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CONCEITOS CONVERGENTES PARA OBTENÇÃO DA VANTAGEM COMPETITIVA:

VISÃO BASEADA EM RECURSO, NO CONHECIMENTO E ENGENHARIA DA


INFORMAÇÃO

KAMILA MASSUQUETO – UFPR


Mestranda em Ciência, Gestão e Tecnologia da Informação/UFPR, Especialista em Controladoria
pela UFPR, Bacharel em Administração pelas Faculdades SPEI.

MARIA DO CARMO D. FREITAS – UFPR


Mestre (1999) e Doutora (2003) em Engenharia de Produção pela UFSC. Professora da UFPR,
atua nos Programas de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Ciência, Gestão e
Tecnologia da Informação

RESUMO
O estudo tem por objetivo compreender o conceito da visão baseada em recursos, conhecimento
e da engenharia da informação como um dos componentes estratégicos e convergentes para
obtenção de vantagem competitiva. Diferentes teorias sobre a estratégia procuraram explicar a
Vantagem Competitiva (CA), entre outras, a Visão Baseada em Recurso, ResourceBasedView
(RBV), na qual a Gestão do Conhecimento é caracterizada como uma fonte de vantagem
competitiva da organização, o que permite vincular a importância do conhecimento como recurso
organizacional, essencial no processo de construção de valor da empresa. A KBV sugere que a
razão principal da firma é a criação e aplicação do conhecimento e, desta forma, contribui para o
desenvolvimento do ambiente estratégico. Atrelado a essa perspectiva surge a Engenharia da
Informação (EI) como um conjunto integrado de técnicas pelas quais modelos de processos são
construídos a partir de uma base de conhecimento de grande alcance, para criar e manter
sistemas de informação com foco na estratégia. Com este cenário, e, por meio de uma
triangulação conceitual dos elementos comuns entre RBV, KBV, a Engenharia da Informação é
apresentada como o componente articulador para gerar a vantagem competitiva, convergindo
assertivamente elementos comuns, justificando a vantagem competitiva da firma.
Metodologicamente, o estudo é classificado como ensaio teórico, fundamentado em uma pesquisa
bibliográfica. Como resultado do estudo, a EI é apresentada como fator de interligação e
articuladora da referida convergência, geradora da informação como fonte estratégica e vantagem
competitiva para a organização.

Palavras-chave: ResourceBasedView. Engenharia da Informação. Knowledge Based


View.Vantagemcompetitiva.

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ABSTRACT
The study aims to understand the concept of competitive advantage through a resource-based,
knowledge and information engineering as a strategic component view. Different theories about the
strategy sought to explain the Competitive Advantage (CA), among others, the Resource Based
View (RBV), in which knowledge management is characterized as a source of competitive
advantage of the organization, which allows you to link the importance of knowledge as an
organizational resource, essential in building the firm's value process. A Knowledge-Based Vision,
Knowledge Based View (KBV), suggests that the main reason the firm is the creation and
application of knowledge. Coupled to this perspective arises Engineering Information (EI), an
integrated set of techniques by which process models are constructed from a knowledge base far-
reaching, to create and maintain information systems with a focus on strategy. With this scenario,
and by means of a triangulation of conceptual commonality between RBV, KBV, the Engineering
Information is presented as the articulator component to generate competitive advantage,
assertively converging common elements, justifying the competitive advantage of the firm.
Methodologically, the study is to classify as exploratory, qualitative and not probabilistic, based on
literature research. As a result of the study, EI is presented as interconnection and articulating the
convergence factor, generator information as a strategic source and competitive advantage for the
organization.

keyword: Resource Based View. Engineering Information. Knowledge Based View. Competitive
Advantage.

1. INTRODUÇÃO

Em ambientes onde as mudanças ocorrem velozmente, em mercados dinâmicos, vanta-


gens não são sustentáveis. Em vez disso, ocorrem continuamente desempenhos superiores e a
criação de vantagens temporárias. Nessas situações, a capacidade de aprender rapidamente, a
fim de alterar o recurso configuração na adaptação às mudanças do mercado torna-se crucial para
o desempenho. Tendo em conta essas observações, os teóricos de estratégia começaram a bus-
ca por uma teoria dinâmica da estratégia, uma teoria que poderia revelar as fontes de desempe-
nho superior em ambientes dinâmicos. Assim, surgiram as teorias da Visão Baseada em Recursos
e sua derivada, a Teoria das Capacidades Dinâmicas.

Decorrente destas teorias surge a proposta da Visão Baseada em Conhecimento, que tem
como premissa básica a criação e aplicação do conhecimento como razão da existência de uma
organização.

