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Conheça o TJDFT: uma Justiça única!

por ACS — publicado 7 anos atrás


Órgão integrante do Poder Judiciário Federal, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios é um tribunal único. Vários são os fatores que concorrem para
isso. Conforme estabelecido na Constituição Federal de 1988, em seu art. 21, XIII,
compete à União, organizar e manter o Poder Judiciário do Distrito Federal. A
Constituição também estabelece, em seu capítulo III, art 92, a estrutura e a competência
do Poder Judiciário Brasileiro e, em seu item VII, destaca os "Tribunais e Juízes dos
Estados e do Distrito Federal e dos Territórios". É dessa forma que o TJDFT é tratado
sempre que citado na Carta Magna.
Ou seja, o TJDFT possui um aspecto exclusivo em relação aos demais Tribunais dos
Estados. O seu orçamento é oriundo da União, o que o torna um órgão federal com
jurisdição local. Nesse sentido a
comparação do TJDFT com os demais Tribunais Estaduais não é correta.
O TJDFT alcança hoje as 31 Regiões Administrativas do DF. Nestas regiões, estão
instaladas 13 Circunscrições Judiciárias, que atendem a uma população estimada de 2,5
milhões de habitantes. Assim para melhor entender o TJDFT antes de mais nada é
preciso esclarecer o que é um distrito federal.
Em alguns países que se organizam de forma federativa, como o Brasil, um distrito
federal é uma entidade autônoma que geralmente goza de status diferenciado das
demais unidades administrativas (estados ou províncias). Às vezes, a unidade que
exerce essa função tem um nome específico, como o Distrito de Colúmbia, nos Estados
Unidos. Outras vezes, como é o nosso caso, é conhecido apenas pelo nome genérico.
Durante o império, o equivalente ao atual Distrito Federal brasileiro era o Município
Neutro, onde se situava a Corte, no Rio de Janeiro. Depois da Proclamação da
República, o Rio de Janeiro tornou-se a capital federal, a qual, no início da década de
1960, foi transferida para o centro do Brasil, no leste do estado de Goiás. Com a
reordenação republicana do território brasileiro, as províncias passaram a estados e cada
um deles passou a ser uma unidade da federação. Quase todos os estados surgiram das
províncias de mesmos nomes, exceto o Distrito Federal e outros estados criados pela
divisão territorial.
Saiba mais um pouco sobre o TJDFT nessa série especial que será publicada neste mês
de outubro!

Sobre a Justiça do Trabalho

A Justiça do Trabalho concilia e julga as ações judiciais entre trabalhadores e


empregadores e outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como
as demandas que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças,
inclusive as coletivas.
Os órgãos da Justiça do Trabalho são o Tribunal Superior do Trabalho (TST), os
Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e os Juízes do Trabalho.
Os Juízes do Trabalho atuam nas Varas do Trabalho e formam a 1ª instância da
Justiça do Trabalho.
Os vinte e quatro (24) Tribunais Regionais do Trabalho são compostos por
Desembargadores e representam a 2ª Instância da Justiça do Trabalho.
Saiba Como Recorrer à Justiça do Trabalho
Qualquer um dos envolvidos na relação de emprego – tanto patrão quanto
empregado – pode recorrer à Justiça do Trabalho, em busca de reparação dos
prejuízos que lhe foram causados.
Pode-se fazer a reclamação trabalhista de duas formas:

 reclamação escrita – com o auxílio de um advogado ou sindicato;


 reclamação verbal – dirigindo-se a uma Vara do Trabalho, ao Setor de
Atermação e Reclamação, para relatar a situação e apresentar, além de
seus documentos pessoais, outros que permitam a comprovação do que
foi alegado.
Entenda o andamento do processo na Justiça do Trabalho
• Dissídios Individuais
A reclamação trabalhista é distribuída a uma Vara do Trabalho. O Juiz, antes
mesmo de analisar a demanda, propõe uma conciliação entre as partes. Assim
determina a lei.
Frustrada a negociação, será analisada a questão e prolatada a sentença.
Da sentença proferida pelo Juiz, cabe recurso para o Tribunal Regional do Trabalho
– TRT, 2ª instância, que o julgará em uma de suas Turmas.
No TRT, a decisão (sentença) passa a ser conhecida por acórdão.
Do acórdão regional, cabe recurso para o TST. Trata-se de recurso técnico que
depende de uma análise prévia, pela Presidência do TRT, para ser encaminhado ao
TST.
Há ainda, entre esses recursos, outros, conhecidos como recursos internos, tais
como embargos declaratórios, embargos etc.
Esgotados todos os recursos, a última decisão transita em julgado, ou seja, torna-se
definitiva e irrecorrível.
Após, os autos do processo retornam à Vara de origem, onde tem início uma nova
fase: a execução. Nessa fase são elaborados os cálculos, para que se pague o que
é devido à parte vencedora.
•Dissídios Coletivos
Os Dissídios Coletivos são ações ajuizadas pelos Sindicatos, Federações ou
Confederações, para defesa dos interesses de seus filiados.
Os Dissídios Coletivos podem ter origem no TRT, quando o regulamento da
empresa tiver observância em área territorial que não exceda a jurisdição do
Tribunal Regional, ou no TST (originário), quando esse regulamento for de âmbito
nacional.
Instaurado o Dissídio Coletivo no TRT, o Presidente da Corte, ou seu Vice, fará
tantas reuniões conciliatórias quantas necessárias. Em não havendo acordo, esse
dissídio virá para o TST como Recurso Ordinário em Dissídio Coletivo.
Instaurado no TST, ultrapassada a fase conciliatória, haverá sorteio do relator, que o
levará a julgamento na Sessão Especializada em Dissídios Coletivos.
A decisão do Dissídio Coletivo que verse sobre novas condições de trabalho poderá
ser estendida a todos os empregados da mesma categoria profissional,
representada pelo sindicato autor, desde que compreendida na jurisdição do
Tribunal.

