Actos, Forma Vicios DPL3

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Atos, Termos e Prazos Processuais. Vícios dos Atos Processuais. Provas no Processo do
Trabalho.
Profª. Eliane Conde

Forma, Tempo e Lugar dos Atos Processuais


O processo representa um complexo ordenado de atos processuais visando a prestação
jurisdicional (sentença). Ato Processual é a espécie de ato jurídico que visa a criação, a
modificação ou a extinção da relação jurídica processual. “Assim, acto processual é todo aquele,
comportamento humano volitivo que, considerado pelo Direito como relevante para o processo,
está apto a produzir efeitos jurídicos na relação jurídica processual”.

Os actos processuais ocorrem no curso do processo, podendo ser praticados pelas partes, pelo
juiz ou pelos órgãos auxiliares da justiça. O acto processual é, antes de tudo, um ato jurídico que
exige para sua validade o sujeito capaz, o objeto lícito e a forma prescrita ou não defesa em lei.
Além desses requisitos gerais, exige-se, também, a sua publicidade (salvo nos casos de segredo
de justiça) e legalidade. Prevalece, no Processo do Trabalho, o princípio do “jus postulandi” dos
litigantes, que permite ao próprio interessado praticar os actos processuais sem a intervenção do
advogado, ou seja, as partes possuem a capacidade postulatória.

O objetivo do acto processual é dar prosseguimento ao processo, visando a obtenção da tutela


jurisdicional. O Código de Processo Civil aborda o tema (atos processuais) nos artigos 137 e
seguintes, e a Consolidação das Leis do Trabalho, disciplina a matéria no art..

Os actos processuais são praticados pelos juízes, pelas partes e pelos auxiliares do juízo, que
devem utilizar-se do vernáculo. Os actos processuais mais importantes praticados pelo juiz, na
Justiça do Trabalho são: a decisão interlocutória e a sentença;

Pelo reclamante, a petição inicial;

Pelo reclamado, a defesa.

Em que lugar se praticam os actos


Os actos judiciais realizam-se no lugar em que possam ser mais eficazes;…(Art. 149 CPC).

O CPC, classificando os actos processuais em actos da parte (art. 150 e seguintes do CPC), do
juiz ( art.156 CPC), dos órgãos auxiliares da justiça Art. 161 do CPC. Os actos das partes
consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a
constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Parágrafo único. A desistência da
ação só produzirá efeitos após homologação judicial.

São actos das partes: apresentação da petição inicial e contestação; interposição de recursos e
contrarrazões; desistência da acção ou renúncia à pretensão; a transação; a convenção das partes
para a suspensão do processo; sustentação oral; apresentação de razões finais; depoimentos
pessoais das partes; pagamento de custas judiciais etc. O art. 156 do CPC dispõe que os actos do
juiz consistem em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

Prazos processuais
São períodos legalmente determinados para as partes realizarem acções dentro de um processo
judicial. Eles são essenciais para o cotidiano do advogado, que precisa do domínio a respeito de
suas especificidades, bem como, pleno conhecimento das alterações promovidas pelo Novo
CPC.
Existem prazos processuais de diversas naturezas e com efeitos distintos. Alguns, quando
descumpridos, acarretam prejuízos muito mais graves que outros. Contudo, todos possuem
importância e compõem o instrumental técnico que deve ser dominado pelo advogado no
exercício de sua profissão.
Então, sim, o cumprimento de prazos é fortemente recomendado.

O que são prazos processuais?


A finalidade do processo é a prestação jurisdicional, que é a busca
pela coisa julgada. E isso só é possível com regras pré-estabelecidas
de prazos para os actos processuais

Prazo processual - é o tempo limitante para a prática de um ato processual, cuja forma de
contagem e período são fixados na lei e podem ser estabelecidos pelo juiz. Logo, todo
procurador deve praticar o ato judicial em conformidade com esse limite temporal estabelecido.

Seu atraso é capaz de acarretar prejuízos extremamente graves aos interesses da parte. Inclusive,
a depender do prazo perdido, vislumbra-se a possibilidade de responsabilização civil do
profissional a quem foi incumbida a prática do acto.

Como funciona a classificação dos prazos processuais?

Temporal – decurso do tempo;


Lógica – prática de um acto incompatível com outro já praticado;
Consumativa – já se praticou o acto, não se pode pretender praticá-lo novamente.

Os prazos se classificam quanto a ORIGEM, quanto a NATUREZA e quanto


ao DESTINATÁRIO.

Origem

Legais: decorrem da própria lei, não sendo possível alteração. São exemplos: Apelação (15
dias); Embargos de Declaração (5 dias).