A informação é o principal insumo para a geração de conhecimento, alicerçada em uma vi-


são estratégica baseada no conhecimento, se correlacionam com os conceitos da Engenharia da
Informação, cuja proposta está busca explicar e entender o fluxo organizacional da informação e,
em especial, as fases importantes onde a informação é gerada, trocada e acessada para que pos-
sa se transformar em conhecimento e desenvolver estrategicamente as ações da organização
.
A diversidade de publicações sobre as teorias e perspectivas da estratégia organizacional,
foi realizado um estudo conceitual, com objetivo de relacionar conceitos relevantes comuns, e
desta forma, identificar elementos convergentes entre a Visão Baseada no Recurso e Conheci-
mento e a Engenharia da Informação como fator articulador para a obtenção da vantagem compe-
titiva pela organização.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO

A diversidade de publicações sobre as teorias e perspectivas da estratégia organizacional


contribuem para a convergência interdisciplinar de conceitos. Assim, o estudo conceitual que
segue, objetiva identificar elementos convergentes entre a Visão Baseada no Recurso e
Conhecimento e a Engenharia da Informação como fator articulador para a obtenção da vantagem
competitiva pela organização.

2.1 VISÃO BASEADA NO CONHECIMENTO - KNOWLEDGE-BASEDVIEW -KBV

As teorias tradicionais de estratégia não explicavam de forma adequada a dinâmica dos


ambientes concorrenciais, bem como os desafios enfrentados pelos executivos, ao criar e gerir as
capacidades organizacionais. Assim, a Teoria Baseada em Recursos diverge da Teoria Econômica
Tradicional e da Teoria da Organização Industrial. Na primeira, as diferenças entre as firmas são
consideradas acidentais e eliminadas através do mercado. Já na segunda, as diferenças de de-
sempenho decorrem de fatores externos e não podem ser atribuídas aos recursos. Como alterna-
tiva a esse modelo teórico centrado no ambiente externo, surge a Teoria Baseada em Recursos,
com uma orientação de dentro para fora, na qual considera os recursos e competências das fir-
mas como fonte de obtenção de vantagem competitiva, atribuindo papel secundário ao ambiente
na determinação da estratégia. (LEITE E PORSSE, 2003).

Pesquisadores tentaram integrar os conhecimentos das teorias de estratégia, utilizando a


teoria da firma com base em uma perspectiva de conhecimento. Os pioneiros foram Dierickx e
Cool, em 1989, conceituando o conhecimento das empresas em termos de fluxos e estoques.
Onde, estoques superiores e os fluxos eram vistos como fontes de vantagem competitiva
sustentada e um consequente desempenho superior. (DIERICKX e COOL, 1989)

A partir disso, os estudiosos de estratégia começaram a busca por uma teoria dinâmica da
estratégia, que pode ria revelar as fontes de desempenho superior em ambientes dinâmicos.
Assim, após a consolidação das teorias da Resource-BasedView (VBR) e da Perspectiva das
Capacidades Dinâmicas - DynamicCapabilities, chegaram à proposição daKnowledge-BasedView
– (KBV), que tem como premissa básica a criação e aplicação do conhecimento como razão da
existência de uma organização.

Lessa Neto (2013) afirma que possivelmente a primeira publicação da teoria baseada em
recursos identificada na área de gestão estratégica foi por Wernerfelt (1984). No contexto da VBR
a preocupação era identificar os recursos produtivos, entre eles o conhecimento, e examinar como
esses recursos poderiam ser adquiridos, protegidos e valorizados diante de uma perspectiva
cognitivista do conhecimento que pressupõe que ele pode ser gerenciado com procedimentos,
políticas e práticas previamente definidas. Entretanto a KBV se baseia em uma perspectiva
construcionista do conhecimento, que pressupõe que o conhecimento não pode ser totalmente
controlado, mas pode ser gerido pela criação de condições que permitam, e se concentram em
como os conhecimentos são utilizados e coordenados. (BLOMQVIST; KIANO, 2007; SPENDER,
1996; VON GROGH, 1998).

A KBV fornece uma lente conceitual sobre uma variedade de disciplinas, as contribuições
para sua construção provem de diferentes campos, entre eles: estratégia, teoria da organização,
gestão do conhecimento, conhecimento organizacional, gestão da informação, aprendizagem
organizacional, inovação, entre outras. É uma abordagem comportamental que prevê a
superioridade das organizações sobre os mercados, considerando as empresas entidades
heterogêneas, carregadas de conhecimento, onde o conhecimento organizacional desempenha
um papel crítico na sustentabilidade da vantagem competitiva. (CURADO e BONTIS, 2006;
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KOGUT e ZANDER, 1996; HOSKISSON ET AL, 1999)
A KBV não é uma teoria da estratégia, considerada por muitos como uma proposta emer-
gente, foi desenhada sobre a literatura de gestão estratégica. Procura ir além dos conhecimentos
fornecidos pela visão das teorias que a antecederam.

