DG - Projeto de Design  Publicaà à Es Editoriais (2024)
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DG - Projeto de Design  Publicaà à Es Editoriais (2024)
Publicações Editoriais
Fernanda Regueira
Técnico em
Design Gráfico
Projeto de Design:
Publicações Editoriais
Fernanda Regueira
Curso Técnico em
Design Gráfico
Educação a Distância
Recife
Diagramação
Jailson Miranda
Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
CDU – 658.512.2
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................. 77
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UNIDADE 01 | Tipografia
As letrinhas estão nas nossas vidas desde alfabetização. Você, com certeza, está
acostumado (a) a ler o tempo todo, mas será que está prestando atenção ao estilo das letras? Bem,
a partir de agora, a estética das letras vai ser muito importante, mas vamos entender como tudo isso
começou.
A primeira impressão é a que fica. Já ouviu essa expressão? Sim ou com certeza?
Normalmente ela é mencionada com o propósito de dizer que quando conhecemos uma pessoa, a
primeira percepção é a definitiva. Ou seja, não mudamos de opinião depois de ser apresentado a esse
alguém. Errado? Sim! Afinal, o tempo mostra outras faces da pessoa e mudamos de opinião. Mas, no
campo da tipografia, a primeira impressão é a que fica mesmo e a primeira aconteceu a muitos anos
atrás. Como a história da tipografia se confunde com a própria escrita, o que equivale há séculos de
informação, então faremos uma breve síntese aqui, ok?
Bem, a preocupação e percepção com os tipos começa quando a escrita começa a ser
direcionada para alguém, um público-alvo por assim dizer. Ou seja, a partir do momento que o texto
tinha um destinatário, o emissor, começou a prestar atenção na estética das letras, como elas se
apresentariam. E até hoje a escola nos ensina a escrever com cuidados na caligrafia, para que outros
possam entender o que escrevemos.
Um dos primeiros lugares a se preocupar com isso foi Roma, pois era um lugar de muito
movimento e onde as pessoas precisavam ser informadas sobre a dinâmica da cidade. Assim, a coluna
de Trajano, como você pode observar na figura a seguir, foi uma das primeiras mensagens esculpida
em pedra e destinada a muitos circulantes. Observe o cuidado com a simetria, o equilíbrio e a
afinidade entre as letras. Sem contar no trabalho de fazer tudo isso em um material tão difícil!
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Figura 01: Coluna de Trajano.
Fonte: https://sumidoiro.files.wordpress.com/2013/10/post-inscr-trajano.jpg
Descrição da figura: A imagem mostra um pedaço da coluna de Trajano, localizada em Roma. O fundo é de mármore e
nele estão inscritas algumas palavras em caixa alta. Fim da descrição.
Esse jeitinho de escrever dos romanos, vai virar moda, referência e influenciar muito a
tipografia ocidental. Olhar esse passado é compreender o presente. Por exemplo, na elaboração de
um projeto gráfico, existe um momento em que vamos selecionar um estilo de letra, e nossa escolha
será pautada pela estética que pretendemos imprimir na proposta. Então, é comum que letras com
aparência antiga sejam muito usadas em projetos gráficos para dar um ar vintage ou comunicar
tradição, por exemplo.
A estética romana ficou popularizada depois dos chamados tipos móveis, surgidos na
China (1040) e que depois chegaram à Europa, onde Gutenberg, um alemão conhecido como Pai da
Imprensa, usou bastante e ajudou na disseminação dos livros e da leitura. Os tipos móveis são
utilizados em um processo de impressão que leva o mesmo nome e ganhou força no continente
europeu justamente graças a letra romana, que diferente dos glifos orientais eram mais fáceis de
reproduzir.
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Mas, antes que você se questione “e o que são tipos móveis?”, a melhor maneira de
explicar é mostrando. Olha a imagem:
Agora, imagine uma sala cheia dessas gavetas, com letras de vários formatos, tamanhos
e estéticas. Pois bem, o tipógrafo, profissional responsável pela paginação, composição e execução
da impressão (uma profissão quase extinta), vivia entre essas gavetas planejando as páginas de
jornais, revistas e livros. Hoje, essa impressão com tipos móveis é rara e quase artística, pois as
grandes gráficas (e pequenas também) utilizam o computador e impressoras cada vez mais digitais e
inteligentes.
Consegue entender como essas gavetinhas mudaram o mundo? Antes a cópia de
documentos era feita por monges reclusos e escribas e algumas obras demoravam anos para ficar
pronta. Claro que a maior parte da população mundial nessa época também não sabia ler, mas ainda
assim o método era arcaico. A impressão por tipos móveis ajudou inclusive na popularização das
letras, da leitura e posteriormente dos livros, muito mais acessíveis depois da invenção da prensa.
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Momento dicionário
Prensa: aparelho manual ou mecânico usado para reproduzir, com tinta, em
papel ou noutro material, imagens e textos moldados, gravados ou
fotogravados em placa ou cilindro, em relevo, a entalhe ou em plano;
impressora, máquina impressora, prelo. Fonte: Dicionário de Oxford
Além de serem reutilizáveis, os tipos móveis (as letras de ferro das gavetas) começaram
a ser pensados para ajudar na legibilidade, ou seja, na leitura. No momento que Gutenberg cogitou
essa ideia talvez a palavra legibilidade nem existisse ainda, mas a lógica foi deixar o texto mais fácil
de ser lido, pois as letras usadas na época eram as góticas, pesadas e cheias de ornamento. O uso da
letra negra, como ficou conhecida, se deu também por um fator econômico, pois os livros começavam
a ficar em alta devido ao crescimento das universidades e o pergaminho era muito caro, por isso
letras compridas usavam menos páginas, deixando o livro mais barato. Agora, imagina estudar lendo
livros feitos assim? Olha só como era fácil ler uma bíblia (só que não). Essa a seguir foi imprensa pelo
próprio Gutenberg na sua “impressora” manual.
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Descrição da figura: A imagem é uma fotografia de uma folha da bíblia feita por Gutenberg. A página é amarelada e as
letras têm um estilo bem ornamentado. Fim da descrição.
Se você conseguiu entender, PA-RA-BÉNS! Pois essa missão é quase impossível. Por aqui
seguimos com fontes romanas, ok? Assim, Gutenberg conseguiu colocar pra jogo as letras romanas e
ajudar todo mundo a ler com facilidade.
Os tipos, assim como a vida (óbvio), foram sendo modificados e influenciados pelas
dinâmicas sociais, culturais e econômicas. No século XV, o movimento renascentista foi estabelecido
na Europa, tendo como parâmetro o humanismo, ou seja, o pensamento voltado a elevação ao
indivíduo. Nesse tempo, houve uma valorização das artes em geral e pela antiguidade grega e
romana. Na própria Itália, os letrados começaram a questionar o uso da escrita gótica e começaram
a optar pela lettera antica, uma letra mais arredondada e leve (LUPTON, 2013).
Por falar em Itália, as letras itálicas foram criadas por lá mesmo e a intenção era
dar uma ideia de caligrafia no tipo, ocupando assim menos espaço. Os livros
impressos, naquela época, conseguiam ser ainda mais caros do que hoje, então
qualquer estratégia para baratear era bem recebida. Nesse caso, além de deixar
mais acessível a invenção transformou a tipografia, pois todas as fontes que
podem ser moduladas na diagonal recebem o nome de itálico (ou grifo). Legal,
demais, né? Imagina se tivesse sido um brasileiro? Hoje em dia, estaríamos
chamando de letra “brasileiro”.
Mas, continuando ao pé da letra, literalmente, o começo da tipografia tem tudo a ver com
o corpo humano. Os impressores (pessoas responsáveis pela impressão) e tipógrafos (criadores de
tipo) buscavam criar tipos parecidos com a letra cursiva (na tentativa de copiar a caligrafia), pois a
escrita manuscrita era conhecida pela maioria dos letrados e o modelo mais popular até meados de
1500.
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Curiosidade
Os nomes das letras geralmente são homenagens ao próprio autor e até mais
modernas, inspiradas em grandes estilos do passado, como Garamond e
Palatino, tiveram seus nomes em impressores dos séculos XV e XVI. Fonte:
Lupton, 2013.
