Resumes TAN Livro Miguel de Brito

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Resumes IED II Miguel Nogueira de Brito

Capítulo IV – Direito e Tempo

1. Dimensão temporal das fontes, em especial a lei e os seis desvalores

Qualquer ordem jurídica assente no predomínio da experiência legislativa se renove


essencialmente através da revogação das leis anteriores pelas leis posteriores (art. 7º/1 CC) e
também que estas só disponham para o futuro (art. 12º/1 CC).
As leis posteriores podem não chegar a revogar as leis anteriores, quando não cumpram
determinados requisitos que dizem respeito à sua existência, validade e eficácia.
Também pode acontecer que uma lei não disponha para o futuro, vendo os seus efeitos
Projetados também no passado, caso em que dizemos que essa mesma lei é retroativa.
Ou seja, quando procuramos a norma aplicável a um caso concreto temos, antes de mais, de
apurar
se o ato legislativo em que a mesma se contenha existe, é válido e eficaz.

Existem casos de inexistência por determinação da Constituição (art. 137º CRP). Mas
também há
casos de inexistência por natureza (art. 286º/3 CRP estabelece que o PR não pode recusar a
promulgação da lei de revisão. Se não há lei constitucional, o PR não está obrigado a
promulgar a
lei constitucional inexistente.

Também existem requisitos de validade a ter em conta.


Os atos normativos inválidos são, em regra geral, nulos – a forma mais grave da invalidade –
e não
simplesmente anuláveis. A nulidade consiste no vicio mais grave no seio da invalidade,
impede a
produção de quaisquer efeitos pelo ato que afeta e pode ser declarada em qualquer momento
por
qualquer tribunal, a pedido de qualquer interessado. Pelo contrário, a anulabilidade consiste
no
vício menos grave da invalidade, só impede a produção de efeitos depois de ser declarada a
pedido
dos interessados a favos dos quais o vicio é estabelecido, o que deve ser feito dentro dum
determinado prazo, considerando-se sanada pelo decurso desse prazo.
Os atos mais comuns da nulidade do ato normativo são a inconstitucionalidade ou a
ilegalidade,
devendo entender-se pela primeira a desconformidade do ato com a constituição e pela
segunda a
desconformidade dum ato com o disposto numa lei de valor reforçado.
Para além de existir e ser válido, o ato normativo tem ainda de ser eficaz. A eficácia dos atos
normativos depende da respetiva publicação no jornal oficial, como decorre do disposto no
art. 119º/2 da CRP e do art. 5º/1 do CC. Apesar de a eficácia ser um desvalor menos grave do
ato normativo do que a respetiva invalidade, a verdade é que, ao contrário do ato inválido, o
ato ineficaz não produz quaisquer efeitos, enquanto aquele, mesmo em caso de nulidade,
carece de ser declarado como tal pelos tribunais.

2. Entrada em vigor das leis

A lei só se torna obrigatória depois de publicação no jornal oficial (art. 5º/1 CC). O art. 2º/1
da
Lei 74/98 determina que o início de vigência dos atos legislativos não pode, em caso algum,
verificar-se no próprio dia da respetiva publicação.
A vacatio legis equivale ao período que medeia entre a publicação do ato no Diário da
República e
o inicio da respetiva vigência, destinado a permitir o conhecimento da lei por parte dos seus
destinatários. Segundo o art. 2º/2 da Lei 74/98, na falta de fixação do dia, os atos legislativos
entram em vigor, em todo o território nacional e no estrangeiro, no quinto dia após a
publicação.
Este prazo equivale a um prazo de cinco dias, ou seja, conta-se a partir do dia imediato ao da
sua
disponibilização. As declarações de retificações devem ser publicadas até 60 dias após a
publicação
do texto retificando; a não observância deste prazo determina a nulidade do ato de retificação.
As
declarações de retificação reportam os efeitos à data da entrada em vigor do texto retificado.

3. Cessão de vigência das leis

As leis podem cessar a sua vigência em virtude de revogação, caducidade, desuso e costume
contra
legem.

2
3.1 Revogação

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