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CFESS Manifesta

Conferência Mundial de Seguridade Social


Brasília, 1º de dezembro de 2010
Gestão Atitude Crítica para Avançar na Luta www.cfess.org.br

A Universalização da Seguridade Social Pública


é Possível, Necessária e Urgente!
A
construção de sistemas de seguridade social em na exploração do/a trabalhador/a em todas as suas A realização da I Conferência Mundial de Sis-
todo o mundo resulta de exigências históricas pre- dimensões e no esgarçamento de seus sonhos. Uma temas Universais de Seguridade Social no Brasil re-
sentes na relação capital X trabalho nas sociedades sociedade que prioriza a rentabilidade econômica em presenta uma oportunidade ímpar de potencializar
capitalistas contemporâneas, com o objetivo de man- detrimento das necessidades sociais não comporta a luta em defesa da seguridade social como direito
ter a acumulação do capital e ao mesmo tempo resulta nenhuma possibilidade e nenhuma ilusão de garantia social, problematizar concepções e formular propos-
das lutas e demandas legítimas da classe trabalhadora. de igualdade entre os homens e mulheres do planeta. tas e estratégias que tenham como norte a ampliação
Muitos homens e mulheres morreram, ao longo dos No Brasil, o conceito de seguridade social conquis- de cobertura pública à proteção social. Com o obje-
séculos XIX e XX, para conquistar direito à jornada tado com a Constituição de 1988 constitui um avanço, tivo de “estruturar as agendas políticas pela univer-
de trabalho, salários dignos, aposentadoria, pensões, apesar de abranger apenas as políticas de saúde, pre- salidade do direito à seguridade social nos âmbitos
atendimento médico e outros direitos sociais. vidência social e assistência social. Foram ampliados os nacionais e internacionais”, a organização do evento
Compreender este processo exige desmistificar mecanismos de gestão e controle social, por meio da destaca que “o momento de crise internacional e
relações que, muitas vezes, são naturalizadas e res- criação de Conferências e Conselhos, apesar de estes nacional exige um aprofundamento estratégico da
ponsabilizam individualmente o/a trabalhador/a pela mecanismos estarem, cada vez mais, sendo apropria- perspectiva universalista e o lançamento de uma
sua proteção social e de sua família. Isso só é possí- dos por segmentos e interesses corporativos. Na pre- agenda internacional que crie uma alternativa de ga-
vel a partir da recusa de análises imediatistas e seg- vidência social, o controle democrático da sociedade rantia dos direitos humanos em seguridade social no
mentadas e da adoção de concepções que tenham sobre o Estado ainda se manifesta de forma incipiente marco de um desenvolvimento humano integral”.
como norte a contextualização histórica e visão de e tímida. A Seguridade Social presente na Carta Mag- As/os assistentes sociais brasileiras/os, que traba-
totalidade, que reconheça o trabalho como elemen- na abriu a perspectiva para reconhecer a política de lham majoritariamente nas políticas que compõem a
to fundamental na construção dos sistemas de se- assistência social como direito, para estabelecer um seguridade social, têm muito a contribuir neste debate.
guridade social. Na sociedade do capital, a riqueza sistema público e universal de saúde e para ampliar os O Serviço Social brasileiro, em documento his-
produzida pelo trabalho não é socializada, o que faz direitos na previdência social. Mas sua proposta de se- tórico aprovado no Encontro Nacional CFESS/CRESS
com que parcelas imensas da classe trabalhadora guridade social não foi totalmente implementada e as em 2000, intitulado “Carta de Maceió – Seguridade
em todo o mundo vivam em condições de miséria e contrarreformas realizadas em 1998 e 2003 limitaram Social Pública é Possível” defende a ampliação do
exploração, sem terem suas necessidades básicas de os direitos da previdência social. Também o sistema de conceito mais abrangente de seguridade social, com
vida asseguradas. Esta realidade resulta do império saúde não se universalizou com qualidade e a assistên- a incorporação de outras políticas sociais e registra
do capital sobre o trabalho, sustentado por políticas cia social luta cotidianamente para se consolidar como que “a seguridade social é, sobretudo, um campo de
econômicas baseadas no lucro desenfreado e insano, política pública. luta e de formação de consciências críticas em rela-
CFESS Manifesta Conferência Mundial de Seguridade Social Brasília, 1º de dezembro de 2010

