7 Ação Monitória

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AÇÃO MONITÓRIA

Artigos 700 a 702 do CPC

Características

a) é ação de conhecimento que tem por objetivo abreviar a


formação do título exequendo e acelerar a prestação jurisdicional;

b) opção do credor - sem título, com título prescrito, ou ainda com


título executivo (improvável), pode ajuizar cobrança ou monitória;

Objeto

a) o pagamento de quantia em dinheiro: equiparado à "quantia


certa" da execução; não se admite liquidação posterior, já que a
monitória é instaurada por meio de mandado de pagamento que se
converte em mandado de execução, se o réu não pagar nem se
defender. Tanto isto é verdade que o autor, com a inicial, deve
anexar a memória de cálculo do seu crédito (art. 700, § 2º, I).

b) a entrega de coisa móvel fungível (aquela que pode ser


substituída por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade –
CC, art. 85 → refere-se às obrigações de dar coisas genéricas e
incertas dos artigos 243 a 246 do CC) ou infungível, de bem móvel
ou imóvel (a que não pode ser substituída → equivale às
obrigações de dar coisa certa dos artigos 233 a 242 do CC);

c) o adimplemento de obrigação de fazer e não fazer: dos artigos


247 a 249 (fazer) e artigos 250 a 251 (não fazer) do Código Civil.

Legitimidade

a) ativa: credor da quantia em dinheiro, da coisa fungível ou


infungível, da obrigação de fazer ou não fazer; tanto o credor
originário, como o cessionário ou sub-rogado.

b) passiva: aquele que na relação obrigacional figure como obrigado


ou devedor por soma de dinheiro, coisa fungível ou infungível, de
fazer ou não fazer, ou, então, o seu sucessor universal ou singular.
Falido ou o insolvente civil: pode ser réu, mas a execução só é
possível por concurso universal. Assim, o título judicial oriundo da
monitória deve ser objeto de habilitação e inclusão no quadro geral
de credores do falido ou do insolvente civil.

Fazenda Pública: Pode ser ré (art. 700, § 6º) → Súmula 339 STJ: “É
cabível ação monitória contra a Fazenda Pública” → Se a Fazenda
for revel ou vencida na monitória, a execução se dará pelo rito dos
artigos 534 e 535 (pagar quantia), ou dos artigos 536 e seguintes
(cumprir obrigação).

Prova

Regra (artigo 700, caput do CPC): deve ser escrita e pré-constituída


(instrumento elaborado no ato da realização do negócio jurídico) ou
causal (escrito sem documentar o negócio, mas que é suficiente
para demonstrar sua existência).

Exceção (prova documentada): se não houver prova escrita, pode o


autor ajuizar ação de produção antecipada de prova (artigos 381 e
seguintes do CPC), e obter a prova do seu direito por meio de
depoimento pessoal ou testemunhal reduzido a termo, que instruirá
a inicial da ação monitória (artigo 700, § 1º CPC).

Tem-se admitido como prova escrita: documento particular de


confissão de dívida não assinado por duas testemunhas; título de
crédito prescrito (cheque: Súmula 299 STJ); duplicata mercantil
sem comprovante de entrega da mercadoria; compra e venda
mercantil sem expedição de duplicata; contrato de abertura de
crédito em conta corrente (Súmula 247 STJ); orçamento médico ou
dentário; guias de internação, prontuário hospitalar, requisição de
serviço protético; boletos de posto de combustível; duplicata não
aceita, desde que protestada; etc.

É necessária a assinatura do devedor no documento? Não, se o


título foi emitido por força de obrigação ex vi lege (conta de energia
elétrica, guia de contribuição sindical etc.), ou se documento escrito
revelar razoavelmente a existência da obrigação. Afinal, o devedor
terá ampla defesa para demonstrar que a obrigação não existiu ou
não foi contraída por ele. Se houver a assinatura, melhor.
Cabe monitória de título executivo judicial ou extrajudicial? Sim,
pois a lei não proíbe e, ademais, não há prejuízo algum ao devedor
que, inclusive, terá mais tempo para exercer a ampla defesa.

Prescrição

05 anos desde a data consignada no instrumento público ou


particular, para as obrigações líquidas (artigo 206, § 5º, I do CC).
Para os títulos de crédito em geral, desde o dia seguinte ao do
vencimento.

Cheque: 06 meses para a execução (da praça/fora praça), 02 anos


para a ação de locupletamento ilícito (artigo 61 da Lei 7357/85), ou
05 anos para a ação monitória a partir do dia seguinte à data de
emissão estampada na cártula.

