Síntese Ied II
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Vide JOSÉ DE OLIVEIRA ASCENSÃO, O Direito – Introdução e Teoria Geral
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Vide MARCELO REBELO DE SOUSA/ SOFIA GALVÃO, Introdução ao Estudo do Direito
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Vide MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA, Introdução ao Direito
4
Vide MIGUEL NOGUEIRA DE BRITO, Introdução ao Estudo do Direito
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TUTORIA DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II
Regência: Prof. Dr. Miguel Nogueira de Brito
Tutor: Gonçalo Caro
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art.140º/2 CRP). O ato legislativo encontra-se de tal forma desconforme com o direito que
não existem bases que permitam identificar que estamos diante de um ato jurídico. A lei
inexistente é uma mera aparência de lei que não produz qualquer efeito.
b) Invalidade: regime regra da lei que desrespeita uma regra sobre produção jurídica contida na
CRP. A lei inválida pode-se reconhecer como tal, mas não respeita certos critérios de
produção normativa. Os vícios que geram a invalidade são a inconstitucionalidade formal (Ex:
art.116º/2 CRP), orgânica (Ex: DL emanado do Governo em matéria da competência
exclusiva da AR) e material (discordância com princípios não essências da CRP).
Dentro da invalidade importa distinguir entre nulidade (invalidade mais intensa) e
anulabilidade (invalidade menos intensa). O ato nulo é por si inaplicável; o ato meramente
anulável aplica-se enquanto os órgãos competentes não tomarem a iniciativa da sua anulação.
c) Ineficácia: perante uma situação de ineficácia, a lei possui todos os requisitos, mas um
determinado ato ou facto que lhe é exterior, paralisa ou impede a produção dos seus efeitos
jurídicos (v.g. a lei que não é publicada em Diário da República).
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Embora o art.2º/1 da lei 74/98 dispor que em caso algum, o início de vigência da lei se verificará
no próprio dia da publicação, a verdade é que o próprio legislador pode optar por uma suspensão
do prazo de vacatio legis em determinadas circunstâncias, nomeadamente:
1. Situações de inadiável urgência (v.g. casos de calamidade pública);
2. Situações que visam evitar a frustração do objetivo da própria lei (v.g. Se uma lei pretender
evitar a pesca de certa espécie de peixe, o período de vacatio legis permitiria a pesca intensa
daquela espécie pondo em causa os objetivos iniciais da lei).
Caso prático n.º 1
É aprovada a Lei n.º 8/2017, de 3 de março, que tem por objeto a aprovação do estatuto jurídico
dos animais. Esta lei foi publicada no DR de 6 de março de 2017, e disponibilizada online, no
mesmo dia, no sítio da Internet.
Considere as seguintes hipóteses:
a) No seu art.2º dispõe-se: “Esta lei entra imediatamente em vigor”;
O art.2º/1 da Lei n.º 74/98, dispõe que “em caso algum, o inicio de vigência da lei se verificará no
próprio dia da publicação”. Da análise do objeto da lei 8/2017, não parece estar em causa nenhum
dos motivos de supressão do prazo de vacatio legis impondo o seu inicio de vigência no
imediato. No entanto, estando em causa uma lei de igual valor ordinário, nada impede que
seja derrogada por uma lei de valor hierárquico igual ou superior. Devemos entender que a
vontade do legislador ao pretender
Da interpretação do art.2º/2 da lei 74/98 esta lei não poderá entrar em vigor no 5º dia após
a sua publicação uma vez que a ratio desta alínea esta apenas pensada para os casos específicos
de falta de menção de data de inicio de vigência.
Parece é existir um contrassenso na interpretação do art.2º nº1 da lei 74/98 uma vez que a lei
entra em vigor no dia por si fixado nunca coincidindo com o da sua publicação. Esta
interpretação deve-se ao facto de se garantir sempre a efetivação do conhecimento da lei pelos
seus destinatários, sendo a entrada imediata em vigor uma exceção verificável em razões
imperiosas de celeridade da produção dos efeitos jurídicos de uma determinada norma.
Não determinando nada acerca da sua entrada em vigor, de acordo com o art.5º/2 do CC,
aplica-se o prazo supletivo de 5 dias, previsto no art.2º nº2 da Lei 74/98. A contagem do
prazo faz-se nos termos do art.279º al. b) CC, não se contando o dia da publicação.