A DICA de hoje está no campo do direito constitucional. Vamos falar sobre as


garantias constitucionais da magistratura.
Essa é uma das carreiras mais desejadas pelos bravos estudantes de direito,
pois bem, vamos compreender um pouco mais sobre os juízes e quem sabe
isso seja objeto da sua prova.
Os juízes gozam das seguintes garantias, que visam assegurar a independência
dos magistrados:
Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após 2 anos de
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado e, nos demais casos, de sentença
judicial transitada em julgado, ou seja, aquela decisão a que não cabe mais
recurso.
Inamovibilidade, visa à garantia de que não haja troca de juiz para prejudicar
ou beneficiar alguma das partes em determinado julgamento. O juiz não pode
ser removido ou promovido a não ser com o seu consentimento, salvo na
hipótese de motivo de interesse público. Vale ressaltar que a remoção, a
disponibilidade e a aposentadoria compulsória do magistrado, por interesse
público, somente acontecerão por voto de 2/3 do Tribunal respectivo, sendo
assegurada a ampla defesa (art. 93, VIII, da CF).
Irredutibilidade de subsídio, o juiz não pode ter sus vencimentos reduzidos,
ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, §4º, 150, II 153, III, § 2º, I,
todos da CF.
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É vedado aos magistrados exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo
ou função, salvo uma de magistério (professor); receber a qualquer título ou
pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; exercer a advocacia no
juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 anos do afastamento
do cargo por aposentadoria ou exoneração.
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O primeiro passo é passar no Exame de Ordem (OAB FGV), exercer três
anos de atividades jurídicas. E então poderá ingressar na magistratura.
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Ainda é o mesmo
Resumo:
As garantias e vedações legais e constitucionais,
atribuídas aos magistrados e aos membros do Ministério
Público, asseguram-lhes a manutenção da devida independência
e o bom desempenho da função jurisdicional com dignidade e
imparcialidade, buscando mantê-los dentro dos propósitos e
perfis exigidos para o exercício do cargo.

A Constituição da República Federativa do Brasil,


promulgada no dia 5 de outubro de 1988, em seu capítulo que
trata do Poder Judiciário, consagra - o como um dos Poderes da
União, que se interage, harmonicamente, com o Legislativo e o
Executivo, mantendo-se, no entanto, independente deles, cada
qual com suas funções típicas.
Os três Poderes do Estado, somados à previsão de
direitos fundamentais, objetivam o Estado Democrático de
Direito.
A função típica do Poder Judiciário é a devida aplicação
das leis mediante solicitação, julgamento e, principalmente,
guarda da própria Constituição. Assim, do Judiciário fazem
parte o Conselho Nacional de Justiça, o Supremo Tribunal
Federal, o Superior Tribunal de Justiça, os Tribunais Federais e
Juízes Federais, os Tribunais e os Juízes do Trabalho, os
Tribunais e Juízes Eleitorais, os Tribunais e Juízes Militares e
os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios. O Conselho Nacional de Justiça, o Supremo Tribunal
Federal e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal e
jurisdição em todo o território nacional.
A jurisdição, em sentido eminentemente jurídico ou
propriamente forense, exprime a extensão e limite do poder de
julgar de um juiz. Isto é, o Poder de dizer o direito, buscando a
pacificação dos conflitos que envolvem os titulares dos
interesses; é a atividade mediante a qual os juízes examinam as
pretensões e resolvem os conflitos.
O Poder Judiciário administra a justiça de maneira a
preservar os princípios da legalidade e da igualdade na solução
de conflitos de interesse entre pessoas, empresas e
instituições, garantindo os direitos de cada um e,
conseqüentemente, promovendo a própria justiça. Nesse
sentido, não há possibilidade de conceituar um verdadeiro
Estado Democrático de Direito sem a existência de um Poder
Judiciário autônomo e independente, para exercer sua função
de guardião das leis.
Desse modo, atribuem-lhe garantias constitucionais,
como a vitaliciedade, que garante ao magistrado e aos
membros do Ministério Público a impossibilidade de serem
afastados, destituídos ou demitidos de seus cargos, salvo por
motivo expresso em lei e reconhecido por sentença do órgão
judiciário competente; aposentando, no Brasil, por força
constitucional, compulsoriamente, aos 70 anos de idade,
qualquer deles, ou então por invalidez ou interesse público; e
voluntariamente, aos 60 anos de idade e 35 de contribuição
previdenciária, com uma pequena diferença de cinco anos para
a Juíza. Porém, a vitaliciedade, na primeira instância, só é
concedida dois anos após a posse; a inamovibilidade lhes dá a
segurança de que não serão removidos de uma para outra
comarca, a não ser na forma que a lei assim o determinar nas
hipóteses previstas, acontecendo quando o magistrado for
promovido ou removido do cargo de Juiz de Direito Substituto
para o de titular de uma Comarca; e, finalmente, a
irredutibilidade de vencimentos, que garante que seus subsídios
não serão diminuídos, nem mesmo em virtude de medida geral,
embora sujeitos aos limites máximos previstos no artigo 37 da
Constituição Federal e ao desconto do imposto de renda, como
qualquer cidadão comum.
As vedações infligidas podem ser constitucionais ou
legais, estas, estabelecidas pela Lei Complementar Nº 35, de 14
de março de 1979, publicada no DOU (Diário Oficial da União) na
mesma data, também identificada como Lei Orgânica da
Magistratura Nacional, confirmam que os magistrados não
devem manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião
sobre processos pendentes de julgamento; estabelecer a
prática de comércio ou participar de sociedade comercial;
assumir cargo de direção ou técnico de sociedade civil,
associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade,
salvo a associação de classe, e sem remuneração; agir com
pessoalidade nos processos; e, sobretudo, ter vida pública e
privada incensurável associadas ao princípio da dedicação
exclusiva e condizente ao cargo ocupado; aquelas, proíbem-nos
de exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função
, salvo uma de magistério público; receber, a qualquer título ou
pretexto, custas ou participação em processos, auxílios ou
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; exercer a
advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por
aposentadoria ou exoneração; e dedicar-se à atividade político –
partidária.
Segundo Carlos Veloso, Ministro do Supremo Tribunal Federal, o
magistrado exonerado não pode ser readmitido, o que institui
nova forma de ingresso na magistratura, violando assim, normas
constitucionais (artigo 37, II e 93, I ) e a Lei Orgânica da
Magistratura Nacional - LOMAN.
Ademais, o Juiz não pode julgar em situações que
envolvem interesse pessoal, seja por amizade ou inimizade, seja
por parentesco ou outra razão qualquer. Se assim acontecer, o
Juiz estará impedido de julgar e será substituído por outro.
Como nos lembra Ricardo Antônio Mohallem, (Juiz do
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região), “a aposentadoria
da magistratura - servidores especiais, desvinculados dos
dirigentes políticos e atrelados à Constituição e às leis - é
regida de forma especial em todos os países democráticos. Não
é invenção brasileira. Na maior parte dos países filiados ao
sistema de direito romano-germânico ou à ‘common law’
inglesa, foram erigidos pressupostos para o exercício da
judicatura.”
Tais garantias funcionais asseguram aos juízes a
manutenção de sua independência e o exercício do bom
desempenho da função jurisdicional, com dignidade e
imparcialidade, resguardando-os das pressões do Legislativo e
do Executivo. As vedações buscam mantê-los dentro dos
propósitos e perfis exigidos para o exercício do cargo. Segundo
Harold Lask, (LASK, Harold. El Estado Moderno, trad. esp., vol.
2º, pag.313) “quanto maior for a independência dos Juízes tanto
melhores serão as possibilidades de realização integral da
Justiça”.

