hibito da Terceira Ordem de Sto
ir
Francisco, «de tda ou seja de olandilha da oor de caré», metido em caixão.
O enterro, por sua vontade, foi simples, só acompanhado do Cura. oito tochas
e cruz. '<c de huma só companhia», transportado de dia «a huma igreja donde
esteja hum altar de Sào Nicolau de Bari», seguindo, depois dc exposto, «com
dms só todMU» sem tqwle de cantada hmna só Missa
nem cça. «e depois
por hum só ministro poperado» para as «sepulturas communs».
Como herança do que em vida lhe fora mais querido, deixou ao sobri-
nho Dionísio António «algumas cópias do celebre Método, e dos papeis
pró c contra, que cntam se pubhcaram». «Isto é única coisa que ficou
da dita matéria» —
concluiu cie próprio, na extrema hora do desalento,
nesta carta de 20 de Janeiro de 1786.
Tudo isso passara, mas mn livro havia que ainda tinha utilidade —
Gramática Latbta, «Dard aoe dois sobrinhos este consdho, que me parece
muito útil. Como a minha Gramática Latina teve tanta aceitasam, que mui-
tos se valem dela: podiam por meio de alguma pesoa poderosa alcansar
a grasa de se introduzir nas Escolas juntamente com as outras duas Gra-
máticas, para que cada um se scrvisc daquela que mais lhe agradase. £ alcan-
sar também o privilegio de a imprimir. Desta sorte podiam tirar alguma
renda em memória do sen Auton».
Especialmente a favmr de Dionísio António, renunciott todos os seus
«servisos feitos nesta Curia de Roma em utilidade e beneficio da Corte de
Portugal, e em especial os que fiz à mesma Corte no emprego de Seoetário
de Lcgasam». Nào esconde a cota parte do seu mérito, na composição
das duas Cortes, o qual serviria de base para o sobrinho requerer, para si

e herdeiros, «a justa recompensa e remnnerasam destes mras serviços que


ainda cstam por despachai» (2). Entretanto, a Rainha despadiou-os, oon-
oedendo-lhe, em atenção a esses serviços o já referido titolo de Deputado
da Mesa da Consciência e Ordens.
A casa das Necessidades deixou, no Testamento, os manuscritos das
Gramátidas Grega c Hebraica, destinando o produto da sua venda para a
causa do Ven. Bartolomeu do Quental. Como parece que as não deixou
terminadas, cremos que nio chepram a imprimira A família Staurini,
reconhecido pda amiade que lhe havia tributado nos últimos anos da
vida, l^tt os bens que se encontravam em casa, à hora da morte.

(1) A.Sj\.R.
(2) Is, 54. — No índice, p. 111, o autor cfaama-lhe Comineadatore e Arcediaoano.

Copyrighted material
— 446 —
A sua memória perdurou, pois, entre a família, que julgamos não ter
actiHilmfaite lepffMC i iiiinteii oom o seu apdido, e também nas Secietaxias
de Estado, como até entre os amigos. A
ests respeito apenas temos conhe-
cimento de uma iniciativa que anda perdida: um quadro com retrato seu,
impresso, e legenda apropriada, que em 1863 se vendia no mercado da Piazza
Navona em Roma: Aloysius Antonius Vcrneius/Regii Ordinis Chr. Eques
Torquatus/Archidiac. Eborensis/A secretis Legationis ia Rom. Curia/
Ac in Régio Consc Tríbunali CoUega/ OfaBt Romae die XX Martii/Anno
Dom. 1792
Mais, pofém, vale a pennanSncia do seu nome nos meios cultos da
Naçio^ onde os livros que deixou, foram por muitos anos adoptados e lidos,
e a sua aoçio iluminista, apesar de tudo, lavrou sulcro profundo.

Copyrighted material
CAPÍTULO XV

VBRNEI E A CULTURA IX> SEU TEMPO

Vermt kmge de Vleo, das Ramânikos, de


Kant...
Sentido do seu Iluminismo de seiumda fnw
do século, no plano da cultura nacional.

Chegados a este ponto, já podemos apurar as linhas de contacto do nosso


iluminista com as correntes mais vincadas da sua época. Encontrámo-lo,
em belas letras, conhecedor das tendências estéticas que caminhavam paralelas
da boa razão, que era o princípio básico da filosofia que adoptou. O clas-
sÍGÍBiiio encJua-lhe agradàvdmente o espirito e toda a sua ambiçlo de escritor

consistia na imitatfio da idade de ouro da litnatura Latina. Considera-


va-sc óptimo latinista, porque escrevia a língua do Ládo com facilidade,
segundo os cânones dos Mestres. A familiaridade com as regras das Gra-
máticas, com Sciopio o Sanchez em primeiro plano, c os próprios textos dos
melhores autores permitiram-lhe redigir compêndios dc estudo que seguiam
as directrizes da pedagogia mais revolucionária do século, neste sector.
Cremos que não terá poetado em latim, pois a única produção que
noa iQgoUtim^essaà sua custa, não é da sua autoria. Divulgou-a, porém,
impelidopdo gosto que sentia na sua leitura...

Também se fez entusiasta paladino do estudo das linguas orientais que,


segundo a voz geral, se tornava indispensável a um bom teólogo, que ele se
prezava As gramáticas que compoz, de grego c dc hebraico, ficaram
ser.

manuscritas e desapareceram, mas nio fazem falta para marcarem a sua posi-
ção dentro desta corrente da pedagogia setecentista, porque nos basta conhe-
cer o facto apontado e porque estamos onto de que terá oompubado os
autores de maior nomeada.
As línguas vivas mereceram-lhe igual simpatia, aconselhando o seu estudo
desde os primeiros anos da escola. Eram, afinal, o órgào divulgador dos pro-
gressos das letras e das ciências, que se iam desabituando de utilizar o latim.

Copyrighted material
— 448 —
Ele próprio sabia bem o francês e o italiano, que eram os idiomas mais vulga-
rizados e em que apaitcjun escritos oa tiaduídos os meUimes livros da cnl-
tora de então. Oremos que não terá estudado o inglês nem o alemfto, nflo
obstante conhecer obras literárias e cientificas dos povos germlnicos, a ponto
de em filosofia ter seguido a onda predominante que se filiava em Locke e
Newton, da parte dos ingleses, Tomásio, Grócio e toda a escola do Direito
Natural, do lado dos teutónicos.
Considerando irreparáveis os estragos que a Filosofia árabe e escolás-
tica caasaram iio caiiq;» das cilncias à sombra de Aristótdcs» estabdece o
cipio, em que crê como dogma, da irredutiUlidade dessas filosofias com as
modernas teorias demfficas e a simplicidade e dareza das ideias fiiosMcas
predominantes nos meios mais ilustrados da Europa.
Verilica-sc, pois, que Vcrnei ultrapassou a primeira fase do século que
se bateu pelo cartesianismo e atomismo gassendista, taxando os adeptos
dessas correntes, de hipotéticos. Luis António pertence à segunda época,
de mais bem ftmdado experimentalismo, do concicto e do vtíUtáiio, dei-
xando-se pennanecer aferrado a essa orientação até à m<»te^ sem sentir atrao>
çâo pelo último periodo do século ou pelas inclinações sentimentais ou idea-
listas de tantos. Os românticos, por exemplo, já apareceram bastante tarde,
e não se compaginavam bem com o seu carácter, para o poderem contar entre
os seus.
Na verdade^ a filosofia das haes, do t^ Lodce, Condillac, Hdvécio
e Holbach, estmtnnhnente ftmdada na nzio como
única fonte de conhed-
mentos digna do homem, segura e eficaz, depositando inteira confiança na
crítica desapiedada, tomava-se inimiga irreconciliável das teorias que davam

satisfação à sensibilidade, ao coração e à faculdade imaginativa.


Andava igualmente muito distanciado dos chamados «Filósofos» — os
enciclopedistas também racionalistas, positivos e pragmáticos,
franceses,
ans ddstas oa ateus; nlo adefc à posição de Vico perante a leafidade da
vida dentro das coordenadas da ISstória e da Poesia e jamais se identificaria
com Kant, nos últimos anos de vida.
A nova fase da Filosofia das luzes triunfou cerca de 1760 e produziu o
expoente máximo na síntese que pretendeu opor-se à Suma Teológica de S.
S. Tomás de Aquino, como Siuna Filosófica do século xviii —a Encyclo-
pédie française (1751-64) de d*Alembert e Diderot, que Voltaire completou
«mo JHctkmnatefkOosophiq^ Em todo o caso, apro-
ximai mais deste grupo, pdo
da razão, do que dos românticos sedu-
culto
zidos pda natureza e bondade inata do homem. Jean-Jacques Rousseau (1712>

(1) Uitloi, 75.

Copyrighted material
-1778), o principal impulsionador das ideias românticas, ganhava o prémio
da Academia de Dgcm em 23 de Agosto de 1750, demonstrando, em opoei-
ção aos «I^ósofos», que «as nossas almas foram-ee corrompendo à medida
que as nossas artes e ciências avançavam em perfciçfio». Com o Diseours
sur V origine et les fondements de V inégalité parmi les hommes (1754), inicia
a série de obras que revolucionaram as concepções sociais mais seguidas.
Da mesma forma se não aproximou de João Baptista Vico. Ambos
colocavam a Biitdria no primeiro fdano dos estudos e do conhecimento da
vida, intereasando-lhes saber o que finfam os antigos e itMmheoendo, om
e outro, a necessidade de utilizar o método e3q>erimental, poia se wgiàx o pro-
gresso da ciência. Mas Vico nSo adere ao grupo lockeano que tudo reduz
à experiência, porque tem consciência de quão indispensável é a metafísica
para se obter uma visão espiritualista da vida e do mundo. Coloca-se. porém,
no ângulo platónico-agostiniano e não perde a oportimidade de também
combater a metafísica aristotâica. É mesmo de pareça que Aristótdes
impediu o penaamoito humano de progredir com a Uberdade interior que
garante a maior conquista do engenho e, por isso, entende que nlo pode
ser interpretado segundo o sentido cristão. Prefere Bacon a Descartes e
classifica Locke de «medíocre sensista». que tentou conciliar a Filosofia de

Epicuro com a de Platão, caindo nos escolhos que levam ao materialismo.


O que mais prejudicou Descartes, segundo Vico, e o impediu de lobrigar
a verdadeiía essíncia dos fenómenos, foi ooosiderar o método geométiioo
como o i&nico capaz de demonstração. Dai também o facto de ter despojado
o homem da possibilidade de se elevar à esfera do saber, onde impera a memó-
ria e a «fantasia», que é a mãe da invcnçJio poética. Os «gramáticos» não
advertem na essência da fantasia c falam muito da memória, «como deusa dos
poetas» (1). £ aqui se distanciavam, uma vez mais, os dois pensadores.
Kant, o mala notCnl dÍMdpfúo de Rousseau, escreve a Crítica da raxõo
pura (1781), a CriUea da naõo prútíea, seguida da Crítica do Jubo (1790).
debaixo da influência da Pnffiaadon de foi de Vie«án aavoyard^ Estamos
numa nova era a que o De Re Lógica e o De Re MeUg^sica já não perten-
cem. Vernei esperava a nu>rte e havia fixado o seu ideário, de que não abdi-
caria por nada (3).

Mesmo assim limitado à segimda das três fases em que dividimos o


século xvm no aspecto estritamente cultural, a presença de Vernei ficou por

(1) 11. vol. m. 178-184.


(2) Histoi, 90.

(3) Ver, a propósito, a tese conttária (Vemey predecewor de Kaal) em Ver. —Sobre
o peoMinento de Kant em Portugal, ver Eetu, 228.

«9
— 450 —
demais vincada no meio intelectual português e até mesmo em certos círculos
do ensino de Itália.
Fr. Fortnnato de S. Boaventura (1) e nos nossos dias o P. Seweriaiio
Tavares, S.J. (2X dassificam-no de principal responsável da perturbação

mental que a nova ordem provocou entre nós. Scveriano Tavares adopta
mesmo o escalpelo dc traição da Latinidadc, à acção de influência verneiana.
Por outro lado, Fr. Bernardo de S. Boaventura (3), o Dr. Teófilo Braga (4),
a História de IMeratura IbaOnda, o Dr. António Sérgio (5), o Dr. Joaquim
Ferreira (6), nitre outros, guindam-no à cati^mria de salvador das letras
pátrias. Os Professores Cabral de Moncada (7), Joaquim de Carvalho (8),
Hernâni Cidade (9). bem com o Dr. Salgado Júnior (10), e o Dr. Silva
Dias (11), reconhecendo embora o método das suas ideias, n&o dexaramde
frisar as deficiências da sua intervenção.
Deixamos anotados os principais autores que falaram de Vernei em con-
junto, na perspectiva da cultura geral portuguesa. A nossa opíniio pessoal
oomnnga de um pouco de todas elas, não por capricho edéctico, mas por impo-
sição do acervo de documentação que agora se traz i luz do dia. Vemei
representa, cm cheio, a segunda fase do século, que combate o cartesianismo.
como tipo de cultura experimental que ainda abusa dos conceitos sem base
na experiência provada, mas que vê como inimigo irreconciliável, as especula-
ções da Escola peripatética, tanto na direcção dos árabes como na da Escolás-
tica. Dai parle a nova Lógica e o critério piátíoo que norteia a dênda.
Faz4e paladino convicto, não tanto do newtonismo puro, como do seu
espirito ou método de construção cientifica. A Matemática não o seduz
muito. É a experiência, o pragmático, o sensível e o sensato aos olhos humanos
de pessoa despida de preconceitos, que o abservc com paixão. Por isso
não se enamora já da evolução das ideias no sentido kantiano.

(1) Po, 205.


(2)TtaL
(3)Memoria C, 61. —
Depois de frisar que o Autor do V.M.E. piotOtt SO vivo a
nossa decadência no ramo da Litetatuca hebraica, diz que leu nos Retratos dos Vatõts iHiêS'
tres, que Vemâ oompAt uma pwBiiia hSbniea e oondni: «S aio he pequena hoora para

os sabedores da Hngoa Santa, qne tambeoi o foaw ate por ventara o maior labio portufuez
do aeculo 18».
(4) H. ni.
(5) Lai.
(6) Verdad.
(7) E, III.

(8) Em. Í5-40.


(9) L, n.
(10) V, Luís A, £stud.
(11) P.

Copyrighted material
Com cic, muita gente, podíamos dizer, quase todos os intelectuais por-
tugueses seus contemporâneos.
Na medida em que pensava em si, prepofoo-ie para Teólogo; enquanto
pretendia auxiliar os outros, propondo reformas, tocava todos oe aspectos
que a questão nesse tempo comportava. Por isso, ele foi Tetíogo e Pedagogo.
Nisto se cifra toda a sua actividade. Estes são os dois pontos fulcrais da sua
personalidade de intelectual setecentista. De forma que, quando emite juízos de
valor sobre a Teologia, deve considerar-sc antes Teólogo do que Pedagogo, por-
que então mexe em ideias que constituem a medula da sua profissão. A auto-
ridade oom qne fola deise assunto é bem dtfeiento da que se lhe pode atribuir
quando se ocupa, pw exemplo, da medicina. Diríamos, por outras palavras,
que a direcção positiva que deseja imprimir à Teologia, apesar de iilo ser
original, é qualquer coisa de seu. que cic viu, ao estudar longamente as diver-
sas correntes. As novas dircctri/cs da Medicina, nào. Essas vieram-lhc
totalmente dos outros, sem qualquer contribuição sua, além da simples lei-
tura, porventura apressada, dos autores do seu tempo.
Em qualquer dos casos, nfio representa, certamente, o fiel intérprete
da cultura nadoiial, no que da possa ter de ele, a
especffioo, porque para
cultura nacional que não acompanhasse o novo império da razão e do desen-
volvimento cientifico, nfío era cultura, quanto mais cultura nacional... Os
extremos, porem, a que levou esta verdade - • deixando de lado a quota parte
de que a sua personalidade pode ser responsável — prejudicaram grandemente
a sua moisagem (1).

Tudo isto hz com qne o Arcediago de Évora tenha sido sempre e conti-
nue a ser pomo de controvérsia, motivo de contradição, porque lídimo repre-
sentante de um tipo de cultura revolucionária, iconoclasta, irreverente.

(1) Há-de um dia adtantar-w mais o estudo sobre a sua intluência no meio intelectual
portuguís, coosoltaiMlo* entlo ai kogu decnto
líMas de livros que, por disposição de
da Mesa Censória (1769) revelam o ncfaeio das bibliotecas dos GoavootM e de particula-
res em nicTdos do século, bem como as inúmeras Teses, não só impressas COmo manus-

critas, algumas das quais, com a indicação expressa do mentor: Conclusiones LogÊeaies juxia

matíem a. Vir Fartmart a Brixia «r AtajUrit AxamM VtrmU, DtrfimM fír. Ckrtuifkoro
a Divo Bonaveniura (...) Al Jbjfiaf/ Soitít Fhatítet OvUatb Átgtíoi^taia (T. T. Mesa
Cens., Maço 720).
VERDADEIRO
MÉTODO DE ESTUDAR,
PARA '

Ser millL Republica, e ^ Igreja: ;

PROPORCIONADO
Ao cftilo , c neccfidade dc Portugal
ly-^----- EXPOSTO .r:.-y^::-/4

I
Ém varias cartas , efcritas foh R, P. é « « Borhadinho
da LOKgregafam de halia 9 ao R» P» n n
Doutor na Univerjidade de Coimbra

i^màm. TOMO PRIMEIRO*

NA P O L E S
ANO MDCCXLVI.
€0M TOHAS AS IICESSjÍS NECESMIjíS^ &f:

A verdadeira 1." ediçào, dc que apenas se conhece um exemplar


na Biblioteca Nacional de Nápoles
VERDADEIRO
M E
DE
T O D O
ESTUDAR,
I

PARA
Ser mil à Republica , e à Igreja
PROPORCIONADO
Ao cftilo, e necefidade de Portugal,
EXPOSTO
Em varias cartas , eferitas polo R. P, * * ^ Barhadinho
da Congregafam de Itália ^ ao R. P. * n *
j

Doutor na Untvtrjtdade de Coimbra^

TOMO SEGUNDO*

NÁPOLES
ANO MDCCXLVI. '

COM TODAS W5 acENSAS NECESARtAS ,

Tomo 2." da I.» edição, de que também existe um exemplar


na Biblioteca Nacional de Madrid
n PARIS

1) BIBUOORAFIA VBRMBIANA

EmpeobánuMios, uma vez mais, em rever com cuidado a bibliografia verneiaDa, no


intiiHo ds compiffâr a wmm BANotnfiii ét tMmleã Vênutautt iNililíndft n
iwiita
«Brotéria» (Vol.XLIX, fase. 2-3, Agosto-Setembro de 1949, pág. 210-232). Alguns dos
novos ekmentos que temos encontrado, já fonun revelados no artigo Edições Ckmdntktaã
do Vank Mro MHoáa de Estudar • fo&gto» da PoUmica, aparecido em sqponta da revista
«Fiksofia» (Uiboa, 1961). Das descobertas bibliogrAficas efectuadas em Itália dio conta
outros escritos — Roteiro da Vida atribulada de Vemei, que saiu em «Colóquio», n." 19 c
Ldições do yM.E., aparecido no Boletim Iniernacional de BMiogrc^fia iMSU-Brasikira (VoL II
n.» 3). Outros poBiiBaows,portm, ainda nlofawmdlvuliirf^
do «De Ortographia Latina », entre outros. A orientação seguida nesta BUdioinfis é,
porém, diferente da que usámos na primeira vez, porque agon desejamos ainHOlar o
o conspecto isnl da poUndca o lainificaçOes, delanniiiadunefile no csmpo da Oiamitíca
Latina e da Filosofia Experimental, entre Jesuítas e Oratorianos. Aquela começou com
o «Novo Método da Gramática Latina» do P. Manuel Monteiro (Lisboa. 1746) c avolu-
mou-se com o aparecimento da Gramática de António Pereira de Figueiredo (Lisboa, 1752).
Brta tem sitpiiwto eserila iios«lifeRdrioFiloBòlloa»(17S2)e4ddÍBredrioaianu
e «Palinódia manifesta» (1752), entre outros. Vernei, por sua conta, versou estes doiS
assuntos, tendo secundado, se não influenciado os Oratorianos. De Roma acompanhou
estaspoUnicss, aludindo^ pof coMoplo, ao lAfBredifo Hlosãfloow, na cuta da 1 dt AsMko
de 1753, que publicámos no s^undo folheto de Filósofos Portuguuu A
aÍ€Êh XVUL
Atribui «ese papel» aos Jesuítas e de facto, foi um, o P. Paulo Amaro, quem o escreveu,
desoopsiderando Vemei, na Assembleia de Filosofia, de que o «Mercúrio» é a crónica viva...
Autows «ano Pereira de Figueiredo e José Csetano IntccvIeMun na questão veuieiaua pcò>
priamente dita c na da Qfamálka Latina e ootras» coara Psido Ahmio^ nestas e na da
FQosofia ExperimeotaL
Apssar ds todo^ convén advertir qus^ dis oixas de Ofanátka TatfiMi spswai dwTTW
apontamento, sem averiguar se cada obra teve mais edíçdes, e não garantimos mesmo que
estiam recenseados todos os folhetos. A nossa melhor atençio endereçou-se para as
dbna «stritsaHola da polémica do Arcediago de Évon.
For dwiiiisUDcIss várias, gnodo paite das otaas saln ssm rnsncio da autor. Havia
iulei esses «awcte e wosios de qpa s> Bspwa Hceapi poi» a Impiesslo. A dandcsrinl-
— 454 —
dade untetizou aqudei doii valores e produziu faru literatura de oordd e de polémica.
Eim vaeíRM e veieiíoi neita ttpbâe de oomérâo, Bernardo António, motador na Rua
do Quebra-Costas, junto aos Torneiros; o advogado Dr. Manuc! Áharcs Solano, com
oficina a São Cristóvão, e Domingos Gonçalves, no páteo da Caridade. Também um dia
fonun temadot a camiiieeadar {piai bbor, Munid da Silva, morador na Riu da Atalaia,
ao Bairro Alto e Inácio Rodrigues, ao Poço do Borratcm. De todos estes, só Manuel da
sova havia imprimido um livro da polémica, com as licenças necessárias e privilégio real
— a Rakmça Intelectual de Pina e Melo, em 1752. Andavam comprometidos na mesma

tefaide negócio clandestino, ot oficiais de impressor João Baptista, moiador na dlgada


do Lavre; Pedro da Silva, residente na Rua dos Carros; Elias Duarte, morador na Travessa
defronte dos Padres do Espírito Santo, e João Martins, bem como os oficiais de compositor
Manuel Soares Vivas e Joaé bidoro. Um destes andou de Convento em Convemo a vender
COO exemplares dc um folheto.
O ambiente era de tal forma propicio que até os cegos que calconeavam as ruas a vender
folhetoa da eoidd, ae atnwniii a mandar imprimir, entre outroti o Tênamoto de TkoiM,
os 3fí9tMã da Terra Santa e Daaenganoí de ociosos. Esta espdde de Uteratnra sensacional
C mofou os temas facetos, com papéis sobre as funções dos touros, o testamento de Josefa
de Évora, o testamento da França, o testamento de Casquilho e ainda o testamento de
de MhmmI Brás, e Anatânrico Jocoso, elCL O P. Dr. Maauei de Santa Msrta Teimira
escreveu clc próprio o Diálogo Critico e a Carta ú Min amigo, «que são anticrisis a hum
Antiloquio que compôs o P. José da Silva Popado contra os Pregadores portugueses»,
e mandou também dv ao prelo «hmn livro da quarto intitulado Jasta repulsa, que he em
dcAOM doa tomos do Padre Feijó, contra o Coronista Geral da RsGgiilo de S. Francisco».
Como veremos adiante, António Balle, de Valença, que figura cm muitos tomos do Ver-
dadeiro Método de Estudar (Edição de 1747) também é editor português o Cónego —
Secular evangelista. Doutor Mamid de Santa Marta Teixeira. Fietldo deve ser igitalmente
o António Balle das Reflexoens Àpolo/^c liças, da Resposta òs Refiexoens, Conversação
FaadUirt lUilego Jocoserio, Grosseria da Iluminação, e Antídoto Gramatical. Inocêncio
da SQva ji tinha advertido qoe «a indicacio de Valencia da ConterMtçOo FataOkir é apó-
crifa», porque «a impressão é evidentemente de Lisboa».
Há livros que pelos caracteres tipográficos parecem ter sido impressos na mesma Ofkína,
por exemplo, as Reflexões e a Resposta que trazem a designação de António Balle, bem como
aa AdknralneiBrOMoar a Àpidogétleat de OhbéciiIo^ que ta dbam impiamaa am CSoímbn,
por António Simões. Reparc-se nalgumas capitais e outras iniciais (T em branco, dentro
da Amdo floreado), na Re/iexòes, nas Advertências; iniciais das R^Uxões, na página 97
du ><ifrerlíndtaf e at deitas, na iiésinn I dsa Jb;^fex4^
dos itálicos; nos titidos dos parágrafos das Advertências linha 3, 4, S da página 1 das R^le-

xies', nas letras que assinalam os cadernos; enfim os pontos de exclamação e de interrogação.
Também o papel parece igual, com a mesma marca de água e uma flor de Us e uma delas
iladramente maior que a outra. De cena» sabfr«e.pdoa processe da TnquMçlo de riguns
livreiros e impressores de Lisboa, que as duas partes da Iluminação, do jesuíta Francisco
Duarte, datadas do Seixal, não foram dadas à luz por P.V. de M. e C, mas sim pelo editor
do Bairro Alto, Silva, a pedido do Fadre Doutor Joee Tomás DotjBB, icridente
Manoel da
no Largo das Portas de Santo Antão. Os dois Mercúrios, igualmente por esse editor:
o Mercúrio Gramatical, por solicitação do Padre Francisco de Cordes, do Colégio de Santo
Antio e o JUSncMs Filosófico, a rogo do referido Padre Borges, e não em Augusta, na impren-
sa de Martinho Vaitllt «com licença». Furfur Logicae Vemeianae, de forma alguma foi
editada em ftmpkioa, apud Haercdes dc Martinez, Bibliopolas in Vico de Navarreria,
mas sim, ainda por incumbência do Padre José Tomás Borges, na mesma oficina tipográfica

Copyrighted material
— 455 —
do Bairro Alto. Estas ediçOes clandestinas custaram a Manuel da Silva as penas de excomu-
nbio maior, de que foi «absoluto na forma costumada», a suspensão do oficio de impressor
por «tempo de hum amio», perda de todoi os papeii existentes na Tipografia, pfnitfiifiM
espirituais e instrução ordinária e pagamento das custas. Igual castigo reodwtt o leeditOf

do Verdadeiro Método de estudar, depois de «asperamente repreendido».


O ÁiMhto Gmnaikai foi raahnente «scrflo por om Fidie dt Conpndii» de hmm
que, por intermédio do oficial de impressor, Pedro da Silva, «morador com seu Pay jtmto
i Portaria do carro do CoMgio de Santa Aotio», o mandou imprimir na oficina de Inácio
Rodrigues, ao BomtéoL O Silva levou setecentas cópias, seiscentas das quais segundo o
OomnclOb ficMun pom eki Mas o Rodrigues tirou mais quinhentas, de que vendeu algu-
mM» entregando aaxMtantes ao Padre António Xavier Godinho, Proto-notário Apostólico.
O fngresso da AcoãBlda Gramatical, que continua o assunto do Mercúrio e do Antídoto^
nio refere autor, higar nem ano. O CatíUofo dag ObrmCrtíkasareipeHo ih Novo MHkodo
da Gramática Latina (I), em 175?. Nías o Pedro da Silva, nesse
esclarece que foi impresso

mesmo ano, áepfM de falar «dentro da Sé Velha» com «hum mosso de capote», encontrou^
com de «na escada da Patriarcal» e oomproo-Die cerca de 100 exemplares do ProgresModa
Academia. Isto é o que ele confessou no Santo Ofldo^ pan explicar a venda que finm ao
livreiro do Adro de S. Dominfos. Nio será mais natural <|iib o tenha ele 'Kipnniff aa
mesma Olkina?
Esla atmosliDn de dandestiniidade, levlmda por todas as dassea sodais, reflecte se
no meio dc Frades, de Médicos, Desembargadora. Níesires de Gramática e Clero secular.
O Discurso Apoiogético, «composto peio Desembargador Luiz Borges de Carvalho» foi
vcnifido ao linairo do Adro de S. Donwigoe, pelo oficial da impressor, EKas Du
na Típofliafia do Dr. Manuel Alvares Solano; a Om
UHatão sobre o Novo Meihodo de
Estudar, que cremos ser a Contesiaçam da Calumniosa accusaçam. lie José Caetano, Mestre
dc Gramática cm «mandou imprimir hum Livreiro da Rua Nova, chaiiudo
Lisboa, que
Owloa da por aMe renHdda ao seu cotaga Bsnto Soorea; as AéftrtiHeku OrMua
Silva» foi
dc Fr. mesmo livreiro por «hum Religioso da
NfanucI do Cenáculo, foram entregues ao
Ordem Terceira de S. Francisco do Convento de Jesus»: o Diaiogo Jocoserio que o CatdktO
revda ser da autoria do Dr. Aniãnio Udoro da Ndimga, confessa o livreiro do Adro da
S. Domingos que lho «mandou para vender» um médico desta Corte chamado Ftllano da

Nóbrega... bem conhecido nesta ddade»; a Iluminação Apologética, o Mercúrio Filosófico


e Fturfiar que, como já vimos, foram levados à Tipografia pelo Padre secular Dr. José Toaaáa
BocgBS» £ curiosa a fornia coaso o caio sa passou,
Oonfeasa aia aqna todoa Hkw maiidafto
com hum escripto sem nome, pedindo-Ihc os quizesse
fazer dar ao prélio e depois destribui-
que lhe parecesse». Coqjecturou que «a dita recomendação se lhe fatia
-los pelas partes

pdoa Fidfca da Ooaspaoliia aonde tem grande trato a amteade, ainda <|oe nunca com total
certeza qual dos Padres determinadamente lhe mandou o dito escripto, se resolveo em
obeequio dos mesmos a mandar fazer a dita impressão». Por falar mais tarde contra o
MarquCs de Pombal, entio Conde de Oeiras e a desfavor dos Inquisidores, esteve preso
pala Junta da Inconfidência, e veio a falecer em 176S, nos CároBies da biquisição. Ao
P. Boaventura de Santiago e Silva, igualnienie Presbítero secular, que no mesmo ano dc 1765
foi condenado para Angola, por cinco anos, por iguais motivos do seu colega, enviou o
P. Borges esses Uvros, que de, por sua vez, remeteu com escrito anónimo ao Livreiro do
Adro de S. Domingos. Um domingo, embuçado mm
CBpola,fOÍ da nOÍt»l«odMr O dinheiro,
que entregou ao P. José Tomás Borges.

(1) Ms. da Biblioleca da Ajuda, SÒ-l-tH, n.» 70.

Copyrighted material
— 456 —
No seguinte quadro recolban-ae os «loneniog respeitantes aos editores, para mais

Editor (raato ou câtofon) rmrauuwra mnot


KmfadMv Método éh Ea- Genaro c Vicenzo MlBÍO^
tmiat 1.' ed. Nápoki, 1746 Nápoles, 1746
Genaro • Viosazo Muzio.
tudar 2.* ed. Aatteio BÉlk, VakMi. 1746 Nápoles. 1746
Verdadeiro Método dt £»• Convento dos Loioe, Lis-
tudar 3.* ed. António Ball^Valeosa, 1746 boa. 1751 (?)
Fkuie. Lufi Ameno» Lx.,
1.* ed. 1748 Franc. Lufs Ameoo, Lisboa
MrfkxBes Apologéticas Franc. Luis Ameno, Lx.,
2.» ed. 1748 O mesmo?
Reflexões Apohgétktu Fhmc. Luis Amsao^ Lx.,
3. » ed. 1748 O mesmo?
Reflexões Apologéticas António Balie, Valença,
4.» ed. 1748 Convento dos Lóios?
JtayMtt 4f Jbs/topte 2.» ed. António BaOe. Valença.
1748 Generoso Salomão, Konia
ImpiCBUi de António Bo^
cafatro, Sevilha .1749
Remito át Morte<or 2.* ed. ImpWBla de Anttoio Buc-
ciferro. Sevilha. 1749 Convento dos Lóios
Garto de um FUMogo dt
Espanha Madrid. 1749 Generoso Salomio, Rona
Parecer do Dr. Apolônio Of. Garcia Onorato. Sala-
mucm 17S0 Generoso Satomlo, Roma
Btrecer do Dr. AffiMo
2.>ed. (Sem qualquer indicaçio) Convento dos Lóios?
AatAoio BaOsb 17S0 liÉboa, (D, 1751
Ilustração crítica MÉmHlRodii|os«.I&. 1731 Amásiio BaBsb Vaknca,
Carla de um amigo (de Pe-
ictca Fisuetiedo) Paris, 1750 a 1752
Caatataião Çkmt OMtuo) Fkancisco da SOva, Usboa,
1731 Carlos da Silva. Lisboa
Iluminação Apologética Manuel da Silva. 1751-52
»^*-»»
s/mugo Mf UMmtu
mitlii
António BaOe, Vaknça. 1751 Ubon
Grosseria da Bunánaçãit António Valle, Valença, 1752 Lisboa
|iffftfiyfy íuiritctual Manuel da Silva. Lisboa,
1752 Manuel da Silva, Lisboa
Carta Apologética Psdro Ferraiia. Uiboa, 1732 fisdroPscnin. Liriioa
i^nrrrffBrUlí CHUÇOS António Simfles^ Cofanbia,
17S2 António Simões, Coimbra
jUetrtêadat ao bupmtor Salomio Gansraao^ Rama
Discurso Apologético Coimbra, 1752 Gojmbn. 1752
Mercúrio Filosófico Mailioho Vettb, Aususta,
17S2 Mamd da Silva, Lisboa

Copyrighted material
— 457 —
Editor (rosto ou cólofon) Verdadeiro editor

Paiitiódia Manifesta António Buccaferro, Sevi-


Iha, 17S2 Liib(M(?)
Nofo Méioéb éa GnmtMka Miguel RodriguM» LiÉboa,
1752 e 33 Manuel Rodrisues. Lisboa
No90 Método ou Arte das Imprenia de Rodarte Cti-
Necessidades tana. Sevilha, 1732 Coimbra
Fmfv Lattea» Vtrmkmae Haercdcs de Martinez» Fun-
pdone, 1732 Mund da SUva, Lisboa
ÚMma Retpoitú Stvflha Stiomio Gmmrmo, Roo»,
17S2
Cartas «m «w se dá twticia Manuel Menacal da Costa,
LMwa, 17S3 Mumei Meneacal da Costa
D^SKÊadoNojfoiãêtododa Miguel RodrifMi^ LidHM.
Cram. Latim 1754 Miguel Rodrigues, Lisboa.
Merciirio Gramatical Martinho Veitb, Augusta, Manuel da Silva, Lisboa,
1753 17S3
Pnnrrcsso da Aeodmda Liiboa(?)
Anii-prólogo crírteo Miguel Maoescal da Costa,
1753 lnfiiud MuMcd da Gosta
Juízo Cranuttical UÉblM, 1754 LidMa(T)
Segunda audUncAi giiaiiw
tical LiÉboa. 1733 Lisboa (?)
Curta ExorMárln AmostenUo, 1754 (ou 53)
CurUi 4pohtilkã Fhincisco Lub Amem», lih Francisco Lufs Ahmms li»-
boa. 1754 boa.
D^fmm do Nove Método de Mifiid Rodrignt, Lisboa.
Gramática Latbu 1754 Miguel RodrifUBi. Lisboa
Carta de kam Velho Lisboa, 17S3 Lisboa (?)
Raipoíta Conwtdsória (1755) Lisboa (?)
Dbearsos Cramatkab Lisboa, 1756 Lisboa (?)
Ahartrta dtfeadUo Usboa. 1757 Lisboa (7)

Oeste quadro ressalta que, além de impressores dandesttnos, se notam alguns dos
mais famosos editotes de Lisboa: Miguel Rodrigues, Impressor do Cardeal Fatriarca. que
estampou livros de Vemei ou a seo flmir; Fhmcisco Uáã Áama, Impressor do Colégio
c Fábrica da Igreja de Lisboa, francamente pelos Jesuítas; como também Pedro FembOf
Impressor da Rainha e Miguel Maoescal da Costa, Impressor do Santo Oficio.

Copyrighted material
— 458 —

II

1 — «Um tratadinbo debi (Ortografia), para ino e ngulanwnto mea».


N.B. — Não dmOU a imprimi-lo. Menção cn^ }'. I, 49.

2 — Compêndio de História, em português. i<efere-se-lhe em


1, 203. Já na carta V, vol.
que eacra¥Bu a Muretori, em 7 de Abril de 1745 aludia a ota obra que nio pubHoou : «Depoit
penso também numa História antiga, principalmente, para uso dos portuguceea, poli até
hoje não vi ainda nenhuma, adaptada ao meu paladar» (E, III, 254).

3 — Caru cronológica em portuguis. No V.M.E. deixou mais esta revelação: «Eu


comecei tempos este trabalbo, e tinha ideado uma carta mui Mdl; mas impedido com
fai

outras ocupações, nãO pHd» «Cabá In íV, vol. I. 206).


4 —
Conclusões d$ TMegia especulativa e dogmática oferecidas ao Pape. Referidas
por Baiboea Madiado, no 3.* voL da MMMeea iMifana. Tahfa ae poanm iltuar perto
de 1742.
5 - Gramática grega. anuncia no V.M.E., tinha entio oomposta uma Gra-
Como
mática grega «em duas de papel grande, com uma cbueza inimitável para um prin-
foUias
cipittile». DOigenctavaedlti^
4dÊaemdMdaaiiudiflGflqiieletthoviatoiMSiamal6ria».
«paiB utilidade dos Principiantes» (V, vol. I, 260). Foi enviada manuscrita ao P. José de
AawwkH da Casa das Necessidades, depois da morte de Vemei: «due Grammaticfae manua-
critte dd fti iignore Gavalière suddette, una Or^
mancante di aicuni quinterai che noa
n nos potuti trovare (...) (Apfnd. Doe).
6 —
Gramática hebraca. A segunda gramática remetida de Roma ao P. José de
Azevedo foi «l'altra Ebraica in due maniere, cioè in un quintemo grande, e in tre tavole»
(íM). Anunciada no VJá^ e, juatunente com a amerior, oono «wcíta em duas folhas

de papel grande. Na Relação da perseguição rcgista-se nestes termos: « .tendo também


o Vem^ composto tuna Gramática Hebraica brevis&ima e em duas maneiras, e não tendo o
Regimento dos Estudos nomeado ainda nenhuma Gramática Hebraica (pediu ao Marquês)
lhe desse o previlégio para imprimire introduzir a sua» (Apud V, vol V, p. XLVIIO. Fê-lo

nos seguintes termos: «Podeni Hmhfan, querendo V. imprimir logo uma minha Gra-
mática Ebraica, fdta por uma ideia nova, e bfCfviísiiBg no seo tSMca O que digo, porque
me kmbro. que na Reforma dos Estudos ficou fsssrwdo o dir providencia neMa UMlMa»
(Carta a Pombal, publicada no Apindké),
7 —
Retórica. Anunciada no V, voL II, pág. 61: «Sei, porém, que actualmente
SB copia ama RectArica portuguesa qw me paiece própria pan fonoar o bom gosto da
Eloquência. Um amigo meu mui particular a compôs para uso seu. Pediu-me noticia
dos melhores autores nesta matéria, e deles copiou o que conduzia para o seu intento. Usou
conigo a aminde de conautaMua na diqiotíçio dda. 1^
a modençio de om^ e nio
desprezar as biIhImw luflsnBes. Cuido que ffdianenle consegui u o seu intento. Devo fazer
esta justiça a sua grande capacidade. Não sei se a determina divulgar (...>». Maria dei
Carmen Rovira identifKa, cremos que sem razão, esse amigo com Francisco José Fretro
<BC4^
Poética. Dá notícia desta obra pela seguinte forma: "Certo amigo meu, honoem
mui doulOb me disse um dia destes que um seu conhecido havia pouco tempo tinha acabado
um manuscrito pelo estflo que dis iw» (V. voL ei 337);
9 — Teot<^la. Mais de uma vez se referiu a esta obn, de que diegou a escrever
seis volunKs. Dir-se-ia —
mesmo que foram impressos «estavam compostos seis tomos em
oitavo». Queimouoa, segundo revela na carta ao P. Azevedo (E, III, 427). Anundara-a

Copyrighted material
VERDADEIRO
MÉTODO DE ESTUDAR,
PARA Ir
Ser util \ Rcpublic.1 , c \ Igreja:
i: PROPORCIONADO
'
Ao cftilo , e ncccfidadc dc Portugal
^i^"^ EXPOSTO
,.£m%eriat cartas , efcritat trilo R. P. * * » Barljdinba
da Longrtgafatn de Itália , ao K, P» » » *
Doutor na Un.verJiJade de Coiwbra»

TOMO PRIMEIRO-

V A L E N S A
NA OFICINA DE ANTONIO BALLE. i

ANO MDCCXLVL " * :


íí ^v
CDJf TODAS ^ tICESSAS NECES ARIAS ^ &e.

2." edição, considerada até agora, como se fosse a 1."


VERDADEIRO
MÉTODO VDE ESTUDAR,
1» A R A •
\.

Ser util á Republica, e á Igreja;'


<" ' P K o 1» o R C I o N A Do
Ao eftilo, e necefídadc de Portuga! {
i: X p o s T o
;£w varias Curtas , cjínras polo R. P, *** Bar-*
òaJmlfj da Congrcgapm dc Itália ao
P, * * * Doutor na Univerfidade
• •; Jc Coimbra, •

TOMO PRIMEIRO ^^'±S^

. bioliothícà

• • •
• • • •

•••

V A L E N S A ':\

U A o F Cl NA 'DL ANTONIO B A L L
I

ANO MDCCXLVIL
'

COM TOD.iS JIS Uí fSSáS NEC^SARIJS, ««n

3.» edição, impressa cm Lisboa, que se julgava ser a 2.'»


em 7 de Abril de 174S, a Muntori: «PiaeiílBineate, enqianto outras pfeocupações me
deixam lívie, eittm Igualmente eecieveodo uma Taokgia paia uao da meama mocidade,
dc que já tenho prontos dois volumes, nSo tardando cm o estar tamWm o terceiro. Quanto
a esta, porém, procuro dominar-me para a n&o publicar senão peifeita, gravíssima e, o que
para mim mais vale, com autoridade. Mas, para te ser fhmoo, ainda mula decidi: teali- m
dadc, estou hesitante; embon eu me circunscreva a um âmbito restrito, a obra é volumosa
e dc muitas vigílias (...) w M tofiiasse necessário concluí-la ante» de a editar, isso de certo
me daria um grande trabelbow Ou, para mdliar dtar, tudo «rtá dependente dos outros:
como as coisas correrem, assim fimL Tunbém MUtepUB à obia um livro em que se descreve
a história da Teologia desde as suas origens até ao presente, e isto pelo desejo dc prevenir
a mocidade portuguesa contra as inépcias de alguns que, com muitas mentiras e grave terror
ploioo, • qaenm impedir de epiaider uiDft a61idB TMogia e de le dei^
das teias de aranha dos EscoIásticos,OOai 0<iue»linia vez conseguido iaaOí»Acilmente triunfam.
On eu decidi-me neste livro a quelnw e a liopidar a audácia e a impudidcia
totalmente
destes Mie. Fkçoo moderadamente. Nlo armo em polemista, mas sim cm bfttoriador,
num livro no qual julgo fazer-se, não imi pre-juizo, mas pura e simplesmente um juízo àcerca
da natureza da Teologia. E ai incluo ainda pela sua ordem aquelas discussões filosóficas
que me pareceram necessárias para ilustrar os dogmas, a respeito das quais ensino que o
(ilosofisr correctamente jamais se tira das fontes doe Peripatítioos, mas sim da razio natural,
e que as opiniões dos outros filósofos também podem, desde iiuejulgucm OOm disoemímeuto,
ser utilizadas para fundamentar as doutrinas dos CatálÍC<MP»(lX
Mais tarde aproveitou a parte histórica, que pubiHoou wtAppamtttaã PMotfvMam.
A Epistola dirigida em 1748 a Francisco de Portugal e Castro, Kfarquês de Valença, refere
que Vemei desejava compôr toda a Teologia Especulativa e Dogmática em 12 volumes,
para instrução da mocidade portuguesa. Quem enviou dois exemplares dessa Epistola
para Uboa depoii da morte de Vemei, esdiícoe qoe ae tiata de imi «Menafaato paia Ia
Teologia dello stesso Sigr. Vcney,clie poi fu da lui bruciata manuscrita, ma non finita» (2).

10 — Soneto português em epbune da sonde do Serenissimo Rey de Portugal D. João V.


In «dLa Adunama tennta deÉli Aicaffi per h
liocnpeiata sahrte de b Sacra Real Mestá di
D. Giovani V Re di Portogallo». Roma, Antonio Rossi, 1744, pg. 154. — Publicamo-lo atrás.

1 1 — I>e/Recuperata Sanitate/Joannis V./Lusitanorum Regis/Oratio/Habita Romae/


Anno CI3IOCCXLV. / (174^ Ab / Aloysio Antonio Vemejo / J. et T. D. Eborensts Metropo-
ieoe Arcfaidiaoono:/(Escudo português erguido por tr£s Anjos)/Rflaiae MDCCXLV. Ex
TVpographia Generosi Salomonii./Superiorum licentin XXIH pgs. numeradas. 140mni

X225mm Na Biblioteca Casanatense de Roma conserva-se um exemplar em que apenas
ilmpraesooroeto. Na prinneira página do mamiscrito, que é um apdtrafo.lê« o seguinte:
<(La peeientc Orazione fu .stampata sopra una copia tratta da un*Original con divcrsc ;an-
ceUatma; e chiamata, le quali non essendo intese dal Copista, comunicarono alia Stampa

diveni errori. Laonde PAotore non l*ba ricoaosduta mai per sua, ma sohanto questa,
die qui segue manuscritta».
12 — Verdadeiro; Níetodo ide Estudar, para Ser util à Republica, c à Igreja :;Propor-
donado/Ao estilo, e necesídade de Portugal. /£xposto/£>n varias cartas, escritas pelo
lLP.^^JMaãKÊieláa Ceivegtaam ée BúUa, ae lLF.^JIkMer ée UnlmMaiB de CMn-
bra.lTomo primeiro./Napolee/Aao MDOCXLVI./CÍHR todoM as Ikauas Mceaohtav, etc
(XIV) + 322 + (V) págs.

(1) In E, III, 253-254.


(2) Ver Apêndice Documental
— 460 —
Começa com a dedicatória aos Padres da Companhia de Jesus de António Balle, aem
ilatlnrrr fiHV—f"" '"P*". T"* "^t* * S^ue^olndexdo l.°tomo,em2págÍ«
r*r—
nas e depois: Eminentissime Signore, Gennaro e Vicenzo Muzio publici Padroni di Stampa
in questa Fedelisaimà Gttá, supftlicando espongono ail'hmuieaza Vostra, come disiderano
dwB aOe tfampe un Opera intitolata: FMbdMw Mttodo de Estudar, proporcionado ao
ettOo, necestdade de Portugal (...)

Debocho: Admodum Rev. P. Nicolaua Maria Carcani Oídinis Scholarum Piarum in


Colkgio Regall PhHosophiae, Mhtheaen «t Ungiiae Otmcw Pwftmor levideat et referat.
Dfttum NcapoU XV Martii 1746. C
EpÍK. Antínopb Vic Gen. lulius Nicolaus Episc.
Aicadiopol. Can. Dep. Na censura diz-se que a obra nada contem de ofensivo à Fé
Católica e aos bons costumes e que será útil aos Portugueses: Quare Opus Lusitanae
jUMBiiKi m pruniB upie, pumca nne <iniiiiiHinum oenseo. neapoo e unmiio Ksiaii
Idib. April. MDCCXLVI. Emincntiac Tuac Addictissimus, obsenquentissimus scrvus
Nicolaus Maria Caicanti Scboiar. Piae. Attenta relatione P. Revisoris Imprimatur. Datum
Ne^ti. bae die 11 MiB ITM. C Epiía Aatinopi VÍcl Oen. Jidioi Nioolaw Epiíc.. Arca-
diopol. Can. Dep.
A licença eclesiástica OCupa duas páginas. Segue a real, com mais duas: S.R.M.

Signore Gennaro, e Vincenzo Muzio pubblici Padroni di Stampa in quesia hedeliÂsima Citti,
luppilMUido c momo ioi alia MacMi VoMm, oome desidenmo daie alia ttampa onXHieni
imitolata (...) Admodum Rev. D. Nicolaus de Martinno in hac Regia Studiorum Univer-
itele Professor primarius revideat et in scriptis referat. Ncap. die 25 mensis Februarii 1746.
C Oafinius Aichtoi». TendL QqwL AÃ^or.
Dhistrittime Pnesul (Em suma, o censor nada encontrou contra o Rei ov «• dMtCM
figios,mas topou o grande conhecimento das letras e óptimo método de Vemei, asseverando
que a obra era útil não só para os portugueses como para todas as Naçóes). Pode itnpri-
miMe. IMnn NaapalL 1 KalendM ApcUi Mmo noifiM Sahitii 1746. Tld Obeequen-
tin. Addictissimusque Nicolaus de Martino Professor Regius.
Die 4 mensis Martii 1746. NeapoU. Viso Rescripto S.R.M. Sub die 27 elapsí
nKorit AikíBs cianntiK ami ac idationB fiMia per Rev. D. Nioolai^
lis Camera Sandae dme providet, decemit, atque niandat, quod impiimatur cum inserta
forma praesentis supplicis libelli ac approbatiooii dicti Rev. Revimríi et in puMicrtioiía
•ervetur Regia Pragmaticae hoc suum etc..

Magíooco. Fraggianni. Caitagnola. AndreaasL


illustrís MaiGhio da ^olilo FkaMea SJLC «t HL Uudtío Dam noo imeiAiit
Athanasius.
R^bmaa kt Jl«ú«v Jbvaflv JarUtalimb
Depoit do hdke» oomBCun «a cutas.
M 12 at, Larocca.

2.* Vebam: Ttado igual ao primeiro, excepto: Tomo segundo. Na primeira página:

Index do 2.o Tomo, em duas págs.. Página 1 começa Carta IX. 300 pégB. 2 de ema.
: — +
2. » Edição: Igual à de Nápoles, excepto: Valensa/Na Oficina de António Balle./Anno
MDCCXLVL/Com todas as liceasas necesarias, etc./(Xll) + ^+ (V) págs. 109mm X
X lOmm. Tomo Mgudo (IV) + 300 + (II) pígi.
3. » Edição: Verdadciro/Mctodo,'de Estudar. 'para Ser util à Republica, O i Igreja:/
ftapoiCíoiiadoyAo estilo, e necesidade de Portugal/Exposto/ Em varias Cartas, escritas
polo ILP... Jtr^badiíilio da Congregasam de Itadia ao R./P.«««I>outor da Universidade/de
CoÍBibm./roaM> Mawiro/Valensa/Na Oficina de Antonio BalleJAno MDCCXLVII./Com
todas as Ucensasneceaaiiaaelc./OaO + 264 págL Tomo Mwndo: (IV) + 243 + OD pi».
12Smm X ISOnun.

Copyrighted material
— 461 —
As edições descritas do Verdadeiro Método de Estudar oeoessitam do seBuinte esda-
radmnto: Com é indfcacSo de António Balla^ Valenn, 174^ aiMiecem nai BibUoMcat
portuguetM, vários exemplares desta obra. Nada levava a crer na possibilidade de haver
outros aftiOeiOi além do pseudónimo, porque o nome de António Balle era conhecido,
pelo menos atmvii do CimfemÊun Phfíosephicmm, do «paidiol Tomáa VioenlB Tooca.
Foi assim que os Bibllógrafos, desde Barbosa MUndo a Inoo&ocio da Silva e, mais
recentemente o ftof. Salgado Júnior aoo VmlÊdriro Método de Estudar nos Clás-
reeditar
sicos Sá dt CMi« iwíMmmii «hs pormenor, sem levantir o manar lapam. E ooitfndo,
nem o nome do aditor nem a data lio exactos. A obia foi impraeea am Nipoilea a a que
ae diz impressa em Valença, safu nudto depois.
Nfto é crivd» porém, que o Aroediago descansasse absolutamente na autoridade das
Ikencas olitidaBi tanto mais qoe sabia aonito bem que a Inquieicio portugueea oostnmava
mandar um visitador i chegada dos barcos e obrigava oa UvToa entrados, a passar pela
fisíca doa sans nwieana. Terá, no entanto, pensado que da alguma coisa serviria, e podia

w
ser até qpa o Santo Oflcio lomasM am coneids çlo a alta quaUflcacio do oeneores napo-
Utanoa.
O qoc aconteceu já ficou descrito noutro lugar. Depressa o autor teve conhecimento
do sucedido, certamente por intermédio do irmão Diogo, que nesta ocasião devia receber
a lemeesa. Vccnai nlo se deiíon intimidar com a medida inquieitoriaL Estava aberta a
luta. de forma «Htiema, • tcetou imediatamente de reeditar os dois volumes sem qualquer

alteração subetandaL Esta é a edição que se encontre nas nossas Bibliotecas com a mençio
de Vaknsau A identidade tipográfica reooniieooaB fkcQmente. Ntuna e noutra o A áo
vocábulo VERDADEIRO tem dois bicos na extremidade superior; a primeira aste do da M
palavra Método ffiTrlgwtp no sentido de baixo para dmo; o o de ouvirem, tem uma plica que
mais parece um ponto do que acento; todas as linhas estão mal «linhadas, por exemplo,
no lado esquerdo da página 29t do segundo volume, nniíto espectalmenle a penúltima lalifl;
enfim, as tábuas dos erros em nada diferem. As próprias dificuldades com que topou nas
tipografias,quando imprimiu pela |»imeira vez —
falta de caracteres para distinguir o u

vogal, da oonaoante v e as duas linhas na divialo forçada das palavras (l),—cnoontfanhee


igualmente na edição dita de Valensa. Parece assim que as tipografias napolitanas que
compuseram o primeiro e o segundo tomo^ terão conservado o tipo, por detenninação do
autor, até sa conhenrr o saoeHO da entrada do Hvro em Portugal. A éntea difisrença que
notámos, rednsae, pois, à substituição do local, acrescentando4e> no frontispício o nome
de quem assina a carta dedicatória: António Balle. Como era natural, as licenças foram
suprimidas, porque haviam sido dadas para a edição napolitana. Avisou-se apenas no
rosto que saia «oom todas as Hoeness nsoesariae».
Não c fácil calcular com exactidão o tempo que demoraram estas andanças. Mas
presume-se que não terá ultrapassado o ano de 1748, possivelmente mesmo, o de 1747,
viMo que a primeira nq^oita— Raflnfiee Apdogílicu —
trás a data da 1748.
A edigio depwiia ee eetotou, até porque oonitava que fora ^preen^da. A retoida

(1) Di4o o prõprro editar na carta dedicalAria aos PP. da Companhia da Jaens e
observa-se, considerando, por exemplo, os eegninles casos: O tipodo primeiro e segundo
volume são diferentes, se bem que as maiúsculas do titulo sejam basunte parecidas (apesar
de mais faurgts umas das outras, no 2.* volume). Diferentes, porém, os tipos das cartas.
Também as capitais são diferente^, p. c, o M
da pg. 12 do 1 .° volume e 86 do 2.°. Os tipos
1

do rosto do l." e 2.^ volume também diferem um pouco no tamanho, produzindo por con-
sequência linhas diferentes.

Copyrighted material
— 462 —
aJusáo ao preço é Índice do interesK que deqwrtou. Em duas sentenças dos Inquiaidoras
de Lisboa, proferidas em 17S3, diz-se expnnamente que bem se sàUa «qne o Santo Offido
havia mandado recolher a primeira impressão e denegado a licença para elics correrem»,
«sendo público e notório nesta Corte que o Santo Ofãdo mandara recolher a primeira impres-
são que vtyo de fora do R^no o denfuinto a Iíbbhbi |im eltai oouerani, pellos jintoe notí*
vos que ponderarão os Quallificadores nas suai OCORUM».
O P. Di. Manuel de Santa Marta Teixeira, Fada Loio que mantinha uma oficina
tipográfica no Convento de Santo Elói, reproduzia o Verdadeiro Afetodit de Estpár dan»
destinamente, não obstante ser Qualificador do Santo Ofício. Esta é, pois, a terceira ediçlo
do Verdadeiro Método de Estudar — efectuada eni Lisboa, à volta do ano de 175 1 , sc dermos
crédito á testemunha que em 1753 depôs no Santo Ofício, afirmando que havia cerca de
doto anot ae tiidia efectuado a Impraaslo. Cooao o Meatve da oompoiiçto infonna que
jaotamentaietoprimiu o Rciraio dc Morte Oore o Fucoer do Dr.ApolãnkHnio há dúvida
de que a fiwide oconeu em 1750 ou SI.
Um papel anónfmo que encontrinioi na BttiOoteca da Ajuda fhMe eco deita táHçjka,
apontando os principais caracteres: «Esta obra imprímiu-se também em Líiboa, oculta-
mente, no Convento de S. Bento dc Xabregas, cm cuja edição se conservou o mesmo lugar
adma, oficina e anos; porém observando-se os sinais seguintes que caracterizam uma e
outra ed icBot pofque a pcioMira é em papel mais eMOfOi macio o maica makN« e coul é m
o primeiro tomo 322 páginas c o segundo, 244 páginas; e a segunda, em papel claro, áspero
e carácter mui cravado, contendo o primeiro tomo 300 páginas e o segundo 302 com
errataa»(l).
Apesar das diligencias a que temos procedido pare encontrar exemplares com estas
características, até hoje foram que efectuánx» em Portugal, Espanha
infrutíferas as buscas
e Itália. Os exemplares examinados com a data de 1746 contém: 1." volume: XII+322+V;
2.» volume: IV+300+n.
Nao será a edição de 1747 esta impressa pelo Frade Loio que, também cremos ser
a referida pelo autor anónimo do trecho citado? Atendo-oos primeiro a esta edição que
paam por aer a aegunda, advertimoa que nem o ano mm
o local de Valença aio exactoe.
Quanto ao ano repare-se que alguma razão houve para «António Balle» não ter empreen-
dido a segunda edição do Verdadeiro Método de Estudar que taxativamente promete na
Ààrertincia do Impressor da Resposta às Reflexões, 1748, para satisfazer a procura daquela
obra, em toda a parte e na sua oOcina. Como o editor nesta Ádfertimia infonna qna a
nova edição se fica concluindo, segue-se que a data 1747 —
não corresponde à wrdade —
e é posterior a 1748. Na Conversação Familiar (17S0) ainda se faz eco dessa noticia do
editor sem ae aludir à anunciada edidU». Defomiaque,senlonrde17SOoiiSÍ,aedÍclo
dc 1747 seria, quando muito dc 1749. Por outro lado, como é só no Parecer do Dr. Apo-
lônio (1751 1) que Vemeí cita as duas ediçóes («como além da primeire edisam dos Métodos
à ssgundn e divena, nas dtas deste papd vam as folhas de fauma e d» ootm «dSmnwX
condui-se que saiu cm 1749 ou em 1 750. Foi este, pois, o primeiro escrito qne lhe imprimiu
depois desta cdiçào e. por isso, lhe fez menção Fmhorn mais duas respostas sem data
{Advertência ao Impressor e Última Resposta), que não a citam, parece-nos que se nào deve
ahanr a daia desta ediçlo para depoto daqoeiaa obras, que caleutamoe «eram suilido leapeo-
tivamente em 1751 e 1752.
Quanto ao local não há dúvida de que a edíçio da Resposta ás R^lexões que tem a
dataemcaracieies iwnanosoaquelhltaa Adverténda do lnyramor talcomoaedictodas

(I) «Mio. 10.

Copyrighted material
— 4«3 —
Reflexões que dá António BaUe como seu ioqneMor, ttinin evidentemente da meema tipo-
cnfla <iw imprimiu a «dielodel747do KerMtoJIMbAfiMr. OmniOMML
o mesmo tipo de letra, o mesmo tamanho de linha, e até a mesma graNura ao cimo de uma
das primeiras páginas. O triângulo de estrelas falta na edição das Reflexões. O do Ver-
àoddro MeHkh tk Eoaiat tem nem» qtniro ItaluH m
bate superior do que o da JbqmM,
mas nada disso invalida os dados positivos atrás anotados.
Qual teci sido, porém, o impressor? De forma nenhuma Frandaco Luis Ameno,
o Nioilao Ftaacez Siom da dediouória das JUfkjOes. Da sua oficina tipográfica safai
a que tns «qplicita «Ma indicação. TMnbém nio parece viivd que as três obras tenham
sido impiesns cm Roma, já pela natureza da segunda (dc ataque a Vernei), já pela quali-
dade do papalrjàpttniue há uma Resposta realmente impressa em Roma (António Balle, 1748).
S6 noa resta a Mpátese de cnr qoa fenun estampadas em Usboa. B como Vemai dta
a edição do Verdadeiro Método de Estudar, talvez se possa concluir que isso se fez com o
seu consentimento. Sendo assim, a data da impressão destas tr£s obras e. por conse- —
guinte, do que maii sot iolenssa, do FsrdbdUv ããtêttb th Ertmiar—, deva ston^ae, como
ji tfnhamoa ooodufdo, por cerca de 1731. Sei*, poii^ esta a ediçio que oa r6us declararam
ter impre^vso no Convento dos Lóios, que SC dlstiogue das de foca, qusT pala qualidade de

papel, quer pelo tipo empregado.


Uma nova adwia ¥Bm comprovar a mesma suposiçlo de que o AniAaio Baila de
uma das edições do Verdadeiro Método de Estudar é o Padre Dr. Manuel de Santa Marta
Teixeira. Na Inquisição confessara ck que imprimiu uma Carta a um amigo e o Diálogo
CrMeOt qua «slo antkrisis m hum Antiloqtuo que compoa o P. José da SOva Bogado contra
os Fngadons Portugueses». Ora nio podem ser outros que a Carla que hum
esses escritos
portttguez assistente em Vcdeaçú escreve a hum seu amigo de Lisboa, comunicando-lhe o seu
parecer acerca de hum Sermão que na Sexta-ftírú Santa de tarde pregou na Stmta Igreja
Fatiimtal Joat/à Ftgmh éã J9iÃa « Àuvtdo e o Dtears» erftfeo e apobgitleo sobre hum
Sermão dc Santo António e hiima carta, que juntamente com elle imprimio Joseph Pegado
da Sylva e Azevedo, que se dizem impressos por António Balle, sem indicação de data.
bKK ooosoroi mesmo o nismor aigiiresnio que rnumoitua a mposese em tesa, v-onno-
eido o tipo da oficina dos Lóios, desaparecem as dúvidas que ainda pudessem subsistir,
a respeito da da edição de 1747 com a clandestina do P. Teixeira.
identificação
Mas nio deixaremos deacentuar que há dois pormenores que, à primeira vista, pare-
cem com a da noticia do papel da Biblioteca da
obstar á identificação da edição de 1747
Ajuda: o da falta de coincidência do ano (1746 e 1747) e o do número de páginas.
Repare-se, no entanto, que o niímero de páginas apontado no manuscrito anónimo não
pode ser eneto, poiqua o do primeiro voluma anda longe do dos mnitos ensniplBnB que
examinámos. E porque haviam dc desaparecer sòmente os primeiros volumes? Os demais
caracteres observam-se realmente nas duas ediçóes que se conservam nas Bibliotecas: «a pri-

meira (de Lisboa) é em papel mais escuro, mado a marca maior; a abunda (a de NátMteaX
em papel claro, áspero • caráctci nmito cravado».
Teremos, pois, que a edição dc 1747 ó a terceira e não a segunda, como se pensava
e saiu de uma tipogralia Usbocia, dos hrades Lóios, não muito longe de 1751, da mesma
forma qoa a da Vakma, 1746^ foi a «einnda e nio a prioMiBa.
Sobre traduções efectuadas dBWate o século, anotaremos apenas que só conhecemos
a espanhola, que referiremos adiante. No resumo que Vernei publicou com o titulo Synopsis
#rMMiiMmflibaponoaatnduçlofianoBM. ^aEo sabemos oom que ftandamcoto Sommer-
vogel afirma que o Verdadeiro Método de Estudar foi traduzido em espanhol no ano de 1764.
13 —Censlua a tmw obra do P.,,,, autor de obras «reputadas por doutas, eagenhosas
e discretas dos sábios de toda a Europa». (Ver V, vol. II, p. 1 12 c Guta A). Tratar-Sfr4

Copyrighted material
—464 —

da «copia stamiMla di vum Lettn Latina anónima, d» oominda».: «Nicolaus tuus vd potíus
M»l«», imalida da Rima a Dknfno António Vemei, em 1792? (Ver Ap. Doa). Nh»
será o mesmo escrito que enviou a Muratori em 24-xii-746? «Envio-te aqui uma pequflOA
lucubiação que cscievi para um amigo. Este, porém, sem eu saber, não se absteve dO •
mandar para os pvdos. ftmadhMB de tnc^Ot o homem, not&vdmenle VBCMdo noa catudoi
mais elegantes, de que isso valeria a pena, desde qiic conseguisse assim instruir os outros

e adverti-los de que nio deviam ter confiança em quem escrevera tantas ioépcias e mentiras.
Evideatemeatei, lavei iMo mnilo mal, pois estov oonveoddo de tar oondtado alguns ódios
contra mim, per aaln tar falado mais livremente». Deve pertencer ao número das «fo^
\olanii mia» que, na carta escrita a 29-xi-69 a Pagliarini, coloca entre Oraiioni c Orto^ra-

phia Latina, e imprimiu na oficina de Generoso Saiomáo. A primeira Oração que impriiiuu
é de 1744 e a segunda, de 1747, como a OrtograpMa Latfaa. Mnatori apradou o tnlMlho
nestes termos: «Li avidamente a tua polémica com o jovem ... Achei al muita elegftnda de
forma e um brilhante espécime do que é uma boa critica» (E, III, 268 e 271).
14— Cènson à BibHotoca LusHaoa, de Bttteaa MSidMido. CooUa do scfoinle
passo de uma carta do Arcebispo Bórgia, endereçada a Vemei, em 9-1X-1746: «Censuram
tuam dc Barbosac Bibliotheca Typis mandatam (.. .) perlegi; quare gratias tibi ago, quod
lilani ad mc misisti (...)». (Ver a carta no Ap. Doe). Deve tratar-se de uma das fogU
votaati, já reisridaa.
N.B. — Volta a censurar Barbosa na carta de 1-1-735 (Cf. Filos, II, 17 c 18). NÍO
tará reproduzido ai Veroei aquelamesma censura que nunca terá imprimido separadaneole?
13— No«Q/Mctliodo/paim apwndsrAMOnunatfcaff affna /OffcwcidoM Ebqr Nosso
Senhor^. João V./Pelo Padre/Manoel Monteyro/da Congr^açfto do Oratório. /Lisboa./
Na Offidna de Fnmctsoo da Sflva/Anno de NfDCCXLVI. (1746)/ Com todas as Uetnfas
neeesmrias.lE Privilegio Rca]/(X3ÒCVn) + 267 págs. -t- (XVI)— 7mm X ]30mm.
Novo/Methodo/pan se aprender a/Grsmmatíca/Latina,/Odeoado para o uso das
Escolas da Congrega-Zçâo do Oratório na Casa de N. Senhora 'das Necessidades. /Offerecido 'a
Eircy Nosso Senhor/D. João V./Pelo Padre/ Manoel Monteiro,/da mesma Congr^çáo/.
Plute ]I/ti8lK«:/Na Ollleina da nrandsoo da Silva,/Anno de MDOCXLDC/. 074^ Com
todn a Ueenças necessárias. lE Privilegio Real./(XVn 99 págs. — 70mm I30mm.
16. Erratas de dous canhenhos/alinhavados com os farrapos de algumas Artes
com/o título hiitasttoo:/Novo Methodo/Para se aprender Onunmatica Latina/Principiado
pdo P. Manod Monteiro da Congregação do Oratório (...) 177 4- (T) págs. S./l. n./d..
17 — Aloysii Antonii/Vcrncii/P.U./J.U. et T.D. Archiadiaconi Eborensis,/De Con-
juiigendalLectissima PhUosopfuajcumj TheologiajOraliolAd Academkun TheologicamJHabilA
In Roiamo ArcUgrnnasio XIV. CU. Dec./a3I3CX3CLVL/(gravun)/Romae MDOCSCLVn
/Typis Joannis Generaal SaknMMi/In Pluea S. Ignata. Superiomm ftwiftailft./XX pp.
120mmx 186mm.
N.B. — Dedicatâiia Dombáeo ftr^rae Congrtgattotái OmorU Vfysa-
fanpnesa a
ponensis PraepositOp amieo exímio, ac singulari, datada de Roma, Kal. Aprilis (1 de Abril)
1747. — Nova edição: José V. de Pina Martins /Um Discurso de Luis António Vcmcy/
sobre a Aliança da Filosofia Moderna/com a Teologia/Coimbra/1962/ — Separata da
RnblB dÊ tJiÊftnUBÍÊ ét GrtNfeni^ VoL XX, 38 pdgs..
18 — Aloysii Antonii/Verndiff, V, et T. D. ,'Archidiaconi Eborensis/De/Orthogra-
phía/Latina/ildyDidacumyFratrem/LilMr singulahs./Romae. CIJOCCXXXXVU. (1747)/
lypis Generaal Salomoni te Flalaa Saneti Ijgnata./5i9srÍ0rHm iVnRimi., 120 páp. 75nimx
XlSSlBDL
2.* edição. Tem o mesmo rosto, apenas com o acrescentamento: Permissu/Prostant
venalas apud eundem Typographum. 118 págs. + (0> Distinguem-se ainda pdo facto

Copyrighted material
ALO YSIt ANTON II
' V E R N E I I

9. &. ET T. D.
ARPhIDI-aCoNI EBORENSIS

ORTHOGRAPHÍA
LATINA
D I
F
D A C U
R A T R E M
M
líber singularis.

Ro M A B . cbbccxxxxvii.
Typis Gcncrofí Salomcnj -n Platea Sandi Iguacii%
Supcriorum "^cnmjfu •

De Ortographia Latina — 1.» tiragem (Novembro de 1747)


'II
* %

Typograpbus LeBori.
quid in boc libro peccatum eft d
SIcontra prarcepta ,
qua auâor no- 1
ftcrtradit, condona , leitor humanif- J
fimc, & audori gravioribus caris in-
p^dtto ;& typothetac j qui , cum admo-
dum feftinantcr libruni typis defcribe-
rc cogcretur, fingula perpendere non
potuit • Quod íi aiiquod mendum io-
veneris (quQ4 in praefentia £igac^
odorari non poflumus ) id to pro tiiO
ftudio & humanitate ad regulas expo-
fitas diligenter exige > & corrige ^ Nos
vero paaca quedam i quae legenti con-*
tinuo fe ofFerunt, notabimus , fi pri-
U&
j

mum monemus, nos hifce forniis


indircrimiaatji% receatiorum morCf
in hoc libro tt(bs e|çy quo vocalem |

majufculam , in cháTáftcrc Romano,


exprimeremus id cnim jam longa con-
: \

fuetudtne itiyaJiiiit» ut altera pro al« j

tera pooeretàr«Tw^ KaL Decembr»


cIdIdccxxxxvii» ^
i

men-

DedicMórii da 1.» tingem, dattda de 20-XI-1747

Copyrighted material
— 465 —
de a advertência do Tipógrafo da 1.* edição estar dauda de XII. Kal. Deoember. 1747 (20 de
No1mW)eda2.^deVU.Deo8mber. 1747(9deD«MinlMo). A compoMclo da» páttoat
qmaBaempfBOOCmponde^ muna e noutra «dição, corrígindo-sc sòmente os rrros tipognifícos.
que da 17 paMun a 4... Na péfliiia 61 a oonposição das primeiras linhas foi moditicada, peia
nipicirilo da palavra fuermí. É, poiém, nai páginas IIS e n. que a oompoaiçlo variou
mais. Na 2." edição cortou o final de Typographiis Lectori (pAg. 118) e inclui, nesta mesma
página, os erros tipográficos que na I.* ocupavam a pág. 119. Os Imprimtaur, na 1.* edição
vCm na pág. 120; na 2.* ertlo na pág. não numerada, a seguir á 118. Vemd wftraee is
duas ediçdes, na carta de 29-ix-69, a Pagliarini.
3. » edição: Aioysii Antonii/Verneii/Equitis Torquati, Archidiaconi Eborensis/De/
Orthographia/Latina/y4<//Didacum/Fratrem/Liber singularis. /Lditio tertia, prioribus emeo*
datior./Olisipone ODlXCLmnKítm Midiadis Rodrigues, Eminiwtisslmi/
l^pit
Domini Cardinalis Patriarchac Tyrograplii. 'Stiperforum Amrfmfc/Prostant venales apud
Fraociscum Tavares/Nogueira. Bibliopoiam in platea vulgo DajBoa Morte.— 116 págs.
I22Qini X CSmn.
N.B. — A Advertência do Impressor está datada de Id. Dec. (13 de Dezembro) dc 1 759.
4. " edição: Aioysii Antonii Vcmcii/J. U. et T. D.l Archidiaconi EborensisI DelOrt/io-
grap/iiui LaiútaiAúiDiúãiiuiu i prima Conimbricensis, Juxia
laiieiu/Liber Singularis./£c////(;
primam XeimmamfaH. 1747, ted emenàúbu expruao^Ser^ndo^ ot Dbefpidoí db 4110 conipoi
o nosso L A. Vcrnci, hreve e exacta. flnstr. para os Profess. dc Gram. Lat. 9 IL/Cooimbrí*
cae,/Typis Academicis./MDCCCXVI11. — 80 págs. 82nun x 154nun.
19— Roflexoens/Apolofleticai/a Obra ArtftalBdb/VeRiadeiro/Metiiodo de Estudar/
Dirigida a persuadir hum novo/methodo para em Portugal se ensinarem, e aprenderem aa
/sciencias, e refutar o que neste Reino se pratica ;/Expedidas para desaggravo/ifos Portit-
guezes em hima Carta, que em repostalde outra escreveo da Cidade de Lislwa para ofde
CoImbralO P. Frey Arsênio da Piedade,/Re]igioso da ProviíKia dos Capuchos;/^ offere-
cida^'ao Illustrissimo, c Excclcntissimo Scnhor/D. João Joseph/Ansberto de Noronha/
Conde de S. Lourenço, do Conselho de/S. Magestade, etc/Por Niculao hrancez Siom./Lis-
boa./l(Q Na Offidna de Fkandsco Luiz AnwoOi/bnpfeasor da Congngaçio dmeraria
da S. Igreja dc I isboa/Aiuo MDOCXLVm. Com at tíceaças iMgMsarto.--<yi)+<6 págs.
107mm X 171nun.
N.B. — Temiina: V. Oaridade. e o Uvie de melliaiitea Idéaa Ff. Esta é uma
ale;
das diferenças das quatro odicaes que o livro teve, no mesmo ano. NolMe que o nome
do ofertante é anagrama do nome do editor.
— Reflexoens/Apologelicas/d Obra i>i/i/u/â<i!a/ Veidadeiro/Metodo de ís,i\iúaíXi Dirigida

ú ptrsÊÊO^Kt hum auw/metodo para en Portugal le ensinaram, o apnnderam MlttíatBtíu^


refutar o que neste Reino se pratica ;/Fxpcndidas para desaggra\o'dos Portugiie/cs cm huma
Carta, que em resposta (nc) de/outra escreveo da Cidade dc Lisboa para a de/Coimbra/O
P. Ptrey Anenio da Piedade/Religioso da Provincta dos Capuchos :/E offèreddas/Ao Illus-
trissimo, c Excellentissimo Scnhor/D. João Joseph/Ansberto de Noronha/Conde dc S. Lou-
renço, do Conselho dc Sua Ma-/gestade. etc/Por Niculao Franocz Siom./Lisboa Na offidna :

de Francisco Luiz Ameno,/Impressor da Congregação Canieraria da S. Igieja de Lis-


boa./Anno MJ>.OCXLVnt Com as UOeoças Moenarias.--<VI) + 66 págs. 20Qnm X
X 149mm.
N.B. —
Alem das diferenças fàcihnente notadas por quem se der ao trabalho de con-
oa dteraa dos rastos, nota-se aioda que as vinhetas sio desiguais e que a aoentnaçlo
firooiar
dbedeoe a regras ditawites.
— Reflestoens/Apologeticas/d obra in/truWa/Verdadeíro/Methodo/de £8tudar,/Diri-
gida a penuadir Imm novo/methodo para em Portugal se ensinarem, e aprenderam as/scien-

30

Copyrighted material
— 466 —
das, e refutar o que neste Reino se pratica ;/Expendidas paia dcsuggravo dos/Portuguc/es
em htmia Carta, que em reposta de outra eecreveo/da Cidade de Lisboa para a de Coim-
bra/O P. Fr. Arsênio da Piedade, 'Religioso da Provinda dos Capuchos 'E ('//frec/í/aj/Ao ;

lUustríssimo e Exccilcntissimo Senhor/D. João Joseph/Ansberto de Noroalia,/Conde S. Lou-


renço^ do Conselho de/Soa Mágestade, ele. /Por Nicuiao Franoez Síom./(Brazão Arquiepis»
copal) 'Lisboa:/(6) Na Officina de Francisco I.uiz Ameno Impressor da Congregação Came-
raria da S. Igrqia de Lisboa./Anno MJXX;.XLVin. Com as Ikençu nBcessarias. —(VI)
+ 66 págs. 104iran X 171mm.
—Reflexoens/Apologeticai/4 «Ara InfiMi&tt/a/Verdaddro/MiBtodo de BitadBxlDirigida
a persuadir hum wio 'mctodo
para cm Portugal se ensinarem, c aprenderem as scicncias. e
refutar sc pratica;/ Expendidas para desaggrdvo/<^.v Portuguezes em huma
o que neste Reino
Carta, em defomm nereweo da Odode de Lbboa para a defCoimbrafO P. Flrey
rtiposta
Arsênio da Piedade/Religioso da Provind* dOÍ Capuclios; F offcrecivlas Ao lll-.istris-iimo, '

e Exodkntissúno Senhor/D. João Joseph/Ansberto de Noronha/Conde de S. Lourenço,


do Conselho de Sua Ma-Ztestade, etc/Por Níadao Pranoez Sioin./()^)Vakn8a/Na Oflictaa
de Antonio Balle. /Anno MDCCXLVTD./Com toáu ae tkmma meeãaariai, etcJdtV) +
54 págs. 125mm 180mm.
N.B. —
Termina com a palavra FIM. b csia a edição clandestina do Convénio dos
Loioa.
Sobre a identificação do autor, já hoje nfíci restam dúvidas Qncr-nos parecer que
Vemei chegou a ter conhecimento de quem era o anugonista que escreveu o pruneiro folheto
da oBomni. A nona Ai«wn«iii«ii^» fundMB do finto de o Arcediago, no tfttdo da «Oltima
Resposta», com manifarta ahllio ao autor das «ReflexAes», aludir a José da Piedade —nome
Tormado pelo primeiro nome verdadeiro e peio segundo do peeudónimo (Conf. Jomí de
Araújo — Arsênio da Piedade).
Como quer que aqa, José de AraíQo é o aultetioo aulor do panfletod). Barbosa
Mtdiado di-lo na «Biblioteca I usitana» e. na «Carta Fxortat6ria^>. se acaso lhe pertence
«ata obra. O Caí. conârma esta posição e Sommervogel não discrepa. No manuscrito
Ufn doa Púdm fw monm, pág. 21, ducida^B a respeito do Padre Jos6 de Ara^Uo:
Em tudo que obrava com a pena se via engenho, «erudiçio; com esta respondeo a hum
Livro com que sahio hum poctugu£s Fulano Vemey; que teve muito aplauso e aceitação
que se lhe gastarão logo (...)» (2). Eis a confirmação do motivo, fácil de presiunir, das
quatco ediQOss deai» «ao de 1748.
20 —
Observações feitas sobre algumas coíhis qtie se contêm no verdadeiro methodo
de estudar, pelo Dr. Fr. Pedro José Esteves, Regioso franciscano de 1721 a 1769, jubilado
em 1746(3).
21 — Resposta/as Rcflcxocns./Quc o R.P.Fr. Arsênio da Piedade/Capucho fez as (j/c)
Livro intitulado:/Km/a(/(>/ro método de estudar. lEscriti por outro Religioso da dita Provinda
para/dezaggravo da mesma Religiara, e da Nasam./Valensa/Na Oficina de Antonio Balle,
/Aimo ílAS.ICom todas as Ueensas neeesarias. — (IT) + 146 págs. 120mm < lS6mm.
N.B. — Apesar de anómma, Dio hidtkvidas de que esta obra é de Vemei. Já Barbosa
o dedarara em 1739.

(1) XKáet Coutinho, parece supor que o livro pertcnoe a Nioolan FnwM Sim
{(tf. Ensaio, 78).
(2) Apud Hist, IV-I, M5, nota 3.

(3) Sobre o autor, ver Ined, 281.

Copyrighted material
ALOYSII ANTONII
V E R N E I I

'y. V. ET T. D.
ARCHIDIACONI EBORENS/S

ORTHOGRAPHIA
LATINA
D I
F
D A C UM
R A T R £
M
líber singularis:

Ro MAB• cIdIdCCXTXXVII,

Typis Gcncrofi SalomonI In Platca Sanâl Ignatii •


Supertorum Perinijfu •

Proft*nt vcnaics apud cttodcmTypographmn .

De Ortographía Latina — 2.» tiragem (Dezembro de 1747)


Typographus Leãori,
qujd in hoe libra péccatttm eft
SIcontra praecepta quaj au£lor no- ,

íler tradít condona , leélor humanif-


,

úm^.f St auâori gravioribus curís in-


pedito ; Sc typothetse , qui , cam admo-
dum feftinantcr librum typis defcribe-
rc cogeretur, fingula perpendere non^ ,^
potiiit» Qgod fialiquod mendam iní^V^
yeiaeris( quod ia prarfentia fagacius
odorari non poíTumus ) id tu pro tuo
ftudio & humanitate ad regulas expo-
fitas diligeater exige y & corrige «Nas
vero quaedam , quae legetiti continuo
fe ofFerunt , fubjiciemus tantum • Ro- / ^

liue V»; id« Decexnbr* cbi:>Gcxxxxvib

MENDA CORRIGE
Pag. 52* lÍQ. ttlt. dtxíuius díxiinus
p. 8^. lin. 17. Festus Fetus
p. 86. lin. ^.Hd^refii Herefit ;

p.io8,liii. y.S0g*lo^ Sãgiiio '

Dedicatória da 2.* tiragem, datada de 9-XII-1747, com parte


das coneoçOes indicadai

Copyrighted material
—467 —

A gravura da capa figura duas nunificações presas a uin eixo central. Hi, ponteo,
outra ediçio que nitetitai em lieeenhfl por um triingulo de estrelas e oe alfarismos áiaba
da data por alfuinin fonanoe. Ê « aeguiatob que como já diwemoe, ee imprimiu em
Lisboa:
— ReapoBta/ae Rellexoem^/que o ILP.M. Anutào da Piedade Cepu-Zdio fes ao
Ft.
livro intitulado: Verdadeiro método de estudarJB/cril» ÇOt ouuo Religioso da dita Provín-
cia para de-/zagravo da mema Religiam, e da NBauii./ValeasayNa Oficina de Antonio
Balle./Ano MDCCLVm./GNii toAu as Ueensas meesarlas, ele. (I) + 86 págs. 127nm X
182mm.
Vimos outra ediçilo. de rosto igual, excepto: Anno 1748. /Com todas as Liccnsas
necesarias. —
146 págs. 106mm X ISSnun. Com a data de 1758 existe também outra edi-
çSo, de roeto igual: (I) + 86 págr !27mm X 182nim.
Cremos que a esta c às restantes publicavi?es cia Polémica se refere, quando na carta
de 29-XI-69 a Pagliarini diz, referindo-se ao impressor Salomão: Mi servi ancbe de Salomoni
per altre coee anoaina.
22 — Inscrições icifiiwi. Publicadas, sem indicação do nome do autor» em Roma,
no ano dc 1 74S' c segunda vc/ na Última Resposta tpág. 39 e 40) e reproduzidas no Ap. Doe..
Publicámo-las já em Luis An. De novo editada cm Tem. Ver o que a seu respeito escre-
vemos no capitulo V.
23 Francisco/de Portugal et Castro/Marchioni de Valensa/Generis anticuitafe,

hoooríbus, eruditione/gloriaque florenii/Aloysius Antonius Vcmetus/Archidiaconus Ebo-


naáifSJ>J—X págs.
Explicit: D. Romae, a.d. III. Ed. AprU. A.C aoiDCCXXXXVIII (U-iv-1748).
2.» edição: A epístola/de/Luis António Vetn^/ao Marquês de Valença/Texto da
edição romana/de 1748/apresentado por/Joié V. de Pina Martins/Figueira da Foz/1961.
—Separata da «Misoelinee de Eatudoe a Joaquim de CnveUio», n." 6, 31 páfs.
Apenas conhecemos três exemplares, dois cm Roma c um na Biblioteca da Ajuda (1).
Alguns exemplares vieram para Portugal, entre outras ocasiões, após a sua morte: «Altro
iovoltino oontante doe copie Mampate di una Lettera Latina intitolata: «Praodsoo de Por-
tugal e Castro — Aloysíus Antonius Vemeius» <cbe serviva di Manifesto p. la Teologia
ddio stesso Sigr. Vemey, che poi fu da lui brudata manuscrita, ma non finita». (Ver Ap.
Doe.). Ficou registado no «Bibliothecee Congregationis Oratorii Olisiponeosis apud
Regiam Domum B.M. (...) Virginis de Neoesidades Catalogus» (Volume 1): Epistola Aloysti
Antonii Verneii FkanciaGO de Poctaga^ Castro Mardiiooi de Vakosa. Roma 1748,
in IV 311/20.
Barboaa Madiado parece tf-la visto, pois deeere«i»4ie o conteúdo: «ConMa de da
p.íginas onde escreve ter composto toda a Filosofia e Theologia Especulativa e Dogmática

em 10 volumes para instrução da mocidade». (Bi, 111). O Dr. Silva Dias sugere que «saiu
do prelo já depois de muito eatndo o ano de 1748» (P, 281). No entanto o Arcebispo
Bôrgia agradece-lhe a oferta do exemplar, no dia 24 de Maio desse ano.
24 —
Retrato De Mortecòr/Cw em Romance quer íZ/rcr/Noticia 'Conjectural./Das
principais qualidades do Author de uus/papeis, que aqui andào, mas não correm com/o
titulo de Venbdeiro hfethodo de estudar e de/huma carta escrita com boa intençio cm n-f

(1) B.A., 55-V-31.


(2) Uma delas foi impressa por Soares Vivas» no Convento de Xabregas, s^undo
a confissão que fez no Santo Oficio.

Copyrighted material
— 468 —
posta às rcflcxocns do P. Fr. Arseiúolda Piedade. /Exposta em outim cailA do/R. D. Ale-
thophilo Candido/De ljaeeiaí,IE a dedica a todos, os que a krmjsto mitotff. V. de M.
cC./En Sevilha en la Iniprenta dc Antonio Buccafcrro.,'(I749). 71 págs. llOmm y I63iiun.
N.B. — Com algumas diíerenças no tipo de letra, nomeadamente nas maiúsculas e
caracteres era hilico e vinhetas também divenas, existe ootra edlçSo(2), cujo rocto 6 oomo

Retrato/De MortecòryQue em Romance quer dtzer/Notícta/Conjectural./Das prin-


do Author de huns/papeis, que aqui andão, mas não correm com/o titulo
cipais qtialidades
de Venladeb-o Methodo de estudar, e de/huma cuta eKiil» oom boa intenção em re-/posta
ás repexôcí Jo P. Fr. Arsenio/da Pieda de. IExpo%ta em outra carta/R. D. Alethophilo Can-
di-/do De Lacerda,/ £ a dedka a todos, os que a \enmjse0 amigo; IP. V. de M. e C./En
71 pigk tlinm X U4am.
Sevilha en la Impfcnta de Antonio Buccafierro. (1749).
NA.— Assinada de Opinlial, 9 dc Dezembro/de 1749 de V. S. mais aflisctuoiaEO, O
« reverente Oiado.yAJetophilo Candido de Lacerda.
Barbosa Machado nio tefere esta publicaçio e Xavier Coutinho, bem oomo Martinho
da Fonseca dão-na como de Joaquim Rebek» (Sub, 3 En<;aio, 78). Inocêncio, mais caute-
:

loso, parece duvidar: wDiz^e que foca seu autor o P. Joaquim Rebelo, jesuíta». E havia

razões para dúvidas.


Atribuem esses autores ao P. Fhmciaco Duarte a numbiafâo ApetegMea. Gon*
frontando uma e outra obra, cncontram-se pontos dc contacto que denunciam o mesmo
autor. O Retraio é apresentado como da autoria de Aietófilo Cândido de Lacerda e a
ílumlHatÕo dápse como remetida à mercê do mesmo senhor. Esta foi lançada à hiz por
P. V. de M.C.. A Carta do Retrato dedica-a «a todos os que a lerem, seu amigo P. V.
de M. e C. E depois, como se vê até pelo título, a segimda é reforço ou complemento
.

da primeira, que mais naturalmente ocorreria ao pruprio autor. Este, aliás, prometera no
Retraio (pág. 70), voltar à carga, analiaando-lhe a obra minuciosamente. Para desftaer
qualquer diivida, surge o Caráíoso a afirmar catefòricamente: «âen VSfdadeiro antOT (dO
Retrato), o P. Francisco Duarte, da Coropaobia de Jesus».
H em 1739 se sabia isto mesmo. Ptaa e Mdo, m» «ConfnCndM Expurgatórtas».
que nesse ano publicou para dar aos Jesuítas, que se haviam melindrado com a
satisfilçBo
«Balança intelectual», começa por insinuar que Teófilo Cardoso 6 «Refnlar oomo dizem»
(pág. 10). £ mais adiante estabelece o seguinte diálogo:
MÂuth: Sabeis por vantum o nooae verdadeiro deste Religioso?
Doiit: Sei: Este c P. Auth: Tende m3o: não acabeis dc dizê-lo; pois
.
já que ele me
não quiz nonwar nos seus cadernos, talvez por nw não dar com tantas injúrias na cara, será
bom que fique também sem nome nesta Conferência».
Finando porém, esquecer-se, pouco mais adiante, diz o
Dout: Todas as vezes que me lembra que o P. Francisco, quer dizer que o P. Teófilo
compAs ou retocou o seu Retrato de Mortecòr... (pág. 11).
Na págfaia seguinte, letadoBando o P. Flrandsoo Duarte oom o P. José de Araujo,
para dar a entender qnc pertencem mesma família religiosa, pergunta o
;\

Àmth: E que interesses terá o P. Teodoro com este sr. Capucho (Fr. Arsênio), que tanto
se empenha na sua defesa? cuido que isto serio mistérios qoe Inda que se saibam, nio se
dism: Tslvei que *latet anguis in herbis». Discretamente, atalha o
«Dout: Não adianteis tanto o vosso discurso, porque a mim me disseram que nio havia
outra razão mais que a de ser seu amigo» (pág. 12).
Sonunervogel apoia a nossa tese, com documento insofismável. «Dans Ics notes
mss. de la fin du dcrnier siècic, recueillies auprès dès Jesuites portugais exiles en Italie, on
dit que cet ouvrage est du P. Duarte». Decerto, apoiado também nestes manuscritos, o

Copyrighted material
— 469 —
metmo biblió grafo inclui a Iluminação no nome do P. Francisco Duarte. Sobre a biograiia
do autor apenas a crescen taremos qat entroa aa Commnhia de Je«i» com 14 anoa de idade,
aoe 7 de Novemb ro de 1734(1), esteve preso nos cárceres da Junqueinena Tom de Belém
23.—Mappayde/PortugaiyPelo Padre/Joào Bautisuyde Castro^.
LMk» Mitnel MaaeMal da Corta. MJ>OCXLV-IX. 1 parte: 1743 : 2.* parte: 1746;
3.* peite: 1747; 4." parte: 1749; 2.» ed Mapa de Portugal, Amigo e Moderno: Officina
:

Patriarcal de Fcandaco Luiz Ameno: Partes 1.' e 2.*: 1762; Partes 3.* e 4.*: 1763;
Partes, 5.»: 1763.
N.B. — Pode comkkrar-se resposta a Vemeí, se bem que tivesse aparecido no ano
de 1747. Ver 4." parte, págs. 63, 64. 79, 87 e 82 da I.* ed. oupágs. 301. 310 e 314 da 2.» ed.;

ou ainda 182, 187 e 190 da Nesta edição ver ainda páf. 85 do Suplemento, págs. 182
3.* ed..

e 187da 2.*|iarlee J)w£krft0m, ele. pig. 163.— Vertambta tanio4kPát. Con-


firontar o que coiiiidenunoe leepoeta, edbietado com a carta de Veniei de 1 de lueiro

de 1753.
26. —^Elogios/dos Reys/de/ Portugal do nome/de loão./traduzidos/iia língua Portu-
gueza dos que compôs na Lalinalo Padre/Manoel Monteiro,/da CongrefBçam do Oratório,/
Académico da Arcádia de Roma, c da Academia Real da/Historia Porlugucza./ Lisboa: 'Na
Officina de í-rancisco da Silva./Anno de MDCCXLlX.jCom iodas as licenças necessárias.
(XX) + 139 pécB. 283mm X 195ann.
N B. — Foi que o autor respondeu à censura de Vernei. A primeira
nesta edição
deve ser de 1728, pois no número de 8 de Agosto da Gazeta de Lisboa anundava-se deste
modo: «Elogios dos Sereníssimo» Reys de Ptirtugiri com os mais vsvdadeiros Retratos i)tw
se poderfto descobrir».
27. —Carta lie um Filólogo dc Espanha a outro de/Lisboa à cerca de ceitos Elogios/
LapÍdares./A/ú^r/(i 10 de Setembro de 1749. — 53 págs. 97mni a 157min.
N3. — Veraelt neste foiOielOk volta ao assunto dos Elogioe do Fadre Manoel Mon-

teiro. Severino de S. Modesto, na Conversação Familiar (pág. 264) escreve a respeito dCSta
carta: «...diz Madrid (eu direy Nápoles) 10 de Setembro de 1749». Barbosa (3) indica
o ano de 1739 e à priflMim vista panoe que estará certa essa data, visto que lui Cbriia há lefi^
ftoda ao Discurso Àpobgético sobre o soneto de Borges (pág. 3), impresso em 1752. Mas
como a Ilustração de Cândido Lusitano impugna a Carta de um Filólogo (Fevereiro de 1751),
ou se conclui que e&ia teve duas edições no espaço de 10 anos ou se aceita apeiias a indicação
da Orm; Madrid, lOdeSeteoibnde 1749. O fiKto de dtar o XMmhnv referido pode nlo
servir para qualquer conclusão, visto sabermos que antes de imptesso^ correu de mio em

mâo. Também Vernei o pode ter lido em manuscrito.



28. Paieoer/do Doutor/Apolonio Plii]omnBo/Lisboneiise,/Diritido a um paade
Prelado do Reino/de Portugal, /Acerca de um Papel intitulado Retrato de Mortecor, «00/
Autor D. AlethophUo Candido de Lacerda/. 102 págs. lOOmm x 176mm.

N3. No fim: Lisboa, 1 de Junho de 1730. Há exemplares que denunciam nova
edição no mssmo ano, em tudo iguate ao anterior, excepto: Na pág. 102, não trazem a
i4dkiWlfÉMeás e no fim indica-se: Salamanca, na Oficina dc Garcia Onorato 1750 Com
Lioeosa dos Superiores. O tipo da primeira é maior. Os desenhos das letras tambcm suo
diferentes. Mancha da sesnnda: 94mm X 137mm. Ommos que a faidieeçlo do ano nio
é exacta, e que o fottwto se nlo terá estampado antes de 1731. A autoria da obm pertence

(1) Sta e Catálogos, n.° 429.


(2) Pat n.o 323 C 338.
(3) Bi. IV.

Copyrighted material
—470-

a Vernei. Barbosa Machado, em 1759, o CaiáJogo e Inocêncio induenwio cntie as suas


oInm. Martinho da Pboieoa talvez, influenciado por Teâifilo Bnga (1), inventa um pseudó-
nimo que julgamos não ter existido. Atribuí o Parecer a Apolônio Filomeno, que identi-
fica cooi Luis VcnwL Mas a seguir, lefere-se a Apolônio Filomuso Lisbonense, que ima-
gina ter Akamaàn de Gamio (2), aem, no entanto, lhe assinalar a autoria de livro algum.
Ora, nos próprios Subsídios para um Dkkmário de Psetulóninios, se encontram elerocoloa
para deslindar o equívoco — no titulo das «Advertências criticas sobre o juizo (...) que for-
mou o Dr. Apolônio Filomuso e comunicou ao público em a resposta ao «Retrato de Morte-
•Gte» (ptig. 9). Esta iwpoata é o Parecer. Fkamos,
sem saber ae Martinho da Fon-
pois,
Mca pretende atribuir este panfleto a Vernei, se a Alexandre ile Gusmão.

29 Andidoto/Crainatical,yfialsamo preservativo/da corrupção da lingua Latina,/
ou/Chritaio AcMoAfAimilo/dbf prtHtipuet emSt barògrUndni, e li^cohereHCku db noto
Kfethodo paralaprender a dita Lm^Mo/OfTerecido/A seu mesmo Anflior/Por Silvério Sil-

vestre Silveira da SúvdJMestre de Ler, Escrever, Aritmética, e Gramma-llica no Lugar de


Carneddde, /En Valenda/En la Imprenta de Antonio BaDe Anno 17S0./C(m las lioen-
etc.

du necessárias. (VIII) -f 117 + (I) p gs. 103mm x 17Smm.
N.B. —
Data da carta nuncupatória: Dezembro de 1750. Depois desta carta, pàg. 1.
lé-se: iirratas de dous canbenhos alinhavados com os farrapos de algumas Artes com o

titulo itelastieo; Novo Metfwdo paia se aprender Orammatica Latina. Prfodpiado pdo
P. Manoel Monteiro da Congrcgaç5o do Oratório (...).
Segundo testemunho dos impressores na Inqutsiçào. teri sido impresso em 1751
oq 17S2.
30— Aloysii Antonii/Vemeií/Ejtfi^íf Torquati ArchidiaconilEborensislln funere/Joan-
BU^ 1 Liisitanorum Régis Fidcli s^imUOralio ad Cardinales. 'XXIII págs. s./d. I lOmm I78mm.
N.B. — No exemplar da Roma, alguém escreveu á mão:
Biblioteca Casaoatensc, de
ClOOOCLI (I751>. J<n6 da Oama crítiooiM èipeiamenla na osneara que vam oa
tradi:ção da Ode ÍV do livro IV de Horácio do P. Tomás Jose dc Aquino. Dois anos depois
do falecimento de D. Jo&o V, imprimia-se em Lisboa a tradução desu Oração, sobre a qual
Vernei se prowmcioudesikvodl^ d BCBtab 001^^
i i

Guta do Verdadeiro MéioJo de Eãtmhr. Também iim Patrico Egerio Ulictponense escreveu
una Carla Apologética em que se Impugnam os fundamentos de nutra que Theotnnio Montano
acreveo a favor das Traduçdet Uteraes, unprutdo na Tradução, que fe: da Oração de Luiz
ÁKtmio Vmty. b
«Oiaçlo nas Baeqiáas do PideHarimo Rei de Portngy D. Joio V, oue
em nome de Sua Magestade se celebraram na Igreja de S. .Antonio da NaçAo Portugueza,
ledtada por Sebastião Maria Correa, Prelado Domestico de Sua Santidade e Presidente da
Oqisla Real da mesma Neçloi». lYadodda por Mennd Gailos da Silva. Uiboa. OAdna
de Francisco Luis Ameno, 1752. No original: Oratio in funere Fidelissími Lusitaniae
Régis Joannis V habita ín templo S. Antonii ejusdem Nationis, dum ei Régio nomine paren-
tareturA Sebastiano Maria Correa (...) Romae 1751. Ex Typographia Híerooymt Mainardi.
Houve outro orador, o jesuíta P. Pedro da Serra, que iguafanente recitou uma Oraçlo
nas exéquias do mesmo Monarca: «Sermão nas exéquias do Augusto c Poderoso Rei Senhor
D. João V (...) Celebradas em Roma, na Igreja de Santo Antonio dos Portuguezes pela
Ccmwpçllo Nacional am 2> de Maio de 1731. Roma, 17S2. 34 páfs.
A tndnçlo da peça oiatófia de Veraei é atribdae, por Bubosa Mteliado^ em 17S9.

(1) Sub. pg. XI.


(2) Sub. pg. 9.

Copyrlghted material
— 471 -
uu gramático José Caetano (Cf. 4.<* voL, oo nome de Luis António Venwi e no de José
GMtanoX Mu DwoSdcío coiileiti fM atrlbaiQio iSri^
apraMOta-a como saída da pena do presbítero secular Tomás José de Aquino. De facto,

ptnoe pouco provável que o «alvarisla» José Caetano impugnasse Venwi em 1751 (Coa-
tettaçam da calomniosa aawaçlo) e no ano seguinte lhe traduzitae a OruçOa... OP.Tomla
Jcm6 de Aquino coligiu e traduziu os trechos que constituem o Delicioso Jardim de Retórica
(2.* edição, 1730). Compõe-se de três opúsculos: 1 —
Um tratado de Retórica do P. José
Veloso: 2." «tratado do modo de compor e amplificar as sentenças» do P. Henrique da
sova, SJ., e o 3.° tirado da Retórica do P. Bartolomeu Akaçar, SJ. Prefeito de Eatudoa no
Colégio Real de Madrid. Trata das panes na Oração e estrutura do perkNlo e das íeins
e preceitos daquelas Orações. Não se lobriga inãuência de Vernei.
31.Bripa de nome» e verboe. Liaboe 1749.
NJi^— Reteido no CMHofo daa Obne Grftkas a lopeito do Novo Methodo da
Otamitlca Latina.
32 Conversaçfto/Familiar,/e/Exame GrHioo,/£m que se mostra reprovado o Methodo
de eBtudar,/que com o título de Verdadeiro, e additamento/de util à RepuUica, e i Igreja,
proporciona- 'do ao cstylo, e necessidade de Portugal/Evpoz em dezeseis Cartaslo R. P. Frcy
Barbadinho/da Congregação de Itália :/£ também frívola a Reposta do mesmo Reve-
rando/àa aoBdaa RelleMMoa do P. Fk«y Anenio da Piedade./RelÍgio80 OapaGlio./Aiillior
o Severino de 8. Modesto,/Presbyicro./r<)/í;wií/;;ír«-(< a seus aniiffosiRozenàO Ekutfanio
P.

de Noronba^Particnlar amigo do Author.yValensa./Na Ofticina de Antonio BaUe/Annoa


KiDGCWCom Mbs ta lHeeraas nectsa ka. (XIX) + S61 OH) m +
Moun X SS mm.
N.B.— Trazno fi: la i./<v rim /a do editor, em qtie ae dia nio lhe ter chegado às
i:

maos o original que se divulgou em Abril de 1750, scrvindo-sc,pn»« impressão, da cópia


obtidaem 31 de Julho. Vernei, na Última Resposta (pág. 68; põe em dúvida a veracidade
denota: «NflmftBcaeodoqueadverthioSr. Apol6oioi. MeeeiatotemdejipnpanMla
a solusam na Advertência que poz no fim da obra, antecipando a data da publicasam do
M ss. nam teve noticia. Como se nos não soubesennos quando se-pubUoou,
para dizer que
e qual o motivo de imprimir «em neceridade altame a dita adtenmek».
Quer Vernei dizer que, datando a AdvertineUt de 2 de Novembro de 17S0, Severino
dc S. Modesto insinuava que não tivera tempo de fazer caso do que advertiu o Sr. Apolônio,
visto o Parecer deste ser de 10 dc Setembro de 17S0.... Para Inocêncio, a indicação de
Valença é «Apócrifi», porque «la imfMtcialo é evidentemente de Llsboe». Por tudo iato,
cremos que esta obra terá sido impressa em 1751.
Sobre a paternidade do grosso volume, depois de Inoctocio ter declarado (1> que
nlo pôde 4<}amaia averisoer quem foaae o preaomldo autor» da Onntnatao FamOlar,
ninguém mais deu imi passo. Sommervogel, que não a inclui em autor jesuíta, apenaa ae
lhe refere nestea termos: «im anonyme publia Conversação» (2). Problemas desta natu-
reza res<rivem.ie, naturalmente, quando se encontra documento coevo que desfaça o mistério.
É o caso do Qttákgo, que eedarece ser seu «autor feonino, o P. José de Azanjo, da Cam«
panhia dc Jesus». Confirma esta informação uma nota manuscrita dc um exemplar da
Biblioteca do Ministério do Exército: «O autor deste livro é o P. José de Araujo, Jesuita,
Con&BsardolnfiuteD.Manuei». £ letra do eteuloxvme o pormenor de que o P.AraiUo

(1) Dic, V. 224 e Vil, 257


(2) Bibli. I. col. SIO e Ibd. Tabk des Aiumymes et des PseadoHynm, coL. 917 e as.

do vol. IX.

Copyrighted material
— 472-
em coofcMor do Infante parece corroborar a certeza de ser contemporâneo o autor da
notad). E no ANMImw G
mi wgartawfc Ontartt Ollstpoiientís (...) Cntafaynr (17W),
lê-se;Modesto (P. Severino de S.) aliás o P. José de Anujo da C. de J.. E, na verdade,
quem escreveu as Re/íexões Apologéticas, redigiu também a Coiwersaçào^ Como é fácil
oliMmr. Contudo, um mnucrito d« 17S3 de cdtíca ii divaiu ReUgiOes, iniiiiua qpe
saiu da Universidade AIsni^MMi: «Coovood • TartuSa Eboranae, Authora da Convena-
çlo Familiar» (2).
33. Ulustração/Crítica/a huma Carta,/que hua^FUohgo de Hespanhalesereveo o
máro áe Usboa acerca de cer-ltos Elogios LiipUantJTtaiam também em suninn/do Ihrio
intitufaldo: Verdadeiro Methodo dejEsiudar, ele. e largamente sobre o Bom/gosto na Elo-

qfmdàJSeu ^M/or/Candido Lusitano./Lisboa./Na Officina de Miguel Rodrigues,/ Impressor


do Em neutiÉsimo Senhor Ondeai Flatriaica./MJXXMJ./CwR todas as UeeHças Mecasarku.1
i

Vendese na logea de Manoel da Conceição na Rua I>i>/raite do Loveto, juoto ao Conde de


Santiago. — (VIII) + 80 págs.. I04mm x ISTmm.

N^. Termina: Aldeagavinha 20 de Outulno da 175QL Gomo sabe. Cindido m
Luitnio 6 o paeodánimo do ontwiano P. Fknndieo Joaè FMn» que neata obm o uiou
pda primeira vez.
34. Juízo sobre a lUustraçào Criuca. Ms. 773v. da B.A.C.
NJB. — Limitai a resumir o Hvro anterior, emitindo o seu juízo enunciado no título,
em poucas Uniias, na última página (pág. H): Isto lic oní suma do que trata, o tal papel
onde conduo dizendo: he hum no teatro do bom
dos melhores papeis que lêni aparecido
gosto; e, se pdoe finrtoa ie ^N'''* w
aivoies, digo que seo Aiitor tem huina giande
de espedMi; boa Mocdba de termos, multo erudito « bum jdzo nnifto maduro pela aobie
digestio com que colocou tudo o que dice».
33. Carta/de hiun amigo/a outro amigo^iia qual se dejeiuiem oài tquivocos contra o
inátereto /«te, fw dettalfia o moderm aitko AtiAoe da obra MAidUr/Vecdadeiro Método
dc estudar. De caminho se' impugnam outros assertos th mumo Autíhr eothleemeiltet à
mesma matéria, — págs. (17S1) lllmm X 174ffim.
N.B. — InooCndo eadaicoe que «pdo tipo se conhece ter sido impressa em França».
O Catálogo precisa essa infocmaçio: «Sabe-se ser obra do P. António Pereira, da Coogre-
gitçSodo Oratório, impressa em Fáris, pelos anos de I7S0 a I7S2». Podíamos estranhar
que Barbosa, publicando uma lista das obras de Pereira de Figueiredo, em que até inclui
manaBeritoB,nlo8effBAraaealB. B contudo, cem lista foi^romeeida pelo pr&prioFsnira
de Figueiredo que, num Catálogo de suas obras, explica o motivo da omissão: «por atenção
aos Irmãos vivos de Luiz Antonio Vcrncy, author da Obra referida não tuera menção delia
no Ottaloso que deo ao Abbade Baibosa» (Catalogo O. 28-29). Num outro escrito leeo-
nbece-a igualmente por sua, na obra «De Verbo Dei» pág. 68, dizendo que se Imprimira
em no ano de 17S1 (3). Caí, pois, pela base, a suspeita de Vemei, que Julgava ser
Paris e
seu autor «José da Piedade», pseudónimo que o Barbadinho formou de José de Araújo e
Arsénio 4b AMMir.
Apesar da crítica de Vemci, ainda se publicou a Vera Theopolis. seu Coclestis urbis
Jerusalém Descriptio per aequivoca ab Antonio dos Reys, Congregationis Oratoríi Ulíxbo-
nensia Freabytero. Opus postunum. Liibonaeb 1747. —As
Hoenças alo de 1741 e 1742.

(1) MéR^ 397 nota.


(2) Son.
(3) Catálogo O. 28-29 e Dic I, 226.

Copyrighted material
—473-

36. Contesuçam/da CâliimniOM accmaçam ./Com que o Auihor do Verdadeiro Meihodo


de eamkv aceihlaa, entre cutrae eetuoM, a Nofõo Perttumm de pro^mmelar meme èem dhwr-
\(}\ vocábulos /.fl//«oj.7Provada com os testimiinhos dos melhores A. A. da Latinidade,/

huma carta, mandada/a hum seu amigo


OJ/erecidaíao glorioso/Santo Antonio/eyescrita eni
da de 8e(ir«L/For/loM|ih GMiuio,/il#cfli« de Gmnmatíea, elc./Lisb(»:/Nt OIBdM
Vflhi
de Francisco da S\WalABiioáBMDCCU.fCómtoda»ú$lkeiiçMmoe$MirkBj()CVTí + 3Spá«i
IMimn X nimm.
KM. — Oamuim do P. Paulo Amaro, SJ., o Autor do Mercúrio Filosófico e do Mer-
cúrio Oiamatical.
37. Aloysii Antonii Verneii/Equilis Torquati/Archidiaconi F.borensis/Apparatus/
iUyPhilosophxain ei Theologiara lAd Mwm/Luiitanoniiu AdoiesoentiumyL^/ 5ejc./Roinae
COI30CU (miVBx. l^pofraplik Faltadií/Apad Niooluiiii. et Muçum Pdevinoa/Sk^
rtonm Facullate. — \\\ 5?6 págs. 92mm 155mm.
N^. — Neste volume, impresso na Tipografia dos irmãos Pagliarioi, reuniu dois
timtMdiM» dIftwBiBa. Já em evta de T4v>745 amnieliva a Ktanitori: «OVatei da parte his-
tórica»nos iuwmne temm», bio i noe letmoa em que escrevera a Filosofia em Latim, que
julgava útil «para os nossos». Na segunda parte deste volume iuacfiu a hiftória da Ttoio-
gia que, a principio, destuiava ao curso dessa Faculdade.
Houve outra ediçfto, que te diitimiie decta, alo só por tão tra» o retrato do Autor,
mas porque u^^l^a^|Klgc^^wl^>k^pllciH>>cufvo^, cm vcg de qiwdw
as seguintes ditaescas:
...Sex./Editio ahera Retratactior, ele. Bmendatior./Romae CIDIDCCLI/Ex Typogra-
phia Palladis/Apud Nicomaum, et Marcum Palearino8/5i<p«riIorMm Faadtate. — XXIV
-^
534 págs. 200mm X 120mm. Inocêncio (1) afinna que O AgpanUus foi traduado em
espaithol, por D. José Maymò
y Ribes.
38. AlonU AntooB VcnMíi/Equitis Torquati/AidiiadiaooDi Eborensis/i>»/l^
Ad awíin/Lusitanorum Adolesccntium 7./6ri Quinque.l Romae CIDIDCCLI. (1751),'Ex
TVpogiaphia Palladis/Apud Nicolaum, et Marciun Palearinum./<Si4p«r»or«m FacuUate./
+ +
XI+(I) 16 + (II) 388 pái». 205mm X ]2Simn.
N.B. —
Alguns exemplares conservam o retrato do Autor. A dedicatória aos Jovens
Portugueses está datada de Maiço de 1748, e as licenças decorrem de Outubro a Novembro
desse mesmo ano.
A wgimde ediçio, que já não foi i mpwsia nos irmloB Pivllarini,tem o rmIo ifual
até: ... LIbri je.r.^Editio altera auctior, et emcndalior. /Romae CÍ3I3CCLV1F. (1757)/Ex
Typographia Generosi Salomonii/ln Platea S. Igpatú.l Superiorum Facultate. — XXXll
+ 3C2 + <I) págs. 19Qmm X 120nmi.
A terceira ediçio 6 igual à anterior, excepto: Editio tertia cmcndatior Olisiponc
CIOOCCLXII. (nfiQ/Ex l^pographia Michaelis RoderíciiJEmài D. Card. Pauiaicfaae
Typograpbi./Superiocum F!Maltale,/ac Régis privilegio.— XXXII + 3fi2 + (I) págk 9ISmm
XllSmm.
A quarta edição apenas difere das duas anteriores, no seguinte: Editio quarta auctior,
et emendatior,/Neapoli CIOOCCLXIX. (1769)/Ex Typographia Raymundiana/Superío-
rum Facultale.— XXXn + 3C2 + (I) págL 92mm X ISfimm.
Neste mesmo ano imprimiu-se também cm Espanha, com o seguinte rosto:
Aloysii Antonii Verneii/Equitis Torquati/Arcbidiaconi Hborensis/De Re Logica/Ad
ustnn/LusHaporum Adokaeeiithim/Libri Sei/Qinnte loh. Baptista Mumcala/Valnitiae

(1) Dic.. V, 226.

Copyrighted material
—474—

HedetanorumyCiDlDCX::LXViIil. (.176i>j/ln Olúcina Viduae iosephi Ue Orga/Superiorum


FeniiiMii.~XXVni +
408 péck IMmmx ICOmm.
inoctado Mianira qoe « Login foi tnulaiida em captoliol pdo Dr. Mafwb y
Ribes (1).

39. Ftefíir/Lx)ticae Vcniei«oae./Aflnf-*/ErraiM. AbsnrditatM. loefttiae/AIoyiii Anto*


nij/Verneíi/in opere inutili/De/Re Logica/Ad usum Lusitanorum Adolcscentium./Auctore/
Victoríano Censorino./Pampelone./ Apud Haercdes de Martinez,/ Bibliopolas ín Vko de
U&virretiàJ \imo M[>CCLSl.lSuperioruni ffrmissu.l(y II) + 113 + (I) págs. 94iamX 166inin.

aem indicar o número de páginas. Em Inocêncio não conseguimos topar rasto desta obra.
O autor é, aem dúvida, o P. Manuel Marques, S.J. nascido em Coimbra a 24 de Junbo
<|01711 (dlaloio I). BuboM MBdmdo tnz «sie nome, mat nlo liw atritai a obra. o
que mal le explica, mbeodo-se que, na «Carta Exortatória aos Padres da Companhia de
Jesus» revela ser o P. Manuel Marques o pretenso Vktoriano Censorino. Pina e Melo,
ciemos que mal informado, contndMo na léplka que lhe dirigiu (2).
O lino do P. Manud MaiqiMs foi poeto no Mbc lArnraM
de 20 de Fevereiro de 1753 e ainda há poucos anos \\ SC encontrava, iim O aflWllMiainillllH
i

da palavca pmdoaynius à Crente de Censurinus, Victorianus (3;.


Sobre o editor nlo há dávldas de que le trata do impraaor Manuel da Siha.
40. niuminaçao/Apologetica/Do/Retiato de Mortecôr/Em que apparecem com as
mais vivai oòics os erros do Au-/thor do novo Methodo. e seu Apologista, os quaea/per-
tendeo defender hum Anónimo, por alcunha. o/Doutor Apollonio Phílomuso. e ae lhe mos-
tflo/oa nuiitoa, que por malícia, ou por igno-/rancia cometteo./Cur/a escripta ao mesmo
AnonimojPoT Theophilo Cardoso da Sylvcira./Rcniettida á mcrcé/do R. Doutor Aletophilo
Candido/de Lacerda :/£ dada á luz/Por P. V. de M. e C./Parie I. 159 + I págs. lOSmm—
X Idémn.
Datada de Seixal, 17 dc Setembro de 1751.

Mais tarde, apareceu a 2.* parte, com rosto igual, menos o seguinte:
..Mfto Mediodo, e eeu Apologisu. os quaes pertendeo defiaider Iram Anónimo,
por alcunha/.o Doutor Apollonio Philomiêso, e w
lhe mostrão/os muitos, que por malida,
ou por igno-^rancia, cõmetteo. Carta escrita ao mesmo Anónimo/Por Theophilo Cardoso
da Sylveira./Remettida á mercé/Do R. Doutor Aletophilo Candido/de Lacerda :/£ dada
i hi^FOr P. V. de M. e C
Firle IL ld( — +
(I) pá|S. lOftnm X Idtam.

NA — Datada dc Seixal, 4 dc Março dc 1752.


Eitas duas partes correspondem às análises da I e da 2.* parte do Parecer do Dr. Apo-
íáidoFUomao. Eml7S2pid]ilÍooiMa(»r«n«'lii. queérespoataaoniapáginada2.*pa^
A mpeito da Iluminação escreveu Pina e Melo nas ConjerMu, pág. 16: Jilo passou
pela OOncicão dos Tribunais, assim como os fardos proibidos, que não passam pela revista
da Atnndega. O editor, porém, c que não conseguiu escapar às malhas da Inquisição, que

(1) Dic, V, 226.


0) KeqhSS.
(3) Inde. —
Sommervogd dia enadamente que foi posto no «Indioe» de "t^^^h
em 1753. Percorremos várias ediçOes e cm nenhuma encontrámos tal sanção. Apenas
no liuhce General de los Ubn» prokiòidos, Madrid, 1844 é incluído o nome de Victoríano
Owiswiiuo^ nms oom um shnl em que SomnMvosri provivBlineiile nlo icpanm e quer dter
«Los Libros prohibidos por S. Santidad segun el indicc imprcso en Níalincs. que se han
intarealado en sus respectivos lugares en el presente, llevan delante este signo +» (cf. pg. 6).

Copyrighted material
—475—

a 4 de Março de 17S3 lhe ouvhi a ronfiwio de ter dado ao prelo esses e outros volumes
«aam licença do Santo Oficio»» «de hani aono a esta parte». Parece assini, que a 1.* parle
ji se terá imprimido dentro doano de 1752, saindo a 2 », meses depois. O editor chamava-se
Muniel da Silva, «impressor, aoltdfO, filho de outro do mesmo nome, çapateiro, natural
e mondor de Lisboa». FoipnM)a2SdeAlirlldeiaeaiiodel7S3(l>.
As duas Iluminações pertencem ao autor do Rgtrato tk Mcrtteor o P. FiaiwitCO —
DuaitBb SJ.| de que nos ocupámos no a." 23.
41. DiBlo|o/IdeoaBrio;/Em que «e controverleni, e «xamialo/oa flmdamentoa das
roatariaa do/lmnw MeloáB de estudar,!A» ohjecçoen s dos seus ímpugnadores,/ e se reaolwe
oquepanoe verdade, e conveniente./Por hum homem desapaixonado, que/nãojura (como
lá dlMOD/Ai verbo nvvís/ri/Valensa./ Na Oficioa de Antonio Bak./Ano de M.DCCLI./C<7/n
taáu m Ucmgãt «le. —
9t + (I) pdcs. lOSnun X ltf8nin.
N.B. —
A edição deve ser de 1752, já porque os exemplares que manuseámos (da
B.NX. e da B.A.C.) têm um I acrescentado ao ano. já porque a 1.* parte da Iluminação, que

•INUVW citada no lMd&ifo,é de Setambro de 1751. O dnliivo taoMai indica 17S2. Teiá
oomeçado a imprímir-se no fim do ano e aparecido i venda, no ano seguinte.
Quanto ao autor, não restam dúvidas de que se trata do Dr. António Isidoro da
Nóbrega. L nome, até ao presente, desconhecido na polémica Vemeiana. O Catálogo
atribui4he o DUIogo JoooaMo e a Qnutrku Barbosa MMtedo (em um artlfo sobre
Nóbrega, mas esquece esta obra. Em compensação indica outras que no título manifestam
ciaras afinidades com a primeira: Sonhos critico-Jocosos em prosa e verso e Diálogo anui-
tofio Joaairto. Dii dele qne^ aeodo «mnilo perito na arta da sua IMIbbIo (médiooX o
nlo 4 OMBOB aa cultura da Poestae Santos Padres, Gavaleiro professo da Ordem de Grbto,
Famfliar do Santo Ofidoe Secretário perpecttio da 8odedBdeMédiGO>Lusitana». Advirta-ee,
por fim, que a Grosseria é defesa do Diálogo.
Sobre o titulo da obra ha que notar um erro de Inooêndo, nlo corrigido por Brito
Aranha: é Diálogo Jocosério c não Diálas.'o Apologético.
42. Gro8sena/da/iluminaçam/Apologetica,/pelo que respeita a uhma (.nc)y página

da segiunda parte, em qtie seu Autorn^eofiteCardoro da Silveira, preeunito/ciiticaro/^^


Jocoabioi /Notada e descoberta por/Fulano indiferente./Valcnsa:/Na Oficina de AatOOio
Bale./Ano de NÍ.D.CC.LII./Com licenças e/c —
30 págs. KXhnm X 16Snun.
A do Autor, ver o que se diz no número anterior.
respeito
43. Adverténcias/ao Impfcssor do R. P. Theophilo Cardozo da Silveira paca/se^vÉler
na segunda cdisam da Iluminasam Apologética do/Retrato dc Morte Cor, desorteque saia
uma obra digna/de se-atribuir a tam grande Mestre. —
8 págs. 136nun X 185nun.
N.B. —
A reapeHo do autor, higar e ano de impvessio, nada esclarecem os biblió-
grafos, O Catáloffo c Inocêncio limitam-se a incluí-la entre as obras da polémica. Mas,
já pelo que nela se trata c modo como isso se faz, já pelo sinal inconfundível da ortogra-
llacanwMrbtica, pode atribvlrae, Mn
ceoeios, ao Butadinho. Quanto ao ano, apenas é
Itdto afinnar nAo ser posterior a 1^12, data da 2.*ptile da JboiíAMVilvqaedisflcarcape'
rendo. Será, pois, dc 1751?
44.Balança/intelkctual,/e/ii quejSc pezava o merecimeoto/Do/Verdadeiro/Methodo
de BMiidar;/qpN/BO nhnlitNiinoJa DwcMbbHwIbw 8ealioi/Mavqoe^/dB AbmalmíQOkme
IPaadÊCO Pim/e de MéúoJMoço AdUip» dt Cua Rtal, * ÁeâimÊe^ékt Academia Mtal,

(1) I>apel sem titulo, que pelo conteúdo se v6, constar de nomes de pessoas pmaai
r.r. — Santo Offdo. Papeis avulsos. Efet 163, Prat 7.

Copyrighted material
— 476 —
/+/Litboa:/Na Officina de Manoel da SilvaJMJ3.0CLU./Cofn as licenças necessárias,

€ prtr, M.— (VlII) + 238 + (II) pip. 92iiim X lóSmm.


N.B. — Sofreu pudw demorosas a publicação da Balança, de tal sorte que iniciou
a carreira «em um votame manuscrito». «Francisco de Pina meteu o livro no exame dos
Tribunais pedindo licensa para inqnvsam, dilatotMe mais de um ano nas censoras; e por
esta cauza se rezolveo o (sic) propôr um Memorial na Meza grande sobre as razoens que
avia de lhe nam n^r as licensas, e dali a poucos dias foram servidos os Senhores Deputados
de Ibe mandaiem entregar a Balansa com a premisam de se emprimir e com os reparos que
nw flamm w
Qualificadores que eu aqui vos treslado» (1).
Obtida a autorização do Santo Oficio que lhe fez emendas, a Balança passou ao Arce-
bispo de Lacedemónia, Vigário Geral do Patriarcado, para as licenças do Ordinário, e o
Uvro foi raviíto peio P.Rrei Frtmcisoo Augusto, «um dos fflUhoras BmbiiIkw da non
M.
Corte e destinto em da Religiam Carmelitana», que nada teve a opôr.
Letras,
45. Fiel verdadeiro da Balança Intelectual (1752). Por António José Guedes Pereira
Vakntáo. Nenhum bibliógrafo, que saibamos, viu esta obra, nem conseguiu identificar
o autor. Barbosa Madiado, como ji notou Inocêncio, redigiu de tal forma o artigo em que
•eociq» deste livro que deixa o leitor perplexo. Em Lisboa, na Oficina de Manuel da Silva
iogprimiu-se em 1752 a Balança e cremos que não o seu Fiel... Este sempre terá ficado manus-
crito, como se Infere da noticia do CtíMtvo, que se Itnuta a apdr a data em I7S2, Mm indicar
o lugar de impressão.
O nome do autor nio será pseudónimo ? Conhaoemos
ao nintrissimo um MUogio
« Budkntissimo Senhor Antânio Gnadea Banira, Qtvalkíro professo da Ordem de ClniitOh
Rdalgo da Casa de Sua Magestade (...) Escrito (...) por Jeiteyrno Tavares Maacaicnhai de
Távora, Lisboa 1739. Mas decerto, nem se tratará de pessoa de família...
46. Carta de Fernando Leme Fico de Lirca para D. Ambrozio de Cineros e Aiaia
sobre varias matérias, e principalmente moetra a dita Carta que couza sega a Juiisdisam
Edeziastica, e donde lhe provem, ecomo foi entreduzida e por que modo é executada oje.
NJB. — Na 1.' do texto: Cárta de Fernando Leme Pico de Lirca a
página, antes
D. Ambrodo de Osneiroe e Aiala, aobre a Balança Intelactiial de Ptawciico de Ftoa e Mdo.
— Ms. de 50 pgs. nào numeradas, peftencMte ao Dr. HrandKO da Gama Caeiro, AwiitBnte
da Faculdade de Letras de Lisboa.
47. Carta/ Apologetica/de hum Anugo a uuiro,/Eni que lhe dá conta do que lhe
pareoeo o primei-/ko Toam do em que daAnde alpniB
Verdadeiro Metfwdo de estiidar,M
Autores nele/criticados :/A qual se ajunta/HumRomance do mesmo Autor, escrito na
OGcaVziáo da morte do Augusto e Fidelissimo Rey/de Portugal, o Senhor/D. Joam V,/de
Saudom MBmoria./LidMia :/Nk Qfflcina de Mro iWreira, Impfetsor da Ai^^
Nossa Senhora./Anno do Seohor de MDOCLUI./ Com todas as ttceafas metsiarlat.
— (XII) + 38 págs. 95mm X 168mm.
N.B. —
Na página 30: Lisboa, 20 de Setembro de 1750. De V. M. amigo muito
«britado e %mwnidor, M. M. R. —
Aa aprowaçflm tfo: do Saolo OfMo^ aminada pelo
P. Paulo Amaro, S.J. e do Paço, subcrita por Filipe José da Gama e Tnácio Barbosa Madiado.
— A partir da página 31 inclusivi: Epicedio na ocasião da morte (...) de D. João V.
Qoanto ao autor, boofindo e Murtinlio da Fonseca deaenvolvem ai inidais apontadas.
Porém, o Cat. atribui a Carta Apologética a Manuel António Castelo Branco. Joaquim
Fenctia, sem explicar porquê, dá^lhe Gomo autor o editor Pedro Ferreira. (2). No exem-

(1) Carta F.
(2) Verdad, 225.

Copyrighted material
—An—
piar da Biblioteca Nacional escrevcu-se a tinta: Luis Borges de Carvalho. Vemei respondeu
a FOipe José da Gama. na que tntítulimos 17.* Carta do Vniaàáro Mttoâo dt Esttidar.
48. Advertências/Críticas,/e/ApolQgeticas/Sobre o juízo, que nas matérias do^B. Ray-
ntundo Lulloyrormou o/D. Apolonio Filoaiuso»/e communicou ao publico em a resposta
ao/Retrato de Morto-Cor, que coi»-/tni o Autor do verdadeiro Me-Ahodo de estudar dcreve
o F^e\ crendo Dotitor/Alethophilo Candido de/Lacerda r/Satisfaz-se de passagem aos Autores,
em cujo testemunho i^fundou o D. Apolonio./ -f /Coimbra :/Na Officina de Antonio
Simoens./Anno de M.DCCXn./Com todas as licenças necessárias./! 22 pgs. lOImmx 182mm.

N B. Inocêncio regista esta edição, a Anlca que cona^ímos encontrar. Baitaa
Machado, porém, cita outra edição de Valença, na Oficina de Vicente Ballet IMS dO IMMM)
ano. O Cat. só conhece esta última e assinala-lhe o ano de 1753.
Quanto ao autor, todos os WbHócrafosO) ooneordam, tnitar«e do fhmciacano Frei
Manoel do Cenáculo Vilas BoM, que foi Arccbi-ipo de ívora f2). Cenáculo, porém, refe-
rMB ao opúsculo oestes termos: «£m matéria de História deo-se à luz buma Apologia
em flivor do Doutor Ilhinynado Raymundo LaUo» Mu
o Cronista da Ordem. Frei
Vicente Salgado inclui o volume entre as suas olns(4).
49. Discurso/Apologético. 'eni que se mostra ser/injustamente criticado pelo Author
do/ Livro intitulado: Novo mcthodoyde estudar/o soneto,/que fez o Dezembargador/Luiz
Boises/de GstváUio/Ms morre/da Seveniasbna Influita/k Senhora/D. Francisca/Dir saadota
memâria/t/Coiíiriimr/Anno de 1752. —
13 págs. 102""" IM""'^
N,S. — Coohece-se nuis de uma cópia manuscrita deste folheio. No manus-
crito 188 V. de F^. Vicente Salgado, que se guarda na B.A.C encontra-ae um apógrafo, com
a nota, no índice do volume da nisosliiMB: «Cuido que nunca sahio impresso».
Na B.P.E. há duas cópias — uma, no cod. CXIl/l/35 (pgs. 87 a \Çf>) com o título:
Papd, que se entende Jez o Dez.or Luiz Borges Carvalho em dejc/ma da critica, que no
mttoedmie fiurtb ao $ea aamto^ e m
dufimui taiiéem dia imow moierte da í.*i outra,
cod. CV/l /9 (fis. I«9), que ao fundo da pg. 9 observa: «Este papel he fc\ to pello Dr. Luis
Borges de Carvatho»; uma terceira, no cod. CIX/1-10, n.° 3 (6 tls.>, sem indicação de
autor (5).
A atribuição do folheto ao Di Doi ges de Carvalho cfa^u mesmo a correr impressa.
Assim, a «Conversação Familiar» (pg. 279) diz: «...como lhe provou concludentemente
o douto Autor do soneto feito à morte da Senhora Infanta D. Francisca». Refere-se, aos
ap^rafos que corriam de mão em mão, visto a «Conversação Familiar» se ter hnprimido
em 1750 e o «Discurso .^poloBetlco>> s6 dois anos mais larde
Pareoe-nos, no entanto, que poderá ser indicado como autor, Joào Ferreira de Afai^
partindo do próprio dado. fornecido peio Dlaeune, da que, quem se propds «qnmir pdo,
(seu) voto e também pelo (seu) crédito» a critica de Vernei, é o mesmo revelador do soneto
quando se imprimiu (pg. 5). Procurámos, naturahnente. dentre a numerosa bibliografia
publicada em 1736, o nome de quem agom se ocultava. Segundo Barbosa Machado,
o Desembaigador Lub Boi|es de Gsrvalho publicou um fbOieto intitulado «A Morta da

(1) Todos, excepto Sommervogd. BiU, IO, 225 que, talvex por mem odoAnIo,
o averba no nome de Vemei.
(2) Sobre o autor ver Fr.
(3) Cata, 275
(4) Memórias, 204.
(5) Inc, n." 23-24, pg. 29.

Copyrighted material
—478—

Smoíttima Seohon D. Francisca Infanta de Portugal. Três sonetos foi. sem ano nem
lugar da ediçta». Com efeito, no breve Catálofo Papeis à morte da Sereitíuima Sadmra
D. Francisca impressos até agora, inserto na 2.* parte de Ace, nota-se laotaicamnle: «trts
sonetos, c quatro decimas do Dezembargador L. B. de Carvalho».
Temos conbecimcnto das Qtiatro décfams e de outros tantos sonetos, com as seguintes
edições: Sonetos — 1) DUatado poder na crueldade (O criticado por Vemei) (1). In Senti, 9:
Soneto VII). 2) Que choras Portugal! A sorte impia. Publicado na 1.* colecção de Senti,
19. É o Soneto XXVII. 3) Aceita a dor ardejtí*, à bella Iitfante. Publicado na 2.* colec-
ção de Senti, 16. Soneto XXVII e em Sos. Soneto XV. 4) Smpemk Orjplm ábento,
Orfheo sentido. Publicado em Epic.
Didmas — Apenas conhecemos as edições dc Sus, 23-24.
Em vMa do que flcft cxpocto e partindo do princípio de Qoe nio existem mais edições,
o none procurado parece ser o dc João Ferreira de Araújo, ou o de quem, primeiro publicou
O toneto «em folha». Afigura-se-oos mais provável o de Araujo, visto que, sendo conhe-
cido como divulgador, bastava lembrar esse facto, para ser identificado como autor do
Dlseuno. bto, porém, na hipótese de deeqlar tMo. PoiqiN^ ao ciao oootririo, tudo isto
é disfarce e o verdadeiro nome do autor fíooQ wcoodldo 0 nda cottt a cmr que fo«e real-
mente o próprio que recebeu a ofensa.
90. Anafisis/do qoe se contêm no !.• Tom. {ntita>/lado/V«rdadcyn> mefhodo de
eUndar para 'ser útil Ms. da B.P.E.. Còd. CXII '1-35. 3 + 84 pgs..
.

N.B. —
Resumo e extractos, por vezes longos, de algumas cartas do Verdadeiro
MHoàf dt Bitaiat, inclwM do 2.* voL, com comentários à margem de pouco interesse.
Na foi. 1 16«:
«Principaes Matérias que se tratão em dous livros que se dl? forào impressos em
Valença, e vindo, como he costume ao Santo OfBcio de Lisboa para se approvarem, disser&o
todos os Revedores, qoe se nio devia dar licença para que corressem, por cuia razio ficarlo
no 8w Oflfcio. Hum dos Rcvcdoree leve a curiosidade dc trasladar delles os apontamentos
iriilinifl. em que o animo sa^nfeo^ maldizente, c picante de seu Author, contra todos
se ve
oa homens grandes do Mondo. Quii o Autor ftar soa esta obra, porem nlo o pode coo^
seguir porque tudo he tirado das cartas do Marquez de Argenson, nas quais satyríza os
Authores da sua Nação Francesa, em alguns defeitos que lhe nota; mas como o animo do
Autor deste livro, excede na maledioencta a todos, seguio ao dito Marquez, ou o excedeu
em oridctf os homens mayt doutos» QiwtsiB tevido^ nMS oon estilo tio indlflOfly oomo se
verá, no que se conclue, que o que diz bom, não he seu. e o que ellc fez, para nada presta».
51. Para a reposta das Cartas do Methodo. Ms. da B.P.E.. Cód. ClX/1-9, n.« 3.
19 fli.. queporveaesooplgtporveasiesnme. Por isso e por notas a propósito, ooodui-ae
que estamos em presença de apontamentos para mais uma critica (2).
52. Seretdssimo Prbie^ilLadoyioolBuigim^ac Duci/Galliarum Delphini Filio/Chris-
tianisslmí Regia/Ludovici XV./Nepoti/Carmen Genethliacum./Romae MDCCLII./Excude«
bat GensnMus Salomoni/In Foro SanctI Ignatii/A(ptrion«f POadtate. — XIV pága. 132mm
X 211 mm.
N.B. — Na Dedicatória lè«e: Petro Guerino Tencino Cardinali Archiepiscopo Lug-
dunensi, Ordfaiis Spiritus Sancd Egnfti Commeodatario Aloyshis Antaah» Vemeins Eqnss
Torquatns AidddiBoonas Eboesnsis SPJ>..

(!) V. 2 '
voi., pg. 285.

(2) Devemos o conhecimento dos méditos de Évora ao P. João Pereira Comes.

Copyrighted material
Ai informa que o Autor do poema é João de Luca Veneto, corani Pontilicem Máximo
ExamiiMUoiciii Epíscopormit ImiiiiHWii ct Mwrit ct prafimii Uttcfit doctiHÍniB cnidltuin,
niagniim Franciscanae fainiliae (...) Roma, KaL Deoemb. (30 de Novembro) A.C.N.
pridie
M.D.CCLTI. Vemei é, pois, simplesmente editor do poema. Leu-o e gostou tanto que
decidiu divulgá-lo. Dedica-o ao P. Guerino, pelo assunto e «deiode oetera et bene multa
offida erga me tua, quae jimpridam aliquid a me flagitare videbantur, quod sob too nomme
«ppareret. ut extarct nwaumBiiHim «Bipiod, qood omm in toolNernHBtiunctgntninani*

mum ostenderel».
DefwJs da morto de Vemei fSoi enviado, em 1792, ao P. loaé de Aavedo^ OratociaiiOb
«altro involto contenente cínque copie stampate di un: Carmen Genethltacum Sereniwiroo
Principi Ludovico Burgundiae Duci, fatto stampare dal med.° Sigr. Vcmey».
Si, Mercurío/Philosophico/Dírigido aos Philosophos/de/Portugal,/com a noticta dos
Artigos, que/na Dieta Imperial da Philosophia na Ses-lsão V. se consultarão, e manda-/rfio
propôr/á 'Ph>sica Fxpcrimcntal/da Real Casa/das/Ncccssidadcs,/o fim de estabelecer hiinui'

perfeilapaz entre a Philosophia modemajc antiga./Por/Philiarco Pherepono./ +/Em Augusta :/


hte Imimom de Mwtiidio VeidL/Goiii Ifempv. Anuo ét 17S2.—79 pigs. lOlnm X 164mm.
N.B. — N3o é exacto o nome do editor, que realmente sc chamaN-a Níanuel da Silva.
Foi o mesmo que editou os dois volumes da Iluminação. Pbiliaico PbetepoDO é pseudó-
nimo do P. Paulo Amaro, da Companhia de Jesus e nlo de Fhmciaoo Antâoio, como pn-
tonde Inocêncio, seguido de Sommervogel. Di-lo expressamente o Cat. Sobre o autor,
nascido cm Lisboa, a 15 dc Janeiro de 1692 (T.T. — Minist. da Justiça — Ntaço 20) e que
veio a falecer em 23 de JuUio de 1737 (F.G. da B.N.L., n.° 4.S0S, pág. 1 19), ver Merc pág. 384
Al pode o leitor ver tainbém um icsumo da obra e, a pig. 391, a tranacriçio da itferlacia
a Vemei.
34. Recreação/Filosoãca,/ou/Dialogo/Sobre a Filosofia Natural/para instrucçào de
peasou curionSt/qne nlofiwqaeBt M
lo as anlas, /Por/Theodoaio Eugenio/Silvio./Tomo 1/
Lisboa/Na OfSciat dsMitad Rodrígues,/Impres. do Emín. S. Cardeal Patriarca./MDCCLI./
Com todas as licenças neetaarittaje PrhOegio Real (XXVIH) -i- 330 + S pág. de estanqm.
2.» ed. 1733.

N.B.~Eil»ediçloiiNe>eamDiscuiMPiPdimimuriailmabtoria da FOoeoâe, em
que é bem manifesta a influênda de Vernci. ?.» ed.: 1758. Os 10 vols. de que a obra
consta, não saíram todos juntos. O plano inicial foi mesmo, muito ampliado. Por isso,
as ediçta dos «árioB tomos nio ooinddem, voriflcMido^e ineHiio bA
foram reeditados. Como não é livro ftandumeolal d» poiWmica, a nossa informacio biblio-
gráfica está longe de ser completa.
35. Pa]inódia/nianifesta,/ou/Retractação publica/ de muitos erros, carocas, e falsi>
dades,/que a hum pobre mfidloo, diamado Sylvio,/bam homem,/máo Pliilosopho, e peior
Peripatetico sc encaixarao'na ultima tarde da Recreação Filosófica, aonde fez a/figura de
mantenedor pela líscboia de AristoteIes./Z)« ouira sorteJErcve Summario das razoens.
que por si aUegio os Phnosophos/da moda, e os antigos nos principaes pontos, cm qoe/dis-
cordâo:/Obra utilíssima para o século presente, em que athe as creada<.'de escada abaixo,
e/rio, & se ptezão de saber muita Philosophia./
e as mulheres de pé descalso, cântaro,
case ao FabUeoffitlo mesoM MUko Sylvio./ Dm Amina carta, «wr ka poaeo rgetbeo de Meu
Igramie Amigo, e oficial do mesmo officiojo Senhor Doutor/Famião Ferrão Phílalethe./£>i
Sevilha en la Imprenta de Antonio Buccaferro. —
95 péfk llSmm X IdSmm. Termina:
Tavira, 18 de Março de 1732.
56. Novo/Mett»odo/da/OnmMnatka/Latina,^Fflrw mio das Escáhs da Centnt»'
ftfs/db Ontorlol'S& Real Casa/dc^N. Senhora/das Necessidades, 'Or^/cWí» e eomfOUO
péla Coihfgregaçõo.lUsboà, Na OÍBdna de Miguel Rodrigues,/ Impressor do Bmbi. Seoh.
— 480—
Card. Patríafca./M.DCC.LII./Com as licenças e Privilegio HMtf. — CVII + 319 + (I) págs.

74inm x 128mm.
N.B. — Autor: António Pereira de Figueiredo. A este respeito, ver o n." 78 desta

Bibliografia. No ano seguinte publicou-se uma segunda parte, igual no rosto, excepto: (...)
Pitriaiai /M.DOC.Lin./Coiii as Ikenças neoeanrin e PrivOegto ReaL/LXVm + 69 págs.
— Na nona edição (Lisboa, 1788) suprimiu-se o «extenso e erudito Prologo», que refutava
o Mercúrio gramatical. De 1844 —
Lisboa, vimos uma «aiova ediçio» que junta as duas
partes.
37. Novo l>irtliodo,/ou/Aite/das/NecBsiidades./0/i^ergcwto aos qut canam mu
Escol(i<:!da'i mesmas, pelos curiosos da Grammatica mais corren-'te. Obra necessária,
e proveitosa, que athegora se não/tirou a limpo./Lxpedida na Ofticina secreta do Cano
Realjffa Timami doa Aga eM
oa, Janto ao Beco do» fi|wvin<dM./AGliane4ii na Roa atfas
dOB Aljabelos» ao pé do muro. —
8 págs..


N3. No fim da última página: Sevilha: En la Imprwia de Rodarte Caiam, Bor-
rador de LAmM. Ano de 1752. KDmm X ISOknm. Foi innw i Mii oo Pçrto, sem Uoença
da Inquisição, que o considerou «cscandallozOb loNlIcnIe e fayufioao à fteçio» (Vtr Ap.
doe.. O processo das ciUçõcs clatuicstitms).
Sobre o autor, esclarece o Catálogo citado DO ntalMO anterior, que «foi hum Jesuíta
de Brap».
58. Ultima resposta/Em que sc-mostra/I. Que o R. Elogista, de c o R. Severino
S. Modesto nam/provam o que deviam. II. Que a doutrina do Barbadinho,/e seos defen-
toras é cm todo conforme oom a dos/mais doutos e acredhados Jezttitas./Eaarita polo/
Senhor Gelaste Nfastigophoro ao Senhor Jozé da Piedadc,lprocurador bastante do JC Eh-
gista, e autor da Cartaiàt um amigo a outro./Em Sevilha./Com todas as Uçeasas meeMOias.l

ISO págs. i30nun x 190mm s/d. (1752?).

NA — No fim, depois de icvdar (pie também leu a Contestação de Jtmt Caetano,


o Autor envia recado para vários: «...E isto expUcareis também a outros papeis mss. que
correm e estio para correr...» (pág. 130).
Ai«qMlto^aiitoria,MBarix)ea,cm 1759, aatribuiaVcrnei(l). Sobre a data, Ran-
dno Rodrigues pranoncia-se pelo ano de 1730 (2). Somos de parecer que se deve prafair,
como mais provável, o ano de 1752, porque cita obras de 1751 : a Carta de um amigo a outro
na qual se defendem os Equívocos e a Contestação da caluniosa acusação. Respondendo
a oinaa de 1750 e 1751, é natutal qtie o tenha fèito na primeira oportunidade, que panoe
ser o ano de 1752. Contudo, o Catálogo aponta o ano de 1758.
59. Papel de mataburrão:/A que passaram./Envoltos em pretas lagnmas de penoso
íoatromento, oe sen>Aidiaeimoe ays, e doloroeoe gritoe/da Seiriwra/D. Oramitica,/bObTO
as/coiKlusoens/Publícas,/Que no Hospital Real da Corte de Lisboa se defcn-i'dcrão aos 30 dc
Abril deste anno de 1752.1 Dado ao PublicolPorfPapkio da Nfata./Castanho./Prezado leal
Amante da mesma Senhora./Madrid:/£n la imprenta de Freiser Guevarz./12 págs..
60. Borrfo/lancado no papd/de/Mata Burrito :/ou/RoIha de Papel Fino/para tapar
a boca/à Senhora 'D. Gramática, 'e sofTocar os seus atrevidos ays, )! Expostofem huma { . .

CeiUilDo Padre José para o Author do Papei de Mata BurrãoK...) Madrid :/£n la Imprenta
de Flrancisoo Ooevara.— 23 pdfs.
61. Discurso/Politico, Historico,/e CriticoJ Que em fórma de Carta esereveo a certo
lAmfgofFmríieo Botelho de Moraes e VasoonceUoaJPaasando deste Reino pêra o de

(1) Bi. IV.

(2> Hístkr, IV-318 nota.

Copyrighted material
-481 —
HtÊpmhnJSobrt tJguns abiaos, que notou em PortugallUsboalNtí offidoa de Frandsoo Lutz
Ameno (...VMJXXUJIK...) 22 piai.
62 Acordo COgenhoso./Que conduz a estabelecer 'Paz enirc os Alvarístas, Sanchistas,
e to-/d(M OB gnunmaticos de bom juizo./(.--) Por Amaro de Roboredo, &c./Lisboa/(...)/1752.
63. AdvertfinrliH/iwwiariiiB/ftuía do gnmde Prologo de hora Ihnro/
a inielligBneia
intitulado/Novo Nícthoclo,'dc Gtanunalica, Qiic compoz a sabia Congregação do Ora-
'

tocio, para uso/das Neocssidadea (...) Por Bomgénio Fleumatico/(...) Em Augusu. Na


imprensa de Maitndio Veidi./Com licença dos Superioraa da Ihealdade OiammaticaL/
Anno de 1753.— 7 págs.
64 Defensa/Apologética. /e'Jocoseria/da famosa, e nunca assas louvada Arte/Latina/
do grande/P. Manoel Alvares/da/Companhia de Jesus,/ Contra as modernas impugnaçoetis
9 frfwku dtftUo$, qm mlmumm Aru UátMom ànceMt « Cmtngu^ í^Omorio iÀh
bonense no seu Novo MetílOdo dajGrammatica Latina. Anno dc 1753/Author Francisco
Urbaoo de Amaral, Mcitiodci/Onuiunatica na ^mçosxa.j Responde-se às primeiras, e aifee^
Uléu notOM d» frriogo é> NotolMethodo pag. Ví. 28 págs. —
No Colofoo: Barcelona: Por Alonso Ortiz Carrilo, Mercador de Libros.
65. Estratti,T3cIIc Duc Opcre7«/;7o/fl/f 'A!insii Antonii VerneiiTJe Re Logica/£]f/
/Apparatus Ad Philosopliiam/Et Thcologiam/í>. luni. 2. Romac 1751. /Pubblicati nel
Oiomate DeXeMerati di Roma/^ gU Auú 1752, e 1753./(gniviin) In Roma MDCXXIIL/
(1757) Appresso Niccolò, c Marco PafjyarinL/ Con Liceoza de'Superiori.—27 páflk (BM.
Casanatense, Ronoa, Misc. io fogl., voL 229).
ti6--Ertratto/DdIt)peni/liitítoltli/Aloyiii Antonii VenwH/Ecpiitis Toiquati AidiH
diaconi En)orensis/De Re Metaphysica/Ad umn Luiftaiiorum Adolesccntíum 'Ltòr/ IVJ
Romae 17S3 in 8 Apud SaiomomumlPubtitícato nel Oiomale de'Letterati di Roma/per gli

anot 1752 e 1753/(gravura) In Roma MI>CCLIlI./Apresso Li Fratelli Paglia-/riní/Mercaoti


di Lflwi fiatampatori A Pasquino— 18 pég». (BiU. Nazionale di Firenn^ 264bM7<^.
N.B. —
Depois do seu falecimento em 1792. foi remetido para o P. Joaè de Azevedo,
do Oratório de Lisboa, «altro involto contenente quindici copie stampale di un: <^tratto
ádropem IntHolata, «AloytO Antonii Veroei— De Re MBtaphyrica». (Ver Ap. Doe.).
67. Carta do P. João MoiOanha, S.J.. possivelmente redigida na última quinzena
de Fevereiro de 1 753 e endereçada a Francisco de Pina e Melo. Deve ter ficado manus-
crita. Referência, na seguinte.
68. Cairia em resposta a outra que lhe mandou o JoIO MonUldia, da Companhia
P.
de Jesus. Os bibliófilos não sc lhe referem (1). Montanha nasceu em Coimbra, a 13 de
Maio de na Companhia de Jesus a 29-6-1720. {Catalogas, pág. 100).
1706, entrou
Foi deportado para ItiHa, fitkoendo «m Roma. a 27 de Maio de 1764. (BiUi, Soplénient.
Tome xri, 582).
69. pistola de Frmebeo àe Pina e Meio a Vernei, de 8 de Junho de 1753 e outras.
Ver EptaotMo Venekmo.
70. Cartas./em que se dá noticia da/origem, e progresso das SciendlI^^BIcritM ao
Doutor/José da Costa/Leitão por hum seu amigo,/E dad^T; a hi7 pelo mesmo para utili-

dade/dos ctiriosos./Lisboa,/Na orticina dc Miguel MaiicM;al da Costa, Im-/pressor do


Santo OfHcio./Anno MJXX.LIII./C!»m loáu as HeeHC» meesaaiias. — 189 pág». lOSnun
X 162mm
N.B. — Barbosa Machado indica o ano 1751 em vez de 1753. Serão ediç^Ses difc-

(1) Cat.

31

Copyrighted material
-482—

rentes ou simples lipn? O exemplar que vimos, insHc uma Carta com t^oMndai de
rnhgp snriimnli por J^. 411 segnindo^ a Ovm nt a partir da pag. 49. Parece, pois,
que o livro se não publicou de uma vc? só, o que talvez explique aquelas duas datas.

Sobre o autor, há profunda divergência entre os bibliófilos. Martinho da Fonseca apre-


senta, sem reservas, o nome do Dr. Joio Mendes Satpietti Berbose e Inoo6neio faidiíuhee
mais para esta versão. Já noutro lugar M) mostrámos, um dia, a incompatibilidade de
semelhante autoria. Barbosa Machado atribui as oito cartas a ¥t. José de S. Miguel,
moDgc beneditino. O CiOábgo das obras erlltm, a respeito da VJÍ.E. (2) apraiiniMe
de Barbosa Mediado; «Cartas em que se dá noticie de origem e progreew dee ciências,
por Fr. Jacinto de S. Miguel, em 175.^ Acrc^nta, porém, que é seu genoino entor, o
Dr. Joeé de Costa Ldt&o —
nome que Inocêncio não regista.
71. Soàho tão daro qm se fex dormindo. Anathomia Religiosa sem mais nem mais.
(Ms. 185v da B.A.C. —
Códice de Fr. Vicente Salgado.).
N.B. —
Na última página, referindo-se à proibição de Arfar Logieae KerasAeMw,
Índice o decreto da Sagrada Congregação desta fonna: «...de 22 de Pewereiro deste premie
Asno de 17S3>».

72. Aloysii Antoni! Vemcii/Equitis Torquati/.Archidiaconi Eborcnsis//)í' Rei, Mcta-


pbysicaad usum / Lusitanorum Adolescentium (Ubri quatuor. j Romae Cl JOCCLllI/Ex
/

TVpogrepUa Generari 8elomoni/iD foro 8. Ignetii./Superioram Fandiate. XXXn 4- —


240 pág. 90mm 159mm
N.B. — Encontrámos um exemplar com fotografia do autor, igual à que saiu no
Apparaius, a qual designamos por B, em oposiçlo à anterior, a que nos referirenMS por meio
de letra A. Na edição A, a dedicatória ao Monarca português vai da pág. III à XIIII e
sem a data: Roma fsic) Kal CIOOCCLIII. seguindo-se, na página XV, a dedicatória
April.

aos jovens portugueses. B a dedicatória ao Rei vai da pág. III à X, com a data:
Na edição
RoBsee, Idibos Septend». A.C CÍ3UCCL. Segue^e a mesma dedicetâria aoe jovens
portugueses, com a numeração XV. tal como na edição A. Existe, pois um salto, da
pág. X à XV. Enquanto no fim da página da ed. A que precede a dedicatória aos jovens,
se 10 AIoy— (de ftoto^ o principio de página eeguInteX ne ediçio B encontre-se Ani —
que, portanto, não corresponde i págim seguinte.
A dedicatória ao Monarca 6 desigual nas duas edições, até à pág. VI inclusívé. Desde
a pág. Vil até à X inclusívé, são diferentes. Depois da pág. X, a edição B repete a numera-
çlo Vn e legue até ao fini, com tipo difiwenle^ a redecçlo nova, isto è. nem repete a redaoçio
da pág. VIT nem o que sc diz na edição A.
Em suma, a edição B tem da A, o seguinte: Rosto, quatro páginas da dedicatória ao
Moneree, iniTometidtt nee pigines VI e VO; dedicetâria aoe joveu lusitanos e tudo O mais
daí em diante. Desigual, lie», poíi: um ntrato de Veroei, im« dedioUóiiB nova ao Rei,
em vez da outra.
— Vimos ainda um terceiro exemplar, igual no rosto aos de trás, excepto:
(...) Quatuor./Editio altera auctior, et emendatior,/Olisípoae CI31DCCLXV/Ex Typo-
grapbia Michaelis Rodericií,/Eminenti$. D. Car. PatriarclMe TypograpbL/Si(p«rtoriiin
FacuJtateJXXXU + 254 págs. 90mm X lS8mm.
NJL— Ao transcnvereubee as aprovagOes de Rome, ditee: Approbationes Ptimae
EifitlonisRomBnee. BnesaprpveçBesportBgpesastprohec secunda edtiooeOlisiponensi.

(1) Aca 635.


(2) Cat.

Copyrighted material
— 483 —
Esta edição foi preparada pdo P. Diogo e ficou por 1 43590, conforme se lê na Coota que
praitou ao imaio em 13 de Feveidro 1766.
— Aloysíi Antonii VenKÍi;'nqiiitis Torquati/Archidiaconi Cborcnsis'Dc Rc Nfeta-
pt^ica/Ad usumyLiuitanonun Adolesoentium/Libri quatuor./VakoUae Hedetanoruin/
C3000CLXin./In Offlcfna Bonedioti Monfort/Siiperionini pennlMiL—XXVin+212 páfk
200min X 140min. - Inocêncio diz que foi traduzMa em espanhol (1).
Aloysíus Antonius Vemeius Eques Torquatus Archidiaconus Eborensts. Fran-
73.
dNO de Pina Mello, Regiae domus generoso. J.OJ>., de Roma, 3 de Setembro de 1753.
Cópias manuscritas na B.P.É., oâdioes CX/2-16 Pega 38, lis. 66-fi7 e G^tt, Feçft 33,
fls. 59^. — Não 6 original.
Publicada em J. e £., Ill, 303.
74.JlbiMa AtanMs. Refcrtacla na carta de I de Janeiro de 1753: «...eu teobo
fbitO uma pequena istoria Literária, em que pelas faculdades aponto os irclhorcs autores
Portugueses nelas. Para esle efeito tenhoos examinado muito bem, para poder dar um
ja&Eo acertado (...). Nlo a^eobo acabado, porque oio teidio tempo, e iito ImiIio iN»di^
«laminar muitos autores. Nio saio daqptlw de qae fida o Barbon na sua Biblioteca.
(Ver Ap. Doe.)
75. Mercúrio/Gramatical,/ D/r/ifú^yaos estudio&os/da Língua L.âtinayem/Portugal,/
com a noticia, do qoe^ DIete da Ommrnatfca na Sessio m. se con-Mtou, e detendaou
sobre o'Novo Methodo/da Grammatica I, atina, '(?;/(• para uso dai Fscohu ét MêíÍ Cattt
dasj Necessidades ordenou, e co/ftpo2/a/Congregaçam/do Oratorio./Por PhQiaiCO Fim»-
paino/+/BDi Atisutte:/Na Impiensa de Mutinbo \tMá.fCàm UetHça. Amo de I7S3./
S7 págs. 98mm X 158mm.
«Genuíno Auctor o P. Paulo Amaro, da Companhia de Jesus» revela o Qtídbgo —
das Obras Criticas a respeito do Novo Methodo da Gramática Latina (2). Contudo^ em 180O,
FkanciM» M. THfoao de AragSo Morato, comunicava noa qne era «voz constante ter saldo
da pessoa do P. jesuíta Francisco António.
76. Progresso da AcademiayGranunatical/SeiAun 4. Deste presente mezje dis-
earaoJv» ivcfle» o Fúrtebro da SáBa grande. —
12 pifs. lOOttun X KMkmn.
N.B. —
O Catálogo a que se alude no número anterior aponta, a respeito deste folheto:
«Nâo refere auctor, lugar, nem anno, porém, foi impresso em 1753». Fiandtoo Rodrigues
informa que se trata de «oontinuaçio do Mercúrio» (3).
77. Anti-Proloto/Oritioo^Apologetico,/no qual à luz das mais claras/razOes se
mostrão des\anecidos os erros, des-jcuidos, e faltas notáveis, que no insigne^. Manoel
Alvares presumirão descubrir/os R.R.A.A. do Novo Methodo dalGranunatica LatinaJDin-
gido aos mesmoe/Revorsodos nMbasffor/MiBnoel Mendes/MonÍK,/MtfWiaf da VtOa de
Dornes, Eicrivàn Proprietário dosjOlÊtM do seu Termo, Guarda dos Estutlos públicos
des-/u Corte no Real Colkgio de Santo Antão, &c/Lisboa,/Na Officina de Miguel Mancs-
cal da Costa./Inq>ressor do Santo Offlcio./Anno M.DCCLIII./Com todas as Hoengas neoes>
serias. — (XII) + 158 í (I) págs. 93mnri 166nim.
O autor c, «segundo se diz, Francisco Duarte» (4).

78. Defeosa/do/Novo Methodo/da Grammatica Latina/co/i/ra/o Anii-prologo/


Critico./ Dividida em duas paitec/POfi^nfaacisoo SandM./LlrixM./Na OfBc de Mifoel

(1) DIcV. 226.


(2) Ca.
(3) Histor, IV-l. 329.

(4) Catalogo O, 22 e Histor, IV-1, 330.

Copyrighted material
—484—

Rodfituei/Impreasor do Emiti. Senhor Cocd. PBtriaica./M.DCC.LIV./Com iodas as Iken-


ças ÊiteessarUu.lPwts I: 191 + (I). Furte 11: 99 +(I) págs..
N.B. —O Catálogo das Ohrai Criticas a respeito do Nuvo Methodo da Gramática
Latina esclarece: «Genuino Auctor o P. Antooio Pereira de Figueiredo, e foi impressa duas
voMUOiiiMmoano». RdisiMedepnsafemàcrftidiqueaÁlvamflBzo4(Autoranof|yiM
do Nòvo Methodo de estudar, como o judicioso e sábio Escritor da Balança Intcllectual» (p. 12),
Nom catenplar da Biblioteca da Casa de N. S. das Necessidades escreveu-se à máo: «iSw
verdadeiro Autor, P* Antfoío taeira, da Congr^çam do Oratório de Lisboa Anlor
também do novu vfetiiodo c óo seo compendio». Um outro tem na lombada: Fanin
Obras T. 2 (B.A. — 55 V — 43).—
79. Juizo/Gramniatical,/ou Primeira/Audiência,/teiU nu caminha da/Almoiaçacia, sita
no Vestíbulo do Mado/Augusto da RepabBca Literaria./£iii 24 th imx A htatço th 17S4./
Felo/Ateiotacel/da Semana, e seu escrivam/ino fim assignado em branco. Lisboa: '

\nno
de MDCCUV./Com todas at Aenvef JweMMrfas. — (Vlll) -f 15 págs. 170mm x 95mro.
NA — O chado Otfdfafo diieida: «Aoctor José Gsetano, mestre de Oramatioa;
Segunda Audiência Onunatical por José Caetano. Lisboa, 1755».
80. Carta fixhortatoria aos Padres da Companhia da Provincia dc Portugal, s/d.
N.B. —
Consta que se imprimiu em Amsterdão, nos tins de 754 ou principio» do 1

ano seguinte. Os exemplares desta ediçio. enviados a Portugal, foram suprimidos ao


entrarem no Reino e apenas se salvaram três, passando a correr cm cópias manuscritas
(Inocêncio, Dic., II pág. 145). Já no nosso século voltou a imprimir^se, segundo o ms.
CXAl-S (o.* 5) da B.P.E.
Mendes dos Remédios Carta Exhorlatoria/aos/Padres da Companhia dc Jesus da
Provinda de Portugal/(Propriedade e edição da Biblioiheca da Universidade ds Coimbra)/
Coimbra/Imprensa da Universidade/1909—• 45 págs. léOmm X 24Smm. Também putrii-
cada no Arquivo BeOhgiréfieo da BAlhltea da Untrnal^ de CoMbra, VoL DC. Coim-
bn 1909, págs 15 e ss..

Contiecemos outros qiãgiafos: Um que pertenceu à «Real Biblioteca Publica»: Carta


floiortaloria aos Pes. da OomiMUihia de Jczus da Provliicia de Portugal. 32 págs. sendo ai
trfis últimas em branco. T.T. —
Pasta 97 do Minist. da Justiça. Outro, de Fr. Vicente
Salgado, que se conserva na B.A.C., ms. 185v. NaB.N.L. existe uma cópia no códice 8974
do F. G., 215-225. Um outro, ainda na Torre do Tombo, Mesa Ctens. Maço 177.
Enquanto InooBneio lhe atribuí o ano de 1754. Mendes dos Remédios pronuncia se
por 1753. Sobre o autor, há divergência de opiniCies. Inocêncio, Martinho da Fonseca
e Mendes dos Remédios declaram-se por Barbosa Machado, mas o P. Francisco Rodrigues
crê que o escrito saiu da pena vingativa do P. AntMo Pereira de Figueiredo (1). O Dr. José
Scbastino da Silva Dias contrapõe razões a razões e conclui que «à face do que acabamos
de expor, parece nío haver razões sérias para postergar a opinião de Inocêncio e atribuir
a obn a Fonin de Figoeuedo» (2). Pois, em CWDece 1 escrsw ss; «Osfta Bdwilalocia...
por Pina e Mello: outros dinm que he de BarIxMa».

O Tacto dc ser impressa em Vmsterdão se o foi - nlo te supor que a atitOfia da
Carta não pertence a nenhum dos personagens indicados?
81. Guta/ApdogBtiCBjfiav cacrtMo/TBOIonio Anoefano/ftancanalcoJ Natural da
Villa de Tones Nov8s./ia hum sen compadre, e tueàtf^Atehimile em LbbttaJSelbn o msm-

(1) Histor. IV-I, 335.


(2) P, 273.

Copyrighted material
ALOYSII ANTONII
V E R N E I I ,
J. U. ET T.D. ARCHIDIACONI EBORENSIS,
D R C O N J U N G E N D A

ÍECTISSIMA PHILOSOPHIA
M
THEOLOGIA C V

ORAT I O
AD ACADEMIAM THEOLOGICAM,
HABITA
In Romano Archigymnafio xiv. Kal. Dcc.
cIdIdccxlvi.

R O M A E M D C C X L V 11.
TVPIS JOANNIS GbNEROSI SaLOMOKI
IN P L A T B A S, I G N A T J I .