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O negócio ficou tão sério e fino que até um rei chegou a ter uma fonte própria, foi o caso
de Luís XIV. Consegue imaginar isso? Bem, voltando aos tipógrafos, dois excelentes do século XIX
merecem uma menção de honra, Giambattista Bodoni e Firmin Didot. Conhecidos por serem
revolucionários e criarem fontes com bastante contraste entre os eixos horizontal e vertical, iniciaram
o movimento que desvincularia a tipografia da caligrafia (LUPTON, 2013), uma grande modernidade
como você pode ver a seguir.
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Figura 06: Cartaz.
Fonte: https://i.pinimg.com/736x/5f/b8/e2/5fb8e2eb3e92ad5ef1e4545ad0316c97.jpg
Descrição da figura: A figura mostra um cartaz publicitário escrito na cor preta com vários tipos
diferentes. Fim da descrição.
Tudo lindo até agora? Então, vai te embora assistir a videoaula que está massa
demais!
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Figura 07: Troy.
Fonte: https://i.pinimg.com/736x/a5/0a/03/a50a0348830f84d3ec8cfb554efeb3c3.jpg
Descrição da figura: A figura mostra um abecedário impresso em Troy, na cor preta. Fim da descrição.
A Troy é uma boa combinação do gótico com elementos romanos revivendo o estilo
gótico da época medieval.
Próximo do final da Revolução Industrial aparece uma nova mobilização que durará até a
Primeira Guerra Mundial, o Art Nouveau, um estilo ornamental com linhas orgânicas, assimétricas e
inspiradas na natureza. O movimento inspirou diversas manifestações artísticas e tem na tipografia
um número relevante de criações, como a Arnold Boecklin, Artistik, Victorian e outras.
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Descrição da figura: A figura mostra a palavra Vintage, seguido pela frase modern vintage alpabet e um
abecedário, todos na cor preta. Fim da descrição.
Na Victorian, a tipografia da imagem acima, é possível ver essa arte ornamental tão típica
da época. As tipografias do Art Nouveau são até hoje inspirações para tipografias digitais.
Bem, até aqui essa foi a história da tipografia que emerge junto com o próprio design
gráfico que vai influenciar o cinema e artes de maneira geral. E é a partir desse momento que as
vanguardas aparecem.
Por mais revolucionárias que tenham sido os tipos de Bodoni e Didot, só a partir de 1900,
é que a mudança se instaura entre as letrinhas. Claro que críticos surgiram nesse tempo,
reivindicando letras puras e humanistas, mas felizmente as novidades não pararam de chegar.
Um desses grupos se chamava “De Stijl”, um movimento holandês que projetou alfabetos
perpendiculares e bem diferentes de tudo o que já havia sido criado. Espia só uma das obras de Theo
van Doesburg, um dos fundadores do movimento e a tipografia empregado nela.
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Descrição da figura: A figura mostra um fundo com algumas frases escritas com o tipo feito por Doesburg. Fim da
descrição.
Já a Bauhaus, que surgiu entre 1920 e 1930, é reconhecida como uma escola que inovou
bastante e deu o que falar com suas criações tipográficas irreverentes. A ideia era investir em formas
básicas para obter uma linguagem universal com uso de formas geométricas e regras bem específicas.
O conceito tipográfico da Bauhaus foi tão forte que originou a “tipografia Bauhaus” reunindo tipos
sem serifa e design limpo. Algumas delas são Avant Grade, Kabel e a mais famosa de todas, a Futura
de Paul Renner, como você pode conferir abaixo.
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Figura 11: Futura.
Fonte: http://www.identifont.com/find?font=futura
Descrição da figura: A figura mostra um fundo branco e um abecedário junto com numerais e símbolos de escrita
na tipografia Futura, tudo em preto. Fim da descrição.
Claro que, nesse meio tempo, tipógrafos também fizeram letras que misturam estilos e
combinações que divergiam dos movimentos e das vanguardas que nasciam. Umas das mais famosas
famílias tipográficas e que com certeza você já usou é a Times New Roman, criada em 1931 por Victor
Lardent e Stanley Morison, que resolveram mesclar elementos da antiguidade e modernidade.
Vale também relembrar o movimento hippie da década de 60/70, com tipos retorcidos e
formas orgânicas, normalmente utilizadas sob forte contraste dando uma ideia psicodélica, como nos
trabalhos elaborados por Peter Max (veja o exemplo a seguir).
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Figura 12: Peter Max.
Fonte: https://imageio.forbes.com/blogs-images/jimclash/files/2018/08/PeterMaxDifferentDrummer1-
1200x1697.jpg?height=1005&width=711&fit=bounds
Descrição da figura: A figura mostra um homem de perfil com várias cores saindo por trás dele. No limite inferior,
existem várias estrelinhas coloridas e círculos coloridos. Fim da descrição.
Bem, esse foi um grande compilado da história mais antiga da tipografia e que vale muito
a pena conhecer com profundidade, pois na maioria dos projetos gráficos é preciso escolher um tipo
e quanto mais características você souber das escolas tipográficas, melhor será a escolha. #ficaadica
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1.4 Tipos digitais
Além do Neville, outros tipógrafos ficaram reconhecidos com suas fontes digitais, um bom
exemplo são os tipos criados por Zuzana Licko, que explorou a textura do sistema computacional,
inventando tipos icônicos como Oakland, Emperor e Emigre. Observa a Oakland, por exemplo, e essa
estética pixelizada maravilhosa que ela tem.
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Figura 13: Oakland.
Fonte: https://www.moma.org/collection/works/139320
Descrição da figura: A figura mostra o alfabeto com letras maiúsculas e minúsculas do tipo Oakland. Fim da descrição.
É importante notar o seguinte, no século XV, os tipos eram criados em madeira, depois
em metal, tudo muito artesanal e usando a matemática para contabilizar espaços e deixar as letras
perfeitas. Depois, com a ascensão da tecnologia, a informação é publicada em telas e o consumo
tipográfico deixou de ser essencialmente no papel através das impressões. Então, os tipos passaram
a ter o pixel como sua matéria bruta e os designers começaram a fazer experimentações que
mesclassem os dois mundos. É o exemplo da Template Gothic, baseada em estêncil de plástico, a
Dead History, inspirada nas músicas contemporâneas e a Beowulf, com contornos programados.
Confere a Template abaixo.
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Figura 14: Template Gothic.
Fonte: https://www.moma.org/collection/works/139319
Descrição da figura: A figura mostra o alfabeto com letras maiúsculas e minúsculas do tipo Template Gothic. Fim da
descrição.
Mas, o digital não serviu apenas para criar novas letras, alguns designers especialistas em
tipos resolveram digitalizar alguns com mais de 500 anos para serem utilizados na atualidade. Esse é
o caso da Bembo, inspirada na criação de Francesco Griffo. Dá uma olhada na versão antiga.
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Figura 16: Bembo.
Fonte: http://www.identifont.com/find?font=bembo&q=Go
Descrição da figura: A figura mostra um fundo branco e um abecedário junto com numerais e símbolos de escrita na
tipografia Bembo, tudo em preto. Fim da descrição
Bem, claro que essa foi uma parte da revolução digital nos tipos, mas todo dia novos
designers criam fontes com inspirações mil, e são tantas e tão múltiplas que queremos criar projetos
só para usá-las. Bem, mas agora, vamos seguir conhecendo melhor os tipos e suas características.
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UNIDADE 02 | Anatomia da Tipografia
O momento estudante de medicina chega para todos. Sim é real! Sabe aquela disciplina
que o pessoal da saúde paga no comecinho da faculdade para conhecer cada músculo, osso e artérias
e veias do corpo? Nós também temos, mas aqui, no lugar dos órgãos, teremos outras coisinhas, mas
igualmente importantes para o universo tipográfico. No esquema abaixo, você verá os detalhes.