Deve-se procurar o CNJ para reclamar de um promotor público.

Mito
Quando foi criado, em 2004, com a sanção da Emenda Constitucional n.
45, o CNJ recebeu a missão de fazer basicamente o controle
administrativo e financeiro do Poder Judiciário, assim como assegurar o
cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados.

Isso significa fazer que se cumpra o Estatuto da Magistratura. Para


cumprir a missão, o CNJ analisa a legalidade de atos praticados por
membros do Judiciário (juízes e tribunais) e recebe reclamações contra
membros do Judiciário. Também são aceitas e avaliadas queixas contra
cartórios e seus responsáveis, pois prestam serviço delegado pelo poder
público.

Portanto, o CNJ não é o órgão competente para receber denúncias


contra o trabalho de promotores e demais membros do Ministério
Público, categoria que inclui procuradores da República, promotores de
Justiça, procuradores do Trabalho e procuradores de Justiça. Por lei, o
órgão que deve ser acionado é o Conselho Nacional do Ministério Público
(CNMP). Criado pela mesma Emenda que criou o CNJ, o CNMP faz o
controle disciplinar dos membros do Ministério Público. Clique aqui para
acessar a página da Ouvidoria do CNMP.

Deve-se recorrer ao CNJ para reclamar de um policial.


Mito

Como foi atribuído ao CNJ o controle do comportamento funcional dos


magistrados, não compete ao órgão central do Poder Judiciário receber
denúncias contra a atuação de policiais. Quem tiver reclamação contra a
atuação de um agente das forças policiais pode se dirigir diretamente
aos órgãos da Corporação, notadamente a Ouvidoria e a Corregedoria, ou
reclamar à Defensoria Pública e ao Ministério Público. Os órgãos da
própria polícia fazem o controle interno do trabalho das corporações. O
chamado controle externo da Polícia Civil e da Polícia Militar é exercido
pelo Ministério Público Estadual. O controle externo da Polícia Federal é
feito pelo Ministério Público da União.

Deve-se recorrer ao CNJ para contestar decisão


judicial.
Mito.
A atuação do CNJ se limita às esferas administrativa e financeira do
Judiciário e ao âmbito funcional dos magistrados. Julgar questões
jurisdicionais, como são chamados os conflitos levados à Justiça
comum, é tarefa que cabe exclusivamente aos demais tribunais, de
acordo com o ramo da Justiça: estadual, federal, trabalhista, eleitoral e
militar.

De acordo com o inciso II do parágrafo 4º do artigo 103-B da Constituição


Federal, que instituiu o CNJ, o órgão poderá rever ou desconstituir “atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário”,
de acordo com análise de legalidade dos atos. O inciso V estabelece que
o CNJ poderá rever, por iniciativa própria ou caso seja provocado, os
processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há
menos de um ano.

De acordo com a recém-nomeada ouvidora do CNJ, conselheira Iracema


do Vale, nos últimos anos a consolidação das ouvidorias nos tribunais
vem ampliando a interlocução entre a cidadania e o Judiciário. “Como
órgão central nesse processo, a Ouvidoria tem recebido anualmente,
desde 2010, demanda superior a 16 mil casos. Nos últimos dois anos
notamos um aumento considerável da demanda, com 22.175 registros em
2016 e 24.151 registros em 2017”, revelou a conselheira-ouvidora.

Em 2017, a Ouvidoria do CNJ realizou 599 atendimentos a demandas


encaminhadas por engano ao órgão, 70 a mais que no ano anterior – mais
da metade eram reclamações.

Quais são as competências do CNMP?


Publicado em 20/6/11, às 00h00.
Entre as competências do CNMP, conforme artigo 130-A, §2º, da
Constituição Federal, estão:

 zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público,


podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência,
ou recomendar providências;
 zelar pela observância do art. 37 da Constituição Federal e apreciar a
legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos
do Ministério Público da União e dos Estados;
 receber reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público
da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem
prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição,
podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
administrativas, assegurada ampla defesa;
 rever os processos disciplinares de membros do Ministério Público da
União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
 elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar
necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as
atividades do Conselho.

Defensoria pública e Ministério


Público – o que faz cada um?
11/03/2015 - 12h01

A Constituição Federal definiu como um dos direitos fundamentais aos


brasileiros e estrangeiros residentes no País o acesso à Justiça. Duas
instituições independentes, mas parceiras do sistema de Justiça do
Brasil e primordiais para a concretização desse acesso, são o Ministério
Público e a Defensoria Pública. Ambas fazem parte das funções
essenciais à Justiça (arts. 127 a 135, da Constituição), mas possuem
missões e características próprias e independentes dos tribunais.

Uma vez que todos, sem exceção, têm o direito ao acesso à Justiça, o
Estado garante aos cidadãos com poucos recursos financeiros um
advogado público; o chamado defensor público. A Defensoria é uma
instituição pública que presta assistência jurídica gratuita àquelas
pessoas que não possam pagar por esse serviço.
Podem recorrer à Defensoria os necessitados, grupos minoritários
hipossuficientes, assim como crianças e adolescentes. A ideia é a do
exercício dos direitos humanos e fundamentais. A Defensoria também
atua na realização de acordos extrajudiciais (quando ainda não se
tornaram processos). Acesse aqui o Núcleo de Atendimento da
Defensoria Pública estadual.

Defensores atendem qualquer tipo de ação judicial. Na área de família,


por exemplo, podem atuar em casos de pensão alimentícia, separação,
divórcio, investigação de paternidade (DNA), guarda de menores, adoção.
Na criminal, atuam na defesa de acusados em processo criminal e
acompanhamento do cumprimento da pena de quem foi condenado. Na
área da Fazenda Pública, conflitos que envolvam fornecimento de
medicamentos, indenizações contra o estado ou município, problemas
com concursos públicos do estado e do município, Previdência Social do
estado ou do município, multas, Detran, problemas com cobrança de
impostos e taxas etc.)

Já na Defensoria Pública da União (DPU) o serviço é prestado em


matérias previdenciárias, criminais, trabalhistas, de direitos do
consumidor, direitos humanos, direitos do estrangeiro, questões
tributárias, casos relativos ao Sistema Financeiro de Habitação,
alimentação, saúde, renda mínima/Loas, dívidas de cartões de crédito e
cheques especiais, por exemplo.

Para poder contar com um defensor público, é preciso apresentar


comprovantes de residência e renda. Se você já tem um processo na
Justiça Estadual ou está sendo processado, deve procurar o defensor
público que atua na vara onde seu processo está tramitando.