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A regra em matéria de vigência de uma dada lei é que ela vigorará para sempre, salvo os
casos em que a própria lei prevê o seu período de vigência. Todavia, pode suceder que a
lei veja a sua produção de efeitos suspensa durante certo lapso temporal, que findo o qual,
os retomará. Pode suceder também que a lei deixe de produzir definitivamente os seus efeitos,
implicando a cessação de vigência da lei.
As leis podem cessar a sua vigência por revogação, caducidade, desuso ou costume contra
legem. Passaremos em seguida a analisar cada uma destas modalidades de cessação de
vigência.
A. Revogação
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A revogação de uma lei implica sempre uma sucessão de leis no tempo entre uma lei
nova e uma lei antiga. Normalmente é de fácil determinação o momento em que ocorre
a revogação pois, a lei mais recente é simultaneamente aquela que é publicada e entra
e m vigor num momento mais tardio, mas pode acontecer que devido à proximidade
temporal que as difere, surjam dificuldades na sua determinação, a saber:
No que respeita à primeira situação, é fácil a solução, uma vez que o critério da
publicidade nos ajuda na aferição de que a lei posterior, que revoga a anterior, é por
isso a que é publicada posteriormente (lei 2).
A segunda situação também poderá ser resolvida através do critério da publicidade.
Oliveira Ascensão defende que a lei revogatória é aquela que é publicada
posteriormente (lei 4).
A terceira questão, levanta dúvidas, pois, diante da impossibilidade da utilização do
critério da publicidade, visto terem sido publicadas na mesma data, a entrada em vigor
poderá servir de parâmetro na resolução da questão, na medida em que manifestará a
última intenção do legislador, porém, Menezes cordeiro e Miguel Nogueira de Brito
equacionam a resolução deste problema através de uma interpretação abrogante com a
consequente integração de lacunas.
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Modalidades de revogação
Ao abrigo do art.7º do CC, a revogação pode ocorrer sob diversas modalidades, consagrando
este artigo apenas três modalidades, pese embora poderem ser fixadas outras modalidades.
A revogação diz-se expressa quando há uma indicação inequívoca de revogação pela lei
posterior da lei anterior, também designada de revogação por declaração.
Ex: A lei 1 contém no seu art.18º menção expressa que são revogados os artigos 12º a
44º da lei 2.
A revogação assume a forma tácita quando se consubstancia numa incompatibilidade do
novo regime (revogatório) com o regime anterior (revogado), também designada de
revogação por incompatibilidade.
Ex: A lei 4 dispõe que a nova taxa de IVA sobre um certo bem é de 13% e a lei 3 dispunha
que a taxa de IVA sobre esse mesmo bem era de 6%.
Diz-se substitutiva a revogação se a lei nova, alem de cessar a vigência da lei anterior vem
substituir o seu regime. Ex: A lei 5 diz que revoga a lei 4 e estabelece um novo regime
jurídico para os animais.
A revogação simples ocorre quando a lei posterior apenas expressa a cessação de vigência
da lei anterior. Ex: Art.20º: “A que se faz entrar em vigor revoga a lei 24/2017”.
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A revogação individualizada verifica-se sempre que uma lei nova revoga especificamente
uma parte da matéria. Ex: Entra em vigor a Lei 31/2012, de 14 de agosto que versa sobre
o regime jurídico do arrendamento urbano.
B. Caducidade
A caducidade diz respeito à cessação de vigência de uma lei por menção expressa dessa
mesma lei. Está prevista no art.7º nº 1 do CC: “quando se não destine a ter vigência temporária…”
São duas as formas de caducidade:
a) Facto previsto na lei: é a própria lei que determina o seu prazo de vigência;
b) Desaparecimento dos pressupostos de aplicação da lei: uma lei é feita para vigorar
enquanto perdurarem determinados pressupostos, findo esses, a lei deixa de ter
fundamento, ou objeto, para a sua aplicação.
C. Desuso
Consiste na mera inobservância da lei, na erosão da sua força normativa, sem que nenhuma
norma de sinal contrário tenha entrado em vigor.
Ex: Uma certa comunidade deixa de aplicar uma certa lei que regula a divisão das águas, por
considerar que não existem razões para a sua aplicação.