Como se pode observar cada parte da letra tem sua nomenclatura específica. A “altura-
X”, por exemplo, “é a altura do corpo principal da letra minúscula, excluindo seus ascendentes e
descendentes” (LUPTON, 2013, p. 33). E os outros elementos são tão importantes quanto, olha só:
• Linha base – “A linha de base é onde todas as letras repousam. Ela é o eixo mais estável
ao longo de uma linha de texto, e é crucial para alinhar textos a imagens e a outros
textos” (LUPTON, 2013, p. 33).
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• Serifa – “O filete que dá terminação ao final de um traço ou haste (...) Serifas são
pequenas linhas horizontais e verticais que arrematam e dão acabamento ao final de
traços e letras” (DA FONSECA, 2009, p.85).
• Descendente – O que sobra da letra abaixo da altura-x
• Ascendente – O que sobra da letra acima da altura-x
• Bojo ou barriga – “As partes redondas de letras como B, D, P, R ou a parte superior do
g” (DA FONSECA, 2009, p.84).
• Espinha – Traço curvo como na letra S.
• Olho – “A pequena área fechada (como um orifício) resultante do traçado de certas
letras, como no O, no alto do e, no P (caixa alta e caixa baixa)” (DA FONSECA, 2009,
p.84).
Mas nem só de serifa e altura-x vive uma letra, na composição de um projeto gráfico
também há destaque para a altura e largura.
A relação entre as letras também tem nomes específicos: kerning e entrelinha. Kerning é
a denominação para o espaço entre duas letras. Normalmente os softwares gráficos dão a
possibilidade de ajustar o kerning de acordo com o gosto do designer e escolher entre o kerning
métrico e óptico. O primeiro (métrico) é automático, o espaço entre as letras é usado como prevista
pelo criador do tipo. Já o segundo (óptico) é ajustável segundo os caracteres disponíveis nas letras. É
mais perceptível a diferenciação entre o óptico e o métrico quando as letras estão maiores. Dá uma
olhada.
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Figura 18: Kerning.
Fonte: Acervo pessoal (2024).
Descrição da figura: A figura mostra através do exemplo de uma palavra o conceito de kerning, espaço
estre as letras. Fim da descrição.
O primeiro kerning é métrico, mas o segundo e o terceiro são ópticos, ajustei a olho nu.
Já o entrelinhamento, para alguns leading, é o espaço entre as linhas. A ideia de ajustar o
entrelinhamento é deixar o texto mais legível. Assim como no kerning, o entrelinhamento já vem no
seu tamanho automático, mas podemos ajustar conforme a necessidade. Um entrelinhamento mais
curto, mais fechado, permite mais texto no espaço, mas pode comprometer a legibilidade. Já o
oposto, um entrelinhamento mais aberto, ajuda na leitura, mas se também for muito exagerado torna
difícil o acompanhamento das linhas do texto. De toda maneira, kerning e Leading vão depender dos
objetivos do projeto gráfico.
De toda maneira, você pode fazer muito usando esses recursos, olha só.
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Fonte:
https://www.google.com/search?q=johnschen+kudos&sxsrf=ALiCzsZqtxf9sFcy7IgmA97kLlxL2Yn9GA:1654711903328&s
ource=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiRhtCZup74AhWRAbkGHTqYDz0Q_AUoAXoECAEQAw&biw=1366&bih=625
&dpr=1#imgrc=JYqxXMOIQX4XIM
Descrição da figura: A figura mostra três quadros onde o designer trabalhou o espaçamento e conseguiu um efeito
interessante. Fim da descrição.
Esse projeto foi desenvolvido na gringa por um grupo de estudantes (assim como você),
que usaram a anatomia e todas essas ferramentas dos tipos para comunicar algo. No primeiro quadro,
a palavra compressão, foi literalmente comprimida, usando o kerning. No segundo quadro, a palavra
transição parece estar andando, em movimento e n terceiro e último quadro a letra O se repete como
se tivesse sido jogada dentro de um aquário.
O que o grupo fez com tão pouco, apenas usando as ferramentas da tipografia, você
também é capaz de fazer. Por isso repito, testa e exercita muito, só assim você ganhará confiança
para projetos mais desafiadores.
Nós ocidentais não estamos acostumados a ler na vertical, como é natural no idioma
japonês, mas em determinados projetos o uso do texto vertical pode ser um grande diferencial. Claro
que também existem desafios nessa empreitada, pois o texto quando colocado na vertical pode não
dar legibilidade, por isso o uso se dá mais em títulos ou em poucas palavras. Outro problema pode
ser o encaixe das letras e o entrelinhamento, mas isso não te impede de usar, pois normalmente o
uso de maiúsculas faz o negócio dar certo. Repara só.
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Figura 20: Edição especial.
Fonte: https://grecodesign.com.br/projeto/o-que-as-vandas-nao-contam/
Descrição da figura: A figura mostra o miolo de uma revista com fundo em roxo e branco, figuras
vermelhas e um texto vertical na cor branca. Fim da descrição.
Esse projeto gráfico é incrível demais, faz parte do portifólio de divulgação de um estúdio
de design. O texto na vertical caiu como uma luva e o contraste das cores nem se fala.
Está vendo que dá para fazer muita coisa bacana usando esse tipo de orientação?
2.3 Hierarquia
Eu não sei você, mas toda vez que vejo a palavra hierarquia sempre me lembro de reis,
rainhas e poder. Isso acontece, porque a palavra também transita nesse significado. Aqui, no design
gráfico, ela também representa poder e autoridade, mas fica mais conectada a um grau de
importância dos elementos de um projeto.
Usamos a hierarquia para organizar as informações do texto e colocar cada dado em um
lugar especial. O título, por exemplo, normalmente aparece em um tamanho maior do que a
assinatura e os patrocinadores em um cartaz. A hierarquia também serve para organizar os conteúdos
e ajudar os leitores na interpretação do texto. Como ela faz isso? Com o auxílio de todas as
ferramentas que vimos até agora: espaçamento, entrelinhamento, combinação de tipos, tamanho,
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negrito, itálico, alinhamento e muito mais. Famílias tipográficas são ótimas para distribuir bem os
conteúdos, pois suas variações podem ser usadas para orientar o texto. Mas, espia só essas amostras
de hierarquia.
Sumários são ótimos exemplos para observar a hierarquia da informação. Esse aí de cima
é do livro que serve como referência aqui nessa disciplina. A autora usa os títulos em caixa alta
(maiúsculas) para dividir as seções do livro, ou seja, os capítulos, além de uma cor específica, a
vermelha. Já o conteúdo dos capítulos foi colocado com outra tipografia, com letras maiúsculas e
minúsculas. Gosto bastante desse resultado e ajuda muito a encontrar uma informação.
Bora ver um exemplo de dentro de um livro? Observa aqui embaixo.
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Figura 22: Página.
Fonte: Página 137 do livro “Elementos do estilo tipográfico” de Robert Bringhurst, 2011.
Descrição da figura: A figura mostra uma página de livro que usa tipos itálicos para ajudar na leitura. Fim
da descrição.
Essa página, que inclusive fala sobre tipos, é bem interessante. No meio do texto, aparece
um resumo do que foi abordado, para isso o diagramador usou marcadores, esses pontinhos antes
do texto, e letras itálicas alinhadas à esquerda, que difere do restante da página (justificada e com
tipos normais). No canto direito em tamanho menor, você pode observar o título “interlúdio
histórico”, que é o nome do capítulo, fazendo com que o leitor esteja sempre orientando sobre o
assunto geral que está sendo abordado, esse elemento se chama “cabeço”. Essa pequena lembrança
foi escolhida para ser em itálico e está presente em todo o livro, dando consistência à obra. Em
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nenhum momento, foi preciso explicar do que se tratava, o leitor bate o olho e entende a distribuição
da informação. Massa né?
Mas bora de cartaz? Vem dar uma analisada.