No caso da Defensoria Pública da União o interessado pode ir a uma das


unidades da Instituição instaladas em todas as capitais brasileiras ou em
cidades como Guarulhos, Santos, Campinas, Juiz de Fora, Feira de
Santana, Umuarama, Cáceres, Bagé, Pelotas e Santa Maria.

Ministério Público – O Ministério Público é uma instituição pública


autônoma, responsável pelo zelo ao regime democrático e pelos mais
altos valores sociais, nestes incluídos a defesa da ordem jurídica, dos
interesses sociais, dos individuais indisponíveis, do patrimônio público e
social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

O MP também é responsável por fazer o controle externo da atividade


policial. Trata da investigação de crimes, da requisição de instauração
de inquéritos policiais, da promoção pela responsabilização dos
culpados, do combate à tortura e aos meios ilícitos de provas, entre
outras possibilidades de atuação.

O órgão Ministério Público é único. No entanto, é estruturalmente


organizado entre o Ministério Público da União (MPU) e o Ministério
Público dos estados. O Ministério Público da União compreende os
seguintes ramos: o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público
do Trabalho (MPT), o Ministério Público Militar (MPM) e o Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Veja aqui links para
os Ministérios Públicos da União.

No Ministério Público Federal (MPF), procuradores da República atuam


junto aos juízes federais (Justiça Federal). No Ministério Público dos
estados existem os promotores de Justiça, que exercem suas funções
perante os juízes de Direito (Justiça Estadual) e pertencem a carreira do
Ministério Público estadual.

A área de atuação do MPF pode ser observada por meio da leitura do art.
109 da CF/88, que dispõe sobre a competência para julgar e processar da
Justiça Federal. Todos os demais interesses sociais e individuais
indisponíveis, não relacionados com as pessoas mencionadas no art.
109, são atribuições do Ministério Público estadual. Igualmente, os réus
de crimes não mencionados no referido art. 109, são acusados pelo
Ministério Público estadual.

A legislação assegura a possibilidade de atuação conjunta entre o


Ministério Público federal e o estadual na defesa de interesses difusos e
de meio ambiente.

O Ministério Público recebe controle orçamentário dos tribunais de


contas e do Poder Legislativo. É possível buscar o Ministério Público
comparecendo à Promotoria de Justiça ou às diversas Procuradorias de
Justiça.

Confira aqui onde encontrar os Ministérios Públicos nos estados.

O princípio institucional da unidade do Ministério Público


deve ser densificado com inclusão da variedade, reconhecendo-
se a autonomia existencial entre o Ministério Público da União
e os congêneres estaduais.

Sumário: 1. Delimitação da pesquisa. 2. O ambiente


institucional. 3. A atuação funcional. 4. A influência exógena.
Conclusões. Referências bibliográficas.
Resumo: A compreensão do alcance, dos limites e da utilidade
pragmática do princípio constitucional da unidade do
Ministério Público assume vital importância na compreensão
do modo de coexistência entre o Ministério Público da União e
os congêneres estaduais, todos autônomos entre si. Com isso,
pode-se justificar, argumentativamente, a possibilidade de o
Ministério Público Federal prosseguir oficiando, no âmbito dos
Tribunais Superiores, nas causas iniciadas nos Estados e de os
Ministérios Públicos Estaduais defenderem os seus interesses
institucionais perante a Justiça Federal, inclusive esgotando as
instâncias recursais, bem como deduzirem pretensões, perante
os Tribunais Superiores, em matérias afetas às suas atividades
finalísticas. Diversamente do Poder Judiciário, que possui uma
única lei orgânica e é caracterizado por uma unidade
verticalizada, o Ministério Público possui uma diversidade de
leis orgânicas e ostenta uma unidade horizontalizada, de modo
que todos os ramos coexistem lado a lado.

Palavras-chaves: Ministério Público, Conselho Nacional do


Ministério Público, Federação, unidade e independência
funcional.

1. Delimitação da pesquisa
Etimologicamente, unidade, do latim unitas, unitatis, indica a
qualidade ou estado do que é uno, sendo figurativamente
empregada para apontar a união ou a concórdia. É signo
linguístico eminentemente polissêmico, que tem absorvido
uma pluralidade de significados a partir de sua flexibilidade
semântica, como são os de homogeneidade, uniformidade,
coordenação, harmonia, indivisibilidade e, principalmente, de
padrão de medida convencionalmente utilizado para a
comparação de grandezas que apresentem as mesmas
características.

No plano jurídico, a Constituição brasileira de 1988


considerou, como princípios institucionais do Ministério
Público, “a unidade, a indivisibilidade e a independência
funcional”. As dificuldades enfrentadas na individualização do
significado do primeiro desses princípios podem ser percebidas
a partir das lições do saudoso Roberto Lyra (2001: 179), que o
considerava uma “tese sem sentido definido”, acrescendo que
“desde que os órgãos do Ministério Público, nos atos de ofício,
dispõem de liberdade de consciência, afigura-se impossível
uniformizar o critério de apreciação do fato e do direito. Mas,
se, em espécie, assim acontece, os representantes do Ministério
Público estão ligados pelo sentimento comum da causa pública,
pela identidade do programa e da finalidade, dos deveres
cívicos e das responsabilidades funcionais.”
Toda e qualquer consideração em torno do princípio da
unidade do Ministério Público não prescinde do
desenvolvimento de uma argumentação voltada à construção
de sua essência, daí decorrendo o delineamento de seus limites
normativos e de sua relevância pragmática. Face às
peculiaridades da Instituição, inserida no âmbito de um Estado
Federal, indicativo de que seus ramos podem estar vinculados
a entes politicamente autônomos, tem-se uma estrutura
aparentemente antitética com qualquer ideia de unidade, o que
deve ser esclarecido. Não bastasse isso, os membros do
Ministério Público, amparados pela independência funcional,
podem atuar livremente, somente rendendo obediência à sua
consciência e aos ditames da ordem jurídica, o que
inviabilizaria a imposição de uma uniformidade de
entendimento a respeito da interpretação do direito posto. Por
fim, devem ser objeto de reflexão as iniciativas do Conselho
Nacional do Ministério Público que buscam uniformizar
práticas adotadas pelo Ministério Público da União e pelos
Ministérios Públicos dos Estados, o que, em rigor lógico, se
aproximaria do princípio da unidade.

