Pequenas Notas de IRPC

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Bibliografia: PENE, Cláudio, apontamentos de Direito Fiscal

moçambicano, escolar editora, 2014; PEREIRA, Paula Rosário,

Tributação das Empresas em Moçambique, imposto sobre o rendimento

das pessoas colectivas, Almedina, 2017; IBRAHIMO, Ibrahimo, O

direito e a Fiscalidade, editor ART C, 2002; WATY, Teodoro Andrade,

Direito Tributário, edição W&W, 2013..

1.Tributação em IRPC

O código do IRPC ( CIRPC) foi aprovado pela lei n. 34/2007, de 31 de

dezembro e regulamento do código foi aprovado pelo Dec. n. 9/ 2008 de

16 de Abril.

Podemos caracterizar o IRPC como sendo um imposto:

● Sobre o rendimento: das pessoas colectivas;

● Directo: O IRPC é um imposto directo na medida em que incide

sobre a manifestação directa ou imediata da capacidade

contributiva;

● Real: porque visa a tributação dos rendimentos das pessoas

colectivas sem atender à sua situação pessoal;

● Periódico: porque se renova nos sucessivos períodos de

tributação, que normalmente são anuais;


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● Estadual: porque é o Estado o sujeito activo da relação jurídico -

tributária;

● Proporcional quanto a taxa ( artigo 61 do CIRPC)

● Global: porque incide sobre o conjunto de

rendimentos.provenientes de versas fontes;

● Principal: porque goza de autonomia, quer a nível normativo quer

ao nível das relações tributáveis concretas.

1.1. Incidência subjectiva

Os sujeitos passivos do IRPC encontra-se enumerados no artigo 2 do

CIRPC, considerando - se como tais, as pessoas colectivas ( sociedade

comercial, empresas públicas, cooperativas, etc.) Residentes e não

residentes, com personalidade jurídica ou sem personalidade jurídica.

A tributação das entidades sem personalidade jurídica ( sociedades

irregulares) visa impedir o uso da falta para na pagar impostos ou obter

vantagens fiscais.

Os sujeitos passivos residentes são divididos em duas categorias,

designadamente sujeitos passivos residentes que exerçam a título

principal uma actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e

sujeitos passivos residentes que não exerçam a título principal uma

actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola.


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Os sujeitos passivos não residentes também são divididos em duas

categorias, a saber: sujeitos passivos não residentes sem

estabelecimento estável.

O estabelecimento estável é um conceito criado para tributár em IRPC

aqueles casos em que uma pessoa colectiva não residentes em

território moçambicano, exerce actividade neste território, sem constituir

uma sociedade.

O conceito de estabelecimento estável é dado pelo artigo 3 do CIRPC,

segundo este artigo considera- se estabelecimento estável qualquer

instalação fixa através da qual seja exercida, total ou parcialmente, uma

actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, incluindo a

prestação de serviços.

Nestes termos são são sujeitos passivos de IRPC

● As sociedades comerciais;

● As sociedades civis sob forma comercial;

● As cooperativas;

● As empresas públicas;

● As demais pessoas colectivas de direito público ou privado.

1.2. Incidência Objectiva


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Em termos de incidência objectiva, nos termos do n. 1 do artigo 4 do

CIRPC incide sobre: o lucro ( tributável) dos sujeitos passivos residentes

que exerçam a título principal uma actividade comercial, industrial ou

agrícola ( por exemplo sociedades comerciais, cooperativas e empresas

públicas); o rendimento global dos sujeitos passivos residentes que não

exerçam na título principal uma actividade de natureza comercial,

industrial ou agrícola ( por exemplo as fundações e associações); o

lucro tributável do estabelecimento estável; e os rendimentos das

diversas categorias consideradas para efeitos do IRPS dos sujeitos

passivos não residentes sem estabelecimento no IRPC.

O rendimento global corresponde a soma algébrica dos rendimentos

das diversas categorias do IRPS obtidos durante o período de

tributação.

Os rendimentos das diversas categorias consideradas para efeitos do

IRPS são tributados de forma individualizada, através da retenção na

fonte com carácter definitivo, no momento e à medida que são

auferidos.

1.3. Âmbito de Sujeição

No que respeita aos residentes o IRPC incide sobre a totalidade dos

seus rendimentos, os obtidos em território moçambicano e os obtidos


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fora. Enquanto para os não residentes o âmbito de Sujeição é mais

restrito, pois, o imposto incide apenas sobre os rendimentos obtidos em

território moçambicano, independentemente da existência, ou não, de

outros rendimentos obtidos fora.

O n. 3 do artigo 5 do CIRPC enumera os rendimentos que se

consideram obtidos em território moçambicano.

1.2. Isenções

O CIRPC prevê algumas isenções ( excepções às regras de incidência).

As isenções no CIRPC encontram - se previstas no capítulo II. Estas

são Subjectivas ou pessoais, objectivas ou reiais e mistas.

