Aula 04. SOFT SKILLS. Liderando para o Futuro
Aula 04. SOFT SKILLS. Liderando para o Futuro
Aula 04. SOFT SKILLS. Liderando para o Futuro
Liderando para
o futuro
Pablo Bes
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Os atributos de uma liderança eficaz frente às tendências do mercado global
vão muito além das competências técnicas. Exigem-se capacidades sociais
e comportamentais (soft skills) específicas, entre elas a comunicação e o
trabalho em equipe. Além disso, a gestão do desempenho e a forma como
o conhecimento é produzido e compartilhado no ambiente organizacional
precisam ser revistos, envolvendo também os componentes psicológicos que
nos constituem e a desconstrução de modelos mentais que possuímos.
Buscando trabalhar o nível de consciência das pessoas sobre sua partici-
pação para que a organização seja bem-sucedida, foi criada a Teoria U, capaz
de produzir sensibilização e criação coletivas. De aplicação prática, essa teoria
ajuda a entender os pensamentos e as ações das pessoas, propondo uma
abertura holística (coração, mente e vontade) para um novo aprender, coletivo
e colaborativo, capaz de se ajustar às tendências do futuro emergente.
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de liderança e trabalho em
equipe, além de conhecer a Teoria U, suas características e etapas de imple-
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não é inata;
apresenta-se em vários estilos;
é uma capacidade/habilidade;
é uma soft skill;
é processual;
é atribuição do gestor;
inclui influência, mudança, percepção de futuro, poder, inspiração e
engajamento.
Por não ser inata, a liderança pode ser desenvolvida por todas as pessoas,
caso exista interesse e disposição. Por isso, existem vários estilos que pode-
rão ser aprendidos e utilizados pelos líderes ao conduzirem seus grupos ou
equipes. Entre os mais clássicos, estão as lideranças autocrática, democrática
e liberal. A liderança autocrática é exercida de forma centralizadora e coerci-
tiva, típica do “chefe”, sem abertura para a participação do grupo. A liderança
democrática se fundamenta nos princípios de envolvimento, participação e
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Liderança carismática
Tem no carisma sua fonte fundamental de poder. Os liderados costumam
atribuir capacidades heroicas ou extraordinárias a seus líderes carismáticos.
Esses líderes, em geral, apresentam uma visão da organização e articulação
junto à equipe, estão dispostos a assumir riscos pessoais e o custo de suas
atitudes, têm sensibilidade em relação às necessidades dos liderados e com-
portamentos não convencionais, que podem ser vistos como inovadores.
Liderança transacional
É exercida pelos líderes que conduzem ou motivam seus seguidores em dire-
ção às metas estabelecidas esclarecendo as funções e as exigências de suas
tarefas cotidianas. Costumam negociar a troca de recompensas por esforço
e desempenho como forma de reconhecer as conquistas e administra por
exceções, tomando atitudes corretivas quando ocorrem desvios de regras
e padrões, além de intervir quando as metas não são atingidas. Procura
também abster-se das responsabilidades, adotando um estilo mais liberal,
evitando tomar decisões.
Liderança transformacional
Procuram inspirar os liderados a transcender seus próprios interesses pelo
bem da organização ou do grupo. Por isso, são capazes de causar um profundo
impacto. Trabalham com o conceito de influência idealizada, compartilhando
o sentido da visão e da missão organizacionais, estimulando o orgulho e
ganhando respeito e confiança. Os líderes procuram comunicar suas expec-
tativas, valendo-se de símbolos para focar os esforços e motivar. Também
estimulam o intelecto dos colaboradores, promovendo a racionalidade e a
resolução de problemas. Procuram dar atenção personalizada a cada membro
da equipe, aconselhando e orientando individualmente.
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Teoria U
O mercado atual, altamente concorrente, exigem cada vez mais competências
dos colaboradores e, principalmente, dos líderes ou gestores. Esse contexto
inspirou Scharmer (2019) a propor três grandes mudanças que redefiniram o
sistema global nas décadas recentes: uma mudança tecnológica e econômica;
uma mudança nas relações; e uma mudança “[...] cultural e espiritual” (SCHAR-
MER, 2019, p. 630), que ficou conhecida como Teoria U. Com isso, houve uma
reestruturação na maneira como as pessoas vivem, relacionam-se, pensam
e percebem o mundo no ambiente organizacional.