Na linha do que dissemos, é possível afirmar que a unidade


referida no texto constitucional pode se projetar sobre três
referenciais de análise: (1) a Instituição, (2) a atuação funcional
dos membros; e (3) a influência exógena. Identificar em que
medida isso ocorre é o objetivo dessas breves linhas.
2. O ambiente institucional
A Constituição de 1988, em seu art. 128, considerou que o
Ministério Público abrange o Ministério Público da União e os
Ministérios Públicos dos Estados, divisão que acompanha a
forma de Estado adotada em terra brasilis. Nesse particular, as
estruturas territoriais de poder têm sido divididas em unitárias
e compostas, conforme haja, ou não, uma unicidade da vontade
política.
No Estado unitário, há uma vontade política central, que se
impõe a todos, quer no plano normativo, quer no
administrativo. Ele pode ser centralizado ou descentralizado: a
primeira forma, no entanto, como anotam Delpérée e
Verdussen (1994: 48), não existe em estado puro, já que, por
força da própria realidade, sempre se opera algum grau de
descentralização no plano local, em que coletividades ou
órgãos locais são investidos da função de gerir os interesses
que lhes são próprios, exprimindo suas preocupações
particulares. Os Estados unitários normalmente apresentam
divisões territoriais (v. G.: as Províncias no Brasil Império) e,
por razões práticas, certos níveis de descentralização do poder,
o que permite a aproximação da população aos centros de
comando (Cf. ARDANT, 1992: 32). Em nível intermédio entre o
Estado unitário e o federal, tem-se o Estado regional (v. G.:
Itália e Portugal, respectivamente, após as Constituições de
1947 e 1976) ou provincial (v. G.: Sérvia, após a Constituição de
2006), em que as regiões e províncias, apesar de não
possuírem uma Constituição própria, apresentam alguma
autonomia política.
No Estado composto, identifica-se uma diversidade de
vontades políticas, que podem ostentar, ou não, o atributo da
soberania. São exemplos: (1) a união pessoal, resultante do fato
de uma mesma pessoa chefiar dois ou mais Estados, sendo esse
o objetivo de inúmeros casamentos realizados entre nobres no
decorrer da história – nesse modelo, como anota Jacques
Cadart (vol. 1, 1990: 66), cada Estado integrante da união
pessoal tem suas próprias leis, restringindo-se a união à pessoa
do chefe -; (2) a união real, que normalmente resulta da união
pessoal, é caracterizada por uma aproximação mais íntima
entre os Estados, que apresentam órgãos comuns e uma única
representação no plano internacional (v. G.: a união austro-
húngara após 1918 e a união entre Suécia e Noruega no período
de 1815 a 1905); sendo esses dois primeiros modelos mera
reminiscência histórica; (3) a confederação, forma em franco
desuso e que consiste na reunião voluntária, por tratado, de
Estados soberanos, que passam a exercer, a partir de órgãos
comuns, uma parcela de seu poder político (v. G.: a
Confederação Helvética, que, desde 1848, apesar de preservar
a designação, é uma federação; note-se que sob a égide do
Pacto de 1815, que se intitulava “federal”, a Suíça era
considerada uma confederação – AUBERT, 1967: 200; e
FAVRE, 1970: 39-42) – em termos práticos, ou a confederação
se dissolve ou se transforma em federação, como ocorreu com
os Estados Unidos da América em 1787 e com a Alemanha em
1871-; e (4) o Estado federal, composto por entes (v. G.:
Estados-Membros, Länder, Cantões etc.) dotados de
autonomia política e destituídos de soberania, o que o
distingue da confederação.

No Estado federal, fórmula mais destacada de Estado


composto e que encontra o seu marco na Constituição norte-
americana de 1787, não se tem uma única vontade política, mas
uma pluralidade de vontades políticas, articuladas em
harmonia com o balizamento constitucional, que se impõe
indistintamente a todos. O conjunto dessas vontades políticas
forma a União, designativo preferido pelo direito brasileiro e
que indica a pessoa jurídica de direito público que personifica o
Estado em suas relações internacionais e exerce os atributos da
soberania. Há um desmembramento do poder político, que
passa a ser exercido por entes autônomos, sem qualquer
relação de subordinação entre si: “o Estado federal é uma
sociedade de iguais” (DELPÉRÉE e VERDUSSEN, 1994: 50).
O Estado brasileiro adotou a forma unitária sob o Império e a
federativa sob a República. A Constituição de 1988, no caput de
seu art. 1º, indica a forma de Estado adotada e os entes que
integram a República Federativa do Brasil: a União, os
Estados, os Municípios e o Distrito Federal. Como única
característica, enuncia a indissolubilidade, ao que se soma a
autonomia dos entes federados, esta prevista no caput do art.
18. Ínsita na autonomia tem-se a igualdade formal dos entes
federados, todos legítimos integrantes da federação brasileira.
No plano material, a igualdade termina por ser subjugada,
verificando-se um nítido escalonamento, em termos de
competência legislativa e capacidade financeira, entre os entes
maiores e aqueles que os integram (v. G.: a União em relação
aos Estados, o Distrito Federal e os Municípios; os Estados em
relação aos Municípios).
A exemplo dos entes federados, o Ministério Público da União
e os Ministérios Públicos dos Estados são autônomos entre si,
isso nos planos administrativo, financeiro e funcional, o que
nos conduz ao primeiro complicador: como compatibilizar essa
autonomia com a unidade institucional?

A resposta a esse questionamento exige seja aferido se as


noções de unidade e variedade são necessariamente
antinômicas ou se podem ser argumentativamente
compatibilizadas. Invocando a sistematização oferecida por
Karen Gloy (1981: 83 e ss.), é possível afirmar que, no primeiro
caso, teremos “a unidade com exclusão da variedade” (Einheit
mit Ausschlub der Mannigfaltigkeit) e, no segundo, “a unidade
com inclusão da variedade” (Einheit mit Einsschlub der
Mannigfaltigkeit). No ambiente sociopolítico, caracterizado
pelo pluralismo, essa última possibilidade é frequente,
permitindo que a diversidade de características culturais
coexista com uma síntese identitária, vale dizer, com o
delineamento de valores comuns que expressem a essência do
grupamento (Cf. FÜCHS’, 1999: 9 e ss.).