Frontispício da Oração pronunciada na Academia Teológica


da Universidade de Roma
15 (DORI BACCHETTI
^> ROMANI
^ILQSOPHI,AC MEDICI
rÃTL o C ^ M E M D yf M
Difputationis de Societatc Mcntit Corporh > (íf >

a áoSíi^\ix\o viro Urbano Tofotro Rouis habitce


Anno 1754. in Collcgio Nazareno y

AniMjiDVEKSIOliES
AD VIRUM CLARIS SI MOM

BENEDICTUM STAY Poetam , ac P.iilofoplium , atque in Rom::no


Kiietorein,
Arcliigymn^fio Rhetorices , & Humaniuruin
Litterarum proticAbrcm .

• Dijfenticntinm inter fc rcprehcr\Jion€s nou funt


i vituperandx muledifli , contumelix , tim
:

.'"^ iracnnJi<c , cantentiones concertationcfque j,.v


,

>V in difputando pcrtinacis , indigna tnihi '


^
. .
"Pbilofophia videri folent . Cicero :

> • ' de Fiiubus Lib. I. cap. 8.

, R O ik/ MDCCLV.
EXCUDEB AT GEXEROSUS SALOMONTy^

Resposta de Vemeí ao P. Urbano Tosetto, das Escolas Pias, de Roma


-485-

cimenio da obra inútuiaà^ Verdadeiro Método de £s/(M^./Lisboa,/(83) Na Officina de


FinuieiMo Laiz Ameno. Impnnor do EX'fetíL CoOegío e Hm. FriMtai da S. l^nja de
LI»boa./MJ>CC.LIV./Com as licenças necessárias. — (1) !
26 págs. 98mm I7Imm.
N.B. — Na última página: Torres Novas, 16 de Mayo de 1754 (...) Teotónio Ancelmo

Brancanaloo. Concordam ot bibHófiloa em que ae trata do aiwgwma de Manud Antánio


Ckstelo Branco, como pode verificar quem quiser dar-se ao trabalho de cotejar oa dobfUMMt.
82. Carta de hum velho honrado a hum seu sobrinho ... Lisboa, 17SS.

N3. O rdtarido Gatáloto «cwwpta: «Nflo traz Auctor, mas he o mesmo José
Ckelano».
83. Apparato 'Critico/para a correcção/do Diccionarío intitulado/Prosodia7// Voca-
bularium bilingue digesta.lO[t€núáolaos que seriamente quizerem/cuidar da sua emenda,
e i«iiiiiins8lo./Por Andié todo de Reseode./Litb(M,/Ne Offidna PMriBicel de Ffandioo
Luiz Ameno./Anno M.DCC.LV/ Com OS Betnças necessárias. — 67 págs..
NJ3. — Emcademada com outra obnt, tendo no lombada, em a ouro: Fereira. letra
Obras T. 1. (Bj^. — SS.V-43).
84. Isidori Baccbetti/Romani/Philosophi, ac Medici/</> loeum «weMiam/Disputatio-
nis de Socielale Mentis et Corporisja. doctissimo viro Urbano Tosetto Romae habitae/
Anno 1754 in Collegio HaxàtcaoJAnimadyersionesiãú viruni Claiissimum/tieDedictum
Stay/Rhetoran, Poetam, ac Phifcwophnm, atque in Romaoo/AicUgymoMio Rhetorioes,
& Humanioriim/Litterarum professorem. /(.. .)/Romae MDCCLV./Excudebat Gencrosus
SãlomoniyPraesidum Faculute. 50 + (1) págs. 92mm X ISO mm. Explicit: Romae,
Kaknd. Decemb. Anno Cbrirti MDOCUV.
N.B. — Mais uma obra ignorada de Vemei. Foi enviada pem « Gasa des Neoessi*
dades, por indicaçio do autor, depois da sua morte. Vendia-se em Lisboa juntamente
com as outras obras, entrando, por isso, nas contas do mano Diogo e figura no Catálogo
du Necessidades (1) com a s^uinte nota: Piro Lud. Antonio Veni^.
85. Reposta 'compulsória /a/Ca na I xhortatoria./Para que se retrate o seu Author
das Calunnias que proferio/contra/Os Reverendissimos Padres/da Companhia de Jesus./Da
Provincin de PortofiL/f Su dtdkt^FaaáÊOO de PfaM^ de hUBoJMoço fidalgo da Gna
Real, e Acaddnico/da Afiadwnfe Red da Historia/Portugucza. (VII) + SSpégk. HSuoiX
x20Smm.
NJ. —A
dedícat6tia traz a data: Montemor^o-VdhOi 26 de Junho de 1755. No
«Catbalogo das obras impressas» publicado 00 Maeh
dú Sol Hb-m: «Outa compulsória,
suprimida pelo Authon». «Outia Carta ao meiaio asnunphs também aniiprimida peio
Author».
86. Ourta/ApologBtica/Bm definea de alguns pontoa da K^oata CiNqpMborfi^ e
em/que ae defende também a Doutrina de S. Agostinho, /e o sentido, com que em alflIIH

tngani deve/ser entendido./Sr. M. A. da S. —


35 págs. 145mm X 205nun.

N3. O Caiãtogo àea Obm
erMeas a respdto do Novo Methoâo da GnamHca
Latina dá-a como aparecida em 1756.
87. Discursos Cramaticaes (...). por José Gago. Lisboa, 1756.
N.B. — Citado no Catálogo referido no número anterior.
88. Alvarista/defendido,/Dialogo/£)tfrr Luaa e Pascoal, oegos/(...)/Author Joseph
Caetano/(. ..)/Lisboa,/Na Offic. de Domingos Rodrigues(1757/(.. .) - 28 págs.
N.B. — Parecer para impressão, do P. Paulo Amaro, de 21-vn-756.

(1) BibL

Copyrighted material
-486—

89. Additamento/ao pãipdt iiitttiilado/Alvari8ta/Defendido/(... J/Por seu Audior


JoMph CMtano (...)/LÍBb(M. Na OBea» de Migiid Manescal da Goeia./(...) 1757^...)

14 + (II) pág-s..

90. um Método novo, claro, e/acU.iPãiã uzo/Daque>


Gramática/ Latina/tratada/ A^r
las qtw quevem aprendda/brevemeote, e oHdimwile>/?>«'te*fc *k fímea
peioai. m
italiano: e de Italiano 'cm Portuguez.lBaTceUmk llSi^Com toáu as UcauoM meaariaa,!
(Vni) + LIV + 274 págs. y^nun X 172min.
N.B. —
Nfto hi dúvida de que é Vemei o aeu Autor. Ni carta que cacraveu a Pom-
bal a 28-S-766 tnfonna que a imprimiu no Outuno de 17S8.
2.» edição: (...) de Italiano cm Portuguez. Segunda edisani acresoentada./Sevi-
Iba 1768./Na oficina de Pedro Zurita./Coni todas as licensas necesarias.y(VlII) + XLIX +
TSI + (m) pifi. 120B«n X 200.
N.B. —
Mariana Amélia Machado Santos, desconhecemos com que fundamento,
depois de referir a primeira, escreve: /<fc/n(âarcdoiui?j, segunda ed. Anónima, 1771 (Ver., 68)
Vemei, na eaita a PoibImI, de 21-7-68 {nforma qoa te Hfniida «d. acMa ano.
3 • eãçãit: Giammaiica/LatfaM/Tratada/por bum Methodo novo,/Claro, e facil/para
uso/daquellas pessoa.s,'quc querem aprcndclla/brcvcmcntc, e solidanKnte.rTerceira edição
mais emendada./CEscudo real>/Lisboa/Na Regia Oftidna Typografica./Anno MDCCLXXV./
Com Ikeoça da Real Ktaa GeMaria./(IV) 316 pi».. + LXVm +
N.B. —
O exemplar da Torre do Tombo tem, riscada a linha: Terceira edição mais
emendada. À mão, acrescentou-se: Composta por Luis Antonio Vemey, Cavaleiro da
(Mem/da dufstOb e Arcediago da S6 Melropolltaaa de Evon./Q«iafta impiflo roa»
emendada.
No fím: Rcimprimase e volte a conrerír. Meza, 2 de Junho de 1785.
Esta imprciisào foi promovida pelo P. Diogo, conforme se lè na Conta que cm 30 dc
Juaiio 81 deu ao Iimio: Ooatou («omposiçio. papd e mais despesa»») 2341980. M nio
traz a ortografia de Vemei.
4. ' edição: (...) e solidamente/Composta por/Luiz Antomo ^crocyJCavaUeiro da
OréoH áê OhríMp, e Aeedkfo da Sé MetropotíÊaaalée EMm.fQmíta impraaio aaais «mon-
dada./IJsboa/Na Regia Offlcina Typografica./Anno M.DCC.LXXXV./Gpw lie«va 4i Jtal
Mtaa Censória. — (IV) + LXVIU + 316 págs.
19Smm x 140mm.
de ÉvonL/Quinta impressio mais eroendada./LisboayNa Regn Offidoa
5. * edição: (...)

Xypognflea./Aano M.DCCJ(C./Coin licença da Real Meza da Commtuõa Gorai aobra of


Bianie, c Censura dos Livros. (VHF) LXVIII —
316 IV. 140mm
I 2(X)mm.
6. * edição: (...) de Évora./Sexla impressão mais emendada./Lisboa/Na Nova Impres-
sio da Viuva Neves, e Hlhos./A]iiioM.DOCCJCVI./C(Mn Heeiíço da Meza da Damèaito
da Faço.lVende-se no Porto em as Lojes de Costa Paiva, c Companhia RlM dOS/MnOdO-
ica 97 e 98./(lV) + LXVII + 322 págs. 200mm X 130mm.
91. 6^ /Historia/dei Famoso Predicador/Fray Gerundio/de Campazas,/aliás Zotes./
Escrita/por el Licd." Don Francisco Lobòn de Salazar, PresbyterOt Beofficiado delPreste
en las Villas de Aguiar, y de Villa-: parcia dc Campos Cura en
'
la Parroquiallde San Pedro
de esta, y Opositòr à Cathe-ldras en la Universidad de la Ciudadlde VaUadolid.lQ\}Kn la dedica
al pobKoaAnKDO pcioMia/Coa pfivÍle|io./En UãâM: En la laapicnta de D. GiAcisI
Ramirez/Calle da Atocha, frente dsl Coovcoto da TUoilafkM/OÉlBMloa. Aflo da 17S8.
— 395 págs. 14Qknm X 195mm.
2.* veJl.' Como o 1.», excepto: supressão da em inidaL Tomo setuodo./Con privi*
legío./En Campazas, à costa de los Herederos de Flnay Genmdio.Allode 1710.-3I3 + (I)pép.
O Autor é o jesuíta P. José Francisco de hla
92. Defensa dei BarbadiAo/en obsequio de la verdad:/&u Autor Don Joseph Maymò

Copyrighted material
— 487 —
y Ribet,/Doctor ea Saciada Theologia, y Leys^Abogado de los Rcales CooMyos, y dd
Coletío oi dia Cor(e./Con lioenGii./IiiMMd: Eh k OActoa de JoicIiíb Itana. adis/de lit
Urosas, aflo 1758./Sc hallarà cn casa de Don Nfarcos Rui2 de Tejada, Mercadèr enfio»
Portales de Calle Mayor, frente la Casa de la Esfera./(VI1I) + 141 págs.. 135imn X I90aan.
93. 4poJlw<B AiMOriar OmoidK^^
iBo de Campazas contra un papel intitulado «Defensa dei Barbadifio». Ms. 214 4.'* foi.

N.B. — Sonunervogel (1) sugere que a Apologia Historiae Cerundumae terá sido publi-
cada com o título Diálogo, etc. (nlo indica mais). «Voir Hist. de Fray Gerúndio, 1787.
tomo 3.° n.* 7^.
94. Carta escrita por cl Barbero dc Corpa a Don Jose Maimó y Ribes./doctor en
teologia y leys, abogado de los reales consejos y dei col^o de esta corte, y de mas i mas
de-ZItaHor dd Bttcbadilio» CO 01» te da coenta de una comcnK^
tiivíei nn á Ia |NMrta de b botica, d SeAor Qaa dd IniBr, Ray Juiian d afoslero y Itigud
el boticário
No fim: Corpa, 17 de Agosto 1758. Sommervogel põe em ddvida a autenticidade
deste escrito (3).

95. Três cartas do P. Isla a Maymó y Ribes (4), hoje perdidas (S )

96. Conferencias/expurgatorias,/que tevc,/com o Doutor/Apoilonio Pbilomuso,/o


Autbor da Balança isteOectual/que poden servir de/Reposta/Ao que disse do mesmo Antibor,
e da nicsmn 'Balança hum certo Regular do nosso Reino/disfarçado, com o noON/de/Theo-
philo Cardoso da Silveiíajno Livro intituiado/MyiMdb parte da illuntínafão 4o Mttrato
Afmarte-€ar:fIkãk»áÊil»o ItItHtriMimo Seelior/Doai Nono Aham/Poniia de MeOo./
CaÍBdn:/Ni Officina de Luis Secco Ferreira, Anno do Saniiar/dB 1799./CPm Mku m
Ueenças necessárias. —
(XVÍII) ^ 99 págs.. I24mRi x 166mm.
N.B. —
Resposta à 2.* parte da Iluminação Apologética. As primeiras licenças datam
de 28 de Femeiro de 1754. Nnlioeaçai de 28^754 taoMmi partido na Folénica, Fr. Ber-
nardino de St." Rosa e Inácio Barbosa Machado.
97. Pratica que teve o Padre Tbeoi»bílo Cardoso com o bom arrieiro Amaro Faoba,
hindo de Lidioa paia Évon. Nb. de Pfna e Mdo, dtado In Adiei» db SSo/, do mesmo
autor, Lisboa, 1765.
Em Coleoc. guarda-se uma copia; Pratiai, CoUoquio, ou arenga Que teve com o
M. R. P. M. Theophílo Cardoso, Authcnr do retrato de morte cAr, e das lUuminaçoent.
O muito bom arrieixo Amaro Na jornada. Que fizeiio de
Fanlia, natural de Nabaínhoe,
Lisboa para o Akotqo. 45 péga. Outro apâgrafo também de Rr. Vicente SelfMlo^ no
Ms. 18Sv. da BA.C
98. Paleetra/da Oratoria/Sagiada^onde ee discutem oe ftindementoe/doe dKfeKotes
Methodos, e disersos estylos/,de prégar./Theorica/Em Reflexões Analytícas, Críticas, e
Apologeticas./Practica/£m Sermões respectivos aos Methodos examinados./Dedicada./Ao
Pai putativo de Chrísto, Esposo legitimo/De/Maria Santisstma/O Senhor S. Jozé/Aw mOv/
Do lUustrissimo e Excellentissimo Senhor/Sebastiam Jozí de Carvalho/e Mello,/Do Coo-
sciho de S. Mag. e seu Secretario de Estado dos negócios do Reino & . /Escrevia/Fr. Manoel
de Figueiredo,/ /4i<;uj>///iiano, Mestre jubilado na sagrada Theologia, Prior que foi do Con-j

(1) Bibli, IV, coL 683.


(2) BibUot. 3S»4<5.
(3) Bibli, col. 671.

(4) Obras 365, nota.

(5) BibU, IV, col. 670.

Copyrighted material
— 488 —
venio da Graça de Lisboa, Chrmásta da sua Religião, Theohgo dalBuíla da Santa Cruzada,
Examinador das Tres Ordens MUi-lares, e Synodai de àlgiau Bicados. Tomo L/Ulboft:/
Na Offidna de Ignacio Nogueira Xisto/.Com of lieenaas neusaarías. Amo 1759./
— (XXXIV) + 432 págs.. 140mm X 200mm.
Vcrdadero Metodo/de Brtiidar./Fin aer ntil • la Reiiiiblica,/y a la Iglesia,/Pro-
99.
porcionado/a1 estilo, y neoessidad de Portugal./expuesto eo wiatOtftas, /escritas en idioma
portugués/por el R. P. *** Barbadifio,/de la Congregacion de Itália, al R. P. *** Doctor/en
la Universidad de Coimbra :/Traducido al Castellano/Por Don Joseph Maymó y Ribes,/
Doctor en Sagrada Theologia, y Leys, Abogado de Um Reaka CooMfjos, y dd Gokgio/de
esta Cortc./Tomo primcro/Con privilegio./Madrid: Por Joachin Ibarra, calle de Ias Urosas
1760/Se bailara eo casa de Don Marcos Ruiz de Tejada, Mercader/en los Portales de calle
léKjfCt, ftaiite la Gasa de k Etfcn. —(XXIV) + 290 págk. 135mni X 190mm.
Tàmo 2°: (...) Tomo Segundo (...) Urosas. 1760. (VI) + 343 pAgL.
Tonuf 3.«; (...) Tomo Teicero. (VIII) + 293 págs..
Toma 4.»: (...) Tomo Quarto (VI) + 346 págs..
100. Examen de Ia Obra intitulada Verdadero Methodo de estudiar que díÓ á luz
e1 P. Barbadifio cn Idioma Português y ha (raducido en Castellano e! D"*^. Dn. José MayoiO
con algunas notas. 4." ff. 6-76. Ms., pelo P. Pedro Calatayud, SJ. (1).
101. Ditertackm critka, icmitida por d famoso BarbadifliMa à un amigo, acerca de
los graciosos scntimicntos. que en matéria de Poesia y bucn guStO, tUVt el NÍ.R.P. Fr. Bar-
badifio, Religioso Capuchino, (como el se firma) de la Congregadon de Itália. En ella se
haoe ver, como este fingido Religioso, no eia d Siyeto mas á propósito, para emprender.
como lo hl» cn la septfau de sua cartas, la reforma de los Poetas Espafíoles. y Portugueses,
l a da á luz. para prevencion y resguardo de la juventud eqMutaJa. d M. Juan Perez da Castro.

Pelo P. Tomás Serrano, S.J. (2).

102. fiMMite de la Lema easteOma, por FoniBr.


N.B. — Teófilo Braga, em TTl. 250 nota. transcreve os trechos mais elucidativos.
103. Traducçâo Portugueza da Ode IV. do livro IV. de Quinto Horácio Flacco,
Prindpe doa Poetas Lyrioaa Latinos, por ftulo Germano. (P. Tomis José de Aquino,
seguido Inocêndo). Vay juntamente huma Analyse da mesma Ode, e vão também hiunas
Notas tumultuarias. Lisboa. Na Offic. de Manoel Coelho Amado, na Rua da Roza
das Partilhas, junto ao Cunhal da>> Bolas. Anno dc M.DCC.LXl. Com todas as licenças
naoessarias.— (LXDO + 17 págs..
N.B. — Vimos outro exemplar com o ano de 1762, f na Aprovaçlo de Filipe Joseph
da Gama, Académico da Academia Real da Historia Portugueza, do numero da Academia
dos Árcades de Rona, oom o nome de FloriUo, e Ofidai da Secretaria de Estado dos Nego-
doa do Rcyno, etc, que Vemei é censurado.
104. Gazeta Literária. Agosto de 1761. I ." volume. Porto 1761, pág. 133-135.
Francisco Bernardo de Lima, Cónego Secular da Congregação de S. Evangelista, a propó-
sito de vnaa nova ediçlo da GunSea, wfctoia â crftica de Verad. que csosunu
105. Synopsis/Primi Tentaminis,'^ProfLittcratura Scicntiisquc 'instaiirandls/Aplld Lusi»
lanos/Ad Auctores Ephemeridum Parisiensium/conscripta.yPer Antonium Tefamlnt^Sani-
boa.AJlyiqi|MM>t PirislWApud P. AL Le Pieur. Regls Typographum,/A BiMiopolam
dgno 0]ívae./lilDOCLXn.
in via 8aiilBoolMi./lmb

(1) Bibli, II, col. 534.

(2) Bibli, palavra Serrano (Tomás).

Copyrighted matârial
— 489 —
Na página seguinte: £ssai/sur les moyeasyde réubliryies/Scienoes & les Lettres/en
PortuftUAidieMé i MM. les Aman» du Jovmal/dM Sçavanr/Par Antoine TeixeinhOani»
boa./A Lisbonne,'Et sc trouve à Paris./Chcz P. Al. Lc Pricur, ImprimeuT-Líbraire/ordi-
naiiedu Roi, rue S. Jacquesjà rOUvicr./M.DCC.LXn. —
(Vll)+310 pági. IQSmmX ITOmiQ.
N3.— Daiado de 13 de lanefao de 1761. Altoraedamente em cadt pégiiM. texto
latino e francis. Há exemplares que declaram no rrontíspfcio scconde édition e a data 176S.
Confrontou-os Inocêncio com os de 1762 e convenceu-se informa Brito Aranha —de —
que se tratava de uma só edição com rosto diferente (I). —
Nova edição na Colecção de
Gássicos Si da Costa, apenas do texto francês (Ver E, vol. V, lSl-314).
106. Desagravio/de los/Autores, y Facultades, /que/ofende el Barbadião/en sii obra:/
Verdadcro Mòthodo de Lstudiar, Ac/Segun/ia traduocion castellana/del todo conforme/al
original imctoi|ii£a./I>edicadoM 1e» Uaivcnidade8,Ar/Ljientos de EqMfla,/Pior/lel P. Anto»
nio Codomía/de la Compania de Jesus. 'Barcelona Afio MDCCLXIV./En la Tmprenta de
Mudm Angda Marti Viudajen la plaza de San Jayme. (XXX) + 236 págs.. 140mm .\

193mm.
107. Cartas/cruditas/por la prefcrencia/dc la/Philosophia; Ai istotelica/Para los Eslu-
diosMe Religion./Su Autor cl Doct. Don Vicente Calaiayud, 1'resbytero de la Congregacion
lieSan/Fbelipe Neri de Valencia, Pavordre, y Ca-/tbedratico Primário de Theologia Esco-/
lactke «n aqudla Unh«r-/ridad. 145Bim SOOmm. X
N.B. — Cada carta tem numeração própria dc piíginas.

108. Apologlas/a la obra dei Barbadino,/Intitulada/Verdadero Método de Estu-


diar, Ac./y Respoealat a dias dadaa.Artadaddas/dd idioma Portognes al Gastellano/por
/Don Joseph Maymò y Ribes,/Doctor en Sagrada Teologia, y Leyes,/Abogado dcl Collcgiu
dc esta Corte./Tomo V./(das traduções de Maymó) Con privilegio. Madrid. Por Joachin
Ibarra. AAo MJ[>CC.LXVIII./Se bailará (con los antecedentes, y la Defen&a dei Traduc-
tor) CO la Libraria de Frandaoo Fernandes, fimte de S. Filipe d ReaL/(IV) + 621 pági.
13Smm 190mm.'

Na Pág. IV: Índice de lo que coniicoe este Libro: Apologia dei P. Fr. Arsênio de la
Pledad, Rdiftoio Gapudiino (Reflexflea Apologfticaa, pg. 1. RespiiMta a dk, pg. 12S.
A4)ología de Don Cândido de Lacerda (Retrato de \(ortccór). pg. 324. Faieoer
Aletofilo

dd Doctor Apolonio Filomuso Lisbonense en respuesta à ella (ao Retrato) pg. 441.
109. Aloysii Antonii Verneii/Equitis Torquati/Arcfaidiaconi Eborensia/Z)e/RB
nurâcajad Mwm/Lushanonnn Adolesoentium/Iibr/ <ÍMem./Tomus primus./Roaiae
CI0TDCCLXTX((1769). Ex Typographia Gencrosi Salomoníi/Tn Flalea S. Ignatii/Av»^
riorum Faculíate XXIII— 226 + II págs. 170mm X 230nim.
Tomo (...) deoem. Tomi aeemidi Pan prima. (...) Fteultate. + 394 pégi. vm
12 tábuas com instrumentos de Ffsica. 2.* pane: (IV) 212 págs. 7 tábuas.
Tomo 3.0; (...) deoem. Tomus tertius. (...) Faculute. VIII + SIO + I págs. 6 tábuas.

N3. No plano tnictel levdado na Epístola ao MiarquCs de Valença, e na carta
a Ponabal de Maio de 1768, a Ffiica preenchia apenas doli volimes. mas acabou por sair
em quatro, se bem que no rosto os dois do meio formem um só tomo. Pedro José dc Figuei-
redo diz que oe volumes estavam prontos em 17SS. Descrevemos o exemplar da B.N.L.
(S.A. 2281 a 22Mv.) mas na mesma goaida-«e um outro (&A. 9006v.) que tem no roeto do
1." volun-.c a palavra Faciiltate apenas com um t na última sílaba, tal como acontece aoe

exemplares que vimos em Roma, Nápoles e Génova. Os dois exemplares são iguais na
compodçio tipográfica, apenu com eMspçlo da numeração dos eadsnioa. Enquanto

(1) Dic, XIII, 347.

Copyrighted material
— 490 —
o 1.* le identifict com b, b2, c e c2, o segundo traz a3, a4, a5 e a6. Aquele é um «xwaplar
de luxo, de maior fonuuo no pepd, que perteooeu mo Marquét de Pombal como se deduz
da encadernação, «m que foi pávido o leu eacudo, oonio w
pode ver na lepraduçlo que
publicamos.
Quanto às gravuras encadeniadas desisualniente nos divems jofos que vimoSi con-
vém transcrcNcr a seguinte nota, aposta no I vai do exemi^ da MbHotoca Caianatwiie,
de Roma, cremos que da letra de Vemei
«Per regola dei Libraro. — Vemeii, Physica, divisa in 4 volumi. contenenti 26.
Tavi^ = Tomo I. non contiene Tavole. Tomo II. Parte I.* contiene 12. Tavole:
cioè— I. II III. IV. V VI VII. vm. IX. X. XI. XU. — Parte 2.» contiene 1. (sic.)

Tavole: cioc — XIU. XIV. XV. XVI. XVll. XVlIl. XIX. = Tomo III, contiene 7. Tavole:
doè XX. XXI. XXn. XXni. XXIV. XXV. XXvr. NeU*alto di daicuna IVivole è aegnato
in volume a cui appaniennc.
110. Lettera tcritta ad un Letterato Toscano. Livomo, 1770. — XV pigs. £m 1792
foi remetich de Roma ao P. José de Aaevedo, Oratoriano, «cahro involto contente dodid
copie Stampatc di una «Lettera scritta ad un Letterato Toscano >. e de facto figura no Catá-
logo da Biblioteca das Necessidades. Publicamo-la no \p Doe . Ver tambén) Episiolário.
111. Logica/de/D. Andres Piquer,/ Médico da Coimara dc Su Magestad./Madrid.
MJ>.OCXXXL/Por D. Joodiin de Ibarn. Impnsor de Gámara/de S.M./toon bs Lioendas
neoesarias. — (R) ! \I 11 272 págs. 140mm X 210mm.
112. Q)mpendioyhistorico/do estado/da UniversidadeydeyCoimbrayno tempo da
invasio dos denominndos//»wftay/e/dos estngos/ldtos nas sciencia«/lB nos ProfeMo s, w
e Diiectoies/ que a regiam/pelas maquinações, e publicações/dos novos Estatutos/por elles

rabricados./Usboa/Na Regia Offidna 1Vpagnfica./Anno MDCCLXXIL — XX -|- (II)

•f 503 págk.
N.B.— Ver em pégs. 241-244k retetodas a Vetnd.
113. Methodo novíssimo para aprender a Gmnmatka Latim, por Domingos Nunes
de (Níveira. Lisboa, 1786.
N3. — Tentativa de redndto da Gramática de Vemel. is proporçOes que o Barba-
dinho propõe no Verdadeiro Método de Estudar.
1 14. Dialogo/entre el Cura dei Zangano y d Guardian/de Loríaiu, de la mas extraAa
observância de/San Frandico, sobie F. Gerúndio de Campazas, aliás Zotes. Pág. 43-54
de Cotoodoo/de/Varias Pienw/nlativas a la Obra/de Fray Gerúndio de Osmpaas.nVMio
tecoero./En Campazas, Afio de 1787. Con Licencia. - 140mm 205mm.
1 15. Apologia/de la Tbeologia/Escholástica./Obra Posthuma/del M. R. P. Fr. Joseph
de S. Fedro de Alcántara/Cntro, Leotor de Theologla, Secretario General de/la Onkn
de San Francisco, Provindal que fuc dc la dc S. Pablo, y electo Difínidor General por/N.
Santisimo. P. Pio Vl/Dedicada/AI Excm.° y Rni." Padre Fr. Joaquin Company, Minis-
tro General de la misma Orden,/A nombre de la Província de S. Pablo,/Por su Secretario,
Gomisionado, y Editor Fr. Bartbolom^de las Llagas Astudillo, Lector de Theologta./
Tomo I./Con liccncia./Segovia: Imprcnta de Espinosa./MDCCXCVI. 135mm 200mm.
116. Suppllmento al tomo 1 dei Dizionario Teológico Portatik, uadotto dai Francese
dei lHaiiano dal P. D. Prospero deirAquilt, In cui si ragiona delPApparatus dd Vcraey.
tndottO in Italiano dal sudd." Religioso.
Em 1792 foi enviada de Roma a Dioofaio António Vemd, «atoa copia similmente
stampata di «Itn Operetta intitolata» da forma descrita.
117.Carta de Luis António Vernei supostan>ente endereçada ao P.* Joaquim de
Poios (de 8 de Fevereiro 1786), publicada por Inocêncio da Silva no GmâniríicMnir, n." 2229,
de 15 de Dezembro de 1868 e reproduzida em £, 111. 424-428.

Copyrlghted material
N3. — Como se pode ver no Episiolário, estt Guria foi dirigidÉ ao P. Joift de Aze-
vedo, Saoenlote da CooBregaçio do Oratório, aaát «títnn a 17 de Setembro de 17S7.
118. Cartas dc Luiz Antonio Vemcy, c Antonio Pereira de Figueiredo aos Padres
da Congrcfação do Oratório de Goa. Nova-Goa. Na Imprensa Nacional, 18S8.
N. B. Preftiçio de I. H. da Cunha Rivaia.
119. Relação da perseguição que Francisco d*Almada e Mendonça, Ministro Pleni*
potenciario de Portugal em Roma, fez a Luiz Antonio Vemey Secretario de Legação,
desde Mayo de 1768 até todo Junho de 177L E damnos que lhe cauzou: (Ms. inédito,
em posse de petticular» O Dr. Carlos de Pauoe imUiocm om raMnio em Ui, e o Fraf. Sal-
gado Júnior, extractos cm V, vol. II.
120. Memorie ooncementi la postulaziooe delia causa dei V. P. Bartolomeo do
Qoeolal, esetcHata In Roma dei Oivaiier Luigi Aotooiò Veraagr, dettaie da lui medesinra.
N.B. —Ms. ditado em 1791. Publicado em Verney D, 12-21.
121. João Baptista Venturini, morador em Lisboa (1782) —
Jtespcu/a apologética
afinar do grande Lutz de CámÕes, Prlndpe dos poetas vidgant aeHm o que na Carta Vil
aaeremt em desahono deste cíarissimo Poeta o Author das Ires estrelinhas: Barbadinho da
Congregação de Itália (B.A., .Ms foi. de 58 folhas. 46-Vin-4n —
No fim Cem a lioeDCa
(original) para se poder impimur, datada de 15 de Fevereiro de 1782.
122. Coleoçlo de CUsbíoos Sá da Ooeta/Lufs Antonio Veraejr/Venladeiío/Metodo
de Eitudar/Edição organi/ada pclo/prof. António Salgado Júnior/.
VoL I — Estudos Linguisticos. Lisboa, 1949. XUIi + 278 pigs..
Vol. n — ^todoe Litefirioe. Uboa, 1950. XLVm + 342 pdgi..
Vol. ni — Estudos Flosóficos. Usboa, 1930. XLVII + 306 págs..
VoL IV — Estudos Médicos, Jurídicos e Teológicos. Lisboa, 1952. LX - 298 págs.
VoL V — Estudos Canónicos. Regulamentação. — Sinopse. Lisboa, 1 952. LXIII
-f-319 págk.
123. No Porto cditaram-se excerptos com OMguinte rosto : Colecção Portugal/N." 16/
Joaquim FerreiraA^erdadeiro Màtodo/de Estudar/Por Luis Antonio Vemey/Com prefacio
e nom/Bdhoriel Domingoe BaiT«ini/(...) 247 pigt. «./d., lá se imprirnfai 2.* ediçfo derte
volume.
124. Na Gazeta de Filosofia, Lisboa, publicoihae a Carta VIU, nos n.** 1 e 2, les-
pectívamente de Janeiro e Junho de 1943.
123. Luis Antáoío Vemey: 1. 5o£rv o ettado da Flska: 2. Do esttto sttt^ks
(Extractos do Verdadeiro Método de Estudar, em Prosa Dout/M do AoSoroS PàrtOgnaet,
leteBCBo de António Sérgio, Lisboa, s./d., pág. 161-195).
126. As Gnead» Miadeas Portagmoai, Editorial VcriKS Lisboa, e./d., I.* voL.
págs. 279-331. A polémica Vemeiana Ontrodução e adeogio de tcxtoi piú e oontia,
por António Alberto de Andrade.
127. Textos Clássicos. Verdadeiro Método de Estudar. Sekoçio, praftcio e notas
de Antâoio Alberto de Andiade. Editorial Vnbo. liiboe, 1963 (a apeicoer bnvcncDie).

2) EPISTOLARIO VERNEIANO (Resenha)

O único epistolário de Vemei que conhecemos, foi organizado pelo Prof. Cabral de
hfotcada que, tendo dado a cosilucer «m 1941 e 1930^ a correspondflnda trocada cnne o
«BubadildlO)» e Muratori. se serviu da» cartas guardadas no Arquivo Histórico Ultramarino,
dirigidas a Aires de Sá (embora o ilustre Catedrático julRuc endereçadas a Francisco de
Almada) c publicou de novo as epistolas escritas aos Oratonanos de Goa e ao P. José de
— 492 —
Azevedo (que vulgannente se identifica com o P. Foios) e a divulgada pela Dr.* Mariana
AmClia MacliBdo Suitoi, «pin «Mim ficMcm leonidn Mtte afv-
ditos, Iodas as cartas de Verney até tO presente conhecidas» (I). No ano de 1957, Mons.
Antunes Borges deu a conhecer a cidiliDCia de mais cartas do Arcediago de Évora, bem como
de «ptatrfiB que Uwfonun dirigidas (2). At do Arcebispo Bôrgit já haviam lido levdadas
pelo Dr. Pina Martins» que veio a publicar todas em 1960 (3). Em separata da «Miscelânea
de Estudos a Joaquim de Carvalho» reeditou o mesmo investigador e professor a Carta
ao Marquês de Valença (4). TamMm nós tivemos a dita de encontrar correspondincia
váriade Venieie dirigida a Vemei, de que, em parte, jidenMS noticia (5>. Convém, por
isso, elaborar novo inventário, que ainda nSo será completo, mas fica reunindo, não só

as referências essenciais das epistolas conhecidas, como ainda as alusões a cartas ignoradas,
de que tivemos cooiíedRiento. rao repetimos a publicaçlo das que o Prof. Gabral de
Moncada editou, por se tonuur fikfl a sua consulta. Mas divulgamos aqui todas as res-
tantes — as inéditas e as publicadas no jornal Novidades, e em Temas Verneianos, depois
de conferido o texto com os originais da Biblioteca do Instituto de Santo António, em
Roma e da BiUioieea Vaticana.
Veni-nos trazer grande cópia dc referências a cartas hoje talvez perdidas, o Inventário
dos papeis manuscritos e Cartas de Correspondência, que se acluuão a Luii Antonio Verney,
t ae temarth notSal A
Junho de 1771, quando fi^ frtvad» do Qffitío de Secretario e deipe-
dido do Palácio do Ministro Plenipotenciário de El Rey Nosso Senhor, Escrittos de seu
punho (6). Algumas trazem a indicação da data completa ou ao menos do ano; outras,
porém, situámo-las nós no tempo que nos pareceu mais provável. As cartas ai apontadas
eomo dirigidas a Muratori, talvez se nâo possam ideatttcttr com as que hQÍe se conhecem,
cm virtude do muito cuidado que Vernei punha sempre em destruir ou mandar eliminar
tudo o que pudesse comprometê-lo. As quatro epistolas que recebeu do Beneditino Cardeal
Anfdo Maria QuirinI, (alves se possam colocar depois da potèmica travada 'enin esto piv-
purado e Muratori, à qual Vernei se refere, em carta ao Iluminista italiano, de 21 dc MaiÇO
de 1748. Terá o Arcediago de Évora entrado na polémica, depois de receber as obras do
AfceliiqK>Bórgia?(7). Na relação de noniea do primeiro maçofigura atoda Moos Bo (...),
com das cartas, que talvez se possa identiflcar com o Prelado que acabamos de mendootr.
Facciolati, (1682-1769), de que recebeu três cartas em latim, é autor que muitas
vezes a citna polemica (8). O mesmo se diga a respeito do P. Berti, que lhe dirigiu sete

(1) Ilumi. 13S e E. III. 411.


(2) Vem.
(3) Tem. 147-ISOl
(4) Ep.
(5) Duas cartas inéditas du Barbadinho. In «Diário da Manhã», de 12 de Julho
de 19S6 • Flkw, IL
(6) Ver Ap. Doe.
(7) E, ni, 283.
O) Oenáado^ em AdmUaelat criticai, páf. 41 di»llie: «Poderá o D. ApoMnio ler
em o seu Facciolati» (..). PossfvelalusãoaoDÍGkMláriodBAmbv6sioOs]epino(Padua. 1747)
que Facciolati, com o auxilio de Forcelliní. corrigiu e imprimiu (ver Sep.). A ele se referem
as cartas de Vernei a Facciolati que publicamos. As cartas latinas de Facciolati foram,
cm grande parte, divulgadas nas Acta Eruditortm de L^Mía. Embora mais ftwliBPhIft
(-«cias obras dc linguística, d
merece rcFcrcncia tt Gkvooe ttodbÊO btmtto nMi sckaxa chOe.
Pádoa, 1740. de que há outras edições.

Copyrighted material
— 493 —
carttw(S). De António OenoveaiapenuGOfiicrvava unia cuta. Miskmbfando-noidnanii»
zade que lhe conirou pàfaliounente, julgamot que ae terào correipondido com mab flneqiién-
cia (6). A data da carta talvez se possa determinar pelo trecho atrás citado, que julgamos, ter

sido escrito cerca de 1748. Veroei informa que só depois de lerminado o seu Re De Lógica,
teve conhedmento da Lógica de Genoeaae, com a parada. É natmal
qual, a sua nnho te
que lhe escrevesse, levado pela mesma intenção que o induziu a prestar o eadancfaMOlo ji
referido, ou entflo, que a conopoodêncta tenha começado d^is de impresso o compêndio.
Nesta hipótese, a carta de Genovesi seri, provávelmente, de 17S1. Escrevendo para Roma
a Loigi Fiorini, de Nápoles, a 12 de Novembro de 1760, Oenovcsi recomendava-lhe que
«se prima di partire vcdretc il dotto Vcrnci, rivcritelo distintamente da mia parte». E ter-
minava (só para Fiorini?): Comandatemi, che io non ocsmtò dl essere». O editor das
cartas pormeaoriai a data da amiade dos dois homens de lems: L*Abate Lu{^ Veniei.
noto abbastanza nella Rcpubblica dellc Ixttere. strinsc grandiísiffla amicizia col nostro
Genovesi nel 1746, in cui Tu a Napoli (i). A respeito da «grandiíshna amicizia»,
dta o
ncdw da Lógica de Vemei, referido atrás. A oorrespondtocia com o Gabido de Évoca
pode localizar-se com algimia certna. Ekn carta anterior a 20 de Fevereiro de 1742 comiH
nicava Vcrnci ao Arcebispo dc Évora a graça de Aroediagado da 6." Cadeira, que o Santo
Padre lhe concedera. Julgamos que csia epístola terá vindo junta com a que escreveu ao
sstt proGundor, Cónego José da SOva Cfatrlo, a quem enviou «o mandato apoatófico
dt Tcr-sc-:i então dirigido a todo o Cabido ou tra-
f tyfWfífr' posscssione^^ da dignidailc.
tar-se4 da correspondência que mantevecom o seu Procurador? A carta que Diogo Bar-
bo« Madndo lhe endereçou, pode dter respeito à polémica vemefama, se o autor da
KbUoleca Lusitana realmente entrou na refrega com a Caria Exortaiôria, mas pUBBa-HOa
mais provável que intentasse simplesmente colher elementos bio-bibliográficos para a sua
Biblioteca. £>esie modo, situa-se antes de 1739, data do l." volume, até ao ano dc 17S2,
quando saiu o 3.* volume, que insere a biografla do Aioediago. Se nos lembrarmos da
severa crítica que Vernci lhe faz na carta dc I dc Janeiro dc 1763, somos levados a crer que
pode a esta correspondência. A carta do P. João Baptista Carbone
ser posterior se o —
jeaofta nio lhe eecieveu mais nenhuma— é aquela a que o próprio Carbone se refere em
correspondtocta com Pereini de Sampaio: «Vay entre as mais buma carta para o Arcediago
Vemeyt o qual novamente recomendo a Vossa Mercê, para que o favoreça nas suas pre-
leDÇ0es»(2). De Francisco de Pina e Melo conservava apenas uma carta. Sabe-se, porto,
queopoeialhefemeleudaas,aSdeJuniiodel753e26deJttllM>doano8Cfuinle. Apri-
meini pcrdcu-se; a segunda foi publicada pelo próprio autor e. por conseguinte, não terá
sido enviada em manuscrito. Parece, pois, poder-se conduir que a carta mencionada
na itlaçMo, é pwciiia mente a quc hqje se desoonhece.
D. José Durão, um dos amigos suapdtos de Vemei, ou preferia a conversa em reuniões
particulares, visto apenas se registar tuna carta, ou a sua correspondência, por perigosa,
foi inutilizada pelo Arcediago eborense. Trata-se, certamente, do «Abbade D. José Durfto»,

(1) «O famoso P. Berti, Agostineano, um dos maiores Tsóiogos Romanos» (Res, 130).
(2) Na recolha das Lettere Familiari deli' Abate Antonio Gcnowsi (Letteie, XI da
I>edicatória ao Ldtor), lé-se a propósito do desaparecimento de várias cartas: «Finalmente
bi medesima sorfe si è coisa pel carteggio dsl dotio Signor Vaniaar, dsl Signor Fafdesoe..>.
Foi tudo o que encontiimos a este respeito.
(3) Uttere, 174.
(4) B. da A. — SMU^, pág. 98.

Copyrighted material
—494—

<<già frate Augustiniano et ora Bibliotecário delia librana di S. Spirito»(l). São aiiufai
de levdir m cídoo MBielw do P. Évon, o Aitaro Btapo do Porto, a que aludimos no aqrf-
tiilo Os dois fins da hngada. Sc foram provocados pela oposição de Évora, na queatlo dO
Arccdiagado, sáo anteriores a Oulubro de 1740, em que o Bispo regressou a PortngBl.
Al 18 cirtu do aobtãabo de Muratori, Oiu PmioBMo Soli Mmatori, deviam oomcr oor-
respondêocia posterior à morte do iluminista italiano, ocorrida a 23 de Janeiro de 1730.
Parece óbvio que tivenem por objecto a cua vida, que o sobrinho resolveu escrever e, de
facto puUioou em ITSti. Sendo aasim, flxam^e entre 17S0-56, as datas de todas ou, pdo
anenos, de algumas minivas. Nio noa foi ptmM. enoontriMas, apesar das diliftoelas
que efectuámos nos Arquivos dc Módcna. As 32 cartas do Arccbispo-Bispo do Algarve,
D. inádo de St.* Teresa, Cónego Regular de Santo Agostinho, podem daiar-se de 1749
em diaiite. Gomo já vlmoa, em carta de 17 de Setembro deste ano, Mtamici tadra de
Sampaio escrevia ao Bispo do Algarve, informando-o de 4|ue «O Arcediago Venwi he homem
de muita capacidade, e de pratica nesta Curia, por cujo motivo he louvável a destinação
qoe V. Ex.* fez dele para seo agente» (2). As 47 cartas do «MàMles», se este se identificar
oom o P. José Mendes, SJ., oPaoilanciáfio a que alude o Baiiello da Roma, talvnse situem
entre 1768 e 1771, durante o tempo em que Vernei exerceu as funções de Secretário da
Legação. Ao P. Nicolau Maria Carcani, de Nápoles, censor oâcial do Verdadeiro Método
de EtíHdar, eaciwi» de em 1763, por causa doa «eus livros. Carteou^ pdo menos uma
\c7. conforme Já ficou referido, com João Jacinto de Magalhães, «que esti em Loodwn»,

não sabemos a que respeito. Embora nào higa referências a Joio Baptista de Castra,
o feaitpdo autor do Mapa de Portugal, sabemos que Venn lhe mandou entregar pdo
iimio Diogo, um exemplar do De Re Physica (Roma, 1769), tendo recebido, por isso.
uma carta e oferta de livros do Beneficiado lisbonense (3). Uma das obras oferecidas pode
ter sido a segunda edição do Mapa de Portugal (1762-63), em trés tomos, apesar das refc-
itedaa que vimos. Esta era, oom efdto, a obra do autor que mais podia interessar a Vemei,
por tntfar da história c (la vida portuguesa. Jidgamos que José Smrn Conda aeii o Abade
Joaft Conda da Serra.
Outros nomes aparecem no inventário dos papéis, de que vale a pena fazer, ao menos,
breve menção: P. Fassoni, P. Morassi. Mons. Basta, P. Aleixo Horácio Escolápio, P. Vairo
Rosa, D. Jose dc Hrap;ini,j, Ds. Icmpcsti, Dr. laddei, Isabel Antonini. D." Ana Mendes.
João Pereira da cidade do Porto, Aatònio da Cruz Figueiredo, Embaixador Vicente de
Soosa Cotitinbo, Oratoriano de Braga Martinbo Peretra, Pleoipoteociário José de Sá Pereira,
Miguel Angelo d'Angelo. P. Marcocei. Bartolomeu Pizardo, Vito Cirazclli, João António
Ooaltieri, Frei Domênico Pisa. Muitos outros, certamente se poderiam acrescentar.
Mas nio pagam o tmbaOio de empreender invest^acfles neaae aoitido. Contado» nio
queremos deixar de arquivar as direogOca colbidaa num livrinlko mamncrito^ em pule da
letra de Vcmei:
— À Monsieur l Abbé Jean Chevalier, Bibiiolhecaiie à la Bibliotheque Royale, Rue
iiÉbsUa. BranOn; Al Rm* P.« Profle Oesmo. II P. M. Diogo Venwi. Pilippfai«, neOa
Regia Cata daaNeoesidades. I isboa: ai Sig. Giaseppc Oomes Franco. Lisboa: «ÀMon>
seigneur le Duque le Lafoens, à Lisbona; Al Sig. Pietro Garibaldi. Génova; A Sua Exod-

(1) Notícia que akançou e deu o Bargello de Roma. Ver Apênd. Doe.
(2) B.A. — Cód. 49-VII-35 pág. 491.
(3) B,P. Évora. 001/2-12: Caitaa a^L nem amiiMtm, nem dinoclo e Gana
de agradedmento de Diogo Vemal, da Oan da N.* S.» daa Naoeaddadaa, 2 de Dezembro
de 1770.

Copyrlghted material
II Sigr.' ConuneDdatore di NofonlM Ministro Pknipoieoiiarío di S.M.F.; À Monakur
tooza
Deny AntoiíM Venwy à Litbome; A Saa Pocfamm II Sgr. Bdè <fl AhneMi Portagal
\'icc-CancclIicre ócWi Sa^rn Rclisionc Geroiolfallitana. Malta; A Sua Eccellenza II Sigr.*

Marchese di Lourisal Ambasciatore Straordinarío di S. M. Feddissimo. Madrid; All'lll.'°<'

Sisre- ProAe Onmo n D. Vito Giviidli Dinttore e Profenora AH^Aoidemto délte


Sigr.*
Marina. Napoli; Nei Xbre 1781. D. Vito abita In casa dei Príncipe di Conca al 3. Appar- "

tamento, che stà aocanto alie Monache dette íl Ritira di S. Chiara, che sta di rimpetto al
palaiZD dei Duoe di S. Pietro in Palatino; Al Rm.° P. e ProAe Ossmo II P. Bernardo Lopes
PUppilBO, neOa R«(ia Gasa das Neoesidades. Lisbona; «Messioun Denys Chevalier «I
Comp.* à Lisbonnc. N.B. —
Está riscado; Al Sig.*" nnrtolomeo Picardo quondam Lorenzo.
Génova; A Sua Eccellenza II Nobil Uomo Gracomo Antonio Marcello, a S. Maria For-
mosa. Veneda: AiniL"* Sigr.* e FtoAB Oasm.* n Sigr.* D. Ignazio Aullsio, Rettora dtOa
Chiesa e Monastcro di S. M.» di Constantinopoli. Napoli; Al R.""' P. Profte OssmO 11
P. M. Giuseppc de Azevedo, niippino, oella Regia Casa das Neoesidades. Lisbona;
Io J. H. de Magalhacn:» Esqr. At. n.<* 12. Nevib court fetter lane. London.

Ocupar-nos-onos agora, detidamcivc, da correspondência que sc guarda iio Arquí\o


Matórico UlirainaiillO, dirigida por Vcrnei a unia Lcoclenza que o Prof. Cabral dc Moncada,
em Um itlbmMsU» portMguia do aietdo XVttl: Lub Aattaiúo Vtnmy, tdeotMca em Fkan-
cisco dc Almada dc Mendonça Ka reedição desic estudo, no volume dos F^tiidns de
História do Direito mantém a mesma suposição, que se apoia nus seguintes argumentos:
1.* O perfodo abrangido petas cartas corresponde, predsttnente. à época duianie a qual
Almada, saído dc Roma depois do corte de relações com a Santa Sé (1760)^ 10 manteve em
Lisboa, até Abri! dc 1768; 2. "
O tratamento dc excelência era aquele que. como ministro
plenipotenciário, compelia a Almada, por iorça do disposto no alvará dos IralaiiKntos,

de 29 de Janeiro de 1739; 3.* O destinatário das cartas tinha estado recentemente em Roma
een pessoa de toda a intimidade e confiança do Marquês, o que sc aplica perfeitamcntentc

ao ministro; 4.° Era também o destinatário pessoa que estava metido a fundo no segredo
da questio dos jetnftas, e ninguém o estava mais, como é sabido, do que Almada; S.* Na
carta n.» 2, de 2S de Dezembro de 1765, finalmente, Verad pergunta expressamente ao seu
misterioso correspondente quem é. naquele momento, o seu secretário de legação, e dispara
a reveladora pergunta: «cosa é fatta dei Pagliarini?». «Depois de tudo isto, sabidas as
rdacfies entre Fai^iarini e Aknada, Almada e Vemejr (cír. a carta do Padre Isia« aqira,
pég. 13 nota"), não se pode duvidar por mais tempo de que fosse este último o destinatário
daa cartas e relatórios. Nem obsta a isto, o facto das más relações que, pouco mais tarde,
vieram a existir entre os dois homens, Vemey e Afanada e qne, entre outros documentos,
estio bem patentes na carta do primeiro ao Padre Foyos, publicada no Âpêtufíce. Dela
se vê ficilmente que a data dessas más relaçOes é assás posterior à das cartas qtw ele dirigia
para Lisboa (...)» (1).

Efectivamente, as cartas foram endereçadas a um diplomata da inteira confiança


de Pombal e. até seu primo, como Almada. Mas nào podiam ter sido dirigidas a este,
com quem Luís Vernei não entraria em confidencias comprometedoras nem daria expressões
de tio intensa intimidade.
o a><sunto das cartas pode-se esquematizar deste modo: 1.*) íkfpotismo: concepção
de Frincipe (servidor do povo). Bons Ministroa e doutos iluministas como conselheiros,
taaar jesufm e Ubordide de pensar.

(I) E, IH, 15-16. nota.


— 496 —
2. *) A Inquisição e • sua leforma, no aentido de aeculariaçto. Despotismo no

os Portugueses, por ocasi3o do rompimento de rslaçOes com a Santa Sé.


3. *) Padroado e direitos da Coroa. O Ooveno português consentia num abuso da
Chaocdaria papel, que neobum outro Ms
penoi tiri» (ooooessSo da Cruz dt Cristo a Estran-
geiros). Sistematiza, em papd à parle, as OMdidas que Oie paieoe de vewiiwe adoptar.
Despotismo em França.
4. *) Os Ministros de Estado das Pottadas Oddeotais vio sendo vencidos pdos Jmd'
ias. Dá o sinal de alanne. GondiçSee peim um bom MlnistoD de Estado.
5. *) Oferece-se para tratar dos assuntos referidos cm cartas anteriores, da ínquisiçUo
c da Cruz de Cristo, acrescentando agora mais outro, o da oonoesslo de beiíe/ícios. Como
senipn» moetra-ee ben iuforoiado doe neiâdoe de Roma e» para prova do seu bom seneo
• saber, envia segundo plano de nforan, que abnune oe aspectoe Utertrios, edesiáetlco
e dvil.
6.*) Pede a tnteroessio junto de Pombal, para a ediç&o da Física. Envia inclusa
a carta para o Marquês, que se publica no Apêndice, com a data de 28 de Maio de 1766.
1.*) Novo sinal de alarme: os Jesuítas intervieram Mts promoçfles dos Cardeais e
na eleição do novo Papa triunfariam completamente.
8.*) Um jesofta portognCe, Inácio Monteiro» tentava conquistar a Mocidade por-
tugucsa. aprnvcitando-<c da sua despiça de ainda nio ter imprimido a Física, paia que
solicitara o auxilio de Pombal.
Esiaa ortu manifcifim, antes de mais. a sequência de uma cotremKmdênda interrom-
w
pida ou de cou i sas do rnssmo tom. Agora, o amigo tivera outra prava da estima do
Governo, com que se encontrava em relações, por dever de mister oficial. O interlo-
cutor estiveni em Nipoles. Referiodo-sc à tentativa papal de introduzir a Inquisição
nesse Reino, Vend interpela^>: «Voi sapele, die n Re Ckrio (Cailoa ni). avea Ihlto ivi

editto...». Quando conta casos de jiiJ.nis protegidos pelo Governo português. lembra o
nome do advogado Miguel Lopes de Leão, cujo filho era então «guarda dei corpo in
Napoli e fone Taverete oonoecíulo». Continuando a nanir casos do mesmo gfinero,
raoaida ainda João Patrício da CNuna, qtie «stà ora in Napolô» e o Iwbieu Figueirb^ «che
voi ceaoeoeetes in Napoli».
O oonespondente de Vemei encontrava-se fora de Portugal: Quando pede a sua inter-
nssslo junto do Marquês, para conseguir meios para editar a Física, manda-DiB uma ceita
aberta, que o correspondente lerá e fará o favor de enviar «ai Sigrc. Conte», com a sua
de recomendação. Não precisaria dc escrever, se se encontrasse cm Lisboa, sendo da
intimidade do Primeiro Ministro. E, ao terminar, redige*lhe a minuta da carta de recomen-
dação, indicando os pontos de glória que justificariam o auxílio pedido. Por fim acentua
que, se a ExceUeoza tiver dificuldade em o recomendar, que Uie faça «il Cavore di mandarle
mettere alia posta di Lisbona al suo destino».
O desdnatfrio dseta conespoBdência residia em Màdrid, em mlmio dipiomttiea e.
por pede esclarecimentos sobre uma boa medida do Rei Católico, a qual n3o lhe
isso, lhe

foi dada.Alude à levolta popular de Madrid (Março de 1766), como acontecimento ocor-
rido no loiar onde residia o correqModeote, como le dissesse: ítso que sucedeu al, depressa
o soubemos cá, por via de Génova. Quando recebe a visita de uma dama, parente do
«Cavalier Roffi cbe va prendere ora come Colonello, possesso dd Regim. di Borgogna in
Sidlia)», envia-^ os cumprimentos da Senhora que lhe dissera ter ooolieddo o seu corres-

pondente «dn casa di una Dama spagnuola».


Por outro lado, Almada e Vemei não simpatizavam um com o outro desde o dia em
que ambos se candidataram ao benesse de Arcediago da Sé de Évora. Almada perdeu

Copyrighted material
— 497 —
• IMttlida mas o seu interasae pelos hábitos eclesiásticos era tão grande que mais urde con-
seguiu outro idCntioo —
o de Afoedkfo de Vila Nova de Oamba. A pweeaça de Almada
quando Vemei é armado cavaletro, tem tanto valor como a de Sampaio. IJm e outro
cumpriam ordens régias e convinha-lhes aparecer em acto de benevolência pública do seu
Rd, «m Corte BiUai geha. O jufao que Vcmei floia de Almada e o que «le formulava
i

a respeito daquele, nasceu nos primeiros contactos que tiveram na Congregação de Santo
António. A un homem destes, nunca Vemei deve ter escrito, nem empregaria jamais
expiesafies dertas: «Vi prego... conservarmi ú vestro prezioso afTetto, chMo stimo come
dAo: protestando ni ooOa piíi veraoe ad appasionata atina». Ou esta: «Ed lo faitanto
proleitandomi sommamente obbligalo ai suoi favori, c memoria, mi confermo oon inal-
terable venerazione (...)». Ou ainda: «Termino con augurarvi una vera felicità in tutte
levB8ti«coee,eo(^e8ibinnidveetripragÍaliaaiinÍ(»aMiidÍ(...)i». Muito menos teraiinaija
assim uma carta: -<¥. bacciandovi umllmente le mani (...)»; ou: "desiderandovi picnezza
de fdicità,coUa piu riveiente, ed aCfectnosa itima (...>>. Por mais dissimulado que fosse,
w
também maiea cwwrla este período. «H gentilisstmo Foglio vestro dei 28 Gennajo,
il cualí vi compiaoeste dí darmí ragguaglío di cotesto pacse, mi fa vedere che concordiamo

nclla teoria, o principj, circa punti principali: e che la diversità solo può stare ncirappli-
i

cazione». A sua teoria de bom ministro de Estado, aliás muito razoável, não podia ser
aoeile por PouImI e, portanto, Vemei nlo m
arriscaria a propMa a Almada. Basle esta
pequeoa transcrição, que o comprometia simultâncamente perante o Ministro c o Rei:
«(...) é un assioma di tutti i buoni Politici, che se un Principe pensasse ai suoi doveri, non

«vrrilbemaiPrimiMiaiatri, a oniobbidiMe (...>. Em ocito passo apela para a <vaa solita


peoetrazione». Isto, em 17(6, d^Nris de Mendonça estar à frente dos negócios de Portugal
cm Roma, durante quatro anos .. Que em Almada, para lhe confiar
confiança podia ele ter
os seus projectos e, ainda por cima, desejar que fossem apresentados como do Ministro,
aemalMioaoseaiioaie? Bramoouaas que se nlo diziam a toda a gente: «Clieleoomonieo
solo a voi, per darví qualche lume in cose in cui non sarctc bene informato; 0 che spero
daBa vestra axnkizia, cbe non si saprá mai chi n'c Tautore, ma le adoClanle como vostrc».
Hnlia railo pana medoe e nio era de, com setes aentimenlos, que se iria meter na
boca do lobo, sublinhando que havia assuntos de Roma que o Ministro descooliecia...
Almada, dificilmente se pode contar entre «gli amici e padroni» de Vemei, que também
com custo lisongearia Almada pelo «mento», «dodlità)» e «spirito patriótico». Muito pelo
oontririo^ Vemei censura Mendonça no paiso em que, referindo^ ao abuso de Roma
conceder a Cruz de Cristo a Estrangeiros, alude à «trascuraginc dé Ministri Porfoghcsi
in Roma, cbe lo dovevano súbito vedere, e corregere». A respeito da concessão dos bene-
lldos em Roma, aIvqjaH> de novo: «So dw la Corte stà alio oscuro di qnesto^ come d raolte
altre cose, che glMniportava assai il sapere. per poter rimediarle. Ma non è colpa mia.
Rispondano quegli, che per si suoi particolari, non la vollero di qua mai ii\forniare». Não
podendo, pois, ser Francisco de Almada e Mendonça o correspondente de Vemei. neste
período d» 17 de Julio de 176S a 29 de Outubro de 1766, quem foi o seu amigo intimo,
COOB quem conwrsawi SOI Nápoles e a quem se dirigia para Espanha? No referido
numária dos papeis manaaiíos e carias de correspondência que se acJmrão a Luiz António
Vèmgp^ enoontrsflhee ntatadu e assidoa oomspondteda, de 1762 a 176S e este esclare-
cimento: <'Nas cartas que escrevia a Ayres dc Si, eotiO Kfioistro cm Nápoles que continua
d^ois deUe passar a Embauador de Madrid (que lie a mica correspondência que se acha
ioleini), se leem nniitaa (cousas) que lhe fltrHo alo pouca honra, se nas soas nqiMitat nlo

Haesse ver o dito Ayres de Sá que não lhe ficando atraz na erudição, o excedia de muito na
moderaçiio e prudenda. Este Fidalgo mostra conhecer bem que huma boa Teoria não
basta i>ara a felicidade das resoluçoens, e que hc necessário saber combinar as regras que

Copyrighted material
— 498-
tc apreodem com as ciicunst&ncias que ooomiii>». Aires de Sá e Melo estivera em NápolM
oamo Miaiatro FleoipoInGiário de 1760 1764^ em que Verneí esteve ausente de Rinde
(corte dc relações de Portugal) c residiu cm Pisa. andando por Nápoles, Liomc c outras
terras de Itália. De 1764 a 1768 foi substituído por José de Sá Pereira, com quem Vernei
também te oonespondea moito. Bn Dnembro de 17<!4, Airet de Si peaaou pem Madrid,
oomo Embaixador (I). Ú a correspondência deste período não toda, pois falta uma
(Mitra carta a que se faz referência —
que Aires de Sá trouxe para Lisboa, quando em 2 de
Setembro de 1775 substituiu D. Luis da Cunha na Secnliria de Ertado doa Frtienirime (2).
Por ino, as cartas estiveram no Ministério dos Negócios Estrangeiros, aalw de ae inoorpo-
laiem no Arquivo Histórico Ultramarino (3). Ao mesmo Ministério pertenceram as duas
celtas dirigidas por Vernei a Pombal, uma das quais, pelo menos, devia (er sido entregue
por Aim de Sá— hoje incorpoiadas oom todo o Arquivo antigo deam Mioiatérío. no
Arquivo Ybcional da Torre do Tombo.
Em &oe do que fica exposto, não i dífictl explicar as considerações do Prof. Cabral
de Moocada. Quuto ao periodo de •mtacie de Ahmda, de Rome, também o temoe oa
pewoe de Aires de Sá. No que respeita ao tratamento de Eccelenza, Aires de Sá fom Minis-
tro plenipotenciário e era agora Embaixador. .\ terceira razão é contestável no pormenor

de o destinatário terestado recentemente em Roma, pois chega bem que tivesse estado
cm Itália. Que era pcMoa de toda a intimidade e oooAaaça do Márqula, vé^e pela cfa>-
CUnstância de ser escolhido para substituir D. Luis da Cunha, num posto que ele próprio.
Cwalho e Melo, ocupara de 17S0 a 36. O anti-jesuitismo de Aires de Sá pode-se julgar
pdo ftelo de a Companhia de leras liawer lido expulsa de EqMuilia, tendo de ai o «diplo-
mata mais querido» (4). No dia seguinte a esse infausto acontecimento, cacrevia Aires
de Sá a D. Luis da Cunha (a 3 de .Abril de 1767): «Finalmente diegou o tempo destinado da
Divina Providencia para castigar os crimes Jesuíticos de Espanha com a expulsão de toda
a Ordem doe Grtadoe de S. Magestade Gatoliai» (S).
A pergunta de Vernei na carta de 25 de Dezembro de 1765, sobre qual era o seu secre-
tário de Legação, entende-se perfeitamente, no caso de Aires de Sá. A curiosidade sobre
o dmtiiio de Ai^iarioi, aliás protegido por Aliet de Sá, jutifica^e plenamente m aoabermoe
que ae trata do impressor dos escritos anti-jesuíticos que, por isso, foi expulso de Roma e
aooihido no nosso País pelo Marquês de Pombal. Também a carte pretensamente ende-
leçada por Vernei ao P. Joaquim Foios, nos merece algumas reflexOes. Desde que Ino-
ctedo da SOva avealou o aome dene Ontoriams quando a deu a conhecer (6). todoe os
escritores repetem o mesmo endereço, apesar de se conhecer já a correspondência que noe
levaa discordar do douto bibUógrafo. Trata-se de um autógrafo escrito por «araanuense»,
mas oom • ortografia pr6pria do Autor, como leeooheoe Inocêncio, que também esclarece:
«Postoque não traga expressa a direcção da pessoa a quem veiu, tenho todas as inducções
para a julgar dirigida ao P. Joaquim de Foyos. da Congregação do Oratório». Não diz
O autor as razões da sua persuasão, a não ser que se considere como tal, o facto que aponte
a sepdr, de que «existiu na Cua do Espirito Santo, donde, com outros papeis recolhidos

(1) Ar, 103 e 97.


(2) Ibd., pág. 114.

(3) E, III. 323 nota.


(4) Prof. Ângelo Ribeiro. In História de Portugal, BamlOB, vd., pág. 243.
(5) T.T. — Legação de Espanha, Ano de 1766-67.
(6) «Conimbricense». n.° 2229, de S-xu-1868.

Copyrighted material
—499 —

na supressão da mesma Casa, passou para a Biblioteca Publica», <le Lisboa, onde le encon-
tra (I). É natural que inlluine m meom oooclusão. a circunstância de o P. Foios mt nm
dos Oratoríanos mais ilustres que pertenceram à Academia das Ciências. Ora acontece
que o teor e a data da carta condizem perfeitamente com a correspondência trocada entre
o ontoriano de Aaewedo e Vcraei, adaptmdo^ ôptimamente como mpoita da
P. Joeé
carta enviada a Lisboa t>eIo referido Padre, a 13 de Dezembro de I7'?5 A essa epístola
de 8 de Fevereiro de 1786, respondeu o Neri com a de 25 de Julho desse ano, menctooando
exi^lcHamBiilB m dabi da carta de VeraeL
Na priOMiim Cfiiltola, o P. Azevedo, que havia sido Professor de Retórica, durante
cerca de dez anos e era Substituto de Filosofia quando em 1783 sucedeu ao P. Bernardo
Lopes como postulador da canonização de Bartolomeu do Quental, comunicava ao Arcediago
que «a Academia Real dn Sdencto de LMkw, de que teolto a hona de ser membro, em
huira das ultimas sessQcsqMe teve, determinou, para alivio da Secretaria, que a cada hum-
dos Sócios aqui rcadUM te destribuissem os que ví\ ião ou fora desta capital em outras
Provfadn do Kaino^ ou «n Vujm «tnoteíros, para que por «te modo poJeaie mais
m
facilmente coner o oom ercio litterario. A mim me assinarão pua «Me fim a Voma
Senhoria, o que eu sobremaneira estimei, por poder ser o primeiro que receba e me aproveite
das luzes e instruções de V. S., de quem a Academia se promette muito, dandu-lhc as suas
moleettoi lugan». Vemel iwpondeu com a carta tio divulgada, em que narra as decditas
da sua vida, e Azevedo participa a recepção da epístola de 8 de FcvanllOa qtW Vcmci escre-
vera de resposta à que ele lhe enviara como encarregado da Academia e acmceota: «A esta
dd parte do estado de «ude em que V. S. w adiawa, e o nmii oald-o pdas mOee que V.S.
apontava. Pouco ou nada se me fez novo do que V. S. me dicia pelo que já tinha ouvido
ao P. Diogo Vemcy, a quem devo bastante favor e pdo que aqui me contava Momeolior
Antonini (...)».

Por fim, anotamos que nada consta de rslaçOm de Vemei com o P. Poios, e que^ pelo
oonllárío. se conserva assídua correspondência de três anos entre o Arcediago e o P. José
da Awedo, ao qual confia, 19 dias antes, como complemento das confidtocias dos transes
de soa alma, algumas das producges Hterárias que nlo t&dtam granjeado a dita da lm|ii«i>
são. Conigirae-á, pois, de futuro, o eodsieço da Carta ao P. Joaquim Poios» pam o nome
do seu ooDsódo, o P. José de Azevado.
RBSt»4iOB acrasoentar breves notas a respeito das datas da correspondftncia trocada
entia Vemei e Muratori, que o Prof. Cabral de Moncada reuniu na obra tantas vezes refe-
rida. A extensa carta V. datada de XVITl Kal. Jan. MDCCXLVI (15-\ii-1745). é seguida
de outra, a VI, de Ix Kal. Jan. MDCCXLVI, (24 de Dezembro de 1745). Cabral de Mon-
cada traduziu a data desta tUtima por 24 de Dezembro de 1746. Estranha-ee, na verdade,
que Vernci. tenha escrito duas cartas em tão curto espaço de (empOw Mas, dias antes das
Calendas de Janeiro, isto é, do dia 1 têm nccessáríamente de cair no ano anterior. A segunda,
,

porém, começa por fazer referência à que recebeu de Muratori «cnos começos do correnlB
ano», referência esta que parece devia ter sido IWta aa primeira. Por OOtIO lado^ a caita
de Muratori de 1 de Janeiro de 1^4" di/ claramente respeito a esta segunda, ao frimr o
entusiasmo de Vemei por Nápoles. Scra, pois, de 17467 Nesse caso, terá de se ooRÍgir
a data latina paraMDCCXLVU. Deixando« em 24 de Deaembro de 174d^ «ocontianMiB
também outra carta datada de XVII Kal. Jan. MDCCXI.VII (16-xii-1746). que oProf.CUxal
de Moncada dá como de 16 de Dezembro de 1747. É a X desta série. Quer dizer que
caoevoQ a 16 e a 24 de Deambro, alndfaido, oesta última, à qoe rsosfaeu de Muntori «noe

(1> B.N.L. — F. G. caixa 177, Doe. 12.

Copyrighted material
— 500-
começog do corrente ano», quando era mais natural que o tivesse feito na primeira. Deverá
também corrigir-se a data latina para MDCCXLVm? Da mesma fonn, as cartas de
Vemei, a XIIl. datada dc XV Kal. Jan. MEKTCXLVIIÍ nS-\ii-1747), como a dc Muratori
a XIV, dc VI Kal. Jan. MDCCXLVIIl (27-xii-1747) e a dc Vcrnei, a XX, dc XIV Kal.
UtL MDOCXUX Çl9'XaA74t^ vta na coleoçio do ProT. Moncsda, atribafdu aos anos
de 1748 e 1749. D€Í.\;inio-Ias estar assim, —
porque também nesses casos, o engano c
de Vemei e de Muratori. Trata-se dc três cartas que versam o mesmo tema. Com efeito,
na primein destas cartas dá conta de tmn oIxb apaiadda «n 1748; a segunda, é respeita
à anterior e a última, sc se não admitisse erro por parte de Venwi. quase coincidiria com
a Xin, escrita pelo Arcediago cm 18 desse mês c ano.
Em face do exposto, só corrigimos o ano da carta XVl, dc Vlll Id. .Mart. MDCCXCVIIJ
(da 8 de Muço de 1746 para 1740): o mte da XI, de XVI KaL Kb. MDOCSavm
pare Janeiro), e ar diat da carta Vlll (de 27 para 29 de Abril) c da XVIII. de V Kal. Aptitis
MDCCXLIX, (de 31 A primeira
para 28). destas quatro cartas aparece no apógrafo
mantariano datada de MDOCXXXXVnn.

— A Joào Pedro Ludovici, antes de 8 de Setembro de 1739, pedindo a sua interces-


slo pan tuna rinecura. Como Cmtcm 0 neomembm par» Rema a ftAh ét LikhvMt m
data referida (Carta dc Carbooe a Sampaio, dc 8-IX-739. — B.A. 5\4It-€Ti, infirbnOS ^
data anterior terá havido carta de Vernei ao enteado da irmã.
— Ao arcd>hpo de Évora, D. FM Miguel de Távora, oonnmicando-lhe que recebera
do Sumo Pontíãce a graça de Arcediago. Cerca de Setembro de 1740.
— De Maria da Fonseca de Évora, Franciscano Observante, Ministro Ple-
Fr. José
nipotenciário de Portugal junto da Santa Sé, de 1730-1740, 5 bilhetes, que possivelnoente
peitcnce n a este período. (Referência no Inventário dos paptí$).
i

—Ao Cónego José da Silva Cintrâo, de Évora, seu procurador na tomada de posse
da dignidade de Arcediago da 6." cadeira, enviando juntamente «o mandato apostólico

de CÊpttmh potMííkmfit. É natural que tbe fosse dirigida a carta de Vemei que motivou
a cópia autêntica de «hum livro impresso das cilaçoens c Estatutos da Santa Sé Metropo-
Bteita desta Cidade de Évora», passada pelo Notário Apostólico a 4 de Fevereiro de 1741,
bem cooM» «tenw eertUSh dos Estatutos do Rth. CaUido, passada pdo Mo. Soentario do
mtumot pella qual conste todo o partaioadt ao Areeãiagaio ée Sexta» de ea/o bemfielo tem
graç». (Ver Apend. Doe.').
— Ao P. João Baptista Carbone ( ?), queixando-sc dos Governadores e depuudos da
liií^ de Saato AoMoio doe Fortugueses. Antes de 27 de Junho de 1741, data em (pie
Gnbonc sc refere ao recurso dc Vcrnei.
— Ao mesmo, queixando-se de que o obrigavam a pagar 600 mil réis. Antes de 19 de
Outubro de 1741. O tmeMérto dos Fapels refeie uma carta de Gutooe, sem indkar a
data (cf. Ap. Doe.).
— A Ludovici (?). ou ao irmão Diogo ( ''), enviando junto o memorial pare nova pre-
tensão, a entregar a Carbooe, que o remeteu para Sampaio, em 2S de Outubro de 1742.
Ao Ckbido de fivoia, a 20 de Abffl de 1749, em deftsa própria, ootMia as peeteosOes
do Cabido. (Alusão em .Ap. Doe.).
— Do Cabido de Évora. Duas cartas no /nveiaário dos pap^ possivelmente
lafcridas
em resposta As anterioies,
— A D. José: De Recuperate Sanitate Joannis Ver Vemeiana.
V, 1744. Bibi.
— A várias pessoas residentes em Portugal, antes de publicar o Verdadeiro Método
de Estudar. (Infere-se deste trecho, de carta sua a Muratori, de 1S-I2-I74S: «5^/ muito

Copyrighted material
— 501 —
bem, pelas cartas de muitos homens doutíssimos que me chegam, — a sua reforma
ser isso
das «Letras» — preeUemetúe o qm madtoa qmtem e ardentemente deaefm».
— A Luis Aatonio Muratori, Bibliotecário do Duque de Níódcna, em 6 de Fevereiro
de 1745. — Elogtasi, confessando lido Difetti delia Giwrisprudenza, pubUcado por Mura-
ter

tori em Adverte que lhe fUta letotocia ao Dinito PonUfielo e fix oonidenc0et
1742.
a esse respeito. Oferece-se para lhe tratar qualquer assunto de que precise em Roma (Esta
como as cartas seguintes dmgidas ao mesmo, conheeem-se por meio de um apógrafo do
século XVIII, possivelmente da ktra de Muratori, que se conserva no fundo nuiratoriano da
Biblioteca Estence de Módentt. (Cf. Afc; 348 e 3S9!». PiiUeada cm E. lU, 19S (texto);
240 (tradução).

De Luis António Muratori, em 3 de Maiço de 1743, eni resposta à anterior, letri-
buindo oe eksgioe receUdoe e ahidindo á queatio do valo eangubtárh. SubUnha o perifo
de denunciar «as leis tradicionais» e as «GaBâmicn». 0*uUkada em Xí, 4715: carta
n.» S064 e em £. lU. 199 e 245).
—Gaitas do Mitod» 4e Eiduâar. Sio 16 epiltolas dirigidas a um amigo.
Verdadriro
Doutor da Universidade de Coimbra. ImprimiranMa em 1746^ com dedicatâlia aca P.P.
da Companhia de Jesus. Ver Bíbliog. Vemeiana.

A Muratori, em 7 de Abril de 1745. Omgratula-se com a amizade do erudito,
declarando^ iiiwitckla e comenta oe poHos da carta recebida. IVometc leplbe toda a
obra c indica as suas, aludindo, sem o designar, ao Verdadeiro Método de Estudar e à Teolo-
gia que andava a escrever, nomeadamente á história que depois inseriu no Apparatus ad
PkaaeepUam et Tkeokghm. (PubUeada cm E, ni, 201 e 249).

De Muratori, em 26 da Abril de 1745. Refere-se à iniciativa de Vemeí. de lefor-
mar os estudos, acentuando o seu atiaso em Portugal. Nota, p.ex., Talta de crítica HO
1.° volume das Memórias da Real Acadonia de História Portuguesa. Anima-o a proaw-
gulr na wfoima, apesar do que em AáHa se dia a iwpeito da fnqoiíiçio. (PlibOeada em
Epj, XI, 4783-84; Carta n." 5084 e em E, III, 206 e 355).
— A Muratori, em 15 de 1745. Dqwis de expôr as causas do seu
Dezembro de
demorado riHnciOb entie de saAds^ concorda com a opliitto de Mualori
chs a fidta
os portugueses e a falta de crítica da Academia e aponta as canns: «o péssimo gosto da
Eloquência e o da Filosofia». As ideias que explana a seguir, conferem com as páginas
do Verdadeiro Método de Estudar e com a epistola que denominámos 17.* carta do Ver-
dadeiro Método de Estudar. Sobn a fnqtririçio fia as suas leserm. Manifesta o gMto
de ter lido «o teu livro sobre as forças do entendimento humano, em que refutas com gra-
vidade, metódicamente e até não sem espirito, os delírios dos Pirrónicos». (Publicada
em E, m. 208 e 238).
— Ao Arcebispo de Fermo, Alexandre Bórgia, mencionada na seguinte, em que
o Arcediago manifesta o pesar de o Prelado se ter ausentado de Roma, sem se encon-
trarem.
— De Alexandre Bórgia. de Fermo, 9-ix-1746, em que revela o seu desacordo com
Vemei à Biblioteca Lusitana, de Barbosa KbcbadOb e à
relação à crítica exagerada de falta
de talento dos portugueses. — Ver Ap. Doe..
— A Faodõlati, em que comoniea o envio de uma pubUcaçio sua. Referência na
epbtola mencionada depois da seguinte.
— De Facdolati, de 28 de Setembro de 746, em que comunica que se ocupa na revisão
1

do Odepteo. Referência na seguinte.


—A de 16 da Dsnmbro de 1746, em que alude ás duas anteriores e pro-
Facciolati,
mete enviar-lhe outra obra sua, uma Ortografia Latina. Diz que tem pena de não saber
hA mais tempo que Facciolati se ocupava na revisão do dicionário latino, por ter um amigo

Copyrlghted material
—502—

que costuma anotar o seu Calepino. Por fim refere^e A edição de Mureti, elaborada por
Coaàiào em Pádua, no ano de 1740. —
(Fer Ap. Doe).
— Dc Muratori. — 1746. Referida na seguinte.
— A Muratori, em 24 de Dezembro de 1746. Resposta à anterior, que se desconhece.
Coot» çp» eiteve em Nipoki e teoe nagado dogio a eata cidade^ tra^mdb un qoMfao
do aea desenvolvimento cultural, no sentido por ele propugnado. Retoma o assunto da
InqnhiçJo portuguesa, em resposta à carta não conhecida. Diz que lhe remete uma publi-
caçio nw, editada pm> um amigo, sem waa ronhccimento. Pnsimta se entokk bem o
português, porque deseja enviar-lhe uma obn. que pano» aer o VèráMro Mikkb de EHih
dar. (Publicada, cm E, II!. 214 c 266).
— A Alexandre Bórgia, de Dezembro dc 1746, enviando cumprimentos de feliz ano
novo. fUMmcM na seguioie ,

—De Alexandre Bórgia, de 2-1-747, Agradece e retribui os votos de feliz ano novo.
alq|jaiido4be a De Conjungenda (...) Philosopitía cum Thtohgia Oratio, quer peia novidade
do aauBto, quer pela elegância do estOo e aoonadbaiHlIo-o • cdHA^. Promete enviar-lhe
uma produção sua. (Kcr Ap. Doe.).
— Dc Muratori, cm I de Janeiro dc 1747. Comenta os passos da carta de Vemei
referindo, a propósito da Inquisição, a sua intervenção na questão do Sigilismo. Sobre
a oArta do opdMulo diz: «Adid af muita fliminria da fomui e um hcOhaota «apédme do
que é uma obn aftica». (Publicada em Epi. XI, S008: Carta n.* 53S6 e em E, m, 217

— A Muratori, cm 29 de Ahiil de 1747. Ocupa-ae da «Ma de anibos, relata os seus


conhecimentos acerca dos renâmcoos eléctricos, esdaiaoe uma vez mais o que pensa a
respeito da Inquisição, dá-lhe a noticia de haver enviado, mas o portador deve tê-lo perdido,

parece que o Verdadeiro Método de Estudar e finalmente informa que lhe remete a sua
última publicação, certamente De cot^tmgemh ketíssbm Phtíoaopida cum Theohfki (Publi-
cada em E, iri. 219 e 273).
— De Muratori, em 14 de Maio de 1747. Elogia-lhe o escrito oferecido, concordando
«om as idetaa de ataque i orientaclo antiga e alude aoe seus próprios trabalboe. (Publi-
cada cm Epi, XI, 505»^: Oula n." 5420 e cm E. III. 221 e 27S).
—A de 14 de Dezembro de
Facciolati, 1747. Pede mais esctotedmentoe sobra o
Calepino. (Ver Ap. Doe.).
— A Muratori, em 16 de Dezembro de 1 747. Explica a lailo da demora em respon-
der, protestando a mais profunda amizade e alegando COmo cauia principal, a falta de
saúde. (Publicada, ibd., págs. 222 e 277).
—A Alexandre Bóq^ a acompanhar a da Ortognvkki Labia. oferta ReiMneiB
na seguinte.
— Do Arcebispo de Fermo, de a agradecer o opúsculo, a que
5-i-i748, leoe lasgido
dofia {Ver Ap. Doe).
— De Muratori, em 17 de Janeirode 1748. Depois de falar das doenças de ambos,
promete rcmctcr-lhc <'a Dissertação que me pedes» —
De Lusitanae Ecciesiae Religume.
Falta, pois, outra carta de Vemei. (Publicada em Epi, XI, S 128-29: Carta n.<> SSIO e
em E, m, 224 e 279).
N.B. —
Corrija-sc pioperantem. no fim da epistula. para properenuis.
— Aloysius Antonius Vemeius Lusitanis Adolcscentibus optimis discipUnis instituen-
dis. Romae, Td. Mart. A.C.N. GOIOCCXXXXVm (15 de Março de 1740. fi> De
Re Lógica.
—A Muratori. em 21 de Maio de 1748. Pede desculpa dc só agora responder à
caita recebida em Janeiro, que deve ser a resposta à sua que descrevemos atrás. Alude

Copyrighted material
—503-

a uma obra o Sigilismo, e diz que lhe manda duas inscrições


recebida, parece que sobre
aobie « fadia, im idtadidft iior
e oirtn fslla por octtilo te
li

na cidade por três dias. tnvada entre Muratori e o Cardeal Quirini


Refere-sc à poléralc*
e informa que recebeu do Arcebispo Bórgia, lucubrações deste contra o mesmo autor.
(Publicada oa E. in, 225 e 281).
— Ao Arcebispo Bórgia. Envia novas produções literárias, as inscrições latinas
sobre os feitos portugueses oa índia e di conta do seu grande projecto de iluminar a Nagio.
Referência na seguinte.
— De Alexandm BAffía. de 24 da Maio de 1748, em que «nlta a olica projecuda
pelo Arcediago, de novw cstudos fflosMcoa e teológicos e faz reparos a eapitasOci latinas
das inscrições. Ver Ap. Doc
— A Muratori, «m 18 de Denembro de 1748, sobre o livro Cemscertaww dotmaHeoB
universo orbi terrae qiso recta sacramenli poenilentiae administrationes refulgentes in vários
ditírUMaas radk» quibsa noxia prwcis detegemU aunplices destritítur atqite miae fnpotitiomi
UimMoitMttmMiÊratorUtumélhnméKíífyanim. Por Bernardo de Morais. Uboa.t748.
(PuNicada em E, III. 227-284).
— Dc Muratori, em 27 de Dezembro dc 1748. Confessa desconhecer o livro de
Morais e pede lhe diga onde se encontra à venda. (Publicada em Epi, XI, 5240; Carta
n.« S6S9 e em E. m. 22» e 288)^
— Frandsco de Portugal c Castro — Aloysius Antonius Vemeius (Carta-manilesto
ao Marquês de Valença, sobre Teologia). 1748. — Ver Bibliografia Vemeiana.
— Do Ondeai Quirini. O Immaárh de paptts alude a 4 certas, que bem podem
situar -se cerca de 1748. A 21 de Maio de 1748 Vemei refere-se-lhe, em carta a Muratori.
como quem o conhecia bem. Por outro lado, a 14 de Novembro dc 748, o Papa Bento XIV
1

impôs silêncio à polémica dos dias santificados, travada entre Muratori e Quirini ( Ver E,
m. 282 e 28D.
— Guta de um FOóloio de Espanha a outro de Lisboa. 1749. (K«r BiUiognlla
vemeiauOi
— A um am^ de Lisboa, petHndo a obre atrás dtade de DIonfaio Bernardes. Refi»»
rida na carta seguinte.
— A Miuratori, em 4 de Janeiro de 1749. Dá-lhe noticias sobre Bernardes, comunica^
-Uie que já mandou vir dois exenqilares da obra, prometendo ofereoer^he um e avisai» de
que saiu novo escrito, redigido em português, em rssposta ao De leiiirnieBr fieebete Jbfr
f;ione. Anima-o a enfrentar os adversários, a seu exemplo: «Olha que cu, que tomo o
caminho mais sq^uro da ôlo&ofia, já tenho sido frequentes vezes agredido pelos nossos.
Mas já Mion calcado». (PobUeada em E, ID. 230 e 289).
— A Muratori, em 8 de Março dc 1749. Conveça por advertir que nào recebeu res-
posta à anterior, e propõe o boato de correr em Lisboa que era ele o autor do já referido
livro de Muntmi —
Dt IjuHaiiae BedetkK Religkme, aliás publicedo com o próprio nome
do Bibliotecário do Duque de Módena. A n»ior parte da carta democa-ee com a fantasia
de não ser ele o autor do Verdadeiro Método de Estudar. Aponta as supostas intenções
de quem lhe atribui a obra e suplica-lbe que faça uma declaração pública de como esta obra
lhe nio pertence, «para eu com ela esmagar o i mp idftr doe cahmiadoics*. (Publicada
em El III. 232 e 292).
— De Muratori, em 18 de Março de 1749. Mostra-se penalizado com o que Vemei
estava soficado por causa dele, Muratori... E, como é an homem ssnpin divoito a ser
útil a todos os varões eruditos, não teve dificuldade eu aceder gostosamente ao seu pedido.
(Publicada em Epi. W, S3I4-15: Carta n.» 3706 e em E, m, 234 e 295).
— A Muratori em 28 de Mufo de 1749. Agradece oetioamplo e honrosisatmo ates-

Copyrighted material
— 504-
tado do meu engexiho e douuina» que lhe passou na carta anterior. Deu-a a ler aos amigos
e comimiti que altniM peoiam ser pm de de tnmde ioteresse mandir kapríatUa. em kom
fedonda Pensam que niio há outra imuwin de destnik « petulância doe aeledioealH».
(Publicada em £, III. 237 e 298).
—De Mafatori, cm 13 de Abril de 1749. Indfefr^be as pessoas oom que se oone»'
pondia e pede-Ihe que entregue as Coruscationes de Bernardes de Nforais ao GeidsÉl TuiH
buriní. (Publicada em Epi, Xil; 5327, Caru 5723, e em E. III, 238 e 300).
— A Alexandre Bórgia, recomendando um jovem que possivelmente desejava seguir
• vida ectesiástica. Referência na seguinte.
— De Alexandre Bórgia, de 13-X-I749, cm que lhe di conta das más provas de latim
prestadas pelo seu protegido e promete remeter-lhe o 2." volimie das suas Homilias. (Ver
Apw Doe.).
—A Muratori, a 19 de Dezembro de 1749. Fala do estado de saúde de MObos»
diz que já enviou a obra de Bernardes, sobie o qual, de novo se prooiíocta desfavortwjmente.
loforma-o que há quem suspeite ter sido ele que moveu Mnmlori « esomer o já referido
Ojpdsculo, «para ser agradável ao Arcebispo de fivon. D. Miguel de Távora, autor da
paMoral de I de Abril de 1 746». Mais uma vtz pede que lusgne determinedes ceitM soas.
(Publicada em £. III, 238 e 300).
— bi Amem Joemiis V(...)Omtio. Nesta certa • D. los<^ cRaha as queUdadm do
novo Momuca. acalentando a esperança dc que siga os passos do M e qw. nlo s6 iguale
as suas virtudes, mas as supere. (Ver Bibliog. Veroeiana).
— Do e ao Aicebispo-Bispo do Algarve, D. Pr. Inádo de Santa Terem. 32 cartas,
eetnmlo o ImetOário io$ papeis publicado no Aptodice Documental.
—Carta latina, cerca dc 1750, ao Superior de «certa Assemblea de Varocns doutos»
(Oratorianosj «cm que se ofrcrccia auxiliar a empreza Ope et Consilio» «para o fim de os
animar á faitroduçao e séquito das FUoaofias chamadas da moda». (Alusio em Conv., 429).
— Ao P. Tomás José dc Aquino, dc 18 dc Outubro de 1751 (OO 17SQ.
N^. Alusão na carta seguinte e ai resumida.
— DoP. Tcmás JoeádeAqtlina «Carta que se mandou oom a pmenle tndocio»
(aVemeO. /nOraçãodeU^VenieinamortedeD.loioV. LMmmi,17S2— KcrBililio-
grafia Vemeiana(l).
— Dc Gian Francesco Soli Muratori, sobrinho de Luis António Muratori, que escre-
veu a VUa do tio. Como este fideoeu a 23 de Janeiro de 17SIK 6 poarfml que as Ificartas
que vêm mencionadas no Inventário dos papeis, tenham sido escritas a partir desta data.
Conforme referimos na Inuoduçào, por mais diligências que fizéssemos, náo pudemos
enoontrá*lM noe Arquivos de Môdena.
— Do P. José de Santo Agostinho c Pça. Maço de Cartas, mencionadas nestm
termos, em docuinento publicado em Vern, de 29-ix-I9S7. No Arquivo do Instituto Por-
tuguês de Roma guarda-se um docimiento assinado por Fr. José de Santo Agostinho e Eça.
datado de Roma, ll-ii-1750.
— A D. Rafael Lopes de Leão. cerca de Abril de 17S0, aoim a procuradoria do
Arcebispo-Bispo do Algarve. Publicamo-la no Ap. Doe
—De D. RahdLopm de Leio, de 26Ait>790^ sobre o mesmo assumo. Ptil)Hcamo-la
no Ap. Doe. — O Imentdrio de papeis refere «duas cartas».
— Joseplio Lusitanorum Regi Pio
I Felici Fidelíssimo Aloysíus Antonius Verneius.
Roma, 13 de Setembro de I7S0. Dedara-ie pelos modernos contra os antigos, que se

(I) Sobre a traduçáo, ver Filos, II.

Copyrighted material
perdem em disputas inúteift. Orande elogio ao Rd, que bem percebe estas cousas...
On Dt Rê Lógica).
Josepho I. Lusitanorum Regi Pro \i!Bvisto Fidelíssimo Aloysius .\ntoniu$ Ver-
neius Felicitatem. Romae 1. a.d. llilli (VI) ICal. Octobr. a.C.N. CIDOCCL. (26 de Setem-
bro). Compelido peloa mus oondiícfpak» a eacrever o que antea apontara paia o seu estudo
da Filosofia e Teologia, rcsolveu-sc a publicar este volume, lendo (ido o cuidado de IcAnulír
a primitiva redacçAo. (In Appaníus ad Fitíhsophkun et Theologiam).
— Aloyiius Antonfav VeraeiaB Lushuiis Adolesoentibus, qui gravioribus disciplinis
iunt instituaidi S.P. s/d. Ubd.).
—A um amigo de Lisboa, cm 30-vi-751. Publicada no Apêndice Doe..

De António Genovesi. Talvez que a carta mencionada no Inventário de papeis
iapoataoolocaroeraadel7SI,«iioflmqiieaeniefdbii^nol)»Jlrl4ifiMO>o limdolivfoi).
No Prefácio do Fpistolárío atudiOX» às dcligências emprccndidM cm Wpokt DO intuito
de eocootrar a corre«poixllBOÍa cotn os dois homens de letras.
—DeDiofo ButKM lilktedo. Referida no hntntárh dt pt^eb, CMea de 1739.
ano em que o Abade de Sever poUicou o .° volume da Bibfíoleca Lmitana, ou talvez oeraa
1

de 1752, em qnc Barbosa edilott O 3.° voluoM quo divaltou a biofiafia de Vend, natluai*
mente pedida nesta caru.
—Do P. Bernaldo Lopes» de 2S-m-17S2 (IX Envia o processo apostdlieo e dá noti*
cias sobre o seu acabamento. "He o que por agora se me offcrccc dizer • V.M., POgfe qiW
esta Congregaçam o elcgeo por Procurador da preseotc causa>».
—A Fscddlati, de 28 de Junho de 17S2, lasttaMUido o longo espaço de tampo cm
que lhe nSo escreveu, devido a incómodos de cabeça e de estômago, e às multas e pesadas
ocupações e ás mudanças impostas por negócios e pela saúde. Menciona, em termos
genéricos, os eecritos publicados para ilustração dos jovens. Elogia-lbe as obfas e proonete
enviar as pvàpriaa, qiMi»«e do pouco euidado doe tlpógiafoe e termina por ineRpUelwcl-
mente pedir oomdo Calepino que Facciolati havia editado seis anoB antes... Queiwia
lembrar ao amigo qoe se esquecera de lho oferecer?
—Ao P. Bernardo Lopes, de Julho de 1752, em que comunica ter recebido o procemo.
(Referenda na seguinte).
—Do P. Bernardo Lopes, de 5 de Setembro de 1752. Comunica^Uie que pode
avisi-lo do que for necessário, que assim ajustou oom os Puires, e envia uma carta muito
honrosa, que Inocêndo XI cscnweu em fonna de Breve ao Venerável Padre.
—Ao P. Bernardo Lopes, em Deacmbfo de 17S2, em que aivisa tsr aodie uma letra.
(Refecênda na seguinte).
—A om amigo de Lisboa, em 1 de Janeiro de 1753 Publicada em Pdas, II e no —
Apend. Doe.
—Do P. Bernardo Lopes, de 27 de Bsvsniro de 17S3. Comunica a recepção de
um masso oom «luniisorlaesa e fUa de outros pocmenorse.
— Josepho 1. Lusitanorum Regi Magno Invicto Fidelíssimo Aloysius Antonius
Vemeius. Roma, 1 de Abril de 1753 O estudo da metafísica não tem nada de árido
e k digno de quem governa, como se prova com a própria natureza dessa disciplina. Indica

(1) Esta e as seguintes estiveram dentro de uma cepilha — hoje esfacelada em tiras

— oom os seguintes diesne, da tetra de Vemd! Leclere dd P. Bernardo Lopee, di Lirtwna,


da! 17S2, insino 4 Gconaio dd 1768.
Nei 1767 non vi furono Lettere. Né appresso dal 68 insino a tutto Luglio 1781.
Lettere dei P. Bernardo Lopes/Lisbona dalli 6 Agosto 1 781 . Guardam-sc todas do A.S.A.R..
— 506 —
ot nomes dos modemos que escreveram sobre Politica: Crotius, Puffendorf, Cristisno
Tomás, Heinécio, Buddei, Cristiano Wolf, entre outros. (In De Re Metaphyska).

Aloysius Antonius Verneius l.usitanis Adoleaoentibus Metaphysicae operam
daturis. s/d. (In De Re Metaphysica, Roma, 1753).
— De Pnuicisco de Hm e Mdo, em t de Junho de sobre o MiUMh 1753, VerdcÊdeiro
dê &tudar. Alusão na scguÍBleeilO dos que publicamos no Apêndice DoC
ivj/í,'; /n papeia
— A Pina e Mdo, em de Setembro de 3 sobre o mesmo assunto, negando per-
1753,
tenoepQw o Vèráairiro MAado áe Eauiar^ esse fetus expotítttha. (PuUkMb em I, e
em E, m. 303).
— Do P. Bernardo l opes. de 19-IX-7S3. Refere-se à demon do processo em Lisboa
e às obras de Aquiles E&taço.
— Ao P. Beroardo LopH, dudo parabéns. (RefaCncia na scfuinle).
Do P Bernaldo Lopes, de 19 de Maiço de 1734. Agndsoe oe parabéns que ttie

enviou e dá noticias.
— Ao P. Bernardo Lopes, em Junho e mencionada na de 21 de Julho de 1754.
— Do Bernardo Lopes» de 21 da JoDu» de 1754 Ammda que noebeu caita «no
P.
mes passado», c que folgou de kr a sua erudição (. ). o que posso dizer por ora he que
oonnido com o seo delicado juízo cm quasi tudo. Oigo, em quasi tudo, porque a res-
peito doe Putae há qua desoi4par alguma «ousa pdlo que toca ao P.ReysÕ): quando eu
tiver occasiào opportuna. 0» explicarey n>elhor». Diz que o prooesso «tá oondiddo.
Refere outros pormenona sobre o prooesso.
— De Pina e Mdo. a 26 de Julho de K«r BiMiograte Vemeiana. Publicada
1754.
também cm E. Ill, 312.
— Ao Bernardo Lopes, mencionada na
P. de de Setembro de carta 9 1755.
— Do Bernardo Lopes, de 9 de Setembro de
P. Diz que recebeu no 1755. carui
comio pawado, com a conta das deqxsas e di pormenoiea aotee o praesaao já lenninado.
— Do P. Bernardo Lopes, de 8-1-1756. Informa que o processo se queimou COm
toda a Casa do Espirito Santo, no incêndio e terremoto e querem recomeçar.
—Ao P. Benaido Lopes, carta menciona na de 3-v<>56.
—Do P. Bernardo Lopes, de 3 de Maio de 1756. Recebeu a carta com a notícia
do novo CaxdeaL Refere-se ao processo do P. Vaz e fala do de Bartolomeu do QuentaL
—Ao P. Bernardo Lopes, rscriiida cm Junho c mencionada na carta de 2 de Agosto
de 1756.
— Do P. Bernardo Lopes, de 2 de Agosto de 1756. Recebeu carta dc Junho no
comio passado e dai a dia^ outra. Agradece os Breves, como o da erecção da Ca:>a úsa
NaoeHidadn e alude a documentoe sobre a Amdaçio da Congrqaçio. Diz que desde
o Terremoto recebeu 7 cartas; I." de 3 dc Março; 2." de 10 do mesmo; 3. de de Abril; '
I

4.* da 18 do mesmo; 5. de 5 de Maio; 6.* de 23 de Junho; 7.* e última de 26 de Abril.


Faha a que diz ter mandado por um Capudiinho. Também as «remissoriacs» que enviou
por wn Jesuíta.
— Ao P. Bernardo, carta de 24 de Julho, mencionada na de 17 de Agosto de 1756.
— Do P. Bernardo Lopes, de 17 de Agosto de 1756. Recebeu a de 24 de Julho.
Diz que pagou as duas letras que finam sobre de — uma de 130 rs. outra de 52$600 e em
Janalro tialia também satisMto a do ano passado... N6 flm de Outubro importava

(1) Alusão ao Corpus Ulustrium Poeiarum Lutòanorum, çêii httbie icrtptmmt, do


P. António dos Reis (8 vols., Lisboa, 1745).

Copyrighted material
— 507-
em 2931700. Remete da
2." via letra ji enviada, de 4001000 n. e reconbeoe a muita dili*

alDcia <|ue Vcmei tem poato oa causa.


— Ao Superior dos Oratorianos dc Goa II carias, de 7 de Dezembro de 1756
a 9 de Janeiro de 1771, sobre assuntos eclesiásticos. Publicadas por Cunha Rivara íVer
BiUtognila Vcmaiana) « cn E, m. 4I1>423.
— Ao P. Benutfdo Lopo, de 6 de Outubro de 1756^ iBBBcioiieda na cuia de 18 de
Janeiro de 17S7.
— Ao Bernardo Lopes, de 8(?) de Dezembro de 1756. mencioaada na carta de 18 de
P.
Janeiro de I7S7.
— Do P. Bernardo Lopes, de 18 de Janeiro de 1757. Recebeu duas cartai a que
ainda não deu resposta: 6 de Outubro e 8 (?) de Dezembro e informar que já se trabalhou
no novo prooeMO. Recebeu também a HMa das deqwM> «n* «tMM. Dá noticia da tras-
ladação do corpo do Venerável para Igreja das Necessidades.
;i Incorrupto. Ficou depo-
sitado em hum carneiro da Capelia-mor, pouco mayor que huma ordinária sepultura,
porque a Igreja 0000 he Capella Red nio tem t..T),
— Ao P. Bemenlo Lopes» de 23 de Pewrairo de I7S7, mondonada na oarta de 19 de
Abril de 1757.
— Do P. Bernardo Lopes, de 19 de Abril. Recebeu a carta de 23 de Fevereiro. Pede
que mande abrir «seams estampas» e promete caviar ddioxoe para outras» como do Vene>
rivel e do P. Reys e de outne Pidres.
— Ao P. Bernardo Lopes de IS de Maio, mencionada na caru de 21 de Junho de 1757.
— Ao P. Bernardo Uipee,de6deJaÉho (Tl^mencioHide Ml a»tade2deJuBio de 1757.
— Do P. Bernardo Lopes, de 2l-vi-S7. Reosbeu a carta de lt-v-S7 e dá noticias
do andamento do processo.
— Ao P. Bernardo Lopes, de 22 de Junho. Carta mencionada na de 2 de Julho de 1757.
—Do P. Bsnanlo Lopce, de 2 de Jidho e 17S7. Reoriieu a de 22>vhS7 e lofo
depois outra de 6-vi-57 (?) com a COOta das despesas e cópia das estampas, e ICOOVa BS
razões por que não usa a graça que Vernei obteve, para excluir do processo O Biqw de
Constantina, e envia oe debiõos.
— Ao P. Bsmardo Lopes, de 27 de Julho, nwndonada na caita de C de Setembro
de 1757.
— Do P. Bernardo Lopes, em 24 de Agosto de 1757. Envia estampas do P. Manuel
Bernardes, P. António dos Reis, P. Francisco Oomes, 1.* companheiro de V. P., para abrir
gravuras e pede mais dois favores: que alcance uma relíquia do Apóstolo S. Bartolomeu,
por se haver queimado a que tinham, no Terramoto, e compre estampas de S. Filipe de Neri,
que também revdando que a Gongragacio Portuguesa oontriboin com
ai se quehnaram,
1249000 para a estátua que em S. Pedro. Pede que remeta o que tiver achado
se colocou

de «versos c poesias» de Aquiles Estaço, prometeodo falar dos poetas noutra ocasião,
mas afirmando que tio bons os que seguem aos já publicados.
— Do P. Bernardo Lopes, de 6 de Setembro de 1757. Recebeu a carta dc 27 de
Julho. Envia vim debuxo do celebre D. Henrique Infante de Portugal, cuja vida <^ está
'

imprimindo, composta por um Padre desta Congregação»(l>. Avisa que o miísico da Patriar-
cal Seba srtanhii lhe leva inna encomenda paia Génova, onde contava cfaegu cm fim de
Ootnbro. informa que está a terminar o processo.
— Ao P. Bernardo Lopes, de 9 de Novembro e mexidoaada na carta de 20 de Doem»
bro de 17S7.

(I) Francisco José Freire — Kirib do infanie D. Henrique, Lisboa, 1758.

Copyrighted material
— 508 —
^
Do P. Bernardo Lopes, de 20 de Dezembro de 17S7. Rfloebeuaulade9deNoveni>
bio. Envia nova e«taai|M do Vcoecriml pin abrir nova Chapa. «As vinlielat e latoat
pata a colecção que o P. Vcmey me entregou, vicrão a meo gosto».

Ao P. Bernardo Lopes, carta de 30 de Novembro recebida no dia de Jaodro I

de t7S8, meacionada oa de 3 de Janeiro de 17SS.


— Do P. Benuu'do Lopes, de 3 de Janeiro dc 1758. No 1." deste ano recebeu a de
30 de Novembro. Fala das sugestões de Vemei a respeito da gravura do Ven. e descuipa-se
de não ter pago certa divida, pelo facto de a nlo eoidieoir. Pede que a envie, pots latts-

ilaá imediatamente.
l


Ao P. Bcnaido Lopci. datada de 31 de Janeiro e mtmcãcinada na curta da 7 de
Mai«o de 1758.
— DoP. BenMfdoLopM,de7deMarQode 173S. Raoebeu a de 31 de Jineico oom
a conta das despem. Agradece o seu achado 0 rditiaia pedida, o cuvio doa brevei, etc.
Diz que o proceno está quase copiado.

Ao P. Bernaldo Lopes, carta noUda cm IS de rbvcwiro,enieBdoBadaiiadB2 de
Maio 1758.
— Ao P. Bernardo Lopea, datada de 29 de Marco e mencionada na carta de 2 de
Maio de 17S8.
— Do P. Bernaldo Lopes, de 2 de Maio de 1 738. Recebeu duaa cartas: 13 de Feve-
reiroa 29 de Março de 1758. Promete dc no\ o pagar todas as despesas que Vemei fizer.
diz que o copista não tem trabalhado mas já lhe pagou adian-
Refate ae ao retrato do Ven. e
tadanMute. Em
nova fidha deeculpa-ae por um ootro ftdra ter pedido, iam seu ooohe-
dmento. as poesias de Aquiles Estaço a um Filipino de Lima, em Madrid.

Ao P. Bernardo Lopes, de 3 de Julho. Carta mencionada na de 29 de Agosto
de I7S8.
—Ao P. Bernardo Lopes, de 12 de Julho. Carta mandonada na de 29 de Afosto
de 1758
— Ao P. Bernardo Lopes, de 18 de Julho de 1758. Recebeu a relíquia e o mais que
lhe enviott. O processo estava oonciufdo desde o mCs panado, mu
de adoaoeu. Bata»-
tanto, morreu o Patriarca que devia autenticá-lo. Pede novo Breve paia a Coagiapclo
de Viseu e que se não esqueça de Aquiles Estaço.
—Do P. Bernardo Lopes, de 29 de Agosto de 1758. Recebeu as dwis cartas ante-
rioves. M w
Maa é Deputado. Sacniirio a DapoaHiiio, aat de Noviços, Procurador da
Causa do Ven. e faz mais ou menos o mesmo que os outros na Casa. Insiste na pro-
messa do pagamento das despesas que Vemei disser e lamenta que não tenha encon-
trado nada de Aquflea Estaça «O Barixiaa (Machado) teve alguma desculpa, porque
ticsladou o que achou enu outros. Contudo não o desculpo no mais de que V. M. justa-
mente o argue. O certo he que ele não tinha braços que abrangessem a tanto. Pois o
que elle diz dos que souberfto Latim, que sempre lhes dá o elogio, de que paieoem do s6culo
da Augusto, conAndlndo por este modo os que tiverâo merecimento na língua, oom os que
o não tem, nem podem ter! Enfim dcichemo-lo, que já agora não há outro remédio, c já
aatá concluída a Obra que acaba no 4.° tomo. Digo pois a V. M. que veja se apparecem
obras iiupwsiai do dito Estaço, em que se indoio Poesias e também as OraçBea, que cuido
são 5 as que cita o Barbosa, porque sempre queremos os bons l ivros para a nossa Livraria,
e quando não appareçio, cuidaremos então em mandar copiar os Versos e Orações, para
o fim que eu iMaito; «loe alta de eontiiiuar oom oa Poetas, he fazer contra CoUeoção de
Orações Latiras, porque sey qtie há muitas e algumas rarissiinas e de todas as nak que
V. M. achar, ou de que tiver notícias, estimarey que me faça 5>ahedor».
A seguir fala do processo. Por fim «Náo posso deichar de ao menos lhe dizer
: huma

Copyrighted material
— 509 —
grande novidade entre tantas que acoateoem, e he que antebootem se fez o Aao da Fé,
nMs Mde tal modo^ qqe entendemos que também oirto ae poiA a «meada qw devia ter;
não houve listas, nem qMciimdOb nem aaitolcocia doB Rqn, Mm
outns ooima
e V. Kf. sabe».
— Ao P. Bernardo Lofiee, de 23 de Agoeto. Carta menckiaada na de 7 de Novem-
bro de 1758.
— Ao P. Bemardo Lopes, de 4 de Outubro, meociooada na cana de 7 de Novem-
bro de I7S8.
—Do P. BeaiBido Lopee, de 7-xi>7S8. Reqiande ài duaa carta» anieriofea. Sobie
o processo acrescenta «.. nSo lhe posso dizer tudo em carta entenda V. \f o que lhe parecer,
: .

que eu a tudo me siOeito einquanto não posso ser ouvido ou fallar os ad os (frente a frente).
Dito em letundo togar qaeV.M.tonwu a nrinhapropoeiçio em oatro sentido do meoejolgo
que SC offendeo. de algum modo; mas remetto-mc à minha paciência, que nSo há outro
rcoKdio. O que eu queria dizer era que se V. M. me tivesse escrito quando escieveo a
outi«m sobre a dfvida do nrttori, haveria da noesa parte a mesma pontualidade oa satis-
fação que agora hou\e (Refeitocia à carta de 3 de Janeiro).
Quanto à CoIIecçâo dos Poetas c Orações, suspenda V. M. o que cm huma c outra
cuusa lhe tenho escrito até novo aviso; e a razào Ik porque o P. Domingos Pereira que hc
quem podJa d Uieiiciar as deapema, vay caducando de todo. (...) Agradeço moKo as adver>
í

ttedasque V. M. me faz sobre a dita CoIIecçâo das Orações: mas cu ainda IHIIiri paSflfy
a payses estranhos, não deichava de estar nelies; e se acaso pusesse mãos à obra, hawia de
ser com outro nooalwcimento e reflexão, que nlo houve nos Poetas. Com tudo sempre
digo que alguns «strangeiros também se psiioccuplob asiim como nós, e que não nos querem
dar algum meredmentosinho que temos em algumas matérias, e às vezes dizem mal sem
tom nem som. Se V. M. quizer entender isto, bade achar que tenho razão. Sc eu tivera
tempo havia de apontar «templos; ainda que nio era prsdso para a comprehenste de
que V. M. he dotado, do que eu me regozijo sumamente c pcllo que continuamente ouço
dizer de V. M. em grande louvor seo, e da Nação; o que digo para que sayba que não be cá
tao mordido como talwes Uw paieoerá».
— Ao P. Bemardo I^ipes, de 20 de Denmbro de 1758, mencionada na carta de 20 de
Março de 17S9.
— Ao P. Bernardo Lopes, de 14 de Fevereiro de 1759, iiKncionada na mesma.
— DoP. Ben)aidoLoÍMs,de20dBMBV9odel759. Responde às duas cartas ante-
riores. Pede que se não mace mais com a graça dos Padres de Vlssn 0 q^ rsosíbeu as r;ra-
vuns do Ven. e P. Reis — ambas muito boas. «Sobre o mais da primeira carta, cm que
V. M. me inetndo e juntamente recreou, digo que estou por tudo. com sua modificaçSo,
que agora não tenho tempo para declarar. IZstimo muito que V. M. me escreva deste
modo, e com esta clareza, e nunca se arrependa de o fazer assbn, ainda que alguma vez
nio ache em mim toda a condescendência no seo bello modo de discorrer; e deiciie também
alguma liberdade ao meo fnoo entender: Mas Isto he fidlar oom a mesma sinosridade de
que V. M. usa comigo, a qual sumamente me obriga».
— Do P. Diogo Vernei, em várias oportunidades e sobre diversos assuntos. AlusOes,
p. e^ nas cartas de Luis Antânio ao Prepósito do OntAdo de Goa, de 25-vd>1759, {AptA E,
Iir, pág. 418) e de de Janeiro de 1771 {ibã. pig. 423); enfim, quando envia as cootas doa
<)

livros e trata da reabilitação do irmão.

— Ao P. Diogo Vemeí. rgnabnente em virias oportunidades e sobre assuntos diver-


sos, p. e. a de 1770, a que se alude na do P. Joio Baptista de Castro (B.P.E. CXIl/2'12,
fl. 113). Ver também adiante, a de 20-1-1786, que publicamos no Ap. Doç..
— Do P. Bernardo Lopes, de 28 de Maio de 1759. «Sempre dezcjo a V. M. lodos os

Copyrlghted material
— 510 —
alívios nas suas queixas, nào só pella gnuide oonvenieacia que multa da saúde, mas também
para que V. M. posM mais Mvitmenle proiwtuir as suas laidas litterarías em tanta utili-
dade do pulilicoe angnanto do seo cvãifito, oomo cada wec se fiu mais notório cntic os
euditoa».
Diz mais que recebeu as quatro diapas c que o processo continua à espera da coofir-
maCio do novo Patriarca, que tem de o rubricar.

Ao P. fieroardo Lopes, meodonada na datada de 3 dc Julho de 1759.

Ao P. BenMfdo Lopes, maiekmada m mesma.
— Do P. Bernardo Lopes, de 3 de JuDlo de 17S9. Recebeu as cartas anteriores e
o novo Decreto e iBstniçto que, pelo cooMKto, SB pend» que dispsnsa da formalidade de
ir ao Patriarca.

— Do P. Benmnlo Lopes, de IS de OottrtxD de Remeteu o proce sso para a


1759.
Sagrada CtWgmsçio de Ritos, por meio de Lucas Rottardi que partiu o mês passado, em
segredo, «como snooede a todos os Postilhões». Já o Postilhão Antonio Victoria partira
antes de ele imaginar.
— Ao Bernardo Lopes, mencionada na carta de 12 de Fevereiro de íltO.
P.
— Ao Bernardo opes. de Dezembro mencionada na mesma carta
P. 1 e
— Ao Bernardo Lopes, caria recebida em Dezembro e mencionada tu seguinte.
P.
— Do P. Beraardo Lopes, de 12 de Feverairo de 1760. Recebeu cartas, «todas trSs
com a Dezembro passado», Ficou satisfeito por ter chegado o processo "Nas
data de
novas nus do Terreiro do Paço para o Rocio, que ficarão formosissimas, já se fazem cazas,
c no Anenal se trabalha com pande fonça, e dim tfuc a Alfimdeia se oomecaii com
bievidade. Se estes edifícios se oonchiinm SBjmdo os planos, ficaiá UrixM hnma das
melhoics Cidades do Mundo».

Do P. Bernardo Lopes, de 6 de Maio de 1760. Não respondeu antes à carta de
12 de Muço, poique «itava i espera que o P. Diogo lhe escrevesse. Mas este fiai san-
grado «para se preparar para banhos». Agradece os parabéns por ter sido eleito, para o
lugar para que foi escolhido, cm pruneiro plano o P. Diogo, que se escusou. Promete
fiuBsr tentativas para organizar novo processo, mas ammcia que as testemunhas de vista
eram já falecidas! «A letra que se vencerá em Março já está satisfeita e para todas as mais
despezas, para bem das causas, estamos promptísstmos, ji que temos quem concorra para
eilas com tanta piedade, o que deve mos ao Sr. Joio Fedro Lndovici».
— Ao Bernardo Lopes, carta mencionada na de
P. 17 de Junho de 1760.
— Do P. Bernardo Lopes, dc de Junho de P60
17 <Neste correio recebi a carta
de V. Mj». Fala do processo. £ depois: «Antes desta carta tinha recebido duas. e lhe
agradeço muito as noticias», e acrssceota: «C oomo V. M., quando chegar, ji teria noticia
da apreçada morte do Sr. JoSo Pedro Ludo\ici. não he razão que eu deiche de lhe mandar
o pezame, porque na verdade lhe fez companhia no seo justo sentimento toda esta Comu-
nidade».
- Ao P. Bernardo Lopes, de 19 de Agosto de 1760, mencionada na carta de 16 de
Dezembro de 1760.
— Ao P. Beraardo Lopes, de 27 de Agosto de 1760, mencionada na carta seguinte.
— Do P. Bernaldo Lopea, da Md» Dsaambro de 17601 Recsbeo as cartas antariovss.
Não respondeu enquanto não soube ípelo P. Diogo) o nome da terra para onde se retirava.
Exprime a satisfação de ler sido aprovado o Processo, admiraodo-se da brevidade, que
atribofai is dimBnrias de Vermi.
— Do P. Bernardo Lopes, 23 de Dezembro de 1760. Envia 2.* via da letra de
600SOOO e lamenta que a rotura das duas Cortes venha atrasar mais a causa.
—Ao P. Bernardo Lopes, de Dezembro de 1761, mencionada na carta de 7-vi-762.

Copyrighted material
-511-
— Ao P. Bernardo Lopes, de Março de 1762, mencionada na mesma caita.
— Ao P. Bernardo de Março de
Lx>pes, 17(2, tnendonaila na carta aeptiiite.
Do P. Bernardo Lopes, de 7 de Junho de 1762 Recebeu as três cartas referidas.
Inlonna que os Espanhóis invadiram Trás-os-Montes e que o nosso Exército já constará
de SO mil homem de tropas regularei, aMoi doe aindliucs que alo «m gnnde númeio, e
não Talando nos fn^BK», de que yX chegarun 2.O0O In&nlei c 400 de cavalo, eqiemido^e
muito mais gente do caéicho de Hannover.

A Aires de Sá, em 17(Q c em 17C3 ou 64. Referidas no Imentário dos papeis.

A Mons. Ccrati, cm 1762 (ftw/.).

Ao P. Nicolau Maria Carcani, dc Nápoles(l). em 17 de Fevereiro de 1763 (Ibd).
— Do P. Bernardo Lopes, de 18 de Abril de 1763. Recebeu três cartas datadas
de IM^. Fkanele pam as letras sem dilinildade e dá notícias.
— A Sanches (Anitaio Ribeiro SandmTX em 17 de Junho de 1763. (No tmtittárh
dos p<y>eb).
— AS. C. de Nápoles, em 1763 (7). (/bid.).

A n. JoSo de Biaganga, em 1763. (JML).


— Ao P. cm
Frfzio. 176?. (fhid.).

— A dois mercantes de Liorne, cm 1764. (Ibd.).

— A de Sá
Joaft O fmwfirdrA» dr MPrIt
Boreiía. lefere dnco canas dirigidas por Ver*
nei a José de Sá e 8 remetidas por José de Sá a Pereira Vernei. Julgamos tratar-se de uma
só pessoa — o Ministro Plenipotenciário, que em 1764, substituiu Aires de Sá em Nápoles.
— Do P. Benardo Copea» de 29 de Maio da 1764. Infonna que pagou mais letras
e pede que aceite o donativo eomo sinal do «eoooheciinenlo da Coouiridada e nlo por
nerafiSo trabalho.
— Do P. Bernardo Lopes, de 3 de Junho de Envia Z* da panada e
1764. via letra

lastima que a sua auslnda de Roma a^ tio prakngada.


— Ao Bernardo Lopes, em 25 de Julho de
P. (Referida na 1764. seguinte)
— Do Bernardo Lopes, de 30 de Outubro de
P. «Há cinco dias que 1764. recebi
carta de V. M. com data de 25 de Julho»... CoanmiCB que destrafu as dnoo cartas, como Ver-
nei pedia, «posto que a minha repugnância para tal execução era grande, por serem aqodlas
cinco as que eu mais estimava». Confessa-se desanimado com o processo, em faoe dos
apontados aos dois que organizou e por náo haver já testemunhas de vista.
defeitos
— Joseidio
L Lusitanorum Felici, Invicto, Fidelíssimo Aloysius Antonius
Vcmeius auctam felicitatcm —
Pisa, 13-1-65. (In De Rr Phvsica. 1." vol.)
N.B. — No capitulo X pode ver-se o resumo desta carta, que publicamos integral»
mente no Ap. Doe
Aloysius Antonius Vcrneius Lusitanis Adokaoentibus Physicae Studiotis S.D.
(s/d.) (In De Re Pi^ska, 1." vol.).

— Do P. Bernardo Lopes, de 16 de Janeiro de Reoriieu duas 176S. cartas e promete


pagar nova sentindo pesar
letra, de aaAde de Vemeí.
pela falta
— Ao Advogado Mendes. 1765 (Alusão no dos fnventârio papeis).
— Ao JácomeP. 1765 (Referência no
Pereira. dos citado Inventário papeis).
— A GuiUienne Jadcson. 1765 (RelMneia, /jwmAfri» dbf p^tíi\.
—A Aires de Sá, em 23 de Fevereiro de 1765. (Ihd.).
— A Aires de Sá, ano de 1763, em data posterior á anterior, {ibid.). O Inventário
dos peipeiM volia a roferir^e a mais cartas deste ano, uma de cfaioo págmas e meia, outra

(I) Das Escolas Pias. Aprovou o yerdadeiro Método de Estudar em 1746.

Copyrighted material
— 5i2 —
de 15 páginas. Mais adiante, alude ainda a 21 cartas. As epistolas endereçadas à Eocelknza,
encontradas pdo Dr. Manuel Múrías no Arquivo Histórico Ultramarino e revdadas ao
público pelo Prof. Hernâni Cidade (in BOfhs, 1^40, vol. XVT, pág. 1-6) foram publicadas
em Ilu, 149-216, e em E, m, 323-409. Exlractanio-las a seguir nos lugares próprios.
— De Aires de Sá, de 2IKvi>76S. Alotlo na seguinte.
— A Aires de Sá, de 17-vn-IT68. Refcre-se à diplomacia borbónica sobre os jesuítas
e alude a «un valentuomo» que pode ser Genovesi, mas que nos parece tratar-se de Pedro
Gianon (1). Expõe o que pensa sobre os Políticos (Publicada em E, III, 323).
— De Aires de Sá, de 18 de Outubro de 1765. Menção na seguinte.
— A Aires de Sá, de 25-xii-1765. Apresenta os Jesuítas c a Inquisição como obstá-
odot ao bom gosto, progresso e introdução das ciências e ocupa-ae também do Curialismo,
porém» na spwciaçlo ds otgftniea do S. Ofldo e dos oislios novos. A pro-
dsBioniiido-se,
pMlo^ alude à Congiagsçio Nacional de Roms. Termina com a proposta de rsTorma
dsBtos anontos (Publicada em E, lU, 330).
— Do P. Celestino Pereira, I3*XII»76S, denunciando a falta de cartas de Vernei, pro-
istfando o reconhecimento da Congregação do Oratório pelos favores oom ssmpce
a protegeu na Cúria e pedindo que aosUe «o limitado mimo que bi de bir tia tefunda nao»
(A.S.A.R.).
— De Bsftolomsu Piaudo. (Cartas msreantis, de l7dS>771). (No fmemárto doa
pqpeb).
— A Aires de deSá, 23H-17d6i. Denuncia o que qualifica de abuso da Corte Romana,
de fnstftttfrmnaOfdem que uia a insimaO«s da Qjrto da Oídem portuguesa, acentuando
a negligencia do Governo anterior, de D. Joio V, ao permitir ainda outros abusos. Refere,
por último, os incrÍN^is tumultos provocados agora pela «indiavolata questione delia Cos-
tituzíone Uitígenitus», «peggiori cbe nel tempo di Fleury». (Publicada em £, III, 356).
— Ao P. Bernardo Lopes. Mencionada na seguinte.
— Do P. Bernardo I.opcs, de ?S de Janeiro de 176f, Recebeu carta com aviso de
outra letra que satisfará a seu tempo. «£ no verão próximo passado tinha recebido outra,
vinda por navio, da qual gostey muito assim por sua matéria e extensão, como peOo modo
com que V. M. "~*''™" Jseoner. Smto, porém, que V. M. me fhrsse nar com cUa o
que ji me fez uzar com outras; mayormente sendo eu do seo mesmo parecer, ainda que o
nio manifesto tanto. Entenda V. M. que em muitas cousas o acompanhamos muitos,
de casa, e de foia».
N.B. «Ao Nf R. Sr. Luiz Antonio Vcmcy. -Piza-
— De Aires dc Sá, de 28-1-1766. Concorda com Vernei «nella teoria, o phndpi,
circaipuiitiprincipa!b»«Ladhwshàsolopu6starsnen*applicaadono». Mençionasegnfaite.
— A Aires de Sá, de 24-11-1766. Declara quais s&o os quesitos que constituem um
bom Ministro de Estado: amor sincero do bem pi!iblico, a escolha de pessoas idóneas, a
prudente eficácia na execução e a docilidade no mudar de parecer, em conformidade com
as dreunsMiieias. Di nolfeia de um BMve que concede aos jesuftas ndMiooários, fiwulda-
des que pertencem aos Bispos. (Publicada em E, IIÍ, 366).
— De Aires de Sá, 15-iv-766. Alusão na seguinte.
—A Aires de Sá, de 14^766. Refitie^e à revoHa popular de Kbdrid, ocorrida em
Março da'Ordem de Cristo e ofereoe-ae para tratar
desse ano, ao «negocio» da Inquisição e
de tudo eoi curto espaço de tempo e de mais outro assunto, da conoeiaio dos benefícios.

(I) Rcfere-se claramente a Gianon, p.ex. na Resposta pág. 9.

Copyrighted material
— 513 —
|iMa pAr cobro à bflutedt dos crístios novos. Faz mençuu do foglio em que propõe as
soas icformas, a que aludimos no capítulo X. (Publicada em E. III. 370).
—A Aires de Sá, de 28-V-766. Alude a outro foglio, dc que também nos servimos
ao lugar próprio, acentua de novo o seu amor ao bem público e pede a sua protecção para
• Miidtaçlo que fka ao Goode de Oeinum cwtn, com • mame date, que envia ao 1."
MlnteOb jmilainente com esta. (Publicada em E, 111. 377).
— Ao Muqute de Pombal, em 28-V-7M. Trata-se oertaaMale do «foglio iodiiao»
queenvioadoHMS Airalde Sá, junttuneiitBóoai a CBEfaqDelhe dirigia nesta data, poUi-
aula em E» ni,, 377. Inserímo-la no AptnáBt» éocunennú, mas já dela tínhamos dedo
notícia cm Diário da Manhã, 12-vii-!956: Dm^ carias inéditas do Barbadinho. Na caria
ao P. José de Azevedo de 8 de Fevereiro de 1786, refere-se claramente a esta carta
(B.III.42S).
— De Aires de Sá, de 30-vii-766. Referida na seguinte.
— A Aires de Sá, de 8>x-766. Diz que tinha muito que escrever sobre «le cose Poli*
tiche», mas fidtaJhe a saúde. as promoçCes caidinaliBlas ficnsm-llie pegar na pena.
Pocifim,
A propósito, denuncia a infloCncia dos jesuítas nestes casos, em ordem ao futuro oonchw^
alude de passagem á apelação para um Concílio Geral, dos «piu dotti Frances!», a respeito
da Bula Unigeniius e escalpeliza o (Jardcai da Cunha e o Ministro Pereira de Sampaio.
Oftefèrtada em B, m, 379).
— A Aires de Sá, de 20 dc Outubro de 1766. Sobre a Ffsíct dO P. SbAgÍO Monteiro,
que inculca como manejo dos jesuítas para ainda dominarem a Juventude portuguesa e
voltaram à Mtria, ^lóe a mocle de Guvaliw e Mèkk (PoMicada em B, m, 386).
— Ao P. Bernardo Lopes, citada na carta de 4 de Janeiro de 1768.
— Do P. Bernardo Lopes, de 4 de Janeiro de 1768. «Parece-me que hi hum aano
ou mais que não escrevo a V. M., mas sempre me remetti às cartas do P. Diogo, quando
devia responder às que de V. M. recebi». Informa que envia letra de SOOSOOOi
Mfl— Sobrescrito igual ao referido acima.
— Ao Marquês de Pombal, em 21 de Julho de 1768. Publicamo-la 00 Apêndice
documental, teodoHios ocupado dda, no artigo atiis dtado.
— De Nicolau Pagliarini, de Lisboa, Colégio dos Nobres, 21 de Outubro de 1769.
Aonaa Vecnei de utilizar o impressor Generoso Salomonl, que íotprímia obras dos Jesuítas
€ «oam o Rei de Portugal. (Ver Ap. Doe.).
—Resposta de Vcnei a Pitfiarini, em 29 de Novembro de 1769, em que nftita a
anterior, revelando, por vezes, em (ennoB genàricoe, as obms que imprimiu aa caia de
Salomoni. (Ker Ap. Doe.).
—A D. Vleenie de Soam CootinlKH em 1 de Agosto de 177D. (PuUieada no Apte-
dioeDoc).
— De D. Vicente de Sousa Coutinho. 1 carta, referida no Inventário de ptfdt.
— Ao Marquêi de PonriNÚ, em 3 de Outubro de 1770. {Ver Ap. Doe.).
— Lettera scrítta ad un Letterato Toscano. Livomo, 1770. Alusão na Nota di dò
che secondo la testamentária disposizione dei Sígr. Cav." Luigí Antonio Vcmcy é stato
mandato a Lisbona tutto in una cassetta per maggior conoodo, consegnata nel niese di
GintDO 179Z al Segnlaiio dd Sigr. D. Almmadro de Soua a Hoiílrin, Minktro Plni^
tenziario di S. M. Fedelissima presso la S. Sede». Nenhum Bibliógrafo se lhe refere. Atri-
bulmo-la a Vernei, não só fundado no trecho atrás transcrito, mas devido ao conteúdo e
ao «tflo. Encontiimoi doii awmphrai em nUia, (encadeniadoi com o De B* MyakáU
que nfto figuram nos ficheiros —
um na Biblioteca Casanatense de Roma (Q>III*93) e outro na
Naaonale de Nápoles. (27-C-19). {Ver Bibi. Vemeiana. n.<> 110).
— Do P. Joáo Baptista de Castro, em Dezembro de 1770, a agradecer o De Re Phyrica,
33

Copyrighted material
— 514 —
que Vemei lhe enviou por intennédio do innio Diogo. (Alusão em documento da BibUo-
tec» Pública de Évora, CXn/2-12, fl. 113X
— De D. Henrique de Meneses, de 13-ii-1779, em que di OGOta de ttUtU
no sentido do tegiesso de Veroei a Roma. {Ver Ap. Doe.).
->A D. Henrkino de Meoeae», de 144ii>1779. Refertoda na Mfuinle.
— De D. Henrique de Meoum, de 20-m-I779. Sobra o lepeno de Venel a Roma.
(Ker Ap. Doe.).
— De 28 de Março a D. Henrique de Meneses. Rererêocia na seguinte.
' De D. Henrique de Nfencscs, de 7 de Abril de 1 779. Informa que nada enoontKM
dc interesse nos papéis do Arquivo da LcfMOk poiqne devia ter sido tudo rametido pa»
Lisboa. {Ver Ap. Doe.).
—A D. Henrique de Menwee, de 18 de Abril de IT79. «Nwla há tio afaigular como
o que dia confcm >.Referência na seguinte.
— De D. Henrique dc Meneses, 24 de Maio de 1779, dando conta de que possui os
papeis dos «rahunHoTOS tempos»; declara que niio pode Mar cnqMialo lho alo pergun-
tarem e informa que as seaimae anigM de Vemei bá nnllo tempo qoe nlo dtaem nada.
(Ver Ap. Doe.).
— A D. Henrique de Meneses, de 6 de Junho de 1779. (Indicação na segnini»).
—De D. Henrique de Meneses, de 12 de Junho de 1779 em que pertieipa que leosbeu
a Petição que o amigo de Vemei apresentou à Rataha e a que tem de lesponder, prometendo
fazè-lo quinta-feira {Ver Ap. Doe.).
<— De D. Henrique de Meneses, de 26-vi-1779, avisando Vemei de que lespoadeu
à Petição que cm nome dele se apresentou a S. M. ( Ver Ap. Doe).
— A D. Henrique de Meneses, de 25-vin-1779. Referência na seguinte.
— De D. Henrique de Meneses, de 7-viu-79. Compreende que estqia melancólico,
niae nlo pode dter niais que daHhe a certaa de que a soa infonnaçio disgou aonde devia
dieisr. iVer Ap. Doe.).
—A D. Henrique de Meneses, dc 8-vm-1779, de pêsames pela morte do Marqu&
de TsncwSi (Referlncia na seguinte).
—De D. Henrique de Meneses, de 21-viii-l779. Comuníca-lhe que recebeu carta
do P. Diogo, a enviar condolências e a agradecer a informação que dera na Petição,
dedarando-se feliz por contribuir para que consiga rehaver a fama do seu nome.
(K<rAp.Doc).
— De D. Henrique de Meneses, dc 16-X-779, estranhando o silêncio dc Vemei, bem
como o facto dc náo ter escrito ao Secretário de Estado, agradecendo-lhe quanto o Papa
thlha feito e dito em sen abono. (K«r Ap. Doe.).
~ A D. Henrique de Meneses, de 22-X-79, em que dá conta de dooiEai e do dssca
minho da caita de D. Henrique. (Menção na seguinte).
— De D. Honrique de Meneses, de 28-X-1779. Resume o conteúdo dessa carta per-
dida, contando a cenvena que tivera com o Papa que o conhecia da Biblioteca da Minerva.
O Sumo Ponttficr nada tinha contra Vcrnci c mandara o Núncio agradecer ao Monarca
Portoguis, a atenção da consulta que liic fizera sobre o seu regresso a Roma. ( Ver Ap. Doe.).
— A D. Henrique de Meneses, de 24-X-779, leferida na segu'nte.
— Do Secretário de D. HenriqiK dc Meneses, de 30-\-79, informando Vemei que

O amo havia recebido as cartas de 22 e 24 de Outubro e que não respondia a esta, por dizer
o mesmo que a outra, a que já dera resposta. (Vtr Ap. Doe.).
— A D. Henrique de Meneses, de 5-xi-79, referida na —
— A D. Henrique de Meneses, dc ! 3-XI-779, em que informa que lhe escreveu duas
cartas a 30 de Outubro e que o Cardeal Pallavicini nào recebera segunda carta de Vemei

Copyrighted material
— 515-
e perguntou quando se decidia a r^ressar a Roma, visto o Papa não ter oada a opor e ter-
mina, laatímando qoa o raquarimeiito Pátria aa nio adiaiilab * coMpano da jiutica.
{Ver Ap. Doe.).

Ao Cardeal Pallavicini, de S-xi-779 (Referida na imediata à seguinteX
—Ao Cardeal Miavleini. de 21-xi>779.(Retoida na aeiniule).
— Do O Fiq» anceniepr
Cardeal Pallavicini, de 8-xii-779, laiWBlaiKlo nlo poder
o Núncio de interceder. {Ver Ap. Doe.)
—A D. Henrique de Meneses, de IO-xd-1779, em que retoa qua o F^w não quis
interceder por ele junto da Corte portuguesa. (Rererência na imediata i seguinleX
—A D. Henrique de Meneses, de 6-II-780 (Referência na seguinte).
—De D. Henrique de Meneses, frisando que leu o que lhe contava sobre a carta do
Chideal PaBavicid, da S da DeaeiÉbro de 1779 • bineoia qna o
tão pouco «as dependências». Sem dala, mu deve úbmM» por todo o noiíe de PBve>
reiro. {Ver Ap. Doe).
—A D. Henrique de ^feneeei, de 20-n-780, enviando ooodoHndas pelo falecimento
do ionSo, Marquês de Louriçal. (Referencia na seguinte).
— De D. Henrique de Meneses, de 4-iii-780. frisando a conveniência de Veraat ir
a Roma, ao menos por oito dias, enquanto Almada era vivo. {Ver Ap. Doe.).
— A D. Henrique de Meoeeee, de 13-m-780, em que eacponha as nuOee que lhe assis-
tiain para não o OOOSelho. (NTcnçào na seguinte).
segufar

— De D. Henilq^ de Meneses, de 28-m-780. Confessa nâo poder argumentar,


(nem com o que ju^va aer fitvorftvd à sua repotaçSo) e lastima que de Portugal nio dwfue
a aotução desejada. (Ver Ap. Doe.).
—Da Academia das atodas de Lisboa, cm 24 de Maio de 1780 (Publicada em Letnu
e Artesp de 22^1957 e no Ap. Doe.).

A D. Heorique de Meneiee, da 18^780^ «m que dA com» daa euae doencu.
(Rcfartncia na seguinte).

Da D. Henrique de Meneses, de 24-vi-780. Lembra que COmo a Marquesa de
Tancos andava bastante ocupada com o novo carto de Gunareira-Afor, havia tempo que
nada Ibe comunicava àcerca das «activas diligências do P. Dioto». Btpm um ttbo, de
que a Rainha será Madrinha. (Ver Ap. Doe.).

A D. Henrique de Meneses, de 2-vn-780. (Referida na seguinte).

De D. Henrique de Meneses, de lO-vii-TIO. SubUnha que o P. Diogo sabe quanto
a nova Camareira-Mor o pode ajudar e informa que aguarda a chegada de Joe6 de SA,
que ia representar a Rainha, no baptizado do filho (Ver Ap. Doe).

A D. Hmique da Meneies, da IS-vntTM^ feUcitando-o pelo naadmeolo do fllho.
QUtaência na seguinte).

De D. Henrique de Meneses, de 5-ix>780, em que agradece as felidtaçOes e alude
ie euae doenças (Ver Ap. Doe.).

A D. Henrique daMneees, de 1S4X>780^ lolma doenga o trinoa pdo atraao do
eeu Mg6eio. (Referência na seguinte).

De D. Henrique de Meneses, de 23-ix-780. Lastima a demora e comunica que
o Fq» pergunta quando repaem a Roma. (Kr Doa).^
— A D. Henrique de Meneses, em 29-IX-7IQ; fefidtandtH» pelo taito da «lymçlo doe
Saatoe OUios». na seguinte).
(Referência
—De D. Henrique de Meawee, de lO-x-780. Lamenta nlo lhe ler tio fidl oonooiv
icr para o pronto despacho da sua pretenção, como fora o dar a informação, e vinca que
«pontos de finanças são hoje apertados em Portugal», acabando por frimr que pedirá ao
Ãyw que escreva ao Núncio. (Ver Ap. Doe).

Copyrighted material
— 516 —
— A D. Hearique de MeneMS, de 27-X-780, apertando com o Ministro para que faça
inte wa o Papa. (Rererência na imediíta à
r seguinte).
~À Academia das Ciências, em resposta à de 24-X-780, datada de 30 dc Outubro
de 1780. (Publicada em Histo., 1S3<S4 e no Ap. Doe.. Traduzimo-la em grande parte,
oo capítulo — Últhnas honrai, pég. 440).
— De D. Henrique de Meneses, de 20-xi-780. Faz-lhe notar que o seu cargo lhe não
pennite que peça ao Papa a intercessão para que lhe façam justiça. Mas para testemunhar
o IntefTftsc que a caoM Hm uncue, promete uutvti ao confessor de S. Miajestade e a Ahes
da Si, salientando a justiça que merece. (Kcr Ap. Doe.).
—AD. Henrique de Níeneses. de 4-xii-7S0. solicitando que nuo pedisse à Corte de
Portugal, mas sim ao Papa, para interceder. (Rcícrcncia na imediata à seguinte).
— A D. Henrique de Monexa, a 2041-781, aobre a ma de aaúde, durante o fidta

invacno. (Referência na seguinte).


— De D. Henrique de Meneses, de Noticia a morte de D. Miguel, âlho
24-ii-781.

do Marquês de Valença, «que me parece ter^ns vossa mereS escrito aer muho do seo conba»
cimento». Diz que deu o recado ao Cardeal Hertzan. (Krr Ap. Doe.).
—A D. Henrique de Meneses, ji MarquAs de Louriçal, de ll-v-781. (RcfiBitacia
na seguinte à imediata).
—'A D. HsniiqiiB da Meneses» da 28-V-781, partícipaiido o regresso a Roma, ao
dia 10 de Junho. (Referência na seguinte).

Do Marquês de Louriçal, de 2-vi-78l, congratulando-se com o seu regresso e pro-
metendo fiKilidades para entrar na Porta do Popolo. Comtmica-tbe também a sua nomea-
Çlo para Embaixador em Espanha. {Ver Ap. Doe).

Do P. Bernardo Lopes, de 6 de Agosto de 1781. Transmite a satisfação que teve
com a notícia da última carta, do seu regresso a Roma, e agradece o querer retomar o
processo.
— Do P. Bernardo Lopes» de 20 de Maio de 1782. Reoebau as remissórias para o
novo processo.
— Ao Moquês de Louriçal, para Madrid, referida na seguinte.
— I^o Marquês de Louriçal, i!e 28-1-783. protcstnmlo ha\or respondido às afaliydas
eartas, tendo-as mandado para casa do nosso Ministro, para lhe evitar o pagamento do
porte. Ahide i quena formulada por Fagliarhti da falta de pagameoto e subttnha que
sorte tem o italiano dc cic j.i se não encontrar c .o Ministro em Roma (Ver Ap. Doe).
i


Ao P. Bernardo Lopes, de 26 de Setembro de 1782, mencionada na carta de 6 de
Maio de 1783.
— Ao P. Bernaldo Lopsa, de 9 de Janeiro de 1783, mencionada na carta de 6 de Maio
de 1783.
— Ao P. Bernardo Lopes, de 30 de Janeiro de 1783, mencionada na caru de 6 de
Maio de 1783.
— Do P. Bernardo Lopes, de 6 de Maio dc 1 783. Responde às três cartas anteriores.
O processo começou-se no princípio deste ano de 83. O novo procurador, embora seja
de qoem trabalhe, é o P. José de Azevedo, «actual Substituto de
Filosofia, e que leo Rbe-

tofica pcfto de dest aucMia.


— Ao Marquês dc Louriçal, de 26-vi-783. (Referência na seguinte).
— Do Marquês de Louriçal, de 3-vin-783. (É a última, ^er Ap. Doe. XXII).
—Ao P. Barnardo Lopai, meodoaada m
carta de ll-i-7Sib
Do p. Bernardo LopcB, da 11 de Janeiro de 1784. Reoriieu nova caita com a
letra, que vai pagar.
— Do P. BsuMido Lopes, da 20 da Janeiro de 1784. InTonna que entregou 2009000

Copyrighted material
— 517 —
para ele, ao P. Vemey «em atteaçio ao mu trabalho com o nosso Processo, oo qual há
hum amio que aa nio cotttimii, porque o Notário tem demorado com algurau ceuttt...».
S.B. — Os sobrescritos continuam: Ao M. R. Sr. Luiz Antonio Vemcy. Roma.
— Do de Azevedo, de 9-xi-7ii4. «O R. P. Prepozito acbando-se impedido
P. José
ooin moietlle » me cncuraioD
que cecreveMe • V. Sj> mm docn inpedhi de ooiiiecwr A f
o depoimento. Modo eic o único que sabe algumi cousa.

Ao P. Joeê Azevedo, de 16 de Dezembro de 1784, meodonada oa carta de 1 de
Feveieiro de I78S.
— Do P. José de Azevedo, de 1 de Fevereiro de 1785. Recebeu a carta de 16 de
Dezembro. «A letra de que V S. me avi7ou a mim e ao P. Prepozito logo foi aceita, eoom
• mesma pontualidade será paga que ^nipre se costuma, lanto que esteja vencida».

Ao P. Pnpocito doe Omtorianoe de Gua de N. SeidMia dii NeoMridadee, de
Lisboa, a 9-II-178S, aobfe Staurini, que recomenda pem lhe auoeder como Postulador de
causa de Canoniaiçlo do P. Bartolomeu do QuentaL
— Ao P.Joié de Aavedo^ de 2 de Juni» de 1785, mencionada na anta leiuiiite.

— Do Joeé de Azevedo, de 22 de Agosto de


P. Recebeu a de 2 de Junha
178S.
O processo está a atrasar, devido a doença do P. Bernardo Lopes, queé o primeiro a depor.
nome e que possam comparar-se
Pede-lhe que indique oradores sagrados italianos dignos de
oom oa Flrenwit peim aetisrazer a coitooidade de um amíjn
— Do P. J<m6 de Aaevedo, de 13 de Dezembro de 1785. Infomâ que o P. Bernardo
Lopes começou a depAr «m Outubro e conclui com o trecho já umnerito na inuodução
deste E^olárkK
— AoP. DiOfo Vernei. a 20-1-1786, carta ditada, para ser remetida depois do seu fale»
cimento. Alude eo testamento, comunicando que nele se lembra do irmão e dos sobríaboe.
(Ver Ap. Doe. XXVI). Também publicada nas Letras e Artes, de 29-ix-9S7.
— Ao P. José de Azevedo, a 20^1786. Alude à carta que escreveu ao P. Superior
doeOntonanos de Lisboa c também lhe recomenda o P. Sautirini. ( Ver Ap. Doe., XXVI).

— A Dionísio António Veinei, em 20 de Janeiro de 1786. (.Publicada em Letras e


Artes,de 29-IX-957 e no Apêod. Doe., XXVI).
— Duas cartas mencionadas na seguinte.
— Do P. José de Azevedo, 24 de Janeiro de 1786. Comunica que em Dezembro
recebeu ceita e a(on outra. Fala do processo.
— Ao José de Azevedo. Mencionada na
P. seguinte.
— Do P. José de Azevedo, dc 7 dc Fevereiro de 1786. Recebeu carta que alude
á de 14 de Dezembro, a que já respondeu. Promete pagar a leira logo que vença e diz que
deeqa ver o processo lermimmo
— Ao P. José de Azevedo, em 8 de Fevereiro de 1786. Referência na carta dc 25 de
Julho de 1786. Publicada por Inocêncio Francisco da Silva, no Conimbricense, n.*> 2229,
de 5 de DeanAro de I8(n e. ncenlemente em nnmi, 145 e em E, ni, 424— &ta é • carta
atribuída ao P. Joaquim Foios. A este respeito ver Introdução do Fpistolário.
— Ao Superior dos Filipinos de Lisboa, em 9 de Fevereiro de 1786. (Referíacia
em Letras e Artes de 23-VI-957, 2-V1-957 e 29-IX-957 e Ap. Doe.).
— Ao P. Joeé de Azevedo, de 21 de Junho. Mencionada na seguinte
— Do de Azevedo, de 25 de Julho de 1786.
P. José Recebeu a de 21 dc Junho
e a de 8 de Esta era resposu a uma que escrevera, por incumbência da
Fevereiro.
Academia. «A do estado de saúde cm que V. S. ae adwva, e o mais
esta dei parte
caieis) pelas razões que V. S. I^MOiava. Pouco ou nada SC nic fez novo do que V. S. me
disia pelo que já tinha ouvido ao P. Diogo Verney, a quem devo bastante favor e pelo
que aqui me contava monsenhor Aatorini, boje Gomoador de Cftft Cmld i o, com quem

Copyrighted material
— 518—
tive muito trato e familiaridade e que fazia ao merecimento de V. S. toda a juMiçi».
E refere-ae ao Prooena
— Do P. José de Azevedo, dc 22 dc Agosto de 17S6. Anuoda quBOltRlion 2009000
ao P. Verney, para lhe enviar. O proccs&o parado.
—Ao P. loaé de Aaevedo, de 6 de Sdenlira^ refieride m imediate is dw» KguiBlM.
— Ao P. Joaé dc Azevedo. DuM cartas n^encioudM na imediata à sagniote.
— Ao P. JcMé de Azevedo, de 18 de Outubro. Mendonada na seguinte.
— Do P. Joaé de AiBwdo, de S de Doembro de 1786. Reoebea 4 carias: 6 de
llilcillitui a 1.* e 18 de Outubro a liltima. Notícias do processo.
— Ao P. José de Aaevedo, de 10 de Janeifo de 1787. MeDdooada na caita de
24 de AbrU de 1787.
Ao P. José de Aaevedo^ de 17 de Janeiro. Mendonada na carta de 24 de AM
de 1787.
— Do P. José de Azevedo, de 24 de Abril de 1787. Recebeu as cartas de 10 e 17
de Janeiro. Ocupa-se do processo.
— Do P. José de Azevedo, de 1 de Maio de 1787. Figou a leKa «e oom a men»
pontualidade serão pagas todas as outras».
— Ao José de Azevedo, de S de Junho 4 de
P. Mencionadas na e de Julho. carta
30 de Outubro de 1787.
— Do José de Azevedo, de 3 de Julho de
P. O processo quase pronto.
1787. está
— Ao José de Azevedo, de IS de Agosto. Mencionada na caru de 30 de
P.
Outubro de 1787.
— Do Joeé de Azevedo, de 30 de Outubro de 178? Recebeu a
P. de de carta IS
Agosto, em que Vemei se refere a duas, de S de Junho e 4 de Julho, a que já respondeu.
Informa que o P. Vemey recebeu 200SOOO para Ibe oferecer. Outras noticias.
—Do P. los6 de AMívedo, de 21 de Novearim de 1787. Recebeu a iastiUBto pna
o enne do corpo do Venerável.
—Ao P. José de Azevedo, de 12 de Dezembro de 1787. Mencionada nas cartas de .

29 de Janeiro e 19 de Fe mdro de 1788.


— Do José de Azevedo, de de Dezembro de
P. 18 Ocupa-se apenas do 1787. processo.
— Ao José de Azevedo, de 19 de Dezembro de 1787. Mendonada na carta de 29
P.
de Janeiro de 1788.
— Do José de Azevedo, sem
P. mas possivelmente de
data, Sobie o processo. 1787.
— Ao P. José de Azevedo, de 16 de Janeiro de 1788, mendonada na cuia de 19 de
Fevereiro de 1788.
— Do P.Josó de Azevedo, de 29 de Arneiro de 1788. Recebeu a de 19 de Dezembro
em que se leAve a outra de 12 do mesmo mes, que não recebeu. O processo está concluído
e eâfidla a vieitae cume do corpo do Venerável Promete pagar as letras que lhe enviar,
oom a pontaaKdade do ooetum»
— Ao P. Joeé de Azevedo, de 30 de Janeiro de 1788. Meodoanda na caita de 1 de
Abril de 1788.
— Do P. José de Azevedo, de 1 de Abril de 1788. Recebeu a carta de 30 de Janeiro
e agndeoe a pronoga do pmzo de eatiega do procesee e a Instrução do Advogado^ Diz
que o Vi';conde Secretário de Estado (V, N. de Cerveira) «he devoto do «.'rvo de Dcus^>
— Bartolomeu do Quental. Confirma ser certo «que ElRey D. João o S." assinou a renda
annud de honi conto de IS. pm
OB gastoe e deqiezBS desta cuBâ e Bio i6 BO ReyiMMlo
se pagou exactamente, mas ainda no de seu Filho, até que fimoa «wnwfls de pngar e
m
confessar. Levantou-se a suspensão, mas não ae oooiinuoa « pegv, nem ate o nqosnaioe
por algumas razfies que houve e há ainda».

Copyrighted material
— 519-
— Do José de Azevedo, de 12 de Fevereiro de
P. 1788. Fala do processo.
— Do P. Joaé de Azevedo, de 19 de Fevereiro de
1788. Reoebwi as duas cartas ante-
riores. Diz que pelo4AM).GoR«a,doawttiGOdoDti^del4ifoeM»teveoioM
noticias de Vemei.

DoF. Joa6 de AMvedo^ de 23 de Favenifo de 1788. fiafoma qua a 19 se te a
inspecção do corpo do Venerável. Vcrificou-sc que o corpo já não catava COmo COI S6:
fcstavam apeoas os ossos. Refcie-se ao rigor do inverno deste ano.
— DoP. JoeédeAaevedo,del8deMarcodel788. Comunica 41» se catá a escrever
a vida do Venerável e pede cópia do processo ordinário.

Do P. José de Azevedo, de 16 dc Maio de 1788 Comunica que soube que desde
1770 para cá se obraram alguns prodígios, «os quaes parecem verdadeiros milagres da
3.* oídenvi e idiBfMe ainda ao firocessok
— Ao P. José dc Azevedo. TrCs cartas mencionadas na seguinte.
— Do P. José de Azevedo, de 25 de Agosto de 1788. Recebeu 3 cartas ««Aceite
bom snmde secado do Abk Goma, o qual manda diíer a V. S. que ainda está no
V. S.
mesmo estado em que veio dessa Cotto, e que agradece a V. S. os bons deagos que tem do
eett aumento».

De José Pereira Santiago, em 6 de Outubro de 1790. Comunica a eleição para
DepatadoHoaesiiiodaMcaadaGonsdtaciaoOidsna. PoUicamo^ no Ap. Doe. XXIV.
—A I.ufs Pinto de Sousa, em 13 e 20 de Outubro de 1790, sobre a «erecção das ,Armas'>,
a introdução da sua Gramática Latina nas Escolas do Reino e sobre a pensão. Referência
na seguinte.
— De Luís Pinto de Sousa, em 9 de Fevereiro de 1791. Dá conta das diligências qoe
empteendeu, para satisfazer os tx€s pedidos. Publicamos no Ap. Doe. XXIV. —

De D. Alexandre de Sousa Hobtetn, de l-IV-791. Comunica os nomes dos Ban-
qpieiras que lhe pagarão 1205000. Ver Ap. Doe XXIV. —
— A M. C. I. (Referida no Inventário de papei:!).
— AM. Jean Hyacintbo de Magalhães e resposta (/Zk/).

— Do P. F!asaoid 9 caitas <Ibd). — liberalo Plassooi, doe C C R. R. das Escolas Pias,


que em 1754 publicou De Leihnifian. Rationis Sufficicntis Principio Disscrtatio PliHo.w-

phicot (Senogalliae, 1 754), assina uma das aprovações do De Ee Lógica de Vemei, em Abril
da 1757.
—Do P. Monsri. 3 cartas, (tbd).
—> Do P. Juliano. 6 cartas, (fbd).

—De lilons. Basia. 3 cartas. (íbd).


—Do P. BsrtL 7 cartaa. (fbd.%
— De três jesuítas. 1 carta. (Ibd.)
— Do Aleixo Horaoeio, Eacolápio.
P. 1 carta. Uàd.).
— De D. Joio de ftaganca. 15 e Wlheies cartas (/ML).
— Dc José Serra 2 Ubd.) —
Correia. cartas do conhecido
Trata-se, evidentemente,
Abade José Correia da Serra, «domestico do Duque de Lafoens», como o P. José de Azevedo
o denomina, lut carta para Vemei, de 19-11-1788, em que lembre que soube noticias do

— Do Dr. Tempesli. 2 cartas. (Ibd.).

—De Joaé Francisco LeaL 2 cartas. (UnL) —


Será o P. Francisco Luis Leal. Pro-
fcesorde FQosoAs em Lisboa, Autor de uma HitiáHa dos FUátqfiu Antfptt e Modernos,
pabHeada em Lisboa, no ano de 1788?
—De
Vicente Porta. 1 carta. (iMOi
—De Baena. 2 cartas, ifbd.).

Copyrighted material
— 520—
—Do P. VairodoM. 1 caita. (IML).
— De D. J<m6 Darik». 1 caila. (ttdL). (Ver o que cecnvcmce na Introduçlo
do Eptstolário).
— De Poner & Adey. 1 carta. (/bd,).

—De babel Astoniiii. llcertM. (Ibi.). Na carta do P. Joi6 de Aaevedo a Venei.


de 2S-VIM786 há rererftncias a Mons. Antonini, «hoje Goveroador d» GmMIIo (...) CM
que ao merecimento de V. S. (Veroei) toda a justiça)».
fazia
—De André Favra. 1 carta. (.Ibd.).
— De Francisco Guedes. 1 carta. (Ibd.).
— De D. Gregório (IMIX
P. Pereira. 1 carta.
— Do Dr. Taddei. 1 carta. {Ibd.).

— DePiatih». (/Ad).—Nkx>lao Gftnsol de Portufd em GéiKyva (Ver PDrt,«Q).


Plagio,
— nc Pi72ctti. 1 carta. {ibd.).

— De João do Porto.
Feteira, 1 carta. {Ibd.).

— De AfrtAoio da Cm P pui do. 2 l ia cartai. (Ibd.).


— Dc Martinho de Braga. 4
Pereira, Filipino cartas. (Ibd.).

— De José de Sá Pereira. —COtmÚ de Portugal em Nápoiet.


8 cartas (fhd.).

— De Miguel Angelo d'Angelo. 30 cartas. (Ibd.).

— Da P. MaicuoeL 30 (JMLX— IVttu^aeé do P. loBo Baptiita Nhionoei,


eartat.
«CoOintationis Matris Dei Lucencis», que em 1760 publicou em Lucca o Traaani'. -í-ncrales
<r iipêdales de controversus fidei de Adrião e Pedro de Walenburcfa? Consideramos de
uma eô pessoa, oe nomes que apueoem giafiidoa MamiMei e Mattcuiiei,
— I>e Amador António. 6 cartas. (Ibd).

— De Ambrósio José. 1 carta. ilhd.).

— De D. Vito CaraveUL 31 cartas. (Ibd.).

— De leio Anténio OnyiiBd. 3 culai. {Ai.).


— De Mèodei. 47 cartas. CMl). (Var o que cecrevcmoe na Intiodacio do ^pis»
tolárío).

—De Ana Mendes. 6 cartai. (/ML).


— De Teles. 5 cartas, (ibd.).

— De Donati. 6 cartas. (Ibd.).


— De Frei Domênico Pisa. p cartas. (Ibd ).
—De Mom. Aqwra. (JòdL). (Reima. Diplomático da Eqwnha na Santa Sé.)
3 biDiBlM.

3) APÊNDICE DOCUMENTAL

A FAMÍLIA

^ ávíê pãttnwB € Ptd

Eu abaixo assinado, cura de iongesaignne, e de São Clemente das praças meu aiuiexo,
ao Dkwexii de Lyos Reyno de frança; Certifico a todoi a quem pertencer que Dionizio
Vamiy que de presente he morador em Lisboa Reyno de Portugal, he filho de Hector Vemey
e de sua mulher Maria Ramel seus Pays o qual foi Baptisado na sobre dita igreija de São Cle-
mente das praçaít aos vinte e sete dias do mes de Outubro de nul seiscentos e cincoenia.

Copyrighted material
— 521 —
como se mostn pelIoB livrot dos Bq>tismo« da dita Igreja que estio em meu poder; outro
lim oertilloo que dapob de hOa muy «nctt infomaçio de ma familia, adiey que seus
Fkyi, avós, c Bisavós assim Paternos como malBnaos erâo muy bons christãos, catholicos

e apottolicos Romanos e que morrerão na vwdadeini religião sobrediu; e que nas suas gera-
çOes nio houve Mohlia maiidMi de henik, nem de nogue qoe denrogane à
infiBCiaçio
fce Catholica e apostólica Romana. Em 066 de QIK c do caracter que proresso passei a
presente oertídio que assinei in verbo saoenlotis» ptn servir como de justiça aos trinta de
Julho de mil seiecentoe e dezouto. Ruy cora sobredito. Fraodscos Pauhu de MenfuiUe
de ViUe Roy e Aiduepiscopus et comes Lugdunensis, GalUarum Primas (...)-
(Scguc-se o reconhecimento do Notário e a dedangio dO Vice-CAosul em Lisboa,
fiarloloineu Ignacio Gorge, que fez a tradução).
(T.T.— foL 3 e 4 do pcoocMo de HabUitaçOcs do Santo Ondo de Antúido, irmio
de Lub. iMbQO 7S. n.» 1461).

b) Avái mmemo» * Mãt

Os cônsules da Villa e Cidades d'Auch Juizes das Causas Civis, Criminaes, e do Poli»
tíoo que succedem mi dita ddade e tua juiisdiçio, a todos que os prezentes vinm saúde.
No dia ao diante scripto, pareoeo por diante de nós Mr. Joam Ducas^^e, Procurador na Juris-
dição e sitio Presidiai na dita cidade de Aucb, o qual nos disse c rcprezcntou que necessitava

de bOa híformaçio Jnridica de oomo Jaques Demand filho de Simio, e morador nesta cidade,
digo na cidade de Coimbra no Rcyno de PortLigal. he natura! desta c que foi criado ua
religião catholica Apostólica Romana, a qual sempre professou como também o dito Simão
seo FUy e Fedro Darnaud seo Avo. o qual na sua vida hera antigo cidadão, havendo exer-
citado diferentes vezes o cargo de Cônsul, havendonos aprezentado a este efeito por tes-
temunhos os senhores Luis Viucs. Dczcmbargador dc Sua Magestadc na dita jurisdição

Jaques Honderey Dezemhargador em Le&leon. Jaques Ca^tcra c iiartholooMu Pomez Auo-


gados na ReDaçam Domingoe La Roqua PMcurador, Bsmanlo Dupuy lUbeOtto Real (...)
todos moradores ueata cidade de Auch (...) nos certificarão conhecerem ao dito Jaques
Darnaud, e que he natural desta dita cidade filho de Simão, e o dito Simão filho de Pedro
o qual na na vida heim antigo ddadlo^ e que amim dks oomo o dido Jaquee aempre pro-
ftMaffo a religião catholica Apostólica Romana, da qual declaração e attestação outor-
gamos o presente auto para servir ao dicto Jaques Damaut em onde pertencer: Em feé
de que mandamos passar a presente assinada por nós, e pello nosso Escrivão juntamente
com as ditas hlfiiiiiiihss, • selada com o adk» onHnáiio da dita Cidade de Audi em vinte
e sete dias de mes de Abri! de mi! seiscentos e outenta.
(Scguem-se as assinatiuas e o reconhecimento do Cônsul era Lisboa). (T.T. Uahi> —
liincaea do Santo Ofido. FL 3 a 6 do pracBMb n.« 1461 do mato 7S —
Aolteio).

e) CasameHto da Imã Ana Maria Ludoviel

fin os do mes dc Julho dc mi! setecentos c vinte annos na Ermida


vinte e outo dias
de NOM Sr.* da Concepção da quinta da Aifarobcira cila no leniite da freguesia de fiemtka
por vertude de hum despadio de Uoença do mm.* Arcebispo de Laoedemonia Proviaor
dSitePBtriarchado, ahi em prczcnça do P.* Manoel de Aguiar Paixão que de minha comisdto
asistio a este matrimonio se receberão por marido, e molher, como manda a Santa Madre

Ignila com banhoa ooirentee Joio Federieo Lodovid vfano de Ctaia í^km morador nesta

Copyrighted material
— 522 —
freguesia com Anna Maria Verney baptizada • oKKadoia na freguesia de São Julião filha de
Dionido Veraey e de liibria da Coooeiçio. Aasistiifto por testemunhas praaentes Lourenco
Morgante morador na rua dos Alimos, e António Loni morador na freguesia de S. Julilo
que comigo, e com o dito Padre Asignarão die ut supra. O Vigário Bjir Ferreira de Aguiar»
O P.* Maaod de Apriar Mxio, Lomaiço Moipiiti, AaUMo Longr.
(T. do T. — lUfiMM Piuoquiaii. F^atuMla do Socorro L.* 7, Hl 191).

d) Falecimento do marido de Ana, Joõo Federico Lmàrriel

Aos dezoito dias do mes de Janeyro dc mil scttccenfos sincoenta e dous faleceo com
todos os sacramentos na Rua Larga de Sáo Roque João Federico Ludovici casado com
IXMiaAiiMMaritVcfiieyLodowidfoyMiNiiliidoi^^ OCnm
Pkschoal da Costa.
(T.T. — Registos Paroquiais. Óbitos da frqpiesia da Encarnação. L.° 11, fls. 285).