D. Costume contra legem
Nesta hipótese, a lei deixa de vigorar devido a uma norma consuetudinária, de sentido oposto,
que esvazia de conteúdo a norma jurídica.
Ex: A morte de touros nas festividades anuais de Barrancos, constitui um costume contra legem
relativamente ao Decreto nº 15.355, de 14 de abril de 1929 que proclamava no seu art.1º que
“em todo o território da república portuguesa ficam absolutamente proibidas as touradas com touros de morte”.
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a) Revogação expressa: uma vez que a própria lei contempla um artigo que revoga as
disposições anteriores sobre a matéria;
b) Revogação substitutiva: é aprovado um novo regime jurídico autónomo para uma dada
matéria em substituição de nomas anteriormente vigentes;
c) Revogação parcial/derrogação: pois embora entre em vigor um novo regime da
propriedade horizontal que irá reger, dali em diante essa matéria, este diploma não revoga por
completo por exemplo todo o código civil, mas apenas os artigos sobre aquela matéria, o
mesmo se entende quanto às disposições dos Decretos-Leis nos 268/94 e 269/94;
d) Revogação global: a nova lei pretende reger toda a matéria de um ramo específico do direito
(propriedade horizontal), substituindo o anterior regime em vigor;
a) Qual o efeito do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 355/90 sobre a legislação anterior?
O art.3º do DL.355/90 consta de uma lei posterior que se apresenta incompatível com o
disposto no art.17º do Decreto-Lei n.º 330/90 (Código da publicidade).
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1º Ano – Noite
Ao apresentar uma solução de certa forma incompatível com um regime em vigor, vem
revogar tacitamente essa mesma disposição. A revogação pelo art.3º é uma revogação parcial
individualizada, na medida em que revoga apenas o art.17º do código da publicidade.
Dando-se cumprimento ao princípio lex posterior derrogat legi priori, o art.3º vem revogar o art.17º
alterando o regime em vigor.
2012
Lei1 Lei2
Contrato de arrendamento > 6 meses: Contrato de arrendamento > 6 meses:
Doc. Particular autenticado Escritura Pública
Situação
Jurídica
Efeitos
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O método mais eficaz para a resolução de um caso de sucessão de leis no tempo, é olharmos
para as disposições da nova lei e verificar o seu âmbito de aplicação – Direito transitório.
1. Direito transitório formal: verifica-se sempre que a nova lei contém uma disposição que
indica qual a lei que deve resolver o problema de sucessão de leis.
2. Direito transitório material: a lei nova fixa uma regulamentação própria para resolver o
problema da sucessão de leis, não coincidente com a disciplina da lei nova nem da lei antiga,
situando-se na sua transição.
Embora seja esta a solução ideal e preferível, a realidade é que são raras as vezes em que o
legislador fixa um regime transitório e quando o faz fá-lo com imensas falhas o que levou a
doutrina e jurisprudência a apontarem outros critérios para resolver este problema de sucessão
de leis.
O contrato de Ana foi celebrado á luz da Lei1 que dispunha a forma de documento
particular autenticado para a celebração de arrendamentos superiores a 6 meses,
traduzindo o desígnio do legislador naquela altura. A superveniência de uma Lei2 de
conteúdo contrário impondo a celebração de tais contratos através de escritura pública,
não significa que se deverá aplicar esta nova visto a situação jurídica ter sido constituída
á luz daquela lei, criando nos intervenientes expectativas e direitos que deverão ser
salvaguardados por terem sido constituídos á luz de uma lei que estava em vigor. O
contrato deverá manter-se válido.
A retroatividade significa a projeção dos efeitos de uma lei sobre factos do passado, isto é, sobre
factos ocorridos antes da sua entrada em vigor.
A nossa ordem jurídica dota como critério geral o princípio da não retroatividade da lei nova, o
que significa que uma lei não dispõe para o passado.
Lei1 Lei2
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1º Ano – Noite
Ex: A lei A criminaliza a falsificação de documentos, em 2008 surge a nova lei B que a
despenaliza. Marta, que havia sido condenada pela prática de crime de falsificação de
passaporte, com a aplicação retroativa da lei B, Marta deverá ser imediatamente libertada
cessando a execução da sua pena.
