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Davi J.

Bungenstab

Capítulo 24
Forrageiras em sistemas de produção de
bovinos em integração
Roberto Giolo de Almeida
Rodrigo Amorim Barbosa
Ademir Hugo Zimmer
Armindo Neivo Kichel (in memoriam)
380 ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta

O potencial dos sistemas de produção em


integração no Brasil
A Embrapa tem intensificado o desenvolvimento e a transferência de tecnologias para
recuperação e intensificação de pastagens com sistemas de integração lavoura-pecuária
(ILP), como o Sistema Barreirão, o Sistema Santa Fé, o Sistema Santa Brígida, o Sistema
São Mateus, dentre outros, e, mais recentemente, com sistemas de integração lavoura-
-pecuária-floresta (ILPF).

Atualmente, com a crescente demanda internacional por produtos agropecuários, associada


à maior preocupação com os impactos ambientais causados pelos sistemas de produção, são
cada vez mais requeridas tecnologias que permitam uma melhor eficiência de uso da terra
com menores impactos negativos. O reflexo desta demanda sobre o Brasil, um dos únicos
atores mundiais com capacidade para atendê-la, é a tendência de avanço de lavouras e de
florestas plantadas sobre áreas com pastagens, principalmente, aquelas em algum estágio
de degradação. Nesse sentido, apesar do indicativo de diminuição de áreas com pastagens
cultivadas no Brasil, também há uma tendência de ligeiro aumento do efetivo bovino, como
consequência do aumento na eficiência de uso das pastagens cultivadas remanescentes,
por meio de tecnologias mais adequadas, com destaque para os sistemas de ILP e de ILPF.

A ILP, com uso de lavouras para renovação e/ou recuperação de pastagens, é uma tecnologia
bem estabelecida (Kluthcouski et al., 2003), entretanto, o uso do componente florestal em
sistemas pecuários ainda não é expressivo. Apesar de vários estudos mostrarem os benefícios
da inclusão de árvores em pastagens, como melhoria nas características microclimáticas, na
qualidade do solo, no bem-estar animal, na qualidade da forragem e na mitigação de gases
de efeito estufa, além da melhoria na beleza cênica da paisagem, ainda são limitadas as
informações sobre o manejo das forrageiras em sistemas de ILPF.

Por isso, neste capítulo, serão abordadas algumas alternativas de uso de forrageiras em
sistemas de integração.

Alternativas de uso de forrageiras em sistemas de ILPF


A escolha das forrageiras para uso em sistemas de ILPF deve se pautar, primeiramente, na
sua tolerância ao sombreamento, tendo em vista que nesta condição, as forrageiras irão
priorizar o crescimento da parte aérea em detrimento do sistema radicular e retardar o início
do florescimento. No entanto, quando são sombreadas, as gramíneas forrageiras tendem a
apresentar melhor valor nutritivo, com maior teor de proteína bruta e digestibilidade da
matéria seca.

De modo geral, as gramíneas forrageiras são mais sensíveis ao sombreamento na fase


de estabelecimento do que na fase produtiva, sendo que, para níveis de sombreamento
de 30% a 50%, as gramíneas Brachiaria brizantha (cvs. Marandu, Xaraés e Piatã), B.
decumbens (cv. Basilisk), Panicum maximum (cvs. Aruana, Mombaça e Tanzânia) e Panicum
spp. (cv. Massai) são consideradas tolerantes e com produção satisfatória em sistemas
de ILPF. Desse modo, o estabelecimento de gramíneas forrageiras a partir do primeiro
Capítulo 24
Forrageiras em sistemas de produção de bovinos em integração 381

ano do plantio das árvores tende a ser mais efetivo do que em sistemas com árvores já
desenvolvidas e com maior sombreamento.

O manejo de forrageiras em ILPF deve ser mais criterioso, ou seja, deve-se evitar a todo custo
manter a altura de pastejo abaixo do recomendado para a forrageira em questão, para permitir
maior acúmulo de reservas e favorecer a rebrotação.