4 BÊVtimo do trnSo Aidáido

António Moreyra de Queyros Prior nesta Parocbial Igreja de S. Julião de Lixboa


que vendo os livroe dos baptizados desta mesma IgreUa e no que princ^rioa no
oertifioo,
ano de mil ceiscentos e oultcnla, e cinqiio, e findou no ano dc mil c sctteocntota f. 260v.*
está bum acento do Theor seguinte ^ Aos treze dias do mes de Novembro de mH CCillWDiai
e noventa e Mtte iMiiItBOD O Bube cuia a AiMonio filho de Deoniafo
Maria da Conceição Padrinho Pedro Castello o cura Manuel Jurgc E não se continha mais
no ditto acento a que me reporto Sio Julião de Uxboa 20 de Outubro de 1741. O Prior
Antonio Moreyra de Queyros

/) Lbi^peza de aangue de Aiuânh

Informação de limpeza de langue e ffam de Antonio Vemejr homem de negocio


Vemey natural e morador nesta cidade.
iolteyro filho de Dionizio
Feita carta em de 1731
17 de Julho
Tomamoa inftannaçlo oon o P.* D.or Antonio de Santiago e oom o oomianrio Anto-
nio Ayres Pessoa de Figueiredo e o P.' Manuel Gonsalves SoliIo a liiii[>e<ca de sangue e
oiaes requisitos de Antonio Verney homem de negocio solteiro natural e morador nesta cidade
de Lixboa que pretende ser Familiar do Santo Offlcio contheudo na petição induza que Voen
FminffM''f noa manda informar: e nos dizem os ditos informaniea qitt O pertanduia por
si seos paes e Avos he legitimo c inteiro christâo Velho sem fama ou nimor em contrario

e que vive limpa e abastadamente por ser huma das casas ricas que ha nesta corte e nas
que aadsto Uie passarão de trinta mfl cruzados e qoe na pátria dos Avos paternos do dito
pertendenie se achava a sua flunilia, não !;cr bem reputada pcllo que respeita à ponan do
aeo aangue mas que os ditos Avos nelia gosavào nobreza e que o dito i^ncndenla Iam boa
capaddade e os mães requisitos pan a occupeção que pede e ainda que na patiin do Avo
malanio e dos Avos patanos le oio fimam ditigancia alguma por serno Sdno de Ranga
oomo lia exemplos de serem outros pretendentes, nos mesmos termos em que este se acha,
admitidos pera semelhantes empregos, nos paiese que Vossa Eminência lhe defira: Vossa

Copyrighted material
— 523 —
EmincnciB mandará o que for servido. Lisboa em Mesa 20 de Junlio de 1727. (Seguem as
assinaturas e o despacho que manda aos Inquisidores de Lisboa que bçtXXk diUfenciit).
Cr.T. — Maço 75. &.« 1461 — Habilitaçflet do Santo Ofldo).

gy Ao Foin DÍa§o Vtfutf dta ÇtMgttgtiçBo do Omorio ProfisSo dt Exwtibtodof

D. Jotó ele como governador etc. Fasso saber aos que esu Provisão virem que lendo
Respeito as letras ymÈaám m maii paitta que cabeai e oomm na pessoa do Fadre Diogo
Verney da congregasilo dO OMorio deita Corta^ e tonto da Prima de TheoUogia Espe-
coUatiua: Hej por bem e me pras de lhe fazer menx do cargo dc examinador das Igrejas
e Benefidos das ditas ordens para que asista aos exanacs que para o provimento delias se
faasm DO meo Tribunal da Meza da Gonsdenck e ocdeoa e o que fbr dum
dente e Deputados delia aos quais mando hajâo ao dito Padre Diogo vcrncj por híi dos
ditos examinadores e chamem para os tais exames quando lhes paresser e lhe dem a posse
do ditto cargo e juramento nos Santos Evangelhos que bem e verdadeiramente o fasa guar-
dando conta do servisse de Deos e meo c as partes seo direito e justiça de que tudo se fasa
asento nas costas desta que se compriram e guardam como ndla se conthem sendo passada
pellas dianoeilariai das dittas ordens e valleri como carta posto que seu efíeito de h^
durar mais de hum anno sem Embargo ou ordemnassio e Regbneato em oontmrio. Rey B
Nosso Senhor o mandou pellos Ds. loze Ferreira dc Horta e Manoel da Costa Mimoso
dqmtados do despacho do Trebunal da Meza da Consdeoda e ordens Miguel de Leban
Gundro a fta em Lx.» a 25 de lanho de 1753 Domingos Pena Baadeim a fés eacraver low
Ferreira de Horta, \ianoeI da Costa Mimozo.
Cr.T. — Ordem de Cristo, Liv. 264, fl. 439 v.").

ik) IMamento e CodidlO do Reverendo Padre Diogo Vcrncy Testamenteiro o Revc-


leado Ftidre Antonio Tmraies Procurador Geral da Congregacam de S. FeUpe Neiy assis-
tente no oonvanto do EÊpitíta Santo ao dilado.
N.B.— TMamento. datado da Casa de N." S.> das Necessidades. 27-IM786. Codi-
cilo, na mesma Casa, 27-X-I792. Abertos em 20-XI-1792. —
T.T. Testamentoe, Liv. 333,
fl. 186.— Omitimo-los, por não terem interesse de maior.

O Certidáo de Baptítmo de Heorigue

Mmud da SiKa Dnns Notário do Santo Offido decta Tnquisiçam de Lisboa oertaflco
que para cffeito de passar a prezente de Ordem dos Senhores Inquisidores percorri o livro

dos Baptizadoa da fincfuesia de S. Julião desta Cidade que teve seu prindpio em 26 de Setem-
bro da 1700 e ndie a fl. 73 v. se acha o assento do theor seguinte. Aoa vinte dias do mes
de Julho de mil e settecentos e quatro arnios baptizou o P. ^Antonio Amao derigo do habito
de S. Pedro a Henrique, filho dc Dionizio Vemey mercador, morador na rua nova Dalmada,
e de sua Mulher Maria da Conceyçào, Padrinho João do SaUazar Jordão, o cura Manod
da Costa de Afaneyda. E nfto se oontfaiha nmis no dito assento que se acha no dicto Hvio
a que me em fee do que passcy a prczcntc que a asigney dc mandado doa dictoa
reporto,
senhores. Lixboa no Santo Officio 11 de Junho de 1743 Manoel da Silva Dinis.
(T.T. IídL 9 do Processo do M. 2, n.» 29).

Copyrighted material
— 524 —

J) HátUo de Qriite. de Rèmigm

A Henrique Vcrney, fez Vossa Magestade mercê do habito da Ordem de Cristo e de


mas provaoças comtoti tnr aa partes pesaoaet, e limpeza necessária; Pofem, que o Pay
do Justificante teve logea de drogas pera Boticas, em que asistia com os seus caixeiros, o
avo materno teve tãobem logea de mercador, e das mesmas drogas, a May e avós paternos
e matemos mullieRS de segunda condição, e por estes impedimentos se julgou não estar
CÊft» de enlnur na ordem do que m
da contta a Vossa Mageaiade como governador e per-
petuo administrador delia, na forma que dispõem as DefTeaçoeDB. Lixboa vinte e nove
de Mayo de mil settecentos quarenta e outto. (S^uem as assinaturas). A margem: Está
bena. Lisboa 30 de Mayo de 1748.

Senhor. Das provanças que m beifo a Henrique Vemqr paia leoeber o habito
da Ordem de Cristo, ooosiou ter os impedimentos de falta de qualidade declarados na
consulta induza: Recorreo a Vossa Magestade cora htuna petição cm que pede lhe faça
mercê de o dispencar, alegando estar actualmente servindo a Vossa Magestade o officio de
juisda Balança da Gasa da índia, e Chppitam da Ordinaoça da GiNie oom boa satisAiçlo.
por cuja raz.lo e ser pessoa muito conhecida e familiar do Santo ofBcio. esperava da innata
piedade e grandeza de Vossa Magestade fosse servido de o d^pencar porque do contrario
lhe raznllaria alguma infiunia eoteadendosse serem os impedimentos sórdidos, nlo o
sendo E por V. Masestade mandar que a ditta petição se vcjaoeele Tribunal se consulte
o que parecer sem embargo das ordens em contrario. Parcçeo que Vossa Magestade dis-
pençe ao supplicante pellas razoens de sua petição visto ser proprietário do otticio de Juis
da Balança da Gasa da Índia, ficando lhe cassado O tanpo de outto annoB de serriço do niesnio
offício, sendo dle dsepadiaVel. Lixboa dezoutto de Jimho de mil settecentos quarenta
e outto. (Segnwn es asshiatiiras). mordem: Como paiece. Lisboa, 11 de Julho de 1788.
(T.T. — Ofdem de Grirto. Maço 4, n.» 38, pag. 6).

*) Livros de Henrique Veniey, M."^ na Rua dos Poyaes de S. Bento (17S9) — T.T. Mesa
Gene. Nbço 241.

/) Testamento do cappitam Henrique Verney Testamenteiros sua muiher D. Anna Maria


Thei^eia Sookêiêi, t tnt bnoni o fuiit IHogo Venty do e€tigttgfízlto do cntíortoHO
e a seta sobrbdios DMÉb dmaUtr, e Aatonh dmvaUer o fitrbmko ata JVjwdfc)
de S. Bento.
(...) Declaro que sou casado com a senhora, D. Anna Maria Thereza Joanna, com
qnem caai eooiceeritaia de niiaçio deci)iioiiialriaMaioieohoaopicae^
queestaOem minha companhia por nomes = D. Mariana Rita Verney Dionizio Antonio
Vemqr — D. Anna Maria Veraey — D. Honorenciana Josefa Verney ^ D. Maria Eugenia
Ctandia Veniejr — Mo
GBiHoe Vemey ~ D. Henniqueta TUlia Veney, oe quais ditoe
meuz filhos são meus herdeyros forcados e por taiz os hinstituo em suas legitimas; E con-
forme o Direito nÍo poso dispor mais que da minha terça esta depoiz de cumpridos os sufrá-
gios deste meu Testamento, e do que deyxo recomendado, em papel sqMrado o deixo a
dita minha mulher e a hinstituo heideia da minha terça com obrigiçio sonBenle de dar
a minhas Irmans Religiosas as Tenças que sempre lhe dey pera sua sustentação, a saber a
minhas Irmam D. Julianna Xavier, e D. Thereza Caetana Relegiosas em Santa Clara de

Copyrighted material
-525 —

SaaUunem vinte mil reis por anno a cada huâ em sua vida somente, e • D. Maria Rosa,
e D. Franoisca Rita Rdiíioaaa em S. Deniz de Odivellas trinta mil reis por anno a cada
huS em sua vida somente. F sucedendo que as ditas minhas Irmans ou alguã delias sobre-
viva a dieta minlia mulher, ordeno que a dieta minha mulher a quem deyxar a Uicta terça
digo a quem d^nr a SUB tei9i s^ com o meiEmo emcaiBO de dar, a <|iiBm
mezma quantia que aiima delennlno poVQUe he minha vontade que a quem pasar a minha
terça s^a sempre oom m obiiiaçio de dw as ditas Tenças emquanio forem vivas. A dita
míolia mulher Ntameyo e deyxo por tutora de meus filhos rnsnorsz, e a hey por abonada
pen que sem dar fiança lhe possa reger, e adnienistrar as suas legitimas por conheçer a
sua capaçidade, e go\ emo. e fiar dela todo o bom Regimen, c educação dellez. Pcsuo vários
Prazos em vidas e de livre nonKação os quais nomeyo em meu lilho Dionizio Antonio Verney
na vida cm (lue se adiansm ou ao Denito de pedir a noamçÊo átík», e ponpi» alguns
(klle<< me forão deyxados, e outros oonprqr lhe pasario livres aqueUeB que por Direito lhe

devem pasar livres.


Sou propvieiario do oflicio de hA da Bahtnça da casa da índia o qual compiey no
estado de solteiro por outo contos, e outooentos mil reis alem da Despeza do emcarte que
foi cento e noventa mil reis, e com maiz obrigação de pagar cada anno do rendimento do

offido ao proprietário quinhentos mil reis, e por faleçimento deiies mais quatro mil cruzados
pem poder testar o que todo paguegr, e as pensoins por tempo de dssasele aanoe e quatro
meaeSfCOOmo o dicto meu filho he o sucessor no officio por ser o mais velho ou o que vivo
for ao tempo do meu faleçimento, e&te trará a colação aquilo que por direito for obrigado
a traaer em fbvor doe maiz aeuE famlos. (...) Dedaro que soo natural desiaçidade de Lix»
boa Bautizado na freguesia de S. Julião filho legitimo de Dionizio Verney natural do Reino
de França, e de D. Maria da Conoeyçam Damaut natural da vila de Penela Bispado de
Coimbra. (...) Nomeyo por meus Testamenteiros a minha mulher, e a meu Irmfto o Fadre
Diogo Verney da congregação do oratório, e a meus sobrinhos, DioBido Chevalier, e Antonio
Chevalier, c de todos espero que accytcm esta Testamentária, c con o selo que nclles conheço
cumpram este meu Testamento £ desta forma hey por acabado este meu Testamento e
quero que valha como Testamento ou como codeçillo, e pela melhor forma que por Direito
possa valer. Lbiboa IS de Doembro de 1765. Henrique Vcmcy.

Aprovacio

Saibão quantos este instromeoto de aprovação virem que no anno do nasçimento


de Nosso Senhor Jexns Cbristo de 1766 aoe 29 dtae do n»
de Janeiro nesta cidade de lixboa
na Rua dereíta do Poy digo dO PoÍ7 de S Bento c casas de moiada do cappiíam Henrique
Veniey cavaleiro professo na ordem de cbristo juiz da Balança da Casa da índia estando elle
ahi pnnMe de pee^eemseu perfieito juiaodequedoufíeeporelledas suas mios as de
myTibaliam perante as tesiem mhas ao diante nomeadas me foi dado este Testamento. (..)
i

Abertura

Thomas da Santissinu Trindade cavaleyro ptolesso na ordem de cliristo TabaHam


pdriioo de notaa proprietário por ElRsy Fideliciino noaso senhor nesta cidade de Uxboa ete.
oertefico que hoje que se contào 5 dc Março de 1773 me foi apresentado este Testamento
de Henrique Verney fechado cosido e lacrado da mesma sorte que eu Tabeliam o serrey.
e lacrey quando o aprovey e isto pen elUio de o Abrir por aer fkle^do o Testador, e abrindo-o

Copyrighted material
— 526 —
com efeito o adiey eacrito pelo mezmo Teitador em quatro laudas de papel em que
cntim o prbidpio do hatromenlo de aprovação feito por mim em 29 de Janeiro de 1766,
e cn todo não achcy couza que duvida faça de que tudo dou minha fé. e pasei a
ele

pnaeme peta constar. Lixboa dia mes e anno ut supra etc Thomas da Santíssima Trin-
dsde e nlo úsúà mtit o dicto Tcstmento am sproviçlo e ábertivA qne âqui leiitlei do
propilo a que me reporto e o conçertey como escrivão abaixo asígnado, e me foi apre-
zeotado pello Reverendo Padre (1) que de como o tomou a receber asignou aqui Lixboa
12 de Oitubro de 1773 ~ e eu Antonio Jozé Aivres Escrivaõ do registo geral dos Testamen-

t asigncy.
O padre Francisco Joze Amou conçertado por mim Ezcrivaõ Antonio Joseph Aivres.
NA —
No principio àoniiHn:S de Méico de 1773. A fl. 76 do L.« N. 352 erta
ngbtado o Testamento de D. Ana Maria mulher do TMtador Heorique Vemey.
(T.T. Testamentos, Liv. 304, fl, 51 V.»),

m) Certidão de baptíuno de Am Maria


Anna Maria foi baptizada oeeta ftegueaia aos oito de Fevereiro de mil tete centos
sincocnta c sinco c nascco aos trinta c hum dias dc Janeirodo dito anno filha de Henrique
Vemey e de sua mulher Dona Anna Maria Thereza Joanna ambos baptizados e recebidos
Mrtn fr^uezia padrinho Manoel Gardoeo. O cura Tbeotonio Gomes.
(A. F. S. J. L.0 I de baptiadoe, flk 20).

ff) Merei de FUalgo Coftíeto, a Jísnor de DkalMlo ÁMáaio Vem^

Eu a Rainha faço saber a vós Dom Tomas de Lima Vasconcelios Nogueira Telles da
SOva, Vinonde de VIDa Nova de Oervein, do meu Conaelboi, Ministro e Secre^^
dos Negodos da Fazenda Presidente do Meu Real Etário, e Real Junta do Còmerdo, e
Meu Mordomo Mór: Que reprczentando me João António Pinto da Silva havermc servido
por espaço de 12 annos em vários cargos na minha cidade de Gram Pará e Maranhão, e
iWIlandD a este Reino para igualmente empregado em offitíal de Secrttaria do Etfado dos
Negócios da Níarinha c Domínios Ultramarinos, c ultimamente no Foro dc Moço da Camara
da Minha Guarda Roupa, e nos ofâcios de Guarda Jóias, e Thezoureiro dos Gastos Par-
ticofaues, e do meu Real Boldaho em que continua mostrando em todos os empregos, de

qne hé encarregado a eficada. deaenteresse, honra e fidelidade que me lio pwentci. Etendo
me supl^do a graça de que em remuneração dos refferidos serviços me dignaiae de lhe
fazer mercê do Foro de Fidalgo de Minha Caza, e que este le verificuae na Pessoa, que
houvesse de casar com sua sobrinha D. Violante Eufruia de Vargos filha legitima da «eu
irmão Joaquim Pinto da Silva cujas circunstancias alem de outras, que me forão prezentes
todas dignas de Minha Real Asençào Fui servida por minha Real Rcssoluçào de 29 de Maio
da 17(7 haver por bem, e em wmonewçlo de todoe os serviçoe oteados pelo dito
Joio António Pinto da Silva fazer lhe mercí alem de outros do Foro de Fidalgo de Minha
GMa coro a Moradia ordinária para a Pessoa, que cazasse com a sua sobrinha D. Violante
Enfrazia de Vaigis sendo a dita pessoa apta para se lhe conferir o dito Foro. E reprezen*

(1) Espaço em branco.

Copyrighted material
—527 —

tando me ultimamente Dionizio Antodo Vemey que elle se achava Casado e recado
na forma que «*fap«—» o a^nulo Concilio Tridentino com D. Violante Eufrazía de Vargas
como fazia certo por documento legal, mc pedia lhe houvesse de conferir a mercê do dito
foro por se persuadir que oelic concurriuo as cundiçúcs com que lhe havia concedido a dita
fnça. Ao qi» atendendo, eètdicaiiBtaaciaa alhadas de qt» foi infoni^^
e me praz fazer Mcrce ao dito Hionizio Antonio Vcrney; de o tomar por Fidalgo da Nfinlia

Caza com mil e seiscentos reis de Moradia por mez, e de Fidalgo cavaUeiro, e hum alqueire
de oevnda por db paga segundo oideDan(B;eli6mMionuliaonlinaria. MaadovM o fiuiea
assentar no livio da MUricah doa Monuhma da múdia ena «n aso tftnlo oom a dita
Moradia e Cevada.
Lisboa 16 de Julho de 1789.
RainiMi VlMonde Moidono Mór loaè Mimrricio da Gama e Fnitas o tà «aeiever.
Manuel Joaqnim Bof^es da Silva o fez.
Cr.T. Uv. 4 da Mordomia Mor, foi. 131 e 23 fl. 147>.

II

NASCIMENTO B ORDENS SACRAS DE VERNEI

a) Nascimento

Attestato kgalízato dd Battealmo atU 6, Agoato 1713. Naacila alli 23. di LugUo
detto(l).

O Beneficiado Antonio Figueira Notário Apoatolioo approvadoi (ifc) na foniia do


Sagrado Concilio Tridentino cic. Ccrtico c dou Tc. que a miffl me foy appnMMadt linna
petição despacho e oeriidão que tudo he do thcor sicguinte.
BBtiçio:Baceilenfwimo Senhor. Diz Uria Antonio Veraoy fiUio legitimo de Dio>
nizio Vemcy, e de sua molher Maria da Concciç'10 Darnaut hapli/-a<lo na frequczia de São
Julião desta cidade de Lisboa, que para certo requerimento lhe he necessário que o parocho
da dita fttpwia Hw passe por cvtidio o aoenlo de teu iNiptismo, o que oAo podo fioer
em leoença de Vossa Excelleoda. M»
a Voaw Bwdlencia lhe ftaa marae mandar n
lhe poaK a dita certidão e recebera mercê.
Despacho: Passe em mão de pessoa Ecdesiastica. Gouvea.

Certidão: Bernardino doCoutto Cura nesta Parochial Igreja de Silo Juliilo certifloo
que vendo o livro dos fiaptizadoa dseta freguesia, que teve principio no anno de mil setto*
cantoa, e onae, e flodoo no anno de mO Mtleoentoa o vinte, a folhaa quanota e hmna vmh»
está um acento do theor s^uinte: Aos seis dias do mês de Agosto de mil aettacentoa e
treze annos eu o Padre Joze Rodrigues Lobo Cura desta Igreja baptizei a Luiz, filho de
Dionizio Vemey morador na Rua nova do Almada, e de sua molher Maria da Conoeiçio
Damant Padrinho o Fidie Euuidw» TUka. O Cuia Joze Rodriguea Lobo. E nio se
continha mais no dito acento, a que mc reporto. São .Tulião de Lisboa Occidental. Sinco
de Agosto de mil settecentos e quarenta. O Cura Bernardino do Coutto. E não se continha

(I) Titulo da capilba, com letra de Vemei (A.S.A.R.). — Outra certidão em


A.CB.-Ig. V, 6.

Copyrighted material
I
— 528 —
mais na dita pcuçào despacho, e oertidlo que tudo bem e fiBlmente tredadd a que me reporto
e por me de oMoa atsoMa iWUioo e razo em Lisboa
ser pedida a presente a pasei asignada
Occidental aos oiito dias do mes de Agosto de mil scttccentos e quarenta. Fu o Benefi-
ciado Antonio Figueira Notário Apostólico a fis e a&ignei. Beneficiado Antonio Figueira
Not ApoiL Em lestnmunlio (/do) de venfaule (A. S. A. R.).

6) Pedido de Ordem Sacras de Diogo e Luis

in.** R.*>* S.**. Dism IMogo Veney da Coagntaçflo do Oratório desta CMade
de Lisboa Occidental e seu Irmão Luiz Verncy, nafuracs e moradores na mema Cidade e
Vemey oatund e bautizado
bautizados oa freguezia de S. Juliio, filhos latimos de Dionizio
na flcguezia de S. demente das Praças AmeMipado de Leio Rcyno de Fkança; e de Maria
da Conceyçào Darnaut natural e bautizada na Eurcmia de Vila de Pendia
freguezia dc S.
Bispado de Coimbra, que elles desejilo Deus N. Senhor no Estado de Sacer-
muito servir a

dotes, para o que lhes he necessário mostrar a do seu sangue, e porque o não podem
linipesa
tor sem Goença de V. ÍSL^ R.**. Fedem a V. HL"* R."* Dws fi^a meioe admitiaoe a
fazer as diligencias dc Rcncrc na forma costumada. E. R. M.ce Despachou: 1) P. Rcp.ria
p.* Coimbra e Carta de Segredo p.* S. Julião em 6 de Dezembro de 1726. 2) D. se lhe
fiuer as ààS^** do estOlo. Lx.* oddental 19 de Ootnbiro de 1726. 3) Junto oonlierimen to
«m fonoa se passem as ordens D.or Lopes SímOes.

Declaração os supplicantes serem netos pela parte paterna de Heytor Vemey, e de


Maria Ramel, ambos natiu-aes da dita Cidade de Lefto Arcebispado Metropoliuno no Reyno
de Rrança. E netos pela parte materna de Diofo Darnaut natural da Cidade de Auch
Bispado da mesma cidade Reyno de França; e de Anna Femín natural do lutW de Val
da Vide freguesia de Espinho Bispado de Coimbra.
NA — Mu eoetaa do papel, assento de como os dois pagaram 9.600 rs. Datado de
21-10-1726.
Em folha impressa com espaços em Itraneo, preenclddos à mSo com os dados anteriores,
o Proíonoíàrk) de Sua Santidade, Doutor Manuel Lopes Simões diz que os dois pediram ao
Patriarea de Usòoa Oddenial, Dom Tomás de Abmdda. eque para effdto de ser promovido
{palavras impressa ^ c. por iwo. no sínfriilar) a Ordens Menores e Sacroí, lhe fizeste merei

admitliUo a iiie fazerem as dilligencias de Genere na fárma do estylo».


O Pitoeo da fí^eguah de S. JnHam éesla Odade devia «oom todo o segredo, e brevi-
dade possível, per e\ officio. sem a parte nisso intervir, nem CNltnm, que por ella o faça
(...) se informe em sua Paroquia ou fora delia (sendo neceesiiio) como as pessoas mais
antigas fidedignas, deshHeressadas, e Christis vdhas, que boum', aoeraa da natnnBdade^
limpeza ou impureza do sangue e geração» (...). Lisboa Occidental, 6 de Dembio
de 1726. Cana de Segredo para o Rev. Parooo da Frqguesia de S. luliam desta Cidade
a favor de Diogo Verncy, e seu imuun.
Segue se a dbdsMfÉb de pdteeo ceat at deelatafOeí dai tettemaiduu, Depeb, Aifw^
rlÇÍes na fres;uesia de Sja F-iifcmea da Vila de Penela e do Espinho do Val da Vide do Bis-
pado de Coimbra, par ÍÊ$ermédio do Bispado de Coimbra. Data do fim das inquirições: 5 de
Abril de 1727. flarapmanm a pureza de sangue por pane paterna, teriam de recorrer a
França, per IHeabh Vemei ser aataral de São Clemente das Praças. Podia-se, porém,
evitar demoras, por terem em Lisboa «provas d isso. ofereceixlo a carta de Familiar dc Antonio

Vemey, seu Irmão inteyro». Sem assinatura nem data.

Copyrlghted material
-529 —

Despadio: D. se ihe façam as deligeocia» e vistas as nzoens que conconem e o que


allepi o suitligmte dhpwwmos pi» que «e fadto cm erta Corte Lx. Ooddeptal 26 de Aywto
de 1733. Venha autuada com as mais diligencias para dcfirir. D or Lopes Simões.
N.B. — O Dr. Simões, a 3-2-734 mandou que as diligencias se fizessem em Usboa.

Noutro requerimento dos dob, sem data nem as^iaturas, pede-se a dispensa das in^d-
riçdeã vlalo nâo haver ninguém que possa depor acerca dos avós. Diz-se ai que i falecido
Dhnlsh VemeL Requere-se que sejam atbnitidos os documentos que permitiram um acór-
dão a fafor do UbUiãHàt Aalúiiio AnMnt, tio dn Mqdicuiet e iniio de ta Muit
da Cooodçao.
Dapadio: Ao D.or Juiz das JusUãcações pata que lilo havendo fama em oaamrio^
mo naveoflo ene leK) wesno ouira peova oe uneouiniia lunw een jusuneaçio por dob
porá dispensarem. Lx.» Occidental 8 de Abril de 1734.
Troíbuse o documento em que se diz que Dioubio Vernei foi t>aptizado na Igr^ de
S. CtemesOe dàt praças im tt áiOÊiUÍi»âtt€50.
Noutro documento U-ati Dlmn Lois Vemqr e Diogo Vcmcy asistentes na Cidade
de Lisboa OcciJental que para certos requerimentos que tem lhes he necessário certidão
com o acórdão da Sentença de genere do P." Aotonio de Arnaut filho de Diogo de Amaut
e de Aima Fendia, natnial da ftagmeia de Swta BaAmia de ViDa de Randla deile Bispado
qneiBabilitnii neste Juizo e no ano de mil e seissentos e oitenta e sete e foi ordenado de ordens
menoRS e sacras. Pede a V. m. açia servido mandar que o escrivão da Camera paoe a dita
oertidlo cm modo que fiiga isiii B.1LM.
Refere-se a fikiçío it ÂHÊaida AmsÊd a dttkrwmae tadu jNmr. GoinDibm, 11 de
Janeiro de 1688.
Em 12 de Março de 1734 testemunha-se que o dito Padre recebeu Ordens Maiores.

gencias que se mandarão fazer porque se mostm Sensm oa dltOS DiogO Vemey da Con-
gregação do Oratório, e Luiz Vemey naturaes da Fkagneiia de S. JuUio deata Cidade filhos
kgitimos de Dyonizio Vemey, e de Sua Molber Maria da Oomeiclo Damaut, netos pela
parte paterna de Heytor Vemey e de Sua molber Anna Maria Ramel e pela materna de
DiofO Damaut, e de Sua molber Anna Ferreira, e ChristSos velhos legítimos de limpo san-
gue^ e geraçfto sem raça alguma de infecta naçfto das rqnrovadas em direito, por tais os jnl^
^ks e habOitflo e mandfio se lhes passe semeaça na focma costumada. Lx.* Oeddenlal
13 de Novembro de 1734. D.or Lopes Simões.
ilnstrumento de puridade sanguinis a favor de Diogo Verney da Congregação do Onh
iorh,a^tMima9IMbVmlgyé9fàlrtÊrdM9d$tJe^OeeUmlaL B.N.L.— Hoqoiíicfies
Cima» MriamaL Mago 121. Ptraosaso 15).
de Gensia.

^ AUtHall dtírOrébÊirk dl iMamiiy.

D. Joaphns Antas Barboza Dei et ApostoUcae Sedis gratia Archiepiscopus Lace-


demoniensis Serenissinii Lusftaalae Régis a Ooodlliis, Emn. Domini Osrdinalis Patríardne
Ulysíponensis Vlcnrius Generalis etc.

Adtestamur, et fidem facimus, Aloysium Antonium Veroeium, Archidiaconum Ebo-


tcnasBi^ vinmi MòbSsm bidua hÉriaicliatni» ImtílBm fidna judksatnm qood attinet ad

(1) Titulo da cepilha, com letra de Vemei.

34

Copyrighted material
— 530 —
puriutem sanguinu, ad stMdpiendo» mcfos Ordines. Insuper aptum esse ad abtioendum
quodcmuque Benefitium Frclwhtricma, etiamsi gradum adentiM leqaint: proptewa
qiiia non moilo niillo crimine, aut censura irrctitus dctinctvir; immo vero bonis moribus.
fama, aetate, docthna, caelerisque omnibus ornanienlis praeditus est. In quoruni fidem

pt—BtM Ittlcns, sabKripilinai; et soUto liilk^ qno ia hiaoe utinnir, muniri miodavimut.
Datum Lisbonae ex Palatio nostto haec die VI AprUis MDCC7CLVIII (1748). Josephus
Aichiepiscopus Laoedemoniensis Antonius Josqihai de Sequeíim Notarius Appoetoliott
et Scriba justificatíonum eai lubacripii (A.SAJL).

d) Attestalo auwiuico dei Chericato (l).

Fr. 10. Antonius Tit S. Martini in Montibus SJLB. Pmbyler Cardinalit GiMp
dagni, Sanctissimi D. N. Papae Vicahus Geoeralis, RomaoaeqiiB Gnriae, eiusqae Dirtrictut
ludex Ordtnariua ele
Unhmrfi et singulis preseoMe aoilias vimrii, kcturis pariter et audituria, notmii
facimus, et attestamur illustrissimum, ct rcvcrcndissimum P. D. Philippum Spada Episcopum
Ljgaureos Suffraganium et Viçariam Gcneralem Nostrum Romae die 2.* January 1739:
io cappeOa suae habftatkwit ordinatioaeai Futieolaieiii odelMantem, ditootam nobi* to
Christo Filiiim D. I.udo\ icum Antonium Vcrncy Ultsiboncn occidcntali"; cum littcris Dimis-
sorialibus Sui ordinaru ia urbi Vicegerente rescripti Sanctissimi recognitis, praevio sacra-
mento coitãrmatkmis, et exerdtifa spiritualibt» rite, et recte, ac aervatis tervandit praevio
iram^w RR, P.P. D.D. Examínatodbili ÍB Urbe deputatis, idoneum repcrtum, et admi-
sum cum cacrcmoniis, et solemnitatibus necessariis, et opportunis in <;imilibus ficri solitis
et ooosuliis, iuxta, et secuadum S.R.E. Ritum, mofcm, ei cunsuetudinem, in Clencali
diaractere ineigniviase, militiaeque dericali aggregaaae: eidemque primam Ckricakni
Tonsuram in Domino rité, et rectè contulissc, alque dedissc. In quorum omnium, et

singulorum fidem bas praesentes litteras à Nobís, seu ab Ulmo, et Rmo P. D. Vicesge-
rente, ac D. Secretario noetris subacríptas, sigUloque noatro munitas fieri iuaslMua.
Datum Romae ex aedibus nostris hac die 2."* mensis lanuaríj Anno 1739 fndictione
prima Pontificatus Sanctissimi in Christo Patris. et D.N.D. Clemcntis Divina Provideatia
Plapae XII Anno eius nono. Phi. Archiepiscopus Chaocloscac Vicegerentts.
Fides primae Tonaone Pn> d. n. de Obdxo Cuagio S.tío RomnaUai HàoonuUipttn
foctuaC?) (ASAJL).

III

a) Diploma de Licenciatura na UatrenUade de Évora

In Dei Nòmine. Amen. Nòe Aknnder Duarte leetor, ei ebe wnaia Academia
pÉfaun profitcmur. afquc testamiir, certiorcsqiic reddimus omncs eos, quomm intcrest has

Ittcraa inspicere, quod dilectas nobis Alloisius Antonius Verney lusitanos, pátria OUsipoae
gnulum UcenciaturBe in praedan Aithim Sdentta in hac Academia adeptos ert,oun mb
cursibus de niorc peractís. et dnigenti omnium Magistronim examine fuiaaet approbttos,
aliis etiam rítilms observatia, quoe ptaedarae Artíum Sdentíae inatituta praeicriliunt: prae*

( I ) No mesmo Arquivo, segunda via com a mesma data e nova certidio (também
2.* via) com poucas variantes, datada de 23 de Maio de 1750.

Copyrighted material
--531--

vio prooeuu de Religione» et Fide CfethoUca praedicta AU(»ui Antonii Verney à Vicario
in ^ptritualitM» Aidiiepinopi Bbonwis ritè. et lefitiinè htío pnwcBdeate: pcaemim eliam
aoteamí profcssione, ct juramento dc Fide Catholica Romana, et rebus omnibus in Sacro-

Maeta Tridentina Sínodo decretis retioendis, atque defendendis, et de obedicDcia praesUnda


SMUCiiMiine seoi apokouom» et Rwnnw ppiecopii jonk awictMBBi
iiminiwiini
Papae IV. Creatus autem fuit Liccntiatus per sapicntíssimum Doctorem João Garção
Ex Societate Jesu, ejusdem Acaderaiae Cancellarium die septíma lunii Anno à Christo
Jesu nato 1733 et ei facultas facta est, ut ciim prímum ei opportunura easet Magister in
pnedara Arttum Scientia crcaretur. Fucrunt autem praesentes multi TTtpimMwlmi dOGtO-
res, et \fagistri hujus Acadcmiac aliiquc plurimi viri, qui hunc ejus honorem sua praeMIltta
dccorarunu Et ut ea res onmibus nota, testataque esset possit, has literas piaedicto Liott-
oMO «Monnni, lUDKnpvioiMOMitM nowniin BmeaoMHi suppcmo etwiH mipii AcwMnnB
fli^na Et ego Pater Joanncs Moreira Baptista hujus Academiae publicus Secretarius has
Mmu fideliter comacnbendas curavi authoritate bi^us Academiae mihi concessa. Eborae
dte dMfaoa MÉyi UM 1736. AkMUte Dowle.
(AAAJL).

Ego N. in praedara Anium facultate, et in Sacrosancta Tbeoiogia Docior, et hiyus


Scilibitaiií Oolwgii Rector, nfhariliiB Apoilofin cno» constituo, et dediro te Mkgiitmin
in ewkm praedan Artium concedo tibi omnet facultates, functiones,
facultate; et et immu-
nitates, quae its qui ad hunc gradum promoventur, concedi solent, in Nomine Patris, et

Filli, et Spirítus Sancti. In huiva autem tam praeclarae dignitatis signum, iiis quoque
CBrtendi omunentis oondeconuidi» quae in pnMUcntianim adhiberi solent. Imprimis
Pileum cacruleo diademate omatum capiti tuoimpono. Deindc trado tibi Philosophiac
Librum clausum et apertimi, ut iUam publice profiterí, et interpretarí possis. Tandem
infero digito tuo aniHihnu ScieiítiM Spltndoria ligiiiim. Foilwuio Booedat etiam otouhmi
pMii. N.B.: — SefOMe «HM MriDMtnm IkiM. (BP£.— 06d. GX/M7 P. ^

IV

VERNBI SOLDADO: HABTTO DE CRISTO

o) RetpÊU àmmo tk Vermipam CapHOo étmmin Nám


Diz Luis Verney filho legitimo de Dionizio Verney e de sua mulher Maria da Con-
ceição de Arnaut, que eUe tem assentado praça de soldado para na prezente mun^o ir ser-
vir ao Ellado da bdia. e poique he pcMM de coiriíeeid» aObicni, e diltiil^
consta dos documentos juntos, e dezcja ir com alguma honra com que V. Magestade não
falta aos da sua qualidade, para Uies avivar as obrigaooens com que nascerão; nesta certeza
e emerniça. Fede a V. MagBitedB Hw fÊçt vmet de o aonwar por Ckpitain de linma das
Companhias da leva, que na prezente monçio passSo a servir aqaeOe ertado para com esta
honrra entrar nos empcep» do roal servígo. em que «speia oaeiaoer ootias mais avultadas.
E. R.Mxe.

Copyrighted material
— 532 —
Despacho noutro papei: Sua Magestade he servido que vendoae no Conselho a petiçfto
indindeLuisVenMytellKooaiidieoquepaitoer. Dew gnarde a V. M. ViQoalSde
Março de 1729. Diogo de Mendonca Corte ReaL Para António Rodrigues da COBta.
(A.H.U. —
Maço 27 do ano <to 1729 da findia. Documentos avulsos).

b) CertfdSo de como assentou Praçtu

O Provedor e Ofikiaes da Caza da f ndia e Mina etc Fazemos saber aot que a pie-
zeote certidão virem, que a fs, da Armada, que de premente -ie apresta para o
15 tio I.ivro

'Ettado da bldia no titulo dos soldados com fiança consta centar Luis Verney tilho de Dio-
nizio Vemqr, e de Ktoia da Conoeipçao Damaut de idade de deaseisaaiiaB natural de Lis>
boa Occidental, e reccbco as pagas costumadas a que deu fiança, e pan constar o referido
passamos a prezente reportandonos ao dito Livro. Lisboa occidental sete de Abril de mil
sete centos e vinte e nove annos. Francisco de Almada Noronha. José Vicente da Costa.
N.B. —
Existe certidão idêntica para o hábito de Ottato, com a data de Lisboa Occi-
dental dezassete de Nfarço de mil setecentos e vinte e nove anoos. Terceiro exemplar,
para o posto de Capitão de uma das Companhias. Lisboa occidental dezasete de Março
de mil aeleoentos c vinte e nove aimos. (A.H.U. — Doe. avulsos da índia. Maço do ano
de 1729).

e) RevÊerimeMo th HMio áe Crislo

Diz Luis Vemcy natural desta Cidade de Lisboa Occidental, tilho legitimo de Dionizio
Vemey e de soa mulher Maria da Conoeiçio de Araaot, que cOe tem assantado pnça de
soldado para na pre/cnte monção hir servir a V. Nfagestade no Estado da fndia. aonde
espera dezempenhar as obrigaçoens com que nasceo e como V. Magestade por actos de
grendeza ftHios de Piqrs e Avoi nobres que espon-
do sen Real animo costuma premiar aos
passam aquelle Estado concorrendo no Supplicanta os mesmos requizitos.
laiicaiiK-nic

Pede a V. Magcstacic lhe faça mercê respeitante a qualidade da sua pessoa do habito da
Ordem de Crislo com oitenta mil reiz de tença efrcctiva para com esta honra continuar
no real serviço, e nelle perder a vida ou merecer outras mais avultadas. E.R.Mxe.
Despacho ttegível. — ^'cr fotocópia que publicamos.
(A.H.U. — Documentos avulsos da índia. Maço 27 Ano de 1 729).

d) Justificação de que aSo deve nem tem mácula aJtuma

O Doutor Antonio Fnyn de Andnula Eoserrabodes do dsMnbargo de Sua Kfages-


tade juis da índia e Mina c das Justificaçõens ultramarinas ctc. A todos os corregedores,
Provadores, ouvidores, julgadores juises e mais justiças ofâciaes e pessoas destes Reinos
e senhorios de Portugal aquòDes a quem a peruta quem e cada hum dos quaes este meo
Instrumento de justificam em forma for appresentado e o conhecimento delle com dereito
dereitanientc deva e haja de pertencer e seo devido comprimento real eíTeito sc poderá
requerer por qualquer forma, modo, maneira, rezam que seja a todos em geral e a cada hum
em particullar • em suas jorisdigOens Aiço-Om a saber a todoa em geral e a cada hnm cm
particullar em como nesta Corte muito nobre c sempre leal Cid.ide de Lisboa ocidental c
oriental e Juízo de índia e Mina e das Justiâcaçõens Ultramarinas, perante mim foram

Copyrighted material
— 533 —
sentenceados huns autUM de petiçio de Lute Vemcy natural desta Qdade de Luboa oci-
dental e morador na fkepieria de Sen JulUio fflho leghimo de Deonisio Veroey e aua moliier
Marte da Conceição Anunit e esto sobre, e em resam do conthcudo nos dittos auttos que
pello descurso deste inea bHtromcnto justiíicacòes se fara mais larga expressa e declarada
meoçfto, e pdloe dittot auttos e termos ddks e entre outiat demais cousas nestes cootbeudas
e declaradas ae via e mostrava esiar a princípio ddlei a petícam quo o ditlo Lute Venwy
me fes da qual o aeo tbeor delia be o seguinte:
Diz Lub Vaawy ntund deita cidade de LíriMia Occidental morador na fieguerà
da Sam JldilofllbokgítiniO da Dionísio Verney e de sua molher Maria da Conoeíçlo Amaut,
que pera entrar em rcquirimcntaçâo Sua Magestade em re/âo de voluntariamente o hir
servir ao Estado da índia na presente monção para o que tem asenlado praça de soldado
Hw ha aeceMario justíflcar neste juln» em oomo o supUcaiitB aam deve nem tem mecânica
alguma pessoal nem tambcin oriunda de seos Pays e Avos por serem todos pessoas que se
tratavam com iusimento e que sempre viverão muito i ky da nobresa. Pede a vossa mercê
lhe hçã, mene mandar tomar ma Justeftcacam • hiwdlo por halMilitado mandando ae lhe
pasem os inetrumentoa que tbe forem necessários e recebera meroe etc. segundo que tudo
isto asim e tam cumprida e declaradamente sc continha e declarava e hera outrosim con-
dieudo escrito e declarado em a dita peticam do dito justilicaote Luis Veraey que sendo
asim fieita e vista por mim neOa por meo deapacho mandsy que juitiflcase. Flrdra. Em
cumprimento do qual despacho dado ao pee da peticam do ditto justificante logo o n^esnio
lizera a sua jusiiikacam per testemunhas que Judicialmente lhe foram preguntadas pelio

EuKiueiedor deste juizoManodMaitineNetto na forma do seo regimento da qual Inqoifiç^


o aeo tbeor de vcriM a verbo be o s^uinte: Aos vinte e hum dús do mes de Marco de mH
e settecentos e vinte e nove annos nesta cidade de Lisboa occidental no escritório de mim
escrívara e emqueredor deste juiso Manoel Martins Netto preguntou as testemunhas em
mUba pwaença que por paite de Luis Verney nos foram apreiaotadas e seus nomes dittos
sam os que ao diante sc seguem Antonio da Cimba de Siqueira o escrevy. Miguel Francisco
da Fonseca Cavalleiro professo da Ordem de Sam Thlago escrtvfto da contadoria da Fazenda
e morador oa Rt» dos Cabides ftegueiia de noBM Seobont doa Mulbes desta cidade de
Lisboa occidental de idade de mate de trinta e seis nnnos testemunha jurada aos santos
Evangelhos em que pos sua mam e do oostiune dice nada conhecida de mim escrivam e
preguntado ele testemunha pello contheudo na petiçio do justiScante Lub Verney morador
na fieguesia de Sam JuDião dcsia cidade de Lisboa Occidental disse que o conhece bem e
sabe que hc o próprio contheudo cm sua petição e que he filho legitimo de Dionisio Verney
e de sua molher Maria da Conceição Amaut de nasçào Francesa e sabbe que o juslilicunie
e seos Pays se tratavão a ley da nobresa e que nunca ouvira dizer nem o sabe que tevese
alguma cm seu sangue c só seos A\os nam conhece elle testemunha e maes nam
diM» e o que o ditto tem sabe pella resam e pello conhecer e tratar ha mais de catorse annos
e aaôioD oomo Eoqueredor Antonio da Cuilha de SeqiNiea o escrevi Migud Francisco
da Fonseca. Manoel Martins Netta
2." testemunlia: loão de Rones de Nação Francesa c homem de Negocio morador

na rua do Outeiro Ircgucsia de Nossa Senhora dos Mártires desta cidade de Lisboa Coei*
dental de Idade de mate de quarenta e ootto anos leitenMmha jurada aoa santos Bvangdhos
e do costume disse ser compadre dos pais do justificante mas que dirá a verdade e pregun-

tado elJe testemunha pello contheudo na petição do justiãcante Luis Verney morador na
freguezte de Sam Juffiâo desta cidade de Lisboa ooddental dise que o conhece bem e sabbe
que he fflho legítimo de Dionísio Vem^ e de sua molher Maria da Conceição Arnaut e
também sabe que o jostificante e seos pays se trataram sempre com bom trato e nobreza e
com httimento e numqua ouvira dizer que no seo sangue tivesse maculla alguma nem raasa

Copyrighted material
— 534 —
«ic muuru e muliato e mães nam disse e o que ditto tem sabe peUa resam ditta e peUos oonhe-
oer e tmtar a todM bá iBiii de tcinla ttum e Miara con O Eo^^
de Siqueira o escrevi. João de Bornes, Nfanocl Martins Netto.
3. * —
Manoel da Costa Fragoso Cappitáo de Cavailos reformado e morador na rua
do Ooldio fiepmiB de Nona Seaiioim dos Mártires de«» cidade de LMwa ooddeolal
de idade de mais de trinta e nove annos testemunha jurada aos Santos Evangelhos em ^ue
pos sua mio e do costume disse nada conhecido do Emqueredor e perguntado elle testemunha
pello cootbeudo na peticam do justificante Luis Veroey morador na freguesia de Sio Julifto
desia cidade de IMoa Oocidenlal átm que o conhece bem e sabe qoe he filho legitimo
de Dionísio Vemcy c de sua molher Maria da Conceição de Amaut e também sabbc que o
justificante e seos Pays se trataram e tratão a Icsy da Nobresa e com muito lusimeaio e lim-

pesa de sangue enumqaanoveradiaer que tivesse macuOa e mais nio disee o que ditto tem
sabe peUa leslo e pello conhecer e tratar a todos há muntos annos. Declaro que a teste»
munha lie cavalleiro professo da Ordem de Cristo e capitão de cavailos e asignou com o
emqueredor Antonio da Cunha Sequeira o escrevy Manoel da Costa Fragoso Manoel
Maitfna Netto.
4. » —
Antonio da Fonseca e Sousa Bacharel formado advogado nesta corte c morador
na rua Nova do Almada freguezia de Sam Jullião desu cidade de Lisboa oocidental de idade
de mais de trinta e hum annos testemunha junda aoe Santos Evangdbos e do costunw disse
nada conhecido de mim escrivão e preguntado elle testemunha pello contheudo na rT*iCWftl
do justificante Luis Vemey morador na freguesia de Sam Julliam desta cidade de Lisboa
Oocidental dise que o coolwoe bem e labbe que he filho legitimo de Dionísio Vero^ e de
soa molher Maria da CòiioeicioAiaanteiaMequeoJiistificantee seoePqfisetrMavame
tratam a ley da Nobreza e com bom trato e limpesa nem maculla no seo sangue rassa de
aMnoo e muliatto nem fama em contrario e mais nam disse e o que ditto tem sabbe pella
rasam ditta e pdlos conhecer e tratar ha mahos annos e aiinou com o emquendor Antonio
da Cunha de Siqueira o escrevi Antonio da Fonseca Sousa —
Manoel Martins Netto.
5. * testounsfea: Francisco Nogueira de Sousa Valdes cavalleiro professo na Ordem

de Cbrislo mosador ao aioo dos pregos Fkcfuesia de Sam Tnlllio desta cidade de LirixM
Oorideulal de idade de mais de vinte e outo annos testemunha jurada aos santos Evangelhos
em que pos sua mão e do costume dise nada conhecido de mim escrivão c preguntado elle
testemunha pello conteúdo na peticam do justificante Luis Vemey morador na freguezia de
Sio JuIIifto desta ddade de Lisboa Ooddental dise que o oonlweia bem e sabe que he filho
legitimo de Dionisio Verney c de sua molher Maria da Conceição Amaut e também sabe
eUe testemunha que o justificante e seos Pays se tratão e tratavam sempre com muito lusi'

mento a da nobma mm iiMa cm seo sangue e sempre tidos e havidas por Christfos
kgr
velhos e mili nlo dine e o que ditto tem sabe pella resam ditta e pellos CTwjwfflf e tratar
há muitos annos c asinou com o enqueredor Antonio da Cualia Sequeica o ascrsví Frao»
cisco Nogueira e Soares Valdes Manoel Martins Netto.
&• testemunha. BaitholaaMO Voigisr Gswallsiio profess o da (Mem
de diristo
mocadorna calcelaria freguesia dc Sam Jullião desta cidade de Lisboa Occidental de idade
de malg de trinta anos testemunha jurada aos santos evanselbos em que pos a mão e do oos-
tome dise nada e preguntado cOe Wlernirtha pdto comendo na petição do justificante
Luis Verney morador na freguesia de Sam Jullião desta ddade de LIslKM ocidental dise
que o conhece bem e sabe que he o próprio contheudo em sua petição e que he filho legi-
timo de Dionisio Vemey e de sua molher Maria da Conceição Arnaut e também sabe elle
testemunliaque o juslificaiite e seoe Fqi» se tntlo e tiatavam sempre a ley da fiotacaa e com
muito lusimento nesta corte sem maculla em seo sangue de infecta Nação e ouvira cllc tes-
temunha a seu Pay que conbeseo os Avos do justificante em França e que também se tra-

Copyrighted material
— 535 —
tavio muito bem e vivcnmi de suas fazendas aempre tidos e havidos por christãos velhos
e omíb mmdina e o que dítto tem sabe pdla leiam ditta e ser da sua criação e aainou com
o Emquercdor Antonio da Cunha Sequeira o escrevi Bcrlholonico Voigicr Manoel Martins
Netto. S^undo o que tudo visto asii» e tam cumprida e declaradamente se continha e decie-
rava e bera outrosim contbeado escrito e dadando cm a dHta Inqutriçam de testemunhas
que judidabnentB foi pnguotada e logo sendoooom oaauttos, me foifio feitos c llcvados
conclusos os quais sendo por mim \ ndka praaoneiei a minha seateosa da qual o seo
istos

tbeor delia he o seguinte. Hei por justifioado O conttiendo m


Petiçlo. Ause Tnstromoito
com o tbeor dos auttos de que pague o aappIcNBli as custas. Lisboa occidental vinta e
dois de maflgo de mtt c setteceotos e vinte e nove aanoa Aotooio Fieite de Andiade Emcer*
rabodes.
Segundo Qoe tudo viMo aiima tam comprida e dedandamnte se ^wtfmia e deda>
em a dita minha sentença que sendo
rava e hera outrosim OOOliieudo escrito e declarado
asim por mandado foca outrosim por publicada e mandado cumprir e guardar asim e da
m
OHUMira cm Que cila te contem • dcdam e cm mo co primeoto e por virtude deDa lo(o
Ora por parte do ditto justificante me foi pedido e requerido ae lhe mandaoe dar a passar
dos autos seu instrumento por segunda via c vendo eu o seo requerimento ser Justo con-
forme a resio e direito lho mandey dar e pa&sar e he o presente peUo qual requero a toda^
as BobradiMia Jurtlçaino principio deste dedaiadas da parte de sua Magestade que Deos
foarde e da nlolin Oie piair carta de mercê que sendo lhe este apresentado hindo somente
por mim o oonoprilo e guardem e façam munto inteiramente cumprir e guardar
asim e da maueiía que em eHe se couiem e dedara e em seo canprincnto o pof virtude
delle haveram por justificado o contheudo na peticam do justificante neste inserta tido

havido por christão velho e também por sempre se tratarem seos Pays e avós a ley da nobreza
com muito lusimento tudo na forma que neste Instrumento vay declarado e sentenciado (...).
Dada nnia corte nobre • ssmpn kal ddade de Lidx» occidental aos vinte e três dias do
mes de março de mil e sctccsntfli c vinte e nove annos(...) Antonio Fretie de Andrade
Enserrabodes.
(AJÍ.U.— Docaamtos avulsos da fndia. Msço 27. ds 1729).

«) JtflfHMPAneitfo th posfo ie áSfirea.

Senhor. Diz Luis Vcrney natural desta cidade ocideiiia! e mor.idor na fioguc/ia
de São Julião filho legitimo de Dionísio Vemey e de sua mulher Mana Ua Conceição de
Amaut, qoe com do^jo de servir a Sua Magestade que Deus guarde tem voluntariameate
sentado praça dc soldado para na prczcnfc monção hir servir ao Estado da fndia como
consta da Certidam junta; e porque he pessoa de conhecida nobreza e destinção e dezeja
Ilir com algana hoam com «lue V. Biagsslids niO fidta aos de Sua qualidade para Hms
avivar as obrigacoens com que nascerão nesta certeza e Espersnça. Pede a V. Magestade
lhe faça a mercê deo nomear no posto de Alferes de huma das Companhias de leva para com
esta honrra entrar nos empregos do Real Serviço onde espera mereçer outras mais cre-
ddas. EJLM.
N.B. — Em folha solta, con otttro docMUcnto do Provedor da Gssa da fndia, de
7 de Abnl de 1729.
(Aa.U.— DooamtntoaavniBoadafDdik Maço 27 de 1729).

Copyrighted material
— 536 —

f) Áaa^ áo poao tb Sarttmo 4o mkmtro

O Conselho nomeia por Sarmento do núniero da Companhia de InfimlariR paga de


he GvipHun GMtano Goim de Saá hnina dM que vio ne praaoto mooçlo oom o
<|iie

ocorro de gente para o estado da índia a Luti Vomey. Luboft oddantei, 12 de AMl de 1729.
(AJLU. —
Códice 131 do Cooaelho Ultmmriiio)

Senlior. Diz Luk VaiHy que V. Mipeelede lhe te mene do habito dt Oídem de
Christo, e por que para o poder receber necessita se lhe Taçani suas deligencias na forma
dos Diffinitorioe, e o Pay do Supplicante e sem avos paternos sáo naturaes da Cidade de
Leam do Rqmo de França; e o avo materno nattiral da cidade de Aucfa do mesmo Reyno,
aonde be difficultozo fazer-ee as suas diligencias pella grande distancia, e talvez falta de
Cavaleiros; E porque o Suplicante se acha hoje ordenado e Arcediago na Sé de Evoca,
e be natural desta cidade de Lisboa, e nella conhecido aonde também o forão os ditos leiN
m
Faye Avo» por aaeidie índice annoeiíertg Reino, enelb
o suplicante na Corte de Roma, escrevendo para utilidade publica as obras que se estão
ímpremindo: e ter hum Irm&o já habelitado e profeço na ordem de Cbristo. Pede a V.
Majestade Ibe faça de dispeocar, para que nesta corte, como em pátria comua ae lhe possio
ISuerioaspfOWUiçaa^pelloqiae respeita as natondidades de França de aeo Psy, e Avoe {«ter-
nos, e avo maMmob tnc* V» V. Majnttade tem copcedidob e o suplleaole nio deuaewoe.
£. R. M.
Dt^poeko: Vi^aee na Meza da Cooackoda e Ordens, e oom efeito te me oomulte
o qtie parecer. Lisboa 1f«Mde Janeiro dc mil scitcccntosqiuutota e nove. jVo MTjo: Con»
ulta a aeu íáYor peOas leaoens de sua peticam. Meza S de Fevereiro de 1749.
Cr.T.—HahiHtaBflce da Onkm de Crista Maço 18. n.« 143. foL 5).

A) Carta de Padrão de J2.UO0 rs. de tença.

Dom João. etc, Como governador etc, fasso saber aos que esta minha carta de
Padrão virem que tendo respeito ao que se me reprezentou por parte de Luiz Uemes natu*
111 desla cidade flUio kiftniio de Díonlrio Uernes e haMr sentado praaa de soldai
na monçlo de mil setecentos e vinte e nove passar voluntariamente a me servir ao catikb)
da índia em consideração do que embarcandose com ofício na dita monsão para o mesno
estado bei por bem e me pras fazer lhe menx por me constar por certidão dos ofticiaes da
Gasa da Indk ler aeenlado praaa, e se ter embarcado para o dHo catado, de dooe mfl reis
de tensa efectiva cada annocm sua vida sómcnte a titullo do habito do Noso Senhor Jhesus
Christo que lhe tendo mandado lançar em parte dos vinte mil reis com que foi deferido
porquanto doa ooto nA íeis que restlo se Hw pesou ja padrio dsHes pella repartiçio do Reino
a qpe pertenae e estes don mil reis lhe serão asentados em há doe afanonriftdos do Reino
em que couberem sem prejuízo de terceiro e nâo houver prohibição e o vencimento dcUes
de seis de Abril de mil e setecentos e vinte e nove Uié o dia em que se lhe mandar fazer asento
sera m m
fomM qw la te serddo leaalvBr eoondla qne se me fts peDo conselho de ndnha
teenda com declaração que do tempo em que tiver cabimento delle no almoxarifado onde
o assolar, ou depois de o ter em algum ou mais aonos Ibe ficarem por pagar por falta de

Copyrighted material
— 537 —
loidiíiiento w Ibe não pasara provizào para o tezoureiro mor do Rciiio non firoduzirão
obrigação de divida mais que naqudh almonrillde onde se asentar como oedeod por decreto
tie dezasete de Janeiro de mil seiscentos e outenta c nove Pcllo que mando aos vedores de
minha fazenda que na forma referida farão aseniar nos Livros delia estes doze mil rei« de
tença em nome do dito Luis Vem» e levio cada amo na folha do cseotameoto de bum
dos ditos almoxarifados do Reino em que couticicm sem prejuízo do iHoeiro e não houver
prohibiçSo pcra lhe Kiem pagos a tituUo do habito da Ordem de Chrísto como dito hé
porquanto pagou now mil nii doa tm quartos, a mHna oídem, que m caregarflo ao Tezou»
reiro dellesFkandHO Xkviar Kriia no livio de na noeita a f. 44 v.* como constou por hum
conhecimento que se rofopail ao asignar deste que por firme/a lhe mandei dar por mim
asignado e sellado com o mIIo paidente da dita ordem que sera registado nos livros da fazenda
deOa « msmi qi» paiMik e no raiislo da portaria por bonde iB obrau «e pof» a vcriw neo^
aaría. Lisboa 27 dc Março de 1749. Raynha.
(T.T. — Chancelaria da Ordem de Cristo, L. 251, foL 32 v.*).

N3. — Assento do mesmo padrSo e da tença de SjOOO rs., no mesmo Arquivo, meroés
de D. Joio V. Lhr. 40 fl. 32.

t) liffitnmç89 tthrt m pnmmtat


Senhor. A Luis Verney fes V. Magesiade nieroe do habito da Ordem de Christo,
e de soas prevançae oomtoa ler at partes pewoaea, • Hmpea neoesaaria. Pucm que o
Fay teve logia de drogas em que asistia com aeus caixetrot, o avo materno teve logia das
mesmas drogas, e de mercador, a May avôs paternos e avó materna pessoas de segimda con-
diglo^ e por estes impedimentos se julgou não estar capas e entrar na ordem, do que se
dfc ooBla a V. Magesude como govenador • perpetuo Administrador ddla, na fonna que
dispõem os Diffinitoríos. Lixboa sette de Afosto de mil settecentos quanmia e nove.
(Seguem as assinaturas).
^aMrsnn: EitibeBa. Lisboa 23 de Agosto de 1749.
(T.T. —
HabinaçOes da Cedem de Grislo. Maço 18, n.« 143. fol4)

Senhor. Diz Luis Vemey derigo do habito de S. Pedro e Arcediago da Sé de Évora,


que V. MagBstade Iw fes a merae do habito de CMstov • pon o receber se lhe fiaerto as
diligencias do estilo^ de que rezultarão impedimentos de que se deo conta a V. Níagestade
pelo Tribunal da Mea da Coosdeocia: e porque os diitos impedimentos são dos que V.
Maju—A. wnahmia rfhpamw; m n ê-ttajuim fair Airijn» Vwmirma por hum «wfiiMt tlw mwfl
somente, recorre o supplicante a real giandeca de V. Magestade^ para que attendendo ao
suppllcante ter hum Irmão secular profeco na mesma ordem, e a estar na corte de Roma,
e ser Arcediago da Sé de Évora aonde se suporá serem mayores os impedimentos, se V.
MsgBStade alo asar oom eOea soa piedads^ •a ser Mia a mseoe por ssrvioos próprios,
como consta da Portaria junta, o queira dispençar nos ditos impedimentos em attenção
ao grande prejuízo que lhe rezulta da falta de credito em huma Corte Estrangeira; motivos
todos que m Ibam tfgnos da Real attaoçlo e porque Fede a V. Magwitsde lhe bca nieroe
usar da sua real grandeza, honrando-o com a dJspenca dos ditos impedimentos. E.R.M.
Despacho: Veja-se na Menza da Consdencta e Ordens, e se consulte o que parecer •

sem embargo das ordem cm contrario. Lisboa tres de Setembro de mil settecentos qua-

Copyrighted material
— 538 —
renta e nove. No verso: Consulta a ku favor atendendo a ser a mercê feiu por serviço
do HtppUeuile e a kr Vom Magestade Mto Já • imbom graça a hum Iraifto do suppiicanto
que hc cavaleiro na OVdem de QlfiMC^ e a ser o supplicantc huma pc<;s(>a ecicziaatica COm»
tituida cm dignidade. Mea 10 de Setenbro de 1749. (.Seguem as rubricas).
(T.T. — HabOitaçfo da Ordem de Criita Maço 18» n.* 143, foL n.

k) Pmrteer da Meta da Cànseiincia

Senhor. Das provaiiças que se fizcrão a Luis Verney para receber o habito da Ordem
de Christo, constou ter os impedimentos de falta de qualidade, declarados na consulta induza.
Reconeu a V. Megealarte com hnna pelicio cm qoe pede lhe fiua omne de o diípciicaj
aktando ser derigo do habito deS. Fedro Arcediago da Seé de F.vora, haver sido despachado
por serviço próprio, ter hum Irmlo secullar cavaleiro da dita Ordem a quem V. Magestadc
foi Mrvido já dispensar, c estar oa Corte de Roma adonde se suporá serem nayons os impe-
d^fítw»"*, se V. Magestade não usar com o supplicante da sua piedade, O qoe em htuna
Corte estrangeira lhe cauzaria grande prejuízo, ao que V. Magestade costuma ser ser\'ido
attender. E por V. Magestade mandar que a diu petição se veja nestie Tribunal e se con-
ndle o (|ue penocr sem enriwrgo das ordens cm oontiario. Pareçeo que V. Majestade
dispense ao supplicante, em attençào a ser o supplicante huma pessoa ecleziastica cons-
tituída em dignidade despachado por serviço próprio e mais ra2ões que refere. Lisboa
dse de Setambio de mil seitecentos quarenta e nove. (Seguem as asriurtmas).
Debocho: Como parece. Lisboa 17 de Outubro de 1749 (Rubrica régia).
Cr.T. — Habilitações da Ordem de Cristo, Maço 18. n.° 143. 0. 1).

O CerttdíadatonettiãoáoHdbUodeCrisioemVm,

PorrenluclodeS. Magestade de 6 de Abril de 1729 cm Consalta do Goasdbo Uftnh


marino do primeiro do dito mes, e amo.
El Rey N. Senhor tendo respeito ao que se lhe representou por parte dc Luis Verney
natural desta cidade filho dc Dionizio Verney, e haver sentado praça dc :>oldadu para na
nugútt mowclff passar y
l/ Tw«f^ a sesvir
ff|<iwitw«1a' no Betado da Índia: em oonsideiaçlo do
lllieo embarca ndossc com effcito na (Kaziào prezcnie para o mesmo Estado. Há por bem
floer lhe mercê de vinte mil na em que
de tensa effectiva nos Almoxarifados do R^o
couberem sem prejidzo de terceiro e nlo houver prohíbição com o WBcimeuto na forma de
ordem dc S. Magestade dos quaes logrará doze a titulo do hábito da Ordem de Chiieto, que
lhe tem mandado lançar. Lix.» ocidental 9 de Abril de 72'). E para que conste o reffcrido
1

onde convenha se lhe passou a prezente copea. Lix.'' 2 de Setembro de 1749. Jeronymo
Oodfaiho da Mn.
(T.T.— HabOitacOM da Ordem de Oristo. Maço 18, n.» 143. IL 7).

M) Cana da JMMto

Dom Joio ele. Como Governador etc. fasso saber a qualquer pesoa ecclcsiastica
oiBstltmda cm dignidade moradora na corte de lUwia que Lois Vcnieyniepedto por aaerce
qm porquanto desejava e tinha devosâo de servir a nosso Senhor e a mim na dita ordem
e avendo por bem de o receber e nuuidar prover do luibito delia e antes de lhe ftaer meroe

Copyrighted material
— 539—
raoeber a ordem habditou sua pessoa dianlB do pfwkkiito e DqNitados do despacho da
Men de Oonecieiícia • ordens de asahoiea deUaa na fonna das DeAoitofias e por se asim
o ordenar por minhas resoluções e poraspenu* que na dita ordem poderá fazer muitos ser-
viços a nosso Senhor e a mim hei por bem 6 me pras de o reçeber a ordem, e por esta vos
mando dar poder e comíssio para quèDw lançais o habito dos noviços áéík em qualquer
Igreja ou mosteiro da mesma Corte o que fareis segundo forma das diíBniçfias da Oidsoi
oya copia com esta voa aera dada e de como assim lançares Ibe pasarets oeitidSo nas costas
desta oom declaração da dit um e ano que em temio de seis meaea lemetera ao convento
de Thomar da mesnoa «dam pam m
aaentar no livra de matrícoUa doa cavaMraa novissoa
delia e se goardar na arca que esta deputada para guarda das cartas dos hábitos que os
mestres governadores da Ordem mandão lançar no dito convento e o Dom Prior delle lhe
pasam çertidio pam soa toaida • aata sa oumprin sendo paaada pclla cbanoelaiia te
Lisboa 28 de Novembro de 1749. A Raynha.
(T.T. —
Chancelaria da Ordem de Cristo, Livro 231, foi. 31 1 v.)

fl) Aharú de Cmalein

El Rey como governador, e perpetuo Administrador, que sou do Mestrado Caval-


Eu
laria e ordem de N. Sr. Jezus Christo, mando a qualquer Cavalkfao profTeço da mesma ordaoi,
morador na Corte de Roma, a que este meu Alvará for apnmiado, que em qualquer Isfyjã,
ou Moateiro da mesma Corte, annais cavalisyro a Lois Vecney, a quem mando lançar o
liabito da mesma ordem, e para seus Padrinhos no dicto acto o iyuda re m mandaicia raquenr
.

a dous Cavalleyros mais da mesma ordem; o que fareis segundo forma de suas DefBniçOes
ciya copea oom este voa será dada; E de como asim o armares CavaUeiro lhe passareis oer-
tjfloaa» costas deste que se cumprirá asndopawado paihChancdlaria da Oídeni. Lisboa
vinte e outo de Novembro de mil setteoeotos quawnte e nove amos. Raynha.
P.S. Marques de Valença.

Alvará para qualquer Cavalleyro proffeço da ordem de CttíÊío, noorador na Cortle


de Roma, armar Cavalletro em qiudquer igrcya, ou Mosteiro da mesma Cortte, a Luiz
Vemey, a quem V. Magestade manda lançar o habito da dita ordem. No verto: Por
Poittila do Secntario de BMado Diogo de Mendonça Cortte Real de nove de Abril de
mil scttccentos vinte e nove annos. Paulo José Correa Joãm Velho da Rodia Oidemberg
O fez escrever. cem reis e aos officiaes duzentos e seçenta.
I*agou
LMwn 2 de Deaombro de 1749. Lidz An. Coma da SOva. Registado na Chan-
celaria no Livro da Ordem de Christo a fl. 312 Silva Constantino Ferreira da Silva o fez.

(Original do A. SJíA. —Publicado por Mons. Antunes Borges, in Letras e Artes



Registo na T.T.: Chanc. da Ordem de Cristo. Uv. 231, fl. 312).

o) Alvará de Profisaõo

El Rey como governador ctc. faso saber a qualquer pessoa ecclesiastica consti-
Hu
tuída em
dignidade moradora na Corte de Roma, que frei Luis Verney cavalleiro novisso
da ordem me enviou a diser desejava e tinha devosio de viver era toda a sua vida, e
dita
permanecer na ordem e nelia queria fazer profiçlo houvease por bem de o admitir a ella,
e vendo ca sua devosio e como he pessoa que a dita ordem e a mim pode bem servir me
praa de o admetir a praActo e por este vos mando dou poder e comissCo para que o reodxts

Copyrighted material
— 540—
nella em qualquer igreja ou mosteiro desa mesma corte constandonos por folha corrida
diute dos oflidais • que Mu
de oomo nlo tem culpes de que se iHijt de livrar o que faieis
segundo forma das Deffiniçôes da mesma ordem cuja copia com esta vos sera dada, e de
oomo asim o receberes a proâção lhe posareis certidão nas costas deste com declaração do
dia mes e ano que em tenno de seis meses remetera ao convento de Tbomar da mesma ordem
para se asentar no livro de matricolla dos cavalleiros novissos, e em seu testemunho se por
a verba neoesaría e o aeu asignado delle se goardar no cofre das profiçOes dos cavalleiros
que esta no dito oomrento e o Dom Prior delle lhe passar certidão para sua goarda e esta
se cumprirá sendo pasado pella chancelaria da Ordem. Lisboa, 28 de Novembro de 1749.
(T.T. —
Camnoelaria da Ordem de Criato^ Livro 251, foL 312).

p) CtrbmHla dt mmar Camldro da Orém de Crbu (24>I'>750)

Noí infraacrítti Cavaliere attestiamo, qualmente nel giomo ventiquattro di Genaro


dei presente anno dei giubileo abbiamo assistido come Patrini alia funzione di armarc cava>
lière dcirOrdinc Rcggio di N. Signorc Gcsu Cristo al Cavaliere Fra Luigi Antonio Vcrney
in Ofisequio deirordini emanati dalla Maestã dei Re D. Giovanni Quinto Govematore e
Fnpetuo Ammlnistratoire di dstto Oídiney oon suo di|doma sotto li 2g Settsmbra dl 1749:
quale funzione a tenore delle facultá cODcesse dal mcdesimo Monarca a quahinqiic Com-
mcDdatore, o Cavaliere deU'Ordine, fú fatta dai Coounendatore Fra Enunanuele Pereira
di Sampaio, in Roma ndla sua cappela^ nel sopradetto di, secoodo il rito dd prcAito Ordine.
E per adempire atli prefatti ordini Reggii, abbiam fatta e sottoscritta questa. Roma li 28:
Fcbraro 1750: Francisco de Almada c Mendonça Diego Parti. Io D. Andrea Mari-
gnetti ò Fatta la tíenedizione di detic Armi, colie quali fu armato il prefato Cavaliere. Io
D. Gioviociiiiio Silvestri fui Aoooiito in ditta fimzioiíe. @^ue o wmnhecimepto do
notário, datado de Roma, li>ni-173Q). — AJJUL

4) Gfpia da mão de Vemei aábrt a eerlmMa rel^toía da Prefisado de GsvoMw da Ordem


de Cristo

Simon Oritti Dei et Apoetolicne Sedis gmtia Aidiispiscopus TliywMnBis ae Puoti-


ficio soIio Assistens. testamur, nosex potestate nobis attributa a Sereníssimo Domino loanne
Quinto Portugalliae et Algarbiorum Regfi Fidelissimo Regii Ordinis Militahs Domini
Nostri Jesu Chtisti Gubematore ae perpetuo Admmistratoie, aique ejus nomine. prae
viis ih,quae requiruntur, exoepisse professionem in eodem Ordine ab I. Domino Equite
Fratre Aloysio Antonio Vemeio secundum ritum praedicti Ordinis, in Eoclesia S. loannís
de Malva Nuncupata de Urbe die vigésimo quinta lanuarii Anno Universalis Jubilaei 1750
Adstantibos Rdigioaos Viris FP. loam» Bvantsisli iniN PMcto, Josepbo Benedictti.
et Nicolao David Qerioorum Regulariimi MínistrsalilHl Infírmis: ac ut Regíae Jussioai
morem gereremus bas líttecas scripsimus Romae die, et amo ut supra. (A.S.A.R.).

Copyrighted material
SAÍDA PARA ROMA

a) Gorda th Mudo para o SeerttáHo de Estado

Al mcdesimo a di 24 Lug. 1736 (Cardeal Firrao, Secretário de Fstado do Papa Cle-


mente XII)- (•••) 2." Ho tante, e cosi certe ríprove delia singolar benignítà di V. E. cbe non
pOMO non ripromettMcnne gil eflètti piu fiivwevoli • ohÍ H deridem medianlB In mia rive-
rcntissima Inlercessione. Quest si c il Sig.rc abb.e I-uigi Antonio Vcmei, il qiia!c si porta
a cotesta Corte con intenzíone di avanzarsi ncUo stato Ecciesiastico, e stocorae non há
«mwto trovar meoo f»M valido, e próprio per gíungere a questo qaeUo dw pnò
fine, dl

somministrargli 1 E V con ríoeverlo sotto la sua autorevole PTotcnone, ooti hà bramato


ricoompacnamento de miei ossequiosíssimi (...) per H conseguimento di una tale grazia.
Mi avamo per tanto a raccomandarlo con tutta la maggiore eflQcacia c premura a V. £.
aflincte vo^
da^nani di onorailo dei polentierimo sua Patrocínio dal qvaie risnlterà
inmaunouovo tltolo di distintissima obblipazione mentre mi auguro Ia sorte di potcrglieia
oompnwm aeU'adeaipimieato de suoi slimatisstmi oenni colla piú profonda venerazioM
mi rawegno (...) Registro di Lettere acfille daPllLmi e R.mo Mgr. Gaetano de GavaHeri
Ardvesco di Tarso, c Nunzio Apostólico in Portogallo all*Em." e R.mo Sign.re Card. Firrao
S^jIo di Suto di N.ro Sig.re Papa Chmente XII, oooiínciando dal di 3: gennaro 1736
a tutto li 18 Decbro 1734Í.
(A.S.V.~Nun. PortogaHo, 95. pag. 281).

b) Carta do F.* Carbone para Fereka de Sampalo

Meu Amigo e Senhor. Entrcgui à V. Nf .ce esta minha o P.<^ Luis Antonio Verney,
de quem suponlio terá V. M.oe alguma noticia, pois U bastante tempo se acha em Roma,
de doada Juetamentc pertende recolherse para este Reyno provido de algnoi Beneficio.
Supostas porem as varias industrias, dc que uzão 08 pretendentes Nacionacs, que ahi se
acbão, mio será fácil ao diiu Sr. Luis Antonio Verney coneegnilo tam sedo, sem que V. M.ce
Die d6 a mio^ e o Itevoreça na primeira occaailo qoe se offenoer de vacatura. E oomo me
assiste hum particularíssimo empenho de servir a quem me occupou nesta rccomendaçlo,

que lié o Sr. Joio Pedro Ludovici, Primo do me&mo pertendcate, nào posso deixar de pedir
a V. M.ceoom o nnqror encarecimento, eelBeacia o qqeira tomar deliaixo da ena proleocio.
para conseguir antes o fim que pretende; segurando a V. M«a que estimarei este favor
mais que se Tora couza pertencente a minha própria pessoa: e flco na certeza de que não será
sem efleito esta minha recomendação. Peço a V. M.ce muitas occazjòcs do seu serviço
no qual me empregarei sempre com o maior goato. Deus guarde a V. M.oe muitos annos.
Lisboa Occidental 8 de Setembro dc 17?<) S or Manoel Pereira dc Sampayo. Seo muito
obrigado e amigo de V. M.oe João Baptista Carbone. (B.A. 51-111-67).
— 542-

VI

ARCEDUGADO E BENESSE DE SANTA MARIA DE BEJA

a) Treeko dt atma carta de Coíbem a Pvdn dt Saupakt.


«(...) Ehcnvi ft V. MaraS «m oulnt ooeuiOcs a favor de Luis Antonio Vamei. Lhe
raoOBiendo agora novamente, porque tive para isto particular insinuação de S. Magestade,

aMa que não quer o mesmo Senhor que se interponha o seu Real nome, como V. Mercê
bem iabe»(l).

b) Carta de fa^ra de Samp<do para o P. Carbone

Arccdiagado de Évora cm 2 do corrente a Luiz Anmnio Vcrnci segundo,


foi conferido
as recomendações que V. M. me tinha feito por sua carta em 12 de Janeiro (2) sendo este
o motívo por que dwfla tarde o aviso que recebo soim o filho do Procurador da Coroa,
cm cuja ordem pdrci todo o cuidado nas primeiras ocaziões que succdàt'' Hc necessário
porem avizar que pedindo eu este beneficio desde o 19 de Agosto em que foi nomeado o
Gudeel Aldrovandi para Datarlo e em que obtive a promeMa defle, ouve no» dia» aetnintet
hum grande empenho pello R.mo Évora a favor de Francboo de Almada eeo amigo em cujo
empenho mctco tnohcm ao Cardeal Corsini como Protector e como o memorial do dito
Almada tinha a expreçuo do titolo de Sexta entendeo o Cardeal Aldrovandi no noviciado
da Dataria que os Aicedtafos foaaem doua, hum que cu pedia oomo vacante na S6 de Évora,
c outro chamado da Sexta na mesma Cathedral, não duvidando de fazer tãobem promeça ao
Cardeal Corsini por causa da referida equivocação. No dia 2 asigoou pello Papa a graça
pen idbredito Vemei dando me avtao eom a fonnalidade que ae cuatuma s^undo V. (R.)
a terá visto pella copia do bilhete que remeti no correio pamdo
e ptddicandosse entSo oa
Ptertendentes a tal Provizão fez R.mo E\ora aquelles passos que são próprios da sua acti-
vidade (...) impugnou os effeilos da graça dando intelligencias de que muito antes lhe
tinia Mto o Papa a roeenaa promcwa para hum aeo aobrinho da qual tinha deeaat ido a Ihvor
de Francisco de Almada vialO Idlo criado por petição sua camarista dc honor em Palacio.
Meteo Cardeal Corsini no empenho com Datario sobre a promeça que lhe tinha feitOb e
peitendeo flnahneiHe com aupUcai ao Fapa que ae annihwe eela graça, e que vakaeem
somente as boas tenções da promeça que se allegava. Miou Vemei Ao R.mo para que se
abstivesse dc fazer lhe huma guerra com tanto prejuízo, mas creio que foi tomar dores aos
mesmos banhos que buscava como remédio, e vendo em huma ostilidade táo alheia da rezão,
e que o Datario neeUa alfura pique aohre aa dilHganriaa com o Fapa pam qua wnwuamn
huma graça que ja era feita fallei ao R.mo Évora c ao Cardeal Corsini informando os tàobem
be que (...) o meo empenho pello Abbade Vemei náo era amizade pois que nenhum trato
fiunfliar tinha com etie, mas bem sfan o ler sqjeito por quem me tinha vindo wcomeBdaçiio
da Corte não obstante que eu a não insinuasse no meo empenho antecedente conforme
ae coUiia do tbeor no biUiete de avizo, mas que como as iminuaçOe» da Corte crio aempre

(1) Carta de Carbone a Sampaio, de i24>74a (B^A. SlWUfT).


(2) Extractada no texto, cap. V.

Copyrighted material
— 543-
Lei para as minhas eficadas, por isso tinha posto todas naqueUe oonseguimento o qual me
tocavm deflbader hajfi por parte da lezão e da Justiça. O
R.mo fez meãos cazo, e supte
ser pretexto de que ett IBMW ptlt a referida defreza, c por que Cardeal Corsiní me verificou
isto me»mo lhe mandei a oopia de dous Capitolos de V. R. em cartas de Setembro do anno

passado e Janeifo do pnaente veraflcando o P.* Anittenle Ministro ter vltto oi orifiiiaei
por cuja rezão se retirou ao ditto Cardeal Corsiní daquelle empenho que o movia dando me
por satisfação deste o ser guiado pellas noticias do R.mo sobre o nepotismo de Franctsoo
de Almada com o Secretario de Estado, sobre o ser recomendação do mesmo para as suas
«ntasens, e sobre o ser pessoa das mais oonspicoas do Reino, ao que repliquei serem estes
pontos muitos fora do principal pois que S. Fm." só tinha aoçio para desafiar o Datario
pella falta da promeça assim como o R.mo ao Papa por faltarJhe a palavra, mas não já
para se imposnar boma graça legitimamente feita ooufocme o aviso formal da Dataria
que eu obtive e não S. Em.» ou R.mo Évora. Roma, lOSctembrO 1740.
(B.A. — 49-Vn-30, pags. 88 V.-90).

e) mdo do Areediagaih da Sexta Cadeira (17-V1-741)

Diz o D.or Luis Antonio Varaqr aisiHi nle na Curia Romana que para certo reque»
i

rimento que na mesma tem lhe he neCMaito hnma certidão dos Estatutos do Reverendo
Cabido, passada peUo Reverendo Secretario do mesmo, peUa qual coaste todo o pertencente
ao Aioediagado de Sesta, de c^jo Beodkio tem graça. Fede a Voasa Senhoria Bw fíiça
mercê mandar passar a dita certidio cm modo que Taça fe. E.R.M.oe.
Despacho: Passe do que constar. Évora em Cabido 16 dc Junho dc 1741. Deam.
O Doutor Antonio Alvares Louza Protonotario Apostólico de Sua Santidade, Cónego
Pirabendado «m a Sancta See deMa cidade de Évora, e na mesma Secratario do Reverendo
Tabbido ceilifico que revendo os Estatutos da Sancta Sec ncMcs a Tolhas seccnta c duas
verso esta o Titolo do Arcediago da Sexta do tteor e forma seguinte: A Sexta dignidade
nam tem prebenda nem he obrigada a Coro, e tem oi cai|os seguintes. Lembrarsa cm
Gabbido todos os negodos que ouver acerca de demandas e fkaenda, e tomada a rezoluçam
o que em Cabbido se determinar faraa dar a execuçam, a qual ernformaçam lhe darai o
vereador da fazenda porque elle nam pode estar em Cabbido salvo se for Cónego.
Lembraraa que ae feçam os OflteiaiB em cada hum anno e oe tempos cm que se ham
de fazer. Quando a Davam parescer necessário ajuntar o Cabbido lhe diraa que mande
diamar o porteyro, e que por elle se chamem os cónegos, e pessoas capitulares e os I^o-
onrsdaics • stActtadoies asndo nsoessario.
A elle pertence oompeDir os Procuradores que venh&o dar emformaçam dos feitos e
demandas em que ponto estam assim das movidas como das que se ham de mover, para que
o Cabbido possa nisso prover, e ao dito Procurador ou Procuradores que tiverem salário do
Cabbido, e assi ao Solicitador poderaa multar no stipeodto como bem Ibe parecer senam
forem diligentes. Se as pessoas que o Cabbido ordenar que vam aas demandas assy na
Cidade como fora delia se quizerem escusar elle os pode multar se o Dayam for nisso des-
cuidado. E porem tendo as pessoas que assy forem dleitas justa escuza ao Cabbido per-
teose conhecer delia. Em nome do Prellado seraa obrigado lembrar e fazer como se cum-
pram as obrigaçoens digo creaçoens de todas as outras degnidades da Igreja. E quando o
nam quisserem fhaer daraa disso conta ao Prellado pare nisso prover. E sendo (bra do
Rspio o faraa saber a quem assie Ctt|0 tfver.
Quando o ditto Arcediago por qualquer maneira for ausente deyxaraa pessoa que cum-
pra suas obrigaçoens a contentamento do Cabbido, e nam o fazendo elle, o Cabbido ordenera

Copyrighted material
— 544 -
• peHM de sua custa que o fiusa. E para se haver de executar o faram saber ao pnOado
esdmdo DO Remo, eseodo fora deOe a quem teo carto tiver. Por estes tratbathoeeeacaiiM
them em Nfontemor em cada hum anno dos fmitos da Tgreja de Sancta Níaria do Bispo
soooiente no celeiro mayor no que lhe perteose de seos freguezes a sexta parte, scilicet,
de seis qnínhOai bva lium a«v ds ptin e de vinho como de dinhegno
as outras miuças. Esta dignidade tem cãáiyn no cora. e tugu nas prociaOei, e acento
no Cabbido para emquanto propuzer.
E mais se não continha nos dittos eMttutoa e capitulo do Arcediago da Sexta que fis
trasladar bem e fletroente a que me reporto, em vertude do deapacbo do Reverendo Cabbido
a qual asignei do meu signal razo mente de que uzo. Fvora e Cabbido nos XVII de Junho
de MDCCXLI e eu o Coaigo Antonio Alvares Louza secretario do Kev. Cabido a fiz escre-
ver « iulMcrBvL D. Antonio Aivarei Lavim (A^.AJt).

d) Actos de jusii/icação para poder tomar posse

Actos de justeficação do R.do I.uis Antonio Vaney apresentado para Arcediago


da sexta desta Santa Igrcya de £vora de que he juis ooransario o Reverendo Senhor Conigo
Ignado de Sa e Aibaquerqne e sea«(ario é o Jacinto das Neves Leytio Badnid ncM
Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e setecentos ^aUMMâ
e dous annos, aos vinte e trez dias do roez de Fevereiro do dito anno nesta cúiade de Évora
e Santa Igreja Metropolitana da mesma pdlos muitos Reverendos Senhores o Doutor Antonio
Alvms Souza Cónego nesta Santa Igreja e o senhor Bernardino de Mira Vidigal oonigo
na mesma juis e comjuis da justeficaçiio do Reverendo Lub Antonio Vcmey foi entregue a
mim sacreiario da dita justiiicação huma carta de comissão para na forma delia se fazer a
dilBjiistlficaç2o.aqualeusacretarioactueyeiieoqaesesegi]e;. Jacinto das Nevos Lsytio
qge o escrevi.
Comiçâo paia o Reverendo Senhor Ignacio de Sa Sylva Albuquerque juis comissário
dsstn deligncia a fkvor de Lub Antonio Vcmcy. Dom Pr^ Miguel de Tivora por roerae
deDsos e da SaiKta Se Apostollica Metropolitana AroAispo de Évora do Conselho de El
Rey meu Senhor, etc. ha/emo»; saber que por sua petiç;1o por escrito nos inviou a dizer
Luis Antonio Verney Clérigo em iniaoribus natural da cidade de Lisboa freguesia de São
Juliiio assisteu lp na Onia romana «pie ftxm provido por sua Santidade na dignidade de
Arcediago da Sexta desta Mctropollc que «SfOtt por óbito do Reverendo Malheiro Leite
ultimo possuidor do dicto Beoefficio no qual se tdia o supplicante coUado na Curia Romana
oomo consta do mandado de capienda pocesslons que mandamos cumprir e porque para
tomar a dita posse lhe he necessário habelfila i iie de genere na forma dos Indultos Apostol-
licos desta ííé e nelle supplicante concorrem os requizitos de ser irmão inteiro de Antonio
Verne familiar do Saneio Of&cio e na forma do estyllo juslUicando a dita fraternidade se
oostoma admetir a ssmsOianlss possss PbDo que pedindonos em soa petido fomsmos ssr>
vidos admitillo a justificar o referido ou cometer esta deligencia a quem fOMOWS servidos
para que o juis nomeado pello revereodo Cabbido na forma do Breve desta cntfiedri] o
ssntendannoB puro de teoeie para tomar posse da diu dignidade. Espera receber meroe
a qual petição scndonos apresentada, c por nos vista nella por nosso despadio nomeamos
ao reverendo Conipo Bernardino de Myra, e lhe damos correição para fazer a deligencia
que se nos pede com o outro cocqjuis nomeado pello reverendo Cabbido. Évora, vinte de
nsvuciro de 1743.
Frey \figuc! Arcebispo. A qual petição sendoiVCSnitBda ao Reverendo Jiiis por nos
nonwdo nella proferio o seu despacho do theor da fonna seguinte: Nomqio paca juis

Copyrighted material
— 545—
oomiattrio ao Muito Revcnndo Scohor Igmçio de Si Sylva « Albiuiueniue iMini o que le
Dib ptsse commissão na forma do estyllo. visto ser tamb:m ja nomeado pelo Rev. Senhor
Jvàt nomeado, e delegado pelo Rev.do Cabbido. Évora 20 dc Fevereiro de 1742. Myra.
E por tt adiar nomeado peUo Rev.do Cabido pela sua parte para eita ddigeoda
de genere por juis o Rev.do Ckmigo o Dor. Antonio Alvarez Louza e pelo mesmo ter nomeado
por Comissário da dita deligencia ao Rev.do Conigo fgnaçio de Saa Sylva e Albuquerque
na fonna que se comprometerão ambos os Rev.dos Juis nomeados; pella nossa parte e pella
do Rev^ GaUrido para a aobwdlia drijtcincia de geaere lhe cometem suaa vem e poder
e mandam em virtude da santa obediência que sendolhe esta apresentada hiodOcHapelloe
Rev.dos Juizes nomeados, por parte da nossa Mitra; e do Rev.do CabbidO atlgnada, Dw
cometem tuu veaes e poder di|o aattaada o cumpra e guarde c «m aen cuuipiiuieBto per ey
ex offido secretamente sem que a parte nisso entreveoba nem outrem que por cUe o fiiça
no que gravemente lhe encarregão sua consciência; mande vir perante sy sinco testemunhas
pessoas aniíguas fidedignas e crístins velhas naluraes da cidade de Lixboa pessoas que bem
ooaihegeMBm aoa pays do habditando Luis Antonio Veme as quaes dara o juramento dos
netos evangelhos subcargo do qual lhe encarregará digão a s-crdade de que lhe for prcgun-
tado preguntando-lhe por seus nomes cognomes, idades, ofíicios, c ao costume e cousas deile
e deqxiea pelk» imenogatorioe eguintee m lhe lUloa alguma pemoa ou peeMaa pam que
vindo este juramento nelle diçesscm macs ou meooe do que na verdade soubessem, e que
pessoas forão se conhecessem o habelitando Luis Antonio Vemey Clérigo imminoríbus
e que annoe bã que o cotdieQem de que vive com que ocupação e se o mesmo lie natural
da ficgueaia de Silo lulHo da ddade d» Uxboa ou donde vem, e Ivaz sua origem aso
e que razão tem de sco conhecimento e notiçia. Sc conhecem ou conhecerão a Deonizio
Vemey natural da cidade de Leão Reyno de França bautizado na freguesia dc São Clemente
daa ffmçaf Aroebispado da mama ddade Reyno de Fhmça e que amioe ha que o conhecem
de que vivia com que ocupação c o mesmo he natural da dita cidade ou donde o mesmo
vem e traz sua origem e ascendência e que razào tem de seu conhecimento e noticia. Se
oonheoem ou conheoerto a Muia da Conceiçio de Amaut hautiada na fngueela de Santa
EuTemia da vQla de Panda Bispado de Coimbra e ae a mesma he natural da dita frqpwsia
ou donde a mesma vem e trás sua origem e ascendência c que razão tem de seu conhecimento
e notiçia. Se o dito habilitando Luis Antonio Vcrnc he filho legitimo de Dconizio Vcrncy
e de sua mnlher liAvia da Ooneeicin de Anant e Irmio Inieyro db Antoni
na cidade dc Lisboa familiar do Santo Oficio e ambos filhos Icgitimos dos ditos pays c por
taes tidos havidos, e reputadas; sem fama súbita ou rumor em contrario e que razão
tem pan o saberem. Se tudo quanto tem deposto he e foi sempn pobUea voe e fiuna na
ddade de Lixboa sem fama ou rumor em contrario, e que razão tem para o saberem e de
todo o que depuzerem fará escrever hua fiel inqueríçâo; o qual em masso fixado sera estre-
gue aos Rev.dos Juis e Con^uis por nos e pello Rev.do Cábbido nomeado para esta delll-
genda; e prímeyro que se praçeda a dia nomeara o Rev.do juis comíçario hum secretario
para esta delligcncia pessoa perita que bem c na verdade a faça. sendo clérigo do habito
de Christo a quem dara o juramento dos Sanctos Evangelhos e o mesmo recebera da mao
deUe pam que amboe praçedlo nesta deligenda oom toda a rectidlo e verdade de qne se
fkra termo nos autos primeyro qtM SS proçcda na delligcncia por ambos asignado. Dadao
paçada nesta Corte e Cidade de Bvora sub sello de nossas armas, e signaes dos Rev.dos
Juis e Comjuis nomeadoa aoe vinte e hum de Pevereiro de 1742. OonçaUo loeé de Si
Machado Escrivão da Camara Eodeziastica que o sobescrcvy. Bernardino de Myra Vidigal.
N.B. — Uma testemunha diz que Vernci que António
c clérigo in minorihus: outra

Vernei é homem de negócios solteiro; uma Manuel Rodrigues Caetano de Sousa,


outra,
natnml de Lieboa e we dsnie em
i Évora, dedam que andou oom Lub na Unhoddade

35

Copyrighted material
— 546 —
eborame. «Eite ttnno de cmaminaito o que fis aos 23 dias do Mez de Feveicyro de
1742 MUMN». (A.C.E. —
I.O. 6). —

ff) Astento da potte 4> dígHUmk de Areêdhgo

Cabbido extraordmario de 24 de Fevereiro de 1742 Prezidenie o SenilorDeàu Coad-


jutor: Nerte cabido a hons de Prima apioentou o sr. Aroediaio de Sexta Luis Antonio
Vcniqr Mistente na cúria de Roma por seu procurador o sr. cónego JozedaSylva Cintrào
o mandado apostólico de Capienda posaeasione da dignidade de Arcediago da Sexta Cadeira
vaga por óbito do Senhor AicodiagD PhuKíwo Malheiro Leyte, ultimo possuidor da dUa
dignidade; jurou goardar os Estatutos, u/os custumes deHa sée, eMar pelo breve de purítate
sanguinís c Tcs a protestação de fce na fortna da sua procuraçio, e ae lhe mandou dar a posse
pellos senhores conigos Ignacio de Saa Sylva e Albuquerque e Manoel £$tevens da Costa
de que flz este termo que aaigoou o Sr. Pieddenle comigo leeretario do Remendo Gabido
e os mais senhores mencionados dia. c era iit supra Dcam Antonio Alvarez Souza. Ignacio
de Saa Sylva Albuquerque, Manoel Estcvens da Cosu, Joseph da Sylva Cintrâo. (A.CE.
14-Xn Anos de 1347 — IgTO. fl. 214 v.X

/) Carla de Carbone a Sampaio iobre a Ba/uaria

"Pelo que toca à pensão Bancaria nos Arccdiagados unidos à Patriarcal, escrevi a

Vossa Meroe O que me pareceo conveniente, supostas as noticias que de lá se mandarão,

e as qi» daqtd alcancei do Biapo do Porto. Kta como Voau Mercê ms affirma que se
adia a couza em muito diverso sistema de que se reprezsntou, e que não hé factivel o reti-
lar-se da Dataria parte da pensão que pagou o Arcediago Vemey, nem reduzir-se a menos
de seiscentos escudos para o tempo futuro a sobredita Bancaria, nlo tenho por ora que
icpUearnesta pane. Nio posso poiém deixar de repUcar ao que Vossa Mèrcí diz no que
começ a - Vicm ohxta i> motivo, ctc. aonde pretende persuadir, que a permissão das Ban-
carias luu I>arroquiacs do Reyno fosse hum mero preliminar dos lyusM^ que se fizerào
cm 16 de Deaembro de 1737, sem reflexo algum ao compenso da Dataria, pois «u estou
pnnntíssimo nas ordens que se mandanSo, quando foy a condescendência de Sua Mages-
tade nas referidas Bancarias; e se Vossa Mercê ler as minhas cartas daquele tempo, nellas
achará a declaração de que o mesmo Senhor vinha nas taes pensões com a condição de ser-
virem dc compenso para todos e quaesquer prejuízos que rezultassem na Dataria das gmçM
concedidas a favor da Patriarcal, c do Padroado da Basílica dc Santa Maria. De outra
sorte, que propozíto tinha condescender Sua Magestade em bua matéria tão importante
e tio pn^udldal ao Reyno» de que estava Hvre por hua Bulb de Benedito XIII, sem tirar
dahi a conveniência do referido compenso '
O meter-se nos preliminares o tal artigo sem
decJaraçio alguma (e ainda algmn outro loulmente alheo da real intenção) foy arbítrio
que lá se tomou, e nlo ordem que se mandasse da corte, como estará Vossa Merod lembrado,
pois foy Vossa Mercê que fez os taes luustes, ainda que depois os assinou também o Mfadstro.
Não hc pois conveniente que Vossa Mercê se mantenha nesta falsa imaginação dc que ainda
licào por compensar è Dataria os referidos prejuízos». (B.A. 49-VII-32. pags. 19 e VIII
-40, png. 101).

Copyrighted material
— 547 —

g) No9ar^reítiaaçaamttHdadtttm20deAbrUl74iparadrf«tkkroiiis.

Ot pesM do Aroediagado da Sexta de Evom slo presidir ás Hles do Cabido, e outros


encargos não espirituais; c que hoje estão reduZÍdOS a hua pura ccrcmonia, visto que o
Cabido tem Advogados, Solicitadores, etc. O estatuto da Sé ordena que o Arcediago possa
sarvir por intapoata pcMoa oom aprovacio do GaUdo, e A oosla do Aroediato^ maa nio
dela mim a côngrua; a qual porem dc consuetudíne erâo 40 reis, quando o Arccdiagaiio
fhitawi 800: Este o facto. Feita a desmembraçio deste Arcediagado, e alterada a natureza
destes lObeaeflcIcapehbidia queapIfcaaatwoeiíasporteaàffatriaicrideLlSb^
o AroediaflO pagar este dinheiro por nuitw nuosns. 1.* Porque a Bula de Clemente 12,
f«i»mw<fa cm Fevereiro dc 1737 com que se aplicão à Patriarcal os frutos destes 10 Bene-
fícios CTpwi aia mentc ordena que o Capitulo Patriarcal pague a cada hua destas Dignidades
300 mO ids aaonot, catregues a dks, ou As soas meeas capitulares: cum boc tamen (sam
palavras da Bulla) quod scx Dignitatcs. et octodccim canonici dictac Pptriarchalis Fcciesiae
eveniente singula ultimo dictaruin deceni Digniiatuni re&pcdive pro ictnporc vacatioiK,
sfaigittUs ringidas ultimo dietas dignitates pro tsmpora reepectivs obtinentibus vel cvum
raspective Mensa capiuilari singulis annis persolvere debeant, et teneantur. Assima tinha
dito que liaviáo ser 300 mil c o repete mais daro oo summario, Quodque Oignilates
reis,

M
ct Ciinoulci dfctM PnliliiiiiÉils Pcd iae, quoad ultfano didas deoem Dignitatcs cuHibct
earum quamlibet pro tempore obtinenti, ter centum mille regules monetac Lusitanae sin-
gulis annis, persolvere teneantur. Em virtude desta decizão deve o Cabido Patríarchal
entregar puros ao Arcediago os 300. escudos. Mas para mostrar o papa que era sua mente
que estes se lhe cotregassa puras, a Inw da Ioda a dcçpeia a orna da pagar cousa algua;
despois das palavras que assima tinor da Bulla, continua assim: Oiif>dqiie omnia et quae-
cumquc onera obligationes cxpensac, et animissiones quac ultimo diciis doccm Dignita-
iRnis caadecsqua ct earum shigHlas reepcctivc obtincntibus, ffsspcctlwa ineumbontt iOa
vidclícet et illae guod personalia ct personales, ab iis qui easdem decem dignitatcs pro têm-
pora obtinebunt: aiia vero, et aliae lealia, et reaks esse dignoscimtur, ab ejus diciae Patriar-
dnlis Eockaiia iniiboiNosíi Owideotalb Capitulo ct Dignh^ ct Guioaicis pracdietis
... suportantur.Daqui se ooBw que os Arcediagos ficâo com os oous pcesoacT, isto he de
assistir ao coro ou ter o Bago, os que tem obrigaçoens etc. porque este ónus hé talmente

anexo à Dignidade o que não se pode suprir por outro Cónego por náo cont undir a gerarchia
EcclBiiastlai« oa sua insdtoiçlocalAaBsno o peso oo de servir oo de pagur caio deve Tazer
fi.a(?) por si fica claro que a obrigação he real, c consequentemente deve passar ao capitulo
Patriaichal. Depois disso este Aroediagado não perde nada se estando presente na Cidade
nio fosc flner as soas obrigaçoeos no Ospitolo, a oSo tem multa por isto nem o Cabido
pode pertender mais do que eOe nomec, c pague, OU nomear o C ahidu c a razão he porque
o Estatuto lhe faculta o poder servir por outro pagando; onde não lie pezo pessoal o paga-
mento mas realmente anexo aquelle aerviço. Nio asado oono os outras Anediagados,
os quaes nio assiatindo cn detenninados dias, pscdem. E daqui maamo se tira a mayor
laiflo. Porque os outros em outras Catedraes que requerem a pessoa, a hoje ficam com
300 mil reis, se não assistem em determinados dias ou pagão, ou nio. Se pagio não deve
pagar o da Sexta, poiqua o Estatuto nio rcquere pessoa que haía de fazer figura na Igrôs,
loquare bem sim a utilidade do Cabido, que qualquer outro lhe pode fazer. Se com tudo
isso os outros não pagão hoje, nem o da Sexta deve pagar que tem menos razão, porque os
outras tcoí nsidencte a o da Sexta ilio: pois (...) B esta dveimslancia he de grande mooMoto

Copyrighted material
— 548 —
2.* Aaepnda mio
le tín do Breve —
Optnmim vfgaan deeet Agrkolam, de Bene-
dito XIV ennanado em IS Dezembro 1740, para declaração da Bulla assima. O Papa nelle
nomeando os 10 Aroediagados, e entre elies o da Sexta, e repetindo as palavras assima
chadas todas, declara que todo o jus nominandi, praesentandí. etc. que pudessem ter estes
10 Aroediagados, especialmente nlguos de Bnga (que tinhão Igrejas anexas como também
jus de deputar Juizes, Ministros etc.) passasse ao Capitulo Patriarcal O jus visitandi

passasse ao Bispo ou cabido, prout de jure. Daqui se colhe que estes Benelidos íicão hoje
de natnvBsa divena, e consequentemente que o da Sexta nio fica com o jus nominandi,
e consequentemente nem menos soKendi. 3." A terceira razilo se tira da mente dc amhas
as Bulias pois não so as palavras da Bulla favorecem o pagamento dos 300: livres de todo
o ónus, mas também da mente delle ae mostra, porque quis sua Magestade e o Papa conser-
var as ditas Dignidades com a sua enognui pORt e que a Patriarcal que recebia todo o ren-
dimento do Benefício e privilégios etc. suportasse o incomodo. Onde determinando a Bulla
Religiosa que todos os canonicados dismcm brados pagassem à Dataria como se fossem
ínteima, **—*f 10 aleodeiido o ficarem extintos, e oomo timplex Peivoiiados, ou Dignidades
ventozas, ttCnndO se exprime a I cy Canónica, c atendendo a limitação da côngrua com
que ficio, aupirnsamcnte declara que paguem pelos 300: que se lhe assinâo e Sua Mages-
tade ae obrigou assinar à Dataria a compensação pelo que se tmio i Patriarcal E isto
he fiKto oonitante em Roma. 4.'' Mas supondo por agora que esta aegimda razão não
valesse, e que o Arcediagado da Sexta ficasse com a nomeação do serventuário, não se
segue que se nomea, deve pagar, porque o jus hoaoritico pode residir em hum, e o real em
outro; oomo vemos nos outros dismembrados Aicediagados, dos quaes o jus visitandi pas-
sou ao Bispo ou Cabido sede vacante, e o ónus real de suprir as despc7iis as suporta a Patriar-
cal em virtude da declaração de Benedito XIV. Porem ainda deixando esta circunstancia,
ninguém poderá negar que a Bulla JblIirjiMa; nto advertio ou pievenio o caso deste paga-
meulo de sorte qm decidisse que deva pagv os 40. O Estatuto não prescreve a quantia,
e ainda que a prescrevesse, não falava no cazo de ser dismembrado o Beneficio de sorte que
se lhe tirassem quasi dous terços do rendimento. O costume tirou 40: ...de 800:... que
ae aupoe condigiio deifoloo para tal venda. Hoje pob deve dispocae divecaamente e aindn
nesta hypotcse de poder nomear e haver de pagar, não podem os capitulares de Évora per-
tender mais do que pro rala do que lhe íicou ao Arcediagado; e isto não so de equitate, mas
de jiutitia, poique nio ha Iqr que obrigue hum homem a suportar htm tal peso, quando
he obriptdo a icatitoir dou teveos do rendimento. (ASiAJt.)

k) Manaria éaBe eoae aspettanti aSa Banearia ádrAreUSaegimio EMtonme A LtUgi ÁntoiUo
Vtrmy «f nOs jan rtaiowMfte 1742 —
Neila cedoia Bancaria di acudi 600 data dal Signore Fnmdsoo HaigenvillecB atU 14
Luglio 1741 per Ia spedizione deirArcidiaconato di Sexta, Elborense, conferito nel 1740,
ed espedito nel 1741, fu (ata dal Gardin. Pompeo Aldrovandl pro>Datario il aegiiinie
rescritto nel 1742.

fn favorem Dmn. Commendatorii Sampaio juxta meoiem SS.mi P. Oardlnalis Pro-


datarius
E Sotto a qiiesto veacritto e distribuzioiíe, fboe il Conwndatore Sanipalo Qier Riinutadau
dal Signore Hargenvillers) la seguinte renuncia: Essendo chc dal Signore Card. Pro-Datario
aia stau a me infratti consegnata la cedola Bancaria data dal Signore Francisco Hargen-
villers sino li 14 Luglio 1741 alia Dataria Apostólica, ad istanza dei Signore Luigi Amónio

Copyrighted material
— 549--
V«rney, sopra li fimtti ddTAitídiKoiMto dí Sexli, dipiitâ non masiom delia Chiesa Gat-
tedrale Elborense: dei quale. come vacante per morte dei q.m Fiandioo Malheiros, ne fíi
previsto dello Signore Luigi Antonio Vemey, in conformitá delia mente di N. Signore
Quindi. è ch'io sotto dichiaro avere itatituito al detto Signore Luigi Antonio Vemey la
suddetta oedola liberando coUa presente il medesiroo pagamento ddla auddelta • ftwcndcnfl
in di lui Tavorc donazione irrevocabile, ed amptissima ccssionc, non solo delia somma in
quella cuntenula, ma anche di tutte e singule rinnovatorie, cbe in sequele delia medesima
potcaaero oompeme, e ríqpeUivainaile Ani. Ferehe coai, etc ín fede. Roma 1742.
F questa cedola Bancaria ooDa nddetta rinunzia mano dei Signore Fiandsco
SOCIO, resto in
Hargenvillers, che avea iatto la Bancaria suddetta. Nei 17S4 essendo stato provísto il
medeainio Luigi Antonio Vemey nel BeMficio MmpBoe di S. Maria di Beja Elborense.
bencbe questi neirultímo stato di Dataria (di*è quedo auol far leggi) noo aia ttato gravato
di mczz'annata; nondimeno il Datario Níillo ha voluto gravarlo di essa: c di piCi volcva

la rinnovatoria deirArcidiaconato Llborense. Vemey si difese allora con un Fatio í/f/òr-


mativo dato al Datario mano dd Signore Cavalier Andrade alloni Mteistro; in cai mostrava
con varia ragioni ad cvidentiam, che la Bancaria notata in Dataria era stata fittizia, e |^
era stau rcstituita, e fatia la rínuncia intiera dal medeaimo Commendatore Sampaio. Ma
come nd IMuro Pmuhmm dl Dataria avcano Kritto coei: Aidiidiaconatus di Sexta Dipiitaa
non maior Cathedialis (pro Aloysio Antonio Verney Cleco Nob.) cum pensione 100 scuti
pro persona nominan. nominat Eminentissimus Card. Aldrovandi Pro Datarius juxta mentem
quae est. ut pro roedietate oedat favore di Cardinalis; pro altera mediate favore Datariae.
Tutto che avesaero fiuto nn aegno da doee gli Uffiaall ooonobero suMto cfa'erauna Ban-
ca ri n fittizia, e che dopo si era físsata ta Bancaria a scuti 50, ncgli altri seguenti; nondimeno
il Card. MiUo isuva che saltem la parte dei Dataria si dovesse sostenere, lo che era ingiíMtfly
essendo fia morto Aldrovandi. como st avea flitto vedete nd Fem ttfbnmatvo. Nolla
dí meno gli Ufliziali non volevano disgustarc Millo, e si contrastò assai. Per sinoecare
meglio il Cardinale Millo fu oercato oelfuflizio dei Missis la spedizione delia Bancaria a
fiivore dei Sampayo e
dei Cardinale Aldrovandi; e ben che fusse Tatu diligente, e sopra-
bondanie a favore dí Sampaio e Aldrovandi (IX
ricerca delle Bolle delle suddette Bancaria
quali bollc in tutti modi si sogliono espedire anche per Cardinali Datari, nel caso cbe
i i

gli fu&sero distribuite; non furono mai trovate ne dai Missis, ne nella Vachetta dd Pero*

bitum, deve d dovca Irovaie notata in qoedo modo: fiUerm nomfymth. mor Fimvelia K
Akàfwandi: in somma non furono mai e poi mai irovatc, nc notatc spedizioni di Bolla di
Bancaria. Fu anche cercato nd Missú sotto tre nomi: Fompeius Aldrovandi, e Aldrovandi,
e £1 imtf ÂlávHUKB, ed in nemno di questi fú trovata Bolla veruna. Dal che il Signore
Massarosa conchiuse chiaramente che non era stata spedíta Bolla niuna; e Io disse cosi
al Pcrobitum Sellari, che restò persuajo, e capacitò ancora il Cardinale Millo. Onde il

Cardinale suddetto nel fine ddla scrittura, o sia faiio Ittformativo dato dal Verney al Ministro,
feoe di próprio pugno aeponte reaoftto: Matsenv ébave rmnmrL Dk 22 AíartU
il

17S4. /. Card. Prodatarius. C nel Libro Pensionum neirUffizio dei Perohituntt al margine
áéBíAnhidiacotkaus de Sexta Eiboren, pro visto nd ed spedito nd 1741, fu posta allora
1740,
la seguinte poetilla: Dk 28 Marftf 1754. Uem Vèmei fidt proHaa ât simpUci Elboren,
et non renovavit ad formam Rescrtpti die 22 dicti Metais. E la sdttura, e Fatto Informativo
col Rescritto di Millo rsatò prasso ruCBdale di Dataria. In quesu manieta Vem^ scansò

( I ) Num outro documento em que se repetem os mesmos factos com redacção diversa,
lé-se neste passo: «Su tassato io Dataria, 171 Ducatorum auri de camera (cioè di 17 paoli,
e mcatao) et Julionm lepleni, m» com dimidio aMerina Julft».

Copyrighted material
— 550-
la Bumrni rinnovata, ma non potè wannie la n»z*aiiiiata che noa dovea paiare pd
Benefizio di S. Maria di Beja, O qual fu gravato di scudí 20 di pensione Bancaria oon oedola
dei Signore Ludovico Quarantotti delli 28 Manso 17S4. Quale fu diattiboHa al SifDam
Cesare Peruca, uffiziale ddk Comporunda (1). (A. SA.R.).

I) Notizie che riguarttaiu) ia nmovatoria deW Arcidiacoiiato di Scxia, Eitwre».

Detto Arcediaconato sti lattato in Dataria in centum septuaginta uniua ducatocum


auri de Camera, et Julíorum septem (...) Romanos, una cum dimidio alterius JuliiQ).
Item Benefizio simpl. S. Mariae de Bçja Elbore, Parochialia, ità eaprano nella mia Bolla
— Quinquaginta tiium, una cum inoertis lotaginta ducatonim auri de camem hiqiMaiodi.
tfnwwlnm conununem aestimationem valorem nnnum. ut et asseris, non excedunt, elC.
A margem: Vacò per obitum di Rafaeio Castro Rosa, in Curia. Bisogna vedam
ae qoando Almada rinmielò 11 aua Aidiidiaooaalo, quando ifi hanno meri di pearione;
poíche ho una memoria, che fu fissata Ia tasfia delia Bancaria a scuti 50. Nelle rassegne
non si paga Bancaria, ma si rennovano, se i rassegnalari hanno Bene&zio cin Bancaria,
e M»o vivi i peorionari (...) (3).

O documento que vimos referindo em notas, que ae intitula Nolida per la Coadjutoria
deli" Arccíliaconato a favore di Gio. Curlo V (sic) Sen/a niuna côngrua (non essendo obbUgo
di assegnarla neiie CoadJutorie) tirata dália Posizione deiie Baiicarie, Rinnovttíorie, ciie si

trova nella eaua eoíTàteenaa — tiaz no fim notkias nlo lefèridas no prímeiío: Nota. 1783.
Nei Diccmbrc 1783 passò in Dataria Ia Coadjutoria dcirArcidiaconato di sesta Elboren
fatta da L.A.V. a favore di Gio. Carlo Vcmey scoza côngrua, e costò in tutto con due
treauntí e eonti Romanoa acudi 650:05 aenza contar rAgnzia di acudi 28, dw non ai pagò
dal coadjutorc. Noo 9Í rinnovò Bancaria, nc pagò mezz*annata. come volM TAb. Aiseoti:
c pa-ísò col si>Io attcstato dcl capitolo di liNorii -^dc Vacante, conforme erame passata duc

aitre nel Maggio delio :>tei>60 anno: non ostante tutli i fracassi dell'Abb. Argenti, e dal

Sotto DMario. (AJIAR.)

J) FeMa de ivndwfti át Artedlatado

Por esta por mim feita e assinada, digo eu Luiz Antonio Vcmey, professo na Ordem
de Otiato, e Arcediago da Sexta na Santa Igreja Metropolitana de Évora, que eu constituo
meoa Pracnradoica Ao Senhor Capitam Dionizio Chevalier, a ao Sodrar Djonirio Antonio
Vemey, ambos juntos, e cada um separadamente^ para que por mim, c em mBOIMMM^OOinO
se eu prezeotc fosc, c posam asinar a Petisam em que * pede a Sua Mageatede Plddiwima

(1) No referido docimiento explica: Circa il Beneficio semplice di S. Maria di Beja,


si trova tassato in Dataria ducati 57 e gíuli 2 1/2, che ianno acudi 100. tia certi, e ínoerti.

Quando ftiapedito nel ITHnonaitrafvòclieadrultimoatatoavcaaepetatolBmeaaaaiMla:


ma Millo volesche la pagasse, e grimpose scudí 20 di Bancaria
(2) Omitimos os casos de outros benefícios que lhe serviram de comparação na sua
defesa*
(3) No documento referido nas notas de tris eacKve: gli fu fatto vedere, che sebbere
nel libro delle Pensioni era scritto che la metà delia sudditta Bancaria en diatribuita a fiivoie
dei Card. Aldrovandi, e Taltra a favore di Sampaio.

Copyrighted material
— 551 —
a lesnua pm
poder icnundar o meo Aroediagado com futura sucesam cm favor do Senhor
Joam Carlos Vemey. Dando-!he todos os |NMfcni Cffl Direito necessários, com faculdade
de iuatituir esu em um ou muitos Procuradoia» e icvogalo» a seo arbítrio, ficando-lbe sem-
pre oc wot podBBM nlvoi»
Roma, cm 14. Novembro 1781.

Lino Joseph Mauritiis Lsciepior das iiullas desta Nunciatuia de Portugal, Notário
Apoitolico dos apfsrovadoe m
toam do Sasrado Concilio IVideatíiio, de. Oertifioo e
porto por em como mc foi appresenfada por parte de Luis Antonio Verney Arcediago
fe

da Se de Évora huma sua petição com kceiua de Sua Magestade para e&te poder renunciar
odltoieoBaiefldooqiiBtudoliedotheorHgubite. IMçio: SeniÍHM«:I>iiLaiiAnl6iiio
Vemey Arcediago na Igr^ Metropolitana da Évora que dle por padecer muitas e continuas
emfermidades, se acha impossibilitado para entrar na assistência efrectíva do seo Aroedia-
gado, e por isso dezcja renunciar o mesmo Benefício na pessoa de seo sobrinho Joio Carlos
Vcmy CfaHo in Minoribua par CoaiUjutoria a flituia iucmíIo. Me a VoaM MtagMtade
lhe conceda faculdade para impetrar 8S oompcteotcs Bulias da Tcmmda do sobredito Beae-
fício. E recebera Meroe.
lioensa: A Rainha Nossa Ssnihom ba por bem conceder faculdade pan «ina o sup-
piicante possa impetrar as Bulias de renonda do Beneficio da que ae tnla nio seodo da
apprezentaçio do Real Padroado.
Palacio de Nossa Senhora da Ajuda em 19 de Mayo de 1783. Viscoode de Villa
Nova de Cerveira.
E não SC continha mais cm a dita petição, e lioensa que bem e fielmente a copiei do
próprio original ao qual me reporto em fe do que me sobscreví c assignei com os me os
sitnaca pobioos e nao de que mo.
Lisboa 26 de NAqrode 1783. E cu Lino Joseph Mauritiis Escreptor das Bulias desta
Nonciatura de Lisboa Notário Apostólico a escrevi e assinei (Segue a assinatura e o sinal).

(A^Jt.).

k) Falto iiijonmiivo

Esscndo stati conferiti in Curia tre Bcncfi/i semplici dei numero di quelli 10 che neUa
Bolla deUe 4 e 3 Parti restarano iniieramente applicati alia Patriarchale Lixbooen., riíer-
vando solameBle per ocnuno scudi Romaid 300; dòé TAicidiaooHMo di Fonle
contrua si

Arcada Bracharen. à favore di Giovanni Andrea TArcidiaconato di Villa Nova de Cervdn


Bracharensis a fauore di Francesco de Almada; e TArcidiaconato di Sesta Eborensis a fauore
di Luígi Antonio Vemey; sono stati detti trè Beneficiati per ordine reggio trattenuti di non
apedire la Bolle de suei rispettivi Benefizi, sino à ttUMOCfae fosse espedita la Bolla Operonm
et vigilem, ché gli ha Icvato il gius onorifíco praesentaodi, visitandi, ctc. che fu applicato
alia Patriarcalem ed allora dal Ministro pro tat^on in Roma il R.mo P.re Francisco Gomes
Al dana permieslone à ditti tre Provistí per potere espedire te Bolie, come infktti tutte è trè
espcdirono ncl medesimo anuo 1741 : ano dopo Taitro, col incdcsimo ordine di sopra dettO.
Ma siocomi erano i primi possessori di fali Benefizi cotanti snervati, pero fu fatia la gnuda
à tiitti tre dinoopagare Bancaria vecuna: La qualeperofueseguiu miai modo. Ai doe
primi fu ditto, ex gratia speekHi «d !
3 dói ali Arcidianono di Sesta, ch'è stato Tultimo
a espedire in detio tempo, cd anno: per potere fissare lo stato per li futuri Arcidiaconi che
veni&sero dopo di lui. fu latia dare una ccdola Bancaria filtizia di scudi 100; la quale essen-
doei and» orovata esorWtante, atleeo il picoto fruttato oco cui icstavaoo detti Arcfaidia-

Copyrighted material
— 552-
oooi, dw pfia godevano groMe randite^ fu ridotta i teoái 50 Vmno: ed è tuita iKitatt né
libri delle pettsioni delia Dataria con tali parole: Archidiaconatus di Sexta etc. pro Aloysio
Antonio Verney etc. cum pensionem scutorum 100, pro persona mmimnda. Nombiat
Emminentistíima Cardinalis Aldrovandi Prodalarius xa mentem: quae est. ut pro medleUtte
et finan Damiid Cardinalis, et pro aUa medletale favore Illustrissiml Domiití Sampifyo. sHk
praejiidicio Renovatoriae favore Datariae. Ciò fatto, delta oedola Bancaria. ch'cra síata
fatta dal Signore Francesco Hargenvillers, sotto li 14 LugUo 1741. fu restituía à deito
Aidlidiacoiio Veroey ín una manieni aaaai autentica, è da noa potani mal mettere (n dubUo
Ift mente delia Dataria è Ministri Reggi : Impircioccè non è stata restituita in segMo^ è
brevi manu; Ma è stata distríbuita dl carattere deli Eminenttsiimo Aldrovandi Prodalario
ín commodum Illustriasiini Equiti Sampayo, i distribuHa aenza nesun altra ciauaola: è

datto Signore Commendatore Sampayo avendo scrítto sotto la detta Bancaria, mà par
qualunquc rinovatoria in fiituruin, ia restitui al dctto Arcidiacono Vemcy, chc pcrimcntc
rba restituita al Signore Hargenvillers, appresso cui si ritrova, è fu allora assicurato detto

SigDon Veroay li dal Ministro^ iMf^pofv, P. Fianoeioo Goomi, ai dal Sgnote Commen-
datore Sampayo, che ditta Bancharia era fittizia. apparentc. fatta per dottO motivo, c che
niente gli poieva pregiiKlicaie in futuram per qualunque Benefizio potaHe avere; è che
restava ml caso medcsaimo dd ahri doe compagni, che espediroao oei medesímo tempo;
è che non ricercar-se altra prova, dieTessergli stata inticramente restituita lacedola; attesochè
cedola restituita c cedcla non pagata, anche scctMulo lo stilc di Dataria. In questa intetli»

genza sono restali tutti. ne si poieva prevedcrc che fosse per nascere dubbio venmo in una
mataria coei diiara è triviate. Nd aegufaile arnio 1742 è stato codMto 1'Aiddiaooiiato
Visen. dei medesimo íhlttato â favore di Pietro Pinto Ribeiro presente in Curia, anchVgli
primo possessore di deito Benefizio snovato. è detto Arcediaconato è stato espedito senza
paflara venma HaDcaiia oomc coala dai Libri di Dataria. In oggi pretende la Dataria dw
si debba rínnovare in virtú delia nuova provista dd Benefizio di S. Maria di Beja confcrito
à detto Signore Verney. la Bancaria deirArcidiaconato di Sesta per la somma di scudi 50
ríservati à favore ddla Dataria, che sanno in tutto scudi 300: loochè non poule avere luogo
nd pwaewta caso, per la mggioni die siagono. 1 FBrdM caieado detta oedola Bancaria—
flttiliae imaginaria, non si debhc rinnovarc impcrocche non si suol rinnovare quci pagamento
:

che aon è stato niei falto; il quale solo puol faie stato per i futuri Arcidiaconi, non per
qndlo non rha pagato. E qoeala i Ia pratica oostante di Dataria. 2 — tad» cseendo
detto Signore Verney primo possessore dl Benefizio cotanto snervato. ed avendo espedito
ínsieme cogli altri, che si trovavano nelle stessissime circostanze; debbe godere dei medesimo
privilegio degli altri. Ne si puol escogitare ragione veruna diversa per cui egli solo dovesse
aliara pagare, non avendo pagato Taltri due che sono statí tratenoti insieme con lui per
ordine Reggio, che spedirono col medesimo ordine, nel medesimo ordinc, ncl medesimo
tempo, nelle medesime circonstanze, collo ste&so fruttato, colle stessissime ragioni senza
venni divarlo: Motivo par ctà andi*cgli ha avuto ia stesia grazia di rtmert la ma Baacarh.
S— Perche TArcidiaconato Viscn. spcdito Panno seguente 1742. dopo iiucllo del"Signorc
Varaty, noa ha pagata veruna Bancaria, ne si trova gravato di detta pensione, perche si

trovava nd medesimo caso ddlitrementovati, e pure essendo stato gia fiaiato lo Stato ddla
Bancaria fittizia di 50: nelPArcidiaconato di Sesta Ebborense. cn piu ragionevole dw detto
Alddiaconato Viscn. si conformasse à setto stato. Nondimeno non si trova gravato di
venma pensione, c non si puol capire la regione per cui non avendo deito Arddiaconato
Viien. dw spedi dopo Anato lo atato di Dataria, pagato veruna Bancaria, ddrtw rinovarle
TArcídíaconato di Sesta, chc ne pare Tha pagata, perche gPè stata restituita. F Ia pensione
na libri di Dataria notata delli scudi 30: fa suto noo per lui, ma per i futuri Arcidiaconi.
4— Podw Mona. Almada, che ^xleva detto Arddiaconato di Vdla Nova de Ctoveira

Copyrighted material
— 553 —
BnchavoMe di lopre meotovato, eawndo itato di doovo praveduto nel 1747 dd Gmonicato
PMtOfdkose per obitum dí Sunone Pacheco, non ha rínnovata la Bancaria per non averla
piía pagata, tutto che rítoroarsse in Dataria con questa nuova provista dopo iissato lo

strato neirArcidiaconato Elboreose. £d in consegucnza, coUa stessissima ragione I'Arce-


djaooMto di Sesta, a cui parnnente per gratia apecíale e ttai» restituita la Bancaria, che
è Io tesso liguardo à lui che non cssere stata mai pagata. sccondo lo stilc di Dataria che
Bmearia restituita e non pagata é lo stesso in ordine ai pagainenti, non debbe rínnovare quel

dw non ha paiato, ne debbe. S Feidie caçado in oggi morto non solo ITm. Akbo-
vandi, ma lo stesso Sígnore Coniniendalore Sampayo, à cui apparenten^nte fu distríbuita la
oedola sellí scudi 50 riscrvati à favoíc delia Dataria, non ha luogo veruoa rinovatoría.
Imperooche questa è la prattica CQStante delk Dataria, cAVxwndb morto U paulomrto non
si rinova Bancaria NnHM. God ti è pmtiicato aempce nc Bcncti/i di Portogallo. E non
si debbc introdurrc una miOwa USanza, c nuova legge pel solo Arcidiaconaio di Sesia, in

pregiudizio dí deito Signon Vcmey, e degiii aitri Portoghesi, che in aprc&so si iroveranno
in siinili caii. Altrimente conwerebbe dire, die le Bancarte de Benefiei di Fortogalh semprt
\i din e.ssera inmvare. i> vivo i> morto ií pensionario: Locche non si è mai pratticato in verum

Bendizio di Portogallo, e ne pure degir altrí Regni, imperooche morto che sia il pensio-
nario, non d rinow Bancaria venma. B queda tola laggione nd nottro caso en avd>
•nfBdante per ewitafa la rinnovatoria, ancowh» detto Arddiacono de Sesta avesse vera-
mente pagata na Bancaria; è multo piíi non aventola cgli mai pagata, come è notório.
6 — Perche essendo stato tratlato questo negozio dello siato di Dataria, e delia re&tituziooe
ddla Bancaria, da doe Mldttri R^ni» U fUa» Francesco Gomes, «d il Signon Commen-
datore Sampayo, per ordine da <|liall gU è stata restituita solcnncmcnte dctia Bancaria,
non si debbe alterare in oggi nienta di qudlo fu allora concordato con detii Ministri: oe si
puo grava» in oggi detto ArddJaoano, quando allora fti coacoidato, il non fin^ pagare
Bancaria e gU è stata datta oolle mani dei Signore Sommendaton Sampayo, la sieurezza
in seriptis di non doverla rinnovare piu. 7 —
Perche essendo stato detto Signore Vemey
pcovcduto in detto Aiddiacooato di Sesta per ordine espresso. è raocomandazione delia
aoa Corte, «Mgnilo dalli due Ministri Goraea e Sampayo, oomo è noto à tiitta la Naaioine
Portoghese in Roma (cd è anche bcn notto che essendo stato ditto Arcidiaconato promcsso
airE.mo Corsini per un suo raccommendato, il quale £.mo fccc tutt i suoi sforzi accio gli
mantenessero la parola, nondbneno detto E.mo essendo stato aocervatto dal R.mo Gomes,
emera imi?tgnff delia Corte, in assequi delia medessima cedette, e Tu datto al Signore Vemey)
non debbe essere di deteriore condizione degli altri tre Arddiaconi, due de quale espedirono
insieme con lui, uno dopo di lui, seiaa aver avuto da S. Màtstà detta raeeommandazione,
a senza pagare Bancaria ed in oonseguenza senza rinnovatoria. Anzí se vi fusse luogo a
qualihe dubbio, si dovea prenderc ogni arbítrio vantaggíoso a detto Signore Vcrney. in
ossequio di S. Maestá Fidelíssima, che lavea fatto godere detto fienetizio col merru de suoi
Ministri. Non essendo vivoe fanlle dte il Re Fkkliasémo Aweaae allora raccommandare
detto Signore Vcrney. acciocchc egli solo restasse gravato di un peso, che non à stato imposto

agli altrí suoi sudditi Portoghesi, che spedirono nel niedesimo tempo coUc siese ragioni,

e d» noa avevano avuto Tonore d*una dmile raccontrnandazione. E non awen do ne


puie verisimile, che i Ministri Reggi di allora, die d «uo addoasato pMO di fare pro-
il

vodere detto Signore Vemey, volessero gravado di un peso di cui non erano stati gravati

Taltri Tanto piu che detto Signore Verney è stato di bel nuovo
duc Arcidiaconi suddetti.
roeettmmnmltttn datta Saem Ma
dH Xi FtdtBadmo Gkatppt tJUIemmit irtgnant* (come
taiã
è bWB noto airE.mo Signore Cardinale Millo) in ossequio delia quale nuova raccomman-
dadonr, se gli dee almeno usare qucl riguardo, che si c avuto per gl'altri irc Arcidiacooi,
che spwMnoro ooo «ao hd, « dopo di Ini, qonH tulti non hamio pagata veruna Bancaria,

Copyrighted material
— 554 —
ne rínnovatala, quando sono ritomati in Dataria per ahra provista per Mtum etc. e questo
riguardo tanto piu se gli dee usare, perche oggi è obligo pndto ddla Dataria di mantenere
la euo Siffnon Vemey per bocca deUi due mcntovati Reggi Ministri di
parola datta ad
non dovece pagare ne Bmcnia, ne rinnovatoría. Locdie oo«a evidentanenie dalla rioevuta
fattagU dal Sonora CommeDdatore Sampayo sotto la prefeta oedola Bancarâ. Ewodo
pur troppo evidente, chc se dctti Nfinistri avessero voluto. che detto Signore Vemey pagasse
la Bancaria, e la rinnovasse, non gli averebbero falta restituire dctla Bancaria: e se avessero
Goncofdato oolla Dataria, di*egll dofveaie rinovare teytoimon, pereiocche non ai dclibe pva
sumcre mai. chc i Minisiri Reggi burlino i sudditi de suoi Principi, principalmente in una
matéria cosi grave, ch'egli no maneggiavano, ed in tali circostanze. H questa sola raggiooe
doverebbe bastare per fare vedete quíUe era la nunte detti Mbdstri Reggi, e ddla Dataria: e con
questo ratto si spíega ad evidenza qualunque parola dubbia o equivoca clie li litrovwe pom
ne libri di Dataria, atteaocdlè il non ammetia liipoila veriina.
fatio c cosi evidente, chc

ne interpretazione divena da questa: Imperocdu: quando niai la Dataria ha distribuita

una oedola Bancaria ad tm Ministro Reggio, éke troltava ff medesimo negoxht E ^aamb
mai detto Ministro l'/;<t res tituirá al provisto colla rimmzia in fiiturnni se non vi fosse l'intM-
ttnza di doversi resliluire Come in fatti face detto Ministro, e con ciò ha spiegato la mente
'!

ddla Dataria e Taocoixlo fhi laco &tto. Quarta nginne talta subbHo a^ oodii, e non ao
chc cosa si possa opporre in contiario. 8 —
VI i and» da considerare, che il Benefizio
di S. Níaria di Beja, conferito in oggi a detto Signore Verney, nelTultimo siato che si trova
in non osianle che Tultimo stato sempre dia
Dataria, non era gravato di mezza uiuiata, c
ngota aUe eqiedizione ddle Bolle, nondimeDO la Dataria viiol in oggi cnaoere h apeia d^
Belle, col gravato di questa merra annata chc non ha pagato il suo antcccs^orc. E non
pare di ragione, che avendo la Dataria imposto gli conuo il solito un oeso nuevo, voglia
auneotasB queito paM e vwderio pta invaao di gnui funga, ool imponn ia rinnovatoria
dtma Bancaria littizi» d» non Im mai pagato, ed in conacgaenza non dabbe rinnovan.

Sommario: In somma, TArcidtaoono di Seita non demanda nuova grazia venma:


demanda Tosaervanza ed eiecuzionB ddla giazia fiittagli, df mm pagart la Baiiearia, 0 dl
non rbumaria (...) (A.S.A.R.)

/) Naii^ das dMíha

O te as voes de Ordinário dada AmalMspado, duvida e nlo aó


Vigirio Geral que
duvida mas não quer julgar por provadas as premissas dft Bulla de renunda em futun
sucessão do Snr. Arcediago de Sexta Luis Antonio Vemey, porque alem do Papa nSo cos-
tumar conceder semelhantes renuncias em futura sucessão, sem jusla cauza, não se provào
as primícias alegadas na dha Bulla. O R«v. icdgnante nanou pani obter a graça de oond-
jutoria foi, pns'ur de CO annos. padecer infermidades, porque o impocibilit5o servir a Igrç|a

e cumprir «per se ipsum as obrigações e encargos do Beoeficto, que possue ba 40 aimo«»


et ipae patetnr ml oorporis indiqxMhiooea deletro dtetao UMQror EodaiM ntione ilUus
Ardudiaoooatus de Sexta nuncupati quae qiwdwgint» annis obtioet, in divinis, per se ipium
ut par est. et in votis habet dcservire opera quae sibi illius rationc incumbentia perferre

non vallet». Hc verdade, e se acha provado que o Resignante passa de 60 annos, que padesse
infermidadea, eqoeU 40 anKwqoepoam o Bene&do;poi«mnio se prova, liem he verdade
c|ue o tenha servido c serve per se ipsum. Por Procurador tomou posse, sendo residente
na Itália, e nunca rezidiu nesta Cidade, nem cumprio as obigações e encargos do fieoeiício
per se iptmn mas por Procorador. O Papa pemiadkio de que o Rezignante tinha lervldo.

Copyrighted material
serve como ae Ibe icpramtou, e já nlo podit aervír <ywr nr Imhir oBencâcw de ttítr díctae
Mayori Eclesiae per se ipsum deservire non vale» lhe fel a gnça de GowUutor. impoodo-lhe
a obrigação de rezidencia local «quod dictus Alotsíus a residentia locali qme «otea tcnebatur,
exemptus miníme oensiatur». Se o Resígoante dicesse ao Papa que ntmca tivcn readcDcia
local, e que servil» o Beneficio por PRMUfMlor, lalveB lhe ofto concederia a gnça de ooad-
jutoria. com futura sucessão, assim como sc nSo concede aos Beneficies simplcce$ que podem

servir os Benefícios por substitutos ou Econimos. Coadjutoriu com futura sucessão se


ooncede aoe Conefos ou BenefidÉdo» que tem reridenda fonnal e peaBoal, e que peles suas
enfermidades não podem scr\ir os seus Benefícios, ficando obrigados a residência local.
Nesta Calbedral não há exemplo de que algum dos Rev. Arcediagos delia rentuciasse com
flitun suoessio; muitos tem ranmdado abaOlulaneole, leoervando para al huow penalo.
Há pouco tempo renunciou o Rev. AroediatO da Ouriola com rezerva de pensão, porque
na Curia se lhe não quiz conceder a renuncia com futura suoessão. Estes sáo os fundamentos
principaes por que o Vigário Geral não quer sentenciar a Bulla do Sr. Arcediago da Sexta
por falta de provas das picmiasaa, que de nealiuma sorte se podem cumprir. (A^SU^Jl.)*

m) 9gsfo&tu ás éMdas

O Resignante explicou cUuamente na Bula a mitureza, e pezos do Beneficio «Dignitas. .

quae nullum Ordínem Sacrum annexum babel, nec praecbam retídaafom requirit: staHum
roncnn ia dM»olMl)et,vooetamen In capítulo caiet. ASvoriainpoKdiclocapitiiloiíMaiiBn-
tia tam circa litcs, quam bona cjusdem Capiíuli, aliaqiie peragcndi ónus habet; quae obligatio

per alium suppleri potest». Daqui se ve, que o Bcnciicio não tem rtzidencia local obriga-
tória. Que lemcaÃ*«M0 Cairo. Que pode suprir as suas obrigaçtSes por outro, l.*— Oter
cadeira no coro da-lhe a faculdade de poder asistir a todos os Ofícios Divinos, e Prodsoens.
E ae o Arcediago estando em Évora asim o fizeae, seria maior decoro do Capitulo, e louvor
do Arcediago, e seria mais conforme à primeira initituiaam dos BensAcios, os quais todos
ao principio eram servidos per se ipsum. Mas os tempos e as drcunsiancias alteraram tudo.
E O poder asistir ao Coro (in divinis) quando qiii/cr. mas sem obiigasam. se chama na
Dataria rezidencia causatlva. H esta faculdade com qualquer outro pezo, sempre se julgou
cauza bastante para conceder a GoaiUntoiia. 2.» —
Quanto ao nlo ter reiidenda heal,
mas somente o poder suprir o pczo das demandas per alium. iso está tam l-iein declarado,
que muia mais. Suposto isto, qualquar palavra da Bula, que posa parecer duvidoza, se
deve explicar pelas outras mais daraa. Õcpoem o Resigmmte ao Piqia a sua idade, faidía-
posisoens. e tempo que goea o Beneficio (coizas ja costimiadas nas suplicas) e diz mais que
de/ejando ele servir o Beneficio etiam indivinis íno coro) como seria conveniente, c decente,

M par esí, et in voiis habet, e nãu lho permitindo as sua^ circunstancias, dezeja fazer coad-
jntoria. E aqd vai aiqiondo que o Coa4Íutor o poderá fimr, que seoio tiver impediíneoto,
piamente o fará. E da SUa OOOciencia.
nisto mostra a deiicadeai Nani di?: em nenhuma
parte, que sérvio o Beneficio per se (ptum, ou que o tln* strvir. Nem o podia dizer, tendo
jidedmado ao ftpa, que o conhece i nuntoe anos, que ele quazi sempre esteve cm Roma,
desde que o goza, e nunca tomou para Portugal. Onde as palavras «Tn divinis per se ipsum,
ut por est, et in votia habet, deaerviíe^ ooeraque sibi illius ratione incumbentia perferre noo
valet», nada mais queiem diw, sanam «ne dezejava^ para maior perfeisam, e dezafogo do
ato xeh, OMÍstir par d mesmo mo Coro, e servir por si mesmo os ouiros pezos, como seria con-

veniente eáteenie a qualquer Beneficiado, E as palavras, ut par est. não podem aqui signi-
ficar obrigasam de rezidir, porque já tinlia explicado que não avia tal obrigasam ; mas so podem

significar uma coiza justa, decente e mais conforme à instituiaam de todos os BeneAcios.

Copyrighted material
— 556 —
E «aímodteqaedai^miMriinenioMiatiraoCocoecmcalarotoul^
mas que náo pode, pelai nus cÚGunittaKtas, é coiza muho divena do que
ficio, diar qtie

o fex por si mesmo. Logo as palavras bt divMs, at fur est, desenkt


o devia fazer, ou que
iwn sam expccssoens de zelo cristam, que nam mudam a naUima do Beneficio mui
vdSr/.

bem «gqdkada e que nlo podem oauar duvMa nenhuma. Daqui pasando is pelavias
a reiidentia, qiia antca lenehatur, exemptus mlninie censearur. \c-sc claramente pelo contexto
da Bula, que nem supõem, nem impõem algimi pezo novu. Pergunto: Que rczidencia tinha
este Beneficio antes da Coadjutoria? Nenhuma local (como se tinha explicado muito bem
ao Papa, nec praecisam residentiam reqtrirít), mas so o pezo das demandas, que se pode suprir
no Coro. Pois esa e
suprir por outro e tinha mais a rezidencia causativa de poder asistir
nada mais, é a que Aquelas palavras sam formulas da Dataria para explicar que
lhe íka.
nam poem, nem nada de novo. Sam palavras eondleiàHais que todos interpratam asim:
tira
Refenfa eadem resídenria, si quam liahet mas se nam tem iczidencia local, como no noso
:

cazo, nam fica com outra rezidencia diversa. £ seria uma contradisam manifesta e ridi-

cula, diaer a Bula ao principio, que «omi ttm rezideitáh, e diaer depoiív que fiea com re^
dencia. DÍ2Sr que conscna a que tinha (que não era rezidencia local, mas so pezo, que
se supre per alíum) e dizer que lhe impõem rezidencia local, que i coiza totalmente
divena do pezo que se supre por outro. Tsto é tam daro que nlo necesila de mais
prava. O
Papa sendo bem infoiínado de tudo. e querendo beneficiar om omem bene*
mérito, que ele hcm conhecia, conccdeo a Coadiutoria F quem pode negar ao Papa a
fiwuMade de conceder coadjutorias em toda a sorte de beneticios, ou com cauza, ou sem
cauza? Nem obeta o dizer que comumente nlo se concedem senio nos de Rezideoda
porque o Papa pode conceder uma grasa a uma pesoa, e nega-la a outra, como sucede a
miúdo. Alem diso, acham-se muitos exemplos antigos e modernos cenoedidos para Por-
tugal de aemeihantea coa^iulorias. Basta sitar um do ano I77S do Aroediagado da Govi»
lhan na Guarda, o qual Iam também um certo pcao, que pode suprir per o//iim. Ecomtudo
o Arcediago o renimciou por coa4jutoría em sco sobrinho Leopoldo Antonio Pereira Cou-
tinho dc Vilhena, que ainda viva: alem de outros exemplos, que agora nam me lembram,
nem sam neosaarioa, visto que o Fapa pCNle conceder o que quizer, e a qusm qoiM. B alem
diso é coiza clara, que sem tais exemplos, a Dataria não introduziria esta novidade, dc con-
ceder somente ao Resignante esta Coadjutoria, porque nisto procede com muita cautela.
Em oooduBun, as premiaas adtanne ja provadas. I.* Oa privOegioa e peais do —
Aroediagado, |m>vam-se —
com CS Estatutos do Capitulo. 2.o A idade com a fé do Batiimo.
3.*> — As indispozisocns com a fé de dois Médicos. Ainda que bastava a prezunsam da
Lei Canónica, suposta a idade. 4." — O desejo de servir no Coro e de fazer os outros
cocariospers><wB»nniosepodepi0wcomdopimeatoa,iBaadeve-iecwrao R«ii ^^
que o afirma, como o creram na Dataria E a imposibílídade de poder executar o sco dezejo,
é notório em Roma, pela idade, moléstias, e distancia. E isto é o que se alegou na narra-
sam, a nada mais. De todo íito se setue evidealcmente que nio sam verdadoiras as duas
coizas que o Rev. Juiz afirma que o Rezignanie expoz ao Papa. 1 ° cfc aenio o Bem- — Qm
ficio per se ipsum. 2." —
Que o Benefido tem rezidencia local. O que o resignante alegou
consta da Bula. e nela não se diz tal coiza, mas tudo o contrario, que nam tem rezidencia
heal,0miÊÕo4cbr1imhaaiiiíirlHdMHÍtt9MãqiÊepoikaristlr,qiiepodiMÊi
jwr entro. F era notório cm Roma, c ao mesmo Papa que o Rezignantc sempre asistio OM

em Roma, ou em e nunca tinha tomado para Portugal, ocm se pode duvidar diMO.
Itália,

Alem diso, o
do Resignante ao Aqia, que denijava servilo per te ipemn, se as suas
dizer
dreunstancias lho pcrmitíscm, mas que rtão podia, mostra claramente que nunca o tinha
servido asim, porque o dezejar refer-se ao futuro, e nam ao pasado. porque quem fez ja
uma coiza, nio a áBxejt. teaer; e o Rezignanie nimca dise que a tinha ja jeiío, c que queria

Copyrighted material
— 557 —
combmala âe «ovo. Owpii também se «gue que nio é vecdadeéni a 3.» coiza que o R.do
Juiz atríbue ao Papa, de ter imposto rezidenda beoL Porque quem impõem aquilo que ja
eslava imposto, nam impõem nada de novo. E como primeiro nio tinha rezidencia local,
liea também sem ela, porque fica com o que tinha, sem mais nem menos. A palavra rez/-
«feneio, que fez impresam no anino do Rev. Juiz, ja adma fica provado que se pode tomar

cm dois modos: ou absolutamente, c então refere-se ao pezo das demandas, ou condiciona-


dbmenM, e cntam refere-se a qualquer sorte de encargo que posa ter o Benelicio. E de qual-
quer modo que se tome, nem poem pe» nenhum novo, mas conserva o pezo que tinha,
chama-sc irzidcncia, pezo, encargo, incumbência, ou com nutro qualquer nonw, COm tantO
que ctMibesam que nio é verdadeira rezidenda local, é o que basta. E deve^ Mmpie expli*
car pelo oonteatto da Bula, na qual o RarignanlB diz daramnnic ao Papa que o Beneficio
/Hmcltam imUaitkun non refHMt, E daqui finalmente ae tegne que nSo avendo erro
algum na cxposisam dos rcitos. nam á motivo algum para pedir a sanatoría. Finalmente
u Rev. Juiz deve fazer grave escrúpulo de trez coizas. 1.* —
De demorar tanto tampo a
aentensa deeta Bula tam dava. oom obrifnr aa partea a fiuer gaataa Km neceaidade.
2." — Em atribuir ao Rcsignantc que enganou o Papa narran Jo-lhe duas coi/ai falsas: as
quais o Resignantc nam dise nem podia dizer. 3." —
Querendo obngir o coadjutor a gastar
bom dinheiro «m uma a—twfa ou ArMr «ofarv, (A.S,A.R.).

jf) Procuração para os Bent/icka

Por esta minha i*rocurasam, digo eu Luiz Antonio Vcrney, Profcso na Ordem de
Cristo, e Arcediago da Sexta na Santa Igreja Metropolitana de Évora, que constituo meus
PracundoRe no R.P.M. Dioto Vcney. e ao Sr. Jozé Gomea Rranoo jimtoa e cada um
separadamente, para que por mim c em meu nome, como se eu prezcntc fosc. posam cobrar
a renda do dito Aroediagado, e do meu beneficio de Santa Maria de Beja, e qualquer outra
renda* ou dinheiro que me posa pertencer, atinando conbecimentoa, verbas (dando qul>
tasoens e recibos) coneedsodcKliie todos os poderes am Dinito wnssarim, com faculdade
de substituir esta em um, Ott muitos Procuradores, e revogalos a seu arbítrio, ficando-lhe
sempre os seus podena iaWns. Roma ultimo Dezembro 1785. —
Outras Iguais com as
dKia$: 2 Janeiro 1788 / ultimo de Junho de 1790. (A.S.A.R.).

VII

CONFLITO COM A CONOREOAÇAO DE S.TO ANTÓNIO (t4-v-742)

n) £.nio, e R.roo Sigaore

Li Govematori delia Regia Chiesa di S. Antonio delia Nazione Portoghese in Roma,


mnilmente espongooo airE.V., come avendo la Coogregazione di essa Chiesa nel giomo 14
dd oorvenie (Maio de 1742) espulso, ed derto dalmunero de Depvtatí ddia medesima
Luigi Antonio Vemey per cause urgentissime. e che secondo principii delia ragion commune,
i

e quelle dclle Costítuzioni di essa Chiesa ben raeritavano un tal castigo: il predetto Luigi
Verney si è fatto lecito nel giorno 26 dello slesso corrente mese di fare per man di Notário
un ardita Praiesta: oopia di cui d umiHa annesaa allT.V., ndía quale dà di nulUtà non

Copyrighted material
— 558 —
lolo all^^atto di detta sua ^jezaone, ma andie i tutto ctò die la predatta Congrefazioiíe
potesse rísolvere in awcnire, quando esso non sia chiamato, ne intimato ad intervenírcii.

Mà perche una símil Protesta, e nella sosranza e nel modo, oitre Ta, dar à fcrire le piii deli-

cate Prerogative delia Regia Chiesa, tenta ancora d'impediFc alia Congrcgazionc Tuso
libero delia sua autorítà, oolla sospensione di moltl atti dí Pietá, cbe sono imminenti, oome
la distribuzion lictie Doti, ed altri simili. oitre le corrcnti quotidiane provindenze. che devono
prendersi daila predetta Congregazione; Perciò gl'Oratori predetti supplicano l'E.V. i
voleni degnare di piucilvere loro tt nodo^ oon cui dabbano rigolani ndUt diooatam
presenti. Che delia Grazia Quam. Despazío dei próprio pugnio dei Signore Cardinale
Corsini. Utantur jure suo quibuscumque in contraríum non obataotibus. Cardioalia
Cortini» Protector.

b) Prolexlus pro IH."' Domino Abbate Luigi Aiuonio yerney. Die 16 May 1741.

Ego Notarius publicus pro pane et ad inslailliam III. mi Domini Abbaiis


Rcquisiuis
Aloysi! Antonii Vemey filii (...) IlUnú Domini Diooiíii CIvítatis Olixboneasis acoessi
meque persooam contuU ad domum in haUtatione per Dominuiii Ruia Secretarium Regiae
c ongregationis SueU AntooU Lualtanonun positae ò conipectu veoerabílis Eoclesiae Saacti

Angel! Custodís quo cum pervenerim dictus Itl.nnis Dominua Aloysius Antonius Verney
unus ex Deputatis dictae Regiae Consregaiionis prcbcniavit dicto Domino secretario septem
Memorialla pra dotaadia padlit nqiAens etundem DonUnitm Secretarium ut Ília re^wret
scd ipsc Dominiis Faria Sccrctarius rcnucns, rcsponsum dcdif nnn posse ea rccipcrc co
quta illorum receptio veiiia fuerit ab lll.mis Dominis Deputatis in Congregatione habita
sub die 14 eurraatii BKaiit MaH, qua lespomíoae audita, sopcadictut Domlnus AUmi
Veni^ rqriicavit eidem Domino Secretario quod quaecumque resolulio forsan facta et
quae fieri posset tam in praeteríta Congregatione quam in futuris Congregationibus non
intimato ipso Domino Abbate Vemey et stne ejus praesentia iuxta morem et ad formam
Statutonim dictae Congregationis ftiít, «t erit nulta nuilhoque roboria et momeoti et prop-
terea expresse protestatus fuit, et protestatiir dc oinni illiiis nullilate non soliim scd et omni.
Insuper idem Dominus Ill.mus Abbas Vemey praesentavit ac pcriçgit eidem Secretario folium
Proteetationis oontlneas tite capitula ut in eo reqnirau eumdem Dominum Secretarium, ut
illud recipcrct ct subscribcrci, scd nenuens paríter ipsc Dominus Secrctarius dictum Folium

recipere, responsam dedit quod non poterat illud recipere scd quod dictus Dominus Abbas
recmum haberet ad dictam Congregationem. dictus Dominus Abbas Vemey subiunxit quod
dictus Doninns Secretarius veluti Secrctarius non poterat recusara ilUus receptionem, qua
recusatione attcnta dictus Dominus Ill.us Abbas Verney trad!d!t ct consignavii mihi Notário
praedictum Folium ad elTecium cooservandi tenorís ut infra, Protestans denuo de omnibus
Udie et lefliime protestaadls noa solum sed et omni super quibus Actum.

e) Tenor stytradletf Ft^H est stqaaa vUetteef

l.uig! Antonio Verney doppo ricordaie airill.i Dcniitati delia Regia Congrcgazionc
dl b. Antonio di Roma con quanta renitenza accelto l unore delia sua ammissionein Deputato
delia niedessi na, si protesta di nullità à lato intinnatogli per parte ddie Signore loro IIIjm
ct oliic li runilamcnti che piii largamente espnrr;\ ncl Tribunalc competente, non lascia
d'inserire ncl presente Atto quelli che non poul lasciare d'csporre per indamità própria.
I —Che non potevano mal detti Signori Deputati arrogmi milmtafiti cha non gU vian

Copyrighted material
— 559 —
faoollata odli Statati delia medessima Coosregiziooe wUi quali nonai kne che possino

pioeue anoliitameate un Deputato. Mà ben st dw pona essere ammonito, e possa non


esser intimato per le Congregazioni, in caso che senza legitima scusa nuncasse per tre volte
ad intervenirsi. Quale dlsposiziooe per altro non è stau in conto venmo pfaticata. Rítro»
vandosi di tutti li tempi, et anche pfcaeatenMtite Deputati quali maocano ipesso, volte et
altri per anni inlieri scnza che siano molestati dalla Congregazionc, tanto piú che il detto
Verney essendo siaio intimato per intervenire od gíoroo stesso, nei quale fít privato, non
mtiioò (H trovani tkome è noto. 2 —
Che non avendo cno commesso vemn delitto,
per 11 qxiale dovesse esser privato dei suo posto, consequentemente resta nulla Ia privazionc

fatta di essa; e( in consequenza si protesta con animo di ratificare il presente protesto dovc
bisogni di restar nuUa e di nessun vigore qualsúta bandiè mlniaia dIapoBÍzione, cbe fosse
Gongregazione generale, senza che proven ti vãmente fosse il medessimo
Iktta tn qualsisía
Verney intimato come tuiti graltri Signori Deputati 3 Che nessuno ignora che essendo
questo un Atto di privazionc, mal si poteva venire al incdes&inio se non che servatis scr-
vandis aeirtito lui prima, ct ad tanninoa Júris, petchè oosl al quale dTctlo si oomppiaoerà

il Signor Secretario dargli una copia dl questo protesto i>er csscre dal medessimo Secretario
intimato & tutti li Signore Deputati sopra la risoluzione presa nella Congregazionc dei di 14

di Manio comute 1741. (A.8^.R.).

d) litlervençào do Cardeal Corsi/li

nominc Sanctissimi anwo. Fnwaeoti publico Instrumento cunctis ubique pateat


In
evideoter et notum sit, quod aaoo a sakitifiera Domini Noitri J su Christi natívitate mille-
simo septingentesimo quadragésimo primo, Indktlone 4.*, die vero vigésima septíma Mali
Pooliíicatus autem SaiKtissimi in eodem Christo Patris et Domini nostrí Domini Benedicti
Divina Providentia Papae XiV anno primo Eminentissimus et Reverendissimus d. S.R.ae
Nereus Cardtnalis Corsini, ac Coronae et Regnorum Régis Portugalliae Protector in vind (?)
nseriptl emanati «i Audientia Sanctissimi sub die 27 labentis meosis Mait ex suppUci libello
tenoris suqucntis vidclicet (...) Beatíssimo padre II Cardinale Coi-sini ossequiosa mente

rappresenta alia Santitá veslra, come avcndo la Congregazionc delia Regia Chie» di S. Anto-
nio ddla Nszioaale Portoghese , sotto il giorno 14 dei oonente mese di M^io, oqiulso
ed cietto dal numero de Deputati delia medesima D. Luigi Antonio Verney per cause urgentis-
sime, e giustissime; questi si e fatto licito nel giorno sedeci pur dei corrente di fare per mano
di Notaro un*ardtta, ndla quale dà di nulliti non solo all^tto deOa predetta soa desione,
mà anche à tutto ciò dw la tuditta Gongregazione potesse rísolvere in avvenire, quante
volte cgli non sia chiamata, ne invitato ad'inicr\cnir% fiicendo publicamente rcgistrare i.

la medesima protesta n^li'atti dei Caudenzi notaro dcl Tnbunale dei Vicario. Ma perche
Padre Santo da un*atto cosi insólito, edtrr^lafe potwbbe naaoere pregiudiao seonbile
alia libertà, e prerogative ddla predetta Congregazionc, c Chicsa: Pcrciò esso Cardinale
Gonini, come Protettore deila ConxM di Portogallo, supplica vostra Beaiitudioe à volersi dig-
na» di ocdlnave, die la sodetta Protesta levata, e tofta da gTatil medesimi, si chè in avi-
aentre (7) non possa mai apparirne vestigio alcuno, Che Foris viro — Alia Santità di Nostro
Signore Papa Benedetto XIITI —a Nfonsignore Auditore, che nc parli. Per il Signore
Cardinal Corsini Protettore delia Corona di Portogallo — Dic 17 Mau 1741 Lx Audientia
Sanct lsslBii flanctbsinwB attentis et vsris esdsteotibos oamtb dedaraidt proteaiatiooem,
de qua in precibus, non afficere ad efTcctum impctiicndi excquutioncm resolutionum Con-
gregationis in dsdem precibus enunciatis. in rcliquis mandavit procedi, prout de jure coram
Jndidbaa mis J. lacobas Millo Auditor loco s^li iji deehuavlt prolestationem in actis

Copyrighted material
— 560 -
HMi Nolarii EminentíHíini et Rcvereadiíaimi d. UrMs Oirdfaiali» Vicarii die 16 ehnque
cadentis Mcoits Nfaii con ) ex parte dicti Aloysii Antonii Verneii non affíoere ad eíTectum
(

ímpediendí enquutionein Resolutionum Congjregationis S. AntooU Venerabilis Ecciesiae


Rcgtae NaHooii iMMtmnmin, illamque declaravit pAr (?) nullo modo taat attendenda. ne
prorsus esse mdtem, et invalidaiii, ac millius roloris et valorít ac si gesta, regata et recepta
minime fuissct, non solum sed et Actum Romae ad I.ungaviam. et in
omni super quibus.
Palatio dicti E.ini et R.mi d. Cardinalis Corsíni ibidem partibus dd. Joanne domino Sal-
vertrini flUo q.m racofaii VoUatetuim. et Anatthalio BuMoni filio q jn LameotU Ramtno
teatibut ad haec vocatis. Ego Pladdiís Qaaàmá (...) (AJS.A.R.).

e) Deiem^iaçÕo rigio para Venm t» neébUo ée aaro

Em resposta a Cana de V.M. de 26 de Mayo próximo


passado devo dizer a V.M.,
que Kndo S. Magestade tnTonnado da demonstraçlo que uaou ena Congragaçio com
Luis Antonio Vcrncy pcllos procedimentos, que praticou como Procurador dos Padres
Filipinos desta Corte, foio mesmo Senhor servido ordenarme que avize a V.M. que tomem
a receber ao Antonio Vemey no lugar de Deputado dena Congregação, e que a
ditto Luis
respeito da quantia que os dittos Pladies devem pagar a essa Igreja pela grasa que alcansarão
sobre os caidos dos Bispados, se recoira ao Juis competente. Deus guarde a V. M. Lisboa
Occidental a 13 de Agosto de 1741. Marco Antonio de Azevedo Coutinho.
S.I8 Oowmadonse Depuiadoa da de Santo Antonio doa PtortmiuaMi. (A.S.A.ÍL)

Io sottoscritto non potendo per le mie indisposizioni ed alcune occupazioni sopra-


giunte me servire la nostra Congregazione di S. Antonio nelCimpiego di Governatore, come
andia d'incaricato oon altri due Signorí Deputati delia causa deireredítà Sampaio; rinunzio
alie prefate due occupazioni da me fra ora servite. lasciando Ia nostra Congregazione in
piena libertà di nominare a detto effetio alire pcrsone. Koina quesio di 23. Gennaro 732
1

Lufgi Antonio Cavaliere Vemqr (A.S.A.R.).

VIII

PROCURADOR DO ARCEBISPO-BISPO DO ALGARVE

1) Ptocunçio

D. Ignacio de S. Teresa, por mercê de Deus e du Sanla Sc Apostólica Aicebilpo BÍ90


do Bispado e Reino do Algarve, do Conaellu) de £1-Rei meo Scobor de.

No
piCMOla AWafá fiuemoa nomo baManie Procuiador ao IlLmo Sr. Laia Antonio
Verney Arcediago de Évora, ora assistente na Curia Romana, em todas as causas, depen*
dencias. requerimentos, e quaesquer supplicas e recursos, movidos e por mover, que tivennoa
feito ou liiemioa na dita Curia de Rona, aendo Autor, ou dwwimiadfti. ou flppwtfft. ou

Copyrighted material
561 —
aarisienle em
qualquer Juiio ou TVibunal na dita Curia, e podecá o dito aoMO Poetulador
appellar. aggravar, embargar, jurar em nossa alma qualquer lídto juramento de calunnia,
e decisório, assinar termos, supplicas, artigos e outros quaesquer actos Judíciaes, por qual-
quer Nthil tnmseat, e sustentalo, averlMr de suspeito, e sobre isso formar artigos, sendo
neoBMario, contra quaesquer Ministros. Juizes e oRiciaes, fazer Lunações (?) dezisteodat, e
requerer tudo o mai'; que fizer a bem dc nossa justiça, jurisdição, dignidade e caratber, por-
que para tudo lhe concedemos todos os poderes em direito necessários, sem limitação, reier»
vando somente para Nos toda a nova Usam (7), e podecA o dito nosso Fracurador sabeta-
bdeccr este Alvará cm hum c muitos PrcKuradores e ilUffltllíW. panoSBdoIhe, ficando o
mesmo Alvará em seu vigor. Dado em Faro sob nosso sinal e sdlo aos 14 de Julho de 1749.
Ass. Aroébispo Bispo do Algarve. (A.S.A.R.).

2) CóptadaCartadoBtspodo Algarve para D. Afaria Gama. Escrita em 3 Março 1750.

Pelos dous expresos, que no mez pasado chegaram desa corte à de IJsboa, esperava
receber o avizo, qoe V.S. flcm de me insãidar, sobre o libro ftri^
em Nápoles, como V.S. certificava: e aBCitim Já com as aprovasosm, e licensas correnres:
e se tinha dado prindpio à sua estampui: porem nem pelo postiihAo. que partio em Dezembro
do ano pasado: nem pdo segundo que partio em fevereiro desta ano recebi nota alguma.
E como psk» primeiro tive a cerlea de que ja tinha chegado ao Sr. Luis Antonio Vcm«y
a minha procurasam, depois dc uma larga demora; e sei que o dito Senhor por virtude
dela, requereo a V.S. os meus livros, que paravam na mam de V. S. c que V.S. os não eatre-
gara por nflo ter ordem ex presa rainha para iso, mas rim para os entregar a outra pesoa:
Gomo esta ordem foi na fnlta dc lhe nâo ter chagado a minha carta, c procura, c na incerteza
da aoeitasam dela, e tem ccsado com a sua chegada a aoeitasam; V.S. lhe-fará entrega dos
ditoa livros, que sam quatro, sdlíoet: O Poema de mo» IrmSb Fr. Mamut, o Ciypeia áureas,
A plfÊieiÊbÊa singularmente grande, e as Pérolas Orientais tt UÊO estivetem em principio de
eslanifMi. e V. S. as tiver recolhido, lhe fará também entrega delas. Também por carta
do dito Senhor Verney sei que lhe-eiilregou duas copias da Senhora de Miguel de Ataide,
e OS documentos que nstiram. Se ele pedir algum, ou a^m», V.8. também tho^ntregará
Ja a V.S. avizei que se acha\a satisfeita a ultima letra que \'.S, si^brc mim saco-.i dc ajustede
noias contas: e oeste correio recebo o recibo de Galli e Nicolini. (Cumprimentos no fim).
P.S. Ignoro se da Ohada se nemeteram a V.S. os livrinhos em que lhe falei, que
aviam de ir por Livomo, como ttaha OCdsnado o Senhor Comendador que Deus tem.
E quando se-tenham remetido, e parem na mam de V.S. distribuídos aqueles de que V.S.
quizer fazer mimo a alguém, os mais entregará ao mesmo Sr. Vemey. (A.S.A.R.).
S,B. Letra és VermI.

3) CemrasfouiÊada eam 9aiaíA Lopes és Ls9o — Jlumr.


Recebi a deai!)ada cana de V. M. do
de Abril, e fiz delia a devida estima peia cer-
1.

teza da boa saúde de V.Nf. c de minha Senhora Comadre, a quem muito me recomendo
Vejo o que V.M. me refere acerca do livro das Meditações e estar já corrente, o do
Baram Personé haver tomado o encargo da estampa, por servir a V.M., e juntamente vejo
ordens lezumos da importância da despesa ; e lie csrto que hawendose de imprimir em Nápo-
les SC uzaria da estampa do ;iapcl mais fino: porem, como ja avizcy a V.M. que mandasse

entregar o livro à ordem de Monsenhor Veiney, seguindo nesta parte o paiecer da Senhora
D. Maria, pdas raiflea, que já * dtta Senhora e a V.M. signifiquei, e o dito Senhor também
36

Copyrighted material
— 562 —
me npnHDtoi^ que o papd de Nipolet nio en cipu queelte em Roam proc^^ ,10

papal, e tomara em si o encargo da impressão, e o de rever as folhas, que se estampassem


pon a ooovenieiite comoção: por todas estas razAcs, e também por outra de iosimtação
superior,a que não poaao fiUtar, não poaso alterar, o que já a V. M. finalmente aviz^, de
mandar entregar o dito Livro á ordem do dito Senhor Vemojf, e aempi» floo a V.M. «tn-
decido pela boa vontndc, c diligencias, que nesta matéria tem Teito, não nw despedindo
de que em outras me possa valer da mesma boa vontade, e efiicacia de V.M., a ctúo serviço
dtatcoamiiilMOomttidoqiHnlopoMo. IleiisN^.tuMdeaV.M.iniiitoaaiioa. FarolS
de Mi^ de I7S0. Servidor de V.M. muito mait oMpdo. Arodiiapo Bispo do Alprve.