A estrutura do Ministério Público brasileiro apresenta uma


nítida distinção em relação à forma federativa do Estado.
Nessa última, como se disse, a União personifica a República
Federativa do Brasil, resultando da “união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal” (CR/1988, art. 1º).
Já o Ministério Público “abrange” o Ministério Público da
União e os Ministérios Públicos dos Estados. Nesse caso, os
congêneres da União e dos Estados, em seu conjunto, integram
o que se denomina de “Ministério Público”. A peculiaridade é
que enquanto a União possui real existência, o denominado
“Ministério Público”, concebido de modo dissociado de seus
ramos, é uma instituição empírica, que sequer alcança a
realidade. Se o Ministério Público “não existe”, qual é a ratio
essendi da sistemática constitucional? A resposta é simples: o
objetivo é o de estabelecer uma identidade comum entre os
distintos ramos que materializam o “Ministério Público”, todos
imbuídos da mesma teleologia, a de “defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis” (CR/1988, art. 127, caput).
Ao dispor sobre a existência de um único Ministério Público,
que abrangeria uma diversidade de instituições autônomas
entre si, a Constituição de 1988 encampou “a unidade com
inclusão da variedade”. A partir dessa conclusão, pode-se
afirmar que o princípio da unidade, contemplado no § 1º do
art. 127 da Constituição de 1988, atua como evidente reforço
argumentativo, indicando que tanto o Ministério Público da
União, como os Ministérios Públicos dos Estados, cada qual em
sua esfera de atribuições, atuam como partes indissociáveis de
um único e mesmo corpo.
É justamente a unidade institucional que afasta a necessidade
de mais de um ramo do Ministério Público atuar na mesma
relação processual. Essa afirmação, no entanto, demanda uma
explicação. A desnecessidade não pode chegar ao extremo de
subjugar os interesses afetos a uma Instituição aos juízos
valorativos realizados por outra, o que importaria em evidente
comprometimento de sua própria autonomia existencial, ou,
mesmo, afastar a possibilidade de a lei, em situações de parcial
concorrência de atribuições, autorizar a sua atuação conjunta,
isso sob a forma de litisconsórcio facultativo.

Deve-se ressaltar que a questão relativa à impossibilidade de


submissão dos interesses de uma Instituição aos juízos
valorativos realizados por outra não comporta uma resposta
linear. É preciso distinguir as situações em que sejam
defendidos os interesses da própria Instituição e aquelas afetas
ao exercício das atribuições próprias do seu ofício. E, em
relação às últimas, se é possível que a mesma situação fática ou
jurídica se desprenda das atribuições de uma Instituição e
alcance as de outra. Essas questões tornam-se particularmente
polêmicas nas relações entre os Ministérios Públicos Estaduais
e o congênere da União, que atua, por intermédio do
Ministério Público Federal, junto à Justiça Federal e aos
Tribunais Superiores, mais especificamente o Supremo
Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça.

É perfeitamente possível que qualquer Ministério Público


Estadual, enquanto Instituição dotada de autonomia
existencial própria, venha a defender um interesse próprio (v.
G.: cobrança indevida de pedágio, por uma concessionária
federal, aos veículos oficiais da Instituição; negativa, da
Secretaria da Receita Federal, em fornecer informações não
cobertas pelo sigilo fiscal etc.) perante a Justiça Federal – isso,
obviamente, em situações em que não esteja caracterizado um
conflito federativo, o que deslocaria a competência para o
Supremo Tribunal Federal (CR/1988, art. 102, I, f). Nesse caso,
poderá formular a pretensão inicial e esgotar as instâncias
recursais, pois, o que se defende é um interesse específico da
estrutura orgânica cognominada de Ministério Público X.
A questão, no entanto, assume contornos mais complexos em
se tratando de exercício das atribuições institucionais.

Os Ministérios Públicos Estaduais atuam primordialmente


perante as Justiças Estaduais e, uma vez manejados os
recursos especial e extraordinário, a atuação, perante o
Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, se
desloca para o Ministério Público Federal. A atribuição dessa
última estrutura orgânica, devidamente estabelecida pela Lei
Complementar nº 75/1993, é emanação direta do princípio da
unidade. Não fosse ele, não seria possível excluir do Ministério
Público Estadual a condução da demanda que iniciara.
A unidade, como se percebe, há de se compatibilizar com a
divisão de atribuições estabelecida pela legislação
infraconstitucional, de modo que cada Instituição atue perante
setores específicos do Poder Judiciário, maximizando a sua
eficiência. Ocorre que essa premissa não pode chegar ao
extremo de comprometer o próprio exercício das atribuições
outorgadas pela legislação de regência. Essa peculiaridade
torna-se bem perceptível em relação ao Supremo Tribunal
Federal e ao Superior Tribunal de Justiça, que longe de serem
meros órgãos judiciários mantidos pela União, são verdadeiros
tribunais nacionais. Negar o acesso dos Ministérios Públicos
Estaduais a esses órgãos é impor uma ruptura no próprio
princípio federativo, já que não poderão levar aos tribunais
nacionais interesses afetos às suas atribuições institucionais,
que não se confundem com aquelas de interesse federal. Vício
semelhante alcançaria a tese de que os Ministérios Públicos
Estaduais deveriam submeter suas pretensões ao Procurador-
Geral da República, Chefe do Ministério Público da União, para
que este decida se as encampa ou não. Criar-se-iam
subserviência e subordinação onde a Constituição estabeleceu
pura e simples igualdade.
Diversamente ao que se verifica em relação ao Poder
Judiciário, caracterizado por uma unidade verticalizada, em
que órgãos superiores têm poder de mando sobre órgãos
inferiores, o Ministério Público Brasileiro é caracterizado por
uma unidade horizontalizada, em que Ministério Público da
União e Ministérios Públicos dos Estados não mantêm
qualquer relação entre si, cada qual exercendo, nos limites
estabelecidos pela ordem jurídica, as atribuições que lhes
foram outorgadas.

Não é por outra razão que o Supremo Tribunal Federal admitiu


a possibilidade de os Ministérios Públicos Estaduais
formularem, diretamente ao Supremo Tribunal Federal, as
reclamações em que se discuta a inobservância dos comandos
inseridos em uma súmula vinculante (Pleno, Reclamação nº
7.358/SP, rel. Min. Ellen Gracie, j. Em 24/02/2011, DJ de
03/06/2011). Esse caso, como argumentado no âmbito do
Tribunal, não apresenta distinção substancial em relação à
interposição de um recurso extraordinário, o qual, apesar de
inicialmente apresentado ao Tribunal a quo, que realiza o
primeiro juízo de admissibilidade, reflete uma postulação
endereçada diretamente ao Supremo Tribunal federal.