Esse cartaz incrível foi desenvolvido por uma designer pernambucana! Inclusive, ela já
participou de um evento no canal do EducaPE (o link está aqui embaixo). Essa peça gráfica é a
divulgação para um evento que acontece sazonalmente em Recife, o Virtuosi. Além das cores e
ilustração incrível, podemos observar uma hierarquia muito organizada. Graças a essa distribuição de
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informação é fácil reconhecer o nome do evento, pois tem destaque na tipografia, no tamanho e na
posição. A programação também ficou clara, pois o alinhamento, a cor, o tipo, as maiúsculas e itálicas
fazem um bloco de texto compacto. Tanto o título como a programação são os conteúdos mais
importantes desse evento musical, por isso são logos vistos e recebem essa diferenciação. As outras
informações recebem tamanhos distintos e vão se organizando pela página, como o homenageado,
o local do evento e um site para maiores informações. Percebam que o cartaz usa cores sólidas e
consegue combinar e contrastar de maneira autêntica. Acho esse trabalho incrível demais.
31
• Efeitos especiais: nos softwares de edição é possível acrescentar brilho, relevo,
desfoque, 3D e muitos outros efeitos que podem ser úteis na hierarquia.
É importante lembrar que todas essas técnicas de hierarquia se relacionam umas com as
outras. Então, se é adicionado peso junto com a largura, aumentando o contraste, isso reverbera em
todos os outros elementos que compõem o layout. Se você altera o tamanho de uma frase, é provável
que precisará ajustar a porcentagem do resto do texto (se houver). E claro, quanto mais elementos
houver no layout, mais desafiador se torna criar uma hierarquia entre essas informações. A hierarquia
tipográfica é muito relativa e depende do relacionamento que existe entre o peso, o tamanho, a
posição e todos os outros efeitos tipográficos.
A regra dos 3 tipos. Existe um consenso entre designers que qualquer projeto
pode ser bem legal se usado apenas 3 diferentes tipos, 3 famílias tipográficas. A
regra diz que se deve escolher uma tipografia serifada, uma San serif e simples
e uma tipografia display. Claro que isso não é obrigatório, mas pode te ajudar
nos próximos projetos gráficos.
Como você viu o estudo tipográfico, é grande e a tipografia pode ser usada de diversas
maneiras cabe a você designer gráfico explorar as formas e usar a criatividade. Como a letra tem um
formato, uma forma, isso significa que ela pode servir como um ícone ou até mesmo uma ilustração.
Você pode usar as letras separadamente dando ênfase a silhueta ou ao contorno e até mesmo usar
o espaço entre as letras para adicionar uma imagem ou uma textura. Explorar o espaço interno e o
formato das letras pode dar ao layout um efeito especial como no exemplo a seguir.
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Figura 24: Mendes Design.
Fonte: https://mendedesign.com/?X=0
Descrição da figura: A figura mostra a capa de um livro com fundo preto. Dentro de cada letra, há um pedaço de
fotografia diferente. Fim da descrição.
Nesse cartaz, criado pelo designer Jeff Wall, o espaço interno e ao redor das hastes da
letra foram usados de maneira criativa com fotografias que aludiam a grandes cenas do cinema. Esse
foi um exemplo de um cartaz, mas é possível trabalhar em logos de empresa e utilizar também
tipografias que que tenham mais detalhes, como ornamentos ou até caracteres alternativos. Mas, é
importante usar com cuidado tipografias com muita personalidade para não comprometer a
legibilidade. Nos softwares de edição, também se pode alterar o formato das letras, customizando
cada detalhe para deixar o logo único. Lembre-se de que a tipografia transmite uma mensagem, um
valor emocional que ajuda no entendimento da mensagem e na personalidade da marca. Olha só.
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Figura 25: Demofly.
Fonte: https://www.behance.net/gallery/178972091/DEMOFLY-Logo-Brand-
Identity?tracking_source=search_projects|logo+brand+identity&l=4 Descrição da figura: A figura mostra do lado
esquerdo o logo da marca Demofly e do lado direito uma mulher de óculos escuros vestida com um camisa preto onde
se apresenta a logo. Fim da descrição.
Essa marca de roupa, Demofly, usa uma tipografia cheia de personalidade e transmite a
sensação de estúdio de tatuagem com uma pegada gótica. A cor, o peso, o efeito brilhante e degradê
auxiliam nessa percepção que deixa a marca única. O que o designer fez nessa marca é possível de
ser feita em qualquer produto editorial.
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Bem, depois desses vários exemplos, só me resta torcer para que você pratique um
bocado e ganhe experiência na hora de distribuir as informações em um projeto gráfico. Se eu ainda
puder dar uma dica, eu diria “Arrisque!”, sempre! Você só vai saber tentando.
Se liga aqui!
Depois de um tempo produzindo projetos gráficos, a hierarquia se torna mais
prática e conseguimos resolver os problemas de comunicação da informação
mais rapidamente.
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UNIDADE 03 | Conceitos Básicos do Design Editorial
Depois de mergulhar fundo na tipografia e entender a melhor maneira de utilizá-la, eis
que chegou o momento de te deixar preparado para a criação editorial, seja online ou impressa.
Bora?
O design editorial é um dos pontos altos do Design Gráfico, pois como foi dito, tudo
começou no impresso. Então, durante muito tempo, ser designer gráfico era sinônimo de trabalhar
no ramo editorial. Isso ainda é uma verdade? Sim e não. Pois para ser um bom designer gráfico,
completo e com as habilidades necessárias para o mercado, é imprescindível saber editorial. Agora,
você pode começar sem saber? Pode, mas em algum momento vai ser pedido de você e espera-se
que você possa atendê-las.
Assim, a tarefa do designer no âmbito editorial é criar a forma da publicação e organizar
a aparência do conteúdo, mas o processo de criar um livro, seja digital ou impresso ou mesmo uma
revista ou relatório é sempre feito de maneira colaborativa. Pensando nisso, listo aqui as diversas
funções envolvidas na indústria editorial, seja dentro de uma editoria ou em um estúdio de design.
• Autor
Como o próprio nome diz é a pessoa que escreveu a obra e que lida com o agente
literário.
• Agentes literários
Profissional que representa o autor perante o mercado editorial e editoras.
Normalmente é especialista em algum gênero literário e quando consegue publicar um
título do autor recebe um percentual dos direitos autorais.
• Editor ou editora
O super responsável pela obra, desde os custos para publicação, tradução, direitos autorais e
ações de marketing. A relação entre autor e editor (editora) pode ou não ser moderada por
um agente literário.
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• Editor de texto
Esse profissional é responsável pela edição e correção dos originais. Seu papel é
avaliar, conversar com o autor, corrigir e até questionar o texto final antes de ser
enviado para a editoração. Muitas vezes, também fica encarregado de buscar erros
gramaticais e ortográficos e analisar tecnicamente o texto, avaliando se o tema
abordado está em conformidade com área em que será publicado.
Originais é como se intitula o texto escrito pelo autor antes de ser publicado. É
o livro original sem nenhuma correção.
• Diretor de arte
Responsável pelas imagens, gráficos, ilustrações e fotografias que irão compor a obra, além de
organizar todo o conteúdo. Esse profissional contacta, encomenda e contrata os terceirizados
que ajudarão na composição visual da obra.
• Designer
É o profissional responsável pelo layout da obra, ou seja, pelo visual interno e externo
do livro. Recebe instruções diretas do editor e do diretor de arte e pode ter mais ou
menos liberdade criativa a depender da experiência e do ritmo de trabalho. Planeja os
grids, tipografia, o posicionamento dos elementos nas páginas, seguindo as
orientações do briefing e do editor. Por vezes, é encarregado por enviar a arte final do
livro para a gráfica e revisar a impressão.
• Gerente de produção editorial
Esse cargo supervisiona todo o material e coloca deadlines para o projeto, fazendo um
cronograma de tudo o que precisa ser entregue no prazo. Tendo a data em que a
publicação precisa estar impressa e pronta, ele faz um esquema retroativo de datas,
onde fica bem claro cada passo do projeto. Esse profissional também é responsável
pela atualização do plano espelho do livro (flatplan).
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• Gerente de direitos autorais
Esse profissional é o responsável por conseguir os direitos autorais que serão usados
na obra, mas também é a pessoa que vai atrás dos direitos autorais das imagens que
serão inseridas, estando elas em bancos de imagens, bibliotecas e por aí vai.