No V.M. cm resposta da que de V.M tinha rc^rcbido do


correio passado escrevi a
primeiro de Abril com a nota que V.M. me participava de estarem corrente:» cm Nápoles
as Arolir (MMMt», e do custo que ftria a estampa, ao que respondi agradeoendo a V.M.,
e à Senhora D. Maria dizendo novamente que se entregasse tudo ao Senhor Arcediago
Luiz Antonio Vemey: £ como agora iccebo carta do dito Senhor de 15 do passado em
que me dit tinha recebido os três livros, e qtw restava só o das Ftrvku, que estava em Napo*
les, que não tinha recebido por V.M. esperar a minha ultima regolução. em «ssposta daquela

ultima carta Je V.M., agradecendo a V. M. que para completar a mercê que me tem feito,
queira mandar entregar ao dito Sr. Vemey o ultimo das Pérolas, que resta pelas razões
urgsnln que ji a V.M. em outn dodarei.
E pelo que respeita aos outros livros com o titulo dc Crisis Paraih.xa. que de Olanda
se bavião de remetter a V. M., cunfocme a ordem precedente, que havia do Sr. Manuel
da Gama, que Deus tem, repito o mesmo aviso, que já flz a V.M., de que sepanulos aquel-
les de que V. M. e a Senhora D. Maria qutzerem fasser mimo a alguém, os mais se entre-
guem ao dito Senhor Arcediago, como já avizey. E nem por isto me despeço de me valer
da intelligencia e capacidade de V.M. conforme a occazião se offerecer, pedindo sempre mui-
tas de servir a V.M. que Deus guarde muitos annos. Faro 25 de Março (Maio?) de I7S0.
Ser\'idor de V.Nf mais que obrigado. Arcebispo BiqM> dO Algarve. Sr. Rafiwl Loppm do
.

Leam. NB. Original do Prelado. (A.S.A.R.).

Luigi Antonio Vemey liverisoe divotamente il Signore D. Rafaeilo I^opes de Leam,


ed ha II vantagio di aipiificarle, cbe Moosignore Arciwsoo Veooovo di Algwa in data di
3 Marzo scorso, scrisse alia Signora D. Maria Gama, pregandola consegnare alio scrivcnte
li noti 4 manuscriti che essavaea in mano. Al che detta Signora rispose, che due detti.
cioè La iMsIpUHMa, owero Poema d*un Religioso fkato dl Monsignore; ad altro col tituto
Pérolas Orientais, eramo in mano dei Signore D. Rafaeilo, dal quale era duopo rícerdarli.
Onde lo scrivente, per oon lasciare d'ubedire anche in questo detta Segnora, prega S.S.*,
rim anndargii qudJo ha m mano: e quanto alPaltro, dirgli il positivo, e se vi è in grado
di fiulo oomgnaia coik dovute indennUA: per potere fare quello gli viene da Moosignore
ooo piemum raooomandato. E si proleaia suo devotíssimo senrâtore. (A.SJLR.).

Rarraelle Lopes di Leone unâlmente riverenza ai Signore Oava^iam Vemsi, • che


inquanto alii Libri ch"egli tíene in suemani non ha dificoltá vcruna a conscgnarglila ; ma
che trovandosi quello chiamato Pérolas Orientaes in Napoli in mano d'un cavagliere amico
suo, e quBsto trovandosi al prssenlB ftiori di Nqwti non lo pu6 Ihre oonsegnar súbito, ma
che domani scriverà ai detto suo amÍ0OS^)endo quando forni in Napoli, e lá lo fará conse-
gnar á achi il Signore Veniet vorril; c la Lusipbineida gle la mandará súbito, cbe gli mandi
aottoscrftto dliaver rioavulo fl tal poema, ello Mriw aempre si pratnta. (AhrO de 17S0?).

Copyrighted material
— 563 —

Cm 26 de Ktoio de 17S0
Rarael Lopes de LeSo beia as mãos ao S.or Luis Antonio Vemey e lhe manda o conhe-
;

ctinento incluso para que Sua meroê se (...) mandalo a Nápoles afim de se lhe entregarem
bont UvRM, que vem por ooola do Bxjoo Sax Vàpo do Al^nw; e que em virtude da &cal-
dade que dá cm a carta qoe lhe imiete o S.or Rispo, pede a Sua \fercê que em estando
os ditos livros impressos tenlM a bondade de lhe dar seis tomos, porque os tem prometidos;
e que COOK) para • temm «Marà já era Napotei o amiBO a qaem hade lluOT o
gar à ordem de Sua Mercê o livro das Pérolas Oríentaes de hoje a oito dias mandará a caza
de Sua Mercê a carta sem falta, e que sobre o mais em que lhe Tala hi preciso que venha
de RocUhio sua irmai. que entende virá hoje, ou amanbãa, porque em vindo entregará
tudo o que tiver em seu poder a ma Mareê, e que sempii» flca para o lervir oom a maior
vooiade. (A.SAJt).

4) CoHUa th AntbUpihBbipo é» Àigmft. (17S»-17S1).

Conta das despem, que fez cm Roma Luiz Antonio Vemey por ordem, e paia ser-
viso das encumbencias de Monsenhor D. Lhcío de S. Itea, Arcebispo Bispo do Algarve,
oa de Faro, desde o ano 1749 até o tempo qoe ckogou a Roma a noticia da sua morte ( ).
À margem: £m 18 Agosto 7S1 mudei ao P.D.V. copia desta conta afinada.
NB.— A dMda envfaMla ao P. Diofo Venei lubia a 281.6S0, mas a receita ainda foi de
IJOO.OOO. níbito, com nova despesa vinda depois: 410.3.10.
Exemplos Em 27 de Junho 1 750 posei letra ao S.or Francisco Hargenvillers de Roma,
:

soim o P. Diofo Vccofly. EmlSdeJafholTSOpaielIetraaoS.orJoamMieodesdeRoma


sobre o P. M.* Vemey para se pagar de dinheiro do dito Prelado. Memoria: Alem da
conta geral que mandd asinada em 18 Agosto 17S1, para poder oobrar as duas letras ultimBS
pagadas, sou acredor do seguinte:
—2 anos de Atanda qi» fimlm ao Aftole prsoedente cada ano 300 réis .... tiOOrs.
Mas quando menos deviam ser 200 cada ano. E não pagou nada.
(...) cop. das Pérolas or. e do Clypeus ficarão em mam do P. Nicola Maria Carcani
e por sna aaoite pasinm ao iimam P. FOIppo CSucani, que creio as aio deo a VJ>. Oan^
velH (...). A».:~LBln ds Vamei (A.SJUL).

IX

NOVAS RECOMENDAÇÕES

«) Jteeomwdbrtb ée SebaitMh 3mi de CanéB» e Meto

S. Magestade he servido ordenar que V. S.» faça as dilligencias necessárias para que
o Papa conceda ao Arcediago Luís António Vemey as&istente nessa Curia athe a quantia
de hnm Goolo de nis amuo cm peaiOes impostas nos BsBsfldos, que se vfoeapefir à
BMisma Curia declarando V. Si* a Sua Santidade que esta «mcesrilo será do Real agrado
do mssmo Senhor. Deoi goarde a V. S.*. Belém, a IS de Novembro de 1733. Sebastião

Copyrighted material
— 564—
Joté de Guvalho e Mdo. Pfen Joaé Fidre de Andmde Emembodet. (T.T. Min. de
Jiirt. — pista «eB.A. S2-~X~3. n« 10«).

b) Carta dt Aimmb a Fombal aobre as pntenções de Vtniel

e Ex.»» Soor
III.»»

Meu Primo Amiio e Soor muito do Gonçio.


Logo no principio do meu Ministério se veio a valer de mim Luiz Antonio Verney
para que expusesse a Sua Santidade as Ordens que a leu favor. Sua Maiestade tinha dado
so mw AatBOMNr w quaei nio tinUo tido algum efeito; me informei delias e conhecendo
a tua inwilMlilMich flz todo o ponivd para o pcrsuader (y/c >. aínd i que «lie o nlo devia
ignorar tendo tantos annos de Curia, c sendo hum Pctrus in cunciis. como ellc se vana-
glorcia. Isto nuo obstante, novas diligencias para que Sua Magestade o tornasse a
fez
recomendar, oomo oooaeguio. poes aabado próximo panado me eseieveo hum bilhete
ícxcusandossc dc \ir cni pessoa como devia) c nellc inclusa huma c.ii ta dc Off." do Snor
D. Luis da Cunha na qual me ordena ser do Real agrado que nos Beneiticios que desse
Regmo vieram • prower a ceta Curia se ponha a l^vor do dito Verocy die a quantia de hum
conto de reis de pencoeos annuaes. Para que V, Bx.* conheça o pouco Auxiameoto desta
pertenç.lo lhe quero participar as dificuldades que se encontrão, as quaes já em outra ocasião
acharão insupemvsts outros Ministros: em primeiro lugar he contra a comum praxe da
Dataria e da concordata que se d» na eraçio deaia Pntriuchal, em cuja oocasiio se augmen-
como Sua Santidade não mete penslo
tarào as Bancarias à maior parte dos Bcncfficios c assim
vem com pençào, a fortiori não quererá admitir huma
bancaria naquelles Beneflicios, que já
nova penslo, a qual sempre se fia ímoompativel com a dita Bancaria, que nio se oostunMi
4^>ensar que a Cardeaes, Bispos e a outras Pessoas beneméritas de S. Sede Is quaee he
percíso estabelecer huma honesta côngrua. Não duvido se possa achar exemplo que
slmilhantes pençoens também se tenhão concedido a pessoas seculares, porem necessito
observar que droonstandas de meridmento oonooneiio para lhe fedlhar a graça; cnjas
droonstancias presumo, que não concorram ao dito Verney. o qun* se presa mais de ser
FnnosK que Nadooal. £m segundo lugar lenho notícias certas da resposta, que derào
outros Pontífices e também este^ a dmilhantes sopplicas: «quando S.M. desija prendar
seculares com pençoens ecclesiasticas, por que as não poeni nos Benefidos que vagão nos
Benefídos que vagão nos mexes doe Ordinários», consequentenienie he huma perteoção não
menos árdua que dificultoza. Neste Goneyo respondo a sobredita Carta de Oflido cqja
copia f^untaraia esta, como umbém a copia do Bilhete respoosivo a Veroey. As recoraen-
daçoens anteriores que vâo referidas na enclusa copia, são as que V. Ex." me inviou a favor
dos Condes de S. Vicente e Povolide (...) Roma, 18 dc Agosto de 1757. De V. £x.* Primo
o mais obrigado (...) Rrancisoo de Afaiiada. (T.T. Min. da Justiça, Maço 296 e A.EJP.V.
— Copiados de correspondência confidencial do ministro Almada e Mendonça oom o Vtkx-
quà( de Pomttal, Lív. IH, pág. 44. —
Vem^ D. pig. 7S>76).

e) Reeommâaçã» á$ D, Luis da Cimka

Dl."* e Ex."« Senhor. O


Dr. Luís Aatooio Verney me mandou entregar hum ofAdo
de V. Ex." em data dos 23 de Junho, que referirei a Sua Santidade quando terei opportuaa
ocasião; havendo outras Rcaes rccomendaçoens muito anteríons as quais, náo sendo revo>
Wtdta, fadoaavdmenie lhe devem pnflrir, ainda que presumo aio terito cflbito algum

Copyrighted material
pcrtkoiaimciite lUUiiidiM Beodlciot aos quus por Concordati m moçlo da FMriatdiat
forão augmentadas as Bancarias, motivo por que Sua Santidade não permettri que estes
venhão agravados de Pençoeos annuaes, constandone, que em outra oocasiSo se fez semi-
a Sua Santidade; o qual respondeu que se impozessem ditas Pençoens
Ihaiite inttanria
naquetlei Benefidos quevagavam nos mexes dos Ordinários. Sua Santidade tem experi>
mcntado nestes dias algum sensível imcommodo C..), Roma. 18 de Agosto de 1757.
Francisco de Almada e Mendonça, lllusiiissimo e Esceleniis&imo Senhor Dom Luiz da
Cunha. (TX litinist. dos Meg. Estnog. UpcSo de Ptwtttgi] em fUm. l^Mé— I760e
Minist. da lust Pfesta 12).

INSCRIÇÕES LATINAS

PETRO . MICHAELl MARCItlONI . CASTELLINOVI


PROiUEGI
DILATATIS INDIAE PROVINCIAE FINlfiUS . . .

OPPIDIS CASTQJJSQUB PLURIMIS . RECUPERATIS


. .

PRAEDONIBUS
FUSIS . FUGATISQUE .

DfiniESSIS AUT CAPTIS NAVIBUS XXXXVIl . . . .

REoraus vim debellatis aut .fidem . . . m .

RFCEPTIS
SERVATORI SUO .

SENATUS . POPULUSQUE GOANUS .

PETRO . MICHAELl . MARCHIONI . CASTELLINOVI


PROREOI
QUOD . LUSTTANI . IMPERII . IN . INDL\ . CITERIORI . FINES
PROPAGAVERIT
QUOD MARIA A PIRATIS LIBERAVERIT QUOD REGES
. . . . , .

vnn vEcnoALES fecerit quod ooam caput


. . . . .

SERVAVERIT IMPERII .

QUOD LUSITANAS . GENTIS


. MAIESTATEM IN IND1A . . .

DEPENDERIT LUSITANOSQUE AD OPTIMAM SPEM . . . .

VTTERIS IMPERII EXCITA VERIT . .

QUOD RELIGIONIS ROMANAE PRAEDICATORIBUS


. . .

VIAM AD INDICAS GENTES MUNTVERIT . . . .

DE ORBE CHRISTIANO . DE IMFBRIO . UtlSTTANO


. . .

DE . UJ8ITAN1S OMNIBUS . OPIIME . MÉRITO .

ET . PRIVATO . SUI . IPSIUS . ET . PUBUCO


NOMINE
JUSTA . OFFiaA . GRATULATIONUM . ET . ORATIOARUM

&6bn a autoria, ver BAOcgníh mmkma, n." 22 e cep. V).


— 566—

XI

CARTAS DO ARCEBISPO BÓRQIA

a) De 9-1X-1746: Al Sig.re Aiddiaoafio d*Ev«n. Roma

Alexander, ele. Aloy&iu Anionío Vemejo Ardúdfawooo Eborensi. S. d. tuam plenam


amom huznanitatisque accepi Epistolam, ex qua meum ab Urbe díscessum Ubi permokt-
tum Adate iMèUifiK qooad «t mibi, etenim te invisere minime potui, ut optabun, Md ImI»
me excusatum, dum multa ct gravia Archicpiscopatus mci ncgcKia huc mc rcvocabant
incem vero ac:>lu!> uie cliaiu invituu) Censuram tuam de Barbosae
ab Urbe pellebat.

BibUotheca Typis iwmdaWim noa aohm latíni tennonb nhore ftilfentem, venmi etíam
scntcntiis gravem Ubanlsr pvlegi quarc gralias tibi ago. quod illam ad mc misisti ct acre
:

judicium tuum summopere oommeodo. lUud tamen non prohí) quod acerbe nimis Bar-
boMin castigas, quodque Lmitafloniiii iogenia carpis, quorum plura pnettaatMom ftiine
IM praeclare gartac, paitumque per univcnum Terranun Oibon bnpBrium abunde demons-
trint. Ntodo quoquc Lusitanos ingcnio valcrc quis ncgare audcbit, cum tu inter illos
tantum ingenio valeas? Igitur re praestas quud verbis negas, et si enim caetera deessent,
aatit mperque tecto virtuteque tua ortandawa LusRanae nationis gloriam, et magna in
RcmpublicTrn Litcrariam meríta, quae hac Ceanm tua verbis carpcre ct in dubium revo-
caie videhs. Moleste fero te adhuc oculis tabontc, sed spero fore ut quamprimum con-
valesças, quod litenriae RdpuíMicae valde proderít Gua igitur dOigaiter, vatotudínem
tuam, quam ego summis votís tibi cupio, et a Deo peto. Vale. Flnni, V. Idui Septambris
MDCCXLNa. (B.V. — Borg. Lat. 238, Pg. 148-9).
NB. — Publicada por Mons. Antunes Borges, com pequenas variantes, em Vern, W, e
ifinliiMiMa «m Tam, 147.

b) Dg 24*1747: Aioyiio Antonio Vcmojo Aidiidiaeoao Ebonmi IV. Noom Jan.


MDOCXLVn.

Dum praeteritae aetatis, nostrique aeví noa omittii monm, Aloysi bumaoissime^
vodi ad booorum omnium Laigitonm Daum, «t lilorit ad me in ipio novi anni vestilNiIo
fausta, et fclicia omnia precandi, agnosco amorem tuum singularcm, atquc bcnigni aninii

perenne monumeotum. Scias auiem me in eodem erga te ofticio esse; Deum enim precor,
ut novus anmtt Miciter tiM deeumt; icapoodeant omoia votit tuis, et, quod aqmt est,
prospera ac firma utaris valetudinc. ex qua gens tua, amici tui, ac universa Literária Res-
publica multum sibi pollicentur. De Oratione tua in Romana Aocademia habita gratulor
tibi vehementer, duplicem ín ea adeptus es laudem, et novitale thematis et elegantia ser-
monts. Sane aigumentum Itliid dt enúungenda recentissima et poifitimima PhOotopiíia
cum Ttaeologia magnificum cst ac perutile. Si haec et similia argumenta Accademici nos-
tri ubique Tenarum tractarent, nugari desinerent. Acquicsce consiliis amicorum, et Ora-
tioHBW iDam quam primnm into comniiua, divolgi, dfQWgBí iode enim omncs ftwolum
capknt uberrimum; tibi vero virtutique tuae lauS aooadet ct gloria. Si cxemplum ad ne
ndttea postquam ediderís, icm íacies mibi gratisdmam. Quaedam superioribus mensibut
a me pradierant oflkii nwi etul vulgari idiomateb iUa « Vntn meo iitbie commofanta

Copyrighted material
contra aedes Cardínalis Caraphae aodpiea, leges, com vacabit. Cura valetudioem toam,
imque, ut facis, amare perge. Vale (B.V. — Borg. Lat 238; K< IM-ISS).
NB, — Publicada em Tem.. 148.

c) De S>M748: Aloyiío Antonio VcnMéo Aicfaidiaoooo EboniNi.

Li tens tuas amorís benevokntiaeque erga me pknas una com «mdMMimo líbdlo
de Ortographia Latina, quem tu, Vemej mi, omní cx pane praestantissimo ingenio et arte
ducubraati, superioribus diebus acocpi, quibu» portim salutatoríbus, partim Ecclesiasticis
muneriln» flnmiis oocupeti. Modo vero, ab hb curti «lemptus, quid de tuo UbeUo sentiam,
tibi non íicte (ut saepe mos est) pateraciam. In illo prioMNll cC ttne inteUifeotiae adem,
et linguae puritatem, et veteris erudítionis lumina, facilitatem quoque res multas ac difficíles

paucis explicandi plurimum admiratus fuissem, nisi ex caeteri^ scriplis tuis jampridem
novisaem, quanti in omni fkcuHate valeas. Profecto opus boc vdiementer oommendo, ex
quo tibi fffiftlHt lf"lfTt ac uberes in latina Onhogiaphia fructus apud esteras quoque geo*
tes apero fona. Qoi maxime faliar) Librum hunc
aliquid de ingeniis judicare pos&unt (ni
tuura et numero stylo vera singulaiem multam ad ractam latine aoribendi lationem oon-
ferre omnino statuent. Gratulor quoque tibi non qood aliquando aegrotes (sdo enim
tibi, ut antíquo olim Philosupho, otium non esse ad aegrotandum) sed quod valetudinis
specie Nugatores íullas, nec minus otiosus sis quam cum otiosus esse videaris; oiiuni enim
curandae valettidini debitmn convertii ad itudia wikctiiilma litecanim. ex quibut melior
nostri pars, animus scilicet, summopere rccreatlir. Vide tanasa. Vir sapientissime, ne
tantum animo, tríbuas, ut corpus langueat. Noo deiuat cxenqiia eonim, <ffá nimio studio
ounfedi periera: inium Hennogaois exempluro me tenct, qni madecim annoe agens, adeo
mltetiiorica profecerat, ut plurima de Eloquentía claríssimo nemilBB digna júris publici uo
fadenda cureverit, sed quid? paulo post omníumcum dolore améns evasit, nec multo post
tempere diem supremum obivit. Noo tamen probo sententiam illorum, qui plusquam
duas liotaBinlaidiniegw<lMfMiiiiiiiit,modBt vero adliÍbandMart;iieq«idrt^ CMie-
rum tibi de libello acccptissime ad me transmisso, ct dc officio mihi praestito gratias ago,
ac Servatoremnosuum rogo, ut novum annum, aliosque insequeotes pro Eccksiae ac
RdpubHcae bono dhi muttumque tibi fbitunet. Cura ut valeat. Nonis Januarii An.
MDCCXLVIII. (B.V. —
Borg. Lat. 238, pf. 357-©
NB. —
Publicada em Tem., pg. 148^.

di De 24-V-748: Alexander Borgia Archiepiscopus Ct MnoepB Ffamanus Aloysio Anto-


nio Vernejo Archidiacono Eborensi S. d.

Perjucundac iMÍhi fuerLint liíerae tuae, cum quibus novtun et insigne ingenii tui monu-
mentum, et benevoientiae erga me tuae pignus acoçpi. Sane opus quod moliris amplis-
limnn «t et nmimae m RepuUiea Liienfia utilHatia. aetemum tibi nomen
Si perfeceris

ec omalum, qui de iageníis quidquam judicare possunt, commendationem comfMnbia,


clCUnctonun qui veram sapientiam adepturi, Thcologiam ac Philosophiam persequuntur,
animoe tibi dewincies; Tibi enim debebunt Tacilem sibi paratam viam eo quo nunc tendunt
per devia itinera, aut non admodum expedita. Oun primam de Lusitanorum in índia
victoriis audituni est. Dco gratias obtuli ac sacrificia. Nobilissiniac \cro Gcnti laudw
dedi. Utinam ad unum caetere Nationes quaererent, quae Christianissimo aut CathoUoo
nomiDedonanttur, nec placeret ipsis bdla gerere, nulloe apud BWtedam habitam triumpliaa.
— 568 —
Profecto non adeo muen tort noitn, imo nec totius Europae foraL Deutaecundet inclytu
Gentis tuae conatus, ex quitNM oditt Rn Gvistiaoae in «mptiainiii iUii Iiidonim Regnls
et Regionibus pendet. Tituli quos posuisti, Augusti aevum non modo sapiunt, sed omnino
redduot. Vide lamcn, Vernei mi doctissinK, an aevo 11 li conveniat MarchUml Castebio-
vMsl. De Maidiioiíe non Caputo, Uoet enini vox IwriMua lit, neocMaria tamen ot, ut
moribus nostris aperle re<.poncleat, Sed non ne Marchioni Neocattri. .nii C(/ir inoii mbam
ab aevo illo discieparet V iigo interc* mullís occupationibus curis atque laboribue deli-
oectr, propterea qnod ViritatioMni per Dkieoedm nHocpi atque ptrikáo. Pero temon
Editioneni alterius Voluminis quod reoentioríbus Homiliis mdt coostat. Cum in lucem
prodierit, statim mittam tibi. Si per tempus lioeret plure scriberem. Fac ut valeas, teque
a me diligi scias atque emari. Francavíliae in Dioeoeat mea Firmana DC Kalendas Juniai
MDOCXXXXVin. (B.V.— Bois. Lat. 238, pg.39M00).
jvn.— Pubticada cm Tem., pg. í4»-íSli.

«) Dg 13-X-1749: D. Antonio Vemcjo ArdUdiaocno Eboreosl. 3." Idus Octotois 1749.

Per bos dies Adolesoens Tiburtinus reddidit mihi literas tuas sane humanissimas ac
pditlsaimas, qoibus avidc Icctis mihi ipsi gratulatus sum, quod tandem ad demonstrandum
summum mcum inscrvicndi lihi desideriimi occasioncm aliquam nactus fuisscm. Qua-
propier Adolcsccnicm, quem conuncndaj» in prmiis facillimisque lalinae linguae rudimentis
non rigoroso et severo examine, sed miti ac pladdo tubied. Sperabam porro eum in Qlix
•Uquantulum esse cruditum, ut suavissiinis tuis in literis scripsisti. N crun: spcs omnino

OVMHlit.Etenim quamquam nonum supra decimum agat annum fere nitiil prorecii, paitim
UtéUalo insenii, partim deftctu Pneoeptorum, ita ut nee lectionem atiquam ex Breviário
vd luediocritef explicaie sciat. Quod quam aegre feram per nequeo signiikaie:
literas

Imwc enim causa est cur dcsidcriis mis minime valcam obsccundare. Líber Homiliarum
mearam jam prodivit in lucem. Petrum Antonium Borgiam Fratrem meum modo Cano-
nicom Coodiatoicm Baálicae Latenneuii, qui fub iiútium Novcmbris Vdítrit Romam
ledibit, monui. ut unum illarum exemplar tradat tibi. Ipse dcgit. ut seis. contra Aedes
Gudinalis Carafae. Tu illud accipe, ut pignus observantiae meae, et pro opportunitate
temporis lege. Deinde mihi icacribas quid aentiu. Tudidnm enim tnnm in liii, ut in
caeteris, plurimi facio. Tu fac ut valeas. (B.V. Boií. Lat. 239, pg. S7-S9).
NB, — Publicada em Tem., pg. ISO.

xn
CARTAS PARA FACXHOLATI

a) De Í6-XU-1746: Aloysius Antonuis Vemeius Ardiid. Ebor. Jacobo Facciolato S.D.

l.itterae tuae sua\issimac et humanissimac. quas ad me dederas III. Kalendas Octo-

bris non nisi Idibus ipsis Novcmbris tabeliahi an meonmi incúria? redditae mihi sunt.
Equidem cum animad vwiewin, te ad meam epistolam non letpondteet wwpfeibnf, tfbi
non fuisse traditam II;ic vero Litterac et me omni metu liberarunt, et insólita laetitia
perfuderunt: propterea quod ex ipsis intellexi, te judicio de te meo respondisse, et ofTicio
ano anuilate, quae toa eit humanita», satisfedsse. Nunc vero glutinau amidtia superest.

Copyrighted material
•-569—

ut eam ad extranum usque mutuit oíBcíi» fovnmus: et alter aliqukl cogitet, quod alterius
caussa Tacere possít: in qulbus íllud aequo animo nnn rcrum, ut vincar abs te. Lucubratio-
nem nostram tibi non omnino ineptam víderi, imnortalítcr gaudeo. Paucis ante diebus
aliam vulgavimus, bievem eam quidem, de Orthographia Latíoa, ad usura nostrorum puero-
rum, qui kl a me
loogo ante tempom iNtívenni: ego vero pluriinis, iiaque gtavissimis
occupationibus, disteotct perpoUie ante non poteram. Eam ad te míitam. si erít cu! dem:
nam ubellario cuNia nulla «M. Quod li babes to Utbe qui eam ad te mittat, fac me per
litieras certl owm. Amo te multam de Lexid nunthmcula patbnmum fcciati, quod
millí rem omncm declarasti. Supcrcst ut mc doccas. opusnc ad cxtrcnium pcnloctum
sit: nam audivi id jam edolaie et expolirc. Equídom cioloo ignorasse me, te de refidendo
Léxico cogitare: quod s! advimem, indicarem tibi qu..cdani, quac te magno labore eximeicnt.
Nam amicus meus, vir doctui» et hisce studiis subactui, Calepinum suum notís perpetuis
innumcris in locis inluslravit. Cum cnim huio studio lotum *.c dcdcrci. si aliqucx] mendum
uffendit, notavil, et ad oram lum quidquid ad vim vocuni, et varium usum,
iibri scrip&it;

tum et ad inluatntiooem necewarium judíoavit addidit. Fadle ut mihl perraadeam, maxi-


mum adjumentum ex illo lihro ad Calepinum txputgandum. vel aliurii L. de novo confi-
ciendum, oomparari posse. Haec ex iliius narratione habeo, nain Lexicon non vidi. Mureii
opera habeo edita Patavii a Oomiiiio triboa voluminibua, an CIDT3CCXXXX, in quibus
Orationes, Epistolae, Poemata continentur. Danml reliqua, quae in ediíione Veronenai
exstant Fa Cominius separatim cdidcrit. an secus. néscio, et scire cupio. Sane tot occur-
runi tamquc insignia flagitia in editione Veroncnsi, ut optandum tuerii Cominium ea, quae
dMunt, typte deacribeie eadem elegantia «t diUjcntia. PMfeeto tratiam ioiret ab
viris doclis. qui hujusmodi scripia clcgantihus descripta expetunt. Sed de his hucusquc.
Tu si me amas, cura ui valeas. Ego omnia fausta et felicia, et ut tibi peiennare lioeat.

pnooraCairieto. Iloramvale. lUimaai XVO Kaleodas Januarii Amai CI3E30CXXXXVn.


(Autógrafo inédito da BibUoteca do Museu Conar. de Veneza — Ms. P.D. S47 c 1 14).

b) De 14-X1Í-I747: Aloysius Antonius Vemeius Jacobo Faodolato V.C. S.P.D.

lampridem cupio aliquid ad ic darc liltcrarum: sed partim occupationibus, parti


iocoounoditaie morbi cst factura, ne id efiicerem, adeo ne nunc quidem litteras sine aliquo
angora exara» posaom. Itaque bane ad te, quem fero in oculis, quidlibei potius quam
epistolam, scrípsi in media destillatíona, quae me dies aliquot dtvexat. De Gakpiiio tuo
mira est Litteras amant, expectatio: quam ego ex postrema tua ad me
omnium. qui Latinas
epistola concitavi mirtfice.Amici rogando obtundunt, cnccani mc, apcriam, brevine typis
sit describendus, quot voluminibua constet, cetera. Quare si tantum me amas, quantum
profecto amas. expone niihi totuni hoc rcgotiuni: ci si quid constiiutuni habcs. fac mc per
litteras certiorem. Vale. Romae, XVilU. Kalendas Januarii A.C. COIDCCXXXXVIII.
(Autógrafo itíUÊUt da BIbUolaca do Museu Concr, de Veneza).

c) De 2S-yi-17S2: Aloysius Antonius Verncius Eques Torqualus Archidiaconus Eborensis


laoobo Iteiotato Phllosopho SJD.

Eccc tihi, Facciolati criiditissime, post tam longum inlervalluni littcrac nostrac. Quid.
inques, hoc monstri est? audies. A quo tempore ad te scripsi ita me muita impediverunt.
ut exiriicaii pands non poarfnl. Nun priroum cum incommoda valitudine, atque moibo

Copyrighted material
— 570 —
capitto et sttmadii. eoque dhitimKH et ndde molwto. toctatw Mm. nec omniiio coavalui:
deínde si quid otii dabatur, id occupatioiKS nec paucae, nec leves consumebant toCum,
postremo peregrinationes et rusticaliones tum
tum salutis caussa sitsceptae magnaro
negotii,

temporis partem mihi ademerunt. Num parva causca noa tcríbendi est? adtamen noa
uolca est: audi rdiqua. / Fklein dederam noitratilNii» idque publico Kiipto, me bnvi aliquid
dc scriptis nostrís corum gratia emissunim, si per valctudinem liceret. At ílli, ut sunt
homines novarum itrum cupidi, moraeque non patieotes, tam multis me epistolis fatifa-
runt ut fidem tolverem, penitua vá rogitando obtuderint. Ad extnemum moouere, ne aer-
moncm invidis darem et maledids, qui aperte dicerent, me tailtae lei COflflciendae parem
noo esse. Sed ne haec quidcm etsi vehentens caussa me movebat. quí tale genus hominum
cootemmeie vd a prin» aalilB dklid. Addebant, et hoc qukkm caput rogandi erat, docto-
na aliquoa, qui institmodae juvcntuii ex Reoeationiin / diaeipliiia se/pararent. e te sua
cxse putarc aliquid nostrarum lucubrationum ante legere, quam provinciam iliam susd-
perent. Quid quaeres? unum et alterum volumen nondum plane limatum (nam quaedam
vocabula» et ptames, q/m nM et alhid ateati, et totinaiiter, ut aoleo, acribenti eaddecmit,
niutari pcaN et debeve» quaedam de caiissa conditas, ne te honiinem et doctum, et occupa-
tum taiibus nugis munadis detioeam. iiabes ratioaem oaiaem intennissioais litteranim:
quae satis jutia lit, an aecus, tuia vidaria. IHiid tibi pai iuadeat wiiiii, ma wmwgtmn magís
In ofAcio esse, quam cmn offido deaoM videor. Nam cum suavíssimas littma tuaa eli-
ciendi otium non esset, cufMmeas omnes, ut potui, ad te amandiim contiili: nec umquam
ofTendi hominem, qui dioanal, te sibi notum esse, quin quaererem studiose de te, de tua
sahite, de toto ttatu renmi tuanm, íiadle ut ipsi cerne / rent, quam ndil in veais mednlUsque
amor tuus penitus insederit . Itaque et de tc snepissinie cogiiavi, et libros tuos pcrvolvi,
d bomines nostros exciuvi ut cadam scripta pervolutarent, maioraque exspectarent a te.
Sed de his haolenus. Redeo «d Ubroa noatraa. Eoa haque ad te odtlen coaetitueiaai,
et vero etiam oiisissem, si aliquem haberem cui darem. Quare rofo li iiiAeea qua fatiooe
vtaque ad te perferri possint: nam tabellario publico cur demus, causas nuUa eM. Eoa
ighur aocipias vclim nun quasi aliquid ex oílicina lUa Mincrvac, sed quasi / stgniAcatíooem
aliqiiam aoHMrit erga le aoatri. FhgMi twaen typothetae noUm tribuas: quanan mM
aliqua ^jusmodi sunt. ut fcmla digna vidcantur. Nam typographi nostri magis de lucra,
quan de gloria, soUiciti sunt: et modo plurima edant, nihil curant emendatum sit, an aliter

nec alia arte cogi pomait ut rem aoatnun aguit, aoa auam: taatumque cuiae adhHwat,
quantum neoessariuro eit ut id ipsum rede efBciaat. Qtiid jam? quid aliud? misi ad te
aescio quid aliud theorelicum, si forte te aliquo nugarum genere delectare possim. Sed
quam diflicile negotiiun sit, plane mihi videor intelligere: agnosco enim politulum ilJud
tuum judicium, cui / aHiil aon limatum, non exquisituai. aon lovia auribue memtuai
placere possit. Vcruntameo. Sed de his queque hactenus. Venio ad illud, dc quo
jamprídeni aliquid scire discupio. Nana mibi de Léxico tuo quid aotum est? num codex
editus est? mim typis descríptua? num sakim abaolutus et Umatus? Quod si aliqidd horum
est, fac, obsecro tc, nos per litteras certiores: hoc amplius, quid agas, quid librorum cogites,
ut vakaa: nihíl enim gratius Tacere poteris. (I). Vaie. mi Faodolati, et me amare perge:
^ ceite le iotimis sensibus diligo.
inédito da BiUioieca do Munu Gomr.
Romae, lUI Kakndas Julii ClDlDCCLII. (Autógrafo
da Vcnexa).

H) Nio se percebe bem o motivo da tnsisiência e é pena nio se conhecenm aa lea*


postaa de Fkodolati. uma vez queo Dicioaário já bavia saldo seis anos antea.

Copyrighted material
— 571 —

XllI

CARTA DE VERNEI A UM AMIGO DE LISBOA

Roma aos 30 de luDho de 1751


Meo Amigo c Sr. do mco Coração
Despois de tantos anos finalmente recebi unia caru tua de 22 de Maio do presente ano,
em qine me dás notictas tuas, do teo estado, e ocupasoens, que eu eUínai muito pola viva
memoria que ooomcvo da nosa amizade. Eu também pouoo bem tanho pasado estes aaoa,
e sempre opreso com moléstias, especialmente vertigens que me tem arruinado. Agora
com algumas interrusoens poso dizer, que estou melhor: ou me-adulo. que asim estou.
Larfluneme meadas vm tfiputat lIlMafias» que se-ouvem nem Nino, de que «u Já
tinha alguma notícia. Somente não tc-poso perdoar caíres também no erro comum,
em que estão algumas pesoas, de dizerem, que eu sou o autor dcses papeis. O que é
fideo, nem teve outro princípio senlo puMieBlo asôn aqui o meo maior inimigo, que foi o
Sampaio; e querer tiraloa de Aksandie de Guzmio, em quem estavam mui bem oolocadoe.
As minhas obras todas sam em Latim, como terás visto no manifesto, que dirigi ao Marquez
de Valenu morto. Brevemente para la mando os dois prinaeiros tomos, de que te-larei

um pfczenleO). Deus queira que os entendam eses Senhoras que tanto mal dimm de
mim. Tomando pois aos papeis portugueses, tenho visto aqui os dois do P.'' Arsênio.
« LaoBida, que são os que aqui se-tem visto; porque os R.R. P.P. Jezuitas nào tem
únicos,
publicado senio estes dois, e ainda ca nio aparacerio os outros. Conteo-te que teAbo
visto muita aiMim ^"Tf— , mai duas asneiras completas em todas as suas partes como
aquelas duas, ainda não vi. Eu também não cuido muito nisto, nem me-emportão
estas bulhas, nem perder tempo com elas, e por tso não me-canso em ler e buscar estes
papeis. GoBlo ponm, que «ttas buOMs vio alntodo oa oHios ao mundo Português por-
que disputando-se a verdade se-aclam. E também gosto, que tu tc-divirtas com lao: e
estimarei que me^im todas as novidades que souberes no tal particular. Eu o que daqui
tenlio tirado ftii, ver^ne opnao da caitaa de varies eruditos deie nino, que por fia e por
nefas me^uerem por autor doa tais acepipes, e me-amofinão com perguntas» • parabéns.
E como eles escrevem em Portuguez, e eu sempre costumei cartejar-me com os erudi-
tos em Ljttim, vqo-me com o pezo de escrever em imut língua, que quazi tenho perdido.
Emiim diverte IB tu com eias novidades e conaerva-me o teo amor, pois to-mereso. Deus
le guarde, etc. Affligo ex Corde. Luiz Antonio Vcm^. (B.NX. — F.G. Caixa 243.
Docunwoto 29).

(1) DirJlrl4rioee/4>vKintfiu,amboa«iiMdoa«ml7Sl.

Copyrighted material
— 572 —

XIV

A 17* CARTA DO yERDADEtJtO MÉTODO DE ESTUDAR

Rona 1.» Juetro 17S3


Amigo do Coraçfto.
Voltando de fàm nio á muito tempo, onde me-demorei tempo bastante para recuperar
saudc com a bebida de aguas minerais, o que me-fez bem; achei a tua vinda por mar de
SdeJuUiode I7S2. Com razam a-mandàram por mar com ontru muilas, que aio trHiio
negocio preci70. e por iso chegou tam tarde. Estimo que pases bem: e o mesmo da tua
lamilia, da quai porem não me-«screveste nunca, se ainda existia como eu a-deixei: nem
também se cazas, ou nio, ou se tens inteasam de o-fazer. Esta tua carta contem mflcoizu,
a que cu para responder dignamente, escreveria muitas folhas de papel, Lm fim com o
fitvor de Deus irei respondendo como puder: e como tenho tambcm mil coizas, que nâo
tUb-áÊo tempo para iso, irei eacrevondo can M
interrusoens, que já prevejo e quando estiver
;

fUta, a-mandarei. Comeso pois noMe dia, e oomeso dezejando-ie midtOB e Mkaa anoa.
F pasando à carta, falarei primeiro no que niB^OGB dela, d^npitit no que mfrpedci, 0 em tar^
ceiro lugar naquilo que me-censuras.

I." Que os Jcznitas nese papei, que cscre\cram contra a Recreasam Filozofica dos
Filipinos (1), iniroduzisem aquek paragrafo contra o meo Aparato náo me-admiro: Jezuila
da propoaito, c da ooocicncia nio foi certamente Seria aigmn Jezuitinha de mam finada,
que ae-mete a falar no qtM nio emende F eu estou mijando para semelhantes censores:
doa quais faso tanto cazo como da lama da rua. Mente o dito R.'"" em dizer, que do Apa-
rato foi borrado parte por autoridade de quem podia (2), pois estam vivos e saons os que
o-aprovàram ambos, em que nada se-t>orrou. O ornem nio eotendeo o que eu digo na
picèuam. Mas cazo que diaese a verdade, ele mesmo se^onttadiz no paragrafo vistoque ;

ae am Roma, dcspois de o examinarem bem, aprovànun o que se^acha no livro; é caito^


que nio Ibe^chiram mordoeldade infiam. tsltío án^fitraá». ptm makdktmUim. Menoa
o ornem, que lhe-dm duas dttziat de aaoitea, e nio ifr^ niaii nde «m 1^
Ja me-tinha dito um amigo, que dc la veio, que o celebre Felipe Joze da Gama me-tinha
descomposto na sua oensum feita à Carta, «le.6). NÉm me daiire dde, poiqne a—apae
o-conhcci por um tolo; e alem diso bebendo a agua do chafariz da praia, á de participar
da n^ledicencia. que influe aquela bebida. Admiro-nw, dc quem lhe deixou no Dezem-
baito do Paao pasar tal oeiínra, que è oonlm oa bona coatumea, e deoofo do meaiK» tribund

(1) Refere-se i Palbiodio manifesta ou Retratação pública de muitoa erros, carocas


e falsidades que a hum pobre medico (...) na última parto da JtecBaapiP Fttth
se encaixaria

sáfica^ por Famião Ferrão Philalethe. Sevilha (1752)'' Nào encontrámos referência
directa. No Mercúrio Filosófico, há alusdcs aos censores do De Re Lógica, mas não ao
/4jvarariir.

(2) Já o P José da AiatUOk na Commaatàa Famttlar, páf. 389,


' ratae ao ambaito n
doa Censores Romanos.
(3) Alusio i Carta Apologética de um am^
a outro. liriMa, 1752.

Copyrighted material
— 573 —
Emfim o ornem joga ts caitu cofudgo mesmo, poique está certo que ninsuero Ihe-responderi
8 tait pulhas. Este pensa como o Jezuitinha dito, e ambos tem a mc>;nia resposta. Ja
também outra pesoa me-tinha escrito, que o Autor da dita Carla era um tremendo asneiram:
«porque proponho dizer o sco parecer do 1." tomo, não fala em algumas cartas dele, que
am das principait. E ipienmlo defisndar algiiiu AA.. «ie com elogios genis, iiue na^
provam, e nio responde aos aipilMnlos. que !he-opocm contra cics: sendo certo que um
ornem douto pode também dter muita asneira, quando não tem doutrina fundada e de
bom tosto». Estas tto as palavras formais de um amigo de Usboa muito douto, que
mc-cscrevso dando noticias literárias Tu verás se sam aplicáveis ao argumento: porque
conoo eu mí que por nenhum principio isto me-toca, não devo tomar pelias por outrem.
A miidia Omio ai CaréSnáks caio em mam de um grande tolo Ignoiante, e maUdozo
iiiveiozo(l). A 2.* parle conhece-se. pois intentando traduzir orasam, não diz uma pala-
vra se é boa. rni má; nem o minimo elogio do Autor. Ames suponho que a-traduzio asim
para me-rediculizar: c nisto está a inveja. A primeira parte moslra-se em toda a tradusam,
qaeétal,qaeporpiemio<Hiiaiidafiaparaasaales. Falo oom conhecimento, pois a-H toda,
visto ma-ter mandado uma peiOa cuidando que mc-obzcqui;i\a. O tnulutor não entende
Latim: menos entende o que eu quero dizer nela, e a forsa de certas palavras e frases Latinas,
que veile de on modo tal. que fa estoirar oooi rizo. E o que Ihe^bo é a prazumam
quando ele nem menos sabe que coiza é tradusam, nem a definisam de tradusam, nem as
leis dela. Aquela orasam so a pode traduzir ou o autor, ou outro que saiba tanto (2) como
ele, e que entenda que cuiza c pureza de ambas as línguas, e armonia oratória, ou numero

oratório, que é o que de nSo entende. Os dias atras veio-me cazualnwnte o entuztasmo
de ••traduzir: c comecei algum paragrafo, mas por ter que fa/er. nfio continuei, nem quero.
MbmdoHe o mesmo original, em que o-fiz, para que vejiis sc continuando a tradusam asim,
aeria boa, e «ipHcarfa o que cu la digo O).

2." Respondo agora ao que me perguntas. Como eu não


Tenho falado de mim.
II o nem que autor dea^: nem aqui
Veráadtiro Método, nSo poso saber que folha citas,
me-consta que <H^: um Jezuita, que nlo é da minha parcialidade.
e so me-dizem que o-tem
Mas ele deve estar muito fechado com dito, pois nenhum atcgora mc-.lisc que o-», ira. mas
que ouvira dizer. O que sei é, que alguns Jezuitas Portuguezes, tem aqui mostrado aos seus
amigos certas crítioBS contra o Método: mas as ResfMMtas, que medizem tem saido contra
as ditas criticas, esas nimca eles mostraram: c isto me-cheira muito mal.
Mas deixando o tal livro que tu buscas, sc qu:res tomar conselho de um ornem, que
ae«ilende desta matéria, e queres aproveitar na liagua Latfaia; nio fasas cazo de livro algiun
moderno, aindaque estes servem muito em outros cazos, apega-ie aos Antigos do século
Áureo. Em Cicero achas tudo. As suas cartas prindpalmentc aos familiares, e as do
ultimo livro, que sáo aos de sua caza, valem um mundo. Deves leias sempre. Traduzilas
em vulgar, e convertelas outra vei em Latim, para ver se aabes imitar. Nio traduzir polas
mesmas palavras, mas procurar de imitar as frazcs. Lc também os livros de Officiis, OS
Tópicos, de Farliíionibus. Oraíoriis, de Amiciiia. de Setiectule, e a Retórica ad Hereiumm.

(1) Oração de Luiz Antonio Verney (...) na mortt (k D. Joào Vi...) aos Cardeais.
Traduzida (...) por Theotónio Montaxio. Lisboa, 1752.
(2) Cortada a palavra tanto.
(3) À margem: n." 88, que vai separado. — N. B. Realmente, vem no fim da longa
carta, em papel igual, com um título que parece ter sido feito de propósito pam enviar
ao amigo.

Copyrighted material
— 574 —
EiteB tom de iiifidto|NKio(l)efittftapNaderapann,«Íti^ii^ MnénoMuio
livrai
estudalos bem, e enteodelos. Com o tempo podes ler os livros át Ontore, e Orator ad
Brutum: mas estes pedem mais noticias e reflexam. Se souberes entender bem e imitar
estes, não tens nccesidade de mais coiza alguma. Em Cicero achas os trez estilos em grão
pafiUo. O jAvin» HM que prinelro cHd. O nwrfto, dm ttvm Oraiar»^ «Ic. Oaid>>A
lime, nas Orasocns, principalmente em algumas Achas tambcm a iqdicnam a diversos
aigumeotos. O estilo epistolar, em todos os grãos, e variasoens que admite. O didas-
eatteo dm iw íuwIiuí Kvn», que mta pagina cito(2). E também eile admite variaioeM.
O oratório, nas muitas orasocns, que nos-deixou. E até o estilo istorieo ae aprende nos seos
livros, em diferentes lugares, em que narra com infinita grasa ora no siniplex, ora no médio:

prindpabnente em algumas preíasoens dos dit« livros. Polo que toca aM livros Filozoficos
de Cicero, difo éb FWbÊU, TtaenAin., Acodem, e outros, não te-raetas mím^ POTqna alo M
entenderái «m
uma praAnda noticia da iitoria Fileosofica Antifa* anu qo» aam tem lUto
estudo.
Se quiwwa lair de Cloaro, podas ler ConteHo Nèptttf e admínuris nai Vidas deste
grande omem, uma naturalidade e grasa. que não se-pode explicar, e tem admirado a todos
M omens de bom gosto. Para a istoria, Uvio, e Ceiar, e nada mais. Mas para estudar
com ordem, deves comesar por TeroKio, e meta* na cabesa aquelas comedias, para ver a
pufBBia, e propriedade dM voMbuloe, e a delicadeia dM xistes. Dcspois pasar a C/eero*
como asima digo: e nunca poder de vista Temieh, o qual poiem se-deve imitar com
leflexam.
Mas o ponto principal esti, em peioèber que coia 6 um latim flMil, e dellwdo^ e nio
OOnAmdir os estilos, mas saber tratar como se-devem os argunientos divenoai Uma
dHwnninada palavra v.g. está bem em Terêncio, que é Cómico; está bem em Vaqplio; asas
nio está bem em um Bwwiiia, e muito ntOM astaxâ bem cm um Orador» Eite 6 o poulo
principal isto é O que nlo seaiprcnde senio com muitM anos de estudo, lendo
: critiOM m
ou tendo bons mestres, que o-ensinem. O mesmo digo das fra/es, dos xistes. das grasas.
Em tudo se-requer um grande juizo: e isto c o que falta a muita gente, que tem grande
cnpBoho, e gnuide duutriiui ou crudisam.
O outro ponto principal, e muito mais díficuhoEO, está, cm perceber bem o numero
dc que é susocptivcl a língua Latina.Cionu^ Cesar, Ufh, Cornélio Nepote sam 4 prosistas
meDuiras do seoulo Aursok MÉs tani difitmles entre si, que nada sMdafá nais dlllmole.
Pònm nesta sua grande difiBransa convém em uma coiza. que em todM leaclia o numero
ou armonia da lingiia. como pede o argumento. Verás em Cicero, e Cezar um vrrho posto
no fim do período: verás em Cornélio Nepote terminar com um nome sustaniivo, ou outra
partet nuw ambn ot periodM sam iiumorloos, e tem aquele numen^ a que diamio maiorio
(para o-distinguir do numero dos versos) que enche e satisfaz a orelha. Compara agora
Cicero consigo me mo: uma carta familiar a sua nuilier Terencia com outra carta cm que
pede a Ortam, que o^ude paia akansar o Irfumfb polas empnns míBtans Mias «m Aria:
ambas sam numerozas: aaat m
números sio diferentes: aquele proporcionado a um aiiu*
mento umildc; um argtimento nobre e eroico. Compara esta carta com a orasam
este a

dele pro Marcello ad Caium Cesarem, ou pro Lege Matiilia, clc. veras um numero totalmente
diferente nestas: e quanto mais nos-cb^amos ao Oratório, tanto mais creoe a diflcaldade.
Porque oom efeito o numero do argumento Oratório é o mais dificultoco: e muitM qw

(1) Preso — preço.


(2) A página começa: Traduz ilas em vulgar...

Copyrighted material
— 575 —
pCOWIH htiút QU6 Mbm
dilpOT Ot WlfUIMOUM Wl tUM OfMMU! QU6 fiUttU CORI ClO(UICÍB
Latina; que tem fona no que dizem; pecam muitas vezes contra o numero, como mil vezes
observam os doutos. Por iso diae asima, que este ponto era o mais difkultozo. porque
pam os outros á regras; para este nio á mais regra que as orellias exercitadas na leitura
dos bons autofcs, e as reflHOSos de muitos omens doutos, com quem se-comnniai o que
ae-CSOeve. Na minha orasam od Can/inafei julgàratn os intelifeoles, que O nunero em
excelente, e perfeitamente numérica em todas as partes.
Tenho dito o que beste sobn este meesrie. Outias ooian ediehb ne minhe Logice
Talando do estilo: e para conheceres a dificaldade do numero, veo que diz Cícero, cuido
que no 2.° livro ou 3.% de Oretore ai Q. fíntrtm, em que despois de dar muitas regras,
sweporte aifiKtébm amrkmt. Mas quero dobnr fothe neste particular, porque se eniro
• expllcer os vidos que se-cometem no número, as afetasoens, etc. a carta se<onverlefá
em um tratado. So te-digo, que ate as linguas vulgares, principalmente as que trazem
origem da Latina como a nosa, admitem a beleza do numero: mas quer^se mais arte para
o-intiod usir, de modo que nio pense afetado; no que pecam infinitoe comporitorss, prin-
cipalmcntc Oradores. Até nos versos, que tem regras certas, qucr-se juizo ni vnriasam
dos números. £ como falo contigo, que náo és cqfre, te-diret claramente, que este é um
dos gnuidcs deftitos do P. Antonio doe lUto (I), que nes sues oooq)^^
Ápotkeoze do Duque do Catbnatt sempie vai de trote, e nio VHoli judidoaunente os numeros,
nem entende esta arte do numero. E isto torne a bastar. Atequi cheguei de um jato com
esta carta. Mas entra agora uma vizita, e terás paciência atequc ache outra ora livre, e
eu oom vontade de MOMimMr, e «espender ao nMds de tue.
Estamos em 6 do me? de Janeiro, e me-acho sangrado por cauza de certas verti-
gens, que um dia destes me-apertàram mais que o-co&tumado, e supuz ser quantidade de
sanguoL Ncsie breve inIervalOb que ni»i>ennileni, continuaid a miidia nspoela ao que
neta da tua.

3.*S^ue-se responder à censura, que na tua carta me-fazes mui largamente, sobre
o conceito qivforaio do comum desesSenboies. EuverdadeiíamsntenioseloqueteesciBvi
neste ponto, porque não deixo copias destas cartas; mas do contexto da tua pouco mais
ou menos alcanso o que seria. Alem diso, como cu não trovo dc repente^ mas esvrevo
aquilo que teidio longanaente meditedo, e cgominedo com toda a ateosam, suponho que
te^Hseentam o mesmo, qiic te-cliria agora, se devese repetilo. Tu convéns comigo no con-
ceito que fo -mo do comum desa gente. Onde oeste ponto não temos que argumentar.
Dllatt»te poicm moito nas sawweeni. Sofaee isto diÉeonerel agora, e te^nastmd aquilo
em que te-confundes, e enganas.
Eu também concedo que os nosos tem um engenho mui belo. c facilidade para as
dendas, e muitos sc-aplicam e estudam muito. Concedo mais, que muitos tem animo
flexhfd paia ouvirem as novidades Uterarias, e julgam sem paixam. ou preocupasam. Que
outros amam o bom gosto, etc. Mas tudo isto está mui longe dc pcrfcisam, que tu Ihe-
^tríbues; e tam longe, que medeiam muitas léguas. Onde aquela tua propozisam: A nosa
mudm tem, e eempre teve MMfetíos de grandes lates em toda a matéria, e que sabem dar às
coizas o Ko Justo valor, é falsa. E nam menos falsa é estoutra: Temos sitgeitos, e nSif aSo
poucos, que na... poesia. Retórica, e mais Belas Leiras, e aiiuh Ciências, tem todo o bom gosto,
e t^eaaam. E aquUo que ato dam os nosos livros, dam os Italianos, e Franceses, que nos-sam

(I) Ontociano, que já fon alvo da sua critica severa no V.M.E..

Copyrighted material
— 576 —
bem fimOUaní. Se eu feliae contigo agora una tarde neita Odade, eu l»*nHMtnuria evi-
dentemente a falsidade desta propozisam em todas as sum iNurtes; mas por carta nio é tam
fácil. Contudo direi alguma coiza.
Mas primeiro deves-me conceder trez ooífltt, lem as quais não é poeivel, que argumen-
temcs com eMto, e bom suoesaoi. e sem duvidas. I." que eu lealio muito mais notieia de
livros, e dos melhores autores, do que tu tens, c tahcz nenhum Ia tenha. 2." que ninguém
pode julgar se os autores de uma nasám sam bons, ou nam, sem conhecer perfeiíamente o
que fazem os autores das outras nasoens cultas: porque da compensam de uns com outros,
é que se-deve inferir se fazem bem, ou mal V" que os estudos de Belas letras, e Ciências
floteoem em grao perfeito nas nasoens Estrangeiras, proportione servata: quero dizer, tms
mais em umas regioens, que outras. Se me-negas estas trez propozisoens, nam estás capaz
de argumentar comigo nestes pontos: Se mas-oonoedes, fadimente te convencerei.
Primeiramenlc csa prczuasio» que voscs la tem, de lerem com toda a familiaridade
os autores Francezes, e Italianos, é folsa, e sem o mínimo fundannento: porque os autores,
que voees la oonheoem, sam os doziíuiis: os melhores nio vam para la, ou porque muitos
Sio proibidos por algumas raztxrns; ou porque todos os livreiros sabem de certo, que la
nlo se<ompram: e não compram os Latinos bons, como am-de comprar os que são de
se
línguas Estrangeiras, e não comuas? E i tam geral esta opínifto entre os Estrangeiros,
que nenhum livreiro ae<ansa em os-maadar para lá, fundados no mao eaito, que tem eap^
rimentado. F. mil vezes tem sucedido, que o Rcvi/or Dominicano rctem os livros, por
lhe-parecer que sio nocivos. E isto é publico ca por fòra. Onde neste pariicutai estas
totalmente enganado.
Vamos adiante, c i.omc-.cnios po!,is Cicnci:i->. Que progrcsos tem feito os nosos
(principalmente despois das Academias Regias, que abriram os olhos ao mundo) nas Mate-
máticas? que obn tem composto, que meresa ler^e? Na filozofla Moderna, que coia
tem feito mais doque ditar uma Filozofia Gazcndiana, que tra? o Tosca muito esfarrapada,
e que é a mesma que ensinâo os Filipinos nesc Reino. Fc as ob^a^ do P. Joáo Batista da
Congregasani, e venis uma mistura de Gazendiana com Peripatetica. que merece compaixam.
Mostra-me ta outras, que lenháo mais noticia senio do sistema de Carteno. ou OaHodo,
que já tem lanso. E como poderám eses .Seii!io' es dar o justo valor a uma obra de Filo-
ixifia Modemisima, que é a Ecléctica, dc que cies não tem a mínima ideia? Se a-apn>-
vam, é porque ouvem dizer que é boa. mas nio porque tenhio princípios para julgur, se
o-menoe.
Vamos á Teologia. Quen-i é. que la estuda Dogmática ou seja a Pozitiva, ou a Pole-
mica, como ca? quem compõem obras nela, conforme o ultimo bom gosto, e a necesidade
que temos paia mpooder aos Eitdes? quem escreve de Critica Ederiastica. ou SapadaT
quem tem noticias de línguas Orientais, que s3o indispensavelmente neces.Trias'' Nao
falo de algum antigo do século XVI, mas dos que escreverão dc cem anos a esta parte. Tenho
VBfnrivido mui bem toda a KbUouea do Barboza, e visto os autores de que fida nos dois
primeiros tomos, e ali tenho examinado mui bem este ponto. Sei muito bem quais sam os
modernos nosos. que tem escrito, e não acho nem sombras do que tu dizes. Dizc-mc agora,
como é posivel, que os omeos, que não frequentam estes estudos, e so de pasagem tocam
algunui coiza, posam dar juilo doa eacdentisimos livros, que tem saido, e vam saindo nestas
matérias'' como c posivel, que tenhão grandes luzes nesta matéria '*
Se tu o-cntendes, cu
não o-poso entender. O que sei é, que tirando, 4 questoens Escolásticas, e 4 conceitos
predicáveis, nlo adiei algum deses grandes Mestres, que fUam aaoprakh, o qual soube
dizer duas palav ras. Quando algum deses Doutores vem para ca, tenho observado que ficam
com a boca aberta. O mesmo digo da Teologia Natural contra Ateos e Poliieos modernos,
que para ia é ooia nova.

Copyrighted material
— 577 —
Nft Etioft, • no Dinito Ndml, do Orador Pufflndotf» Touimío^
cbb 900 dwiioli
c outros, saio o Heineccio, o Buddeo. o O WolfioOX 0 >nil outros sumameilto «ti>
TitiOb
mados poios por eki, qjom é que tem composto ta coiza
Católicos, e todos os dias citadot
alfuina? quem é que oe-tem lido? quem é que os^xxkri entender bem aem ter estudado
com fundameolo a matéria ? Onde esta matéria também para la 6 nova, e inaudita. Estas
duas Ciências, que são as fontes de todo o Direito, c principalmente do Romano, estudam-se
oje ca com tanto cuidado, que á cadeiras especiais eni cada Universidade delas: e ae-tem
MQMriBonlado a jaudo wlMiihula qiia dslM vam nedmdooa Jnrispsritoa Modsnwa Tboi^
lioot oa EspeculatÍNos, que compõem ja por um modo
muito diferente. Onde aindaque
«m Gotaibcase-estude com grande tiabalho e diligencia o Direito Civil, e Canónico; estou
OHU» poram, que um mero JuriKOuniTto deses grandes omeas que km de Apmrto no Jm
Doaonbaigo do Paso, nfto compõem livros polo método moderno: (não trata as ditas
cíendas preliminares como asima digo ;) não se-aplioi à Istoría Ecleziastica, e Civil.E daqui
se<olhe^ que julgará muito mal dos livros, que tratam destas matérias, como a experieoda
<Hnostia todoa ca diaa. Aiodaqoa poilo ouvir diw,a|)raw«BisB«MndaB^iido poda Jidiar
dekSk e muito menos comparar-se com os omcns insignes nestas faculdades. Apelaria
paca oa livros JBstrangeiros, que tratam disto, e com eles tc-coovenceria, se cstivese-moe
coDvsrsaudo oesta CMade, onde l»4evaria is livnrias publicas, e muitos (Mnostraria «m
minha caza. Mas como estamos longe, deve valer a regra 1.* que asima puz; e deves cedsr
à minha erudisam de livros, e ao estudo que tenho das mesmas matérias nomíadas.
Mas eu quero-te convencer com um livro, que tens em tua caza. Abio o meo Aparato,
e la a btoria Filozafica: ve oa anitos autores, que cito nas aMa$, (|ua tiatam matrrias, qp»
la nunca sc-sonhàram: autores, que la não sabem de que COT sam: e dize-me entam, se la

á sugetios de grandes luzes em ioda a matéria, que posam díaer O seo parecer naquelas. Expli-
canne, quem é dos qoe tu conheces, que saiba ao menos, que ooiza 6 btoria FDoKofica?
que tenha examinado a istoria da Teologia antes de ler o meo liviD? que tenha entendido
fundamentalmente antes diso, o que eu explico da natureza, e n» destas duas ciendas?
Apvovtloam agora, porque agora o«nibènm: maa alo cstam ainda em «stado da JuliBicm
desta nalBiiB» oooio tu geralmente afirmas. B por cooMqpMíBlB, nlo wpodwn conpa-
nr com os outros, que são velhos nelas.
Tocante às Belas Letras, que compreendem Poezia, Retórica, e Oratória, e Istoria,
tu nlo nsgm, que ca le sabem bem, o o-comptovam oa livros, que nestas materiaa se tem
composto e imprimido. Também não podes negar, que la nenhum moderno tem composto
livros iguais a estes (pncindode alguma coiza da Academia, de que logo falarei) Estrangeiros.
Quens aomcnto b indut tÊÒt^ê tttai wuttfku ubh ísm cohu os. Dovaaoa
dinr, ^Bt
porem provar ou com os livros, que dam preceitos; ou com os que os-«cecutam. Dos
isto
Preceitos é evidente, que artes Poéticas, e Retóricas Ia nam as-á. A que fez o Candido
Luzitanoé uma copia mal entraoiada de alguns livros Estrangeiros. Na verdade i o menos
mao; maa está mnito longa de ser «dar, e da tratar bem a naiaria, que escreve. E este,
qna Isníi defeitos esendais, não faz pouco no que faz, mas não se-pode chamar Retórico,
on Poético. £ bem se-ve no livro que publicou de cartas (2), traduzidas das mais ridículas
Italfauas, como ala pensa, • oomo sabo qqo coia é escraver cartas.

(1) Os dois últimos nomes sào acrescentados em nota. Pois nem ai indica Mura-
tori, da qoem tanto depeads^ oomo moatrau o Prat CUxal Mancada (JMMAn da Afínbtirla
da Justiça, n." 14, p. 18 c 19).

(2) O Secretário Português. Lisboa, 174S. A Gazeta de Lisboa anunciou a sua saída
«m 2^6-745. No CMilogo da Academia daa CStadas MieanHe «diçfies d^
37

Copyrighted material
— 578—
Pasando daqui ao Oratório, e Poético, quizera que me-mostraaes quais («asoens,
e pocmu de oonidaraniii Ia tem» «lue »i>oaam oompuv nlo digo aos Antigos, mas aos
nnit cndentes modernos Estrangeiros. Terás mui pouca noticia do mundo Erudito
Cl iHiBi isto. Sei que alguns tem composto alguma coiza lirica menos má, e talvez talvez
algum mmto. Mas achu tu, qoe isto basta para diaer, que 6 um ornem de todo o bom
gosto! ou que um omeai. que sabe entrouxar suficientemente um soneto, ou romance ou
decima, saberá julgar de uma comedia, tragedia, epopeia! Nada tem que fazer uma coiza
com a outra: e vemos omens insignes nas oompozisoens pequenas, que nam entendem,
OQ alo acertam oom o artifiGlo das pandee» e todas as circunstancias, e ornamentos, que
são mais dificultozos doque tu cuidas. Achamos defeitos no incomparável Fracaslorio,
em Jovi: Fontana, e no grande Marco Antonio Vida, que ensinou a Arte Poética, e é um
dos maia exodeotes Poetas do secnlo XVI, em que floreoeo a Poética? O
mesmo SSeNOzaro,
que é o Virgilio da dita Idade, nam c igual a si mesmo: e tem compozisocns não dipMS
de tam ilustre Poeta. O que também digo de Fracastorio. £ daqui inferirás, o que de«e>
mos julgar de outros de menor fama, e que slo vm naila à vista destes que aponto.
E aqui entronca o responder^le aoutro período da tua carta, que diz: Menos defeitos
se-tem descuherto em Camoens, doque em Omero, Virgilio, e Tosso, etc. Quem te-dise isto?
ou onde o-aprendeste? Le o Inácio Garcez Ferreira no comento que faz a Camoens (1),
e verás quantas dsMtos de toda a consIdetaeMn lheacbs, que aio ee podem perdoar.
E muitos mais sc-podcriam descubrir, se quizese-mos entrar mete caauw COm outras noti-

cias e critério, que não teve o dito Ferreira. Em Omero não á duvida, que á alguns defeitos,
mu nlo no aitífido principal. Mui lan» tem e Tlssso, e slo laidB a leeiMito doa
Virgnio,
de <^"WffflTi Mu
a nosa questão não é, se Camoens tem poucos ou muitos defeitos:
é sim, se os nosos podem julgar da ultima perfeisão da arte tam bem como os Estrangeiros,
ou por Teoria, ou por Pratica: e este é um barranco, que tu dificultozameote saltarás. Mas
quero, que algum com grande estudo por livros Estrangeiras diegue a conhecer a belea
de uma compozisio perfeita; isto não pode verificar aquela tua propozisam. cm que o-atri-
bues a muitos ou a bastantes, e como coiza certa, e os constitues mestres, quando apenas

Mas eu paso adiante, e quero considerar as compozisoens deses omens grandes.


Sem duvida que os mais modernos, ou mais louvados, os escolhidos para fazerem figura
na Academia da Istaria, devem ser aqueles grandes omens, a quem tu atribues tam grandes
htaUttiodifohamgOÊlodÊbelas letras, esperialiBeH>adaOratOTÍa, e Istoria. Oraeu tenho
lido com muito vagar, c com toda a reflexam as colesoens da Academia, e tenho folheiado
as obras Istoricas, e o mesmo fizeram outras pesoas eruditas, que supunham, que aquele
ihMtro corpo aio pcAprodurir sento dh^idadee? o todo» aeentamos em que ndeeee^diava
o seiscentismo puro como sua macn a-pario. As orasocns pecam todas no pensamento,
que são concettinhos: e pecam no estilo, que é o mesmo dos seiscentos, quem mais, quem
OMOOS. O meaca mao que vimos foi, a dãspkBL nanasem do Secwtario, que fa«a Cafciawt;
e alguma dM oontas, que se^ na AcadanriÉ. Mu
quando «ataamoaaialagiaa ou ftitos
de propozíto, ou incidentemente, acha-se um pensar tam pueril, que um omem, que saiba
elogiar, não o»-pode ler sem rizo: e observámos demais, que nunca os penmmeotos são ver-
dadeiras» ams sempn CdMS^ iuvaraániBis» a ali invoeivei». Le-os sem paixaro, e me-dfais

1TS7 e na B.NX. gnaid^ae uma de laocfiado, além da de 174S, aponta as de 1759,


1809.
1786 e 1801. — Veda ainda a noU Ida pág. 272 deste nosso volume.
(1) Cf. com o qna Venei dia deeia autor na Caita 1. 4piid V, voL I, pág. 71 e 100
e voL II 305.

Copyrighted material
o que te-pareoem. Nas Memorias Istoricas acbiniM o« mesiUM deTeiU», com a divmidade
qqeiiamiiteo mpMiBUto^e<al»da»>cliÍino iuaiMdePir.lj^
(

ciam Cristais d' Alma, e Serám Politico. E como queres tu, que escre\'a Memorias bem,
que é uma compozisam que pede um pensar vtfdadeiro, um juízo acertado, um estilo fadl
0 ddindo^ qusni nio tm nm gnudo crilefio, qoHo diBor, juizo exofcJUtdo, psra iiio to-coft-
nar nos fatos, e julgar de cada coiza, e do «tílo» como deve ser? Este é o fruto de um
laixo estudo por boas autoras: este o flm de uma boa Lógica moderna: este o efeito que
produz a comunicasão com os omens doutos das nasoetu alumiada», que comunicam aos
outros as suas reflexocns. E quem n&o tem estes princípios, não o-pode fazer. E por iso
na dita Academia se-tcm adotado tantas fabulas Istoricas, de que o Mundo erudito sc-ri,
porque os que as-adoptam não sabem que coiza é arte Crítica, e Hermenêutica, que sam
duas partes da Lógica Modcraa* e os Andamentos da Istoria, como advirto na minha
Lógica.
Emfim a comuniaMuii com Oi omens doutos das outras nasocns cultas c a que abre
oaòlhoedo wilBndkiieBtobliittoduKObomgosto, eo^ortMca. Sempre reparei, que alguns
ODHDS doutos, que tm ixodniido a aon aesám, floreceram cooumento no século xvi.
em que era costume, on virem ca aprender, ou irem Ia ensinar, e comunicar as luzes das
outras nasoeos. QuaudO OBSOu este costumCb acabou-se a nosa gloria. Mas os que mais
fflnstrènm a paliia nosa foiam oa que oa estodànmi foca. Na Lingua Ladna fonun «ee*
lentes, Jeranfaso OnciO, e seo sobrinho; Achiics Estácio, Antonio de Gouveia, Andre de

Resende^ «pie todoe wtntlAmm fora, e quazi todos por ca morrèram: foi também cxoelente
o Jiemha Foueca* oe Jtanitas Oonirobriocues^ o P,* Muoel Alvares» também Jewilta,
Diogo de Paiva, e algum outro rarisimo: mas estes também ou saíram fòra, ou aprendiram
la dos Estrangeiros, que foram la ensinar; como já saberás, que o Perpiniano, e o Buctia-

nano, etc. em Portugal, e foram dois dos maiores Latinos de toda a Europa,
foram mestres
aqnrie EÉpuhol» eile BnoMU* ahm de outroa BMMgeinii» que Ia ensiniraui. B oomo
ca florecia então o bom gosto da Lingua Latina, e Grega: lambem ia pegou: e por iso vemos
que akm da Latina, petiscàráo na Gr^a, os trez Jezuitas Portuguezes nomiados (1); alem
de oulnie na Bbnica ele Algum outro^ que se^plioon oom flruto a estas fiMoldadea, naoeo
de Mm dos dois princípios ditos, como tenho obserado mil vezes. Podiam muito bem
os nosos estudar pdos livros, que la tinham, e prindpalmeote por Cicero, e saírem grandes
Latinos; contudo a caqwriencia mostrou entam, que io teodo a diresam dos Estrangeiros
e a noUe enwlaslo de os-ímitar, ou superar, «teaam: aainique esta fidtou, e elee julgàp
nun, que estavSo capazes de tudo, não fi7eram nada que pwtase.
Nem farás cazo dos elogios, que la se-costumão dar de bons-Latinos, etc. porque
cee é o costume da nota nasám, elogiar com tal demada, ou ceosufar oom tal eitccso , que em
OOiza nenhuma merecem credito. Se leres o Barbona na Biblioteca, não acharás ridiculo,
que tenha composto um epigrama Latino, a que ele não de o epíteto de exceleiue Latino,
a tteompamtl Hmíê. Mas como o Builm alo eotoade eeias matérias, nlo se-dewe floer
caso do que de dia. Mas faaoMO oe Ignorantes, e eses meios ignorantes: e daqui naoe,
que se OUVimos ao Barboza, e seos pardais, nâo à nas;im mais cheia de omens doutos,
que a noea, e desbanca a todas as outras. Contudo nos estamos vendo o contrario, e tu
oconibMS. Mas eMaa elotfoe, que Iam wpeHdamnrtie ouves, Ia fiasnm impwsam em
um omem de tam bom juizo como tu; que, sem adulasam alguma, podes ensinar a julgar
a muitos dos que la se-jatam de entender as coizas. Ea razam é, porque aseatas, que se

(1) Note-se que «o Jezuita Fonseca» ainda hoje é consultado, quando se trata de
verter a Metafísica de Aristóteles, de qtw deixou opulentos comentários.
— 580-
todos nio iam verdadetroi, ao menoi o«erá uma boa pule. Mat ae tu tívcact «warninado
B matéria como eu, e thiow oa princqiiaa, qoo cu Utíno; nbaixariaa de sorte o ooaoailo,
(pie ficariammui poucos, e rarisimos.
O que mais me-admira nisto 6, que louvando eles tanio aos que nada valem, não
louvem aoB que aaima louvei, e nriraum ter com juttiM louvados. Destes fluem poooo
i

CBZO^ e so louvam a quatro ridículos. Meaeu. alem de que entendo a matéria, vejo que
eataa cmsns tio louvados por aqueles EUnageiros que fazem texto: e daqui é que se<olbe
um veniadeico louvor.
Dos MòdamOB louva-se de bom Latino o P. Antonio dos Reis, o P.* Manuel Caietano
de Souza, Antonio Rodrigues da Costa, os dois Alegretes velhos e mortos, c não sei qual
outro. Na verdade, sam dos nwlhores para la; mas tem muiu cuiza, que emendar, para
se-diarem bons; e muitos defeitos, que ao conhecem os que sio perfeitos nestas doutrfaas.
O melhor porem é Antonio Rodrigues da Costa, o qual nos muitos anos, que ca esteve fóra,
tOOMNl outro estilo, com mais inteligeocia. Li os dias atiaz as vidas dos Poetas
e escreve
Autm Púrtuguezes, m
que Auiooio dos Reie inserio no C»p$tt Bdutrtim Fotta if • adisi
defeitos tais de Língua,que fiquei pusnado. Contudo sendo das breves, e nio sendo estilo
didascálico, tinha ocaziam para as-escrever com a ultima pureza, que asim o-pedia o argu-
mento. Mas ali conheci, que náo entendia a forsa de muitas palavras. Mas vai tu dizer
isto m mn FDipino, e vetas se nio te^ um per de focadas boas pola lilaaftmia, que pro-
fiaiste: porque coitados entendem de todo O Seo corasam. que asim é, e que foi ornem

insigne nesta faculdade e quem quizer viver quieto oese Reino, não tem mais remédio que
ir com des.
Nem te-admires disto, porque ainda nos Reinos Estrangeiros a Lingua Latina nem
todos a-sabem bem. Florece alguma coiza em Inglaterra, e Olanda: mais ainda na Ale-
manha na Católica nada. Mas mais que tudo em Itália, e muito particular-
Eretica; pois
meote em Roma, aindaque aqui não sio demaziadoe os que a sabem ne ultima perfeisam.
Mas o certo é, que aquele estilo do século de Augusto, a que Cicero chama sine fiico, et
fIgmtntU, florece aqtd, e so nestas partes é que o-conhecem bem. Muito mais te-podia
dizer nisto, e midtat coizaa do noio Reino; mes nio quero dar tanto voo i pena, parte por-
que é matéria muito vBita, que nio seenota fbdlmenie; e iMrte porque o que dise basta
para a lua compreensam.
Mas não poso deixar de tMlfaer, que eu teidio feito inna pequena istoria Uttraria,
em que polas faculdades aponto oe melhores autores Portugueses nelas. Para este efeito
tenho-os examinado muito bem, para poder dar um juizo acertado. Mas nisto mesmo
conheso a mizcria da nosa nasám: pois são tão poucos os autores verdadeiramente doutos,
que em cada vez fico mais atónito do pouco fbndamento que tem a prezuneam vestisima
dos nosos. Nilo a-tenlio acabado^ porque não tenho tempo, c não tenho podido examinar
muitos autores. Nio selo daqueles» de que fala o Barboza na sua Biblioteca. Mas acau-
lelo4ne bem dos Juízos, que de dá: eoomminhninndeadmirasam observo, que ou nunca,
ou quazi nunca acerta nos seos juizos. "t*"''*™^* quando vejo que o Baibonn louva
com exoeso, entam tenho por certo que erra, como na verdade c. O pobre ornem, porque
nio sabe nem as ciências, nem que coiza é escrever cora juizo, acumulou unta asneira, e
elogios tam destemperados, que eu nlovitaL V. g. Entra aftUarno enrjo PIbtofieo, que no
fim do scculo X\'I, e principies do pasado publicàram os Je/iiitas de Coimbra com o titulo
CoUegium Conimbricense, etc. e para mostrar, que é uma obra maravilhoza, acarreta vários
dofioSk que fhe-dsnun variu pescas naquda tdads, ou vários JisBiitas Portuguezes da nosa
era. Ja sabes que a dita FQozofia é pura Peripatetica, digo Escolástica, que ó o mesmo,
que aio valer nada. Alem díso, os Conimbricenses nio entenderão bem a Aristóteles
em muitos lugares, porqtie nio tinhão as noticias da Istoria Filozofica, que ultimamente

Copyrighted material
— 581 —
SMliscotn-itflo ele Oode querar exaltar o meradmeoto da diu obra nesta em, com oe
elQiÍm,qiieeailolÍM»idMio^éiiln Hiilir a iBale(h,igDonr autoria Literária, eaicrever
sem juizo. OoMnofaz com os mais autores. E o que tem grasa é, fundar-se nos elogios
que dáo os Rflliflon» de uma Religião e cidade aos seos conreligiozos; como se estas ouve-
im dMf mel wt doe oulrai^ principelBMBle oiiemlo compoeoB peia escalter a Rd^jlo^
como fa/em expresamente os nosos, e entre eles o Jezuita Franco, que so conta maravilhas
e milagres dos seoe
(1). Enfim iam canas com canisos, o que ali se-ve. Alem diso mente
dwdciliadeineate v. g. quando attOm a Momeolior Évora (2) Bispo do Pwto obna,
qne axoai|wi«rlo pewaa wStúm» amlpt, que estam em Roma: e a outroe muito». Maa
paremos neste ponto, e pasemos outra vez a htoria Literária dita. Eu quero que morra
comigo, porque como esa gente é indómita, c não sabe que coiza é Critica; me-apedr^)ariam
w a^viíen, a ouvbeoi diMf , çftt eo aonelei aan oe onMoe veidedeifameole douioii Sei^
virá para noticia minha: e os outros vivam muito embora na sua ignorância: fartem-se na
Biblioteca um livro composto mesmo para o Génio da nasám. £u não
do Barboza^ que é
Mi ee tn Imi Hdo tal etea: mae alo deiaoe da »4er alguBia ^m, a vens que cooipoem fta*
qaeolaaaeme uma longa vida de imi oonow o qual oompoz wn soneto, ou uma decima^ ou
escreveo uma carta do Japam, ou fez outra tal fasanha Literária. Todos os Portuguezes
Oradores excedem a Cícero, os Poetas a Virgilio. Ninguém se-formou na Univecaidade
aenlooom i^datao da tòdoecs Mwtiee, acoizM eemeltMintes falsa». e tdae. Amiiorfiarla
dos Discípulos eram ja Mestres ainda quando crão Dicipulos. Se algum deles saio fòra
de Portugal, fez pasmar desorte aos Estrangeiros, que se-ãcárào babando. Se algum Estran-
foifo louvou a alfnni Portuguea, é um pude omem: «e o Eatraugclro cennirou alguma
oojza, é um magano, bêbado, ignorante. Todos os Pradss sam Santos, especialmente os
leroitt», e moorem tn odore tanctitatis. Os que compõem solía, também entram no numero
doe kindoe, a aan anáUoÊ mmÊmIuuã. Hm
dia palavia sem epíteto, e tabas oontnp
dilorio». Espedalments ulwenia as ooavaneoeaa, qua fia com os Antigos, que aio euoe»
lentes. Repara também, que sam poucos os autores, que se-batizàram; mas receberam
a grasa baptismal, renacêram para a grasa, e outros epítetos destes, de que largamente falo
na ndaha LogioB, quimio tnto do IVJmtbmo Rgmrte». Em uma palima, poueas oobas
se-chamam polo seu nome. mas com pcrifrazc, ou epíteto. Eu chamo-lhc a Biblioteca dos
nuJagres, porque tudo ali é milagrozo, tudo sobrenatural. Os meninos estam mesmo no
beno moatnmlo a aua ipdha mm
paia a» deocin: moilnm Ja ali o engenho, a agudea,
a piudenaa, e quazi fidam Latim, a vomitam textos. Outros aprendem aquilo em tam
breves dias, que logo sam mestres, ainda fedendo aos coeiros, e tudo isto sucede com inveja
dit outras nasoens. Nenhum ornem entrou nas Religioens porque seo pai lho-dise, ou
o-intimklou, ou para fixar vida a estado, a ter que comer; mas todos fentiftnm movidos da
um impulso tam sobrenatural, que se lhe-lia escrita na testa a vocaiinh e respiravam amor
de Deus poios olhos. Pois dos que asentáram prasa, não te-difo nada. O espirito de
Marte, a Belona tinliMaJha empceeiedo desorte do caraaam, qua aio lie-GaMa no peito:
andavam mesmo buscando pendências para dezafogar o seo valor, e fazer das suaa: edo
D. Quixote, que arremetia com tudo: finalmente sendo ja Portugal pequeno teatro para
oaeoaviíito maxdal, pasàram à Azia, ou Africa a matar Tim»s, que era um dezioao: tudo
ia oom oe Diaboa dinla deka: aata^Mi tMte oom o bifo: a qual ootro JuHo

(1) António Franco, Imagem da Virtude cm o Noviciado (...) de Évoia, Lisboa, 1714;
idem em o noviciado de Lisboa, Coimbra, 1717 e era o Noviciado de Coimbn, Coimbra, 1719.
00 Fir. loai Muia da Foiaiai da Évoeí.

Copyrighted material
— 582—
Cezar, igualmeote destros na espada, que na pena, compuzeram um roteiro da sua vknem,
ou wci wèrâm alpam
i earta. Admtà» kto m aidi paso tal B m M oitea, DMOitoqpe
eu quando estou alguma vez melinoolioo, e quero ler alguma coiza escrita em estilo dOK
seiscentos puro, puro, leio a dita BfUkOeea. Certo amito meo dise-me um dia, que ele nio
tinha lido om Hvro mais pnôndicial à gloria literária da nasám Portugnaai, porque louva
Mn ^h**^— ignoiantes, e doutos, e os-confunde. Que se o Barboza quizeae compor
uma coiza pesima, e que o-dezacreditase entre os eruditos, nilo podia compor coiza diversa,
mas fazer o que fez. Que se Ibe-tiram as citasoens, e venos iautia, e ooizai demecenrias,
ae-radoziíA i matada. E eu acretcenlei. que se lhe-tiram os aptetos» e os titulos das psaoaa
e as gerasoens e terras que la traz, sc-rcduz i\ 4.» parte. Aqui tens o que é o Barboza,
Académico do Numero, e Istorico do BrazU, com duzentos milrios de renda. Oiso dizer,
que o-loavam Ia muito, e com razam: Que a tab betaos tait t^aees apHeou wdàka IhàBa
ooawdizo Baia (I).

Emfim, amigo do corasam, eu tenho estado oje de perninha, e por iso te^arrímei este
panai, que não é pequeno: e persuadindonne, que falava contigo, deixei correr a pena como
flonito Ili»i«noeo. Nk» a»<|Deria menoa, qoa una aamria no pé, para roe-dar lugar a
escrever tanto: porque ca costuma-se negar um omem, quando está molesto, às pesoas de
oeremonia, e so fala aos amigos: os quais oje não vierão, mas viiSo esta noite. Tu pedes-me,
q!M8 te sMtw nMiitaa¥eaea;eea«qoenlofriwaolÍBW.cscw¥eie Ínniaporni^
HWai tanto, qoe tu te-arrependas, vendo o volume, de mc-tcr dito, que tc-cscrcva muito:
A fortuna tua está nisto, que eu a-mandarei por mar na primeira ocaziâo, que te-prezentar.
porque de portadona nlo n»fio, que lognott nadto: e «Maa alo tfo oattaa para
soiíerderem.
Tcnho-tc escrito com muita clareza, e nâo me-alargaria tanto com outro, e nem tanto,
nem menos, porque eu para ese reino nâo escrevo senão o que se-posa ler. Acautelo-me
oin todoa por dhMW laaoeaa, qne todu ocnapilio ao lim de vivar qjula^
mnito bem o génio dos nosos naturais. Tira desta carta as noticias que quizeres, para rires
oom oa antigos, e queimada, paraque não se-v^ a minha letra, nem se-saiba que 6 minha,
nem se^onlie. Se ne^ilo conformo em nwitas ooisM com o teo parecer, tem padenda:
não sei adular aos amigos: esta é a maior prova, que to-dou da minha sinceridade • afeto,
o falar claro. Mas com toda esta diversidade depareceres sempre a vemos de ser amigos
como de antes: aindaque eu entendo, que a contrariedade está somente na aparência: e que
se tu memuviseB, oa SBOsliseano que «o to-^p», eoneordarias hdhneote comito: ponine
finalmente tens mui boa capacidade, tens aplicasam, tens docilidade de animo, c, como

asixna digo, tens feito mais progreso nestas matérias, que muitos que la as-profesam. Eu

a enmtnalas, e abrasar o bom; considero-o, digo, não lo meio commtido, mas adiantado:
posque ja tem vencido o primeiro Inrranco: ja superou as preocupasoens ou prejuízos da
menfaiiie, e do mao costume: e é um terreno lavrado, e bem preparado, que não lhe-falta
mais que receber a semente para prodmir fruto. Esta semente em ti, que é alisam de algnna
livros bons, ja se-semeiou. Scgue-se agora, que continues, e leias os melhores autores, e
nunca abrases uma coiza porque to^izem, mas porque a-razam to-persuade. Rúo naquelas
matmiu em qna podmMpr: porqpm aaa ootttt é neoemrio que ao prindirio cadit à auto-
ridade doa omeoi da bom foato: eom o tempo jolpuia ta taBBbem.

daa na Ante RâuoÈCIda (1716^

Copyrighted material
— 583 —
Especialmente te-eooomeodo, que Datas uma boa ptovisto de Logidu Que leias a
míadiB oomo nMlm, e »«iiteiidfl* ftuhmnnulmwilo. Obnnía (o que mil pmm te aio
observarim, nem sabem observar) o flMlOdO abltettoo com que vou ordenando os capítulos
desorteque uns náaam dos outros, e finOiteill a iotcUimcia dos seguintes. O juízo com que
Bio ihwaopriiiciploSiqDeBBoscjMBcvIdBiitestiwewwido paia aenotM
que so servem purz os mestres acharem o comer feito, c poderem rczolver as dificuldades.
A clareza com que tudo está escrito. A ordem darisima do mesmo método, não so na
di^Kaisam dos capituJos entre si, mas nas partes de cada capitulo, em que sem cauar ao
feitor tiro por ooróiarioa a^las verdades iaduidas, e qn» Amninlo o aaliaiMiiiBalo» Ve
a Odfrioza erudísara de que está ornada sem Tatigar o leitor, mas que nace naturalmente das
lHifmff^« da matéria. Observa, e peza bem a utilidade dos preceitos, e a sua grande exten*
mu, pote omiM a pemar bens cn toda a íimorlhi qne é o verdadeiro ftn da Lof^ca. Gon*
sidaia alem diso o muito que digo em poucas palavras daquelas leis. sem porem faltar à
cfaieza. E finalmente quantas ooizas utilisimas se^cnoerrâo naquele pequeno volume,
dispostas todas oomo unn perspettva, desorteque omtt alo OB||ia>l m
a viMa de outras,
i

o todaa wiJmem ao fim de ensinar a pensar bem, e apeiMMMr o jui» paia aa aplicar com
fruto a qualquer faculdade, para raciocinar bem consigo, com os outros, e mostrar verdadei-
ramente que é omem. Tudo isto ali se-acha, escrito com grande juizo, e delicadeza de bom
losto, e aieganto Inriaam QoantoaaclMMtutaeqiansdeibaBMaBtodHastaBrslleiioeas,
o perceberem que ali não á coiza, que não esteja dita, e feita com juizo, e com artificio?
8a te-diser quam poucos, ou quam nenhuns sam, nâo o^rerás. Pois eu tudo isto explico
brevemente na prefiMam; o oootiido ainda h idU> vi, qnem refletise bem em todo. Tahes
nem tu terás feito todM aUas reflexoens: mas terás aprovado o livro, ter ti á
e não terás refietido porque razão te-agradavam certos lugares. Quizera porem que refle-
tise», para veres, que sucede nos livros como nas pinturas: todos vem o mesmo painel, e a

todos agiada oonanaMila nna baia fignrat ma os pintores bom vsns oa wusculatnra certas
sombras, que não chegam a ver os outros: e sabem dar razão de qualquer pinsclada de um
grande pintor. Asim lambem os omeos de bom critério, e bem fundados na boa Lógica,
e rrf*vmf*^ a refletir, vem o adnm noa livros aquelas grasas, que os outros nio vem.
T. g. ca Ara todos adiam na minba Lógica, alem de uma vastisima erudisam, que é o
menos, um bom juizo, e por iso a-ensinão publicamente em algumas escolas, ainda de
Regulares, que appreferiram a outras modernas. Desorteque é gloria grande a minba
o-dteMMequaadoàingoeiíliodlBtOjaia^Mfaa. Acklo ao 4^araro o mesmo jniio, o
delicadeza. Contudo o Autor do Furfur, e do Papel, que tu citas, so lhe-acham erezias,
asneiras, maledicência. Ve a diferensa dos juizosl ve que cabesas e que entendimentos

Concluo pois, e te-encomendo muito, que nunca estimes um omem pote erudisam,
mas p(Ao acerto do juízo (1). que é aquele que oonstitue os omens grandes: porque erudisSo
sem juizo, como íuem eaes amigos, não vale nada, e mostia a pobreza do espirito, digo,
do entendinasBto de om emdito. A erudisam é oomo ss pedras preciozas, que se nio sÍo
engastadas ou encastoadas com artifído. nw aaiontoadas, publicarám que um omem £
rico, mas juntamente muito tolo. Para adqoiíir pois este juizo, vale muito o estudo da

FrifgifflT de^poto a ttan doa mr^M^ft Gritfooa: teroiiro f"»*—


t«*» ceansundo ooai Jnteo

0) A oMttpm: NMa B«o. OB oaHa paiM» itaialeiltfhcQi

Copyrighted material
— 584-
taloi, e «mendem os nom etrot. Uto tguda muito: isto 6 o que neae Reino falta, onde
dos trUeoÊ modmot Egirtmgtim alo aebem nem o nome, e não i gente, que enpiiqBB
a isto. Por consequência, um omeiD,qpeiiloaeiodeae|MB«iiÍopodediqBiraobaai foito
Estrangeiro oestes particulares.
B aqui B»-vem à mamock, qne oat das naoem, porque ae»e Rdno nlo se podem
pron^over com fruto os bons estndai»è, porque não tem noticia de Jurnais Eruditos, {fOêÚÊUk
noticia dos bons livros, que Miem nos ditos Reinos: e muitas vezes são criticos, e dm
juizo deles. Quem le estes livros, que sfto inumeráveis, é que oonbeoe ss obras que saiem
•s novas edisoens etc. Om «les Unos sei eu de certo, que nio vio para la e se algum rari-
sinto pilhou algum Juntai, tem-no muito bem fechado, e o-oomum n;lo tem noticia díso.
E so tendo-a e revolvendo-os bem, poderiam ver se la se-publicão os livros que ca se-impri-
mem. Atem diso, n naiáni PortogueBi tialia neoeaidMie de um Jmmi Bomgaa. Mn,
que livros se-refeririam ncic? quatfO SemHMS» e ooizas semelhantes. Coitadinho do Jtir-
nalista, se quizeae dai juizo das oteas: aerbi mriH», erege^ impiOf ateo, etc. sairia logo uma
Mllm enoÉMido qvem en seo nN>. e btawo, e oofa^
oom todos os Diabos. E como esa gente nSo se-pode enmiiiar, por iso digo, que mnca
poderá lustrar, nem adiantar-se nos bons estudos. Tso sam cafres do Diabo, que por blta
de noticias de livros, vivem sepultados em uma incrível ignorância: e desta nace a preziuMlo
do ssnm doutos: a dsita ptasuosania a sobsite nãos taintiwn a msledicwiris cootn os
autores, que os-qucrem alumiar. Tenho dado o meo recado.
Agradcso-te as outras noticias literárias, que me-dás que nào obstante não me-per-
tsoosvem, sempre gòsto dslas. Aquela do Fayoo 6 piam». Mas nlo devemos o«r o que
ele diz, sem primeiro ouvir o que responderia o opositor: porque aem ouvir ambas as partes
nio ae-pode julgar com acerto, e justisa. Alem diso, polo que tenho ouvido a pesoas, que
terio as ditas obras, pareoe-me que o Feuoo n<o i pesoa capaz de brigar com o outro: e akm
diso Bsbeam mui bem, que o PstKwè um iiwoFSripatetico,e por consequência, que nSo 6
apto para julgar sem preocupasam, c talvez nJoeoleadaciaoqtlSOOatlOllia-diSS. Masdss
la ae-avenbam, e nos vamos debicando niso.
ma cana mu cnsia oe posnuw, e uwiueus» nao lepaivs mso^ poiqioB oono e mui
comprida, e escrevo sem meditar, mas so o que me-vem à boca. tenho a Uberdade de imitar
a quem está compondo, que emenda o que não lhe-«grada. Talvez emendaria mais, se
tivesea paciência de a-reler: mu
não poso, porque jaé um volume. E quem sabe se paiaie»
mos aqui, e qna alo ma-wenlia outra entuiiswio de escrever mais aipne ooiat: o qoa
pode mui bem suceder, porque isto vai a parágrafos. Emfim, com os amigos em cartas
compridas tomo esta Uberdade, porque nào quero estar estudando as expresoens, como
nas bwveii A
Deui» ffiit diept ssole aton» elc>
Bttaanoa em 7 do vm.

Tonwàcarta. Onlam acabei a carta de estoiro, porque veio gente a vsmds. Afon
^Modobiaaatw carta avianabalguma coiza a que responder, acbo-me no fim oomo lOHMe
sobre que me<onsultas, e com a critica que fazes a outro soneto. Confeso o nao eno:
aquele 1.° soneto pertencia ao segundo ponto que dividi a resposta, bemque O 2.* aoiielo

me-desculpa, e taoíbem o comprimento da carta, que mataria a qualquer outro, que escrcvese
com a fadlMade com que eu o-faso. Mas darei razão de mim, e comeso polo
ultimo.
Quando eu que aqueles sonetos Itamm feitos á msis de dezaseis anos, tinha
te'diseie,
respondido o que basta: porque eu confeso, que quando sai dese reino, aindaque tinha
muitas outras noticias que nào sc-achavam no comum dos nosos coetâneos, oào sabia

Copyrighted material
— 585—
poreoi, que ooiza era bom gosto das Belas ktns: e 16 anos de estudo podem, e devem
miidar BMiito * um omem o qual por iio menio nlo deve aer arguido dos p
:

niae,nem dar satisfasám deles. Vim de Ia, e o-confeso para minha confuzam, com muita
Moeii» na cabesa, com as quais me-criàram. E oio obstante aJguns omens, que tinham
corrido o mundOf mc^laerenit que ca fòn se sabia multOi o beo!» 9 nwllior que to^ nlo
me-podia despir de todos os prejuizos comque me-tinhio criado os meos mestres, que
me^ltziam em bom tom, que os Estrangeiras sabiam pouco, e so os Portuguezes abismavam.
Isto me-diaeram os Jiandtas milhares de vsna: e ainda ca alguns Jezuitas Portuguezes
BKMepetirio varias vezes. La dízianMne, que ao oa Po»tngueaes sabiam, e doa Portqgaeas
ao eles levavão a palma em todo o género de especulaann. Desta sorte, segundo o seo
louvável costume, me-Aziao olhar para as outras Religioeos com um interno desprezo

â pouco me fui curando.


Mas considerando agora o dito soneto ao Moizes de Buooarota (l), não me-paraoe
qii>tMatodoaaqiriaadBfcitea,qaetttlh>i tfiiis (algum OiagdioeiOc que >di^
nloóeieni». OaonetoéMte:

Dt tolde a-feres: sem razam rogala

Bem agora queixozo da ferida


Fala Miíues, e a mesma pedra fala.

Tam âimta proporsam soube animala.


Que a voz lhe-deo, pois Ihe-iitfimdio a WUta.
E agora desa ii^uria reseatida^
BàkKá9 Nwds; iifiiiiiftiiiiiiiiii cola.

Se Moizes nesa estatua te-falàra^

A lista Ana; a artê trnutínta.


Na m, qm pnfirtm, pMeàru,

Se é estatua, é de ser silencioza,


Qm a vos com qualquer orne a t^ pátoeára:
O rtlwrfa «hébtíupm, tfaifimma.

Heite soneto, as palavras falar a pedra, aiiimala, infundir a vida, que sâo as que podem
cauar duvida, estam também explicadas com as precedentes, e subsequentes, que ninguém
se-pode enganar oom elas, e dammente que aam metafoias, e ipeiboles, e samiire
se*vB,
w
o pea BUlo ioa verdadeiro. O Poeta praaegue a ideia de Buooaiota, qno dmuh tom
um pao na estatua, e dizendo-lhe que fcdase, queria dizer nisto, que a dita estatua reprezentava
um omem tam verdadeiro, que so Ihe^altava a palavra. Não entro aqui no exame deste pen-
Mmeolo (o qual poram podeae deAader «togorfcamealeX um dedaio a ideia do Poata.
Este não diz que a estatua verdadeiramente falava; que tinha vida, e/c.» 1IM8 SUpondo com
O Burooarota, que ja estava animada a milagre da arte, declara o que diria a pedra neste

0) IMO é: à cMAtna da MoWv, da autoria da Mignsl Aagalo Bttamuroití.

Copyrighted material
— 586—
cazo, ou o que deveria tHzer la eonsigo, se estivest animada^ e devese r^rezentar a figura
ie tMtatm. Que este é o wrisiiiiel Foelioo. Mortra, que com nuio ae-deveria Motír do
qoe pedia Buonarota. Que é verdade que a arte a animàva, e niso mesmo lhe concedèra
ft fimldade de falar (isto querem dizer as palavras, a voz lhe-deo, pois, etc). Mas que se
fidàim, teria um vefdadeifo oiMa^ c nlo eitatim: temto
fica o ser silenciozá) não prejudicava aos primores da arte, e observava o ser de eetatu^
Este pensamento é belo, verísimel, porque é bem deduzido do que dise Buonarota.
Fabamente e erroneamente falou Buonarota dizendo a uma estatua, que íalaie, porque
iito nlo pode aer. Falsamente supoz que a-tinha animado com a deatma • ancelencâa
da na arte. Mas supostos estes principios, o Poeta discorrco bem, c observou o verisimcl
Voetioo. Damesma sorteque é falso, que ouvése Juno, e Eolo Rei dos Ventos, e que Juno
hripw oom Yenoi, «te. maa aapoitaa eata» flrimln, que oa antifoi vulptat admlllam,
VIiBÍlio discorreo coerentemente e observou o verisimel Poético, nas tempestades, e des-
grasas, que fez padecer a Enéas por esta cauza. Aquele verso, Fahmdo muda, atentamente
cala, explica tam bem a mente do Poeta, que ninguém, que saiba refletlr, poderá duvidar:

poiqua fljttrwff^*» moatia, que alo fala absolutamente, mas na ipoteze dita: e dedara
também as palavras precedentes, e que não lhe-atribue voz absoluta. Donde concluo, que
a tua critica nace de não teres reâetido, que o Poeta não fala ábsoluiamenie, mas ex kypolesi:
niito f»«lfira. e oom ialo ae4eH)l«B a dificuldade que poda aaoer.
Polo contrario, Marcial atribuc absolutamente ao artífice, que deo vida à lagartixa,
• aos que a-vera, que tem medo dela: e isto okUz secamente, sem palavra alguma, que
o^nodifique, que 04Mtriii!}a ao lentido metafórico, etc

Inserta phialae Mentoris manu ducta


Lacerta vivit. et limetur argentam.

Onde Maieial diz duas mentiras mui manifestas, e mui gordas; e dois imposiveis,

que aio aai^odem entender, que iso é o que w


criticou nele. Náo tenho tempo para aplicar
cata doatrina «oa outros paaoa, que la dto, principalmeiite de Virgilio, que eatoo oerto,
qna imdlDa aio oa>cntenderám, nam obstante eu me-explicar na twta, que pus por baixo.
Mas eu o-prevj. e por iso dise na prefasam da Lógica, que nenhuma arte se-pode entender
bem sem um interpetre (sIc) ou mestre: o que também se-verifica dos livros.

Com que reatituamoB a oom ao tal iODeto: e deíxaoioJo ficar BO estado doa medioGr^
pois cii n;lo o-dou por coiza do outro mundo. Eu dei aqueles sonetos copiados de OUtia
mão a uma pesoa, que para la foi, dizendo-lbe que erão de outro, e não desgostou. Peao^e
ponm» qiiB qusimes o original doa tres que tennaiidri, qn» ala qpim
e eM fiivor sem fUta, oon» taodmn deita iRwaale carta* aind
da tua mam.
Vamos agora ao aoneto, que mandas para censurar. Eae é o meo irra dizer o que
eutendo diato, powpie nto sei o que entenderá» tu, e julgMA o autor. Mas aaia o que nir.
Não me-parecia porem, que este era soneto que meiCCeaB milldiros nifi pedir a ceasura
ou que devèse ocupar um omem de bom gosto.
Todo o soneto é niiaemvel, baixo, e um peasar Ratino, digo de Frade Jaooiwo. Os
versos sam forsados, c cheios de cunhas, v.g. o primeiro, o sexto, o duodécimo, e o ultimo.
No primeiro acho um erro de Gramática, que é a repetisam de dois relativos «a Menga
A» faltava»: porque aquela partícula a, que é relativa ou demonstrativa do posuidor do
dano. bastava: e o As sobra. E este pleoBaimo se is admite em gnwea casoa; ou no dis-
curso familiar, etc. mas aqui não devia entrar, c muito menos anteposto ao verbo. Moitas
aa floresta não me-parece que estám bem: e muito menos me-agrada, inquirir moitas:

Copyrighted material
— 587 —
porque Mte verbo não quer dizer buscar, nu» m> ae-q)lka ao Utenrio, ou quatí lUerario.

Tkmbem nio me-fwreoe bem, que o Poeta oootnpoiíka Fk resta « Campbm: porque a cam-
pina tambcm pode ser floresta, quando é semciada de flores, pois para ser campina n3o é
neoesario que seja liza como o jogo da bola, ou da pela. Tambon alongar os olhos náo.
mo^icnMlftS flcolo é çptifai cjn towMiii o vsAo éhugút wn outro aaotido. Ehi maia dapraia
diria dilatava,que explica mais para todas as partes, pois é cuto, que ela nào olhava so
para uma parte. E este verbo ja está recebido por alguns, ou par4he outro igual: espraiava.
Siitís murmúrios não tem semelhansa alguma com o balido do cordeiro. AmaÉmifoctíco;
mat o fita, que aqui entra por cunha, eu o-mudaria, como também todo o wao, qoú tão
mc-parece tolerável, mas sim pueril. Os Tercetos também tem coizas em que reparar,
especialmente o ultimo verso, que é ridiculo, e languido, e cheio de epitetos forsados: quando
devia ter io om epíteto, qae diathigueae a oai«g th eerdttv, digo, que «qJicaae qoe se ftlava
meUfcriCMaente e de Cristo.
Atèqui falei oo estilo. Vamos ao ixaMamento que é pior, que o estilo, e em que se-ve
inBÍaoflData,eoaeojafagD. O Pioeta alo lama a iMuabola no sentido Oiamatioo,qtie quer
mas no sentido ecleziastico, e do EvaqplhD, em que significa
diaor oaniplt» e eiutipanaam,
comptnrasam enigmática, e alegórica.Isto suposto, o principal e esenctal defeito do soneto
está em a soiusam: porque a comparasam alegórica não deve explicar o
trazer consigo
mistério, mas deixar a apUciw ii ao leitor. EÉto 6 o estilo das parabolaa do Evangelho,
(e de quazi todas as do Testamento Velho) as quais Cristo não explicava logo, niM

alguma vez explicou em particular aos Apóstolos, porem ás turbas propunba-lliM


sem soiusam.
Mas nSo está aqui tudo. Acfao que O ooooeito em si mesmo é falso. Que verisl-
nulidade tem, que a falta de um cordeirinlio aja de pòr a pastora no alento derradeiro, em
estado de Ute^iarem a sanu unsám? isto é um destampatório, pois todos os dias perdem
«las oonMm» e ootras rezes, sem fazerem o mínimo espallwlht»» e omito meiMa tam
estrondozo. O mesmo digo das diligencias incríveis, que fkzia para o^kchar, e das trhtes
magoas que derramava. Tudo isto é inverisioKl, e falso: e por iso a parábola falsa, e

Tunbem comparasam: porque o Poeta floBS uma coiza falsa e inverísimel


l falsa a
paia provar um ponto tam grave como aquele da perda da vbta de Deus. Onde argumentar
do fiilso e inverisímel para o verdadeiro, nlo me-pareoe coiza de propozito. Dirás, que o
Foela aupoan o antecedente por vMdadairo. Mas eu respondo, que aapoem mal: porque
ao se-faz esta siipozisam cm coizas que sucedem todos os dias, e devem suceder. E esta
é a esencia das parábolas. Mas aquele fingimento nem sucede, nem deve suceder, oera
poda anoedar, 4|nB am cnnUw MWMt fiM $ab aMmwi no eotvtUo db fouontt podecá
produzir um leve dei^ Ott ifaidaaflcujiiiaaqiieiiio tem aiiÉlQgiacomapt^^
bem infinito.

TandMm 6 fidia a comparasam por outro principio gnvisimo: porque a pastoia na


auzenda dezejava de todo o coiasam ver, e posuir o cordeirinho, e «Monni» oon extremo.
E 08 condenados nem amam, nem dezejam ver a Deus, antes o-aborrecem como autor das
penas: e, como dizem os Santos Padres, dezejariam a destruisam de Deus se fose posivel.
Onda aqwto «(M' a annicia do eocdafio • o jeNiil> peida da vista de I>w etannn^
nlooonvem senão aonaBIO»e tem uma díferensa infinita. Este é aquele defeito do soneto,
qpM lofo ae-oferece a quem o-le. Porque claramente se-ve, que o Poeta no ultimo terceto
mpueui» 4pie aqinla alnay qne ae^ide priwr ât MMmMM da virta de Deu, dentiaria aonela
fiMt. OPoeta participa do sentfanetto daquela alma, e explica a magoa qoe padecerá
por nio poder gozar de Deus, i imitasam da Pastora etc. E isto é falso: porque na ipote»
da candmaaam, a alma nio tem aquela magoa, nem deacya ver a Deus: e daqui naoe a ínve-

Copyrighted material
— 588—
ristmilidade do oonoeito. Acmoenta, que as palavras ouzencia breve «ipcmm, que logo
flmpoimMíBpoveoqmwiBoootddioteaataóoutiaditeei^ àkptráait Dtti,
qpwnlo se-pode recuperar, etc. Aaimque argumentar da perda de um bem, que em breve
poio awer, e devo aver, pai» a perda de um bem que nunca poso aver, e para o ooodenado
nlo 6 bem, antas o<oniiden oomo cauai do teo ml etc, nio è aiBumeotar a màbrt ad
ndms, como devia aqui ser: mas argumentar a re una ad aliam in omni genere diversam:
que i o mesmo, que argumentar, e comparar mal. Esta parábola ou comparasam mera do
soneto vale o mesmo que se eu disese: «Jozé v.g. não pode estar sem ver a Maria, por quem
morria de amoras, um breve dia. Lofo oom naiita mais lazam um forsado da galé, ooo-
denado a ela por toda a vida, c quetsvepor pena ser atanazado todos os dias dc sua vida,
sentirá iniinito privar-se da vi&ta daqMla juiz, que o sentenciou e conserva na tal pena».
Ben vea, que a lasun é a mesnoa, oom a devMa piopofsam: a se flnea a awalM do aoBôto»
como asima faso, achacál» que vem a dar nesta explicasam. Asimque, concluo, o Foeta
pecou ao pensamento. peeoMmqptícasam ou eonyparasam, t pecou na íocmam. e fez umioaeto,
q^ nem íamos lBMa«
liis paieflaaa owir4e dizer: Tsfflos ainda mais que díaer oootia o soneto? teaho
por certo, e podia esmiusar muitas coizas, mas não é neoesario. Do que tenho dito com-
preenderás o merecimento do soneto: ou ao menos compreeadecás, que amim n&o me-agrada
poiaa ditas laaoens. T\i jalga o que te-paieoer.
Agoia me-tmern umas concluzocns de Filosofia Moderna defendidas não á muito
neae reino* paia me^nostrarem, que coiza sam omens grandes. £u corri-as logo com os
oOiOB para admifar. Tomàra que e«i¥eaes aqui, pam iMOOstnr os erros que ten, e a
embrulhada que nelas se-ve. O ornem tem por certo grande talento: une coizas tam divemi,
e encontradas, que nos ca nunca pudemos unir, e nem menos entender. Nam é isto ser
um omem muito grande? nam é um engenho elevado, e paradoxo ? Se eu te^iuizese amofinar
oom pennatas, repeteria aqui, o que asima teimiuniei do Barbosa, e mais Académicos,
se este era um daquele-; omcns a todas as luzes granita, ^ue sabem dar às coizas o Justo valor?
Parece que devia ser, e que senlevia esperar iso. Mm nlo te-quero matraquiar mais paraque
nlo desoonfles. O pior è, que eu estou metido em uma de meos pecados por conta diso.
Pedem-me que as-aprove, e louve. Mas leve o Diabo tudo: iso não Tarei eu, aíndaque
me-matem: e enfade-se quem se-eníadar. Não está má galhofa: eles fanm aweims, e
querem autorizalas com o testemunlio dos outros! apre la.
Amigo, esta carta está fUta de tias jatos, a ainda é carta. Pede a Deus que alo
me-venha 4." jato, que então certamente te-mato com a escrita. Perdoa-me alguma expresão,
que não te-agradar, ou de que não gostares: e conserva-me aquele teo amor delicado com que
tratas aos verdadeiros e intiraoe amigoa. B di-nM de quando em quando novas tuas, e
novas litc^a^ia^: c \aí catechizando alguns deses dc melhor talento, para tens OOm qusm
fálar: e aviza-me se pregas oom bom suoeso. Deus te guarde etc.

Muito teu
L, V,

Esquecia-me o melhor da festa. Remeti por mar a nxo irmam Diogo uma orasam
Ptetugueza. redtada nas exéquias do deftmto Rei D. Jòio nesta noaa Igreja de S. Antonio^
paiaque ta-remetese logo. E se queres mais alguma, ainda ca tenho outras copias. Bia
foi recitada pelo grande Je/uita Pedro da Serra, aquele grande omem, de quem dizem os

Jezuitas Poetuguezes, que abismàra Portugal com as suas predicas. Ela chama-se Sermão

Copyrighted material
— 589 —
pnegado nasexequIaBictmtaimPtpíilko. Teve a felicidade de dezagtadar i maior parte
dos PortugnaM» afimide índouto», que a-ouvirlo. tirando alfUH apaniguado» do uitor.
E os Italianos, que a-entenderam, diserão claramente que o autor merecia atanazado por
premio. £u lomàra ouvir o que dizia oeste cazo o teu Barbadinbo, que suponho diria coizas
boaa. O que ea digo é, que ali M-ve o carater doa Joeoltat Portugueaet, e dot noeot Pieca-
dores. Nem sabe narrar, nem amplificar: nem entende preceito algum de Oratória. Aquilo
è o memo eoAou em corpo e alma. £ também diz mentiras bastantes: eotre as quais nio
é a menor diw, que Ekel J>. Joio tao
nrimn quando no seo tempo é que os Filipinos as-comesârão a-ensinar com apUmio: e o
mesmo Rei mandou imprimir a Filozofia do P.* Joam Batista da Congrcgasam. Repara
especialmente naquelas oaos Portuguezas, que levavam a Cristo para o Brazil, e trazião
de la diidieiío: (ao que lespondeo om FkiÃido com falaotaria: Nto mostravam, qm km
negociar com Cristo) clevavam também Jesus nos Jenáias, Finalmente repara em tudo,
e não percas uma palavrinha, porque tudo é bom, engnado, bem ponderado, e bem expli*
cado. Cbnsidera tanibem « Introdusam ou Relaaam das Exéquias que é engrasidirinia,
e comesa explicando o Cstechismo. Foi feita por outro Fmdi Fortuguaz ornem inriVM
em tudo. Emfim estes asneiroens até ca vem injuriar a nasám, e confirmar os Estrangeiros
na opinião em que estio, que os nosos estão por conquistar. Considera tu agora como
estaria eata alma, qnandopok niinlia ooopaaam me^ obrigado a ouvir sumr aipi^
uma ora e meia dc relógio, e isto em sima com um modo de rcprc/cntar pior que o mesmo
papel, e ele com uma carinha dc coco, falando em língua do Alemtejo, e asoando^e à sobre*
peliz! oomidera isto, e tem dó de mim.
Compàra alem diso o dito sermam com a minha orasam. em que, sem dizer uma mentira,
volto EIrei e o-ponho naquele ponto de perspectiva, que parece melhor, e dá uma ideia
talde si, que parece um eroe. A arte com que esti feita aquela orasam poucos a-conheoem
e nenhum a-pode entender bem, sem aabar ftMi^h|wiw**lnignty a vida d*EIrei D. João, e as
paixoens que tinha em varias coi/as, que muitos interpetravão (j/c) por virtudes. Mas
pergunta tu por iso a um Jezuitinha, ou a outro tal ridículo, e verás o que te-respoode.
Kta nlo slo pnra aqtwles mMoe semelhantes compoadaoena, nem tanriiem o modo
di ptmr ftnbdeiro. e acenado, que se-observa em todas as muitas obras, especialmente
naa dedicatórias, e panegíricas, que são as mais dlíicuitozas, e em que se-ve como
pann mu ornam, so como ornem, ou como rapaz. A prefasão da minha omsam foi muito
estimada.
Tenho ainda este bocadinho dc tempo, c leva mais esta. Lcmbrou-me que aquele
aoocto da cara feia, poderá fazer-te alguma duvida; como me-dise certa pesoa, que tizcra

a outros mnitoa; por iso te direi sinceramente O meo parecer. Eu também convenho em que
tem algumas oofaãn, que me não agradam, mas não deixa de ser tolerável, ae couaidenmos
toda a oconomla do soneto. Cuido que se^ve parafrazar asim.
«n^ ea feia, mas oom tal extitmo, que à tua viata a meama feialdade ae pode dmoar
bda 0ato é uma iperbole, mas dita por modo Poético). E namobstanteque uma ooin
eaoeaivamente orroroza obrigue a voltar os olhos, e a não querer vela; tu porem, com uma
nova eqiecle de prodígio, oonaegucs por extremosamente feia, aquele mesmo tributo, que
outn oons^ttlria por enoeaivaBHnto bela.
«E a razam disto é: porque vcndo-sc a tua cara tam pasmoTamente feia, t(?dos te-poem
05 olhos, e te-observam, convidados pola raridade dcse orrido aspeto. Nem á que admirar-se
de cMIuBietu, porque as ooiías comuaa, e que todos os dias vemos, nam eitcítara a noaa
onHenidade mas uma coiza tam rara, como tu es, eficazmente a-exdta. E esta mesma rari>
:

dade adula a tua vaidade e prezunsam, pois vendo>te tanto observada, cuidas que 6 oba»*
quio, e que to-ftm por saras muito fomma.

Copyrighted material
— 590—
«Mm eoganas-te. A verdadeira beleza de tal sorte excita as palxoeas do animo,
que oepm o «otendimeato, e iilo »'de<xlo ooMidem
nem nem os ocultos ou disfarsados defeitos, que se^tcham no
as verdadeiras perfeísoens,
objeto amado. Mas a fèialdade como não prende nem cega o entendimento, dá lugar «
qpe B-fmamInriB CMb vn mis todu as partes do olgelo oncndo.
«E daqui vem, que todos com tando disvelo e miudeza vam considerando uma por uflM
todas as tuas monstruozas Teisoens. De que se-segue, que estás muito obrigada à tua
fUaMade, pois por ser extremozamente orrenda te-dá merecimento de ser observada, o que
olo oomapiiTiii, se fàiea mpiiiflrmmiiitti fefaL
SupOftaesta parafrazc, que me-parecc, que explica bem a mente do Poeta, n;lo acho
que condantr neste soneto antes me^rece, que é uma iperbole muilo bem discorrida. Suposto
:

o aMBito ser a mm
earv fiMttie/Mi # íIuvohmUs, o Foetft paiB engiainleeer isto deve mar
de iperbole, e de iperbole verisimel poeticamente, como esta. O que ele fn/, Vejo alem
dilo» que no grao de iperbole todos os conceitos ou sam verdadeiros, ou verisimeis: e quazi
todos vertsimeis ainda no grao de discurso íiuniUar. Onde q:ue ooiía oondenio neste soneto
eaes asoeiroens, não entendo eu. CoaMm-o tu com oOm» dcn|Nl»MMdoa> e veiit qoe
miste à mais rígida censura Poética.
Amigo do C. Tenho escrito oáo uma carta, mas uma disertasão: roas como fUo em
diveiMB naleriÉs, em que tu me toem, nlo debu de snr carta. O
que se segue acom 6,
que tu me-cscrevas largamente todas as vezes que te-parecer, e mandes a carta ao mano,
para ma-remeter por mar na pirímeiía ootúuotuia que seofereoer, e isto mesmo lhe-podes
reeomendar. OBrtamem» *o ta me^podias eonvidir a «aenver tanto: porque teidio tanto
que fazer, não poso perdelo nestas escritas: multo mais porque me>vejo obrigado escrever a
muitos me diferentes matérias. Regala-te: e segunda vez a Deus etc. Sim tinha mais outra
coiza que dizer, mas por náo querer escrever mais, fico aqui, etc.

(Sem assinatura)

Ideia de uma tradosio boa.

Prouvera a Deus, Eminentisimos Cardiais, que eu nesta ocazião me-achàse posuidor


de tam singular doquenda. e com tanta fima pam mB«qiIlcw, qoe avando da aiagiar at
virtudes de D. João o V rei de Portugal, pudese dignamente conrcsponder a tam nolMai|D-
roento. Mas tantas e tam graves reíkxoens se me oferecem juntas no principio deita oiamait
qna in^wnftwwtem, me^rtuilNHn, e qnui m^lmpedem o dizer. Em primeiro Ingv
vejo-me oprimido com a mesma abundância, e singularidade do argumento, que i tal, que
se eu quizese somente referir uma por uma todas as partes que encerra, seria na verdade
empcego dificultozo: mas conipreendelas todas, expolas, amplificalas, como deve fazer um
Oiãdkir, é tem companam muito mais dMculteao. GmaMne tandien outm
circunstancia, que por si so deveria animar-me,e conso!ar-me. porque é a uidOtqiMdll^Uíl»
e em que se-fundam as esperansas de todos oe Oradores; a qualidade daa pCMMt a qnam
fidemt qoBio dfanr: primeiro a nanmlade Bdediitica dm voeai peioai, o Oudtaii, qoa
mais tem semelhansas de divina, do que de umana: despois a odebridade deste auditório,
em que observo uma notável distinsam de pesoas, uma grande quantidade de ouvintes,
e uma inexplicável curioddade de ouvir o preoente elogio. Nem somente a voa autoridade
• li^eilc^ ò Gwdieis, mas a voea grande doutrina poderia intimidar a qualquer amem
eloquente, e bem exercitado em orar, e qwtivese tido o tempo neoBMrio para considerar
o seo asunto. E muito mais me-deve intimidar amim, que alam de nlo ter mais que uma

Copyrighted material
591 —
eloqueoda mediocre, ou menos que medíocre, me-v^o obrigado a falar em publico sem a
irrfruiTf "iwiniw rli . rniiiilnmi ilftifnÍMitenfntrmpnrinn n nrrmtiirrTTmTT itmln Tono
alem diso a pude opiniam (!) deste auditório, que tendo ouvido dizer, que ada onr nestM
eitieqtii«# um PMtmuez, e um Portuguez, que não refere, nem amplifica o que oovio» IIIM

o qoe p ww oeloM, e m
noticfau pertkularet, que akmou tanto das asoens pafclJcas, como
particulares do seo Rei; vem cheio de uma grande csperansa de ouvir um pancgirico tecido
de coizas novas e singulares, e dignas de toda a admirasam. Finalmente a mesma armasào
fúnebre deste templo, o magnifico apanto deetu «nquías, e ete vivo lenrimeoto, que vejo
representado ao f?™iy»"«t*" de cntaum dos que meKmvcm, renovam com tanta eflcMMi
a minha dor, e mc-aumcntíío a perturbasSo de modo tal, que quando lanso os olhos para
qualquer destas coizas, náo me-acho em estado de consolar aos ouvintes com o meo dis-
cano. OHM eo menK» oeonito ter cooiolido. B nlo merendo mmoa fUtado paltvrH
para falar cm publico, e explicar as matérias mais graves, c cmbarasadas, agora me-acho
nem atino com o que digo: nem sei por onde comese, nem onde
totalmente falto delas:
acdM. Sendo pois radenma destas coizas capaz de impedir a afloenda do diwurso, de
dwantmwr a um Orador, e afrouxar a taamm eficácia de qualquer eloqnento orasam, é
vosa obrigasam, ò Cardiais, jaque desde a vosa mocidade em lugares mui decorozoe, e
nesta mesma cidade em que falo, cabesa e fortaleza da nossa religiam, orastes repetidas

quanto me abaterám o animo tam graves (rasgado) nesta ora cm que se me oferecem todas
juntas (raapulflí) esta considerasão, de que fareis justisa ao estado em que me-acho, rae-tire
totafaMote um tam justificado tmor* • éuáam a vw|oiilia de fidar em tam autoriiado

Acho mais em traduzíla, que em compola, poique nio eo se-devem tia>


dificuldad e
duiir as palavras, niaao p<MiamHrtoiBlaftnp,e a energia ou fom com qiie aitá «o ot^^
o que não pode sem parafrazar muitos períodos para que caiam com armonia. Con-
ser
sidera tu bem este ponto, que é o esencial das tradusocns. Ve o que diz Cicero na prefasam
que te às dnaa tradosoens (que ek tom da Orasam de Demoateaet, e de EwMnea) com
o titulo de oprimo f^enere OroHmm, quo IMGiia no fim dos livros Retóricos de Cicero,
eot&o me-diras, se o Teotónio MoaUiio mte ot primeiros princípios da arte de traduar

ÕTr L.— F. O. CSidm 2«3. Doe.

XV
PROCESSO DAS EDIÇÕES CLANDESTINAS (2)

Manuel da Silva impresMir solteiro filho de outro do mesmo nome, sapateiro


a)
natural, e morador em Lhboa, preso em 25 Abril 753.
(...)

do titulo que fez o Reu com outros


Oertidio 10 Outubro 1746 —
de não imprimir —
papeia de. mm licença do Santo Oficio. Confiarito em 4 de Marpo de 753: Que de um

(1) À margem, emenda para expetasam.


(2) A transcrição na integra ocuparia muito espaço sem utilidade. Por isso, limi*

támiHioe a cdMr o coolcMo 'ma intefessepam o noaso caso.

Copyrighted material
^592—

ano « ulM parte dera ao prelo sem licença do Santo Oficio «as seguintes:! — Mercúrio
ApoiogetioQ digo iHamlMicoepa apoiogeticas. 2 —Mercúrio pbfloaopUoo. 3— Rnftv
logicae verneiailMi 4 — AU^ção jurídica a favor de F.»
(Lista da peMOas prnai — Cadernos de Promotor). (T.T. — S.to Oficio. Avulsos.
Est. 163 Prat. 7).

b) A \2 de Abri! dc 1753, era poisada ordem de prisão, 49 qtial<iuer Familiar ou Official

do Santo Ofiicio» contra Manuel da Silva, impressor, morador no Bairro Alto, na Rua
da Atalaia. (Pirooesao de Atowal da Silva, Impreiíor, aotofao^ fflho de Mamai da Silva,
Sapateiro, mtonl e BMffiador neeta ddade de Uiboa. Foato em culAdia em 25 de Abctt
de 1753.
(r.T.—Inquisiçio de Lisboa. A Upb: V. It 236).

e) «Por carta do Secretario do Conselho de 2 do presente mez e anno foy V. S. servido


ordenar a esta Meza que fizéssemos toda a dcligencia por averiguar aonde se imprimirio
pi^is ou Livros sem licença do Santo Oíficio e particularmente hum com o tituUo de Mei^
airb (hwHuUeuit e do <|tM nmltaMe deMemoe oonta a V. S. Pela awrigiaiçlo 4|ue ftiienios
nos dizem alguns Impressores intelligentes.queOpBpellntitllIIado ^ Mercúrio Gramatical =
e outro com o tituUo de Mercúrio PhilosopUeo, se derSo ao prélio na offecina de Ignaçto
Rodrigues Imprenor e morador ao Poço do Burratem, e que este depois de impreane os
mandara vender por mfto de Pedro da Silva, que foy ofBcial de Impressor; e com efleito
se estavAo actualmente vendendo na Loge de Bento Soares, Livreiro no Adro de S. Domin-
gos, e na de Joseph da Costa morador dc fronte da Igreja de S. Antonio da Cidade, os quaes
racoBlieçs m
que forSo impressos sem Uoeoça do Santo OfBçto; e que na mesma oflbçina sa
imprimira o aano peswdo ootro pÊpA sobrs a mesma mflteria oom o tittdlo de AhMuo
Gramatical.
Conta maea, que o Livro Intitunado Noto Mttíutb tk EMdat se lelmiirimini nesta
Cidade e se estava vendendo publicamente na Loge do dittolivnfaodo AdrodeS. Domingos,
cujos vollun>cs declara havcrlhe dado para vender hum mosso, qne anda pella rua vendendo
Livros chamado Manoel, o qual lhe disse e segurou ser a dita impressão no Convento dos
Loyoa desta Corte.
E que nas Loges dos ditos dous Livreiros, se estavam vendendo OUtfOS ness papeis
sem licença do S.to Offiçio, cujos tituUos iodeviduáo em suas dedaraçoens e qpem forio
as pessoas que Ilioe mandailo vender; poram como m
Curta do aacretario do Conssllio
se nos não declara se devemos proceder a Sumraario jodscial de todas as testemunhas^ e
tomar nelles asento. rwprfaeiít a mffla asim a V. S.ria para qoe as digne insinuamos o nass
que devemos fazer:
B V. 8. mandata o que for eervido.
Lisboa em Meza 9 de Março de 1753
Luis Barata de Lima Joachim Jaosen MoUer. Manoel Varejão e Tavaro.»
Davedb: F^a Sommario, e tomado neile assento, se envie w CbnssOio. Lisboa
9 de Março de 17S3.
(Várias assinaturas de Silva, Abreu, Fragas», Lobo, Csstro. NJB. Falta a 1.*).

d) 1.* Tuttmmihtt. BkHú Soam, Umiro (fr-III-nSS).

Comprou Mercúrio Gramaiica! e Filosófico a hum homem dt et/OÊÊí ipor todos


ssriio athe vinte e ciooo». O homem levava um papel que está m
pneuto, hêê aninath.

Copyrighted material
— 593 —
em quÊ mdbqmte podê vadi hi a dais toãák» mia ê qm dipols aparecerá para recAer
odUhtiro, Também tun pon fuiÍKt 0 aUBgo^KOÊirtoa, oi|ui]lliBiiiiiidott|MnvBBder
bum medico desta Corte chamado Fulaoodft Nóbrega, e que não sabe a rua em que assiste
mas be bem conhecido nesta Cidade e outmim tem vendido mais Alguns Tomos do Novo
hãetíiodo de Euadar, que comprou a hom mono dwaiMulo Kbnod alo «d» de qoe nem
a rua em que mora e somente que anda vendendo livros pela rua em companhia de huma
mulher velha e que também não sabe o nome, o qual lhe disse qoe se tinhão reim|iriinido
na Officina do Convento dos Loyos desta Corte; aonde elle os Ma comprar. Disse maai
tar também Advertências criticas ao Novo Methodo de Estudar, o qual lhe mandou vender
hum religioso da Ordem Terceira de S. Francisco do Convento de Jesus (.. ) Tem mais:
Discurso Apologético composto pelo Dezembargador Luis Borges de Carvalho o qual lhe
mandoa vender hnm de favnamclMBmidoEiiaB(...) TimaMá: Cometuçõaaebea
oflktel
o Novo Methodo de Estudar que mandou imprimir hum Livreyro da rua Nova, chamado
Carlos da Silva que foy o que lho deu para elle o vender (...) E: Progresso da Academia
Cramcatad que lhe levou para vender bom oflldal de liwprn H wr «*—^''^ Bedro (...) que
trabalha na imprensa de FraiKÍsco da Silva junto à S6 Velha. Atada: IBumlmçâo Apido»
getica do Retrato de Morte Cor que he 1." e 2.» parte, os quaes lhemandou para vender
o Doutor José Thomaz Borges Clérigo Secular, e morador no Largo das portas de Santo
Aatlo.

e) 2.* Testtnmdta. Fedro da Silva, Impressor (13-ni-S3).

Comprou: Mercúrio Gramatical e Filosófico e Progresso da Academia: a hum mosso


de capote (...) lhe parece ser mosso de servir, com o qual falou dentro da Sé Velha e também
na «aeada da VMriaMd, «dode lhe ocmpniu oa ditoa papalB, qoe lhe panoe seriam dose
athe quinze do Mercúrio Gramatical e meyo cento do Mercúrio Fihwfico c hum cento ou
pouco mais do Progresso da Academia e depois de os comprar os foy levar a hum Livreyro
chamado Joae da Goata qpw oBom de fhnta da Ipi^ de Santo >úitonfo daCidate
vender. E também deu a%mia do Aviíi«sso <ii i^oodbnfa para o mesmo efibí
do Adro de S. Dondngoe. Disse mais que haverá dois annos mais ou menos lhe falou que
hum derigo cujo nome nlo sabe, nem quem eUe era, nem aonde he morador, para que lhe
quezesse fazer imprimir Inmi papel Gd) Aatidoto gramatleai i^uatandoee com o mamão de
que lhe daria hum cento delles em papel sufBciente e que os mais ficarião para elle decla-
rante SC utilizardo seu producto (...) e (...) imprimira o papel referido na Imprensa de
Aguada AnHimc* fanpraaor ao poço de Bonatem, aonde dle dito dedannte caiio tra-
balhava. (Zangando-se com o patrão foi trabalhar para a efieloa de Fírancisco da Silva,
morador Junto da Sé Veiha e por nõo estar acabada a in^ressío) a completou o dito Ignacio
Rodriinea e depois de impresso ttw entregott a elle o numero de seiscentos para vender
como com eflWto vendeo pek» Coovsotoe da Qdade. Mas parecelbe que ainda ae impri-
miiio maia na dita imprewlo, povqpe cntaada qpe w
a^^dhaiio mnitoa mais por esta
Corte (...)

f) 3.* Testemunha: José Martins, Impressor (16-1U-53)

(...) Disse que nesta cidade se reimprimiuhum livro intitulado AISno MstíM»
em huma Imprensa que lhe dizem ser parti-
de Estudar e lhe coosta que fora dado ao prélio
cular de hum Padre Lojro chamado Santa Martha Teixeiía e existe no seu Convento do Beato
3B

Copyrighted material
— 594-
Antonio, no qual tem por compositor a Manuel Soares Vivas, natural do lugar de Camarate,
que foi o que ooneu com o dito Lhnro. SetnadoHie declarou a elletotemunlia, hum IM
Isidoro, official dc Compositor que assistiuna dita Imprensa ao tempo da dita reimpressão
e de presente trabalho na mesma impressão em que testemunha
assiste que he a de
elle
AondSMo A
SI0^ no potlo das aadfendM, por deti<i de Sntf IMmt
mais qtK haverá dous annos mais ou menos se ímprimio na Cidade Antídoto gramatical (...)
imincsso na impressão de Ignacio Rodrigues (...) Disseram-lhe os mesmos ofliciaes que tra-
baDiavio na dita Imprensa, dos quaes se chamava hum Pedro da Silva, morador na Rua
dos Garras (1) outro Dominfos de Araujo, morador na Rna doi Cabides e ovtro Baraaido
José morador num beco quasi defronte dos P.P. da Congregaç3o. Jiiíf^a que aí, no Inácio
Rodrigues, se terão impresso os Mercúrios, «por ser costumado a imprimir semelhantes papeis».
Disse mais que na OfBdna de Bernardo Antonio, morador na Rua de Quebvaooatas jnnto
aos Tomeyros imprímirSo varies papeis (2) (...) hum João Baptista, ofRcial de impressor,
morador na Calçada do Lavra, que trabalha na OfBcina de Francisco Luiz Ameno no Bayrro
Alto (...) Disse mais que na Oflkina de Manuel Alvres Solano ,a S. Crístovio ae impriminun
tanibem «aiioa pmwlt a respeito da Aaglo doa Tooroa (...)

t) 4»* Testemunha: José Isidoro, Compositor (21-11I-33)

(...) na Imprensa dos Loyos que he do Padre Manuel da Santa Martha


assistindo (...)

Tabwira vio e prezenciou que o dito Padre mandara reimprimir os dous Tomos do Now
iMkkb 4r B^tdar, os quaes imprlmio oom eflbito na dita OfBciaa o Meatre Oompoaltor
da nieanw Mmtd Soares Vivas, (...) a qual impressio se fez safando lhe parece haverá
dous annos e segundo a estimação delle testemunha entende que se poderíão impremir
naqucUc tempo athe o numero de outooentos, o que tudo sabe (...) por assistir então como
tem dito m
nteida Impressio. Disse mais que achamkMe (...) na Impransa do Doih
lor Manuel AlvreaSoiaso do Vale a S. Christovào, vio c prezenciou que hum religioso Domi-
aieo chamado Fr. Buaíbio, segundo lhe parece do Nascimento (...) do Convento de Ben-

fica (...) 2 tomoa o 1." Anatímmho Joeoio (e «er andavam a ver se o Santo Ofido agora es
lyiVMHa).

h) S.* TtofliNHite: Joii da CàsUt, Livreiro (20»in>1753)

Recebeu o oficial de impressor Pedro da Silva alguns exemplares do Mercurh gra-


matleal e do FUosofico, e do Progresso tia Academia para vender e de fiacto vendeu*os.

I) S.» Thrtmwnhi: João ds Aras^o, tn^ressor ^IIM75^


Sabe qmfiiram bivratsoe ocaftmwni» m
ofidna de Imtío Rodr^nea, oa doia Afer*
• o FnogroMso da Academia (...) e qoe foca mandada fiuer a oompoBíçio doa ditoa

(1) Outro diz que assistio junto à poilaria do Carro do Colégio de S. AntiO.

(2) Lembra-se de Testamento de Joa^à de Évora e MUagr» da Torra SaaUt.

Copyrighted material
— 595 —
papeis por hum inuáo deUe *—*f™"*« <*—— ^
Domingos de Ani^, morador nesta
ddide n R» dot CUridn O qod oom dMto te a dita ioipresslo (. .) e .

Silo SC fizera com toda a caiitella c segredo por ordem do dito Ignacio Rodrigues. Disse
mais que na Impressão dos L^yos que se achava oo seu Convento desta cidade e de prezente
se modoa para o Beato Antotrio, aabe elle teitenninba qoe na meama te reimprlmk) o mvo
methodo de estudar o qual sc estava vendendo na mesma impressão aonde elIe testemunha
foy também comprar alguns jogos (...) ...(inqtrimiu ainda outro sem licença) na Offidna da
Rua de Quebra Costas junto aos Torneiros. (...) Refere-se também ao impressor da rua
dia wtaint dmiado Mnnel ^"Vftlhi* qpw inprindtt: TkiMMMltf d$ Ohni Lo/êí,

J) 7.* TÊHaiamha: Mmmé Àmonto MíiUrin, fm vmb thret (22-111-1753).

(...) Só sabe que se imprimiram os 2 tomos do novo methodo de estudar dos quaes
vendeo dia atan» tomos qoe fbi coaqnar a empreoça dos Loyos (...) uns quatro oo dnoo
iooaa.

ReferMo ao Antídoto Cimmikal o qual sabe que foy dado ao prélio sem llomça na
dlMiia da Tgnirio RodriguM BailxMa (...) Cav inufit tntboBknu aO* (•••) ovtVM muitw
na fmpfaclo do Dr. Manuel Alvres Solano e outia qpa fica na Rua da QoebnhGoMat
junto aos toneiroa que be de Bernardo Antonio.

Cèrttdao

(...) fiirlo chunados oe dolt impraseotet MBgud Meneaeal da Ooeta e Mgual Rodrl-
SUes, ambos Familiares do Santo Oficio e sendo preguntado, «não declararão couza alguma
aubitancial e por isso se Ibe não escreverão judicialniente os seus testemunhos e o mesmo
mioeden oom Bnnavdn Joaé OHkU d» imprasilo (...) 234IM753. Aknndre Henrique

Anaut notário deeta Tnqnlriçlo de Uatioa.

Motto ninstres Senhores


(...) Asscntao todos os Impressores curiosos e entre ellcs Joze Martins que he dos mais
veraadoe am conhecimento das oficinas e das letras que há nellas, tanto a
rebito dos cara-
dnrasdaWtmoamodaktfaqnadHinloAtlianizia, que o papel de ilAivarto GroMoMEof
e o da iUnmh fíiyhmtpUeo ae impremio em caza de Ignacio Rodrigues (...) porque na
mesma ofktna se imprimio o primeiro papel sobre esta matéria de que tratão os dous asima
referidos, chamados Antídoto gramatical e be impreção que tem esta letra, tanto da Atha-
mula como a da tnylma a «6 neeta ee adiará a mala aa de Beinerdo da Sttaa impreaaor
a Quebra-costas, (Como o Antídoto foi impresso no Rodrigues, concluem que também os
mtantes). e não só a referida sircunstanda fas prova para aseverarem serem nella
(...)

idiidaa oa pveii,
«tttoe am
pelo pautado, porque unidos ao pautado die lapaa o áh^
éelo (...) com qwdquer dos dois
fica direyto o pautado, o que não seria se a inpnaiio tea
diversa. E a meama observação ae adiarão (sk) no outro papel desta meama matéria
chamado Progresso Gtramatiad. (...) «Adwy que Joxe da Coata Lívreyro defronte da igreja

Copyrighted material
—596—
de S. Antonio junto da Seé» vende os Meratrios e Progresso
(...)• 23 de Março de 1753, A
os bMinisidoras Luis Barata Lima» Joaquim Jansen Moller e Muiuel Vanjio • Távora,
dÍMn«quc o Novo Metodose vende na oficina do Vivas a todas as pessoas que o procuram»
e em tão grande quantidade como declarão as testemunhas, sendo publico e notório nesta
CtoftequcoSaptoOfflçlo iiiaiwIaTa wcolliBrapriMBiwioipiwite ciiwvBiw
e denegado a licença para elles correrem pellos justos motivos que ponderarão os Quallifi-

cadores nas suas censuras: (...) por haverem já antecedentemente todos os impressores
assinado termo nesta Meza de não imprimirem papel de quallidade alguma, sem licença
• •ppravaçio do Stoto Offldo». (...) A 23 de Março de 17S3 aprovam^ as oondnaOes
dos anteriores; presos o Tgnacio Rodrigues e o Manuel Soares Vivas e detenninMe que M
continuem averiguações para saber de mais impressores clandestinos.

O 9.* Testemunha: P.* Boaventura de Santiago e Silva (9-IV-17S3) Presbítero seadatt


tutund defiú eUmle e iMsradbir hv flftofa éÊa AAs»

(...) Merciirios. I < 2 parte das lluminaçoens e Fiirfur Logicae Venieionc (\ic) ''OS quaes
comprou ao Livreiro do Adro de S. Domingos, excepto o Mercúrio Gramai icaJ que lhe
foi dado ddjaixo de todo o segredo por hum derígo chamado Josi Tomás Borges, morador
no Largo das portas de Santo Arit.ln f Também comprou ao livreiro do Adro de
)

S. Domingos os tomos do novo método de estudar. Dita testemimfaa (10-Abrilj (...) Que
o I«6 Tomás Boraes ido s6 lhe derao Merarío GnamHealpànítt, «mn tanliem
P.
OUtfOa nniltoa da mesma qualidade para que dlBtoMoiDDBlia os distribuísse pellas pessoas
que lhe parecesse, dos quaes tem lembrança que mandou ao livreyro do Adro de S. Domin-
gos chamado Bento Soares o número de 60 mais ou menos para elle vender e lhos remeteo
oom Iram «awiito «em aome qiie n» OMUidoa por linm gdego
passado, sendo já de noute, fora elIetMtemimha de Capote pedir ao referido livreiro a impor-
tenda dos ditos papeis, que com eflbilo lhe entregou e elle testemunha a deo iklmente ao
dito P. Joie ThoiMS (...)

m) 10.' Testemunha: Francbeo do Silva (IO.IV-53)

(...) homem cego que vive de vender papeis. (...) sem licença; (. . .) Milagres da Terra
Santa e Dezengano de ciozos, 1.* e outro companheiro Francisco de
e 2.* parte (...) ele
Se<|Deiim, nmador na Cotovia, aonde dHunIo o mandarlo fanprimir na Offidna
PoodiBl,
e impressão de Bernardo Antonio e os venderam (...) sabe (...) que a 1." parte do Terre-
moto de Tunes fora mandada irnfirimir por himt cego chamado Manuel de Mattos, morador
no fln dn CUçndn 400 deiee do Monte Simy e a 2.' parte por hnm oflldal de impraaaor
chamado Ellat Douto, morador «m hwna Travam qua flea defronte do Espirito Santo.

»} 11.* Tmemmdm: P,* Jcm Tamn Morgu, Seeahr (10>IV-753). Màrmbr t» Imt»
nbv pomm tm O. jumoa^ mgama tm «• #Bve

(...) For mn mloa eorreiio os papeis seguinlea: As duas partn das JUbmAMpte
da Ruma de Mona Cor: outro om o titnio MtnuHo fíhsofieo e outro Furfur Logkae
Venrevanae, os quaes todos lhe mandarão com hum cscripto sem nome, pcdindo-lhe os
quizcssc fazer dar ao prélio e depois destribuilos pelas partesque lhe parecesse. L que com

Copyrighted material
— 5W—
efTeito oot^ecturando elle testemunha de que a dita recomendação se lhe faria pelos Padres
da Coiq;«iliiB «oBdB ta gnndstnto • airiade, aii^
4|nal dos Padres determinadamente lhe mandou o dito escripto se resolvco em obzcquio
dos mesmos a mandar fazer a dita Impressão, a qual oom efTeito se fabricou e executou
na Oflkcifla de Manoel da SOva, bnpraMor, morador neata cidade no bairro alto, e na Rua
da Atalaya, segundo lhe parece e depois de impresso» todot os ditos papeis com o mesmo
se^do que se lhe recomendava no sobredito escripto, Dundou destríbulr algims por varias
partes, e logo que estiverio divulgados voltou o poftador do mesmo aicripto a procurar
algniit qoô levou paia nlwpr ao dono delles, lepetiudo dapoia atia mema diligencia
por diversas pessoas, por quem os mandava pedir, sem que nunca elle testemunha soubesse
nem aver igoasse quem fora o autor delks, e por esta forma se extinguirfto de sorte que nenhum
pára na soa mio. (...) DisM mais que pela mesma via se lhe remettMio tainbem outenta
papeis já impressos com o titulo Mercúrio Gramatiaú pedíndo-lhe os quizesse destríbuir
da mesma sorte pelas partes e pessoas que lhe pareceste, como assim o fez; porem que deMct
nfto sabe nem tem notícia em que offidna forão dadoa ao prélio.

o) 12.* Testemunha: Francisco de Sequeira, homem cego que vive de vender aiguns papeis
(ll-IV-^

Pela sua mão correrão os papeis seguintes: MUagm da Terra Santa 1.* e 2.* paite
do dmnga m it Qna» o outro dt Quados, os quaet todoi eUe tattemoniha a outro
seu companheiro FranoilOO da Silva, também cego, mandara imprimir sem as licenças do
S. Oficio e se derão com efTeito ao prelo na Officina de Nfanuel Alvres Solano, digo de Ber-
nardo Antonio (depois os vendeu) excepto o papel guia de caiados ci\>a impressão que por
toda rito niil papais, le adia alada am aer m
dita olllGiDa aooda w
iilo Ibiito aiada ti^^
pnr nlo tarem agora gasto. Mas he certo que estão impressos e promptos para se poderem
«andar. (...) Também deu ao prelo outro papel com o titulo Terremoto de Tmes 1.*
se
a 2.* paita (...) A 1.*, na olilelBa de Barnardo Antonio a a 2.* (...) Mamai Alvrea Solano
tendo impressa pelo (...) seu compozitor Elias Duarte (...) fazendo agora mayor reflexio
a respeito do papel Dezengano de Ciozos (...) a impressão foi feita pelo dito Elias Duarte
e na mesma officina do Solano de que ele be Mestre Compositor. (...) FunçOo dos Touros
aein^wriniiratMm glande Mwwro da papaia doa Quaaatam a OBftaia ^oealpMiaftwtotopiaa»
SOS pelo sobcdito Elias Duarte e outro duunado José Isidoro, ambos compositores e qpM
trabalbavão na Imprensa do dito Manuel Alvres Solano; outros foráo impressos na officina
deBawardoAnhiiiiooootiwaimdePonrfntea OonçÉ l m nopataodaCM
p) 13.' Testemunha: Manuel da Qtnceiçâo, Livreiro (11-IV-7S3) Morador na R. DírelUt

Perguntado para que pediu andlaBClia, disse que a pedira para entregar nesta Meza,
oonio entraga o inniaro de 41 pqwla: tilda an aan podar, todoa oom o titoto Mnv MM^^
cm Arte das Necessidades, por lhe constar que o Santo Of&io perguntava por todos os papeis
que naMa Corte se vendiio e forão impicaaos sem lioenca do mesmo Tribunal e que os ditos
papds lhe vierloianistidos da Cidade do Porto por hum Livreiro oom quem se correspondia,

Copyrlghted material
— 598 —

t; 14.* Testemunha: F^mtbu Ahmut, tfieUtb hmtiar tk A^pfcm (1MV<43). Mwnbr

»
T3i m<íi» t rtí 1huiá»éa»mltBvmtttát}^^ vk»
e prezenciou que o Mestre composdtor delia, duunado Elias Duarte morador em buma
Travessa de fronte dos Padres do Espirito Santo, imprimira na ditta offidna (...) oa trei
papeis (...) Testamento da FrançOt Testamento do CasquUko e Testamento de Manuel Braz,
sapatdro. fia q,iMW ilnpnh ilii iiiumiMm innnilli n illto Flíti rtiMrtn títm Ctyn» r nn iitiHniTn
do seu producto, dando a elle testemunha somente o ganho que lhe competia pelo seu tra-
balho (Coostaodo-lbe o perigo, por sua licença» mudou para outra oficina) (...) na mesma
M inprinriifo wím Mieii pertaimatM à ^
r) D« «fw^fnf"' dos Senhorea Inquizidores Ibe fiz este Sumario (...) Andre Cortino
de FlgiwirBdo o Mcrav». Focio viatot oft Mm
do Santo orScio os dittos das testemunhas
( ) visto constar com toda a certeza pello testemunho do P."" Jose Thomaz Borges, o qual

he de inteiro credito e reputaç&o, que o Impressor Manuel da Silva dera ao prélio (...) Fur-
fttr, iíveurio Ptatefieo • at ámu panes doe IW i hH'» i do Retraio de Marte Cer, ndindo •e,
i

o fKimeiro proximamente prohibido na Curia de Roma, e outrossim que ms officinas de


BenHUdo Antonio e Manuel Solano (...) Elias Duarte (...) e ser publico que este e o dito
Bernardo Antonio costumão imprimir toda a qualidade de papeis —
sem as licenças ntem
sarias (...) prezes nos Caiceret da Custodia e delles examinados (...) Repreendidos os tiei
Livreiros Bento Soares Jose da Costa e Manuel da Conceição pello atrevimento de venderem
os ditos papeis. E que tembem se remetta (...) à Inquisição de Coimbra a copia do testemunho
qw den aflita Mm
o dto Uvrairo Munèl da Ooooeiçlo (...) para 4^
na Cidade do Porto a impressão em que foi dado ao prélio o papel de que faz menção (. .) .

e prooedão como for justo, visto ser o dito papel escandalloso, insoUente e iqjuriozo à
Nação» (...) Lisboa, Meza, 12 de Abril d» S3. Laie Bmtft de Uma. Xoaqidiii Aman
Mollere Manuel VandtoeTiTOn. NJ, AMmdoOgaialboGeialcoiifliiiioaml2de
Abdl de 53.

êI Cau/bsío axoÊÊm oseHdão e irmiffirti

Aofl4deMiqrD ITSSemLMioaiMiaBitaoaeCmdodflapadioda Santa Liqiiifliçlo


eilaiido ali na audiência de manhft o Senhor Inquizidor Manuel Varejão e Távora mandou
vir perante si a hum homem (...) que em 25 de Abril veyo prezo (...) por pedir audiência
(...) para confessar as culpas (...). £ disse chamar-se Manuel da Silva, impressor, solteiro,
fBho de outro Mnmel da SQva, lapateiro, e Marbi da Cruz natural de UÉboa e morador
na Rua da Atalaia, 30 anos de idade. (...) Que de hum anno a esta parte pouco mais ou
menos, dera ao prélio (...) lUuminações Apologelkas ao Retrato de Morte Cor 1.' e 2.* parte:
Mercúrio Ffkaofieo, Mercúrio Gramatical, Furfur Logieae Vemeyanae, os quaes entende
que forão feitos de letra de mão na Companhia e lhe forão entregues a elle confidente para
Ofl imprimir por nião do Doutor Joze Thomaz Borges excepto o Mercúrio Gramatical que

foy mandado i sua impressão pelo P.^ Francisco de Cordes, da Companhia (...) Também:
ABegocSo Juriâhu eetn e teMiuULniÕa de hum Mergatb ^aepoestie Motttudtor Batitit contia
•eu irmUo Luiz Francisco, em raz^o da qual esteve prezo 110 LUnOflyiO pOT teoipo de tfit
mezes pouco mais ou menos à ordem de Sua Majestade.

Copyrighted material
— 599 —
— Aos 7 de Maio 1753 (...) na audiência da tarde os Senhores InqiusidotesnMiidaifo
vir perante si a Manoel da Sitva (PenunUmm le sabia qae nlo podia imprianiT xmdã, sem
Hosôsa.— QoB ifan e pedia petdio).

— Cèrtiíioo qoe pnmodo o fliMdhnw Oftsiv âu Ordmu do CcmmU», nelle a foins


310 se adia hum termo fUto «m € 10 d» OutnbiD 1146 • assignado pelos ia^Menofei (...)

o Reo Manuel da Silva.


De dos Senhores Inquisidores lhe fis este processo conduzo (...)
'nniKf"'^'^

Forão vistos na Meza (...) estes autos, culpas e conftssio de Manuel da Silva.
(...) sentendado coaibníiB a di^fwsiçin do RflfnlaiiMato e Bulias Pomifidas (...)
8 -Maio 753
O CoBNllM> GenL Qne asÉm se an«ca. 11 de Mido 753.

— GenMâogia
Aoe28deMrio 17S3. MB. S— iaSereitc. para o nceio propáiito.

t) Admoestação antes do libelo

(...) com as peoas nsais f%orosa s que contra semelhantes estão por dirsito
seja castigado

estabeieddas. Admoestação antes da pi<>iiceçio. 9 de Julho 1753. (...) incorreu em tateo-


mnnbio mayor, de que serft absoluto na toam cosfi.misda. seja suspeoço do saanieio da
soa ocupação de impressor por tempo de hum anno e se tomem por perdidos todos os papeis
que lhe forão achados, tsoha peniteodas espirituais e inatruçio ordinária e pefos as costas.
Lisboa. 13-7-53.

M) Sumario cotitn O f.^ D.r Manoel de Santa Martha Teixeira Conc,s;o Secular de S. João
BiengeUsta e QatÊ^hcdor do Santo Officio. (J.T. —
Inq. de Lisboa, Proc.« n.° 2 638). (...)
GnHta(...)tefa dar ao prélio na soa offidaa sem as licenças neoenariss, maes de oitoceates
VoUnmes do novo Methodo de Estudar e algumas sátiras contra as pessoas ecciesiasticas (...)
Aos 17 de Agosto 1753 (...) filho de Patrício da Motta Teixeira (...) Maria Dorothea, natural
de Lisboa, morador no seu Convento de S. João de Xabregas (...) 38 annos de idade.
ftasuBSB que fbi damuMlo por cama ds bmma Imprensa que teve por sua corioaidade no
seu Convento de Santo Eloy desta Corte, donde a mandou conduzir para o dito de S. João
de Xabregas (...) Disse que segundo sua lembrança mandara dar ao prélio sem as licenças
neeesnriss Iram livro de quarto intitulado Justa npàba, que he em defensa dos tomos do
P. Feijó, contra o Corooista Geral da Religifio de S. Frandsco, do qual lhe paieos que se
ioqpnmirto mil com pouca diferença em aOa impressão entrou por lho pedir assim hum
castaihano chamado Frandsco de Sande que costuma vender livros no Adro de S. Domingos
desta Cidade. E
que também nHodaia dar ao pidlo som as ditas liosnças os toasoo do
^'ovo Methodo de Estudar que lhe parece seria o numero de oitocentos, a qual impieasio
mandou fazer, por ver a grande estimaçfto que tinhão nesta Corte, e que os £straa|BÍras
¥Bwdilo alguns por alto preço e se querer por sete modo utiliaar do lucro e produto deUss,
sem que tivesse outro fim mais que o que acaba de dizer. .. Disse mais que também consen*
tio (...) hum papel volumoso (...) Amw Histórico Vindicado, o qual he papel critico e com-
pôs em sua defensa hum sen Relígiozo chamado o Padre Lourenço Justiniano da Annun-
ciação (Oooao este é o Qualificador mais antigo, consentiu na imprswlo, apeear de o Santo
Oficio ter negado a Licença). Também dissertação jurídica que WHmwf o seu Padre
Geral o P. Theodozio de Santa Martha em defensa do direito que assiste è sua Congr^ação

Copyrighted material
— 600 —
para poderem seguir a Faculdade de Canonet oa Universidade de Coimbra. Também
Diahg0 OMeo e: carta a hum amigo ca quais sSo anticrlsis a bom Antiloquio que catopòê
o P. José da Silva Pegado contra os Pregadores Portuguczes, c destes dois papeis foy decla-
rante o Autor. Também poderia mandar imprimir alguns papeis pequenos, como Sonnetos
« outros Mnalaiilvi (...).— Oiw/Mi»4vmi^^ tu Màm euBie nwfciiMB»
fw M ab^mm «h mo da dita bnprtHM mpmi» âo gotamo a administração da
(...)

bafi mm par am tm a oidntaMte todoa oê p^eb ^ muÊ am Beaifa, QuiaiSST?.


liii \

f) Fneuto de Mtmid Smat VImi

n
Gompodtor na imprenaa que adia no Convento de S. Bento de Xabr^at, aobeiro,
filhode Antonio Soares Vivas, fazendfliyvoe de Maria Luis natural do lugar de Ounuile(...)
de 20 anos de idade. Prezo a 27 de Março de 753. Aos 4 de Abril 17S3 oonTessou, sendo
Inquisidor Luis Barata de Lima (...) que se inqjrimirlo Novo Methodo de Estudar a que
anda Junto hum papd com o ttloh de Retrato de Morte<ee e a nsfoela a eete, e Já todos
tinhão sido primeyra vez impressos não sabe aonde. Uma carta de hum amigo a outro
oom hum Dialogo contra o P. José Pegado e composta esta carta e Dialogo pelo Dr. Manuel
de S. Maria Tbneiía ao qosl die oonfidente vio muitas vezes estar escrs^endo na rnssma
obra que para se imprimir tha aati^va por partes segundo o estado em que se achava
Huma Reliaçdo das exegalae fur em Villa Vtçoaa ae fiterão por morte de Ei Rey D. João
o Quinto, que llis «otretott o mesa» Vidm Dr. ponm nlo sabe quem foy o seo autor « Hum
livro de agoa das Caldas e huma R^açãe d» IHfo contra o tMeyiú que tudo o referido
Padre lhe entregou a elle confidente, por ser o que tinha ajustado o presso das dittas obras
e ser sua a imprensa e todas se derão ao prélio no tempo em que a sobredita imprensa estava
no Convonto de Santo Bioy. Diisfi ms i sqnsdepoisque paisou a impwosa paraoOoawsato
de S. Bento de Xabregas, mandou o mesmo P. Dr. Manuel dc Santa Martha iflaprimir huma
alegação contra bum fulano Barbosa da qual foy autor o Padre Looiango Justiniano
tanibeaa Coasgo de 8. Joio EvangéHsta» Huma aleiscto do Geralda
a finror de Martinho de S. Miguel e Ignacio de Santa Barbara, Gonego também de S. Joio
Evangelista Hum papel contra Iknto Antonio, e no tempo em ipie elle confidente veyo
prezo se iicavão reimprimindo hum Sermão de S. Antonio fisilo pelo P. Joseph Pegado e o
MMbod» 4fr £Mtadfar. •— «Aos 7 dias de Mkio», de now o
declarou que «no Convento dc Santo EIoy deia ao piello sem licença do Santo Oficio humas
Cartas de Feuó que o dono da imprensa o P. Manuel de Santa Martha lhe mandara reimpri-
mir, e hnn soneto fisyto A Abbadessa de Miuvilb, na ooeasiio em que foy eleita a bnuMa
Cartas de Irmandade para S. Paulo mandadas imprimir por JoadúmSímpliciannodoQatD.
(...) Disse que o P. Dr. Manuel de Santa Martha Theyxeira ajustava as obras que na sua

imprensa se davão ao prélio, recebia o dinbeyro e nas ocasiões em que hia para fora deixava
ovtroFadreemieoh^quenoConventodeSantoEloyeraoP.Jòacliim de Santa Anna
Comissário de Nossa Senhora do Valle; em S. Bento de Chabrega, o P. Manuel da Cruz;
e elle declarante era quem tomava sentido na ditta imprensa ou o 1.° oCBdal. (...) Na ditta
imprensa trabalhavio Joaquim Josefiii compositor, Dominflos Antonio e Msnnel de Sova
(...)0 Inquiridor é de parecer que por Jd estar prexo há qiiamua dias, confessar e arrepender^
fosse à^erameme r^ireenMo e aexbmne tenm de tmca mais invrtinbr /qpel algttm eem
licença.
(T.T. Inquisiçlo de Lisboa, n.* 523).

Copyrighted material
— 601 —

. • •

x) Aos 13 de Julho de 1753, José Isidoro volta a dizer que há dois anos pouco mais
00 iHffnflt (fuc foninprimin MsnfaáMv Mi^oéh ik BÊtnãsr, obks do 800 volmiM.^...)
fflltmwlin haver tambcm dado ao prello os 2 tomos do Novo Methodo de Estudar em que
AmÍo iHb de oitoceatos volumes, que vendia a toda a pessoa que os comprava, sabendo
moto bem que o Santo Offido havia mandado recolher a primeyra impreulD e dcncBMio
alknç* pua ellet cuueori wa
(. .) ouça a sentença na Salla (. .) que fosse abaohito da ano»
. .

munhão mayor (...) e pague as custas (...) que o nao mandão absolver peito julgarem sem
«ensiva (...) O Conselho Geral (...) assentou que ouça a sua sentença na Meza do Santo

costumada, seja suspenso do cxercicio do seu officio por tempo d0 hum anoo^tfldha pMIÍ>
teocias espirituaes e instruçfto ordinária e pafue as custas.
ab4)
• • •

y) PncÊUO dr Ignacio Rodrigues, impressor, solteiro, filho de Joam Rodrigues, ntiinal


emondordMla Cidade de Lttboft. Oom oAdi» «o poeao de BofMem.
(Pnw MM 27-3-753)

CanfiMtÊo. Aoe 11 de Abril de 17S3. linqiiitfdor: Jioeaiiim Jueta MoHer. Sol-


teiro, filho de João Rodrigues e de Mariana da Assunção, natural da Freguesia de N.* S.*
da GoDoeIçio desta Cidade, morador na de N.* S.* da Pena a RilbafoUes, com Ofidna ao
posso de Burratem, freguesia de Santa Justa, 35 anoe de idade. Confessou «Que haverá
dous annos e meyo poooo méis ou menos lhe ftlou hum Fedro da Sylva Offidal de ^wy^ç^'
solteiro (.. .) morador com seu Pay junto a Portaria do Cano do Colégio dc Santo Antão,
dos P.P. da Companhia, freguezia do Socorro, desta Qdede, para que elle confidente lhe
mandeoe empffanir Imn municripto titnllo era ÃHtUoto Otmiuitetl wmpft-
siçiio feita (...) contra a Arte dos Padres do Espirito Santo, sem lhe declarar quem

fora seu Autor no que elle confidente ooaveyo por nÍo ter naquela occasigo outra couza
que emprimir e querer ganhar alguns tostões se ^fuston com O dito ftdro da Silva por preço
mais avanttúado do oomiim a lhe fazer imprimir como com effeito fez o dito papel (...)
e entende elle confidente que o dito Pedro da Silva levou da sua Oficina impreços mais de
setecentas copias sem ficarem na sua caza mais do que quatro de porpina costumada, e
hovvMhe cenlMeate ao depois diaer qne o dito papel fora cempoeto por hum da Mn
Companhia sem lhe dizer o nome. I: ainda: "TaZxwrfo ífo awwr que na cmprcçâo occupou
huma folha oooaposto em verço de romance sem lhe saber o autor por recomendação e
enoomenrta de doo» segos (...) nlo sebe ee ee deilo empreças 500 copias». EnSigmhát
dr «Mia, também em verço de ramBOoe que ocupou huma folha nio sabe o aea wlar por
recomendação de outro sego a quem entregou SOO copias pouco mais ou menos, cha-
mado João Crisóstomo». E ainda «BomoHce de huma seje velha, de hum Jarra que ocupou
diM follM nlo elbo aea «olor • lhe iMOdoa ao^Miarir «ato obn o P.*
runcho, morador na calçada do Colégio de Santo Antão, (...) e por hordem deiMomendação
do dito P.* Manuel SimOes Barrucho enaprimio mais as Saudadet de D. Igm* db Catíro em
4 e l omeuce heroioo que oog|>oa hnma folha e era obra maonscríu que o meamo lhe disse
se achava ja empwct e neiia se dedarava ser seu autor Manuel Mor^n de Souza, Abade
de S. Badee ao dito P.*Maiiud Simões se entregarão aigunaas cinco mil copias do romanoe
da s^ valbe e nil do de D. Ifoes de Gastro (...) T>ea Somarlos de ãmkdgenela, o |»ioiBÍro

Copyrighted material
— «12 —
da irmandade dos Escravos do S.S.mo da Igreja do Onvento de Santa Marta o 2.** da Ennan-
dade do Rocario sita na Igreja de S.U Jouma dos P.P. Dominioos (...) O 3.« da Ermandade
tios Clérigos ricos da Caridade estabelecida na Igreja de S.ta Justa (...) do l.'»e2.<» SOO—
copias de cada e do 3.% mil (. .) Dtspertador Métrico obia em vvrço em que se trata de hnoM
.

«Ima meditando nas penai do Infemo a outtoe amuptoa emelhantee que ocupailo rinoo
ou seis Tolhas de papel em quarto que lhe mandou emprímir Joaquim da Guarda, morador
no Bairro de Alfama (...) mais de 400 copias (...) Toi dedicado ao Capitio-roor do Sardual
e nelle se declara ser composto por hum indigno filho de S. Francisco. (...) Hum SaneUt

cqjo amopto hera hum relógio pendurado na cabeoeifa de hum leito junto a huma imagem
de Christo Cruxificado o qual lhe fez imprimir o Frcy Apolinário da Conceição, Religioso

Leigo Capucho da Provincia da Coooeiçào, do Rio de Janeiro, morador no seu Hospício


deita Odade (...) SO coplas» (...) Outro aonato oom hnoH* dedmaa a^o aMompio era
louvar huma religioza que se esperava fosse eleita prelada no Convento de Santa Anna
desta Cidade de Lisboa. Haverá tres semanas e meya empreção lhe falou hum ajudante
do regimento do Mtaoteiro-Mor, morador a S. José. (...) 200 cópias (...) se estava também
eunicimindo por antefvallos quando nio havia ootta coua que fazer hum livro intitulado
JImUWI da amiga e nova Lusitânia segundo tomo composto pelo Dezembargador Ignacio
BariNoa Machado sem precederem licenças porem com animo de não sahir a luz sem se
(Meim as dltasUoenças, porque paia isao eetavio paia oflbreoeir o ori^^
e só se trabalhava na dita empreçam afim de adiantar. (...) se imprimirão vários sermões
que ja corrião empreços com licença deste Tribunal a saber hum de N.* S.' do Monte do
Carmo que pregou no Algarve o Cónego Loureitço Baptista Feyo hoje Monsenhor da Santa
Igreja Patriarchal o (|ual mandou inpiríniir sem novas Uoencas. Outro da canoniaclo
de S. Luis Gonzaga pregado pelo mesmo Autor e por elle mandado imprimir sem novas
lioeosas e lhe entregou elle confidente 130 copias de cada hum. (...) e outro das exéquias
de El Rey D. Jbio o quinto coniNisto e recitado na ddade do R>rto por hnm rdi^kn»
Loyo (...) reimprimira ele sem nova licença para tirar algum lucro. (. .) 100 copias de que só
.

duas veodeo e as mais conserva em sua casa. £ tomou a dizer que em casa do P. Antonio
Xavier ntMiMn^ taonáu a SL* Muúia.