O conhecimento é recurso, matéria prima, e uma vez gerenciada por meio de práticas,
processos, tecnologias específicas, permite à empresa a abordagem da construção do Knowledge
Based View (KBV), conceito que busca explicar a importância do conhecimento como recurso
organizacional e essencial no processo de criação de valor dentro da organização. (SANTOS
NETTO, SANTOS; KUNYOSHI, 2012).

Dentro do contexto da KBV as empresas competitivas atuam em ambientes turbulentos,


demandando adaptações rápidas e contínuas. Para isso, a diretriz da empresa é fundamentada
em um sistema de conhecimento, no qual colaboradores, tecnologias e processos são convergen-
tes para disseminar o uso do conhecimento. Ou seja, tal sistema ocorre por meio de processos de
conhecimento – identificação, captura, seleção e validação, organização e armazenagem, com-
partilhamento, aplicação e criação; diferindo da visão de uma empresa tradicional. (LESSA NETO,
2013; EISENHARDT e SANTOS, 2000).

Entre as premissas estruturantes do KBV, segundo (BLOMQVIST; KIANO, 2007), pode-se


destacar; o conhecimento como recurso mais importante e fator de produção; as diferenças nos
desempenhos das firmas existem pela diferença entre sua base de conhecimentos e capacidades
em usar e desenvolve-los; o mesmo está ligado às pessoas, onde os indivíduos são os agentes
intencionais e inteligentes; as questões complexas, que não são entendidas facilmente por qual-
quer indivíduo, necessitam de integração e coordenação do conteúdo; a cognição e ação estão
relacionadas e o conhecimento é adquirido por ambos por meio da demonstrado e ação; sua de-
monstração se dá de várias formas e se localiza em vários níveis, incorporado nos processos e
rotinas organizacionais, bem como codificado em livros e bases de dados; sua forma influencia
como ele pode ser aproveitado e transferido; as organizações existem para criar, transferir e trans-
formar conhecimento em vantagem competitiva.

Todas as premissas ressaltam que o fundamento da KBV é o conhecimento e este deriva


de informação. Assim, não é possível que este seja gerado sem o dado qualificado e
contextualizado na forma de recurso informacional. Neste contexto, surge a Engenharia da
Informação como mecanismo que visa suprir às necessidades informacionais de uma organização
articulando os diferentes departamentos e sistemas para a obtenção de celeridade e vantagem
competitiva.

2.2 ENGENHARIA DA INFORMAÇÃO

A definição de engenharia da informação deve ser geral o suficiente para indicar a sua
utilidade em uma ampla gama de diversos domínios de aplicação, contudo, específica o suficiente
para transmitir um conjunto de conceitos concretos que, quando integradas, podem fornecer uma
base para o projeto abrangente e desenvolvimento. Neste estudo aceitaremos a definição de
Demurjian, S. (2008 p. 4-23), que apresenta EI como:

Conjunto integrado de técnicas formais pelas quais modelos de empresas,


modelos de dados e modelos de processos são construídos a partir de
uma base de conhecimento de grande alcance, para criar e manter
sistemas de informação com foco na estratégia.

Como todas as outras áreas de engenharia, EI é uma ciência aplicada. As principais


ciências subjacentes da matemática e tecnologia de produtos de informática que pode ser
aplicado para a construção de sistemas de informação que suportam a missão da organização,
objetivos estratégicos, processos de decisão e as operações diárias. Uma premissa básica do IE é
que os dados estão no centro de processamento informacional, e que certas relações de dados
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são significativas para uma empresa e deve ser representada na estrutura de dados dos seus
sistemas. O arcabouço informacional e a tecnologia para a obtenção da informação são fatores
relevantes no processo estratégico da firma e, a falta de articulação entre os diferentes sistemas
informacionais, geram descompasso, ou até mesmo, a cegueira estratégica, como indicada na
visão multidimensional de alinhamento da estratégia Figura 1, (ARVIDSSON, V.; HOLMSTRÖM, J.;
LYYTINEN, 2014)

Figura 1. Relação multidimensional de alinhamento da estratégico

Fonte: ARVIDSSON, V.; HOLMSTRÖM, J.; LYYTINEN, K. p. 58, 2014.