Não é sempre que essas funções estarão tão bem divididas, depende do job e do lugar. É
claro que existem ainda outros profissionais na cadeia produtiva como a própria gráfica (responsável
pela impressão e encadernação), gerente de distribuição (encarregado de encaminhar os livros às
livrarias e distribuidores) e a equipe de marketing que movimenta todos os espaços de comunicação
responsável pelas vendas.
A depender do tamanho do trabalho mais pessoas serão envolvidas na elaboração da
publicação. Se for dentro de uma editora, por exemplo, é mais comum ter diferentes papéis entre os
designers, mas se for um freela, possivelmente será você e poucas pessoas.
Para ter um pouco de noção sobre essa dinâmica do mercado editorial existem alguns
filmes e séries que mostram a rotina dentro de uma revista ou jornal, normalmente é possível ver
como os jornalistas trabalham, já que os designers são meio escanteados nessas produções, mas
ainda assim vale a pena. Olha a lista:
• O diabo veste Prada
• Spotlight – Segredos Revelados
• The Post – A Guerra Secreta
• The bold type
Além de todas essas funções e cargos, a área do design editorial serve de laboratório
mesmo, deixando margem para vários tipos de experimento. Se você tem fascínio por impressos,
deve ficar encantando quando folheia uma revista, livro ou quaisquer outros materiais que tenha
uma pegada diferente.
O diretor de uma famosa revista chamada Speak gosta de dizer que o “design editorial é
a estrutura por meio da qual uma determinada história é lida e interpretada. Ele consiste tanto na
arquitetura geral da publicação como no tratamento específico da história”. Ou seja, o design
editorial cria histórias, diz como contá-las e ajuda na intepretação. Quer mais ou acha pouco?
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Mas, o design editorial também tem uma função cultural, afinal, ele é um registro da
história, de como as pessoas pensam, se comunicam e ocupam os espaços. Quando queremos
entender o passado, buscamos livros e materiais gráficos daquela data a fim de entender melhor a
ideia como aquela sociedade vivia. Pois bem, pode-se dizer com certeza que hoje, quando pegamos
um job de editoração, estamos literalmente escrevendo a história, independentemente da função
que operarmos naquela publicação.
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Essas são algumas das questões mais importantes para obter respostas, mas outras
devem aparecer ao longo do percurso como: se haverá ou não legendas; como será a organização do
livro (cronológica, alfabética ou temática); se o livro será guiado pelas imagens ou pelo texto etc. De
toda maneira o fluxo de trabalho é esse descrito abaixo.
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Se você ainda ficou na dúvida sobre esse universo, o que é perfeitamente
normal, separei aqui dois vídeos de uma editora brasileira, a Antofágica. Por
acaso você já viu as capas que essa galera coloca nas prateleiras? Bem, em um
deles você vai entender um pouco melhor a rotina de um editor e outro é
sobre capas. Aproveita aí!
Antes de começar um projeto gráfico, é preciso definir o formato do livro, ou seja, sua
dimensão, seu tamanho (por exemplo, 16cm X 23cm). Assim que souber o tamanho do livro, é
chegado o momento de definir modulação, grid e margens. A modulação é uma divisão proporcional
da página em módulos, por exemplo, em uma página é possível fazer uma modulação de 12:12 com
5 mm de espaço entre eles. Em projetos que pedem uma diagramação mais desafiadora a modulação
vai ser essencial para posicionar adequadamente o texto principal, assim como legendas, paginação
e outros destaques.
Assim que houver definido o formato do livro, que possivelmente será dito pela editora
assim como a quantidade de páginas, e a modulação você deve selecionar algumas páginas iniciais e
um capítulo para fazer experimentações do projeto gráfico. É como se você estivesse testando em
um capítulo tudo o que vai ser replicado no livro todo. Neste capítulo, você vai testar tipografias,
hierarquia, a abertura do capítulo, onde serão inseridas as ilustrações (se houver), legendas, títulos e
subtítulos, notas etc. Designers gráficos normalmente levam 10 dias para definir qual será o estilo do
livro e replicar o capítulo da experimentação.
Aqui vale uma menção especial ao livro ilustrado, pois é preciso que haja uma margem
de proteção em uma ilustração em relação ao texto e as legendas. Também é importante saber, se o
livro vai ser impresso em uma ou mais cores e tomar cuidado para que a imagem esteja num
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posicionamento bom em relação ao texto. Normalmente em um livro com ilustrações se dar mais
ênfase às páginas e ímpares e a lateral externa.
Nem todos os livros terão todos os itens pré-textuais mencionados, por exemplo, existem
muitos sem página de dedicatória, epígrafe, sumário, prefácio e agradecimentos. A lista de ilustrações
e a lista de abreviaturas e siglas nem sempre estão no começo do livro, podendo também estar nos
itens pós-textuais, ou seja, no final do livro.
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Para entender melhor todos os itens de um livro, sugiro que você pegue um
livro físico enquanto esteja lendo esse capítulo, assim você vai observar todos
os itens e conferir a aplicação dos conceitos.
Bem, mas bora entender cada página? Começando pela falsa folha de rosto que só existe
para proteger o rosto e normalmente vem com apenas o título do livro, sem o nome do autor ou
qualquer outra informação, mas também existem falsas folhas de rosto sem nenhuma informação,
nem mesmo o título, o que vai definir é o projeto gráfico em si e as demandas da editora e do autor.
É comum que em projetos gráficos mais conservadores, tradicionais, a falsa folha de rosto venha com
um título, mas projetos gráficos mais ousados usam esse espaço para colocar em uma padronagem,
marca d’água e até mesmo uma estampa. Já a folha de rosto vai levar o nome do autor (es), o título
do livro, nome do tradutor (se houver), ilustrador (se houver), número da edição, volume (se houver),
título da coleção (se houver), editora, cidade e ano da impressão. Aqui embaixo tem um bom
exemplo.
Continuando com os itens pré-textuais vamos para a página de créditos, que fica
posicionada no verso da folha de rosto, nessa página é obrigatório o copyright, o texto de lei de
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proteção de direito autoral, dados da editora, créditos dos profissionais envolvidos na publicação,
como revisão, design de capa, projeto gráfico e diagramação, revisão etc. Também é necessário ter a
ficha catalográfica, o ano de publicação e a cidade, como você pode ver no exemplo abaixo.
Quando o livro tem dedicatória normalmente ele fica depois do verso da folha de rosto.
Já é epígrafe vem depois do verso e da página de dedicatória, mas às vezes epígrafe e dedicatória
ficam na mesma página. A epígrafe é um pensamento, uma citação, de um autor, pensador, músico
e até mesmo uma passagem do cinema que pode aparecer não só depois da dedicatória como
também no início de capítulos. De toda maneira, quando existia uma epígrafe, é necessário colocar a
referência de onde foi retirada, uma opção é colocar apenas o nome do autor da referência ou a
referência completa, dizendo de onde foi retirado e o ano de publicação.
O prefácio, que nada mais é do que um texto preliminar de apresentação, normalmente
curto, que pode ser escrito pelo autor ou por outra pessoa importante para a obra, faz uma breve
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explicação sobre o conteúdo ou sobre o autor. Às vezes, no lugar do prefácio, existe uma
apresentação, talvez você já tenha visto em algum livro. Saca só o exemplo.
Sobre o sumário, normalmente fica na página ímpar antes ou depois do prefácio, já vimos
um bom exemplo quando se falou sobre hierarquia. Você pode voltar lá e conferir.
Finalizada a parte pré-textual vem a parte textual em si, ou seja, todo o texto da obra, que
chamamos de corpo de texto (bodytext). A divisão do corpo do texto depende de como o autor
organizou a obra, podendo ser dividido em capítulos e subcapítulos, volumes e tomos ou em partes
e seções. As páginas que iniciam o capítulo normalmente são ímpares ou duplas e são conhecidas
como capitulares, se no livro houver subcapítulos, então a página é chamada de subcapitular.
Página ímpar é como chamamos as páginas que ficam do lado direito do livro e
páginas pares são as que ficam do lado esquerdo.
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Figura 31: Livro aberto.
Fonte: Acervo pessoal (2024).
Descrição da figura: A figura mostra um livro aberto com numeração que vai de 1 ao 4. Fim da descrição.