Uma vez reconhecida a possibilidade de deduzirem uma


pretensão, por escrito, perante o Superior Tribunal de Justiça e
o Supremo Tribunal Federal, há de se admitir que renovem
essa sustentação, oralmente, por ocasião do julgamento. São
atos consequenciais e nitidamente interligados entre si, sendo
o segundo deles mero exaurimento do primeiro.
3. A atuação funcional
É voz corrente, no âmbito da doutrina especializada, que o
princípio da unidade, contemplado no art. 127, § 1º,
da Constituição da República, indica que o Ministério Público
constitui uma instituição única, o que gera reflexos na atuação
dos seus membros, que não devem ser concebidos em sua
individualidade, mas como presentantes e integrantes de um
só organismo. Ainda que os membros do Ministério Público
assumam posições divergentes em relação ao mesmo fato, tal, à
luz do princípio da independência funcional, em nada afetaria
a unidade da Instituição (vide GARCIA, 2008: 54 e ss.).
A unidade não autoriza que integrantes do Ministério Público
atuem em áreas não afetas à esfera de atribuições que lhes fora
reservada pela lei (v. G.: Promotor de Justiça não pode exercer
atribuição do Procurador-Geral ou, ainda que a matéria seja
afeta ao cargo que ocupa, que não se enquadre na esfera
territorial perante a qual atue – agente lotado em uma
Comarca não está normalmente autorizado a praticar atos em
outra – ou esteja relacionado ao órgão que ocupa – Promotor
com atribuição em matéria de infância e juventude, regra geral,
não pode oferecer denúncia perante Vara Criminal, Promotor
com atribuição em matéria criminal não pode ajuizar
representação por ato infracional junto à Vara da Infância
etc.).

Tramitando o feito perante um juízo e tendo este reconhecido a


sua incompetência após o regular pronunciamento do órgão do
Ministério Público, há de ser colhida outra manifestação
ministerial, desta feita do órgão de execução que atue perante o
juízo competente (salvo se for o mesmo), isso porque a
manifestação anterior emanou de órgão sem atribuição para
atuar nos processos de competência desse último juízo. Em
casos tais, o princípio da unidade não pode ser invocado para
legitimar a tese de ser desnecessário um segundo
pronunciamento. Afinal, referido princípio é balizado pela
delimitação legal da esfera de atribuições, a qual, caso
inexistente, faria ruir toda a estrutura organizacional da
Instituição, permitindo que qualquer agente, a seu talante ou
em decorrência de forças exógenas, usurpasse atribuições
alheias com o singelo argumento de que o Ministério Público é
uno e indivisível. Com isso, seria indiferente que,
contrariamente à lei e aos regulamentos internos, as
atribuições fossem exercidas por qualquer agente.

A unidade há de ser concebida de modo integrado ao sistema.


No plano institucional, deve render obediência à autonomia de
cada Instituição, no funcional, à divisão de atribuições
estabelecida pela lei e, também, à independência funcional. Em
decorrência desse último princípio, a ideia de unidade, na
realidade brasileira, assume contornos bem distintos daqueles
que lhe são atribuídos em paradigmas estrangeiros.

O princípio da unidade, na forma em que foi concebido e


desenvolvido na França, indica que o Ministério Público,
apesar de agir por intermédio de múltiplos braços, está sujeito
a um comando único, oriundo do Procurador-Geral, o qual
pode atuar diretamente ou por meio dos demais agentes de
grau inferior. Dessa primeira vertente deflui o princípio da
indivisibilidade, segundo o qual cada um dos seus membros
presenta a Instituição em sua integridade, pouco importando o
agente que atuou. Pode-se dizer que os membros do Ministério
Público são “coisas fungíveis” (Cuche) ou que, “do mesmo
modo que em uma sociedade em nome coletivo cada sócio que
usa a assinatura social encarna a pessoa moral da sociedade,
todo ato praticado por um dos magistrados do Ministério
Público que compõem o parquet é atribuído ao parquet inteiro”
(Garraud), exemplos coligidos por Rassat (1967: 83). Além
disso, o Chefe do Ministério Público pode distribuir entre os
seus subordinados, que são apenas colaboradores, todas as
ordens que julgar necessárias, terminando por fixar um dever
de ação ou de omissão em um caso concreto. Ve-se, assim, que,
em sua gênese, o princípio da unidade está intimamente
relacionado ao princípio da hierarquia, o qual legitima o
escalonamento funcional e autoriza a fixação de diretrizes,
pelos escalões superiores, aos inferiores. Daí se concluir pela
sua absoluta incompatibilidade com o princípio da
independência funcional, pois não se pode falar em
independência onde há hierarquia.
No Brasil, a evolução da Instituição terminou por cunhar um
modelo híbrido, no qual, apesar de consagrado o princípio da
unidade, resguardou-se a independência funcional dos
membros do Ministério Público (CR/1988, art. 127, § 1º). A
única forma de compatibilizar tais princípios é entender que a
unidade indica a existência de uma Instituição incindível,
sujeita a uma única chefia, enquanto a independência
funcional afasta qualquer possibilidade de ingerência na
atividade desenvolvida pelos membros do Ministério Público,
apesar de estarem todos eles administrativamente
subordinados ao Procurador-Geral. Nessa linha, o princípio da
hierarquia foi cindido em duas vertentes: uma prestigiada pelo
princípio da unidade e outra renegada pelo princípio da
independência funcional.
Como consequência, conclui-se que, quanto maior for a
independência funcional dos membros do Ministério Público,
menor será a unidade da Instituição, já que contra legem
qualquer ato que busque uma uniformização de atuação –
ressalvadas as recomendações destituídas de imperatividade
ou, mesmo, o planejamento estratégico da atuação funcional.
Especificamente em relação a este último, ao membro do
Ministério Público pode ser imposto o dever de atuar nas áreas
definidas pela Chefia Institucional. Apesar de a definição de
atribuições, realizada em harmonia com a lei, delinear as
situações em que o membro do Ministério Público exercerá
suas funções, ela não pode chegar ao extremo de estabelecer os
posicionamentos a serem assumidos no seu exercício, seara em
que prevalece a independência funcional.

4. A influência exógena
Da unidade do Ministério Público brasileiro também decorre o
seu caráter nacional. A Constituição de 1988, no auge de sua
unidade orgânico-sistêmica, após disciplinar os aspectos
básicos da “Organização do Estado” (Título III), tratou, no
título seguinte, da “Organização dos Poderes”, ocasião em que
traçou uma disciplina nitidamente diferenciada para os
Poderes Legislativo e Executivo (Capítulos I e II) e para o
Poder Judiciário e o Ministério Público (Capítulos III IV, Seção
I) – vide GARCIA, 2008: 43.
A disciplina do Legislativo é especificamente voltada ao plano
federal, sendo ali reguladas as competências do Congresso
Nacional e de suas Casas, as prerrogativas dos Parlamentares e
o processo legislativo federal. Técnica idêntica foi adotada em
relação ao Executivo, onde somente o Presidente da República
e os órgãos que lhe são correlatos tiveram suas atribuições
disciplinadas pelo texto constitucional.
Ao tratar do Judiciário, a Constituição adotou uma técnica
nitidamente distinta. Inaugurando o Capítulo III do Título II,
são relacionados todos os órgãos do Poder Judiciário,
vinculados à União ou aos Estados, clara demonstração do
caráter nacional da magistratura, conclusão que é robustecida
com o extenso rol de princípios veiculados pelo art. 93 e pelas
garantias e vedações constantes do art. 95, isso sem olvidar a
existência de um órgão comum de controle, o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ).
Especificamente em relação ao Ministério Público, constata-se
a adoção de uma técnica idêntica àquela utilizada para o
Judiciário. O art. 128 relaciona todos os órgãos da Instituição,
quer vinculados à União, quer aos Estados, o que permite seja
alcançada conclusão idêntica àquela prevalecente em relação à
Magistratura. Sujeita todos os ramos da Instituição aos
princípios do art. 127, havendo expressa remissão ao art. 93
(art. 129, § 4º), e estende a todos as mesmas garantias e
vedações constantes do art. 128, § 5º. Não bastasse isso, ainda
criou um órgão comum para o controle externo, o Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP).