Judiciais: são estabelecidos pelo Juízo em razão de ausência de disposição legislativa específica
(art. 144 do CPC): É exemplo: prazo para manifestação específica a respeito de alguma situação
ocorrida no curso do processo (fixados pelo juiz)
Convencionais: (fixados pelas partes), decorrente do negócio jurídico processual, em que as
partes podem alterar, em comum acordo, a duração de todos os prazos (inclusive os legais).

Consequências decorrentes do incumprimento

Próprios: prazos que devem ser cumpridos pelas partes e acarretam a preclusão (perda do direito
de praticar o acto), com ônus específico para cada prazo perdido;

Impróprios: prazos que devem ser observados pelo Juízo, e que não apresentam consequências
processuais em caso de incumprimento, como os prazos para proferir decisões interlocutórias ou
sentenças.

Modalidade do Prazo

Possibilidade de dilação ou redução dos prazos Artigo 145 CPC

Dilatórios: são os prazos que podem ser alterados (aumentados ou reduzidos), conforme
convenção das partes e autorização legal, como é o caso do prazo de suspensão do processo por
decisão das partes.

Peremptórios: prazos que, em tese, são inalteráveis (previsão do CPC/1973). Com o advento do
Novo CPC, todos os prazos processuais são, em abstrato, dilatórios, já que se permitiu a prática
de negócios jurídicos processuais, em que as partes podem, em comum acordo, definir a duração
dos prazos.

Por fim, embora não faça parte da classificação dos prazos processuais, é de se mencionar que
alguns dos prazos são comuns às partes. Isso significa que devem ser atendidos por ambas
durante o mesmo lapso temporal; ao passo que outros são exclusivos, e devem ser respeitados
apenas por uma das partes, desde que regularmente intimadas (artigo 146 CPC- Justo
impedimento).

Hoje, os prazos são contados em dias úteis, isto é, deixando de contabilizar feriados e finais de
semana. A mudança foi celebrada por entidades de classe, já que confere ao profissional mais
tempo para o cumprimento dos atos processuais, resguardando um mínimo período de descanso.

Os poucos prazos que não são contabilizados em dias não sofreram mudança. Ou seja, prazos
fixados em meses e anos seguem sendo contabilizados em dias corridos.

Quais são os prazos processuais para recorrer?

Naturalmente, a resposta a esta pergunta depende do recurso a ser apresentado ao Juízo. No CPC
de 1973, eram recorrentes as reclamações a respeito da absoluta ausência de uniformização
quanto aos prazos de recursos. Diante das diferenças, parte dos profissionais relatava a existência
de confusão entre os prazos dispostos em lei.

Com o Novo CPC, a uniformização dos prazos se tornou realidade na esmagadora maioria
dos casos, estabelecendo 15 dias como “padrão”. Embargos de declaração: 5 (cinco) dias;

 Recurso inominado: 10 (dez) dias;


 Embargos infringentes de alçada: 10 (dez) dias.
De qualquer forma, por cautela, recomenda-se, em qualquer hipótese, a conferência do prazo
processual legal do recurso a ser apresentado em Juízo.

Os prazos podem ser alterados pelo Juízo?

Sim, existem hipóteses em que os prazos processuais podem ser alterados pelo Juízo.

A mais relevante delas acontece em episódios de calamidade pública ou situações em que as


opções de transporte até o tribunal estejam comprometidas. Nesses casos, cabe a suspensão de
até dois meses no prazo inicialmente estipulado por lei.
Durante os programas de autocomposição, em estratégias de conciliação entre as partes de um
processo, também ficam suspensos os prazos processuais, sendo que cabe aos tribunais
responsáveis pela condução do programa publicar as datas de início e término das negociações.

Por último e não menos importante, também existe a situação em que as partes do processo
solicitam a suspensão dos prazos de contestação. Essa condição reforça a abordagem do Novo
CPC de incentivar maior protagonismo por parte dos réus e autores das ações no sentido de
chegarem a acordos.

Qual a forma correta de contagem de prazos?

Esse é um dos assuntos que mais gera confusão na dinâmica dos escritórios. Assim, para evitar
erros no acompanhamento dos casos sob sua responsabilidade, é preciso ter em mente que, na
contabilização dos dias, é preciso excluir o dia de início da contagem e considerar o dia de
vencimento do prazo.

Tanto no início quanto no fim, devem ser considerados apenas os dias úteis. Dessa forma, o
prazo será prorrogado até o próximo dia útil se o vencimento cair em fim de semana ou feriado.
É comum que tal prorrogação ocorra, também, caso o acesso ao processo eletrônico seja
prejudicado por algum tipo de indisponibilidade.

Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o
dia do vencimento.
leia mais

Forma dos atos processuais


Atigo 138 a 143 do CPC

1) Quanto à publicidade:

• Regra: público

• Excepção: segredo de justiça para preservar interesse social.


2) Quanto ao tempo

• Regra: das 6h às 20h, em dias úteis

• Excepção penhora: domingos e feriados desde que devidamente autorizado.

• Audiência: 8h às 18h (máximo 5 horas seguidas), salvo actos urgentes

• Expediente forense: norma interna.

• Meio eletrônico: até às 24 horas - NCPC, art. 213, parágrafo único: considerado o horário
vigente no juízo perante o qual o acto deve ser praticado.

.
Vícios dos Atos Processuais
O vício do acto processual ocorre, portanto, quando existir a inobservância das determinações
legais a ele relacionados, cujas consequências de tal imperfeição dependerá diretamente de sua
gravidade, além da própria natureza do acto processual.

INTRODUÇÃO

Antes de adentrarmos o conceito de acto processual, fundamental relembrar o conceito de acto


jurídico strictu sensu, matéria classicamente vinculada ao direito civil.
Segundo Marcos Bernardes de Mello[1], ato jurídico stricto sensu é um “facto jurídico que tem
por elemento nuclear do suporte fático a manifestação ou declaração unilateral de vontade
cujos efeitos jurídicos são prefixados pelas normas jurídicas e invariáveis, não cabendo às
pessoas qualquer poder de escolha da categoria jurídica ou de estruturação do conteúdo das
relações respectivas”.
O acto processual é uma espécie de acto jurídico, uma vez que a lei estabelece determinada
forma para a sua prática, cujo desrespeito pode gerar sua ineficácia, nulidade ou inexistência.
O vício do ato processual ocorre, portanto, quando existir a inobservância das determinações
legais a ele relacionados, cujas consequências de tal imperfeição dependerá diretamente de sua
gravidade, além da própria natureza do acto processual.

Para a correta análise do ato processual, devem ser examinados os três planos concebidos pelo
grande jurista Pontes de Miranda, através de sua teoria denominada “Escada Ponteana”:
a existência, a validade, e a eficácia.
O plano da existência refere-se aos fatos jurídicos, e deve ser o primeiro a ser analisado, uma
vez que, se o ato processual não existir juridicamente, pela lógica, não poderá ter qualquer
validade, uma vez que não pode ter validade algo que sequer existe. Apesar da impossibilidade
de um ato processual inexistente ter validade, é plenamente possível que haja eficácia, como se
existente e válido fosse; somente sendo cessada tal eficácia quando da declaração judicial do
vício.
Para ilustrar esta possibilidade, imaginemos uma sentença proferida por um juiz aposentado,
ato processual inexistente, uma vez que faltou o pressuposto processual subjetivo processual
ou do procedimento é encarado pelo direito processual como algo nocivo. A invalidação do ato
deve ser vista como a última opção, tomada apenas quando não for possível ignorar o defeito,
aproveitando o ato praticado, ou aceitar o ato como se fosse outro (fungibilidade), ou, enfim,
determinar sua correção.

Finalmente, quanto ao plano da eficácia, importante consignar que todo ato processual
defeituoso produz efeitos até a decretação da sua invalidade, inexistindo, portanto, invalidade
processual de pleno direito, como ocorre nas invalidades do direito civil.

2. VÍCIO E NULIDADE

Não se pode confundir o vício do ato processual com o efeito consequente de sua presença,
qual seja, a sua nulidade. Em síntese, ato viciado é o que se vê, enquanto o ato anulado decorre
do reconhecimento do defeito pelo magistrado, com a consequente destruição do ato. O
primeiro é o ato defeituoso, enquanto o segundo é o ato defeituoso atingido pela nulidade.

Apesar de ser esta a regra do sistema processual, nem sempre um ato defeituoso gerará sua
nulidade, isso porque o próprio sistema pode excluir determinadas espécies de vícios do âmbito
das nulidades, como ocorre com os defeitos mínimos chamados de meras irregularidades, que
apesar de tornar o ato defeituoso, não gera sua nulidade.

É a gravidade do dano causado pela irregularidade que determinará a forma pela qual a
nulidade será procedimentalmente tratada, indicando quem poderá alega-la, em qual momento,
de que maneira, etc. As diferentes espécies de vícios podem gerar, ou não, a nulidade do ato
processual.

