For Rage Ira Sem Siste Made Produc A o
For Rage Ira Sem Siste Made Produc A o
For Rage Ira Sem Siste Made Produc A o
Bungenstab
Capítulo 24
Forrageiras em sistemas de produção de
bovinos em integração
Roberto Giolo de Almeida
Rodrigo Amorim Barbosa
Ademir Hugo Zimmer
Armindo Neivo Kichel (in memoriam)
380 ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta
A ILP, com uso de lavouras para renovação e/ou recuperação de pastagens, é uma tecnologia
bem estabelecida (Kluthcouski et al., 2003), entretanto, o uso do componente florestal em
sistemas pecuários ainda não é expressivo. Apesar de vários estudos mostrarem os benefícios
da inclusão de árvores em pastagens, como melhoria nas características microclimáticas, na
qualidade do solo, no bem-estar animal, na qualidade da forragem e na mitigação de gases
de efeito estufa, além da melhoria na beleza cênica da paisagem, ainda são limitadas as
informações sobre o manejo das forrageiras em sistemas de ILPF.
Por isso, neste capítulo, serão abordadas algumas alternativas de uso de forrageiras em
sistemas de integração.
ano do plantio das árvores tende a ser mais efetivo do que em sistemas com árvores já
desenvolvidas e com maior sombreamento.
O manejo de forrageiras em ILPF deve ser mais criterioso, ou seja, deve-se evitar a todo custo
manter a altura de pastejo abaixo do recomendado para a forrageira em questão, para permitir
maior acúmulo de reservas e favorecer a rebrotação.
Quanto às forrageiras leguminosas, de modo geral, elas tendem a ser menos tolerantes
ao sombreamento do que as gramíneas. Essas espécies têm baixa persistência em
períodos de sombreamento maiores que dois anos. Dentre as medianamente tolerantes
encontram-se: calopogônio (Calopogonium mucunoides), centrosema (Centrosema
pubescens) e puerária ou kudzu-tropical (Pueraria phaseoloides). O amendoim forrageiro
(Arachis pintoi) é considerado como tolerante ao sombreamento, entretanto, apresenta
lento processo de estabelecimento, enquanto os estilosantes (Stylosanthes sp.) e o siratro
(Macroptilium atropurpureum) são considerados de baixa tolerância ao sombreamento.
Portanto, recomenda-se que as leguminosas sejam utilizadas na fase inicial do sistema
de ILPF, mesmo que em monocultivo, visando melhoria da fertilidade do solo, ou em
consórcio com gramíneas, visando a melhoria na qualidade da dieta do rebanho.
O uso de forrageiras anuais como o milheto e o sorgo de corte e pastejo também é comum
na recuperação de pastagens degradadas. Essas forrageiras anuais podem ser semeadas
em monocultivo ou em consórcio com gramíneas forrageiras perenes, geralmente, as dos
gêneros Panicum e Brachiaria, tanto no verão como em semeaduras tardias (safrinha).
As forrageiras anuais possibilitam a disponibilidade de pasto em 30 a 60 dias antes das
gramíneas forrageiras perenes e maior produtividade de carne durante o ciclo da cultura,
podendo-se amortizar parcialmente os custos variáveis da recuperação, porém, em menor
proporção do que com as lavouras de grãos.
Na década de 1990, foi desenvolvida a tecnologia denominada “Sistema Santa Fé” com
uso de gramíneas forrageiras tropicais em consórcio com culturas anuais, em sistema
de plantio direto ou convencional. Essa tecnologia foi desenvolvida com o objetivo de
produzir forragem na entressafra e/ou palhada para o sistema plantio direto no ano agrícola
subsequente. Entretanto, a mesma pode ser utilizada também na recuperação/renovação de
pastagens. Tais sistemas são mais intensivos e especializados, tendo usualmente, a lavoura
como objetivo principal, e demandando também forrageiras mais produtivas, como as do
gênero Panicum. Todavia, gramíneas desse gênero são mais suscetíveis a erros de manejo.