. • •

Outra confissão a S de Meio de 733: Há 6 anos ponoo mais ou menoa mandou o


?.• João Antunes Monteiro, Prior actual da Igreja de S. Nicolau desta Cidade chamar e
£alou a ele confidente para lhe imprimir huma ooIeoGio de pareceres de vários Theologos
dados a respeito da agoa Hvrs dos qnaes faans se achevSo já fanpressos nlo sabe se cem
licenças e outros ainda manuscritos e com efieito, em virtude da imcomenda que lhe fei o
ditto Prior dizendo que tinha para isso ordem de El Rey fez elle confidente imprimir na sua
oftkina a ditta Colleoçáo sem para isso proceder licença (...) 100 copias, ficando só na offi-
dna as porpinas que coetnmio ser quatro copias, que cada hnma oco^iaria com flalhas (...)
inqpressasim follio. (...) haverá 5 ou 6 anos fez imprimir (...) a papeis compostos na lin-
gna latina macarronica pelo Dr. João da Silva Rebello, imitulado —
Bisnaga «aeotatka
* t Qiwfaw d^ifaiiwiáy lllBaris^Biil>(...)aHilW)adèbi^
Ferrão em cuja impressão falou a elle confidente o ditto seu Autor João da Silva Rebello,
ao qual entregou 1000 copias de cada hum destes papeis (...) hum papel intitulado Taboada
do amor que confessou lhe baviio mandado imprimir huns segos, a quem não sabia o nome,
lhe fay msndado imniniir por hum otteial de liaiprssslo dnwwdo MímwibI, morador nestn
Gdade que trabalhava na ofiicina de Rtancisco da Silva por detrás da fgreja de S. Antonio
de Lisboa. N,B. Sobre o AiuUoÊa Qmmtical diz que nlo ficou só com as prqpinas;

Copyrighted material
L E

JOURNAL
S CA VANS. ò

D E C E M B R E M. D C C LII.
ANTONIUS TEIXETRA GAMBOA VIRIS DOCTISSIMIS
humanillimif^uc qui tphemerideJ fapiemium confciibur.t. CmT'
AltfjttHU Ui AmMt
.

A OIRE: Lttttt i wutnc Ttixtir* CMnb».t ,


'*

du JtHrnul dn S^ãunt.

CETTiLerrrcnouieftadrcf- qui enrichiíTent de$ climi» pluJ


fcc de Liíbonnc par un Por- ht-ureux mais il ciiint «rec rai-
.

tueais, »uin kon citoyen quama- íon lei obibclei qu unc ignoranca

teur fmcére de Sciencw & d« invcterée& un pcdimifm* .mmc-


Kns. Aiiimé d une noble ímula- morial nc manquent laroaw d op-
pofer aux^rcm^n etfort» du g.mc
n.>n il voudroic (aire naitre dan.
G l'atrie l« lumié.e» & Ics ulens & dc la vente C« durs teptochvv
i.W,r.rW. //.
Nnnnn.,

Noticia do aparecimento do \'erdaileiru MéltHÍo de Estudar,


publicada em 1752, no Journal des Sçavans, de Paris
E S T RA T T I
DELLE D UE OPERE
J 7i,T J TO TE

ALOYSII ANTONII VERNEII


DE RE LÓGICA
E T

APPARATUS AD PHIIjOSOPHIAM
ET T H E O L O^G I A M
8". Tom. 2. Romét 17 Ji-

Pobblicati oelGiokNALi db' Letterati di Roma


per gliAnni i75a,ei7S3-

IN ROMA MDCCLin.
Afpjt.Esso NiccoLò . E Marco Pagliarini .

G» Uciíii;,* dt' Suftrioh

Rosto do 2.0 escrito impresso de propaganda

que atríbuimos ao próprio Vernei


— 603 —
mas continuou elle confidente a imprimir mais copias em papel seo e com efieito tirou 500
extracto*da dita cofaporiçio doa «lOMa naáto alpuM • ontroa ae aehio aotragMa ao
P." António Xavier Godinho, Protonotário Apostólico, morador na Trav-cssa do Assoufue
Velho a Santa Martba, Freguesia de S. Josi desta Cidade. (...) fez imprimir por ordam
do EUbuador de CSuteOe D. Mis Bpraaiido e Anee de Ubm Soutoneyor MMionei e
Ontro» 3 pÊftttWÊitutln a respeito da eaaa da Cosa de Aveiro, que continham os embargos
oifereddos na mesma cauza dos quaes so para hum vio que havia licenças do Santo Oflkio
e para os outros dois só sabe que as havia por lho affirmar o dito Embaxador. (...) haverá
oois aooe imimnio ooit tonetoa compoiíoa cni lonvor de ir. vqvjiiio oa nocHe, Knipaeo
de S. Jerónimo quando foy eleito Geral de mesma Ordem, os quaes lhe mandou imprimir
Joio Crizofttomo Celleyro que então ent administrador dos Estancos do Tabaco, ao qual
nlo levou eit^íieadioataaBC») 25 eopiat mais on menos. N»B, Tutan tinia aminido
o termo de compromisso de iiede iomnimir sem Uoença do Seolo Oficio. Fel praessndo
e acusado no ciroere. Suspenso por um ano, etc
(T.T. Inquiaiçio de Lisboa, n.* S 072).

z> P.* Boaventura de S. Tiago e SUva, Presiritero SecuJar, natural e momáor em Lisboa,
na CalfaAt do OaretÊ. Contado ao Anto de ITfiS—Fnso e ll^IX-lTa.

Presos também o P." José Tomás Borges, Presbítero, morador às portas de S. Antão
e P.* Sebestifto Madeira, cura que foi da freguesia de S. Nicolau, e Francisco Stoqueller
filho de Cristiano Stoqueller. N.B. Havia fidado mal de Pombal e do Santo Ofldo, a
filvor dos Jesuítas e do P.* Malagrida. A 1.» testemunha depôs a 14 de Agosto de 1762.
Sentença: Vá ao Auto publico da fé na forma costimiada: nelle ouça sua sentença, faça
abjuraçlo de leve suspeitona fé, seja absoluto da «awnmrntMo e o degradio por tempo
de cinco annos para o Reyno de Angola, aUm das penas espirituais do costume e pague as
Custas. — Auto Público a 27 de Outubro de 17(5. P.* José Tomás fioiges. Sacerdote do
liÉbito de 8. Vadn». Gonlndo no Anto de VMS Prem em 12 de Novembro de 1763.
NJ. O P.* Silva já vinhada Junta da Inconfidência, onde foi interrogado sobre as
casas que frequentava: a do Dr. José Tomás Borges, às portas de S. Antão que tinha culpas
iguais às do P. Boaventura de S. Tiago e morreu no Cárcere a 28 de Outubro de 1765.

XVT

PROPAGANDA NOS MEIOS UTERARIOS

m) Chita MM Bedactwea do JfeensaT dst Slpemer sobre o Vtnhdrirú MHodo de EMaáar,

riiitnidiii Trifirlfa Cifi) flantlinn Tliii niiiliminiii limiienimii nl iniMi. uni riilMiiiiiiiilin
saplentium conscribunt. Cest à-díre: Lettse d*Antoine Ibiaeta (did Oemboe, è
síeurs les Auteurs du Journal des Sçavans.
Coite Lettre nous est adressée de Lisix>nne par im Porttigais, aussi bon dtogm
4D*aniateur sincère des Sciences et des Artt. Animé d*nne noUe ^tw^itotot il

voudrait faire naltre dans sa Patric les lumiòres et Ics talents quí enríchissent des
dimats plus Iwuieux, mais il craint avec raison les obstades qu'uoe igooranoe

Copyrighted material
— «04 —
invétérce et un pédantiame immémorisl ne nunquent jamais d'oppoaer aux premien
efíort& du gaíA et de Ia virité. Cei dura reprodies de pédantísme et d*igooiaooe
Mot id pradprfi, fiam au oorps entier d*uiie Nation d*aiUeiin três eiitfanihle,
du moios i presque tous Ics Maitrcs chargós dc réducation dc la jeunesse Portugaise.
On aasuie et on prouve que leur méthode d'enseigDer a'est propre qu'à éteindre le Qambeau
de tal nifon ti dn fánie, qa*i fanmortaliMr le tigat dn OMiivaii aottt. dea pr^jmêa de la
niperstition. Au reste le Portugais ne parle pas de son cfaef, mais il parait souscrire m
jugement que porte un Capucin d'Italie sur les Auteurs, les Ouvrages et les Maltres Por-
tugais, qu*n a beaucoup oonnus pendaot un asaez lomg s^ur a íait à Liiboade; oe
qu'il

Ovada qui oertainement a du godt et de Tinidltion, a álé tamoJa de Vétat dépfcwaMa des
Lettres en Portugal, et il cn offre un Tableau qui par un retour naturel sur nous mêmes,
doít nous faire sentir bien vivement le bonbeur que nous avons de vivre dans un Fays aussi

La Lcttrc dont nous donnons Tcxtrait est consacrée toutc cntièrc à rcndre comptc de
Touvrage anooyme du Capucin, écrit en Langue Portugaise et imprimée en 1746 à Valenoe
en Espagne, dm
Antoiae Bdb diai 1«8 niaini duquel oo ignore par quel haawd to mni^
ccit «at tooiM. Cest un traité des Etudes en 2 vol. te4.° à Tusage du Portugal: diaque
volume est composé dc huit Lettres, dont chacunc traite d'une science particuliòre, et reiève
des inoonvéoients de la méthode employée jusqu'à présent pour l'enseigi>er, et trace un
plaa de réfonne qui peut ttn fort ntOe, s'll est suivi; oee Lettres soot adrenées à on Doo-
teiir de TUniversité de CotíltBbn, ÇfA ayant eu de juste scrupules sur la manière dont les

Sciences sont enieígnéei et cultivées dans sa Furíe, avait consulte le Capucin sur les moyens
da hlier kuct progrès ea corrigeant tos aaden abas; te Capada ao te flatte point, il lai
acfoue íngénuement les défaux énormes qui avaient frappé ses yeux et révolté son esprit
paadant son s^our en Portugal; il représente les Ecoles Portugaises comme le domaíne du
OBUvais go&t et de la barbárie et oonune Tasyle infortuné des erreurs que Descartes et Newton
oat prascritee du reate de l*Europe. Li, si on Tea croit, tes poiatas, les jeux de mots, les
Troídes allusions, Ics figures foroées, les hyperbolcs gigantesques se sont rcfugiés sous Ic titre
d'Eloquence et de Poósie; lá, les Universaiu, les antitbòses, les abstraaions, les quaiités
ooodtes osurpent iBsateaiment te nom de Fliiloeoplite et coosoment ua temps prédeux
que Ia vérité seute a dioit d'occuper. Mais cette vérité est une inconnue et une étrangère
baimie à jamais de oos lieux: sa faible lumiire ne peut percer les profoodes ténibres que
te pr^tigi lui oppose; les Galílées, les Descartes. les Gasaendis, toa Nawtoos, ces DéUth
seurs de la raison. ces Réfomiateurs du monde, ces Précepteurt da fBOia Imimia, aool
traités cn Portugal d'hcrétiques ct d'athécs; on n'y prononce Icurs noms qu*avec une pieuse
horreur; on ne medite point leurs ouvrages, on ne les lit point, mais on les condamne, on
tet aliiborre; au teste I«s Dodeafs Pòrtopls, sartoot tes lUUgicm, soot doootaala deteors
préjugés, de iciirs erreurs, de leurs chimèrcs, que regardant les lumières de leurs voisins
d'un oeil tantôt indifférent, tantôt ennemi, ils les m^riseat, comme frivoles, oi^ ils les dites*
tcut comine impies.
Tel est Tablme dont le dode Capucin entreprend de les tirer poor teor oovrir te véritabte
earriire des sdences qu'ils ignorent ct des arts qu'ils défigurent. Ce Censeur n'est point

OB Satyrique amer qui prenne un plaisir malin à découvrir des défauts pour les exposer
à te riaée pabUqae, dm
aa Mideda davitaUa <|ai a*iadiqne te mal qat poar y appUqnar
le rémèdc; peut-itre aussi a-t-il Ia politique dc quelqucs rffilrrinil lllbflca q;ill fOOt d*abOit
lemal plus grand qu'il n'est afin d'avoir pius de gloire à le guirir.
Nous nerépitenmsptas les itiprochea que rAateurreoouvelteexactement dai» daique
Lattre contre la méthode Portopiae, flute aoos alteos te mivre d*aa pas rapide dans une
parttedsapriadpw atites qa*Uaapoaaaiir tcMleitoaidsacaietqpiaaaoBOBBidaaace Capada

Copyrighted material
— 605 —
une irudition uoivtneUe. II rrnmmiirir dus les quatro pmniton Lettni Ktude des
LangiiM, à Ia me deaqueUes, il met cèUe dn Pays ; il ne feut pn qu*on ae contente de Tappren*
drc par !'usage, il conseillc cn homme dc goQt de rémontcr jiisqu'aiix príncipes et de puiser
dans les préceptes de la Grainmaire des connaisaances profoodes que la familiarité des con-
venetioos ocdfaniree oe pent jMneia pracoiers il cnaelBiiB lee mogma de féfMier la snuide
Slirilité dont il acciue kl Lngue Portugaise; il permet à cet efTet d*eiiiprunter avec sobriíté

des diverses langues de rEurope oertalnes eivcesaions néceiaaires, et de lea «dapter au gíoíe
peiticulíer de la Langue Portugaise.
Ob Cvonve dans la troislteie Lettre une opinion qui sans doute appartient i TAuteur
endtthwnMat; il retarde Tusage ordinaire dcxcrccr les Ecollcrs à composer des vcrs Latins,
oonune ^HffVwnwt inutik pour rintelligence de la Langue Latine; il nous parait cependant
inoontestable qate qnelque IrWipw qne oe aoitt la leetnre et snrtout l*intt>tioD dee poèina
contribuc beaucoup à fairc connattre mille détlcatesscs, millc propriftée doot le Stjde pina
unifonne des Históricos et des Orateurs foumit peu d'exeoiples.
]jea cinqidène et aMène Lettiee cootiaonBDt nn traité complet de Rhétoriqne, dana
toquei TAuteur sans aVvrlter aux chimères pédnitesques qui ont «musé tant de Rhéteari
peu Philosophes, remonte aux véritables source« de Téloquenoe, enseigne à TOrateur oe
qu il doit aux diilérentes ctrcomtaooes des lieux, des temps et des personnes, quel est le

une péroraison vive, animíes d'une élocution brillante et variíe, ont dc force pour siibju-

guer les espríts, pour eoiouvoir les coeurs, pour entratner les suffrages; enfim il dévoile les
principanx aecwts de rart de plaire» d*in8lnitce, de permader et de toodier.
Les préceptes les plus utiles d'ATistote et d'Horaoe sur les divers genres de Poésie
sont exposés avec goút dans la Le Capucin toujours rigoureux envers
septième Lettre.
les Portugais ne leur donoe pas même de mettre leur célebre Camõcns au
la coosolation
nuig dee grande Mtee. La Lusiade lui parait on ouvrafB médioere; U en crHiqoe et te
titre et la constniction et les épisodcs et la versification. Mais ce qui le scandalise princi-
palemem, c'est le mciange continuei des Fables du Pagaoisme avec les vérités dc Ia Rili-
gkn Quétienne! U ne croit potat* conwne M. dn Perroo de C2uleni« que Vénus lepréienle
la Rélígion, Mars Jésus-Christ, Cupídon le S. Esprit, Baccfaus le Dimon. Mercure ne lui
a poínt paru ètre Temblime des Anges, ni les Néréides des vertus; il n'a point saisi toutes
cea adMiles alldgories, trop ingénieuse et trop indèoente excuse de fictions trop extravagantes.
Au reate les dí&uta éoormes de jugement qu'il reiève dans Ia Luaiade, n1emp6client pas de
nodve justice à k vive et Mconde inunafination dn Po«te.

L*Anteur pour inspirer anx Fortúpds le goOt de te aaine Fhilosopbie, a cm datvoir


daoner nn abrégé de THistoire dc ia Philosophie ancíenne et modene;
dlaliofd leur cW
une avenue agréable par laquelle il veut les conduire à ce Falais inconnu. Son traité de
Logique noblement purgé de toutes les disputes scbolastiques remonte aux príncipes de nos
idéea et aux aooroes de noa errenrs; rAnlenr psétend, au grand m6pris des idèes inéea, cpie
tonlee nos connaíssanoes entrent dans notre Ime par les sens; 11 attríbuc les crrcurs des
honnnes plutôt aux faux jugements qu'ils porteot sur les cboees par passion ou par défaut
dteunen, qu'à b
défèoloodté de leoit raiacaiwaaents; il oompaie cee emora à oeib d*un
fou qui dans les aocis de son délire s'lmagine être Roy, et qui portant de ce faux jugementt
en condut avec conséquence qu'il est environné de gardes, flatté par des court isans, obéi
et hraoré de tout un peuple. Cest donc sur nos jugements qu'il nous importe surtout

Copyrighted material
—«06-

d'êtie dioonspects, puísqa*ili Mot la htat de nn ratsoonements et de notre ooadnite: il

fhnt «Bloiit w dífier des peiíioM qui les oomapMit et de Ia préctpitatíoo qai ks prodiiH
•D iMuard; on peut dire que toute Ia Logique est renfÍDiiii6e dam oe pvéoqrtie utile, dont
let dnomtances doivent détennioer rapplication.

NmnUm Um». Mét^hyiv*

Id le Docteur de Conimbre se trouve fort loin de son compie. Persuadé de Ia trèe-

-grande utilité de TOntoIogic ou Métaphysique intcntionellc, il avait prier le Capucin de


vouloir bieo approfoodix cctte pariie. Cclui-ci lui répond qu'il faut qu'un Philosopbe
edépodUedeoere^iecttenrikpcmr uneidenoeextrBinefneirtfHvoto Pourliriae contente
de faire une division gónc-ralc de Ia Métaphysique cn Ontologic et nBBUUiatologie; tout ce
que rOntologie a d'utile se trou (Roído. Mais uma ou duas klim) nofenné dans ies
pnnièiwaoCtonidekLofiiii». Ixs priiKipee de to Ftaonloloaie •» diitinguent pos w
de caw da to Hiiyiiqpia qid mugaent to dMBwBO» eewiieMa dea wprita et dw coipa.

L'Auteur se propose dans oette Lettre de bannir des Écoks Portugaises rigooranla
nfticuilté dea biypodièaBa Fhr^pattt lBiBMiifia, et d^élawr mr toiín fuinea toa princ^pea de mb
to Plqrsique modeme foodéa nir to Qéométrie et aar TAlgèbre; il paralt respecter médio»
crameat Aristote, encore moios ses prétendus Sectateurs, qui ont ajouté à ses eixcurs les
afaeuidités les plus grosstères; il réserve sa juste admiratioo pour Ies Galilóes, lea Descartea,
leaNewtona, les Leiboitz, lea BemootUs, lea Maiians; D ne prooonoepditteatreDeacaitea
et Newton, mais il conseille aux Mattres de faire pescr iciirs raisons aux jcunes amateurs
de la Philosopbie. II finit par déclarer que le Philosopbe le pius studicux acquiert dans
oe OMode bieos peu de londèree oartainaa» mais qa'il vaut beaucocp ndeux se ai BBr w u
dans ce cerde étroit de connaíssanoes incontestables, que de se livrer comme lea Ftriprtétt»
ctena à to manie de di9uter sana oease aur dea dMses dont on n'a nulle idée.

OmUmLgttTt. Monie

Id rAnteinr voudnit guértr toa Portugato de mille erreurs beauooup pios ftmestes que
toutes cellcs qu'il a relevées jusquc-là ; il prétcnd que Ics Romans ont subjugué iciir ima-
gtnatioo et confoodu dans leur esprit toutes Ies idécs des vertus et des vices; il assure que
Dam Quidiot, ce Hiroa «ctravagant, oe manque poínt dfmftotenn pumi eax; il catiqnaad
da hw
retraoer leurs devoirs et de lea rananer dana ha aentiers de to raiaoo et de to justice;
ilparoourt l^èrement Ies difTérentes routes par lesquelles les hommes espèrent parvenir
au aouverain bieo, objet de tous leurs voeux; il fait voir que Taccomplissement de toua
noa dewtoa et to sento qui <wn l tliaiit à to ftlidté éteroelle, nona
i i encota aatBCÊAnt hm
«n iMmaol to fiUcM temponito.

Copyrighted material
Doulèm Lettn. hfàkdm

L'Auteur veut procurer anx FortiigBis la santé du corps aussi bien que oelle de Tamc;
tt reftite awc beaueoup de fotce kw erreur dinBWMe wr rinutilité de VAmteaàB. OtH
un préjugé commun en Portugal qu*un savant Anatomiste ne saurait être un bon Pratiden;
et quoiqu*il y ait toutes les Universités Portugaiaet un Profeeaeur établi pour eiMeigner
moins n^igée à peine lUtHn deox fbii ruméeanr un moutoQ
oette «denoe, elle ii*en est pas ;

dei démoastrations superficielles, qu"un Boucher ou un Cuisiner ferait beamoi^ námx; ce.
MOt les tcrmes du CapiKÍn. Pour lui, il declare qu'à I'cxemplc dc plusiciirs savans Ecclé-
liMtiques des onziime et douziàme siides, il a fait une étude approfondie de la Médicine.
TbI eit rordie qii*n met dam ks cnwMlmmw qne le Médedne doit aoqoerir: 1.» n finit
qaMlMdie ce que cVst que le corps en général; 2.ooe que c'est qiMlecorp<^ hiimain; 1P qoel
de la vie; 4.° Quelles sont les cauae» qui y portent atteiote; 5." en quoí oomaiile
•Bt le príncipe
de la nntó; C.*> oe qoe e*est qu*iiDe emté altérée; ?.<> queb acait lee rfimèdee
la peribctiai
qM kahonanae oot d6oouverts pour entietenir ou recouvrer Ia santé; 8.*> enfin commeínt,
do» qpd tenpB, et itvee quelle éoooomic lee lémèdea doiveot fltre appUqués am maladea

TMUiiw JCeffirv. Dnrit CMl

Oette Lettre ne oootíent qo*tine eapèoe de taUe des Aitteurs et des matiires qqe ks
Éooliers doívcnt étudier, avee une coorte egqKMitkn des devoirs dn Joge, et ooe critique
du recueil des lotx Portupises.

OmrtonUm «r fukiWiiM LtOns. TkMatk «r DmU Ornou.

VAaUm voodialt pouvoir perwader aux TMdoiieae FortuvUs de dwrciíer, non


dans Icurs disputes scholastiques, non dans les rêveries de leurs Casuistes, mais dans Ics
sources sacrées, dans l*^iture, dans les ouvrages des Pères, surtout dans une connaissance
paiiiiite de nOstoire Bodéaiutique, les annes aêoesMdres pour coinbattre et pour vainers
kseanmis de notre Réiigion. n coBeeilk ame homnes de flrire umib de leur raison, non
pour percer Ia saínte obscurité de nos mystères, mais pour se rendre compte des motifs
de leur croyance, et pour apprendre de oette raison m&ne combiea ses bornes sont étroites,
comMen ses lurnières sont fidbtes, et ootnH» k seoours de la réfvélatJoo lui é<ait néoessaire.
Le Droit Canon est une braadlB essenticllc dc la Thcologic et TAuteur ne donne le
aom de Tbéologien qu'à oelui qui est consonuné dans Tétude de oette scieooe; ses préceptes
iuroBtte partkaerédniNnteiiBan à domwuneliile d*Anteufsà Ia titedesqaeksont Vaae»
paaetCHlMrt.

La aebUme et dtrnUn LtUr» cootíent des Conseils généraux anr l*édncation de k


jeuncssc, sur le choix des Maltres, sur Tordre général des études, sur Ic nombrc et Tarran-
gement des classes; on trouve à ua plao d'éducation pour les femmes, dans lequel
la fin
OD fidt entver lee Betfce^Lsttws et surtout k icknce ecoocmiqoe quVn rciarde asMC íné>
rakment oomme celle qpi kur est k pius nécessaire.
Telles sont en géoeral ks lumi^es que le savant Capucin a voulu communiquer au
Dooleor qui le coosultait et A ceux qui ne le oonsultant pas, n* (...) prouvaient que aden
—608—

leteaoteqa*ilsaraieiitdetMooiiMils. MriiiiaelaMlefiiiitdesMtnMnxT Gduiqpd


doittoqKMrs attendrc quiconqiic a Ic courage de fronder deserreursaocréditéMCtdlnaoi^
oer det «tdtés nouvellcs. Lcs Doaeurs Portu(ais n'oiit pO lui pardooner d^woir appengn
tei défiMit» de leur métbode, et d'tfOit yoohi kt lépftr; U le font dédataét cootr» ce Nova-
teur qui vouiaU bitiodulre le 8oAt et la raiioo dau leun Eoolet; Us oot api^^
rartifice et la calomnie; ils Tont peint dea plus noires oouleun, il Tont aociué d*iiipiété et

des crimes les plus graves et les plus imaginaires; mais des amis géoéraux se soat aimée
pour n défeoie;ont opposé i oe tonent d*ii||itres la modintioii la pta» parflUtea; Os
ils

ont confondu Kimposture et fait triompher Ia vérité. Ccst ce que le Portugais qui noas
dédare absolument pour le Capucin, nous appreod dans un endroit de aa
écrit et qui se
Laltfe iMMs nppofteraoa idt aflD do nwltiv noa Lecteors cu état de Joier de sou slyla
•Idu mérite de sa Latinité.
Si mihl judiciam detor» dkam Capuctaum istum néscio quem, neque enim eum de
fade, nee de nomine noaeo, et de methodo disciplínarum recte jodicare, et nostratium
vulnera bane cognita habank cisque ¥snun medicinam parare. Qood idem doctiomm
Laaítaooram, quique ad exterorum rationem privatim discíplínis dant operam, judicium
ftlit. Centra vero plerique. maxime Regulares, qui ex veteri mctbodo fuit. Contra vero
piBfii|ue, maxIniB Ragnlaics, cpii ex wslefi methodo vel honorain, vel fuonuii csplebanti
eidem resistere máxima animi contentione. Hinc nata sunt critica scripta aliqua, quibus
invidi ilU et pertinaoes bominen de Religioae, de Majesiate, et néscio quo alio crimine pos-
tuiaiuBt SloiBMhUBniai si (Doersiii <|iiot ineptiis, qtiot ínjuríis, imo vero, Quot contosHlto,
rtnrtlsiimiini hoiai aem «C de Lusítanis praedane meritum onerarint, andabatanmi mon
cum anonymo scriptore pugnantes. Sed incassum haec fuere. Nam Cápucini et fautores
et amicí tam bene reprehensorum inscitiam patefecerunt, petuianti íamque totidem scriptis
pefnregBrnni, ut gocKifwn ac praoemnn juomm buiu supra nen possti.
(U Jàmml du Sçamu, A Fluis, 17S2, Deosobre, p|. 833^1).

b) Separatas dM noticiM do IKt i8> Lattea, 4ffm alu tOt Mê MÊUr^f&kú


r

EMratti deUe due Opere intitolate Aloysii Antooii Vemeii De Re Lógica et Apparatus
ad Phfloaofiiiam et TlieolQgiam. 8.» Tom. 2. RooMe, 1751. MMioati asl Giomle dé
Letterati di Rfloa per ami 17S2 e 17S3. Roma, 17S3. Apmso Mooolb o Msoo
Pagliarini.

Da primeira noticia exiractamos:


(...) Neila giudioassíma, ed elegantissima prefaziooe, diretta à giovani Portoghesi,
parla U diiarísstmo autore delle ragioni, cfae Tindussero a divulgarc detta Lógica in un
secolo cosi luminoso. Tooca in primo luogo il bisogno che aveano i suoi d*una Lógica
Eclcltica, a ciii fin qui niiino di loro si era applicato. (...) Mostra i vantaggi che risultano
da una buona Lógica per pen&ar giusto in ogni scienza, e matéria ed airincontro gl'inGon>
wnenn, e pfcgmoip ene praouee ii meiooo annoo (...)
I. Tndi per facilitare a'giovani lo studio di questa scienza, pone come un prologomeno
necessário nel primo libro, la Storia delia Lógica (...) £ conchiude coUa riforma fatta dopo
II Lodn, «siao fn fine de! aeoolo passato e nel pi eas lo In ogni período delia sua Storia
»

nomina i pib oelebri Scrittori, principalmente in quasti due ultimi secoli, e nel presenie in
Oni era pii^ necessário, c ne dà un giudizio accurato separando le virtii da i difetti.

n.
Nel seconUo Libro incomincia (...) a ragionare delia Lógica, supponendo cbe parli
ad un giovane, die noa abbia di esaa Idea veruna. Moatra die fuomo si oompooe di corpo,

Copyrighted material
ESTRATTO
DELL' OPERA v

ALOYSn ANTONII VERNEII


EQUITIS TORQUATl ARCHIDIACONI EBORENSIS

DE RE METAPHYSICA
AD U5UM lUSITANOKUM ADOLESCEMTIUM

h l B K l IV,
Romd 17 i^. htS, ajfud Sédomonium, -

Pubbiicato nclGiormle de'LetteVati diRoma ,

'
per gli Anni 1752 e 1753-

IN ROMA MDCCLIII.
FRATELLI PAGLIARINI
^''^««c!?.,^^

Rosto do 3.° escrito impresso de propaganda,


que atribuímos ao próprio Autor
L ET TE R A i

SCRITTA Anus LETTERATO TOSCANO.

A Fifica dei Cavalicr Verncy , di cui piíi volte .

mi a vete riccrcuto , alia fine è ufcita alia luce .

II titolo è quefto : ^loyfii ^ntonli Vemeii &c.


dc 1{e Thyfícd ad ufnm Lufitanorum ^àoltfcm-
tium Libri Decem . lipmx apitd Salomomum 1 769.
tre volumi in ottavo
Qjjclla Fiíica ferve di compiraento adun corpo di Filo-
fofia , Autore fcriirc ad ufo de*fuoi Nazionali c che in-
chc I' ,

cominc^llndo da un ^pparato dl Filofofia ^ e Teologia , poi


dalla L^ica , e Metafijica , opere gii da gran tempo pubbli-
çitc , Círpiegate in parecchie fcuolc sl nel Portogallo , che
fuori , come voi fapcte ; fi dovca continuare : cd apprelTo
do-
vea eJere feguito da un Corpo di Teologia fui mcdcíimo gulb,
di cui fappiamo che P Autore avea corapoíli alcuni
volumi.
L* opera è dcdicata come le altre dello fteiTo Autore ,
,
al-

ia MaeiU Fcdeliflima diGiufeppe I. Fin dal cominciamenio


dtlla fuddetta Prefazione , fcritta fui gufto dei
buon fecolo ,
flabilifccr Autore una tefi , che parrebbe a taluni inverifimile t
chc tuttt Ic Arti , e Difcipline , lu cui G raggira la feli- *

cioè ,

dalla Fifica ,
cita di una Repubblica , dipcndono in gra-j parte
c col mezzo fuo fi trovano collegate . Ma egli la prova
facil-

Impcroochè fendo dut fopfj da' quali fi deriva la


mente .
i
,

vale a dirc, la Co ,,fervazione de*Popoh , c


pubblica felicità ,

la Tranquillità dcllo Síato ; in a^^be duc querte parti è mirabile


lapn-
r influenza delia Fifica Modcn,a. '.Vichè comprcndendo
raa parte 1* Agricoltura , le Art^,
, cd il
Comnicrcio null'altro , V"

conte-
è in fe fteaa , che una Fi^ca |>articolare » e la feconda'

a bci-
ncndo la Scienza deli' U,m j ^vioralc , che prefuppono
vera
cnza deir Uomo Fifico , è fimilmcnte un' altro ramo delia
" » Fmcâ,

i
Primeira página, que serve de rosto, do 4." escrito dc propaganda, que atribuimos
ao autor do De Re Physica, dc que se dá noticia neste folheto
—609-

ed anima uniti in un modo ooCanto miiabile, da non potersi intendere, nè spiegare. Cbe
BODdiíBBBo PflnfaBa prababOmcnts è ncl canbrot Ch^em pradma oocDoaiooi divaiva, iinali
però si riducono alie idee, e giudizi. Tndi dopo avere brevemente csposte le varie sentcnze
de'Filosofi (...) coo cui ranima nostra acquista l'idee, si determina in favore di quclla dei
SifDor Locke, i«to a difc, die tutte ridee eatrano petaiai, o si fo^^
ool favore de*sensi: quale sentenza viene dal nostro autore dimostrata con sode ragíoní,
«d esempi assai chiari. Rioevendo Tanima l'idee con Tajuto de'sensi, delia di cui teoria si

credette Tautore in obbiigo di dare in questo luogo un piccol saggio; ne viene in oonse-
guenza, cha aaooodo dw questi d rapfweaentano frequentemente le ooae da quello sono (...)
Vi c dunqiic precisa necessità d'un potente rimcdio, capacc a correggere le varie infermità
delia mente. £ questo rimedio, capace a correggere le varie infermità delia mente.
B qpeMo rimedio driamano i Filofofl Lógica. Quale il noatio autore non vnole,
dw ai nocolga da un solo Scríttore, o sia Aristotile, o Cartesio, o Gassendo, o altri;
ma d» si debba scegliere da tutti queili, che hanno detto meglio per giudicare sanamente
il

ddle ooie; ed esporlo oolla possibile breviU. (^sto è il método, ch'egli asserisce avere
adopantoper se (...) Dipoi passa a mettere in prattica (...) Tidea di Lógica (...) Dá principio
con spiegare la varictà dcllc nostrc idee, sl per qucllo riguarda Toriginc di esse (. ) (simples, .

compostas, claras, distintas, substancia, universal, etc.) L'università dcllc quali egli dimostra
noa coMlate w in altro, dw aetia fwrfirtta «imilitudine dl molte idee: qndi in conactucnra
ci pajono la stcssa idca, cd hanno una idcntità di siniilitudinc, non già di natura. E qui
Tautore si vale d'esempi e chiari, e familiari; e spiega con r^juto de'Corollari in un modo
aaaai breve, ma altrottanto diiaro» qaelto dottrine, dw da altri oscmramente, e difft mwntc i

dtrattano.
Osser^'a il nostro autore con somma perspicácia c giudizio, che Tuomo c stato creato

par vivere in società, la quale cssenzialmeote nchiede, che possa comunicare ad altri i suoi
peoieri. VlM»dun<|ne nece8dtà ditepriemolti,e¥ari.ede'qualifiKÍlnwntedpoteialmo
prevalere per spiegare Tincredibile variet.^ dc"nostri pcnsieri. ^ía nicnte v'era piú al caso
che le vod, le quali con una velodtà, ed artifizio mirabile corri^ndono esattamente agTin»

III. La manie noatm mu aequiita le idee per un mero díletto, ma per potere
combinarle, c conoscere se convencano. o nò; che ò il formare giudizio. Onde Tautore
nel teizo libro dichiara la natura dcl giudizio: il quale, quando si manifesta con le voei,

sl dilaHM pfoposiiiona« {•••)


Siccome Ia mente nostra combinando due ideecllia>efocmaighldlli,oolme3aodBlqpiaU
conosoe, se le dette idee convergono, o nò (...)

IV. Dopo «vare ood «apostadaUe openolooi varie deUa nwnte nmana,
te natura
passa Tautore a spiegare il vero fine di esse, cbe è
il ritrovare la veriti. Questo è Taigo*
mento dei quarto libro. Awertísce primíeramente, die il vero è in due maniete, o certo,
o probabile, tíoè verisimik. Indi prova primíeramente contro gli Soettid, dw la mente
aoatnpnòcomaoereilwo. Dipoi didiian per quali gradlarriviamo a oonosoereil vero;
Ed aaaendo che noí non possiamo ben conoscere il vero senza conoscere i segni, che lo
dístioguono dal falso, Tautore dopo eaposte le seotenze de'Filosofi circa i segni, o caratteri,
o criteri dal wio, pooa oona Inuuulioverso appresso tutti uonini di sano giodldo, dw ^
il vero critério è la chiarem, o cvidenza che ci mostra Ia veritíi delia cosa. Onde spíegMa
Tevidenza Matemática e Física, mostra qual debbe preferire, quando concorrono fra kwo,
o concorrono ooUa Divina Autorità.

PCr arrivare poi piú facilmente alia cognizionc dei vero, suffraga infinitamente Tesscre

plenamente informato delle cause, cfae c'impediscono il conoscerlo. Queste provengono

39

Copyrighted material
— 610 —
da tre fonti, da'wiui. dalla medesima meiae, delia vokmtà. Quindi spiega minutamente
in qual muiiera da questi tre fonti naNono ifinpedímMiti dei vero: ed ia «gnnna deOe
tie classi propone Ic Icggi da osservarsi per pi(k flHlmnitf scansarli.
Ma ooD basta sfuggire grimpedimenti: bitogna aadie oiettere in esecuzione i meai
dl looprire II ¥ero. Due moo le etrede che d cooduoono a qaeato pallaao liicatnito» la
spcricnza, c'I raziocinio. Onde prima spiega come si possa conosccrc la veríti oerta col
mezzo delia esperienza ,e quali cauiele dobbiamo avcre per non errare negli esperímeoti,
Apreato dimostra in qualmaniera possiamo scoprire il vero mezzo di quel raziocinio evidente,
die si chiama dimostxnioiíe (...).
V. Non è carattcrc d'un vero Filosofo il contentarsi di quellc poche cognizioni
i!

dwbdlmentc s'acquistano, ma l'írapíegarsi in scoprire nuove verità, con cui possa arriocfaire
IaraafiMale,edi4Õl<u«raItrdigiM»raina. Di qulèdiefaiiKMtroairtofe ha crédulo iwoe»>
sario spianare ancora a suoí Nazionali la vera Strada di poter ciò conseguira. Tre sono
i mezzi (...) 11 primo è il saper meditar* (...);II aeoondo mezzo è la lettura de*lítn'i: (...)

D tono mano è la dl^Ma (...); il noiíro autore naggiamnnte eapone, prima le Icggi che
debboDO OMervare amendue i dlipiilaim (...).

05<;cr\'a anche il chiarissimo autore, che l'iiomo non dce studiar per se solo, ma per
bcnetuio degli altri, e servizio delia repubbhca, di cui i membro. Ora in dur modi ciò
poMiam Ihre, o in voce, o oo^VHMtri «eritti. B qnl ia prioio hiogo tiatta dei netodo. e deK
l*OldÍBe d'insegnare, e trattare una scienza; e mostra anche robbligazioni de'preoettori
wno la gioventú. Appresso insegna il modo, con cui si debbooo acrivere i libri Storici
Chat, gU Starí NaaanU tá i libri DottriÊaH. (...)
Ed acciò non mancfal in questa Lógica la notizia delKArte Sillogística, tanto cara a
taluni, (. ..) con moita chiarezza, e con un método Geométrico dímoitia le rogol» a pro di
quei, che vorranno averne contezza. (...)

LlMitoirenioitraiaqaeefapem pciiedei» aiiandoteBMteria,cd«wer^


per potere insegnarla. L'opera è scrítta con moMa chia rczzii, con somma erudízione, niente
rioercata,ma bene adattata, con un fino, OM todo giudizio, cd in uno stiJe latino degno
delmoni mooU: Itoadori vvdere la periiia den^ratore, gii chiaro per altri moi oampo>
aiaMati, andie quando afletta trascurarlo, con adoperare alcune voct, die non sono dei
seoolo d*oro: lo die in símilí scritti non dee recar maraviglia, anzi è necessário. É fatta
certamente ool vero fine d'una buona lógica, cioè acoommodata alia capadti de giovanetti
lodwaidealdannellainiifiorilogidie. MáilpniíonMfliUmerenBreacrittacoasonna
pietà: facendosi vedcrc da per tutto una gran sommissionc alie Icggi delia Chiesa. {Logo
§m Vfartceufoi adoptada nalgumas escolas. Saiu o Furfur) degno parto d'una penna ugual-
nmla mtlewoia, che ignonnic delia matéria che pretende oemunre. Coniparvero io Rioaw
1^ eeeniphri, {por ordem dos Superiores) sono st ali sopprcssi, presi quelli die si t rOKMOBO
(« castigadoo Hwtíro que os divulgou. Não vale a peno censurá-lo, porque Já o fizeram os
dar. mdora do Journal des Sçavans 110 mia de Março de presente ano de 1753. O mais
grma i que foi pnMdo por deereOf éa SagrtKk CoH^efoção do bdice, deZltk Fevereiro
dulaamil),

Aloyeii Antooii Vemeii (...) Apparatw «d FhiloMphiam et Theologiam (...).


Qiicsta é una introduzioM aUa Filoaofla e Teologia fiitta divenunente degli ahri
apparati che avevamo fin qul.

(I) No folheto, termina a notícia do De Re Loglea, na pág. 12, seguindo-se na 13,


a do Apparatus. No Giomale, porém, a primeira noticia ocupa at pág*. 94-104 e a aeguuda,
as págs. 172-186 do volume dos anos de I7S2-S3.

Copyrighted material
(TfaidbwBiw pubtkar mm FQaufia e mm TMbvIr) di bw» pMto a taHÉdo de* moi
Nazionali. (como o mostrou num «Manifesto crítico dii^ido t mm Frtne^ Portugiáj, ^aah
mmue grande pth mucbmnto como pela doutrina»).
«Stando io imdnto di pubbilcare i prími temi, è stato awBitito da aomini dottí,
dw bisognava prima disporre i giovanl OOB ima introduzione, che levasse tutti i dubbi, e
pcegiudizi nati dalTantico método, e che meftendo in vista Ic voccndc di qucstc duc scienze,
aerviase di risposta anticipata a tuttc le contrarietá, che i dcfcnsori deirantico método sogliono

opporre, per distotUere i aBa vera e toda FUoaofia, e Tbologia, ool


giovanl dall^wplkani
pretendere. che tutte le coas da modanni inveotate, o xlpalita, aiano catthe, o pooo coiiDinBl
alia buona Religione.
(AA» db o Aidor no prefácio aos Jovens),
(Na epístola ao Rei. depois de reeoHh em 0 D. JUto Vfiuptbi História eclesiástica
e civil e boas Letras) dichiara, che non vi mancava altro per la compiuta gloria dei Re, ed
utilità dei R^o, che l'introdurre ia Filosofia e Teologia secondo il gusto che domina nelie
iudette nazioni (França e Itália) ed altre beo oolte di Europa. (Oferecei para cooperar
tom o Rei. Reconhece que D. José continua as pef;adas do Pai e pede que prossiga prote-
gendo as ciências, e especialmente o Autor, para poder felizmente concluir) detto impegno.
1. Qm não tHlmMb por FUmfia asna ekmeia «tiadfaionaTia o nanmien ihdata. ma
bens] Ia notizia dei vero, e dei bnaooaoquistata col discorso, e díretta alia felidti delTuomo»,
gue compreende tris eomaa: o Uuinamnto de todat as eUneias, ijo, Logka, e a dftKáB tipa-
culativa e prática em toda a smt extensão (1).
H. Esposta Torigine e vicende, e rifonna delia Filosofia, v'era neoessità di apiegare
rutile che si puô ricavarne a bencfizio delia Repubblica. E ciò vienc eseguito dal chiaris-
simo autore nel libro secondo. Mostra quanto sia necessário alia Repubblica Tistruire
bane la liovaiitft. Che la vera iatttiBioiíe daliba oominciaie dal carianara i dfbttí ddla
mente, e delia volontà, per saper pensar gioito, e aaper moderare le nostre passioni: qucOa

è la Lógica, questa i TEtica, cfae costituiscooo la Filosofia. Mostra dopo, cfae la buona,
FÍkMo6a noa è una cosa ídeale, ed inutile, come pensano grindotti, die dalle continue riaae
dbe han acolito oelle scuole, credettero eaaera udcHnente atta a fomentare diaaensianí;
nè meno serve solo per Ic scienze sublimi, coma pensan taluni, che non han formato giusto
conceito delia Filosofia; ma serve per le adeo» Bublimi, per le lettere umane, e per saper
vfaieie nel mondo; poidiè In tutte le ooae. ed occorrenae è nacewaria la buona ragione,
in oni consiste la buona Filosofia, come eruditamente Tautore va dimostrando (2).
{JMostra que a boa Filosofia não se opõe á verdadeira Teologia, quer Natural quer Rtve-
hda, mat qm 4 predae tfretidUa.
Boa FUoíofia não i a que «t eonipõe de qiÊestdei subtis e noticias abstractas, inúteis
para descobrir a verdade, mas a que se baseia na boa razão: a dos Eclécticos... O exemt
do verdadeiro do falso devefazer-se «aUa luoe delia Religione CattoUca» (3).
m. Nó Uvro m
retda os bams autores. Foda deles.
2,* parte do Apparatus:
D^ois de tnostrar no primeiro livro o que entende por Teotogkl, trata ia história dela...
n. NelaaoondollbfotrattaildilaTiaifanoantoienoVpanantoaonninmB^
tante, ch'è lo spiegare la vera natura, ed uso delia Teologia ed i Teologi d'esserne appieno
infomoati : e deplora Tabuao contrario. Prova cfae non vi è altro cfae una Teologia, cbe nasce
come da doe fonti dalla Scrittura e Tradizione. Tutta la divenità atà nel matado. Se

(1) Pág. 14. No Gio, 1752, 1753, pág. 173.

(2) Pág. 17. No volume de Gio, p. 176.

Copyrighted material
612—

viene trattata al modo degli antichi Padri in una tnaniera difAiia e storica, ai chiama Pod-
lAw; se ool método Ditlettico delk scuole, si cfaiama Scolastiea.
{Reina tim erro cm muitos Teólogos que i o de não detemunarem os lermos da disputa.
Isso é a causa principal de todas as disputas... Os gravíssimos Teólogos do século XVI,
«(dtre i pift dotti moderai tanimm a EscoUstka. Mostra mais qm a boa Eseolàstka i
ÍmUspensàvcJment9 metSíárta pata refutar os Judeus.
III. (7>té5 finw» «m fW trata dos mais célebres escritores de Teologia).
Beeo feelTttto dei preMOli» t^pÊOílo. DeUiiaiii dire in ooeiíuio drih veritá, che
pochi libri si trovano di questa gnadezza, cbe oontentano tanto coee, lanto gravi e cosi

beoe spiegatc in poche parole come qucsto. Si mostra da per tutio In vasta cnidizione del-

TAutore uniu ad una gran chiarezza. Si vede il guidizio tanto in quello che dice, come in
dm tnee. La pnideiiHi oon cai ewendo oMIiitto « toocare nkone ooee odkwe,
«piello
l'ha fatfo con dirlij.i^c/za, c si c prcmunito dcllc autorità neccssaric per confermarle. II

sodo peosarc ooogiunto coo uoa socnma onestà, nel giudizio cbe di d^i uoraini grandi,
Meaimnndo modnetamento 1 dlfettl, ool rendere la dovtita ghntizia alie vfrtA. La pièti,
oon cui in piú luoghi niOltia il suo rispetto alia Chiesa ( . )

L*opcrc porta un titolo modesto, ad uso de 'Giovani: ma crcdiamo. che possan di


essa ugualmente profíttare i Maestri, principalinente quei che non avran fatto un studío
ood proftwido di qoeste materie.(l)

e) Sqiacata das notfddas áo De Re Meu^kysfea (Biblioteca Gasanatone, Miac ín fogl*


vol. 228).

Estratto DeirOpera Intitolata Aloysii Antonii Verneíi Equitis Torquati. Archi»


diaooni Eboreoais De Re Metaphysica Ad Usum Lusitanonim Adoleeoentium Libri IV
Romae 1753 in 8 Apud Salomonium Pubbiicato nel Giornale dc'Lettcrali di Roma per
gli Anni 1732 e 1753 (gravura) In Roma MOCCLUI. Appresso Li Frateili Pagliarini
Meacaati dl Ubrí Ertuvatori A Fuqoino 18 pp.

JCmaiw da dedicatória ao Mel e do Prefácio ao» jovens. Depois, resumo de toda a


Me âea. Termèm cem toledo ek^io, que Já se la manifestando moderado nas outras
tafl
págiMu. ThaAv longos extractos.

«Ma da quai fonti (siegue a dire il nostro Autorc; quesia Prudcnza si Civile,
cha Politica, ha ricevuto qual hme, (|aeU*ofdine, quella aolidena, a cui rbumo
poitata i Modcrni? Dalla buona Mctarisica. Ia qucla col paragonarc casi i passati
a Piacenti fra loro, coirosservare i costumi de'popoli, si geoerali, cbe particolari, col
giodicBia HUMunenla delia ooca, ool saper distingneie il Probabiia dal Oerto, ed api^iccre
le regole dei Probabile ai casi particolari; sa prewedei» il futuro, sa prevenirlo, e
conservare la pace nella Repubblica; ed alia perfine da una congcríe di notizic
piatídie, ooofuse, ed oscure, sa dedurre una scieiua chiara, Tacile cd utilc pc l governo si

EconoBBico, ai Folitko d*uaa Cfttà, a d*nn RapM»^.

(1) Pág. 186 de Cio, 1752, 1753.


(2) Fie 34. Em 01», pág. 340.

Copyrighted material
— 613 —
II. Termiiiata la Storia deU'OatoIogia, passa TAutore a discorrere nel secoado
libro delia natura, ed uso di qudfau Prirnfeiameate pene oome oerto, die l*Oiitologia tia
nata dalla debolczza delia mente nostra, che non puol conosccre un ogfetto in un sol colpo,
ma le fa d'uopo vederlo da diversi lati, in diversi aspetti, e oonaiderare ogni aspetto, ogni
lato aeiMniaimiie. Booo oaoe dò ipieta (...).
fi donque Ia Metafísica un Prolegomeno e Prefazione Generale di tutte le adean
che spifiga, e definiitce 1 nomi oomuni a tutte le scienze, che spiega, e definiaoe i naad oomunl
• tutte, e da tali defininizioni deduce alcuni assíonti fecondissimi (...).
Físsata ood k vera idea deirOntologia, o Metafísica, viene TAutore ad eMmtaitn
OOaa han fatto su questa matéria prima gli Scolasticí, dipoi Moderai (.. ). i

Crede l'Autore, che TOntologia sia utile si, manon tanto quanto vicne da molti cre-
dnta. É pHi ntilB m*gio«uiÍ, d» «ifi uomiiil eaeidut! nel ngloHue: 1 quatt ae tÊfmm,
adattare Ic regole di LoglCR a totti i casi particoíarí, potrcbbcrn Tar di mcno ddTOnlOlOtia.
come ha íatto pift d*an nono dotto ael preaente, e nel passato secolo (...)•
C(ò stipposto, ed «aendo fl fine ddrootolotia proporre aletioe wri
•lie scienze dalle quali si deducono molte altre; diiaramente apparísoe, Che doe dd>bono
essere le parti delia Metafísica. La prima dee trattare dei modo di conosccre Ic prime
veritá. La scconda dcbbe esporre queste verità generaii, e piu utili a tutte le scienze (1).
m. Esperta ood la OBtura, e faao delTOntologia, toecmincia rAotore nd tem»
libro e trattare deliapitee parte delia scienza, cd a metterc in pratica il suo sistema.
Diz o que ail0ÊÍi for primeira verdade geral.
1: Provou na Lógica que as primtínu
wmlaiu B bio, de éito modn: tmn por mth éb iíÉtímo umOt p.«. a
tt podem eeiétetr.
própria existência e as opmições e os «ífffettt» da <dma', outras, per mth de uma boa razão
que, de outro modo, «r «lhana seoio ooman... p.
aou Uwe, etc.
^
ou toit um ê uõo dois homeus, qut

/yewmii qut aa pode coutectr u vord/uk» eeuUú o$ o^tleot, pnouiub que to podem
conhecer muitas primeiras verdades pela razão, vem como consequência que nestas verdades
se conhecem «anche col mezzo át^sensi esterni; allre col mezzo dei testimonio degii uotnUtl
due istromrati de^ciuali d vale la nsioBO.
IV. o quarto e último livro é o que contém a parte mais inqMrtante da Metafísica,
a slígumia parte da OitttUt^ia, que tratados uomese verdades eoinuu a imdtas diueias.
isto é,

«Qoi Signor Gavalieie ha pieao una Strada totafanente diversa dalTdtie, die condiiee
II

a meraviglia al suo soofw». Báeki obtrnado que as queitões inúteis tiukm tomado a meta-
física inútil e odiosa; que estas qjUOMes oprimiam as mentes dot JottUt O omm ob/octo de
eotttrovérsias sem fim. Isso, poirfiilade clareza dos nomes.

I. A^^ tratado do Bite mostra que 'fogoi idea SltnttA è un mero ente di ragione, che
non esiste in quel modo fuorcbè nelia meoie noatia. Qnesfastrazione però noa è altro
dw wm, eepamricne di qusDe idee diWnno pelnnd. B di qui e^i natuialmente iofè-
lieoB die tutte Tldee estratte debbono essere realmente singolari (...)

II. Circa ridee si 5iDaC0RaB e|li íia vedere dw questa è una idea astratta, un altio
ente di ragione (...).

{ptfer* ^
q/m «idi uHa uÊb 4 mafa fe um modo ietemo da anftsd tsris, o o mesmo db

(1) Pág. 13. Em Gio, p. 349.

Copyrighted material
— 614—
m. IgualmerUe fixa a ideia do Infinito potencial e de Absoluto.
IV. Qonto ao Mb, «d dâ FAntofe una idM imow e plaastbile» (p. IQ.
V. Termina com Causa e efeito.
Questa i l'Ontologia, cbe ilnostro Autore ba creduto piu acconcia per formare giusto
oomtto ddte pift ftiiiiUBrilw mttefto {>..) Cl^
(BlliUotMkNniaMdedBl>Ii«».2C4w M7<2«)

La Fisica dei Cavalier Veraagr, di cui pià volte mi avete rioeicato, alia fine i uscita
atklnoe» Htholoéqaeilotilioiritfi^tMMtf nrn^
Aátkscentium Libri Decem. Romae apud Sahmonium 1769. Tre voliuni in ottavo.

Questa Física serve di compimeoto ad un corpo di Filosofia, che 1'Autore scrisse ad


uso de'suoi Nazionali, e die incominciando da mi Apparato <ff Filosofia, e Teologia, poi
dalla Lógica, e Metafisica, opere già da gran tempo pubblicaie, e spiegate ia pareodite
scuole sl ncl Portogallo, che fuori, como voi sapctc; si dovca continuarc: cd appresso dovWI
essere seguito da un Corpo di Teologia sul medesirao gusto, di cui sappíamo che rAutore
OTM coBiportl, alcMiil volunia
L*opera i dedicata, come le altre delJo stesso Autore, alUl KfMItà Fedelissima di

Gniiqppe I. Fio dal comi ncia mento delia luddetta Prefazicoe, aeritta aul gusto dei buon
aeoolo» ataUliaea rAntora im
taai, che paireMie a tatinri iin^

e Dhdpliiie, aociil ai laab» k Iblicità di una Repubblica, dípendono in gran parte dalla
Fisica, e col mezzo suo si trovano collcgatc. Ma cpli Ia prova facilmente. Impcrocchè sendo
due i fonti» dà quali si deriva la pubblica felicita, vale a dire, la Cooservazione deTopoli,
e h IVanqpiDtftà dello Siato; In aaabe due qnaata parti è nfaahna rinftieoaa deOa Flaiea
Moderna. Mcbè comprendendo la prima parte TAgricoltura, le Axti, ed íl Commercio,
nuiraltro è in ae stessa, che una Fisica Partioolare: e la secooda oooleDendo la Scienza
deirUomo Morale. die presuppone la Sdeoxa delTUmo Físico è similmeate un'altro ramo
daOa "Van Física. L'Autoretrattaquest*anioiMatocoafoiB,eaMeatria. EdappUdamilo
alie prowidenze, che il Re Fedelissimo su tutti questt cap! na preso in vantaggio dé suoi
sudditi, per renderli piú oolti, e felid; coocfaiude con una Iode soda e vera: doé, che il Re
Oiueppe ba ben ooooadnto i doveri dei Prindpato. aidatogU da Dk», non per i-nttmiff
ano próprio, ma per \'antagg!o de*Suddit e con ciò ha acquiatato una vera gloria nel Mondo,
í :

«d una grande speranza apreno. Sendo che la vera Filoaofla, • Politica c^ínaetnano a oon*
aiderare totti fgà awenfanaoti Moadani, e tutte le Midtà ttanattoria, ooma umbí dbatti
da una mano ínvisibile, e onnipotente, tendenti tutti ad un fine pHk alto, e ad uno itato d{
falidtà inalterabile. e costante. Fin quí TAutore.
Segue un awertimento diretto a'Giovani Portoghesi in cui TAutore : si scusa di non
aver pubblicato pria Ia mddetta apera, per eHeiíli maneata atTiawiowiao la aahite nel
meglio delia carricra letteraria, a cagion di una gran fiacchezza dei sistema nervoso, che
Taccompagna perpetuamente; e non gli lasdò mai il tempo di rivedere interamente uno
acritto datamatioo, oompoMo molti annl pria.
Onde si vídde costretto à daria, come si trovava, per soddisfiue alie brame de*auoí
NaaiooaU: cdl^aggiinupre soltanto quakhe picciola noU in pochi looilii. E questo impe-
dimanto è por troppo noto bi Roma. et ancbe in Toscana, dove, come sapete, TAutore
per cagion di ricuperar la salute, si trattenne paiedd anui.
Vcniamo alia Fisica. II I. Tomo è tutto Prolcgomeno, e costa di due soli libri: in
uno dé quali si tratta delia Sioria delia fisica, e nell altro tUlla NatwOt ed Ulililà deita

Copyrighted material
— 615 —
Slêssa. L*Autore sema parziaUtà, e ooa tutta aocuratezza, ríferíaoe le varie vioende delia
Física dal suo coaiioctamento insino à tempi nostri: corredato il tutto co*terti oritkiali
in pié di pagina. Indi passando al vero uso delia Fisica, dimostra Timperfezione tanto delia
Física Storica, come delia Razionale, ed in coaseguenza la diíficoltà nel trattarlc a dovere
Aila ftw fapporta n vantaoio, die ai paò ricavare dalla atena Física, sebbeoe inpeifttta,
per la Societá Umana. Appresso propaOB il sistema, che gli pare piíi naturale, ed Otila
che si ridue a questo: dare a Giovani la notizia generale di quel, ch' è certo in Física; di
quel, dl* è ioltaato prababOe; e di quel, die non si può sapere: insegnando glí Ia prudente
molen di giudicare in dascuaa di queste cose . E finísoe il libro coUe l^i, die si debbono
osservare nel ragionarc di cose Fisiche. E notabilc in questo luogo un doppio avverti-
mento, ch' egli dá a' suoi Ciovani. Gli raocomanda in primo luogo Tuso dei SUlogismo,
prapom Ib diOlBolti, • mDo Kiotfleri»: iDoelnado,
iièl ^
quanto i'uso é nBBBwifio; «d indiciiido tf «nori di alonnl dotti, edudio MMonlid, n
questo artioolo.
aniD fwranMOCo cmw sopra u iroantnaio oonsueto oi pafeocUf Mâwaimica
>

d*intradurre la Matemática dove aon d dev* entrare: ed il danno, che ne risulta in Fiiica: Io
d» «tf dimostra, e poi conferma coir autorità de* piú valenti Matematici. Matéria pooo
iolMi, e meno aani pmticata, ma sommamente necessária nel tempo presente, in cui si fk
IMiMpA di Oeomstria, e dl AliÁn, eoms in altri t«ai|^
Scolastiche. II Tomo TI è diviso in due Parti. Neila primt» dw costa di 3. Libri, si
tratta delia Fiska Generale, cioè deli' Esteosiooe, Solidità, e Mobllftà de' Corpi tanto solidi
dw nnidi. Qtti vi sono tfe cose, d» meritano maggior rillessioM. NelT BHuiriam
rAntora oonAita il Gassendo, e massimamente il Leibnizio. attacando le mouadl, e ngion
m^ffldtiM, insino agU ultimi nascondiglí: per risparmiare, dice TAutore, il dover apresso
suppongono la ragion su/ficiettte. Ma
ripetere le stetse oose in dhersi hioghi, e materíe, die
un modo particolare. e senza recar noja: impcrocchèridUíWldoiltlIttoaipuati
egli lo Ta in
fondamentali, che sono pochi; si serve dei método Scolastico, per proporre le contrarie

ngioni piú forti com chiarezza, e ríspondeigli com brevità. NeUa SoUditá TAutore di»-
tingiw oon moMa avvedutasa ma cosa mate intesa da molti Modaini (0 fbota ftooiído di
paralogismi in varie parti delia Física) che confondono Vinerzia delia matéria colla font
ã'mema. £gU dimostra, cbe Vinerzia è una proprietà delia matéria, e la forza un'aggíaatt
sepanMte dtdla matéria.
Neila Mobilità TAutore trattando detta vera causa dei moto hcale) mette in vista il

Sistema delle Cause Occasiortali con fclioc chiarezza, faccndo vederc, che questo non ò piú
una ipote&i, ma un íatto palese. Lo che gli somministra lume per sciogliere appresso, ed
in modo iiMlitfilte, moita aitn questioid FIsidiB etCM die íbiore d tannin^^
fsnerali, e nulla signiflcanti.
L'altra Parte dei Tomo U. cbe contiene il libro settimo disputa delia Proprietà general!
ãt eorpt, diB rigoardano i dntpiB send, dei Tstto, Gasto, Odorato, Udito, e Vista.
Dipoi siegue un Appendice, in cui TAutore tratta tkUa Forma Accideniale, e Sostan-
dak Cmnposti Naturali. Questo aigomento víen dali* Autore trattato con un' ordine
de'
aaovo, ed iateresnate: impeioodiè tralasdaado le Infiníte, e nojose dioere, die si sogliono
aocunnilaie in sinrfU quertioni egli va diritto al punto delia controvérsia, e com soauna
penctrazione, e delicate/za, pone la questione in tutto il suo lume: da cui risulta, che non
è una questione Teológica, e Dogmática, come molti appassionati c'inculcano, tna una mera
QinestioaeFDoioAoas e oomdaado dascun seatimeato com autoritft inafkagabili, rispoade
gli argomenti contrarj: e termina il discorso da vero Filosofo, col sottometterc modes-
tamente tutti i suoi sentimenti al giudizio infallibile delia Chiesa. II Tomo III. è conse-
cMoiotannienladllÉ Ate Avdeolans. tmmimAt^im ^ i quattro Etemsati, Tkrra, Acqua,

Copyrighted material
—616 —

Fuoco, e Aria: appresso le Piwiie, e poi tfl Animali. Queste materie occupano il Libro
ottawo. NèliioiwIJtm>ddisoorndelCiBfe,enioÍTariii^^ Nddecfaiio,ediihiiiio
flmllA dUr Kmw.
Quanto vasta tia questa matéria, lo vede ogn'uDo: ma con quanta brevitá venga trat-
tata dal noatio Autofe, mdb mancan al neoeMario, aolo «i pAò oompreiMler teggendolo.
L'Aiitore si è proposto non perder tempo in ipotesí, e cose inutili, ma produrre quel tanto,
ch* è certo: indicare quel, ch' è solo probabile: e non abbiaoctare venma ipotesi se non
quella, cbe nasce dalle visoere delia matéria.
n Gavalier Vemey si è fatta una legge di non ingannare venmo. nel dan O mere parole,
OWOn ooaa ideali per dimostrazioni Fisichc: cgli chiama Ic cose col suo vero nome. Lo
«adnte opii tanto in quelle questioni piit oelebri, e su cui si sono scritti immensi volunii;
Iodar ihJtndpensameMti.eflrtfclie,eooBflBssarsÍncei«iacate la pi^^
ignoranza Filosófica, che n.i<>ce dalla proronda cogniskMie, ch' cgli ha, deli' faapOÉlibilità

di sapeme di piCi. Egli bene spesso accena la difficollà delia matéria, confermata qjpieao
dalli vary sentimenti contrarj, che nulla oondiiudoiio: ed allora con ingenuità Filosafica
se ne ^oria dieesere un ignonnte sincero, dove tantialtri sono Ignomiti invaniti dei proprio
aapere. Ma noo offipndf veruno, lo dioe con buona grazia. e talvolta con ironia.
Fia le altre cose osservai, ch' egli valuta la Sioria íiaturaU insino ad un certo segDo:
vaie a dire. quanto aU* utHe, dw
se se può tiiare per la Sodeti Umana: ed in coneiigi iema
iiridc di quei, che vogliono cvacuarc una matéria di sua natura inesauribile: e che passano
la vita in asscrvarc poUpi, ed altri cotali viventi, o pure Piaote, o Pietre esoticbe, che nulla
giovano agli nominl, e nulla di pià gl' ins^nano. Questo pregiudUo assai volgare fka
i Fisicí Modemi, e cotanto radicato nelle loro menti, die credono, che non si possa saper
nulla di Física, senz' avcr perduti molti anni in simili materie, ed informar sistcmi intorno
ad esse; questo pregiudizio, io diceva, vien superaio dai noiaru Autore con uno spirilo
veramente FOoeolleo. Ma venlaaio a quaklie oosa di partlcolare. Al Trattato 4(1 Aisee
TAotOrc aggiunge un Appcndice de" Corpi Elettrici: onde dopo aver rapportato fatti piú i

ooataati deli* Eiettricismo, e le ipotesi piii celebri; egli trova tanta contraddiziooe fra i feoo-
nwní, e le ipotesi, che noo crede potersi soethuire ipotesi vemoa. Laonde tooca di fiiga
qiuel, cbe risulta: cioò, che il Fuoco coogiunto a certi corpi seguita certe leggt, delle quali
conosdamo alcune, altre ignoriamo, bencbè vediamo i cary feoomeni. Lo stesso aocade
ne' Terremoti, dove aoerti minerali, coroe caussa remota; ed ai fíiooo, e ali* aria rarefatta,
oome cause proesime, supposte certe dioostame; sl dsMmio attribnire tutti gli efietti.
E quivi in un' Appcndice ci A\ un breve, 11» seosatO, nMWt^ àlXt oltimo TmUHOía M
Lisbona, ed insietne il suo giudizio.
Riguardo atk Fkmu, PAntore per reodersi pNi ntUe, e ooodso, prende una Strada di
me&D. Aooeona le parti príncipali delle Piante piú note, e i*uso ptii verisimile: lasdando
agli altri il piacere di dispulare di quello non si sa, ne si puè sapere. Venendo poi aila Gene>
raziooe delle Piante, egli trova ugualmente probabile Ia Preesistenza dei germe, e Ia Fonns-
aioaedelfBrmeinciasoiniaPianta. Quindiconchinde,die non si pnòdecidere Ia questione:
imperocchè può essere, che in alcune Piante vi sia gii formato il germe, ed in altre si Tormi
di bel nuovo. Questa verità gli pare, die oonvenga piú co' fenomeoi, che si osservano
nella Natura.
Similnicntc circa c;li . f /ímw//, egli pTOCcdc co! lo stesso método, e se ne sbriga in podw
parole. Per dame un idea sutficieale a oompreendere la matéria, quanto basti ad un Filo>
sofo principiante, egli nea rtcUéde akra cegiriglone, se noa dsOe parti prindpali degli Ani*
mali, noto a dascono: a cui aggiunge qualche picdola cosa tirata dali* Anatomia. Quíndi
possa a spiegare fuso verisimile delle suddette parti, per quello può giovarc la nutrizione,

e cooservazione deli' animali. £ quivi toccando di passaggio la verietá di seoleoze fra i

Copyrighted material
— 617 —
piú bnvi Anatomici, cbe ia poco, o nulla coDve&goiK); finisce con raounemorare Tigno-
lam mmm adttittarB te piò lettile AnBtonafait cioè^ quando vuol tpiegMV ropenoioiíe,
e natura de' solidi, e fluidi ncl corpo animalc.
Aila fine oonchinde «gli il trattato coa diie (inestioiu nobili, ed assai dibattule oelle
Seoote. La priBUi è dUb Omimukm dtgll AiémM. Qai rAnlon indicnido pria li

quattro celebri Sistemi, cioè qoaUo deli* un uovo ndTaltiD in infinito; e quello
inelusiotte di

delia disseminazione delle uova per tutto il mondo, quali nova non si fecondano. se non
quando trovano nido ideneo, ed un fuido nutriente dcattato, e quello delle particeik ot^a-
Kbatt dd Síffut áo Boffon: ed io lloe qoello deDa finmakme dd/tto ndT mUro ptr «mxw
idr aUnatone, delli Signori Hanvl, e Manpertuis; si detennina a tKHCm di questViItimo
eon oorte nodificazioni, de dotia dai airtema delle Cause Ocearioaali. Laperoocfaà sendo
evidente, h
dw mataria inerte noo poõ firo nulla, e niolto meoo nn' opera omÍ eordlen»»,
oanB un antmale; ne s^ue, die qualunque Icgge di attrazione noi vogliam suppoira
elementí dei corpo anlmale, da cue risulti la formazione dei corpo suddetto; o bisogna,
cbe queste leggi diano alia matéria la sapienza necessária per fare un vivente, e questa è
laa meia otaafaddtdone; o puie,diekmedeaímeleaidi natura, sappoMecertedrocetamaB,
da se stessc lo facxiamo. Or una leggc, che fa una cosa cotanto mirabile. e che niun uomo
wpientissimo può compieiidere, e cbe la fa sempre seoza veruno impedimento, date le
tewe ciicortiaM» qoaatalegie, dfaf <i>i, biaogpa che «la in ao iteiaa MpieBl iMlma, e potea»
tteúna: vale a dJre, che sia lo stesso Autore delia Natura, che ordina, e ... eseguiaoe 11 tutto.
E aolo in questa maniera s'íntendo no le coee. e si spiegano chiaramente; tutto il nato aono
mere parole, cfae ci lasdano al biuo.
L*altra questione è MT Aiâma deUe Bestk: la quale víen dísputata dali* Autoce in
un modo facíle, e breve, e concludente. Tralasciando le innutnerabíli cose, che si son dette
su questo propósito, si ristringe in tre sentenze, che tuttora si diffcndono dagU autori Cat-
toUd. lApitaMièdiGartaaio,dieprivateBaiÍiediaiiiiDao(»oaoenle,eleftinariaii^^
o macchine. L*altra dc' Pcripatetíci, dw ^
damo un* anima ntateriale, e conoscente,
diversa dalla matéria. La teiza di qpHUit dw Ia fiumo onosoente, e raziocinante delle
cose apettanti aUa oouanadana daH* fiodivfduo, e delia spede: ma di un ordine assai faife-
riorealla no8tra,privadellan(BÍooiastratte,esublimi, c di tutto quello è necessário perla vera
libertá. Questa terza sentenza è stata diresa da molti Padri delia Chíesa, e da pareochí
Cattolici di gran nome, tanto nel Secolo XVI come nel pa&saio, e presente e TAutore per
non nndeid fuanie, addita I teMi, ed opere di «ienni in piè di pagbH, e potidste add^
assai piú. Qui TAutorc giudiziosamente osserva, dw gli antichi Padri, e Scrittori Ecciesias-
tid noa avcano la menoma diCOcoltá di cfaimare l^uinM delle fiestie spirito, ed ancfae immor-
tak: e dw i Modemi (Ibne tenwndo le invettive de^ Soolaatid) sono pift canti, e rípug-
aanti in questo propósito, e cercano di daria díversi noml. Kfa egli dice, che questa è una
questione di mero vocabolo: imperocché aocordate ali' anima delle Bcstie le propríetà di
una cota spirituaie, ma di gran luoga inferiore ali' anima umana; importa poco, cbe la
diiamilio AMMjparaSt o inooRuttibilai owaio tfirtitukf o inaMrtaip* Laida paiò a daa*
cuno Ia libertá di nominarla a suo talento: ogoi qoal voita d dabiliaca la totale dHlbrenia
fra Tanima delle Bestie, e deli' Uomo.
A Itevon di queda tnna senNua, e oomume fira Oattolld, e diiísn neUa
permiadooe delia Chiesa, si determina il nostro Autore, e Tillustra
stessa Itália, colla
anai bene col rispondere agli argomentí contrarj de* Peripatetid, e Cartesiani
ed altri, spedalmente dell*Abate de Lígnac, che preteae di aver ridoCta la questione
ad un problema insolubiie. Ma il noatro Autore sdoidi* il probleom eol

giudízio universale de! OaoBie UoMUiD, ovmo delia Natw» daaw, « cui d aotUMBlt»
spesso lo stesso Lignac.

Copyrighted material
— 618—
Ma, rípliglia TAutore, cfae cosa alia fine è in le tiesn quest 'anima delle Bestie?
qiiil*èl^Ãtaa,epndiadnbranlínem,el'hi^^ A queatadjlBeB» ques-
tione cgli risponde, che non fa milla, se non. che le Bestie conoscono, se ne ricordmo, razio-
cinano, sentono, vagiiono, madi un modo aífatto ignoto alui. £ chi vuol piik disUote notizie,
dH to wda a tinttacdaw «pp mw qoegli SerUtori, die pretaidoM» di «mie nrivui ai^i
ultimi gabioetti delia maochina animale, e loro anima.
11 nono Libro rapporta /a Storia deYenomeni Celesli, e de'vari Sistemi per spiefarli:
fta quali TAutore preferisoe quello dei Sigoor Newton, che suppone Tipotesi delia Tena
mota. la quMto aisoniBiito 0 WMtvo Antoiía, attanlo tetoíçm a randanl iwlwiWtiMto ainoi
Giovani, cd a tutti gli altri. che non sono inizíati nelle sublimi Matematiche; spiega quel
tanto, che gli parve necessário al suo scopo: acarta tutto il resto, che richiede pià intime

aottaiMa: • aomiiia gli Artiaoomi pUi cdebri fira moderai, da* quali poanmo i Oiowani,
cha dedicano interamente ali' Astrooomia, tiraie to dfanostrazioni, e ootizie neoesaarie
ai
per capire a foodo una matéria si vasta quanto alie fotiche, e si ristretta quanto alie
cQgnizioni utili, e oerte. E qui rAutoie, oolla sua solita modéstia, dovendo abbraoaare
ripoMi Copemicana delia Tem mota, il didiiara di IímIo in grado dlpoted, ottopoeto
mmpre al giudizio delia Chiesa.
Finalmente viene il Libro decimo, che tratta deU'Uomo, considerato ne' suoi tre ponti
di voduta, cioè nel oorpo, ndP anfana, e notr unione di ambedne. Avmáo 1'Anlore neir
Istoria delia Níetaíisica, e nel principio delia Fisica, awertito, ch*egli intende per Física
da Dio create, di cui si rioercano le propríetà per mezzo degli eíTetti ; ne rísulu,
tutte le opere
die il tnttato dell*Aiiima è una vera parte deUa Fisica, tanto piCk ooosiderabile, quaitto
die dal conftoalo coito ptoprielà dei Oetpo, li conoioono megjlo to ptoprietà, e 1> natura
dello Spirito.
In una matéria si vasta, si acremente di4>utata, e cotanto piena di sistemi contrarj,
si ooBoice sempre piò to savkxm, oco cai vieoe dei ncetro Anton spiegata. EéU ridnee
ctascuna parte a pochi capi, ed in daacuno tocca soltanto quel, che merita riilessione. Per
quel cfae riguarda U Corpo ÁHimalÊ, dopo aver ingenuamente oonfessato, e ripetuto, die
delle parti tnvieniili dl detio noa ne seppiamo nolla, e deito «ilibai pooo and; od rimet-
tersi alia ingénua protesta de* piú bravi Anatomici ; e dopo awr «wertilo; che tntto quello
si è detto nel Trattato degli Animali, circa Ia nntrÍ7Íonc. e conservazione, è comune ali'

Umo, e alia Béstia perfeita, a riserva di pochis&imc cose, accenna egli le perti principali

ddto meodiina iimana, e ^ndahneote de* senri erterai, per poter dar epfemo ma ncdciie
dcl modo, con cui si acquistano le idce. E finiscc colla questione delia Gcncrazione Umana,
dl cui già ne avea dato un saggio nel suddetto luofo: e che egli decide nello
steifo modo.
Circa rAidma deiT Uomo, egli non tratta altro, die due questioni importanti, • d»
comprendono tutto quanto si può sapere: la prima defía natura ^irituale deli' anima umana,
e Taltra delia Uberià deli' anima in particolare. Non ocorre, cfa' io vi dia un ragguagiio
didtolo di qiaaiito d cootiene ia quetti doe eipiíoli : vi dir6 «otamente, cb* io vi tnvo epi^
grtO in poche parole tutto qiiel, che concerne !c piu 5oc!e ragioni, con cui si prova la spi-

litnaDtà, immortaiità, e liberta deli' Anima: e le piu eflicaci risposte agli argomenti con-
tmj. GoBqaestodipiik,clKtirateprove,eri4>oite.odair espericnza, o dal senso ooimme.
e toraade intelligibilí ad ogn' uno: e se ne burk di qu^i, che afTettano mistery, e accumu-
lano prove astratte, in una matéria, che interessa cotanto la Filosofia, c la Religíone: ed in
oonseguenza, non è riservata a ricerche e calcoli diíSdli; ma deve stare nella sfera dei
mera eenao eoanae. n Ckraltor Veraey in niim tnogo d moitra d gran Ftloeofe, come
nelle materie, che pajone astratte, c difficili; pcrocchè egli toglie loro la maschera di mis-
tero, le rende facili, ed intelligibiii a tutti: e confessa ingenuamente, cfae non può partira

Copyrighted material
— 619-
raflettazione di certuni, cfae fanno enigmi di tutto, e tutto propootooo ia aria di Oraooli
SMIini.
Qui egli dunque colla scorta dei senso comune, e delia speríeiua, và proponendo per
ordine quanto riotimo seoso c'in8egna deUe proprietà deU'Aoima nottra: e coo una ben
oooooii» Mfte oi OMenwMnit o coroun] oi vooerB <|im, gdb r
n pno bd iinocAve» mo
ne negare si dello Spirito, die dei Corpo» dw ai paragone apparisooilodpet(NtaiBO,aiMtuie
aíTatto diverse, e dota te di proprietà inoomunicabili fra loro.
Ed in fatti dimostrandod rintimo aenao ridentidà delia nostra persona in qualunque
circostanza; e Tamore innato delia stessa al próprio bene; (che comprende il bene deO*
Anima come Mente, c Volontà, c Senso) c dimostrandoci di piú Ia nostra intima Uberti
vel determinarei in qualunque caso anche diffiàle; ai confronto dei nostro corpo, che di
QiwMi prifflcd è pifvo ilAUto! M
riegne, die oon iwcft fltftai, 6 aom tndiv ds noi ttenit
abbiamo alia mano Ic prove piu concludcnti di quclle gran verità, che la Religione c Natu-
lafe, e Rivelata c'insegDa, doà cbe l'Aniaia nostra è Spirituale, ò Inimortale, è Libera. £ qui
n Dortro Auton rifBttate oBrte ipotari dflO* AlMl» di Ugn^
amo; awerte i nioi Giovani, cfa' è inutile il voler rivoodere per lo minoto a tutte le insuba
ragioni de' Materialiste; e che basta distruggere le fondamenta, poichè il resto da se stesso
rovina. Or il principaie fondameoto cgli lo proponc con tutta diiarezza, e brevità: e gli
ri^Mode alio atcaao modo, ool dedorre le rIqMale da i Iami ineaUngnlbili deO*
intimo senso.
Lo stesso osserva TAutore Qell'trattare delia Libartà deWAnima ia particolare contro i

Fktaliiti. La aiperieiBa, e rfntfano aaNO aooo a atteriano


la aima flrtali, dw tagliaiio,
tutto. Flsr vaio dire, non credo aver una queitioDe si grave, e si fecooda, tiattada in
letta

caá pocbe parole, e con tanta fadlitA e pnxknza: sendo cbe mette i Giovani nalla «aia
Strada dl poter sdogliere qualunque di£Bcolti in aweníre, senza nuovo aiuto.
Segue fUttione fira VAnbm ed ti Corpo: in cui rAolOfO OoUo stesso método riduca la
difficoltà' ai capi fondameotali» a fDooodi, da dova naioano moita altre verità, a ravoiie

oolla sua solita chiarezza.


ftwuppoato coo» pA pnbaUla, dioe il aoatn» Anton, dia FAninai da piaaaala al
cérebro umano; Tesperienza ci mostra, che, sebbene presente, ignora aíTatto, quali
impressioni e aegfú, ed in qual luogo dei cérebro, faociano e sensi estemi. Ed ancor-
diè vedesse i segni, aarebbero per lei caratteri ignoti: non esaendo necessária relaziooa
veruna fra i segni, e gli oggetti estemi. Similmente ignora, con quai leggi s^impriraono,
ed eocitano: suddetti segni: doi le leggi delia memoria. Per altro Ia madesima esperienza
d mostra ancora, che dati i tali s^ni, o inapressioni dei cérebro (supposti i sensi sani) TAnima
ftoostretta a oonosoara, o Muliia» Chanonaooatiattada waiuuooirpo,o veruna imprasBione
materiale dei cérebro; le quali cose non hanno ne forza, ne scienza, ne potenza d'imprimere
qualunque modo nelio Spirito incorpóreo. L*Anima da se stessa non si può costringere,
ne darsi le nozioni ddk cose esteme: perciochè tottooe U segno dei cérebro per qualunque
sforao ella fiKda, nulla conosce: e sicoome eisa sente in ae itassa, che nel volere è attha;
colla stessa evidenza sente, che nel conosoere, e sentire è meramente passiva, ne può ricusare
di conosoere, o sentire. Lo stesso accade drca i nervi, che servono al moto delle roembra.
Faadaodià rAnima ne conoaoa U mecinhmo dei oeiel»o, na sà qual fibra deve toccare
per far muovere un membro pià che un altro. E pure volendo cila muovcre un determinato
membro sano, mai non falia, mai lascia di vedere Teffetto. Apparisoe per tanto dalla
dMH as|wricnBBi« dw TAtrina è ouatint la a dft ftnn da nna causa aapianttadma, a poten»
tíastma, che conosce tutte le fibre dei cérebro, e tutte le leggi, con culsi sogliono eocitare
in esse le impressioni material!; die eseguisce queste leggi; ed in oooseguenza di esse, imprime
nelTAnima le aensaaoni, e nodoni; dw oonoaoe tutti i penaieri, e vo^ dalTAnima; ed

Copyrighted material
— 620-
inseguenzadi esse, niuovei membruda te iteMiiiMrtíalinoto. Questo è mi &tto, die noo
ti pnò metiere in dafaMo. Or qul è queite cnm tapientissíma, e potcntissima? Noi
non ne conosciamo altn, a cttt oamcapao quMte profMcietà, dw la Icnt dl htatun, doè

la volontá Divina.
è danqoe inotOe Pandar firinricando tiitanl teaza fine, per qriegare, come rAoina
Bfeli
acquista le idee o nozioni per mczzo de* senzi estemi; e come muove i membri in sequela
delle nozioni, o volizioni. Questa controvérsia si ríduce ad un Tatto palese, ed ínnegabile,
cioè, die la oota sucoede, aema clie noi sappiamo nulla; ed in conseguenza, senza cfae la
fludamo: aon potando TAiiliiia openra quel, che non sa, ne può sapere, dopo tante rioer-
che. F per necessária conseguenTa, è una legge di natura, che impone la necessità, e cfae
Teseguisce; da cui risulta quelia mutua dipendeoza dei Corpo, e Anima, o queUa unione,
clie d ík eateie m
Uomo. Onde rAntore qol addhaado: Sielemi ooofatari, non altro fli
die Tattenersi a fatti, ed osservazioní costanti: dalle qual! natoe la ikpoda a qoaluOQpe
contrario Sittema, sebbene TAutore gli riq)onde a dovere.
In daseon di questi due capi, cioè dica Paoquiatar le Idee, e nauovere, e reggere il
Gorpo, il nostro Autore aggiunge quelle quettioni, clie MttO oonseguenze: vale a dire, la
varie specie d'idee, e le facoità deirAnima nostra. Ed in ambedue luoghi, data una i

notizia chiara delle cose, risponde agli argomenti d^


avversarj; o indica i fonti, da' quali
d poMono dedufK le riipotte .

Chiude in somma TAutore la sua Fisica con una perorazione, ch"egli appeUa Coih
eàufa fí^ysicae: in cui ríandando colla mente ed il poço, che si sa delle cose Fiddia» ad
il nioho, cke non d può tapere; avvertitoe i tooi giovad, di ttudiar bend te Flaiea»
pre coirocchio airutile, che si può tirarne per le Arti e Liberali, e Illíberali* • per le Diid*
ptine Sublimiori: lasciando il di piò a quei dilettanti, cfae si gloriano di occuparsi in cose
inutili, e bene spesso impossibili. E richiamando alJa mente la menwrabili sentenza di

qoel Fiiico lopra totti iiluminato (IX di ari d pfcvalae nel prindpk) deiTOpem, come fimale
necessário per diriggere i naviganti in questo vastissimo pclago delia Natura; finisce colle
di lui parole: Mundum tratUdii tH^Mationi eorum, ut non inveaiat homo opus, quod operaUa
D«$tttòlMomqm aifinem. Vlio dato aHa dtag^ un* analid deUa toddetta Ffdca:
resta ora, che vi dica anche di volo il mio
giudizio, cfae midralvpoi, s*è conforme al vostro.
Mi sembra, cfae il Cavalier Vemey ha
fatto una Fisica veramente adattata alia presente
neoessiti delle Scuole. E
non scríve per gli Esteri, ma per i suoi Nazionali;
sebbene egli

adoidniodotetiiaOpeni8embntutileaddtreNazionÍ,edanÃaa*noatriIla]iani. Voi
sapete per troppo, che noi siamo inondatí da Fisiche Modeme, e da nuovi Sistemi: ma
osservo, che queste Fisicfae hanno soltanto per scopo il persuadere qualdw determinato
Siitcma, ed d pift lo edlnppan dhene pofti ddte Natum: eper k> pift ttorioame^
fusamcnte, senza rispondere coo precisione alie ragioni contrarie. Jo airiocontro trovo
in questo Autore una cosa particoiare, ed e, ch'egli insegna a'suoi Giovani la roaniera di
giudicare e di tutta la Fidca, e di tutti i Siitemi, senza passioni; e li conduoe come per mano
d
dd flKile dílEdle oco un ottima aceita: mostrandogli, dove di parve necessário, come
si devono spedire. Lo che io valuto di molto: poichò codpnmualtiiPOtfàdaiOlUIOdete^
minarsi appresso per quel, che giudicberà piii fondato.
EdiaoooppiainÍFd>ilmeoteti«coae,l*erudidoae,h lKevità,etectaiai«Ba. Maqnd
ch'è piu da stiinarsi,si è quel critério, con suí sa distribuire le coM a tenqio, e Inogo. aenza

ailèttaziooe venma, e ne dà un lenaato giudiao: e quando voda, dw te mrtaria medta di

(I) Forieriatfes cap. 3. V. IL

Copyrighted material
eaaere diqnitata* Ia tratta a dovere oon bcevili* e fora, e ooUa stem rápoode aUe ooo-
traríe ragioni; per mettara i mai Glondii in itaio d^nleodnrla a ftndo, e poter aacbè tu
publicfae diqnite in essa.
Ed in tal caso valendosi dei rigoroso método Scolastico,Sillogútíoo,favedereiosietne,
ai Oioivuii, quanto «mo método può ««en ullla por riMUaian m
b omtwia, ú adopera,
quando, e come è dovere: lo che deve assueCuv iaMMfllillllBnte i Giovani a far lo steaio,

quando vi è neoessità. £ tutto queito rtcgiiac» anoa ricMédeie altra notizia Matemática,
dw una lievB norione de* primi Elemeati di Gaometria, è di Aritmética, e dò in pocfai luoi^
per adatlani sempre piú airinteUtsema di tutti i leggitori, massimamente di quei, ba qnli
regna ancora l'antico método, e che si debbono illuminare con destrczza, e prudenza.
Osservo ancora, come vi ho detto di sopra, la giustizia, che rende agli Autori piú
atínati, ed alie lorofttldie,qauido ancha li oaoltata, o acarta. La modeatia, con cui con-
fessa ogni tanto Ia própria ignoranzii, ancora in qucllc materic, nelie qiiali tutti si crcdono
beoe istniiti. Ignoraoza assai sttmata da quei, cfae vogliooo giovare ai priocipiaoti, erudirli
w
daweio, e non ingannare i Lettori. La pucftmda neiauuue, e aoamiariane al giudiíio
delia Chiesa. In somma. io d vedo dentro l'uomo ingénuo, ed il Filosofo Cristiano, sena
punto di affettazione. Non ocorre dirvi, die Topera è scritta oolla stessa poUtezza di língua
latina, cbe si osserva ocgli altri scritti dello stesso Autore: perdiè voi gii sapete il auo
valore, e pcegglo di acchwre filrgantfmrnte aena wran pedantiamo, and adoperando a
tempo le voei già consecrate dairuso Filosófico. L'ho Ictta in somma con gran piacere:
voi ne darete apresso il vostro seasatissimo giudizio. Eccovi servito: e caranwnte vi

ebbrado.
In Livorno 1770. Con lioenza de Superíori.
N.B. — Impresso de XV páginas, encadernado com o exemplar do De Re Physka,
1.* volume, Romae, 1769. O papel e a capital inidal >So da Imprensa de Salomoni Oene-
raao. (UU. Ntt.Nap.27— C— 19):OHanateme:Q.m.93).

xvn

QUATRO CARTAS DE VERNEi A POMBAL

a) BMdaariaQ)
Sa todoa oe que fecorfem a V. Bx.* oom alguma ideia para o bem pdUioo, de qualquer
Nasám que sejam, sam bem recebidoe,egrandio7amente remunerados» oomo é fama pública
por toda a Europa; con razam eu, que aendo súdito do Rei Fidelisimo, tive a oora da lioeosa
de lhe dedicar todu aa minhas obní. de queM Uia imnotai parte, e experimei^
beneficência Real; e tudo com a aprovasam de V. E.; me animo a lhe ir falar em um negodo,
que para mim é grande; e paia um tam grande Ministro como V. E., é a minima coisa,
que pode conceder a sua equidade, e geoerozidade.
Fnmita-me V. E. aalea de propor o amo negodo, que eu traga à memoria as minhas

(I) Este é o foglio incluso, até agora inédito, que foi nmetido juntamente com a
CMto de 28 de Maio de 1 766, enviada de Pisa a Aires de Sá piAiiftada em £. 3.» voi. pág. 377
e a qoe taoMai le afade m
cnla ao P. Jioaé Asvado^ poblicadi pig. 425. M,
622—

obrigasoens, para lhe dar evidente, e oooitante provado meo agradedinento. V. E. me


omm de nw reoonendar por ordem de S.MJ'. «M liflaiftnw «m
II» a
uma determinada pensàm sobre Benefícios (1): a qual, ainda que sem culpa de ninguém,
mas por uma certa mioba partioUar desgrasa, nunca teve efeito; sempre a oura, e favor
m
me devem ler muito estimáveis. V. E. me omxw de novo, admitindo Reforma dos Eitii-
dos imia minha ténue Disaertasam G0> que eu nunca cuidei, que tivesse a fortima de chegar
à sua noticia motivo porque lhe fiquei muito mais obrigado. V. E. ou mandou, ou insinuou
:

(porque nam tenho disto outra noticia, senão a que me deo nesta mesma cidade um Italiano
vindo de la) que na Unhmildade de Coimbra alguns Cokgiae se serviíem da minha FBo-
lofia. E somente esta fama publica da protcsàm dc V. E. me onra, e obriga infinitamente.
,

Setuiudo-«e a isto outro lavor ainda maior sobre a Gramática Latina, que eu candi*
dameote lhe quero revelar: Eu a tinha composto avia muitos anos,com o fim do bem
publico: e confesso, que nam sei por que inspirasam particular a imprimi no Outuno de 1758.
Mas para me dos Jezuitas (que nese tempo ninguém
livrar de outra nova, e cruel peraeguisam
do povo sonhava, que poderiam ser anihilados, e desterrados) nam so a publiquei anónima,
nM até me vi obrigado a disfarsar^ne com o sopoito da aer uma tradanm. E mdiHBiB
necessário imprimila longe da minha prezcnsa, succdco, por culpa de quem teve a dircsam,
que nam chegou a Portugal senam no ano seguinte, pouco depois de publicada a Reíomia
doa Estudos. Achou to algum impedimento na Alfimdega. Mm
tendo eu npranotado
em qualidade de tradutor, fpor meio dc pesca conhecida de V. E.) o meo reto ftn do bem
nam ser culpa minha o cb^ar tarde; e que quando nam agradàse a V. B., « reti-
publico, e
pan fon <k> Reino; V. B. com uma grtodea de animo propriameate aw, qpe
larto logo
labe estimar at vontades dos omens, e nam as contingências da fortuna, e eookaoaodo
profundamente o espirito daquela lei; me fez a grasa dc permitir, que cntrasc, e se publi-
case: de que rczultou, que o livro agradou a muita gente. Estas obrigasoens estam tam
w
vhM Bâ ^^MtM nMBoite, (me mnioa podovim eicufeoeri mbi extiofir. A das poao mn
•U conresponder, senam com um sincero agradecimento, com admirar as glorias de V. E.,
e com dezQÍar-lhe em tudo as maiores felicidades. Nem a grandeza de V. £., nem o seo
CÊifpt ttuk o aeo animo FDonAoo podem áutjftt de mim outra nrfau A Fio*
vidancto, qiie |NB oa Pr imaiwa MBnistros em grao tam superior aos mais omens, coumicoii'
-lhe parte do seu privilegio, que é, nam necesitar de ninguém, poder fazer bem a todos,
e oontentar-se de uma sincera venerasam. O que presuposto, direi a V. E. brevemente o
mao negocio.
Entre as coizas, que eu tinha preparado para utilidade da nosa Mocidade, e que as
minhas repentinas, e cansadas moléstias me tem
impedido ou de acabar, ou de limar; era
a FliiGa. Brta, «m wioa inivrvaloa mema
dotoroaoa. pode ai|oi Knar, e se eatá agora
copiando: e seràm quatro tomos em com a Ittoria da dita Faculdade. Dizem
8.° grande,

os inteligentes na matéria, que é muito própria para abrir os olhos á Mocidade principal-
mente compreendendo varias matérias dificultozas, e celebres. E do Reino, e de fora,
e até da Atomanha, e Polónia (onde ^ram a aoeitaiim, que oa Atoa de Lipato ftnram aoa
primeiros tomos desta obra) ma tem pedido instantemente muitas pesoas de considerasàm,
às quais eu nam poao explicar os meos particulares. A verdade é, Ex.^^" Senhor, que eu
mm Mobo dinlwiio alo a6 pm
ft iniHlmir como deva aer, mm
nam pom mandar abrir
aa chapas aaoaaaiiaa. Niunma taataodo o quajaolio, para acudir atodaaaa necaaidad m

(1) Alusão ao oficio de 15-xi-753, publicado atrás: pág. 563.

(2) De OrthographUt Latina ad Dkktam fratretn Liber singularu. Romae 1747.

Copyrighted material
—fila-

das miolMS dispeodiozas moléstias «bituais, que me tem empenhado, e arruinado. E luun
AM flovBipiaho de o dinr a V. E.. pmqoe a devasa, que nam laoe dB adpft
me é vergonhoTa: e demais falo a um Ministro, que alem da sua grandeza de animo, é douto,
e tem a mente ornada das mais solidas ideias da verdadeira Filozoâa, que ensina a compa-
decer «sialiiMJeidade das pewas de Letras, bqploio pois o «Ho patrocínio de V. B. paia
me alcansar de S.M.F. uma ordem de me suministrarem o dinheiro nccesario para a dita
impresàm: sem o qual dinheiro pronto, nam poso fazer nada do que i neoesario preventi-
«Muneote: porque até neossito de qoem me ajude para a brevidade, e oorreaèm: o que tras
nova despeza.
Poderei também, querendo V. E., imprimir logo uma minha Gramática Ebraica,
feita por uma ideia nova, e brevisima no seo género. O que digo, porque me lembro, que
na RflAmBa dos EModos floou reservado o dar provideoda nesta matéria. Sd muito bem,
4lieViB.liam necesita dos meos conselhos, epfUjsctos: mas ao menos vc nisto o mco animo
Patriótico, c a lizura com que Ibc falo. O qaetõdo rezulta em maior gloria de V. £.: por-
qfte to aos oiMi» grandes, e ât ataw ¥BrdadBiiaiinate ilustiw^
pequenas nam admitem nem zelo, nem verdade,lMBD parecer diverso. Nam devo diiataMlW»
querendo persuadir a V. E. todas as drcunstancias do que tenho dito. V. E. nam necesita
de discursos oratórios nem para perceber as matérias, nem para fazer bem aos omens.
Descanso untcamente ooosidefando, qne era ama tal matéria, que é multo util ao ensino
publico, do qual dependem infinitas utilidades da sociedade civil: um súdito do Reino vai
de tam longe iniplorar a protesàm do Pai da pátria, do Protetor de toda a reforma util,

do Orande Conde de Oeiras. E com o maior oteeqoio, e respeito bei^ as maons a V. B.,
e sinceramente me protesto.
De V. E. Pisa, e 28 Maio 1766. O maior unulde servo, e obrigado V.dor Luiz
Antonio Vemey.
Cr.T.— Minist. da Just, naco 296Í.

b) EaoeleiMia

O correio de Génova me trouw ontem a Dedusam Cronológica com as suas coose-


quendas, em nome de seo AMor. E como a ftma poMica atríboe esta Obra à feliz, e dis-
creta pena de Vo«a Excelência, a V. E. 6 que eu vou dar os agradecimentos, e beijar as maoos,
por esta sua memoria, fineza, e onra. Este pouco tempo não me permitio observar senam
a osadura ("ossadura) da obra, e ler parte do principio: mas ese pouco, que vi, bastou para
fomarjápnideatecaDoeitodeh. Admiiei a natural diatribuisam, e ordsm das matérias:
a firmeza, e escolha dos documentos: o fundado das reUaaoens: o nervozo, e elegante do
estilo. Qualidades todas, que correspondem ao conceito, que V. E. justamente tem merecido.

Mu o que me recreou mais foi a mesma nwrteria do livro, que é uma ooosequenda do belo
sistema, que V. E. desde o 17S9 formou, e executov. V. E. ensinou às outras Cortes da
Europa a verdadeira Lógica, com que se deve argumentar concludentemente com os Sodos,
que sam poucas palavras, e obras eficazes. Nam à duvida, que os Parlamentos de Fransa,
asfu lado as pindat da V. B., mostràiam ao nando a verdadeira teoria jezuitica; e pfo>
vàram, que um Sodo, em quanto tal, é sempre um OMIO Cristam, um peior Religiozo, um
pesimo súdito, e um insuportável perturbador da Scpublíca: e que se os tais Parlamentos
inesBni as nmoin ufiua, esBcui arBun w^bêêbbhw o seo prayBCO. Mas eiiwaii por una oob*
ICQUaari a necesaria ou do sistema politico daquele Reino, ou dos Prelados quazi todos
tenm creaturas dos Sodos, deo-se matéria a muito livro, muitas respostas, muitas suble»
vaaoaDB, que sempre continuam, e tem o Reino agitado. Mas V. E. pelo contrario nam

Copyrighted material
624—

penko tempo em respostas, mas com aquela famoza Lei de 3 Setembro 17S9, argumentou.
Iam cieanieiíle, «loe os «Rtinguio: e oom (wtra Lei
Os France7es en<iinàvam como Se podia extinguir uma Religiam sem Breve, nem Bula.
V. £. ensinou como se podia aaiUlar. E est« sua Dialetica, a que eu por veoeiasam oos-
tnmo dMiMir a — nova Gamlte » aam so ja doo enniplo a Espanha, • HapáLtê
mas confio que o dará a Alemanha etc, e sempre sera celebre em toda a Posteiridada. As
refimnas de Veneza, Milam, Turim, e outras partas, nam oonduem nada em rimni a i aiam
desta «nova Lógica ».
Desta mesma LogicB vqo que é uma conse quência a mataria da Dednsam: poniae
com uma serie hcm ordenada de fatos públicos vai direitamente ao fim de mostrar o que
eles foram la, e o que sam cm toda a parte, onde ouver pcsoas, que sem prcocupasam coosi-
denm as soas asoens, e penetiem noe seos Aichivos. B eu cnio, (pie esta obra seivtrft
muito para abrir os olhos aos Padies Encarnados, e Roxos: digo àqueles, que sam indi-
ferentes, e menos ignorantes. Porque à muitos que pecam por ignorância: outros por
malicia, porque sam comprados com os imensos tezoiros, que eles despendem nestaa ooa*
aioens, e mais que todas nesta, que para eles é a mais critica.
Emfim, Senhor, este formidável coloso jczuitico, batido de Ioda a parte com tam
grosa artilberia, ameasa ja ruína. E prouvera a Deus que todos os que sam mais enlere-
sadoi aaliatelo^abfise M bemoe€>lhossobieoiee enl< íeie ,eseguiaiisa doiiissllca,e|Hd)Mw
Qnessm duvida se uniriam E..edeAaerem até a baze.em que
para seguirem o arbítrio de V.
efcestiiba. Pois 6 certo, que em quanto ouver um
oa Ctaria, que se valtia das pre*
so Sócio
vsasoens dos que governam, se deve temer sempre, que leeOGila emwias partes de Ibdía.
Mas todos os prudsales confiam em V. E. que como deo o enemplo, dará a coadomm:
se ornará mais com esa gloria. Nam lemos as Gazetas, sem que vejamos as novas ooioas,
com qiue V. E. se vai ornando, de fazer uma bela, e respeitável Marinha, um corpo de Basidto
formidável, cgictias maouActuias, agrietiltura, ooaieido. Letras, e tudo o «pie coodus à
publica felicidade. í u ouso Ininnr isto aos Estrangeiros com inexplicável jubilo, porque
sou mais enteresado, que eles, no bem publico, e na gloria de V. E. E desejando-Uie sem-
pre ndons • aaiioice itlieidãdaa paia eonsegulr oe seoe nòbres projetos, me coolbeo tafr
ni liBMMlo ohrigadn A pnerwjdade de V. E. a quem de novo com infinito respeito e obmqoio
consagro a minha rendida voolade, protestando-me. De Vosa Excelência. Pisa e Novem-
bro 1767. O mais umilde, e obr^sdo servo e venerador, Laúz Antonio Vemey.
(r.T. — Minist. do UbIuo, Maço 1.000).

c) Encdeocia

Vou aos pes de V. l \ pedir a sua protesám para a segunda edisám da minha Gra-
mática Latina acrecentada, que agora se acabou. Como o P." Vemey me escrevco, que
V. Bs.* lhe Ibera a gram de dim-, que eu a podia maadar; em otaeqnto desta penrisam
a mando agora para Lisboa. Pareceria a outrem iniprnprio, que eu fizese lana Apologia
a este meo escrito: mas V. Ex.\ que com uma superioridade de talento iaimitaMl oliia

paia as ooima no teo iwdirisiio ponto de vista, e as estbna oomo mersosmí oonheoerA
muito bem, qneisloemintaiafeéoetanlasam,mas6infomissám, e é falar-lhe com aquela
sboeridade, que eu costumo, e com que devo especialmente falar a V. Ex.*. Esta Gra-
nntica, que foi feita para utilidade do Reino, naquele tempo em que as trevas o cobriam
todo; e que fòi Mta com muito disfluoe, paia nam eadtar a ira doa Beosmeritoe, que sem
duvida me crucificariam a segunda ves, CÍNBDU la despida de toda a protesám, antes teve
alguns obstáculos particulares nio peqpMBOS; e so achou em V. £x.* aquele ornem graiide,

Copyrighted material
— 625 —
que sabe estimar o patriotismo ainda naqueles, que estam longe, e nam falam por devidos
respeitos, e com ftpenniiám de V.Bx.*«iitnM no Reino. Ela teve tal fortuna, que agradou
a infinitos curiozos. que estavam preocupa n^^r oMiras gramáticas, os quais me pediram

repetidas vezes uma segunda edisam: a qual eu dou a^ora acreceoiada, e melhorada. Isto
me fia crer, qoe pode wr ntil ao bein piri>Iioo. B nesta tapoadtàn uraUdemeote proponho
ao elevado jiii/o de V. Ex.*; se convém que se dé licensa para se introduzir nas escolas jun-
tamente com as outra» duas, que na Rerorma se permitiram: as quais sendo de diversos
Autorat, e de divenoe ehlemas, parece que nam excluem outro sistema terceiro, que seja,
ou param mais IímO, e ftmdado: muito mais dedarando-se na dita neforma, o poder acra^
ccntar novos livros para ensino da Mocidade, quando se julgascm ncccsarios. Ninguém
melhor que V. Ex." pode decidir este ponto: porque as suas dicizoens devem ser oráculos
para todos e nraito cspedafanente para niim, qtw as sei avaliar, e venerar: e 80 V. Bx.* pode
autorizar a decisám. Onde neste caio if o 'evo fiusr outrs colza senam, sufeitar-me ao
seo juizo, e reconiendar-me a sua protesani.
Direi tandwm a V. Bx.* que eu tive privilegio perpetuo de S. Magestade felizmente rei-
nante, para todos os livras, que compuzesc, c mprímise fora: querendo este grande Monarca,
i

que nenhum outro se aprowitasc Jas minhas Ta Jigas, com meo prejuizo. fZste privilegio
se queimou no terremoto, e também us Registros e so se acha no = livro da dislribuisám,
:

que se te doe fapeis da chancelaria — memoria de aver privilegio para livro, mas sem deciaF
rar (por descuido de que o registrou) que livros eram, c a qualidade do privilegio. Quando
V. Ex.* se queira dignar de mandar chamar o P.<^ Veroey, que tinha na mam o privilegio,
ete o podem infonnar de tudo: e taKez citará alguma outra pesoa de respeito, que o tivcee
visto. E neste cazo se a V. Ex.* parecer justo reavivar este privilegio, perdido sem culpa
minha, me obrigará infinitamente. Se eu tiver esta fortuna, poderei, quando me permitir
o Real serviso, imprimir a Fizica, que de la me pedem muitos, e especialmente aquele leitor,
que no ano pasado por ordem de S. Majestade foi ler a miidia lógica no oolegío das Artes
de Coimbra (1): o qual a dezejava logo para O Outubro: mas tfgM«!w razoens graviatmas
me impediram atégora podelo fazer.
Tenho dado a V. Bt.* conta de mim como ornem de estudos: e desejaria oonrespooder
Aldeia de V. Ex.» em todo o género: NTas V. Hx.", ciuc nu- onra, c favorece tani particular-
mente, agradecerá ao menos em mim a boa vontade, e a particular estimasám, que faso das
soas etoioM perrogativas: e ringnlarmente ét feiiGidade do seo talento; que embarasado
em negodoe infinitos, e de tanta supo^isám. sabe dar fòra livros, que servem de admirasám
ao mundo mim de particular gosto, e consolas.ini, quando observo deli-
inteligente: e a
cadamente conciliados no mesmo escrito, a erudisúm, o juizo, a providencia politica, e o
alo do bem publico em grao eroico. Ea tenho já feito com eles algumas conquistas, ilu-
minando algumas pesoas, a quem so fidtava instruisám em certas matérias, que mo agrade-
ceram muito.
Deus ocoserve a peeoa de V. Bx.* hufos anos, como neoesita o Reino e todos os que
sabem estimar a virtude, e o merecimento: c especialmente eu, que por todos os títulos me
confeso. Siena 21 Julho 1768. De V. Ex." £x.">» Senhor Conde de Oeiras o mais umilde
servo, e obrigado V.or, Luiz Antonio Vemey.
(T.T.— Minist. da lust.. Maço

(1) O P.* António Soans Barbosa.


40

Copyrighted material
— 626 —
d) Exoelenda

O Senhor Francisco de Almada e Mendonsa noso Ministro, partindo aos 28 do pasado


para a sua villeggiatura de Capraroia, deixou ca ordem, que nam mandase eu a Caprarola
ai GUtai de ofido, porque ele de la as escreveria: ao que eu obedeao, como devo. Com
esta ocaziam nam quero faltar dc dar a V. Excelência o parabém da restabiccida armonia
E como vejo por toda a parte louvar
entre as duas cortes, feita peia dlrcsaxn de V. £x.*.
a V. Bx.*, por «te ato de na geoerm piedade: e ao noao moaarca, pda demência, e
gnmdtaa de aoúno, com que sc inclinou aos dc/cjo^. c rogos do Papa; nàu poso deixar
de noir as miobas vozes às dc toda Roma, para significar a V. Ex." o particular gosto com
que ouso os louvores de tam grande Monarca, e de tam grande Ministro.
Queira Deus ouvir também os votos, que eu faso pela felicidade de ambos. E agia»
decendo cada vez mais a V. Ex.» o favor da sua especial protcsam com o maior respeito,
e mais rendida vontade me confirmo. De Vosa líxceleocia. £x.'°*' Senhor Conde de Oeiras.
Rooia 3 OutnlMro 1770. O mais onilde servo, e méis obrigMlo veMrador, Lois Antonio
Vemey.
(T.T. —
Minist. dos N^oc. Estrang. Meço 53. Correspondência de Francisco de
Almada Mendonça para PombaO.

XVIU

CARTA DE VERNBI A D. lOSÉ(l)

Joscpho I. Lusitanorum Rflgi Felid» Invicto. Fiddissimo Aloysius Antooius Ver-


neíus auctam felídtatem.

Artes oomes, ao disdplinae, Josephe I, rex potentiedme, quibos Reípublícae jobs,


ac felicitas contineturquam mirabili nexu inter se colligatae reperiantur, clarins praeceleiis
scientiis Ptiysica disciplina ostendit. Nam cum duo sita cardines, in quibus /elicUat a^iu-
gm mtbmis vertitur, CMum Comenatío, et ThnfifiMIíiar Ke^paMbef «aanm prtma Àgri-
,*

ctdturam. Artes Inllberaíes, et Commercium', altera vero alias partes sub se complectUur',
in singulis hisce partíbus mirabilis est usus Phisicae ínstitutionis, tum ut suppeditentur
necessária et voluptaria honiinibus quibusque; tum ut, iis sapienter utantur ad maiorem
HtUUatem CMUs Soeieiatis. Ac vel levis eoiulderatio slntidanm partium Felicitatis CMIb,
ea. quae posuimus. satis ostendit. Ft ut a prima illa. tamquam utiliori, initium ducam;
Culluram agrorum sine Physica docente recte exerccri non posse, immo nibil aliud esse,

quam Physicam porticulatim, ndnime dubium jam est Phikwophis Recentioribus. Naro
et (písm fecunditas agrorum, et arborum, et stirpium: ipsa rath pkuttandi, ac serendi minori
cum Dispêndio seniiruim, et utilitate longe maiorí; morbi ilti sementum, et arborum, et
mbmntium, et alia bujus generis innumera, quae Physica ars aut exdtare solet, aut Ut^eiBre,
ao madarf; et quibos pleni sunt librí jimionaa Riiloeopborum; id luculente demonatrant,
ac pcrsuadent. Tpsae Artes Servtles, quae manu hominum perficiuntur, dcsidcrant in qua-
libet Republica interiorem nottilam Agriadturae, quae subministret materiam singulis aoco-
medatam, vehitl Ugnorum, hmamm, pelliom, oeanabis. Uni, fossipii. bombyds. et sfani-

(1) PubUoada na ed. do Ar Jlf A^jies, 170. O trao^ado e nosso.

Copyrighted material
lium. Requirunt plurinm nothnes Physicas, et Chemicas, quibus et apta matéria reperiatur
•d fines propodtn; et mcaeriae aliquot novae varia mUom eoutmgmmar; tt mtvi a^om
iineníanttir ad tingendam telam laneam, bombycinam, gossipiam, cetcraque ad ntum offi-
cinarum. £ae item suppoount plurimam eruditionem Scieniiae Mechanicaet ex qna innu-
merae {lhe madiime dhenae exoogitentur, qnilms egeot offidnatores, ut optfkta exer-
ceant aiia: ct quibus eoriim acuitiir imfn^ti ia, et mira opera faclitantUT per quam apta, ut
mutemur cum operibus utitíorUm exterarum natkmum. Verbo dicam, ntit ett vel cunim
legera noMliiriinas, et ntitíssfams qnaeatíonw, aeo oontrovnsias, quas darfores Academiae
Scientiarum, et Regiae, et Privatae, aingulfo aimis, idque oonstituto praemio, proponunt
Naturalis scientiac culloribus nil ai/^mentiailt et pcrfrrtinnem Artium In/iheralium; quarum
plunniac fcliciter diremtae (sic) sunt, atqueearum conditores praemio decorati; ut iotel-
Htatttr, quantum varii ttanii oflidiiia, atqne adeo singiilanini natiomini utOitati opitaletor
iintitia interior Physicae kutítutionis. Jam commercimn esse vcluti consccutionem et Agri-
cuJturae, et Artium Meduudeea-um, nemo est, qui oon videat; nam sine iUis pontibus, qui
mnroes jugiter miniatrent; quique vfam comptaneat ad eamm tnuubectiones et mari, et
terra;nuUa transmissio mercium, nulla conimutatio fíeri potest. At ipsum commerdum
haud exiguam notitiam et Historiae Witinalis, et Plivsico-Mechanicae postularc. ut maiori
cum utilitate fiat Civilis Societatis; vel Lcxicograptii Historiei, seu Dictionaria et
Historiae Naturalis, et Gommerdi, qoi Ubri a viria experientigstmis tum Mlosopiíia, toas
Ncgotiatoribus editi sunt: eiiam nemine monente declaram: quique ob eam caussam magdO
in pretio ab bominibus sapientibus, qui Magistratus summos geruot, aut leges condunt,

apnd cuUiaaimat qnaaqtw nationes inberi sotent.


Nèque eoim ego loquor ín praesentía de commercio uníus aut alterius divitis privati,
in qoo fortuna potius. quam subtilíor cognitio rerum, dominari solet; sed de commercio
jnSdw mOeiái agusquc hqmr: atque adseveranter contendo, ejusmodi comnwr*
dum nuUo modo tMt eue posse Mi hoUohI, ae genti, niai ex reconditiori notltia mignae.
et copiosac mcrcaturac profixiscatur: hoc est, quin cogmoscatur pcnitus, quo modo matéria

prima ctyusque negotiationis maiori cum utilitate nationis adquiri posslt: quo modo minori
em bnpema ftbricari: qooqoe modo Ikdlios commmart com oeterís merdbu macia neoe»*
sariis cidcm nationi: ad ultimum quo pacto ct commodius. et opportunius, et fadlius par

totum R^um dirfundi, et ultra Rcgnum traosportari queat. Atque hac notitia peim-
ee$tarla PoHtkes magistris, itíc) dum hoc aaaonio a vHt tnagtda magnis apud natioma vigi*
lantiasimas sedulo ex coieretor, hoc btai adÊaMlt ut duo onmiw, quae antea igmaa erant,
per^ieua fiercnt, ct bcnc nota. Alterum, quam egregic lallcbantur illi, qui, post positis
tiíaoe notionibus tam salutaribus cuilibet nationi bene institutae, inutilibus iliis quaestiun-
culis veterís Physicae detinebantur: aut Reipubllcae rectionem oommittebant bominibus,
qui talíbus studiis irretiti tencrcntnr, Alttrnum. quam turpiter item errarent //// Politici,

qui, ceterts studiis negiectis, inutiles omnino veros Fhiiosophos, exiguamque mercedem,
«anm de aenala ht doctores hauriebant, vehiti mate dlatractam proAuamque damttabaat.
Venio nunc, rex Josephe, ad Publicae rei trangu^aentt sine qua nuUa fei'eitas
pi)puhrum constans, ac diuturna esse potest. Rectio etenim cujusque nationis ac gentis
poatulat notitiam plenam morum ejusdem societatis, seu, ut Politici vocant, notitiam Hominis
Moralis: haac aotcm tbm HotUa pUankatum renan, aen Ifominifl Fliysid, ut illi appellant,
habcri rectc non potest. Nam notitia temperamenti, propensionum, adjunctorum, seu
circunstantianim, est adeo necessáriaad curandos morln» Corporis, quam ad morixjs Aoimi
depdlendoB. Neque enim lepea omnea Oviles ad ainfolas ontioDes sunt aooomodataa:
nec gentes omnes codem modo regi, ac duci debent. Temperatura enim illa tani diversa
caeli, soli, fructuum, animalium; consuetudines illae omnino contrariae, et inveteratae,
ac pBoKua in animo inaculptae, boolmes reddunt adeo inter se difleientes in ipsa re morum,
— bin-
ei videantur io doais geoera prorsus diversa. Atque hic varius modus et cogitandi, et
•gendit fequirit mnedla «fficacia quidem, sed varia, et omnino aenmniatú ad alHpdat
mtktms, ad carum dfOUNtancias, ad têmpora ip<i;i. iiciilentiim sane exemplum nohis
I

Oflbrt Respublica Israetttaium, cui Deus per Moysen noo leges Civiles Aegyptiorum, non
dit^^f*w'>i non Phoonionnit non cetotwoni gontiuni ftnitinianinii wd peootkim letat
Politices, et, omnino accommodatas ;k! circum^tantia*; populi ísraelitici. ad consuctudincs,

propensionea, inimovero ad duritiem animi, et tarditatem ingenii ejusdem gentis, mirabili


me oonritio praMcripait: Bt vera quidem ratio naturae, quae boodni innata «it, tut
ndrandum in modum tiabetatur a praejudíciis vitae socialis, ut difflculter admodom poKri,
et acui possit. Est illa quidem similis pladio aciiiissimo. qiii aliqiiot annos in vagina recon-
ditus, sic rubigioe iocrustatur, ac reiundiiur, ut omnino ineptus tiat ad aliquid caedendum:
nee nial vahemeoti, et adsidua eneidtatione ac Ifana ad usus noatroa idóneos efflciatur.
niud tamcn intcrcst, quod in exemplo addiíeto, ti^mota semcl difficiillate utemli. aat nullo.
Ut fere nullo negotio oetera períkiuntur. Ln oomine vero inveteratae iilae coosuetudinis,
et MiliMtua, stimiilui iOe amoris proprii et nimii ct aidsidoi, qui contiMOlvr «um peOit adM,
qqne rationi, atqua adeo officio repugnant; singulis momcmís suscitant vetera pra^udida,
medicinam que reddunt satis difficiicni Fx qiiihiis omnihn^ fftritiir, cogniiionem rerum
t

Fhysicarum nwignopere influere in rei Morales: eosque lantuin, qui haec recte distingucre
nonmt, amdm posse leres tttddla, ad consHtmmdm Jus trnn PtAliaim, tum Prtvatum Oj/wfwr
gentis.
Equidem non jam in ca caligine booarum artium versamur, in quibus Jurisprudeotes
exístimabant» uno libro Pandectarum non modo r^ posse nationem qoamlibet, sed appo-
site omnium: atque fidenter adferebant, libris, qui aupeiwnt
fínirina|oliAqfuneque nationum
Júris Romani contineri et fontes, et principia, et x^eram applicationem universae scientiae
Moralis Civilis. Non enim fontes Júris Publici, non ipsum Jus PuUicum, aut in corpore
Júris Romani contineatBf.autexeo recte deducipoesunt:sine quibus tamcn necRespubticae
bcne constitui, ac regi; nec leges rerum publicarum inter se plane cognosci. et statui po^^^unt

Sed nec illud darc possum Júris Publici doctonbus noonullis, quod scientiam istam veluti
rmm abalrmam, oKs tt dBs syttematb bÊdlgeKiem, et ut ita dicam, plenam aenigmatit nobb
obtnidant; quasi aut impeditum, aut inconsultum esset illud pandcre, quod omnes eives
aiiquantulum excultos tam interest recte cognosoere: nihil siquídem inteileelu facUiua, nibil
enini vero planlus menti perpolitae occurrít. Lex etúm Naturalis, quae hominis naturae
liberae, itemque utilitatibus, quaa ainguli iiomines ex ceterís hominibus capere coacti aunt,
innititur, haec, inquam, Lex non modo homines privatos inter se dcvincit; sed homines

Privatum bomioem, ei Nationem. Hinc duo deducuntur rami Legis Naturalis, vel Fublicae,
ftt Plivatae, quibus singulis aliquid omnino voluntaritim ab homhdbus adiunctum eat
arofnuHffliltf loeo; aad prorsus accomodatum ad condiciones et dronutaatias vai uniua
NMionis vel plurium. Quod ipsum tu praeter oeteros optime noris.
Est igitur única et certa Lex, quae hominem in omni statu naturali, vel solitário, vel
sociaii, moderatur, ac ducit, nempe lex illa aetnna« «inam Deus hominibus singulis pateftcit

beneficio rectae rationis (missa in praesentia altera paite. seu divina locntione, cujus ope alia
tradidit, ac supplcvil ad iinem caclc^tcm). Varia tantum applicatio, ac deduaio istius

Legis Naturalis oonstituit varias partes Júris generatira: atque aiaa intoriori cogaHioiíe
liujuscc Icgis,QUani non nisi Philosophia suppeJitat. nec firme, nec facilc in hiscc disciplinis
versar i, ac progredi possumus. Non eoim est Doctor Ixgum ille qui leges civiles mente
tanet, easque applicara unioe novit «d oertom cann in kge expreaaum: aad ia eat verw
Legum Doctor ac Interpres, qui penitus noscit fontes, ex quibus lex omnis derivatur: quique
varias limitationcs et applicat ienes, ab ipsa lege Naturae indicatas, in promtu (sic) tenet:
qui et finem et adjuncta legum distinctc percipit: id est mentem et spiritum i^is, ut eorum

Copyrighted material
verbis utar, cogDitum habet . Quod idem de booo legum. quem recte ad offida sua poDimi»
erafitmi, intelligi volo. Nisi enim ex illo fonte puríssimo, et inexbmcto JimU «t Bonelli
Icges, suas derivai: nisi díligcnter facta et adjuncta inter sc confert, ut corum divcrsam
proportiooem ad inclioationes voluntatis, consuetudincs, leiíiperamenta, statum populorum,
variam diidplíDam tempomm, ceteiaque a^iuaota ahhis mente teneat, manqoam aut kfes
iitiles, aut staliiles decernct. Scd qiiam mira, Dciim inmoi talem! qiiamqiie copiosa nolitia
subtilioris Philosophiae bic adparatus mstitutionis non ia boniiiie desiderat! Quid enim
neta ratio, lumen Uhid • Dao homiiiibai datam, ut es iáei» ac principíis evidentibi» ratio*
iimin*—. vcrum a fidiO, bonum a maio, recte, apposite, peipeCuo distinguamus; quid aliud,
inqpBm. est. nisi mens perpolita et exercitata principiis germanae Lofficar? Quid aliud
suntillae comparai loncs rerum inter se, lUi varii graUus similitudinis, perfectioois, bonitatis,
utilitatia, niil «kííwmiU, tsm» aoUa nbmiiiiatrBt ocuntiiH' JMMq^iitrica? Quid? varia
illaadjuncta civitatiail ac populorum, ducta ex natoraf consuetudínibus, statu, celerisque
relm, quae honiim im iocietate» drcumstant; alio fonan ex loco desumi possunt, quam,
ex fbntitN» Pkystem dMtnisiori*? QuidT Lex Natmalis Homiois est aliud qaídpiam,
quam disciplina de Ofiidis, quae ín Eihica dispuialur? Ipsum Jus Civile, quo civitates,
ac gentes gubcrnantur, dum quaestio est de Tundis, de aedifidis, de damnis, de deliclis
rectene excrceri potest sine illis iuniinibus quae Magistratibus praebet disdplina Naturae?
tacurrantitr oculis vel oeieciter Legnm interprete», et coniultl, et sine labore intdligitiir
quam saepe ad Phxiicn^ doctores res est deferenda, ut habeatur firmissimum rundanwntam
rcrum judicandarum: quod Libro secundo hitfus operis satis est demonstratum.
Quae oom ego meeom nepíidme reputarem, atque ad tuam adminlatrationem Rcpii
identidem referrem, non iilud quídem miratus sum, quamque est id aliquid, te ex PhiloMpUa
tantum profedsse, quantum profecto pauci; sed illud sum adoiratus, te artem istam min»
liíUter occultasse; ut veluti consultudine, aut imitatione factom videretur, quod non niaí
ex intima notitia rerum proculdubio naacebatur. In quo animum excelsum tuum, ac
moderationem Philosophicam, quis non videt? exercitationem Philosophiae, quis non
dilaudet? Quamobrem ego, qui in praefatione Logicae animadverti, quam bene, et appo-
site tu, óptima mente «mos, vel ab initio ttil regní honnines sapientes in magistratas coop>
lasses, qui rem onínem publicam recte, iitiliter. fcliciterque administrarent; quique in prae-
fatione Metapbysicae adnotavi, quam sapienter tu, tuique adminisiri singulas res, singula-
que negotia inter se coafcrrent , ut inde duoereot axiomata utiliora gcntibui tuo império
snbleotis: cum ex tntervallo annorum iiaud parvo ad se redeam, nt Im» Ubraa tibi OOmm
(una cum aliis relardatos ab gravi morbo. qui me de mcdio cursu rcvocavit.ac perpetuo
adfiictum tcnel) ingenue proliteor, me, cuni mente coliigo sapientissimas l^s, quas fre-
qpentisrime aands ae pranoulgasin utilitatemUndtanorom inerediUU oom laetitia obeervar
iate uno partes omnes boni Régis, prudentis I.cgislatoris. optimi Politici.
Fama enim publico ac privatoriun litteris certiores simus quotidie, quanto siudio
tu augeas, et anqilifioes Agrículturam, Opifida, CSommerdum, tum fai Enropa, tum in Ame*
rica, oeterísque lods sub tua ditiooe cadentibus. Quam valide lingulis bis partibus Publicae
administrai ionis opcm feras, institutis Sodetatibus Negotiatonmi ac Publícanorum. et
continenti aedificatione navium, ut Commerduro cum ceteris gentibus facile reddas ac
secaram. Quam vigilanter execdttu et dasies comfwres, eoeque terra, manque paratos,
et expeditos habeas, ut nationem tuam inimicis facias lerribiliorem: atque hiscc artibus
securius et utilius compares artes pacis, subsidia tam necessária omnibus civilatibus. Quot
alias legDs pasrim fbna, ut ailtioreni, eniditiorem, floridioicra condicioaem fiKias
tuorum. Profecto bic est finis verissimus, haec germana administratio publicae potestaiis,
quam Deus viris Principíbus credidit, non ad prlvatam eorum utilitatem, sed ad utilitaiem

mbdiuarum gemium. Hae sunt illae partes quae te et laude et admiratione dignum faciunt
— 630 —
cum advertunt homines exteri, te ofBcia lua reae cognosoere ac religioae observare: nec
M (lie) modo Regem vigiUuiUasimum UHitaiKmn, wd fwtrem «mantia»iimim ortandere.

Qua nulla laus aut clarior aiit appetibilior homini, qui reruni summam gerit, es<;e potcst.
E|o vero aliis boc peosum relinquens, ut te pro ímnortalibus tuis in nos ineritis laudent et
extoOuit» id tantum mihi mmo is pnwsentia ut tíbi et loosm vitam, et pfoapeta omnla
nguier: nec id modo ad utilitatem Luútanonim, quibiis solidam feidtatem sub tuo império
promtttis; sed multo magis ad tuam. Tot ením tamque praeclaris factis et magnum nomen
apud pósteras gentes tibi fácies, quae est vera gloria inter fragiles et caducas hujus mundi
Mkitates: et aetemum praemium oomparabia: adcum lUnm aoopum, ad quem adipiíaie
debet non dico germaniis Politicu? tantum. qui rcrum hunianarum ncxum recte perpendit,
sed indoctusquilibet, modo sitsanae mentis. ValcRcgumoptime. Pisisidibusipsis Januaríi
17es (13 Jan. 17(5).

XIX

CORRESFONDÊNOA TROCADA ENTRE PAGLIARINI E VERNEt

lO StbHartalÊno ^^non Vemey

Aila soa prima per non totfiere 11 tempo, cfae si ridiiede (...) mento, e comprare
(...)

lecosenece8Mri«peresso,é(...)temposieran^to. Adesso. chc Ia suppongo (...) imbar-


razzi, c che per quanto mi asscriscc gli aíTari (...) pano in modo da non lasciarle ozio per

aplicarsi a (...) leggsrc qualchc icltera dc suoi amici, non vuglio nmn (...) somma gratidune,
(ricX ringrarioandola delle cortasi eapiaiiion! dl c (...) letteraéripteoa,taiitoarisgMardo mio,
come dei mio FratcUo y>]arco<:hi: poU nto fai (/ualche cosa in ili íiiitii:;K''<' la trova ( .) a. .

fiivoririo. Assicurato da que&tc proteste, io cbc non son (...J mi pregio se noa di esser sin-
oaro,edie ne miei amid non (...) la sfaioerità,suppooeado qtiesta in im Collepi, comenoi lo
ai (...) dei Re Fed. mo, non ho potuto, ne posso dar fede a quant (...) colle ultime latton di
cosiA: cioè: che il Signoie Qn.re Uerney ( ) di Portogailo, dovcndo darc alia luce una sua
.

opera, ab (...) tutli i Siaiiipatori di Roma il Generoso Salomone Stampatore (...) che ha
atampati, e ttampa i libri piu íogiurioai alie Corti Cm (...) partioobre a quaala di VAom:
E quello chc per fare i! prcgiud (...) stampcria di Palladc. fu dal P. .Azc\cdo Gesuita tirato
da oeUe Case dei Collcgio Romano, e cò danari, e protczionc d(...) al segno di íigurare
(...)

iielletto'iypogniflGo(T) quando fiu (flà, fini) al (...) avorante dei Mainardi.


Che avendo il Signore (...) mparc due tomi delia lógica, e delPAppparato alia (...)
i

Pagliarini quandoquestí non era ancor Portoghese, (...) dei Re come è in oggi, e quando Ia
stm casa in Roma (...) i goderc quclla spedai protezíone di S.M.F. come al (...) stati i due
mddetti vdnni «aapdti la modo» clie (...) Uioo ae ne moatnwono alia aodÃAtti: AdeaM
che tutta (...) Pagliarini c con.siderata per Portoghcie. che un Fratello dello (.. ) Roma, e
decorato dei medesimo carattere, benochè se aza i (...), di S^etario di Icgazione, e serve in
Corte dello itesso (...) do in qoeito, na in ahri impi^; il Signore Cav. re Vemegr (...) il
f/fifl^mn caso di tutti questi motiví, non solo non lo abbia (...) bbia quasi dii|i»atiato;
Tomo a dire non ho potuto, ne posso (...) Mentre (?) io sono piu che persuaso, die quando
ancbe mio Fratello (...) i dei tutto inca pace di eseguire la stampa delia di lei opera (...) y;
Ella che di fiitto non ha oltUito nenuno di servirsi di lui (...) drcostanze avrebbe aceito
qualunque altro stampatore. e sarei (...) ttoMo quello di S. Michele a Ripa, chc lo Stampa-
tore de Gesuiti; (...) Signori di questa Corte che con sorpresa banno vdita la storia (...) te

Copyrighted material
— 631 -
sostenuto, cbe il Signore Giv.re Verney non è capaoe di conunetere (...) manifesta impru»
denza; facendomi carico di difcndere un Collega, che (...) stato in possesso delia fama non
solo di Uomo dottissímo, ma di iudizio, e prudenza, che forniano il prcgio piu esí^enziale
dell'impicgo che esercita. V.S. sará ben pers (...) questa libertá o col fine di buscare al mio
(fhaêUo) che dar potiebbe Ia ttampa delbi «tmopeK—)ftriarecBr|)omdÍ8cnd{to«lkfiMi
stamperia, una delle piu accreditate d'Italia ma sou( st ima, che le professo, e che le devo
; )

como comp(...)del Re N. S. E coaquesti tnalterabili sentijnentí tOÍ...) Di V. S. Il.ma Lis-


bona Golkgio Reale de NcMH 21 Ottobre 170. Aff. ed Ob. Nicola Pagliarini (A.E.P.V). .

N.B. —
Este c o seguinte documento ffiram em parte destruídos por um incêndio
que lavrou no Arquivo da Embaixada Portuguesa junto da Santa Sc, quando esta estaxa
instalada no Instituto de Santo António, cm Roma. O tracejado indica a colocação de letras
que fUtam.

b) Certa 4r Kmw/

(...)oel]a mi raccomandò generalmente il Signore fraiello, per qualdie sua occorrenza;


ed io le risposi, cfae in qual poco che posso, mi troverebbe dispostissimo a servirlo; queste
parole dl na natuia, e aenza altra spiegazioae, si debbooo latãodBBB, aena pneghidbio dei
mio onore. neiradempimento dc miei prevcntivi ingaggiamentí, ed anche
c delia giustizia.
sen/a pregiudizio delia mia liberi nel regolare, a modo mio, miei afíari e interessi, cbe non
tooeano ool S^Dore Maioo F^liarlol. Altrimeatelaaoadomaiida«arebbeiiigiittta,eiion
attendibiie. F con queste necessária modiiicazione sto pronto a servirlo.
Le dirò secondo non lono obbligato a dare conto delia mia condoMa (1) nè Pubb/k»
nr privata{í) (...) tanto in mano dapo (...).

Le dirò ter terzD(...) mio concetto di vera opposizione ai ( ?) Gesuiti, i ooA bene Habi-
lita (...) tico, cosi notório, cosi canf ) publici libri, che no bisogno di nuoN-a guistifica-
zione e (?) ito ho paura cbe gli uomini pensino, o dicano diversamente: e da (...) corres-
fefNÍRMto(l)(.") 6 preiopporto, nd reata aditanto dl rlapoodere a V. S.* III.aBa aoim qoel
che ella dicc, che per titulo di amicízía, mi n\AÍsava (...) (.segue um acrescento que mal se
percebe, talvez por não pertencer aqui: quaii (...) delia nostra (...) doveri verso /«tti

Sovraai.(...) non ho bisogno que mi iMciano lezione:) e con questo titolo, te dirò qoel
che ilefua, «d a lei è già noto. Dalli primi anni, di'io incomindaí a stampare in Rioaia,
mí servi sempre delia stamperia di Generoso Salomoni. che allora abitava vícíno a me a
S. Eustachio, Oraziooi, e fogli volanti, la mia Ortografia Latina (di cui leci allora due edi-
zkKií) tutto fii stampato da Ini: e le aodudo qui im fraoCispiílo detrOrtopalia firtto ndl
1747, cfae lo confirma: (...) (segue um acrescentamento: fittta dal suo corrispondente (. ..)

mia aceita di atanvorv (...) o stesso stampatore:) {f^aar de não haver no texto, mais que

me tutte le (...) re, alcune dalle quali (...) anche in Lisbona, (...) nella Biblioteca (Real?)
Mi servi anche dei Salomoni per altre cose anonime, ed ancfae per alcuni amici, ancora non
aveva mai parlato nè a lei, nè Doveodo io apresso br stampare in
al Signore fratello.
fretta (de pressa)mia Lógica e Apparato e tnmmdoai il Sakmoni impicdato ooUe Opere
dei Vwpk BetHe XIV (...) Biandii, e con altre ooae di pfconua; (...) OSegoem tredios difU

(1) Estas palavras, pedidas peio sentido, iêem-aê cortadas noutra construção de frase
imtOixada com am traço.

Copyrighted material
— Al-
ceis de ligai : (...) ini (...) tre raponi (...) quadro di (...) aveva una (...) pisto di 6 ris (...)

briijhereUie suUto (..0 in eiUi i dueinriiwrihn


teza de pertencer aqui: ch'c8li avea fatto far per se) (e um segundo, nas mesmas condições'^
e cfae mi farebbe oedere: i.* perche) no bo promesso mai di (...) ho avuto lai intenzione
di abbuidoiuire il Salomoni, che mi avova aeinpre aervito coo nmiiio anore, e pontialiti:
e cola di cui intelligenza mi ero servito delia stampería ngUaríiii.
Ncl 1 753 (...) (ho avuto bisogno di?) stampare dal Salomoni la mia Metafisica.
Nei
1757 stampaí ( ?) E ooal continwf col Sahmaox, senza
dallo stesso la 2.* edizione di Lógica.
iotarropzilBnf. Prima delia Rottura (...) contrattato ool g (...) ni di stampare la Fiiioa (...)

dovetti foii ilovcitc) sos|vnderc. C ) Malattic, c Occupazioni di (...) rc mMmpedirono stam-


.

pare (...) na, u Vcnezia; banche avesse giá tn zsse fatto incidcrc i Rami. Ma súbito ritor-
aato (...) il oootratto, e ti trattò de (...) In quecta {Devkt seguir um aereaeaUamento far
utá no lado mais danificado: sso (...) el Signore (...) senza (...) appresso) venne (...) il

Signore Marco ad ofTerirmi la (sua?) stamperia; ed io oon tutta coovenienza lo ringraziai

e gli ramtnemorai che ho detto di sopra. Mi parue che restò pcrsuaso a fatti
le ragiooi,

ood pubUld, e lampaatl, e lo credeva n^ozio õiito: oè mi tapettava mai di rioewm oca
questa lettera. (...) (Como segue nova página, de novo se perde o .sentido, com as poucas pala-
vrtu que restam): di o (...) tutto il cont (...) non bado a qu (...) uomo appassiona/o (...)
5ÍBÍ9inonI, come si po (...) Zatta di Veneada (...) Es IncomInGiando d(...) resto maravi-

l^to che il (corriqKllldente?) non sappia, dw la Comp;ignia in Roma no (ha?) corrispon-


dente stampatore flno. Ciascun Gesuita ai è aervito in ogni tempo delia Stamperia, che
piíi gli piacque e : Don vi è neppur una sola stamperia in tutta Roma, di cul non si sia aervito
o uno, o pià Gesuiti: incominciando dalla Stamparia Pagliarini (che pel passeto servi il

P. Azevedo, Faure, La/Jíari, Carponi, Bojichowichi, etc.) insino a quella di S. Michcle a


Ripa che oggi tiene il Giunchi, e ad altre quali si prevalgono attualraente i Gesuiti (...)

aloini Geaolti ai non (...) SUbmoni in Rona per le (...) alcunl libri,eruditl. Ed loteoso
un Catalogo di tutte le opere stampa te in Roma daí Gesuiti in tempo mio inaino al presente
• trovo che stamparoDO pià opere, e ptú voluminose dagli altri stampatori, die dal Salomoni.
Se qualdw opera si p (...) di tntta la Compagnía san (...) Annali delia Compagnia dei (...)
P. Cordara edil Museo Kircheriano dei CoUegio Romano dal Zeinpal,fiMo dal P. Ambrogi,
ch'è un opera grande di molti Tomi in fiMio. II P. Cerboni, spagnuolo atampa attualmente
la Teologia in 4.° tom. 1). L. uondiiucnlo (...) // (?) F. Amltrafi ikanpo il Virgilio tra-
dotto(l) (...) P. Andrenod (2) ed altri, che pr (...) aervivano dei Salaniainl,appfeaao(...)
aervono dei Oinndu, Pulcinelll ed altri stampatori.
Venendo poi particularmente al carattere dei Salooumi, que8t'uomo è un buon
CriMiuio, tm nomo prodeoie, dw non ha mal nl detto ne stampato tma parola ooatro í
Sovnudt* fpeciabnente nuUa contro Ia nostra Corte. E aabbcne Minist ri Regi di Bourbon i

(che son quelli, che mi dannoregola, e lume) sapivssero, che il Salomoni stampò scgreta-
nicntc per comando espresao dei Papa, una scnttura Icgale di certo Frate anónimo in favore

di certi pcetesi Diiitti Ganoniatí; ninno però ai lamentò, nw lo acasafene, pudw quando
comanda il sovrano, hisogna obbidirc: c poi sono opinioni disputate fra Canonisti, di cui
già si sà cosa si deve pensare: ed i caratteri delia Stamperia non atlaccano la peste agli
acritti, nè glí oomanicano le opinioBi. B la prova evidente diqueato ai è che ilOudinak

(1) Reconstituição do texto com a nota marr;inal e com o apontamento.


(2) No apontamento: II P. Andreuoci non solo si servi di Generoso, ma di lui i valse
dn KoimM» PulchiellL

Copyrighted material
— 633 —
Or&ini MinútiD di Napoli, sempre si é servito, e si serve attualmente dei Salomoni. La
Chieza defii (...) è sempre (...) dei Salamoni (...) Cardioale (...) La Vita dí S. Lorenzo
Martire dedicata da un FkanoesGuiD ConveotiMle « MoDsigoor Azpurú si deve ataniMur
in breve dal Salomoni.
II Qiwlinate (...) ctt6 degli efTe (...) in questo suto dal (...) la Relazione delle, dí
cui le (...) zio. Ptitiai aggingne (...) qucste bastono per far (...) ti i Ministri Bombon (...)

Salomoni per uno stampaftire indiflerentc. E tuttí questi sanno megiio i Díritti, e le con-
venienze dovuta ai Sovrani, di quel cfae sappia il suo corrispondente, do tratto(...) A/mistri
Reggi, e mai h (...) parola oontro il Salomone (1) (...) re. I medesimi Ministri (...) bon
trattano indiffer (...) tcrziari dé Gesuiti, Cardinali, e non Cardinali, spccialmenle (...) di

Bcrnis, nel cui pallazo (...) ziooe, e a pranzo: e detti sc (...) di qucste parzialità, cb (...)po
si faoevanio. ma drooetamt, ed fl moatiar (...)(^ indeoonwo. La gran»
oggi nò: (...)

dezza(2) è troppo snpcriore a questo (4) e ncppure si abtetta a (...) L*altra aociisa ch í . . )

che pura abita mel p(...) lis, ch'è dé Gesuiti: e nondimeoto (...) gran Ministro vicn
(

lodato da tutti per soo talento, esperíenza, e zelo.


Hòri^KNtoquelcfae basta, acciodieV.S.* III. ma chiuda la bocca al suo corrispondente
Romano, che mi vul attacare ingiustaniente. Degli alu i Romani chc fanno aiitoriiá, so

che non dicono male di me. £ riguardo ai miei Nazionali, &on pur troppo certo dcl buon
oonoetio, die me, e detPsmore, die mi portano, al quale io oorrispondo ooo una
fumoo di
tinoefa gratitudínc. Termino con raffcrmare a V. S. IUjoala ginsta "^Mma, ch'io ho delia
sua persona, e dei Signore Fratcllo. £ con ogni maggior oasaquio mi dicbiaro. Di V. S."
IU.ma. Roma, 29 Novembre 1769 umitlininio, devotíssimo, ed abbljgitisaimo servo
(A.E.P. V., caixa 46, M. 1)
N.B. — Não assina, por se tratar de um borrão. O mau estado de conservado iltgmk
de ler grande parle da carta. Mas se bem se repara, consegue-se apreender os trechos pria-
etpab.

XX
NOMEAÇÃO DE VERNEI PARA SECRETÁRIO DE LEGAÇÃO
E CORRESPONDÊNCIA DE ALMADA E D. VICENTE COUTINHO

a) Carta de nomeação de Luís António Vernei para Secretário de LegtçBo.

Dom Joseph por graça cic Dcos Rey dc Portugal, e dos Algarves daquem. e dalém
mar, em Africa Senhor da Guiné, e da Conquista, Navegação e conunercio, de Ethiopia,
Arábia, Pérsia, e da índia ele. Faço laber aos que esta minha Ckita virem que eu Fuy
servido nomear a Frandsoo de Almada de Mendonça Meu Plenipotainciario, para tratar
os Negócios, de que o tenho encarregado, assim na Curia de Roma, como nas mais Cortes,
cm que as circunstancias oocorrentes lizerem preciza a sua rczidencia. £ attendendo aos
meredmantoi, preitimo, e »lo do Meu Real aerviço, qoe oanoorrem na Feasoa de Luiz

(1) De um trecho cortado da pág. 4; tratando io qui tUtti i Minisui Regi, mai ho
inteso una parola contro di luí in simil genere.

CO lUwr aqui aO» fidu M matema pakmn.

Copyrighted material
— 634—
Antonio Verney E confiando deUe, que em tudo o de que o encarregar, me servirá muito
:

à minbft ntiafiiçflo: H«y por bera nomeallo secretario de Leaacio, para servir oon o sobn»
dito Meu Plenipotenciário. Em fé do que lhe mandei passar esta carta assignada por Mim,
e sellada com o sello grande da& Minhas Armas. Dada em Pancas aos Treze dias do Méz
de Abril do Atmo do Nudineiito de Nono Senhor Jenu Christo de mil setecentos e oito.
El Rei. Carta, porque Vossa Nfagestade ha por bem nomear a Luiz Antonio Vemey aecn*
tario de Legação, para servir com Francisco de Almada de Mendonça seu Pleoipoteodarb
na Curia de Roma, na forma asima declarada. Para Vossa Magestade ver.
N» vtno'. Antonio Domingos do Passo a fez.
(Em pergaminho muito fino. T.T. —
Mínist. dos N^. Estiang. —
'ip^f^ de
Roma. 1768 a 1775).

b) Primrirtt earto de Almada a Pombal

Meu Primo Amigo e Snr. muito do coração: LogO no principio do meu Ministerio(l)
SB veio a valer de mim Luis Antonio Verney para que expusesse a Sua Santidade as Ordens,
que a seufavor, S.M. tinha dado ao meu Antecessor as quaes não tinhão tido algum efeito;
me informei delias e conlMsoeodo a sua insubsisttecia fls todo o possível para o parmadir,
ainda que cllc o nào devia ignorar tendo tantos annos de Curia, e sendo hum Petrus in
Cunctis, como ellc se vanagloreia: Isto náo obstante ,fez novas deligeocias para que S.M.
o tomasse a recomendar, como oons^uio, pois saltado pronmo passado ma cscreveo hum
Bilhete (excusandosse de vir em Pessoa como devia) e nelle inclusa hima Carta Je OfBclo
do Senhor D. Luis da Cunha na qual me ordena M.-r do Real agrado, que nos BencfGcios
que desse Reyno vierem a prover a esta Curia se ponha a favor do dicto Verney tbe a quantia
dehomooatodeReisdepeiiQoBnsamiuBas: Bata que V. Ex.* conheça o pouco ftmdamento
desta pertençào, lhe quero participar as dificuldades que se encontrarSo, as quaesja MU outra
ocasião acharão insuperáveis outros Ministros: em primeiro lugar be contra a conA praxe
da Dataria, e da concordata, que te fine m
ereoçlo dessa Fatriardial, em aija oocasiSo se
augmentarão as Bancarias à maior parte dos BmmAcíoí e assim como Sua Santidade nSo mete
Penção Bancaria naquelles Benefícios que ja vem com penção. a fortiori não quereri admit-
tir hiuna nova Penção a qual sempre se faz imcompatível com a dita Bancaria, que nio se

oostuma dispensar que a Cardeaes, Btepos e outras FBS8008 beneméritas da S. Sede <s quaes
hé perciso cstablcccr huma honesta côngrua. Nâo duvido se possa achar exemplo que simi-
Ihantes pençoens também se tenháo concedido a Pessoas secolares, porem necessita obser-
var, que drcoostandas de meiecimento oonoorrerio para lhe fiKilitar a graça; cqias d
tancias presumo, que nio concorrem no dicto Verney, o qual se preza mais de ser fraooaz
que Nacional: Em segundo lugar tenho noticias certas da resposta, que derão outros Pon-
tífices, e também este, a similhantes supplicas: quando Sua M. deseja premiar seculares com

pençoens c cctesi asticaa, porque as nio poem aoa Benafidoa que vagio nos mexes doa Ordi-
i

nários? Consequentemente he huma pertençào não menos árdua, que dificultosa.


Neste Correyo respondo a sobredicta Carta de ofãcio cqja copia juntarei a esta,
m
como timíbem a oopto do Bilhete responsivo a Vomay. As reco endaçoens anleriofes,
que vão referidas na enclusa copia, são as que Vossa Ex." nw enviou a favor dos Condes
de S. Vicente, e Povolide, como também respeito aos dous Irmios Julio Ctesar, e Maxi-

(I) Apresentou csedendais no principio de Junho de 1756^

Copyrighted material
— 635 —
mOJaDO Augusto de Cbermonte, ainda que estes dous corre a mesma pavidade trataadosse
de Psaçoeiíi. Aqui nio há novidadei de coaridericto dipnet de referir sua wnHdade
vai continuando com os seus incómodos os quaes se fazem mais sensíveis com o ilMipor-
tavel calor da presente estação. Pesso a V. £x.* que me ponha aos pez de minba Frima
a Exm.* Smr.* Goodeça com todo o obsequio, e dispoidia da mfadia vontade tudo o que for
de aea mayor agrado. Deos guarde a V. Ex.* muitos annos. Roma 18 de Agosto dc 757. 1

De V. Ex.* Primo o mais obrigado e muito Amigo e todo Captivo Francisco de Almada.
(T.T. — Min. da Maço 296 e A. E. P. V.
Justiça, —
Copiador de correspondência
confidencial do Ministro Almada e Mendonca com o Marquês de Pombal —
Livro III,
pAg.44. Pode veree a laitiuade8ta,iMnpoaoo diferente da da T.T.,emVenMy O 7S).

e) Ill.mo e Bxjoo Sor. Moo Mmo Amigo e Snr. do Goraclo


(...) Com dou lambem parle u V. Lx.", que depois dc ler soírido por
eiita oca/iiio

qua» doii annoe muitas impertinências de Luis Antonio Vemey, e de estar com animo
de dissimular, por serviço dc Sua Magestade o prosseguimento delias, fui obrigado do mcsmo
Vemey a rooper a paciência, e mudar sistema. Nio pode ser huma Carta bastante à rela-
çio do qoe oon eite e por elle tenbo padecido, nem cv quero fezer Processos a ninguém,
pello que não ferei aqui memoria senfto do que agom suocede.
Desde que vim para Roiua lhe assiçnei huma carruagem c doiscavallos para que sahissc
com decência (nào ob&iantc o que sua Magestade lhe da para isso) e me contentei dc quatro
para a minha pessoa, e para as embaixadas, que aqui sio muito frequentes. Em todo este
tempo que mc nào foi possivcl provcrmc dc m.ais cavalos pclla falta que aqui ha delles VBIH
dandoesc huma grande parte para Germânia donde os pagão a caro preço, e de Nápoles
custa UMuto o extraUrlos pellas grandes prohibiQoins daquella Gorte. Neste estado nio
deixou o dito Verney de se devartir sahindo de nmnhaá e de tarde a girar por toda Roma
c algumas vezes fora delia por espaço dc huma légua, c ainda mais. Com maravilha do
mesmo cocheiro que o serve rezistirão os cavalos a tanta fadiga, ate que linaliuente cançaruo
e hum denes nlo esta ja em estado de continuar, de modo que floo na diligencia de buscar
outros no cntfstanto porem que os cavalos estiv«rloem cura pretendeu clle que cu lhe assig-
nasse dos outros; mandei lhe dizer que não tendo eu mais que quatro não podia privarme
de nenhum deDes; diisiraidou a tua tarín por alguns dias, esteve dois ou tres em caza^rqoe
com o seu charo Amigo
cre que seja impróprio ao seu ofBcio o sair a pe) ate que se ajustou
o Conde Ooasco, de quem ja falei a V. Ex.* em oul ra ocaziio, para que o viesse tomar algu-
mas veaes na sua carruagem prendpabnente para os jentares de Bemis a que dics ambos
nio faitão. Hnalmanta no Domingo 22 do corrente me wtjo tomar satisiscio porque
nSo lhe dava carruagem para sajr. A brevidade não permite que cu diga a V. Ex." nem todas
as palavras impróprias, nem o modo descortês de que uzou: notarei somente estas «que se
ca nio tiidut cavatos, qoe os comprasse, pmqoe a elle lhe tocava a carruageas» qne ette nio
só be secretario Rcgio, mas que me hera Adjunto, que por isso devia ser trattado com toda
a distinção. Lançou-me em rosto o nào lhe ter eu armado o apartamento que elle se tomou
para si; que tendo eu em caza armaçoins da Corte devia repartirias com elle; díseme final-
mente que fugia de vir a minha meza quanto podia por que hum dhi se lhe fizera a descor-
tczia dc o não esperar: este motivo hc absolutamente falso, segundo a minha memoria

e a de todos os meus familiares; o abuzo pois que elle se fes ategora de imndar buscar o
seu geotar à cozinha para comer no seu quarto he huma verdadeira prova de coodisoen-
deocia c prudência que sempre uzei com elle: vcndomc porem insultado com tão extrava-
guite maneira, e soberbas pereteaçoios, sem o imitar nos excessos de palavras por nào

Copyrighted material
— 636 —
ariacar mais o meu decoro com hum Home tão dízigual lhe respondi brevemente no modo
saiote.
Que era verdade que eu lhe devesse dar a minha meza, mas que cu nào hera obrigado
a sustentarlo que se elle queria vir gentar comigo seria avizado segundo o costume acharia
seDipve pronto o leu lutar, mas que fora da minha meza não esperaase daqui por diante
couza alguma do meu. Que a caza hera minha c eu lha dn\a por finc/a e não por obrigação,
que se contentasse de a receber como lha derão. Que nào podia negar o ter Uie eu pro-
metido o aervirio de carruage: mas que sendo esta promessa hnm efleito da miiiba cortesia,
e nfto hmna «Vvida ao seu officlo não podia eu obriianiie, se nàu em quanto nfto me desse
incomodo, que portanto padecendo o agora me julgava dezcnpenhado da promessa. Oppor-
tunamenle me chegarão neste tempo o Irniuo e cunhada do Núncio (que com o amigo bem
imfoimado • alguns outros gentio comigo todos os Domingos) os quais me livrario de
ouvir mais insultos.; tni lenho dado prcncipio ao novo sistema respeltoaostrcs pontos assima.
no qual constantemente continuarei em quanto tiver a inTelicidade de o dever tratar; dis-
gosto de que V. Ex.* me pode livrar e eu lho peço, pello amor de Deus com a maior efficada
que mo tire daqui. V. Lx."" ja sabe que elle hc totalmente inutíl ao serviço de Sua Máges-
tadc, pois he certo que dc tudo o que atégora tenho obrado no meu Ministério, elle não so
não mc tetn ajudado em couza alguma, mas tudo absolutamente ignora do que se fas, e
he necessário qne o Ignore ^elbif mottw de que ja dei conta a V. Ex.* pdlo Eapwsso que
levou a noticia da Promoção de meu Primo que Deus tem. Por agora n:lo tenho outra
couza de que dar parte a V. £x.* passo por tanto a pedir lhe mil occazioins de lhe obedecer.
Deus me guarde a V. Ex.* muitos annos. Roma, 26 de Abril 1770. Ilijno e ^mo Snr.
Conde de Oeiras, De V. Ex.' Primo fiel Amigo do Coraçlo mais obrigado eCaptivo. Fkan-
dsoo de Almada Mendonza.
(B.N.L. 640 Pomb. p. 301-303.).

d) lllustrissimo e iixcelentissimo Senhor

Meu Primo Amigo e Senhor do Coração por não interromper a serie do que hia sooe-
dcndo no tempo que escrevi a V. Ex.» a dos 10 de Julho arezerbci para esta o falara V. Ex."
de Luis Antonio Verncj, o qual depois do encontro, de que dei parte a V. Ex." com a minha
dos 26 de Abril e continua a toerme as mais indiscretas impotendas (7) Monndodentro
da minha mesma caza numca apareceu a darme as boas vindas nas diverças ocazioins que
tomei da campanha, e na ultima quando vim de Caprarola, acbandoçe elle a passeio fora
da Porta da Cidade apenas vio a minha carruagem tomou paia trase mudou estrada para
não se encontrar comigo. Muitas vezes me manda pello sau criado ai cartas que devo
subscrever para V. Ex.* e para o Senhor D. Luis da Cunha, o que ainda que estas scjiio tão
lacónicas, e tão espelhadas de negocio como V. Ex.' sabe, nào deicha de ser ao seu ofticio
humafidta,ehnniaindeoeaGia a niidia pessoa. Oirtnnio menor do que esta comei» elle
nas veasa que se digna de vir abaicho; primeiramente manda recado, e sem resposta não vem,
coroo uia bmi hospede a quem he indecorozo o fazer anticamara, e segundo lugar me apa-
rece em diinellas, e vesta de cantara. Na meza pouco nos vemos porque vai gentar fora
muitas vezes, mas quando nclla nos achamos juntos principalmente nos dias qne teobo
ospedes nem come nem bebe do que eu distribuo pella minha mão hum dia que recuzou
hum copo de vinho de carcabellos que lhe dava a Duqueza de Pole cunhada do Nuodo,
porque elia O tinha recd>ido de mim foi a primeira ves que obaervei este seu inooedeirt • o
notei depois, no qual tempo fui certificado que asim obrara sempre desde o dia 21 de Abril
em que soeedeu o dito contraste. Elle tem consigo htmi rapazinho de 7 em annos que da

Copyrighted material
— 637 —
manha ate a noite não iam que correr e saltar, sem que elle já disso adevertido remedeie
o diaturtw que me da e imfMDpriidade oom que t> «caoltt que devoi^^
nas camcras que lhe fialo debaixo. No tempo que eu estava e Caprarola tentou otra vcs
falar ao Papa, e empeohó para isso o Mestre do Sacro Palacio Padre Rigiini, que sempre foi,
e he devoto de Surto Ignacio, niM o R^m mmai o quis niiUBtir, porque desde o prtedpio,
e ainda antes do que eu o combeoeu. Elie he absulutamente inútil ao serviço de El Rei
N. Senhor porque eomo V. Ex." ve das cartas de ofkio que la vão ntm<: e cruas, ignora
emteiramente todo o de que eu sou emcarr^do expediente necessário pcllas rezoins que
ja escrevi a V. Bx.*. a todo o Mundo
Elie deseja encobrir esta sua igDoniicia dos nefocioi
mas como he sumamente impodcnte erra nos em ves de afTcctar hum silencio
meios, porque
mistiriozo próprio de hum secretario fala nas nossas couzas com huma franqueza de ins-
truído, e se da a ooniiccer pdio que lie. Darei a V. Ek por exzenpio desta verdade o ultimo
dos seus espropozitos que me chegou a noiicia: Correra por Roma no tempo que eu estava
em Caprarola a falsa vos de que se tinha feito em Lisboa a justiça do Reo de Vila Viçosa
diziane que este fora cruelmente tromentado no Patíbulo, que antes de morrer declama
complices do ma delito muitas pessoas distintas que ja flcavio presos, e que disto que ori-
ginara hum novo
tumulto. Tomou tanta força esta VOS que ate omssno Papa me mandou
Ora o Senhor V«meÍ preguntado aqui em Roma sobre
pr^juntar la fora sc era isto certo.
Istonio tove duvida de o affinuar de modo que coatrastandoee este l^o por pessoa judi-
cioza emcaaiBorghesi ao general Schevalott, sO defendeu ellc com a autoridade do secre-
tario de Portugal il cavaller Vemei que lho confirmara. Comtinua o dito Vemej a sua
intrindqueai com o Cardeal de Bemis, e tem (íreqoentes conferençias e secretas com o
Abbade de Aix que lie o ftctotum do dito Cardial, e a ultima de que eu tive noticia foi no
dia treze do corre(n)te em caza do me';mo Remi"-, fie tão bem muito fameliar a Mons.

Aâpuru, c a difrenca que estes dois Ministros fazem, recebendoo a elle, e negandosse a mim
fes correr delia huma opinião muito jqiorion ao meu caratter,
por Roma, e tio bem fora
dizendosse que cu hera huma pessoa de pouco, e que por isso a corte mc inha dado o Vemej'

não tanto por secretario, como por A^fuiao nome que sej decerto que muitas vezes saj/o
da soa boca, e que por esta razSo os Ministros mo preferiio o cazo he que nio somente
exprimentei o sobredito nos Ministros Borbonioos mas tio bem hum grande dezapego nos
mais que tratão o ditei Vc-nic)!. O sobreditto conceito porem vaj cahindo por si mesmo
a vista dos contrários eítciius dos seus, e dos meus manejos; conhecendo bem os mais pers-
picazes tanto pellos fettos, como peUo improdente fUar do me(s)mo Vemej como asima
digo que não pode ser meu Pedagogo quem tem scntimeotOSdlversOSaosoomqueiMparece
tenho obrado at^ora, graças a Deus, com acerto.
Eu de nada disto tenho feito recibo com os de fora, exceptuado o RipB.e o Amigo bem
emformado, e com o dito Vemej mi fis sempre desentendido. Com os primeiros obrei
asim por minha reputação e ccHn elle por que vejo que nSo ha mais que dois remédios;
hum ja lho teria feito sentir, outro Ministro mais fogoso, mas eu qusro eqierar o segundo,
m
que he o que V. Bc^ e prometeu na sua carte de 25 de Pebreiro. e peco instantissi amente m
a V. Ex." que por honra de Sua Magestadc c minha quitação mc livre de hum sogeito que nâo
so he desnecessário mas pemiciozo. Deus Guarde a V. £x.* muitos annos Roma 23 de
luUw 1770. nhistrissimo e Esoeleotissimo Senhor Conde de Octiras De V. Ex.* Primo
flei Amigo do Coração o maes obrigado e captivo. Francisco de Ahnada Mendonça.
(T.T. —
Maço S3 do Minist. dos Neg. Estraog.).

Copyrighted material
— 638 —
e) Excerto de uma carta

Hontcm me vejo busair Je prcpozito a Coodecft Cudelle que he a primeira


a noilc
dama que conheci em Roma quando vim a primeira vez de FortUgal e com a quale com toda
a sua caa conservei tempre a maior amizade para me avizar que o Vernei me andava desa-
creditando por toda a parte: caractizando me por Homem de pouco, por avaro, soberbo,
e desprezador etc. que tanto ella como os Snr.es Borgiiezes não o admetiào ja por esta rezáo
nas suas cazas Eu ja tenho pedido a V. Ex .* que de a este grande letrado, e refinado Franoez
.

o premio que merece, e espero que o fasa com brevidade (...) RooM, 14 de AfOatO de 1770.
Frandaco de Almada Mendonça. (B.N.L. Pomb. 640, pag. 32$).

/) 1770 1^ Setembro. Ulattriaaimo e EwetontiSBimo Seabor. Meu Primo, Anii|o e


Senhor (...)

(Depois das notfdaa diptomátícas, escritas pelo Secietirio particular, Almada escreve
de tta letra:)
Eu alo
sei atribuir o modo picante com que a tento tempo me escreve D. Vicente
aenio, como já em outra
ocaziio dhse a V. Ex.* aos enredos do Vemcj que se corresponde
com o seu secretario, e nesta ocbbío ptrsoe mais clara a prova porqiK a verdade que ao
dito VeMncj disse cii que sospendcssc o escrevera D. Vicente, mas nem por isso deixei eu
de llie e&crcver por outra iiiàu: do que argomento desa& cou/as, que a insinuação que dis
D. Vicente nlo lhe foi fUta senio por Veniej, sem minlia ordem nem aotída minha e a segunda
que n;lo devia D. Vicente fazer cazo do a\ izo dc \'ernej vendo que ao mesmo tempo con-
tinuava a receber cartas minhas; desta falta de relkxào infiro tãobem, que o seu secretario
he tio di^Nieto aos mexericos, como o Vemej a desacrsditanne por toda a parte como Au
aqui,onde cada dia me chegf; rniacoíns dos bellos efaigios que me fas com escândalo
>

dos bons que ja o conhecem pello que vai. Montem vejo aqui gcntar com o Duque de
PoU o Irmão do Bispo de Constantino o qual entre ouira^ couzas que me contou de Vemej
me disse quanto quando elles ambos estavio em Piza diegou ali o livro do P. Pereira sobre
a Autoridade dos Bispos c que o dito Verncj o criticou muito cm publico dizendo qoe tinha
muitos erros; que em
i^ortugal nào havia Homens capazes de escrever nestas matérias.
E que anbos em Roma quando chegou a notida das Diqmicas dadas por
acfaanciosse ja
esses Bispos para cazamentos lhe dissera a elle mesmo o dito Vcrnej que este era o mejode
que todos os Portuguczes Tossem Bastardos, o relator de hum dos mais honrados Por-
tuguezes e bom christào que tenho conhecido nestas partes, e fico para servir a V. Ex.*,
que Deus Guarde muitosanno» Roma 13 de Setembra 1770. IthutritiimoeEsoelentitfiino
Senhor Conde de Ocjrns de V, F\ ,» Primo fiel Amigo do Coração o mais obrigado eO^lCivo.
Francisco de Almada Mendonza. (T.T. — Min dos Neg. tstrang. Maço S3).

g) Cana de D. Vkait* de Sansa Coatítú» a Franelseo de Abmda eobn Vemei

Meu Amigo e Senhor: Na copia incluza da Carta do Snr. Verney a razão porque dei-
xei com as suas ordens. As que recebi do Senhor Coaie
de escrever-Uie, conformando^ne
de Ocyras forào de me corresponder com V. S." tocante ao negocio dos jesuítas. Nãi>
como V. S.* diz, mas temo, como temi sempre, que a Sociedade ditta
acredito vozes vagas,
de Issustriumphe das nonas dlUgendas. Fico para servir a V.S.* que Deos Guarde muitos

Copyrighted material
— 639 —
anos. Paris o I." de Outubro 1770. Senhor Francisco de Almada e Meadon<;a Aiiugo e
Criado de V. 8.* D. Vteente de Soua Goutinho (TX—
Nfiii. doe Neg. Est.— Maço S3,

n.* 164).