As isenções subjectivas ou pessoais são concedidas atendendo e

considerando apenas a qualidade do sujeito passivo. Estás podem ser

automáticas ou a requerimento dos interessados.

As isenções subjectivas automáticas estão enumeradas no artigo 9; nas

alíneas a) e b) do n. 1 do artigo 10; artigo 12 e n. 2 do artigo 13,

designadamente, Estado, as autarquias locais e as associações ou

federações de municípios ( com excepção das que exerçem actividades

empresárias ); as instituições de segurança social e previdência social;

as entidades de bem público social ou cultural, devidamente

reconhecidas ( com excepção das que exerçam actividades


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empresariais ); as associações de utilidade pública a que se refere a lei

n. 8/91 de 18 de Julho, devidamente reconhecidas, relativamente à

exploração directa de jogos de diversão social, bufetes, restaurantes,

creches e serviços similares, edição ou comercialização de livros ou

objecto basico; as cooperativas agrárias, de artesanato e culturais

( isenção parcial - redução da taxa em 50%).

Estão também isentas do IRPC as entidades sujeitas ao regime de

transparência fiscal.

Nos termos do artigo 6 do CIRPC estão sujeitas ao regime de

transparência fiscal as sociedades civis não constituídas sob a forma

comercial;

● As sociedades de profissionais;

● As sociedades de simples administração de bens;

Estás sociedades determinam a matéria colectavel com base nas regras

do CIRPC ( n. 1 do artigo 6 do CIRPC) mas, porque se encontram

isentas, não pagam o IRPC ( n. 2 do artigo 13 do CIRPC). A sua matéria

colectavel é imputada aos sócios ou membros da sociedade ( n. 1 e 2

do artigo 6 do CIRPC). A matéria colectavel imputada aos sócios ou

membros considera- se rendimento líquido da segunda categoria do

IRPS, sendo tributado nesse imposto ( n. 1 e 2 do artigo 24 do CIRPS).

As isenções subjectivas a requerimento encontram-se previstas na

alínea c) do n. 1 do artigo 10, designadamente para as associações de


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mera utilidade pública que prossigam predominantemente fins

científicos ou culturais, de caridade, assistência ou beneficência

relativente à exploração directa de jogos de diversão social, buffetes,

restaurantes, creches, serviços similares, edição ou comercialização de

livros ou outras publicações que se destinem a complementar a

realização do seu objecto basico;

As isenções objectivas ou reais são concedidas em função do tipo de

rendimentos ou factos que a lei não pretende tributár ou pretende

reduzir a tributação. No entanto, porque na determinação das isenções

objectivas do IRPC é relevante a qualidade do sujeito que aufere os

rendimentos, preferimos designar estás isenções por mistas.

1.3. Período de tributação

Trata - se de um imposto, cuja período de tributação é de um ano, o

qual coincide com o ano civil, ou seja, de 01 de Janeiro a 31 de

Dezembro.

Entretanto, nem sempre o período de tributação é de um ano e, sendo

de um ano, nem sempre conlincide com o ano civil.

O período de tributação poderá ser de um ano mas não coincide com o

ano civil quando razões determinadas pelo tipo de actividade o

justifiquem, mediante autorização do Ministro das Finanças; e, no caso


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de entidades não residentes com estabelecimento estável, mediante

comunicação expressa à administração tributária.

Conforme o n. 4 do artigo 7 do CIRPC, o período de tributação poderá

ser inferior no ano civil no caso de início de actividade, cessação de

actividade, quando as condições de Sujeição a imposto ocorreram e

deixem de verificaram - se no mesmo exercício e no exercício em que

seja adoptado um período de tributação diferente do que vinha sendo

seguido.

Segundo o n. 5 do artigo 7 do CIRPC tratando - se de sociedades em

liquidação o período de tributação poderá ser superior a um ano. Neste

caso, todo o período de liquidação conta como um só exercício ( até ao

limite de três anos)

Exercícios

1. Com base na lei n. 34 / 2007 de 31 de Dezembro resolva os

seguintes exercícios:

a) O que entendes por estabelecimento estável?

b) imagine uma sociedade Chinesa, a qual foi adjudicada uma parte

da obra da ponte de Catembe, implementou um estaleiro, a partir

do qual vai exercer a sua actividade de subempreiteiro, por um


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período de um ano. Onde a sociedade Chinesa tem o seu

estabelecimento estável? E onde será tributado o lucro obtido?

2. Quais são entidades residentes? E quais entidades não residentes?

E um exemy para cada

3. Qual é a base da sujeição do imposto de rendimentos obtidos por não

residentes?

4 quais são rendimentos obtidos no território moçambicano?

5. O que é transparência fiscal? E diga quais são os objectivos da

transparência fiscal? E quais são entidades que se enquadram neste

regime?

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