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Controle difuso

Por esse critério, a declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo


federal, estadual ou municipal fica a cargo de qualquer órgão do Poder
Judiciário.

No controle difuso, o interessado arguirá a inconstitucionalidade da lei


e o juiz, a reconhecendo, afastará a incidência da norma assim
considerada no caso concreto. A repercussão, por isso, é inter partes. A
norma tida por inconstitucional continuará vigente, exceto para aquele
caso concreto.

Controle concentrado

O art. 102 da CF atribui ao Supremo Tribunal Federal precipuamente a guarda


da Constituição, cabendo-lhe, dentre outras competências, processar e julgar
originariamente a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal (art. 102, I, "a").

Essa ação direta de inconstitucionalidade, também chamada de ADIN, constitui


o efetivo controle concentrado. Através dele será proposta ação perante o
Supremo Tribunal Federal, cujo objeto é a declaração de inconstitucionalidade
da lei ou ato normativo federal ou estadual.

Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADECON ou ADC)

Essa ação foi introduzida pela EC 3/93. Nos governos instalados depois da
CF/88, várias medidas foram questionadas em todo o país, perante os diversos
órgãos do Poder Judiciário, ocorrendo profusão de medidas liminares. Para
ilustrar esse fato basta lembrar o Plano Collor, em que os depósitos de poupança
foram bloqueados em todo o país. A medida era a todos os títulos
inconstitucional e grande número de prejudicados propuseram ações,
principalmente de mandado de segurança contra ela. E o governo ficou, assim,
acuado.

Optou-se por criar a ação declaratória de constitucionalidade. Assim, toda vez


que uma norma federal estiver sendo questionada quanto a constitucionalidade
em diversos órgãos do Poder Judiciário, passou-se a ter um mecanismo que vai
provocar a intervenção do Supremo Tribunal Federal. Assim, quaisquer dos
órgãos relacionados nos incisos do art. 103 poderão propor a ação, conforme
expressa o "caput" deste artigo que foi alterado pela emenda constitucional 45
de 2004. Se o STF deferir o pedido e declarar constitucional essa norma,
nenhum órgão do Poder Judiciário mais poderá acolher ações no sentido da
inconstitucionalidade. O STF, entretanto, poderá, no julgamento, declarar a
inconstitucionalidade da lei e esse julgamento terá o mesmo efeito da ADIN.
Essa ação declaratória de constitucionalidade só tem pertinência se a norma
legal estiver sendo questionada. Tanto que a Lei nº 9.868/99 estabelece que o
requerente deverá indicar a controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da
disposição. Não atende a essa relevância o fato de ocorrer esporadicamente um
questionamento da lei. Isso se explica também pelo fato de que toda lei se
presume constitucional. Vale dizer que a lei goza da presunção de
constitucionalidade e, assim, não demanda que a mesma seja declarada.

Cabe pedido de cautelar, assim, o Supremo Tribunal Federal, por decisão da


maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na
ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os
juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a
aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento
definitivo. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará
publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da
decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da
ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.

Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN)

Prevista na primeira parte do artigo 102, I, "a" da Constituição Federal, esta


ação visa a declaração da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal
ou estadual perante a própria Constituição. Sua competência originária é do
Supremo Tribunal Federal e seu procedimento está previsto na Lei nº 9.868/99.

Se a arguição pela inconstitucionalidade versar sobre lei estadual ou municipal


perante a Constituição Estadual, terá por competência originária o Tribunal de
Justiça do Estado em questão, conforme prevê o artigo 125, §2° da CF.

Por exemplo, se uma lei aprovada na cidade de Sorocaba (SP) fere a


Constituição Estadual de São Paulo, deve ser impetrada uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça de São Paulo.

A ADIN admite pedido cautelar que salvo no período de recesso, a medida


cautelar na ação direta será concedida por decisão da maioria absoluta dos
membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22, após a audiência dos
órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que
deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias. O relator, julgando indispensável,
ouvirá o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, no prazo
de três dias. No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada
sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e das autoridades ou
órgãos responsáveis pela expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento
do Tribunal. Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a
medida cautelar sem a audiência dos órgãos ou das autoridades das quais
emanou a lei ou o ato normativo impugnado. Concedida a medida cautelar, o
Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da
União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva da decisão, no prazo
de dez dias, devendo solicitar as informações à autoridade da qual tiver
emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na
Seção I deste Capítulo. A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será
concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-
lhe eficácia retroativa. A concessão da medida cautelar torna aplicável a
legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido
contrário. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância
da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança
jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a
manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República,
sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao
Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação.

Ação de Inconstitucionalidade por Omissão

Prevista no artigo 103, §2° da Constituição Federal, tem por objetivo suprir uma
omissão dos poderes constituídos que deixaram de elaborar normas para
regulamentar a possibilidade de exercício de determinado direito previsto na
Constituição Federal. O §2° deste artigo em questão institui que "declarada a
inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma
constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das
providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo
em trinta dias".

Assim sendo, quando a omissão for administrativa, o órgão competente será


cientificado para que providencie a edição e complementação da mesma.
Entretanto, se esta for legislativa, o Congresso Nacional deverá ser comunicado
da mora, mas não será estipulado nenhuma prazo para a elaboração da norma
complementadora que, de certa forma, é considerada indispensável para o
exercício do direito previsto, porém não aplicado por falta de previsão legal pela
Constituição Federal.

