A PNATER Como Mecanismo
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ABSTRACT
The objective of this article is to discuss the pertinent issues between the practice of social
intervention and the discourse involving the use of participatory techniques as a way to promote
the agroecological matrix, and to recognize family farmers as central actors of the National Policy
1
Bacharel em Gestão de Cooperativas, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Regional da Universidade Federal do Tocantins (UFT), professor do curso de Gestão de Cooperativas da
UFT, Palmas, TO. [email protected]
2
Bacharel em Ciências Sociais, doutor em Ciências Sociais, professor do Programa de Pós-graduação em
Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Palmas, TO. [email protected]
3
Bacharel em Gestão de Cooperativas , doutorando Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural
(UFRGS), analista da Embrapa Pesca e Aquicultura, Palmas, TO. [email protected]
4
Bacharel em Economia, doutor em Estudos Comparados de Desenvolvimento, professor do Programa de
Pós-graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas, TO.
[email protected]
5
Bacharel em Administração, doutor em Administração, professor do Programa de Pós-graduação em
Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas, TO. [email protected]
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for Technical Assistance and Rural Extension (PNATER). The concept of participation has been
consolidated in the field of method studies – in which it constitutes a significant instrument used
in the intervention processes –, aiming at social change and helping the decision-making of the
public involved in rural development actions. Methodologically, this article was elaborated based
on a bibliographical review, and on the authors perception during the discussions that involved
the fieldwork team of the Núcleo de Desenvolvimento Territorial (NEDET). In the data analysis,
we turned to Nancy Fraser’s theory of justice and its principle of participatory parity. Among the
results, we postulate that associating the concept of participation to the exercise of the idea of
social justice can be of concern to the “romantic” professionals who see the use of participatory
techniques as a solution to validate the political process of decision making.
Index terms: ATER, agroecology, rural development, public policies, participatory rural
diagnosis.
INTRODUÇÃO
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produtor poderia ser mais ativa, em que ele se envolveria e debateria com o
pesquisador e outros produtores sobre o que estava sendo pesquisado, numa
perspectiva bottom-up, que resultaria em conhecimento novo para todos os
atores envolvidos. Entretanto, a aplicação sempre era orientada de acordo
com o desejo da instituição coordenadora e dos propósitos socioeconômicos,
ambientais e políticos que esta pretendia alcançar.
Nesse contexto, Chambers (1993) propôs um novo modelo de pesquisa
para o espaço rural, em que os atores presentes na comunidade seriam os
agentes protagonistas de seu próprio desenvolvimento, definindo, por sua
vez, um modelo chamado nas ciências agrárias de Farming First (FF), pelo
qual a comunidade é convidada a acessar o uso da tecnologia conforme
suas capacidades e prioridades. O objetivo não é transferir tecnologia para
a comunidade, tampouco que a análise seja feita pura e simplesmente pelos
agentes externos, mas empoderar a comunidade para aprender, adaptar e fazer o
melhor uso da tecnologia. Nesse modelo “o conhecimento local é único, sendo
sistematizado e avaliado para a assimilação e incorporação ao conhecimento
científico” (Diniz, 2007, p.24).
Por muito tempo, os pesquisadores estiveram enraizados no modelo
tradicional de transferência de tecnologia, exercendo funções de comando na
tomada de decisões e não contando com a participação da comunidade nas
questões locais. No entanto, com o tema da participação em voga, atribuído pelo
modelo FF, bem como a importância da comunicação face a face e por ações
– muitas vezes, inadequadas à realidade das comunidades –, mudanças foram
ocorrendo, e a qualidade da interação entre os agentes externos e produtores
foi-se transformando, atribuindo-se a esses agentes novos papéis, como se
destaca na tabela a seguir.
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Para Fraser (2008), a crítica deve ser feita tomando-se como base a
injustiça econômica e a forma como as políticas redistributivas são adotadas.
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Além disso, a globalização está introduzindo uma “fissura” cada vez mais ampla
entre a territorialidade estatal e a efetividade social.
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REFERÊNCIAS
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