Fica evidente, portanto, a diferença entre o objeto (ato viciado) e seu efeito (nulidade).
3. CLASSIFICAÇÃO
Existem diversas causas de invalidade processual e o tratamento procedimental de invalidação
dos actos nem sempre é o mesmo. Desse modo, é necessário distinguir os diferentes tipos de
defeitos processuais, de modo a permitir diferentes tratamentos procedimentais de aplicação de
invalidação.

Considerando a gravidade do vício e a natureza do ato processual, a doutrina majoritária divide


os defeitos do ato jurídico em quatro categorias: meras irregularidades, nulidades
relativas, nulidades absolutas e inexistência.

4. MERA IRREGULARIDADE
Os vícios classificados como meras irregularidades são aqueles que possuem um menor nível
de gravidade, estando relacionados com a inobservância de regra não relevante,
superficialmente formal, que não guarda qualquer relação com a produção do resultado
pretendido, não gerando, portanto, qualquer prejuízo às partes ou ao processo.
Este vício não gera a nulidade do ato processual, permanecendo plenamente válido e eficaz.
Isso não significa que não existam outras sanções aplicáveis na ocorrência de tal defeito
processual. Em determinadas situações, esta imperfeição pode gerar sanções na esfera da
responsabilidade civil ou certas punições disciplinares a juízes, auxiliares da justiça, partes, ou
mesmo ao advogado.

São exemplos de meras irregularidades a utilização de língua estrangeira nas petições, desde
que não torne a petição incompreensível, rasuras sem a devida ressalva, desde que for possível
concluir pela sua inequívoca autenticidade.

5. NULIDADE RELATIVA
A lei prevê a forma com que determinados atos processuais deverão ser praticados, em
cumprimento a garantia constitucional do devido processo legal, o que traz segurança jurídica
aos litigantes, possibilitando a previsibilidade (efeito) de cada ato possível de ser praticado em
um determinado momento. A nulidade relativa do ato processual é encontrada quando o
litigante não observa a forma legal exigida para o ato, resultando na possibilidade de sua
anulação.

Seu reconhecimento depende da alegação oportuna e adequada da parte interessada em ver tal
nulidade declarada, sob o risco de ter seu direito precluso em caso de omissão, convalidando,
consequentemente, o vício. A nulidade relativa não deve ser reconhecida de ofício, devendo o
juiz aguardar a manifestação da parte interessada, que, se não ocorrer nas formas e prazo
determinados pela lei, fará com que o ato relativamente nulo gere os efeitos eternamente como
se fosse regular.

A declaração de nulidade relativa deve seguir alguns requisitos.

O primeiro deles está disposto no artigo Código de Processo Civil , que determina que somente
a parte inocente, ou seja, aquela que não realizou o ato viciado, poderá requerer sua anulação.
O segundo requisito se relaciona com o interesse da parte na decretação da nulidade, em
situações em que sua decretação a prejudique, não trazendo nenhum benefício pessoal. O
Código de Processo Civil , indica a possibilidade de o juiz não declarar a nulidade relativa de
algum acto, mesmo que imperfeito, quando puder decidir o mérito em favor da parte a quem
aproveite a decretação da nulidade.
O terceiro e último requisito diz respeito ao momento em que a nulidade relativa deve ser
indicada, requerendo-se sua decretação. Segundo o Código de Processo Civil , a nulidade dos
actos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob
pena de preclusão. Isso significa que se a parte inocente não requerer a decretação da nulidade
no primeiro prazo para sua manifestação, perderá o direito de fazê-lo em razão da preclusão,
convolando o acto viciado em acto absolutamente regular.

6. NULIDADE ABSOLUTA
O vício que gera a nulidade absoluta consiste no acto praticado em desrespeito a exigências
formais que têm como objetivo a preservação do correto e regular funcionamento da máquina
jurisdicional, que busca preservar algo superior ao interesse das partes, como a Justiça e a boa
administração jurisdicional.
Enquanto a nulidade relativa somente será conhecida quando a parte interessada a requerer na
primeira oportunidade que tiver para se manifestar nos autos, desde que não tenha dado causa
ao vício, já na nulidade absoluta, justamente porque ligadas às matérias de ordem pública, deve
ser decretada de ofício a qualquer momento do processo pelo juiz, independentemente de
manifestação da parte nesse sentido.

Da mesma forma, admite-se, a qualquer momento do processo, a manifestação da parte nesse


sentido, inclusive daquele que foi causador da nulidade.

Durante o trâmite do processo, o vício apto a gerar a nulidade absoluta não é atingido pela
preclusão, podendo a qualquer momento ser declarado. Contudo, existe importante corrente
doutrinária que limita temporalmente essa declaração de nulidade absoluta às instâncias
recursais ordinárias, entendendo que em sede de recurso extraordinário e especial, os tribunais
superiores somente poderão se manifestar sobre uma nulidade absoluta se a mesma tiver sido
objeto de pré-questionamento.