O número 1 representa o fólio que é a numeração das páginas, ele pode se situar no alto
da página e no pé da página ou centralizado no alto da página ou no pé da página. Normalmente ele
fica na extrema esquerda, como no exemplo acima.
O número 2 representa a medianiz, a margem interna do corpo do texto. A largura da
medianiz vai depender do tipo de encadernação, do tamanho da página e da largura do corpo do
texto. É importante que ela não fique tão estreita a ponto do leitor precisar abrir muito o livro para
conseguir ler.
O número 3 representa a localização das cabeças ou cabeços que tem como finalidade
situar o leitor. É comum que nas páginas pares fique uma informação e nas ímpares outra, por
exemplo, na página esquerda, pode conter o autor ou título da obra e na direita o nome do capítulo.
A cabeça ou cabeço podem se situar no alto da página, no meio ou no pé da página.
Já o número 4 representa a localização das notas de rodapé. Na imagem acima, não
aparecem, mas possivelmente você já leu um livro onde aparece uma nota de rodapé no final da
página. Existem ainda notas que aparecem nas margens com a tipografia um pouco menor e que
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informam algum elemento importante, no exemplo acima o designer utilizou notas nas margens para
informar sobre as figuras acrescentadas no texto.
No corpo do texto, podem aparecer tabelas, gráficos, infográficos, fotografias ou
ilustrações que pedirão por legendas, nesse caso, preste atenção à distância da imagem para a
legenda.
Quando o corpo do texto termina, entram os itens pós-textuais: posfácio, apêndice,
glossário, bibliografia, índice, colofão e errata. Nem todos são obrigatórios, mas vale a pena saber o
que cada um representa.
Agora, eis que é chegado o momento de ver os formatos editoriais. Listarei aqui os mais
convencionais, mas nada impede que você tenha acesso a um não listado por aqui.
Segundo Aline Haluch (2018), podemos dividir os produtos editoriais em:
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Livro-texto
Nessa categoria, enquadram-se todas as publicações que possuem apenas texto, sem
ilustrações ou imagens, no máximo uma tabela ou um gráfico. Em projetos como esse, o designer
editorial foca seus esforços na escolha do tipo, no espaçamento, nas margens, entrelinhas etc.
Observe o exemplo abaixo.
Livro ilustrado
Como o próprio nome diz essa publicação conta com texto e imagem (ilustrações,
infográficos, fotografias). Em projetos nessa categoria é natural que o designer precise de um pouco
mais de experiência, pois se torna mais complexo interagir texto e imagem, para que conversem
juntos e ambos relatem uma história. É mais desafiador, mas igualmente gratificante. Não pense que
livro ilustrado é apenas infantil, hem? Olha só esse exemplo.
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Figura 33: Página ilustrada.
Fonte: https://www.pentagram.com/work/observe-collect-draw
Descrição da figura: A figura mostra uma página de livro em branco ilustrada. Fim da descrição.
Tem sido comum livros ilustrados para adultos, pois além de serem mais leves, contam
uma história ou apresentam uma informação que é mais racional de maneira mais didática. Eu acho
maravilhoso resultados assim.
Livro de arte
Em livros de arte, o texto é uma subcelebridade, pois a imagem ganha destaque. Livros
de fotografia são bons exemplos, mas olha esse aqui.
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Figura 34: Livro de arte.
Fonte: https://www.pentagram.com/work/deborah-roberts-i-m
Descrição da figura: A figura mostra uma página dupla de um livro de arte. Fim da descrição.
Livro de arte é um ponto fora da curva viu? Eu acho MA-RA-VI-LHO-SO porque o trabalho
do artista ganha destaque de verdade, além de ter um projeto gráfico que complementa a obra. É
como em uma exposição, precisa saber onde cada quadro fica e qual moldura vai destacar a peça.
Livro do artista
Essa categoria seriam livros com pouca tiragem (poucas impressões), onde se pode
encontrar todo tipo de material, cada livro é único e, às vezes, artesanais também.
Jornal
É importante para QUALQUER designer está familiarizado com os impressos mais antigos
e ainda circulação, afinal além de serem uma escola (tudo começou neles) é também uma maneira
de observar o que já foi feito e o que ainda podemos fazer na produção impressa, é o caso do jornal.
Infelizmente vários jornais do país não conseguiram competir com a web e tiraram os seus de
circulação, mas muitos ainda continuam com suas versões web e nas redes sociais digitais. O maior
desafio do designer do jornal é colocar tantas informações em um espaço tão pequeno, por isso
tipografia, grid, títulos, manchetes e fotografias são a combinação especial para que a magia
aconteça. Esse exemplo vale a pena dar uma olhada.
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Figura 35: Jornal.
Fonte: https://www.behance.net/gallery/127858629/suplemento-pernambuco-n-
186?tracking_source=search_projects_recommended%7Cliteratura
Descrição da figura: A figura mostra a parte interna de um jornal. Na folha direita, a matéria, na esquerda
ilustrações. Fim da descrição.
Revistas
As revistas são modalidades de nicho, ou seja, trabalham para uma audiência específica
e por isso muitas ainda estão em circulação apesar de toda a crise do setor. O negócio é saber se
reinventar e claro, fazer capas deslumbrantes.
Bem, existem ainda outros formatos interessantes e mais comuns, como os suplementos,
que começaram como uma produção complementar dos jornais, por isso o nome, e depois ganharam
espaço próprio e credibilidade junto ao público. Aqui, no Estado, temos um suplemento chamado
Pernambuco, que fala sobre literatura. Também são comuns revistas comerciais, veiculadas dentro
de uma empresa, que não são vendidas ao público e claro, versões digitais de tudo o que você possa
imaginar. Mais do que os formatos o mais importante é ser objetivo e certeiro na composição dessas
publicações. Não é só beleza que está em jogo, mas legibilidade, informação, credibilidade e muito
mais.
Foi informação até o talo, hem? Dá uma respirada e vamos para a próxima.
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UNIDADE 04 | Projeto Gráfico de Design Editorial
Última unidade acabando e chegou a hora de ver a parte externa do livro e questões sobre
o desenvolvimento do projeto gráfico.
Mas, antes vai lá ouvir aquele podcast no AVA. Vai lá, vai!
Claro que nem todos os livros seguem esse esquema, pois há aqueles que não têm
orelhas, como as versões pocket, mas naturalmente essa é a composição externa mais comum de um
livro.
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Agora, se você observar bem a anatomia externa do livro, você vai se perguntar onde
estão a 2ª capa e 3ª capa, bem elas são o verso da 1ª capa e 4ª capa, respectivamente, quando você
vê o exemplo vai entender.
Mas cada uma dessas partes deve apresentar informações específicas. Na 1ª capa, é
comum ter o nome do autor, o título, subtítulo (se houver), nome do ilustrador (caso haja) e logo da
editora. Já na 4ª, capa é natural ter um resumo ou um trecho do livro, podendo também receber um
depoimento/recomendação de um jornal ou uma personalidade importante. Também na 4ª capa
aparece o logo da editora e o código de barras com ISBN.
As lombadas também merecem uma atenção especial, elas recebam o nome do autor, o
título da obra e o logo da editora e servem para acharmos os livros com facilidade nas prateleiras e
estantes. Existem 2 tipos de lombada, a americana e a francesa, a diferença está no sentido de leitura
como você pode ver a seguir.
E por último, mas não menos importante, as orelhas, na primeira é comum ter uma
sinopse do livro ou mesmo um trecho do livro. Já na segunda, é comum haver um pequeno texto
sobre o autor da obra com uma foto. A depender da editora, na 2ª orelha, pode ter a assinatura do
design e o crédito da foto. Separei um livro real com todas as partes descriminadas para você ter uma
boa noção, olha só.
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Figura 38: Guadalupe.
Fonte: Acervo pessoal (2024).
Descrição da figura: A figura mostra a parte externa do livro A filha Única de Guadalupe Nettel. Fim da
descrição.
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Figura 39: Capas.
Fonte: Acervo pessoal (2024).
Descrição da figura: A figura mostra duas fotografias de 2ª e 4ª capa do livro A filha única. Fim da
descrição.