Por isso, geralmente, os produtores preferem forrageiras do gênero Brachiaria, devido à
sua maior facilidade de manejo, tais como: limites mais amplos de altura de pastejo, maior
capacidade de rebrotação e de cobertura do solo, além de menor formação de touceiras e
maior facilidade de dessecação. Para manter o sistema em condições ótimas, é importante
utilizar taxas de semeadura mais elevadas e combinações de alta intensidade e frequência
de pastejo, visando aumentar a densidade populacional de perfilhos, modificando a
estrutura das touceiras e favorecendo uma maior cobertura do solo.
Estudos realizados na Embrapa Gado de Corte, com várias gramíneas forrageiras perenes em
consórcio com as culturas do milho e do sorgo, implantadas na safra e na safrinha para produção
de grãos, têm demonstrado que os capins Piatã e Massai apresentam menor competição com
estas culturas, enquanto o capim-mombaça apresenta maior competitividade, necessitando
do uso de herbicidas em subdosagem (Kichel et al., 2009). Estes consórcios também podem
ser utilizados para produção de silagem, principalmente na safra, entretanto, nestas condições,
como o corte é antecipado e mais drástico, o período para restabelecimento do capim para
pastejo é maior do que após a colheita dos grãos da cultura. Estratégias de colheita da
forragem em maior altura, bem como o uso de maiores doses de adubação, devido à maior
extração de nutrientes para silagem, são fundamentais para um melhor estabelecimento da
forrageira em sequência.
De acordo com Macedo (2009), sistemas de ILP que utilizam ciclos de três anos de
pastagem seguidos de um ano de lavoura ou de quatro anos de pastagem seguidos de
quatro anos de lavoura, apresentam maior produção animal, com o adicional da produção
de grãos, além dos efeitos positivos na qualidade do solo, demonstrando maior eficiência
econômica do que sistemas pecuários extensivos ou que fazem uso de adubação de
manutenção e/ou de leguminosas.
Para regiões com solos arenosos e distribuição irregular das chuvas, foi desenvolvida a
tecnologia denominada “Sistema São Mateus”, que visa a recuperação da pastagem para
permitir condições adequadas de plantio direto para a introdução de lavouras em rotação
com a pastagem (Salton et al., 2013).
A orientação das fileiras de árvores deve seguir o nível do terreno, para favorecer a
conservação do solo e da água e, no caso de terrenos com terraceamento, as fileiras de
árvores devem ser implantadas no terço inferior dos terraços. Entretanto, em terrenos
planos a suavemente ondulados, a orientação das fileiras de árvores deve seguir o
sentido Leste-Oeste, que permite maior incidência luminosa no sub-bosque. No caso da
necessidade de orientação das fileiras de árvores no sentido Norte-Sul, recomendam-se
espaçamentos mais amplos entre fileiras de árvores.
Durante o primeiro ano do estabelecimento das árvores, deve-se deixar uma faixa sem
vegetação, de um metro para cada lado da fileira de árvores, por meio de capina manual,
mecânica ou química. Na execução dessas ações, deve-se ter cuidado com a proteção das
árvores, para evitar injúrias. Na fase inicial de desenvolvimento, o efeito das árvores sobre
as culturas e forrageiras é pequeno.
A escolha de plantas forrageiras para uso nestes sistemas está focada na sua capacidade
de adaptação às condições de sombreamento que podem modificar sua morfofisiologia.
A baixa luminosidade promove alterações morfológicas no dossel forrageiro que
permitem aumentar a interceptação de luz com menor índice de área foliar (IAF), por meio
do aumento da área foliar específica (Paciullo et al., 2007).
Ao obsevar os valores relativos de produção animal por área, percebe-se que com o
passar do tempo, ocorre uma diminuição na produção nos sistemas de ILPF, em relação
ao sistema de ILP, devido ao aumento do sombreamento imposto pelo crescimento das
árvores. No sistema ILPF1, a queda foi de 89% para 61% e, no sistema ILPF2, com maior
densidade de árvores, de 85% para 31%.
Tabela 1. Ganho médio diário (GMD), ganho de peso vivo por áera (GPV) e taxa de lotação
(TL) com recria de fêmeas Nelore em três sistemas de integração, Campo Grande, MS.