Neste contexto, e por meio de uma analogia, a cegueira estratégica pode ser configurada
pela falta de articulação e convergência dos sistemas de informação que compõe a firma e, “a
articulação da informação nos diferentes sistemas de informação, podem produzir diferentes
situação estratégicas” (ARVIDSSON, V.; HOLMSTRÖM, J.; LYYTINEN, K. 2014 p. 58). Neste
cenário, há diferentes desafios que devem ser superados para implementar a estratégia da firma,
evitando a cegueira estratégia.

Neste contexto, “a implementação estratégica do sistema de informação pode falhar devido


a seleção inadequada dos recursos e suas capacidades” afirmam (ARVIDSSON, V.;
HOLMSTRÖM, J.; LYYTINEN, K. 2014 p. 59)

Por meio de uma análise comparativa, e ainda, assumindo a importância da EI na


obtenção da vantagem competitiva, podemos atribuir à Engenharia da Informação a função de
articuladora das informações, capaz de evitar cegueira estratégica.

Estudos realizados por Hicks (2006), registra a importância da ampla avaliação estratégica
dos dados, que compõem um sistema informação, e suas interações com os demais subsistemas
envolvidos. Segundo Hicks (2006 p. 269), “a EI precisa entender o fluxo organizacional da
informação e, em especial, as fases importantes onde a informação é gerada, trocada e
acessada”.

Neste contexto, Teixeira, Freitas e Laurindo (2014 p. 6910-6912) afirmam que “EI fornece
meios para reagir rapidamente às mudanças nas necessidades de informação de uma
organização, constituindo a infraestrutura necessária para fornecer resultados rapidamente e, em

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seguida, permitindo a criação de sistemas eficazes”.

A informação passou a desempenhar papel relevante como estratégia na gestão e como


meio de obter vantagem competitiva. (APTE e NATH, 2004)

2.3 A ENGENHARIA DA INFORMAÇÃO COMO PLATAFORMA PARA CONSTRUÇÃO DE


VANTAGEM COMPETITIVA ALICERÇADA NA VISÃO BASEADA NO CONHECIMENTO

A capacidade para processar, armazenar e transferir informações de forma eficiente está


mudando os fundamentos das práticas de negócios e estruturas organizacionais. (BLOMQVIST;
KIANO, 2007)

A busca pelo diferencial competitivo está cada vez mais associada à atitude organizacional
e à administração das atividades executadas pelas empresas, com a finalidade de atingir esse
diferencial. Assim, a gestão do conhecimento e a capacidade de competição são relacionadas. Ao
entrevistar gestores em sua pesquisa, Santos e Popadiuk (2010) revelam que os mesmos
reconhecem que há relação entre as duas variáveis, identificando também fatores que contribuem
e são utilizados pelas empresas no ciclo da gestão do conhecimento: geração, identificação,
armazenamento, disseminação, compartilhamento e uso do conhecimento organizacional.

Várias empresas adotam a gestão do conhecimento como forma de responder melhor às


demandas do ambiente externo, bem como, gerir os recursos internos para se tornar mais
eficiente. (SANTOS NETTO, SANTOS; KUNYOSHI, 2012)

A diferença no desempenho entre empresas é resultado das diferentes bases de seus


conhecimentos e diferentes capacidades ao desenvolver e desdobrar o conhecimento. Diante
disso, a KBV considera o conhecimento o recurso estratégico mais significativo da empresa. O
conhecimento como um recurso estratégico, e a sua habilidade para criá-lo e aplicá-lo é a mais
importante capacidade para gerar vantagem competitiva. As bases de conhecimento
heterogêneas são os principais determinantes de vantagem competitiva sustentada e de
desempenho corporativo superior. (JOÃO e FISCHMANN, 2004).

As empresas são capazes de crescer e impedir a imitação competitiva só por meio da


recombinação continuamente seus conhecimentos e aplicá-lo a novas oportunidades de mercado.
Assim, em um ambiente competitivo, desempenho superior só pode ser sustentado através da
inovação contínua. (EISENHARDT e SANTOS, 2000)

Grant (1996) foi o primeiro a propor uma teoria estratégica de conhecimento. Ele
argumenta que a fonte de vantagem competitiva em ambientes dinâmicos não é a bagagem de
informações que é a propriedade de uma organização, porque o valor destas corrói rapidamente
devido à obsolescência e a imitação. Em vez disso, a vantagem competitiva sustentada é
determinada pelo arcabouço que está no formato individual tácito. Este sim, pode formar a base
da vantagem competitiva, pois, é ao mesmo tempo único e relativamente imóvel.