Quando alguém nos aconselha a não julgar o livro pela capa, quer nos dizer para olhar
mais atentamente antes de formar uma opinião sobre uma pessoa. Mas, no mundo gráfico, é muito
simples fazer esse julgamento. Na verdade, até importante, pois é como se a capa fosse a embalagem
do livro. Claro que haverá obras que a capa é malfeita e o conteúdo super vale a pena, mas de modo
generalizado a capa é a parte gráfica mais importante de uma publicação. Concorda? Se não, olha só
essa listinha de deveres de uma boa capa (haha):
• Deve se destacar da concorrência
• É o ponto de entrada do conteúdo
• A imagem da capa circula pelas redes sociais digitais
• Precisa mostrar resultados em vendas
• Tem a tarefa de atrair o leitor
• É obrigatória que seja familiar, mas diferente do número anterior (no caso de
publicações periódicas)
As capas de jornais, por exemplo, são as que mais se modificaram ao longo dos anos,
afinal não precisamos mais esperar a publicação para saber uma notícia, basta entrar na internet. Por
isso, tornou-se tão necessárias capas impactantes, com imagens/fotografias que não foram
mostradas em nenhum lugar e com histórias surpreendentes.
E as broncas com a capa não param no jornal, o digital também é um lugar desafiador,
está pensando que é fácil pensar numa capa que vai ser lida na tela de um celular? E em um kindle?
Onde tudo é em preto e branco? Só digo uma coisa, é difícil, até porque na maioria das vezes a capa
digital (bem pequenina) será também impressa no seu tamanho padrão, ou seja, essa arte da capa
precisa funcionar na chuva, no sol, preta e branco, colorida, pequena, média ou grande.
Já as publicações independentes, seja de livro, revista ou jornal, têm ganhado espaço,
pois conseguem outras formas de custear a impressão e assim o design da capa fica mais simples,
porque não precisa de propaganda logo na capa. Saca só essa revista minimalista.
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Figura 40: Vida Simples.
Fonte: https://vidasimples.co/wp-content/uploads/2022/12/VS250_01_CAPA-3-1.jpg.
Descrição da figura: A figura mostra a capa da revista Vida Simples, fundo azul e título preto. Fim da descrição.
A revista Vida Simples sobrevive das assinaturas mensais, e o designer editorial da revista
trabalha fortemente com o conceito que ela quer passar, uma vida sem exageros, mais tranquila e
com calma. Dá para sentir isso na quantidade de respiro que a capa tem, dos espaços entre os títulos.
É uma capa que convida a meditar, como as matérias que estão dentro.
Bem, mas se você for fazer uma capa para impressos tenha em mente os quatro
elementos que compõem uma capa:
1. Formato – o tamanho e as características do impresso
2. Logotipo – slogan, marca, código de barras
3. Imagem – fotografia, ilustrações
4. Chamadas – manchetes, texto de capa
Esses elementos normalmente estão em uma capa e é preciso gerenciá-los para que
façam parte do projeto gráfico desenvolvido. Eles podem mudar ou mesmo não existir na capa que
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você irá desenvolver, mas é importante tê-los em mente antes de criar, porque eles precisarão de
espaço, beleza?
É muito comum que um designer seja convidado para assinar uma capa, mesmo não
trabalhando para a editoria, bem quando isso acontecer será redigido um briefing com as
informações básicas para a produção da capa. E a primeira informação que deve conter nesse
documento é o tipo da capa, pois existem três diferentes formas:
Capas figurativas
Nesse grupo se encaixam, as capas feitas com fotografias, ilustrações ou qualquer tipo de
figura. Revistas, livros ou mesmo outros impressos, precisam usar de maneira eficiente esse recurso
para não ser mais do mesmo. Olha só essa a capa dessa revista francesa.
Intrigante, né? Uma revista com capa assim precisa ter personalidade, afinal não é para
todas.
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Capas abstratas
Muito mais raras, as capas abstratas são mais utilizadas em publicações exclusivas para
assinantes ou suplementos. Essa categoria utiliza da liberdade, podendo usar qualquer elemento ou
mesmo nenhum. Projetos de capas abstratas são bem originais e diferentes, mas é preciso estar em
acordo com o nome da publicação.
Nesse caso, o capista trabalhou em cima da ideia de arte digital e fez esse movimento
com as cores. Achei muito massa! Diferente e muito artístico.
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Figura 43: Roube como um artista.
Fonte: https://papelarianobel.com.br/produto/roube-como-um-artista-10-dicas-sobre-criatividade/.
Descrição da figura: A figura mostra a capa do livro Roube como um artista, o fundo é todo preto e as
letras brancas. Fim da descrição.
Essa capa usa só texto e como é um livro menor, recheado de dicas e conteúdo para ler
rápido, funcionou bem como um manual de instruções.
Como foi visto até o momento, existem vários tipos de capa, elementos básicos que
devem estar em cada parte do livro e formatos diversos que podem ser explorados. Aproveito esse
momento para relembrar que um bom projeto de capa tem uma conceituação boa, significa que é
preciso ler os originais, gerar ideias e alternativas, pesquisar referências, imagens, fazer os primeiros
estudos, layouts e fazer correções até a aprovação final.
Só depois de fazer a capa é que você vai desenvolver lombadas, orelhas e quarta capa.
Também é preciso esperar pelo texto que vai entrar na quarta capa assim como nas orelhas, o número
do ISBN, código de barras e a medida da lombada. É claro que é preciso ter cuidado com as margens,
o refile, quantos milímetros vai deixar para o sangramento, ter noção que as orelhas normalmente
têm metade da medida da capa.
Cuidado com a escolha tipográfica, pois é preciso que os tipos fiquem legíveis mesmo na
orelha quando são menores. Ainda sobre a orelha é importante ter cuidado com a dobra (seixo) para
que nenhum texto fique muito próximo dessa borda e fique sem leitura. Na lombada, normalmente
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a editora usam outro tipo de assinatura, ou seja, ela tem 2 assinaturas, uma para capa e outra para a
lombada. Quando as lombadas são muito finas, é mais desafiador deixar o logo da editora legível.
Lembre-se de que qualquer imagem estando na capa ou dentro do livro precisam ter uma
boa resolução, eu diria que pelo menos de 300 ppi. Se o livro vai ser impresso ele precisa ter sido
projetado em CMYK e caso sejam utilizadas outras cores especiais precisa deixar isso bem claro e
separado do arquivo final. Nunca esqueça que as cores do computador nunca ficam iguais as cores
impressas, então você precisa testar as impressões até ficar na cor calibrada correta.
Como estamos falando de capa vamos agora para o processo final que são os tipos de
acabamento e encadernação.
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Figura 44: Lombada quadrada.
Fonte: Acervo pessoal (2024). Descrição da figura: A figura mostra lateral de um livro com lombada quadrada. Fim da
descrição.
• Brochura costurada
• Brochura colada
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Figura 47: Brochura colada.
Fonte: Acervo pessoal (2024). Descrição da figura: A figura mostra a capa do livro Roube como um artista, o fundo é
todo preto e as letras brancas. Fim da descrição.
Na brochura colada, já não é possível ver pequenas lombadas e sim um único bloco
grande de papéis cortados perpendicularmente e colados.
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Esse tipo de encadernação dá um tom muito elegante e é composto por uma lombada
que se expande, por assim dizer, e chega até um pedaço da capa e da contracapa. O grande diferencial
é que esse pedaço é feito em tecido ou em papel especial. No exemplo acima, amei a casaca foi feita
com um papel especial.
OBS.: existem alguns livros que simulam a capa dura com meia casaca usando apenas uma
cor diferente para essa extensão da lombada.
Essa encadernação dá uma grande personalidade ao livro, como nesse exemplo que usou
a brochura com capa folder, costura aparente e colado na 3ª capa.
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Figura 50: Brochura lombo solto.
Fonte: Acervo pessoal (2024). Descrição da figura: A figura mostra a lateral de um livro. Fim da descrição.
Esse tipo de brochura é ótimo para livros com muitas imagens e fotografias que
extrapolam as margens e a medianiz.
