TCC - Final
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RESUMO
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Acadêmico de Direito, 10º semestre, da Faculdade Maringá – FAC. Maringá-PR.
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Doutoranda em Direito pela Universidade Unicesumar - BOLSISTA PROSUP/CAPES (módulo Bolsa).
Mestra em Ciências Jurídicas pela Universidade Unicesumar, com enfoque na linha de estudos sobre os
instrumentos de efetivação dos Direitos da Personalidade. Pós-graduada em Direito Aplicado pela Escola
da Magistratura do Paraná - EMAP. Pós-graduada em Docência em Ensino Superior: Tecnologias
Educacionais e Inovação pela Universidade Unicesumar. Advogada inscrita nos quadros da OAB/PR sob
nº 87.492. Professora de Direito de graduação e pós-graduação em Faculdade Maringá. Bacharel em
Direito pela Universidade Estadual de Maringá).
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ABSTRACT
This paper aims to make a doctrinal and jurisprudential analysis about the Minimum
Trifle Principle in the crimes of Currency Evasion, referred to in article 22, caput and
sole paragraph of Law 7.492/86, narrating the unauthorized exchange operation in the
context of the evasion of currently overvalued currencies. The purpose of this study is to
make visible the shortcoming of Brazilian criminal law, and will portray issues related
to the insufficiency of the law, being - judged cases more in consonance with reality
than the norm itself. Furthermore, emphasis will be given to the crimes of currency
evasion and the value established in Law 7.492/86 (crimes against the national financial
system), amounts that were overcome in the year 2021 with the Direct
Unconstitutionality Action (ADI) nº 5132 DF, judged by Ministers Gilmar Mendes
(reporter) and Cármen Lucia and in Habeas Corpus nº 162. 404 and 160.172. Lastly, the
wording of Article 65, §1º of Law nº 9069/95 (law on the Real Plan, the National
Monetary System) will be questioned, this law also covers the maximum ceiling for
national and international transactions. It is important to point out that in the last
decades there has been a huge change in the four national and international financial
systems, and the current study will demonstrate that the abovementioned law is outdated
to the national and international transactions demanded by companies, entrepreneurs
and individuals who use currency transactions. For this article the bibliographical and
jurisprudential theoretical method were used, which consist in the research of works,
articles, judgments, laws and electronic material that address the theme.
1. INTRODUÇÃO
Os crimes de Evasão de Divisa, tratados no Artigo 22, caput e parágrafo
único da Lei 7.492/86, apresentam as operações de câmbio não autorizadas no contexto
da evasão de moedas supervalorizadas atualmente, as transações entre pessoas jurídicas,
bem como pessoas físicas passaram a valorar o quantum a ser entregue entre
determinadas transações, haja vista, que em comparação com o Euro o Real a
valorização do Euro é de R$ 5,13 reais e em comparação ao Dólar, é de R$ 4,80 reais.
Neste aspecto qualquer transação internacional mais agressiva, saindo da
moeda brasileira para a moeda estrangeira, enquadrara-se no parágrafo único, do art. 22,
da Lei 7492/1986, que incorre na pena do crime de evasão de divisa, quem, promove,
sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver
depósitos não declarados à repartição federal competente.
Insta salientar que a lei supramencionada fora redigida ao ano de 1995, ano
este que o Euro era equivalente a R$ 0,92 (noventa e dois centavos) e o Dólar era
equivalente a R$ 0,90 (noventa centavos), assim, o teto máximo de R$ 10.000,00 (dez
mil reais) era equivalente com o redigito em texto de lei.
Desta feita, todas as transações que não se enquadrarem no art. 65, §1º da
Lei nº 9069/95, que aduz o teto máximo de R$ 10.000,00 (dez mil reais) estariam
cometendo o crime de evasão de divisa.
Contudo, com a supervalorização da moeda estrangeira, tal teto limite já não
é mais condizente com a realidade, sendo este limite inferior a quaisquer transações
internacionais, esta supervalorização posta atualmente no princípio da insignificância ou
mínimo da bagatela.
Deste modo, ao ano de 2020 (Resolução nº4.844/2020/DIÁRIO OFICIAL
DA UNIÃO,03/08/2020) fora fixado novo limite mínimo para a exigência de registro de
operação cambial no Sistema do Banco central (REGULAMENTO DO MERCADO
DE CÂMBIO E CAPITAIS INTERNACIONAIS – RMCCI 2013/2014), este que
impulsionou o limite para R$ 100.000,00 (cem mil reais), tornou a Resolução nº 3.568
de 29 de maio de 2008, inativa em relação ao novo limite mínimo.