A) GojpiadteontBdr Afr. Kerfio'<<9/.*4fe4fMlo 1770(jMrai^^

O Correyo passulo, depois de assignada a carta me dioe o Seniior FraocÍKO de Almada


e Mendonça nosso Minittro, que para nlo «idUar a V. Bx.* repetindo em todos oe oomgios,
que n3o ha nada que dizer sobre a extinsão. determinava não escrever senão quando hou-
vesse novidade publica, que merece—e porticipar-se. Desta sua resolução fiz eu memoria
em homa poe data da ditta carta. Mês pan que alo auooBda perdeis a carta, e V. Ex.*
se admire da interrupção da correspondência, repito agora o mesmo avixo. E oom esta

occasião etc. CT.T. — Min. dos Neg. Est. — Màço 53, n.« 165).

í) Certa de Almada a D. Vicente de Sousa Coiaulho (no veno da earta de D, Vicente de


Sousa Coutinho de I Outubro 1770).

Resposta. V S. me incluc hc a minha justilicasãn:


Níeu amigo e Senhor a copia que
ella be transumpto de huma Carta de Luiz Antonio Vemey, e não de huma minha, e para
V. S. se pemadir, que o que eile ali lhe dte nio he de ordem minha, lhe bastava o nio ter
recebido a carta que ellc acuza que devia ser com a data dos 25 de Julho, ao qual dia se
referem aqucllas suas palavras: o corrcyn pasmado: e cm que clle confessa ter posto huma
por data, a qual por data não podia certamente ver V. S. porque ficou em hku poder, e a
Carta que no niesmo dia 25 de Julho lhe enviei, com a minha subcriaio, era de letra diversa
da do Verney e da mesma mão de que cu antes, c depois daqueile dia me teoho
servido para escrever a V. S. Hora a falta da dita por data, a continuação da minba
conrespondencia e a assersio de nio ter mmca insinuado a V. S. o snspendella, merecifio
certamente queV.S. firmasse sobre a Carla dc Vemey outro mais verdadeiro e muito diverso
argimiento. A minlia pouca lógica o faria desta maneira: A carta dos 25 dc Julho que recebi
de Almada não tras a por data de que fala Verney; Almada continua a escreverme por
outra mão sim, mas oom a soa própria subscrisio; nestas cartas por elle sobscritas nada se
me diz de suspender a conrespondencia: interpellado mo ncpa. e mo nega tambcm r.icto:
eigo ou o Vemey roe ingana, ou tomou o atrevimento dc me escrever sem ordem do seu Mims-
tro, o qtw este tah«z lhe diria nlo por nlo continuar a cooiespooderse condgo, mas por nlo
se querer servir dclle. Este argumento sim que não tem resposta. Espero que V. S. com
isto formará melhor conceito da sinceridade com que o estimo, desformado, talvez, do mesmo
Vemey do qual sou obr^ido a dizer a V. S. que não faça tanta conta; contentandosse por
agoca desta minha suplica, emquanto não diega o tempo de lhe dar mais dtatinta razio
do que faço, o que prometo fazer quando será licito. Entretanto me offercço as ordens de
V. S. muitos annos. Caprarola 23 de Outubro de 1770.
PJS. Por me adiar fora da Ibm, o por fidta de noticias nlo escrevi a V. S. nos doas
ou tres últimos ordinários, Sr. D. Vicente de Soura Coutinho. (T.T. — Min. doe N^.
Est. —Maço 33).

Copyrighted material
— 640 —

f) Sexta carta de Aimada a Fombal íoòre Vermi

(...) J».5.

Emcluo a V. Ex.* ultimas dini cutas origiiiais de D. Vicente de Sotna, o único


tios meus Collegas. que me cmfaçiia com os sotaques que V. Ex.» lerá nestas, c ja tem lido
nas anteccdeoies eu não podendo, segundo as ordeios de V. Ex.* falar lhe mais claro
: me con-
tinue sempre nos teimos maia próprios, como consta a V. das minhas respostas de que
lhe remeti as copias, como o por, ou não remédio
Taco agora: deixo á prudência de V. Ex.*
a este picante modo de escrever. Eu ja em outra ocazião disse a V. Ex.* que isto me parecia
hum effeíto da correspoodencia que elle tem com o Vemej, e a copia do Capitolo da carta
do ditto Verael, oom que o mesmo D. Vicente pertende oonvenoerme prova tusiante o meu
iuizo. Aas esperanças que eu tenho posto e V. Ex.» pello que respeita o Vernej me fazem
sofrer as suas inpertincnçias, mas por que clks muito me inquietão pesso a V. Ex.* de novo
que não me retarde mais o me» soo^. Frimo fiel capcivo o mais oteipdo e Aniio do
Coração. Francisco de Almada Meadonai. DaÊoia de 1-XÍ-I770. (T.T.— Nfiii. doe
Neg. Est. — Maço 53).

ilr) Carta de D. Jacente de Souea Coatínko a Fraoeteco de Almada eebn Vermi

Meu Amigo e Senhor: Ha muito tempo que esqueci a Logicu da Escola, nào me ficando
mais que a da nnSo que he de todos oe homens. Ftaa que eu acreditasse as cartas de Lnia
Antonio Vcriiey, bastava que El Rey \o.i\o Senhor <> !i\rssc aiictorisado da sua confíama;
Alem disto numca vi nas suas cartas senão huma estreita conformidade com as ordens de
V. S.*. Nio foi só este o motivo porque deixei de escrever a V. S.* mas tfobem peto de
não ter negocio algum qjue ontnnnmicar-Jhe, feita a paz com Roma, e não querendo esta
Corte ouvir fallar em coisa que pertença à Curia pelo que respeita, tendo V. 5.» cessado a
comunicaçào com seus Ministros. Lis aqui o que me resta dizer a V. S.', a quem peço não
poupe occasifto algum de emprefurrae no seu serviço. DeosOnardeaV. S.*mititaeaiiot.
Paris 19 dc Novembro 1770. Senhor Francisco de .Mmada e Mendonça. Muito Amigo
e Criado de V. S.* D. Vicente de Sousa Coutinho. (T.T. — Min. dos N^. Estrang.
— Misço S3).

/) Carta de Francisco de Almada a D. Vicente de Sousa Coutinho sobre Vernei

Meu Amigo e Senhor reoebo oom goeto as noticias de V. 8. e lhe agradeço a Carta
que me escreveu aos 10 de Novembro eu me acho muito melhor de huma dor que sofri
noB rins, a qual me obrigou por alguns dias à cama. Em 30 do passado na Salla de Cam-
pidolho, ceMwarlo os MombiOB da Arcádia Inmin particular Aademia em louvor do PlB^
e dei Rey Nosso Amo: anistiiio 12 Gurdtaes, muitos Prelados, e Nobreza, e eu também
fuy prezente em bum lugar separado. FIcfto se imprimindo as composiçoens que se red»
tarão, das quaes remeteria hum exemplar a V. S. logo que forem públicos. Esta intimidado
o Coasistorio para oe dei do corrente, no qual se julgs que possa haver novidade. Noate
correio recebo, com sentimento a noticia de ter falecido em 14 de Novembro o nosso bom
coUega Ambrozio Freire. Nos nuis negócios não ha novidade digna de participar a V. S.

Copyrighted material
a ayas ordens offeieço a minha fiel obediência. Deus guarde a Voasa Senhoria muitos
annoa Rona 5 de DeaemlMO 1710. CT.T. —
Min. doa Nèg. Est. Maço S3, a.* 17$).—

m) Nofo corto Phoicisoo Abooih o foiHboi, sobtt Vtfiici

Ulustrissimo e £x.o Senhor. Meu Primo, Amigo e Senhor. Dou conta ao Senhor
Dom Lab da Cúol» da exuodofUta na peMM de Lds Antonio Vemey, segundo o que o
mesmo Senhor me ordenou com Carta de OEBeio doa 8 de Mayo, e lhe mando também neata
occaziâo as cartas que se lhe acharam das suas correspondências, com o inventario sepa-
rado, e também outros poucos papeis achados ao clérigo João Botelho de Queirós Sarmento
que antes do Vemqr, te tanibem sahir deste Estado pelos motivos de que ja dei parte a
V. F.x." ReJive, e conservo em meu poder huma Caixa c!e Fscripturas [lerlcncentes à Bea-
tificação de Ven. Sartholameo do Quental, de que o Vemey hera Postulador para a entregar
a quem cnvcefo BB saim pnraoer a El Rey Nosao Seidior. Na semana
lhe suceder nesta
seguinte ao exílio do ditto Vemey aocreaoentou hum dos copiadores do folheto manuscrito
à noticia que nelle se dava do ditto cazo, esta circunstancia este SQOoeaso deu grande dea-
desgosto aos Ministros estrangeiros que rezidem em Roma:
Esta copia, ou fosse aocidente, ou feito de preposito foy is maoe do Cardeal de Bemis,
o qual na sua publica conversasâo fez huma apologia tanto a si, como aos mais collegas.
Isto não obstante devo explicar agora a V. Ex.* o anecdoto que reservei na minha de 13 de
Junho o qual he que niandandoHne o ditto Chrdeal de Bernls comprimentar no dia doa annoa
JTI Rey Nosso Senhor, acompanhou este ofTicío com o convite para hir jantar com elle
no Domingo seguinte, o que eu, por ser isto huma novidade de mais de anno, e meyo aceitei,
por não me mostrar picado: suooedeu neste meio tempo o cazo do Vemey, e hindo eu no
dia seguinte ao jantar de Bemis, adiei entre os Convidados o Embaxador de Malta, e Mon-
senhor de Vcrry dois Francczcs grandes Protectores do Verney, os quaes sendo ambos muito
faladores, não disserão huma só palavra em todo o tempo da meza. Acabada esta me
tirou de parte o cardeal, e me pedio que o infòrmasse do sucesso do Vismey porqoe qoeria
dar parte à sua corte. Eu lhe respondi, que n3o era esta huma matéria digna de formar
o objecto de himut carta de officio, como huma novidade do País,
e que para contar o facto
bastava que Sua EtninenciacacrewBase o que ja se dezia por Roma: Fassou elle a darme mil
satiafaçoens por que o ditto Vemey frequentava a sua Gaza, c disse, que clic hia aly, como
tantos outros que cntravão porque achavão a porta aberta; que cUe Cardeal, nunca o trat-
tara confidencialmente, que antes me lembrasse de me ter elle avizado logo no principio
que nlo me fiasse no Vemqr, poiqna sabia, qua este fiwqueniava a Oua Albani, e qoe aly
com o Geral dos Jezuitas; ao que cu respondi, que da primeira parte
falara algiimas vezes
me lembrava muito bem, mas que a segunda hera esta a primeira vez que a ouvia da boca
de Sua Bninenda. —
Com isto me despedy deOe. e *iffni*i* aoa maia, obaervor noa doia
sobredittos Franoeies a meama seriedade, nlo obatante que o de Msltn ae me noatrou
sempre amigo.
Não parou aqui a agitação do Cardeal: EUe veyo logo no dia seguinte a VBBtKMne
couza que quazi desde o principio do meu Ministério niotiiiÍiafirito,e o aeadeseniço con-
sistiu todo em repetir as justificaçoens c satisfaçoens, e proleriaMe de nHo ter parte alguma

com o Vemey. £u lhe respondi sempre com dezenvoltura san mostrar dc o conhecer; mas
o que eo nlo fiz flaerio os sana amigoa, qua lhe lançaiio em niato esta ftiqoea di»ndo4he
que ou inocente, ou reo não devia obrar esta novidade comigo; pouco depões mostrou o
tempo o quanto elle foi nisto affectado porque adoecendo com a gotta, c hindo eu vezita-lo
(aonde tive o bom encontre daa duas peças Torriggíani, e lolo R
andsco Albani, que me
4'
— 642 —
finrio núl oompríineatM) eUe <lq)oes de estar bem, não me restituiu
tante costume, nem cá apueoen liais. Monsenhor Aspurú que hera outro dos seotFkucto-
res, como desde o tempo que por sua devoção me excluhiu dos Congressos, numca mais me
tratou, nem uzou as conveniências costumadas tanto publicas, como particulares, não
ao tem dado por adndo neile ptrtienlar: Etie oontima • padesaer os seus incómodos em
Frascati, para ondefoyba mais de hum mcz. Estou como sempre a obcdicncia dc V. Ex.»
qtie Deos guarde. Roma 26 de Agosto de 1771. Ulustrissimo e Excelentissimo Senhor
MarqoeidePomlMl. I>eV.Ba.*FlrimoílelAmigodoConiçioomaisobrteBdoeCaptivo,
Fkttdaoo de Almada Mendonca. (T.T.— Min. dosNe8.Est.— MagoSS).

XXI

VENDA DE UVR08 da Btblloteea de Vemei. Libri die restarono dal Sig.re Emidio
Polídorí, in Roma nel Luylio di 1771. Apparteoenti ali* IlI.mo $ig.re Gavalier ¥miqr.

— Scapula » Leiioon Orego Latinum. — Buxtorfio « Lexkoa Hebraicum


foi.; 8.o;

— Pereira = Novo método da Gramática Latina Portoghesc. 1756. in — Lima II.";

s Gramática Francese, e Portoghesc — Gramática Gr^, di Portogallo Lisbonna.


4.";

176D Kbg.s; — Almeida » FMca Portogheie Tomi 3. in 12.*;— Mhppa de Pbrtatal.


Tomi 3. in 4."; —
Carvalho = Chorographia Portugueza Tomi. 3. in foi.; - Vida de
D. Joam de Castro, foi.; —
Memorias dos Grandes de Portugal. 8.°; Deduçam dvo- —
nologtca, e AnaffHâa. Tomi 2 in ibi. carta ondata; —
Provas da Dedncam. Tomo 2.
Carta ondata; —
Deduçam detta Tomi 2. alia Francese: —
CoMecçam dos Breves Pon*
tificios. Tomo 2, alia Francese; —
Deduzionc detta in Italiano Parte 1.» vol, 2 ProN-e
dcUa P.te 2.* e 2." vol. 2. Sono 4 tomi in 12." (mancò im tomo delia p.te 2.*^ fui iru\aio net
74 dai Stgmr Otiq^), « r^om (de outra ktra);— Gutas do Vieira. Tomo ado; mm
— Cudivoth — SliMtanaIntellectaaie. Tomi2fol;.— Cravina — de Origine Inris. Tomi2
in 4.«.
AMN. J. Emídio Midori mano própria.
N,B. — Noutro papel: índice de ldri, mais os seguintes: Trattato 1 .° d. Dec. Scient.
— Intellectiones et notitiae Manuscriptae; — Cursus Philosophici Manuscriptus Tom. 1.

n." 3; — RiSessioni due scritture Manoscritte; — Animast.


di

(A. SAJL).

XXD

m) Ofido de D. Uds da Qmha: ordem de expulsão

Nas cartas de Vossa Senhoria quetrouxemma* dattas de 13 de Dezembro de 1769,


26 de Abril, 23 de Julho, e 1.° de Novembro do aano próximo precedente, e por outras dif<

leotee vias, fboram a El Rey Nosso Seniior manfiifisras, a sobeita, a petulância, o inoorri-
givel espirito dc orgulho, e intriga, c a infidelidade, com que I.uis Antonio Vernei se tem
feito indigno, nio só do Real Serviço do mesmo Senhor, mas athé da denominação de Por-

tuguês: HaiUndeodo com konan vaidade deamadida, e fittna, bzer nesm Corte a figura.

Copyrighted material
— 643 —
que por nenhum titulo lhe toca: Vendendo nella fumo coro o dicto objecto: Fazeodose
hum meradmento dos mesmos factos, de que devem ter vergonha: Tratando dandoatina-
mcnte com os Ministros Estrangeiros sem conhecimento de Vossa Senhoria, como se para
isso tivesse aiguma Instnioção: Embaraçando com elles a Vossa Senhoria: £ alliando de
VosM Senhoria athé o nwnno Miniatro Pleiripoteaciario de Sua Mafeetade na Corte de Paris,
para entre anibo'- cdnciiar oppozição, cm a inteligência: Como tudo se tem feiti) aqui notó-
rio por concludentes provas. O muito que Sua MifBitade procurou honrar, e honrou esse
mao booMoi, agrava extraordinariamente oom o vido da mais barbara iogntidSo, aquelles
abomináveis procedimentos. E sendo necessário desniaacsrallo para que assim fique
setis
menos n(KÍ\n. do que o tem sido emquanto encubcrto, c putativo confidente desta Corte;
se faz prcci/o obviar a este tnal na maneira seguinte: Na primeira Audiência particular,
que Vossa Senhoria tiver depois de haim fwAido esto Gsrta: flneodo ao Pq« li^^
pitulaçâo, do contendo nella, que sabemos que lhe não hc oculto: signific;ira a Sua Santidade:
que tem ordem de Sua Magesiade, para despedir immediaiamentc do seu serviço o dito
ingialo, • inflei Vcind : que oom «fleito IIm vai intimar esta ordem, e floelo sabir de soa caa
que o mesmo Senhor suplica ao Santo I*adre, que sobre a despedida, que Vossa Senhoria
fizer ao referido Verneí ; tome Sua Sant idade por motivo não querer na sua Corte hum homem,

que se fez dezagiadavel a sua Magestadc; e acrescente as mais couzas que lhe parecerem
próprias para mandar saliír o mesmo Abbade de Roma, e de todas as terras do Estado Eode-
siastico; como o Santo l*adre Benedicto XIV praticou à instancia desta Corte, a respeito do
Jezuita Manoel de Azevedo, com motivos muito menos agravantes, dos que são os que
ficam assima indicados.
Logo que Vossa Senhoria houver concordado com o Papa sobre o referido na ceri-
monia do mais recatado s^edo; metendo hum athé dous dias de permeio, e passando ao
Abbade Vemei, lhe ftra ler o significante Papel, que acompanhará esta carta. Depois
que o dito Abbade o houver lido, executará Vossa Senhoria muito esueiameiite o conteúdo
nclle: sequestrando todos os Papeis pertencentes a esta Corte, que se acharem no quarto
do dito Vernei, com todas as cartas das suas correspondências; fazendo de tudo Inventario,
que devo ser lenirtidoàPwaDenca de Soa MagBiNde;eiwuMlandoo depois sahirdem
da sua rczidencia. Deos guarde a V. Senhoria. Palacio de Nossa Senhora da Ajoda
a 8 de Mayo de 1771. Dom Luis da Cunha. Sr. Francisco de Almada Mendonça.
N.B. —
ffo veno: OfBdo do Sr. D. Lds da Cunha para o Ministro Almada, dando
lhe a insii ucçâo ixira o desterro de Venwy. Pertence ao officio n." 30.
Cr.T. —
Minist. dos Nef. Estrang. Leiaçlo de Portugal em Roma. Caia 1768
— 1775).

b) Nolijicação que el Rey Nosso Senhor ordem que Francisco de Almada e Mendonça seu
Ministro Pkidpotenciario na Corte de Roma, faça ao Secretario Luis Antonio Vemei

O sobredito Ministro Plempoteociario de S. M. F. passando ao quarto do Abbade


Luis Antonio Vemei lhe significara: que elle abbade nlo ignora, os justíssimos otivos, m
que o dito Senhor tinha, e tem, para lhe mandar fazer hum summario Processo de Inoan>
fidencia, ao qual fosse sentenciado com as penas de morte natural, c confisai(,'ão de todos os
seus bens, estabelecida contra os Reos do Crime de Leza Mageslade: que tudo por huma
cjuibundancia da Real hiwegiWads, suspende por hora o nwsnioSeiJior o referido Pt^^
e o manda despedir dOSBUReal serviço: Ordenando que lhe seja tirada a carta, que tem
de Secretario Kegio: qne ao mesmo teoipo lhe sejam emrahidas, e inventariadas todas as
oatnscartas,eFkpeisdu8aBaoomepandeadas. EquadepoisdeasilmiehawBreKecutado

Copyrighted material
— 644 —
b^ja eUe sobredito Abbade de sabir immedíatamente do Palacio do mesmo Senhor onde
biMte o seu dito Ministro Ptenipotendaiio. Sitio de Noiaa Senhora da AJnda em 8 de
Mayo de 1771. Dom Luis da Cunha.
(T.T. — Minist. dos Neg. Estraog. Roma, Cáixa 2. 1768).

e) Ofitío de Almada: rektto do cumprimento da ordem

ULmoeExJnoSeaihor. Logo na primeira Audiência que tive do Papa no dia em que


recebi os Despachos com que dessa Corte partiu Joseph Gonçalves de Abreu, pedi a Sua
Santidade na forma, que V. Ex.* me ordenava, que mandasse sahir do seu Estado ao Abbade
Lniz Antonio Verney a quem Soa Mateetade privara da ena graça e eaehdim d^
c accordandomc o Santo Padre esta supplica com toda a (roto) mo quem fie bem informado

dos motivos com que elle se buscou este imfortunio, concertei com o mesmo Santo Padre
otempoeomododeetBexecuçio.emqtiarto ao primeiro eitiniei bem deiw
dia doe annos de Sua Masestade. no qual concorrendo a este RaUdo todaa penons, m
me costumão comprimentar por aquelle faustissimo motivo, elle nem se me prezentou,
nem apareceu na Antecamera, nem jantou em caza. Na noite seguinte lhe tiz ler a Noti-
iiaicio de V. Bx.*: depoee de qoe passei a tomar ooota de todoe os seus papeis, que logo 111
tfUqiortar para a minha secretaria parliculare immediatamcntc o fiz sahlr de minha caza;

fon da qual em pouca distaitcia da porta foy logo preso pelos offictaes deste Governo,
que devilo executar, e de fiwto exeoutarlo imnwdíatamente o exilio do ditto Vemegr, que
adún desta Corte duas horas depois da meya noite, acompantiado de alguns dos meamos
officiaes de justiça the aos confins do Estado da parte de Toscana.
Consenti eu a que immediatamente fora da porta deste Palacio e dentro da jurisdição
ddle o pesadasaem, poique na oocuiio em que dei perte ao Santo Padre, me pediu Sua
Santidade, que assim o permitisse para o livrar de qualquer empenho com a Caza Albani.
Ott outras da mesma sorte Privilegiadas, que nào distào muito de minha caza, e nas quaes
podia die fiadlmeme rel^i^arse em cszo de algum descuido ou emberaaso no acto da prixio.
Está intimado o consistório pera segunda feira 17 do corrente, no qual serão propostas as
Igrejas vagas nesse Reyno e Ultramar e pelo correyo que expedir com as Bulias dos referidos
Bispos espero tudo o mais de que estou encarregado: Na mesma occaziio darei conta a
V. Ex.* do que adur nos eacrlptos de Vemey, que fico examinando.(...). Roma 13 de
Junho de 1771. Olano e Bx.mo Senhor D. Lutz da Cunhe. Frandsoo de Almada Men-
donza.
(T.T. — Mfaiiat. doe Neg. Estrang. Legncto de Portugal em Roma. Caixa 1769*75).

d) Prtito pdo Burgdh de Roma

Die Jovls 8 Junii 1771. Ad Relationem


Josephi Pecchi, unus ex Judicibus iiaroncelli Almaea Urbis qui ex debito otlicu
expooit ut infra.
A normi dccI"ordine avuti dal Bargcllo dl Roma mio Domine communicatigli da
S. Emin. Governatore di Roma, ho caroerato circa la ora quattro e mezza di questa notte
rfaiArsscrftto ael atto dw usdvt dal Fahnao dei Signore Ambaaaadore di Almada, o volem
montare quale oon altre carosaa bo transportato nela Guardiola ddlo ateeao
in carrossa

fiargello ove ha detto chiamarsi Luigi Antonio Vemey Portoghese che quo super quibus.
Adi 8 Giugno 1771 {Segue a lista dos objectos que lhe foi permitido ievar consigo, de muito

Copyrighted material
— 645 -
dl/leli leitura na totalidade. Percebe-se, porénit que se trata de ob/ectos de pouco veSor.
Além disso, uns junteis do Banco di S. Spirito de 83.8S; Monte de fíelà, ée 33.00 « outros de
18.00 e 110.00. Termina com letra de Vernei:
Io sottoscritto ho ricevuto tutta le suddette descritta robe, danari, e carte, levatemi
dioo ritiwaleini oome lopia qoeito di, e amo come topra. Laigi Antonio Vemey. B pio
ho ricevuto un beullo con diversi abiti, e hianchciia, ed altre robe per mio uso. Luigi
Antonio Verney. Seooessive, et immediaie Ego notarius de speciali ordine ac mandato
Ex.n)l D. Alnme UrUi Gobematoris ex vivo ofaooU SS.mi videlioet D. Aloiíeo Antonio
filio Di onisi i Verney Lusitano coram Infrascritít testibus iniunti coram presente (7) D. Inno-
oentii Fortbuba exilíiun a tuto stato Ecctcsiastico sub pcnis indígnationcs Santítatis suae
aliisque gravioribus arbitriis in casso. £t (?) observare promisit Libere ac ita orare(?)
Itaran utique, ae in eutodia BÉnonoelli CftwMm noraea das testemuiiliM e teonina:) Ita
est Sehartimis Resaen Notarias. CA.S.1.— Oov. Ronano, Vol. 1.064, prac 45.).

e) Oficio de Almada a D, Late da Qa^ em que jfnmete emiar pr^iaomaite ot pt^eis


de Vernei

Era minha tenção remeter a V. Ex.'' hum Inventario historiado dos papeis que seacfaa-
ráo a íaiíz Antonio Verney, mas sendo em maior numero, do que eu cuidava, os passos dignos
de obaervaçâo, e que muito provSo as suas suspeitozas conrrespondencias, mandarey somente
na semana ventura a nota das suas cartas, e pelo extraordinário <iue levará os mais despadios,
inviarei os seus originae*; borradores dos quaes claramente se colhe (roto). Deos guarde
a V. Ex.*. Grotta herrata 17 de Junho 1771. lU.mo e Ex.mo Senhor D. Luiz da Cuntaa.
Frandaoo de Almada Mendona.
(T.T.— Minist. Nag. Eatrang. Leiíçio de Portu^ em Roma. Caixa 1768-79

f) Bivio dita pqpeis de Vernei a D. Luis da Cunha

I]l.nio e Ex.mo Seidior.


Farte o eorreyo Joseph Goncalvez de Abreu oon os deapa^
dioa IMpectívos às comissocns com que cllc mesmo mc foy expedido dessa corte ao<; 12 de
Mayo pnnimo passado; e em execução do que então me ordenou V. £x.* remeto por eile
todos os pa|)d8 qoe se adiarlo a Ldz Antonio Verney pertencentes As suas oorreqMndeaci^
em quatro massos dístiixnos cujo inventario adiará V. Ex.* íikIuso nesta (roto) as noticias
que o Bargello (roto) das cazas e pessoas suspeitas, queelle aqui frequentava, do que eu ji
tinha muitos indícios antes que elle daqui partisse.Remeto também dentro desta os outros
poucos papeis, que achei ao clérigo João Botelho de Queirós Sarmento, que hum mez antes
do exilio de Verney, fis sahir deste Estado pelos motivos de que ja dei parte a V. E.x." (...)
Roma 31 de Agosto de 1771. Ill.moeEx.moSr.D. LuizdaCunba. Francisco de Abnada
Mendonça. ÇÍ.T. — Minist. dos Neg. dos Estrang. Legaçio de Portugal em Roma.
C2ain 1768-7$).

g) Noticias que alcançou e deu o Bargello de Roma das petsoas, e casas sospeitasfrequentadas
par Luiz Antonio Verney,

Di 25 {ringno 1771. Marte di la scra Tabbate D. Giusepc Duram, giá frate .Aiigus-

tiniano, et' ora Bibliotecário delia libraria di S. Spirito usei di casa ad un'ora meza di notta
i

portandosi ai adit di Hnoa S. Pietro, dove ^ 1'aapetava un "Utro abbate Portoi^ieee

Copyrighted material
— 646 —
di lui Patriota, doppo il spazio d'una meza ora iosieme si portaraoo in una cm» quasi m con-
tro al GoUefio Bidijwlli « Stnda Itdia, dove in ea« cm vi en
insino aPora 5 circa: et d'ilá partitossene, presero Ia via deP ospizio di Peniicnzicri situato

in Burgo Vechio de Rimpeta alia fontana delia Piazza che si chiama S. Giacomo di Scoscia
Gavalli; dove si tratenero di due ora dica in dlMuno oon il P.* D. Emanuele Mendes Psni-
tenziero Portoghcsc, e doppo partitisi portarano ambi due alia casa di S. Spirito ed ivi
giunti si licenzio il di lui oompagno, senza saperse dove, fin'ora questo abita ma bensi in
detto hiooo vi imarviene oon*aItri gtesuiti secularisatí. et altrí, il Jovedí. giomata vacante
delia setimana fhciendosi per lo piu radonanza tra di loro Portoghesi con il tratenerse in
congrcsi piu ore, e per di lui compagnia ritticnc presso di se, in (...) dctta casa di S. Spirito
altra Personá, per nome Antonio, che dicc il sudetto Duram, che lo tiene presso di sé, facien-
doUlacarità.
26." detto Mercoldi é uscito TAbbate Duram, di S. Spirito, solo aPora 21 ed' c andato al

sopraoenato caffé delia Piaza di S. Pietro, dove ven (...) va aspetato dei sudetto abbate, (...)

pratoao secolarisato, ad^Biieme presero il caflt, ed'nidi si portarano afcspizio dt gíesuiti


Panttandoriidoivesl aboocanmo con D. Emanuele Mendes, e nella propri (...) stanza cbbero

discursso per una bona ora, e doppo l'ora 22 compar (. ) isi il P.c Sande Portoghcsc dei
coUegio Romano, con il di lui (...) compagno giesuita, con aver tutti insieme fatto discursso
sino rAvo HAwia.
27: detto lovcdi verso Tore 21 : comparvero due carro77e al detto ospizio, ed entrati
dentro desse Tabbate Duram, e cinque giesuiti con il próprio habito, il due secularizati
voatiti d'!abbati, ftm quall viera it P.e Xlendes, e il portarano a bandinè^
P.e Sandb, e dí lá si

diinse alia villa Borghese, dove entrati, si fermarano al contíguo Boscho, dove temero tutti
insieme longo djscursso, sino Tave Maria che puoi entrati nella medesime Carrozze sino
al'ospizio forano tutti otto conduttí, e licensiandosi ogni uno di esse si portarano alie loro
reapeetivB ábitaslooa.
28: detto Ia sera di venerdi forono parimente prese due carroz/e. ed'intrati nelle mede-
sime alie 2 ore delia notte le sudette otto Persone a vedere i fochi di Piazza Farnese, che
Gomparvero vaatiti tutti otto de secolari, i teiminato die fli il fbooo, rientrati di novo in
Carrozze passando per Ponte S. Angelo, andiedero tutti insieme a smontare alia casa dl
S. Spirito dove stiedero in conversazione sino al*ore 6 d' l'estese natte.
29: detto domo
di sabato air due delia notte parimente in carrozze 1'estese otto
Fersone andarano a veder il fuoco, per la seomida volta, ndla sodatta Piazza Famese, i
temoinato si ritomarano ala volta di S. Pietro, sotto il colonato, a mano mancha dei sudetto

Ospizio, dove sono stati tutti insieme a discurrere, e doppo Tore 3 e meza se licensiarano,
e daicono se ne andarano a le loro abicasione.
30: detto Domenica il P.e Sante com altro COmpagno andarano a ritrovare a S. Spirito
il Ffeefttto abbate Duram, e verso Tore 22 sono usciti tutti tre da S. Spirito. portandossi

a vOla Borghesi, dove tenero secreti discursi sino aPore vima tre e mezza, ed'indi per il
Coiso si portarano nella PiaoBta delle Monicfae dí Cámpo Mano, atando fermi trá di essi
dtscurrendo per una bona meza ora, comparve inquelc instante im* altro abbate Portoghcsc
che apena gionto si encaminarano tutti quatro insieme al caffé posto su la Piazza di S. Pie-
tro, oone de supra detto «te.
A di 6 di Liiglio dc 1771.
6." Sabato ritrovandisi il P.e Mendes il sudetto O^fbáOt comparve verso Tore 15 di

qiMta Matina il servitor delTabbate Vemei. quello atem d» alia guardiola dal governo
raoompagnò coo unTagote di libri, in carta scrita in manu bosando la porta diesao collcgio,
ta dal* Portinaro aperto, ed' entrato dentro ando' a ritrovar il P.e Mendes, alia Stanzc di
sua abitasiooe, e apena che fu dal' P.e Mendes veduto, Tinsegno che devesse andar alia porta

Copyrighted material
—647—

per dí dietro dello steso Ospizio, cbe oorríspoode in contro il Portooe di S. Spirito, uve ivi

vie» IWmI» Dumm. Ed* apem fhiato 11 wrvHoie fo aperta la porta dal P.e Mèndea
ed' acenato Tabbate Duram che fosse ivi vcnuto come imediatamente comparve, ed' intrati
dentro, detto portooe il predetto tervitore, i tutti Taltri, aseoato cbe fu il fasoto, si distacó
il eervitore, portandoii «eco 11 fiigoto. ed* teeaninaodoei vtno Ponto S. Antelo e di li a
S. Cláudio de Burgognioni, dove vi abita un* tal D. Giusepe, che veste da seculare di nasione
portogfaese, ed' ivi laadase il fagote per che nel uscire che feoe il servitore si vidde che piu
non portava detto fagotto, e via pol te ne ando etc. La casa gia discrita ,e supoata in Strada
Burgognione al presente si deve per magionnente iniuminare segnare luogo preciso dalla
il

situa/ione di e<^sa cd* c che delia Porta de Milano alia chiavíca dei Búfalo conducc; a mano
diretia aila chie&a di S. Cláudio di Buifiignioae, e dall'altrolatto vi e una Botega di fiarbiere
eFBnKliiere.ed' hwontroadettacuavIennaBettalaedáiBiapartediqaeetaviéanciotH
latíere, e dali' aitra parte vi e altra Bolapi di Barbiere e Peruchiere. La sudetta casa é
composta di quatro apartameoti cioé al priaw vi Ébita il predetto peruchiere, cbe ticoe sotto
seoondo vi aUta
la Botcfa, nel corial, ed m V
tdtimo vi abita tm seoolare portogliese, cUa^
mato D. Giiiaepe Mendes d^anni cinquenta drca, porta peruca, di grossa corporatura, e
alquanto machiato di morviglione. Tn unaabitazionc denominata il Pallazzo di Portoghesi(l)
posto incontro Palazzo Capeai nella Strada che dal Pupolo conduce al Quartiere di Ripetta
composta di quatro apartamenli al primo di qoali vi abila un itonrhio, die tiene al de
solto Botega; aPsecondo vi abitano duc abati portoghesi uno di cssi si chiama D. Antonio,
e Tallro D. Francesco scnza sapersi di quale cognomi siano, vestendoambe due d'abati
andare rabaM Vemei, e parfaiente continua andarvi il padre Miendes, e
ed*ivi vi soleva
TAbate Duram, Allo stcso apartamento dei detto palazzo di Porto^wsi vi aUta un' oífis-
síalc di Russi, é al quarto apartamento vi abita il Signore Gasparo FkMiettl mercante di
Legna, e dUtro a Ripeta. NelPabitazione peroi ritenuta in S. Spirito dell*abate Duram, vi
soleva andare Tabate Vemei a ritrovarlo alia Bibliotecária, come pure il P.e Mendes, ad*
altri portoilwsi. (T.T.— CUxa2daLeMiodeFDrtuaBlemRoma. 176S-79.

k) inventario das papeis manuscritos e cartas dc conrespondcncia, que se acharão a Luiz


Antonio Vemey, e se lhe tomarão no dia 7 de Junho de 1771, quando foy frivado do
CUHleleét StcnUrto # ámÊêáUo Fúlatíú db Mtittitir fímlooUHtiarío ét MÊ Jbv
Momo Saker

de seu punho. Seis cadernos com o titulo « Copia di Lettete a diversos


Escrittos
Nunierado com Letra Roniana 2.» até 7.*, do que ae ve que fldta iatetianMal» o 1.* doe sana
Borradores, como O s3o os sobreditos. O que tem O D.° 2 bc do anno 1762. Teve na sua
origem 40 folhaa, mas hoje contem somente 22, adandosse as outras cortadas com tizoura,
depoit de snnm eacrittas, o que bem ae conhece em cada homa deUas. No qoe sutalilo
nio ha nada que condemnar; antes nas cartas que escrevia a Ayres de Sá, então Ministro
em Nápoles, e que continua depois delle passar a Embaixador a Madrid (que be a única
oonrespondenda que se adut inteira) se toem muitas (couzas) que lhe fiuriio nio pouca
honra, se nas suas respostas não fizesse ver o dito Ayres de Sá que nio Dia fleando atrai
na erudição, o excedia dc muito na moderação e prudência. Este Fidalgo mostra conhecer
bem que buma boa Teoria não basta para a felicidade das rezoluçoeos, e que he necessário

(1) Foi destruído na remodelaçio de Mussolini que pôs a descoberto o túmulo


da AupiBta

Copyrighted material
— 648 —
saber combinar as regras que se aprendem com as àrcunstancias que occon em não se ve :

este caraetiier noe eeeritu» de VeoMgr; mil ettt ke • diferença de quem estude peve ser
util, c dc quem por Nos residuos da<; folhas cortadas neste caderno
ostentação escreve.
se encontrào indicios, que combinados, com o que manifestamente se 18 nos cadernos subae»
quentes dio e ver que o Veraey escfevie oonlonne o geoio des pessoas om
quem le ooms-
poodía e que procurava a hum mesmo tempo fazer duas figuras; mas nem sempre foi nisto
feliz, nesta mesma conrcspondcncia com Ayres de Sá se achâo alguns esforsos totalmente

alheios da circunspecção, que com eUe sempre aflectou e dos rectos sentimentos que em cada
hnosa das respostas se leem.
O segundo caderno que tem o n." ? pertence aosaOBOS 1762 e 1763: principia com três

fUbas e meia cortadas, segue huma carta para Ayres de Sá cm data dos 19 de Jultio de (1762)
e lofo Inwnadiaramente ee cacontrio 14 foOias cortadas: depois das qnaee outra carta para
(Aires) dc Sá dos 16 Outubro 1762, no fim da qual se lè o principio de outra para Monsenhor
Cerati a Fio (roto) em data dos 18 do dito mcz, mas o resto desta carta não se le porque
entrava na folha seguinte, a qual, com outras tres, se achão cortadas. Segue outra carta
para Ayres de Sá oa data doe 6 Dezembro 1762, a qual sc Ic toda inteira e logo seguem
outras 4 folhas cortadas. Continua outra carta dos 14 Fevereiro 1763 para Ayres dc Sá
no fim da qual se ve o priiKipio de outra para o Padre Nicolau Maria Carcani a Nápoles
escrittano mesmo dia: desta que perece toda de negod o pertencente eoe eeus Uvroe, feha
o fim, que entrava em huma das duas folhas seguintes que se ach..o cor ladas, e junto delias
resíduos de mais de hiuna arrancada ao que inunediatannente segue o fim de huma carta,
m qqal se le o segninte «fevorisca breuiere suMto questo foglio e damel oonteiai d*áwer
lofkevntta»O0aAinua o caderno com huma comprida carte para Ayres de Sá, no fim da qual
principia outra em data dos 17 Junho 1763, que parece escritta a hum tal Sanches (1), o
que mal se pode (ler) por estar riscado o nome, e nella se fala contra diversas pessoas, ciUos
nomes se acaote (roto) se da a prioieira pagina, que nio cortou, porque contem no reverso
o fim da sobredita escre (roto) se achilo outras duas folhas cortadas, que foriio escrittas

e huma inteira em branco com que acaba o caderno, O 3." que tem o n." 4 pertence aos
annoe 1763, e C4. Pr incipia eomtree folhes cortadas, (a) na que legne sele hum fragmento
de outra, que parece escritta a Nápoles a hum tal I.C. outras vezes nomeado, ao qual adverte
no fim, que queime esta certa. Segue logo outra para Ayres de Sá em data dos 19 Setembro
1763. Continuão outras seis folhas cortadas; duas inteiras com carta para diversos, e logo
outras 16 oortadaa e acaba com bana carta comprida a D. JoSo de Bragança e outra ao
Fsdre Frisio.
O 4." tem o n.° 5, de Outubro 1764 até 176S. Este he o Titulo, mas com as primeiras
folhas que cortou, em n.* 6, occultou todo o que pertencia ao anno 1764. Cootraua com
huma carta pequena a dous mercantes de Liorne e outra em data dos 23 dC Janeiro 65 para
Ayres de Sá que contem (roto) folhas, no fim de huma delias principiava outra carta cujas
primeiras regres forito oortedas. Q<íb) lauda s^uinteseleoquefoiescrittonoYerBOdade
Ayres de Sá, e logo seguem quatro folhas e meia cortadas. No avanço da 5.* folha se le
hum facto de hum Dominicano que discorria <;obre a expulsão dos Jesuitas dc Portugal
e França, e no seu reverso principiava outra para Ayres dc Sá, depois desta outra para o
P.* JíMomo Fsieiía, outra para Federico GuiUienne Jadnon, ootm para Josá de Sá,cqio
flm alo se la por estar cortado na pirimeira das outo folhas cortadas que seguem. Noifan

(1) Pode tratar-se de António Ribeiro Sanches que pubUcara o Tratado da Coimr-
vaçam da Saúde dos povos (Lx. 17S7), que Vcrnei cita com louvor DOS AptedioeS daS cartBS
a Aires de Sá, só com a designação de il Sanches (£, 111, 401).

Copyrighted material
— 649-
da ultima caria cortada principia outra para o dito Jozé de Sá que consta de tres folhas
e meyt. No mto detta kXbÊL este boma carta iieqneDa paia o P.* Jaoomo Peieifa, e no
principio da lauda Hgutnte oomeca outra para Ayres de Sá dc cinco paginas e meia, alem
de buma banderola gianda, oootinua a folha cortada e outra que immediatamente segue:
a que vem depois tem o resto da ultima carta cortada, huma para o Advogado Mendes e
princípio de outra para Jozé de Sá de 3 paginas e logo outra para Ayres de Sá de 15 paginas
c meia alem de 4 banderolas grandes, outra meia folha c(irt:'.i)a, ouira inteira, depois da que
vem outra para Jozé de Sá bem comprida, e acaba o caderno com 5 folhas cortadas, e duas
inteiras,das qnaes todas as primeiras tres foram etorittas.
O caderno com n.° 6 contem os mesmos cortes de folhas, e SO SB le por inteiro as
5."

cartas para Ayres de Sá, Jozé de Sá e Sr. Conde de Oeyras.


Da mesma sorte se adia o ultimo destes seis cadernos que tem o n.* 7 e no qual estio
os apontamentos de hiuna conreipondencia moderna, e mais sospeita com hum tal M .I.C.
Neste caderno se acha buma carta para M. Jean Hyacinto de Magalhaens, que está em Lon-
dres; a ella uni a resposta do mesmo, que be a uníca (talvez porque lhe chegou poucos dias
aniea da sua deayaça) que o Vemey nio queimou, como hz a todas as mais que oonres-
pondiâo as suas, que se ach:lo cortadas.
Onze cadernos em papel grande stgnados: hum com a letra A. 1750 4oomaletra U.
e comem 9 annoe 1749 ate 1771. Outro com a letra D. dP. 70. 71. Outro letra E. 70. 71.
Outro letra G. 44 ate tiO. Outro letra L. 54 ate 60. Outro letra P. 48 ate 60. Mas huma
parte delles não oonresponde à numeração sobiedicta por causa dos cortes feitos com a
tizoura nestes cadernos, como nos primeiros.
Alem deste ha outro caderno signado Letra L. e Titulo «AancciA» que não contem
mais que 4 cartas, e o raalo he em branco.

Cartas qye lhe esereveifo a elie

Massos a.* 21 atados com nastros vermelhos, oom os seguintes titules:

1
— Leltere Latine di diversi. Contem 9 cartas do \luratori, 5 do padre Fassoni,
3 do Faociolati, 10 de Monsenhor Bo(igia), 3 do padre Morassi, 6 do P/ Giuliano, 3 de Mon-
senhor Basta, 4 do Gardial Qoirinl. 7 do P.« Berti, 1 do Genovese, 1 de trez jesuitas, 1 do
P.« Aleixo Horaccio Escolapio. 2 —
D. Joiio de Bragança. São 5 entre Cartas eBDhetes. 1

3 — Cartas de diversos. Contem duais de Jozé Serra Correa, 4 do Fassoni, 2 dO Dootor


Tompestí, 2 de loa6 Frandsoo Leal,1 de Viosote Porta, 2 de Baena, 1 do P.* Vairodoca (1),

1 de Diogo Barbosa, de Francisco de Pina e Mello, 2 do Cabido de ISvora, 1 de D. J^oai


1

Durani.l dos Senhores PortereAdey, 11 de Izabel Antonini, 1 deAndreRma,! doP.*GBr-


bone, 1 de Francisco Guedes, 1 de D. Gregorio P.° Pereira, 1 do Doutor Taddei, 1 de Piaggio,

1 de Nicolau Palherini , 1 de Pizzeti, (roto) de João Pereira do Porto, 2 de Antonio da Crua


Figueiredo. 1 de Vicente de Sou7a Coutinho. 4 Martinho Pereira Filipino de Braga.
São 4 cartas e huma F(olba) do seu PrepCósito). 5 — José de Sá Pereira. São 8 cartas.
6— JIAnMrf 5UrMb. Slo 16. l—MIgud AHg^ d'Ât^. 30 cartas e algumas
contas. 8 — P.' Marcucei. II cartas e huma conta. 9 Bartolomeu Pizarda Cartas
Mercantis dos annos 1765 até 1771. 10 Arcebispo Bispo do Algarve. São 32 dentro do
mesmo maaao vio 6 de Amador Antonio, bum Attestado do B(ispo), duas de Ratei Lopes
de Lião e huma de Ambrozío Jozé. 11 — D. Vito Caravelli. São 31. 12 Mattewxi. —
São 19 cora uma conta. 13 — P." Évora. 5 bilhetes. H — João Antonio Cualtiert. 3.
\5 — Mendes. 47. Telles. 5. VI — Donati, 6. 18 — D. Anna Mendes. 6 e

Copyrighted material
— 650 —
huma Conta. 19 —Fr. Domênico Pisa. 7. 20 —
Ayres de Sá. 21. 21 Montenhor
Asfmu. lOo cootcm mais que tm
Bilhetes, 08 quaesfKHtmiBeraoemrafledto
E isto foy somente o que se achou dosescrittos do Vcrncy expressos na ordem que recebi
para lhos sequestrar quod testor etc. etc. Roma 20 de Junho 771 1 . Francisco de Almada
Kfendonza (Attiaatara autografiida).
(T.T. —
Minitt. dot Nof. Estnoif.— LcfMo de Portufdcin Roma. CMm 2.

1768.75).

xxni

REGRESSO 0£ VERNEl A ROMA

a) Ninguém milhor que n Padre Diogo, Irmão de Vossa Mercê lhe pode sigurar
Oft meot dezqjot e os minhas deligencias athé o prezente infrutifíeras, esteja Vossa Mercê

MTto que tt oontímiarei tanto cm LUboa ooom «m Roma, e que em w


me dando poderes,
nio dilatarei hum instante a ocazião de mostrar ao mundo a sua justificação. Rtoebi a
carta de Vossa Mercê de 8 do corrente, agradeço-Ihe a sua atenção e terei toda em servir
a Vena Mercê que Deos goarde muitos annos. Roma 13 de Fevereiro de 1779. Muito
VeoeiadoreObripdoaVoamMerelD.IiBnriqpiedeMenews. Snr. Lub Antonio Verney.
(A.&AJL).

fr) Reo^ a carta de VonalMeroê de 14 do corranie,^ estimo eagnHkço infinita-


mente. Não mayor gosto de que o justo sistema se encaminhe em favor de quem
só tenho o
pello passado o não como também espero ver imido ao merecimento a recompensa,
teve.

este he o meo desejo, e que a saúde de Vossa Mercê se conserve por muitos annos. Deos
guarde a Vossa ManB. Roma, 20 de Muço de 1779. Muito Venandor o Obrigado a
Vossa Mercê. D. Henrique de Meneies. Sr. Luis Antonio Vemey. (s/. sobrescrito).
(A.S.A.R.).

e) Roma 7 Abril 1779. Ninguém millior que o I*adre Diogo Vemey sabe quanto
eu dezejei servir a vossa maroe a elle dei todas as respostas que tive, nenhuma contraria,
mas também nenhuma deciziva: vim com tenção de buscar nos papeis destes (síc) Minis-
tério coiza que pudesse ser lhe util; nio encontrei nada nuiis que o ofTicio em que se péde
a expulsão dos Estados Pontcfficios. Tudo o mais suponho foi mandado para Lisboa. diga
me vossa mercê claramente o que tem havido despois que eu de la sahi, porque antão direi
eu que Clemente Decimo quarto s6 fbs o que lhe pedi rio que flsesse. Assente vossa meroe
que cu me interesso por toda a pessoa de merecimento c que o de vossa meroeheconbeçido
em toda a parte, e também de SCO. Muito Venerado e obrigado. D. Henrique de Meneas.
Bata resposta a sua de 28 de Março.

N3. Da mesma letra Ao Senhor Luis Aatooio Venwy guarde Deus muitos amos.
:

Florança para Samminiato. CAJS.AJl.).

40 Recebi em seo devido teoapo a Guta de 18 de Abril, e só ho}e me he possível


dizer, que náda há tIO singular como o que ella contem, posso segurar a vossa mcrce que

nada se me tem peigUBlado a este rebito, prova sertissima que ainda os papeis nào pas-
sailo pata a repartição adondepertençem, isto hen do Sr. A. de S. per que se bi estivessem
Ja «u teria sido owddo, e teria hido a minha resposta dUBnindo o nc^oçio e os sugeitos,
desta pode vossa mercê estar serto a todo o tempo por que estou plenamente inforniado de
quanto aqui se passou naquelles callamitazos tempos, por que ok acho de posse dos Papeis

Copyrighted material
— 651 —
que corerão para aquelle fim de quem nào sabia escrever; oias escrever eu daqui tem aer
perguntado, sabe vossa mercê que não p6no« aon devo, meter me adonde me não chanão,
n;lo esperarei que me chamem, basta que me asancm para eu voar logo. He persizo que
dcspois nada tenha adiantado o Procurador, porque as senhoras que sáo suas amigas, a
muito tempo que me nio dticm náda, einflin be pmi2X> pasiençia, e que voeta meroe ooo- m
serve como lhe dezeja quem escreve a 24 de Mayo dc 1779. Ao Sr. Luis AntoníO Vém^
guarde Dcos muitos annos. Toscana, Saminiatto.

N.B. — Sem assinatura, n/. data mas da mesma letra da anterior. (A.S.A.R.).

e) HootemreoebiasuB carta de6 dooorf«nte,«oooorreyopftHadomemuidario


a Petição que o seo amigo apresentou á Raynha, para eu responder ao que ella contem,
he a mesma que eu já tinha mostrado aos Senhores A... (sic) et F. sem enbargo que eu tinha
ditto ao amigo V» tiraw dellt mnite ooin lumtil e que dddiaase imicatnente o pMdio
em fim de huina ou <Jc outra forma ca está. c sesta digo quinta devo rcsponder. São
Feita

12 de Jiuiho (llT^) (1 779 de tinta nossa contemporânea). Ao Senhor Luis Antooio Verney
Cavaleiro Piofcwo ui bordem de Obrísto. Toic«m, Sammiolato. (A.S.A.R.).

/) lUustrissimo e iJicclentissimo Senhor. No despacho de V £x.* de 10 de Mayo


proKfano pMMdo, me foi remetida • FBtiçio de Luis Antonio Verney, que nesta Corte liera
Sccrctariii ilc Legação, c quc elle fes passar a Real prczcnça dc Sua Magcstadc, sendo
mesma Senhora servida mandar que eu informe do que aqui se passou oaquelle tempo,
e do fiKto, que llie procurou a sua diagraça. FbIIb carta do Marquês de Pombal escrita
«m 18 d« Abril de 1768, que leva N.° 1 sevB«bwidq«,qiwfonnavão do talento daqueUe
siyeito, e que Francisco de AIniada, To! quem o pedío para seo conferente. O que se scguio
logo, que se avistarão, athe, que se ajuntarão em Roina. podia o ntesmo Verney, nào referir
nt sua sopUca, porque ido liqwrta ao ciao, nem também as «storias eiMim» qw Hda tem
com o scrvrso de Sua Megcstade. Chegarão a Roma, aprczentou Almada Verney a todos
os Ministros do Papa, e Estrangeiros, como Secretario Reggio deciarandolhe, que nos
Nesodoa* que antio se tratavio, hera o mesmo cooi^rir com bum, que com o outro, assim
se praticou mimto tempo, tratando estes com Verney, porque se mostrava nutis que o Minis-
tro, e porque a sim comprienção hera mais clara, alem disso, todos sabíão, que não hera o
Ministro, quem escrevia, roas sempre a pessoa, que segundo as sircunstancias. tínhâo junto
•si,o que em Roma hera constante, pois que em todos os tempos, quando se devia tratar
negocio mais serio com o Papa, hera sempre o conferente do Ministro, quem nclle hia falár
a Sua Santidade como pode dizer o Cónego de Coimbra Antonio Rodrigues, por passar
tudo por elle, athe « quebra entre as duas Cortes.
Nenhum atheantão, nem dcspois, csta\a autorizado se nào Verney, por OOOSequencia,
com elle conferia Monsenhor Aspuru Ministro de Espanha, e o Cardeal de Bemis Ministro
de RsBoça, sempre m
SQpuzíção, que Verney comunicava tudo ao seo Principal, o que dei»
cfaavade IkmrmufltM voes, por entender, que asim se observava mi lho r o segredo, • tann
bem no fim, por desprezo mal intendido, com que olhava para o sco bem feitor, e para o
Ministro do seu Rey. Percebeo o Ministro, que he de natural desconfiado, que Verney
queria, que se ntofiaessBcaaodeile para coi iii a lgi ima ,cque todos conhecessem, queomesmo
Vemey hera autorizado, e sem dependência para tratar os n^odoa. Neste tempo tinha
Firaacisoo de Almada em sua caza, e na sua confidencia, lumi serto Manoel de Azevedo
Theatino. que sabendo, oqoe Veraey fioia, e conhecendo o caracter de Almada,« também

Copyrighted material
— 652—
por ter ainbiçio, nlo só de rqnUar as loçOes do Ministro, mas para ver se podia, exaltarse
oom a roiíM de Vamey, pctaoeptou oom nais tatm a ftimenlar a deamllo, adioa toda a
dispoziçilo no Ministro, e toda a Vaydadecm Vcrncy, para se deichar precepitar. Daqui
prencepiou o Padre Azevedo em nome de AbDada, tudo quanto se pode achar na Secretaria
de EMado, contn O Secretario de Legiiçlo, aatio comMBifo
as cartas de Vemey, entregando-as o criado, que as devia levar ao correio ao Padre Azevedo,
e este lendoas a Almada, envenenando, quanto elle dizia, o que hé fácil, mudando o sentido
com que se escreve. fHo peroebeo nada Vemey e munto menos, o que se lhe preparáva,
ath6 que por fin chegarão as hordens, de que remeteo coppia a V. Er.* com o N.° 2. A em>
CDÇão delias, foi em tudo conforme a instrução que de la vi^yn, ^parwatWMtCTpwitdftdftBftWi
e dos Esiadoz Ponteflicioz. nào ouve mais, que o que agora direi.
Mandou Flraocisoo de Almada, comuaicar pello Padn Manoel de Azevedo, as hu-
tlUÇOett «pie tttVB da Corte, ao Papa Clemente Decimo quarto, encarregou Monsenhor
Maoedomo de tratar oom o Papa esta expuls&o de Vemey, passarão verbalmente as hordens
de Sua Santidade, por MnedOoio, ao Oonemador dè Roma, que hera antlo o Cardeal Càzal,
sem que nada constace na Secretaria do Estado, nem ficasse memoria alguma contra Vemey,
obrando Sua Santidade, o que obrou, unicamente pellas instancias que lhe fourào feitas,
e mandado fazer por Francisco de Almada. Nos poucos papeis, que aqui achei mandei
tirar coppia de todoe oe artigaB qt» tratavio da diagnca de Vemey. e tudo eaerito da mflo
de D. Manoel de Azevedo Thcatino. V. Fx.», os poderá mandar examinar. Ocrimequese
imputou a Luis Antonio Vemey, foi ser amigo dos Jezuitas ter coanmiceçfto com elies,
e em sertoa dias da soonaa» eacootrareai ee em lium jardfan, para Veraor lhe vender oe
Negocioz da Corte, o que foi pintado com oores tio enormes, que se seguioasaapnMficlo.
Foi falsa esta imputaç.io. porque Verney nunca foi amigo dos Jesuitas, antes nos seos escritoz
atacou sempre as suas máximas, assim o atestáo aqui munias pessoas dignas de Fé entre ellas
o Qmkttl de Bemto e D. MioolBo Ama, cnOn Vtoraey; aio ttaha camctor de ae aogeitar
a ninguém, munto menos a Francisco de Almada, a sua vaidade o pcrsoadio. a que o tinhão
mandfl^" aqui naquella sircunstancia delicada, pello conhecimento, que o Marques de
Poonbal tini» da incapeddade de aeo Primo, qne a elle toceae flgiinur, fi«r todo, e O ciliar
pera o seo superior, como se não tivesse o caracter que tinha. Exaltouse tanto mais a itMi
vaidade vendo que os Mmistroz o ooovidav&o para todas as fuoçOes, nio ooocideniido»
que o convite hera feito, porque o seo Frindpel se eecuzava.
Por onde ooodoo que Luis Antonio Vemey se coododo munto mal, faltando as obri-
gações do sco emprego subalterno, e por este motivo ingrato ao seo primeiro bem feitor
a que o conduzio a vaidade que tem do seo tallento mas que sertamente, não deo pawo»
por dowde me neeie o wiionlioBO tratanMoto, e demoiwtwtfim ip|uria onn que lòl
ceatigado; sendo toda a sua culpa, para o seo Principal, e nenhuma contra o seo Rey e
Senhor. Deos Goarde a V. Ex.* muntos annoz. Roma 17 de Junho de 1779. Illuatrí^
timo e ExoelemtiBnío Senhor Ayrea de Sá de Mello. D. Henrique de Meneat.
(T.T.— Min. Nag. BMrai«. Ctoa 3 da leptfn de Raat)

g) (...) Mando resposta a informação que se me pedio do procedimento de Luis


Aaloiiio Veraqr,em qaanto aqui fbl Secretario de Legeçlo, e creya V. Ex.* que nada há
mais alem do que V. Ex.» verá nos papeis que aqui achei e que ratão do seo favor, e da sua
t

desgraça. A
sua honra merese restituida, mas elle de n^nhiima forma empregado, en
enprego Mbahemo por que aio he capai de adbordlnaçlo em huBa caita de Fhmdno
de Ahnada ao Sr. Fomibal. que taoibem mando, lerá V. Ex.* como elle lhe pede que o livre
daquelle mao homem, sem antão o acuzar de ter delínquido; não tem impedimento para
vir a Roma, quando a Rainha N. S.* o declarar inosente eu farei a este respeito o que me

Copyrighted material
— 653 —
mandarem Eqxraodo que oão mandem que o tenha em caza. (O. Henrique de Menezes
«AyicsdeSideMeUo). Ham íl-é-m. (T.T.— Gun3dALeg.deIUiiMi).

h) Roma 26 de Junho 1779. Nào faltei no Correyo de 17 em responder a Feitção


que em Mime de VoMB Merae le apicMitoa a S.M. e qae ine foi nwDdáda 1^
no mesmo correyo avizei as Penitentes do nosso amigo em Lixboa assim esta escrita a ver-
dide e feito quanto de mim dependia para servir a Vossa Nkroe, afora veremos o ejqpe-
dirate que se toma, que nlo deidmia de ler jiatinimo Qtara aaaia.). Ao Senhor Loii Aatonio
Vémey cavaleiro Proftaio na hordem de Chiisto. Tonma, Sunmhdato. (A.8.AJL).

i) Fis prezenie á Raynba N." S.* o officio de Vossa Senhoria na data de 17 de Junho
N.» 30, e mais papeis a ele jtintot, lopectivw à Monnaçio da oooduta de Lds Antonio
Verney secretario que foi de kpglonBma Curia: e como delia foi mandado nir por ordem
do Papa entJo Reinante, pareceu que para voltar deveria obter a permissão do Governo
Romano. He verdade que se coiKideram as ordens da sua expulsão, como requeridas pelo
que era eotio Ministro de Portugal; mes esta sirconstancta nSo embaraça o decoro que se
deve observar para com o Príncipe, em cujo nome foram expedidas as referidas ordens.
Nestes termos resolveu S. Magpstade dissesse eu a Vossa Senhoria que da sua parte não
embaraçava (1) a volta de Vcmey a Roma, e que asiim o poderá Vona Senhoria dedanr
aos Ministros de S. Santidade, para que a duvida deste partido, que toona a moa Corte
não empate a resolução da supplica de Verney, emquanto a aparecer outra vez em Roma,
e a V. S. o tratar nella com aquella civilidade, que convém a hum Nacional, contra quem
a sua Corte se nio mostra escandalísada pveeentamente; Eate benévolo procedimento nio
obriga a que Vossa Senhoria lhe ofereça a sua caza. nem o receba nella, ou delle sicva W
como Secretario de Legação, porque S. Magestade nào determinou que se tomasse a encar-
tcgu deste emprego; mu
o tetlo emdtado por algum tanipo, ha motivo para lo lha deferir
alguma maior atenção, que a de simpletMnno. Dew guarde a Vona Senhoria. Falido
de Queluz 20 de Julho de 1779.

/) Bn tempo competente recebi a carta de v. m.ce de 23 de Julho, li todas as nas


reflexioin?. c he nuinto natural, que v. m.ce se ache de Humor melancólico, nesta parte,
só lhe posso dizer, que a minha informação chegou adonde devia de chegar, e que satisfas,
agon a brevidade da consequência, depende (sk) daquelles Senhores, e do amigo conee*
piwalwilo de v. m.ce. dezejando eu muntas ocazioinz de mostrar a justiça, que compete
aos innocentes. Roma 7 de Agosto de 1779. Ao Sr. Luís Antonio Vemcy. G.** Deus
mt."* annos. Toscana, Samminiato (A.S.A.R.).

Ar) Roma 21 de Agosto de 1779. Recebi a carta que vossa meroe me escreveo em
8 deste mes, e fico sumamente reconhecido à sua atenção pellos pezames que me da da fatal
perda do Senhor marquez de Tancos, digno em todo o sentido, ainda de mais larga vida.
O ndre Diogo aeo Irado, me escreveo com o mesmo ottjecto, e também oom o flm de me
agradeçer, ter eu feito justiça na minha informação quando respondi ao que me mandou

(I) Estas palavras que Adtam no documento mal conservado da .T., podem lei -se
l

no que se guarda no A.S.A.R., sem assinatura nem data. No doounento de Roma, falta
a palavra preseiaemaa» e toda a prosa ou verso, que nio intereoa ao nosso propósito.

Copyrighted material
-.654—

peiguntar. Remeto a vossa meroe o mesmo papel que me enviou o Padre Dit^ Copfiia
do que llw «acrevao o offidal mayor da Secretaria de Estado dos Nesocioa Estrangelroa
Também remeto a coppia do artigo do Despacho que ja li ao cardeal de Bernis, Duque
Grimaldi, e mais Ministros Estranaetros. Pello que respeita á declaração que se deve faaer
ao ministério PontefBçio, nio dei atbe agora passo algum, porque verdadeinuneote 080 achei
pessoa alguma que me inrormasse como tinha sido aquellc Tatal acontessimento. Queira
Vossa meroe dizer me alguma coisa a este resiwito, e também como quer que eu obre nesta
perle de fonne que seja util a vom meroe esta teeiniiiha vontade, eaera sempre mostiar
Oie, guanto me reputo Mis de ter de algum modo contribuído, a que se restltuiçe o credito
eahoarra, a hum sugeito de merecimento dc Vossa mercê a quem Deus guarde muitos annos.
Muito amigo e vcnerador dc vossa mercê. Senhor Luis Antonio Verney. D. Henrique
de Meneiss (A.S^.R.).

/) lllustrissimo e Ex.mo Senhor. Segunda feira 24 tive huma Audiência


( . )

do Santo Padre, que achei com conhecido reáiabcliecimento, e dc cxccllente humor, logo
que entrei me disae que estimava ter conferido naquella mentiam huma Cooezia a hum
Menc/es por julgar ser mco Parente, e como ali mc achava não quis deicbar de mOStrer e
Sua Santidade as hordens que a Raynba Nossa Senhora me mandou, e que V. Bx.* me
oomnnioou no ofBeio de 20 de lulho uttimo, sobre Luis Antonio Vemey. Sua Santidade
floou penetradissimo da atenção da Raynha Nossa Seniiora» e me encarregou de lhe dar da
sua parte os mais sinceros agradecimentos, sigurandome, que ao mesmo tempo, hordenava
ao seo Núncio os fizesse chegár a Real prezença de Sua Mage«tade. Ajuntou o Santo Padre,
que nada tinha nem havia neste governo, contra o rdferido Luis Antonio, que tudo quanto
se tinha obrado, hera cm atenção as instancias do Ministro antão de Portugal, c que a proNTl
Iwia, que não só Verney, se quizesse podia vir a Roma, mas que vindo, elle o receberia
com nmnto gosto, lembrandose, que quando Iwra simples Prelado, que nio tinha dinheiro
para comprar livros, hia estudár na livraria dos Frades da MinLr\ a (I) adonde se cncon*
trava, e trauva com Vemey; e asim nesta parte nada tem mais que dezi^jar Luis Antonio
Vemei.(...)
Deoz Goarde a V. Ex.* muntoz annoz. Roma 26 de Agosto de 1779. lllustrissimo
e Excelentissimo Senhor Ayres dc Sá c Mello. D. Henrique de MOMZBS. (...) (TX — Min
Neg. Est. — Cx. 3 da Legação de Roma)
m) A maít de tres somanas, que escrevi a Voesa Mercê na forma que fazia prece-
dentemente, e como aquella carta, li\ rava a Vossa mercê dc todo o escrupullo sobre as suas
disgraças passadas mc persuadi a que vossa mercê não deicharia de noe responder logo,
açora Oie pesso me diga O motivo que houve para este silençio que nio sei atribuir, tanto nais
sendo justo como hera naquelie tempo, que \ ossa mercê escrevesse ao secretario de Estado
agradecendolhe, quanto o Papa tinha feito, e tinha ditto cm abono seo, quizera não houvesse
moléstia que empedisse esta deligenBa» e quizera também que vona meroe me desse outras
ocazioiz de o servir Deos guarde a vossa meroe muitos annos Roma
16 de Outubro de 1779.
Muito venerador e obrigado a vossa mercê. Sr. Luis Antonio Verney. D. Henrique de
Menezes. Ao Senhor Luis Antonio Verney Cavalleiro professo na Ordem de Crispto.
Por Horsoça a Samminiato. (AiLAJt.)

(1) Dos Dominicanos. O Papa era então Pio VI, Giannangelo Braschi (1717-1799).

Copyrighted material
— 655 —
m) Roma 28 de Outubro 1779. Hoje recebi a carta que vossa meroe me escreveo
em 22. sinto que tiveiie mOleetia, e peDo que respeita i carta tresmalhida he bem tolo quem
a tirou porque bem pudia supor que outras dirião o mesmo. Aquella continha ter eu faládo
ao Papa dizendo lhe que a minha corte nada tinha contra vossa mcrce responderme o Papa
qiM nem elle tam pooo, antes o eetiraava, e que enquanto Prelado ae onontravlo na Biblio»
teca da Minerva e que a prova hera que vindo Vossa meroe a Roma o queria logo ver e
fidar» respondi lhe que Sua Santidade sabia todo o cazo, e que se achava nos registos do
Governo, naqueUe meano dia mandoa o Santo Pidre BSaar (~ visar?) tudo quanto se
achava escrito a seo respeito, conforme me aívinoa o Secretario de Estado, e naquelle dia
n^andou escrever ao Núncio em Portugal para que agradecese a Sua Magestacic a atenção
que com elle tinha praticado a respeito dc vossa mercê contra quem não avia queixa alguma,
la disto tive aviso de UdM», e também mpotUi a oonta que dei, comnnicando eu ecmo
comuniquei tamhcm tudo ao P. Diogo Veme>', para poder com mayor vigor pretender o
Despacho de vossa mercê. De tudo dei então conta a vossa mercê dizendolhe que nada lhe
caabaressava vir a Roma e nlo lho pemwtindo a nut situaçlo neseiltava escrevela ao Secre-
tario de Estado. Avise me voiaa meroe logo ae teve esta carta ; o que fás, dando me sempre
em que o sirva, o que fkreioomo Amigo e Veoerador de vossa meroe D. Henrique de Mene-
ses. (A.S.A.R.).

o) Sr. Luiz Antonio Vemay. Meo Senhor, por bordem do nieo Amo o Bx.nio
Sbur.D. Henrique de Menezes, tenho a honra de participar a V. mercê que recebeo a sua
carta de 24 do corrente, porem, que como esta contem o mesmo, que a V. m.ce escreveo
a 22, a qual ja lioje de próprio punho meo Amo respondeo, motivo porque fiuso este avhso,
e tanibem saber a V. M.oe de que aquella, como esta, vio separadas, pello Corrcyo, espere
o mesmo Snr. que desta vcsnâo haja descaminho, e que V. M.ce tenha a bondade dc acuzar
a recepção de ambas. A pessoa de V. M.ce guarde Deos muntos annos. Roma 30 de
Outuino de 1779. De V. NLoe O mais Iranilde e criado e Veoerador Joee Fémandes da
Silva. (A.S.A.R.).

p) Recebi a carta que V. M.oe me escreveo em 5 de Novembro tendo tido a resposta,


do Cardíal Pallavicini, escrita em 30 de Outubro, nequelle mesmo dia, escrevi duas a V. M.oe
que mudei aqui sigunv no Gomlo moIo pamrito a nflo de V. Mxe nauida proeuraitas
com recibo seo a Posta de Florença. O Cardíal que vi hontcm não tinha tido segunda
carta de V. M.oe e me pr^undou se V. M.ce estava na determinação de vir a Roma; torno
a diíerlbe, que nio ba dMooMade aignma, e que o Papa esta sempre disposto a ver de boa
vontade a V. M.ce. Sinto que o seo requerimento na Patria, não se adiante, a proporção
da justiça a mim só mc toca sigurar a V. M.oe a satisfação que conservo de o ter servido
no que de mim dependia. Deus guarde a V. M.oe muntos annos. Roma 13 de NovambiD
de 1779. Mt.* Amigo e Veoerador de V. Mxe. Snr. Luis Antonio Veraey. D.Hsarique
de Meneses. (A.Sj<kJR.).

</) Recebi sem demora alguma, a cana dc Vosba Mercc de 10 de Dezembro, e em


tempo competente a de 6 de Fevereiro, não agradeci logo a primeira, e tardei era acusar
a segonda por ter padecido bastantes semanas de Gotta e denuxo, nio estando ainda total-
mcnte livre do segundo.
Li o que Vossa Meroe me comunica, e lhe respondeo o Cardial Secretario dc Esudo,
elle me nloflJouamsMnilhwit»niBl<ria,nameudiscorro,seoBspafesbemouBial,emnio

Copyrighted material
— 656—
querer escrever sobre o negodo de Vom Merae, aei sfan que deago a voan nmroe toda •
felecídade nas suas dependências, e que quôera concorrer para eita aegociacio, o que faria,
se tivesse as mesmas faculdades que encontrei, para a primeira dqmideBcia, como Vom
Mercê vio gastei pouco teoipo na sua concluzio.
Sinto que o amigo de Lixboa, adiante tio pouco as depeodeodas, nio hé Mrtamnte
culpa sua porque conheço a sua eflcasia; sinto também, que esta rezíio concorra para quccu
nio veja a Vossa Mercê nesta Corte o que munto dexejo e poder nella servillo. Dcos guarde
a Vom Meroe moitoe anos.
Muito Amigo e Venerador de Vom meroe Senlior Lub Antonio Veniey. (A^ApIL).
D. Henrique de Meoeses.

NJ. Sem data, mas entre 6 de Fevereiro e 14 de Março de 1780, oomo dedos do w
contexto.

r> Mereso a aicnçúo de Vossa Meroe que muito lhe agradeço e a sua carta de 20 de
Fevereifo. A fidta do Merques de Louriçal meo Innio me he sumamente semsivdi seo
Innio me anima, nesta maguacomo Vossa Mercê verá de sua carta que Ilie mando para que
no caso que lhe não tenha dado conta dos seos interesses leya nella a situação em que se
adiio. mo
posso deidiar de lembrar a vom meroe o quanto a sua vinda a Roma, ao
menos só por 8 dias, seria acertada, e isto emquanto vive Francisco de Almada para com
Portugal, o Papa, os seos Ministros e alguns dos Estrangeiros, está apurada a sua InnO'
ceiKia, o publico não sabe o que se tratou nos Gabinetes. Eu não mudo de nome, porque
os grsndes de Fortogal nio admitem carscter de segunda Itordem. Dmjo mostrar sempre
a vontade que tenho de servir a vossa mercê que Deos Goarde muitos amios Roma 4 de
Março de 1780(.l)- Muito Venerador e Amigo de Vossa Mercê Sr. Luis Antonio Verney.
D. Henrique de Menem (A.S.AJt.).
N.B.— Sobrescrito S. Miniato.

s) Roma 28 de Março de 1780.


Recebi a si rcuostanciada carta que V. M.ce me escre-
veo em 13 deste mes, e despois de ponderar as suas razSes, nio posso argumentar nem oom
o mc«^^mo que eu intendia hera favorável c conveniente a reputação c gloria de V. M.cc por
cm quanto faltio os meyos necessários cessão todos os argomentos. Sinto que as diligen-
cias do seo despacho nio tenhio produzido efisito, seo Irmio apelava petm a volta de Sal-
'. aterrai, a Cnr'.c ia sc S.M, VÍeSSSm OOn dÍ90*
rccolhco, o ponto está que os \finistros de
sições mais activas. M.ce saberá que D. Miguel de Por t ugal que he Monsenhor da Fstriar^
V.
dial e que estava destinado Plenipotenciário para Viena, Toí nomiado Embaixador pam
Madrid. Cwgo disse ja a V. M.oe que a morte de meo Irmão, não me obrigava a sahir
desta Corte, a conservação nella sim me enpéde tomar o titulo de Marques, não correspon-
dendo o caracter com que aqui resido ao Qrandáto, cedo esta honrra, mas não o emprego,
porque em Itália tudo sio Marquem e Condes. A pessoa de V. M.ce desejo todas as feli»
cidades, e tudo quanto compete ao scci talento asim lho protesta quem he. Seo am." e
mt.° Venerador. Sr. Luis Antonio Vemey. D. Henrique de Menezes. (Sanuniaiato(A.S.A.R.).

/) Recebi a carta que V. M.ce me escreveo em 18 do corrente de que faso a mayor


estimação sentindo que as suas moléstias, o atromentem, dezejando-lhes nellas, e nos seoz
enterasmtodaasatisfikçlo. Como a Snr.* Marquea de TsncoB tem andado bastantemenle

(I) O O foi acrescentado agora.

Copyrighted material
— 657 —
ocupada, com o novo enm^o de Camareira Mor, nada me tem dito dos progreasoz que
KBiltio du activas delwenciat do P. IMoio. Da miiii aó pono diaer a V. Mce que estou
munto bem esperando nos principio? de Agosto que dé Deos a minha Mulher o fclis sucesso
que Ibe dezejo: a Raynha Nossa Senhora sera Madrinha, e manda que José de Sá Pereira
a veiiÍMfepreawitarnestaoca»iio;cmtodasasqueseofeiecewflaesthMWtservfr Mxe
que Deos guarde por muntos Annos. Roma 24 de Junho de 1780. Mt.*> Am.° e Vencrador
de V. M.ce Sr. Luis Antonio Vernqr. D. HearMp» de iMieneaes (Samimniato) CA^.A^).

u) Roma 10 dc tiilho 1780, O Padre Diogo conheserá quanto a nova Camareira


Mor pode adiantar a expedição do Despacho de V. M.ce eu lho dezejo em tudo igual ao seo
merecimento, e qoe oontempiem oelle oe trabalhos que V. M.ce tem padecido. Miniia
Molhei ia a b.isiantcs dias entnNlOO nono mes, nesta Semana espero o Sr. José c!c Sá que
vem representar a Rainha Nossa Sr.* V. M.oe pode ooocí derar akm dos oegoçios quacs possâo
ser nesta conjuntura os meos trabalhos, mu nfo slo safisdeotes para deidtsr de agradecer
a V. M.ce a carta com que me favoreceo em 2 do corrente, e deve crer a estimação que delia
fasso sendo Mt." Am." e Venerador de V. Mxe Sr. Luis Antonio Vemey. D. Henrique de
Menezes. (Samminiato) (A.S.A.K.;.

?) Recebi a carta com que V. M.ce mefkvoreceo cm 25 do mes passado, continuando


seoqire mais as provas da sua atençAo para oonmigo, e feledtandome com a mayor ien-
dridade pella consolação que tive com o WaicíiiiButo do meo primeiro filbo; Foi completo
sertamente o meo gosto nio só pello bom sucesso da may como pela fortídfio do npaSt
eu he que tenho padecido hum comprido insulto de Cotta de que vou convaleoendo,
sentindo sempre que V. M.ce me não diga uada do adiantamento das suas dependências,
nenas Ilie quisera toda a feiiddade, e qoe em todas aa aironaatandias me desse infloitaa ocap
zioenz de o Deos guarde a V. M.ce muitos Annos Roma 5 de Setembro dc 1780
servir.

Mt.<> Venerador e Am." de V. M.oe D. Henrique de Menezes. Sr. Luis Antonio Vemei
Samminiato (A.SA.R.).

jr) Recebi a carta de vossa mercê de 15 do corrente sei sentir nflo só a sua moléstia,
nas a sua pouca consolação quizera contrebuir, para que cila fouse mayor, asim como o
fls,para Justificar a soa reputaçio. Cooheiao o Procurador, e sei quanto se deve aileglr
do pouco sucesso das suas deligeodas, Nío me parece que o Papa esteja disposto a tomar
este negócio como poderia, ainda que preguntando me por vossa mercê, sempre lhe digo
osmotivosqueodeflcuttamviraRoma. Se me constar qoe o negodo toma aignmcandnho
favorável, esteja vossa mercê scrto que logo sera avizado, e sempre o de\e estar do dczcjií
que tenho de o servir. Deos goarde a Vossa Mercê muitos anos Roma 23 de Setembro
de 1780. Muito ^saerador e dicíg.* a Vossa Meroe. D. Henrique de Misnem. Seohor
Luis Antonio Vemey. (A.S.AJL).

y) Roma 10 de Outubro de 1780. Devo novamente agradecer a carta que vossa


meroe me eecreveo a 29 do passado, e oe parabéns que me dá do bem qoe se fies a ftaçlo
dos Santos Ollios, regulei o negoçio por cabeça do primeiro mestre de cerimonias do Papa,
asim os louvores ou criticas a elle lhe tocavio. Se me fouse tão fácil dise ja a vossa
msroe eonoorer para o seo Despadw oomo me foi provar a sna innoçençia à muito tempo
teria tidoo gosto dc ver a vossamerce em Roma, mas pontos de finanças são hoje apertados
em Portugal como lhe tcra dito o amigo de lá. Tentarei despois das Terias a indozir o Papa
a que fassa escrever ao Nunçio e do sucesso darei conta a vossa inerce a quem mostrarei
4a

Copyrighted material
— 658 —
tenqKC o desejo que tenho de o lervir. Deot goude a Vona Meroe muitos annos. Muito
Voneiador e amigo da Vossa Meiea. D. HanriiiDe da Mmmkb. Sodior Luii Antooio
Veraqr Saminíniato (A.SAR.).

r) Nâo me tem sido posshel responder à carta que Vossa Mercê me escreveocm 27

de Outubro, tendo^ leoebido em tempo competente. Li o que cila contem, e também a


notta dos que lerviílo o ibbmio enprefo e os Despechoe que tiverio, vossa merae sabe que
o meo enprego alo pecnite que teja eu quem emme o h|» pon qpe ee flnia justiça a
Vossa Mercc n;lo me posso nesta parle pronieter o segredo que requereria este passo, porem
para mostrar a vossa mercê a minha vontade de servi-lo, não tenho a menor detkuldade
de ceacver ao coafeseor de Soa MêtntwAt e ao SeiJior Ayrea de Sá, mostiando a anbo»
a justiça de Vossa Mercê e o DtÊpêtho que tiverào sempre em PortUfd oe Secrelarios de
IxfBçio, veja Vossa Mercê se Ibeoonvem e avize roe.
Nto tͥB ainda ocuilo de lUar em liberdade com o Em4iio Hertzan, eu a proeuiarei,
e nio faltarei em referir a Vossa Mercê o que com elle paesar, nem em estimár qualquer
ocazlão de servir a vossa mercê que Deos Goarde muitos annos. Roma 20 de Novembro
1780. Muito Veoerador e obrigado a Vossa Meroe Senhor Luis Antonio Verney. D. Hen-
rique de MBiwaee. CSainminiato) (A.S.A JL).

A)Roma24deFMeniiode 1781. Nio agnded a Qvta que vossa merae me eiere»


veo em 4 de Deaembio do amo paiiddo, porque nelia me tirava vossa meroe a liberdade de
OODDOrer para o servir, isto he na vossa corte, posto que eu o não podia fa/er interessando
eela; ainda que muito estimariaque ella o quizesse fazer, não convindo como vossa mercê
pode jolfar que fbuae a por mim fSeitas. Afora recebo outra de 20 do corrente,
imtaiicias
e sinto no mco coração que o Invemo allerase tanto a sua saúde, posto que lha dezejo cons-
tante e que faltando lhe as outias fiwtuHM tivese esta que lie a mayor de todas. Não refiro
a meia mewe oe aeoBtecimenloe da ii o m Corte porque já todoe vem na» Gazetas, como tam-
bem a morte de D. Miguel fiUlO do Muques de Valença que me parese ter me vossa meroe
escrito ser muito do seo conhecimento. Ao Cardeal Hertzan dei o seo recado elle o estinaou
infinitamente, e falamos longamente no seo destintissimo nKrecimento e nos seos traballios.
Voe» Mieroe nbe as ocupaçOes doa Mioietn» de Fortutel aeita Corte, quando querem
fazer por si a iua Obrigação, c asim facilmente julgara quaes s.ío as minhas, servindo huma
soberana cbegii de virtude e de Veneração à S.ta Sede Apostólica. Isto me servirá de des-
culpa de nlo ter niala exteoca a minha carta, mae posao eifurar a Vosea Meroe que nlo tem
limite o meo obeequio nem a vontade sinsera de o servir como Muito amigo e Veneradorseo
D. Hoorique de Misoeaet. Seobor Luis Antonio Vemey. CSammmiato) (A.S.A Jl.).

B) Roma 2 de Junho de 1781. Parese me que nâo respondi a huma caria dc Vossa
meroe de 27 de Outubro do anao passado, sei sertamente que lhe não agradeci a de 1 1 de
Mêso deito anno, e neo» noebída a tdtiam de 28 do memo mea. E como oella voeia
mercê me dis que a 10 do corrente parte para esta capital, não lhe devo aneiilirir o oamlo
que estimo esta sua rezolução, que á muito tempo dezejava. não só para que todos conhe-
oesem a iiuiooencia perseguida, mas para eu cooheoer também pessoa de tanto meresimento
Gomo cÉbe no tempo mandár a voen merae hum lacia pamra eu o ecton esperando pan
o incluir nesia. mas sem enbargo disso, a equipagem de vossa mercc acbaia na Porta do
Populo toda a franquia. A Raynha minha Senhora ouve por bem nomiar me teo Emba-
xador Extraordinário á Cmrte de Espanha, ignoro ainda quem aeia que me suceda neita
comiçSo, que deíxharei naturalmente dentro de poucos mezes, levando seoqwe a consolação
de ter oeste poco tempo mostrado ã minha Corte e a todo o mundo, que vossa meroe em nada
tinha desmeresido o credito e ã reputação que tão dignamente tinha adquerído. Deos

Copyrighted material
— 659 —
Ooarde a vossa meroe muatos annos. Muito Venerador e Amigo de Vossa Meroe. Mar-
quls do Louriçal (A.S.A.R.)>

C) Madrid 28 de Janeiro 1 783. Sou exactissimo em agradecer a atençio que comigo


se tosa eaaeweodame, o contrario seria voltar as costas a quem me falaae, bora sendo aquella
a minha máxima, como hc posi\cl que eu deichase dc responder às cartas de Vossa Mcrce
estou certo que o tis e que derigi ambas por caza do nosso Ministro nessa Corte, não só
perque oflo vaUlo o porte qae V. M.ce pagaria, ims povque Msentei qoe ali le oonaervava
a pontualidade que dcichei estabclieçida. Como todos os Reys mudão o sistema dos seus
antecessores, os que os servem praticào o mesmo nos empregos que lhe ccxiieraiii, porem
aneatei qoe nlo devia aver nrodança na entrega das cartas is penoai a que le dirigiSo,
«tia vai a Belli que ponctoalmente mc dirá ter sido entregue em caa de V. M.oe. PagUarina
me da parte, ter tido pella Agençia dos dés Bispos 777 escudos, e que estes o n3o refazem
doa 4 annos antecedentes, deve dar muntas graças a Deus que eu não continuasse ne^se
Ministério, porque sertameote nlo teria tido 777 bayooos. (iNujoeoaT). Minha rnoDier
enwos filhos estão mt.*lMMlS,eea8empre dezejozo, de podermostrar a V. \f.ce o constante
otaequio com que o dei^ lervir. Deus goarde a Vossa Mane mt.os Annos. Mt .° Amigo
e Venerador de VoMa Míbiob. Sr. Laia Antonio Vemqr, Marquei do Louriçal. Ao Sor.
Lois Antonio Veinqr que Deoa iDarde nwitoe anooa. Roma. (A.SAJL).

D) NSo necessita V. M.ce notidas publicas, nem interescantes para me dar novas suas
eu as estimo em todos os tempos, e em todas as circunstancias, sinto imicamente, que hum
homem como V. M.ce. esteja esquecido em sua Caza, podendo ser util a sua Patria, hé
culpa do destino, nlo sua, nem minha, e se não fora o mesmo destino, também aocoaria
aquclle que tão obrigado hé ao P. Diogo seu Irmão, O qual tendo Pay, Credito, e &vor grande,
pode mais que aquclle que castigarão com ár de recompensa, tirando-o de Roma. Estas
poças palavras se reduz a resposta á carta que V. M.ce me escreveo em 26 de Junho, deixando
para Roma oi prodi^oe do Fhmcés de S. Martfadio dos Montes, que deprema vercmoa
no Altar, se por accazo para isso scS faltava o dinheiro, qoe acaba de aplicar para a Cauza
O novo primeiro Prete Cardeal delle Lanze. Toda a minha Familia se conserva nestas
reviravoltas do Mundo, e de Sitios, com perfeita «ande, da ntdnha me nlo poiso queixar
depois que entrei em Hespanha, sei sentir sim que aos incómodos habíttnss de V. M.OS se
ajuntassem dores reumáticas, pois lhe dezejo em todo o sentido o mayor bem, e ter repetidas
oocaztões de o servir. Deos g.e a V. M.ce muitos annos. S.to Ildefonso, 5 de Agosto de
17S3. M.to Am.0 o Obriimui a V. Mxe Sr. Luiz Antonio Vemsy. Marques do Lou-
riçal. (A.S.A.R.).
N.B. — Ultima carta conservada. Mas de letra dc Vernei há uma capilha que diz:
Madrid Maidwse di Lonrisal 1783-1714.

£) iMereaaÕa th Papa Jiaao da Corte dt Lttboa

Al medesimo (Mons. Are. Muti, Núncio Apostólico em Lisboa)


Supponendo ben cognito(I) V. S. Ill.ma quel che durante U Ministério dei Signore
Comin. Almada accaddc parcchi anni ad dietro coITAb. di Verney, non starô a riferirne qui
il racconto. Mi rivolgo ben invece a significarle che daquel tempo trovandosi esso abfaate
da Roma edalloStato per ordioe Pootifido S. MaestãFidelissiinaèvennta fali cofai-
esiliato
xione di doe ooae, l*una doè. che Tordine ddTaiitio derivò da lodevoli riguardi delia S.M.

(I) Na miimia «icfievsu-se um a.

Copyrighted material
— «o—
di demente XIV veno la Corte di Pwtogillo. r»1tra die il Verney ínveoe dí merae meritate
la indignazione, non aveva altra díresa che qiiclla dí non piuccrc a chi sosteneva allora in

Roma Ia rappresentanza dei Re Padre delia Regina, che Dio abbia in gloria. Quindi è
che sempre giusta Regoante se è quanto a se determlnata di lasciare il Verney in libertà
la

m
di ristituirsi quando gU piaoda a qneita C itale , oon awertire però il próprio attual Minis-
tro di non dar luogo a tale riforno. se non doppo che cgli si fosse assiurato, che invece di
dispiaoergli sia di gradimento dcl Papa sia quelio che di sua spoo-
S. Padre; cosi c che cgli
tanea bet hiinia vokatà finda oesaare, ee coei gli 8B<«da, Pordine deHMlio ummen-
li

tovato. Sua Beatitudíne ha gradita sommameott Tattcnzionc di S. Maestà FidelÍHÍOia,


ba assicurato il Signore D. Enrico, che il rítomo e la dímora in Roma dei Verney cognito
a lui da grandÍMimo tempo (á margem: doi sin da quando fnqiMitayíiio ambedue la Casa-
mtWHeX benchi non sia stato mai seco in veruna relaziooe* è iitdifTcrcntissínio; ed ha ^
inoonseguenza ingiunto a me di far a qiiesto Tríbiinale dei Govamoquel chi occorre. affínchò

U divisato, soggetto non sia molestado in guisa alcuna nel riooinparire e al iratlenersi che
firi in qoeMa Dominante (Roma). Avendomi però oomandato in oltre la Santità Soa die
io rendessi di tutto ciò intesa V.S. 111. ma, affinchc sia di Ini cura l'atlestare a codesto régio
ministério la sensibilità dei S. Padre alia pregevole attenzione di S. Maestà Fidelíssima,
dooome relativi ordini datid qui (I) intendo di avere adempito, riocarioo coo qtwite ngle.
Resu solo che V.S. Til. ma puieadempia il soo, didw non dubitando pieno di Mima le bndo.
Roma, 26 Agosto 1779.
(Registo di Lettere delia S^retería di Staio a Mgr. Nunzio in Lisbona, dal iwinequo
delPontlllcatodiN4ioSfpioreFlvpftFÍoVIfblícementeicgnanteatuttoil^
Nnnz. Port. n. 18S, pág. 127 v a 128 v.X

P) II.nio Siinoro. Beo ha avuto ragione il Stgnore Conun. di Meneses di esdtare


Ia riconoscenza di V. 5. verso il nostro Pontefice, giacchè uditosi appena dalla Santità Sua,

cfae la di lei sempre ammirabil Sovrana noa avrebbe posto óbice al suo ritorno in Roma,
ieni|ice però soltanto, e quanto non lo trovase scoavenevole il S. Padre, non tardò questi
un momento a sparlancarle, per cosi dire, le Porte delia Capítale con la distinta stima, che
nc mostrò dei che fattamisi parola dallo stesso Signorc Comm. reccvetti il dalla Santità
Sua il grazioso comando di far sentire ove occorreva, che il Signore Abb. di Verney trovavasi
in plena liberti di venire quando ^i (bsse piadoto in Roma, e di stabilirví il próprio Domi»
dlio. Ecco quel che il surripetiito Signore Comm. a\r;i portanto a di lei notizia, cd eooo
qud, die io bo il piaoere di ratificarle con ia aggi unta dei molto che ella deve alia illuminata
icttitndnie, e addetta apertura di dd in oggi rappreaenta in Roma si dequamente la sua
Sovrana. Facendomi io un pieggio d*imitarlo nella propensione, che ci mostra per lei,
bramo le occasione di farmcle conoscere qual sono. Di V. S. Roma 30 Octobre 1779.
Affczíonatissimo per servirlo. J. ('.') Cardinale Pallavicini. (A.S.A.R.).

G) III. moNOO mi pcr%cnc realmente la Icttcrc. che cllc mi acccnna di


Signorc.
avere inoltrata sotto 5 áeOo muluto alia mia direzione, ní è bcnsi pervenuta quella dei 21
i

in riqposta delia qoale devo sigtdficarle, che quantunque Nostra Signore moho ed affitt-
tuoeamente 8*interessi ne di lei vantaggi non ha coraggío dí dare il consaputo incarico al
pvoprio Nunzio in Jsbona, in vista di que dclicati, cd insicmc giusti riguardi, che mi accorgo
I

MWrsi preveduti da ici medesima augura per altro il S. Padre il piu favorevole esito alia
suppUca da lei ikttaumlliarealh Soa deniemiaslmaSoinrana, dalla qtaUegodettecertam

(1) No original: a esso.

Copyrighted material
— 661 -
vederla esaudita. lo godero pure moltissimo sempre che rieacB di contestark la atima ben
distinta, oon la quale inoaramente mi riíTermo. Di V.S. Roma 8 Dioembre 1779 (...)

J. Gaidinale Mkvidiii. Sigooce Abbate Uiini Antooio Veincy. S, Ubàtío iAÃAJL).

XXIV

VERNQ NA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS

a) Sdenze di Lisbona,
Leitera, e patente dell'AcadeiDÍa deUe ín data dcl 24 Maggio
ITSO. fto rii|KMto pvimBiite in Litiiio aU 30 Ottobce 1780,

k qd inclim copia, e ia IMoite mtò in UtboMO n^^^


Academiae SdoitianBn OlioiíMBemii RTMiea flociiqiM
Viro daiÍHimo SJJ>J>.

Quem sine multorum doctorum bominum collata opera artes Scientiaeqiic perfici
nequeant iodroo nos, qnl Utteranm utilítatiaqoe comnainia caona Oiiaripope conwuium»,
viros eruditos, quos idem pátrias amor ínflammat, quamvis ipsi aut domidlium heic habere,
aul interesse ooetibus noitris per oocupationes suas noa possent, tameo adsciscere ad tantam
i«m unrpato jun aliis oonaillo de a eviíuu». Tim varo emditio naUa et mihofum prae>
dicatione et oostrorum in primis sociorum testimonio nobiscognita et perspecta, et illa patriae
caritas, quam omnes. qui te novenint, in te ene eximiam non diibitant, nos impulit, ut te
in partem laborís nortri vocaremos, illnd praiècto speiantes non medíocres utílitates acoes*
sioneaque ex tua industria, et dudi lua litteris oeterisque boois aitibiis provaitiiias. Quod
nostrum de te judicium tibi gratum acccptiimque fore coofidimus; teqoe, ut muneri. quod
tibi imponimtis et desiderio nostro facias satis; quas vel ípie meditando compereris, vel
ab allis cognoweris, aemel saltem anais siflunlis ddigentisBian ad noa perscripturum. Si
qui autem te in tuis stiidií<; codsOío, tú, aut opeim javerint, non tibi aoinm, aad toti Inie
Sodèteti gratíssimum fracturas testemnr.
in Comitiís Sodetetis, et sigíllo munivfanus die 24 Mdi 1780. Jòaanes da
Dabamus
Bragança, Praeaes. Vice Comes de Barbacena a Secretis.
Albo correspondcntium Academiae Scientiarum Olissiponcnsis adscriptus in Comitiis.
(Indica o lugar do líclo, ao lado esquerdo. A seguir descreve o sioete da Acadeuua
e di WH axtiato doa Estatutos. A.S.AJt). —

b) Rapotta ét Vtrmi, dt 30-X-1780

Praesidi, soctiaque Academiae Sdentiaium OUssiponensis Aloysius Antooius


Vemeius SJ>.

Si Vos valetis, bene est. I.itterae, quas ad mc dedistis VIII Kal. Junias, rcdditae
mihi sunt paucis ante diebus. Consilium vestrum de amplificandis optimis disciplinis,

acueadisqne nostratium iiUBrils, et hmdo ¥SihamBBter. et pwba. IBo magis quod «to ipaa,
eadem patriae caritate impulsus, multís abhinc annís pluríma lucubravi in vario litterartmi
et severiorum, et humaniorum genere, ut juventutis nostrae conunodis, utilitatique servirem,
Sed multonmi invidia, multonmi odio, multorum artibus impeditus. ad finem quem milii

Copyrighted material
—662—

posueram, pervenire non Negotium enim susceperam praedanim iUud quídem,


potui.
wd ptemoii laboris, et impenaae, fretu iNiwvoleiiGta quannndun, qui multa nobb pro-
mittcntcs, ct continue indtantes, fidem non praestitenint, immo vero in proelio indigne
deserverunt. Hae primae velitationes gravioris belli fuenint: sed tamen nos, et calidi
juventa, et bonitate caone oaoAii, aondim apem aliquid oonflckadi amíseramuB. Sub*
secuta sunt illa têmpora calamitosa, atque inimica virtuti, ín quibus viri quique docti optime
secum agi putarent, si, olyecto concilio juvandae reipublicae, taciti ac nihil locubiantet,
vel intra domésticos partetes totó vivere possent. Multa deinde nobii advena evenenmt,
et nota vobis,et ignota, quae ne nunc quidem plane abolita sunt, et spem omncm deleverunt
aliquid pro pátria amplius iiiolicndi. Vidinius enim supcilectilem nn^^tram lettcrarium,
néscio quo facto, dissipatani, et contritani, quaedam scripta erepta, alia lacerata, ut oetera
hictuoriora omUtamua: qone Mtit decduant, non viram Aiitw Deo O.M. ut locubntioaibui
nostris nostrates homines adjuvarentur.
Quod me in collegiumvestrum cooptastis, gratiun mihi
est: habeoque vobis gratiam

plariaHun, et ago quim mnimai, de honarifioButiBiino judicio, quo me onuue vohiittB.


niud imum doleo, quod bominis operam deposdtis cum senío, et cum morbo conflictantis.
Muitos enim jam annos adsiduis iaboribus, et infirma valitudine fractus, atque debilitate
visus abhinc tricnniuin, nuserrimam sane vitam vivere cogor. Sed si minus re potero,
vohmtate certo deero. ínterim voe ooíhortor, et ti me non mooente qMote id tedtis, led
tamen abundantia quadam amoris mei erga vos, ct patriam tompulsus. hortor vos. ut opus
inoeptiuD strenue persequamini: amplum sane praemium inde sperantes, vidclioet et
Cfliiwlfirt itm rectdhcti, et poileritatii memoriam. Valete. Ex hac urbe Etru» Sancti
Midatis ad diem m Kal. Nov. dl CCLXXX.
{Tnmseriia, com as correcções de kittira que é /áell observar, de Histo, IS3-4.
Nào ma foi posshei micmarar o origúi^ am Arquhos da Academia das CíêadaSt gue nos

XXV

DEPUTADO HONORÁRIO DA MESA DE CONSCIÊNCIA £ ORDENS

a) Para Joseph Pereira Santiago, Eneomgado dos Negócios de Portugal na Corte de Roma

Soa Magestade foi aervida por hum eflbito da Sua Real graodea, ocnoeder ao Cava»
lheiro Luis Antonio Vcmd bum Lugar Hòooniio de Deputado da Meza da Conciencia,
e Ordens, assignando-lhc ao mesmo tempo huma pcns5o de quatrocentos, e oitenta mil reis
annuaes, pagos a quartéis pela Lista dessa Secretaria, cuja pensáo ha de ter principio desde
o de Outubro dertepranotoemio em diante; o qoD participo a V.M.CBnloa6perefiuBr
constante ao referido Luis Antonio Vernei esta real mercê; mas para carregar regularmente
na Lista dessa Secretaria no âm de cada tremestre a quantia correspondente que V. M.oe
fivA catregar Die paru oom o ien conliedmento de lecibo lhe ler abonada nos mques, que ae
finrem sobre o Real Erário.
Deus quarde V. M.ce. Palacio de Mafra, a 12 de Setembro de 1790. Luis Pinto de
Sousa. (T T- — Mfai Neg. Est., Uvro H de Ofícios, 1790-1792 — Maço 38, fl. 28 v.)

Copyrighted material
— 663 —

e) nLino Sr. CBV.ro Lois Aot.» V«niM

Apenas bootem recebi as cartas do correyo tive o prazer de bir pessoalmente participar
s V. S.» o bopToao de^wwho com que t Raiynh» Ncwa Saihoni gate premiar o mu úmUAo
merecimento, conoedendo lhe hum lugar onorario de deputado da Meza da Consciência e
ordens, assignando lhe ao mesmo tempo huma peagio anual de quatro ceotoi e oitenta mil
reis pagos em quartéis pela lista dMtaSeeretariadMde o 1.* de corrente outobropaim diante.
Satisftzendo ao dezejo, que V. S.* bontem me manefrwtou tmbo a honra de lhe induir
neita, copia do real despacho, augurando lhe que o possa por muitos annos. Cazz 6 de
Outubro de 1790. De V. Senhoria Maior Venerador e attento Servo Jozé Pereira Santiago
(A.SJLR.).

di Ofkh para oSr.LidMPInutétSem9—S9»^mliié»EtNii»éo»H«t,Etbmgrirm

111. mo e Ex.mo Senhor


Logo que bootem chegou o Correyo e recebi as cartas fui a caza do Cavalheiro Luiz
Antonio Vemei e Uw paitidpei • de oOkio que V. Btcia ee digwm diiiifMae do Macio
de Mafra na data dos 12 de Setembro em vigor da qual Sua Magestade por htmi efTeito da
sua Real grandeza fora servida coooeder-lbe bum lugar Onorario de Deputado da Meza
da Conscieiícia e Ordena aisÍgnando-lhe bnnift pencto de quttio otntoe o oitenta mil reíi
annuaes, pagos aos quartéis pela lista desta Secretaria, desde o 1.° do corrente mez de Outu-
bro para diante (...) 6 de Outubro de 1790. José PereíraSantiaiD(A^.A.R.R.eT.T. Min.—
Neg. Est., Legação de Portugal em Roma, Cx. 6, ano 17a9>1792. Publicado cm Vemey D,
pég. 89, aepndo o testo do AJB.P.V., Uv. Vn, pig.

b) Orta A DtpMÊoia honorário da hNoa it CoiueUaeta o Orénu

Dom Muria etc cooio governadora e Perpetua Administradora que sou dos Mestrados
cmiaria e ordens Militares de Nbieo Senhor leaii diristo Slo Bento de Aviz e S. TIqiafD
da Espada. Faço saber aos que esta minha carta virem que tendo atensão ao bem que me
tem ser>'ido e sirvio, ao senhor Rey dom Jozé Meu Senhor e Pay Luis Antonio Vernes,
em muitos negosios particulares da mayor Imporiansia, e ao zelo com que procurou pro-
mover oa tMna est udoe neetea RefiMia pof ninpo doe aeoe escriptoa Hejr por bem comdeoo-
talo e honralo nomiando o deputado honorário de Meu Tribunal da Meza da Consciensia
e Ofdeos e por firmeza do referido lhe mandey passar a prezente carta por Mim asinada e
seilada do meu ceio pendente qne sendo pamdai peiaa dinncellariaa Mor do Reino e das
ordens Militares e registada no registo geral das Kferoes se conpffiim e guardara tflo inteira-
mente como nela se comthem e desta meroe pagou de novos direitoe hooze mil e duzentos rs.
que se carregarão ao Thesoureiro deles Fedro Joae Gaupers no livro de stma de sua receita
afol. 176V.<> como se vio de seu coohecinientoaaifiMninqoeaeregistouafl.89V.*do livro 47
do registo Geral Dada na cidade de Lisboa aos oyto dias do mes de outubro Anno do Nassi-
mento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil setecentos e noventa. A Raynba Conde de
Reaeude Plwiideuie. 9ot dicralo de Sim Magsetndede II deSetmbiode ITM^ede^ndio
da Mesa da Goorientin t Oldens de 17 do dito mes e anno registado a fl. 223 V Boyo 3.°
Domingos I^fiet Mèotaiio Bandeyra a fez escrever. Raymundo Inasio Tete Ootte Real
a ltedeiiaq!Mliondlft.JòseRycaldeVlBMiind»OHtio. BigouliaaK mDetnnaUwn.

Copyrighted material
— 664—
e aos o£6ciaes quatro mil e quatrocentos rs. em Lx.* 30 de Outubro de 1790 Jerónimo Jose
Coneii de Mòim. CT.T. —
flMinrrlaria de D. Mula I, Livro 37, pás, 4; Ch enwlaria
da Ordem dc Avis, dc D. Maria I, Liv. 8, fl. 189 v.,cm que se regista, alím do doe. na frítegra,
o pagamento de 5.600 rs. na Ordem e 4940 rs. aos oficiais, em 4 de Novembro de 1790;
Chancelaria da Ordem de Cristo, de D. Maria I, Lhr. 19, fl. í€6 v., oDde se díc que foi ic|is-
tada na Chancclariu-Mor da Corte e Reino, no Liv. dos Officios c Mcroes a fl. 14 v., em 2 de
Novembro de 1790, pagando 5.600 rs.e 4.640 n.aoi oficiais, em 4 do mesmo mês. Girodon
pubUca-a como existente na Chancelaria da Onkm de Cristo, mas por erro do revisor, indica
o Ihno 9).

«) njno « Bc.mo Senhor


No dia seguinte ao em que na semana passada me transferi a habilitação do Cava-
lheiro Luiz Antonio Vemei a panccipar lhe a graça, que Sua Magestade lhe tinha Teito,
Ibe enviei copiado Pwpacho de V. Bic^relativo à mesma graça, o qualelle desejava cooser-
VWr, e que me agradeceu por bum cnrte? bilhete (. ) Roma, 13deOutulMOde 1790. Iil.mo
e E]i.mo Sr. Luiz Pinho de Souza. José Pereira Santiago.
CrX— Min. Neg. Batrang.— LcfMo de Fortugsl em Roma, Cu.

/) Ara D, Akxandn tk Sotaa e HobidH

Ren>etto a V. S.* no-; próprios originacs as duas Cartas que me diríijio l uis Antonio
Vemei, e em quanto ao assumpto da primeira na parte que \ai sublinhada, bua Magestade
entrega Inteiramente ao aiUtrio de V. S.* e concessio pedida, cezo que seja solita e nlo
envolva paralelo com oi Ministros do Corpo Diplomático, porque a intcnçSo desta Benéfica
Soberana, be de conceder todo o favor, e protecção ao dito Vernei; nesta intelligenda ordena
S. Magestade que se satisbça ao mesmo Luis Antonio Vemei a sua pensflo na fbnna cpie
supplica na Carta de 20 de Outubro, sem outra modificação. Deus guarde a V. S.' Palacio
de Queluz a ')dc Fevereiro de 1791. Luis Pinto de Sousa. CT.T. —
Min. Neg. Est., Livro II
de Ofícios, 1790-1792, Maço 38).
N3.— Oifodon (Veraqr D, pdg. 90) publiGa um pequeno ttedio que trasladou do
Hv Vn, doe. S do A. B.P.V., grandemente danificado pelo fogo que lavrou neste Arquivo.

g) Sr. Luis Antonio Vemy


Recebi com toda a satisfação, e reconlieciinento as cartas que V. M.ce me dirigio
cm data de 13 e de 20 de Ontubro do anno panado, e o maior pnaer que me podia dar a
aitnação em que me poz a pttwidencia, foi o de contribuir com efficacia, a que se fizesse

Jutiça ao merecimento. Com a mesma boa vontade solicitei ate agora huma resposta aos
troa pontos que V. Mxe me propoa nas sobreditas cartas, a saber, a eveclo Annas, o
pagamento da pcnçâo por hum modo mais profícuo, e a introduoção da sua grammatíca
latina nas Escolas deste Reino: Em quanto ao primeiro Sua Magestade houve por bem
dar toda a faculdade ao seu Ministro em Roma para o resolver, dedarando-lhe que a Sua
Real Intenção era de conceder a Vossa Mene toda a proleoçio, e &vor, logo que fosse
compatível com o uzo dessa Corte; c pelo que toca ao segundo, a mesma Senhora annuio
bcDígnameote aos Uczejos de V. M.oe, e nessa conformidade se expedirão as Ordens a

Copyrighted material
I
— 665 —
D. Alexandre de Souza. Resta-me unicamente aegurar-lhe que emprego os meus bons
officios p0fm ooMdpiir a conclusão do terceiro ponto, e que proMfiiirei constantemente
nelles, ate que tenha a satisfação dc scrvillo c dar lhe gosto. Deus guarde a Vossa Nferoe
muitos anos. Salvaterra de Magos, 9 dc Fevereiro de 1791. De Vossa Mercê. Mt."úbcseq.*
ver. e flel «n.* e cattho Luiz Pinto de Som. (A.S.A.R. e T.T. — Min. Net. Bit.. Uv. 11
de OfiekM, 1790.1792, Mico 59).

k) ULmo e Bsono Senhor

(...)Em conformidade do que V. Ex.* me ordena no segundo Despacho referido,


ftd diser a Luiz Antonio Vemey que podia uzar da ftcuMade que pedia, visto nfio haver
com o menor embaraço; c igualmente lhe pedi, que me dioenequel ena forma
effeito nisso

por que dezcjava que se lhe satisfizesse a sua peoção; ao que elle reapoodeo qpw eatinuvia
foiee da meana fonna que se pratioou dqiois que eu vim dandoee lhe em dinheiro oontanie no
fim de cada quartel a importância desse mesmo conforme os Câmbios correntes nessa mesma
occazião entre as Praças dc Lisboa, Génova e Roma, visto não haver aqui cambio direito
com Lisboa (...) Roma, 9 de Março de 1791. Hl. mo e Ex.mo Senlior Luiz Pinto de Sousa
Coutiidio. D. Akiandre de Sousa e Hoistein. (T<T. —
Mfai Neg. Est.— Lag. Fort.
Roma, Oc.

O AmAt a 120100 por «n faarMf

O Ministro de Portuga] proterta o seu obsequio ao Sr. Cavallietro Luiz Antonio Vemey
que os Banqueiros (Scieltbey e l>apptani que sio os mesmos que paglo aqui
ineweniiido.o
por seu mandado as jiensões que a Corte de Lixboa tem mandado satisfazer entregarão
a S.S. a comeqwndente soma dos 120S rs. que lhe são devidos pelo seu quartel findo no ultimo
do nm passado e esta ao canMo oorrente tendo S.S. a condescendeada de lavrarem fim»r
dos sobreditos as duplicadas quitações do costume, ficando as couzas estabelecidas sobre
este pe para o futuro se S.S. o não dezaprovar, e pêra o servir se declara sempre prompto
seu maior ven.or e captivo. D. Alsnodra de Sousa • Holsteia. Oua 1 de Abril de 1791.
(A.SJUI.).

XXVI

EM LOUVOR D£ VERNEI

Ad Equitm Vtrmytan Vinm Oarisritman EMieasfOabum

Vernei geminam cano coronam,


Quae dicundat Bi, dilatque firooiem.
Illa, quae prior cst, prior canatur.
De virtute loquor beante Mundum,
Quae pene Stqieris viras adaeqoat.
Plane si quis in orbe nescit amplum
Virtutis speculum, vi rum esse oesdt?
Qui virtute sua poios utroaque

Copyrighted material
— 666 —
Fentringit ndiis uUque dwis?
Lusitânia forsan hoc taoebit?
Forte natio contineatis ulla?
Fonan Espéria, aut taoebit unquam
Veroei Ausonia hinc, et inde Uudes?
Maris insula vcl niagis remota
Verneyum sine laudc praeieribit?
Nam virtvtit ineat cui umlm sola
Virtutcm absquc viro hcx: piitabit esse?
Quidam candor inest ei haud fucatus,
Ant extm «dveoim idbatral illi

Nativo at plaoet indíto nllora,


Qui ex ejus micat ore po1( ?)mode8U).
Mores in^nui icrant id ipsum,
Id ipauin reftrunt diserta verba,
Quae gratam faciuat nfanis loquelam,
Atque coUoquio altenim beando,
Ita de omoHMis Me bene meratur.
Sít satis modo de príore dictum,
Nam plus non sinit iste vir modestus.
Ad illam properare nunc anbelo,
Quae moitein inadiat nitore pulcro.
Tum scientia nominatur apfe.
Quae praecooia nunc ferant ad astra.
EKomMlQiia vinutt probatuin in onuii
Doctrínae genere? Arduum mehercule,
Nec prontum, ac fadle invenire talem
Est, qui polleat arte tam sublimi
Ui aequare queat proinde tantum
Loquendi arte virum omnibus referttim
Afliatiro titulis scientiarum.

Nidla lingua, idionH meide mulhim Mt,


Ipsum quod lateat, ncc cloquaiur.
Jam tantum in Physicis acunien illi est,

Ut Rex ille pius, simulque juttus,


Subacti iogonii vir undecuinque,
Lusitanus eros potens ubique
Lnge sanxerit usque nunc vigente
PMdonioa ae(|iMiiitiv owMíBti
Vbiiibí ut
Quos inquam in Physicis rccem poUvit
Ibique única personat Sophia.
Cbrte non aridnm» ant hmni rrpentem
Adfert hic vacnun aonum absque rabm»
Scd claras ideas sequens frcquenter,
Ac recte et geometrioe arguendo,
Veran in Inoe wíwhíi biik dun,
Quod squallorc obrutum jaccbat ante.
Veniei elogium integram referrem
I^Bft QBod L^^ifai dnni lecanMt oinneii
— 667 —
Quid ncMMO Utem suum aacmnmt,
Sed haec magna líoet volo dímissa:
Siquidcm opprimar omnibus citandis,
Qui talem provehunt vi rum usque ad astra
Sununâ de Prodomis prape loquentes,
In talem crocitcnt viriim monwi
EíTronte^que homines, qoeit ruenlcni,
GommotHtnnc viam hibet dJentia,
Luocmque ín (enebris jacere densis.
Atqui immobile huciuque nunc pereooat
Vernei pladtum, elegam probatum
Sistema usque modo, ac magis deíooeps
Qui verc sapiunt ab omnibus protandlim
Imo vulnere ab Indicis senatu
Atque stigmate tunc ftwre corvi
Confixi in jugulo, et tamcn loquntur
Propter hoc, quía nesdunt lacere.
Hme vírum tamen ulla oontioeiODt
Aataa, atque levabit usque ad attra.
Claro foedere dum iinit ín seipso
VlrtUtem, atque scientiam elegaoter
Haec tint dieta modo exilí camena,
Majoriqiie canam lyra deinceps;
Veroeyus siquidem vir est in oníni
Virtuton tBoara» >c aeiaitiaran
PkMHBiH, intnpjdiH, prabatos auctor,
GonfOTiBn laleboM, loeoaqpe hatran».

GooiervanMe ettea venoa no eapòlio de Vwatí que ae gnarda no A^^JL.aem indi-


caçlo OD data. Já foram dKndgadoa em Veni, VII.

xxvn

ÚLTIMAS VOKTADES

tf) CoHUmicuçào do falecimento, de Roma para Lisboa

lU.mo e Ex.mo Senhor


(...)Recebo neste pooto a participaçam do falecimento do Cavaliieiro Luiz Antonio
Verney. que paaaou ontem para melhor vida às trea horas depois do meio dia, e como nlo
deixou aqui cabedal algum, nem tão poco dividas foi necessário que reeorneiMin a mim
pedindome dinheiro para a<; <;ua'; exéquias. Mandei em consequência pagar ao seu Executor
testamentario o trimestre da pensão do defunto que tinda no ultimo deste nez; porem como
aeri pfeein» maia alguma oouia para ae pagar Medioo, Siruigiio, ete. e pam leounaiar
hum Criado que o sérvio *^«—* de 40 anos peço a V. F\ .» que authorize em minha auzenda
o Encarregado dos Negodoa netta Corte para pagar ainda outro quartel da pensão do defunto
ao aou EiiaentorteManNnlario a Ihn de auprir de algum modo a tantatMeesridade admtindo.

Copyrighted material
—668 —

que conforme o meu costume nestas couzas de poca entidade se interpretara por indicio de
•lirovaçloda parte de V. Ex.* o aUendo qoe he poasivel que obaenie oeste partiGular aos
seus futuros despachos (...)

Roma. 21 de Março de 1792. ill.mo e Ex.mo Senhor Luiz Pinto de Souza Coutinho
D. Akanndie de Sooa e Holitein. fTX —
Min. Nef. Estraag., Ugaçlo de FortupI
em RoDMit cx> 6)«

CmUbdeéUto

Eu abaixo assinado Pároco da venerável Egrcja Paroquial de Santa Suzana, e S. Sebas-


tilo da Cidade de Roma, atteeto qoe no Livro doe Mortos da tolnedita Efereja se adia o
Msento, convém a saber:
No dia vinte de Março de mi! settecentos noventa e does. O lUustrtssimo Cavaleiro
Lois Veraei, filho do dafuDto Dionísio, da Diooest de Lisboa, Arcediago da veaeiKvel Egreja
M rtrft|W>l * m«^ de Évora, qoasi
de setenta annos de sua idade Foi insultado de iium mal
repentino: mas pouco tempo antes fez confissão geral e recebeo ab<.olvição sacramental,
e agonizando, também alcançou, com signaes dc prefeito conhecimento a absolvição no
artigo da morte, e ungido, por espaço de ooto dias destituído, ou fUto de aeos sentidos
Espirou, c seu cadáver no dia seguinte com decente pompa fdi levado para a Igreja dc S. Nico-
láo de Tolentino desta freguezia digo Longe desta Ereguezia, e ahi por espaço de tres dias
exposto foi sepultado a maneira de Nobres. Em fé do que.
Dado em Roma na Egreja Parochial, digo nas Caaas da Farodual Egreja neste dia
vinte, e tres do Mcz de .Março no Attoo de mil setteoeotos noventa, e does. Vicentíus
Brogí, Pároco como assima.
(O Holérh neaakeeg a asBbialmat «m 23-01-1792.— THiduçio do latim, JuMo do tes-
tamento, pura haUlitaçio doe aobriniMe como terdeiroa. T.T. — Teetamentaria, Liv 33).

e) Taummito de ImÍs Amáido Vèrmt (19-vni>1791)

Em
nome de Deos assim seja. Saibáo quantos este publioo Instrumento virem que
no Anuo do Naadmento de Noaw Senhor Jèãm Christo de mH aette oenloe noventa, e
himi Tudiçílo Romana V. Aos dezoito dias do Mez de .Agosto, c do Pontificado de Sua
Santidade por Divina Providencia Papa Pio VI. No seu Anno XIII. Na prezeoça de mim
Notário e Tnstemnnhas abaixo assinadas apareceo Pessoalmente o ULmo Segnor Osvalleiro
Luiz Antonio Vemqr da Odule de Lisboa filho do defunto Dionísio de mnn Notário ben
conhecido, sSo por graça de Deos do Juizo e ouvir, e de outros sentimentos do Corpo:
exceptuada a vista tem declarado, e declara querer fazer o seu testamento e chegando a
tanto a fidta de virta, como élte afirma nio pode mais ler, nem eiewver, nem menoe dlitia-
guir hcm as pessoas: mas para maior firmeza quer fazelo nuncupativo, no modo que o fazem
aquellas pessoas as quaes sáo faltas de vista, e o quer fazer na seguinte maneira, e forma,
isto hé:
Prin>eiramcntc em comesando d*Alma, como couza mais nobre do corpo a rccommenda
ao omnipotente Deos, e a gloriosíssima sempre Virgem Maria, ao seu Ai^o Custodio e aos
seoa partionluea flMUoa advogulos; afim de qua lhe impetrem de sua Divina Magestade o
peidio de seoa pecados, e o fiigio digno da etenm ihwla Ã) Fluniao coofo^
para alcançar. O corpo porem reduzido que scra cadáver, quer, e manda que seguindo se
a sua morte cm Roma seja vestido com o habito da Icrceira Ordem, de São Francisco,

Copyrighted material
— 669 —
istohé de Tela ou seja Olanditha da cor de Càfé, e com oito tochas so a roda, acompanhado
s6 do Oira. e cruz, e de huma só companhia seja transportado de dia a huma Igreja donde
Mteja hum Altar de Sào Nícolao de Bari para dar lhe nessa a Eccicsiastica sepultura, nas
aqmlturas comuns, e seguindo se a dita sua morte fora de Roma, e não havendo o duo Altar,
quer «er traiMportado, a Igreja Paroquial na qual ae teguira o caso de soa mort»; isto hé,
Ctn que Frcguczia morrer, no Esquife ordinário da Fkecuezia à maneira dos Pobres, cjiicrcmlo
alem disto que em hum ou outro cazo, que se enteme o Cadáver com o Caixão; depões de
ser expoeto na Igreja, com duas §6 todns, e depões cantada liuma s6 Kfina por hum aô
Ministro perperado. querendo outrosim que no mesmo dia do aeu enterro sejão dadot
vinte cinco ( palavra ik^wel) aos Pobies. E nio quer tapete, nem easa, nem outra alftana
destíoção funeral.
Passando porem a distribuição de aeoc bens, em primeiro lugar a Alíkya que por sua
morte terá em Itália tanto aquclla que tera em seu poder quanto aquella que tcra e se achara
em qualquer outro lugar da mesma Itália vestidos, Brancaria, livros, dinheiro Letras dc
cmMo, crediloe, e moveis e oouza de qualquer outro género a deidMi toda por esmda a
titulo de LegMlo ao Senhor Lucas Antonio Staurini e a Senhora Catharina Biaodiini mulher
do dito Senhor Lucas Antonio sostituindo a hum e a outro, e faltando ambos de does sos-
tituisse seu filho o senhor Abbade Vicente Dâmaso Staurini os quaes de tanto tempo estão
ao pe do8eiiliorCav.«testador,etemaempraasseatido^eaa8Ístem. Impondo porem aos mes-
mos a obrigação de fazer os gastos do ssu tcnue enterro, c igualmente dc pagar, isto hé,
a esse Senhor Cavaleiro testador o que devesse da venda de cazas: assim por mezadas de
pessoas as ditas ao wu serviço, o Leito em que elle Vicente dorme, com hum par de Leoçoea,
e huma coberta, huma arca de Livros, que se achar em cazft, e oito mil reis por huma só
vez; e ao Confessor que assistir a morte desse Senhor testador htntt recoáhecimBnto de
diioolate, ao dos ditos senhores Legatários, e quer que os mesmos Seidiores Lep^
arbítrio
tarios sejão com eOMto Uviw de qualquer obrigaçlo de oootas das qoaes esse Senhor Cava-
leiro Testador agora c para «emprc lhe absolve: e quer outro sim que os ditos Senhores
Legatários tomem, de sua própria authoridade, e sem algum Decreto, ou Mandado de
Juiz a posae do dito Legado tnmsferindo Hw desdto M O dominio, com a pienissima dáto^
do oonstituído e em outro melhor modo sem que sejão obrigados a esperar a decido da
Erança, nem qualquer outro termo prescripto dos Legados;
Item o dito Senhor Owaleiro quer, e manda que as suas Ctotas soltas, ou wanuscriptat,
ou de seu. ou de outra Letra, se sepaiem, e guardem para serem depões de acabado tudo
queimadas: excepto p<ircm o que se segue: Primeiro. A rewrva dc qualquer obrigação
a elle feita, e Cartas a essa obrigação pertencentes; Igualmente Cartas c contas de seos
oerrespoodenles em Nápoles, Génova. B ibitas as oootas, recibos e cartas do Senhor
Abbade Fmilio Polidori. igualmente recibos de todo o tempo que des$e Senhor Testador
tem por ordem em bum Armário as quaes cartas todas se guardem, e fiquem em poder do
dito SeDhor Lucas Antonio Staurini e soa Fsmflia.
2." A reserva de obras manuscriptas desse Senhor Cavaleiro Testador, ou sejão
acabadas ou não acabadas que se achem por sua morte (entre algumas que disse haver
ja feito queimar) como agora alguma outra obra manuscripta que todavia existisse as quaes
todas lhe deidia ao mesmo Senhor Lucas Antonio
Staurini, e soa nunilia para que faça
aquelle uzo que elle Senhor Testador lhe tem communicado. de palavra Afirma de mais
o louvável Senhor Cavaleiro Testador, achar se em himi ou does caichoes algups Livros Por-
lufueaes estampados, e ignahnente algumas suas obrasinhas, ou do outrem a seu fsvor
estampadas, que estão juntas .nos sobreditos caidiões, ha mais de dois maços, digo B
does Massos de obrigações, e Contas do sobredito José de Santo Agostinho, e Essa, aatiga-
meote Agostiniano de Lidxw, e depões Cavaleiro da Milida de Malta (que ouvio dizer que

Copyrighted material
— 670 —
hecs falecido) E também vinlee aeii taboas, e ramos da sua Fízica com os, digo com a Estampa
do aeu Retrato, e outra Ertampa do Roale es{>icio, tiradas as ditas couzas tnau o sobredito
Senhor Testador que se fechem cm hum Cantotinho bem condicionado contra a chuva,
e esta semande por terra a Civita Velha, e de lá por mar a Génova ao Correspoodeote,
pro tempore, iMim ser mandada em o primeiro Navio de Baldeira segura ao R.mo Fladre
Mestre Diogo Vemei Felippino morador na Real Caza das Necessidades de Lilboa.
Na falta deste quer que seja eotregue em Caza do Senhor Cavaleiro Dionísio Antonio
Vemey.
Quer de mais o sobredito Senhor Testador que as suas Gramáticas manuscriptas
Ebraica que se handem Estampar em duas maneiras isto he, em duas folhas
(a primeira

grandes em hum livrinho» e a segunda Greca) semilhantcmente fechada em huma Caixa


se mandem no mesmo tempo, e pela mesma via ao R.mo Padre mestre Joaé de Azevedo
Filipinho para a mesma Caza das Necessidades Jc Lisboa, c cm sua falta ao R.mo Padre
Pieposito, pro tempore, da dita Caza, e isto emtendc que seja huma dadiva para a Causa

O producto das ditas obrasinhaa saga em vantagem da dita Cauza; e quer que ts copias
simples deste paragrafo, se mandem ao diio Padre Azevedo pela Posta, e separadamente ao
dito Padre Vemei se mandem copia simplex deste testamento cm does correos consecutivos
advertindo^» que se quízer copia antbentica se lhe mandara. E que de mais se mande ao
mesmo Padre Vcrnci muito depreça a Fe do dia da morte desse Senhor Testador cm p^MIca
forma e legallizada; mas que a dita fe da morte se mande por huma só vez.
Aftcma igualmente o sopra nomeado Senhor Testador ter em huma caicba algumas
copias Estampadas da vida do aobiedito venerável Quental escritas do Padre Catalaoi e
dalguns Livrinhos do mesmo venerável, e divcrsiis cscripturas de Cauza. e duas relíquias do
mesmo venerável fichadas com o sello do Padre Antonio de Ataidc que tratou com o mesmo
«snaravel Servo de Deos O que todo quer esse Senhor Testador, que eeja guardado para ser
entregue a quSOB ordenar a Congregação dos Padres Filipinhos dc Lisboa como também
se for qualquer outra couza pertencente à mesma causa se guardava como as&ima. Em
metade porem do remanente de aeos bens Instltue, e de sua própria Boca nomen Erdein»
ao seu Caríssimo Irmão Ja dito o R.mo Padre Meitfe Diogo Vernei Filipinho assistente na
dita Real Caza das Necessidades de Lisboa. E na outra metade instituc. c nomea simi-
Ihanteraente de sua própria Boca Erdeiros os does Filhos Machos do outro seu amantís-
simo IimSo Defbnto Chvateiro Enrique Vernei, isto he o Senhor GavaMio Dionísio Am
Vemei sobredito, e do senbor AfoediagD loio Osrloa Vemei. nio s6 nisto; maa em outro
melhor modo.
ftde finalmente case Seidior Testador o R.mo Padre D. Biagio Pidlll Pio operário
dímurante em Roma e ao Il.mo Senhor Cavaleiro Onofrio Doni Getilomo Cortooese dimo-
rante também elle aqui em Roma quererem ser seos Executores Testanwnteiros. E por
humraa lembrança de amizade deixa a cada hum delles huma galantaria entre as suas couzas
a seu contentamento, pedindo^ unicamente a boa vontade. Emfim aimilhantemente
esse Senhor Testador perdoa a restituMo aquellas pessoas que lhe tem furtivamente perju-
dícado, ou em dinheiro, ou em oooa qualquer. £ este foi nonKado Ill.mo Senhor Cava-
leiro Luis Antonio Vemei disse, e dedan ser o seu ulthno testamento este, Mnncupativo,e a
sua ultima vontade e deqiozicio a qualquer que valha por similhante razão de Testamento
nuncupativo, e se por tal razio não valese quer que valha por razflo de codidllo, ou de
Donaçfto. digo doação cauza mortis, ou de outra qualquer idtima vontade, e disposição
que de razão se sustenta rasgando, e anullando qualquer outra sua antecedente ultima von-
tade, ou disposição, que por qualquer modo fosse feita, e concebida dcbaícho de qualquer
clausula, uo palavras de rogatórias ou derogatorias, querendo qtie o prezeote seu Testamento

Copyrighted material
—671 —

Nuncupativo como ultimo plenamente valba, e deva ter em tudo, e por tudo, como assima,
a 8ua total vmcvcMo tão <A nUto, mai em outro melhor modo, etc. Sobre as quaesooiais
premetidas todas, e cada humas, como justamente validas, e legitimamente feitas para que
fui chamado eu Notário publico abaicho assinado para que este só ou mais publico, ou

publicM, TcitMUCBto, 00 Testameotoa fimae, e eat reg w


e quantas veoet foM neceanrio,
e procurado pedindo me.
Fèíto em Roma na Caza de habitação do Illustrissimo Senhor Cavaleiro Luiz Antonio
Vemei tita na Traveça que da Pnça dos Capuchinhos conduz direitamente ao V. Convento,
e Ifieja doa Revmndot Pldm de Sfto bidoro, e achando-se ay abaicho, oito Testemunhas
chamadas e respectivamente regadas do dito III mo Senhor Cavaleiro Testador isto hé:
Senhor João Baptista Poinard 61ho do defunto Francisco da Motech Bispado di Cavailião

do Condado da Avinblo, Seolior AWiw Xovillet, fflbo do deAmto Alexandre de Oayaillon


do dito Condado de Avinhão, o senhor João Ludovice filho do Senhor Jacinto Romano
Sodior Luiz Morelli filho do defunto Salvador da Cidade Castelleoani; Senhor Carlos
Onndam fflho do deAmto Idio de Oram em CàraiM do Bispado
da Torre filho do Defunto Fedeli de S. Martinho em VoItoUIna, Bispado dí Como; Senhor
José Ciocha, filho do defunto Andre de Caspano. juntamente em Voltollina Bispado di
Como; Senhor Julio Malanoti íilho do defunto Romano; os quaes tinhão ouvido
fialtezar
lerdo prindpte athe ao fim o inteiro theor do Testamento, e bem entendido forfo bons
depoos os outros abaixo assinados, com os seos signaes costumados, e o sello da 111. ma Caza
do dhto Ul.mo Senhor Cavaleiro Vernei Testador como igualmente afãrmáo com os seos
Juramentos de nlo terem comsigo o proprfo sello.
Eu João Baptista Poinard fui presente, e testemunha chamada, e ouvi ler o dito Tes-
tamento feito do Ul.mo Senhor Cavaleiro Luiz Vemei, pelos Autos do Senhor Milanez
Notário Capitolino. Eu Aleixo Jorovillete fui presente, e testemunha, como assima. Eu
Joio Lodoviee Ari presente, e testemuriha, como assima (...).
Logar do Sello•

Ego Augustious Milanese Civis Romanus, et Canselarius Capitoli, Dei et, digo por
graça de Deos, e da Sé Apostolica Notário Colegial, chamado para as premissas este pie»
zente e publico Instrunxnto (...) e attestamos certamente, que o retroscripto Senhor Augus-
tinho Milanensi he Notário pubUco das Couzas da Curia do Capitólio (...) Em do que, etc.
Dado no Palacio do Capitólio aos vinte e does de Mayo de mil setteoentos noventa,
e does. (...).
30 Makf àe 1792, Jmí Ftreira Santia, na qualidade de Notário «
Secretario da Congregação, Casa e Real Igreja de Santo AtOÓnio da Nação ForlHtmsa em
Roma, também reconhece o notário MUanesi.
A edjpla do testamento que nprndaitmoe, fid tndtalda doorigfmdpélo Notírío ApottA'
lico, que assina e data de Lisboa, aos 27 de Julho liti Aiuio de 1792. Serviu esta cópia para
oi sobrinhos se habililarem à herança. (T.T. — Testamentária, L. 33). Em Roma, por mais
dlljgtaGiBs que fiaêssemos, nlo conseguimos «noontnr nem sequer o r^isto.

d) Nota di .N i hf secando la testamentária disposizione dei fn Sii^nore Caxalicre Liiigi

Antonio Vertmy e Oato mandato a Lisbona tutto in una casseita per magiar cómodo,
eoHsegHtita ntf mear di GtÊtgHO 179 duo (1792) td Segretarh dei Stgtiore D. Aiu-
sandro de Somza e Holstein, Ministro Plenipotenziario di S.M. Fedeiissima ftosao
la S. Sede, il qual Signore si degnò ricevere la sudtktta cassetta Ira le sue baga-

glie partendo per Lisbona, ad oggetto di faria consegnare aí Padre Diego Verney

Copyrighted material
— 672—
neUa Regia Casa das Necessidades, a quale era direita essendo sttHa data súbito
ftfít dt ud cvHMfHt úUo stesso fitine Vemty ptt Itttent dt flwMsv SiOÊtriidt titt

Un involto diratto al iLmo Fulfe M. Oioieppe de Aacvedo neUi Re|ía du Om


Neoessidades, e in mancanza di esso al R.mo Padre Preposito delia medessima Casa, con-
teneate due Grammatiche manuacritte dei fu Signore Cavaliere suddetto, una Greca man-
cante di alcuni quintemi chc noa si son potuti trovare, e TaUra Ebraica in due maniere,
cioè in tm quintcmo grande, e in tre tavole.

Due mazzl legatí, c sigillati in un solo involto di Lettere, e ObtigníoDi Oritínali dei
Padre Giuseppe di S. Agostino e Essa.
Altro involto di numero ventilei tavole, o rami delia Fiika dello steno Signore Cm-
liere, oitre il ramc dei «w ritntto, e fl rtndao dei frontivbio delk soe Opeie, d» aono
in tutto veototto rami.
Altro involto oootenente nnaBro cinque copie sciolte stampste ddTOpera Verdadeiro
Melado de Estudar.
Altro involto
nio da Piedade
di trc

Capucho fes ao
copie stampate delia Respostas às Reflexoens
livro intitulado Verdadeiro
^O X.P.M.Fr. Ane-
Método de Estudar.
Akco íbvoRo di nomero cinque oople stampate deirCQMms Resposta in favofe delia
suddetta open.
Ahro invcdto di altre cinque copie stampate delia suddetta Ultinui Resposta.
Ahro involto di nnmero lei copie stamfwN» dell*opefetta intitidata Paroeer do Doutor
Apokmio FkUomuso acerca de umpofd bttUuãado, Retrato de Mortecor.
Altro involto contenente una copia stampata dei Retrato de Mortecor; altra copia
similmente stampata dcllaltra Opera /Iluminação Apologética do Retrato de Mtfrtecor,
ed altn qoattro OpMctte Portagheai parimenie stampate, in finore, e Contro dd «Vei^^
Método dc Estudar».
Altro involto contenente numero quaitro altre Operette Portoghesi stampate sopra
lo itceso aigomento.
Ahro involto contenente alquante copie stampate dí un fblio intitolato Advertências
ao Iti^resor do R. P. Theophih Cardozo da Siheina paru se vder Mgimda ediaam da Bund- m
nasam Apologética th Retrato de Mortecor,
Altro involto di due coftie stampate di una Cmta de lan FUologo A E^aidu a omro
de i.ishoa à O0M de certot Boglos Ltipldiíira, ed. altre due opente Fortmliiesl pnrimenle
stampate.
Altro involto contenente cinque copie stampate derOpetetta intitolata bidori Baeehetti
Romani Philosophi, ac Medld In Immr qaemim DI^Mttkmb de Soekiat* Meidis et Cor-
poris Aaiiiiadimlones.
Altro Involto contenente una copia stampata delia suddetta Disputa De Socletate
hieaiis et Còrpoirla dei Padre Urbano Tosetti delle Scuole Pie, la quale, oensurandosi
in «Ma certa opinianB dei Vemey. diede mataria alia suddetta Riiposta bkbrl
n i 111 Mttt

Altro involtino contenente ima copia stampafa di una Lettera latina anónima, che
comincia Nicolaus tuus, el poriiis nosicr, ed altra oopia similmente stampata di altra Operetta
\

intitolata SuppUmeiao al Tomo l dei Dizloaaeio Veoiogico Portalile, tradotto tíal Francese
mfMkmo dtd P.D. Prospero delV Áquila, in Cid si ragiona deli* Apparatus dei Verney.
tradotto in Italiano dal soddetto Religioso.
Altro involto contenente dodici «vie stampate di una Ltíttna xritta ad im iMora»
Toscano.

Copyrighted material
— 673 —
Altro invoho co mBawHe quiodici oopie «tJtnpto di mi EMtratto éUFOpmu Mt».
lala, Ahysii Àntonii Vemeii de Re Metaphyslea.
Akro ínvoltux) ooateoente due oopíe stampate di una Lettera latina intitolata Francisco
dg Fortagtd, et Castro Alayaku AaloidiiM Vermba, che serviva di Manifesto per la Teologia
dello «tesso Signore VSsmqr, cfee fta da loi bradata manuscritta, ma noo flaita.
Altro involto contenente tre copie stampate deirOrazione dcl Verney Jn funere Joan-
nis V, con una copia stmilmente stampata delia medessima Oraziooe tndotta in Portogbese
da Uteotonlo Mootano,
Altro imolto contenente cinque copie stampate di un Carmen Genethiliacum SereábAm
Principi LaáuHeo Bwgumtíae Duci, Umo stampate dal medessimo Signore Veniey.
Ahxo imialto cootwiente Dhme Toa a OmdaOoid stampate.
Um copla llMIipata dei Verdadeiro Método de Estudar legata in due volami alia Rus-
tio^ e «na copia stampata deirOpera Conversação Familiar e Exam Oritíca COOtIO dd
inddetlo Vmbdeiro Método, in un sol volume. legaU all'01and6ae.
Pfò numero quatro Àtmu
Pià un'involtino conteneoto
Muoa fcUquia, 9á m ritratto áú Ven. Benodetto Oio-
seppe Labre. (A.S»A.R.).

t) Laun éa maadani al F. Dlag» Vamayt A90 la nUa morta

Laiopmcrhtaiifiwciaood: AoRjnoP. M.IX0B0 Veroey.naRcalOBZftdasNBoe-


sidadcs. E em soa Adta, ao &0r Oionbio Antonio Vonqr, Jnis da Batanga da da Ow
índia. Lisboa.

Roma. 20 de Janeiro 1786. Mano do corasam. Deixo eaerita Mta carta para se vos
mandar depois da minha morte, que servirá para vos, e para oa aobrioboa. E como nam
paao MBiwwr pnr fiJta «to vtea, a tremor «fa twflw», vlhnjna Ai ptiana th mtrthm
para iso. Nunca pude recompensar o amor que me mostrastes e os favores, que me fizestes
vos, e o mano Enrique, pelas continuas desípaaai de toda a minha vida, das quais vos nam
«Iwittodaa: as quais dMiiaM me impediram o flHW a iniobaobrigasam. MasDeusasim
oqniSpOfoinBOesario ter paciência. Noawatartamsntoiíiaknibit) de vos, e dos sobrinhos:
e peso-vos que aceiteis esta bagatela, como uma demonstrasam da minha vontade agrade-
cida. £ juntamente vos peso, que agradesais ao outro sobrinho o trabalho, que teve varias
««es «ni naudar, a Moeber iwflas coim: e lhe ntandals alfiinH
para uma memoria. Mandarei por mar uma boceta com certos papeis para o Padre Pro-
pózito desa Gaza. £ com ela irá também outro caixote com aigmnM copias do oekbre
Método, e dos p^)eis#n9 a flRRnn^ qna cntam se imbUcuam, qw
nizio Antonio, para ccniscvar memoria do que le pasou. Isto 6 a unka cote, qoa ieoa
da dita nutería. Na mesma caixa irám outras copias de varias obrazinhas, que saíram
em diversos tempos, e podem servir para uma colesám. Dareis aos dois sobrinhos este
ooHselho, qoB me parece malto utfl«rv—*» * iwIuIm Onfjm^f^<n | fiffne tfvft timti tfltItettoe,
qaaaaiitos se valem dela, podiam por meio de alguma pesoa poderoza alcansar a grasa de
se fattfoduzir nas Escolas juntamente com as outras duas Gramáticas, para que cada um se
•endee daquela qne nvis flie agiadieet B alcansar tanbem o privOegio de a timw liiÉli' so>
Desta sorte podiam tirar alguma renda em memoria do Aponto isto, e o mais
seu autor.
suprireis vos. Acabo esu com dezejar-vos todas as felicidades, e pedir a Deus que voe
comeive laivos anos, e a toda a femilia. Itibtno amigo. LAy. (A.&AJL).

43

Copyrighted material
— 674 —

/) hfíimta delia donazione al Sig.r Cav.r Dionísio Antonio Vem^ a» N^pMf dH wvMéÊ
stesao prestati in Roma úUa Corte di FortegaUo (1).

Em oonsiderasam do grande afeto e amiiade que devo a meu sobrinho Dionizio Anto>
nio Vemey, Cávalleiro Profeso na Ordem de Cristo, e Juiz da Balansa da Caza da índia,
na Cidade de Lisboa, Reino de Portugal; e em atenuam também ao seu merecimento, e
boM qoalidadea peaoaes; e áuejfaiiio áuríbit alguma demonstrasam deste mra noonliB»
cimento, e ami7,ide, digo eu Luiz Antonio Vemey, Cavaleiro Profeso na Ordem de Cristo,
e Arcediago na Sé Metropolitana de Évora, e morador nesta Cidade de Roma, <iue eu ienun>
do oedo. e trapaso na melhor e maia valiosa ftmna de Direito no dito mau aabriDlio Dio>
nízio Antonio Verncy todos os oims lervisos Feitos nesta Curia de Rfldia OB utilidade e
beneficio da Corte dc Portugal, e em especial o que fiz à mesma Corte no emprefo de Secte»
tario de Legasam, para que fui nomeado por Diploma Régio do Senhor Rei D. Jog» I, no
•BO de 17a, paia servir com o Ministro de FDrtmal D. Fkancisoo de Almeda e andoni. M
na ocasiam da ruptura e diferensas que avia entre as ditas Cortes de Roma, e Portugal
para o efeito da composisam, e boa armonia entre ambas, como com efeito felioemente
se conaeguio pelas nosaa boes diliganda*: paia que em vectude deata minha renuncia e
oesam dos ditos meus servisos, poaa o dito meu sobrialw requerer para si, e para os seus erdei-
roa a justa recompensa e remunerasam destes meus servisos, que ainda «atam por dcspadiar.
Roma 20 de Janeiro de 1786. Luiz Antonio Vemey.
N3.— A assliMtimiletni, n». (AJÍ.AJI.).

g) Tradiaíone di una Uttera xritta in Portítgkese, che lascio cperta, per esser cosi maidaêa
dopo la mia morte, oT P.f* Pnpoetío pro tempon de Fadrt di F^fM ÍMom
ittíla Regia Caaa dat Neeesidadet.

ftev udo io, attesa la mia eti, ed inoomodi, cbe poco tempo mi resta dl vita, lascio
queata lettera fatta, per raooomandare a V.* P> SU"*, ed agli altri Padri dei governo di
OOtesta casa, TAhate Vincenzo Dâmaso Staurini, per esser Postulatore in Roma delia causa
dei V. Quental. Questa persooa quale è di gente pulita, ma efortunata) fin dalla sua prima
elà 6 stata ednoata ia casa mia. Bgã ha booo talento, booni oostomí, e buooe maasfana.
Stodíò le Belle Lettere, e Filcíofia, e I egge Ci\ ile, e Canónica. Ed attualmente si esereila
nella pratica di ambe le Leggi, per poter essere Awocato, oppur oons^uire quakhe altro
impiego letteiirio dl qoesta Oiria. B confido In Dio, dw col tempo avii qoaldw boom
fortuna. Dandogli V.' P.* R.ma la moderata mesata di venttmila reis, può tenerlo i sool
ordini per tutto quello che vorrà . Questa mesata è la rainote dw 8i SUOl dare a qualunqpa

Frate condecorato, che tratta qué di consimili cause.


11 Oesuihi AMWBdoiwea 30OI00O raia airaimo per la cau» delito D. AMbMo 1,11^
quale peró non fecc nulla. Altri Frati hanno ancora di piú. Gli Abati sempre ebbcro
piii cbe i sempre si oercano persooe di mérito, oppur Canonid, i qual
Frati: percáoocbé
debbono oomparircoo deooio,e carroBa, mantre In altra maniera pregíudieaBO al deooro
deOa causa. Io ho conosdnto akuni oomonici spagnoli, quali aveano maggior mesata, i

v.g. di dnquantamila reis, o aodie pid. B fra questi D. Martin de Bania, il quale dopo

(I) Tttolo exiiaido de capOha caatHa por Stauini.

Copyrighted material
— 675 —
ftifiUto Vcwovo dl Ceuta, aveva oentomila reis di mesata, come Postulatore delia cauaa
dd Beato Avila. Queste cose qui si regolano divenameote di qtiello costà si panaa: 0
qualunque minimo Frate, che tiene cotali incombenze, spende piú di quello molti sospettano.
I medesimi Veaoovi danoo ai loro A^enti duzento, e treceato mila reis per anno, oltre i

Mfo^ diè loio muduio. H Prtriawa Almeida daw ai wo Agaato, il qnale a» grateUo
dei Vescovo di Constantina, e mio amico, seicento mila reis per aillK^ per la carroaa: oltn
varie spedizioni di particolari, cfae gli raooomaodava, e gli fnittavaao aaai Ijene.
Avendo ddibo aneofa risponden a diversi progctti, che
finora ioainaato ootali cote,
akani aoiliooo proporre, acdoechè V.* P.* R.ma faoda gioto coooetto di tutto. primo 1 1

prapatto consiste nel trovar qui qualcbe Portoghcse idóneo, sopra il che dirò a V.» P.» R.">»
dwiapiCi capad, o mcno iocapaci, tutti soo roortt. Luei che restarono sono pocbi, ignoranti,
inaqMd , ed inioici fra loro: • quaai tutti fcooro la kv %nra in atonna ddk bqutefaioni,
e fuggirono in quà. E siocome ciò si sa súbito qui^permezzo di qualcuno christiauOVaocUo,
oppure Prete di S. Antonio; resta perciò screditat» la causa, e chi Ttaa elleto.
Alconi di ooatoro vedando li qpnoati, e aaoa eotiala, a volendo ÉMraodar tutlo;
si offerírooo in altri tempi per avaia Afande ,e Procure di Portogallo, imperoochè negozi
particolari gii li avevano: e si eaibirano per una mesata cosi ténue, che si dà qui a alcuni
aervitori dl Uvrea. E ooetá aena rioordarsi, che tutta la famíglia di coloro aveva fatto
fl|Dia,eda«a«aftiH;ito;ecteoolailpBrM)oenoa pocevaaotrattarditali canse oondecema
e decoro; costà, tomo a dilUi OOOtempIando soltanto Ia ténue mesata, approvarono súbito
la proposizione, e si iCfOianMi per essa, senza esaminar mienfaltro. Ora oon viene piii

di ooatA sBota a pntandare, paiddoodié la pnlaorioiía d^ ^^trP^ é finitat nantra ai dt


tutto, per ordine delia corte, e richiesta dei Ministro. E cosi Portoghesi, che restaromo,
i

800 reaiduo di quelli di aopradetti: oppure aon pochi CappeUani di S. Antonio, e qualche
atoo cfae ^aaoa qnà à htd Frate; i guail tutti appeoa saono dir la Metta. Egiammaiho
vaduto alcuno, die stodfane qui qualcbe cosa, e diventasse iim ilinriuiMinlfi capace.
L'altro progetto consiste, nel mandar di lá qualche Padre, per trattar delia Causa.
CSò a prima ma tiene ancora alcuni ioccovenienti, che meritano coa-
vista pare plausibile,
aldarailoue. Io pono pariare is quaMa natoria 000 cai tema, atlaao qoaUo dw nlnaegnò
rcspcrienTa. Se sono duc Padri, oltre la magglofO ipesa, rarc volte concordano in tutto.
Quel che piace ad uno di essi, dispiaoe ail' altro. B oonsigUo che dettero ad uno, discorda
dal oooaiiílio, dw dettero amiltro. B «laeate diwanrioní, cfae wMto ai H>argono ndh dttá,
oltre lo screditare i Padri, influise ono ancora adia causa, e le pregiudicano assai. Io
oonobbi un certo Padre di autoritá, il quale, per consiglio di un Frate Grillo, non voUe
giurare nelia sua causa, potendo essere uno de migliori testimoi\j di vista. Se é soltanto
un Fidre, la ipesa 6 pooo minora: poidié ha bisogno d*nn servitora por Ihutf da mancara,
e di casa, c di mobile, ed altre comoditá. E siccome qui son soliti di vedatOOB solo altri
Procuratori Regolari, ma cotesti mededimi Padri viver con molto decoro, e baataatc danaro
par la lono ipans pafdaiaiblwro il ooocatto, vadeado un Adiu 01 qnale aempra d aoppciie
di antofitO vivere in una casa piccola, come un Frate ordinário.
n P.>* Atakla aveva otto mila crociati delle sue entrate: fabbricava case, e cappelle
ia 8. Oiiuiwno ddla Cariti (die é una congrcgazione di Preti, govemata da una Confira»
tanita): aawa diverse persone pagate per varie cose: awsm uaTAlala, che Taccompagnava:
dava soocorso ad alcuni cruditi per istampar le loro opere: e dava moltc limosinc. I P.'^

Almeida, e Correa avevano grosse mesate, casa, mangiare, carrozza, e servitori pagati.
In vista dlci6,npPcistulatoreFlllppinocanMdrMmdoaptedi.eseaaaun* Abatodierao^
pagni, e vivendo miseramente, come qualunque Frate ordinário ndaoo Convento, dl ncces-
sitá deve comparíre assai mate. OUredidò^i Filippini ed altre GHeRctolari, non rioevono

Copyrighted material
— «76 —

dMoiati deOo MeMO Gonveoto. B di pià è neoenario soíTrír le teocature de' Frati dando :

di taoto in tanto regaluoci ai Superiorí, ed invitandoli a desinare: e dando ancora alcune


muee aí subalterní, i quali aempre tro\-ano che censure nella condotta degli straniert. £d
ancora è necessário Mffirir le iicjoae visite de Frati, e de loro amid, peno» di riipetto: per
le quali visite non basta un maga2zino dclla miglior docoolata: siccome io ho vcduto molte

volte. Di maniera dw akuoi straoieri si videro obtriigati a prender casa fuori dei Convento,
per iscemar tenta noja, e apeae.
Passando ora al servitore, il meno che si dava prima a quahmque servitore senza
mangiare; erano SSOOO mese (pecíoochi dandogii da mangiare, costa piú fra tutto)
reis al

ma ora, cfae tutto è piCi si dà ad un servitore di atiilitA


caro, e senza Speranza di rímedio,
óSOOO reis ed in qualche cue ili dunw 7, e 8, conforme rabilità, e Ia neoesstti, ed i podronl.
E ciô oitre il vestito, che costa per lo meno ISOOO reis al mcsc, oltre le mance al suddetto, e
ad altri uíTiciali dei convento. Oltre la cella o stanza pel servitore; che costa 2$000 reis
senza moHU. Di sorte dw il servitore preso per 6S00O, oom vestito, stanza, e tutto, viene a
ooater per lo meno 95000 reis. Aggiunga a ció, che qualunque Padre grave, il quale qui
tratti di causa, e non ha carrozza (ed ancora alcuni die la tengono) prende al suo servizio
mi*Abflte povero, im palito, o lia Pirate, o Moolare, il quak, veatho di corto, Paocompagna
fuori, e 1'assiste in casa. siocone coetà fiuno i ftod de' CSuoniei: e akuni li pongono lor
tsvola. £ quest' Abele per ineao di 4S00O mb
aoa ii puo evera: ed alcuni vogUono
SSOOO reis.

Quanto alia pigione di casa dentro il convento, giàsi sa,die doe stanza pel padrooe,
eaervhore, colla cucina, costano 4SOO0 reis al mese: e volendo di piíi, si paga a proporzione:

oltre i mobili, cfae deve comprare. Fuori di convento, un' appartamento di quattro, o
dnqne stan», e le codna (dw è il nvoo, d» poò avere on^ionio polfto «eoondo il coitnme)
ed in una situazione die non sia delle migliori, meno di 5$000 reis al mese non si trova.
Oltre imobili, i quali essendo senza pompa, ma soltanto colla pulizia própria d'un' Eccle-
siastioo, come si costuma, non possono oostar meno di 200SOOO reis. Per quelclie riguarda
a BMUiglate, e bece dl un Fulre soltanto, per pift itretti oontidie gU d ftodano, e contendo
tutta la spesa necessária, coi lumi, non pu6 spcnder meno di 16SO0O reis per mese. E se
inviterá & qualche amico a pranzo, lo che alie volte ò necessário, crescerá molto piíi. La
doooolate, e ceflé pel Fwire. e per dare ed eloooe viiita indlapeneabíli, die tfi fiuanno;
eecA per lo meno 5SO0O. E questa spesa ò necessária, secondo íl oerimoniale di questa
dttA, in cui súbito si ofTerisoe la doccolata di mattina, ed al fíomo, ed alia aeia il cafié.
Mdteodo adoMO inrianiB queste dnque cose, do6.

Servitore soltanto SSOOO


Abate 45000
Casa fuori. 5$0Ú0
NfBBSÍaie><
CkMoolata.

38S000

ebbiamo leb al nnoB di apeee iadiepeniabiU: B d il Padre d aooetei* qnaldie


già 38S000
cosa dalle rcgole che sopra abbiamo detto, crescerá pib la spesa. E possono nasce re speoe
repentine, le quali non si possono pievedere, ne'evftan. E coo tutto ciò ancor non ai è
PMlato di eoia verana appaimma alh canea di lleafHIfaiíone.

Copyrighted material
677 —
AHro tocoiwBaienIe ooo pioodo, clie aonde a oolofo, dw wniono di fíiori, ocniiMe
nella mancanra cbiama iwmwmni di Noviziato. Chi vicn di nuovo
di esperíenza, cfae qui
a trattar negozj gravi, e non ha esperíenza, oommette ernirí gravi nei nesoag, e spende piú
dei necessário. Gli adulatori, priodpalmente Nazionali, i quali deddeiano mangiaigli
qoaklie eoca, anbito lo drcondano, riooenaano, e propongoao mille cose non neoMnric
Bae4iua1chc pcrsona di giudizto, ed esperíenza glí dà qualche consígiio utile: gli adulatori
tuMtO replicano, che lo iogmoano. E tanto dicoao, e fanno, che l'obbligaao a fare spro-
poriti. Io nd trovai gH in un caao ooniiiiilo: e mi vidi obbi^to a OMadare al ooatitueiite

Ia procura, che da lui aveva ricevuta, per evitare in questo modo la gelosia di certi nemici
i quali sotto il pretesto di zelo, oootrariavano, e disfacevano quanto io diceva. E per mio
daooro, e quiete, fu d'uopo che nd aDootadaMi dd totto. B quel dw cauao auggiore aimni-
laiiaoe fu die la suddetta persooa credida nri aveva aaaicurato díverse volte, che non avreble
dato orccchio alie ciarle dè malevoli: ma poco dopo cangiò di massima. E però ci vuol
raolto tempo di Noviziato, riâcssioae, e giudizio, per potersi liberare da lali coosiglieri
ed enwi.
Lo stesso P/* Ataidc, non ostantc csscrc stato quà molti anni, oon tutto ciò siccome
aveva buon cuore, ed era moUo crédulo, sçguitava, i coosig^ di alcuni che aveva di ãancbi,
i quali gli faoevano spendere in moll» ooee inutOit e l*oU)Ugayaiio a vaieni di alcmie pefaona
iacapad. Ma siccome pagava molte cose di ana borsa. tutto si rimediava. NOD mi coatò
peraltfO picoola fatica lo sbrogliarmi con buona maniera da varie cose, ch^egli avc\ a racco-

flMUldate: e parimente per acquietare un certo carmelitano Purtughese, Dottore ia Coimbra,


il quale aveva dilbio aaolio oiale la lifflBiiea dd Veneialdle, « oon d voiem cai^^
sua scrittuxaiion serviva a nulla: c voleva che gli pagasscro a rigore molti mcsi, che aveva
impiegati ia ean, non ostantc aver giá lioevuto alcuni regali a conto: il che tutto aggiustti
coo paca apoM. Potxdnwoootar inolUaltríauiaIl'mt«ato,iBaGÍÒbaataper ora.
Oltre di dò, è parimente neoeaiario il nper per Iami eaperíeaza, quando si dcbbono
dar regali, e manoe, e di qual qualiti, e modo. Senza di essi, non si coodudc nulla, prin-
dpaknente io certe oocasiooi criticbe. Ma noa tutte le peisooe dístinte li vogliono acoettar
pgblicaniente, deeeme alenoe me lo disiero ia cnnMaiira e iciw i o. Bdino maao le km»
ngioni, e queste ragioní varíano secondo te drcostanze ; le quali drcostanze in questa Città
«ariano assai.Ed alie volte i necessário «aleni di canaii ooculti, e di altri amici e far altre ;

ooae, dw aoa d
poanao iatendef Aiori, Dl awniera, dw è neoNMifo pnveden o mper
tutto. E ciò soltanto Tinsegna Tesperienza, ajutata dalla riflessiooe, e giudizio. Io bo
veduto rimandare addietro alcuni icgaii a penooe, le quali U avevano mandati fuor di tempo.
Venaano akuni, cfae vaooo mandando onmimili cauae a peraooe grandi, e Minístri, hanno
aadcurato tutto. Ma noo sanno, dw i aaddetti aifnori, aiooamB hanno altre cose a che
peaaaie, súbito iocaricano delia causa qualche persona, che tengono al flanco, e piCi lor

piaoe, e non peosano piii ad essa. Ed è stato osservato, che le persone incaricate di tale
ineombema, aempre sono le meoo oapad di fkrlo. Ed indò ho detto totto. Suppoeti
quest*inconvenienti, ed altri piu, che io so, ma non voglio apiegare; parmi, che il me2zo
piil breve, piú utile, e piú eíficaoe e queUo die propoogo a V.* R.**, di valersi deirAbate

ViacBMO DaoMMO Stanriai, ooDa detta mewta poò V." R."* tu l^eaperieaza per qualdw
anno. E ae egli noo fiuA la ana obbiigazione, tratando delia causa, sicoome deve fare un*uoniD
da bene, ed intelligente; sempre può ellegere un'altro. Se a V.» R."* píacerà il mio pro»
getto, avro sommo piaoere di ^juure io questo modo la suddetta causa, e la suddetta persona
Se aoa tedn qndb te pani, e Dio te inapiíecA.
te piaeeril,
Ma la prego, che prima di risolvere, e concludere, oon dica ad alcimo di fuori questo
mio progetto. Imperoocbò soo certo, e la costante esperíenza me Tfaa dimostrato, che
tntii i ndd pw^Btti aaoffffdif dmo appwvati da peftww f^pafi, if triffÍHiifHli1if^ Hnutltnrnir

Copyrighted material
— 678 —
(per una OHrta fotalitá, la quale io non intendo) sempre sono contrariati da quelU, cbe pro-
pentpÊ»eoÊtvetiímrif9dMiftiaaMMmoÊÊÊ^ Qw«t«éiiiiVuitiGa
disgrazia, che sempre mi pcrseguitó, ed io sofTrii con pazicnTa; ma che io desidero scansare;
per quanto posso. Piu cose avrei da dire, ma siocome mi trcmola la mano, perdò finisoo.

Dio gnardi V.» R.^» e allrl FkM df ootaate Gm, per lunghi aoni, coo tntto le lUicità
^liriCuali, e tcmporali. Di V.* R."». Roma 9 Feb.<> 1786. A^giunsa, cfae TAbate Stau>
rini intende la liogua Portoghese, e solo gli manca resMidrio di scrtverla. Ma può riapoB»
dere in Italiano, o Latino, o Francese, stocome fimno altri Frocuratori. (A.S^R.).

A) Minuta di letlera da mandant ã nome mio, dopo la mia morte al R.mo F.e Giuseppe de
Ammí», dm fii fiato J»waw<w » d$Ba ama M V. Qmâa te Lbbomi, f§r

Roma 20 de Janeiro 1786


Rjno Pa Sem comprimentoe, e somente pela necesidade da matéria, deixo «attt
poças letras feitas, para se mandarem a V. R."» depois da minha morte. E fiado na sua
amizade, inteligência, e zelo, espero que teraxn bom efeito. £m uma carta comprida, que
deixo escrita para ee mandar ao R.'^ Plrepocito desa Oua pro tempore, depois da niiidia
morte, recomendo ao dito o Abade Vicente Damazo Staurini para ser Postulador da Cauza
do Venerável Quental nesta cúria: e lhe dou todas as razoens, que mostram, que a tal elesam
é pan en cm a mais ntil, e meooe onttOBU Dando-llie potem • moderada meada d»
vinte mil íeis, que é o menos que se costuma dar a qualquer pesoa limpa: como V. KJ"^
pode ver por miúdo na dita carta. Este sugeito está em minha caza à muitos anos, junta-
mente com seu pae, e mae: e me asistiram nas minhas desgrasas com toda a fidelidade, e
mor. Bni|Bntelim|»,e<|uetinlMdeaBn:maspordeepan»deflmriliaciiiamemlMini
fortura, e foi nccesario que se acomodasem por creados graves cm Cazas Grandes: c nam
i muito tempo que morreu um seu tio que servia o Cardeal fioechi, depois de ter servido na
Secretturia de Eilado da Gotte de Kbidrid, • de toma. Bn oa tedw em ena «wrA viaie e
tais «noa, • me governaram sempre a oua. Mas o fiOio Vicente nunca aecvio ningtiem, e
somente se aplicou aos Estudos, para se adiantar pelos empregos literários, que esta cúria
propõem a todos: e espero que se adiantará por algum deles. Este sugeito, que tem muita
cnpacldade,e orna, é que e«proponlH>aV.R.'^,eiecomendoàtuapcolewm, pai» Fejteja»
dor, sabendo cu muito bem. que sc V. R.™» patrocinará fsic) estenegodo, poderá tor bon

efeito.Pode esa congr^asam provalo por algum ano: e quando ele nem der boa conta de ai,
sempre pode despedilo. Be fUa Pkucez, e entende o Portufuez, e tomonte nam tem enr*
dcio de escrever na dita ultima língua mas responderá em Italiano, oa Latim, como Ia qui-
:

zerem. E eu Ibe ficarei muito obrigado; e se for para bom lugar, como espero, pedirei a Deus
pelas felicidades de V. R.*", que Deus guarde. Como me tremem as maons, por iso nam
eeeravo de praprio poolio. De V. R."* a/ Am. (AJSAJL).