Quanto às forrageiras leguminosas, de modo geral, elas tendem a ser menos tolerantes
ao sombreamento do que as gramíneas. Essas espécies têm baixa persistência em
períodos de sombreamento maiores que dois anos. Dentre as medianamente tolerantes
encontram-se: calopogônio (Calopogonium mucunoides), centrosema (Centrosema
pubescens) e puerária ou kudzu-tropical (Pueraria phaseoloides). O amendoim forrageiro
(Arachis pintoi) é considerado como tolerante ao sombreamento, entretanto, apresenta
lento processo de estabelecimento, enquanto os estilosantes (Stylosanthes sp.) e o siratro
(Macroptilium atropurpureum) são considerados de baixa tolerância ao sombreamento.
Portanto, recomenda-se que as leguminosas sejam utilizadas na fase inicial do sistema
de ILPF, mesmo que em monocultivo, visando melhoria da fertilidade do solo, ou em
consórcio com gramíneas, visando a melhoria na qualidade da dieta do rebanho.

Uso de forrageiras em ILP


Na recuperação ou renovação de pastagens degradadas com uso da agricultura, as culturas
podem ser utilizadas apenas no momento inicial, em monocultivo ou em consórcio com a
forrageira que se pretende implantar, ou podem ser utilizadas em ciclos de dois ou mais anos,
de acordo com os objetivos do sistema de produção, retornando, posteriormente, com a
implantação da pastagem.

Durante a fase produtiva ou de manutenção da pastagem, estima-se que, no primeiro ano do


estabelecimento, a produção forrageira e animal sejam, em média, de 30% a 40% superiores
em relação aos três ou quatro anos subsequentes, quando o potencial produtivo não é
limitado por problemas de clima, solo ou manejo animal inadequado. Neste período, também,
são indicados sistemas de integração com lavouras intercalares, para melhorar a fertilidade do
solo e manter a capacidade produtiva da pastagem em sucessão à cultura (Macedo, 2001;
Zimmer et al., 2004).

Na década de 1980 foi desenvolvida uma tecnologia para recuperação de pastagens


degradadas na região dos Cerrados, denominada Sistema Barreirão, que consiste no
preparo total do solo, com correção e adubação, antes da implantação de culturas de grãos,
como arroz, milho, milheto ou sorgo, em consórcio com gramíneas forrageiras perenes,
principalmente, braquiárias e andropógon. Esta tecnologia permite o estabelecimento da
pastagem logo após a colheita dos grãos e a amortização parcial ou total dos investimentos
empregados no processo de recuperação, com a receita proveniente da comercialização dos
grãos. Geralmente, culturas com maior custo de implantação, como o milho, possibilitam
menor amortização com a recuperação, entretanto, em decorrência do maior efeito residual
dos fertilizantes, tendem a proporcionar maior produtividade da pastagem em sequência.
382 ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta

O uso de forrageiras anuais como o milheto e o sorgo de corte e pastejo também é comum
na recuperação de pastagens degradadas. Essas forrageiras anuais podem ser semeadas
em monocultivo ou em consórcio com gramíneas forrageiras perenes, geralmente, as dos
gêneros Panicum e Brachiaria, tanto no verão como em semeaduras tardias (safrinha).
As forrageiras anuais possibilitam a disponibilidade de pasto em 30 a 60 dias antes das
gramíneas forrageiras perenes e maior produtividade de carne durante o ciclo da cultura,
podendo-se amortizar parcialmente os custos variáveis da recuperação, porém, em menor
proporção do que com as lavouras de grãos.

Na década de 1990, foi desenvolvida a tecnologia denominada “Sistema Santa Fé” com
uso de gramíneas forrageiras tropicais em consórcio com culturas anuais, em sistema
de plantio direto ou convencional. Essa tecnologia foi desenvolvida com o objetivo de
produzir forragem na entressafra e/ou palhada para o sistema plantio direto no ano agrícola
subsequente. Entretanto, a mesma pode ser utilizada também na recuperação/renovação de
pastagens. Tais sistemas são mais intensivos e especializados, tendo usualmente, a lavoura
como objetivo principal, e demandando também forrageiras mais produtivas, como as do
gênero Panicum. Todavia, gramíneas desse gênero são mais suscetíveis a erros de manejo.
Por isso, geralmente, os produtores preferem forrageiras do gênero Brachiaria, devido à
sua maior facilidade de manejo, tais como: limites mais amplos de altura de pastejo, maior
capacidade de rebrotação e de cobertura do solo, além de menor formação de touceiras e
maior facilidade de dessecação. Para manter o sistema em condições ótimas, é importante
utilizar taxas de semeadura mais elevadas e combinações de alta intensidade e frequência
de pastejo, visando aumentar a densidade populacional de perfilhos, modificando a
estrutura das touceiras e favorecendo uma maior cobertura do solo.