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Vide MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA, Aplicação da lei no tempo…
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1º Ano – Noite
A lei nova atinge apenas os efeitos presentes e futuros de factos passados, ou seja, aplica-se
às situações jurídicas decorridas antes da lei e que se verificam ainda no presente.
Ex: Sara em março de 2017 compra um computador a José no valor de EUR 1.000,00, tendo
ficado convencionado o pagamento em dez prestações mensais de 100 euros. Nada tendo
dito a propósito do local de cumprimento da obrigação, aplica-se a disposição legal supletiva
que prevê o domicílio do credor (José). Em dezembro de 2017 uma lei nova vem determinar
que o pagamento deve ser feito por transferência bancária, esta nova lei apenas se irá aplicar
retroativamente às prestações vincendas (a debitar a partir daquela data).
O art.12º CC exprime o princípio geral de que a lei só tem eficácia para o futuro, consagrando
um princípio de não retroatividade por razões de estabilidade. A lei não dispõe apenas para o
futuro, ela aplicar-se-á também às situações presentes existentes no momento da sua entrada em
vigor.
O art.12º faz a destrinça entre dois tipos de normas:
a) As que dispõem sobre requisitos de validade formal ou substancial de factos ou sobre efeitos
(nº 2, 1ª parte);
b) As que dispõem sobre o conteúdo de certas situações jurídicas (nº2, 2ª parte).
Com isto quer-se dizer que o art.12º faz uma distinção entre os casos em que a lei nova só se
aplica aos factos novos e os casos em que a lei nova se aplica ao conteúdo das relações jurídicas
constituídas antes da lei nova, mas que subsistem à data da sua entrada em vigor.
Se o prazo for fixado pela LN pela primeira vez, este só se deverá contar a partir da entrada em
vigor da LN.
Designa-se de lei interpretava a lei que realiza interpretação autêntica, devendo possuir um valor
igual ou superior ao da lei interpretada, apresentando caracter vinculativo aos aplicadores do
direito.
Requisitos para classificar uma lei de interpretativa:
Pode dizer-se que existe retroatividade quando uma lei nova se aplica a factos passados.
Ex: A lei1 entra em vigor a 2/5/2017 dispondo que a celebração de um certo tipo de contrato
exige a escritura pública, prevendo-se a sua aplicação aos contratos já celebrados.
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1º Ano – Noite
António celebrou a 30/6/2006 um contrato em que não se exigia forma de escritura pública. A
lei1 será retroativa se for aplicada ao caso de António.
Aqui o facto passado é a celebração do contrato por António que se trata de um facto
constitutivo.
A retroconexão verifica-se sempre que um facto pressuposto do passado sirva de referência para
definir o regime jurídico que durante a sua vigência é criada.
Ex: Entra em vigor em janeiro de 2017 o DL. y/2017 que contem o seguinte conteúdo:
“O aluno que não realizar a cadeira de Teoria Geral do direito Civil I, não poderá realizar
a cadeira de Teoria Geral do Direito Civil II”.
Ana em 2018, pretende saber se poderá frequentar a cadeira de TGDC II, uma vez que não
realizou a cadeira I no primeiro semestre.
Neste caso a lei posterior vem definir o regime a aplicar subsequentemente com base em factos
pressupostos do passado.
Sanções
Traços gerais, as sanções podem ser definidas como consequências jurídicas negativas contra
aqueles que hajam violado uma norma. Pressupõe-se neste plano, a existência de duas normas: a
norma violada, e a norma sancionatória.
a) Sanções negativas: consequências desfavoráveis que traduzem uma punição para o infrator
de uma norma de comando.
b) Sanções positivas ou premiais: consequências positivas que se traduzem na reação ao
cumprimento/observância de uma norma jurídica.
Convém separar a norma sancionatória da própria sanção. A norma sancionatória tem uma
previsão e uma estatuição, sendo a sanção a estatuição da norma sancionatória.
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3.2 Compensatórias – quando não é possível a reconstituição inicial da situação existe
como que uma espécie de compensação pela prática do ilícito. Ex: 566º/1 CC.
3.3 Punitivas – aplicam penas ao violador da norma
3.4 Preventivas – destinam-se a prevenir a violação no futuro de certas normas Ex:781º CC
3.5 Compulsórias – visam obrigar o individuo a cumprir uma norma quando o
cumprimento ainda é possível. Ex: 754º CC.
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