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Mais um tipo de brochura que confere muita personalidade ao livro e dá um caráter
artesanal.
• Capa flexível
O tipo mais comum de capa por ser a mais barata. A capa é feita com um papel rígido,
mas não tão rígido quanto uma capa dura, tornando o livro mais flexível.
É importante lembrar que uma capa flexível não impede o livro de ter orelhas. No
exemplo acima, o livro é feito de capa flexível, mas não tem orelhas.
• Lombada canoa
Essa lombada pode ser usada em livros com até 80 páginas e que sejam leves, é uma
encadernação bem simples e normalmente utilizada em paradidáticos infantis baratinhos. Neste tipo
de encadernação, o livro é formado por apenas um caderno e esse pode ser costurado ou grampeado.
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Figura 53: Canoa.
Fonte: Acervo pessoal (2024). Descrição da figura: A figura mostra a lombada canoa de um livro. Fim da descrição.
4.6 Cola
Excluindo a encadernação canoa grampeado, a maior parte dos livros vão usar algum tipo
de cola, afinal é preciso unir a capa com miolo. Hoje, no mercado, existem 3 tipos de cola. A primeira
é a hot-melt, uma cola quente que é usada nos livros costurados. A segunda é a cola PUR, também
cola quente, mas preferencialmente usada em livros sem costura. E por último a cola branca, usada
em livros com costura aparente.
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4.7 Acabamentos
Canto arredondado
É muito comum ver o livro com canto arredondado para o público infantil, caso do
exemplo abaixo.
Verniz
É uma substância transparente que pode ser brilhante, fosca ou com textura. Esse tipo de
acabamento é muito utilizado especialmente o high Gloss, ele pode ser utilizado em uma parte
localizada da capa (de reserva) ou na capa toda, mas é importante lembrar que o acabamento deve
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estar conectado com o conceito do projeto gráfico, ou seja, não deve ser usado de maneira
irresponsável.
Esse tipo de acabamento é bom para capas com cores fortes ou que usem imagens, mas
em compensação não é interessante para ser aplicado em títulos finos, porque o efeito vai
desaparecer.
No exemplo a seguir, você vai ver uma capa onde o verniz foi usado apenas para o detalhe.
Um acabamento que não é igual, mas parecido com o do verniz é a serigrafia, um processo
de impressão através de uma tela que utiliza uma tinta especial, normalmente uma Pantone, e que
confere a capa do livro um acabamento brilhante ou fusco, com grande relevo ou menor relevo.
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Pintura trilateral
A pintura trilateral é literal a pintura das bordas do miolo. É assim chamada porque o
miolo tem necessariamente 3 laterais, afinal uma delas é a lombada.
Esse tipo de acabamento é bem bacana e dá ao livro um toque especial. Nesse exemplo,
um livro da TAG usou a borda vermelha.
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Figura 57: Relevo.
Fonte: https://d1o6h00a1h5k7q.cloudfront.net/imagens/img_m/32734/16057520.jpg Descrição da figura: A
figura mostra a capa do livro com relevos. Fim da descrição.
Hotstamping
É muito utilizado junto com o relevo e nada mais é do que uma fita metálica pressionada
no papel.
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Figura 58: Detalhe.
Fonte: Acervo pessoal (2024). Descrição da figura: A figura mostra a capa do livro O menino, a toupeira, a
raposa e o cavalo. Fim da descrição.
Laminação
A laminação é o acabamento mais básico de todos e o mais barato. Pode ser brilhante ou
fosca, dando um toque reluzente a capa. De maneira geral, a laminação realça as cores, a textura do
papel e deixa o toque mais agradável.
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Figura 59: Laminação.
Fonte: Acervo pessoal (2024). Descrição da figura: A figura mostra a laminação de um livro. Fim da descrição.
Facas especiais
Uma faca de corte especial dá um acabamento diferenciado a obra, no exemplo abaixo,
a capa do livro sofre um corte circular deixando entrever a folha de guarda.
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Fonte: https://entrelinhadesign.wordpress.com/2012/10/19/novo-olhar/. Descrição da figura: A figura mostra
a capa do livro furo na capa. Fim da descrição.
Bem, e para acabar a nossa unidade, deixo aqui alguns acessórios que podem
acompanhar o livro impresso e dar um conceito ainda mais elaborado. É o caso da cinta, que além de
proteger a obra, pode ser utilizada para uma promoção ou uma indicação do diferencial daquela obra.
Foi o caso do exemplo abaixo, onde a cinta revela que a obra contém um compilado de 25 anos de
fotografias.
Outro acessório interessante é a luva, muito comum em boxes de livros e que deixa a obra
ainda mais elegante, como nesse exemplar da Arezzo de 50 anos.
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Figura 62: Arezzo.
Fonte: https://www.ipsis.com.br/portfolio/livro-arezzo-50-anos/Descrição da figura: A figura mostra um livro
branco com uma capa preta. Fim da descrição.
Um outro acessório muito usado na indústria literária é a sobrecapa, que tem inúmeras
maneiras de utilização e objetivos. Nessa publicação da Folha de São Paulo, ela serviu como pôster e
linha do tempo.
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Figura 63: Sobrecapa.
Fonte: https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1724873948300359-primeira-paginaAudiodescrição da
figura: A figura mostra um livro aberto sob sua sobrecapa. Fim da descrição.
E, por último, mas não menos importante se encontra o fitilho, aquela fitinha que serve
como marcador de página e que também dá um toque especial.
A utilização desses acessórios, assim como os acabamentos, vai defender dos diversos
fatores já mencionados por aqui. Mas, espero que você possa ter aprendido sobre esse universo
maravilhoso das publicações e aproveite toda a oportunidade que tiver para colocá-los em prática.
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CONCLUSÃO
Nossa! Como passou rápido! Quatro unidades cheias conteúdo para você, com as
informações importantes sobre layout de livros.
Estou na torcida para que você tenha aproveitado ao máximo e que volte ao e-book
sempre que for necessário, afinal, esse material foi construído para tirar suas dúvidas e lhe deixar
confiante na hora de pôr em prática essas orientações.
Minha última sugestão é que você pratique muito mais do que pedimos nos fóruns e que
esteja atento a tantos outros conteúdos disponíveis por aí. Seja curioso e não tenha vergonha de
aprender.
Tamo junto sempre!
Abraços digitais ❤
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REFERÊNCIAS
BRINGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
DA FONSECA, Joaquim. Tipografia & Design gráfico: Design e produção de impressos e livros.
Bookman Editora, 2009.
FREITAS, Mariana Ferreira de. Design de livro: do códice ao ebook. Curitiba: Intersaberes, 2022.
HALUCH, Aline. Guia prático de design editorial: criando livros completos. Rio de Janeiro: Senac Rio,
2018.
LUPTON, Ellen. Pensar com tipos: guia para designers, escritores, editores e estudantes. São Paulo:
Cosac Naify, 2013.
RIBEIRO, Ana Paula; MARQUES, Karoline; SASSAKI, Rafaela. O essencial do design editorial. São Paulo:
Ubu, 2016.
SALTZ, Ina. Design e tipografia: 100 fundamentos do design com tipos. São Paulo: Blucher, 2010.
SAMARA, Timothy. Grid: construção e desconstrução. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
SPIEKERMANN, Erik. A linguagem invisível da tipografia: escolher, combinar e expressar com tipos.
São Paulo: Bucher, 2011.
WILLIAMS, Robin. Design para quem não é design. São Paulo: Callis, 2013.
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MINICURRÍCULO DO PROFESSOR
Fernanda Regueira
Olá! Sou Fernanda Regueira, sua orientadora
nessa disciplina. Meu sonho sempre foi ser professora e,
por isso, fui fazer mestrado e no momento estou no
doutorado no departamento de Design na UFPE. Tem que
gostar de estudar pra enfrentar essa missão, viu? Mas, eu
adoro design e todos as camadas que o constituem e acho
que você vai sentir isso por aqui. Tenho sobrinhos fofos e
uns de quatro patas que amo demais. Se quiser conversar
mais um pouquinho, me procura no @fernanda.regueira,
ok? Te espero por lá!
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