A Teoria U é uma possibilidade de cossensibilização e cocriação, conside-
radas emergentes no mundo do trabalho. Visa estabelecer um conhecimento
compartilhado e simétrico entre todos que constituem um grupo ou uma
equipe. Por exemplo, por haver um líder, pode acontecer de, em uma equipe,
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Acreditamos cada vez mais que as causas destes insucessos não são intenções
medíocres, propósitos excitantes ou mesmo o pensamento não sistêmico, mas
sim os modelos mentais. Mais especificamente, os novos insights não chegam a
ser colocados em prática poque conflitam com imagens internas profundamente
arraigadas sobre o funcionamento do mundo, imagens que nos limitam a formas
bem conhecidas de pensar e agir (SENGE, 2018, p. 201).
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Figura 1. Teoria U.
Fonte: Adaptada de Scharmer (2019).
Ligar-se ao que está a sua volta significa ouvir o que se está sendo cha-
mado a realizar. Reconhecer os padrões do passado que estabeleceram sua
visão de mundo e se desfazer deles para incorporar novos modelos mentais.
Observar inclui comparecer aos lugares com a mente aberta e sem preconcei-
tos, percebendo a importância de todos para que o sistema funcione. Sentir
significa que se deve agir unindo racionalidade e coração. Estar presente é
conectar-se com a fonte mais profunda do seu Eu e de sua vontade, buscando
propósitos e se questionando a respeito de si e do significado do seu trabalho.
Cristalizar remete a acessar o poder da intenção, cristalizar as novas ideias
e práticas, com foco no futuro. Prototipar é integrar cabeça, coração e mãos;
aplicar as práticas organizacionais que envolvem mente e corpo, racional e
emocional. Por fim, desempenhar é operar em sua totalidade. Remete ao
desempenho conjunto para criar e incorporar novas práticas, considerando
todos os sistemas envolvidos.
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integração;
empatia;
significados;
compreensão;
reflexão;
transformação;
troca;
desempenho;
inovação.
As stakeholders interviews:
[...] são conduzidas por profissionais com as suas principais partes interessadas; isso
pode incluir clientes, chefes, subordinados ou colegas dentro e fora da organização.
As entrevistas permitem que você se coloque no lugar de seus entrevistados e veja
seu papel através dos olhos dessas partes interessadas (PRESENCING INSTITUTE,
c2007-2020b, documento on-line).
Neste capítulo, vimos algumas soft skills que podem levar uma organi-
zação ao sucesso visando ao futuro, como liderança, trabalho em equipe,
inteligência emocional e comunicação. Estudamos a importância da empatia
e da integração para que todos se sintam comprometidos com as mudanças
de conscientização e pensamento que propõe a Teoria U e para proporcionar
possibilidades de sensibilização e criação coletiva de novas práticas que
façam jus às tendências que emergem no futuro.
Referências
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desempenho. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2019.
CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos: os novos horizontes em administração.
3. ed. Barueri: Manole, 2014.
GRIFFIN, R. W.; MOORHEAD, G. Fundamentos do comportamento organizacional. São
Paulo: Ática, 2006.
PRESENCING INSTITUTE. Dialogue interview. Cambridge: Presencing Institute, c2007-
-2020a. Disponível em: https://www.presencing.org/resource/tools/dialogue-interview-
-desc. Acesso em: 10 nov. 2020.
PRESENCING INSTITUTE. Stakeholder interview. Cambridge: Presencing Institute, c2007-
-2020b. Disponível em: https://www.presencing.org/resource/tools/stakeholder-
-interview-desc. Acesso em: 10 nov. 2020.
ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento organizacional: teoria e prática
no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2011.
SCHARMER, O. Teoria U: como liderar pela percepção e realização do futuro emergente.
Rio de Janeiro: Alta Books, 2019.
SCHARMER, O. Theory U: leading from the future as it emerges. 2nd ed. São Francisco:
Berrett-Koehler, 2016.
SCHARMER, O.; KAUFER, K. Leading from the emerging future: from ego-system to eco-
-system economies. São Francisco: Berrett-Koehler, 2013.
SENGE, P. M. A quinta disciplina: a arte e a prática da organização que aprende. Rio de
Janeiro: Best Seller, 2018.
TURANO, L. M.; CAVAZOTTE, F. Conhecimento científico sobre liderança: uma aná-
lise bibliométrica do acervo do The Leadership Quarterly. Rev Adm Contemp, v. 20,
n. 4, p. 434-457, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-
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