Sistema GMD (g/ha) GPV (kg/ha) TL (UA/ha)
novembro/2010 a maio/2011 (3º ano -a)
ILP (5 árvores/ha) 493 132 (100) 1,7
ILPF 22x2m (227 árvores/ha) 449 118 (89) 1,8
ILPF 14x2m (357 árvores/ha) 406 112 (85) 1,8
junho/2011 a julho/2012 (4º ano - b)
ILP (5 árvores/ha) 385 537 (100) 1,5
ILPF 22x2m (227 árvores/ha) 367 459 (85) 1,3
ILPF 14x2m (357 árvores/ha) 385 334 (62) 1,0
dezembro/2013 a agosto /2014 (5º ano - c)
ILP (5 árvores/ha) 521 266 (100) 1,5
ILPF 22x2m (227 árvores/ha) 568 231 (87) 1,3
ILPF 14x2m (357 árvores/ha) 585 168 (63) 1,0
setembro/2014 a fevereiro/2015 (6º ano - d)
ILP (5 árvores/ha) 375 445 (100) 2,7
ILPF 22x2m (227 árvores/ha) 388 370 (83) 2,2
ILPF 14x2m (357 árvores/ha) 442 240 (54) 1,3
maio/2015 a abril/2016 (7º ano - e)
ILP (5 árvores/ha) 412 376 (100) 1,9
ILPF 22x2m (227 árvores/ha) 510 228 (61) 1,1
ILPF 14x2m (357 árvores/ha) 541 118 (31) 0,7
Fonte: Adaptado de Oliveira et al. (2012a; 2014b)... (2018c)... (2017d)... (2018e), Barros (2018), Gamarra (2017) e
Pereira (2017).
386 Fotos: Davi J. Bungenstab
ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta
Figura 1. Experimento de sistema de ILPF com pastagem de capim-piatã com duas alturas de pastejo, eucalipto
em linhas simples com espaçamentos de 14 e 22 metros entre linhas.
Considerações finais
As principais forrageiras cultivadas no Brasil podem ser utilizadas em sistemas de ILPF,
embora não tenham sido selecionadas para esta finalidade específica. Além disso, os
fundamentos do comportamento de forrageiras sob condições de sombreamento
são bem conhecidos, mas estudos de longa duração sobre as interações com outros
componentes em sistemas de ILPF são ainda limitados.
Referências
ALMEIDA, R. G. Sistemas agrossilvipastoris: benefícios técnicos, econômicos, ambientais e sociais. In: ENCONTRO
SOBRE ZOOTECNIA DE MATO GROSSO DO SUL, 7, 2010, Campo Grande, MS. Anais... Campo Grande, MS: UFMS,
2010. p. 1-10.
ALMEIDA, R. G.; GOMES, R. C.; SILVA, V. P.; ALVES, F. V.; FEIJÓ, G. L. D.; FERREIRA, A. D.; OLIVEIRA, E.; BUNGENSTAB,
D. J. Carbon Neutral Brazilian Beef: testing its guidelines through a case study. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM
ON GREENHOUSE GASES IN AGRICULTURE, 2., 2016, Campo Grande, MS. Proceedings... Campo Grande, MS:
Embrapa Gado de Corte, 2016. p. 277-281.
Capítulo 24
Forrageiras em sistemas de produção de bovinos em integração 387
ALVES, F. V.; ALMEIDA, R. G.; LAURA, V. A.; SILVA, V. P.; MACEDO, M. C. M.; MEDEIROS, S. R.; FERREIRA, A. D.; GOMES,
R. C.; ARAÚJO, A. R.; MONTAGNER, D. B.; BUNGENSTAB, D. J.; FEIJÓ, G. L. D. Carne Carbono Neutro: um novo
conceito para carne sustentável produzida nos trópicos. Brasília, DF: Embrapa, 2015. 29 p. (Embrapa Gado de
Corte. Documentos, 210).
BARROS, J. S.; CASTRO, L. C. S.; SILVA, F. L.; ALVES, F. V.; ALMEIDA, R. G.; SANTOS, D. M.; LOURES, D. R. S. Productive
and nutritional characteristics of Piatã-grass in integrated systems. Revista Brasileira de Saúde e Produção
Animal, v. 19, n. 2, p. 144-156, 2018.
GAMARRA, E. L.; MORAIS, M. G.; ALMEIDA, R. G.; PALUDETTO, N. A.; PEREIRA, M.; OLIVEIRA, C. C. Beef cattle
production in established integrated systems. SEMINA. CIÊNCIAS AGRÁRIAS, v. 38, n. 5, p. 3241-3251, 2017.