Apesar de Ministério Público e Poder Judiciário ostentarem


caráter nacional, é factível as distinções estruturais
estabelecidas pelo texto constitucional. Essa observação torna-
se relevante justamente em razão de algumas iniciativas do
Conselho Nacional do Ministério Público, que tem buscado
uniformizar as práticas adotadas nos distintos ramos da
Instituição. Para tanto, invoca, com frequência, as medidas
adotadas no âmbito do Conselho Nacional de Justiça. Não
percebe, no entanto, as distinções existentes entre as
estruturas controladas.
O Poder Judiciário, como se sabe, é regido por uma única lei
orgânica, de iniciativa do STF e cognominada, pelo art. 93,
caput, da Constituição de 1988, de “Estatuto da Magistratura”.
Em consequência, não obstante a inserção desse Poder no
âmbito de um Estado Federal, em que o Estado-membro, em
suas estruturas orgânicas, conta com órgãos jurisdicionais,
somente a União pode legislar sobre a matéria. Os Tribunais de
Justiça carecem de poder de iniciativa e as Assembleias
Legislativas não podem incursionar nessa temática. Esse é um
dos aspectos mais característicos da unidade do Poder
Judiciário brasileiro, que se desenvolve em um plano de
verticalidade, de modo que, principiando pela base, há sempre
um órgão superior capaz de rever as decisões proferidas pelo
órgão inferior, até que, alcançado o plano mais elevado,
ocupado pelo Supremo Tribunal Federal, as decisões não são
passíveis de serem revertidas por qualquer outro órgão.
Diversamente ao que se verifica em relação ao Poder
Judiciário, que conta com um “Estatuto da Magistratura”, de
iniciativa do seu órgão de cúpula, o Ministério Público não
possui um “Estatuto do Ministério Público Brasileiro” e muito
menos um órgão de cúpula que possa propô-lo ao Poder
Legislativo. Nesse particular, a distinção é substancial. E qual
foi a técnica adotada pela Constituição de 1988? Entre os
extremos da unidade normativa, sujeitando o Ministério
Público Brasileiro a uma única e mesma lei, e da total ausência
de regramentos comuns, optou por uma via intermédia, em
que a unidade coexiste com a variedade. Em outras palavras,
apesar de o Ministério Público da União e cada Ministério
Público Estadual contar com a sua própria Lei Orgânica, foi
estabelecido que os últimos deveriam permanecer adstritos aos
balizamentos oferecidos pelas normas gerais editadas pela
União. A Constituição de 1988 dispôs que seriam de iniciativa
privativa do Presidente da República as leis que tratassem da
organização do Ministério Público da União, facultada igual
iniciativa ao Procurador-Geral da República, ou que
veiculassem normas gerais para a organização do Ministério
Público dos Estados (arts. 61, § 1º, II, d; e 128, § 5º). Acresceu,
ainda, que, leis complementares da União e dos Estados,
observadas, em relação aos últimos, as normas gerais
veiculadas pela União, estabeleceriam a “organização, as
atribuições e o estatuto de cada Ministério Público” (art. 128, §
5º). Com isso, todo e qualquer ramo do Ministério Público
teria uma lei complementar que o regeria. É perceptível, desse
modo, que o sistema constitucional reconheceu a variedade
como uma característica inerente ao Ministério Público. Com
os olhos voltados às instituições estaduais, é possível afirmar
que só há uniformidade em relação às matérias em que a
norma geral assim o desejou.
A partir dessa premissa inicial, é possível afirmar que o
objetivo do Conselho Nacional do Ministério Público, em
relação aos Ministérios Públicos Estaduais, jamais pode ser o
de estabelecer uma “uniformidade deformante”. E isso por
uma razão muito simples: a alegada uniformidade somente
será alcançada se for alargado o alcance da norma geral editada
pela União, que deve ser necessariamente veiculada em lei, de
iniciativa privativa do Presidente da República. Conclui-se,
desse modo, que a “uniformização” será alcançada a custa da
“deformação” da ordem constitucional.

É possível afirmar que a uniformização é um objetivo natural


em relação ao Poder Judiciário, estrutura verticalizada e regida
por uma única lei orgânica. Não o é, no entanto, para o
Ministério Público. Nessa linha, é de todo injurídico que o
Conselho Nacional do Ministério Público, absorvendo
competências próprias do Presidente da República e do
Congresso Nacional, venha a ampliar o rol de “normas gerais”
e, consequentemente, reduzir o alcance das leis
complementares que regem cada uma das Instituições
estaduais.

Conclusões
1) O princípio institucional da unidade do Ministério Público
deve ser densificado com inclusão da variedade, reconhecendo-
se a autonomia existencial entre o Ministério Público da União
e os congêneres estaduais;
2) o Ministério Público Estadual, enquanto Instituição dotada
de autonomia existencial, pode formular pretensões perante a
Justiça Federal e esgotar as instâncias recursais;

3) o Ministério Público Estadual, no exercício de suas


atribuições institucionais, pode postular diretamente ao
Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça;

4) a unidade do Ministério Público, por ser horizontalizada, o


que caracteriza a igualdade e a equidistância entre seus
distintos ramos, não permite que a atuação funcional das
Instituições estaduais, decidindo dirigir-se ao Poder Judiciário,
seja condicionada por juízos valorativos realizados pelo
congênere da União;

5) o princípio da unidade, embora permita a adoção de um


planejamento estratégico, com a correlata definição das áreas
de atuação, não pode se imiscuir no modo de exercício das
atribuições, seara afeta à independência funcional; e

6) o princípio da unidade, por imperativo constitucional,


coexiste com a diversidade de leis orgânicas estaduais, daí
decorrendo a impossibilidade de o Conselho Nacional do
Ministério Público, ampliando os pontos de identidade
traçados pelas normas gerais estabelecidas pela União,
uniformizar os Ministérios Públicos Estaduais.

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