Em determinadas situações, até mesmo depois de encerrado o processo, a decretação da


nulidade continua a ser possível por meio de ação rescisória, mas nesse caso a nulidade
absoluta terá se transformado em vício de rescindibilidade, considerando-se que o trânsito em
julgado é a sanatório geral das nulidades, inclusive das nulidades absolutas.

Em regra, a nulidade absoluta que se transformou em vício de rescindibilidade após o trânsito


em julgado atinge a estabilidade definitiva com o decurso do prazo de dois anos da ação
rescisória, em fenômeno conhecido como “coisa julgada soberana”.

Existem nulidades absolutas tão graves, tão ofensivas ao sistema jurídico, que a sua
manutenção é algo absolutamente indesejado; surgem os chamados vícios transrescisórios, que
apesar de serem situados no plano da validade não se convalidam, podendo ser alegados a
qualquer momento, caso da citação com vício ou inexistente.
7. INEXISTÊNCIA JURÍDICA
Trata-se do mais grave dos vícios, tornando o ato inexistente por lhe faltar elemento
constitutivo mínimo, sendo impossível até mesmo reconhece-lo como ato processual.

Apesar do acto existir faticamente, ele não existe juridicamente, por mais que eventualmente
possa gerar efeitos antes de sua declaração.

Diferentemente das nulidades relativas e absolutas, o vício que gera a inexistência do ato não
se convalida jamais, podendo ser reconhecido na constância da demanda e após seu
encerramento, independentemente de prazo, por meio de mera ação declaratória de
inexistência de ato jurídico.
Esta é a principal diferença entre a nulidade absoluta e a inexistência jurídica, porque no
primeiro caso, ainda que no processo exista uma nulidade absoluta, haverá o trânsito em
julgado e, não sendo interposta a acção rescisória no prazo de dois anos, o vício se convalida
definitivamente, enquanto a decisão proferida em processo que seja juridicamente inexistente,
ou conte com o ato juridicamente inexistente que a contamine, não se convalida, podendo o
vício ser alegado a qualquer momento.

8. EFEITO EXPANSIVO E CONFINAMENTO DAS NULIDADES


O tratamento de como se aplica tal efeito expansivo vem previsto no CPC, que prevê que,
anulado o acto, reputam-se de nenhum efeito todos os atos subsequentes, que dele dependam;
todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam inocentes.
A primeira observação é a indicação de que somente os atos subsequentes serão reputados sem
efeito, preservando-se dessa forma os atos antecedentes ao ato nulo. É o que ocorre quando,
anulado um processo em que a citação tenha sido considerada viciada, preserva-se a petição
inicial, ato praticado antes da citação viciada.

A segunda regra que pode ser deduzida do artigo legal é a existência de que entre os atos exista
alguma relação de subordinação, sendo possível imaginar uma situação em que os atos, apesar
de subsequentes, não sejam atingidos pela anulação de um ato processual anterior. A
imperfeição na citação ou a ausência do Ministério Público quando exigida sua participação
anulam o processo desde o início, preservando-se somente a petição inicial e a decisão que
determina a citação do réu. Nesse caso, todo o procedimento desenvolvido após esse momento
inicial será anulado, sendo inegável a contaminação de todos os atos processuais.

Pode ocorrer, no entanto, de o ato processual viciado não guardar relação de subordinação com
outros atos processuais que tenham sido praticados posteriormente a ele, o que, em razão da
aplicação do princípio da economia processual, gerará a manutenção de tais atos. É o caso de
ato processual ligado a determinados incidentes processuais, que teria o condão de somente
anular, pelo efeito expansivo, os atos praticados nesse incidente, mantendo-se intactos aqueles
praticados no processo principal.

No que tange à segunda parte do dispositivo legal, ou seja, ao confinamento da nulidade a


apenas parte do ato em que se verificou a nulidade, trata-se de norma a ser aplicada dos actos
complexos, na tentativa de preservação do quanto possível do ato.
Havendo uma unidade meramente formal do ato, é possível que apenas um dos capítulos do ato
seja defeituoso, e, não havendo relação entre tal capítulo considerado viciado com outros tidos
como sadios, a anulação deve se limitar ao primeiro. É o caso típico da decisão saneadora do
processo, na qual as atividades do juiz se dividem entre a tentativa de conciliação, saneamento
de irregularidades pendentes, fixação dos pontos controvertidos e determinação dos meios de
prova. Em regra, entretanto, somente será aplicável se as decisões contiverem capítulos
independentes entre si e autônomos.

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