ção à desigualdade social no Brasil e de organiza- desafios permanentes e condição para consolidação
ção dos trabalhadores. Um terreno de embate que
requer competência teórica, política e técnica. Que
A Seguridade Social deve da seguridade social pública e universal. Os desafios
para universalização da seguridade, reafirmados na
exige uma rigorosa análise crítica da correlação de articular um amplo conjunto de agenda construída coletivamente pelos assistentes
forças entre classes e segmentos de classe, que inter- direitos sociais e constituir sociais em seu último Congresso, realizado em agos-
ferem nas decisões em cada conjuntura. Que força a um sistema de proteção social to deste ano, são intensos e requerem que sigamos
construção de proposições que se contraponham às
reações das elites político-econômicas do país”.
universal e equânime. (...) deve “atentos e fortes” na luta pela:
• Defesa intransigente do orçamento da segu-
Um campo de luta que tem que ser desvendado insurgir contra a política ridade social com base diversificada de finan-
visando o acerto das estratégias e ações. Na América econômica e garantir recursos ciamento e substituição das fontes de finan-
Latina e Caribe, 62% dos trabalhadores não contribuem progressivos e redistributivos. ciamento regressivas por fontes progressivas;
para a seguridade social. No Brasil, o governo come-
morou, recentemente, o “recorde” de cobertura previ- Estes são os desafios para • Defesa de uma reforma tributária justa e de-
mocrática, que priorize a progressão dos im-
denciária, que em 2009 alcançou 52% dos trabalha- a sua universalização, que é postos e redistribuição da renda e da riqueza;
dores ocupados, incluindo os trabalhadores de regimes possível e necessária! • Defesa da participação e controle democrático
próprios e regime geral de previdência social (RGPS). do orçamento público;
Esse “recorde”, no entanto, revela sua outra face: 48% sobre a existência de um suposto “déficit”- tão alar- • Estabelecimento de um Fundo Nacional da Se-
de trabalhadores/as ocupados/as não têm e não te- deado no momento de reajustar o salário mínimo e guridade Social;
rão acesso aos direitos da previdência social. Enorme as aposentadorias dos trabalhadores – o orçamento • Não renovação da DRU sobre as receitas da
parcela de trabalhadores/as encontra-se desprotegi- é superavitário se forem consideradas todas as fontes seguridade social;
da, mesmo tendo na venda de sua força de trabalho de custeio previstas constitucionalmente. Análise da • Integração mais estreita e articulada entre as
a única fonte de sobrevivência. Essa situação impacta, Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Recei- políticas da Seguridade Social;
sobretudo, as pessoas idosas: 11 milhões de trabalhado- ta Federal do Brasil (ANFIP) aponta que a seguridade • Reinstalação do Conselho Nacional da Seguri-
res ocupados com mais de 50 anos não têm proteção social representou mais de 80% de todo o superávit dade Social e ampliação do controle democrá-
previdenciária, sendo 2,2 milhões com mais de 60 anos. produzido pelo governo federal, em 2009, apesar da tico na seguridade social, com destaque para a
Com a restrição de acesso aos direitos previden- diminuição do resultado positivo com a crise. política de previdência social;
ciários provocada pelas contrarreformas empreendi- A “reforma tributária” (PEC 233), em tramitação • Ampliação dos direitos, alargando o conceito de
das nas últimas décadas, abrangendo trabalhadores no Congresso Nacional, agrava ainda mais a situação seguridade de forma a incorporar todos os direitos
de regime geral e de regime próprio, o cenário torna- ao propor o fim de orçamento próprio para a seguri- previstos no artigo 6º da Constituição Federal;
se mais preocupante. Destaca-se, entre várias medi- dade social, que na proposta em vigor, passará a dis- • Fortalecimento do SUS e seus princípios de
das adotadas, a inclusão do fator previdenciário no putar orçamento com áreas com forte poder de pres- universalidade, integralidade e equidade;
cálculo das aposentadorias, causando a redução no são. O Conjunto CFESS/CRESS, em parceria com outras • Ampliação do acesso a emprego e previdência social
valor dos benefícios e a ampliação de tempo de con- entidades que compõem o Fórum Brasil de Orçamento e incorporação dos desempregados no sistema;
tribuição para a aposentadoria proporcional. A lógica (FBO), lutou arduamente e continuará enfrentando • Fortalecimento das lutas contra a precarização
do seguro e a atratividade da política previdenciária mais essa contrarreforma, que atingirá o coração des- das políticas sociais e precarização do trabalho
para o mercado abrem caminho para a privatização, se sistema conquistado pelos/as trabalhadores/as. mediante o redirecionamento do fundo públi-
com a expansão dos fundos de pensão e dos seguros Na saúde, vive-se a ameaça ao Sistema Único de co e cessão do patrimônio e servidores para
privados. Tal condição da seguridade social brasileira Saúde (SUS) conquistado constitucionalmente, mas Organizações Sociais, OSCIPS (Organizações da
deixa sem nenhum tipo de proteção social os/as tra- ainda não consolidado, com a proposta das Fundações Sociedade Civil de Interesse Público), Funda-
balhadores/as desempregados/as e aqueles que, em- Estatais de Direito Privado e outras formas de gestão ções Estatais de Direito Privado, Cooperativas
bora ocupados/as, estão no mercado informal. Ape- privada, ameaçando os princípios constitutivos do SUS. e outras formas de gestão privada;
sar dos avanços na política de assistência social, seus A política de assistência social só se consolidará en- • Fortalecimento e consolidação do Sistema
benefícios e serviços não contemplam essa situação, quanto direito se as demais políticas sociais também se Único de Assistência Social como política pú-
pois ainda são marcados por coberturas focalizadas fortalecerem. A ampliação e consolidação de políticas de blica, direito social e dever do Estado.
e restritivas. transferência de renda e do Sistema Único de Assistência A Seguridade Social deve articular um amplo
Em relação ao financiamento, o orçamento ainda Social são requisitos fundamentais neste processo. conjunto de direitos sociais e constituir um siste-
se assenta predominantemente sobre a folha de sa- O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) ma de proteção social universal e equânime, deve
lário e prevalece a não aplicação de todas as fontes compreende que a seguridade social brasileira, fru- fortalecer os espaços de socialização da política e
de recurso da seguridade social em suas políticas. A to das lutas e conquistas da classe trabalhadora, sustentar-se na luta e movimento dos trabalhadores
Desvinculação da Receita da União (DRU) permite a é espaço de fortes disputas de recurso e de poder, e, deve, por fim, insurgir contra a política econômica
utilização anual de 20% do orçamento em outras des- constituindo-se em uma arena de conflitos. A defesa e garantir recursos progressivos e redistributivos. Es-
pesas, o que caracteriza uma usurpação dos recursos e ampliação dessas conquistas, e o posicionamen- tes são os desafios para a sua universalização, que é
da seguridade social, apesar de reiterados discursos to contrário às reformas neoliberais regressivas são possível e necessária!