Copyrighted material
— 679 —

xxvm
CATÁLOGO DAS OBRAS CRÍTICAS

«) A respeito do Verdadeiro Methodo de Estudar, notadas pelos tomos da colecção

«Tomo 1.". Verdadeiro Mcthodo de Estudar exposto pelo R.P.... Barbaclinho


da CoQgregasfto de Itália ao R.P.... Doutor na Universidade de Coimbra.
Vilena 1746 tono l.« • 17«7 Uhx» 2.*.
N.B. —
Esta dm fanprimio-w tunlMiii «n liiba» occnltimente no Cotnvnto de
S. Bento de Xabregas, em cuja ediçfio se conservou o mesmo lugar acima, ofTicina e annos;
porem observ&o-se os signaes seguintes, que caracterizão hunia e outra edição; porque
• 1.* he «m papel mis «mwo, fmdo e nunca maior, e oontàn o 1.* tomo. 322 pág. e o
2." 244 pág.; e a 2.» em papel claro, áspero c caracter mui cravado, contendo o 1." tomo

300 pág. e o 2.0 302 com erratas. O nome do Auctor desta Obn be cupposto, sendo o seu
vaidadaiio Auctor Luiz Antonio Vonwy.
—Tomo 2.0. ReflexfloB ApoIogBticu à Obra intitulada VMadoiro Msdiodo da Ertudar...
por Nicolau Fraooez Siom. Valença, 1748.
N.B. —
Seu verdadeiro Auctor o P. José de Araiyo, da Companhia de Jesus.
—Resposta às Reflexfles, que o R. P. FIr. Arsênio da Piedade fez ao Livro bititulado Ver^
dadeiro Methodo de Ertudar» escrita por outro Religioso da dita nravfaeia.
Valensa« 1748.
N.B. — Seu verdadeiro Auctor Ldz Aatooio Vnney.
—Retrato de morte<ôr... pelo R. D. Alethophilo Candido de Lacerda. Sevilha.
jVJ}. — No fim declara o aano na seguinte maneira: Fspinhal 9 de Dezembro de
1749. Ssu vsrdadsiio Anelar o F. Rancisoo Duarte, da CnmpaBiiis d» Isaus.
De outra km: ou paio P. lonqniBi Rriíello, Jesuíta, qne dspote foi frade Jèraniaio,
segimdo vimos em o exemplar escrito por curiosidade.
— Parecer do Doutor Apolonio Philomuso Lisbonense... acerca de hum Papel intitulado
Retraio de mofteoSr.
Concluc: Lisboa I de Junho de 1750. Seu Auctor Luiz Antonio Verney.
— llurainaçio Apologética do Retrato de morteoôr... por Theopbilo Cardoso da Silveira...
Farte 1.*.

Conclue: Seixal 17 de SeteeÉbfO de 17S1. Sen Auctor o P. Fkandsoo Duarte» da


Companhia de Jesus.
— Ifo tomo S.o. Dita, Parte 2.*.
Coadne: Seixal 4 de lingo de 17S2.
— >Tomo 3." Convenaçlo IhmiUar e Exame oritioo... Auctor o P. Severino de S. Modesto
Valensa, ITSD.
Antor Oemino o P. Job6 de Araujo, da Compaidiia de fcsns.
—Discurso Apologético, cm que se mostra ser injustamente criticado pelo Auctor do...
Novo Kfetbodo de Estudar, o Soneto que fez o Dez.<" Luiz Borges de Carvalho
na morte da Sereníssima Infante D. Francisca.
Coimbra. 1752.
-Advertências Criticas e Apologéticas sobra o Joiao, que nas matérias do B. Ragnnnndo
LuUo formou o D. Apolonio Philomuzo, efe. Valensa, 1753.
O genuíno Auctor he Fr. Manoel do Cenáculo Villas Boas, da Congregação da Ter^
csba Ordm da PsoiíeBcia de 8* RibgIno.

Copyrighted material
—«o—
— Balança inteUectual, em que se pezava o meiedineato do Verdadeiro Metbodo de Esto»
dar... iMirFInHMiaco de Pina e Mello. LUmmi,17S2.
••Dialogo Jocoscrio, em que <;c controvertem e examinão os fundaUMBlM daS BMtafiaa
do Verdadeiro Methodo de Estudar... Valeosa. 1732.
OcPUÍDO Andor Antonio Isidoro.
-^TODO S.° Carta de hum Filólogo d'Hespanha a outro de LiriMia iOMea de oattoa Elo*
gios Lapidares. Madrid 10 de Setembro de 1749.
Obra anonyma, sendo porem wu Anctor Luiz Antonio Venwy.
— nhHtiaçio critica a huma Guta que hum Filoloto dUespanha escreveo a outro de
Lisboa acerca de certos Elogios Lapidares. Lisboa. 1751 Seu Auctor Candido
.

Lusitano. O nome próprio do Auctor be Francisco José Freire, da Coogre-


taçlo de 8. Ptlinie Nari, que tendo Sodo da Arcádia Lmitana, tonMM •qaeUe
acima.
— Carta de bum Amigo a outro, na qual se defendem os Equívocos, contra o indisoreto
loizo. que ddlea fti o modeino critioo, Aador do... Veidadaiio Msúiodo de
Estudar. Não declara Auctor, Lugar, nem anno d^impresslo; poinm Mbe-se ser
obra do P. Antonio Pereira, da riiinniiacln do Qtttocio, iBapte em faria t
pelos annos de 1750 a 1752.
— Uhima iMporta... escrita pelo Sr. Gelaste Mastigofilxxo. Nio declara amo (que
foiem I7S0 tm 8Ím lopr em Sevillin; • teu gemiiao Andor he Lnli Aaloaio
Vemey.
— Tomo 8.*. FmtOt LogicM Wnwawn ae... Funpelonae. 17S2.
Obra anonyma* aando lea Anelar o P. Manoel Marques.
—Tomo (sic) Conferandaa Papuigatoria» Coimbra. 17S9, por Fkaadaoo de Pina
e Mello.
~Contea>açfc> da calnnnioaa accpiaçlo, oom qp» o Anctor do VMadab» Mtadiodo de
Brtodar aocnm... a Naçlo ItarÁignoa, elo. por Joaft Gaelano, Mnlse de Ona*
naiiea. Liáboa. 1731.
— Qtfla apolofetica de hum Amifo a outro, em que Ibe dá conta do qne lhe pareoeo o
1. ° tomo do Verdadeiro Methodo de Estudar. Lisboa 17S2.
Anonyma, sendo porem teu Auctor Manoel Castello Branco.
— Advertcoctas ao Impfcaaor do R. P. Tbeophilo Cardoao da Silveira, para se vai ene
2.* edição da Ilhiminaçio Apologética do Retrato de mortaoOr.
Qtosseria da TUumínação Apologética etc. Valensa. 1752.
Coodue: De V. M.^' grande Amigo e obrigado, o indifferente Fulano. He
eile Ptolano... NObrein.
—Guta manuscripta de Francisco de Pina e Mello em resposta a outra, que lhe mandou
o P. Joio Montanha, da Companhia de Jetui. Mootemór o Velho 28 de Feve*
reiro de 1753.
— Ottta de Frandsoo de Pina Mello e em MooUm&r o Yslho a 26 de folho de 1754
escripta
a L.A.V.
Sr. Luiz Antonio Vcrncy).
(Sr.
— Carta de Francisco de Pina e Mello em Mootemór o Velho a 22 de Jneiro de
escripta
17SSa8r.DJ.M.
— Deaeffavio de Autores y Faculdades, que
los BarbadiAo en obra Verdadeiro
ofTende el su
Método de Estudiar... por el P. Antonio Cordoniu, de la Compartia de Jesus.
BarOBlonB. 1764.
-> Historia dei famoso Predicador Fray Gerúndio de Campem» alias Zotes, pelo F. Joae
Fkinciaco Itia, de la Compaflia de Jesus, y Conftwor d*EUliy. 1758.

Copyrighted material
—681 —

ObcM qn» fidiio pm • GoOeoçio.

Cartas em que ae dá notícia e prognaao das Sdencias, por Fr. Jadnto de S. MifiMl.
Em 1753.
SSo S8 Cartas, e teouino Auctor o D.^ José da Costa Leitão.
— verdadeiro da Bataaga
Fiel intdectual, por Antonio Joaè Ouedes Ferdra Vakatio,
em 1732.
— DulbuM M Barbadiflo ea obeaquio de la wrdad, en que se impugna la Historia de
Fr. Gerúndio dc Campa2as, por D. José Maymò y Ribcr (sIc). 1758.
— Haapwiíi a buma
' Carta., que cscreveo L.A.V. a Francisco de Pina e Mello sobre a Balaafia
iotellectiia!. 1731.

(fiJi. Ms. 30-1-66 n." 77).

b) A respeito do Novo Metkodo da Gramática LatUui, e mais obras dos P.es da Congrtgafia

— Novo Mediodo de Orammatica pelo Manoel Montem^ da ncniijaul»


Latina... P.
do Oiatoiio. Parte Lisboa Parte
1.*. 1746. 2.*.

— Biips de Nomes e Verbos. Lisboa, 1749.


— Itocurio Orammatical, por Phcrepono. Anguita, 1733, ^^"H* Andor
Philiarco
o Paulo Amaro, da Companhia de
P. Jesus.
— VkngiMM da Acndamia OnaanaUcal: 8eHlo4.* MtoidbnAnctor.lniar.Maiaano;
porem foi impresso cm 1753.
—Novo Kiethodo, ou Arte das Necessidades ... Sevilha, 1732. O Auctor desu aga
cfen foi buiu ftaniln da Rrags.
— DeliMiaa apologética e Joeoiaria da famosa e nunca louvada Arte dn Oianda
assás
ManoelP. por Francisco Urbano de Amaral. Barcelona.
Alvares...
— Tomo — Palinodia7.*> (contra a Recreação
manifesta... Filosófica) 1752.
— Mmouío FDonlleo... è FWea Eapeilmemal da R. OMa daa HMaaldidaa... por
id.
PbUiarco Fberepono. Augusta. Genoiíio Aoetoir o P.
1752. Aaaaio. FiMdi»
— Tomo Antídoto Giammatlcal... Vakncia, 1730.
7."

— NíDvo Maihodo... pdo P. Antonio PBfaln da FfpMindo* liiboa 1732. i

— Tomo S.*— Antiproiogo e ^Mlogetloo... Lisboa.


Critico Defensa do Novo 1753. id.
Methodo da Orammatica Latina contra o Antiproiogo em duas
critico, dividida
partes: por Francisco Sanches. Oenuino Auctor o P. Antonio
Lisboa 17S4.
Psceiía de Figueiredo, duas vaea ao mento anno.
e foi imprensa
— Jnbo Orammatical ou 1.* Audiência feita na Casinha da Almotaçaria, Lisboa, 1754.
Auctor Joeé Caetano, Mestre de Orammatica. Segimria Aiirii<»nrja <^r«mm>ti«i
por Jòaé OMtano. Uaboa, 1753.
hum Velho honrado a hum sea aoWnl»... LMnm, 17SS. Nlo
'Oarta de Anolor tw
mas he o mesmo Jba6 Gaetano.
— AlMuMa defendido... por Xoaft CMno. liilwia, 1797*
— —
DuUutio soluta et dilnclda ffa— tmi^pmSmM»» loei g. AaiaMini triboa aaaleatlia lUHa
Lisbonae, 1747.
— Discursos Granmatícaes... por José Gago. Lisboa, 1756.

Copyrighted material
— 682—
>Ott(A nioliUBtlri cm iFTfr"o do <ijg<ww jptwin dft Rc^oMi Gottpnltacitt por Pmi>
cíioo do VtOÊL o Mdk>^ mu 17S6«

(B. A. — 50-1-66, n.° 76)

XXDC

DOCUMENTOS DA REFORMA POMBALINA

a) JHnelar á» Estudo» 4t Énm


Ulmo e Bx.100 Sr.
(...) Reprezenta-se a V. Ex.* que at ddad» d^Bvora, buma das fortalezas que foi

dos denominadoa jezuitas. vive no GoOigio ák FUriBfiMo o baosfidado Francisco Xavier


do Valle Dr. em Tbeologia pelos me«DO«JentftaseCooiÍMario doe Eitudot, o (jual tem dado
a conhecer em muitas occaziões estar tocado da envenenada doutrina • pumriodn nmi-
mas dos jezuitas, revestido totalmente do evárito e do caracter d*«lka ccoio ao coDw coo»
dudeotemente dos factos seguintes:
1. Tem-ae quefaado e estnadiado que Soa Ma^eatade alienasse os bana e rendas
que os jezuitas tinhão nesta Cidade. reparttodo-M por quem lhe aggrada, em damno e pre-
juizo dos Estudos de Filozofia e Tbeologia que taolo florescerão (diz alie) no tempo dos
jnuitai.
2. Que o Governo não quer Theologias nem moraL
3. Que forão tirados os jezuitas homens tilo scientificos, e que eosiliavio a nwddwff
Portugueza e que em seu lugar se puser&o só dous mestres.
4. Qoe o Oowanio da FortuiBl alo lOiriMm iiBitar ao da CMcla, in^^
tltuir os Estudos e obrigaçoens que os jezuitas cumprião.
i. (2ue se falta ao estabelecimento dos Estudos, porque se váo dando as quintas
doa jenitaa aoa creadoa da V. Ex.*.
6. Hooverio pCMoai q^a Ibe disserto que a Deduoçio Chronologica bera dos livros
que no século prezente não só continha a fraze mais pura e o istylo mais elegante e nobre
da Língua Portugueza, mas tiobem bum riquíssimo tbezouro índiqwnsavel aos fUturoa
eaar iptorea da Uaioria Portuguea desde o Oovemo do Sr. D. João 3 (...) ao que elle res-
pondeo que a tinha no seu cubiculo; porem quB flaon a tínba lido oaoi a qoaria lar, oqfa
resposta parece ser em attenção aos jezuitas.
7. No Conegio da Puriflcacto em certa palestra que dava (a dsxampararlo algumas
paaioas) argumentou com o
substituto de Gramática Salvador da Sylva Madeira asseve»
rando ambos que Sua Magestade peocava em retardar os pagamentos aos Professores com
f^rfkma» e cavilaçOes que apprenderio da sillugistica dos jezuitas (...).
8. Fatova todos os dias à noite oom bum grande jezuita no evirilo por nona o
Irmão André que foi prezo pello Tribunal da Inconfidência (...).
9. Tem conservado bá muitos annos o espirito de jacobeo, e agora prezentemente no
CoHegio da Pnriflcaçlo, aonde assiste com algnmu pessoas, tem goerido dilatar este mesBM
espirito, trabalhando com todo o empenho a que as taes pessoas concorrão em lugar comum,
a certas devoções e actos que parecem pioa. (Aos que nio querem, trata mal; aos outros
cbama bmão» e IraioaslRAar).

Copyrighted material
— 683 —
10. TeoMe ooiilieddo wr a «» virtude cnpeifidal e «pparente, por qauto de dia e
de noite introdnit no (I<to Collegio, huma moça ( ).

11. Do aMmo eipirito jczuitioo procede o infamado e dezacrediudo os novoe


ter
t
ettudoe qoe Sua MigNlade « inoa aoa leiíi Profenoree (...) porque aoido bp^ »
da Directoria Geral dot EMudos tem alterado e violado o que Sua Megastade determina
no Alvará dc reínrrna e nas uas Reaes lostniccOes (...) seu grande eocio e ereatura na
(o Salvador Madeira) (...).

12. (...). 13. (...X 14. (...).

Esta pois he 111. mo e Euho Sr. a verdadeira copia e imagem do caracter jezuitico
que tão fielmente debuxou no MU espirito o dito Francisco Xavier do Valle, bum dos faça-
BOtM peiciMS e apaiiMBtdoa doe dittoe Jwotm (.«) • aniai V« Bx«* delecuiliiará oomo
mellior for do serviço de Sua Magestade.
N.B. —
À margem, as seguintes notas:
<restemunlias. 1. O ProfiMaor de Orcgo Antánio dos Santos Simões. O P. João
Butler. OftoisHordeRlietorica. Jon Joaquim do Triboml do Santo OOIdo. 2. Tae*
temunhas Os mesmos. 3. Os mesmos. 4. Os mesmos c mais o Professor de Gram-
S. Os mesmos. 6. Os mesnoos.
matica Luiz Madeira. 7. O P. Joio Butler, o Pro-
AMMordeOretoeodeRelorka. t. loae Joaqaim do flaalo Offldo, Jobb MBi ModvlMSo
no Collegio dos Jezuítas, o P. João Butler, António Martins, no Collegio dos Jezuitas os
creados de Francisco Xavier do Valle, Joze Ruiz e Antonio Pires. 9. O P. Joio Butler,
o Porteiro do CoU^o da Purificação, Francisoo Antão, Alexandre Delgado, Manuel Fíres,
o Professor de Grego e o de Rhelorlca e os creados do mesmo moradores todos no CoHegio
da Purificação. 10. Os mesmos e mais José Joaquim do Santo Ofíkio e mais o Professor
régio Luiz Madeira. 11. Os Professores Luiz Madeira e o de Grego e Rbetoríca e o P. João

Butkr.oP. Meaud JoeftewiolerdoBx.*MAieebiipo. 12. OsFMteonsLoiíMadeita,


António doa Santos e Manuel de Castro, O P. JoIO Butler.
Cr.T.^Min. Just.. M. 20, maoele 3).

b) Carta de D. Francisco de Lemos sobre a r^orma da Uiúvertidadt

lU.mo e Ex.mo Snr.


O papel de que falei, era o que acabava de completar a Doutrina dos Lugares Theolo-
gioos, suprindo entre os Coodlioe e Padres o lugar doe Pontífices, e acrescentando no fim
hum paragrafo para indicar oa onlraa quatro Lugues inferiorea, que lio a autoridade dos
Theologos, dos Fiiozofos, da Razão natural e da Historia, dos quaes todos fala Melchior
GuM>, e oom elle todos os Tbeologos que tratão desta matéria. A respeito do lugar da
autoridade da Sé Apcetolfca, ou doe Pontifloea, tive a honni de repnnotar a V. Ba.* que
liavia guardado silencio sobre elle nas primeiras folhas, que levei a Junta; porque dezejava
antes de falar nesta delicada matéria ser instruído por V. Ex.* sobre o modo com que devia
nella portarme. E pedindo eu esta necessária instnioção a V. Ex.* foi V. Ex.*servido dizer-me
que me regulasse por Melchior Cano, e me fortalecesse com este escudo. Por efeito desta
rezolução de V. Ex.* formei huma folha, na qual supri o que faltava entre so Concílios e
Padres sobre a autoridade dos Pontifices c conclui a instrução com a lembrança dos outros
qpiatrplugOTe infcrioffee ;aqualfoMiapuiBapw mBca deV.Ba.*«aiiOetrM; repwi^
ao mesmo tempo a V. Ex.* a necessidade que havia de tocar nestas matérias; assim paraque
O Professor não ficasse entendeodo que devia instruir os seus Discípulos so nos lugares
dedaradoe, como paraque eewpjfawem o» reparos que o corpo doe Theologos podia ftmnar

Copyrighted material
— 684 —
M» Plnnw oio M teb nmçio dos ditos lotWM» omhidot nM primeiíM foflMt; por ino
advBTtia Miguel Menescal. persuadido que na Imprensa se teria confundido o dito ptpsi.
Agora passando ao que V. £x.* me ordena, pareceme, Ex.mo Sr. que tudo se pode renaediw
m alterar as folhas ji impressas e parar a Impressão, meteodose algumas palavras nos ssni
coavetoMa Ingues, ms qoaes se reoomBDde ao PnAssoTp qae anim
da Sé Apostólica como dos mais de aos seus oti\ intcs huma solida e genuína noção. Se
agradar a V. Ex.' este modo, hoje mesmo satisfarei as ordens de V. Ex.* com a devida sub-
misalo; e para todas as msis que V. Be.» for servido ordenamie, lioo pio mUssimo, Deas
gvarde a precioza vida de V. Ex.* por muitos annos.
LirtMa 3 de Novembro de 1771. Ul.""» e Ex.'»> Sr. Marquez de Pombal. B. as M.
de V. Ba.*. Seu aouito (. .) obrigado CapeUo Fraadsoo de Lemos de Faria.
.

(T.T. — Min. da Jnat., M. 4Q.

e) Otmnri * m Deemàb
Ill.roo 0 BXJBO Sor.
(...) 2. Remeto deMxo do N.« n.* Inm extracto da consulta que a inasma Seal
Camera (de St.» Clara) apprczentou a S. M. sobre a Cadeira das Decretaes. Foi esta Con-
sulta feita por D. Jozc Cirillo, Lente de prima de Direito civil n'esta Universidade. Sei

que o Marquez Tanucci (Ministro) gostou menos da ditta Consulta que de humas notas
contra a menia, firitas por Geoovesi. Elie tem escrítto muito, e muito bem, contra o nso

da aobreditta Cadeira. N*este mesmo objecto se aclia pnaentemente escrevendo hum


d^Bttea Lentes de Direito Canónico, chamado Gavallari. Hum Religioso Capuchinho,
que he muito instraido n*esta meteria, etcreveo aqui uttimamsate hum VvptA, no qual per»
tende provar os seis seguintes pontos.
Primeiro: Que as Decretaes reduzem os SobeiailOS M gráo de Ministro do Papa,
estabekcendo-se n'ellas que elk as faz e desfaz.
Ssfund»; Que as Dewrtaea tendem * abolir as Leb Ovis em tudo aquilo que he
Roma.
contrario às ideias da Corte de
Terceiro:Que ellas são inteiraownto destructivas do poder Legislativo.
Qnarto: QÕe ellaa tendem a privar ca Bispos de toda a «ufhofidMOtgndQdloa ao
estado de meros Vigários do l>apa.
Quinto: Q\ie ellas atácão a liberdade dos Povos.
Sexto: Qtie ellas tendem finalmente a reduzir todos os Povos tributários do Papa;
cendBhdo qoe paia El Rey oooservar a psopria anthoridade. a libeidade da sua Ignija
e a felicidade dos seus Povos deve abolir as Decretaes.
Ouço que em Parma se trabalha também em huma semelhante reforma. (...).
Deus guarde a V. Ex.*. NqMbs. 3 de Isosiro de ITO. DLmo e Bxjdo Sr. D. Lois
da Cunha. Joze de Sá Pereira.
(T.T — MÍolst«río da Justiça — Ma«o 47).

4) Vm mw *tlbpnÍHiit0* duottnttkh
Oustrlssinio o eMCsisntissImo Senhor. O inclueo p^id pola verdade, do qne contcni
è digno de que V. Ex.* por imi esforso de sua generosa condescendensia o leia e Ihadsflnia
como merese a umilde coofiansa, com que ouso dirigirlbosem outra recomendasam, que
aquela me sumioistra a sua mesma eroicidade. E dando<me a onra de fioer a V. Ek.*

Copyrighted material
I

I
—685 —

fclisídade da Patria, e gloria do Nome Português. Roma, 19 de Junho de 1769. Da V.


Exceknsia umilde vcouador, e fiel aervo. Joaquim Xavier Henrique» Almeida.

m
Ilustriniido • EwleitlM i o Saobor. Tendo eu sabido, que o Senhor D. FrancíHO
de Almada retomou em Roma com o caracter de Ministro Plenipotenciário desa Corte,
que nove annos antes aqui exercera; vim da ludiaUura de bum feudo da casa fiorguesa,
• qoem rirvo «m
jè teit mam», • laDovar-lhe nun aomente oe oAdoe petonei do meo vw>
peito, que aqui mesmo lhe tinha dedicado hum anno antes da Rotura: mas muito princí-

pakueate aqueles outros substtuuiaes ofisios da minha fidelidade e do meo obsequio para
cooB Sua MisBitads fiddiNiBMi meo Plrtncipe, e Senhor tutuni. Eu vesho de jiMtiihii
a minha conduta na presemt do dito Senhor, e do secretario cavalheiro VeniQr* p^^Vfflw
juntamente em considerasam os meos talentos, e o ardente dczejo de emprega los, como deve
um iogenuo Português; com tanta verdade, e evidcnsia corroborada com testemunhos tam
irnifrapwii que ambos eotemecidoe à vista do meo dezanparo; nam somente lonvarun
os meos esforsos, mas também mepuomcteram favor, e protesam na primeira oportunidade.
Mas eu nam quero ser devedor è minba fortuna da diligensia de solisitar também a bene-
flrio do meo tcnw mwwin iHi t o e alto patrotiiiio de V. Bi.* w^iHandolhi» quein oom o

MO finisimo disoemimeoto reOetir, que este mesmo aUWfimito oom que o requeiro, dá
daro iodisio do meo nam vulgar talento; e forma a mais prezada recomendasam, que pode
induzir o erolco Animo de V. Ex.* a exaudirme. Eu mostraria nam ser magnânimo, se
temese manWattar a V. Ek.* qatalo «em paixam conliaao qne ¥dio; • ofenderia a ana fl»
núnadisima Mente se com muitas autoridades verífkase isn mesmo. Decifro pois em duas
palavras todo o meo intrínseco meiaiiiiMito; isto é — vivo livre de todos os prqjuizoe:
a Mm Imm Flloeofo de Ooclo Bm vlrtuda do primeifo poolo nam adiidilo Ideia» um
r*ffn?lÍTfiTr'. que com o próprio juizo nam conhesa: costumo pois conheser com os crttieoi

prinBpkM, que formam o bom gosto do presente século. A pmdensia politica, e a paiti>
onlar aam oa olgectoa daa minhas mediuuoes; para quem segue aa mnolai o
mhido exame daa outiaa adeadu. O segundo requisito me fomboe as quaHdadaa neoem
rias para vestir qualquer conveniente caracter nas convcrsasoes, e no numejo dos negó-
cios. Digo também brevemente, que tendo me formado em cânones oa universidade de
Coimbra em Judio de 1758 vfan a eetudar em Roma fiado oa pcotasam daquele Bispo; o
qual porem depresa me dezamparou, sem duvida porque de ca lhe respondi em certa oca-
siam de modo tal, que ele comprendeo nam ser eu abil a proseguir no fanatismo dos jaco»
baos, do qual nunca bem me persuadira em trea annoe, que na famillarídade do tal Bispo
me exerdtei.
O Padre Fr. José de Jcsu Marta Caetano agora ahi Provinsial da ordem dos Prégadores,
o qual entam se achava em Roma reconbeseo cm mim o talento que eu venho de indicar.

pesoa exposto a incerta fortuna hum Sucedeo porem,


Filosofo de grandes esperansas.
qine vendo-me eu obrigado a ganhar aqui a vida, me constou sempre hum animo superior
à miiilia indi^BBala. Noa tiaa anraa, em que ma aUllai em Roma pan aor Advogado;
• iMlii ultniioa aeia, que tenho sido juis de fora nas terras do Príndpe Borges tenho dado
provas de grande espirito, e retidam. Mas cu tenho entretanto aplicado, c adquerido
huroa outra prudensia politica, a qual me fas dezejar muito no serviso do meo Rey, unifocme
às akaa ideias de V.Ex.*: mas desta tal Pradeasia nam tenho tido oeaaiam de dar ao mondo
alguma prova; sendo dela principal documento aquele de "saber dísímular». Julgo poMi
nam dever disimular cousa alguma com V. £x.* que eu observo com eroica cooitnaia»
e alawdtaliiia paaattMMn todo alnto aun ao a ftltaitar, mn tuÉbéB • tear ciMinb •

Copyrighted material
— 686 —
co mMdivd « todo o amado «nidito iiMta» • hm Artunt idudes o govomo, o decoro, e •
gloria do noso soberano. Nem é necesario que eu advirta a V. Ex.* que nam lisoageio;
pois que nam mas unicamente inculco os próprios senttmeatot BI
faso aqui panesirico;
esperansa de dever dar provas decisivas no servisodo mesmo Príncipe perigo, ao qod nam
me oqxnle, ae advertídameote ohi ooahesese, que arim é na realidade. Ba certameate
nam sei louvar aqueles omens de pouco espirito, os quaes se contentam de partir deste
mundo sem ter obrado coiza digna de contar se aos vindouros. Desde que livremente penso,
oooiíeei i|oe paia ehepv a wr oaMa (faode sitapattane coai oe qae ja o ibbb: V. Bx.*
tem sido, é. e será sempre o men Froc. Aqui porem devo protestar ingenuamente a V. Hx.»,
que eu nam me considero necesario; nem tomo o atrevimento de propor um plano, ou sis«

a minha atensam para executar em alguma parteaqMleiteanMi da pobtica utilidade, e decoro,


que V. Ex.* tem felismente promovido com venerasam de quem pensa uniforme is suas
sublimes ideias; com admirasam dos que a tanto nam chegam; e com orror dos que se
atreveni a repugaar eanter eate manWisto da toa elavedhlma peaet rasam, e prodenria
sem igual. Devo lambem avisar V. Ex., que se bem me acho nos 33 annos de idade: c seja
de um coaqilexo bastantemeote focoso acompanhado de uma estatura bem proporsionada,
e ratmita; ooa» todo ieo me tenho aMtoado aa pntiea de voa ecaatica pradeoeia, qoando
trato pontos particulares, que intereaam alguém: eu ooneedo «eatageaa ao adversário;
e logo com plausíveis reflexfies o tiro suavemente ao fím que me proponho. Se ele se
obstina, eu nam contrasto: provoco a escrever eruditamente sobre o tal ponto; e quando
O ladnao a ait» partido, eaaqMa akneo «utagm.
Nam pude menos, Excelensia, que dirigir, e umilhar ao seo iluminadisimo discer-
nimento, estas reflexões, bem certo de que, se elas tiverem a sorte de ser consideradas pola

iowiufliBs; nam poderi também V. Ex.* menos, que reoebaodo as em bom grao, e atribuindo
a awesimento a mesma ousadia com que me proponho; dignar se de secundar, e deferir
aoB nãos desejos. Se pois, o que nam espero, eu nam tiver tanta fortuna; nunca me flmee»
taxei com malinoonias: viwiai fertgaado; folguai «empia de oovir as praeas de V. Bi.*
nam poderei livrar-me do disabor de ver-me compadesido por
e a felisidadc da Patria: mas
estes ytalianos aos quaesnam poso sempre ocultar os meos talentos porque nam tendo eu
aU cometido algum delitos a teodo paio oontiario com tanto meo incomodo aproveitado
ao pensar justo, e no bom gosto, que com admirável gloria de V. Ex.* se tem introduzido
oeae Reyno; ajà eu de viver aqui com a forttma de um proscrito. Ora V. Ex.* nam o ade
pennitír e eu emquanto nam vejo favoresida a minha boa intensam a respeito da gloria dsea
Goela; iial seovn Usongeiando as pesoas, que me observam» oom a ^t***— de qoa oa
verem empregado, e protegido no serviso do próprio sobeiaiio.
(T.T. — Minist. da Just. P-14. Macete 1).

XXX

UM QUA8B INÉOnO

OBS. — Acabamos de encontrar, encadernado num exemplar da Dttima lasposta de


Vernei, duas folhas dê Apéndix qiu, por ser raro, publicamos na Uitegra, eommmmdo a orto-
grafia arigliitt»

Copyrighted material
— «7—
AFENDIX
Na página da ULTIMA RESPOSTA, antes do §. Conduefinabnente
140.
faltou por descuido do impresort <iue nam reparou em uma folha, que ali
estava inserida, o seguinte:

ERROS TEOLX>GICOS DO GRANDE MODESTO


Mas paraque entendais melhor o q. digo, epilogarei aqui dois erros
dogmatieot do grande oeuor Modesto: e os-proporei à censura dos verda-
deiros Teólogos.
L Uju dos nosos dogmas Católicos é, a autoridade dos antigos PP,
€U todos» OU a maior parte, em matéria ilc fé, nu bons costumes é infalivel, como
pfovei na Propozisam XI. Arsênio negou esta infalibilidade, atribuendo-a
por ignorância a cada P. de por si. O Apologista por caridade fraterna
(sfc)
mostrou-lhe (1) o sentia obvio da propoiisun. O noso Modesto sem
embargo de referir a solasam do Apdog., contudo pertinaamente toma
a negar a dita iniklIbilidadeOO. Onde nam potendo al^ar ^Snonneia.
e ajustando-lhe a pertínackt, dise uma erezUt formal.
II. A erezia de Nestorio consistio em dizer. q. asimcomo em Cristo
avia duas naturezas distintas, asim também avia duas pescas distintas, as quais,
por cortsequencia, so se-podiam unir com uniam moral. Onde dizia, q. em
Cristo ttaturtza e pesoa eram sinónimos (3). Baindaq. nunca dise clanunente.
q. em Cristo avia duas pesoas(4); contudo como os FP. oonhecteam, q. isto
se-seguia necesarianwnte da sua doutrina, foi reputado, e condenado por
ereje(5).

U) Resposta pág. 141.


CÕ AM$ts Htottrarta Igmrmiela^ m lai Sam. Owwwir—sm, pag. S30, ( 2.
(3) Nestorius duas inducendo naturas, duas putavit esaa faraanas: et ob hoc arbitratus
a0 ao Kt aaerUago dogmau dÊKM Christoi imkiei. Vigiliiu contra Eutydi. 1.2. tom. II. Bibi.
FP. p. 432. Nbnimn haac amria taatri, at «m alia oousa ar. Mam dam mm valaiis dta-

sonam: immo nullatenus credentes naturam posse esse sine persona; vocahula persome natii-

rananq. confunditis; et duas omnino ptrsonas^ sicut duas naturas unius Filii Dei sine dúbio
prmdleoMs. Josa. Mnoat. Dtalof. oootr. Néttor. teu. 4. BibL coL 410.
(4) Verum nunquam Filias, vel Chrlstos duos, neque personas duas in Christo Nesto-
rktt pmfessus tameui ra vera Ua aaatíntf idq. illius ex principiis ae daeratís neeesaarh
est;
aaaat eonsequens: qaod aHam odstnme dam, et per ambages, aneipiteaq. aeatentias mirls
artibus conaíus est. Petavius Jes. Dogmat. tom. S. 1. I. cap. 9. n. 7.
(5) Scopum hunc habent (Nestorius et sui) duos praedicare Christos, ac duos filios. ..
eoq. stabUito, solarum personarum unitionem asserunt: ideo versute agunt, et excusaíiones
Ut paeeada fiagaa», Q/tíL Aka. «pbt. 8. ad Ckr. Oomt. j». 33. took 5. p. 2.

Copyrighted material
—688 —

Suposto iito, dúe Arsênio, falando de Cristo (1), Qtte para uma pesoa
fe-dkmar rniUMO» so à nofkovi», cu seja a tMa-mm wmm
tatla: íoêiIú osMí, fw êUat pdmras tamú, e peioa nmana som timtímBM.
O ^wlog. ensinoii41i» taadMm por eaiidade (2). q. esle era o mesmo cero»
de que os PP. diziam q. sc-infcria neoesariamente a crezia dc Nestorio.
Mas a consequência Ncstciriana, q. nam inferio Arsênio, inferio o grande
Teólogo Modesto, que dise claramente, o q.nam chegou a dizer Nestorio,
pois diz asim: Que para Cristo se-podtr dtmmr pesoa umam
Ckxtolico, bastava atender a natureza wnana, aíndaq. a subsistendafose dMna (3).
E logo: £ila palavra //"bano vale o mesmo q. pesoa: e s» CMsto i amem»
no mesmo sentido é pesoa umana (4). E abaixo: Se basta a umanidade para
se dizer da pesoa de Cristo, est homo; basta para dizer, est humana, (persona)
E logo diz: Falso è dizer, q. è pesoa so, ou puramente umana; mas nam,
divina simul et humana, {persona) E mais abaixo diz: (5): Se a pesoa
de Cisto por ter maruàldaáÊ, t imortáttdadt at-pade dtur mortal, e imortal:
kmAem por ter dSfMidbdlr, e unmádade, se^ode dizer, divina, et humana.
(persona).
Onde na opiniam de Modesto, asimcomo Cristo verdadeiramente è
omem, asim também verdadeiramente è pesoa umana: e asimcomo verdadeira-
mente tem divindade, e umanidade, asim também verdadeiramente è pesoa
etívinot e wnana: porque diz q. natureza e pesoa sam sinónimos. £ que
diferensa tem este erro da erctíã fioniuil de Nestorio?
Direis, q. Modesto tambean afirma, q. cm Cristo a subsisleiicia é divina.
Mas iM> nim desbz o ano. qoando ele establece princípios contrários u
isto mesmo. Com a mesma capa se-cobria Nestorio. o qual para evitar
a nota de ereje, fingio sempre que admitia um so Filho, e Cristo, e Pesoa: (6)
mas admitia princípios de que se-seguia o contrario do q. proferia, e por
iso era mj^: e isto também faz Modesto. Deaorteque fiõt evidente, q. os

pfindpioa de Nestorio. e Modesto sam os meamos: e q. este ainda fUou


maia daro q. aquele: e afirmando isto pertinasmmte depois do «vizo do Apo-
log., nam se-pode livrar de ererib formal. £ estes sam aqueka tamimhna
Teólogos, q. acham ccezias nas propozisoeas Católicas do Barb.

(1) Reflexoens. pag. 24.


(2) ReqxMU paa. 131. 132.
(D Oomeisss. pag. 494. 1
(4) Ibd. pag. 495.
iSi Ibd. pag. 496.
{jSi àm tabtUas kte ee verÉ^fdBMhmeikm ám)qiiod tBãma
i!^Êtíiei m tmk^^umtdl
m vtnm dtgmeUm areUteetis, verífonm ambigitlíat* fe/dlit incautos, ebm et mum persomm,
et MMit filban t^erte professus est Chrístum; et ému Imertm rtfpaa pn/rieq. ttgnifieerlt em
ferem», Petavtus kwo wvra dtato.

Copyrighted material
— 689 —
Se porem algum Teólogo duvidar da consequência dita, tenha a bondade
de eitaminar. Se em algum sentido CaUtlko se-pode tUza^, q, Cristo é yerdadeim
pesoa umono, tomando a palavra pesca no sentido Teológico: (1) esea Igrti/a
aprovou e aprova tal propozisam. Ou se admitida a propozisam, nam se-segue
o erro condenado em Nestorh,

Na pag. 58. { 2. M-acte vigor kis dos, gmead»<e vigor de Mg áu dUot.


Nê. pag. 102. Aapaí aaie pola orelha esquerda etc. emende-se, Dapd sole entra M»
arttrfttf, ete. Os outros erros de ortografia, c de língua tanto Latina, coeao vulgar, facil»
mente se -conhecem, e os-podc emendar o diligente leitor.

XXXI

o RATtO STUDtORUM ISB FILOSOFIA

Entre os muitos manuscritos e impressos que alguns Conservadores da T.T., Dr." Maria
Frandsea de Amirade, Teresa Barbosa AeabadOf Maria José da Silva Leal e Drs, Jorge Pires
de limo • Akãm» da SOva nos têm propordouado, merece especial rekvo o Etencbitt Qaae»>
tionum, quac a Nostris Philosophiac magistris tractari dcbcnt In hac Província Lusitana
Sodetatis Jesu, Ulyssipone, Michaelis Rodrigues, Em."'^ Domini Cardinalis Paíriarehae
Typegnpldt MEtCCUV, OmfiiadM* Superlorum ^ 25 págs. qm, por só chegar ao mesto
conhecimento, quando este volume eslã lodo impresso, nào rcprculuzimos na Integra, f^ííe-íe,
no entantof que se trata de um precioso documento pedagágico, que expUeaeJositfkaaorten-
loção remmda doe ametu filosóficos de qae nos tteapámos nas púginae 235 e es. Mim de
outro ndor, tem o de mostrar que ena renovação nõo era esporádica e deHda ao entusiasmo
de um ou outro professor mais jovem, mas foi ordenada conscientemente, com o propósito de
actualizar o ensino da Filosofia^ reduzi/uio-se, em grande parle, a temática cientifica.

Bs alguns extractos:

Praetnitti debet Cursui Phílosophico brevis quaedam notitia de Historia Philosopliica,


pcctiHaria FhOoaophonmi, piaecipiie Nèotarioonnn, placfta winunatini reoenaando, addtta
Chronología teropofis, quo oeiebríorum sectarum antesignani flocuerunt (...). Lógica
Apprchcnsio, sivc Pcrccplio (...) De idcís simplícibus cl composítís (...) Dc ídcarum
singularítate et universaJitatc (...) De idearam claritate et distinctionc (...) Judícium (...)

Discunus (...) Methodns (...).

(1) Muitos PP. do Concilio Niceno, e o mesmo Atanazio, e Cirilo Alexandrino


(o qual porem em outra» partes te-expUca) tomam algnoia vez a palavra kyposiasts por
imtteresa, e eseneia. Nfas despoisq. o Concilio Erezino em 431. canonizou a 2. carta de
S. Cirilo, e tomou a palavra hypostasis por pesoa e subsistência; toda a Igreja conveio niso:

e neste sentido a4oaiafflos neste lugar, e a-toma também Arsênio, e Modesto, o q. devemos
eoaald w r, para evitar a* soas cavibioenB.

44

Copyrighted material
— 690 —
FRO PHYSICÁ

(...) diaaentur ddnde» quacnam sit ilHas dfvWo; quaenam partes et qui eun potis-
simum Authores tum priscis tum recentibus sacculis i!lustra\L'rint ..) compositionis corporU
(

naturalis (...) proponatur (...) lententia Anaxa^orac, Leucippi, Dcmocríti, Epicurí ac


Gaasendi (...) Siveremniniedenturexaiiuiu Caithesianum, Ncutoníanum (...) De motu
locali, de quiete de gravitate oorporum (...) Ubi quid Khola Peripatctica, Gtflesiaiia
(...)

ac Nciitoniana sentiat et quid veritati propiius proponatur Dc legibus motus uni-


( )

versalibus (...) De corporum elaterio: ubi Carlesii, Gas&endi, Nculoni seDtcntiac exami-
naadae, statoatur «luíd ait teneodiun. De graviam deaoensu per plana incUnata (...) de
pcndulis í ) Dc prc!isionL- fluidorum (.. ) Hbi aliqua ciirit^sifatis pratia non abs re crit
attingere de molibus per macbinas (...) Quoniam vero ad nonnuUas ex praescriptis quaes-
tíones, praeserttm qnae agmit de Rasnlis ac Legibas motus, perfecte addboendas neoenaria
omnino videatur aliqua notitia dc Geometríae ac mechanices elcmentis» brevis hic ad calcem
Phytkae seoctalis, de utriuaque tractatus aeparatiin institui polerit. Agatur igitor ex
Geometria.

Copyrighted material
— 691 —

CHAVE DAS ABREVIATURAS DA BIBUGORAFIA CONSULTADA

A — Ars Poética exempíis Ulustrata. Mo P. Manuel de Azevedo, Venetus 1781 . 2 tomos.


Ac Academia áts BumiUgs 9 ignorantes. Litbo», 1759-64. 8 vob. Tomo III. Lúboa
1768.
Aca — Uma Academia Científica Luao-Etpanhoki, antes da txpnbâo dos Jesuitas. Por
António Alberto dc Andrade. In BroUriu^ vol, 40| ftsc. 6, Junho de 1945.
Aaá^ Académicas Oraçoens Phisico-Anaiomieo-MedíahCtnargicas, em que practicam
os mab EruMos da nova Academia dos quatro Setenetas, para a eomterçam do
Seu author o D. Antonio dc Monravá y Roca (...)
errado lastimoso povo apolino.
Dedicam-se ao Máximo e Exoelao medico P. D. Francisco Xavier Leitam, Antuér-
pia, 1732.
Acade— ileodbmíii Slnpáar e Univmai, Htstorteo, Mortd * Mlttea (...) eomtítattto dt
htm varam perfeito, desde o instante primeiro que se gera no vetdro motomOt Oté
O imtante idtimo que no claustro da sepultura se resolve Por Fr. Joii de
(...).

Jflwa Mm, ReUgioso da Ordem de S.


(...) Frandaco na Provinda da Arri-
bida, 1737 Lisboa Ocid. Of. Pedro Ferreira.
(...)

Aoe — Aeenttu Musas Portuguesas na sentidíssima morte da sereníssima Senhora,.


stuidosos tias
a Sr. D. e parte. Lisboa, Antonio Isidoro da Fonseca, 1736
Fi^ancisca (...) 1.* 2.*

Atíl — Aeta Consislorh Secreto


tn a Sanctissimo Domino nostro Pio Divina Pro-
futbito

videntia Papa Sexto Feria VI. Decenais MDCCLXXVIII. Snlemni Domi-


itícae Nativitatis die statim post missam pontificalem, in Basilica Vaticano prope
B.M.V. de Cobannae, et S. Leonis Magni AUairht (...) àbeohdo. Oliiipoae. Ex
Typographia Regia. MDCCLXXIX.
Acta — Aeta EndUoram. Lipsiae . Prostrant apud Io. Fríd Oleditschii, etc. Lancldsii
heredes. Venduntur etiam Romae apud PagUarinoa.
Ad — Adtmanza sdtue ileUa Saera Real Maestd dt
tcmita degli Arcadi per la ricupcrata
D. Giovani V di Portoi^nlli). Roma, 1744.
Adm — Admirações sentidas que peia irremediável perda da Seretiissima Seidtora InfaMe
D, l^melsea redten F^antíaeo de Fbm e AMo (...). Liabon. Migoel Rodrigues,
1736.
Ag Agttatio 2.' per signa (B.A. - S(^>Ill-35). Pars Prima in nysleam Agitatio l.*' per
PtOfOem Genertdem (BAi • SO-IQ-io e Fars 2.* in Fhyticam Agitatio 2.* per
Phyricam Farticutavem De Animn (B.A.-SO-IU-37). 1738. Antor: P. Fedro pa
Serra.
Al — Alphabeto dos Lentes da Universidatie de Coimbra da insigne Universidade de Coimbra,
deedt 1337 em êkmte. For Fraadno Leitio Ferrdnu Coimlnm, 1937.
Alm — Almanac/t de Lisboa para o ano de 1782.
Am — Amigos de Ribeiro Sanches. Por Maximiano de Lemos. In «Ardlivo Hist. Por^
tugoez», voí. vm e IX. Agoato-Seicmbro de 1910.
An — Annales d^Espogne et de Fotrtttgàí. Por D. Juan Alvam de CkrinwnM. Anuterdlo,
1741. Tomo VL
Ana— iteoibif do que se eanién no 1.* tttmo bititidado Verdadeyro methodo de Estudar
para ser útil... (Ms. da B.P.E., Cxn 1-35).

Anat — Anatomia do Corpo Humano. recopiLula com doutrinas Medicas. Cliimicos. Filo-

sóficas, Mathemaiicas, com iiuiices e estampai, representantes todas as partes do


corpo hamato. Voí Bemanto do Santuod. Lisboa, 1739.

Copyrighted material
— 692 —
Ano Aimo Hbtorteo, Diorio Fiartoguez. Hotida abrwHaâa das pestoas grtmdu o cohnw
notáveis de Portugal. Por Fr. Fhuidaco de S.ta Maria, CâMSO de S. Joio Evang.
Lisboa 1714. 3 tomos.
Ant — Antonio Cenovesi, por Giacomo Racioppi. In Napoli, 1871.
Atítt—Antecrisis Apologética á verdade dg Ft^i, aeguada vez vindicada ou Solução dlettt

Evidcntiasinia, que hum Anónimo escreveo contra a Coiitríidiçiio ev idente de Feijó


sobre a Medicina. Composta pelo Doutor Antonio Isidoro de Nobr^. Lis-
boa, 1746.
Anti — Antiguedad y Ribera opatmKhs. Por Antonio dc NTanrasà y Roca. Víadrid 1729.
Anttc — Anticrisis Apologética ã verdade de Feijó, segunda vez vindicada (...). Pelo Dr. Antó-
nio bidoro da Ndbn«i. Uiboa 1746.
Ap — Apontamentos p$m a tétCOSH» de um Menino noi>re. Por NfarthdlO de Moodonça
dc Pina c Proença. Lisboa. I7?4. No\li cd. Porto, 1761.
Ape — Apcndix ao que sc aclui escrito na Matéria medica do Dr. Jaca de Castro HarmetltO,
sobre a mtuma, «aa Mí O Bi. ^fitUos t uso pratleo em^rma de bebida e bmho» das
águas das Caldas da Rainha. Londres, 1753.
Apen — Apendix ao Filosofo Solitário Justificado ou Confissão e abjuração dos erros
de
orútagnfiea^t ^
se odta bmadada a^miOa Obro (...) Dada à laz por
Golhano Galhardo Oalhoio Galhudo (...). Na Offidna de Símlo Thadeo
Ferreira, 1787.
Apo — Apologia de la Theologia Esciwlasiica. Por Fr. José de S. Pedro de Alcantara
Castro— Segovia, 1796-7.
AffA'— Apologia Del Portoghae o sia Resposta di S. C. Don Ilortazio de Huy cuydàdos
Spagnuolo in difesa di alcuni Passi dei Libro delle Rijiessioni deli'Autor Portoghese,
ébretttt ti hioho Reverendo Padre fí-àyk Amteo Cereognal deUa Compagaia, soUo
la data di Madrid ! Maggio 1759, e tradolla in Napoli dtt N.N. AT.A — CODtra
os Jesuítas portugueses. Referendas ao P. Benzi.
Apoo — Apontamentos para a vida de Bento José de Sousa Farinha. (B. A. - 51-IV-lO, n." 1).

ApOOt — .Apontamentos acerca da biografia do notável architecto da BasOlea JZeof (...) de


Mafra. Pelo Visconde dc Sanches Baena. Lisboa. I88L
Appa — Apparatus ad Phiiosophiam et TIteologiam. Ver Bibliografia verneiana.
Appe A^eudlee aUe Ri/ks^oui dei Forto^me «d Memoriale dei F. Oenerale de ^Gesidtí
prescniatn alia Santità di P.P. Clemente Xtii (...) O sio RispOSta detfAtidOO di
Roma air Amico di Lisbona. Jn Génova 17S9.
Ar O Ar^dvo Histáríeo do Ministério dos Negocies Estrangeiros. Por Lais Teixeira
de Sampaio. Lisboa. 1926.
An — Archivio Muratoriano Preceduto da im l.ctt,'ra inrdila di Ludovico Antonio Muratori

intomo al método de'suoi Studi, per Cura di L.V. Ldizione coitsacrata da Pietro
Moiatori a odebrare il aeoondo Gentenario dalla Nasdta dei Grande Antenato.
In Modena, 1872.
AtOL — Os Árcades. Por Teóíilo Braga. Porto, 1918.
Aicad A ArcdiUa iMsttana. For "TedAlo Braga. Porto, 1899.
Ali— Ariadne Rhetorum manuducens ad Elaveutkm Adideseentes. foT Luis Joifares.
Típ. da Univ. de Évora, 1714.
Aiq — Arquivo dos ÃKadie—OM, Cnicmihtiú (im-ll2i). VoL 11 e III. (B.A.R.).
Art An et Scholastivie. Por J. Maritain. La Libiaície de Vuit Gatluriique. Faria.
Arte— ^lí/c Poética ou regrai da verdadeira poesia em geral c em todas as .v//í7v espécies
pri/uipaes, tratadas com Jidzo critico. Pelo P. Francisco Jose Freire (Cândido
Linilano). Lisboa, Randaoo Luia Ameoo, 1748.

Copyrighted material
—693 —

ArteF— >4 Arte át Fkrtar, E^dho de


aigwws, Theatm de Verdades, Mottrador de Horta
minguadas, gazua gertd éu Xe} nos de Portugal (...) Composta pelo padre António
Vieyra (...) Amsterdam, Na Officina Elvizeríana 16S2. NJB. Autor: P. Manuel —
da Costa. Ano da Edição: 1743.
ArtoO — Arte da Guerra Poema do Grande Federico, Rei de Prússia, Traduzido em Verso
por Miguel Tibério Pedegachc. Segunda cdi<;ào. Augmcntada com o Compendio
das Obrigações do Soldado Catholico, tanto no silencio da Paz como no estrépito
da Guerra, deade Soldado nzo «ti ao poeto de General. Lisboa. NaTypografia
Rollandiana, 1814.
ArteGr — Arte de Gramática para tvrmder a língua Ftamceza por meio da Portugueza. Por
Joaé Arcângelo Jovene. Cdmbra, Imprensa da Univerridade, 1761.
ArteN— iMto OW Novo Methodo de ensinar a Ler a Lingua Portugeza por ntc\o de estampa,
a que se propoim hum novo S}$tema da soa Ortkogn^ (...)• Por Fiandaoo Nunea
Cardoso. Lisbua, 1788.
ArteP — i4r«a Famka de O. Hamdo theea, Thiduiida e Ulnstradt em Portupiez, por
Candido I ii^iiuno. Lisbot* F!rancísco Luis Ameno. 1758.
ArteR — De Arte Retiiorica libri trtt ex Aristotele, Cicerone et Quintiliano praedpue
deprompti . Falo P. Qpriaiio Soarea. NJ. — ESdiçBea desde 1562 até ao
séc. XVIII.
Az — Alguns Azulejos de Évora, por
M. Santos Símõea. In «A Cidade de Évora, n." S»
J.

6 de Dezembro de 1943 e Março de 1944.


^—BeHtoJo»Í,Fnfiiaordeftha^«mÉwtt. Por Mariana Amélia Nbehado Santoa.
Coimbra, 1945.
Ba — Balança Iiuelectual, Ver Bibliografia Verneiana.
IBit— Bento Jeai de Soma Fsrbdm e o eialao. Por Muiami Amfilia Machado Santoa.
Coimbra. 1948.
Bel — As Belas Artes Plásticas em Portugal durante o ske. XVUl. Resumo histórico por
Luis Xavier da Costa. Lisboa. 1934.
Ben — Bra/o de Moura Portugal. Por Alberto Teles d'Utra Machado, ms. 3S6-A de
B.A.C. —
Publicado nas Memórias da Ac. Real das Scicncias de Lisboa. Qasaa
de Ciências Morais. Nova serie, tomo iV —
parte II. Lisboa, 1885.
BetA — BeModehíomaFúrtutàl. Por J. da CNevea Carvalho. Us «cPuxuama». Vol.I,
da 2." série, 1842, pág. 213 c 223.

Bi — Biblioteca Lusitana. Por Barbosa Machado. 1.* e 2.* ed.:

1. " vol. Lisboa. 1741; 1930.


2. " vol, Lisboa, 1747; 1931.
3.* vol. Lisboa, 17S2; 1933.
SuplemBBto. lisbon. 17S9; 193S.

Kb — La biblioteca ScolopicadiS.niiiUdeotttJbmia. Palo P. Leodeprio Picanjml. Flute


seconda. Roma, 195S.
Bibi — CoitgregatUmts Oratorit OUsIponensIs Apud RegUan Demum B.
BIbllotheeae V. de
Catakttu. 4
Neeessitatlbus (B.A. S4-Xni-38). vols.
Bibli — Biblioiheque de Compagnie de la Por Charles Sommervogel,
Jésus. Bruxelles.
Paris. 1890-1932. Suplement. Tomo XII. por Ernest M. Rivière, Louvain, 1960
BibHo— BMfavr^Sa da PoUndca Vermkma—Vot António Alberto de Andrade— Sepa>
rata da revista «Brotéria». Vol. XLTX. Agosto-Seteivbro de 1949.
Bibliog — .fiíMMj^D^ dos Padres Teatinos. Por D. Tomás Caetano do Bem (Ms. 187 e
«24 da B.NX.).

Copyrighted material
— 694-
Bibliogr — KbHogn^Me fírmeo-PortugtUae. Por Bernardo Xavier C. Coutinho, Porto.
1939.
Bibliot — de Autores
Bibliotíca desde Espaiioles, la Formacion dei Lenguaje hasta nuestros
dias. Obras escogidas dei Padre José Francisco de IslOt com una noticia de su
viday escritos. Por Don Felipe Monlau. Madrid, Imptenta de la PuUiGidad.
à Cargo de D. M. Rivadeneyra, Calle dc Jesus dei Valle, num. 6, 1850.
fiibiioth — Bibliotlucae Casanatcnsis Ordiítis Praedicaioruni Catalogus Librorum Tjpis
Impreíaorum. Tomos Sectmdus. OD Para Prima. C. Romae MJ)OCtXVDl
( l7fíR) , I sciulehnt Joachim Salvioni; Typographus Pontifidm Vaticanni. In
Archilyceo Romano. Superiorum Facultate. (fi.CR.).
Br Brtve eurso de nueva cirurgia (...)• Pelo Dr. Antdnio Monravi y Roca, Doetor en
Medicina por la Real Univ. de Lerida. Cathedratico de Anatomia de el Hospital
Real de toilos Los Santos, Presidente y Fundador de la Nueva .Academia Physico-
-Cirurgica,Doctor Anatómico deel Sereníssimo Rey de Portugal, Medico Catalan
«Leldo en didia Academia (...). Lisboa Ooddeotal. 172S.
C A Censura Uterária dmmtt o Gamito PonMIno. Por António Ferrlo. Odnibra,
1927.
Ga — Caltdogo das Obms Critiau a respeito do Novo Methodo da Grtmiátíea Lattna e mata
obras dos Padres da Congregação do Oratório. (Ms. da B.A. SO-I-66, n.° "US^.
Gan — Candidus Rheloricus seu Aplithonii Progymnasta. Peio P. Pomey. Traduzido do
Francês para Latim, em 1736, pelo P. Manuel Azevedo.
CÊX--LeCartitlíiiilsimelialesJisiiltesFiwiçaisauXyiletaÊiXVntsUeka. PorO. Sofw
tais, fn «Archivcs dc Philc^ophic. t. VI, 1929.

Cart — Carta aos Sócios do Journal de Pariz, em que se dá noticia breve dos literatos mais
fammoa, extaientaa em Uaboa, pelo Senhor NOfoel Tibério Fedagadie, e peilo
mesmo traduzido em Portuguez. — Folheto de 23 pags., sem indicação de lugar
nem ano de impresiio. Foi incluído por Manuel da Conceição, «mercador de
livros na rua direita do Loreto», na reedição que fez da obra quinhentista «fiummá-
rio em que breveniente se contém algumas cousas (...) que ha na cidade de Li.v
boa(...)», de Cristóvão Rodrigues de Oliveira. Lisboa 1755. págs. 177 a 199.
Inocfiocio informa que os contemporâneos u atnbuiani a D. Tomás Caetano
do Bem (Dic, n, 7S).— Nimia nota ma. de um exenvlar dlz^e que a Curta M
proibida pelo Desembargo do Paço, e de facto falta nalguns exemplares do Sumário,
«tendo o seu Autor sido condenado a levar uma dúzia de palmatoadas dadas
pelo porteiro, o que nlo teve efeito, por terem acordado em que o Autor
era Ioudo», (Nota de A. Vieira da Silva, na laadiçao do S^aaàría, peto Casa do
Livro, em 1939, que aliás reproduziu apenas a 1.* edição, omitindo, por coik
seguinte, a Carta)'
Ourta— Gorra de ma Fttobgo 4r E^ohImi, Ver Bibliografla Vemeiana.
CartaA — Carra Apologética de um a Ver aniiffo outro. Bibliografia Vemeiana
GartaAn — Carta Anonyma sobre o Novo Methodo ou iwvo est)lo de pregar. Que praticáo
e baeatãit bttrodaOr ofpnr Ptagadorts Màdtmoi. UdM», M^nel Mnwaeal da
Costa, 17ti6.

CartaC — Ceu-ta de hum curioso da Universidade de Évora escripla a outro curioso da Uni-
versidade de Coimbra que pela sua Resposta mostra as eoaaeqaiaeias terríveis que
nascem de alguns Confessores não guardarem o algWo da CoiifiaaÕo Saanmmtal.
(Pelo P. José de Araújo) Madrid, 1746.
CartaF — Carta de Femundo Leme Pico de Lirca para D. Ambrózio de Cisneiros e Aiaia.
Ver BililiQBBafla Vameiaaa.

Copyrighted material
— 695 —
CartaM — Certas de Imma Mâi o sen Ftího peUu quaes lhe prova a Verdade da ReHgiSo
ChristÕ. Tomo I. A Religião provada pela Razão. Traduçfio novamente feita
do idioma Francez ao Portuguez. Liiboa na oíf. de António Gomes, 1787.
CartaQ — Carta Que hum Portuguez assistente em Valença eserefe a hum seu mtdgo de Lidioa,
Conmnicando-lhe o seu parecer acerca de hum Sermão, que na Sesta Feira Santa
í/f tarde pregou na Senta Iwreja Patriarcal Josepli Pegado da Sytva e Azevedo (...)

) Valença, na Ofticina do Antonio Balle. N.B. — Autor: P. Dr. Manuel de


S.ta Marta Teixeira (ver Processo du ediçOes dandestinas, no Ap. Doe).
GartaR — Cana Kcí-ia dirigida ao Illu.itri.ssimo e Escelloitis^into Senhor Marquez de Pombal
do Conselho d' Estado na qual El Rey Nosso Setdmr o constitue seu Plenipotenciário
e Avar tenente na neva Fbndação da Universidade de CoMbra. Fslado da Ajuda
28 Agosto 1772. Coimbra. Imprensa da Univ. 1772.
Cartas— Co/-/í7í Fisico-Mathematicas de Tlieodozio a Eugénio para servir de complemento.
à Recreação P/iilosoJica. Por Dorotbeo de Almeida (Teodoro de Almeida) Lisboa,
1784.
CartaaC — Cavaleiro de
Gorrav. Seleogio. prcftcio c
01iveii:i de Aqpilino Ribeiro iiotaa
Qáarico Sá da Costa. Lisboa 1942.
GtrtaiE — Cartas Eruditas y Curiosas en que por mayor parte se continua desígnio la el
de Theatro
el pelo
Critico Universal (...) Benito Geronymo Féijoo.
Escritas P. Fr.

Tomo — impression: Madrid. Imp. de


I 2.* Herederos de Francisco dei los
Hierro. 1748. 2.» voL— 1750; 3.«— 1750; 4.»— 1753 (dedicado a la Reyna
nuestra Sefiora Dona Maria Barbara de Foirtugal)>
OutasEd — Cartas .whre a Educação da Mocidade. Por António Nunes Ribeiro Sanches.
Nova edição. Revista e prefaciada pelo Dr. Maximiano Lemos. Coimbra,
Imp. da Univ. 1922. «d. Colteia, 1760). MA— Novamente impresn em
Obras.
CSartasL — Cartas de Luiz Aaionio Vvmey a Amónia Fwtíra de fígneiredo aos Padres da
Congregação do Oratório de Goa. Goa, 1837.
GartasP — Carraf do P. Antonio Vieyra (...) Tomo I. Lisboa Occidental. Na Offícina
da Congregação do Oratório, 1 736. v. B. — Preliminares e Dedicatória do Conde
da Ericeira. 3.° vol.: 1746. Regia Officina Silviana.
Cat — Coftttwv diu Mnu Crttkas a ra^eUlo do Verdadeiro Metkodit de Egtmdar^ runtadoa'
tomos da
pelos (Ms. da B.A.
ColteefÕO. 50-1-66 n." 77).
Gata — Catálogo dos EterUores da Congregação de S. Francisco de
história» Por Portugal.
Vicente Salgado. Ano de
Pk-. (Ms. SOS da B.A.C.). 1787. v.
Gatai — Catálogo de Manuscritos da da de Coimbra. Apostilas de
Biblioteca Univ. Filoiofia.
— Lógica.
I opo Almeida
Aliei 1 Sousa. Coimbra,
>.!e c 1942.
Gatalo — Catálogo dos Manuscriius da Publica Eborense. Por Joaquim Helio-
Biblioteca
áato da Cúid» RIvanu UsImm, Impcensa NKiaud, 18S0.
Catalogo —
Catiihgo de Manuscritos (Códices 2S29 a 2fi2S) CoÍnd)ra, 1SM6. PubUcaçOeS
da Biblioteca Geral da Universidade.
OBtalofoC— GoMIdiio da Can H iftieto ábigUa a i pw Mtmntí do Cendoâo Vfka Boas.
É\ora, 1956,
CatalogoO —
Catakvo das Obras invretsas e mannseritas de Antonio Punira de Figuei-
redo (...) Lisboa, 1800. S/A. —
Fhmdsco Antonio Martins Bastos atribuir
ao Dr. Francisco Manuel Trigoso de Araflio Morato. (A «A lostnicio Plddica.
IV ano. Lisboa, 1858. pag. 69).
Catalogo? — Cathalogo dos P.P. e Irmãos Estudantes da Companhia de Jesus (T.T. — Min.
da Josl.. M. aO).

Copyrighted material
"696 —

CktalofoS Catalogo dos SefeUos que entraram em a Companhia de Jesus na Provtneia


de Portugal. 17-11-58. Lisboa. 1910. (e B.N.L. Pomb., 231).
QUalogoSo —
Catalogo dos Sócios da Academia Litúrgica Fontifieia dos Sagrados Ritos
e Historia Eedesiastica, que iiutituh no Real Mosteiro de S. Crux de Coimbra
o Santítsiimo Fadirt Benedieto XiV. S/l., n/d.
Ctilt—Catecistno Istorico que contem em breve a hioria Sagrada e Doutrina Cristã. Por
Cláudio Fleury. Trad. de José Caetano de Mesquita e Quadros. Coimbra,
I7S3.
Qgl^lC— Catecismo Histórico ou Compendio da Historiii Siif^radn dc Doitli ina Chiistii Vox
Cláudio Fleury. Tradução de António Barnabé de Elescano Barredo e Arasão.
Usboa, 1774.
Ce — Gabrtelis Galindo e Clericorum Reguiarium Ordine T/ieologi Melritensis ad Antonium
Pi-rcriam Conarcgationis Oratorii Olisiponensis Presf'itcriim, Censória Epistola,
iiujuòquc ad illum Apologética Rcsponsio, Super TeiUamen Tlieologicum a se Ollsl'

pone etítum De AmeiortUl* Epbcope mm


Tmptn sebstirae. Kfatriti, die Júllii
an. D. 1767 (B N.L. —
Pombal 640, foi. 193-204).
Cer Certame Fysico-Matlienuaico sobre a Sclencta do Corpo Natural ao qual, sendo
Prestíknie Theoioto de AbneUe (...) w oflbreoe Felix Manoel (...). LUboa,
1782.
O — Cirurgia Medico^Pfuirmaceutica deduzida da doutrina Stcddiana, accomodada ao cura-
tivo deste Paiz. Livro 1. (...) Composta por Joze Ferreira, Cirurgião Lisbonense.
LisbM Ooddenta], 1740.
Q-^Gaustro Dominicano em que se contem os Lentes desta Ordem que lenõl> HO (Mveir-
sidade de Coimbra (...) Terce} ro Lanço. Lisboa, 1734.
Co Condusfoms Lagkaks. Diogo Vemei. LiriMM, 1743.
Cot — CMbc^ dos Negócios de Roma no Reynado de elRei D. Jozé I. Ministerij do
Marquez de Pombal e Pmdifieado de Bento XlV e Clemente XllL 17SS-1760.
Lisboa, Imprensa Nacional, 1874.
Ctiitt — Coliecção das Li \s promulgadas e sentenças proferidas nos cu^o^ iiu infimu' pastoral

do Bispo de Coimbra, D. Miguel da Anunciação: das seitas dos Jaoobeos e Sfgi-


listas (...) Lisboa. Na Regia Offícina lipograiica, 1769.
Golee CMeeçÕo Vtdverstd de Anito, Editou, Pusionies, Cenas, DissertaçSes, Apologkis
e tudo mais que atégora vc ict}: rscrito e divulgado e mais se pode desejar, para
ttíeira e individual noticia do insólito e pernicioso erro da facção do Sigillo Sacro-
meeud e das eoMeadas qee a este respeito tem haHdo sobre o ponto de JurtsiUfõo
entre o sempre respeitável Tribunal do S.lo Oficio e alguns dos Senhores Ordinários
dos Rey nos de Portugal. Madrid, Off. Her. de Fraociaoo dei Hierro. c 2."
parte, 1746. 3.* parte, 1747.
Coleoc Cokeçâo das Leys, Decretos e Alvarás que eomprehende o/ettx Reinado dei Rey
Fidelissimo D. José I. Lisboa. 1771. ? vols.
Coll — Coliecção de «ariM escritos inéditos, políticos e litierarios de jUeXMáre de Gusmão,
Mh
CoHsMeO» do CoHeeBio VUtwitarbio e Seerelerio prhado d*B Rei D. Qtdtuo.
Porto, 1841.
CoUe — CoUecçíxm dos Documentos, Estatutos e Memorias da Academia Real da Historia
Portugtieza. Lisboa Oeeêd., 1721.
CoUee— CoUecçam dos prlndpaes sermoens que peegeu o P. Antónia Vieira (...). Pòr
Dionísio Teixeira de Aguiar f. ). Lisboa, 1754.
Coleoe — Coliecção de Memorias litterarias Fora a Historia de Portugal, de Fr. Vicente
Salgado 0: B.A.C.~Mh. MSv.; U: hJUC.—U^ 4SSv.).

Copyrighted material
— 697 —
CoUeoça —
CoUecçam das Obras que se recitaram na morte do lU. t Ex. Sesikor Marquex
de Valença, D. Francisco de Portugal e Castro, na Academia áu Oeeuboí m
conferência de 16 de Outubro de 1749. Lisbo«, 1751.
Com — Os Começos da Historiografia Filosófica em Portugal. Por J. Rsreira Gomes
bt Revista fííotefiat N.° li. Outubro-Dezembro 19S6.
Come — Comento sobre os cinco livros de Tristes de P. OvUto NOSÕO, Pelo P. MltÍM
Viegas da Silva. Coimbra, 1735.
Como Como imueeram e fíoreteeram os Seminários, em
Página dos Setmnários
(jornal A Defesa, Évora): VI Seminários Diocesanos Tundados cm PortU|d
(16-111^3); VII — 0.1 primeiros Seminários de Évora, no séc. XVI (iM/.,
6-rV-963), e ss.
Comp— Compendio Histórico do Estado da Universidade tk CMniAm HO tempo da bnúSÕO
dos denominados Jesuítas (...) Lisboa, 1772.
Compc — Compendium Phitosophicum praecipuas phUosophiae partes compieclens, nentpe
Ratíonàkm, Nátuniem ei ThnaMfarabnr, sife Logkam, Msytíeam cr Meiapày-
sicam. T. Vicxrntc Tosca. Valentiae. Fx T\ pon;i ;iphia .\ntonii Balle. MDCCXXI.
5 vols., lodos do mesmo aao. Ed. portuguesa: I." tomo: Lx. 1754; 2." tomo:
Lx. 17S2; 3.0 tomo: Lx. 17S2; 4.* tomo: Lx. 1733; S.* tomo: Lx. 17S4.
Compen— Compendio da Ordem nrceira em
histórico (...) Portugal. Por Fr. Vioeote
Salgado. Lisboa. 1793.
Compend — Conq^endio dos Elementos de Mathematica (...). Pelo P. Inácio Monteiro
CUmbra, 17544. 2 vob.
COmpendi — Compendio do que passou na Corte de Roma. depois da chegada do Correio
com
extraordinário que levou os despachos relativos ú abertura da eomnumiaição
M
o Rrim 9 Dimt oi tk FortHlid 0 th THbsuiàl ia í^aiekÊiÊira na Corte de Ushoa.
Usbot, Oflc Itdiíi, 1770.

COB— CanelMiiMH» in Pfysleam Generakm De a/eahidbtu et ntorOrns eorporis NaturO'
Uí. Mo
P. Diogo Vemei. Lisboa. 1744.
Cone — Conclusiones Theologicas de Trina Virginis ac Deum relatione Filiae Matris Sponsae,
defendidas pelo Orat. Manuel Ferrein, aob « pceiidteGía do P. Dioflo Vomei.
Apud lae, n.° 25-26, pág. 381.
Come Qmeelto 9 fmcõo da MtprtséMa segmido Vermy. Por L. Cabral de Monoada.
In «Boletim do Ministério da Justiça n." 14 Setembro 1949.
».

Conoei —O Conceito de poesia como expressão de cultura. For Hernâni Cidade 1.* ed.:
Coimlm,1945. 2.* ed.: Cofanbn. I9S7.
Cood Conclusiones Mjttlohgicas de princi^ eorpotM ttoUtndlSt Iptogue compoilio,
pracsidc Julio Francisco. Lisboa. 1720.
CoDclu - Conclusiones Phihsophicas (...) Praeside P. Sebastiano de Abreu S.J. (...) In
Regi* AC PootUlda Eboreuis Acadeuine Aob (...) AppstíbaMit R. P. ac S. D.
Didacu^; Pacheco S.J. Academiw OMioellariw (...) Ebtine. l^pis Acadcmldt.
Anno Domini M.DCC.L1V.
Coados — Cawdkriowey Pkfíosophictts Saeratissimoe ae Beatlssimae Caeiorum Reg'nae
tab ntts laetissimis titutis conceplione, et a gaudtls dteatas, praeside R.P.M. Caie-
tano de Almeyda Soe. Jesu, Publico Philosophiae Professore, Propugnaturus
offert Emmanuel Martins Pbilippus io Regali ac Pootificia Eborensis Academiae
Aula, iolida die Martii. Amniit R. P. ac S. D. Didacus ftdwoo Soe. Jem, Acft-
miae Conccilarius (...) Eborae Cum Facultate Supcriorum. ex Typognq^llia
Academiae Anno Domini M.DCCLIII. (1753). O exemplar que vimoe, «ti
fanprano am wda w
tHwIfwt, • ^ ^
ttti de 3 págs.

Copyrighted material
— 698 —
CondMí — CoHdKshnes tx mNena PkUoêophla txctrptaa preaside P.M. Antonio Vi«yim
Societatis lesu defensurus Antonius Josephus da Cunha Couiinho, in Rcgali Col-
legio D. Antonii Magni integra die I6hujus mensis (1742). Colofon: Ulyssipone,
Typis Frandsci a Sylva. Regiae Academiae atque Seoatus Librarii. Anno Domint
MDOCXUL CT.T. —
Impressos da Liv. n.» 3S68 p.).
Condusio Conclui tones ex Uidversa Lógica. P. Clenoente Alexandrino Lisboa, 1746
Coodusion — Conclusiones JNiiskfbgias (sic) de con^fosito mtturali substancialiter considc'
rali. P. demente Alewmdrino. Liiboa, 1747.
Condusione — ConclusioHti MatímnoUcn. P. Antonio Monteiro. Tipognfle do Colfigio
das Artes, 1747.
Conclusiones — CoRcAtr/ofm Physiologicas juxta Vener. Doei. Marim, et Subi. Docirinam.
Pracsídc Fr. Emmanuele a Cacnaculo (...). Conimbricae (...). 1752.
CoOClusioncsL — Conclusiones Logico-Melaphysicas de Antepraedicanrenri\ cl praedica-
mentis, juxta venerabilis Mariani, Subtilisque Doctoris inconcussa dogmata. Prae-
side Fr. Emmanuele • Genecuto (...). ConimMcae, 1748.
COndusionesLo - Conclusiones Lógicas de ideis et vocabulis PrOttUse JeoeMmO ét Foyos
Coagregationis Oratorii Sacerdote, Lisboa, 1778.
OondusíonesP — OnwAnfMm mitaepMeaa erMeo-ratioiíiUes de Hblorta Logicae, ejia
Pi ocntinlihus, Ente Rationis cl Universalihus in Communi ad mentem V. Scoti{...)
Pracsídc D. Fr. Emmanuele a Cenáculo (...) Conimbrícac: Ex Typographia in
Régio Collegio Sociei. Jesu, 1751.
CondusíoneáPh — Comelushmes PhUaaophicas de utriusqae proemUdHma FMhaopkiae,
communi et Lógica ncc uim de FMtibus rationis et Univcrsalibus in com-
Sciticet et

muni ad mentem Seoti (...) Praeside Fr. Enunanuele a Cenáculo, Conimbricae (...)
1747.
CoattatíoúUiPhi'— Conclusiones Philosophicus /)c Philosophiae Httloria, UniverstúUua
ae Signis. Praeside R.P.M. ac Doct. D. Carolo ab Anountiatione (...) Liibonee
MJXX.XLVII.
CondiwkineiPi —CmdhÊHamã de Pgydtaêagkt ptraidde Fr. JoB^k» Hrdim dt Petéa de
França, Tertii Ordlott Pr^aston (...) in Regiii Coltegto SplrllM Sanai. Lisboa,
1789.
ConduaioneeR — ComcAuion» de Rt Etkiea (como as anteriotes), Lisboa, 1779.
CoodlMone^ Conclusiones Theologicas de Sacramento Poenilentiae ducc Fr. Càtttaid
Brandão Congregationis Tertii Ordinis Spiritus Soncti (...) Lisboa, 1782.
ConclusionesTh — Conclusiones Theologico-Dogmaiicas ducenie Fr. Francisco Nunesio
fn^mort
Costio Theologfcae At Ke^ Eboretue CoUegio Sp, Saaeti
(...) (...).

IJsboa. 1782.
ConclusionesU — Conclusiones ex Universa fí^hsophia secutuJum Veterum et Rgctatíorum
^aeha Edeetiea teclam eemtpkamim (...) Praeside D. Antonio da Madie de Deus.
1749.
Concu — ConcursiU Dei praevius et e/ficax necessário cohaerens cum libero arbítrio humano
a muulaUi tttov «x Sacra Scriptura, Conelus. el SS. Poiríbus depromptOM. tUP,
Fr. Gajetano Benim de Lugo (...) Sacrac Rituum Congregationis Consultora,
Sanctae Romanae supremae et Universalis Inquiaitioois Qualificatora. Roroae,
1736. 5 vols. (lodos do mesmo ano).
Cong-CMveffim Flsieheiiaerm^eagiomid*e FenomeniosienaUtH Roma aOa Maeekina
Elettrica ) da Giambattista Faure delia Goupagnia di Gesu. ín Romt, 1747.
Conh —O conhecimento intelectual na Filosqfia de fír. joBo de S. Tomás. Por TVindade
Salgueiro.— Separata de «BIUon»,¥ol. XVI. TomoIL CoinAn»IMI>.

Copyrighted material
— 699 -

Coql — De Con^mgaida PhUau^Ma eum Theohgla. Ver Bibi. Veraeiana.


QaB^~ Conjecturas de Vários Filósofos acerca dos Cometas. Lxposlaíi c impugnadas
por Miguel Tibério Ped^ache. Lisboa. Na Orficina Patriarcal de Franctaco
Lutz Ameno, 1757.
CoDB BeitetHeH pepae XIV CoHStitttíto super ereciione in Archigynmasio SapietttUte Vrbis
aliarum duarum eethe^hanoNt unius seHieet Mathematkae et atterius Chyndoe.
Romae, 174S.
Comi — CetuUeruçO^ sobre o regidamento da livraria da Uaivenbkide de Évora. Por
Jorge Peixoto, ht «A Qdade de Évora», n.° 41-42, p. 127-1S3.
Gonsid — Considerações Medicas sobre o Método de conhecer, curar e preservar as lidemos
(...) Applleadas parttadarmettte às que se seguem aos grandes Terremotos, eomo o
do primeiro de Novembro de 1755. Por Joào Méades Sadwtti Buboa. LisbOtt.
Na Oficina de Jozé da Costa Coimbra, 1758.
Const Constitulio Sanctissiini Domini Nostri Benedicti Divina Frovideiiiia Fapue XIV:
Li Qua Matu Próprio tub Bolta Auiea erigitur Lituifíca Academia comtans
^uatuor MiBgbtris, neoipe Lectore ct Siib<;ituto pro una Sacrorum Rituum, et
Lectore et Substituto pro alteia Catbcdra Historiac Ecclesiasticae io Monasterio
Sanctae Cnids (...) Ronae, 1748. Ex Typograpbia Reveiendae Cunerae Apoe-
tolicac. Datum Romae (...) octavo Rakndu Aprílis, 1748. (B.N.L., Pomb.
n." 648, fols. 47-59).
Consu — Consulta do Supremo Conselho de sobre Castello a Tentativa Theologka (...)

CobUbia, bnpcenaa da Unlvenidade, 1832.


Cont — Continuação das Noticias de dc
Ecclesiasticas 5 Jiin/io de 1771, para sfnir de Sup-
plemento à Obra de Justino Febrónio. Lisboa, na Off. de Manuel Coelho Amado,
1771.
CobX— Contradicioii evidente dei Reverendo Padre Maestro Fr. Bento Jerónimo Feijóo eu
la maleria de Ut medicina. (...) Por el Dr. Antonio Isidoro da Nóbrega. Lisboa
1745.
Canet '--Cimmsação Familiar. Ver Bibliog. Vemeiana.
Conve Conversações Familiares sobre a eloquência do palpito. Lisbo.T, 176..
Cor —
Corona poética ojferta dagli Anadi ali 'Eminentíssimo e Jiev. Frincipe tra Don Lma-
Huek Pinto, Gran Maestro deSa Soem ed inritta Rellglone geroseUndtaua, Pastore
Árcade acclaiuato. Roma, 1747.
Corr —
Correspondência cientifica do Dr. Sacheili Barbosa com Emnumuele Mendes da
Cot$a. Por António Augusto Gonçalves Rodrigues. In «cBiblos», 1938, vol XIV, .

pg. 396^8.
Cone — Correspondência cientifiea dirigida a JaeiMo de Magdhàes. Joaquim de Carvaliio,
Coinibra, 1952.
Cora CoruseaUoms dogmáticas mdterso orbi quo recta sacramenti peoniten-
terras
tiae adminisirathma trefidgeHm (...) POT DionUo Beniardes de Mòtais.
Lisboa, 1748.
Cos Os Costumes doe Chistâos desde os primeiros seados da Hgre/a até ao presente. Por
Cláudio Flemy. IVad. de Joio Roaado de Vilaibboi e Vasoouoeloe. Lisboa,
1782.
Cost — Costumes dos Israelitas, onde se vê o modelo de huma politica simples e sincera para
o Oeverm dos Estados e reformação dos costumes. Por Cláudio Pleuiy. Trad.
de JOílo Rosado de Vilalobos c Vasconcelos. Lisbo.i. 1778.

Cl Chronica da Companhia de Jesus da Froviíwia de Portugal. Por Baltazar Teles.


2.» parte. Lidioa 1C47.

Copyrighted material
— 700—
Cri — La erUieaM Munaorlal Lodie. Por Alberto Veodii. In «Divos Thomas», CoUegio
Alberaoi. Piacenza, 19S1, de Abril-Setcmbro, pg. 213-222.
fase.

Cris — Im Crise de h Conseleiíee Eunipieiaie (1680-1715). Por Paul Hmxêxú, 3 vols. Paris,
193MO.
Crit — Oritiea á Famosa Tragedia do Cid, composta por Fedro CorneOi, e reparos feitos
a etti, pelo Marquez de Valença, D. Fhmdsoo de Portugal e GMtro. No OT. de
Miguel Rodrigues. Lisboa, 1747.
Criti— >l C^tíka Utermla de Vemey. I —A OiMarla. Por Hernâni Cidade, «fieara
Nova Ano XIII. 5 VII-1934.
- n.« 396, Pig. 179.1» VL — A Feesh. Ibfd.
12.VU-934. n." 397. pg. 198-200.
Cro— OvhoId!^ NewtoidoHo e^ondwda. Por Aoob de Outro Sarmento. (1737)
(B.N.L. — ms. 593).
OtXt—Ctirstis Philosophicus triplici libro ahsor\ciuliis, quorum umit Ltií;icam. uitcr Phy-
iicam, iciiiui dabit Metaphysicani. Dictatus a R. P. Stachio dc AlnKÍda (...) et
cooscriptiis áb Antonio Ourfc» ab OKweira. In Congregatioae Oratorií, 1727 (B.A.
50-111-34. Vol. in 4.", dc 361 folhas).
Curs — Cursus Philosophicus Conimbriceasis. Por António Cordeiro. Lisboa, 1714.
Cursu — Cursus Theohgicl tomus primas deeem dlsputatlones totídem Speeula-
tu dtvisus,
tivae Thetriúglae Traciatus brevi methodo explanatos contplecíens ad commodiorem
studentium «ttíttatem. Pelo P. José de Araiúo. Lisboa 1734, tomus secundus,
1737.
Canos — Ckmar flribaepUeat IbtgaUs CáUegii SabmmUeemISt S. — Peio P. Luis Lossada, /.
2.» pars, Salmanticae. 1730.
— Cursus Philosophicus. Pelo P. Joào de Andrade.
CursusP (Ms. 2475 do F.G. da B.N.L.
e n». 18S3 do mesmo Fúndo).
CUSOSPb — Cursus Philosophicus partes In tres distrihutus, quarum í Logicani. 11 Pliy-

tieam; Hl Metaphysicam dabit. P. Rodrigo de Matos l.° vol.: 1756 (Ms. 4582
do P.O. da B.N.L.); 2.» vol. (falta); 3.» vol. (Metafísica): 1759 (Ms. 6410 do F.O.
da B.N.L.).
CursusPbi — Cursas Philosophicus Universam Philosopliiam continens. Auctore TbeodOfO
de Almeida (...) Tomus secundus (B.P.E. cod. CXVlll/1-12 e 13).
CursusFhil— ClsnMs ndhte^dcM tres partes dIsirWuna. Diogo Vemei. 1742-45.
4 vols. re.N.L. Ms, 25-46-49 do — F.C.).
D — Doaonentos da Reforma Pombalina. Publicados por M. Lopes de Almeida. Vol. 1

(1771.1782). Cofanbia, 1937.


De — Descartes em Portugal nos sécs. XVII e XVIII. Por António Alberto de Andrade.
Separata da «Brotéria », \ol. 51. fase. 5. Novembro 1950.

DeR — De Re Divina, sive de Hacramenio Eucliariiiicu Disscrtatio (...) Fr. Csietani Bran-
dio (...) in Régio Sp. SanU. (...). Usboa, 17S2.
Dec Deeamu et Capitulum Ecciesiae Mctropolitanae Eborensis Sede Arekkptieeptdl
Vaeaate (...) Ebonie, ex Typis Academiae, 1720.
neX—D0eHMidel Baibaditio eaobaeviio de laierdad. Por Misymò y Ribas. Madrid,
1758.
Defe — Defesa perante o Tribunal do Santo Oficio. Peio P. António Vieira. Introdução
e notas do prof. Hernâni Cidade. Liv Progresso Lditota. Salvador-Baia, 1957.
2 vols.
Defin — Defensa de la Disertacion Critica. Histórica sobre cl Juicio Universal con-
tra lo impugtuicion de un docto atiónlmo. Por Don Salvador Joseph MaiVer.
Madrid.

Copyrighted material
— 701 -
Dem — Dtmanatiçdo TMágica, QmáiUea e Hbtóriea th dtreUo éu MttropoUlanot de
Fortatid para confirmar e mandar sagrar os Bispos, (...) P. António ANttira de
figueiredo. Lisboa. 1769. MA.— Reimpresso em Veneza, 1771.
I>es — Desterro de hu/ru figura que appareceu no Theatro do Mundo Vizivel, do M.R.P.M.
fí'.Bemardino de SJa Rua, Doutor na Sagrada Theohgia (...). Coimbra, 1744.
DcK — fíacripçam da Terra OU methodo hicu- da Geopraphia, dividido em Lições, por
perguntas e respostas. Pelo Ab. Lenglct Du Fresnoy. Traduzido no Poriuguez
por lòttn Bnrtiata Bomwte e aemoeotado oom alfeniDM «ddiçOet sobre « Oeo-
graphia d0 Portugal e sl-us domínios e com hum Discurso Proeodal de Cida hunm
das quatro pirtes do mundo. Lisboa Ocidental, 1739.
Di — Dtsemo Hbtórieo, FoMeo e Eeonómkú dos progresaos • eOado atíml da FUotefia
Saturai Poriuínieso, acompanhado de algunm refkeçoens sobre o estado da Bimtt.
Por Baltazar da Silva, Lisboa, 1786.
Uia — Diário do Conde da Ericeira, cd. dc tduardo Braiiào, iii «Biblos». Vol. XVlll,
tomo n.
Dial — Diáloffo da Esfera celeste e terrestre para uso das Escolas da Congregação do Ora-
tório na Real Casa de Nossa Senhora das Necessidades. Ordenado pela mesma
CongregBCio. Uiboa, 1751. N.B. —
Ê da autoria do P. Eitádo de Almeida,
segundo notida puUicada em Jou» 17S2, 440.
Dialo DUUogo Crítico e AptUogetko Sobre hum Sermão de Santo AntóiUo, e huma Carta,, que
Juntamente com elle imprlmlo Josef^ Pegado da Sylva e Azevedo, (...). Valença, na
Offlctna de António Balle. Anno de MJXX;.LII. MB. — Autor: P. Dr. Manoel
de S.ta Maria Teixeira. Ver Processo das Edições clandestinas no Ap. Doe.
Dialog — Didk^ da História Grega, História Romana, Concílios Cerais da Igreja, Estado
da Coogretaçio do Ora-
presente dos Principados da Eurt^a, para uso das Escolas
tório. Pelo P. Jofto dievalier. M. Rodrigues, I7SI.
Lisboa, Oíic. Foi anfan —
que colhemos a noticia em «Jou», 17S2, 440. As edições que encontrámos
são em volumes separados: Dialogo da Historia Romana para o uso das EscoUu
da Congrcgaçam do Oratório na Real Casa de Nossa Senhora das Necessidades.
Ordenado pela mesma Congregação. Lisboa orficina dc Miguel Rodrigues»
1751. — Outras ed.: Lisboa, na Imprensa Regia, 1788, 1804, 1807.
—Dialogo da História Grega para uso das Esoollas da Coogrefaçam do Oratório na
Real Casa dc Nossa Senhora das Necessidades. Ordenado pela mesma Congre-
gação. Lisboa. Na Officina de Miguel Rodrigues 1751. Outras ed.: 1792, 1807,
IS13. 1829.
'Dialogo sobre os Concílios Geraes da Igreja p;ira us ^ Lisboa, ^b Officina
de Miguel Rodrigues. 1751. Outras ed. 1793, 1807. I8I3. 18.30.

— Dialogo sobre o estado presente dos Principes da Europa, para uso (...) Lisboa,
Na Oflldna de Miguel Radrigues, 17S1.
Dialogo — Diálogos sohrc a Eloijiicicla ^cral c a do ptdpito em particular, por Francisco
Feoelon, Arcebispo Duque de Cambrai, traduzidos do Fraooez em Portuguez.
Uibaa, na OfBcina de Antonio Rodrigues Oalhardo, 1761.
Did — Dktíoaario italiano e portuguez, extrahido dos melhores lexicografia, como de
AitíoiUo de Veneroni, de Facciolati, de Franeiosini, eh Diccionario da Crusca, e do
da UiUversIdade de Turim, dedicado ao lU. e Ex. Senlior Sebastião José de Car-
valho e Mello, por Joaquim Jòaé da Goata e Si. Usboa, na Regia Oflie. Typo-
grafia. 2 vols., 1773-74
Dicio — Dicionário das Literaturas Portuguesa, Caiaica e Brasileira (Direcção de J. Prado
Godho)» Porto, IMO.

Copyrighted material
— 702 —
Diod — Dieckmario Francez-Partugttez, uwipwfti aabrt osmMom Dkckmarios. ISnstrado
com os lermos facultativos das Sciencias e Artes LQmaes 0 iMSmwrfoaiC...) Por
Nfiguel Tibério Ped^Kbe. Lisboa, 1778.
Diodo — Diccionarlo Geográfico ou Noticia Histórica de Iodas as Cidades, VlUas, Lugares
e Aldeãs, Rios, Ribeiras e Serras dos Reynos de Portugal e Algarve (...). Pelo P. Luis
Cardoso, da CongregaçAo do Oratório dc Lisboa, Académico Real do Numero da
Historia Portugucza. Tomo I. Lisboa, Na Regia Officina Sylviana e da Aca-
demia Real, 1747: Tomo H, JM. 17S1. — T.T., 43 vols. mH. das iofonnaçSe»
paroquiais, pedidas em 1758.
Dtocion — Dieeionario Theohglco (...) Tradução fiti, qiiÊ primeiro trabalhou, emendou e
aereseetrtou sebrt o original fímeex O AthiA D. Prospero ab Áquila (...) e agora
mwmente traduzido na linguagem lu\iuina por Fr. José do Espírito Santo Monte,
Pregador Jubilado da Congregação da Terceira Ordem de S. FiaaciaGO. Lisboa,
na R^a Ofikina lypogralka. Anno 179S. 3 vols.
Dict— IMMbNMfrr * ThBokgk, FOr M. l'Abb6 Bei|ier. Uèfe. 1789-1792.
DIf — Diffinição dc Seda Veoeza, 1746.
(..,).

Dio — Diogo Soares S. Matemático, Astràaomo e Geógrafo de Sua Mqjeslade no Estado


I.

Anostf (ltiM-1748). Por Serafim Laite, fn «Brotéria», vol. 45, fase. 6. Dezem-
bro de 1947. pg. 596.
Dis — Discursos da ignorância, em qm U tkivida do Fogo Etemenlal (...) e em consequência
se difficulia a nujyor parte th Ffíosofia Peripatétiea. Por José Bóreas de Araujo.
Uiboft, 1740. 2 vob.
Disc IHacano sobre o btm e verdadeiro gosto na Flhsafia. Felo P. Antdnio Soares.
Usboa, 1766.
Disco — Diseours palhétique eai sujei des etdandlis prisentes arrivies en Portugal. Par
!e Chevalier d'Olivcyra. Nova edição. Seguida duma notícia bibliográfica, ptío
Dr. Joaquim de Carvalho. Imp. Univ. Coimbra, 1922.
Discu — Discurso Apologético em defensa th Theatro Hespanhol. Escrito pelo Marquez
de Valença, D. Francisco de Portugal. Lisboa Ocid., 1739.
DiSCUr — nisciino Philohgico Critico, sohre El Corolário dcl Discurso XV dei Theatro
Critico Universal. Que saca a luz Ernesto Frayer. (...) Madrid, 1727.
MB. — A dedicatória está datada de Madrid, Doembro 1726.
OiSCUrS— Diwiii sii Critico cni qnc w ihrlara poi fahiilosa a Fénix, no Teatro do Minulo Visí-
vel do P. Dr. I r . Bernardino de S.ia Rosa, da Ordem dos Pregadores. Coimbra, 1744.
Diacuiio — Oimffso Apologético e Critico, que em defeza da aitêBmlx, da SÊia txtsUnelat
areofâo e metamorfiuet escrevia contra o propugnaculo das AstariaSt o R. P. Beato
Jeronymo Feiio, e seu amado sócio. Francisco Joseph de Torres c cm parte contra
o R. P. Doutor Fr. Bermrdino de S. Rosa em ieu Theatro do mundo visível, e defensor
Lais Caetano d9s Sen^. Por Mtttheoi da Costa Barras (...). LiAoa, 1745.
DiSCUrsoC — Discurso Catholico. no qtial hum Christõo Velho, zeloso da nossa Sttttta Pi,
fala com Por Antonio Isidoro da Nóbrega. Lisboa, 1738.
os Judeos.
DiscuTSoL —
Um DIsearso de Lufo Antonio Vemey sobre a AUança da PUasofia Moderna
com a Teologia. Por José V. de Pina Martins Separata da PaHsIa da Unher» —
\ idade de Coimbra. Vol. X\. Coimbra, 1962.
Disp — Dísputationes Metaphysicae. Pelo P. Silvestre Aranha. Coimbra, Ex Typ. in
Regali Artium CoUetio 1740.
Dispo Disposições do .Superior Provincial para a observância regular e liteniriu da Con-
gregação da Ordem Terceira de S. Francisco destes Reinos, feitas em os eutos de
1769 r 70. Tomo I. Uaboo, 1776.

Copyrighted material
— 703 —
Dispu — Disputtahnes Physhanan adversus Atomistkum Systetna qaod áifmàenáo sus-
R.
cepii T/iomas VlceMlus Tosca. Pelo P.
P. Aranha. Coimbra. 1747.
Silvestre
Díss — Dissertação Theologica sobre a censura e prohibição dos FaS'Se Juizo libras. Critico
do Nàfo Pkmo dos Estudos impresso em 1769 para a Qmgregação dos Religiosos
th Ordem Terceira de S. Rmetteo (...) Mutír»M ttda m tua insubsisieneUt e mdtt-
dade; e que elle se opõem diametratmenie às Ltyt dUOHkos da Ift/f * à purtUl
da sua Doutrina (Ms. 89 v. da B.A.C.).
Diaie Dismiaçtm eomra a exbUHeia da Fitdx. Aotaimo. S/ data.

Dbwr Dissertazioni filosofichc t/i Puscuale Magli in cuisl oppongon piíi difficoità a parecchi
priHcipalissimi pensieri in Mett^ica de' fioeefi LeUmitziani e ^fexUdmeiae dei
f^pMT D. Aidatdo Genofest. In Napoli, 19S9.
Diaaert— Dtorrractí/r.' í.'r<''<'.K'etica e dialogislica que mostra ser o author do livro Arte de
Furtar, digno desvelo do eni^enho ilustre do P. Antonio Vieira. Lisboa. 1746.
Disserta — Dissertatio Domini Statii de Almeida Congregaíionis Oralorii Academiae Hegiae
Histariae atgm Utttrikoe Pudlfiekie Aeademid. Ultrum AUquando deoeat
Utiirgiam ac Divino OfBdo diaoordare? Habha die 27 Novcnibrit 1761. Col-
limbricae, 1762.
Disaertat — Dtssertatíonem Theologicam de Socrameato Cotffirmatíonis prmsfde fír. Caietano
Brandão, Congregatiomis TerHt OréliUs (...) In Regâlli Cotiegío Spiritltt Suctl (...).

Lisboa, 1781.
Do — Dtteumentos para a Hisiáría da Universidade de Coimbra (1750-1772). Introdução,
leltuim e Indieet por Mirio Alberto Nunei Coata. 2 voU. Cobnbn. 193941.
Dou — Doutrinas flsico-hioló^icas de António Cordeiro sohrc os sentUos. VOT 1. Ponlra
Gomes. In «firotéria», vol. 36, fase. 3. Março 1943.
E— Etfad» ét Hbtórki de DlreHo. Por L. Ckbnl de Moocida. Voi. I.« Coinbr»,
1948. Vol. 2.° Coimbra 1949. Vol. 3.«: Siado XVní— Ibaninismo eatóíkú.
Vemey: Muratori. Coimbra, 19S0.
Ec — Eclécticos portugueses y algunas de sus tnfluetieUa en América. Por Marta dei Cannen
Rovira. El Colégio de México, 19S8.
Ecl — O eekettmtt /Uoaófico de Por António Alberto de Andrade,
Vernei. /n «Brotèriv*,
vol. 44, fittC I, Janeiro, 1947, pg. 37-80.
Edi Ed^tb paiftlattt Umae obatnMi VfysOpoiíe dk vIgesImB sepllma MartH mm 17S5
a R. P. Mag. Eusébio da Veiga S. J. Publico Nf.ithematicac Professore in Régio
Studiomm Oeoeraiium Ulyinpooensium CoUcgio, et a Josepho Teixeira, ibidem
Mrtheieos auditore et observetíonum Sedo Ulyssipone (...) I75S. MB. Na —
pag. 6. Praedktam Eclípsim observavit etiam Mag. Diooysiimi Fraooo, S. f.
Fborae, in Regalí Collegio Jesuitarum tubo óptico 20 paimorum.
Ed — Educadores Portugueses. Por M. A. Ferreira Oeusdado. Coimbra, 1910.
m—Ekgh^ Mèmóiin m EMtiM d» P. Dr. Fr. JàúfiHm de S. Jmi PlmeH^ da Onlem
Terceira de S. Francisco c l.ittcratura de seus dias. Por Fr. Manuel do Cenáculo.
(Ms. CXXIXyi-lO da B.P.E. — Extractos publicados no Panorama. 2.* série,

2.* vol. 1843, pg. 261 , 266. 277 e 3.* vol. Ltsboo 1844. pag. 132, 143, 151. 139 e 177).
Ele — BemeMos de Geometria Plana e Solida.Manuel de Campos. Lisboa, 1735.
P.

Etem— Elemetua Physicae Peirus van Musschembroek. Ed. 3.*: Veneza (oom notas de
Genuense). Tomus I, Bassani, 1781.
Eleme— fltaHMte MOmvIUw JUMb. Jò. Gottlleb. Hdnecio Oirante Benedicto
Josepho dc Souza FuidhB. Olisiponc. 1785.
Elenwn — Elementos de ílistórkioao^ é necessário saber-se da Cronologia, da Ueugrafia, ele.

ãmts de ler a Umorte pmtkàlm. Faio Abade VaDemont. Trad. do Frances

Copyrighted material
— 704 —
pelo Coronel do Rcfíinento da Armada Real. Mio de Soma Onlélo*Bnuioo.
5 vols. Lisboa. 1734-51.
Eleoieot — Elementos de invençam e hcuçam Retórica ou Princípios da Eioquaiela: Eicritoe
e ilustrados com breves notas. Por Antonio Pereira. Lisboa, 1759.
Ekmenta— £tnneftfa JPkUnophkm. Toam I. Elementa Logioes. P. Manuel Ahimrae.
Porto, 1765.
Elémcnts — Élentents de PitHosopliie de Newionnis a la poriée de tout le monde. Par Mr. de
Voltaire à Amesterdam. CSiez Acqnei Dedwrdee. 1738. Nouvdie Edlttoo:
Londres. 1741.
Elo — EU^io de P. Jerónimo de Castilho da Compatúiia de Jesus que em 25 de Maio recitou
iM AetiJmttt Rui o MmqiÊit de VdeHça. tn «Golleoçam doe Doomnontoa e
Memorias da Academia Real da História Portuguesa», 1730, n." IX.
Elog— Elogio Stoi ico dei Si^nor Abade Antonio Genovesi. Vcnczia, 1774.
Elogi — Elogio do lll.mo e Ex.o D. Francisco Xavier de Meneses. Por D. José Barbosa.
UriN», 1745.
Elogio — Elogio fúnebre na sentida morti' dn Fidelíssimo Augtistissimo Rey o Senhor D. João V.

Por Antonio Isidoro da Nóbrega, Cavaleiro professo na Ordem de N.SJ.C.,


Runiliar do Santo Oficio e Seoetario perpétuo da Sociedade Medloo^Luiítsna.
Lisboa. 17S0.
ElogioA — Elogio Apologético do Critico Hespanhoi E hutin nova Dissertação contra a
existindo da Fenlz. Pelo P. Francisco Xavier Silveira Bellaguarda. Lisboa, 174S.
EtogloP— flotriSt» Fúnebre do Ex. e Rev. Sr. D. Manuel Ccmocmí» (...). Felo P. António
José da Costa Vellez. Lisboa. 1815.
ElogioFr — Elogio do Dr. Francisco Xavier Leitão. Por O. hrancisco Xavier de Meneses.
LiliMM. 1740.
ElogioFra — Elogio do lll.mo e Ex.tHO Sr. D. Francisco de Portugal c Castro, segtaidg
Marquez de Valença. Por Rrucisco José Freire. Lisboa, 1749.
ElogioPu — Ehgh Fúnebre, na traialoáaçõo (...) da Augustisstma í^nha, a SriiAore
D. Mariana de Áustria (...) por Fr. Joaquim Forjás, Eremita Anguistniano, Pro-
rc<isor dc Teologia, Sócio das Academias de Historia PortUgueat • das Sdencias

de Lisboa e da Arcádia Romana. Lisboa, 1780.


EkgkA — Boglo da Remttidisabi» P. António doa Reya da CoHgrttafBo do Oratório.
Recitado no Paço cm três de Junho (...). por D. José Barbosa. IJaboa, 1738.
txk — Do Ensino das Artes na Universidade de Évora. Por Maria Amélte Motta Gapitio.
Évora, 1959.
Eng O Ekgvditíto Fortittuií. Pelo Eng. Manuel de Azevedo Portes. 2 vols. Lisboa,
1728 e 1729.
Enn — Enneaa, ou Applicaçâo do enlendimetuo sobre a pedra philosoplud, provada e defendida
com os mesmos ofgumettíos com que os Rer. PP. Atktamlo KircHer no mm àãnmb
Subterrâneo e Fr. Bento Hieronymo Feyjoo no seu Tlieatro Critico, conccilcndo a
potsIbUidade, negão e impugnão a existência deste raro e grande ntysterio da Arte
Magna. Por Anselmo Owtano Munhâa de Avrea Gnsnlo e Castelo Bnmoo,
Doutor na Universidade de Coimbra, (...) 2 vols. Lisboa Ocidental, 1732-1733.
Ens — Ensido philosophico sobre o entendimento humano. Por João Locke. Introdução
e notas de Joaquim de Carvalho. In «Boletim da BtUioteca da Universidade
de Coimbra». Vol. XX.
bnsa — Ensaios Cientifico^ e Critico<!. Por Ric.u Jo Jorge Porto. 1886.
Ensai — Ensaio Critico sobre qual seja o uso prudente das palavras, de que se servirão OS
notm bem ^aritotrea do aiado XV o XVI e deixarão oa^utear oa qna dapola se

Copyrighted material
— 705—
aiguMo ali ao prtaeme. bi «Afemorias de Utteratun Fmrtaguesa da Aocadenda
das Ciências dc Lisboa». Tomo IV, pg. ?39-446 c Tomo V, 1793» pg* 1X^252.
Ensaio — Emaios. Pelo P. Dr. Xavier Coutinho. Porto, 1941.
Ep A ^ítoh A LHb AiaáHh Vmmy PO Marifiiia dg Valaiça, Tsxto da ediçio romana
de 1748, apresenCado por José V. de Pina \fartins. Figoeíra da Foz, I96I.
Epi — h di Ludovico Antonio Muratori, edito e dUStO da Matteo Gampori.
Epistolar
Modena, 1901-1913. 14 vols.
Btia—S^etéttoÊ fae m
wtortt ia (...) Stm D, Phmiseo (...) dedka ao nmtukuo tmmdo
da mesma 5Mbni, OMtano José da Sihm Sotto-Maior. Uaboa, MiiMl Rodri-
gues, 1736.
BpU— J^rMÁar dkpnátkos é» tnqubitao. Por António Batlo. 3 voto. Liabot, 1936.
B^ — A Escota de Cirurgia do Hospital Red de Totku as SoMos. 1565-1775. Fslo Dr. Sebat-
(iào Costa SantO'<. Lisboa, 1925.
Bãlb Esboço hisiórictí-iitierario da faculdade de Theologiu (...) Ptlo Dr. Manuel Eduardo
da Motta Veisiu CoiniMra, Inapceota da Universidade, 1872.
Bk-^ Escritos Vários. MoDr.AotâniodB Vaaoonoelaa. Vol.n.
Vol.1: Coimbra, 1938.
Coimbra. 1948.
Eieo->£tepAi du vtrdades àberta aot Mieipet na Ibigaa tUãUma, por o P, Luis Juglarls
e patettíe a todos na Portugueza. Por D. Antonio Alvarez da Cunha. Lisboa, 1671.

E^lho de Eloquência Portuguesa, Ubatrada pelas exemplares luxes do verdadeiro
sol da elegância, o Venerável P, Antdnio Vieira, exposto e escripto. Pelo P. Cus-
todio Jésam Barata. UAoti, 1734. MB.— Anagruna de Joam Bantista de
Castro.
EtS Euaitarles moyens de rélabiir les Sciences en Portugal, Ver Bibliografia Verneiana.
fitt — Estudos IJterârios dos MeUgtaaoe Carmeiiías Ckdçados da Protiitela de Portugal,
ordcmulos em conformidade das ponderosas e sempre respeitáveis disposições dos
novos Estatutos da Uiúversidade de Coimbra, pelo Prelado Maior da mesma Pn>>
vlncta, o P. M. Doutor Pr. Francisco Ferreira da Graça. Lisboa, 1776.
Esta — EtlaMe$ da Universidade de Évora . ( \fs 80 1 4
. do F. O. da B.NX.) — Coobeoem-se
outros exemplares (B.N.L. —
2698 c B.A.C.344v.). O queseconserva na B.P.E.,
começou a ser publicado pelo Dr. Artur de Gusmão, em A Ckbde de Évora, n.° 6,
7-8 de Maiff»Jimtio4Hetembro 1944, mas nio passou do csp. 13.
Estad tkf Estado da Igrtia, e poder legitimo do Pontifice Soamoo, Mesamo da Excelkntc
abra de Justino Fsttnaio que da lingua Fraaeeut traduxh na ndgar. Miguel
Tibério Wedegadie Brandio Ivo. Tomo T. Lisboa, na Offlcioa ffatiiarosl. 1770.
2 vols.
F";tat — Estatutos da Universidade dc Coimhra do ano dc 1772. isboa. 1773. I

hstaiu — Estatutos do CoUegio Real de Nobres da Corte e Cidade de Lisboa. Na Oílicina


deMiguellUNlrÍgiies,ÍnviressordoEm.GBrdlalRMriarca. Anno de M.DCCXXI;
Ibd. na Oficina de Aotooio Rodrigues Galhardo, 1777.
E^iaXMi — Estatutos di> Bisai C^k^ das Artes da Universidade de Coimbra. (T.T. — Minist
da Jnst. .M. 46).
Estatuto - Estatutos da Congtogoção dos Clérigos th Orolorío de N.* S.* da AssampçBo.
(T.T. Ms. Liv. 244).
Estu — Estados FUosóifieos e Históricos. Por L. Cabral de Moncada, vol. 1 Coimbra, 1958. .

Btnd— <tJ>a> a^tuios Men asata ao «Bat» Seeandirla». For A. Salgado Júnior. i«
«Laboi», vol. XI. 1936-7
Estudo — Esimbt de Historia da Medicina. Por Maximiano de Lemos. Porto, 1916.
Estudos— £!rtadbr A £f()0ratanr. 4.* s6rie. POr FideHno de Figueiredo. UÉboa, 1924.

4S

Copyrighted material
— 706—
Ev Erideiteta Apohgtttca « Critica toàrt o prlmeyro e segundo tomo das Memorias Mili-
tares, pelos praticurtes da Academi» Militar desta Corte. Lisboa Ooddeotal
1733.
Ex — Exame a huma Syha Fottka ftíUt d morte da Sereníssima Setdtora b^imta
critico

de Portugal a Senhora D. Francisca Que offerccc à expectação dos curiosos eruditos.


Diogo dc Novais Pacheco. Coimbra. No Real Colicgio das Aries da Companhia
de Jesus. Anno dc 1739. N.B. — Autor: Jose Xavier Valadares e Sousa (K^r L,
n. 64).
Exa — Exame e dlípatO sohre a iiwcíinica ( i u^ndu presidente o P. TheodOTO de Almeida,
da Congrcflliçaodo Oratório, sc ofTercoe Felix Manoel, da mesma Congregação (...).
Uiboii, 1781.
Ext — Extensão do dietame ou parecer do Reverendíssimo P. M. Fr. Bento Ftffoó (...) acerca

dos causas dos Tci remnios, explorado pelo Lie. João de Zlioigi; eoi carta CSCripta
a bum amigo, por Feliciano da Cunha Fiança. 1757.
P—fíhsefia 0 Teobgia noa UiUversidades de Coimbrú e Éwa no siado XVI. Por Frie-
drich Stcgmulcr. Coimbra, 1950.

Fa — Falam velhos documentos Ij. Os Verneys do Porto e os de Lisboa. Por Nfíagalháes


Basto. In «Comércio do Porto» de 26-m^; 2-1V-9S4 e 9^IV-9S4. 11) De
quando os «Congregados foram proibidos de pregar e confessar na Diocese do Porto».
In «O Primeiro de Janeiro, 24-I-9S8 e O Crime dos padres onaorlanoa. Ibd.
31-M958.
Rd — Feta dirigida ao Senado de Évora, no fim dolJ» ano de trabalhos, a dar conta th tmtnta
de que fora investido. Bento José dc Souza Farinha ÍB. A. 5I-I-60). —
Fas — Fascieulus ex seleclioribus aucíorum viridiis ad commodiorem scholaslicorum usam
Indasiríe eoHcbmtaus. Eborae Academia, 1718.— Outras ediçOest 14S7I, 1680,
1709, 1740, 1748, 1752, ctc.

Fe — Feição à maduna ou logração di^arçada, químicas à starelfa e ideas de tratantes,


novamente Inventadas para passar vida escholasttca h
Vtdvertídade de Coimbra M
à cavalheira (...) Madrid, 1741.
Fei — Feijó defendido. Por Monra\à y Rocca 17?6.
Fel — O Feliz Independente do Mundo e da Fortuna ou Arte de viver contente em quaesquer
trabaOtos da vida. Ptelo P. Theodoro de Almeida. Usboa. 2.* ed. corrigida
pelo Autor: 1786. 3 vols.
Fi — Um de D. Pedro II na Universidade de Évora.
filho Por ftfonuel Baplisla dc Liuia
Ar «A Cidade de Évora». Vol. 12 e 13-14. Marco e Junho-Satembro de
1947.
Fil La Filosofia Morale, da Ludovico .Xnlonio Muratori. Verona, 17''5

Filo — La Filosofia Francesa e Italiaiui dei Settecento. Por Gaetano Capone Braga,
Mova, Cedam, 1941.
2 vob. 2.» ed.
Filos — XVin. Por António Alberto de .\ndrade. I) Mar-
Filósofos Portugueses do século
Mendonça de Pina e Proença Homem. Lisboa, 1957. II) Luis António
tinho de
Venwi. Lisboa, 1958. m) lafdo Soaxca. Lisboa. 19S9.—Edi9aea da revista
Filosofia.

Filoso —O «Filósofo Solitária» ou a descoberta de uma fraude literária do sécuh XVIII.


Por António Alberto de Andrade. In «Brot&ia», vol. 46, fase. S d Maio de 1948
pag. S6S a S80.
FikMOf O Filosofo Solitário. Tomo I, Lisboa. Na Regia Officina Typografica. Anno
M.D.CC.L.XXXV1. Com Uoengas da Real Meza Censória. T. II, 1787, T.Ul
1787. Ed. espanhola, 1 tomo. Madrid, 1788.

Copyrighted material
FiloMfi Fihsofia methodka que eomprtkende em seis eompmttog a Lofiea, Mete^ysioa,
Ethiea^ MMea e Economia. POr Beato da Vitoria (p&Biaá. de Vietorino Joeé
da Corta). Usboa. 1731.
FiioBofo FUosefif Solitário Justificado. Lisboa, na Officioa de José de Aquino Bulhões,
1787. Rute H, por F. X. da S. P. Lirtxn, na Offictna Fatriardial de Pcnciaeo
Luis 'Ameno. 1787.
Fis físiei IlaJiani in Portogalio. Por Giovanni Costanzo, //t «Relazioni Storicbe fra
lltalia e U Portogalio. Memoria e Documenti. Romae, Reale Academia de
Itália. IMO, pg. ?75 :íS6
Fo Farmafta iiUekctuai do Jesuíta. For Francisco Rodrigues, SJ., Porto, 1917.
Pr. — Bv/ Mmud do Cendeuh. Aspectos da sua aetuaçõo filosófica. Por Ptandioo da
Gama Caeiro. Lisboa, 1959.
Fra — Francflisa ou Eglof;a à moric da Sereníssima Scnliara D. Francisca Infanta de Pof'
tngul. Por Manuel Suares dc Sequeira. Lisboa, Miguel Rodrigues, 1736.
Fre Fir.JoOo de Sonra, Mestre e intérprete da língua aráNca. Por Jcaquta Fifanier.
Coimbra, 1949.
Frei Fr. José Maria da Fonseca e Évora. Subòldios biográficos. Por José da Cunha
Saraiva. Sap. do 11 vol. do Arquivo Histórico de Portugal, 1936.
FreiL— Frei Luis Feintoi, Mestre CoimbrUo. Por António Manuel Gonçalves, Assodacfto
Portuguesa para o Progresso das Ciências. Coimbra, 1957.
Fu— Infimere Joaimis Ver Bibliografia Verneiana.
V.

G — Gaxeta de Usboa, 171S a 1760.


Oa — Gazeta Porto, 1761
Literária. 1762. c
Oal Do Galicanismo de Luiz XIV ao Regalismo de D. João y. Por .'\ntuncs Borges.
In «Lúmen», Março e Junho de I9S9.
Gale— Galcric Borghese a Rome. Por
l.c delia Peigola. Librería dello Stato.
Pftola
Roma, 1954,
Ge — Geografia de todos os Estados Soberanos da Europa. Por D. Luis Caetano
histórica
de Lima. Tomo Lisboa. 1734. Tomo 2: Lisboa, 1736.
1:

Geo — Genovesi
// antickricale {Un episodio
e la fortíi forme if^iwraio delle ri anticurialiste
dei 700. Por Gennaro Maria Monti. Eslraito dalla Nitova Rivista Siorica,
Abdo VT— fitsc. VI. Milano— Ronna^ Napoli — Società Editríoe Dante
Alighieri. 1922.
Geo — Geologia e Antn^tohgia em Portugal. Por A. A. Mendes Correia. Exposição de
Sevilha, 1929.
Gi — / Giuochi Olimpici dagli Arcadi per
celebrati deli^Olimpiade DCXWI.
/7/;.^'/ t v><í In
iode Sacra Real .Maestà di
delia Re di Giovniini V.
In 1726. PortoijaUo. Roni.i.
Gio — Giomale di Roma.
de'Letlerati Roma, Appresso rratcUi Mercanti li Pagliarini, di

Líbri e Stampatori a Fftsquioo.


Oiov — B Ghmae eittadirto istnitto Por
nella Pádoa, 1740.
scienza civile. Facciolati.
Go — Godofredo ou Jerusalém Liberta reduzida da língua toscam á Portugueza. Por
(...)

Pedro de Azevedo Tojal. Lisboa, 1738.


Gr — Gramática .Uiglo-Lusiiano Lusitana Angfícatta ou Gramática nova Inglesa e Portu-
et

guesa e Portuguesa e Inglesa. Por Jacob de Castro Sarmento. (Seooode édition.


London, printed W. Meadws, 1731.
for
GfB — Gramática um Método novo, claro e faefí (...) Traduzido de
Latina tratada por
Francez em Italiano: c de Italiano em Portugncz. Ver Bibliografia Verneiana.
Gram — Grammatico Italiana por meyo da Língua Portugueza. Por O. Luis Caetano
de Uma. Lisboa Ocddsntal. Na ORisina da Congregação do Oratório, 1734
— 708 —
Omna Gnmmxakú fírmena ow o Fnmetx por meyo da Ungva
Arte para apprmtder
Por D. Luit
Portugueza, regulada pelas notas e ixfteaoau da Academia de França.
Gaetano de Luna. Pftrtclell. Nt Officiiia da Congregação do Oratório. Lift-
Ík» Occidental, 1733.
Onmat Granunatlea ingleza ordenada em Portuguez. Pòr Carlos Bernardo da Silva
Teles de Menezes, Lisboa, I.iiis Francisco Ameno, 1762.
Gran — Grand Diaionnaire Universel du XIX" siècle. Picrre Larousse. Paris.
H Histeria da VaherMade de CoMbra mu mat nlaçlle* eam a hutraetõo Pabika Por-
tiií;nc:a. Por Theofilo Braga. 4 vols. Lisboa, 1892-1902.
Yii — HUtória
da fundação do CoUgio Real doa Hebra de Lisboa. (1761-1772). Por
Hãniiilo de Guvalbo. Coimbra, 1959.
Bip—'H^lpoerates Ltaitano ou Aforismos de Hippacmics traduzidos fielmente do latim
para o idioma português. (...) Por Francisco Daniel Nogueira (...) Farte 1.*
Lisboa» 1762.
JX»—HhlMú de Portagd. DireoçSo de Danilo Peres. Baroeloe, 1928-37. 8 vols.
VÚSÍt—- Da História da Lógica. Por Fr. Manuel do Cenáculo. ToxtO estabeleddo, tra-
duzido e anotado por João Pereira Gomes. Lisboa, 1958.
lXM»-—ParaaHÍslárimdaAeadeiidodasSelenelasdeIJsbita. linpfeosa da Univenidade.
1927. Por Christovain Ayres, (...). Separata do Boletim de 2.> dasse, vol. XO.
Coimbra, Imprensa da Uniscrsidadc, 1927.
Hiltol Hisloire Gcnéraie des Civilisations. Le XVlIl" Siècle. Pur Ruland Mou&nicr
e Bmest Labrouase. Tomo V., 3.* ed., Fáris, 1959.
HiStoIr Hlstoire dií Pontifical de Cfément XVI. d'apris des Dociimcttt\ inédits des Arctíves

Sioretes du Vaiican. P. Augustin Theioer (Oratoriano). Bruxelles, 1853, 3 vols.


Hiltoire Hlskdre eoavarée des Systimes de fítílosopMe. Fsr De<3erando. 2.* partie,
tome IV. Paris, 1817.
Uiator — História da Companhia de Jesus na Assistência de Portugal. Por Francisco Rodri-
gues. Tomo 1, vol. 1. Porto, 1931. Tomo 3, voi. 1, Porto. 1944. Tomo IV.
wlt 1, Porto, I9S0.
HÍStOri História Genealógica da Casa Real Portuguesa, (Ed. de M. Lopes de Almeida
e César Pegado). Vol. VIII. Lisboa, 1931 Ver também Prov. —
Ifialoria— AUMrte dos EsttMecimerttos Sdéntffieos. Por JT. Silveatre Ribeiro. Vol. I:

Lisboa, 1 871 . Vol . II : Lisboa, 1 872


HistoríaC — Para a história do Cartesianismo entre os Jesuítas portugueses do século XVIU.
Pelo P. Domingos Nfaurtcio. In «Revista Portuguesa de Filosofia», 1 fase.

Lisboa, 1945.
HistOiriaCa — História de Carlos Xfí, Rey da Suécia, Escrita na lingtia Francesa por Monsciur
de Voitayre. Traduzida na Portugueza, por Francisco Xavier de Andrade e
emmendada segundo os repaioa blstorioos e eritioos de Monsimir de la Motraye.
Mmeira Parte, Impressa à custa de Jozc Francisco Mendes, Uvreyro. LiibOft
Segunda parte. Ibd.
Occidental. 1739. Nova ed.: Lisboa, 17é9. —
HistoríaCe Hisiória da Cemura hdéketuoJ em Portugal. Por José TimAtio da Slva
Bastos. Coimbra, 1926.
HistoriaCr — Historia da Critica Litteraria em Portugal da Resiasemta à aetuotídade. Por
Fidelino de Figueiredo. Lisboa, 1917.
HistoriaCri— MiMrAi da Criação do imaidb, eonfimne as Ideias de Moíeis e dos FOÓsofos.
Pelo P. Manuel Al\ares. Porto, 1762.
Historiad — Um historiador anónimo de Pombal. Por Lúcio de Azevedo, tn «Revista
de Historia», Vol. X. Lisboa. 1921.

Copyrighted material
-709 —

Historiae Hittoriae fíiihsophiae Syiupsis sive De Origine et Progreau MUoaapMat


De IWSt Sectis et Sysihematis omitium PhOotophonim VM IV, Por Joto Bi^tiita
Capaod. Neapoli, 1728.
HístoriaF — Historia
dei Famoso Predicador Fray Gerúndio de Campazas, alias Zotes.
Por El Liod.o Don FranciKO Lobòn de Salazar (...) Tomo Primdro. (...)
Escrita
En Madrid (...) 1758. N.B. —
Autor: P. José Francisco de Isla, S. J.
HistoriaFi Vma itisloria da «Filosofia» em Lisima, de 1755. Por António Alberto de
Andrade, /ir «Brotéría», vol. 47, fine. 6. Deaembro de 1948.
HistorUFil — Historia da Fihsofui cm Portugal nas suas rebçõeM com o movimmta geral
da Pklkuephia. Por J.J. Lopes Praça. Vol. I. Caimlm, 1868.
HistoriaFu Htstoriú da fugida de Misaeno, saindo do Reino para escapar da sua perseguição
em 1768 (Ms. da T.T. —
Maço S n." 1675).
HiStOriaH —
Historia de los Heterodoxos Espanok-s. Por Menendez BeUiyO. CODMjjO
Superior dc Investigaciones Cientilkas. 8 vols. 1946-48.
IBstorlal Historia da fyrefa em Piortagàl. Por Fortunato de Almeida. Coimbra, 1910
a l'>:4. 8 \ols.

Uisloriald— Historia de Ideas Estéticas en Espana. Por Menéndez Pelayo. Consejo


las
Superior de invectigactonea CSeotifiGU. 6 vola. 1946^3.
HiatoríaL — da Literatura Cterfear. Por Fidelino de Fjfneiícdo. Vol. ID:
//;.v/or/a

Lisboa, 1931.
HistoriaM —
Historia dos Mosteiros, Conventos e Casas Xeligiosos de Lisboa. Câmara
Mimicipat de Uiboa. Vol. 1: Uibon, 19S0.
nstoriaMe — Historia da Medleúia em Portugid. Por MnimiMO de Lemos. Wei II:
Lisboa, 1899.
lilatatiaP Estaria da Megegia. Peh lledaocloda«EduciçÍol>bcioaal». Porto. 1931.
HiltoríaR — Historia Romana por pciguiitus e respostas, desde a fundação de Roma até
ao presente. Felo Abade de BeUeg»rde. Tnuiuçio de Manuel Peieiím da Coita.
1743.
HlitoriaS Historia Sagrada do Velho e Novo Tetiamento com explicaçoens e doutrinas
dos Santos Padres. Tradução do francês por Paulino da Silva e Azevedo. 1745.
HistoriaT — Historia de la Teologia Católica. Por Martin Grabmann. £&pasa-Calpe.
Madrid. 1946.
HirtóriaU — Historia Unimaei áee TerreaMat. POr Jaaqoim Joe6 Mbieini de Mendonça.
Uiboa, 1755.
Ifiatorlo WelarMogh Medica, fundada e etiabdeeldb nos principtoa de George Entesto
StaU. (...). Por José Rodrigues de Abreu. Tono Lisboa, 1733. Tomo 2,
I :

parte l.« Lisboa, 1739. Tomo 2. parte 2.* Uaboa, 1745. Tomo 2, parte 3.':
Usboa. 1752.
Hn — O Humaalãaiadu IMtenldadedeÊforu, Fbr Joeê Filipe Mendeiroa. /««ACidade
de ívora». N. 41-42. Janciro-Dczcmbro de 1959.
I — inéditos de Verney. Por Mariana A. Machado Sutos. Separata de «Biblos», vol.
XVm. tomo n. CoMMfa. 1942.
Id — La5 idms biológicas dei P. Feijoo, For Cheforio Marafion. Madrid. 1941.
II — lUuminismo e Cristianismo. Por Bianca Magnino. I Inghiltens. — U — Francia.
— Germânia e
III Itália, Brescia Moroelliaoa, 1960.
Utt— /AmiAmvI» Àtohtétka, Ver Bibliosrafia VeoNiMift.
Uum-— Um iluminista português do século XllII: I.uiz Antonio Verney. Por L. Cabral
de Mancada. Coimbra 1941 . — Critica de Domingos Mauricio Gomes dos Santos,
la «Brotéria». vol. XXXm. Cmo. 2^. Agotto4et«iib(o 1941.

Copyrighted material
— 710 —
nmni — Um mBuminlsia português do 9icuh XVItl. Lub Ànlónh Vemey. Por Luis de
Cabral Níoncada. Coimbra, l'J4l.


Ln Imagem da Virtude em o Noviciado da Companhia de Jesus do Real CoUegio do Eipl'
SaMo àt Etora do Reyno de Pmiutti. Por António Franco. Lisboa, 1714.
rito
Io — JD« Gramnuttiea
Jbitíttutione Por Manuel Alvares. Lisboa, 1572. Entre
ttbri ires.

outras ediçOes, relevem-sc as dc Évora, «aurrcntadas e ilustradas» por Afltáoio


Velez, p. e., a de 1S99 e, mais próximo dos c&ludus dc Vernei, a de 1728.
hui — titdeloMoHUfroeaPttoaofiadoseutempo. PDrF.RodiaGttbnarSes. /a «Brotéria»,
XXXI.
vol. Novembro
fase. 5. 1040, p. 306-520.
Ind — Index C.C.R.R,P.P.
bio-4)ibliographicus Dei Schokurum Fiaram ^ui in universo
Afatris
Ordltte Pktatem IMteras ae SdeHtku Seriptís sabfafentes onumrmt, a P. Thoma
Vinas a S. Aloysio redactus et digestus. Vol. 2. Roma. 1909.
Inde — [ndex Lihronim ProhibitonuH (...) SSm. D. N. Pio XI Jussu edUus Amo 1938.
Vaticano, 1938.
Indi Indkuh uniwsal, eontem dlstlnetos em duas ciasses os nomes de quazi todas as coizas
que ha no Afundo, Feito cm Fraaoez Latim pelo P. Francisco Pom^. Feito
novamente Lusitano (...) Évora, 1716.
Ine— Inéditos de Fthsofia da BMbaeea de Etora. Pelo Manuel da Costa In «A Cidade P.
de Évora», 23-24, 25-26 Janeiro-Junho
n." Setembro-Dezembro 1951.1951.
Ined — da Polemica Verneima. Por António Alberto de Andrade. In «Brotéria»,
Inéditos
vol. L, Março 1950.
Inedi Inéditos sobre a Historia da nUosoi^ia em FortugiU no secuh XIX, Por Ferreira
Deiisdado. fn <'RevÍsta de Educaçio e Ensino». N.* 3 — 1897. Muço de
1897, pág. 97-110.
Ins — e
ínsttíuiçõea de Portugtd em Roma. Por Amy A. Bemardy. In
iradiçSes eutturais
«Estudos em Portugal»,
Italianos n." 5, 1941.

Inst — Instnwçam que o Marquez de Valença D. Francisco de Portugal, do Conseiho de Mag, S.


dá a seu fillio primogénito D. Joeepli Migud Jcam de Portugal, Conde de Vlrnhao.
Lisboa, 1745.
Insti — Institutiones Philosophicic Morcilis. Por Augusto Fcrrciii, S. Roma, 1899, Tomo 1.
.1.

Instit — Institutiones Lógicas in usum liionum scriptae. Auciorc Antonio Ccnucn&i (...)
Conimbricae, 1773.; — N.B. Corante Benedicto Jeaepbo de Sousa Flsriiiba.
Publicaram-se sucessivamente em 1786. 821. S28, 835 89, 97, e 847.

Instr— Instrumenium Por Carlos José Mourato. Lisboa 1770-74. Instrumento


verítatls.

da verdade practíca, Ethica ou Philosophia mont. Lisboa, 1778.


£astni — sobre a Lógica ou Dtabgos sobre a fíhaefia Racional. Pelo P. Manuel
Ittsh'uçÕo
Alvares. Porto, 1760.
Instruc — ínstrucçam breve sobre u do sangue, enriquecida com notas para
circttluçam uli'

lUhde dos principiante. Por Frandsoo José Brandio, (...) Porto, 1761.
Inst ruce — in^tnuçõan para os piofessores de Grammattea Latina, Grega, Hebraka e de
Rhetorica. Lisboa, 1 759.
instriMOO Instrucções Ceraes em forma de Catecismo nas quaes se explicâo em Compatdio
pela Sagrada Escritura, e Thufíçâo a História e os Dogmas da Religúio, a Morai
Christã, os Sacramentos, as Orações, as Ccremonius. c usos da Igreja, Impressas
por ordem do Senhor Carlos Joaquim Colbert, Bispo de Monipelli.r (...) com dous
Cateelsneos abbranriados para o exeréldo das rnsatue. Primeira parte. (...). Lis-
boa. Na Officina de Miguel Nfanescal da Gosta, Amo 1765, 4 vob. Com todas
as licenças necessárias. 4 vols.
Tsá-ltírodaetíoHàridaolrtéeimomlqiÊeGénMe. Por Onde* Veclindn. Ooind»», 1948.

Copyrighted material
— 711 —
Inv — inventos e vários este Seino, escr^os mu prisões da
pkmos de me^onanentos para
Junqueira. Por Bento de Moura Portugal. Coimbra, Imprensa da Umvmidaiâe,
1821. iV.£. —
Ediçfto preparada por António Ribeiro Saraiva.
Inve — inventários das Cartas e dos Códices ms. do Arquivo do Cabido da Si de Évora. Mo
P. GarkM da Silva Tarouca. Évora, 1946.
Is — hcrizioni portoghesi cAe esisUmo in diversi iuoghi di Roma. Por Gaetano FraacareUi.
Roma, 1868.
Ist istoria CtvOe dei Regno de Nt^l. Pbr Pietro Oianone, 1723.
lu— lurb Naturae Centitim Quaestiones D. C. Josephus MotútuSt Congregatioais
et et

Quas ductu Joachimi de Fòyos


Oratorii, Lisboa, (...) 1780.
J — Joaquim Josi dos emutrutor de máquinas de
Reis, do Museu Piombidb» da CM-
Física
Por Rómulo de Carvalho. Separata do n.« 177 de «Vértioe»
versidade de Coimbra.
Ja Jacob de Castro Saimento. Por Augusto Esaguy. Lisboa, 1946.
Je Jesuítas Astrónomos da China. Pelo P. Francisco Rodrigues. Porto, 1925.
Jo hui de AnAfOt O primebv erUteo do ^Vadad^ Método de Estudar». PorAntteio
Alberto de Andrade. Jn «Diário da Manhã», 8-12-956.
Joa — Joào Bautista e os Per^téticos. Pelo Joào Pereira Gomes. In P. <cBrotéritt».

Vol. XXXIX. Agosto-Setembro, 1944.


Jou — Le Jourml des Sçavans. chez Gabriel-Françott QttUlau, Père.
Paris,
Jour — Journal A
Étraitger. Chez Michel Lambert.
Paris.

Ju — Judicium Sacrae Theologicae Academiae Eborensis eirca Constitutionem


Facultatis
Dogimtkam Unitentttts Del Fillus. (...) Datam Romiae. 6 Uus Septendi. Anuo
17!?. Fborac, Typ. Acaclcmiac, 1720.
Jus — Justa repulsa de iniquas accusaciones, carta em que manifestando las imposturas que
confra eí Theatro Crítíea y m Atdor dkf típuibiko f>. Plranetaco Soto Mame. 2.* ed.,
Nfadrid, 1749. MA— Eita cdiçSo
cm Lisboa no Convento dos Lóios.
foi feita

L—Uçifesde CidturaeLttemtmuFortugmsas. Por Uemani Cidade. 2.» vol. Coimbra


1948.
Le — As Letras na Ordem Terceira de S. Francisco de Portugal. Por Fr. Manuel do Oeni-
culo Vilas-Boas. fn «Panorama)», vol. 3 da 2.» serie I isboa. 1844.

Let — Lettera dei Capilatuf Ciuseppe Orebich Raguseo contenenie U ragguaglio dei traspoeto
deCXXXmFudriGesuitiákUsbonaaCtvlia-Veeekla. Oenova, 1759. TradncBo
portuguesa: Carla do Capitam Joseph Orebich RegKíimo a qual contem a notícia
do tran^orie de 133 Padres Jesuítas de Lisboa para CVylMnwcA/a, traduzida fielmente
do tdbma italiano para o Português. Em Liaboa. Anuo MDOCLIX.
Lett — Letires Julves ou Correspondence Philosophlque, Bistorique et Critique, entre un
Julf volageur en différens Etats de rEurope, et ses correspondans en divers endn^ts.
Marquia d'Argenton. Nouvelle édition, 6 vols. Haye, 1738.
Lette LetMra seritia ad im Itílmilo Toscano. K«r BiUíasrafia VeraeiaiiB.
Lettera —
Lettera circolarc di Sua Xfacstà Fedellssbna S^Jt. V Arcc\ escovo di Bratra Printate
cott cui gii trasmette Coppe deWOrdine Regia a Cancelliere dei Tribunale delle

S»9pttàe per tt seg siro m M


tuitt t AmI, - ete. (...) De Sommario degtt Errori (...)
In Lisbona ... Neila Stamperia di Midiele Rodrigues, 1759.
Lettere —
Leitere Familiari deWAbate Aittonio Genovesi. Por Domênico Foices Davaozati.
Tomo I. Napoli, 1774.
Lettera Letters and ^ipers of the Vemey Family Down to the end ofthe Original Mss. in
the possenslon of Sir Harry Vcmey Bart. Filited by Jofao Bruoe, Eaq. Loodoo.
Printed for the Camden Society (...) M.DCCC.LUl.
Lea tjedonl dl Commereh ouia dl Eeommda CIvtte, Vor Aittoaio Oenoveai. 1766.

Copyrighted material
— 712 —
U Uno doa Metrknlas da VntwsUade de Ema
de 1724-30 (A.U.C. 1729-35).
lJc--Liçoens de Lógica feitas para uso dos principiantes. Por Antonio Genuense (...)
trasladadas em linguagem. Por Bento José de Sotoa Farinha. Lisboa, 17SS,
1794, 816. 828, 40, 45. 50.
Us — LúAl mititíoaa dia instrumentos e artefacM pUskos e mathanatieos que se fabrleOo
e xe vendem nesta Cidade de Lisboa, em casa de Mamei Angelo Villa, Professor
operário dos ditos Instrumentos. Lisboa, Na Oflicina de Antonio Isidoro da Fon-
seca. M.DCC.XLV.
Liv — Livro das Provas de da IMmMode de Évora, 1726-39 1729-35 (A.U.C.).
Filosofia

Livr — Livro dos Assentos dos Craos doa Mestres em Artes da Unhersidade de Évora. VflX-
-1758 (A.U.C).
Livro — Livro das Provas de Teokgla da Universidade de Évora, 1729-53 (A.U.C.).
LivioA — Livro das Aprovaçoens e graee dos Bacharéis e Uceneladoi da Uaimtídade de
Évora, 1749-58 (A.U.C.).
UvroB Umrodtu eetadoe detía IMversIdade da Metd Comento de S. Domb^ot de Ltíboa
aoeTlde Abril. Amio de 1156. Tratai de um ms. da T.T. oom ftlia de muitas
foUiu e sem cota.
Lo DeBe hdl di Qíoeamd V Re Fedelisslmo dl Patrtogatío Oraxkme reettate Voimo MDCCU
nella solêwte Adunanza degli Areadi temia nel Bosco Parrasio in morte dei medesimo
da Sterano Evódio Assemani Arcevescovo d'Apamea Detto in Arcádia Libanio
Biblio. (Escudo português). Roou, Neila Stamperia di Angelo Rotily, e Filii^
Baodwlli (...).

Log — Logicae iBet^Ume ntdimenta ex oftíaúe fimtibm dueia et Uubie explteata. Jiaoob,
Faociolati. Venetiis, 1728.
Lofi JLâglea Ratíomd, Oeomitrka e AaidMea. Por N&nuel de Azevedo FbrtM. Lisiboa
1744.
Logic— Lógica. Clemente Alexandrino. 2 tomos (Ms. 2255 da B.U.C).
Lógica — Lógica, por Carlo Frick. Friburgí Brisgoviae, 1896.
Lu — Luiz Antonio Vemey, Secretario Regto em Roma. Por Carloe de FuMW. A «Acvista
de Historia», vol. X. Lisboa, 1921. Pág. 217-224.
LU6 Lucidtrationes PhHosop/iicae ad Libros Aristotelis de ortu et inter itu. Por Francisco
Ribeiro. Impcema da Universidade. Évoia, 1723.
Lul — £«<v Vetm^t Apáaoh CMca. Por Antóoio Séiiío. ta lâeara Nova», N. 1016>17.
Usboa. 1947.
Luís — Luis António Vemei, critico e primeiro historiador português da Filosofia, Por
António Alberto de Andrade. In «Brotéria», vol. 38, fine. 4. Abril de 1M4^
p. 426 e ss.
LuisA —
Luís Antonio Vemey. Por António Salgado Júnior. In «Os Grandes portugueses.
Direodo de Hernâni Cidade. Udaaa^ p. 181-188.
LoiaAn tade António Vcmci, Soldado na índia. Por António Alberto de Andnde CSepa»
rata do ifioletim do Instituto Vasco da Gama», 1958).
Lot —
Larnait nii: Lutmeo canto poético (...). Lisboa, 1736.
M Mística a Ratíontdismo em Portugal no século X VIU. Uma página de história relifíosa
e política. Por Luis Cabral de Moncada. Coimbra, 1952.

Ma Aíapa de Portugal antigo e moderm. Por João Baptista de Castro. 2.'^ ed. Tomo 1
Uiboa. 176Z. Tono 2: Lisboa, 1763. Tomo 3; Usboa, 1763. l.« ed.
de Porttigti. Farte primeira: Lisboa, Miguel Manesciil da Costa. 1745. bulimia
parte; 1746. Terceira parte: 1747. Quarta Parte: 1749. Quinta parte: 1738.
3.* ed. Lisboa, 187D.

Copyrighted material
— 713 —
Man — Mauiel de Axeveda Fortes, leguax, por tíeríio, éa$ faes fimdemtmabt carttOmat
em Portmal, Por António Alberto <fe Andrade. Awocinçio pam o Rogicuo
das Oteclaa. liiboa, 19S0.
Mani — Mmtfeslú dot eadios, ou novo nocturno, e singular estudo de novíssima, certíssima
universal Meíttcina, que dá na ma aula o Dr. Amónio de Monravà y Roca (...),

Lisboa, na Officina do mesmo Autor. Ano 1743 — Reproduzido cm Es. 102-110.


Manu — Manuscritos de interesse paia rortugal exiuenles em bibliotecas de Barcelona.
Por JoivB Vdxoto. tn «Arquivo de Bibliografia Fortugneaa». Ano III, N. 12,
Outubro-Dezembro de 1957.
Mar —
O Marquês de Pombal e a sua época. Por Lúcio de Azevedo. 2.* ed. Porto.
Mari— D. Maria i. Vot Gaetano BeiíSo. liaboa, 1934.
MÊtq —O Marguiã de Pombal e lu iMeniiot de Mkavã». Por Antdoio Perrio, Coimbra,
1923.
Mat — Matéria Medica Physico-Hisíorico-Mecltanica, Reyiio Mineral. Por Jacob de Castro
Sannento. Rute I: Londiea, 173S.
Max Máximas sobre a Arte Oratória extrahidas das doutrinas dos antigos Afeetrtãf illttS-

tiadas por Candido Lusitano. Liaboa, Francisco Luis Ameno, 1759.


hle-^MeinerledegttSertttoridelRegiiodmifoH raooolteediateie da Eustachio d*AfBitto
Domenicano, Custode dei Museoe delia GaIleriade*Qaadrlche sono nel R. Palazzo
dl Capodimonte. Tomo I. Napoli, M.DCCLXXXII. Neila Sumpcrta Simo-
niana.
Mem — Meaiertas do Real Collegio do Estrito Santo da Cidade de Évora e do Cartório ou
Secretaria do Conselho do QmmOo de Utboa. 1777. Por Fr. Vicente Salpdo.
(B.A.C. ms. 382 v.).

Memo— MendiriBr da ÍMmstdade de CeMbnt, Por Frandaoo Gameiro de Figueiroa.


Universitatis Conimbrigensis Studia ad Regesta. Coimbra. 1937.
Memoi — Les Mimoires de Trévoux et Ir moavemení des idées au XVIU siécle. Par AUred
R» DaHUteb. Roma, I9SS.
Mémoir Mémelrts de Trévoux. Lyon-Paris, 1701 e ss.

Mamor (MemorR c MemorB) Memorias para a Historio l iticroria da Cidade d' Évora.
Descripção e acabamento da sua Universidade, tilado actual da Litteratura das suas
Fmttktt MeUgtoeae, Bilrada a aoaaenaçBit doe Pnfieeoree Regioe. ms. fl.
Gf. m>. da Biblioteca da Ajuda 52-XI-6, n." 67 —
Fstc devia ser o titulo primi-
que restam. Assim, o ms. 217 v. da B.A.C. História
tivo, alterado nas cópias
Ltaixia da Cidade de Évora desde a expuklo doa Jeaiitaa, adw o anno de 1778.
B o IC6 V. da mesma Biblioteca: Breve notícia noe Estudos que os Jezuitas
exerciam na Universidade de Évora ao tempo que foram expulsos: Para servir
de continuação à História Literária de Portugal. Os trechos publicados na
«RrnMa de Hatófia». vol. X. Liaboa 1921 e no «Boletim de Bibliografia
Portuguesa», vol. Tl, Coimbra, 1879, trazem outros títulos. Fstes, indicar-se-3o

modo: MemorR e MemorB. O autor é certamente Bento José de Sousa


deste
Arinlin, cooio ae apura do cuuleiílo.

Memori Memorieã «ue te presentou a la Magestad Catholica, por el R.P. Fr. Fimeleeo
de Soto y Mame, Chmdtla Oeaend de la Eelígion de nuestro Padre S. fíwieteeo
(1751).
Momoria Memória sobre o estado das Lelirae em Fortagal aa /.* metade th «ác. XVni.
Cardeal Saraiva. ín Oh. CU.
MemoriaC — Memoria sobre o começo e decadência da litteratura liebraica entre os Por-
tugaetes COtkotteot Roamaaa desde a fundação deste Meino ati ao reúudo d'JBRel

Copyrighted material
— 714 —
D. Josi /. Por Pr. Bernardo de S. Boaventura. íh «Memorias da Acad. das
Sciencias». Tomo DC, Lisboa, 1825, p. 29-61.
MèmoriaE — Memoria sobre o estado dos Estudos Menores. Por Francisco José dos Santos
Marroco. Itt «Revista de Educação e Ensino». Lisboa. 1892, S21. Ano Vil,
n.» 10, II e 12.
MemoriaEc — Memoria F.conomica a favor do Real CoUegh de SoiUttrim. Por Bento
José de Sousa Farinha. (B.A. S 1-1-60, n.» 34).
MemoriaH — Memoria Hbktrha da Faaááaie de Mathenatlea Pelo Cons. Francisoo (...)

de Castro Freire Coimbra, Imprensa da Universidade.


(...) 1872.
MenioriaHi — Memoria Histórica e Commemoraiiva da Faculdade de Medicina Por (...)

Bernardo Antonio Serra de Mirabeau (...) Coimbra, Imprensa da UniversUSade.


1872.
MemoriaHis — Mctmiiu Histórica da Faiiilíhiílc «/c Philosuphia. Por Joaquim AugUStO
Simões de Carvalho. (...) Coimbra, Imprensada Universidade, 1872.
MemoriaR — Memoria do Retd Seiíditario de Santarim. POr Bento José de Sousa Farinha
ÍB.A. 52-XT-2. n.° 109).
Memorias — Memorias Históricas e Apendix Segundo à disposição Quarta. Da CoUcoção
das Disposições do Superior Provincial Para a Observância e Estudos da Congre-
gação da Ordem Terceira de S. Fkandsoo. TomoH. LiÉboa. 1794.
MemoriasH — Memorias Históricas para o presente século nas quaes se vêem as cousas
mais inqmrtantes que se passaram em todas as Cortes no mez de Janeiro de 1744.
AdniesterãSo.
MemOriadii —
Memorias Históricas Geográficas e Politicas observadas de Ports a U^boa.
Por Pedro Norberto de Aucourt e I^dilha. Lisboa, 1746.
MemoriasHis MmMasHlslôrkateGeiíealá^eaadosGramkade^iirtagtd. PorD.Antó-
nio Caetano de Sousa. 4.* ed., Lisboa, 1933.
Memorie — Le Memorie autobiogn^fic/ie dl Antonio Genovese. Editede ed iiliutrate, per
Alessandro Cutolo. In «Archivio Storíco per le Provioce Napoletane». Nuova
serie. Anno X. Napoli, 1924, p, 233.
Mer — Mercúrio Filosófico. Ver Bibliografia Verneiana.
Merc —
«Mercúrio Filosófico». A propósito de uma polémica no séc. XVIU. J. Pereira
Gomes. Ih «Brotéria», voÍ. 43, fiue. S, Novembro 1946, p. 383 e ss.
MerCU Mercurio Histórico c Politico do Mez de Abdo de 1742. Traduzido dc Triincez

ao Castelhano por Mr. le Margné c disposto em Ptotugnex por Joio de Buitrago.


Lisboa, 1742. Mercúrio histórico y político que oontiene el eatado presente de la
nmopa. Oclubre dc 1781. Madrid. 17KI.
Mes — Mestre c Precursor. A. Luis Va/. Lisboa, 1942.
Met — Método para os estudos da Província de Carmelitas Descalços de Portugal. Lisboa,
1769.
MtÚk — Methodo Novi'isin!o para aprender a Graniinatica Latina fuiulumeniahnentc e com
brevidade, exposto por modo de systema segundo os princípios da Grammatico
Gera! e doalrlMas dos meOiores Crmamahos (...) Por Domingues Nunes de
Oliveira. Lisboa, 1786.
MÍBto — Método pelo qual se hão-de observar literalmeiue na Provimia da Ordem Terceira
de S. f^OHctsco, as disposições dos Cursos Filosófico e Teológico, como se acham,
detemUnodu nos Estatutos da Universidade de Coimbra, com proporção aos estudas
exercícios e economia claiistral da mesma Ordem L sboa 774 i . 1

Metod — Methodo breve, e fácil para estudar a Historia Portuguesa, formado em humas
TiAoas Chroaokifleae, e Etaorteae dag JB^n, JMMIw, « IVAnW de Portugal. (...)

Copyrighted material
— 715 —
Por Fnndaoo Joaé Freire, Ulyisipoaense. Lisboa, Franeitoo Lois Ameno,
1748.
Método — Método para aprender e estudar a Medicina, illusirado com os apontamentos
para estabeleeer-se uma Universidade Real, na qual deviam i^trenda>se as Sciencias
Immanas de que necessita o estado civil e politico (. ..). POr António Ribeiro Suches,
.

sem lugar, 176?, Recdiíado em ObrasA


Mi —A missõo dos Padres Matemáticos no Brasil. Por Jainte Cortesão. In wStudia».
Revista do Centro de ^udos Históricos Ultramarinos. Lisboa, 1958, N,» I

pg. 12VI50.
Mis — A un mismo tiempo Feijoo dejendido y Ribera eoimiieUh, en abatíndento de la Medi-
etna de Hipócrates y Galeno, para desengafio de hs no poeo entendidos, EspaHoles y
Portugueses {...). Pelo Dr. António Monravà y Roca. Antuérpia, 1732.
Mu — Muratori em Portugal. Por António Alberto de Andrade. In <d3iirio da Manhã»,
25-XU-956.
Mtm Mundo àbtttfkkkf, m vud com» em IlnUtado inoppa se dá noticia da portentosa
fidtrlca do Universo ( ..). Por Fr. Teobaldo de Jesus Maria. Lisboa. 1745.
Mur — Muratori simulado, seguido com as suas mesmas doutrinas e comeiiciJo nas aUega-
çotm, em que se firma, principabnente tias três Bulias do Santíssimo Padre Bene-
dleto XIV, Suprema, Ubi primum, Ad eradicandum. Por Ramiro Leiíe Gatade
Luneira de Reddabe. Sevilha, 1747. iV.J?.— Autor: M. de Ataíde Corte-Real.
N — Algumas nótulas sobre a Universidade de Évora e sua actividade pedagógica. Pelo
Dr. Fernando Castelo Branco. /««Actas do 1.* Congresso Nactooal de Filosofia».
Braga, 1955
Na — Augustissimo Poriugaliae ii{/anii (...) D. Antonio (....) Naturae ci anis mirabilia sive
mbuapMa Fertpatetiea eariom, praeside P. M. Frandsoo Antonio. E Sodet.
Jesu Público Phiiosophiae Profes^-ore Propugnaturo Josepho Correa de Sá e Mello.
In Régio ac Pontifício D. Pauli Collegio Bracharensi Sodet. Jesu integra die
(à mio:) 6 htyus mensis. Questio princeps: Utrum Feripalotica Philosofdiia
noperis Europae Academiarum inventis optime cohaereatT Conimbricae. Ex
Typographia Antoni i Simoens Fènoira. Univerait. l^pog. Amio Domini
1732. Super pennissu.
NaR — Ml Jbaf Csm de N. Stàkora das Necessidades se nfferaee a Exame de Geometria
a ... deste me: de tarde Jotg Aureliano de Aranda» Havido do P. JtM^dm dt Foyos
da Congregação do Ontário. Lisboa, 1778.
Ne — Al NewtonUmismo per k Dome awero Dbdegbi sopra h tjice e i Còhrl. Por Fran-
Algaroti. In Napoli,
cisco 1737,
No — Noticia do Colégio da Universidade do
(los edificios Santo de Évora. POr
Espirito
Túlio Espanca. In «A Cidade dc Lvura», 41-42. Janeíro-Dezembro
n." 1SIS9.

Not — NotaaàeritkaqileeSiir.MarqiliadeValesiçafnàDfagtétaébCU. GoaipoM«s(sic)


por Monsieur Comeille. por hum Anonsp"(^
Fscritas da B.N.I L 4598 íVfs . v.).

Noti — Notkias e
secretas, inéditas da Junta rejorniadora da Universidade de
nutitas curiosas
Coimbra» «cttabldas do diário de D. ¥t. Manuel do Cenáculo, ht «Cooimbricenoe»,
1869, n.» 2.328-2.331.
Nov — Novo Theatro Universal, que para recreaçam dos curiosos « paitlo dos criticas se
abrirá no Equinonio Vem» qubaa feira 21 4r Março do tmo 4e Biemaçõo de
Oiristo Senhor Notto. 1737 (...). Por D. Carlos de Nodie (...). Uaboa Ocd*
dental. 1737.
Nova — Nova Instrucçam Filosojica estabeiecida em vários experimentos. Por Fr. Fran-
dHO de Vaaoonoelose Sande Corte Real. LÍsboa,176I.

Copyrighted material
— 716 —
NovaL— Nfvtt Lagka QmMbrteauit stx Mbtàtar Ih Orcforio Barreto.
traetatat (...) P.
Ulyiipaoe. 171 N.B.— Reeditado em Uiboa, 1734.
1 .


Novo Novo AtUas ou do mundo
theatro universal
ditado na Regia Aula do Colégio
todo,

de S. Antão desta Cidade, pelo Mestre de Mathematida Diogo Simoens da


P."
Companhia de ListxM Occidental, anno de 1721. (B.N.L. — Ms. S29
Jesus.
do F. G ). \'.fí - Anfor: P Diogo Soares (Cf. Pr.. 519).
NovoM — Novo Methodo da Grammatica Latina para uso das Escolas da Congregação
do Oivlarh na Real Cata àt N. S.* áu Nèoeatibin, Ordenado e composto na
Congregação. Por A. Pereira de Figueiredo. Liiboa. Na Oficina de Mifnel
Rodriguet, 1752.
NovoMe — Mnv Methodo de Grammatica, para eprendar com perfeiçam, e ainda sem uío
de Mestre, a língua Franceza e de algum modo a Portuguesa. Pòr Mr. do la Rne.
Lisboa. Ofic. Patriarcal dc Francisco Luis Ameno. 1756.
Nu — Nuevo systenm sobre la causa physica de los Terremotos, explicado por loi pheiiomenos
eleetríeoB (...) Sa autor Dom Fkey Benito Geronymo Feijoo (...) Dedicado a
Ia muy erudita, regia y esclarecida Academia Portopolitana por Don Juan Luis
Roche, Académico de brudicion de la misma Real Academia Portuense (...)

Puerto de S. Muia, 17S6.


Num — Nvmmismelogia ou Breve recompilaçunt ,ír algumas mcdallui\ dos Emperadores
Romanos, com noticias históricas desses Imperadores. Por Bento MorgBltti.
Liaboa Occidental. Of. de José António da Silva, 1737.
O— OnvS» ÀOMlímleat (...). For Fr. Simlo Antânio de Santa Càtarina. LialMia.
Or.dftMttsica. 172X
Ob — Obras emfktas do Cardeal Saraiva (...). Vol. X: Lisboa 1883.
Obr— Obtfos poetieat e oratorku de P .A. Correia Garçio. Roma, 1888.
Obra Oòea» escolhidas do P. António Vieira. Prefádo e notaa de Aatdaio Sérgio e
Hernâni Cidade. Livraria Sá da Ooeta, Lisboa.
Obras —
Obras escogidas dei ftdre José Francisco de bla. Biblioteca de Autores Espafio-
les. Madrid, 18S0.
OteaaA —Obras dc António Nunes Ribeiro Sanches. Vol. I. Método para aprender a
estudar a Medicina. Cartai sobre a Educação da Mocidade. Universitatis
Gonimbrigeniis Studia ao Regesta. Cofanbn, 1959.
Obri— Obrigaçoens dos Amos 9 dos Criados. Por CUUmUo Fleuiy. Tcaduclo de Joaé
Caetano de Mesquita. Lisboa, 1771.
Obs — OtenarttMer AstrmonUeaet habtíae Ulyssipone (de que se infere a longitude e
latitude de Lisboa). Na pág. 3: Observatio Solaris Dcliqui cclcbrati die 25
S^emb. 1726. Habita ín Observatório Regii Palatii a P. Io. Baptista Carbone.
S.J. — Na pág. 6: Lunaris ecUpsis celebrata 10 Octob. an. 1726 et in Observatório
Goilegii D. Afltoolo Magd Obeervata ab eodem (...). — Nas pág. 10 e 12, outras
observações noutiosdias e ano dc 1725.
Oc — Ocaso de Uu formas ariatoMicas, que pretendia ilustrar à la ba de la ratOHt el Doctor
D. Juan Mutin de Lesaea. Obra poitfhmna dei Doctor Matbeo Zapata, en que se
defiende la moderna Physica y Medicina. Tomo I. Madrid 1745.
Ocu — O Occulto Instruído dividido em diferentes partes. 10 £bsc. Lisboa. Of. de Domingos
Rodrigues, 17S6-S7.
Om — L*<Mfra deUa Marcheaa dl Távora alie Dame, et Clttadbie d'Ittãla. Oeoova, 1760.
Op — Opusculum phlhstipklcum ad Tyronum elucubratum. Por António Soares 1758.
Tomus I. — Ló^ (B.N.L. ms. 4929 e 4338 do F.G.). Tomos 2 e 3 (faltam).
Tonto 4.— FUca, 1.* parto (Mi. 4339 do F.O.).

Copyrighted material
— 717 —
Or Les Ortgbm àes MoHta^PUa. Tki» pour ie dodont (jSeitHees Juridlfiies). Por
Mkurioe Watier. UoivBiiidade de Stiubouis. Faeutté de Droit. Rixheim«
1920.
Ora — Oração fánébre m morte da Br. Akxandre de Sousa Torrts SoKto AÊtfjnr. Far Antô-
nio Isidoro da NóbiCi». Liafaoa, I7SI.

OníÇ — Oração sobre a restauração dos Estudos das Belas Leiras em Portugal, que no dia
30 de Setembro de M.DCC.LIX, presença de... D. José /... disse José Caetano
de MBsquha, praf. Rcgio de Retrnioi, PAblioo e OnUnirio no Hospício da Cotovia.
Traduzida da língua btina em vulgw... liiboa, aa oâcina de lãS^xA Rodrifues,
fi. DCC. LX.
Onçk — Otroçãa m fim do txmnt pábiteo de DIrtíto Naherol. Recitada por Bento Joi6
de Sousa n»Uia(...) na cidade de Évora, em ... de Julho de 1772 (B.A. SI-l-60) —
Oraçam — Oníçum na abertura da aula de niozofia do Real Seminário do FtOriarc/udo.
Por Bento José de Sousa harinha. (.Í3.A. SI-lv-10).
Oração OraçU» m abertiav do exame pábiteo de Direito Natmvl feita por Bento José
de Sousa Farinha (...) na cidade dc ívora em , de Julho de 1772. (B.A. 5I-I-60).
OraçãoC — Oração, que os Censores, e tnais Sócios da Academia Real da Historia Eccle-
siastica eacamganm ao Rgrjno Padre Estácio
e Secular dos Reòtos de Portugal,
de Almeida, da Coní're^'açào do Oratório dt S. F^tt de Nerit Atadetnfco do número
da mesma Academia. Recitada na Confertocia pública de 26 de Mayo de 17S9.
Lisboa, Na Regia Offidna Syiviaoa, e da Academia Real, 1759. Cora as licenças
necessárias.
OiaiÇloF — • Oração fúnebre na\ exéquias do Rev.mo P. Antônio Vieira da Companhia dc
Jesus (...) Que na Igreja de S. Roque fez celebrar o Conde da Ericeira D. Fran-
cisco Xavier de Meneses em 17 de Doembto de 1697. Diise-a o P. D. Muniel
Caetano dc Sousa (...) Lisboa, 1730.
OraçãoQ — Oração que o Marquês de Valença recitou na Academia pela qual mostra que
nem os rtya detém filosofar, nem os filósofos reynar. Lisboa, Of. de Miguel Rodri*
gues. 1738.
OraçftoR — (haçào que recitou o Marque: de Valença, Censor da Academia Real, na Con-
ferencia que se fez no Faço em 9 de Agosto de 1736. Com a ocasião da morte da
Stmdulnm Senhora tnfimut. Lisboa, 1736.
OracI— Oraehn Medico-Anatomica que Excelentíssimo Conde de Atougiua
al Seíior (...)

Doctor D. Antonio Monravà y Rocca O.D.C.


el Lisboa Ooddental, . 1725.
Oraço — na dbertma do exame de Logka,
OnqpSeff no Sendnarto de SanÊarém. Por
hatddci
Bento José de Sousa Farinha. (B.A. Sl-iv-IO).
Ori — A da
orientação nas Escolas dos
Filosofia Por António Alberto de
AgostiidioSt etc.
Andrade. Jn «Brotéria», Maio de 1746.
Oát—A orientação do eelado dnfBoaofia nos Carmela Desealçoi, Brandias Calçados de
S. Agostinho, nos Beneditinos, nos Trinitàrios. nos Jenhiimos, nos Cislercienses
e nos Dominicanos. Por António Alberto de Andrade. In «Brotéria», vol. 43,
fiu. 4. Ootiibfo de 1946. p. 24fr-258.
Ofto — Oriegrefia da Lingua Latina. Composta por Antonio Alvares da Congregavam
do Oratório de Lisboa (...) Lisboa: Na Offloina de Miguel Rodrigues, Inipres.
do E. S. Card. Patriaic. 1759.
P Portugal e a Cultura europeia (ISies. XVI a XVIIÍ). Por Joaé Sebastião da Silva Dias.
Coimbra. 1953 — Separata da Revista «Biblos».
Fa — i Palazzi di Por Luigi Càllari, Roma, 1944.
Roma.
PUd Ptdestra que lave D. Farefia da adoração «em a sua visinka D. Eegaidçada das

Copyrighted material
— 718 —
eHehagaeeaa, no tUa depois de ler vtei» da Romaria de S. Maearto (...). Liiboa,
1787.

VtííL — PaUuzola (Um Convénio Portuguez


Itália). m
MoDographia pelo Visconde de
S. JoSo da Pesqueira. Porto, 1904.
Para — Para o segundo exame publico de Rhetorica, e de Poética, presidindo João Rosado
de Villalobos e Vasconcellos, Professor Régio de Rhetorica e de Poética na cidade
de Évora(...) Na sala publica dos Actos da cidade de Évora, Lisboa, 1775; íd;
Fara o 1* Exame (Lisboa, 1776); M, Para o 2* Exame; fd„ para o Exame
Publico (...). Lisboa, 1780.
Pare — Parecer sobre os dois papeis: O Filosofo Solitário e o Filosofo Solitário Justificado (...)
Lisboa, Na regia oflkina Typograíica, 1787.
Pat — Atfrer ae FIratras ex antiqua Provinda Lusitana S. J: qui sub Pombalio, posi dura
quaeque perpessa iii exilium d^mrtari maluerwtl epmm Societatem Jesu derelin-
quere... Oiisipone, 1902.
Patr — Atfraisae fratrea ex Prwbiells Uhrwmrínis aittUfm andsteatiae Luãltaiiae 5.
qui sub PomhaHo. posI dura quaeque perpma Al extttwn d^portort moAMfMtf fOBin
Societatem Jesu derelinquere. Oiisipone, 1903.
Pe — Periptoetkae PkUosophlae MeduBam a Meekankae nUòsophlae eorpmcutís ae fae-
cibus expurgatam. António de Freitas. Évora, 1746 (B.N.I . R. 5138 A).
Pcd Vm pedagogo do século XVlll. Martinho de Mendonça. Por Joaquim de Car-
vaiiio. In «<Arquivo Pedagógico». Buleliin da Escola Normal Superior de Coim-
bra, vol. L CtNmbra, Imprensa da Unhersidade, 1927.
Pen— rcn^éc curopéenne aii xyrir^"'* sUde, de Monteaqideu à Lesaing. Por Fául
liazard. Paris, 1946. 3 vols.
Ph — Pharttt DUdeetiea sive Logkae Vtitversae Brevts Elueldaiio, ta trea partes dbtrOmia (...).
Authore Benedicto de Nfacedo S.J. In Eborensi Academia Philosophiae Pro-
Tessore. Eborae. Ex Typographia Academiae, Anno Domini 1720.
Phi — Philosophiae Arisiolelis propugnaculum tertium (ms. 2156 do F. G. da B.N.L.):
propugnaeulum quartum, pro Physica. (Núcleo IH. msv 18 B.P.E.) P. José Ferreira
— Apud. Ine, 25-26, pág. 353. —
Outro exemplar do Propugnaeulum IV, no Cod.
CXVm/2-13).
Phil — PkOosopiaa Artsioiettea restituía et tibistrata qua experlmentís qua railaebUls mqier
Pelo
inventis. João Baptista. Lisboa, 1748. 2
P." vols.

