Rscmin, SEPSE
Rscmin, SEPSE
Rscmin, SEPSE
ISSN 2317-8469
RESUMO
A sepse é uma reação desregulada do organismo frente a uma infecção, sendo ela
uma das principais causas de óbito no país. Alguns fatores podem evitar e/ou reverter
essa realidade, tal como o cuidado com a saúde bucal. O objetivo do presente estudo
foi elaborar uma revisão integrativa sobre a epidemiologia, a fisiopatologia e os novos
conceitos da sepse, bem como sobre importância da atuação odontológica frente a
essa enfermidade. Foram utilizadas as bases de dados Medline, via PubMed, Scielo e
LILACS, utilizando-se como descritores “sepse” e “odontologia”. Foi encontrado um
total de 2087 artigos, sendo 41 artigos selecionados por sua relação com o tema
proposto. Os resultados demonstraram que há uma alta taxa de óbitos por sepse e
que os mecanismos de resposta que geram esse quadro são complexos e
antagônicos. Estudos sugerem que bactérias vindas da cavidade bucal têm grande
influência nessa enfermidade. Por isso, a adoção de práticas relacionadas à saúde
bucal, como a eliminação de focos infecciosos, exodontias, diagnósticos precoces e
supervisão da higiene bucal, pode evitar e/ou reverter quadros de sepse. Além disso,
eles demonstram que houve mudanças significativas no diagnóstico de sepse, o que
torna imprescindível que os profissionais da Odontologia estejam atentos aos quadros
de sepse, cuidando do paciente de forma integral. Apesar dos estudos revisados,
observou-se a necessidade de estudos mais aprofundados sobre a relação entre a
saúde bucal e a sepse.
ABSTRACT
Sepsis is a dysregulated reaction of the organism to an infection, being one of the main
causes of death in the country. Some factors may prevent and/or reverse this reality,
such as oral health care. The objective of the present study was to elaborate an
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Revisão integrativa que buscou nas bases de dados Medline, via PubMed,
Scielo e LILACS artigos dos últimos 10 anos sobre os quadros de sepse na área da
Odontologia. Foram utilizados os seguintes descritores: Sepse e Odontologia, nos
idiomas português e inglês. A estratégia utilizada foi a busca ajustada para cada base
de dados, realizada de forma ampla, objetivando avaliar os trabalhos mais atuais e
Artigos selecionados
para leitura completa
Excluídos por duplicidade
(n=346)
(n=31)
Não adequados aos
critérios de inclusão
(n=279)
Artigos selecionados
para participarem da
revisão integrativa Foram utilizadas 5 referências
(n=36) de artigos selecionados,
totalizando 41 estudos na
presente revisão.
RESULTADOS
EPIDEMIOLOGIA DA SEPSE
infecção, nem todos com sepse grave, internados em 90 UTIs brasileiras. Nesse
estudo, o isolamento do agente foi possível em metade dos casos, sendo encontrados
Gram-negativos (72%), seguidos de Gram-positivos (33,9%) e fungos (14,5%) (18).
FISIOPATOLOGIA DA SEPSE
SEPSE E A ODONTOLOGIA
DISCUSSÃO
A sepse é umas das causas responsáveis pela alta taxa de mortalidade ainda
registrada no Brasil. Vários fatores buscam explicar as razões envolvidas com os
óbitos associados ao quadro séptico. Para tentar reverter essa realidade, é necessário
que as equipes que saúde tenham conhecimento sobre esta patologia para que
possam prestar um atendimento adequado ao paciente que busca o serviço, iniciando
por seu diagnóstico precoce (33).
Todavia, a fisiopatologia da sepse ainda não é totalmente compreendida. Alguns
autores sugerem que faz parte dos mecanismos geradores de disfunção os
fenômenos celulares de apoptose e hipoxemia citopática, quando há dificuldade na
utilização de oxigênio pelas mitocôndrias (23). Outro autor sugere que a oferta
inadequada de oxigênio aos tecidos em decorrência da queda do fluxo sanguíneo nos
capilares e da redução do débito cardíaco contribui para o aumento do metabolismo
anaeróbico e a hiperlactatemia (23). Outros autores sugerem que os mecanismos
responsáveis pela disfunção orgânica podem ser sistêmicos, tal como as alterações na
função vascular e do metabolismo da glicose, ou órgão-específico, que ainda é uma
hipótese, que consiste que uma infecção estimularia uma resposta inflamatória
sistêmica que afeta alguns órgãos e não outros, já que alguns sistemas conseguem
escapar com relativa facilidade, enquanto outros são comprometidos de modo grave e
precocemente (34). Esses estudos podem ser complementares para o entendimento
da disfunção orgânica. Todavia, os mecanismos precisos que levam à disfunção de
órgãos na sepse, bem como todo processo fisiopatológico ainda não são
completamente compreendidos (21).
A respeito das novas definições, alguns especialistas aprovam a mudança
sugerida, visto que as novas definições de sepse incorporaram muitos avanços em
relação às definições anteriores, que foram baseadas na opinião de especialistas e
não em pesquisas científicas. A definição ampla da sepse, como presença de
disfunção orgânica por resposta desregulada à infecção, foi bem recebida, já que a
noção prévia de sepse, provocada exclusivamente como uma resposta inflamatória do
hospedeiro, não é mais plausível do ponto de vista fisiopatológico. A não exigência da
presença de SIRS para o diagnóstico de sepse é aceita por alguns autores, já que
pelo menos um em cada oito pacientes graves com sepse não desenvolveu os
critérios para SIRS (35,36).
A facilitação da palavra sepse a uma condição grave também é de suma
importância, pois melhora o entendimento da sepse pelos profissionais de saúde e
também para o público leigo, que sempre que ouvir a palavra sepse fará a relação
com uma condição de saúde grave. Quanto à nova definição de choque séptico, ela foi
bem aceita no meio científico, quando compara à anterior, pois a falência circulatória e
metabólica ameaçadora à vida, associada à utilização inadequada de oxigênio pelas
células, é mais viável para o contexto (37).
Todavia, é importante salientar que a controvérsia entre a antiga e a nova
definição de sepse permanece. Os estudos para a nova definição foram realizados em
países considerados desenvolvidos. Antigas sociedades, como a Campanha
Sobrevivendo à Sepse (SSC) e seu representante no Brasil, o Instituto Latino-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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