Para o uso de forrageiras em sistemas de integração, que apresentam maior complexidade,


nível de intensificação e valor agregado do produto, deve-se fazer, inicialmente, um diagnóstico
das condições do sistema de produção e adotar técnicas adequadas para estabelecimento
e manejo das forrageiras selecionadas, para a obtenção de resultados compatíveis com
o potencial esperado. No estabelecimento, deve ser dada muita atenção para a escolha da
espécie ou cultivar, qualidade da semente, taxa de semeadura, época e método de semeadura.

Um aspecto importante que alicerça o cultivo consorciado de culturas anuais e gramíneas


forrageiras perenes é o fato de que as forrageiras apresentam lento acúmulo de biomassa
durante o período em que as culturas anuais sofrem maior interferência por competição. Em
condições favoráveis de solo e clima, entretanto, as gramíneas forrageiras perenes podem
competir com as culturas anuais, diminuindo ou inviabilizando a produção de grãos e, neste
contexto, como forma de amenizar a competição das forrageiras, pode-se fazer uso de
estratégias como aplicação de subdoses de herbicidas em estágios iniciais de desenvolvimento
da forrageira; realização de semeadura mais profunda da forrageira, juntamente com o
fertilizante; ou semeadura da forrageira após a cultura de grãos já estabelecida.

Em meados da década de 2000, também foi desenvolvida uma tecnologia, denominada


“Sistema Santa Brígida”, para consórcio de leguminosas com a cultura do milho, com ou sem
gramíneas forrageiras, com a função de adubos verdes, melhorando o aporte de nitrogênio,
via fixação biológica, para a cultura consorciada e subsequente (Oliveira et al., 2010).
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Forrageiras em sistemas de produção de bovinos em integração 383

Estudos realizados na Embrapa Gado de Corte, com várias gramíneas forrageiras perenes em
consórcio com as culturas do milho e do sorgo, implantadas na safra e na safrinha para produção
de grãos, têm demonstrado que os capins Piatã e Massai apresentam menor competição com
estas culturas, enquanto o capim-mombaça apresenta maior competitividade, necessitando
do uso de herbicidas em subdosagem (Kichel et al., 2009). Estes consórcios também podem
ser utilizados para produção de silagem, principalmente na safra, entretanto, nestas condições,
como o corte é antecipado e mais drástico, o período para restabelecimento do capim para
pastejo é maior do que após a colheita dos grãos da cultura. Estratégias de colheita da
forragem em maior altura, bem como o uso de maiores doses de adubação, devido à maior
extração de nutrientes para silagem, são fundamentais para um melhor estabelecimento da
forrageira em sequência.

Nas condições de Cerrado, o consórcio de milho safrinha com braqui¬árias permite


manter a produção de grãos de milho safrinha e aumentar a produção de palha, buscando
viabilizar o plantio direto de qualidade, em sistemas que adotam a sucessão soja-milho
safrinha. Além disso, têm sido observados incrementos na produtividade da soja, variando
de 3 a 12 sacas/ha, em áreas anteriormente cultiva¬das com milho e gramíneas forrageiras
perenes (Kichel et al., 2012).

De acordo com Macedo (2009), sistemas de ILP que utilizam ciclos de três anos de
pastagem seguidos de um ano de lavoura ou de quatro anos de pastagem seguidos de
quatro anos de lavoura, apresentam maior produção animal, com o adicional da produção
de grãos, além dos efeitos positivos na qualidade do solo, demonstrando maior eficiência
econômica do que sistemas pecuários extensivos ou que fazem uso de adubação de
manutenção e/ou de leguminosas.

Para regiões com solos arenosos e distribuição irregular das chuvas, foi desenvolvida a
tecnologia denominada “Sistema São Mateus”, que visa a recuperação da pastagem para
permitir condições adequadas de plantio direto para a introdução de lavouras em rotação
com a pastagem (Salton et al., 2013).

Uso de forrageiras em ILPF


O componente arbóreo, por ter mais tempo de permanência no sistema, e por ter grande
influência na produtividade dos demais componentes (lavoura, forrageira e animal), deve
ser escolhido com muito cuidado, a partir do diagnóstico das condições e dos objetivos do
sistema de produção, assim como a definição da orientação e do arranjo espacial das árvores.