No entanto, esse conhecimento é possuído por indivíduos e não pela organização. Um


elemento crítico da vantagem competitiva sustentável é a capacidade de realizar a integração do
conteúdo explícito e tácito dos indivíduos. Assim, identificou três características desta integração
que aumenta o seu valor estratégico; a eficiência de integração, o que é uma função comum do
conhecimento, a frequência e a variabilidade de tarefas, dentro de uma estrutura que gera
economia de comunicação; o alcance dessa integração, com um escopo mais amplo para facilitar
a criação e preservação de vantagem competitiva; a flexibilidade de integração para incluir novos
conhecimentos e a reconfiguração dos existentes.

Para essa integração e reconfiguração de novos conhecimentos na organização surge a


Engenharia da Informação, como instrumento de reação às necessidades de informação da
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organização e meio de sistematização de dados, visando operacionalizar a criação da informação
como elemento estratégico. Assim, a relação entre o conhecimento organizacional e vantagem
competitiva da empresa é influenciada pela sua capacidade de integrativa e de aplicação destes.
(MATUSIK e HILL, 1998).

Diante disso, a Engenharia da Informação seria uma plataforma de alcance da vantagem


competitiva dentro das proposições apontadas pela Visão Baseada no Conhecimento.

3. METODOLOGIA

A pesquisa denomina-se ensaio teórico, se deu através de fonte de verificação


exclusivamente bibliográfica. A estratégia de verificação utilizada é a pesquisa teórica
desenvolvida a partir de material já elaborado. Utilizadas publicações sobre os temas Estratégia e
suas teorias – RBV e KBV, e contribuições dos conceitos de Engenharia da Informação. (GIL,
1987)

Realizada posteriormente, pesquisa exploratória objetivando a convergência dos temas


para assim permitir a construção de uma proposta conceitual que permitisse a compreensão das
proximidades e entendimento dentro dos respectivos contextos.

Por meio das análises das publicações foi possível tecer um paralelo entre as abordagens
e convergir apresentando a complementaridade dos conceitos.

4. CONCLUSÃO

A gestão doconhecimento é uma forma deresponder melhor às demandas do ambiente


externo e também, gerir os recursos internos e assim incrementar a eficiência organizacional.
Dessa forma, o conhecimento passa a ser uma fonte determinante de vantagem competitiva, e
para isso ele precisa ser originado, integrado e transferido. Neste contexto, a organização
desempenha importante papel na articulação e ampliação do conhecimento.

Lessa Neto (2013) relata que dentro do contexto da nova economia, estão incluídas a
combinação de globalização e alta tecnologia, onde os principais ativos produtivos são informação
e conhecimento. Spender e Grant (1996) afirmam uma das limitações à construção da KBV é que
muitos dos fenômenos mais interessantes advindos dessa proposta podem de fato ser
imensuráveis. Associado a isso, falta um corpo de pesquisas empíricas que demonstram a ligação
chave entre as variáveis baseadas no conhecimento para o desempenho da firma. Contudo,
contraria a visão de Lessa Neto que em sua análise (1994 - 2010) identificou 92,9% dos artigos
classificados como empíricos. Ou seja, desde as considerações de Spender e Grant em 1996,
houve incremento no corpo de pesquisas empíricas sobre KBV. Contudo, aKBV é uma proposta
emergente, ainda não considerada uma teoria da estratégia, contudo, procura ir além dos
conhecimentos fornecidos pela VBR e da Perspectiva das Capacidades Dinâmicas. A KBV
apontapara uma possível teoria que converge com uma compreensão pluralista do conhecimento,
e com um entendimento de organização como um sistema complexo adaptativo em que o
significado é construído socialmente por meio de atividades contínuas. (EISENHARDT e SANTOS,
2000).

A compreensão multidimensional e pluralista do conhecimento, adere e se coaduna à uma


ampla avaliação estratégica dos dados, proposta pela EI, necessitando da conexão com os
demais sistemas envolvidos e o conjunto de informações produzidas e disseminadas na
organização. Assim sendo, a Engenharia da Informação assume o papel de ferramenta conectora
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e de sustentação para a compreensão multidimensional do conhecimento, sustentada pela KBV.

Por meio da articulação da EI, o conjunto das informações sistematizadas e


contextualizadas, transitam nos diferentes e complexos sistemas organizacionais, rumo a
obtenção de vantagem competitiva. Consolidado no presente estudo que perante diferentes
visões há pontos de convergência, e que podem ser articuladas, neste caso, pela EI e KBV,
contextualizadas como fator potencial para geração de vantagem competitiva organizacional.

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