KICHEL, A. N.; COSTA, J. A. A. da; ALMEIDA, R. G. de Cultivo simultâneo de capins com milho na safrinha:
produção de grãos, de forragem e de palhada para plantio direto. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte,
2009. 24 p. (Embrapa Gado de Corte. Documentos, 177).
KLUTHCOUSKI, J.; STONE, L. F.; AIDAR, H. (Ed.). Integração lavoura-pecuária. Santo Antônio de Goiás, GO:
Embrapa Arroz e Feijão, 2003. 570 p.
MACEDO, M. C. M. Integração lavoura e pecuária: alternativa para sustentabilidade da produção animal. In:
SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 18., 2001, Piracicaba. Planejamento de sistemas de produção em
pastagens: anais. Piracicaba, SP: FEALQ, 2001. p. 257-283.
MACEDO, M. C. M. Integração lavoura e pecuária: o estado da arte e inovações tecnológicas. Revista Brasileira
de Zootecnia, Suplemento especial. Edição dos Anais da 46. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Zootecnia, Maringá. v.38, p. 133-146, jul. 2009.
OLIVEIRA, C. C.; COELHO, F. S.; VILLELA, S. D. J.; ALMEIDA, R. G.; MACEDO, M. C. M.; BEHLING NETO, A.; COSTA, P. M.;
ARAÚJO, S. A. C. Desempenho produtivo de bezerras Nelore em sistemas de integração, em duas épocas do ano.
In: ZOOTEC 2012, 2012, Cuiabá, MT. Anais... Cuiabá, MT: UFMT; ABZ, 2012. p. 1-3.
OLIVEIRA, C. C.; VILLELA, S. D. J.; ALMEIDA, R. G.; ALVES, F. V.; BEHLING NETO, A.; MARTINS, P. G. M. A. Performance
of Nellore heifers, forage mass, and structural and nutritional characteristics of Brachiaria brizantha grass in
integrated production systems. Tropical Animal Health and Production, v. 45, n. 1, p. 167-172, 2014.
OLIVEIRA, P.; KLUTHCOUSKI, J.; FAVARIN, J. L.; SANTOS, D. C. Sistema Santa Brígida – Tecnologia Embrapa:
consorciação de milho com leguminosas. Santo Antônio de Goiás, GO: Embrapa Arroz e Feijão, 2010. 16 p.
(Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 88).
PACIULLO, D. S. C.; CARVALHO, C. A. B.; AROEIRA, L. J. M.; MORENZ, M. J. F.; LOPES, F. C. F.; ROSSIELLO, R. O. P.
Morfofisiologia e valor nutritivo do capim-braquiária sob sombreamento natural e a sol pleno. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v. 42, n. 4, p. 573-579, 2007.
PEREIRA, M. A.; ALMEIDA, R. G.; LAURA, V. A.; COSTA, F. P.; ALVES, F. V. Carbon Neutral Brazilian Beef: an analysis
of its economic viability for livestock sustainable intensification. In: INTERNATIONAL FARM MANAGEMENT
CONGRESS, 22, 2019, Launceston, Australia. Proceedings... Launceston, Australia: IFMA, 2019. p. 1-13.
SALTON, J. C.; KICHEL, A. N.; ARANTES, M.; KRUKER, J. M.; ZIMMER, A. H.; MERCANTE, F. M.; ALMEIDA, R. G. Sistema
São Mateus: sistema de integração lavoura-pecuária para a região do Bolsão Sul-Mato-Grossense. Dourados,
MS: Embrapa Agropecuária Oeste, 2013. 6 p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Comunicado Técnico, 186).
ZIMMER, A. H.; MACEDO, M. C. M.; KICHEL. A. N.; EUCLIDES, V. P. B. Integrated agropastoral production systems.
In: GUIMARÃES, E. P.; SANZ, J. I.; RAO, I. M.; AMÉZQUITA, M. C.; AMÉZQUITA, E.; THOMAS, R. J. (Ed.). Agropastoral
systems for the tropical savannas of Latin America. Cali: CIAT; Brasília, DF: Embrapa, 2004. p. 253-290. (CIAT
Publication, 338).