Convém salientar que tal alteração de limite mínimo se deu devido ao
julgamento do Habeas Corpus nº 162.404 e 160.172. O julgamento deste Habeas
Corpus fora relatado a inépcia de denúncia do crime de evasão de divisa do empresário
Jacob Barata Filho.
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complemento, extraído de outra fonte legislativa extrapenal, para obter sentido e poder
ser aplicada. A pena prevista é sempre determinada - Manual de Direito Penal - Parte
geral e parte especial. (STF - HC: 160172 RJ 0075552-52.2018.1.00.0000, Relator:
GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 07/12/2021, Segunda Turma, Data de
Publicação: 06/04/2022).
Neste sentido, denota-se que fora aplicado ao valor uma bagatela mínima,
em que se enquadraria uma norma penal em branco, pois o agente estava indo viajar ao
exterior com suas duas filhas, sendo o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil) previsto ao
Artigo 65, §1º da Lei nº 9069/95. Tal entonação não é clara. Vislumbrando a lei,
destaca-se que o valor seria superior ao delimitado.
Denota-se que a lei penal supracitada fora burlada por um princípio que por
muitas vezes não vemos sendo aplicado em nosso cotidiano, conforme matéria exposta
por Guilherme Padin (2021) ao narrar o caso do homem que fora condenado a cinco
anos de prisão por roubar uma galinha, na cidade de Jaú – São Paulo, e que
posteriormente ocorrera sua soltura. Ora, tanto absurda são as duas comparações em que
a saída de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) fora insignificante, mas um roubo de uma
galinha que custaria no máximo R$ 15,00 (quinze reais) levou a condenação sem nem
ser aplicado tal princípio, demonstrando a fragilidade no sistema penal brasileiro.
Diante do exposto, vê-se que nem sempre a utilização dos princípios penais,
como no caso o da bagatela mínima é aplicado de maneira efetiva, sendo em algumas
circunstâncias passado em branco, ou em outros casos, sendo aplicado de maneira
equívoca perante ao acontecimento.
Além das diferenças legais entre os tipos penais, a pena estabelecida para as
condutas também se difere. Enquanto no crime de lavagem de dinheiro a pena prevista é
de três a dez anos de reclusão, no crime de evasão de divisas a pena é de dois a seis anos
de reclusão (FAUSTO SANTICS, 2003, pg.108).
De maneira brevemente resumida, no crime de lavagem de dinheiro,
diferentemente da evasão de divisas, o foco não é apenas a transação econômica de um
país para outro. Na evasão de divisas o dinheiro foi ganho de maneira lícita e apenas a
transferência é que não se dá de maneira correta (LEITE JUNIOR, 2021). Já na
lavagem, o dinheiro é ilícito e advindo de crime, é ocultado.
Por fim, ressalta-se que existe a diferença entre evasão de divisas e lavagem
de dinheiro, a lavagem de dinheiro foi prevista na edição da Lei nº 9.613, em 03 de
março de 1998, onde foi exposto que a conduta a ser caracterizada como lavagem de
dinheiro consistia, principalmente, na ocultação da natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes,
direta ou indiretamente, de crimes como tráfico, contrabando de armas, sequestro e
suborno.
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4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2002.
https://thomsonreuters.jusbrasil.com.br/doutrina/secao/1198088866/capitulo-4-crimes-
contra-o-sistema-financeiro-nacional-ii-direito-penal-economico-em-especie-1-parte-
direito-penal-economico-leis-penais-especiais
LEITE, Junior. O que pode ser considerado evasão de divisas? Saiba qual o seu
conceito. Disponível em < https://leitejunioradvocacia.com.br/conceito-de-evasao-de-
divisas/>. Acesso em: 25 de julho de 2022
PADIM, Guilherme. Morador de rua é solto após prisão por furtar galinha, vegetais
e panela Defensoria impetrou habeas corpus sob alegação do princípio da
insignificância. Disponível em < https://noticias.r7.com/sao-paulo/morador-de-rua-e-
solto-apos-prisao-por-furtar-galinha-vegetais-e-panela-29062022>. Acesso em: 02 de
abril de 2022.
PRADO, Luiz Regis. Direito Penal Econômico. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
REALE JR. Miguel. Instituições de direito penal. Rio de Janeiro: Forense. 2002. V. 1,
p. 137 e ss.
SILVA, Paulo Cezar da. Crimes contra o sistema financeiro nacional - Aspectos
penais e processuais da Lei nº 7.492/86. Editora Quartier Latin
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SOUZA, Luciano Anderson de; ARAÚJO, Marina Pinhão Coelho. Direito Penal
Econômico: Leis Penais Especiais. Vol. 1. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.