Em qualquer uma destas situações, é dispensada na inicial da


monitória de cheque a indicação da causa subjacente à emissão do
título (Súmula 531 STJ).
Inicial

a) requisitos do artigo 319 do CPC e procuração

b) documento escrito representativo da dívida (ou prova


documentada).

c) memória de cálculo da dívida (apenas se for soma em dinheiro),


ou, se entrega de coisa (atual valor de mercado da coisa), se
obrigação de fazer ou não fazer (conteúdo patrimonial ou o valor do
proveito econômico perseguido pelo autor).

d) pedido para a citação do réu (por qualquer um dos meios usados


no procedimento comum) para pagar, entregar a coisa ou cumprir a
obrigação.
Procedimento

Distribuída a ação (Vara Cível ou Cumulativa), segue o despacho


que:

a) manda emendar a inicial para o cumprimento do artigo 700, § 2º,


ou para a conversão ao rito comum (caso a prova escrita ou
documentada seja considerada inidônea pelo Juiz – artigo 700, §
5º), sob pena de indeferimento da inicial e extinção do processo;
b) aceita a inicial, determina a expedição de mandado monitório
(finalidade: pagar quantia certa, daí a memória de cálculo junto à
inicial) ou de injunção (destinado à entrega ou cumprimento de
obrigação), com a respectiva citação.

Citado, no prazo de 15 dias, o réu pode:

1) pagar, entregar ou cumprir a obrigação, caso em que ficará


isento das custas e pagará 5% de honorários ao advogado adverso,
sobre o valor dado à causa; segue sentença de extinção com
resolução do mérito (art. 487, III, “a” CPC – RSTJ 74/336);

2) pedir o parcelamento da dívida (artigos 701, § 5º e 916 do CPC):


deposita o equivalente a 30% do valor exigido, mais custas e
honorários advocatícios, e pede o parcelamento do saldo em até
seis parcelas mensais, com correção e juros de 1% ao. Nesta
hipótese, são implícitos o reconhecimento do débito e a renúncia à
faculdade de opor embargos;

3) revelia (não paga, não entrega, não cumpre, nem se defende),


situação que leva à automática constituição do título executivo
judicial (art. 701, § 2º), por decisão que converte o mandado inicial
em mandado executivo. Alguns juízes proferem sentença.

4) defesa (chama-se “embargos monitórios”; ampla defesa) em 15


dias, juntada nos próprios autos, como a contestação (se parcial a
defesa, Juiz manda autuar os embargos em apenso: art. 702, § 7º).

Oferecida a defesa, a ação passa ao rito comum, inclusive com a


possibilidade de reconvenção (artigo 702, § 6º e STJ, Súmula 292).

Se réu alegar excesso de pedido (quantia em dinheiro), deve


informar qual o valor correto e apresentar demonstrativo (cálculo),
sob o risco de não ser acolhida a alegação (art. 702, §§ 2º e 3º);

Sentença

Se rejeitar os embargos, a monitória se converte em execução de


título judicial (sucumbência é do réu); se acolher integralmente,
revoga o mandado inicial e extingue o processo (sucumbência é do
autor); se acolher parcialmente, a execução terá curso pelo
remanescente (distribui a sucumbência entre as partes).
Apelação: só efeito devolutivo (art. 702, §4º, CPC). Para
suspensivo: deve demonstrar a probabilidade de provimento do
recurso ou a existência de risco de dano de grave ou difícil
reparação (art. 1.012, § 4º).

SÚMULAS DO STJ SOBRE MONITÓRIA

531- Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada


contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico
subjacente à emissão da cártula.

384 - Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo


de venda extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia.

339 - É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.

299 - É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.

292 - A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão


do procedimento em ordinário.

282 - Cabe a citação por edital em ação monitória.

247 - O contrato de abertura de crédito em conta corrente,


acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento
hábil para o ajuizamento da ação monitória.

Súmulas 282, 292, 299 e 339: absorvidas pelo novo CPC.

CHEQUE:

Artigo 32 da Lei do Cheque (L. 7357/85): O cheque é pagável à


vista. Considera-se não escrita qualquer menção em contrário.
Parágrafo único. O cheque apresentado para pagamento antes do
dia indicado como data de emissão é pagável no dia da
apresentação.

Súmula 370, STJ: Caracteriza dano moral a apresentação


antecipada de cheque pré-datado.

Tema/Repetitivo 628: O prazo para ajuizamento de ação monitória


em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a
contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
Tema/Repetitivo 942 (válido para a monitória): Em qualquer ação
utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a correção
monetária incide a partir da data de emissão estampada na cártula,
e os juros de mora a contar da primeira apresentação à instituição
financeira sacada ou câmara de compensação.

Tema/Repetitivo 945:
a) a pactuação da pós-datação de cheque, para que seja hábil a
ampliar o prazo de apresentação à instituição financeira sacada,
deve espelhar a data de emissão estampada no campo específico
da cártula;
b) sempre será possível, no prazo para a execução cambial, o
protesto cambiário de cheque, com a indicação do emitente como
devedor.

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