A omissão pode ser total ou parcial, sendo total quando não houver uma norma
regulamentadora possibilitando o exercício de determinado direito e parcial
quando a norma apenas possibilitar parte do exercício do direito previsto na CF.

Exemplo de omissão total pode ser encontrado no artigo 7°, XI, da CF que prevê
a participação do trabalhador na gestão da empresa e isto não ocorre até hoje,
pois não há norma regulamentadora. E, um exemplo de omissão parcial pode
ser encontrado no artigo 7°, IV, também da Constituição Federal, que prevê uma
série de direitos garantidos ao cidadão, por meio do salário mínimo, que não
pode ser atingido devido o fato de este possuir um valor muito irrisório.

A decisão proferida em decorrência de uma ação de inconstitucionalidade só


terá caráter mandamental quando a omissão for meramente administrativa, já
que este órgão deverá proceder sua edição no prazo máximo de 30 dias,
conforme estabelece o artigo 103, 2°, da CF, já mencionado. E se assim não agir,
responderá pela prática do crime de desobediência.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão é regulamentada pela Lei


12.063/09, que acrescenta à Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 1999, o
Capítulo II-A.

Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva


Deve ser proposta como pressuposto para haver a decretação da intervenção
federal ou até mesmo estadual, pelos Chefes do Executivo, por não terem sido
observados alguns princípios essenciais estabelecidos pelas Constituições
(Federal e Estadual).

Diz-se, assim, que a ADIN interventiva visa a resguardar os princípios sensíveis:


forma republicana; sistema representativo e regime democrático; direitos da
pessoa; autonomia municipal; prestação de contas da administração pública,
direta ou indireta; aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, na manutenção e desenvolvimento do ensino e da saúde.

ADIN interventiva federal

O objeto desta ação é a lei ou ato normativo estadual ou distrital que não
respeita os princípios sensíveis estabelecidos pela Constituição Federal, sendo
estes os elencados no artigo 34, VII, isto é, quando a lei estadual contrapor-se a:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

A legitimidade ativa para propor esta ação é do procurador geral da república e


o Supremo Tribunal Federal é o detentor da competência para julgá-lo.

ADIN interventiva estadual

Esta, por sua vez, deve ser impetrada quando a lei municipal desrespeitar os
princípios indicados na Constituição Estadual e por isso, o Estado necessitar
intervir, servindo também como pressuposto desta intervenção. A competência
para o julgamento desta ADIN é do Tribunal de Justiça do Estado que teve os
princípios de sua Constituição desrespeitados, devendo ser proposta pelo
Procurador Geral de justiça, conforme prevê o artigo 129, IV, da Constituição
Federal.

Arguição de descumprimento de preceito fundamental

Prevista no artigo 102, §1°, da Constituição Federal, a arguição de


descumprimento de preceito fundamental é de competência do Supremo
Tribunal Federal, o qual deve apreciá-la e julgá-la. Esta ação será sempre
subsidiária, ou seja, não pode ser admitida se houver outro meio válido para
sanar a lesividade, conforme dispõe o artigo 4°, 1° da Lei nº 9.882/99.

Por exemplo, só poderá ser proposta se não for cabível uma ADIN, ADECON,
mandado de segurança, recurso extraordinário, ação popular, entre outros.
Têm legitimidade ativa para propor esta arguição todos os elencados no artigo
103 da Constituição Federal, sendo estes:

 o Presidente da República;
 a Mesa do Senado Federal;
 a Mesa da Câmara dos Deputados;
 a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do
Distrito Federal;
 o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
 o Procurador-Geral da República;
 o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
 partido político com representação no Congresso Nacional;
 confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

É inteiramente facultativo, mas os demais interessados podem solicitar a


propositura desta arguição mediante representação ao Procurador Geral da
República. E esta ação pode ser proposta:

a) para reparar ou até mesmo evitar lesão a um preceito fundamental


decorrente de ato ou omissão do poder público (não definição do que é preceito
fundamental na Lei, tarefa que caberá à doutrina e à jurisprudência);

b) quando for importante salientar o fundamento da controvérsia constitucional


sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal anteriores à
Constituição Federal.

Pertinência temática

Segundo Rodrigo Rebello Pinto, "é a relação existente entre a norma impugnada
e a entidade que ingressa com a ação direta de inconstitucionalidade", ou seja, a
pessoa ou o órgão interessado que impetrar uma ação de controle de
constitucionalidade deve demonstrar um interesse real em obter a declaração
almejada da norma impugnada.

Conforme decisões do Supremo Tribunal Federal, a pertinência temática tem se


tornado um pressuposto da legitimidade ativa para a ação de
inconstitucionalidade. São considerados autores interessados, que precisam
demonstrar esta pertinência temática:

 as Mesas das Assembleias Legislativas;


 as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito
nacional; e
 os Governadores de Estado.

Já, por sua vez, são considerados autores neutros, ou seja, não precisam
demonstrar nenhuma pertinência temática uma vez que possuem legitimidade
ativa universal:

 o Presidente da República;
 o Procurador geral da República;
 as Mesas do Senado Federal;
 as Mesas da Câmara dos Deputados;
 o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; e
 o partido político com representação no Congresso Nacional.

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