Gestão Atitude Crítica para Avançar na Luta (2008-2011)


Presidente Ivanete Salete Boschetti (DF) Suplentes CFESS Manifesta Conferência
Vice-Presidente Sâmbara Paula Ribeiro (CE) Edval Bernardino Campos (PA) Mundial de Seguridade Social
1ª. Sec. Tânia Maria Ramos de Godoi Diniz (SP) Rodriane de Oliveira Souza (RJ) Conteúdo: Marinete Cordeiro
2ª. Secretária Neile d'Oran Pinheiro (AM) Marinete Cordeiro Moreira (RJ) Moreira e Ivanete Boschetti
SCS Quadra 2, Bloco C,
Edf. Serra Dourada, 1ª. Tesoureira Rosa Helena Stein (DF) Kênia Augusta Figueiredo (MG) (aprovado pela diretoria)
Salas 312-318 2ª. Tesoureira Telma Ferraz da Silva (BA) Erivã Garcia Velasco (MT) Assessoria de comunicação:
CEP: 70300-902 Conselho Fiscal Marcelo Sitcovsky Santos Pereira (PB) Diogo Adjuto - JP/DF 7823
Brasília - DF
Fone: (61) 3223.1652
Silvana Mara de Morais dos Santos (RN) Maria Elisa dos Santos Braga (SP) Rafael Werkema - JP/MG 11732
Fax: (61) 3223.2420 Pedro Alves Fernandes (MG) Maria Bernadette de Moraes Medeiros (RS) [email protected]
[email protected] Kátia Regina Madeira (SC) Marylucia Mesquita (CE) Design: Rafael Werkema

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