Philo — Philosophitm universam eclectlcam, ex Philosophorum cunctis sectis methodice


selectam ae eonettiatam, Duoe P. M. Ignatio Soares i Soe. Jesu, Philosophiae
ac Matheseos Proressore, Propugnaturus Antonius Netto da Fonseca In régio
ac Pontifício D. Pauli Collcgio Bracharensi S. .1. integra currentis mensis die (24).
Quaestio princeps. Quid Praestantissimo Rege dignius, regnum bcilo an pace
augere? TVp. b Rcgío Artíum GoUegío Societat. Jesu 1753. Cúm Flscultate
Superior. MB. — No fim da 2.» parle: Id. 1754.
Philos — M. R. Augustini PhOotaphIa Ecléctica Christiana, Raíionalis, Naluralis, MoraJis,
Opere et studio Donmi Antonil ab AnnimHatione Ganonici Reg. (...) ad osum.
C iiionicorum ejusdem Congregai ionis. Coimbra, 1757 — I." vol.; 1758 2," vol.

Philoso Pkilosophia moderna. Pelo P." António Joaquim. 3 vols. (B.N.L. Ms. 3543-45
do F.G.).
Philoaop— k HdhsapkÊe de la Natare. Por Delisle de Sales, 6 vols. A Amsterdam,
Chcz Arkstéc & Mcrkus 1770-74 — S.» ed. Londres. 1789.
Philosoph — Philosophicum Universam insimulque Balisticam, Geostalicam, HydrosUOicam,
Mydnadkam (...) Astroaomlcam (...) Optkam (...) ph/raqae otti, Matkematieam

Copyrighted material
I

— 719 —
attféêe Geometrlam ex parte compkcttntia (...). Praetide D. José de N.S. de
Poria. 1757.
Philocophi — Philosophia Libera seu Ecciectica Rationalis et Mechanica Sensuum (...)

Auctore Ignatio Monteiro. 7 tomot de Ffska: Veneza, 1766. 1 vol. de Lógica:


1768. 2.» edição: 1775-76

Philosophia — PAi7o5o/>A/a Scotiea Ectetíica. Por Fr. António da Imaculada Conoeiçto


CascaU. 1768.
Philoaophiam PkUoaop/iktm mm Siokam, PhioidMH, Corteshaiam, Nêwtmiiamn aat
Aiomisticam, ^cd Peripaleticam, Rationaleni. Naturalem ac Moialcni: Ubt etkPft
aliqua dabimus De Óptica, Ge<^raphica, Astroiogia, Nolitia critica de Neottri'
eortm Loirka et Arte ertttea D. O. C. Pr. Joachim de Sacta Orna (...) in Collegio
CIborcnsi (Ordinis S. Pauli Ercmi(ae). Conimbricae, 1753.
ny—Pliysicaríiiiifn^iiriitioiíHmUhriX. Pelo P. Teodoro de Almeida. Torooi. Lisboa*
1785. Tomo II, Lisboa 1786. Tomo UL Lisboa, 1793.
Pbiyi Pkyska Geitendla a Benedieto loseplio (...) etucubrata (...) 1765. Tomui Illl.
Nis. B.N.L. Pomb. 5).
Physi Physicae Particularis Liber Primus De Mundo (...) Benediclus Josephus (...).

In AcMkmia Eboremi. Tomos VIII (...) Anno 1766. et 3."* suae profeaiionis
(B.N.L. Pomb. 5).

Pi — Mmique. O
Pintt — O Amigo de Lisboa. Por F. A. Oliveira Martins.
Politico
Usboa. 1948.
PI — nmo geral pelo qual se hõthde observar Itterahmie m Proriaela de Portugal dos
Menores Observantes ilc S. Francisco a< ílhp(^siç5^s que se acham determinadas
nos Estatutos da Universidade de Coimbra, com proporção aos estados, exercidos
e economia daastral da mama Pravbieta. Lisboa, 1776.
Pla — Pkuto dc Estudos para os Religiosos Menores vcfornunlus da Pras incia da SdIí i/hiIj.

ordenados segundo as disposições dos Estatutos da nova Universidade de Coimbra,


fiaéaáa por BRel D. José t, Mxno SSnrior. Lisboa, 1776.
Piag Um piági" dc Francisco Joseph Freire (Cândido Lusitano j. Pelo ProfOSSOr Gosta
Pimpão. /// Bihlos-, XXIII, tomo I. Janeiro- Abril. 1947.
Plan — Plano de Estudos pura os Religiosos Menores Rejormados da Província da Piedade
da iimlt estreita e regidar ebtemmeUi th Seráfico Panríona S. fíftmeheo de Assis,
ordenado segundo o método dos novíssimos Estatutos que por Suo hfagestode se
fixtram para a Universidade de Coimbra. Lisboa, 1776.
Plane FkmeUirio Lusitano para o amo de 1757 (...). Pelo P. Eusébio da Velfa, da
Companhia dc no Real Golegio dos Estu-
Jesus, Professor público de Nfatemáticas
dos Gerais de Santo Antão (...). Lisboa, 1756.
Plano —
nano dos Estudos para a Congregação de S. Bento de Portugal. Lisboa, Na
Regia Offidna Typografica. 1776. Amo
FlanoE —
Ptatio de Estudos para a Congicí>nção dos Rcihvosos de S. Paulo 1." Eremita (...)
ordenado segimdo o método dos novíssimos Lstaiutos da Universidade de Coimbra.
Usboa, 1775.
PbmoEs Plano de Estudos para a Provinda doe Rdiglosos TMntiários de Portugal. Lis-
boa, 1776.
PlanoEst — Plane de estudos para a Sagrada Congregação dos Mangas do Doutor Máximo
S. Jerónimo, nos reinos de Portugal, ordenado segundo as regras dos Estatutos
novíssimos da Vniversídadc de Coínihin. Lisboa. 1776.
PlanoEst u — Plano dos Lsludos para a Congregação dos Religiosos du Ordem Ferceira de
S, Fhmeiseo do Muo de Portugel. T^wgr. Regia, 1769.

Copyrighted material
— 720 —
Po Portugtd e íidUa, por Antdnio de P. Ruía. Leone, 1905 — O texto principal é
constituído pela obra dc Fr. Fortunato de S. Boaventura: Litteratos portuguezes
na Iialiaou colleoção de subsídios para se escrever a Historia Litteraría dc Por-
tugal que dispunha e ordenava Frei Fortunato Monge Cisteroense.
fon— O Pioetú,Orttk9eMàfallilafímiebeodtJnm«àãeb. Por Antdoio Fenio. Lii>
boa, 1938.
Pol — Politica Moral e Civil, Aula da Nobreza Lusitana Authonzada com todo o gettero de
emdiçOit sagrada « profana para a dmarina e àirteçBo dos Prbteipa « mab Fotítkoã
(...)• Por Damiani Antonio de Lemos Faria c Castro. 7 vols. Lisboa, 1749-61.
Pom lombal e os Oratorianos, por António Alberto dc Andrade. In «Brotéria», vol. 77,
N. 4. Lisboa. 1963. p. 294-306.
Por Portugal nas oPhilo wphical Transactkm» MM aéculot XVH 9 XVÍtt, PoT Rãmolo
de Cárvalho. Coimbra, 1956.
Port — Um Português que falou com Wolf. Por António Alberto de Andrade. In «Bro-
teria», vol. 52, fiue. 4. AMl de 1951.
Portu— Poriti<;o1 cm Roma. Pelo P. José de Castro. Lisboa, 1939. 2 vols

Pr —
Os Professores de f ilosofia da Universidade de Évora. 1SS9-17S9. Por João Pereira,
Gomes. Évora. 1960.
Prí — A primeira alusão a Dvm artes em Pwmgal. POT DominfDS Murido. /ii «BrotMa».
vol. 3S, fase. 2-3, de 1937.
Priro — Primeiro Ministro, exemplar de Ministros, o lll.mo e Exe. Sei^or Conde de Oeyraa (...)

Por Joio Peres de Kboedo de Sousa Tavares, Aoc. Are. Rom. Lisboa, 1764.
Prime — Primeira origem da arte de imprimir dada à luz pelos primeiros charactcrcs que
João Villeneuve formou para serviço da Academia Real da Historia Portugueza.
Dedicada a El Rey D. lolo VI (...) . Lisboa, Na Oflktna de Joaé Antteio
Silva (...). P?:
Pris — As Prisões da Junqueira durante o MlÉbtírío do Marquez de Pombal, escriptas alli
mesmo pelo Marquez de Aloma, huma das soas victimas. Pabticadas conforme
o origirul, or José de Sousa e Amado. 2.» cd. Lisboa, 1882.
Pro — Professores de Filosofia d> CoUgio dos Artes (1S55-17S9). Por JoAo Pereira
Gomes. Braga, 1935.
Prob—Problimes anlemr de Venmy. For Robert Ricard. tn «Rev. da Faculdade de
Letras de Lisboa ». III série. N. 1. 1957
Prop — Prophetisme e Messianisme dons rOeuvre d' Antonio Vkina. Por Kaymond Cantei.
Pni», 1960.
PropO A propósito de «Benta Joíí», Professor de Filosofia em Évora. Por M. Lopes
de Almeida.
In «Boletim da BiblioCeca da Universidade de Coimbra». Vol. XVII.
Coimbra. 1947.
Propôs— i4 propótíto do centenário do Seminário Maior do Porkf. Resumo da sua his-
tória. Por José Monteiro Branco. In «Letras c .*\rtcs (Novidades), l6-ni-1964. >

Propu —
Propugnación de la Racionalidad de los Brutos. Por Miguel Pereira de Castro
Fkdrio. Lisboa, 1753.
Pros — Pro.ías Portuguesas. Por Rafael Blutcau. Lisboa, 1728.
Prot —O Protestante Lusitano. Por Gonçalves Rodrigues. Coimbra, 1950.
Prov Prmas éa Hblái^ Oemdí^ka ét Caaa Rtiâ Portugueza. Por D. António Caetano
de Sousa. Lisboa. 1739-1749. 7 tomos.
Prova — Awvfl terceira dos dons rliarar teres i/uc por ordvni do Ex.mo Senhor Marquês de
Alegrete (...) e Secretario perpetuo da Academia Real da Historia Portuguesa. Por
Joio de vnieneove. Lisboa, 1732.

Copyrighted material
— 721 —
Q — Quadro Elementar das relações políticas e diplomáticas de Portugal com as diversas
paUneka é» tmatàf. Felo l.*VÍM9o«fedeSuit«rém. ISvob. Ptoit. 1842.1 g«l>.
Qat—A questão do SigiUsmo em Portuçat no scculo XVIII. PbIo P. Alltónio Pereira da
Silvm. In «Itínenurium)», Colectânea de Estudos. Biigi, 1962, n.* 35-38; 1963,
n* 39-40.
K—Os Reitores ào CoU^h das Anes (1SSS>17S9). Por Joio Poraira OouM. LidNM,
1956.
Ra — iia/to Studhrum SJ. (.!.' ed.: Nápoles,
Re EegaJoÊiiaao das Eaadtts tb CoUglo tkÁkobaça, ordenado tot^ormt o dttermttam
os estaaaos <fa ÍMmMaás de CUMra; e dispõem as Instruções rilgles, Uaboa,
1776.
tt0B— De XteapenHa sanUale. Ver BiUkisnifia Verneiana.
Roer— JtocrwflpJb fíhsáfica. l." tomo: I.* ed. Lisboa, 17S1. 2.* ed.: Lisboa, 1753.
2.» tomo: Lisboa, 1752. 3.» tomo: Lisboa, 1752. 4." tomo: Lisboa, 1757.
5.0 tomo: Lisboa, 1761. 6.° tomo: Lisboa, 1762. !.'> tomo: Lisboa, 1768.
8.* tomo: Uaboa, 1792. 9.* tono: (Harmonia da Razio e da ReUgiSo): Lisboa,
1793 10." tomo: Lisboa, 1800.
Ref R^kxões Apologéticas. Ver Bibliografia Veroeiana.
Rei — lli{^le!X0OTV dr IWCx Gbti^
Nova Edição prefittiada por Edoardo Moreiía. Goindna, Impienn da Univer^
idade. 1929
Refle Rifkxões crUicas sobre os escritores cirúrgicos de Portugal. Por Nfanuel Gomes
de Lima. 17S2.
Rcfo — Uma reforma Por A. Dias. In «Lumcn». Lisboa, Julho de
universitária. 1948.
Refu — Refutatio Philosophica sive Conferentia PitilosoiAiae coi\ferens inter novam et inno'

«flMm HdkMopkhm et eeleberrinum fer^«tetkam Resobakmes Varkis. Por


Tomás Manuel Pamplona Rangel Carneiro de Figueiroa. Coimbra, 1748.
Reg. — Regimeiao das Familiares do Santo O/Idit, a/.l. n/.d de impressão.
RflgD Mgm de ChmUe Itt é^E^agm (1759-1788) Por Fhmcoii Rooaieau. Tome
teooDd. Parts, Pkm, 1907.
Regr— Regras gerais, breves e compreensivas da melhor ortografia com que se podem evitar
erros no escrever da iinguu latim e portuguesa. Pelo P. Bento Pereira. 1666-1733.
WL—DetULaglm. BibUotrafia Veimiaaa.
Rela Ritetõ n
Ctnuffimu eidre Poetn^ e e GrtkBMmham Por H. Amorin Foneiía.
LiAoa, 1943.
Rdaç MdacBes exienias de Bertugat. Reinado de D. Joio V. Por Eduardo Brazio.
Porto, 1938. 2 vols.
Relaça — Relação das Sagradas fímções e Festas puUicús que se celebraram em Roma nos
dias TA e 75 de Setembro de 1770, por ocasião tias religiosíssimas demonstrações
que a Sacra MagesUuh de D. José
I, Rei Fidelíssimo, havia praticado com a Santa

a Ssmtidade de N. Senhor o Fepa Oememe XIV. Lisboa,


Sede Apostólica e com
Ofidna Regia, 1770.
Relaçlo Relação de todas as Fasatdas e seus rendimentos pertencentes à administração
do Colégio do Espirito Saeíto de Ckbde de Eeoni (...). Por Fr. Vleente Salgado.
(Ml. »44v. da B.A.C.).
ReM De Re Metaphyska. Ver Bibliografla Veroeiana.
ReP— lUr Re Physica. Ver Bibliografia Vcrnciana.
Res — Resposta às Reflexoens Apologéticas. Ver Bibliografia Verneíana.
Resp — Resposta compulsória à Carta exoriatória. Ver Bibliografia Vemeiana.

46

Copyrighted material
— 722 —
Respo — Resposta segunda ao Filosofo Solitário, por hum amigu dos homens (...) Na
Oflidm de Antonio Rodrigues Galluudo» 17S7.
Reipot — Resposta do Marquez de Valença, D. Francisco de Portugal e Castro aos repam
de hum Anonymo á Critica que fez o mesmo Marquez à famoza tragedia do CU.
UsboB, 1748.
ReqMM — Resposta ao cõo do cego em Dialogo de hum Càzgtro, o tem eõo e Am aogdlo
chegado de Madrid. 1,* parte; Lisboa, 1789.
Ret Retratos e elogios dos Varões e Donas que iUustraram a Saçào Portugueza. Por
Fedio Joeé de Figueiredo. Tomo 1, U^mm, I8I7.
tMO — Rhetorica Sagrada ou Arte de Pregar novamente descoberta entre outros fragmentos
Literários do Grande P. Antonio Vieira, da Companhia de Jesus (...) dada à luz
por GnUhenae Joeé de CárvaQio Beadeira. (...). Lisboa. 174S.
Retr — Retrato 4t Morte^or. Ver Bibllognfia Vemeiana.
Retn Rttratos e Biografias das Pvmmigtns Ilustres de Portugal. Lisboa, Impreaa
Nacional. 1840 e 1841.
Rev— CAm rewlaçâo m vUa mental da Fienbtsah ao siaéf XVttl. It: P. Beidio Fe^
e P. Luis António Vernev. Por Hernâni Cidade. In Boletin de la UniveraJded
de Santiago de Compostela. Ano VI. a.» 20: Abril-Junio, 1934, p. 3-23.
Ri— Af/Ir RtfkssUnd st^tra tl Bíton Gasto oeBe Seienxe e oéFArtt, di Lamindo Pritanio
(Muratori). Parte Prima In Venezia, 1736. Parte Seconda, Ibd.
Rib — Ribeiro Sanches. sua a sua obra. Por Maximiano dc I.emos.
.A vidu e Porto, 1911.
Rif — Rifkssioni di un Portogliese sopra memoriale presentato P.P.
il da' Gesuiti alia San-
tHâ ét P.r. Omaettít Xlli. (...) Bapoate in una Lettera ecrita ad un Amieo di Roma.
In Li<;bonna, 17 58.

HÍB-~ Risíretto dei Processo, e Sentenza emanata contra rinfrascriiti Rei per 1' arrendo

assassínio machlruto ed esegtdto centro la Sagra Persona di Sa Matstà Mtílstíma


Ciuseppe I. di PortogMf la itotta dei Ghnto 3 Settembro 1758. Liubonna, per
Ordine di S. M. F.
Kíz — Rizos do Fikui^ Solitário. Lisboa, Na Regia OfScina Typografica, 1788.
Ho—Rotebo da Vida atribulada de Veroêl. Por Antâoio Alberto de Andrade, ia 4iCbl6>
quio». N." 19. Julho de 1962, pg. 50-52.
Ru — O Rumo dos estudos filosóficos nos Oraíorianos. Por António Alberto de Andrade.
Ih «Brotéria», vol. XIH, fas. 3 de Muço de 1946.
S —A Sala dos Actos da Antiga Universidade de Évora. Por António Bartolomeu Oro>
micho. Ia «A Cidade de Évora», n." 21-22. Janeiro-Junho, 1950.
Sa SaaaxartlCanfdm. Sdeocto e notas do P. Manuel de Azevedo, para uso das escolas.
1733.
Seo — Scoti Peripatelici Quadruplicem Phihsophiae partem videlicet Logicam, Methaphi'
siam, Phisicam et Ethicam (...). Dociore Fr. Enimanuele a Cenáculo elucidata (...).
Io D. FMri Coikgio . Anno Dondni 1749. (B.A.C. Ms. 212^14 v.). —
Sco—>Soollir Arístotelicus seu Philosophia Peripatetica. Por Fr. António de St.» Maria
dos Aq}OB Melgaço. Lisboa, Francisco da Silva. Tomo 1. 1747. Tomo 2,
1759.
Se —O Sentido tomista na História da Medicina. Por Luís dc Pina. In «Boletim Cul-
tural da Cftmara Municipal do Porto». 3-4. vol. XIV — Setembro-Deicmbro
1951.
Sec Seeratarlo Portagaax oa Mtíkodo d» «scrmr Cartas. Por I^andsoo José Freire.
Lisboa. 1745. Nova Edição: Lisboa, 1809.
Scg — // Catalogo degli Pastori Arcadl. Anno 1720. (B.A.R.).

Copyrighted material
— 723 —
Sem — O Semiiuirio de Coimbra. Por Brito Cari.io'^0, «Lúmen», Março e Abril dc 1964.
Sen — Sensus Hacrae Facultatis Theologicae Conimbricensis circa Constitutionem Apos-
toltam qaae tneipit Unigatíua Dei Pílius, Bdttam sub 6. féis SeptemMs Amo
(...).

1713. Conimbricae, Ex Typografia. In Regali Artium Collegio S. J. (...) 1717.


Scot — Seruenza delkt Santa Inquisizione di Lisbona contra il Padre Gabriele Malacndo
deUa Cànvagnia demminata di Gesú (...) Lisbona, 1761. Neila Stamperia di
NOdwle Rodriguez, Stampatore Fatriorcale.
Senti Sentimentos métricos ou CoUecçam de varias VOies na magoa pela morte da Sere-
níssima Senhora D. Francisca (...). Dedicados à memoria da mesma Sereníssima
Senhom. Por Joana Foneira de Aru^. Lisboa OocídrataL Na OfBdna de
Miguel Rodrigues, 1736.
Sep — Septem Linguarum Calepúm hoc est, Lexkon Latinum variarum linguarum tuterpre'
tatione adjecta, ttt usam StHtínarii Fatavini. Editio sexta emendatior et auctior.
Patavi. Typis Seminarii MDCCXLVIL 2 vols.Incipit: Jaoobus Facciolatus
Lectori. Foi ajudado na revisão do Didonário de Ambrósio Calepino, pelo
amigo Forcellini.
So— Sobre Etíudos. Memoria Terceira. (Ms. da B.A. — 51-iv-lO, n.« 6 sem data.
PLiblicada em Be, 42).
Son — Sonho tão claro que se fes dormindo. Anathomia Religiosa sem mais nem mais.
(Ms. 185 V. da A.C.L. Códice de Fr. Vicente Salgado).
Sor— ^ Sorte de S. Tomás de Aquino na Filosofia Portuguesa. Pof António Alberto de
Andrade. In "Filosofia». Abril-.Tunho. 1959.
St — Storta Letteraria d' Itália (Vários colaboradores). // Settecenti, a Cura di Giulio
Natali. Ftete prima, e Psrte seoonda: NClano, 1929.
Sta Status Antiquae Provinciae Liisitanae S, J. tempore perseeutbmis Pombalinae.
13-12-758/14-8-760. Lisboa 1905.
Sto BlNiogrt^ Seohplea. Studii .. P. Leodegario Picanyol. Serie V (19S0-St)
Storía e .

Roma, 1750.
Stot—Storia deirUniversità degli Studi di Roma. Por Filippo Maria Renazzi. Roma,
1806. 4 vote.
Stori Storia dd Càmiuerelo deUa Gran BraUffM Sertíta da Jobn Cay. Mercante (fí
Bristol. Tradotta in nostra volgar Lingua da Pietro Gcnovcsi, Giurcconsulto
Napoletano. Con un ragionamentosul Commercio in universale e aicuno anno-
tazioni riguardanti Teconomia dei nostro Regno di Antonio Oenovesi. R. Pro-
Tessore dí Cbmmerdo e di kfeocanica nella Cattedra interina. 3 vols. In Napoli,
1757.
Su—&Astdios para a Historia Eelesiasttea dt Portugal. Coimbra. Por Fortunato de
Almeida.
Sub Subsidio para lon Dicionário de pseudónimos. Por Martinho da Fonseca. Lislxia,
1896.
Soe Sucessos de Portugal. Memorias Históricas, Polttieas e Civis, em que se descrevem
os mais importantes sucessos occorridos em Portugal desde VIAU até OO OHHO de 1804.
Por José I^ro Ferraz Gramoza. Lisboa, 1882.
Sunmi — Summae summulartun de fíhscfia no idioma português resumido eom mui breve
clareza para que toda a pessoa possa facilmente aprender o que por ditalados volumes
se acha tratado. Por Manuel Oliveira Pinto, (pseud. de António da Anunciação).
Lisboa, 1730.
Sup Su^tmieMo alie Osservazioni cke l'Autore N.N. offerisee at publico sopra la Con»
dotta dd Primo Mbdstro di PorteguMo Vllbitíre ed Excekntistímo Conte

Copyrighted material
— 724 —
WOeyras intorno à presentifatii de *Qe«iUi dei medesimo Regno. io Lugano, 1761.
Coo Lioem de 'Soperiori.
SntX — St^remae Verilatis Regulae (...) ex Physica Universo secundum veterum, ac Reeen-
tiorum placita, Sekeuu Theses (...) Praeside R. P. Mag. ac Doct. D. Carolo ab
Annuntiatione (...). Lisbonae. M. DCC.XLVllI.
Sus — Suspiros Saudosos e métricos de alguns engenhos portuguezes na deplorável morte da
Sereníssima Seukom D,* Rwieiaea (...). Lisboa Ooctdeatal, Mifiid Rodriinea,
1736.
Sy Sjmepsis Thesaari LHurgke Antíquore momuneula con^hctemis ai Sacros Ritos
pertincntia. viris cniditis ac renim IJtiir^icanm (...).P.* MUMel de ASBVedO.
Roma, Typis Nic. et Mare. Palearinorum, 1747.
Sim Synopsis HbUriae FkOoaotláae Smmnébii Orébmm BndBtrioHam. Olisipone, Typot
rartani FuieiíE da Goata. Anuo MDOCLXXIIL Oun facultate RegiaB Gnrlae
Ccnsoriae.
Slys — Syslema quaquaversum Aristotelicum caeterís pra^erendum de formis materialíbus,
tamsubstantialOms qaamaeeídenlaltòus. Por Fr. Maiiue] Inicio Ooutinho. Liaboa,
17S1.
T — Theaim, de Manuel de Figueiredo. Tomo XIV Lisboa, : 181 S.
Te — Testamento MEMeo, de D. Luis da Oniia. PreAdo e notas de Muniel Mendes.
Lisboa, Seara Nova, 1943.
Tea— Teatro do mundo visível, filosófico, matemático, geográfico, polemico. Histórico, PoH-
Iko e Critico ou CoUoquios vários (...) em os çuaes... se impugnão muylos discursos
th Sapteatíssliiio R: Beato Jèreivim Ft^. PorBenianlniodeS.IUMa. Tomol:
Coimbra. 1743.
Teat— Theatro Critico UiOmMd (...). Escrito por el M.R.P.M. Frsy Benito Geronymo
FeUoò (...). 8 vote. Madrid, 1726-39. MA—
Suplemento: 1740.
Teatr Teatro Critico Universal (...). Pelo Rev."» Padre Mestre Fr. Bento Jerónimo
F»y6 (...). Abreviado e traduzido na Uagua Portugueza. Por Jacinto Onofre
e Anta (...). Tomo 1: Coimbra. No Real CoUegio das Artes da Companhia
de Jesus. 1746. 2." vol.: Lisboa, 1748.
Tel— dc
Telenuico Francisco de Salignac de
Nfonsieiír Mòtte Fsnelon. Trad. do Capitlo ia
Manuel dc Sousa. Lisboa, 1776.
Ttm — Tmas Vemelaaos POr José V. de Pina Martins. Separata da «Rev. d» PkcoMade
.

dc de Lisboa, m
Letras», sóric, n." 4, 1960.

Ten — Theohgica em que


Tentativa pretende mostrar que impedido o
se à Sé Apos- recurso
tdttea, se devolve aos Bispos a faculdade de dispensa nos impedimentos pubHeas
do Matrimonio (...). Seu Autor Antonio Pereira (...). Lisboa, 1766.
Teo Theorica verdadeira dus \farcs. Por Jacob dc Castro Sarmento. Londres. 1737.
Ter Terceiro Jubileu da Academia das Sciencias deLisboa. Coimbra, Imprensa da Uni-
versidade. 1931.
Terr — El Terremoto y su uso, diclamen dei R.mo P. M.ro Fr. BeoUo jfít^oe (...). BxfHoaéa
por el Lie. Juan de Zuniga (...). Lisboa, 1756.
Tmt— Ao nrrmoto th í.*tk Náveaéroée 1755. Paieaeste de Francisoo de Pina e de
Mello. Coimbra, 1755.
Tes — Testameiao PoUtico de D. Luis da Cunha. Critica à edição de Seara Nova. (Lisboa,
1943). Por Lute Ferrand de Almeida, /a «Rev. Portuguesa de História».
Coimbra, 1947. Vol. 3, pág. 468-500.
th— Theses de Re Logico-critica. Benedictus Josephus (...). In Aula Eborensis Aca-
demiae (...). Olisipone, Typis Patriarefaaiib. Francisci Ludovici Ameno, 1765.

Copyrighted material
-725 —

Tbe — Theses de Historia Philosophiae Benedictus Josephus


(...). Aula Eboreosis (...) io

Academiae. (BJl. SIVm-8).


Tr — Trigonometria plana e Pelo Manuel de Campos. Lisboa, 1737.
esférica (...)• P.
Tra — Tratado Pfyshhgko Medieo-Physieo e Anatómico da Circulação do Sangue (...).

Felo Doutor Joio Marques Cdmia (...). Lisboa, Ofidna de Antonio Correa
Lemos. i73S.2.*ed.:ForA]exaiidiedaCuiiln. Porto, 06eiiia de Rfanctaco Mendes
Lima, 1761.
Trac — Tractatus de Lógica a Benedicto Josepbo (...) anno Domini 1764. (Ms. B.N.L.
Varat. 3731).
TntíL — Tractatus de Metaphysica BudArotUS ad próprios Auditores P. Benedicto Joscphu
Artium Magistrum Actuakmqpie Philosophiae Professorem Ad Annum 1764,
Explicit. Die 1 1 Maií Aao 1765 (B.N.L. , 46 da Pombalina).
Tkacta Tractado da conservação da Saúde dos Povos (...) Com um apcndix. Conside-
rações sobre os terremotos ( .). Por António Nunes Ribeiro Sanches.
. Paris,
I7S6. Outra edição: Lisboa, 1757.
Trn—TlfàlçàaàLaitíMait. For Severiano Iteiares. /itidReviata Portuguesa de Piloaofla».
Tomo U, fas. 4. Outubro-Deaemliro 1946, p. ?S5-40-}.

Trat — Tratado das operaçoens da cirmgkt €om as figuras e descripçam dos instrumentos
ík fae nríka te fiu ate. Tradtizido da 4.* edíçio de Mt. Sharp. PorJMObde
de Castro Sarmento. Londres, 1746.
Tmtí— Tratado Elementar de Philosophia Moral (...). Por António Soares Barbosa.
Coimbra, Imprensa da Universidade, 1792.
Tratt— Truttado di Agriadtwv terttto da Cósimo TYiaci Pistt^ete. Por Antoaio Genovese,
1764.
Tre — Os das
três livros obrigações cristãs e civis, do grande Padre da Igreja Santo Ambrósio,
Bispo de hfíUkt. Traduzidos por ordem de Sua Matestade para o aso do Colégio
Real dos Nobres, por José Caetano de Mesquita, Professor de Retórica c de Lógica
do mesmo Col^o. Líalwa, na oficina de Antonio Rodrigues Galhardo, 1768.
Tm— ThtMOir Lamentosos (...) Sr.* D. Pranctsea (...). Por JoBo Egas BoDiSes e Sonsa,
lisboa, Pedro Ferreira, 1736.
Trir — // Triregno. Pietro Gianone. Ed. crítica: Alfr. Parente. — Bari. 1939-40. 3 vols.

U—A Universidade de Coimbra — Esboço da sua História. Por Mário Brandão e Manuel
Lopes de Ahneida. Coimtnm. 1937.
Ul Vitima Ke^HOla. Ver Bibliografia Vcrnciana.
Un — A UiUversidBde deÉnra. Elementos para a sua História. Por José Maria de Queirós
Vèlaao. Liiixia. 1949.
Uni — CAi/wena a Joanne Barboza, Prestytero Congregationis Oratorii
Philosophia (...)

Lisbonensis (...). Pars I sive Lógica. Anno 17S4 acripsit Frandscus Xaverius
Bravo Silva. (B.N.L. Ms. 4923 do F.G.).
Uttr—Da IMbenUaie àe Amv. Por A. Bartoiomett Gromiolio. ht eA Cidade de
Évora», n." 6 de Março de 1944.
Unive — Universam phiiosophiam peripateticam, ad recentiorem methodum cotKinnaiam, et

matfiematieis diteipNnis fmerpmetam, Praeside R.P.M. Joeepbo Fonseca, SJ.


Publico in Conimbrioensi Academia Artium Professore, propugnandum offert
Nicolaus da Silva.
No cohfon: Ex Typ. in Régio Artium Collegio S.J., Anno Domini 1738.
V — Verdadeiro Método de Estudar. Por Luis António Verney. Ediclo OCguiada pelo
Prof. António Salgado Júnior, 5 vols.: Lisboa, 1949-952.
Ve — Vernei e a Filosofia Portuguesa. Por António Alberto de Andrade. Braga, 1946

Copyrighted material
— 726 —
Ver— Vtmty contra Genovesi. AponlaitKtUos para o esintio do «De Re Lógica». Por,
Mariana Amélia Madiado Santos. Separata da «Biblos», vol. XIV. Goimbia»
1939.
Verd — Verdadeiro Método de Estudiar. {Ver Bibliografia Vemeiana).
Verda — Verdadeiro Methodo de pregar. Por Fr. Manuel da Epifania. Lisboa, 17S9.
Tomo 2.°: Lisboa, 1762.
Verdad— Verdod de Feijó se^ninda vei \ indicada, o \eleccion evidentissitra de Ia pertendida
etuiMMUeUm evidente atribuída a Feijó en la Medicina. Pelo P. Francisco Xavier
da Silveira Bellatuarda.
Verdade Verdadeiro Método de Estudar. Por l uís António Verncy. CoUeOQiO Far>
tugal. Prefácio e notas de Joaquim Ferreira. Porto, sem data.
Vera — Vemey visto através de tdigwts dos seus papeis. Por Mom. A. Antunes Borges.
In Letras c Artes do jornal «Novidades»: I —
3 dc Fevereiro 1957; II 31 Níarço
1957: III —7 Abril 1957; IV ^
2 Junho 1957; V 23 Junho 1957; — VI — 30
Junho 1957; VII — 21 Julho 1957; vni—
Outubro 1957; IX 15
II —
Setembro 1957; X—
22 Setembro 1957; 29 Setembro 1957. XI—
Verne'— l'( •
r o Iluminismo italiano. Por Inocêncio Galvão Teles. Separata da
«Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa». Vol. Vli, 1950,
Uiboa, 1951.
Veney — Vem^ e o Jesuita Bento Pereira. Por JoCo Pereira Gomes, bt «Brotéria»,
vol 38, fase. 6, Junho 1944, p. 647-653.
VerneyB — Ventey e o «BonhCoslo». Por Mariana Amélia Machado Santos. In «Seara
Nova». m
Nttaaeio come orativo do segundo Gentcnário da poblicaçSo do V.M.E.
Lisboa. 25-1-47, p. 42-46.
VemeyD Verney — Doctunents. Por Jean Girodon. Livraria Bertrand. 1961. (Sepa-
rata do «dMletin des Études Portugaisei», Tomo XXIII).
VerneyJ — Verney e o jesuiia Indeh Monteiro. Por J. Pereira Gomes. /« «Orotéria».
vol. 38, Janeiro 1944.
Vi — Vida do P. Tlwodoro de Almeida, da Congregação do Oratório de Utboa ... (T.T. Ms. —
da Livraria 2316).
Vid— VUa th Apostólico Padre Antonio Vieyra da Companhia de Je.ius, chamado por Anto-
nomasia o Grande: Aclamado no mundo por Príncipe dos Oradores EvaitgetieoSt
tregtidtrr AioMivanhv/ (...). Felo P. André de Barroe. Lisboa, 1746.
Vida — .'i vida e a obn <fe João Jacinto de Magalhães. Por A. Sousa PiotO. POTtO, 1931.
Vie— Víe oeuvres de Descartes. Adan et Tannery. Tome
et 2.°.

^ei — Vieira defendido. Dialogo Apologético em que se mortr», «H» nA» Ae O veráuikíi»
Author do Arte de Furtar o Padre ÁHtonio Vieira, da Qm^naMa
livro intitulado

de Jesus. Respondendo-se às razões de huma nova Dissertação em que impug-


nando os fundanwntos da Carta Apologética se pretende mostrar que a dita Arte
he obra do mesmo Padre (...). Por Glndído Lusitano. Lisboa, Francisoo Luis
Ameno. 1746.
Viei — Vieyra abbreviíàdo em cem discursos Moraes e Políticos dividido em dous Tomos.
l.« vol.: Lisboa. 1733; 2.* vol.: Usboa, 1746.
Vis A visita das Fontes. Por D. Francisoo Manuel de Melo. Edição de Giacinto
Manuppella, Coimbra. «Acta Universitatis Conimbrigcnsis, »1962.
Vo — Voto que o Marquez de Valença na Academia, pelo qual mostra
recitou se devem admitir
a «Os as Estnmgebw Lisboa, 1738. .

Voz— Vo: Sagrada, politica, rhetorica e métrica ou Suppicmento às Vi>-cs Saudotitt 4b


eloquência, do espirito, do zelo, e eminente sabedoria do Padre Antonio Vieira da

Copyrighted material
— 727 —
Companhia de Jesus, Prégador de Sua Mogestaàe, e Príncipe dos Oradores Evan-
gdleos. (...) UriK». fte Offidi» de Prandaoo Lufae Ameno. 1748.
Voie — Vozes Saudozes, da eloquência, do Espirito, do zelo e eminente sabedoria do Paárt
António Vieira, da Companhia de Jesus, Prégador de Sua Magestade, e Princtpe
dos Oradores Evangélicos: acompanhadas com hum fidelissimo Eeho, que sonora-
mente resulta do interior da obra Gaitis Plnophetarum. Concorda no fim a suavi-
dade das Musas em elogios raros. Tudo reverente dedica ao Príncipe Nosso
Senhor o P. André de Barros, Da Companhia de Jesus, Académico do n." da
Academia Real da HiMMa PortupNia. Uaboa Oocideiital. Na OOcina de
Miguel Rodrigues, 1736.
Z — Zo€Uaeo Lusitano, Deifico, Anatómico, Botânico, Chirurgico, Chymico, DmUab^icOt
fetylogieo, Lithologico, Medico, Meteorológico, Óptico, OrniíologleOt fíÊn mmutko
Anno de 1749, mfa de Aaeiío.
f Zoológico. Forto, aem data. NJ. — Autor
Manuel Gomes de Lima.

N.B — Não queremos deixar de referir uma obra, jNiblicada em 1965, que tem

Portugal no séeuh XVnit por I. S. da Sitwa Dias. CSqianla da Kbhi, vol. XXVI»
Coimbra, 1961).

Copyrighted material
— 728 —
5) ABREVIATURAS DE BIBLIOTECAS E ARQUIVOS

A.C.E. — Arquivo do Cabido de ívora


A.E.P.V. — Arquivo da Embaixada de Portu|»l no Vatícaao
A.F^J. — Arquivo da Freguesia de JidiioS.
A.H.U. — Arquivo Histórico Ultramarino
A.S.A.R. — Arquivo do de Santo Antótuo^ de Rama
Instituto
A.S.I. — Archivo deU'Stato Roma
Italiano.

ASy. Ardiívio Sesrelo Vaticuo


A. U.C. —
Arquivo da Univenidade de Gofanbn
B.A. —Biblioteca da Ajuda
BJLC—BiUioleM da Acedamia das aendas
B.A.R. — Bibliotecft Aofiliai de Roma
B.C.R. — Biblioteca Casanatensc, dc Roma
B.O.U.C. — Biblioteca Geral da Universidade dc Coimbra
II.NX.— BibUoteca da Nacioaal de Uaboa
B.P.B. Biblioteca Pública de Braga
B.P.E.— Biblioteca Pública de Évora
B.V. — BMoleea Vaticana
T.T. — Aiquivo Nadcoal da Tom do Tonoíbo

Copyrighted material
— 729 —
6i ADENDA E CORRIGENDA

Porque mais convém, para bem do leitor, emendar do que esconder os erros, apontam-se
a seguir os principais deslizes que passaram na redacção e revisão, e ainda foram notados
antes de o volume se concluir.

Pág. IX, linha 12 — onde se Biblioteca lê: Arquivo leia-se:

» 7^ nota — Acrescentar: Sobre a quinta, ver Frazão de Vasconcelos, A Casa e Quinta


da Alfarrobeira dos Ludovices, Lisboa, 1947.
» lâ nota á — Neste século houve, pelo menos, quatro Congregados com o nome de João
Baptista: cm Lisboa, Porto, Freixo c Estremôs. Daí c da imprecisão das
notícias, a emenda que aqui fazemos.
Apesar de Barbosa Machado informar que o P. João Baptista (de Lisboa)
também foi aluno de Estácio de Almeida, não se pode concluir que ele e
Vcrnci fossem alunos de Filosofia do mesmo Professor, visto existirem
teses de Teologia (P. Júlio Francisco: 1724-28), em que Baptista aparece
como dcfendentc. Frequentando. poLs, Teologia nestes anos, parece que
Baptista fez o Noviciado (entrou nos Oratorianos a 8 de Setembro de 1724),
no 1.° ano deste Curso, sem repetir a Filosofia que frequentara como externo,
nas aulas da Congregação, com o P. José Troiano.
33. nota Ij linha — onde se Francisco
2 lé: leia-se: Gregório
/y. » 22 — Deve lirar-se a nota (2).

L onde se lê: Prim leia-se: Prime


» 110. últ. linha— » » » Bernardo » Bernardes
» 116. linha 24— » » » no » num
» 125. » 21 — Acrescentar a «Andrade» •
o oratoriano Manuel Monteiro
segundo Inocêncio, VI, 65
» 143. » 22 — onde se lê: Estremôs leia-se. Lisboa(?)
» 146. » 37 — » » » reflccçào » reflexão
» 169. » 2 — » » » Rectóríca » Retórica
» 207. » 10 — » » » João Jose
216. » 23 — » » » Ribas » Ribes
» 284. » 32 — » » » clacissismo classicismo
» 344. » 28 — » » » 1776 » 1766
» 344. >> 29 — » » » dedicação dedicatória
422 c á2á 14^ 31 — » » » José » João
» 429. » 6— » » » juntamente » justamente
» 444, » S — Acrescentar depois de «beneficio» : sc devem referir as duas
cartas que Vernei endereçou a L3 e a 2Q de Outubro
» 45£ e álZ onde se lê: Salomão Generoso leia-se: Generoso Salomão
» 464. linha 33 — » » » LIZ » Ui
480. » 39 — » » » Freiser » Francisco
» 494. 34— » » » Cirazelli » Caravelli
» 495. » 5 — » » » Cavarelli » CaravelU
» 503. » 15 — » » » Bernardo » Bernardes
» 584. » 13 — » » » semanas » novenas
» 705. » 3 — » » » Artur » Armando
720. » 25 — » » » D. João VI » D. João V
721. » 13 — » » » Acrescentar Pelo P. Teodoro de Almeida
— 730 —

ÍNDICE IDEOGRÁFICO

Abcliy (Luisj — 2Q5 boa) — 284; Liturgia de Ritos


Abraão dc Cápua 28 — e História Eclesiástica (Coim-
Abrantes (Manuel de) = 197: Marquês bra)— 20Ç>, 286, 287, 6%:
de — (A, 113. 425, Médico - Portopolitana 147. —
Abreu (José Gomes de) — 644, 645: 233, 280 ess.; 376, 379, 716:
José Gonçalves de — élL 422; — 5L 67, 706:
Militar (Lisboa)
Jssé Rodrigues de — jy, [19^ 123. Naturte Curiosiorum— 281 dos ;

a Ul, 709j Sebastião de. P'' — 32 Obsequiosos — 369.


(Sacavém)
235 a 238. 4. 429. 622. 400: dos Ocultos — 697 de ;

Absolutismo — 200, 2JLL Portugal em Ronut — 65, 65^


Academia dos Anónimos — 65j 185: dos 99, 298; Portuguesa do Conde
Aplicados — 65; dos Aquilinos dti Ericeira LL 66, 66, 67.
— 65; dos Aventureiros Scalabi- 184. 185; dos Problemáticos
tanos~66. Bracarense — 65j das (Setúbal) — Éil das Quatro
Ciências e Artes — 75^ das Ciên- Ciências — 51, 70, Ul: Real
cias de Lisboa — L 64,ix, de Madrid ~ 116; Real da
350. 357. 369. 397. 398, 432. Marinha — 3%: dos Renovados
435. 433 442, 44^ 115, 5ZL — 65: de Retórica do Colégio
661. 708. 724; das Ciências de S.to Antão — li, 65^ singular
de Paris — 6Q a 63. 93» 12L e universal histórica — 123;
122, 129, 136, 140. 241. 24L Teológica da Universidade da
247. 248. 258: das Ciências de Sapienza (Roma) x, 99, 169.
Petersburgo — 5L 61. 62; dei 204. 206; dos Tirões bracarenses
Cimento — 60^ Cirúrgica Pro- — 66^ dos Unidos da Vila da
tótipo Lusitanica — Portuense Torre de Moncorvo — 65, 66^
233. 279; delia — SO;Crusca dos Unos — 105; Vimaranense
dos Curiosos da Natureza — 60 — 65i cientificas— m, 25L
de Dijon — 4á2; dos Eruditos — 3fi2; italianas — 66; literárias —
61; dos Escolhidos — 65; Filo- 121. 233. 221
sófica — 66i Fluviense — 369. Aociaiuoli (Filipe), \fons. — 302, 305.
398. 399: Francesa — 60, 22. Acta Eruditorum. Leipzig — SI. 63. 68,
358: de História Portuguesa — 15fi. 16L, 210, 422.
12, 1^ IA IL 62 e ss.; HL Adaís- Mores — 293.
139, /64!, 185, 27L 284. 298. Adan et Tannery 7?6 —
,301. 469. 485. 488. 501. 578. Adro de S. Domingos — 175, 455, 592.
696. 717. 720; dos Humildes — 593, 596. 522.
259; dos Ilustrados — 185: das Afílitto (Eustachid') — ILL
inscrições e Belas Letras — 63. Afonso VI, D. — 334j Henriques — OA,
121 12Í; dos Jogos Florais África — 15 . 261. 334. 320.
fToulouse) — 63i Latina e Agostinho (S.to) — 28. iL 99, 164, 200,
Portuguesa — 65 dos Laureados
; 223 a 275, 352. 353. 449.
(Santarém) — 65 Literária (Lis- 485, 218,
— 731 —
Agostinhos — 82. 94. 106. 125. 148. 153. — 32L i2/i Lourenço de,
171. 205. 233. 259. 273, 274. 286. D. — 29; Luis Ferrand de — 724:
364. 367. 387. 392. 426. 427. 487. 494. \fanuel de, P.« — 108^ 227, 675:
6%. TTL 2UL Manuel Caetano de, D. — 29;
Agricultura — 300. 307. 309. 314. 383. Manuel Lopes de — xv, 700.
614, 629, 22i 708. 720. 725: Nicolau Tolen-
Aguiar ballasar Ferreira de) P.' — 7, 522;
( tino de — 341 Teodoro de, PS
Dionísio Teixeira de) — 153. 696.
( — 18, 136. LSI a 161. 239. 251,
Aguirre (Cardeal) — 28&. 257. 259, 261 a 270, 286, 295,
Aila (Ambrósio de Cisneiros e) — 173, 331. 339. 341 a 350, 356, 382^
476. 694. 385i 392, 397, 398, 404^ 405,
Aires (Cristóvão) — 1Q& 427. 642. 623. 696. 700.
Aix (Abade de) 416, 61L 706. llâ 22L 7261 Tomás, D.
Albani (Cam)— 4m. 424 , 64L 644: — 29, 105, 148^ 336, 338, 340,
João Francisco — 424. 641 528; Tomé, P.'- 238. —
Alberto (Arquiduque) — 7. Alorna (Marquês de)— 286, 398, 220.
Albuquerque (Aires de Saldanha) — 29; Alva (Bispo de) —
430i ( Duque de) —
à2SL
ínácio de Sá SUva — 544. Álvares (António), — 262, 262, 394.
P.'

545. 546; Lourenço Alexan- 717: Francisco — 598; Manuel,


dre de — m. Oratoriano — 295, 335. 345, 483,
Alcáçova (Gonçalo Xavier de) — 398, 704. 708. 710; Manuel, Jesuíta
— lOL —
Aldrovandi
S4«-S5^
Alegrete
(Cardeal) 104^

(Marquês de) ~-2±i 580, 221L


542.
681,
.Mn-CS (António
m
13, 187,

— IK6
da Silvaj
26K 316. 48K 579,

Alemanha— 60. 74. 91. 122. 223. 24?,, Amado, (José de Sousa) — 720; Manuel
m, iiz. Ma. 580. Coelho, — 488, 622.
Alembert (D') — 225, 404, MS. Amaral (Francisco Urbano de) — 481.
Alexander — 116 Amaro (Paulo), P.«— II. 12, 149, 266,
Alexandre (Natal) — 8i. 453. 473. 476. 479. 4«3. 485.
Alexandrino (Clemente). P.' — 161. 1£2 681.
427. 428. 429. 698. HL Ambroggi — 80, 632.
A\&iTOti( Francisco) —92, 93. 150. 150, Ambrósio (S.to) — 28. 343. 352. 353. 225,

392. ILL Ameno ( Francisco Luis) — 283, 358, 456.


Álgebra — 59, 77. 135. 247. 280. 281. 457, 463 a 466, 469, 470, 481, 481, 594,
293. 381. 396. 606. 611. 679, 692, 693, 699. 707. 708. 713. 716.
Almada (Francisco de) — viii. ix, x, 49. 724. 726. 221
103. 104. 112. 217. 224. 225. Amil — 242.
225. 228. 302. 303, 305. 307. Amorim (Joào de), PS — 170.
ilá a 32L 402 e ss., 431, 436. Anatomia — 70 a 73, 133. 138. 156. 170.
438. 491, 495-498. 515. 540 LZL183,252,256,281 a 284. 293. 608.
a 543, 554, 564, 565. 626. 633 691.
a 645, 650-656. 674. 6fii. Anaxágoras — 273. 690
Almeida (Caetano de), P.« — 235, 304. Andrade ( Diogo Paiva de) — 579; Fernão
697; Diogo Cardoso— 17 í; Álvares — 66i Francisco Xavier
Estácio de, PS — ix, 17, 19, Freire de — Ver Monteiro (Ma-
3L 26L 286, 287, 700, 70L miel), PS; João de. Jesuíta —
702, 717; Fortunato de — 709. 155. 700; João de, Oratoriano
723; Francisco Xavier Lameira — 270
Franco de — 282 ; Joaquim Xavier Andreucci — 632.
— 732 —
Andry ( Carlos Francisco) — 367. Arcádia Lusitânia — 28á a 28L 692;
Ângelo (Miguel Ângelo d') — 494. 649. de Roma — ST, 55, 64, «, 66^
Ângelo Buonarrotti (Miguel) — 114 469. 488 692 . 699. 704.
585, m
Anglicanismo — 335. 36<i
55^, 585. 110, .

707. 712. 720. 222.


Arco dos Pregos, Lisboa
.

— 534.
Angola — 12, aOi. fiíiL Arcos (Felix Corvina de) — Ver Oliveira
Animástica — L56. (Cavaleiro de).
Animismo, Ver Stahl. Argcnson (Marquês de) - 173, [ST, 182,
Anjo ( Manuel Brás) — 171 478. 711.
Anjos (José dos), Fr. — 171 Argenteuil (Prior de) —252.
Anselmo (S.to) 288. — Argenti (Abade <fe;— 443, 550.
Anta (Jacinto Onofre e). Ver Caetano Argote (Jerónimo Contador de), D. — 184.
(António), Fr. 185. lÃL
Antão (Francisco) — 683 Ariosto — 243
Antigos e modernos — 132. 150. eic. Aristarco — 146
Antonini — 494. 499. S2Q. Aristóteles — Passim
António (Amador) — i2Q Infante D. — Arnauld (António — 21, 95. 115. 135.

75^ 1 36, 231 ,( Menino de Palhavã) /i6, 159, 796, 215, 235, 254, 278, 353.
— 331 Bernardo, Impressor — Arnaut (Alexandie Henrique) — 595;
454, 596 a 5?8j Francisco, P.' António, P.'— 3, 8, 523, 529i
— 252 a 256, 479, 483, 211 Diogo de — 1,8, 52L 528, 529;
Anunciação (António da). D. — 259. 223 Francisco José, P.* — 526; Maria
a 275, 718, 723: Bernardo da, da Conceição — 2, 3, 8, 21, 525,
D. — 286i Carlos da, D. — 273. 522 e ss. ; Pedro — 8, 521 ; Simão
274. 698, 724; Lourenço Justi- de — S, 52L
niano, P.« — 599i Miguel da, Arqueologia, Antiguidades — 6L 124
D. —
148^ 286, 322.344. 402. Arquimedes — 2L
42á a 428, 696. Arquitectura— 137. 326.
Apamea ( Arcebispo de) — 141 Arrábidos — 304. 392. 394. 621.
Áquila (Próspero ab), D. — 213» 490. Arriaga, P.'— 19. 232.
672. 702. Arronches ( Marquesa de) — 230.
Aquino (Tomás José de) — 152, 470, Arsénio da Piedade, Fr. — 19, 201.
471. 488. 5M. 207. 463 a 468 , 471. 489. 672.
Ara Coeli (Convento de Roma) — 105. 679.652.
Aragão (António Barnabé de Elescano Art de Penscr, ver Arnauld (António de)
Barredo e) — 289. 696. Arte Critica — 183. 1%. 197.

Aranda (Conde de) — 430; (José Aure- Artes Plásticas — 29*. 222.
liano de) — 715. Asemani (Estêvão), mons. 14. — 1

Aranha (Silvestre), P.*- — 119. 154. 155. Aspuru (Cardeal) —


411, liL 416, 424.
232 a 24Í, 702, 703.; Wenceslau 520. 633 . 642. 6iL
Brito — 475, 489- Asseca ( Visconde de) — 22, 286.
Araujo (Domingos de), Dr. — 188, iiíL Assunção (Nicolau da), Fr. 2SS.
João de. Impressor — 594; 595; Asti (Bispo d') —430.
José de, — 25. 43 a 47, Astrologia —
202, Astronomia — 122 a
98,
207.
148,
241. 324,
174, 177,
466 a 472,
679. 694, 700,211; José Bóreas de
20^,
^ 128, 135, 183, 241,
IJ,

274, 275, 293, 294, 346,


75, 62,
249. 252, 256,
2&L
125,

— 5L 69, !_19, 144 a 146, 257, Astudillo (Bartholomé de las Llagas), Fr.
702; Pedro de ~ — 490
— 733 —
Alaidc (António de), P.'' — 227^ 670, Bammacaro — 212.
675. 677; fndcio de, Fr. — i71; Bancaria — 106, /Oó, 108, 546, Sáfi a 554.
José de Mello de — 22- 564. 565.
Atanásio — 689. Banco di S. Spirito — 226. 645.
Ateísmo — 95. 150. 236. 230. fiandeira (Guilherme José de Carvalho) —
Atomismo — 19. 73. 138. 154. 155. 161. 153. 222.
162. 246. 267. 211, TH^ 271, 27Í, 44&. Baptista (João), P.' — 6, 18, 19, /£.
Atougia ( Conde de) — 73, 717. 119. 143. 144. 147. LSg a 162.
Augusto (Francisco), Fr. 476. 257. 259. 264 a 267. 270.
Aulísio (Ignazio) — 495. 286. 288. 331. 339. 347. 348.
Autos de Fé —
272. HL 427. 427, 428. 576. 589. 711.
Avelar ( André de) — Ifi5. 718; Impressor — 454; João
Avicena — 73, IZfi. Moreira, P." — 49, 51L
Avila (Beato) —675. Barata (Custódio Jesão), ver Castro
Azainbuja (Conde de) — 398. (João Baptista de).
Azara (Nicolau), D. — 424^ 652. Barbacena ( Visconde de) — 290, 397,
Azevedo (José de), P.* — x, 85, 168. 439. 66L
189. 203. 206. 228. 420, 425. Barbei rac — 115. 256. lii.
439. 440. 441. 441, 458. 479, Barbosa (António Soares) — 263, 335.
481. 490 a 492, 495, 499, 513, 344, 379, 381, 396. 397. 397,
516 a 520, 621, 01^ 672, 678; 426. 625, 702. 115\Aires - 243;
José da Silva Pegado da Silva e, Diogo José Fernandes de — 2AX
ver Pegado (José da Silva); Jerónimo Soares, ?.* — 396, 396:
Lúcio de — 708, TJii Luis João, P." — 259, 263, 669, 725^
Paulino da Silva e — 126, 709; João Mendes Sachetti — 279, 280^
Manuel de, P.« — 14, A/, /i, 148^ 284. 369, 222 a .379, Mx
259. 286. 410. 415. 419. 419. 482. 699; José, D.— 151, 704:
630. 632. 643. 674. 691. José Antas de —
Laoedemó- ver

694. 724] Manuel de, nia (Arcebispo de); Paulo Comes


Teatino — ver Coutinho Manuel da SUva—m.
de Manuel Roma — 494,

Bacelar
í —
(António
m
Azevedo;

Barbosa),
Pinheiro

Dr. — 56.
Bargelo de
Bari (Nicolau de).
Barin, P.»— 9â.
S.— 445,
491, 644, 645.
662.

Bacharelato — 35, 3L 4fl a ^2. 44, 134, Barnabítas — M.


199. Barónio — 125.
Bachctus (Isidorus) —m, 213, 230. 23L Barradas (Sebastião), P.» — 28.
485. 622. Barreto (Gregório), P.» — 33^ ii 239.
Bacon (Francisco) — 59, 75, 75, 90, 716
127. 197. 239. 256. 278. 377. 445. Barros (André de), P." — 149, 152,
Badcn (Luís) — 51, 68, 65, 69, 1_35, 161. 726. 727; João de—lSS, 225l
Bala (Jerónimo), Fr. — 582, iSl. José Joaquim — 398; José de
Baena (Sanches de). Visconde — 692 Joaquim Soares de — ver Vascon-
Baião (António) — 205. celos (José Joaquim Soares de
Baio — 2flL Barros e) ; Mamei da Conceição
Bairro de Alfama —602; Alto — 592. — 326; Mateus da Costa —
594. 597; das Olarias — íá^ 143. 202.
Balle (António) — 48, ITT, 174, 454, Barroso (José Ortiz), D. — L22.
456. 460 a 463, 466, 467, 470, 47]^ 475, Barrow (Isaac) — 247.
477. 604. 695, 697. 201. Barruncho (Manuel Simões), P.* — 6QL
— 734 —
Barthez — LLL Be ve regi — 205.
Bartolin {Gaspar e Tomás) — 157. Beyrling — 254.
Basílio (S.) — 352. Bianchini — 8L
Basta (Nfons)- -494. 519, íéiL Biblioteca do Colégio das Artes — 242. 252
Bastus (Francisco António Martins) —695; do AJl Conde da Ericeira — áái
Magalhães — 706: José Timóteo «Eborense» — 105; dos OratO'
da Silva — 7QS; Policarpo Xavier rianos— 273. JTJ. 467. 484.
de Faria — ^94 490; Real — 316; do Seminário
Baumeister — liL de Coimbra - 325 ; di S. Spirito
Bayer — 61, 62. — 423. 494; Universidade
Baylc (Pedro) — 81 238^ 243, 257. 280. de Coimbra — 165, 484; da
362. áQl Universidade de Évora — 239.
Beccaria (João Baptista) — 94. 4Q1. 4QL 240. 240. 242; de Vernei — 642.
Beco do Picilo — 182. Bibliotecas — 82. 83. 126^ dos Jesuítas
Becquer (Nicolau da Assunção), Fr. -288. — 233. Ver também, do Colé-
Beirão (Caetano) — 713. gio das Artese da Universi-
Belarmino — ^31 dade de Évora.
Belcmitas — 288. Biologia— 156, 193. 312.
Bellaguarda (Francisco Xavier da Sil- Blanchino — 295.
veira), P.« — 140. 142. 143. 704. 726. Blutcau (Rufael), D. — 51, 60. 60^ 62.
Bcilcgarde (Abade de) — 126. 324. 325- 66. 183 a 185. 358. 220.
709 Boaventura, 5.-28, 353.
Bem (Tomás Caetano do), D. — 143. 286. Boécio — 243.
357. 693. 624. Boerhaavc (Hcrmanno) — 83, 128, U2^
Bencdictis (João Baptista de) — 91, 2iJL 198. 215. 237. 238. 245, 250. 21â a 378,
2áQ a 2á2. 385. 405.
Beneditinos — 94^ 17J_, 208, 259, 282. 288. Boileau — 192. 285.
353, 373. 388, 427, 717, JISL Ver Boldua — 122-
também Convento de S. Bento de Bogino (Conde de) — 430.
Xabregas. Bolorento ( Domingos de Sousa) — 182
Bento XIII — 546; Bento XlV—xiy, LL Bom gosto — 182. 121.
98. 2ÍÍ. 105. 113. 114, IM. Bonavie (João Baptista/ — [26. 701
224, 213. 287. 364. 394. Bonés (João de) — 533. 534.
410. 419. 503. 548. 631. 643. Bonnardel (Lourenço António) — 288.
696. 699. 715 Bontcmpo, P."" — 430.
Benzi, P.« - 622. Borbónicos ( Ministros) — 633, 637,
Berbard (Joõo), P.' — 58. Borelli— 156. 242.
Bergicr— 322, 323. 202. Borges (Antunes), Mons. — vin, 99. 100,
Berkcicy — 2iL 420. 42L 492. 539. 70L 726;
Bernardes (Manuel). P.^— 149, SQL (José Tomás), P.- — 454. 455. 593,
Bernardo, S. — 292. 596. 598. 603- (Poeta) —469.
Bernardy (Amy) — 64, 65, 21ÍL Borghesi (Casa)— 416. 417. 423. 638.
Bernis (Cardeal de) —AW.Hl, 414. 4iá^ 646 202.
416. 423. 424. 637; Casa de — Borgia (Alexandre), Arcebispo — 99. HO.
413. 64L 65L 652. 65á. 111. 184. 210. 210. 211. 464. 467. 492.
Bemouilli — ÊL 162. 237. 258. 606. 501 a 504. 566 a 568. 642.
Berti. — 98. 99, 205. 492. 491,
P.<"

Bertrand. Livreiro— 124


m MlL Borgonha (Luis
Borja (Franciso de), 5
de), Príncipe
— 341;
— 52
João de,
Bertrand (Jean Joseph) — 286. P.' - L5L 283. 304_
Bor ratem — 455 Buiringer — 61
Borromeu (Carlos), S. — 3£L Bulhões (José de Aquino), Impressor —
Boschowichi — 632- 202; Valentim de, PS — 428.
Bossuct — 322. Burlamaqui —
339, 349, 152.
Botânica — 122^ 127. li?. 183. 238. 243. Burmannis (Per.) 124 —
256. 281. 283. 284. 378. 379. 382. 383. Burnet — 94.
398. 399. Butler (João), P.*- — 683.
Bottari (Mons.) — 98. Buxtorfío — 642
Boucatus — 116- Buytrago (Manuel) — 124
Bouhours ( Domingos) — 122. Caballero (José Agustin) — 216.
Bourbons — 414. 416. Cabeo — OS.
Boylc (Roberto) — 68, 70^ 05, [28, 146 Cabral (António), P.« — 425; Estêvão, P."

156. 157. 163. 236. 237. 247. 248. 295. — 432.


339. áílL Cadaval (Duque de) — 515.
Boylcau — 22. Caeiro (Francisco da Gama) — 476, 7Q7.
Bradlcy — 25Q. Caetano (António), Fr. — 14L 724; José,
Braga (Arcebispo de), D. Gaspar 2Sll Fr. — 171 José, Víestre líscola
Gaetano Capone — 706; Teófilo — — 188. 209, 253, 455. 471.473.
332. 337, 450. 470. 488. 692. 708. 480. 484 a 486, 6K0, 681:
Bragança (João de). D.— Ver Lafões José de Jesus Maria, Fr. — 685:
(Duque de). Manuel, P.'— 426; Pedro, P.'
Brahe (Tycho) — 157. 261. 295. — 170.
Brancanalco (Teotónio Anselmo) — 484, Cagnetti (Gaspar) —99.
485. Calatayud (Pedro), P.' — 488, 489; Vi-

Branco (José Monteiro) — 720; (Manuel cente, P.^ — 214.


Alvares da Silva) — Z2. Calçada do Garcia — 6Q3; do Lavra —
Brandão (Caetano), Fr. — 698, 700^ 703: 454. 594; de S. João Nepu-
Francisco José — 400. 710; Ma- mooeno — 1 35
nuel Soares — 83; Mário — 7?S Calçado Velho, Lisboa — 598.
Brasão (Eduardo) — 70L, 225. Calderon — 15L
Brasil — li, 5L 72, 80, 151 262, 305. Calepino (Ambrósio) — 421, 50^ 502.
313. 398. 399. 582. 589. 701 505 . 569. 221.
Bravo ( Manuel Monteiro) — 8. Callari (Luigi) —717.
Braycr — 61. Calvino — 258. 288. 290. 359. 163 a 365.
Brito (António de), P.«' — LL Camaldulenses — 94 .

Bríxia (Fortunato) — 23d a 242. 252, 267. Câmara (Diogo), D. 22- —


346. 352. 353. 451. Cambcrland LLL —
Broaldo — 241 Camõcs —151. 2SS. 362. 488. 491. 578.
Brotero (Félix Avelar) — 383. 605: Tadeu Luis António Lopes
Bruckcr— 274. 276. 278. 340. 353. 388. 124. de Carvalho, Senhor de Abadim
Bruyérc (La) — 79^ 351- — 64 a 66.
Buccafcro (António)— 456. 45L 468, 42iL Campaia (Tomás) 93. —
Buccanan (Jorge) — 579 Campanela —
83, IM.
Buddcu (Francisco) — Li6. 150, 521 Campo de S. Lázaro, Porto - 2
Buffon — 248^ 268. 617 Campori (Matteo) — 705.
Buitrago (João de) — 714. Campos (Manuel de), P.*" - 15, l^ííS^áfi.
Bula in Coena Domini — 323. 331 : Uni- 149. 241, 244, 703. 225-
genitus — 2QL 2SL 32L 512. Cancelário — 32, 4L 42, 283. 304, 53L
513. 711. 223- Cano (Melchior) —374. 683.
— 736 —
Cantei ( Raymond) —USL Mauricio de — 209; Paulo de
CApassi (Domingos), P.'— — 306; Rómulo de — 431,
715; João Baptista 353.
Capitão (Maria Amélia Motta)

16^
m—
80. 87,

704. Cary (John)


711.720.
— 3QÍL
708.

Caprarola — 415. 417. 417. 626. 637. 6Í2. Casa de Ceuta —


144; do Espírito Santo,
Caraffa (Cardeal) — 114. 562. da Congregação do Oratório de
Caramuel — 2S1. Lisboa — 169, 428, 498, 506, 523j
Caravelli Vito), D. — 494. 495. 520.
( fiáS. de N. S.* das Necessidades, da
Carbone (João Baptista). P.« — 16, 51. mesma Congregação — 7, 169. 189.
59. 62. 63. 87. jr7. lí)2 a 104. 107. 109. 260, 250, 26L 262, 265, 273, 284.
113. 148. 218 . 218. 223. 424. 493. 500. 351. 42a. 445. 458. 464. 479.
541. 542. 649. 216. 480. 483. 485. 494. 494, 495 . 506.
Carboncano (Filipe de) — 94. 501 517. 52L 670, 673^ 693,
Carcani (Nicolau Maria), P.' — 172, 701. 715. 716. da índia e Minas —
174^ 460^ 494^ 511. 563. 64&. L 5, 20, 2L 524, 252, 532.
Cardano (Jerónimo) — 27H. 535. 5.36. 673. Pia de Lisboa —
Cardelle (Condessa de)— 417, ítlK. fúí Professa dc S. Roque — 12.
Cardoso (Ana Maria Teresa Joana)— 6; Zi, 303. Mj da Suplicação — 294,
Brito 223 —Francisco Nunes ; Casal (Cardeal) — 495, 652.
— 184. 693: Luis, P."" — 261. Casati — L3a.
702: — 380.
Miguel Cascais (António da imaculada Con-
Carleneas (Juvenal de) — 249. ceição, Fr. — 351 . 719
Carlos II. dc Inglaterra — 223; Carlos ///. Casimiro ( Cardeal) — 28.
de Espanha e VII de Nápoles — 330. Cassani (José), P." — 125, 288.

496. 72Ll Carlos V— 550: Carlos Xll Cassini — 94, 122, 162. 24L 242, 249.
— Rei da Suécia — 125, 363, 403, 708: 2SS
Bartolomeu Gomes — 22 Carlos Magno ; Castanheira (Conde de) — 22L
— 63. Castel, P.-- — 242, 242.
Carmelitas — 82, 141^ 160^ 259, 304, 353, Castelo Branco ( Anselmo Caetano Munhoz
355. 388. 430. 746. 705. ILá. de Abreu Gusmão e) — 78, 704:
Carmelo (Luis de Monte), Fr. — 362. António do Couto — 68; Fer
363. 32i nando — 38, 715: Francisco, D.
Carponi — 632. — 316^ Manuel António — 209,
Carquejo (António da Madre de Deus), Fr. 476. 485. 680: Pedro de Sousa
— 333. — 125, 204.
Carrasco (José), P.« — 288, Castelo Melhor (Conde de) — LZ.
Carrilo (Alonso Ortiz) —481. Castilho (Jerónimo), P.«— 12, 72, TQá.
Cartapácios — 13. Castro ( Damião António de Lemos Faria e)
Cartesianísmo, ver Descartes. — 293. 720: Domingos da Silva
Cartografia — 51 , 80, 5/, L2á. — Si Fernando José de— 171;
Carvalho (António de), P.' — 303 fndcio Francisco de Portugal e ver —
de, P.« — 33^ 2Q4. UL 317: Valença (Marquês de); ínis de,
J. da C. Neves — 693 ; Joaquim D.* — 601i João de, D. — 642:
<fe — Ml 450, 4éL 492, 699, Joáo Baptista de, P.« — 152,
702. 704. 718; Joaquim Augusto 180. 209. 266. 469. 494. 509.
Simões de — 714; Jorge Luís 513, 642, 705, 712; José de,
Teixeira de — 135; Luis Borges Mons. — 320, 432, 720; José de
de — 51, 209, 451, 477, 478, S. Pedro de Alcântara, Fr. — 150.
593,679j Manuel— 2A1\ Miguel 208, 490, 692; Juan Perez de —
— 737 —
488; Ma/U4et de — 341, 396, Ciência Nfédia — 288.
Martinho de Melo e
683: — IML Ciera, Dr. — 373. ilS.
Caialano ÍJosé), P/ 227^ 670 — Cintrâo (José da Silva). Cónego — 106,
Catalayud — 202. 109. 493. 500. 546.
Catão - 514. Cirilo (José), D. — 330, éM.
Catarina da Rússia — 223 Cirilo Alexandrino — 6S9.
Catecismos de Fleury e Montepellier — 289. Cirurgia — 70. 71. 22. 73. 73^ 129. 121 a
290. 367, Ifia.
Caupcrs (Pedro José)
Cavalieri (Gaetano
— 663.
Orsini de). Núncio
170,
398. m
171^

Cistercienses
183. 198.

— 288, TTL 720, 22L


199. 284. 314,

cm Portugal — 8L SáJ. Clark— 115. 236 a 238. 226.


Cavallari — £M. — 25á.
Clauberg
Ceita (Damião At) —12. Ckmentc XI — 287; Clemente ,V// — 87»
Celário — 262 106. 150. 356. .364. 530. 541. 547;
Celeiro (João Crisóstomo) — 603. Clemente XIII — 116, 431, 692.
Celestino (Frederico dei Giudice}, 98. 6%. 722: Clemente XIV— 64,
Celestinos (Religiosos) — 24- 420. 431. 660, 708 721.
Cenáculo (Manuel do), D. Fr. —65, 163. Clerc — 83, 115. 128. 278. 295. 339. Hl
208. 225 a 277. 326. 326. 327. j-V. Codomiu (António) — 207, 489, 6SÍL
330. 3il c ss.. 361, 369, 222 Coelho (Jacinto do Prado ) ~ 701 : José
a 174, 378, 38i 388^ Feliciano — MJ
390. 454. 455. 477. 679. 695. Coina (Fábrica de Vidros de) — 62.
689, 703. 704. 707. 708. 711. Col (João), P.« — 226-
715. 222, Colbert (Carlos Joaquim), Bispo de
C^nsorino ( Victoriano) — 414.474. ^fontepellicr — 367. 710
Cepticismo — 95, 3fiíL Colegiadas — 294.
Cerati, Mons. — 511. Colégio das Artes, de Coimbra — x, II,

Cerveira (Vila Nova de), Arcediagado — 15,32,39,65, 141, L52a!54,


105, iOL 179, 180, 43L 42L 5iL 167 a 170. 189. 234. 244.
552; Visconde </f — Lfl 5 a 108. 397, 260. 304. 337. 344. 345. 369.

398, 44L 443. 518. 526. ILL 370. 379. 382. 398. 698.
César — 524. 705. 706. 720. 221, Ver também
Chablais (Duque de) — 430. Biblioteca do...; e Típograiia
Chatcllct (.Kíarquesa de) — 361. do...; August iniano da Sapiência
Chauvin — 83. 128. 21L 275i Badinelli —
646^ de Bra-
Chevalier (António) — 8, 524^ 521; gança, dos Jesuítas 303, 303: —
Dionísio — 7. 8. 18. 442. 495. 524. dj Elvas, dos Jesuítas — 302. 305;
525. 550: João, P.« — 7, 8, /«. do Espirito Santo, Évora — 26,
26K 284. 331. 427. 428. 494. 50, 24L 2^ 302, 2S2 a 39L
2QJ ; João Baptista —2 ; Pedro José 710. 713; de Gouveia, dos Jesuítas
— 442: Teresa Joaquina — fi, — 290: da Madre de Deus,
ChifTon (Francisco) — 12S. Évora — 25, .30, éll de Mafra
Choiseul — 323, 324. — 222; Nazareno, de Roma —
Chorro (Bartolomeu Rodrigues) - [3, 187. 94, 211, 485J <ios \ohres — 289.
Cicero — 13,14,^91,1882190, 12L Ul. 341, 342. 352. 373. 383. 385.
m 343. 352. 353. 574. 575. 581. SSL 395. 513. 631.705. 708. 717. 725:

Cid — 285, 715, 222. dos Nobres das Três Províncias
Cidade (Hernâni) — Ml [52, 792, 284. 371' de A'.» 5.» — 325:
da Estrela
450. 512. 697. 700. 711. 712. 716. 222. de Portalegre, dos Jesuítas — 3íl2 ;

47
— 738 —
do Porto, dos Jesuítas — 304: Conselho da Coroa 313. —
da Purificação, de Évora — 25^ Conselho da Fazenda 135. — 293; da
29, 30. 44. 5ÍL 22L 302. iW. Guerra — 293: da Rainha — 22i;
396. 682. 683: Real de Madrid Ultramarim) — ^ 21, 293. ilS.
— áU; Real dos Médicos, de Convento do Beato António — 593. 595:
Londres — 283: Romano — 45, de Benfica — 594: da Cidade
93, 95, 423, 432, de Santarém, Aegitanieitsis — 41L\ de Cristo,
dos Jesuítas — 305; 530: de S.io Tomar — 220; dos Eremitas de
Antão — 9^ IQ a H, 32^ Ji S.to Agostinho — 392: dos Lóios,
45, 5i 65. 126, 149, 156. de Xabregas — 466. 461, 592;
157. 169. 170. 24L 241, 2AL de N." 5.» da Graça — .392.427;
254. 258. 283. 303. 304. jW, de AT.» S.* de Jesus, da Ordem
454. 483. 594, 601. 698. 716. 719: Terceira de S. Francisco, de
de S. Lourenço, Porto 345 : Lisboa — 390, iW, 392^ de S.
de S. Patrício — 394; de S. Paulo, Bento, de Xabregas — 175^ 462,
de Braga — 253, 256. 304. 715. 600. 622: </e 5. João, de Xabregas
718: de S. Pedro, de Coimbra —599; de S.ta Clara, de Santarém
— 275; de S. Tomás, de Coimbra —L 524i de S. Dinis, Odivelas
— \A2 ,de Vila dos Jesuítas
>7fOííí. — 7^ 525; de S. Domingos,
Lisboa — 356, 392, Uli de S.to
Colégios dos Ingleses, de Lisboa 251i. — Boi — 175. 456, 599, 600:
Coliahy, P.' — SM. de S. Francisco, Lisboa — 351
Collins (António) — 401. de S. Francisco, Porto — 355:
Coimcnas (Juan Alvarez de), D. — 691 de S. Maria (Agostinhas). Lis-
Comércio —
299. 300. 307. 309. 310. boa — 153: de S. Pedro de
314, 429. 614, 629, 723i Aula de .Alcântara — 392: de Santana,
— 135 Lisboa — 602: do Senhor Jesus
Companhia de Jesus, ver Jesuítas. da Boa Morte - 230: de S.la
Company (Joaquim), Fr. — 490 Marta — 602 : de S. Pedro de
Compton — 239. Alcântara — 392.
Conceição (Manuel da). Livreiro — 472. Copérnico — 81. [25^ 135, IJL 237,
597. 598. 694. 249. 256. 258. 295. álfi,
Conceitismo — 122- Coppia (Diogo), P.*^- 63á-
Concílios — 201 , 202, 261 ; * Éfeso — 6f!9 : Cordara —
632.
Niceno —
689; de Trento 28S, 521 — Cordeiro (António). P.'' - 18, 34, §9.
Concordatas - 314; de D. João V 225. — 138. 154. 161. 700. 7Q1.
Condam ine
Condillac
— 81
— 90, 92. 196. 403. 404. 44&.
Cordes (Francisco de),
Corneille — 285. 700. 2L1
P.* — 454, m
Confúcio — 25S- Corografia, ver Geografia.
Congregação Camarária de S.ta Igreja de Correia (António Luis) — 39; António
Lisboa —
465; da Missão de Mendes — 707: Bernardino, P.''

S. Vicente de Paulo — 396, 39á.: — 157, LZO, Gregório dos


do Monte da Virgem, Nápoles P.' — 39; —
— 213; do Oratório ver Orato-
rianos; de Santo António dos
^Reis,
João
134. 725: José Serra
Marques—
Henrique, P.«
\\9,
— 494, 519,
LiL

Portugueses, em Roma — Ver 649: Sebastião Maria, P." — ILL


Hospício de S.to António. 470: Tomás, P.« — 95, gí.
Conimbricenses — 138. 145. 146. 239. Corsini (Cardeal) — 103. 112. U4. 236.
254. 257. 580 542. 543. 558 a 560
— 739 —
Corsini. Filósofo — 115, 116. 239. 242.252. Marco António de Azevedo — 103,
346. 348. 353. 56ÍL m, IJL 22L 560: Vicente de
Corte-Real (Diogo de Mendonça) -11, Sousa, D. — 323 a 325. 414.
72, 143^ 376, 532, 539: 414, 417. 418. 430, 494, 513,
Francisco de Vasconcelos e 633. 628 a 640, 649j Xavier —
Sande, Fr. — 715; M. de 468. 205-
Ataíde — 148. ILL Couto (Diogo do) — 82.
Cortesão (Jaime) 81, — ILL Couvvard, Dr— 4Í1J

Cortez (António José) — 343. Covilhã (Arcediago da) — 556.


Cosmologia — 135, 16L 243, 249^ 256, Cozza (Cardeal) — UA.
22i Cristiano — 333.
Costa (Amaro Rodrigues da) — 127: Cronologia— 125. 169, 245, 293, 356,
Antônio — 304: António
da, P.*" 371. jM.
Carvalho — 26L, 642j
da, P.' Crosat — LLL
António Rodrigues da — 352. 580: Crusca — ( Dicionário da) — 359. 201
Bartolomeu da — 397: Caetano Cruz (Joana ínés da). D.» 153; José —
Ferreira, Impressor, 388. 724; Gomes da —
9; Matutei da 171. —
Domingos Luís da — 324; FraJi- tíXL
cisco José </a— 343, 344, 400; Crúzios, ver Agostinhos.
Francisco Nunes — 6'->8; João da, Cudwort (Rudolfo) — 115. 150. 157. 6á2.
P.' — 9: JoJo Álvares da — 103: Cujácio— 333.
João Mendes da — 344; José da, Culteranismos— 132.
P.* — I49i José da. Livreiro — Cunha (Alexandre da) — 134, 725; Antó-
592 a 595, JMl Luís Xavier nio Alvares da —^79, 205: Cardeal
da — mi Manuel, P.' — 621 da — U, 119. 126. ISO. 372.
710: Manuel Estevéns da — 106; 398. SLL Dinis da, D. — 42Ui
Manuel Gonçalves da, P.* — 265: Domingos da, PS — 170; Luis da
Manuel Mendes da — UL 699; — 1} LbL HL 126. 139. 139,
Manuel Menescal da 457. — 595 : 151. 383. 224; 2} xiii. 224.
Manuel Pereira da 126. — 709: 225. 225, 306. 330. 411. 418.
Mário Alberto Nunes da — 703 : 419. 421, 421. 341, 498 , 564
Mauricio da- 399 ; Miguel Me- 565. 634. MJ a ítLS. 684j ^uno
nescal ífti — 256, 462, ML 48i da, P.» — 30i; Teodósio, Fr. — III.
486. 694. 710. 712; Pascoal da. Curialismo xin, 292, 312.
P."- — 522; Pedro — 22 ; Vitorino Cursio ( Quinto) — 14-
José f/a — 202; Cutolo (Alessandro) — 714.
Costanzo — 211L — 382,
Cotovia, Lisboa
(Giovanni)
— 79,
Coutinho (António José da Cunha
34L Ml. ^— 698 ;
Dalabella
Daly —22ÍL
(João

Danes (Pedro Luís) —205.


Antônio) 320.

António de Sousa — 143: Bernardo Dataria — 106 a 109. 224. 225. 542.
Xavier — 694; Francisco de Lemos 543. 548. 549, 554. 555. 564.
Faria Pereira - 212 a 375, 381, Dausquio — 262.
683. 684; Geraldo Pereira — UA \ Davanzati ( Domênico Forges) — 711.
João Pereira Ramos de Azevedo I>echales — 146, 244.
— 372. 373; Luis Pinto Sousa — Decretais — 96, 330, 684.
444. 119, 662 a 665, 668; Manuel De-Gerando~708.
de Azevedo, D. — 42Q a 426, 436. Deistas — 290. 402, 403.
651 . 652; Manuel Henriques — ZL Delci (Cardeal) — 114.
73; Mamei Inácio, Fr. 160. 724; Delgado (Alexandre) — 683.
— 740 —
Dclviso — IL Durando 121—
Demócrito — 295, 690- Durão (José), Abade D. —423. 423^
Demóstcncs — 76^ 241 521. 493. 520. 645. 647. 649
Ocsaugulíersio — 1 15. Eça (José de S.to Agostinho e), P.* — 504.
Desautcis (Alfred) —713. 669. 622.
Descartes — passim. Eclectismo — 273, 275, 277, 22i
Deschaics — 25L 252.
156, 245, Economia — xiii. 292, 200.
Desembargadores da Re lação .^02. 3Qi — Electricidade — 93, liL 237, 346, 397,
Desembargo do Paço 294 694. — , 618. 698.
Dcsiandes — 353. Empédocles — 273.
Deslandes (Miguel) — 80. Encarnação (Tomás da), D. — 236.
Despotismo —
xiu, 495, 496, Encerrabodes (António Freire de Andrade)
Despréaux 28i — — 21. 223. 224. 291. 532. 535. 549. SM.
Deusdado (Manuel Ferreira) — 703, ZIÍL Enciclopedismo — 233. 240^ 258, 293.
Diário de Medicina — 2S3. 359. 385. 392. 402. 4á&.
Dias — 72ii José, P.« — 38J_; José Ensino oficial— 263 e ss,

Sebastião da Silva — \m, 450, 467. Epicuro — 154. 183. 236. 250. 256. 277.
484. 717. :Z2L 401. 449. 620.
Diderot — 295. 360, 4W, MS- Epifania (Manuel da), Fr. 355, 226-
Diet. — 58.
P."- Erasmo ( Desidério) — 242. 243. 262.
Dijon — áá2. Ericeira (Conde da), D. Luis— 82. 125, 126,
Dilhcrre — 262, 701; iJl Conde í/a — 1J_, 5L 52,
Dinis (Pedro) — IM. 62a 66. 82. 119. 123. 126. 138.
Diofanto — Sfi a 14L 152, 184, 185.695.709. ILL
Direito — 61, 76. 87. S5 a 99. 116. 124. Ericeira (6/^ Conde da) L12. —
l26,I6LLZ0.17j_, 182. 195. m. a Esaguy (Augusto) — 75, 71

200. 205. 206, 240, 292. 297. .308. 326. Escola Militar — 285.
330. lia a 340. 349. 352. 372, 374. 215 Escolápios, Escolas Pias — 94, 172. 174,
379. 384 a 38S. .395. 403. 501. 684. 214. 460. 494. 511. 519. 69?. 710. HL
577. fiOi Escolas Menores — 370, 384» 382.
Dodwell (Henrique) —401. Escolástica — 183. 192. 193. 196. 203.
Dogacci ( Benedetto) — 80. 205. 299. 354. 385. 386. -m.
Dominicanos — 7» 46. 82, 94, 138. 142. Escoto (Duns)— IIL 163. 164. 171.
304. 334. 355 e ss., .39l_, 391, 422^ 426, 225 a 277, 351. 698. 722.
430. 602. 654. 694. 6%. 702. 717. Escritura — 28, 30. 44. 98. 155. 171.
Doria (Paulo) —91. 22. 201. 202. 243 . 267. 287. 290. 292. 299.
Doutoramento — 41 a 44^ 85^ 199. 304i 387, 40L íUiiL

283. 312. ILL Esopo — 243.


Duarte, D. —i/6, Alexandre,?." —^ Espejo (Francisco Javier de S.ta Cruzy) —
530. 531: Elias — 454, 205 . 21£.
113.
526 a 598; Francisco, P.'— 178, 207,
208. 454. 468 469. 475 . 483. .
455,
Espen^Ko/i; — 324, m
Espinosa (Bento) -- 58, 256, 362, 401. 402.
679. Espírito Santo (Isidoro). Fr. ~ 163.
Du-Fay— 63. 93, 121. Esquines — 52J
Du-Hamel — 83, Hó, 156, 237, 24L Estaço (Aquiles) — 272, 507, 508, 512.
242. 252. 257. JàiL Estética — 192.
Duhant — 24i Esteves (Pedro José), Fr. — 69, Tg, 162 a
Dupin — 205, 15± 165. 466.
Durand ( Francisco Clamopin) — 15L Estoicismo — 274, 277, 222.
— 741 —
Estúdios Reaics dc S. Isidro — Domingos Nunes — 99j Fran-
Etmulero — LM. cisco Leitão — 19L 691
Étrang fl')—!^ Guilherme Coelho — 380; íL
Eucaristia — 58, 71. 154. 160. 263. 262. Amorim — 22i ; Inácio Garces —
Euclides —\Sjl5. 92.244.13Ji. 183. 578: Joaquim — 450. 476,
Euler — 258, 491. 726: José Neri — 16\;
Évora (José Maria da Fonseca D. — — 25,
im
543,
a 108^
581, 581.
148. 22L 494.
649. 201
^e),
542.
José Jesuíta
718;
José Henriques
José,
— 398. 399. 399:
Dr.—
32. 22 a 39,

13L 696;

Fabre (Pedro), Livreiro — 124. Luís Seco, Impressor — 135, 487;


Fabri — lii, 21L Manuel, — 697; Manuel
P.« 6,
Fábricas dc Fundição da Artilharia da de Oliveira — 232; Manuel dos
Comarca de Tomar — liá. Santos — Paulo, 1\— 309;
; P.«

Fabrício — 400. Pedro, Impressor — 53^ 456, 457,


Faociolati (Jacobus) —91, 184^ 790, 1%, 476,691.725. Simão Tadeu -tal.
I9L 210. 351 359. 492, í£Zi 502. Ferrer (Vicente), Fr. — 356, 132.
S05^ Sfi8 a 570. 649. 701. 707. 712. 221. Perretti (Augusto), P.* 210.
Falk — IM. Figanier (Joaquim) — 707
— 720. — 522; An-
Faria (António P. de)
Farmácia
Farinha
— 398.
( Bento
m José de Sousa) — 9,
Figueiredo (Aires Pessoa de)
tónio da Crttz
António Pereira de P.',— 756, 121,
— 494. 520. 649;
26 a 28, 35. 41, 235. 239. 240. 259. 208. 261. 262. 316. 325. 325,
Í02. a 339. 37L 380, 380^ 381. 326, 331. 334, 261 a 372. 394.
3S9 a 398^ 692, 693. 703, 706, im a 72L 398. 402. 41fi, 451, 472^ 480,
Faro (João — 304.
de/, P.' 481 a 485. 49L 638, 642.
Fassoni (Liberato) — 94. 494^ 519, 6âSL 680. 681. 695 , 696, 70L 704.
Fattori — 5QÍL 716, 121, 724; António da
Faure (Giambattista) — 9i 632, 628. Silva — 105i Fidelino de — 705,
Faustino (João), — 397. 429.
P.<' 2QS; Gregório de, P.' — Ill:
Favra (André) — 520. 649. José — 170; Manuel
de, P.'

Febrónío (Justino) — 325 a 327, 331. de — 82^ 355. 487, 724; Pedro
332. 375. 386. 699. 20S. José — 10. 3L33. 39.44,
<fc 9,

Feijó (João de Morais Madureira), P.« — 57, 86^ 9L 98; 319. 411. 414.
185, L88. 450. 489. 722.
Feijoo (Benito Geronymo), Fr. — 51, 72. Figueiroa (Francisco Carneiro de), 713.
78,!i9,124,liSal47,!63.l8]^ 238, Tomás Manue l Pamplona Ran-
24L279. 295. 278, 454. 584. 599. 692. gel Carneiro de — 161, 721
695,699. ;Q2a 716. 722, 224. Filalete (Farmão Ferrão) — 479. 521^
Feio ( Lourenço — 602.
Baptista) Filo — 152.
Fcnelon ~ 361, 701^ 22á.
(Francisco) Filologia — LIL
Fcrcpono (Filiorco) — 266, 479, 483. 681. Filomuso (Apolônio) — 175. 469. 47L
Fernandes (Manuel) — 72. 474. 477. 487. 489. 612.
Fernando IV, de Nápoles — 330. Filosofia, passim: nos Dominicanos — 164.
Ferrão (António)— b94, 713, 120: Gaspar 356; tuxs Escolas Oficiais — US

da Costa — 82.. e ss. ; 169 a 371. 387; nos Fran-


Ferratti ( Vicenzo Marta) — 98: ciscanos — 162 a 165 : 225 e ss.,

Ferraz (Bernardo) — 304. 252 e ss.,; 388, 39U nos Jesuítas


Ferreira MKJy' — 8; António — 8^ Antó- — 9, /O, 18, 27. 12 e ss.; 58.
nio Simões, Tipógrafo — 715: 59. IMa 157. 2Me ss.; 304. 340,
— 742 —
346. 689. 690; noa Oratorianos — 6, 10. lil c ss., 369, 371 374» 387, 393. içj,
!_L 17. a 19. 29. 108. 137. 143. 144. 400. 445 455,479, 593, 602. 679. 691.
m—
.

I4L Lii a 162^ e &s., ML 405^ 695. 697. 702. 703. 711. 714. 719. Ver
453. 479: Revista A5]>^ 691; na Filosofia nos Franciscanos.

Universidade de Coimbra — Francisco (João) — 343; Júlio, P.» — fi.

Filósofo Solitário - 369, Mil e ss.. 706. 19, mL 697] Manuel— LZL
707. 718. Z22. Franco (Antônio). P.» — 13, 26 a 28, 82,
Fiorini (Luigi) —493. I8L 429, 58L MZ. ZIO; Dionísio, ?.' —
Firrao (Cardeal), Núncio cm Portugal — 703 : José Gomes — 494, S5L
87^ 5áL Franklin ( Benjamim) —91, 364. 322.
Fisica, possim. Franzini — 37K
Fiúza (.\íário) — 222. Frascarelli (Caetano) — 711.
Flamengo — liÍL Frascatório — 578
Fleury ( Cláudio j - 79. 233. 289. ILL Frassen — 164. 276, 2iL
512. 696. 699. 216. Frayer (Ernesto), ver Proença (Martinho
Flores (Henrique), P.*- — 12L de Mendonça de Pina e).

Florfllo — 488. Frederico, da Prússia — 233, 364, 693.


Foios (Joaquim de), P.'' — vm, ix, x, 392^ Freguesia da Encarnação - 522; de S. Jo-
398 . 39S, 42fi. 490, 491, 4^5. 49S. 499, sé — 5%, 601, ím : de S. Julião 5,_6,

51Í698. ZIL 11^ 6.9,17,106,522,3 529,533, 534. 544:


Folhetos de cordel — 121L 454. de S.ta Justa 601 —
de S.ia Maria
Fonseca (António Isidoro). Impressor — —
Madalena I de iV.» 5." dos Mártires
:

52. 126. 691. 712: Bartolomeu Soares 533. 534: de S. Nicolau — 124, 129.602.
de, P.*"— 187: João Pessoa da— Ml. 603; do Socorro - 522; da Vitória — 2.
171; José da, F." —
2iJ a 253, 121, Frcire (António de Oliveira) —81; Fran-
Martinho do — 176. 468, 470, 476. cisco de Castro — 714; Francisco
482. 484. 723;; Miguel Francisco da José Freire - 119, 153, 189, W, 208.
533: Pedro da, - 239, P/ 254. 512. 227. 220 a 212. ^^5, 455. 469. 422,
579 : Pedro José da — 2^ 507. 577. 680. 692. 693. 704. 713. 715.
Fontanelle ( Bernardo) —19, 9L 93, 248, 719. 722. 226.
Freitas (António de), P.' — 155, 156, 718;
Fonte Arcada ( Arcediagado de) — 107. Joaquim de — 343: Manuel Joaquim
ins de — 355: Tomás de Aquino Belo e —
Forca (Duque de la) — 122. 403
Forcellini — 22L Fresnoy (Lenglet du), P.«— 126. 2QL
Forjaz (Joaquim), Fr. — 64, 704. Frick (Carlo)— 712.
Fomcr — 488. Frísio. P.' — 422, 5j_L, ÉáíL
Fortes (Manuel de Azevedo) — 51, 67» Fróis (Francisco de), P*' — 3(M.
70, 80, Uiz 244. ZMi HL Furtado ( Principal) — HL
Frades — 312. 313. 322. 351. 391. Gabinete de Física dos Oratorianos —
Fragoso (Manuel da Costa) — 534. 265. 266; de Física e Química da Uni-
França (Feliciano da Cunha) — 147. 147, versidaJe de Coimbra — 382. ifi2.

706; José Pereira de Penha de. Fr. - 628 Gago (José) — 485, 6&L
Franciosini — 359. 201 Galeno —
72. 134. 378. 405. lli.
Francisca (Infanta, D.) — 14, 5i e ss.; Galhardo (António Rodrigues), Impres-
152. 477. 478. 679. 691. 705 a 707. sor— 701, 705. 722. 22^
723: Princesa do Brasil — 305. Galhudo (Galhano Galhardo Galhoso) —
Franciscanos — 29. 94. lOl, Ui, 124, 622.
208. 233, 24IK 275 e ss.. 282, 290, 335^ Galiani — 95
Galicanismo — 201. 202^ 297. 322 a 327. Goasco (Conde) —413, 631.
331. 332.
Galileu — 59,
359.
146.
m 231 a 239. 248. 252.
Gobinet — ISá.
Godinho (Antônio Xavier), P.' — 455,602.
295. 604, 606- 603: José —
LLL
Galindo (Gabriel) — 325, 321. Gois (Damião de) 82- —
Gama {Filipe José da) — 64, 65, 178. Goldbach —
61.
209. 470. 476. 477. 488. 572; João Golidori — 318.
Patrício — 496. João (U- Saldanha da — Gomes (António), Impressor — 695; Frath
20; José Amónio da — 373 Maria, D. cisco, jesuíta— 104, 113, 551, 552
— 229. 561. 562. 553: oratoriano — 507; João Pereira
Gamarra (Bento Dias de) — 215, 216 — 6S^ [37, 151, 254i
ÍZ«i 697^ 703.
Gamboa (António Teixeira de) — 176. 708. 711. 714. 720. 721. 726.
179. 180. 209. 488. 489. 603. Gonçalves (António Manuel) — 201; Do-
Garção (João) — 41. 531 Pedro Cor- mingos, Impressor — 272. 454: Manuel
reia — lM^ lAh. — 72i Miguel— 72,
Garibaldi (Pietro) — áSá Gôngora — 152, 79/, 192, 28á.
Gaspar, Arcebispo dc Braga — ^77 Gonzaga (Lids), P.' — 15, IL
Gasscndi (Pedro) — passirn. Gonzalez (Tirso), P.' — 58. i2.
Gazeta de Lisboa — 5^ /O, LL 22. 29, 5L Gorgc (Bartolomeu Inácio) — 521.
iZ, 60 a 70, 93, /Oi^ 121, a 131. 135. Gottlicl-Kratzcntcin — 122.
137, 140, 152. 20Sj 230, 316^ 376, 441 Gouveia (António) — 579; António Me-
469. 577. 21IL deiros de — XV.
Gazeta Literária — 262, 2QL Grabman (Martim) — 202.
Gcnovcsi (António) —92^ 94. 95^ 196. Graciano — 192.
196. ^299. 330. 336. 338. a 342. Graça (Francisco Ferreira), Fr. — 705
346. 352. 353. 369. 371. 32a a 381. Gracianos, ver Convento da Graça.
391. 396. 493. 493. 505 . 512 . 649. 684. Graevius (Jo. Greg.) — 124.
203 a TH, 223 — 22X
a 726; Pietro Gramoza (José Pedro Ferraz) — 723.
Geografia — 76, 80,8L «L LJ6, 123 a Grand (Le)— 15L 225.
UiL 206. 24L 2á5. 249. Grego —
IM,
m—
126, /6íV, 15, L&, 98, 169. 170, 242. 282,
252. 253. 260. 261. 274. 293. 294. 346. 369. 384i 39L 395, 445, 458, 579,
356. 371. .184. 701. Gregório XllI c XIV — 28; (David)
Geometria — 59, 77, 8L 92, TJÓ, 2ál a 249; Magno — 28; Nissemo — 352. 361.
248. 254. 275, 280. 281. 293. 338. 339. Grimaldi (Marquês de) — 430, 654.
343. 346. 352. 3fiL 325 a 398. Grócio (Hupo) — 115. 150. 195. 256.
606. 6L5, 61ML 332. 333. 360. 448, 506, 511.
Gerbert, ?.<— 311. Gromicho (Bartolomeu) — 28, 722, 225.
Germano Paulo — 488.
( J Guadagni, Cardeal — 114.
Gerúndio, Fray — ver (José Francisco)
Isla Guadalupe (Joaquim de), Fr. — 165.
Gessari (Ben) —213. Gualtieri (João António) —494. 520. 649.
Gianone (Pietro)— 299, 512^172, 111, 725. Guarda (Joaquim da) — 602.
Gião (Francisco), P.*— 1_5L 3Qá, Guarini (Guarini), D. — 60.
Gilbert — 326 Guedes (Francisco) — 520, 642.
Gilberto — 162 Guerike (Otho) — 2áS.
Giliberti ( Nicolau) — 221. Guerin (Pedro), Cardeal — 52.
Giomale de Letterati d'Iialia— 182, 21Í1 Guevarz (Francisco), Impressor — 480
481. 608. 61(1, 201. Gufl — 221.
Oirodon (Jean)—S&^ fMs 12Ú. Guicciardi (Dario) — 99.
Giunchí — 622. Guilherme (Frederico) — 364.
- 744 —
Guimarães Gomesj — Horácio—
F.
Gusmào
Rocha, P.»
(Alexandre
— m
(Agostinho

de)—5\, 77,
62*

U9. Horaccio (Aleixo),


13. 188, 285, 420.

P.' — 494.
48L 605,

519, 641L
121. 167. 176. 176. 118. 217, 2M, 233, Horto Botânico — 127, 283, 182.
Zlifla ilTO, SU. 606: Armando e não Hospicio de S.to António em Roma — xi,

Artur de — 205; Bartolomeu Lourenço XII. 85, /W, Uíl a LLL. 227, 306^
— 6L 112, 4/5, 470, 492, 497, 500, 505,
Haberl (LouisJ — 205. 512, 522 a 51L 539, 540, 544
Halés (Alexandre de) — 353. Hospital ( Marquês do) — 248
Haller — 215. 251. Hospital Real de Ttxlos.os-Santos — 20 a
Halics — 250. 73, LLL
Halley — ML Hospital de Roque Amador — 281
Hansch — LLL Hubert - 156.
Hargcnvillers (Francisco) — 548, 54a. 552, Hugen — 237. 256. 2a5.
S63. Hume — 126.
Harvei — 61L Humanidades —
£al4,l8,2130,39,6L
Harveu —
Uá- Hugghcns —
128, 248.
Haverampio ( Sig) 12á. — Hyrc (De la) —
258. 225.
Hazard (Paul) —
700, US. Ibarra (Joachin) — 4M. 420.
Hein&io —
83, 116. 256. 332. 333. 342. Iluminismo — 73. 85. 200. 442.
371, 381. 506. 577. 703. Imaculada (Constantino da), Fr. 444.
Heister— L2iL Index Librorum Prohibitorum — 45, 259.
Helvécio (Cláudio Adrião) —"^^ 22L 288. 289. 404. 424.
400. 401. 404 . 44&. Inocêncio xii — 313
Henrique, Cardeal-Rei — 25, 26, 28, 2a. Inquisição, ver Santo Oficio.
Heráclito — 146- Instituto Português de S.to António,
Heráldica — 125. ver Hospício de S.to António em Roma.
Hcrminicr — Uá. Isidoro (José) — 454.
Heródoto — 243. Irmandade dos Clérigos Ricos da Caridade
Hcrtman — fiL — ÉflZ.

Hertzan. Cardeal — 439, 516, É5ÍL Isidoro (José) — 594, 600, 6QL
Hipócrates — 72, 73. 133. 134. 243. 245. Isla (José Francisco), P.* - 179, 205,
250. 400. 405. 708. 215. 207. 214. 486. 487. 495 . 680. 681. 694.
História — 27. 6L76,8L82,.Lna 126, 709. 116.
167, 18Íl ^
2Q3, 26r, 293,
294, 384. 448. 458. 577: Eclesiástica
m,

Itinerarium, Revista
Ivanowna ( Ana) — 38^
— ?f<7.

98, 124 a 126i2£»,206, 286^ 290, 299, Izquierdo — 242.


374. 384. 395. 608: da Filosofia 276, — Jackson (Federico Guilherme i — 511. 648.
339. 340. 352. 381. 381 Jacquier (Francisco) — 94, 3.39. 353.
Hobbes (Tomás)— 5% 115. 196. 256. Jacobeia — 14L 344, 260. iZSL 426, 626.
359. 362. 4QL Jaitne, D. — 435.
Hofftnann — 132. Jansenismo — 46, 95, 200, 2W, 2SL 288,
Hogelando 134. — 324. 324, 359. 367. 375. 404,
Holbach —
360, 448. Jardim Botânico — 386: de Paris — 62.
Holstein (Alexandre de Sousa), D.
432. 513. 519. 665. 668. 62L
—65, Jerónimos
212.
— 6L 24. LIL m 603, HL
Homero — 243, 528. Jesuítas, passim.
Hondt (Pedro de) — 124. João (D.), Arcebispo de Évora — 268;
Honinger — fiL João III, D. — 28i João III, da Rús-
— 745 —
sia — 383i João V. D. — x, 6, [5, Lacerda (Aleiófilo Cândido de)— 466,
469. 477. 489. 679.
2á 77, 85 a 87, HO^ 114, [N^ Uy, 126, Laércio ( Diógenes) — 164
121 138, 198. 212 a 220, Lafões (Duque — 188. 279, 284, 397,
136, [69,
227. 260. 261. 265. 273. 277. 287. 290.
291. 301. 322. 355. 394. 459. 464. 470.
398. 422, ^
494i 511. 519. 648. 649.
661; D. José Carlos de 397. 397. —
476, 504. 512. 518. 57^ SfiS a 590, Lafontaine — 285.
600. 602. 611. 691. 6%. 705. 707. 712. Laiemandet — 242
720^ 221; de S. Tomás, Fr. — L Lamy (Bernardo) -135. U6. 182. 189.
Joaquim (António), E-!l— 347, 348, I91.2ÍÍL
718. Langio — 353.
Jorge (Ricardo) — 277, 204. Lanze ( Cardeal dellej — 652.
Jornal Estrangeiro — 77, 180, 252. Lara (Alexandre de S. José) Fr. — 336.
Jornais eruditos — 584. Largo das Portas de S.to AntSo—454, 526.
José (D), infante — Inquisidor— Hl,
42_; Latim (Gramática), passim. Ver também
427: K—
Irmão de D. João 29, 42; Humanidades.
D. José I — passim —
Ambrósio ;520: Uvcrdc — 196.
Bento, — 338i Diogo, P.- — 304i
P.' Lazaristas — 427
Luís, ?.' — 262; de S. Miguel. Fr. 2QL Lazzari — 6i2.
Journal Encyclopédique — 209; Étraih- l-cal ( Francisco Correia) — 399; Francisco
ger — 322. 71 dcs Sçavanís — 60,
1 Luis — 519: José Francisco — 519. 649.
179. 209, 210, 260. 489. fíU, 608, Lcào (Duarte Nunes de) 184^ 185: —
610. 21L Miguel Lopes —
426: Rafael Lopes de
Jovcne (José Arcângelo) — 358, 693. — 504i 5M a 563, 642-
Judeus — 151. 200. 290. 312. m. Leervenock — LL5.
Juenin ou Juvenino (Gaspar) — 205. Lei da «Boa Razão» — 321. 33^
Juglar (Louis) — 14, I9L 692. 2QL Leibnitz — 60, 75,88, ?0,9L95, ll_l. 128,
Juliano, P.* — 519. IJO. [50, I6L [96, 200. 212, 236.
Junta do Comércio Geral — 144; da Incon- 252. 253. 273. 274, 295, 340, 348.
fidência — 291. 429; da Previdência 353.381. 606. 203.
Literária — 326, 222 e ss. ; do Leitão (Francisco Xavier) — 51, 67, 70,
Tabaco, 294. dos Três Estados — IJL 69L 704; João,
294. m
Jusnaturalismo
íjíli;

— 322, 332^ 359^ 360, ááfi.


73^ 74, 77, 121.
— 235 a 238;
João da Costa
Jacinto das Neves
— 121 : José da
— S44;
Costa —
Jussieu (António) — 62. 122- 209, 481. 482. 681.
Justei — 205.
lo Leite (Francisco Malheiro). P." — 103,
Justiniano — 205. 199. 544. 546; José, P." — 1_L 12, 64,
Juvêncio — 241. 65: Serafim — 702.
Kant — 447 a á5D. Uroeri — 122, 140^ 269i 225.
Keill— 115, 252- Lcmonier— 122 . 236 a 239. 252. 258.
Kel — 347.
1 132.
Kepicr — 83. 242. Lemos — (Aiuónio de Almeida) - - 343
Kircker — 78. 204. António Correia de. Impressor - 725:
Komurcc — diL Francisco de. Ver Coutinho (Francisco
Korff (João Alberto) — 62- de Lemos de Faria Pereira); José
Labc (Benedetto Giuseppe) — 673. Joaquim de —243 Maximiano
; de —
Labrousse (Ernest) — 129, 208. 128. Mx 3S5. 69^ 695. 705. 709. 222.
Lacedemõnia (Arcebispo de) — 100, 380. Leonardo (José), P.' — 304.
476, 521. 522. Leopoldo, da Alemanha — 221.
— 746 —
l.cr c cixrevcr (Aulas dej — 26. 2L Lopes (Bernardo), P.- — 223^ 221, 272,
260. 370. 384. 391. 272. 439. 495. 499. 5Q5 a 5U_, 516, 678:
Lesaca (Juan Martin de), D. — 138. 716. Fernão — 82-
Lessing — 718. Losada (Luis), D. — 124.
Leucipo — f>90. Lossada (Luis), P.' — 59, 2á2, 200..
Lewtmann - 61. Loureiro (João), P.» — 432.
Licenciatura — 41 . 42. 44. 1.^4. Louriçal (Marquês de) - Ver Meneses
Liguori (Afonso Maria de), S. — ^1 (Henrique de), D.
Lille, Mons. de — êL Lousa (António Álvares) — 543, 544.
Lima (Francisco Bernardo de) — 208, Louville (Dc) — 295.
488; Francisco Mendes. Impressor — Luca Vcneto (João de) — 479.
725; José Teixeira — 343; Lourenço, D. Lucrécio — 401
— 427: Uits Barata de — 592^ 596. Ludovici — Ana Maria — 521 Caeta-
1 ; :

598: l.uis Caetano de, D. - 79. 8L no — 8; João — 611 João Federico —


;

121. 170. LSi. 641. 707, 708i Manuel L 8, 18, 102, 52L 522, 692; João Pedro
Baptista de — 21)6: Manuel Gomes de — — X. 53, 87, 102. 102. 110. 223. 227.
233. 279. 2&J a 284. 721. 22L 500. 510. 541.: José Joaquim — 8.
Línguas: Alemão — 79; Árabe — 358: Lugo (Caetano Benitez J, Fr. — 45. 46,
Espanhol— IJi, HL 243, 358^ 399; 698.
Grego — 189, 305, 336; Francês — 22. Luis, Príncipe — 478, 479; Luís XIV. de
SO, 88^ 12L 126. 135, 233, 243, 282, França — 223, 3M. 2QL Luís XV
286. 289. 335. 3.S.S. .^59. 394. 399. 716: 478.
Hebraico — 169, 170, !Í9^ 243, Lulo (Raimundo) — 182 . 208. 477. 622.
282. 3J7. 336. 445. 450, 458. 579. 710. Lumiares (Conde de) — .302.

713: Inglês — 8^ ilL 133, 286» ML Lutero — 258, 361


287, 290, 252. 362 a
358, 399: Italiano— 80. 88. 121. Macedo (Agostinho José da Costa de) —
243. 282. 335. 358. 399; Lalim, passim; 392: Amónio de —
]79; Bento de, ES —
Orientais —^ ; Persa — 25S: Por- 33. 239. 718: Manuel é2&. —
tuguês — 185. Macedónio, Mons. — 420, 420^ 430, 652.
Lipftorf — 238. Machado (Alberto Teles d'Ulra) —dfH;
Lfpsio (Justo) - 243. Diogo Barbosa — vii. viii, .30, 31. 39,

Lirca (Fernando Leme Pico de) — 173. 43. 44. 55. 63, 74, 78, 98 a 101. 110. 123.
476. 694.
Lisboa ( Divisão de) — 107.
126, !«,
461, 464 a
180^ ^
484.
TIL
493,
286. 293, 458,
50I_. 505, 508,
Lislc— 62. 576,521^3 582, 588,649, 693; Inácio —
Liturgia — 15. 286. 287. 374. 703, 22á. 286. 2ai, £76, 487, 602.
Ver também Academia Litúrgica. Maçonaria — 148. 150. 359. 360. 364.
Lívio (Tito) — 14, 524. Madeira (Salvador da Silva) -682. 683:
Lobo (JoséJ, P.' — LZÍL Manuel da Ga- Sebastião, P.'' 603.
ma)— UL Madre de Deus (António da), D. — 275.
Locke (Joào) — 33,il.60,75,76^88a?4i 698
Lli, 136, 159, 196, 196^ 197. 215. Madureira (Vitorino Carlos Semedo Fei-
236. 239, 241. 253. 256. 269. 278, 279. /(í - 142.
295, 340. 346. 353, 361. 369. 393 . 400 Mafra (Reais Estudos de) — 337.
40L44S, 449, 609, 700, 704. Magalhães — 322: João Jacinto de — 335.
Lógica — passim.
Lóios — 123,
594. 692. 2LL
ITT, m 462, 461 593,
367.
669. 226.
Magdburgo
398. 422. 494.

(Esfera de) — 27, L56.


495. 519. 649.

Lony (António) — 522. Magalhães ( Luís Freire de) — HL


— 747 —
Magli (Pascuali-) — 95. Martin -- Lll.
Vfagnino ( Bianca) — 709. Martinho (Nicolau de), D. — UL
Maia (Manuel da) — [6^ 127, ULL Martini (Barão de) —61. 334
Maignan (Manuel) — 59, 116. 138. LS4. Martíniano (Manuel) — 362.
16L 162^ 242. Martiniere — 334
Nfainardi (Hieronimus) 470 Martins (Abílio), P.' - 427: Antônio —
Mairan —
12^ 606. 683 Francisco A. Oliveira — 719:
Malagrida ( GabrielJ, P.'' - 430^603, HL João 454: José, Impressor — 593.
Maldonado (José), D. 2áíL — 595: José V. Pina~A6^ 46L 492,
Malebranche —
90, 115. 135. 136, 1%, 702, 705. 724; Manuel, Jesuíta 305;
215. 236. 238. 239. 253. 254. 274. 295, Manuel, O ra t o r ian o —
6^7
340. 351. 353. ISLL Mártires (Bartolomeu dos). Ti. Fr.
Malpighi — 81 156. 228. 367. 426-
Mamachi (António Fi-ancisco) — 94. Mascarenhas (Principal) — 398: José
Manpcrtius — ^17 Freire Monterroio — 65, fiíL

Mafter (Salvador José), D. — 140. 149. Mastigoforo (Gelaste) — 480. 680-


700 Matemática, passim.
Manique (Diogo Inácio de Pina)~~426, 212- Materialismo - m, 147, [50, 3^9 a 36L
Mansilha (Francisco), Fr. — 356. 401 a 403, 449, 61^
Manucio (Aldo) — 262. Matos (Manuel) — 17! Rodrigo de, P..,

Manuel. D. 52. 12J —


Félix, P.' 696, ;
— 259. 263. 269. 700.
706: Manuel de S.la Catarina, D. Fr. Maupertíus — 258.
— 12- Mayer — 6L
Manuppe I Ia (G iacinto) — 726 Maync 'José), Fr. — 290, 26L 400.
Mãnzio — 401. 401.
Maometismo — 150, 290 Mayr (António) — I64i 2iy a 242, liíl.

Maquiavel — 257, 359, HL Mazones (Jaime), D. — 430.


Maranon Gregório) — 709.
( Meadws rff.; 2QL —
Marcelo (António) - 495. Mecanicismo— 73, 75. 1 líL 128 a LiJ , L14-
Marcial — 586 Medicina, passim.
Marcucei, F.' — 494. 520, 630, 642. Mecrsche (Pedro Vander) — Si
Margnc, Mr. — 714 le Melgaço (António de S.ta Maria dos
Maria L D.* — xiii, 217. 226. 331. 369. Anjos), Fr. — 225 a 278, 222.
386. 389. 392, 3M a 397, 43^ 432^ 436,. Melo (Aires de Sá e). ver Sá e Melo
437. éál a 445, 591, 713^ João de (Aires de): Caetano de — 19: Fran-
Jesus, Fr. — 282: José de Jesus, Fr. — cisco Manuel de — 226; Francisco de.
691; Teobaldo de Jesus, Pr. — 123. Marquês de Sande — 60, 122 Francisco ;

715: José. ?.«— 2M. de Pina e — 52,51,56.12^/2/, 142.


Mariana, — 293; de Áustria — TQL
P.' 173, 177 a 179. 209. 254. 284. 285.
Marine (Adónis de) — 359. 285, 289. 290. 322. 454. 468. 474. a 476.
Mariottc — 156, 161. 242 a 250, 256. 481 a 487, 493 , 506, 649, 6fiQ a 682,
Maritain — 622- 691. 720. 724: José Correia de Sá e
Marne (Francisco Soto y), P.» Fr. — 14ÍL 715; Nuiw Álvares Pereira de. Vi. 487 ;

177. 711. Tli. Pascoal José de, ver Reis (Pascoal José
Marques (José), P.' — 286, 358^ Manuel, de Melo Freire dos) ; Raimundo Coellio

«Expresso» — ilú; Manuel, — 170.


P.** de — 303.
207. 256. 429. 474. 680. Mémoires de Trévoux — 58, 60, 62.
Marrocos (Francisco José dos Santos) — 154. 210. 295. 358. 713

370. 214. Mendeiros (José Filipe/. Mons. —26, 709.


— 748 —
Mendes
649:
— 520^
António Félix
649^ Ana
~
— 494.
188^ 316.
m
316.
Moei lo
Moia, P.*^
— 20^

98.
336: João ~ 99^ ILL; José, P." — Moliere —
285.
494. 647: Joxé Francisco, Livreiro — Molina (Luis de), P.» — 28^ 46, áZi
708: Manuel. D. — 423^ 646, 22á. Mollcr (Joaquim Jansen) — 592. 596.
Mendonça (Afonso Furtado de) — 9£; 598. 6QL
Francisco de Almada e — ver Almada Moncada (Luis Cabral de) — viii, xv,
( Francisco de) : Joaquim José Moreira 147^ 200, iOO, JWT, 332, 333, 450,
de—im^ Paulo de Carvalho, Cardeal 492. 495. 498 a 500, .577. 697. 703.
— 415. 705. 709. 710. 712.
Menescal ( Miguel i — 6X4. Moniglia (Tomás Vicenzo), P.'^' — íí2.

Meneses (Carlos Bernardo da Silva Teles Moniz (Caetano). P.*, — 30; Manuel
de) — 358, 708: Francisco Xavier Mendes 4âi —
de, D. — ver Ericeira (Conde de): Monlau ( Filipe) — 694.
Henrique de, D. — 106, 318^ i/9, Montaigne — 196.
411. 42Q a 426, á20 e ss., 495, SM a Hé. Montanha (João). P.* — 20L 481_, 680,
6511 c ss.: Luís de, D. — 60. Montano ( Teotónio) — 591. 673: Tomás
Mercúrio de França — 154: Histórico e — 573.
Politico— 123, Monte (José do Espirito Santo), Fr. — 702 ;

Merscnne — da Piedade, Roma — 226, 313^ i/i,


Mcrveilleux — 2á, 645. 717: Sinai, Lisboa — 526.
Mesa Censória — 230. 240. 2H9, 321, Monteiro (António), P." — 243, 698: íná-
325. 327. 333. 334. 344. 355, iSli e ss., c/o — XII, 238. 239, 242 e ss., 335,
368, 369, 372, 380, 38L ML Mi 346. 346, 347. 429. 4%. 513. 697. 710.
3S<A 391. 400. 402, 401. 403^ 426, 429. 719. 726: Isidoro — [70, 304i João
524, 694; da Consciência e Ordem — IX, Antunes, P.* — 602: Manuel, P.« — vi.

217^ 219, 226, 232, 294, 343. 343. 395, 65^ 125, HL M6, 20L Mí 453, 464,
435, 444, 445. 519. 523. 537. 539. 469, 681. 708: Manuel António - - 5âl
662. 663. Monteiro-Mor — 603
Mesquita e Quadros (José Caetano de) Montepcllier f Bispo de) — Ver Colbert
— 285. 288 . 289. 334. 341. 342. 395. (Carlos Joaquim).
696. 716. 717. 22i. Montcsquieu — 364. 392. Ili
Mestre cm Artes — 37, áJ a 43, 85. 2ÍLL Monti (Gennaro Maria) — 707.
Metafísica, passim. Morassi, P.' — 519.
Método — 280, 385: para estudar a Morais ( Dionísio Bernardes de) ~ LLL
geografia — 168; para estudar a His- 149. 503. 504. 699
tória — Zífi: para estudar a Teologia Moral, passim.
Morales (Domingos José Vasquesy) — 13»
Milcnismo — 147, MíL Morassi, P.*" — 494, 6áíL
Mille (Jacohus). Cardeal — 548^ Morato (Francisco M. Trigoso de Ara-
553. m
Minas (Governador de) — 29;; Marquês
542.
gão) — 483,
Moreira (Eduardo)
625;
— 721
José, P.' —U J

das—VL Morganti (Bento) — 123. 716; Lourenço


Mineralogia — 183 — 124. 522.
Mira (Bernardino de). Cónego — 544: Mori — LLL
Leonardo de, P.'- — 238. 2M. Mota ( Matusio Matoso Matos da) — 120
Mirabeau (Bernardo António Serra de) Motraye (Mr. de la) 708. —
-Zlá. Moulin ( Carlos du) 359. —
Mitologia — 138. Moura (João de) — 153
— 749 —
Víouralo (Carlos José) — 357. 710 143. 150. 208. 233. 279. 455. 475, 593.

Mousnier (Roland) — 129, TQíL 680, 69;, 699, to;, 704, lil-
Muller (João Guilherme Crisliami) J49. Noche (Carlos de), D. 215. —
Munnoz (João Baptista i - 473. Noel ( Francisco) 295. —
M unsier — 333. Nogueira (Francisco Daniel) — 400. 708:
Muratori (Gian Francesco Soli) — 494, Francisco Tavares — 230. 465.
S04 . 649: Luis António—^, SJL §L Nollct (Abade) — 93, 12L Qfl. 2iL
'jO. !Z2 a 99. 110. 111. 116. 117. 148. 247. 353.
149, 167. 168, 169. 172. 773, 176. 176. Nominalismo — 196, 2M.
Ijr, 177^ 179^ IJT, 183. 188^ IMl Noris (Cardeal) —288.
198, 200. :00, 202. 203. 210^ 2J_L Noronha (João José Ansberto de) — ver
256, 2ZL 378^ 422, 458, 459, 464, 473, Conde de S. Lourenço; Rozendo
491 a 494, áaa a 504, 577^ 649, 692. Eleutério — ál l

700. 203 a 706. 715. 112. Notícias Eclesiásticas— 326.


Mureti — 562. Nouvelles de la Republique des Lellres
Nfúrias (Manuel) — vui, 112. — l£L
Museu de História Natural da Univer- Novais (Agostinho de) — 302
sidade de Coimbra — 382. de D. João V Numismática — 123
— 2á- Nunes (Nedro)— 795.
Música — 170. 183. m. Observatório Astronómico da Universidade
Musschembrocck (Pedro van) — 83. 95^ de — 382:
Coimbra do Colégio de
115, 128, 156, 158, 16L 23L 238, 242. S.to Antão— 16; Matemático, de
247. 265. a 340. 347. 353. 703. S. Petersburgo — fdJ. de Paris — 60.
Muti (Mons.) 331, 65SL — Oculto instruído — 233, 224.
Muzzío (Gennaro c Vicenzo) — 172. 456. Oldcmbcrg (João Velho da Rocha) — 539,
460 Oliva (Roberto e Manuel Rodriguez de).
Nascimento (José do), Fr. — HL Livreiros — 287.
Natali (Giulio) — 723. Oliveira (António Carlos de) — 700:
Natta (Cardeal) —430. Arnaldo Henriques de — 272: Cava-
Nau Aí.» 5.* do Livramento — 20. 22 leiro de~M\, 209, 222. 235, 3èL
S.ta Teresa — 22. 366, 367. 695. 702. 720. 721; Cristóvão
Náutica — 2áL Rodrigues — 694: Domingos Nunes de
Náxcra — 262. — 394.490. 714: Fernão de, P.» — 185:
Negreiros (Anastácio Aniceto) — L2ft; Sil- Francisco de. Impressor — 358: Gon-
vestre da Costa, — 242.
P."^ çalo, Fr. — 359; José de, — Ml
Ncpo (Cornélio) — 574. José Caetano de — 343; Manuel da
Ncri (Filipe), S. — 501 Rocha e — 11.
Nestório — 682 a 682. Onorato (Garcia) — 456, á6!L
NcvMon — 51. 60, 68, 70, 88, 93, 94, 115. Ontologia — 34L Í51
119. 122 a 129. Ufi a 139. 150. 1S4. Oratória — 14. 18. 183. 191. 191. 192.
156, 159, 1%, 212, 235 a 239, 2AL 355. 355. 454. 463. 472. 487. 501. 577.
2á5 e ss., 2Mxft ss.. 293, 295, 295, 340, 578. 582. Ver também Retórica.
340, 345. 346. 349. 361. 116 a 380. Oratorianos — 6, 7, 17. 18, 3L, lOJ,
397. 448. 604. 606. ííiS. 690. 700, 10^ lOL 119, LSI e ss.. m.
715. m
Niceas Siracusano - 146.
188.
243.
208.
259.
220.
265.
223,
269,
226 a
169.
m,
233,
28á a 288i iiL
171. ISZ.

Nicolau (João), P.' — 288. 135 e ss.. 350. 365. 367. 381. 392.
Noalhes (Cardeal) —288. 394. 404, 40L 409. 426, á2L
Nóbrega (Antônio Isidoro da) — 33, lÉSí, 429. 431 . 453. 464, áI2 a 48L 489,
— 750 —
a 49lj 494, 495, 5fi4 e ss,, 512^ SfiíL Pascal — 248, MiL
589. 680. 681. 623 a 69L TOT, ZOL Passos (Carlos de) — viii, 119, 410, 41 1.

720. yer também Biblioteca dos. Ga- 435. 491. 112.


binete de Física dos. Tipografia dos; Pátio da Caridade, Lisboa — 454. 597;
df Coo — 82^ 272^ 507, 509^ 5M; <A» de S. Martinho — 124.
México — 215. Patriarcal 106, 107, 149,^ 305, 54L
Ordem de Crino — 3^ 5^ íL 20 a 22^ — 123. 279. 388.215.
Paulistas
141. 171. 208. 216. 218 a 221, 231, Paulo MI — 28.
293. 312. 475. 512. 523. 524. 531. 532. Paz (Manuel Freire da) — 279. ISL
534. 532 e ss.; de Santiavo — 533. Pccchi (Giuseppii - á2J.
Ordens Militares — 294: Religiosas — Pedegache ( Miguel Tibério) — 73, 77,
292, 298. 337. 369. 3&L 78. 179. 233, 25L 2*5, 326, 127, 358,
Orna (Joaquim de S.ta), Fr. — 719. ^64. 693. 694. 698. 702. 205.
Orsini (Cardeal) — 114, 633- Pedagogia — 384. álL
Ortigào (Manuel Diasi L2i Pedreiros - Livres, ver Maçonaria.
Osnaburg — 3:<'<. Pedro (Infante Z>.) — 136, 435j da Rús-
Osório (Jerónimo), D. — 295, 579, sia- 22^ HL O. Pedro //— 15,
Ospizio du Peniicnzieri — 423. 423. 279. 706; João -~ LLL
Ostório (Inácio de Armestro y) — 140. Pegado (César) — xv, 708i José da
Ouriola (Arcediago de) — 555. Silva, P.- — 454. 463. 600. 695. 2QL
Ovídio —13. [4^ 188. 243. 697, Peixoto (Carlos)— Jorge — (âl,
Owcn (João) — 713: Silvestre da Silva — LLL
Ozanan - 22i- Pelayo (M. Menendez) — 325, 2ÍÍL
Pacheco (Diogo), P.' — 25, 31, 32, Peit (Eng.)— U9, Ul,
22 a 39, 697: Diogo de Novais, ver Pereira (António Guedes) — 476; António
Sousa (José Xavier Valadares ei. José — 397: António das Neves, P.'
Paço das Necessidades - 397 — 350: Bartolomeu — 170; Bento, P.'
Padilha i Norberto de Aucourt e) — 123. 13, 185, /«í, 72L 726: Cardeal — 126;
Celestino, P.'' — 512; Domingos, P.»
PadrAo ( Miguel Pereira de Castro) — 1 19. — /¥, 220, 260, 263, 464, 509: Gregó-
143. 720 rio, - 520, 649j Jacob Rodrigues
Pagliarini (Nicolau e Marco) — 90, 2lfi. — 3981 Jácome, P.' — 422, 511, íí^
316. 316, 311x409, 410, 430, 46á a ML 649: Joâo — m,, 494, 520, 6*9;
473. 481. 495. 498. 513. 516. 608. 612. José de Sá ~ 330,
422, 494^ 498, 511.
6.30. 631. 649. 659. 691. 707. Z2=L 520. 648.649. 657; Manuel Nobre - \

Paiva (António Ribeiro de) — 399; Ma- Martinho, ?.'• — 494, 520, 649j Nicolau
nuel Joaquim Henriques de — 39*). Álvares, D. — 230; Vicente, P.' — Ifil.

Paixão ( Maiiuel de Aguiar), V/ — ix, 7, 9^ Peres (Damião) — 708.


10, II, 52L 522- Pérgola (Paola delia) — 707.
Palácio dos Portugueses. Roma - Pcrim ( Damião de Fróis) — 82-
PalaTzoIa — 718. Perizonius - 124, 253.
Palinódia Manifesta — 263, SIL. Peron (Cardeal) — 168.
Palhava (Meninos da)— 429, ILL Ver Perpinhào (Pedro) -~S2±
também D. Gaspar, Arcebispo de Perrier— 248.
Bragança e D. António. Perrimczzio — 1 lÉ-
Pallavicini (Cardeal) — 437, 4JZ. 514. Pesqueira ( Visconde de S. João da) — 718.
515. 655. 660. 66L Pessanha (José da Silva), D. — 362, J62.
Papelistas — 120. Pestanha (António de Almeida) — 99.
Parker — L Lli. Petávio — L16, 6Sã.
— 751 —
Petroochio (Michel Angelo — 22. Poinsot (Luis), Fr. — 201; João, Fr.
Pellrowna ~ 2&L
f Eli.iabet) (= Fr. João de S. Tomás) — !: Maria
Philosophical Transacllons — 62^ .^75. Madalena 2 —
Pedro L; —
Piaggio 520. 6áa- Poiíet — LLL
Picanyol (Leodegario), P.' — 693, 22i Pole (Duquesa de) — 415.
Picardo (Bartolomeu c Lourenço) — 495. Polidori (Emilio)— 230. 211. 642. 669.
Picquer (André), D. — 209, 214, 28L 43ÍL Politica — 123. 125. 289. 222 e ss.. .340.
Pignerol (Bispo de) —430. 614. 628; Moral e Civil, Aula da
Pimenta (Joaquim de S. José), Fr. — 703- Nobreza Lusitana — 233. ?93
Pimcntas — '<5V Pombal — passim.
PiínciHel ( Luis Francisco) — 16, 135; Luis Poniiraie (Senhor de) — 67.
Serrão — 16, 135^ Manuel — 127, Pomey, P.*" —
14- 191, 694, 210.
Pimpão (Alvaro da Costa) — XV, 270^ Pont ano (Jovi) 578. —
271, 112- Ponte (Conde da) 398. —
Pina (João de), P." — 3Qá; Luis de — 222; Pontes (José Maria da Cruz) — 2âZ.
Rui rff — 82- Pope- áOl a áOl
Pinatcli (Manuel de Villegas y) — 79. Profírio — 32, 36-
Vxfíhtiro ( Domingos ) . P.« — 16; Manuel, Port-Royal — 95, Uíu áftL
P.» — 238, 238^ 23ÍL Porta (José de N* S.» da), D. - 275.
Pino (Nicolat Videla dei), D. — 2LL 719: Vicente - iUL MIL
Pinto (A. — 726; Luis Teixeira
Sousa) Portcr & Adcy — 520.
— 111 ; Manuel — 64i 622i Manuel Oli- Portas de S.ia Catarina — 140: de S. An-
veira, ver Anunciação (António da), D. /ã> — 601
Pintura — HL 2iLL Portugal (Bento de Moura) — Uâ. 12L.
Pio IV (Juramento de) — 36. 42, 367: 121 135, [36, 233, 220 a 29i 366,
Pio 356; Pio F/ — 437, 409. 429. 693. 711: Francisco de, P.*-

668 . 691 Pio XI—1\Q. 304: Miguel de. D. — 321L 656-


Pio (Biagio Picillij — 62íL Pouget, P.--- 367, JáZ.
Pires (António), Livreiro 597. ftX V Povolidc (Conde de) 56á.
Afonw/— 6ÍLL Praça (J. J. Lopes) — 709; do Corpo
Pisa (Domênico), Fr. — 494, 520, 650. Santo 392: da Boa Morte 465: —
Pistojesc ( Corsino) — 300. da Palha, 526; do Pelourinho — ÚÍÉL
Pizardo (Bartolomeu) -494, 512, 649 de S. Pedro, 421
Pizzctti— 520, 6á2. Primado do Papa — 334
Plagianismo — 46. Prilanio (Lamindo), ver Muratori.
Planetário — 741 Probabilismo - 353, 42íL
Plalào — 27, 138. 151. 183. 193. 239. Proença ( Leonis de Pina e) — 63 ; Mar-
241. 243. 274. 277. 279. 449, tinho de Mendonça de Pina e — iU 61,
Plate I(Abade)— à2SL 70, 75 a 80. 91. 121. 142. 183. 187.
Plínio - ISi 383, 385, 692, 702, TOé, 218, 220.
Pluche — 25i Propaganda Fidei — 94-
Poço do Borrai ém 454. 592. 593. 601 Protestantismo— 150, 2QQ. 220 e ss..

Novo 2ÍL — 303. 3£LL


Poggi (Paollo), D. - aiL Psicologia, Pncumalologia — Mi 95, 138.
Poesia, Poética— 14, Z2. U e ss., 162- 156. 236. 23'). 253. 264. 265. 294. 352.
169. 183. 12Q a 193. 233. 22Q a 272. 356. 377. 379. 388. 618.
284. 285. 285, 289. 293. 341, 350. 391. Ptolomeu — 8L 96, 135, 222.
398. 439. 448. 458 . 475. 488. 506. 509. PufTcndorf- 83. L15, 195, 1%. 256,
577. 578. SaS a 530. 112 a iiá- Í6Q- 506- 52L

liai
— 752 —
Pulcinclli — 632. álL 167. 169. 182, 183, 120 a 192, 242j_
Purchot — 156. 164. 235. 238. 239. 242. 260. 272. 289. 293, 305. 336. 337. 340
252. 254. 257. ISi a 342, 350, 370, 39L 225 a 399, 458,
Queiroz (António Moreira de) — 522. 471. 577. 11£L
Quental (Antero do) — 3 32 Bartolomeu Riaumur — 122.
do, P.' — M. iOL ili, 221 22h a 228, Ribeira Grande (Conde da) — 19, TZ
232. 44L 4ÍL 5Q5 a 509, Sl£ e ss., 641, Ribeiro (Ângelo) ~ 498; António, P."
670. 678. 331 Aquilim — 695: Francisco, P."
Quesnet (Pasquier), P.' — 282. — 34i 15L Zlli José Manuel — ML:
Quevedo - lii2- José Silvestre —
66, 202.
Química, Químicos — 71.73. 128. 137. 138. Ribeira - 70. 72, 622, 215.
156. 273. 281. 28-t. 293. 309. Ul a 379. Ribes (José Maymo D. — 214
382.
Quinaults
m— 2íi5_ Richard (Robert)
y),
a 216, 473, 474, áa2 a 489. 681. 2QQ.
—214. 215. 220.
Quinta da Alfarrobeira —L Ricci, P.' — 421-
Quintela (Inácio da Costa) — 171 - Riccioli — 146, 15«, 245, 225.
Quintiliano — 285. Riglini. — 416. 622.
p.«-

Quirini (Ângelo Maria), Cardeal 1 10. Riolano — 156


492. 503 . 6á2. Rivadeneira — 694.
Rabuel - 225. Rivara (Heliodoro da Cunha) —327, 396,
Racinc — 79. 91. 285. 285. 491. 507. 525.
Racionalismo — 25, 128, 222. Rivière (Ernest) — 693
Racioppi (Giacomo) — 692. Roboredo (Amaro de) — 185, 4&L
Ragusano (José Orebich) -711. Rocca António Monravá y), D. — 51,
Raimundiana (Tipografia) —473. 2Qa74,!i9,132,134,143, 62Ja 694,
Ramcc ( Pierre de la) — 278. 706. 713. 715. lli
Ramel (Anu Muriu) —8, 520. 528, 522. Rocha (Cipriano da), Fr. —603; José
Ramos (Gustavo Cordeiro) — xv; João da, Fr. — 356; José Monteiro da — 371.
Pereira, ver Coutinho. 378. .398: Vicente Ferrer da, Fr., ver

Rapin — HL 182, 22t Ferrer (Vicente), Fr.; Vicente Inácio


Rebelo (João da Silva) — 602; Joaquim da — iâL
— LTO, 62ÍL Roche (Juan Luis), D. — 147, TAL.
Recidabe (Ramiro Leite Gaiade Luneira Rodrigues (António Augusto Gonçalves)
de), ver Corte Real (M. de Alaíde). 366. 375. 699. 720: Domingos,
Regalismo — 322, 33L 359, .385, 422. Impressor — 294. 4S5. 716; Francisco,
Regimento dc Dragões — 302. P.<- — 480, 481 481. ZOL 708, 711:
Régnault — 83, 238, 239, 24L 252, 255 Inácio, Impressor — 454. 455. 522 a
a 257. 274. 278. 221 596. 601 Manuel, Impressor — 262,
Reis (António dos), — 15L 222, 289. 456: Miguel, D. — 122. Miguel,
472. 506. 507. 509. 575. 580. 704: Joa- Impressor — 52^ 457, 465, 422, 473,
quim José dos 382. 71 —Pascoal 1 479. 482. 484. 595. 691. 700. 701. 705.
José de Melo Freire dos — 403 707. 711. 717. 723. 724. 121.
Remédios (Mendes dos) — 484. Roffi rCuvalier) —426.
Rcnazzi (Filippo Maria) — 723. Rohaut — 115.
Resnel (Abade de— 401. Rolandiana (Tipografia) — 693.
Resende (André Lúcio) — 485, 579] Co/i- Rollin — 152, 182. 186. 1Ã2.

dede — f£l. Romantismo —


447. 448
Ressano Príncipes de) — 423.
f Romaria dc S. Macário — 718
Retórica mal4,lS.2130,7fi,l52. Romcr — 250.
— 753 —
Rosa (Vairo), P.'— áM. Saldanha (Cardeal) — i02, MLL 305:
Resemberg f Conde de) 430. — Francisco Xavier — 22; José Manuel
Rossi ( António j — 4V? de~2!L
Rottardi (Imcos) - llIL Sales (Delisle dej— 404 a 407, 718:
Rousseau ( François) — 721 JeMi Juc- Francisco de -- 43V
ques — 2Si,262,áíll a4Q3. MILML Salgado ( Luis Borges) — 399: Vicente,
Rovira (Maria dei Carmen J — 215. 4SS. Fr. 26 a 2â. 327, 390, 390, 477, 482^
IQi 484. 489. 625 a 6iL ILL 12L 221;
Rua dos Alimos — 522: da Ameiade -2SL1 Salgado Júnior (António) — 45. 46.
da Atalaia — 454. 592. 597. 598: da 56. ZáL LSL IMi ZM. 19L 121.
Z*2.
Bainharia — 1 \ dos Cabides — 53.^. 594: 196. 198. 271. ?-/. ZL>. 3Í&, 32L 3I<L
dos Carros — -154, 594: dos Condes 389. 435, 450, 46L 49L Z05, 712, 22L
— 79i Direita do Loreto — Salgueiro (Francisco), P."* — 10; Trindade
472, 597i í)/rW/«, Porto— 597; dos -69.S.
Fanqueiros — 392; das Flores — 29; .Salomoni (Generoso) — 90^ 317. 409. 410.
de João Brás — 29; D. Julianes — I 456. 459. 464. 46L ál3. álS. 48L á8Í
Larga de S. Roque — 522: dos Merca- 485. 489. 612. 614. 621. 63Q a 622.
dores — 486: nova do Almada — 1,2* Saiústio —
4. 523, 534: Nova defronte da «loja de Satvioni (Joachim) — 694.
Café» de madama Spencer - 124; Nova Sampaio (Luis Teixeira de) — 443, 692:
d" El Rei — 392 ; do Outeiro, ás portas Manuel Pereira de) 8L — [02,
dc S.ta Catarina — 138^ 533i IMi das 104,/rj£109,ma!i4,178,lI9.
Parreiras — 130: dos Poiais de S. Ben- 217. 218. 2M. 229^ 2M, 423, 493, 494^
to — 524i 525; (Iff Quebra Costas — 497. 500. 513, 540 a 542, 5áâ a 553^
595. iíii: dos Retroseiros -
5IL
que vai do Cais dos Soldados para Samuda (Isaac de Sequeira) — 63.
SLta Apolónia — 5; de S. Jocques, Sanazar 14, 578 , 222.
au Ly d'Or — 145; da Rosa das Partilhas, Sanches f Amónio Nunes Ribeiro) — 5jj
junto ao Cunhal das Bolas — áM. 62. 09, Z2L UL LIL 198, 283, 313.
Rudigier — 1 15. 314. 322. 322. 342. 367. 369. 372. 325.
Rue (Mr. de la) - 286, Uh. 383. 383, 384. 511. 64g. 691. 695. 715.
Ruffinella — Mi 716. 722. 225.
Sá (Caetano Correia de) — 22; Francisco Sanchez (Francisco), O Brocense — 186,
de, Ft. — .^63: Inácio de -— \12; Joa- 288. á42.
quim José da Costa e ~ 359, 2M, Ml Sande, P.'' — 423. 646: Marquês de,
Manuel de, Fr. 82. ver Melo (Francisco de).
Sá e Melo (Aires de) — x. S6, 112. 113. Sangue (Circulação do) — 157, 250.
223, 286. 297. 301. 306. 307. 311. IM Sanning — 164.
a 319. 347. JàZ .398. 411. 417. 418. Santa Barbara (Inácio) —600.
422 a426. áll a 441. 4M. 497. 498. Santa Catarina, Brasil — 399: Lisboa
HL a 516. 621. 6á2 a 654. 653. — 394: Fr. Lucas de — 579: Simão
Sá Pereira (José de) — ver Pereira (José Amónio de, Fr. 67, 1L6.
de Sá). Santa Eufêmia, Penela —
Sabóia ( Duque de) — 430 Santa Maria (Francisco dc), Fr. 123.
Sabugal ( Conde de) — ?M 692; Honorato de. V.' —\(>y, José,
Sacramento (João do), Fr. 82. — Fr. — I6i
Sacrobosco 295 — Santa Marta (Teodósio), P.' — 5â2.
Sagucns (João) —59. 154. 162. 26L Santa Rosa (Bernardino de), Fr. — L40
Salazar (João de Carvalho/ — 279. a 142. 290. 487. 7Q1. 702. T2A.

48
— 754 —
Santa Teresa {ínàcio de), D. — 148. 149, Sào Tomás, de Aquino — 2»^ 44^ L2A
22'). 231, 330. 4')4. 504. 560 a 563, felíL llLi !Í0, 203. 256^ 353, 356, 448, 723;
Santana (Joaquim di-), 244, 279, 6ÍKL João de, Fr. —
138, ÍM.
Santiago (Amónio de), P.'" — 522: Conde Sâo Vicente (Conde dei — 564.

de — 591; José Pereira de — 420, áll. Saraiva ( António Ribeiro) —711; Car-
519. 662. 663. 671. deal — fâ. IXL 261; João, P.' — 222;
Santo Aloysio (Thonta Viitas a) — 7\0. José, — 9, José ; da Cunha — 2Q2;
Santo António — 230; Igreja de — 592. Tomás, — 3M.
593. 596: Marcos de, Fr. — láá. Sarmento (Jac<A de Castro) — 63, 70,
Santo Eustachio — 631 72, 2i, 21. Lii HL 12L 129, ns,
Santo Ofício — xni, 1. 3. 4. 7. 46. 119. 139. 283. 286. 375. 692. 700. 707. ILL
125. 141 a ISO. 167. 113 a 177. 181. 209. 713. 724. 725: João Botelho de Queiroz
249» 256, 261 277, 2Sh 2S1 c ss.. U — 641. 6áL
325. 35&c%s., 395. 404. 407. 424. 4iS c ss. Sarmiento. P.' — 14ÍL
4%. 502. 512. 521 a 523. 705 . 221- Saverien — 25S.
Santos (António dos) — 683; Antônio Scapula — 642.
Rodrigues dos — 22; Bento Gomes dos Schcrffer— 237.
— 171 — 73, 134: Domingos
Costa Schooten (Francisco) — 59, 243.
Mauricio Comes — 156. 200. 708,
í/oí Scioppio — 186i 262, 336, ááL
709. 720: Francisco, P.* — 239; Fran- Scbastiani. músico da Patriarcal — 507
cisco Xavier dos — 39^ José dos — 161 Sebastião, D. 23.
Manuel dos, PS — Mariana A.
.^ft». Secretários de Estado — 294. 302
Machado — vin. W, 380, 486. á2L Seiscentismo — 121
623 709, 726; Sebastião da Costa — 205. Seixas (Manuel dc), P.' — 3Qá.
Santuoci (Bernardo) —10, IL LiL Semedo (João Curvo), 1X4
691. Seminários — 21 \, 313, 369i 394, iiil
Sào Bartolomeu 507 — 621: de Braga - - 369, 39^1 de Coim-
Sào Bento (Francisco de), Fr. — 3M a bra — 395, 32L 396, 39&, 426, 723, ver
ML Biblioteca do; de £Aa5 - 301; de
Sào Boaventura (Bernardo de), Fr.— 450. Évora — 29^ 30, 269, i»0, 396. Í26.
714: Cristóvão, Fr. - 451,; Fortu- 607: de Faro, i2£; de Leiria 394:—
nato de, Fr. - 21 1 . 450, 22ÍL dc Pádtta — §0: do Porto — 395,
Sào Caetano (João Baptista de), Fr. 22£L de Santarém — 305. 369. 394.
— 325, i2íí- 395. 714. HL
São Cláudio de Burgognioní — 423. Sena (Manuel de) - IL
Sào Clemente das Praças — 2, 3, 520 ,
Séneca - 91. 145, 2ái
528. 529. Sequeira (Francisco de} — 597 Manuel
São Cristóvão. Lisboa — 554. 598 Soares de — 7Q7.
São Jerónimo 388. — Serafins (Luis Caetano dos) — 142, 143,
Sâo João de Deus 305. — 202.
Sào José (Joaquim de), Fr. — 164. 165 Sérgio (António) - 313, 450. 42L ILL
São Julião da Barra — 305, ií21 716
São Justino 163, — Serra (José Correia da) — 397, 398, 44L
Sào Lourenço (Conde de) 286, 429, — 441. 494. 519. 519: Pedro da, P.* — xu,
465. 466: do Prado, Melgaço 256. — Uá, //^ 115, 154. 304. 470, 58S. 62L
São Luís dc Marselha i — Serrano (Tomás), P.'' — 207, 488,
Sào Miguel (Jacinto de), Fr. — 482, 681 Serri (Francisco), P.« — 288.
Martinho de), P.»— fiQQ. Seur (Tomás le) —24.
Sào Paulo (Largo de) ~ 322. Severino dc S. Modesto - LL. HL ISL.
— 755 —
202. 20L 469, 47l_, 472, 622, 426. 706. 716: António Soares Barbosa,
687. 6H9. ver Barbosa (António Soares); Bento,
S^GraN-csand 75. 115. 128. 158. 161. Livreira — 175. 455, 522^ 596, 598:
236. 247. 252. 254. 257. 265. 295. 3?8. Cipriano — 14^ 693j Diogo, P.' — [5,
339. 347. 353. 5^ 80, 702, 715^ 716:: Francisco Bar-
Sharp (S.)— 129. Z2S. bosa Lima — 365; — 254. Inácio, P.«
Schcvalo, General — ál£. 256.718: João Pedro — 79^ José — l£L
Sigilismo — 1 19. 147. U&. 148. 502. Soares Lusitano (Francisco) — 34. 18,
503. 696. 721. 59, 16L 239, 240, 241
Silva ^A. Vieira da) — 694: Acúrcio Soavc (Francisco), P.» — 22.
Gomes da — 343; Agostiitho da, Fr. Sociais ( Questões) — 222 e ss.

— 356: António Dinis da Cruz e — 284. Sociedade de Ciências, de Sevilha (Régia)


285: .4rt/ti/»/V). Impressor — 141 ; Antó- —147; Médica de M* 5." da Espe-
nio Pereira da — 121 ; Baltazar da — rança, de Madrid (Real) 122; Mé- —
701 Bartolomeu Álvaro da) — 359: dico- Lu litana de Lisboa 279. 475. —
Bernardo da. Impressor — 595: Boaven- 704: Real de Londres — SI, 60. 63^
tura de Santiago e — 455. 596. 603: 123. 127. 136. 139. 283. 284. 375. 376.
Carlos da. Livreiro — 455. 456. 593 398. 432-
Francisco da — 456. AM, 469, 473. Sócrates — l&L
sal a 597, 602, 698, 222; Francisco Sófocles — 2ái
Xavier Bravo — 725; Henrique da, P."" Solano ( Manuel Álvares) — 454. 455,
— 421; Inácio da, P,' — [70, 304: 52áa saa,
Inácio de Sá, P.'" — 106: João António Somascos — âá.
Pinto da — L 526: Jodo Carlos da Sommervogcl (Charles) — 4743 47£ 477^
— 256. 257: José António da. Tipó- 479. 487. 6ÍLL
grafo— /i, 716. 720: José Fernandes Sória — 1 IA
— 655; José Seabra da 372, 373: - Sortais (Gaston) — 694
Manuel da, P.' - 304; Manuel da. Solomaior (Alexandre de Sousa Torres)
Impressor — 4M a 457. 474 a 476. — 279, 717; Caetano José da Silva —
591. 592. 592 a 599; Manuel Carlos da 52, 705; Duque de — 430; Lourenço
— 470: Manuel Coutinho í/a 171; — Botelho — IUL
Manuel Tojal e Silva, P.' — 67; Ma- Sousa (Abel Lopes de Almeida e) —
tias Viegas da, P.» — 697; Pedro da 695: António Alvares de, P.'" — 105,
-454. 445. 592 a 594, 601^ Pedro 544: António Caetano de, D. — 64,
Mota e --ll\ Silvério Silvestre Sil- 82, [54, 714, 720; António da Fonseca e
veira da — 470 — 534: Francisco de — 229; Inácio
Silveira (Joana Josefa da) — 228, 231 de Carvalha e — 271 João de, Fr. —
Teófilo Cardoso da — 4^ £74. élL 707; Joào Egas Bulhões e~53, 725j
487. 672. 679. 6,S0. José Xavier Valadares e — n9^ 152, 183,
Silviana (Tipografia) —695. 202- 706: Manuel de, 36L 224; Manuel
Sílvio (Teodósio Eugénio) — 479. de— 361. 724: Manuel Caetano de, D.
Simões (António), Impressor — 454. 456. ~ 580, TITj Manuel Coelho de — IKL
477; António dos Santos — 683: João Manuel Moreira de — 6Q1 Manuel ;

M. dos Santos — 28, èHl Manuel, P.» dos Reis — LU ; Manuel Rodrigues Cae-
— 601 tano — 106. 545i
— Pedro de, Fr.
Siom ( Nicolau Francês) — ver Ameno Souto (Inácio Ferreira) — 331, 427: Ma-
(Francisco Luis). nuel Gonçalves), P.' — 522.
Soalhàcs (Casa de) — 106. Spadafora (Plácido) — 80.
Soares (Antówoj, P."- — 259^ 263^ 269^ Stahal (George Ernest) — UQ a 132. 202.
— 756 -
Stanley — 242, 340, ILL Teologia, passim.
Staurini (Vicente Dâmaso j — 228^ Terêncio — 574.
ML STL 665, 674, (57^ 677, 62ÍL Teresa. D. — 12á-
Slay (íienui) — ÍLL Teriiio. P.' — 428.
Stegmuler (Friedrisch) - 706. Terreiro do Paço — iUL
Sloqucller (Cristiano) ~ 601', Francis- Terremotos — 147, IZfi. 706, 716, 224.
co— fUl, Tessaiónica (Arcebispo de) — 398.
Suarez, granaiense (Francisco), EJl — 2jL Theincr (Agostinho), P.* — 423, 208-
HL Thumígio — 340.
Suetónio — LL 14. Tico Brahc —
Suite des Nouvelles Ecciesiastiques ^25 Tipografia da Academia Litúrgica — 287:
Tabuada — ifiL do Colégio das Artes — 243. 702. 121
Jacquet — 238. 221. a 221: dos Lóios— UL 522 a 521:
Taddci, Pr. — 494. 520. táã. dt>s Oralorianos — 71, lil. 695. 2fiL
Talbot (Gabriel), P.« — 161. 70X. Ver também os nomes de cada
Tamburini (Cardeal) — 91, HO, 114. Impressor.
Tiro (Arcebispo de) —431.
Tancos ( Marqueses de) — 432, 515. 653. Tojal (Pedro de Azevedo) — \2L 201
Toiand (João) — 4Q1.
Tanucci (Marquês de) — i/6, 330, 423. Tomás (Cristiano) — 506; ou Tomásio —
684. 115. 116. 333. 448. 521
Tarouca (Carlos da Silva), P.» — ix, ILU Tomassim. P.* — 1 16^ 2M.
Conde de —
32â. Torre (C. Marco de la) 99. —
Tasso — 578. 2QL Torres (Jacinto José Soares de) — láL
Tavares (António), P." — 533: JoÕo Torrioclli ( Evangelista) — (i9, 128^ L5Ê.
Peres de Macedo de Sousa — 6^, 720: 236. 248. 252. 255.
Severiano, P.^ — 450, 225. Torriggiani — 424. 641
Távora (Jerónimo Tavares Mascarenhas Tosca (Tomás Vicente), P.^ — 19, 59, IM.
de) — 476;; Manuel Varejão e — 592. [55, I52x 161 a 164, 252 a 24L 251,
596. 598: Marqueses de — 2^ 716: 251 262, 270^ 295, 46L 576, 697.703.
Miguel de, D. Fr.— 106» IM. $Q0^ Tosctti (Urbano) — 94, 2LL 211, 4SL 622.
504. 54íL Tourncli — 116.
Teatinos — 94. 143. 211. 259. 286. 315 c ss. . Tour (P. de la) — 362.
430. 622. Touros — 594, 597.
Tcat ro — 363: Anatómico — 386: £s- Tradição Apostólica — 201 . 301
itanftol— 151. 2fi5- Tradicionalismo — I9f>

Tcixeira (João) — 703; Joaquim Geraldo Iravcsso (Manuel), D. — 215.


— 344: Manuel de S.la Marta, P.' Travessa do Açougue Velho, a S.la Mar-
175. 176. 454. 462. 463. 593. 594. 599. ta — 603 ; defronte dos Padres do
600. 695. 701: Paulo — IL Espirito Santo, ao Chiado 454.
Teles, Cónego — 109, 520; Baltasar — Tressan ( Conde de) — 404,
161. 239. 240. 699: Francisco, P.«- — 2. Trigonometria — 77, 250, 28L 293, 386.
527; Inocêncio Galvão — 726: José Trigueiros (Manuel Fernandes de Castro)
Francisco Xavier — 22; Tomás da — 230. 2il
Silva —
Tempcsti, Dr.
m— 494. SU», 642.
Trinitários — 259.
Tschimhaus —
388. 717. 112.

LL5, 353
Tencino (Pedro Guerino), Cardeal — 478. Unhão (Conde de)— 22.
479. Universidade de Bolonha — 133: de Coim-
Teofrasto — 353 bra, passim; de Évora, passim: doação
— 757 —
aos Franciscanos: 390: Gregoriana, Ll^ Vcncio (LMca de) — 5L
de Halle — m-, de Jena—Ml; Venturini (João Baptista) — 491.
de Nápoles — xiii, 197; de Paris — 156: Vera, gramático — 184.

da Sapiiiiza, xvi, li2 a LDQ ( Ver também Verhcycn - 134. LIL


Academia Tcológicayl; de Valencia— 214. Vernci (família) l.2,2,4i2css.,706,21l;
Vairodosa, P.* — 520, Águeda Leonor — 18, Aldo, 7^ Ana
Valdês (Francisco Nogueira de Sousa) — Maria —
5, í. 7, 8, 521 a 524; António
íM. — 3,4,8,521,522,528,544i Bernardo
Vale (Francisco Xavier do) — 337, 682. Uds — Si Diogo — 4,6al0,12al9,
683: Inácio da — 171 João do, Fr. — 51 lOL 149, 16L [71, 206, 22& a 2iL
171 de S. Cristóvão — 5Mj do Vide, 435, 438. 461. 464. 465. é&l a 486, 494,
Espinho —L 499. SOO. HA a
Valença (Marquês de)
liL ii2,
LL

169,
52S,
— X.
M9,
52,
178, 203^ 206,
80. 89.
494,
iZ3 a 529, 55L 56i
653, 655, 657, 652 a 673,
509. 510.

Ml ^
6916^ 1^
518,
650,

220. 223. 285. 285, 298. 301. 459. 467. Dionísio — 2, 3,638,17,21^31,32,
489. 492. 503. 516. 539. 658. 673. 682. 38 . 44. 421. 52Q e ss. ; Dionísio Antó-
2QQa705^IlíL715^717, 722,226 nio- w, 8, 180. 443, 445, 464,
Valentão (António José Guedes Pereira)
— 209. 476. 6aL
490. 495.
674:
5,
517.
Fdmond
^— a 527. 550. 670.
673. 2; Emerenciana
Valente (João Saraiva), P.« — 2S2- Josefa — i, 8, 524; Francisca Rita — 7,
Valenti (Marquês de) — 1 14: Ludiy- 8. 525; Gaspar — 2, 8; Heitor — 3. 8.

Vico, P.' — 2a. 520. 528; Henrique— l a 8. 101.


Valesio ( Nicolau), Fr. — HL 22a a 23L 523 a 526, 670; Henriqueta
Valia ( Lourenço) — 243. Júlia Preciosa — 5, ái 524i Jodo, P.«
Vallemont — 125^ 201 — 2i João Carlos — 5, 8, 442, 443,
Vandelli (Domingos) — 382, 331 443. 524. 550. 551. 670; João Carlos
Vargas (Violante Eufrásia de) — 8. Cardoso — 2; José — 8; Juliana
Vasconcelos (António de) — 705; Diogo Xavier — 7, 8, 524; Lidia — 7; Luis
de Faro de — 141 Francisco Botelho — 2, 8; Luis António, passim: saída
de Morais e - - 480: João Rosado de para Roma — 86, Doutor em Filosofia
Vilahbos e — 289^ 29Q ,39L 699, 718: e mestre em Teologia — 98, Prima- 9(S,

José Joaquim — I2j José Joaquim -tonsura 100, Sacerdote 101. Arce- —
Soares de Barros — 209. diago — 101 na Congregação de S.to
Vaseu — 243. António — LU c ss.; Luisa Teresa — 7,

Vasqucs ( Andres Garcia) — 12SL 8, 442; — 8j


Maria Ângela
Maria
Vaz (A. Luis), P.*— 82, 506, ILL Teresa 8; — 2,
Maria Eugênia Cláu-
Vecchi (Alberto) ~1£SL dia— 5, 8, 524; Maria Rosa T, 8, —
Veiga (Eusébio da), P.<- — 241^ 258, 429, —
525; Mariana Rita 1; Ralph de— 2^
703. 719; Francisco da, P,« — 304; — 7; Teresa Caetano ~ L L 52á-
René
Manuel FMuardo da Costa — 205; A/a- Vemoy — 6L
nuel Francisco da Silva e — 242: Se- Verry, Mons de — 424, fiU
bastião da, P.'" — Vcrsoni — 243.
Veilh (Mariinhoj - 454. 456, 457, 479. Vezzosi (António Francisco) — 94.
481. 483. Vicente dc Paulo — 94. (S.)

Vellez (António), P.'— 187. 710; An- Vico BJ — 95. 200.442a4á2.


(J.

tónio José da Costa, P." — 704. Vida (Marco António) — 578.


Veloso (José), P.*— ITjO, 47Ll José Vieira (António), Filósofo — 119, 165.
Maria Queiroz — 725. 283. 304. 429. 698: Poliglota —
Veneroni (António) — 359. 2íiL Pregador — m, 149, W, L52 a
[8,
— 758 —
!i4. LiL 64^ íiái a 6%, 700, 703. Wade í Guálter) — HL
705. 7I<.. 717. 720. 722. 726. 727: Wandeli — ÍS2.
Inácio, — li
P.« Wandrck iíLl —
Vieta (Francisco) — 58. Weis —
3iL
Vila (Manuel Ângelo) — 119. 135. 137. Weber ( Maurice) —
712; Vila Nova de
Borghese 423: Willis— 81 \SL
Souto dTJRei ( Visconde de) — álL Wolf (Cristiano) 75. TL 88. 115. 116.

Vilar Maior (Conde de) 66. 226. — L50, 16L 1%, 197, 215 a 238, 24L
Vilares (António Luís), P.« D. lAL — 24:. 247. 111 a 257, 264, 278, 280.
Vilhena (Sebastião Estácio de) — 135- 295. 295, 333. 334. 339. }Aa, .U7. 353.
Villeneuvc (João de) — 79, 22Q. 506. 577. 220,
Vimioso (Conde do) — LIL Worccstcr (Marquês de) — 136
Virgílio —ILLLUx IM. 578, 58L 556. Wundt — 196.
Visitação (Religiosas da) — Í5ÍL 42L Xcnofontc - 2ái
Vitalismo — /.?2. Xisto (Inácio Nogueira) — 488.
Viterbo (António de S.ta Rosa), Fr. — JSLL: Zanch. P.'' — 136 a 238, 242, 2iL
Joaquim de S.ta Rosa, Fr. — 278. Zanetti (Francesco Maria) — 92.
Vitória (António), postilhão — 510: Ben- Zann — LiL
to da, ver Costa (Vitorino José da) Zapata (Diego Matheoj, D. — US, 116-
Vivas (Manuel Soares) — 175. 545. 467. Z&na. (António) — 213.
594. 596. 600. Zazzari (Girolamo Agostinho), P.' — !ifi*

Vives (Luis) —521. Zcnipal — 632.


Voigicr ( Bartolomeu) — 534. Zodíaco Lusitano — 281, 28á.
Voltaire — 92, 92^ n9, 125^ 285, Zoologia- 157. 162, 183, 2M.
26Q a 364, 369» áOJ e ss.. 448, 704,
708. Zufkiga (Juan de) — 147, 7Q6. 12A.
Vossio — 336. 353. Zuirta (Pedro) —426.
I

fNDlCE OERAL
PARTB

buroduçâo VII
Capitvh I: A nunflb I

Capítulo II: Os primeiros 16 anos de Lufs António Venwi (1713^) 9


CapUido lU: Na Uaiversidade alentejana (1729-736) 2S
O^rittdo IV: Um poeta nfu para Roma (1736) 51
Capitulo V: Os dois fins da longada 85
Capiíiih VI: A cptKa cm Portugal (1736-46) 119
Capitulo VIL O reformador iluminado 167
GvAhI» KEET; Ideal e iiHUiioaa 217
GvftHfo IX: Influências e consequências no meio cultunU portuflub até à expulafto
dot Jesuítas (1747-59) 233
Cafinilo X: Nas tendas da Polfeica e da reforma focial e das InstituiçOes 297
Capitulo XI: Longe dos Jesuítas (1759-72) 335
Q^ltuh XIJ: Panorama depois da reforma de 1772 369
Capitulo XÍII: Destinos idênticos 409
CapUuh XIV: Últimas honras 435
Cafbàh XV: Vemei e a cuhura do teu tempo 447

2.» PARTB

\) Bibliografia VendaHO 453


1) Epistolárh Verneiano (reaenha) 491
"Xi Apêndice documental 520
l) A Família 520
U) Nasdroento e Ordene Sacras de Vemei 527
lU) Diploma de Licenciatura na Universidade de ÉVOra 530
IV) Vemei, Soldado; Hábito de Cristo 531
V) Saída para Roma 541
VI) Aroediagsdo e Benesse de S.«> Maria de Bçja 542
Vn) Conflito com a Congregação de St.° Antóoio 537
VIII) Procurador do Aroebíspo-Bispo do Algarve 560
DO Novas recomendações 563
X) Inscrições latinas . 565
XX) Cartas do Arcebispo Bórgia 566
Xn) Cartas para FMcfolati 568
Xni) Carta de Vemei a um
amigo de Lisboa 571
XIV) A 17.> Carta do Venbdeiro Método da Estudar 572
XV) Praoeesp dM ediçOee dudettiBM S9I

Copyrighted material
— 760 —
XVI) PiraiMganda nos meios literários, a) Caru aos Redactores do
Jommat dtt Statam sobre o Verdadeiro MMb dê Eãtudàr:
b) Separatas das noticias do De Re Lógica, Apparatus, De Rt
AieUiphjaka; cj Lettera scritta ad un Letterato Toscano 609
XVII) Quatro cartas de Verneí a Pombal €U
XVIII) Carta dc Vcmel a D. Jose, publicada no De Re Physhtt 626
XIX) Correspondãnda trocada entre Vemei e Pagliarini 630
XX) Nomeação de Venwi para SecretiTio de Legaç&o e correspoodêoda de
Almada e D. Vicente Coutinho 633
XXI) Venda de livros da BibUotcca de Vemei 642
XXII) Prisão e sequestro 642
XXin) RegreMO de Vemei a Roma 6S0
XXIV) Vemei na Academia das C^laoiM 661
XXV) Deputado honorário da Mesa da ComcMocia e Ordens 662
XXVI) Em louvor de Vemei 665
XXVII) últimas vontades 667
XXVIQ) Catálogos das obras criticas a respeito do Verdadeiro Método de Estu-
dar e do Novo Método de Oramáíica Latina 679
XXDQ Documento* da reforma pombalina: a) Director doe Estudos em
Évora: h) Carta dc D. Francisco de Lemos sobre a reforma da
Universidade; c) Cenovesi e as Decretais; d) Um novo
«Iluminista» desatendido 682
XXX) Um quase inédito 686
XXXI) O Ratio Studiorum dc Filosofia 690
4 — Chave das abreviaturas da Bibiiogrtifia consultada 690
i^Ábretkitartti dt Mthueoi e ArqtítOB 728
6 — Ademh e corrigenda T29
7 — Imãee ideográfico 730

Copyrighted material
ACMMU M M iMnoMB am voumi
NAS OnCMM OKitelCAS OH «Dmima
DB Co—>». L.M» m MNOBO Dt 1M

Copyrighted material
laterial

Você também pode gostar