A orientação das fileiras de árvores deve seguir o nível do terreno, para favorecer a
conservação do solo e da água e, no caso de terrenos com terraceamento, as fileiras de
árvores devem ser implantadas no terço inferior dos terraços. Entretanto, em terrenos
planos a suavemente ondulados, a orientação das fileiras de árvores deve seguir o
sentido Leste-Oeste, que permite maior incidência luminosa no sub-bosque. No caso da
necessidade de orientação das fileiras de árvores no sentido Norte-Sul, recomendam-se
espaçamentos mais amplos entre fileiras de árvores.

Espaçamentos entre fileiras ou renques de árvores podem variar de 9 a 50 m, sendo que


espaçamentos menores limitam a produção dos demais componentes.
384 ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta

Durante o primeiro ano do estabelecimento das árvores, deve-se deixar uma faixa sem
vegetação, de um metro para cada lado da fileira de árvores, por meio de capina manual,
mecânica ou química. Na execução dessas ações, deve-se ter cuidado com a proteção das
árvores, para evitar injúrias. Na fase inicial de desenvolvimento, o efeito das árvores sobre
as culturas e forrageiras é pequeno.

Quando as árvores atingem o tamanho adequado, o que possibilita a presença de animais,


é importante que se faça o corte dos ramos, ou desrama, para evitar injúrias às árvores. O
desbaste ou corte seletivo das árvores pode ser feito de acordo com o objetivo do sistema,
servindo para reforçar o fluxo de caixa e para aumentar a entrada de luz no sub-bosque,
favorecendo o desenvolvimento dos componentes associados.

A escolha de plantas forrageiras para uso nestes sistemas está focada na sua capacidade
de adaptação às condições de sombreamento que podem modificar sua morfofisiologia.
A baixa luminosidade promove alterações morfológicas no dossel forrageiro que
permitem aumentar a interceptação de luz com menor índice de área foliar (IAF), por meio
do aumento da área foliar específica (Paciullo et al., 2007).

O componente arbóreo pode trazer vantagens aos sistemas de integração pelo


incremento no conteúdo de nitrogênio da gramínea forrageira sombreada, permitindo
maiores ganhos por animal. Entretanto, o crescimento da forrageira pode ser limitado
não somente pela condição de sombreamento excessivo, mas também, como nos
sistemas tradicionais, pela baixa umidade do solo e disponibilidade de nutrientes,
principalmente o nitrogênio.

Em um experimento de longa duração conduzido na Embrapa Gado de Corte, em


Campo Grande, MS, foram implantados dois sistemas de ILPF, como estratégias de
renovação de pastagens degradadas de braquiária. Foi realizado preparo total do solo
com semeadura da soja, em outubro de 2008. Em janeiro de 2009 foi realizado o plantio
de Eucalyptus urograndis (clone H-13) em densidades de 227 árvores/ha (ILPF1) e 357
árvores/ha (ILPF2) (Figura 1). Sobre os restos culturais da soja, foi semeado o capim-
-piatã, em abril de 2009.

Na época, contabilizou-se um custo de implantação com insumos e serviços de R$ 2.074,00


e R$ 2.218,00, para os sistemas ILPF1 e ILPF2, respectivamente. Com a comercialização da
soja (média de 2.100 kg/ha) e de uma colheita de forragem para feno (média de 4.000 kg/ha),
em setembro/outubro de 2009, obteve-se amortização dos custos de 85% e 79%, para
os sistemas ILPF1 e ILPF2, respectivamente. Se fosse cultivada uma nova safra, em 2010,
ou mesmo uma safrinha, ainda em 2009, possivelmente, os custos dos sistemas de ILPF
teriam sido totalmente amortizados aos 15 meses após o plantio do eucalipto, momento
em que foram introduzidos os animais em pastagem substancialmente melhorada. Estes
dados demonstram que, em situações onde já se pratica a pecuária de corte, os custos de
implantação de sistemas de ILPF não chegam a ser limitantes, pois os investimentos em
cercas, bebedouros e aquisição de animais não são considerados (Almeida, 2010).

Neste mesmo experimento, a pastagem de capim-piatã foi avaliada na época seca


(agosto de 2010), tendo sido observado que os teores de proteína bruta na folha
e no colmo da forrageira foram maiores nas áreas à sombra do que nas áreas ao sol.
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Forrageiras em sistemas de produção de bovinos em integração 385

Na folha, também foi observada maior digestibilidade in vitro da matéria orgânica à


sombra (63,2%) do que ao sol (54,1%), indicando melhor valor nutritivo de pastos em
ILPF. Também, foi observado que os animais apresentavam preferência de pastejo pelas
áreas sombreadas, que favorecem o conforto térmico. Na tabela 1, são apresentados
os resultados de produção animal (recria de fêmeas Nelore), em cinco experimentos
realizados de novembro de 2010 a abril de 2016, tendo um sistema de ILP, com cinco
árvores nativas por hectare, como comparativo.

Ao obsevar os valores relativos de produção animal por área, percebe-se que com o
passar do tempo, ocorre uma diminuição na produção nos sistemas de ILPF, em relação
ao sistema de ILP, devido ao aumento do sombreamento imposto pelo crescimento das
árvores. No sistema ILPF1, a queda foi de 89% para 61% e, no sistema ILPF2, com maior
densidade de árvores, de 85% para 31%.

Tabela 1. Ganho médio diário (GMD), ganho de peso vivo por áera (GPV) e taxa de lotação
(TL) com recria de fêmeas Nelore em três sistemas de integração, Campo Grande, MS.
Sistema GMD (g/ha) GPV (kg/ha) TL (UA/ha)
novembro/2010 a maio/2011 (3º ano -a)
ILP (5 árvores/ha) 493 132 (100) 1,7
ILPF 22x2m (227 árvores/ha) 449 118 (89) 1,8
ILPF 14x2m (357 árvores/ha) 406 112 (85) 1,8
junho/2011 a julho/2012 (4º ano - b)
ILP (5 árvores/ha) 385 537 (100) 1,5
ILPF 22x2m (227 árvores/ha) 367 459 (85) 1,3
ILPF 14x2m (357 árvores/ha) 385 334 (62) 1,0
dezembro/2013 a agosto /2014 (5º ano - c)
ILP (5 árvores/ha) 521 266 (100) 1,5
ILPF 22x2m (227 árvores/ha) 568 231 (87) 1,3
ILPF 14x2m (357 árvores/ha) 585 168 (63) 1,0
setembro/2014 a fevereiro/2015 (6º ano - d)
ILP (5 árvores/ha) 375 445 (100) 2,7
ILPF 22x2m (227 árvores/ha) 388 370 (83) 2,2
ILPF 14x2m (357 árvores/ha) 442 240 (54) 1,3
maio/2015 a abril/2016 (7º ano - e)
ILP (5 árvores/ha) 412 376 (100) 1,9
ILPF 22x2m (227 árvores/ha) 510 228 (61) 1,1
ILPF 14x2m (357 árvores/ha) 541 118 (31) 0,7

Fonte: Adaptado de Oliveira et al. (2012a; 2014b)... (2018c)... (2017d)... (2018e), Barros (2018), Gamarra (2017) e
Pereira (2017).
386 Fotos: Davi J. Bungenstab
ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta

Figura 1. Experimento de sistema de ILPF com pastagem de capim-piatã com duas alturas de pastejo, eucalipto
em linhas simples com espaçamentos de 14 e 22 metros entre linhas.

Como estratégia para minimizar a queda na produção pecuária em sistemas de ILPF, o


desbaste pode ser realizado de acordo com o objetivo do sistema de produção. No
presente trabalho, o desbaste foi realizado em 2017, com a retirada de 50% das árvores
do sistema ILPF1 e de 75% das árvores do sistema ILPF2, sendo que o corte das árvores
remanescentes está programado para 2021.

A quantidade de árvores remanescentes permite que estes sistemas de ILPF sejam


enquadrados no protocolo Carne Carbono Neutro, pois é possível neutralizar as emissões
de metano dos animais em pastejo (Alves et al., 2015; Almeida et al., 2016), com potencial
para maior valorização da produção (Pereira et al., 2019).

Considerações finais
As principais forrageiras cultivadas no Brasil podem ser utilizadas em sistemas de ILPF,
embora não tenham sido selecionadas para esta finalidade específica. Além disso, os
fundamentos do comportamento de forrageiras sob condições de sombreamento
são bem conhecidos, mas estudos de longa duração sobre as interações com outros
componentes em sistemas de ILPF são ainda limitados.

Sistemas de ILPF para recuperação e intensificação do uso de pastagens têm grande


potencial de viabilidade, do ponto de vista técnico, ambiental e socioeconômico, frente às
demandas atuais. Estes sistemas, por serem mais complexos, exigem a interação de várias
áreas do conhecimento para estudos mais aprofundados e de longa duração.

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Capítulo 24
Forrageiras em sistemas de produção de bovinos em integração 387

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